Risco Sacado - Conceito e Notas Explicativas - 2023

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RISCO SACADO

(Conceito e Exemplos de Notas Explicativas)

2023

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Sumário

CONCEITO.............................................................................................................................................. 3
FIPECAFI ................................................................................................................................................ 3
Capítulo 14 – Empréstimos, Financiamentos, Debêntures e Outros Títulos de Dívida ........................... 3
14.1.3 Financiamentos bancários a curto prazo ....................................................................................... 3
CVM......................................................................................................................................................... 4
Operações de “forfait”.............................................................................................................................. 4
CVM......................................................................................................................................................... 5
Operações de Forfait/Risco Sacado.......................................................................................................... 5

EXEMPLOS DE NOTAS EXPLICATIVAS........................................................................................... 6


Alpargatas S/A (2022) – PwC .................................................................................................................. 6
Gerdau S/A (2022) – PwC ....................................................................................................................... 8
Randon S/A (2022) – EY ....................................................................................................................... 10
C&A Modas S/A (2022) – EY ............................................................................................................... 12
Lojas Renner S/A (2022) – EY .............................................................................................................. 13

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CONCEITO

FIPECAFI1
Capítulo 14 – Empréstimos, Financiamentos, Debêntures e Outros Títulos de
Dívida
14.1.3 Financiamentos bancários a curto prazo
Nessa conta são registrados os empréstimos obtidos de instituições financeiras cujo prazo total para
pagamento seja inferior a um ano; entre eles, destacam-se: desconto de duplicatas, desconto de notas
promissórias, empréstimos garantidos por caução de duplicatas a receber ou estoques e outros.

Além dos exemplos mencionados anteriormente, outro tipo de transação que pode se enquadrar
como um financiamento bancário de curto prazo é a operação de risco sacado (ou forfait). Suponha
uma situação em que uma grande empresa adquira mercadorias de um dos seus fornecedores para
pagamento em 90 dias. A operação de risco sacado é feita por meio de uma instituição financeira,
que avalia a capacidade de pagamento da empresa compradora e, com base nessa análise, antecipa
o pagamento para o fornecedor. Em troca, a empresa compradora passa a dever diretamente para o
banco e não mais para o fornecedor. Essa operação é diferente do desconto de duplicadas, que será
abordado nos próximos parágrafos, pois, em caso de inadimplência da empresa compradora, o
fornecedor não é responsável por fazer o pagamento ao banco. O banco deverá cobrar diretamente
da empresa compradora.

Considerando o aumento na quantidade de operações de risco sacado por empresas brasileiras, a


CVM emitiu o Ofício-Circular CVM/SNC/SEP nº 01/2017. Um dos temas abordados é o
tratamento contábil dessas operações. Conforme o item 2 do referido Ofício Circular, nesse tipo de
operação a empresa compradora contrata um banco e monta um esquema de antecipação dos
pagamentos aos seus fornecedores. Assim, a empresa compradora deveria reconhecer um
passivo oneroso junto ao banco, em vez de uma obrigação operacional com fornecedores.

Do lado oposto, existe o argumento de que, em algumas operações de risco sacado, a empresa
compradora apenas aceita trocar de credor, mas não existe nenhuma alteração de prazo ou condição
de pagamento. Assim, para a empresa compradora, a essência da operação não foi alterada e
continua sendo de natureza operacional. Porém, em outras situações tal operação de risco sacado
é realizada com a finalidade de alongamento da dívida, o que poderia caracterizar uma operação
de financiamento.

1
Manual de Contabilidade Societária. FIPECAFI. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2022

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CVM2
Operações de “forfait”
No curso do exercício social de 2016 algumas companhias abertas reapresentaram espontaneamente
suas demonstrações contábeis com o objetivo de refletirem adequadamente as denominadas
operações de “forfait”, “confirming” ou “risco sacado”, ou ainda denominadas “securitização de
contas a pagar”3, por meio das quais a empresa compradora, denominada “empresa-âncora”,
contrata um banco e monta com ele um esquema de antecipação de pagamento aos seus
fornecedores cadastrados4.

Formalmente a companhia vendedora (fornecedor) emite uma fatura que contempla o prazo a ser
financiado pelo banco, porém não reconhece em sua contabilidade a venda pelo valor presente. E
com isso apresenta um EBITDA maior. A companhia compradora, por sua vez, não reconhece um
passivo oneroso junto ao Banco, mas o passivo de funcionamento “fornecedores”; seu estoque fica
inflado e a margem bruta com vendas distorcida.

Com esse expediente, a companhia compradora consegue distorcer sua real situação financeira.
Deixa de reconhecer despesas financeiras em resultado, pois além de não reconhecer o passivo
oneroso “financiamento”, não ajusta a valor presente o passivo “fornecedores”, quando apropriado,
sem a devida segregação de juros embutido na operação a ser apropriado em resultado, nos termos
do Pronunciamento Técnico CPC n. 12. Balanço Patrimonial - BP, Demonstração do Resultado
do Exercício - DRE e Demonstração dos Fluxos de Caixa - DFC deixam de atender à condição de
representação fidedigna.

A companhia compradora é incentivada a assim proceder porque conseguiria fugir a “covenants”


contratuais (índice de cobertura de juros ou de endividamento oneroso, por exemplo).

Enfim, definitivamente o que não pode ocorrer é a apresentação distorcida da transação, devendo
prevalecer a essência econômica sobre a forma jurídica. No caso concreto é inequívoco o
entendimento de que houve um financiamento da companhia compradora de mercadorias ou
bens de capital por parte de uma instituição bancária. O passivo oneroso deve ser como tal
reconhecido no balanço patrimonial e o serviço da dívida (juros e demais encargos) deve ser
apropriado tempestiva e exponencialmente em resultado conforme curva efetiva de juros. Há com
isso elisões a covenants bem usuais como por exemplo: EBITDA/Endividamento; EBITDA/Juros;
Endividamento/PL.

Vale lembrar que ainda é possível identificar algumas companhias abertas que, muito embora
possuam plataformas específicas na rede mundial de computadores para cadastramento e para
orientação de seus fornecedores acerca de como proceder para levar a efeito as operações de
“forfait”, nada divulgaram em termos dessas operações em suas demonstrações contábeis, caso
possuíssem transações materiais dessa natureza.

2
Ofício-Circular CVM/SNC/SEP nº 01/2017
3
Termo cunhado por representante do Office of The Chief Accountant de USSEC, em palestra proferida na Conferência Nacional de 2004 do
AICPA. “securitization of accounts payable”. (https://www.sec.gov/news/speech/spch120604rjc.htm)
4
“Grande empresa busca crédito para blindar fornecedores”. Jornal Valor Econômico. 12.01.2016.

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CVM5.
Operações de Forfait/Risco Sacado
Estas operações, já tratadas em Ofícios Circulares anteriores pelas áreas técnicas da CVM,
retomam a pauta de discussões agora com os efeitos produzidos pela pandemia do Coronavírus
(COVID-19) nos negócios das companhias.
Um ponto que sempre é colocado nos debates é o de que os prazos fixados na operação
não mudam, após a cessão de crédito pela companhia cedente (fornecedor de bens e/ou
serviços). A rigor, não devem mudar mesmo, visto que a transação é formatada entre banco
(que adquire o direito creditório do fornecedor de bens e/ou serviços) e a companhia que adquire
os bens e serviços do fornecedor (denominada de “empresa âncora”) para atender necessidades
de financiamento desta última. A companhia cedente (fornecedor de bens e/ou serviços) acaba
por firmar na essência um “contrato de adesão” na cessão de seus direitos creditórios.
Objetivamente é de conhecimento público que grandes companhias (“empresas âncora”)
possuem plataformas disponíveis na internet para cadastramento de seus fornecedores, com o
propósito de facilitar a operacionalização do forfait/risco sacado.
Uma questão que as áreas técnicas da CVM oferecem nos debates técnicos que são levados a
efeito diz respeito ao resultado que seria obtido com a alternativa que fornecedores de bens e/ou
serviços e bancos teriam ao seu dispor, que seria contratar um desconto de duplicatas. Se os
arranjos são similares, prazos e custos não deveriam apresentar diferenças significativas.
Se de fato as condições não mudam com a transação de forfait/risco sacado (prazo e risco de
crédito praticado pelo banco consideram o fornecedor de bens e/ou serviços), para o banco, o
risco com desconto de duplicatas seria menor (e ato continuo o custo com a operação seria
menor para o fornecedor de bens e/ou serviços), uma vez que o banco detém o direito de
regresso contra o fornecedor (que fica coobrigado nesta cessão de crédito), comparativamente
à transação de forfait/risco sacado.
Na transação de forfait/risco sacado não ocorre a cessão de crédito com coobrigação do
fornecedor de bens e/ou serviços. Até porque o banco perderia o tratamento tributário mais
benéfico pela não incidência do IOF6. Logo uma primeira vantagem em termos de custo seria a
não incidência do IOF. E quanto ao risco de crédito praticado pela instituição financeira? E
quanto ao prazo fixado para a operação? Tomando por base um racional econômico, o banco
deve considerar como tomador final do empréstimo a “empresa âncora”, visto que ao
adquirir o direito creditório do cedente (fornecedor de bens e/ou serviços) já sabe de antemão
que estará exposto ao risco de default da “empresa âncora” que será sua contraparte final
na operação. O fornecedor de bens e/ou serviços sai de cena com a cessão do direito creditório.
As áreas técnicas da CVM entendem que os auditores devem dedicar especial atenção a estas
operações, sobretudo quando envolverem companhias altamente alavancadas (endividadas),
pelo potencial risco de distorção da realidade econômica a ser reportada (gerenciamento de
estrutura de capital).

5
Ofício-Circular CVM/SNC/SEP nº 01/2021
6
Vide soluções de consulta emitidas pela Receita Federal do Brasil – RFB, a saber: SOLUÇÃO DE CONSULTA DISIT/SRRF08 Nº 8013,
DE 05 DE FEVEREIRO DE 2014 (http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?idAto=50544&visao=anotado)

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EXEMPLOS DE NOTAS EXPLICATIVAS
Alpargatas S/A (2022) – PwC

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Gerdau S/A (2022) – PwC

14 – FORNECEDORES
(Fornecedores mercado doméstico, Fornecedores risco sacado e Fornecedores importação)

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17 – INSTRUMENTOS FINANCEIROS

17 – INSTRUMENTOS FINANCEIROS
Risco de liquidez

Instrumentos financeiros por categoria

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Randon S/A (2022) – EY

5.2 Instrumentos financeiros

20 Operações de Risco Sacado

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33.1 Risco de mercado

33.7 Risco de liquidez

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C&A Modas S/A (2022) – EY
19. Fornecedores

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Lojas Renner S/A (2022) – EY

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9 Estoques

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25.2 Instrumentos financeiros por categoria

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