Capitulo 3

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Capı́tulo 1

Demonstração do Resultado
Principal

Agora que temos em mãos todas as ferramentas necessárias, podemos partir


para a demonstração das Desigualdades de Sobolev Ótima. É claro que, quando usamos
a norma Euclidiana | · |, temos um caso mais simples, entretanto podemos estendê-lo,
sem muitas dificuldades, para o caso mais geral no qual usamos uma norma k · k
arbitrária de Rn . Neste caso, vamos precisar do conceito de norma dual.
Consideremos então em Rn a desigualdade de Sobolev

kf kq ≤ Cn (p)k∇f kp (1.1)

na classe de todas as funções pertencentes ao espaço de Sobolev D1,p com p e q satis-


1 1
fazendo 1 < p < n e q
= p
− n1 . O lado direito de (3.1) pode ser visto com relação a
uma norma qualquer em Rn . Para ser mais exato
Z
p
k∇f kp = k∇f (x)kp∗ dx
Rn

em que k · k∗ é a norma dual de k · k. Definimos a norma dual de k · k como sendo

kxk∗ = sup < x, y > para x ∈ Rn ,


kyk≤1

em que < ·, · > é o produto escalar em Rn . Em particular, a norma Euclidiana é a sua


própria norma dual. Basta ver que

|x|∗ = sup < x, y >= sup |x||y| cos θ = |x|,


|y|≤1 |y|≤1

1
CAPÍTULO 1. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO PRINCIPAL 2

em que θ é o ângulo formado pelos vetores x e y. Podemos supor ainda, sem perda
de generalidade, que a norma x → kxk é continuamente diferenciável na região x 6= 0.
Neste caso, o vetor gradiente da norma em x é definido como o único vetor satisfazendo

k∇kxkk∗ = 1 e < x, ∇kxk >= kxk = sup < x, y > . (1.2)


kyk∗

Nosso propósito é mostrar que a melhor constante Cn (p) em (3.1) corresponde a uma
famı́lia de funções extremais do tipo
∗ p−n
f (x) = (σ + kxkp ) p , com x ∈ Rn , σ>0

1 1
e nas quais p∗ é o conjugado de p, isto é, p∗ é tal que p
+ p∗
= 1. Com as afirmações
acima, todas as funções extremais pertencem à classe C 1 (Rn ), já que ∇f depende
somente de ∇kxk.

1.1 Estimativas para Soluções de Hamilton-Jacobi


Vamos construir agora um operador ı́nfimo a partir da função custo L(x) =
1 ∗
V ∗ (x) = ∗ kxkp de acordo com o processo descrito na seção ?? em que a função
p
custo inicial u0 é alguma g : Rn → R contı́nua. Devemos supor ainda que g é limitada
inferiormente. Deste modo, a função valor u(x, t) é o operador ı́nfimo dado pela fórmula
de Hopf (??) é
  
∗ x−y
Qt g(x) = infn g(y) + tV , t > 0, x ∈ Rn , (1.3)
y∈R t
com Q0 g = g. Temos ainda que a transformada de Legendre de V ∗ é dada por V (x) =
1
sup [< x, y > −V ∗ (y)] = kxkp∗ e vice versa. Com isto, denotando ρ = ρ(t, x) =
y∈Rn p
Qt g(x), o operador (3.3) é solução do problema de Hamilton-Jacobi
k∇ρkp∗
∂t ρ + = 0, em Rn × (0, +∞), (1.4)
p
com ρ = g em Rn × {t = 0}. De fato, ainda falta-nos mostrar que Q0 g(x) = g(x) é
solução de (3.4) em Rn × {t = 0}, portanto segue o lema abaixo.

Lema 1.1 Seja g uma função definida em Rn limitada inferiormente e diferenciável


no ponto x ∈ Rn , então
1 k∇g(x)kp∗
∂ t Qt g = lim [Qt g(x) − g(x)] = −V (∇g(x)) = − .
t→0 t p
t=0
CAPÍTULO 1. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO PRINCIPAL 3

Demonstração: Fixemos x ∈ Rn . Como g é diferenciável em x, da expansão


de Taylor, g(x−h) = g(x)−h∇g(x), hi+|h|ε(h) com ε(h) → 0 quando |h| → 0. Assim,
para vetores ht = th com h ∈ Rn fixado,
1
lim [g(x − ht ) − g(x)] = − h∇g(x), hi . (1.5)
t→0 t

Pela definição da ı́nfimo convolução, quando tomarmos y = x − ht no conjunto A =


 
g(y) + tV ∗ x−yt
; y ∈ Rn , é claro que Qt g(x) = inf A ≤ g(x − ht ) + tV ∗ (h). Usando
isto, temos de (3.5) que
1 1
lim sup [Qt g(x) − g(x)] ≤ lim [g(x − ht ) − g(x)] + V ∗ (h)
t→0 t t→0 t

= − h∇g(x), hi + V ∗ (h).

Como o lado esquerdo desta inequação não depende de h, podemos tomar o ı́nfimo do
lado direito

inf {− < ∇g(x), h > +V ∗ (h)} = − sup{h∇g(x), hi − V ∗ (h)},


h h

que nos dá, pela definição da função V ,


1
lim sup [Qt g(x) − g(x)] ≤ −V (∇g(x)).
t→0 t
Agora precisamos de uma desigualdade contrária para o lim inf e assim teremos
o resultado desejado, visto que, lim inf ≤ lim ≤ lim sup. Consideramos, então, já que
g é limitado inferiormente, que g ≥ 0. Daı́ Qt g(x) ≤ g(x). De fato, se tomarmos y = x
no conjunto A temos Qt g(x) ≤ g(x). Logo, para todo t > 0,

Qt g(x) = inf {g(x − ht ) + tV ∗ (h)}.


tV ∗ (h)≤g(x)

Aqui somente trocamos a variável y por x−ht e podemos adicionar a condição tV ∗ (h) ≤
g(x) ao ı́nfimo, já que, caso contrário, terı́amos g(x − ht ) + tV ∗ (h) > g(x) ≥ Qt g(x),
pois g é não-negativa. Assim, usando novamente a expansão de Taylor,

Qt g(x) − g(x) = inf {g(x − ht ) − g(x) + tV ∗ (h)}


tV ∗ (h)≤g(x)

= inf {−t h∇g(x), hi + t|h|ε(th) + tV ∗ (h)}.


tV ∗ (h)≤g(x)

Logo temos que


1
[Qt g(x) − g(x)] = ∗ inf {− h∇g(x), hi + |h|ε(th) + V ∗ (h)}, (1.6)
t tV (h)≤g(x)
CAPÍTULO 1. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO PRINCIPAL 4

com ε(th) → 0 quando |th| → 0. Observemos em primeiro lugar, que o argumento de


ε(·) pode ser pequeno quanto se queira para h suficientemente pequeno, então

sup{t|h|; tV ∗ (h) ≤ g(x)} → 0 quando t → 0

Podemos, agora, remover a condição tV ∗ (h) ≤ g(x) em (3.6) e teremos que, dado η > 0,
para todo t pequeno o suficiente,

1
[Qt g(x) − g(x)] = inf {− h∇g(x), hi − |h|η + V ∗ (h)} (1.7)
t h

Notemos também que podemos restringir este ı́nfimo para |h| ≤ r para algum r grande.
De fato, o lado esquerdo de (3.7) é não-positivo, mas para o lado direito, se fixarmos η,
podemos tomar uma constante C grande o suficiente para que (C − η) > |∇g(x)||h| ≥
h∇g(x), hi, pela desigualdade de Cauchy-Schwarz. Por outro lado, como as normas em

khkp
Rn são equivalentes, se |h| também for suficientemente grande, V ∗ (h) = p∗
≥ C|h| e
assim, V ∗ (h) > h∇g(x), hi + η|h|, o que torna o lado direto de (3.7) positivo. Portanto,
restringindo a |h| < r,

1
[Qt g(x) − g(x)] ≥ inf {− h∇g(x), hi + V ∗ (h)} − rη.
t |h|≤r

Agora, como o lado direito não depende de t, basta tomar o lim inf no lado esquerdo e
fazer η → 0 e a demonstração está concluı́da. 
O próximo passo é complementar a convergência acima com uma limitação
para 1t |Qt g(x) − g(x)| em termos de k∇g(y)k∗ com vetores y próximos de x. Deste
modo, dada uma função g de classe C 1 definida em Rn , para todo x ∈ Rn e r > 0
defina Dg(x, r) := sup k∇g(y)k∗ . É fácil ver que D(x, r) → k∇g(x)k∗ quando
kx−yk≤r
r → 0.

Lema 1.2 Seja g uma função definida em Rn , diferenciável no ponto x e limitada


inferiormente. Considere Qt g(x) definida por (3.3), então

1 1
[g(x) − Qt g(x)] ≤ Dg(x, r)p . (1.8)
t p

Demonstração: Vamos assumir que g ≥ 0 e escrever novamente


 ∗ 
khkp
Qt g(x) = infn g(x − h) + ∗ p∗ −1 , t > 0. (1.9)
h∈R pt
CAPÍTULO 1. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO PRINCIPAL 5

Mais uma vez, como Qt g(x) ≤ g(x), o ı́nfimo pode ser restrito à bola
  ∗
∗ h khkp
tV ≤ ∗ p∗ −1 ≤ g(x).
t pt

Trocando h por th e denotando r = (p∗ g(x))1/p temos, de (3.9),
 ∗ 
1 1 khkp p1∗
[g(x) − Qt g(x)] = − inf [g(x − th) − g(x)] + ; t khk ≤ r .
t t p∗
Podemos, ainda, tomar o ı́nfimo em uma bola menor tkhk ≤ r e isto faz com que
o valor do ı́nfimo possivelmente seja maior, o que transforma a igualdade acima na
desigualdade
 ∗
1 1 khkp
[g(x) − Qt g(x)] ≤ − inf [g(x − th) − g(x)] −
t tkhk≤r t p∗
 ∗
1 khkp
= sup [g(x) − g(x − th)] − . (1.10)
tkhk≤r t p∗
Pela Desigualdade do Valor Médio temos que
1 1
kg(x − th) − g(x)k ≤ sup k∇g(x − s(th))kkthk
t t s∈(0,1)
≤ khk sup k∇g(y)k
kx−yk<tkhk

= khkDg(x, tkhk).

Logo, de (3.10) temos que


 ∗ 
1 1 khkp
[g(x) − Qt g(x)] ≤ sup kg(x − th) − g(x)k −
t tkhk≤r t p∗
 ∗
khkp
≤ sup khkDg(x, tkhk) −
tkhk≤r p∗
 ∗ 
khkp
≤ sup khkDg(x, r) −
h p∗
1
= Dg(x, r)p (1.11)
p
pela desigualdade de Young (??). 
Para conseguir uma limitação ainda mais precisa, vamos trabalhar com funções

g(x) = O(|x|p ) quando |x| → ∞, (1.12)
|g(x)| ∗
isto é, queremos que lim ∗ = ∞. Para tanto, vamos definir a classe Fp∗ , p > 1
|x|→∞ |x|p
de todas as funções g ∈ C 1 definidas em Rn tais que
∇g(x)
lim sup < ∞.
|x|→∞ |x|p∗ −1
Desta definição, podemos concluir o seguinte resultado.
CAPÍTULO 1. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO PRINCIPAL 6

Lema 1.3 Seja g uma função definida em Rn , diferenciável no ponto x e limitada


inferiormente. Consideremos Qt g(x) definida por (3.3) e suponhamos que g ∈ Fp∗ .
Então
|g(x)|
1. lim ∗ = ∞ e
|x|→∞ |x|p

1 ∗
2. sup [g(x) − Qt g(x)] ≤ C(1 + |x|p ).
t
Demonstração: 1. Definamos, para x fixado, a função real φ(t) = g(tx). Para os
valores t1 e t2 aplicamos o Teorema do Valor Médio. Temos, então,

φ(t2 ) − φ(t1 )
φ′ (tx ) =
t2 − t1

para algum tx ∈ (t1 , t2 ). Tomemos, então, t1 = 1/|x| e t2 = 1. Podemos supor


1/|x| < 1, já que estamos interessados em valores grandes de |x|. O que nos dá
   
x 1
g(x) = g + < ∇g(tx x), x > · 1 − .
|x| |x|

Dividindo por |x|p∗ ,


 
x
g(x) g
|x|∇g(tx x) x

 
1

p∗
= + , · 1− . (1.13)
|x| |x|p∗ |x|p∗ −1 |x| |x|
 
x
Quando fazemos |x| → ∞, temos que g |x| /|x|p∗ < ∞, já que g é contı́nua e g(x/|x|)
está definida na esfera S n−1 . Além disso,

∇g(tx x) tpx −1 ∇g(tx x)
= < ∞,
|x|p∗ −1 |tx x|p∗ −1

x
pois g ∈ Fp∗ e ainda = 1. Logo, todo o lado direito de (3.13) permanece limitado
|x|

e portanto g(x)/|x|p é limitado quando |x| → ∞.
2. Agora, se g ∈ Fp∗ , p∗ > 1, existe um determinado valor K > 0 tal que
∗ −1 ∗
|∇g(x)| ≤ C|x|p e ainda |g(x)|1/p ≤ C ′ |x| quando |x| > K em que C e C ′ são
constantes positivas. Ou seja, quando |x| é grande o suficiente g e ∇g são limitadas
por uma função do módulo de x. Podemos, assim, encontrar uma limitação para
Dg(x, r). Temos

∗ −1 ∗
Dg(x, r) = sup k∇g(y)k ≤ sup C|y|p em que r = (p∗ g(x))1/p ,
kx−yk≤r kx−yk≤C ′ |x|
CAPÍTULO 1. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO PRINCIPAL 7

para |x| > K. Quando |x| ≤ K, g está definida na bola de centro na origem e raio K,
isto é, num compacto. Assim, considerando o supremo sup {k∇g(y)k; kx − yk ≤ C ′ K},
temos que c|x − y| ≤ kx − yk ≤ C ′ K. Daı́ podemos ver que |y| < K + C ′ K/c. Logo,
como g ∈ C 1 , ∇g é contı́nua e, portanto, atinge um valor de máximo na bola de centro
na origem e raio K + C ′ K/c. Deste modo, existe M > 0 tal que

sup k∇g(y)k < M quando |x| ≤ K.


kx−yk≤C ′ K
 ∗
Chamando S = sup C|y|p −1 ; kx − yk ≤ C ′ |x| , podemos escrever, então,

sup k∇g(y)k ≤ max(M, S) ≤ M + S ∀x ∈ Rn .


kx−yk≤C ′ |x|

O supremo S, por sua vez, é atingido quando |y| = |x| + C ′ |x|/c. Assim,
 p∗−1
C′ ∗ ∗
S =C 1+ |x|p −1 = C ′′ |x|p −1 ,
c
e, portanto,
∗ −1 ∗ −1
Dg(x, r) = sup k∇g(y)k ≤ M + C ′′ |x|p ≤ M ′ (1 + |x|p )
kx−yk≤C ′ |x|

na qual M ′ = max(M, C ′′ ). Agora podemos, a partir de (3.11), conseguir uma limitação


melhor para 1t [g(x) − Qt g(x)] e ainda, como Dg(x, r) não depende de t podemos tomar
o supremo. Temos, então, que
1 M ′p ∗
Dg(x, r)p ≤ (1 + |x|p −1 )p
p p
M ′p ∗ ∗ ∗
= (1 + |x|p −1 + |x|2(p −1) + · · · + |x|p(p −1) )
p
M ′p ∗
≤ (1 + p|x|p(p −1) )
p

≤ M ′p (1 + |x|p ),
p∗
em que p = ∗ . Isto nos leva a concluir que existe alguma constante C tal que
p −1
1 ∗
sup [g(x) − Qt g(x)] ≤ C(1 + |x|p ). (1.14)
t

Agora podemos aplicar a generalização do Teorema de Prékopa-Leindler dada
pelo Corolário ??. Dado σ > 0 definamos a função

kxkp
vσ (x) = σ + , x ∈ Rn .
p∗
CAPÍTULO 1. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO PRINCIPAL 8

Para uma função g de classe C 1 definida em Rn e θ ∈ (0, 1) definamos as três seguintes


funções positivas e contı́nuas

u(x) = g(θx)1−n

v(y) = vσ (θ1/p y)1−n

w(z) = [(1 − θ)σ + θQ1−θ g(z)]1−n .

Queremos aplicar a essas três funções o corolário ?? e, para isto, u, v e w devem


satisfazer às duas hipóteses:

(θ) 1
(i) w(θx + (1 − θ)y) ≥ Mα (u(x), v(y)) , com α = − n−1 para todos x, y ∈ Rn ,

(ii) mi (u) = mi (v) < ∞ para algum i = 1, . . . , n,

em que definimos para uma função f : Rn → R o número


Z
mi (f ) := sup f (x)dx1 · · · dxi−1 dxi+1 · · · dxn .
xi ∈R Rn−1

Para mostrar (i), como α < 0, temos que (i) é equivalente a

w(θx + (1 − θ)y)α ≤ θu(x)α + (1 − θ)v(y)α .

Tomando z = θx + (1 − θ)y, a expressão acima se torna


(1 − θ)σ + θQ1−θ g(z) ≤ θg(θx) + (1 − θ)vσ (θ1/p y)

kykp
= θg(θx) + (1 − θ)σ + (1 − θ)θ ∗ ,
p

que nos dá



kykp
Q1−θ g(z) ≤ g(θx) + (1 − θ) ∗ .
p
Usando a definição de Qt g(z) dada em (3.9) na página 27, vamos fixar z como acima,
t = 1 − θ > 0 e tomar h = (1 − θ)y. Como Q1−θ g(z) é o ı́nfimo sobre todos os valores
de h, temos

k(1 − θ)ykp
Q1−θ g(θx + (1 − θy)) ≤ g(θx + (1 − θ)y − (1 − θ)y ) + ∗
| {z } | {z } p (1 − θ)p∗ −1
z h
p∗
kyk
= g(θx) + (1 − θ)
p∗
CAPÍTULO 1. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO PRINCIPAL 9

como querı́amos. Portanto (i) está verificado. Para verificarmos (ii), assumamos que
Z
1−n
m1 (g ) = sup g(x1 , x2 , . . . , xn )1−n dx2 . . . dxn < ∞.
x1 ∈R Rn−1

Precisamos ainda que m1 (v11−n ) < ∞. Usando que a norma k · k é equivalente à norma
Euclidiana, é fácil ver que
Z

(1 + kxkp )1−n dx < ∞ (1.15)
Rn

Deste modo, como


Z  ∗ 1−n Z
kxkp ∗
1+ dx ≤ (1 + kxkp )1−n dx < ∞,
Rn−1 p∗ Rn−1

temos que m1 (v11−n ) é finito. Podemos verificar agora que m1 (u) = θ1−n m1 (g 1−n ). De
fato, fixando a primeira coordenada, temos
Z Z
1−n
g(θx) dx2 · · · dxn = g(θx1 , θx2 , . . . , θxn )1−n dx2 · · · dxn
Z
1
= g(θx1 , x2 , . . . , θxn )1−n dx2 · · · dxn .
θ

e, assim, para cada coordenada restante, temos uma constante 1/θ, o que nos dá no
final, fazendo uma mudança de coordenadas conveniente,
Z Z
1
udx2 · · · dxn = n−1 g(θx1 , x2 , . . . , xn )1−n dx2 · · · dxn
θ
Z
1−n
= θ g(x)1−n dx2 · · · dxn .

Portanto temos
Z Z
1−n 1−n
sup g(θx) dx2 · · · dxn = θ sup g 1−n dx2 · · · dxn .
x1 ∈R x1 ∈R

De modo semelhante vamos mostrar que

1−n 1−n
m1 (v) = θ p∗ σ p m1 (v11−n ).

1−n
Pela homogeneidade temos que m1 (v) = θ p∗ m1 (vσ1−n ), entretanto podemos fazer a
seguinte mudança
  1
!
kσ − p∗ ykp
∗ ∗
kykp 1
vσ (y) = σ 1 + =σ 1+ = σv1 (σ − p∗ y).
σp∗ p∗
CAPÍTULO 1. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO PRINCIPAL 10

Novamente pela homogeneidade temos


  1 1−n 
1−n
m1 (v) = θ p∗ σ 1−n
m1 v1 σ − p∗ y
1−n n−1 1−n 1−n
= θ p∗ σ 1−n σ p∗ m1 (v11−n ) = θ p∗ σ p m1 (v11−n ),

p∗
lembrando que p = p∗ −1
. Agora basta escolhermos σ, de modo a termos m1 (u) = m1 (v).
Façamos, então,
 p/(n−1)
m1 (v11−n )
σ = kθ, com k = k(n, g) = .
m1 (g 1−n )
O valor k está bem definido, já que m1 (g 1−n ) e m1 (v11−n ) são finitos e então 0 < k < ∞.
Assim,
 −1
1−n 1−n m1 (v11−n )
1−n 1−n
m1 (v) = θ p∗ σ p m1 (v11−n ) = θ p∗ θ p m1 (v11−n )
m1 (g 1−n )
= θ1−n m1 (g 1−n )

= m1 (u).

Assim, temos que as funções u, v e w satisfazem às hipóteses (i) e (ii), e podemos
1
R R R
aplicar o corolário ?? com α = − n−1 para obtermos wdx ≥ θ udx + (1 − θ) vdx,
que é
Z Z Z
1
1−n 1−n
[(1 − θ)σ + θQ1−θ g(x)] dx ≥ θ g(θx) dx + (1 − θ) vσ (θ p∗ x)1−n dx.

A última integral nesta equação pode ser modificada da seguinte forma


Z Z
1 n 1

1−n
vσ (θ p x) dx = θ p σ
∗ ∗ 1−n
v1 (σ − p∗ x)1−n dx
Z
− pn∗ 1−n pn∗
= θ σ σ v11−n dx
Z
− pn∗ p−n
= θ σ p v11−n dx
Z
p−n
1−n
= θ k p v11−n dx.

Substituindo σ = kθ,
Z Z Z
p−n
1−n 1−n 1−n
θ [(1 − θ)k + Q1−θ g(x)] dx ≥ θ g dx + θ k (1 − θ) v11−n dx,
1−n 1−n p

Podemos agora dividir tudo por θ1−n e substituir s = 1 − θ para obter


Z Z Z
p−n
1−n 1−n
(ks + Qs g) dx ≥ g dx + sk p v11−n dx. (1.16)
CAPÍTULO 1. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO PRINCIPAL 11

A inequação (3.16) é válida para todo 0 < s < 1 e, formalmente, temos igualdade
quando s = 0. O próximo passo é comparar as derivadas com relação a s de ambos os
lados neste ponto. Para fazer isso, vamos utilizar os dois resultados abaixo.

Lema 1.4 Assumamos que g ∈ Fp∗ e satisfaz



g(x) ≥ c(1 + kxkp ) (1.17)

para alguma constante c > 0, então a primeira e a segunda integrais em (3.16) são
finitas e uniformemente limitadas com relação a s ∈ (0, 1).

Demonstração: Observemos, em primeiro lugar, que Qs g(x) ≥ c′ (1 + kxkp ) para
valores de s pequenos o bastante graças a (3.17). De fato, de (3.14), pela equivalência
das normas, temos
1 ∗ ∗
[g(x) − Qs g(x)] ≤ C(1 + |x|p ) ≤ C ′ (1 + kxkp ).
s
Assim,

Qs g(x) ≥ g(x) − sC ′ (1 + kxkp )
∗ ∗
≥ c(1 + kxkp ) − sC ′ (1 + kxkp )

= (c − sC ′ )(1 + kxkp ).

Existe, então, um valor δ > 0, possivelmente menor do que 1 tal que c − sC ′ > 0
quando 0 < s < δ. Daı́
∗ ∗
Qs g(x) ≥ (c − δC ′ )(1 + kxkp ) = c′ (1 + kxkp ) ∀s ∈ (0, δ), (1.18)

em que c′ > 0 independe do valor de s no intervalo (0, δ). Assim, temos de (3.17)
Z Z
1−n 1−n ∗
g dx ≤ c (1 + kxkp )1−n dx

que é finito graças a (3.15). Em particular, m1 (g 1−n ) < ∞. Do mesmo modo, de (3.18),
Z Z Z
p∗ 1−n ∗
(ks + Qs g) dx ≤ [ks + c (1 + kxk )] dx ≤ c′′ (1 + kxkp )1−n ,
1−n ′

que também é finito por (3.15). E, assim, temos a limitação que desejávamos. 
Com este resultado, podemos reescrever (3.16) como
Z Z
p−n
1−n 1
k p v1 dx ≤ [(ks + Qs g)1−n − g 1−n ]dx. (1.19)
s
CAPÍTULO 1. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO PRINCIPAL 12

Queremos, agora, mostrar que o integrando do lado direito de (3.19) é limitado


por uma função com integral finita. Assim, quando calcularmos o limite lims→0 , poder-
emos usar o Teorema da Convergência Dominada. Para isto, vamos usar a seguinte
desigualdade usual:

Lema 1.5 Dados a, b > 0, temos que

|a1−n + b1−n | ≤ (n − 1)|a − b|(a−n + b−n ). (1.20)

Demonstração: Para ver que esta desigualdade é verdadeira, vamos passar a uma
única variável t, dividindo por b1−n , para obter
 a 1−n   
a a −n
− 1 ≤ (n − 1) − 1 +1
b b b
a
e então chamamos t = b
e temos

|t1−n − 1| ≤ (n − 1)|t − 1|(t−n + 1),

que é equivalente à inequação (3.20). Definimos, agora, a função ϕ(t) = t1−n e podemos
supor, sem perda de generalidade, que t > 1 e assim, pelo Teorema do Valor Médio,
existe 1 < ξ < t tal que |ϕ(t) − ϕ(1)| = |ϕ′ (ξ)|(t − 1). Daı́

|t1−n − 1| = (t − 1)|(1 − n)ξ −n |

= (n − 1)(t − 1)ξ −n ≤ (n − 1)(t − 1)(t−n + 1)

como querı́amos. Agora, aplicando (3.20), temos o seguinte corolário.

Corolário 1.1 Seja g ∈ Fp∗ satisfazendo (3.17), então

1 ∗
[(ks + Qs g)1−n − g 1−n ] ≤ C ′′ (1 + kxkp )1−n ,
s

para alguma constante C ′′ > 0.

Demonstração: Aplicando (3.20) ao integrando do lado direito de (3.19), temos

1 1
[(ks + Qs g)1−n − g 1−n ] ≤ (n − 1)|ks + Qs g − g|[(ks + Qs g)−n + g −n ]
s s
1
≤ (n − 1) k + (Qs g − g) [(ks + Qs g)−n + g −n ].
s
CAPÍTULO 1. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO PRINCIPAL 13

Temos ainda, por (3.14)


1 1
k + (Qs g − g) ≤ k+ (Qs g − g)
s s
1
= k + (g − Qs g)
s

≤ k + C(1 + |x|p )

≤ C ′ (1 + kxkp ),

lembrando que k < ∞ e Qs g < g. Além do mais, como temos uma limitação inferior
para Qs g a partir de (3.18), temos que

(ks + Qs g)−n + g −n ≤ (Qs g)−n + g −n

≤ 2(Qs g)−n

≤ 2c′ (1 + kxkp )−n .

Logo
1 ∗ ∗
[(ks + Qs g)1−n − g 1−n ] ≤ 2(n − 1)C ′ (1 + kxkp )c′ (1 + kxkp )−n
s

≤ C ′′ (1 + kxkp )1−n

para alguma constante C ′′ > 0. 


Agora que temos uma limitação para o integrando do lado direito de (3.19),
podemos aplicar o Teorema da Convergência Dominada de Lebesgue. Notemos, pri-

meiro, que C ′′ (1 + kxkp )1−n tem integral finita satisfazendo às hipóteses do teorema.
Vamos tomar, então, o limite lims→0 em (3.19) e assim
Z Z
p−n
1−n 1
k p v1 dx ≤ lim [(ks + Qs g)1−n − g 1−n ]dx
s→0 s
Z
1
= lim [(ks + Qs g)1−n − g 1−n ]dx. (1.21)
s→0 s

Observe que o limite em (3.21) é justamente a derivada da função ψ(s) = (ks+Qs g)1−n
calculada no ponto s = 0. Derivando temos

ψ ′ (s) = (1 − n)(ks + Qs g)−n (k + ∂s Qs g)

que em s = 0 é, pelo Lema 3.1 página 25,


 
′ −n
ψ (0) = (1 − n)g k + ∂ s Qs g
s=0
 p

−n k∇gk ∗
= (1 − n)g k− .
p
CAPÍTULO 1. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO PRINCIPAL 14

Portanto (3.21) se torna


Z Z  
p−n k∇gkp∗
k p v11−n dx ≤ (1 − n) g −n
k− , (1.22)
p

ou equivalentemente
Z Z Z
1 −n p −n 1
g k∇gk∗ dx ≥ k g dx + (n−p)/p
v11−n dx. (1.23)
p (n − 1)k

A partir desta desigualdade, vamos chegar ao resultado final definindo funções


gε que satisfaçam as hipóteses do lema 3.4. Isto será feito na seção seguinte.

1.2 Argumentos Finais


Agora vamos mostrar que a desigualdade de Sobolev vale para f no espaço das
funções de classe C 1 com suporte compacto, que denotamos por Cc1 (Rn ).

Lema 1.6 (Desigualde de Sobolev) Sejam f ∈ Cc1 (Rn ) não-negativa e 1 < p < n,
então existe uma constante C = Cn (p) tal que

kf kq ≤ Cn (p)k∇f kp ,

np
em que q = n−p
.

Demonstração: Definamos, para ε > 0, as funções de classe C 1

p ∗
gε (x) = (f (x) + εϕ(x)) p−n + ε(1 + kxkp )

∗ p−n
nas quais ϕ(x) = (1 + kxkp ) p . É fácil ver que as funções gε satisfazem (3.17) com
c = ε, então precisamos ver se gε ∈ Fp∗ . Como f tem suporte compacto, f (x) = 0 para
valores grandes de |x| e o mesmo acontece com as suas derivadas parciais de primeira
ordem. Assim, para |x| grande o suficiente

p ∗
gε (x) = (εϕ(x)) p−n + ε(1 + kxkp )
p ∗ ∗
= (ε p−n + ε)(1 + kxkp ) = cε (1 + kxkp ).
CAPÍTULO 1. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO PRINCIPAL 15

Deste modo,

|∇gε (x)| cε |∇(kxkp )|
lim sup = lim sup
|x|→∞ |x|p −1

|x|→∞ |x|p∗ −1

cε p∗ kxkp −1 |∇kxk|
= lim sup
|x|→∞ |x|p∗ −1
= lim sup c̃|∇kxk| ≤ ∞,
|x|→∞

pois k∇kxkk∗ = 1. Logo gε ∈ Fp∗ para todo ε > 0. Com gε satisfazendo a essas
condições, podemos aplicar (3.23) para obter
Z Z Z
1 −n p −n 1
gε k∇gε k∗ dx ≥ k gε dx + (n−p)/p
v11−n dx. (1.24)
p (n − 1)k
Observemos que
p ∗ pn
gε−n = [(f + εϕ) p−n + ε(1 + kxkp )]−n ≤ (f + εϕ) n−p

pn
e ainda, chamando q = n−p
,
Z Z
q
ϕ dx = (1 + kxk−n )dx < ∞,

como vimos anteriormente. Portanto gε é menor que uma função com integral finita,
o que nos permite aplicar outra vez o Teorema da Convergência Dominada. Dado
p R R
que gε → f p−n quando ε → 0 temos que gε−n dx → f q dx. Por um argumento
similar, temos ainda que há um limite finito para o lado esquerdo de (3.24), já que
∗ ∗ −1
k∇(kxkp )k∗ = p∗ kxkp . Como um resultado, o lado esquerdo de (3.24) se torna,
quando ε → 0,
Z Z  p  p
1 1
lim gε−n k∇gε kp∗ dx = f q ∇ f p−n dx
ε→0 p p ∗
Z p
1 q p n
= f f p−n ∇f dx
p p−n ∗
Z
pp−1
= k∇f kp∗ dx
(n − p)p
E, por fim, de (3.24) concluı́mos
Z Z Z
pp−1 p q 1
k∇f k∗ dx ≥ k f dx + v11−n dx. (1.25)
(n − p)p (n − 1)k (n−p)/p
Observemos que o lado esquerdo não depende de k, logo podemos tomar o ı́nfimo para
obtermos
Z  Z Z 
pp−1 1
k∇f kp∗ dx ≥ inf k f q dx + v11−n dx . (1.26)
(n − p)p k (n − 1)k (n−p)/p
CAPÍTULO 1. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO PRINCIPAL 16

Esta é exatamente a desigualdade de Sobolev. Para vermos isto, definamos a função


ψ(k) = Ak + Bk (p−n)/p para k > 0. No caso acima, os parametros A e B são
Z Z
q 1
A = f dx, B= v11−n dx,
n−1
que não depende de k. Notemos, em primeiro lugar, que lim ψ(k) = lim ψ(k) = ∞, já
k→0 k→∞
que p < n. Deste modo, a função ψ(k) atinge um mı́nimo absoluto. Vamos encontrar
o valor de k para o qual este ı́nfimo é alcançado. A primeira derivada desta função é
−n
p−n
ψ ′ (k) = A + p
Bk p . Fazendo ψ ′ (k) = 0,
 −p/n
−n/p Ap Ap
k = ⇒ k= > 0.
(n − p)B (n − p)B
Portanto, ψ atinge seu mı́nimo neste ponto. Logo, o valor mı́nimo de ψ é dado por
 −p/n !  −p/n " −p/n # p−n
p
Ap Ap Ap
ψ = A +B
(n − p)B (n − p)B (n − p)B
" −p/n   n−p #
n−p (n − p)B p n
= A n +B
p (n − p)B
n−p
= C0 A n ,

em que C0 é uma constante positiva dependendo apenas de n e p. Portanto, como


n−p
n
= pq , podemos substituir este resultado em (3.26) e obtemos
Z Z  pq
pp−1 p q
k∇f k∗ dx ≥ C f dx .
(n − p)p
R
Relembrando que k∇f kpp = Rn k∇f kp∗ dx, temos a desigualdade de Sobolev

kf kq ≤ Cn (p)k∇f kp , (1.27)

em que Cn (p) é uma constante positiva. 


Podemos estender este resultado para todas as funções f ∈ D1,p (Rn ). Lem-
bremos que assumimos f ∈ Cc1 , entretanto, como podemos ver em [?], esta classe de
funções é um subconjunto denso de D1,p .
Para concluir o argumento, vamos investigar o caso da igualdade para en-
contrar as funções extremais. Para fazê-lo, vamos retornar ao inı́cio do argumento e
verificar passo a passo em que momentos a igualdade é verdadeira. Assim podemos
mostrar o seguinte lema.
CAPÍTULO 1. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO PRINCIPAL 17

Lema 1.7 A constante Cn (p) encontrada em (3.27) é a constante ótima para a de-
sigualdade de Sobolev.

Demonstração: Tomemos g = v1 , e então, pela definição, k = k(n, g) = 1 e σ = θ.


R
Usando isto, o lado direito de (3.16) se torna automaticamente (1 + s) v11−n dx. Para
analisarmos o lado direto, vejamos que, de (3.9), temos
 ∗ ∗ 
kx − hkp khkp
Qs v1 (x) = inf 1 + + ∗ p∗ −1
h p∗ ps
 ∗
1 p∗ khkp
= 1 + ∗ inf kx − hk + p∗ −1 .
p h s
Observemos que este ı́nfimo é atingido quando h tem a mesma direção de x e, além
disso, comokhk ≤ kxk( para ver isto basta substituir h por x em (3.9)), e assim h = λx,
λ ∈ [0, 1]. Deste modo
∗  ∗ 
kxkp p∗ λp
Qs v1 (x) = 1 + inf (1 + λ) + p∗ −1 .
p∗ λ s

∗ λp
Vamos ver que este ı́nfimo é atingido. Definamos φ(λ) = (1 + λ)p + ∗
sp −1
. A sua

∗ −1 p∗ λp −1 s
derivada é dada por φ′ (λ) = −p∗ (1 − λ)p + s
. Assim, o ponto λ = s+1
p∗ −1 , é um
h p ∗ −2
i
ponto crı́tico e, como a derivada segunda é φ′′ (λ) = p∗ (p∗ −1) (1 − λ)p −2 + λsp∗ −1 > 0

s
para todo λ ∈ (0, 1), s+1 é um mı́nimo local. Quando calculamos φ neste ponto, temos
s
 1
φ s+1 = (s+1) , o que nos dá

kxkp
Qs v1 (x) = 1 + ∗ .
p (s + 1)p∗ −1
Com isso, usando a mudança de variável, o lado esquerdo de (3.16) se torna
Z Z  ∗ 1−n
1−n kxkp
(ks + Qs g) dx = (1 + s) + ∗ dx
p (1 + s)p∗ −1
Z  ∗
(1 + s)kykp
= (1 + s) + (1 + s)n dy
p∗
Z  ∗ 1−n
kykp
= (1 + s) 1 + dy
p∗
Z
= (1 + s) v11−n dy.

Assim, para g = v1 temos igualdade em (3.16) e, seguindo o mesmo caminho, também


temos igualdade em (3.23) e (3.25). Para verificarmos a igualdade em (3.26), voltamos
à definição ψ(k) = Ak + Bk (p−n)/p e observamos que ψ tem um mı́nimo em k = 1 se, e
CAPÍTULO 1. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO PRINCIPAL 18

p−n n−p
somente se, ψ ′ (1) = A + p
B = 0, ou seja, A = p
B. Nessa situação particular em
que g = v1 , f q = g −n = v11−n , temos
Z Z
1
A = v1−n dx, B= v11−n dx.
n−1

Assim o ı́nfimo em (3.25) é atingido em k = 1 se, e somente se,


Z Z
−n n−p
v1 dx = v11−n dx. (1.28)
p(n − 1)

Para vermos isto, vamos aplicar o teorema da divergência à função F (x) = xv1 (x)1−n =
 p∗
1−n
x 1 + kxk
p∗
na bola Br = Br (0) de centro na origem e raio r. Do teorema sabemos
que Z Z
divF dx = hF, ηi dS. (1.29)
Ω ∂Ω

Temos primeiro que o divergente da função F é dado por

∂(x1 v11−n ) ∂(xn v11−n )


divF = + ··· +
∂x1 ∂xn
1−n
∂(v1 ) ∂(v11−n )
= x1 + · · · + xn + nv11−n
∂x1 ∂xn
1−n 1−n
= ∇(v1 ), x + nv1 .

Temos ainda que ∇(v11−n ) = (1 − n)v1−n ∇v1 = (1 − n)v1−n kxkp


∗ −1
∇kxk. Assim, o lado
esquerdo de (3.29) torna-se
Z Z

divF dx = ∇(v11−n ), x + nv11−n dx
Br Br
Z Z
−n p∗ −1
= (1 − n) v1 kxk < ∇kxk, x > dx + n v11−n dx
Z Br Z Br

= (1 − n) v1−n kxkp + n v11−n dx,
Br Br

já que, de (3.2), h∇kxk, xi = kxk. Do lado direito de (3.29), temos


Z Z  ∗ 1−n D
kxkp xE
hF, ηi dS = 1+ x, dS.
∂Ω Br p∗ r

Como estamos considerando a borda de Br , temos que hx, xi = kxk2 = r2 e


Z  ∗ 1−n D Z  ∗ 1−n
kxkp xE rp
1+ x, dS = 1+ ∗ rdS
Br p∗ r Br p
 ∗ 1−n
rp ∗
= cn 1 + ∗ rn ≈ cn rp (1−n) rn ,
p
CAPÍTULO 1. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO PRINCIPAL 19

p
em que cn > 0, para valores grandes de r. Assim, como p∗ = p−1
e 1 < p < n, temos
p−n
p∗ (1 − n) + n = p−1
< 0, logo
Z
hF, ηi dS → 0 quando r → ∞.
∂Ω

Se fizermos r → ∞ do lado esquerdo também, teremos do teorema da divergência,


Z Z
−n p∗
(1 − n) v1 kxk + n v11−n dx = 0,
Rn Rn

que é equivalente a Z Z
∗ n
v1−n kxkp = v11−n dx. (1.30)
Rn n−1 Rn

Desenvolvendo o lado esquerdo de (3.30), temos


Z Z
−n p∗ ∗ kxkp∗
v1 kxk dx = p v1−n ∗ dx
Rn n p
ZR  
∗ −n kxkp∗
= p v1 + 1 − 1 dx
Rn p∗
Z

= p v1−n (v1 − 1) dx
Rn
Z Z
p 1−n p
= v1 dx − v1−n dx.
p − 1 Rn p − 1 Rn
E assim, (3.30) se torna
Z  Z
p −n p n
v dx = − v11−n dx
p − 1 Rn 1 p−1 n−1 n
Z R
n−p
= v 1−n dx,
(p − 1)(n − 1) Rn 1
que é equivalente a (3.28). Deste modo, mostramos que a constante Cn (p) encontrada
em (3.27) é a constante ótima da desigualdade de Sobolev. 
Portanto, podemos concluir que, na classe de todas as funções f definidas em
Rn no espaço de Sobolev D1,p (Rn ) e tais que 0 < kf kq < ∞, a razão
k∇f kp 1 1 1
, com 1 < p < n, = − ,
kf kq q p n

é minimizada pelas funções f (x) = (σ+kxkp )(p−n)/p com x ∈ R, σ > 0. Aqui p1 + p1∗ = 1

e k · k é uma norma dada em Rn e


Z
k∇f kpp = k∇f (x)kp∗ dx
Rn

em que k · k∗ é a norma dual de k · k.

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