Medições e Incertezas Associadas

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Física e Química A – 10.

º Ano

MEDIÇÕES E INCERTEZAS ASSOCIADAS

Medições diretas e indiretas

A Química e a Física, como ciências eminentemente experimentais, necessitam, a todo o momento, de medir
grandezas.

Medição: conjunto de operações que têm por objetivo determinar o valor de uma grandeza.

Ao resultado de uma medição chama-se medida ou valor medido.


Medida: resultado da medição, que se exprime por um valor numérico, acompanhado pela respetiva unidade.

Uma medição pode ser direta ou indireta.

As medições diretas são obtidas por leitura num aparelho de medição.


Um grande número de instrumentos que se utiliza no laboratório permite efectuar medições diretas.
Exemplos:
• A régua mede a grandeza comprimento.
• A bureta, a pipeta, a proveta graduada e o balão volumétrico medem a grandeza volume.
• O cronómetro mede a grandeza tempo.
• A balança mede a grandeza massa.

As medições indiretas exigem cálculos, a partir de valores de medições diretas.


Exemplos:
• Medir a área de um retângulo (mede-se diretamente o comprimento, c, e a largura, ℓ, e aplica-se a relação
matemática que relaciona as duas grandezas para obter a área A = c  ℓ).
• Medir o volume de um sólido regular.
• Medir a massa volúmica de um corpo.
• Medir a concentração de uma solução.
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Algarismos significativos

 Noção de algarismo significativo

Consideremos que se mediu o volume de um líquido numa proveta graduada em mililitro, tendo-se encontrado o
valor de 43,5 mL, conforme ilustra a Figura 1.

50 Como o volume foi lido com exatidão até ao mililitro, e por estimativa até às
décimas de mililitro, os algarismos 4 e 3 são exatos e o algarismo 5 é
aproximado, visto que foi lido por estimativa.
Porque estes três algarismos têm todos significado físico, são designados por
40
algarismos significativos.
Figura 1

Não teria qualquer significado físico exprimir o volume do líquido como sendo, por exemplo, 43,52 mL, visto
que por estimativa não se consegue ler centésimas de mililitro.
Consideram-se algarismos significativos todos os algarismos exatos mais o primeiro algarismo aproximado; é
sempre com eles que se deve exprimir o resultado de uma medição.

 Contagem dos algarismos significativos

A contagem dos algarismos significativos é feita a partir do primeiro algarismo diferente de zero, da esquerda
para a direita.
As potências de 10 não contam como algarismos significativos.

Exemplos:

• 129,0 cm → 4 algarismos significativos


• 0,018 g → 2 algarismos significativos
• 6,243 L → 4 algarismos significativos
• 40,3  105 m2 → 3 algarismos significativos
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 Regras para o arredondamento de números

Para efectuar um arredondamento de um número, poderemos considerar três situações distintas:

 Se o algarismo a suprimir for inferior a 5, mantém-se o algarismo anterior.

Exemplos:
Arredonde para 3 algarismos significativos:
• 3,234 → 3,23
• 7,563 → 7,56

 Se o algarismo a suprimir for superior a 5, acrescenta-se uma unidade ao algarismo anterior.

Exemplos:
Arredonde para 3 algarismos significativos:
• 4,238 → 4,24
• 8,547 → 8,55

 Se o algarismo a suprimir for 5, o algarismo anterior mantém-se, se for par, e aumenta uma unidade se for
ímpar.

Exemplos:
Arredonde para 3 algarismos significativos:
• 9,245 → 9,24
• 9,135 → 9,14

 Regras para apresentação de resultados de operações

Há que ter em conta algumas regras na apresentação dos resultados de operações que envolvem medidas de
grandezas. A seguir apresentam-se essas regras.

 Quando a operação a efectuar é uma adição ou uma subtração, o resultado deve apresentar um número de
algarismos decimais igual ao da menor parcela.

Exemplos:
• 41,34 g + 2,436 g = 43,776 g → 43,78 g
• 50,05 mL − 4,2 mL = 45,85 mL → 45,8 mL
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 Quando a operação a efetuar é uma multiplicação ou uma divisão, o resultado deve apresentar o mesmo número
de algarismos significativos do fator que tiver o menor número de algarismos significativos.

Exemplos:
• 8,42 m  2,3 m = 19,336 m2 → 19 m2
• 4,2 mol : 120,0 dm3 = 0,035 mol dm−3

 Sempre que o resultado de uma operação for para utilizar num cálculo intermédio, utiliza-se mais um algarismo
significativo do que o que se pretende no resultado final.

Exemplo:
• 12,5 cm  2,3 cm = 28,75 cm2

Usa-se 28,75 cm2 se o resultado final tiver 3 algarismos significativos.


Arredonda-se para 28,8 cm2 se o resultado final tiver 2 algarismos significativos.

Erros de medição

 Erro sistemático e erro aleatório

Por mais sofisticado que seja o aparelho, por mais adequada que seja a técnica e por mais experiente que seja o
operador, é impossível obter uma medida sem que ela venha acompanhada de uma incerteza. Isto sucede porque
qualquer medição está sempre sujeita a erros de medição ou erros experimentais.

Os erros podem ser classificados como erros sistemáticos e como erros fortuitos ou acidentais.

 Os erros sistemáticos resultam de perturbações que influenciam todas as medições no mesmo sentido
(ou por excesso ou por defeito), geralmente com o mesmo afastamento. Habitualmente podem ser
corrigidos se a causa for conhecida.

Situações típicas:
• Calibração incorreta ou regulação deficiente dos instrumentos de medição.
• Temperatura ambiente ou pressão atmosférica diferente dos valores de funcionamento do aparelho (por
exemplo, calibrado para medir a 20 °C, mas a temperatura é 15 °C).
• Posição inadequada do operador (por exemplo: erros de paralaxe). Desde que se posicione sempre da
mesma forma.
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Os líquidos contidos em tubos estreitos formam um menisco que pode ser côncavo ou convexo. Para não se
cometer um erro de paralaxe, devido à posição inadequada do operador, quando se pretende efetuar uma leitura do
nível do líquido deverá fazer-se do modo que se ilustra na Figura 2.

50 50

40 40

Figura 2a) − Menisco côncavo (água) Figura 2b) − Menisco convexo (mercúrio)

 Os erros aleatórios ou acidentais resultam de fatores ocasionais que não podem ser controlados. Variam
em tamanho e em sentido de modo imprevisível. Não podem ser completamente eliminados, embora
possam ser minimizados, fazendo várias medições da mesma grandeza e tomando para valor mais provável
da medição a média dos valores obtidos nas diferentes leituras.

Situações típicas:
• Limitações na capacidade de visão humana (por exemplo, na leitura de uma escala quando se estima o
algarismo incerto).
• Flutuações da temperatura ou da pressão atmosférica durante o trabalho (por exemplo, devido a
correntes de ar).
• Limitações do aparelho de medição (por exemplo, variações na tensão elétrica da rede).

Incerteza de uma medida numa medição direta

Como já foi referido é impossível obter uma medida sem que ela venha acompanhada de uma incerteza, uma
vez que qualquer medição está sempre sujeita a erros de medição ou erros experimentais. Por esse motivo, uma
medida deve incluir a incerteza que lhe está associada. Isto é, uma medida deve exprimir-se por:

medida = (valor numérico  incerteza) unidade


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Incerteza absoluta de uma medida quando só há uma medição direta

Quando se efetua uma só medição considera-se como incerteza a chamada incerteza absoluta de leitura.

Os critérios para determinar a incerteza absoluta de leitura dependem do tipo de instrumento de medição.

Incerteza absoluta de leitura


Toma-se este valor como incerteza da medida quando há uma única medição

1.º critério 2.º critério

O aparelho tem inscrito o valor da


incerteza. A incerteza de leitura O aparelho é analógico, isto é, tem
O aparelho é digital.
pode ser chamada de precisão ou uma escala.
tolerância ou erro.

Incerteza de leitura = Incerteza de leitura =


Incerteza de leitura =
= metade do valor da menor divisão = menor valor lido no aparelho
= valor inscrito
da escala (sensibilidade do aparelho)

As representações das medidas devem sempre seguir as seguintes regras:


➢ a medida e a incerteza têm de estar expressos nas mesmas unidades;
➢ o número de casas décimais da medida e da incerteza é o mesmo.

Exatidão e precisão

A exatidão indica a proximidade entre o valor medido e o valor verdadeiro.


Uma medida será tanto mais exata quanto mais próxima estiver do valor verdadeiro.
O valor verdadeiro na prática é desconhecido, mas tomam-se como valores verdadeiros os valores tabelados
(valores padrão ou valores de referência).
Relaciona-se com os erros sistemáticos: se há medidas afastadas do valor verdadeiro mas próximas umas das
outras, existem erros sistemáticos a afastá-las todas no mesmo sentido.

A precisão traduz a concordância entre os vários valores medidos para uma dada grandeza.
Há uma grande precisão quando os valores medidos estão muito próximos entre si.
A medida mais precisa é a que está mais próxima da média (valor mais provável).
Relaciona-se com os erros aleatórios: quanto maior for a dispersão das medidas, mais erros aleatórios estarão a
afetar as medições.
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Incerteza absoluta de uma medida quando existem várias medições diretas

Quando se efetuam medições e se apresentam os seus resultados, deve entrar-se em linha de conta com os erros
experimentais que lhe estão associados. Estes erros afetam a precisão e a exatidão das medições.
Um modo de se minimizar os erros experimentais, em particular os erros aleatórios, consiste em repetir a
medição da grandeza, nas mesmas condições, e efetuar o tratamento estatístico desses dados experimentais.

Exemplo:
No laboratório, um técnico mediu a massa de açúcar contida num pacote. A embalagem indicava 8,00 g. Foram
feitas três medições numa balança digital. Os resultados foram os seguintes:

Ensaio Massa / g

1 7,98

2 7,99

3 8,01

 Precisão de uma série de medidas

A precisão traduz a concordância entre os vários valores medidos para a mesma grandeza nas mesmas
condições, ou seja, a repetibilidade da medida. É afetada por erros aleatórios. É avaliada pelo desvio percentual,
Ir (%).

Representando por x1, x2, …, xn, as medidas obtidas, sendo n o número de medições, toma-se para
valor mais provável para a medida o valor médio, x .

𝑥1 + 𝑥2 + ... + 𝑥𝑛
Valor mais provável = valor médio: 𝑥̄ =
𝑛

As medidas, diferem, no geral, do valor médio. Para avaliar a dispersão das medidas, define-se desvio absoluto
de uma medida, | di |, como o módulo da diferença entre cada medida xi e o valor médio x .

Desvio absoluto de uma medida: | di | = | xi – 𝒙̄ |

Ao maior dos desvios absolutos, chama-se incerteza absoluta, Ia.

7,98 + 7,99 + 8,01


Valor mais provável: 𝑚
̅= = 7,99 g
3
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m/g Desvios absolutos / g Ia / g

7,98 | 7,98 – 7,99 | = 0,01

7,99 | 7,99 – 7,99 | = 0,00 0,02

8,01 | 8,01 – 7,99 | = 0,02

Apresentação da medida da massa: m = (7,99 ± 0,02) g ou m = 7,99 g ± 0,02 g

Nem sempre uma incerteza absoluta mais pequena implica uma melhor precisão na medição. Por exemplo, o erro
é mais notório quando há uma incerteza absoluta de 5 cm numa medida de 3 m do que quando essa mesma
incerteza afetar uma medida de 30 m. Por isso, define-se a incerteza relativa percentual ou desvio percentual, Ir
(%), que é dada pela expressão:

𝐢𝐧𝐜𝐞𝐫𝐭𝐞𝐳𝐚 𝐚𝐛𝐬𝐨𝐥𝐮𝐭𝐚
Ir (%) = × 100
𝐯𝐚𝐥𝐨𝐫𝐦𝐚𝐢𝐬 𝐩𝐫𝐨𝐯á𝐯𝐞𝐥

Quanto menor for o desvio percentual maior será a precisão. Normalmente considera-se aceitável um desvio
percentual inferior a 5%.

0,02
Desvio percentual =  100 = 0,25%, o que é muito baixo. Isto significa que há grande precisão nas medidas
7,99

e que os erros aleatórios foram pouco significativos.

Apresentação da medida da massa: 7,99 g  0,25%

Exatidão de uma série de medidas

A exatidão indica a proximidade entre o valor mais provável e o valor verdadeiro, ou seja, uma medida é exata
se estiver próxima do valor verdadeiro. É afetada por erros sistemáticos. É avaliada pelo erro percentual
relativo, Er (%).

O erro absoluto, Ea, é dado pela expressão:

Ea = | valormais provável − valorverdadeiro |

O erro percentual relativo, Er (%), é dado pela expressão:

| 𝐯𝐚𝐥𝐨𝐫𝐦𝐚𝐢𝐬 𝐩𝐫𝐨𝐯á𝐯𝐞𝐥 − 𝐯𝐚𝐥𝐨𝐫𝐯𝐞𝐫𝐝𝐚𝐝𝐞𝐢𝐫𝐨 |


Er (%) = × 𝟏𝟎𝟎
𝐯𝐚𝐥𝐨𝐫𝐯𝐞𝐫𝐝𝐚𝐝𝐞𝐢𝐫𝐨
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Quanto menor for o erro percentual maior será a exatidão. Normalmente considera-se aceitável um erro
percentual inferior a 5%.

|7,99 − 8,00|
Er (%) =  100 = 0,13%
8,00

Normalmente não se conhece o valor verdadeiro ou de referência da grandeza que se pretende medir, pelo que
não se pode falar da exatidão da medida.
Noutras situações, como por exemplo na determinação da densidade relativa de uma substância, poderemos
comparar o valor experimental obtido para esta grandeza com o valor tabelado (valor verdadeiro). Neste caso
poderemos saber a exatidão da nossa medição, calculando o erro percentual.

FIM

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