Respostas Do Reclamado

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 10

DEFESA DO RÉU

Em decorrência do princípio da ampla defesa e contraditório o réu precisa se defender.

A defesa pode ser em forma de contestação, exceção e reconvenção, que é feita na


contestação.

A defesa, conforme o artigo 847 da CLT pode ser verbal, mas a prática tem usado a
contestação por escrito, sendo entregue até o momento da audiência. (artigo 847,
parágrafo único, CLT).

As partes poderão atribuir segredo de justiça à petição inicial e sigilo a contestação,


reconvenção, exceção, petições incidentais e documentos, desde que jusficadamente
fundamentem numa das hipóteses dos artigos 189 ou 773 do CPC. Se o magistrado
perceber que o sigilo foi feito de forma incorreta ele poderá excluir a peça sob sigilo no
PJE.

Acrescente-se que, o reclamado poderá manter a contestação e os documentos que


acompanham ocultos até a primeira proposta conciliatória infrutífera. (artigo 22,§4º da
Resolução 185/2017).

Assim, o advogado do reclamado terá três opções:

1). Apresentar contestação antes da audiência, sem sigilo mediante a sua juntada aos
autos do PJE, e paralisando, a partir daí a possibilidade de aditamento da petição inicial,
e condicionando a desistência, total ou parcial, da ação à sua concordância.- artigo
841,§3º, CLT.

2). Apresentar contestação em sigilo antes da audiência, mediante a sua juntada aos
autos do PJE, ato que não estabilizará o processo, pois o sigilo da peça revela a intenção
de o réu só exalar o seu conteúdo na própria audiência, tornando possível o
aditamento da inicial e/ou a desistência unilateral da ação logo depois de findada a
tentativa de acordo, salvo se o advogado do reclamado solicitar ao juiz, antes da
audiência, a retirada do sigilo (caput do art. 847 da CLT c/c §5º do art. 22 da Resolução
241/2019 do CNJ):

Art. 22. A contestação ou a reconvenção e seus respectivos documentos deverão ser


protocolados no PJe até a realização da proposta de conciliação infrutífera, com a utilização de
equipamento próprio, sendo automaticamente juntados, facultada a apresentação de defesa
oral, na forma do art. 847, da CLT.

§ 1º No expediente de notificação inicial ou de citação constará recomendação para que a


contestação ou a reconvenção e os documentos que as acompanham sejam protocolados no
PJe com pelo menos 48h de antecedência da audiência.

§ 2º O autor poderá atribuir segredo de justiça ao processo no momento da propositura da


ação, cabendo ao magistrado, após a distribuição, decidir sobre a manutenção ou exclusão
dessa situação, nos termos do art. 189 do CPC e art. 770, caput, da CLT.

1
§ 3º Com exceção da petição inicial, as partes poderão atribuir sigilo às petições e documentos,
nos termos do parágrafo único do art. 773 do CPC.

§ 4º Com exceção da defesa, da reconvenção e dos documentos que os acompanham, o


magistrado poderá determinar a exclusão de petições e documentos indevidamente
protocolados sob sigilo, observado o art. 15 desta Resolução.

§ 5º O réu poderá atribuir sigilo à contestação e à reconvenção, bem como aos documentos
que as acompanham, devendo o magistrado retirar o sigilo caso frustada a tentativa
conciliatória.

§ 6º A partir de 1º de janeiro de 2020, quaisquer cálculos deverão obrigatoriamente ser


juntados por meio do PJe-Calc, vedado o uso de PDF ou HTML para essa finalidade.

03) Apresentar contestação na audiência, oralmente, por escrito ou por meio digital,
tornando possível ao reclamante aditar a inicial e/ou desistir unilateralmente da ação
logo depois da tentativa de conciliação (caput do art. 847 da CLT). (se o juiz indeferir a
contestação oral, estará cerceando o direito de defesa).

Prazo para fazer a defesa é de cinco dias, vez que o reclamado deve ser intimado e
notificado com essa antecedência, conforme artigo 841 da CLT. E oralmente serão 20
minutos.

As pessoas jurídicas de direito público que não explorem atividade econômica e o MP


tem o prazo em dobro para contestar, conforme CPC e outra corrente afirma que tem
prazo em quádruplo, já que vigora o que dispõe o Decreto 779/69.

Exceções:

1) Exceção territorial: (se quiser fazer oralmente também pode)

O CPC/2015 excluiu essa forma de defesa (exceção de incompetência, suspeição e


impedimento, restando tão somente a contestação e a reconvenção). Isso porque a de
incompetência territorial é feita por preliminar no processo civil e a de suspeição e de
impedimento na forma de petição pelo artigo 146 do CPC.

A CLT não é omissa: artigos 799 a 802 da CLT. Protocolada a petição, o processo será
suspenso.

Prazo: cinco dias a contar da data da citação para apresentar a exceção. (reclamado =
excipiente). Regra geral: local de prestação de serviços. Exceção: artigo 651,§1º ao 3º
da CLT.

A impugnação também será no prazo de cinco dias, pelo reclamante, agora


excepto. Se tiver litisconsorte o prazo de cinco dias é comum.

Pode ser carta precatória inquiritória para a oitiva do preposto do excipiente e das
testemunhas se houver.

2
A jurisprudência do TST admite a interposição do recurso ordinário contra a
decisão que acolher a exceção de incompetência, apenas na hipótese de a remessa
dos autos ser feita para a vara vinculada a outro tribunal, de outra região.
(Súmula 214 do TST).

Decidida a exceção o processo terá seu trâmite restabelecido, devendo a defesa ser
apresentada e a instrução realizada.

2) Exceção de impedimento e suspeição:

As exceções de impedimento e suspeição buscam garantir aos jurisdicionados que


sua demanda sejam resolvidas por um juiz imparcial.

Os artigos 801/802 da CLT descrevem apenas a suspeição, que tem como foco
elementos subjetivos- amigo ou inimigo íntimo. (artigo 145 do CPC- coloca outras
hipóteses).

Já o impedimento está ligado a elementos objetivos, não precisando demonstrar a


efetiva influência do julgador no caso- a atuação do juiz nos processos em que for
advogado de qualquer das partes (uma das hipóteses do artigo 144 do CPC). Tanto
é que cabe ação rescisória por se tratar de matéria de ordem pública (artigo 966, II do
CPC).

Procedimento: os artigos 20 e 21 da Consolidação dos Provimentos da Corregedoria


Geral de Justiça da Justiça do Trabalho, impõe e aplicação do artigo 146 do CPC,
exceto em relação as custas do magistrado:

Art. 146.
No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do conhecimento do fato, a parte alegará
o impedimento ou a suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do
processo, na qual indicará o fundamento da recusa, podendo instruí-la com
documentos em que se fundar a alegação e com rol de testemunhas.

§ 1º Se reconhecer o impedimento ou a suspeição ao receber a petição, o juiz


ordenará imediatamente a remessa dos autos a seu substituto legal, caso contrário,
determinará a autuação em apartado da petição e, no prazo de 15 (quinze) dias,
apresentará suas razões, acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas, se
houver, ordenando a remessa do incidente ao tribunal.

§ 2º Distribuído o incidente, o relator deverá declarar os seus efeitos, sendo que, se o


incidente for recebido:

I - sem efeito suspensivo, o processo voltará a correr;

II - com efeito suspensivo, o processo permanecerá suspenso até o julgamento do


incidente.

3
§ 3º Enquanto não for declarado o efeito em que é recebido o incidente ou quando
este for recebido com efeito suspensivo, a tutela de urgência será requerida ao
substituto legal.

§ 4º Verificando que a alegação de impedimento ou de suspeição é improcedente, o


tribunal rejeitá-la-á.

§ 5º Acolhida a alegação, tratando-se de impedimento ou de manifesta suspeição, o


tribunal condenará o juiz nas custas e remeterá os autos ao seu substituto legal,
podendo o juiz recorrer da decisão.

§ 6º Reconhecido o impedimento ou a suspeição, o tribunal fixará o momento a partir


do qual o juiz não poderia ter atuado.

§ 7º O tribunal decretará a nulidade dos atos do juiz, se praticados quando já presente


o motivo de impedimento ou de suspeição.

Contestação:

Diferentemente do processo civil, que confere ao réu o prazo de 15 dias para a


contestação do réu, no processo do trabalho aberta a audiência o juiz proporá a
conciliação e não havendo acordo o reclamado terá 20 minutos para fazer a sua defesa e
o prazo de cinco dias para apresentar defesa escrita, depois do recebimento da
notificação. Quando se tratar de pessoa jurídica de direito púbico, que não explorem
atividade econômica, o prazo para se defender é de 20 dias. Ou de dez dias. A
inobservância do prazo de cinco dias e não apresentação da defesa gera revelia.

Pelo sistema do PJE, a defesa pode ser apresentada até a audiência- artigos 841,§3º
c.c 847, parágrafo único, da CLT.

Princípio da impugnação específica: não pode defesa por negativa geral, sob pena de
considerar os fatos verdadeiros alegado pelo autor. Exceção: advogado dativo e curador
especial (artigo 341, parágrafo único, CPC), apesar do Ministério Público não estar
mencionado, continua tendo essa prerrogativa.

Artigo 341, I, II e III do CPC: (quando é permitido a defesa por negativa geral):

a) Não for admissível a seu respeito a confissão: nas ações trabalhistas que
contemplam pedido de insalubridade ou periculosidade, pois dependem de
perícia.
b) A petição inicial estiver desacompanhada do instrumento público que a lei
considerar a substância do ato. (Digamos que um empregado tenha assegurado,
na convenção coletiva de trabalho de sua categoria, o direito de estabilidade
provisória de férias, ou seja, na hipótese de ele usufruir o descanso remunerado
das férias, ao retornar ao ambiente de trabalho, não poderá ser dispensado no
interregno de 30 dias contados do seu retorno. Caso o empregador descumpra
essa cláusula convencional, e o empregado ajuizar reclamação trabalhista
pleiteando na Justiça do Trabalho a reparação dessa lesão, a exordial deverá vir

4
acompanhada de cópia da apontada convenção coletiva. Se essa exigência
processual for descumprida, e a empresa não contestar, ela será considerada
revel, mas não haverá a presunção relativa de veracidade dos fatos alegados na
inicial.)

c) Estiverem os fatos em contradição com a defesa, considerada em seu


conjunto. (Imaginemos que o reclamante ajuíze reclamação trabalhista alegando
a configuração do vínculo empregatício e a condenação da empresa ao
pagamento de todos os haveres trabalhistas decorrentes dessa configuração. A
reclamada, na contestação, ventila a tese de que houve sim prestação de
serviços, mas que o reclamante os prestou na qualidade de trabalhador
autônomo, por ausência de subordinação jurídica. Não houve impugnação
dos haveres trabalhistas pleiteados pelo reclamante. O leitor pode perceber que,
em tese, haveria a presunção relativa de veracidade em relação a esses haveres,
em decorrência da ausência de impugnação específica. Não obstante, tendo em
vista a impugnação da empresa do próprio vínculo empregatício, os haveres
trabalhistas que decorrem desse suposto vínculo foram automaticamente
impugnados, estando em contradição com a defesa considerada em seu
conjunto).

d) Se não for admissível, a seu respeito, a confissão (direitos indisponíveis). –


artigo 392 do CPC. Direitos indisponíveis: Podemos imaginar na Justiça do
Trabalho reclamações trabalhistas que tenham por objeto direitos indisponíveis
dos trabalhadores, como nos casos de direitos da personalidade (intimidade,
vida privada, honra, imagem etc.). Nessas hipóteses, a reclamada não terá que
impugnar item por item da defesa.

Princípio da eventualidade: o réu deve alegar tudo que lhe cabe na defesa, mesmo
os argumentos sendo contraditórios, sob pena de preclusão consumativa. Ressalvas
do artigo 342 do CPC:
Depois da contestação, só é lícito ao réu deduzir novas alegações quando:
I - relativas a direito ou a fato superveniente;
II - competir ao juiz conhecer delas de ofício;
III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e
grau de jurisdição.

Matérias Alegadas na Contestação:

Antes de discutir o mérito, antes de insurgir contra os fatos e os pedidos constantes da


petição inicial, o reclamado deve alegar:

Defesas processuais:

a) Dilatória: é a defesa processual em que não se busca a extinção do processo,


mas apenas dilatar a solução da causa, sem extinção do processo. Ex:
exceção de incompetência territorial .
b) Peremptória: é a defesa processual na busca da extinção do processo sem
análise do mérito. (artigo 485 do CPC c.c 337 do CPC):

5
Inexistência ou nulidade da citação;
Incompetência absoluta e relativa;
Incorreção do valor da causa;
Inépcia da petição inicial;
Perempção;
Litispendência;
Coisa julgada;
Conexão;
Incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;
Convenção de arbitragem;
Ausência de legitimidade ou de interesse processual;
Falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar;
Indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.
§ 1º Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz ação
anteriormente ajuizada.
§ 2º Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a mesma
causa de pedir e o mesmo pedido.
§ 3º Há litispendência quando se repete ação que está em curso.
§ 4º Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por decisão
transitada em julgado.
§ 5º Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o
juiz conhecerá de ofício das matérias enumeradas neste artigo.

Já a extinção com resolução do mérito, acontecerá nas seguintes hipóteses:


(art.487 do CPC):
O juiz acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção.
Decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência da decadência ou
prescrição.

Em relação a alegação da prescrição: trata-se de prejudicial de mérito. Antes de


alegar o mérito deve ser invocada como prejudicial de mérito e não como preliminar,
ocasionando a extinção do feito com julgamento do mérito. Não pode ser alegada de
ofício, tão somente é permitido para a prescrição intercorrente, do artigo 11- A da CLT,
e que é que aquela que o exequente deixa transcorrer o prazo de dois anos para dar
andamento a atos na fase de execução do processo.

Homologar reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação


ou reconvenção.
Homologar transação.
Homologar renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.

Incompetência absoluta: se for relativa deve ser arguida como exceção, sob pena de
preclusão, já a incompetência absoluta deve ser como preliminar da contestação. Pode
ser alegada em qualquer grau de jurisdição ou reconhecida de ofício.

Digamos que um servidor público estatutário ajuíze reclamação trabalhista em face de


um município, pleiteando diferenças salariais por desvio de função, com fulcro na
Súmula 378 do STJ. Na contestação, o procurador do município, antes de discutir o

6
“desvio de função” (mérito), deve suscitar a preliminar de incompetência absoluta da
Justiça do Trabalho (art. 337, II, do CPC), trazendo à baila a liminar concedida pelo
STF, na ADIN 3.395-6, em 2005, que afastou, da competência da Justiça Laboral, as
causas envolvendo o Poder Público e seus servidores a ele vinculados por típica relação
de ordem estatutária ou de caráter jurídico-administrativo.

Impugnação do valor da causa: também pode ser alegado na defesa, pois tem
interesse na elevação do valor da causa para adequá-lo a pretensão econômica deduzida
em juízo, afastando os valores a menor indicados pelo reclamante, uma vez que na
hipótese de improcedência o reclamante deverá pagar honorários entre o mínimo de 5%
e o máximo de 15% do valor da causa, nos termos do artigo 71-A da CLT. O juiz
também pode verificar de ofício que o valor da causa está incorreto, concedendo o prazo
de 15 dias para que o reclamante emende, sob pena de indeferimento da inicial ou até
mesmo corrigi-lo de ofício (artigo 292,§3º do CPC).

Inépcia da petição inicial: Implica extinção do processo sem resolução do mérito,


quando não preenche os requisitos formais- artigo 840,§3º da CLT e 330,§1º do CPC.

Inexistência ou nulidade da citação: quando a citação é inexistente não se forma a


relação jurídica processual. Como por exemplo: decretação de revelia e depois verifica-
se que a notificação foi devolvida pelo correio sem a citação do réu. Não é respeitado o
prazo de cinco dias do artigo 841 da CLT ou não existiu a citação. Nesse caso, pode
alegar preliminar de contestação ou até em ação rescisória.

Tanto na citação inexistente, quanto na nula se o réu comparece espontaneamente em


audiência e apresenta defesa não há nulidade a ser decretada.

Litispendência e coisa julgada: a litispendência ocorre quando há duas ações idênticas


tramitando no mesmo juízo ou em juízo diversos, quando em ambas figuram as mesmas
partes, o mesmo pedido e a mesma causa de pedir. E a coisa julgada quando se repete a
ação que já foi decidida por sentença de que não caiba recurso.

Perempção e falta de caução: falta de caução ou outra prestação que a lei exige como
preliminar não é compatível com o processo do trabalho. Perempção no processo civil o
autor que der causa a três vezes o arquivamento não poderá ajuizar ação, no processo do
trabalho são duas vezes e ficará seis meses sem ajuizar ação. (cuidado porque
arquivamento é diferente de desistência, se desistir não há perempção).

Conexão e Continência: não ocorrera a extinção do processo, mas sim a reunião


perante o juízo prevento das ações que tramitaram separadamente, sendo que não é
possível a reunião se em qualquer uma delas tiver proferido sentença.

Incapacidade postulatória, incapacidade de ser parte e incapacidade de estar em juízo:


qualquer vício na relação processual deve ser alegado em preliminar. Importante
ressaltar que quando o sindicato atua como substituto processual, na defesa de
direitos alheios não precisa da autorização dos substituídos.

7
Carência da ação: condições da ação: legitimidade (ativa e passiva) e o interesse
processual (necessidade, utilidade e adequação)

Obs: verificar em relação a convenção de arbitragem que se não alegada ocorrerá


a preclusão, de forma que as partes não alegarem implicará em renúncia ao juízo
arbitral (artigo 337,§5º/6º do CPC) e se alegada o juiz extinguirá o feito sem
resolução do mérito.

No CPC, pelos artigos 351 e 352 o juiz deve dar oportunidade para o autor corrigir os
vícios constatados do artigo 337, no prazo ate 30 dias. A divergência está em aplicar
esse dispositivo no processo do trabalho, de forma que existem doutrinadores que
condicionam o juiz a dar oportunidade para o autor corrigir, já outros afirmam que pela
celeridade e simplicidade do processo do trabalho não seria compatível, devendo o juiz
extinguir o feito sem julgamento do mérito.

As defesas de mérito se subdividem em defesas de mérito direta e indireta:

Defesa de mérito direta: o réu nega os fatos e os fundamentos jurídicos da ação. Ex: o
reclamante alega que prestou serviços para a empresa X, requerendo o reconhecimento
do vínculo. E a empresa nega a prestação de serviços. Outro exemplo: o reclamante tem
direito as horas extras e o reclamado nega.

Já a defesa indireta: o réu alega fato impeditivo, modificativo e extintivo do direito do


autor. Ex: fato impeditivo: o reclamante quer a multa de40% do FGTS. E o reclamado
alega que a demissão ocorreu por justa causa em face da falta grave cometida pelo
trabalhador. Fato modificativo: que provoca a alteração dos fatos alegados pelo
demandante. O reclamante quer os depósitos do FGTS relativos a todo o período do
contrato de trabalho e o reclamado alega que houve o recolhimento parcial dos
depostos. E extintivo seria, por exemplo, a prescrição, a transação sobre aquilo que está
pleiteando.

E outras matérias que devem ser alegadas como defesa indireta: compensação e a
retenção. (são matérias de defesa- sob pena de preclusão).

Diferenças entre compensação, dedução e retenção:

Compensação: ocorre quando duas pessoas forem ao mesmo tempo, credoras e


devedoras uma da outra. Não pode ser reconhecida de ofício. E deve ser de dívidas
trabalhistas (Súmula 8 do TST)- Por exemplo, não é cabível no âmbito laboral a
compensação de empréstimos que o empregador fez para o empregado, com o
pagamento de parcelas, acrescido dos juros correspondentes, tendo em vista que se
trata de dívida de natureza civil ou comercial.

Imagine um empregado demissionário que não tenha cumprido o aviso prévio de 30


dias. Conforme estabelece o art. 487, § 2º, da CLT, a falta de aviso prévio por parte
do empregado dá ao empregador o direito de descontar os salários
correspondentes ao prazo respectivo. Explicando melhor, na hipótese de pedido de
demissão do empregado, o aviso prévio consubstancia um dever, sob pena de

8
desconto no salário dos dias não trabalhados. Logo, caso o obreiro ingresse com
reclamação trabalhista no Judiciário Trabalhista pleiteando haveres trabalhistas
não honrados pelo patrão, o empregador poderá alegar em sua contestação, como
defesa indireta de mérito (fato extintivo), a compensação, por serem dívidas de
natureza trabalhista.

Dedução: abatimento das verbas pagas no contrato de trabalho sob o mesmo título.
Horas extras já pagas com aquelas que forem fruto da condenação. Pode ser conhecida
de ofício e alegada em qualquer grau de jurisdição.

Retenção: é o direito do credor conservar em sua posse a coisa de forma legítima ate
que seja adimplida a obrigação. Alem disso, é necessária uma relação de conexão entre
o crédito e a coisa apreendida, não podendo existir impedimento legal ou contratual para
o seu exercício. Não pode ser reconhecida de ofício. Ex:vendedor pracista, a quem foi
confiado o mostruário da empresa, ode recursar-se a devolvê-lo enquanto o empregador
não lhe pagar os salários atrasados.

Reconvenção: apesar de ser modalidade de resposta do réu, nãol é defesa,


mas sim verdadeiro contra-ataque, vem que o reclamado (reconvinte) ajuíza ação em
face do autor. Tem uma corrente que afirma que não existe no processo do trabalho,
mas é aplicável, tanto que é pedido na OAB.

Requisitos:

a) existência de demanda originária

b) identidade procedimental

c) que o juiz da causa originária seja absolutamente competente

d) conexão com a ação originária e com os fundamentos da defesa.

Permite-se que a reconvenção seja alegada dentro da própria contestação pelo princípio
da simplicidade. E nesse caso, o juiz designará nova audiência, oportunidade que o
autor reconvindo poderá apresentar sua defesa.

O artigo 343,§2º do CPC expõe que a reconvenção é autônoma. A desistência da ação


principal pelo autor (reconvindo) ou a existência de qualquer outra causa que venha a
extinguir a ação principal, não obsta o prosseguimento da reconvenção.

A luz do artigo 791-A, §5º d CLT são devidos os honorários de sucumbência na


reconvenção, pois tem natureza jurídica de ação.

Questão da OAB:
A sociedade empresária Sanear Conservação e Limpeza Ltda. ajuizou ação de
consignação em pagamento em face do ex-empregado Pedro Braga, afirmando que ele
se negava a receber as verbas rescisórias a que faria jus. Citado, Pedro Braga apresentou
resposta sob a forma de contestação e reconvenção, postulando diversos direitos
alegadamente lesados e incluindo no polo passivo a sociedade empresária Réptil

9
Imobiliária, tomadora dos serviços terceirizados do empregado, requerendo dela a
responsabilidade subsidiária. Diante da situação retratada e da norma de regência,
assinale a afirmativa correta.

a) Não é possível, em sede de reconvenção, ajuizar ação contra quem não é parte na lide
principal.

b) A pretensão de Pedro somente se viabilizará se a sociedade empresária Réptil


Imobiliária concordar em figurar na reconvenção.

c) Não há óbice a se incluir na reconvenção pessoa que não figure na lide original.

d) A Lei processual é omissa a respeito; assim ficará a critério do juiz aceitar a inclusão
da sociedade empresária Réptil Imobiliária.

A aplicação dos parágrafos 3º e 4º do artigo 343 do CPC depende da análise da


competência da Justiça do Trabalho para julgar a lide entre as novas partes. Poderão ser
aplicadas quando a Justiça do Trabalho for competente para julgar a lide entre todos.
Tal medida importa em economia processual e evita decisões díspares.

10

Você também pode gostar