Desenho Espelho Do Desenvolvimento Infantil

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Desenho: espelho do desenvolvimento infantil

Postado em 2014-12-15T09:01:58+00:00 por Tempo de Creche


O desenho é um pilar do trabalho com a infância. Desenhando a criança mobiliza tantos processos
cognitivos e motores que a atividade, lúdica e prazerosa, favorece desenvolvimentos e ainda dá pistas
deles para os educadores.

No post Repetir propostas para crianças. Será? Falamos sobre a repetição de atividades, destacando o
desenho. Ao repetir o ato de desenhar a criança evolui as marcas que aprende a fazer. Lowenfeld, Piaget,
Vygotsky e Luquet estudaram esse desenvolvimento e o consideraram como marcas do amadurecimento
da criança.
Segundo Lowenfeld, a criança inicia o processo de desenhar fazendo garatujas ou rabiscos de forma
desordenada. Em seguida, os rabiscos vão se ordenando. A prática desse rabiscar encaminha a criança para
fazer formas. As formas vão gerandoas figuras humanas que são constituídas basicamente por cabeças
redondas e membros que se originam dela. Essas figuras, ao longo das repetições, vão adquirindo mais
detalhes e o desenho passa a evoluir na composição também.

Esses estudiosos do grafismo infantil, sem exceção, reconhecem a existência de determinadas fases,
etapas ou períodos que são comuns aos sujeitos em processo de apropriação do desenho como sistema de
representação.

Como incentivar e favorecer esse processo?


O ato de desenhar pode acontecer com variações que devem contribuir para a sua própria evolução.
Combinações de com o que se desenha (os riscadores) com onde se desenha (os suportes) podem
conferir ampliação e desafio aos processos.
Alguns riscadores:
o giz de cera
o giz de lousa
o lápis de cor
o lápis grafite
o pedaços de carvão
o terra
o tintas
o pincéis
o palitos
o dedos das mãos e dos pés
o Etc., etc., etc.
Alguns suportes:
o papel
o papel ondulado
o cartolina
o lixa de parede
o vidro
o azulejo
o espuma de sabão
o areia
o solo
o tecidos
o chão (com papel)
o parede (com papel)
o o ar
o Etc., etc., etc…
A combinação desses elementos favorece as oportunidades de desenvolver a motricidade e o cognitivo
relacionado ao ato de desenhar. É controlar os movimentos do riscador que está na mão sobre a qualidade
do suporte, apreender a olhar, desenvolver a ordenação de ideias e caminhar para um raciocínio de
espacialidade e simbologia daquilo que se quer produzir. A linguagem do desenho no grafismo infantil é
um sistema de representação complexo, noqual se desenvolve a percepção de mundo, a fantasia, a
criatividade, as formas de expressão, a imaginação e se registram as experiências e as emoções.

É possível pensar nas variantes que as combinações de riscadores e suportes podem provocar?
E o que pensar das histórias que nasceram com este desenhar?

No Ateliê Carambola, a pré-escola de São Paulo dirigida pela


pedagoga e estudiosa Josiane Del Corso, o desenho é visto como uma linguagem que expressa
pensamento: na criança pequena o movimento é a gênese do pensamento. O movimento que nasce da
ação, do desejo da descoberta, do prazer do movimento, que revela um corpo em formação (…) e que
precisa estar inteiro nos processos inaugurais da infância. Crescer deixa marca. A infância desenha seu
processo, deixa suas marcas, marcas do gesto (Professora Viviane Cukier).
No trabalho da Carambola se valoriza a experiência de desenhar com o corpo todo, em grandes suportes,
como folhas de papel de rolo ou emendadas. No chão ou pendurados na parede, os suportes podem
permitir e abrigar os movimentos do corpo que se debruça sobre os papeis e acompanha o riscar das
mãos. São pernas que abrem e fecham no ritmo dos riscos, são balanços de cabeça, de cintura e dos
pezinhos que participam do intenso processo.

O olhar do Tempo de Creche sugere que os educadores observem, leiam os desejos das suas crianças,
permitam as interações do corpo e deixem a imaginação agir para combinar suportes e riscadores e repetir
o ato de desenhar ao longo da educação da infância.

As fotos desse post foram incluídas para inspirar atividades de desenho que repetem o ato e
também o desafiam.
o Formas de pensar o desenho: desenvolvimento do grafismo infantil de
Edith DERDYK. (São Paulo: Scipione, 1989).
o Arte Infantil de G. H. LUQUET (Lisboa: Companhia Editora do Minho,
1969).
o A formação dos símbolos na criança de J. PIAGET (PUF, 1948).
o Desenho & escrita como sistema de representação de Analice Dutra
PILLAR.(Porto Alegre: Artes Médicas, 1996).

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