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Módulo:

Advocacia Previdenciária -
Noções Elementares
Aula 03 – Cobrança de Honorários

Os honorários advocatícios são a principal fonte de sustento dos advogados e têm


sua relevância legal e ética reconhecida. São estabelecidos em contrato, podendo ser fixos,
por êxito ou por tempo, e representam a contraprestação pelo serviço jurídico prestado.
A inadimplência nos pagamentos de honorários advocatícios pode ocorrer por di-
versos motivos, como dificuldades financeiras do cliente, desentendimentos sobre os va-
lores devidos ou simplesmente negligência por parte do contratante. Para enfrentar essa
situação, o contratado deve adotar algumas estratégias.
A primeira etapa é estabelecer uma comunicação clara e transparente com o clien-
te inadimplente. Isso envolve o envio de lembretes de pagamento, a explicação detalhada
dos valores devidos e a discussão aberta sobre qualquer desentendimento em relação aos
honorários.
Cumpre destacar que ter um contrato de honorários bem elaborado desde o início
é fundamental. O contrato deve estabelecer claramente os termos de pagamento, as con-
sequências da inadimplência e as obrigações de ambas as partes. Isso fornece uma base
legal sólida para a cobrança.
Ademais, manter registros detalhados de todas as comunicações e negociações
relacionadas aos honorários é crucial. Isso pode incluir e-mails, cartas, mensagens de
texto ou qualquer outra forma de comunicação escrita que demonstre os esforços para
resolver a questão.
Quanto à cobrança do valor inadimplido, o primeiro passo recomendado é tentar
solucionar a questão amigavelmente. O recomendado é que essa cobrança seja terceiriza-
da, ou seja, não realize a cobrança diretamente, mas sim contrate um especialista.
Todavia, quando todas as tentativas amigáveis falham, a cobrança judicial pode
ser necessária. Nesse caso, o advogado pode mover uma ação de cobrança de honorá-
rios advocatícios, buscando o reconhecimento judicial da dívida e a execução dos valores
devidos.
No que tange aos contratos de honorários advocatícios previdenciário, o contrata-
do deve se ater à diferença da cobrança de parcelas vincendas e vencidas.
Para garantir o recebimento das parcelas vincendas, ou seja, aquelas que ainda
estão a vencer e, portanto, ainda não são objeto de inadimplência, é necessário o advogado
acompanhar o processo, seja ele administrativo ou judicial, para monitorar a implantação
do benefício. Assim, o advogado contratado saberá quando o cliente contratante passará
a receber aquele benefício e, portanto, terá direito ao recebimento das parcelas vincendas.
Quanto ao pagamento de parcelas vencidas, ou seja, aquelas que já venceram e
não foram adimplidas, o advogado poderá fazer o destaque de honorários, que consiste na
separação do valor que o contratante receberá do valor que é devido ao contratado, obri-

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gando o pagamento daquele montante ao advogado.
Entretanto, se todas essas situações não levaram à adimplência total do devido,
será necessário executar o contrato de honorários advocatícios.
O Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (Lei nº 8.906/94), em
seu artigo 24, estabeleceu que o contrato de honorários advocatícios é título executivo
extrajudicial, motivo pelo qual sua cobrança não precisará seguir os trâmites ordinários,
conforme bem pontuado por Berloto (2023).
Os trâmites ordinários são mais morosos, pois há necessidade de citação do re-
querido para apresentação de contestação, instrução processual, saneamento do proces-
so, proferimento de sentença e, só assim, caso procedente, o requerente poderá iniciar o
cumprimento de sentença e requerer o pagamento do devido.
Considerando que o Poder Judiciário é moroso devido à quantidade de demandas
ajuizadas e demais problemas intrínsecos à questão, não se mostra benéfico que o advo-
gado tenha que aguardar todo esse trâmite para conseguir a adimplência do valor devido
contratualmente.
Assim, no caso de inadimplência do contrato de honorários advocatícios, poderá
o advogado iniciar uma Execução de Título Extrajudicial. A base legal para tanto é justa-
mente o artigo 24 da Lei nº 8.906/94 e o artigo 784, inciso XII do Código de Processo Civil.
A Execução de Título Extrajudicial é muito mais célere, pois após o Magistrado
verificar os requisitos cumpridos, já citará o devedor para pagamento do débito em 3 (três)
dias, sob pena de penhora. Ademais, o devedor poderá apresentar Embargos à Execução
dentro de 15 (quinze) dias, cujas argumentações são limitadas, sobretudo porque a exe-
cutividade do título é clara.
Além disso, caso o executado, ou seja, o cliente devedor, não cumpra a obriga-
ção e não apresente embargos, o juiz determinará a penhora de bens. Conforme Becker
(2023) preceitua, a penhora observará, preferencialmente, a ordem descrita no artigo 835
do Código de Processo Civil, certo que a prioridade é de penhora de dinheiro, em espécie ou
em depósito ou aplicação em instituição financeira. Para tanto, basta o exequente, ou seja,
o advogado contratado e, até então, credor do montante, apresentar a planilha do débito
atualizado e requerer a penhora de ativos financeiros através dos sistemas conveniados
com o Poder Judiciário (SISBAJUD, por exemplo).
Portanto, a celeridade para recebimento do montante é muito preponderante
quando consideramos que o contrato de honorários advocatícios é um título executivo.
Por fim, é importante destacar que o advogado também possui possibilidade de
promover a execução dos honorários nos mesmos autos da ação em que tenha atuado,
se assim entender a melhor opção. É o que estabelece o art. 24, §1º, do Estatuto da OAB.

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Leitura Complementar

Em que pese a relação entre cliente e advogado se basear, entre outros


princípios, na confiança mútua, é certo de que os valores devidos para pa-
gamento poderão ser inadimplidos. Com essa possibilidade e, sobretudo,
diante do caráter alimentar dos honorários advocatícios, é primordial quan-
do da elaboração do contrato que o advogado se atenha a incluir cláusulas
claras e objetivas quando do não pagamento do montante acordado. De
todo modo, o Estatuto da OAB cuidou de determinar que o contrato de ho-
norários é um título executivo, motivo pelo qual a cobrança pela via judicial
é muito mais célere.

PARA LEITURA DO TEXTO


NA ÍNTEGRA, CLIQUE AQUI:

Legislação

Lei nº 8.906/94

Art. 24. A decisão judicial que fixar ou arbitrar honorários e o contrato escrito que
os estipular são títulos executivos e constituem crédito privilegiado na falência, concordata,
concurso de credores, insolvência civil e liquidação extrajudicial.
§ 1º A execução dos honorários pode ser promovida nos mesmos autos da ação em
que tenha atuado o advogado, se assim lhe convier.

Código de Processo Civil

Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais:

I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;


II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor;
III - o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas;
IV - o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria
Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou me-
diador credenciado por tribunal;
V - o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garan-
tia e aquele garantido por caução;
VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte;
VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio;

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VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem
como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio;
IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;
X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio
edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que
documentalmente comprovadas;
XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de
emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas
estabelecidas em lei;
XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força
executiva.

Jurisprudência

AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DE DECLA-


RAÇÃO OPOSTOS CONTRA O ACÓRDÃO RECORRIDO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ARTIGO
535 DO CPC. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA DA LIDE. SÚMULA 7 DO STJ. INCIDÊNCIA.
CONTRATO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. TÍTULO EXECUTIVO. DISPENSA TESTEMU-
NHAS. 1. Se as questões trazidas à discussão foram dirimidas, pelo Tribunal de origem,
de forma suficientemente ampla, fundamentada e sem omissões, deve ser afastada a ale-
gada violação ao art. 535 do CPC. 2. A tese defendida no recurso especial demanda o
reexame do conjunto fático e probatório dos autos, vedado pelo enunciado 7 da Súmula
do STJ. 3. Nos termos do artigo 24 da Lei 8.906/94, o contrato de honorários advocatí-
cios é título executivo, independentemente da assinatura de duas testemunhas. 4. Agravo
regimental a que se nega provimento. (AgRg no AREsp n. 372.069/RJ, relatora Ministra
Maria Isabel Gallotti, Quarta Turma, julgado em 5/11/2015, REPDJe de 01/02/2016, DJe de
13/11/2015.)

BECKER, Rodrigo Frantz. Manual do Processo de Execução dos Títulos Judiciais e


Extrajudiciais, 3ª edição. São Paulo: Juspodivm, 2023.

BERLOTO, José Gilmar. Contratos e Instrumentos Particulares Comentados, 6ª

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6
edição. São Paulo: Mizuno, 2023.

BRASIL. Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994. Disponível em: https://www.planalto.


gov.br/ccivil_03/leis/l8906.htm. Acesso em 10/10/2023.

BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Disponível em: https://www.pla-


nalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em 10/10/2023.

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