Tese Claudia Quevedo

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Universidade de São Paulo

Faculdade de Saúde Pública

As Atividades do Homem e a Evolução da Dinâmica


do Fósforo no Meio Ambiente

Claudia Maria Gomes de Quevedo

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Saúde Pública para obtenção do
título de mestre em Saúde Pública.

Área de Concentração: Saúde Ambiental

Orientador: Prof. Dr. Wanderley da Silva Paganini

São Paulo
2009
As Atividades do Homem e a Evolução da Dinâmica
do Fósforo no Meio Ambiente

Claudia Maria Gomes de Quevedo

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Saúde Pública da Universidade de
São Paulo para obtenção do título de Mestre em
Saúde Pública.
Área de Concentração: Saúde Ambiental

Orientador: Prof. Dr. Wanderley da Silva Paganini

São Paulo
2009
É expressamente proibida a comercialização deste documento tanto na
sua forma impressa como eletrônica. Sua reprodução total ou parcial é
permitida exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, desde que na
reprodução figure a identificação do autor, título, instituição e ano da
tese/dissertação.
Dedico aos meus pais, Ricardo e Maria, por tudo o que me ensinaram e
que ainda me ensinam todos os dias, com simplicidade e amor...

... e ao meu marido, Eduardo, pela paciência e pelo apoio; por


estar ao meu lado, sempre.
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

Agradeço a Deus, por ter tornado esse sonho possível e por ter me ajudado e me dado forças ao longo
desta jornada.

Ao meu marido Eduardo pela dedicação, amor e carinho; por me incentivar e me ajudar a prosseguir
nos momentos mais difíceis.

Às minhas irmãs Ana Lúcia, Elení e Regina, por tudo o que vivemos e aprendemos juntas e pela nossa
eterna amizade.

Ao Prof. Dr. Wanderley da Silva Paganini, meu orientador, a quem respeito e admiro, pela confiança e
pelo apoio; por acreditar em mim e no meu trabalho.
AGRADECIMENTOS

A realização deste trabalho foi possível graças a pessoas especiais, que me auxiliaram de diferentes
formas, através da amizade, do apoio, do trabalho e da dedicação.

Assim, agradeço inicialmente à Artur Esteves Bronzatto, Antonio Fernandes Garcia Junior, José
Aurélio Boranga, Eloísa Helena Cherbakian e Viktor Boyadjian Pereira, amigos da Unidade de
Negócio Médio Tietê e da Superintendência de Gestão Ambiental da SABESP, por terem permitido e
incentivado a realização deste curso.

Agradeço à Miriam Moreira Bocchiglieri, que além da amizade e do companheirismo, teve paciência,
carinho e disposição para me ajudar a frequentar as aulas.

Agradeço a todas as pessoas especiais que conheci ao longo deste trabalho e que contribuíram para
meu crescimento pessoal, profissional e acadêmico e, especialmente, à Miriam, Patrícia, Ana Paula,
Carlos Roberto, Cristiano, Camila Brandão, Alceu, Andrea, Maria do Carmo, Marilda e Camila
Guedes, participantes do Grupo de Orientação Coletiva conduzido pelo Prof. Dr. Wanderley Paganini,
um valioso espaço para troca de conhecimento e experiências.

Agradeço a Luiz Carlos, Elida, Othon e Miguel, que com carinho e amizade, contribuíram, cada um à
sua maneira, para esta conquista.

Agradeço aos técnicos da CATI que auxiliaram na disponibilização de dados relativos à atividade
agrícola, especialmente ao Engº Agrº Mário Ivo Drugowich, da Divisão de Extensão Rural, pelo
apoio, pelo incentivo e pelas informações prestadas.

Agradeço, também, ao Marcos Tadeu Morais, do Departamento de Controladoria e Planejamento da


Unidade de Negócio Médio Tietê da SABESP, pela importante colaboração na compilação de dados.

Agradeço, finalmente, às equipes da biblioteca da SABESP, da Faculdade de Saúde Pública da


Universidade de São Paulo e da Faculdade de Ciências Agronômicas da Universidade Estadual
Paulista pelo auxílio prestado no levantamento bibliográfico.
RESUMO

Quevedo CMG. As atividades do homem e a evolução da dinâmica do fósforo no


meio ambiente. São Paulo (BR); 2009. [Dissertação de Mestrado – Faculdade de
Saúde Pública da Universidade de São Paulo Brasil].

A evolução dos níveis de utilização do fósforo pelo homem tem acarretado um


aumento das taxas de exploração do nutriente, tornando iminente a escassez das
reservas conhecidas e exploráveis, e contribuindo para deterioração da qualidade das
águas. Atentos a essas questões, diversos países buscam reduzir os impactos das
atividades humanas sobre as fontes de fósforo e diminuir os níveis de eutrofização
dos corpos d’água através da aplicação de medidas direcionadas para a limitação ou
banimento da utilização de tripolifosfato de sódio (STPP) nos detergentes, já que esta
é considerada a principal fonte desse nutriente nos esgotos domésticos. De forma
paralela, e com base nos resultados obtidos, são planejadas melhorias nos sistemas de
tratamento de esgotos, considerando-se as peculiaridades econômicas, sociais e
ambientais de cada região. Visando contribuir para uma melhor visualização do
assunto, incorporando-o na realidade do Estado de São Paulo, o presente trabalho
busca retratar a dinâmica do fósforo no meio ambiente a partir das atividades
humanas desenvolvidas na bacia hidrográfica, utilizando o rio Tietê como estudo de
caso. Os resultados obtidos indicam que o aporte desse nutriente nas águas está
relacionado com a atividade urbana, principalmente de fontes domésticas, apontando
para a necessidade de se aprimorar as formas de controle da quantidade de STPP
utilizado na fabricação de detergentes e saponáceos.

Palavras-chave: Fósforo, urbanização, qualidade das águas e detergentes.


ABSTRACT

Quevedo CMG. Human activities and the phosphorus evolution dynamics in the
environment. São Paulo (BR); 2009. [Dissertação de Mestrado – Faculdade de
Saúde Pública da Universidade de São Paulo Brasil].

The evolution of the levels of phosphorus usage by man has as consequence an


increase of the nutrient exploitation levels, making imminent the shortage of the
known and exploitable reserves, and contributing to deteriorate the quality of water.
Mindful of these issues, many countries intend to reduce the impact of human
activities on the phosphorus sources and to promote the reduction of eutrophication
level of the water bodies by implement measures aiming to limit or banish the use of
sodium tripolyphosphate (STPP) in detergents, for this is considered the main source
of this nutrient in domestic sewage. At the same time, and based on the results
obtained, improvements are planned on the sewage treatment systems, considering
the economical, social and environmental particularities of each region. Aiming to
contribute to a better understanding of this subject, and to make clearer in the reality
of the State of Sao Paulo, this study intends to portrait the phosphorus dynamics in
the environment from the human activities developed at hydrographic basins, using
the Tietê River as a case study. The results obtained show that the level of this
nutrient in the water is related to the urban activity, especially domestic sources,
pointing out the need to perfection the ways to control the amount of STPP used
when manufacturing detergents and soaps.

Key words: Phosphorus, urbanization, water quality and detergents.


ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................1

2. OBJETIVOS .....................................................................................................................4
2.1. Objetivo Geral ............................................................................................................ 4
2.2. Objetivos Específicos .................................................................................................. 4

3. REVISÃO DA LITERATURA .......................................................................................5


3.1. Características e Informações Gerais sobre o Fósforo............................................... 5
3.1.1. Distribuição das Reservas no Brasil e no Mundo ........................................................... 7
3.1.2. Importância Econômica e Ambiental ........................................................................... 14
3.1.3. O Ciclo do Nutriente ................................................................................................... 16
3.2. Comportamento do Fósforo no Solo......................................................................... 19
3.2.1. Dinâmica no Sistema Solo-Planta ............................................................................... 22
3.2.2. Fertilização ................................................................................................................. 23
3.2.3. Absorção pelas Diferentes Culturas ............................................................................. 25
3.2.4. Lixiviação .................................................................................................................. 27
3.3. Comportamento do Fósforo nas Águas .................................................................... 29
3.3.1. Participação dos Organismos Aquáticos ..........................................................................31
3.3.2. O Sedimento e a Dinâmica do Nutriente ..........................................................................33
3.3.2.1. Precipitação ......................................................................................................34
3.3.2.2. Liberação .........................................................................................................36
3.3.3. Eutrofização .....................................................................................................................37
3.3.4. Índice do Estado Trófico ..................................................................................................41
3.4. Fosfato em Rios e Reservatórios: Fontes Naturais e Artificiais ............................... 47
3.4.1. Atividade Agrícola ...........................................................................................................51
3.4.2. Atividade Urbana .............................................................................................................60
3.4.2.1. Efluentes industriais .........................................................................................61
3.4.2.2. Esgotos domésticos ..........................................................................................73
3.4.3. Produtos de Uso Doméstico que contém Fósforo ............................................................76
3.4.3.1. Alimentos ................................................................................................... 77
3.4.3.2. Medicamentos ............................................................................................. 80
3.4.3.3. Produtos de Higiene Pessoal e Limpeza ....................................................... 81
3.5. Fósforo nos Detergentes e Saponáceos .........................................................................83
3.5.1. Impactos na Saúde Humana e no Meio Ambiente ...........................................................87
3.5.2. Teor de Fosfato nos Detergentes......................................................................................90
3.5.3. Alternativas para Substituição dos Fosfatos nos Detergentes ..........................................92
3.5.4. Panorama Mundial da Utilização de Fosfatos em Detergentes ........................................93
3.5.5. Situação Atual no Brasil ..................................................................................................98
3.5.6. Uso de Detergentes e Concentração de Fósforo nos Esgotos ..........................................99
3.6. Remoção de Fósforo em Sistemas de Tratamento de Esgotos.................................. 102
3.7. Monitoramento e Controle das Fontes ....................................................................... 109
3.7.1. O Fósforo na Legislação Brasileira e do Estado de São Paulo .................................... 112
3.7.1.1 Resolução CONAMA nº 357/2005 ............................................................ 113
3.7.1.2 Decreto Estadual nº 8468/1979 ...................................................................... 116
3.7.1.3 Resolução CONAMA nº 359/2005 ................................................................ 117
3.7.1.4 Lei Federal nº 11.445/2007 ............................................................................ 119
3.7.2. Monitoramento dos Corpos d’Água: O Papel da CETESB ........................................... 120
3.7.3. Rede de Monitoramento da Qualidade das Águas Interiores e Pontos de Amostragem
Operados pela CETESB................................................................................................. 123

4. MATERIAIS E MÉTODOS........................................................................................ 125


4.1. Definição da Área de Estudo ....................................................................................... 125
4.1.1. O Rio Tietê..................................................................................................................... 126
4.1.2. Panorama dos Usos e da Qualidade das Águas.............................................................. 127
4.1.3. O Projeto Tietê ............................................................................................................... 130
4.1.4. As Bacias do Tietê ......................................................................................................... 132
4.1.4.1. Alto Tietê (AT) .............................................................................................. 137
4.1.4.2. Piracicaba/Capivari/Jundiaí (PCJ) ................................................................. 144
4.1.4.3. Tietê/Sorocaba (TS) ....................................................................................... 149
4.1.4.4. Tietê/Jacaré (TJ)............................................................................................. 153
4.1.4.5. Tietê/Batalha (TB) ......................................................................................... 157
4.1.4.6. Baixo Tietê (BT) ............................................................................................ 161
4.2. Variáveis Estudadas ..................................................................................................... 165
4.2.1. Atividade Urbana ..................................................................................................... 166
4.2.2. Atividade Agrícola ................................................................................................... 166
4.2.3. Dados sobre Fósforo na Coluna d’Água e no Sedimento ........................................... 167
4.3. Identificação e Localização dos Pontos de Amostragem da CETESB..................... 169

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................. 172


5.1. Evolução das Variáveis ................................................................................................ 172
5.1.1. Concentração Populacional Total e Urbana ............................................................... 172
5.1.2. Indústrias por Ramo de Atividade ............................................................................. 183
5.1.3. Áreas Agricultáveis .................................................................................................. 187
5.1.4. Níveis de Fósforo na Coluna d’Água ........................................................................ 193
5.1.5. Níveis de Fósforo no Sedimento ............................................................................... 205
5.2. Relação entre as Variáveis........................................................................................... 208

6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .................................................................. 216

7. REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 221

8. ANEXOS ....................................................................................................................... 230


8.1. Currículo Lattes – Port/CPG/03/08 ............................................................................ 230
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 01: Porcentagem das formas de ortofosfato presente nas águas, em diferentes valores
de pH...........................................................................................................................30
Tabela 02: Formas de fósforo mais comuns nas águas.................................................................31
Tabela 03: Estado trófico e concentração de fósforo total ...........................................................42
Tabela 04: Níveis de fósforo e classificação qualitativa dos principais graus de trofia ...............43
Tabela 05: Estimativas das cargas de fósforo em um lago ou reservatório, em função da
profundidade, em g/m².ano. ........................................................................................45
Tabela 06: Contribuições típicas de fósforo de acordo com a fonte. ............................................49
Tabela 07: Contribuições típicas de fósforo de acordo com a atividade desenvolvida. ...............50
Tabela 08: Quantidade de fertilizante aplicado, em kg/ha, e aumento nas concentrações de
fósforo nas águas, em p.p.m.. .....................................................................................52
Tabela 09: Estimativa de perdas de terras associadas ao uso agrícola no Estado de São Paulo ...58
Tabela 10: Perdas estimadas de fósforo no Estado de São Paulo, associadas ao uso agrícola .....59
Tabela 11: Quantidade média de P presente no leite e seus derivados, em 100 g de produto ......64
Tabela 12: Média de fósforo presente em um efluente típico de indústria para processamento
da rocha fosfática, por tonelada de produto, e tipo de tratamento utilizado ...............70
Tabela 13: Concentração de fosfato em efluentes da indústria petroquímica, de acordo com
diferentes produtos manufaturados .............................................................................71
Tabela 14: Concentrações de fosfato nos produtos alimentícios processados industrialmente
no Brasil e respectivas funções ...................................................................................80
Tabela 15: Principais builders utilizados em detergentes e o resumo de seus impactos ..............86
Tabela 16: Concentrações de STPP nos detergentes em diversas localidades, em 1968..............91
Tabela 17: Redução no consumo de STPP na União Européia, no período de 1984 a 2000,
e iniciativas para sua redução .....................................................................................96
Tabela 18: Eficiência dos processos de tratamento de esgotos na remoção de fósforo .............. 105
Tabela 19: Limites de fósforo para águas doces previstos na Resolução CONAMA 357/05 .... 115
Tabela 20: Limites de fósforo para detergentes previstos na Resolução CONAMA 359/05 ..... 118
Tabela 21: Rede de Monitoramento da Qualidade das Águas Interiores, CETESB ................... 124
Tabela 22: Principais reservatórios do rio Tietê ......................................................................... 130
Tabela 23: Caracterização das bacias do rio Tietê...................................................................... 134
Tabela 24: Volumes de água captados para uso urbano e industrial UGRHI’s do rio Tietê ...... 135
Tabela 25: Áreas de drenagem e vazões médias nas UGRHI’s do rio Tietê e no Estado .......... 136
Tabela 26: Áreas de drenagem e vazões características aproximadas ao longo do Tietê, na
UGRHI Alto Tietê .................................................................................................... 140
Tabela 27: Principais reservatórios localizados na UGRHI Alto Tietê ...................................... 141
Tabela 28: Distribuição das áreas da UGRHI Piracicaba/Capivari/Jundiaí de acordo com as
classes de uso do solo, em km² ................................................................................. 148
Tabela 29: Principais reservatórios da UGRHI Tietê/Sorocaba ................................................. 151
Tabela 30: Principais reservatórios da UGRHI Tietê/Jacaré ...................................................... 155
Tabela 31: Tipos de utilização do solo e respectivas áreas na UGRHI Tietê/Batalha ................ 160
Tabela 32: Principais reservatórios da UGRHI Baixo Tietê ...................................................... 163
Tabela 33: Tipos de utilização do solo e respectivas áreas na UGRHI Baixo Tietê .................. 164
Tabela 34: Localização e características dos pontos de amostragem da CETESB na coluna
d’água ....................................................................................................................... 169
Tabela 35: Localização e características dos pontos de amostragem CETESB no sedimento ... 170
Tabela 36: População total e urbana da UGRHI’s do Tietê e do Estado de São Paulo –
Período de 1986 a 2007 ............................................................................................ 174
Tabela 37: Crescimento anual da população total e urbana das UGRHI’s do Tietê – Período
de 1986 a 2007 .......................................................................................................... 177
Tabela 38: Quantidade municípios por porte, por UGRHI, para 1986, 1993, 2000 e 2007 ....... 180
Tabela 39: Quantidade potencial de fósforo lançada nas bacias do Tietê através dos esgotos
domésticos, nos anos de 1986, 1993, 2000 e 2007 ................................................... 182
Tabela 40: Número de indústrias das bacias do Tietê, por ramo de atividade – Comparativo
entre os anos de 1995 e 2008 .................................................................................... 185
Tabela 41: Extensão das áreas agricultáveis das bacias do Tietê, por cultura – Comparativo
entre os anos de 1998 e 2008 .................................................................................... 190
Tabela 42: Extensão das áreas cultivadas e quantidades de terra e fósforo perdidas nas
bacias do Tietê, por cultura – Comparativo entre os anos de 1998 e 2008 ............... 193
Tabela 43: Concentrações médias de fósforo na coluna d’água no período de 1986 a 2007,
em mg/L, conforme Relatório de Qualidade das Águas Interiores - CETESB ......... 194
Tabela 44: Concentração de fósforo sedimento nos anos de 2004 e 2005, em mg/L,
conforme Relatório de Qualidade das Águas Interiores ........................................... 205
Tabela 45: Concentração de fósforo na coluna d’água e no sedimento, em mg/L, conforme
Relatório de Qualidade das Águas Interiores – Média dos anos 2004 e 2005 .......... 206
Tabela 46: Comparativo das cargas potenciais de fósforo na bacia do Tietê, em decorrência
das atividades urbana e agrícola ............................................................................... 214
Tabela 47: Cargas atuais estimadas de fósforo nas águas do Tietê, por UGRHI, em decorrência
do uso de detergentes contendo STPP ...................................................................... 215
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 01: Mina de fosfato no município de Cajati, SP .................................................................8


Figura 02: Pico no consumo de fósforo..........................................................................................9
Figura 03: Reservas de rochas fosfáticas em 1998 e 2003 ...........................................................11
Figura 04: Estimativas de duração das reservas de fosfato no Brasil e no Mundo ......................12
Figura 05: Ciclo do fósforo na natureza .......................................................................................16
Figura 06: Ciclo natural do fósforo e as influências humanas .....................................................18
Figura 07: Relação entre as frações de fósforo disponíveis no solo .............................................20
Figura 08: Floração de algas no Reservatório de Bariri, no rio Tietê. Janeiro de 2006 ...............37
Figura 09: Efeitos da eutrofização ...............................................................................................40
Figura 10: Eutrofização no rio Piracicaba. Julho/08 ....................................................................41
Figura 11: Rio Tietê, Reservatório de Ibitinga, na cidade de Arealva. Junho/07 .........................41
Figura 12: Evolução do nível de trofia de um lago ou represa .....................................................44
Figura 13: Fontes naturais e antrópicas de fosfato em rios e reservatórios ..................................48
Figura 14: Condições de erodibilidade do solo no Estado de São Paulo .....................................55
Figura 15: Cargas fósforo total no Reservatório Billings, em kg/dia/km², e ocupação urbana ....74
Figura 16: Ocupação urbana das margens do Reservatório Billings e eutrofização ....................75
Figura 17: Densidade populacional e taxa de crescimento projetada para a RMSP ....................76
Figura 18: Formação de espumas no município de Pirapora do Bom Jesus ................................89
Figura 19: Formação de espumas no município de Pirapora Bom Jesus – Imagem satélite ........89
Figura 20: Principais fontes de fosfato para o Lago Eire (EUA-Canadá) .................................. 101
Figura 21: Parâmetros regularmente monitorados pela CETESB através da Rede de
Monitoramento das Águas Interiores ........................................................................ 122
Figura 22: Classificação das UGRHI’s do Estado de São Paulo................................................ 122
Figura 23: Localização do Rio Tietê no Estado de São Paulo.................................................... 126
Figura 24: Lazer às margens do Tietê, na cidade de Sabino. Reservatório de Promissão.......... 128
Figura 25: Pesca no Tietê, na cidade de Itapuí. Reservatório de Bariri ..................................... 128
Figura 26: Evolução atendimento com coleta e tratamento esgotos na RMSP: Projeto Tietê ... 131
Figura 27: Localização das UGRHI’s do Tietê .......................................................................... 134
Figura 28: Localização e municípios pertencentes à UGRHI Alto Tietê ................................... 138
Figura 29: Usos da água na UGRHI Alto tietê ........................................................................... 142
Figura 30: Localização e municípios pertencentes à UGRHI Piracicaba/Capivari/Jundiaí ....... 145
Figura 31: Usos da água na UGRHI Piracicaba/Capivari/Jundiaí.............................................. 147
Figura 32: Localização e municípios pertencentes à UGRHI Tietê/Sorocaba ........................... 150
Figura 33: Usos da água na UGRHI Tietê/Sorocaba.................................................................. 152
Figura 34: Localização e municípios pertencentes à UGRHI Tietê/Jacaré ................................ 154
Figura 35: Usos da água na UGRHI Tietê/Jacaré ...................................................................... 156
Figura 36: Localização e municípios pertencentes à UGRHI Tietê/Batalha .............................. 158
Figura 37: Usos da água na UGRHI Tietê/Batalha .................................................................... 159
Figura 38: Localização e municípios pertencentes à UGRHI Baixo Tietê................................. 161
Figura 39: Usos da água na UGRHI Baixo Tietê ....................................................................... 163
Figura 40: Representação esquemática da localização dos pontos de amostragem operados
pela CETESB no caudal do Tietê – coluna d’água e sedimento ............................... 171
Figura 41: Evolução do crescimento anual médio da populacão total e urbana do Estado de
São Paulo e da bacia do Tietê – Período 1986 a 2007 ............................................. 175
Figura 42: Crescimentoanual médio da população total e urbana, por UGRHI, e do total da
bacia do Tietê – Período 1986 a 2007....................................................................... 176
Figura 43: Crescimento percentual da população urbana dos municípios do Alto Tietê, entre
os anos de 1986 a 2007 ............................................................................................. 178
Figura 44: Apresentação do mapa da concentração populacional total da bacia do rio Tietê,
de acordo com o porte, para os anos 1986, 1993, 2000 e 2007 ................................ 181
Figura 45: Evolução do potencial de contribuição de fósforo na bacia do Tietê nos anos de
1986, 1993, 2000 e 2007, em termos percentuais ..................................................... 183
Figura 46: Expansão do número de indústrias na bacia do Tietê, a partir de 1995 .................... 186
Figura 47: Extensão áreas irrigadas da bacia do Tietê, em ha – Período de 1985 a 1995 .......... 188
Figura 48: Extensão áreas cultivadas da bacia do Tietê, em ha – Período de 1998 a 2008 ........ 189
Figura 49: Extensão das áreas utilizadas para plantio da cana-de-açúcar, milho e pastagens
na bacia do Tietê – Diferença verificada entre os anos 1998 e 2008 ........................ 192
Figura 50: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 02050 - UGRHI Alto
Tietê, próximo à nascente ......................................................................................... 195
Figura 51: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 02090 – UGRHI Alto
Tietê, 20 km a jusante da nascente ........................................................................... 195
Figura 52: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 03120 – UGRHI Alto
Tietê, 35 km a jusante da nascente ........................................................................... 195
Figura 53: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 04150 – UGRHI Alto
Tietê, 77 km a jusante da nascente ........................................................................... 196
Figura 54: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 04170 – UGRHI Alto
Tietê, 102 km a jusante da nascente.......................................................................... 196
Figura 55: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 04180 – UGRHI Alto
Tietê, 112 km a jusante da nascente.......................................................................... 196
Figura 56: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 04200 – UGRHI Alto
Tietê, 120 km a jusante da nascente.......................................................................... 196
Figura 57: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIES 04900 – UGRHI Alto
Tietê, 160 km a jusante da nascente.......................................................................... 197
Figura 58: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIPI 04900 – UGRHI Alto
Tietê, 201 km a jusante da nascente, no município de Pirapora do Bom Jesus ...... 197
Figura 59: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIRG 02900 – UGRHI
Tietê/Sorocaba, 273 km a jusante da nascente, no Reservatório de Rasgão,
município de Pirapora do Bom Jesus ........................................................................ 197
Figura 60: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 02350 – UGRHI
Tietê/Sorocaba, 396 km a jusante da nascente.......................................................... 198
Figura 61: Tendência da concentração de fósforo ponto TIET 02400 – UGRHI Tietê/
Sorocaba, 443 km a jusante da nascente, após confluência com rio Sorocaba ......... 198
Figura 62: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 02450 – UGRHI
Tietê/Sorocaba, 463 km a jusante da nascente, início Represa de Barra Bonita....... 198
Figura 63: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 02500 – UGRHI
Tietê/Sorocaba – 568 km a jusante da nascente........................................................ 199
Figura 64: Tendência da concentração de fósforo ponto TIBB 02100 – UGRHI Tietê/
Sorocaba, 598 km a jusante da nascente, após confluência com o rio Piracicaba .... 199
Figura 65: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIBB 02700 – UGRHI
Tietê/Sorocaba – 602 km a jusante da nascente, na represa de Barra Bonita,
após a confluência com o rio Piracicaba ................................................................... 199
Figura 66: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 02500 – UGRHI Tietê/
Jacaré, 607 km a jusante da nascente ........................................................................ 200
Figura 67: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 02600 – UGRHI Tietê/
Batalha, 705 km a jusante da nascente, no Reservatório de Ibitinga ........................ 200
Figura 68: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 02700 – UGRHI Baixo
Tietê, 865 km a jusante da nascente.......................................................................... 200
Figura 69: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIRT 02100 – UGRHI Baixo
Tietê, 945 km a jusante da nascente.......................................................................... 201
Figura 70: Tendência da concentração de fósforo no ponto TITR 02800 – UGRHI Baixo
Tietê, 1065 km a jusante da nascente, no Reservatório de Três Irmãos ................... 201
Figura 71: Localização do ponto de amostragem TIET 02400 – Jusante da confluência dos
rios Sorocaba e Tietê ................................................................................................ 202
Figura 72: Localização do ponto de amostragem TIBB 02700 e TIET 02500 – Jusante da
confluência dos rios Piracicaba e Tietê..................................................................... 203
Figura 73: Concentrações médias de fósforo no Tietê, em mg/L, conforme Relatório de
Qualidade das Águas Interiores - Anos 1986, 1993, 2000 e 2007 ............................ 204
Figura 74: Concentração de fósforo no sedimento, em mg/L, conforme Relatório de
Qualidade das Águas Interiores – Média dos anos 2004 e 2005............................... 207
Figura 75: Concentração populacional total, população urbana e concentração de fósforo na
coluna d’água na bacia do Tietê – anos 1986, 1993, 2000 e 2007............................ 210
Figura 76: Concentração populacional total, número de indústrias e concentração de fósforo
na coluna d’água na bacia do Tietê – anos 1995 e 2008 ........................................... 210
Figura 77: Concentração populacional total, extensão área cultivada e concentração de
fósforo na coluna d’água na bacia do Tietê – anos 1998 e 2008 .............................. 211
1

1. INTRODUÇÃO

O termo “qualidade” pode ser entendido como atributo ou condição das coisas ou das
pessoas, que permite distingui-las das outras, possibilitando sua avaliação e,
consequentemente, seu aceite ou recusa.

Assim, a qualidade da água relaciona-se às suas características físicas, químicas e


biológicas, que, traduzidas em uma série de informações técnicas e parâmetros,
permitem avaliar as suas condições e a possibilidade de sua utilização.

A água pura, no sentido rigoroso do termo, não é encontrada na natureza. Ao cair em


forma de chuva, já carreia impurezas do próprio ar; ao atingir o solo seu grande
poder de dissolver e carrear substâncias altera ainda mais suas qualidades.

No entanto, conforme cita BRANCO (1978), nenhuma das utilidades propostas para
a água exige estado de pureza química absoluta, e sim, soluções de diversos
elementos em quantidades variáveis. Ou seja, a qualidade da água é um valor exigido
relativamente ao uso que se pretende fazer dela.

Nesse contexto, a qualidade da água requerida para uso pela navegação ou para
geração de energia elétrica é diferenciada daquela destinada ao abastecimento
público, cujos mecanismos de controle devem garantir que as condições sanitárias e
toxicológicas estejam adequadas à manutenção da saúde humana.

VON SPERLING (2005) destaca que a qualidade de determinada água é definida em


função das condições naturais e do uso e ocupação do solo na bacia hidrográfica. As
condições naturais podem ser descritas como aquelas resultantes de ações da
natureza, a partir da infiltração ou escoamento de partículas carreadas pelo solo em
decorrência das chuvas. Já as questões de uso e ocupação do solo, são diretamente
relacionadas com a ação do homem. Dentre essas ações pode-se destacar a utilização
das áreas localizadas no entorno dos rios e lagos para a prática agrícola, bem como
para a instalação de indústrias ou cidades, muitas com lançamento in natura dos
efluentes gerados.
2

Assim, a qualidade da água e a disponibilidade hídrica são suscetíveis ao


desenvolvimento econômico, ao incremento nas atividades humanas, ao crescimento
das cidades e à aceleração dos processos de urbanização e industrialização. Tal fato é
ratificado por TUNDISI (2003), que acrescenta que a expansão populacional e o
aumento da demanda pela água em seus mais diversos usos, tem desencadeado
problemas de escassez em diversas regiões.

De acordo com dados da Food and Agricultural Organization (FAO), entidade


ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), esse cenário faz com que
atualmente, quase 2 bilhões de pessoas vivam sem acesso à água em quantidade e
qualidade suficiente para atendimento às suas necessidades diárias, situação que
tende a piorar ainda mais, caso não sejam adotadas medidas visando a gestão
sustentável e eficaz dos recursos hídricos. (FAO, 2007)

Nesse sentido, a questão do lançamento de fósforo nas águas tem sido considerada o
resumo dos impactos negativos das atividades humanas sobre a qualidade das águas.
(BRANCO e ROCHA, 1987; ALONSO, 2002; BRAGA et al., 2002, CETESB,
2005)

Isto porque o fósforo, macronutriente fundamental à manutenção de todas as formas


de vida, é componente básico de fertilizantes utilizados na agricultura e matéria-
prima de diversos produtos industrializados utilizados em larga escala pelo homem,
como é o caso dos detergentes em pó. Apesar de ocorrerem contribuições naturais
oriundas da própria bacia de drenagem, em áreas com elevada concentração
demográfica, sua presença nas águas está relacionada de forma direta com os
lançamentos de esgotos domésticos, e mais especificamente, com a utilização de
detergentes fosfatados, o que o torna um importante elemento traçador da poluição
doméstica.

ALONSO (2002) destaca que o fósforo é considerado atualmente um dos principais


problemas de poluição dos mananciais do Estado de São Paulo e que a restrição da
utilização de fosfato nos detergentes de uso doméstico, principalmente na forma de
tripolifosfato de sódio (STPP), é uma medida fundamental para redução dos níveis de
eutrofização e ampliação dos usos das águas.
3

Paralelamente aos impactos causados na qualidade das águas, surgem outras


discussões relativas ao comportamento do fósforo no meio ambiente: trata-se de
um nutriente com fontes finitas e não renováveis, cuja velocidade de exploração é
atualmente muito superior às suas taxas de retorno ao ciclo natural, sendo que já
existem previsões a respeito de um provável colapso nas suas fontes disponíveis e
conhecidas, com impactos econômicos, sociais e ambientais graves e
irreversíveis.

Atentos a essas questões e devido a sérios problemas de qualidade das águas


superficiais decorrentes de processos de eutrofização, diversos países passaram a
discutir as formas de controle das fontes, através da aplicação de medidas
preventivas, partindo para a redução da quantidade de STPP presente nos
detergentes. Em locais como Suíça e Alemanha, inclusive, a utilização de fosfatos
em detergentes em pó foi completamente banida desde a década de 1980.

Passou-se a discutir também, de forma mais intensa, a necessidade de serem adotadas


outras medidas de gerenciamento e controle, envolvendo o monitoramento do
lançamento de esgotos domésticos, bem como a melhoria gradativa e planejada na
eficiência dos sistemas de tratamento, a fiscalização dos despejos industriais e a
adoção de processos de produção agrícola mais controlados e sustentáveis, levando-
se em conta as alternativas mais adequadas para a reciclagem do nutriente.

Essas ações têm sido consideradas de grande importância para a melhoria da


qualidade das águas e para a preservação do ciclo natural do nutriente, uma vez que
busca a proteção e conservação do meio ambiente, de maneira sustentável e
sistêmica.

No Brasil, as discussões relativas a esse assunto vêm ocorrendo desde o ano de 2005,
quando foram implementadas as Resoluções nº 357 e nº 359, do Conselho Nacional
do Meio Ambiente (CONAMA), que tratam da qualidade dos corpos d’água e da
presença de STPP nos detergentes em pó, respectivamente. A evolução dessas
discussões e sua inserção na realidade econômica, social e ambiental brasileira,
considerando as diferenças regionais, são fundamentais para a garantia da saúde
pública e para a preservação ambiental.
4

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

O objetivo geral deste trabalho é levantar informações sobre a dinâmica do fósforo


no meio ambiente, avaliando os impactos causados pelas atividades humanas e
verificando as ações que podem contribuir para sua preservação e para melhoria da
qualidade das águas.

2.2. Objetivos Específicos

• Levantar informações sobre o elemento químico fósforo, suas características e


seu ciclo biogeoquímico, bem como sobre as ferramentas técnicas e legais para
seu controle nas águas;

• Identificar as atividades humanas que geram impactos sobre o ciclo do nutriente;

• Executar levantamento das experiências já adotadas no sentido de reduzir os


níveis de utilização do fósforo, preservando suas fontes e diminuindo seu
impacto sobre a qualidade das águas;

• Efetuar um estudo de caso sobre a situação do Estado de São Paulo, com base em
informações sobre o rio Tietê relativas às atividades urbana e agrícola
desenvolvidas na bacia hidrográfica e às concentrações de fósforo verificadas no
caudal no rio, nos compartimentos água e sedimento.
5

3. REVISÃO DA LITERATURA

3.1. Características e Informações Gerais sobre o Fósforo

É amplamente conhecida a importância do fósforo para a manutenção da vida.

Classificado como um macronutriente primário, juntamente com o carbono, o


oxigênio, o hidrogênio, o nitrogênio, o potássio, o cálcio, o magnésio e o enxofre, o
fósforo é considerado um elemento vital para o funcionamento dos sistemas
biológicos de todos os organismos vivos.

Possui papel relevante nos processos metabólicos, com participação na formação do


ácido desoxirribonucléico (DNA), do ácido ribonucléico (RNA) e da adenosina tri-
fosfato (ATP), nucleotídeo responsável pelo armazenamento da energia proveniente
da respiração celular e da fotossíntese. A partir dessa energia, são desencadeados
diversos processos biológicos, tais como o transporte ativo de moléculas, síntese e
secreção de substâncias, locomoção e divisão celular, entre outros.

O fósforo é também, componente importante dos ossos e dentes, que armazenam


cerca de 750 gramas desse elemento na forma de fosfato de cálcio. Nos seres
humanos, sua deficiência pode causar dificuldades e problemas de crescimento, e
baixo desenvolvimento de ossos e músculos, especialmente em recém-nascidos.
Estima-se que cerca de 70% do fósforo ingerido seja absorvido pelo corpo humano.
(ESTEVES, 1988; MACRAE et al., 1993; BRAGA et al., 2002)

Na Tabela Periódica dos Elementos, o fósforo corresponde ao elemento químico não-


metálico de símbolo “P” e número 15, fazendo parte do “Grupo VA” ou “Grupo do
Nitrogênio”. Possui 5 elétrons na camada de valência, formando ligações de natureza
covalente com outros elementos químicos.

A ocorrência natural de fósforo se dá nas denominadas rochas fosfáticas, na forma de


6

ortofosfato (PO43-), combinado com outros elementos químicos. Somente a partir do


aquecimento dessas rochas, através de processos industriais, é que se obtém o fósforo
em sua forma elementar (P4). (STUMM e MORGAN, 1981; MACRAE et al., 1993)

As variedades alotrópicas mais comuns de P4 são a branca e a vermelha, utilizadas


em laboratórios como agentes redutores e para obtenção de diversos compostos
fosfatados, como por exemplo, o ácido fosfórico. As propriedades químicas de
ambas diferenciam-se somente na intensidade e velocidade da reação: as ações do
fósforo branco são rápidas e enérgicas comparativamente às do fósforo vermelho,
que são consideravelmente mais brandas e lentas. O fósforo negro é uma variedade
menos comum, mas que vale ser citada por ser a forma mais estável sob o aspecto
termodinâmico. (LEPREVOST, 1978; CEEP, 2007)

O fósforo branco é uma substância altamente venenosa, cuja aspiração ou ingestão


podem causar a morte; em contato direto com a pele, causa queimaduras. Sua
estrutura molecular proporciona grande reatividade e volatilidade, garantindo-lhe a
capacidade de inflamar-se espontaneamente em contato com o oxigênio, numa
reação altamente exotérmica, fenômeno que é denominado quimiluminescência.

Pelas suas características, essa variedade do fósforo tem sido utilizada desde a 1ª
Guerra Mundial como armamento bélico, destinado à produção de cortinas de
fumaça e bombas incendiárias. Durante alguns anos, também, devido ao seu efeito
tóxico, essa forma de fósforo foi utilizada em inseticidas e raticidas. O fósforo
vermelho, resultante do aquecimento do fósforo branco, é mais estável e não
apresenta toxicidade. (LEPREVOST, 1978; RUSSEL, 1994)

É na forma de ortofosfato que o fósforo é encontrado na grande maioria dos


alimentos naturais, e é desta forma que ele é absorvido e sintetizado pelos seres
vivos. Nos processos biológicos, a utilização ocorre na forma de fosfatos orgânicos,
situações onde o fósforo une-se a compostos orgânicos, como por exemplo, os
açúcares, através de ligações de grupos OH. Em ambientes aquáticos, os ortofosfatos
(PO43-, HPO42-, H2PO4) são também as formas de fósforo absorvidas com maior
intensidade pelo fitoplâncton e outros seres desse ecossistema. (MACRAE et al.,
1993; BOLLMAN et al., 2005)
7

A quimiluminescência e a respectiva capacidade de produzir luz e calor, foi a


primeira característica observada no elemento químico fósforo, em 1669, pelo
alquimista alemão Henning Brand. Em busca da pedra filosofal, o alquimista
vaporizou uréia e obteve uma fração de fósforo branco, ardente e brilhante no escuro.
Esse fato, inclusive, deu origem ao seu nome em grego, Phosphoros, que significa
“portador da luz”. (LEPREVOST, 1978; MACRAE et al., 1993; RUSSEL, 1994)

3.1.1. Distribuição das Reservas no Brasil e no Mundo

O fósforo é o sétimo elemento mais abundante da litosfera. Devido à sua reatividade,


ocorre geralmente de forma associada a outros elementos químicos, como cálcio,
sódio, flúor, cloro, ferro, alumínio e magnésio. (SOUZA, 2001)

Dentre as rochas fosfáticas consideradas mais importantes, pode-se destacar a apatita


(Ca5Cl(PO4)3 ou Ca5F(PO4)3), que se destaca como um minério de grande relevância
para o processo de obtenção do ácido fosfórico, e a fosforita (Ca3(PO4)2), produto
importante para a indústria de fertilizantes devido à presença considerável de cálcio
em substituição ao cloro ou flúor. (LEPREVOST, 1978; MACRAE et al., 1993;
RUSSEL, 1994)

Em termos mundiais, as rochas que abrigam as reservas de fósforo podem ser


classificadas basicamente em sedimentares e ígneas, de acordo com sua origem. Há
ainda, as reservas biogenéticas, que são rochas formadas por concentrações orgânicas
resultantes dos dejetos de aves. A importância econômica deste tipo de reserva,
entretanto, é considerada menos relevante por formarem depósitos de dimensões
mais reduzidas e de difícil acesso. (LEPREVOST, 1978; SOUZA, 2001)

Cerca de 70% das reservas mundiais de fósforo possuem origem ígnea e encontram-
se localizadas no hemisfério norte, notadamente nos Estados Unidos, China,
Marrocos e Rússia, sendo que, atualmente, mais de 30 países são produtores de
8

concentrado fosfático para uso doméstico ou para exportação. Dentre esses países,
Estados Unidos, China e Marrocos, respondem por 2/3 da produção mundial,
destacando-se que o Marrocos, numa situação mais vantajosa, detém cerca de 60%
das reservas potenciais e 50% dos recursos geológicos globais adequados a uma
futura exploração da rocha.

O Brasil, situado em faixa intertropical, com clima úmido e solos ácidos, possui área
mineralmente pobre no que se refere à presença dos nutrientes principais. De acordo
com dados fornecidos pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM)
para o ano de 2000, cerca de 73,8% das reservas totais de rocha fosfática do território
brasileiro, localiza-se no estado de Minas Gerais, 8,3% em Goiás e 7,3% em São
Paulo, que juntos participam com 89,4% das reservas totais do país. O restante, que
corresponde a 10,6%, localiza-se nos estados de Santa Catarina, Ceará, Pernambuco,
Bahia e Paraíba. (NHM, 1998b; SOUZA, 2001)

A Figura 01 ilustra a mina de exploração de fosfato localizada no município de


Cajati, distante cerca de 230 km da capital do Estado de São Paulo. Operada pela
empresa Serrana, pertencente ao grupo Bunge, essa mina encontra-se em operação
desde o ano de 1946 e atualmente é responsável por 11,4% do total de concentrado
fosfático produzido no país. (SOUZA, 2001; SCHNELLRATH et al. 2002)

Figura 01: Mina de fosfato no município de Cajati, SP.


Fonte: BUNGE, 2008.
9

Com base nas informações a respeito do volume das reservas mundiais disponíveis e
de acordo com as demandas hoje existentes, CORDELL (2008) ressalta a provável
ocorrência de um pico na exploração das reservas de rochas fosfáticas do mundo na
década de 2030.

Após esse período, devido ao crescimento exponencial da população projetado para


50 anos, estima-se que a disponibilidade das reservas e a capacidade de sua
exploração deverá ser reduzida gradativamente, ficando sujeita aos impactos
decorrentes da elevação dos custos de operação, da redução da qualidade e do
aumento na dificuldade técnica de acesso às reservas.

Ainda de acordo com CORDELL (2008), no ritmo atual de exploração e a partir do


crescimento populacional previsto, calcula-se que as reservas de rocha fosfática
conhecidas e exploráveis estejam extintas no período de 50 a 100 anos. Essas
projeções podem ser visualizadas na Figura 02.

Atual
Estimado
Produção de Fósforo
(milhões ton./ano)

Ano
Figura 02: Pico no consumo de fósforo.
Fonte: CORDELL, 2008.

Comparativamente à crise prevista nas reservas mundiais de petróleo, a situação do


fósforo tende a ser mais grave, uma vez que não existem fontes alternativas ou
10

elementos que possam substituir esse nutriente no ciclo biológico e na produção


vegetal.

MALAVOLTA (2004, p. 36) aborda essa questão da seguinte forma:

“O limite de crescimento da humanidade não será ditado pelo esgotamento


dos minerais estratégicos ou pelo das reservas de combustíveis fósseis
como pretende ou pretendia o Clube de Roma, pois para esses há
alternativas técnicas e econômicas.
A humanidade poderá crescer enquanto houver no solo fósforo para ser
aproveitado e enquanto o homem puder transferir esse elemento da
litosfera para a biosfera servindo como comida insubstituível para as
plantas e para os animais, pois o fósforo é vida e sem ele teríamos um
planeta silencioso.”

Tais assertivas podem ser traduzidas como polêmicas, uma vez que a importância da
preservação das reservas de fósforo é comparada de forma veemente à questão
estratégica dos combustíveis fósseis. É fato, entretanto, que alguns países já adotam
medidas que auxiliem a prolongar a longevidade de suas reservas internas.

A China estabeleceu um imposto de 135% sobre as exportações de fosfato, de forma


a priorizar o atendimento da demanda interna. Os Estados Unidos, que são
historicamente os maiores produtores, consumidores, exportadores e importadores de
rocha fosfatada e fertilizantes, estimam que suas reservas internas deverão se
extinguir nos próximos 25 anos, de forma que empresas americanas já importam,
sistematicamente, rocha fosfatada de Marrocos. Nesse cenário, o valor comercial da
rocha fosfatada teve um acréscimo, no mundo, de 700% no período de 14 meses,
passando de U$ 50 a tonelada, em janeiro/2007, para U$ 350 a tonelada, em
março/2008. (CORDELL, 2008)

Por outro lado, LOPES et al. (2004), citando Isherwood (1999), acrescentam que a
duplicação ou triplicação dos preços atuais dos fosfatos podem auxiliar na descoberta
de novas jazidas, principalmente através da exploração das plataformas continentais
e das montanhas dos oceanos, como o que vem ocorrendo na China e na Austrália.

Apesar do acréscimo nos valores comerciais da rocha, estima-se que essa mudança
de mercado poderá contribuir para a longevidade das reservas com capacidade
imediata de extração e produção econômica, devido ao aumento da capacidade de
11

investimento em novas jazidas.

Nesse sentido, são apresentados os dados estimados pelo United States Geological
Survey (USGS), que, no ano de 1998, apontavam que as reservas disponíveis eram
totalizadas em 11,3 bilhões de toneladas, com uma longevidade de aproximadamente
80 anos. Com a melhoria das técnicas de exploração, a projeção efetuada pela USGS
no ano de 2003 indicou resultados mais positivos, afirmando que as reservas seriam
de 17 bilhões de toneladas, alterando a longevidade projetada para 120 anos.

A ilustração dessa situação pode ser visualizada na Figura 03.

1998 11,3

80 anos
Ano

2003 17,0

120 anos

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0


Quantidade (bilhões de toneladas)

Figura 03: Reservas de rochas fosfáticas em 1998 e 2003.


Fonte: Adaptado de LOPES et al., 2004.

Deve-se ressaltar, entretanto, que a melhoria nas técnicas de exploração e o aumento


da longevidade das reservas somente são possíveis mediante a elevação do preço do
produto.

MALAVOLTA (2004), citando Reider (1986), projeta a situação das reservas


brasileiras e mundiais de rocha fosfática frente ao crescimento da demanda de
fosfato, em termos percentuais. A partir desse trabalho, estima-se que as reservas
mundiais tendem a durar 70 anos, caso ocorra um aumento de 6% na demanda ou
12

210 anos, caso esse crescimento seja de 1%. No caso das reservas brasileiras, nas
mesmas condições de crescimento percentual, o tempo de duração poderá ser de 40
anos ou 120 anos. A ilustração dessa situação segue na Figura 04.

Figura 04: Estimativas de duração das reservas de fosfato no Brasil e no Mundo.


Fonte: MALAVOLTA, 2004.

Apesar das divergências em relação à quantidade de tempo de duração das reservas


de rocha fosfática, percebe-se em todos os casos uma clara tendência de esgotamento
caso não sejam adotadas ações para gerenciamento e reaproveitamento do nutriente.

Para se evitar esse cenário e aumentar a vida útil das reservas brasileiras de rocha
fosfática, MALAVOLTA (2004) propõe a adoção de algumas medidas a serem
consideradas no âmbito da produção de alimentos:

 Mineração e beneficiamento: Aumento na porcentagem de recuperação;

 Tecnologia: Maior aproveitamento de fosfato recuperado mediante mudanças


nos processos de produção;

 Legislação: Compatibilizar lei, eficiência agronômica e produtos;

 Adubação: Aumentar a eficiência dos processos de adubação fosfatada,


13

manejo e correção da acidez;

 Genética e melhoramento: Desenvolvimento de variedades e raças mais


eficientes no aproveitamento do fósforo (solo, adubo e ração);

 Recuperação: Promover a ciclagem do fósforo no solo através do aumento


de variedades, rotação de culturas e calagem (efeito residual de adubação
projetada). Aproveitar os resíduos agrícolas, industriais e urbanos.

Nesse contexto, a preocupação com a adoção de medidas visando a recuperação do


nutriente nas áreas utilizadas para a produção agrícola, de forma a se promover a sua
reciclagem no meio ambiente, vem se tornando crescente.

LLOYD (2007) salienta que a estruturação de políticas que auxiliem na ciclagem de


nutrientes através da economia, principalmente através da fertilização de áreas
agrícolas, é de grande importância para a diminuição dos seus efeitos indesejados no
meio ambiente e para maior eficiência no aproveitamento dos recursos naturais
disponíveis.

Na Europa, foi criado no ano de 1971, o Centre Européen d’Estudes des


Polyphosphates (CEPP), um setor da European Chemical Industry Council (CEFIC).
Lotada na Bélgica, essa entidade é composta por pesquisadores e produtores de
polifosfatos para a indústria de detergentes e outras aplicações industriais. O objetivo
do CEEP é promover pesquisas e fornecer informações sobre o impacto dos fosfatos
no meio ambiente, desenvolvendo estudos sobre tratamento de efluentes, a
eutrofização e o ciclo do nutriente. (CEEP, 2008)

Em relação à quantidade de fósforo presente nos efluentes domésticos que é lançada


nas águas e muitas vezes perdida nos sedimentos profundos, BRANCO e ROCHA
(1987) destacam a importância dos estudos e das práticas relacionadas com a
disposição de esgotos no solo para irrigação e fertilização de áreas agrícolas.

Assim, de forma paralela aos diferentes cenários relativos às dimensões, à


longevidade das reservas de rocha fosfática nos diferentes países e às perspectivas de
exploração frente à crescente demanda, tomam corpo as discussões inerentes ao
14

paradoxo existente entre a essencialidade do nutriente e a sua disponibilidade


limitada na natureza, buscando-se alternativas para a sua reciclagem e preservação
ambiental. Intensificam-se as discussões relativas à promoção de sua
sustentabilidade, levando-se em conta o respeito ao seu ciclo natural.

3.1.2. Importância Econômica e Ambiental

Desde a antiguidade o homem utilizava ossos e restos vegetais para adubação de


plantas e produção de alimentos.

Não obstante, a correlação entre esse fato e a participação do fósforo ocorreu


somente no início do século XIX, quando os cientistas Justus Von Liebig, Wilhelm
Knop e Julius Von Sachs demonstraram sua importância enquanto macronutriente
primário para plantas e animais.

Logo após, em 1840, na Inglaterra, começou a ser fabricado o primeiro adubo


fosfatado, sintetizado a partir de ossos e, em 1847, na região de Suffolk, Grã-
Bretanha, foi introduzido pelo químico John Bennet Lawes, o processamento
industrial das rochas de fosfato para fabricação de fertilizantes. Esse acontecimento
marca início da exploração das fontes de fósforo para utilização comercial.
(CATHCART, 1980; MALAVOLTA, 2004)

Nas décadas seguintes, a exploração dos concentrados de rocha fosfática teve um


aumento considerável, principalmente em decorrência da fabricação de fertilizantes.
A partir do início do século XX, por meio do desenvolvimento industrial e
tecnológico, outros produtos passaram a ser industrializados à base de fósforo,
tornando esse nutriente ainda mais importante economicamente. Como resultado,
CATHCART (1980) destaca que enquanto no ano de 1887 produzia-se 1 milhão de
toneladas de fosfato, em 1938 a produção já era de 12 milhões de toneladas,
destinada aos mais diversos usos.
15

Atualmente, da produção mundial total de fosfato, estima-se que 80% seja destinada
à industria de fertilizantes, 12% para a indústria de detergentes e saponáceos, 5%
para a alimentação animal e 3% para outras aplicações. (VITTI et al., 2004)

No Brasil, dados fornecidos pelo DNPM indicam que o consumo diferencia-se do


padrão mundial. Da produção interna, cerca de 44% é destinada à fabricação de
fertilizantes, 54% para o ácido fosfórico e seus usos na produção industrial e 2% para
ração animal. (SOUZA, 2001)

No ano de 2000, foram movimentados no Brasil cerca de 29,5 milhões de toneladas


de rocha, com produção de 4,7 milhões de toneladas de concentrado fosfático. Essa
produção nacional necessitou ser suprida pela importação de cerca de 1 milhão de
toneladas de matéria-prima, 270 mil toneladas de ácido fosfórico para fertilizantes e
2,3 milhões de toneladas de produtos intermediários. A maior parte das importações
teve origem dos Estados Unidos (30%) e da Rússia (26%). (SOUZA, 2001)

Considerando-se que o fósforo não é um elemento tóxico à saúde dos seres vivos,
sendo, ao contrário, essencial à manutenção da vida, suas interações com o meio
ambiente têm sido relacionadas ao nível de fertilização das águas, ou eutrofização.
Além disso, nas últimas décadas, previsões a respeito do possível esgotamento das
fontes desse nutriente e a impossibilidade de sua substituição por outro elemento
químico da natureza, têm promovido debates a respeito de sua utilização enquanto
matéria-prima necessária para a produção de diversos produtos industrializados.

A partir da década de 1970, os estudos relativos à disponibilidade de fósforo, à


produtividade biológica e à fertilização tem sido aprimorados, uma vez que, na medida
em que são aumentados os níveis de eutrofização das águas, se projeta um decréscimo
nas reservas mundiais desse nutriente na natureza. (TAYLOR e KILMER, 1980)

O aprofundamento dos estudos relacionados à utilização de fósforo pelas plantas, das


alternativas existentes para garantir a produtividade agrícola necessária para o pleno
atendimento à demanda caminha de forma paralela à necessidade de controle da
quantidade de fósforo lançada nos corpos d’água. Nesse sentido, busca-se racionalizar
o seu uso, proteger o meio ambiente, garantir a qualidade das águas e preservar as
reservas de fósforo existentes.
16

3.1.3. O Ciclo do Nutriente

Ao contrário do nitrogênio, cujo reservatório é o ar, a fonte de fósforo na natureza é a


litosfera, fazendo parte do denominado ciclo sedimentar.

Sua liberação natural ocorre principalmente por meio das erosões do solo, num
processo lento em que parte do fosfato é transportada para a hidrosfera, meio onde
pode sedimentar-se ou ser utilizado pelos seres vivos. O retorno do fósforo
sedimentado nos mares ocorre também muito lentamente ao ciclo, principalmente
através dos peixes e aves marinhas. (BRANCO e ROCHA, 1987; DERÍSIO, 2000;
BRAGA et al., 2002)

O fósforo contido no solo, tanto na forma orgânica como inorgânica, é utilizado pelas
plantas e posteriormente consumido por todos os animais. A matéria orgânica
oriunda dessas plantas e animais, seja através da decomposição ou dos excrementos,
retorna ao ciclo através do solo ou da hidrosfera. (MACRAE et al., 1993)

Na Figura 05, a seguir, pode-se visualizar a representação esquemática do ciclo do


fósforo na natureza.

Figura 05: Ciclo do fósforo na natureza.


Fonte: DERÍSIO, 2000.
17

Ressalta-se, entretanto, que parte do fosfato que chega à hidrosfera e se precipita no


sedimento pode não mais retornar ao metabolismo límnico para utilização pelos seres
vivos, dependendo esse retorno, das condições físicas e químicas do meio, bem como
da taxa de decomposição da matéria orgânica.

BOLLMAN et al. (2005) destacam como os principais fatores que podem intervir no
ciclo do fósforo em um ambiente aquático, a concentração de sais e metais, o pH, a
cor das águas, o hábito alimentar da ictiofauna e a concentração de certas espécies de
zooplâncton, fitoplâncton e macrófitas.

Acredita-se que a parcela de fósforo sedimentada nos diversos ambientes aquáticos


volte ao ciclo muito lentamente, não acompanhando a velocidade das perdas de
fósforo, que são muito mais intensas. Segundo BRANCO E ROCHA (1987), tanto os
movimentos de acomodação da crosta terrestre e dos sedimentos, como a atividade
animal, principalmente das aves e peixes, parecem não serem suficientes para
compensar as perdas atualmente existentes.

A ação predadora do homem sobre os animais marinhos, aliada à crescente


exploração das fontes de fósforo pela mineração, pela ocupação desordenada do solo,
pelo desmatamento e, principalmente, pelo incremento das atividades industrial e
agrícola, tornaram as taxas de retorno do fósforo cada vez mais reduzidas em
comparação com as suas perdas.

De acordo com LLOYD (2007), desde a Revolução Industrial, a quantidade de


fósforo colocada em circulação no meio ambiente foi triplicada, em decorrência do
expressivo incremento nas atividades econômicas e da fabricação de produtos que
utilizam fosfatos em suas formulações, principalmente detergentes e fertilizantes.

Tal situação vem desencadeando um processo de reciclagem denominado “acíclico”.


Estima-se que de 2 milhões de toneladas de fósforo que são produzidas atualmente,
somente cerca de 60 mil retornam ao meio de origem. (BRANCO e ROCHA, 1987;
DERÍSIO, 2000; BRAGA et al., 2002)

Na Figura 06, a seguir, pode-se verificar um resumo esquemático das influências


humanas sobre o ciclo natural do fósforo.
18

Detergentes

Organismos
Decompositores

Aglomerações
Alimento Humanas
Animais e Plantas

Agricultura

Resíduos
Produção Animal
Animais Esgotos
Domésticos
Fosfato orgânico da
biomassa vegetal Fertilizantes

Fosfato no solo Biossólidos Esgotos Tratados

Fosfato na água e sedimento

milhões de anos

Sedimentação e formação Mineração da rocha


Erosão das rochas de fosfato de fosfato

Ciclo natural Interferência humana

Figura 06: Ciclo natural do fósforo e as influências humanas.


Fonte: Adaptado de LLOYD, 2007.

A comparação entre a quantidade de fósforo atualmente colocada no ciclo, cada vez


maior, e as suas taxas de retorno, nos permite verificar que uma parte desse elemento
pode estar sendo irreversivelmente perdida, disponibilizada no lugar errado.

São expressivos os impactos que essa situação pode ocasionar para a sustentabilidade
do meio ambiente e para a qualidade de vida de todos os seres vivos, já que se trata
de um nutriente insubstituível nos processos biológicos e um recurso natural finito,
não renovável e sem fontes alternativas.
19

3.2. Comportamento do Fósforo no Solo

Nos solos, o fósforo é um elemento de baixa mobilidade devido aos mecanismos


físico-químicos que o atraem para os colóides.

Trata-se da adsorção específica, que é a adsorção com alta energia decorrente das
ligações covalentes que o fósforo faz com a superfície de minerais, numa interação
intensa que o retém e o mantém com pouca mobilidade. (PAGANINI, 2001)

Essa grande capacidade de fixação e adsorção é uma característica que se acentua em


solos com teores mais elevados de óxidos de ferro e alumínio, visto que é grande a
afinidade do fósforo com os elementos químicos cálcio, ferro e alumínio. (CRESTE,
2004; MALAVOLTA, 2004)

Devido a essa característica, o fósforo é considerado um nutriente de baixo


aproveitamento pelas plantas, o que faz com que as quantidades de fertilizantes
aplicadas sejam sempre superiores à capacidade de extração do nutriente pelas
culturas.

MALAVOLTA (2004) salienta que essa é uma das grandes diferenças do fósforo em
relação ao nitrogênio e ao potássio, que apresentam relações mais estreitas entre as
aplicações de fertilizantes e a extração pelas culturas, principalmente em
produtividades elevadas. Tais informações dão suporte à idéia que se tem de que
potássio e nitrogênio “adubam a planta” e fósforo “aduba o solo e os lençóis
subterrâneos”.

De acordo com CRESTE (2004), o fósforo pode ser encontrado nos solos nas
seguintes formas:

 Fósforo fixado – Fósforo inorgânico fortemente adsorvido, ligado a


alumínio, ferro e cálcio;
 Fósforo disponível – Fósforo inorgânico fracamente adsorvido ou presente
na solução do solo;
20

 Fósforo solúvel – H2PO4-, HPO42- e PO43- disponível à planta na forma


inorgânica e;
 Fósforo orgânico – Fósforo ligado a compostos orgânicos no solo, como
ácidos nucléicos, fosfolipídeos e fosfoinositol.

O fósforo disponível, ou fósforo em solução, é o único que está pronto para


utilização imediata pelas plantas. Porém, para caracterizar a disponibilidade do
nutriente no solo, deve-se levar em conta também, a sua porção solúvel, ou lábil.
Essa forma de fósforo está presente na fase sólida do solo, no entanto, pode ser
solubilizada e absorvida pela planta. Já a porção de fósforo fixado, ou não lábil, é
aquele que adquire uma composição mineralógica mais estável e de mais difícil
solubilização, ficando indisponível para utilização pela planta. (VAN RAIJ, 1983)

Face à tendência do fósforo de fixar-se no solo, a quantidade do nutriente na forma


não lábil é sempre muito maior que a forma lábil e disponível. Na Figura 07, abaixo,
pode-se visualizar uma figura que mostra esquematicamente a relação entre as
frações de fósforo disponíveis no solo.

SOLUÇÃO
DO SOLO

P-LÁBIL P-NÃO LÁBIL

Figura 07: Relação entre as frações de fósforo disponíveis no solo.


Fonte: Adaptado de VAN RAIJ, 1983.
21

As formas de fósforo no solo dependem diretamente do pH do meio. Na faixa de pH


de 4 a 8, encontra-se sob a forma de H2PO4- e em pH superior a 8, encontram-se as
formas HPO42- e PO43-. Como a forma preferencial de absorção pelas plantas é a
H2PO4-, o pH ideal do solo deve estar na faixa de 4 a 8. (OZANNE, 1980; CRESTE,
2004)

No Brasil, por serem altas as concentrações de óxidos hidratados de ferro e alumínio,


a reação do fósforo desfavorece a absorção pelas diversas culturas, tornando-se
necessária a aplicação e manejo adequado dos fertilizantes fosfatados para que se
possa obter sucesso na atividade agrícola, com consequente aumento na
produtividade, evitando-se perdas. Assim, devido à forte capacidade de fixação do
nutriente pelo solo, embora a exigência de fósforo pela planta seja pequena, as doses
utilizadas em um processo de adubação fosfatada costumam ser muitas vezes
maiores. (LANTMANN e CASTRO, 2004)

Nesse sentido, é de grande importância o manejo correto dos fertilizantes nas áreas
agrícolas, uma vez que o excesso de nutrientes, especialmente de fósforo, pode
resultar em perdas econômicas e em sérios prejuízos ao meio ambiente.

Para a utilização criteriosa e melhor aproveitamento da adubação fosfatada, SOUSA


e LOBATO (2004) recomendam as seguintes ações:

 Estabelecimento de um plano de utilização da gleba, incluindo a sequência de


culturas, o prazo de utilização e a expectativa de produção;
 Histórico de utilização das áreas incorporadas ao processo produtivo;
 Informações sobre quantidades e tipos de insumos já aplicados,
produtividades obtidas, forma de preparo do solo, condições climáticas e tipo
de solo.

Tais informações devem ser anotadas e arquivadas pelo produtor rural, de forma que
possam ser consultadas quando houver necessidade de definir a recomendação de
adubação, estabelecendo-se uma relação entre os teores de fósforo aplicados e o
rendimento dos solos de acordo com as diferentes culturas.
22

3.2.1. Dinâmica no Sistema Solo-Planta

Não obstante o fósforo seja um nutriente vital para as plantas, seus teores são
bastante reduzidos nesses organismos, comparativamente ao nitrogênio e ao potássio.
Em um sistema solo-planta, estima-se que cerca de 90% do fósforo encontra-se no
solo e somente 10% participa do ciclo de vida das plantas e animais. (OZANNE,
1980; PAGANINI, 2001)

A única forma de fósforo que pode ser absorvida pelas plantas é aquela disponível na
solução do solo. No entanto, como nesse ponto o nutriente se encontra em
concentrações muito baixas, a extensão do sistema radicular torna-se fundamental
para o processo de absorção.

O contato entre o íon fosfato contido na solução do solo e o sistema radicular das
plantas ocorre por difusão, um processo lento onde o nutriente atravessa curtas
distâncias, estando essa velocidade sujeita a algumas condições, como por exemplo,
a umidade. PAGANINI (2001) acrescenta que em um solo franco, que retém
umidade, se o íon de fósforo encontra-se a mais de 1 cm de distância da raiz, ele não
será capaz de movimentar-se o suficiente para ser absorvido por ela.

Com a absorção do fósforo, ocorre uma depleção da solução em torno das raízes e,
para que o processo possa continuar, o nutriente deve se dissolver da fase sólida e
movimentar-se, por difusão, até a superfície das raízes. (VAN RAIJ, 1983;
MALAVOLTA, 2004)

A quantificação da concentração de fósforo na solução do solo depende diretamente


da quantidade do nutriente na fase sólida. Os solos mais argilosos e com maiores
teores de óxidos de ferro e alumínio possuem maior capacidade de reter o fósforo na
fase sólida, não disponibilizando-o para utilização pela planta. (ANGHINONI, 2004)

O pH do solo determina as formas predominantes dos íons em solução, as reações


químicas e a atividade microbiana, afetando a capacidade de absorção do nutriente
pelas plantas. O aumento do pH de 4 para 6,5, por exemplo, resulta no aumento do
23

fósforo presente na solução do solo e, consequentemente, na sua disponibilidade para


as plantas.

Além do pH, MALAVOLTA (2004) destaca alguns fatores considerados primordiais


para a capacidade de absorção de fosfato pelas plantas, como a genética, visto que as
diferentes morfologias das raízes alteram os parâmetros de absorção, a temperatura e
a concentração externa do íon.

As plantas de crescimento rápido e sistema radicular pouco desenvolvido aproveitam


mal o fósforo do solo e necessitam de teores disponíveis mais elevados. Como os
teores de fosfato disponíveis no solo para absorção pela planta são geralmente muito
baixos para suprir as necessidades das culturas, é necessária a constante reposição
desse nutriente através, por exemplo, da aplicação de fertilizantes.

As plantas de ciclo longo e sistemas radiculares desenvolvidos aproveitam bem


baixos teores de fósforo disponível, necessitando assim, de menores quantidades de
fertilizantes. (VAN RAIJ, 1983)

Em decorrência desse comportamento naturalmente complexo do fósforo no solo, é


necessária a adoção de métodos de análise de campo que auxiliem no planejamento e
estabelecimento de formas e níveis de adubação com fertilizantes fosfatados que
garantam a sua utilização racional.

3.2.2. Fertilização

A disponibilidade de fósforo é fundamental para o crescimento e desenvolvimento


das diversas culturas vegetais.

Sob condições limitantes de fósforo, as plantas apresentam pequeno


desenvolvimento das raízes e reduzido nível de brotação, tendo como resultado, uma
24

baixa eficiência no aproveitamento da água e dos nutrientes em geral. A aplicação de


fósforo no solo garante condição mais apropriada e balanceada de desenvolvimento,
possibilitando o crescimento da planta, garantindo maiores produtividades e, por
consequência, oferecendo maior lucratividade. (STAUFER e SULEWSKI, 2004)

A importância da presença de fósforo no solo para o crescimento vegetal pode ser


comparada somente à do nitrogênio. No entanto, diferentemente do nitrogênio, que
pode ser fixado pelas plantas a partir do ar, o fósforo utilizado é somente aquele
disponível no solo. Estima-se que, atualmente, sem o acréscimo sistemático do
fósforo oriundo da exploração mineral, através de fertilizantes, não seria possível
produzir a quantidade necessária de alimentos para o atendimento da necessidade
global. (CORDELL, 2008)

A forma de fósforo utilizada em fertilizantes minerais e orgânicos é a de pentóxido


de fósforo (P2O5) e o seu aproveitamento tem sido considerado de grande
importância para tornar o solo apto para novas utilizações e plantações. No Brasil,
onde a grande maioria dos solos é caracterizada pela carência natural de fósforo e
pela exaustão de uso, a aplicação de fertilizantes torna-se essencial.

Os tipos de fertilizantes encontrados comercialmente são basicamente os


superfosfatos simples (SS), com 18% a 20% de P2O5, os fosfatos bicálcio, de 20% a
40% de P2O5, os superfosfatos triplo (ST), que possuem de 42% a 48% de P2O5 e os
fosfatos de amônio, este comumente dividido entre fosfato monoamônio (MAP), que
possui 48% a 60% de P2O5 e fosfato diamônio (DAP), com 55% a 62% de P2O5.
(SOUZA, 2001)

No Brasil, cerca de 43% dos fertilizantes consumidos são do tipo MAP e 30% é
composto pelos SS. No total, são consumidos anualmente mais de 10 milhões de
toneladas de P2O5, nos diversos estados brasileiros. (LOPES et al., 2004)
25

3.2.3. Absorção pelas Diferentes Culturas

Se nos solos a mobilidade do fósforo é baixa, no interior das plantas esse movimento
é bastante rápido.

Uma vez absorvido pelas raízes, ocorre uma rápida distribuição do nutriente para os
outros órgãos da planta e, após sua absorção, é incorporado rapidamente em formas
orgânicas, e liberado novamente no xilema na forma inorgânica para atender às
demandas de crescimento pelas plantas. (PAGANINI, 1997; PAGANINI, 2001;
BATAGLIA, 2004)

Na soja, o fósforo é um nutriente essencial e insubstituível. A falta desse nutriente e


da disponibilidade adequada no solo compromete a produtividade da cultura de
forma absoluta, não permitindo o seu crescimento e alterando todos os processos
metabólicos dependentes desse elemento.

Como no Brasil os solos disponíveis para plantio de soja apresentam baixa


disponibilidade e alta capacidade de fixação de fósforo, o manejo do nutriente torna-
se essencial para uma maior competitividade no mercado.

LANTMANN e CASTRO (2004), citando Malavolta (1978) destacam que a soja é


atualmente a principal cultura consumidora de fertilizante fosfatado no Brasil e
estimam que sejam necessários 8,4 kg de fósforo por tonelada do grão. Essa
necessidade é crescente na medida em que se faz necessário um aumento na
produtividade. Para aumentar a produtividade de soja em quatro vezes, o fosfato
deve ser aplicado numa quantidade sete vezes maior.

O cultivo do milho e do trigo, a segunda e terceira principal cultura consumidora de


fertilizantes fosfatados do país, respectivamente, são menos exigentes em relação à
presença do fósforo, comparativamente à soja. Requerem cerca de 6,9 kg e 4,3 kg
desse nutriente para cada tonelada produzida.

No caso da cana-de-açúcar, embora o fósforo seja absorvido em pequenas


26

quantidades, a disponibilidade é fundamental para a formação da sacarose, matéria-


prima para a produção de açúcar e álcool. Além disso, a presença de fósforo no caldo
de cana é fundamental para o processo de clarificação. (KORNDÖRFER, 2004)

Caldos contendo baixos teores de fosfato dificultam o processo de floculação e de


decantação de impurezas, como bagacilho, argila, clorofila, dentre outros. O caldo
turvo e de coloração intensa implica na produção de açúcar de pior qualidade e,
portanto, de menor valor comercial. No processo de clarificação, o fosfato contido no
caldo, na forma de P2O5, reage com o hidróxido de cálcio (CA(OH)2) formando
fosfato tricálcico (CA3(PO4)2, que, ao flocular e sedimentar, arrasta as impurezas
para o fundo do decantador, acumulando no lodo.

Ou seja, no cultivo da cana-de-açúcar, o baixo teor de fósforo no solo, além de


prejudicar a produtividade da planta, pode afetar a concentração de P2O5 no caldo.
Portanto, a adubação fosfatada, embora não seja considerada a forma mais eficiente e
econômica para aumentar o teor de P2O5 do solo cultivado com cana-de-açúcar,
contribui de maneira significativa para isto e, desta forma, melhora o processo de
clarificação. No Brasil, a quantidade de fósforo recomendada para o cultivo da cana-
de-açúcar é variável de acordo com cada estado e depende da produtividade esperada
e dos teores de fósforo disponível naturalmente no solo. No caso de São Paulo, para
uma produtividade de até 100 t/ha, por exemplo, necessita-se de 7 a 15 kg de fosfato
para solos com 100 mg/dm3 de fósforo e de 16 a 40 kg de fosfato para solos com 60
mg/dm3 de fósforo. (KORNDÖRFER, 2004)

Assim como no caso da cana-de-açúcar, a recomendação de adubação fosfatada em


relação à produção de café é também regionalizada, de acordo com produtividade e a
disponibilidade no solo. Para o Estado de São Paulo, assim como para Minas Gerais,
uma produtividade esperada de até 600 kg/ha, necessita de 6 a 12 kg de fosfato para
solos com mais de 20 mg/dm3 de fósforo e de 13 a 30 kg de fosfato para solos com
menos de 20 mg/dm3 de fósforo. (BATAGLIA, 2004)

Para a cultura dos citros, CRESTE (2004) destaca a importância de um programa de


fertilização baseado no estado nutricional dos pomares, no seu vigor e na expectativa
de produção, procurando realizá-lo nas épocas e nas doses recomendadas. Além
27

disso, a quantidade de fertilizante a ser utilizado depende da análise de fatores outros,


como situação das folhas, dos frutos e idade da planta.

No caso de uma planta de 1 a 2 anos, em solos com 100 mg/dm3 de fósforo,


necessita-se de 6 g a 12 g de fosfato, por planta. Nas mesmas condições de
disponibilidade de fósforo no solo, a quantidade de fósforo passa para 13 g a 30 g de
fosfato em plantas de 3 a 4 anos. (CRESTE, 2004)

3.2.4. Lixiviação

Devido à sua baixa mobilidade na maioria dos solos, o fósforo geralmente permanece
no local onde foi colocado pela intemperização mineral ou pela aplicação de
fertilizantes fosfatados. Em áreas adubadas, na maioria dos solos, o fósforo
permanece retido perto do ponto de aplicação do fertilizante e sua retirada, quando
não utilizado pelas plantas na solução do solo, se dá principalmente através da erosão
ou do escoamento da camada superficial, por ocasião das chuvas.

Apesar de haver uma maior capacidade de movimentação de fósforo nos solos


arenosos, comparativamente aos argilosos, PAGANINI (2001) salienta que pouco
fósforo é perdido por lixiviação, sendo que a erosão e a remoção pelas culturas são as
únicas formas significativas de perdas de fósforo alocado no solo.

A esse fato, BARROW (1980) acrescenta que as perdas de fósforo por lixiviação são
normalmente muito pequenas. Experimento realizado em Iowa, nos Estados Unidos,
indicou que menos de 2% das taxas de fosfato anualmente aplicadas numa área
utilizada para o plantio de milho eram perdidas por lixiviação. Na Dinamarca,
pesquisas realizadas estimaram que a quantidade de fertilizante lixiviado nas áreas
agrícolas não chegava a 10% do total utilizado.

STAUFFER e SULEWSKI (2004) apontam que as perdas de fósforo por lixiviação


28

em áreas agricultáveis é geralmente secundária, devido à capacidade do solo de reter


o fósforo. Tal situação somente pode ser alterada sob condições de manejo de solo
inadequado.

COOKE e WILLIAMS (1975) destacam que a lixiviação de fósforo em áreas


fertilizadas é desprezível nos solos com menos de 5% de argila. Enquanto nitratos,
sulfatos, cálcio e magnésio possuem grande tendência de lixiviação, apenas uma
quantidade mínima de fosfato tem essa capacidade. Salientam, entretanto, que
estudos efetuados na Inglaterra, em solos arenosos, fertilizados durante 15 anos com
um taxa de aplicação de fósforo da ordem de 90 kg/ha/ano, registraram o acúmulo de
grandes quantidades de fosfato na faixa de até 50 cm de profundidade, nos pontos de
aplicação do nutriente, favorecendo a lixiviação vertical.

Em sistemas de disposição de esgotos no solo, também, verifica-se uma maior


capacidade de aumento nas quantidades lixiviadas verticalmente, apesar da pouca
mobilidade do fósforo.

De acordo com PAGANINI (1997), tal situação é facilitada pelas elevadas taxas de
aplicação superficial de esgotos domésticos onde se encontram presentes grandes
quantidades de fósforo. Nesses locais, a supersaturação pode sobrecarregar os pontos
de adsorção específica e favorecer a movimentação, chamada de retrogradação,
auxiliando na lixiviação. O fósforo lixiviado pode, assim, alcançar mais de 120 cm
de profundidade, com a possibilidade de atingir o lençol freático.

Já a quantidade de fósforo presente no solo que pode ser perdida por escoamento
superficial costuma ser maior nos solos arenosos, que possuem pouca capacidade de
reter água e de fixar fosfato. (BARROW, 1980)

STAUFFER e SULEWSKI (2004) destacam que a análise das condições de uma bacia
hidrográfica em relação à sua capacidade de perder fósforo por escoamento artificial
indica que somente uma pequena proporção da área apresenta vulnerabilidade mais
alta. Na maioria dos casos, 90% da perda de fósforo em uma bacia hidrográfica ocorre
em 10% da área. Assim, apesar de haver perdas para o ambiente, a remoção pelas
plantas é considerada a principal responsável pelas maiores perdas de fósforo no solo.
29

3.3. Comportamento do Fósforo nas Águas

Todo fósforo presente nas águas naturais encontra-se sob a forma de fosfato, como
íon ou formando complexos com outros elementos químicos, apresentando-se sob
diferentes frações.

Em relação às diferentes frações ou formas de fosfato existentes nas águas


continentais, são bastante diversas as classificações utilizadas, com diferentes
nomenclaturas de acordo com cada autor.

Para STUMM e MORGAN (1981), a classificação a ser utilizada divide as frações


de fosfato nos grupos fosfato orgânico solúvel, fosfato inorgânico solúvel, fosfato
orgânico insolúvel e fosfato inorgânico insolúvel.

ESTEVES (1988) destaca como mais aceita, a divisão composta por fosfato
particulado (P-particulado), fosfato orgânico dissolvido (P-orgânico dissolvido),
fosfato inorgânico dissolvido ou ortofosfato (P-orto), fosfato total dissolvido (P-total
dissolvido) e fosfato total (P-total).

De acordo com PIVELI e KATO (2006), a classificação a ser adotada nos estudos
relativos à qualidade das águas abrange os grupos dos fosfatos orgânicos,
ortofosfatos e polifosfatos. O fosfato orgânico corresponde à forma na qual o fósforo
compõe as moléculas orgânicas e os ortofosfatos são os íons que, nas águas, se
combinam com cátions e formam sais inorgânicos. Polifosfatos são os polímeros de
ortofosfatos.

É consenso, no entanto, que as formas de ortofosfato são as mais comuns nas águas,
estando disponíveis para o metabolismo biológico sem necessidade de redução a
formas simplificadas. Adquirem, assim, uma importância fundamental, visto que se
trata da forma em que o fósforo é absorvido com maior intensidade pelos seres vivos.

Os ortofosfatos podem estar presentes nas águas continentais sob diferentes formas
em função do pH do meio, sendo que, como nesses ecossistemas a faixa de pH mais
30

frequente está entre 5 e 8, as principais formas iônicas de fosfato são o H2PO4- e o


HPO42-. Na Tabela 01, a seguir, pode-se observar o percentual de ortofosfato
presente nas águas continentais, de acordo com o pH.

Tabela 01: Porcentagem das formas de ortofosfato presente nas águas, em diferentes valores de pH.

Espécie Iônica (%)


pH - 2- 3-
H3PO4 H2PO4 HPO4 PO4
-16
4 0,9 99,0 0,2 7 x 10
-8
5 0,1 98,0 2,0 7 x 10
-3 -6
6 8 x 10 82,0 18,0 6 x 10
-4 -4
7 3 x 10 33,0 67,0 2 x 10
-6 -3
8 4 x 10 3,0 97,0 2 x 10
-8 -2
9 5 x 10 0,5 99,5 4 x 10
Fonte: ESTEVES, 1988.

Além do pH, a quantidade de ortofosfato presente nas águas relaciona-se também


com a densidade e o nível de atividade dos organismos que possuem a capacidade de
assimilar grandes quantidades desses íons durante a fotossíntese, como por exemplo,
os fitoplânctons e as macrófitas. Já os polifosfatos, em decorrência da tendência de
rápida conversão em ortofosfatos nas águas naturais, tendem a ser considerados
menos importantes nos estudos de qualidade das águas. (ESTEVES, 1988; PIVELI e
KATO, 2005; VON SPERLING, 2005; EPA, 2007)

Quando presentes em solução aquosa, os polifosfatos sofrem hidrólise e convertem-


se em ortofosfatos num processo que depende de alguns fatores, como aumento da
temperatura e diminuição do pH. Enquanto o tempo de conversão de um pirofosfato
ou tripolifosfato presente em água destilada pode demorar de 4.000 a 5.000 dias, em
um lago natural ou rio a velocidade pode ser de 100 a 1.000 vezes mais rápida e nos
esgotos domésticos, essa velocidade é ainda maior. (SAWYER e McCARTY, 1978;
STUMM e MORGAN, 1981)

Como nas águas os fosfatos possuem grande variedade de formas, SAWYER e


McCARTY (1978) elaboraram uma lista daqueles mais comuns e, portanto, de maior
importância para a avaliação do nutriente no ambiente. Tal informação pode ser
verificada na Tabela 02.
31

Tabela 02: Formas de fósforo mais comuns nas águas.

Formas Nome Fórmula


Fosfato de sódio Na3PO4
Fosfato de sódio hidrogênio Na2HPO4
Ortofosfatos
Fosfato de sódio di-hidrogênio NaH2PO4
Fosfato de amônio hidrogênio (Na4)2HPO4
Hexametafosfato de sódio Na3(PO3)6
Polifosfatos Tripolifosfato de sódio Na5P3O10
Pirofosfato tetrasódico Na3PO4
Fonte: SAWYER e McCARTY, 1978.

As frações de fosfato em um ambiente aquático e sua distribuição dependem,


portanto, de fatores físico-químicos, como pH e concentração de íons ferro, alumínio
e carbonatos, e concentração de oxigênio. Dependem ainda, de aspectos como
presença de macrófitas aquáticas, de fitoplâncton e zooplâncton, do hábito alimentar
da ictiofauna predominante e da taxa de decomposição da matéria orgânica. Esses
fatores são determinantes para definir se a fração de fosfato será retida no sedimento
ou liberada para a coluna d’água para utilização pelos seres vivos. (ESTEVES, 1988;
BOLLMAN et al., 2005)

3.3.1. Participação dos Organismos Aquáticos

A comunidade aquática possui um papel importante e fundamental para a dinâmica


do fósforo nas águas.

Nesse sentido, as macrófitas destacam-se devido à sua capacidade de ocupar grandes


áreas, à alta taxa de produtividade e ao potencial de algumas espécies de estenderem-
se pelo perfil da água, principalmente nas partes mais rasas dos lagos e represas,
próximas às margens. Notadamente no caso das espécies enraizadas, as macrófitas
32

podem se ocupar desde a região denominada de epilímio, que corresponde à parte


superior do lago, em contato com a atmosfera, até a região do hipolímio, na parte
inferior do lago, o que possibilita o aproveitamento do fosfato retido no sedimento,
situação chamada de efeito de “bombeamento”. Nesse caso, após a absorção do
fósforo contido no sedimento, ocorre sua liberação para a coluna d’água por excreção
durante o crescimento vegetal ou, principalmente, durante a decomposição da
biomassa. Na presença de bactérias e algas perifílicas, a fração excretada pode ser
consumida imediatamente, antes mesmo de alcançar as águas. (ESTEVES, 1988;
BOLLMAN et al., 2005)

ESTEVES (1988) citando McRoy & Barsdate (1970), destaca que algumas espécies
de macrófitas podem excretar até 58% do fosfato total assimilado do sedimento,
contribuindo de maneira significativa para o enriquecimento da coluna d’água com
esse nutriente e, consequentemente, para o aumento da produtividade do ecossistema,
principalmente nos períodos em que a temperatura está mais elevada.

Assim, a capacidade dessas espécies de macrófitas de absorver fosfato do sedimento,


onde sua concentração é geralmente maior que a da água, faz com que esse nutriente
raramente atue como o fator limitante para o crescimento, diferentemente do que
ocorre com o fitoplâncton. (ESTEVES, 1988)

No fitoplâncton, o fosfato encontra-se geralmente presente na forma de ortofosfato e


é indispensável para o crescimento, fazendo parte dos compostos celulares ligados ao
armazenamento de energia e à composição de ácidos nucléicos, fosfolipídeos,
nucleotídeos, fosfoproteínas, dentre outros.

As condições de absorção do fosfato pelo fitoplâncton resultam da diferença entre as


concentrações interna e externa, assim, a taxa de absorção do fosfato diminui com o
aumento da concentração no interior da célula. Alguns tipos de algas, entretanto,
possuem a capacidade de absorver fosfato além de sua capacidade momentânea,
armazenando-o na forma de polifosfato para utilização em períodos de escassez,
comportamento que é denominado luxory consumption. Essa característica, comum a
algumas espécies de cianofíceas, como a Oscillatoria sp e Cilindrospermopsis sp,
tem grande significado sob o ponto de vista ambiental, uma vez que possibilita o
33

crescimento da população dessas espécies e a ocorrência de florações mesmo quando


a fonte externa de fósforo está esgotada. Quanto à absorção de fosfato, as cianofíceas
possuem, em geral, vantagens competitivas em relação a outros tipos de algas devido
à sua capacidade de migração para a região mais profunda do lago, no hipolímio,
onde se encontram as maiores concentrações do íon. (ESTEVES, 1988; BOLLMAN
et al., 2005)

O zooplâncton também participa de forma ativa na dinâmica do nutriente. Nesse


caso, o processo está relacionado à excreção, através da liberação de fosfatos para a
coluna d’água, principalmente na forma de ortofosfatos. ESTEVES (1988) e
BOLLMAN et al. (2005), ambos citando os estudos realizados por Pace & Orcutt Jr.
(1981), destacam que certas espécies de protozoários são capazes de reciclar no
epilímio, cerca de 15 a 30 µg de fosfato por dia, durante os meses quentes do ano.

No caso dos peixes, sua participação pode influenciar em maior ou menor grau na
concentração de fósforo no meio, de acordo com a espécie e nível trófico. De forma
geral, a importância está relacionada com os teores de ortofosfatos presentes nos
excrementos, principalmente em reservatórios, especialmente quando se tratam de
espécies mais jovens. (BOLLMAN et al. 2005)

3.3.2. O Sedimento e a Dinâmica do Nutriente

Nos ambientes aquáticos, os sedimentos representam a fase sólida, composta por


partículas de tamanho, forma e composição química diferentes, que se depositaram e
acumularam ao longo dos anos, a partir do transporte dos ambientes terrestres.

É composto também, por precipitados de processos químicos e biológicos resultantes


das interações ocorridas no ecossistema aquático. Como consequência, os sedimentos
apresentam concentrações bastante elevadas de elementos químicos,
comparativamente aos resultados da coluna d’água. (BOLLMAN et al., 2005)
34

É no sedimento que ocorrem importantes processos biológicos que afetam


diretamente o metabolismo de todo o sistema aquático, de forma que sua composição
físico-química e biológica permite determinar a intensidade e as formas de impacto a
que o ecossistema aquático está ou esteve submetido.

No que se refere ao acúmulo e ciclagem de nutrientes, especialmente do fósforo, o


sedimento tem importância fundamental, já que pode funcionar como reservatório
para os demais compartimentos. (ESTEVES, 1988; CHORUS e BARTRAN, 1999;
TUNDISI, 2003; PIVELI e KATO, 2005)

Grande parte do fosfato presente em um ambiente aquático continental pode ser


precipitada no sedimento, de onde somente retornará para a coluna d’água, para uso
pelos seres vivos, mediante as condições físicas e químicas adequadas do meio e da
taxa de decomposição da matéria orgânica. (ESTEVES, 1988)

A precipitação ou liberação de fósforo em um ecossistema aquático é bastante


influenciada, também, pela concentração de oxigênio no hipolímino, a parte inferior
do corpo d’água. Em hipolímio aeróbio o fosfato é precipitado; em hipolímio
anaeróbio, este é liberado para a coluna d’água.

3.3.2.1. Precipitação

ESTEVES (1988) descreve a precipitação do fosfato como a sua exclusão da


dinâmica do ecossistema. Isto porque, através da precipitação, a fração de fósforo
presente na água e retida no sedimento, fica impossibilitada de utilização pelos seres
vivos presentes no ecossistema. Dentre os fatores que interferem nesse processo de
imobilização do íon fosfato, destacam-se a concentração de íons e sulfetos, a
presença de compostos orgânicos e carbonatos, o pH e as condições de oxi-redução.

No que se refere à concentração de íons, os de ferro são os de maior importância no


35

processo de adsorção do fosfato e precipitação para o sedimento, devido à relação de


valências. Considerando-se que cada 1 mg de íon férrico pode precipitar 0,5 mg de
fosfato, se no meio aquático as concentrações de íons férrico e fosfato forem iguais,
o íon férrico poderá se precipitar totalmente e o restante do fosfato permanecerá
disponível para aproveitamento pelos organismos aquáticos. Se a concentração do
íon férrico for maior que a de fosfato, na proporção mínima do dobro, este será
adsorvido em sua totalidade. Visualmente, esse processo pode ser reconhecido e
identificado pela cor marrom característica do sedimento, salientando-se que esse
fenômeno é bastante frequente nas águas brasileiras. (ESTEVES, 1988)

Deve-se destacar que em ambientes com predominância de condições aeróbias, há


tendência de se promover a adsorção de fósforo ao hidróxido de ferro hidratado,
sendo que parte da porção adicionada poderá ser permanentemente precipitada. A
outra parte, que foi absorvida pelos seres vivos, será precipitada também após a sua
decomposição.

Dentre os outros íons que podem precipitar fósforo, destacam-se o alumínio e o


manganês, em valores de pH abaixo de 5, e o cálcio em casos de pH mais elevado.
(BOLLMAN, 2005)

Outro fator que interfere diretamente nas condições de precipitação do fósforo é a


presença de argila, principalmente aquelas que possuem ferro e alumínio em sua
composição. A adsorção à argila representa um fenômeno bastante importante em
águas continentais, na medida em que ocorrem constantes aportes decorrentes de
erosões nas bacias de drenagem.

De acordo com ESTEVES (1988), o acréscimo artificial de argila, além dos efeitos
negativos sobre a concentração do fósforo, reduz a transparência da água,
contribuindo para a redução da produtividade do ecossistema.

A precipitação do íon fosfato e a sua consequente exclusão definitiva ou temporária


do ecossistema aquático, implica principalmente, na redução de sua produtividade.

ESTEVES (1988), citando Gessner (1959) destaca a precipitação do fosfato como


“uma verdadeira tragédia limnológica”, onde um dos elementos mais importantes
para a produtividade pode ser permanentemente imobilizado.
36

3.3.2.2. Liberação

A liberação do fosfato é o processo em que o íon retorna do sedimento para a coluna


d’água, tornando-se disponível para utilização pelos seres vivos.

A liberação do íon fosfato ocorre mais facilmente em ambientes com baixa


concentração de oxigênio e, sobretudo, de anaerobiose.

Em condições aeróbias, o sedimento possui uma camada de oxidação que impede a


liberação do fosfato para a coluna d’água, sendo que, à medida que o hipolímio
torna-se anaeróbio, essa camada de oxidação torna-se menos espessa, permitindo a
liberação do fosfato. (ESTEVES, 1988)

Essas condições são mais frequentes na parte inferior do corpo d’água, especialmente
quando esta se encontra estratificada termicamente e o íon de ferro encontra-se na
forma reduzida. De acordo com BOLLMAN et al. (2005), na forma reduzida o íon de
ferro possui pouca afinidade com o fosfato, tornando-o disponível para absorção pelo
fitoplâncton. Já nos ambientes sem estratificação térmica, a condição oxidante do
fundo faz com que os íons de ferro precipitem o fósforo, retendo-o no sedimento.

A concentração de matéria orgânica também interfere nas condições de liberação do


fosfato. Quando há grandes quantidades de matéria orgânica, ocorre a reação do íon
de ferro com o íon sulfeto, tornando o fosfato livre na coluna d’água. ESTEVES
(1988) destaca que, quando se deseja aumentar a produtividade de ecossistemas
aquáticos de pequeno porte, é comum adicionar sulfato ao invés de fosfato.

Assim, quando surgem condições anaeróbias, principalmente no sedimento e na água


de contato, o sulfato é reduzido a sulfeto, precipitando os íons de ferro na forma FeS,
muito insolúvel, resultando na liberação do íon fosfato.
37

3.3.3. Eutrofização

A eutrofização pode ser descrita como um aumento da produtividade biológica de


um corpo hídrico em decorrência do acréscimo na concentração de nutrientes,
especialmente nitrogênio e fósforo. (AMARAL E SILVA, 1972; BRANCO e
ROCHA, 1987; ESTEVES, 1988; TUNDISI, 2003)

O processo de eutrofização relaciona-se, portanto, com as alterações qualitativas e


quantitativas da produtividade biológica decorrentes da introdução em excesso
desses nutrientes, que ocasionam, por exemplo, proliferação de algas e de outras
plantas aquáticas superiores, as macrófitas. Na Figura 08, pode-se visualizar a
imagem da floração de algas no Reservatório de Bariri, no rio Tietê, como resultado
da eutrofização das águas.

Figura 08: Floração de algas no Reservatório de Bariri, no rio Tietê. Janeiro de 2006.
Fonte: PAGANINI, 2007.

A eutrofização pode ser natural ou artificial. Quando natural, trata-se de um processo


que ocorre lentamente, como resultado do aporte contínuo de nutrientes carreados do
solo através das chuvas ou de processos de erosão das rochas. Esse processo é
denominado “envelhecimento natural” do lago ou represa e pode até ser benéfico,
aumentando a capacidade de produção de todo o sistema, desde que não cause
38

desequilíbrios ecológicos. (BRANCO e ROCHA, 1987; ESTEVES, 1988; BRAGA


et al., 2002; TUNDISI, 2003)

A eutrofização artificial, também denominada acelerada, cultural ou antrópica, tem


origem nas atividades humanas. Acarreta rápidas e profundas modificações nas
características físicas e químicas do meio aquático e está diretamente relacionada
com a urbanização, com o aumento populacional, com o desenvolvimento das
indústrias e com o uso de fertilizantes na agricultura. (AMARAL E SILVA, 1972;
ESTEVES, 1988; BRAGA et al. 2002)

De acordo com CHORUS e BARTRAN (1999), a partir de meados do século XX, a


eutrofização passou a ser reconhecida como uma forma de poluição na Europa e
América do Norte. Nesses locais, estima-se que os lagos e reservatórios estejam
atualmente, cerca de 53% e 41%, respectivamente, eutrofizados, com concentrações
de fósforo superiores a 0,1 mg/L, sendo que o limite estabelecido é de 0,025mg/L.

Para os reservatórios do Estado de São Paulo, estudos efetuados por LAMPARELLI


(2004) para o período entre 1996 e 2001, apontam que a eutrofização é responsável
por uma parcela considerável da toxicidade aguda, em decorrência da presença de
algas ou, de forma indireta, devido aos procedimentos utilizados para o controle do
crescimento algas, através, por exemplo, da aplicação de sulfato de cobre.

Apesar de poder ocorrer também em rios, a eutrofização é um fenômeno tipicamente


observado em lagos e represas, onde as condições ambientais decorrentes da turbidez
e da velocidade mais baixa das águas são mais favoráveis ao aparecimento de algas e
outras plantas. Além disso, a radiação solar, a temperatura, a profundidade do lago, a
velocidade do fluxo da água e o tempo de residência também interferem no grau de
eutrofização. (BRAGA et al. 2002; VON SPERLING, 2005)

Em relação aos nutrientes considerados mais importantes para a produtividade do


ecossistema aquático, nitrogênio e fósforo, destaca-se que, em relação ao nitrogênio,
o controle do aporte em um ambiente eutrofizado pode ser comprometido pela
multiplicidade de fontes, tendo em vista que algumas espécies de algas e
cianobactérias podem utilizar o nitrogênio na forma gasosa. (BRAGA et al. 2002;
PIVELI e KATO, 2005)
39

Essas condições podem levar o nitrogênio a deixar de ser um fator limitante, uma vez
que a sua fonte se torna praticamente inesgotável. O fósforo é exigido pelas algas em
quantidades de 20 a 30 vezes menores que a de nitrogênio, no entanto, essa
proporção pode ser alterada para menos 8 vezes nas águas que recebem efluentes
domésticos, devido, principalmente, à utilização crescente de detergentes sintéticos,
com disponibilização sistemática de fósforo. Assim, quando os níveis de nitrogênio
nesses locais estão no limite mínimo necessário às florações de algas, o fósforo já
existe em excesso, tornando-se necessária uma maior eficiência no seu controle e
remoção para controlar o processo de eutrofização. (BRANCO e ROCHA, 1987)

O fósforo tem sido considerado, assim, o elemento limitante da produtividade e o


principal responsável pela eutrofização. Em ambientes em que esse nutriente é
abundante, o crescimento e a produtividade biológica são acelerados e intensificados.

De acordo com BRAGA et al. (2002), a principal consequência da eutrofização de


um lago é o desequilíbrio ambiental causado pela criação de zonas diferentes de
concentração de oxigênio. Nesse caso, a matéria orgânica a ser decomposta aumenta
a um ponto tal que consome todo o oxigênio disponível, causando um cenário de
crescente anoxia. Nesse processo, a disponibilidade de fósforo é alterada. Conforme
já abordado nos itens 3.3.2.1. e 3.3.2.2. do presente trabalho, na presença de
oxigênio, o fósforo possui tendência de se manter depositado no sedimento; na
ausência de oxigênio, o fosfato passa à forma solúvel na água, ficando disponível
para participação no processo fotossintético. Ou seja, o processo de eutrofização
pode ser contínuo e crescente, caso não sejam adotadas ações de gerenciamento e
controle a serem efetuadas no âmbito da bacia hidrográfica, de forma a evitar o
aporte de nutrientes através de suas fontes pontuais e difusas.

Os principais efeitos da eutrofização, relatados por TUNDISI (2003), referem-se à


redução dos níveis de oxigênio, de forma geral, com consequente mortalidade de
peixes, crescimento não controlado das algas, muitas das quais podem produzir
toxinas, elevação da concentração de matéria orgânica, podendo produzir substâncias
carcinogênicas se tratadas com cloro, alteração na composição de espécies de peixes
e efeitos na saúde humana, crônicos e agudos. Acrescente-se a esses, os efeitos
40

econômicos e sociais, como a deterioração de lagos recreacionais e dificuldades no


transporte, perda do valor comercial de peixes pela contaminação, aumento nos
custos do tratamento da água e redução dos valores das propriedades próximas a
lagos e represas. A ilustração dessa situação pode ser observada na Figura 09.

Figura 09: Efeitos da eutrofização.


Fonte: TUNDISI, 2003.

Com a diminuição da quantidade e qualidade da água, em decorrência do aumento


nos níveis de eutrofização, nota-se a perda da capacidade de sustentabilidade do
sistema, com consequente aumento do nível de toxicidade e deterioração da saúde
humana.

Nas Figuras 10 e 11 pode-se visualizar a imagem de processos de eutrofização. A


primeira, no rio Piracicaba, junto ao município de Santa Maria da Serra, próximo ao
ponto de confluência com o rio Tietê, na represa de Barra Bonita; a segunda no rio
Tietê, na cidade de Arealva, reservatório de Ibitinga. Esses pontos estão situados
cerca de 600 e 700 km a jusante da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP),
respectivamente.
41

Figura 10: Eutrofização no Rio Piracicaba. Figura 11: Rio Tietê, Reservatório de Ibitinga,
Julho/08 na cidade de Arealva. Junho/07.

Conforme descrevem BRANCO e ROCHA (1987), a eutrofização acelerada


constitui, atualmente, um dos grandes problemas a serem enfrentados e solucionados
pelos ecólogos que se dedicam à proteção e recuperação dos ambientes naturais.

De acordo com o Relatório de Qualidade das Águas Interiores do Estado de São


Paulo, elaborado pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
(CETESB), o processo de eutrofização artificial é atualmente considerado o principal
fenômeno de degradação da qualidade das águas no Estado de São Paulo e síntese
das ações antrópicas sobre os recursos hídricos. (CETESB, 2005)

Em um ambiente eutrofizado, a floração de cianobactérias é especialmente perigosa,


pois diversas espécies liberam toxinas, causando sérios prejuízos às águas utilizadas
para abastecimento público. Foi a presença dessas toxinas que provocou a morte de
40 pacientes de uma clínica de hemodiálise de Caruaru, em Pernambuco, no ano de
1996. (OSÓRIO e OLIVEIRA, 2001)

3.3.4. Índice do Estado Trófico

VON SPERLING (2005), ao descrever participação do fósforo na qualidade das


42

águas, destaca que sua presença não acarreta problemas de ordem sanitária, tratando-
se, porém, de um importante parâmetro de caracterização do corpo d’água. Isto
porque, a concentração de fósforo em um lago ou represa, por ter relação direta com
a eutrofização, é utilizada para determinação do seu nível trófico, ou seja, para
avaliação do potencial de produtividade biológica. Quanto maior o nível trófico e a
concentração de fósforo nas águas, maior a capacidade de desenvolvimento de
cianobactérias, algas e plantas aquáticas, menores os níveis de oxigênio tanto nas
camadas superiores como inferiores do corpo d’água e menor a sua qualidade.

Os primeiros estudos relacionados com a classificação trófica das águas, datados de


1930, já indicavam que os lagos ricos em fitoplâncton apresentavam altas
concentrações de fósforo, comparativamente àqueles com baixas densidades destes
organismos. Posteriormente, com base em dados sobre a concentração de fosfato em
lagos das regiões temperadas, estabeleceu-se a classificação do estado trófico das
águas.

O primeiro trabalho de classificação trófica das águas foi proposto por


VOLLENWEIDER (1968), que estimou as cargas de fósforo total de acordo com os
diferentes estados: ultra-oligotrófico, oligomesotrófico, meso-eutrófico, eu-
politrófico e politrófico. Tal classificação pode ser observar na Tabela 03, a seguir.

Tabela 03: Estado trófico e concentração de fósforo total.


P-total
Estado Trófico
µg/L
Ultra-oligotrófico <5
Oligomesotrófico 5 - 10
Meso-eutrófico 10 - 30
Eu-politrófico 30 - 100
Politrófico > 100
Fonte: Adaptado de VOLLENWEIDER, 1968; ESTEVES, 1988.

A revisão dessa classificação deu origem a novas denominações para os diferentes


graus de trofia. BRAGA et al. (2002) e VON SPERLING (2005) salientam que a
classificação atualmente utilizada para caracterização da produtividade biológica de
lagos e represas é a seguinte:
43

 oligotróficos, quando apresentam baixa produtividade e baixa concentração


de nutrientes;
 mesotróficos, quando suas características são intermediárias entre os
anteriormente citados e;
 eutróficos, quando há elevada produção vegetal e alta concentração de
nutrientes.

Para maior detalhamento dessas condições, criou-se classificações intermediárias,


denominadas ultraoligotrófico, quando a produtividade e a concentração de
nutrientes é muito baixa e hipereutrófico, quando, ao contrário, o nível de
produtividade e as concentrações de fósforo são demasiadamente elevadas.

O nível hipereutrófico é caracterizado pelo crescimento desordenado de algas,


inclusive de macrófitas, que além de causar prejuízos aos múltiplos usos da água
pode ocasionar sérios riscos à saúde humana, uma vez que essas plantas são habitats
para planorbídeos, caramujos hospedeiros intermediários do verme causador da
esquistossomose. (PIVELI e KATO, 2005)

As informações referentes às concentrações de fósforo total, bem como as principais


características e ocorrências relacionadas à produtividade e aos prejuízos qualitativos
de acordo com essa classificação, podem ser observadas na Tabela 04, a seguir.

Tabela 04: Níveis de fósforo e classificação qualitativa dos principais graus de trofia.
Classe de Trofia
Item
Ultraoligotrófico Oligotrófico Mesotrófico Eutrófico Hipereutrófico

Concentração de fósforo total (mg/L) < 0,005 0,005 – 0,010 0,010 – 0,035 0,035 – 0,100 > 0,100

Biomassa Bastante baixa Reduzida Média Alta Bastante alta

Fração de algas verdes e/ou


Baixa Baixa Variável Alta Bastante alta
cianobactérias

Macrófitas Baixa ou ausente Baixa Variável Alta ou baixa Alta

Dinâmica da produção Bastante baixa Baixa Média Alta Alta, instável

Dinâmica de oxigênio na camada Normalmente Normalmente Variável em torno da Freqüentemente Bastante instável, de
superior saturado saturado supersaturação supersaturado supersaturação à ausência

Dinâmica de oxigênio na camada Normalmente Normalmente Variável abaixo da Abaixo da saturação à Bastante instável, de
inferior saturado saturado supersaturação completa ausência supersaturação à ausência

Prejuízo aos usos múltiplos Baixo Baixo Variável Alto Bastante alto

Fonte: PIVELI e KATO, 2005; VON SPERLING, 2005.


44

O nível trófico de um lago ou represa está relacionado com a forma predominante de


uso e ocupação do solo na bacia hidrográfica. (BRAGA et al., 2002; VON
SPERLING, 2005)

Em uma bacia com ocupação predominantemente urbana, os níveis de trofia de uma


represa são maiores quando comparados às bacias ocupadas pela atividade agrícola e
agropastoril, já que o aporte de fósforo e demais nutrientes é aumentado em
decorrência da drenagem das águas pluviais e, principalmente, devido ao
recebimento dos esgotos domésticos e industriais. Nessas bacias, pode-se verificar
uma grande e rápida elevação nos níveis de trofia que, com as condições adequadas
de insolação e luminosidade, podem proporcionar situações de superpopulações de
algas, as denominadas florações.

O processo de evolução dos níveis de trofia de um lago ou represa, de acordo com o


uso e ocupação do solo na bacia hidrográfica pode ser visualizado na Figura 12.

Figura 12: Evolução do nível de trofia de um lago ou represa.


Fonte: VON SPERLING, 2005.
45

Também os fatores morfométricos, hidrológicos, climáticos e óticos afetam as


condições de trofia de um corpo d’água. XAVIER et al. (2005), citando Odun (1971)
destacam que lagos rasos são morfometricamente eutróficos mesmo com baixas
concentrações de nutrientes, sendo que os lagos mais profundos, mesmo com
concentrações mais expressivas de nutrientes, podem ser temporariamente
oligotróficos sob o aspecto morfológico.

Segundo VOLLENWEIDER (1968), podem ser estimadas cargas empíricas


permissíveis e perigosas de fósforo nos lagos e reservatórios, de acordo com sua
profundidade, para a manutenção das condições ecológicas, em função da
eutrofização. Assim, quanto maior a profundidade do lago ou represa, maior a
capacidade de recebimento de cargas de fósforo antes de serem causados prejuízos à
qualidade das águas. Na Tabela 05 são apresentadas estimativas empíricas das cargas
de fósforo em função das diferentes profundidades.

Tabela 05: Estimativas das cargas de fósforo em um lago ou reservatório, em função da


profundidade, em g/m².ano.

Profundidade Média Carga Permissível Carga Perigosa (Além


(m) (Até) (g/m².ano) de) (g/m².ano)

5 0,07 0,13
10 0,10 0,20
50 0,25 0,50
100 0,40 0,80
150 0,50 1,00
200 0,60 1,20
Fonte: VOLLENWEIDER, 1968.

A classificação de acordo com os níveis tróficos é especialmente utilizada em


ambientes de regime lêntico, para os quais calcula-se o Índice de Estado Trófico
(IET), desenvolvido por Carlson. Esse índice tem por finalidade classificar os corpos
d'água em diferentes graus de trofia, avaliando a qualidade da água quanto ao seu
enriquecimento por nutrientes e o efeito relacionado ao crescimento excessivo das
algas, ou o potencial para o crescimento de macrófitas aquáticas. Esse índice não está
relacionado à qualidade da água, conceito mais relacionado à utilização múltipla, e
46

sim, à capacidade de produção da biomassa algal. (XAVIER et al., 2005)

Desde o ano de 2002, para composição do Índice de Qualidade das Águas (IQA), a
CETESB passou a levar em consideração também o nível de trofia dos corpos
d’água, através do cálculo do IET. Nesse índice, os resultados correspondentes ao
fósforo, IET(P), são entendidos como uma medida do potencial de eutrofização, já
que este nutriente é considerado o agente causador do processo. (CETESB, 2005)
47

3.4. Fosfato em Rios e Reservatórios: Fontes Naturais e Artificiais

O transporte através das águas é parte fundamental do ciclo do fósforo,


correspondendo à forma predominante com que o fosfato se move através do meio
ambiente.

Seu comportamento em rios e reservatórios relaciona-se diretamente com o nível das


contribuições, ou seja, com a intensidade das fontes, sejam elas naturais ou
artificiais.

As fontes naturais estão relacionadas principalmente com as cargas difusas, através


dos processos erosivos da bacia de contribuição, da decomposição dos organismos
aquáticos e dos vegetais que compõem as matas ciliares, do nível de assoreamento do
corpo d’água, do intemperismo das rochas e da intensidade das trocas ocorridas entre
o sedimento e a coluna d’água.

Essas fontes, de acordo com BOLLMAN et al. (2005) são de difícil controle e,
apesar de contribuirem em menor quantidade para o aumento nas concentrações de
fosfato nas águas, são de grande relevância para alteração dos níveis de eutrofização,
já que o solo, apesar de ser um meio onde o fósforo possui baixa mobilidade, assim
como as rochas e os minerais, podem ser fontes constantes do nutriente nas águas.

Em bacias mais desenvolvidas economicamente e com grande concentração


populacional, a origem do fósforo está mais relacionada com as fontes denominadas
artificiais ou antrópicas, que são decorrentes da ação do homem. Nesses locais,
apesar de ocorrer o aporte de fósforo por influência dos processos naturais, estima-se
que as fontes artificiais sejam sensivelmente mais importantes e, dentre essas fontes,
destacam-se os esgotos domésticos, os efluentes industriais e o escoamento
superficial de áreas cultivadas. (BRANCO, 1978; ESTEVES, 1988; CHAVE, 1997;
VON SPERLING, 2005; PIVELI e KATO, 2005)

Na Figura 13, a seguir, encontram-se descritas as principais fontes naturais e


antrópicas de fosfato em um reservatório.
48

ESCOAMENTO EROSÃO INDÚSTRIAS


ESGOTOS
SUPERFICIAL INSUMOS
DOMÉSTICOS LIXO PLUVIOSIDADE
AGRÍCOLAS

TRIBUTÁRIOS ROCHAS E
P-org + P-inorg MINEIRAIS

SOLO / SEDIMENTO ÁGUAS DE SUB- DECOMPOSIÇÃO / EXCREÇÃO


Natural ANIMAL E VEGETAL
SUPERFÍCIE
Antrópico
Figura 13: Fontes naturais e antrópicas de fosfato em rios e reservatórios.
Fonte: Adaptado de BOLLMAN et al., 2005.

Em relação à erosão e ao escoamento superficial, apesar de serem consideradas


fontes naturais de fosfato, sua ocorrência tem sido, cada vez mais, relacionada com
os fatores antrópicos, uma vez que tais processos podem ser causados, influenciados
ou acelerados pela ação do homem.

Na Europa e nos Estados Unidos, GOLTERMAN (1975) destaca que a quantificação


das fontes naturais de fosfato nas águas tem se tornado cada vez mais difícil de ser
efetuada na maioria dos lagos e reservatórios em decorrência da intensificação dos
processos de urbanização. Nesses locais, já não é mais possível identificar rios que
não tenham contribuições expressivas das fontes antrópicas. Acrescenta ainda, que a
atividade humana tem contribuído de forma tão intensa para o aumento dos níveis
desse nutriente nas águas, que se pode estimar que uma quantidade de 3 x 1016
gramas de fosfato, que levava muitos milhares de anos para ser mobilizado para um
reservatório de maneira natural, ocorre hoje num período de 100 anos. Esse aumento
na velocidade e na intensidade das contribuições é incomparável com a capacidade
natural dos rios de reservatórios de manter o seu equilíbrio natural.

De acordo com VON SPERLING (2005), as principais fontes de fósforo em um lago


49

ou represa, em ordem crescente de importância, podem ser consideradas as seguintes:

 Drenagem pluvial
a. Áreas com matas e florestas
b. Áreas agrícolas
c. Áreas urbanas
 Esgotos
d. Efluentes industriais
e. Efluentes domésticos

A drenagem pluvial das áreas cobertas com matas e florestas tende a transportar
menos fósforo, visto que o ecossistema se encontra próximo ao equilíbrio; a
drenagem de áreas agrícolas apresenta valores mais elevados, sendo que as
contribuições dependem da capacidade de retenção do solo, do manejo do solo, da
irrigação, do tipo de fertilização da cultura e das condições climáticas; a drenagem
urbana apresenta maiores valores e pouca variabilidade; os esgotos industriais
possuem grande variabilidade entre as distintas tipologias; considera-se os esgotos
domésticos veiculados por sistemas de coleta e afastamento, como a maior fonte de
contribuição de fósforo.

Com base nessa classificação, VON SPERLING (2005) efetuou uma estimativa de
valores típicos da contribuição unitária de fósforo, apresentados na Tabela 06.
Ressalta-se que esses dados estão sujeitos a variação de acordo as características de
cada localidade e, desta forma, são utilizados para dimensionamento dos valores e
referência como ordem de grandeza.

Tabela 06: Contribuições típicas de fósforo de acordo com a fonte.

Fonte Tipo Valores Típicos Unidade


2
Drenagem Áreas de matas e florestas 10 kg/km .ano
2
Áreas agrícolas 50 kg/km .ano
2
Áreas urbanas 100 kg/km .ano
Esgotos Domésticos 0,4 kg/hab.ano
Fonte: VON SPERLING, 2005.
50

De acordo com VOLLENWEIDER (1968), a quantidade diária de fósforo que é


transportada para um rio ou reservatório é bastante variável nas diferentes atividades
agrícolas e urbanas. No caso da atividade agrícola, as áreas aradas e os campos
oferecem uma contribuição maior, comparativamente às áreas cobertas com florestas.
Na atividade urbana, a maior contribuição de fosfato tem origem nos esgotos
domésticos, sendo representado pelo material fecal e pelos detergentes sintéticos.

A partir dessa avaliação, as contribuições típicas de fósforo foram estimadas


conforme Tabela 07.

Tabela 07: Contribuições típicas de fósforo de acordo com a atividade desenvolvida.

Quantidade (g/ano/m²)
Contribuições
Mínima Máxima
Matéria fecal 0,08 0,08
Detergentes 0,04 0,04
Atividade Urbana
Escoamento superficial 0,01 0,01
Industrial 0,01 0,01
Terra arada 0,01 0,05
Atividade Agrícola Campos 0,01 0,05
Florestas 0,01 0,01
Total 0,17 0,25
Fonte: VOLLENWEIDER, 1968.

Segundo GLENNIE et al. (2002), apesar das principais fontes de fósforo nas águas
serem os esgotos domésticos e a atividade agrícola, a mensuração de seus impactos
está relacionada com a forma de ocupação da terra no âmbito da bacia hidrográfica.
Em locais onde a agricultura é menos intensiva, os esgotos domésticos são a maior
fonte e as medidas para redução e controle das quantidades lançadas através dos
efluentes são necessárias para melhoria da qualidade das águas. Em locais onde a
agricultura é intensiva, essa pode ser a principal fonte de fósforo nas águas, sendo
necessárias medidas para manejo da terra e gerenciamento do uso de fertilizantes.
51

3.4.1. Atividade Agrícola

Os principais impactos na qualidade das águas associados com a atividade agrícola


são decorrentes do transporte da matéria orgânica de origem animal, da utilização de
fertilizantes e da ocorrência de processos erosivos.

A substituição da vegetação natural de uma bacia por agricultura representa um


impacto bastante significativo na qualidade das águas, uma vez que a retirada dos
vegetais plantados promove uma remoção natural de nutrientes através do
escoamento superficial e da erosão.

VON SPERLING (2005) acrescenta que a retirada desses vegetais plantados para
consumo pelo ser humano e que acaba por resultar na remoção de nutrientes do solo,
não pode ser reposta naturalmente. Atualmente, devido à necessidade de uma
produção agrícola mais intensiva, a adição de fertilizantes para aumento da
produtividade tornou-se imperiosa e, em muitos casos, para garantir a produtividade,
as quantidades de fertilizantes aplicadas tendem a ser superiores à própria capacidade
de assimilação pelos vegetais, o que aumenta a capacidade de perdas.

Também, a substituição da vegetação nativa por áreas agricultáveis pode ocasionar a


redução da capacidade de infiltração no solo, fazendo com que os nutrientes, já
adicionados artificialmente em grandes quantidades, através dos fertilizantes, tendam
a escoar superficialmente pelo terreno até atingir o corpo d’água.

Nesse sentido, KILMER e TAYLOR (1980) apresentam um estudo comparativo


entre a quantidade de fertilizante aplicado e o aumento na concentração de fosfato na
água em decorrência do escoamento artificial. De acordo com esses dados, em áreas
onde a quantidade de fertilizantes aplicada é de 56 kg/ha, a concentração de fósforo
nas águas pode chegar a 0,24 p.p.m., ao passo que nos locais onde se aplica 113
kg/ha de fertilizantes, a concentração de fósforo nas águas pode chegar a 0,44 p.p.m.

Ou seja, a partir do aumento de cerca de 100% na quantidade de fertilizantes aplicada


52

nos solos, pode-se detectar um acréscimo de 80% na concentração de fósforo nas


águas. Tais informações podem ser visualizadas na Tabela 08.

Tabela 08: Quantidade de fertilizante aplicado, em kg/ha, e aumento nas concentrações de fósforo nas
águas, em p.p.m..

Fertilizante Aplicado Concentração de P


(kg/ha) (p.p.m.)
0 0,07
56 0,24
113 0,44
Fonte: Adaptado de KILMER e TAYLOR, 1980.

Estudos efetuados nas áreas agrícolas de 6 bacias hidrográficas do estado de


Oklahoma, nos Estados Unidos, durante 4 anos, foram relatados por KILMER e
TAYLOR (1980), demonstrando que as chuvas representam um fator tão decisivo
quanto aqueles resultantes do aumento na quantidade de fertilizante aplicada ou pelas
diferentes formas de manejo da terra.

Para quantificar o nível de fosfato carreado para as águas em decorrência do


escoamento artificial de áreas agrícolas causado pelas chuvas, COOKE e
WILLIAMS (1975) relatam alguns levantamentos efetuados em diferentes países:

 Na Holanda, estudos indicam uma perda anual de 0,25 kg/ha;

 Na Califórnia, Estados Unidos, as perdas anuais em um plantio de alfafa


foram estimadas em 0,08 a 0,19 kg/ha, enquanto em um plantio de arroz
foram de 0,53 kg/ha;

 Em Woburn, na Inglaterra, as perdas analisadas durante 4 anos foram


equivalentes a 0,25 kg/ha ao ano.
53

De uma forma geral, VOLLENWEIDER (1968) acrescenta que as perdas anuais de


fosfato nas áreas agricultáveis devido ao escoamento superficial podem ser
consideradas na faixa de 0,15 a 0,75 kg/ha.

Para traduzir o potencial de perdas de nutrientes do solo numa previsão exata das
possíveis perdas, é necessário um estudo detalhado do impacto causado pelo
conjunto das práticas agrícolas adotadas. Além da quantidade de fertilizante aplicada
e da sua capacidade de escoamento artificial, é de grande importância a análise da
erodibilidade do terreno, considerando-se o tipo de solo, suas características físicas, a
forma de plantio utilizada e a taxa pluviométrica da bacia a ser estudada. (KILMER e
TAYLOR, 1980)

Assim, terrenos com maior suscetibilidade à erosão e ao movimento de massas,


certamente oferecerão maior risco de transporte das cargas de fertilizantes e
consequentemente, de nutrientes, para as águas.

HELMER e HESPANHOL (1997) acrescentam que a prevenção de processos


erosivos pode ser considerada a principal ferramenta para controle do aporte de
fósforo em áreas agrícolas.

Os tipos de solo mais suscetíveis à erosão são os classificados como B textural e


litossolos, devido à baixa taxa de infiltração, bem como os latossolos, devido à
textura arenosa e à presença em relevo suave. Os solos classificados como B textural
são caracterizados pela textura argilosa ou média, podendo ser enquadrados como
podzólicos, podzolizados ou terra roxa estruturada. Os litossolos são característicos
pelo solo raso, com espessura pouco desenvolvida e frações de argila bastante
reduzidas. Os latossolos possuem classe textural predominantemente argilosa, mas
pode ser também franco-argilo-arenosa, franco-argilosa, argilo-arenosa e franco-
arenosa, sendo que em todos os casos, a fração de argila é superior a 15%. De acordo
com essa classificação, estima-se que cerca de 60,2% da área territorial do Estado de
São Paulo seja suscetível à erosão quando cultivada. (LEPSCH, 1994)

Para o Estado de São Paulo, em relação às condições de erodibilidade do terreno, o


Plano Estadual de Recursos Hídricos (PERH), sintetiza as classes de suscetibilidade
54

natural do solo à erosão em 4 categorias básicas, de acordo com sua fragilidade


estrutural, enquadrando-os nas seguintes condições:

a. Muito alta suscetibilidade: Áreas de grande fragilidade estrutural, com


ocorrência em toda a porção oeste do Estado, predominantemente sobre o
planalto ocidental, que engloba 1/3 do território paulista. Nesses locais,
ocorrem aflorações do arenito das Formações Bauru, Pirambóia e Botucatu,
com relevo ondulado (colinas médias) a forte ondulado (morrotes e morros).
Predomínio de solos podzólicos de textura arenosa.

b. Alta suscetibilidade: Terrenos sustentados por rochas areníticas de diversas


formações, destacando-se a Adamantina, Botucatu, Pirambóia, Itararé, Rio
Claro e Itaqueri. Presente no planalto ocidental e na depressão periférica, com
relevo ondulado a suave ondulado e latossolos de textura arenosa.

c. Baixa suscetibilidade: Presença de rochas cristalinas, rochas básicas e rochas


sedimentares finas (formações Corumbataí, Iraci e Tatuí). Relevo ondulado a
suave ondulado, solos argilosos espessos e presença principalmente na
depressão periférica.

d. Muito baixa suscetibilidade: Localizadas junto às planícies fluviais da


depressão periférica e planícies costeiras. Solos arenosos, siltosos e argilosos.

A partir dessa classificação, apresenta-se o mapa das condições de erodibilidade do


Estado de São Paulo, de forma a indicar as suas diferentes localizações.

Conforme se pode observar na Figura 14, a seguir, as áreas mais escuras, situadas
principalmente na porção oeste do Estado são aquelas mais suscetíveis à erosão,
enquanto as mais claras são as menos suscetíveis, localizadas na parte leste, mais
próximas à região litorânea.
55

Figura 14: Condições de erodibilidade do solo no Estado de São Paulo.


Fonte: Adaptado de PERH, 2005.

Além do tipo de solo, outro fator preponderante para determinar a quantidade de


terra perdida através da erosão é a forma de uso do solo e tipo de cultura plantada. A
Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) busca identificar a presença
de processos erosivos e as perdas de solo no Estado de São Paulo, classificando as
diferentes culturas da seguinte forma (BERTOLINI e LOMBARDI NETO, 1994;
TORRES et al., 2007):

 Culturas perenes ou permanentes: São as culturas que crescem de ano para


ano, sendo muitas vezes necessário um período de vários anos para que se
tornem produtivas. Como exemplo de culturas perenes ou permanentes, pode-
se citar as frutíferas, a seringueira, o café e o cacau. A maioria das áreas
utilizadas para esse tipo de cultura é cultivada mecanicamente, alterando a
estrutura do solo, reduzindo a taxa de infiltração, acelerando o processo
erosivo e causando déficit hídrico no período seco.
56

 Culturas anuais e temporárias: São as culturas cujos ciclos são maiores que
um ano, porém, que não são permanentes. Estão incluídas nessa classificação,
também, as culturas que completam seu ciclo de vida durante uma única
estação, perecendo após a colheita e as que, normalmente, completam seu
ciclo num período de duas ou mais estações de crescimento. Como exemplo
de culturas anuais ou temporárias, pode-se citar as olerícolas, o algodão, a
cana-de-açúcar, o milho e a soja. Nessas culturas, os problemas de erosão são
decorrentes do uso intensivo de máquinas, tendência de monocultura em nível
regional, baixa cobertura vegetal e, em alguns casos, dois cultivos por ano.
Normalmente não são observadas as condições ideais de preparo e manejo,
com mobilização excessiva do solo.

 Pastagens: Tratam-se das áreas ocupadas por pastagens naturais ou


cultivadas, efetivamente utilizadas para exploração animal e capineiras, bem
como as áreas eventualmente utilizadas para fornecimento de matéria verde
para silagem ou para elaboração de feno. Nas pastagens extensivas, os
problemas de erosão estão vinculados ao manejo, onde a cobertura vegetal
favorece também a degradação precoce do próprio pasto, competição com
invasoras e compactação do solo, dentre outros. As culturas anuais entram no
sistema para renovação das pastagens num período que pode variar de 5 a 10
anos.

 Reflorestamento: As áreas de reflorestamento são entendidas como aquelas


destinadas ao plantio de essências florestais exóticas ou nativas. Os principais
causadores das perdas de solo nesses locais são a excessiva movimentação do
solo para implantação do reflorestamento, a inobservância do plantio em
nível, a implantação em período chuvoso, a utilização de solos declivosos e a
inadequação dos caminhos entre os plantios.

Observando-se a classificação acima descrita e buscando analisar as perdas de solo


em São Paulo, estudos efetuados para a safra dos anos de 1987/1988 estimaram que
cerca de 80% da área cultivada do Estado passavam por processos erosivos além dos
57

limites de tolerância. As perdas de terra foram estimadas em 194 milhões de


toneladas por ano, sendo que, desse total, 48,5 milhões de toneladas chegavam aos
mananciais em formas de sedimentos transportados, causando assoreamento e
poluição. A erosão hídrica em terras cultivadas passou a ser considerada um
problema bastante significativo para o Estado de São Paulo. (BELLINAZZI Jr et al.,
1981; BERTOLINI e LOMBARDI NETO, 1994)

Para a realização desse estudo, estimou-se a capacidade de perda de acordo com as


diferentes culturas, considerando a forma de manejo do solo e a extensão da área
agricultável. Assim, verificou-se que as culturas anuais são as principais
responsáveis pelas perdas de solo no Estado, com valores da ordem de 69,4 milhões
de t/ano.

No caso do feijão, por exemplo, essa capacidade é de 38,1 t/ha/ano, para o


amendoim, é de 26,7 t/ha/ano e para o arroz é de 25,1 t/ha/ano. Dentro das
estimativas efetuadas, a erosão representa, por exemplo, perdas de 10 kg de solo para
cada quilo de soja produzido, 12 kg de solo para cada quilo de feijão produzido ou 5
kg de solo para a produção de 1 kg de milho.

Quando se efetua a comparação entre a capacidade de perda de terra estimada para


cada tipo de cultura, denominada perda individual, e a extensão da área agricultável,
pode-se verificar que algumas culturas com elevada capacidade de perda individual
apresentam resultados pouco significativos em relação às perdas anuais de terra. Por
exemplo, no caso da cultura da mamona, que possui potencial de perda individual de
terra estimado em 41,5 t/ha/ano, as perdas anuais são estimadas em 496 mil
toneladas, devido à pequena extensão das áreas utilizadas para seu cultivo.

No sentido inverso, a cana-de-açúcar, apesar da capacidade de perda individual ser


relativamente baixa, de 12,4 t/ha/ano, comparativamente às demais culturas, a perda
anual de solo referente a esse cultivo é bastante elevada, de 26,6 milhões de
toneladas, devido às extensas áreas cultivadas. O comparativo das perdas individuais
e das perdas totais estimadas de solo entre as diferentes culturas pode ser visualizado
na Tabela 09.
58

Tabela 09: Estimativa de perdas de terras associadas ao uso agrícola no Estado de São Paulo.
Perdas Individuais Perdas Totais de
Área
Cultura de Terra Terra
(1000 ha) (t/ha/ano) (1000 t/ano)
Culturas Anuais
Algodão 349,25 24,8 8.661,40
Amendoim 76,63 26,7 2.046,02
Arroz 271,20 25,1 6.807,12
Feijão 428,05 38,1 16.308,71
Milho 1.285,30 12,0 15.423,60
Soja 534,60 20,1 10.745,46
Outras 386,95 24,5 9.480,28
3.331,98 20,85 69.472,58
Culturas Temporárias
Cana 2.152,05 12,40 26.685,42
Mamona 11,96 41,50 496,34
Mandioca 39,06 33,90 1.324,13
2.203,07 12,94 28.505,89
Culturas Permanentes
Banana 51,65 0,90 46,49
Café 732,77 0,90 659,49
Laranja 786,30 0,90 707,67
Outras 40,25 0,90 36,23
1.610,97 0,90 1.449,87

Pastagem 10.236,13 0,40 4.094,45


Reflorestamentos 1.110,35 0,90 999,32
11.346,48 0,58 6.543,64

Vegetação Nativa 1.243,00 0,40 497,20


Áreas Críticas (Estrada e Periurbana) 562,50 175,00 98.437,50
Outras 4.467,73 1,00 4.467,73
6.273,23 16,48 103.402,43
Redução das perdas em função das práticas de controle da erosão (culturas anuais,
(-) 14.914,25
temporárias e permanentes) - 15%

Total das Perdas no Estado de São Paulo 24.765,73 194.460,17

Fonte: BERTOLINI e LOMBARDI NETO, 1994.

Assim, a quantidade de terra perdida anualmente nas áreas cultivadas do Estado de


São Paulo pode ser estimada em 7,852 t/ha.

Para estimativa das perdas de fósforo decorrentes das quantidades de terra perdidas,
BELLINAZZI Jr et al. (1981) destacam que a concentração média desse nutriente no
solo de São Paulo é da ordem de 0,002614%. Para esse cálculo foram considerados o
teor médio natural desse nutriente nos solos no Estado e as quantidades médias
adicionadas artificialmente através da aplicação de fertilizantes. De acordo com esses
dados, as quantidades de fósforo perdidas para aquele período foram totalizadas em
5.045 t/ano, o que corresponde a 0,20 kg/ha/ano.

Em decorrência desse estudo, foi possível identificar grandes diferenças entre as


59

culturas. No caso das culturas anuais, as perdas são estimadas em 0,55 kg/ha/ano; nas
culturas temporárias esse valor é de 0,34 kg/ha/ano; nas culturas permanentes, a
quantidade de fósforo perdida é estimada em 0,02 kg/ha/ano, conforme se pode
visualizar na Tabela 10, abaixo.

Tabela 10: Perdas estimadas de fósforo no Estado de São Paulo, associadas ao uso agrícola.
Perdas Totais de Perdas Totais Perdas de
Área
Cultura Terra de Fósforo Fósforo
(1000 ha) (1000 t/ano) (t/ano) (kg/ha/ano)
Culturas Anuais
Algodão 349,25 8.661,40 226,41 0,65
Amendoim 76,63 2.046,02 53,48 0,70
Arroz 271,20 6.807,12 177,94 0,66
Feijão 428,05 16.308,71 426,31 1,00
Milho 1.285,30 15.423,60 403,17 0,31
Soja 534,60 10.745,46 280,89 0,53
Outras 386,95 9.480,28 247,81 0,64
3.331,98 69.472,58 1.816,01 0,55
Culturas Temporárias
Cana 2.152,05 26.685,42 697,56 0,32
Mamona 11,96 496,34 12,97 1,08
Mandioca 39,06 1.324,13 34,61 0,89
2.203,07 28.505,89 745,14 0,34
Culturas Permanentes
Banana 51,65 46,49 1,22 0,02
Café 732,77 659,49 17,24 0,02
Laranja 786,30 707,67 18,50 0,02
Outras 40,25 36,23 0,95 0,02
1.610,97 1.449,87 37,90 0,02

Pastagem 10.236,13 4.094,45 107,03 0,01


Reflorestamentos 1.110,35 999,32 26,12 0,02
11.346,48 5.093,77 133,15 0,01
Vegetação Nativa 1.243,00 497,20 13,00 0,01
Áreas Críticas (Estrada e Periurbana) 562,50 98.437,50 2.573,16 4,57
Outras 4.467,73 4.467,73 116,79 0,03
6.273,23 103.402,43 2.702,94 0,43
Redução das perdas em função das práticas de controle da
(-) 14.914,25
erosão (culturas anuais, temporárias e permanentes) - 15%

Total das Perdas no Estado de São Paulo 24.765,73 193.010,30 5.045,29 0,20

Fonte: BELLINAZZI Jr et al., 1981; BERTOLINI e LOMBARDI NETO, 1994.

A esses dados, BELLINAZZI Jr et al. (1981) acrescentam que as perdas de


fertilizantes fosfatados aplicados nas áreas agrícolas do Estado de São Paulo,
principalmente do tipo superfosfato simples (SS), acarretam a necessidade de
investimentos suplementares da ordem de U$ 4 milhões ao ano.
60

3.4.2. Atividade Urbana

A substituição da vegetação natural ou da área agricultável pela urbanização pode


desencadear uma série de consequências, com reflexos negativos nas condições de
qualidade dos corpos d’água.

A esse respeito, VON SPERLING (2005) aponta 3 consequências principais:

 Assoreamento, decorrente dos movimentos de terra, das obras e da


impermeabilização do terreno.

 Drenagem pluvial urbana, com transporte de nutrientes e resíduos diversos


para o corpo d’água.

 Esgotos, causadores dos maiores impactos, devido ao lançamento de matéria


orgânica, alimentos, detergentes e outros subprodutos decorrentes da
atividade humana. O aporte de nutrientes através dos esgotos é muito superior
à contribuição originada pela drenagem urbana.

TUCCI (2002) destaca que, à medida que a cidade se urbaniza, ocorrem, de forma
geral, os seguintes impactos nos corpos d’água:

 Aumento das vazões máximas, em até 6 vezes, devido ao aumento da


capacidade de escoamento através de condutos e canais e em decorrência da
impermeabilização da superfície;
 Aumento na produção de sedimentos devido à desproteção das superfícies, ao
acúmulo e transporte de lixo e matéria orgânica;
 Deterioração da qualidade da água, devido ao escoamento superficial e ao
lançamento de esgotos domésticos e industriais.
61

Nos países em desenvolvimento o processo de urbanização mostra-se acelerado. Na


América Latina e Caribe, o crescimento da população urbana registra índices de 3 a
5% ao ano; no Brasil, a taxa da população urbana é de 76%. No Estado de São Paulo,
onde cerca de 91% da população reside em áreas urbanas, a evolução populacional
experimentada a partir da década de 1960 acarretou sérios impactos na qualidade dos
corpos d’água, sendo que muitos rios, principalmente os situados nas Regiões
Metropolitanas, atingiram uma situação de completa deterioração. (TUCCI, 2002)

No que se refere à presença de fosfatos, é importante ressaltar que se trata de um


nutriente que possui utilização bastante difundida nas atividades urbanas
desenvolvidas pelo homem, além de estar presente na própria matéria orgânica que é
excretada.

É utilizado como componente em inúmeros produtos industrializados de uso


doméstico sendo que, em áreas mais industrializadas, está presente nos efluentes de
diversas linhas de produção, seja como subproduto de processos industriais ou
devido à atividade de limpeza de ferramentas e áreas, no caso, em decorrência do
emprego de detergentes.

3.4.2.1. Efluentes industriais

Efluentes industriais são oriundos dos despejos gerados a partir da utilização da água
nos processos produtivos, o que faz com que cada esgoto adquira características
próprias em função do processo empregado.

Para as empresas operadoras de serviços de saneamento básico, os efluentes


industriais são comumente denominados de Efluentes Não Domésticos,
caracterizando-os como aqueles originados em processos que promovam a produção
de esgotos com características físicas, químicas e biológicas diferentes dos efluentes
domésticos e que possam causar algum tipo de dano ao sistema público de esgotos, à
62

segurança e saúde dos operadores e ao meio ambiente. (PAGANINI, 2007)

Numa indústria, a utilização de compostos fosforados pode estar relacionada com a


necessidade da matéria-prima básica a ser empregada na composição e
processamento do produto, em diversos graus de purificação, ou com o desempenho
do processo produtivo em si.

Neste último caso, cita-se que os polifosfatos são largamente utilizados para
minimizar ou evitar problemas com incrustrações em caldeiras, para reduzir as
precipitações em sistemas de resfriamento e em trocadores de calor e, mais
recentemente, em fábricas de dessalinização. No entanto, a sua presença nesse tipo
de efluente industrial dependerá da origem da água que está sendo utilizada no
processo. A água captada no lençol freático, por exemplo, terá menor importância
que as águas superficiais ou águas de reúso, já que estas possuem um nível mais
elevado do nutriente. (SOLT, 1975)

Nos efluentes oriundos do processamento de produtos, a presença de fosfato está


relacionada basicamente com as atividades da indústria alimentícia, usinas de açúcar
e álcool, produtos de limpeza, acabamento de metais, dentre outras.

Sua presença em efluentes industriais está relacionada, também, com o emprego de


detergentes, materiais utilizados na etapa de “limpeza ou lavagem” de linhas de
produção dos mais diversos ramos de atividade, como por exemplo, das indústrias
têxteis e de fibras em geral, indústria de alimentos, frigoríficos e curtumes, dentre
outras. (BRAILE e CAVALCANTI, 1979)

GLENNIE et al. (2002) destacam que, no que se refere à eutrofização e deterioração


da qualidade das águas superficiais, a contribuição das fontes industriais de fosfato
tem sido consideradas menos importantes que a concentração urbana ou a atividade
agrícola, já que o fósforo, na maioria dos processos produtivos, é considerado uma
matéria-prima importante e de custo elevado, que normalmente não é descartada
através dos efluentes.
63

a) Preparação e acabamento de metais

Na indústria de preparação e acabamento de metais, os fosfatos são largamente


utilizados para eletrodeposição do cobre e do ouro, para anodização, para decapagem
e para fosfatização.

A anodização, processo que tem por finalidade acelerar e controlar a formação da


camada de óxido de alumínio, originando uma proteção superficial e melhorando
certas propriedades dos metais, como resistência a intempéries e dureza superficial,
exige grandes quantidades de ácido fosfórico e soluções com até 5% de trisódio
fosfato. A decapagem e a fosfatização, relacionadas com o tratamento de metais
contra a ferrugem e preparação de superfícies metálicas para pintura, são também
processos industriais que utilizam grandes quantidades de fósforo. No caso da
decapagem, o íon fosfato presente no ácido fosfórico utilizado converte-se
progressivamente em sal, podendo ser descartado com o ácido remanescente do
processo. (DEVEY e HARKNESS, 1975; SOLT, 1975)

DEVEY e HARKNESS (1975) salientam que a quantidade de fosfato utilizada e


lançada pelas indústrias de finalização de metais não é considerada capaz de
aumentar de forma expressiva as concentrações de fósforo nos efluentes, já que os
fosfatos presentes nos efluentes dessas indústrias encontram-se sempre em
quantidades muito menores que a de outros íons.

SOLT (1975) acrescenta que, como na maioria dos casos esses íons que se
encontram em maior quantidade serão removidos em um sistema de tratamento de
efluentes, também o fósforo é removido.

Os principais constituintes dos efluentes de indústrias de acabamento de metais são


os cianetos, cujo teor pode atingir 20 ou 30 mg/L nos resíduos alcalinos, o cromo
hexavalente, com teores de até 2000 mg/L e o cromo trivalente, com 30 a 60 mg/L.
Pode-se citar também, a presença de cobre, ferro, níquel e zinco. (BRAILE e
CAVALCANTI, 1979)

O volume e a concentração dos despejos são bastante variáveis, de acordo com a


quantidade de água utilizada na lavagem e com o processo executado. As
64

características dos efluentes originados na eletrodeposição e decapagem são bastante


variáveis, pois geralmente a lavagem é feita em tanques com renovação hídrica
contínua, não havendo informações exatas sobre a quantidade de água utilizada.

Usinas para extração de ferro e aço utilizam grandes quantidades de lubrificantes,


sendo que a graxa e outros agregados são retirados por processos contínuos de
lavagem por sistemas de duchas. Deste modo, o volume dos despejos é bastante
elevado, com grandes quantidades de detergentes e hidrocarbonetos usados nas
lavagens. (BRAILE e CAVALCANTI, 1979)

b) Laticínios

O fósforo está presente nos despejos dos diversos produtos fabricados em laticínios,
como leite, queijo, iogurte, leite condensado, leite em pó e outros derivados, em
concentrações bastante elevadas.

A concentração de fósforo nesses produtos pode chegar a até 0,2% do peso total; no
caso do leite condensado, por exemplo, a quantidade de fósforo presente em 100 g do
produto é de 205 mg. (BRAILE e CAVALCANTI, 1979)

Na Tabela 11, a seguir, encontra-se descrita a quantidade média de fósforo presente


em cada 100 g de produtos fabricados em laticínios.

Tabela 11: Quantidade média de P presente no leite e seus derivados, em 100 g de produto.
Produto P (mg)
Creme Grosso 59
Iogurte 112
Leite com Chocolate 94
Leite Condensado 205
Leite Desnatado 95
Leite Integral 93
Manteiga Batida 95
Requeijão 76
Soro Fresco 53
Sorvete 115
Fonte: Adaptado de BRAILE e CAVALCANTI, 1979.
65

Os detergentes utilizados na limpeza de linhas e equipamentos em um laticínio são


citados também como uma fonte significativa de fósforo.

Porém, tanto a contribuição pelos detergentes como dos próprios produtos


industrializados nos laticínios apresentam grandes variações entre as diferentes
indústrias, sendo necessária uma avaliação individualizada para dimensionamento
exato das condições de operação. (BRAILE e CAVALCANTI, 1979)

c) Matadouros e frigoríficos

Em matadouros e frigoríficos, de uma forma geral, os despejos têm origem no


processo de abate, evisceração, esquartejamento e lavagem.

Os resíduos possuem valores altos de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO),


sólidos em suspensão, material flotável e graxas; contém sangue, pedaços de carne,
gorduras, entranhas e vísceras. Todo o processo de abate e lavagem exige grandes
quantidades de água; para o abate de bovinos necessita-se de cerca de 2500 litros de
água por cabeça, para suínos, essa quantidade é de 1200 litros por cabeça e para aves,
de 25 a 50 litros por cabeça. (BRAILE e CAVALCANTI, 1979)

Devido às condições dos despejos, sua caracterização é considerada bastante


complexa. No entanto, a elevada taxa de matéria orgânica lançada permite inferir que
quantidades expressivas de nutrientes podem ser carreadas.

d) Usinas de açúcar e álcool

De acordo com BRAILE e CAVALCANTI (1979), nas usinas de açúcar e álcool os


principais resíduos líquidos resultantes do processo de fabricação podem ter várias
origens, conforme abaixo:

 Água de lavagem da cana-de-açúcar;


66

 Água condensada dos evaporadores;


 Água das colunas barométricas;
 Restilo ou vinhaça;
 Água de lavagem dos pisos e equipamentos;
 Água de refrigeração;
 Água de descarga de caldeiras.

No que se refere ao fosfato, as altas concentrações são identificadas na vinhaça ou


restilo. A vinhaça corresponde ao resíduo da destilação do vinho, líquido que dá
origem ao álcool etílico, a partir da fermentação do melaço e do caldo de cana. A
vinhaça de melaço pode conter uma concentração média de fósforo de até 0,011% e a
de caldo de cana, de até 0,007%, ressaltando-se que essas concentrações, bem como
dos diversos componentes da vinhaça, são bastante variáveis, podendo ser alteradas
de acordo com as características regionais e condições da safra. (BRAILE e
CAVALCANTI, 1979)

Outros nutrientes estão presentes também na vinhaça, como carbono, nitrogênio,


cálcio, magnésio e potássio, além de sulfato e demais materiais orgânicos, o que faz
com que a vinhaça seja largamente utilizada como condicionador de solo,
principalmente na própria cultura da cana-de-açúcar.

A aplicação de vinhaça no solo, enquanto material rico em nutrientes, deve levar em


conta principalmente o volume a ser utilizado, uma vez que a incorporação de altas
quantidades de nutrientes pelo solo pode favorecer suas perdas por lixiviação. Nesse
aspecto, para substituição de 0,4 kg de fertilizante superfosfatado triplo, por
exemplo, recomenda-se a utilização de 1 m³ de mosto de melaço ou de caldo.
(BRAILE e CAVALCANTI, 1979)

Nos efluentes dessas usinas, a presença de nutrientes, especialmente de fosfatos,


relaciona-se também, de forma bastante significativa, com a utilização da água de
lavagem da cana-de-açúcar e da água de lavagem de pisos e equipamentos. Assim, a
presença de fósforo está relacionada, além do material orgânico, com a utilização de
detergentes no processo de limpeza.
67

e) Cervejarias

Em cervejarias, a maioria dos resíduos líquidos tem origem em máquinas de lavar


garrafas, dornas de fermentação e centrífugas, na lavagem dos panos do filtro prensa
e nas descargas das máquinas de pasteurização. (BRAILE e CAVALCANTI, 1979)

Outros resíduos também são identificados, como bagaço de cevada e lúpulo,


resultantes do processo de cozimento, proteínas, leveduras, ácidos e gorduras,
oriundas da lavagem dos tanques e fundo das cubas pertencentes aos processos de
fermentação, decantação e maturação. São encontrados ainda, no processo de
filtração e engarrafamento, restos de papéis dos rótulos de garrafa, fermento
decantado ou centrifugado e pequenas quantidades da cerveja proveniente do
fermento rejeitado e das garrafas que se quebraram durante a pasteurização.
(BRAILE e CAVALCANTI, 1979)

A complexidade das transformações ocorridas nos estágios relativos à fabricação da


cerveja e a natureza diversa das matérias-primas utilizadas, promove a formação de
efluentes de natureza química e microbiológica bastante variada entre as diferentes
indústrias. As águas residuárias de cervejarias contém grandes quantidades de
matéria orgânica e nutrientes, o que permite também a sua aplicação como
condicionador de solo, alimento e medicamento.

Entretanto, a recuperação dos grãos de cevada, do lúpulo e do fermento presentes nos


efluentes industriais de uma cervejaria, torna-se viável somente em instalações de
grande porte, onde o volume dos despejos é grande o suficiente para viabilizar
economicamente o processo e para reduzir de forma significativa o impacto do
lançamento das concentrações desses produtos no sistema de esgotos. (BRAILE e
CAVALCANTI, 1979)

f) Curtumes

As águas residuárias de um curtume são compostas, de forma resumida, por cal e


68

sulfetos livres, cromo potencialmente tóxico, matéria orgânica, composta por sangue,
soro, produtos de decomposição de proteínas e sólidos em suspensão, que
corresponde aos pelos, graxas, fibras, proteínas e outros resíduos. (BRAILE e
CAVALCANTI, 1979)

Cerca de 65% do volume dos despejos de um curtume advém das operações


relacionadas com o preparo da pele, denominadas operações de ribeira, tais como
lavagem, depilagem, amolecimento, descarnagem, maceração e piquelagem. Esses
processos apresentam como principais resíduos, os materiais orgânicos de refugo da
descarnagem, além de sebo, gelatina e cola. Outros 35% são oriundos do processo de
curtimento e lavagem final.

Em relação à DBO, cerca de 40% é devida às operações de ribeira e 60% ao


curtimento do couro. (BRAILE e CAVALCANTI, 1979)

Os resíduos líquidos e sólidos dos curtumes, devido à elevada DBO e presença de


metais pesados, podem causar grandes impactos ao meio ambiente, requerendo um
tratamento em grau elevado. Muitos dos dejetos de um curtume podem ser
recuperados, frequentemente com vantagem econômica, como é o caso das aparas e
carnaças que são utilizadas para extração de gordura e fabricação de sabão, para
transformação em produtos comestíveis, como gelatinas e tripas artificiais para
salsicharia, ração protéica e fabricação de cola industrial.

O lodo oriundo do processo de caleação, onde se promove a retirada dos pelos e da


epiderme, é comumente misturado a outros resíduos sólidos do curtume e
comercializado como condicionador de solo. A utilização desse tipo de material para
adubação de hortas é restrita pela legislação sanitária brasileira. (BRAILE e
CAVALCANTI, 1979)

Grandes quantidades de colóides e detergentes também fazem parte dos efluentes de


um curtume, visto que esses materiais são utilizados no processo de lavagem.

g) Indústrias químicas inorgânicas


69

BRAILE e CAVALCANTI (1979) classificam as indústrias químicas inorgânicas da


seguinte forma:

 Álcalis e cloro – Indústrias que fabricam cloro, carbonato de sódio, hidróxido


de sódio, hidróxido de potássio e bicarbonato de sódio.

 Gases industriais – Compreende os produtos acetileno, dióxido de carbono,


argônio, hélio, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio e óxidos nitrosos.

 Pigmentos inorgânicos – Pigmentos à base de titânio, chumbo, sulfeto de


zinco, óxido de zinco, cromo, óxido de ferro e citargírio.

 Produtos químicos não citados anteriormente – Incluem-se os sais de sódio,


potássio, alumínio, cálcio, magnésio, níquel, estanho, compostos inorgânicos,
compostos de amônia, bromo, iodo, fósforo e metais alcalinos.

Assim, os efluentes das indústrias químicas inorgânicas são variáveis quali-


quantitativamente de acordo com o tipo de produto fabricado.

De modo geral, os efluentes das indústrias químicas contém teores bastante variáveis
de sólidos em suspensão e em solução, contendo álcalis, ácidos, sais tóxicos e outros
elementos que podem causar problemas de poluição, como fluoretos, fosfatos,
sulfatos, solventes orgânicos, graxas, óleos, metais e água quente ou vapor.

No processamento da rocha fosfática, os efluentes incluem escória dos fornos


elétricos, poeira carregada com os gases da exaustão e águas fosforosas. Como
solução de tratamento, o fósforo contido nos efluentes líquidos são recuperados para
reutilização e recirculação, cujo teor pode chegar a 0,05 mg/L. A quantidade
remanescente é sedimentada e encaminhada para aterro sanitário; enterrar fósforo
tem sido um procedimento bastante utilizado. (BRAILE e CAVALCANTI, 1979)

Na Tabela 12, a seguir, encontram-se descritos os valores característicos de fósforo


presente nos efluentes oriundos do processamento da rocha, por tonelada de produto,
e o tipo de tratamento de efluente utilizado.
70

Tabela 12: Média de fósforo presente em um efluente típico de indústria para processamento da rocha
fosfática, por tonelada de produto, e tipo de tratamento utilizado.

Qtdade
Produto Tratamento
(kg/ton)
Fósforo 5,4 Sedimentação - Aterro Sanitário
Fosfatos solúveis 4,9 Tratamento com cal, sedimentação, recirculação de água
Fluoretos 3,6 Tratamento com cal, sedimentação, recirculação de água
Fosfatos sólidos 52,0 Coleta a seco e reutilização
Fonte: Adaptado de BRAILE e CAVALCANTI, 1979.

A fabricação de ácido fosfórico apresenta como efluente o trióxido de arsênio


(As2O3), cujo tratamento é efetuado em torres de lavagem.

h) Indústria petroquímica

A indústria petrolífera possui como divisões principais a produção, o transporte, o


refino e a comercialização. A indústria petroquímica é considerada um segmento da
indústria de produtos químicos inorgânicos, no qual o petróleo é utilizado como
matéria-prima básica. (BRAILE e CAVALCANTI, 1979)

A presença do fósforo na indústria petroquímica está relacionada principalmente com


a polimerização e a alquilação, onde o ácido fosfórico é utilizado como catalisador.
Relaciona-se também com outros processos diversos, como purgas da caldeira, que
visa melhorar a eficiência térmica do sistema através da remoção da sílica depositada
nas paredes por meio de injeção química de fosfato, e purgas do sistema de
resfriamento.

A quantidade de fosfato em efluente da indústria petroquímica pode variar bastante


em relação ao produto manufaturado. No caso da fabricação do náilon, a
concentração de PO4 pode chegar a 78 mg/L e, em relação à borracha sintética, a
concentração fica na faixa de 19 a 22 mg/L. As concentrações de fosfato nos
efluentes de alguns tipos de produtos manufaturados em uma indústria petroquímica
podem ser visualizadas na Tabela 13.
71

Tabela 13: Concentração de fosfato em efluentes da indústria petroquímica, de acordo com diferentes
produtos manufaturados.

Produto PO4 (mg/L)

Fabricação de náilon 5 - 78
Borracha sintética 19 - 22
Butadieno 38
Hidrocarbonetos clorados -
Olefinas 10
Fonte: Adaptado de BRAILE e CAVALCANTI, 1979.

i) Indústria farmacêutica

Os efluentes da indústria farmacêutica são considerados despejos modestos e de fácil


tratamento, dependendo do tipo de produto fabricado e da quantidade produzida.

De acordo com BRAILE e CAVALCANTI (1979), os efluentes de uma indústria


farmacêutica podem ser denominados de “esgoto limpo”, uma vez que o problema
não decorre do lançamento da matéria orgânica. O problema relaciona-se com o fato
de que as substâncias presentes podem causar impactos no meio ambiente mesmo em
pequenas quantidades, como é o caso dos hormônios esteróides e dos antibióticos.

A principal forma de geração de efluentes na fabricação de especialidades


farmacêuticas, englobando desde a pesagem da matéria-prima até o
acondicionamento do produto, surge basicamente das ações de limpeza:

 Lavagem e limpeza dos tanques misturadores;

 Lavagem da área de fabricação;

 Lavagem das áreas de pesagem e;

 Lavagem e limpeza das máquinas em geral.

Como na indústria farmacêutica o fósforo é utilizado como matéria-prima necessária


à fabricação de diversos medicamentos e portanto, incorporado ao produto final, sua
presença nos efluentes está relacionada com a utilização de detergentes sintéticos nos
processos de limpeza e lavagem.
72

j) Indústria de produtos de limpeza e detergentes

Em indústrias de detergentes, o fósforo é bastante utilizado como aditivo, face a sua


atuação no abrandamento de águas duras.

Em muitos países, fosfatos tem sido substituído por outras alternativas consideradas
ambientalmente mais adequadas, como as zeólitas, uma vez que a presença em
excesso nas águas superficiais está relacionada com o aumento da fertilização e a
ocorrência de processos de eutrofização. Nas indústrias que ainda utilizam fosfatos, a
concentração nos efluentes líquidos pode atingir cerca de 2000 mg/L do princípio
ativo. Na grande maioria das indústrias, os fosfatos contidos nos detergentes são
também detectados nos efluentes devido à sua utilização para limpeza em diversas
etapas do processo produtivo. (BRAILE e CAVALCANTI, 1979)

Os despejos contendo detergentes sintéticos causam importantes problemas no


tratamento, principalmente em sistemas aerados, devido à formação de espumas
provocada pela turbulência.

k) Indústrias de conservas alimentícias

Os fosfatos são utilizados em indústrias de conservas alimentícias com funções


diversas, como para melhorar o valor nutritivo, controlar alterações de pH e
contribuir com a preservação, emulsificação, estabilização e fermentação do
alimento.

Os despejos das indústrias de conservas alimentícias são formados principalmente


pela água resultante do processo de produção, pelos materiais resultantes da lavagem
da matéria-prima, pela limpeza dos equipamentos e do solo. O processo bastante
difundido, que já vem sendo utilizado em indústrias do segmento de conservas
alimentícias desde a década de 1940 para tratamento dos seus efluentes, é a
disposição no solo, principalmente através de irrigação ou escoamento, devido à
presença de matéria orgânica e nutrientes. (BRAILE e CAVALCANTI, 1979)
73

Além de efetuar o tratamento, a matéria orgânica e os nutrientes presentes nesse tipo


de efluente podem ser disponibilizados para utilização no sistema solo-planta.

3.4.2.2. Esgotos domésticos

Nos esgotos domésticos, o fósforo aparece na forma de compostos orgânicos, como


por exemplo, as proteínas, e em compostos minerais, principalmente polifosfatos e
ortofosfatos, que tem origem em produtos sintetizados. Os polifosfatos representam,
principalmente, os despejos com detergentes sintéticos.

Isto porque, além de sua origem orgânica, através do material fecal, rico em
proteínas, o elemento químico fósforo tem aplicação bastante difundida como
matéria-prima de diversos produtos industrializados que são consumidos ou
utilizados domesticamente pelo homem, desde produtos farmacêuticos, até gêneros
alimentícios e produtos de limpeza. (BRAILE e CAVALCANTI, 1979; JORDÃO e
PESSÔA, 1995; PIVELI e KATTO, 2005; FOSBRASIL, 2008)

Os esgotos domésticos possuem concentração de fósforo da ordem de 4 a 50 mg/L, a


partir de uma produção diária de 1 a 3 g por pessoa. No Brasil, a contribuição per
capita diária de fósforo nos esgotos domésticos é de 0,7 a 2,5 g e a concentração
típica desse nutriente situa-se na faixa de 4 a 15 mg/L, sendo que a fração orgânica
fica compreendida entre 1 a 6 mg/L e a fração inorgânica, de 3 a 9 mg/L.
(METCALF e EDDY, 2003; VON SPERLING, 2005)

Considera-se que os esgotos domésticos sejam um dos principais fatores


responsáveis pelo aumento nas concentrações de fosfato nos corpos d’água; em áreas
bastante urbanizadas e com maiores densidades demográficas, é sensível o aumento
das cargas de fósforo total nos corpos d’água. (BRAILE e CAVALCANTI, 1979;
JORDÃO e PESSÔA, 1995; PIVELI e KATTO, 2005; VON SPERLING, 2005)

ROCHA e BRANCO (1986), citando Sawyer (1944) ressaltam que na cidade de


74

Madison, nos Estados Unidos, os efluentes da Estação de Tratamento de Esgotos


existente eram responsáveis por 88% do fósforo solúvel presente nas águas do Lago
Wambesa.

De acordo com JACK (2008), dados da Envinronmental Protection Agency (EPA)


indicam que nas áreas mais populosas da Europa cerca de 50 a 76% do fósforo nas
águas tem origem nos esgotos domésticos.

No Reservatório Billings, estudos efetuados por OLIVEIRA DE JESUS (2006),


revelaram que cerca de 73% da carga de fósforo total tem origem nas áreas com
densidade populacional acima de 100 hab/ha. Nesse local, as regiões onde as cargas
de fósforo são menores que 1 mg/L correspondem àquelas em que o número de
habitantes é bastante reduzido e, até, inexistente. As contribuições aumentam de
forma expressiva nos locais onde a ocupação populacional é mais intensa. Tal
situação pode ser visualizada na Figura 15.

CARGAS
P Total kg/dia por km²
Mais que 3
Entre 2 e 3
Entre 1 e 2
Menos que 1

Figura 15: Cargas de fósforo total no Reservatório Billings, em kg/dia/km², e ocupação urbana.
Fonte: OLIVEIRA DE JESUS, 2006; SSE, 2008.

Na Figura 16, uma imagem aérea da área da Represa Billings demonstra o nível
ocupação das margens da represa e o elevado grau de eutrofização das águas,
inclusive indicando locais com intensas florações de algas.
75

Figura 16: Ocupação urbana das margens do Reservatório Billings e eutrofização.


Fonte: SSE, 2008.

A partir dessas questões, a situação da ocupação territorial e urbana da Região


Metropolitana de São Paulo (RMSP), particularmente, demonstra ser preocupante.

Com uma população atualmente estimada em 20 milhões de habitantes, as previsões


de crescimento elaboradas para o período de 2000 a 2025 estabelecem que as áreas
que possuem uma densidade populacional maior que 2000 hab/ha, que é o caso dos
municípios de São Paulo, Guarulhos, São Caetano do Sul, Santo André, por exemplo,
apresentam uma tendência de crescimento negativa, enquanto as áreas periféricas,
que hoje possuem relativamente menor densidade populacional, de até 500 hab/ha,
apresentam um crescimento populacional estimado em até 5% ao ano, como é o caso
dos municípios de Biritiba-Mirim, Salesópolis e Juquitiba. (SSE, 2008)

Assim, enquanto na RMSP como um todo o crescimento populacional está estimado


em 1,6% ao ano, nas áreas de mananciais esse valor poderá atingir 4% ao ano.

O comparativo entre os atuais níveis de densidade populacional dos diferentes


municípios que compões a RMSP e a taxa de crescimento prevista até o ano de 2025
pode ser observada na Figura 17.
76

Santa Isabel
Francisco Morato
Mai ri porã

Densidade Populacional Pi rapora do


Bom J esus
Cajamar Franco da Rocha

Arujá
Guarulhos
Santana de Guararema
Parnaí ba Itaquaquecetuba

Hab/ha Barueri Osasco


Itapevi J andi ra São Paul o Poá
Menor que 100 Carapicuiba Ferrraz de Mogi das Cruzes
Vasconcel oa Suzano Salesópoli s
Entre 100 e 200 Vargem Grande Bi ri ti ba-Mi ri m

Entre 200 e 500 Paul ista São Caetano


do Sul
Entre 500 e 1000 Di adema
Santo André
Ribeirão Pi res
Cotia
Entre 1000 e 2000 Itapecerica São Bernardo Rio Grande
da Serra do Campo da Serra
Maior que 2000

Embu-
São Lourenço Guaçu
da Serra

J uqui ti ba

Taxa de Crescimento 2020 - 2025

Menor que -1%


Entre -1% e 0%
Entre 0% e 1%
Entre 1% e 2%
Entre 2% e 3%
Entre 3% e 5%
Maior que 5%

Figura 17: Densidade populacional e taxa de crescimento projetada para a RMSP.


Fonte: FUNDAÇÃO SEADE, 2007; SSE, 2008.

Tal situação deverá afetar diretamente as condições de qualidade dos corpos d’água e
contribuir para um aumento nos níveis de eutrofização.

Assim, se o crescimento populacional projetado não for acompanhado das medidas


sanitárias e ambientais adequadas, deverão ser ampliados os impactos sobre a
qualidade das águas, com sérios prejuízos à qualidade de vida, à saúde pública e ao
meio ambiente.

3.4.3. Produtos de Uso Doméstico que contém Fósforo

No decorrer do século XX, a Europa liderou as pesquisas sobre a ciência da


utilização do fósforo, apesar das descobertas mais importantes em relação à
77

utilização do nutriente terem ocorrido principalmente nos Estados Unidos e na antiga


União Soviética.

A expansão dos conhecimentos sobre a química do fósforo ocorreu de forma paralela


ao aumento das descobertas relativas aos campos de aplicação dos fosfatos, nas mais
diversas atividades, principalmente em produtos utilizados domesticamente pelo
homem. Com a evolução da indústria de conservas alimentícias, de produtos de
limpeza e de bebidas, bem como, pela ampliação do mercado de produtos congelados
e processados industrialmente, a evolução nos níveis de aplicação de fosfatos torna-
se ainda mais importante.

Atualmente, os campos de utilização de fosfatos incluem: pastas de dente,


detergentes e saponáceos, materiais elétricos, medicamentos, óleos lubrificantes,
pesticidas, pigmentos, plásticos, alimentos congelados e embutidos, doces, massas,
refrigerantes, sucos, geléias, bolos, fermentos e manteiga, dentre muitos outros.
(DUTHIE, 1972; CORBRIDGE, et al., 1990; FOSBRASIL, 2008)

Nesses campos, o fósforo é bastante utilizado na forma de ácido fosfórico, sendo que
os compostos inorgânicos como ortofosfatos e polifosfatos se destacam como os
mais importantes. Os compostos orgânicos tornaram-se importantes desde meados
dos anos 1940, com início de sua aplicação em plásticos e inseticidas, no entanto,
essa utilização representa hoje menos de 5% dos produtos manufaturados à base de
fósforo. Dentre os produtos de uso doméstico que contém fosfato inorgânico, os
detergentes são os que correspondem à maior aplicação, seguido pelos alimentos.
(CORBRIDGE, 1990)

3.4.3.1. Alimentos

Fosfatos estão presentes na maioria dos alimentos naturais, especialmente em carnes,


leite, frutas e cereais.
78

A adição de fosfato nos alimentos processados industrialmente tem como principais


objetivos promover um aumento no valor nutritivo, controlar a alteração de pH,
promover a complexação de alguns íons de metais indesejáveis e contribuir com a
preservação, emulsificação, estabilização e fermentação dos alimentos.

São utilizados, assim, como acidulantes, estabilizantes, reguladores de acidez,


melhoradores de alimentos, agentes de firmeza, antiumectantes e antiaglutinantes,
em diferentes concentrações, de acordo com cada finalidade. No caso de carnes
defumadas, a adição de fosfatos pode ser utilizada, ainda, para inibir a formação de
elementos carcinogênicos, as nitrosaminas, substância derivada dos nitritos.
(CORBRIDGE, 1990; ANVISA, 2001a; ANVISA, 2001b)

Na preparação de manteigas, a adição de ácido fosfórico auxilia na estabilização do


produto, sendo utilizado com peróxido de hidrogênio para remover óleos e gorduras.
Nas carnes vermelhas e peixes, os fosfatos, principalmente nas formas de ortofosfato,
pirofosfatos e polifosfatos, são utilizados como aditivos, num percentual de cerca de
0,5%, para melhorar a emulsificação e reduzir as perdas de nutrientes durante o
cozimento, aumentando a maciez, a suculência e a estabilidade. Atua ainda, na
melhoria da coloração do produto.

Em frutas e vegetais, que já contém naturalmente cerca de 2% de H2PO4, é comum


adicionar-se cerca de 0,1 a 0,2% de polifosfato de sódio para estabilização da cor e
firmeza, principalmente de morangos, tomates, cerejas, dentre outros. No caso de
enlatados ou alimentos congelados, fosfatos auxiliam a manter a coloração verde dos
mais diversos vegetais e, em soluções de feijão e ervilha, auxiliam na redução do
tempo de cozimento do produto.

Em bebidas, o ácido fosfórico é utilizado para fornecer acidez, sendo um composto


mais barato que ácido cítrico ou ácido tartárico. Refrigerantes à base de cola, com pH
entre 2,3 a 2,5, contém cerca de 0,05% de H3PO4 em relação ao peso do produto.

Na produção de bebidas alcoólicas, fosfatos são utilizados em larga escala devido a


sua capacidade de formar complexos estáveis com ferro, cobre e cálcio e outros íons
que precisam ser removidos. Auxilia na fermentação de vinhos e cervejas,
prevenindo a turbidez e convertendo enzimas em etanol e dióxido de carbono. A
79

quantidade de fósforo presente em cervejas é de 0,5 g/L e, em vinhos, é de 0,2 a 1


g/L. (CORBRIDGE, 1990)

Em cereais, farinhas e pães, o fósforo atua não somente para melhoria de suas
características nutricionais, mas também para auxílio no controle do pH e da ação de
fermentação. Fosfatos de sódio e fosfatos de cálcio são componentes indispensáveis
como fermentos para pães, farinhas, bolos e para os próprios fermentos em si. A
mistura desses fosfatos com bicarbonato de sódio libera dióxido de carbono e água, o
que torna a textura dos produtos mais suaves.

Atuam também nas interações com as proteínas presentes no alimento, oferecendo-


lhe maior elasticidade e viscosidade. A adição de fosfatos de cálcio nas farinhas
auxilia na absorção de água e nas propriedades de cozimento; em temperaturas
úmidas e quentes, esses compostos retardam o desenvolvimento de bactérias nos
pães. Fosfatos podem ser aplicados, também, para melhorar as propriedades de
gelatinas, geléias, sobremesas cremosas e sorvetes. (CORBRIDGE, 1990)

No Brasil, as concentrações e limites de fósforo a serem utilizadas nos alimentos


processados, conforme sua função, são estabelecidas pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA). Essas concentrações, bem como as funções
estipuladas para o fosfato em cada tipo de alimento, estão descritas na Tabela 14, a
seguir.
80

Tabela 14: Concentrações de fosfato nos produtos alimentícios processados industrialmente no Brasil
e respectivas funções.
Limite Máximo
Produto Funções
(% como P2O5)
Acidulante
Estabilizante
Comidas Industrializadas - Congeladas ou Não 3 a 10%
Regulador de Acidez
Antiumectante
Antiumectante/Antiaglutinante
Aimentos a Base de Cereais 5%
Estabilizante
Antiumectante/Antiaglutinante
Melhorador
Farinhas de Trigo Acidulante 2,5 a 20%
Regulador de Acidez
Fermento Químico
Farinhas de Cereais Antiumectante/Antiaglutinante 2,5%
Estabilizante
Massas Alimentícias / Massas para Pizza 2 a 2,5%
Melhorador
Regulador de Acidez
Alimentos Congelados Agente de Firmeza 2 a 10%
Antiumectante/Antiaglutinante
Pescados Congelados Umectante 5%
Produtos Cárneos Umectante 0,05%
Produtos Frescais Embutidos ou Não Umectante 0,05%
Produtos Secos, Curados, Maturados Embutidos ou Não Umectante 0,05%
Produtos Salgados Crus Umectante 0,05%
Produtos Salgados Cozidos Umectante 0,05%
Conservas Cárneas, Mistas e Semconsevas Cárneas Umectante 0,05%
Acidulante
Regulador de Acidez
Bebidas Não Alcoólicas 0,07%
Sequestrante
Antiumectante/Antiaglutinante
Acidulante
Regulador de Acidez
Pães 0,15 a 2%
Melhorador
Fermento Químico
Acidulante
Regulador de Acidez
Biscoitos Melhorador 0,15 a 2,5%
Fermento Químico
Antiumectante/Antiaglutinante
Acidulante
Regulador de Acidez
Bolos e Doces Melhorador 0,15 a 2%
Fermento Químico
Antiumectante/Antiaglutinante
Fonte: ANVISA, 2001a; ANVISA, 2001b; ANVISA, 2007a; ANVISA, 2007b; ANVISA, 2007c.

3.4.3.2. Medicamentos

Algumas formas de fosfato inorgânico têm sido utilizadas para fins medicinais, como
para fabricação de antiácidos estomacais, tônicos fortificantes, antioxidantes,
diuréticos, laxantes, bem como para prevenção de cálculos renais e para o tratamento
de hipercalcemia, ou seja, elevado nível de cálcio no sangue. (CORBRIDGE, 1990)
81

As ciclofosfamidas, que também são formas inorgânicas de fósforo, são utilizadas


como antineoplásicos e imunossupressores no tratamento quimioterápico de
leucemia e linfoma, bem como no tratamento de micoses fungóides e na profilaxia de
rejeição no transplante de órgãos como rins, coração e fígado.

As formas orgânicas de fósforo para uso farmacêutico ou medicinal são bastante


variadas, sendo que a grande maioria contém nitrogênio. Estão relacionadas com a
fabricação de anti-artríticos, anti-reumáticos e antibióticos, voltados para o
tratamento de infecção urinária, de câncer de próstata e de glaucoma. Relaciona-se
também, com o tratamento e combate de alguns tipos de vírus, como os causadores
da hanseníase. (CORBRIDGE, 1990)

Na forma de fosfolipídeos, como a fosfatidilcolina, tem função no tratamento de


alterações hepáticas, como hepatite, doenças cardiovasculares e arteriosclerose.
Também, tem sido bastante utilizado esteticamente na redução de gorduras
localizadas, por sua atuação na liberação da gordura intracelular.

3.4.3.3. Produtos de Higiene Pessoal e Limpeza

Fosfatos são aplicados em detergentes líquidos, principalmente na forma de


pirofosfatos, em detergentes em pó e saponáceos, em detergentes especiais,
utilizados, por exemplo, na limpeza de carpetes e radiadores de carros, em alvejantes
e branqueadores de roupas e em produtos de higiene pessoal, como espumas de
barbear, pastas de dente e cosméticos diversos. São utilizados, também, em produtos
comerciais para remoção e prevenção de ferrugem de metais e para remoção de
graxas. (CORBRIDGE, 1990)

Em pastas de dente, a utilização do fósforo data da década de 1940, sendo aplicado


como agente abrasivo, polidor e agente anti-cárie.

A utilização em detergentes em pó é a principal utilização doméstica de fosfatos,


82

correspondendo à segunda principal utilização dos derivados de fósforo, sendo


precedido apenas pelos fertilizantes. (CORBRIDGE, 1990)

Nesses produtos, a forma mais importante de fósforo é a de tripolifosfato de sódio


(STPP), que possui algumas características e vantagens técnicas e econômicas que
merecem ser destacadas: não apresenta toxicidade, protege as cores das roupas de
todos os tipos, não é inflamável nem corrosivo, não afetando o funcionamento das
máquinas de lavar.

Apesar de ser removido em sistemas de tratamento de esgotos, esse processo é


considerado complexo e oneroso, exigindo elevados investimentos. Pode-se citar
como sua principal desvantagem, a capacidade de aumentar a produtividade
biológica dos corpos d’água, acelerando os processos de eutrofização.
83

3.5. Fósforo nos Detergentes e Saponáceos

Detergentes ou surfactantes, por definição, são todos os produtos cuja finalidade é


remover gorduras e graxas com eficiência.

Os primeiros detergentes inventados pelo homem foram os sabões. Há registros


históricos da utilização de sabões desde antes da era cristã, porém sua utilização
difundida como produto para limpeza e banho data do início do século XIX, a partir
do reconhecimento da existência de microorganismos patogênicos e da importância
da manutenção da higiene e limpeza para evitar sua proliferação.

A saponificação é um processo resultante da hidrólise de uma gordura por um álcali,


sendo que os diversos tipos de sabões estão relacionados com o álcali utilizado na
sua fabricação. Os sais de sódio de ácido graxos, ou sabões duros, encontram-se na
maioria dos sabões em pedra para uso doméstico. Os sais de potássio, ou sabões
moles, são usados em sabonetes, cremes de barbear e sabões líquidos. Os de lítio,
devido ao maior caráter covalente, são adicionados a lubrificantes e graxas para
motores com a finalidade de torná-los mais espessos, formando os “óleos
detergentes”. (OSÓRIO e OLIVEIRA, 2001; SDA, 2008)

Os detergentes sintéticos sugiram durante a Primeira Guerra Mundial como uma


solução tecnológica para alguns problemas apresentados pelos sabões nas lavagens
em águas ácidas, como da indústria têxtil, por exemplo, ou em águas duras.

A produção de detergentes em larga escala, para uso doméstico, teve início nos
Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial, estimulada pela escassez de óleos e
gorduras e pela necessidade militar de agentes de limpeza que atuassem em água do
mar, rica em sais minerais. (OSÓRIO e OLIVEIRA, 2001)

Surgiram assim, os detergentes derivados do petróleo, os alquilbenzenossulfonados


ou ABS. Com custos bastante reduzidos, foram consumidos em larga escala, até que,
na década de 1960, face aos problemas ambientais decorrentes das intensas
formações de espuma, produtores de detergentes dos Estados Unidos e da Europa
84

concordaram em modificar suas formulações, substituindo-os pelos detergentes


biodegradáveis. (OSÓRIO e OLIVEIRA, 2001)

Esses detergentes, denominados LAS, apresentam uma cadeia alquílica linear, os


alquilsulfonados lineares, moléculas que são degradadas por microorganismos
aeróbicos como a Escherichia coli.

De acordo com BRAILE e CAVALCANTI (1979), o consumo de detergentes


sintéticos se expande de forma considerável. Os principais motivos para substituição
dos sabões pelos detergentes residem no fato de que o sabão, sal de base forte,
formado por ação de ácido graxo, é insolúvel na água e não pode ser utilizado em
processos de limpeza cujo pH esteja muito abaixo de 8. Além disso, o sabão é
incapaz de atuar em águas duras, somente produzindo espuma e exercendo a função
de limpeza com o abrandamento da água. São 3 os tipos de detergentes conhecidos:

 Aniônicos – O radical orgânico tem carga negativa. Fazem parte desse grupo
os sabões comuns e produtos sintéticos semelhantes ao sabão, como os
álcoois sulfatados, os ABS e os LAS. A maioria dos detergentes sintéticos
utilizados, cerca de 80%, pertencem à família dos aniônicos.

 Catiônicos – O radical orgânico possui carga positiva. São dotados de poder


bactericida, tendo larga aplicação como desinfetantes em processo médico-
cirúrgicos.

 Não iônicos – Não se ionizam na água e por formarem menor quantidade de


espuma, tem menor aceitação comercial.

Se no passado o grau de desenvolvimento de uma nação era medida pela quantidade


de ácido sulfúrico consumida, BRAILE e CAVALCANTI (1979) destacam que na
atualidade essa comparação poderia ser atribuída aos detergentes.

Os detergentes domésticos são, geralmente, os mais difíceis de serem degradados.


Justifica-se tal fato devido à concorrência de mercado, já que cada fabricante procura
lançar o produto pelo menor preço e os não-biodegradáveis são os que possuem custo
85

mais reduzido. (GLENNIE et al., 2002)

CORBRIDGE (1990) destaca que, para uso doméstico, os detergentes e saponáceos


podem ser classificados de acordo com a sua finalidade, em quatro áreas:

 Utilização em máquinas de lavar louças;

 Utilização em máquinas de lavar roupas;

 Limpeza de superfícies, como piso, parede e etc;

 Limpeza geral.

Os detergentes resultam da mistura de diversos componentes, sendo que o


surfactante, ou agente tensoativo, é considerado o elemento mais importante,
responsável pela limpeza propriamente dita em substituição ao sabão.

No caso dos detergentes em pó, apesar do agente tensoativo ser o componente


responsável pela efetividade da ação proposta pelo produto, ele não é o mais
abundante. Cerca de 10 a 32% do peso em massa do detergente corresponde ao
agente surfactante, sendo o restante composto por outros compostos inorgânicos com
funções diversas. De 10 a 35% é composto por sulfonato de sódio, que atua como
carga, promovendo um aumento no volume do produto final e facilitando o
escoamento do pó. Substâncias alcalinas são acrescentadas para auxílio na remoção
de gorduras e substâncias oleosas; no caso do carbonato de sódio, podem ser
utilizados teores de até 60%; no caso do silicato de sódio, são aplicados teores de 5 a
12%. São aplicados também, enzimas, corantes, perfumes e branqueadores ópticos.
(OSÓRIO e OLIVEIRA, 2001)

Outro componente importante é o builder, que atua como agente sequestrante,


formando complexos estáveis e solúveis com os cátions causadores da dureza na água,
como o cálcio e o magnésio. Proporciona alcalinidade à solução, facilitando a ação do
agente tensoativo, auxiliando na limpeza e na formação de espumas. Grandes
quantidades de builders são utilizadas nos detergentes em pó, principalmente nos
destinados ao uso doméstico para limpeza de roupas. (GLENNIE et al., 2002)
86

Diversos produtos podem ser utilizados como builders, como as zeólitas, o ácido
policarboxílico, o citrato e o ácido nitrilotriacético (NTA), no entanto, os fosfatos,
principalmente na forma de tripolifosfato de sódio (STPP), são considerados os mais
importantes e de uso mais difundido, podendo chegar a concentrações de até 50% do
peso total do produto. (BRANCO E ROCHA, 1987; CORBRIDGE, 1990; GLENNIE
et al., 2002)

Na Tabela 15, a seguir, pode-se verificar a descrição dos principais builders


utilizados em detergentes e seus impactos.

Tabela 15: Principais builders utilizados em detergentes e o resumo de seus impactos.

Nome Sigla Resumo dos Impactos

Contém 25% de fósforo, que é considerado a principal causa da eutrofização


Tripolifosfato de Sódio STPP
das águas superficiais.
Não foram totalmente dimensionados seus efeitos no meio ambiente.
Zeólitas (A, P, X e AX) - Aumento da quantidade do lodo do esgoto. Utilizado como co-builder de
outros agentes, principalmente PCA's.
Pouco biodegradável, precipita no lodo do esgoto. Somente usado em
Ácidos Policarboxílicos PCA's
conjunto com zeólitas.
Tem atuação mais efetiva com íons de magnésio do que de cálcio. Contribui
Citratos - com a carga de DBO em sistemas de tratamento de esgotos. Utilizado
especialmente em detergentes líquidos.
Não utilizado na Europa devido a possível potencial de auxiliar na dissolução
Ácido Nitrilotriacético NTA
de metais pesados, fato que não foi bem fundamentado.

Fonte: GLENNIE et al., 2002.

O NTA não é correntemente utilizado na União Européia, devido a indicativos de


possível toxicidade e acumulação no meio ambiente, através da dissolução de metais
pesados. Esse conceito, porém, tem sido combatido e ainda não pode ser confirmado
nos estudos mais recentes. (GLENNIE et al., 2002)

Todos os builders atualmente utilizados são combinações de diferentes componentes


para auxiliar no desempenho e eficiência do detergente. Nos casos em que o builder
é o STPP, essas combinações não ocorrem, o que reduz o preço do produto final.

No final de década de 1960, a quantidade de detergente consumida nos Estados


Unidos era, em média, de 2 kg/hab/ano, sendo que os rios apresentavam 12 mg/L
desse produto. Na Inglaterra, para o mesmo período, o consumo de detergentes era
87

da ordem de 1,8 kg/hab/ano e a concentração do produto presente nos rios era de 5


mg/L. (BRANCO e ROCHA, 1987)

No caso do Brasil, o rio Tamanduateí, afluente do Tietê, localizado na RMSP,


possuía concentrações de detergente da ordem de 2,3 mg/L em meados da década de
1970. Segundo BRANCO e ROCHA (1987), no ano de 1975, foram utilizadas 33 mil
toneladas de detergentes sintéticos no Brasil, o que correspondia a 0,32 kg/hab/ano.
Desse total, 15 mil toneladas, ou 55% do consumo, concentrava-se no Estado de São
Paulo, sendo que 40% estava restrito na RMSP e 15% nas demais localidades.
Naquela época, até os dias de hoje, o builder utilizado é o STPP.

3.5.1. Impactos na Saúde Humana e no Meio Ambiente

Os detergentes não possuem ação tóxica acentuada, no entanto seus efeitos


secundários são considerados bastante graves.

Em relação à saúde pública, as normas internacionais para utilização das águas


potáveis, estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1972,
determinam que a concentração máxima desejável de detergentes nas águas seja de
0,2 mg/L, e a concentração máxima permitida de 1 mg/L, salientando que acima
desse limite, podem ocorrer efeitos adversos à saúde humana, principalmente pela
presença de elementos potencialmente causadores de câncer, nos casos da utilização
de detergentes do tipo ABS, não biodegradáveis. (YANES, 1973)

Num sistema de tratamento de água para abastecimento público, a presença de


detergentes em concentrações acima de 5 mg/L pode acarretar prejuízos ao
funcionamento dos filtros, diminuindo a sua eficiência. Outros efeitos em processos
de tratamento de água relacionados com a presença de detergentes podem ser citados,
como interferência na coagulação e produção de sabor e odor.

YANES (1973) destaca um caso histórico relacionado com a presença de detergentes


88

em águas para abastecimento público, ocorrido em 1957, na cidade de Ghanute, no


Kansas, Estados Unidos. Durante um período de seca que durou cerca de 5 meses as
elevadas concentrações de detergente nas águas de abastecimento não produziram
efeitos tóxicos, porém a intensa formação de espuma nos tanques de recarbonatação
e nos filtros durante os processos de lavagem acarretaram sérios problemas
operacionais.

Nos esgotos domésticos, os detergentes possuem a capacidade de destruir as células


dos microorganismos, não permitindo a oxidação da matéria biodegradável. Nos rios,
reduzem a taxa de adsorção de oxigênio da água, retardando o processo de
autodepuração.

Nas águas, quando sua concentração atinge cerca de 1 mg/L, os prejuízos de ordem
estética causados pelo uso de detergentes, decorrentes das intensas formações de
espuma, são bastante conhecidos e considerados os principais problemas
relacionados com a presença de detergentes.

Como exemplo, pode-se citar o caso do município de Pirapora do Bom Jesus, situado
às margens do Tietê, cerca de 50 km a jusante da RMSP. A existência de corredeiras
e a presença da Barragem de Pirapora, a montante do município, contribuem para a
formação de espumas que chegam a apresentar camadas de até 50 cm sobre o leito do
rio. Sob a ação do vento, as espumas invadem as ruas e se espalham sobre a cidade.
Destacam-se nesses casos as possibilidades de contaminação biológica, uma vez que
as espumas podem carregar microorganismos patogênicos. (PIVELI e KATO, 2005)

Os episódios de formação de espumas no Tietê em Pirapora do Bom Jesus, ficaram


tristemente conhecidos em todo o país, tornando-se um exemplo da necessidade de
preservação dos corpos d’água e estimulando intensas mobilizações sociais
relacionadas ao controle da poluição ambiental. (PAGANINI, 2007)

Na Figura 18, pode-se observar um desses episódios de formação de espumas


registrados no município de Pirapora de Bom Jesus. A intensidade dessas
ocorrências, por vezes, podem ser visualizadas e identificadas também através de
imagens de satélite, conforme Figura 19.
89

Figura 18: Formação de espumas no município de Pirapora do Bom Jesus.


Fonte: PAGANINI, 2007.

Figura 19: Formação de espumas no município de Pirapora do Bom Jesus – Imagem do satélite.
Fonte: PAGANINI, 2007.
90

PIVELI e KATO (2005) reforçam os efeitos tóxicos dos detergentes nos


ecossistemas aquáticos decorrentes da biodegradabilidade. Conforme já citado
anteriormente, os detergentes ABS, derivados do petróleo, foram os primeiros a
serem utilizados, e face aos problemas ambientais relacionados com a
biodegradabilidade foram substituídos pelos detergentes LAS, cujas moléculas que
são passíveis de degradação pelos microorganismos.

No entanto, muitas localidades ainda utilizam os detergentes ABS devido ao seu


custo mais reduzido.

Em relação ao meio ambiente, a questão mais importante relacionada com a presença


de detergentes nas águas, tem sido os impactos decorrentes da utilização de STPP e
seu potencial de aumento nos níveis de trofia das águas.

Em áreas urbanizadas e com grandes concentrações populacionais, tem-se


considerado que a intensidade da utilização doméstica de detergentes que contém
STPP como builder seja o principal responsável pelas variações dos níveis de fosfato
nas águas superficiais, com o consequente aumento da eutrofização e
comprometimento dos seus usos múltiplos.

3.5.2. Teor de Fosfato nos Detergentes

Os detergentes contendo fosfatos inorgânicos como builders foram disponibilizados


para uso comercial no ano de 1946, visando promover o abrandamento das águas
duras e melhorar a eficiência do produto.

Inicialmente, a forma de fósforo mais utilizada foi a de pirofosfato de sódio


(Na4P2O7) e posteriormente, a de tripolifosfato de sódio (Na5P3O10), ou STPP, sendo
que outras formas podem também ser citadas, como o tetrafosfato de sódio
(Na6P4O13) e o hexametafosfato de sódio (NaPO3)6.
91

Durante muitos anos, a utilização de fosfatos como aditivos nos detergentes pareceu
ser uma solução adequada, em decorrência dos baixos custos, da toxicidade
praticamente nula, do fato de não serem corrosivos para metais e da ausência de
efeitos negativos sobre fibras e tecidos.

Na Inglaterra, DEVEY e HARKNESS (1975) destacam que no ano de 1957 o teor de


STPP presente nos detergentes situava-se na faixa de 8 a 30% do peso total do
produto, enquanto cerca de 10 anos depois, no ano de 1969, esse percentual teve um
aumento bastante significativo, passando para a faixa de 31 a 43%. Em termos
mundiais, um comparativo efetuado indica que no ano de 1969, os Estados Unidos e
o Canadá eram as localidades com maiores percentuais de aplicação de STPP nos
detergentes, com percentuais da ordem de 40 a 60% do peso do produto, conforme se
pode visualizar na Tabela 16.

Tabela 16: Concentrações de STPP nos detergentes em diversas localidades, para o ano de 1968.

Localidade STPP (%)

Estados Unidos e Canadá 40 - 60

América Latina, Oriente Médio e África 20 - 40

Europa e Austrália 30 - 45

Fonte: DEVEY e HARKNESS, 1975.

Um detergente em pó de uso comercial típico que utiliza fosfato como builder,


contém, em média, 50% de STPP, sendo o restante composto por surfactantes (14%),
carga (10%), sais inorgânicos (7%), perfume (0,2%), branqueador óptico (0,3%),
agentes antideposição (1%) e enzimas (0,8%). (DEVEY e HARKNESS, 1975)

GLENNIE et al. (2002) destacam que as formulações dos detergentes podem variar
bastante de acordo com a marca e com o país de utilização, sendo que os fabricantes
costumam ser bastante relutantes em divulgar as suas composições. Uma mudança de
comportamento em relação à composição dos detergentes vem ocorrendo em
diversos países, em decorrência das preocupações com os aspectos qualitativos da
água. Em muitos locais, a utilização de STPP passou a ser restringida ou até banida.
92

3.5.3. Alternativas para Substituição dos Fosfatos nos Detergentes

Como já citado anteriormente, o papel dos fosfatos inorgânicos nos detergentes é


promover o abrandamento das águas duras, ou seja, precipitar com cátions
causadores da dureza formando complexos solúveis.

Não obstante, já existem no mercado, detergentes contendo “com baixo teor de


fosfato” ou “sem fosfato”, que utilizam carbonatos ou silicatos como substitutos,
conforme abordado no item 3.5 do presente trabalho.

Pode-se considerar, entretanto, que alguns desses componentes oferecem resultados


menos efetivos. Os carbonatos precipitam cátions sob a forma de carbonatos ou
hidróxidos que parecem ser prejudiciais a componentes das máquinas de lavar roupa.
Além disso, o excesso de íon carbonato torna a solução fortemente alcalina, perigosa
para o manuseio e agressiva para a pele e para os olhos, podendo ser altamente
tóxico se ingerido por crianças. (OSÓRIO e OLIVEIRA, 2001)

A substituição dos fosfatos por sais sódicos dos ácidos nitrilotriacético é outra
alternativa que vem sendo explorada. No entanto, seu uso também apresenta
desvantagens técnicas, uma vez que estudos efetuados, ainda não confirmados,
indicam capacidade de complexar com íons tóxicos como o mercúrio e o chumbo,
inserindo-os na cadeia alimentar. Além disso, são verificadas algumas desvantagens
econômicas, pois seu custo de produção é bastante elevado, aumentando o preço do
produto final.

OSÓRIO e OLIVEIRA (2001) destacam que os substitutos mais promissores para os


fosfatos são as zeólitas, aluminossilicatos cristalinos substitutos dos cátions
causadores da dureza por cátions de sódio. As zeólitas já são atualmente aplicadas
em trocadores iônicos, peneiras moleculares, adsorventes, secantes e catalisadores,
sendo que sua utilização em detergentes tem aumentado de forma significativa o seu
consumo.

Estudos sobre a utilização de zeólitas em substituição ao STPP são efetuados desde a


93

década de 1970. Além de ser um elemento que não apresenta toxicidade, não
contribui para o aumento do nível de trofia das águas superficiais. Nos países onde
sua utilização foi implementada, o produto demonstra possuir uma relação custo-
benefício adequada, considerando as questões sócio-econômica, de saúde pública e
ambiental. (GLENNIE et al., 2002)

3.5.4. Panorama Mundial da Utilização de Fosfatos em Detergentes

Nos países da Europa e nos Estados Unidos, a questão do uso de STPP em


detergentes teve alterações significativas principalmente a partir do início da década
de 1970. Datam desse período os primeiros relatos referentes ao comprometimento
da qualidade das águas superficiais resultantes da eutrofização e do reconhecimento
de sua relação com a utilização de detergentes fosfatados.

Estimou-se que nos locais onde o STPP era utilizado como builder em detergentes,
cerca de 50% da quantidade de fosfato presente nos esgotos tinha origem nessa fonte,
estimando-se que a redução da sua utilização poderia contribuir para a melhoria da
qualidade das águas. O banimento do STPP nas formulações dos detergentes poderia
reduzir em até 40% a quantidade de fosfato presente nas águas devido ao lançamento
de esgotos domésticos. Essa medida, aliada à implantação e melhoria dos sistemas de
tratamento de esgotos resultariam numa redução de até 70% das taxas do nutriente
lançadas nas águas superficiais. (GLENNIE et al., 2002)

Na Europa, a questão da eutrofização dos corpos d´água e sua relação com as


elevadas concentrações de fósforo e com a utilização de detergentes tiveram início na
década de 1960. No ano de 1962, foi criada na Suiça, a “Comissão dos Detergentes”,
com o objetivo de discutir esse assunto. Na Itália, as análises quanto às condições
qualitativas das águas do Lago Endine tiveram início no ano de 1973, quando o
mesmo se apresentava hipereutrófico.
94

GLENNIE et al. (2002) relatam que as discussões a respeito dos dados sobre a
contribuição do STPP presente nos detergentes para o aumento do nível trófico das
águas, iniciadas nas décadas de 1960 e 1970, embasaram a implementação de ações
mitigadoras e medidas de controle nos diversos países da Europa, dentre as quais
podem ser destacadas, em ordem cronológica:

 1981 - Suíça: Estabelecidos limites para as concentrações de fósforo nos


detergentes. Em 1985, a presença de STPP nesses produtos foi totalmente
proibida.

 1981 - Itália: Decretado limite de fósforo nos detergentes em 5% e imposta


a obrigatoriedade de inclusão de informação sobre a concentração de
fósforo nos rótulos dos produtos pelos fabricantes. Em 1989, alterado o
limite anteriormente estabelecido para 1%, exceto para os detergentes de
máquinas de lavar pratos.

 1984 - Alemanha: A partir da implementação do Phosphate-


öchstmengenverordnung, foi estabelecida a redução de 50% na
concentração de fosfatos em detergentes, de forma gradativa. Essa medida
promoveu a diminuição da quantidade de STPP lançada nos rios de 185.900
t. em 1984, para 13.000 t. em 1990 e 0 t. em 1998. Desde 1986 os
consumidores decidiram em favor dos detergentes livres de fosfato e, a
partir de então, os fabricantes deixaram de utilizá-lo sistematicamente.

 1987 - Hungria: Foram introduzidos pelo Standard for Pulverous Synthetic


Detergents limites para as quantidades de fósforo presentes nos detergentes.
Determinado um plano de ação em favor do rio Danúbio, considerando-se
diversos cenários de concentração de STPP nos detergentes e crescimento
populacional. Acordos voluntários entre Governo e fabricantes
estabeleceram uma redução de 50% na quantidade presente nos detergentes.

 1988 - Bélgica: Acordo entre o Governo e a Belgian Association of Soap


Manufacturers, definiu pela introdução de detergentes livres de fosfato no
95

mercado, em preços, qualidade e quantidades compatíveis com a


necessidade da população. Em 6 meses, a quantidade de detergentes
fosfatados foi reduzida em mais de 50%. No ano de 2001, menos de 2% dos
detergentes disponíveis continham STPP em suas formulações.

 1990 – França: Acordo entre o Governo e a Association des Industries des


Savons et des Détergents (AISD) reduziu e limitou a concentração de STPP
nos detergentes em pó. Fabricantes concordaram em publicar um aviso nos
rótulos quanto às quantidades utilizadas do produto em regiões onde a
dureza da água é mais elevada, de forma a orientar os usuários. Reduzida
em 30% a quantidade de STPP nos detergentes de 1990 a 1996. No Lac Du
Bourget, o maior lago natural da França, a quantidade de fósforo presente
nas águas entre os anos de 1974 e 1996 foi reduzida em 300%.

 1991 - Holanda: Efetuado um acordo com produtores de detergentes,


denominado Voluntary Plan of Action – Laundry and Cleanning Products
for Households. Em 1992, a partir da introdução do rótulo ambiental para
produtos comercializados, estabeleceu-se o critério da presença de fosfatos
para o caso da rotulação dos detergentes. Atualmente todos os detergentes
comercializados na Holanda são compostos por zeólitas.

De acordo com dados da European Chemical Industry Council (CEFIC), a


implementação dessas medidas refletiram diretamente na quantidade de STPP
consumida nos países da União Européia, nos países em adesão (República Tcheca,
Polônia e Hungria) e na Suíça. Com a introdução desse novo modelo de
comportamento, o consumo de STPP foi alterado drasticamente, sendo reduzido em
77% no período de 1984 a 2000.

Na Tabela 17, a seguir, encontra-se descrita a evolução e redução do consumo de


STPP nesses países, desde 1985 até 2000. Encontram-se descritas também, de forma
sumária, as ações de cada país que resultaram nesse processo.
96

Tabela 17: Redução no consumo de STPP na União Européia, no período de 1984 a 2000, e iniciativas para sua redução.
Acordos Voluntários Consumo Estimado de STPP (mil ton.) Redução
País Legislação
1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 2000 (%)

Austria Limite de 24%, em 1985, e de 20% em 1987. - 17,3 18,7 16,9 13,8 13,1 11,4 10 0 100%

Acordo entre governo e fabricantes de detergentes estipulou que 100% dos detergentes estariam
Bélgica Utilização proibida desde 2001. 25,5 25,5 25,5 25,5 25,5 15,3 12,2 0 100%
livres de STPP até 1995.
Em 1992, recomendação para utilização de detergentes sem STPP em áreas sem sistemas de
Dinamarca - 18,8 18,8 18,8 15,9 17, 16,9 13,9 2 90%
tratamento de esgotos. Estabeleceu-se que 50% dos detergentes conteriam STPP.
Acordo não escrito estabeleceu a redução de 20% na quantidade de P presente nos esgotos
Finlândia - 13,2 11,8 10,7 8,7 8,3 6,7 6,3 1 95%
domésticos entre 1990 e 1992.
Em 1990, estabelecido limite de 25% de STPP nos detergentes e de 20% para os
França - 180,4 180,4 175,1 154,1 137,8 132,5 127,3 74 60%
novos produtos.
Em 1984, estabelecida a redução de 50% na quantidade de STPP presente nos Detergentes livres de STPP foram introduzidos em 1986 devido à pressão de mercado e pela
Alemanha 192,5 185,9 104,0 71,3 52,4 32,8 13,1 0 100%
detergentes, de forma gradativa. opinião pública. Desde 1986, os consumidores passaram a optar por detergentes não fosfatados.

Grécia - - 27,1 24,2 21,8 17,9 17 13,7 12,9 9 66%

Em 2002, membros do Irish Detergent Industry Association (IDAPA) decidiram eliminar o STPP
Irlanda - 9,4 8,4 7,6 6,2 5,9 4,8 4,5 0 100%
dos seus produtos, representando 90% do mercado de detergentes do país.
Em 1981, um Decreto estabeleceu limite de 5% de P nos detergentes Primeiros acordos iniciaram nos anos 1970, quando os Lagos Alpinos e a costa do Adriático foram
Itália 117,5 111,8 75,7 52,2 50,5 13,2 9,7 0 100%
domésticos. Em 1994, esse limite passou para 1%. afetados pela eutrofização.

Luxemburgo - - 1,1 0,9 0,9 0,7 0,7 0,5 0,5 N/D N/D

Acordo com produtores de detergentes em 1991 resultou que quase todos os produtos
Holanda - 38,2 32 32 5,1 2 1,6 1,6 0 100%
comercializados são livres de fosfato. A quantidade de fosfato nos esgotos foi reduzida em 50%.

Portugal - - 17,9 16,9 14,9 14,9 14,9 14,9 14,9 8 50%

Espanha - - 113,9 111,9 101,3 96,2 97,4 88,4 92,3 38 65%

Suécia - Estabelecido que os detergentes em pó deveriam conter no máximo 0,75 g.P/kg (20% de STPP). 22,8 19,9 19,9 17,9 16,4 11,6 10,9 2 90%

Reino Unido - Sugestão de limites para fósforo datam de 1998. 127,6 122,3 133,4 123,4 130,5 125,2 127,6 71 40%

União Européia 923,2 889,4 758,5 623,8 590,2 489,5 457,7 205 77%

República Acordo para redução gradual dos impactos dos detergentes domésticos, limitando a quantidade
- 26,7 23,8 21,5 17,6 16,7 13,5 12,7 3 N/D
Tcheca de P em 5,5%.

Polônia - - 99,8 89,1 80,5 65,8 62,5 50,6 47,5 77 15%

Menos de 50% dos detergentes de uso doméstico possuem STPP. Convenção do Danúbio
Hungria Em 1987, estudados os limites de P nos detergentes 26,3 23,5 21,2 17,4 16,5 13,3 12,5 7 50%
determinou restrições para o uso de STPP nos detergentes em pó

Países em Adesão à União Européia 152,8 136,4 123,2 100,8 95,7 77,4 72,7 87 N/D

Suiça Utilização de fosfatos nos detergentes proibida desde 1986 - 24 21,9 9,8 4,4 4,4 3,3 2,2 N/D N/D

ND: Não determinado

Fonte: GLENNIE et al., 2002.


97

Pode-se apontar também algumas iniciativas que foram adotadas em outros países,
visando reduzir a quantidade de fosfato presente nos detergentes e melhorar as
condições dos corpos d’água:

 Austrália – Acordos voluntários para desenvolvimento tecnológico


promoveram a introdução de detergentes concentrados, com a redução das
quantidades de fosfato utilizadas. O processo foi combinado a trabalhos de
educação comunitária a respeito dos nutrientes nas águas.

 Japão – Áreas próximas a grandes lagos baniram completamente o uso de


detergentes a base de STPP. Não há legislação específica, mas os detergentes
fosfatados não são mais comercializados.

 Canadá – A legislação proibindo o uso de detergentes contendo mais de


2,2% de STPP é datada de 1973.

 Estados Unidos – Desde 1971 os estados americanos passaram a restringir o


uso de STPP nos detergentes, sendo que atualmente, 27 estados baniram de
forma parcial ou completa a sua utilização. Esses estados são aqueles
situados principalmente na costa leste e ao redor dos Grandes Lagos.

É importante destacar que em diversos países, foi introduzido o ecolabel para os


detergentes livres de fosfato, o que corresponde a uma espécie de “selo verde”. Essa
rotulação busca auxiliar os consumidores a identificar os produtos que causam menor
dano ao meio ambiente, oferecendo-lhes a oportunidade de optar por sua compra.
Como resultado, os fabricantes são estimulados a desenvolver produtos e processos
de produção mais adequados à proteção do meio ambiente.

Dentre esses “selos”, pode-se citar o Nordic White Swan, utilizado na Suécia,
Finlândia, Dinamarca, Islândia e Noruega e o Eco-label, utililizado nos países da
União Européia. (GLENNIE et al., 2002)
98

3.5.5. Situação Atual no Brasil

No Brasil, somente no ano de 2000 o segmento de sabões e detergentes movimentou


U$ 2,4 bilhões, de um total de U$ 4,3 bilhões movimentado pelo setor de produtos de
limpeza, de acordo com informações da Associação Brasileira das Indústrias de
Produtos de Limpeza e Afins (ABILPLA). (ALONSO, 2002)

Isso significa dizer que, do atual mercado de produtos de limpeza no Brasil, cerca de
56% é ocupado pela comercialização de detergentes e saponáceos.

Estudos efetuados pela Associação Brasileira de Indústrias Químicas (ABIQUIM)


colocou o fosfato em 6º lugar de importância nas vendas internas dentro da categoria
de produtos inorgânicos. Estima-se que, no ano de 1998, das 65.649 toneladas de
STPP produzidas no Brasil, 96%, ou cerca de 60 mil toneladas, foram destinadas à
indústria de detergente. (OSÓRIO e OLIVEIRA, 2001)

Nesse segmento, o STPP é o builder sistematicamente empregado, porém não há


referências sobre a sua presença ou concentração nos rótulos dos produtos
comercializados. Somente na RMSP, onde a dureza das águas tratadas oscila em
torno de 60 microgramas/litro, estima-se que a contribuição do STPP nos esgotos
domésticos chegue a até 25 toneladas diárias por conta da utilização de detergentes.
(QUÍMICA E DERIVADOS, 2005)

No ano de 1978, através da Resolução Normativa nº 01, o Ministério da Saúde


estabeleceu que os detergentes poderiam conter um limite de 15% em peso de P2O5
nas suas formulações, o que corresponde a cerca de 26,5% de STPP. No ano de 2005,
o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) editou a Resolução no 359, que
define o limite de 10,99% em peso de P2O5 por formulação de detergente a partir do
ano de 2008. A partir de tal alteração pretende-se promover uma redução média de
30% na quantidade de STPP lançada nos rios. (ANVISA, 1978; CONAMA, 2005a)

Maior detalhamento a respeito da legislação que regulamenta o assunto será


discutido no item 3.7.1.3. do presente trabalho.
99

Paralelamente à legislação vigente, entretanto, no Brasil algumas entidades oferecem


orientadores para as pessoas interessadas em fabricar e vender detergentes, como
forma de aumentar o rendimento familiar. Nesse caso, o assunto é abordado como
“idéias de negócios” ou “oportunidades de negócios”.

A Associação Empresa Brasil, organização não governamental fundada no ano de


2003 com o objetivo de oferecer orientação profissional e ferramentas para inclusão
social e geração de trabalho e renda, disponibiliza em seu sítio na internet uma
proposta de formulação de detergentes. (EMPREGA BRASIL, 2009)

As quantidades de fosfato indicadas na formulação desses produtos são variáveis de


acordo com a finalidade proposta, conforme se pode observar no resumo a seguir:

• Detergente Abrasivo Líquido: 20% de Ácido fosfórico e 4% de


difosfato de sódio;

• Detergente Abrasivo em Pó: 20% de STPP e 25% de tetrapirofosfato de


sódio;

• Detergente em Pó para uso Doméstico: De 37% a 40% de STPP.

A partir dessas informações, pode-se notar um descompasso entre os termos


definidos na legislação vigente e o nível de conscientização dos usuários e da
população em geral.

3.5.6. Uso de Detergentes e Concentração de Fósforo nos Esgotos

Apesar dos detergentes serem amplamente utilizados nas indústrias, na etapa de limpeza
de diversas linhas de produção, o consumo doméstico supera, e em muito, o industrial.
100

Estima-se que o consumo mensal de detergente para limpeza em uma residência seja
de 1 litro, no mínimo, sendo observado um considerável incremento nesse hábito
conforme se aumenta o poder aquisitivo e se altera os padrões de comportamento e
consumo da população. Essas mudanças nas formas de consumo de detergentes
refletem diretamente na quantidade de fósforo presente nos esgotos. Antes do
surgimento dos detergentes, a quantidade de fósforo nos esgotos variava entre 2 e 3
mg/L e atualmente, esse teor pode chegar a até 20 mg/L. Com o desenvolvimento e a
utilização em larga escala dos detergentes sintéticos, calcula-se que o impacto dos
lançamentos dos efluentes sobre as concentrações de fósforo nos corpos d’água tenha
se tornado ainda mais expressiva, e, em casos de elevadas concentrações
populacionais, esse fator é determinante para as condições quali-quantitativas das
águas. (BRAILE e CAVALCANTI, 1979)

De forma geral, nos locais onde há utilização doméstica ou em lavanderias de


detergentes compostos por STPP, considera-se que 50% do fósforo presente nos
esgotos tem essa origem. (CHORUS e BARTRAN, 1999; GLENNIE et al., 2002)

No entanto, estudos efetuados no decorrer dos anos demonstram que essa


concentração pode chegar a até 80%, de acordo com as características regionais.
ESTEVES (1988), citando Ambühl (1978), destaca que para a porção central da
Europa, naquele período, a estimativa é de que cada habitante fosse responsável pela
eliminação de 4,3 g/dia de fosfato, dos quais, 2,7 g tem origem nos produtos de
limpeza, o que corresponde a cerca de 63%.

Ao citar Wagner (1967), ESTEVES (1988) acrescenta que o aporte de fosfato de


origem doméstica no Lago Constance, situado entre a Alemanha e a Suíça, era da
ordem de 0,71 toneladas diárias, dos quais 20% tinham origem nos excrementos
humanos e 80% advinham dos detergentes. No rio Reno, cerca de 60% do fosfato
presente nas águas encontrava-se sob a forma de polifosfatos, originado
principalmente nos detergentes.

Segundo DEVEY e HARKNESS (1975), estimativas feitas no ano de 1957 a respeito


da presença de fósforo nos esgotos domésticos da Inglaterra, indicaram que cerca de
21% poderia ser atribuída à utilização de detergentes sintéticos. Em 1971, os mesmos
101

estudos indicaram que o percentual teria sido alterado para 46%, ou seja, de 3,26
g/pessoa/dia de fósforo lançada nos esgotos, 1,92 g/pessoa/dia tinha origem na
utilização de detergentes sintéticos.

Para o Lago Eire, situado entre os Estados Unidos e o Canadá, estudos efetuados por
Burs & Ross (1972), apresentados por ESTEVES (1988), indicaram que das fontes
artificiais de fósforo de que dispunha o lago, a principal era decorrente dos produtos
de limpeza, particularmente dos detergentes sintéticos. A representação esquemática
da situação do Lago Eire pode ser observada na Figura 20, a seguir.

Figura 20: Principais fontes de fosfato para o Lago Eire (EUA-Canadá)


Fonte: ESTEVES, 1988.

PIVELI e KATO (2005) acrescentam que a quantidade de fósforo presente nos


esgotos pode ser considerada um fator determinante das condições sócio-
econômicas, devido à sua estreita relação com o emprego doméstico dos detergentes
sintéticos.
102

3.6. Remoção de Fósforo em Sistemas de Tratamento de Esgotos

O tratamento de esgotos, de acordo com o grau de remoção de poluentes que se


deseja atingir, pode ser dividido em 4 níveis: preliminar, primário, secundário e
terciário.

O tratamento preliminar normalmente precede as demais etapas do tratamento de


esgotos. Suas operações mais comuns destinam-se à remoção dos denominados
sólidos grosseiros e areia, constituintes que podem causar problemas operacionais no
sistema de tratamento. O tratamento preliminar pode ser efetuado através de
gradeamento e desarenadores.

No tratamento primário, remove-se uma parcela da matéria orgânica e dos sólidos em


suspensão, geralmente por sedimentação ou peneiramento. O efluente do tratamento
primário ainda possui grande concentração de matéria orgânica carbonácea e sua
maior aplicação é como antecessor do tratamento secundário, também denominado
convencional. O tratamento secundário destina-se principalmente à remoção de
orgânicos biodegradáveis e sólidos em suspensão, sendo normalmente utilizados os
processos biológicos por lodos ativados, sistemas de lagoas e filtros biológicos,
dentre outros. (METALF e EDDY, 1991; JORDÃO e PESSÔA, 1995; PAGANINI,
2007)

O tratamento terciário ou avançado é utilizado para remoção de nutrientes,


compostos tóxicos e microorganismos, além da matéria orgânica e sólidos em
suspensão não removidos no tratamento secundário. Para tanto, podem ser utilizados
processos como coagulação química, floculação ou sedimentação seguida de
filtração, desinfecção, troca iônica, membrana e osmose reversa.

A remoção de fósforo dos esgotos se dá através dos processos de tratamento


denominados terciários ou avançados, podendo ocorrer por meio de processos físico-
químicos ou biológicos.

Dentre os processos físico-químicos podem ser destacadas as precipitações químicas


103

com sulfato de alumínio ou com cloreto férrico, casos em que o fósforo é precipitado
nas formas de fosfato de alumínio ou de ferro. Apesar da elevada remoção, que pode
chegar a 85%, PIVELI e KATO (2005) destacam que, nesse caso, a precipitação
exige dosagens consideráveis de coagulante e gera grandes quantidades de lodo,
podendo tornar o processo oneroso. No caso da precipitação com cal hidratada, onde
o fósforo é precipitado na forma de hidroxi-apatita, o processo de tratamento é mais
barato, porém menos eficiente.

METCALF e EDDY (2003), comparando a eficiência da aplicação de processos


físico-químicos para remoção de fósforo dos esgotos sanitários, destacam que a
precipitação química corresponde ao processo onde são verificadas as menores
concentrações de fósforo no efluente final, apresentando, porém, os maiores custos
econômicos e operacionais, estes relacionados principalmente com a grande
quantidade de lodo gerada. Em processos de tratamento com precipitação química, a
quantidade de lodo gerada é cerca de 7 vezes maior comparativamente aos processos
onde a precipitação não é aplicada.

Os processos biológicos correspondem à remoção através do metabolismo dos


microorganismos presentes no meio, promovido pela alternância entre as condições
aeróbias e anaeróbias, sendo que esse processo é denominado desfosfatação.
(METCALF e EDDY, 2003; VON SPERLING, 2005)

As principais vantagens de um processo biológico para remoção de fósforo,


comparativamente ao processo físico-químico, referem-se à diminuição dos custos,
devido à redução da utilização de produtos químicos e da quantidade de lodo
produzida.

Segundo PIVELI e KATO (2005) a remoção significativa de fósforo somente ocorre


em residuais abaixo de 1 mg/L, com tratamento físico-químico associado ao
biológico, com a aplicação de sais de ferro ou alumínio aos efluentes e precipitação
de fosfato nos processos de coagulação e floculação.

Outro método de tratamento que pode ser adotado é a adsorção, principalmente


através da utilização de produtos químicos derivados do alumínio. A vantagem desse
processo é que o fósforo aderido ao material adsorvente pode ser reutilizado após
104

passar por um processo de dessorção, colaborando com a ciclagem do nutriente.


(CHAO, 2006)

Nesse sentido, deve-se citar também os sistemas de disposição de esgotos no solo,


onde a retirada do fósforo é efetuada pelas plantas, que o utilizam em seus processos
metabólicos. Ao invés da aplicação de fertilizantes, os nutrientes necessários ao
crescimento vegetal são supridos em partes pelos esgotos. (VON SPERLING, 2005)

De acordo com PAGANINI (2001), a disposição de esgotos no solo vem se


apresentando como uma importante alternativa de tratamento e reúso, devido à sua
capacidade de “polimento” de efluentes, à possibilidade de reciclagem de recursos
cada vez mais escassos e obtenção de sub-produtos, como por exemplo carvão, bem
como, pela importante atuação na recarga de aquíferos.

CHORUS e BARTRAN (1999) acrescentam que o reúso agrícola é uma forma de


contribuir com a redução da poluição por nutrientes, além de auxiliar no fechamento
do seu ciclo natural, apresentando-se, desta forma, como uma alternativa
ambientalmente viável e sustentável.

A concentração de fósforo no efluente de uma Estação de Tratamento de Esgotos


(ETE) é variável de acordo com o processo de tratamento adotado.

De acordo com HELMER e HESPANHOL (1997), a seleção da tecnologia a ser


adotada para tratamento dos esgotos depende, basicamente, das características do
efluente a ser tratado, do tamanho da comunidade a ser atendida e da qualidade de
efluente desejada ou requerida de acordo com os usos previstos para o corpo d’água
receptor.

Os esgotos domésticos possuem concentração de fósforo da ordem de 4 mg/L a 50


mg/L, a partir de uma produção diária de 1 g a 3 g por pessoa. No Brasil, em média,
a contribuição per capita diária de fósforo nos esgotos domésticos é de 2,5 g, sendo
que a concentração típica desse nutriente é de 14 mg/L. Considerando-se a
capacidade de remoção de fósforo pelos diferentes níveis de tratamento de esgotos, a
concentração de fósforo no efluente de sistema de tratamento primário é da ordem de
11,2 mg/L a 12,6 mg/L. Em um sistema de tratamento secundário, os efluentes
possuem cerca de 5,6 mg/L a 11,2 mg/L e em um sistema terciário, a concentração
105

de fósforo é de cerca de 0,1 mg/L a 2 mg/L. (HELMER e HESPANHOL, 1997;


METCALF e EDDY, 2003; VON SPERLING, 2005)

A eficiência na remoção de fósforo pelos diversos sistemas de tratamento de esgotos


pode ser observada na Tabela 18, abaixo.

Tabela 18: Eficiência dos diferentes processos de tratamento de esgotos na remoção de fósforo.
Concentração Média P Eficiência Média
Processo
efluente (mg/L) Remoção de P (%)
Tratamento Primário - Tanques sépticos >4 < 35
Tratamento primário convencional >4 < 35
Tratamento primário avançado (a) <2 75 - 90
Lagoa facultativa >4 < 35
Lagoa anaeróbia - lagoa facultativa >4 < 35
Lagoa aerada facultativa >4 < 35
Lagoa aerada mistura completa - lagoa de sedimentação >4 < 35
Lagoa anaeróbia + lagoa facultat. + lagoa maturação <4 > 50
Lagoa anaeróbia + lagoa facultat. + lagoa alta taxa 3-4 50 - 60
Lagoa anaeróbia + lagoa facultat. + remoção algas >4 < 35
Infiltração lenta <1 > 85
Infiltração rápida <4 > 50
Escoamento superficial >4 < 35
Terras úmidas construídas (wetlands) >4 < 35
Tanque séptico + filtro anaeróbio >4 < 35
Tanque séptico + infiltração <4 > 50
Reator UASB >4 < 35
UASB + lodos ativados >4 < 35
UASB + biofiltro aerado submerso >4 < 35
UASB + filtro anaeróbio >4 < 35
UASB + filtro anaeróbio percolador de alta carga >4 < 35
UASB + flotação por ar dissolvido 1-2 75 - 88
UASB + lagoas de polimento <4 > 50
UASB + lagoa aerada facultativa >4 < 35
UASB + lagoa aerada mist. Completa + lagoa decant. >4 < 35
UASB + escoamento superficial >4 < 35
Lodos ativados convencional >4 < 35
Lodos ativados - aeração prolongada >4 < 35
Lodos ativados - batelada (aeração prolongada) >4 < 35
Lodos ativados convenc. com remoção biológica N >4 < 35
Lodos ativados convenc. com remoção biológica N/P 1-2 75 - 88
Lodos ativados convencional + filtração terciária 3-4 50 - 60
Filtro biológico percolador de baixa carga >4 < 35
Filtro biológico percolados de alta carga >4 < 35
Biofiltro aerado submerso com nitrificação >4 < 35
Biofiltro aerado submerso com remoção biol. de N >4 < 35
Biodisco >4 < 35
(a) Tratamento primário avançado: eficiência variável de acordo com a dosagem do coagulante

Fonte: Adaptado de VON SPERLING, 2005.

CHORUS e BARTRAN (1999) destacam que em municípios com menor densidade


populacional, onde a vazão do corpo receptor ou a capacidade de retenção de fósforo
pelo solo é alta, a implantação de sistemas de tratamento de esgotos para remoção do
nutriente pode ser desnecessária. Desta forma, a implantação de sistemas de
tratamento mais avançados e onerosos ficariam restritos às regiões densamente
povoadas, com corpos d’água mais suscetíveis ou sensíveis à eutrofização.

Além disso, é importante observar os impactos econômicos e financeiros. Tendo em


106

vista que sistemas avançados de tratamento de esgotos são mais complexos e


onerosos, sua implantação de forma linear pode inviabilizar investimentos na
ampliação da extensão de redes coletoras e sistemas de tratamento mais
simplificados, voltados para a melhoria das condições de saúde pública.

Na Europa e nos Estados Unidos a questão da remoção de fósforo em sistemas de


tratamento de esgotos tem evoluído bastante desde a década de 1990, de forma que
foram estabelecidos critérios de prioridades para direcionamento dos investimentos.

A Comunidade Européia, através da Council Directive nº 271, de 21 de maio de


1991, estabeleceu uma progressividade dos prazos para implantação de sistemas de
tratamento de esgotos com base na localização dos pontos de lançamento dos
efluentes e seus impactos nas áreas consideradas mais sensíveis à eutrofização.
Como regra, somente as áreas com mais de 2 mil habitantes ou lançamentos com
esse valor equivalente em esgotos, o que é denominado equivalente populacional,
estão sujeitos a essa legislação. Considera-se o porte do município ou o equivalente
populacional do lançamento, da seguinte forma (EC, 1991; EUROPA, 2007):

• Aglomerações com mais de 10 mil habitantes, com despejos em zonas


consideradas sensíveis: prazo para adequação até 31/12/98.

• Aglomerações com mais de 15 mil habitantes que não lançam efluentes em


zonas consideradas sensíveis: prazo para adequação até 31/12/00;

• Aglomerações entre 2 e 10 mil habitantes com despejos em áreas sensíveis ou


estuários; aglomerações entre 10 e 15 mil habitantes que não lancem seus
efluentes em áreas sensíveis ou estuários: prazo para adequação até 31/12/05.

Enquadram-se como áreas sensíveis as águas doces, os estuários em condições


eutróficas ou que podem se tornar eutróficos, os corpos d’água superficiais que
podem ser utilizados para abastecimento público e outras áreas onde a implantação
mais rápida de um sistema de tratamento é necessária para melhorar as condições de
pesca, turismo e lazer, bem como para manutenção da fauna e flora.
107

Estabelece-se que nas aglomerações com população entre 2 e 10 mil habitantes que
lançam efluentes em zonas sensíveis, bem como as aglomerações que não lançam
efluentes em zonas sensíveis, podem ser implantados sistemas de tratamento
secundários. A Diretiva permite que, quando não justificada a instalação de um
sistema tratamento mais avançado, quer pela inexistência de interesse ou motivação
ambiental, quer porque os seus custos são excessivos, podem ser implantados
sistemas de tratamento de esgotos em nível secundário. Com um total de 37.625
municípios e mais de 492 milhões de habitantes, a Comunidade Européia dimensiona
investimentos da ordem de €35 bilhões (EC, 1991; EUROPA, 2007)

Para os despejos em águas com condições eutróficas, com origem em aglomerações


com população entre 10 mil e 100 mil habitantes, a concentração máxima de fósforo
permitida nos efluentes é de 2 mg/L. Para locais com mais de 100 mil habitantes, a
concentração máxima estipulada é de 1 mg/L. (HELMER e HESPANHOL, 1997)

Como resultado, o 4º Relatório de Acompanhamento da Implementação da Diretiva,


publicado no ano de 2007, indica que, apesar dos avanços obtidos, somente a
Dinamarca, a Alemanha e a Áustria atingiram plenamente os objetivos propostos.

Nas áreas designadas como sensíveis, cerca de 10,3% dos lançamentos pemanecem
sem o tratamento adequado, o que corresponde a um equivalente populacional de
48,4 milhões de pessoas. Nas áreas denominadas normais, ou não sensíveis, cerca de
8,9% dos lançamentos são considerados irregulares, um equivalente populacional de
42 milhões de pessoas, sendo que 17 cidades com mais de 150 mil habitantes
permanecem sem qualquer tipo de tratamento de esgotos. Entretanto, alguns
resultados positivos foram destacados, caso do rio Reno, que atravessa 8 países
(Áustria, Bélgica, França, Alemanha, Luxemburgo, Holanda, Liechtenstein e Suíça
– estes 2 últimos que não pertencem à Comunidade Européia) e do rio Elba,
localizado entre a República Tcheca e a Alemanha, por apresentarem sensível
melhoria na qualidade da água, refletindo no aumento da diversidade de espécies
aquáticas. (EUROPA, 2007)

Nos Estados Unidos, desde o Clean Water Act (CWA) e do National Pollutant
Discharge Elimination System (NPDES), programa federal criado em 1972 com
108

objetivo de proteger e recuperar as condições físicas, químicas e biológicas das


águas, o número de estações de tratamento de esgotos foi ampliado mais de 20%,
com alterações significativas nos níveis de tratamento. (GLENNIE et al., 2002)

Em cerca de 20 anos, o número de sistemas primários de tratamento de esgotos caiu


de 50% para 0%, enquanto o número de sistemas terciários foi ampliado de 0% para
25%. Desde a década de 1970, os setores público e privado investiram mais de U$
500 bilhões na melhoria da qualidade das águas através da implantação de sistemas
de tratamento de esgotos e, atualmente, 82% das estações de tratamento americanas
removem matéria carbonácea.

Através do Permit Compliance Systems (PCS), instituído em 1997, dos 16 mil pontos
de lançamento de efluentes domésticos monitorados pelo NPDES, 15,3% passaram a
ter os níveis de fósforo monitorados e controlados e 7,3% passaram a obedecer
limites de fósforo da ordem de 0,5 mg/L a 1,5 mg/L. A maior parte desses pontos
situa-se na Costa Leste e na região dos Grandes Lagos. (GLENNIE et al., 2002)
109

3.7. Monitoramento e Controle das Fontes

A necessidade de controle dos níveis de fósforo presente nos corpos d’água tem se
mostrado crescente. Nesse processo, a redução da eutrofização e a melhoria da
qualidade das águas aparecem conectadas à questão da sustentabilidade das
reservas exploráveis de fosfato, uma vez que a eutrofização das águas demonstra
ser o resultado da aceleração das taxas de retirada do nutriente para utilização em
produtos industrializados, utilizados e descartados pelo homem, lançados nos seus
efluentes.

STUMM e MORGAN (1981) estimam que a quantidade de fosfato lançada nos rios e
oceanos seja atualmente 100 vezes superior à capacidade anual de utilização pelo
fitoplâncton e outros organismos aquáticos. Assim, a quantidade que não pode ser
processada biologicamente permanece retida no sedimento, sem possibilidade de
retorno ao ciclo natural.

Por outro lado, a remoção do fósforo presente nos efluentes domésticos e industriais,
apesar de reduzir os níveis de lançamento do nutriente no corpo d’água, também não
permite o seu retorno ao ciclo, uma vez que o material retirado é normalmente
encaminhado para incineração ou para disposição final em aterros.

Nesse sentido, diversos países da Europa orientam municípios com menos de 20 mil
habitantes a viabilizar sistemas de disposição dos esgotos no solo, buscando, assim,
diminuir o nível de eutrofização das águas paralelamente à redução da utilização de
fertilizantes e da exploração das rochas fosfáticas, garantindo um aumento das taxas de
retorno do nutriente ao meio ambiente, processo que tem sido denominado por closing
the loop ou fechamento do ciclo. (LLOYD, 2007; CORDELL, 2008; CEEP, 2008)

O estabelecimento de padrões de qualidade para os corpos receptores e de limites


para lançamento de efluentes domésticos e industriais também tem sido largamente
discutidos, juntamente com a busca por ferramentas adequadas para controle das
fontes e racionalização nos níveis de utilização do nutriente, buscando-se atuar no
110

sentido da adoção de medidas corretivas e preventivas.

Na questão do fósforo, XAVIER et al. (2005), destaca que as medidas preventivas


são as mais desejadas devido à maior eficácia e ao menor custo, no entanto, sugere
que essas medidas sejam acompanhadas pelo controle das fontes no âmbito da bacia
de drenagem, tendo em vista que o maior objetivo de qualquer programa de controle
e prevenção é a redução da entrada de nutrientes. Para tanto, são recomendadas as
seguintes ações:

 Regulamentação da composição de produtos, especialmente detergentes, para


reduzir a liberação de fósforo;
 Desvio das contribuições de rios ou efluentes na bacia afetada;
 Monitoramento dos lançamentos de efluentes industriais;
 Tratamento dos rios tributários, com utilização de métodos para controle de
nutrientes, como bacias de sedimentação, precipitação química, canais de
aeração e controle biológico das florações;
 Tratamento dos esgotos domésticos por processos terciários;
 Zoneamento do uso do solo através de reflorestamentos;
 Restrição ao uso de fertilizantes, disciplinando as atividades agrícolas,
industriais e urbanas;
 Retenção das águas do escoamento urbano, evitando-se “picos” de enxurrada;
 Educação ambiental, como forma de reduzir a geração de lixo e disciplinar o
uso de fertilizantes e detergentes;
 Adoção de práticas agrícolas conservacionistas visando o controle da erosão;
 Controle das concentrações de fósforo na dieta dos animais;
 Realização de testes de solo e esterco para planejamento da dosagem
adequada de fertilizante fosfatado e;
 Manutenção ou recomposição da vegetação ciliar.

VON SPERLING (2005) acrescenta que as estratégias para controle dos níveis de
111

fósforo nas águas devem ser avaliadas, dando ênfase para as ações preventivas,
principalmente através da adequação e fiscalização das fontes antrópicas, decorrentes
das atividades urbana, industrial e agrícola.

Deve-se observar ainda, a importância da adequação da legislação frente às


mudanças de comportamento impostas pela evolução nos estudos relacionados com a
disponibilidade do fósforo e sua presença nas águas. A aplicabilidade da legislação,
aliada à efetividade dos trabalhos de fiscalização e monitoramento de seu
cumprimento, são aspectos de fundamental importância. Desta forma, o controle do
aporte de fósforo e a busca pela melhoria da qualidade das águas relacionam-se de
forma bastante direta com a questão do enquadramento.

PORTO (2009) destaca que o processo de enquadramento deve buscar o


planejamento do uso da água através do zoneamento das atividades desenvolvidas na
bacia hidrográfica, ações consideradas fundamentais para a gestão da qualidade das
águas e para o aumento de sua disponibilidade, obedecendo as seguintes etapas:

 Identificação dos usos;


 Identificação dos impactos;
 Seleção dos parâmetros mais importantes, dentro do conceito de “poluente
principal”, ou seja, parâmetros cujo controle pode ser considerado mais
relevante face aos impactos detectados, bem como levando-se em conta os
usos existentes e pretendidos.

Para implementação do processo de enquadramento, deve-se considerar os usos


atuais e previstos, a viabilidade técnica e o nível de investimento estimado, sendo de
grande importância a adoção de metas progressivas, a serem estabelecidas de acordo
com o estado de degradação da bacia e o nível de investimento requerido. Trata-se,
portanto, do planejamento por etapas, através da busca de uma meta final de
qualidade através do estabelecimento de etapas intermediárias.
112

3.7.1. O Fósforo na Legislação Brasileira e do Estado de São Paulo

No Brasil, a questão do aporte de fósforo nas águas tem sido atualmente conduzida
no sentido de estabelecer limites para os corpos d’água receptores de efluentes, de
acordo com seus usos preponderantes.

A Resolução nº 357, de 29/04/2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente


(CONAMA), prevê limites de concentração de fósforo de acordo com a classe de
enquadramento estabelecida para os corpos d’água, sendo que não há legislação
específica em relação à concentração desse nutriente nos efluentes domésticos e
industriais.

A legislação paulista que dispõe sobre a Prevenção e o Controle da Poluição do Meio


Ambiente, Decreto nº 8.468, de 08/09/1976, também não define limites de
lançamento para o fósforo.

Recentemente, o estabelecimento de padrões de lançamento de nutrientes foi tema de


discussões durante a elaboração da Resolução CONAMA nº 397, de 03/04/2008,
onde se estabeleceu que o parâmetro nitrogênio amoniacal total não restasse aplicado
aos sistemas de tratamento de esgotos sanitários. Na oportunidade, salientou-se que
os investimentos a serem efetuados para adequação dos sistemas de tratamento e
atendimento aos limites propostos seriam elevados e levariam à produção de um
efluente final com alta qualidade, muitas vezes incompatível com a situação dos
corpos receptores, em função da diluição e do enquadramento dos mesmos. Tal
situação é semelhante ao que se verificaria no caso de estabelecimento de limites
muito restritivos para o fósforo.

Outro aspecto importante a ser considerado nesse processo, é a questão tecnológica.


Alternativas de menor custo e mais adequadas às condições climáticas, geográficas e
meteorológicas do país poderão oferecer meios para se buscar a universalização dos
serviços de saneamento e a recuperação da qualidade dos recursos hídricos, levando-
se em conta as diversidades e as condições regionais de cada Estado. Tal situação
113

encontra-se abordada na Lei Federal do Saneamento (Lei nº 11.445, de 05/01/2007),


que considera a necessidade de otimização da aplicação dos recursos disponíveis
para a universalização dos serviços e consequentemente, para a melhoria das
condições ambientais e de saúde pública.

Em relação à concentração de fosfato nos detergentes em pó, no ano de 2005, o


CONAMA editou a Resolução nº 359, 29/04/2005, que estabelece os critérios para a
utilização de fósforo na formulação de detergentes em pó de uso nacional, visando a
redução e eventual eliminação do aporte de fósforo dessa fonte nos corpos de água.
Essa iniciativa vai de encontro às ações já adotadas por outros países visando tornar
mais restritiva a utilização de fosfato como aditivo em detergentes.

No que refere à potabilidade das águas, a Portaria nº 518, de 25/03/2004, do


Ministério da Saúde, não estabelece limites para fósforo para as águas destinadas ao
abastecimento púbico, visto que esse nutriente por si só não apresenta problemas de
ordem sanitária. Entretanto, a presença do fósforo nas águas a serem utilizadas para
consumo humano está relacionada com os limites previstos para cianotoxinas, que
estão ligadas à produtividade biológica do ecossistema e ao nível de trofia das águas.

Dentre essas cianotoxinas, encontra-se previsto o monitoramento das microcistinas,


que são inibidoras de proteínas fosfatases e causadoras de tumores,
cilindrospermopsinas, inibidoras da síntese protéica e causadoras de efeitos
hepatotóxicos e citotóxicos em rins, baço, coração e outros órgãos, e saxitoxinas
(STX), que são neurotóxicas e possuem efeito de inibição da condução nervosa por
bloqueio dos canais de sódio. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004)

3.7.1.1 Resolução CONAMA nº 357/2005

A Resolução CONAMA no 357, datada de 17 de março de 2005, atualiza a


114

Resolução no 20/1986 e “Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e


diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições
e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências”. (CONAMA,
2005a)

Através dessa Resolução, as águas doces brasileiras foram divididas em 4 classes, em


função dos seus usos previstos, conforme detalhado abaixo:

I – Classe Especial
a) abastecimento para consumo humano, com desinfecção;
b) preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas; e,
c) preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de
proteção integral.
II - Classe 1

a) abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado;


b) proteção das comunidades aquáticas;
c) recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e
mergulho, conforme Resolução CONAMA nº 274, de 2000;
d) irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se
desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção
de película; e
e) proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas.
III - Classe 2

a) abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional;


b) proteção das comunidades aquáticas;
c) recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e
mergulho, conforme Resolução CONAMA nº 274/2000;
d) irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos
de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato
direto; e
e) aquicultura e à atividade de pesca.
IV - Classe 3

a) abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional


ou avançado;
115

b) irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras;


c) pesca amadora;
d) recreação de contato secundário; e
e) dessedentação de animais.
V - Classe 4

a) navegação; e
b) harmonia paisagística.

Para cada uma das classes determinou-se os padrões de qualidade de forma a garantir
os seus usos preponderantes. No que se refere ao fósforo, foram estabelecidos limites
para as águas doces, águas salobras e águas salinas, conforme as diferentes classes de
corpos d’água e de acordo com cada tipo de ambiente: lótico, lêntico e intermediário.
Os limites de fósforo estabelecidos para as águas doces, de acordo com a Resolução
CONAMA nº 357/05, encontram-se descritos na Tabela 19.

Tabela 19: Limites de fósforo para águas doces previstos na Resolução CONAMA nº 357/05.

Limites - Fósforo Total (mg/L)


Ambiente
Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4
Lêntico 0,02 0,03 0,05 -

Intermediário 0,025 0,05 0,075 -

Lótico 0,10 - 0,15 -


Fonte: CONAMA, 2005a.

Esta Resolução não define padrões de fósforo para emissão de efluentes, sendo
dispostas somente diretrizes para a questão, visando promover a gestão da qualidade
da água do corpo receptor conforme seu enquadramento, o que está preconizado no
Art. 28: “Os efluentes não poderão conferir ao corpo de água características em
desacordo com as metas obrigatórias progressivas, intermediárias e final, do seu
enquadramento”.
116

3.7.1.2 Decreto Estadual nº 8468/1979

O Decreto Estadual nº 8468, editado em 08 de setembro de 1976, “Aprova o


Regulamento da Lei nº 997, de 31 de maio de 1976, que dispõe sobre a Prevenção e
o Controle da Poluição do Meio Ambiente”. (SÃO PAULO, 1976)

Define o tipo de despejo a ser lançado num corpo d’água do Estado de São Paulo de
forma a não acarretarem alterações de suas características e classificação, definida
conforme abaixo:

 Classe 1 - águas destinadas ao abastecimento doméstico, sem tratamento


prévio ou com simples desinfecção;

 Classe 2 - águas destinadas ao abastecimento doméstico, após tratamento


convencional, à irrigação de hortaliças ou plantas frutíferas e à recreação de
contato primário (natação, esqui-aquático e mergulho);

 Classe 3 - águas destinadas ao abastecimento doméstico, após tratamento


convencional, à preservação de peixes em geral e de outros elementos da
fauna e da flora e à dessedentação de animais;

 Classe 4 - águas destinadas ao abastecimento doméstico, após tratamento


avançado, ou à navegação, à harmonia paisagística, ao abastecimento
industrial, à irrigação e a usos menos exigentes.

Embora o monitoramento feito pela CETESB indique que a maioria dos corpos
d’água de São Paulo apresenta valores de fósforo acima dos padrões de qualidade
estabelecidos e processos bastante avançados de eutrofização de mananciais, esse
Decreto não estabelece padrão de emissão de fósforo. (CHAO, 2006)

É importante ressaltar que em outros estados brasileiros a legislação adotada é mais


restritiva em relação à presença de fósforo, comparativamente à de São Paulo:
117

 Santa Catarina (Decreto Estadual 14.250, de 05/06/1981) - Estabelece em seu


Art. 19, item VIII, que nos lançamentos em trechos contribuintes de lagoas,
lagunas ou estuários, a concentração de Fósforo Total seja de até 1 mg/L.

 Pernambuco (Lei 9.860, de 12/08/96) - Determina em seu Art. 21 que a


definição das cargas máximas de fósforo em mananciais com tendência à
eutrofização seja efetuada pela Agência Estadual de Meio Ambiente e
Recursos Hídricos (CPRH).

3.7.1.3 Resolução CONAMA nº 359/2005

A Resolução CONAMA no 359, datada de 29 de abril de 2005, “Dispõe sobre a


regulamentação do teor de fósforo em detergentes em pó para uso em todo o
território nacional e dá outras providências”. (CONAMA, 2005b)

O objetivo, de acordo com o Art. 1o, é “Estabelecer os critérios para a utilização de


fósforo na formulação de detergentes em pó para o uso no mercado nacional,
visando a redução e eventual eliminação do aporte de fósforo dessa fonte nos corpos
de água”.

Através dessa Resolução, as quantidades de fósforo oriundas dos detergentes em pó


são controladas através do estabelecimento de limites, ou concentração máxima por
produto, bem como da média ponderada do elemento pelo grupo
fabricante/importador (GFI).

Entende-se como GFI, a empresa ou grupo de empresas pertencentes a um mesmo


conglomerado empresarial independentemente do número de inscrição no Cadastro
Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), responsável por fabricar, importar ou contratar
fabricação de detergentes em pó para uso no território nacional.

A média ponderada corresponde à soma da multiplicação da quantidade em massa


118

(tonelagem) de cada detergente em pó para uso no país, pelo seu respectivo teor de
fósforo, dividido pela soma das quantidades em massa de detergente em pó,
conforme fórmula abaixo:

Σ (mi x %P)
MP =
Σ mi

Onde:
MP = Média Ponderada
mi = Massa (tonelagem) de cada detergente em pó
% P = teor de fósforo

Através dessa formulação, estabelece-se uma redução gradual dos níveis de fósforo
nas fórmulas dos detergentes em pó em até 1,5%, no período de 3 anos, chegando a
teores de 10,99% de P2O5 e 4,8% de P por formulação ao final de 36 meses.

De acordo com os estudos preliminares efetuados, isso deverá corresponder a uma


redução de 30% na quantidade de STPP lançada nos rios do país, alterando das atuais
64 toneladas/dia para 46 toneladas/dia. (QUÍMICA E DERIVADOS, 2005)

Com as novas regras, passam a valer dois parâmetros de controle de produção: um


teto máximo para os produtos e uma média ponderada por fabricante, a partir da qual
cada indústria terá de equilibrar a composição de fósforo utilizada entre todos os seus
produtos. (CONAMA, 2005b)

Na Tabela 20, encontram-se descritos os limites estabelecidos, de acordo com a


redução gradativa proposta pela Resolução CONAMA no 359/05.

Tabela 20: Limites de fósforo para os detergentes previstos na Resolução CONAMA nº 359/05.

Prazo de adequação a Limite máximo de Média ponderada Média ponderada


Limite máximo de P
partir da publicação desta P2O5 por máxima de P por máxima de STPP
por formulação (%)
Resolução formulação (%) GFI (%) por GFI (%)
6 meses 12,71 5,55 3,91 15,5

18 meses 12,14 5,3 3,41 13,5

36 meses 10,99 4,8 3,16 12,5


Fonte: CONAMA, 2005b.
119

As informações relativas às concentrações empregadas deverão ser disponibilizadas


pelo GFI ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
(IBAMA), devendo esses dados ser disponibilizados ao público em até 30 dias após a
entrega dos dados, conforme previsto em seu no Art. 5º, § 6.

É importante destacar, que as informações são disponibilizadas em meio digital pelo


IBAMA somente para as empresas cadastradas, sendo a consulta efetuada
diretamente através do sítio do Instituto na internet. O público em geral ou pessoas
interessadas em acompanhar o andamento desse processo são orientadas a efetuar
contato direto com as empresas do setor para verificação da existência de cadastro e
do encaminhamento dos dados, conforme previsto nessa legislação.

Estabelece-se ainda, conforme Art. 7º, a previsão de revisão do conteúdo da


Resolução em um período de 12 meses após a implementação da última redução, de
forma a serem considerados dados sobre a evolução da redução dos níveis de fósforo
nas águas e a avaliação dos métodos de controle empregados. Assim, nova revisão
deverá ser efetuada a partir do mês de abril/2009.

3.7.1.4 Lei Federal nº 11.445/2007

A Lei no 11.445, de 05 de janeiro de 2007, estabelece as diretrizes nacionais para o


saneamento básico e para a política federal de saneamento básico. (BRASIL, 2007)

Essa lei estabelece como alguns dos princípios fundamentais da prestação dos
serviços de saneamento básico, conforme Art. 2º, a universalização do acesso de
forma a atender as peculiaridades locais e regionais, buscando a eficiência e
sustentabilidade econômica, através da utilização de tecnologias apropriadas,
considerando a capacidade de pagamento dos usuários e buscando a adoção de
soluções graduais e progressivas.

A questão da progressividade no atendimento, em busca da universalização dos


120

serviços, é tratada também no Art. 19, itens II e III, onde se determina que para
atendimento dos objetivos e metas de curto, médio e longo prazos serão admitidas
soluções graduais e progressivas, observando a compatibilidade com os demais
planos setoriais, com os respectivos planos plurianuais e com outros planos
governamentais correlatos, identificando possíveis fontes de financiamento.

Para tanto, o Art 29, § 1, estabelece como duas das diretrizes para aplicação das taxas
e dos recursos para os serviços de saneamento, a priorização do atendimento das
funções essenciais relacionadas à saúde pública e a ampliação do acesso dos
cidadãos e localidades de baixa renda aos serviços.

O Art. 44 determina que o licenciamento ambiental de unidades de tratamento de


esgotos sanitários e de efluentes gerados nos processos de tratamento de água
considerará as etapas de eficiência planejadas, a fim de alcançar progressivamente os
padrões estabelecidos pela legislação ambiental, em função da capacidade de
pagamento dos usuários. Para tanto, conforme § 2, a autoridade ambiental deverá
estabelecer metas progressivas levando em conta o atendimento aos padrões das
classes dos corpos hídricos e ao seu enquadramento, de forma alinhada à capacidade
de pagamento das populações e usuários envolvidos.

3.7.2. Monitoramento dos Corpos d’Água: O Papel da CETESB

Considerando-se que o estabelecimento de limites e parâmetros é de grande


importância para gestão e preservação da qualidade das águas, a efetividade de seus
resultados depende da realização dos trabalhos de monitoramento ao longo do tempo,
de forma que possam ser analisados tanto o atendimento à legislação, como a
evolução dos indicadores e os seus impactos.

Necessita-se também, do estabelecimento de ferramentas para controle e fiscalização,


a fim de que tais requisitos sejam cumpridos, de acordo com os diferentes usos
121

previstos para a água. As atividades de controle e monitoramento são, portanto,


imprescindíveis não somente para a obtenção de informações técnicas a respeito da
qualidade das águas, mas também para o estabelecimento de ações corretivas e
preventivas. (VON SPERLING, 2005; PIVELI e KATO, 2006)

No Estado de São Paulo, a agência responsável pelo controle e monitoramento


ambiental da qualidade das águas é a CETESB, criada em 24 de julho de 1968, pelo
Decreto nº 50.079. Desde o ano de 1974, a CETESB opera a denominada Rede de
Monitoramento da Qualidade das Águas Interiores do Estado de São Paulo, que foi
fundamentada na Lei Estadual n° 118, de 29 de junho de 1973 e tem como objetivo:

 Avaliar a evolução da qualidade das águas interiores do Estado;


 Permitir identificar áreas prioritárias para controle da poluição das águas;
 Apoiar o diagnóstico e controle da qualidade das águas doces utilizadas para
abastecimento público, bem como para outros usos;
 Oferecer elementos técnicos para elaboração dos Planos de Bacia, Relatórios
de Situação e Plano Estadual de Recursos Hídricos;
 Identificar trechos de rios nos quais a qualidade da água esteja degradada,
permitindo o planejamento de ações para prevenção ou correção.

Os resultados obtidos com esse trabalho são publicados anualmente através do


Relatório de Qualidade das Águas Interiores. Para monitoramento regular, a
CETESB selecionou um conjunto de parâmetros físicos, químicos e microbiológicos
que estão descritos na Figura 21. No ano de 2003, foram incluídos índices de
comunidades biológicas e contagem de algas cianofíceas. De acordo com o PERH
(2005), essas inclusões visam aprimorar a atividade de monitoramento da qualidade
dos corpos hídricos de São Paulo, tornando essa ferramenta mais completa e
diferenciada.
122

Temperatura da água Fósforo total Bário


Temperatura do ar Ortofosfato solúvel Cádmio
pH Resíduo total Chumbo
Oxigênio Dissolvido (OD) Resíduo não filtrável Cobre
Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) Condutividade específica Cromo total
Coliformes totais Turbidez Níquel
Coliformes termotolerantes Coloração da água Mercúrio
Nitrogênio total Surfactantes Zinco
Nitrato Fenóis
Nitrito Cloreto
Nitrogênio amoniacal Ferro total
Nitrogênio Kjedhal Manganês
Figura 21: Parâmetros regularmente monitorados pela CETESB através da Rede de
Monitoramento das Águas Interiores.
Fonte: PERH, 2005.

A avaliação da qualidade das águas nos relatórios emitidos pela CETESB está
estruturada segundo a divisão em 22 Unidades de Gerenciamento de Recursos
Hídricos (UGRHIs), estabelecida pela Lei 9.034/94, que instituiu o PERH. Essa Lei,
também, classifica as UGRHI’s de acordo com sua vocação econômica, conforme se
pode observar na Figura 22. (CETESB, 2007)

Figura 22: Classificação das UGRHI’s do Estado de São Paulo.


Fonte: CETESB, 2007.
123

Essa divisão tem como base a região geográfica e física da bacia hidrográfica, no
entanto, leva em consideração também, os aspectos políticos e de desenvolvimento
socioeconômico, tornando-se um marco na gestão dos recursos hídricos no Estado de
São Paulo. (FOLEGATTI , 2005; PAGANINI, 2007)

As informações disponibilizadas pela CETESB através da Rede de Monitoramento


de Qualidade das Águas Interiores permitem uma avaliação da evolução da qualidade
das águas dos rios e reservatórios do Estado e possibilitam o levantamento de áreas
onde se necessita o estabelecimento de ferramentas que permitam um efetivo
controle da poluição das águas, de forma a disponibilizar um diagnóstico da
qualidade das águas doces em seus diversos usos, oferecendo subsídios para a
definição de ações preventivas, punitivas e de controle ambiental.

3.7.3. Rede de Monitoramento da Qualidade das Águas Interiores e


Pontos de Amostragem Operados pela CETESB

A Rede de Monitoramento operada pela CETESB possui hoje, 323 estações manuais
de monitoramento das águas, 13 estações automáticas, que geram dados em tempo
real, 25 pontos de análise de sedimento dos corpos d’água e 34 estações de avaliação
de balneabilidade, totalizando 395 pontos de monitoramento de qualidade de água
superficial. (CETESB, 2007)

O objetivo desse trabalho é fornecer subsídios para o estabelecimento de ações


voltadas para o controle e a melhoria dos recursos hídricos do Estado de São Paulo,
através das Redes Básica, de Monitoramento Regional, do Sedimento, de
Balneabilidade dos Lagos e de Monitoramento Automático.

Dados sobre os objetivos específicos de cada uma dessas redes de monitoramento, o


início da operação, bem como a frequência das análises e as variáveis estudadas
124

podem ser verificados na Tabela 21, a seguir.

Tabela 21: Rede de Monitoramento da Qualidade das Águas Interiores, CETESB.


Início da Pontos de
Monitoramento CETESB Objetivos Frequência Variáveis
Operação Monitoramento
Físicas,
Fornecer um diagnóstico dos recursos hídricos do
Rede Básica 1974 167 Bimestral Químicas e
Estado de São Paulo
Biológicas
Físicas,
Identificar problemas específicos de uma Bimestral e
Monitoramento Regional 2000 156 Químicas e
determinada região Semestral
Biológicas
Físicas,
Rede de Sedimento Complementar o diagnóstico da coluna d'água 2002 25 Anual Químicas e
Biológicas

Baleabilidade de Lagos Informar as condições de banho à população 1994 34 Semanal Biológicas

Controle de fontes poluidoras domésticas e


Monitoramento Físicas e
indústrias, bem como controle da qualidade da 1998 13 Horária
Automático Químicas
água destinada ao abastecimento público
Fonte: CETESB, 2007.

A Rede Básica é considerada a mais abrangente, possuindo o maior número de


pontos de monitoramento. Do total dos 167 pontos dessa rede, 63%, ou seja, 106
pontos, localizam-se nas URGHI’s classificadas como “industriais”, sendo 16 no
Paraíba do Sul, 24 no Piracicaba/Capivari/Jundiaí, 44 no Alto Tietê, 7 na Baixada
Santista e 15 no Tietê/Sorocaba. Nelas situam-se as 3 maiores regiões metropolitanas
do país (Santos, São Paulo e Campinas) e residem mais de 29 milhões de pessoas.
125

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. Definição da Área de Estudo

Conforme levantado do decorrer deste trabalho, a presença de fósforo nas águas


possui relação direta com a intensidade das ações antrópicas, principalmente em
decorrência do lançamento de esgotos domésticos e industriais, da utilização
doméstica de detergentes em pó e da ocorrência de processos erosivos nas áreas
ocupadas pela atividade agrícola.

Visando avaliar os impactos dessas atividades sobre a ciclagem do nutriente,


verificando a sua dinâmica no meio ambiente e oferecendo hipóteses quanto às suas
principais fontes nas águas, de forma a visualizar essa questão a partir da realidade
experimentada pelo Estado de São Paulo, a área definida para este estudo abrange a
bacia hidrográfica do rio Tietê.

Justifica-se a escolha do Tietê como estudo de caso devido a alguns fatores que lhe
conferem características particulares, como a diversidade de formas de uso e
ocupação da bacia, decorrentes da elevada extensão territorial, e os contrastes
relacionados com a qualidade das águas, principalmente após a RMSP.

Justifica-se ainda, pela existência de uma sequência de grandes represas ao longo do


seu curso, característica que lhe altera o regime hídrico, contribuindo para a redução
da velocidade das águas e favorecendo a precipitação do nutriente.
126

4.1.1. O Rio Tietê

O Tietê é o rio mais importante do Estado de São Paulo. Localizado geograficamente


no centro do Estado, cruzando-o no sentido leste-oeste, atravessa 1.136 km, desde
sua nascente, no município de Salesópolis, até desaguar no rio Paraná.

Assim, apesar de sua nascente estar localizada na Serra do Mar, distante apenas 22
km do Oceano Atlântico, o Tietê corre no sentido inverso, em direção ao interior.
Nesse trajeto, atravessa os terrenos planos da bacia sedimentar de São Paulo e o solo
acidentado do embasamento cristalino até a depressão periférica e a bacia sedimentar
do Paraná. Anteriormente caracterizado por meandros, corredeiras e quedas d’água, o
Tietê é hoje composto por trechos retificados na RMSP e pela existência de grandes
lagos, formados pelos Reservatórios das Usinas Hidrelétricas, principalmente após a
região do Médio Tietê. (PAGANINI, 2007)

Observa-se na Figura 23, a localização do rio Tietê no Estado de São Paulo, com a
identificação da sua nascente e foz.

Foz

Nascente

Figura 23: Localização do Rio Tietê no Estado de São Paulo.


Fonte: Adaptado de PAGANINI, 2007.

A bacia hidrográfica do rio Tietê ocupa uma área total de 71.381 km2 e abrange 233
municípios. Trata-se da maior bacia hidrográfica do Estado, em termos territoriais,
correspondendo a 28,7% da área total. (PAGANINI, 2007)
127

4.1.2. Panorama dos Usos e da Qualidade das Águas

O Tietê sempre foi considerado um rio bastante estratégico para o Estado de São
Paulo e para o país.

Serviu de fonte de alimento e sustento para as mais diversas populações que se


instalaram às suas margens, desde os tempos mais antigos. Participou ativamente do
processo de colonização, transportando bandeirantes e jesuítas do litoral rumo ao
interior, principalmente para os estados de Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do
Sul. Além disso, foi cenário de grandes eventos esportivos, na cidade de São Paulo.
(ROCHA, 1991; PAGANINI, 2007)

Com o passar dos anos, a necessidade de suporte ao crescimento econômico e


desenvolvimento urbano da capital do Estado, São Paulo, e sua região metropolitana,
transformou o rio gradativamente e seus usos foram direcionados basicamente à
geração de energia elétrica e ao recebimento de efluentes domésticos e industriais.

A implantação de usinas hidrelétricas no Tietê, a partir do início do século XX o


colocam como um importante agente na condução dos processos de desenvolvimento
do Estado e até do país e hoje, conforme cita PAGANINI (2007), o rio está
transformado em um “complexo fluvial de grandes lagos”, onde cada lago representa
um ecossistema singular, que propicia a exploração e utilização múltipla dos recursos
naturais, tendo papel relevante na economia da macro-região onde se encontra
inserido.

No que se refere à qualidade das águas, no entanto, a priorização do uso do Tietê


para geração de energia elétrica resultou em um impacto negativo. Além das
profundas alterações em seu regime hídrico causadas pela construção das represas,
que transformaram o antigo ambiente lótico em ambientes lênticos, suas
características físico-químicas também foram alteradas.

Conforme descreve ROCHA (1991), a história do rio Tietê traduz uma situação que
pode ser considerada como de “inadimplência ambiental”, na qual, no decorrer de
128

muitas décadas em que a sua exploração econômica sobrepujou os demais usos, os


aspectos qualitativos da água e a importância da garantia de suas condições sanitárias
e ambientais foram relegadas a um plano inferior, o que resultou numa situação de
deterioração e contaminação, principalmente em seu trajeto na RMSP.

Todas as iniciativas, desde aquelas planejadas pelo sanitarista Saturnino de Brito,


datadas do início do século, bem como os diversos planos de ação elaborados para a
gestão dos usos do Tietê durante o século XX, tais como o Plano Metropolitano de
Desenvolvimento Integrado (PMDI) e o Saneamento da Grande São Paulo
(SANEGRAN), ambos da década de 1970, foram modificados ou apenas
parcialmente desenvolvidos. (PAGANINI, 2007)

Atualmente, depois das ações implementadas pelo Programa de Despoluição do Rio


Tietê, conhecido como “Projeto Tietê”, criado em 1992, surgem resultados positivos
na questão da qualidade das águas a jusante da capital. Após atravessar a RMSP e
atingir as águas calmas das grandes represas situadas a partir do Médio Tietê, há um
processo de gradativa recuperação, com a consequente ampliação dos seus usos.
Apesar da situação complexa existente na RMSP, inúmeros municípios situados no
interior do Estado convivem com um Tietê em condições apropriadas para os mais
diversos usos, desde a exploração para atividades de lazer e turismo, até a pesca e o
planejamento futuro do abastecimento público. Nas Figuras 24 e 25, imagens do
Tietê no interior do Estado, proporcionada pela melhoria da qualidade das águas.

Figura 24: Lazer às margens do Tietê, na cidade Figura 25: Pesca no Tietê, na cidade de Itapuí.
de Sabino. Reservatório de Promissão. Reservatório de Bariri.
Fonte: PAGANINI, 2007. Fonte: PAGANINI, 2007.
129

Essa evolução é ratificada pelos dados relativos à qualidade das águas, que compõem
a Rede de Monitoramento de Qualidade das Águas Interiores, executada pela
CETESB e publicada anualmente através do Relatório de Qualidade das Águas
Interiores, desde 1974.

A esse respeito, PAGANINI (2007) acrescenta que os ecossistemas formados pelos


grandes lagos construídos ao longo do caudal do Tietê associados à ampliação das
ações voltadas ao tratamento dos esgotos domésticos na bacia e à autodepuração,
processo proporcionado pela exposição dos espelhos d’água e pela simbiose entre
algas e bactérias, contribuem para a melhoria da qualidade do rio após a RMSP.

A construção de barragens no Tietê teve início em 1901, com a construção da Usina


de Santana de Parnaíba. No entanto, a era das grandes represas iniciou-se somente
em 1963, quando foi construída a Usina de Barra Bonita.

A bacia hidrográfica do Tietê possui hoje mais de 35 reservatórios e barragens,


utilizados não somente para geração de energia elétrica, mas também para
abastecimento público, contenção de cheias, irrigação, lazer ou piscicultura.
(PAGANINI, 2007)

Além das alterações no regime hídrico, a diminuição da velocidade das águas e o


aumento do tempo de detenção podem contribuir para a precipitação de elementos
químicos, muitos dos quais podem ser tóxicos, bem como para o processo natural de
autodepuração.

Informações relativas à extensão das áreas inundadas, o volume útil e as vazões dos
principais reservatórios implantados no Tietê podem ser visualizadas na Tabela 22.
130

Tabela 22: Principais reservatórios do rio Tietê.

Ano de Área de Vazão Média Vazão Regular


Reservatório Município Volume Útil (m³)
Operação Inundação (km²) (m³/s) (m³/s)

Ponte Nova Salesópolis 1972 28,1 9,9 7,3 296,0

Penha São Paulo 1984 * * - *

Santana de
Edgard Souza 1955 5,1 90,0 50,9 6,5
Parnaíba
Pirapora do Bom
Pirapora 1956 14,3 10,3 10,3 61,0
Jesus
Pirapora do Bom
Rasgão 1925 1,3 17,0 3,1 1,2
Jesus

Porto Góes Salto 1928 * 132,0 - 0,5

Barra Bonita /
Barra Bonita 1963 310 290,0 222,0 2.566,0
Igaraçú Tietê

Álvaro Souza Lima Bariri / Boracéia 1965 62,5 327,0 238,0 62,0

Ibitinga Ibitinga / Iacanga 1969 113,6 403,0 286,0 52,0

Promissão /
Mário Lopes Leão 1975 530 516,0 382,0 2.128,0
Ubarana
Buritama / Brejo
Nova Avanhandava 1982 210 562,0 405,0 725,0
Alegre
Andradina /
Três Irmãos 1991 817 606,0 386,2 3.440,0
Pereira Barreto

Fonte: Adaptado de PAGANINI, 2007.

4.1.3. O Projeto Tietê

O Projeto Tietê teve início no ano de 1992, sendo o principal resultado das
mobilizações sociais ocorridas no período, inclusive com coleta da assinatura de 1,2
milhões de pessoas favoráveis às ações para sua recuperação e despoluição. Seu
objetivo é ampliar os índices de atendimento com coleta, afastamento e tratamento de
esgotos na RMSP, oferecendo uma melhoria nas condições sanitárias e ambientais da
região. (PAGANINI, 2007; SSE, 2008)

As obras Projeto Tietê estão sob responsabilidade e coordenação da Companhia de


Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP), e foram divididas em etapas.
A 1ª etapa foi realizada no período de 1992 a 1998, com a aplicação de recursos da
ordem de U$ 1,1 bilhão. O objetivo dessa etapa foi atuar nas bacias do Tietê e do
Tamanduateí, com a construção de 3 Estações de Tratamento de Esgotos (ETE São
Miguel, ETE Parque Novo Mundo e ETE ABC), implantação de 1,5 mil km de redes
131

coletoras, 315 km de coletores-tronco, 37 km de interceptores e execução de 250 mil


ligações.

A 2ª etapa foi realizada no período de 2000 a 2008, com investimentos da ordem de


U$ 500 milhões. Executados 33 km de interceptores, 110 km de coletores-tronco,
960 km de redes coletoras e 290 mil ligações de esgoto, além de melhorias na ETE
Barueri. As 3ª e 4ª etapas estão planejadas para o período de 2009 a 2016, com
investimentos estimados em R$ 1,6 bilhões. Serão executados 1250 km de redes
coletoras, 549 km de coletores-tronco e interceptores e ampliação da capacidade de
vazão das ETE’s em 5,9 m³/s. (SSE, 2008)

Os resultados obtidos até o presente momento indicam uma evolução de 14% em


relação à coleta de esgotos e de 46% quanto ao tratamento dos esgotos coletados,
comparativamente aos dados do ano de 1990. Isso representa que, no período de 18
anos, mais de 5 milhões de pessoas passaram a contar com serviço de coleta de
esgotos e mais de 8,5 milhões, com tratamento dos esgotos coletados. A evolução
desses números pode ser observada na Figura 26.

1990 2008
2001
Projeção População:
População: 16 milhões População: 17,6 milhões 19,4 milhões
70% Esgoto
Esgoto
Esgoto coletado gerado na
gerado na 63% RMSP
gerado RMSP
na RMSP 24% tratado 84%
tratado coletado
81% 70%
coletado
tratado

Figura 26: Evolução do atendimento com coleta e tratamento de esgotos na RMSP: Projeto Tietê.
Fonte: SSE, 2008.
132

4.1.4. As Bacias do Tietê

Conforme estabelecido pela Lei 9.034/94, que instituiu o Plano Estadual de Recursos
Hídricos, a bacia do Tietê está dividida em seis Unidades de Gerenciamento dos
Recursos Hídricos (UGRHI’s), sendo: Alto Tietê (AT) - UGRHI 6,
Piracicaba/Capivari/Jundiaí (PCJ) - UGRHI 5, Tietê/Sorocaba (TS) - UGRHI 10,
Tietê/Jacaré (TJ) - UGRHI 13, Tietê/Batalha (TB) - UGRHI 16 e Baixo Tietê (BT) -
UGRHI 19.

A área a ser estudada através do presente trabalho abrange os 233 municípios que
compõem as 6 UGRHI’s que formam a bacia do rio Tietê, que são:

 Alto Tietê (AT): Arujá, Barueri, Biritiba-Mirim, Caieiras, Cajamar,


Carapicuíba, Cotia, Diadema, Embu, Embu-Guaçú, Ferraz de Vasconcelos,
Francisco Morato, Franco da Rocha, Guarulhos, Itapecerica da Serra, Itapevi,
Itaquaquecetuba, Jandira, Mairiporã, Mauá, Mogi das Cruzes, Osasco,
Pirapora do Bom Jesus, Poá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra,
Salesópolis, Santana do Parnaíba, Santo André, São Bernardo do Campo, São
Caetano do Sul, São Paulo, Suzano e Taboão da Serra;

 Piracicaba/Capivari/Jundiaí (PCJ): Águas de São Pedro, Americana,


Amparo, Analândia, Artur Nogueira, Atibaia, Bom Jesus dos Perdoes,
Bragança Paulista, Campinas, Campo Limpo Paulista, Capivari, Charqueada,
Cordeirópolis, Corumbataí, Cosmópolis, Elias Fausto, Holambra,
Hortolândia, Indaiatuba, Ipeúna, Iracemápolis, Itatiba, Itupeva, Jaguariúna,
Jarinu, Joanópolis, Jundiaí, Limeira, Louveira, Mombuca, Monte Alegre do
Sul, Monte Mor, Morungaba, Nazaré Paulista, Nova Odessa, Paulínia, Pedra
Bela, Pedreira, Pinhalzinho, Piracaia, Piracicaba, Rafard, Rio Claro, Rio das
Pedras, Saltinho, Salto, Santa Bárbara d’Oeste, Santa Gertrudes, Santa Maria
da Serra, Santo Antônio da Posse, São Pedro, Sumaré, Tuiuti, Valinhos,
Vargem, Várzea Paulista e Vinhedo;
133

 Tietê/Sorocaba (TS): Alambari, Alumínio, Anhembi, Araçariguama,


Araçoiaba da Serra, Bofete, Boituva, Botucatu, Cabreúva, Capela do Alto,
Cerquilho, Cesário Lange, Conchas, Ibiúna, Iperó, Itu, Jumirim, Laranjal
Paulista, Mairinque, Pereiras, Piedade, Porangaba, Porto Feliz, Quadra, Salto
de Pirapora, São Roque, Sarapuí, Sorocaba, Tatuí, Tietê, Torre de Pedra,
Vargem Grande Paulista e Votorantim;

 Tietê/Jacaré (TJ): Agudos, Araraquara, Arealva, Areiópolis, Bariri, Barra


Bonita, Bauru, Boa Esperança do Sul, Bocaina, Boracéia, Borebi, Brotas,
Dois Córregos, Dourado, Gavião Peixoto, Iacanga, Ibaté, Ibitinga, Igaraçu do
Tietê, Itajú, Itapuí, Itirapina, Jaú, Lençóis Paulista, Macatuba, Mineiros do
Tietê, Nova Europa, Pederneiras, Ribeirão Bonito, São Carlos, São Manuel,
Tabatinga, Torrinha e Trabiju;

 Tietê/Batalha (TB): Adolfo, Avaí, Bady Bassit, Balbinos, Borborema,


Cafelândia, Dobrada, Elisiário, Guaiçara, Guarantã, Ibirá, Irapuã, Itajobí,
Itápolis, Jaci, Lins, Marapoama, Matão, Mendonça, Nova Aliança, Novo
Horizonte, Pirajuí, Piratininga, Pongaí, Potirendaba, Presidente Alves,
Reginópolis, Sabino, Sales, Santa Ernestina, Taquaratinga, Urú e Urupês;

 Baixo Tietê (BT): Alto Alegre, Andradina, Araçatuba, Avanhandava,


Barbosa, Bento de Abreu, Bilac, Birigui, Braúna, Brejo Alegre, Buritama,
Castilho, Coroados, Gastão Vidigal, Glicério, Guaraçaí, Guararapes, Itapura,
José Bonifácio, Lavínia, Lurdes, Macaubal, Magda, Mirandópolis, Monções,
Murutinga do Sul, Nipoã, Nova Castilho, Nova Luzitânia, Penápolis, Pereira
Barreto, Planalto, Poloni, Promissão, Rubiacéia, Santo Antonio do
Aracanguá, Sud Menucci, Turiúba, Ubarana, União Paulista, Valparaiso e
Zacarias.

Ainda conforme preconizado na Lei 9.034/94, as UGRHI’s foram caracterizadas de


acordo com sua vocação econômica, sendo que as Unidades de Gerenciamento Alto
Tietê, Piracicaba/Capivari/Jundiaí e Tietê/Sorocaba foram classificadas como de
134

vocação industrial, a Unidade Tietê/Jacaré está classificada como “em


industrialização” e Tietê/Batalha e Baixo Tietê são classificadas como de vocação
agropecuária. A localização das UGRHI’s do Tietê, a classificação das bacias e suas
principais características físicas e geográficas estão descritas na Figura 27 e Tabela
23, a seguir.

Figura 27: Localização das UGRHI’s do Tietê.


Fonte: Adaptado de PAGANINI, 2007.

Tabela 23: Caracterização das bacias do rio Tietê.


o
Código N Área Drenagem
Bacia Classificação Abrangência
UGRHI Municípios (Km²)

Bacia do rio Tietê, das cabeceiras à barragem de


Alto Tietê (AT) 6 Industrial 34 5.868
Rasgão

Bacia do rio Piracicaba, da divisa de Minas Gerais


Piracicaba/Capivari/
5 Industrial 57 14.178 à sua foz no rio Tietê, mais as bacias dos rios
Jundiaí (PCJ)
Capivari e Jundiaí
Bacia do rio Tietê entre as barragens de Rasgão e
Tietê/Sorocaba (TS) 10 Industrial 33 11.829 Barra Bonita, menos as bacias dos rios Capivari,
Jundiaí e Piracicaba

Em Bacia do rio Tietê entre as barragens de Barra


Tietê/Jacaré (TJ) 13 34 11.779
industrialização Bonita e Ibitinga

Bacias d rio Tietê entre as barragens de Ibitinga e


Tietê/Batalha (TB) 16 Agropecuária 33 13.149
Promissão

Bacia do rio Tietê entre a barragem de Promissão


Baixo Tietê (BT) 19 Agropecuária 42 15.588 e a sua foz, mais a vertente paulista do rio Paraná
até a bacia do córrego Pendenga
FONTE: CETESB, 2005; PERH, 2005; PAGANINI, 2007.
135

Na bacia do rio Tietê encontram-se inseridas importantes áreas metropolitanas do


Estado e outras regiões de alta concentração demográfica. Possui também,
importantes pólos industriais e pólos de desenvolvimento no interior do Estado,
caracterizados pela intensa atividade agropecuária. Em decorrência dessa situação,
pode-se observar a multiplicidade dos usos das águas e uma grande diversidade de
ações antrópicas sobre os recursos hídricos, gerando impactos consideráveis nos
aspectos quali-quantitativos.

Nesse sentido, a comparação das quantidades de água captadas para utilização


urbana e industrial nas diferentes UGRHI’s do Tietê indica que o maior volume é
utilizado no Alto Tietê e o menor volume, no Tietê Batalha. Em relação ao Alto
Tietê, é importante destacar o alto volume captado para abastecimento público, de
cerca de 69,23 m³/s, que pode ser explicado pela elevada densidade populacional da
região. Em relação a essa UGRHI, ainda, destaca-se que há uma importação de
significativo volume de água para abastecimento público, oriunda do
Piracicaba/Capivari/Jundiaí, conforme será detalhado no item 4.1.4.1 a seguir.

A comparação entre os volumes de água captados para utilização urbana ou


industrial nas diferentes UGRHI’s do Tietê pode ser visualizada na Tabela 24.

Tabela 24: Volumes de água captados para uso urbano e industrial nas UGRHI’s do rio Tietê.

Volume Captado (m³/s)


UGRHI
Urbano Industrial Total
Alto Tietê (AT) 69,23 31,56 100,79
Piracicaba-Capivari-Jundiaí (PCJ) 14,90 17,30 32,20
Tietê-Sorocaba (TS) 2,99 4,09 7,08
Tietê-Jacaré (TJ) 5,27 2,12 7,39
Tietê-Batalha (TB) 0,25 1,38 1,63
Baixo-Tietê (BT) 0,86 1,37 2,23

Total das Bacias do Tietê 93,50 57,82 151,32

Total do Estado de São Paulo 150,86 136,94 287,80


FONTE: PERH, 2005.
136

Apesar do volume captado no Alto Tietê corresponder a cerca de 67% do total da


bacia do Tietê, a área de drenagem as vazões médias observadas nessa UGRHI são as
mais baixas, comparando-se com o total da bacia. As maiores vazões encontram-se
no Piracicaba/Capivari/Jundiaí e a maior área de drenagem, no Baixo Tietê. É
importante ressaltar que na vazão média estipulada para o PCJ, está contabilizado o
volume exportado para o Alto Tietê, de cerca de 31,5 m³/s.

A comparação com os dados referentes ao Estado de São Paulo, demonstra que a


bacia do Tietê possui 29% das áreas de drenagem e 21,5% das vazões. O
comparativo das áreas de drenagem e vazões médias da bacia do rio Tietê e do total
do Estado, pode ser visualizado na Tabela 25.

Tabela 25: Áreas de drenagem e vazões médias nas UGRHI’s do rio Tietê e no Estado.
Área de Drenagem Vazão Média
UGRHI
Total (km²) % da Bacia Total (m³/s) % da Bacia
Alto Tietê (AT) 5.868 8,1% 84 12,5%
Piracicaba-Capivari-Jundiaí (PCJ) 14.178 19,6% 172 25,6%
Tietê-Sorocaba (TS) 11.829 16,3% 107 15,9%
Tietê-Jacaré (TJ) 11.779 16,3% 97 14,5%
Tietê-Batalha (TB) 13.149 18,2% 98 14,6%
Baixo-Tietê (BT) 15.588 21,5% 113 16,8%

Total das Bacias do Tietê 72.391 - 671 -

Total do Estado 248.209 - 3.120 -

Fonte: PERH, 2005; PAGANINI, 2007.


137

4.1.4.1. Alto Tietê (AT)

A UGRHI Alto Tietê possui uma área de 5.985 km² e um total de 19,3 milhões de
habitantes, o que corresponde a quase a metade da população do Estado, sendo que a
cidade de São Paulo, com mais de 10,8 milhões de habitantes e 56,3% da população
total da UGRHI, contribui de maneira fundamental para essa aglutinação
populacional. A somatória da população de apenas 5 municípios (São Paulo,
Guarulhos, São Bernardo do Campo, Osasco, Santo André) responde por 76% da
população da UGRHI. (PERH, 2005; FUNDAÇÃO SEADE, 2007; PAGANINI,
2007)

Desse total, estima-se que cerca de 2 milhões de pessoas residem em favelas,


aproximadamente 19% da população total da UGRHI, o que ilustra fortes
desigualdades sociais.

O território abrangido por essa UGRHI ocupa grande parte da RMSP, sendo que dos
municípios metropolitanos, apenas Guararema, Santa Isabel e Juquitiba não integram
a mesma. Embora as áreas desses municípios sejam relativamente grandes, suas
populações respectivas correspondem a cerca de 0,5% do total metropolitano.
Portanto, cerca de 99,5% da população da RMSP (com 8.051 km2 e 39 municípios)
estão localizados na área da UGRHI do Alto Tietê, o que na prática acaba por
resultar em uma similaridade para fins de tendências demográficas, sociais e
econômicas.

Assim, embora os contornos territoriais sejam diferentes, pode-se afirmar que a


RMSP e a UGRHI Alto Tietê possuem a mesma dinâmica econômica, porque ambas
são compostas pelos municípios mais representativos em termos de atividades
econômicas. (PERH, 2005)

É composta por 34 municípios, considerando-se somente os que possuem sede na


área da UGRHI. Na Figura 28, pode-se visualizar o mapa de localização da Unidade
de Gerenciamento no Estado e a delimitação dos municípios que a compõem,
inclusive daqueles que possuem sede fora da UGRHI.
138

Figura 28: Localização e municípios pertencentes à UGRHI Alto Tietê.


Fonte: PERH, 2005.

A estrutura econômica da UGRHI 6 é bastante complexa, pois nela são


desenvolvidas atividades que se entrelaçam entre os setores industrial, comercial e de
serviços, tornando-se difícil apontar uma atividade econômica preponderante.
Considerada metrópole global, a RMSP sofre influência da crescente
internacionalização dos fluxos de bens, serviços e informações que vêm ocorrendo
no Brasil desde início da década de 1990.

A indústria, considerada historicamente a principal atividade econômica


metropolitana, aos poucos cede espaço para as atividades terciárias. Nessa tendência
que vem se consolidando, a região tem vocação para abrigar, ao invés dos parques
produtivos, centros de decisão da economia nacional.

Assim, muitas das indústrias deslocaram sua infra-estrutura produtiva para o interior
ou para outras regiões do país, mantendo seu centro administrativo na capital. Essa
139

mudança das indústrias para o interior paulista, revelou um movimento de


transformação da característica econômica da RMSP, com a troca dos ramos
industriais pelos segmentos de serviços com maior teor tecnológico, mantendo-a
como o principal centro do dinamismo econômico do país. (PERH, 2005)

a) Águas superficiais

Os principais cursos d’água da UGRHI Alto Tietê são os rios Tietê, Claro,
Paraitinga, Biritiba-Mirim, Jundiaí, Taiaçupeba-Mirim, Embu-Guaçu, Embu-Mirim,
Cotia, Baquirivu-Guaçu, Cabuçu de Cima, Tamanduateí, Pinheiros e Juqueri, bem
como os córregos Aricanduva e Cabuçu de Baixo.

A precipitação pluviométrica média anual na UGRHI Alto Tietê é de 1.400 mm, com
maiores intensidades registradas na área próxima a Serra do Mar; na sub bacia
Billings, a média anual chega a 2.500 mm.

A UGRHI possui uma vazão média de 84 m³/s e vazão mínima de 20 m³/s, com
grandes diferenças nos diversos pontos do caudal do Tietê. Enquanto na Barragem de
Ponte Nova, a vazão média é de 8,8 m³/s, na Barragem de Pirapora, já próximo do
limite geográfico com a UGRHI Tietê/Sorocaba, a vazão média é de 102,4 m³/s. As
vazões médias importadas da Bacia Piracicaba/Capivari/Jundiaí são da ordem de
31,5 m³/s, através do Sistema Cantareira e, da Baixada Santista para o Sistema
Guarapiranga, são importados cerca de 1 m³/s. Em ambos os casos a utilização é
destinada ao abastecimento público. A título de exportação, a UGRHI Alto Tietê
encaminha cerca de 20,6 m³/s para a Baixada Santista, para fins de aproveitamento
hidrelétrico. (PERH, 2005)

Essa exportação ocorre através da reversão do rio Tietê ao longo do canal do rio
Pinheiros, com bombeamento para a Represa Billings e geração de energia na Usina
Henry Borden, localizada no município Cubatão. Implantado como Projeto Serra, em
1927, esse sistema é hoje conhecido como Tietê-Billings. Devido aos impactos da
qualidade das águas da Represa Billings, desde o ano de 1992, as manobras de
reversão são controladas e efetuadas somente em casos excepcionais, como por
140

exemplo, para controle de cheias. (PAGANINI, 2007)

A Tabela 26, a seguir, descreve as áreas de drenagem e vazões médias aproximadas


ao longo do rio Tietê na UGRHI Alto Tietê.

Tabela 26: Áreas de drenagem e vazões características aproximadas ao longo do Tietê, na UGRHI
Alto Tietê.
Área de Drenagem Vazão Média
Trechos
(km²) (m³/s)
Rio Tietê, em Ponte Nova 320 8,80
Rio Tietê, jusante da foz rio Paraitinga 593 13,20
Rio Tietê, jusante da foz do rio Biritiba 715 16,30
Rio Tietê, jusante da foz do rio Jundiaí 1.083 23,90
Rio Tietê, jusante da foz do rio Taiaçupeba 1.325 29,00
Rio Tietê, montante da Penha 1.906 32,20
Rio Tietê, foz do rio Pinheiros 4.652 85,80
Rio Tietê, em Edgard Souza 4.818 89,30
Rio Tietê, na Barragem de Pirapora 5.833 102,40
FONTE: PERH, 2005.

Cabe ressaltar que, por se tratar de uma bacia altamente regularizada e controlada por
uma diversidade de obras hidráulicas, como barramentos, sistemas de recalque e
controle de cheias, torna-se indiferente definir um regime fluviométrico natural de
vazões mínimas, médias e máximas para esta UGRHI. Os efeitos das complexas
operações de transferências de vazões inter e intrabacia geram um regime de vazões
bastante peculiar. (PERH, 2005)

Além disso, as características das vazões dos cursos d’água da RMSP foram sendo
alteradas gradualmente devido ao processo de urbanização, à implantação do sistema
Tietê-Billings e ao lançamento de grandes quantidades de esgotos. O recobrimento
do solo permeável alterou a dinâmica do escoamento artificial.

A UGRHI Alto Tietê é caracterizada pela expressiva presença de reservatórios, com


utilização destinada ao abastecimento público ou à geração de energia elétrica. Os
principais reservatórios instalados nessa UGRHI, bem como dados a respeito das
vazões, áreas e volume de cada um deles encontram-se descritos na Tabela 27.
141

Tabela 27: Principais reservatórios localizados na UGRHI Alto Tietê.


Área de Área Inundada Volume Útil Vazão Regularizada
Reservatório Rio
Drenagem (km²) (km²) (106m3) (m³/s)
Águas Claras Águas Claras 26,0 0,2 0,8 0,3
Biritiba Biritiba Mirim 75,0 9,0 34,4 1,8
Pedro Beicht Cotia 64,0 2,1 14,1 0,9
Billings (Rio Grande) Grande 183,0 20,7 153,1
Billings (Pedreira) Grande 377,0 106,8 995,0
Guarapiranga Guarapiranga 630,0 33,9 182,2 9,5
Jundiaí Jundiaí 116,0 15,7 60,0 2,1
Paiva Castro Juqueri 314,0 5,3 10,1 1,3
Paraitinga Paraitinga 182,0 5,2 35,0 2,0
Ribeirão do Campo Ribeirão do Campo 12,0 2,0 13,8 1,0
Taiaçupeba Taiaçupeba 224,0 18,0 82,0 3,0
Ponte Nova Tietê 320,0 25,7 296,0 7,3
Edgard souza Tietê 3.354,0 4,0 9,8 50,9
Pirapora Tietê 5.649,0 11,4 53,0 10,3
Rasgão Tietê 5.810,0 0,9 3,1 3,1
Fonte: Adaptado de PERH, 2005.

Ressalta-se que, em relação ao Reservatório de Biritiba, as obras estão concluídas e o


reservatório encontra-se em fase de formação.

Os reservatórios Jundiaí, Taiaçupeba, Biritiba e Paraitinga fazem parte do Sistema


Produtor Alto Tietê, que abastecem a RMSP em conjunto com o Reservatório Ponte
Nova, localizado junto ao município de Salesópolis.

Diante do nível de descaracterização dos recursos hídricos dessa bacia, tanto sob o
aspecto sanitário quanto hidrológico, o nível de recarregamento do lençol freático é
praticamente inexistente, sendo que atualmente os rios ou canais são alimentados
durante os períodos de seca pelo lançamento de esgotos, e na época de chuvas, pelo
deflúvio oriundo das bacias impermabilizadas, inclusive, às vezes, acima da sua
capacidade máxima, causando inundações.

Do volume total de água utilizado nessa UGRHI, 79% é destinada ao uso urbano,
17% ao uso industrial e 4% à irrigação. (CETESB, 2007)

O comparativo dos usos, em termos percentuais, pode ser visualizado na Figura 29.
142

Alto Tietê

Industrial
17% Irrigação
4%

Urbano
79%

Figura 29: Usos da água na UGRHI Alto tietê.


Fonte: PERH, 2005; CETESB, 2007.

Além da utilização da água para abastecimento público e industrial, e para a irrigação


de plantações, registram-se usos significativos para geração de energia elétrica. Os
usos voltados para a produção agrícola são destinados principalmente à produção de
hortifrutigranjeiros na região próxima à nascente. Em relação ao uso industrial,
destacam-se os municípios de Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema,
Mauá e Guarulhos.

São registrados também, de forma bastante expressiva, usos da água para recepção
de efluentes domésticos e industriais, sendo que, neste último caso, esses efluentes
têm origem principalmente em metalúrgicas, indústrias farmacêuticas,
automobilísticas, químicas, têxteis, dentre outras. (PAGANINI, 2007)

b) Uso e ocupação do solo

Sob o aspecto geomorfológico, a UGRHI está completamente inserida no Planalto


Atlântico, que se caracteriza como uma região de terras altas, constituída
predominantemente por rochas cristalinas. Em relação à questão de vegetação e uso
do solo, possui uma estreita faixa de florestas contínuas ou com menor nível de
fragmentação nas porções leste/sudeste, junto à escarpa da Serra do Mar e
143

sul/sudoeste e ao norte, em áreas da Serra da Cantareira.

Na área urbana de São Paulo e demais cidades conurbadas, a distribuição das


manchas de vegetação nativa é bastante irregular, estando restritas basicamente a
locais como o Parque Fontes do Ipiranga, Parque da Serra da Cantareira, Pico do
Jaraguá, e Serra do Itapeti. (PERH, 2005; CETESB, 2007)

A utilização do solo é bastante diversificada. Na região da nascente do rio,


predominam as atividades agrícolas e a mineração de não metálicos para a
construção civil. Na RMSP, é intensa a ocupação urbana. (PAGANINI, 2007)

A UGRHI Alto Tietê é constituída, em geral, por áreas de baixa suscetibilidade a


erosão em relação aos aspectos do meio físico, sendo que a alta criticidade verificada
em algumas áreas desta bacia se deve aos fatores de uso e ocupação inadequados do
solo. Principalmente no município de São Paulo, constata-se a ocupação irregular de
margens de córregos, geralmente por favelas, com a construção de aterros expostos à
ação erosiva das águas dos córregos, sem qualquer tipo de proteção.

As áreas com muito alto potencial natural à erosão são encontradas em solos do
embasamento cristalino em relevos de serras e escarpas, em declividades superiores a
30%, com predominâncias de solos rasos, nas denominadas associações
cambissolos/podzólicos e litólicos/cambissolos, que favorecem a ocorrência de
processos erosivos. Ocorrem principalmente nas serras da Cantareira e Jaraguá. As
áreas consideradas com alta suscetibilidade são descritas em pontos do embasamento
cristalino em relevos de morros com declividades superiores a 20%. Ocorrem na
Serra da Cantareira, na região de Cajamar, a nordeste de Guarulhos, em Ferraz de
Vasconcelos, Mauá, Ribeirão Pires e Salesópolis. (PERH, 2005)

A vegetação natural corresponde a 27,2% da área total, com ocorrência


principalmente na porção sul, sudeste, centro-norte e sudoeste, destacando-se os
municípios de São Paulo, São Bernardo, Mogi das Cruzes, Cotia e Salesópolis.
(CETESB, 2007)
144

4.1.4.2. Piracicaba/Capivari/Jundiaí (PCJ)

A UGRHI Piracicaba/Capivari/Jundiaí possui uma área de drenagem de 15.414 km²,


dos quais, 14.178 km² estão em área do Estado de São Paulo. É constituída pelas
bacias hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, estes com locais de
escoamento independentes no rio Tietê. A bacia hidrográfica do rio Piracicaba,
dentro do Estado de São Paulo, apresenta uma área de drenagem superior a 76% em
relação ao total da UGRHI. (PERH, 2005)

Nesta Unidade de Gerenciamento está situada a Região Metropolitana de Campinas


(RMC) que integra 19 municípios, sendo que somente 4 municípios (Campinas,
Limeira, Piracicaba e Jundiaí), concentram cerca de 43% da população total da
UGRHI. A população de Campinas representa, por si só, aproximadamente, 22%
desse total.

A UGRHI Piracicaba/Capivari/Jundiaí é a segunda mais populosa do Estado de São


Paulo. As cidades próximas ao entorno de Campinas e Jundiaí encontram-se num
estágio avançado de conurbação, fenômeno induzido pela relativa proximidade da
capital e pela boa qualidade da malha viária existente. Mesmo estando com um porte
demográfico considerável, a dinâmica econômica que vem apresentando essa região
nas últimas décadas do século passado, leva a crer que haverá um crescimento
populacional acima da média do Estado. (PERH, 2005)

As principais indústrias da região se situam no município de Campinas e nos


municípios em seu entorno, principalmente em Paulínia, Indaiatuba, Sumaré,
Americana e Santa Bárbara d´Oeste, seguidas pelos municípios de Piracicaba,
Limeira e Jundiaí. O município de Campinas caracteriza-se, também, por possuir um
setor terciário expressivo.

É composta por 57 municípios que possuem sua sede na área da UGRHI. Na Figura
30, pode-se visualizar o mapa de localização da UGRHI no Estado e delimitação dos
municípios que a compõem, inclusive daquelas cuja sede está fora da bacia.
145

Figura 30: Localização e municípios pertencentes à UGRHI Piracicaba/Capivari/Jundiaí.


Fonte: PERH, 2005.

A região abrangida pela UGRHI é a segunda de maior importância econômica do


Estado; somados os valores adicionados e a população de todos os seus municípios,
chega-se a um resultado que só é superado pela UGRHI Alto Tietê. Alguns de seus
municípios fazem parte do Complexo Metropolitano Expandido (CME) que reúne
regiões metropolitanas e aglomerações urbanas que se articulam fortemente com a
RMSP. O parque produtivo é bastante diversificado, destacando-se indústrias com
acentuado conteúdo tecnológico produtoras de componentes para os setores de
telecomunicação e informática, além de montadoras de automóveis, refinaria de
petróleo, fábricas de papel e celulose, indústrias alimentícias e usinas
sucroalcooleiras. (PERH, 2005)

Essa UGRHI foi a pioneira em organização de Comitê de Bacias, sendo que


atualmente, além do Plano de Bacias, já conta com a cobrança pelo uso das águas.
(PAGANINI, 2007)
146

a) Águas superficiais

Os principais cursos d’água da UGRHI Piracicaba/Capivari/Jundiaí são os rios


Capivari, Capivari-Mirim e Jundiaí, este que deságua na margem direita do rio Tietê,
junto à Barragem de Porto Góes, bem como os rios Jundiaí-Mirim, Piraí, Atibaia,
Corumbataí, Jaguari e Piraricaba, cuja foz encontra-se no Reservatório da Usina de
Barra Bonita. (CETESB, 2005)

A precipitação pluviométrica média anual nesta UGRHI varia entre 1.200 e 1.800
mm anuais, sendo que nos trechos das cabeceiras dos cursos formadores do rio
Piracicaba, na região da Mantiqueira, ocorrem as maiores precipitações
pluviométricas, cujos índices superam os 2.000 mm anuais. Tais índices caem para
1.400 e 1.200 mm nos cursos médios e baixos, respectivamente. (PERH, 2005)

A UGRHI possui uma vazão média de 172 m³/s e vazão mínima estimada de 43 m³/s.
Desse total, porém, em particular as vazões da bacia do Piracicaba não se encontram
totalmente à disposição para uso nessa bacia, pois cerca de 31,5 m³ são exportados
para a RMSP, via Sistema Cantareira. Para efetuar tal derivação, foram implantados
três reservatórios nas cabeceiras na bacia do Piracicaba (Jaguari-Jacareí, Atibainha e
Cachoeira). Simultaneamente ao atendimento da RMSP, esses reservatórios
fornecem uma vazão de 15 m³/s para o rio Atibaia em Paulínia e 40 m³/s para o rio
Piracicaba na cidade do mesmo nome. (PERH, 2005; CETESB, 2007)

Dados da CETESB para o ano de 2005 apontam que nos trechos dos rios Atibaia,
Capivari, Jundiaí e Piracicaba, que se encontram em regiões de alta densidade
populacional, os usos são conflitantes e a eutrofização de seus mananciais se
encontra em estágio avançado. (CETESB, 2005; PERH, 2005)

Do volume total de água utilizado nessa UGRHI, 43% é destinado ao uso urbano,
37% ao uso industrial e 20% à irrigação. (CETESB, 2007).

O comparativo dos usos, em termos percentuais pode ser visualizado na Figura 31.
147

Piracicapa/Capivari/Jundiaí

Irrigação
20%
Industrial
37%
Urbano
43%

Figura 31: Usos da água na UGRHI Piracicaba/Capivari/Jundiaí.


Fonte: PERH, 2005; CETESB, 2007.

Além da utilização da água para abastecimento público e industrial, e para a irrigação


de plantações, registram-se usos para geração de energia elétrica e recreação, além da
quantidade exportada para utilização na UGRHI Alto Tietê.

São registrados também, usos da água para afastamento dos efluentes domésticos e
industriais, sendo que, neste último caso, esses efluentes têm origem principalmente
em indústrias químicas, têxteis, eletrônicas, metalúrgicas e agroindústria. (CETESB,
2005; PAGANINI, 2007)

b) Uso e ocupação do solo

A geomorfologia da UGRHI Piracicaba/Capivari/Jundiaí é caracterizada por zonas


de Planalto Atlântico, na parte leste, sendo constituído por relevo montanhoso, com
morros, alcançando altitudes superiores a 1.200 m, e vales chegando a cotas
altimétricas entre 750 e 850 m. Na parte central, encontram-se zonas da Depressão
Periférica, que apresenta topografia colinosa e localiza-se em uma faixa de
aproximadamente 50 km. Na parte nordeste, localizam-se as Cuestas Basálticas,
constituídas por relevo escarpado desenvolvido sobre rochas basálticas.

A utilização do solo é bastante diversificada, sendo predominante a utilização pela


148

atividade rural. Da área total de 14.178 km² correspondente a essa UGRHI, somente
691,5 km² são ocupados por áreas urbanas ou industriais, que equivale a 4,9%. Na
sub bacia do rio Camanduacaia, inclusive, a porcentagem da área destinada à
agricultura chega a 98,6%. A bacia do rio Jundiaí é a que possui área urbana mais
extensa, correspondendo a 10,2% da área total da UGRHI. (PERH, 2005)

Na Tabela 28, encontram-se descritas as distribuições das áreas das bacias e sub
bacias da UGRHI Piracicaba/Capivari/Jundiaí conforme as classes de uso do solo, de
acordo com estudo efetuado pelo Plano de Bacias do período de 2000 a 2003 e
publicado no Plano Estadual de Recursos Hídricos de São Paulo para o período de
2004 a 2007.

Tabela 28: Distribuição das áreas da UGRHI Piracicaba/Capivari/Jundiaí de acordo com as classes
de uso do solo, em km².
Área de Agricultura Cobertura Pastagens Áreas % da Área
Refloresta
Bacia Sub Bacia Drenagem Vegetal e Campos Urbanas e
mentos
(km²) Temporária Perene Natural Antrópicos Industriais Urbana Rural

Camanducaia 860,0 7,0 78,0 38,7 43,9 680,1 12,3 1,4 98,6
Jaguari 2.180,0 424,6 385,8 74,4 63,2 1.182,3 49,8 2,3 97,7
Atibaia 2.820,0 117,3 68,9 343,0 123,9 2.017,6 149,8 5,3 94,7
Piracicaba
Corumbataí 1.690,0 372,6 35,5 126,0 87,5 1.027,5 41,0 2,4 97,6
Piracicaba 3.908,0 1.412,5 209,9 162,0 35,9 1.720,9 229,8 6,1 93,9
Sub Total 11.458,0 2.334,0 778,1 744,1 354,4 6.628,4 482,7 4,3 95,7
Capivari 1.570,0 733,0 21,8 35,2 35,6 652,7 91,7 5,8 94,2
Jundiaí 1.150,0 72,9 20,1 146,9 64,8 727,8 117,5 10,2 89,8
Total da UGRHI 14.178,0 3.139,9 820,0 926,2 454,8 8.008,9 691,9 4,9 95,1

Fonte: Adaptado de PERH, 2005.

No que se refere à atividade agrícola, a distribuição na UGRHI ocorre de forma


bastante irregular: na porção superior da bacia do Piracicaba predominam pastagens
e agricultura tradicional; na região média destacam-se a citricultura ao norte, a
hortifruticultura no entorno da cidade de Campinas e o reflorestamento ao sul. Na
porção inferior da bacia do Piracicaba e na bacia do Capivari predomina a agricultura
canavieira. (PERH, 2005)

Vegetação remanescente da Floresta Estacional Semidecídua e Cerrado encontra-se


fragmentada, cobrindo cerca de 7,2% da área total da UGRHI, onde localizam-se 2
Unidades de Conservação de Proteção Integral, 15 Unidades de Uso Sustentável e 7
Áreas Especialmente Protegidas. (CETESB, 2007)
149

Quanto à erodibilidade do terreno, a UGRHI Piracicaba/Capivari/Jundiaí é


constituída, em geral, por áreas de média suscetibilidade a erosão em relação aos
aspectos do meio físico. Cerca de 76% da área total está localizado em pontos de
média criticidade à erosão, 16% de alta criticidade e 10% de baixa criticidade.

Em relação aos movimentos do solo, a área da UGRHI é também considerada de


média criticidade, estando associados mais às atividades antrópicas do que às
condições naturais do relevo. (PERH, 2005)

4.1.4.3. Tietê/Sorocaba (TS)

A UGRHI Tietê/Sorocaba possui uma área de drenagem de 11.829 km², sendo


constituída por uma série de bacias hidrográficas de cursos d’água que desembocam
no rio Tietê desde a barragem de Rasgão até a de Barra Bonita.

Na década de 1990, esta UGRHI registrou um dos crescimentos demográficos mais


expressivos do Estado, de cerca de 2,8 % a.a. Até o ano de 2025, a estimativa é que o
número de habitantes deverá aumentar em quase 1 milhão de habitantes, o que
representa cerca de 60% da população atual, quando o grau de urbanização deverá
atingir 94,3%. Os municípios mais populosos são Sorocaba, Itu e Botucatu.
Sorocaba, como pólo regional, concentra cerca de 31% da população total desta
Unidade de Gerenciamento. A densidade demográfica de 132,03 hab/km² está num
patamar mediano em relação às densidades registradas entre as demais UGRHI’s do
Estado. (PERH, 2005)

É composta por 34 municípios. Na Figura 32 pode-se visualizar o mapa de


localização da UGRHI no Estado e delimitação dos municípios que a compõem,
inclusive daqueles que possuem sede fora dos limites da bacia.
150

Figura 32: Localização e municípios pertencentes à UGRHI Tietê/Sorocaba.


Fonte: PERH, 2005.

O município de Sorocaba é o centro de maior destaque na atividade industrial dessa


UGRHI, sendo que nos municípios vizinhos, Votorantim e Alumínio, também
localizam-se empreendimentos de grande porte no ramo da indústria de
transformação. Na década de 1980, esta região foi o destino de boa parte das
indústrias que deslocaram suas instalações da RMSP para o interior do Estado,
intensificando o processo de industrialização iniciado nos anos de 1970. A
disponibilidade de boa infra-estrutura viária e de matéria-prima agrícola e mineral
são os principais fatores, apontados como indutores do seu desenvolvimento
industrial, que colocaram Sorocaba como um dos principais pólos econômicos
regionais do Estado. (PERH, 2005)

Na atividade industrial destacam-se as indústrias têxteis, alimentícias, química,


mecânica, eletrônica e agroindústrias. (PAGANINI, 2007)
151

Na atividade agrícola, as lavouras de cana-de-açúcar, milho e olericultura


predominam, sendo que há também extensas áreas de reflorestamento de pinus e
eucaliptos. No setor terciário merecem destaque os municípios de Botucatu e Itu,
importantes centros de ensino universitário. (CETESB, 2005, PERH, 2005)

a) Águas superficiais

Dentre os cursos d’água dessa UGRHI, o mais importante é o rio Sorocaba, cuja
bacia possui uma área de drenagem que atinge 6.830 km². Outros constituintes
relevantes dessa UGRHI são os rios Pirajibú, Ipanema, Tatuí e Sarapuí. Além disso,
outros três afluentes importantes desse trecho do Tietê fazem parte da UGRHI
Piracicaba/Capivari/Jundiaí e são os rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. (CETESB,
2005; PERH, 2005)

A precipitação pluviométrica média anual nesta UGRHI é de 1.270 mm ao ano, com


período mais chuvoso compreendido entre os meses de outubro a março, sendo
agosto o mês mais seco.

A UGRHI possui uma vazão média de 107 m³/s e vazão mínima de 22 m³/s. Destaca-
se nessa Unidade de Gerenciamento, a existência de 8 reservatórios utilizados
principalmente para geração de energia elétrica, controle de cheias e abastecimento
público, sendo que, dentre eles, pode-se citar os Reservatórios de Itupararanga, Barra
Bonita e Porto Góes. Dados a respeito das vazões, áreas e volume desses
reservatórios encontram-se descritos na Tabela 29.

Tabela 29: Principais reservatórios da UGRHI Tietê/Sorocaba.


Área de Volume Útil
Reservatório Rio
Drenagem (km²) (106m3)
Itupararanga Sorocaba 851,0 165,6
Porto Góes Tietê 826,5 0,55
Barra Bonita Tietê 813,0 2.566,0
Fonte: Adaptado de PERH, 2005.
152

O Reservatório de Itupararanga, utilizado atualmente para gerar energia para a


Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), destaca-se pela capacidade de alterar todo
o comportamento hidráulico do rio Sorocaba, em função de sua localização, nas
cabeceiras, seu expressivo volume de armazenamento e sua área de drenagem, que
chega a controlar cerca de 1/6 da bacia. (PERH, 2005)

Do volume total de água utilizado nessa UGRHI, 29% é destinada ao uso urbano,
24% ao uso industrial e 47% à irrigação. O comparativo dos usos, em termos
percentuais pode ser visualizado na Figura 33.

Tietê/Sorocaba

Irrigação
47%
Urbano
29%
Industrial
24%

Figura 33: Usos da água na UGRHI Tietê/Sorocaba.


Fonte: PERH, 2005; CETESB, 2007.

Além da utilização da água para abastecimento público, industrial e irrigação de


plantações, registram-se usos para geração de energia elétrica, navegação, recreação
e afastamento dos efluentes domésticos e industriais.

Registra-se nesta UGRHI, também, transferências de recursos hídricos entre bacias.


São importados cerca de 0,32 m³/s da bacia do rio Pardo para abastecimento da
cidade de Botucatu e 0,04 m³/s do rio Cotia para abastecimento de Vargem Grande
Paulista. (PERH, 2005)

No que se refere à qualidade das águas, registra-se os impactos causados pela


exportação de poluentes da UGRHI Alto Tietê, situação agravada pela contribuição
dos rios Jundiaí, Capivari e Piracicaba. (PAGANINI, 2007)
153

b) Uso e ocupação do solo

A geomorfologia da UGRHI Tietê/Sorocaba relaciona-se à ocupação de terrenos de


Planalto Atlântico, Depressão Periférica e Cuestas Basálticas. O rio Tietê, entre
Pirapora e a Usina de Porto Góes, está situado no Planalto Atlântico, em seguida
percorre a depressão periférica e atravessa as Cuestas Basálticas até a barragem de
Barra Bonita. (PERH, 2005)

O trecho superior da bacia apresenta uma grande concentração da atividade mineral,


destacando-se pela importância econômica, a argila para a indústria de cerâmica
vermelha para revestimento e areia para construção civil.

A cobertura vegetal da UGRHI ocupa cerca de 15% da sua área total, destacando-se
as formações florestais, cerrados e regiões denominadas de Tensão Ecológica,
localizadas entre florestas e cerrados. Em relação à erodibilidade do terreno, a
UGRHI Tietê/Sorocaba é constituída, em geral, por áreas de média suscetibilidade a
erosão em relação aos aspectos do meio físico. Cerca de 55% da área total está
localizada em pontos de média criticidade, 23% de alta criticidade e 22% de baixa
criticidade. (PERH, 2005)

4.1.4.4. Tietê/Jacaré (TJ)

A UGRHI Tietê/Jacaré possui uma área de drenagem de 11.779 km², estando


localizada na porção central do Estado.

Os municípios com maior número de habitantes são Bauru, Araraquara, São Carlos e
Jaú, sendo que o município de Bauru, com mais de 300 mil habitantes, figura entre
os 20 municípios com maior população do Estado, sendo considerado o pólo regional
principal da UGRHI. É importante destacar também, os municípios de São Carlos e
154

Araraquara, que apresentam grande influência na região devido à concentração de


importantes centros de formação universitária. (PERH, 2005)

É composta por 34 municípios, sendo que na Figura 34, pode-se visualizar o mapa de
localização da UGRHI no Estado e delimitação dos municípios que a compõem.

Figura 34: Localização e municípios pertencentes à UGRHI Tietê/Jacaré.


Fonte: PERH, 2005.

A agroindústria tem importante participação econômica na UGRHI, principalmente


pelas grandes usinas de açúcar e álcool instaladas próximas aos municípios de
Araraquara e Jaú. A agricultura e pecuária também são atividades relevantes,
merecendo destaque a estreita interação entre a produção do setor primário e
secundário, que ocorre através das lavouras de cana-de-açúcar e laranja fornecedoras
de insumo básico para as usinas sucroalcooleiras e pelos rebanhos de gado de corte
que suprem frigoríficos e curtumes, muito comuns na região. (CETESB, 2005,
PERH, 2005)
155

As principais culturas dessa região são a cana-de-açúcar, a laranja, pastagens e


reflorestamento, além da silvicultura e da fruticultura, que também tem presença
marcante na UGRHI. (PAGANINI, 2007)

a) Águas superficiais

Os principais afluentes no rio Tietê na UGRHI Tietê/Jacaré são os rios Jacaré-Guaçú,


Jacaré-Pepira, Claro, Lençóis, Bauru e Jaú.

A precipitação pluviométrica média anual nesta UGRHI situa-se na faixa de 1.200 a


1.600 mm ao ano, sendo os maiores volumes registrados na região de São Carlos e os
menores no entorno de Pederneiras. A UGRHI possui uma vazão média de 97 m³/s e
vazão mínima de 40 m³/s, sendo considerada crítica em termos de disponibilidade
hídrica superficial, principalmente devido às elevadas demandas decorrentes das
atividades de irrigação. (PERH, 2005; PAGANINI, 2007)

Os principais reservatórios existentes na UGRHI e dados a respeito das respectivas


vazões, áreas e volume encontram-se descritos na Tabela 30.

Tabela 30: Principais reservatórios da UGRHI Tietê/Jacaré.


Área de Área Inundada Volume Útil Vazão Média
Reservatório Rio 6 3)
Drenagem (km²) (km²) (10 m (m³/s)
Lobo Tietê 32.330,0 310,0 2.566,0 222,0

Souza Lima (Bariri) Tietê 35.430,0 62,5 62,0 238,0


Ibitinga Tietê 43.500,0 113,6 53,0 286,0
Fonte: Adaptado de PERH, 2005.

Entre os diversos usos da água, destaca-se sua utilização para abastecimento público
e industrial, geração de energia elétrica, recepção de efluentes domésticos e
industriais, recreação, irrigação e navegação, uma vez que nessa UGRHI encontra-se
um trecho de 140 km da hidrovia Tietê-Paraná. (PAGANINI, 2007)
156

Do volume total de água utilizado nessa UGRHI, 20% é destinada ao uso urbano,
33% ao uso industrial e 47% à irrigação. (CETESB, 2007)

O comparativo dos usos, em termos percentuais pode ser visualizado na Figura 35.

Tietê/Jacaré

Irrigação
47% Urbano
20%

Industrial
33%

Figura 35: Usos da água na UGRHI Tietê/Jacaré.


Fonte: PERH, 2005; CETESB, 2007.

Registra-se nesta UGRHI, a importação de 0,480 m³/s da UGRHI Tietê/Batalha (480 l/s)
a partir do Rio Batalha, visando ao abastecimento da cidade de Bauru. (PERH, 2005)

b) Uso e ocupação do solo

A cobertura vegetal original da área dessa UGRHI é constituída por cerrados,


cerradões, matas ciliares e formações vegetais associadas aos banhados. Essa
cobertura vem sofrendo impactos dos desmatamentos, inicialmente devido à
expansão cafeeira, e mais recentemente, em função da cultura da cana-de-açúcar e da
pecuária extensiva.

Apesar desse fato, diversas áreas ainda apresentam cobertura vegetal natural de
grande importância, associada, em geral, às escarpas das Cuestas Basálticas e a
fundos de vales e planícies fluviais, além dos remanescentes de matas mesófilas
157

localizadas em colinas suaves. A vegetação natural remanescente cobre 7,1% do total


da área da UGRHI. (PERH, 2005; CETESB, 2007)

Em relação à situação natural do terreno quanto aos efeitos da erosão, a área da


UGRHI Tietê/Jacaré encontra-se composta, em geral, por áreas de média
suscetibilidade, que corresponde a cerca de 65% da área total. As áreas com altas
suscetibilidades respondem por 11% da área total da UGRHI e as áreas com baixa
suscetibilidade, correspondem a 24%. (PERH, 2005)

4.1.4.5. Tietê/Batalha (TB)

Localizada na porção centro-oeste do Estado, a UGRHI Tietê/Batalha possui uma


área de drenagem de 13.149 km², sendo composta por uma série de cursos d’água
que desembocam no reservatório formado no rio Tietê pela barragem da Usina de
Promissão. O estirão desse reservatório é de aproximadamente 100 km e atinge, no
extremo de montante, a barragem da Usina de Ibitinga. (PERH, 2005; PAGANINI,
2007)

É composta por 33 municípios, sendo que os principais são Matão, Lins e


Taquaritinga que, em conjunto, respondem por cerca de 41% da sua população total.
A população da maioria dos municípios que formam essa UGRHI não atinge 10 mil
habitantes.

O mapa de localização da UGRHI no Estado e delimitação dos municípios que a


compõem, inclusive daqueles que possuem sede em outra bacia, pode ser visualizado
na Figura 36.
158

Figura 36: Localização e municípios pertencentes à UGRHI Tietê/Batalha.


Fonte: PERH, 2005.

A economia da UGRHI Tietê/Batalha é predominantemente agrícola e, ao contrário


das demais UGRHI’s anteriormente apresentadas, não possui problemas latentes de
disponibilidade hídrica superficial. Nesse caso, entretanto, ressalvas podem ser feitas
à região do ribeirão dos Bagres, devido à irrigação, e ao ribeirão Três Pontes, em
decorrência do uso industrial. (PAGANINI, 2007)

Diversas áreas localizadas no entorno do reservatório da Usina de Promissão foram


desenvolvidas para abrigar atividades de esportes náuticos, pesca e navegação. Além
de alternativas de recreação e lazer para a população, esses locais acabam por se
tornar pólos turísticos no interior, trazendo desenvolvimento e crescimento
econômico para a região onde a UGRHI está inserida.
159

a) Águas superficiais

O principal recurso hídrico da UGRHI Tietê/Batalha é o rio Tietê, destacando-se


também os rios Batalha, Dourado e São Lourenço.

A precipitação pluviométrica média anual nesta UGRHI é de 1.232 mm ao ano,


sendo os períodos de estiagem registrados nos meses de maio a setembro. A UGRHI
possui uma vazão média de 98 m³/s e vazão mínima é de 31 m³/s. Estão localizadas
em sua área as Usinas Hidrelétricas Mário Leão, em Promissão, e Reynado
Gonçalves, em Catanduva. (PERH, 2005; CETESB, 2007)

O Reservatório da Usina Hidrelétrica de Promissão, localizado no rio Tietê, possui


uma área de 530 km², um volume útil de 2.128 m³ e uma vazão regular de 382 m³/s.
(PERH, 2005)

Do volume total de água utilizado nessa UGRHI, 11% é destinada ao uso urbano,
15% ao uso industrial e 74% à irrigação. (CETESB, 2007)

O comparativo dos usos, em termos percentuais pode ser visualizado na Figura 37.

Tietê/Batalha

Urbano
11%
Irrigação
74%
Industrial
15%

Figura 37: Usos da água na UGRHI Tietê/Batalha.


Fonte: PERH, 2005; CETESB, 2007.

Além da utilização para abastecimento público, industrial e irrigação, destaca-se


nessa UGRHI utilização para recepção de efluentes domésticos e industriais,
recreação, irrigação e navegação. Os efluentes industriais são oriundos
principalmente das indústrias alimentícias e curtumes. (PAGANINI, 2007)
160

b) Uso e ocupação do solo

A área da UGRHI é composta por rochas sedimentares e depósitos vulcânicos da


Bacia do Paraná (Formação Serra Geral), além dos depósitos Cenozóicos, sendo
composto basicamente por areias e argilas, arenitos de granulação muito fina, fina a
grossa, basaltos e arenitos.

Possui grandes áreas de potencialidades ao desenvolvimento de processos erosivos,


sendo que 68% da sua área localiza-se em pontos de alta suscetibilidade à erosão.
Ainda, 28% da área situa-se em pontos com média suscetibilidade à erosão e apenas
4% em locais com baixa suscetibilidade. (PERH, 2005)

Das bacias do rio Tietê, a UGRHI Tietê/Batalha é a que apresenta maior


potencialidade de desenvolvimento de processos erosivos e movimentação de
massas. Em relação à vegetação, apenas cerca de 5,7% da área total da bacia é
coberta pela vegetação nativa, conforme se pode observar na Tabela 31, a seguir.

Tabela 31: Tipos de utilização do solo e respectivas áreas na UGRHI Tietê/Batalha.

% da Área
Tipo de Uso do Solo Área (km²)
Total
Vegetação natural 750 5,7%
Culturas perenes 2.325 17,8%
Cuturas temporárias 1.275 9,8%
Outras utilizações 8.694 66,7%
Total 13.044 100,0%
Fonte: Adaptado de PERH, 2005.

A cobertura vegetal natural é representada pelas florestas tropicais subcaducifólia,


cerrados e vegetação de várzea. Como exemplo de cultura perene na UGRHI cita-se
o café e o citrus. As culturas temporárias são representadas, principalmente, pela
cana-de-açúcar.
161

4.1.4.6. Baixo Tietê (BT)

Situada na região noroeste do Estado, a UGRHI Baixo Tietê possui uma área de
drenagem de 15.588 km², sendo definida, basicamente, pelas bacias hidrográficas de
vários cursos d’água afluentes ao rio Tietê, desde a barragem da Usina Mário Lopes
Leão, em Promissão, até a sua foz no reservatório de Jupiá no rio Paraná, numa
extensão de cerca de 200 km. (PERH, 2005; PAGANINI, 2007)

É composta por 42 municípios, sendo que os principais são Araçatuba, Birigui,


Andradina e Penápolis que, em conjunto, concentram cerca de 55% da população
total da UGRHI. O mapa de localização da UGRHI no Estado e delimitação dos
municípios que a compõem, inclusive daqueles que possuem sede fora da área da
bacia pode ser visualizado na Figura 38.

Figura 38: Localização e municípios pertencentes à UGRHI Baixo Tietê.


Fonte: PERH, 2005.
162

Em relação às atividades econômicas, a agroindústria tem forte presença na UGRHI,


sendo determinante para grande parte da produção agrícola, perceptível pelas
extensas áreas das lavouras de cana-de-açúcar que abastecem as usinas de açúcar e
álcool localizadas principalmente em Araçatuba, Mirandópolis, Andradina e
Penápolis. A pecuária regional também se articula com as atividades industriais,
fornecendo couro para as fábricas de calçado e carne para frigoríficos e indústrias
alimentícias. (PERH, 2005; PAGANINI, 2007)

Nesta UGRHI, a Hidrovia Tietê-Paraná possui 310 km de extensão, entre as


barragens de Promissão, no rio Tietê, e Castilho, no rio Paraná. (PAGANINI, 2007)

Assim como na UGRHI Tietê/Batalha, existem nessa Unidade de Gerencimento


muitas áreas de atração para esportes náuticos, pesca e navegação possibilitando o
desenvolvimento e o aproveitamento das áreas marginais das represas. Assim a
população dispõe de excelentes alternativas de recreação e lazer que, aproveitadas,
criam pólos turísticos no interior, trazendo desenvolvimento e crescimento
econômico para a região.

a) Águas superficiais

O principal recurso hídrico da UGRHI Tietê/Batalha é o rio Tietê, desde a barragem


da Usina de Promissão até a sua foz no rio Paraná.

A precipitação pluviométrica média anual nesta UGRHI é da ordem de 1.000 a 1.300


mm ao ano, com período chuvoso no período de outubro a abril. (PERH, 2005)

A UGRHI possui uma vazão média de 112,5 m³/s e vazão mínima é de 26,3 m³/s.
Estão localizadas em sua área as Usinas Hidrelétricas Souza Dias, Nova
Avanhandava e Três Irmãos, estas últimas localizadas no rio Tietê. A Usina Souza
Dias (Jupiá) localiza-se no rio Paraná.

Dados a respeito das vazões, áreas e volume dos reservatórios pertencentes a essas
Usinas encontram-se descritos na Tabela 32.
163

Tabela 32: Principais reservatórios da UGRHI Baixo Tietê.

Área de Área Inundada Volume Útil Vazão Regularizada


Reservatório Rio 6 3)
Drenagem (km²) (km²) (10 m (m³/s)
Souza Dias (Jupiá) Paraná 470.000,0 544,0 903,0 4440,0
Nova Avanhandava Tietê 62.300,0 210,0 380,0 405,0
Três Irmãos Tietê 70.600,0 817,0 3.448,0 417,0
Fonte: Adaptado de PERH, 2005.

Entre os diversos usos da água, destaca-se sua utilização para abastecimento público
e industrial, geração de energia elétrica, recepção de efluentes domésticos e
industriais, recreação, irrigação e navegação. Os efluentes industriais são oriundos
principalmente das indústrias alimentícias e de calçados.

Do volume total de água utilizado nessa UGRHI, 10% é destinada ao uso urbano,
14% ao uso industrial e 76% à irrigação. (CETESB, 2007)

O comparativo dos usos, em termos percentuais pode ser visualizado na Figura 39.

Baixo Tietê

Urbano
10%
Irrigação
76% Industrial
14%

Figura 39: Usos da água na UGRHI Baixo Tietê.


Fonte: PERH, 2005; CETESB, 2007.

Apesar de se tratar da UGRHI com maior disponibilidade hídrica entre as bacias do


rio Tietê, considera-se que a mesma seja insuficiente para atender de forma adequada
o uso para abastecimento público, devido às altas vazões utilizadas na irrigação. O
comprometimento atinge 50% da disponibilidade de água, o que a torna crítica em
termos de recursos hídricos superficiais. (PAGANINI, 2007)
164

b) Uso e ocupação do solo

O relevo da UGRHI Baixo Tietê apresenta formas bastante suavizadas, sendo


composta por Colinas Amplas e Colinas Médias. As principais unidades geológicas
desta UGRHI são a Formação Serra Geral, Formação Santo Anastácio, Formação
Adamantina e Depósitos Aluviais, com solos predominantemente do tipo areias e
argilas, arenitos médios, finos a muito finos, basaltos e arenitos. (PERH, 2005)

Com uma área total de 16,7 mil km², a cobertura vegetal natural representa apenas
2,55% do total da área ocupada pela UGRHI, sendo que as formações florestais de
mata foram devastadas em quase sua totalidade e substituídas pela agropecuária,
cujas áreas são predominantes na UGRHI, correspondendo a uma taxa de 77,4%.

As formas de uso do solo no Baixo Tietê e suas respectivas áreas encontram-se


descritas na Tabela 33.

Tabela 33: Tipos de utilização do solo e respectivas áreas na UGRHI Baixo Tietê.
% da Área
Tipo de Uso do Solo Área (km²)
Total
Vegetação natural 395 2,4%
Reflorestamento 17 0,1%
Cuturas perenes 1.234 7,4%
Culturas temporárias 979 5,9%
Cana-de-açúcar 1.085 6,5%
Pastagens 12.924 77,4%
Áreas urbanas e sistema rodo-ferroviário 65 0,4%
Total 16.699 100,0%
Fonte: Adaptado de PERH, 2005.

Em relação à tendência natural do solo para ocorrência de processos erosivos, apesar


do número reduzido de ocorrências, a UGRHI apresenta, de forma geral, alta
suscetibilidade à erosão, sendo que da sua área total, cerca de 50% corresponde a
locais com alta suscetibilidade. Ainda, 45% dos solos possuem média suscetibilidade
e apenas 5%, baixa suscetibilidade aos processos erosivos. (PERH, 2005)
165

4.2. Variáveis Estudadas

O presente trabalho foi desenvolvido a partir de dados secundários, levantados para


um período de 22 anos, compreendido entre 1986 e 2007.

Para avaliar as possíveis fontes de fósforo na bacia do rio Tietê, foram levantadas
informações sobre as principais fontes antrópicas desse nutriente nas águas,
decorrentes das atividades urbana e agrícola.

No que se refere à atividade urbana, foram consideradas informações sobre


concentração populacional total e urbana e número de indústrias por ramo de
atividade e, para a atividade agrícola, considerou-se a extensão das áreas
agricultáveis de acordo com os diferentes tipos de cultura.

As informações relativas à concentração de fósforo na coluna d’água e no sedimento


foram fundamentadas a partir de dados secundários oriundos da Rede de
Monitoramento da Qualidade das Águas Interiores do Estado de São Paulo
operacionalizada pela CETESB, registrados e disponibilizados anualmente nos
Relatórios de Qualidade das Águas Interiores no Estado de São Paulo.

De acordo com VON SPERLING (2005), citando Mota (1988), a efetivação de um


trabalho de quantificação das cargas poluidoras em uma bacia hidrográfica deve
levar em conta também outros levantamentos que abrangem dados físicos e
comportamento hidráulico, tais como geologia, precipitação pluviométrica,
escoamento, variações climáticas, temperatura, evaporação, vazões, volume de
reservatório, profundidade, etc.

No caso do presente trabalho, tais informações não serão estudadas, devendo-se


considerar que as condições físicas e hidráulicas das bacias permaneceram numa
média constante durante o período a ser analisado. Além disso, conforme citam
MEYBECK et al. (1996), a análise básica das medidas necessárias para melhoria da
qualidade de determinada água consiste em avaliar, identificar e delimitar
espacialmente os impactos sofridos.
166

4.2.1. Atividade Urbana

No que se refere à atividade urbana, foram compilados os dados sobre população


total e urbana, por município, disponibilizados pela Fundação Sistema Nacional de
Análise de Dados (SEADE) através do sistema de Informações dos Municípios
Paulistas (IMP). O período levantado é de 22 anos, compreendido entre os anos de
1986 e 2007.

Vale ressaltar que as informações censitárias estão disponibilizadas até o ano de


2000, sendo que no período de 2001 a 2007, os dados sobre população total e urbana
referem-se a projeções disponibilizadas pela própria Fundação Seade.

Em relação ao número de indústrias por ramo de atividade, os dados foram obtidos


junto à CETESB através do Sistema de Informações sobre Fontes de Poluição
(SIPOL) para os anos 1995 e 2008. O SIPOL contém o cadastro das emissões das
licenças de instalação e funcionamento de um empreendimento, bem como das
inspeções realizadas nas indústrias pela CETESB.

Para complementação dos dados relativos à atividade industrial e avaliação das


possíveis cargas de fósforo lançadas no rio Tietê a partir dessa fonte, buscou-se
levantar as vazões de acordo com o ramo de atividade. Esses dados, entretanto, não
se encontram disponibilizados ou compilados através do SIPOL.

4.2.2. Atividade Agrícola

Para verificação da atividade agrícola, foram utilizadas as informações


disponibilizadas pela Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) através
do Levantamento das Unidades de Produção Agropecuária (LUPA), trabalho que
apresenta as condições de uso agrícola do solo paulista de acordo com as diferentes
167

culturas, efetuado nos anos de 1998 e 2008.

Anteriormente a esse período, a título de complementação do trabalho, são


apresentados os dados disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) através Censo Agropecuário. Essas informações foram obtidas
através do Plano Estadual de Recursos Hídricos (PERH) - 2004 a 2007.

Vale ressaltar que a metodologia adotada pelo IBGE é bastante diferente da aplicada
pela CATI, visto que esta efetua um levantamento individualizado por unidade
agrícola, utilizando critérios de classificação dos tipos de uso de solo, de acordo com
a cultura (cultura perene, cultura temporária, cultura anual, pastagens e vegetação
nativa), conforme abordado no item 3.4.1 do presente trabalho.

Apesar de se considerar que o levantamento apresentado pela CATI através do


projeto LUPA possui informações que oferecem maiores contribuições para a
elaboração do presente trabalho, os dados do IBGE também serão apresentados como
forma de se avaliar a evolução da extensão das áreas irrigadas entre os anos de 1985
e 1995.

4.2.3. Dados sobre Fósforo na Coluna d’Água e no Sedimento

Os dados secundários sobre as concentrações de fósforo na coluna d’água e no


sedimento foram compilados a partir das informações fornecidas anualmente pela
CETESB, através da Rede de Monitoramento de Águas Interiores, apresentadas no
Relatório de Qualidade das Águas Interiores. Além de ser o sistema oficial de
controle e monitoramento da qualidade das águas do Estado de São Paulo, a
utilização dos dados dessa rede de monitoramento permitirá uma análise da evolução
histórica das concentrações desse nutriente no rio, uma vez que as localizações dos
pontos de amostragem permenecem inalteradas.
168

Cabe ressaltar que somente em 2002 passou a ser operada pela CETESB a Rede de
Monitoramento do Sedimento, sendo que a análise de fósforo total foi efetuada nos
anos de 2004 e 2005.

Embora seja um levantamento mais recente e com menor disponibilidade de dados, a


avaliação do comportamento do fósforo no sedimento é de grande importância,
considerando-se a elevada capacidade de redução desse nutriente através da
precipitação.
169

4.3. Identificação e Localização dos Pontos de Amostragem da CETESB

Para o desenvolvimento do presente trabalho foram utilizados os dados referentes ao


fósforo na coluna d’água e no sedimento nos pontos de monitoramento operados pela
CETESB no caudal do rio Tietê. A análise a partir do caudal do rio visa restringir a
amplitude dos dados, dada a grande extensão da bacia e o elevado número de pontos
monitorados. Além disso, entende-se que a análise das informações no caudal do rio
resume o conjunto das ações antrópicas ocorridas em toda a extensão da bacia
hidrográfica.

A Rede de Monitoramento operada pela CETESB possui 222 pontos de amostragem


nas bacias do Tietê, dos quais, 104 pertencem à rede básica, sendo 22 localizados no
caudal do rio Tietê, ao longo das diferentes UGRHI’s, assim distribuídos:

• Alto Tietê - 9 pontos: TIET 02050, TIET 02090, TIET 03120, TIET 04150,
TIET 04170, TIET 04180, TIET 04200, TIES 04900 e TIPI 04900;

• Piracicaba/Capivari/Jundiaí não são monitorados pela CETESB pontos no


caudal do rio Tietê, visto que neste ponto, o caudal do rio encontra-se
inserido totalmente na UGRHI Tietê/Sorocaba;

• Tietê/Sorocaba - 07 pontos: TIRG 02900, TIET 02350, TIET 02400, TIET


02450, TIBT 02500, TIBB 02100 e TIBB 02700;

• Tietê/Jacaré - 1 ponto: TIET 0250;

• Tietê/Batalha - 2 pontos : TIET 02600 e TIPR 02990;

• Baixo Tietê - 3 pontos: TIET 02700, TITR 02100 e TITR 02800.

A identificação dos pontos e detalhamento de suas características principais, como


localização, distância da nascente e enquadramento de acordo com a classificação
prevista na legislação vigente (Decreto Estadual 10.755/77), encontra-se descrita na
Tabela 34, a seguir.
170

Tabela 34: Localização e características dos pontos de amostragem da CETESB na coluna d’água.
Código do Distância a partir da Classe Corpo
UGRHI Localização
Ponto nascente (km) D'Água
Ponte na rodovia que liga Mogi das Cruzes a Salesópolis, município de
TIET02050 Alto Tietê 0 02
Biritiba-Mirim.
TIET02090 Alto Tietê Na captação principal do município de Mogi das Cruzes. 20 02

TIET03120 Alto Tietê A jusante da ETE de Suzano, município de Suzano. 35 03


Ponte na Rodovia Ayrton Senna, a montante do Parque Ecológico, antes da
TIET04150 Alto Tietê 77 04
saída 19 - Aeroporto Guarulhos.
TIET04170 Alto Tietê Ponte na Av. Aricanduva, município de São Paulo. 102 04

TIET04180 Alto Tietê Ponte das Bandeiras, na Av. Santos Dumont, município de S Paulo. 112 04
Ponte dos Remédios, na Av. Marginal e Rodovia Presidente Castelo Branco,
TIET04200 Alto Tietê 120 04
município de São Paulo.
Aproximadamente 0,5 km da comporta do reservatório de Pirapora, no
TIES04900 Alto Tietê 160 04
município de Pirapora do Bom Jesus.
Próximo às comportas da barragem do Reservatório de Pirapora, no
TIPI04900 Alto Tietê 201 04
município de Pirapora do Bom Jesus.
Próximo das comportas do Reservatório de Rasgão, município de Pirapora
TIRG02900 Tietê/Sorocaba 273 02
do Bom Jesus.
A cerca de 300 m da ponte da Rodovia do Açúcar (SP-308), na Fazenda
TIET02350 Tietê/Sorocaba 396 02
Santa Isabel, município de Laranjal Paulista.
TIET02400 Tietê/Sorocaba Ponte na rodovia SP-113, que liga Tietê a Capivari, em Tietê. 443 02

TIET02450 Tietê/Sorocaba Ponte na estrada para a fazenda Santo Olegário, em Laranjal Pta. 463 02
Ponte na rodovia SP-191 que liga Santa Maria da Serra a São Manuel,
TIBT02500 Tietê/Sorocaba 568 02
município de Botucatu.
No meio do corpo central, a jusante da confluência dos rios Tietê e
TIBB02100 Tietê/Sorocaba 598 02
Piracicaba, no município de Botucatu.
No meio do corpo central, na direção do Córrego Araquazinho, município
TIBB02700 Tietê/Sorocaba 602 02
de São Manuel.
Ponte na rodovia SP-255 que liga São Manuel a Jaú, a jusante do
TIET02500 Tietê/Jacaré 607 02
Reservatório de Barra Bonita, município de Lençois Paulista.
Margem direita, jusante do canal de fuga da casa de força da Usina
TIET02600 Tietê/Batalha 705 02
Hidrelétrica de Ibitinga, no município de Reginópolis.
A montante da barragem de Promissão, próximo do vertedouro, no
TIPR02990 Tietê/Batalha 800 02
município de Promissão.
Ponte na rod. BR-153, no trecho que liga Lins a José Bonifácio, a jusante
TIET02700 Baixo Tietê 865 02
da barragem de Promissão.
Ponte na rodovia SP-463, no trecho que liga Araçatuba a Jales, no
TITR02100 Baixo Tietê 945 02
município de Araçatuba.
Ponte na rodovia SP-563, no trecho que liga Pereira Barreto a Andradina,
TITR02800 Baixo Tietê 1065 02
município de Pereira Barreto.
Fonte: SÃO PAULO, 1977; CETESB, 2007; PAGANINI, 2007.

Em relação à rede de monitoramento sedimento, conforme já citado, a análise da


variável fósforo total foi efetuada somente nos anos de 2004 e 2005. Em 2004, as
análises foram efetuadas nos pontos TIET 02050 e TIPI 04850; em 2005, os pontos
foram TIBB 02100, TIET 02050 e TITR 02100. A descrição dos pontos e de suas
características principais encontra-se descrita na Tabela 35, a seguir.

Tabela 35: Localização e características dos pontos de amostragem da CETESB no sedimento.


Código do Distância a partir da
UGRHI Localização
Ponto nascente (km)

TIET02050 Alto Tietê Na captação da SABESP no município de Biritiba-Mirim. 0


No corpo central do Reservatório de Barra Bonita, a jusante da
TIBB02100 Tietê/Sorocaba 598
confluência dos Rios Tiête e Piracicaba.
TIPI04850 Tietê/Sorocaba Aproximadamente 0,5 Km da comporta do Reservatório. 605

TITR02100 Baixo Tietê No Reservatório 3 Irmãos, em frente a captação de Araçatuba. 945

Fonte: CETESB, 2004; CETESB, 2005.

A representação esquemática da localização dos pontos monitorados pela CETESB


na coluna d’água e sedimento localizados no caudal do Tietê, que serão avaliados no
presente trabalho, pode ser visualizada na Figura 40.
171

Figura 40: Representação esquemática da localização dos pontos de amostragem operados pela CETESB no caudal do Tietê – coluna d’água e sedimento.
Fonte: Adaptado de CETESB, 2007.
172

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Evolução das Variáveis

Para verificação das variáveis, foram levantados os dados disponíveis sobre


concentração populacional total e urbana, número de indústrias por ramo de
atividade e extensão das áreas agricultáveis.

As informações demográficas são anuais, abrangendo o período de 1986 a 2007,


enquanto os dados sobre indústrias e áreas agricultáveis correspondem aos anos de
1995 e 2008, e 1998 e 2008, respectivamente.

5.1.1. Concentração Populacional Total e Urbana

A bacia do rio Tietê possui atualmente mais de 28 milhões de habitantes, valor que
corresponde a 70,6% da população total do Estado de São Paulo. Esse percentual
permanece praticamente inalterado nos últimos 22 anos, uma vez que em 1986 essa
bacia possuía 70,4% da população total do Estado.

Em relação à população urbana, a bacia do Tietê possui atualmente mais de 27


milhões de habitantes, o que corresponde a 71,0% da população urbana do Estado de
São Paulo. Esse percentual apresenta-se inferior aos dados de 1986, quando a bacia
do Tietê possuía mais de 18 milhões de habitantes, correspondendo a 72,9% do total
do Estado de São Paulo. Tal situação indica uma redução da participação urbana das
bacias do Tietê em relação à evolução verificada no Estado de São Paulo, em termos
173

percentuais, não obstante o crescimento absoluto da população urbana dessa bacia


tenha sido bastante elevado, de mais 8,5 milhões de habitantes.

Pelos dados levantados, pode-se inferir que esse comportamento tenha resultado da
evolução da população urbana da UGRHI Alto Tietê. Nessa UGRHI, a população
urbana que era de 13,5 milhões de habitantes em 1986 passou para 18,4 milhões de
habitantes em 2007, o que, em termos percentuais, representa uma alteração de
72,4% do total da bacia do Tietê em 1986 para 67,5% em 2007. De forma inversa, no
que se refere aos dados percentuais, a maior expansão da população urbana, em
relação ao total das bacias do Tietê, ocorre no Piracicaba/Capivari/Jundiaí, cujo
índice foi alterado de 14,2% em 1986 para 17,2% em 2007, com um crescimento
populacional de 2,1 milhões de habitantes.

Na Tabela 36, a seguir, pode-se verificar os dados referentes a população total e


urbana do Estado de São Paulo e de cada UGRHI do Tietê.
174

Tabela 36: População total e urbana da UGRHI’s do Tietê e do Estado de São Paulo – Período de 1986 a 2007.

Total do Estado de São


Total das Bacias do Tietê Alto Tietê Piracicaba/Capivari/jundiaí Tietê/Sorocaba Tietê/Jacaré Tietê/Batalha Baixo Tietê
Paulo

População Total População Urbana População Total População Urbana População Total População Urbana População Total População Urbana População Total População Urbana População Total População Urbana População Total População Urbana
Ano
População População
% sobre % sobre % sobre % sobre % sobre % sobre % sobre % sobre % sobre % sobre % sobre % sobre % sobre % sobre
Total Urbana Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº
Total do Total da Total da Total da Total da Total da Total da Total da Total da Total da Total da Total da Total da Total da
Habitantes Habitantes Habitantes Habitantes Habitantes Habitantes Habitantes Habitantes Habitantes Habitantes Habitantes Habitantes Habitantes Habitantes
Estado Bacia Bacia Bacia Bacia Bacia Bacia Bacia Bacia Bacia Bacia Bacia Bacia Bacia

1986 28.303.376 25.738.468 19.918.264 70,4% 18.761.805 72,9% 13.941.584 70,0% 13.580.958 72,4% 2.978.133 15,0% 2.668.146 14,2% 1.026.876 5,2% 862.026 4,6% 989.479 5,0% 875.863 4,7% 385.563 1,9% 284.049 1,5% 596.629 3,0% 490.763 2,6%

1987 28.903.923 26.392.091 20.340.788 70,4% 19.205.153 72,8% 14.199.474 69,8% 13.844.692 72,1% 3.070.863 15,1% 2.767.566 14,4% 1.059.407 5,2% 892.820 4,6% 1.014.689 5,0% 903.709 4,7% 390.798 1,9% 293.291 1,5% 605.557 3,0% 503.075 2,6%

1988 29.517.213 27.066.806 20.772.419 70,4% 19.664.916 72,7% 14.461.949 69,6% 14.119.481 71,8% 3.166.627 15,2% 2.870.550 14,6% 1.092.791 5,3% 924.451 4,7% 1.040.341 5,0% 932.182 4,7% 396.156 1,9% 302.708 1,5% 614.555 3,0% 515.544 2,6%

1989 30.143.516 27.751.617 21.213.354 70,4% 20.130.023 72,5% 14.729.112 69,4% 14.394.143 71,5% 3.265.521 15,4% 2.977.218 14,8% 1.127.028 5,3% 956.910 4,8% 1.066.435 5,0% 961.272 4,8% 401.643 1,9% 312.307 1,6% 623.615 2,9% 528.173 2,6%

1990 30.783.108 28.452.560 21.663.905 70,4% 20.606.537 72,4% 15.001.131 69,2% 14.674.570 71,2% 3.367.675 15,5% 3.087.710 15,0% 1.162.129 5,4% 990.231 4,8% 1.092.969 5,0% 990.987 4,8% 407.254 1,9% 322.086 1,6% 632.747 2,9% 540.953 2,6%

1991 31.436.273 29.161.205 22.124.245 70,4% 21.093.540 72,3% 15.278.104 69,1% 14.958.923 70,9% 3.473.166 15,7% 3.205.456 15,2% 1.198.118 5,4% 1.024.058 4,9% 1.119.915 5,1% 1.020.469 4,8% 412.982 1,9% 331.382 1,6% 641.960 2,9% 553.252 2,6%

1992 32.031.639 29.737.424 22.543.135 70,4% 21.475.262 72,2% 15.525.936 68,9% 15.163.940 70,6% 3.566.953 15,8% 3.302.056 15,4% 1.236.749 5,5% 1.058.981 4,9% 1.144.136 5,1% 1.046.632 4,9% 419.005 1,9% 339.914 1,6% 650.356 2,9% 563.739 2,6%

1993 32.629.867 30.315.989 22.928.646 70,3% 21.827.636 72,0% 15.772.061 68,8% 15.367.722 70,4% 3.652.331 15,9% 3.392.567 15,5% 1.278.358 5,6% 1.094.607 5,0% 1.164.660 5,1% 1.070.548 4,9% 427.475 1,9% 350.375 1,6% 633.761 2,8% 551.817 2,5%

1994 33.240.084 30.907.354 23.363.666 70,3% 22.223.666 71,9% 16.037.215 68,6% 15.588.369 70,1% 3.745.827 16,0% 3.487.678 15,7% 1.317.139 5,6% 1.130.107 5,1% 1.188.559 5,1% 1.096.732 4,9% 433.241 1,9% 358.919 1,6% 641.685 2,7% 561.861 2,5%

1995 33.848.251 31.497.750 23.798.054 70,3% 22.619.215 71,8% 16.302.020 68,5% 15.807.984 69,9% 3.839.331 16,1% 3.583.164 15,8% 1.356.150 5,7% 1.165.980 5,2% 1.212.377 5,1% 1.122.985 5,0% 438.877 1,8% 367.424 1,6% 649.299 2,7% 571.678 2,5%

1996 34.451.927 32.085.021 24.231.960 70,3% 23.014.403 71,7% 16.567.575 68,4% 16.027.647 69,6% 3.932.463 16,2% 3.678.641 16,0% 1.395.160 5,8% 1.201.951 5,2% 1.235.894 5,1% 1.149.100 5,0% 444.362 1,8% 375.892 1,6% 656.506 2,7% 581.172 2,5%

1997 35.062.867 32.682.432 24.671.416 70,4% 23.418.139 71,7% 16.843.431 68,3% 16.256.575 69,4% 4.026.078 16,3% 3.776.697 16,1% 1.434.514 5,8% 1.238.305 5,3% 1.253.488 5,1% 1.171.513 5,0% 449.603 1,8% 384.223 1,6% 664.302 2,7% 590.826 2,5%

1998 35.698.511 33.302.253 25.133.885 70,4% 23.840.664 71,6% 17.134.048 68,2% 16.499.134 69,2% 4.121.714 16,4% 3.874.989 16,3% 1.475.018 5,9% 1.275.790 5,4% 1.277.028 5,1% 1.197.929 5,0% 454.942 1,8% 392.716 1,6% 671.135 2,7% 600.106 2,5%

1999 36.346.903 33.934.750 25.604.738 70,4% 24.271.288 71,5% 17.430.498 68,1% 16.746.661 69,0% 4.218.396 16,5% 3.974.627 16,4% 1.516.669 5,9% 1.314.433 5,4% 1.300.880 5,1% 1.224.797 5,0% 460.340 1,8% 401.351 1,7% 677.955 2,6% 609.419 2,5%

2000 36.974.378 34.538.004 26.060.834 70,5% 24.686.697 71,5% 17.716.094 68,0% 16.982.976 68,8% 4.313.105 16,6% 4.071.651 16,5% 1.557.747 6,0% 1.352.666 5,5% 1.323.986 5,1% 1.251.107 5,1% 465.482 1,8% 409.834 1,7% 684.420 2,6% 618.463 2,5%

2001 37.497.970 35.096.137 26.437.447 70,5% 25.061.345 71,4% 17.944.131 67,9% 17.193.282 68,6% 4.394.575 16,6% 4.159.317 16,6% 1.591.031 6,0% 1.390.143 5,5% 1.345.251 5,1% 1.274.558 5,1% 471.004 1,8% 416.978 1,7% 691.455 2,6% 627.067 2,5%

2002 38.032.544 35.658.692 26.822.224 70,5% 25.437.196 71,3% 18.176.902 67,8% 17.401.495 68,4% 4.477.934 16,7% 4.248.799 16,7% 1.625.149 6,1% 1.428.619 5,6% 1.366.873 5,1% 1.298.371 5,1% 476.709 1,8% 424.202 1,7% 698.657 2,6% 635.710 2,5%

2003 38.578.438 36.232.023 27.215.404 70,5% 25.820.433 71,3% 18.414.541 67,7% 17.613.723 68,2% 4.563.217 16,8% 4.340.134 16,8% 1.660.107 6,1% 1.468.119 5,7% 1.388.867 5,1% 1.322.559 5,1% 482.630 1,8% 431.496 1,7% 706.042 2,6% 644.402 2,5%

2004 39.136.048 36.816.416 27.617.293 70,6% 26.211.276 71,2% 18.657.184 67,6% 17.830.050 68,0% 4.650.497 16,8% 4.433.406 16,9% 1.695.942 6,1% 1.508.676 5,8% 1.411.240 5,1% 1.347.121 5,1% 488.804 1,8% 438.882 1,7% 713.626 2,6% 653.141 2,5%

2005 39.705.706 37.412.251 28.028.174 70,6% 26.609.983 71,1% 18.904.972 67,4% 18.050.581 67,8% 4.739.820 16,9% 4.528.637 17,0% 1.732.676 6,2% 1.550.329 5,8% 1.433.993 5,1% 1.372.072 5,2% 495.298 1,8% 446.348 1,7% 721.415 2,6% 662.016 2,5%

2006 40.175.797 37.934.806 28.367.726 70,6% 26.955.447 71,1% 19.111.009 67,4% 18.242.568 67,7% 4.813.194 17,0% 4.609.599 17,1% 1.763.963 6,2% 1.587.304 5,9% 1.453.047 5,1% 1.393.271 5,2% 499.662 1,8% 452.953 1,7% 726.851 2,6% 669.752 2,5%

2007 40.653.736 38.466.681 28.713.162 70,6% 27.307.426 71,0% 19.320.577 67,3% 18.438.509 67,5% 4.887.922 17,0% 4.691.885 17,2% 1.795.876 6,3% 1.625.116 6,0% 1.472.374 5,1% 1.414.773 5,2% 504.066 1,8% 459.626 1,7% 732.347 2,6% 677.517 2,5%
175

A partir desses dados, pode-se verificar que o crescimento populacional anual médio
da bacia do Tietê e do Estado de São Paulo, apresenta uma tendência de
desaceleração gradativa para o período de 22 anos, o que ocorreu de forma mais
acentuada a partir da década de 1990. Ainda que a população na bacia do Tietê e no
Estado de São Paulo tenha aumentado de forma significativa em termos numéricos, o
crescimento médio da população total foi reduzido de 2,1% no ano de 1986 para
1,2% no ano de 2007 e o crescimento médio da população urbana foi reduzido de
2,4% em 1986 para 1,3% em 2007. Para o total do Estado de São Paulo, o
crescimento médio da população total foi alterado de 2,1% em 1986 para 1,2% em
2007, enquanto o crescimento médio da população urbana foi alterado de 2,5% em
1986 para 1,4% em 2007.

O comparativo do crescimento médio da população total e da população urbana da


bacia do Tietê e do Estado de São Paulo, bem como a tendência de desaceleração
acima descrita pode ser visualizada na Figura 41, abaixo.

3,0%

2,5%

2,0%

1,5%

1,0%
1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Bacia do Tietê - População Total Bacia do Tietê - População Urbana Estado - População Total Estado - População Urbana

Figura 41: Evolução do crescimento anual médio da populacão total e urbana do Estado de São Paulo
e da bacia do Tietê – Período 1986 a 2007.

Verifica-se ainda, que a população total da bacia do Tietê apresentou um crescimento


anual médio de 1,76% enquanto o crescimento da população urbana foi de 1,80% a.a.
176

No Alto Tietê o crescimento médio da população total foi de 1,57% ao ano e da


população urbana, de 1,47% ao ano, tratando-se da única bacia que apresentou
crescimento da população urbana inferior ao da população total. Além disso,
verifica-se que o crescimento populacional médio na UGRHI Alto Tietê, para o
período de 22 anos, foi o mais reduzido comparativamente às demais UGRHIs.

A maior taxa de crescimento anual ocorre nas UGRHI’s Piracicaba/Capivari/Jundiaí


e Tietê/Sorocaba. No PCJ o crescimento médio da população urbana foi de 2,73% ao
ano e no TS, foi de 3,07% ao ano. Tais informações podem ser observadas na Figura
42, abaixo.

3,50%

3,07%
3,00%
2,73% 2,70%

2,50% 2,39%
2,31% 2,32%

2,00% 1,91%
1,76% 1,80%
1,57% 1,55%
1,47%
1,50%
1,28%

0,98%
1,00%

0,50%

0,00%
Bacia Tietê Alto Tietê Pirac/Capiv/Jundiaí Tietê/Sorocaba Tietê/Jacaré Tietê/Batalha Baixo Tietê

Total Urbana

Figura 42: Crescimento anual médio da população total e urbana, por UGRHI, e do total da bacia do
Tietê – Período 1986 a 2007.

Vale ressaltar que o crescimento populacional verificado nas UGRHI’s


Piracicaba/Capivari/Jundiaí e Tietê/Sorocaba pode ser resultado da tendência de
transferência de sistemas de produção industrial da RMSP para o interior, com
177

consequente mudança no comportamento da concentração populacional, conforme


abordado no item 4.1.4.1.

A respeito dessas informações, é importante destacar que, apesar do percentual de


crescimento médio da população apresentado pelo Alto Tietê ser mais reduzido
comparativamente às demais UGRHI’s, o seu impacto é bastante elevado em termos
numéricos, uma vez que a ampliação média no número de habitantes dessa bacia foi
de 256 mil habitantes, enquanto o total da bacia do Tietê foi de 418 mil. Ou seja, o
crescimento médio da população do Alto Tietê, ainda que mais reduzido em termos
percentuais, comparativamente às demais UGRHI’s, corresponde ainda a 61,2% do
aumento populacional verificado no total da bacia do Tietê.

O crescimento anual da população total e urbana, em número de habitantes, das


diferentes UGRHI’s do Tietê pode ser visualizado na Tabela 37.

Tabela 37: Crescimento anual da população total e urbana das UGRHI’s do Tietê – Período de 1986
a 2007.
Piracicaba/Capivari/
Bacia do Tietê Alto Tietê Tietê/Sorocaba Tietê/Jacaré Tietê/Batalha Baixo Tietê
Jundiaí
Ano
Total Urbana Total Urbana Total Urbana Total Urbana Total Urbana Total Urbana Total Urbana

1987 422.524 443.348 257.890 263.734 92.730 99.420 32.531 30.794 25.210 27.846 5.235 9.242 8.928 12.312

1988 431.631 459.763 262.475 274.789 95.764 102.984 33.384 31.631 25.652 28.473 5.358 9.417 8.998 12.469

1989 440.935 465.107 267.163 274.662 98.894 106.668 34.237 32.459 26.094 29.090 5.487 9.599 9.060 12.629

1990 450.551 476.514 272.019 280.427 102.154 110.492 35.101 33.321 26.534 29.715 5.611 9.779 9.132 12.780

1991 460.340 487.003 276.973 284.353 105.491 117.746 35.989 33.827 26.946 29.482 5.728 9.296 9.213 12.299

1992 418.890 381.722 247.832 205.017 93.787 96.600 38.631 34.923 24.221 26.163 6.023 8.532 8.396 10.487

1993 385.511 352.374 246.125 203.782 85.378 90.511 41.609 35.626 20.524 23.916 8.470 10.461 -16.595 -11.922

1994 435.020 396.030 265.154 220.647 93.496 95.111 38.781 35.500 23.899 26.184 5.766 8.544 7.924 10.044

1995 434.388 395.549 264.805 219.615 93.504 95.486 39.011 35.873 23.818 26.253 5.636 8.505 7.614 9.817

1996 433.906 395.188 265.555 219.663 93.132 95.477 39.010 35.971 23.517 26.115 5.485 8.468 7.207 9.494

1997 439.456 403.736 275.856 228.928 93.615 98.056 39.354 36.354 17.594 22.413 5.241 8.331 7.796 9.654

1998 462.469 422.525 290.617 242.559 95.636 98.292 40.504 37.485 23.540 26.416 5.339 8.493 6.833 9.280

1999 470.853 430.624 296.450 247.527 96.682 99.638 41.651 38.643 23.852 26.868 5.398 8.635 6.820 9.313

2000 456.096 415.409 285.596 236.315 94.709 97.024 41.078 38.233 23.106 26.310 5.142 8.483 6.465 9.044

2001 376.613 374.648 228.037 210.306 81.470 87.666 33.284 37.477 21.265 23.451 5.522 7.144 7.035 8.604

2002 384.777 375.851 232.771 208.213 83.359 89.482 34.118 38.476 21.622 23.813 5.705 7.224 7.202 8.643

2003 393.180 383.237 237.639 212.228 85.283 91.335 34.958 39.500 21.994 24.188 5.921 7.294 7.385 8.692

2004 401.889 390.843 242.643 216.327 87.280 93.272 35.835 40.557 22.373 24.562 6.174 7.386 7.584 8.739

2005 410.881 398.707 247.788 220.531 89.323 95.231 36.734 41.653 22.753 24.951 6.494 7.466 7.789 8.875

2006 339.552 345.464 206.037 191.987 73.374 80.962 31.287 36.975 19.054 21.199 4.364 6.605 5.436 7.736

2007 345.436 351.979 209.568 195.941 74.728 82.286 31.913 37.812 19.327 21.502 4.404 6.673 5.496 7.765

Ainda em relação ao Alto Tietê, conforme já abordado no item 3.4.2.2 do presente


178

trabalho, é importante destacar as diferenças de comportamento verificado nos


municípios situados na região mais periférica da bacia, comparativamente àqueles
mais próximos da cidade de São Paulo. Enquanto Arujá, Caieiras, Itaquaquecetuba,
Francisco Morato e Santana do Parnaíba, por exemplo, apresentaram um crescimento
percentual médio da população urbana de mais de 200% no período de 22 anos, São
Caetano do Sul, Santo André e São Paulo apresentaram um crescimento percentual
menor que 15%. No caso de São Caetano do Sul, ainda, a evolução foi negativa em
12%, havendo uma redução de mais de 19 mil habitantes no período estudado. A
comparação entre o crescimento percentual da população urbana dos municípios da
UGRHI Alto Tietê entre os anos de 1986 e 2007 pode ser observada na Figura 43, a
seguir.

655%
Crescimento (%)

243%
218% 223% 225%

180%
170% 165% 164%
144% 145% 147% 150%
141% 138% 141%
128%
113%
101% 104%
80% 80%
67% 65% 64% 68% 69% 71% 66%
46%
36%
15% 12%

-12%
Arujá

R. Grande Serra
Itapecerica da Serra
Carapicuíba

Mairiporã
Barueri

Guarulhos
Cotia

Salesópolis

Taboão da Serra
Mogi das Cruzes
Diadema

Itaquaquecetuba
Jandira

Poá

Santo André
Biritiba Mirim
Caieiras

Ribeirão Pires
Mauá

Osasco
Itapevi
Ferraz Vasconcelos

São Caetano Sul


Franco da Rocha

Santana de Parnaíba
Francisco Morato

São Paulo
Suzano
Pirapora Bom Jesus
Cajamar

Embu
Embu-Guaçu

São Bernardo Campo

Figura 43: Crescimento percentual da população urbana dos municípios do Alto Tietê, entre os anos
de 1986 a 2007.

No contexto da estrutura e porte dos municípios avaliados, verifica-se que dos 233
municípios pertencentes à bacia do Tietê, 116 possuem atualmente menos de 20 mil
179

habitantes, o que corresponde a 50,2%. A maior concentração de municípios nessa


faixa de porte se dá nas UGRHI’s Tietê/Batalha (81,8%) e Baixo Tietê (76,2%). No
Tietê/Batalha, inclusive, não há municípios com mais de 100 mil habitantes. Matão e
Lins, os dois maiores municípios da UGRHI, possuem atualmente 77 mil e 70 mil
habitantes, respectivamente.

Também no Tietê/Jacaré, a maioria dos municípios possui até 20 mil habitantes


(55,9%), porém, há uma maior distribuição entre as demais faixas, principalmente
entre 20 e 50 mil habitantes; apenas 7 municípios possuem mais de 50 mil habitantes,
o que corresponde a menos de 10% do total da bacia.

Em relação à UGRHI Tietê/Sorocaba, apesar da grande quantidade de municípios


com até 20 mil habitantes (42,4%), há uma maior distribuição nas faixas entre 50 e
200 mil habitantes, além de 01 município com mais de 500 mil habitantes. Tal
situação se repete na bacia Piracicaba/Capivari/Jundiaí, que possui grande
quantidade de municípios com até 20 mil habitantes (38,6%) e, no entanto, apresenta
evolução significativa na quantidade de municípios com mais de 100 mil habitantes.
Para essa faixa, a quantidade de municípios foi alterada de 08 para 13 em 22 anos, o
que representa um crescimento de 62,5%.

Dos 07 municípios com mais de 500 mil habitantes situados na bacia do Tietê, 05
estão localizados no Alto Tietê (São Paulo, Guarulhos, São Bernardo do Campo,
Osasco e Santo André), 01 no Piracicaba/Capivari/Jundiaí (Campinas) e 01 no
Tietê/Sorocaba (Sorocaba).

A maior evolução de porte dos municípios se dá principalmente na UGRHI Alto


Tietê, onde, em 1986, existiam 19 municípios com até 100 mil habitantes, quantidade
que foi alterada para 8 em 2007. Já a quantidade de municípios com mais de 100 mil
habitantes foi alterada de 11 em 1986 para 21 em 2007.

Na Tabela 38, abaixo, encontram-se descritas as quantidades de municípios de


acordo com o porte, por bacia hidrográfica, para os anos de 1986, 1993, 2000 e 2007,
o que possibilita visualizar a sua evolução para o período.
180

Tabela 38: Quantidade de municípios por porte, por UGRHI, para os anos de 1986, 1993, 2000 e
2007.
Piracicaba/Capivari/
Bacia do Tietê Alto Tietê Tietê/Sorocaba Tietê/Jacaré Tietê/Batalha Baixo Tietê
Concentração Jundiaí
Populacional Ano Ano Ano Ano Ano Ano Ano
1986 1993 2000 2007 1986 1993 2000 2007 1986 1993 2000 2007 1986 1993 2000 2007 1986 1993 2000 2007 1986 1993 2000 2007 1986 1993 2000 2007

(1)
Não disponível 21 06 00 00 0 0 0 0 04 0 0 0 06 02 0 0 03 02 0 0 02 0 0 0 06 02 0 0

Até 20 mil
120 126 123 116 03 03 02 02 28 29 25 22 16 16 16 14 20 19 20 19 26 28 27 27 27 31 33 32
habirantes
De 20 a 50 mil
39 44 41 43 08 07 02 01 10 11 13 14 05 08 09 10 07 09 09 09 03 03 03 03 06 06 05 06
habitantes
De 50 a 100 mil
24 23 27 23 08 06 08 05 06 07 07 07 05 05 05 04 01 01 01 02 02 02 03 03 02 02 03 02
habitantes
De 100 a 200 mil
15 19 23 27 06 09 09 10 06 06 08 09 0 01 02 04 02 02 03 02 0 0 0 0 01 01 01 02
habitantes
De 200 a 500 mil
09 09 13 17 05 04 08 11 02 03 03 04 01 01 01 0 01 01 01 02 0 0 0 0 0 0 0 0
habitantes
Acima de 500 mil
05 06 06 07 04 05 05 05 01 01 01 01 0 0 0 01 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
habitantes

TOTAL 233 34 57 33 34 33 42

(1)
Não disponível: Municípios criados posteriormente à data analisada.

É possível identificar, assim, que a evolução populacional dos municípios, em


número de habitantes, se dá principalmente nas UGRHI’s Alto Tietê,
Piracicaba/Capivari/Jundiaí e Tietê/Sorocaba, o que altera o seu porte de pequeno
para médio ou grande.

Nos municípios situados nas UGRHI’s Tietê/Jacaré, Tietê/Batalha e Baixo Tietê essa
alteração é menos perceptível, uma vez que a grande maioria dos municípios
permanece com porte de até 50 mil habitantes durante o período de 22 anos.

Tais informações podem ser visualizadas na Figura 44, a seguir, que aloca os
municípios das bacias do Tietê no mapa do estado de São Paulo, classificando o seu
porte com cores diferenciadas, permitindo detectar a sua localização e a evolução
verificada para o período analisado.
181

Legenda

Não Disponível

Até 20 mil habitantes

De 20 a 50 mil habitantes

De 50 a 100 mil habitantes


De 100 a 200 mil habitantes

De 200 a 500 mil habitantes

Acima de 500 mil habitantes

Figura 44: Apresentação do mapa da concentração populacional total da bacia do rio Tietê, de acordo com o porte, para os anos 1986, 1993, 2000 e 2007.
182

Considerando-se que no Brasil a contribuição per capita diária de fósforo nos esgotos
domésticos é da ordem de 2,5 g, e com base nos dados de população urbana
apresentados, as bacias do Tietê possuem atualmente um potencial de lançamento de
fósforo nas águas através dessa fonte, da ordem de 68,3 t/dia, o que corresponde a
uma evolução de 46% em relação ao ano de 1986, quando o potencial de
contribuição de fósforo, com base na população urbana era de 46,9 t/dia, conforme
Tabela 39, abaixo.

Tabela 39: Quantidade potencial de fósforo lançada nas UGRHI’s do Tietê através dos esgotos
domésticos, nos anos de 1986, 1993, 2000 e 2007.
1986 1993 2000 2007
UGRHI População Urbana Qtde Fósforo População Urbana Qtde Fósforo População Urbana Qtde Fósforo População Urbana Qtde Fósforo
(hab) (t/dia) (hab) (t/dia) (hab) (t/dia) (hab) (t/dia)

Alto Tietê 13.580.958 34,0 15.367.722 38,4 16.982.976 42,5 18.438.509 46,1

Piracicaba/Capivari/Jundiaí 2.668.146 6,7 3.392.567 8,5 4.071.651 10,2 4.691.885 11,7

Tietê/Sorocaba 862.026 2,2 1.094.607 2,7 1.352.666 3,4 1.625.116 4,1

Tietê/Jacaré 875.863 2,2 1.070.548 2,7 1.251.107 3,1 1.414.773 3,5

Tietê/Batalha 284.049 0,7 350.375 0,9 409.834 1,0 459.626 1,1

Baixo Tietê 490.763 1,2 551.817 1,4 618.463 1,5 677.517 1,7

Total 18.761.805 46,9 21.827.636 54,6 24.686.697 61,7 27.307.426 68,3

No que se refere às diferentes UGRHI’s, verifica-se uma tendência de aumento da


contribuição percentual das UGRHI’s Piracicaba/Capivari/Jundiaí e Tietê/Sorocaba
para o aporte de fósforo no Tietê no período de 22 anos. Paralelamente, no Alto Tietê
apresenta uma redução percentual dessa participação ao longo dos anos, que foi
alterada de 72% em 1986 para 68% em 2007, ainda que a contribuição em valores
absolutos tenha aumentado de 34 t/dia em 1986 para 46,1 t/dia em 2007.

Tal comportamento demonstra ser decorrente da alteração gradativa na distribuição


da população urbana nas bacias verificada durante o período analisado, conforme já
abordado anteriormente.

A evolução do potencial de contribuição de fósforo nas bacias do Tietê nos anos de


1986, 1993, 2000 e 2007, de acordo com as participações em termos percentuais
pode ser visualizada na Figura 45, a seguir.
183

1986 1993
5% 1% 3% 5% 2% 2%
5% 5%
14%
16%

Desta forma, é possível verificar


72%
que 70%

2000 2007
5% 2% 3% 5% 2% 2%
5% 6%

16% 17%

69% 68%

Alto Tietê Piracicaba/Capivari/Jundiaí Tietê/Sorocaba Tietê/Jacaré Tietê/Batalha Baixo Tietê

Figura 45: Evolução do potencial de contribuição de fósforo na bacia do Tietê nos anos de 1986,
1993, 2000 e 2007, em termos percentuais.

5.1.2. Indústrias por Ramo de Atividade

O parque industrial dos municípios situados na bacia do Tietê apresentou um


aumento significativo desde o ano de 1995.

Comparando-se com a situação verificada no ano de 2008, pode-se verificar um


aumento de mais de 61 mil indústrias na bacia do Tietê, o que corresponde a um
184

crescimento de 214%. O maior crescimento se dá no ramo de “Produtos de Metal”,


onde o número de indústrias foi ampliado em 8.354 unidades e o menor crescimento
ocorre no ramo “Petróleo”, com a instalação de 01 indústria durante o período
analisado.

Vale destacar, entretanto, o crescimento observado no segmento “máquinas de


escritório e informática”, cujo número foi alterado de 2 para 275 unidades no período
avaliado, o que corresponde a um aumento de mais de 13.650%. Do total de 273
novas indústrias instaladas nesse segmento, 184 localizam-se na UGRHI Alto Tietê e
88 nas UGRHI’s Piracicaba/Capivari/Jundiaí, Tietê/Sorocaba e Tietê/Jacaré.

Nessas Unidades de Gerenciamento, pode-se destacar ainda, o crescimento


verificado nos segmentos “material médico-hospitalar” (de 12 para 1.184 unidades),
“máquinas e equipamentos” (de 65 para 4.643 unidades), “montadora de autos” (de
16 para 1.097 unidades) e “material eletrônico” (de 12 para 555 unidades).

No que se refere à UGRHI Tietê/Jacaré, é importante destacar o aumento


considerável no número de indústrias do segmento “vestuário/couro/calçados”, que
foi alterado de 152 unidades em 1995 para 1.238 unidades em 2008. Assim, observa-
se que essa bacia concentrou 40% do total de novas indústrias instaladas na bacia do
Tietê, nesse segmento.

A ampliação do número de indústrias na bacia do Tietê a partir de 1995, por ramo de


atividade, através do seu comparativo com o ano de 2008 pode ser verificado na
Tabela 40.
185

Tabela 40: Número de indústrias da bacia do Tietê, por ramo de atividade – Comparativo entre os anos de 1995 e 2008.
Piracicaba/ Capivari
Alto Tietê Tietê/Sorocaba Tietê/Jacaré Tietê/Batalha Baixo Tietê Total
/Jundiaí

Ramo de Atividade Número de Indústrias Número de Indústrias Número de Indústrias Número de Indústrias Número de Indústrias Número de Indústrias Número de Indústrias

1995 2008 Diferença 1995 2008 Diferença 1995 2008 Diferença 1995 2008 Diferença 1995 2008 Diferença 1995 2008 Diferença 1995 2008 Diferença

Alimento / Bebida 816 2.309 1.493 366 1.467 1.101 235 750 515 88 545 457 72 314 242 50 276 226 1.627 5.661 4.034
Borracha / Plástico 378 3.543 3.165 50 1.038 988 25 335 310 7 185 178 1 44 43 3 59 56 464 5.204 4.740
Carvão 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 2 2
Celulose / Papel 442 1.421 979 66 417 351 26 98 72 6 93 87 0 11 11 1 47 46 541 2.087 1.546
Coque / Refino 6 111 105 1 71 70 0 45 45 4 58 54 0 18 18 0 42 42 11 345 334
Diversos 1.595 2.532 937 281 410 129 36 78 42 61 106 45 4 14 10 5 10 5 1.982 3.150 1.168
Editora / Gráfica 1.163 4.375 3.212 94 652 558 38 292 254 23 208 185 3 58 55 6 72 66 1.327 5.657 4.330
Extrativas 68 122 54 104 288 184 124 349 225 12 48 36 8 12 4 8 23 15 324 842 518
Fumo 1 11 10 0 0 0 0 1 1 1 2 1 0 4 4 1 1 0 3 19 16
Madeira 464 1.167 703 109 529 420 92 295 203 32 229 197 5 61 56 5 71 66 707 2.352 1.645
Máquinas e Equipamentos 46 2.552 2.506 12 1.396 1.384 3 331 328 3 250 247 0 70 70 1 44 43 65 4.643 4.578
Máquinas Escrit. / Inform. 2 186 184 0 60 60 0 12 12 0 16 16 0 0 0 0 1 1 2 275 273
Material Elétrico 1.710 3.591 1.881 81 470 389 67 214 147 9 135 126 0 13 13 4 12 8 1.871 4.435 2.564
Material Eletrônico 10 367 357 1 121 120 1 38 37 0 24 24 0 2 2 0 3 3 12 555 543
Material Médico Hospitar 9 742 733 2 288 286 1 70 69 0 75 75 0 3 3 0 6 6 12 1.184 1.172
Material Transportes 645 1.144 499 41 204 163 26 86 60 9 42 33 3 14 11 0 14 14 724 1.504 780
Mecânica 1.782 2.930 1.148 225 510 285 107 275 168 21 118 97 4 35 31 6 22 16 2.145 3.890 1.745
Metalúrgicas 3.353 5.476 2.123 358 897 539 175 511 336 44 218 174 3 58 55 22 59 37 3.955 7.219 3.264
Minerais Metálicos 1 3 2 0 1 1 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 5 4
Minerais Não Metálicos 750 2.216 1.466 489 1.964 1.475 194 917 723 33 302 269 18 103 85 55 238 183 1.539 5.740 4.201
Mobiliário 1.182 3.395 2.213 213 1.343 1.130 73 377 304 17 246 229 7 120 113 22 141 119 1.514 5.622 4.108
Montadora Autos 8 671 663 8 282 274 0 73 73 0 44 44 0 8 8 0 19 19 16 1.097 1.081
Perfumaria e Sabões 407 642 235 46 92 46 25 35 10 1 18 17 0 5 5 1 7 6 480 799 319
Petróleo 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1
Produtos Farmacêuticos 94 183 89 28 34 6 7 20 13 3 1 -2 1 1 0 4 2 -2 137 241 104
Produtos Metal 125 4.883 4.758 21 2.242 2.221 6 765 759 1 381 380 1 112 111 0 125 125 154 8.508 8.354
Produtos Plástico 1.842 2.857 1.015 148 290 142 85 204 119 5 73 68 3 18 15 0 11 11 2.083 3.453 1.370
Químicas 665 3.122 2.457 162 1.100 938 78 409 331 23 285 262 8 107 99 2 69 67 938 5.092 4.154
Têxtil 698 1.598 900 521 1.535 1.014 62 246 184 12 132 120 1 25 24 3 29 26 1.297 3.565 2.268
Vestuário / Couro / Calçados 4.340 5.157 817 421 622 201 78 177 99 152 1.238 1.086 22 73 51 37 466 429 5.050 7.733 2.683

Total 22.602 57.307 34.705 3.848 18.324 14.476 1.564 7.004 5.440 567 5.073 4.506 164 1.303 1.139 236 1.869 1.633 28.981 90.880 61.899
186

Avaliando-se o comportamento das diferentes UGRHI’s, verifica-se que o maior


crescimento percentual se dá no Tietê/Jacaré, justamente aquela classificada na
categoria “em industrialização” através da Lei 9.034/94. Nessa bacia, o número de
indústrias foi alterado de 567 em 1995 para 5.073 em 2008, o que corresponde a uma
expansão de 795%.

O menor crescimento, em termos percentuais, se dá na UGRHI Alto Tietê, num total


de 154%. No entanto, quando se considera o número de empreendimentos, verifica-
se que o total de novas indústrias instaladas nessa bacia foi de mais de 34 mil
unidades, uma vez que o número foi ampliado de 22.602 para 57.307 unidades.
Atualmente, a UGRHI Alto Tietê abriga 63% do número total de indústrias situadas
na bacia do Tietê. Pode-se destacar também, o crescimento verificado na bacia
Piracicaba/Capivari/Jundiaí. Apesar do percentual reduzido, comparativamente ao
observado na UGRHI Tietê/Jacaré, o número de novas indústrias foi ampliado em
14.476 unidades.

O comparativo entre o número total de indústrias, por UGRHI, entre os anos de 1995
e 2008, bem como o crescimento percentual observado no período pode ser
visualizado através da Figura 46, abaixo.

70.000 900%

795%
800%
60.000 57.307
695% 692%
700%

50.000
600%

40.000
500%
Crescimento (%)
Nº de Indústrias

376%
400%
30.000 348%

22.602
300%
20.000 18.324

154% 200%

10.000 7.004
5.073 100%
3.848
1.564 1.303 1.869
567 164 236
0 0%
Alto Tietê Pirac/Capiv/Jundiaí Tietê/Sorocaba Tietê/Jacaré Tietê/Batalha Baixo Tietê

1995 2008

Figura 46: Expansão do número de indústrias na bacia do Tietê, a partir de 1995.


187

De forma complementar às análises efetuadas em relação à concentração


populacional, pode-se perceber uma desaceleração dos níveis de desenvolvimento
industrial da UGRHI Alto Tietê, com intensificação do processo de industrialização a
partir do Piracicaba/Capivari/Jundiaí.

Tal situação indica ser resultante do processo de transferência de sistemas de


produção industrial da RMSP para o interior, com consequente mudança no
comportamento da concentração populacional e industrial, conforme abordado no
item 4.1.4.1. do presente trabalho.

Não obstante os dados relativos ao número de indústria por ramo de atividade


tenham sido levantados e compilados, a influência qualitativa dessa atividade sobre o
comportamento do fósforo não será abordada neste trabalho, uma vez que não se
dispõe das vazões e das características dos efluentes, ou seja, das respectivas cargas.

5.1.3. Áreas Agricultáveis

A extensão das áreas irrigadas da bacia do Tietê foi ampliada de 100.057 ha em 1985
para 141.364 ha em 1995, o que corresponde a uma evolução de 41,3%. Tal situação
pode ser resultante dos processos de mecanização da agricultura, que contribuiu para
uma maior eficiência das técnicas de plantio, auxiliando na sua expansão. Pode
resultar também, do próprio aumento da produtividade, em decorrência da demanda
proporcionada pelo crescimento populacional.

De acordo com esses dados, a UGRHI Tietê/Jacaré foi a que apresentou maior
evolução para esse período de 10 anos, uma vez que as áreas irrigadas foram
ampliadas de 6.653 ha para 38.885 ha, o que representa uma evolução de 350%. No
sentido inverso, a UGRHI Alto Tietê apresentou a redução mais acentuada. Para o
período de 1985 a 1995, a extensão das áreas irrigadas nessa Unidade de
188

Gerenciamento foi alterada de 12.702 ha para 8.050 ha, o que representa uma
redução de 37%. A Figura 47, a seguir traz informações sobre a extensão das áreas
irrigadas da bacia do rio Tietê nos anos de 1985 e 1995.

50.000 420%

349%
38.885
40.000
320%

30.282 30.486
30.000 27.964
Extensão (ha)

Cres cimento (%)


26.136
23.963 220%

20.000
14.844
12.702 120%
9.758 9.698
10.000 8.050 8.653 105%

8%
20%
0
-8% -1%
Pirac/Capiv/Jundiaí

Tietê/Jacaré
Tietê/Sorocaba

Tietê/Batalha

Baixo Tietê
Alto Tietê

-37%
-10.000 -80%

1985 1995 %

Figura 47: Extensão das áreas irrigadas da bacia do Tietê, em ha – Período de 1985 a 1995.

Avaliando-se os dados obtidos pela CATI através do LUPA, verifica-se que a


extensão das áreas cultivadas na bacia do Tietê foi alterada de 4,3 milhões de ha no
ano de 1998 para 5,3 milhões de ha em 2008, um crescimento que corresponde a
cerca de 24%.

A UGRHI Tietê/Sorocaba foi a que apresentou a maior expansão das áreas


cultivadas, sendo alterada de 427 mil ha em 1998 para 675 mil ha em 2008, uma
ampliação que corresponde a 58%; a menor expansão é verificada na UGRHI Alto
Tietê, que sofreu uma redução de -7%. Em termos numéricos, entretanto, a maior
expansão se dá na UGRHI Piracicaba/Capivari/Jundiaí, que registrou um aumento de
mais de 292 mil ha nas áreas cultivadas.

Nas UGRHI’s Tietê/Jacaré e Tietê/Batalha, apesar das ampliações terem sido


percentualmente menores, de 29% e 24%, respectivamente, a expansão em termos
numéricos foi bastante próxima à observada no Tietê/Sorocaba e
Piracicaba/Capivari/Jundiaí, de 281 mil ha e 191 mil ha, respectivamente. No Baixo
189

Tietê, onde o índice de crescimento apresentado foi baixo, de 1%, encontra-se a


maior extensão de área cultivada das UGRHI’s do Tietê, de mais de 1.529 mil ha no
ano de 2008. Considerando-se que a área total da bacia é de 16.669 km², conforme
abordado no item 4.1.4.6 do presente trabalho, pode-se estimar que quase 92% do
território dessa UGRHI já é atualmente ocupada pela atividade agrícola. O
comparativo das extensões de áreas cultivadas nas diferentes bacias, bem como a
evolução observada nos anos de 1998 e 2008 em termos percentuais, pode ser
observado na Figura 48.

1.800 70%
1.529
1.600 58% 1.508
53%
1.400
1.237 50%
1.200
Área Cultivada (ha)

982

Crescimento (%)
1.000 955
847
(x 1.000)

791
800 30%
675 29%

600 554 24%


427
400
10%
200
76 70
1%
0
Alto Tietê Pirac/Capiv/Jundiaí Tietê/Sorocaba Tietê/Jacaré Tietê/Batalha Baixo Tietê
-200 -10%
-7%
1998 2008 %

Figura 48: Extensão das áreas cultivadas da bacia do Tietê, em ha – Período de 1998 a 2008.

Dentre as culturas que se destacam pelo aumento das áreas cultivadas na bacia, pode-
se citar as gramíneas (de 9,8 mil ha para 111,8 mil ha), o sorgo (de 7,9 mil ha para 10,7
mil ha) e a cana-de-açúcar (de 1,1 milhão ha para 2,1 milhões ha). Quanto à redução da
extensão da área cultivada, pode-se citar o algodão (de 19,2 mil ha para 362 ha), o
arroz (de 13,4 mil ha para 983 ha) e o milho (de 265,7 mil ha para 151 mil ha).

O aumento na extensão das áreas agricultáveis da bacia do Tietê a partir de 1998,


através do seu comparativo com o ano de 2008, bem como a identificação das culturas
existentes pode ser verificada na Tabela 41.
190

Tabela 41: Extensão das áreas agricultáveis da bacia do Tietê, por cultura – Comparativo entre os anos de 1998 e 2008.
Alto Tietê Piracicaba/Capivari/Jundiaí Tietê/Sorocaba Tietê/Jacaré Tietê/Batalha Baixo Tietê TOTAL
(1) Classificação da Área (ha) Área (ha) Área (ha) Área (ha) Área (ha) Área (ha) Área (ha)
Cultura (1)
Cultura
Diferenç
1998 2008 Diferença 1998 2008 Diferença 1998 2008 Diferença 1998 2008 1998 2008 Diferença 1998 2008 Diferença 1998 2008 Diferença
a
Abobora (ou jerimum) Temporárias 2.253 471 -1.782 844 397 -447 1.275 751 -525 260 154 -106 477 125 -352 690 270 -420 5.801 2.169 -3.632
Alcachofra Temporárias 6 1 -5 2 1 -1 200 202 3 2 2 0 0 207 206 -1
Alface Temporárias 6.212 5.676 -535 1.417 666 -751 1.446 2.511 1.065 182 116 -65 47 51 5 64 43 -21 9.366 9.063 -303
Alfafa Pastagens 4 -4 68 30 -38 72 49 -23 125 8 -117 0 5 17 12 273 104 -169
Algodao Temporárias 0 852 10 -842 5 8 3 2.740 192 -2.548 1.792 54 -1.738 13.855 98 -13.757 19.244 362 -18.882
Alho Temporárias 12 1 -11 32 5 -27 105 36 -69 62 11 -51 1 -1 5 1 -4 217 54 -163
Amendoim Temporárias 1 1 0 11 7 -4 11 6 -5 648 589 -59 2.485 4.195 1.710 1.118 620 -498 4.273 5.418 1.145
Arroz Temporárias 5 0 -5 1.405 262 -1.144 790 129 -661 2.852 393 -2.459 3.168 68 -3.101 5.178 132 -5.046 13.399 983 -12.416
Aspargo Temporárias 29 26 -3 20 1 -19 11 1 -9 0 5 -5 4 2 -1 68 30 -38
Aveia Temporárias 72 113 41 401 339 -62 692 151 -541 39 2 -37 3 -3 0 1.206 604 -602
Banana Perenes 70 70 731 731 333 333 203 203 416 416 1.942 1.942 0 3.694 3.694
Batata-doce Temporárias 148 44 -104 463 65 -398 324 177 -147 111 4 -106 53 179 127 147 228 82 1.245 698 -547

Batata-inglesa (ou batata, ou batatinha) Temporárias 1.591 573 -1.018 2.052 758 -1.294 2.239 703 -1.536 44 2 -42 0 0 0 5.926 2.036 -3.890

Berinjela Temporárias 1.213 94 -1.119 682 307 -375 227 78 -149 263 66 -197 30 15 -16 50 36 -14 2.466 596 -1.870
Beterraba Temporárias 3.013 830 -2.184 254 48 -206 1.911 959 -952 25 11 -13 10 0 -10 19 4 -15 5.232 1.852 -3.381
Branquinha Perenes 15 2 -14 51 -51 227 2 -225 0 0 0 292 3 -289
Braquiaria Pastagens 3.356 6.208 2.852 190.440 304.736 114.296 219.693 278.923 59.231 365.372 290.741 -74.631 523.397 349.573 -173.825 961.523 683.826 -277.697 2.263.782 1.914.008 -349.774
Brocolos (ou brocolis) Temporárias 3.783 1.482 -2.301 371 176 -195 1.044 1.260 216 29 23 -6 10 2 -9 6 9 3 5.243 2.952 -2.292
Bucha Temporárias 14 10 -5 129 20 -109 2 26 23 0 0 8 8 2 27 26 147 91 -57
Cafe Perenes 7 7 7.818 7.818 1.557 1.557 10.310 10.310 3.632 3.632 2.767 2.767 0 26.091 26.091
Cana-de-acucar Temporárias 365 186 -179 251.952 280.799 28.847 70.111 121.052 50.941 481.738 626.472 144.733 168.112 412.195 244.083 176.365 652.769 476.404 1.148.642 2.093.472 944.830
Capim-gordura Pastagens 1.080 1.426 347 4.138 5.068 930 495 1.507 1.012 271 159 -112 4 -4 24 -24 6.011 8.161 2.150
Capim-jaragua Pastagens 9 9 3.490 1.277 -2.213 23.939 23.657 -282 1.948 691 -1.257 628 10 -618 555 -555 30.559 25.644 -4.915
Capim-napier (ou capim-elefante) Pastagens 389 495 106 10.332 4.256 -6.076 13.081 3.725 -9.356 4.320 2.115 -2.205 1.265 441 -823 3.275 796 -2.479 32.662 11.829 -20.833
Cara (ou acara) Temporárias 11 2 -9 78 12 -66 7 11 4 0 40 -40 218 19 -199 354 44 -310
Cebola Temporárias 139 16 -123 25 8 -17 4.194 1.017 -3.178 2 1 -1 86 69 -17 498 42 -456 4.944 1.152 -3.792
Cebolinha Temporárias 2.139 884 -1.255 336 39 -297 90 97 7 22 12 -10 6 8 1 20 7 -13 2.613 1.046 -1.567
Cenoura Temporárias 2.298 678 -1.620 220 58 -162 6.907 1.131 -5.776 28 2 -26 10 2 -8 24 5 -19 9.486 1.876 -7.610
Centeio Temporárias 2 2 0 0 0 0 2 1 -1 0 0 0 0 5 4 -1
Chicoria (ou chicoria-de-folha-crespa) Temporárias 1.174 137 -1.037 286 105 -181 85 139 54 30 15 -15 4 3 0 2 1 -1 1.580 399 -1.181
Chuchu Temporárias 601 319 -282 301 463 162 187 196 9 27 11 -16 0 0 8 3 -5 1.124 992 -131
Cogumelo Temporárias 302 276 -27 10 9 -1 12 14 2 0 0 0 0 0 324 298 -26
Coloniao Pastagens 45 83 38 2.320 2.452 133 307 1.292 985 6.820 2.568 -4.252 5.781 6.325 544 176.506 55.960 -120.546 191.779 68.681 -123.098
Couve (ou couve-crespa) Temporárias 2.754 1.048 -1.706 560 155 -406 315 334 19 41 16 -25 9 8 0 16 8 -8 3.695 1.568 -2.127
Couve-flor Temporárias 4.319 944 -3.375 760 331 -429 1.327 884 -443 33 3 -30 7 1 -7 19 5 -13 6.464 2.168 -4.296
Crotalaria Temporárias 0 0 73 7 -66 48 2 -46 26 46 20 25 101 76 415 556 141 587 712 125
Ervas medicinais e aromaticas Temporárias/Perenes 444 1.256 813 665 30 -635 232 41 -190 35 78 44 30 47 18 1.545 6 -1.539 2.949 1.458 -1.491
Ervilha Temporárias 227 77 -150 81 5 -76 211 58 -153 2 -2 0 2 -2 523 140 -383
Espinafre (ou espinafre-europeu) Temporárias 1.333 284 -1.049 161 4 -157 71 41 -30 4 3 -1 0 2 2 1 -1 1.570 333 -1.237
Essencias Nativas Florestais 0 12 12 0 0 42 42 7 7 0 60 60
Eucalipto Florestais 28.177 28.177 72.308 72.308 77.549 77.549 122.755 122.755 21.722 21.722 7.461 7.461 0 329.971 329.971
Feijão Temporárias 572 227 -345 4.931 3.784 -1.148 6.458 3.693 -2.765 978 155 -823 1.769 171 -1.598 7.995 3.207 -4.788 22.703 11.237 -11.467
191

Alto Tietê Piracicaba/Capivari/Jundiaí Tietê/Sorocaba Tietê/Jacaré Tietê/Batalha Baixo Tietê TOTAL


Classificação da Área (ha) Área (ha) Área (ha) Área (ha) Área (ha) Área (ha) Área (ha)
Cultura (1)
Cultura (1)
Diferenç
1998 2008 Diferença 1998 2008 Diferença 1998 2008 Diferença 1998 2008 1998 2008 Diferença 1998 2008 Diferença 1998 2008 Diferença
a
Flores diversas Temporárias 868 -868 802 3 -799 293 10 -283 1 -1 1 -1 4 -4 1.968 13 -1.955
Frutas diversas Perenes 2.167 2.167 23 8.399 8.376 2 3.090 3.088 294 3.345 3.051 620 9.661 9.041 1.193 3.058 1.865 2.132 29.720 27.588
Girassol Temporárias 2 -2 24 74 50 1 78 77 150 59 -91 0 200 200 12 -12 189 411 223
Grama em Placas Temporárias 0 0 288 288 0 0 151 151 0 439 439
Gramas Pastagens 80 80 20.900 20.900 58.164 58.164 14.855 14.855 14.580 14.580 9.822 3.263 -6.559 9.822 111.841 102.019
Grãos diversos Temporárias 17 6 -11 1.461 432 -1.029 690 231 -459 994 644 -350 1.171 522 -649 4.207 9.388 5.181 8.541 11.223 2.682
Inhame Temporárias 162 17 -145 0 1 1 577 630 53 0 0 0 739 647 -91
Jilo Temporárias 1.269 144 -1.125 66 70 4 82 51 -31 118 14 -104 39 15 -23 63 28 -36 1.638 322 -1.315
Laranja Perenes 109 109 42.007 42.007 26.725 26.725 114.131 114.131 113.969 113.969 10.964 10.964 0 307.905 307.905
Laranja-azeda Perenes 0 52 52 2 2 209 209 53 53 1 1 0 316 316
Limao Perenes 45 45 1.566 1.566 971 971 625 625 13.062 13.062 433 433 0 16.701 16.701
Maça Perenes 0 14 14 25 25 0 0 0 5 -5 5 39 34
Mamona Temporárias 0 2 31 30 1 2 1 578 2 -576 31 -31 40 45 5 651 80 -571
Mandioca Temporárias 574 218 -357 1.981 3.469 1.488 2.043 1.733 -310 890 888 -3 1.150 886 -264 734 1.152 418 7.372 8.345 973
Mandioquinha Temporárias 292 47 -245 110 49 -61 507 194 -313 1 0 -1 11 3 -8 5 5 920 298 -622
Maxixe (ou pepino-das-antilhas) Temporárias 13 5 -7 1 0 -1 2 16 15 1 0 -1 11 -11 12 10 -2 39 31 -7
Melancia Temporárias 0 152 11 -142 688 739 51 35 280 245 619 519 -100 779 139 -640 2.273 1.688 -585
Milho Temporárias 3.022 1.473 -1.549 41.198 35.779 -5.418 39.558 40.457 899 33.783 16.001 -17.782 40.618 16.865 -23.753 107.527 49.548 -57.979 265.707 160.124 -105.583
Morango Temporárias 98 35 -63 575 527 -48 474 175 -299 1 3 2 103 7 -96 34 1 -34 1.285 747 -538
Outras culturas permanentes Perenes 406 136 -271 35 5.436 5.401 1.167 1.167 1.106 1.106 6.921 6.921 0 13.044 13.044 442 27.810 27.368
Outras culturas temporárias Temporárias 1.516 159 -1.357 649 387 -262 559 406 -153 284 40 -244 71 476 405 99 56 -42 3.177 1.523 -1.653
Outras flores Temporárias/Perenes 9 692 683 8 1.980 1.972 156 156 2 1 -2 7 7 12 12 19 2.847 2.828
Outras florestais Florestais 114 92 -23 240 974 734 620 382 -238 40 205 165 26 71 46 115 485 370 1.155 2.209 1.054
Outras frutiferas Temporárias/Perenes 40 40 3 402 400 8 223 215 19 317 298 5 405 400 32 5.526 5.494 67 6.914 6.847
Outras gramineas e leguminosas para
Pastagens 849 2.308 1.459 19.777 55.630 35.853 13.623 11.780 -1.843 44.515 24.087 -20.428 32.342 4.449 -27.893 19.186 2.616 -16.570 130.292 100.869 -29.423
pastagem
Outras olericolas Temporárias 12.332 5.857 -6.475 2.060 1.223 -837 1.785 2.541 757 351 199 -151 79 92 12 90 81 -9 16.696 9.994 -6.702
Pepino Temporárias 1.834 131 -1.703 224 58 -165 234 84 -150 150 24 -125 34 5 -29 46 10 -36 2.521 312 -2.209
Pimentao Temporárias 2.329 1.172 -1.157 571 316 -255 487 230 -257 571 20 -551 514 131 -383 316 67 -249 4.788 1.937 -2.851
Pinus Florestais 650 650 3.211 3.211 1.749 1.749 13.077 13.077 52 52 11 11 0 18.749 18.749
Quiabo Temporárias 964 901 -63 439 173 -266 147 198 52 172 22 -151 46 16 -30 1.277 432 -845 3.045 1.742 -1.303
Rami Perenes 1 1 0 0 0 0 2 3 1 0 0 0 3 4 1
Repolho Temporárias 5.079 2.385 -2.694 213 70 -143 4.536 2.372 -2.164 65 8 -57 20 0 -20 28 10 -19 9.942 4.845 -5.097
Soja Temporárias 14 1 -13 654 915 261 541 541 3.190 785 -2.406 3.351 685 -2.667 11.386 17.208 5.822 18.595 20.135 1.540
Temperos diversos Temporárias/Perenes 2.645 56 -2.589 176 85 -91 350 89 -261 34 5 -29 19 21 1 27 52 24 3.250 306 -2.944
Tomate Temporárias 1.355 185 -1.170 1.816 784 -1.032 865 315 -551 157 33 -124 908 528 -380 651 681 30 5.752 2.526 -3.226
Trigo Temporárias 0 91 403 312 122 298 176 0 0 0 213 701 489
Triticale Temporárias 0 78 117 40 1 16 16 0 0 0 78 133 55
Viveiro de flores e ornamentais Temporárias 312 312 578 578 126 126 15 15 4 4 40 40 0 1.075 1.075
Viveiro de florestais Florestais 2 2 37 37 7 7 1 1 0 6 6 0 53 53
Viveiro de frutiferas em geral Perenes 1 1 48 48 1 1 1 1 4 4 3 3 0 58 58
Viveiros diversos Temporárias/Perenes 14 14 213 213 64 64 107 107 22 22 65 65 0 485 485
Total 75.679 70.435 -5.244 553.634 846.600 292.965 426.610 675.067 248.457 955.471 1.237.115 281.644 791.043 981.791 190.748 1.507.837 1.528.903 21.067 4.310.274 5.339.911 1.029.637

(1) Classificação das culturas de acordo com dados do LUPA/CATI (Torres et al., 2007).
192

As maiores extensões de área são atualmente ocupadas pelas culturas da cana-de-


açúcar (2.093 mil ha), braquiárias (1.914 mil ha), eucalipto (330 mil ha), laranja (308
mil ha) e milho (160 mil ha). Pode-se citar ainda, as gramíneas (112 mil ha), o capim
colonião (69 mil ha) e o cultivo de frutas diversas (37 mil ha). A somatória dessas
culturas corresponde, hoje, a 94% das áreas cultivadas da bacia do Tietê e em 1998,
esse percentual era de 90%. No Alto Tietê, onde houve uma redução de 5 mil ha nas
áreas cultivadas, a expansão dessas culturas foi de cerca de 32 mil ha. Percebe-se,
ainda, que no decorrer de 10 anos, as pastagens e a cultura do milho cederam lugar
ao cultivo cana-de-açúcar, numa tendência verificada principalmente após a UGRHI
Tietê/Jacaré, que é crescente na medida em que o rio caminha para o interior. No
Baixo Tietê, inclusive, essa situação é bastante representativa, pois a redução de 463
mil ha de pastagens e milho foi concomitante com o aumento de 476 mil ha de cana-
de-açúcar.

A diferença na extensão das áreas ocupadas pelas pastagens, cana-de-açúcar e milho


nos anos de 1998 e 2008 na bacia do rio Tietê, bem como a sua curva de tendência
pode ser visualizada na Figura 49.

600

500 476

400

300
244

200
135 145
118
(x 1.000)
Extensão (ha)

100
51
29
3 1
0
0 -2
Tietê/Jacaré
Tietê/Soroc.

Baixo Tietê
Pirac./Capiv./Jundiaí

Tietê/Batalha
Alto Tietê

-5
-18 -24
-64 -58
-100

-159
-200

-300

-400
-405

-500

Cana-de-açúcar Pas tagens Milho Po linômio (Cana-de-açúcar) Polinômio (Pastagens) Po linômio (Milho)

Figura 49: Extensão das áreas utilizadas para plantio da cana-de-açúcar, milho e pastagens na
bacia do Tietê – Diferença verificada entre os anos 1998 e 2008.
193

Em decorrência da extensão das áreas cultivadas e da capacidade de perda de terra


estimada para os solos do Estado de São Paulo nas áreas agricultáveis, da ordem de
7,852 t/ha, pode-se estimar que em 1998 cerca de 92,7 mil toneladas de terra eram
perdidas diariamente nas bacias do rio Tietê; em 2008, essa quantidade passou para
cerca de 114,8 mil de toneladas diárias. Em relação ao fósforo, cuja concentração nas
terras do Estado é estimada em 0,002614%, as quantidades perdidas diariamente
foram alteradas de 2,42 t/dia para 3 t/dia no período de 10 anos.

As informações referentes à extensão das áreas cultivadas e às quantidades estimadas


de terra e de fósforo perdidas por bacia, nos anos de 1998 e 2008, pode ser verificada
na Tabela 42.

Tabela 42: Extensão das áreas cultivadas e quantidades de terra e fósforo perdidas na bacia do Tietê,
por cultura – Comparativo entre os anos de 1998 e 2008.
1998 2008
Bacia
Perdas de Terra Perdas de Fósforo Perdas de Terra Perdas de Fósforo
Área (ha) Área (ha)
(t/dia) (t/dia) (t/dia) (t/dia)
Alto Tietê 75.679 1.628 0,04 70.435 1.515 0,04

Piracicaba/Capivari/Jundiaí 553.634 11.910 0,31 846.600 18.212 0,48

Tietê/Sorocaba 426.610 9.177 0,24 675.067 14.522 0,38

Tietê/Jacaré 955.471 20.554 0,54 1.237.115 26.613 0,70

Tietê/Batalha 791.043 17.017 0,44 981.791 21.121 0,55

Baixo Tietê 1.507.837 32.437 0,85 1.528.903 32.890 0,86

Total 4.310.274 92.724 2,42 5.339.911 114.874 3,00

Verifica-se assim, que a partir de um aumento de 24% na extensão das áreas


cultivadas, a quantidade diária de fósforo perdida é acrescida também em 24%.

5.1.4. Níveis de Fósforo na Coluna d’Água

Os dados referentes à concentração de fósforo na coluna d’água na bacia do rio Tietê,


para o período de 1986 a 2007 encontram-se descritos na Tabela 43.
194

Tabela 43: Concentrações médias de fósforo na coluna d’água no período de 1986 a 2007, em mg/L, conforme Relatório de Qualidade das Águas Interiores -
CETESB.
Código do Ponto Bacia 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

TIET 02050 Alto Tietê 0,044 0,040 0,035 0,040 0,073 0,044 0,028 0,070 0,044 0,115 0,060 0,042 0,090 0,102 0,095 0,128 0,100 0,043 0,047 0,087 0,067 0,088

TIET 02090 Alto Tietê 0,068 0,058 0,070 0,060 0,071 0,063 0,055 0,078 0,068 0,186 0,070 0,072 0,093 0,090 0,130 0,136 0,117 0,103 0,078 0,098 0,093 0,175

TIET 03120 Alto Tietê 0,423 0,465 1,253 0,425 0,630 0,447 0,327

TIET 04150 Alto Tietê 0,386 0,186 0,475 0,170 0,193 0,214 1,149 0,555 1,046 0,407 0,267 0,520 0,682 1,052 0,537 0,937 1,302 1,852 0,960 0,943 0,835 2,047

TIET 04170 Alto Tietê 1,606 1,400 1,703 1,483 1,277 1,517 0,807

TIET 04180 Alto Tietê 3,200 1,257 1,095 1,438 1,390 1,753 2,513 1,398 1,237 1,125

TIET 04200 Alto Tietê 1,598 1,200 1,258 1,090 1,323 1,341 1,513 1,317 4,367 2,573 1,537 1,688 1,926 1,852 2,042 2,158 2,207 2,178 2,305 2,328 1,313 1,177

TIES 04900 Alto Tietê 0,540 1,296 1,287 1,184 1,183 1,124 1,210 0,829 3,500 1,652 1,452 1,865 2,111 1,650 1,448 2,185 1,758 2,258 2,475 1,225 2,115 1,713

TIPI 04900 Alto Tietê 0,153 0,452 0,875 0,283 0,690 0,865 1,321 1,123 2,468 0,944 0,957 1,004 1,404 1,247 1,078 1,720 1,432 2,095 2,138 1,262 1,667 1,718

TIRG 02900 Tietê/Sorocaba 0,144 0,432 0,702 0,246 0,889 0,741 0,792 1,148 2,413 0,968 1,395 1,055 1,203 1,027 1,185 1,620 1,575 1,575 1,717 1,158 1,645 2,443

TIET 02350 Tietê/Sorocaba 0,478 0,272 0,393 0,173 0,255 0,508 0,609 0,794 1,613 0,792 1,122 1,104 0,998 1,072 1,081 0,906 0,734 1,364 0,714 1,122 1,217 1,217

TIET 02400 Tietê/Sorocaba 0,184 0,241 0,270 0,146 0,262 0,312 0,224 0,613 1,928 0,506 1,008 1,540 0,803 1,368 1,145 1,230 0,917 0,705 1,148 1,130 1,837 0,952

TIET 02450 Tietê/Sorocaba 0,287 0,636 0,645 0,655 1,890 0,478 0,510 0,848 1,052 0,782 0,958 1,010 0,727 1,253 0,707

TIBT 02500 Tietê/Sorocaba 0,150 0,309 0,165 0,139 0,217 0,259 0,261 0,224 0,224 0,404 0,954 0,596 0,333 0,308 0,338

TIBB 02100 Tietê/Sorocaba 0,055 0,052 0,076 0,066 0,115 0,093 0,102 0,105 0,176 0,117 0,105 0,173 0,157

TIBB 02700 Tietê/Sorocaba 0,061 0,051 0,048 0,046 0,072 0,099 0,065 0,082 0,216 0,082 0,087 0,195 0,137

TIET 02500 Tietê/Jacaré 0,040 0,060 0,050 0,023 0,015 0,057 0,029 0,044 0,028 0,041 0,065 0,088 0,060 0,070 0,093 0,063 0,103 0,326 0,095 0,093 0,115 0,107

TIET 02600 Tietê/Batalha 0,045 0,070 0,029 0,040 0,021 0,055 0,037 0,031 0,033 0,066 0,034 0,033 0,030 0,049 0,051 0,028 0,042 0,039 0,042 0,055 0,063 0,078

TIPR 02990 Tietê/Batalha 0,020

TIET 02700 Baixo Tietê 0,039 0,033 0,045 0,027 0,023 0,057 0,034 0,026 0,022 0,153 0,051 0,022 0,028 0,016 0,031 0,034 0,032 0,021 0,026 0,022 0,023 0,038

TITR 02100 Baixo Tietê 0,016 0,066 0,023 0,115 0,017 0,022 0,023 0,015 0,036 0,016 0,030 0,041 0,026 0,018 0,030 0,025 0,023 0,042

TITR 02800 Baixo Tietê 0,061 0,042 0,057 0,050 0,019 0,073 0,026 0,025 0,021 0,036 0,017 0,014 0,020 0,029 0,030 0,074 0,026 0,019 0,023 0,025 0,042 0,058

Fonte: Adaptado de PAGANINI, 2007, a partir de dados fornecidos pelo Relatório de Qualidade das Águas Interiores, da CETESB, 2007.
195

A avaliação da presença de fósforo na bacia do rio Tietê demonstra que os pontos de


monitoramento localizados no Alto Tietê apresentaram uma tendência de aumento
nas concentrações do nutriente durante o período de 22 anos, conforme Figuras 50 a
58. Cabe ressaltar que nos pontos TIET 03120, TIET 04170 e TIET 04180, Figuras
52, 54 e 55, a tendência de diminuição nas concentrações é provavelmente
decorrente do monitoramento mais recente, uma vez que individualmente, os valores
são bastante elevados, com concentrações similares aos demais pontos da bacia
situados a montante.
TIET 02050
0,140

0,120
Concentração (mg/L)

0,100
y = 0,002x + 0,042

0,080

0,060

0,040

0,020

0,000
0 5 10 15 20 25

Anos

Figura 50: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 02050 - UGRHI Alto Tietê, próximo
à nascente.

TIET 02090
0,200

0,180

0,160
Concentração (mg/L)

0,140
y = 0,003x + 0,056
0,120

0,100

0,080

0,060

0,040

0,020

0,000
0 5 10 15 20 25

Anos

Figura 51: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 02090 – UGRHI Alto Tietê, 20 km a
jusante da nascente.
TIET 03120
1,4

1,2
Concentração (mg/L)

0,8

0,6 y = -0,033x + 1,211

0,4

0,2

0
0 5 10 15 20 25

Anos

Figura 52: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 03120 – UGRHI Alto Tietê, 35 km a
jusante da nascente.
196

TIET 04150
2,500

2,000

Concentração (mg/L)
1,500 y = 0,056x + 0,112

1,000

0,500

0,000
0 5 10 15 20 25

Anos

Figura 53: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 04150 – UGRHI Alto Tietê, 77 km a
jusante da nascente.

TIET 04170
3,5

3
Concentração (mg/L)

2,5

1,5

1 y = -0,092x + 3,157

0,5

0
0 5 10 15 20 25

Anos

Figura 54: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 04170 – UGRHI Alto Tietê, 102 km
a jusante da nascente.
TIET 04180
3,5

3
Concentração (mg/L)

2,5

1,5 y = -0,083x + 3,094

0,5

0
0 5 10 15 20 25

Anos

Figura 55: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 04180 – UGRHI Alto Tietê, 112 km
a jusante da nascente.
TIET 04200
5,000

4,500

4,000
Concentração (mg/L)

3,500

3,000

2,500 y = 0,026x + 1,527

2,000

1,500

1,000

0,500

0,000
0 5 10 15 20 25

Anos

Figura 56: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 04200 – UGRHI Alto Tietê, 120 km
a jusante da nascente.
197
TIES 04900
4,000

3,500

3,000

Concentração (mg/L)
2,500 y = 0,048x + 1,086

2,000

1,500

1,000

0,500

-
0 5 10 15 20 25

Anos

Figura 57: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIES 04900 – UGRHI Alto Tietê, 160 km
a jusante da nascente.

TIPI 04900
3,000

2,500
Concentração (mg/L)

y = 0,064x + 0,485
2,000

1,500

1,000

0,500

-
0 5 10 15 20 25

Anos

Figura 58: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIPI 04900 – UGRHI Alto Tietê, 201 km
a jusante da nascente, no município de Pirapora do Bom Jesus.

No caso da UGRHI Tietê/Sorocaba também há uma tendência de aumento nas


concentrações de fósforo durante o período avaliado, principalmente nos pontos de
monitoramento situados na parte superior da UGRHI, logo a jusante da RMSP, caso
dos pontos TIRG 02900, TIET 02350 e TIET 02400, conforme Figuras 59 a 61.

TIRG 02900
3,000

2,500
Concentração (mg/L)

y = 0,068x + 0,403
2,000

1,500

1,000

0,500

-
0 5 10 15 20 25

Anos

Figura 59: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIRG 02900 – UGRHI Tietê/Sorocaba,
273 km a jusante da nascente, no Reservatório de Rasgão, município de Pirapora do Bom Jesus.
198
TIET 02350
1,800

1,600

1,400 y = 0,041x + 0,365

Concentração (mg/L)
1,200

1,000

0,800

0,600

0,400

0,200

0,000
0 5 10 15 20 25

Anos

Figura 60: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 02350 – UGRHI Tietê/Sorocaba,
396 km a jusante da nascente.

TIET 02400
2,500

2,000
Concentração (mg/L)

y = 0,056x + 0,190
1,500

1,000

0,500

0,000
0 5 10 15 20 25

Anos

Figura 61: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 02400 – UGRHI Tietê/Sorocaba,
443 km a jusante da nascente, após a confluência com o rio Sorocaba.

Nos pontos TIET 02450, TIBT 02500, TIBB02100 e TIBB02700, também


localizados no Tietê/Sorocaba, porém na sua porção media e inferior, também há um
comportamento geral de aumento nas concentrações de fósforo, conforme Figuras 62
a 65, porém percebe-se que os valores são mais reduzidos, apesar do aporte das
URGHI’s PCJ e TS, fator que pode ser resultado da possível precipitação do
nutriente no sedimento do lago formado pela represa de Barra Bonita.

TIET 02450
2

1,8

1,6
Concentração (mg/L)

1,4

1,2 y = 0,024x + 0,463

0,8

0,6

0,4

0,2

0
0 5 10 15 20 25

Anos

Figura 62: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 02450 – UGRHI Tietê/Sorocaba,
463 km a jusante da nascente, início da Represa de Barra Bonita.
199
TIBT 02500
1,2

Concentração (mg/L)
0,8

0,6
y = 0,023x - 0,019

0,4

0,2

0
0 5 10 15 20 25

Anos

Figura 63: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 02500 – UGRHI Tietê/Sorocaba –
568 km a jusante da nascente.

TIBB 02100
0,2

y = 0,008x - 0,034
0,15
Concentração (mg/L)

0,1

0,05

0
0 5 10 15 20 25

-0,05
Anos

Figura 64: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIBB 02100 – UGRHI Tietê/Sorocaba,
598 km a jusante da nascente, após a confluência com o rio Piracicaba.

TIBB 02700
0,25

0,2

y = 0,009x - 0,054
Concentração (mg/L)

0,15

0,1

0,05

0
0 5 10 15 20 25

-0,05

-0,1
Anos

Figura 65: Tendência da concentração de


fósforo no ponto TIBB 02700 – UGRHI Tietê/Sorocaba – 602 km a jusante da nascente, na represa de
Barra Bonita, após a confluência com o rio Piracicaba.

Nas UGRHI’s Tietê/Jacaré e Tietê/Batalha, conforme Figuras 66 e 67, nota-se


também um comportamento geral de aumento nas concentrações, porém com
tendência de estabilização, com manutenção em níveis mais reduzidos que os pontos
localizados nas bacias situadas a montante. Vale destacar que nos últimos 6 anos a
tendência de aumento nas concentrações identificadas no ponto TIET 02600 foi mais
acentuada. Os dados do ponto TIPR 02990, localizado na UGRHI Tietê/Batalha não
serão apresentados, visto que não se faz possível apresentar sua evolução, já que o
200

mesmo dispõe somente da média de 2007, ano em que esse ponto passou a fazer
parte da rede de monitoramento.

TIET 02500
0,350

0,300

Concentração (mg/L)
0,250

0,200

0,150 y = 0,005x + 0,012

0,100

0,050

-
0 5 10 15 20 25

Anos

Figura 66: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 02500 – UGRHI Tietê/Jacaré, 607
km a jusante da nascente.

TIET 02600
0,090

0,080

0,070
Concentração (mg/L)

0,060

0,050
y = 0,000x + 0,036
0,040

0,030

0,020

0,010

-
0 5 10 15 20 25

Anos

Figura 67: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 02600 – UGRHI Tietê/Batalha, 705
km a jusante da nascente, no Reservatório de Ibitinga.

Os pontos TIET 02700, TITR 02100 e TITR 02800, localizados no Baixo Tietê
apresentam tendência geral de diminuição nas concentrações de fósforo, conforme
Figuras 68 a 70. Inclusive, nos últimos 10 anos cerca de 70% dos resultados de
fósforo obtidos atendem os limites estabelecidos pela Resolução CONAMA no
357/05 para corpos d’água enquadrados na classe 2.
TIET 02700
0,180

0,160

0,140
Concentração (mg/L)

0,120

0,100

0,080

0,060

y = -0,000x + 0,044
0,040

0,020

-
0 5 10 15 20 25

Anos

Figura 68: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 02700 – UGRHI Baixo Tietê, 865
km a jusante da nascente.
201

TITR 02100
0,14

0,12

Concentração (mg/L)
0,1

0,08

0,06

0,04
y = -0,001x + 0,045

0,02

0
0 5 10 15 20 25

Anos

Figura 69: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIRT 02100 – UGRHI Baixo Tietê, 945
km a jusante da nascente.

TITR 02800
0,080

0,070

0,060
Concentração (mg/L)

0,050

0,040
y = -0,000x + 0,042
0,030

0,020

0,010

-
0 5 10 15 20 25

Anos

Figura 70: Tendência da concentração de fósforo no ponto TITR 02800 – UGRHI Baixo Tietê, 1065
km a jusante da nascente, no Reservatório de Três Irmãos.

A partir dos dados apresentados individualmente é possível verificar uma tendência


de estabilização relativa das concentrações médias de fósforo nas águas a partir das
UGRHI’s Tietê/Jacaré e Tietê/Batalha, e de redução na UGRHI Baixo Tietê.

No Alto Tietê e Tietê/Sorocaba a tendência de aumento gradual nas concentrações de


fósforo ao longo dos anos é um fator que demonstra acompanhar o desenvolvimento
econômico e populacional dessas bacias.

Inclusive, nos pontos de monitoramento situados após a confluência do Tietê com os


rios Sorocaba e Piracicaba (TIET 02400, TIBB 02700 e TIET 02500), que
atravessam áreas bastante urbanizadas, as concentrações de fósforo tendem a ser
maiores.

Assim, apesar da tendência geral de diminuição nas concentrações de fósforo ao


202

longo da UGRHI Tietê/Sorocaba, de montante para jusante, ainda que as


concentrações permaneçam elevadas, pode-se detectar um aumento desses valores na
região de contribuição do rio Sorocaba, no ponto de monitoramento TIET 02400.
Esse ponto situa-se cerca de 4 km após o ponto de confluência dos rios Sorocaba e
Tietê, conforme demonstrado na Figura 71.

Ponto de amostragem TIET 02400

Rio Tietê

Confluência rios Sorocaba e Tietê

Rio Sorocaba

Figura 71: Localização do ponto de amostragem TIET 02400 – Jusante da confluência dos
rios Sorocaba e Tietê.
Fonte: http://www.earth.google.com.

Nesse ponto de monitoramento, em relação ao ponto situado cerca de 50 km a


montante, o TIET 02350, verifica-se um acréscimo nas concentrações médias de
fósforo da ordem de 9% para o período de 1986 a 2007, sendo que a concentração
média de fósforo foi alterada de 1,052 mg/L para 1,152 mg/L.

Comportamento similar pode ser identificado na comparação dos valores observados


nos pontos de monitoramento TIBB 02700 e TIET 02500, localizados cerca de 14 e
19 km, respectivamente, a jusante do ponto de confluência entre os rios Piracicaba e
Tietê, conforme Figura 72, a seguir.
203

Ponto de amostragem TIET 02500

Ponto de amostragem TIBB 02700

Rio Piracicaba

Confluência rios Piracicaba e Tietê

Rio Tietê

Figura 72: Localização do ponto de amostragem TIBB 02700 e TIET 02500 – Jusante da
confluência dos rios Piracicaba e Tietê.
Fonte: http://www.earth.google.com.

As médias das concentrações de fósforo identificadas nesses pontos apresentaram um


acréscimo também da ordem de 9% para o período de 1996 a 2007, sendo alterado de
0,093 mg/L no ponto TIBB 02700 para 0,102 mg/L no ponto TIET 02500.

No que se refere à evolução ao longo do tempo, a Figura 73, a seguir, apresenta as


concentrações de fósforo observadas nas bacias do Tietê através das médias
qüinqüenais relativas ao período compreendido entre os anos de 1986 a 2007.
204
Res. Edgard de Sousa
Res. Barra Bonita
Res. Pirapora
Concentração Res. Três Res. Nova RMSP
(mg/L) Irmãos Avanhandava Res. Promissão Res. Ibitinga Rio Piracicaba Rios Sorocaba e Capivari Res. Rasgão
2,500

2,000

1,500

1,000

0,500

-
1100
0 1000
100 900
200 800
300 700
400 600
500 500
600 400
700 300
800 200
900 100
1000 0
1100

Distância a partir da nascente (km) 1986 a 1990 1991 a 1995 1996 a 2000 2001 a 2007

Figura 73: Concentrações de fósforo no Tietê, em mg/L, conforme Relatório de Qualidade das Águas Interiores – Médias quinquenais entre 1986 e 2007.
Fonte: Adaptado de PAGANINI, 2007.
205

5.1.5. Níveis de Fósforo no Sedimento

Os dados referentes à concentração de fósforo no compartimento sedimento nos


pontos situados no caudal do rio Tietê encontram-se descritos na Tabela 44.

Tabela 44: Concentração de fósforo sedimento nos anos de 2004 e 2005, em mg/L, conforme
Relatório de Qualidade das Águas Interiores.
Distância a partir da Média 2004
Código do Ponto Bacia Localização 2004 2005
nascente (km) - 2005

TIET02050 Alto Tietê Na captação da SABESP no município de Biritiba-Mirim. 0 0,080 0,030 0,055

No corpo central do Reservatório de Barra Bonita, a


TIBB02100 Tietê/Sorocaba 598 0,060 0,060
jusante da confluência dos Rios Tiête e Piracicaba.

Aproximadamente 0,5 Km da comporta do Reservatório


TIPI04850 Tietê/Sorocaba 605 2,580 2,580
de Barra Bonita.

No Reservatório 3 Irmãos, em frente a captação de


TITR02100 Baixo Tietê 945 0,060 0,060
Araçatuba.

Apesar da análise das concentrações de fósforo nesse compartimento ser de grande


importância para avaliação do comportamento desse nutriente em um corpo d’água,
tendo em vista a sua elevada capacidade de precipitação no material sedimentado, a
baixa disponibilidade de dados não permite fornecer uma avaliação mais abrangente,
uma vez que não se possibilita a compatibilização de dados e a comparação de
alterações no decorrer dos anos.
Ainda assim, a partir das informações ora disponibilizadas, é possível verificar que o
ponto de monitoramento TIPI 04850, localizado na região da UGRHI
Tietê/Sorocaba, na porção inferior do Reservatório de Barra Bonita, tende a
apresentar concentrações de fósforo mais elevadas.

Tal situação, aliada aos dados sobre as concentrações de fósforo na coluna d’água,
permite inferir que esse resultado pode ser decorrente das taxas de precipitação do
nutriente que é lançado no corpo d’água em elevadas quantidades nos pontos a
montante, principalmente na UGRHI do Alto Tietê.
206

Na Tabela 45, abaixo, pode-se verificar as concentrações médias de fósforo na


coluna d´água e no sedimento nos pontos de monitoramento localizados no caudal do
Tietê, referente aos anos 2004 e 2005.

Tabela 45: Concentração de fósforo na coluna d’água e no sedimento, em mg/L, conforme Relatório
de Qualidade das Águas Interiores – Média dos anos 2004 e 2005.
Concentração de Fósforo (mg/L)
Código do Distância a partir
UGRHI Água Sedimento
Ponto da nascente (km)
2004 2005 Média 2004 2005 Média

TIET02050 0 0,047 0,087 0,067 0,080 0,030 0,055


TIET02090 20 0,078 0,098 0,088 - - -
TIET03120 35 0,425 0,630 0,528 - - -

TIET04150 77 0,960 0,943 0,952 - - -


TIET04170 Alto Tietê 102 1,483 1,277 1,380 - - -
TIET04180 112 2,513 1,398 1,956 - - -
TIET04200 120 2,305 2,328 2,317 - - -

TIES04900 160 2,475 1,225 1,850 - - -


TIPI04900 201 2,138 1,262 1,700 - - -
TIRG02900 273 1,717 1,158 1,438 - - -
TIET02350 396 0,714 1,122 0,918 - - -

TIET02400 443 1,148 1,130 1,139 - - -


TIET02450 463 1,010 0,727 0,868 - - -
Tietê/Sorocaba
TIBT02500 568 0,596 0,333 0,465 - - -
TIBB02100 598 0,117 0,105 0,111 - 0,060 0,060
TIBB02700 602 0,082 0,087 0,084 - - -

TIPI04850 605 - - - 2,580 - 2,580


TIET02500 Tietê/Jacaré 607 0,095 0,093 0,094 - - -
TIET02600 Tietê/Batalha 705 0,042 0,055 0,049 - - -
TIET02700 865 0,026 0,022 0,024 - - -

TITR02100 Baixo Tietê 945 0,030 0,025 0,028 - 0,060 0,060


TITR02800 1065 0,023 0,025 0,024 - - -

Avaliando-se esses dados graficamente, é possível verificar que a partir do ponto em


que as concentrações de fósforo na UGRHI Tietê/Sorocaba encontram-se mais
baixas na coluna d’água, ao longo do percurso do rio, a concentração do nutriente do
sedimento está mais elevada.

O comportamento da média de fósforo nos anos 2004 e 2005, na coluna d’água e no


sedimento, ao longo do Tietê, pode ser verificado na Figura 74.
207

Água
Res. Barra Bonita
Res. Edgard de Sousa
Res. Pirapora
Sedimento
Concentração Res. Três Res. Nova RMSP
(mg/L) Irmãos Avanhandava Res. Promissão Res. Ibitinga Rio Piracicaba Rios Sorocaba e Capivari Res. Rasgão
2,500 3,000

2,317
2,580
2,500
2,000
1,956

1,850

Concentração (mg/L)
1,700
2,000
1,500
1,438
1,380

1,500
1,139

1,000
0,952
0,918
0,868
1,000

0,528
0,500
0,465
0,500

0,111
0,060 0,060 0,055
0,094 0,088
0,049 0,084 0,067
- 0,024 0,028 0,024
0,000
1100
0 1000
100 900
200 800
300 700
400 600
500 500
600 400
700 300
800 200
900 100
1000 0
1100

Distância a partir da nascente (km)


TITR 02100 (Res. Três TIPI0 4850 (Res. TIBB 02100 TIET 02050 (Próximo
Irmãos) Barra Bonita, após (Confluência rios à Nas cente)
confl. Rio Piracicaba) Piracicaba e Tietê)

Figura 74: Concentração de fósforo no na coluna d´água e no sedimento, em mg/L, conforme Relatório de Qualidade das Águas Interiores – Média dos anos 2004
e 2005.
208

5.2. Relação entre as Variáveis

Para relação entre as variáveis, as Figuras 75, 76 e 77 apresentam a comparação dos


dados relativos à concentração de fósforo na coluna d’água e concentração
populacional total e urbana, número de indústrias e extensão das áreas agricultáveis,
respectivamente, embora não existam dados sobre as vazões e características das
indústrias.

Para elaboração da Figura 75, que corresponde à concentração populacional urbana,


foram utilizados dados referentes aos anos de 1986, 1993, 2000 e 2007. Em relação
ao número de indústrias, Figura 76, utilizou-se dados referentes a 1995 e 2008 e, no
que se refere à extensão das áreas cultivadas, Figura 77, foram utilizadas
informações referentes aos anos de 1998 e 2008.

Para todas as relações, para efeito de visualização por bacia, os dados referentes ao
Piracicaba/Capivari/Jundiaí e Tietê/Sorocaba foram somados, uma vez que ambas
convergem para os mesmos pontos de contribuição no caudal do Tietê, entre a Usina
Edgard Souza e o Reservatório de Barra Bonita.
209

1986 1993

LEGENDA

Concentração Populacional

Não Disponível

Até 20 mil habitantes

De 20 a 50 mil habitantes

De 50 a 100 mil habitantes


De 100 a 200 mil habitantes

De 200 a 500 mil habitantes

Acima de 500 mil habitantes

Concentração Populacional (nº hab)

População Urbana (nº hab)

Concentração de Fósforo (mg/L)

Figura 75: Concentração


populacional total,
população urbana e
concentração de fósforo
na coluna d’água na bacia
do Tietê – anos 1986,
2000 2007 1993, 2000 e 2007.
210

1995 2,573 2008


2,443

2,047

1,718
1,652 1,713

1,217
1,177
0,968 1,125
0,944 0,952
0,792
0,645 0,707 0,807

0,506 0,407 0,338 57.307


236 164 0,165
567 1.869 1.303 5.073 0,327
0,153 22.602 0,157 25.328
0,066 0,061 0,078 0,175
0,036 0,022 0,041 0,055 5.412 0,186
0,115
0,058 0,042 0,038 0,137
0,107 0,088
110
0 100
100 900
200 800
300 700
400 600
500 500
600 400
700 300
800 200
900 100
1000 0
1100 110
0 100
100 900
200 800
300 700
400 600
500 500
600 400
700 300
800 200
900 100
1000 0
1100

LEGENDA

Concentração Populacional

Não Disponível

Até 20 mil habitantes Concentração Populacional (nº hab)


De 20 a 50 mil habitantes

De 50 a 100 mil habitantes


Número de Indústrias (nº ind.)
De 100 a 200 mil habitantes

De 200 a 500 mil habitantes

Acima de 500 mil habitantes Concentração de Fósforo (mg/L)

Figura 76: Concentração populacional total, número de indústrias e concentração de fósforo na coluna d’água na bacia do Tietê – anos 1995 e 2008.
211

1998 2008

LEGENDA

Concentração Populacional

Não Disponível
Concentração Populacional (nº hab)
Até 20 mil habitantes

De 20 a 50 mil habitantes

De 50 a 100 mil habitantes Extensão Área Cultivada (ha)


De 100 a 200 mil habitantes

De 200 a 500 mil habitantes

Acima de 500 mil habitantes


Concentração de Fósforo (mg/L)

Figura 77: Concentração populacional total, extensão área cultivada e concentração de fósforo na coluna d’água na bacia do Tietê – anos 1998 e 2008.
212

A partir dos dados apresentados é possível verificar que a evolução populacional e o


crescimento industrial foram mais acentuados nas UGRHI’s Alto Tietê,
Piracicaba/Capivari/Jundiaí e Tietê/Sorocaba. Nos municípios situados nas UGRHI’s
Tietê/Jacaré, Tietê/Batalha e Baixo Tietê essa alteração é menos perceptível, uma vez
que a grande maioria deles permaneceu com população de até 50 mil habitantes
durante o período transcorrido entre 1986 e 2007.

Verifica-se assim, que o crescimento populacional experimentado pelas bacias do


Tietê nesses 22 anos foi acompanhado de um aumento nas concentrações de fósforo
na coluna d’água.

A elevada concentração de fósforo nas águas do rio, em seu trecho no Alto Tietê,
provoca reflexos ao longo de todo o seu curso até a Represa de Barra Bonita,
podendo-se observar a manutenção de níveis bastante elevados de fósforo na UGRHI
Tietê/Sorocaba, com sensível diminuição a partir do ponto situado na UGRHI
Tietê/Jacaré. Desta forma, pode-se inferir que a elevada carga de fósforo lançada na
UGRHI Alto Tietê tende a ser “exportada” para a UGRHI Tietê/Sorocaba, onde o
mesmo possivelmente precipita e fica acumulado no sedimento da Represa de Barra
Bonita. Tal situação é ratificada pelo comportamento do fósforo no sedimento, a
partir dos dados disponibilizados pela CETESB.

No Tietê/Sorocaba, a partir do reservatório de Barra Bonita, é possível inferir


também, que as concentrações de fósforo tendem a ser menores devido ao aumento
da vazão de regularização do rio em decorrência do represamento. Não obstante, é
possível verificar que as concentrações de fósforo na coluna d’água são aumentadas
após a contribuição dos rios Sorocaba e Piracicaba, que atravessam municípios com
elevado número de habitantes.

Verifica-se, assim, que nas UGRHI’s Alto Tietê, Piracicaba/Capivari/Jundiaí e


Tietê/Sorocaba, que concentram atualmente 91% da população das bacias do Tietê e
onde houve uma ampliação de 11,3 milhões de habitantes para o período de 22 anos,
a concentração média de fósforo foi alterada de 0,399 mg/L em 1986 para 0,945
mg/L em 2007.

Paralelamente, nas UGRHI’s Tietê/Jacaré, Tietê/Batalha e Baixo Tietê, que


213

concentram atualmente 71% das áreas cultivadas da bacia do Tietê e onde houve um
acréscimo de 493 mil ha de área plantada no período de 10 anos, a concentração
média de fósforo foi alterada de 0,046 mg/L em 1986 para 0,065 mg/L em 2007.

No Baixo Tietê, inclusive, que possui atualmente mais de 1,5 milhões de ha de áreas
cultivadas, o que corresponde a cerca de 92% da área total da UGRHI, a
concentração média de fósforo nas águas apresentou uma redução de 0,050 mg/L em
1986 para 0,046 mg/L em 2007. Ainda, os resultados obtidos nos pontos de
amostragem operados pela CETESB, apontam que no decorrer de 22 anos, a
concentração média de fósforo nessa bacia foi da ordem de 0,035 mg/L.

Isso indica que nas bacias compostas em sua maioria por municípios de pequeno
porte, com menos de 20 mil habitantes, e com intensa atividade agrícola, as
concentrações de fósforo nas águas tendem a ser mais reduzidas.

Desta forma, é possível inferir que o aumento nas concentrações de fósforo na coluna
d’água do caudal do rio Tietê acompanha a expansão populacional da UGRHI’s mais
populosas e mais industrializadas, denotando pouca relação entre o aumento da
extensão das áreas utilizadas pela agricultura e a ampliação dos níveis desse nutriente
nas águas.

Para ratificação desses dados, efetuando-se um comparativo das cargas potenciais de


fósforo nessas UGRHI’s, a partir da atividade urbana e agrícola, verifica-se que
enquanto a contribuição de fósforo a partir dos esgotos domésticos pode ser estimada
em 68,3 t/dia, a contribuição decorrente das perdas de terra é de 3 t/dia.

Para elaboração dessa relação, estima-se que cada pessoa seja responsável pelo
lançamento de 2,5 g/dia de fósforo, a partir dos esgotos domésticos e que, em cada
hectare cultivado no Estado de São Paulo, o potencial de perdas de terra seja da
ordem de 7,852 t/ha/ano, com concentrações de fósforo de 0,002614%.

Comparando-se com os dados de 1998, observa-se que a carga estimada de fósforo


oriunda da bacia do Tietê, a partir do lançamento dos esgotos domésticos era de 59,6
t/dia, enquanto o potencial de perda desse nutriente nas áreas cultivadas podia ser
estimado em 2,42 t/dia.

Tais dados podem ser observados na Tabela 46, a seguir.


214

Tabela 46: Comparativo das cargas potenciais de fósforo na bacia do Tietê, em decorrência das
atividades urbana e agrícola, em t/dia.
Atividade Urbana Atividade Agrícola
1998 2007 1998 2008
UGRHI População Carga Estimada Carga Estimada Área Carga Área Carga Estimada
População Urbana
Urbana de Fósforo de Fósforo Cultivada Estimada de Cultivada de Fósforo
(nº hab) (t/dia) (t/dia) (ha) (t/dia) (ha) (t/dia)
Alto Tietê 16.499.134 41,25 18.438.509 46,10 75.679 0,04 70.435 0,04

Piracicaba/Capivari/Jundiaí 3.874.989 9,69 4.691.885 11,73 553.634 0,31 846.600 0,48

Tietê/Sorocaba 1.275.790 3,19 1.625.116 4,06 426.610 0,24 675.067 0,38

Tietê/Jacaré 1.197.929 2,99 1.414.773 3,54 955.471 0,54 1.237.115 0,70

Tietê/Batalha 392.716 0,98 459.626 1,15 791.043 0,44 981.791 0,55

Baixo Tietê 600.106 1,50 677.517 1,69 1.507.837 0,85 1.528.903 0,86

Total da Bacia do Tietê 23.840.664 59,60 27.307.426 68,27 4.310.274 2,42 5.339.911 3,00

Verifica-se assim, que o potencial de contribuição de fósforo a partir da atividade


urbana, em decorrência da elevada concentração populacional, devido ao lançamento
de esgotos domésticos, é bastante superior ao potencial de contribuição nas áreas
cultivadas, a partir das estimativas de perdas de terra.

Considerando-se que nos locais onde o fosfato na forma de STPP é utilizado como
builder em detergentes em pó a quantidade de fósforo presente nos esgotos
domésticos pode ser da ordem de 50% (quantidade mínima) a 80% (quantidade
máxima), é possível estimar que essa fonte é responsável pelo aporte de 34,1 a 54,6
t/dia de fósforo nas águas do Tietê. Desse total, de 23,0 a 36,9 t/dia tem origem na
bacia Alto Tietê.

Considerando-se, entretanto, que a totalidade das formulações dos detergentes em pó


para uso doméstico comercializados no Brasil tenha obedecido aos limites de STPP
propostos pela Resolução CONAMA nº 359/05, atendendo plenamente as
expectativas estabelecidas, a redução no aporte de fósforo nas águas do rio Tietê
desde o ano de 2008 seria da ordem de 10,2 a 16,4 t/dia, o que é ainda considerada
uma redução muito conservadora.

Desta forma, caso as metas propostas venham a ser atingidas, a quantidade de fósforo
lançada nas águas do Tietê através dos esgotos domésticos em decorrência do uso de
detergentes, poderia ser estimada atualmente em 23,9 a 38,2 t/dia.

Na Tabela 47, a seguir, pode-se visualizar um comparativo entre a contribuição


215

potencial total de fósforo na bacia do Tietê, bem como as contribuições estimadas de


STPP antes e após a aplicação da Resolução CONAMA nº 359/05.

Tabela 47: Cargas atuais estimadas de fósforo nas águas do Tietê, por UGRHI, em decorrência do
uso de detergentes contendo STPP, em t/dia.

Total nos STPP (t/dia)


Esgotos
UGRHI Domésticos Antes CONAMA 359/05 Após CONAMA 359/05
(t/dia) Mínimo (50%) Máximo (80%) Mínimo (50%) Máximo (80%)

Alto Tietê 46,10 23,05 36,88 16,13 25,81

Piracicaba/Capivari/Jundiaí 11,73 5,86 9,38 4,11 6,57

Tietê/Sorocaba 4,06 2,03 3,25 1,42 2,28

Tietê/Jacaré 3,54 1,77 2,83 1,24 1,98

Tietê/Batalha 1,15 0,57 0,92 0,40 0,64

Baixo Tietê 1,69 0,85 1,36 0,59 0,95

Total da Bacia do Tietê 68,27 34,13 54,61 23,89 38,23


216

6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A partir dos dados levantados no decorrer do presente trabalho, considerando-se as


informações avaliadas no levantamento bibliográfico, bem como os dados obtidos a
partir do estudo de caso, pode-se verificar que o impacto da atividade urbana para o
aumento da concentração de fósforo nas águas é bastante elevado, comparativamente
à atividade agrícola. Pode-se verificar também, a magnitude e a inquestionável
contribuição dos detergentes para configuração desse cenário.

O controle do aporte de fósforo nas águas a partir da atuação nas fontes oriundas da
atividade urbana, principalmente pela limitação da presença de tripolifosfato de sódio
(STPP) nos detergentes, demonstra ser de grande importância para a melhoria da
qualidade das águas e para a preservação do ciclo do nutriente. Isto porque, além de
auxiliar na redução do aporte do principal nutriente limitante do crescimento
biológico em um ambiente aquático, a redução da presença de fósforo nesses
produtos pode auxiliar na diminuição das suas taxas de exploração no meio
ambiente, contribuindo para sua conservação.

A evolução nas ferramentas de controle do aporte de fósforo nas águas é relevante,


também, para garantia das condições ambientais e de saúde pública, uma vez que
pode contribuir para a redução dos níveis de eutrofização das águas. Nesse sentido, o
controle das fontes de fósforo em áreas urbanas demonstra ser uma alternativa mais
simples do que a implantação generalizada dos sistemas mais avançados de
tratamento dos esgotos domésticos, os denominados sistemas terciários. O
estabelecimento de padrões de qualidade para os corpos receptores é uma ferramenta
imprescindível para a manutenção da qualidade dos corpos d’água. Já o
estabelecimento de limites de lançamento, de forma linear, considerando-se somente
a obrigatoriedade e a abrangência nacional da legislação, pode trazer consequências
indesejáveis e onerosas, pois os sistemas terciários de tratamento de esgotos possuem
elevados custos de implantação, operação e manutenção.

As regras e normas para implantação desses sistemas devem ser criteriosamente


217

analisadas, levando-se em conta as diversidades regionais e os diferentes aspectos


ambientais, econômicos e sociais envolvidos, como o potencial de eutrofização do
corpo d’água, os seus usos previstos e requeridos, a factilibidade de disponibilização
e aplicação dos recursos financeiros necessários e as metas para universalização dos
serviços de saneamento.

Para tanto, o estabelecimento de metas graduais e progressivas, a serem atendidas ao


longo do tempo, torna-se fundamental para a viabilização de melhorias nos sistemas
de saneamento. Permite-se promover, assim, a racionalização na aplicação dos
recursos financeiros, de acordo com a realidade sócio-econômica brasileira,
alinhando as questões ambientais à necessidade de melhoria das condições da saúde
pública da população. Tal prerrogativa, inclusive, encontra-se preconizada na Lei
11.445/2007, que estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico.

Também, de forma complementar, verifica-se a necessidade de serem aprimoradas e


fortalecidas as formas de gerenciamento da qualidade das águas, por meio da
fiscalização e monitoramento dos lançamentos domésticos e industriais.

Ou seja, a exemplo de outros países, necessita-se de uma evolução nas ferramentas


para controle das fontes de fósforo, fiscalização e acompanhamento das medidas
implementadas, a ponto de banir a presença de STPP nos detergentes, para depois
serem sugeridas metodologias para implantação de sistemas mais avançados de
tratamento de esgotos, de forma gradual e criteriosa.

Cumpre ressaltar que, no Brasil, apesar da existência de legislação específica para


regulamentar a presença de STPP nos detergentes, a Resolução CONAMA nº 359, de
29 de abril de 2005, ainda não é possível identificar ações voltadas para a divulgação
dos resultados já obtidos ou trabalhos de conscientização da população. Ainda que a
sua implementação esteja sendo devidamente fiscalizada e acompanhada pelos
órgãos responsáveis, salientando-se que a última etapa para adequação dos produtos
à legislação se encerrou em abril de 2008, seus resultados práticos ainda não foram
informados.

Desta forma, é de grande importância que sejam alavancados processos efetivos de


conscientização e educação ambiental, de forma que a questão da importância da
218

preservação das fontes de fósforo seja inserida no dia-a-dia da população,


conferindo-lhe o direito ao acesso à informações que lhe permita efetuar sua opção
de compra com base nos impactos causados ao meio ambiente. No caso de um
detergente livre de fosfato, mais do que escolher um produto mais sustentável, a
opção será pela preservação das fontes do nutriente e manutenção da qualidade de
vida, principalmente das futuras gerações. Nesse sentido, os “selos verdes” para os
detergentes sem fósforo, sistemática já adotada em diversos países, surgem como
uma iniciativa importante.

Outro fator a ser considerado é a possibilidade e viabilidade de implantação de


sistemas de tratamento de esgotos domésticos que contribuam para o aumento das
taxas de retorno do fósforo ao seu ciclo natural. Principalmente na Comunidade
Européia, os municípios com menos de 20 mil habitantes são atualmente estimulados
a adotar os sistemas de disposição de esgotos no solo como alternativa para
tratamento dos esgotos domésticos, ou até mesmo, para polimento dos efluentes.
Enquanto nos sistemas terciários de tratamento de esgotos convencionais, a
quantidade de fósforo removida da matéria líquida e precipitada no lodo é
encaminhada para aterros sanitários ou para incineração, podendo se tornar
irremediavelmente perdida, na disposição no solo, a parcela de fósforo retirada dos
esgotos retorna para a produção vegetal, inserindo novamente o nutriente em seu
ciclo natural.

Assim, a questão da dinâmica do fósforo no meio ambiente deve ser entendida e


estudada de forma integrada e sistêmica, levando-se em conta não somente as
alternativas para a redução do seu aporte nos rios e reservatórios, como forma de
buscar controlar os processos de eutrofização e melhorar a qualidade das águas, mas
também as metodologias que busquem a conservação e proteção do meio ambiente.

Trata-se, portanto, da efetiva gestão ambiental em prol da qualidade de vida das


futuras gerações, visando a preservação de um nutriente que não pode ser substituído
nos processos biológicos por nenhum outro elemento naturalmente disponível ou
sintetizado pelo homem, e cujas fontes, finitas e não renováveis, encontram-se
alarmantemente próximas da exaustão.
219

Face ao exposto, recomenda-se priorizar a atuação e controle das fontes de fósforo


em áreas urbanas, dado o impacto dessa atividade sobre a dinâmica do fósforo no
meio ambiente, através das seguintes ações:

• Fiscalizar o cumprimento dos termos da Resolução CONAMA nº 359/2005,


que estabelece limites para a presença de fósforo nos detergentes, comunicando
os resultados obtidos, e sua importância, à população;
• Efetivar a revisão dessa Resolução, conforme previsto em seu Art. 7º,
estabelecendo limites ainda mais restritivos e propondo-se prazos para
substituição do fosfato por outros builders que ofereçam mesmas condições de
qualidade, eficiência e preço de mercado ao consumidor;
• Estabelecer um processo de conscientização da população em relação a esse
assunto e adotar a proposta de utilização de “selos verdes” para os detergentes
livres de fosfato;
• Estabelecer limites de lançamento de fósforo nos esgotos domésticos e
efluentes industriais, levando-se em conta as características sociais,
econômicas e ambientais de cada região, bem como as metas progressivas
decorrentes da necessidade de universalização dos serviços de saneamento,
preconizadas na Lei nº 11.445/2007;
• Estabelecer um critério de etapas para implementação das melhorias
planejadas, de acordo com a motivação ambiental (enquadramento dos corpos
d’água e usos atuais e previstos), o montante de recursos previstos e a
capacidade de investimento existente, tendo como base a realidade sócio-
econômica brasileira e as diferentes características regionais;
• Identificar os pontos de lançamento existentes e mapear as indústrias que
lançam fósforo em seus efluentes, de acordo com o ramo de atividade,
monitorando o atendimento aos padrões de qualidade estabelecidos para os
corpos d’água receptores e para os efluentes;
• Auxiliar na viabilização de alternativas para tratamento dos esgotos domésticos
que auxiliem no aumento das taxas de retorno do fósforo ao seu ciclo natural, e
que contribuam para os processos de reciclagem e reutilização do nutriente,
como por exemplo, os sistemas de disposição de esgotos e efluentes no solo.
220

Em relação à atividade agrícola, não obstante sua contribuição para o aporte de


fósforo nas águas seja mais reduzido, comparativamente à atividade urbana,
merecem ser planejadas e adotadas ações voltadas para redução dos seus impactos
sobre a dinâmica do fósforo no meio ambiente. Para tanto, recomenda-se:

• Implementar ferramentas para fiscalização e controle da quantidade de


fertilizantes utilizada nas áreas agrícolas;
• Viabilizar melhorias operacionais e tecnológicas que permitam a otimização
das formas de uso e manejo do solo, visando reduzir a quantidade de
fertilizante aplicada, de acordo com as diversas culturas;
• Aprimorar os estudos relacionados com a utilização agrícola dos resíduos
agrícolas, industriais e urbanos, auxiliando no aumento das taxas de retorno do
fósforo ao seu ciclo natural;
• Buscar o envolvimento e comprometimento dos produtores rurais quanto à
importância da redução da quantidade de fertilizantes utilizada para
preservação das fontes de fósforo, através de um efetivo trabalho de educação e
conscientização ambiental.
221

7. REFERÊNCIAS

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mananciais de água. São Paulo: Secretaria do Meio Ambiente, 2002. Disponível em:
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(Doutorado em Saúde Pública) - Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São
Paulo, São Paulo.
AMARAL, G.; BEVILACQUA, J. E.; LAMPARELLI, C. C. Monitoramento
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aditivos INS 451i tripolifosfato de sódio e INS 466 carboximetilcelulose de sódio como
estabilizantes em produtos cárneos. Disponível em: <http://www.anvisa. gov.br/legis/
resol/2001/179_01rdc.htm>. Acesso em: 10 set. 2008.
ANVISA (a) - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Ministério da Saúde.
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de aditivos alimentares, estabelecendo suas funções e seus limites máximos para a
categoria de alimentos 3 - gelados comestíveis. Disponível em: <http://www.
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atribuição de aditivos e seus limites máximos para a categoria de alimentos 16.2: bebidas
não alcoólicas, subcategoria 16.2.2: bebidas não alcoólicas gaseificadas e não
gaseificadas. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/2007/
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ANVISA (c) - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Ministério da Saúde.
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222

atribuição de aditivos e seus limites máximos para a categoria de alimentos 6: cereais e


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012979.pdf>. Acesso em: 18 dez. 2008.
230

8. ANEXOS

8.1. Currículo Lattes – Port/CPG/03/08

Atendendo ao determinado na PORT/CPG/03/08, de 05/06/08, seguem as cópias das


primeiras páginas do currículo lattes, texto gerado automaticamente pelo sistema ou
informado pelo autor, do Professor Orientador e Orientanda, respectivamente.
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