4 - Deus

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A Criação de Adão, Michelangelo, 1511

DEUS
Cogito; ergo, sum.

- prova a existência do eu que pensa ideias (inatas, adventícias e factícias)

- permanece o solipsismo: o eu existe enquanto ser pensante, res cogitans,


separado do corpo, res extensa

- não consegue provar que:

- outros eus existem


- tem um corpo
- o mundo exterior existe
Provas da existência de Deus
Argumento da marca impressa:
Deus existe, porque causou no cogito a ideia de perfeição

https://www.docelimao.com.br/site/meditacao-reflexao-e-respiracao/94-duvidando-da-existencia-de-deus.html
«Seguidamente, ao refletir que duvidava, e, por consequência, que o meu ser não era
inteiramente perfeito, pois via claramente que saber é perfeição maior que duvidar,
lembrei-me de ver donde me tinha vindo o pensamento de qualquer coisa de mais perfeito
que eu, e, com evidência conheci que deveria ter vindo de alguma natureza, que,
realmente, fosse mais perfeita. [...] O mesmo, porém, não podia acontecer com a ideia
dum ser mais perfeito do que o meu ser, pois recebê-la do nada era manifestamente
impossível. E, porque não repugna menos que o mais perfeito seja uma consequência e
uma dependência do menos perfeito do que admitir que do nada alguma coisa proceda, de
modo algum poderia provir de mim mesmo. Consequentemente, só restava que ela
tivesse sido posta em mim por uma natureza que fosse verdadeiramente mais perfeita do
que eu, e que até tivesse em si todas as perfeições acerca das quais pudéssemos ter alguma
ideia, isto é, que fosse Deus, para tudo dizer numa só palavra.»

René Descartes, Discurso do Método


- a ideia de ser perfeito existe na mente

- porque o ser pensante duvida, então, é um ser imperfeito

- o cogito não pode tirar de si a ideia de perfeição, pois uma causa deve ser
pelo menos tão perfeita como o seu efeito (lei da causalidade)

- perfeição é uma ideia inata colocada por um ser perfeito


Argumento ontológico:
Deus existe, porque é perfeito

NASA
«14. Pode-se demonstrar que existe um Deus, apenas porque a necessidade de ser ou de
existir está compreendida na noção que temos dele.
Quando, em seguida, o pensamento procede a uma revisão das diversas ideias ou noções
que estão em si e aí encontra a noção de um ser omnisciente, todo-poderoso e
extremamente perfeito, conclui facilmente pelo que apreende, nesta ideia, que Deus, que é
esse Ser totalmente perfeito, é ou existe: pois, embora tenha ideias distintas de muitas
outras coisas, nelas não encontro nada que lhe garanta a existência do seu objeto; ao passo
que naquela percebe não apenas uma existência possível como nas outras, mas uma
existência absolutamente necessária e eterna. E, tal como vê que na ideia que tem do
triângulo está necessariamente compreendido que os seus três ângulos são iguais a dois
retos, persuade-se de forma absoluta de que o triângulo tem três ângulos iguais a dois
retos; do mesmo modo, apenas porque se apercebe de que a existência necessária e
eterna está compreendida na ideia que possui de um Ser totalmente perfeito, é obrigado
a concluir que este Ser totalmente perfeito é ou existe.>>
René Descartes, Princípios da Filosofia
- na ideia de ser perfeito estão compreendidas todas as perfeições

- a existência é uma dessas perfeições (ou um dos aspetos da perfeição divina)

- o existir é inerente à essência de Deus

- Deus não pode ser pensado como não existente

- a sua existência apresenta um caráter necessário e eterno


Argumento da causa do cogito:
Deus existe, porque criou o cogito
«20. Que não somos nós a causa de nós mesmos, mas sim Deus, e que, por consequência, há um
Deus.

Porém, nem toda a gente se dá conta disto como é preciso; e, visto que nós bem sabemos, quando
temos a ideia de uma máquina cheia de artifício, a maneira como a tivemos, mas não nos
poderíamos lembrar igualmente de quando nos foi comunicada por Deus a ideia que temos de um
Deus, pois ela sempre esteve em nós, precisamos de fazer ainda esta revisão e de investigar qual é,
portanto, o autor da nossa alma ou pensamento que tem em si a ideia das perfeições infinitas
que estão em Deus. Pois é evidente que aquele que conhece alguma coisa de mais perfeito do que
ele próprio, não foi ele que se deu o ser a si próprio, porque então, pelo mesmo meio, ter-se-ia
dado todas as perfeições de que tivesse conhecimento; e, por consequência, não poderia subsistir
por nenhum outro meio que não por aquele que, de facto, possui todas estas perfeições, isto é,
Deus. [...] E conhecemos facilmente que não há força alguma em nós pela qual possamos subsistir
ou conservar-nos um só momento, e que aquele que tem tanto poder que nos faz subsistir fora
dele e nos conserva, deve conservar-se a si próprio, ou melhor, não tem necessidade de ser
conservado por quem quer que seja, pois é Deus.»

René Descartes, Princípios da Filosofia


- o cogito é imperfeito, finito e contingente

- o cogito não pode, por isso, ser a causa de si próprio

- Deus é a causa criadora e conservadora do cogito

- assim, Deus existe e é causa sui


Importância da existência de Deus

- o Génio Maligno deixa de existir

- Deus, sumamente bom (e não enganador), não nos criaria sem que nunca
pudéssemos conhecer a verdade

- Deus é a condição necessária e suficiente para confiar:

- nas ideias claras e distintas


- nos raciocínios apoiados em premissas claras e distintas
Deus, que não é enganador, garante

- experiência sensível
- se temos sensações de objetos materiais, então, eles existem

- verdades matemáticas
- se concebidas com elevado grau de evidência, então, são certas e absolutas
- ex: «Um quadrado é uma figura geométrica com 4 lados iguais.»

- vigília-sono
- acordados ou a dormir, aquilo que for claro e distinto (ex. matemática) será
verdadeiro
- nos sonhos acontecem situações pouco claras e insólitas, logo, prova-se que
estamos a dormir
Mas, por que razão nós erramos?

- Deus criou o Homem com livre-arbítrio, logo, poderá fazer boas ou


más escolhas

- aceitamos realidades que não concebemos clara e distintamente

- temos de usar a razão para compreender a verdadeira natureza das coisas


FUNDAMENTOS
CONHECIMENTO

COGITO DEUS

princípio fundante da
SOLIPSISMO verdade objetiva e de
da res cogitans toda a realidade

- afasta o génio maligno existência:


- confiança na razão corpo, outros e
quando concebe ideias mundo físico
claras e distintas

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