Rosário
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Rosário
COM(O) MARIA
“Neste mês, é tradição rezar o Terço em casa, com a família; dimensão esta – a doméstica –, que
as restrições da pandemia nos «forçaram» a valorizar, inclusive do ponto de vista espiritual. Por
isso, pensei propor-vos a todos que volteis a descobrir a beleza de rezar o Terço em casa, no mês
de maio. Podeis fazê-lo juntos ou individualmente: decidi vós de acordo com as situações,
valorizando ambas as possibilidades” (Carta do Papa Francisco a todos os fiéis para o mês de
maio de 2020).
Estamos em pleno tempo pascal, o tempo que vai da Páscoa ao Pentecostes, que este ano
celebraremos a 31 de maio. É um tempo de confinamento, de retiro, de oração, em que a primeira
comunidade apostólica e os primeiros discípulos se reúnem, como nova família, ainda de portas
fechadas, no Cenáculo, na sala da Última Ceia, naquela Casa familiar (cf. Mt 26,19), que Jesus escolhera
para celebrar a Última Ceia com os discípulos.
O Cenáculo é, pois, a primeira Catedral, o primeiro “Templo cristão” que logo se ramifica em todas as
casas e em todos os corações habitados pela presença do Ressuscitado.
Até aos finais do século III, os cristãos não tinham lugares próprios de culto; os primeiros templos
aparecerão por volta do século IV.
A primeira comunidade dos cristãos, por causa da perseguição dos judeus, não tinha Templo e
começou por se reunir na casa dos próprios cristãos (cf. 1 Cor 16,19; Rm 16,5; Cl 4,15; Flm 2).
Casais, como Áquila e Priscila, oferecem a sua casa, como lugar onde se reúne a «Igreja», a assembleia
dos cristãos (cf. 1 Cor 16,19). Muitas vezes era o dono da casa que presidia às reuniões dos cristãos. Aí
aprenderam a construir uma Igreja à imagem de uma família, até que cada família aprende a edificar-
se à imagem de uma Igreja. Esta é a inspiração que nos oferece a primeira comunidade dos cristãos (cf
ASt 2,42-46): é uma comunidade familiar, de portas fechadas, mas de janelas abertas. É uma
comunidade que cria uma imunidade de grupo, valendo-se de quatro vacinas fundamentais: eram
assíduos ao ensinamento dos Apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do Pão e às orações.
Esta vivência marcava também a vida familiar: os cristãos viviam como se tivessem uma só alma e um
só coração, partiam e repartiam o pão em suas casas, tomavam o alimento com alegria e simplicidade
de coração e louvavam a Deus.
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Nestes dias de privação e de provação, com as portas das Igrejas fechadas, abrem-se janelas de
oportunidades, para abrirmos uma Igreja em cada casa, em cada família cristã, chamada a tornar-se
“Igreja doméstica” (cf. LG 11; AL 15;86; CIC 1657). Deixo-vos cinco sugestões práticas:
I. Criemos um canto ou recanto, aí em casa, para a leitura da Palavra de Deus e para a oração
pessoal ou familiar. Decoremos a mesa com uma toalha branca e sobre ela coloquemos uma
Bíblia, uma vela, uma imagem de Maria, ou da Sagrada Família ou da Última Ceia. Nesse canto
podemos reunir-nos e dar mais tempo à escuta da Palavra e ao ensino dos Apóstolos, como
podemos reunir-nos para participar nas celebrações e até nas catequeses teledifundidas.
Temos, porventura, mais tempo para ler a Bíblia, para meditar nas leituras de cada dia ou de
cada domingo.
II. Façamos da sala de jantar um Cenáculo. As nossas refeições familiares sejam uma espécie de
réplica da sala da Última Ceia. Podemos proceder à bênção da mesa, pelo menos aos
domingos. Partilhemos os nossos sentimentos e a nossa vida. Repartamos o pão por todos.
Tomemos o alimento com simplicidade e alegria de coração.
III. Acompanhemos a celebração da Eucaristia (pelo Facebook, pelo YouTube, pela TV, pela
Rádio). Façamo-lo não como quem está a assistir a um espetáculo religioso, mas a participar,
de corpo e alma, na celebração do mistério pascal do Senhor. Adotemos as posições e
atitudes, em tudo semelhantes àquelas que assumimos quando participamos
presencialmente numa celebração na Igreja.
IV. Aproveitemos a proposta semanal de uma liturgia familiar. Cada semana, estará disponível
um esquema, para a oração em família, inspirado na liturgia dominical. São 10 a 12 minutos de
celebração em casa. Façamo-lo de preferência ao domingo, o dia do Senhor. Mas se não for
possível, façamo-lo ao sábado ou em outro dia mais conveniente à família.
V. Neste mês de maio, contemos especialmente com a guia e a companhia de Maria. Meditemos
os mistérios do Rosário: é o nosso modo de ler e de viver o Evangelho com os olhos de Maria.
Podemos fazê-lo acompanhando as transmissões teledifundidas. Adotemos e/ou adaptemos
as propostas deste guião, que poderá ser usado de muitos modos, de acordo com as
possibilidade e criatividade de cada família e(m) comunidade.
E assim o Diabo não se ficará a rir, dizendo: “Conseguir fechar todas as Igrejas”. Pois Deus dirá, cheio
de alegria: “E eu consegui abrir uma Igreja em cada casa”. Não o esqueçamos: a primeira casa, a mais
digna morada de Deus, é Maria. Com Ela, e como Ela, sob a sua guia e companhia, redescubramos e
edifiquemos a Igreja Doméstica.
2. É importante que aqueles que proclamam a Palavra de Deus ou da Igreja, ou leem algum
comentário, o façam previamente para si mesmos e depois o façam claramente para os outros.
Não interessa promover “a todo o custo” a participação, uma vez que rezar na assembleia é já
uma excelente forma de participar. A divisão de tarefas deve ser feita previamente e não em cima
do acontecimento.
3. A meditação dos mistérios inclui vários elementos que podem ser feitos por uma, duas ou mais
pessoas, conforme as possibilidades de cada grupo:
▪ Guia: Enunciação do mistério ou sugestão de um título para a meditação, pelo(a) Guia, que
preside.
▪ Leitor 1: Leitura bíblica (se a houver) ou do Magistério da Igreja (se for o caso);
▪ Leitor 2: Meditação – reflexão ou comentário (pode ser abreviado, adaptado ou omitido);
▪ Leitor 3 (ou Guia): Proposta de uma prece ou intenção ou desafio para o mistério que se vai
rezar (não é obrigatório);
▪ 1.ª parte do Pai-Nosso (uma vez) rezado por quem preside (Guia). O povo responde a 2.ª parte:
“O pão nosso…”;
▪ 1.ª parte da Ave-Maria (10 vezes). O povo responde: “Santa Maria…”;
▪ Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo… (se possível, de pé e cantado por todos);
▪ Uma jaculatória ou invocação mariana, que pode variar de acordo com o tema de reflexão;
▪ Um cântico ou um simples refrão cantado (se possível).
4. No final dos cinco mistérios rezam-se três Ave-marias, intercaladas por alguma jaculatória, sendo
esta a mais comum:
2. No final, pode rezar-se uma das várias orações em tempos de pandemia, de preferência as duas
primeiras, por serem propostas pelo Papa Francisco e por serem marianas (há 11 propostas em
apêndice).
3. Propõe-se também uma oração própria do dia ou da semana (semana das vocações, semana da
vida, semana Laudato Sí)
5. As propostas deste guião são apenas isso: sugestões a adaptar, a abreviar e a melhorar, e até a
excluir, de acordo com as características da pessoa que preside, da família que reza, do grupo
responsável pela oração, da assembleia orante…
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Dia 1
Cântico inicial
Saudação inicial
Iniciamos o mês de maio, o mês de Maria, em pleno tempo pascal. Reunidos em nossas casas, sentimos
a presença da Mãe de Jesus, tal como os Apóstolos na Sala da Última Ceia. Maria, entre outras
mulheres, destaca-Se, por ser a Mãe de Jesus (cf. At 1,14). Foi Ela que O deu à Luz como Mãe e foi Ela,
primeiro e melhor do que ninguém, que O seguiu até ao fim, como verdadeira discípula. E agora, Maria
continua presente, junto dos discípulos de Seu Filho, a protegê-los e a guiá-los, com a sua mediação
materna, com a sua oração, com a sua proximidade.
Aqueles dias, que vão da Páscoa ao Pentecostes, são dias de confinamento e distanciamento social;
são dias vividos «à porta fechada»; são dias em que Maria e os Apóstolos e a primeira comunidade dos
discípulos estão bem unidos e reunidos em Casa, fazendo da sala da Última Ceia o lugar do encontro
com Jesus (At 1,12-14). Ali Maria e os Apóstolos estão em oração, aguardando o dom do Espírito Santo.
Na verdade, as portas fechadas, com medo dos judeus, não impedem Jesus de entrar, de Se colocar
no meio dos discípulos, para lhes oferecer os dons da alegria e da paz, da misericórdia e do perdão.
Nestes dias de confinamento, a nossa sala da Ceia, em nossa Casa, torna-se também o nosso lugar de
oração e de partilha da vida. Na verdade, Jesus está onde dois ou três Se reunirem em Seu nome.
Queremos acolher a Sua presença no meio de nós, na companhia de Maria, Sua Mãe e nossa Mãe.
Vamos fazê-lo, meditando os mistérios do Rosário.
E nestes três primeiros dias, a concluir a semana de oração pelas vocações, vamos rezar, para que
todos os discípulos de Jesus respondam e correspondam ao seu chamamento, seja para o matrimónio,
seja para a vida sacerdotal, seja para a vida consagrada ou para a vida missionária. O que importa é
que cada um siga Jesus, pelo próprio Caminho.
Porque hoje é sexta-feira, meditemos os mistérios dolorosos, sem esquecer o sofrimento do nosso
mundo, por causa da presente pandemia do Covid-19. E porque hoje é dia de São José operário,
peçamos especialmente por todos aqueles que, neste momento, já perderam ou podem vir a perder
o seu emprego. Não esqueçamos os empresários em dificuldade e todos quantos lutam contra esta
pandemia e trabalham para garantir o mais necessário à nossa vida quotidiana.
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Leitura bíblica: “A Minha alma está numa tristeza morta, ficai aqui e vigiai. Caiu por terra e orou para
que, se possível, passasse d’Ele aquela hora. Mas não se faça o que Eu quero e sim o que Tu queres”
(Mt 26,38-39).
Meditação: Jesus ora ao Pai de rosto por terra: é a posição de oração que exprime a extrema
submissão à vontade de Deus, o abandono mais radical a Ele. É tentado a escapar à morte iminente,
deixando-se vencer pelo mundo em vez de o salvar. Este momento é, para Jesus, a tentação mais
grave, mas Jesus não sucumbe diante dela. Nesta situação extrema, Jesus é também provado na sua
relação filial com o Pai, abandonando-se nela, para tirar daí a força de colocar-se de acordo com a Sua
vontade de homem com o desígnio salvífico do Pai.
A consciência que Jesus tem da sua missão, isto é, o facto de Ele ter vindo precisamente para aquela
hora, fá-Lo pronunciar o segundo pedido, ou seja, que Deus glorifique o seu nome: precisamente a
Cruz, a aceitação da sua realidade horrível, o entrar na ignomínia do aniquilamento da dignidade
pessoal, na ignomínia de uma morte infame é que se torna a glorificação do nome de Deus.
Prece: Cristo, nosso Mestre e Senhor, obediente até à morte por nosso amor, ensina-nos a obedecer
sempre à vontade do Pai abandonando as próprias seguranças, o medo de falhar e não estar à altura
da vocação.
Leitura bíblica: «Pilatos disse ao povo: “Que hei de fazer de Jesus, chamado Cristo?”. Todos
responderam: “Seja crucificado!”. (...) Então, soltou-lhes Barrabás. Quanto a Jesus, depois de O
mandar flagelar, entregou-O para ser crucificado» (Mt 27, 22-26).
Meditação: O rosto desfigurado de Jesus deve contemplar-se como uma imagem que encerra nos
seus rasgos toda a realidade da salvação. A majestade serena daquele homem no meio da prova, do
sofrimento e da contradição, domina tudo o demais. Mas a multidão grita “crucifica-o, crucifica-o!”. É
preciso que Jesus chegue até ao fundo da sua humanidade para vencer esta rejeição e este ódio. Desde
que Jesus Se deixou açoitar, os feridos e os açoitados passam a ser imagem do Deus que quis sofrer
por nós. Assim, Jesus, no meio da sua paixão, é imagem de esperança: Deus está do lado dos que
sofrem.
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Prece: Cristo, nosso Rei, que foste desprezado como um verme e humilhado como a vergonha do
género humano, ensina a cada um na sua vocação específica escolher a estrada que o traças para nós.
Leitura bíblica: «Os soldados do governador conduziram Jesus para o pretório e reuniram toda a
coorte à volta dele. Despiram-no e envolveram-no com um manto escarlate. Tecendo uma coroa de
espinhos, puseram-lha na cabeça, e uma cana na mão direita. Dobrando o joelho diante dele,
escarneciam-no, dizendo: “Salve! Rei dos Judeus!”» (Mt 27, 27-29).
Meditação: Jesus sobe a Jerusalém, não para ser aclamado ou receber honras, mas para ser flagelado,
insultado e ultrajado. Ao ser coroado de espinhos, assume a realiza das nossas dores, do nosso
egoísmo e da nossa indiferença. É o servo sofredor! Toma sobre Si o nosso fardo e dá sentido à nossa
vida. O seu supremo amor, é a “bússola” do nosso discernimento e da nossa entrega aos irmãos.
Prece: Cristo, Rei do amor, que quiseste ser coroado com a nossa indiferença e com o nosso orgulho,
ajuda-nos a discernir e a perdoar, para assim reconhecermos o amor com que fomos criados.
Leitura bíblica: “Levaram-no, então, para o crucificar. Para lhe levar a cruz, requisitaram um homem
que passava por ali a regressar dos campos, um tal de Simão de Cirene […] e conduziram-no ao lugar
do Gólgota, que quer dizer «lugar do crânio»” (Mc 15, 20-22).
Meditação: O verdadeiro caminho da vocação passa muitas vezes pela tribulação e pela desilusão.
Trata-se de um caminho inesperado como aconteceu com Simão de Cirene. O Cireneu é apanhado de
surpresa no quotidiano da sua vida. Depara-se com Jesus que carrega a cruz até ao calvário, com
certeza este encontro converteu a sua vida e ao que tudo indica tornou-se discípulo de Jesus.
Prece: Jesus, que carregas a cruz, e com ela a esperança de toda a humanidade, torna-nos capazes de
suportar com a mor, as provações da nossa vida. Dá-nos força para seguirmos em frente, sem nos
sentirmos esmagados pelo que é colocado nos nossos ombros. Que possamos, também nós, ajudar
os outros a suportar as provas e sofrimentos da vida, com uma alegria inquebrantável.
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Leitura bíblica: “Era já quase a hora sexta e fez-se trevas sobre toda a terra até à hora nona. Quando o
sol se eclipsou, o véu do templo rasgou-se a meio e Jesus, clamando com voz forte, disse: «Pai, em
tuas mãos entrego o meu espírito». Dito isto, expirou” (Lc 44-46).
Meditação: A crucifixão passava não só por ser especialmente cruel, mas também por ser uma pena
sumamente infame. Temos de aceitar que Jesus teve de contar com um final violento. Jesus foi
verdadeiramente até o fim, até o limite e para além do limite. Ele realizou a totalidade do amor, deu-
Se a Si mesmo. O Deus crucificado é, assim, o Deus solidário. O sofrimento de Deus é assim verosímil,
se é que Deus pretendeu demonstrar a sua solidariedade para com as vítimas deste mundo. Deus
aparece em Jesus como um Deus connosco que se vai tornando num Deus para nós e, na Cruz, está
um Deus à nossa mercê, sobretudo porque é um Deus como nós.
Prece: Cristo, nosso Salvador, que, de braços abertos na cruz, quiseste atrair a Vós todos os homens,
concede-nos a fortaleza na tribulação, a gratidão de sermos chamados, a coragem de caminhar, e uma
atitude de louvor que brota da salvação que operastes na Cruz.
Terminando este momento de oração, é momento de nos deixarmos envolver por este manto
maternal de Maria, consagrando o nosso coração e o nosso dia a Nossa Senhora. Antes de terminar, e
para que Maria também olhe por aqueles que são chamados a seguir o Mestre de Nazaré, para que
possam decidir e passar a outra margem, optando corajosamente por abandonar as próprias
seguranças e seguir os passos do Senhor, rezando a oração proposta para esta Semana de Oração
pelas Vocações.
Cântico final
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Dia 2
Cântico inicial
Saudação inicial
Introdução
Iniciamos ontem o mês de maio, o mês de Maria, em pleno tempo pascal. Reunidos em nossas casas,
sentimos a presença da Mãe de Jesus, tal como os Apóstolos na Sala da Última Ceia. Maria, entre
outras mulheres, destaca-Se, por ser a Mãe de Jesus. Nestes dias de confinamento, a nossa sala da
Ceia, em nossa Casa, torna-se também o nosso lugar de oração. Na verdade, Jesus está onde dois ou
três Se reúnem em Seu nome. Queremos acolher a Sua presença no meio de nós, na companhia de
Maria, Sua Mãe e nossa Mãe.
Vamos fazê-lo, meditando os mistérios do Rosário. E nestes dois primeiros dias, a concluir a semana
de oração pelas vocações, meditemos os mistérios gozosos. Ao contemplarmos os mistérios gozosos,
contemplamos, antes de mais, a beleza do chamamento de Deus — que Ele nos chama e cumpre em
nós o que nos pede. Já o dizia S. Agostinho: «Senhor, dá-me o que me pedes e pede-me o que quiseres».
Ao meditarmos estes mistérios, que possamos alegrar-nos com o gozo do Evangelho, que é fruto das
maravilhas que Deus faz em nós e através de nós. Podemos pensar na vocação com peso ou com
medo, mas centrar o nosso coração em Deus far-nos-á livres e leves. Aprendamos com Maria a seguir
o Senhor: não só porque Ela o fez, mas porque o fez com gozo e alegria.
Leitura bíblica: “Disse-lhe o Anjo: «Maria, não temas, pois achaste graça diante de Deus. Hás de
conceber no teu seio e dar à luz um Filho ao qual porás o nome de Jesus. Será grande e vai chamar-se
Filho do Altíssimo. O Senhor Deus vai dar-lhe o trono de seu pai David»”.
Meditação: Maria é chamada «Avé, Maria!» E assim nós também. Podemos ter dúvidas e medos;
podemos até não ouvir bem à primeira. Mas o Senhor chama — e é doce a Sua voz. Antes de nos
chamar a fazer algo, chama-nos a acolhê-lo no nosso seio. O Senhor chama-te! Como podes acolhê-l’O
melhor?
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Prece: Peçamos ao Senhor, antes de mais, aquilo que teve Nossa Senhora: o dom da humildade, que
lhe permitiu acolher no seu ventre o Senhor, como graça e não como mérito.
Leitura bíblica: “Por aqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se à pressa para a montanha, a uma
cidade da Judeia. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel”.
Meditação: Quando, humildes, arriscamos ouvir a voz do Senhor, não podemos ficar quietos. Foi assim
com Abraão, que ouviu o apelo de Deus — deixa a casa de teus pais — e é assim também com Maria.
Ao pensarmos em vocação, tendemos logo para estas grandes coisas; no entanto, vejamos Maria,
irrequieta, à procura do pequeno bem que precisa de ser feito. Uma vocação não se inventa — vive da
disponibilidade e atenção diárias. Em que pequena coisa do dia-a-dia te chama o Senhor a segui-l’O
com dedicação?
Prece: Peçamos ao Senhor que nos ensine, Ele mesmo, a servir, a amar, a cuidar. Quando Ele nos
chama, oscilamos entre o medo e o desejo de O servir heroicamente; entre um e outro está, talvez, a
nossa primeira vocação: a de cuidar dos que nos são próximos.
Leitura bíblica: “O anjo disse-lhes: «Não temais, pois anuncio-vos uma grande alegria que o será para
todo o povo. Hoje, na cidade de David nasceu-vos um Salvador, que é o Messias Senhor»”.
Meditação: Se a vocação é acolher Deus no nosso seio, realizá-la não se traduz primeiramente em
“fazer coisas por Deus”, mas em deixá-l’O fazê-las por nós. Foi assim com Maria, que acolheu o Senhor
e O viu nascer. Maria confiou em Deus e Ele cumpriu a Sua promessa; eis que o Senhor começa a fazer
maravilhas. Ao meditar no nascimento do Salvador, vejamos o Seu modo de agir: como nasce pobre e
indefeso — as maravilhas do Senhor não são fogo-de-artifício. O que mais te surpreende no Seu modo
de atuar?
Prece: Peçamos ao Senhor que nos dê um coração pobre, capaz de O acolher e de acolher as Suas
maravilhas; um coração, enfim, capaz de acolher a Sua Palavra e o Seu chamamento; um coração capaz
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de Lhe ser fiel. Não queiramos construir pela nossa própria força essa fidelidade, que falharemos —
peçamo-Lha.
Leitura bíblica: “Quando se cumpriu o tempo da sua purificação segundo a Lei de Moisés, levaram-No
a Jerusalém para O apresentarem ao Senhor, conforme está escrito na Lei do Senhor: «Todo o
primogénito varão será consagrado ao Senhor»”.
Meditação: Como era costume no Seu tempo, o Senhor é apresentado no Templo. Lá, Ana e Simeão
louvam a Deus e previnem Maria: terá de sofrer muito; uma espada trespassará o seu coração. A
alegria de seguir o Senhor não é evitar os sofrimentos, mas permanecer unido a Ele aí mesmo. A
vocação não é um chamamento para tempos fáceis, nem para os mais difíceis: a palavra de Deus não
muda e a vocação também não. Na alegria e na tristeza. Que alegrias já tiveste por seguir o Senhor?
Recorda-as e agradece-as!
Prece: Peçamos ao Senhor que nos dê um coração casto, isto é, inteiro. O mandamento de Deus é que
O amemos com todo o nosso coração; para isso, precisamos de um coração “todo”, inteiro. Peçamos-
Lhe, pois, já que não é algo que possamos construir nós mesmos. Peçamos a Cristo um coração puro,
casto, inteiro, que permanece inteiro apesar das espadas que o trespassem ou das alegrias que o
consolem.
Leitura bíblica: “Três dias depois, encontraram-no no templo, sentado entre os doutores a ouvi-los e a
fazer-lhes perguntas. Todos quanto O ouviam estavam estupefactos com a sua inteligência e as suas
respostas”.
Meditação: Depois de Maria, é o próprio Jesus que procura a Sua missão. Paradoxalmente, ao que
parece, entender o próprio chamamento de Deus é a primeira vocação de cada um. Ao encontrar o Pai
no templo, Jesus aí fica; percebe que, afinal, é aí o Seu lugar. Qual será o nosso lugar?
Prece: Peçamos ao Senhor, por fim, um coração obediente, isto é, que saiba ouvir. Discernir uma
vocação é, antes de mais, procurar o Senhor, ouvi-l’O. Discernir é reconhecê-l’O e segui-l’O. Peçamos-
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Lhe um coração assim mesmo, mais parecido ao Seu; um coração atento, capaz de se alegrar com a
Sua alegria.
PN | 10 AM | Glória | Nossa Senhora do Sim até ao fim! R. Rogai por nós! | Cântico
Terminando este momento de oração, é momento de nos deixarmos envolver por este manto
maternal de Maria, consagrando o nosso coração e o nosso dia a Nossa Senhora. Antes de terminar, e
para que Maria também olhe por aqueles que são chamados a seguir o Mestre de Nazaré, para que
possam decidir e passar a outra margem, optando corajosamente por abandonar as próprias
seguranças e seguir os passos do Senhor, rezando a oração proposta para esta Semana de Oração
pelas Vocações. Oremos:
Cântico final
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Dia 3
Semana de Oração pelas Vocações | Mistérios Gloriosos
Cântico Inicial
Saudação Inicial
Introdução
Em primeiro lugar, porque é domingo, o primeiro dia da semana, o dia da Ressurreição. O domingo é
a nossa Páscoa semanal. O dia do encontro com Cristo Ressuscitado.
Em segundo lugar, por ser o 4.º Domingo de Páscoa, o Domingo do Bom Pastor. Hoje proclamamos:
“Ressuscitou o Bom Pastor, que deu a Vida por nós”. Este é o Dia Mundial de Oração pelas Vocações.
O Santo Padre recorda-nos quatro palavras associadas à vocação: a fadiga (ou tribulação), a coragem,
a gratidão e o louvor.
Em último lugar (mas não o menos importante), este é um dia especial, porque hoje celebramos o Dia
da Mãe.
E aquelas quatro palavras associadas à vocação retratam de modo perfeito, a vocação de uma mãe: a
fadiga, de que as mães nunca se queixam, porque quem ama não cansa nem se cansa; a coragem de dar
à luz um filho e de enfrentar todas as dificuldades sem fugir à missão. Nestes tempos de pandemia,
rezemos especialmente pelas mulheres grávidas, que se tornarão mães e se perguntam: “Em que
mundo viverá o meu filho?”. Que o Senhor dê a elas a coragem e a confiança, que certamente será um
mundo diferente, mas sempre um mundo que o Senhor amará muito. Mas todas as mães, são mães-
coragem. Por isso, este dia é sobretudo um dia de gratidão, de dizer «obrigado», às nossas mães. E é
um dia de louvor à Mãe de todas as Mães, à Mãe de Deus e nossa Mãe: Maria.
Por isso, comecemos a nossa oração, rezando à Mãe, por todas mães, seguindo a proposta do Jornal
Diocesano Voz Portucalense. Oremos:
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Ámen
Hoje, ao concluir a semana de oração pelas vocações, propomo-nos direcionar o olhar e a nossa
atenção para a palavra a última das quatro palavras: “o louvor”. Durante este caminho pelos Mistério
Gloriosos, vamos dar Glória a Deus pelo que de bom somos chamados a viver ao longo do dia a dia.
Meditação: Diz-nos o Papa Francisco na Exortação Apostólica Christus Vivit: “Jesus caminha no meio
de nós, como fazia na Galileia. Passa pelas nossas estradas, detém-Se e fixa-nos nos olhos, sem pressa.
A sua chamada é atraente, fascinante. Mas, hoje, a ansiedade e a velocidade de tantos estímulos que
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nos bombardeiam fazem com que não haja lugar para aquele silêncio interior onde se percebe o olhar
de Jesus e se ouve a sua chamada. Entretanto receberás muitas propostas bem confecionadas, que
parecem belas e intensas, mas com o passar do tempo, deixar-te-ão simplesmente vazio, cansado e
sozinho. Procura, antes, aqueles espaços de calma e silêncio que te permitam refletir, rezar, ver melhor
o mundo ao teu redor e então sim, juntamente com Jesus, poderás reconhecer qual é a tua vocação
nesta terra” (Christus Vivit, 277).
Prece: Rezemos por todos aqueles que no seu dia a dia procuram este Cristo Ressuscitado, este Cristo
que já não se encontra no sepulcro, mas no coração de cada um de nós. Recordamos aqueles que
procuram a sua vocação (a vida matrimonial/familiar ou a vida consagrada/serviço), para que sintam o
chamamento de Deus para um maior discernimento e louvor d’Ele, que nos chama à santidade.
Leitura bíblica: “E como estavam com os olhos fixos no céu, para onde Jesus se afastava, surgiram de
repente dois homens vestidos de branco, que lhes disseram: «Homens da Galileia, porque estais assim
a olhar para o céu? Esse Jesus que vos foi arrebatado para o Céu virá da mesma maneira, como agora
o vistes partir para o Céu»” (At 1, 6-10).
Meditação: Diz-nos o Papa Francisco na Exortação Apostólica Christus Vivit: «[A] vida que Jesus nos
dá é uma história de amor, uma história de vida que quer misturar-se com a nossa e criar raízes na terra
de cada um. Essa vida não é uma salvação suspensa “na nuvem” – no disco virtual – à espera de ser
descarregada, nem uma nova “aplicação” para descobrir ou um exercício mental fruto de técnicas de
crescimento pessoal. Nem a vida que Deus nos oferece é um “tutorial” com o qual apreender as
últimas novidades. A salvação, que Deus nos dá, é um convite para fazer parte duma história de amor,
que está entrelaçada com as nossas histórias; que vive e quer nascer entre nós, para podermos dar
fruto onde, como e com quem estivermos. Precisamente aí vem o Senhor plantar e plantar-Se a Si
mesmo» (Christus Vivit, 252).
Prece: Olhando para o alto, tenhamos no nosso coração a sede e o desejo de “fazer parte desta história
de amor que está entrelaçada com as nossas histórias”. Rezemos por todos aqueles que encontram
em Cristo Ressuscitado a sua esperança, para que nunca deixem de desejar e de anunciar o Céu junto
daqueles que os rodeiam.
Leitura bíblica: “Quando chegou o dia do Pentecostes, encontravam-se todos reunidos no mesmo
lugar. De repente, ressoou, vindo do céu, um som comparável ao de forte rajada de vento, que encheu
toda a casa onde eles se encontravam. Viram então aparecer umas línguas, à maneira de fogo, que se
iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram
a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes inspirava que se exprimissem” (At 2,1-4).
Meditação: Diz-nos o Papa Francisco na Exortação Apostólica Christus Vivit: «Para realizar a própria
vocação, é necessário desenvolver-se, fazer germinar e crescer tudo aquilo que uma pessoa é. Não se
trata de inventar-se, criar-se a si mesmo do nada, mas descobrir-se a si mesmo à luz de Deus e fazer
florescer o próprio ser: “Nos desígnios de Deus, cada homem é chamado a desenvolver-se, porque
toda a vida é vocação”. A tua vocação orienta-te para tirares fora o melhor de ti mesmo para a glória
de Deus e para o bem dos outros. Não se trata apenas de fazer coisas, mas fazê-las com um significado,
uma orientação» (Christus Vivit, 257).
Prece: Olhando para a figura dos Apóstolos e de Maria, rezemos por todos aqueles que se dedicam à
vida contemplativa e ao serviço dos mais débeis da nossa sociedade. Tenhamos presentes na nossa
oração os profissionais de saúde, de segurança, os assistentes sociais e os nossos governantes, para
que se deixem iluminar pelos dons do Espírito, de forma a poderem atuar de acordo com a dignidade
e valorização da vida humana.
Leitura bíblica: “Porque pôs os olhos na humildade da sua serva. De hoje em diante, me chamarão
bem-aventurada todas as gerações. O Todo-poderoso fez em mim maravilhas. Santo é o seu nome”
(Lc 1, 48-49).
Meditação: Diz-nos o Papa Francisco na Exortação Apostólica Christus Vivit: «Quando alguém descobre
que Deus o chama para uma coisa concreta, que está feito para isso – enfermagem, carpintaria,
comunicação, engenharia, ensino, arte ou qualquer outro trabalho –, então será capaz de fazer
desabrochar as suas melhores capacidades de sacrifício, generosidade e dedicação. O facto de uma
pessoa saber que não faz as coisas por fazer, mas com um significado, como resposta a uma chamada
– que ressoa nas profundezas do seu ser – para contribuir com algo a bem dos outros, isto faz com
que estas atividades deem ao próprio coração uma particular experiência de plenitude. Assim o diz o
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livro bíblico do Eclesiastes: “Reconheci que não há felicidade maior para o homem do que alegrar-se
com as suas obras” (Sir 3, 22)» (Christus Vivit ,273).
Prece: Neste mistério, olhado para o “Sim” de Maria, um “Sim” que é um compromisso para toda a
vida, um sim sincero, humilde e gratuito. Nesta nossa oração, tenhamos presente todos aqueles que
assumiram e também disseram Sim ao chamamento de Deus, para servir os seus irmãos, no sacerdócio
ou no matrimónio, e que louvam a Deus todos os dias pelas maravilhas que Ele realiza através de suas
vidas.
Leitura bíblica: “Depois, apareceu no céu um grande sinal: uma Mulher vestida de sol, com a lua
debaixo dos pés e com uma coroa de doze estrelas na cabeça.” (Ap 12,1)
Meditação: Diz-nos o Papa Francisco na Exortação Apostólica Christus Vivit: “A nossa vocação
missionária tem a ver com o nosso serviço aos outros. Com efeito, a nossa vida na terra atinge a sua
plenitude, quando se transforma em oferta. Lembro que «a missão no coração do povo não é uma
parte da minha vida, ou um ornamento que posso pôr de lado; não é um apêndice ou um momento
entre tantos outros da minha vida. É algo que não posso arrancar do meu ser, se não me quero
destruir. Eu sou uma missão nesta terra, e para isso estou neste mundo.” (Christus Vivit, 254)
Prece: Manifestemos a nossa gratidão por esta Mulher que é Mãe de cada um de nós, que nos ilumina
e envolve com o seu manto protetor, agradecendo-Lhe pelos nossos sacerdotes, consagrados, pelos
nossos cuidadores. Pedimos-Lhe que faça descer a luz do seu Filho amado sobre o nosso querido Papa
Francisco, o nosso Bispo N. e os nossos ministros sagrados para que não percam esta luz e sejam
testemunhos vivos e iluminados pela presença materna de Maria. Que Ela nos faça alcançar a todos a
luz de Cristo: Jesus, que é o Caminho, a Verdade é a Vida.
PN | 10 AM | Glória | Nossa Senhora, Rainha do Céu e da Terra! R. Rogai por nós! | Cântico
Terminando este momento de oração, é momento de nos deixarmos envolver por este manto
maternal de Maria, consagrando o nosso coração e o nosso dia a Nossa Senhora. Antes de terminar, e
para que Maria também olhe por aqueles que são chamados a seguir o Mestre de Nazaré, para que
possam decidir e passar a outra margem, optando corajosamente por abandonar as próprias
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seguranças e seguir os passos do Senhor, rezando a oração proposta para esta Semana de Oração
pelas Vocações.
Cântico final
23
Dia 4
Cântico Inicial
Saudação inicial
Ao longo desta quarta semana da Páscoa, vamos meditar na necessidade de viver a alegria do amor
em família, para edificarmos juntos a família como verdadeira Igreja doméstica. Nestes tempos de
confinamento, em que se fecharam as portas das Igrejas, como medida de proteção para evitar o
contágio do coronavírus, somos desafiados a abrir uma pequenina Igreja em cada casa, em cada
família, por mais imperfeita que ela seja. Na verdade, onde está um casal cristão aí está Cristo.
Onde dois ou três se reúnem em Seu nome, aí está Jesus no meio. Jesus desafia-nos a entrar no
segredo do nosso quarto para rezar ao Pai.
À volta da mesa, podemos fazer a experiência dos encontros mais íntimos de Jesus com os seus
amigos, com os pecadores, que O procuravam, com os discípulos a quem ofereceu a Sua vida, na
Última Ceia. Jesus fez da mesa um espaço sagrado.
Façamos da nossa Casa esta pequenina Igreja, que se reúne em nome de Jesus, que reza e escuta a
Sua Palavra, que vive em comunhão com Ele, que abençoa o pão e o vinho na mesa, que dá graças por
todos os seus benefícios.
É na família, que fazemos a primeira experiência do amor de Deus. É na família, que despertamos para
os sinais da presença de Deus e começamos a rezar e a dizer ao Senhor as primeiras palavras de amor.
É na família, que aprendemos a viver uns com os outros e uns para os outros; é na família, que
cuidamos uns dos outros, com amor, desde a nossa infância até quando estamos doentes ou ficamos
velhinhos. Se a família é a primeira escola, o primeiro hospital, o primeiro lar, ela é também a primeira
Igreja.
Nas meditações dos mistérios do Rosário na Cidade, iremos seguir as catequeses do Papa Francisco
sobre a família. [Hoje seguimos o texto da Audiência de 17.12.2014] E hoje as nossas meditações conduzem-
nos à família exemplar: a Sagrada Família de Jesus, Maria e José. Comecemos por esta oração à
Sagrada Família (cf. Amoris laetitia, 325). Oremos:
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em Vós contemplamos
Ámen.
1. No 1.º mistério, meditemos na família de Nazaré, como lugar onde Jesus nasce
Leitura bíblica: Diz-nos São Lucas: “José subiu também da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judeia, à cidade
de David, chamada Belém, por ser da casa e da descendência de David, a fim de se recensear com Maria,
sua esposa, que estava para ser mãe. Enquanto ali se encontravam, chegou o dia de ela dar à luz, e teve o
seu Filho primogénito. Envolveu-O em panos e deitou-O numa manjedoura, porque não havia lugar para
eles na hospedaria” (Lc.2,3-7).
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Meditação: O início de uma nova humanidade tem lugar no seio de uma família, em Nazaré. Jesus
nasceu numa família. Ele podia ter vindo de modo espetacular, ou como um guerreiro, como um
imperador... Mas não: veio como filho, numa família. Deus quis nascer numa família humana, que Ele
mesmo formou. Forjou-a num longínquo povoado da periferia do Império romano. Não em Roma, que
era a capital do Império, não numa cidade grande, mas numa periferia quase invisível, aliás, bastante
famigerada. Recordam-no também os Evangelhos, praticamente como um modo de dizer: «Pode
porventura vir algo de bom de Nazaré?» (Jo 1, 46). Pois bem, precisamente aí, na periferia do grande
Império, começou a história mais santa e boa, a de Jesus entre os homens! E essa família vivia ali.
Preces: Neste 1.º mistério rezemos por todas as famílias da nossa paróquia, para que cresçam sob a
proteção e o exemplo da Sagrada Família de Nazaré.
2. No 2.º mistério, meditemos na família de Nazaré, como lugar onde Jesus cresce
Leitura bíblica: Diz São Lucas: “Jesus desceu com eles, com Maria e José e era-lhes submisso” (Lc 2,51).
Meditação: Jesus permaneceu naquela periferia de Nazaré durante trinta anos. O evangelista Lucas
assim resume este período: Jesus «vivia submetido a eles» [ou seja, a Maria e José]. E poder-se-ia dizer:
«Mas este Deus que vem para nos salvar perdeu trinta anos ali, naquela periferia de má fama?». Perdeu
trinta anos! Ele quis que fosse assim. O caminho de Jesus era no seio daquela família. «A Mãe
conservava tudo isto no seu coração, e Jesus crescia em sabedoria, idade e graça diante de Deus e dos
homens» (2, 51-52). Não se fala de milagres ou curas, de pregações — não fez alguma nessa época —
de multidões que acorrem. Em Nazaré tudo parece acontecer «normalmente», segundo os costumes
de uma família israelita piedosa e diligente: trabalhava-se, a mãe cozinhava, ocupava-se dos afazeres
de casa, passava a ferro... coisas de mãe. O pai, carpinteiro, labutava, ensinava o filho a trabalhar.
Trinta anos. «Mas que desperdício” direis! Mas não. Os caminhos de Deus são misteriosos. Mas ali o
importante era a família! E isto não constituía um desperdício! Eram grandes santos: Maria, a mulher
mais santa, Imaculada, e José, o homem mais justo... A família.
Prece: Neste 2º mistério, peçamos ao Senhor que nunca seja considerado um desperdício o tempo
dedicado à família. Mas que o tempo dedicado às famílias, sobretudo aos mais frágeis e carentes, seja
considerado um tempo santo.
3. No terceiro mistério, meditemos na família de Nazaré, como lugar onde Jesus descobre a sua
própria vocação e missão
Leitura bíblica: Diz São Lucas a respeito de Jesus: “Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça,
diante de Deus e dos homens” (Lc 2,52).
Meditação: Na sua sobriedade, os Evangelhos nada falam sobre a adolescência de Jesus, deixando
esta tarefa à nossa meditação afetuosa. A arte, a literatura e a música percorreram este caminho da
imaginação. Sem dúvida, não é difícil imaginar o que as mães poderiam aprender do esmero de Maria
pelo seu Filho! E quanto os pais poderiam aprender do exemplo de José, homem justo, que dedicou a
sua vida para apoiar e defender o Menino e a Esposa — a sua família — nas horas difíceis! Sem
mencionar quanto os jovens poderiam ser encorajados por Jesus adolescente a entender a
necessidade e a beleza de cultivar a sua vocação mais profunda, e de fazer sonhos grandiosos! E nestes
trinta anos Jesus cultivou a sua vocação, para a qual o Pai o enviara. E nessa época Jesus nunca
desanimou, mas cresceu em coragem, para ir em frente com a sua missão.
Prece: Neste 3.º mistério, rezemos pelos nossos adolescentes e jovens, para que encontrem na família
o ambiente favorável à descoberta da sua vocação e missão, na Igreja e no mundo.
4. No 4.º mistério, meditemos na família de Nazaré, como lugar onde cada família cristã descobre a
sua vocação e missão
Leitura bíblica: Diz São Lucas: “Quando viram Jesus, [depois de o procurarem durante três dias] seus
pais ficaram admirados; e sua Mãe disse-Lhe: «Filho, porque procedeste assim connosco? Teu pai e eu
andávamos aflitos à tua procura». Jesus respondeu-lhes: «Porque Me procuráveis? Não sabíeis que Eu
devia estar na casa de meu Pai?». Mas eles não entenderam as palavras que Jesus lhes disse” (Lc 2,48-
50).
Meditação: Cada família cristã — como Maria e José — pode primeiro acolher Jesus, ouvi-lo, falar com
Ele, conservá-lo, protegê-lo e crescer com Ele, e assim melhorar o mundo. Deixemos espaço ao Senhor
no nosso coração e nos nossos dias. Assim fizeram também Maria e José, mas não foi fácil: quantas
dificuldades tiveram de superar! Não era uma família fictícia, nem uma família irreal. A família de
Nazaré compromete-nos a redescobrir a vocação e missão da família, de cada família. E, como
aconteceu naqueles trinta anos em Nazaré, assim também pode ocorrer para nós: fazer com que o
amor se torne normal, e não o ódio; fazer com que se a entreajuda se torne comum, e não a indiferença
ou a inimizade.
27
Prece: Neste 4.º mistério, peçamos ao Senhor a graça de fazer de cada família cristã uma Igreja
doméstica, verdadeira escola do evangelho.
5. No 5.º mistério, meditemos na família de Nazaré, como lugar para acolher e guardar Jesus no
coração
Leitura bíblica: Diz São Lucas, sobre o modo como Maria acompanha o que se dizia de Jesus, o que
Jesus dizia e fazia: “Sua mãe [a mãe de Jesus] guardava todas estas coisas no seu coração (Lc 2,19.51).
Meditação: Não é por acaso que «Nazaré» significa «Aquela que conserva», como Maria, que — diz o
Evangelho — «conservava tudo isto no seu coração» (cf. Lc 2, 19.51). A partir de então, quando uma
família preserva este mistério, até na periferia do mundo, entra em ação o mistério do Filho de Deus,
o mistério de Jesus que vem salvar-nos. E vem para salvar o mundo. Esta é a grande missão da família:
deixar lugar a Jesus que vem, acolher Jesus na família, na pessoa dos filhos, do marido, da esposa, dos
avós... Jesus está aí. É preciso acolhê-lo ali, para que cresça espiritualmente naquela família.
Prece: Que as nossas famílias se tornem verdadeiro cenáculos de oração, onde Jesus ocupe o primeiro
lugar.
Cântico final
28
Dia 5
Cântico inicial
Saudação Inicial
Introdução
Ontem contemplávamos a Sagrada Família de Nazaré, onde brilha o esplendor do verdadeiro amor.
Hoje, vamos olhar para as nossas famílias e compreender a enorme graça que representa a família.
Na presente crise pandêmica, voltamos a casa e redescobrimos o valor da família, nosso porto de
abrigo, nosso refúgio. Perante a tempestade que se abateu sobre nós, disse o Papa Francisco, “muitos
compreenderam que ninguém se salva sozinho. Perante o sofrimento, onde se mede o verdadeiro
desenvolvimento dos nossos povos, descobrimos e experimentamos a oração sacerdotal de Jesus:
«Que todos sejam um só» (Jo 17, 21)”. E disse ainda: “Não somos autossuficientes, sozinhos
afundamos: precisamos do Senhor como os antigos navegadores, das estrelas” (Homilia, 27.03.2020).
Na verdade, somos uma única família humana; estamos todos no mesmo barco. Mas é na barca da
nossa família, que o sentimos mais de perto. Por isso, queremos crescer como família, cuidar da alegria
do amor. Apesar dos nossos limites, não renunciamos a procurar o ideal, a plenitude de amor e de
comunhão que nos foi prometida (cf. AL 325).
Maria, nossa Mãe, ficará imensamente feliz, se tudo fizermos, para que as nossas famílias, se tornem
verdadeiras Igrejas domésticas. Sob o seu manto, vestido de luz, Maria reúne-nos, à volta de Jesus,
Seu Filho, para que cada família seja uma pequena Igreja e a Igreja uma grande família, desde os casais
aos pais, desde as crianças aos idosos, em todas as idades da vida.
Comecemos então por esta bela oração a Maria, que hoje invocamos como Santa Maria de todas as
idades.
Pode ser feita por várias pessoas, segundo as idades. Também se podem intercalar os diversos momentos
da oração, ao longo dos cinco mistérios. Esta oração pode ser feita no fim.
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Criança
Rezar-Te a Ti, Santa Maria das crianças.
Que nos acompanhaste quando mal balbuciávamos
pela primeira vez as tuas ave-marias.
Adolescente
Jovem
Adulto(a)
Idoso(a)
E Tu, Santa Maria da Terceira Idade,
que perdeste na terra os melhores tesouros
que o mundo conheceu,
um esposo como foi José,
um Filho como Jesus,
lembra-Te, Senhora, de todos os anciãos
que foram perdendo os seus entes queridos
foram ficando sós, num mundo vazio,
como um dia sucedeu contigo nesta terra, sem José e sem Jesus.
Leitura bíblica: Do Evangelho segundo São João (Jo.2,1-4): “Realizou-se um casamento em Caná da
Galileia e estava lá a Mãe de Jesus. Jesus e os seus discípulos foram também convidados para o
casamento. A certa altura faltou o vinho. Então a Mãe de Jesus disse-Lhe: «Não têm vinho». Jesus
respondeu-Lhe: «Mulher, que temos nós com isso? Ainda não chegou a minha hora»”.
Meditação: Jesus não só participou naquele matrimónio, mas «salvou a festa» com o milagre do vinho!
Portanto, Ele realizou o primeiro dos seus sinais prodigiosos, com o qual revela a Sua glória, no
contexto de um casamento. E foi um gesto de grande simpatia por aquela família nascente, solicitado
pelos cuidados maternos de Maria. Isto faz-nos recordar o livro do Génesis, quando Deus conclui a
obra de criação e faz a sua obra-prima; a sua obra-prima é o homem e a mulher. E aqui Jesus começa
os seus milagres, precisamente com esta obra-prima, num casamento, numa festa de núpcias. Assim,
Ele ensina-nos que a obra-prima da sociedade é a família: o homem e a mulher, que se amam. Esta é a
obra-prima! Desde a época das bodas de Caná, muitas coisas mudaram, mas aquele «sinal» de Cristo
contém uma mensagem válida para sempre.
Prece: Neste mistério peçamos pelos namorados e pelos noivos, pelos que vivem em união de facto
ou casados apenas civilmente: para que não tenham medo de convidar Jesus, Maria e a Igreja, para o
seu casamento. Que não falte a estes casais, o testemunho vivo e feliz da beleza do sacramento do
matrimónio, dado por aqueles que casaram «no Senhor» e diante da Sua Igreja (cf. Papa Francisco, Audiência,
29 abril 2015).
Leitura bíblica: Do Evangelho segundo São João (Jo. 14,18): “Naquele tempo, disse Jesus aos seus
discípulos: «Não vos deixarei órfãos»!”
Meditação: Deixemo-nos guiar pela palavra «Pai». Uma palavra que para nós cristãos é muito querida,
porque é o nome com o qual Jesus nos ensinou a dirigir-nos a Deus: «Pai». Devemos estar mais atentos
à figura do pai: Todas as famílias têm necessidade do pai. E a primeira necessidade é precisamente
esta: que o pai esteja presente na família. Que se encontre próximo da esposa, para compartilhar tudo:
alegrias e dores, dificuldades e esperanças. E que esteja perto dos filhos no seu crescimento: quer
quando brincam, quer quando se aplicam, quer quando estão descontraídos, quer quando se sentem
angustiados; quer quando se exprimem, quer quando permanecem calados; quer quando são
ousados, quer quando têm medo; quer quando dão um passo errado, quer quando voltam a encontrar
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o caminho. Um pai bom sabe esperar e perdoar, do profundo do coração. Sem dúvida, também sabe
corrigir com firmeza: não se trata de um pai fraco, complacente, sentimental. O pai que sabe corrigir
sem aviltar é o mesmo que sabe proteger sem se poupar (Papa Francisco, Audiência, 4 fevereiro 2015).
Prece: Neste 2.º mistério rezemos pelo pai de cada um de nós. Rezemos pelos pais ausentes, para que
tomem consciência das lacunas e feridas que podem deixar nos filhos (Papa Francisco, Audiência, 28 janeiro).
Rezemos para que cada pai, “juntamente com a esposa, pela palavra e pelo exemplo, sejam, para seus
filhos a primeiras testemunhas da fé em Jesus Cristo” (Ritual do Batismo, n.º183).
Leitura bíblica: Do Evangelho segundo São Mateus (Mt 2, 11): «Entrando os Magos no presépio de Belém,
encontram o Menino Jesus, com Maria, sua mãe».
Meditação: Maria é a Mãe que, depois de ter gerado o Filho, o apresenta ao mundo. Maria dá-nos
Jesus. Ela mostra-nos Jesus. Ela faz-nos ver Jesus. Na família há a mãe. Cada pessoa humana deve a
vida a uma mãe, e quase sempre lhe deve muito da própria existência sucessiva, da formação humana
e espiritual. Uma sociedade sem mães seria uma sociedade desumana, porque as mães sabem
testemunhar sempre, mesmo nos piores momentos, a ternura, a dedicação, a força moral. As mães
transmitem, muitas vezes, também o sentido mais profundo da prática religiosa: nas primeiras
orações, nos primeiros gestos de devoção que uma criança aprende, está inscrito o valor da fé na vida
de um ser humano. Sem as mães, não só não haveria novos filhos da Igreja, mas a fé perderia boa parte
do seu calor simples e profundo. E a Igreja é Mãe, com tudo isso! Nós não somos órfãos, temos uma
Mãe: Nossa Senhora, a mãe Igreja e a nossa mãe. Não somos órfãos, somos filhos da Igreja, somos
filhos de Nossa Senhora e somos filhos das nossas mães (cf. Papa Francisco, Audiência, 7 janeiro 2015).
Prece: Neste 3.º mistério, peçamos ao Senhor, pela mãe de cada um de nós. Rezemos por todas as
mães, sobretudo por aquelas, cuja missão está marcada pela dor da perda, da solidão, da rejeição. Que
Jesus, o Filho de Deus, nascido da Virgem Santa Maria, “se digne abençoar todas as mães, agradecidas
pelo dom de seus filhos, para que perseverem com eles em ação de graças” (Ritual do Batismo, n.º 183)
Leitura bíblica: Do Evangelho segundo São Mateus (Mt 18, 10): «Guardai-vos de menosprezar um só
destes pequeninos, porque Eu vos digo que os seus anjos no céu contemplam, sem cessar, a face do
meu Pai que está nos céus».
Meditação: As crianças recordam-nos que todos, nos primeiros anos de vida, somos totalmente
dependentes dos cuidados e da benevolência dos outros. E o Filho de Deus não evitou esta passagem.
Em segundo lugar, as crianças recordam-nos que somos sempre filhos: até quando nos tornamos
adultos, ou mesmo quando somos pais ou desempenhamos funções de responsabilidade, por detrás
de tudo isto permanece a identidade de filhos. Todos nós somos filhos. E isto recorda-nos sempre que
a vida nós não no-la damos sozinhos, mas recebemo-la. O grande dom da vida é o primeiro presente
que recebemos. Às vezes corremos o risco de viver esquecidos disto, como se nós fôssemos os
senhores da nossa existência, mas, pelo contrário, somos radicalmente dependentes. Esta é a
mensagem principal que as crianças nos transmitem com a sua própria presença: só com a sua
presença já nos recordam que cada um e todos somos filhos.
Prece: Neste 4.º mistério, peçamos ao Senhor, a graça de nos tornamos crianças (cf. Mt 18, 3; Mc 10, 14),
aprendendo delas a ter uma confiança espontânea em Deus, em Jesus, em Nossa Senhora. Que nós
aprendamos das crianças a ter um olhar puro, não poluído pela malícia, pelas ambiguidades, pelas
«durezas» da vida que endurecem o coração. Que aprendamos das crianças a sermos sinceros,
autênticos, sem ambiguidades. Que aprendamos das crianças a capacidade de sorrir com vivacidade e
de chorar, por amor (cf. Papa Francisco, Audiência 18 março 2015)
Leitura bíblica: Do Evangelho segundo São Lucas (Lc.2,22.28.36-38): “Quando os pais de Jesus trouxeram
o Menino para cumprirem as prescrições da Lei, Simeão recebeu-O em seus braços e bendisse a Deus
(…) Havia também uma profetisa, Ana. Era de idade muito avançada e tinha vivido casada sete anos
após o tempo de donzela e viúva até aos oitenta e quatro. Não se afastava do templo, servindo a Deus
noite e dia, com jejuns e orações. Estando presente na mesma ocasião, começou também a louvar a
Deus e a falar acerca do Menino”.
Meditação: Assumindo-se como uma espécie de avô espiritual, o Papa Francisco desafia os avós:
“Coloquemo-nos no sulco destes anciãos extraordinários! Tornemo-nos, também nós um pouco
poetas da oração: adquiramos o gosto de procurar palavras que nos são próprias, voltando a apoderar-
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nos daquelas que a Palavra de Deus nos ensina. A oração dos anciãos e dos avós é uma dádiva para a
Igreja uma riqueza! Uma grande dose de sabedoria também para toda a sociedade humana: sobretudo
para aquela que vive demasiado ocupada, absorvida, distraída. Contudo, também por eles alguém
deve cantar os sinais de Deus, proclamar os sinais de Deus, rezar por eles! Precisamos de anciãos que
orem. Os avôs e as avós formam o «coral» permanente de um grande santuário espiritual, onde a
oração de súplica e o canto de louvor sustentam a comunidade que trabalha e luta no campo da vida”
(Papa Francisco, Audiência, 11 março 2015).
Prece: Peçamos, neste 5.º mistério, a graça de desafiar a cultura do descartável, que coloca na periferia
da vida os idosos. Experimentemos a alegria transbordante de um novo abraço esperançoso, entre os
mais novos e os idosos!
Cântico final
35
Dia 6
Cântico inicial
Saudação inicial
Introdução
Ao longo desta quarta semana da Páscoa, queremos redescobrir e edificar a família, como Igreja
Doméstica. Até aos finais do século III, os cristãos não tinham lugares próprios de culto; os primeiros
templos aparecerão por volta do século IV. A primeira comunidade dos cristãos, por causa da
perseguição dos judeus, não tinha Templo e começou por se reunir na casa dos próprios cristãos (cf. 1
Cor 16,19; Rm 16,5; Cl 4,15; Flm 2). Casais, como por exemplo, Áquila e Priscila, oferecem a sua casa,
como lugar onde se reúne a «Igreja», a assembleia dos cristãos (cf. 1 Cor 16,19). Muitas vezes era o
dono da casa que presidia às reuniões dos cristãos. Aí aprenderam a construir uma Igreja à imagem de
uma família, até que cada família aprende a edificar-se à imagem de uma Igreja.
Porque na base da família cristã está o matrimónio cristão, hoje iremos meditar os mistérios do rosário,
a partir das duas catequeses do Papa Francisco (cf. Audiências de 15 e 22 de abril de 2015), dedicadas
à diferença e à complementaridade entre o homem e a mulher, que estão no ápice da criação divina.
E rezemos por todos os casais da nossa comunidade. Convidamos os casais a darem as mãos e a
fazerem connosco esta oração:
Ámen.
Leitura bíblica: Do livro do Génesis (1,26-27) “Disse Deus: Façamos o Homem à nossa imagem e
semelhança. Domine sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos e
sobre todos os répteis que rastejam pela terra. Deus criou o ser humano à sua imagem, criou-o à
imagem de Deus; Ele o criou homem e mulher”.
Meditação: Deus, depois de ter criado o universo e todos os seres vivos, criou a sua obra-prima, isto é
o ser humano, e fê-lo à sua própria imagem: «Criou-o à imagem de Deus; criou-os homem e mulher» (Gn 1,
27), assim reza o Livro do Génesis. E como todos nós sabemos, a diferença sexual está presente em
muitas formas de vida, na longa escala dos seres vivos. Mas unicamente, no homem e na mulher, ela
tem em si a imagem e a semelhança de Deus: o texto bíblico repete-o três vezes, em dois versículos
(26-27): homem e mulher são imagem e semelhança de Deus. Isto diz-nos que não apenas o homem (o
ser masculino) em si mesmo é imagem de Deus, não só a mulher em si mesma é imagem de Deus, mas
também o homem e a mulher, como casal, são imagem de Deus. A diferença entre homem e mulher
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não é para a contraposição, nem para a subordinação, mas para a comunhão e a geração, sempre à
imagem e semelhança de Deus!
Prece: Peçamos ao Senhor, para que os casais saibam fazer da diversidade e da diferenciação sexual
uma riqueza e não uma ameaça, uma possibilidade e não um limite.
Leitura bíblica: Do livro dos Provérbios (31, 10-13.19-20.30-31): “Quem poderá encontrar uma mulher
virtuosa? O seu valor é maior que o das pérolas. Nela confia o coração do marido e jamais lhe falta
coisa alguma. Ela dá-lhe bem-estar e não desventura em todos os dias da sua vida. Procura obter lã e
linho e põe mãos ao trabalho alegremente. Toma a roca em suas mãos, seus dedos manejam o fuso.
Abre as mãos ao pobre e estende os braços ao indigente. A graça é enganadora e vã a beleza. A mulher
que teme o Senhor é que será louvada. Dai-lhe o fruto das suas mãos e suas obras a louvem às portas
da cidade”!
Meditação: É indubitável que devemos fazer muito mais a favor da mulher, se quisermos dar nova
força à reciprocidade entre homens e mulheres. Com efeito, é necessário que a mulher não seja só
mais ouvida, mas que a sua voz tenha um peso real, uma autoridade reconhecida tanto na sociedade
como na Igreja. O próprio modo como Jesus considerava a mulher, num contexto menos favorável
que o nosso, porque naquela época a mulher ocupava realmente o segundo lugar, e Jesus considerou-
a de uma maneira, que lança uma luz poderosa, que ilumina um caminho que vai longe, do qual
percorrermos apenas um breve trecho. Ainda não entendemos em profundidade aquilo que nos pode
proporcionar o génio feminino, o que a mulher pode oferecer à sociedade e também a nós: a mulher
sabe ver tudo com outros olhos, que completam o pensamento dos homens. Trata-se de uma senda
que devemos percorrer com mais criatividade e audácia.
Prece: Que a Igreja e o mundo saibam reconhecer a dignidade da mulher e aproveitar o génio feminino,
na construção de um mundo mais belo.
Leitura bíblica: Do livro do Génesis (1,28.31): “Deus abençoou-os dizendo: Crescei e multiplicai-vos,
enchei e dominai a terra. Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os
animais que se movem na terra. Deus viu tudo o que tinha feito: era tudo muito bom”.
Meditação: Eis a grande responsabilidade da Igreja, de todos os crentes, e antes de tudo das famílias
crentes, para redescobrir a beleza do desígnio criador que inscreve a imagem de Deus também na
aliança entre o homem e a mulher. A terra enche-se de harmonia e de confiança quando a aliança entre
homem e mulher é vivida no bem. E se o homem e a mulher a procuram juntos entre si e com Deus,
sem dúvida encontram-na. Jesus encoraja-nos explicitamente ao testemunho desta beleza que é a
imagem de Deus.
Prece: Peçamos ao Senhor que os esposos cristãos sintam que a sua aliança nupcial é expressão da
aliança de Deus com a humanidade e que sejam fiéis a essa aliança.
Leitura bíblica: Do livro do Génesis (2,7.18-24): “Então o Senhor Deus formou o homem do pó da terra
e insuflou-lhe pelas narinas o sopro de vida e o homem transformou-se num ser vivente. Disse o Senhor
Deus: «Não é bom que o homem esteja só. Vou dar-lhe uma auxiliar semelhante a ele». Então o Senhor
Deus, depois de ter formado da terra todos os animais do campo e todas as aves do céu, conduzi-os
até junto do homem para ver como ele os chamaria, a fim de que todos os seres vivos fossem
conhecidos pelo nome que o homem lhe desse. O homem chamou pelos seus nomes todos os animais
domésticos, todas as aves do céu e todos os animais do campo. Mas não encontrou um auxílio
semelhante a ele. Então o Senhor deus fez descer sobre o homem um sono profundo e, enquanto ele
dormia, tirou-lhe uma costela, fazendo crescer a carne em seu lugar. Da costela do homem, o Senhor
Deus formou a mulher e apresentou-a ao homem. Ao vê-la o homem exclamou: Esta é realmente osso
dos meus ossos e carne da minha carne. Chamar-se-á «mulher», porque foi tirada do homem. Por isso
o homem deixará pai e mãe para se unir à sua esposa e os dois serão uma só carne”.
Meditação: Esta é a segunda narrativa da Criação, no livro do Génesis. Por um momento, aparece-nos
a imagem do homem só — falta-lhe algo — sem a mulher. E Deus vê que isto «não é bom»: falta-lhe
uma comunhão, há uma falta de plenitude. «Não é bom» — diz Deus — e acrescenta: «quero oferecer-
lhe um auxílio que lhe seja adequado» (2, 18). Então, Deus apresenta ao homem todos os animais; o
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homem dá um nome a cada um deles mas em nenhum animal encontra alguém semelhante a si
mesmo. O homem continua sozinho. Quando, finalmente, Deus apresenta a mulher, o homem
reconhece exultante que aquela criatura — e somente aquela — faz parte dele: «osso dos meus ossos,
carne da minha carne» (2, 23). Finalmente há um reflexo, uma reciprocidade. Quando uma pessoa quer
dar a mão à outra, deve tê-la diante de si: se alguém dá a mão, mas não há ninguém à sua frente, a
mão permanece ali... falta-lhe a reciprocidade. Assim era o homem, pois faltava-lhe algo para alcançar
a sua plenitude, faltava-lhe a reciprocidade. A mulher não é uma «réplica» do homem; ela deriva
diretamente do gesto criador de Deus. A imagem da «costela» não exprime de modo algum uma
inferioridade ou subordinação mas, pelo contrário, que o homem e a mulher são da mesma substância,
são complementares, e que também possuem esta reciprocidade. E a constatação de que Deus plasma
a mulher enquanto o homem dorme ressalta precisamente que ela não é de modo algum uma criatura
do homem, mas de Deus. E sugere também algo mais: para encontrar a mulher — e, podemos dizer,
para encontrar o amor na mulher — o homem deve primeiro sonhá-la e depois encontrá-la.
Prece: Peçamos ao Senhor que, entre homem e mulher, seja sempre respeitada a sua comum
dignidade de filhos de Deus.
Leitura bíblica: Do Livro do Cântico dos Cânticos (2, 8-10.14.16): “Eis a voz do meu amado. Ele aí vem,
transpondo os montes, saltando sobre as colinas. O meu amado é semelhante a uma gazela ou ao
filhinho da corça. Ei-lo detrás do nosso muro, a olhar pela janela, a espreitar através das grades. O meu
amado ergue a voz e diz-me: “Levanta-te, minha amada, formosa minha, e vem. Minha pomba,
escondida nas fendas dos rochedos, ao abrigo das encostas escarpadas, mostra-me o teu rosto, deixa-
me ouvir a tua voz. A tua voz é suave e o teu rosto encantador”. O meu amado é para mim e eu sou
para ele”.
Meditação: A Bíblia diz algo muito bonito: o homem encontra a mulher; eles encontram-se e o homem
deve deixar algo para a encontrar plenamente. Por isso, o homem deixará o seu pai e a sua mãe para
ir ao encontro da mulher. É bonito! Isto significa começar a percorrer um novo caminho. O homem é
todo para a mulher, e a mulher é inteiramente para o homem: «O meu amado é para mim e eu sou
para ele» (Ct.2,16). Por conseguinte, a preservação desta aliança entre o homem e a mulher, embora
sejam pecadores e feridos, estejam confundidos e humilhados, desanimados e incertos, é para nós
crentes uma vocação exigente e cheia de paixão nas condições de hoje. A segunda narração da criação
e do pecado, na sua conclusão, confia-nos uma imagem muito bonita: «O Senhor Deus fez vestes de pele
para Adão e para a sua mulher, e vestiu-os» (Gn 3, 21). Trata-se de uma imagem de ternura em relação
àquele casal de pecadores, que nos deixa boquiabertos: a ternura de Deus pelo homem e pela mulher!
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É uma imagem de guarda paternal do casal humano. É o próprio Deus quem cuida e salvaguarda a sua
obra-prima!
Prece: Rezemos por todos os casais, para que sejam sinal sacramental do amor de Cristo pela Igreja.
Cântico final
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Dia 7
Cântico Inicial
Saudação inicial
Introdução
No passado domingo celebrámos o dia da Mãe, mas a nossa atenção fixou-se sobretudo no Dia
Mundial das Vocações. Ao refletirmos sobre a Igreja, como família doméstica, não podemos ignorar a
vocação e a missão tão especiais da mãe de cada um de nós. E fazemo-lo olhando para Maria.
Nestes dias do mês de maio, a liturgia da Igreja coloca diante dos nossos olhos a imagem da Virgem
Maria. Ela é a Mãe que dá à luz Jesus. É a Mãe que nos apresenta Jesus. É a Mãe que nos dá Jesus! É a
Mãe que nos mostra Jesus e que nos faz ver Jesus. Nos dias entre a Páscoa e o Pentecostes – como
estes que estamos a viver – os discípulos, estavam reunidos na Sala da Última Ceia e estava lá a Mãe
de Jesus, que, desde a Hora da Cruz, se tornara a Mãe da Igreja.
De Maria, a Igreja aprende a ser Mãe e, graças a Maria e à Igreja, nós não somos órfãos, temos uma
mãe! Não somos órfãos, somos filhos da Igreja, somos filhos de Nossa Senhora e somos filhos das
nossas mães.
Continuemos hoje a meditar os mistérios da família, como Igreja doméstica. E contemplemos, neste
dia, de modo muito especial, a graça da maternidade, porque não é apenas uma graça termos uma
mãe; é sobretudo muito belo «ser mãe».
Nestes tempos de pandemia, rezemos especialmente pelas mulheres grávidas, que se tornarão mães
e se perguntam: “Em que mundo viverá o meu filho?”. Que o Senhor dê a elas a coragem e a confiança,
que certamente será um mundo diferente, mas sempre um mundo que o Senhor amará muito.
Por isso, comecemos a nossa oração, rezando à Mãe, por todas mães, seguindo a proposta do Jornal
Diocesano Voz Portucalense, de que nos socorremos no passado domingo, ao celebrar o dia da Mãe.
Oremos:
Ámen
1. No 1.º Mistério, meditemos na maternidade, como acolhimento feliz de uma nova vida!
Leitura bíblica: Do Evangelho segundo São Lucas (Lc 1,26-38): “Disse o Anjo: «Não temas, Maria, porque
encontraste graça diante de Deus. Conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus».
Maria disse então: «Faça-se em mim, segundo a Tua Palavra».”
Meditação: Maria acolhe, com total surpresa, o dom de uma nova vida, mesmo se essa vida nova
desconcerta todos os seus planos. A esta luz, podemos dizer que “a família é o âmbito não só da
geração, mas também do acolhimento da vida, que chega como um presente de Deus. Cada nova vida
«permite-nos descobrir a dimensão mais gratuita do amor, que nunca cessa de nos surpreender. É a beleza
de ser amado primeiro: os filhos são amados antes de chegar. Isto mostra-nos o primado do amor de Deus,
que sempre toma a iniciativa, porque os filhos «são amados antes de ter feito algo para o merecer” (AL
166).
Prece: Neste 1.º mistério, peçamos ao Senhor a graça de nos deixarmos maravilhar pelas surpresas
de Deus, sobretudo no dom de uma nova vida humana.
Leitura bíblica: Da profecia de Jeremias (1,5): «Antes de te haver formado no ventre materno, Eu já te
conhecia; antes que saísses do seio de tua mãe, Eu te consagrei».
Meditação: Maria vive a surpresa da sua gravidez, com expetativa, na certeza de que o Menino que vai
nascer não é obra das suas mãos, não é fruto de um desejo ou de um projeto pessoal. É dádiva a
acolher em seu seio e a guardar em seu coração. Para Maria, como para todas as mulheres, “a gravidez
é um período difícil, mas também um tempo maravilhoso. A mãe colabora com Deus, para que se
verifique o milagre de uma nova vida. A maternidade surge de uma «particular potencialidade do
organismo feminino, que, com a sua peculiaridade criadora, serve para a conceção e a geração do ser
humano». Cada mulher participa do «mistério da criação, que se renova na geração humana. Assim diz
o Salmo: Senhor, «formaste-me no seio de minha mãe» (Sl 139/138, 13). Cada criança, que se forma
dentro de sua mãe, é um projeto eterno de Deus Pai e do seu amor eterno: «Antes de te haver formado
no ventre materno, Eu já te conhecia; antes que saísses do seio de tua mãe, Eu te consagrei» (Jr 1, 5). Cada
criança está no coração de Deus desde sempre e, no momento que é concebida, realiza-se o sonho
eterno do Criador. Pensemos quanto vale o embrião, desde que é concebido” (AL 168)!
Prece: Neste 2.º mistério peçamos ao Senhor, que dê a todas as mães a graça de contemplar o filho,
ainda em embrião, com o mesmo olhar amoroso do Pai, que vê para além de toda a aparência!
3. No terceiro mistério, meditemos na gravidez e nos nove meses de sonho da mãe e do pai
Leitura bíblica: Do Evangelho segundo São Mateus (Mt 1, 18-21): “Maria, noiva de José, antes de terem
vivido em comum, encontrara-se grávida por virtude do Espírito Santo. Mas José, seu esposo, que era
justo e não queria difamá-la, resolveu repudiá-la em segredo. Tinha ele assim pensado, quando lhe
apareceu num sonho o Anjo do Senhor, que lhe disse: «José, filho de David, não temas receber Maria,
tua esposa, pois o que nela se gerou é fruto do Espírito Santo. Ela dará à luz um Filho, e tu pôr-Lhe-ás
o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados»
Meditação: O período da gravidez são nove meses de sonho e de beleza, porque “a mulher grávida
pode participar do projeto de Deus, sonhando o seu filho. Toda a mãe e todo o pai sonharam o seu
filho nove meses” (AL 169). E hoje, “com os progressos feitos pela ciência, é possível saber de antemão
a cor que terá o cabelo da criança e as doenças que poderá ter no futuro. Mas, conhecê-lo em
plenitude, só consegue o Pai do Céu que o criou. É importante que aquela criança se sinta esperada.
Não é um complemento ou uma solução para uma aspiração pessoal, mas um ser humano, com um
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valor imenso, e não pode ser usado para benefício próprio. Por conseguinte, não é importante se esta
nova vida útil à mãe ou não, se possui características que lhe agradam ou não, se corresponde ou não
aos seus sonhos. Porque «os filhos são uma dádiva! Cada um é único e irrepetível” (AL 170).
Prece: Neste 3.º mistério, peçamos ao Senhor, que toda a mãe, que traz o filho no seu ventre, saiba
pedir luz a Deus, para poder conhecer em profundidade o seu próprio filho e saber esperá-lo tal como
ele é.
Leitura bíblica: Do evangelho segundo São Lucas (Lc 1,39-47): Quando Isabel ouviu a saudação de Maria,
o menino exultou-lhe no seio. Isabel ficou cheia do Espírito Santo e exclamou: “Logo que chegou aos
meus ouvidos a voz da tua saudação, o menino exultou de alegria no meio seio”.
Meditação: Apesar de viver uma gravidez inesperada e misteriosa, Maria concentra-se no dom
recebido, partilha-o com a sua prima Isabel, também ela inesperadamente grávida, e canta um hino de
gratidão e louvor, um cântico de alegria. Ressoam aqui as palavras do Papa Francisco: “A cada mulher
grávida, quero pedir-lhe afetuosamente: Cuida da tua alegria; que nada te tire a alegria interior da
maternidade. Aquela criança merece a tua alegria. Não permitas que os medos, as preocupações, os
comentários alheios ou os problemas apaguem esta felicidade de ser instrumento de Deus para trazer
uma nova vida ao mundo. Ocupa-te daquilo que é preciso fazer ou preparar, mas sem obsessões, e
louva como Maria: «A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador.
Porque pôs os olhos na humildade da sua serva» (Lc 1, 46-48). Vive, com sereno entusiasmo, no meio
dos teus incómodos” (AL 171).
Prece: Neste 4.º mistério, peçamos ao Senhor, que todas as mulheres grávidas saibam guardar a sua
alegria para a poderem transmitir aos seus filhos!
Leitura bíblica: Da profecia de Isaías (Is 49,14-15): «Sião dizia: ‘O Senhor abandonou-me, o Senhor
esqueceu-Se de mim’. Pode a mulher esquecer-se da criança que amamenta e não ter carinho pelo
fruto das suas entranhas? Mas ainda que ela o esquecesse, Eu nunca te esquecerei».
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Meditação: Nenhuma realização da mulher é superior à graça de ser mãe. “Hoje reconhecemos como
plenamente legítimo, e até desejável, que as mulheres queiram estudar, trabalhar, desenvolver as suas
capacidades e ter objetivos pessoais. Mas, ao mesmo tempo, não podemos ignorar a necessidade que
as crianças têm da presença materna, especialmente nos primeiros meses de vida. O enfraquecimento
da presença materna, com as suas qualidades femininas, é um risco grave para a nossa terra” (AL 173).
“De facto, «as mães são o antídoto mais forte contra o propagar-se do individualismo egoísta. São elas
que testemunham a beleza da vida. Sem dúvida, uma sociedade sem mães seria uma sociedade
desumana, porque as mães sabem testemunhar sempre, mesmo nos piores momentos, a ternura, a
dedicação, a força moral. As mães transmitem, muitas vezes, também o sentido mais profundo da
prática religiosa: nas primeiras orações, nos primeiros gestos de devoção que uma criança aprende.
Sem as mães, não somente não haveria novos fiéis, mas a fé perderia boa parte do seu calor simples e
profundo” (AL 174).
Prece: Neste 5.º mistério, peçamos ao Senhor, que a nossa sociedade e a nossa comunidade cristã
saibam escutar e valorizar o papel das mães, na criação de um mundo mais solidário e na transmissão
viva da fé.
Podem ser concluídas com excertos da oração do Papa São João Paulo II, na conclusão da encíclica sobre
o Evangelho da Vida;
Ave-Maria
Ó Maria,
aurora do mundo novo,
Mãe dos viventes,
confiamo-Vos a causa da vida:
olhai, Mãe, para o número sem fim
de crianças a quem é impedido nascer,
de pobres para quem se torna difícil viver,
de homens e mulheres
vítimas de inumana violência,
de idosos e doentes assassinados
pela indiferença ou por uma falsa compaixão.
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Ave-Maria
Ave-Maria
Cântico final
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Dia 8
Cântico inicial
Saudação Inicial
Introdução
Ao longo desta quarta semana da Páscoa, propomo-nos redescobrir edificar a família como Igreja
Doméstica. E hoje recordamos a graça de sermos irmãos. Não por acaso, é esse o título com que os
cristãos se tratam uns aos outros. Escutamos sempre as palavras do Apóstolo Paulo, que se dirige aos
cristãos, como irmãos e irmãs. O próprio Jesus diz-nos que aqueles que guardam a Sua Palavra se
tornam seus irmãos e irmãs. «Irmão» e «irmã» são palavras que o cristianismo aprecia muito. E, graças
à experiência familiar, são palavras que todas as culturas e épocas compreendem. O laço fraternal
ocupa um lugar especial na história do povo de Deus. Jesus Cristo levou à sua plenitude também esta
experiência humana, que nos vem do facto de sermos irmãos e irmãs, não só porque temos na terra
um pai e uma mãe comuns, mas porque temos no céu Deus como Pai e Maria, como nossa Mãe.
Com o agudizar da crise, provocada pela pandemia do COVID-19, pudemos redescobrir a graça da
fraternidade. Disse o Papa Francisco: “Com a tempestade, caiu a maquilhagem dos estereótipos com
que mascaramos o nosso «eu» sempre preocupado com a própria imagem; e ficou a descoberto, uma
vez mais, aquela (abençoada) pertença comum a que não nos podemos subtrair: a pertença como
irmãos” (Papa Francisco, Homilia, 27-03-2020). Somos uma única família humana. Que cesse toda
hostilidade bélica. Que o esforço conjunto contra a pandemia COVID19 nos faça reconhecer nossa
necessidade de fortalecer os laços fraternos. Comecemos por fazer esta oração pela fraternidade
(Adaptado da Oração do Papa Francisco pela Paz, 8.06.2014). Oremos:
Tornai-nos disponíveis
para ouvir o grito dos nossos cidadãos
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Leitura bíblica: Do livro dos Salmos (Sl 133/132, 1): “Oh, como é bom, como é agradável os irmãos
viverem em harmonia”!
Meditação: O salmista canta a beleza do vínculo fraterno. E é verdade, a fraternidade é bonita! “Em
família, entre irmãos, aprendemos a convivência humana. Talvez nem sempre estejamos conscientes
disto, mas é precisamente a família que introduz a fraternidade no mundo. A partir desta primeira
experiência de fraternidade, alimentada pelos afetos e pela educação familiar, o estilo da fraternidade
irradia-se como uma promessa sobre a sociedade inteira e sobre as relações entre os povos” (Papa
Francisco, Audiência 18.02.2015: cit. AL 194). “Pensai no que se torna o vínculo entre os homens,
mesmo que sejam muito diversos entre si, quando podem dizer uns aos outros: «Para mim, ele é como
um irmão, ela é como uma irmã!». Isto é bonito! De resto, a história demonstrou suficientemente que,
sem a fraternidade, até a liberdade e a igualdade podem encher-se de individualismo e conformismo,
também de interesse pessoal” (Papa Francisco, Audiência, 18.02.2015).
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Prece: Neste 1.º mistério, rezemos pelos nossos irmãos de sangue e por aqueles que são para nós
“como um irmão ou como uma irmã”.
Leitura bíblica: Da Carta de São Paulo aos Romanos (Rom 12,10): “Irmãos: Amai-vos uns aos outros
com amor fraterno; e rivalizai uns com os outros na estima recíproca”!
Meditação: “Crescer entre irmãos proporciona a bela experiência de cuidar uns dos outros, de ajudar
e ser ajudado. Por isso, a fraternidade na família resplandece de modo especial quando vemos a
solicitude, a paciência e o carinho com que é circundado o irmãozinho ou a irmãzinha mais frágil,
doente ou deficiente. Faz falta reconhecer que ter um irmão, uma irmã que te ama é uma experiência
forte, inestimável, insubstituível, mas é preciso ensinar, com paciência, os filhos a tratar-se como
irmãos. Esta aprendizagem, por vezes fatigante, é uma verdadeira escola de sociabilidade” (AL 195).
Prece: Neste 2.º mistério, rezemos pelos nossos irmãos mais frágeis, a quem devemos cuidar sempre
com todo o amor.
Leitura bíblica: Da Carta de São Paulo aos Efésios (Ef 4,1-6): “Há um só Deus e pai de todos, que está
acima de todos, atua em todos e em todos Se encontra”!
Meditação: Nós, os cristãos, sabemos que temos um Pai comum. No Seu Filho Jesus, tornamo-nos
irmãos. Por isso a fraternidade é mais do que um laço de sangue, é também um laço de fé. “Além do
círculo pequeno formado pelos cônjuges e seus filhos, temos então uma família alargada” (AL 196).
“Esta família alargada deverá acolher, com todo o amor, as mães solteiras, as crianças sem pais, as
mulheres abandonadas que devem continuar a educação dos seus filhos, as pessoas deficientes que
requerem muito carinho e proximidade, os jovens que lutam contra uma dependência, as pessoas
solteiras, separadas ou viúvas que sofrem a solidão, os idosos e os doentes que não recebem o apoio
dos seus filhos, até incluir no seio dela mesmo os mais desastrados nos comportamentos da sua vida”
(AL 197). “Por fim, não se pode esquecer que, nesta família alargada, estão também o sogro, a sogra
e todos os parentes do cônjuge” (AL 198).
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Prece: Neste 3.º mistério, rezemos para que, nas nossas famílias, ninguém se sinta só, marginalizado
ou excluído, mas sempre acolhido, respeitado e integrado.
Leitura bíblica: Do livro do Génesis (Gn 4, 9-10): “O Senhor disse a Caim: «Onde está o teu irmão Abel?».
Caim respondeu: «Não sei. Sou porventura eu o guarda do meu irmão?». O Senhor disse-lhe: «Que
fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama da terra por Mim”.
Prece: Neste 4.º mistério peçamos ao Senhor, pelas famílias, onde os irmãos se dividiram e separaram,
para que depressa se reconciliem na paz.
Leitura bíblica: Da Carta de São Paulo a Filémon (Flm 15-16): “Onésimo foi afastado por breve tempo,
a fim de que o recebas para sempre, não já como escravo, mas muito mais do que um escravo, como
irmão querido”.
Meditação: O Apóstolo pede ao seu colaborador para acolher Onésimo, que antes era escravo do
próprio Filémon, mas agora tornou-se cristão, merecendo, por isso mesmo, ser considerado um irmão.
Como irmãos e irmãs, todas as pessoas estão, por natureza, relacionadas umas com as outras. Em
virtude disso, a fraternidade constitui a rede de relações fundamentais para a construção da família
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humana criada por Deus. Nesta perspetiva, desejo convidar cada um a realizar gestos de fraternidade
a bem de quantos são mantidos em estado de servidão. Há alguns de nós que, por indiferença, porque
distraídos com as preocupações diárias, ou por razões económicas, fecham os olhos. Outros, pelo
contrário, optam por fazer algo de positivo, comprometendo-se nas associações da sociedade civil ou
praticando no dia-a-dia pequenos gestos como dirigir uma palavra, trocar um cumprimento, dizer
«bom dia» ou oferecer um sorriso; estes gestos, que têm imenso valor e não nos custam nada, podem
dar esperança, abrir estradas, mudar a vida a uma pessoa que anda às escuras e mudar também a
nossa vida face a esta realidade (cf. Papa Francisco, Mensagem para o Dia Mundial da Paz, 2015).
Prece: Peçamos neste mistério, a coragem de contribuir, com os nossos pequenos gestos, para
globalizar a fraternidade, nunca a escravidão nem a indiferença.
Cântico final
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Dia 9
Cântico inicial
Saudação inicial
Introdução
Ao longo desta semana, meditámos na importância da família, chamada a edificar-se como Igreja
Doméstica. Nestes dias de privação e de provação, por causa da pandemia, com as portas das Igrejas
fechadas, abriram-se janelas de oportunidades, para abrirmos uma Igreja em cada casa, em cada
família cristã, chamada a tornar-se “Igreja doméstica” (cf. LG 11; AL 15;86; CIC 1657).
Na família, pequenina Igreja, como na Igreja, grande família, dever haver lugar para todos, com a sua
vida fatigante. A casa ou a família devem ser o nosso lugar mais seguro. A família é chamada a ser o
lugar onde cada um cuida do outro, como seu tesouro maior.
Por isso, não queríamos concluir as meditações desta semana, sem pensar nos avós, sem pensar nos
anciãos, nos idosos, naqueles que mais procuramos proteger, ao longo destes tempos, não porque
são um risco, mas porque estão mais expostos ao risco.
Meditemos hoje no dom, na vocação e na missão dos avós e dos idosos. Vamos fazê-lo a partir de duas
catequeses do Papa Francisco (Audiências, 4 e 11 de março de 2015). Rezemos pelos idosos que sofrem
por causa deste momento, de modo especial, com uma solidão interior muito grande e, por vezes,
com muito medo. Eles são as nossas raízes; eles deram-nos a fé, a tradição, o sentido de pertença.
Rezemos para que o Senhor esteja próximo deles.
Comecemos com esta oração de São João Paulo II (Carta aos anciãos, 1.10.1999, n.º 17). Oremos:
Senhor da vida,
fazei-nos tomar plena consciência
e saborear como um dom,
rico de futuras promessas,
cada período da nossa vida.
Leitura bíblica: Do livro dos Salmos (Sal. 89/90): “Senhor, vós tendes sido o nosso refúgio de geração
em geração. Antes de se formarem as montanhas e nascer a terra e o mundo, desde toda a eternidade
Vós sois Deus. Vós reduzis o homem ao pó da terra e dizeis: «Voltai, filhos de Adão». Mil anos a vossos
olhos são como o dia de ontem que passou e como uma vigília da noite. Vós os arrebatais como um
sonho, como a erva que de manhã reverdece, de manhã floresce e viceja, à tarde é cortada, e seca.
(…) Os dias da nossa vida andam pelos setenta anos, e, se robustos, por uns oitenta: a maior parte são
trabalho e desilusão, passam depressa, e nós partimos (…) Desça sobre nós a graça do Senhor nosso
Deus! Confirmai em nosso favor a obra das nossas mãos, confirmai a obra das nossas mãos”.
Meditação: Graças aos progressos da medicina, a vida prolongou-se: mas a sociedade não se «ampliou»
à vida! O número de idosos multiplicou-se, mas as nossas sociedades não se organizaram
suficientemente para lhes deixar espaço, com o justo respeito e a concreta consideração pela sua
fragilidade e dignidade. Enquanto somos jovens, somos levados a ignorar a velhice, como se fosse uma
enfermidade da qual nos devemos manter à distância; depois, quando envelhecemos, especialmente
se somos pobres, doentes e sós, experimentamos as lacunas de uma sociedade programada sobre a
eficácia que, consequentemente, ignora os idosos. Mas os idosos são uma riqueza, não podem ser
ignorados! Quando visitou uma casa para idosos, Bento XVI usou palavras claras e proféticas; dizia
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assim: «A qualidade de uma sociedade, gostaria de dizer de uma civilização, julga-se também pelo
modo como se tratam os idosos e pelo lugar que lhes reservam na vida comum». É verdade, a atenção
aos idosos distingue uma civilização. Numa civilização presta-se atenção ao idoso? Há lugar para o
idoso? Esta civilização irá em frente se souber respeitar a sabedoria, a experiência dos idosos. Numa
civilização em que não há espaço para os idosos ou onde eles são descartados porque criam
problemas, tal sociedade traz em si o vírus da morte. É feio ver os idosos descartados, é algo
desagradável, é pecado!
Prece: Neste 1.º mistério rezemos por todos os idosos, desprezados e descartados pelos seus
familiares.
Leitura bíblica: Do Livro do Ben-Sirá (8, 11-12) “Não desprezes os ensinamentos dos anciãos, dado que
eles os aprenderam com os seus pais. Estudarás com eles o conhecimento e a arte de responder de
modo oportuno”.
Meditação: Na tradição da Igreja existe uma bagagem de sapiência que sempre sustentou uma cultura
de proximidade aos anciãos, uma disposição ao acompanhamento carinhoso e solidário na parte final
da vida. Esta tradição está arraigada na Sagrada Escritura, como testemunham por exemplo estas
expressões contidas no Livro do Ben-Sirá: «Não desprezes os ensinamentos dos anciãos, dado que eles
os aprenderam com os seus pais. Estudarás com eles o conhecimento e a arte de responder de modo
oportuno» (Sir. 8, 11-12). A Igreja não pode e não quer conformar-se com uma mentalidade de
intolerância, e muito menos de indiferença e de desprezo, em relação à velhice. Devemos despertar
o sentido comunitário de gratidão, de apreço e de hospitalidade, que levem o idoso a sentir-se parte
viva da sua comunidade. Os anciãos são homens e mulheres, pais e mães que antes de nós percorreram
o nosso próprio caminho, estiveram na nossa mesma casa, combateram a nossa mesma batalha diária
por uma vida digna. São homens e mulheres dos quais recebemos muito. O idoso não é um estranho.
O idoso somos nós: daqui a pouco, daqui a muito tempo, contudo inevitavelmente, embora não
pensemos nisto. E se não aprendermos a tratar bem os anciãos, também nós seremos tratados assim.
Prece: Peçamos ao Senhor que a Igreja e a sociedade saibam acolher a sabedoria dos mais velhos
Leitura bíblica: Do Livro de Ben-Sirá (Sir 3, 3-7.14-17ª): “Deus quis honrar os pais nos filhos e firmou
sobre eles a autoridade da mãe. Quem honra seu pai obtém o perdão dos pecados, e acumula um
tesouro quem honra sua mãe. Quem honra o pai encontrará alegria nos seus filhos e será atendido na
sua oração. Quem honra seu pai terá longa vida, e quem lhe obedece será o conforto de sua mãe. Filho,
ampara a velhice do teu pai e não o desgostes durante a sua vida. Se a sua mente enfraquece, sê
indulgente para com ele e não o desprezes, tu que estás no vigor da vida, porque a tua caridade para
com teu pai nunca será esquecida e converter-se-á em desconto dos teus pecados”.
Meditação: O Senhor nunca nos descarta! Ele chama-nos a segui-lo em todas as fases da vida, e
inclusive a velhice recebe uma graça e uma missão, uma verdadeira vocação do Senhor. A velhice é uma
vocação! Ainda não chegou o momento de «nos resignarmos». Sem dúvida, este período da vida é
diferente dos precedentes; devemos também «inventá-lo» um pouco porque, espiritual e moralmente,
as nossas sociedades não estão prontas para lhe conferir, a este momento da vida, o seu pleno valor.
Com efeito, outrora não era tão normal ter tempo à disposição; hoje é-o muito mais. E inclusive a
espiritualidade cristã foi um pouco surpreendida, e trata-se de delinear uma espiritualidade das
pessoas idosas. Mas graças a Deus não faltam testemunhos de santos e santas idosos!
Prece: Peçamos ao Senhor, para que os avós cumpram a sua missão de serem testemunhas da fé.
Leitura bíblica: Do Evangelho de São Lucas (2,27-32.36-38): “Quando os pais de Jesus trouxeram o
Menino, para cumprirem as prescrições da Lei no que lhes dizia respeito, Simeão recebeu-O em seus
braços e bendisse a Deus, exclamando: «Agora, Senhor, segundo a vossa palavra, deixareis ir em paz
o vosso servo, porque os meus olhos viram a vossa salvação, que pusestes ao alcance de todos os
povos: luz para se revelar às nações e glória de Israel, vosso povo» (…) Havia também uma profetisa,
Ana. Era de idade muito avançada e tinha vivido casada sete anos após o tempo de donzela e viúva até
aos oitenta e quatro. Não se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia, com jejuns e orações.
Estando presente na mesma ocasião, começou também a louvar a Deus e a falar acerca do Menino”.
Meditação: O Evangelho vem ao nosso encontro com uma imagem muito bonita, comovente e
encorajadora. É a imagem de Simeão e Ana. Certamente eram idosos, o «velho» Simeão e a «profetisa»
Ana. Aquela mulher não escondia a sua idade! O Evangelho diz-nos que todos os dias esperavam a
vinda de Deus, com grande fidelidade, havia muitos anos. Queriam realmente ver aquele dia, captar os
seus sinais, intuir o seu início. Talvez já se tivessem um pouco resignado a morrer antes: no entanto,
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aquela longa expectativa continuava a ocupar toda a vida deles, e não tinham compromissos mais
importantes do que este: esperar o Senhor e rezar. Pois bem, quando Maria e José chegaram ao
templo para cumprir os preceitos da Lei, Simeão e Ana apressaram-se, animados pelo Espírito Santo
(cf. Lc 2, 27). O peso da idade e da espera esvaeceu num instante. Eles reconheceram o Menino e
descobriram uma nova força, para uma renovada tarefa: dar graças e testemunhar este Sinal de Deus.
Simeão improvisou um lindo hino de júbilo (cf. Lc 2, 29-32).
Estimados avós, amados idosos, coloquemo-nos no sulco destes anciãos extraordinários! A oração dos
anciãos e dos avós é uma dádiva para a Igreja uma riqueza! Precisamos de anciãos que orem, pois a
velhice nos é oferecida precisamente para isto. Os avôs e as avós formam o «coral» permanente de
um grande santuário espiritual, onde a oração de súplica e o canto de louvor sustentam a comunidade
que trabalha e luta no campo da vida. Os anciãos podem dar graças ao Senhor pelos benefícios
recebidos, e preencher o vazio da ingratidão que o circunda. Podem interceder pelas expectativas das
novas gerações e conferir dignidade à memória e aos sacrifícios das passadas. Enfim, a oração purifica
incessantemente o coração. O louvor e a súplica a Deus evitam o endurecimento do coração no
ressentimento e no egoísmo.
Prece: Porque é um grande dom para a Igreja, a oração dos avós e dos idosos! Peçamos ao Senhor,
que os avós, os idosos, se tornem poetas da oração.
Leitura bíblica: Do Segundo Livro dos Macabeus (6,18-19.23-28): “Naqueles dias, Eleazar, um dos
principais doutores da Lei, homem de idade avançada e de aspeto muito distinto, preferindo a morte
gloriosa à vida desonrada, caminhou espontaneamente para o instrumento de suplício. (…) Com toda
a coerência, respondeu prontamente: «Prefiro que me envieis para a morada dos mortos. Na nossa
idade não é conveniente fingir; aliás muitos jovens ficariam persuadidos de que Eleazar, aos noventa
anos, se tinha passado para os costumes pagãos; e com esta dissimulação, por causa do pouco tempo
de vida que me resta, viriam a transviar-se também por minha culpa e eu ficaria com a minha velhice
manchada e desonrada. Por isso, renunciando agora corajosamente a esta vida, mostrar-me-ei digno
da minha velhice e deixarei aos jovens o nobre exemplo de morrer com beleza, espontânea e
gloriosamente, pelas veneráveis e santas leis»”.
Meditação: Como é desagradável o cinismo de um idoso que perdeu o sentido do seu testemunho,
despreza os jovens e não comunica uma sabedoria de vida! Ao contrário, como é bonito o
encorajamento que o ancião consegue transmitir ao jovem em busca do sentido da fé e da vida!
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Podemos recordar aos jovens ambiciosos que uma existência sem amor é uma vida árida. Podemos
dizer aos jovens medrosos que a angústia em relação ao futuro pode ser derrotada. Podemos ensinar
aos jovens demasiado apaixonados por si mesmos que há mais alegria em dar do que em receber. Esta
é verdadeiramente a missão dos avós, a vocação dos idosos! As palavras dos avós têm algo de especial
para os jovens. E eles sabem-no! As palavras que a minha avó me confiou por escrito no dia da minha
ordenação sacerdotal, ainda as tenho comigo, sempre no breviário; leio-as com frequência e isto faz-
me bem. Os idosos têm uma grande dose de sabedoria a oferecer a toda a sociedade humana:
sobretudo para aquela que vive demasiado ocupada, absorvida, distraída.
Prece: Peçamos pela Igreja: para que desafie a cultura do descartável com a alegria transbordante de
um novo abraço entre jovens e idosos! E é isto, este abraço, que hoje pedimos ao Senhor!
Cântico final
Nota: De 10 a 17 decorre, em Portugal, a Semana da Vida. As reflexões dos mistérios (com exceção
dos dias 12 e 13) seguem o esquema proposto a nível nacional, com algumas introduções e alterações
da nossa responsabilidade.
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Dia 10
Cântico inicial
Saudação inicial
Introdução geral à Semana da Vida 2020 (escrita antes de ser publicado o guião nacional)
Entre os dias 10 e 17 de maio, a Igreja, que está em Portugal, celebra a Semana da Vida, um desafio
proposto por São João Paulo II.
[Este apelo foi feito aquando do encerramento do Sínodo da Europa, em 1991. Na sua Encíclica sobre o valor
inviolável da vida humana, intitulada “O Evangelho da Vida” (25.03.1995) o saudoso Papa reiterou este mesmo
apelo (EV, n.º 85). Os Bispos portugueses, em resposta ao seu primeiro apelo, decidiram, no Ano Internacional da
Família – 1994 – instituir a Semana da Vida, na terceira semana de maio].
Esta iniciativa decorre, habitualmente, na semana em que se celebra o Dia Internacional da Família (15
de maio) e vai do domingo anterior ao domingo seguinte.
O tema deste ano lembra-nos que a fragilidade humaniza a vida. É uma consciência que se agudizou,
com a experiência desta pandemia provocada pelo coronavírus. Disse o Papa Francisco:
“Demo-nos conta de estar no mesmo barco, todos frágeis e desorientados, mas ao mesmo tempo
importantes e necessários: todos chamados a remar juntos, todos carecidos de mútuo
encorajamento” (Homilia, 27.03.2020).
Meditemos, neste 5.º domingo de Páscoa, os mistérios gloriosos, que nos ajudam a aprofundar o
mistério pascal de Cristo na nossa vida.
Leitura bíblica (Jo 20,11a.14-16): “Maria [Madalena] estava junto ao túmulo, da parte de fora, a chorar.
Sem parar de chorar, voltou-se para trás e viu Jesus, de pé, mas não se dava conta que era Ele. E Jesus
disse-lhe: “Mulher, porque choras? Quem procuras?”. Ela, pensando que era o encarregado do horto,
disse-lhe: “Senhor, se foste tu que o tiraste, diz-me onde o puseste, que eu vou buscá-lo”. Disse-lhe
Jesus: “Maria!” Ela, aproximando-se, exclamou em hebraico: “Rabbuni!”, que quer dizer: «Mestre!»”.
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Meditação: A Maria Madalena, que chorava a sua ausência, Jesus aparece ressuscitado, interessa-se
pelo seu sofrimento, descobrindo nela uma procura, e chama-a pelo nome. Ao ouvir-se chamada pela
voz de Jesus, sentindo-se pessoalmente reconhecida, reconhece finalmente Jesus. Para Deus não há
anónimos nem desconhecidos. Ele conhece cada um e a cada um chama pelo nome. E quer conhecer
as raízes das lágrimas que cada um chora. O nosso Deus é um Deus atento às nossas lágrimas,
compadecido de nós que, ameaçados pela morte, experimentamos o medo, a mais paralisante das
emoções. Quer-nos inteiramente vivos, pessoas livres e confiantes, porque sem medo da morte,
conscientes de participarmos da existência de seu Filho ressuscitado, por Ele pessoalmente chamados,
cada um pelo próprio nome, para uma vida nova.
Contemplação: Como é grande o amor de Deus para connosco! Oferece-nos a glória da ressurreição!
Cristo ressuscitou para nos dar uma vida nova e conhece o mais fundo de nós. Como Deus é bom!
Intercessão: Senhor Jesus, Cristo ressuscitado e glorioso, que venceste as trevas da morte e vives para
sempre; pedimos-te por todos os que sofrem e choram, sem que ninguém os chame pelo nome e lhes
ofereça a experiência de se sentirem reconhecidos, amados e acolhidos, e por todos os que estão de
luto, para que todos encontrem nas comunidades cristãs o testemunho da fé na tua ressurreição, o
acolhimento na caridade que acompanha no sofrimento, e a oferta das razões da sua esperança,
porque Tu venceste a morte. Maria, rainha e mulher pascal, rogai por nós.
Leitura bíblica (Lc 24, 50-53): “Jesus levou os seus até junto de Betânia e, erguendo as mãos abençoou-
os. Enquanto os abençoava, separou-se deles e elevava-se ao céu. E eles, depois de se terem prostrado
diante dele, voltaram para Jerusalém com grande alegria. E estavam continuamente no templo a
bendizer a Deus”.
Meditação: Jesus sobe ao céu diante dos seus, abençoando-os. É a última imagem que a terra guarda
de Jesus: abençoando. Como se quisesse que guardássemos, clara e luminosa, a certeza de que fica
pela eternidade inteira a abençoar-nos; como se quisesse que olhássemos para sempre o céu como
um lugar e fonte de bênção; como se quisesse que cultivássemos o desejo do céu que será o
reencontro com Ele, que, subindo ao céu, no-lo abriu. Ele lá nos espera e de lá nos chama: para não
consentirmos que os nossos olhos se reduzam ao horizonte da terra, nem permitirmos que os nossos
corações vivam aterrados pelo fugir do tempo, nem deixarmos que as nossas mãos se enterrem na
procura ansiosa e sempre frustrante de tudo o que pareça poder detê-Lo. Esta vida não é tudo, toda a
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dor terá fim e toda a alegria é provisória; eterna, só a glória que sabemos ir encontrar junto de Deus.
Assumindo a terra como lugar de pertença missionária, importa no entanto atravessá-la, conscientes
de que somos do céu; aqui somos estrangeiros, peregrinos.
Contemplação: Como é grande o amor de Deus para connosco! Oferece-nos a glória da ressurreição!
Abre-nos o céu, lá nos aguarda e para aí nos chama a viver eternamente. Como Deus é bom!
Intercessão: Senhor Jesus, Cristo ressuscitado e glorioso, que subistes ao céu, abençoando os que
ficavam na terra; pedimos-Te pela cultura deste tempo que, esquecido da eternidade a que o homem
está chamado, mascara a fragilidade humana e cultiva dependências e evasões alienantes; para que
redescubramos o desejo do céu e compreendamos que o desejo do céu não nos demite da terra, mas
nos oferece uma meta e um destino; ajuda-nos a traçar o caminho a percorrer através da história, sem
nos perdermos nos seus acidentes nem cedermos às suas seduções que nos impedem de sermos
plenamente humanos. Maria, rainha e mulher pascal, rogai por nós.
Leitura bíblica (At 2,1-4): “Quando chegou o dia do Pentecostes, encontravam-se todos reunidos no
mesmo lugar. De repente, ressoou, vindo do céu, um som comparável ao de forte rajada de vento, que
encheu toda a casa onde eles se encontravam. Viram então aparecer umas línguas, à maneira de fogo,
que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e
começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes inspirava que se exprimissem”.
Meditação: O dom do Espírito Santo é dado à Igreja nascente reunida, à comunidade. Mas as línguas
de fogo dividem-se, pousando uma sobre cada um dos membros da comunidade. É dado o Espírito a
cada um personalizadamente. O coração dos que acreditam em Jesus Cristo e são batizados na sua
morte e ressurreição não é um espaço deserto, uma casa vazia. Mora aí o Espírito Santo. Não é órfão
quem é habitado pelo Espírito da filiação divina. Somos filhos de Deus. O Espírito é a luz que nos
permite vencer todo o medo, todos os medos. Ele fala a cada coração tornando-nos livres e capazes
de amar, acolher, dar e perdoar. Esta luz, que é o fogo interior do Espírito, só o silêncio que fazemos
nos consente ouvi-la, a sua voz a cada um em seu coração. E ouvindo-a, poderá falar, cada um, uma
língua diferente, segundo a sua diferença pessoal atravessada pelo Espírito de Deus, para participar
no anúncio de um mesmo evangelho, aos falantes de todas as línguas.
Contemplação: Como é grande o amor de Deus para connosco! Oferece-nos a glória da ressurreição!
Habita pessoalmente em cada um como fogo ardente e luz interior. Como Deus é bom!
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Intercessão: Senhor Jesus, Cristo ressuscitado e glorioso, que com o Pai enviastes aos discípulos o
Espirito da filiação divina; pedimos-Te pela Igreja nossa mãe, templo do Espírito Santo, para que cada
batizado, seu filho, encontre nela um regaço de liberdade fraterna, onde possa colocar, ao serviço da
missão comum, o que o Espírito lhe inspira e opera nele; a comunidade seja, na história, sinal e
instrumento da plena realização filial da fragilidade humana, na santidade a que Tu, ó homem novo,
chamas todos os homens. Maria, rainha e mulher pascal, rogai por nós.
Leitura bíblica (Lc 1,46-50 a): “Maria disse, então: «A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se
alegra em Deus, meu Salvador. Porque pôs os olhos na humildade da sua serva. De hoje em diante, me
chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-poderoso fez em mim maravilhas. Santo é o seu
nome. A sua misericórdia se estende de geração em geração»”.
Meditação: No termo de uma vida inteira inteiramente dada a cumprir o céu sobre a terra, a Mãe do
Filho de Deus foi elevada ao céu em corpo e alma, o seu ser inteiro encontrou em Deus a sua
consumação. Esta é a última das maravilhas que Deus fez em Maria, a humilde serva, como cantou no
Magnificat, integrando entre as maravilhas que a misericórdia de Deus operou na história, as
maravilhas nela realizadas. Maria cumpriu-se como mulher, vivendo a consciência da sua fragilidade
como experiência de humildade, a palavra que os santos usam para falar da sua humana fragilidade
quando a abrem ao agir de Deus, que, assim, nela pode inscrever as suas maravilhas. Em Maria elevada
ao céu, percebemos a santidade como plena realização humana da fragilidade pessoal,
maravilhosamente operada por Deus na existência dos seus filhos que, com a liberdade que só a
humildade consente, abrem a própria vida à misericórdia divina, para a estender de geração em
geração, até ao céu.
Contemplação: Como é grande o amor de Deus para connosco! Oferece-nos a glória da ressurreição!
Chama a si a sua Mãe e nela nos dá o exemplo da santidade verdadeira. Como Deus é bom!
Intercessão: Senhor Jesus, Cristo ressuscitado e glorioso, que ao céu para junto de Ti elevaste a tua
Mãe; pedimos-Te por todos os filhos da igreja, para que o seu compromisso humilde, no serviço
misericordioso aos homens na sua fragilidade, revele a todos que são chamados pelo Pai à santidade
nesta vida e ao pleno cumprimento de si mesmos no céu, onde tua Mãe vive já contigo eternamente.
Maria, rainha e mulher pascal, rogai por nós.
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Leitura bíblica (Ap 11,15.19;12,1): “Quando o sétimo anjo tocou a trombeta, ouviram-se grandes
aclamações no céu: “O reinado sobre o mundo foi entregue a nosso Senhor e a seu Cristo; Ele reinará
pelos séculos dos séculos”. Depois, abriu-se no céu o santuário de Deus e apareceu a Arca da aliança.
Depois, apareceu no céu um grande sinal: uma Mulher vestida de Sol, com a Lua debaixo dos pés e
com uma coroa de doze estrelas na cabeça”.
Meditação: A mulher coroada no céu é a rainha, rainha do céu e da terra. Assim a quis Deus, assim Deus
a glorificou: coroou rainha a mulher imaculada que acolheu livremente a palavra do anjo e, por obra
do Espírito Santo, se tornou Mãe do Filho feito homem frágil, nossa mãe e mãe da igreja. Maria é a
mulher-sinal no céu, rainha porque mãe do rei, seu Filho, rei de um reino que não é deste mundo, mas
neste mundo cresce para o céu, até ao céu. É rainha porque é mãe, e olhá-la rainha é descobri-la mãe,
uma mãe que olha com desvelo e cuidado pelos filhos; e é descobrir que, nos seus olhos de mãe, é o
próprio Deus que sempre se volta para os filhos, sem nunca os abandonar à sua sorte, na vida e na
morte. Pela mãe de seu Filho junto de si, maternalmente junto de nós, Deus olha-nos com olhar de
mãe, o olhar da Mãe do céu, olhar de ternura, carinho e compaixão que agasalha, cuida e conforta os
filhos frágeis, olhar que dá alegria, esperança e força aos filhos, na sua fragilidade.
Contemplação: Como é grande o amor de Deus para connosco! Oferece-nos a glória da ressurreição!
Olhou e coroou a Mãe de seu Filho como nossa rainha no céu e na terra, nossa mãe na terra como no
céu. Como Deus é bom!
Intercessão: Senhor Jesus, Cristo ressuscitado e glorioso, que tens no céu junto de Ti a tua Mãe,
participante da tua realeza; pedimos-Te pela Igreja nossa mãe, para que nela encontre o modelo da
sua maternidade universal, e a estenda, com humildade livre e amorosa, a toda a humanidade
redimida; para que os homens possam descobrir na aceitação e no cuidado da fragilidade que os
constitui, o caminho que nos torna plenamente humanos e verdadeiramente filhos de Deus. Maria,
rainha e mulher pascal, rogai por nós.
Ó Maria,
aurora do mundo novo,
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Cântico final
64
Dia 11
Introdução
Entre os dias 10 e 17 de maio, a Igreja, que está em Portugal, celebra a Semana da Vida, um desafio
proposto por São João Paulo II.
O tema deste ano lembra-nos que a fragilidade humaniza a vida. É uma consciência que se agudizou,
com a experiência desta pandemia provocada pelo coronavírus. Disse o Papa Francisco, no Domingo
da Divina Misericórdia:
“Na provação que estamos a atravessar, também nós, com os nossos medos e as nossas dúvidas como
Tomé, nos reconhecemos frágeis. Precisamos do Senhor, que, mais além das nossas fragilidades, vê
em nós uma beleza indelével. Com Ele, descobrimo-nos preciosos nas nossas fragilidades.
Descobrimos que somos como belíssimos cristais, simultaneamente frágeis e preciosos. E se formos
transparentes diante d’Ele como o cristal, a sua luz – a luz da misericórdia – brilhará em nós e, por
nosso intermédio, no mundo”.
Meditemos, nesta quinta semana da Páscoa, os mistérios gozosos, que nos ajudam a aprofundar a
beleza e a graça da vida, que é tão frágil no seu nascimento, como em todo o seu processo de
crescimento, até ao momento final. Esta fragilidade humaniza-nos, porque nos livra do delírio da
omnipotência e nos faz sentir que precisamos uns dos outros e que só Deus pode salvar.
Leitura bíblica (Lc 1,28.30-31. 35.38): “Ao entrar em casa dela, o anjo disse-lhe: “Salve, ó cheia de graça, o
Senhor está contigo. Maria, não temas, pois achaste graça diante de Deus. Hás-de conceber no teu seio e
dar à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo
estenderá sobre ti a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer é Santo e será chamado Filho de Deus”.
Maria disse então: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra«”.
Meditação: Quando o anjo entrou em casa de Maria, foi Deus que entrou na história do homem, dando
o passo decisivo da incarnação de seu Filho. Uma mulher é chamada a ser mãe de Deus. Maria
corresponde ao chamamento que lhe é dirigido e assume como sentido da sua vida o cumprimento
em si da vontade de Deus. Nela podemos perceber que a vocação passa por descobrir o próprio lugar
no projeto de Deus, que é pouco somente dar um lugar a Deus nos próprios projetos. Fiel na
obediência que oferece a Deus, Maria supera os horizontes limitados de uma honesta e piedosa
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Contemplação: Como é grande o amor de Deus para connosco! Faz-se homem! Assume a nossa
condição, faz sua a fragilidade humana e diviniza-a. Como Deus é bom!
Intercessão: Senhor Jesus, filho da Virgem Santa Maria, que no seu ventre assumiste como tua a
fragilidade humana; pedimos-Te por todas as mulheres que concebem, especialmente as que vivem a
experiência de uma maternidade difícil, para que sem medo acolham a frágil vida, que vive no seu seio,
como um dom de Deus; e que os jovens descubram a confiança em Deus que os chama e descubram
o seu lugar no projeto da salvação. Maria, senhora e porta da alegria, rogai por nós.
Leitura bíblica: (Lc 1, 39.41-42.46-47.50a): “Por aqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se
apressadamente para a montanha, a uma cidade da Judeia. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria,
o menino saltou-lhe de alegria no seio e Isabel ficou cheia do Espírito Santo: “Bendita és tu entre as
mulheres e bendito é o fruto do teu ventre”. Maria disse então: «A minha alma glorifica o Senhor e o meu
espírito se alegra em Deus meu Salvador. A sua misericórdia se estende de geração em geração«»”.
Meditação: Na notícia da gravidez na velhice de sua prima, Maria descobre um apelo urgente de
cuidado. E faz-se apressadamente ao caminho. A sua decisão leva ao encontro das alianças. A antiga,
significada por João, que virá a ser o Batista, no seio da até aí estéril Isabel; a nova, Jesus, no seio da
Virgem Santa. Neste encontro se celebra a eterna misericórdia de Deus, no canto de Maria que
proclama as maravilhas de Deus, o Deus que dá filhos à estéril e faz gerar uma virgem. É um encontro
de gerações, este encontro de alianças: uma mulher jovem que parte para cuidar de uma mulher velha
em necessidade, interpelação tão crítica que a experiência da pandemia nos pede que ouçamos, para
nos interrogarmos sobre o lugar dos mais velhos na sociedade e na igreja. Maria ouve do anjo o apelo
de Isabel. É Deus que chama os mais novos aos mais velhos. Deus é maior que os impossíveis da
natureza e mais misericordioso que os dinamismos sociais de exclusão.
Contemplação: Como é grande o amor de Deus para connosco! Faz-se homem! A sua misericórdia
estende-se, de geração em geração, a todas as gerações. Como Deus é bom!
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Intercessão: Senhor Jesus, filho da Virgem Santa Maria, que ainda no seu ventre comunicaste a alegria
a João no ventre de sua mãe, esposa de Zacarias, infecundos na sua velhice; pedimos-Te por todos os
idosos entregues a si mesmos e por todas os casais a quem é difícil ou impossível alcançar o dom dos
filhos. Acolhe o profundo anseio dos seus corações e concede-lhes o que esperam ou revela-lhes
outros caminhos de fecundidade para além da biológica; e converte os corações dos novos e ativos
para se fazerem próximos dos seus ascendentes. Maria, senhora e porta da alegria, rogai por nós.
Leitura bíblica (Lc 2, 6-7.10-11.19): “E, quando eles ali se encontravam, completaram-se os dias de ela
dar à luz e teve o seu filho primogénito, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura, por
não haver lugar para eles na estalagem. O anjo disse aos pastores: “Não temais, pois anuncio-vos uma
grande alegria, que o será para todo o povo: hoje, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias Senhor”.
Maria, conservava todas estas coisas, ponderando-as no seu coração.
Meditação: Na noite de Belém, sem lugar na hospedaria, Maria dá à luz na periferia da cidade. Com
José, conhecera a dureza do caminho, vindos de Nazaré, migrantes que enfrentaram a recusa de
acolhimento como imensas multidões dos nossos dias. Sujeito a este drama nasce Deus feito homem.
A fragilidade da condição dos migrantes e refugiados, sem terra nem teto, faz parte desde a primeira
hora da existência humana de Jesus. E o anúncio da alegria, que irrompe com o nascimento de Deus
em nossa história, tem como primeiros destinatários os pastores dos rebanhos, também eles
marginalizados pelo ofício económica e socialmente menosprezado que exerciam.
Contemplação: Como é grande o amor de Deus para connosco! Faz-se homem! Escolhe contar-se entre
os que experimentam a fragilidade da condição de migrante e convida à alegria os excluídos. Como
Deus é bom!
Intercessão: Senhor Jesus, filho da Virgem Santa Maria, que dela nasceste no escuro da noite na
periferia duma cidade; pedimos-Te por todos os que exercem profissões não valorizadas e por todos
os casais, ou mulheres sós, que geram e dão à luz nas muitas periferias degradadas, fora como dentro
das cidades, em todo o mundo. Que o choro dos seus filhos ao nascerem desperte as consciências das
pessoas e dos sistemas para a justiça que é devida aos mais frágeis económica e socialmente. Maria,
senhora e porta da alegria, rogai por nós.
Leitura bíblica (Lc 2, 22-23.30-32.34-35): Quando se cumpriu o tempo da sua purificação, segundo a Lei
de Moisés, levaram-no a Jerusalém para o apresentarem ao Senhor, conforme está escrito na Lei do
Senhor: «Todo o primogénito varão será consagrado ao Senhor”. Simeão exclamou: “Os meus olhos
viram a salvação que ofereceste a todos os povos, luz para se revelar às nações e glória de Israel teu povo.
Este menino está aqui para queda e ressurgimento de muitos em Israel e para ser sinal de contradição;
uma espada trespassará a tua alma”.
Meditação: Na apresentação de Jesus no templo, pela boca do velho e piedoso Simeão que esperava
a consolação de Deus e o reconheceu em Jesus, manifesta-se antecipadamente o sentido dramático
da incarnação de Deus em nossa história. Jesus é proclamado salvação, luz e glória, mas também sinal
de contradição; e uma espada, é profetizado, trespassará a alma de sua mãe. É a cruz que se anuncia
no horizonte da incarnação. Porque é frágil a nossa condição, experimentamos a vida como um lugar
de tensão e sofrimento, não só de felicidade e paz. Partilhamos o amor e vivemos alegrias profundas
uns com os outros, mas também conhecemos os conflitos e a traição, as frustrações e a tristeza. É a
espada, a dilacerante ambiguidade de tudo o que é humano, os paradoxos da nossa condição. Deus
partilha por inteiro, desde o primeiro momento, o risco da vida humana.
Contemplação: Como é grande o amor de Deus para connosco! Faz-se homem! Faz seu o carácter
dramático da nossa frágil condição. Como Deus é bom!
Intercessão: Senhor Jesus, filho da Virgem Santa Maria, que ouviu ser-lhe anunciado que uma espada
de dor a trespassaria por causa da tua missão de contradição; pedimos-Te por todas as famílias que
sofrem e temem porque os filhos se empenham em missões de serviço aos mais frágeis da
humanidade, como voluntários longe junto dos pobres, para que encontrem, no sentido redentor do
serviço que eles oferecem, sentido redentor para o seu sofrimento e o seu temor. Maria, senhora e
porta da alegria, rogai por nós.
Leitura bíblica (Lc 2, 41.43.46. 49.51-52): Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, pela festa da
Páscoa. Terminados esses dias, regressaram a casa e o menino ficou em Jerusalém, sem que os pais o
soubessem. Três dias depois, encontraram-no no Templo, sentado entre os doutores, a ouvi-los e a
fazer-lhes perguntas. Ele respondeu-lhes: «Por que me procuráveis? Não sabíeis que devia estar em casa
68
de meu Pai?”. “Depois desceu com eles, voltou para Nazaré e era-lhes submisso. E crescia em
sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens.
Meditação: Foi ao terceiro dia que Maria e José encontraram Jesus no templo. Esta referência
temporal desperta-nos para lermos este acontecimento à luz do amanhecer da ressurreição. José e
Maria conheceram o medo maior que um coração humano pode conhecer: perder um filho, sem saber
se morto, se vivo. Nenhuma situação conduz a uma experiência mais profunda da fragilidade da
condição humana do que o risco de perder um filho, ou perdê-lo mesmo. Tudo se esvai em dor; e,
quem conhece esta dor, descobre quanto é frágil o que temos e somos. A consciência da fragilidade
dos que amamos faz descobrir quanto são preciosos e humaniza os laços. A experiência tremenda da
perda de Jesus por Maria e José, situa-nos na experiência da humanidade sem Páscoa, vencida pelo
medo e perdida. Assim podemos reconhecer a importância da Páscoa na nossa vida, porque ela
oferece a vida como palavra além da perda.
Contemplação: Como é grande o amor de Deus para connosco! Faz-se homem! Oferece a Páscoa como
fonte da luz que eterniza o amor e os que amamos. Como Deus é bom!
Intercessão: Senhor Jesus, filho da Virgem Santa Maria, que no seu ventre assumiste como tua a
fragilidade humana; pedimos-Te por todas as mães e por todos os pais que passam pela dura
experiência de perder os filhos, por morte, desaparecidos ou transviados, para que encontrem
consolação e coragem na luz da Páscoa. Maria, senhora e porta da alegria, rogai por nós.
Ó Maria,
aurora do mundo novo,
Mãe dos viventes,
confiamo-Vos a causa da vida:
olhai, Mãe,
para o número sem fim
de crianças a quem é impedido nascer,
de pobres para quem se torna difícil viver,
de homens e mulheres
vítimas de inumana violência,
de idosos e doentes assassinados
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pela indiferença
ou por uma suposta compaixão.
Cântico final
70
Dia 12
A MENSAGEM DE FÁTIMA
Cântico Inicial
Saudação inicial
Introdução
Hoje e amanhã, sem deixar de ter presente o contexto da Semana da Vida, queremos ser peregrinos
de Fátima, porque todos, em espírito, trazemos no coração os caminhos do Santuário. Hoje e amanhã
iremos refletir na mensagem de Fátima, agora que passam três anos da celebração do centenário das
aparições da Virgem Maria, em Fátima.
As aparições tiveram lugar na Cova da Iria, no ano de 1917, com três crianças entre os sete e os dez
anos de idade, Lúcia, Francisco e Jacinta, como protagonistas. No ano de 1916, as mesmas crianças já
tinham sido testemunhas de três manifestações de um anjo que se apresentou como Anjo da Paz e
Anjo de Portugal.
Em 13 de maio de 1917, foram testemunhas da aparição da Senhora «mais brilhante que o Sol», no cimo
de uma azinheira. Convidou-as a regressar àquele mesmo lugar no dia 13 dos meses seguintes, até
outubro. E ao longo destes encontros, comunicou-lhes uma mensagem de misericórdia e paz, depois
transmitida através dos interrogatórios a que as crianças desde o princípio foram submetidas e das
Memórias escritas pela Lúcia anos mais tarde.
1.º Mistério: No primeiro mistério mediemos na Mensagem de Nossa Senhora na primeira aparição a
13 de maio de 1917
Guia: Uma por uma, as seis mensagens, de seis meses seguidos, de maio a outubro, são um contínuo
convite à santidade. Na primeira aparição, a 13 de maio, além de dizer donde vinha, do Céu, de pedir
aos Pastorinhos que viessem ali seis meses seguidos, Nossa Senhora convida-os a oferecerem-se para
ajudar a reparar e a salvar o mundo, com as seguintes palavras:
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Leitor 1: «Quereis oferecer-vos a Deus para aceitar todos os sofrimentos que Ele quiser mandar-vos, em
ato de reparação pelos pecados com que é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?». E a
resposta foi de total generosidade:
Guia: Depois desta pronta e generosa resposta, Nossa Senhora confirma-os e anima-os dizendo-lhes:
«Ides, pois, ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto». Para os animar ainda mais,
Nossa Senhora abriu as mãos num gesto de bondade maternal que oferece o seu Coração, donde saía
um reflexo misterioso que penetrou o mais íntimo da alma dos Pastorinhos, consolando-os de tal
modo que nunca esqueceram este momento. Finalmente, a Senhora despediu-Se dizendo:
Leitor 2: «Rezai o terço todos os dias para alcançar a paz para o mundo e o fim da guerra». Este convite,
como sabemos, será repetido todos os meses: «Rezem o terço todos os dias».
Guia: Examinemos, com generosidade e seriedade, como temos ouvido o pedido da Senhora, se temos
ou não rezado todos os dias. Foi-nos proposto rezar, ao menos, um mistério do Rosário, por semana.
Temo-lo feito? Rezemos pela Paz no mundo. Peçamos ao Senhor, piedoso, que tenha piedade de nós.
PN | 10 AM + Glória | Ó Maria, concebida sem pecado. R. Rogai por nós que recorremos a Vós | Ó meu
Jesus, perdoai-nos e livrai-nos do fogo do Inferno. R. Levai as almas todas para o Céu, principalmente
as que mais precisarem. | Cântico
2.º Mistério: No segundo mistério, meditemos na Mensagem de Nossa Senhora na segunda aparição,
a 13 de junho de 1917
Guia: Além de voltar a repetir que queria que voltassem ali no dia 13 de cada mês, e de lhes dizer que
queria que aprendessem a ler, Nossa Senhora promete levar em breve para o Céu a Jacinta e o
Francisco, mas revela a grande missão reservada a Lúcia, com estas palavras:
Leitor 1: «Tu ficas cá mais algum tempo. Jesus quer servir-se de ti para Me fazer conhecer e amar. Ele quer
estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. Prometo a salvação a quem a aceitar; e estas
almas serão queridas por Deus como flores colocadas por mim para adornar o seu trono».
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Leitor 2: E para confortar a pequena Lúcia que ficaria cá para cumprir esta missão, Nossa Senhora
afirma-lhe: «Eu nunca te deixarei. O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te
conduzirá até Deus».
Guia: Cada um de nós deve acolher este convite de ser apóstolo do Imaculado Coração, de O dar a
conhecer, de O fazer amar. Como tem cada um realizado esta tão nobre missão, este apostolado da
misericórdia e da bondade de Deus, no seio da sua família, na paróquia, no movimento eclesial ou no
grupo a que pertence?
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Jesus, perdoai-nos e livrai-nos do fogo do Inferno. R. Levai as almas todas para o Céu, principalmente
as que mais precisarem. | Cântico
3.º Mistério: No terceiro mistério meditemos na Mensagem de Nossa Senhora na terceira aparição a
13 de julho de 1917
Guia: Além de continuar a dizer aos Pastorinhos que rezem o terço, Nossa Senhora, nesta mensagem,
acrescenta o seguinte: «Continuai a rezar o terço em honra de Nossa Senhora do Rosário para obter a paz
do mundo e o fim da guerra, porque só Ela lhes poderá valer». Depois, iniciando-os na prática da
penitência, no valor e na finalidade dos sacrifícios, ensina-lhes o seguinte:
Leitor 2: “Sacrificai-vos pelos pecadores dizei muitas vezes, em especial sempre que fizerdes algum
sacrifício: «Ó Jesus, é por vosso amor, pela conversão dos pecados cometidos contra o Imaculado
Coração de Maria»”. Depois destas palavras, através de uma visão, Nossa Senhora mostrou-lhes o
Inferno.
Guia: “Mas ainda assim, a sua mensagem termina com uma palavra de esperança: «Por fim, o Meu
Imaculado Coração triunfará». Deste modo, a mensagem de Fátima converte-se num hino de
esperança. Como disse o cardeal Ratzinger, a Virgem Maria não provoca medo nem faz previsões
apocalíticas, mas conduz ao Filho, ao essencial da revelação cristã. Repetiu-o depois como papa Bento
XVI:
Leitor 2: «A mensagem de Fátima, condensada na promessa da Senhora, é «como uma janela de esperança
que Deus abre quando o homem Lhe fecha a porta».
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Jesus, perdoai-nos e livrai-nos do fogo do Inferno. R. Levai as almas todas para o Céu, principalmente
as que mais precisarem. | Cântico
Guia: Como os Pastorinhos estavam presos em Vila Nova de Ourém no dia 13 de agosto, Nossa Senhora
apareceu-lhes no dia 19, nos Valinhos. Nesta aparição, além da sempre renovada recomendação de
que rezemos o terço todos os dias, a Senhora da Mensagem disse aos Pastorinhos as seguintes
palavras:
Leitor 1: «Rezai, rezai muito e fazei sacrificios pelos pecadores, pois vão muitas almas para o Inferno por
não haver quem se sacrifique por elas».
Leitor 2: Partindo da sua profunda união com Deus, os pastorinhos tomaram consciência de que os
outros são tão importantes que se sacrificaram por eles. Foi assim despertando a sua
responsabilidade: não podiam abandonar o pecador na sua culpa ou o que sofre no seu sofrimento. O
convite à conversão e à reparação desafia-nos a não nos resignarmos diante da banalização do mal, a
vencermos a ditadura da indiferença face ao sofrimento que nos cerca.
Guia: Examinemos a maneira como assumimos a nossa condição e a nossa ação de colaboradores na
salvação do mundo. Como e quanto rezamos, e fazemos penitência, para ajudar a salvar os outros?
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Jesus, perdoai-nos e livrai-nos do fogo do Inferno. R. Levai as almas todas para o Céu, principalmente
as que mais precisarem. | Cântico
Guia: Nesta quinta aparição, a que tem um conteúdo mais curto, Nossa Senhora continua a dizer que
quer que rezem o terço todos os dias, fazendo depender daí o dom do fim da guerra. Depois promete
fazer um milagre em outubro, na última aparição, e diz que nesse dia virá S. José com o Menino Jesus
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para dar a paz ao mundo e Nosso Senhor para abençoar o povo. Conheçamos um pouco melhor como
estas crianças, os santos pastorinhos, saborearam a presença de Deus:
Leitor 1: São Francisco Marto confessa: «do que gostei mais foi de ver a Nosso Senhor, naquela luz que
Nossa Senhora nos meteu no peito. Gosto tanto de Deus!». Sente-se «a arder, naquela luz que é Deus […].
Como é Deus! Não se pode dizer!». Esta união com Deus fá-lo perceber a dor que lhe provocam as
ofensas humanas. Dá-lhe pena por «Ele estar tão triste» e, por isso, brota nele a resposta
enternecedora: «Se eu O pudesse consolar!».
Leitor 2: Santa Jacinta Marto era especialmente sensível a Cristo crucificado, que para ela condensava
o amor de Deus e suscitava, por isso, uma imensa gratidão: «enterneceu-se e chorou» ao contemplá-
lo, «porque morreu por nós». É assim levada a desenvolver um diálogo constante de amor: gosta tanto
de Jesus e de sua Mãe que não se cansa de Lhes dizer que os ama; busca a solidão para «estar muito
tempo sozinha, a falar com Jesus escondido».
Guia: A vidente Irmã Lúcia assumirá como missão da sua vida transmitir a todos o amor de Deus
manifestado no Coração Imaculado de Maria. Viverá para recordar ao mundo, não a miséria do que
existe, mas a grandeza da misericórdia divina”. Confiemo-nos neste mistério à proteção dos santos
pastorinhos Francisco e Jacinta Marto e rezemos pela beatificação da Irmã Lúcia.
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Jesus, perdoai-nos e livrai-nos do fogo do Inferno. R. Levai as almas todas para o Céu, principalmente
as que mais precisarem. | Cântico
Guia: “O ciclo das aparições de 1917 encerrou em 13 de outubro e as últimas palavras do relato de Lúcia,
na sua “Quarta Memória”, falam da bênção então dirigida ao mundo: «Desaparecida Nossa Senhora, na
imensa distância do firmamento, vimos, ao lado do Sol, S. José com o Menino e Nossa Senhora vestida de
branco, com um manto azul. S. José com o Menino pareciam abençoar o mundo com uns gestos que
faziam com a mão em forma de cruz. Pouco depois, desvanecida esta aparição, vi Nosso Senhor e Nossa
Senhora […]. Nosso Senhor parecia abençoar o mundo da mesma forma que S. José». Esta bênção vinha
sendo anunciada pelos pastorinhos desde os meses precedentes. E não era algo apenas para eles, mas
para a humanidade inteira (…) No meio de situações verdadeiramente dramáticas, quando muitos
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contemporâneos estavam dominados pela angústia e a incerteza, quando a força do mal e do pecado
parecia impor o seu domínio, a Virgem Maria faz brilhar em todo o seu esplendor a vontade salvífica
de Deus, uma bênção que revela a extensão da sua ternura a todas as criaturas.
Leitor 1: Além do milagre e das diversas aparições, parecem muito importantes as palavras ditas por
Nossa Senhora, que com ar muito triste afirma: «Não ofendam mais a Nosso Senhor que já está muito
ofendido!». É deste modo que nos chega o pedido da Mãe para não ofendermos Jesus, seu Filho. A
Virgem Maria quer a conversão das nossas vidas e dos nossos corações ao amor de Jesus.
Leitor 2: “O seu convite à conversão, à oração e à penitência pretende desbloquear os obstáculos que
impedem os seres humanos de experimentar uma bondade que procede de Deus e foi depositada no
coração humano. A mensagem de Fátima é um fortíssimo apelo à conversão e à penitência (…) Como
afirmava o cardeal Ratzinger, no comentário teológico ao segredo de Fátima, a «palavra-chave da
terceira parte do ‘segredo’ é o tríplice grito: “Penitência, Penitência, Penitência!” Voltam-nos ao
pensamento as palavras do início do Evangelho: “Convertei-vos e acreditai no Evangelho” (Mc 1,15)”
(FSE, n.º 3).
Virgem Peregrina,
Nossa Senhora de Fátima,
com renovada gratidão
pela Tua presença materna
unimos a nossa voz
à de todas as gerações
que Te proclamam bem-aventurada.
Celebramos em Ti
as grandes obras de Deus,
que nunca Se cansa de Se inclinar com misericórdia
sobre a humanidade atormentada pelo mal
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R. Graças a Deus.
Cântico final
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Dia 13
Os mistérios gloriosos na luz de Fátima
Cântico inicial
Saudação inicial
Introdução
Guia: Reunimo-nos, neste dia tão especial, dia 13 de maio, para nos deixarmos envolver, pelos olhos
misericordiosos de Maria, que nos guia e acompanha no seguimento de Jesus, e na comunhão com a
Sua Igreja.
A Mãe de Jesus conduz-nos até Jesus, Seu Filho. Ela reza connosco, e junto d’Ele, intercede por nós.
Na oração do Rosário, ao ritmo do coração cheio de graça de Maria, somos conduzidos à vida do fruto
bendito do Seu ventre, Jesus. A Senhora do Rosário não se cansará de pedir aos pastorinhos que
«rezem o terço todos os dias». A insistência da Senhora do Rosário de Fátima nesta oração não é sem
razão. O rosto bíblico de Deus que Fátima recorda é o de um Deus com entranhas de misericórdia (Jr
4,19), que vem ao encontro do homem, sedento de o resgatar para a alegria plena. Somos ali
recordados do Deus da Glória, Pai, Filho e Espírito Santo, que tem desígnios de misericórdia, para com
cada mulher e cada homem.
Leitor 1: A oração do Rosário centra-nos nessa promessa definitiva do triunfo da misericórdia que a
vida de Cristo veio inaugurar; porque Ele está presente; porque Ele fez morada entre nós.
Leitor 2: Meditar os mistérios da vida de Cristo, ao jeito simples da Senhora da alegria, é deixar-se
habitar pela presença do Deus incarnado, tal como Ela. O Rosário não será outra coisa que esse jeito
contemplativo de, como Maria, guardar no coração as feições do fruto bendito do Seu ventre, Jesus.
Meditemos os mistérios da glória, sem perder de vista a Semana da Vida que estamos a celebrar. E
reconheçamos, nestes tempos de pandemia, que são múltiplos os sinais de ressurreição, sobre os
escombros da morte: vemo-lo em tantos sinais de entrega até ao fim, de generosidade extrema, de
proximidade atenta, de amor concreto e desinteressado, de atenção aos mais frágeis, de valorização
da vida, em todas as suas fases. Cristo vive e quer-nos vivos.
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Leitura bíblica: Do Evangelho segundo São Mateus (Mt 28,1-6): “Terminado o sábado, ao romper do
primeiro dia da semana, Maria de Magdala e a outra Maria foram visitar o sepulcro. Nisto, houve um
grande terramoto: o anjo do Senhor, descendo do Céu, aproximou-se e removeu a pedra, sentando-
se sobre ela. O seu aspeto era como o de um relâmpago; e a sua túnica, branca como a neve. Os
guardas, com medo dele, puseram-se a tremer e ficaram como mortos. Mas o anjo tomou a palavra e
disse às mulheres: «Não tenhais medo. Sei que buscais Jesus, o crucificado; não está aqui, pois
ressuscitou, como tinha dito. Vinde, vede o lugar onde jazia»”.
Meditação: Eis a mensagem da ressurreição: Não tenhais medo, o lugar vazio onde outrora jazia um
morto é o selo de que a promessa de vida plena se concretizou em Cristo. Não tenhais medo, aquele
que entregou a Sua vida toda ao Pai, por amor dos Seus, até ao sacrifício definitivo, está vivo, como
fora anunciado. Não tenhais medo, derrotada a morte, é à vida nova que sois chamados, a uma força
de vida que afasta o receio e a dúvida. A plenitude da vida em Cristo é aqui inaugurada e, n’Ele, somos
chamados à adoção divina. Este convite a não temer é renovado, também em Fátima, por Aquela que
vive da glória do Ressuscitado. A Virgem é testemunha de que a presença de Deus afasta o medo,
porque é garantia de vida em plenitude. Ela é também interlocutora de um convite divino, a que cada
crente deixe converter o seu rosto pela luz gloriosa da ressurreição.
Prece: Virgem do Coração Imaculado, Senhora do Rosário de Fátima, rogai por nós junto do Pai, para
que vivamos animados pela fé na ressurreição.
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Jesus, perdoai-nos e livrai-nos do fogo do Inferno. R. Levai as almas todas para o Céu, principalmente
as que mais precisarem. | Cântico
Leitura bíblica: Do Livro dos Atos dos Apóstolos (At 1,6-9): “Estavam todos reunidos, quando lhe
perguntaram: «Senhor, é agora que vais restaurar o Reino de Israel?» Respondeu-lhes: «Não vos
compete saber os tempos nem os momentos que o Pai fixou com a sua autoridade. Mas ides receber
uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém,
por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo.» Dito isto, elevou-se à vista deles e uma
nuvem subtraiu-o a seus olhos”.
Meditação: O Reino de Jesus não é instaurado pela força, como esperavam os discípulos. O Reino da
vida bem-aventurada é alimentado pela força do Espírito Santo a atuar em cada crente e fazendo de
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cada um testemunha da presença de Cristo, fermento que leveda a massa do mundo, sal e luz para a
terra inteira. É pelo testemunho de vida que o Reino de Deus chegará aos confins do mundo. A Virgem
Maria é também enviada. Em Fátima, Ela é testemunha da presença de Cristo, oferecendo o Seu
Coração sem mácula como reflexo da verdade e da beleza do amor de Deus. Porque é enviada, a
Senhora de Fátima oferece uma mensagem que não é Sua, mas d’Aquele que A enviou, o próprio Deus.
E, na medida em que acolhemos essa mensagem de esperança que ecoa a proposta do Evangelho de
Cristo, somos constituídos, também nós, testemunhas da presença de Deus.
Prece: Virgem missionária, Senhora do Rosário de Fátima, rogai por nós junto do Pai, para que,
acolhendo a força do Espírito, sejamos testemunhas do Vosso Filho, Jesus Cristo.
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Jesus, perdoai-nos e livrai-nos do fogo do Inferno. R. Levai as almas todas para o Céu, principalmente
as que mais precisarem. | Cântico
Leitura bíblica: Do Livro dos Atos dos Apóstolos (At 2,1-4): “Quando chegou o dia do Pentecostes,
encontravam-se todos reunidos no mesmo lugar. De repente, ressoou, vindo do céu, um som
comparável ao de forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde eles se encontravam. Viram
então aparecer umas línguas, à maneira de fogo, que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um
deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo”.
A mensagem oferecida em Fátima pela Senhora do Cenáculo é a de que, na oferta da vida a Deus, o
medo é ofuscado pela promessa da Sua presença. É a garantia dada pela Virgem do Rosário à pequena
Lúcia, assustada por ficar sozinha no mundo, sem a presença amiga dos seus primos: «e tu sofres
muito? – pergunta-lhe a Senhora. – Não desanimes. Eu nunca te deixarei. O meu Imaculado Coração
será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus». O Coração de Maria, habitado pelo Espírito
de Deus, oferece-se como memorial da presença de Deus-Trindade.
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Prece: Virgem do Pentecostes, Senhora do Rosário de Fátima, rogai por nós junto do Pai, para que
também nós sejamos repletos do Espírito que faz da nossa vida uma nova criação e memorial da
presença de Deus.
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Jesus, perdoai-nos e livrai-nos do fogo do Inferno. R. Levai as almas todas para o Céu, principalmente
as que mais precisarem. | Cântico
Leitura bíblica: Do Livro do Apocalipse (Ap 12,1): “Apareceu no céu um grande sinal: uma Mulher vestida
de Sol, com a Lua debaixo dos pés e com uma coroa de doze estrelas na cabeça”.
Meditação: A Virgem cheia de graça, que viveu sob o signo daquele “faça-se” oferecido à vontade do
Pai, é assunta ao convívio de Deus. Para Deus vivera voltada, configurada com Cristo, e na Sua presença
é chamada a viver plenamente, como primícia de uma multidão de crentes. Esta mulher vestida da Luz
de Deus, Maria, é ícone da Igreja, chamada a deixar resplandecer sobre o mundo a vontade
misericordiosa do Pai. Também em Fátima, a Virgem Mãe se oferece como veículo da luz de Deus, essa
luz indizível que purificou o olhar dos pastorinhos e os transformou, também a eles, em candeias da
luz divina. Na Cova da Iria, a Senhora do Rosário convida-nos a procurar e a acolher a luz de Deus e a
manter o olhar fixo nessa luz que há de converter a nossa vida pelo amor.
Prece: Virgem da Assunção, Senhora do Rosário de Fátima, rogai por nós junto do Pai, para que
vivamos com o olhar voltado para Deus.
PN | 10 AM + Glória | Ó Maria, concebida sem pecado. R. Rogai por nós que recorremos a Vós | Ó meu
Jesus, perdoai-nos e livrai-nos do fogo do Inferno. R. Levai as almas todas para o Céu, principalmente
as que mais precisarem. | Cântico
Leitura bíblica: Do livro dos Salmos (Sl 44(45),10): “À tua direita está a rainha ornada com ouro de
Ofir”.
Meditação: A Senhora do Coração Imaculado é a discípula primeira do fruto do Seu ventre, Jesus. Na
medida em que guardava todos traços da vida de Jesus, meditando-os no Seu coração (Lc 2,51), Maria
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deixa-Se configurar ao estilo do Reino das bem-aventuranças que Ele anuncia. Ela é a prefiguração da
Igreja, herdeira do Reino da vida em plenitude.
Em Fátima, somos recordados que o Coração sem mácula d’Aquela que vive ao ritmo das bem-
aventuranças do Reino dos Céus triunfará. Porque a palavra definitiva, apesar dos dramas da história
humana, há de ser a do amor que transforma a vida em graça e misericórdia.
Prece: Virgem Rainha, Senhora do Rosário de Fátima, rogai por nós junto do Pai, para que aguardemos,
com jubilosa esperança, o triunfo do Coração Imaculado.
PN | 10 AM + Glória | Ó Maria, concebida sem pecado. R. Rogai por nós que recorremos a Vós | Ó meu
Jesus, perdoai-nos e livrai-nos do fogo do Inferno. R. Levai as almas todas para o Céu, principalmente
as que mais precisarem. | Cântico
3 AM | Salve Rainha | Ato de Consagração a Nossa Senhora de Fátima do Papa Francisco (ver final da
celebração de ontem) ou Oração de Consagração aos Corações Imaculados de Jesus e de Maria, a
partir da Oração de Consagração da Igreja em Portugal e Espanha ao Sagrado Coração de Jesus e ao
Imaculado Coração de Maria, feita pelo Cardeal António Marto, no Santuário de Fátima, Basílica de
Nossa Senhora do Rosário, a 25 de março de 2020:
Guia:
Coração de Jesus Cristo, médico das almas,
Filho amado e rosto da misericórdia do Pai,
a Igreja peregrina sobre a terra,
olha para o teu lado aberto,
sua fonte de salvação, e suplica:
Leitor 1:
nesta singular hora de sofrimento,
assiste a tua Igreja,
inspira os governantes das nações,
ouve os pobres e os aflitos,
exalta os humildes e os oprimidos,
cura os doentes e os pecadores,
levanta os abatidos e os desanimados,
liberta os cativos e os prisioneiros
e livra-nos da pandemia que nos atinge.
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Guia:
Coração de Jesus Cristo, médico das almas,
elevado no alto da Cruz
e tocado pelos dedos do discípulo
no íntimo do cenáculo,
a Igreja peregrina sobre a terra,
contempla-Te como imagem do abraço do Pai à humanidade,
esse abraço que, no Espírito do Amor,
queremos dar uns aos outros
segundo o teu mandato no lava-pés, e suplica:
Leitor 2:
nesta singular hora de sofrimento,
ampara as crianças, os anciãos e os mais vulneráveis,
conforta os médicos, os enfermeiros,
os profissionais de saúde e os voluntários cuidadores,
fortalece as famílias e reforça-nos na cidadania e na solidariedade,
sê a luz dos moribundos,
acolhe no teu reino os defuntos,
afasta de nós todo o mal
e livra-nos da pandemia que nos atinge.
Guia:
Coração de Jesus Cristo, médico das almas
e Filho da Virgem Santa Maria,
pelo Coração de tua Mãe,
a quem se entrega a Igreja peregrina sobre a terra,
aceita a consagração da tua Igreja.
R. Graças a Deus.
R. Graças a Deus.
Cântico final
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Dia 14
Semana da Vida 2020 | mistérios luminosos
Cântico inicial
Saudação inicial
Introdução
Guia: Nos últimos dois dias, peregrinamos espiritualmente até Fátima. Hoje retomamos as meditações
preparadas para esta Semana da Vida, tendo sempre presente que a nossa fragilidade também nos
humaniza. Disse-nos o Papa Francisco: “Perante o sofrimento, onde se mede o verdadeiro
desenvolvimento dos nossos povos, descobrimos e experimentamos a oração sacerdotal de Jesus:
«Que todos sejam um só» (Jo 17, 21). Quantas pessoas dia a dia exercitam a paciência e infundem
esperança, tendo a peito não semear pânico, mas corresponsabilidade! Quantos pais, mães, avôs e
avós, professores mostram às nossas crianças, com pequenos gestos do dia a dia, como enfrentar e
atravessar uma crise, readaptando hábitos, levantando o olhar e estimulando a oração! Quantas
pessoas rezam, se imolam e intercedem pelo bem de todos! A oração e o serviço silencioso: são as
nossas armas vencedoras”. Porque esta é a força de Deus, na nossa fragilidade: fazer resultar em bem
tudo o que nos acontece. Nesta quinta-feira, meditemos os mistérios luminosos. Peçamos ao Senhor
a luz da fé, “que não nos faz esquecer os sofrimentos do mundo nem dissipa todas as nossas trevas; a luz
da fé é uma lâmpada que guia os nossos passos na noite e isto basta para o caminho” (cf. Papa Francisco,
Lumen Fidei, n.º 57).
Leitura bíblica (Lc 3,21-22): “Todo o povo tinha sido batizado; tendo Jesus sido batizado também, e
estando em oração, o Céu rasgou-se e o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma corpórea, como
uma pomba. E do Céu veio uma voz: «Tu és o meu Filho muito amado; em ti pus todo o meu agrado»”.
Meditação: O batismo de Jesus é o momento da primeira manifestação de Deus como Trindade que é,
Pai, Filho e Espírito Santo. Traz para o ato que dá início à missão de Jesus a luz que ilumina a nossa
natureza mais profunda, obscurecida pelo pecado. Incorporando-se, sem necessidade disso, entre os
pecadores que se aproximavam do batismo de penitência de João, Jesus mostra até que ponto vai a
sua profunda solidariedade connosco e a razão da sua incarnação: assumir as consequências do
pecado e devolver-nos à luminosa condição de filhos de Deus, reintegrados no mistério de comunhão
trinitária que o próprio Deus é em si mesmo, a cuja imagem somos criados. A palavra dirigida pelo Pai
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ao Filho no batismo no Jordão estende-se a cada um que é batizado. A cada um Deus chama filho
muito amado.
Contemplação: Como é grande o amor de Deus para connosco! Oferece-nos a comunhão consigo! É
belo e grande o seu mistério: Pai, Filho e Espírito Santo; e nós somos sua imagem, e filhos no Filho.
Como Deus é bom!
Intercessão: Senhor Jesus, rosto da ternura do Pai animado pelo Espírito, que Te incorporaste entre
os pecadores que acorriam ao batismo da penitência; pedimos-Te por todos aqueles que se enganam
e vivem a vida como um projeto individualista, centrado apenas na sua própria realização, para que
descubram que o sentido mais profundo do que somos é sermos uns com os outros, uns para os
outros, única via de humanização da nossa fragilidade solitária. Maria, discípula e serva da luz, rogai
por nós.
2.º Mistério: O primeiro sinal da glória de Jesus nas bodas nupciais de Caná
Leitura bíblica (Jo 2, 1-2.5.11): “Ao terceiro dia, celebrava-se uma boda em Caná da Galileia e a Mãe de
Jesus estava lá. Jesus e os seus discípulos também foram convidados para a boda. Disse a Mãe aos
serventes: “Fazei tudo o que Ele vos disser”. Em Caná da Galileia, Jesus realizou o primeiro dos seus
sinais, com o qual manifestou a sua glória, e os discípulos creram nele”.
Meditação: É uma aliança matrimonial que, no evangelho de João, oferece o contexto para o primeiro
sinal da alegria nova que Jesus vem trazer, uma alegria interior, superior à anterior, de que só os que
servem e obedecem conhecem o segredo. O vinho melhor, que resulta da transformação da água das
talhas de pedra dos ritos exteriores da antiga aliança, anuncia a nova aliança. É em aliança consigo,
que Deus nos chama a viver. Uma aliança que encontra no vínculo matrimonial um modo de se
expressar: uma aliança fiel que não passará jamais, fecunda, em que cada um é único para o outro. O
sentido sacramental da aliança matrimonial encontra-se na vocação a replicar na relação entre os
cônjuges a atitude com que Deus se compromete com os homens.
Contemplação: Como é grande o amor de Deus para connosco! Oferece-nos a comunhão consigo! Pelo
Filho, chama-nos a viver com ele em aliança fiel e perpétua. Como Deus é bom!
Intercessão: Senhor Jesus, rosto da ternura do Pai animado pelo Espírito, que no sinal de Caná
manifestaste a tua glória e nos fazes perceber que vieste para renovar a aliança de Deus connosco;
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pedimos-Te por todos os que se preparam para celebrar o sacramento nupcial, sem perceberem o
sentido das caraterísticas que assinalam o verdadeiro amor conjugal, para que descubram no
horizonte da aliança entre Deus e os homens, entre Ti e a tua Igreja, a matriz e a razão da fidelidade,
da unicidade, da indissolubilidade e da fecundidade do matrimónio cristão, que transfiguram a
fragilidade do amor conjugal e humanizam, divinizando, a vida familiar; e aos casais em situação crítica
concede renovarem-se na consciência deste dom e desta missão. Maria, discípula e serva da luz, rogai
por nós.
Leitura bíblica (Mt 4, 23-25a): “Jesus começou a percorrer toda a Galileia, ensinando nas sinagogas,
proclamando o evangelho do Reino e curando entre o povo todas as doenças e enfermidades. A sua
fama estendeu-se por toda a Síria e trouxeram-lhe todos os que sofriam de qualquer mal, os que
padeciam doenças e tormentos, os possessos, os epiléticos e os paralíticos. E ele curou-os. E seguiram-
no grandes multidões”.
Meditação: O anúncio do Reino de Deus é apelo à conversão pela abertura ao sofrimento do outro,
que liberta cada um de si mesmo. O cuidado é expressão prática do anúncio do Reino: Jesus aproxima-
se dos doentes e cura-os. É a proximidade aos que sofrem, como os que estão doentes, ou são idosos
ou deficientes, entre outros, que dá corpo ao anúncio do Reino; as palavras são insuficientes para
expressar o mistério do amor de Deus que se faz Reino dos Céus na terra. É necessário viver como
experiência sacramental o cuidado do outro, assumindo-o como o próximo em quem Jesus se faz
presente e cuidando dele em nome de Jesus. Anunciar o Reino, mais do que um discurso, supõe uma
experiência de proximidade servidora. Os tempos que vivemos, marcados pela pandemia que nos
torna mais conscientes da fragilidade comum a todos, tornam mais relevante esta lucidez missionária.
Contemplação: Como é grande o amor de Deus para connosco! Oferece-nos a comunhão consigo! No
Filho, faz-se próximo de nós nos nossos sofrimentos e cuida de nós. Como Deus é bom!
Intercessão: Senhor Jesus, rosto da ternura do Pai animado pelo Espírito, que anunciaste o Reino dos
Céus na terra pelo chamamento à conversão e pela proximidade aos que sofrem, que realiza a
conversão; pedimos-Te por todos os que são cuidadores, profissionais ou voluntários, formais ou
informais, dos mais vulneráveis entre nós, para que descubram o cuidado como ato sacramental que
dá sentido à experiência da fragilidade humana e humaniza quem cuida e quem é cuidado, realizando
o Reino dos Céus sobre a terra. Maria, discípula e serva da luz, rogai por nós.
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Leitura bíblica (Lc 9, 28-30-31.33.35): “Uns oitos dias depois destas palavras, levando consigo Pedro,
João e Tiago, Jesus subiu ao monte para orar. Enquanto orava, o aspeto do seu rosto modificou-se, e
as suas vestes tornaram-se de uma brancura fulgurante. E dois homens conversavam com Ele: Moisés
e Elias, os quais, aparecendo rodeados de glória, falavam da sua morte que iria acontecer em
Jerusalém. Pedro disse-Lhe: “Mestre, é bom estarmos aqui. Façamos três tendas: uma para ti, uma para
Moisés e outra para Elias”. Não sabia o que estava a dizer. E da nuvem veio uma voz que disse: «Este é
o meu Filho predileto, escutai-o»”.
Contemplação: Como é grande o amor de Deus para connosco! Oferece-nos a comunhão consigo!
Envolve-nos na luz da sua glória e faz-nos conhecer o mistério da morte do Filho por nosso amor. Como
Deus é bom!
Intercessão: Senhor Jesus, rosto da ternura do Pai animado pelo Espírito, que revelaste previamente
aos discípulos a tua glória integrando nela a morte com que partilharias a fragilidade humana;
pedimos-Te por todos os teus discípulos, para que não busquem nem queiram permanecer numa
atitude espiritual de alheamento e evasão em relação à história, marcada pela nossa fragilidade, mas
assumam a responsabilidade e o compromisso da humanização da igreja e da sociedade. Maria,
discípula e serva da luz, rogai por nós.
Leitura bíblica (Lc 22, 14-16.19-20): “Quando chegou a hora, pôs-se à mesa e os Apóstolos com Ele.
Disse-lhes: “Tenho ardentemente desejado comer esta Páscoa convosco, pois digo-vos que já não a
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voltarei a comer até ela ter pleno cumprimento no Reino de Deus”. Tomou, então, o pão e, depois de dar
graças, partiu-o e distribuiu-o por eles, dizendo: «Isto é o meu corpo, que vai ser entregue por vós; fazei
isto em minha memória». Depois da ceia, fez o mesmo com o cálice, dizendo: «Este cálice é a nova aliança
no meu sangue, que vai ser derramado por vós»”.
Meditação: No horizonte da Páscoa antiga, que libertara o povo da escravidão do Egipto, Jesus toma
o pão e o vinho e abre o horizonte da Páscoa nova. E abre o horizonte do tempo inteiro à Páscoa plena,
libertação da morte, abre-o à plenitude da Páscoa, o seu pleno cumprimento no Reino. Naquela última
ceia, porque nela converge o passado todo, mas afinal primeiríssima, porque nela o futuro se projeta
até ao dia eterno além dos dias, o pão e o vinho e um encontro fraterno são elevados à condição
sacramental de memorial da nova aliança, a aliança que gera a nova fraternidade constituída pelos
filhos de um mesmo Deus, alcançada pelo corpo entregue e pelo sangue derramado pelo Filho Deus.
Contemplação: Como é grande o amor de Deus para connosco! Oferece-nos a comunhão consigo! Pão,
vinho e uma refeição fraterna, tão simples e humanos sinais, que na fragilidade humana inscrevem a
eternidade de Deus. Como Deus é bom!
Intercessão: Senhor Jesus, rosto da ternura do Pai animado pelo Espírito, que nos sinais do pão e do
vinho partilhados em refeição fraterna Te deixas aos discípulos; pedimos-Te por todos os discípulos
que se alimentam de Ti mesmo na eucaristia e se responsabilizam com a causa da vida, para que
descubram o sentido da refeição fraterna, que celebraste na última ceia, como sentido e programa da
humanização da sociedade; nela são chamados a comprometer-se na justiça, de modo que aos mais
frágeis não falte o alimento e a alegria. Maria, discípula e serva da luz, rogai por nós.
Ó Maria,
aurora do mundo novo,
Mãe dos viventes,
confiamo-Vos a causa da vida:
olhai, Mãe,
para o número sem fim
de crianças a quem é impedido nascer,
de pobres para quem se torna difícil viver,
de homens e mulheres
89
Cântico final
90
Dia 15
Hipótese A: Acompanhar a transmissão por plataforma digital da Oração do Rosário, promovida para
todo o País, pelo O Departamento Nacional de Pastoral Familiar.
O Departamento Nacional de Pastoral Familiar informa que está a organizar uma vigília de oração em
família, de âmbito nacional, para a noite do dia 15 de maio, das 21h30 às 22h00 horas, a partir de uma
plataforma digital, de cujas referências se dará nota.
O conteúdo da Vigília passará, fundamentalmente, pela recitação do terço. Será presidida por D.
Armando Esteves Domingues, Bispo Auxiliar do Porto e Vogal da Comissão Episcopal do Laicado e
Família.
Terá a participação de 4 dioceses, cabendo a uma família de cada uma dessas dioceses a recitação de
um mistério, a partir de casa, nos termos do Guião.
É importante e oportuno que seja dado um sinal dessa vigília para o exterior, através de uma vela
colocada na janela. É desejável que cada diocese e movimento comunique às suas bases a realização
desta atividade e as motive à participação na Vigília em família.
Cântico Inicial
Saudação Inicial
Introdução (a partir da Carta do Cardeal Kevin Card. Farrell, Prefeito do Dicastério para os Leigos, a
Família e a Vida, dirigida às famílias de todo o mundo)
Estamos em plena Semana da Vida e hoje celebramos o Dia Internacional da Família. Ao longo destes
tempos de pandemia, ganhamos maior consciência da “presença do Senhor, que habita na família real
e concreta, com todos os seus sofrimentos, lutas, alegrias e propósitos diários” (AL, n.º 315).
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Na Igreja, temos um tesouro escondido: a família. O Senhor acompanhou sempre todas as crises do
seu povo com mensagens extraordinárias e parece fazê-lo também perante esta pandemia, que nos
constringe a todos a um retiro forçado em nossas casas.
As celebrações, com participação do povo, estão suspensas, muitas igrejas estão fechadas e é
arriscado deslocarmo-nos a elas. Sentimo-nos sozinhos, isolados e é precisamente neste isolamento
que o Espírito nos sugere de redescobrir o sacramento do matrimónio, em virtude do qual as nossas
casas, devido à presença constante de Cristo no relacionamento consagrado dos esposos, são uma
pequena Igreja doméstica.
Em virtude desta realidade, podemos fazer frutificar este tempo particular como o tempo em que cada
família cristã poderá redescobrir aquilo que é: manifestação genuína do mistério, que é a Igreja como
corpo de Cristo.
Este é um tempo de pré-evangelização, nas casas e através das casas, como no tempo das primeiras
comunidades cristãs, durante o qual o Senhor nos convida a reunirmo-nos como famílias, a rezarmos
juntos, à volta de uma vela acesa, para nos lembrar que existe Alguém que nos mantém juntos e que,
neste contexto de desorientação, nos quer bem. Um tempo que nos permitirá, depois, voltar a
celebrar nas igrejas, mais conscientes e mais fortes da presença de Jesus nas nossas vidas quotidianas.
Meditemos então, ao longo da nossa oração, na família, como Igreja Doméstica. E rezemos pelas
nossas famílias. Há famílias que não podem trabalhar e não têm o que comer e há também os agiotas
que lhes levam o pouco que têm. Rezemos juntos pela dignidade dessas famílias; e rezemos também
pelos agiotas: que o Senhor toque os seus corações e se convertam.
Leitura bíblica: Da Carta de São Paulo aos Efésios (5, 1.25-32): “Caminhai na caridade, a exemplo de
Cristo, que nos amou e Se entregou por nós (…) . Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou
a Igreja e Se entregou por ela. Ele quis santificá-la, purificando-a no batismo da água pela palavra da
vida, para a apresentar a Si mesmo como Igreja cheia de glória, sem mancha nem ruga, nem coisa
alguma semelhante, mas santa e imaculada. Assim devem os maridos amar as suas mulheres, como
amam os seus corpos. Quem ama a sua mulher ama-se a si mesmo. Ninguém, de facto, odiou jamais o
seu corpo, antes o alimenta e lhe presta cuidados, como Cristo à Igreja; porque nós somos membros
do seu Corpo. Por isso, o homem deixará pai e mãe, para se unir à sua mulher, e serão dois numa só
carne. É grande este mistério, digo-o em relação a Cristo e à Igreja”.
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Meditação: Ao falarmos de «beleza do matrimónio cristão», não se trata de uma simples cerimónia
que se faz na igreja, com flores, o vestido da noiva, as fotografias... O matrimónio cristão é um
sacramento que tem lugar na Igreja, mas é também um sacramento que faz a Igreja, dando início a uma
nova comunidade familiar. Isso mesmo no-lo dizia o Apóstolo Paulo na sua célebre expressão: «Grande
mistério é este! Digo-o em relação a Cristo e à Igreja» (Ef 5, 32). Inspirado pelo Espírito Santo, Paulo
afirma que o amor entre os cônjuges é imagem do amor entre Cristo e a Igreja. Uma dignidade
impensável! É claro que se trata de uma analogia (comparação) imperfeita, mas devemos entender o
seu sentido espiritual, que é deveras excelso e revolucionário, e ao mesmo templo simples, ao alcance
de cada homem e mulher que confia na graça de Deus. O marido — diz Paulo — deve amar a esposa
«como ao seu próprio corpo» (Ef 5, 28); amá-la como Cristo «amou a Igreja e se entregou por ela» (Ef.5,
25). Mas vós maridos, que estais aqui presentes, compreendeis isto? Amar a vossa esposa como Cristo
ama a Igreja?! Não se trata de uma brincadeira, mas de algo sério! O efeito deste radicalismo da
dedicação exigida do homem, para o amor e a dignidade da mulher, segundo o exemplo de Cristo,
deve ter sido enorme, na própria comunidade cristã! Isto é verdadeiramente revolucionário!
Prece: Peçamos ao Senhor, por todos os casais, para que sejam testemunhas fiéis do amor de Deus no
mundo.
Leitura bíblica: Do Livro dos Atos dos Apóstolos (At.18,18.24-27): “Paulo demorou-se ainda algum
tempo em Corinto; depois despediu-se dos irmãos e embarcou para a Síria, em companhia de Priscila
e Áquila. (…) Entretanto, chegou a Éfeso um judeu chamado Apolo, natural de Alexandria, homem
eloquente, muito versado nas Escrituras. Fora instruído no caminho do Senhor e pregava com muito
entusiasmo, ensinando com exatidão o que se referia a Jesus, embora só conhecesse o batismo de
João. E começou a falar também com firmeza na sinagoga. Priscila e Áquila, ouvindo-o falar, tomaram-
no consigo e expuseram-lhe com maior exatidão o caminho do Senhor”.
Meditação: A decisão de se «desposar no Senhor» contém também uma dimensão missionária, que
significa ter no coração a disponibilidade para ser porta-voz da bênção de Deus e da graça do Senhor
para todos. Com efeito, enquanto esposos, os cônjuges cristãos participam na missão da Igreja. É
preciso ter coragem para isto! Para oferecer a todos os dons da fé, do amor e da esperança, a Igreja
precisa também da corajosa fidelidade dos esposos à graça do seu sacramento! O povo de Deus tem
necessidade do seu caminho quotidiano na fé, no amor e na esperança, com todas as alegrias e
dificuldades que este caminho comporta num matrimónio e numa família. As nossas famílias não
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devem ser apenas objeto da solicitude da Igreja. Mas elas próprias, enquanto Igrejas domésticas,
devem ser sujeitos ativos e protagonistas da evangelização.
Prece: Peçamos neste mistério por todas as famílias associadas às Sagradas Famílias, para que vivam e cresçam
como verdadeiras Igrejas doméstica.
3. No 3.º mistério, meditemos na importância da palavra «por favor», ou «com licença», na vida
familiar
Leitura bíblica: Da Carta aos Efésios (4,1-4): “Irmãos: recomendo-vos que vos comporteis segundo a
maneira de viver a que fostes chamados: procedei com toda a humildade, mansidão e paciência;
suportai-vos uns aos outros com caridade; empenhai-vos em manter a unidade do espírito pelo vínculo
da paz”.
“Por favor… com licença” significa ser capaz de pedir consentimento, para entrar na vida do outro,
com gentileza. Às vezes, usam-se modos um pouco “pesados”, como quem entra em casa, com botas
de montanha! O verdadeiro amor não se impõe com dureza e agressividade. Nos escritos de São
Francisco, encontra-se esta expressão: “A gentileza é uma das propriedades de Deus, é irmã da
caridade, que apaga o ódio e conserva o amor”. Sim, a gentileza preserva o amor. E, hoje, nas nossas
famílias, no nosso mundo, muitas vezes violento e arrogante, nós precisamos muito de gentileza. É
também neste espírito, que vamos prestar o consentimento matrimonial. Pedimos licença, para que
cada um entre definitivamente na vida do outro, sem a possuir nem invadir. É, no fundo um pedido
gentil, para poder entrar na vida de outra pessoa com respeito e atenção. É preciso aprender a pedir
por favor e não falar para o outro, como quem está a dar ordens.
Leitura bíblica: Da Carta de São Paulo aos Colossenses (3,12-15): “Irmãos: Como eleitos de Deus, santos
e prediletos, revesti-vos de sentimentos de misericórdia, de bondade, humildade, mansidão e
paciência. Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos mutuamente, se algum tiver razão de queixa
contra outro. Tal como o Senhor vos perdoou, assim deveis fazer vós também. Acima de tudo, revesti-
vos da caridade, que é o vínculo da perfeição. Reine em vossos corações a paz de Cristo, à qual fostes
chamados para formar um só corpo”.
Meditação: “Desculpa”. Na vida, nós cometemos tantos erros, tantos enganos. Todos nós. Talvez,
não haja um dia, em que nós não façamos algo errado. Eis, então, a necessidade de usar esta simples
palavra: “desculpa”. Em geral, cada um de nós está pronto para acusar os outros e para se justificar. É
um instinto, que está na origem de muitos desastres. Aprendamos a reconhecer os nossos erros e a
pedir desculpas, para podermos ir em frente. Quando falta a capacidade de pedir desculpa, em família,
«pequenas fendas alargam-se e tornam-se divisões profundas». Ao contrário, «reconhecer que se
errou, e desejar restituir aquilo que tiramos – respeito, sinceridade, amor – torna dignos de perdão. E
assim se impede a infeção». Com efeito, se «não somos capazes de pedir desculpa, significa que nem
sequer somos capazes de perdoar. Na casa onde não se pede desculpa começa a faltar o ar, a água
estagna». A este propósito o Papa Francisco sugeriu um conselho, mais uma vez, aos casais e aos
filhos: «Nunca terminar o dia sem fazer as pazes».
Prece: Neste mistério, peçamos a Deus que, na nossa vida familiar, nos torne capazes de pedir e de
oferecer o perdão.
Leitura bíblica: Da Carta de São Paulo aos Colossenses (3,15-17): “E vivei em ação de graças. Habite em
vós com abundância a palavra de Cristo, para vos instruirdes e aconselhardes uns aos outros com toda
a sabedoria; e com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantai de todo o coração a Deus a vossa
gratidão. E tudo o que fizerdes, por palavras ou por obras, seja tudo em nome do Senhor Jesus, dando
graças, por Ele, a Deus Pai.”
Meditação: Parece fácil pronunciar esta palavra, mas sabemos que não é assim… Mas ela é tão
importante, que nós a ensinamos, desde cedo, às crianças, mas, depois, esquecemo-la! A gratidão é
um sentimento importante. É a memória do coração. Manifesta a consciência de que tudo é dom, tudo
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é graça. Como nos lembra São Paulo: «Que tens tu, afinal, que não tenhas recebido»? (I Cor.4,7).
Sabemos agradecer? No nosso relacionamento, é importante saber agradecer, para manter viva a
consciência de que a outra pessoa é um dom de Deus e de que queremos ser uma «prenda» para o
outro. Nessa atitude interior, é preciso saber agradecer por tudo, dar graças em todas as
circunstâncias. Dizer «Obrigado» não é simplesmente uma palavra amável de cortesia, a usar com
estranhos. É necessário sabermos dizer ‘obrigado’, para nos reconhecermos e podermos
caminharmos juntos. Porque dizer «Obrigado», de algum modo, é dizer: «que seria de mim, sem ti»…
«é bom que tu existas»… Por isso, digamos esta palavra… «Obrigado» e acrescentemos outros
motivos de gratidão… Estamos a tornar-nos uma civilização das más maneiras e da más palavras»,
habituada a considerar a gentileza e a capacidade de agradecer «como um sinal de debilidade».
Precisamente por isto a família tem uma importante tarefa pedagógica: «devemos tornar-nos
intransigentes quanto à educação para a gratidão, o reconhecimento: a dignidade da pessoa e a justiça
social passam ambas por isto». Com efeito, se «a vida familiar descuida este estilo, também a vida
social o perderá». Além disso, a gratidão, para o crente, está no próprio centro da fé: um cristão que
não sabe agradecer esqueceu a língua de Deus.
em Vós contemplamos
Ámen.
Cântico final
97
Dia 16
Semana da Vida 2020 | Mistérios gozosos
Introdução
Entre os dias 10 e 17 de maio, a Igreja, que está em Portugal, celebra a Semana da Vida, um desafio
proposto por São João Paulo II.
O tema deste ano lembra-nos que a fragilidade humaniza a vida. É uma consciência que se agudizou,
com a experiência desta pandemia provocada pelo coronavírus.
Na provação por que todos estamos a atravessar, reconhecemo-nos frágeis. Precisamos do Senhor,
que, mais além das nossas fragilidades, vê em nós uma beleza indelével. Com Ele, descobrimo-nos
preciosos nas nossas fragilidades.
O drama que estamos a atravessar impele-nos a levar a sério o que é sério, a não nos perdermos em
coisas de pouco valor; a redescobrir que a vida não serve, se não se serve. Porque a vida mede-se pelo
amor.
A resposta dos cristãos nas tempestades da vida e da história só pode ser a misericórdia: o amor
compassivo entre nós e por todos, especialmente por quem sofre, quem tem mais dificuldade, quem
está abandonado.
Estamos no mundo, para amar a Deus e aos outros. O drama que estamos a atravessar impele-nos a
levar a sério o que é sério, a não nos perdermos em coisas de pouco valor; a redescobrir que a vida não
serve, se não se serve. Porque a vida mede-se pelo amor.
Meditemos, nesta sexta semana da Páscoa, os mistérios gozosos, que nos ajudam a aprofundar a
beleza e a graça da vida, que é tão frágil no seu nascimento, como em todo o seu processo de
crescimento, até ao momento final.
Leitura bíblica (Lc 1,28.30-31. 35.38): “Ao entrar em casa dela, o anjo disse-lhe: “Salve, ó cheia de graça,
o Senhor está contigo. Maria, não temas, pois achaste graça diante de Deus. Hás-de conceber no teu seio
e dar à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo
estenderá sobre ti a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer é Santo e será chamado Filho de Deus”.
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Maria disse então: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra«”.
Meditação: Quando o anjo entrou em casa de Maria, foi Deus que entrou na história do homem, dando
o passo decisivo da incarnação de seu Filho. Uma mulher é chamada a ser mãe de Deus. Maria
corresponde ao chamamento que lhe é dirigido e assume como sentido da sua vida o cumprimento
em si da vontade de Deus. Nela podemos perceber que a vocação passa por descobrir o próprio lugar
no projeto de Deus, que é pouco somente dar um lugar a Deus nos próprios projetos. Fiel na
obediência que oferece a Deus, Maria supera os horizontes limitados de uma honesta e piedosa
existência normal, semelhante à de tantos outros, e integra-se no grande projeto da salvação da
humanidade. Faz-se serva de um desígnio que ultrapassa completamente todas as suas expectativas
e não teme, como a exorta o anjo. O Senhor está com ela e, por isso, não tem medo e arrisca-se no
projeto de Deus: ser a mãe do seu Filho feito homem.
Contemplação: Como é grande o amor de Deus para connosco! Faz-se homem! Assume a nossa
condição, faz sua a fragilidade humana e diviniza-a. Como Deus é bom!
Intercessão: Senhor Jesus, filho da Virgem Santa Maria, que no seu ventre assumiste como tua a
fragilidade humana; pedimos-Te por todas as mulheres que concebem, especialmente as que vivem a
experiência de uma maternidade difícil, para que sem medo acolham a frágil vida, que vive no seu seio,
como um dom de Deus; e que os jovens descubram a confiança em Deus que os chama e descubram
o seu lugar no projeto da salvação. Maria, senhora e porta da alegria, rogai por nós.
Leitura bíblica: (Lc 1, 39.41-42.46-47.50a): “Por aqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se
apressadamente para a montanha, a uma cidade da Judeia. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria,
o menino saltou-lhe de alegria no seio e Isabel ficou cheia do Espírito Santo: “Bendita és tu entre as
mulheres e bendito é o fruto do teu ventre”. Maria disse então: «A minha alma glorifica o Senhor e o meu
espírito se alegra em Deus meu Salvador. A sua misericórdia se estende de geração em geração«»”.
Meditação: Na notícia da gravidez na velhice de sua prima, Maria descobre um apelo urgente de
cuidado. E faz-se apressadamente ao caminho. A sua decisão leva ao encontro das alianças. A antiga,
significada por João, que virá a ser o Batista, no seio da até aí estéril Isabel; a nova, Jesus, no seio da
Virgem Santa. Neste encontro se celebra a eterna misericórdia de Deus, no canto de Maria que
proclama as maravilhas de Deus, o Deus que dá filhos à estéril e faz gerar uma virgem. É um encontro
de gerações, este encontro de alianças: uma mulher jovem que parte para cuidar de uma mulher velha
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em necessidade, interpelação tão crítica que a experiência da pandemia nos pede que ouçamos, para
nos interrogarmos sobre o lugar dos mais velhos na sociedade e na igreja. Maria ouve do anjo o apelo
de Isabel. É Deus que chama os mais novos aos mais velhos. Deus é maior que os impossíveis da
natureza e mais misericordioso que os dinamismos sociais de exclusão.
Contemplação: Como é grande o amor de Deus para connosco! Faz-se homem! A sua misericórdia
estende-se, de geração em geração, a todas as gerações. Como Deus é bom!
Intercessão: Senhor Jesus, filho da Virgem Santa Maria, que ainda no seu ventre comunicaste a alegria
a João no ventre de sua mãe, esposa de Zacarias, infecundos na sua velhice; pedimos-Te por todos os
idosos entregues a si mesmos e por todas os casais a quem é difícil ou impossível alcançar o dom dos
filhos. Acolhe o profundo anseio dos seus corações e concede-lhes o que esperam ou revela-lhes
outros caminhos de fecundidade para além da biológica; e converte os corações dos novos e ativos
para se fazerem próximos dos seus ascendentes. Maria, senhora e porta da alegria, rogai por nós.
Leitura bíblica (Lc 2, 6-7.10-11.19): “E, quando eles ali se encontravam, completaram-se os dias de ela
dar à luz e teve o seu filho primogénito, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura, por
não haver lugar para eles na estalagem. O anjo disse aos pastores: “Não temais, pois anuncio-vos uma
grande alegria, que o será para todo o povo: hoje, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias Senhor”.
Maria, conservava todas estas coisas, ponderando-as no seu coração.
Meditação: Na noite de Belém, sem lugar na hospedaria, Maria dá à luz na periferia da cidade. Com
José, conhecera a dureza do caminho, vindos de Nazaré, migrantes que enfrentaram a recusa de
acolhimento como imensas multidões dos nossos dias. Sujeito a este drama nasce Deus feito homem.
A fragilidade da condição dos migrantes e refugiados, sem terra nem teto, faz parte desde a primeira
hora da existência humana de Jesus. E o anúncio da alegria, que irrompe com o nascimento de Deus
em nossa história, tem como primeiros destinatários os pastores dos rebanhos, também eles
marginalizados pelo ofício económica e socialmente menosprezado que exerciam.
Contemplação: Como é grande o amor de Deus para connosco! Faz-se homem! Escolhe contar-se
entre os que experimentam a fragilidade da condição de migrante e convida à alegria os excluídos.
Como Deus é bom!
Intercessão: Senhor Jesus, filho da Virgem Santa Maria, que dela nasceste no escuro da noite na
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periferia duma cidade; pedimos-Te por todos os que exercem profissões não valorizadas e por todos
os casais, ou mulheres sós, que geram e dão à luz nas muitas periferias degradadas, fora como dentro
das cidades, em todo o mundo. Que o choro dos seus filhos ao nascerem desperte as consciências das
pessoas e dos sistemas para a justiça que é devida aos mais frágeis económica e socialmente. Maria,
senhora e porta da alegria, rogai por nós.
Leitura bíblica (Lc 2, 22-23.30-32.34-35): Quando se cumpriu o tempo da sua purificação, segundo a Lei
de Moisés, levaram-no a Jerusalém para o apresentarem ao Senhor, conforme está escrito na Lei do
Senhor: «Todo o primogénito varão será consagrado ao Senhor”. Simeão exclamou: “Os meus olhos
viram a salvação que ofereceste a todos os povos, luz para se revelar às nações e glória de Israel teu povo.
Este menino está aqui para queda e ressurgimento de muitos em Israel e para ser sinal de contradição;
uma espada trespassará a tua alma”.
Meditação: Na apresentação de Jesus no templo, pela boca do velho e piedoso Simeão que esperava
a consolação de Deus e o reconheceu em Jesus, manifesta-se antecipadamente o sentido dramático
da incarnação de Deus em nossa história. Jesus é proclamado salvação, luz e glória, mas também sinal
de contradição; e uma espada, é profetizado, trespassará a alma de sua mãe. É a cruz que se anuncia
no horizonte da incarnação. Porque é frágil a nossa condição, experimentamos a vida como um lugar
de tensão e sofrimento, não só de felicidade e paz. Partilhamos o amor e vivemos alegrias profundas
uns com os outros, mas também conhecemos os conflitos e a traição, as frustrações e a tristeza. É a
espada, a dilacerante ambiguidade de tudo o que é humano, os paradoxos da nossa condição. Deus
partilha por inteiro, desde o primeiro momento, o risco da vida humana.
Contemplação: Como é grande o amor de Deus para connosco! Faz-se homem! Faz seu o carácter
dramático da nossa frágil condição. Como Deus é bom!
Intercessão: Senhor Jesus, filho da Virgem Santa Maria, que ouviu ser-lhe anunciado que uma espada
de dor a trespassaria por causa da tua missão de contradição; pedimos-Te por todas as famílias que
sofrem e temem porque os filhos se empenham em missões de serviço aos mais frágeis da
humanidade, como voluntários longe junto dos pobres, para que encontrem, no sentido redentor do
serviço que eles oferecem, sentido redentor para o seu sofrimento e o seu temor. Maria, senhora e
porta da alegria, rogai por nós.
Leitura bíblica (Lc 2, 41.43.46. 49.51-52): Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, pela festa da
Páscoa. Terminados esses dias, regressaram a casa e o menino ficou em Jerusalém, sem que os pais o
soubessem. Três dias depois, encontraram-no no Templo, sentado entre os doutores, a ouvi-los e a
fazer-lhes perguntas. Ele respondeu-lhes: «Por que me procuráveis? Não sabíeis que devia estar em casa
de meu Pai?”. “Depois desceu com eles, voltou para Nazaré e era-lhes submisso. E crescia em
sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens.
Meditação: Foi ao terceiro dia que Maria e José encontraram Jesus no templo. Esta referência
temporal desperta-nos para lermos este acontecimento à luz do amanhecer da ressurreição. José e
Maria conheceram o medo maior que um coração humano pode conhecer: perder um filho, sem saber
se morto, se vivo. Nenhuma situação conduz a uma experiência mais profunda da fragilidade da
condição humana do que o risco de perder um filho, ou perdê-lo mesmo. Tudo se esvai em dor; e,
quem conhece esta dor, descobre quanto é frágil o que temos e somos. A consciência da fragilidade
dos que amamos faz descobrir quanto são preciosos e humaniza os laços. A experiência tremenda da
perda de Jesus por Maria e José, situa-nos na experiência da humanidade sem Páscoa, vencida pelo
medo e perdida. Assim podemos reconhecer a importância da Páscoa na nossa vida, porque ela
oferece a vida como palavra além da perda.
Contemplação: Como é grande o amor de Deus para connosco! Faz-se homem! Oferece a Páscoa como
fonte da luz que eterniza o amor e os que amamos. Como Deus é bom!
Intercessão: Senhor Jesus, filho da Virgem Santa Maria, que no seu ventre assumiste como tua a
fragilidade humana; pedimos-Te por todas as mães e por todos os pais que passam pela dura
experiência de perder os filhos, por morte, desaparecidos ou transviados, para que encontrem
consolação e coragem na luz da Páscoa. Maria, senhora e porta da alegria, rogai por nós.
Ó Maria,
aurora do mundo novo,
Mãe dos viventes,
confiamo-Vos a causa da vida:
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olhai, Mãe,
para o número sem fim
de crianças a quem é impedido nascer,
de pobres para quem se torna difícil viver,
de homens e mulheres
vítimas de inumana violência,
de idosos e doentes assassinados
pela indiferença
ou por uma suposta compaixão.
Cântico final
103
Dia 17
Semana da Vida | Mistérios gloriosos
Cântico Inicial
Saudação Inicial
Introdução
Estamos a celebrar o Domingo, o VI Domingo de Páscoa. Todo o tempo da cinquentena pascal é como
que um só e Grande Domingo de Páscoa.
Desde a noite de Páscoa, ressoa continuamente na voz da Igreja este feliz anúncio: «Cristo, minha
esperança, ressuscitou!».
Vivamos este domingo, este dia da Ressurreição, com aquela alegria pascal, a alegria que vem do
Senhor, porque “a alegria do Senhor é a nossa força” (Ne 8,10), no meio de todas as fragilidades.
A grande força que temos para ir avante, como testemunhas da vida, apesar das nossas fraquezas, é
a alegria do Senhor. Peçamos hoje a graça desta alegria, que é fruto do Espírito Santo.
A concluir a semana da Vida, e a celebrar mais um domingo de Páscoa, somos então confrontados com
este desafio: ou a nossa aposta será pela vida, pela ressurreição dos povos, ou será pelo deus dinheiro:
voltar ao sepulcro da fome, da escravidão, das guerras, das fábricas de armas, das crianças sem
instrução. Nós não queremos mais, voltar à vida de antigamente, como Lázaro, que ressuscitou e
voltou à vida que tinha. Nós queremos viver, doravante, uma vida nova, uma vida diferente, uma vida
ressuscitada.
Cristo Ressuscitado continua, com o seu Rosto desfigurado pelas nossas feridas, a comunicar-nos uma
grande paz. O Seu olhar não procura os nossos olhos, mas o nosso coração, é como se nos dissesse:
“tem confiança, não percas a esperança; a força do amor de Deus, a força do Ressuscitado tudo vence”.
104
Meditemos, neste 5.º domingo de Páscoa, os mistérios gloriosos, que nos ajudam a aprofundar o
mistério pascal de Cristo, que vive e nos quer vivos.
Leitura bíblica (Jo 20,11 a.14-16): “Maria [Madalena] estava junto ao túmulo, da parte de fora, a chorar.
Sem parar de chorar, voltou-se para trás e viu Jesus, de pé, mas não se dava conta que era Ele. E Jesus
disse-lhe: “Mulher, porque choras? Quem procuras?”. Ela, pensando que era o encarregado do horto,
disse-lhe: “Senhor, se foste tu que o tiraste, diz-me onde o puseste, que eu vou buscá-lo”. Disse-lhe
Jesus: “Maria!” Ela, aproximando-se, exclamou em hebraico: “Rabbuni!”, que quer dizer: «Mestre!»”.
Meditação: A Maria Madalena, que chorava a sua ausência, Jesus aparece ressuscitado, interessa-se
pelo seu sofrimento, descobrindo nela uma procura, e chama-a pelo nome. Ao ouvir-se chamada pela
voz de Jesus, sentindo-se pessoalmente reconhecida, reconhece finalmente Jesus. Para Deus não há
anónimos nem desconhecidos. Ele conhece cada um e a cada um chama pelo nome. E quer conhecer
as raízes das lágrimas que cada um chora. O nosso Deus é um Deus atento às nossas lágrimas,
compadecido de nós que, ameaçados pela morte, experimentamos o medo, a mais paralisante das
emoções. Quer-nos inteiramente vivos, pessoas livres e confiantes, porque sem medo da morte,
conscientes de participarmos da existência de seu Filho ressuscitado, por Ele pessoalmente chamados,
cada um pelo próprio nome, para uma vida nova.
Contemplação: Como é grande o amor de Deus para connosco! Oferece-nos a glória da ressurreição!
Cristo ressuscitou para nos dar uma vida nova e conhece o mais fundo de nós. Como Deus é bom!
Intercessão: Senhor Jesus, Cristo ressuscitado e glorioso, que venceste as trevas da morte e vives para
sempre; pedimos-te por todos os que sofrem e choram, sem que ninguém os chame pelo nome e lhes
ofereça a experiência de se sentirem reconhecidos, amados e acolhidos, e por todos os que estão de
luto, para que todos encontrem nas comunidades cristãs o testemunho da fé na tua ressurreição, o
acolhimento na caridade que acompanha no sofrimento, e a oferta das razões da sua esperança,
porque Tu venceste a morte. Maria, rainha e mulher pascal, rogai por nós.
Leitura bíblica (Lc 24, 50-53): “Jesus levou os seus até junto de Betânia e, erguendo as mãos abençoou-
os. Enquanto os abençoava, separou-se deles e elevava-se ao céu. E eles, depois de se terem prostrado
105
diante dele, voltaram para Jerusalém com grande alegria. E estavam continuamente no templo a
bendizer a Deus”.
Meditação: Jesus sobe ao céu diante dos seus, abençoando-os. É a última imagem que a terra guarda
de Jesus: abençoando. Como se quisesse que guardássemos, clara e luminosa, a certeza de que fica
pela eternidade inteira a abençoar-nos; como se quisesse que olhássemos para sempre o céu como
um lugar e fonte de bênção; como se quisesse que cultivássemos o desejo do céu que será o
reencontro com Ele, que, subindo ao céu, no-lo abriu. Ele lá nos espera e de lá nos chama: para não
consentirmos que os nossos olhos se reduzam ao horizonte da terra, nem permitirmos que os nossos
corações vivam aterrados pelo fugir do tempo, nem deixarmos que as nossas mãos se enterrem na
procura ansiosa e sempre frustrante de tudo o que pareça poder detê-Lo. Esta vida não é tudo, toda a
dor terá fim e toda a alegria é provisória; eterna, só a glória que sabemos ir encontrar junto de Deus.
Assumindo a terra como lugar de pertença missionária, importa no entanto atravessá-la, conscientes
de que somos do céu; aqui somos estrangeiros, peregrinos.
Contemplação: Como é grande o amor de Deus para connosco! Oferece-nos a glória da ressurreição!
Abre-nos o céu, lá nos aguarda e para aí nos chama a viver eternamente. Como Deus é bom!
Intercessão: Senhor Jesus, Cristo ressuscitado e glorioso, que subistes ao céu, abençoando os que
ficavam na terra; pedimos-Te pela cultura deste tempo que, esquecido da eternidade a que o homem
está chamado, mascara a fragilidade humana e cultiva dependências e evasões alienantes; para que
redescubramos o desejo do céu e compreendamos que o desejo do céu não nos demite da terra, mas
nos oferece uma meta e um destino; ajuda-nos a traçar o caminho a percorrer através da história, sem
nos perdermos nos seus acidentes nem cedermos às suas seduções que nos impedem de sermos
plenamente humanos. Maria, rainha e mulher pascal, rogai por nós.
Leitura bíblica (At 2,1-4): “Quando chegou o dia do Pentecostes, encontravam-se todos reunidos no
mesmo lugar. De repente, ressoou, vindo do céu, um som comparável ao de forte rajada de vento, que
encheu toda a casa onde eles se encontravam. Viram então aparecer umas línguas, à maneira de fogo,
que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e
começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes inspirava que se exprimissem”.
Meditação: O dom do Espírito Santo é dado à Igreja nascente reunida, à comunidade. Mas as línguas
de fogo dividem-se, pousando uma sobre cada um dos membros da comunidade. É dado o Espírito a
106
cada um personalizadamente. O coração dos que acreditam em Jesus Cristo e são batizados na sua
morte e ressurreição não é um espaço deserto, uma casa vazia. Mora aí o Espírito Santo. Não é órfão
quem é habitado pelo Espírito da filiação divina. Somos filhos de Deus. O Espírito é a luz que nos
permite vencer todo o medo, todos os medos. Ele fala a cada coração tornando-nos livres e capazes
de amar, acolher, dar e perdoar. Esta luz, que é o fogo interior do Espírito, só o silêncio que fazemos
nos consente ouvi-la, a sua voz a cada um em seu coração. E ouvindo-a, poderá falar, cada um, uma
língua diferente, segundo a sua diferença pessoal atravessada pelo Espírito de Deus, para participar
no anúncio de um mesmo evangelho, aos falantes de todas as línguas.
Contemplação: Como é grande o amor de Deus para connosco! Oferece-nos a glória da ressurreição!
Habita pessoalmente em cada um como fogo ardente e luz interior. Como Deus é bom!
Intercessão: Senhor Jesus, Cristo ressuscitado e glorioso, que com o Pai enviastes aos discípulos o
Espirito da filiação divina; pedimos-Te pela Igreja nossa mãe, templo do Espírito Santo, para que cada
batizado, seu filho, encontre nela um regaço de liberdade fraterna, onde possa colocar, ao serviço da
missão comum, o que o Espírito lhe inspira e opera nele; a comunidade seja, na história, sinal e
instrumento da plena realização filial da fragilidade humana, na santidade a que Tu, ó homem novo,
chamas todos os homens. Maria, rainha e mulher pascal, rogai por nós.
Leitura bíblica (Lc 1,46-50 a): “Maria disse, então: «A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se
alegra em Deus, meu Salvador. Porque pôs os olhos na humildade da sua serva. De hoje em diante, me
chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-poderoso fez em mim maravilhas. Santo é o seu
nome. A sua misericórdia se estende de geração em geração»”.
Meditação: No termo de uma vida inteira inteiramente dada a cumprir o céu sobre a terra, a Mãe do
Filho de Deus foi elevada ao céu em corpo e alma, o seu ser inteiro encontrou em Deus a sua
consumação. Esta é a última das maravilhas que Deus fez em Maria, a humilde serva, como cantou no
Magnificat, integrando entre as maravilhas que a misericórdia de Deus operou na história, as
maravilhas nela realizadas. Maria cumpriu-se como mulher, vivendo a consciência da sua fragilidade
como experiência de humildade, a palavra que os santos usam para falar da sua humana fragilidade
quando a abrem ao agir de Deus, que, assim, nela pode inscrever as suas maravilhas. Em Maria elevada
ao céu, percebemos a santidade como plena realização humana da fragilidade pessoal,
maravilhosamente operada por Deus na existência dos seus filhos que, com a liberdade que só a
107
humildade consente, abrem a própria vida à misericórdia divina, para a estender de geração em
geração, até ao céu.
Contemplação: Como é grande o amor de Deus para connosco! Oferece-nos a glória da ressurreição!
Chama a si a sua Mãe e nela nos dá o exemplo da santidade verdadeira. Como Deus é bom!
Intercessão: Senhor Jesus, Cristo ressuscitado e glorioso, que ao céu para junto de Ti elevaste a tua
Mãe; pedimos-Te por todos os filhos da igreja, para que o seu compromisso humilde, no serviço
misericordioso aos homens na sua fragilidade, revele a todos que são chamados pelo Pai à santidade
nesta vida e ao pleno cumprimento de si mesmos no céu, onde tua Mãe vive já contigo eternamente.
Maria, rainha e mulher pascal, rogai por nós.
Leitura bíblica (Ap 11,15.19;12,1): “Quando o sétimo anjo tocou a trombeta, ouviram-se grandes
aclamações no céu: “O reinado sobre o mundo foi entregue a nosso Senhor e a seu Cristo; Ele reinará
pelos séculos dos séculos”. Depois, abriu-se no céu o santuário de Deus e apareceu a Arca da aliança.
Depois, apareceu no céu um grande sinal: uma Mulher vestida de Sol, com a Lua debaixo dos pés e
com uma coroa de doze estrelas na cabeça”.
Meditação: A mulher coroada no céu é a rainha, rainha do céu e da terra. Assim a quis Deus, assim Deus
a glorificou: coroou rainha a mulher imaculada que acolheu livremente a palavra do anjo e, por obra
do Espírito Santo, se tornou Mãe do Filho feito homem frágil, nossa mãe e mãe da igreja. Maria é a
mulher-sinal no céu, rainha porque mãe do rei, seu Filho, rei de um reino que não é deste mundo, mas
neste mundo cresce para o céu, até ao céu. É rainha porque é mãe, e olhá-la rainha é descobri-la mãe,
uma mãe que olha com desvelo e cuidado pelos filhos; e é descobrir que, nos seus olhos de mãe, é o
próprio Deus que sempre se volta para os filhos, sem nunca os abandonar à sua sorte, na vida e na
morte. Pela mãe de seu Filho junto de si, maternalmente junto de nós, Deus olha-nos com olhar de
mãe, o olhar da Mãe do céu, olhar de ternura, carinho e compaixão que agasalha, cuida e conforta os
filhos frágeis, olhar que dá alegria, esperança e força aos filhos, na sua fragilidade.
Contemplação: Como é grande o amor de Deus para connosco! Oferece-nos a glória da ressurreição!
Olhou e coroou a Mãe de seu Filho como nossa rainha no céu e na terra, nossa mãe na terra como no
céu. Como Deus é bom!
108
Intercessão: Senhor Jesus, Cristo ressuscitado e glorioso, que tens no céu junto de Ti a tua Mãe,
participante da tua realeza; pedimos-Te pela Igreja nossa mãe, para que nela encontre o modelo da
sua maternidade universal, e a estenda, com humildade livre e amorosa, a toda a humanidade
redimida; para que os homens possam descobrir na aceitação e no cuidado da fragilidade que os
constitui, o caminho que nos torna plenamente humanos e verdadeiramente filhos de Deus. Maria,
rainha e mulher pascal, rogai por nós.
Ó Maria,
aurora do mundo novo,
Mãe dos viventes,
confiamo-Vos a causa da vida:
olhai, Mãe,
para o número sem fim
de crianças a quem é impedido nascer,
de pobres para quem se torna difícil viver,
de homens e mulheres
vítimas de inumana violência,
de idosos e doentes assassinados
pela indiferença
ou por uma suposta compaixão.
Cântico final
SEMANA LAUDATO SÍ
Nota: seguimos aqui, em parte, uma proposta do Guião da Semana da Vida do ano de 2016, sobre o
tema “Cuidar da Vida. A Terra é a nossa casa”, que apareceu na sequência da publicação. no ano
anterior de 2015, da Encíclica Laudato Sí. E para não duplicar os mistérios gozosos, dolorosos e
gloriosos, acrescentamos algumas reflexões mais, no sentido de enriquecer a proposta antiga. São
nossas as introduções diárias e algumas reformulações dos textos. A semana decorre de 16 a 24, mas
começamos apenas a 18, para não colidir nos últimos dias com a Semana da Vida.
110
SEMANA LAUDATO SÍ
Oração a Maria,
Mãe da Vida e Rainha da Criação
Esta oração é adaptada a partir de dois textos: a Oração do Papa, no final da Exortação Apostólica
“Querida Amazónia” (n.º 111) e os conteúdos expressos nos números 241 e 242, da Encíclica Laudato Sí.
Esta oração pode rezar-se no todo ou em parte. Sugiro, por exemplo, que se valorizem determinadas
estrofes, em função dos mistérios do Rosário, meditados em cada dia. É apenas uma proposta. No
caso de se fazer a oração, na íntegra, é aconselhável que seja feita por 2 ou mais leitores.
Mistérios gozosos
Mãe da Vida,
no Vosso seio materno formou-Se Jesus,
que é o Senhor de tudo o que existe.
Mistérios dolorosos
Mistérios gloriosos
Ensinai-nos a guardar,
a cuidar e a contemplar o mundo,
com o olhar maravilhado da sabedoria,
e o coração agradecido por tanto amor.
Ámen.
113
Dia 18
Cântico Inicial
Saudação Inicial
O Papa Francisco propôs-nos celebrar, entre os dias 16 e 24, a Semana Laudato Sí.
Começamos hoje, dia 18, porque até ontem seguimos o programa da Semana da Vida. E ambas as
coisas se relacionam, porque se trata agora de Cuidar da Vida, de toda a vida, da vida de todos os seres
vivos, que povoam a Terra. E de olhar para a Terra, nossa Casa comum, na perspetiva de que somos
uma única família humana.
Laudato Sí são as primeiras palavras do Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis. Laudato Sí quer
dizer “Louvado sejas”.
Laudato Sí são também as primeiras palavras da Encíclica Social do Papa Francisco, sobre o Cuidado da
Casa Comum, publicada há [quase] cinco anos, no dia 24 de maio de 2015.
Pode omitir-se este texto e retomá-lo a partir de “À luz da fé revelada, na Criação somos então
convidados”…
A Laudato Sí não é uma “encíclica verde”. O pensamento do Papa Francisco na Laudato Sí insere-se no
desenvolvimento do longo magistério da Doutrina Social da Igreja, especialmente desde Leão XIII.
Nesta medida, a Encíclica é uma expressão avançada da Doutrina Social da Igreja, que ampliou, pouco
a pouco o objeto da sua atenção, até abarcar hoje a questão ecológica ou ambiental.
Em boa verdade, a questão ecológica fora já objeto do magistério de São João Paulo II, que cunhou a
expressão “ecologia humana” e falou da “vocação ecológica” dos seres humanos.
114
Bento XVI, por seu lado, referiu-se, por várias vezes, à importância da questão ecológica para o futuro
da humanidade e ao contributo que a tradição cristã pode dar à causa da defesa da Criação (cf. CV 123).
Ele falava já de uma ecologia humana.
O Papa Francisco acaba por desenvolver, nesta Encíclica, de modo monográfico, o tema do Cuidado
da Casa Comum, que estava delineado no capítulo X do Compêndio da Doutrina Social da Igreja, sob o
título: “proteger o meio ambiente” (CDSI - 2004, números 451-487).
À luz da fé revelada, na Criação somos então convidados a estabelecer uma relação harmoniosa com
a Terra, lembrando-nos de que, além de ser nossa casa, é também Casa de Deus.
A atual pandemia veio a mostrar com clareza que somente unidos poderemos enfrentar os desafios
globais; é necessário promover iniciativas tanto a nível internacional como local, que lembrem que
cada pessoa pode dar a sua contribuição, no esforço de amar e saber reconhecer o magnífico dom da
terra.
Ao celebrar esta semana, de comemoração dos cinco anos da publicação desta Encíclica social,
aproveitemos a oportunidade para renovar o nosso compromisso de cuidar da nossa Casa Comum – o
nosso Planeta Terra – a começar pelos membros mais frágeis da família humana.
Desejamos com estas meditações, adquirir uma visão contemplativa, que reconheça o valor sagrado
da Criação.
Ao refletirmos sobre o Cuidado da Casa Comum, é bom que nós, os cristãos, conheçamos melhor os
compromissos ecológicos, que brotam das nossas convicções religiosas. Hoje vamos procurar meditar
algumas passagens da Sagrada Escritura, ainda no Antigo Testamento, que nos desvendam o
“Evangelho da Criação” (LS cap. II, 62-100), isto é, a beleza e a Boa nova da Criação, que é uma carícia
de Deus e um livro aberto pelo Criador, diante dos nossos olhos. Fazemo-lo à luz da fé, partindo
sobretudo da sabedoria das narrações bíblicas, mais antigas, para percebermos que o cuidado da Casa
Comum e os nossos deveres em relação à natureza e ao Criador fazem parte da prática da nossa fé.
O Papa Francisco é bem claro, nesta encíclica: “viver a vocação de guardiães da obra de Deus não é algo
de opcional nem um aspeto secundário da experiência cristã, mas parte essencial de uma existência
virtuosa” (LS 217).
115
Leitura bíblica – Do livro do Génesis (Gn 2, 7-10.15): “Então o Senhor Deus formou o homem do pó da
terra, insuflou nele um sopro de vida e o homem tornou-se um ser vivo. O Senhor Deus plantou um
jardim no Éden, a oriente, e nele colocou o homem que tinha formado. O Senhor Deus fez nascer da
terra toda a espécie de árvores, de frutos agradáveis à vista e bons para comer, entre as quais a árvore
da vida, no meio do jardim, e a árvore da ciência do bem e do mal. O Senhor Deus tomou o homem e
colocou-o no jardim do Éden, para o cultivar e guardar”.
Meditação: Somos convidados pelo Criador a «cultivar e a guardar» o jardim do mundo (cf. Gn 2, 15).
Enquanto «cultivar» quer dizer lavrar ou trabalhar um terreno, «guardar» significa proteger, cuidar,
preservar, velar. Isto implica uma relação de reciprocidade responsável entre o ser humano e a
natureza” (cf. LS 67).
Prece: Que cada comunidade tome da bondade da terra apenas aquilo de que necessita para a sua
sobrevivência, consciente do dever de a proteger e de garantir a continuidade da sua fertilidade para
as gerações futuras (cf. LS 67).
2. No 2.º mistério meditemos na relação que há entre o cuidado dos irmãos e o cuidado da Terra.
Leitura bíblica – Do livro do Génesis (Gn 4,8-12): “Disse Caim a seu irmão Abel: «Vamos ao campo». E
quando estavam no campo, Caim lançou-se contra seu irmão Abel e matou-o. Senhor disse a Caim:
«Onde está o teu irmão Abel?». Caim respondeu: «Não sei. Sou porventura eu o guarda do meu
irmão?». O Senhor disse-lhe: « Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama da terra por Mim.
Agora ficas maldito pela terra, que abriu a boca para receber das tuas mãos o sangue do teu irmão.
Ainda que a cultives, não mais te dará a sua fertilidade. Andarás errante e fugitivo sobre a terra»
Meditação: Vemos que a inveja levou Caim a cometer a injustiça extrema contra o seu irmão. Isto, por
sua vez, provocou uma rutura da relação entre Caim e Deus e entre Caim e a terra, da qual foi exilado.
O descuido no compromisso de cultivar e manter um correto relacionamento com o próximo,
relativamente a quem sou devedor da minha solicitude e custódia, destrói o relacionamento interior
comigo mesmo, com os outros, com Deus e com a terra. Quando todas estas relações são
negligenciadas, quando a justiça deixa de habitar na terra, a Bíblia diz-nos que toda a vida está em
perigo (c. LS 70)
116
Prece: Cuidemos da nossa própria vida e das nossas relações com a natureza, porque a isso está
também ligada a fraternidade, a justiça e a fidelidade aos outros (LS 70).
Leitura bíblica – Do livro do Génesis (Gn 6,5-6): “O Senhor viu que era grande a malícia do homem
sobre a terra e que todos os desígnios do coração humano eram sempre inclinados ao mal. O Senhor
arrependeu-Se de ter feito o homem sobre a terra e o seu coração ficou magoado”.
Meditação: Embora Deus reconhecesse que «a maldade dos homens era grande na terra» (Gn 6, 5),
«arrependendo-Se de ter criado o homem sobre a terra» (Gn 6, 6), Ele decidiu abrir um caminho de
salvação através de Noé, que ainda se mantinha íntegro e justo. Assim deu à humanidade a
possibilidade de um novo início. Basta um homem bom para haver esperança (LS 71).
Prece: Que todos os homens e mulheres descubram que uma nova criação, um novo tempo, um novo
início, um mundo novo, implica a redescoberta e o respeito dos ritmos inscritos na natureza pela mão
do Criador (cf. LS 71)
4. No 4.º mistério, meditemos no louvor que irrompe do coração humano diante das obras do Criador
Leitura bíblica – Do livro dos Salmos (Sl 148, 3-5): «Louvai-O, sol e lua; louvai-O, estrelas luminosas!
Louvai-O, alturas dos céus e águas que estais acima dos céus! Louvem todos o nome do Senhor,
porque Ele deu uma ordem e tudo foi criado».
Meditação: Os Salmos convidam, frequentemente, o ser humano a louvar a Deus criador: «Estendeu a
terra sobre as águas, porque o seu amor é eterno» (Sl 136/135, 6). E convidam também as outras
criaturas a louvá-Lo. Existimos não só pelo poder de Deus, mas também na sua presença e companhia.
Por isso O adoramos (LS 72). Um dos salmos, diz que «a palavra do Senhor criou os céus» (Sl 33/32, 6).
Deste modo indica-se que o mundo procede, não do caos nem do acaso, mas duma decisão, o que o
exalta ainda mais. O universo não apareceu como resultado duma omnipotência arbitrária, duma
demonstração de força ou dum desejo de autoafirmação. A criação pertence à ordem do amor que
move o sol e as outras estrelas (cf. LS 77).
117
Prece: Reconheçamos que o amor de Deus é a razão fundamental de toda a criação. Até a vida efémera
do ser mais insignificante é objeto do seu amor e, naqueles poucos segundos de existência, Ele
envolve-o com o seu carinho. À imagem do Criador, demos testemunho de uma bondade sem cálculos
(cf. LS 77).
5. No quinto mistério, meditemos no poder e na ternura do Deus Pai e Criador, Deus de Amor.
Leitura bíblica – Do livro do Profeta Isaías (Is 40, 28b-29): “O Senhor é um Deus eterno, que criou os
confins da terra. Não se cansa nem perde as forças. É insondável a sua sabedoria. Ele dá forças ao
cansado e enche de vigor os fracos».
Meditação: Os escritos dos profetas convidam a recuperar forças, nos momentos difíceis,
contemplando a Deus poderoso que criou o universo. O poder infinito de Deus não nos leva a escapar
da sua ternura paterna, porque n’Ele se conjugam o carinho e a força. Na verdade, toda a sã
espiritualidade implica simultaneamente acolher o amor divino e adorar, com confiança, o Senhor pelo
seu poder infinito.
Prece: Que o ser humano aprenda a descobrir a figura de um Pai criador e único dono do mundo e
assim se coloque no seu lugar e acabe com a sua pretensão de ser dominador absoluto da terra (cf. LS
75).
“Quando nos damos conta do reflexo de Deus em tudo o que existe, o coração experimenta o desejo
de adorar o Senhor por todas as suas criaturas e juntamente com elas, como se vê neste gracioso
cântico de São Francisco de Assis” (LS 87).
118
“Quando nos damos conta do reflexo de Deus em tudo o que existe, o coração experimenta o desejo
de adorar o Senhor por todas as suas criaturas e juntamente com elas, como se vê neste gracioso
cântico de São Francisco de Assis” (LS 87):
Nota: Tradução dos frades capuchinhos portugueses, apresentada na edição impressa da Laudato Sí
pelas Edições Paulinas.
Cântico final
119
Dia 19
Semana Laudato Si | O olhar de Jesus sobre a Criação
Cântico Inicial
Saudação Inicial
Introdução
Estamos a viver esta semana “Laudato Sí”, destinada a assinalar os cinco anos da publicação da
Encíclica Social do Papa Francisco sobre o Cuidado da Casa Comum. Quando falamos desta Casa
Comum, referimo-nos ao Planeta que habitamos, à obra da Criação, que Deus nos oferece para cuidar
com amor. Ontem percorremos alguns textos do Antigo Testamento, para compreendermos o
desígnio que Deus tem para nós, sobre a Criação. E compreendemos então que “viver a vocação de
guardiões da obra de Deus não é algo de opcional, nem um aspeto secundário da experiência cristã,
mas parte essencial duma existência virtuosa” (LS 227). Hoje vamos contemplar o Evangelho da
Criação, a mensagem e a beleza da Criação, a partir do olhar de Jesus.
Leitura bíblica – Do Evangelho segundo São Mateus (Mt 6,26-29): “Naquele tempo disse Jesus aos
seus discípulos: Olhai para as aves do céu: não semeiam nem ceifam nem recolhem em celeiros; o
vosso Pai celeste as sustenta. Não valeis vós muito mais do que elas? Quem de entre vós, por mais que
se preocupe, pode acrescentar um só côvado à sua estatura? E porque vos inquietais com o vestuário?
Olhai como crescem os lírios do campo: não trabalham nem fiam; mas Eu vos digo: nem Salomão, em
toda a sua glória, se vestiu como um deles”.
Meditação: “Jesus retoma a fé bíblica no Deus criador e destaca um dado fundamental: Deus é Pai (cf.
Mt 11, 25). Em colóquio com os seus discípulos, Jesus convidava-os a reconhecer a relação paterna que
Deus tem com todas as criaturas e recordava-lhes, com comovente ternura, como cada uma delas era
importante aos olhos d’Ele: «Não se vendem cinco pássaros por duas pequeninas moedas? Contudo,
nenhum deles passa despercebido diante de Deus» (Lc 12, 6)” (LS 96).
Prece: Peçamos ao Senhor o dom da confiança divina na providência do Pai, que cuida amorosamente
de todas as suas criaturas. A natureza está cheia de palavras de amor. Aprendamos de Jesus, a assumir
um estilo de vida humilde, profético e contemplativo, sem estarmos obcecados pelo consumo (cf. LS
222).
PN | 10 AM | Glória | Maria, Rainha da Criação! R. Rogai por nós! | Cântico
120
2. No segundo mistério, meditemos no olhar contemplativo de Jesus, diante da natureza que está
cheia de palavras de amor (LS 225).
Leitura bíblica – Do Evangelho segundo São João (Jo 4,35-38): «Erguei os olhos e vede os campos, que
já estão loiros para a ceifa. Já o ceifeiro recebe o salário e recolhe o fruto para a vida eterna e, deste
modo, se alegra o semeador juntamente com o ceifeiro. Nisto se verifica o ditado: ‘Um é o que semeia
e outro o que ceifa’. Eu mandei-vos ceifar o que não trabalhastes. Outros trabalharam e vós
aproveitais-vos do seu trabalho».
Meditação: “O Senhor podia convidar os outros a estar atentos à beleza que existe no mundo, porque
Ele próprio vivia em contacto permanente com a natureza e prestava-lhe uma atenção cheia de carinho
e admiração. Quando percorria os quatro cantos da sua terra, detinha-Se a contemplar a beleza
semeada por seu Pai e convidava os discípulos a individuarem, nas coisas, uma mensagem divina, por
isso, ensinava assim: «O Reino dos Céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou
e semeou no seu campo. É a menor de todas as sementes; mas, depois de crescer, torna-se a maior
planta do horto e transforma-se numa árvore» (Mt 13, 31-32)” (LS 97).
Prece: Que nós saibamos cultivar a gratidão e a gratuidade, o reconhecimento do mundo, como dom
recebido do amor do Pai (LS 220).
Leitura bíblica – Do Evangelho segundo São Mateus: «Naquele tempo, disse Jesus: Na verdade, veio
João, que não come nem bebe e dizem «está possesso». Veio o Filho do Homem que come e bebe, e
dizem: “Aí está um glutão e bebedor de vinho”» (Mt 11, 19).
Meditação: “Jesus vivia em plena harmonia com a criação, com grande maravilha dos outros: «Quem
é este, a quem até o vento e o mar obedecem?» (Mt 8, 27). Não Se apresentava como um asceta
separado do mundo ou inimigo das coisas aprazíveis da vida. Encontrava-Se longe das filosofias que
desprezavam o corpo, a matéria e as realidades deste mundo (LS 98).
Prece: Que nós possamos crescer na sobriedade, aprendendo a alegrar-nos com pouco, pois quanto
menos coisas estão à nossa mesa, tanto mais as podemos saborear (cf. LS 222).
121
Leitura bíblica – Do Evangelho segundo São Marcos (6,1-3): “Naquele tempo, Jesus dirigiu-Se à sua
terra, e os discípulos acompanharam-n’O. Quando chegou o sábado, começou a ensinar na sinagoga.
Os numerosos ouvintes estavam admirados e diziam: «De onde Lhe vem tudo isto? Que sabedoria é
esta que Lhe foi dada e os prodigiosos milagres feitos por suas mãos? Não é Ele o carpinteiro, filho de
Maria (Mc 6, 3).
Meditação: Jesus trabalhava com suas mãos, entrando diariamente em contacto com matéria criada
por Deus para a moldar com a sua capacidade de artesão. É digno de nota que a maior parte da sua
existência terrena tenha sido consagrada a esta tarefa, levando uma vida simples que não despertava
maravilha alguma: «Não é Ele o carpinteiro, o filho de Maria?» (Mc 6, 3). Assim santificou o trabalho,
atribuindo-lhe um valor peculiar para o nosso amadurecimento. «Suportando o que há de penoso no
trabalho em união com Cristo crucificado por nós, o homem colabora, de alguma forma, com o Filho
de Deus na redenção da humanidade»” (LS 98).
Prece: Que o trabalho humano seja vivido como uma forma de colaborar na obra da Criação e na
transformação constante do mundo, garantindo o sustento próprio e o bem comum.
Leitura bíblica – Da Carta aos Colossenses (Cl 1,19-20): «Foi em Cristo, que aprouve a Deus fazer habitar
toda a plenitude e, por Ele e para Ele, reconciliar todas as coisas, tanto as que estão na terra como as
que estão no céu».
Meditação: “O Novo Testamento não nos fala só de Jesus terreno e da sua relação tão concreta e
amorosa com o mundo; mostra-no-Lo também como ressuscitado e glorioso, presente em toda a
criação com o seu domínio universal. Isto lança-nos para o fim dos tempos, quando o Filho entregar
ao Pai todas as coisas «a fim de que Deus seja tudo em todos» (1 Cor 15, 28). Assim, as criaturas deste
mundo já não nos aparecem como uma realidade meramente natural, porque o Ressuscitado as
envolve misteriosamente e guia para um destino de plenitude. As próprias flores do campo e as aves
que Ele, admirado, contemplou com os seus olhos humanos, agora estão cheias da sua presença
luminosa” (LS 100).
Prece: Que os cristãos, que caminham na Terra, para a Casa Comum do Céu, se esforcem por assumir
tudo o que há de bom neste mundo, renovando todas as coisas e alimentando a esperança de se
encontrar face a face com a beleza infinita de Deus (cf. LS 243).
Recomendada pelo Papa na Exortação Apostólica sobre a santidade no mundo atual, “Gaudete et
exsultate” (Alegrai-vos e exultai), nota 101 ao n.º 126
Dai-me, Senhor,
uma alma santa que saiba aproveitar o que é bom e puro,
e não se assuste à vista do pecado,
mas encontre a forma de colocar as coisas de novo em ordem.
Dai-me uma alma que não conheça o tédio,
as murmurações, os suspiros e os lamentos,
e não permitais que sofra excessivamente
por essa realidade tão dominadora que se chama “eu”.
Oração a Maria, Mãe da Vida e Rainha da Criação (excerto para os mistérios dolorosos)
“Maria, a mãe que cuidou de Jesus, agora cuida com carinho e preocupação materna deste mundo
ferido” (LS 241). Unidos a Maria, rezemos:
Ou
“Maria, a mãe que cuidou de Jesus, agora cuida com carinho e preocupação materna deste mundo
ferido.” (LS 241) Unidos a Maria, rezemos:
“Deus Omnipotente,
que estais presente em todo o universo
e na mais pequenina das vossas criaturas,
124
Inundai-nos de paz,
para que vivamos como irmãos e irmãs
sem prejudicar ninguém.
Tocai os corações
daqueles que buscam apenas benefícios
à custa dos pobres e da terra.
Cântico final
125
Dia 20
Saudação Inicial
Introdução
Estamos a viver esta semana “Laudato Sí”, destinada a assinalar os cinco anos da publicação da
Encíclica Social do Papa Francisco sobre o Cuidado da Casa Comum. Quando falamos desta Casa
Comum, referimo-nos ao Planeta que habitamos, à obra da Criação, que Deus nos oferece para cuidar
com amor. Hoje meditamos os mistérios gloriosos. “Na expectativa da vida eterna, unimo-nos para
tomar a nosso cargo esta Casa que nos foi confiada, sabendo que aquilo de bom que há nela, será
assumido na festa do Ceu” (LS, 244).
Leitura bíblica: Do Evangelho de S. Marcos (16,6): «O Anjo disse-lhes: “Não vos assusteis. Procurais
Jesus de Nazaré, o Crucificado? Ressuscitou. Não está aqui. Eis o lugar onde O tinham depositado”».
Meditação: “A meta do caminho do universo situa-se na plenitude de Deus, que já foi alcançada por
Cristo Ressuscitado, fulcro da maturação Universal” (LS, 83).
Prece: Que as famílias cristãs, confrontadas com o mistério da morte e do sofrimento, possam viver
estas experiências na fé, na confiança e na Esperança da ressurreição.
Meditação: A missão deles é na terra. “O ser humano, dotado de inteligência e amor, atraído pela
plenitude de Cristo, é chamado a reconduzir todas as criaturas ao Seu Criador” (LS, 83).
126
Prece: Que Jesus suscite no coração de cada um de nós “uma preocupação pelo meio ambiente, unida
ao amor sincero pelos seres humanos e a um compromisso constante com os problemas da
sociedade” (LS, 91).
Leitura bíblica: Dos Atos dos Apóstolos (2,3-4): «Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram
a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes inspirava que se exprimissem».
Meditação: “Quando nos apercebemos do reflexo de Deus em tudo o que existe, o coração
experimenta o desejo de adorar o Senhor por todas as criaturas e juntamente com elas” (LS, 87).
Prece: Que Espírito Santo nos abra ao “ensinamento que Deus nos quer transmitir através de cada
coisa» e, “prestando atenção a esta manifestação, o ser humano aprenda a reconhecer-se a si mesmo
na relação com as outras criaturas” (LS, 85).
Leitura bíblica: Do Apocalipse de S. João (12,1): «Um grande sinal apareceu no Céu: uma mulher
envolvida pelo Sol, com a Lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça».
Meditação: “Maria, a Mãe que cuidou de Jesus, agora cuida com carinho e preocupação materna,
deste mundo ferido" (LS, 241).
Prece: Glorifiquemos o Senhor, que “criou o mundo para todos”. Que, por Maria, tenhamos “em
atenção os direitos fundamentais dos mais desfavorecidos” (LS, 93).
Leitura bíblica: Do Livro de Judite (15,10): «Tu és a glória de Jerusalém, Tu a alegria de Israel, Tu a honra
do nosso povo…Sê eternamente bendita pelo Senhor omnipotente».
127
Meditação: “Maria, elevada ao Céu é Mãe e Rainha de toda a criação. No seu corpo glorificado,
juntamente com Cristo Ressuscitado, parte da criação, alcançou toda a plenitude da sua beleza” (LS,
241).
Prece: Que Maria, Mãe e Rainha da humanidade nos ensine a ”contemplar este mundo com um olhar
mais sapiente” (LS, 241).
Oração a Maria, Mãe da Vida e Rainha da Criação (excerto para os mistérios gloriosos)
“Maria, a mãe que cuidou de Jesus, agora cuida com carinho e preocupação materna deste mundo
ferido” (LS 241). Unidos a Maria, rezemos:
Cântico final
128
Dia 21
Semana Laudato Sí | Mistérios luminosos
Cântico Inicial
Saudação Inicial
Introdução
Estamos a viver esta semana “Laudato Sí”, destinada a assinalar os cinco anos da publicação da
Encíclica Social do Papa Francisco sobre o Cuidado da Casa Comum. Quando falamos desta Casa
Comum, referimo-nos ao Planeta que habitamos, à obra da Criação, que Deus nos oferece para cuidar
com amor.
Hoje meditamos os mistérios luminosos, que nos recordam a importância dos elementos naturais (cf.
LS 235), tais como a água no Batismo, o vinho nas bodas de Caná, a luz na cena da Transfiguração, os
dons do pão e do vinho, na instituição da Eucaristia. E há ainda um mistério luminoso, dedicado ao
anúncio do Reino e ao apelo à conversão. Neste dia, somos, pois, desafiados a converter e a
transformar os nossos comportamentos, a nossa relação com os bens da criação. Porque há uma raiz
humana da crise ecológica, o Papa Francisco fala de necessária “conversão ecológica”, desafiando-nos
a regressar a uma vida mais simples, mais sóbria, mais gratuita e agradecida, uma vida que se alegra
com pouco e não esta obcecada pelo consumo (cf. LS 222; 27).
Leitura bíblica: Do Evangelho segundo São Mateus (3,16-17): «Uma vez batizado, Jesus saiu da água e
eis que se rasgaram os céus, e viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e vir sobre Ele. E uma
voz vinda do Céu dizia: “Este é o meu Filho muito amado, no qual pus todo o meu agrado”».
Meditação: «As Pessoas divinas são relações subsistentes; e o mundo, criado segundo o modelo
divino, é uma trama de relações. Isto convida-nos ... a admirar os múltiplos vínculos que existem entre
as criaturas (e) ... a descobrir uma chave da nossa própria realização» (LS 240).
Prece: Senhor Deus, Uno e Trino, tudo nos fala de Vós. Ensinai-nos a contemplar-Vos na beleza do
universo. Despertai o nosso louvor e dai-nos a graça de nos sentirmos intimamente unidos a tudo o
que existe (Cf LS 246).
Leitura bíblica: Do Evangelho segundo S. João (2, 9-11): «O chefe da mesa, depois de provar a água
transformada em vinho, como não sabia de onda viera (…), chamou o noivo e disse: “Toda a gente
serve primeiro o vinho bom (…) Tu porém guardaste o vinho bom até agora”».
Meditação: Jesus santificou o amor esponsal de um homem e uma mulher. «É necessário ter apreço
pelo próprio corpo na sua feminilidade ou masculinidade, para se poder reconhecer a si mesmo no
encontro com o outro que é diferente. Assim, é possível aceitar com alegria o dom específico do outro
ou da outra, obra de Deus criador, e enriquecer-se mutuamente» (LS 155).
Prece: Por Maria, rezamos por todos os casais para que se abram à presença santificante e festiva de
Jesus.
Leitura bíblica: Do Evangelho de São Marcos (1, 14-15): «Depois de João ter sido preso, Jesus partiu
para a Galileia e começou a proclamar o evangelho dizendo: “Cumpriu-se o tempo e está próximo o
Reino de Deus. Arrependei-vos e acreditai no evangelho”».
Meditação: Jesus convida-nos a mudar de vida e a escolher os valores cristãos: a verdade, a justiça, o
bem e o amor.
Prece: Pedimos ao Senhor que nos ajude a viver um estilo de vida mais simples e contemplativo, e a
sabermos dar o devido apreço a cada coisa em cada momento (cf. LS 222).
Leitura bíblica: Do Evangelho segundo S. Lucas (9,29-35): «Enquanto orava, o aspeto do seu rosto
modificou-se e as suas vestes tornaram-se de uma brancura fulgurante. (…) E da nuvem veio uma voz
que disse: “Este é o meu Filho predileto: escutai-O”».
Meditação: Cristo é «garantia da transfiguração final de toda a realidade criada» (LS, 237). N’Ele,
também «as criaturas do universo material encontram o seu verdadeiro sentido ... porque o Filho de
130
Deus incorporou na sua pessoa parte do universo material, onde introduziu um gérmen de
transformação definitiva» (LS 235).
Prece: Pedimos ao Pai que nos ajude a saber escutar o seu Filho e a compreender o mistério da Sua
ressurreição.
Leitura bíblica: Do Evangelho de S. Mateus (26,26-27): «Enquanto comiam, Jesus tomou o pão …
partiu-o e deu-o aos seus discípulos, dizendo: “Tomai, comei: Isto é o meu corpo”. Em seguida, tomou
o cálice, deu graças …, dizendo: “Bebei dele todos”».
Meditação: «Mesmo quando tem lugar no pequeno altar duma igreja da aldeia, a Eucaristia é sempre
celebrada, de certo modo, sobre o altar do mundo. A Eucaristia une o céu e a terra, abraça e penetra
toda a criação» (LS, 236).
Prece: Que (re)descubramos, com as nossas famílias, a Eucaristia do domingo da Ressurreição, «dia de
cura das relações do ser humano com Deus, consigo mesmo, com os outros e com o mundo» (LS, 237).
“Maria, a mãe que cuidou de Jesus, agora cuida com carinho e preocupação materna deste mundo
ferido” (LS 241). Unidos a Maria, rezemos:
Esta oração pode fazer-se no todo ou em parte. Pode começar só em “Senhor Deus, uno e trino”. Ou pode
começar só em “Deus de Amor”… Pode ser rezada a várias vozes.
131
Leitor 1:
Nós Vos louvamos, PAI,
com todas as vossas criaturas,
que saíram da vossa mão poderosa.
São vossas e estão repletas da vossa presença
e da vossa ternura.
Louvado sejais!
Leitor 2:
FILHO DE DEUS, Jesus,
por Vós foram criadas todas as coisas.
Fostes formado no seio materno de Maria,
fizestes-Vos parte desta terra,
e contemplastes este mundo
com olhos humanos.
Hoje estais vivo em cada criatura
com a vossa glória de ressuscitado.
Louvado sejais!
Leitor 3:
ESPÍRITO SANTO, que, com a vossa luz,
guiais este mundo para o amor do Pai
e acompanhais o gemido da criação,
Vós viveis também nos nossos corações
a fim de nos impelir para o bem.
Louvado sejais!
Leitor 2:
DEUS DE AMOR,
mostrai-nos o nosso lugar neste mundo
como instrumentos do vosso carinho
por todos os seres desta terra,
porque nem um deles sequer
é esquecido por Vós.
Leitor 3:
Senhor, tomai-nos
sob o vosso poder e a vossa luz,
para proteger cada vida,
para preparar um futuro melhor,
para que venha o vosso Reino
de justiça, paz, amor e beleza.
Louvado sejais!
Todos:
Ámen.
Oração a Maria, Mãe da Vida e Rainha da Criação (excerto para os mistérios luminosos)
“Maria, a mãe que cuidou de Jesus, agora cuida com carinho e preocupação materna deste mundo
ferido” (LS 241). Unidos a Maria, rezemos:
Cântico final
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Dia 22
Semana Laudato Sí | Mistérios Dolorosos (1.ª versão)
Cântico Inicial
Saudação Inicial
Introdução
Estamos a viver esta semana “Laudato Sí”, destinada a assinalar os cinco anos da publicação da
Encíclica Social do Papa Francisco sobre o Cuidado da Casa Comum. Quando falamos desta Casa
Comum, referimo-nos ao Planeta que habitamos, à obra da Criação, que Deus nos oferece para cuidar
com amor.
Hoje meditamos os mistérios dolorosos, que, de algum modo, nos convidam a olhar para o sofrimento
da Criação inteira, porque, como diz São Paulo, “toda a criação geme e sofre”, por causa dos abusos,
resultantes da exploração desenfreada a que é sujeita, em função de interesses minados pelo lucro e
não atentos ao bem comum. No primeiro capítulo da sua Encíclica, o Papa Francisco convida-nos a
observar o que está a acontecer à nossa Casa Comum, com a poluição e as mudanças climáticas, a
qualidade da água e o acesso à água potável, a perda da biodiversidade, a deterioração da qualidade
da vida humana e a degradação social. Não é indiferente a este cenário, o avanço da pandemia, que
nos obriga a repensar os nossos modelos de desenvolvimento, os nossos estilos de vida. Urge,
portanto, mudanças, a nível das grandes decisões políticas, mas também ao nível “das coisas mais
pequeninas, das pequenas ações quotidianas e positivas, dos comportamentos diários, “tais como
evitar o uso de plástico e papel, reduzir o consumo de água, diferenciar o lixo, cozinhar apenas aquilo
que razoavelmente se poderá comer, tratar com desvelo os outros seres vivos, servir-se dos
transportes públicos ou partilhar o mesmo veículo com várias pessoas, plantar árvores, apagar as luzes
desnecessárias” (LS 211).
Leitura bíblica: Do Evangelho de S. Marcos (14,35-36): «Jesus caiu por terra e orou (…). E dizia: “Abbá,
Pai, tudo te é possível; afasta de mim este cálice! Contudo, não se faça o que eu quero, mas o que Tu
queres”. Depois foi ter com os discípulos e encontrou-os a dormir».
Meditação: Jesus é condenado à morte porque a Sua vida e a Sua doutrina denunciavam as injustiças
de um sistema baseado na lei do mais forte, que desrespeitava a dignidade humana. Hoje, «o impacto
135
dos desequilíbrios atuais manifesta-se também na morte prematura de muitos pobres, nos conflitos
gerados pela falta de recursos e em muitos outros problemas que não têm espaço suficiente nas
agendas mundiais” (LS, 48).
Prece: Que os políticos sejam capazes de promover estilos de vida, de produção e de consumo que
respeitem o carácter sagrado da vida humana e não gere excluídos.
Leitura bíblica: Do Evangelho de S. Marcos (15, 15): «Pilatos, desejando agradar à multidão, soltou-lhes
Barrabás e, depois mandou flagelar Jesus».
Meditação: Muitos povos continuam a ser hoje ‘flagelados’ pelas inúmeras formas de poluição: «a
exposição aos poluentes atmosféricos, produz uma vasta gama de efeitos sobre a saúde,
particularmente dos mais pobres e provoca milhões de mortes prematuras» (LS, 20)
Prece: Que o Senhor nos livre do pecado de sermos «testemunhas mudas das gravíssimas
desigualdades, no âmbito da degradação humana e ambiental (cf. LS, 36).
Prece: «São Francisco de Assis propõe-nos reconhecer a natureza como um livro esplêndido onde Deus
nos fala e transmite algo da sua beleza e bondade» (cf. Sab 13, 5): Louvado sejas, ó meu Senhor...
Leitura bíblica: Do Evangelho de S. Marcos (15,21): «Para Lhe levar a cruz, requisitaram um homem que
passava por ali ao regressar dos campos, um tal Simão de Sirene, pai de Alexandra e de Rufo».
Meditação: Jesus carrega a Sua cruz, ajudado por Simão de Sirene. Assumamos as nossas
responsabilidades na defesa e promoção da vida. Ficar em «comportamentos evasivos» e na
«irresponsabilidade», e «culpar o incremento demográfico, em vez do consumismo exacerbado e
seletivo de alguns é uma forma de não enfrentar os problemas» (LS, 50 e 59).
Prece: Que o Senhor desperte os ouvidos do nosso coração, cada manhã, para “ouvir tanto o clamor
da terra como o clamor dos pobres” (LS, 50).
Leitura bíblica: Do Evangelho de S. Marcos (15,37-39): «Mas Jesus, com um grito forte, expirou. O véu
do Templo rasgou-se em dois, de alto a baixo. O centurião que estava em frente, ao vê-Lo expirar
daquela maneira, disse: «Verdadeiramente este homem era Filho de Deus»
Meditação: Jesus morre na cruz, para nos abrir à verdadeira Vida. «Todos aqueles que estão
empenhados na defesa da dignidade das pessoas, podem encontrar, na fé cristã, as razões mais
profundas para tal compromisso» (LS nº 65).
Prece: Que o Senhor fortaleça e encoraje todos «aqueles que lutam, com vigor, por resolver as
dramáticas consequências da degradação ambiental na vida dos mais pobres do mundo» (LS, 13).
Cântico final
137
Dia 22
Semana Laudato Sí | Mistérios dolorosos (2.ª versão)
Vai guiar-nos nesta meditação dos mistérios dolorosos a Carta do Papa Francisco sobre o Cuidado da
Casa Comum, a Laudato Si’ (LS).
“Se o homem vive como filho de Deus, se vive como pessoa redimida, que se deixa guiar pelo Espírito
Santo (cf. Rm 8, 14), e sabe reconhecer e praticar a lei de Deus, a começar pela lei gravada no seu
coração e na natureza, beneficia também a criação, cooperando para a sua redenção. Por isso, a
criação – diz São Paulo – deseja de modo intensíssimo que se manifestem os filhos de Deus, isto é, que
a vida daqueles que gozam da graça do mistério pascal de Jesus se cubra plenamente dos seus frutos,
destinados a alcançar o seu completo amadurecimento na redenção do próprio corpo humano.
Quando a caridade de Cristo transfigura a vida dos santos – espírito, alma e corpo –, estes rendem
louvor a Deus e, com a oração, a contemplação e a arte, envolvem nisto também as criaturas, como
demonstra admiravelmente o «Cântico do irmão sol», de São Francisco de Assis (cf. Encíclica Laudato
si’, 87). Neste mundo, porém, a harmonia gerada pela redenção continua ainda – e sempre estará –
ameaçada pela força negativa do pecado e da morte.” (Mensagem para a Quaresma 2019).
Leitura bíblica: “Cheio de angústia, pôs-se a orar mais instantemente, e o suor tornou-se-lhe como
grossas gotas de sangue, que caíam na terra” (Lc 22,44).
Meditação: “Estas situações provocam os gemidos da irmã terra, que se unem aos gemidos dos
abandonados do mundo, com um lamento que reclama de nós outro rumo. Nunca maltratámos e
ferimos a nossa casa comum como nos últimos dois séculos. Mas somos chamados a tornar-nos os
instrumentos de Deus Pai para que o nosso planeta seja o que Ele sonhou ao criá-lo e corresponda ao
seu projeto de paz, beleza e plenitude.” (LS 53)
Prece: Contemplemos as lágrimas de angústia de Cristo, no Jardim das Oliveiras, e rezemos para
sermos os primeiros a cuidar de toda a vida, na nossa Casa Comum.
Leitura bíblica: “Mas eles insistiam em altos brados, pedindo que fosse crucificado, e os seus clamores
aumentavam de violência. Então, Pilatos decidiu que se fizesse o que eles pediam” (Lc 23,23-24).
138
Meditação: “Estas narrações sugerem que a existência humana se baseia sobre três relações
fundamentais intimamente ligadas: as relações com Deus, com o próximo e com a terra. Segundo a
Bíblia, estas três relações vitais romperam-se não só exteriormente, mas também dentro de nós. Esta
rutura é o pecado. A harmonia entre o Criador, a humanidade e toda a criação foi destruída por termos
pretendido ocupar o lugar de Deus, recusando reconhecer-nos como criaturas limitadas” (LS 66).
Prece: Contemplemos Jesus flagelado pelos nossos pecados contra toda a criação nascida do amor do
Pai, e rezemos para sermos construtores da harmonia sonhada por Deus.
Leitura bíblica: “Depois, os soldados entrelaçaram uma coroa de espinhos, cravaram-lha na cabeça e
cobriram-no com um manto de púrpura; e, aproximando-se dele, diziam-lhe: «Salve! Ó Rei dos judeus»”
(Jo 19,2-3).
Prece: Contemplemos o verdadeiro Rei, Jesus, coroado com espinhos e rezemos para sabermos
entrelaçar as mãos e reconstruirmos, cada dia, a unidade com a fonte da vida e com toda a criação.
Leitura bíblica: “Seguiam Jesus uma grande multidão de povo e umas mulheres que batiam no peito e
se lamentavam por Ele. Jesus voltou-se para elas e disse-lhes: «Filhas de Jerusalém, não choreis por
mim, chorai antes por vós mesmas e pelos vossos filhos” (Lc 23, 27,28).
Meditação: “Quero salientar a importância central da família, porque «é o lugar onde a vida, dom de
Deus, pode ser convenientemente acolhida e protegida contra os múltiplos ataques a que está
139
Prece: Contemplemos Jesus que caminha para a cruz, carregando todos os sinais de morte da nossa
terra, e rezemos para que as famílias saibam educar para cuidar de toda a vida que nos foi confiada.
Leitura bíblica: “Os soldados, depois de terem crucificado Jesus, pegaram na roupa dele e fizeram
quatro partes, uma para cada soldado, exceto a túnica. A túnica, toda tecida de uma só peça de alto a
baixo, não tinha costuras” (Jo 19,23).
Meditação: “Além disso nós, cristãos, somos chamados a «aceitar o mundo como sacramento de
comunhão, como forma de partilhar com Deus e com o próximo numa escala global. É nossa humilde
convicção que o divino e o humano se encontram no menor detalhe da túnica inconsútil da criação de
Deus, mesmo no último grão de poeira do nosso planeta» (LS 9).
Prece: Contemplemos Jesus crucificado, de braços abertos entre o céu e a terra, e rezemos para que
se refaça em nós e no mundo, pelo seu amor, a unidade e a comunhão de toda a vida.
Cântico final
Oração a Maria, Mãe da Vida e Rainha da Criação (excerto para os mistérios dolorosos)
140
“Maria, a mãe que cuidou de Jesus, agora cuida com carinho e preocupação materna deste mundo
ferido” (LS 241). Unidos a Maria, rezemos:
Ámen.
Cântico final
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Dia 23
Semana Laudato Sí | Mistérios gozosos
Cântico Inicial
Saudação Inicial
Introdução
Estamos a viver esta semana “Laudato Sí”, destinada a assinalar os cinco anos da publicação da
Encíclica Social do Papa Francisco sobre o Cuidado da Casa Comum. Quando falamos desta Casa
Comum, referimo-nos ao Planeta que habitamos, à obra da Criação, que Deus nos oferece para cuidar
com amor.
Aos sábados, recordamos ainda mais especialmente a figura de Maria, “a mãe que cuidou de Jesus,
agora cuida com carinho e preocupação materna deste mundo ferido” (LS, 241).
“Maria não só conserva no seu coração toda a vida de Jesus, que «guardava» cuidadosamente (cf Lc
2, 51), mas agora compreende também o sentido de todas as coisas. Por isso, podemos pedir-Lhe que
nos ajude a contemplar este mundo com um olhar mais sapiente” (LS, 241).
“E ao lado de Maria, na Sagrada Família de Nazaré, destaca-se a figura de São José. Também Ele nos
pode ensinar a cuidar, pode motivar-nos a trabalhar com generosidade e ternura para proteger este
mundo que Deus nos confiou” (LS, 242).
Leitura bíblica: Do Evangelho de São Lucas (1,30-31.38): «Disse-lhe o anjo: “Maria, não temas, pois
achaste graça diante de Deus. Hás de conceber no teu seio e dar à luz um filho, ao qual porás o nome
de Jesus”. … Maria disse então: “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra”».
Meditação: «O Criador pode dizer a cada um de nós: “Antes de te haver formado no ventre materno,
Eu já te conhecia” (Jr 1,5). Fomos concebidos no coração de Deus e, por isso, “cada um de nós é o fruto
de um pensamento de Deus. Cada um de nós é querido, cada um de nós é amado, cada um é
necessário” (Bento XVI)» (LS, 65).
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Prece: Contemplando Maria aprendamos a aceitar o dom da vida como algo querido e pensado por
Deus por toda a eternidade.
Leitura bíblica: Do Evangelho de S. Lucas (1, 41-43): «Isabel, cheia do Espírito Santo, erguendo a voz
exclamou: “Bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre. E donde me é dado
que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?”».
Prece: Como Maria, totalmente desprendida, saiu para ajudar a sua prima Isabel, saibamos sair de nós,
renunciando ao egoísmo, e procurar os que precisam.
Prece: Que todos os homens e mulheres da terra adotem um estilo de vida inspirado na espiritualidade
cristã e, não estando obcecados pelo consumo, encontrem a profunda alegria.
Leitura bíblica: Do Evangelho de S. Lucas (2,22): «Ao chegarem os dias da purificação, Maria e José
levaram Jesus a Jerusalém para O apresentarem ao Senhor».
Meditação: A ida de Maria e José ao templo de Jerusalém, com o seu menino, manifesta a beleza da
comunhão no amor verdadeiro, manifestação da infinita grandeza do amor de Deus Pai e Criador.
Prece: Por intercessão de Maria e José, rezemos por todos os pais, para que consigam testemunhar a
seus filhos a alegre descoberta do amor de Deus Pai e a contemplação agradecida das obras das suas
mãos.
Leitura bíblica: Do Evangelho de S. Lucas (2,49-51): «”Porque Me procuráveis? Não sabíeis que devo
ocupar-Me nas coisas de Meu Pai?”.
Meditação: Maria e José procuraram ansiosamente Jesus até que O encontraram no templo. Deus,
paciente e misericordioso, que não Se cansa de procurar a todos, «mandou o Seu filho, nascido da
Virgem Maria para nos revelar, de modo definitivo, o Seu Amor».
Prece: Rezemos para que «todos possam experimentar o amor de Deus, que consola, perdoa e dá
esperança» (Mis.Vultus, n.º 3) e se tornem sinais vivos da misericórdia do Pai.
Oração a Maria, Mãe da Vida e Rainha da Criação (excerto para os mistérios gozosos)
“Maria, a mãe que cuidou de Jesus, agora cuida com carinho e preocupação materna deste mundo
ferido” (LS 241). Unidos a Maria, rezemos:
144
Mãe da Vida,
no Vosso seio materno formou-Se Jesus,
que é o Senhor de tudo quanto existe.
Ámen.
Cântico final
145
Cântico Inicial
Saudação Inicial
Introdução
Celebramos hoje a Solenidade da Ascensão do Senhor, que nos ensina a saborear as coisas da terra e
a aspirar às coisas do Céu.
Neste dia a Igreja celebra também o Dia Mundial das Comunicações Sociais. O Papa Francisco dedica
a Mensagem deste ano à importância da memória e da história, que precisa de ser contada (Mensagem
para o Dia Mundial das Comunicações Sociais 2020).
Estamos a concluir esta semana “Laudato Sí”, destinada a assinalar os cinco anos da publicação da
Encíclica Social do Papa Francisco sobre o Cuidado da Casa Comum. E hoje é precisamente o dia deste
5.º aniversário da publicação de um documento tão inspirador, tão atual e tão profético, para estes
difíceis tempos, em que a própria pandemia nos obriga a tomar consciência da necessidade urgente
de mudarmos os nossos estilos de vida, para reencontrarmos o equilíbrio com a Criação e cuidarmos
da nossa Casa Comum. Mas esse cuidado começa em nossa casa, na nossa família. “Na família,
cultivam-se os primeiros hábitos de amor e cuidado da vida, como, por exemplo, o uso correto das
coisas, a ordem e a limpeza, o respeito pelo ecossistema local e a proteção de todas as criaturas” (LS,
213).
Porque hoje é Domingo, dia do Senhor, dia da Ressurreição, dia da nova criação, somos projetados na
esperança do Domingo, que não tem ocaso, quando a humanidade entrar no repouso de Deus (cf.
Missal Romano, Prefácio Dominical X).
Servem-nos de inspiração na meditação dos mistérios do Rosário, as últimas palavras da Encíclica, que
deixa este desafio: “Caminhemos cantando; que as nossas lutas e a nossa preocupação por este
Planeta não nos tirem a alegria da esperança” (LS, 244).
Leitura bíblica – Do livro dos Atos dos Apóstolos (At 17,22.24.25.28): “Um dia, Paulo, de pé no meio do
Areópago, disse: «O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe é o Senhor do céu e da terra. É Ele
146
que a todos dá a vida, a respiração e tudo o mais. Na verdade, Ele não está longe de cada um de nós.
É n’Ele que vivemos, nos movemos e existimos”.
Prece: Que o ser humano, a quem Deus confiou as maravilhas do Universo, louve, dê graças e glorifique
sempre a Deus, pela grandeza das suas obras (cf. Missal Romano, Prefácio Comum VI).
2. No 2.º mistério, meditemos nos dons da Terra, chamados à transformação plena em Cristo
Leitura bíblica – Da Epístola aos Romanos: (Rm 8,19-21): “Na verdade, as criaturas esperam
ansiosamente a revelação dos filhos de Deus. Elas estão sujeitas à vã situação do mundo, com a
esperança de que as mesmas criaturas sejam também libertadas da corrupção que escraviza, para
receberem a gloriosa liberdade dos filhos de Deus”.
Meditação: Os sacramentos constituem um modo privilegiado em que a natureza é assumida por Deus
e transformada em mediação da vida sobrenatural. Através do culto, somos convidados a abraçar o
mundo num plano diferente. A água, o azeite, o fogo e as cores são assumidas com toda a sua força
simbólica e incorporam-se no louvor. A mão que abençoa é instrumento do amor de Deus e reflexo da
proximidade de Cristo, que veio para Se fazer nosso companheiro no caminho da vida. A água
derramada sobre o corpo da criança batizada, é sinal de vida nova. Todas as criaturas do universo
material encontram o seu verdadeiro sentido no Verbo encarnado, porque o Filho de Deus incorporou
na sua pessoa parte do universo material, onde introduziu um gérmen de transformação definitiva (LS
235).
Prece: Que os cristãos não fujam do mundo, nem neguem a natureza, para Se encontrar com Deus.
Saibamos nós valorizar os elementos naturais mais pobres e mais simples, tais como o pão, a água, o
vinho, o azeite, que são a matéria dos sacramentos, pelos quais Cristo faz Corpo connosco, Se dá por
nós e nos une a Ele (cf. LS 235).
3. No 3.º mistério, meditemos na Eucaristia, onde a criação encontra a sua maior elevação
Leitura bíblica – Do Evangelho segundo São Mateus (Mt 26,26-29): “Enquanto comiam, Jesus tomou
o pão, recitou a bênção e partiu-o, deu-o aos discípulos e disse: «Tomai: isto é o meu corpo». Depois
tomou um cálice, deu graças e entregou-lho. E todos beberam dele. Disse Jesus: «Este é o meu
sangue, o sangue da nova aliança, derramado pela multidão dos homens. Em verdade vos digo: Não
voltarei a beber do fruto da videira, até ao dia em que beberei do vinho novo no reino de Deus».
Meditação: A criação encontra a sua maior elevação na Eucaristia (…) Unido ao Filho encarnado,
presente na Eucaristia, todo o cosmos dá graças a Deus. Mesmo quando tem lugar no pequeno altar
duma igreja da aldeia, a Eucaristia é sempre celebrada, de certo modo, sobre o altar do mundo». A
Eucaristia une o céu e a terra, abraça e penetra toda a criação. O mundo, saído das mãos de Deus, volta
a Ele em feliz e plena adoração: no Pão Eucarístico (cf. LS 236).
Prece: Que a celebração da Eucaristia se torne fonte de luz e de motivação para as nossas
preocupações pelo meio ambiente, e nos leve a ser guardiões da criação inteira (cf. LS 236).
4. No 4.º mistério, meditemos no descanso dominical, como antecipação gozosa do repouso eterno.
Leitura bíblica – Do Livro do Apocalipse (Ap 13,13; 21,4): “Eu, João, ouvi uma voz vinda do Céu, que me
dizia: «Felizes os que morreram no Senhor. Sim – diz o Espírito de Deus – desde agora, descansem dos
seus trabalhos, porque as suas obras os acompanham (…) Ele enxugará todas as lágrimas dos seus
olhos; nunca mais haverá morte nem luto, nem gemidos nem dor, porque o mundo antigo
desapareceu». Disse então Aquele que estava sentado no trono: «Vou renovar todas as coisas».
Prece: Que a família reunida para escutar a palavra da salvação e participar no Pão da Vida, celebre,
em cada Eucaristia, o memorial do Senhor ressuscitado, a esperança do domingo que não tem ocaso,
quando toda a humanidade, entrar no repouso de Deus (cf. Missal Romano, Prefácio Dominical X).
PN | 10 AM | Glória | Maria, Rainha da Criação! R. Rogai por nós! | Cântico
148
5. No 5.º mistério, meditemos na bênção da mesa, como expressão de gratidão pelos dons da Criação
Leitura bíblica – Do livro dos Atos dos Apóstolos (At 2, 42.44-47): “Os irmãos eram assíduos ao ensino
dos Apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações. Todos os que haviam abraçado a
fé viviam unidos e tinham tudo em comum. Todos os dias frequentavam o templo, como se tivessem
uma só alma, e partiam o pão em suas casas; tomavam o alimento com alegria e simplicidade de
coração, louvando a Deus e gozando da simpatia de todo o povo”.
Meditação: Uma expressão desta “atitude do coração, que vive tudo com serena atenção (cf. LS 226)
é “parar para agradecer a Deus antes e depois das refeições. Proponho aos crentes que retomem este
hábito importante e o vivam profundamente. Este momento da bênção da mesa, embora muito breve,
recorda-nos que a nossa vida depende de Deus, fortalece o nosso sentido de gratidão pelos dons da
criação, dá graças por aqueles que com o seu trabalho fornecem estes bens, e reforça a solidariedade
com os mais necessitados” (LS 227).
Prece: Que os cristãos deem um valor sagrado às refeições, aprendendo a agradecer a Deus, a
reconhecer o trabalho dos outros e a partilhar o pão com os irmãos.
Mistérios gloriosos
Ensinai-nos a guardar,
a cuidar e a contemplar o mundo,
com o olhar maravilhado da sabedoria,
e o coração agradecido por tanto amor.
Ámen.
Cântico final
150
Dia 25
Cântico Inicial
Saudação Inicial
Introdução
Estamos a caminhar para o final do mês de maio, mês de Maria. Estamos a caminhar para a plenitude
da Páscoa, que é o Pentecostes. Em casa, em família, sentimo-nos como a primeira comunidade
apostólica e os primeiros discípulos, reunidos no Cenáculo. Em nossa Casa, nasce e cresce e alimenta-
se a Igreja Doméstica. Mesmo sem a participação sacramental na comunhão do Pão consagrado da
Eucaristia, vivemos, em casa, as atitudes que fazem a Eucaristia: reunimo-nos em família, na certeza
de que onde dois ou três se reunirem em nome de Jesus, Ele está presente. Escutamos a Palavra e
rezamos com ela; partilhamos a vida à volta da mesa e damos graças por tudo o que recebemos;
oferecemos a nossa vida, na atenção e na doação de uns aos outros. Com e como Maria, que estava
unida aos Apóstolos na Sala da Última Ceia, queremos edificar assim a Igreja Doméstica. Hoje
meditamos os mistérios gozosos, os mistérios da alegria na família.
1. No 1.º mistério, meditemos na anunciação, como expressão de acolhimento de uma nova vida
Leitura bíblica: Do Evangelho segundo São Lucas (Lc.1,26-38): “Disse o Anjo: «Não temas, Maria,
porque encontraste graça diante de Deus. Conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome
de Jesus». Maria disse então: «Faça-se em mim, segundo a Tua Palavra»”.
Meditação: Maria acolhe, com total surpresa, o dom de uma nova vida. Mesmo se essa vida nova
desconcerta todos os seus planos. A esta luz, podemos dizer que “a família é o âmbito não só da
geração, mas também do acolhimento da vida, que chega como um presente de Deus. Cada nova vida
«permite-nos descobrir a dimensão mais gratuita do amor, que nunca cessa de nos surpreender. É a
beleza de ser amado primeiro: os filhos são amados antes de chegar. Isto mostra-nos o primado do
amor de Deus, que sempre toma a iniciativa, porque os filhos «são amados antes de ter feito algo para
o merecer»” (AL 166).
Prece: Neste 1.º mistério, peçamos ao Senhor a graça de nos deixarmos maravilhar pelas surpresas de
Deus, sobretudo no dom de uma nova vida humana. Quando chegara hora de escutar a voz de Deus,
Maria de Nazaré, ajuda-me a dizer «sim»”.
151
2. No 2.º mistério, meditemos na Visitação, como abraço de ternura e de alegria, pelo dom da
maternidade
Leitura bíblica: Do Evangelho segundo São Lucas (Lc.1,39-47): Quando Isabel ouviu a saudação de
Maria, o menino exultou-lhe no seio. Isabel ficou cheia do Espírito Santo e exclamou: “Logo que
chegou aos meus ouvidos a voz da tua saudação, o menino exultou de alegria no meio seio”.
Meditação: O encontro entre Maria e Isabel é o encontro de duas mulheres agraciadas e agradecidas
pela sua gravidez. A esta luz, podemos considerar que “a gravidez é um período difícil, mas também
um tempo maravilhoso. A mãe colabora com Deus, para que se verifique o milagre duma nova vida”
(AL 168). Ressoam aqui as belas palavras de exortação do Papa Francisco: “A cada mulher grávida,
quero pedir-lhe afetuosamente: Cuida da tua alegria, que nada te tire a alegria interior da maternidade.
Aquela criança merece a tua alegria. Não permitas que os medos, as preocupações, os comentários
alheios ou os problemas apaguem esta felicidade de ser instrumento de Deus para trazer uma nova
vida ao mundo. Ocupa-te daquilo que é preciso fazer ou preparar, mas sem obsessões, e louva como
Maria: «A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador. Porque pôs
os olhos na humildade da sua serva» (Lc 1, 46-48). Vive, com sereno entusiasmo, no meio dos teus
incómodos e pede ao Senhor que guarde a tua alegria para poderes transmiti-la ao teu filho” (AL 171).
Prece: Neste 2.º mistério peçamos por todas as mulheres, surpreendidas, pela graça de um filho, para
que nunca lhes falte a ajuda necessária. “Quando chegar a hora de servir a quem precisa, Maria da
Visitação, dá-me espírito de serva”.
Pai-Nosso | 10 AM | Glória | Maria, Causa da nossa alegria! | R. Rogai por nós! | Cântico
3. No 3.º Mistério, meditemos no nascimento de Jesus e no direito natural de uma criança a ter uma
mãe e um pai
Leitura bíblica: Do evangelho segundo São Lucas (Lc 2,15-19) “Os pastores começaram a dizer uns aos
outros: «Vamos a Belém para vermos o que aconteceu e que o Senhor nos deu a conhecer” Para lá se
dirigiram apressadamente e encontraram Maria e José e o Menino deitado na manjedoura”.
Meditação: O nascimento de Jesus em Belém manifesta o mistério da encarnação, que tem o seu lugar
no seio de uma família. “O próprio Jesus nasce numa família modesta, que à pressa tem de fugir para
uma terra estrangeira” (AL 21), mas uma família onde não faltam o amor de um pai e de uma mãe, de
152
José e de Maria. A esta luz, recordamos que “toda a criança tem direito a receber o amor de uma mãe
e de um pai, ambos necessários para o seu amadurecimento íntegro e harmonioso. Respeitar a
dignidade de uma criança significa afirmar a sua necessidade e o seu direito natural a ter uma mãe e
um pai. Não se trata apenas do amor do pai e da mãe separadamente, mas também do amor entre
eles, captado como fonte da própria existência, como ninho acolhedor e como fundamento da família.
Ambos, mostram aos seus filhos o rosto materno e o rosto paterno do Senhor” (AL 172)
Prece: Neste 3.º mistério, peçamos pelas crianças, órfãs de pais vivos. “Quando chegar a hora de
sonhar um mundo novo, Maria de Belém, manda os anjos de Natal”.
Pai-Nosso | 10 AM | Glória | Maria, Maria, Virgem e Mãe da ternura! R. Rogai por nós! | Cântico
4. No 4.º Mistério, meditemos na apresentação do Senhor, como celebração da vida e da fé, dons
maravilhosos, que se recebem e transmitem
Leitura bíblica: Do Evangelho segundo São Lucas (Lc 2,15-19): “Quando os pais de Jesus, trouxeram o
Menino, para cumprirem as prescrições da Lei, no que lhes dizia respeito, Simeão recebeu-O em seus
braços e bendisse a Deus”.
Meditação: Ninguém a si mesmo deu a vida, como ninguém a si mesmo deu a fé. Este mistério da
Apresentação do Menino Jesus, no templo, quarenta dias depois do nascimento, celebra e exprime a
consciência de que um filho «não é uma dívida, mas uma dádiva” (AL 81), um dom a ser acolhido e
oferecido. Mas este gesto, da religiosidade e da tradição judaica, a que Maria e José, permanecem
vinculados, testemunha o papel dos pais na transmissão, na educação e no testemunho da fé. Também
a esta luz é bom recordar que “a família deve continuar a ser lugar onde se ensina a perceber as razões
e a beleza da fé, a rezar e a servir o próximo. Isto começa no batismo, onde as mães que levam os seus
filhos «cooperam no parto santo». Depois tem início o percurso de crescimento desta vida nova.
Sabemos, assim, que não somos proprietários do dom, mas seus solícitos administradores” (AL 287).
Prece: Neste 4.º mistério peçamos pelas famílias cristãs; para que, na Igreja, se «tenha o cuidado de
valorizar os casais, as mães e os pais, como sujeitos ativos da catequese” (AL 287). “Quando chegar a
hora de rezar ao Pai do Céu, Maria da Apresentação, associa-me à entrega do Teu Filho”.
5. No 5.º mistério, meditemos no encontro de Jesus, com os doutores da lei, como sinal do caminho
pessoal que os filhos são chamados a fazer.
Leitura bíblica: Do Evangelho segundo São Lucas (Lc 2,46-51) “Passados três dias, os pais de Jesus
encontraram-n’O no templo, sentado no meio dos doutores. Quando O viram, seus pais ficaram muito
admirados e sua mãe disse-lhe: «Filho, porque procedeste assim connosco: teu pai e eu andávamos
aflitos à tua procura». Jesus respondeu-lhes: «Porque me procuráveis; não sabíeis que Eu devia estar
na casa de meu Pai?».
Meditação: Na cena da perda e do encontro do Menino Jesus no Templo, torna-se claro, para os pais,
sobretudo no início da adolescência, que os filhos não são pertença nem réplica, nem prolongamento
dos pais: são filhos e filhas do chamamento da própria Vida. Vêm por meio dos pais, mas não deles. Os
pais podem dar-lhes o seu amor, mas não os seus pensamentos, porque eles têm pensamentos
próprios (cf. Kalil Gibrain). Também o Evangelho nos lembra que “os filhos não são propriedade da
família, mas espera-os o seu caminho pessoal de vida. Se é verdade que Jesus Se apresenta como
modelo de obediência a seus pais terrenos, submetendo-Se a eles (cf. Lc 2, 51), também é certo que
Ele faz ver que a escolha de vida do filho e a sua própria vocação cristã podem exigir uma separação
para realizar a entrega de si mesmo ao Reino de Deus (cf. Mt 10, 34-37; Lc 9, 59-62). Mais ainda! Ele
próprio, aos doze anos, responde a Maria e a José que tem uma missão mais alta a realizar para além
da sua família histórica (cf. Lc 2, 48-50). Escreveu Santa Madre Teresa de Calcutá: “Ensinarás a voar...
Mas não voarão o teu voo. Ensinarás a sonhar... Mas não sonharão o teu sonho. Ensinarás a viver... Mas
não viverão a tua vida. Ensinarás a cantar... Mas não cantarão a tua canção. Ensinarás a pensar... Mas não
pensarão como tu. Porém, saberás que cada vez que voem, sonhem, vivam, cantem e pensem... estará a
semente do caminho ensinado e aprendido!"
Prece: Neste 5.º e último mistério, peçamos ao Senhor, que as nossas famílias, igrejas domésticas,
integradas na Igreja, a grande família, se tornem lugares de escuta e de resposta pessoal ao
chamamento pessoal do Senhor. “E se algum dia me perder, longe da Casa do Pai, Maria de Jerusalém
não deixes de procurar-me”.
Cântico final
155
Dia 26
Cântico Inicial
Saudação Inicial
Introdução
Com e como Maria, que estava unida aos Apóstolos na Sala da Última Ceia, queremos edificar assim a
Igreja Doméstica. Hoje meditamos os mistérios dolorosos, os mistérios da dor na família.
Ao meditarmos os mistérios dolorosos, queremos unir à agonia de Jesus, as múltiplas angústias das
famílias do nosso tempo. Na flagelação e na coroação de espinhos, identificamos tantas formas de
violência, que ameaçam ainda hoje as famílias, no mundo inteiro. E, no caminhar fiel de Jesus para a
Cruz sentimos todo o peso daquele amor que vai até ao fim. A própria morte de Jesus faz-nos meditar
na dor da perda e do luto, mas também na vitória do amor mais forte do que a morte.
Por isso, nestes mistérios dolorosos, contemplamos, com os olhos de Maria, o rosto doloroso de Jesus,
no rosto desfigurado de tantas famílias. Quando lemos a Sagrada Escritura, vemos como “um rasto de
sofrimento e sangue atravessa muitas páginas da Bíblia” (A.L. 20). E quando lemos, ouvimos e lemos as
notícias de todos os dias, não podemos ignorar que esse “rasto de sofrimento e sangue atravessa” o
coração das nossas famílias de hoje.
Meditemos, pois, os mistérios dolorosos, enxertando na Cruz do Senhor, as dores e angústias das
famílias do nosso tempo.
Como Maria, somos exortados a viver, com coragem e serenidade, os desafios familiares tristes e
entusiasmantes, e a guardar e meditar no coração as maravilhas de Deus (cf. Lc 2, 19.51). No tesouro
do coração de Maria, estão também todos os acontecimentos de cada uma das nossas famílias, que
Ela guarda solicitamente. Por isso pode ajudar-nos a interpretá-los de modo a reconhecera mensagem
de Deus na história familiar (AL 30).
Leitura bíblica: Da Paixão, segundo São Mateus (26,36-39): “Então, Jesus chegou com eles a uma
propriedade, chamada Getsémani, e disse aos discípulos: «Ficai aqui, enquanto Eu vou além orar». E,
tomando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-Se e a angustiar-Se. Disse-
156
lhes então: «A minha alma está numa tristeza de morte. Ficai aqui e vigiai comigo». E, adiantando-Se
um pouco mais, caiu com o rosto por terra, enquanto orava e dizia: «Meu Pai, se é possível, passe de
Mim este cálice. Todavia, não se faça como Eu quero, mas como Tu queres»”.
Meditação: Jesus está em agonia até ao fim dos tempos! E esta agonia atravessa o coração das nossas
famílias, que habitualmente padecem de uma enorme ansiedade (A.L. 50). E podíamos recordar os
principais motivos de angústia: a doença e a falta de trabalho (AL 44), o desemprego e a precariedade
(AL 25), associados à insegurança económica e ao medo quanto ao futuro dos filhos; a falta de uma
habitação digna (AL 44), a migração forçada, em consequência de situações de guerra, perseguição,
pobreza, injustiça (AL 46). E podíamos acrescentar ainda o flagelo da toxicodependência e do
alcoolismo, os jogos de azar e outras dependências (AL 51). É igualmente importante acolher e
valorizar a angústia daqueles que sofreram injustamente a separação, o divórcio ou o abandono, ou
então foram obrigados, pelos maus-tratos do cônjuge, a romper a convivência (AL 242).
Prece: Virgem de Fátima, Nossa Senhora da Agonia, que acompanhou o Seu Filho, nesta Hora dolorosa,
nos ensine a olhar para as famílias, encorajando-as. Porque o amor é amável, saibamos ter palavras e
gestos de incentivo, que reconfortem, fortaleçam, consolem e estimulem as famílias angustiadas. Na
família, aprendamos a linguagem amável de Jesus (AL 200).
Leitura bíblica: Da Paixão, segundo São Mateus (27,24-26): “Pilatos, vendo que não conseguia nada e
aumentava o tumulto, mandou vir água e lavou as mãos na presença da multidão, dizendo: «Estou
inocente do sangue deste homem. Isso é lá convosco». E todo o povo respondeu: «O seu sangue caia
sobre nós e sobre os nossos filhos». Soltou-lhes então Barrabás. E, depois de ter mandado flagelar
Jesus, entregou-lh’O para ser crucificado”.
Meditação: A flagelação de Jesus é um ato de violência arbitrária. E faz-nos pensar que há tristes
situações de violência familiar que são terreno fértil, para novas formas de agressividade social,
porque as relações familiares explicam também a predisposição para uma personalidade violenta. As
famílias que influenciam nesta direção são aquelas em que há uma comunicação deficiente; aquelas
em que predominam as atitudes defensivas e os seus membros não se apoiam entre si; são aquelas
onde não há atividades familiares que favoreçam a participação; são aquelas onde as relações entre
os pais costumam ser conflituosas e violentas, e as relações pais-filhos caraterizam-se por atitudes
hostis. A violência no seio da família é escola de ressentimento e ódio nas relações humanas básicas”
157
(Bispos do México, citado por AL 51). Por isso, o Papa nos recordava, na sua Mensagem para o Dia
Mundial da Paz 2017, que “é fundamental começar por percorrer a senda da não-violência dentro da
família” (Papa Francisco, Mensagem para o Dia Mundial da Paz 2017, n.º 5).
Prece: Virgem de Fátima, Nossa Senhora das Dores, nos ensine, em família, a não perdermos “a
oportunidade de uma palavra gentil, de um sorriso, de qualquer pequeno gesto que semeie paz e
amizade” (Ibidem).
PN | 10 AM | Glória | Maria, Nossa Senhora das Dores! R. Rogai por nós! | Cântico
Leitura bíblica: Da Paixão, segundo São Mateus (27,27-29): “Então os soldados do governador levaram
Jesus para o pretório e reuniram à volta d’Ele toda a coorte. Tiraram-Lhe a roupa e envolveram-n’O
num manto vermelho. Teceram uma coroa de espinhos e puseram-Lha na cabeça e colocaram uma
cana na sua mão direita. Ajoelhando diante d’Ele, escarneciam-n’O, dizendo: «Salve, rei dos judeus!».
Depois, cuspiam-Lhe no rosto”.
Meditação: A violência afirma-se de modo cínico, na coroação de espinhos. Uma coroa da glória torna-
se instrumento de tortura. E nós recordamos que esta violência atinge tantas famílias, de que se
destaca a violência vergonhosa que, às vezes, se exerce sobre as mulheres, os maus-tratos familiares
e as várias formas de escravidão, que não constituem um sinal de força masculina, mas uma covarde
degradação (AL 54). Nas sociedades feridas pela violência da guerra, do terrorismo ou da presença do
crime organizado, acabam deterioradas as situações familiares, sobretudo nas grandes metrópoles. E,
nas suas periferias, cresce o chamado fenómeno dos meninos da rua. O abuso sexual das crianças
torna-se ainda mais escandaloso, quando se verifica em ambientes onde deveriam ser protegidas,
particularmente nas famílias e nas comunidades e instituições cristãs (AL 45).
Prece: Virgem de Fátima, Nossa Senhora do Imaculado Coração, nos ensine a não alimentar a ira, mas a
responder ao mal com palavras de bênção e gestos de paz. Por isso, nunca terminemos o dia sem fazer as
pazes na família. Para isso basta um pequeno gesto, uma carícia, sem palavras (AL 104).
Leitura bíblica: Da Paixão, segundo São Mateus (27,32-34): “Ao saírem, encontraram um homem de
Cirene, chamado Simão, e requisitaram-no para levar a cruz de Jesus. Chegados a um lugar chamado
Gólgota, que quer dizer lugar do Calvário, deram-Lhe a beber vinho misturado com fel. Mas Jesus,
depois de o provar, não quis beber”.
Meditação: Jesus carrega a cruz e, no limite das forças, é ajudado por Simão de Cirene! Merecem
grande admiração as famílias que aceitam, com amor, a prova difícil de um filho deficiente. Dão à Igreja
e à sociedade um valioso testemunho de fidelidade ao dom da vida (AL 47). Também os cuidados que
requerem os idosos sujeitam a dura prova os seus entes queridos (AL 48). Podemos ainda assinalar a
situação das famílias caídas na miséria, penalizadas de tantas maneiras, onde as limitações da vida se
fazem sentir de forma lancinantes (AL 49). E como não recordar as pessoas divorciadas e os casos em
que a separação foi inevitável. Por vezes, tornou-se até moralmente necessária, para defender o
cônjuge mais frágil, ou os filhos pequenos, das feridas mais graves causadas pela prepotência e a
violência, pela humilhação e a exploração, pela alienação e pela indiferença (AL 241). Ao mesmo
tempo, precisamos de encorajar as pessoas divorciadas que não voltaram a casar (que são muitas
vezes testemunhas da fidelidade matrimonial (AL 242).
Prece: Virgem de Fátima, Nossa Senhora da Via dolorosa, nos dê a graça daquele amor, que suporta,
com espírito positivo, todas as contrariedades e se mantem firme no meio de um ambiente hostil (AL
118). Ela nos ensine a cultivar na vida familiar esta força do amor, que apesar de tudo não desiste (AL
119).
PN | 10 AM | Glória | Maria, Nossa Senhora da Via dolorosa! R. Rogai por nós! | Cântico
Leitura bíblica: Da Paixão, segundo São Mateus (27,45-50): “E, pelas três horas da tarde, Jesus clamou
com voz forte: «Eli, Eli, lemá sabactáni?», que quer dizer: «Meu Deus, meu Deus, porque Me
abandonastes?». Alguns dos presentes, ouvindo isto, disseram: «Está a chamar por Elias». Um deles
correu a tomar uma esponja, embebeu-a em vinagre, pô-la na ponta duma cana e deu-Lhe a beber.
Mas os outros disseram: «Deixa lá. Vejamos se Elias vem salvá-l’O». E Jesus, clamando outra vez com
voz forte, expirou”.
Meditação: Jesus morre. Descido da Cruz é deposto no colo de Sua Mãe. Às vezes, a vida familiar vê-
se desafiada pela morte de um ente querido. Não podemos deixar de oferecer a luz da fé para
159
acompanhar as famílias que sofrem em tais momentos (AL 253). O próprio Jesus Se comoveu e chorou
no velório dum amigo (AL 254). Consola-nos saber que não se verifica a destruição total dos que
morrem, e a fé assegura-nos que o Ressuscitado nunca nos abandonará (AL 256). Com efeito, os
nossos entes queridos não desapareceram nas trevas do nada: a esperança assegura-nos que eles
estão nas mãos bondosas e vigorosas de Deus». O caminho é crescer no amor para com aqueles que
caminham connosco, até ao dia em que «não haverá mais morte, nem luto, nem pranto, nem dor» (AL
258).
Prece: Virgem de Fátima, Nossa Senhora do Calvário, que acolheu no regaço o Seu filho morto,
aguardando, em esperança, a luz nova da Sua Ressurreição, nos ajude a acreditar no amor mais forte do
que a morte, no amor que tudo crê, tudo espera e que, por isso mesmo, não desespera do futuro (AL 116-
117).
Cântico final
161
Dia 27
Os mistérios gloriosos na família
Cântico Inicial
Saudação Inicial
Introdução
Estamos a caminhar para o final do mês de maio, mês de Maria. Estamos a caminhar para a plenitude
da Páscoa, que é o Pentecostes. Em casa, em família, sentimo-nos como a primeira comunidade
apostólica e os primeiros discípulos, reunidos no Cenáculo. Em nossa Casa, nasce e cresce e alimenta-
se a Igreja Doméstica. Mesmo sem a participação sacramental na comunhão do Pão consagrado da
Eucaristia, vivemos, em casa, as atitudes que fazem a Eucaristia: reunimo-nos em família, na certeza
de que onde dois ou três se reunirem em nome de Jesus, Ele está presente. Escutamos a Palavra e
rezamos com ela; partilhamos a vida à volta da mesa e damos graças por tudo o que recebemos;
oferecemos a nossa vida, na atenção e na doação de uns aos outros. Com e como Maria, que estava
unida aos Apóstolos na Sala da Última Ceia, queremos edificar assim a Igreja Doméstica. Hoje
meditamos os mistérios gloriosos, tendo diante de nós a imensa necessidade que tem o nosso mundo
de um testemunho de alegria e de vida, por parte daqueles que encontram em Cristo ressuscitado a
fonte da vida e do amor, a razão para viver segundo a sua Palavra, como Maria.
Leitura bíblica: Do Evangelho segundo São Mateus (28,5-7): «Mas o anjo tomou a palavra e disse às
mulheres: «Não tenhais medo. Sei que buscais Jesus, o crucificado; não está aqui, pois ressuscitou,
como tinha dito. Vinde, vede o lugar onde jazia e ide depressa dizer aos seus discípulos: ‘Ele ressuscitou
dos mortos e vai à vossa frente para a Galileia’».
Meditação: A ressurreição é fonte da Fé da Esperança. Como diz o Papa Francisco: “Isto deve ser feito
no contexto da convicção mais preciosa dos cristãos: o amor do Pai que nos sustenta e faz crescer,
manifestado no dom total de Jesus Cristo, vivo no meio de nós, que nos torna capazes de enfrentar,
unidos, todas as tempestades e todas as etapas da vida” (AL 290).
Prece: Rezemos então para que, cada família, habitada pela presença ressuscitada e ressuscitadora de
Cristo, seja testemunha da vida em plenitude.
162
Leitura bíblica: Do Evangelho segundo São Mateus (28,18-20): “Aproximando-se deles, Jesus disse-
lhes: «Foi-me dado todo o poder no Céu e na Terra. Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos,
batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos
tenho mandado. E sabei que Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos».
Meditação: O Papa Francisco recorda bem a missão da família, ao escrever: “A educação dos filhos
deve estar marcada por um percurso de transmissão da fé, que se vê dificultado pelo estilo de vida
atual, pelos horários de trabalho, pela complexidade do mundo atual, onde muitos têm um ritmo
frenético para poder sobreviver” (AL 287). E diz também: “E, no coração de cada família, deve ressoar
também o anúncio fundamental, a tempo e fora de tempo, para iluminar o caminho. Todos deveríamos
poder dizer, a partir da vivência nas nossas famílias: «Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois
cremos n’Ele» (1Jo 4,16)»” (AL 290).
Prece: Rezemos para que ‘os pais vivam a experiência real de confiar em Deus, de O procurar, de
precisar d’Ele, porque só assim «cada geração contará à seguinte o louvor das obras de Deus e «o pai
dará a conhecer aos seus filhos a Sua fidelidade» (Is 38,19); só assim se fará a transmissão da fé’ (AL
287).
Leitura bíblica: Do livro dos Atos dos Apóstolos (2,3-4): “Viram então aparecer umas línguas, à maneira
de fogo, que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito
Santo”.
Leitura bíblica: Do livro do Apocalipse (21,1-2): “Vi, então, um novo céu e uma nova terra, pois o
primeiro céu e a primeira terra tinham desaparecido e o mar já não existia. E vi descer do céu, de junto
de Deus, a cidade santa, a nova Jerusalém, já preparada, qual noiva adornada para o seu esposo”.
Meditação: Logo nos primeiros números da Exortação ‘A Alegria do Amor’, o papa Francisco escreve:
“A Bíblia aparece cheia de famílias, gerações, histórias de amor e de crises familiares, desde as
primeiras páginas onde entra em cena a família de Adão e Eva, como seu peso de violência mas
também com a força da vida que continua (cf. Gn 4), até às últimas páginas onde aparecem as núpcias
da Esposa e do Cordeiro (cf. Ap 21,2.9).”
Maria elevada ao Céu antecipa o destino reservado a todos os filhos e filhas de Deus: sentar-nos, à
mesa, no banquete das núpcias do Cordeiro.
Prece: Rezemos para que a experiência matrimonial seja caminho de santidade, onde o amor cresça e
se construa, cada dia. Mas “nada disto é possível, se não se invoca o Espírito Santo, se não se clama
todos os dias pedindo a sua graça, se não se procura a sua força sobrenatural, se não Lhe fazemos
presente o desejo de que derrame o seu fogo sobre o nosso amor para o fortalecer, orientar e
transformar em cada nova situação” (AL 164).
5.º Mistério: Contemplemos a Coroação de Maria, Rainha dos Anjos e dos Santos
Leitura bíblica: Do livro do Apocalipse (12,1): “Depois, apareceu no céu um grande sinal: uma Mulher
vestida de Sol, com a Lua debaixo dos pés e com uma coroa de doze estrelas na cabeça”.
Meditação: Para Maria, tudo começou, balbuciado e a medo, em Nazaré. Mas Ela foi capaz de confiar
e dizer ‘Sim’ ao chamamento de Deus. Agora, contemplámo-la coroada como Rainha dos Anjos e dos
Santos. Foi todo um caminho, entre alegrias e dores, mas sempre habitada pelo Espírito Santo e pelo
desejo de fidelidade a Jesus Cristo. Aquele “Fazei tudo o que Ele vos disser”, de Caná, já tinha sido dito
por ela, e foi mantido até ao fim.
Prece: Rezemos para que todas as famílias se mantenham fiéis ao primeiro chamamento, até
receberem a coroa de glória prometida a todos os que se ajustaram à vontade de Deus. Como Maria,
como José.
164
Cântico final
165
Dia 28
Os mistérios luminosos na família
Cântico Inicial
Saudação Inicial
Introdução
Estamos a caminhar para o final do mês de maio, mês de Maria. Estamos a caminhar para a plenitude
da Páscoa, que é o Pentecostes. Em casa, em família, sentimo-nos como a primeira comunidade
apostólica e os primeiros discípulos, reunidos no Cenáculo. Em nossa Casa, nasce e cresce e alimenta-
se a Igreja Doméstica. Mesmo sem a participação sacramental na comunhão do Pão consagrado da
Eucaristia, vivemos, em casa, as atitudes que fazem a Eucaristia: reunimo-nos em família, na certeza
de que onde dois ou três se reunirem em nome de Jesus, Ele está presente. Escutamos a Palavra e
rezamos com ela; partilhamos a vida à volta da mesa e damos graças por tudo o que recebemos;
oferecemos a nossa vida, na atenção e na doação de uns aos outros. Com e como Maria, que estava
unida aos Apóstolos na Sala da Última Ceia, queremos edificar assim a Igreja Doméstica. Hoje
meditamos os mistérios
Meditemos hoje os mistérios da Luz e deixemos que o anúncio do Evangelho do Reino ilumine a vida
de cada uma das nossas famílias e nos faça ver e viver a vida como um dom.
1.º Mistério: Contemplemos o Batismo de Jesus e renovemos a alegria do sacramento que nos deu a
vida nova
Leitura bíblica: do Evangelho segundo São Mateus (3, 16-17): “Uma vez batizado, Jesus saiu da água e
eis que se rasgaram os céus, e viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e vir sobre Ele. E uma
voz vinda do Céu dizia: «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus todo o meu agrado»”.
Meditação: O sacramento do Batismo leva-nos a compreender como toda a vida é um dom de Deus.
Pedir o Batismo é agradecer esse dom e tornar-se responsável por ele. “Na alma de cada filho, por
mais vulnerável que seja, Deus põe o selo deste amor, que está na base da sua dignidade pessoal, uma
dignidade que nada nem ninguém poderá destruir. A vida humana torna-se santa.
Prece: Peçamos ao Senhor, que o Batismo frutifique, para todos, em família, num caminho de
santidade, naquela santidade de «ao pé da porta», que se vê na dedicação, no perdão, na doação, de
cada pessoa na própria família.
166
2.º Mistério: Contemplemos a revelação de Jesus nas Bodas de Caná e agradeçamos o dom do
sacramento do Matrimónio
Leitura bíblica: Do Evangelho segundo São João (2, 5-7): “Sua mãe disse aos serventes: «Fazei o que
Ele vos disser!». Ora, havia ali seis vasilhas de pedra preparadas para os ritos de purificação dos judeus,
com capacidade de duas ou três medidas cada uma. Disse-lhes Jesus: «Enchei as vasilhas de água»”.
Meditação: A água que enche as vasilhas, em Caná, é símbolo da nossa humanidade, com todas as suas
fragilidades e limitações. O vinho que dessas vasilhas é servido, depois da ação de Jesus, é símbolo da
graça de Deus que se ‘acrescenta’ à nossa humanidade para nos fazer saborear a presença do amor
de Deus em nós. “O sacramento é um dom para a santificação e a salvação dos esposos” (AL 72). “Não
é uma «coisa» nem uma «força», mas o próprio Cristo, na realidade, «vem ao encontro dos esposos
cristãos com o sacramento do Matrimónio. Fica com eles, dá-lhes a coragem de O seguirem, tomando
sobre si a sua cruz, de se levantarem depois das quedas, de se perdoarem mutuamente, de levarem o
fardo um do outro»” (AL 73).
Prece: Unidos a Maria rezemos para que cada família se deixe renovar pela graça vivificante do amor
de Deus.
Leitura bíblica: Do Evangelho segundo São Marcos (1, 14-15): “Depois de João ter sido preso, Jesus foi
para a Galileia, e proclamava o Evangelho de Deus, dizendo: «Completou-se o tempo e o Reino de Deus
está próximo: arrependei-vos e acreditai no Evangelho»”.
Meditação: Todos os batizados, cada um segundo a sua vocação, recebem a mesma missão de
anunciar e testemunhar o Reino de Deus. Escreve o Papa Francisco: “Com o testemunho e, também,
com a palavra, as famílias falam de Jesus aos outros, transmitem a fé, despertam o desejo de Deus e
mostram a beleza do Evangelho e do estilo de vida que nos propõe. Assim os esposos cristãos pintam
o cinzento do espaço público, colorindo-o de fraternidade, sensibilidade social, defesa das pessoas
frágeis, fé luminosa, esperança ativa. A sua fecundidade alarga-se, traduzindo-se em mil e uma
maneiras de tornar o amor de Deus presente na sociedade” (AL 184).
167
Prece: Rezemos para que ‘as famílias cristãs não esqueçam que «a fé não nos tira do mundo, mas
insere-nos mais profundamente nele, e que a cada um de nós cabe um papel especial na preparação
da vinda do Reino de Deus’ (cf. AL 181).
Leitura: Do Evangelho segundo São Mateus (17, 1-2): “Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro,
Tiago e seu irmão João, e levou-os, só a eles, a um alto monte. Transfigurou-se diante deles: o seu rosto
resplandeceu como o Sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz”.
Prece: Rezemos para que, cada família encontre o seu ‘momento transfigurador’ junto de Jesus, e
assim renove a coragem e a esperança para continuar o caminho.
5.º Mistério: Contemplemos a Última Ceia de Jesus e aprendamos a viver a Eucaristia como fonte da
nossa vida
Leitura bíblica: Do Evangelho segundo São Mateus (26, 26-27): “Enquanto comiam, Jesus tomou o pão
e, depois de pronunciar a bênção, partiu-o e deu-o aos seus discípulos, dizendo: «Tomai, comei: Isto é
o meu corpo.» Em seguida, tomou um cálice, deu graças e entregou-lho, dizendo: «Bebei dele todos»”.
Meditação: Como a ‘Igreja vive da Eucaristia’ (Ecc. Euch.1), também cada família é chamada a viver da
Eucaristia, isto é, a alimentar, na Eucaristia de cada domingo, o seu amor e a sua vida. É aí que
encontrará e renovará as forças para viver, cada dia, o seu amor e as exigências de amar até ao fim,
como Cristo e em Cristo. São muito ‘íntimos os laços que existem entre a vida conjugal e a Eucaristia’.
“O alimento da Eucaristia é força e estímulo para viver, em cada dia, a aliança matrimonial como «igreja
doméstica»” (AL 318).
168
Prece: Rezemos para que todas as famílias tenham a possibilidade de celebrar, cada domingo, a
Eucaristia; e para que essa sua participação as renove e fortaleça sempre no amor.
nos homens e mulheres que trabalham, a fim de trazer o pão para casa;
R. Ámen.
Cântico final
169
Dia 29
Cântico Inicial
Saudação Inicial
Introdução
Estamos a chegar ao final do mês de maio, mês de Maria. Estamos a caminhar para a plenitude da
Páscoa, que é o Pentecostes. Em casa, em família, sentimo-nos como a primeira comunidade
apostólica e os primeiros discípulos, reunidos no Cenáculo. Em nossa Casa, nasce e cresce e alimenta-
se a Igreja Doméstica. Com e como Maria, que estava unida aos Apóstolos na Sala da Última Ceia,
queremos edificar assim a Igreja Doméstica.
Hoje concluímos as nossas meditações, em torno da família, como Igreja Doméstica, seguindo os
ensinamentos do Papa Francisco. Hoje meditaremos sobre uma característica essencial da família, ou
seja, a sua vocação natural para educar os filhos, a fim de que cresçam na responsabilidade por si
mesmos e pelo próximo (cf. Papa Francisco, Audiência, 20 maio 2015).
Leitura bíblica: Da Carta de São Paulo aos Colossenses: «Filhos, obedecei em tudo aos vossos pais,
porque isto agrada ao Senhor. Pais, não irriteis os vossos filhos, para que eles não desanimem» (Cl 3,
20-21).
Meditação: Trata-se de uma regra sábia: o filho que é educado a ouvir e a obedecer aos pais, os quais
não devem mandar de uma maneira inoportuna, para não desencorajar os filhos. Com efeito, os filhos
devem crescer passo a passo, sem desanimar. Se vós, pais, dizeis aos vossos filhos: «Subamos por esta
escada» e pegais na sua mão, ajudando-os a subir passo a passo, as coisas correrão bem. Mas se vós
dizeis: «Sobe!» — «Mas não consigo» — «Vai!», isto chama-se exasperar os filhos, pedindo-lhes aquilo
que eles não são capazes de fazer. Por isso, a relação entre pais e filhos deve ser sábia, profundamente
equilibrada. Filhos, obedecei aos vossos pais, porque isto agrada a Deus. E vós, pais, não exaspereis os
vossos filhos, pedindo-lhes coisas que eles não conseguem fazer. É preciso agir assim, para que os
filhos cresçam na responsabilidade por si mesmos e pelo próximo.
Prece: Peçamos neste mistério, pelos pais, para que saibam manter uma relação equilibrada com os
seus filhos.
170
Leitura bíblica: Da Carta de São Paulo aos Colossenses (3,12-14): “Como eleitos de Deus, santos e
prediletos, revesti-vos de sentimentos de misericórdia, de bondade, humildade, mansidão e paciência.
Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos mutuamente, se algum tiver razão de queixa contra outro.
Tal como o Senhor vos perdoou, assim deveis fazer vós também”.
Meditação: Poderia parecer uma constatação óbvia e, no entanto, também na nossa época não faltam
problemas. É difícil educar para os pais que se encontram com os filhos só à noite, quando voltam para
casa do trabalho cansados. Aqueles que têm a sorte de dispor de um trabalho! É ainda mais difícil para
os pais separados, sob o peso desta sua condição: coitados, enfrentaram dificuldades, separaram-se e
muitas vezes o filho é tomado como refém; o pai fala-lhe mal da mãe, a mãe fala-lhe mal do pai, e assim
ferem-se tanto. Mas aos pais separados digo: nunca tomeis os filhos como reféns! Separastes-vos
devido a muitas dificuldades e motivos, a vida deu-vos esta provação, mas os filhos não devem
carregar o fardo desta separação, que eles não sejam usados como reféns contra o outro cônjuge, mas
cresçam ouvindo a mãe falar bem do pai, embora já não estejam juntos, e o pai falar bem da mãe. Para
os pais separados, isto é muito importante e deveras difícil, mas podem fazê-lo.
Leitura bíblica: Da Carta aos Hebreus (12, 5-7.11): Irmãos: Vós já esquecestes a exortação que vos é
dirigida, como a filhos que sois: «Meu filho, não desprezes a correção do Senhor, nem desfaleças quando
Ele te repreende; porque o Senhor corrige aqueles que ama e castiga aqueles que reconhece como filhos»
(Prov.3,11-12). É para vossa correção que sofreis; Deus trata-vos como filhos. Qual é o filho a quem o
pai não corrige? Toda a correção, no momento que se recebe, é considerada mais como motivo de
tristeza que de alegria. Mais tarde, porém, dá àqueles que foram exercitados um fruto de paz e de
justiça”!
Meditação: Intelectuais «críticos» de todos os tipos silenciaram os pais de mil maneiras, para defender
as jovens gerações contra os danos — verdadeiros ou presumíveis — da educação familiar. A família
foi acusada, entre outros, de autoritarismo, favoritismo, conformismo e repressão afetiva que gera
conflitos (…) Multiplicaram-se os chamados «peritos», que passaram a ocupar o papel dos pais até
nos aspetos mais íntimos da educação. Sobre a vida afetiva, a personalidade e o desenvolvimento,
171
sobre os direitos e os deveres, os «peritos» sabem tudo: finalidades, motivações, técnicas. E os pais só
devem ouvir, aprender a adaptar-se. Privados da sua função, tornam-se muitas vezes excessivamente
apreensivos e possessivos em relação aos seus filhos, a ponto de nunca os corrigir: «Tu não podes
corrigir o teu filho!». Tendem a confiá-los cada vez mais aos «peritos», até nos aspetos mais delicados
e pessoais da sua vida, pondo-se de parte sozinhos; e assim, hoje, os pais correm o risco de se
autoexcluir da vida dos próprios filhos. E isto é gravíssimo! Ao contrário, perguntemo-nos: procuramos
entender «onde» estão deveras os filhos no seu caminho? Sabemos onde realmente está a sua alma?
E sobretudo: queremos sabê-lo? Estamos convictos de que eles, na realidade, não estão à espera de
algo mais?
Prece: Peçamos ao Senhor que conceda aos pais esta graça: a de não se autoexilarem da educação
dos seus filhos. E isto só pode ser feito com amor, ternura e paciência.
Leitura bíblica: Da 1ª Carta de São Paulo aos Coríntios: “O amor não é arrogante, não busca os seus
próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor... Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo
suporta» (1 Cor 13, 5-7).
Meditação: As comunidades cristãs são chamadas a oferecer ajuda à missão educativa das famílias, e
fazem-no principalmente à luz da Palavra de Deus. O apóstolo Paulo recorda a reciprocidade dos
deveres entre pais e filhos: «Filhos, obedecei em tudo aos vossos pais, porque isto agrada ao Senhor.
Pais, não irriteis os vossos filhos, para que eles não desanimem» (Cl 3, 20-21). Na base de tudo está o
amor, a caridade que Deus nos concede, a qual «não é arrogante, não busca os seus próprios
interesses, não se irrita, não guarda rancor... Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta» (1
Cor 13, 5-7). Até nas melhores famílias é preciso suportar-se uns aos outros, e é necessária tanta
paciência para isto! Mas a vida é mesmo assim. A vida não se faz no laboratório, mas na realidade. O
próprio Jesus passou através da educação familiar.
Prece: Peçamos neste mistério, que as famílias cristãs se deixem iluminar pela palavra de Deus, nas
suas palavras, atitudes e decisões.
5. No quinto mistério meditemos na graça do amor de Cristo, que nos ajuda a superar as dificuldades
Leitura bíblica: Da Carta de São Paulo aos Colossenses (3,16-17): “Habite em vós com abundância a
palavra de Cristo, para vos instruirdes e aconselhardes uns aos outros com toda a sabedoria; e com
salmos, hinos e cânticos espirituais, cantai de todo o coração a Deus a vossa gratidão”.
Meditação: A graça do amor de Cristo cumpre aquilo que está inscrito na natureza humana. Quantos
exemplos maravilhosos temos de pais cristãos cheios de sabedoria humana! Eles demonstram que a
boa educação familiar é a coluna vertebral do humanismo. A sua propagação social constitui o recurso
que permite compensar as lacunas, as feridas, os vazios de paternidade e maternidade que atingem
os filhos menos felizardos. Esta irradiação pode fazer autênticos milagres. E na Igreja estes milagres
acontecem todos os dias!
Prece: Rezemos para que o Senhor conceda às famílias cristãs a fé, a liberdade e a coragem necessários
para a sua missão.
Cântico final
174
Dia 30
Vigília de Pentecostes
Cântico Inicial
Saudação Inicial
Introdução
Este não é um dia qualquer. Estamos em vigília de Pentecostes, a solenidade que nos reconduz à Sala
da Última Ceia e que nos reporta ao dom do Espírito Santo que abre as portas da Igreja e envia em
missão pelo mundo.
É uma feliz coincidência, o mês de Maria concluir, este ano, com a plenitude do tempo pascal, com a
Solenidade do Pentecostes. Em casa, em família, sentimo-nos como a primeira comunidade apostólica
e os primeiros discípulos, reunidos no Cenáculo. Em nossa Casa, nasce e cresce e alimenta-se a Igreja
Doméstica. Mesmo sem a participação sacramental na comunhão do Pão consagrado da Eucaristia,
vivemos, em casa, as atitudes que fazem a Eucaristia: reunimo-nos em família, na certeza de que onde
dois ou três se reunirem em nome de Jesus, Ele está presente. Escutamos a Palavra e rezamos com
ela; partilhamos a vida à volta da mesa e damos graças por tudo o que recebemos; oferecemos a nossa
vida, na atenção e na doação de uns aos outros.
Com e como Maria, que estava unida aos Apóstolos na Sala da Última Ceia, queremos edificar assim a
Igreja Doméstica. «Permanecer juntos» foi a condição exigida por Jesus, para receber o dom do Espírito
Santo! A oração e a comunhão são o ambiente vital, do Espírito Santo, para pairar e agir em nós. Vamos
meditar nos cinco mistérios, sobre a ação do Espírito Santo em nós, a partir dos textos da 1.ª leitura e
do Evangelho, do Domingo de Pentecostes.
1. No 1.º mistério meditemos na ação do Espírito Santo, o sopro de Jesus, que nos dá a vida
Leitura bíblica: Do Evangelho de São João (Jo 20, 19-22): “Na tarde daquele dia, o primeiro da semana,
estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio
Jesus, colocou-Se no meio deles e disse-lhes: "A paz esteja convosco". Dito isto, mostrou-lhes as mãos
e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: "A paz
esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós". Dito isto, soprou sobre
eles e disse-lhes: "Recebei o Espírito Santo”.
175
Meditação: O Senhor sopra sobre os discípulos, e assim dá-lhes o Espírito Santo. O sopro de Jesus é o
Espírito Santo. Reconhecemos aqui, antes de mais, uma alusão à narração da criação do homem no
Génesis, onde está escrito: "O Senhor Deus formou o homem do pó da terra e insuflou-lhe pelas
narinas o sopro da vida" (Gn 2, 7). O homem é esta criatura misteriosa, que provém totalmente da
terra, mas no qual foi posto o sopro de Deus. Jesus sopra sobre os apóstolos e dá-lhe de maneira
renovada, maior, o sopro de Deus. Nos homens, não obstante todas as suas limitações, existe agora
algo absolutamente novo o sopro de Deus. A vida de Deus habita em nós, o sopro do seu amor, da sua
verdade e da sua bondade.
Prece: Espírito Santo, dá-nos a graça de viver sempre no espaço do sopro de Jesus Cristo, a fim de
recebermos vida d'Ele, de modo que Ele inspire em nós a vida autêntica, a vida da qual morte alguma
nos pode privar!
2. No 1.º mistério meditemos na ação do Espírito Santo, o vento impetuoso que dá alma e respiração
à nossa vida
Leitura bíblica: Do livro dos Atos dos Apóstolos (At 2,1-2) “Quando chegou, o dia de Pentecostes, os
Apóstolos estavam todos reunidos no mesmo lugar. Subitamente, fez-se ouvir, vindo do Céu, um
rumor semelhante a forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde se encontravam”!
Meditação: Um "vento impetuoso", faz pensar no ar, que distingue o nosso planeta dos outros astros
e nos permite viver nele. O que o ar é para a vida biológica, o Espírito Santo é para a vida espiritual.
Vede: se existe uma poluição atmosférica que envenena o ambiente e os seres vivos, há também uma
poluição do coração e do espírito, que mortifica e envenena a existência espiritual. Assim como não
podemos habituar-nos aos venenos do ar, da mesma forma deveríamos agir com relação àquilo que
corrompe o espírito. No entanto, parece que a muitos produtos que poluem a mente e o coração, e
que circulam nas nossas sociedades – por exemplo as imagens que fazem espetáculo do prazer, da
violência e do desprezo pelo homem e pela mulher, - a isto parece que nos habituamos sem
dificuldades. Também isto é liberdade, diz-se, sem se reconhecer que tudo aquilo que polui, tudo
aquilo que intoxica a alma as novas gerações acaba por condicionar a sua própria liberdade.
Prece: Vinde, Espírito Santo, sopro divino! Que o nosso coração possa respirar o ar espiritual, o
ar salutar do Espírito que é a caridade!
176
3. No terceiro mistério meditemos no fogo do Espírito Santo, que nos forma e transforma por dentro
Leitura bíblica: Do livro dos Atos dos Apóstolos (2,3-4): Viram então aparecer uma espécie de línguas
de fogo, que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito
Santo e começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que se exprimissem.
Meditação: A outra imagem do Espírito Santo que encontramos nos Atos dos Apóstolos é o fogo. Nas
mãos dos homens o "fogo" e as suas enormes potencialidades tornam-se perigosos: podem voltar-se
contra a vida e contra a própria humanidade, como demonstra a história! Mas a Sagrada Escritura
revela-nos que o fogo, a energia capaz de mover o mundo, não é uma força anónima e cega, mas é a
ação do "espírito de Deus que se movia sobre a superfície das águas" (Gn 1, 2) no início da criação. E Jesus
Cristo "trouxe à terra" não a força vital, que já habitava nela, mas o Espírito Santo, ou seja, o amor de
Deus que "renova a face da terra", purificando-a do mal e libertando-a do domínio da morte (cf. Sl 103
[104], 29-30).
Prece: Invoquemos do Senhor este "fogo" puro, essencial e pessoal, o fogo do amor, que desceu sobre
os Apóstolos, reunidos em oração com Maria no Cenáculo, para fazer da Igreja o prolongamento da
obra renovadora de Cristo!
Leitura bíblica: Do livro dos Atos dos Apóstolos (At 2,5-11): Residiam em Jerusalém judeus piedosos,
procedentes de todas as nações que há debaixo do céu. Ao ouvir aquele ruído, a multidão reuniu-se e
ficou muito admirada, pois cada qual "os ouvia falar na sua própria língua. Atónitos e maravilhados,
diziam: "Não são todos galileus os que estão a falar? Então, como é que os ouve cada um de nós falar
na sua própria língua? Partos, médos, elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia,
do Ponto e da Ásia, da Frígia e da Panfília, do Egipto e das regiões da Líbia, vizinha de Cirene, colonos
de Roma, tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes, ouvimo-los proclamar nas nossas línguas
as maravilhas de Deus".
Meditação: No Pentecostes o Espírito, com o dom das línguas, mostra que a sua presença une e
transforma a confusão em comunhão. O orgulho e o egoísmo do homem geram sempre divisões,
erguem muros de indiferença, de ódio e de violência.
177
Prece: Espírito Santo, Tu que és o Amor, torna os nossos corações capazes de compreender as línguas
de todos! Restabelece a ponte da comunicação autêntica entre a Terra e o Céu.
Leitura bíblica: Do evangelho de São João (Jo 20,21): “Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco.
Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós»".
Meditação: Quem encontrou algo de verdadeiro, de belo e de bom na sua própria vida, o único tesouro
autêntico, a pérola inestimável, corre para o compartilhar em toda a parte, na família e no trabalho,
em todos os âmbitos da sua existência. E fá-lo sem qualquer temor, porque sabe que recebeu a de
filho; fá-lo sem qualquer presunção, porque tudo é dádiva; e fá-lo sem desânimo, porque o Espírito de
Deus precede a sua ação no "coração" dos homens e, como semente, nas mais diversificadas culturas
e religiões. Fá-lo, sem fronteiras, porque é portador de uma boa notícia, destinada a todos os homens
e a todos os povos.
Prece: Oremos ao Deus Pai, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo, na graça do Espírito Santo, a fim
de que a celebração da Solenidade do Pentecostes seja como um fogo ardente e um vento impetuoso
para a vida cristã e para a missão de toda a Igreja!
São Paulo VI
E/ ou
Sequência do Pentecostes
Benfeitor supremo
em todo o momento,
habitando em nós
sois o nosso alento.
Descanso na luta
e na paz encanto,
no calor sois brisa,
conforto no pranto.
Luz de santidade,
que no Céu ardeis,
abrasai as almas
dos vossos fiéis.
Abrandai durezas
para os caminhantes,
animai os tristes,
guiai os errantes.
Virtude na vida,
amparo na morte,
no Céu alegria.
Cântico final
180
Dia 31
Conclusão do Tempo Pascal | Conclusão do mês de maio | Maria, Mãe da Igreja
Introdução
Estamos a celebrar este último dia do mês de maio. E também o último dia do tempo pascal, com a
Solenidade do Pentecostes.
Vivemos estes 31 dias, em casa, em família, sentindo-nos como a primeira comunidade apostólica e os
primeiros discípulos, reunidos no Cenáculo.
Em nossa Casa, nasce e cresce e alimenta-se a Igreja Doméstica. Mesmo sem a participação
sacramental na comunhão do Pão consagrado da Eucaristia, vivemos, em casa, as atitudes que fazem
a Eucaristia: reunimo-nos em família, na certeza de que onde dois ou três se reunirem em nome de
Jesus, Ele está presente. Escutamos a Palavra e rezamos com ela; partilhamos a vida à volta da mesa
e damos graças por tudo o que recebemos; oferecemos a nossa vida, na atenção e na doação de uns
aos outros. Com e como Maria, que estava unida aos Apóstolos na Sala da Última Ceia, queremos
edificar assim a Igreja Doméstica.
Hoje contemplamos a figura de Maria, Mãe da Igreja e como ela, em todo o tempo pascal, nos ensina
a crescer como cristãos, como pequena Igreja na família, como grande família na Igreja.
Guia: Oremos: Deus, Pai de Misericórdia, cujo Filho Unigénito, pregado na Cruz, nos deu a sua própria
Mãe, a Virgem Santíssima, como nossa Mãe, fazei que a Igreja, assistida pelo seu amor materno, exulte
com o número e a santidade dos seus filhos e reúna numa só família todos os povos da terra. Por Nosso
Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
R. Ámen.
Leitura bíblica: Do livro dos Atos dos Apóstolos (1, 12-14) “Depois da Ascensão do Senhor, os Onze
apóstolos desceram então do monte chamado das Oliveiras, situado perto de Jerusalém, à distância
de uma caminhada de sábado e foram para Jerusalém. Quando chegaram à Cidade, subiram para a
sala de cima, no lugar onde se encontravam habitualmente. Estavam lá Pedro, João, Tiago, André,
Filipe, Tomé, Bartolomeu, Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelota, e Judas, filho de Tiago. E
todos unidos pelos mesmos sentimentos, entregavam-se assiduamente à Oração, com algumas
mulheres entre as quais Maria, Mãe de Jesus e com os irmãos de Jesus”.
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Guia: Vamos, ao longo destes cinco mistérios, aprofundar a experiência de Maria, tal qual nos relata o
texto que ouvimos. Dele se depreende que Maria aguardava o Espírito Santo. E, unida à comunidade
dos irmãos de Jesus, ela escutava a Palavra, permanecendo fiel à memória do Cenáculo e orando em
comunidade. Meditemos, desde já, no primeiro aspeto.
Meditação: No dizer do Concílio Vaticano II, «Maria implorava com suas preces o dom do Espírito que,
na anunciação, já a tinha coberto com a Sua sombra» (LG 59). S. Lucas, autor do terceiro evangelho e
dos Atos dos Apóstolos, parece relacionar a vinda do Espírito Santo sobre Maria com a do Pentecostes.
No primeiro caso, a sombra cobre Maria e, misteriosamente, é gerado Cristo, cabeça do Corpo Místico.
No Pentecostes, com a descida do Espírito, fica constituída a totalidade da Igreja, Corpo Místico de
Cristo. O Espírito que fecundou o seio da Virgem Maria, do qual nasceu Cristo, fecunda a Igreja, seu
Corpo.
Prece: Neste mistério, peçamos por todos os que são crismados ou se preparam para receberam o
dom do Espírito Santo, no Sacramento da Confirmação, para que o guardem bem no coração, para
poderem dar testemunho de fé, com alegria e generosidade. E que os cristãos aprendam a deixar-se
inspirar e guiar pelo Espírito Santo, o Qual nos faz sair de nós mesmos ao encontro dos outros, como
Maria. Movida pelo Espírito, acolheu o Verbo da Vida e levou a alegria a João Batista, fazendo-O exultar
no seio de sua Mãe.
PN | 10 AM | Glória | Nossa Senhora, sacrário do Espírito Santo! R. Rogai por nós! | Cântico
Meditação: A referência à «sala de cima» do Cenáculo, que ouvimos no relato dos Atos, não pode
deixar de evocar a Última Ceia de Cristo. Ali no Cenáculo começou, para o mundo, uma presença nova
de Cristo, uma presença que se produz ininterruptamente, onde quer que seja celebrada a Eucaristia.
Maria, diz o texto, permanece fiel ao encontro do Cenáculo; permanece fiel à memória da dádiva e do
sacrifício de seu Filho, na Eucaristia. Por isso, de certo modo, Maria nos conduz ao mistério da
Eucaristia.
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Prece: Neste mistério, peçamos por todos os que, ao longo deste mês, se reuniram para rezar o terço
à volta de Maria. Para que se deixem conduzir por ela às fontes da Eucaristia. As palavras de Maria em
Caná “Fazei o que Ele vos disser” estão em sintonia com as palavras de Jesus na última Ceia: “Fazei
isto em memória de Mim”. Nunca queiramos uma fé sem Maria, nem uma fé sem Eucaristia. Saibamos
sair de casa, para o encontro com Jesus na Eucaristia, para daí sairmos cheios da presença de Jesus,
ao encontro dos outros, como Maria.
Meditação: Maria ora no seio da nova família. Ela é a primeira crente. Maria reza também avalizando a
oração da Igreja. Ao participar agora na prece eclesial dirigida por Pedro, a sua fé e esperança
comunicam uma força especial à oração do grupo. A Igreja sentiu-se sempre acompanhada por esta
oração de Maria. Assim o proclama o concílio Vaticano II: «Depois de elevada ao céu, não abandonou
esta missão salutar, mas, pela sua múltipla intercessão, continua a obter-nos os dons da salvação
eterna. Com seu amor de mãe, cuida dos irmãos de seu Filho que ainda peregrinam e se debatem entre
perigos e angústias até que sejam conduzidos à pátria feliz» (L.G. 62).
Prece: Neste mistério, peçamos por todos os que mais precisam de consolação e esperança, para que
encontrem em Maria o seu manto de luz. E para que nas nossas comunidades e nas nossas famílias,
nunca se deixe de rezar e de confiar no poder da oração, sobretudo da oração de louvor, pela qual a
nossa alma glorifica o Senhor e exulta em Deus, nosso Salvador.
Meditação: A palavra «irmãos» na Bíblia designa tanto os filhos da mesma mãe, como os parentes
próximos. “Aqueles a quem os Evangelhos chamam «irmãos de Jesus», são por sua vez chamados a
ultrapassar o significado imediato e familiar a respeito dele, para se converterem à revelação da sua
identidade profunda. Quando anunciam a Jesus que sua mãe e os seus irmãos estão lá fora e o
procuram, Jesus responde que sua Mãe e seus irmãos são de facto os que escutam a Palavra de Deus
e a põem em prática (Lc.8,21). Há aqui um momento de rutura entre Jesus e o seu agregado familiar.
Mas após a Ascensão, Maria e os irmãos de Jesus estarão reunidos com os apóstolos, numa adesão
comum ao Cristo Ressuscitado. Eles tornam-se irmãos e irmãs pela fé e encontram-se entre os
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primeiros da multidão de irmãos que Jesus adquiriu através do mistério pascal” (Documento
Ecuménico Group des Dombes, I, 186-187).
Prece: Neste mistério, peçamos por todos os nossos catequizandos e pelos catequistas. Para que
escutem a Palavra, que lhes foi anunciada e de que se tornaram anunciadores, para corresponder,
com amor, aos apelos do Senhor. Rezemos, sem nunca nos cansarmos, pelas vocações consagradas.
PN | 10 AM | Glória | Nossa Senhora, primeira discípula do Senhor! R. Rogai por nós! | Cântico
Meditação: No momento culminante da fundação da Igreja, Maria está presente junto aos Doze.
“Agora, - dizia o Papa São João Paulo II, na sua Encíclica sobre a Mãe do Redentor - nos alvores da
Igreja, no princípio da sua longa caminhada mediante a fé, que se iniciava em Jerusalém com o
Pentecostes, Maria estava com todos aqueles que então constituíam o gérmen do «novo Israel». Na
base daquilo que a Igreja é desde o início, daquilo que ela deve tornar-se continuamente, de geração
em geração, no seio de todas as nações da terra, encontra-se «aquela que acreditou no cumprimento
das coisas que lhe foram ditas da parte do Senhor». Esta fé de Maria, precisamente, que assinala o
início da nova e eterna Aliança de Deus com a humanidade em Jesus Cristo, esta sua fé heroica
«precede» o testemunho apostólico da Igreja e permanece no coração da mesma Igreja, escondida
como uma herança especial da revelação de Deus. Todos aqueles que, de geração em geração,
aceitando o testemunho apostólico da Igreja, começam a participar nessa herança misteriosa,
participam, em certo sentido, na fé de Maria (R.M. 27).
Prece: Neste mistério, rezemos por todas as mulheres, sobretudo por aquelas que servem a Igreja,
através dos seus serviços mais humildes, de limpeza, de decoração floral, de animação coral, da
catequese, do apoio aos pobres. Rezemos sobretudo pelas mães, a quem Deus confia um tesouro tão
imenso, para que sejam dignas da sua missão. Rezemos pelas mulheres exploradas, violentadas.
Rezemos pelas nossas mães, pelas nossas amigas, sobretudo por aquelas que mais precisam da nossa
oração.
Aleluia!
Papa Francisco, Evangelii Gaudium, 288 (excertos)
Conclusão
Guia: Ao longo deste mês, Maria, em todas as horas e todos os dias, acompanhou a nossa oração, junto
da nossa família, da nossa comunidade, da nossa Igreja, como outrora esteve presente, junto da
primeira comunidade apostólica e dos primeiros discípulos. Ela não quer sair de nossa casa.
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Hoje, Jesus diz a cada um, como ao discípulo amado: “Eis aí a tua mãe” (Jo 19,26)! E, nós, como João,
queremos receber Maria em nossa Casa, para que a nossa família se torne verdadeira Igreja Doméstica,
fiel ao Espírito Santo, fiel à oração, fiel à escuta da Palavra, fiel à Eucaristia, fiel à Igreja.
Quem recebe Maria e A acolhe em casa, recebe Jesus. E que significa para mim, para nós,
concretamente, trazer Maria para nossa casa? Significa tê-la presente todos os dias, na oração e na
vida. Significa rezar todos os dias a Ave-Maria. Significa regressar ao salutar costume do terço
diariamente rezado em família. Significa criar, em qualquer canto da casa, um pequenino oratório,
onde alguma imagem de Maria, que nos recorde que Ela é o modelo perfeito de todo o discípulo de
Jesus, que faz da Sua Casa e da Sua família, uma pequenina Igreja, onde o Senhor entra para ficar e
tomar à mesa e na vida o primeiro lugar.
Cântico final
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ORAÇÕES EM TEMPO DE PANDEMIA
CORONAVÍRUS | COVID-19
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I. Maria,
Vós sempre resplandeceis sobre o nosso caminho
como um sinal de salvação e de esperança.
Confiamo-nos a Vós, Saúde dos Enfermos,
que permanecestes, junto da cruz,
associada ao sofrimento de Jesus,
mantendo firme a vossa fé.
Papa Francisco
1.ª Oração a Maria proposta pelo Papa na Carta do Papa Francisco a todos os fiéis para o mês de maio
de 2020
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Mãe amadíssima,
fazei crescer no mundo o sentido de pertença a uma única grande família,
na certeza do vínculo que une a todos,
para acudirmos, com espírito fraterno e solidário,
a tanta pobreza e inúmeras situações de miséria.
Encorajai a firmeza na fé, a perseverança no serviço, a constância na oração.
Confiamo-nos a Vós, que resplandeceis sobre o nosso caminho como sinal de salvação e de
esperança, ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria.
Ámen.
Papa Francisco
2.ª Oração a Maria proposta pelo Papa na Carta do Papa Francisco a todos os fiéis para o mês de maio
de 2020
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II. Maria:
Papa Francisco
Oração proposta nos inícios da pandemia
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A Ti imploramos a vitória
sobre o flagelo deste vírus que está a alastrar,
a cura dos doentes,
a proteção dos que estão sãos,
o auxílio para quem presta cuidados de saúde.
Ámen!
+ Bruno Forte
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Santa Maria,
Mãe da saúde e da esperança, roga por nós!
Peço-te, Senhor,
não nos deixes sós a fazer frente a todos estes riscos
que põem em perigo as nossas vidas.
VIII.
Oração do doente
Mãe nossa,
escuta a súplica que te apresentamos nestes tempos difíceis.
Agradecemos-te, Senhor,
por quantos estão ao serviço da saúde da humanidade:
os médicos, os enfermeiros, os agentes de saúde, os investigadores,
e todos aqueles que tratam as pessoas doentes.
Nestes tempos difíceis, redescobrimos quanto é necessário o seu trabalho
e como é importante tê-los próximos.
Agradecemos-te por quantos vivem este serviço
com paixão e generosidade, com competência e humanidade,
no sacrifício diário de si próprios.
Dá-lhes coragem, nos momentos de fadiga;
confiança, quando tudo parece ir mal;
paciência, nas horas de desencorajamento;
conforto, nas suas solidões.
Sê Tu o médico dos seus corpos e das suas almas,
na fadiga física e psicológica destes dias,
para que saibam que não estão abandonados,
e experimentem o apoio e a confiança de todos.
Sê Tu, também hoje, o samaritano da humanidade,
para que com as suas mentes, as suas mãos e o seu coração,
Tu possas ser alívio para o doente
e companheiro de viagem dos seus familiares,
para continuar a dar cura e salvação.
Preserva-os de todo o perigo,
e guarda as suas famílias e os seus entes queridos.
Maria, saúde dos enfermos e Mãe dos agentes de saúde, ora por nós. Ámen.