Tese Claudia Quevedo
Tese Claudia Quevedo
Tese Claudia Quevedo
São Paulo
2009
As Atividades do Homem e a Evolução da Dinâmica
do Fósforo no Meio Ambiente
São Paulo
2009
É expressamente proibida a comercialização deste documento tanto na
sua forma impressa como eletrônica. Sua reprodução total ou parcial é
permitida exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, desde que na
reprodução figure a identificação do autor, título, instituição e ano da
tese/dissertação.
Dedico aos meus pais, Ricardo e Maria, por tudo o que me ensinaram e
que ainda me ensinam todos os dias, com simplicidade e amor...
Agradeço a Deus, por ter tornado esse sonho possível e por ter me ajudado e me dado forças ao longo
desta jornada.
Ao meu marido Eduardo pela dedicação, amor e carinho; por me incentivar e me ajudar a prosseguir
nos momentos mais difíceis.
Às minhas irmãs Ana Lúcia, Elení e Regina, por tudo o que vivemos e aprendemos juntas e pela nossa
eterna amizade.
Ao Prof. Dr. Wanderley da Silva Paganini, meu orientador, a quem respeito e admiro, pela confiança e
pelo apoio; por acreditar em mim e no meu trabalho.
AGRADECIMENTOS
A realização deste trabalho foi possível graças a pessoas especiais, que me auxiliaram de diferentes
formas, através da amizade, do apoio, do trabalho e da dedicação.
Assim, agradeço inicialmente à Artur Esteves Bronzatto, Antonio Fernandes Garcia Junior, José
Aurélio Boranga, Eloísa Helena Cherbakian e Viktor Boyadjian Pereira, amigos da Unidade de
Negócio Médio Tietê e da Superintendência de Gestão Ambiental da SABESP, por terem permitido e
incentivado a realização deste curso.
Agradeço à Miriam Moreira Bocchiglieri, que além da amizade e do companheirismo, teve paciência,
carinho e disposição para me ajudar a frequentar as aulas.
Agradeço a todas as pessoas especiais que conheci ao longo deste trabalho e que contribuíram para
meu crescimento pessoal, profissional e acadêmico e, especialmente, à Miriam, Patrícia, Ana Paula,
Carlos Roberto, Cristiano, Camila Brandão, Alceu, Andrea, Maria do Carmo, Marilda e Camila
Guedes, participantes do Grupo de Orientação Coletiva conduzido pelo Prof. Dr. Wanderley Paganini,
um valioso espaço para troca de conhecimento e experiências.
Agradeço a Luiz Carlos, Elida, Othon e Miguel, que com carinho e amizade, contribuíram, cada um à
sua maneira, para esta conquista.
Agradeço aos técnicos da CATI que auxiliaram na disponibilização de dados relativos à atividade
agrícola, especialmente ao Engº Agrº Mário Ivo Drugowich, da Divisão de Extensão Rural, pelo
apoio, pelo incentivo e pelas informações prestadas.
Quevedo CMG. Human activities and the phosphorus evolution dynamics in the
environment. São Paulo (BR); 2009. [Dissertação de Mestrado – Faculdade de
Saúde Pública da Universidade de São Paulo Brasil].
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................1
2. OBJETIVOS .....................................................................................................................4
2.1. Objetivo Geral ............................................................................................................ 4
2.2. Objetivos Específicos .................................................................................................. 4
Tabela 01: Porcentagem das formas de ortofosfato presente nas águas, em diferentes valores
de pH...........................................................................................................................30
Tabela 02: Formas de fósforo mais comuns nas águas.................................................................31
Tabela 03: Estado trófico e concentração de fósforo total ...........................................................42
Tabela 04: Níveis de fósforo e classificação qualitativa dos principais graus de trofia ...............43
Tabela 05: Estimativas das cargas de fósforo em um lago ou reservatório, em função da
profundidade, em g/m².ano. ........................................................................................45
Tabela 06: Contribuições típicas de fósforo de acordo com a fonte. ............................................49
Tabela 07: Contribuições típicas de fósforo de acordo com a atividade desenvolvida. ...............50
Tabela 08: Quantidade de fertilizante aplicado, em kg/ha, e aumento nas concentrações de
fósforo nas águas, em p.p.m.. .....................................................................................52
Tabela 09: Estimativa de perdas de terras associadas ao uso agrícola no Estado de São Paulo ...58
Tabela 10: Perdas estimadas de fósforo no Estado de São Paulo, associadas ao uso agrícola .....59
Tabela 11: Quantidade média de P presente no leite e seus derivados, em 100 g de produto ......64
Tabela 12: Média de fósforo presente em um efluente típico de indústria para processamento
da rocha fosfática, por tonelada de produto, e tipo de tratamento utilizado ...............70
Tabela 13: Concentração de fosfato em efluentes da indústria petroquímica, de acordo com
diferentes produtos manufaturados .............................................................................71
Tabela 14: Concentrações de fosfato nos produtos alimentícios processados industrialmente
no Brasil e respectivas funções ...................................................................................80
Tabela 15: Principais builders utilizados em detergentes e o resumo de seus impactos ..............86
Tabela 16: Concentrações de STPP nos detergentes em diversas localidades, em 1968..............91
Tabela 17: Redução no consumo de STPP na União Européia, no período de 1984 a 2000,
e iniciativas para sua redução .....................................................................................96
Tabela 18: Eficiência dos processos de tratamento de esgotos na remoção de fósforo .............. 105
Tabela 19: Limites de fósforo para águas doces previstos na Resolução CONAMA 357/05 .... 115
Tabela 20: Limites de fósforo para detergentes previstos na Resolução CONAMA 359/05 ..... 118
Tabela 21: Rede de Monitoramento da Qualidade das Águas Interiores, CETESB ................... 124
Tabela 22: Principais reservatórios do rio Tietê ......................................................................... 130
Tabela 23: Caracterização das bacias do rio Tietê...................................................................... 134
Tabela 24: Volumes de água captados para uso urbano e industrial UGRHI’s do rio Tietê ...... 135
Tabela 25: Áreas de drenagem e vazões médias nas UGRHI’s do rio Tietê e no Estado .......... 136
Tabela 26: Áreas de drenagem e vazões características aproximadas ao longo do Tietê, na
UGRHI Alto Tietê .................................................................................................... 140
Tabela 27: Principais reservatórios localizados na UGRHI Alto Tietê ...................................... 141
Tabela 28: Distribuição das áreas da UGRHI Piracicaba/Capivari/Jundiaí de acordo com as
classes de uso do solo, em km² ................................................................................. 148
Tabela 29: Principais reservatórios da UGRHI Tietê/Sorocaba ................................................. 151
Tabela 30: Principais reservatórios da UGRHI Tietê/Jacaré ...................................................... 155
Tabela 31: Tipos de utilização do solo e respectivas áreas na UGRHI Tietê/Batalha ................ 160
Tabela 32: Principais reservatórios da UGRHI Baixo Tietê ...................................................... 163
Tabela 33: Tipos de utilização do solo e respectivas áreas na UGRHI Baixo Tietê .................. 164
Tabela 34: Localização e características dos pontos de amostragem da CETESB na coluna
d’água ....................................................................................................................... 169
Tabela 35: Localização e características dos pontos de amostragem CETESB no sedimento ... 170
Tabela 36: População total e urbana da UGRHI’s do Tietê e do Estado de São Paulo –
Período de 1986 a 2007 ............................................................................................ 174
Tabela 37: Crescimento anual da população total e urbana das UGRHI’s do Tietê – Período
de 1986 a 2007 .......................................................................................................... 177
Tabela 38: Quantidade municípios por porte, por UGRHI, para 1986, 1993, 2000 e 2007 ....... 180
Tabela 39: Quantidade potencial de fósforo lançada nas bacias do Tietê através dos esgotos
domésticos, nos anos de 1986, 1993, 2000 e 2007 ................................................... 182
Tabela 40: Número de indústrias das bacias do Tietê, por ramo de atividade – Comparativo
entre os anos de 1995 e 2008 .................................................................................... 185
Tabela 41: Extensão das áreas agricultáveis das bacias do Tietê, por cultura – Comparativo
entre os anos de 1998 e 2008 .................................................................................... 190
Tabela 42: Extensão das áreas cultivadas e quantidades de terra e fósforo perdidas nas
bacias do Tietê, por cultura – Comparativo entre os anos de 1998 e 2008 ............... 193
Tabela 43: Concentrações médias de fósforo na coluna d’água no período de 1986 a 2007,
em mg/L, conforme Relatório de Qualidade das Águas Interiores - CETESB ......... 194
Tabela 44: Concentração de fósforo sedimento nos anos de 2004 e 2005, em mg/L,
conforme Relatório de Qualidade das Águas Interiores ........................................... 205
Tabela 45: Concentração de fósforo na coluna d’água e no sedimento, em mg/L, conforme
Relatório de Qualidade das Águas Interiores – Média dos anos 2004 e 2005 .......... 206
Tabela 46: Comparativo das cargas potenciais de fósforo na bacia do Tietê, em decorrência
das atividades urbana e agrícola ............................................................................... 214
Tabela 47: Cargas atuais estimadas de fósforo nas águas do Tietê, por UGRHI, em decorrência
do uso de detergentes contendo STPP ...................................................................... 215
ÍNDICE DE FIGURAS
1. INTRODUÇÃO
O termo “qualidade” pode ser entendido como atributo ou condição das coisas ou das
pessoas, que permite distingui-las das outras, possibilitando sua avaliação e,
consequentemente, seu aceite ou recusa.
No entanto, conforme cita BRANCO (1978), nenhuma das utilidades propostas para
a água exige estado de pureza química absoluta, e sim, soluções de diversos
elementos em quantidades variáveis. Ou seja, a qualidade da água é um valor exigido
relativamente ao uso que se pretende fazer dela.
Nesse contexto, a qualidade da água requerida para uso pela navegação ou para
geração de energia elétrica é diferenciada daquela destinada ao abastecimento
público, cujos mecanismos de controle devem garantir que as condições sanitárias e
toxicológicas estejam adequadas à manutenção da saúde humana.
Nesse sentido, a questão do lançamento de fósforo nas águas tem sido considerada o
resumo dos impactos negativos das atividades humanas sobre a qualidade das águas.
(BRANCO e ROCHA, 1987; ALONSO, 2002; BRAGA et al., 2002, CETESB,
2005)
No Brasil, as discussões relativas a esse assunto vêm ocorrendo desde o ano de 2005,
quando foram implementadas as Resoluções nº 357 e nº 359, do Conselho Nacional
do Meio Ambiente (CONAMA), que tratam da qualidade dos corpos d’água e da
presença de STPP nos detergentes em pó, respectivamente. A evolução dessas
discussões e sua inserção na realidade econômica, social e ambiental brasileira,
considerando as diferenças regionais, são fundamentais para a garantia da saúde
pública e para a preservação ambiental.
4
2. OBJETIVOS
• Efetuar um estudo de caso sobre a situação do Estado de São Paulo, com base em
informações sobre o rio Tietê relativas às atividades urbana e agrícola
desenvolvidas na bacia hidrográfica e às concentrações de fósforo verificadas no
caudal no rio, nos compartimentos água e sedimento.
5
3. REVISÃO DA LITERATURA
Pelas suas características, essa variedade do fósforo tem sido utilizada desde a 1ª
Guerra Mundial como armamento bélico, destinado à produção de cortinas de
fumaça e bombas incendiárias. Durante alguns anos, também, devido ao seu efeito
tóxico, essa forma de fósforo foi utilizada em inseticidas e raticidas. O fósforo
vermelho, resultante do aquecimento do fósforo branco, é mais estável e não
apresenta toxicidade. (LEPREVOST, 1978; RUSSEL, 1994)
Cerca de 70% das reservas mundiais de fósforo possuem origem ígnea e encontram-
se localizadas no hemisfério norte, notadamente nos Estados Unidos, China,
Marrocos e Rússia, sendo que, atualmente, mais de 30 países são produtores de
8
concentrado fosfático para uso doméstico ou para exportação. Dentre esses países,
Estados Unidos, China e Marrocos, respondem por 2/3 da produção mundial,
destacando-se que o Marrocos, numa situação mais vantajosa, detém cerca de 60%
das reservas potenciais e 50% dos recursos geológicos globais adequados a uma
futura exploração da rocha.
O Brasil, situado em faixa intertropical, com clima úmido e solos ácidos, possui área
mineralmente pobre no que se refere à presença dos nutrientes principais. De acordo
com dados fornecidos pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM)
para o ano de 2000, cerca de 73,8% das reservas totais de rocha fosfática do território
brasileiro, localiza-se no estado de Minas Gerais, 8,3% em Goiás e 7,3% em São
Paulo, que juntos participam com 89,4% das reservas totais do país. O restante, que
corresponde a 10,6%, localiza-se nos estados de Santa Catarina, Ceará, Pernambuco,
Bahia e Paraíba. (NHM, 1998b; SOUZA, 2001)
Com base nas informações a respeito do volume das reservas mundiais disponíveis e
de acordo com as demandas hoje existentes, CORDELL (2008) ressalta a provável
ocorrência de um pico na exploração das reservas de rochas fosfáticas do mundo na
década de 2030.
Atual
Estimado
Produção de Fósforo
(milhões ton./ano)
Ano
Figura 02: Pico no consumo de fósforo.
Fonte: CORDELL, 2008.
Tais assertivas podem ser traduzidas como polêmicas, uma vez que a importância da
preservação das reservas de fósforo é comparada de forma veemente à questão
estratégica dos combustíveis fósseis. É fato, entretanto, que alguns países já adotam
medidas que auxiliem a prolongar a longevidade de suas reservas internas.
Por outro lado, LOPES et al. (2004), citando Isherwood (1999), acrescentam que a
duplicação ou triplicação dos preços atuais dos fosfatos podem auxiliar na descoberta
de novas jazidas, principalmente através da exploração das plataformas continentais
e das montanhas dos oceanos, como o que vem ocorrendo na China e na Austrália.
Apesar do acréscimo nos valores comerciais da rocha, estima-se que essa mudança
de mercado poderá contribuir para a longevidade das reservas com capacidade
imediata de extração e produção econômica, devido ao aumento da capacidade de
11
Nesse sentido, são apresentados os dados estimados pelo United States Geological
Survey (USGS), que, no ano de 1998, apontavam que as reservas disponíveis eram
totalizadas em 11,3 bilhões de toneladas, com uma longevidade de aproximadamente
80 anos. Com a melhoria das técnicas de exploração, a projeção efetuada pela USGS
no ano de 2003 indicou resultados mais positivos, afirmando que as reservas seriam
de 17 bilhões de toneladas, alterando a longevidade projetada para 120 anos.
1998 11,3
80 anos
Ano
2003 17,0
120 anos
210 anos, caso esse crescimento seja de 1%. No caso das reservas brasileiras, nas
mesmas condições de crescimento percentual, o tempo de duração poderá ser de 40
anos ou 120 anos. A ilustração dessa situação segue na Figura 04.
Para se evitar esse cenário e aumentar a vida útil das reservas brasileiras de rocha
fosfática, MALAVOLTA (2004) propõe a adoção de algumas medidas a serem
consideradas no âmbito da produção de alimentos:
Atualmente, da produção mundial total de fosfato, estima-se que 80% seja destinada
à industria de fertilizantes, 12% para a indústria de detergentes e saponáceos, 5%
para a alimentação animal e 3% para outras aplicações. (VITTI et al., 2004)
Considerando-se que o fósforo não é um elemento tóxico à saúde dos seres vivos,
sendo, ao contrário, essencial à manutenção da vida, suas interações com o meio
ambiente têm sido relacionadas ao nível de fertilização das águas, ou eutrofização.
Além disso, nas últimas décadas, previsões a respeito do possível esgotamento das
fontes desse nutriente e a impossibilidade de sua substituição por outro elemento
químico da natureza, têm promovido debates a respeito de sua utilização enquanto
matéria-prima necessária para a produção de diversos produtos industrializados.
Sua liberação natural ocorre principalmente por meio das erosões do solo, num
processo lento em que parte do fosfato é transportada para a hidrosfera, meio onde
pode sedimentar-se ou ser utilizado pelos seres vivos. O retorno do fósforo
sedimentado nos mares ocorre também muito lentamente ao ciclo, principalmente
através dos peixes e aves marinhas. (BRANCO e ROCHA, 1987; DERÍSIO, 2000;
BRAGA et al., 2002)
O fósforo contido no solo, tanto na forma orgânica como inorgânica, é utilizado pelas
plantas e posteriormente consumido por todos os animais. A matéria orgânica
oriunda dessas plantas e animais, seja através da decomposição ou dos excrementos,
retorna ao ciclo através do solo ou da hidrosfera. (MACRAE et al., 1993)
BOLLMAN et al. (2005) destacam como os principais fatores que podem intervir no
ciclo do fósforo em um ambiente aquático, a concentração de sais e metais, o pH, a
cor das águas, o hábito alimentar da ictiofauna e a concentração de certas espécies de
zooplâncton, fitoplâncton e macrófitas.
Detergentes
Organismos
Decompositores
Aglomerações
Alimento Humanas
Animais e Plantas
Agricultura
Resíduos
Produção Animal
Animais Esgotos
Domésticos
Fosfato orgânico da
biomassa vegetal Fertilizantes
milhões de anos
São expressivos os impactos que essa situação pode ocasionar para a sustentabilidade
do meio ambiente e para a qualidade de vida de todos os seres vivos, já que se trata
de um nutriente insubstituível nos processos biológicos e um recurso natural finito,
não renovável e sem fontes alternativas.
19
Trata-se da adsorção específica, que é a adsorção com alta energia decorrente das
ligações covalentes que o fósforo faz com a superfície de minerais, numa interação
intensa que o retém e o mantém com pouca mobilidade. (PAGANINI, 2001)
MALAVOLTA (2004) salienta que essa é uma das grandes diferenças do fósforo em
relação ao nitrogênio e ao potássio, que apresentam relações mais estreitas entre as
aplicações de fertilizantes e a extração pelas culturas, principalmente em
produtividades elevadas. Tais informações dão suporte à idéia que se tem de que
potássio e nitrogênio “adubam a planta” e fósforo “aduba o solo e os lençóis
subterrâneos”.
De acordo com CRESTE (2004), o fósforo pode ser encontrado nos solos nas
seguintes formas:
SOLUÇÃO
DO SOLO
Nesse sentido, é de grande importância o manejo correto dos fertilizantes nas áreas
agrícolas, uma vez que o excesso de nutrientes, especialmente de fósforo, pode
resultar em perdas econômicas e em sérios prejuízos ao meio ambiente.
Tais informações devem ser anotadas e arquivadas pelo produtor rural, de forma que
possam ser consultadas quando houver necessidade de definir a recomendação de
adubação, estabelecendo-se uma relação entre os teores de fósforo aplicados e o
rendimento dos solos de acordo com as diferentes culturas.
22
Não obstante o fósforo seja um nutriente vital para as plantas, seus teores são
bastante reduzidos nesses organismos, comparativamente ao nitrogênio e ao potássio.
Em um sistema solo-planta, estima-se que cerca de 90% do fósforo encontra-se no
solo e somente 10% participa do ciclo de vida das plantas e animais. (OZANNE,
1980; PAGANINI, 2001)
A única forma de fósforo que pode ser absorvida pelas plantas é aquela disponível na
solução do solo. No entanto, como nesse ponto o nutriente se encontra em
concentrações muito baixas, a extensão do sistema radicular torna-se fundamental
para o processo de absorção.
O contato entre o íon fosfato contido na solução do solo e o sistema radicular das
plantas ocorre por difusão, um processo lento onde o nutriente atravessa curtas
distâncias, estando essa velocidade sujeita a algumas condições, como por exemplo,
a umidade. PAGANINI (2001) acrescenta que em um solo franco, que retém
umidade, se o íon de fósforo encontra-se a mais de 1 cm de distância da raiz, ele não
será capaz de movimentar-se o suficiente para ser absorvido por ela.
Com a absorção do fósforo, ocorre uma depleção da solução em torno das raízes e,
para que o processo possa continuar, o nutriente deve se dissolver da fase sólida e
movimentar-se, por difusão, até a superfície das raízes. (VAN RAIJ, 1983;
MALAVOLTA, 2004)
3.2.2. Fertilização
No Brasil, cerca de 43% dos fertilizantes consumidos são do tipo MAP e 30% é
composto pelos SS. No total, são consumidos anualmente mais de 10 milhões de
toneladas de P2O5, nos diversos estados brasileiros. (LOPES et al., 2004)
25
Se nos solos a mobilidade do fósforo é baixa, no interior das plantas esse movimento
é bastante rápido.
Uma vez absorvido pelas raízes, ocorre uma rápida distribuição do nutriente para os
outros órgãos da planta e, após sua absorção, é incorporado rapidamente em formas
orgânicas, e liberado novamente no xilema na forma inorgânica para atender às
demandas de crescimento pelas plantas. (PAGANINI, 1997; PAGANINI, 2001;
BATAGLIA, 2004)
3.2.4. Lixiviação
Devido à sua baixa mobilidade na maioria dos solos, o fósforo geralmente permanece
no local onde foi colocado pela intemperização mineral ou pela aplicação de
fertilizantes fosfatados. Em áreas adubadas, na maioria dos solos, o fósforo
permanece retido perto do ponto de aplicação do fertilizante e sua retirada, quando
não utilizado pelas plantas na solução do solo, se dá principalmente através da erosão
ou do escoamento da camada superficial, por ocasião das chuvas.
A esse fato, BARROW (1980) acrescenta que as perdas de fósforo por lixiviação são
normalmente muito pequenas. Experimento realizado em Iowa, nos Estados Unidos,
indicou que menos de 2% das taxas de fosfato anualmente aplicadas numa área
utilizada para o plantio de milho eram perdidas por lixiviação. Na Dinamarca,
pesquisas realizadas estimaram que a quantidade de fertilizante lixiviado nas áreas
agrícolas não chegava a 10% do total utilizado.
De acordo com PAGANINI (1997), tal situação é facilitada pelas elevadas taxas de
aplicação superficial de esgotos domésticos onde se encontram presentes grandes
quantidades de fósforo. Nesses locais, a supersaturação pode sobrecarregar os pontos
de adsorção específica e favorecer a movimentação, chamada de retrogradação,
auxiliando na lixiviação. O fósforo lixiviado pode, assim, alcançar mais de 120 cm
de profundidade, com a possibilidade de atingir o lençol freático.
Já a quantidade de fósforo presente no solo que pode ser perdida por escoamento
superficial costuma ser maior nos solos arenosos, que possuem pouca capacidade de
reter água e de fixar fosfato. (BARROW, 1980)
STAUFFER e SULEWSKI (2004) destacam que a análise das condições de uma bacia
hidrográfica em relação à sua capacidade de perder fósforo por escoamento artificial
indica que somente uma pequena proporção da área apresenta vulnerabilidade mais
alta. Na maioria dos casos, 90% da perda de fósforo em uma bacia hidrográfica ocorre
em 10% da área. Assim, apesar de haver perdas para o ambiente, a remoção pelas
plantas é considerada a principal responsável pelas maiores perdas de fósforo no solo.
29
Todo fósforo presente nas águas naturais encontra-se sob a forma de fosfato, como
íon ou formando complexos com outros elementos químicos, apresentando-se sob
diferentes frações.
ESTEVES (1988) destaca como mais aceita, a divisão composta por fosfato
particulado (P-particulado), fosfato orgânico dissolvido (P-orgânico dissolvido),
fosfato inorgânico dissolvido ou ortofosfato (P-orto), fosfato total dissolvido (P-total
dissolvido) e fosfato total (P-total).
De acordo com PIVELI e KATO (2006), a classificação a ser adotada nos estudos
relativos à qualidade das águas abrange os grupos dos fosfatos orgânicos,
ortofosfatos e polifosfatos. O fosfato orgânico corresponde à forma na qual o fósforo
compõe as moléculas orgânicas e os ortofosfatos são os íons que, nas águas, se
combinam com cátions e formam sais inorgânicos. Polifosfatos são os polímeros de
ortofosfatos.
É consenso, no entanto, que as formas de ortofosfato são as mais comuns nas águas,
estando disponíveis para o metabolismo biológico sem necessidade de redução a
formas simplificadas. Adquirem, assim, uma importância fundamental, visto que se
trata da forma em que o fósforo é absorvido com maior intensidade pelos seres vivos.
Os ortofosfatos podem estar presentes nas águas continentais sob diferentes formas
em função do pH do meio, sendo que, como nesses ecossistemas a faixa de pH mais
30
Tabela 01: Porcentagem das formas de ortofosfato presente nas águas, em diferentes valores de pH.
ESTEVES (1988) citando McRoy & Barsdate (1970), destaca que algumas espécies
de macrófitas podem excretar até 58% do fosfato total assimilado do sedimento,
contribuindo de maneira significativa para o enriquecimento da coluna d’água com
esse nutriente e, consequentemente, para o aumento da produtividade do ecossistema,
principalmente nos períodos em que a temperatura está mais elevada.
No caso dos peixes, sua participação pode influenciar em maior ou menor grau na
concentração de fósforo no meio, de acordo com a espécie e nível trófico. De forma
geral, a importância está relacionada com os teores de ortofosfatos presentes nos
excrementos, principalmente em reservatórios, especialmente quando se tratam de
espécies mais jovens. (BOLLMAN et al. 2005)
3.3.2.1. Precipitação
De acordo com ESTEVES (1988), o acréscimo artificial de argila, além dos efeitos
negativos sobre a concentração do fósforo, reduz a transparência da água,
contribuindo para a redução da produtividade do ecossistema.
3.3.2.2. Liberação
Essas condições são mais frequentes na parte inferior do corpo d’água, especialmente
quando esta se encontra estratificada termicamente e o íon de ferro encontra-se na
forma reduzida. De acordo com BOLLMAN et al. (2005), na forma reduzida o íon de
ferro possui pouca afinidade com o fosfato, tornando-o disponível para absorção pelo
fitoplâncton. Já nos ambientes sem estratificação térmica, a condição oxidante do
fundo faz com que os íons de ferro precipitem o fósforo, retendo-o no sedimento.
3.3.3. Eutrofização
Figura 08: Floração de algas no Reservatório de Bariri, no rio Tietê. Janeiro de 2006.
Fonte: PAGANINI, 2007.
Essas condições podem levar o nitrogênio a deixar de ser um fator limitante, uma vez
que a sua fonte se torna praticamente inesgotável. O fósforo é exigido pelas algas em
quantidades de 20 a 30 vezes menores que a de nitrogênio, no entanto, essa
proporção pode ser alterada para menos 8 vezes nas águas que recebem efluentes
domésticos, devido, principalmente, à utilização crescente de detergentes sintéticos,
com disponibilização sistemática de fósforo. Assim, quando os níveis de nitrogênio
nesses locais estão no limite mínimo necessário às florações de algas, o fósforo já
existe em excesso, tornando-se necessária uma maior eficiência no seu controle e
remoção para controlar o processo de eutrofização. (BRANCO e ROCHA, 1987)
Figura 10: Eutrofização no Rio Piracicaba. Figura 11: Rio Tietê, Reservatório de Ibitinga,
Julho/08 na cidade de Arealva. Junho/07.
águas, destaca que sua presença não acarreta problemas de ordem sanitária, tratando-
se, porém, de um importante parâmetro de caracterização do corpo d’água. Isto
porque, a concentração de fósforo em um lago ou represa, por ter relação direta com
a eutrofização, é utilizada para determinação do seu nível trófico, ou seja, para
avaliação do potencial de produtividade biológica. Quanto maior o nível trófico e a
concentração de fósforo nas águas, maior a capacidade de desenvolvimento de
cianobactérias, algas e plantas aquáticas, menores os níveis de oxigênio tanto nas
camadas superiores como inferiores do corpo d’água e menor a sua qualidade.
Tabela 04: Níveis de fósforo e classificação qualitativa dos principais graus de trofia.
Classe de Trofia
Item
Ultraoligotrófico Oligotrófico Mesotrófico Eutrófico Hipereutrófico
Concentração de fósforo total (mg/L) < 0,005 0,005 – 0,010 0,010 – 0,035 0,035 – 0,100 > 0,100
Dinâmica de oxigênio na camada Normalmente Normalmente Variável em torno da Freqüentemente Bastante instável, de
superior saturado saturado supersaturação supersaturado supersaturação à ausência
Dinâmica de oxigênio na camada Normalmente Normalmente Variável abaixo da Abaixo da saturação à Bastante instável, de
inferior saturado saturado supersaturação completa ausência supersaturação à ausência
Prejuízo aos usos múltiplos Baixo Baixo Variável Alto Bastante alto
5 0,07 0,13
10 0,10 0,20
50 0,25 0,50
100 0,40 0,80
150 0,50 1,00
200 0,60 1,20
Fonte: VOLLENWEIDER, 1968.
Desde o ano de 2002, para composição do Índice de Qualidade das Águas (IQA), a
CETESB passou a levar em consideração também o nível de trofia dos corpos
d’água, através do cálculo do IET. Nesse índice, os resultados correspondentes ao
fósforo, IET(P), são entendidos como uma medida do potencial de eutrofização, já
que este nutriente é considerado o agente causador do processo. (CETESB, 2005)
47
Essas fontes, de acordo com BOLLMAN et al. (2005) são de difícil controle e,
apesar de contribuirem em menor quantidade para o aumento nas concentrações de
fosfato nas águas, são de grande relevância para alteração dos níveis de eutrofização,
já que o solo, apesar de ser um meio onde o fósforo possui baixa mobilidade, assim
como as rochas e os minerais, podem ser fontes constantes do nutriente nas águas.
TRIBUTÁRIOS ROCHAS E
P-org + P-inorg MINEIRAIS
Drenagem pluvial
a. Áreas com matas e florestas
b. Áreas agrícolas
c. Áreas urbanas
Esgotos
d. Efluentes industriais
e. Efluentes domésticos
A drenagem pluvial das áreas cobertas com matas e florestas tende a transportar
menos fósforo, visto que o ecossistema se encontra próximo ao equilíbrio; a
drenagem de áreas agrícolas apresenta valores mais elevados, sendo que as
contribuições dependem da capacidade de retenção do solo, do manejo do solo, da
irrigação, do tipo de fertilização da cultura e das condições climáticas; a drenagem
urbana apresenta maiores valores e pouca variabilidade; os esgotos industriais
possuem grande variabilidade entre as distintas tipologias; considera-se os esgotos
domésticos veiculados por sistemas de coleta e afastamento, como a maior fonte de
contribuição de fósforo.
Com base nessa classificação, VON SPERLING (2005) efetuou uma estimativa de
valores típicos da contribuição unitária de fósforo, apresentados na Tabela 06.
Ressalta-se que esses dados estão sujeitos a variação de acordo as características de
cada localidade e, desta forma, são utilizados para dimensionamento dos valores e
referência como ordem de grandeza.
Quantidade (g/ano/m²)
Contribuições
Mínima Máxima
Matéria fecal 0,08 0,08
Detergentes 0,04 0,04
Atividade Urbana
Escoamento superficial 0,01 0,01
Industrial 0,01 0,01
Terra arada 0,01 0,05
Atividade Agrícola Campos 0,01 0,05
Florestas 0,01 0,01
Total 0,17 0,25
Fonte: VOLLENWEIDER, 1968.
Segundo GLENNIE et al. (2002), apesar das principais fontes de fósforo nas águas
serem os esgotos domésticos e a atividade agrícola, a mensuração de seus impactos
está relacionada com a forma de ocupação da terra no âmbito da bacia hidrográfica.
Em locais onde a agricultura é menos intensiva, os esgotos domésticos são a maior
fonte e as medidas para redução e controle das quantidades lançadas através dos
efluentes são necessárias para melhoria da qualidade das águas. Em locais onde a
agricultura é intensiva, essa pode ser a principal fonte de fósforo nas águas, sendo
necessárias medidas para manejo da terra e gerenciamento do uso de fertilizantes.
51
VON SPERLING (2005) acrescenta que a retirada desses vegetais plantados para
consumo pelo ser humano e que acaba por resultar na remoção de nutrientes do solo,
não pode ser reposta naturalmente. Atualmente, devido à necessidade de uma
produção agrícola mais intensiva, a adição de fertilizantes para aumento da
produtividade tornou-se imperiosa e, em muitos casos, para garantir a produtividade,
as quantidades de fertilizantes aplicadas tendem a ser superiores à própria capacidade
de assimilação pelos vegetais, o que aumenta a capacidade de perdas.
Tabela 08: Quantidade de fertilizante aplicado, em kg/ha, e aumento nas concentrações de fósforo nas
águas, em p.p.m..
Para traduzir o potencial de perdas de nutrientes do solo numa previsão exata das
possíveis perdas, é necessário um estudo detalhado do impacto causado pelo
conjunto das práticas agrícolas adotadas. Além da quantidade de fertilizante aplicada
e da sua capacidade de escoamento artificial, é de grande importância a análise da
erodibilidade do terreno, considerando-se o tipo de solo, suas características físicas, a
forma de plantio utilizada e a taxa pluviométrica da bacia a ser estudada. (KILMER e
TAYLOR, 1980)
Conforme se pode observar na Figura 14, a seguir, as áreas mais escuras, situadas
principalmente na porção oeste do Estado são aquelas mais suscetíveis à erosão,
enquanto as mais claras são as menos suscetíveis, localizadas na parte leste, mais
próximas à região litorânea.
55
Culturas anuais e temporárias: São as culturas cujos ciclos são maiores que
um ano, porém, que não são permanentes. Estão incluídas nessa classificação,
também, as culturas que completam seu ciclo de vida durante uma única
estação, perecendo após a colheita e as que, normalmente, completam seu
ciclo num período de duas ou mais estações de crescimento. Como exemplo
de culturas anuais ou temporárias, pode-se citar as olerícolas, o algodão, a
cana-de-açúcar, o milho e a soja. Nessas culturas, os problemas de erosão são
decorrentes do uso intensivo de máquinas, tendência de monocultura em nível
regional, baixa cobertura vegetal e, em alguns casos, dois cultivos por ano.
Normalmente não são observadas as condições ideais de preparo e manejo,
com mobilização excessiva do solo.
Tabela 09: Estimativa de perdas de terras associadas ao uso agrícola no Estado de São Paulo.
Perdas Individuais Perdas Totais de
Área
Cultura de Terra Terra
(1000 ha) (t/ha/ano) (1000 t/ano)
Culturas Anuais
Algodão 349,25 24,8 8.661,40
Amendoim 76,63 26,7 2.046,02
Arroz 271,20 25,1 6.807,12
Feijão 428,05 38,1 16.308,71
Milho 1.285,30 12,0 15.423,60
Soja 534,60 20,1 10.745,46
Outras 386,95 24,5 9.480,28
3.331,98 20,85 69.472,58
Culturas Temporárias
Cana 2.152,05 12,40 26.685,42
Mamona 11,96 41,50 496,34
Mandioca 39,06 33,90 1.324,13
2.203,07 12,94 28.505,89
Culturas Permanentes
Banana 51,65 0,90 46,49
Café 732,77 0,90 659,49
Laranja 786,30 0,90 707,67
Outras 40,25 0,90 36,23
1.610,97 0,90 1.449,87
Para estimativa das perdas de fósforo decorrentes das quantidades de terra perdidas,
BELLINAZZI Jr et al. (1981) destacam que a concentração média desse nutriente no
solo de São Paulo é da ordem de 0,002614%. Para esse cálculo foram considerados o
teor médio natural desse nutriente nos solos no Estado e as quantidades médias
adicionadas artificialmente através da aplicação de fertilizantes. De acordo com esses
dados, as quantidades de fósforo perdidas para aquele período foram totalizadas em
5.045 t/ano, o que corresponde a 0,20 kg/ha/ano.
culturas. No caso das culturas anuais, as perdas são estimadas em 0,55 kg/ha/ano; nas
culturas temporárias esse valor é de 0,34 kg/ha/ano; nas culturas permanentes, a
quantidade de fósforo perdida é estimada em 0,02 kg/ha/ano, conforme se pode
visualizar na Tabela 10, abaixo.
Tabela 10: Perdas estimadas de fósforo no Estado de São Paulo, associadas ao uso agrícola.
Perdas Totais de Perdas Totais Perdas de
Área
Cultura Terra de Fósforo Fósforo
(1000 ha) (1000 t/ano) (t/ano) (kg/ha/ano)
Culturas Anuais
Algodão 349,25 8.661,40 226,41 0,65
Amendoim 76,63 2.046,02 53,48 0,70
Arroz 271,20 6.807,12 177,94 0,66
Feijão 428,05 16.308,71 426,31 1,00
Milho 1.285,30 15.423,60 403,17 0,31
Soja 534,60 10.745,46 280,89 0,53
Outras 386,95 9.480,28 247,81 0,64
3.331,98 69.472,58 1.816,01 0,55
Culturas Temporárias
Cana 2.152,05 26.685,42 697,56 0,32
Mamona 11,96 496,34 12,97 1,08
Mandioca 39,06 1.324,13 34,61 0,89
2.203,07 28.505,89 745,14 0,34
Culturas Permanentes
Banana 51,65 46,49 1,22 0,02
Café 732,77 659,49 17,24 0,02
Laranja 786,30 707,67 18,50 0,02
Outras 40,25 36,23 0,95 0,02
1.610,97 1.449,87 37,90 0,02
Total das Perdas no Estado de São Paulo 24.765,73 193.010,30 5.045,29 0,20
TUCCI (2002) destaca que, à medida que a cidade se urbaniza, ocorrem, de forma
geral, os seguintes impactos nos corpos d’água:
Efluentes industriais são oriundos dos despejos gerados a partir da utilização da água
nos processos produtivos, o que faz com que cada esgoto adquira características
próprias em função do processo empregado.
Neste último caso, cita-se que os polifosfatos são largamente utilizados para
minimizar ou evitar problemas com incrustrações em caldeiras, para reduzir as
precipitações em sistemas de resfriamento e em trocadores de calor e, mais
recentemente, em fábricas de dessalinização. No entanto, a sua presença nesse tipo
de efluente industrial dependerá da origem da água que está sendo utilizada no
processo. A água captada no lençol freático, por exemplo, terá menor importância
que as águas superficiais ou águas de reúso, já que estas possuem um nível mais
elevado do nutriente. (SOLT, 1975)
SOLT (1975) acrescenta que, como na maioria dos casos esses íons que se
encontram em maior quantidade serão removidos em um sistema de tratamento de
efluentes, também o fósforo é removido.
b) Laticínios
O fósforo está presente nos despejos dos diversos produtos fabricados em laticínios,
como leite, queijo, iogurte, leite condensado, leite em pó e outros derivados, em
concentrações bastante elevadas.
A concentração de fósforo nesses produtos pode chegar a até 0,2% do peso total; no
caso do leite condensado, por exemplo, a quantidade de fósforo presente em 100 g do
produto é de 205 mg. (BRAILE e CAVALCANTI, 1979)
Tabela 11: Quantidade média de P presente no leite e seus derivados, em 100 g de produto.
Produto P (mg)
Creme Grosso 59
Iogurte 112
Leite com Chocolate 94
Leite Condensado 205
Leite Desnatado 95
Leite Integral 93
Manteiga Batida 95
Requeijão 76
Soro Fresco 53
Sorvete 115
Fonte: Adaptado de BRAILE e CAVALCANTI, 1979.
65
c) Matadouros e frigoríficos
e) Cervejarias
f) Curtumes
sulfetos livres, cromo potencialmente tóxico, matéria orgânica, composta por sangue,
soro, produtos de decomposição de proteínas e sólidos em suspensão, que
corresponde aos pelos, graxas, fibras, proteínas e outros resíduos. (BRAILE e
CAVALCANTI, 1979)
De modo geral, os efluentes das indústrias químicas contém teores bastante variáveis
de sólidos em suspensão e em solução, contendo álcalis, ácidos, sais tóxicos e outros
elementos que podem causar problemas de poluição, como fluoretos, fosfatos,
sulfatos, solventes orgânicos, graxas, óleos, metais e água quente ou vapor.
Tabela 12: Média de fósforo presente em um efluente típico de indústria para processamento da rocha
fosfática, por tonelada de produto, e tipo de tratamento utilizado.
Qtdade
Produto Tratamento
(kg/ton)
Fósforo 5,4 Sedimentação - Aterro Sanitário
Fosfatos solúveis 4,9 Tratamento com cal, sedimentação, recirculação de água
Fluoretos 3,6 Tratamento com cal, sedimentação, recirculação de água
Fosfatos sólidos 52,0 Coleta a seco e reutilização
Fonte: Adaptado de BRAILE e CAVALCANTI, 1979.
h) Indústria petroquímica
Tabela 13: Concentração de fosfato em efluentes da indústria petroquímica, de acordo com diferentes
produtos manufaturados.
Fabricação de náilon 5 - 78
Borracha sintética 19 - 22
Butadieno 38
Hidrocarbonetos clorados -
Olefinas 10
Fonte: Adaptado de BRAILE e CAVALCANTI, 1979.
i) Indústria farmacêutica
Em muitos países, fosfatos tem sido substituído por outras alternativas consideradas
ambientalmente mais adequadas, como as zeólitas, uma vez que a presença em
excesso nas águas superficiais está relacionada com o aumento da fertilização e a
ocorrência de processos de eutrofização. Nas indústrias que ainda utilizam fosfatos, a
concentração nos efluentes líquidos pode atingir cerca de 2000 mg/L do princípio
ativo. Na grande maioria das indústrias, os fosfatos contidos nos detergentes são
também detectados nos efluentes devido à sua utilização para limpeza em diversas
etapas do processo produtivo. (BRAILE e CAVALCANTI, 1979)
Isto porque, além de sua origem orgânica, através do material fecal, rico em
proteínas, o elemento químico fósforo tem aplicação bastante difundida como
matéria-prima de diversos produtos industrializados que são consumidos ou
utilizados domesticamente pelo homem, desde produtos farmacêuticos, até gêneros
alimentícios e produtos de limpeza. (BRAILE e CAVALCANTI, 1979; JORDÃO e
PESSÔA, 1995; PIVELI e KATTO, 2005; FOSBRASIL, 2008)
CARGAS
P Total kg/dia por km²
Mais que 3
Entre 2 e 3
Entre 1 e 2
Menos que 1
Figura 15: Cargas de fósforo total no Reservatório Billings, em kg/dia/km², e ocupação urbana.
Fonte: OLIVEIRA DE JESUS, 2006; SSE, 2008.
Na Figura 16, uma imagem aérea da área da Represa Billings demonstra o nível
ocupação das margens da represa e o elevado grau de eutrofização das águas,
inclusive indicando locais com intensas florações de algas.
75
Santa Isabel
Francisco Morato
Mai ri porã
Arujá
Guarulhos
Santana de Guararema
Parnaí ba Itaquaquecetuba
Embu-
São Lourenço Guaçu
da Serra
J uqui ti ba
Tal situação deverá afetar diretamente as condições de qualidade dos corpos d’água e
contribuir para um aumento nos níveis de eutrofização.
Nesses campos, o fósforo é bastante utilizado na forma de ácido fosfórico, sendo que
os compostos inorgânicos como ortofosfatos e polifosfatos se destacam como os
mais importantes. Os compostos orgânicos tornaram-se importantes desde meados
dos anos 1940, com início de sua aplicação em plásticos e inseticidas, no entanto,
essa utilização representa hoje menos de 5% dos produtos manufaturados à base de
fósforo. Dentre os produtos de uso doméstico que contém fosfato inorgânico, os
detergentes são os que correspondem à maior aplicação, seguido pelos alimentos.
(CORBRIDGE, 1990)
3.4.3.1. Alimentos
Em cereais, farinhas e pães, o fósforo atua não somente para melhoria de suas
características nutricionais, mas também para auxílio no controle do pH e da ação de
fermentação. Fosfatos de sódio e fosfatos de cálcio são componentes indispensáveis
como fermentos para pães, farinhas, bolos e para os próprios fermentos em si. A
mistura desses fosfatos com bicarbonato de sódio libera dióxido de carbono e água, o
que torna a textura dos produtos mais suaves.
Tabela 14: Concentrações de fosfato nos produtos alimentícios processados industrialmente no Brasil
e respectivas funções.
Limite Máximo
Produto Funções
(% como P2O5)
Acidulante
Estabilizante
Comidas Industrializadas - Congeladas ou Não 3 a 10%
Regulador de Acidez
Antiumectante
Antiumectante/Antiaglutinante
Aimentos a Base de Cereais 5%
Estabilizante
Antiumectante/Antiaglutinante
Melhorador
Farinhas de Trigo Acidulante 2,5 a 20%
Regulador de Acidez
Fermento Químico
Farinhas de Cereais Antiumectante/Antiaglutinante 2,5%
Estabilizante
Massas Alimentícias / Massas para Pizza 2 a 2,5%
Melhorador
Regulador de Acidez
Alimentos Congelados Agente de Firmeza 2 a 10%
Antiumectante/Antiaglutinante
Pescados Congelados Umectante 5%
Produtos Cárneos Umectante 0,05%
Produtos Frescais Embutidos ou Não Umectante 0,05%
Produtos Secos, Curados, Maturados Embutidos ou Não Umectante 0,05%
Produtos Salgados Crus Umectante 0,05%
Produtos Salgados Cozidos Umectante 0,05%
Conservas Cárneas, Mistas e Semconsevas Cárneas Umectante 0,05%
Acidulante
Regulador de Acidez
Bebidas Não Alcoólicas 0,07%
Sequestrante
Antiumectante/Antiaglutinante
Acidulante
Regulador de Acidez
Pães 0,15 a 2%
Melhorador
Fermento Químico
Acidulante
Regulador de Acidez
Biscoitos Melhorador 0,15 a 2,5%
Fermento Químico
Antiumectante/Antiaglutinante
Acidulante
Regulador de Acidez
Bolos e Doces Melhorador 0,15 a 2%
Fermento Químico
Antiumectante/Antiaglutinante
Fonte: ANVISA, 2001a; ANVISA, 2001b; ANVISA, 2007a; ANVISA, 2007b; ANVISA, 2007c.
3.4.3.2. Medicamentos
Algumas formas de fosfato inorgânico têm sido utilizadas para fins medicinais, como
para fabricação de antiácidos estomacais, tônicos fortificantes, antioxidantes,
diuréticos, laxantes, bem como para prevenção de cálculos renais e para o tratamento
de hipercalcemia, ou seja, elevado nível de cálcio no sangue. (CORBRIDGE, 1990)
81
A produção de detergentes em larga escala, para uso doméstico, teve início nos
Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial, estimulada pela escassez de óleos e
gorduras e pela necessidade militar de agentes de limpeza que atuassem em água do
mar, rica em sais minerais. (OSÓRIO e OLIVEIRA, 2001)
Aniônicos – O radical orgânico tem carga negativa. Fazem parte desse grupo
os sabões comuns e produtos sintéticos semelhantes ao sabão, como os
álcoois sulfatados, os ABS e os LAS. A maioria dos detergentes sintéticos
utilizados, cerca de 80%, pertencem à família dos aniônicos.
Limpeza geral.
Diversos produtos podem ser utilizados como builders, como as zeólitas, o ácido
policarboxílico, o citrato e o ácido nitrilotriacético (NTA), no entanto, os fosfatos,
principalmente na forma de tripolifosfato de sódio (STPP), são considerados os mais
importantes e de uso mais difundido, podendo chegar a concentrações de até 50% do
peso total do produto. (BRANCO E ROCHA, 1987; CORBRIDGE, 1990; GLENNIE
et al., 2002)
Nas águas, quando sua concentração atinge cerca de 1 mg/L, os prejuízos de ordem
estética causados pelo uso de detergentes, decorrentes das intensas formações de
espuma, são bastante conhecidos e considerados os principais problemas
relacionados com a presença de detergentes.
Como exemplo, pode-se citar o caso do município de Pirapora do Bom Jesus, situado
às margens do Tietê, cerca de 50 km a jusante da RMSP. A existência de corredeiras
e a presença da Barragem de Pirapora, a montante do município, contribuem para a
formação de espumas que chegam a apresentar camadas de até 50 cm sobre o leito do
rio. Sob a ação do vento, as espumas invadem as ruas e se espalham sobre a cidade.
Destacam-se nesses casos as possibilidades de contaminação biológica, uma vez que
as espumas podem carregar microorganismos patogênicos. (PIVELI e KATO, 2005)
Figura 19: Formação de espumas no município de Pirapora do Bom Jesus – Imagem do satélite.
Fonte: PAGANINI, 2007.
90
Durante muitos anos, a utilização de fosfatos como aditivos nos detergentes pareceu
ser uma solução adequada, em decorrência dos baixos custos, da toxicidade
praticamente nula, do fato de não serem corrosivos para metais e da ausência de
efeitos negativos sobre fibras e tecidos.
Tabela 16: Concentrações de STPP nos detergentes em diversas localidades, para o ano de 1968.
Europa e Austrália 30 - 45
GLENNIE et al. (2002) destacam que as formulações dos detergentes podem variar
bastante de acordo com a marca e com o país de utilização, sendo que os fabricantes
costumam ser bastante relutantes em divulgar as suas composições. Uma mudança de
comportamento em relação à composição dos detergentes vem ocorrendo em
diversos países, em decorrência das preocupações com os aspectos qualitativos da
água. Em muitos locais, a utilização de STPP passou a ser restringida ou até banida.
92
A substituição dos fosfatos por sais sódicos dos ácidos nitrilotriacético é outra
alternativa que vem sendo explorada. No entanto, seu uso também apresenta
desvantagens técnicas, uma vez que estudos efetuados, ainda não confirmados,
indicam capacidade de complexar com íons tóxicos como o mercúrio e o chumbo,
inserindo-os na cadeia alimentar. Além disso, são verificadas algumas desvantagens
econômicas, pois seu custo de produção é bastante elevado, aumentando o preço do
produto final.
década de 1970. Além de ser um elemento que não apresenta toxicidade, não
contribui para o aumento do nível de trofia das águas superficiais. Nos países onde
sua utilização foi implementada, o produto demonstra possuir uma relação custo-
benefício adequada, considerando as questões sócio-econômica, de saúde pública e
ambiental. (GLENNIE et al., 2002)
Estimou-se que nos locais onde o STPP era utilizado como builder em detergentes,
cerca de 50% da quantidade de fosfato presente nos esgotos tinha origem nessa fonte,
estimando-se que a redução da sua utilização poderia contribuir para a melhoria da
qualidade das águas. O banimento do STPP nas formulações dos detergentes poderia
reduzir em até 40% a quantidade de fosfato presente nas águas devido ao lançamento
de esgotos domésticos. Essa medida, aliada à implantação e melhoria dos sistemas de
tratamento de esgotos resultariam numa redução de até 70% das taxas do nutriente
lançadas nas águas superficiais. (GLENNIE et al., 2002)
GLENNIE et al. (2002) relatam que as discussões a respeito dos dados sobre a
contribuição do STPP presente nos detergentes para o aumento do nível trófico das
águas, iniciadas nas décadas de 1960 e 1970, embasaram a implementação de ações
mitigadoras e medidas de controle nos diversos países da Europa, dentre as quais
podem ser destacadas, em ordem cronológica:
Tabela 17: Redução no consumo de STPP na União Européia, no período de 1984 a 2000, e iniciativas para sua redução.
Acordos Voluntários Consumo Estimado de STPP (mil ton.) Redução
País Legislação
1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 2000 (%)
Austria Limite de 24%, em 1985, e de 20% em 1987. - 17,3 18,7 16,9 13,8 13,1 11,4 10 0 100%
Acordo entre governo e fabricantes de detergentes estipulou que 100% dos detergentes estariam
Bélgica Utilização proibida desde 2001. 25,5 25,5 25,5 25,5 25,5 15,3 12,2 0 100%
livres de STPP até 1995.
Em 1992, recomendação para utilização de detergentes sem STPP em áreas sem sistemas de
Dinamarca - 18,8 18,8 18,8 15,9 17, 16,9 13,9 2 90%
tratamento de esgotos. Estabeleceu-se que 50% dos detergentes conteriam STPP.
Acordo não escrito estabeleceu a redução de 20% na quantidade de P presente nos esgotos
Finlândia - 13,2 11,8 10,7 8,7 8,3 6,7 6,3 1 95%
domésticos entre 1990 e 1992.
Em 1990, estabelecido limite de 25% de STPP nos detergentes e de 20% para os
França - 180,4 180,4 175,1 154,1 137,8 132,5 127,3 74 60%
novos produtos.
Em 1984, estabelecida a redução de 50% na quantidade de STPP presente nos Detergentes livres de STPP foram introduzidos em 1986 devido à pressão de mercado e pela
Alemanha 192,5 185,9 104,0 71,3 52,4 32,8 13,1 0 100%
detergentes, de forma gradativa. opinião pública. Desde 1986, os consumidores passaram a optar por detergentes não fosfatados.
Em 2002, membros do Irish Detergent Industry Association (IDAPA) decidiram eliminar o STPP
Irlanda - 9,4 8,4 7,6 6,2 5,9 4,8 4,5 0 100%
dos seus produtos, representando 90% do mercado de detergentes do país.
Em 1981, um Decreto estabeleceu limite de 5% de P nos detergentes Primeiros acordos iniciaram nos anos 1970, quando os Lagos Alpinos e a costa do Adriático foram
Itália 117,5 111,8 75,7 52,2 50,5 13,2 9,7 0 100%
domésticos. Em 1994, esse limite passou para 1%. afetados pela eutrofização.
Luxemburgo - - 1,1 0,9 0,9 0,7 0,7 0,5 0,5 N/D N/D
Acordo com produtores de detergentes em 1991 resultou que quase todos os produtos
Holanda - 38,2 32 32 5,1 2 1,6 1,6 0 100%
comercializados são livres de fosfato. A quantidade de fosfato nos esgotos foi reduzida em 50%.
Suécia - Estabelecido que os detergentes em pó deveriam conter no máximo 0,75 g.P/kg (20% de STPP). 22,8 19,9 19,9 17,9 16,4 11,6 10,9 2 90%
Reino Unido - Sugestão de limites para fósforo datam de 1998. 127,6 122,3 133,4 123,4 130,5 125,2 127,6 71 40%
União Européia 923,2 889,4 758,5 623,8 590,2 489,5 457,7 205 77%
República Acordo para redução gradual dos impactos dos detergentes domésticos, limitando a quantidade
- 26,7 23,8 21,5 17,6 16,7 13,5 12,7 3 N/D
Tcheca de P em 5,5%.
Menos de 50% dos detergentes de uso doméstico possuem STPP. Convenção do Danúbio
Hungria Em 1987, estudados os limites de P nos detergentes 26,3 23,5 21,2 17,4 16,5 13,3 12,5 7 50%
determinou restrições para o uso de STPP nos detergentes em pó
Países em Adesão à União Européia 152,8 136,4 123,2 100,8 95,7 77,4 72,7 87 N/D
Suiça Utilização de fosfatos nos detergentes proibida desde 1986 - 24 21,9 9,8 4,4 4,4 3,3 2,2 N/D N/D
Pode-se apontar também algumas iniciativas que foram adotadas em outros países,
visando reduzir a quantidade de fosfato presente nos detergentes e melhorar as
condições dos corpos d’água:
Dentre esses “selos”, pode-se citar o Nordic White Swan, utilizado na Suécia,
Finlândia, Dinamarca, Islândia e Noruega e o Eco-label, utililizado nos países da
União Européia. (GLENNIE et al., 2002)
98
Isso significa dizer que, do atual mercado de produtos de limpeza no Brasil, cerca de
56% é ocupado pela comercialização de detergentes e saponáceos.
Apesar dos detergentes serem amplamente utilizados nas indústrias, na etapa de limpeza
de diversas linhas de produção, o consumo doméstico supera, e em muito, o industrial.
100
Estima-se que o consumo mensal de detergente para limpeza em uma residência seja
de 1 litro, no mínimo, sendo observado um considerável incremento nesse hábito
conforme se aumenta o poder aquisitivo e se altera os padrões de comportamento e
consumo da população. Essas mudanças nas formas de consumo de detergentes
refletem diretamente na quantidade de fósforo presente nos esgotos. Antes do
surgimento dos detergentes, a quantidade de fósforo nos esgotos variava entre 2 e 3
mg/L e atualmente, esse teor pode chegar a até 20 mg/L. Com o desenvolvimento e a
utilização em larga escala dos detergentes sintéticos, calcula-se que o impacto dos
lançamentos dos efluentes sobre as concentrações de fósforo nos corpos d’água tenha
se tornado ainda mais expressiva, e, em casos de elevadas concentrações
populacionais, esse fator é determinante para as condições quali-quantitativas das
águas. (BRAILE e CAVALCANTI, 1979)
estudos indicaram que o percentual teria sido alterado para 46%, ou seja, de 3,26
g/pessoa/dia de fósforo lançada nos esgotos, 1,92 g/pessoa/dia tinha origem na
utilização de detergentes sintéticos.
Para o Lago Eire, situado entre os Estados Unidos e o Canadá, estudos efetuados por
Burs & Ross (1972), apresentados por ESTEVES (1988), indicaram que das fontes
artificiais de fósforo de que dispunha o lago, a principal era decorrente dos produtos
de limpeza, particularmente dos detergentes sintéticos. A representação esquemática
da situação do Lago Eire pode ser observada na Figura 20, a seguir.
com sulfato de alumínio ou com cloreto férrico, casos em que o fósforo é precipitado
nas formas de fosfato de alumínio ou de ferro. Apesar da elevada remoção, que pode
chegar a 85%, PIVELI e KATO (2005) destacam que, nesse caso, a precipitação
exige dosagens consideráveis de coagulante e gera grandes quantidades de lodo,
podendo tornar o processo oneroso. No caso da precipitação com cal hidratada, onde
o fósforo é precipitado na forma de hidroxi-apatita, o processo de tratamento é mais
barato, porém menos eficiente.
Tabela 18: Eficiência dos diferentes processos de tratamento de esgotos na remoção de fósforo.
Concentração Média P Eficiência Média
Processo
efluente (mg/L) Remoção de P (%)
Tratamento Primário - Tanques sépticos >4 < 35
Tratamento primário convencional >4 < 35
Tratamento primário avançado (a) <2 75 - 90
Lagoa facultativa >4 < 35
Lagoa anaeróbia - lagoa facultativa >4 < 35
Lagoa aerada facultativa >4 < 35
Lagoa aerada mistura completa - lagoa de sedimentação >4 < 35
Lagoa anaeróbia + lagoa facultat. + lagoa maturação <4 > 50
Lagoa anaeróbia + lagoa facultat. + lagoa alta taxa 3-4 50 - 60
Lagoa anaeróbia + lagoa facultat. + remoção algas >4 < 35
Infiltração lenta <1 > 85
Infiltração rápida <4 > 50
Escoamento superficial >4 < 35
Terras úmidas construídas (wetlands) >4 < 35
Tanque séptico + filtro anaeróbio >4 < 35
Tanque séptico + infiltração <4 > 50
Reator UASB >4 < 35
UASB + lodos ativados >4 < 35
UASB + biofiltro aerado submerso >4 < 35
UASB + filtro anaeróbio >4 < 35
UASB + filtro anaeróbio percolador de alta carga >4 < 35
UASB + flotação por ar dissolvido 1-2 75 - 88
UASB + lagoas de polimento <4 > 50
UASB + lagoa aerada facultativa >4 < 35
UASB + lagoa aerada mist. Completa + lagoa decant. >4 < 35
UASB + escoamento superficial >4 < 35
Lodos ativados convencional >4 < 35
Lodos ativados - aeração prolongada >4 < 35
Lodos ativados - batelada (aeração prolongada) >4 < 35
Lodos ativados convenc. com remoção biológica N >4 < 35
Lodos ativados convenc. com remoção biológica N/P 1-2 75 - 88
Lodos ativados convencional + filtração terciária 3-4 50 - 60
Filtro biológico percolador de baixa carga >4 < 35
Filtro biológico percolados de alta carga >4 < 35
Biofiltro aerado submerso com nitrificação >4 < 35
Biofiltro aerado submerso com remoção biol. de N >4 < 35
Biodisco >4 < 35
(a) Tratamento primário avançado: eficiência variável de acordo com a dosagem do coagulante
Estabelece-se que nas aglomerações com população entre 2 e 10 mil habitantes que
lançam efluentes em zonas sensíveis, bem como as aglomerações que não lançam
efluentes em zonas sensíveis, podem ser implantados sistemas de tratamento
secundários. A Diretiva permite que, quando não justificada a instalação de um
sistema tratamento mais avançado, quer pela inexistência de interesse ou motivação
ambiental, quer porque os seus custos são excessivos, podem ser implantados
sistemas de tratamento de esgotos em nível secundário. Com um total de 37.625
municípios e mais de 492 milhões de habitantes, a Comunidade Européia dimensiona
investimentos da ordem de €35 bilhões (EC, 1991; EUROPA, 2007)
Nas áreas designadas como sensíveis, cerca de 10,3% dos lançamentos pemanecem
sem o tratamento adequado, o que corresponde a um equivalente populacional de
48,4 milhões de pessoas. Nas áreas denominadas normais, ou não sensíveis, cerca de
8,9% dos lançamentos são considerados irregulares, um equivalente populacional de
42 milhões de pessoas, sendo que 17 cidades com mais de 150 mil habitantes
permanecem sem qualquer tipo de tratamento de esgotos. Entretanto, alguns
resultados positivos foram destacados, caso do rio Reno, que atravessa 8 países
(Áustria, Bélgica, França, Alemanha, Luxemburgo, Holanda, Liechtenstein e Suíça
– estes 2 últimos que não pertencem à Comunidade Européia) e do rio Elba,
localizado entre a República Tcheca e a Alemanha, por apresentarem sensível
melhoria na qualidade da água, refletindo no aumento da diversidade de espécies
aquáticas. (EUROPA, 2007)
Nos Estados Unidos, desde o Clean Water Act (CWA) e do National Pollutant
Discharge Elimination System (NPDES), programa federal criado em 1972 com
108
Através do Permit Compliance Systems (PCS), instituído em 1997, dos 16 mil pontos
de lançamento de efluentes domésticos monitorados pelo NPDES, 15,3% passaram a
ter os níveis de fósforo monitorados e controlados e 7,3% passaram a obedecer
limites de fósforo da ordem de 0,5 mg/L a 1,5 mg/L. A maior parte desses pontos
situa-se na Costa Leste e na região dos Grandes Lagos. (GLENNIE et al., 2002)
109
A necessidade de controle dos níveis de fósforo presente nos corpos d’água tem se
mostrado crescente. Nesse processo, a redução da eutrofização e a melhoria da
qualidade das águas aparecem conectadas à questão da sustentabilidade das
reservas exploráveis de fosfato, uma vez que a eutrofização das águas demonstra
ser o resultado da aceleração das taxas de retirada do nutriente para utilização em
produtos industrializados, utilizados e descartados pelo homem, lançados nos seus
efluentes.
STUMM e MORGAN (1981) estimam que a quantidade de fosfato lançada nos rios e
oceanos seja atualmente 100 vezes superior à capacidade anual de utilização pelo
fitoplâncton e outros organismos aquáticos. Assim, a quantidade que não pode ser
processada biologicamente permanece retida no sedimento, sem possibilidade de
retorno ao ciclo natural.
Por outro lado, a remoção do fósforo presente nos efluentes domésticos e industriais,
apesar de reduzir os níveis de lançamento do nutriente no corpo d’água, também não
permite o seu retorno ao ciclo, uma vez que o material retirado é normalmente
encaminhado para incineração ou para disposição final em aterros.
Nesse sentido, diversos países da Europa orientam municípios com menos de 20 mil
habitantes a viabilizar sistemas de disposição dos esgotos no solo, buscando, assim,
diminuir o nível de eutrofização das águas paralelamente à redução da utilização de
fertilizantes e da exploração das rochas fosfáticas, garantindo um aumento das taxas de
retorno do nutriente ao meio ambiente, processo que tem sido denominado por closing
the loop ou fechamento do ciclo. (LLOYD, 2007; CORDELL, 2008; CEEP, 2008)
VON SPERLING (2005) acrescenta que as estratégias para controle dos níveis de
111
fósforo nas águas devem ser avaliadas, dando ênfase para as ações preventivas,
principalmente através da adequação e fiscalização das fontes antrópicas, decorrentes
das atividades urbana, industrial e agrícola.
No Brasil, a questão do aporte de fósforo nas águas tem sido atualmente conduzida
no sentido de estabelecer limites para os corpos d’água receptores de efluentes, de
acordo com seus usos preponderantes.
I – Classe Especial
a) abastecimento para consumo humano, com desinfecção;
b) preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas; e,
c) preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de
proteção integral.
II - Classe 1
a) navegação; e
b) harmonia paisagística.
Para cada uma das classes determinou-se os padrões de qualidade de forma a garantir
os seus usos preponderantes. No que se refere ao fósforo, foram estabelecidos limites
para as águas doces, águas salobras e águas salinas, conforme as diferentes classes de
corpos d’água e de acordo com cada tipo de ambiente: lótico, lêntico e intermediário.
Os limites de fósforo estabelecidos para as águas doces, de acordo com a Resolução
CONAMA nº 357/05, encontram-se descritos na Tabela 19.
Tabela 19: Limites de fósforo para águas doces previstos na Resolução CONAMA nº 357/05.
Esta Resolução não define padrões de fósforo para emissão de efluentes, sendo
dispostas somente diretrizes para a questão, visando promover a gestão da qualidade
da água do corpo receptor conforme seu enquadramento, o que está preconizado no
Art. 28: “Os efluentes não poderão conferir ao corpo de água características em
desacordo com as metas obrigatórias progressivas, intermediárias e final, do seu
enquadramento”.
116
Define o tipo de despejo a ser lançado num corpo d’água do Estado de São Paulo de
forma a não acarretarem alterações de suas características e classificação, definida
conforme abaixo:
Embora o monitoramento feito pela CETESB indique que a maioria dos corpos
d’água de São Paulo apresenta valores de fósforo acima dos padrões de qualidade
estabelecidos e processos bastante avançados de eutrofização de mananciais, esse
Decreto não estabelece padrão de emissão de fósforo. (CHAO, 2006)
(tonelagem) de cada detergente em pó para uso no país, pelo seu respectivo teor de
fósforo, dividido pela soma das quantidades em massa de detergente em pó,
conforme fórmula abaixo:
Σ (mi x %P)
MP =
Σ mi
Onde:
MP = Média Ponderada
mi = Massa (tonelagem) de cada detergente em pó
% P = teor de fósforo
Através dessa formulação, estabelece-se uma redução gradual dos níveis de fósforo
nas fórmulas dos detergentes em pó em até 1,5%, no período de 3 anos, chegando a
teores de 10,99% de P2O5 e 4,8% de P por formulação ao final de 36 meses.
Tabela 20: Limites de fósforo para os detergentes previstos na Resolução CONAMA nº 359/05.
Essa lei estabelece como alguns dos princípios fundamentais da prestação dos
serviços de saneamento básico, conforme Art. 2º, a universalização do acesso de
forma a atender as peculiaridades locais e regionais, buscando a eficiência e
sustentabilidade econômica, através da utilização de tecnologias apropriadas,
considerando a capacidade de pagamento dos usuários e buscando a adoção de
soluções graduais e progressivas.
serviços, é tratada também no Art. 19, itens II e III, onde se determina que para
atendimento dos objetivos e metas de curto, médio e longo prazos serão admitidas
soluções graduais e progressivas, observando a compatibilidade com os demais
planos setoriais, com os respectivos planos plurianuais e com outros planos
governamentais correlatos, identificando possíveis fontes de financiamento.
Para tanto, o Art 29, § 1, estabelece como duas das diretrizes para aplicação das taxas
e dos recursos para os serviços de saneamento, a priorização do atendimento das
funções essenciais relacionadas à saúde pública e a ampliação do acesso dos
cidadãos e localidades de baixa renda aos serviços.
A avaliação da qualidade das águas nos relatórios emitidos pela CETESB está
estruturada segundo a divisão em 22 Unidades de Gerenciamento de Recursos
Hídricos (UGRHIs), estabelecida pela Lei 9.034/94, que instituiu o PERH. Essa Lei,
também, classifica as UGRHI’s de acordo com sua vocação econômica, conforme se
pode observar na Figura 22. (CETESB, 2007)
Essa divisão tem como base a região geográfica e física da bacia hidrográfica, no
entanto, leva em consideração também, os aspectos políticos e de desenvolvimento
socioeconômico, tornando-se um marco na gestão dos recursos hídricos no Estado de
São Paulo. (FOLEGATTI , 2005; PAGANINI, 2007)
A Rede de Monitoramento operada pela CETESB possui hoje, 323 estações manuais
de monitoramento das águas, 13 estações automáticas, que geram dados em tempo
real, 25 pontos de análise de sedimento dos corpos d’água e 34 estações de avaliação
de balneabilidade, totalizando 395 pontos de monitoramento de qualidade de água
superficial. (CETESB, 2007)
4. MATERIAIS E MÉTODOS
Justifica-se a escolha do Tietê como estudo de caso devido a alguns fatores que lhe
conferem características particulares, como a diversidade de formas de uso e
ocupação da bacia, decorrentes da elevada extensão territorial, e os contrastes
relacionados com a qualidade das águas, principalmente após a RMSP.
Assim, apesar de sua nascente estar localizada na Serra do Mar, distante apenas 22
km do Oceano Atlântico, o Tietê corre no sentido inverso, em direção ao interior.
Nesse trajeto, atravessa os terrenos planos da bacia sedimentar de São Paulo e o solo
acidentado do embasamento cristalino até a depressão periférica e a bacia sedimentar
do Paraná. Anteriormente caracterizado por meandros, corredeiras e quedas d’água, o
Tietê é hoje composto por trechos retificados na RMSP e pela existência de grandes
lagos, formados pelos Reservatórios das Usinas Hidrelétricas, principalmente após a
região do Médio Tietê. (PAGANINI, 2007)
Observa-se na Figura 23, a localização do rio Tietê no Estado de São Paulo, com a
identificação da sua nascente e foz.
Foz
Nascente
A bacia hidrográfica do rio Tietê ocupa uma área total de 71.381 km2 e abrange 233
municípios. Trata-se da maior bacia hidrográfica do Estado, em termos territoriais,
correspondendo a 28,7% da área total. (PAGANINI, 2007)
127
O Tietê sempre foi considerado um rio bastante estratégico para o Estado de São
Paulo e para o país.
Conforme descreve ROCHA (1991), a história do rio Tietê traduz uma situação que
pode ser considerada como de “inadimplência ambiental”, na qual, no decorrer de
128
Figura 24: Lazer às margens do Tietê, na cidade Figura 25: Pesca no Tietê, na cidade de Itapuí.
de Sabino. Reservatório de Promissão. Reservatório de Bariri.
Fonte: PAGANINI, 2007. Fonte: PAGANINI, 2007.
129
Essa evolução é ratificada pelos dados relativos à qualidade das águas, que compõem
a Rede de Monitoramento de Qualidade das Águas Interiores, executada pela
CETESB e publicada anualmente através do Relatório de Qualidade das Águas
Interiores, desde 1974.
Informações relativas à extensão das áreas inundadas, o volume útil e as vazões dos
principais reservatórios implantados no Tietê podem ser visualizadas na Tabela 22.
130
Santana de
Edgard Souza 1955 5,1 90,0 50,9 6,5
Parnaíba
Pirapora do Bom
Pirapora 1956 14,3 10,3 10,3 61,0
Jesus
Pirapora do Bom
Rasgão 1925 1,3 17,0 3,1 1,2
Jesus
Barra Bonita /
Barra Bonita 1963 310 290,0 222,0 2.566,0
Igaraçú Tietê
Álvaro Souza Lima Bariri / Boracéia 1965 62,5 327,0 238,0 62,0
Promissão /
Mário Lopes Leão 1975 530 516,0 382,0 2.128,0
Ubarana
Buritama / Brejo
Nova Avanhandava 1982 210 562,0 405,0 725,0
Alegre
Andradina /
Três Irmãos 1991 817 606,0 386,2 3.440,0
Pereira Barreto
O Projeto Tietê teve início no ano de 1992, sendo o principal resultado das
mobilizações sociais ocorridas no período, inclusive com coleta da assinatura de 1,2
milhões de pessoas favoráveis às ações para sua recuperação e despoluição. Seu
objetivo é ampliar os índices de atendimento com coleta, afastamento e tratamento de
esgotos na RMSP, oferecendo uma melhoria nas condições sanitárias e ambientais da
região. (PAGANINI, 2007; SSE, 2008)
1990 2008
2001
Projeção População:
População: 16 milhões População: 17,6 milhões 19,4 milhões
70% Esgoto
Esgoto
Esgoto coletado gerado na
gerado na 63% RMSP
gerado RMSP
na RMSP 24% tratado 84%
tratado coletado
81% 70%
coletado
tratado
Figura 26: Evolução do atendimento com coleta e tratamento de esgotos na RMSP: Projeto Tietê.
Fonte: SSE, 2008.
132
Conforme estabelecido pela Lei 9.034/94, que instituiu o Plano Estadual de Recursos
Hídricos, a bacia do Tietê está dividida em seis Unidades de Gerenciamento dos
Recursos Hídricos (UGRHI’s), sendo: Alto Tietê (AT) - UGRHI 6,
Piracicaba/Capivari/Jundiaí (PCJ) - UGRHI 5, Tietê/Sorocaba (TS) - UGRHI 10,
Tietê/Jacaré (TJ) - UGRHI 13, Tietê/Batalha (TB) - UGRHI 16 e Baixo Tietê (BT) -
UGRHI 19.
A área a ser estudada através do presente trabalho abrange os 233 municípios que
compõem as 6 UGRHI’s que formam a bacia do rio Tietê, que são:
Tabela 24: Volumes de água captados para uso urbano e industrial nas UGRHI’s do rio Tietê.
Tabela 25: Áreas de drenagem e vazões médias nas UGRHI’s do rio Tietê e no Estado.
Área de Drenagem Vazão Média
UGRHI
Total (km²) % da Bacia Total (m³/s) % da Bacia
Alto Tietê (AT) 5.868 8,1% 84 12,5%
Piracicaba-Capivari-Jundiaí (PCJ) 14.178 19,6% 172 25,6%
Tietê-Sorocaba (TS) 11.829 16,3% 107 15,9%
Tietê-Jacaré (TJ) 11.779 16,3% 97 14,5%
Tietê-Batalha (TB) 13.149 18,2% 98 14,6%
Baixo-Tietê (BT) 15.588 21,5% 113 16,8%
A UGRHI Alto Tietê possui uma área de 5.985 km² e um total de 19,3 milhões de
habitantes, o que corresponde a quase a metade da população do Estado, sendo que a
cidade de São Paulo, com mais de 10,8 milhões de habitantes e 56,3% da população
total da UGRHI, contribui de maneira fundamental para essa aglutinação
populacional. A somatória da população de apenas 5 municípios (São Paulo,
Guarulhos, São Bernardo do Campo, Osasco, Santo André) responde por 76% da
população da UGRHI. (PERH, 2005; FUNDAÇÃO SEADE, 2007; PAGANINI,
2007)
O território abrangido por essa UGRHI ocupa grande parte da RMSP, sendo que dos
municípios metropolitanos, apenas Guararema, Santa Isabel e Juquitiba não integram
a mesma. Embora as áreas desses municípios sejam relativamente grandes, suas
populações respectivas correspondem a cerca de 0,5% do total metropolitano.
Portanto, cerca de 99,5% da população da RMSP (com 8.051 km2 e 39 municípios)
estão localizados na área da UGRHI do Alto Tietê, o que na prática acaba por
resultar em uma similaridade para fins de tendências demográficas, sociais e
econômicas.
Assim, muitas das indústrias deslocaram sua infra-estrutura produtiva para o interior
ou para outras regiões do país, mantendo seu centro administrativo na capital. Essa
139
a) Águas superficiais
Os principais cursos d’água da UGRHI Alto Tietê são os rios Tietê, Claro,
Paraitinga, Biritiba-Mirim, Jundiaí, Taiaçupeba-Mirim, Embu-Guaçu, Embu-Mirim,
Cotia, Baquirivu-Guaçu, Cabuçu de Cima, Tamanduateí, Pinheiros e Juqueri, bem
como os córregos Aricanduva e Cabuçu de Baixo.
A precipitação pluviométrica média anual na UGRHI Alto Tietê é de 1.400 mm, com
maiores intensidades registradas na área próxima a Serra do Mar; na sub bacia
Billings, a média anual chega a 2.500 mm.
A UGRHI possui uma vazão média de 84 m³/s e vazão mínima de 20 m³/s, com
grandes diferenças nos diversos pontos do caudal do Tietê. Enquanto na Barragem de
Ponte Nova, a vazão média é de 8,8 m³/s, na Barragem de Pirapora, já próximo do
limite geográfico com a UGRHI Tietê/Sorocaba, a vazão média é de 102,4 m³/s. As
vazões médias importadas da Bacia Piracicaba/Capivari/Jundiaí são da ordem de
31,5 m³/s, através do Sistema Cantareira e, da Baixada Santista para o Sistema
Guarapiranga, são importados cerca de 1 m³/s. Em ambos os casos a utilização é
destinada ao abastecimento público. A título de exportação, a UGRHI Alto Tietê
encaminha cerca de 20,6 m³/s para a Baixada Santista, para fins de aproveitamento
hidrelétrico. (PERH, 2005)
Essa exportação ocorre através da reversão do rio Tietê ao longo do canal do rio
Pinheiros, com bombeamento para a Represa Billings e geração de energia na Usina
Henry Borden, localizada no município Cubatão. Implantado como Projeto Serra, em
1927, esse sistema é hoje conhecido como Tietê-Billings. Devido aos impactos da
qualidade das águas da Represa Billings, desde o ano de 1992, as manobras de
reversão são controladas e efetuadas somente em casos excepcionais, como por
140
Tabela 26: Áreas de drenagem e vazões características aproximadas ao longo do Tietê, na UGRHI
Alto Tietê.
Área de Drenagem Vazão Média
Trechos
(km²) (m³/s)
Rio Tietê, em Ponte Nova 320 8,80
Rio Tietê, jusante da foz rio Paraitinga 593 13,20
Rio Tietê, jusante da foz do rio Biritiba 715 16,30
Rio Tietê, jusante da foz do rio Jundiaí 1.083 23,90
Rio Tietê, jusante da foz do rio Taiaçupeba 1.325 29,00
Rio Tietê, montante da Penha 1.906 32,20
Rio Tietê, foz do rio Pinheiros 4.652 85,80
Rio Tietê, em Edgard Souza 4.818 89,30
Rio Tietê, na Barragem de Pirapora 5.833 102,40
FONTE: PERH, 2005.
Cabe ressaltar que, por se tratar de uma bacia altamente regularizada e controlada por
uma diversidade de obras hidráulicas, como barramentos, sistemas de recalque e
controle de cheias, torna-se indiferente definir um regime fluviométrico natural de
vazões mínimas, médias e máximas para esta UGRHI. Os efeitos das complexas
operações de transferências de vazões inter e intrabacia geram um regime de vazões
bastante peculiar. (PERH, 2005)
Além disso, as características das vazões dos cursos d’água da RMSP foram sendo
alteradas gradualmente devido ao processo de urbanização, à implantação do sistema
Tietê-Billings e ao lançamento de grandes quantidades de esgotos. O recobrimento
do solo permeável alterou a dinâmica do escoamento artificial.
Diante do nível de descaracterização dos recursos hídricos dessa bacia, tanto sob o
aspecto sanitário quanto hidrológico, o nível de recarregamento do lençol freático é
praticamente inexistente, sendo que atualmente os rios ou canais são alimentados
durante os períodos de seca pelo lançamento de esgotos, e na época de chuvas, pelo
deflúvio oriundo das bacias impermabilizadas, inclusive, às vezes, acima da sua
capacidade máxima, causando inundações.
Do volume total de água utilizado nessa UGRHI, 79% é destinada ao uso urbano,
17% ao uso industrial e 4% à irrigação. (CETESB, 2007)
O comparativo dos usos, em termos percentuais, pode ser visualizado na Figura 29.
142
Alto Tietê
Industrial
17% Irrigação
4%
Urbano
79%
São registrados também, de forma bastante expressiva, usos da água para recepção
de efluentes domésticos e industriais, sendo que, neste último caso, esses efluentes
têm origem principalmente em metalúrgicas, indústrias farmacêuticas,
automobilísticas, químicas, têxteis, dentre outras. (PAGANINI, 2007)
As áreas com muito alto potencial natural à erosão são encontradas em solos do
embasamento cristalino em relevos de serras e escarpas, em declividades superiores a
30%, com predominâncias de solos rasos, nas denominadas associações
cambissolos/podzólicos e litólicos/cambissolos, que favorecem a ocorrência de
processos erosivos. Ocorrem principalmente nas serras da Cantareira e Jaraguá. As
áreas consideradas com alta suscetibilidade são descritas em pontos do embasamento
cristalino em relevos de morros com declividades superiores a 20%. Ocorrem na
Serra da Cantareira, na região de Cajamar, a nordeste de Guarulhos, em Ferraz de
Vasconcelos, Mauá, Ribeirão Pires e Salesópolis. (PERH, 2005)
É composta por 57 municípios que possuem sua sede na área da UGRHI. Na Figura
30, pode-se visualizar o mapa de localização da UGRHI no Estado e delimitação dos
municípios que a compõem, inclusive daquelas cuja sede está fora da bacia.
145
a) Águas superficiais
A precipitação pluviométrica média anual nesta UGRHI varia entre 1.200 e 1.800
mm anuais, sendo que nos trechos das cabeceiras dos cursos formadores do rio
Piracicaba, na região da Mantiqueira, ocorrem as maiores precipitações
pluviométricas, cujos índices superam os 2.000 mm anuais. Tais índices caem para
1.400 e 1.200 mm nos cursos médios e baixos, respectivamente. (PERH, 2005)
A UGRHI possui uma vazão média de 172 m³/s e vazão mínima estimada de 43 m³/s.
Desse total, porém, em particular as vazões da bacia do Piracicaba não se encontram
totalmente à disposição para uso nessa bacia, pois cerca de 31,5 m³ são exportados
para a RMSP, via Sistema Cantareira. Para efetuar tal derivação, foram implantados
três reservatórios nas cabeceiras na bacia do Piracicaba (Jaguari-Jacareí, Atibainha e
Cachoeira). Simultaneamente ao atendimento da RMSP, esses reservatórios
fornecem uma vazão de 15 m³/s para o rio Atibaia em Paulínia e 40 m³/s para o rio
Piracicaba na cidade do mesmo nome. (PERH, 2005; CETESB, 2007)
Dados da CETESB para o ano de 2005 apontam que nos trechos dos rios Atibaia,
Capivari, Jundiaí e Piracicaba, que se encontram em regiões de alta densidade
populacional, os usos são conflitantes e a eutrofização de seus mananciais se
encontra em estágio avançado. (CETESB, 2005; PERH, 2005)
Do volume total de água utilizado nessa UGRHI, 43% é destinado ao uso urbano,
37% ao uso industrial e 20% à irrigação. (CETESB, 2007).
O comparativo dos usos, em termos percentuais pode ser visualizado na Figura 31.
147
Piracicapa/Capivari/Jundiaí
Irrigação
20%
Industrial
37%
Urbano
43%
São registrados também, usos da água para afastamento dos efluentes domésticos e
industriais, sendo que, neste último caso, esses efluentes têm origem principalmente
em indústrias químicas, têxteis, eletrônicas, metalúrgicas e agroindústria. (CETESB,
2005; PAGANINI, 2007)
atividade rural. Da área total de 14.178 km² correspondente a essa UGRHI, somente
691,5 km² são ocupados por áreas urbanas ou industriais, que equivale a 4,9%. Na
sub bacia do rio Camanduacaia, inclusive, a porcentagem da área destinada à
agricultura chega a 98,6%. A bacia do rio Jundiaí é a que possui área urbana mais
extensa, correspondendo a 10,2% da área total da UGRHI. (PERH, 2005)
Na Tabela 28, encontram-se descritas as distribuições das áreas das bacias e sub
bacias da UGRHI Piracicaba/Capivari/Jundiaí conforme as classes de uso do solo, de
acordo com estudo efetuado pelo Plano de Bacias do período de 2000 a 2003 e
publicado no Plano Estadual de Recursos Hídricos de São Paulo para o período de
2004 a 2007.
Tabela 28: Distribuição das áreas da UGRHI Piracicaba/Capivari/Jundiaí de acordo com as classes
de uso do solo, em km².
Área de Agricultura Cobertura Pastagens Áreas % da Área
Refloresta
Bacia Sub Bacia Drenagem Vegetal e Campos Urbanas e
mentos
(km²) Temporária Perene Natural Antrópicos Industriais Urbana Rural
Camanducaia 860,0 7,0 78,0 38,7 43,9 680,1 12,3 1,4 98,6
Jaguari 2.180,0 424,6 385,8 74,4 63,2 1.182,3 49,8 2,3 97,7
Atibaia 2.820,0 117,3 68,9 343,0 123,9 2.017,6 149,8 5,3 94,7
Piracicaba
Corumbataí 1.690,0 372,6 35,5 126,0 87,5 1.027,5 41,0 2,4 97,6
Piracicaba 3.908,0 1.412,5 209,9 162,0 35,9 1.720,9 229,8 6,1 93,9
Sub Total 11.458,0 2.334,0 778,1 744,1 354,4 6.628,4 482,7 4,3 95,7
Capivari 1.570,0 733,0 21,8 35,2 35,6 652,7 91,7 5,8 94,2
Jundiaí 1.150,0 72,9 20,1 146,9 64,8 727,8 117,5 10,2 89,8
Total da UGRHI 14.178,0 3.139,9 820,0 926,2 454,8 8.008,9 691,9 4,9 95,1
a) Águas superficiais
Dentre os cursos d’água dessa UGRHI, o mais importante é o rio Sorocaba, cuja
bacia possui uma área de drenagem que atinge 6.830 km². Outros constituintes
relevantes dessa UGRHI são os rios Pirajibú, Ipanema, Tatuí e Sarapuí. Além disso,
outros três afluentes importantes desse trecho do Tietê fazem parte da UGRHI
Piracicaba/Capivari/Jundiaí e são os rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. (CETESB,
2005; PERH, 2005)
A UGRHI possui uma vazão média de 107 m³/s e vazão mínima de 22 m³/s. Destaca-
se nessa Unidade de Gerenciamento, a existência de 8 reservatórios utilizados
principalmente para geração de energia elétrica, controle de cheias e abastecimento
público, sendo que, dentre eles, pode-se citar os Reservatórios de Itupararanga, Barra
Bonita e Porto Góes. Dados a respeito das vazões, áreas e volume desses
reservatórios encontram-se descritos na Tabela 29.
Do volume total de água utilizado nessa UGRHI, 29% é destinada ao uso urbano,
24% ao uso industrial e 47% à irrigação. O comparativo dos usos, em termos
percentuais pode ser visualizado na Figura 33.
Tietê/Sorocaba
Irrigação
47%
Urbano
29%
Industrial
24%
A cobertura vegetal da UGRHI ocupa cerca de 15% da sua área total, destacando-se
as formações florestais, cerrados e regiões denominadas de Tensão Ecológica,
localizadas entre florestas e cerrados. Em relação à erodibilidade do terreno, a
UGRHI Tietê/Sorocaba é constituída, em geral, por áreas de média suscetibilidade a
erosão em relação aos aspectos do meio físico. Cerca de 55% da área total está
localizada em pontos de média criticidade, 23% de alta criticidade e 22% de baixa
criticidade. (PERH, 2005)
Os municípios com maior número de habitantes são Bauru, Araraquara, São Carlos e
Jaú, sendo que o município de Bauru, com mais de 300 mil habitantes, figura entre
os 20 municípios com maior população do Estado, sendo considerado o pólo regional
principal da UGRHI. É importante destacar também, os municípios de São Carlos e
154
É composta por 34 municípios, sendo que na Figura 34, pode-se visualizar o mapa de
localização da UGRHI no Estado e delimitação dos municípios que a compõem.
a) Águas superficiais
Entre os diversos usos da água, destaca-se sua utilização para abastecimento público
e industrial, geração de energia elétrica, recepção de efluentes domésticos e
industriais, recreação, irrigação e navegação, uma vez que nessa UGRHI encontra-se
um trecho de 140 km da hidrovia Tietê-Paraná. (PAGANINI, 2007)
156
Do volume total de água utilizado nessa UGRHI, 20% é destinada ao uso urbano,
33% ao uso industrial e 47% à irrigação. (CETESB, 2007)
O comparativo dos usos, em termos percentuais pode ser visualizado na Figura 35.
Tietê/Jacaré
Irrigação
47% Urbano
20%
Industrial
33%
Registra-se nesta UGRHI, a importação de 0,480 m³/s da UGRHI Tietê/Batalha (480 l/s)
a partir do Rio Batalha, visando ao abastecimento da cidade de Bauru. (PERH, 2005)
Apesar desse fato, diversas áreas ainda apresentam cobertura vegetal natural de
grande importância, associada, em geral, às escarpas das Cuestas Basálticas e a
fundos de vales e planícies fluviais, além dos remanescentes de matas mesófilas
157
a) Águas superficiais
Do volume total de água utilizado nessa UGRHI, 11% é destinada ao uso urbano,
15% ao uso industrial e 74% à irrigação. (CETESB, 2007)
O comparativo dos usos, em termos percentuais pode ser visualizado na Figura 37.
Tietê/Batalha
Urbano
11%
Irrigação
74%
Industrial
15%
% da Área
Tipo de Uso do Solo Área (km²)
Total
Vegetação natural 750 5,7%
Culturas perenes 2.325 17,8%
Cuturas temporárias 1.275 9,8%
Outras utilizações 8.694 66,7%
Total 13.044 100,0%
Fonte: Adaptado de PERH, 2005.
Situada na região noroeste do Estado, a UGRHI Baixo Tietê possui uma área de
drenagem de 15.588 km², sendo definida, basicamente, pelas bacias hidrográficas de
vários cursos d’água afluentes ao rio Tietê, desde a barragem da Usina Mário Lopes
Leão, em Promissão, até a sua foz no reservatório de Jupiá no rio Paraná, numa
extensão de cerca de 200 km. (PERH, 2005; PAGANINI, 2007)
a) Águas superficiais
A UGRHI possui uma vazão média de 112,5 m³/s e vazão mínima é de 26,3 m³/s.
Estão localizadas em sua área as Usinas Hidrelétricas Souza Dias, Nova
Avanhandava e Três Irmãos, estas últimas localizadas no rio Tietê. A Usina Souza
Dias (Jupiá) localiza-se no rio Paraná.
Dados a respeito das vazões, áreas e volume dos reservatórios pertencentes a essas
Usinas encontram-se descritos na Tabela 32.
163
Entre os diversos usos da água, destaca-se sua utilização para abastecimento público
e industrial, geração de energia elétrica, recepção de efluentes domésticos e
industriais, recreação, irrigação e navegação. Os efluentes industriais são oriundos
principalmente das indústrias alimentícias e de calçados.
Do volume total de água utilizado nessa UGRHI, 10% é destinada ao uso urbano,
14% ao uso industrial e 76% à irrigação. (CETESB, 2007)
O comparativo dos usos, em termos percentuais pode ser visualizado na Figura 39.
Baixo Tietê
Urbano
10%
Irrigação
76% Industrial
14%
Com uma área total de 16,7 mil km², a cobertura vegetal natural representa apenas
2,55% do total da área ocupada pela UGRHI, sendo que as formações florestais de
mata foram devastadas em quase sua totalidade e substituídas pela agropecuária,
cujas áreas são predominantes na UGRHI, correspondendo a uma taxa de 77,4%.
Tabela 33: Tipos de utilização do solo e respectivas áreas na UGRHI Baixo Tietê.
% da Área
Tipo de Uso do Solo Área (km²)
Total
Vegetação natural 395 2,4%
Reflorestamento 17 0,1%
Cuturas perenes 1.234 7,4%
Culturas temporárias 979 5,9%
Cana-de-açúcar 1.085 6,5%
Pastagens 12.924 77,4%
Áreas urbanas e sistema rodo-ferroviário 65 0,4%
Total 16.699 100,0%
Fonte: Adaptado de PERH, 2005.
Para avaliar as possíveis fontes de fósforo na bacia do rio Tietê, foram levantadas
informações sobre as principais fontes antrópicas desse nutriente nas águas,
decorrentes das atividades urbana e agrícola.
Vale ressaltar que a metodologia adotada pelo IBGE é bastante diferente da aplicada
pela CATI, visto que esta efetua um levantamento individualizado por unidade
agrícola, utilizando critérios de classificação dos tipos de uso de solo, de acordo com
a cultura (cultura perene, cultura temporária, cultura anual, pastagens e vegetação
nativa), conforme abordado no item 3.4.1 do presente trabalho.
Cabe ressaltar que somente em 2002 passou a ser operada pela CETESB a Rede de
Monitoramento do Sedimento, sendo que a análise de fósforo total foi efetuada nos
anos de 2004 e 2005.
• Alto Tietê - 9 pontos: TIET 02050, TIET 02090, TIET 03120, TIET 04150,
TIET 04170, TIET 04180, TIET 04200, TIES 04900 e TIPI 04900;
Tabela 34: Localização e características dos pontos de amostragem da CETESB na coluna d’água.
Código do Distância a partir da Classe Corpo
UGRHI Localização
Ponto nascente (km) D'Água
Ponte na rodovia que liga Mogi das Cruzes a Salesópolis, município de
TIET02050 Alto Tietê 0 02
Biritiba-Mirim.
TIET02090 Alto Tietê Na captação principal do município de Mogi das Cruzes. 20 02
TIET04180 Alto Tietê Ponte das Bandeiras, na Av. Santos Dumont, município de S Paulo. 112 04
Ponte dos Remédios, na Av. Marginal e Rodovia Presidente Castelo Branco,
TIET04200 Alto Tietê 120 04
município de São Paulo.
Aproximadamente 0,5 km da comporta do reservatório de Pirapora, no
TIES04900 Alto Tietê 160 04
município de Pirapora do Bom Jesus.
Próximo às comportas da barragem do Reservatório de Pirapora, no
TIPI04900 Alto Tietê 201 04
município de Pirapora do Bom Jesus.
Próximo das comportas do Reservatório de Rasgão, município de Pirapora
TIRG02900 Tietê/Sorocaba 273 02
do Bom Jesus.
A cerca de 300 m da ponte da Rodovia do Açúcar (SP-308), na Fazenda
TIET02350 Tietê/Sorocaba 396 02
Santa Isabel, município de Laranjal Paulista.
TIET02400 Tietê/Sorocaba Ponte na rodovia SP-113, que liga Tietê a Capivari, em Tietê. 443 02
TIET02450 Tietê/Sorocaba Ponte na estrada para a fazenda Santo Olegário, em Laranjal Pta. 463 02
Ponte na rodovia SP-191 que liga Santa Maria da Serra a São Manuel,
TIBT02500 Tietê/Sorocaba 568 02
município de Botucatu.
No meio do corpo central, a jusante da confluência dos rios Tietê e
TIBB02100 Tietê/Sorocaba 598 02
Piracicaba, no município de Botucatu.
No meio do corpo central, na direção do Córrego Araquazinho, município
TIBB02700 Tietê/Sorocaba 602 02
de São Manuel.
Ponte na rodovia SP-255 que liga São Manuel a Jaú, a jusante do
TIET02500 Tietê/Jacaré 607 02
Reservatório de Barra Bonita, município de Lençois Paulista.
Margem direita, jusante do canal de fuga da casa de força da Usina
TIET02600 Tietê/Batalha 705 02
Hidrelétrica de Ibitinga, no município de Reginópolis.
A montante da barragem de Promissão, próximo do vertedouro, no
TIPR02990 Tietê/Batalha 800 02
município de Promissão.
Ponte na rod. BR-153, no trecho que liga Lins a José Bonifácio, a jusante
TIET02700 Baixo Tietê 865 02
da barragem de Promissão.
Ponte na rodovia SP-463, no trecho que liga Araçatuba a Jales, no
TITR02100 Baixo Tietê 945 02
município de Araçatuba.
Ponte na rodovia SP-563, no trecho que liga Pereira Barreto a Andradina,
TITR02800 Baixo Tietê 1065 02
município de Pereira Barreto.
Fonte: SÃO PAULO, 1977; CETESB, 2007; PAGANINI, 2007.
Figura 40: Representação esquemática da localização dos pontos de amostragem operados pela CETESB no caudal do Tietê – coluna d’água e sedimento.
Fonte: Adaptado de CETESB, 2007.
172
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A bacia do rio Tietê possui atualmente mais de 28 milhões de habitantes, valor que
corresponde a 70,6% da população total do Estado de São Paulo. Esse percentual
permanece praticamente inalterado nos últimos 22 anos, uma vez que em 1986 essa
bacia possuía 70,4% da população total do Estado.
Pelos dados levantados, pode-se inferir que esse comportamento tenha resultado da
evolução da população urbana da UGRHI Alto Tietê. Nessa UGRHI, a população
urbana que era de 13,5 milhões de habitantes em 1986 passou para 18,4 milhões de
habitantes em 2007, o que, em termos percentuais, representa uma alteração de
72,4% do total da bacia do Tietê em 1986 para 67,5% em 2007. De forma inversa, no
que se refere aos dados percentuais, a maior expansão da população urbana, em
relação ao total das bacias do Tietê, ocorre no Piracicaba/Capivari/Jundiaí, cujo
índice foi alterado de 14,2% em 1986 para 17,2% em 2007, com um crescimento
populacional de 2,1 milhões de habitantes.
Tabela 36: População total e urbana da UGRHI’s do Tietê e do Estado de São Paulo – Período de 1986 a 2007.
População Total População Urbana População Total População Urbana População Total População Urbana População Total População Urbana População Total População Urbana População Total População Urbana População Total População Urbana
Ano
População População
% sobre % sobre % sobre % sobre % sobre % sobre % sobre % sobre % sobre % sobre % sobre % sobre % sobre % sobre
Total Urbana Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº
Total do Total da Total da Total da Total da Total da Total da Total da Total da Total da Total da Total da Total da Total da
Habitantes Habitantes Habitantes Habitantes Habitantes Habitantes Habitantes Habitantes Habitantes Habitantes Habitantes Habitantes Habitantes Habitantes
Estado Bacia Bacia Bacia Bacia Bacia Bacia Bacia Bacia Bacia Bacia Bacia Bacia Bacia
1986 28.303.376 25.738.468 19.918.264 70,4% 18.761.805 72,9% 13.941.584 70,0% 13.580.958 72,4% 2.978.133 15,0% 2.668.146 14,2% 1.026.876 5,2% 862.026 4,6% 989.479 5,0% 875.863 4,7% 385.563 1,9% 284.049 1,5% 596.629 3,0% 490.763 2,6%
1987 28.903.923 26.392.091 20.340.788 70,4% 19.205.153 72,8% 14.199.474 69,8% 13.844.692 72,1% 3.070.863 15,1% 2.767.566 14,4% 1.059.407 5,2% 892.820 4,6% 1.014.689 5,0% 903.709 4,7% 390.798 1,9% 293.291 1,5% 605.557 3,0% 503.075 2,6%
1988 29.517.213 27.066.806 20.772.419 70,4% 19.664.916 72,7% 14.461.949 69,6% 14.119.481 71,8% 3.166.627 15,2% 2.870.550 14,6% 1.092.791 5,3% 924.451 4,7% 1.040.341 5,0% 932.182 4,7% 396.156 1,9% 302.708 1,5% 614.555 3,0% 515.544 2,6%
1989 30.143.516 27.751.617 21.213.354 70,4% 20.130.023 72,5% 14.729.112 69,4% 14.394.143 71,5% 3.265.521 15,4% 2.977.218 14,8% 1.127.028 5,3% 956.910 4,8% 1.066.435 5,0% 961.272 4,8% 401.643 1,9% 312.307 1,6% 623.615 2,9% 528.173 2,6%
1990 30.783.108 28.452.560 21.663.905 70,4% 20.606.537 72,4% 15.001.131 69,2% 14.674.570 71,2% 3.367.675 15,5% 3.087.710 15,0% 1.162.129 5,4% 990.231 4,8% 1.092.969 5,0% 990.987 4,8% 407.254 1,9% 322.086 1,6% 632.747 2,9% 540.953 2,6%
1991 31.436.273 29.161.205 22.124.245 70,4% 21.093.540 72,3% 15.278.104 69,1% 14.958.923 70,9% 3.473.166 15,7% 3.205.456 15,2% 1.198.118 5,4% 1.024.058 4,9% 1.119.915 5,1% 1.020.469 4,8% 412.982 1,9% 331.382 1,6% 641.960 2,9% 553.252 2,6%
1992 32.031.639 29.737.424 22.543.135 70,4% 21.475.262 72,2% 15.525.936 68,9% 15.163.940 70,6% 3.566.953 15,8% 3.302.056 15,4% 1.236.749 5,5% 1.058.981 4,9% 1.144.136 5,1% 1.046.632 4,9% 419.005 1,9% 339.914 1,6% 650.356 2,9% 563.739 2,6%
1993 32.629.867 30.315.989 22.928.646 70,3% 21.827.636 72,0% 15.772.061 68,8% 15.367.722 70,4% 3.652.331 15,9% 3.392.567 15,5% 1.278.358 5,6% 1.094.607 5,0% 1.164.660 5,1% 1.070.548 4,9% 427.475 1,9% 350.375 1,6% 633.761 2,8% 551.817 2,5%
1994 33.240.084 30.907.354 23.363.666 70,3% 22.223.666 71,9% 16.037.215 68,6% 15.588.369 70,1% 3.745.827 16,0% 3.487.678 15,7% 1.317.139 5,6% 1.130.107 5,1% 1.188.559 5,1% 1.096.732 4,9% 433.241 1,9% 358.919 1,6% 641.685 2,7% 561.861 2,5%
1995 33.848.251 31.497.750 23.798.054 70,3% 22.619.215 71,8% 16.302.020 68,5% 15.807.984 69,9% 3.839.331 16,1% 3.583.164 15,8% 1.356.150 5,7% 1.165.980 5,2% 1.212.377 5,1% 1.122.985 5,0% 438.877 1,8% 367.424 1,6% 649.299 2,7% 571.678 2,5%
1996 34.451.927 32.085.021 24.231.960 70,3% 23.014.403 71,7% 16.567.575 68,4% 16.027.647 69,6% 3.932.463 16,2% 3.678.641 16,0% 1.395.160 5,8% 1.201.951 5,2% 1.235.894 5,1% 1.149.100 5,0% 444.362 1,8% 375.892 1,6% 656.506 2,7% 581.172 2,5%
1997 35.062.867 32.682.432 24.671.416 70,4% 23.418.139 71,7% 16.843.431 68,3% 16.256.575 69,4% 4.026.078 16,3% 3.776.697 16,1% 1.434.514 5,8% 1.238.305 5,3% 1.253.488 5,1% 1.171.513 5,0% 449.603 1,8% 384.223 1,6% 664.302 2,7% 590.826 2,5%
1998 35.698.511 33.302.253 25.133.885 70,4% 23.840.664 71,6% 17.134.048 68,2% 16.499.134 69,2% 4.121.714 16,4% 3.874.989 16,3% 1.475.018 5,9% 1.275.790 5,4% 1.277.028 5,1% 1.197.929 5,0% 454.942 1,8% 392.716 1,6% 671.135 2,7% 600.106 2,5%
1999 36.346.903 33.934.750 25.604.738 70,4% 24.271.288 71,5% 17.430.498 68,1% 16.746.661 69,0% 4.218.396 16,5% 3.974.627 16,4% 1.516.669 5,9% 1.314.433 5,4% 1.300.880 5,1% 1.224.797 5,0% 460.340 1,8% 401.351 1,7% 677.955 2,6% 609.419 2,5%
2000 36.974.378 34.538.004 26.060.834 70,5% 24.686.697 71,5% 17.716.094 68,0% 16.982.976 68,8% 4.313.105 16,6% 4.071.651 16,5% 1.557.747 6,0% 1.352.666 5,5% 1.323.986 5,1% 1.251.107 5,1% 465.482 1,8% 409.834 1,7% 684.420 2,6% 618.463 2,5%
2001 37.497.970 35.096.137 26.437.447 70,5% 25.061.345 71,4% 17.944.131 67,9% 17.193.282 68,6% 4.394.575 16,6% 4.159.317 16,6% 1.591.031 6,0% 1.390.143 5,5% 1.345.251 5,1% 1.274.558 5,1% 471.004 1,8% 416.978 1,7% 691.455 2,6% 627.067 2,5%
2002 38.032.544 35.658.692 26.822.224 70,5% 25.437.196 71,3% 18.176.902 67,8% 17.401.495 68,4% 4.477.934 16,7% 4.248.799 16,7% 1.625.149 6,1% 1.428.619 5,6% 1.366.873 5,1% 1.298.371 5,1% 476.709 1,8% 424.202 1,7% 698.657 2,6% 635.710 2,5%
2003 38.578.438 36.232.023 27.215.404 70,5% 25.820.433 71,3% 18.414.541 67,7% 17.613.723 68,2% 4.563.217 16,8% 4.340.134 16,8% 1.660.107 6,1% 1.468.119 5,7% 1.388.867 5,1% 1.322.559 5,1% 482.630 1,8% 431.496 1,7% 706.042 2,6% 644.402 2,5%
2004 39.136.048 36.816.416 27.617.293 70,6% 26.211.276 71,2% 18.657.184 67,6% 17.830.050 68,0% 4.650.497 16,8% 4.433.406 16,9% 1.695.942 6,1% 1.508.676 5,8% 1.411.240 5,1% 1.347.121 5,1% 488.804 1,8% 438.882 1,7% 713.626 2,6% 653.141 2,5%
2005 39.705.706 37.412.251 28.028.174 70,6% 26.609.983 71,1% 18.904.972 67,4% 18.050.581 67,8% 4.739.820 16,9% 4.528.637 17,0% 1.732.676 6,2% 1.550.329 5,8% 1.433.993 5,1% 1.372.072 5,2% 495.298 1,8% 446.348 1,7% 721.415 2,6% 662.016 2,5%
2006 40.175.797 37.934.806 28.367.726 70,6% 26.955.447 71,1% 19.111.009 67,4% 18.242.568 67,7% 4.813.194 17,0% 4.609.599 17,1% 1.763.963 6,2% 1.587.304 5,9% 1.453.047 5,1% 1.393.271 5,2% 499.662 1,8% 452.953 1,7% 726.851 2,6% 669.752 2,5%
2007 40.653.736 38.466.681 28.713.162 70,6% 27.307.426 71,0% 19.320.577 67,3% 18.438.509 67,5% 4.887.922 17,0% 4.691.885 17,2% 1.795.876 6,3% 1.625.116 6,0% 1.472.374 5,1% 1.414.773 5,2% 504.066 1,8% 459.626 1,7% 732.347 2,6% 677.517 2,5%
175
A partir desses dados, pode-se verificar que o crescimento populacional anual médio
da bacia do Tietê e do Estado de São Paulo, apresenta uma tendência de
desaceleração gradativa para o período de 22 anos, o que ocorreu de forma mais
acentuada a partir da década de 1990. Ainda que a população na bacia do Tietê e no
Estado de São Paulo tenha aumentado de forma significativa em termos numéricos, o
crescimento médio da população total foi reduzido de 2,1% no ano de 1986 para
1,2% no ano de 2007 e o crescimento médio da população urbana foi reduzido de
2,4% em 1986 para 1,3% em 2007. Para o total do Estado de São Paulo, o
crescimento médio da população total foi alterado de 2,1% em 1986 para 1,2% em
2007, enquanto o crescimento médio da população urbana foi alterado de 2,5% em
1986 para 1,4% em 2007.
3,0%
2,5%
2,0%
1,5%
1,0%
1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Bacia do Tietê - População Total Bacia do Tietê - População Urbana Estado - População Total Estado - População Urbana
Figura 41: Evolução do crescimento anual médio da populacão total e urbana do Estado de São Paulo
e da bacia do Tietê – Período 1986 a 2007.
3,50%
3,07%
3,00%
2,73% 2,70%
2,50% 2,39%
2,31% 2,32%
2,00% 1,91%
1,76% 1,80%
1,57% 1,55%
1,47%
1,50%
1,28%
0,98%
1,00%
0,50%
0,00%
Bacia Tietê Alto Tietê Pirac/Capiv/Jundiaí Tietê/Sorocaba Tietê/Jacaré Tietê/Batalha Baixo Tietê
Total Urbana
Figura 42: Crescimento anual médio da população total e urbana, por UGRHI, e do total da bacia do
Tietê – Período 1986 a 2007.
Tabela 37: Crescimento anual da população total e urbana das UGRHI’s do Tietê – Período de 1986
a 2007.
Piracicaba/Capivari/
Bacia do Tietê Alto Tietê Tietê/Sorocaba Tietê/Jacaré Tietê/Batalha Baixo Tietê
Jundiaí
Ano
Total Urbana Total Urbana Total Urbana Total Urbana Total Urbana Total Urbana Total Urbana
1987 422.524 443.348 257.890 263.734 92.730 99.420 32.531 30.794 25.210 27.846 5.235 9.242 8.928 12.312
1988 431.631 459.763 262.475 274.789 95.764 102.984 33.384 31.631 25.652 28.473 5.358 9.417 8.998 12.469
1989 440.935 465.107 267.163 274.662 98.894 106.668 34.237 32.459 26.094 29.090 5.487 9.599 9.060 12.629
1990 450.551 476.514 272.019 280.427 102.154 110.492 35.101 33.321 26.534 29.715 5.611 9.779 9.132 12.780
1991 460.340 487.003 276.973 284.353 105.491 117.746 35.989 33.827 26.946 29.482 5.728 9.296 9.213 12.299
1992 418.890 381.722 247.832 205.017 93.787 96.600 38.631 34.923 24.221 26.163 6.023 8.532 8.396 10.487
1993 385.511 352.374 246.125 203.782 85.378 90.511 41.609 35.626 20.524 23.916 8.470 10.461 -16.595 -11.922
1994 435.020 396.030 265.154 220.647 93.496 95.111 38.781 35.500 23.899 26.184 5.766 8.544 7.924 10.044
1995 434.388 395.549 264.805 219.615 93.504 95.486 39.011 35.873 23.818 26.253 5.636 8.505 7.614 9.817
1996 433.906 395.188 265.555 219.663 93.132 95.477 39.010 35.971 23.517 26.115 5.485 8.468 7.207 9.494
1997 439.456 403.736 275.856 228.928 93.615 98.056 39.354 36.354 17.594 22.413 5.241 8.331 7.796 9.654
1998 462.469 422.525 290.617 242.559 95.636 98.292 40.504 37.485 23.540 26.416 5.339 8.493 6.833 9.280
1999 470.853 430.624 296.450 247.527 96.682 99.638 41.651 38.643 23.852 26.868 5.398 8.635 6.820 9.313
2000 456.096 415.409 285.596 236.315 94.709 97.024 41.078 38.233 23.106 26.310 5.142 8.483 6.465 9.044
2001 376.613 374.648 228.037 210.306 81.470 87.666 33.284 37.477 21.265 23.451 5.522 7.144 7.035 8.604
2002 384.777 375.851 232.771 208.213 83.359 89.482 34.118 38.476 21.622 23.813 5.705 7.224 7.202 8.643
2003 393.180 383.237 237.639 212.228 85.283 91.335 34.958 39.500 21.994 24.188 5.921 7.294 7.385 8.692
2004 401.889 390.843 242.643 216.327 87.280 93.272 35.835 40.557 22.373 24.562 6.174 7.386 7.584 8.739
2005 410.881 398.707 247.788 220.531 89.323 95.231 36.734 41.653 22.753 24.951 6.494 7.466 7.789 8.875
2006 339.552 345.464 206.037 191.987 73.374 80.962 31.287 36.975 19.054 21.199 4.364 6.605 5.436 7.736
2007 345.436 351.979 209.568 195.941 74.728 82.286 31.913 37.812 19.327 21.502 4.404 6.673 5.496 7.765
655%
Crescimento (%)
243%
218% 223% 225%
180%
170% 165% 164%
144% 145% 147% 150%
141% 138% 141%
128%
113%
101% 104%
80% 80%
67% 65% 64% 68% 69% 71% 66%
46%
36%
15% 12%
-12%
Arujá
R. Grande Serra
Itapecerica da Serra
Carapicuíba
Mairiporã
Barueri
Guarulhos
Cotia
Salesópolis
Taboão da Serra
Mogi das Cruzes
Diadema
Itaquaquecetuba
Jandira
Poá
Santo André
Biritiba Mirim
Caieiras
Ribeirão Pires
Mauá
Osasco
Itapevi
Ferraz Vasconcelos
Santana de Parnaíba
Francisco Morato
São Paulo
Suzano
Pirapora Bom Jesus
Cajamar
Embu
Embu-Guaçu
Figura 43: Crescimento percentual da população urbana dos municípios do Alto Tietê, entre os anos
de 1986 a 2007.
No contexto da estrutura e porte dos municípios avaliados, verifica-se que dos 233
municípios pertencentes à bacia do Tietê, 116 possuem atualmente menos de 20 mil
179
Dos 07 municípios com mais de 500 mil habitantes situados na bacia do Tietê, 05
estão localizados no Alto Tietê (São Paulo, Guarulhos, São Bernardo do Campo,
Osasco e Santo André), 01 no Piracicaba/Capivari/Jundiaí (Campinas) e 01 no
Tietê/Sorocaba (Sorocaba).
Tabela 38: Quantidade de municípios por porte, por UGRHI, para os anos de 1986, 1993, 2000 e
2007.
Piracicaba/Capivari/
Bacia do Tietê Alto Tietê Tietê/Sorocaba Tietê/Jacaré Tietê/Batalha Baixo Tietê
Concentração Jundiaí
Populacional Ano Ano Ano Ano Ano Ano Ano
1986 1993 2000 2007 1986 1993 2000 2007 1986 1993 2000 2007 1986 1993 2000 2007 1986 1993 2000 2007 1986 1993 2000 2007 1986 1993 2000 2007
(1)
Não disponível 21 06 00 00 0 0 0 0 04 0 0 0 06 02 0 0 03 02 0 0 02 0 0 0 06 02 0 0
Até 20 mil
120 126 123 116 03 03 02 02 28 29 25 22 16 16 16 14 20 19 20 19 26 28 27 27 27 31 33 32
habirantes
De 20 a 50 mil
39 44 41 43 08 07 02 01 10 11 13 14 05 08 09 10 07 09 09 09 03 03 03 03 06 06 05 06
habitantes
De 50 a 100 mil
24 23 27 23 08 06 08 05 06 07 07 07 05 05 05 04 01 01 01 02 02 02 03 03 02 02 03 02
habitantes
De 100 a 200 mil
15 19 23 27 06 09 09 10 06 06 08 09 0 01 02 04 02 02 03 02 0 0 0 0 01 01 01 02
habitantes
De 200 a 500 mil
09 09 13 17 05 04 08 11 02 03 03 04 01 01 01 0 01 01 01 02 0 0 0 0 0 0 0 0
habitantes
Acima de 500 mil
05 06 06 07 04 05 05 05 01 01 01 01 0 0 0 01 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
habitantes
TOTAL 233 34 57 33 34 33 42
(1)
Não disponível: Municípios criados posteriormente à data analisada.
Nos municípios situados nas UGRHI’s Tietê/Jacaré, Tietê/Batalha e Baixo Tietê essa
alteração é menos perceptível, uma vez que a grande maioria dos municípios
permanece com porte de até 50 mil habitantes durante o período de 22 anos.
Tais informações podem ser visualizadas na Figura 44, a seguir, que aloca os
municípios das bacias do Tietê no mapa do estado de São Paulo, classificando o seu
porte com cores diferenciadas, permitindo detectar a sua localização e a evolução
verificada para o período analisado.
181
Legenda
Não Disponível
De 20 a 50 mil habitantes
Figura 44: Apresentação do mapa da concentração populacional total da bacia do rio Tietê, de acordo com o porte, para os anos 1986, 1993, 2000 e 2007.
182
Considerando-se que no Brasil a contribuição per capita diária de fósforo nos esgotos
domésticos é da ordem de 2,5 g, e com base nos dados de população urbana
apresentados, as bacias do Tietê possuem atualmente um potencial de lançamento de
fósforo nas águas através dessa fonte, da ordem de 68,3 t/dia, o que corresponde a
uma evolução de 46% em relação ao ano de 1986, quando o potencial de
contribuição de fósforo, com base na população urbana era de 46,9 t/dia, conforme
Tabela 39, abaixo.
Tabela 39: Quantidade potencial de fósforo lançada nas UGRHI’s do Tietê através dos esgotos
domésticos, nos anos de 1986, 1993, 2000 e 2007.
1986 1993 2000 2007
UGRHI População Urbana Qtde Fósforo População Urbana Qtde Fósforo População Urbana Qtde Fósforo População Urbana Qtde Fósforo
(hab) (t/dia) (hab) (t/dia) (hab) (t/dia) (hab) (t/dia)
Alto Tietê 13.580.958 34,0 15.367.722 38,4 16.982.976 42,5 18.438.509 46,1
Baixo Tietê 490.763 1,2 551.817 1,4 618.463 1,5 677.517 1,7
1986 1993
5% 1% 3% 5% 2% 2%
5% 5%
14%
16%
2000 2007
5% 2% 3% 5% 2% 2%
5% 6%
16% 17%
69% 68%
Figura 45: Evolução do potencial de contribuição de fósforo na bacia do Tietê nos anos de 1986,
1993, 2000 e 2007, em termos percentuais.
Tabela 40: Número de indústrias da bacia do Tietê, por ramo de atividade – Comparativo entre os anos de 1995 e 2008.
Piracicaba/ Capivari
Alto Tietê Tietê/Sorocaba Tietê/Jacaré Tietê/Batalha Baixo Tietê Total
/Jundiaí
Ramo de Atividade Número de Indústrias Número de Indústrias Número de Indústrias Número de Indústrias Número de Indústrias Número de Indústrias Número de Indústrias
1995 2008 Diferença 1995 2008 Diferença 1995 2008 Diferença 1995 2008 Diferença 1995 2008 Diferença 1995 2008 Diferença 1995 2008 Diferença
Alimento / Bebida 816 2.309 1.493 366 1.467 1.101 235 750 515 88 545 457 72 314 242 50 276 226 1.627 5.661 4.034
Borracha / Plástico 378 3.543 3.165 50 1.038 988 25 335 310 7 185 178 1 44 43 3 59 56 464 5.204 4.740
Carvão 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 2 2
Celulose / Papel 442 1.421 979 66 417 351 26 98 72 6 93 87 0 11 11 1 47 46 541 2.087 1.546
Coque / Refino 6 111 105 1 71 70 0 45 45 4 58 54 0 18 18 0 42 42 11 345 334
Diversos 1.595 2.532 937 281 410 129 36 78 42 61 106 45 4 14 10 5 10 5 1.982 3.150 1.168
Editora / Gráfica 1.163 4.375 3.212 94 652 558 38 292 254 23 208 185 3 58 55 6 72 66 1.327 5.657 4.330
Extrativas 68 122 54 104 288 184 124 349 225 12 48 36 8 12 4 8 23 15 324 842 518
Fumo 1 11 10 0 0 0 0 1 1 1 2 1 0 4 4 1 1 0 3 19 16
Madeira 464 1.167 703 109 529 420 92 295 203 32 229 197 5 61 56 5 71 66 707 2.352 1.645
Máquinas e Equipamentos 46 2.552 2.506 12 1.396 1.384 3 331 328 3 250 247 0 70 70 1 44 43 65 4.643 4.578
Máquinas Escrit. / Inform. 2 186 184 0 60 60 0 12 12 0 16 16 0 0 0 0 1 1 2 275 273
Material Elétrico 1.710 3.591 1.881 81 470 389 67 214 147 9 135 126 0 13 13 4 12 8 1.871 4.435 2.564
Material Eletrônico 10 367 357 1 121 120 1 38 37 0 24 24 0 2 2 0 3 3 12 555 543
Material Médico Hospitar 9 742 733 2 288 286 1 70 69 0 75 75 0 3 3 0 6 6 12 1.184 1.172
Material Transportes 645 1.144 499 41 204 163 26 86 60 9 42 33 3 14 11 0 14 14 724 1.504 780
Mecânica 1.782 2.930 1.148 225 510 285 107 275 168 21 118 97 4 35 31 6 22 16 2.145 3.890 1.745
Metalúrgicas 3.353 5.476 2.123 358 897 539 175 511 336 44 218 174 3 58 55 22 59 37 3.955 7.219 3.264
Minerais Metálicos 1 3 2 0 1 1 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 5 4
Minerais Não Metálicos 750 2.216 1.466 489 1.964 1.475 194 917 723 33 302 269 18 103 85 55 238 183 1.539 5.740 4.201
Mobiliário 1.182 3.395 2.213 213 1.343 1.130 73 377 304 17 246 229 7 120 113 22 141 119 1.514 5.622 4.108
Montadora Autos 8 671 663 8 282 274 0 73 73 0 44 44 0 8 8 0 19 19 16 1.097 1.081
Perfumaria e Sabões 407 642 235 46 92 46 25 35 10 1 18 17 0 5 5 1 7 6 480 799 319
Petróleo 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1
Produtos Farmacêuticos 94 183 89 28 34 6 7 20 13 3 1 -2 1 1 0 4 2 -2 137 241 104
Produtos Metal 125 4.883 4.758 21 2.242 2.221 6 765 759 1 381 380 1 112 111 0 125 125 154 8.508 8.354
Produtos Plástico 1.842 2.857 1.015 148 290 142 85 204 119 5 73 68 3 18 15 0 11 11 2.083 3.453 1.370
Químicas 665 3.122 2.457 162 1.100 938 78 409 331 23 285 262 8 107 99 2 69 67 938 5.092 4.154
Têxtil 698 1.598 900 521 1.535 1.014 62 246 184 12 132 120 1 25 24 3 29 26 1.297 3.565 2.268
Vestuário / Couro / Calçados 4.340 5.157 817 421 622 201 78 177 99 152 1.238 1.086 22 73 51 37 466 429 5.050 7.733 2.683
Total 22.602 57.307 34.705 3.848 18.324 14.476 1.564 7.004 5.440 567 5.073 4.506 164 1.303 1.139 236 1.869 1.633 28.981 90.880 61.899
186
O comparativo entre o número total de indústrias, por UGRHI, entre os anos de 1995
e 2008, bem como o crescimento percentual observado no período pode ser
visualizado através da Figura 46, abaixo.
70.000 900%
795%
800%
60.000 57.307
695% 692%
700%
50.000
600%
40.000
500%
Crescimento (%)
Nº de Indústrias
376%
400%
30.000 348%
22.602
300%
20.000 18.324
154% 200%
10.000 7.004
5.073 100%
3.848
1.564 1.303 1.869
567 164 236
0 0%
Alto Tietê Pirac/Capiv/Jundiaí Tietê/Sorocaba Tietê/Jacaré Tietê/Batalha Baixo Tietê
1995 2008
A extensão das áreas irrigadas da bacia do Tietê foi ampliada de 100.057 ha em 1985
para 141.364 ha em 1995, o que corresponde a uma evolução de 41,3%. Tal situação
pode ser resultante dos processos de mecanização da agricultura, que contribuiu para
uma maior eficiência das técnicas de plantio, auxiliando na sua expansão. Pode
resultar também, do próprio aumento da produtividade, em decorrência da demanda
proporcionada pelo crescimento populacional.
De acordo com esses dados, a UGRHI Tietê/Jacaré foi a que apresentou maior
evolução para esse período de 10 anos, uma vez que as áreas irrigadas foram
ampliadas de 6.653 ha para 38.885 ha, o que representa uma evolução de 350%. No
sentido inverso, a UGRHI Alto Tietê apresentou a redução mais acentuada. Para o
período de 1985 a 1995, a extensão das áreas irrigadas nessa Unidade de
188
Gerenciamento foi alterada de 12.702 ha para 8.050 ha, o que representa uma
redução de 37%. A Figura 47, a seguir traz informações sobre a extensão das áreas
irrigadas da bacia do rio Tietê nos anos de 1985 e 1995.
50.000 420%
349%
38.885
40.000
320%
30.282 30.486
30.000 27.964
Extensão (ha)
20.000
14.844
12.702 120%
9.758 9.698
10.000 8.050 8.653 105%
8%
20%
0
-8% -1%
Pirac/Capiv/Jundiaí
Tietê/Jacaré
Tietê/Sorocaba
Tietê/Batalha
Baixo Tietê
Alto Tietê
-37%
-10.000 -80%
1985 1995 %
Figura 47: Extensão das áreas irrigadas da bacia do Tietê, em ha – Período de 1985 a 1995.
1.800 70%
1.529
1.600 58% 1.508
53%
1.400
1.237 50%
1.200
Área Cultivada (ha)
982
Crescimento (%)
1.000 955
847
(x 1.000)
791
800 30%
675 29%
Figura 48: Extensão das áreas cultivadas da bacia do Tietê, em ha – Período de 1998 a 2008.
Dentre as culturas que se destacam pelo aumento das áreas cultivadas na bacia, pode-
se citar as gramíneas (de 9,8 mil ha para 111,8 mil ha), o sorgo (de 7,9 mil ha para 10,7
mil ha) e a cana-de-açúcar (de 1,1 milhão ha para 2,1 milhões ha). Quanto à redução da
extensão da área cultivada, pode-se citar o algodão (de 19,2 mil ha para 362 ha), o
arroz (de 13,4 mil ha para 983 ha) e o milho (de 265,7 mil ha para 151 mil ha).
Tabela 41: Extensão das áreas agricultáveis da bacia do Tietê, por cultura – Comparativo entre os anos de 1998 e 2008.
Alto Tietê Piracicaba/Capivari/Jundiaí Tietê/Sorocaba Tietê/Jacaré Tietê/Batalha Baixo Tietê TOTAL
(1) Classificação da Área (ha) Área (ha) Área (ha) Área (ha) Área (ha) Área (ha) Área (ha)
Cultura (1)
Cultura
Diferenç
1998 2008 Diferença 1998 2008 Diferença 1998 2008 Diferença 1998 2008 1998 2008 Diferença 1998 2008 Diferença 1998 2008 Diferença
a
Abobora (ou jerimum) Temporárias 2.253 471 -1.782 844 397 -447 1.275 751 -525 260 154 -106 477 125 -352 690 270 -420 5.801 2.169 -3.632
Alcachofra Temporárias 6 1 -5 2 1 -1 200 202 3 2 2 0 0 207 206 -1
Alface Temporárias 6.212 5.676 -535 1.417 666 -751 1.446 2.511 1.065 182 116 -65 47 51 5 64 43 -21 9.366 9.063 -303
Alfafa Pastagens 4 -4 68 30 -38 72 49 -23 125 8 -117 0 5 17 12 273 104 -169
Algodao Temporárias 0 852 10 -842 5 8 3 2.740 192 -2.548 1.792 54 -1.738 13.855 98 -13.757 19.244 362 -18.882
Alho Temporárias 12 1 -11 32 5 -27 105 36 -69 62 11 -51 1 -1 5 1 -4 217 54 -163
Amendoim Temporárias 1 1 0 11 7 -4 11 6 -5 648 589 -59 2.485 4.195 1.710 1.118 620 -498 4.273 5.418 1.145
Arroz Temporárias 5 0 -5 1.405 262 -1.144 790 129 -661 2.852 393 -2.459 3.168 68 -3.101 5.178 132 -5.046 13.399 983 -12.416
Aspargo Temporárias 29 26 -3 20 1 -19 11 1 -9 0 5 -5 4 2 -1 68 30 -38
Aveia Temporárias 72 113 41 401 339 -62 692 151 -541 39 2 -37 3 -3 0 1.206 604 -602
Banana Perenes 70 70 731 731 333 333 203 203 416 416 1.942 1.942 0 3.694 3.694
Batata-doce Temporárias 148 44 -104 463 65 -398 324 177 -147 111 4 -106 53 179 127 147 228 82 1.245 698 -547
Batata-inglesa (ou batata, ou batatinha) Temporárias 1.591 573 -1.018 2.052 758 -1.294 2.239 703 -1.536 44 2 -42 0 0 0 5.926 2.036 -3.890
Berinjela Temporárias 1.213 94 -1.119 682 307 -375 227 78 -149 263 66 -197 30 15 -16 50 36 -14 2.466 596 -1.870
Beterraba Temporárias 3.013 830 -2.184 254 48 -206 1.911 959 -952 25 11 -13 10 0 -10 19 4 -15 5.232 1.852 -3.381
Branquinha Perenes 15 2 -14 51 -51 227 2 -225 0 0 0 292 3 -289
Braquiaria Pastagens 3.356 6.208 2.852 190.440 304.736 114.296 219.693 278.923 59.231 365.372 290.741 -74.631 523.397 349.573 -173.825 961.523 683.826 -277.697 2.263.782 1.914.008 -349.774
Brocolos (ou brocolis) Temporárias 3.783 1.482 -2.301 371 176 -195 1.044 1.260 216 29 23 -6 10 2 -9 6 9 3 5.243 2.952 -2.292
Bucha Temporárias 14 10 -5 129 20 -109 2 26 23 0 0 8 8 2 27 26 147 91 -57
Cafe Perenes 7 7 7.818 7.818 1.557 1.557 10.310 10.310 3.632 3.632 2.767 2.767 0 26.091 26.091
Cana-de-acucar Temporárias 365 186 -179 251.952 280.799 28.847 70.111 121.052 50.941 481.738 626.472 144.733 168.112 412.195 244.083 176.365 652.769 476.404 1.148.642 2.093.472 944.830
Capim-gordura Pastagens 1.080 1.426 347 4.138 5.068 930 495 1.507 1.012 271 159 -112 4 -4 24 -24 6.011 8.161 2.150
Capim-jaragua Pastagens 9 9 3.490 1.277 -2.213 23.939 23.657 -282 1.948 691 -1.257 628 10 -618 555 -555 30.559 25.644 -4.915
Capim-napier (ou capim-elefante) Pastagens 389 495 106 10.332 4.256 -6.076 13.081 3.725 -9.356 4.320 2.115 -2.205 1.265 441 -823 3.275 796 -2.479 32.662 11.829 -20.833
Cara (ou acara) Temporárias 11 2 -9 78 12 -66 7 11 4 0 40 -40 218 19 -199 354 44 -310
Cebola Temporárias 139 16 -123 25 8 -17 4.194 1.017 -3.178 2 1 -1 86 69 -17 498 42 -456 4.944 1.152 -3.792
Cebolinha Temporárias 2.139 884 -1.255 336 39 -297 90 97 7 22 12 -10 6 8 1 20 7 -13 2.613 1.046 -1.567
Cenoura Temporárias 2.298 678 -1.620 220 58 -162 6.907 1.131 -5.776 28 2 -26 10 2 -8 24 5 -19 9.486 1.876 -7.610
Centeio Temporárias 2 2 0 0 0 0 2 1 -1 0 0 0 0 5 4 -1
Chicoria (ou chicoria-de-folha-crespa) Temporárias 1.174 137 -1.037 286 105 -181 85 139 54 30 15 -15 4 3 0 2 1 -1 1.580 399 -1.181
Chuchu Temporárias 601 319 -282 301 463 162 187 196 9 27 11 -16 0 0 8 3 -5 1.124 992 -131
Cogumelo Temporárias 302 276 -27 10 9 -1 12 14 2 0 0 0 0 0 324 298 -26
Coloniao Pastagens 45 83 38 2.320 2.452 133 307 1.292 985 6.820 2.568 -4.252 5.781 6.325 544 176.506 55.960 -120.546 191.779 68.681 -123.098
Couve (ou couve-crespa) Temporárias 2.754 1.048 -1.706 560 155 -406 315 334 19 41 16 -25 9 8 0 16 8 -8 3.695 1.568 -2.127
Couve-flor Temporárias 4.319 944 -3.375 760 331 -429 1.327 884 -443 33 3 -30 7 1 -7 19 5 -13 6.464 2.168 -4.296
Crotalaria Temporárias 0 0 73 7 -66 48 2 -46 26 46 20 25 101 76 415 556 141 587 712 125
Ervas medicinais e aromaticas Temporárias/Perenes 444 1.256 813 665 30 -635 232 41 -190 35 78 44 30 47 18 1.545 6 -1.539 2.949 1.458 -1.491
Ervilha Temporárias 227 77 -150 81 5 -76 211 58 -153 2 -2 0 2 -2 523 140 -383
Espinafre (ou espinafre-europeu) Temporárias 1.333 284 -1.049 161 4 -157 71 41 -30 4 3 -1 0 2 2 1 -1 1.570 333 -1.237
Essencias Nativas Florestais 0 12 12 0 0 42 42 7 7 0 60 60
Eucalipto Florestais 28.177 28.177 72.308 72.308 77.549 77.549 122.755 122.755 21.722 21.722 7.461 7.461 0 329.971 329.971
Feijão Temporárias 572 227 -345 4.931 3.784 -1.148 6.458 3.693 -2.765 978 155 -823 1.769 171 -1.598 7.995 3.207 -4.788 22.703 11.237 -11.467
191
(1) Classificação das culturas de acordo com dados do LUPA/CATI (Torres et al., 2007).
192
600
500 476
400
300
244
200
135 145
118
(x 1.000)
Extensão (ha)
100
51
29
3 1
0
0 -2
Tietê/Jacaré
Tietê/Soroc.
Baixo Tietê
Pirac./Capiv./Jundiaí
Tietê/Batalha
Alto Tietê
-5
-18 -24
-64 -58
-100
-159
-200
-300
-400
-405
-500
Cana-de-açúcar Pas tagens Milho Po linômio (Cana-de-açúcar) Polinômio (Pastagens) Po linômio (Milho)
Figura 49: Extensão das áreas utilizadas para plantio da cana-de-açúcar, milho e pastagens na
bacia do Tietê – Diferença verificada entre os anos 1998 e 2008.
193
Tabela 42: Extensão das áreas cultivadas e quantidades de terra e fósforo perdidas na bacia do Tietê,
por cultura – Comparativo entre os anos de 1998 e 2008.
1998 2008
Bacia
Perdas de Terra Perdas de Fósforo Perdas de Terra Perdas de Fósforo
Área (ha) Área (ha)
(t/dia) (t/dia) (t/dia) (t/dia)
Alto Tietê 75.679 1.628 0,04 70.435 1.515 0,04
Tabela 43: Concentrações médias de fósforo na coluna d’água no período de 1986 a 2007, em mg/L, conforme Relatório de Qualidade das Águas Interiores -
CETESB.
Código do Ponto Bacia 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
TIET 02050 Alto Tietê 0,044 0,040 0,035 0,040 0,073 0,044 0,028 0,070 0,044 0,115 0,060 0,042 0,090 0,102 0,095 0,128 0,100 0,043 0,047 0,087 0,067 0,088
TIET 02090 Alto Tietê 0,068 0,058 0,070 0,060 0,071 0,063 0,055 0,078 0,068 0,186 0,070 0,072 0,093 0,090 0,130 0,136 0,117 0,103 0,078 0,098 0,093 0,175
TIET 03120 Alto Tietê 0,423 0,465 1,253 0,425 0,630 0,447 0,327
TIET 04150 Alto Tietê 0,386 0,186 0,475 0,170 0,193 0,214 1,149 0,555 1,046 0,407 0,267 0,520 0,682 1,052 0,537 0,937 1,302 1,852 0,960 0,943 0,835 2,047
TIET 04170 Alto Tietê 1,606 1,400 1,703 1,483 1,277 1,517 0,807
TIET 04180 Alto Tietê 3,200 1,257 1,095 1,438 1,390 1,753 2,513 1,398 1,237 1,125
TIET 04200 Alto Tietê 1,598 1,200 1,258 1,090 1,323 1,341 1,513 1,317 4,367 2,573 1,537 1,688 1,926 1,852 2,042 2,158 2,207 2,178 2,305 2,328 1,313 1,177
TIES 04900 Alto Tietê 0,540 1,296 1,287 1,184 1,183 1,124 1,210 0,829 3,500 1,652 1,452 1,865 2,111 1,650 1,448 2,185 1,758 2,258 2,475 1,225 2,115 1,713
TIPI 04900 Alto Tietê 0,153 0,452 0,875 0,283 0,690 0,865 1,321 1,123 2,468 0,944 0,957 1,004 1,404 1,247 1,078 1,720 1,432 2,095 2,138 1,262 1,667 1,718
TIRG 02900 Tietê/Sorocaba 0,144 0,432 0,702 0,246 0,889 0,741 0,792 1,148 2,413 0,968 1,395 1,055 1,203 1,027 1,185 1,620 1,575 1,575 1,717 1,158 1,645 2,443
TIET 02350 Tietê/Sorocaba 0,478 0,272 0,393 0,173 0,255 0,508 0,609 0,794 1,613 0,792 1,122 1,104 0,998 1,072 1,081 0,906 0,734 1,364 0,714 1,122 1,217 1,217
TIET 02400 Tietê/Sorocaba 0,184 0,241 0,270 0,146 0,262 0,312 0,224 0,613 1,928 0,506 1,008 1,540 0,803 1,368 1,145 1,230 0,917 0,705 1,148 1,130 1,837 0,952
TIET 02450 Tietê/Sorocaba 0,287 0,636 0,645 0,655 1,890 0,478 0,510 0,848 1,052 0,782 0,958 1,010 0,727 1,253 0,707
TIBT 02500 Tietê/Sorocaba 0,150 0,309 0,165 0,139 0,217 0,259 0,261 0,224 0,224 0,404 0,954 0,596 0,333 0,308 0,338
TIBB 02100 Tietê/Sorocaba 0,055 0,052 0,076 0,066 0,115 0,093 0,102 0,105 0,176 0,117 0,105 0,173 0,157
TIBB 02700 Tietê/Sorocaba 0,061 0,051 0,048 0,046 0,072 0,099 0,065 0,082 0,216 0,082 0,087 0,195 0,137
TIET 02500 Tietê/Jacaré 0,040 0,060 0,050 0,023 0,015 0,057 0,029 0,044 0,028 0,041 0,065 0,088 0,060 0,070 0,093 0,063 0,103 0,326 0,095 0,093 0,115 0,107
TIET 02600 Tietê/Batalha 0,045 0,070 0,029 0,040 0,021 0,055 0,037 0,031 0,033 0,066 0,034 0,033 0,030 0,049 0,051 0,028 0,042 0,039 0,042 0,055 0,063 0,078
TIET 02700 Baixo Tietê 0,039 0,033 0,045 0,027 0,023 0,057 0,034 0,026 0,022 0,153 0,051 0,022 0,028 0,016 0,031 0,034 0,032 0,021 0,026 0,022 0,023 0,038
TITR 02100 Baixo Tietê 0,016 0,066 0,023 0,115 0,017 0,022 0,023 0,015 0,036 0,016 0,030 0,041 0,026 0,018 0,030 0,025 0,023 0,042
TITR 02800 Baixo Tietê 0,061 0,042 0,057 0,050 0,019 0,073 0,026 0,025 0,021 0,036 0,017 0,014 0,020 0,029 0,030 0,074 0,026 0,019 0,023 0,025 0,042 0,058
Fonte: Adaptado de PAGANINI, 2007, a partir de dados fornecidos pelo Relatório de Qualidade das Águas Interiores, da CETESB, 2007.
195
0,120
Concentração (mg/L)
0,100
y = 0,002x + 0,042
0,080
0,060
0,040
0,020
0,000
0 5 10 15 20 25
Anos
Figura 50: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 02050 - UGRHI Alto Tietê, próximo
à nascente.
TIET 02090
0,200
0,180
0,160
Concentração (mg/L)
0,140
y = 0,003x + 0,056
0,120
0,100
0,080
0,060
0,040
0,020
0,000
0 5 10 15 20 25
Anos
Figura 51: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 02090 – UGRHI Alto Tietê, 20 km a
jusante da nascente.
TIET 03120
1,4
1,2
Concentração (mg/L)
0,8
0,4
0,2
0
0 5 10 15 20 25
Anos
Figura 52: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 03120 – UGRHI Alto Tietê, 35 km a
jusante da nascente.
196
TIET 04150
2,500
2,000
Concentração (mg/L)
1,500 y = 0,056x + 0,112
1,000
0,500
0,000
0 5 10 15 20 25
Anos
Figura 53: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 04150 – UGRHI Alto Tietê, 77 km a
jusante da nascente.
TIET 04170
3,5
3
Concentração (mg/L)
2,5
1,5
1 y = -0,092x + 3,157
0,5
0
0 5 10 15 20 25
Anos
Figura 54: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 04170 – UGRHI Alto Tietê, 102 km
a jusante da nascente.
TIET 04180
3,5
3
Concentração (mg/L)
2,5
0,5
0
0 5 10 15 20 25
Anos
Figura 55: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 04180 – UGRHI Alto Tietê, 112 km
a jusante da nascente.
TIET 04200
5,000
4,500
4,000
Concentração (mg/L)
3,500
3,000
2,000
1,500
1,000
0,500
0,000
0 5 10 15 20 25
Anos
Figura 56: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 04200 – UGRHI Alto Tietê, 120 km
a jusante da nascente.
197
TIES 04900
4,000
3,500
3,000
Concentração (mg/L)
2,500 y = 0,048x + 1,086
2,000
1,500
1,000
0,500
-
0 5 10 15 20 25
Anos
Figura 57: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIES 04900 – UGRHI Alto Tietê, 160 km
a jusante da nascente.
TIPI 04900
3,000
2,500
Concentração (mg/L)
y = 0,064x + 0,485
2,000
1,500
1,000
0,500
-
0 5 10 15 20 25
Anos
Figura 58: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIPI 04900 – UGRHI Alto Tietê, 201 km
a jusante da nascente, no município de Pirapora do Bom Jesus.
TIRG 02900
3,000
2,500
Concentração (mg/L)
y = 0,068x + 0,403
2,000
1,500
1,000
0,500
-
0 5 10 15 20 25
Anos
Figura 59: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIRG 02900 – UGRHI Tietê/Sorocaba,
273 km a jusante da nascente, no Reservatório de Rasgão, município de Pirapora do Bom Jesus.
198
TIET 02350
1,800
1,600
Concentração (mg/L)
1,200
1,000
0,800
0,600
0,400
0,200
0,000
0 5 10 15 20 25
Anos
Figura 60: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 02350 – UGRHI Tietê/Sorocaba,
396 km a jusante da nascente.
TIET 02400
2,500
2,000
Concentração (mg/L)
y = 0,056x + 0,190
1,500
1,000
0,500
0,000
0 5 10 15 20 25
Anos
Figura 61: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 02400 – UGRHI Tietê/Sorocaba,
443 km a jusante da nascente, após a confluência com o rio Sorocaba.
TIET 02450
2
1,8
1,6
Concentração (mg/L)
1,4
0,8
0,6
0,4
0,2
0
0 5 10 15 20 25
Anos
Figura 62: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 02450 – UGRHI Tietê/Sorocaba,
463 km a jusante da nascente, início da Represa de Barra Bonita.
199
TIBT 02500
1,2
Concentração (mg/L)
0,8
0,6
y = 0,023x - 0,019
0,4
0,2
0
0 5 10 15 20 25
Anos
Figura 63: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 02500 – UGRHI Tietê/Sorocaba –
568 km a jusante da nascente.
TIBB 02100
0,2
y = 0,008x - 0,034
0,15
Concentração (mg/L)
0,1
0,05
0
0 5 10 15 20 25
-0,05
Anos
Figura 64: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIBB 02100 – UGRHI Tietê/Sorocaba,
598 km a jusante da nascente, após a confluência com o rio Piracicaba.
TIBB 02700
0,25
0,2
y = 0,009x - 0,054
Concentração (mg/L)
0,15
0,1
0,05
0
0 5 10 15 20 25
-0,05
-0,1
Anos
mesmo dispõe somente da média de 2007, ano em que esse ponto passou a fazer
parte da rede de monitoramento.
TIET 02500
0,350
0,300
Concentração (mg/L)
0,250
0,200
0,100
0,050
-
0 5 10 15 20 25
Anos
Figura 66: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 02500 – UGRHI Tietê/Jacaré, 607
km a jusante da nascente.
TIET 02600
0,090
0,080
0,070
Concentração (mg/L)
0,060
0,050
y = 0,000x + 0,036
0,040
0,030
0,020
0,010
-
0 5 10 15 20 25
Anos
Figura 67: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 02600 – UGRHI Tietê/Batalha, 705
km a jusante da nascente, no Reservatório de Ibitinga.
Os pontos TIET 02700, TITR 02100 e TITR 02800, localizados no Baixo Tietê
apresentam tendência geral de diminuição nas concentrações de fósforo, conforme
Figuras 68 a 70. Inclusive, nos últimos 10 anos cerca de 70% dos resultados de
fósforo obtidos atendem os limites estabelecidos pela Resolução CONAMA no
357/05 para corpos d’água enquadrados na classe 2.
TIET 02700
0,180
0,160
0,140
Concentração (mg/L)
0,120
0,100
0,080
0,060
y = -0,000x + 0,044
0,040
0,020
-
0 5 10 15 20 25
Anos
Figura 68: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIET 02700 – UGRHI Baixo Tietê, 865
km a jusante da nascente.
201
TITR 02100
0,14
0,12
Concentração (mg/L)
0,1
0,08
0,06
0,04
y = -0,001x + 0,045
0,02
0
0 5 10 15 20 25
Anos
Figura 69: Tendência da concentração de fósforo no ponto TIRT 02100 – UGRHI Baixo Tietê, 945
km a jusante da nascente.
TITR 02800
0,080
0,070
0,060
Concentração (mg/L)
0,050
0,040
y = -0,000x + 0,042
0,030
0,020
0,010
-
0 5 10 15 20 25
Anos
Figura 70: Tendência da concentração de fósforo no ponto TITR 02800 – UGRHI Baixo Tietê, 1065
km a jusante da nascente, no Reservatório de Três Irmãos.
Rio Tietê
Rio Sorocaba
Figura 71: Localização do ponto de amostragem TIET 02400 – Jusante da confluência dos
rios Sorocaba e Tietê.
Fonte: http://www.earth.google.com.
Rio Piracicaba
Rio Tietê
Figura 72: Localização do ponto de amostragem TIBB 02700 e TIET 02500 – Jusante da
confluência dos rios Piracicaba e Tietê.
Fonte: http://www.earth.google.com.
2,000
1,500
1,000
0,500
-
1100
0 1000
100 900
200 800
300 700
400 600
500 500
600 400
700 300
800 200
900 100
1000 0
1100
Distância a partir da nascente (km) 1986 a 1990 1991 a 1995 1996 a 2000 2001 a 2007
Figura 73: Concentrações de fósforo no Tietê, em mg/L, conforme Relatório de Qualidade das Águas Interiores – Médias quinquenais entre 1986 e 2007.
Fonte: Adaptado de PAGANINI, 2007.
205
Tabela 44: Concentração de fósforo sedimento nos anos de 2004 e 2005, em mg/L, conforme
Relatório de Qualidade das Águas Interiores.
Distância a partir da Média 2004
Código do Ponto Bacia Localização 2004 2005
nascente (km) - 2005
TIET02050 Alto Tietê Na captação da SABESP no município de Biritiba-Mirim. 0 0,080 0,030 0,055
Tal situação, aliada aos dados sobre as concentrações de fósforo na coluna d’água,
permite inferir que esse resultado pode ser decorrente das taxas de precipitação do
nutriente que é lançado no corpo d’água em elevadas quantidades nos pontos a
montante, principalmente na UGRHI do Alto Tietê.
206
Tabela 45: Concentração de fósforo na coluna d’água e no sedimento, em mg/L, conforme Relatório
de Qualidade das Águas Interiores – Média dos anos 2004 e 2005.
Concentração de Fósforo (mg/L)
Código do Distância a partir
UGRHI Água Sedimento
Ponto da nascente (km)
2004 2005 Média 2004 2005 Média
Água
Res. Barra Bonita
Res. Edgard de Sousa
Res. Pirapora
Sedimento
Concentração Res. Três Res. Nova RMSP
(mg/L) Irmãos Avanhandava Res. Promissão Res. Ibitinga Rio Piracicaba Rios Sorocaba e Capivari Res. Rasgão
2,500 3,000
2,317
2,580
2,500
2,000
1,956
1,850
Concentração (mg/L)
1,700
2,000
1,500
1,438
1,380
1,500
1,139
1,000
0,952
0,918
0,868
1,000
0,528
0,500
0,465
0,500
0,111
0,060 0,060 0,055
0,094 0,088
0,049 0,084 0,067
- 0,024 0,028 0,024
0,000
1100
0 1000
100 900
200 800
300 700
400 600
500 500
600 400
700 300
800 200
900 100
1000 0
1100
Figura 74: Concentração de fósforo no na coluna d´água e no sedimento, em mg/L, conforme Relatório de Qualidade das Águas Interiores – Média dos anos 2004
e 2005.
208
Para todas as relações, para efeito de visualização por bacia, os dados referentes ao
Piracicaba/Capivari/Jundiaí e Tietê/Sorocaba foram somados, uma vez que ambas
convergem para os mesmos pontos de contribuição no caudal do Tietê, entre a Usina
Edgard Souza e o Reservatório de Barra Bonita.
209
1986 1993
LEGENDA
Concentração Populacional
Não Disponível
De 20 a 50 mil habitantes
2,047
1,718
1,652 1,713
1,217
1,177
0,968 1,125
0,944 0,952
0,792
0,645 0,707 0,807
LEGENDA
Concentração Populacional
Não Disponível
Figura 76: Concentração populacional total, número de indústrias e concentração de fósforo na coluna d’água na bacia do Tietê – anos 1995 e 2008.
211
1998 2008
LEGENDA
Concentração Populacional
Não Disponível
Concentração Populacional (nº hab)
Até 20 mil habitantes
De 20 a 50 mil habitantes
Figura 77: Concentração populacional total, extensão área cultivada e concentração de fósforo na coluna d’água na bacia do Tietê – anos 1998 e 2008.
212
A elevada concentração de fósforo nas águas do rio, em seu trecho no Alto Tietê,
provoca reflexos ao longo de todo o seu curso até a Represa de Barra Bonita,
podendo-se observar a manutenção de níveis bastante elevados de fósforo na UGRHI
Tietê/Sorocaba, com sensível diminuição a partir do ponto situado na UGRHI
Tietê/Jacaré. Desta forma, pode-se inferir que a elevada carga de fósforo lançada na
UGRHI Alto Tietê tende a ser “exportada” para a UGRHI Tietê/Sorocaba, onde o
mesmo possivelmente precipita e fica acumulado no sedimento da Represa de Barra
Bonita. Tal situação é ratificada pelo comportamento do fósforo no sedimento, a
partir dos dados disponibilizados pela CETESB.
concentram atualmente 71% das áreas cultivadas da bacia do Tietê e onde houve um
acréscimo de 493 mil ha de área plantada no período de 10 anos, a concentração
média de fósforo foi alterada de 0,046 mg/L em 1986 para 0,065 mg/L em 2007.
No Baixo Tietê, inclusive, que possui atualmente mais de 1,5 milhões de ha de áreas
cultivadas, o que corresponde a cerca de 92% da área total da UGRHI, a
concentração média de fósforo nas águas apresentou uma redução de 0,050 mg/L em
1986 para 0,046 mg/L em 2007. Ainda, os resultados obtidos nos pontos de
amostragem operados pela CETESB, apontam que no decorrer de 22 anos, a
concentração média de fósforo nessa bacia foi da ordem de 0,035 mg/L.
Isso indica que nas bacias compostas em sua maioria por municípios de pequeno
porte, com menos de 20 mil habitantes, e com intensa atividade agrícola, as
concentrações de fósforo nas águas tendem a ser mais reduzidas.
Desta forma, é possível inferir que o aumento nas concentrações de fósforo na coluna
d’água do caudal do rio Tietê acompanha a expansão populacional da UGRHI’s mais
populosas e mais industrializadas, denotando pouca relação entre o aumento da
extensão das áreas utilizadas pela agricultura e a ampliação dos níveis desse nutriente
nas águas.
Para elaboração dessa relação, estima-se que cada pessoa seja responsável pelo
lançamento de 2,5 g/dia de fósforo, a partir dos esgotos domésticos e que, em cada
hectare cultivado no Estado de São Paulo, o potencial de perdas de terra seja da
ordem de 7,852 t/ha/ano, com concentrações de fósforo de 0,002614%.
Tabela 46: Comparativo das cargas potenciais de fósforo na bacia do Tietê, em decorrência das
atividades urbana e agrícola, em t/dia.
Atividade Urbana Atividade Agrícola
1998 2007 1998 2008
UGRHI População Carga Estimada Carga Estimada Área Carga Área Carga Estimada
População Urbana
Urbana de Fósforo de Fósforo Cultivada Estimada de Cultivada de Fósforo
(nº hab) (t/dia) (t/dia) (ha) (t/dia) (ha) (t/dia)
Alto Tietê 16.499.134 41,25 18.438.509 46,10 75.679 0,04 70.435 0,04
Baixo Tietê 600.106 1,50 677.517 1,69 1.507.837 0,85 1.528.903 0,86
Total da Bacia do Tietê 23.840.664 59,60 27.307.426 68,27 4.310.274 2,42 5.339.911 3,00
Considerando-se que nos locais onde o fosfato na forma de STPP é utilizado como
builder em detergentes em pó a quantidade de fósforo presente nos esgotos
domésticos pode ser da ordem de 50% (quantidade mínima) a 80% (quantidade
máxima), é possível estimar que essa fonte é responsável pelo aporte de 34,1 a 54,6
t/dia de fósforo nas águas do Tietê. Desse total, de 23,0 a 36,9 t/dia tem origem na
bacia Alto Tietê.
Desta forma, caso as metas propostas venham a ser atingidas, a quantidade de fósforo
lançada nas águas do Tietê através dos esgotos domésticos em decorrência do uso de
detergentes, poderia ser estimada atualmente em 23,9 a 38,2 t/dia.
Tabela 47: Cargas atuais estimadas de fósforo nas águas do Tietê, por UGRHI, em decorrência do
uso de detergentes contendo STPP, em t/dia.
6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
O controle do aporte de fósforo nas águas a partir da atuação nas fontes oriundas da
atividade urbana, principalmente pela limitação da presença de tripolifosfato de sódio
(STPP) nos detergentes, demonstra ser de grande importância para a melhoria da
qualidade das águas e para a preservação do ciclo do nutriente. Isto porque, além de
auxiliar na redução do aporte do principal nutriente limitante do crescimento
biológico em um ambiente aquático, a redução da presença de fósforo nesses
produtos pode auxiliar na diminuição das suas taxas de exploração no meio
ambiente, contribuindo para sua conservação.
7. REFERÊNCIAS
Phosphorus & Potassium, v. 217, set-out 1998. Londres: British Sulphur Publishing,
1998. Disponível em: <http://www.nhm.ac.uk/research-curation/research/projects/
phosphate-recovery/p&k217/steen.htm>. Acesso em: 25 jan. 2009.
OLIVEIRA DE JESUS, J. A. Utilização de modelagem matemática 3D na gestão da
qualidade da água em mananciais: aplicação no reservatório Billings. 2006. 142 p.
Tese (Doutorado em Saúde Pública) - Faculdade de Saúde Pública da Universidade de
São Paulo, São Paulo.
OSORIO, V. K. L.; OLIVEIRA, W. Polifosfatos em detergentes em pó comerciais.
Revista Eletrônica Química Nova, São Paulo, v. 24, n. 5, 2001. Disponível em: <http://
scielo.br/pdf/qn/v24n5/a19v24n5.pdf>. Acesso em: 08 set 2008.
OZANNE, P. G. Phosphate nutrition of plants: a general treatise. In: KHASAWNEH, F.
E. et al. (Coord). The role of phosphorus in agriculture. Madison: American Society
of Agronomy, 1980, p. 559-585.
PAGANINI, W. S. A identidade de um rio de contrastes: o Tietê e seus múltiplos
usos. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2007.
PAGANINI, W. S. Disposição de esgotos no solo: escoamento à superfície. São Paulo:
Fundo Editorial AESABESP, 1997.
PAGANINI, W. S. Efeitos da disposição de esgotos no solo. 2001. 387 p. Tese
(Doutorado em Saúde Pública) - Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São
Paulo, São Paulo.
PERH - Plano Estadual de Recursos Hídricos. Sistema Integrado de Gerenciamento de
Recursos Hídricos do Estado de São Paulo. Secretaria do Meio Ambiente. Relatórios R1
a R10, RSP, RSC e Nota Técnica 01: Período 2004 a 2007. São Paulo: SMA, 2005.
PIVELLI, R. P.; KATO, M. T. Qualidade das águas e poluição: aspectos físico-
químicos. São Paulo: ABES, 2005.
PORTO, M. Contexto institucional do processo de enquadramento na política de
recursos hídricos. In: 1º SEMINÁRIO ESTADUAL DE ENQUADRAMENTO DOS
CORPOS D´ÁGUA, 2009, São Paulo. Anais... Botucatu: SABESP, 2009. CD-ROM.
PRADO, R.B. Geotecnologias aplicadas à análise espaço temporal do uso e
cobertura da terra e qualidade da água do reservatório de Barra Bonita, SP, como
suporte à gestão de recursos hídricos. 2004. 172 p. Tese (Doutorado em Ciências da
Engenharia Ambiental) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São
Paulo, São Paulo.
QUÍMICA E DERIVADOS. Fabricante se submete às leis ambientais: CONAMA
regulamenta o teor de fósforo nas formulações, a fim de reduzir a eutrofização. Revista
Eletrônica Química e Derivados, v. 438, jun. 2005. Disponível em:
<http://www.quimicaederivados.com.br/revista/qd438/detergentes6.html>. Acesso em:
24 set 2008.
RAMEH, A. S. E. Remoção de nutrientes em sistemas de tratamento de esgotos pelo
processo de lodos ativados por meio de aeração intermitente. 2001. 111 p.
Dissertação (Mestrado em Saúde Ambiental) - Faculdade de Saúde Pública,
Universidade de São Paulo, São Paulo.
ROCHA, A. A. Aspectos biológicos e manejo de reservatórios eutrofizados. SIMPÓSIO
INTERNACIONAL GERÊNCIA E TRATAMENTO DE ÁGUAS EUTROFIZADAS,
São Paulo, 1992. Anais... São Paulo, AIDIS, 1992.
228
8. ANEXOS