História Da Paraíba - PMPB

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 104

1.

SISTEMA DE CAPITANIAS HEREDITÁRIAS

➥As Capitanias Hereditárias foram um sistema


administrativo implementado pela Coroa Portuguesa no
Brasil em 1534. O território do Brasil, pertencente a
Portugal, foi dividido em faixas de terras e concedido aos
nobres de confiança do rei D. João III (1502-1557). Essas
poderiam ser passadas de pai pra filho e por isso, foram
chamadas de hereditárias.

➙ Os principais objetivos eram povoar


a colônia e dividir a administração
colonial. As Capitanias Hereditárias,
porém, tiveram vida curta e foram
abolidas dezesseis anos após sua criação.
Após a descoberta das terras a leste do
Tratado de Tordesilhas, em 1500, por
Pedro Álvares Cabral, o foco da Coroa
portuguesa na sua colônia da América
Portuguesa era a extração dos recursos
da terra, como o pau-brasil. Isso se devia
ao fato de não terem sido encontrados
metais preciosos como foi o caso dos
espanhóis nas suas possessões.
O sistema de capitanias hereditárias foi implantado a partir da expedição
de Martim Afonso de Sousa, em 1530. Os portugueses tiveram receio de
perderem suas terras conquistadas para outros europeus que já estavam
negociando com os indígenas e buscavam se fixar ali. Para tanto, a Coroa
Portuguesa imediatamente adotou medidas para povoar a colônia,
evitando, dessa maneira, possíveis ataques e invasões. O sistema de
capitanias havia sido implementado pelos portugueses na Ilha da Madeira,
nos Arquipélagos dos Açores e de Cabo Verde.

2. Exercícios

01. A distribuição de capitanias hereditárias como sistema de


povoamento e colonização das terras do Novo Mundo, desenvolvido por
Portugal, foi um empreendimento planejado, respondendo a uma
necessidade nova, decorrente da expansão ultramarina. Sua montagem
obedecia a determinadas prescrições que contavam, essencialmente,
com as cartas de doação e de Forais, peças básicas da solução das
donatarias. Portanto, a respeito da administração do Estado português
na Colônia brasileira, através do sistema de donatarias, é incorreto
afirmar que:

a) interessava à Coroa deixar às mãos de particulares a ocupação das


terras, visto que ela não poderia, sem risco de perder as Índias Orientais,
desviar capitais para essa nova empresa que iniciava.

b) Numa perspectiva econômica, as capitanias funcionavam, nos


quadros da colonização, como grandes empresas, tendo à frente o
donatário como empresário, diretamente responsável pelo investimento
inicial.

c) A centralização político-administrativa da Colônia, através do sistema


de donatarias, correspondia aos interesses gerais dos donatários.

d) as doações hereditárias de vastas províncias brasileiras, com o seu


sistema de sesmaria gratuitas,
faziam parte do próprio sistema colonial. “O Estado doava títulos e terras
para receber divisas”.

e) Os amplos poderes dados aos donatários não entravam em


contradição com a tendência da política portuguesa, pois importava
oferecer condições para o efetivo desenvolvimento da colonização das
terras portuguesas.

02. Nos primórdios do sistema colonial, as concessões de terras


efetuadas pela metrópole portuguesa pretendiam tanto a ocupação e o
povoamento como a organização da produção do açúcar, com fins
comerciais.

Identifique a alternativa correta sobre as medidas que a Coroa portuguesa


adotou para atingir esses objetivos.

a) Dividiu o território em capitanias hereditárias, cedidas aos donatários,


que, por sua vez, distribuíram as terras em sesmarias a homens de posses
que as demandaram.

b) Vendeu as terras brasileiras a senhores de engenho já experientes,


que garantiram uma produção crescente de açúcar.

c) Dividiu o território em governações vitalícias, cujos governadores


distribuíram a terra entre os colonos portugueses.

d) Armou fortemente os colonos para que pudessem defender o


território e regulamentou um uso equânime e igualitário da terra entre
colonos e índios aliados.

e) Distribuiu a terra do litoral entre os mais valentes conquistadores e


criou engenhos centrais que garantissem a moenda das safras de açúcar
durante o ano inteiro.

03. Em 1534, o governo português concluiu que a única forma de


ocupação do Brasil seria através da colonização. Era necessário
colonizar, simultaneamente, todo o extenso território brasileiro. Essa
colonização dirigida pelo governo português se deu através da:

a) criação da Companhia Geral do Comércio do Estado do Brasil.

b) criação do sistema de governo-geral e câmaras municipais.

c) criação das capitanias hereditárias.

d) montagem do sistema colonial.


e) criação e distribuição de sesmarias.

3. Gabarito

1-C
2-A
3-C
- A Criação Da Capitania Da Paraíba
A Capitania de Itamaracá (Antiga
Ortografia: Capitania de Tamaracá) foi
uma das quinze divisões originais do
território brasileiro entregues a
donatários em regime de
hereditariedade. A capitania foi doada a
Pero Lopes de Sousa, em 1534. O
território da capitania estendia-se
desde a linha imaginária de Tordesilhas
até a costa, tendo como limite norte a
Baía da Traição (Paraíba) a Igarassu
(Pernambuco).

Foram capitais da capitania as cidades de Itamaracá e Goiana. Foi


originalmente o protetorado ultramarino português de maior extensão
longitudinal indo do extremo leste do mainland americano até Tordesilhas,
enquanto o de maior área era o Rio Grande (atual Rio Grande do Norte),
porém perdeu esse título para o seu desmembramento Setentrional que
passou a se chamar Paraíba ou Paraiwa (originalmente São Domingos),
que significa algo como de navegação difícil.

➥ Pero Lopes de Sousa colocou Francisco de Braga à frente da


capitania, que ocupou a ilha da Conceição e fundou a vila Marial ou de
Nossa Senhora da Conceição em 1534. Entretanto, no continente viviam
os índios potiguaras que impunham muita resistência aos colonizadores e
também franceses traficantes de pau-brasil. Os índios e os franceses
eram aliados, pois mantinham uma relação mercantilista, ao passo que os
portugueses representavam a ameaça de escravidão. Eram frequentes os
ataques aos habitantes portugueses da região e da capitania de Olinda, de
Duarte Coelho.

O donatário da capitania veio a falecer em 1534. Como não foi cumprida a


cláusula da Lei das Sesmarias, as terras voltaram ao patrimônio da Coroa,
tornando-se devolutas e a Itamaracá tornou-se capitania real. O domínio
do território pelos potiguaras era uma ameaça à segurança dos
colonizadores portugueses.
Exercícios

01. As dificuldades encontradas pelos portugueses na conquista da


Paraíba tiveram relação com:

A) a prévia ocupação francesa na região, e as alianças entre os franceses


e as tribos Potiguaras.
B) a animosidade dos índios Tabajaras que, ao resistirem às tentativas
de ocupação, provocou seu extermínio.
C) Os ataques empreendidos pelas vilas coloniais, fundadas por
espanhóis e densamente fortificadas.
D) o descaso da Coroa com a conquista dessa região, uma vez que
nenhum tipo de exploração econômica havia sido implantado.
E) o fracasso das sucessivas expedições de conquista que, devido às
intempéries marítimas, jamais chegaram ao seu destino.

02. Em 1574 aconteceu um incidente conhecido como "Tragédia de


Tracunhaém", no qual índios mataram todos os moradores de um
engenho chamado Tracunhaém em Pernambuco. Esse episódio
ocorreu devido ao rapto e posterior desaparecimento de uma índia,
filha do cacique potiguar, no Engenho de Tracunhaém. Com base no
conhecimento da História da Paraíba, é correto afirmar que essa
Tragédia contribuiu para:

A) a aliança entre os índios Potiguaras e portugueses e para o progresso


da Paraíba.
B) o desmembramento da capitania de Itamaracá e para a formação da
capitania da Paraíba.
C) a autonomia administrativa de colônia e para a expansão das
bandeiras no interior da Paraíba.
D) a resistência indígena à conquista portuguesa e para a expansão da
pecuária na Paraíba.
E) o ingresso de Ordens religiosas na capitania e para a catequização
dos índios da Paraíba.

03. Em face do regime de monopólios, a capitania da Paraíba foi


anexada em 1755 à capitania de Pernambuco, privando- a de
autonomia, até 1799. Essa anexação deveu-se:

A) à superioridade comercial da Paraíba em relação à capitania de


Pernambuco.
B) à criação da Companhia de Comércio de Pernambuco e da Paraíba.
C) ao enfraquecimento da Companhia das Índias Ocidentais na Paraíba.
D) ao crescimento da produção açucareira de Pernambuco e da Paraíba.
E) à fixação das fronteiras das capitanias de Itamaracá e de
Pernambuco.

GABARITO:

1-A
2-B
3-B
AS EXPEDIÇÕES DE CONQUISTA DA PARAÍBA I
1. CRIAÇÃO DA CAPITANIA DA PARAÍBA
Em 1540, foi nomeado João Gonçalves como administrador real, mas este
só chegaria em 1548.

O fim da capitania de Itamaracá foi precedido pelo episódio conhecido


como Tragédia de Tracunhaém, ou chacina de Tracunhaém.

A capitania de Itamaracá foi extinta e criou-se a capitania da Paraíba em


1574, a qual só viria a ser instalada em 1585. Ela recebeu recursos para evitar
mais invasões francesas, repelir ataques dos tabajaras e potiguaras e
assegurar a conquista do norte do Nordeste brasileiro.

A colonização portuguesa da Paraíba e de Pernambuco expandiram para


Itamaracá. Desde então, as menções de Itamaracá como entidade política
foram sumindo na história. Durante o domínio holandês, o cronista Elias
Erickmann (século XVII) descreve a capitania como uma província da Nova
Holanda entre as duas outras capitanias portuguesas citadas em uma
crônica sua para o Instituto de Utretch. No século XVIII, um autor
luso-baiano cita a capitania como ainda existente, tal como duas do sul da
Bahia, posteriormente anexadas.

Mas somente em 1763, com a morte de seu último donatário, é que a


capitania de Itamaracá foi oficialmente extinta; sendo anexada a
Pernambuco, cuja sede original foi Olinda.

2
A capitania da Paraíba foi criada depois, após o declínio de Itamaracá

2. EXERCÍCIOS

1. As dificuldades encontradas pelos portugueses na conquista da


Paraíba tiveram relação com:

A) A prévia ocupação francesa na região, e as alianças entre os franceses


com as tribos potiguaras.

B) A animosidade dos índios Tabajaras que, por resistirem às tentativas


de ocupação, provocou seu extermínio.

C) Os ataques empreendidos pelas vilas coloniais, fundadas por


espanhóis, e densamente fortificadas.

D) O descaso da Coroa com a conquista dessa região, uma vez que


nenhum tipo de exploração econômica havia sido implantado.

E) O fracasso das sucessivas expedições de conquista que, devido às


intempéries marítimas, jamais chegaram ao seu destino.

02. A fundação, no final do século XVI, de conventos e mosteiros na


Paraíba (então denominada Filipéia de Nossa Senhora das Neves) foi
vista com bons olhos pelos colonos, pois estes:

A) Encontravam-se em minoria, acuados por tribos hostis; razão que os


fez solicitar da Coroa e do Papa a instalação de missões jesuíticas
fortificadas, no interior das quais pudessem habitar.

B) Pretendiam fazer prevalecer o catolicismo e combater as religiões


protestantes; como o calvinismo, trazido pelos conquistadores franceses,
ao qual a população local havia aderido massivamente.

3
C) Acreditavam que a presença de religiosos contribuiria para a
catequização e a “pacificação” das aldeias indígenas das proximidades,
garantindo a segurança da população branca.

D) Ansiavam estabelecer trocas comerciais com os índios, como o


escambo - prática que até então não havia sido implementada, uma vez
que somente os freis eram podiam fazer esse tipo de transação.

E) Reivindicavam a presença de ordens religiosas naquele território uma


vez que as famílias se sentiam desamparadas pela Igreja desde a expulsão
dos jesuítas, no século anterior.

03. Missionários e bandeirantes tiveram importante papel no


processo de conquista do interior da Paraíba. As bandeiras eram:

A) Expedições que, em geral, se valiam do curso natural dos rios e


tinham por objetivo aprisionar índios para vendê-los como escravos.

B) incursões oficiais da Coroa no interior do território brasileiro, a fim de


abrir caminhos e construir vias férreas.

C) Caravanas de colonos responsáveis pela instalação, nas vilas, de uma


grande cruz e da bandeira portuguesa, como símbolos da colonização.

D) Tropas militares bem armadas e chefiadas por um colonizador


europeu, conhecedor da região, a fim de eliminar tribos hostis.

E) Grupos de viajantes estrangeiros, interessados em pesquisar, explorar


e mapear a fauna, a flora e os nativos do continente americano.

3. GABARITO

1-A
2-B
3-A

4
AS EXPEDIÇÕES DE CONQUISTA DA PARAÍBA

1. HISTÓRICO

☞Primeira expedição (1574): O comandante desta expedição foi o


Ouvidor Geral D. Fernão da Silva. Ao
chegar no Brasil, Fernão tomou posse
das terras em nome do rei sem que
houvesse nenhuma resistência, mas
isso foi apenas uma armadilha: sua
tropa foi surpreendida por indígenas e
teve que recuar para Pernambuco.

☞Segunda expedição (1575):


Quem comandou a segunda
expedição foi o Governador Geral D.
Luís de Brito. Sua expedição foi
prejudicada por ventos desfavoráveis e
eles não chegaram sequer às terras paraibanas. Parte da frota foi devolvida
ao porto de origem pelo próprio Governador Geral. A outra parte
conseguiu ancorar em Pernambuco, onde, depois de esperar algum
tempo, também retornou à Bahia.

☞Terceira expedição (1579): Frutuoso Barbosa impôs a condição de


que, se conseguisse conquistar a Paraíba, governaria a terra por dez anos.
Mas essa ideia só lhe trouxe prejuízos, uma vez que quando estava vindo à
Paraíba, caiu sobre sua frota uma forte tormenta, que o fez recuar até
Portugal. Nesse período, ele ainda veio a perder sua esposa.

☞Quarta expedição (1582): com a mesma proposta imposta por ele na


expedição anterior, Frutuoso Barbosa volta decidido a conquistar a Paraíba,
mas cai na armadilha dos índios e dos franceses. Mas ele desiste após
perder um filho em combate.

☞Quinta expedição (1584): esta contou com a presença de Flores


Valdez, Felipe de Moura e o insistente Frutuoso Barbosa, que conseguiram
finalmente expulsar os franceses e conquistar a Paraíba.

2
▸ TEXTO I

❶ “Documentos do século XVI algumas vezes se referem aos


habitantes indígenas como “os brasis” ou “gente brasília” e,
ocasionalmente no século XVII, o termo “brasileiro” era a eles aplicado.
Mas as referências ao status econômico e jurídico deles eram muito mais
populares. Assim, os termos “negro da terra” e “índios” eram utilizados
com mais frequência do que qualquer outro.”

SCHWARTZ, S. B. Gente da terra braziliense da nação. Pensando o Brasil: a construção de um


povo. In: MOTA, C. G. (Org.). Viagem incompleta: a experiência brasileira (1500-2000). São Paulo:
Senac, 2000 (adaptado).

▸ TEXTO II

❷ “ ‘Índio’ é um conceito construído no processo de conquista da


América pelos europeus. Desinteressados pela diversidade cultural,
imbuídos de forte preconceito para com indivíduos de outras culturas,
espanhóis, portugueses, franceses e anglo-saxões terminaram por
denominar da mesma forma povos tão díspares como os tupinambás e
os astecas.”

SILVA, K. V.; SILVA, M. H. Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2005.

2. EXERCÍCIOS

01. Ao comparar os textos, as formas de designação dos grupos


nativos pelos europeus, durante o período analisado, são reveladoras
da:

a) concepção idealizada do território, entendido como geograficamente


indiferenciado.

b) percepção corrente de uma ancestralidade comum às populações


ameríndias.

c) compreensão etnocêntrica acerca das populações dos territórios


conquistados.

3
d) transposição direta das categorias originadas no imaginário
medieval.

e) visão utópica, configurada a partir de fantasias de riqueza.

02. “A língua de que usam, por toda a costa, carece de três letras;
convém a saber, não se acha nela F, nem L, nem R, coisa digna de
espanto, porque assim não têm Fé, nem Lei, nem Rei, e desta maneira
vivem desordenadamente; sem terem, além disto conta, nem peso,
nem medida.”
GÂNDAVO, P. M. A primeira história do Brasil: história da província de Santa Cruz a que
vulgarmente chamamos Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2004 (adaptado).

A observação do cronista português Pero de Magalhães Gândavo, em 1576,


sobre a ausência das letras F, L e R na língua mencionada demonstra a:

a) simplicidade da organização social das tribos brasileiras.

b) dominação portuguesa, imposta aos índios no início da colonização.

c) superioridade da sociedade europeia em relação à sociedade


indígena.

d) incompreensão dos valores socioculturais indígenas pelos


portugueses.

e) dificuldade experimentada pelos portugueses no aprendizado da


língua nativa.

03. Eram características dos indígenas nativos do Brasil na chegada


dos portugueses em 1500:

a) a obtenção de recursos, baseada na coleta, na caça e na agricultura.

b) a existência de apenas um idioma, comum a todas as tribos.

c) a existência de grandes cidades, como a dos astecas.

d) a ausência de artesanato.

4
3. GABARITO

1. C
2. D
3. A

5
OS EUROPEUS NA PARAÍBA
1. POPULAÇÕES INDÍGENAS

Na Paraíba, havia, no mínimo, três grupos indígenas diferentes: os tupis,


que habitavam o litoral, e eram divididos em potiguaras (ao norte da
Paraíba) e os tabajaras (ao sul da Paraíba). Estes, vieram do São Francisco,
da região de Sergipe.

Havia ainda um terceiro grupo: o dos tarairiús, que era conhecido como
cariris. Como eles ficaram, deram apoio aos holandeses e participaram da
guerra contra os portugueses, foram praticamente execrados,
considerados selvagens e foram desprezados. Esse grupo era muito
pequeno.

Somente com a chegada dos holandeses é que vamos conhecer, com


mais detalhes, os tarairiús, que eram conhecidos pelo nome do principal,
chamado Janduí. Janduí era o cacique que, naquele tempo, comandava 22
grandes tribos no interior do Ceará, do Rio Grande do Norte e da Paraíba.
Janduí era tarairiú, conforme o nome adotado pelos holandeses. Os
tarairiús falavam uma língua diferente do tupi e do cariri.

Os índios cariris chegaram aqui oriundos do São Francisco, como já foi


dito. Também havia um pequeno grupo que estava junto com os
tabajaras, os quais foram trazidos da região pelo cacique tabajara Piragibe,
mas esse grupo se dispersou. Isso está documentado naquela briga entre
os franciscanos e os jesuítas. Daí vem a palavra padzu, que é o nome de
pai, como os índios chamavam os padres que os catequizavam.

Vejamos as fronteiras desses índios. Essas fronteiras são muito variáveis. As


migrações eram constantes, havendo um grande remanejamento. Na
parte do litoral, estavam os tupis: ao norte do rio Paraíba, os potiguaras; e
ao sul do rio Paraíba, os tabajaras. Os caetés, que foram os primeiros, já
tinham sido exterminados. Os caetés deviam ter chegado na parte de
Itamaracá, tendo sido exterminados desde a morte do padre Fernando
Sardinha. O interior era todo ocupado pelos tarairiús. A parte sul, ao longo
do rio Paraíba, era ocupada por poucas tribos cariris. Eram cariris, os
bultrins de Alagoa Nova; os bultrins de Pilar; os fagundes, perto de
Campina Grande; os carnoiós, da região próxima a Campina Grande. Esses
bultrins chegaram até Pilar, centro principal dos cariris; e já haviam sido
catequizados no São Francisco, de onde vieram, e ficaram do lado dos
portugueses.

2
Quando os portugueses começaram a entrar para o sertão, começaram a
lutar contra os tarairiús, que tinham sido aliados dos holandeses. Mesmo
depois da guerra dos holandeses, quando foram feitas as pazes, o Tratado
de Paz feito entre o Brasil e a Holanda não citava o perdão aos índios
tarairiús. Janduí exigiu e os governos português e holandês tiveram que
aceitar, dando perdão a Janduí, que era o cacique tarairiú. Porém, o
governador André Fernandes Vieira não tolerava esses índios, os quais
havia combatido, chegando a aprisionar alguns deles aqui e os mandar
para Portugal; mas a Coroa os devolvera, porque já havia feito as pazes.

Para a conquista do sertão, os portugueses foram entrando e, até certo


ponto, foram invadindo as terras ocupadas pelos tarairiús. A guerra contra
os tarairiús começou nos anos 1630 e se estendeu até 1730, uma guerra de
cem anos - foi a maior guerra indígena do Brasil, a guerra dos tamoios não
chegou nem perto.

Nestes cem anos de guerra, quase foi dizimada praticamente quase toda a
população tarairiú. Existe apenas um remanescente tarairiú, que está em
Pernambuco, na serra de Ararobá, próximo a Pesqueira, com o nome de
sucurus. Existem lá cerca de 3.000 índios. Eles já perderam a língua de
origem, restando apenas algumas palavras.

Eu consegui coletar algumas palavras e fazer uma comparação de termos,


mostrando o parentesco da língua tarairiú com o grupo jê. Por exemplo,
em tarairiú, água é caeté; e nos dialetos jês é incoul, mas em cariri é tzu,
uma palavra totalmente diferente. Cabeça é crecar em tarairiú; nos
dialetos jês é cran e em cariri é tsanbu, assim por diante.

Tais palavras, como estas exemplificadas, fazem com que nos


aproximemos dos tarairiús dos jês. Isso já havia sido feito não somente
pelos traços culturais, etnográficos e físicos, mas também pelos traços
linguísticos. Logo, não há dúvidas: nossos cariris eram aparentados dos jês.
Mas isso só foi aceito recentemente, principalmente através dos trabalhos
de Pompeu Sobrinho, do Ceará, que estudou esse assunto e publicou um
trabalho a respeito. Apesar disso, os paraibanos insistiam em dizer: tupi no
litoral e cariri no interior.

Vejamos as tribos tarairiús: os janduís (Janduí era o cacique principal); os


canindés (Canindé foi o rei que substituiu Janduí, quando Janduí morreu e
continuou a guerra contra os portugueses); os sucurus, que são um caso
interessante (eles escaparam de ser dizimados porque

3
Sacramento, o primeiro bispo de Pernambuco, foi catequizar esses índios
logo depois da saída dos holandeses e os trouxe para Pernambuco, em
Limoeiro; depois conseguiu com João Fernandes Vieira e outros, as terras
da serra de Ararobá, onde estão até hoje os remanescentes dos sucurus da
Paraíba e do Rio Grande do Norte.

Sobre esses índios, já foram coletadas algumas palavras da sua língua por
alguns membros da Fundação do Índio; outras palavras, já haviam sido
coletadas por Nimiendaju, e eu pude coletar um vocabulário de mais ou
menos 200 palavras para comparar com os outros topônimos tarairiús das
sesmarias, para verificar algo mais sobre a Língua.

A minha tese de doutorado é sobre a língua cariri. Eu já conhecia a língua


tupi, assim posso perceber perfeitamente quando a palavra é tarairiú ou é
cariri.

Eram tarairiús, os ariús de Campina Grande; os sucurus, os canindés, os


janduís, os pegas, os ariús dos paiacús, os panatis, e alguns outros grupos
menores.

Quanto aos cariris, havia os do oeste da Paraíba, os quais vieram da região


do São Francisco. O centro ou núcleo dos cariris era a Bahia e,
principalmente, a parte de Pernambuco que é exatamente a região de
Cabrobó, da Cachoeira de Paulo Afonso mais abaixo e a cidade de
Petrolina. Os índios cariris tinham a sua capital ali, chamada Aracapá
(palavra tupi, que quer dizer “escudo redondo” ou “rodela”). De modo que,
aquela parte do sertão de Pernambuco é conhecida como “Sertão de
Rodela”. Isso tudo está relatado no conhecido livro de Martim de Nantes, já
traduzido para o português.

4
2. EXERCÍCIOS
01. A fundação, no final do século XVI, de conventos e mosteiros na
Paraíba, então denominada Filipéia de Nossa Senhora das Neves, foi
vista com bons olhos pelos colonos, pois estes

A) encontravam-se em minoria, acuados por tribos hostis - razão que os


fez solicitar, da Coroa e do Papa, a instalação de missões jesuíticas
fortificadas, no interior das quais pudessem habitar.

B) pretendiam fazer prevalecer o catolicismo e combater as religiões


protestantes; como o calvinismo, trazido pelos conquistadores franceses,
ao qual, a população local havia aderido massivamente.

C) acreditavam que a presença de religiosos contribuiria para a


catequização e a “pacificação” das aldeias indígenas nas proximidades,
garantindo a segurança da população branca.

D) ansiavam estabelecer trocas comerciais com os índios, como o


escambo - prática que, até então, não havia sido implementada, uma vez
que somente os freis eram autorizados a fazer esse tipo de transação.

E) reivindicavam a presença de ordens religiosas naquele território, uma


vez que as famílias se sentiam desamparadas pela Igreja desde a expulsão
dos jesuítas, no século anterior.
02. Assumindo os ideais iluministas no reino, o Marquês de Pombal
expulsou os jesuítas de Portugal e das Colônias. Na Paraíba, os jesuítas
foram expulsos por Pombal em 1759. A consequência dessa expulsão
para a capitania foi a:
A) criação de uma cultura formada por valores indígenas católicos.

B) expansão da pecuária sobre as terras dos indígenas no Sertão da


Paraíba.

C) introdução de novos conhecimentos espirituais e científicos, vindos


da Europa.

D) intensificação dos conflitos que ocorriam entre os colonos e os


tupis-guaranis.

E) desarticulação do sistema de ensino, mantido por essa Ordem


Religiosa.

5
3. GABARITO

1. D
2. E

6
POPULAÇÕES INDÍGENAS NA PARAÍBA
1. A PRESENÇA HOLANDESA NA PARAÍBA
Portugal, desde 1580, estava sob domínio espanhol; e consequentemente,
também o Brasil. A instalação da empresa açucareira no Brasil contou com
a participação holandesa desde o financiamento das instalações até a
comercialização no mercado europeu. Assim, quando Felipe II proibiu a
manutenção dessas relações comerciais, tirou dos holandeses uma grande
fonte de lucros, levando-os a reagirem com a invasão ao Nordeste
brasileiro. Para isso, os holandeses organizaram uma Companhia – a
Companhia das Índias Ocidentais – e decidiram invadir a capital em 1624.
Prenderam o Governador Geral e o enviaram para a Holanda.

Não conseguiram, no entanto, governar a região. Sob o comando de D.


Marcos Teixeira, as forças brasileiras mataram vários chefes batavos,
enfraquecendo as tropas holandesas. Em maio de 1625, eles foram expulsos
da Bahia pela esquadra de Fradique Toledo Osório.
As invasões holandesas atingiram também a Paraíba e, através de ataques
contínuos a Cabedelo (onde a resistência foi muito acentuada), tentaram
se fixar em terras paraibanas. Isso se concretizou somente em 1634,
quando os holandeses desembarcaram ao norte da foz do Jaguaribe e
conseguiram vitória sobre as tropas do governador paraibano Antônio de
Albuquerque Maranhão. Dali, partiram para dominar Cabedelo, onde
tiveram êxito.
Em dezembro de 1634, os holandeses entraram na cidade de Filipéia de
Nossa Senhora das Neves e passaram a administrá-las até 1645.
A preocupação inicial dos holandeses consistiu em manter defesas para
estabilizar a conquista e atrair a simpatia dos habitantes da Paraíba, cuja
capital passou a ser chamada de Frederica. Já a Fortaleza de Santa
Catarina, no Cabedelo, foi rebatizada como Margareth.
Alguns dos moradores locais, pressentindo a derrota e não querendo se
submeter aos inimigos, retiraram-se da Capitania. Porém antes da retirada,
queimavam os canaviais e inutilizaram os engenhos. André Vital de
Negreiros foi o primeiro a tocar fogo no engenho do seu pai, e muitos
seguiram-lhe o exemplo.
Para impedir uma possível rebelião, os holandeses fortificaram a Igreja de
São Francisco e o convento de Santo Antônio (a cujas portas instalaram
entrincheiramentos e bateria); também ocuparam a inacabada Igreja de
São Bento, na Rua Nova. Quando os religiosos franciscanos tentaram
desobedecer às ordens dos novos senhores, foram expulsos da Capitania.
2. EXERCÍCIOS
01. Para o pesquisador Humberto Nóbrega, trata-se do “maior e mais
respeitável monumento histórico da Paraíba”. É a única praça forte
ainda de pé que nos ficou dos primórdios da colonização. Fundada em
1589, após a celebração da paz entre os colonizadores e o chefe índio
Piragibe, a fortaleza inicialmente era de taipa e foi erguida pelo alemão
Cristóvão Linz, a 18 km da capital do estado, João Pessoa.
(http://www.joaopessoaconvention.com.br/v2009/?p= ponto_turistico)

Com base no conhecimento histórico da Paraíba, assinale a afirmação


que se relaciona ao monumento a que o texto se refere.
A) Com o objetivo de evitar a entrada dos franceses, Frutuoso Barbosa
ordenou a construção da Fortaleza de Santa Catarina, em Cabedelo.
B) Visando defender os engenhos de ataques de índios potiguaras,
André de Albuquerque construiu o Forte de Inhobin, em João Pessoa.
C) Para resistir aos ataques indígenas potiguaras, João Tavares iniciou a
construção do Forte de São Sebastião, na foz do rio Paraíba.
D) Durante o governo de Martim Leitão, foi edificada a capela de São
Gonçalo; ainda hoje, um dos grandes monumentos históricos da Paraíba.
E) A Igreja de São Bento, na Avenida General Osório (onde há um
catavento em lâmina, construído em 1753), foi uma obra iniciada por
Feliciano Coelho.

02. Considere as seguintes afirmações sobre a Revolução de 1817,


também chamada de “Revolução Pernambucana”, da qual a Paraíba
participou:
I. Essa revolução, influenciada pelos ideais da Revolução Francesa,
buscava a criação de uma república independente, sediada em
Pernambuco.
II. A maioria de seus integrantes, dentre os quais havia muitos
proprietários rurais, defendia a manutenção da escravidão, que garantia o
status econômico da elite agrária.
III. A revolução foi reprimida meses após sua eclosão, sem conseguir
mobilizar a população ou tomar o poder local; uma vez que as oligarquias
locais permaneceram leais à Coroa Portuguesa.
IV. Após essa Revolução, Rio Grande e Alagoas tornaram-se comarcas
independentes de Pernambuco.
Está correto o que se afirma APENAS em
A) I e II.
B) I e IV.
C) II e III.
D) I, II e IV.
E) II, III e IV.
3. GABARITO
1. A
2. D
Os Holandeses na Paraíba

A União Ibérica e seus pontos


de desequilíbrio no brasil
(O Poder De Felipe II)

O brasil Sofria Repetidas


Invasões ( Sufrágio
Hereditário ) -> FALTA DE UM
REI

Felipe II e os Holandes
Sempre em Disputas Pela
Europa
( Concorrências açucareiras )

As disputas se encontram no Brasil e a Paraíba é um dos principais


Cenários . ( As resistências indígenas) .
Os Holandeses iriam a companhia dos índios ocidentais, Fazendo assim a
Holanda está um passo à frente, por exemplo: da ESPANHA em vários
focos e em vários conjuntos, como por exemplo : A Cunha econômico,
Político e Liberal -> AS NAVEGAÇÕES .
2
- Os Invasores Holandeses no Nordeste
➔ Aconteceram Principalmente por conta do sufrágio hereditário do
trono português
( SALVADOR , RN , PB, PE) → CE
As Disputas no nordeste se darão em decorrência açucareira e de focos
exportadores
OBS: A resistência Local aos Holandeses será um marco na história Gráfica
do paraibano .

1. A Paraíba Resistirá a Invasão


holandesa inicialmente com o apoio local
dos nativos

2. 1625 : A Volta Holandesa a paraíba e


sua dominação em 1634

3. A Expulsão dos Holandeses e seus


valores Culturais

- EXERCÍCIOS

1 - Foram, respectivamente, fatores na ocupação Holandesa no


Nordeste do Brasil e na sua posterior Expulsão:
a) o envolvimento da Holanda no tráfico de Escravos e os
desentendimentos entre Maurício de nassau e a companhia das índias
Ocidentais.
b) a participação da Holanda na economia do açúcar e o endividamento
dos senhores de engenho com a Companhia das Índias Ocidentais.
c) O interesse da Holanda na economia do ouro e a resistência e não
aceitação do domínio estrangeiro pela População.
d) a tentativa da holanda em monopolizar o comércio colonial e o fim
da dominação espanhola em portugal

3
e) a exclusão da holanda da economia açucareira e a mudança de
interesses da Companhia das Índias Ocidentais

2 - Durante a Primeira fase de ocupação da Capitania de


Pernambuco,de 1630 a 1637, os Holandeses procuraram fazer um
reconhecimento do lugar para melhor instituir as estruturas de
exploração da cana - de - açúcar na região e, ao mesmo tempo,
combater de forma mais eficaz a resistência de nativos nessa
empreitada. Um desses nativos destacou-se e entrou para a história
como traidor dos portugueses. Quem era ele?
a) Maurício de Nassau
b) Domingos Jorge Velho
c) Bartolomeu Bueno Da Silva
d) João pessoa
e) Domingos Fernandes Calabar

3 - A administração de Maurício de nassau, no Brasil Holandês, Foi


importante, Pois, Entre outras realizações:

a) Eliminou as divergências existentes com os representantes da


companhia das Índias
b) Criou condições para que a reforma Luterana se afirmasse no
Nordeste
c) Promoveu a efetiva Consolidação do sistema de produção açucareira
d) Integrou o sistema econômico baiano ao de Pernambuco.
e) realizou alterações na estrutura fundiário, eliminando os Latifúndios

- GABARITO
1-B
2-E
3-C

4
NOMENCLATURA HISTÓRICA DA PARAÍBA
1. PERSEGUIÇÃO RELIGIOSA
O Brasil recebeu visitas de inquisidores, cujo objetivo era investigar
comportamentos e inibir qualquer prática alheia aos princípios
estabelecidos pela igreja. Historicamente, se fala em três ou quatro visitas:
a primeira entre 1591 e 1595, a segunda entre 1618 e 1621, a terceira entre
1627 e 1628 e a quarta, supostamente, entre 1763 e 1769. O primeiro
inquisidor do Brasil se chamava Heitor Furtado de Mendonça. Os
inquisidores, por sua vez, nomearam clérigos, que seriam os responsáveis
pelo controle de hábitos e de costumes nessa colônia portuguesa, cujo
objetivo principal era exterminar qualquer prática adversa do catolicismo.
Não só os padres eram orientados a observar o comportamento dos fiéis,
mas também qualquer pessoa, as quais poderiam acusar outras; inclusive
anonimamente, o que propiciava a vingança entre vizinhos ou parentes
em decorrência de desavenças cotidianas. Havia uma lista preparada pela
igreja, especificando o que era considerado crime de heresia, como
feitiçaria, práticas judaicas, bigamia, adultério, sodomia, entre outros.
Assim, os principais perseguidos - considerados hereges (ameaça para a
doutrina cristã) - eram curandeiros e especialmente judeus convertidos
(cristãos novos - pois se acreditava que mantinham às escondidas seus
costumes religiosos).
Vale lembrar que os primeiros habitantes do Brasil eram os índios, cujas
práticas de cura de enfermidades iam sendo disseminadas pelos novos
habitantes. Tais práticas influenciaram os curandeiros, então perseguidos.
No que diz respeito aos cristãos novos (judeus), eles tinham sido obrigados
a se converter em Portugal. Porém, como muitos deles fugiram para o
Brasil, Portugal acreditava que, distantes, teriam a oportunidade de
regressar ao judaísmo, praticando e disseminando sua fé.
Desde que houvesse suspeitas, os clérigos nomeados abriam processos
para os acusados (houve cerca de mil casos no Brasil). Em seguida, as
pessoas eram presas - muitas vezes sem conhecer o crime de que eram
acusadas - e eram extraditadas para Portugal, onde eram julgadas e
torturadas através de métodos como a roda, polé ou mesmo morte na
fogueira.

2
roda: instrumento de tortura. O réu era amarrado com as costas na parte externa da roda. Sob a
roda, colocavam-se brasas incandescentes. O carrasco, girando lentamente a roda, fazia com que
o réu morresse praticamente "assado". Podendo no lugar das brasas colocarem agulhões que
estraçalhavam os membros inferiores.

polé: consistia de uma roldana presa no teto, onde a vítima era suspensa, com pesos nos pés,
deixando-a cair em brusco arranco sem tocar no chão.

3
2. EXERCÍCIOS
01. Realizada a emancipação política em 1822, o Brasil como Estado:
a) surgiu pronto e acabado, em razão da continuidade dinástica, ao
contrário do que ocorreu com os demais países da América do Sul.
b) sofreu uma prolongada e difícil etapa de consolidação, assim como
ocorreu com os demais países da América do Sul.
c) vivenciou, tal como ocorreu com o México, um longo período
monárquico e uma curta ocupação estrangeira.
d) desconheceu, ao contrário do que ocorreu com os Estados Unidos,
guerras externas e conflitos internos.
e) adquiriu um espírito interior republicano muito semelhante ao
argentino, apesar da forma exterior monárquica.

02. A Independência do Brasil (1822) foi fruto de uma série de fatores,


cujo ponto de partida se pode localizar na vinda da família real para o
Brasil, em 1808. Com a Corte no Brasil e a sede da monarquia para cá
transmutada, deflagrou-se uma verdadeira inversão de papéis,
tornando-se Portugal uma “Colônia de uma Colônia sua”. A tentativa de
Portugal de reverter essa situação e tornar-se novamente metrópole do
Brasil foi revelada de forma mais contundente através da:
a) Inconfidência Mineira, de 1789.
b) Revolução do Porto, de 1820.
c) Revolução Pernambucana, de 1817.
d) Revolução Francesa, de 1789.
e) Revolução Praieira, de 1848.

4
03. O processo político de emancipação do Brasil desenvolveu-se
dentro de condições bastante especiais, dentre as quais é correto
assinalar:
a) A presença de D. Pedro I, como regente do trono, estabelecia a
possibilidade de uma separação entre Portugal e Brasil; sem, contudo,
romper radicalmente com o regime monárquico.
b) As primeiras notícias chegadas ao Brasil sobre os acontecimentos do
Porto deflagraram, em todas as províncias brasileiras, movimentos de
repúdio à revolução lusa, formando-se “Juntas Constitucionais”.
c) A Revolução do Porto, fundamentada em ideias liberais, tinha entre
seus objetivos a reforma constitucional portuguesa e a emancipação
política de suas Colônias, entre elas, o Brasil.
d) Nas Juntas Constitucionais formadas por brasileiros e portugueses,
nas quais os brasileiros eram em maior número, havia a firme decisão de
não se acatarem as resoluções tomadas pelas cortes em Lisboa, o que
contrariava os interesses lusos.
e) Com relação ao Brasil, os revolucionários portugueses do Porto
mantinham a coerência com os postulados liberais, mostrando-se
intransigentes defensores da emancipação política brasileira.

3. GABARITO
1. B
2. B
3. A

5
A SANTA INQUISIÇÃO E A PARAÍBA

1. A IMPORTÂNCIA DOS JESUÍTAS PARA A EDUCAÇÃO BRASILEIRA

Na colônia do Brasil, onde os jesuítas tinham colégios (missões), Pombal os


acusou de apoiar os indígenas na resistência contra Portugal. Um atentado
à vida do rei José, em 1758, deu a Pombal o pretexto para tirar poderes da
nobreza e expulsar os jesuítas, que tinham amizade com os conspiradores.
A chamada expulsão dos jesuítas foi um evento da história de Portugal
que teve lugar no reinado de D. José I, em 1759, sob a orientação do seu
Secretário de Estado dos Negócios Interiores do Reino, o futuro Marquês
de Pombal. Portugal foi o primeiro país europeu a expulsar os jesuítas.

Outra importante medida trazida com a administração de Pombal foi a


expulsão dos jesuítas do Brasil. Essa medida foi tomada com o objetivo de
dar fim às contendas envolvendo os colonos e os jesuítas. Vendo os
prejuízos trazidos com essa situação, Pombal expulsou os jesuítas e
instituiu o fim da escravidão indígena.

Assim, no ano de 1759, centenas de jesuítas foram expulsos do Brasil pelo


Marquês de Pombal, o que acabou desestruturando por completo a ordem
dos jesuítas no Brasil, gerando grandes prejuízos para os aldeamentos
indígenas, para a educação e para o ensino na Colônia.

No Brasil, entretanto, as consequências da desestruturação educacional


jesuítica e a não-implantação de um novo projeto educacional foram
graves, pois somente em 1776 (dezessete anos após a expulsão dos jesuítas)
é que se instituíram escolas com cursos graduados e sistematizados.

2
2. EXERCÍCIOS
01. Contando, em 1774, com uma população total de 52.000
habitantes em toda capitania, a Paraíba tornou-se presa para o Tribunal
do Santo Ofício. Especialistas sustentam que ela fora a capitania mais
perseguida pela instituição, depois do Rio de Janeiro. No Brasil, a
Inquisição significou mecanismo do Pacto Colonial, ou seja, de
transferência de riqueza de Colônia para a Metrópole.
(José Octávio de Arruda Mello. História da Paraíba, lutas e resistência. Paraíba, Conselho
Estadual de Cultura (SEC): União Editora, s/d. p. 81-82)

A partir do texto, pode-se afirmar que a atuação da Inquisição na


Capitania no século XVIII:

A) foi um dos elementos responsáveis pelo atraso econômico da Paraíba.


B) fez com que a Paraíba superasse sua mais séria e longa crise financeira.
C) foi uma das causas do declínio da exploração metropolitana na Paraíba.
D) fez com que a metrópole aplicasse uma brutal alta de impostos na
Paraíba.
E) foi responsável pelo crescimento da produção de subsistência na
Paraíba.
02. No final do século XVI, na Bahia, Guiomar de Oliveira denunciou
Antônia Nóbrega à Inquisição. Segundo o depoimento, esta lhe dava
“uns pós não sabe de quê, e outros pós de osso de finado; os quais pós,
ela confessante, deu a beber em vinho ao dito seu marido para ser seu
amigo e serem bem- casados, e que todas estas coisas fizeram
tendo-lhe dito a dita Antônia e ensinado que eram coisas diabólicas e
que os diabos lhe ensinaram”.
(ARAÚJO, E. O teatro dos vícios. Transgressão e transigência na sociedade urbana colonial.
Brasília: UnB/José Olympio, 1997.)

Do ponto de vista da Inquisição:

a) O problema dos métodos citados no trecho residia na dissimulação,


que acabava por enganar o enfeitiçado.

b) O diabo era um concorrente poderoso da autoridade da Igreja, e


somente a justiça do fogo poderia eliminá-lo.

c) Os ingredientes em decomposição das poções mágicas eram


condenados, porque afetavam a saúde da população.

d) as feiticeiras representavam séria ameaça à sociedade, pois eram


perceptíveis suas tendências feministas.

3
e) os cristãos deviam preservar a instituição do casamento recorrendo
exclusivamente aos ensinamentos da Igreja.

03. No período colonial do século XVIII, os padres jesuítas foram


expulsos da Colônia, na região da Paraíba, isso ocasionou um problema
devido a:

A) Os padres estarem com o patrimônio das antigas fazendas, dadas como


herança pelo sesmeiro Capitão Domingos Afonso Mafrese.

B) A contribuição social elevada que a Companhia de Jesus vinha fazendo


pela população mais pobre na região e que fora interrompida..

C) A falta que a Companhia de Jesus iria fazer na organização social da


região, pois o padre Gabriel Malagrida havia contribuído com a
organização social.

D) O alto investimento que os jesuítas faziam na região e que retornara


para a Europa, com sua expulsão.

3. GABARITO

1. A
2. B
3. A

4
PROCESSO INQUISITORIAL
NA PARAÍBA
1. CENÁRIO EUROPEU

A partir de 1804, Napoleão “auto coroou-se” imperador francês, o que


reforçou seu poder e ampliou a tensão na Europa. Antes disso, a situação já
era apreensiva para Portugal, uma vez que os espanhóis haviam se aliado
com os franceses; isso representava uma grande ameaça à soberania do
território português. Em 1801, uma pequena guerra entre Portugal e
Espanha (Guerra das Laranjas) aconteceu e fez Portugal perder a
cidade de Olivença para a Espanha.

CURIOSIDADE

Quando a Espanha declarou guerra e


invadiu o território português, em maio
de 1801, quem estava no comando era o
ministro Manuel Godoy. Parece, aliás, que
foi este quem deu o nome ao conflito,
quando enviou para a rainha de Espanha
um ramo de laranjas durante o cerco
montado à cidade de Elvas.

Nessa derrota, os portugueses ainda foram obrigados a aceitar o seguinte


termo dos franceses: fechar os portos de seu país para as embarcações
inglesas. O termo foi aceito, mas não foi colocado em prática. Incapaz de
invadir a Inglaterra, Napoleão resolveu, a partir de 1806, estabelecer o
Bloqueio Continental, determinando que os portos das nações europeias
ficassem terminantemente fechados para embarcações inglesas.

2
Com o bloqueio, os portugueses começaram a repensar na proposta de se
mudarem para o Brasil a fim de fugir do alcance de Napoleão. Portugal não
aceitou aderir ao bloqueio, porque as relações com os ingleses eram boas e
estavam de pé por séculos. A situação estendeu-se até meados de 1807,
quando Napoleão realizou um ultimato.

O ultimato de Napoleão determinou que Portugal deveria, até 1º de


setembro, realizar as seguintes medidas: convocar seu embaixador, que
estava em Londres; expulsar o embaixador inglês de Lisboa; fechar os
portos para os navios ingleses; prender os ingleses em Portugal,
confiscando seus bens; e declarar guerra à Inglaterra.

Seguiram-se semanas de negociação entre Portugal e França e também


com o Reino Unido, mas não chegaram a nenhum acordo. Os britânicos
orientaram que, se os portugueses aceitassem integralmente os termos
franceses, os dois países entrariam em guerra; já os franceses exigiam o
aceite integral dos seus termos, caso contrário, invadiriam o território
português e o dividiria com a Espanha.

Como não houve solução, Napoleão ordenou o envio de tropas para invadir
Portugal. Em 24 de novembro, D. João informou que as tropas francesas
chegariam a Lisboa em até quatro dias e autorizou o início dos
preparativos de uma viagem ao Brasil. A corte portuguesa tinha o
compromisso dos ingleses de ser escoltada em segurança até o Brasil.

Os preparativos para a viagem ao Brasil ficaram marcados pelo pânico e correria.


Estima-se que até 15 mil pessoas tenham embarcado.

3
2. EXERCÍCIOS

01. A transferência da corte portuguesa para o Brasil conferiu à nossa


independência política uma característica singular, pois favoreceu a:

A) Ruptura do pacto colonial, sem graves convulsões sociais e, também,


sem a fragmentação territorial.

B) Manutenção do exclusivo colonial e a continuidade dos investimentos


portugueses.

C) Coesão partidária sem contestação e a unidade provincial em torno do


novo regime.

D) Alteração da estrutura social anterior e, também, da organização


econômica.

E) Permanência dos funcionários ligados à corte e, também, dos


burocratas lusos.

02. Sobre o processo histórico que culminou com a independência


política do Brasil, assinale a alternativa INCORRETA:

A) A transferência da Corte portuguesa para o Brasil favoreceu o início


do processo de separação política. Duas das principais medidas de caráter
econômico adotadas foram: a abertura dos portos às nações amigas e a
revogação do alvará que proibia as manufaturas no país.

B) A Revolução Liberal do Porto, de caráter antiabsolutista, exigiu o


retorno de D. João a Portugal. Ela propunha a recolonização do Brasil, o
que gerou, internamente, a formação de vários grupos: o "Partido
Português", que defendia a recolonização; e o "Partido Brasileiro", formado
por liberais radicais, que eram contrários.

C) A emancipação política do Brasil alterou as bases da estrutura


política e social do país. As elites nordestinas em ascensão conduziram a
formação do Estado Nacional, baseado na unidade territorial e linguística.

D) A insistência das Cortes em recolonizar o Brasil acabou forçando as


elites brasileiras a se unirem em torno de D. Pedro I pela emancipação
definitiva, na tentativa de preservar seus interesses econômicos.

4
3. GABARITO

1. A
2. C

5
A PARAÍBA NOS PROCESSOS DE INDEPENDÊNCIA DO
BRASIL
1. REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA DE 1817

O processo de independência do Brasil aconteceu, de fato, durante a


regência de Pedro de Alcântara no Brasil. As Cortes Portuguesas*
(instituição surgida com a Revolução do Porto) tomaram algumas medidas
que foram bastante impopulares aqui, como:

1. a exigência de transferência das principais instituições criadas


durante o Período Joanino para Portugal;

2. o envio de mais tropas para o Rio de Janeiro;

3. e a exigência de retorno do príncipe regente para Portugal.

*Cortes Portuguesas: foram instaladas devido à Guerra do Porto, com o objetivo de


elaborar uma constituição para Portugal e seus domínios ultramarinos.

Essas medidas, junto com a intransigência dos portugueses no decorrer


das negociações com representantes brasileiros e do tratamento
desrespeitoso em relação ao Brasil, fizeram com que a resistência dos
brasileiros com relação aos portugueses aumentasse, reforçando a ideia de
separação em alguns locais do Brasil, como no Rio de Janeiro. A exigência
do retorno de D. Pedro I para Portugal resultou em uma reação
instantânea do Brasil.

Em dezembro de 1821, chegou uma ordem exigindo o retorno de D. Pedro


para Portugal e, como consequência disso, foi criado o Clube da
Resistência. Em janeiro de 1822, durante uma audiência do Senado, um
documento com mais de 8 mil assinaturas foi entregue a D. Pedro. Esse
documento exigia a permanência do príncipe regente no Brasil.

Supostamente motivado por isso, D. Pedro disse


palavras que entraram para a história do país:
“Como é para o bem de todos e a felicidade
geral da nação, estou pronto; diga ao povo que
fico”. Os historiadores não sabem ao certo se
essas palavras foram mesmo ditas pelo príncipe,
mas de qualquer forma, tal enunciado marcou o
Dia do Fico. Porém, os historiadores afirmam
que, em janeiro de 1822, ainda havia um desejo

2
em muitos de que permanecesse o vínculo com Portugal.

A sucessão dos acontecimentos nos meses seguintes foi responsável por


incitar no Brasil a ruptura com Portugal; uma vez que, como mencionado,
isso não era algo certo em janeiro de 1822. Ao longo do processo de
independência, duas pessoas tiveram grande influência na tomada de

decisões de D. Pedro: sua esposa, Maria Leopoldina, e José Bonifácio de


Andrada e Silva.

Dom Pedro e Maria Leopoldina, sua esposa José Bonifácio

O rompimento ficou cada vez mais evidente depois de algumas medidas


aprovadas no Brasil. Em maio de 1822, foi decretado o “Cumpra-se”,
medida que determinava que as leis e as ordens decretadas em Portugal
só teriam validade no Brasil com o aval do príncipe regente. No mês
seguinte, em junho, foi determinada a convocação de eleição para a
formação de uma Assembleia Constituinte no Brasil.

3
Essas medidas reforçavam a progressiva separação entre Brasil e Portugal,
uma vez que as ordens de Portugal já não teriam validade aqui conforme
determinava o “Cumpra-se”. Além disso, esboçava-se a elaboração de uma
nova Constituição para o país, com a convocação de uma Constituinte.
A relação das Cortes Portuguesas com as autoridades brasileiras
permaneceu irreconciliável e prejudicial aos interesses brasileiros. Em 28
de agosto de 1822, ordens de Lisboa chegaram ao Brasil com a mensagem
de que o retorno de D. Pedro para Portugal deveria ser imediato. Além
disso, anunciava-se o fim de uma série de medidas em vigor no Brasil e
tidas pelos portugueses como “privilégios”; os ministros de D. Pedro foram
ainda, acusados de traição.
A ordem, lida por Maria Leopoldina, convenceu-a da necessidade de
rompimento com Portugal. Assim, em 2 de setembro, organizou uma
sessão extraordinária, assinou uma declaração de independência e a
enviou para D. Pedro que estava em uma viagem a São Paulo. O
mensageiro, chamado Paulo Bregaro, alcançou a comitiva de D. Pedro, na
altura de São Paulo, nas proximidades do Rio Ipiranga.
Na ocasião, D. Pedro I estava sofrendo de problemas intestinais (cuja causa
específica não se sabe). O príncipe regente leu todas as notícias e ratificou
a ordem de independência com um grito às margens do Rio Ipiranga,
conforme registrado na História oficial. Porém, os historiadores não
possuem evidências que comprovem o grito do Ipiranga.

O 7 de setembro não encerrou o processo de independência do Brasil. Esse


processo seguiu-se com uma guerra de independência e, nos meses
seguintes, houve acontecimentos importantes: a Aclamação de D. Pedro
como imperador do Brasil, no dia 12 de outubro; e sua coroação, que
aconteceu no dia 1º de dezembro.

Tradicional desfile cívico-militar em comemoração à Independência do Brasil em João


Pessoa (2022)

4
2. EXERCÍCIOS

01. Realizada a emancipação política em 1822, o Estado no Brasil:

a) surgiu pronto e acabado, em razão da continuidade dinástica; ao


contrário do que ocorreu com os demais países da América do Sul.
b) sofreu uma prolongada e difícil etapa de consolidação, tal como
ocorreu com os demais países da América do Sul.
c) vivenciou, tal como ocorreu com o México, um longo período
monárquico e uma curta ocupação estrangeira.
d) desconheceu, ao contrário do que ocorreu com os Estados Unidos,
guerras externas e conflitos internos.
e) adquiriu um espírito interior republicano muito semelhante ao
argentino, apesar da forma exterior monárquica.

02.A Independência do Brasil, em 1822, foi fruto de uma série de


fatores, cujo ponto de partida se pode localizar na vinda da família real
para o Brasil, em 1808. Com a Corte no Brasil e a sede da monarquia
para cá transmutada, deflagrou-se uma verdadeira inversão de papéis,
tornando-se Portugal uma colônia de uma colônia sua. A tentativa de
Portugal de reverter essa situação e tornar-se novamente metrópole do
Brasil foi revelada de forma mais contundente através da:

a) Inconfidência Mineira, de 1789.


b) Revolução do Porto, de 1820.
c) Revolução Pernambucana, de 1817.
d) Revolução Francesa, de 1789.
e) Revolução Praieira, de 1848.

3. GABARITO
1. B
2. B

5
A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL E A PARAÍBA
A Independência do Brasil, que ocorreu em 7 de setembro de 1822, foi
um marco histórico que resultou na separação política entre o Brasil e
Portugal, culminando na criação do Império do Brasil e na coroação de
Dom Pedro I como seu primeiro imperador. No contexto geográfico da
Paraíba, assim como em outras partes do Brasil, a Independência também
teve impactos significativos.

A Paraíba, localizada na região Nordeste do Brasil, desempenhou um


papel importante durante o processo de Independência. A região
nordestina tinha uma relação complexa com Portugal, sendo uma área
econômica crucial para a exploração colonial, devido à produção de açúcar
e algodão. No entanto, ao longo do século XIX, as elites locais começaram
a demandar mais autonomia e participação nas decisões políticas, o que
se intensificou no contexto das mudanças políticas e sociais que ocorriam
no Brasil e no mundo.
Na Paraíba, assim como em outras províncias do Brasil, houve um debate
sobre a adesão à causa da independência. As elites locais tinham
diferentes visões sobre a situação. Alguns eram favoráveis à separação de
Portugal, enquanto outros mantinham laços mais estreitos com a coroa
portuguesa. Nesse contexto, ocorreram manifestações, debates e tensões
entre as facções pró-independência e pró-monarquia.

2
Um episódio importante na história da Independência na Paraíba foi a "Noite das
Garrafadas", ocorrida em 7 de junho de 1824. Nesse evento, partidários das diferentes
facções políticas entraram em confronto violento em João Pessoa, a capital da província,
demonstrando as divisões e as paixões políticas envolvidas no processo.

A situação só foi plenamente resolvida após a vitória das forças


pró-independência e a adesão da Paraíba à causa nacional. Isso contribuiu
para consolidar a Independência em todo o território brasileiro. Com o
tempo, as tensões políticas regionais se acalmaram e a província se
integrou ao novo Império do Brasil.
Portanto, no contexto geográfico da Paraíba, a Independência do Brasil foi
marcada por uma série de debates, conflitos e transformações políticas
que refletiram os dilemas e aspirações da sociedade paraibana e
nordestina naquela época.

1. EXERCÍCIOS
01. As regiões nordeste, norte e sul continuaram fiéis às Cortes de
Lisboa, mantendo as tropas portuguesas em seus territórios e
resistindo à independência do Brasil. Com isso, diversos conflitos
passaram a ocorrer, entre os anos de 1822 e 1823, conhecidos como
a) Guerras Luso-brasileiras.
b) Guerras do Brasil.
c) Guerras do Porto.
d) Guerras de Independência.

02. Assinale a alternativa que contenha as principais causas da


independência do Brasil.
a) Transferência da Corte Portuguesa para a colônia, em 1818; fechamento
dos portos brasileiros; construção de bibliotecas, teatros e universidade;
elevação do país à condição de reino; Revolução Liberal do Porto; Dia do
Fico.
b) Transferência da Corte Portuguesa para a colônia, em 1808; abertura dos
portos brasileiros; construção de bibliotecas, teatros e universidade;
elevação do país à condição de monarquia; Revolução Conservadora do
Porto; Dia do Fico.

3
c) Transferência da Corte Portuguesa para a colônia, em 1808; fechamento
dos portos brasileiros; construção de bibliotecas, teatros e universidade;
elevação do país à condição de reino; Revolução Liberal do Porto; Noite das
Garrafadas.
d) Transferência da Corte Portuguesa para a colônia, em 1808; abertura dos
portos brasileiros; construção de bibliotecas, teatros e universidade;
elevação do país à condição de reino; Revolução Liberal do Porto; Dia do
Fico.

03. Em 1821, as Cortes Portuguesas mandaram um documento a Dom


Pedro exigindo o seu retorno a Portugal. Como reação, foi criado o:
(a) Clube da Revolta.
b) Clube da Resistência.
c) Clube da Independência.
d) Clube do Soberano.

2. GABARITO
01 - D
02 - D
03 - B

4
A PARAÍBA NA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL

1. ROMANTIZANDO O FATO HISTÓRICO

A cena é conhecida: Dom Pedro de Alcântara de Bragança, Príncipe


Regente do Brasil, ergueu sua espada e bradou: "Independência ou Morte".
Às margens do riacho Ipiranga, na atual cidade de São Paulo, ele monta
seu portentoso cavalo. Mas os historiadores afirmam que a cena não foi
bem assim, com toda essa pompa; na verdade, ela teria sido mais modesta.

No entanto, não é só esse "desvio histórico" a favor do heroísmo que


perdura até nossos dias: pouca gente sabe que o Vale do Paraíba teve
papel fundamental no ato que declarou a independência do Brasil, até
então Colônia de Portugal e sob o comando do seu rei.

A Independência do Brasil foi mais burocrática do que heroica

2. APOIO

Para chegar ao “ponto de virada”, o histórico Sete de setembro de 1822


(data em que ocorreu o chamado “Grito do Ipiranga”), Dom Pedro precisou
arregimentar apoio econômico e político à causa da Independência.

Para tanto, escolheu o Vale do Paraíba, uma das regiões mais ricas daquela
época, por causa do auge da produção do café, a qual era baseada na
exploração do trabalho escravo. As fazendas do Vale estavam no topo da
cadeia produtiva cafeeira da Colônia.

2
"É um pecado os livros de história não levarem em consideração, mas o
Brasil nasceu no Vale do Paraíba", diz Diego Amaro, mestre em História
Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Professor do
Centro Unisal de Lorena, ele também é membro do IEV (Instituto de
Estudos Valeparaibanos) e da Academia de Letras de Lorena.

Vale do Paraíba

3. VIAGEM

A história por trás do Grito da Independência começou em 14 de agosto de


1822, quando Dom Pedro deixou o Rio de Janeiro em direção à província de
São Paulo. O rei partira a cavalo com uma pequena comitiva, composta por
cinco homens, sendo um ministro, dois oficiais e dois criados.

O rei passou por cidades do Vale do Paraíba fluminense até chegar à


Fazenda das Três Barras, em Bananal, no dia 16 de agosto. Começava ali a
missão do príncipe em atrair apoiadores.

Com várias obras sobre o período, o historiador José Luiz Pasin (morto em
2008), atesta a importância do Vale para o contexto histórico daquela
época. Ele escreveu: "O Vale do Paraíba foi a única região do Brasil a
participar diretamente dos acontecimentos que culminaram com a
separação do Reino do Brasil do Reino de Portugal".

Na tarde de 7 de setembro de 1822, na Colina do Ipiranga, segundo Pasin,


estavam, além do príncipe, os "elementos valeparaibanos, testemunhas
oculares do gesto de Dom Pedro, decisivo para o processo final que
desmembrava o Brasil de Portugal".
3
4. GUARDA

Segundo Amaro, Dom Pedro sabia que, sem o apoio dos nobres do Vale do
Paraíba, a questão da independência teria problemas. Então, nessa
viagem, ele passou a juntar aliados na região e a aumentar sua comitiva.

Jovens oficiais de cidades como Areias, Guaratinguetá, Taubaté e


Pindamonhangaba (desta principalmente), foram se unindo ao príncipe e
formando a Guarda de Honra dele que, segundo Pasin, foi "composta de
32 praças, tiradas dos oficiais de milícias e comerciantes, sob o fundamento
de não haver precedido licença para a sua criação".

Amaro explica que, por ser a aristocracia do Vale mais ligada ao trabalho do
que à política - ao contrário do que ocorria no Rio - Dom Pedro teve pouco
problema em garantir apoio na região. Além de ser uma honra estar ao
lado do príncipe, pois isso aumentaria sua competitividade econômica,
pois "Estar ao lado do rei dá status. Todos queriam estar ao lado do
príncipe, o qual ia agregando pessoas da elite da região até chegar às
margens do Ipiranga", afirma o historiador.

Para entender a decisão do rei de pedir apoio aos nobres do Vale, Amaro
diz que, se a independência fosse nos dias de hoje, Dom Pedro recorreria
aos atuais barões do agronegócio, percorrendo a região Centro-Oeste. "A
força do Vale vinha das fazendas de café, as quais estavam no auge, pois as
plantações estavam começando a se desenvolver. Havia também a riqueza
do ouro, mas foi o café que começou a consolidar a sua pujança. A base
econômica da nação veio disso", diz o historiador.

Segundo ele, no famoso quadro "Independência ou Morte", de Pedro


Américo, que enaltece o príncipe, há "muita gente do Vale".

Pasin também ressaltou a cena


em suas obras: "No dia 7 de
setembro, o brado
'Independência ou Morte' selou o
destino político do Brasil; e ali,
diante dos seus auxiliares e dos
jovens valeparaibanos integrantes
da Guarda de Honra, o Príncipe
separou o Reino do Brasil".

4
5. EXERCÍCIOS

01. O que determinava o “Cumpra-se“, decreto estabelecido no Brasil


em maio de 1822?

A) Determinava que as leis vindas de Portugal deveriam ser cumpridas no


Brasil, independente da autorização do príncipe regente, Dom Pedro.

B) Determinava que as leis criadas pelo Partido Conservador só seriam


cumpridas no Brasil com a autorização do príncipe regente, Dom Pedro.

C) Determinava que as leis vindas de Portugal só seriam cumpridas no


Brasil com a autorização do príncipe regente, Dom Pedro.

D) Determinava que as leis criadas pelo Partido Liberal só seriam


cumpridas no Brasil com a autorização do príncipe regente, Dom Pedro.

02. A respeito da independência do Brasil, é válido concluir que:

a) As camadas senhoriais, defensoras do liberalismo político,


pretendiam não apenas a emancipação política, mas também a alteração
das estruturas econômicas.

b) O liberalismo, defendido pela aristocracia rural, apoiava a


emancipação dos escravos.

c) A independência brasileira se caracterizou por ter sido um processo


revolucionário, que contou com a participação popular.

d) A independência brasileira foi um arranjo político que preservou a


monarquia como forma de governo e também os privilégios da classe
proprietária.

e) A independência brasileira resultou do receio de D. Pedro I de perder


o poder, a isso aliado, o seu espírito de brasilidade.

5
03. A respeito da independência do Brasil, é correto afirmar que:

A) Implicou em transformações radicais na estrutura produtiva e na


ordem social, sob o regime monárquico.

B) Significou a instauração do sistema republicano de governo, como o


dos outros países da América Latina.

C) Trouxe consigo o fim do escravismo, a implementação do trabalho


livre como única forma de trabalho e o fim do domínio metropolitano.

D) Implicou em autonomia política e em reformas moderadas na ordem


social, decorrentes do novo status político.

E) Decorreu da luta palaciana entre João VI, Carlota Joaquina e Pedro I, e


teve como consequência imediata a abertura dos portos.

6
6. GABARITO

1. C
2. D
3. D

7
PARAÍBA NA REVOLUÇÃO PRAIEIRA

1. PARAÍBA NA REVOLUÇÃO PRAIEIRA


A Revolução Praieira ocorreu de 1848 a 1850 e foi motivada pelas disputas
entre os praieiros e os conservadores. Os principais combates travados
nessa revolução aconteceram no interior da província de Pernambuco,
embora um grande ataque tenha sido liderado por Pedro Ivo contra Recife.
Os praieiros saíram derrotados, e os conservadores permaneceram no
poder.

CONTEXTO DA REVOLUÇÃO PRAIEIRA


● Pernambuco na década de 1840

A província de Pernambuco vivia grandes tensões na década de 1840, fruto,


sobretudo, dos diferentes interesses econômicos, das dificuldades
impostas à população mais carente e das disputas pelo poder. Essas
questões convergiram de forma a fazer com que essa província sediasse a
última rebelião provincial do Brasil no Segundo Reinado.
Nessa década, a província de Pernambuco vivia as tensões causadas pela
disputa de mão de obra, afinal, a partir de 1845, com o início do Bill
Aberdeen, a obtenção de escravos tornou-se mais complexa, fazendo com
que as próprias elites disputassem entre si o acesso dessa mão de obra.
Além disso, havia a decadência da economia açucareira, que afetava a
economia pernambucana como um todo, mas que no povo se refletia em
maiores dificuldades, pois o custo de vida se encarecia. Para agravar a
situação, havia uma insatisfação muito forte porque o comércio a retalho
(varejo) estava nas mãos dos estrangeiros, sobretudo de ingleses e
portugueses e, frequentemente, Recife ficava desabastecido, o que
dificultava o acesso à comida.
A insatisfação popular foi canalizada pelos interesses políticos que estavam
em disputa em Pernambuco e muitas vezes resultou em violência popular.
O historiador Marcus de Carvalho define que as classes populares
pernambucanas estavam imprensadas entre o desemprego, o latifúndio e
a escravidão.

Por fim, há a questão política, o grande motivador da Revolução


Praieira e que veremos com mais detalhes.

2. POLÍTICA EM PERNAMBUCO
A política brasileira, durante o Segundo Reinado, foi uma grande disputa
entre liberais e conservadores, dois grupos políticos que tinham a mesma

2
origem social e que muitas vezes mantinham posições parecidas (como na
questão da manutenção da escravidão). Os dois grupos diferenciavam-se
em poucos aspectos.
Recife foi palco de tensão entre praieiros e conservadores na década de
1840. Recife foi palco de tensão entre praieiros e conservadores na década
de 1840.
Os primeiros anos do Segundo Reinado ficaram marcados pelo
revezamento desses partidos no poder. Essa disputa acontecia no
Parlamento, mas também se dava nas províncias brasileiras e, no caso
pernambucano, foi crucial para que a Revolução Praieira acontecesse. No
contexto da província de Pernambuco, essa disputa se deu entre o Partido
Praieiro e o Partido Conservador.
O Partido Praieiro surgiu como uma dissidência nascida no interior do
Partido Liberal por causa da influência que a família Cavalcanti tinha entre
liberais e conservadores em Pernambuco. O Partido Praieiro levou esse
nome porque os seus membros se reuniam em um jornal que publicava as
ideias deles: o Diário Novo, localizado em Recife, na Rua da Praia.
Essa disputa dos praieiros contra os conservadores, sobretudo como
oposição aos Cavalcanti, ganhou um novo contorno a partir de 1845. Neste
ano, o gabinete ministerial passou para as mãos dos liberais, e os praieiros,
aproveitando-se da sua proximidade com um dos nomes que formavam o
gabinete – Aureliano de Souza Coutinho –, conseguiram a nomeação de
Antônio Pinto Chichorro para a presidência da província.
A partir daí, os praieiros começaram a realizar uma série de intervenções,
que tinham como objetivo entregar cargos de influência da província para
pessoas que os apoiassem. Assim, diversas pessoas que tinham ligações
com os Cavalcanti e com os conservadores começaram a ser desligadas de
seus cargos, e praieiros foram nomeados no lugar.
A ação dos praieiros para destituir os aliados dos conservadores resultou
na demissão de cerca de 650 pessoas de cargos como os de delegados e
outras funções importantes no interior da Polícia Civil e da Guarda
Nacional, por exemplo. Aliados dos praieiros do campo e das cidades
começaram a ocupar esses lugares. Além disso, os praieiros começaram a
desarmar os aliados dos conservadores. Isso se explica porque, quando os
conservadores estavam à frente da província, seus aliados que ocupavam
cargos na polícia e na Guarda Nacional recebiam armas do governo
pernambucano. Os praieiros aproveitaram que a força policial estava em
suas mãos agora para desarmar os conservadores.
Assim, autoridades praieiras começaram a invadir propriedades de
conservadores e aliados dos Cavalcanti para apreender armas do Estado,
prender criminosos que se escondiam nesses locais e capturar escravos
que tinham sido furtados de outros engenhos. Isso começou a gerar

3
pequenos conflitos, uma vez que aqueles que tinham suas propriedades
invadidas começaram a se defender.
Além disso, os conservadores e aliados dos Cavalcanti começaram a se
utilizar de jornais locais para denunciar a ação dos praieiros,
principalmente porque essas ações só eram realizadas nas propriedades
de opositores dos praieiros.
Na questão popular, os praieiros começaram a organizar eventos públicos
com uma retórica mais popular e que fazia uma grande defesa da
nacionalização do comércio a retalho, isto é, do comércio a varejo. Na
época, essa atividade era dominada por portugueses e ingleses, e a
população recifense, insatisfeita com o alto desemprego e com o
encarecimento do custo de vida, viu nessa questão uma solução imediata
para os seus problemas.
Os praieiros chegaram a levar essa pauta para a Câmara dos Deputados, e
essa questão do comércio a retalho começou a radicalizar a população
recifense contra os estrangeiros. Tanto que, entre 1845 e 1848, foram
comuns ataques da população contra estrangeiros e suas lojas. Esses
ataques receberam o nome de “mata-marinheiros” e, no mata-marinheiro
de julho de 1848, cinco portugueses morreram espancados.

3. ESTOPIM DA REVOLUÇÃO PRAIEIRA


Podemos perceber, portanto, que havia um cenário explosivo em
Pernambuco. As disputas intraoligárquicas estavam com contornos
bastante violentos, e a população urbana de Recife estava sendo
radicalizada por conta de sua insatisfação com o custo de vida e a falta de
empregos (causada em grande parte pelos próprios praieiros). Essa
situação saiu do controle quando uma reviravolta política aconteceu.

4
No começo de 1848, os liberais perderam o controle do gabinete
ministerial, sendo substituídos pelos conservadores. Isso fez com que os
conservadores recuperassem o poder na província de Pernambuco e,
então, dessem início à sua vingança. Os praieiros que haviam sido
nomeados para a Polícia Civil e a Guarda Nacional de 1845 em diante
começaram a ser demitidos.
Os conservadores realizaram o mesmo que haviam sofrido: demissões de
seus opositores, nomeações de aliados e o desarmamento dos praieiros.
Entretanto, os praieiros começaram a resistir às ações dos conservadores.
Marcus de Carvalho fala que cerca de 40 proprietários rurais ligados aos
praieiros não aceitaram entregar os seus cargos e nem a devolver as suas
armas.
Os historiadores consideram que a Revolução Praieira se iniciou quando
um dono de engenhos chamado Manoel Pereira de Moraes reagiu à
tentativa de tropas dos conservadores de desarmá-lo. Os principais
conflitos entre praieiros e conservadores espalharam-se por toda a
província de Pernambuco e estenderam-se de novembro de 1848 a
fevereiro de 1849, embora conflitos localizados tenham acontecido na
província até 1850.
Um dos nomes mais importantes do Partido Praieiro foi Pedro Ivo, um
arrendatário que esteve à frente de um grupo de populares que moravam
no interior de Pernambuco. Ele liderava 1600 homens e atraiu forças do
Exército para o interior e, logo em seguida, levou os seus homens para a
capital, Recife.
Em Recife, eles encontraram a cidade protegida por tropas da Guarda
Nacional. Iniciou-se, então, uma batalha que durou 12 horas e resultou na
morte de 200 dos homens que formavam a tropa de Pedro Ivo. Do lado da
Guarda Nacional, houve cerca de 90 mortos. Nessa batalha, um dos nomes
mais expressivos dos praieiros morreu: o deputado Nunes Machado. Esse
ataque aconteceu em 2 de fevereiro de 1849 e a derrota praieira
enfraqueceu severamente o movimento.
Enquanto os combates ainda aconteciam no interior de Pernambuco, um
nome expressivo na província aderiu à luta dos praieiros. Borges da
Fonseca era um liberal radical que, durante os anos de governo dos
praieiros, tinha sido perseguido e preso, mas com o início do conflito, viu
nele uma possibilidade de realizar uma transformação na província.
Borges da Fonseca representou o lado nativista e com maior apelo popular
da Revolução Praieira. Esse liberal escreveu um manifesto, que foi apoiado
por muitos senhores de engenho defensores dos praieiros. Esse manifesto
ficou conhecido como Manifesto ao Mundo e trazia algumas reivindicações
que ecoavam ideias manifestadas pelas classes populares europeias e que
eram muito influenciadas pelo socialismo utópico.

5
O MANIFESTO DE BORGES DA FONSECA CONTINHA AS SEGUINTES
EXIGÊNCIAS:

1. voto livre e universal;


2. liberdade de imprensa;
3. trabalho como garantia de vida dos brasileiros;
4. nacionalização do comércio a retalho;
5. independência dos poderes;
6. extinção do Poder Moderador;
7. implantação do federalismo;
8. reforma do Judiciário;
9. fim do recrutamento militar;
10. fim da lei de juro convencional.

4. DESFECHO

Depois que Nunes Machado morreu, Borges da Fonseca seguiu na


liderança do movimento. A luta seguiu no interior de Pernambuco (na
região da Zona da Mata) por meio de uma guerrilha e só foi contida
definitivamente em 1850. Grande parte dos senhores de engenho que se
envolveram na luta receberam anistia.
A Revolução Praieira foi a última rebelião de caráter liberal no Nordeste e
marcou também a derrocada dos liberais. Com sua reputação manchada
pelo envolvimento na luta em Pernambuco, esse partido só retomou o
poder no Parlamento em 1864.

4. EXERCÍCIOS

01. Qual a afirmação CERTA em relação à Revolução Praieira, ocorrida


na província de Pernambuco (1842- 1849)?

a) Foi um movimento antilusitano que procurava a derrubada da


Regência através do Partido da Ordem.
b) Defendia primordialmente o comércio a nível nacional para
desenvolver a economia de trocas da província.
c) Pretendia a expropriação dos senhores da terra para a proclamação
de uma república independente.

6
d) Foi um movimento popular que visava a reformas sociais,
principalmente a nacionalização do comércio e a desapropriação dos
engenhos.
e) Tinha um cunho nitidamente republicano como os demais
movimentos de oposição à ordem imperial.

02. O segundo reinado no Brasil ocorreu sem as muitas instabilidades


políticas que marcaram os primeiros anos da independência.
Pernambuco, que mantinha uma tradição liberal, decorrente de
movimentos como a Revolução de 1817 e a Confederação do Equador,
mostrou seu descontentamento com o governo central na Revolução
Praieira de 1848. Com relação ao movimento praieiro, podemos afirmar
que:

A) tinha a liderança das elites políticas liberais e expressava também o


radicalismo político dos grupos socialistas pernambucanos.
b) foi cenário de confrontos militares, que obrigaram o governo a reforçar
suas tropas e a julgar os rebeldes presos com rigor.
c) foi um movimento político socialista, que expressou ideais de liberdade e
de socialização das riquezas.
d) ameaçou o governo central, pois contou com o apoio militar de várias
províncias do Norte e do Nordeste.
e) não passou de uma rebelião local, sem grandes repercussões políticas,
restringindo-se a uma disputa por cargos administrativos.

03. A Revolução Praieira de 1842-1849 foi também inspirada por


acontecimentos que estavam ocorrendo em solo europeu contra as
forças conservadoras do Antigo Regime. Qual era essa inspiração?

a) Guerras Napoleônicas
b) Primavera dos Povos
c) Comuna de Paris
d) Revolução Francesa
e) Revolução Industrial Inglesa.

5. GABARITO
01 - D
02 - B
03 - B

7
A REVOLTA DO QUEBRA-QUILOS

1. A REVOLTA
Ficou conhecida pelo nome de Revolta do Quebra-Quilos o
movimento popular iniciado na Paraíba, a 31 de outubro de 1874, e que se
opunha às mudanças introduzidas pelos novos padrões de pesos e
medidas do sistema internacional, recém introduzidas no Brasil.
Praticamente sem uma unidade e sem liderança, a revolta logo se alastrou
por outras vilas e povoados da Paraíba, estendendo-se a Pernambuco, Rio
Grande do Norte e Alagoas.
A denominação de quebra-quilos teria surgido na cidade do Rio de
Janeiro, quando elementos populares invadiram casas comerciais que
haviam começado a utilizar o novo sistema de pesos e medidas, e aos
gritos de "Quebra os quilos! Quebra os quilos", depredavam tais
estabelecimentos. A expressão começou a ser utilizada
indiscriminadamente para se referir a todos os participantes dos
movimentos de contestação ao governo com relação ao recrutamento
militar, à cobrança de impostos e à adoção do sistema métrico decimal.
No entendimento supersticioso da gente do nordeste rural, o metro e
o peso, tornados válidos por decreto imperial em 1872, consistiam em
representações do demônio, e a tentativa de adotá-los criou entre o povo a
ideia que estavam sendo enganados pelos comerciantes e poderosos. Os
revoltosos, sentindo-se ofendidos em seus sentimentos, deixavam
extravasar suas queixas e partiam para os povoados e se apoderavam das
"medidas", quebrando-as e lançando-as no rio.

2
Como resultado, o governo imperial enviou forças militares para conter os
distúrbios. A repressão que se seguiu foi violenta, com prisões em massa.
Somente em janeiro de 1875, as autoridades provinciais conseguiram
sufocar as manifestações populares nas quatro províncias nordestinas.
Uma das práticas repressivas comum empregada no castigo aos acusados
de serem quebra-quilos foi o chamado colete de couro, que consistia num
pedaço de couro cru colocado sobre o tórax e as costas do prisioneiro. Em
seguida, esse couro era molhado e, ao secar, este comprimia o peito
violentamente, causando lesões cardíacas e tuberculose como sequelas.

2. EXERCÍCIOS

01. Quebra Quilos foi a denominação dada aos movimentos sociais,


ocorridos na Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Alagoas,
contrários a lei aprovada em 26 de Julho de 1862, vigorando a partir de
1872, que determinava a adoção do sistema métrico decimal único em
todo o Império. Considerando a ampla repercussão desses movimentos,
contrários à ordem imperial, assinale a alternativa correta.

a) Os manifestantes almejavam a definição legal de um sistema de


pesos e medidas para cada província.
b) O partido conservador, no comando político das províncias
envolvidas, apoiou o movimento Quebra Quilos.
c) A igreja católica e a maçonaria reivindicaram junto com os
comerciantes contra as obrigatoriedades da lei imperial.
d) Os setores populares se renderam após negociações pacíficas com as
forças policiais provinciais e o governo central.
e) Os protestos eram avessos à adoção do sistema métrico decimal
único e também aos altos preços, custo de vida elevado e a cobrança de
impostos.

02. Apesar da rigidez da estrutura econômico-social baseada no


latifúndio e no trabalho escravo, as massas populares sempre
procuraram assinalar intensa participação na História da Paraíba.
Faça a associação das duas colunas.
1 - Revolução de 1817
2 - Confederação do Equador
3 - Revolução Praieira – 1848/49
4 - Revolta de Quebra-Quilos
5 - Ronco da Abelha

3
( ) Revolta que ficou assim conhecida pela modificação que provocou no
sistema de pesos e medidas.
( ) Revolta contra a atitude autoritária de D. Pedro I. O objetivo do seu líder
era reunir as províncias do Nordeste em uma república
( ) Foi o último movimento revolucionário do Império. Teve início com os
choques entre liberais e conservadores de Olinda
( ) A revolta deu-se nos sertões de Pernambuco, Alagoas, Ceará e Paraíba
com o intuito de fazer o controle sobre os trabalhadores, visto que, com o
fim do tráfico negreiro, os homens livres tiveram que trabalhar.
( ) Movimento de caráter republicano e separatista. Teve início em
Pernambuco e logo se estendeu às províncias de Alagoas, Paraíba, Rio
Grande do Norte e Ceará.
Assinale a alternativa que indica a sequência CORRETA.
A) 4, 1, 3, 2, 5
B) 4, 2, 3, 5, 1
C) 2, 4, 1, 3, 5
D) 5, 3, 1, 2, 4
E) 5, 1, 4, 3, 2

03. Leia o texto a seguir sobre algumas revoltas populares que


ocorreram na Paraíba no século XIX.
A ocorreu em 1874, ficou assim conhecida pela modificação que
provocou no sistema de pesos e medidas, fato este que desencadeou uma
grande revolução na Paraíba.
A ocorreu em cinco províncias do Nordeste. Os revoltosos eram
contrários aos decretos imperiais que obrigavam a população a fornecer
dados pessoais, tais como: número de nascimentos e óbitos na família;
filiação; estado civil; cor da pele.
Na os revoltosos eram os liberais adversativos dos conservadores
(grandes latifundiários e comerciantes portugueses). A revolta se iniciou
em Recife, os liberais exigiam: a divisão dos latifúndios; a liberdade de
imprensa; o fim da oligarquia política.

Assinale a alternativa que preencha correta e respectivamente as


lacunas do texto.

A) Revolta do Quebra-Quilos; Revolta do Ronco da Abelha; Revolução


Praieira
B) Revolta do Ronco da Abelha; Guerra dos Mascates; Revolução Praieira
C) Guerra dos Mascates; Revolta do Ronco da Abelha; Revolução de
Princesa

4
D) Revolução de Princesa; Revolta do Quebra-Quilos; Intentona
Comunista de 1935.

3. GABARITO

01 - E
02 - B
03 - A

5
SUMÁRIO

1. HISTÓRIA 3
2. ELEIÇÕES DE 1930 3
3. ASSASSINATO DE JOÃO PESSOA 4
3. GOVERNO PROVISÓRIO DE VARGAS 4
4. EXERCÍCIOS 5
5. GABARITO 6

2
A PARAÍBA E A REVOLUÇÃO DE 1930

1. HISTÓRIA

Até 1930 a política no Brasil era conduzida pelas oligarquias de Minas Gerais
e São Paulo, por meio de eleições fraudulentas e que mantinham o país
sob um regime econômico agroexportador. As elites paulista e mineira
alternavam a presidência da República elegendo candidatos que
defendiam seus interesses. Este sistema político ficou conhecido como
"política do café com leite" ou política dos governadores.
O modelo funcionou até os demais estados brasileiros crescerem em
importância e reivindicarem mais espaço no cenário político brasileiro.
Por outro lado, a Crise de 1929 atingiu a economia brasileira, provocando
desemprego e dificuldades financeiras. O fato do Brasil ser um país de
monocultura cafeeira fez que a crise fosse profunda, pois as exportações do
produto caíram vertiginosamente. A crise econômica contribuiu para o
clima de insatisfação popular com o governo de Washington Luís.

Igualmente, havia o descontentamento de oficiais de baixa patente do


exército, os quais desejavam derrubar as oligarquias e instaurar uma nova
ordem no Brasil. Devemos lembrar que os tenentes já haviam mostrado
seu desagrado com a situação política brasileira através de episódios como
a Revolta do Forte de Copacabana ou na Revolta Paulista de 1924.

A indicação de Júlio Prestes rompia com a alternância de poderes entre


Minas e São Paulo, por isso Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba não
deram suporte a Prestes.

2. ELEIÇÕES DE 1930

Charge mostrando Getúlio Vargas derrubando Júlio Prestes da cadeira


presidencial. Estas províncias se aliaram aos políticos de oposição e criaram
a Aliança Liberal. Desta maneira, os candidatos desta agrupação foram o
presidente do Rio Grande do Sul, Getúlio Vargas e, para vice, o presidente
da Paraíba, João Pessoa.
Tudo parecia indicar a vitória de Júlio Prestes e assim aconteceu. Nas
eleições realizadas em março de 1930, Júlio Prestes foi eleito com grande
maioria de votos (1.091.709), contra 742.794 de Getúlio Vargas. Diante dos
resultados, a Aliança Liberal alegou fraude e rejeitou a validade das
eleições.

3
3. ASSASSINATO DE JOÃO PESSOA

Pouco tempo depois, em julho de 1930, João Pessoa foi assassinado


pelo advogado João Dantas (1888-1930) em Recife. Acredita-se que o crime
tenha ocorrido por razões pessoais e ligadas à política paraibana, mas a
morte do candidato a vice-presidente se transformou numa questão
nacional.
Notícia da morte de João Pessoa do Jornal do Brasil, em 27 de julho
de 1930 a indignação toma conta do país. Mesmo sem apoio, o presidente
Washington Luís não pretendia renunciar ao poder. Assim, em 3 de
outubro os militares liderados por Getúlio Vargas, no sul, e Juarez Távora
(1898- 1975), no norte, convergem para o Rio de Janeiro.
Ao chegarem na capital, forma-se a Junta Governativa, formada pelos
três ministros militares Tasso Fragoso, Mena Barreto e Isaías de Noronha.
Diante dos militares, Washington Luís declara que só sairia do cargo preso
ou morto. Imediatamente, a Junta Governativa o prende e o leva ao Forte
Copacabana, onde permaneceria até novembro e dali partiria para o exílio
na Europa.
Com isso, Getúlio Vargas tornou-se chefe do Governo Provisório com
amplos poderes, revogando a constituição de 1891 e governando por
decretos. Da mesma forma, nomeou seus aliados para interventores
(governadores) das províncias brasileiras.

3. GOVERNO PROVISÓRIO DE VARGAS

Os aliados de Getúlio Vargas esperavam que o novo presidente convocasse


eleições gerais para formar uma Assembleia Constituinte, mas o assunto
era sempre adiado.
Cansados de esperar, várias vozes começaram a criticar o governo
provisório como o partido comunista, a Aliança Nacional Libertadora, os
paulistas, etc.
Em São Paulo, cresce o movimento pedindo eleições presidenciais e uma
Constituição. Diante da negativa do governo central e do aumento da
repressão policial, o estado de São Paulo declara guerra ao governo no
episódio que será conhecido como a Revolução de 1932.

Veja também: Revolução Constitucionalista de 1932: Revolução ou Golpe?

4
A Revolução de 1930 foi chamada desta maneira pelos seus
membros. No entanto, trata-se de um golpe de estado e não uma
revolução, pois uma revolução possui amplo apoio popular, propõe e causa
drásticas mudanças quando instalada no poder. Já o golpe de Estado é a
retirada do poder por meio da violência de um político
constitucionalmente eleito ou consagrado para aquele cargo.
Os acontecimentos de 30 foram uma luta pelo poder entre as elites, com
margem de vitória a qualquer uma delas e que pouco mudariam a
estrutura social brasileira em profundidade.

CURIOSIDADES

Washington Luís só retornaria ao Brasil em 1947. Por sua vez, Júlio Prestes
pediu asilo ao consulado britânico e voltaria em 1934.
Três ex-ministros de Getúlio Vargas e três tenentes de 1930 chegaram à
Presidência da República: Eurico Gaspar Dutra, João Goulart e Tancredo
Neves (ministros); Castelo Branco, Emílio Médici e Ernesto Geisel
(militares).

Getúlio teve quase 100% dos votos no Rio Grande do Sul durante a eleição
de 30.

4. EXERCÍCIOS

01. O Brasil recuperou-se de forma relativamente rápida dos efeitos


da Crise de 1929 porque:

a) o governo de Getúlio Vargas promoveu medidas de incentivo


econômico, com empréstimos obtidos no Exterior;
b) o País, não tendo uma economia capitalista desenvolvida, ficou
menos sujeito aos efeitos da crise;
c) houve redução do consumo de bens e, com isso foi possível equilibrar
as finanças públicas;
d) acordos internacionais, fixando um preço mínimo para o café,
facilitaram a retomada da economia;
e) um efeito combinado positivo resultou da diversificação das
exportações e do crescimento industrial.

5
02. A política cultural do Estado Novo com relação aos intelectuais
caracterizou-se:

a) pela repressão indiscriminada, por serem os intelectuais


considerados adversários de regimes ditatoriais;
b) por um clima de ampla liberdade pois o governo cortejava os
intelectuais para obter apoio ao seu projeto nacional;
c) pela indiferença, pois os intelectuais não tinham expressão e o
governo se baseava nas forças militares;
d) pelo desinteresse com relação aos intelectuais, pois o governo se
apoiava nos trabalhadores sindicalizados;
e) por uma política seletiva através da qual só os adversários frontais do
regime foram reprimidos.

03. A Era Vargas (1930 – 1945) apresentou:

a) O abandono definitivo da política de proteção ao café.


b) A crescente centralização político-administrativa.
c) Um respeito aos princípios democráticos, em toda sua duração.
d) Um leve “surto industrial”, resultante da conjuntura da Grande Guerra
(1914 – 1918).
e) Um caráter extremamente ditatorial, em todas as suas três fases.

5. GABARITO
01 - E
02 - B

6
REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 1932

1. REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA
Para muitos historiadores, o termo "revolução" para o movimento
constitucionalista de 1932 não é o mais adequado. Isso porque foi um
movimento planejado pelas elites, cabendo melhor o termo "revolta" para
descrevê-lo.
De qualquer forma, a Revolução Constitucionalista de 1932, Revolução de
1932 ou Guerra Paulista foi o primeiro grande levante contra a
administração de Getúlio Vargas e também o último grande conflito
armado ocorrido no Brasil.
O movimento foi uma resposta paulista à Revolução de 1930, a qual acabou
com a autonomia dos estados garantida pela Constituição de 1891.
Os insurgentes exigiam do Governo Provisório a elaboração de uma nova
Constituição e a convocação de eleições para presidente.

A revolta se iniciou no dia 9 de julho e foi liderada pelo interventor do


estado - cargo equivalente ao de governador - Pedro de Toledo (1860-1935).
Os paulistas fizeram uma grande campanha usando jornais e rádios,
conseguindo mobilizar boa parte da população.

2
Houve mais de 200 mil voluntários, sendo 60 mil combatentes. Por outro
lado, enquanto o movimento ganhava apoio popular, 100 mil soldados do
governo Vargas partiram para enfrentar os paulistas.

2. COMBATES MILITARES
Os paulistas esperavam o apoio de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul. No
entanto, ambos os estados não aderiram à causa. Em pouco tempo, São
Paulo, que planejava uma ofensiva rápida contra a capital, viu-se cercado
de tropas federais. Assim, apelaram à população para doarem ouro a fim de
comprar armamentos e alimentar as tropas.
No total, foram 87 dias de combates, de 9 de julho a 4 de outubro de 1932,
sendo os últimos enfrentamentos ocorridos dois dias depois da rendição
paulista. Em 2 de outubro, na cidade de Cruzeiro, as tropas paulistas se
rendem ao líder da ofensiva federal e no dia seguinte, 3 de outubro,
assinam a rendição.

3. CONSEQUÊNCIAS DA REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA


Foi registrado um saldo oficial de 934 mortos, embora estimativas não
oficiais reportem até 2200 falecidos. Apesar da derrota no campo de
batalha, politicamente o movimento atingiu seus objetivos.
A luta pela constituição foi fortalecida e, em 1933, as eleições foram
realizadas colocando o civil Armando Sales (1887-1945) como Governador
do Estado, em 1935. Igualmente, em 1934, foi reunida a Assembleia
Constituinte que faria a nova Carta Magna do país, promulgada no mesmo
ano. Esta seria a mais curta das constituições que o Brasil já teve, pois foi
suspensa com o golpe que instituiu o Estado Novo, em 1937.

Até hoje, o dia 9 de julho é uma data comemorada por todo estado de São Paulo e
lembrada em diversos monumentos.

O Obelisco do Ibirapuera, por exemplo, é o monumento funerário do


movimento e abriga os restos mortais daqueles que morreram na
Revolução. Ali também estão os corpos de Martins, Miragaia, Dráusio e
Camargo.

3
A PARAÍBA NA INTENTONA COMUNISTA
1. PRINCIPAIS OBJETIVOS DA INTENTONA COMUNISTA

● Implementar o comunismo no país;

● Derrubar o governo autoritário de Vargas;

● Realizar medidas sociais, políticas, econômicas mais efetivas;

● Acabar com o sistema oligárquico vigente.

● O movimento comunista, oposto à Ação Integralista Brasileira (AIB), de


cunho fascista e de extrema direita, foi liderado pelo capitão do exército Luís
Carlos Prestes (1898-1990).

Ele era o líder da Coluna Prestes (1924-1927), fundador do Partido


Comunista do Brasil (PCdoB) e Presidente da Aliança Nacional Libertadora
(ANL), ambas organizações contra o governo de Getúlio.
A Intentona Comunista recebeu influência da primeira guerra mundial,
visto que opunha algumas vertentes ideológicas:

♦ o fascismo, disseminado pelos ideais da Ação Integralista Nacional;


♦ o comunismo, marcado pelas frentes anti-fascistas do Partido Comunista
Brasileiro, fundado em 1922, vinculado à Internacional Comunista (IC) ou
Comintern;
♦ a Aliança Nacional Libertadora, fundada em 1935.

Durante esses dias, o movimento contou com baixa adesão popular e


militar e, se o intuito era acabar com o governo de Vargas, as
consequências demostraram o contrário.
Isso porque resultou num maior autoritarismo do governo, caça aos
comunistas, prisão de líderes, suspensão dos direitos civis, dentre outras
medidas expressas dois anos depois na Constituição de 1937.

2. EXERCÍCIOS
1. É correto indicar como causas da Revolução Constitucionalista de
1932:
a) A exigência de uma nova Constituição para o país, o fim do Governo
Provisório e a oposição da oligarquia paulista à centralização política
promovida por Vargas.

2
b) A manutenção do governo provisório, a insatisfação com a
Constituinte convocada pelo governo e a oposição à centralização fiscal por
parte do governo federal.
c) A exigência de uma nova Constituição para o país, a manutenção do
governo provisório e a oposição à centralização fiscal por parte do governo
federal.
d) O desejo de convocar uma Constituinte Estadual, a crítica ao governo
provisório e a oposição à centralização política promovida por Vargas.
e) A exigência de apoio à produção cafeicultura, a demanda por maior
participação dos paulistas no governo federal e o desejo de convocar uma
Constituinte Estadual.

2. A revolução constitucionalista, iniciada em 09 de julho de 1932, foi


um grande movimento de contestação ao governo provisório de
Getúlio Vargas. Sobre este movimento podemos afirmar:
a) Foi um movimento encabeçado pelas oligarquias agrárias do
Nordeste, Minas Gerais e do Rio Grande Sul, visando à restauração do poder
perdido após o movimento de 1930.
b) Após a derrota dos rebeldes, o governo Vargas não mais negociou
com as oligarquias que o confrontaram e passou a apoiar, tão somente, os
tenentes que sempre estiveram ao seu lado.
c) O principal líder do movimento, o capitão Luiz Carlos Prestes, acabou
preso e deportado para a União Soviética.
d) Por se tratar de um movimento da classe trabalhadora o governo
Vargas resolveu negociar e acabar o movimento de forma pacífica.
e) O movimento conseguiu mobilizar pessoas de todas as camadas
sociais de São Paulo. Participaram do movimento industriais, fazendeiros,
comerciantes, operários e muitos intelectuais de classe média.

3. "(...) Tratava-se de um movimento reacionário, uma vez que as forças


que o lideraram (oligarquia cafeeira paulista) pretendiam retornar ao
poder; por outro lado, ao propor a redemocratização, o movimento
ganhava um aspecto modernizador e liberalizante."
Na evolução da história política brasileira, o texto identifica:

a) A Revolta do Forte de Copacabana de 1922.


b) A Revolução Paulista de 1924.
c) A Revolução Constitucionalista de 1932.
d) O movimento conhecido como Coluna Prestes.
e) O episódio conhecido como Os Dezoito do Forte.

3
3. GABARITO

01 - A
02 - E
03 - C

4
A PARAÍBA E A SEGUNDA GUERRA

1. EXERCÍCIOS
1. A decretação do Estado Novo (1937) foi precedida de uma
radicalização do processo político que pode ser expresso no(a):
a) Apoio dos “Tenentes” mais radicais, como Luiz Carlos Prestes, à
revolução Constitucionalista de 1932.
b) Levante comunista em várias guarnições do Exército, em 1935,
conhecida como “Intentona Comunista”.
c) Fechamento da Ação Integralista Brasileira e perseguição dos seus
militares, já que o governo opunha-se aos ideais fascistas.
d) Oposição das classes médias urbanas, operárias e militares à aliança
com os EUA visando à entrada do país na Segunda Guerra.
e) Reorganização das oligarquias estaduais afastadas do poder em 1930,
mas agora pregando o separatismo dos Estados.

2. Ao negar apoio à Aliança Liberal, Luís Carlos Prestes


manifestou-se a respeito do movimento contestatório, nos seguintes
termos: “Mais uma vez os verdadeiros interesses populares foram
sacrificados e vilmente mistificado todo um povo por uma campanha
aparentemente democrática, mas que no fundo não era mais que uma
luta entre os interesses contrários de duas correntes oligárquicas.”
Prestes referia-se ao movimento que ficou conhecido como:
a) Revolução de 1964
b) Revoltas Tenentistas
c) Revolução de 1930
d) Intentona Comunista
e) Ação Integralista

3. A meu ver, a causa principal de nossa derrota no Nordeste foi a


precipitação do dia (...) Outro erro, mais clamoroso, foi o comando que
não se ligou às organizações partidárias, para que essas mobilizassem
seus membros e as massas trabalhadoras. Em uma palavra, o partido
não foi mobilizado e, por isso, não poderia mobilizar a classe operária.

Gregório Bezerra

2
O fragmento de texto acima faz referências à revolta que se restringiu
às cidades de Natal, Recife e Rio de Janeiro e foi rapidamente sufocada
pelas forças leais ao governo. Trata-se:
a) das Ligas Camponesas.
b) da Greve dos Marinheiros.
c) da Revolta da Chibata.
d) da Intentona Comunista.
e) da Greve Geral de 1917.

2. GABARITO

01 - B
02 - C
03 - B

3
RONCO DA ABELHA

1. RONCO DA ABELHA
Ficou conhecida como Revolta do ronco da abelha o movimento popular
armado ocorrido entre dezembro de 1851 e fevereiro de 1852, que envolveu
vilas e cidades de cinco províncias do Nordeste:
● Paraíba;
● Pernambuco;
● Alagoas;
● Ceará;
● Sergipe.
Sendo mais forte nas duas primeiras províncias. Nos dias de feiras, os
revoltosos causavam um enorme burburinho entre a população. Quando
perguntavam o porquê de tantos comentários, as vozes mais precavidas
diziam que era apenas "o ronco da abelha", nome por qual acabou ficando
conhecido o movimento.

Os incidentes foram provocados por dois decretos imperiais, de junho de


1851, o 797 e o 798, cujo propósito era instituir o Registro Civil dos
Nascimentos e Óbitos. O primeiro decreto estabelecia o Censo Geral do
Império, logo após a divulgação em editais em jornais ou a afixação em
igrejas matrizes. O 798 obrigava todo brasileiro a se apresentar nas
paróquias e à frente de juízes de paz das diferentes localidades, para
fornecer os dados pessoais, data e local de nascimento, filiação, estado civil
e cor da pele. A real intenção do Estado era colher dados para calcular a
população, com o objetivo de sistematizar o recrutamento de homens para
o serviço militar.
Com a implementação destes decretos, rapidamente espalhou-se entre a
população mais humilde o boato de que o governo queria reduzir os
cidadãos pobres à condição de escravos. Temia-se que a escravidão atasse
em ferros também a população branca. Vale lembrar que apenas um ano
antes fora aprovada a Lei Eusébio de Queirós, proibindo o tráfico de
escravos, e a economia, em especial da região nordestina, passou por
drásticas mudanças, pois os escravos da área eram mandados para as
plantações de café no sudeste, e a disponibilidade de mão de obra ficara
escassa.
Reagindo a esses boatos, um grande número de pessoas, armadas de
foices, enxadas e espingardas, passou a atacar prédios e autoridades
públicas, em meio a gritos de “Abaixo a Lei, morra o Governo” como
palavras de ordem.

2
Em meio à violência destas ações, o governo foi obrigado a reagir,
mobilizando mais de mil soldados da polícia, além da convocação da
Guarda Nacional e da utilização de padre Capuchinhos que, ao se darem
conta de que o movimento fugiu do controle, passaram a conclamar os
fiéis para o respeito à ordem pública, prometendo ao revoltoso que
desistisse dos protestos a salvação, e o fogo do inferno a quem não se
submetesse.
Já no final de janeiro 1852, a paz social foi restabelecida, mas, em meio à
baderna resultante, ficou difícil identificar os verdadeiros líderes do
movimento. Muitas pessoas são acusadas, mas não se consegue obter
provas concretas do envolvimento das mesmas. Finalmente, o governo
edita o decreto 970, de 29 de janeiro de 1852, que suspende os decretos 797
e 798, adiando a realização do primeiro censo no Brasil para vinte anos
depois, sendo que o registro civil só será adotado com o advento da
república.

2. EXERCÍCIOS

01. O que determinava o “Cumpra-se”, decreto 797 estabelecido na


Paraíba?
a) Determinava que as leis vindas de Portugal deveriam ser cumpridas
no Brasil independente da autorização do príncipe regente, Dom Pedro.
b) Determinava que as leis criadas pelo Partido Conservador só seriam
cumpridas no Brasil com a autorização do príncipe regente, Dom Pedro.
c) Determinava que as leis vindas de Portugal só seriam cumpridas no
Brasil com a autorização do príncipe regente, Dom Pedro.
d) Determinava que as leis criadas deveriam passar por um censo
imperial.

02. A respeito do decreto 970 na Paraíba imperial, é válido concluir


que:
a) as camadas senhoriais, defensoras do liberalismo político, pretendiam
não apenas a emancipação política, mas também a alteração das
estruturas econômicas.
b) o censo seria adiado para promoção da paz.
c) a independência brasileira se caracterizou por ter sido um processo
revolucionário com a participação popular.
d) a independência brasileira foi um arranjo político que preservou a
monarquia como forma de governo e também os privilégios da classe
proprietária.

3
e) a independência brasileira resultou do receio de D. Pedro I de perder
o poder aliado ao seu espírito de brasilidade.

03. A respeito dos boatos do censo paraibano, é correto afirmar que:


a) implicou em transformações radicais da estrutura social de
pensamento, que reagiu violentamente.
b) significou a instauração do sistema republicano de governo, como o
dos outros países da América Latina.
c) trouxe consigo o fim do escravismo e a implementação do trabalho
livre como única forma de trabalho e o fim do domínio metropolitano.
d) implicou em autonomia política e em reformas moderadas na ordem
social decorrentes do novo status político.
e) decorreu da luta palaciana entre João VI, Carlota Joaquina e Pedro I, e
teve como consequência imediata a abertura dos portos.

3. GABARITO

01 - D
02 - B
03 - A

4
SUMÁRIO

1. A REVOLTA DA PRINCESA ISABEL 3


2. NOTA DE 1930 SOBRE O INÍCIO DA GUERRA DE PRINCESA 3
3. COMBATENTES DA GUERRA DE PRINCESA 4
4. COMBATENTES E DESTRUIÇÕES DA GUERRA DE PRINCESA 5
5. JORNAL DE PRINCESA DURANTE A GUERRA 5
6. COMBATENTES E DESTRUIÇÕES DA GUERRA DA PRINCESA 7
7. EXERCÍCIOS 7
8. GABARITO 8

2
1. A REVOLTA DA PRINCESA ISABEL

A Revolta da Princesa, em 1930, foi um acontecimento que marcou e


transformou a vida estadual e teve repercussão nacional. Tudo começou
através de discórdias políticas e econômicas, envolvendo poderosos
coronéis do interior do estado e o governador eleito da Paraíba em 1927,
João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque. O principal deles era o chefe
político de Princesa Isabel, o “coronel” José Pereira de Lima, detentor do
maior prestígio na região, que se tornou o líder do movimento. Era a
própria personificação do poder político. Homem de decisão e coragem
pessoal, também era fazendeiro, comerciante, deputado e membro da
Comissão Executiva do partido. No dia 22 de outubro de 1928, na qualidade
de presidente (governador) do estado da Paraíba, assumiu o governo Dr.
João Pessoa Cavalcante de Albuquerque.

2. NOTA DE 1930 SOBRE O INÍCIO DA GUERRA DE PRINCESA

João Pessoa discordava da forma como grupos políticos que o


elegeu, conduziam a política paraibana, onde era valorizado o grande
latifundiário de terras do interior, possuidores de grandes riquezas
baseadas no cultivo do algodão e na pecuária. Estes “coronéis” atuavam
através de uma estrutura política arcaica, que se valia entre outras coisas
do mandonismo, da utilização de grupo de jagunços armados e outras
ações as quais o novo governador não concordava. Nos seus redutos, eram
eles que apontavam os candidatos a cargos executivos, além de
nomearem delegados, promotores e juízes. Eles julgavam, mas não eram
julgados. Verdadeiros senhores feudais, nada era feito ou deixava de ser
feito em seus territórios que não tivesse a sua aprovação. Mas João Pessoa
passou a não respeitar mais as indicações de mandatários para nomeações
de cargos públicos.

3
Por esta época, esses coronéis exportavam seus produtos através do
principal porto de Pernambuco, em Recife, provocando enormes perdas de
divisas tributárias para a Paraíba. Procurando evitar esta sangria financeira
e efetivamente cobrar os coronéis, João Pessoa implantou diversos postos
de fiscalização nas fronteiras da Paraíba, irritando de tal forma estes
caudilhos, que pejorativamente passaram a chamar o governador de “João
Cancela”.
A gota d'água foi a escolha dos candidatos paraibanos à deputação
federal. Como presidente do estado, João Pessoa dirigiu o conclave da
comissão executiva do Partido Republicano da Paraíba que escolheu os
nomes de tais pessoas. A ideia diretriz era a rotatividade. Quem já era
deputado não entraria no rol de candidatos. Tal orientação objetivava
afastar o Sr. João Suassuna, grande aliado de José Pereira que, como
presidente do estado que antecedeu a João Pessoa, teria maltratado
parentes de Epitácio na cidade natal de ambos, Umbuzeiro. No entanto,
João Pessoa deixou na relação dos candidatos o nome de seu primo, Carlos
Pessoa, que já era deputado. Isso valeu controvérsia na comissão executiva
e apenas João Pessoa assinou o rol dos candidatos.
No dia 19 de fevereiro de 1930, o presidente do estado da Paraíba,
João Pessoa, na tentativa de contornar a crise política provocada pela
divergência na composição da chapa para deputado federal, viaja a
princesa. A chapa para deputado federal fora publicada um dia antes da
viagem, no jornal “A União”. O presidente é recebido com festa. Por falta de
habilidade política, o presidente João Pessoa e o “coronel” José Pereira,
chefe político princesense, não encontraram um denominador comum.

3. COMBATENTES DA GUERRA DE PRINCESA


Em 22 de fevereiro de 1930, o “coronel” José Pereira rompe
oficialmente com o governo do Estado, através do telegrama n.º 52. José
Pereira conta com o apoio dos Pessoa de Queirós (os irmãos José e João
Pessoa de Queirós), primos do presidente João Pessoa e donos de um
grande empório industrial, jornalístico (Jornal do Commércio) e mercantil
(João Pessoa de Queirós e Cia.), no Recife, rebelou-se contra o governo
estadual. Com o apoio discreto, mas efetivo, do Presidente da República e
dos governadores de Pernambuco, Estácio de Albuquerque Coimbra, e do
Rio Grande do Norte, Juvenal Lamartine de Faria, o coronel José Pereira
decidiu resistir a essas investidas contra seus poderes. Partiu então para a
arregimentação de aliados.
Como resposta, no dia 24 de fevereiro de 1930, o presidente João
Pessoa, visando desestabilizar o poder de mando do “coronel”, retira os

4
funcionários do Estado, lotados em Princesa; quase todos os parentes do
“coronel”, e exonera o prefeito José Frazão de Medeiros Lima, o
vice-prefeito Glicério Florentino Diniz e o adjunto de promotor Manoel
Medeiros Lima, indicados pelo oligarca princesense. O juiz Clímaco Xavier
abandonou a cidade por falta de garantias. O jornal “A União” de 28 de
fevereiro de 1930, trazia decretos de exoneração do subdelegado de
Tavares, Belém, Alagoa Nova (Manaíra) e São José, distritos de Princesa na
época. Com o rompimento oficial do “coronel” José Pereira em 22 de
fevereiro de 1930 no município de Princesa, a justiça deixou de funcionar,
as aulas foram interrompidas e foi suspensa a arrecadação de impostos.
Combatentes da Guerra de Princesa (2) Como resposta, José Pereira
declarou a independência provisória da Princesa do Estado da Paraíba.
Neste mesmo dia 28, foi\ publicado o Decreto nº 01 foi aclamado pela
população, que declarou oficialmente a independência da cidade
(República de Princesa), com hino, bandeira e leis próprias. Ainda em 28 de
fevereiro de 1930, data aceita como início da Revolta de Princesa, João
Pessoa mandou a polícia estadual ocupar o município de Teixeira, sob o
comando dos capitães João da Costa e Irineu Rangel reduto dos Dantas,
aliados de José Pereira, prendendo pessoas da família e impedindo que
ocorresse votação naquela cidade. Houve reação armada dos Dantas.

4. COMBATENTES E DESTRUIÇÕES DA GUERRA DE PRINCESA


O coronel não era homem de se intimidar com pouca coisa e enviou 120
homens armados para Teixeira, que foi retomada pelos rebeldes. José
Pereira tinha armas em quantidade, recebidas do próprio governo
estadual, em gestões anteriores, para enfrentar o bando de Lampião e
mais tarde a Coluna Prestes. Seu exército era estimado em torno de 1.200 a
1.500 combatentes, onde diversos desses lutadores eram egressos do
cangaço ou desertores da própria polícia paraibana. Com esse poderio
bélico e seu prestígio político, começou a planejar o que ficou conhecido
como “A Revolta de Princesa”.

Essa rebelião atingiu também diversos municípios como Teixeira,


Imaculada, Tavares e outros. A cidade, que já tinha visto passar diferentes
grupos de cangaceiros, passou a ser reduto de valentia e independência.

5. JORNAL DE PRINCESA DURANTE A GUERRA

O Governo do Estado prepara o golpe que supunha fatal e envia à


Princesa 220 homens em doze caminhões e farta munição sob o comando
do tenente Francisco Genésio, e, pasmem, para espanto dos leigos e

5
estrategistas, um feiticeiro que “benzia a estrada, a cada parada, dizendo:
‘Vamos pegar Zé Pereira à unha!’. Os soldados sentiam-se mais
protegidos e aplaudiam com entusiasmo o novo protetor, pois com ele
estariam imunes às balas. Não foi o que aconteceu. Ao chegarem ao
povoado de Água Branca, no dia 5 de junho de 1930, foram recebidos à
bala, numa emboscada fulminante. O primeiro a ser atingido, com um tiro
na testa, foi o dito feiticeiro. Os caminhões foram queimados; quem não
conseguiu fugir, morreu; inclusive o tenente Francisco Genésio. Mais de
cem mortos e quarenta feridos.
João Pessoa tenta nova investida. Incapaz de dominar a cidade
rebelde, ele apela para a guerra psicológica. Uma avioneta, pilotada por
um italiano, lança panfletos sobre Princesa, exortando a população a depor
as armas. Caso contrário, haveria bombardeio aéreo. Mas a resistência
continua e as bombas não vêm. Nas semanas seguintes, os homens do
“coronel” José Pereira, usando táticas de guerrilha, espalham sua ação pelo
sertão, dando a entender que o conflito seria longo.

Foram travadas sangrentas batalhas e inúmeras vidas foram


perdidas. Princesa se tornou uma fortaleza inexpugnável, resistindo palmo
a palmo ao assédio das milícias leais ao governador João Pessoa. Mas a luta
estava para terminar, com um desfecho imprevisto.
João Pessoa foi assassinado no Recife por um desafeto, João Dantas,
por motivos mais pessoais do que políticos. Foi na confeitaria Glória, no
Recife, às 17 horas do dia 26 de julho de 1930. É que João Dantas teve a sua
residência e escritório de advocacia na capital da Paraíba invadida pela
polícia estadual, tendo parte de seus documentos apreendidos e
divulgados pelo jornal A União, quase um diário oficial do estado. Vieram à
luz detalhes de suas articulações políticas e de suas relações com a jovem
Anayde Beiriz. Em uma época em que honra se lavava com sangue, Dantas

6
sabendo que João Pessoa estava de visita ao Recife, saiu em sua procura
para matá-lo.
Com sua morte, o movimento armado de Princesa, que pretendia a
deposição do governo, tomou novo rumo. Os homens de José Pereira
comemoraram, mas o coronel, pensativo, teria dito: “Perdemos…! Perdi o
gosto da luta. Os ânimos agora vão se acirrar contra mim”. Essa data é
considerada para o encerramento do conflito, faltando dois dias para
completar quatro meses.

6. COMBATENTES E DESTRUIÇÕES DA GUERRA DA PRINCESA

E conforme sua previsão, os paraibanos ficaram chocados com o


assassinato (a partir daí criou-se todo um mito). O crime foi apresentado
como obra dos perrepistas, o Partido Republicano Paulista. Seus
partidários, em retaliação, foram perseguidos e tiveram suas casas
incendiadas, além de sofrerem outros tipos de perseguição e violência. O
Presidente da República, Washington Luiz, decidiu então terminar com a
Revolta de Princesa e o “coronel” José Pereira não ofereceu resistência,
conforme acordo prévio, quando seiscentos soldados do 19º e 21º Batalhão
de Caçadores do Exército, comandados pelo Capitão João Facó, ocuparam
a cidade em 11 de agosto de 1930. José Pereira deixa a cidade no dia 5 de
outubro de 1930.

No dia 29 de outubro de 1930, a Polícia Estadual ocupa a cidade de Princesa com


trezentos e sessenta soldados comandados pelo capitão Emerson Benjamim,
passando a perseguir os que lutaram para defender a cidade ameaçada, humilhando
e torturando os que foram presos, sem direito a defesa. A luta teve um balanço final
de, aproximadamente, 600 mortos.

7. EXERCÍCIOS

01. Entre as consequências da Revolta de Princesa na Paraíba em


1930, pode-se marcar corretamente:
A) resultou na dominação por parte de Pernambuco sobre parte do
território paraibano.
B) envolveu os estados da Região Norte do Brasil na Revolução
Constitucionalista de 1932.
C) acarretou a anexação de terras de Pernambuco por parte da Paraíba.
D) surgiu provisoriamente um estado independente da Paraíba na
região hoje conhecida como Serra do Teixeira.

7
02. Como explica a professora Alômia Abrantes em seu texto ‘Paraíba
Masculina’: honra e virilidade na Revolução de 1930”, o baião Paraíba,
composto por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, homenageia o estado
ao fazer referência indireta a um conflito interno entre “coronéis” e o
poder público estadual cujas consequências impactaram na política
nacional em 1930. Os versos que fazem alusão ao conflito são: “Paraíba
masculina, Muié macho sim sinhô”; “Eita pau pereira, que em Princesa
já roncou”; “Eita Paraíba, Muié macho sim sinhô.” A respeito do conflito
aludido no baião Paraíba, assinale a alternativa que indica
corretamente o nome dele e sua consequência para a política nacional
da época.
a) Guerra dos Mascates. Expandiu o “coronelismo” para o território
brasileiro
b) Revolução de 1930. Getúlio Vargas foi eleito o presidente do Brasil
c) A Revolta do Ronco da Abelha. Dividiu as fronteiras das províncias de
Pernambuco e Paraíba
d) A Revolta da Princesa. Assassinato de João Pessoa, candidato a
vice-presidente de Getúlio Vargas.

03. “Esse estudo traz em sua essência a discussão sobre os fatos que
ocorreram na Paraíba, durante o período da ‘Primeira República’. Fatos
estes que vieram a desencadear um conflito armado, dentro deste
estado, entre dois tipos de poder: o ‘poder privado’ [representado, no
conflito específico, pelo ‘coronel’ José Pereira Lima] e o ‘poder
instituído’ [representado por João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque].
O primeiro, caracterizado pelo coronel, figura que constituía a base do
sistema político da época; e, o segundo, concentrado nas mãos do
chefe político estadual.
Fonte: JANUÁRIO, 2009. (Adaptado).
Assinale a alternativa que indica corretamente o nome do conflito
aludido no texto acima Alternativas
A) Guerra de Canudos
B) Revolução Praieira
C) A Revolta de Princesa
D) A Revolta do Quebra-Quilos

8. GABARITO
01 - D
02 - D
03 - C

Você também pode gostar