Lobo Da Ínsula
Lobo Da Ínsula
Lobo Da Ínsula
RECIFE
2013
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
RECIFE
2013
ANA FLÁVIA ALVES DE ANDRADE
RECIFE
2013
Catalogação na fonte
Elaine Barroso
CRB 1728
COMISSÃO EXAMINADORA
MEMBROS TITULARES
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente a Deus pela graça da vida e por sempre se mostrar presente
quando mais preciso.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Marcelo M. Valença, por todo o apoio, compreensão,
paciência e orientação.
À Profª. Dra. Paula Rejane Beserra Diniz que co-orientou este trabalho com boa vontade,
desprendimento em compartilhar conhecimento e extremo senso de responsabilidade para com a
ciência, além de me auxiliar na aquisição dos dados da pesquisa.
Aos meus pais e minhas irmãs que me amam e muito me ajudaram e incentivaram em minha
trajetória.
À minha grande amiga, Gisele Gouvea, que desde a época da especialização em São Paulo
me proporciona a alegria da sua amizade, companheirismo e incentivo.
Às minhas amigas Sônia Loreto e Regina Freire que em trabalhos anteriores me orientaram
com muito empenho, qualidade e compreensão.
À Profa Dra Maria Tereza dos Santos Correia, coordenadora do Programa de Pós-Graduação
em Ciências Biológicas da Universidade Federal de Pernambuco, pelo apoio sempre que solicitado.
E a todas as pessoas e amigos que de uma forma ou de outra contribuíram para a realização
6
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RESUMO
Introdução: A ínsula é um lobo cerebral com muitas funções (e.g. linguagem, regulação visceral
motora e sensitiva, comportamento alimentar, memória, dor, controle cardiovascular, emoção), e
parece ser acometida em várias afecções neuropsiquiátricas, em particular na epilepsia e na
esquizofrenia. Porém ainda são escassos os estudos anatômicos envolvendo a ínsula, principalmente
no que se refere ao seu volume e sua relação com gênero, idade e diferenças entre os hemisférios
cerebrais. Objetivo: O objetivo deste estudo foi avaliar o volume da ínsula e sua relação com
gênero, idade e diferenças entre os hemisférios cerebrais em indivíduos saudáveis. Método: 58
indivíduos saudáveis (30 homens) foram estudados com imagens de ressonância magnética do
encéfalo adquiridas em aparelho de 3.0 tesla. Como protocolo de aquisição foi usado sequência do
tipo GRE (gradient-echo) 3D ponderada em T1 (TR = 9,7 ms; TE = 4 ms; ângulo flip 12; matriz
256 x 256; FOV = 256 mm; espessura da fatia = 1 mm; dimensão do voxel = 1 x 1 x 1 mm,
SENSE=2). Foi utilizado o software Freesurfer para estudo automático dos volumes das ínsulas e
do volume intracraniano. Resultados: Não houve diferença significativa com relação à idade entre
os gêneros. O volume intracraniano foi menor na mulher do que no homem ( p<0,0001, teste t
Student). Em termos relativos, volume insular corrigido pelo volume intracraniano, a ínsula
esquerda (p = 0,0001) e direita da mulher (p = 0,0001) é maior que a do homem, Mann-Whitney.
Em termos de volume absoluto a insula esquerda é maior que a insula direita, tanto no gênero
feminino (p = 0,021; test t Student pareado), como no masculino (p= 0,002; teste de Wilcoxon
pareado). Houve declínio do volume absoluto da ínsula direita (p= 0,004, R = 0,28) e esquerda (p =
0,008, R = 0,24) com a progressão da idade na mulher, no homem esta redução foi observada
apenas na ínsula esquerda (p = 0,006, R = 0,24). O volume intracraniano não apresentou uma
redução significativa com a idade, (mulher; p = 0,29; R = 0,06) e (homem; p = 0,55; R = 0,02,
análise de regressão linear). O volume intracraniano apresenta uma correlação positiva com o
volume absoluto da ínsula em ambos os gêneros {(mulher: ínsula esquerda, p=0,002, R=0,32; ínsula
direita, p = 0,001 e R = 0,34) e (homem: ínsula esquerda, p = 0,007, R = 0,23; ínsula direita, p =
0,002, R = 0,29), regressão linear}. Conclusão: Há uma grande variação individual no volume da
ínsula e este volume é influenciado por fatores como idade do indivíduo, gênero e hemisfério
cerebral.
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ABSTRACT
Introduction: The insula is a cerebral lobe with many roles (e.g., language, visceral motor-sensory
regulation, eating behavior, memory, pain, cardiovascular control, emotion) and seems to be
affected in several neuropsychiatric affections, particularly in epilepsy and schizophrenia.
However, few anatomic studies have been made on the insula, especially regarding its volume and
its relation with gender, age, and differences between brain hemispheres. Goal: The goal of this
study was to assess the volume of the insula in relation to gender, age, and differences between
brain hemispheres in healthy subjects. Method: 58 healthy subjects (30 males) were studied with
encephalic MRI scans obtained in a 3-Tesla scanner. The acquisition protocol used was a 3D T1-
weighted GRE (gradient-echo) sequence (TR = 9.7 ms; TE = 4 ms; flip angle 12°; 256 x 256
matrix; FOV = 256 mm; slice thickness = 1 mm; voxel size = 1 x 1 x 1 mm, SENSE = 2). The
software Freesurfer was used for the automated study of the insulas and the intracranial volume.
Results: No significant differences were found regarding age between the genders. The intracranial
volume was smaller in women than in men (p < 0.0001, Student t-test). In relative terms, i.e,
insular volume corrected by intracranial volume, the left (p = 0.0001) and right insula in women (p
= 0.0001) are larger than in men in Mann-Whitney’s test. In terms of absolute volume, the left
insula is larger than the right insula both in females (p = 0.021; paired Student’s t-test) and in males
(p = 0.002; paired Wilcoxon test). The absolute volume of the right (p = 0.004, R = 0.28) and the
left (p = 0.008, R = 0.24) insulas decreased as age increased in women, while in men this decrease
was seen only in the left insula (p = 0.006, R = 0.24). The intracranial volume did not show a
significant decrease with age in women (p = 0.29; R = 0.06) or in men (p = 0.55; R = 0.02, linear
regression analysis). Intracranial volume has a positive correlation with the insula’s absolute
volume in both genders [(women: left insula, p = 0.002, R = 0.32; right insula, p = 0.001, R = 0.34)
and (men: left insula, p = 0.007, R = 0.23; right insula, p = 0.002, R = 0.29), linear regression].
Conclusion: The volume of the insula greatly varies individually influenced by factors such as age,
gender, and brain hemisphere.
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Sexo feminino: Volume intracraniano (mm3), volume total da ínsula (mm3), volume
percentual da ínsula em relação ao volume intracraniano
(%)___________________________________________________________________________32
Tabela 2- Sexo masculino: Volume intracraniano (mm3), volume total da ínsula (mm3), volume
percentual da ínsula em relação ao volume intracraniano
(%)___________________________________________________________________________33
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LISTA DE FIGURAS
Figura 6 – Comparação do volume total absoluto e relativo da ínsula esquerda e direita entre os
gêneros________________________________________________________________________35
Figura 9 – Regressão linear entre o volume intracraniano e faixa etária do volume absoluto da ínsula
da mulher e do homem___________________________________________________________38
Figura 10 – Regressão linear entre o volume absoluto e relativo da ínsula esquerda e direita e a faixa
etária na mulher e no homem______________________________________________________39
Figura 11 – Regressão linear entre o volume relativo da substância da ínsula esquerda e direita e a
faixa etária na mulher e no homem__________________________________________________40
Figura 12 – Regressão linear entre o volume intracraniano e o volume absoluto da ínsula esquerda e
direita na mulher e no homem______________________________________________________41
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SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS__________________________________________________________
LISTA DE FIGURAS__________________________________________________________
1. APRESENTAÇÃO___________________________________________________________12
2. JUSTIFICATIVA____________________________________________________________14
2. OBJETIVOS ________________________________________________________________15
4. REVISÃO DA LITERATURA_________________________________________________16
5. METODOLOGIA____________________________________________________________28
5.1. AQUISIÇÃO_________________________________________________________28
5.2. PROCESSAMENTO___________________________________________________28
6. RESULTADOS______________________________________________________________31
7. DISCUSSÃO________________________________________________________________42
8. CONCLUSÃO_______________________________________________________________46
9. REFERÊNCIAS_____________________________________________________________47
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12
1. APRESENTAÇÃO
A ínsula é considerada o quinto lobo cerebral exercendo controle sobre várias funções, como
controle motor, autonômico, da linguagem e comportamental. Nos últimos anos o estudo da ínsula
vem ganhando visibilidade no campo científico pela sua participação no processo epileptogênico.
Na última década houve um crescente interesse na anatomia da ínsula, gerado pela necessidade de
identificação e remoção de áreas epileptogênicas sejam elas tumorais ou não (RIBAS; OLIVEIRA,
2007).
Não há mais dúvidas de que o córtex insular desempenha várias funções no processo
1985).
tridimensionalidade das estruturas e das lesões que as acometem, principalmente quando se trata de
uma estrutura profunda não vista na superfície do cérebro, escondida pelos opérculos frontal,
eletrodos para monitorização de atividades epiléptiformes com origem ou projeção para a ínsula, (2)
para o tratamento cirúrgico de áreas insulares com potencial epileptogênico, (3) deaferentação de
regiões eloquentes por secções específicas de tratos axonais; e (4) para diagnóstico de possíveis
assimetrias, aumento do volume como nas displasias ou atrofia insulares associados com o
fenômeno epiléptico (MENESES et al., 1999; BILEVICIUS et al., 2006). Nesta perspectiva, o
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13
intervenções sobre a ínsula quanto na compreensão das suas funções e interelação não só com a
assimetricamente em relação aos hemisférios cerebrais. Por exemplo, nas pessoas destrímanas (ou
dextrômanoas), o hemisfério esquerdo é o dominante para linguagem na grande maioria dos casos.
ínsula, como por exemplo, no acidente vascular cerebral envolvendo a ínsula direita há mais
disfunção do sistema parassimpático (BOTELHO et al., 2006; MENESES et al., 2004). Esses dados
13
14
2. JUSTIFICATIVA
refere às possíveis diferenças entre gêneros e entre hemisférios cerebrais. Sabe-se, porém, haver
14
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3. OBJETIVOS
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16
3. REVISÃO DE LITERATURA
da cisterna silviana) que é recoberta pelos opérculos [operculum (latim=cortina, tampa), frontal,
parietal e temporal] e seu limite se faz pelo sulco circular da ínsula (TANRIOVER et al., 2004;
NAIDICH et al., 2004; RIBAS; OLIVEIRA, 2007). A ínsula é dividida em duas porções pelo sulco
central da ínsula: anterior e posterior (Figura. 1). Na porção anterior, geralmente encontramos 3
giros curtos cujas origens partem do ápice da ínsula. Muitas vezes também encontramos os giros
acessório e transverso. Na porção posterior, ainda na superfície lateral da ínsula estão posicionados
Muita variação anatômica pode ser encontrada. Naidich et al. (2004) estudando 16
espécimes encontraram que a superfície convexa da ínsula mostrava apenas 4 giros (2 giros
identificadas em 6 indivíduos saudáveis nos giros e sulcos insulares pela ressonância magnética.
16
17
Figura 1. Visão das duas ínsulas em 3-D e suas relações com os opérculos e estruturas mesiais temporais em um
indivíduo saudável utilizando RM (Figura da apresentação Valença MM. Montreal Neurological Institute. Anatomy of
the insula and surgical planning: tractography of insular gyri, Fellow Day, 2010).
17
18
Figura 2. No painel superior, à esquerda do leitor se ver a imagem da ínsula em 3-D após segmentação dos seus
diferentes giros utilizando-se o soft ITK-Snap; verde, giro acessório/transverso; vermelho, giro curto anterior; azul, giro
curto médio; amarelo, giro curto posterior; azul claro, giro longo anterior; violeta, giro longo posterior.
18
19
Do ponto de vista histológico, a ínsula é dividida em três setores: (1) a ínsula rostroventral
consiste em córtex agranular, (2) a ínsula posterior é formada de córtex granular, e (3) entre esses
dois setores, existe um setor contínuo disgranular transicional. Cada setor tem conexões extensivas
com os lobos frontal, temporal e parietal e o giro cingulado (MESULAM; MUFSON, 1985;
FLYNN; BENSON; ARDILA, 1999). Em outras palavras, o córtex insular sofre modificações
19
20
Figura 3. A. Tractos neuronais que trafegam pela ínsula. Parece haver projeção bilateral entre as ínsulas via corpo
caloso e comissura anterior neste indivíduo estudado. B. Imagem da ressonância magnética mostrando a ínsula direita
em um indivíduo saudável e tratos neuronais que trafegam pela ínsula conectando porção anterior do lobo temporal,
opérculos e lobos parietal e occipital. Fibras não foram encontradas diretamente conectando a ínsula com o giro motor.
C. Variações anatômicas dos giros e sulcos encontradas na ínsula direita em 6 indivíduos saudáveis pela ressonância
magnética.
20
21
Figura 4. Visão em 3-D da ínsula direita (azul) e da amígdala (verde). Seta mostra o sentido da progressão do alocórtex
para neocórtex na ínsula. Observem a proximidade da ínsula com a amígdala (separados apenas pelo córtex piriforme) e
o hipocampo.
21
22
Afif et al. (2010) observaram 25 pacientes com epilepsia focal farmacorresistente a drogas
através de implantes de eletrodos no córtex insular, dos quais 67 estimulações induziram ao menos
uma resposta clínica. As estimulações do córtex insular evocaram 83 respostas. Foram classificados
respiratória, sensação de tontura e náusea. Muitas destas manifestações induzidas pela estimulação
elétrica simulam a própria crise do paciente, com fortalecimento da hipótese da origem insular da
atividade geradora de crise. Esses achados indicam uma especificidade funcional para o córtex
eferentes com uma vasta área cortical e límbica (AUGUSTINE, 1996), ou seja, está envolvida no
A ínsula conecta-se com o lobo temporal nas regiões auditivas primárias e secundárias, e
com o lobo frontal nas regiões envolvidas na linguagem (SHELLEY; TRIMBLE, 2004),
al., 2003). Lesões na porção anterior da ínsula afetam a articulação e planejamento motor da fala
funcional revelou que a porção posterior da ínsula está implicada no processamento auditivo e da
Allen e colaboradores (2008) utilizaram ressonância magnética de alta resolução para medir
congênitos (grupo 2) usuários nativos da língua americana de sinais (ASL), comparados com
22
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controles saudáveis ouvintes não usuários da ASL (grupo 3). Nesse estudo foram observadas
evidências tanto estruturais quanto funcionais que atestam a hipótese que o status de ouvinte e/ou
experiência com linguagem falada ou de sinais pode afetar a anatomia da ínsula, podendo afirmar
que a morfologia insular pode variar de acordo com a experiência da língua de sinais, independente
esquerda nos surdos congênitos. Houve aumento da substancia branca direita nos indivíduos que
usavam a ALS em comparação com o grupo controle. Esse resultado se deve ao fato da ínsula
direita ser mais ativada por surdos e ouvintes sinalizadores, graças a uma maior conectividade,
cinzenta e função executiva em 367 indivíduos não dementes com idade entre 50 e 81 anos,
adaptação nos resultados de Digit Span task, tral-marking task e Stroop Task foram associados com
mostrou parcial, mas não completa associação com o volume da substância cinzenta pré-frontal
como esperado para funções executivas. A sobreposição mais contundente entre os três testes foi
encontrado no córtex insular sugerindo que existe uma inter-relação entre ínsula e função executiva.
2007). Em relação às funções executivas, a ínsula em conjunto com o córtex pré-frontal, apresenta
diminuição do volume com a idade em ambos os hemisférios cerebrais (HUTTON et al., 2009;
motivacional e o desconforto da dor muscular, revela que a ínsula é a estrutura principal onde o
23
24
esquizofrenia. Vários estudos discorrem sobre o volume da ínsula na esquizofrenia, dentres eles
com esquizofrenia e verificaram que existia uma significativa redução da área da superficial cortical
relacionadas com sintomas psicóticos. Sigmundsson e colaboradores (2001) comparam por meio de
substancia cinzenta no hemisfério esquerdo na região do polo temporal, ínsula e amígdala, bem
como redução a direita do polo temporal, ínsula e região cortical pré-frontal dorsolateral. Goldstein
esquizofrênicos.
Clinicamente, córtex insular disfuncional pode contribuir para grande quantidade de sinais
psicóticos, déficit da cognição social e regulagem emocional, percepção facial e prosódia alterada,
sobre a esquizofrenia propõem que a disfunção da ínsula pode constituir o substrato neural para o
colapso da auto percepção (eu – não eu), que se acredita ocorrer durante a distorção da realidade.
Esses pressupostos implicam em dizer que a ínsula é a componente chave, inserido na rede de
24
25
conexões junto com córtex cingulado anterior, que media emoções subjetivas e repostas
Estudos para analisar a anatomia do córtex da ínsula têm sido desenvolvidos no intuito de
insular de adultos com síndrome de Williams com indivíduos saudáveis foi observado redução do
volume das porções anterior e posterior da ínsula bilateralmente nos indivíduos com síndrome de
Williams, indicando que a redução do volume insular pode representar um alerta ao risco para o
a ínsula como uma área implicada com funções límbicas importantes e, portanto valiosa para o
Outro estudo realizado por Cohen e colaboradores (2011) examinou possíveis mudanças no
volume insular de indivíduos com síndrome X Frágil comparando os grupos controle de indivíduos
saudáveis com o grupo de pessoas com atraso no desenvolvimento. Os volumes totais da ínsula
foram significativamente reduzidos nos indivíduos com síndrome X Frágil quando comparados com
regiões da ínsula foi verificado que o volume posterior da insular era significativamente reduzido
nos indivíduos com síndrome X Frágil comparados com os grupos controle de indivíduos saudáveis
reduzido ao comparar com indivíduos com atraso no desenvolvimento, enquanto que a diferença
entre o volume anterior da ínsula dos indivíduos com síndrome X Frágil e indivíduos saudáveis
estatisticamente significativas foi atribuída ao pequeno numero da amostra, embora outras razões
possam estar implicadas como o fato do volume dos indivíduos saudáveis e dos indivíduos com
25
26
atraso no desenvolvimento serem semelhantes. Os resultados indicam que a redução dos volumes
insulares nos indivíduos com síndrome X Frágil está ligada a processos específicos anormais do
Been Missing the Boat?” comenta o fato do grupo de Lyon (ISNARD et al., 2004) ter descrito que
em 50 pacientes com epilepsia do lobo temporal medial, monitorizados por eles com eletrodos
profundos implantados no lobo temporal e ínsula, constataram que em 86% deles houve propagação
da crise eletrográfica para ínsula e em 10% a crise originou-se da ínsula. Assim, confirmam
hipótese levantada por outros estudiosos de que a ínsula não seja tão inocente como se pensava e
temporal mesial. Na verdade, desde a década de 60, com os estudos de Penfield e Rasmussen que se
incriminava a ínsula como causa de perpetuação de crises epiléptica em 30% dos pacientes com
epilepsia do lobo temporal mesial, submetidos à lobectomia temporal (PENFIELD; FAULK, 1955;
Penfield e Jasper (1954) escrevem sobre a anatomia funcional do cérebro e revelam que
estimulação feita sobre a ínsula provoca vários tipos de sensações, como náuseas, sensação
cortical do trato gastrointestinal. Interessante é que muitas destas manifestações são auras iniciais na
Penfield e Faulk (1955) descreveram que após ressecção do lobo temporal observaram
ainda presença de atividade paroxística sobre a ínsula, confirmando seu potencial epileptogênico.
Uma sugestão de relação íntima entre ínsula e estruturas mesiais é esta informação que
tanto a ínsula ântero-ventral como o hipocampo e a região do cíngulo anterior possuem alocórtex,
um córtex primitivo. E a distância entre eles é mínima, havendo facilmente propagação da crise ou
26
27
mesmo havendo a possibilidade de funcionar como uma rede neuronal gerando crises com
desconforto laríngeo por vezes associado com dispneia, parestesia em grandes territórios sensoriais
27
28
4. METODOLOGIA
Este estudo é de caráter transversal do tipo série de casos. Foram estudados 58 indivíduos
saudáveis (30 homens) foram estudados com imagens de ressonância magnética do encéfalo.
5.1 AQUISIÇÃO
Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (HCRP) durante o trabalho de doutorado da Professora
Paula Rejane Beserra Diniz. Essas imagens foram obtidas em aparelho de 3,0 tesla, modelo Achieva
Extra Series (Philips, Best, Holanda), instalado no Centro de Imagens do HCRP em setembro de
2008, sendo este adquirido com verba do projeto CInAPCe – FAPESP. Este estudo foi aprovado
pelo comitê de ética desta instituição (processo nº 535/2008). Todos os participantes assinaram
em T1 (TR = 9,7 ms; TE = 4 ms; ângulo flip 12; matriz 256 x 256; FOV = 256 mm; espessura da
5.2 PROCESSAMENTO
subcortical (NICKSCHMANSKY, 2009). Este software possui ferramentas para definição das
fronteiras entre substância branca e cinzenta, bem como a superfície pial. Uma vez que as
superfícies de fronteira são conhecidas, uma série de medidas anatômicas torna-se possível, tais
como: espessura cortical, área superficial, curvatura e vetor normal em cada ponto do córtex. As
superfícies podem ser infladas e/ou aplainadas para uma melhor visualização. Superfícies de
28
29
indivíduos distintos podem ser alinhadas proporcionando analises em grupos. A maior parte dos
pipelines do Freesurfer é automatizada, o que o torna ideal para uso em grandes conjuntos de
dados.
segmentação que maximiza a probabilidade de entrada, dada uma probabilidade prévia do conjunto
de treinamento. Primeiro, a probabilidade de uma classe em cada ponto é calculada como sendo a
probabilidade de que uma determinada classe ocorra em uma determinada posição no conjunto de
treinamento (FISCHL et al., 2002). Dada essa segmentação, a função de vizinhança é utilizada para
recalcular as probabilidades de cada classe. Em seguida, a imagem é resegmentada com base neste
novo conjunto de probabilidades. Isto é repetido até que a segmentação não mude mais. Este
procedimento permite que o atlas anatômico seja personalizado para cada conjunto de dados. Uma
vez completo, não só temos um rótulo para cada ponto no espaço, mas também temos a
probabilidade de cada voxel (FISCHL et al., 2002). O produto desta probabilidade sobre todos os
pontos do espaço gera a probabilidade da entrada. Isto será usado mais tarde durante a detecção de
defeitos.
2007). Sua segmentação para o hipocampo e córtex entorrinal foi avaliada em diversos estudos e se
mostrou mais precisa que a de outros softwares e similar a segmentação manual (TAE et al., 2008;
MOREY et al., 2009; SHEN; SAYKIN et al., 2010). Mais especificamente em relação à
segmentação de hipocampos de pacientes com doenças de Alzheimer e déficit cognitivo leve este
29
30
expressos quando necessário, como média ± desvio padrão ou erro padrão. Foi aplicado o teste de
D`Agostino-Pearson para determinar o tipo de distribuição das variáveis a serem estudadas. Quando
as variáveis apresentaram uma distribuição normal foram utilizados os testes paramétricos: teste t
de Student ou Anova. Nos casos das variáveis que não apresentem uma distribuição normal
foi utilizado para avaliar a correlação entre o volume da ínsula com as variáveis (idade, volume
Foi analisado tanto o volume insular absoluto (mm3), ou seja, não corrigido pelo volume
intracraniano, bem como o volume insular percentual após correção pelo volume intracraniano (%).
Para a maioria das analises foi utilizado o volume total da ínsula (substância cinzenta e branca).
30
31
6. RESULTADOS
eram do gênero masculino. A média de idade do grupo feminino foi de 36 ± 17 anos e do grupo
masculino de 41 ± 16 anos. Não houve diferença significativa com relação à idade entre os gêneros
31
32
Tabela1. Dados individuais referentes ao volume intracraniano (mm3), volume da ínsula (mm3), volume percentual da
ínsula em relação ao volume intracraniano no sexo feminino.
32
33
Tabela 2. Dados individuais referentes ao volume intracraniano (mm3), volume da ínsula (mm3), volume percentual da
ínsula em relação ao volume intracraniano no sexo masculino.
homens (Mulher = 1.204 ± 49 ml vs. Homem= 1.526 ± 33 ml; p<0,0001, teste t Student) (Figura .5).
33
34
Quando comparamos o volume total absoluto da ínsula esquerda entre os gêneros (mulher =
14.098 ± 215 mm3 vs. homem = 15.572 ± 225 mm3; p< 0,0001, teste t Student) e o volume total da
ínsula direita entre os gêneros (mulher = 13.815 ± 204 mm3 vs. homem = 15.153 ± 204 mm3; p<
0,0001, teste t Student) observamos que a ínsula esquerda e direita do homem é significativamente
volume da ínsula esquerda (mulher = 1.20 ± 0.03 % vs. homem = 1.03 ± 0.02 %, p = 0,0001, teste
de Mann-Whitney) e o volume da ínsula direita (mulher = 1.17 ± 0.03 % vs. homem = 1.003 ±
34
35
Figura 6 - Comparação do volume total absoluto e percentual da ínsula esquerda e direita entre os
gêneros.
35
36
Ao comparar o volume absoluto entre a ínsula esquerda e a ínsula direita constatamos que
em ambos os gêneros a ínsula esquerda é maior {(mulher, p = 0,021; test t Student pareado),
18000
p= 0,02
16000
14000
12000
Esquerda Direita
10000
MULHER
20000
p=0,002
18000
16000
14000
Esquerda Direita
12000
HOMEM
36
37
Por sua vez, ao considerar o volume relativo da ínsula, não observamos assimetria entre os
hemisférios cerebrais no sexo feminino (p = 0, 912; test t Student pareado). No sexo masculino, a
assimetria entre os hemisférios, ínsula esquerda maior que a direita, persistiu ao estudar o volume
O volume intracraniano não apresentou uma redução significativa com a idade, (mulher; p =
0,29; R = 0,06) e (homem; p = 0,55; R = 0,02, análise de regressão linear) (Figura. 8).
Volume intracraniano
(mm3)
Volume intracraniano
(mm3 )
37
38
Foi verificado declínio do volume absoluto da ínsula direita (p= 0,004, R = 0,28) e esquerda
(p = 0,008, R = 0,24) com a progressão da idade na mulher, porém no homem esta redução foi
Figura 9 - Regressão linear entre o volume absoluto (mm3) da ínsula esquerda e direita e a faixa
etária na mulher e no homem.
38
39
Em contrapartida, não houve uma perda significativa do volume percentual da ínsula direita
e esquerda com a progressão da idade no sexo feminino (ínsula esquerda mulher, p = 0,96; ínsula
direita da mulher, p = 0,8702, regressão linear). No sexo masculino, entretanto, persistiu uma
redução do volume percentual apenas da ínsula esquerda (p = 0,006, R = 0,24, regressão linear)
(Figura.10).
Figura 10 - Regressão linear entre o volume percentual (em relação ao volume intracraniano) da
ínsula esquerda e direita e a faixa etária na mulher e no homem.
39
40
percentual da substância cinzenta da ínsula com a faixa etária (Figura. 11) observamos uma
idade no sexo feminino, porém esta não foi significativa (p=0.08). No homem observamos redução
Figura 11 - Regressão linear entre o volume relativo da substância cinzenta da ínsula esquerda e
direita e a faixa etária na mulher e no homem.
40
41
em ambos os gêneros não observamos uma redução do volume com a progressão da idade.
Verificamos que o volume intracraniano apresenta uma correlação positiva com o volume
absoluto da ínsula (mm3) em ambos os gêneros {(mulher: ínsula esquerda, p=0,002, R=0,32; ínsula
direita, p = 0,001 e R = 0,34) e (homem: ínsula esquerda, p = 0,007, R = 0,23; ínsula direita, p =
Figura 12 - Regressão linear entre o volume intracraniano e o volume absoluto da ínsula esquerda e
direita na mulher e no homem.
41
42
7. DISCUSSÃO
Neste estudo ficou evidente que há uma grande variação individual no volume da ínsula e
este volume é influenciado por fatores como idade do indivíduo, gênero e hemisfério cerebral.
Chaddad Neto et al., 17044 mm3 a 22418 mm3 17210 mm3 a 22313 mm3
(2006)
7762 ±1095 mm3 7762±1046 mm3
Tanabe et al. (2013) 6009 ± 797 mm3 (homem) 5924±784 mm3 (homem)
5844 ± 522 mm3 (mulher) 5722 ±449 mm3(mulher)
42
43
regiões específicas do cérebro, relacionada à idade e ao sexo. Vários fatores exercem influência
sobre essas modificações, dentre elas podemos citar os hormônios esteroides sexuais, diferenças
parietal superior e inferior, e a ínsula são mais suscetíveis a mudanças morfológicas relacionadas
com a idade em comparação com o volume de substância cinzenta em regiões do sistema límbico e
paralímbico (ERICKSON et al., 2005, TAKI et al., 2011, RAZ et al., 1997). Este fato pode ao
menos em parte ser explicado pelo processo de mielinização tardia observado em estruturas do
córtex associativo frontal (BENES, 1989). A influência da maturação e mielinização é mais difícil
de avaliar numa estrutura com a ínsula que é composta por diferentes tipos de córtex cerebral.
ínsula, observamos um claro declínio com a progressão da idade em ambos os gêneros. Por outro
lado, ao corrigir o volume da ínsula em relação ao volume intracraniano esta correlação desaparece.
A dissociação da correlação com a idade entre o volume insular absoluto e relativo poderia ser
explicada pela análise conjunta da substância cinzenta e branca e a idade média jovem da polução
estudada.
Entretanto, não observamos uma redução significativa do volume intracraniano com a idade.
Por outro lado, ao analisarmos individualmente o volume percentual da substância cinzenta e branca
com a idade, constatamos que há uma tendência do volume percentual da substância cinzenta da
ínsula reduzir com a idade, e o volume da substância branca percentual sofrer menos redução
43
44
também é encontrado em outras regiões do encéfalo, como por exemplo, no hipocampo (Andrade-
Um estudo de meta-análise sobre diferenças nas estruturas cerebrais entre os gêneros conclui
que de uma forma geral o volume cerebral é maior no homem que na mulher, entretanto a mulher
branca. As diferenças regionais de estruturas intracerebrais entre os gêneros, por sua vez, são menos
consistentes (COSCROVE, et al., 2007). Entretanto, alguns estudos mostraram que a relação
substância cinzenta/branca é maior na mulher em relação ao homem na ínsula, nos lobos frontal,
temporal, parietal e occipital e giro do cíngulo (TAKI et al, 2011, GUR et al, 1999, ALLEN et al,
decorrentes da ação dos hormônios esteroides, que parece ter um efeito protetor sobre a substancia
cinzenta (ERICKSON et al., 2005, TAKI et al., 2011, RAZ et al., 1997); bem como diferenças na
maturação cerebral, que mostrou-se ser mais precoce no gênero feminino (GIEDD et al., 1999),
Encontramos que a ínsula esquerda foi maior do que a direita. Assimetria interhemisféricas
entre as estruturas cerebrais tem sido descritas, possivelmente refletindo assimetria das funções
cerebrais é mantida durante toda a vida, com exceção de algumas regiões, tais como a ínsula, córtex
44
45
45
46
8. CONCLUSÕES
4. Observamos uma correlação linear positiva entre o volume intracraniano e o volume da ínsula
em ambos os gêneros.
46
47
9. REFERÊNCIAS
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49
50
10. CAPÍTULO I
1
Centro de Ciências Biológicas; 2Departamento de Neuropsiquiatria, Universidade Federal de
Pernambuco; 3Departamento de Medicina Clínica, Universidade Federal de Pernambuco.
Artigo científico a ser submetido à Revista Arquivos de Neuropsiquiatria.
RESUMO
Introdução: Ainda são escassos os estudos anatômicos envolvendo a ínsula, principalmente no que
se refere ao seu volume e sua relação com gênero, idade e diferenças entre os hemisférios cerebrais.
Método: Estudamos o volume da ínsula e sua relação com gênero, idade e diferenças entre os
hemisférios cerebrais em 58 indivíduos saudáveis por RM (3T) do encéfalo. A volumetria
automática da ínsula foi realizada pelo software Freesurfer. Resultados: Em termos relativos, a
ínsula esquerda e direita da mulher é maior que a do homem. O volume absoluto da insula esquerda
é maior que da ínsula direita em ambos os gêneros. Houve declínio do volume absoluto da ínsula
direita e esquerda com a progressão da idade na mulher, no homem esta redução foi observada
apenas na ínsula esquerda. Conclusão: Há uma grande variação individual no volume da ínsula e
este é influenciado por fatores como idade do indivíduo, gênero e hemisfério cerebral.
Palavras-chave: Ínsula; Volumetria; Gênero; Anatomia; Envelhecimento.
ABSTRACT
Introduction: Few anatomic studies have been made on the insula, especially regarding its volume
and its relation with gender, age, and differences between brain hemispheres. Method: The volume
of the insula was studied in relation to gender, age, and differences between brain hemispheres in 58
healthy subjects by using 3-Tesla encephalic MRI. Automated volumetry of the insula was
performed by the software Freesurfer. Results: In relative terms, the left and right insulas in women
are larger than in men. The absolute volume of the left insula is larger than the right insula in both
genders. The absolute volumes of the right and left insula decreased as age increased in women,
while in men this decrease was seen only in the left insula. Conclusion: The volume of the insula
greatly varies individually influenced by factors such as age, gender, and brain hemisphere.
50
51
INTRODUÇÃO
A ínsula é considerada o quinto lobo cerebral exercendo controle sobre várias funções, como
controle motor, autonômico, da linguagem e comportamental. Nos últimos anos o estudo da ínsula
vem ganhando visibilidade no campo científico pela sua participação no processo epileptogênico.
Na última década houve um crescente interesse na anatomia da ínsula, gerado pela necessidade de
Não há mais dúvidas de que o córtex insular desempenha várias funções no processo
cerebrais também ocorrem na ínsula, como por exemplo, no acidente vascular cerebral envolvendo
a ínsula direita há mais disfunção do sistema parassimpático7,8. Esses dados sugerem que
refere às possíveis diferenças entre gêneros e entre hemisférios cerebrais. Sabe-se, porém, haver
variação da anatomia entre os indivíduos. Adicionalmente, pouco se conhece sobre a relação entre o
volume insular e o volume intracraniano, bem como o comportamento do volume da ínsula com a
correlacionando seu volume entre os hemisférios cerebrais, gêneros, idade, volume intracraniano
em indivíduos saudáveis.
METODOLOGIA
51
52
Neste estudo 58 indivíduos saudáveis (30 homens) foram estudados com imagens de
ressonância magnética do encéfalo (3T), modelo Achieva Extra Series (Philips, Best, Holanda). As
imagens de ressonância magnética foram adquiridas no período de 2008 a 2011, no Hospital das
Clínicas de Ribeirão Preto (HCRP). Este estudo foi aprovado pelo comitê de ética desta instituição
em T1 (TR = 9,7 ms; TE = 4 ms; ângulo flip 12; matriz 256 x 256; FOV = 256 mm; espessura da
subcortical9. A maior parte dos pipelines do Freesurfer é automatizada, o que o torna ideal para uso
Estudamos tanto o volume insular absoluto (mm3), ou seja, não corrigido pelo volume
intracraniano, bem como o volume insular percentual após correção pelo volume intracraniano (%).
Para a maioria das analises utilizamos o volume total da ínsula (substância cinzenta e branca).
intracraniano.
expressos quando necessário, como média ± desvio padrão ou erro padrão. Foi aplicado o teste de
D`Agostino-Pearson para determinar o tipo de distribuição das variáveis a serem estudadas. Quando
as variáveis apresentaram uma distribuição normal foram utilizados os testes paramétricos: teste t
de Student ou Anova. Nos casos das variáveis que não apresentaram uma distribuição normal
52
53
foi utilizado para avaliar a correlação entre o volume da ínsula com as variáveis (idade, volume
RESULTADOS
eram do gênero masculino. A média de idade do grupo feminino foi de 36,14 ± 17,17 anos e do
grupo masculino de 40,77 ± 15,53 anos. Não houve diferença significativa com relação à idade
homens (Mulher = 1.204 ± 49 ml vs. Homem= 1.526 ± 33 ml; p<0,0001, teste t Student).
Quando comparamos o volume total absoluto da ínsula esquerda entre os gêneros (mulher =
14.098 ± 215 mm3 vs. homem = 15.572 ± 225 mm3; p< 0,0001, teste t Student) e o volume total da
ínsula direita entre os gêneros (mulher = 13.815 ± 204 mm3 vs. homem = 15.153 ± 204 mm3; p<
0,0001, teste t Student) observamos que a ínsula esquerda e direita do homem é significativamente
gêneros, observamos que o volume da ínsula esquerda (mulher = 1.20 ± 0.03 % vs. homem = 1.03 ±
0.02 %, p = 0,0001, teste de Mann-Whitney) e o volume da ínsula direita (mulher = 1.17 ± 0.03 %
Ao comparar o volume absoluto entre a ínsula esquerda e a ínsula direita constatamos que
em ambos os gêneros a ínsula esquerda é maior {(mulher, p = 0,021; test t Student pareado),
Por sua vez, ao considerar o volume relativo da ínsula, não observamos assimetria entre os
hemisférios cerebrais no sexo feminino (p = 0, 912; test t Student pareado). No sexo masculino a
assimetria entre os hemisférios, ínsula esquerda maior que a direita, persistiu ao estudar o volume
O volume intracraniano não apresentou uma redução significativa com a idade, (mulher; p =
Foi verificado declínio do volume absoluto da ínsula direita (p= 0,004, R = 0,28) e esquerda
(p = 0,008, R = 0,24) com a progressão da idade na mulher, porém no homem esta redução foi
Em contrapartida, não houve uma perda significativa do volume percentual da ínsula direita
e esquerda com a progressão da idade no sexo feminino (ínsula esquerda mulher, p = 0,96; ínsula
direita da mulher, p = 0,8702, regressão linear). No sexo masculino, entretanto, persistiu uma
redução do volume percentual apenas da ínsula esquerda (p = 0,006, R = 0,24, regressão linear).
percentual da substância cinzenta da ínsula com a faixa etária foi observada uma tendência à
redução do volume da substância cinzenta percentual da ínsula com a progressão da idade no sexo
feminino, porém esta não foi significativa (p=0.08). No homem observamos redução significativa
do volume da substância cinzenta percentual da ínsula esquerda (p=0.02, R 0.18) e uma tendência a
em ambos os gêneros não observamos uma redução do volume com a progressão da idade.
Verificamos que o volume intracraniano apresenta uma correlação positiva com o volume
absoluto da ínsula (mm3) em ambos os gêneros {(mulher: ínsula esquerda, p=0,002, R=0,32; ínsula
54
55
direita, p = 0,001 e R = 0,34) e (homem: ínsula esquerda, p = 0,007, R = 0,23; ínsula direita, p =
DISCUSSÃO
Neste estudo ficou evidente que há uma grande variação individual no volume da ínsula e
este volume é influenciado por fatores como idade do indivíduo, gênero e hemisfério cerebral.
Chaddad Neto et al., 17044 mm3 a 22418 mm3 17210 mm3 a 22313 mm3
(2006)
7762 ±1095 mm3 7762±1046 mm3
Tanabe et al. (2013) 6009 ± 797 mm3 (homem) 5924±784 mm3 (homem)
5844 ± 522 mm3 (mulher) 5722 ±449 mm3(mulher)
55
56
regiões específicas do cérebro, relacionada à idade e ao sexo. Vários fatores exercem influência
sobre essas modificações, dentre elas podemos citar os hormônios esteroides sexuais, diferenças
vascular14, 15,16.
parietais superior e inferior, e a ínsula são mais suscetíveis a mudanças morfológicas relacionadas
com a idade em comparação com o volume de substância cinzenta em regiões do sistema límbico e
paralímbico 14,15,16. Este fato pode ao menos em parte ser explicado pelo processo de mielinização
mielinização é mais difícil de avaliar numa estrutura com a ínsula que e composta por diferentes
ínsula observamos um claro declínio com a progressão da idade em ambos os gêneros. Por outro
lado, ao corrigir o volume da ínsula em relação ao volume intracraniano esta correlação desaparece.
A dissociação da correlação com a idade entre o volume insular absoluto e relativo poderia ser
explicada por: 1. redução do volume intracraniano com a idade; 2. análise conjunta da substancia
Entretanto, não observamos uma redução significativa do volume intracraniano com a idade.
Por outro lado, ao analisarmos individualmente o volume percentual da substancia cinzenta e branca
com a idade, constatamos que há uma tendência do volume percentual da substancia cinzenta da
insula reduzir com a idade, e o volume da substância branca percentual sofrer menos redução
também é encontrado em outras regiões do encéfalo, como por exemplo, no hipocampo 18.
56
57
Um estudo de meta-análise sobre diferenças nas estruturas cerebrais entre os gêneros conclui
que de uma forma geral o volume cerebral é maior no homem que na mulher, entretanto a mulher
branca. As diferenças regionais de estruturas intracerebrais entre os gêneros por sua vez são menos
maior na mulher em relação ao homem na ínsula, nos lobos frontal, temporal, parietal e occipital e
decorrentes da ação dos hormônios esteroides, que parece ter um efeito protetor sobre a substância
cinzenta14,1516; bem como diferenças na maturação cerebral, que mostrou-se ser mais precoce no
Encontramos que a ínsula esquerda foi maior do que a direita. Assimetria interhemisféricas
entre as estruturas cerebrais tem sido descritas, possivelmente refletindo assimetria das funções
cerebrais24, 25.
15
Observaram que as assimetrias interhemisférica entre as estruturas cerebrais é mantida
durante toda a vida, com exceção de algumas regiões, tais como a ínsula, córtex pré-frontal e o lobo
posterior do cerebelo.
REFERÊNCIAS
57
58
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Tabela1. Dados individuais referentes ao volume intracraniano (mm3), volume da ínsula (mm3), volume percentual da
ínsula em relação ao volume intracraniano no sexo feminino.
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Tabela 2. Dados individuais referentes ao volume intracraniano (mm3), volume da ínsula (mm3), volume percentual da
ínsula em relação ao volume intracraniano no sexo masculino.
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Figura 1 - Comparação do volume total absoluto e percentual da ínsula esquerda e direita entre os
gêneros.
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18000
p= 0,02
16000
14000
12000
Esquerda Direita
10000
MULHER
20000
p=0,002
18000
16000
14000
Esquerda Direita
12000
HOMEM
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Figura 3 - Regressão linear entre o volume absoluto (mm3) da ínsula esquerda e direita e a faixa
etária na mulher e no homem.
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