0% acharam este documento útil (0 voto)
4 visualizações84 páginas

Aula 03

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1/ 84

Aula 03

Direito Humanos p/ MPU - Técnico - Segurança Institucional e Transporte

Professor: Ricardo Torques


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

Aula 03
Direitos Humanos na
Constituição
parte 02

Sumário
1 – Considerações Iniciais....................................................................................... 3
2 - Direitos Sociais ................................................................................................ 3
2.1 - Vedação do Retrocesso ............................................................................... 4
2.2 - Ordem Social ............................................................................................. 5
3 - Direitos dos trabalhadores ................................................................................. 7
3.1 – Introdução ................................................................................................ 7
3.2 - Caput do art. 7º, da CRFB ........................................................................... 9
3.3 - Direitos dos Trabalhadores em espécie (incisos do art. 7º) .............................10
3.4 – Proteção constitucional aos empregados domésticos (§ único do art. 7º, da CF)
......................................................................................................................26
3.5 – Liberdade de associação ............................................................................28
3.6 – Direito de Greve .......................................................................................29
4 - Nacionalidade .................................................................................................29
4.1 - Introdução................................................................................................29
12776742800

4.2 – Brasileiro Nato ..........................................................................................31


4.3 – Brasileiro Naturalizado ...............................................................................34
4.3.1 - Naturalização tácita..............................................................................34
4.3.2 - Naturalização expressa .........................................................................34
4.4 – Quase-nacionalidade .................................................................................37
4.5 - Tratamento jurídico do brasileiro nato e naturalizado .....................................38
5 - Direitos Políticos ..............................................................................................42
5.1 - Introdução................................................................................................42
5.2 - Voto, sufrágio e escrutínio ..........................................................................43

1
Retirado de http://www.dauroveras.com.br/direitos/charge-da-vez-direitos-humanos, acesso em 01.02.2015.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

5.2.1 - Meio Indireto de Exercício do Sufrágio ....................................................44


5.2.2 - Meios Diretos de Exercício do Sufrágio ....................................................45
5.3 - Aquisição dos Direitos Políticos ....................................................................47
5.3.1 - Alistamento Eleitoral ............................................................................47
5.4 - Capacidade eleitoral passiva e ativa .............................................................49
5.4.1 - Capacidade eleitoral ativa .....................................................................49
5.4.2 - Capacidade eleitoral passiva ..................................................................52
5.5 - Impugnação ao Mandato Eletivo ..................................................................61
5.6 - Perda e suspensão dos Direitos Políticos .......................................................62
5.6.1 - Perda dos direitos políticos ....................................................................63
5.6.2 - Suspensão dos direitos políticos .............................................................63
5.6.3 - Incapacidade civil absoluta: perda ou suspensão? ....................................64
5.7 - Desincompatibilização ................................................................................64
6 – Questões .......................................................................................................65
6.1 - Questões Sem Comentários ........................................................................65
6.2 - Gabarito ...................................................................................................70
6.3 - Questões Comentadas ...............................................................................70
7 – Considerações Finais .......................................................................................83

12776742800

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

1 Considerações Iniciais
Chegamos à quarta aula do nosso Curso de Tópicos de Direitos
Humanos para o MPU. Hoje terminaremos o estudo dos direitos humanos
na Constituição, passando pelos arts. 6º a 15. Veremos os direitos sociais,
o direito à nacionalidade e os direitos políticos.
Finalizaremos também na aula de hoje todo o assunto teórico, restando,
apenas a Aula 04, que será composta por resumo e simulado, para a revisão
da matéria.
Sem mais, vamos à aula!

2 - Direitos Sociais
Os direitos sociais são espécie de Direitos Humanos de segunda
dimensão que encontram-se catalogados, especialmente, entre os art. 6º
e 11 da Constituição da República.
Na definição de José Afonso da Silva2, os direitos sociais:
são prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou indiretamente,
enunciadas em normas constitucionais, que possibilitam melhores condições de vida
aos mais fracos, direitos que tendem a realização a igualização de situações sociais
desiguais.

Portanto, os direitos sociais nada mais são um conjunto


de direitos que objetivam a implementação de direitos
humanos por meio da atuação estatal essencialmente.
São, por isso, denominados de direitos
prestacionais, que exigem uma atuação efetiva e material do Estado na
sua promoção.
Embora nossa Constituição da República mencione expressamente que
somente são consideradas cláusulas pétreas os direitos e garantias
individuais, a doutrina moderna tem defendido que todos os direitos
fundamentais e, portanto, os direitos sociais, são considerados
também cláusulas pétreas. Contudo, o que recomendamos para fins de
12776742800

prova objetiva é a consideração primordial do texto da Constituição da


República, a não ser que a banca expressamente questione a respeito do
entendimento doutrinário da matéria, o que é pouco provável em se
tratando de provas objetivas de primeira fase.
A doutrina classifica o rol dos direitos sociais da seguinte maneira:

2
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo, p. 103.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

•direitos sociais genéricos


•direitos sociais individuais do trabalhador;
•direitos de proteção ao trabalho;
•direitos de proteção à contraprestação ao empregado
•direitos relacionados à duração, descansos e intervalos
DIREITOS de jornada;
SOCIAIS •direitos de não-discriminação na relação de trabalho;
•direitos de saúde e medicina do trabalho;
•direitos coletivos do trabalho;
•liberdade de associação profissionais ou sindical;
•direito de greve.

Como podemos perceber os direitos sociais relacionam-se


intrinsecamente com os direitos trabalhistas.
Já a Constituição da República enumera extenso rol de direitos sociais,
previsto no art. 6º:
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia,
o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

Esquematizando, os direitos sociais abrangem:

saúde alimentação trabalho moradia

proteção à
previdência
lazer segurança maternidade e
social
à infância

assistência aos
desamparados

12776742800

Como podemos perceber todos esses direitos objetivam à promoção da


dignidade da pessoa em seu aspecto mais amplo possível.

2.1 - Vedação do Retrocesso


Estudamos a vedação ao retrocesso como uma característica dos
Direitos Humanos lá na aula 01, estão lembrados? Pois bem, aqui esse
assunto ganha relevo.
Por vedação ao retrocesso, aplicada aos direitos
sociais, devemos compreender que esses direitos
vinculam o legislador infraconstitucional,
exigindo um comportamento ativo na promoção
dos direitos prestacionais assegurados. Parte-se da ideia que esses
direitos devem ser incessantemente buscados e constantemente

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

ampliados de forma atingirmos os objetivos fundamentais que estamos no


art. 3º.
Assim, uma vez assegurado um direito social, o legislador– pelo que a
doutrina denomina de efeito non cliquet – não poderá desconstituir o
referido direito, deixando de aplicar às pessoas, sobre pena de
retrocedermos na proteção dos direitos sociais, em última análise, na
proteção de direitos humanos.
Para arrematar, vejamos o que leciona Joaquim José Gomes Canotilho 3
sobre o princípio da vedação ao retrocesso:
o núcleo essencial dos direitos sociais já realizado e efetivado através de medidas
legislativas deve considerar-se constitucionalmente garantido, sendo
inconstitucionais quaisquer medidas que, sem a criação de outros esquemas
alternativos ou compensatórios, se traduzam na prática numa ‘anulação’, ‘revogação’
ou ‘aniquilação’ pura e simples desse núcleo essencial.

Em que pese essa construção teórica em torno dos direitos sociais, como
contraponto, desenvolveu-se o princípio da reserva do possível.
Argumenta-se que, para que os direitos sociais possam exigir o dispêndio
de recursos por parte do Estado, visando sua implementação, deverão ser
implementados na medida do possível, em razão de interesses superiores.
Assim, se o Estado demonstrar objetivamente a impossibilidade financeira
de concretização de um direito social, poderia deixar de fazê-lo.
Esse ponto revela a importância da compreensão de que os direitos
sociais devem ser implementados de forma progressiva. Estudamos
exaustivamente ao longo do Curso que os direitos de segunda dimensão –
direitos sociais, econômicos e culturais – não são exigíveis
internacionalmente de pronto. São, em verdade, positivados no texto de
tratados e convenções internacionais para que os Estados-parte passem a
implementá-los na medida de suas possibilidades. O mesmo ocorre
internamente em relação aos direitos sociais.
Essa problemática – vedação ao retrocesso versus reserva do possível – é
complicada e, sobretudo, delicada, uma vez que envolve, em muitos casos,
uma atuação positiva por parte dos administradores públicos e aplicadores
12776742800

dos direitos.

2.2 - Ordem Social


A disciplina da Ordem Social, embora não esteja colacionada no início do
texto constitucional envolve o tratamento de direitos sociais. Nossa
Constituição dedica, a partir do art. 194 diversos dispositivos para
disciplinar os seguintes direitos sociais:

3
CANOTILHO, Joaquim José Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição.
3. ed. Coimbra: Editora Almedina, p. 336/7.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

Seguridade Social

Educação

Cultura
ORDEM SOCIAL

Desporto

Ciência e Tecnologia

Comunicação Social

Meio ambiente

Proteção à família, à criança, ao adolescente, ao idoso e aos índios

Como podemos perceber, esses dispositivos constitucionais envolvem o


trato de direitos de segunda dimensão – a exemplo da seguridade social e
da educação – bem como de direitos de terceira dimensão – a exemplo do
meio ambiente e da comunicação social.
Apenas para que tenhamos em mente o que envolvem esses assuntos,
vejamos o quadro abaixo:

A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de


Seguridade iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a
Social assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à
assistência social.

 saúde: constitui direito de todos e dever do Estado, garantido mediante


políticas sociais e econômicas com o objetivo de reduzir o risco de doenças e
de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para
a sua promoção, proteção e recuperação.
12776742800

 previdência social: constitui um seguro social, organizado sob a forma de


regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, que tem por
finalidade garantir a subsistência do trabalhador em caso de perda da
capacidade laborativa.

 assistência social: constitui uma política social destinado ao atendimento


das necessidades básicas do indivíduo, relativamente à proteção da família,
maternidade, infância, adolescência, velhice, promoção e integração ao
mercado de trabalhos de jovens e de pessoas portadoras de necessidades
especiais.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

Assim como o direito à saúde, a educação é direito de todos e dever


do Estado e da família, tendo por objetivo o pleno desenvolvimento
Educação
da pessoa, preparando-o para o exercício da cidadania e para o
ingresso no mercado de trabalho.

Ao Estado compete o dever de propiciar o pleno exercício dos direitos


Cultura culturais, provendo amplo acesso às fontes culturais, apoiando e
incentivando a valorização e difusão da cultura em nosso País.

Para garantir o desenvolvimento de atividades desportivas, compete


Desporto ao Estado do dever de fomentar e promovê-las, mediante políticas
públicas voltadas para a coletividade.

Uma vez que a ciência e tecnologia tem papel fundamento para o


Ciência e
evolução da humanidades, compete ao Estado promover e incentivar
Tecnologia
o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológica.

Considerando que nossa Constituição declara como fundamental a


Comunicação
liberdade de expressão, o Estado brasileiro deve incentivar e
Social
promover o desenvolvimento da comunicação social.

Constitui direito de toda a coletividade um meio-ambiente


Meio-ambiente ecologicamente equilibrado, uma vez que é o principal instrumento
para a garantia a uma sadia qualidade de vida.

Com isso finalizamos o estudo dos direitos humanos dentro da nossa


Constituição da República. Poderíamos discorrer, ainda, dezenas de páginas
sobre o assunto, mas acreditamos que seria desnecessário, ao menos para
Direitos Humanos, fazê-lo neste momento.

3 - Direitos dos trabalhadores

3.1 Introdução
A CF no art. 1º, ao tratar dos fundamentos da República, enuncia, entre
outros fundamentos, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa (inc.
12776742800

IV). Ademais, no art. 170 a busca pelo pleno emprego constitui princípio da
ordem econômica.

•a importância que a CF conferiu ao trabalho; e


ESSES
DISPOSITIVOS •a necessidade de conjugá-los harmonicamente
EVIDENCIAM com as atividades da iniciativa privada e a ordem
econômica.

O trabalho está intrinsecamente relacionado com a ordem econômica e com


os princípios capitalistas que regem a sociedade brasileira e, em razão de
fatores históricos, o trabalhador ocupa uma posição desprivilegiada nesta
relação. Por conta disso, criam-se direitos, os quais tem por função precípua
a proteção desses trabalhadores.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

Essa proteção, conforme indica a CF deve ser equilibrada, pois livre


iniciativa e trabalho constituem, ambos, fundamentos da república. Assim,
não se admite que o sistema produtivo capitalista da Revolução Industrial.
Do mesmo modo, a proteção ao trabalho não pode ser excessiva a ponto
de criar barreiras instransponíveis à iniciativa privada e ao desenvolvimento
econômico brasileiro. Esse é o contexto que a CF toma como pressuposto
ao prescrever uma série de direitos sociais.
Os direitos trabalhistas são espécie de direitos
sociais e vêm dispostos na Constituição no art. 7º, da
CRFB, considerados pela doutrina como direitos de 2ª
Dimensão.
Por exigirem prestações positivas, a efetividade de um direito social implica
necessariamente a alocação de recursos por parte do Estado. Assim, diz-se
que os direitos sociais exigem um custo elevado de implementação e
esbarram nas limitações orçamentárias estatais, o que torna esses direitos
menos efetivos quando comparados aos direitos de liberdade e de
propriedade, por exemplo.
Por conta desse aspecto, fala-se que os direitos sociais devem observar três
princípios:
RESERVA DO implementação segundo condições
POSSÍVEL econômico-financeiras do Estado.

MÍNIMO conjunto de direitos sociais


EXISTENCIAL imprescindíveis à vida digna.

VEDAÇÃO AO garantia de estabilidade a direito social


RETROCESSO efetivado.

Do rol constante do art. 7º, vários de seus dispositivos possuem


aplicabilidade imediata, classificados como direitos constitucionais de
eficácia plena e de eficácia contida, conforme classificação doutrinária de
José Afonso da Silva. Outros, porém, possuem eficácia limitada, exigindo
implemento infraconstitucional para lhe conferir eficácia.
12776742800

Seja de eficácia imediata ou limitada, os dispositivos da CF têm o


importante efeito de condicionar o ordenamento infraconstitucional
anterior a 1988. Em razão disso, toda a legislação anterior à CF –
denotadamente a CLT – que for materialmente contrária ao texto
constitucional é considerado não recepcionado pela ordem constitucional de
1988 e, portanto, não aplicável.
Para finalizar, vejamos os destinatários dos direitos dos
trabalhadores. A princípio poderíamos afirmar que esses direitos aplicam-
se aos trabalhadores. Essa informação, todavia, não é tecnicamente
correta. No desenvolver do curso veremos que existem trabalhadores de
diversas espécies, com disciplina jurídica diversa uns dos outros.
Do art. 7º da CF, podemos extrair:

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

DESTINATÁRIOS DOS DIREITOS CONSTITUCIONALMENTE ASSEGURADOS, DE ACORDO COM


TEXTO DA CRFB

aplicam-se todos os aplicam-se apenas parte não se aplicam os direitos


direitos previstos aos: dos direitos aos: aos:

Empregados urbanos Empregados domésticos Trabalhador eventual (cujo


(assim considerados (assim considerados conceito é extraído do art.
aqueles que se amoldam ao aqueles que se amoldam ao 12, IV, da Lei 8.212/1991).
art. 2º, da CLT). art. 1º, da lei 5.859/1972).

Empregados rurais (assim Trabalhador autônomo


considerados aqueles que (cujo conceito é extraído do
se amoldam ao art. 2º, da art. 12, V, da Lei
Lei 5.889/1973). 8.212/1991).

Trabalhador avulso (cujo Trabalhador temporário


conceito é extraído do art. (assim considerados
12, VI, da lei 8.212/1991). aqueles que se amoldam ao
art. 2º, da Lei 6.019/1974).

É importante referir que corrente moderna defende a extensão dos


direitos constitucionalmente a todos os trabalhadores, não apenas
aos empregados. Contudo, este entendimento não deve ser acompanhado
para fins de provas objetivas, em face do texto expresso de lei, bem como,
em razão do posicionamento jurisprudencial majoritário.
Tecidas as considerações iniciais passemos à análise dos direitos
constitucionais dos trabalhadores.

3.2 - Caput do art. 7º, da CRFB


Dispõe o caput do art. 7º:
São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria
de sua condição social: (...).

Primeiro, conforme afirmado acima, a Constituição já no início do dispositivo


procurou igualar os direitos dos empregados urbanos e rurais.
12776742800

A importância dessa igualdade de direitos decorre do fato de que a CLT, no


art. 7º, b, exclui expressamente rurícola de sua tutela.
Art. 7º Os preceitos constantes da presente Consolidação salvo quando fôr em cada caso,
expressamente determinado em contrário, não se aplicam: (...) b) aos trabalhadores
rurais, assim considerados aqueles que, exercendo funções diretamente ligadas à
agricultura e à pecuária, não sejam empregados em atividades que, pelos métodos de
execução dos respectivos trabalhos ou pela finalidade de suas operações, se classifiquem
como industriais ou comerciais; (...).

Essa discriminação dos empregados rurais ocorre por fatores históricos e


políticos. A classe sempre foi fraca politicamente e desorganizada, de
forma que há tratamento diferenciado entre as espécies de empregados.
Em 1973, com a edição da Lei dos Rurícolas (Lei 5.889/1973) iniciou-se um
movimento no sentido de ampliar a proteção aos trabalhadores rurais. Mais

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

tarde, em 1988, essa proteção foi ampliada com a CF, que igualou ambos
os empregados.
Embora ainda haja certa resistência e o dispositivo da CLT permaneça
vigente, empregados urbanos e rurais têm recebido tratamento
semelhante, de modo que há, hoje, na doutrina, quem sustente a aplicação
integral da CLT aos empregados rurais não obstante a vedação constante
do art. 7º, b, da CLT, acima citado.
Por fim, o caput do art. 7º deixou claro que o rol constante de seus incisos
são exemplos de direitos trabalhistas, ou melhor, são os direitos
trabalhistas mínimos a serem assegurados aos empregados. Em razão
disso, à legislação infraconstitucional, aos tratados internacionais e à
negociação coletiva é dada atribuição de ampliar a proteção dos
trabalhadores.

O rol constante do art. 7º, da


Empregados urbanos e
CF, é exemplificativo. Às leis,
empregados rurais recebem o
aos tratados internacionais e à
mesmo tratamento
negociação coletiva é dada a
constitucional em relação aos
tarefa de ampliar esses
seus direitos.
direitos

3.3 - Direitos dos Trabalhadores em espécie (incisos do art. 7º)


Neste tópico, passaremos à análise de cada um dos incisos, tecendo os
comentários pertinentes ao assunto.
Vamos trazer algumas noções gerais, que serão retomadas ao longo no
nosso curso, quando os institutos trabalhistas forem estudados em
específico. A ideia, aqui, é de familiarização e adaptação com a disciplina.

I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa


causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória,
dentre outros direitos; 12776742800

Este inciso acabou com o sistema celetista de estabilidade no emprego,


razão pela qual os art. 492 a 500, todos da CLT, são considerados
revogados tacitamente para os empregados contratados após a
vigência da Constituição de 1988. Também foi extinta a velha
indenização celetista prevista no art. 477, caput, da CLT, remetendo à
legislação complementar a fixação de indenização compensatória.

PROTEGE-SE DUAS FORMAS •despedida arbitrária; e


DE EXTINÇÃO DO CONTRATO •despedida sem justa causa.

Por despedida arbitrária entende-se aquela que não se fundar em motivo


disciplinar, técnico, econômico ou financeiro, conforme menciona o art. 165,

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

da CLT. Por despedida sem justa causa a definição é a contrario sensu,


ou seja, se não se encaixar em nenhuma das hipóteses previstas no art.
482, da CLT, a despedida será considerada sem justa causa.
O dispositivo é de eficácia limitada, pois menciona que a proteção contra
a despedida arbitrária ou sem justa causa depende de lei complementar.
Embora seja considerado dispositivo de eficácia limitada, o constituinte
originário, no art. 10, da ADCT, previu regra transitória a ser aplicada até
a edição da referida lei complementar, segundo o qual:
Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o art. 7º, I, da
Constituição: I – fica limitada a proteção nele referida ao aumento, para quatro
vezes, da porcentagem prevista no art. 6º, ‘caput’, da Lei nº 5.107, de 13 de
setembro de 1966; (...).

A remissão legislativa encontra-se revogada, e é hoje disciplinada pelo art.


18, §1º, da Lei nº 8.036/1990 – Lei do FTGS – que prevê a multa
compensatória de 40% sobre os depósitos na conta vinculada do
trabalhador efetuados durante o contrato de trabalho.
Portanto, a CRFB prevê proteção ao trabalhador despedido
arbitrariamente ou sem justa causa a depender de lei
complementar. Enquanto a lei complementar não for editada aplica-
se a multa compensatória de 40% sobre os montantes depositados
na conta vinculada do empregado durante a vigência do contrato.

enquanto não foi


PROTEGE-SE A editada a lei, aplica-
conforme for
DESPEDIDA se multa no valor
definido em lei
ARBITRÁRIA OU equivalente a 40%
complementar
SEM JUSTA CAUSA dos depósitos de
FGTS

II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;

O seguro desemprego constitui benefício previdenciário devido ao


desempregado, desligado da empresa de forma involuntária, ou seja, sem
12776742800

justa causa, ou indiretamente.


Assim, não terá direito ao benefício o empregado que:

 pedir demissão;
 tiver o contrato a termo finalizado; ou
 for demitido por justa causa.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

SE ATENDIDOS AOS REQUISITOS LEGAIS, TERÁ DIREITO AO


SEGURO DESEMPREGO:

•o empregado em caso de desemprego involuntário (despedida sem justa


causa ou indireta);
•o pescador artesanal, durante o período de defeso; e
•o trabalhador resgatado de trabalho forçado ou em condição análoga a
de escravo pelos grupos de fiscalização do MTE.

O benefício é considerado de caráter pessoal e intransferível.

O empregado doméstico somente terá


direito ao seguro-desemprego e o
empregador optar por incluí-lo no FGTS.

III - fundo de garantia do tempo de serviço;

O FGTS tem natureza jurídica de indenização ao empregado que foi


dispensado de suas atividades. O Sistema do FGTS foi estabelecido
como substitutivo das indenizações fixadas no art. 477 e 478, ambos da
CLT, que preveem (embora não mais aplicável), indenização à base do
tempo que o empregado laborou na empresa.
O FGTS constitui, assim, meio de garantia previsto ao trabalhador que se
encontra desempregado, até que consiga novo posto de trabalho, cujo
objetivo precípuo é prover as necessidades do trabalhador durante o
período de desemprego.
Em razão disso, prevê a legislação específica que disciplina o FGTS – a Lei
8.036/1990 – que os empregadores depositarão mensalmente
percentual em conta vinculada do empregado, de forma a constituir
uma reserva financeira. Ao se desligar da empresa, o empregado poderá
resgatar tais valores.

FGTS 12776742800

•indenização devida ao empregado dispensado de suas atividades;


•tem por objetivo prover o trabalhador e família durante o período de
desemprego.

IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a


suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação,
educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com
reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua
vinculação para qualquer fim;

O salário mínimo constitui o menor valor que deve ser assegurado


mensalmente a um empregado. Foi instituído por Getúlio Vargas, por
meio da Lei 185/1936 e pelo decreto 399/1938.
Destacamos algumas características importantes sobre o salário mínimo:

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

 será determinado por lei nacional, ou seja, aplicável a todo o


território, razão pela qual não se aceitam salários mínimos
diferenciados entre estados-membros;

 deve ser tal que possa atender às necessidades vitais básicas do


trabalhador e de sua família com moradia, alimentação, educação,
saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social.
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;

O piso salarial é o menor valor que determinada categoria de


empregados deve receber, não podendo ser, obviamente, inferior ao
salário mínimo. Em termos bastantes simples, salário mínimo difere de piso
salarial, pois enquanto aquele constitui regra geral aplicável a todos os
trabalhadores, o piso salarial, constitui regra específica para determinada
categoria de empregados, segundo a extensão e complexidade do trabalho
que executam.

Menor valor que determinada categoria de


PISO SALARIAL profissionais deve receber a título de
remuneração.

VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;

Segundo Renato Saraiva4, a irredutibilidade dos salários dos empregados


está fundada em dupla regra:

 na regra de que os pactos devem ser cumpridos (pacta sunt


servanda); e
 na regra da inalterabilidade contratual lesiva.
Entretanto, a CF expressamente cria a possibilidade de redução temporária
dos salários com a finalidade de preservar a empresa, desde que a redução
seja acordada em negociação coletiva (ACT ou CCT), e não superior a 2
anos. De toda forma, tal redução não poderá implicar em vencimentos
12776742800

inferiores ao salário mínimo.

REGRA iredutíveis

1 - redução temporária
SALÁRIOS (não superior a 2
anos);
2- com a finalidade de
EXCEÇÃO requisitos: preservação da
empresa; e

3 - acordada em
negociação colativa.

4
SARAIVA, Renato. Direito do Trabalho, p. 112/3.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem


remuneração variável;

Existem diversas formas de remunerar os empregados. A regra é o salário


fixo, para o qual prevê o inc. IV o salário mínimo como patamar do qual
não se pode descurar. Todavia, existem empregados que são remunerados
à base de comissões (comissionistas), por tarefas (tarefistas) e por peça
(pecistas). Para estes casos, a CF se precaveu determinando que mesmo
para aqueles que recebem salário variável no final do mês o mínimo deverá
ser respeitado.
Em regra, os empregados que recebem remuneração variável,
podem ter vencimento básico inferior ao mínimo legal. Contudo, ao
final do mês ao se somarem as parcelas fixas e variáveis, nunca poderá ser
inferior ao salário mínimo.
Sobre este inciso, lembre-se:

Os empregados que recebem por remuneração variável


podem ter vencimento básico inferior ao mínimo legal.

VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da


aposentadoria;

O 13º (antigamente denominado de gratificação natalina) constitui


gratificação de natureza salarial a ser paga pela entidade patronal
aos empregados. O benefício estende-se, segundo nossa Constituição,
aos empregados urbanos, rurais, avulsos, assim como ao empregado
doméstico.
O 13º é regulamentado pela Lei 4.090/1962, que determina que o
empregado terá direito no final do ano, no mês de dezembro, à gratificação
salarial, que corresponderá a 1/12 avos da remuneração devida em
dezembro, por mês de serviço, do ano correspondente.
Em relação aos empregados que recebem
remuneração variável, o cálculo do 13º observará
12776742800

a medida salarial percebida entre os meses de janeiro


de novembro.

DÉCIMO
Gratificação de natureza salarial paga aos
TERCEIRO
empregados por ocasião do final do ano.
SALÁRIO

IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;

Este inciso prevê um acréscimo monetário, na forma de adicional noturno,


para quem trabalha em período noturno. É sabido cientificamente que o
trabalho à noite traz prejuízos fisiológicos, psicológicos e sociais ao
empregado, razão pela qual foi instituído o valor adicional ao trabalho.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

O assunto será detalhado em aula futura, entretanto, desde logo, é


importante memorizar o valor dos percentuais, que variam de acordo com
o empregado, segundo nossa legislação:

ADICIONAL NOTURNO

Trabalhador Trabalhador Rural


Urbano

Percentual 20% 25%

Período das 22h às 05h das 21h às 05h, para rurícola que trabalha na lavoura

das 20h às 04h para o rurícola que trabalha na


pecuária

Hora ficta? Sim, de 52’ e 30” Não, sendo de 60”

X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;

Este dispositivo foi colocado expressamente na CF porque o salário possui


natureza alimentar, vale dizer, em regra os salários auferidos pelo
empregado são destinados ao sustento próprio e de sua família. Por conta
disso, a ordem jurídica dispensa uma série de proteções ao salário.
De acordo com a CF, a retenção do salário constitui crime. Contudo, de
acordo com a doutrina majoritária, esse crime para ser aplicável depende
de legislação infraconstitucional em função do princípio da tipicidade penal.
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e,
excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;

A participação nos lucros ou resultados da empresa não possui caráter


salarial, conforme expressamente prevê a Constituição.
A regulamentação por legislação infracional ocorreu com a Lei 10.101/2000.
12776742800

A participação nos lucros constitui elemento motivador da vontade


produtiva do empregado, não tornando o empregado sócio da empresa,
nem descaracterizando a relação de trabalho.
Em relação à previsão de participação do empregado na gestão da empresa,
trata-se de norma constitucional de eficácia limitada, que carece de
regulamentação infraconstitucional.

PARTICIPAÇÃO não tem natureza regulamentada pela


NOS LUCROS salarial Lei 10.101/2000

PARTICIPAÇÃO NA
GESTÃO DA não regulamentado
EMPRESA

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos


termos da lei;

O salário família não constitui parcela de natureza


salarial, uma vez que se trata de benefício
previdenciário, regulamentado pela Lei 8.213/1991,
sendo pago ao empregado de baixa renda, que possua
filhos até 14 anos de idade (ou inválido de qualquer idade).
Esse benefício previdenciário, calculado em razão do salário mínimo, é
concedido aos empregados (urbanos e rurais), assim como aos
trabalhadores avulsos, porém, não se estende aos domésticos.
O pagamento é efetuado pelo empregador, que posteriormente compensa
os valores do benefício previdenciário com as contribuições sociais devidas
pela empresa, constituindo verdadeira forma de substituição tributária.
Portanto, para ter direito ao salário-família, o interessado deverá fazer
prova de que possui filhos menor de 14 anos ou inválidos de qualquer idade.
A partir dessa comprovação, terá direito ao benefício.
Sobre o salário-família, lembre-se:

SALÁRIO FAMÍLIA

•não constitui parcela de natureza salarial;


•devido ao empregado de baixa renda que possua filhos menores de 14
anos ou inválidos (de qualquer idade);
•não se estende aos empregados domésticos; e
•será calculado em função do salário mínimo.

XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e
quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada,
mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;

A jornada de trabalho normal terá duração de 8 horas por dia e 44 horas


por semana, de forma que o excedente a estes limites será considerado
trabalho extraordinário, exceto se houver compensação de horários.
12776742800

JORNADA MÁXIMA

44 horas semanais 8 horas diárias

XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de


revezamento, salvo negociação coletiva;

Este inciso prevê jornada de 6 horas diárias para empregados que


trabalham em turnos ininterruptos de revezamento.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

O trabalho por turnos, segundo Renato Saraiva5 “é aquele em que grupos


de trabalhadores se sucedem, cumprindo horários que permitam o
funcionamento ininterrupto da empresa. Com isso, os trabalhadores são
escalados para prestar serviços em diferentes períodos de trabalho (manhã,
tarde e noite), trazendo efeitos prejudiciais ao empregado”.
A regra, todavia, comporta exceção ao prever a possibilidade de jornada
de 8 horas diárias para aqueles que trabalham em turnos ininterruptos de
revezamento, desde que haja previsão em negociação coletiva.
Assim:

REGRA 6 horas diárias


JORNADA EM
TURNO
ININTERRUPTO DE
REVEZAMENTO
8 horas diárias, a
EXCEÇÃO depender de
negociação coletiva

XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;

O repouso semanal remunerado – RSR –, também conhecido como


descanso hebdomadário, é regulado pela Lei 605/1949, sendo de 24 horas
consecutivas, observando-se requisitos de frequência e de pontualidade ao
longo da semana.
O instituto tem por natureza conceder um descanso para recomposição
de forças do trabalhador, de forma a assegurar a dignidade do
empregado. Esse descanso permite atividades fora da empresa e possibilita
contato com familiares, bem como, segundo cientistas, mantém a
produtividade do empregado ao longo do tempo e evita acidentes de
trabalho pelo desgaste excessivo.

12776742800

•empregados rurais;
A LEI 605/1949 ESTENDE O INSTITUTO
•trabalhadores avulsos; e
AOS:
•empregados públicos.

Sobre o RSR, lembre-se:

RSR:

•descanso que atende a necessidades de saúde e segurança do


empregado;
•será pelo período de 24 horas consecutivas;
•para a concessão depende de frequência e pontualidade do empregado.

5
SARAIVA, Renato. Direito do Trabalho, p. 119.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por


cento à do normal;

A remuneração por serviço extraordinário é prevista em razão de que o


trabalho além da jornada regular constitui circunstância gravosa para o
empregado. Em última análise, tal como o RSR (acima estudado) o adicional
de horas extras constitui norma de saúde e segurança no trabalho, em
razão de que o empregado submetido à extensa jornada de trabalho está
mais suscetível a sofrer acidentes de trabalho em razão do cansaço.
É importante ressaltar que as horas extraordinárias, em regra, ocorrerão
nas 9ª e 10ª horas da jornada diárias, pois a jornada padrão será de 8
horas. Contudo, caso o empregado tenha sido contrato para jornada diária
de 6 horas, terá direito à remuneração de horas extraordinárias, para as
horas excedentes à 6º, ou seja, se em determinado dia o empregado
trabalhar 8 horas, receberá a 7ª e 8ª horas como extraordinárias, fazendo
jus ao adicional previsto neste inciso.
ADICIONAL DE HORAS

mínimo 50% (CF)

máximo de 2 horas diárias (CLT)


EXTRAS

não se incorpora ao salário (TST)

constitui norma de saúde e segurança.

XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que
o salário normal;

As férias constituem hipótese de interrupção contratual, disciplinada


pela CLT, nos art. 129 ao art. 153, entendido como um direito
irrenunciável do empregado.
Juntamente com as férias, deve ser pago ao empregado adicional de 1/3,
12776742800

calculado sobre o salário normal do empregado, em até dois dias antes do


início do período de férias.
Tal como outras interrupções que já estudamos nesta aula, as férias têm
por objetivo propiciar períodos de descanso permitindo o convívio familiar
e a recuperação da capacidade produtiva.
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de
cento e vinte dias;

A licença maternidade constitui hipótese de interrupção contratual pelo


período de 120 dias, em regra, podendo ser estendido por mais 60 dias
a custas do empregador, mediante incentivos fiscais, conforme prevê a
Lei 11.770/2008.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

O afastamento poderá ocorrer a partir do 28º dia antes do parto, a depender


de orientação médica, perdurando por 120 ou até 180 dias a depender do
caso.
O afastamento de 120 dias é aplicável à adotante, independentemente da
idade da criança, nos termos previstos no art. 392-A, da CLT.
Art. 392-A. À empregada que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção
de criança será concedida licença-maternidade nos termos do art. 392.

Esse dispositivo é importante, pois a Lei 12.010/2009 revogou seus


parágrafos, que previam uma escala de licença em função da idade do filho.
Hoje, independentemente da idade da criança ou adolescente sob
guarda ou adoção conferirá direito a afastamento de 120 dias.
Assim:

a partir do 28º dia poderá ser


antes do parto, a por até 120 dias, a estendido por mais
depender de contar no início do 60 dias, nos
determinação afastamento termos da Lei
médica 11..770/2008

Como o salário maternidade constitui benefício previdenciário, será


pago pela empresa que, posteriormente, efetivará a compensação com
demais recolhimentos de natureza previdenciária. Contudo, em relação às
gestantes avulsas, autônomas e empregadas domésticas, o pagamento de
tal benefício será feito diretamente pela Previdência Social.
Em síntese:

LICENÇA MATERNIDADE:

•120 dias (obrigatório) + 60 dias (empresa cidadã);


•benefício previdenciário pago pela Previdência Social;
•no caso de empregados urbanos urbanos e rurais o pagamento será feito
pelo empregado com ulterior compensação na folha de pagamento
12776742800

(substituição tributária).
•no caso de trabalhadoras avulsas, autônomas e empregadas domésticas o
pagamento do benefício se dá diretamente pela Previdência Social.

XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;

A licença paternidade constitui hipótese de interrupção contratual cuja


regulamentação depende de lei infraconstitucional. Contudo, enquanto não
sobrevier legislação sobre o assunto, aplica-se o art. 10, §1º, da ADCT, que
prevê o afastamento pelo período de cinco dias corridos, cujo termo
inicial é o dia do parto.
Lembre-se:

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

•hipótese de interrupção contratual


LICENÇA
•por 5 dias
PATERNIDADE
•a contar do parto

XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos,


nos termos da lei;

Entende a doutrina que este inciso consagra verdadeiro desdobramento


do princípio da isonomia. Trata-se da aplicação material do princípio da
igualdade, pois, sabidamente, a mulher encontra-se em posição
desprivilegiada no mercado de trabalho.
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias,
nos termos da lei;

O aviso prévio reflete garantia às partes da relação de emprego contra


a ruptura inesperada por alguma das partes contratantes. Para o
empregado constitui subsídio financeiro até que encontre novo posto de
trabalho, para os casos de ruptura inesperada do contrato de trabalho. Para
o empregador constitui garantia/indenização contra o empregado que se
desliga da empresa de forma surpreendente.
Antes da Constituição de 1988 o aviso prévio era de 8 dias, conforme previa
o revogado art. 487, II, da CLT. Com a lei 1.530/1951, a regra foi alterada
para 30 dias para os que auferissem remuneração mensal e de 8 dias para
trabalhadores que recebessem por dia. Com a Constituição de 1988 a regra
foi unificada e passou-se a exigir 30 dias, no mínimo,
independentemente da forma de remuneração, conforme o inciso em
análise. Atualmente, tornando plenamente eficaz o regramento
constitucional, a Lei 12.506/2011, prevê patamares proporcionais de
aviso prévio a depender do tempo que o empregador permaneceu
laborando perante a empresa, podendo atingir 90 dias.
Assim:

até 1 ano de serviço 12776742800

30 dias de aviso prévio

até 2 anos de serviço 33 dias de aviso prévio

até 3 anos de serviço 36 dias de aviso prévio

... ...

até 10 anos de serviço 57 dias de aviso prévio

... ...

até 18 anos de serviço 81 dias de aviso prévio

até 19 anos de serviço 84 dias de aviso prévio

até 20 anos de serviço 87 dias de aviso prévio

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

mais de 20 anos de serviço 90 dias de aviso prévio

XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde,
higiene e segurança;

O dispositivo impõe ao legislador a preocupação com a higidez física e


mental do trabalhador. Muitas atividades expõem a risco o trabalhador, às
vezes são evitadas ou inibidas por meio do uso de equipamentos
específicos, os EPIs, ou por meio de adaptações no ambiente de trabalho.
Esta é a função primordial desse inciso: criar mecanismos, padrões
mínimos de exigência, regras fiscalizatórias para que o empregado
encontre-se o mínimo possível vulnerável às intempéries
laborativas.
A título de ilustração, em SST existe um contingente importante6 de Normas
Regulamentadoras, de observância obrigatória pelas empresas, que
cominam uma série de obrigações aos empregadores e empregados, cuja
inobservância poderá incorrer em penalidade administrativa.
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou
perigosas, na forma da lei;

•decorre da exposição a agentes nocivos, acima


INSALUBRIDADE
dos limites de tolerância;

•decorre do contato com inflamáveis ou


PERICULOSIDADE
explosivos em condições de risco acentuado; e

•inaplicável por inexistência de regulamentação


PENOSIDADE
infraconstitucional.

Assim como nos casos de horas extras, o trabalho excessivamente gravoso


gera remuneração diferenciada, por meio de pagamento de adicional. Ao
adicional de insalubridade e periculosidade aplica-se o previsto no art. 192
e no art. 193, ambos da CLT; ao passo que em relação ao adicional de
penosidade ante a ausência de previsão legal é inaplicável.
12776742800

A insalubridade é paga de acordo com graus de intensidade.


Já a periculosidade possui percentual fixo de 30% sobre o salário base.
Por ora, devemos lembrar:

6
De acordo com o site do Ministério do Trabalho e Emprego são 36 normas
regulamentadoras em vigência, envolvendo as mais específicas atividades como, por
exemplo, o trabalho em indústria de construção civil, o trabalho com inflamáveis, o
trabalho em máquinas e equipamentos, o trabalho em transporte, movimentação,
armazenamento e manuseio de materiais.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

INSALUBRIDADE PERICULOSIDADE PENOSIDADE

exposição a agentes nocivos contato com inflamáveis ou


inaplicável por depender de
acima dos limites de explosivos em condições de
regulamentação
tolerância risco acentuado

pago à razão d0 10, 20 ou


40% a depender do grau 30% sobre o salário base
segundo limites
estabelecidos pelo MTE

XXIV - aposentadoria;

A aposentadoria constitui benefício previdenciário a que faz jus o


empregado, após cumprir com uma série de requisitos, em especial
tempo de contribuição e idade. Trata-se de direito prestacional que visa
garantir a subsistência do empregado num momento da vida no qual não
terá mais condições de trabalhar, constituindo um direito básico da
sociedade moderna. Este direito estende-se aos trabalhadores urbanos e
rurais, assim como dos trabalhadores avulsos e empregados domésticos.
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco)
anos de idade em creches e pré-escolas;

Após o nascimento e o gozo do período destinado à licença-maternidade e


licença-paternidade os genitores retornam ao serviço. Contudo, embora
haja a previsão constante do art. 389, §1º, da CLT, a permanência dos
filhos no ambiente de trabalho dos pais não é adequado.
Em razão disso, o texto constitucional conferiu ao Estado a guarda das
crianças durante o período de trabalho, por meio da assistência gratuita
até os 5 anos de idade.
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;

A negociação coletiva é um dos principais métodos de solução de conflitos


trabalhistas e de pacificação social disponíveis no Direito do Trabalho, na
12776742800

medida em que a solução é dada pelos próprios indivíduos envolvidos no


conflito.
Segundo a CF, é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações
coletivas, nos termos do art. 8º, VI.
Art. 8º,(...) VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas
de trabalho; (...)

Além disso, a CRFB, no art. 114, §2º, facultou o ajuizamento do dissídio


coletivo pelas partes que se recusarem à negociação coletiva.
Art. 114. (...)§ 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à
arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de
natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as
disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas
anteriormente

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

A negociação coletiva é viabilizada por dois instrumentos: acordo coletivo


de trabalho (ACT) ou convenção coletiva de trabalho (CCT):

ACT CCT

Instrumento normativo
pactuado entre sindicato da
Instrumento normativo
categoria profissional (dos
pactuado entre o sindicato da
trabalhadores) e o sindicato da
categoria profissional e uma
categoria econômica
ou mais empresas, objetivando
(patronal), com oobjetivo de
estipular condições aplicáveis
fixar condições de trabalho
às relações trabalho dentro da
aplicáveis às relações de
empresa acordante.
trabalho no âmbito das
respectivas representações.

XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;

A automação consiste no controle das atividades da empresa por


mecanismos mecânicos ou eletrônicos, em substituição ao trabalho
humano.
Trata-se de regra de eficácia limitada que objetiva proteger a mão-de-
obra humana em face do crescimento tecnológico nas empresas, gerando a
necessidade de especialização da mão-de-obra humana
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a
indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;

O seguro contra acidente de trabalho é de responsabilidade do INSS. Ao


empregador é transferido, apenas, a responsabilidade de recolher
contribuição social adicional a título deste seguro.
Portanto, devemos compreender que ações judiciais para discutir o
pagamento do seguro contra acidente de trabalho (ações acidentárias) são
lides previdenciárias derivadas de acidente de trabalho promovidas pelo
trabalhador em face do INSS. 12776742800

Por outro lado, o empregado – para além do seguro contra acidente de


trabalho – poderá pleitear indenização contra o empregado, quando este
incorrer em dolo ou culpa. Nesse caso, a competência para o julgamento é
da Justiça do Trabalho, conforme prevê o art. 114, VI, da CF.
Art. 114, (...).VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes
da relação de trabalho; (...).

Vejamos um quadro comparativo:

SEGURO CONTRA ACIDENTE DE TRABALHO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO

É de responsabilidade do INSS. Se procedente a ação será de


responsabilidade exclusiva do
empregador.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

Ao empregado compete recolher


mensalmente contribuição
previdenciária a tal título

Objetiva propiciar condições até a Constitui indenização para suprir lucros


recuperação do empregado. cessantes, danos emergentes e danos
morais sofridos.

Ação previdenciária ajuizada contra Ação indenizatória ajuizada contra o


INSS empregado.

A ação será julgada pela Justiça A competência será da justiça


Comum. especializada, a Justiça do Trabalho.

XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo
prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de
dois anos após a extinção do contrato de trabalho;

Dos direitos constitucionais dos trabalhadores, este é o mais incidente em


provas de concurso público.
Prevê o inc. XXIX que o direito de ação para cobrança de créditos
decorrentes do contrato de trabalho é limitado, por razões de segurança
jurídica, a:
 2 anos após a extinção do contato, contados ”para frente”
(prescrição bienal); e
 5 anos do ajuizamento da reclamatória trabalhista, contados
“para traz” (prescrição quinquenal).
Assim, decorrido o prazo prescricional o interessado
perde a possibilidade de exigir o direito
judicialmente, porque não o fez no tempo
oportuno.
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de
admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;

O inciso prevê forma de explicitação do princípio da isonomia, que


12776742800

demonstra a nítida preocupação do legislador constituinte com a


proteção aos portadores de deficiência, mulheres, jovens, idosos,
etc. Segundo Ricardo Resende7 este princípio permite ao Poder Público, por
meio de políticas públicas, implementar ações afirmativas, visando a
corrigir distorções provocadas por histórico de discriminação.
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de
admissão do trabalhador portador de deficiência;

Novamente o legislador constitucional editou outro dispositivo visando à


promoção da isonomia constitucional, vedando práticas discriminatórias
relativa a um setor específico da comunidade, os portadores de
necessidades especiais.

7
RESENDE, Ricardo. Direito do Trabalho Esquematizado, p. 1083.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

Pelas regras do mercado, uma pessoa portadora de deficiência não teria


lugar no mercado de trabalho, pois ela, ainda hoje, é estigmatizada no
sentido de que produz menos, é menos capaz comparada a um empregado
sem qualquer mazela.
Trata-se de uma exigência constitucional para o desenvolvimento de regras
e de políticas públicas voltadas à proteção do mercado de trabalho das
pessoas portadoras de necessidades especiais.
As pessoas portadoras de necessidades especiais
podem ser entendidas como aquelas que
apresentam, em caráter permanente, perdas ou
anormalidades de sua estrutura ou função psicológica, fisiológica,
ou anatômica, que gerem incapacidade para o desempenho de
atividade, dentro do padrão considerado normal para o seu humano.
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre
os profissionais respectivos;

A complexidade da atividade deve ser levada em consideração no que tange


à remuneração. Contudo, esse dispositivo, veda a criação de distribuições
entre trabalhos, violadores dos direitos de personalidade.
Ademais, veda a discriminação entre empregadores em razão da formação
da formação.
Evidentemente que esses aspectos são mais facilmente aferidos diante de
um caro concreto, denotadamente, em ações judiciais visando indenizações
por danos morais em relações de trabalho.
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito
e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz,
a partir de quatorze anos;

Novamente estamos diante de uma regra protetiva. Neste caso, objetiva à


proteção das crianças e adolescente no mercado de trabalho. Conforme
estuda-se em Direito da Criança e do Adolescente os menores encontram-
se em desenvolvimento, razão pela qual a realização de trabalho em
condições mais gravosa poderá implicar prejuízos à formação do
12776742800

adolescente, de natureza física, psíquica ou moral, bem como prejudicar a


frequência escolar. O fundamento desta regra é extraído do princípio da
proteção integral, previsto no art. 227, da CF.
A CLT dedica capítulo inteiro à proteção do trabalho do menor (IV), nos art.
402 e seguintes que, dentre outras regras, prevê a proibição de trabalho
em locais prejudiciais à moralidade do menor ou em locais perigosos e
insalubres; exige a prévia autorização judicial para o trabalho de menores
em logradouros públicos, tais como praças e ruas; ou, até mesmo, a
vedação do gozo de períodos de descansos nas instalações da empresa, por
determinação da autoridade fiscalizadora.
Outra questão importante relativa ao trabalho do menor e que será
estudada detidamente em aula específica neste Curso refere-se à

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

aprendizagem, importante veículo de inserção do jovem no mercado de


trabalho formal.
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício
permanente e o trabalhador avulso.

Avulso é o trabalhador eventual que oferece sua energia de trabalho por


curtos períodos de tempo, a distintos tomadores, sem se fixar
especificamente a nenhum deles, havendo a intermediação de órgãos
especiais (OGMO ou sindicato).
Conforme tratamos acima, o referido dispositivo enuncia igualdade entre
trabalhadores com vínculo empregatício e trabalhadores avulsos.

3.4 Proteção constitucional aos empregados domésticos (§


único do art. 7º, da CF)
Ao empregado doméstico aplica-se a Lei 5.859/1972 – Lei dos Domésticos
–, o Decreto 71.885/1973 e o Decreto 3.361/2000. Além disso, no § único
do art. 7º da CF são arrolados diversos direitos constitucionais trabalhistas
aos empregados domésticos.
O empregado doméstico não é regido pela CLT. Em muitas situações acaba-
se aplicando alguns artigos do texto consolidado por analogia.
Enquadram-se como empregados domésticos aqueles que se subsumem à
previsão constante do art. 1º da Lei dos Domésticos:
Art. 1º Ao empregado doméstico, assim considerado aquele que presta serviços de
natureza contínua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família no âmbito
residencial destas, aplica-se o disposto nesta lei.

Desse conceito destaca a necessidade de que o empregador doméstico não


objetive lucro com a prestação pessoal de serviços do empregado
doméstico, de forma que, ainda que trabalhe no âmbito residencial, o
empregado será considerado urbano, caso além das atividades domésticas
auxilie na elaboração de bolos ou doces destinados à venda pelo
empregador. 12776742800

São exemplos de empregados domésticos: faxineiro; cozinheiro; babá;


motorista particular; marinheiro particular; cuidador de idoso; jardineiro
particular; e caseiro.
Após longo período de debates nas casas do Congresso Nacional o Projeto
de Emenda Constitucional nº 66/2012 foi aprovado tornando-se a Emenda
Constitucional nº 72/2013, que alterou o § único do art. 7º, da CRFB:
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os
direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI,
XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei
e observada a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e
acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos
nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência
social.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

Assim, atualmente aos domésticos distinguem-se dois grupos de


direitos: aqueles que são assegurados desde a vigência da Emenda
(não dependem de regulamentação) e direitos cuja aplicação depende
de regulamentação infraconstitucional.
A fim facilitar, vejamos os quadros abaixo.
(1) São direitos assegurados desde logo aos trabalhadores domésticos
independentemente de regulamentação infraconstitucional:

Salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a


suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação,
IV educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social,
com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada
sua vinculação para qualquer fim.

VI Irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo.

Garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem


VII
remuneração variável.

Décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da


VIII
aposentadoria.

X Proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa.

Duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e


XIII quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada,
mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho.

XV Repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos.

Remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por


XVI
cento à do normal.

Gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que
XVII
o salário normal.

Licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de


XVIII
cento e vinte dias.
12776742800

XIX Licença-paternidade, nos termos fixados em lei.

Aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias,


XXI
nos termos da lei.

Redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde,


XXII
higiene e segurança.

XXIV Aposentadoria.

XXVI Reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho.

Proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de


XXX
admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

Proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de


XXXI
admissão do trabalhador portador de deficiência.

Proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os


XXXIII
profissionais respectivos.

(2) São direitos assegurados aos empregados domésticos, desde que lei
infraconstitucional, regulamente sua aplicação, observando a simplificação
do cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias de tais
direitos:

Relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa,


I nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória,
dentre outros direitos.

II Seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário.

III Fundo de garantia do tempo de serviço.

IX Remuneração do trabalho noturno superior à do diurno.

Salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda


XII
nos termos da lei.

Assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco)


XXV
anos de idade em creches e pré-escolas.

Seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a


XXVIII
indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.

3.5 Liberdade de associação


12776742800

Em relação à liberdade de associação não há maiores preocupações para o


nosso concurso. Vejamos, apenas, os dispositivos:
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de
sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público
a interferência e a intervenção na organização sindical;
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer
grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base
territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados,
não podendo ser inferior à área de um Município;
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou
individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas;
IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria
profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em


lei;
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho;
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais;
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro
da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda
que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos
termos da lei.
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos
rurais e de colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.

3.6 Direito de Greve


Do mesmo modo, em relação ao direito de greve, vejamos a regra geral:
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir
sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele
defender.
§ 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento
das necessidades inadiáveis da comunidade.
§ 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.

Vejamos, por fim, os arts. 10 e 11:


Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos
colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou
previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação.
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de
um representante destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o
entendimento direto com os empregadores.

4 - Nacionalidade

4.1 - Introdução 12776742800

Deste modo, será nacional de determinado Estado a pessoa que possuir


vínculo jurídico-político com o Estado, ou seja, àquele que for considerado
povo de determinado Estado.

A nacionalidade é considerada o vínculo


NACIONALIDADE jurídico-político estabelecido entre o
indivíduo e determinado Estado.

Desse modo, a pessoa na qualidade de nacional do Estado será identificada


como membro daquele País, podendo exigir a proteção estatal, porém se
sujeitando aos deveres impostos a todos.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

DEVE
PODE EXIGIR OBSERVAR
PROTEÇÃO CIDADÃO DEVERES
ESTATAL IMPOSTOS A
TODOS

A doutrina tradicionalmente distingue dois MODOS de nacionalidade:


originária e a adquirida:
 a originária (de origem, primária, ou nata),
resultante do nascimento da pessoa.
Nasceu no território brasileiro ou é filho de pais
brasileiros será nacional do nosso Estado.
 a adquirida (secundária ou decorrente de
naturalização), quando, após o nascimento, a
pessoa preenche uma série de requisitos e postular
a aquisição da nacionalidade.
Permaneceu regularmente por anos dentro do
território brasileiro e preencheu demais requisitos
legais será brasileiro.
Esses critérios são fundamentais para a distinção entre natos e
naturalizados, que veremos adiante. Para facilitar a absorção da matéria,
desde logo, associe:

NACIONALIDADE

ORIGINÁRIA ADQUIRIDA

nato naturalizado

Além disso, doutrinariamente, fala-se em CRITÉRIOS distintos para a


12776742800

aquisição da nacionalidade.

CRITÉRIOS PARA AQUISIÇÃO DA •territorial (jus soli)


NACIONALIDADE •sanguíneo (jus sanguini)

Segundo o critério da origem territorial (denominado também de jus


soli) será nacional aquele que nascer no território brasileiro.
O critério da origem sanguínea (jus sanguinis) leva em consideração a
ascendência da pessoa. Deste modo, se os pais são nacionais de
determinado Estado é natural estendê-la aos filhos.
Logo, não confunda modos com critérios de aquisição da nacionalidade.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

Ambos os critérios relacionam-se com o modo originário de aquisição da


nacionalidade.

•Originária
MODOS
•Derivada

•Jus Soli
CRITÉRIOS
•Jus Sanguini

Em nosso ordenamento, a nacionalidade é um direito fundamental e vem


disciplinado nos arts. 12 e 13, da CF, que passamos a analisar:
Art. 12. São brasileiros:
I - NATOS:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros,
desde que estes NÃO estejam a serviço de seu país;
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, DESDE QUE
qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, DESDE QUE
sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na
República Federativa do Brasil E optem, em qualquer tempo, depois de atingida a
maioridade, pela nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 54, de 2007)
II - NATURALIZADOS:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos
originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto
e idoneidade moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do
Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, DESDE QUE
requeiram a nacionalidade brasileira. (Redação dada pela Emenda Constitucional de
Revisão nº 3, de 1994) 12776742800

Dos dispositivos acima podemos distinguir nacionalidade originária (art. 12,


I) e nacionalidade derivada (art. 12, II).

4.2 Brasileiro Nato


São três as hipóteses constitucionais, acima citadas.
(i) Nascidos no Brasil (art. 12, I, a, da CF). Trata-se de nacionalidade
nata brasileira definida em função do critério territorial (jus soli). Deste
modo, independentemente da nacionalidade dos genitores, se a pessoa
nascer no território brasileiro será brasileiro nato.
Como tudo em direito, as exceções existem para confirmar a regra. Aqui, a
própria CF delimita uma exceção que é fundamental para a nossa prova:

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

SE OS PAIS ESTIVEREM NO BRASIL A SERVIÇO


DO ESTADO DE ORIGEM, AINDA QUE NASCIDA
EM NOSSO TERRITÓRIO, A PESSOA NÃO SERÁ
BRASILEIRA NATA.
Vejamos algumas hipóteses.
1 - Se os pais forem brasileiros e a pessoa nascer aqui, será brasileira.
Quanto a essa hipótese não resta qualquer dúvida!
2 - Se um dos pais for brasileiro, nascendo em nosso território, a pessoa
será brasileira nata igualmente.
3 - Se ambos os pais não forem brasileiros, devemos nos atentar para duas
situações:
1ª hipótese: se os pais estiverem no Brasil a serviço do país de
origem, a criança não será nacional originária do nosso Estado.
2ª hipótese: se os pais estiverem no Brasil em razão de emprego
privado, a passeio, a negócios etc., o recém-nascido será brasileiro
nato.

FILHO DE PAIS ESTRANGEIROS


QUE NASCE NO BRASIL

regra exceção

brasileiro estrangeiro

SE AO MENOS UM DOS PAIS ESTIVER A


12776742800

SERVIÇO DO PAÍS DE ORIGEM

Para não restar qualquer dúvida sobre o dispositivo, devemos compreender


a extensão do termo “território” para fins de determinar quem será
nacional. Vimos que território é a delimitação espacial do Estado. Nesse
contexto, para bem compreendermos o assunto, vejamos os ensinamentos
de Rodrigo Padilha8:
Por território brasileiro deve ser entendido como o limite espacial dentro do qual o
Estado exerce, de modo exclusivo e efetivo, o poder de império sobre as pessoas e
bens, ou seja, as terras delimitadas pelas fronteiras geográficas, com rios, lagos,
baías, golfos, ilhas, bem como espaço aéreo e o mar territorial, formando o território
propriamente dito; os navios e aeronaves de guerra brasileiros, onde quer que se

8
PADILHA, Rodrigo, Direito constitucional, 4ª edição. Rio de Janeiro: Forense e Método,
2014, versão eletrônica.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

encontrem; os navios mercantes brasileiros em alto-mar ou de passagem em mar


territorial estrangeiro; as aeronaves civis brasileiras em voo sobre o alto-mar ou de
passagem sobre águas territoriais ou espaços aéreos estrangeiros.

(ii) Nascido no estrangeiro cujo genitor brasileiro está a serviço do


Brasil (art. 12, I, b, da CF).
Essa hipótese relaciona-se com o critério sanguíneo de aquisição da
nacionalidade, de modo que pelo menos um dos genitores deverá ser
brasileiro e estar a serviço do Brasil no exterior.
Lembre-se:

Ao menos um dos pais brasileiros.

Esse genitor brasileiro deve estar a serviço do Brasil

(iii) Nascidos no estrangeiro de pai ou mãe brasileiros que seja


registrado brasileiro ou que venha residir em nosso país e opte pela
nacionalidade brasileira (art. 12, I, c, da CF).
Deste modo, o dispositivo consagra duas hipóteses para a nacionalidade
brasileira.
Na primeira hipótese, se a pessoa que nascer no exterior for filho de pai ou
mãe brasileiros que esteja no exterior e os pais forem registrá-lo na
repartição competente, essa pessoa será brasileira nata.
A segunda hipótese também se aplica à pessoa que nascer no exterior e um
dos genitores for brasileiro que esteja no exterior, mas não a serviço do
Brasil. Contudo, aqui, os pais optam por não registrá-lo. O tempo passa, a
pessoa retorna ao Brasil, se assim desejar, poderá manifestar, quando
plenamente capaz (ou seja, após atingir a maioridade), o desejo pela
nacionalidade brasileira. Se assim o fizer, será considerada brasileiro nato.

nascido no território brasileiro,


12776742800

desde que os pais estrangeiros não


estejam a serviço de seus
respectivos países
BRASILEIRO
NATO

nascido no estrangeiro, porém filho


de pai ou mãe brasileiros, que estão
no exterior a serviço do Brasil
seja resgistrado no Consulado

nascido no estrangeiro, de pai ou


mãe brasileiros, que não estejam à
serviço do Brasil, desde que: venha residir no Brasil e opte, em
qualquer tempo depois de atingir a
maioridade civil, pela nacionalidade
brasileira.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

Vimos, assim, as regras constitucionais que disciplinam quais são os


brasileiros natos.

4.3 Brasileiro Naturalizado


O brasileiro naturalizado, como vimos na introdução do tópico, é aquele que
adquire a nacionalidade brasileira (modo derivado de aquisição) e preenche
os requisitos e condições estabelecidos pela nossa Constituição.
Existem duas espécies de naturalização: a tácita e a expressa. Importante
registrar, ainda, que a expressa divide-se em ordinária e extraordinária.

NATURALIZADOS

tácita expressa

ordinária extraordinária

Preparados?

4.3.1 - Naturalização tácita


Não existe em nosso ordenamento jurídico atual a
naturalização tácita, pela qual se determina que aquele
que entrar em nosso território até determinada data e
aqui permanecer será considerado brasileiro. Tal regrativa existiu apenas à
época da Constituição de 1891.

4.3.2 - Naturalização expressa


A naturalização expressa é a que depende de requerimento, pelo qual a
pessoa interessada demonstra que pretende ser brasileiro. A distinção
abaixo ocorre porque existem duas regras distintas: uma para estrangeiros
12776742800

originários de países de língua portuguesa e outro para os demais


estrangeiros.
Tal distinção existe, porque um dos elementos caracterizadores de
determinado povo é a língua. A língua é um fator que constrói a identidade
de uma nação, revelando o modo de se expressar de determinado povo.
Em razão disso, como veremos, aos portugueses os requisitos e condições
são mais simples, ao passo que àquele que falam uma língua muito
diferente da nossa terão que preencher mais requisitos e condições. É o que
vamos ver na sequência da nossa aula.

Naturalização ordinária
Em relação aos estrangeiros originários de países que falam a língua
portuguesa, são dois os requisitos exigidos no art. 12, II, a, da CF:

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

1. residência por um ano ininterrupto; e


2. idoneidade moral.
Para além de Portugal vários países africanos falam oficialmente a nossa
língua, entre eles destacam-se Angola, Moçambique, Cabo Verde, entre
outros. Logo, todos os países que falarem oficialmente português se
enquadrarão no art. 12, II, a, da CF.
É importante destacar, ainda, para fins da nossa prova, que a decisão
acerca da concessão da nacionalidade, ainda que preenchidos os
requisitos, é DISCRICIONÁRIA, ou seja, o Poder Executivo, no uso de
suas atribuições, decidirá acerca da oportunidade e conveniência de se
conceder a nacionalidade brasileira ao interessado.
Você lembra o teor do dispositivo que estamos analisando? Não? Vejamos
novamente:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos
originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto
e idoneidade moral;

Citamos o artigo que trata da naturalização dos portugueses novamente


para chamar atenção de vocês para a expressão “na forma da lei”. Essa
expressão torna o dispositivo constitucional norma de eficácia contida, vale
dizer, é possível que a legislação infraconstitucional venha estabelecer
outras condições para aquisição da nacionalidade brasileira daquele
originário de países de língua portuguesa. Essa legislação é, atualmente, a
Lei nº 6.815/1980. É importante que vocês saibam, contudo, que existem
outras condições para aquisição da nacionalidade brasileira.

NATURALIZAÇÃO DAQUELE QUE FALAM PORTUGUÊS

aplica-se a todos os países que falarem português


oficialmente
12776742800

requisitos

1º - residência por um ano


2º - idoneidade moral
ininterrupto

Naturalização extraordinária (quinzenária)


Para finalizar as hipóteses de naturalização, prevê nosso texto
constitucional uma hipótese de naturalização dos demais estrangeiros
dos quais são exigidos diversos requisitos:
1. Residência por 15 anos ininterruptos;
2. Ausência de condenação penal; e
3. Requerimento do interessado.
Ao contrário da hipótese anterior, na qual a decisão acerca da naturalização
é discricionária, a doutrina leciona que se preenchidos os requisitos, a

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

concessão é obrigatória, ou seja, é VINCULADA ao preenchimento dos


requisitos legais. Vejamos, nesse sentido, os ensinamentos de Rodrigo
Padilha9:
A doutrina é quase uníssona ao afirmar que nesse caso (e só nesse caso) há direito
subjetivo por parte daquele que cumpriu as exigências constitucionais, não
comportando “discussão administrativa”. Assim, a incorporação desse direito ao
estrangeiro é automática, faltando-lhe só o requerimento.

NATURALIZAÇÃO
ORDINÁRIA DISCRICIONÁRIA
(portugueses)

NATURALIZAÇÃO
EXTRAORDINÁRIA VINCULADA
(demais)

NATURALIZAÇÃO DOS DEMAIS ESTRANGEIROS

requisitos

1º - 15 anos de 2º - ausência de 3º - requerimento do


residência ininterrupta condenação penal interessado

E para não restar qualquer possibilidade de errar


questões sobre esse tópico da aula, preste atenção ao
quadro distintivo abaixo:
NATURALIZAÇÃO NATURALIZAÇÃO
ORDINÁRIA EXTRAORDINÁRIA
NATURALIZAÇÃO NATURALIZAÇÃO OBSERVAÇÕES
12776742800

DAQUELES QUE DOS DEMAIS


FALAM PORTUGUÊS
 Notem que naturalização
Residência por 1 ano Residência por 15
extraordinária exige muito mais tempo
ininterrupto anos ininterruptos
de permanência no Brasil.
 Notem que na naturalização
Ausência de extraordinária a pessoa não poderá ter
Idoneidade moral
condenação penal qualquer envolvimento com práticas
ilícitas.
 Em relação ao requerimento,
Requerimento do embora a CF exija-o expressamente na
--
interessado naturalização extraordinária apenas,
tal requisito também é exigido na

9
PADILHA, Rodrigo, Direito constitucional, versão eletrônica

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

naturalização ordinária, segundo


legislação infraconstitucional.

Pessoal, duas perguntas:


1 – O que é quase-nacionalidade?
2 – Há distinção entre brasileiro nato e naturalizado?

E aí, sabe responder? Calma, é justamente o que veremos ainda nesta aula,
para finalizar a parte teórica!

4.4 Quase-nacionalidade
Vamos iniciar pelo dispositivo constitucional:
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade
em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os
casos previstos nesta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional de
Revisão nº 3, de 1994)

Esse dispositivo tem por finalidade conferir um tratamento diferenciado aos


portugueses que, embora não desejem se tornar brasileiros, aqui
permaneçam.
Primeiramente, devemos estar atentos para o fato de que são hipóteses
distintas: uma coisa é a naturalização ordinária do português, que
observará os requisitos que vimos no tópico anterior. Outra coisa é o
instituto do quase-nacional, que é a fixação de uma condição benéfica ao
Português que resida em nosso território, mas não deseje adquirir a
nacionalidade brasileira.
Deste modo, nossa Constituição assegura aos quase-nacionais os
direitos inerentes aos brasileiros, a não ser as exceções constitucionais,
tais como cargos privativos de brasileiros natos, que veremos logo adiante.
Até aí, perfeito! Contudo, exige também nossa Constituição que, para a
concessão dos mesmos direitos, seja observada a RECIPROCIDADE de
tratamento dos portugueses em relação ao Brasil. Dito de forma bem
simples, podemos conceder esse tratamento diferenciado aos
12776742800

portugueses se eles, lá em Portugal, concederem os mesmos


direitos aos brasileiros.
Registre-se que há dispositivo no mesmo sentido na legislação portuguesa,
segundo o qual:
Aos cidadãos dos Estados de Língua portuguesa, com residência permanente em
Portugal, são reconhecidos, em condições de reciprocidade, os direitos não conferidos
a estrangeiros, salvo o acesso aos cargos de Presidente da República, Presidente da
Assembleia da República, primeiro-ministro, presidentes dos tribunais supremos e ao
serviço nas Forças Armadas e na carreira diplomática.

Além disso, foi assinado um Tratado Internacional – internalizado pelo Brasil


– o Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta, entre o Brasil e Portugal
tratando da matéria.
Assim, pergunta-se:

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

Atualmente, para gozar dos direitos previstos no §1º do art. 12 da Constituição


Federal basta efetuar o requerimento junto à Justiça Eleitoral?

Não, absolutamente não!


Para concessão da reciprocidade é necessário a
aquiescência formal do Estado brasileiro e o
requerimento por parte do português
interessado. Essa exigência consta expressamente
do Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta entre o Brasil e Portugal.
Vejamos o que leciona o constitucionalista Marcelo Novelino 10:
A aplicação deste dispositivo não se opera de forma automática, sendo necessário,
além da aquiescência do Estado brasileiro, o requerimento do súdito português
interessado, a quem se impõe, para tal efeito, a obrigação de preencher os requisitos
estipulados pela Convenção sobre Igualdade de Direitos e Deveres entre brasileiros
e portugueses.

Portanto, atualmente, é possível conferir igual tratamento jurídico entre


portugueses e brasileiros, desde que o português interessado requeira tal
direito no Brasil à autoridade competente, demonstrando o preenchimento
dos demais requisitos previstos no Tratado.

•Igualdade de direito conferida aos portugueses.


•Lhes são conferidos os direitos de brasileiros
naturalizados.
QUASE
•Exige a reciprocidade.
NACIONALIDADE
•Regulamentado pelo Tratado de Amizade,
Cooperação e Consulta.
•É diferente da naturalização ordinária.

Finalizamos, assim, a questão específica relativa ao quase-nacional.

4.5 - Tratamento jurídico do brasileiro nato e naturalizado


Se lhes perguntarem em prova se existe diferença entre brasileiro nato e
12776742800

naturalizado vocês deverão responder: NÃO, NÃO EXISTE, A NÃO SER


AS RESTRIÇÕES PREVISTAS NA CF. OK?
Já sabemos a reposta, agora, vejamos algumas particularidades sobre o
assunto, destacando o tratamento constitucional dado à matéria.
A Constituição veda a criação de distinção entre brasileiros, conforme o art.
19, III, da CF, a não ser nas hipóteses expressamente consignadas em seu
texto.
Art. 19. É VEDADO à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...)
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.

10
NOVELINO, Marcelo. Manual de Direito Constitucional, 9ª edição, rev. e atual.,
versão eletrônica.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

Vamos, em sequência, analisar alguns aspectos pontuais em relação à


nacionalidade. São normas constitucionais que trazem alguma distinção
entre brasileiros natos ou naturalizados ou preveem algum tratamento
específico aos nacionais. Aqui, devido ao objeto do nosso curso, vamos
tratar dessas hipóteses de forma objetiva.
 extradição (art. 5.º, LI).
Vejamos o que disciplina o art. 5º LI, da CF:
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime
comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;

O brasileiro nato NUNCA poderá ser extraditado. Já o naturalizado,


sim.
Há dois casos em que o naturalizado poderá ser extraditado:
i. Caso à época do crime o autor fosse estrangeiro e somente após
vier para o Brasil e adquirir a nacionalidade brasileira;
ii. Caso, ainda que já naturalizado, cometer crime de tráfico ilícito
de entorpecente e drogas afins.

EXTRADIÇÃO

brasileiro
brasileiro nato
naturalizado

NUNCA 2 hipóteses:

crime praticado antes da crime de tráfico de entorpecentes


naturalização praticado a qualquer tempo

12776742800

 perda da nacionalidade (art. 12, § 4.º, I).


O brasileiro nato ou naturalizado poderá perder a nacionalidade brasileira,
conforme dispositivo abaixo:
§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de
ATIVIDADE NOCIVA AO INTERESSE NACIONAL;
II - ADQUIRIR OUTRA NACIONALIDADE, SALVO nos casos: (Redação dada pela
Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; (Incluído pela
Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em
estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o
exercício de direitos civis; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de
1994)

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

Primeiramente, devemos estar atentos para o fato de que a perda da


nacionalidade aqui poderá se dar tanto em relação ao brasileiro nato como
em relação ao brasileiro naturalizado. Não confunda com as hipóteses de
extradição, as quais se aplicam exclusivamente ao brasileiro naturalizado.

PERDA DA NACIONALIDADE EXTRADIÇÃO

•nato •nato
•naturalizado •naturalizado

São duas as hipóteses, portanto, em que o brasileiro poderá perder a


nacionalidade.
No primeiro caso, perde-se a nacionalidade se praticado algum ato nocivo
ao interesse nacional, essa hipótese é privativa para brasileiro naturalizado,
pois menciona o cancelamento da naturalização.
Já no segundo caso, se a pessoa optar livremente por outra nacionalidade
perderá a nossa, a não ser que haja reconhecimento da brasileira como
originária, ou seja, como a primeira nacionalidade da pessoa. Essa
hipótese acarreta perda da nacionalidade tanto do brasileiro nato,
quanto do naturalizado.

PERDA DA NACIONALIDADE
BRASILEIRA

atividade nociva ao adquirir outra nacionalidade,


interesse nacional SALVO

reconhecimento da
imposição da naturalização
nacionalidade brasileira
como condição para
como originária
12776742800

permanecer no país
estrangeiro ou

o exercício de direitos civis

 exercício de cargos privativos de brasileiros natos (12, § 3.º)


Ante a importância do dispositivo, vejamos o inteiro teor:
§ 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos:
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

III - de Presidente do Senado Federal;


IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas.
VII - de Ministro de Estado da Defesa

Pessoal, aqui não há outra alternativa a não ser memorizar os cargos:

Presidente e Vice
CARGOS DE BRASILEIROS

Presidente da Câmara dos Deputados

Presidente do Senado Federal


NATOS

Ministro do STF

cargos de carreira diplomática

oficial das Forças Armadas

Ministro de Estado da Defesa.

Para finalizar, responda certo/errado a duas assertivas abaixo:


1) Tanto membro da Câmara dos Deputados como membros do Senado Federal
devem, obrigatoriamente, ser brasileiros natos?

Errado, né? Pessoal, o dispositivo constitucional


apenas determina que os cargos de Presidência do
Senado e da Câmara dos Deputados não poderão ser
ocupados por brasileiros naturalizados. Isso não significa dizer que um
naturalizado não possa ser Deputado Federal ou Senador da Pública. Muita
atenção a esse aspecto. O naturalizado eleito deputado federal ou senador
não poderá, contudo, ser Presidente das respectivas Casas Legislativas.
2) O Presidente do STF não poderá ser brasileiro naturalizado?
12776742800

Certo! Cuidado, o dispositivo menciona que não


poderão ocupar as cadeiras de ministro do STF
brasileiros naturalizados. Portanto, o presidente, por
uma questão de lógica será obrigatoriamente nato.
Por favor, prestem atenção a esse tipo de questão.
 Ser cidadão membro do Conselho da República (art. 89, VIII)
Trata-se de hipótese específica que veda a escolha, pelo Presidente da
Pública, de cidadãos naturalizados para ocupar o Conselho da República.
Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente da
República, e dele participam: (...)
VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo
dois nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 41 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a
recondução.

 Ter propriedade de empresas jornalísticas (art. 222).


Novamente outra hipótese específica, assim disposta:
Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e
imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez
anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede
no País. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 36, de 2002).

Portanto, no que atine à propriedade de empresas jornalísticas, nossa


legislação exige que elas sejam constituídas por nacionais, não
diferenciando se natos ou naturalizados. Desse, modo podemos concluir que
é VEDADO a constituição de empresa jornalística por pessoas
naturais ou jurídicas estrangeiras.

Vejamos o quadro abaixo que, dentre as especificidades vistas acima,


destaca as hipóteses em que há tratamento diferenciado entre brasileiros
natos e naturalizados.

TRATAMENTO DIFERENCIADO ENTRE BRASILEIROS NATOS


E NATURALIZADOS AUTORIZADOS PELA CF
•extradição (crime anterior à aquisição ou crime de tráfico de
entorpecentes a qualquer tempo)
•perda da nacionalidadede por atividade nociva ao interesse nacional
(exceto: reconhecimento da nacionalidade brasileira origniária ou
imposição da naturalização).
•cargos privativos de brasileiros natos (Presidente, vice, Pres. da CD e do
SF, Min. do STF, carreira diplomática, oficial das Forças Armadas e Min.
Estado e da Defesa)
•cidadão membro do Conselho da República.
•criação de empresa jornalística apenas por brasileiro nato ou naturalizado
há mais de 10 anos.

Finalizamos, assim, o estudo da nacionalidade segundo nossa Constituição


12776742800

Federal.

5 - Direitos Políticos

5.1 - Introdução
Não iremos iremos tratar com maior profundidade os assuntos abordados
nos arts. 14 a 15, da CF, entretanto, não deixaremos de abordar os
principais aspectos referentes aos Direitos Políticos ao longo da
Constituição, em especial o Capítulo V que contempla direitos políticos em
essência.
No estudo das dimensões dos direitos fundamentais em Direito
Constitucional, afirma-se que os direitos políticos constituem direitos de
primeira dimensão, ao lado dos direitos civis de liberdade.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 42 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

Marcelo Novelino11 conceitua direitos políticos como:


Os direitos políticos são direitos públicos subjetivos fundamentais conferidos aos
cidadãos para participarem dos negócios políticos do Estado. Decorrentes do princípio
democrático,1 os “direitos de participação” (“status activae civitatis”) são adquiridos
mediante o alistamento eleitoral.

Os direitos políticos, nesse contexto, podem ser compreendidos como o


conjunto de normas que confere ao cidadão o direito de participar
da vida política do Estado.

•Direito Fundamental de Primeira Dimensão.


DIREITOS
POLÍTICOS •Conjunto de normas que confere ao cidadão o direito de
participar da vida política do Estado.

Para ser cidadão, o sujeito, além de ser nacional do Estado brasileiro,


deverá preencher alguns requisitos, os quais estudaremos na sequência da
aula.

LOGO, PODEMOS AFIRMAR QUE A NACIONALIDADE É


PRESSUPOSTO DA CIDADANIA. E COM A CIDADANIA
É POSSÍVEL EXERCER OS DIREITOS POLÍTICOS.

Trata-se de assunto extenso e que envolve diversos aspectos. Contudo,


para delimitarmos os temas, seguiremos a ordem com que os assuntos
foram abordados no texto Constitucional.

5.2 - Voto, sufrágio e escrutínio


Vamos começar com o dispositivo que será objeto de estudo neste tópico:
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto
direto e secreto, com valor igual para todos, E, nos termos da lei, mediante:
I - plebiscito;
II - referendo; 12776742800

III - iniciativa popular.

De pronto, identificamos que o sufrágio poderá ser exercício indiretamente


– por intermédio do voto – ou diretamente – por meio do plebiscito,
referendo ou iniciativa popular.

11
NOVELINO, Marcelo. Manual de Direito Constitucional. 9ª edição, rev. e atual., São
Paulo: Editora Método, 2014, versão eletrônica.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 43 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

DEMOCRACIA plebiscito, referendo


participativa
DIRETA e iniciativa popular

DEMOCRACIA
representativa voto
INDIRETA

Os termos voto, sufrágio e escrutínio são corriqueiramente utilizados como


sinônimos. Contudo, são distintos e não podemos confundi-los em nossa
prova.
O direito de sufrágio constitui a essência dos direitos políticos, revelando-
se pela capacidade de eleger e ser eleito. Na realidade, o direito ao sufrágio
corresponde ao direito de participar da vida política do Estado que poderá
ocorrer por intermédio do voto.
Vejamos o conceito de sufrágio, segundo José Afonso da Silva12:
Direito Público de natureza política, que tem o cidadão de eleger, ser eleito e de
participar da organização e da atividade do poder estatal.

5.2.1 - Meio Indireto de Exercício do Sufrágio


O voto, por sua vez, é instrumento de ação política, ou seja, é a forma de
o cidadão exercer seus direitos políticos. Daí dizer que o voto é o exercício
do sufrágio.
O voto, à luz do nosso ordenamento, de acordo com o que leciona a
doutrina, possui diversas características:
 DIRETO: ao próprio eleitor é dado o direito de escolher o candidato
de preferência, sem intermediários neste processo;
12776742800

 SECRETO: o voto não é identificado;


 DE IGUAL VALOR: cada voto possui mesmo peso. Não há voto
censitário.
 OBRIGATÓRIO: é regra que comporta exceções, como veremos
ainda nesta aula de hoje.
 UNIVERSAL: exercício por todas as pessoas que se adequarem às
condições de alistabilidade;
 PERÍODICO: dado que os mandatos não são vitalícios, como vimos
no início da aula, ele será exercido de tempos em tempos.

12
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 19ª edição, São
Paulo: Malheiros Editores, p. 314.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 44 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

É importante lembrar que o voto secreto, direto, universal e periódico é


cláusula pétrea em nosso sistema constitucional, por força do art. 60, §4º,
II, da CF.
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: (...)
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;

Vejamos as lições de Marcelo Novelino13:


A Constituição consagra como cláusula pétrea o voto direto, a periodicidade das
eleições, o sufrágio universal e o escrutínio secreto (CF, art. 60, § 4.°, II).

Para arrematar, cumpre compreender o que se entende por escrutínio.


Aqui não há maiores dificuldades, posto que escrutínio é o modo pelo qual
o voto é exercício. Deste modo, escrutínio nada mais é do que a forma de
votação, que no Brasil se dá por intermédio da urna eletrônica que,
transmite os dados ao TRE e, posteriormente, ao TSE para processamento
eletrônico, oportunidade em que haverá exame e totalização dos votos
apurados.

5.2.2 - Meios Diretos de Exercício do Sufrágio


São três os principais institutos de democracia direta no Brasil: a iniciativa
popular, o referendo popular e o plebiscito.

Iniciativa Popular
A disciplina da iniciativa popular consta dos arts. 14, III, art. 27, §4º, art.
29, XIII e art. 61, §2º, todos da CF. Veremos esses dispositivos à medida
que avançarmos a matéria.
Vamos, inicialmente, trata do conceito de iniciativa popular. A iniciativa
popular nada mais é do que uma forma de apresentação de projetos de
leis aos órgãos parlamentares brasileiros. Isso significa dizer que a
iniciativa é uma técnica legislativa que está presente nas três esferas da
nossa Federação, ou seja, a nível federal, estadual e distrital, assim como
municipal.
12776742800

Iniciativa popular federal


O art. 14, III, que prevê constitucionalmente esse instrumento de
democracia direita é melhor disciplinado no art. 61, §2º, da CF, nos
seguintes termos:
§ 2º - A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos
Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado
nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos
por cento dos eleitores de cada um deles.

Do dispositivo acima podemos extrair três condições para apresentação do


projeto de lei à Câmara dos Deputados.

13
NOVELINO, Marcelo. Manual de Direito Constitucional, versão eletrônica.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 45 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

5 Estado ao menos e
REQUISITOS PARA
APRESENTAÇÃO DE 1% do
distribuídos
PROJETO DE LEI eleitorado
por:
POR INICIATIVA nacional
POPULAR com pelo menos 0,3%
dos eleitores em cada
um deles.

Devemos notar que o Constituinte criou um sistema imbricado para que


seja admissível um projeto de lei por iniciativa popular. E não poderia ser
diferente, posto que, em regra, um parlamentar é escolhido por milhares
de eleitores. Deste modo, para não subverter a ideia de representatividade,
é necessário que haja a formação de uma “vontade nacional”, que se
demonstra pelos requisitos acima, para que uma lei possa ser editada por
iniciativa popular.
Dada a extensão territorial brasileira é natural que a edição de leis por
iniciativa popular seja difícil. Porém, quando editadas, representam
matérias de grande importância e relevo para a nossa sociedade.

Iniciativa popular estadual e distrital


Não vamos nos alongar aqui, posto que é disciplina específica. Para a nossa
prova basta saber que a disciplina da iniciativa popular estadual é
reservada à constituição de cada Estado-membro:
§ 4º - A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo legislativo estadual.

Iniciativa popular municipal


Do mesmo modo, quanto à iniciativa de leis pelos cidadãos de determinado
Município devemos compreender apenas a regrativa geral, que vem no art.
29, XIII, da CF:
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o
interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara
12776742800

Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta


Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos: (...)
XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico do Município, da
cidade ou de bairros, através de manifestação de, pelo menos, cinco por cento do
eleitorado; (Renumerado do inciso XI, pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992)
(...)

Portanto, determina a CF que para apresentação de projeto de lei a uma


Câmara Municipal faz-se necessário manifestação de 5% do eleitorado
respectivo.

INICIATIVA POPULAR FEDERAL

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 46 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

 1% do eleitorado nacional, distribuídos em pelo menos 5 estados-membros com, no


mínimo, 0,3% dos eleitores em cada um dos Estados.

INICIATIVA POPULAR ESTADUAL

 Disciplinado pela Constituição de cada Estado.

INICIATIVA POPULAR MUNICIPAL

 5% do eleitoral do município respectivo.

Plebiscito e Referendo Popular


Vejamos inicialmente os conceitos.
O plebiscito é a consulta popular prévia pela qual os cidadãos decidem ou
posicionam-se a respeito de determinados assuntos relevantes.
O referendo é a forma de manifestação popular pela qual o eleitor aprova
ou rejeita uma matéria governamental já editada. Deste modo, a lei ou
emenda constitucional é aprovada, contudo, antes de entrar em vigor é
submetida à aprovação.
É importante saber, ainda, que em ambos os casos a competência para
autorizar o plebiscito ou o referendo é do Congresso Nacional, nos termos
do art. art. 49, XV, da CF:
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: (...)
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito; (...).

A regulamentação do plebiscito, referendo e da iniciativa popular é adotada


pela Lei nº 9.709/98, cujo estudo foge às pretensões deste curso.

5.3 - Aquisição dos Direitos Políticos


5.3.1 - Alistamento Eleitoral
O alistamento eleitoral trata da aquisição dos direitos políticos que se
12776742800

constitui pela efetiva apresentação da pessoa perante a Justiça Eleitoral,


onde requererá o enquadramento como eleitor.
O alistamento eleitoral constitui um procedimento administrativo pelo qual
o interessado preenche o requerimento para se cadastrar como eleitor, nos
termos da Resolução TSE nº 21.538/2003.
Francisco Dirceu Barros14 deixa bem evidente o caráter procedimental que
envolve o alistamento eleitoral em seu conceito.
A qualificação constitui a comprovação dos requisitos exigidos na
Constituição e na legislação eleitoral.

14
BARROS, Francisco Dirceu. Direito Eleitoral, 10ª edição, Rio de Janeiro: Editora
Elsevier, 2011, p. 126.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 47 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

A inscrição, por sua vez, é o ato do juiz eleitoral que, após verificar os
requisitos acima, defere o pedido alistando o interessado na lista geral de
eleitores.

QUALIFICAÇÃO INSCRIÇÃO ALISTAMENTO

Tecnicamente não podemos atrelar o conceito de alistamento ao conceito


de aquisição dos direitos políticos, embora estejam relacionados. O
alistamento é pressuposto que, juntamente com outros requisitos previstos
em lei, leva à aquisição dos direitos políticos.
Em última análise, alistado eleitor e preenchidos os demais requisitos de lei
a pessoa terá capacidade eleitoral ativa e passiva.

O ALISTAMENTO ELEITORAL É UM PRESSUPOSTO


PROCEDIMENTAL QUE DEVE SER PREENCHIDO PELO
INTERESSADO PARA EXERCER SEUS DIREITOS POLÍTICOS ATIVA
OU PASSIVAMENTE.

Obrigatoriedade do Voto
De acordo com a nossa Constituição o voto é obrigatório para os maiores
de 18 anos e facultativo para analfabetos, adolescentes entre 16 e 18 anos
e maiores de 70 anos.
Há, contudo, algumas situações específicas que estão previstas no próprio
texto da Constituição e que comumente são exigidos em prova, quais
sejam: os conscritos e os estrangeiros. Veremos esses assuntos, adiante!
Em relação aos conscritos, ainda que alistado, o cidadão não poderá exercer
o direito ao voto. Esse exemplo demonstra a dissociação necessária entre
o alistamento e aquisição dos direitos políticos, posto que embora alistado
não poderá o conscrito exercer seus direitos políticos.
Àqueles que a Constituição exige o voto, há obrigatoriedade de
12776742800

comparecimento, caso o eleitor não compareça às urnas ou não justifique


a ausência, sofrerá consequências jurídicas.
Segundo Marcos Ramayana15, o não comparecimento do eleitor, tanto no
primeiro turno como no segundo turno,
enseja a aplicação de multa e, deixando o eleitor de votar em três eleições
consecutivas (art. 71, V, do Código Eleitoral), terá sua inscrição cancelada.

Para não sofrer o cancelamento da inscrição eleitoral, a legislação permite


a justificativa. Assim, se o eleitor estiver fora de seu domicílio, é permitido
justificar a sua ausência em qualquer seção eleitoral onde se encontrar. Se

15
RAMAYANA, Marcos. Direito Eleitoral. 10ª edição, rev., ampl. e atual., Niterói: Editora
Impetus, 2010, p. 48

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 48 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

o eleitor estiver doente, por exemplo, segundo a legislação eleitoral, terá o


prazo de 60 dias para justificar o não comparecimento às urnas.

5.4 - Capacidade eleitoral passiva e ativa


A soberania popular manifesta-se pelo exercício da cidadania que, em nosso
Estado Constitucional Democrático manifesta-se, principalmente, no direito
de votar (capacidade eleitoral ativa) e no direito de ser votado (capacidade
eleitoral passiva).
É o que passamos a analisar.

5.4.1 - Capacidade eleitoral ativa


Como vimos acima, a capacidade eleitoral ativa consiste na possibilidade de
a pessoa participar do processo democrático, seja por intermédio do voto,
seja diretamente em casos de plebiscitos, referendos ou iniciativa popular.
Em todos os casos, a aquisição da capacidade eleitoral ativa remete, em
última análise, ao alistamento eleitoral. No tópico anterior vimos algumas
regras gerais acerca do alistamento, notadamente, a obrigatoriedade do
voto, algumas situações específicas e o tratamento legal e regulamentar
que o TSE adota. Aqui vamos estudar os casos em que o alistamento é
obrigatório, facultativo ou não permitido.

Alistamento e voto obrigatórios


A matéria é disciplinada pelo art. 14, §1º, da CF:
§ 1º - O alistamento eleitoral e o voto são:
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;

Em regra, atingida a maioridade, o voto torna-se não apenas um


direito, mas dever do cidadão capaz. Assim, se a pessoa não se
enquadrar numa das situações excetivas (incapazes, indígenas isolados ou
em vias de integração, presos com condenação passada em julgado,
estrangeiros e conscritos) deverá alistar eleitor e votar.
12776742800

Alistamento e voto facultativos


Seguindo com a análise das situações de alistamento, temos o art. 14, §1º,
II, da CF:
§ 1º - O alistamento eleitoral e o voto são: (...)
II - facultativos para:
a) os analfabetos;
b) os maiores de setenta anos;
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.

São três as situações de alistamento e voto facultativos.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 49 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

(i) Analfabetos. O analfabetismo constitui a qualidade da pessoa que não


sabe ler e escrever, o que não representa, ao contrário do que muitos
acreditam, uma hipótese que veda o alistamento eleitoral.
Os analfabetos inserem-se no conceito de povo e, por conta disso, segundo
prevê o art. 1º, § único da CF, exercerão, em igualdade de condições, a
soberania popular.
Contudo, bem sabemos que a informação é fundamental para o exercício
do direito ao voto. De todo modo, aqui devemos pensar no sentido de que
a escrita não constitui a única forma de veiculação de informações. É
possível ao eleitor analfabeto informar-se por outros meios, cite-se, a
televisão e o rádio.
(ii) Maiores de 70 anos. A facultatividade do voto à pessoa idosa justifica-
se em razão da dificuldade de locomoção até o local de votação, não
possuindo diretamente relação com a capacidade. Sempre devemos ter em
mente que a senilidade, ao contrário do que já previu legislação civil
anterior, não implica perda da capacidade.
Entretanto é sabido em razão de estatísticas do TSE que à medida que a
idade torna-se avançada, o comparecimento do eleitor às urnas é
diminuído.
(iii) Adolescentes entre 16 e 18 anos. A faculdade conferida pela
Constituição justifica-se atualmente na medida em que o adolescente, a
partir dos seus 16 anos, já tem condições de tomar decisões políticas,
notadamente se estiver em nível escolar regular.

Alistamento e voto não permitidos


A disciplina constitucional do assunto está prevista no art. 14, §2º da CF:
§ 2º - Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do
serviço militar obrigatório, os conscritos.

Quanto aos estrangeiros vale a regra que vimos acima: por não serem
cidadãos brasileiros não podem exercer o direito ao voto. Uma questão
importante, entretanto, e que pode ser explorada em prova é a prevista no
12776742800

art. 12, §1º. Ao tratar dos direitos de nacionalidade, a CF disciplina:


§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade
em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os
casos previstos nesta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional de
Revisão nº 3, de 1994)

O dispositivo acima aplica-se ao português que, embora aqui permaneça


definitivamente, não quer a naturalização. Assim, havendo a denominada
cláusula do ut es (cláusula de reciprocidade) poderá o “quase-nacional”
participar da vida política brasileira.
Quanto aos conscritos há muita discussão a respeito da sua abrangência.
Em termos gerais, conscrito é aquele que presta o serviço militar
obrigatório. Contudo, existem algumas situações peculiares e

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 50 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

jurisprudenciais a respeito do tema. Não vamos desenvolvê-las


analiticamente aqui, mas para a nossa prova devemos saber que:
 O simples fato de a pessoa estar prestando serviço militar obrigatório
implica na situação jurídica de conscrito.
 Os engajados ao serviço militar permanente, independentemente da
patente que possuam, não estão impedidos de ser candidatos, tendo,
inclusive, a obrigação de alistar-se como eleitores16.
 Os policiais militares são alistáveis, independentemente do nível da
carreira17.
 Alunos de órgão de formação da Reserva, como médicos, dentistas,
farmacêuticos e veterinários, que prestam serviço militar obrigatório, são
considerados inelegíveis, conforme art. 4º da Lei nº 5.292/67, com redação
dada pela Lei nº 12.336/2010.
Portanto, além do alistamento – que é um pressuposto procedimental – no
qual o eleitor insere-se na vida política estatal por ato próprio – deve-se
analisar qual o enquadramento diante das situações acima analisadas.
Assim, ainda que alistado, se o eleitor ingressar, por exemplo, no serviço
militar obrigatório terá suspensos seus direitos políticos, dada a vedação
constitucional. Mesmo entendimento poderá ser aplicado em caso de
incapacidade mental superveniente. Deste modo, pretendemos deixar claro
a necessária dissociação do alistamento como único critério para a aquisição
dos direitos políticos.
Finalizamos assim a parte relativa à capacidade eleitoral ativa, analisando
os principais aspectos da matéria, que podem ser objeto de prova.

alistamento e voto maiores de 18 anos (e


obrigatórios menores de 70)
ELEITORAL ATIVA

analfabetos
CAPACIDADE

12776742800

alistamento e voto
maiores de 70
facultativos

entre 16 e 18 anos

estrangeiros
alistamento e voto não
permitidos
conscritos

16
É o entendimento de José Afonso da Silva, extraído de SILVA, José Afonso da.
Comentário Contextual à Constituição, 7ª edição, atual., São Paulo: Malheiros
Editores, 2010, p. 224.
17
Resolução TSE nº 15.099/1989.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 51 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

5.4.2 - Capacidade eleitoral passiva


A capacidade eleitoral passiva, por sua vez, remete à ideia de elegibilidade
e vem disciplinada no §3º do art. 14 nos seguintes termos:
§ 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei:
I - a nacionalidade brasileira;
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
III - o alistamento eleitoral;
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
V - a filiação partidária;
VI - a idade mínima de:
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito,
Vice-Prefeito e juiz de paz;
d) dezoito anos para Vereador.

Segundo ensinamentos de Marcelo Novelino18:


A capacidade eleitoral passiva consiste no direito de pleitear, mediante eleição, certos
mandatos políticos. Todo cidadão tem o direito de ser votado, desde que preencha
os requisitos constitucionalmente previstos.

Para ser votado o cidadão deverá preencher diversos requisitos, vale dizer,
deverá preencher os denominados requisitos de elegibilidade. Além disso e
paralelamente, algumas situações não poderão ocorrer, ou seja, as
hipóteses de inelegibilidade impedem a participação da pessoa como
candidato.

CAPACIDADE
ELEITORAL PASSIVA

hipóteses de
requisitos de elegibilidade12776742800

inelegibilidade

Vejamos cada um desses assuntos em separado.

Condições de elegibilidade
A elegibilidade constitui o direito fundamental conferido ao cidadão para
postular um cargo eletivo no Poder Legislativo ou no Poder Executivo. Para
tanto deverá observar certos requisitos.
O primeiro ponto que devemos destacar em relação às condições de
elegibilidade refere-se ao fato de que a legislação infraconstitucional
poderá estabelecer outras condições, não havendo exigência de que
tais regras sejam estipuladas por intermédio lei complementar. Isso é

18
NOVELINO, Marcelo. Manual de Direito Constitucional, versão eletrônica.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 52 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

relevante, posto que as condições inelegibilidades, que serão vistas adiante,


somente poderão ser disciplinadas por intermédio de lei complementar.
Deste modo, para além das hipóteses constitucionais, que veremos a
seguir, existem outras condições de elegibilidade previstas na legislação
eleitoral.

Condições de Hipóteses de
Elegibilidade Inelegibilidade
Lei
Lei Ordinária
complementar

Vejamos, agora, cada uma das condições de elegibilidade:


(i) Nacionalidade brasileira. Em regra não existe distinção entre
brasileiros natos e naturalizados. Ambos podem, se preenchidos os demais
requisitos, concorrer a cargos eletivos.
A CF, entretanto, reserva alguns cargos públicos apenas a brasileiros natos.
Vejamos o art. 12, §3º da CF:
§ 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos:
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas.
VII - de Ministro de Estado da Defesa(Incluído pela Emenda Constitucional nº 23, de
1999)

Analisando o dispositivo acima devemos concluir que os cargos de


Presidente e de vice-Presidente somente podem ser ocupados por
brasileiros natos, constituindo uma hipótese excepcional.
12776742800

Ademais, quanto aos cargos de Deputados e de Senadores, discorre Néviton


Guedes19:
Com efeito, não obstante a Constituição estabeleça que o cargo de Presidente da
Câmara dos Deputados (art. 12, § 3º, II) e de Presidente do Senado Federal (art.
12, § 3º, III) sejam privativos de brasileiro nato, cumpre notar que esses cargos não
são propriamente eletivos, porquanto não são submetidos diretamente ao eleitor. No
caso, eletivos são os cargos de Deputado Federal e Senador da República, que, uma
vez preenchidos, credenciam o seu titular, se brasileiro nato, a disputar entre os seus
pares a Presidência da respectiva Casa Legislativa.

Vejamos um esquema dos cargos privativos de brasileiros natos a fim de


fixar a matéria.

19
GUEDES, Néviton. Comentários à Constituição do Brasil, versão eletrônica.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 53 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

Presidente da República

CARGOS PRIVATIVOS DE
Vice-Presidente da República

BRASILEIROS NATOS
Presidente da Câmara dos Deputados

Presidente do Senado Federal

Ministro do STF

Membro de carreira Diplomática

Oficial das forças Armadas

Ministro de Estado da Defesa

(ii) Pleno exercício dos direitos políticos. Trata-se de dispositivo


genérico que se refere ao gozo dos direitos políticos previstos na
Constituição e na legislação eleitoral. Ou seja, o candidato não pode ter
sofrido a perda ou suspensão de seus direitos políticos.
(iii) Alistamento eleitoral. O presente dispositivo refere-se ao direito de
votar, ou seja, o candidato deve estar cadastrado como eleitor.
(iv) Domicílio eleitoral na circunscrição. O domicílio eleitoral não se
confunde com as regras civis de fixação do domicílio. Em regra, domicílio
eleitoral é o lugar de residência ou moradia do requerente. Possuindo mais
de uma residência ou moradia, caberá ao alistando a escolha por qualquer
um deles.
A jurisprudência tem adotado uma caracterização bastante flexível do que
se deva considerar como domicílio eleitoral. Assim, segundo a
jurisprudência predominante do TSE, domicílio eleitoral é, de forma
genérica, o lugar em que a pessoa mantém vínculos políticos, sociais e
econômicos.
É importante notar que o conceito é flexível e relaciona-se com os vínculos
políticos e sociais de modo que há doutrinadores que afirmam que estes
12776742800

vínculos prevalecerão, inclusive, sobre os vínculos sociais e afetivos do


candidato.
De acordo com o art. 9º, caput, da Lei dos Partidos Políticos, a fim de evitar
mudanças de domicílio com “fins eleitoreiros”, disciplina que para a
candidatura, o interessado deverá manter domicílio na circunscrição por
pelo menos 1 ano.
Art. 9º Para concorrer às eleições, o candidato deverá possuir domicílio eleitoral na
respectiva circunscrição pelo prazo de, pelo menos, um ano antes do pleito e estar
com a filiação deferida pelo partido no mesmo prazo.

Por fim, vejamos o conceito de circunscrição. Nas eleições municipais, por


exemplo, a circunscrição eleitoral é o município respectivo, posto que será
a área delimitada de atuação do político. Em razão disso, se o candidato
optar por concorrer a cargo de prefeito ou vereador deverá manter domicílio

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 54 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

eleitoral no respectivo município. Já em eleições presidenciais, por exemplo,


a circunscrição é nacional, de modo que o domicílio poderá se dar em
qualquer ponto do território nacional.
(v) Filiação partidária. Em nosso sistema eleitoral, o partido político
detém o monopólio das candidaturas, de modo que somente quem estiver
filiado a um partido político poderá concorrer às eleições.
Nesse contexto, firmou-se o entendimento de que não há candidaturas
avulsas ou independentes de filiação partidária. O mandato, segundo a
doutrina, é patrimônio político do partido a que esteve vinculado o
candidato à época das eleições. Assim, se o político se desfiliar do partido
após ser eleito, manifestando infidelidade, poderá perder o mandato
político.
(vi) Idade mínima. Por fim, a última condição de elegibilidade refere-se à
idade que o candidato deverá ter à época da posse do cargo, momento em
que tal condição será aferida.

AFERIÇÃO DA IDADE MÍNIMA momento da posse no cargo

Aqui não temos outra alternativa a não ser memorizar as faixas de idade
previstas no dispositivo.

Presidente e Vice-Presidente
35 anos
Senador

30 anos Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal

Deputado Federal
Deputado Estadual ou do Distrito Federal
21 anos
Prefeito e Vice-Prefeito
Juiz de paz

18 anos Vereador
12776742800

Por fim, sobre a flexibilização de tais faixas etárias em razão da


emancipação civil, leciona Néviton Guedes20:
Contudo, não se admite que a exigência constitucional da idade mínima possa ser
afastada com base no instituto da emancipação previsto pelo Direito Civil, pois não
se pode submeter exigência constitucional a uma flexibilização que decorre de norma
de direito ordinário. Com base nisso, já se decidiu, por exemplo, que candidato a
deputado estadual, ainda que emancipado em termos civis, mas com idade inferior
ao exigido pelo art. 14, § 3º, VI, c, da Constituição Federal, não preencheria a
condição de elegibilidade.

20
GUEDES, Néviton. Comentários à Constituição do Brasil, versão eletrônica.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 55 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

No que atine às condições de elegibilidade, em posicionamento específico


na doutrina, Thales e Camila Cerqueira21 lecionam que além dos requisitos
que vimos acima são condições de elegibilidade a escolha do candidato em
convenção e a apresentação da foto do candidato em urna eletrônica.
Apenas citamos esse posicionamento para que tenhamos conhecimento,
uma vez que a banca CESPE já adotou a teoria dos autores expressamente
em provas. De todo modo a primeira condição está implícita na filiação
partidária e a segunda constitui mera questão procedimental.

Nacionalidade
Brasileira
Pleno Exercício dos
Direitos Políticos
Alistamento
CONDIÇÕES DE Eleitoral
ELEGIBILIDADE
Domicílio Eleitoral
Presidente, Vice e
35 anos
Senador
Filiação Partidária
30 anos Governador e Vice
Idade Mínima
Deputado Federal e
21 anos
Estadual e Prefeito

18 anos Vereador

Hipóteses de inelegibilidade
Sobre o conceito de inelegibilidade ensina Jairo Gomes22:
A inelegibilidade designa o impedimento ao exercício da cidadania, de maneira que o
cidadão fica impossibilitado de ser escolhido para ocupar cargo político-eletivo.
12776742800

A inelegibilidade, portanto, é um impedimento. Constitui, em verdade, uma


restrição à capacidade política, que tem por função defender a democracia
contra abusos23.
Conforme indicamos acima, as condições de inelegibilidade constam da
Constituição Federal e somente poderão ser instituídas por lei
complementar, conforme art. 14, §9º, da CF:
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os
prazos de sua cessação, a fim de pro1teger a probidade administrativa, a
moralidade para o exercício do mandato, considerada a vida pregressa do candidato,

21
CERQUEIRA, Thales Tácito e CERQUEIRA, Camila Albuquerque. Direito Eleitoral
Esquematizado, p. 106/107.
22
GOMES, José Jairo. Direito eleitoral. Belo Horizonte: Del Rey, 2009, p. 141.
23
GUEDES, Néviton. Comentários à Constituição do Brasil, versão eletrônica.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 56 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico


ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou
indireta.

Em forma de esquemas temos as situações que justificam as


inelegibilidades:
INFRACONSTITUCIONAIS
INELEGIBILIDADES

probidade administrativa
FINALIDADE DAS

moralidade para o exercício do mandato considerada a vida


pregressa do candidato

a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do


poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou
emprego na administração direta ou indireta.

Atualmente, as hipóteses de inelegibilidade infraconstitucionais estão


previstas na LC nº 64/1990.
Segundo o art. 11, §10, da Lei nº 9.504/1997, as causas de inelegibilidade
devem ser aferidas no momento da formalização do pedido de registro da
candidatura, ressalvadas as alterações, fáticas ou jurídicas, supervenientes
ao registro que afastem a inelegibilidade. Esse dispositivo é importante em
função do julgamento da ADPF nº 144/DF, pois tão somente com o trânsito
em julgado da sentença condenatória é possível se falar em suspensão dos
direitos políticos e, consequentemente, em inelegibilidade. Esse dispositivo
privilegia o princípio da presunção de inocência.

As condições de elegibilidade e as hipóteses de


inelegibilidade são exigidas no momento do
registro da candidatura, EXCETO A IDADE
MÍNIMA, que só é exigida na data da posse.
12776742800

Vistos esses aspectos gerais a respeito das hipóteses de inelegibilidade,


vejamos as hipóteses constitucionais.
Para fins didáticos, distinguem-se inelegibilidades absolutas,
inelegibilidades relativas e inelegibilidade diretas e reflexas.
Inelegibilidades absolutas
Inicialmente, vejamos o que disciplina o art. 14, §4º, da CF:
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.

As hipóteses acima são denominadas de inelegibilidades absolutas, posto


que impedem o cidadão de concorrer a qualquer cargo político. Assim,
segundo a CF, os inalistáveis e os analfabetos estão impedidos de se
candidatar a qualquer cargo eletivo.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 57 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

Deste modo, estrangeiros, conscritos durante o serviço militar obrigatório,


menores de 16 anos, aqueles que estiverem temporária ou definitivamente
privados de seus direitos políticos, os absolutamente incapazes e os
analfabetos são absolutamente inelegíveis.

estrangeiros

conscritos
inalistáveis
privados dos direitos
INELEGIBILIDADES
políticos (definitiva ou
ABSOLUTAS
temporariamente)
analfabetos
absolutamente
incapazes

Questão controvertida envolve a aferição do grau de desconhecimento da


língua para justificar o indeferimento do registro do candidato.
Sobre os mecanismos adotados pelos tribunais para aferir o presente
impedimento, quando a matéria é levada ao Judiciário, tem se admitido:
 apresentação de comprovantes de escolaridade, sem consideração ao
tempo de escolaridade; ou
 na falta do comprovante acima, pode-se provar o não impedimento
por declaração do próprio punho do interessado.
Inelegibilidades relativas
A inelegibilidade relativa é extraída do art. 14, §4º, da CF, que disciplina:
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os
Prefeitos e quem os houver sucedido ou substituído no curso dos mandatos poderão
ser reeleitos para um único período subsequente.

Ao estabelecer a possibilidade de reeleição limitada a um único período


subsequente, o dispositivo traz uma inelegibilidade para exercício de um
terceiro mandato se em períodos sucessivos.
12776742800

Registre-se que esse dispositivo aplica-se também


aos vices, se sucederam seus titulares no curso do
mandato. Aqui devemos nos atentar para a
diferença entre sucessão e substituição. A substituição tem caráter
eventual e episódico ao passo que a sucessão é definitiva e ocorre em razão
da vacância do cargo do membro titular. No RE nº 366.488, o STF entendeu
que a simples substituição não deve ser computada para fins de reeleição,
incidindo a inelegibilidade relativamente somente quando houver sucessão.
Para o TSE, contudo, tanto a substituição quanto a sucessão devem ser
computadas.
Inelegibilidades reflexas
Inicialmente devemos distinguir o que são inelegibilidades diretas de
inelegibilidades reflexas.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 58 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

 INELEGIBILIDADES DIRETAS: decorrem de causas ou fatos


relacionados ao próprio indivíduo sobre o qual a restrição acaba por incidir
DIRETAMENTE.
 INELEGIBILIDADE REFLEXA: causas ou pressupostos de fatos que se
relacionam a outros indivíduos e que, apenas INDIRETAMENTE, incidem
sobre aquele ao qual a inelegibilidade se dirige.
As primeiras envolvem os casos de inelegibilidades absolutas e relativas,
uma vez que incidente diretamente sobre o próprio indivíduo.
Ademais, com base na diferença acima, podemos concluir que o art. 14º,
§7º, da CF, contempla hipótese de inelegibilidade reflexa:
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes
consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da
República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou
de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já
titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.

Deste modo o cônjuge, parentes até o 2º grau ou por adoção de ocupante


de mandato eletivo no Poder Executivo serão inelegíveis no território de
jurisdição do titular.
Devemos estar atentos às especificidades deste dispositivo.
A PRIMEIRA refere-se aos ocupantes de cargos políticos que podem
implicar a inelegibilidade reflexa aos seus parentes. De acordo com o
dispositivo haverá inelegibilidade reflexa apenas em relação ao
Presidente da República, Governador de Estado e do Distrito Federal
e Prefeitos, ou seja, apenas em relação aos detentores de mandato eletivo
no Poder Executivo. Isso ocorre porque somente a estes se aplica a restrição
da reeleição.
A SEGUNDA envolve importante exceção. É possível que o parente, que
eventualmente seria atingido pela inelegibilidade, não sofra
qualquer restrição, quando este parente já for titular de mandato
eletivo e candidato à reeleição.
A TERCEIRA refere-se à possibilidade de o titular do cargo
12776742800

desincompatibilizar-se seis meses antes do pleito no qual


concorrerá o parente, com a finalidade de evitar o impedimento.
Observe-se que se o casamento for dissolvido (divórcio, separação judicial,
separação de fato ou por morte do mandatário) no curso do mandato, incide
ainda a inelegibilidade.
Há, nesse sentido, inclusive, Súmula Vinculante
Súmula Vinculante nº 18
A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta
a inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal.

Ademais, embora o texto refira-se expressamente apenas ao “cônjuge”, a


jurisprudência, com fundamento no art. 226, § 3º, da CF, posiciona-se no

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 59 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

sentido de que também incide a inelegibilidade aos companheiros, que


vivam em união estável, ainda que homoafetivos.
A QUARTA especificidade consiste em saber quais são os parentes
abrangidos no dispositivo acima citado. Para auxiliar, vejamos o quadro
abaixo:

GRAUS DE PARENTESCO
FORMAS DE PARENTESCO
1º grau 2º grau

PAIS (inclusive
Ascendente madrasta e AVÓS
Em linha
padrasto)
reta
Parentesco
Consanguíneos Descendente FILHOS NETOS

Em linha
-- -- IRMÃOS
colateral

SOGROS
(inclusive padrasto AVÓS DO
Ascendentes ou madrasta do CÔNJUGE OU
cônjuge ou COMPANHEIRO
companheiro)
Em linha
reta
ENTEADOS,
PARENTES POR
GENROS E
AFINIDADE
Descendentes NORAS (inclusive NETOS
do cônjuge ou
companheiro)

CUNHADOS
Em linha
-- -- (irmãos do cônjuge
colateral
ou companheiro)

Casos Específicos Constitucionalmente previstos


Ainda quanto à inelegibilidade, existem hipóteses específicas, que se
12776742800

aplicam às pessoas que não ocupam cargos eletivos e a disciplina consta do


texto constitucional.
São elas:
 militares da ativa (art. 14, § 8°, da CF);
 vedações ao exercício de atividade político-partidária por magistrados
(art. 95, § único, III, da CF); e
 membros do Ministério Público (art. 128, § 5.°, II, CF).
Quanto aos militares, dispõe a CF:
Art. 14. § 8º - O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior
e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 60 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

Primeiramente devemos tomar como premissa que somente é elegível o


militar alistável, vale dizer, o militar que não esteja na condição de
conscrito.
Deste modo, se não conscrito deverá observar, ainda, o que dispõe o artigo
acima citado.
Portanto, podemos sintetizar a questão do militar do seguinte modo:

1º NÃO PODE SER CONSCRITO

2º SE CONTAREM MENOS DE DEZ ANOS DE SERVIÇO,


DEVERÃO AFASTAR-SE DA ATIVIDADE

3º SE CONTAREM MAIS DE DEZ ANOS DE SERVIÇO,


SERÃO AGREGADOS PELA AUTORIDADE SUPERIOR E,
SE ELEITOS, PASSARÃO AUTOMATICAMENTE, NO ATO
DA DIPLOMAÇÃO, PARA A INATIVIDADE.

Por fim, vejamos os dispositivos relativos à carreira da magistratura e do


ministério público:
Art. 95. Parágrafo único. Aos juízes é vedado: (...)
III - dedicar-se à atividade político-partidária.
Art. 128. § 5º - Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é
facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as
atribuições e o estatuto de cada Ministério Público, observadas, relativamente a seus
membros: (...)
II - as seguintes vedações: (...)
e) exercer atividade político-partidária;

Finalizamos com isso as regras constitucionais relativas à inelegibilidade.


12776742800

5.5 - Impugnação ao Mandato Eletivo


A impugnação ao mandato eletivo (AIME) vem prevista em dois incisos do
art. 14 da CF:
§ 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no
PRAZO DE QUINZE DIAS contados da diplomação, instruída a ação com provas de
abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.
§ 11 - A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça,
respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.

Trata-se de uma ação de caráter civil que visa garantir a igualdade e a


liberdade do sufrágio. Deste modo, evita-se que o candidato valha-se de
abuso do poder econômico, corrupção ou fraude para sagrar-se vencedor
do pleito.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 61 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

Por abuso do poder econômico entende-se a utilização de recursos nas


campanhas eleitorais contrariamente ao que prevê a legislação eleitoral,
com o propósito de desequilibrar o resultado das eleições.
A corrupção, por seu turno, constitui ação daquele que promete, oferece,
solicita ou recebe vantagem indevida.
Finalmente a fraude constitui artimanha, artifício ou
ardil para induzir o eleitor em erro.
Para a sua prova lembre-se:

•abuso do poder econômico


HIPÓTESES QUE ENSEJAM A AIME •corrupção
•fraude

A diplomação é o ato pelo qual se declara quem são os eleitos e os


suplentes, entregando a eles os respectivos diplomas. Deste ato solene,
conta-se o PRAZO DE 15 DIAS para ser proposta a AIME.
Ao mesmo tempo que o AIME constitui forma de se voltar contra o candidato
que vale-se de prática ilícitas para ser eleito, deve-se cuidar para que a
ação não seja utilizada de forma temerária e com fins eleitoreiros, por conta
disso mitiga-se o princípio da publicidade, de modo que o AIME tramitará
em segredo de justiça.

5.6 - Perda e suspensão dos Direitos Políticos


Perda difere da suspensão em razão da duração dos efeitos sobre os
direitos políticos. Ao passo que a suspensão é temporária, a perda é
definitiva.
PERDA definitiva

SUSPENSÃO temporária

Antes de analisarmos o dispositivo constitucional sobre a matéria, desde


12776742800

logo devemos frisar que A CASSAÇÃO DE DIREITOS É VEDADA


ABSOLUTAMENTE.

A cassação consiste na suspensão arbitrária e unilateral dos


direitos políticos por ato do poder público, sem observância dos
princípios processuais, notadamente o princípio da ampla
defesa e contraditório.

Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se


dará nos casos de:
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;
II - incapacidade civil absoluta;
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 62 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos


termos do art. 5º, VIII;
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.

São cinco hipóteses, vejamos cada uma delas.

5.6.1 - Perda dos direitos políticos


(i) Cancelamento da naturalização por sentença transitada em
julgado.
Ser nacional é o primeiro passo para o exercício da cidadania. Logo, se
houver o cancelamento da naturalização, não haverá possibilidade de a
pessoa exercer direitos políticos.
(ii) Recusa a cumprir obrigação a todos imposta, bem como a
prestação alternativa.
Embora haja certo dissenso doutrinário, a jurisprudência do TSE traz a
presente hipótese como um caso de suspensão dos direitos políticos, que
poderão ser restabelecidos tão logo seja quitada a obrigação a todos
imposta ou a prestação alternativa. Esse tipo de questão, se for objeto de
prova, certamente trará dúvidas.
Bancas tradicionais como o CESPE e a FCC adotam posicionamento distinto.
Para a FCC – com fundamento no art. 438 do CPP – trata-se de hipótese de
suspensão dos direitos políticos. Para o CESPE, com fundamento na
doutrina de José Afonso da Silva, trata-se de hipótese de perda dos direitos
políticos.

5.6.2 - Suspensão dos direitos políticos


(iii) Condenação criminal transitada em julgado.
A suspensão dos direitos políticos nesta hipótese é automática e decorre do
trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Permanecerá com os
direitos políticos suspensos apenas enquanto durarem os efeitos penais da
condenação. 12776742800

Registre-se que a reparação civil não é pressuposto


para reabilitação dos direitos políticos, como se extrai
da Súmula nº 9 do TSE:
Súmula nº 9 TSE
A suspensão de direitos políticos decorrente de condenação criminal transitada em
julgado cessa com o cumprimento ou a extinção da pena, independendo de
reabilitação ou de prova de reparação dos danos.

Acerca desta espécie é importante destacar, tal como ensina Rodrigo


Padilha24, que ela não guarda relação com a prisão.

24
PADILHA, Rodrigo, Direito constitucional, versão eletrônica.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 63 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

Também não possui nenhuma correlação com a prisão, isto é, presos cautelarmente
podem exercer plenamente direitos políticos ativos.

(iv) Prática de atos de improbidade administrativa.


Trata-se de outra hipótese cuja declaração depende de processo
administrativo, que restringirá os direitos políticos por prazos variados a
depender da espécie de ato de improbidade praticado. Não vamos nos
alongar no assunto, posto que a matéria será estudada em Direito
Administrativo. Vejamos apenas um quadro resumo:

Ato atentatório aos


Lesão ao
Enriquecimento princípios da
ESPÉCIE Patrimônio
Ilícito Administração
Público
Pública

SUSPENSÃO Suspensão dos Suspensão dos Suspensão dos direitos


DOS DIREITOS direitos políticos de 8 direitos políticos políticos de 3 a 5 anos
POLÍTICOS a 10 anos de 5 a 8 anos

5.6.3 - Incapacidade civil absoluta: perda ou suspensão?


(v) Incapacidade civil absoluta.
Discute-se na doutrina se a presente hipótese é, de fato, um caso de perda
dos direitos políticos. A trouxemos em separado, pois poderá implicar tanto
na suspensão dos direitos políticos quanto na perda.
Se a incapacidade civil for permanente e irrecuperável, tal como a interdição
decorrente de mal de Alzheimer, haverá propriamente a perda dos direitos
políticos. Por outro lado, se a incapacitação for transitória, com
possibilidade de recuperação, a hipótese será de suspensão dos direitos
políticos.

5.7 - Desincompatibilização
Vimos que os cargos do Poder Executivo permitem apenas uma reeleição
consecutiva. Contudo, quando se trata de candidatura para outro cargo,
12776742800

aplica-se a regra prevista no art. 14, §6º, da CF, que trata do instituto da
desincompatibilização:
§ 6º - Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores
de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos
mandatos até seis meses antes do pleito.

Deste modo, os detentores de mandatos políticos no âmbito do Poder


Executivo deverão afastar-se DEFINITIVAMENTE de seus respectivos
cargos para concorrem a novo mandato em cargo diferente daquele
ocupado.
Segundo a doutrina de Thales e Camila Cerqueira25:

25
CERQUEIRA, Thales Tácito e CERQUEIRA, Camila Albuquerque. Direito Eleitoral
Esquematizado, p. 123.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 64 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

Desincompatibilização é o ato pelo qual o candidato se desvencilha da inelegibilidade


a tempo de concorrer à eleição.

Portanto a desincompatibilização implica na impossibilidade de o candidato


concorrer às eleições porque não providenciou a tempo seu afastamento do
mandato que anteriormente ocupava.
Segundo Marcos Ramayana26:
Tutela-se com a desincompatibilização a isonomia entre os pré-candidatos ao pleito
eleitoral específico, bem como a lisura das eleições contra a influência do poder
político e/ou econômico e a captação ilícita de sufrágio, porque incide uma presunção
iure et de jure que o incompatível utilizará em seu benefício a máquina da
Administração Pública.

Cumpre mencionar, por fim, que segundo parte da doutrina a


desincompatibilização constitui, no fundo, uma hipótese de inelegibilidade,
pois impede que a pessoa – caso não se desincompatibilize a tempo –
concorra ao mandato eletivo.
Ademais, dada a vedação que vimos na aula em relação à capacidade
eleitoral passiva de magistrados e membros do Ministério Público, caso o
juiz ou promotor decidam concorrer a mandato eletivo deverão licenciar-se
do cargo antecipadamente. Em relação a essas hipóteses a doutrina faz
comparação com o que vimos acima. Assim concluem que o art. 14, §6º,
da CF, trata de hipótese de desincompatibilização definitiva.
Finalizamos, assim, a matéria relativa aos Direitos Políticos, segundo nossa
Constituição.

6 Questões
Na sequência vamos treinar várias questões de prova.
Procuramos trazer questões envolvendo os mais
diversos assuntos relativos ao que estudamos, com
destaque para as questões que exigem a literalidade dos dispositivos da
Constituição.
12776742800

6.1 - Questões Sem Comentários


Questão 01 – FCC/TRF4 – Analista – 2010 – questão adaptada
De acordo com Direito de Nacionalidade, julgue o item seguinte:
São brasileiros naturalizados, de acordo com a Constituição Federal, os estrangeiros
residentes no Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal,
desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

Questão 02 – FCC/TJ-PI – Escrivão – 2009 – questão adaptada


No tocante à nacionalidade, julgue o item seguinte.

26
RAMAYANA, Marcos. Direito Eleitoral, 10ª edição. ver., atual. e ampl. Niterói: Editora
Impetus, 2011, p. 252.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 65 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que adquirir outra


nacionalidade no caso de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei
estrangeira.

Questão 03 – FCC/TJ-PI – Escrivão – 2009 – questão adaptada


No tocante à nacionalidade, julgue o item seguinte.
São privativos de brasileiro nato os cargos de Presidente da Câmara dos Deputados,
de Presidente do Senado Federal, de Ministro do Supremo Tribunal Federal, da
carreira diplomática e de oficial das Forças Armadas.

Questão 04 – FAURGS/TJ-RS – Analista - 2012 – questão adaptada


Sobre nacionalidade, julgue os itens seguintes:
Somente os brasileiros naturalizados perdem a nacionalidade brasileira em virtude
de aquisição de outra nacionalidade.

Questão 05 – FAURGS/TJ-RS – Analista - 2012 – questão adaptada


Sobre nacionalidade, julgue os itens seguintes:
Para o cancelamento de naturalização em razão de prática de ato nocivo ao interesse
nacional, basta processo administrativo.

Questão 06 – FAURGS/TJ-RS – Analista - 2012 – questão adaptada


Sobre nacionalidade, julgue os itens seguintes:
Oficial das Forças Armadas e Ministro do Estado da Defesa são cargos privativos de
brasileiro nato.

Questão 07 – CONSULPLAN/PREFEITURA-RJ – Advogado – 2010


Julgue o item seguinte:
NÃO são brasileiros natos os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade
brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência
por um ano ininterrupto e idoneidade moral.

Questão 08 – AROEIRA/PC-TO – Delegado de Polícia – 2014 –


questão adaptada 12776742800

Julgue o item seguinte:


No caso de condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus
efeitos, o condenado terá seus direitos políticos suspensos.

Questão 09 – FCC/TRE-RO – Analista Judiciário – 2013 – questão


adaptada
Considere a seguinte situação hipotética: Simone é Deputada Estadual. Durante seu
mandato, seu irmão, Gabriel, foi eleito Presidente da República. Simone pretende se
candidatar à reeleição.
Considerando a situação hipotética acima, julgue o item seguinte:
No caso, em relação ao parentesco de segundo grau apresentado, a candidatura de
Simone é válida segundo as normas previstas na Constituição Federal.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 66 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

Questão 10 – FCC/TRE-RO – Analista Judiciário – 2013 – questão


adaptada
Considere a seguinte situação hipotética:
Em uma reunião política do Partido X encontram-se Sinésio, 22 anos de idade; Vitor,
33 anos de idade; Bianca, 36 anos de idade e Gabriela, 30 anos de idade. O referido
partido discute a candidatura aos cargos de Deputado Estadual e Deputado Federal.
Tendo em vista a situação formulada, julgue o item seguinte:
No caso, dentre as pessoas mencionadas, no tocante ao requisito idade mínima Vitor,
Bianca e Gabriela podem concorrer a ambos os cargos, mas Sinésio poderá concorrer
apenas ao cargo de Deputado Estadual.

Questão 11 – CESPE/TRE-MS – Analista Judiciário – 2013 – questão


adaptada
No que se refere aos direitos políticos, julgue o item seguinte.
A ação de impugnação de mandato eletivo deverá ser proposta na justiça eleitoral no
prazo de quinze dias da diplomação, independentemente de provas iniciais de abuso
do poder econômico, corrupção ou fraude cometida.

Questão 12 – CESPE/TRE-MS – Analista Judiciário – 2013 – questão


adaptada
No que se refere aos direitos políticos, julgue o item seguinte.
O plebiscito e o referendo são formas de exercício indireto da soberania popular. A
participação popular, em ambos os casos, faz-se posteriormente à promulgação da
lei.

Questão 13 – FCC/TRE-TO - Técnico Judiciário – 2011 – questão


adaptada
Julgue o item seguinte:
Os analfabetos, maiores de setenta anos, estrangeiros e os maiores de dezesseis
anos podem alistar-se como eleitores.

Questão 14 – FCC/TJ-AP – Técnico Judiciário – 2014 – questão


adaptada
12776742800

Julgue o item seguinte:


É direito social dos trabalhadores urbanos e rurais a duração do trabalho normal não
superior a seis horas diárias e quarenta semanais.

Questão 15 – FCC/TJ-AP – Técnico Judiciário – 2014 – questão


adaptada
Julgue o item seguinte:
É direito social dos trabalhadores urbanos e rurais a licença à gestante, sem prejuízo
do emprego e do salário, com a duração de noventa dias.

Questão 16 – FCC/TJ-AP – Técnico Judiciário – 2014 – questão


adaptada
Julgue o item seguinte:

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 67 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

É direito social dos trabalhadores urbanos e rurais o seguro contra acidentes de


trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado,
quando incorrer em dolo ou culpa.

Questão 17 – FGV/PROCEMPA – Analista Administrativo – 2014 –


questão adaptada
Acerca dos Direitos Sociais Constitucionais, julgue.
São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o
lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, e a
assistência aos desamparados.

Questão 18 – FGV/PROCEMPA – Analista Administrativo – 2014 –


questão adaptada
Acerca dos Direitos Sociais Constitucionais, julgue.
É assegurado à categoria dos trabalhadores domésticos o direito à duração do
trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou
convenção coletiva de trabalho.

Questão 19 – FGV/PROCEMPA – Analista Administrativo – 2014 –


questão adaptada
Acerca dos Direitos Sociais Constitucionais, julgue.
É direito dos trabalhadores urbanos e rurais a ação, quanto aos créditos resultantes
das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores
urbanos e rurais, até o limite de um ano após a extinção do contrato de trabalho.

Questão 20 – TRT/23 – Juiz Substituto do Trabalho – 2014 –


questão adaptada
Julgue o item seguinte:
Em face do artigo 8º da Constituição Federal, o aposentado filiado tem o direito a
votar e ser votado nas organizações sindicais.

Questão 21 – TRT/14ª Região – Juiz do Trabalho – 2014 – questão


12776742800

adaptada
Julgue:
São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, previstos constitucionalmente,
seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; fundo de garantia do
tempo de serviço; décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no
valor a aposentadoria; auxílio doença; e aposentadoria.

Questão 22 – FUMARC/PC-MG – Escrivão da Polícia – 2012 –


questão adaptada
Julgue o item seguinte:
No rol dos Direitos Sociais, consagrados pela Constituição Federal, consta o “direito
de greve”, reconhecido através do direito de imunidade do trabalhador face às
consequências normais de não trabalhar, implicando numa permissão de não
cumprimento de uma obrigação.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 68 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

Questão 23 - FCC/TRT2ª – Analista Judiciário – Área Administrativa


– 2014 – questão adaptada
A respeito das regras previstas na CF, julgue o item seguinte:
É direito constitucional assegurado aos trabalhadores licença paternidade de quinze
dias.

Questão 24 - FCC/TRT19ª – Analista Judiciário – Oficial de Justiça


Avaliador - 2014 – questão adaptada
Sobre os direitos sociais, julgue o item seguinte:
A prescrição da ação para o trabalhador postular em juízo os direitos decorrentes de
sua relação de emprego ocorre 5 anos após a ocorrência do ato do empregador que
lhe negou o direito, até o limite de 2 anos após a rescisão do contrato de trabalho.

Questão 25 – CESPE - TRT17ª – Técnico Judiciário – Área


Administrativa - 2013
Em relação aos direitos constitucionais dos trabalhadores, julgue o item a seguir.
O salário-família é um direito constitucional dos trabalhadores urbanos estendido aos
empregados domésticos, independentemente de qualquer regulação
infraconstitucional.

Questão 26 - CESPE/TRT10ª – Analista Judiciário – Área


Administrativa - 2013
Em relação ao direito do trabalho, julgue os itens a seguir.
O seguro-desemprego, concedido em caso de desemprego involuntário, é um direito
constitucional dos trabalhadores urbanos, não fazendo jus a esse benefício os
trabalhadores rurais.

Questão 27 – Inédita - 2015


Acerca dos direitos constitucionais dos trabalhadores julgue o item abaixo:
Os direitos dos trabalhadores, direito de segunda dimensão, são taxativamente
prescritos no art. 7º da CF, devendo a lei ater-se à regulamentação dos direitos
constitucionais assegurados.
12776742800

Questão 28 – Inédita - 2015


Acerca dos direitos constitucionais dos trabalhadores julgue o item abaixo:
Entre os direitos fundamentais estão os direitos sociais previstos no art. 6º, que
abrange, em seu rol, os direitos trabalhistas.

Questão 29 – Inédita - 2015


Acerca dos direitos constitucionais dos trabalhadores julgue o item abaixo:
Os direitos previstos no art. 7º da CF aplicam-se apenas aos empregados (urbanos
e rurais) não se estendendo aos demais trabalhadores.

Questão 30 – Inédita - 2015


Acerca dos direitos constitucionais dos trabalhadores julgue o item abaixo:

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 69 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

Entre os direitos constitucionais dos trabalhadores está prevista a jornada em turnos


ininterruptos de revezamento, que não poderá ultrapassar seis horas diárias.

Questão 31 – Inédita - 2015


Acerca dos direitos constitucionais dos trabalhadores julgue o item abaixo:
De acordo com a CF, as reclamações trabalhistas devem observar o prazo
prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de
dois anos após a extinção do contrato de trabalho.

Questão 32 – Inédita – 2015


Acerca dos direitos constitucionais dos trabalhadores julgue o item abaixo:
Entre os direitos constitucionais dos trabalhadores está: salário-família, horas in
itinere, aviso prévio, adicional de insalubridade e seguro desemprego.

6.2 - Gabarito

Questão 01 – CORRETA Questão 02 – INCORRETA Questão 03 – CORRETA

Questão 04 – INCORRETA Questão 04 – INCORRETA Questão 06 – CORRETA

Questão 07 – CORRETA Questão 08 – CORRETA Questão 09 – CORRETA

Questão 10 – INCORRETA Questão 11 – INCORRETA Questão 12 – INCORRETA

Questão 13 – INCORRETA Questão 14 – INCORRETA Questão 15 – INCORRETA

Questão 16 – CORRETA Questão 17 – CORRETA Questão 18 – CORRETA

Questão 19 – INCORRETA Questão 20 – CORRETA Questão 21 – INCORRETA

Questão 22 – CORRETA Questão 23 – INCORRETA Questão 24 – CORRETA

Questão 25 – INCORRETA Questão 26 – INCORRETA


12776742800
Questão 27 – INCORRETA

Questão 28 – CORRETA Questão 29 – INCORRETA Questão 30 – INCORRETA

Questão 31 – CORRETA Questão 32 – INCORRETA

6.3 - Questões Comentadas


Questão 01 – FCC/TRF4 – Analista – 2010 – questão adaptada
De acordo com Direito de Nacionalidade, julgue o item seguinte:
São brasileiros naturalizados, de acordo com a Constituição Federal, os estrangeiros
residentes no Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal,
desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

Comentários

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 70 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

A assertiva está correta, tendo em vista que traz a previsão exata do art.
12, inciso II, alínea a.
Vejamos, novamente, o quadro que compara as espécies de naturalização
previstas na CF:
NATURALIZAÇÃO NATURALIZAÇÃO
ORDINÁRIA EXTRAORDINÁRIA
NATURALIZAÇÃO NATURALIZAÇÃO OBSERVAÇÕES
DAQUELES QUE DOS DEMAIS
FALAM PORTUGUÊS
 Notem que naturalização
Residência por 1 ano Residência por 15
extraordinária exige muito mais
ininterrupto anos ininterruptos
tempo de permanência no Brasil.
 Notem que na naturalização
Ausência de extraordinária a pessoa não poderá
Idoneidade moral
condenação penal ter qualquer envolvimento com
práticas ilícitas.
 Em relação ao requerimento,
embora a CF exija-o expressamente
na naturalização extraordinária
Requerimento do
-- apenas, tal requisito também é
interessado
exigido na naturalização ordinária,
segundo legislação
infraconstitucional.

Questão 02 – FCC/TJ-PI – Escrivão – 2009 – questão adaptada


No tocante à nacionalidade, julgue o item seguinte.
Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que adquirir outra
nacionalidade no caso de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei
estrangeira.

Comentários
A assertiva está incorreta, pois não se trata de um caso de perda da
nacionalidade brasileira. Vejamos o que prevê o art. 12, § 4º, inciso II,
12776742800

alínea a.
§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;

Questão 03 – FCC/TJ-PI – Escrivão – 2009 – questão adaptada


No tocante à nacionalidade, julgue o item seguinte.
São privativos de brasileiro nato os cargos de Presidente da Câmara dos Deputados,
de Presidente do Senado Federal, de Ministro do Supremo Tribunal Federal, da
carreira diplomática e de oficial das Forças Armadas.

A assertiva está correta, uma vez traz apenas cargos privativos de


brasileiros natos, de acordo com o que prevê o art. 12, § 3º.
§ 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos:

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 71 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

I - de Presidente e Vice-Presidente da República;


II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas.
VII - de Ministro de Estado da Defesa

Questão 04 – FAURGS/TJ-RS – Analista - 2012 – questão adaptada


Sobre nacionalidade, julgue os itens seguintes:
Somente os brasileiros naturalizados perdem a nacionalidade brasileira em virtude
de aquisição de outra nacionalidade.

Comentários
A assertiva está incorreta. A perda de nacionalidade por aquisição de outra
nacionalidade é considerada uma hipótese em que brasileiro nato pode
perder a nacionalidade.

Questão 05 – FAURGS/TJ-RS – Analista - 2012 – questão adaptada


Sobre nacionalidade, julgue os itens seguintes:
Para o cancelamento de naturalização em razão de prática de ato nocivo ao interesse
nacional, basta processo administrativo.

Comentários
A assertiva está incorreta, pois de acordo com o art. 12, § 4º, CF. II, o
cancelamento da naturalização é feito por sentença judicial transitada em
julgado. Vejamos todas as hipóteses do § 4º.
§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade
nociva ao interesse nacional;
12776742800

II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:


a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em
estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o
exercício de direitos civis;

Questão 06 – FAURGS/TJ-RS – Analista - 2012 – questão adaptada


Sobre nacionalidade, julgue os itens seguintes:
Oficial das Forças Armadas e Ministro do Estado da Defesa são cargos privativos de
brasileiro nato.

Comentários
A assertiva está correta, uma vez que menciona cargos privativos de
brasileiros natos, quais sejam:

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 72 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

Presidente e Vice

CARGOS DE BRASILEIROS
Presidente da Câmara dos Deputados

Presidente do Senado Federal

NATOS
Ministro do STF

cargos de carreira diplomática

oficial das Forças Armadas

Ministro de Estado da Defesa.

Questão 07 – CONSULPLAN/PREFEITURA-RJ – Advogado – 2010


Julgue o item seguinte:
NÃO são brasileiros natos os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade
brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência
por um ano ininterrupto e idoneidade moral.

Comentários
Vamos analisar os dispositivos que preveem os casos de brasileiros
naturalizados, mais uma vez, pois as questões são bastante repetitivas.
 NATURALIZAÇÃO DE PAÍS DE LÍNGUA PORTUGUESA:

NATURALIZAÇÃO DAQUELE QUE FALA PORTUGUÊS

aplica-se a todos os países que falarem português


oficialmente

requisitos

1º - residência por um ano


2º - idoneidade moral
ininterrupto
12776742800

 NATURALIZAÇÃO DOS DEMAIS ESTRANGEIROS:

NATURALIZAÇÃO DOS DEMAIS ESTRANGEIROS

requisitos

1º - 15 anos de 2º - ausência de 3º - requerimento do


residência ininterrupta condenação penal interessado

Logo, a assertiva está correta.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 73 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

Questão 08 – AROEIRA/PC-TO – Delegado de Polícia – 2014 –


questão adaptada
Julgue o item seguinte:
No caso de condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus
efeitos, o condenado terá seus direitos políticos suspensos.

Comentários
A questão exige o conhecimento do art. 15, da CF.
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se
dará nos casos de:
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;
II - incapacidade civil absoluta;
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos
termos do art. 5º, VIII;
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.

De acordo com a Súmula 9, do TSE, a condenação criminal transitada em


julgado é caso de suspensão dos direitos políticos.
Súmula nº 9 TSE
A suspensão de direitos políticos decorrente de condenação criminal transitada em
julgado cessa com o cumprimento ou a extinção da pena, independendo de
reabilitação ou de prova de reparação dos danos.

Assim, a assertiva está correta.

Questão 09 – FCC/TRE-RO – Analista Judiciário – 2013 – questão


adaptada
Considere a seguinte situação hipotética: Simone é Deputada Estadual. Durante seu
mandato, seu irmão, Gabriel, foi eleito Presidente da República. Simone pretende se
candidatar à reeleição.
Considerando a situação hipotética acima, julgue o item seguinte:
12776742800

No caso, em relação ao parentesco de segundo grau apresentado, a candidatura de


Simone é válida segundo as normas previstas na Constituição Federal.

Comentários
O caso disposto acima não se enquadra na regrativa da inelegibilidade
reflexa, posto que Simone já era detentora de mandato político e quem
passou a postular o cargo de Presidente foi Gabriel seu irmão.
Vejamos a regra contida no § 7º, do art. 14, da CF.
§ 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes
consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da
República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de
Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito,
salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 74 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

Somente há que se falar em inelegibilidade reflexa em relação aos cargos


do Poder Executivo (Presidente, Governador e Prefeito) se fosse o inverso.
Em tais casos, seria necessária a desincompatibilização de Gabriel como
Presidente para que ela pudesse concorrer, pela primeira vez ao cargo de
deputada.
Retornando ao exemplo trazido, num eventual terceiro mandato, Simone
somente poderia concorrer novamente ao cargo, caso houvesse
desincompatibilização de Gabriel, pois o território de jurisdição do titular ao
cargo de Presidente, no caso, é nacional e, portanto, abrange também o
estado pretendido por Simone.
Desse modo, a assertiva está correta.

Questão 10 – FCC/TRE-RO – Analista Judiciário – 2013 – questão


adaptada
Considere a seguinte situação hipotética:
Em uma reunião política do Partido X encontram-se Sinésio, 22 anos de idade; Vitor,
33 anos de idade; Bianca, 36 anos de idade e Gabriela, 30 anos de idade. O referido
partido discute a candidatura aos cargos de Deputado Estadual e Deputado Federal.
Tendo em vista a situação formulada, julgue o item seguinte:
No caso, dentre as pessoas mencionadas, no tocante ao requisito idade mínima Vitor,
Bianca e Gabriela podem concorrer a ambos os cargos, mas Sinésio poderá concorrer
apenas ao cargo de Deputado Estadual.

Comentários
A assertiva está incorreta. Como sabemos, o Deputado Estadual e Federal
precisa ter, no mínimo, 21 anos para tomar posse no cargo, assim, todas
as pessoas citadas acima podem concorrer ao cargo.

Questão 11 – CESPE/TRE-MS – Analista Judiciário – 2013 – questão


adaptada
No que se refere aos direitos políticos, julgue o item seguinte.
A ação de impugnação de mandato eletivo deverá ser proposta na justiça eleitoral no
12776742800

prazo de quinze dias da diplomação, independentemente de provas iniciais de abuso


do poder econômico, corrupção ou fraude cometida.

Comentários
A assertiva está incorreta, pois a AIME não poderá ser proposta se
temerária ou de manifesta má-fé.
§ 11 - A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça,
respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.

Questão 12 – CESPE/TRE-MS – Analista Judiciário – 2013 – questão


adaptada
No que se refere aos direitos políticos, julgue o item seguinte.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 75 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

O plebiscito e o referendo são formas de exercício indireto da soberania popular. A


participação popular, em ambos os casos, faz-se posteriormente à promulgação da
lei.

Comentários
A assertiva está incorreta, pois o plebiscito e referendo são formas diretas
de exercício da soberania popular.
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto
e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I - plebiscito;
II - referendo;
III - iniciativa popular.

Questão 13 – FCC/TRE-TO - Técnico Judiciário – 2011 – questão


adaptada
Julgue o item seguinte:
Os analfabetos, maiores de setenta anos, estrangeiros e os maiores de dezesseis
anos podem alistar-se como eleitores.

Comentários
Conforme dispõe o art. 14, § 1º, II, a, b e c, da CF, que institui o alistamento
facultativo para os analfabetos, para os maiores de dezesseis anos e
menores de dezoito e para os maiores de setenta anos. Vejamos o
dispositivo.
§ 1º - O alistamento eleitoral e o voto são:
II - facultativos para:
a) os analfabetos;
b) os maiores de setenta anos;
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.

É importante lembrar que o alistamento eleitoral é um dos requisitos para


12776742800

o exercício da capacidade eleitoral ativa (direito de votar). Desse modo, se


o alistamento é facultativo, o voto também será.
alistamento e voto maiores de 18 anos (e
obrigatórios menores de 70)
ELEITORAL ATIVA

analfabetos
CAPACIDADE

alistamento e voto
maiores de 70
facultativos

entre 16 e 18 anos

estrangeiros
alistamento e voto não
permitidos
conscritos

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 76 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

Portanto, assertiva está incorreta, pois os estrangeiros não podem se


alistar eleitores.

Questão 14 – FCC/TJ-AP – Técnico Judiciário – 2014 – questão


adaptada
Julgue o item seguinte:
É direito social dos trabalhadores urbanos e rurais a duração do trabalho normal não
superior a seis horas diárias e quarenta semanais.

Comentários
A assertiva está incorreta, pois a CF prevê a duração da jornada de 08
horas diárias e 44 semanais. Isso de acordo com o art. 7º, inciso XIII.
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e
quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada,
mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;

Questão 15 – FCC/TJ-AP – Técnico Judiciário – 2014 – questão


adaptada
Julgue o item seguinte:
É direito social dos trabalhadores urbanos e rurais a licença à gestante, sem prejuízo
do emprego e do salário, com a duração de noventa dias.

Comentários
A assertiva está incorreta, pois a CF prevê que a licença gestante será de
120 dias.
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de
cento e vinte dias;

Questão 16 – FCC/TJ-AP – Técnico Judiciário – 2014 – questão


adaptada
Julgue o item seguinte:
É direito social dos trabalhadores urbanos e rurais o seguro contra acidentes de
12776742800

trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado,
quando incorrer em dolo ou culpa.

Comentários
A assertiva está correta, vejamos:
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a
indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;

Questão 17 – FGV/PROCEMPA – Analista Administrativo – 2014 –


questão adaptada
Acerca dos Direitos Sociais Constitucionais, julgue.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 77 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o


lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, e a
assistência aos desamparados.

Comentários
A assertiva está correta, tendo em vista o art. 6º, da CF.
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia,
o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

Questão 18 – FGV/PROCEMPA – Analista Administrativo – 2014 –


questão adaptada
Acerca dos Direitos Sociais Constitucionais, julgue.
É assegurado à categoria dos trabalhadores domésticos o direito à duração do
trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou
convenção coletiva de trabalho.

Comentários
A assertiva está correta, com base no § único do art. 7º.
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os
direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI,
XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei
e observada a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e
acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos
nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência
social.

Notem que o inciso XIII está previsto no rol acima, vejamos o inciso.
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e
quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada,
mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;

Questão 19 – FGV/PROCEMPA – Analista Administrativo – 2014 –


questão adaptada
12776742800

Acerca dos Direitos Sociais Constitucionais, julgue.


É direito dos trabalhadores urbanos e rurais a ação, quanto aos créditos resultantes
das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores
urbanos e rurais, até o limite de um ano após a extinção do contrato de trabalho.

Comentários
A assertiva está incorreta, pois o limite para propor ação após a extinção
do contrato é de 02 anos.
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo
prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de
dois anos após a extinção do contrato de trabalho;

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 78 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

Questão 20 – TRT/23 – Juiz Substituto do Trabalho – 2014 –


questão adaptada
Julgue o item seguinte:
Em face do artigo 8º da Constituição Federal, o aposentado filiado tem o direito a
votar e ser votado nas organizações sindicais.

Comentários
A assertiva está correta, tendo em vista o art. 8º, inciso VII, da CF.
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais;

Questão 21 – TRT/14ª Região – Juiz do Trabalho – 2014 – questão


adaptada
Julgue:
São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, previstos constitucionalmente,
seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; fundo de garantia do
tempo de serviço; décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no
valor a aposentadoria; auxílio doença; e aposentadoria.

Comentários
Essa questão solicitou o conhecimento do art. 7º. Dessa forma, o único
direito que não está previsto no art. 7º, ou no título dos direitos sociais é
o direito ao auxílio doença.
Assim, a assertiva está incorreta, portanto.

Questão 22 – FUMARC/PC-MG – Escrivão da Polícia – 2012 –


questão adaptada
Julgue o item seguinte:
No rol dos Direitos Sociais, consagrados pela Constituição Federal, consta o “direito
de greve”, reconhecido através do direito de imunidade do trabalhador face às
consequências normais de não trabalhar, implicando numa permissão de não
12776742800

cumprimento de uma obrigação.

Comentários
O art. 9º, da CF, disciplina o direito de greve.
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre
a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.
§ 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento
das necessidades inadiáveis da comunidade.
§ 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.

A assertiva está correta. Notem que o direito de greve concede aos


trabalhadores a possibilidade de não comparecer ao trabalho e não sofrer
as consequências por isso, tendo em vista a escusa legal pelo não
comparecimento.

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 79 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

Questão 23 - FCC/TRT2ª – Analista Judiciário – Área Administrativa


– 2014 – questão adaptada
A respeito das regras previstas na CF, julgue o item seguinte:
É direito constitucional assegurado aos trabalhadores licença paternidade de quinze
dias.

Comentários
A assertiva está incorreta, pois o art. 7º, XIX, da CF, prevê a licença
paternidade deixando ao cargo da legislação infraconstitucional a
regulamentação do direito. Até a regulamentação do dispositivo, foi
estabelecida regra transitória nos ADCT, art. 10, §1º, que estabelece que a
licença paternidade será de cinco dias.

Questão 24 - FCC/TRT19ª – Analista Judiciário – Oficial de Justiça


Avaliador - 2014 – questão adaptada
Sobre os direitos sociais, julgue o item seguinte:
A prescrição da ação para o trabalhador postular em juízo os direitos decorrentes de
sua relação de emprego ocorre 5 anos após a ocorrência do ato do empregador que
lhe negou o direito, até o limite de 2 anos após a rescisão do contrato de trabalho.

Comentários
Para responder a essa questão devemos ter atenção e conhecer o art. 7º,
XXIX, da CF, que prevê que a ação, quanto aos créditos resultantes das
relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os
trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a
extinção do contrato de trabalho.
Assim, a assertiva está a correta.

Questão 25 – CESPE - TRT17ª – Técnico Judiciário – Área


Administrativa - 2013
Em relação aos direitos constitucionais dos trabalhadores, julgue o item a seguir.
O salário-família é um direito constitucional dos trabalhadores urbanos estendido aos
12776742800

empregados domésticos, independentemente de qualquer regulação


infraconstitucional.

Comentários
Está incorreta a assertiva, pois o salário-família é um dos direitos
constitucionais previstos no art. 7º, que dependem de regulamentação para
serem aplicados aos empregados domésticos, conforme § único do art. 7º,
com redação pela EC 72/2013.
São direitos constitucionais dos trabalhadores que dependem de
regulamentação:
 Proteção contra despedida arbitrária (inc. I);
 Seguro-Desemprego (inc. II);

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 80 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

 FGTS (inc. III);


 Remuneração do trabalho noturno superior ao diurno (inc. IX);
 Salário-família (inc. XII);
 Auxílio aos filhos e dependentes em creches e pré-escolas (inc. XXV);
 Seguro contra acidentes de trabalho (inc. XXVIII).

Questão 26 - CESPE/TRT10ª – Analista Judiciário – Área


Administrativa - 2013
Em relação ao direito do trabalho, julgue os itens a seguir.
O seguro-desemprego, concedido em caso de desemprego involuntário, é um direito
constitucional dos trabalhadores urbanos, não fazendo jus a esse benefício os
trabalhadores rurais.

Comentários
A assertiva está errada.
Conforme dispõe o texto constitucional no art. 7º, caput, os direitos
assegurados em seus incisos são aplicados tantos aos empregados urbanos
como aos empregados rurais. Assim, tendo em vista que o benefício é
previsto no art. 7º, II, da CF, será assegurado a ambas as espécies de
empregados.

Questão 27 – Inédita - 2015


Acerca dos direitos constitucionais dos trabalhadores julgue o item abaixo:
Os direitos dos trabalhadores, direito de segunda dimensão, são taxativamente
prescritos no art. 7º da CF, devendo a lei ater-se à regulamentação dos direitos
constitucionais assegurados.

Comentários
Está incorreta a assertiva.
O art. 7º, da CF, concentra os direitos constitucionais dos trabalhadores,
12776742800

contudo, o rol desse dispositivo é exemplificativo, podendo ser ampliado


por norma infraconstitucional.
Nesse sentido, ainda, cumpre mencionar que os direitos constitucionais dos
trabalhadores constituem um núcleo mínimo protetivo desejado.
Competindo, assim, ao Poder Legislativo, bem como aos sujeitos da relação
de trabalho (por intermédio da negociação coletiva) estabelecerem um
patamar superior de direitos para tutelar a relação.

Questão 28 – Inédita - 2015


Acerca dos direitos constitucionais dos trabalhadores julgue o item abaixo:
Entre os direitos fundamentais estão os direitos sociais previstos no art. 6º, que
abrange, em seu rol, os direitos trabalhistas.

Comentários

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 81 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

Está correta a assertiva.


A questão em si é fácil de responder, pois envolve tão somente o
conhecimento do art. 6º da CF.
Pretende-se, contudo, alertar o aluno para outro fato, não tão evidente
assim. Embora seja assunto propriamente de Direito Constitucional,
devemos saber – aqui em Direito do Trabalho – que os direitos
fundamentais abrangem diversas “espécies”, quais sejam: direitos
fundamentais individuais e coletivos (previstos essencialmente no art. 5º,
da CF), direitos sociais (art. 6º e 7º), direitos de nacionalidade e os direitos
políticos.
Dentro do rol dos direitos sociais, o trabalho aparece como um deles, sendo
tratado analiticamente no art. 7º.
Portanto, devemos ter em mente os direitos trabalhistas são direitos
fundamentais sociais.

Questão 29 – Inédita - 2015


Acerca dos direitos constitucionais dos trabalhadores julgue o item abaixo:
Os direitos previstos no art. 7º da CF aplicam-se apenas aos empregados (urbanos
e rurais) não se estendendo aos demais trabalhadores.

Comentários
Está incorreta a assertiva.
Quanto aos destinatários dos direitos constitucionais trabalhistas lembre-se
que todos os direitos previstos no art. 7º aplicam-se integralmente aos
empregados urbanos e rurais, bem como, por previsão expressa, aos
empregados bem como aos trabalhadores avulsos.
Além dos empregados e avulsos, por força do § único do art. 7º, aplicam-
se parte dos direitos previstos aos empregados domésticos.

Questão 30 – Inédita - 2015


12776742800

Acerca dos direitos constitucionais dos trabalhadores julgue o item abaixo:


Entre os direitos constitucionais dos trabalhadores está prevista a jornada em turnos
ininterruptos de revezamento, que não poderá ultrapassar seis horas diárias.

Comentários
Está incorreta a assertiva.
Conforme dispõe o inc. XIV do art. 7º a jornada em turnos ininterrupto de
revezamento será de 6 horas, podendo, contudo, ser disciplinada
diversamente por negociação coletiva.

Questão 31 – Inédita - 2015


Acerca dos direitos constitucionais dos trabalhadores julgue o item abaixo:

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 82 de 83


Tópicos de Direitos Humanos para MPU
teoria e exercícios
Aula 03 - Prof. Ricardo Torques

De acordo com a CF, as reclamações trabalhistas devem observar o prazo


prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de
dois anos após a extinção do contrato de trabalho.

Comentários
Está correta a assertiva, pois reproduz o teor do art. 7º, XXIX da CF.

Questão 32 – Inédita – 2015


Acerca dos direitos constitucionais dos trabalhadores julgue o item abaixo:
Entre os direitos constitucionais dos trabalhadores está: salário-família, horas in
itinere, aviso prévio, adicional de insalubridade e seguro desemprego.

Comentários
Está incorreta a assertiva.
Do rol elencado na assertiva, não há previsão apenas das horas in itinere,
que é disciplina pela CLT.

7 Considerações Finais
Pessoal, chegamos ao final da nossa aula. Vimos um assunto fundamental
para a nossa prova. Esse tema certamente será exigido no concurso
vindouro. Logo, revisem bem a matéria.
Dúvidas, sugestões e críticas, por favor, entrem em contato comigo.
Lembre-se, estamos aqui para ajudá-los no objetivo de vocês. Sempre
estou à disposição no fórum do curso, nas redes sociais e por e-mail.
Um forte abraço e bons estudos a todos!
Ricardo Torques
[email protected]
https://www.facebook.com/ricardo.s.torques

12776742800

Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 83 de 83

Você também pode gostar