903-Texto Do Artigo-2237-2924-10-20221110
903-Texto Do Artigo-2237-2924-10-20221110
903-Texto Do Artigo-2237-2924-10-20221110
RESUMO
238
Realizado a partir de revisão bibliográfica e análise documental, os resultados
apontam que os programas de computador se tornaram objeto de interesse
mercantil autônomo a partir da década de 70, e que, ao longo das últimas décadas,
houve um significativo incremento econômico do setor. Os estudos indicam também
que o programa de computador “em si”, compreende um conjunto de instruções que
possibilitam o funcionamento de computadores e de tratamento de dados que
propiciam a gestão da informação das organizações em determinados contextos.
Nesta qualidade, os programas não são invenções, para efeito do que dispõe o
regime de propriedade industrial, mas podem ser considerados uma espécie de
“matéria prima” a partir da qual uma invenção pode ser implementada, assim como
se observa na relação entre as instruções (equiparadas por lei à obras literárias), as
quais são implementadas por linguagens.
ABSTRACT
This work has as its object of investigation the legal and technical factors related to
the feasibility of obtaining patents for inventions implemented by computer programs.
The study integrates the field of intellectual property rights, especially those related to
the incidence of Law No. 9,279/1996. Based on a bibliographic review and document
analysis, the results indicate that computer programs have become an object of
autonomous commercial interest from the 70's onwards, and that, over the last few
decades, there has been a significant economic increase in the sector. The studies
also indicate that the computer program "in itself" comprises a set of instructions that
239
enable the operation of computers and data processing that provide the management
of information in organizations in certain contexts. In this quality, programs are not
inventions, for the purposes of the industrial property regime, but can be considered
a kind of “raw material” from which an invention can be implemented, as can be seen
in the relationship between the instructions (equated by law to literary works), which
are implemented by languages.
INTRODUÇÃO
240
A investigação procurou reconhecer objetivamente os critérios que qualificam
a patenteabilidade de uma solução técnica “materializada” a partir de um programa
de computador.
A pesquisa foi realizada por meio de revisão bibliográfica e análise
documental. A revisão bibliográfica considerou, na medida do possível, o repertório
doutrinário disponível mais atualizado. Quanto a análise documental, foram
observadas as normas nacionais correlatas, com especial atenção as seguintes:
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988; Lei nº 9.609/1998 que
dispõe sobre a proteção da propriedade intelectual de programa de computador, sua
comercialização no País; Lei nº 9.610/1998 que consolida a legislação sobre Direitos
Autorais; Lei nº 9.279/1996 que regula direitos e obrigações relativos à propriedade
industrial; Resolução INPI nº 158/2016 que institui as diretrizes de exame de pedidos
de patente envolvendo invenções implementadas por programas de computador; e
Portaria INPI nº 411/2020 que institui a nova versão das diretrizes de exame de
pedidos de patente envolvendo invenções implementadas em computador (IIC).
Foram também realizadas buscas na plataforma de dados do Instituto Nacional de
Propriedade Industrial – INPI, a fim de diagnosticar o quadro de reivindicações de
patentes no segmento.
1 RESULTADOS E DISCUSSÃO
241
Trata-se de um artefato cujos pressupostos técnicos demandaram a
integração gradual de inúmeras contribuições ao logo dos séculos XIX e XX,
destacando-se nessa trajetória os trabalhos de Charles Babbage, Ada Lovelace,
Herman Hollerith, Vannevar Bush, Alan Turing, Claude Shannon, John Von
Neumann entre outros (ISAACSON, 2014)
Os primeiros computadores funcionavam a partir de instruções operadas
manualmente. A evolução da capacidade de “armazenamento” e “memória” permitiu
o salto da ação mecânica para um conjunto de instruções, estruturada em forma de
linguagem.
Inicialmente os computadores eram programados “através de meios externos
como cartões perfurados, fitas perfuradas, painéis, cabos de conexão etc.”. Atribui-
se a John Von Neumann a “primeira descrição minuciosa e quase completa da
arquitetura de um computador” capaz de conter um “programa armazenado na
própria memória e, portanto, passível de automodificação e de geração por outros
programas”. O primeiro computador com estas características foi o EDVAC
(projetado e construído entre 1944 a 1951), cuja estrutura lógica “constitui o princípio
de funcionamento de computadores digitais até hoje”. (KOWALTOWSKI, 1996)
Das válvulas aos transistores e destes aos microprocessadores, o crescente
poder de processamento das máquinas (hardware) foi acompanhado pela
caracterização do programa (software) como um componente fundamental das
máquinas e um bem economicamente relevante. Na década de 70, o
desenvolvimento de softwares para computadores pessoais alterou “o equilíbrio de
forças na indústria emergente” tornando os sistemas operacionais e os aplicativos
bem tão importantes para o mercado quanto o hardware (ISAACSON, 2014, p. 329).
Na esteira de David Evans, Abrantes (2013b, p. 71) explica que a “indústria
de software atual é bem diferente de suas origens [...] quando seu crescimento
dependia de fabricantes de hardware customizado que possuíam altas margens de
lucro”, cenário no qual os custos relacionados ao desenvolvimento de softwares
eram suportados por essas empresas. A demanda contemporânea de aplicações
executadas sobre computadores de uso geral cresceu, somado ao fato de o
242
processo de programação ser muito mais complexo do que era nos anos 60 e 70.
Para Zackiewicz (2014, p. 317)
5
“A Economia Digital se caracteriza por incorporar a internet, as tecnologias e os dispositivos digitais
nos processos de produção, na comercialização e na distribuição de bens e serviços. A economia
digital está composta por uma ampla gama de ‘inputs digitais’ que relacionam ‘habilidades digitais,
hardware, software e equipamentos de comunicação (equipamentos digitais), e também bens e
serviços digitais intermediários usados na produção’” (AGUILAR, 2020)
243
capacidade de realizar com maiores eficiências produções customizáveis e
previsibilidade de identificação de problemas no decorrer da cadeia produtiva,
aliando com isso inteligência artificial e comunicação remota (LIMA; GOMES, 2020).
244
emprego necessário em máquinas automáticas de tratamento da informação [...]
para fazê-los funcionar de modo e para fins determinados.” – serve-se para balizar a
aplicação das especificidades legais contidas na Lei nº 9.609/98, frente ao regime
geral.
Disto decorre que, no campo dos direitos de autor, o software comporta dois
planos de expressão:
245
humano6. Trata-se, portanto, de uma categoria de direitos intelectuais cujo objeto
corresponde a nada mais do que algo realizado por alguém, manifesto sob alguma
forma sensível aos sentidos, independente do suporte físico a partir do qual se
materializa, dos sentimentos que provoque ou dos efeitos técnicos que possa
eventualmente produzir7.
No campo dos direitos intelectuais de indústria, a tutela de interesses
patrimoniais sobre inventos vincula-se a criação de novos produtos ou processos,
cujas qualidades objetivas possibilitem exata reprodução ou replicação e figurem
como solução para problemas concretos.
Disso resulta o entendimento que o programa de computador, enquanto
conjunto de instruções “em si”, embora seja passível de exata reprodução, não é
dotado de atributos objetivos que resolvam problemas concretos. De igual modo, um
desenho técnico de uma ferramenta, enquanto expressão gráfica, não é capaz de
gerar os efeitos da ferramenta. O desenho de uma ferramenta é uma representação
de um artefato técnico, o que é possível dizer também de um texto que procure
descrever o mesmo artefato. Ambos são representações e, nessa qualidade, não
detém os atributos objetivos do que representam.
É o que se observa, inclusive, nas orientações da Portaria 411/2020 do INPI:
6
“São obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas
em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro, tais como: [...]”
(BRASIL, 1998, art. 7º)
7
“No domínio das ciências, a proteção recairá sobre a forma literária ou artística, não abrangendo o
seu conteúdo científico ou técnico, sem prejuízo dos direitos que protegem os demais campos da
propriedade imaterial.” (BRASIL, 1998, art. 7º, § 3º)
246
As expressões do espírito humano, sejam representações do abstrato ou do
concreto, são reconhecidas como obra em relação a qual o respectivo autor tem
direitos patrimoniais e morais, independentemente de qualquer procedimento formal.
A titularidade originária do direito de exclusividade sobre o uso e fruição de uma
obra independe de registro (art. 18 da Lei nº 9.610/98). Em relação aos programas
de computador não é diferente (art. 2º, § 3º da Lei nº 9.609/98). Contudo, estabelece
a lei específica que “os programas de computador poderão, a critério do titular, ser
registrados em órgão ou entidade a ser designado por ato do Poder Executivo, por
iniciativa do Ministério responsável pela política de ciência e tecnologia”, o que se
encontra regulado no Decreto nº 2.556, de 20 de abril de 1998.
Considerando esse quadro normativo, o registro do software pode ser
realizado junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial - INPI. Note-se que
este registro, de caráter eminentemente declarativo, não se confunde com a
reivindicação de patente, seja porque o objeto do registro é distinto do objeto da
patente, seja também em razão das condições e do alcance dos direitos
reconhecidos.
247
desuso ou de uso comum, pode constituir prova da falta de novidade”
(MAGALHÃES, 2016, p. 30).
A atividade inventiva corresponde a confluência do engenho intelectual com
as condicionantes materiais, para além do que se pode reconhecer como óbvio na
área de produção e/ou aplicação correspondente ao produto ou processo. Nos
termos da lei, “a invenção é dotada de atividade inventiva sempre que, para um
técnico no assunto, não decorra de maneira evidente ou óbvia do estado da técnica.”
(BRASIL, 1996, art. 13).
Por fim, a aplicação industrial corresponde a possibilidade objetiva de
reprodução do produto ou replicação do processo, em escala. Magalhães (2016, p.
28, 29) afirma que a invenção “deve ser capaz de ser reproduzida em escala por
qualquer terceiro interessado [...] o requisito de aplicação industrial elimina a
possibilidade de proteção de obras artísticas e literárias, concepções abstratas,
planos de negócio, métodos educativos, entre outros”. É suscetível de aplicação
industrial a criação que possa ser utilizada ou produzida em qualquer tipo de
indústria (BRASIL, 1996, art. 15). Materialmente, um invento pode ser um produto ou
um processo, cuja aplicação industrial consista no seu emprego como um elemento
que “integre a produção”, ou algo que “resulte da produção”.
Na esteira do Ato Normativo nº 127/97, Abrantes (2013a, p. 147) observa que
“é necessário que a invenção esteja inserida em um setor técnico (item 15.1.2 c),
resolva problema técnico, constituindo a solução para tais problemas, (item
15.1.2.e) e possua efeito técnico (item 15.1.2 f) afastando assim a possibilidade da
patenteabilidade de meras abstrações.” Assim, o invento deve implicar caráter
técnico quanto ao problema (objeto), a solução (aplicação) e efeitos (resultado),
conforme segue:
248
de ordem prática e utilitária, são estáveis e universais aos propósitos
que lhe foram conferidos (ARRABAL; ARRABAL, 2020, p. 35).
8
“Art. 19. O pedido de patente, nas condições estabelecidas pelo INPI, conterá: I - requerimento; II -
relatório descritivo; III - reivindicações; IV - desenhos, se for o caso; V - resumo; e VI - comprovante
do pagamento da retribuição relativa ao depósito.”
249
não pode ser objeto de patente. Trata-se de reconhecer que um “invento” – na
qualidade de processo9 – pode ser implementado a partir de um conjunto de
instruções expressas em uma linguagem. Outra razão para a mudança terminológica
decorre provavelmente do escopo de proteção, já que a normativa anterior (INPI,
Resolução 158/2016) e a vigente possibilitam a patente de sistema, aparelho ou
equipamento associados a processo, na qualidade de produtos, bem como admitem
patente de suporte físico caracterizado por conter método associado.
Uma “sequência de passos lógicos” que apontam para um resultado
específico é conhecida como algoritmo. Qualificado como um método ou processo,
o algoritmo pode ser objeto de patente10. Brookshear (2013, p. 153, 154) observa
que o algoritmo é o conceito mais fundamental da ciência da computação,
caracterizado por um “conjunto de passos que definem como uma tarefa é realizada”
ou, em termos formais um “conjunto ordenado de passos executáveis, não
ambíguos, que define um processo finalizável”. O autor explica a diferença entre um
algoritmo e sua representação, a partir de uma analogia entre uma narrativa
histórica e um livro:
9
“O pedido de patente referente a invenções implementadas em computador, por se basear em um
processo, é enquadrado somente na natureza de patente de invenção [...]” (INPI, 2020, item [002])
10
“Considera-se como algoritmo uma sequência de passos lógicos a serem seguidos para a
resolução de determinado problema. De acordo com essa definição, um algoritmo consiste em um
método ou processo e, portanto, deve ser reivindicado como tal.” (INPI, 2020, item [007])
250
um conjunto de instruções define uma maneira particular de como tal método se
manifesta.” (INPI, 2020, item [018]). Assim, o que se espera para a caracterização
de um invento implementado em computador, além de outros requisitos, é que o
conjunto de instruções seja apto a gerar efeito técnico, independente dos atributos
de linguagem e do hardware, ainda que, por óbvio, estes sejam necessários para a
efetiva implementação do algoritmo.
São patenteáveis instruções correspondentes a processos ou métodos que,
ao serem colocados em prática (implementados) por meio de um computador
(software + hardware), resultem em determinado(s) efeito(s) técnico(s).
A Portaria INPI 411/2020 (item [021]) apresenta os seguintes exemplos de
efeitos técnicos:
a) otimização:
- dos tempos de execução;
- de recursos do hardware;
- do uso da memória;
- do acesso a uma base de dados;
b) aperfeiçoamento de funcionalidades da interface com o usuário;
c) gerenciamento de arquivos;
d) comutação de dados.
Observe-se que formas diferentes de escrituração do código podem gerar
efeitos técnicos, a exemplo da otimização de tempo de execução. Contudo, a
escrituração diferenciada do código não é considerada um invento, já que diz
respeito a “representação do processo” e não ao “processo em si” (INPI, 2020, item
[023]).
Em uma busca realizada na base de dados de patentes do Instituto Nacional
de Propriedade Industrial, foi possível identificar o seguinte quadro geral de patentes
e pedidos de patentes implementadas “por programa de computador”, “por software”
e “em computador”:
251
Tabela 1 - Busca na base do INPI por título
Cod. Expressão de busca Ocorrências Concedidas Período
A "implementado por programa de computador" 2 1 2000-2019
B "implementada por programa de computador" 0 0
C "implementado por software" 4 0 2002-2017
D "implementada por software" 0 0
E "implementado em computador" 66 15 1988-2018
F "implementada em computador" 2 0
Total 74 16
Fonte: Elaborado pelos autores
11
“A Classificação Internacional de Patentes (CIP), estabelecida pelo Acordo de Estrasburgo de
1971, fornece um sistema hierárquico de símbolos independentes de linguagem para a classificação
de patentes e modelos de utilidade de acordo com as diferentes áreas da tecnologia a que
pertencem.” (WIPO, 2020)
252
Tabela 2 - Busca na base de Classificação Internacional de Patentes da WIPO
IPC (CIP) Descrição A C E F
KITCHEN EQUIPMENT; COFFEE MILLS; SPICE MILLS;
A47J 1
APPARATUS FOR MAKING BEVERAGES [6]
ELECTROTHERAPY; MAGNETOTHERAPY; RADIATION
THERAPY; ULTRASOUND THERAPY (measurement of
bioelectric currents A61B; surgical instruments, devices or
A61N methods for transferring non-mechanical forms of energy to or 1
from the body A61B 18/00; anaesthetic apparatus in general
A61M; incandescent lamps H01K; infra-red radiators for heating
H05B) [6]
CARD, BOARD OR ROULETTE GAMES; INDOOR GAMES
A63F USING SMALL MOVING PLAYING BODIES; VIDEO GAMES; 2
GAMES NOT OTHERWISE PROVIDED FOR [5]
ARRANGEMENT OR MOUNTING OF PROPULSION UNITS OR
OF TRANSMISSIONS IN VEHICLES; ARRANGEMENT OR
MOUNTING OF PLURAL DIVERSE PRIME-MOVERS IN
VEHICLES; AUXILIARY DRIVES FOR VEHICLES;
B60K 1
INSTRUMENTATION OR DASHBOARDS FOR VEHICLES;
ARRANGEMENTS IN CONNECTION WITH COOLING, AIR
INTAKE, GAS EXHAUST OR FUEL SUPPLY OF PROPULSION
UNITS IN VEHICLES [2006.01]
LOCOMOTIVES; MOTOR RAILCARS (vehicles in general B60;
B61C frames or bogies B61F; special railroad equipment for locomotives 1
B61J, B61K)
FERMENTATION OR ENZYME-USING PROCESSES TO
SYNTHESISE A DESIRED CHEMICAL COMPOUND OR
C12P 1
COMPOSITION OR TO SEPARATE OPTICAL ISOMERS FROM
A RACEMIC MIXTURE [3]
EARTH OR ROCK DRILLING (mining, quarrying E21C; making
shafts, driving galleries or tunnels E21D); OBTAINING OIL, GAS,
E21B 1
WATER, SOLUBLE OR MELTABLE MATERIALS OR A SLURRY
OF MINERALS FROM WELLS [5]
CONTROLLING COMBUSTION ENGINES (vehicle fittings, acting
on a single sub-unit only, for automatically controlling vehicle
speed B60K 31/00; conjoint control of vehicle sub-units of different
type or different function, road vehicle drive control systems for
purposes other than the control of a single sub-unit B60W;
cyclically operating valves for combustion engines F01L;
F02D controlling combustion engine lubrication F01M; cooling internal- 1
combustion engines F01P; supplying combustion engines with
combustible mixtures or constituents thereof, e.g. carburettors,
injection pumps, F02M; starting of combustion engines F02N;
controlling of ignition F02P; controlling gas-turbine plants, jet-
propulsion plants, or combustion-product engine plants, see the
relevant subclasses for these plants) [2006.01]
MEASURING DISTANCES, LEVELS OR BEARINGS;
SURVEYING; NAVIGATION; GYROSCOPIC INSTRUMENTS;
G01C PHOTOGRAMMETRY OR VIDEOGRAMMETRY (measuring liquid 1
level G01F; radio navigation, determining distance or velocity by
use of propagation effects, e.g. Doppler effect, propagation time, of
253
radio waves, analogous arrangements using other waves G01S)
254
*Do quadro geral de estratificação correspondente a expressão de busca "implementado em
computador" (cod. “E”),
Assim, a partir destes códigos IPC, nova busca realizada na base do INPI
integrando os quatro códigos12 retornou 33.651 resultados, sendo que deste
universo 4.273 correspondem a patentes concedidas, o que representa um montante
de 12,69%.
Cabe observa, por equiparação, que o total das patentes depositadas no
Brasil, relacionadas as categorias IPC destacadas, compreende 7,56% da totalidade
de patentes de invenção depositadas no período de 2000 a 2018 (INPI, 2019).
Em síntese, considerando a relevância econômica do segmento e os dados
extraídos da plataforma do INPI, pode-se afirmar que o número de patentes
reivindicadas de inventos implementados por software (ou em computador) é baixo,
o que não significa, necessariamente, que o sistema de proteção legal não seja
relevante para o desenvolvimento do setor. Em outro contexto pode-se inferir que os
códigos escritos são protegidos por restrição de acesso quando incorporados a
máquina e sendo assim, protegidas pelo know how dos inventores ou empresas que
comercializam a tecnologia.
12
Expressão de busca aplicada: G06F* or G06Q* or G06T* or H04L*
255
CONSIDERAÇÕES FINAIS
256
conhecimento sobre PI acessível e integrado ao cotidiano dos agentes produtores
de inovação é um desafio atual e futuro.
REFERÊNCIAS
ABRANTES, Antonio Carlos Souza de. Patentes podem contribuir para a inovação
no setor de tecnologia da informação? PIDCC, Aracaju, ano II, n. 2, p. 45-72, fev.
2013b. Disponível em: http://dx.doi.org/10.16928/2316-8080.V2N1p.45-72 Acesso
em: 20 abr. 2022.
257
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm Acesso em: 20 abr.
2022.
DIGITAL Spillover: measuring the true impact of the digital economy. Huawei
Technologies; Oxford Economics, 2017. Disponível em:
https://www.huawei.com/minisite/gci/en/digital-spillover/ Acesso em: 20 abr. 2022.
258
INPI. Ato Normativo nº 127/1997. Dispõe sobre a aplicação da Lei de Propriedade
Industrial em relação às patentes e certificados de adição de invenção. Disponível
em: https://www.wipo.int/edocs/lexdocs/laws/pt/br/br008pt.pdf Acesso em: 20 abr.
2022.
259
ZACKIEWICZ, Mauro. A economia do software e a digitalização da economia.
Revista Brasileira de Inovação, v. 14, p. 313-336, 2015. Disponível em:
https://doi.org/10.20396/rbi.v14i2.8649110 Acesso em: 20 abr. 2022.
Recebido em 16/08/2022
Publicado em 10/11/2022
260