Medições e Incertezas Associadas
Medições e Incertezas Associadas
Medições e Incertezas Associadas
º Ano
A Química e a Física, como ciências eminentemente experimentais, necessitam, a todo o momento, de medir
grandezas.
Medição: conjunto de operações que têm por objetivo determinar o valor de uma grandeza.
Algarismos significativos
Consideremos que se mediu o volume de um líquido numa proveta graduada em mililitro, tendo-se encontrado o
valor de 43,5 mL, conforme ilustra a Figura 1.
50 Como o volume foi lido com exatidão até ao mililitro, e por estimativa até às
décimas de mililitro, os algarismos 4 e 3 são exatos e o algarismo 5 é
aproximado, visto que foi lido por estimativa.
Porque estes três algarismos têm todos significado físico, são designados por
40
algarismos significativos.
Figura 1
Não teria qualquer significado físico exprimir o volume do líquido como sendo, por exemplo, 43,52 mL, visto
que por estimativa não se consegue ler centésimas de mililitro.
Consideram-se algarismos significativos todos os algarismos exatos mais o primeiro algarismo aproximado; é
sempre com eles que se deve exprimir o resultado de uma medição.
A contagem dos algarismos significativos é feita a partir do primeiro algarismo diferente de zero, da esquerda
para a direita.
As potências de 10 não contam como algarismos significativos.
Exemplos:
Exemplos:
Arredonde para 3 algarismos significativos:
• 3,234 → 3,23
• 7,563 → 7,56
Exemplos:
Arredonde para 3 algarismos significativos:
• 4,238 → 4,24
• 8,547 → 8,55
Se o algarismo a suprimir for 5, o algarismo anterior mantém-se, se for par, e aumenta uma unidade se for
ímpar.
Exemplos:
Arredonde para 3 algarismos significativos:
• 9,245 → 9,24
• 9,135 → 9,14
Há que ter em conta algumas regras na apresentação dos resultados de operações que envolvem medidas de
grandezas. A seguir apresentam-se essas regras.
Quando a operação a efectuar é uma adição ou uma subtração, o resultado deve apresentar um número de
algarismos decimais igual ao da menor parcela.
Exemplos:
• 41,34 g + 2,436 g = 43,776 g → 43,78 g
• 50,05 mL − 4,2 mL = 45,85 mL → 45,8 mL
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Quando a operação a efetuar é uma multiplicação ou uma divisão, o resultado deve apresentar o mesmo número
de algarismos significativos do fator que tiver o menor número de algarismos significativos.
Exemplos:
• 8,42 m 2,3 m = 19,336 m2 → 19 m2
• 4,2 mol : 120,0 dm3 = 0,035 mol dm−3
Sempre que o resultado de uma operação for para utilizar num cálculo intermédio, utiliza-se mais um algarismo
significativo do que o que se pretende no resultado final.
Exemplo:
• 12,5 cm 2,3 cm = 28,75 cm2
Erros de medição
Por mais sofisticado que seja o aparelho, por mais adequada que seja a técnica e por mais experiente que seja o
operador, é impossível obter uma medida sem que ela venha acompanhada de uma incerteza. Isto sucede porque
qualquer medição está sempre sujeita a erros de medição ou erros experimentais.
Os erros podem ser classificados como erros sistemáticos e como erros fortuitos ou acidentais.
Os erros sistemáticos resultam de perturbações que influenciam todas as medições no mesmo sentido
(ou por excesso ou por defeito), geralmente com o mesmo afastamento. Habitualmente podem ser
corrigidos se a causa for conhecida.
Situações típicas:
• Calibração incorreta ou regulação deficiente dos instrumentos de medição.
• Temperatura ambiente ou pressão atmosférica diferente dos valores de funcionamento do aparelho (por
exemplo, calibrado para medir a 20 °C, mas a temperatura é 15 °C).
• Posição inadequada do operador (por exemplo: erros de paralaxe). Desde que se posicione sempre da
mesma forma.
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Os líquidos contidos em tubos estreitos formam um menisco que pode ser côncavo ou convexo. Para não se
cometer um erro de paralaxe, devido à posição inadequada do operador, quando se pretende efetuar uma leitura do
nível do líquido deverá fazer-se do modo que se ilustra na Figura 2.
50 50
40 40
Figura 2a) − Menisco côncavo (água) Figura 2b) − Menisco convexo (mercúrio)
Os erros aleatórios ou acidentais resultam de fatores ocasionais que não podem ser controlados. Variam
em tamanho e em sentido de modo imprevisível. Não podem ser completamente eliminados, embora
possam ser minimizados, fazendo várias medições da mesma grandeza e tomando para valor mais provável
da medição a média dos valores obtidos nas diferentes leituras.
Situações típicas:
• Limitações na capacidade de visão humana (por exemplo, na leitura de uma escala quando se estima o
algarismo incerto).
• Flutuações da temperatura ou da pressão atmosférica durante o trabalho (por exemplo, devido a
correntes de ar).
• Limitações do aparelho de medição (por exemplo, variações na tensão elétrica da rede).
Como já foi referido é impossível obter uma medida sem que ela venha acompanhada de uma incerteza, uma
vez que qualquer medição está sempre sujeita a erros de medição ou erros experimentais. Por esse motivo, uma
medida deve incluir a incerteza que lhe está associada. Isto é, uma medida deve exprimir-se por:
Quando se efetua uma só medição considera-se como incerteza a chamada incerteza absoluta de leitura.
Os critérios para determinar a incerteza absoluta de leitura dependem do tipo de instrumento de medição.
Exatidão e precisão
A precisão traduz a concordância entre os vários valores medidos para uma dada grandeza.
Há uma grande precisão quando os valores medidos estão muito próximos entre si.
A medida mais precisa é a que está mais próxima da média (valor mais provável).
Relaciona-se com os erros aleatórios: quanto maior for a dispersão das medidas, mais erros aleatórios estarão a
afetar as medições.
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Quando se efetuam medições e se apresentam os seus resultados, deve entrar-se em linha de conta com os erros
experimentais que lhe estão associados. Estes erros afetam a precisão e a exatidão das medições.
Um modo de se minimizar os erros experimentais, em particular os erros aleatórios, consiste em repetir a
medição da grandeza, nas mesmas condições, e efetuar o tratamento estatístico desses dados experimentais.
Exemplo:
No laboratório, um técnico mediu a massa de açúcar contida num pacote. A embalagem indicava 8,00 g. Foram
feitas três medições numa balança digital. Os resultados foram os seguintes:
Ensaio Massa / g
1 7,98
2 7,99
3 8,01
A precisão traduz a concordância entre os vários valores medidos para a mesma grandeza nas mesmas
condições, ou seja, a repetibilidade da medida. É afetada por erros aleatórios. É avaliada pelo desvio percentual,
Ir (%).
Representando por x1, x2, …, xn, as medidas obtidas, sendo n o número de medições, toma-se para
valor mais provável para a medida o valor médio, x .
𝑥1 + 𝑥2 + ... + 𝑥𝑛
Valor mais provável = valor médio: 𝑥̄ =
𝑛
As medidas, diferem, no geral, do valor médio. Para avaliar a dispersão das medidas, define-se desvio absoluto
de uma medida, | di |, como o módulo da diferença entre cada medida xi e o valor médio x .
Nem sempre uma incerteza absoluta mais pequena implica uma melhor precisão na medição. Por exemplo, o erro
é mais notório quando há uma incerteza absoluta de 5 cm numa medida de 3 m do que quando essa mesma
incerteza afetar uma medida de 30 m. Por isso, define-se a incerteza relativa percentual ou desvio percentual, Ir
(%), que é dada pela expressão:
𝐢𝐧𝐜𝐞𝐫𝐭𝐞𝐳𝐚 𝐚𝐛𝐬𝐨𝐥𝐮𝐭𝐚
Ir (%) = × 100
𝐯𝐚𝐥𝐨𝐫𝐦𝐚𝐢𝐬 𝐩𝐫𝐨𝐯á𝐯𝐞𝐥
Quanto menor for o desvio percentual maior será a precisão. Normalmente considera-se aceitável um desvio
percentual inferior a 5%.
0,02
Desvio percentual = 100 = 0,25%, o que é muito baixo. Isto significa que há grande precisão nas medidas
7,99
A exatidão indica a proximidade entre o valor mais provável e o valor verdadeiro, ou seja, uma medida é exata
se estiver próxima do valor verdadeiro. É afetada por erros sistemáticos. É avaliada pelo erro percentual
relativo, Er (%).
Quanto menor for o erro percentual maior será a exatidão. Normalmente considera-se aceitável um erro
percentual inferior a 5%.
|7,99 − 8,00|
Er (%) = 100 = 0,13%
8,00
Normalmente não se conhece o valor verdadeiro ou de referência da grandeza que se pretende medir, pelo que
não se pode falar da exatidão da medida.
Noutras situações, como por exemplo na determinação da densidade relativa de uma substância, poderemos
comparar o valor experimental obtido para esta grandeza com o valor tabelado (valor verdadeiro). Neste caso
poderemos saber a exatidão da nossa medição, calculando o erro percentual.
FIM