Obras de Saneamento

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 81

Obras de saneamento

Profa. Larissa Camporez Araújo

Descrição

Você vai entender o que são as obras de distribuição, reservação,


estações elevatórias, captação, adução e estações de tratamento de
água e o que são as obras de redes coletoras de esgoto urbano,
estações de tratamento de esgoto e de disposição de efluentes.

Propósito

Conhecer os sistemas de abastecimento de água e os sistemas de


esgotamento sanitários e seus elementos é fundamental para o
profissional da construção civil, para auxiliar na escolha do sistema
adequado, considerando as recomendações técnicas e normativas.

Objetivos
Módulo 1

Obras de captação, adução e


ETAs
Reconhecer as características das obras de captação, adução e
estações de tratamento de água.

Módulo 2

Obras de distribuição, reservação


e estações elevatórias
Identificar as obras de distribuição, reservação e estações
elevatórias.

Módulo 3

Obras de redes coletoras de


esgoto urbano
Reconhecer os sistemas de esgotamento sanitário e os tipos de
redes.

Módulo 4

Obras de ETEs e de disposição de


efluentes
Identificar as obras de estações de tratamento de esgoto e de
disposição dos efluentes.

meeting_room
Introdução
Olá! Antes de começarmos, assista ao vídeo a seguir e
compreenda os conceitos de obras de saneamento. Confira!

1 - Obras de captação, adução e ETAs


Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer as
características das obras de captação, adução e estações de
tratamento de água.

Tratamento de esgoto e
disposição de efluentes
No vídeo a seguir, falaremos sobre o tratamento de esgoto, as ETEs,
processos de tratamento de esgoto e disposição dos efluentes. Confira!
Captação de águas
No vídeo a seguir, explicaremos como é realizada a escolha do local de
captação, quais são as partes constituintes e a captação em águas
subterrâneas. Confira!

Considerações preliminares
As obras de captação são estruturas e dispositivos que podem ser
construídos ou montados junto a um manancial para a retirada da água
que será levada para um sistema de abastecimento. Tais obras
precisam ser projetadas para: funcionarem ininterruptamente em
qualquer época do ano, permitirem a captação para o sistema de
abastecimento em quantidade suficiente e com melhor qualidade
possível, facilitarem o acesso de operação e manutenção da obra. Veja
a seguir:

Sistema de abastecimento de água.

As estações elevatórias são necessárias quando o manancial se situa


em conta inferior à da cidade de abastecimento. Nesses casos, as obras
da estação elevatória são associadas às obras de captação.
A captação pode ocorrer em cursos de água ou em lagos e represas,
sendo o chamado manancial a fonte para o suprimento da água e,
quando superficial, é formado por córregos, rios, lagos e represas.

Comentário
Além de precisar atender à quantidade de abastecimento, o manancial
precisa apresentar qualidade nos aspectos físico, químico, biológico e
bacteriano.

Escolha do local de captação


A análise para a escolha do local para a implantação da obra de
captação deve considerar todos os elementos disponíveis sobre a área,
além de serem realizadas inspeções de campo que verifiquem os
aspectos relacionados às características hidráulicas do manancial, à
geologia da região, às áreas inundáveis e aos focos de poluição
existentes e potenciais. Também deve ser estudada a maneira de levar
energia elétrica.

Manancial Cantareira em São Paulo.

As obras de captação devem ser posicionadas em trecho reto, ou,


quando em curva, ao lado da curva externa, pois deste lado a velocidade
da água é maior e não ocorre a formação de bancos de areia que podem
obstruir a captação. Veja na imagem a seguir.
Captação de água: trecho reto (a); trecho curto (b).

Essas obras precisam ser protegidas de ações de erosão da água e de


efeitos de remanso e variação do nível de água.

É preciso garantir o acesso à obra de captação de água


em dias de fortes temporais e inundações. Por essa
razão, não é indicada a construção de obras de
captação em terrenos baixos próximos a rios.

Vale lembrar que as estradas de acesso à obra também devem ter


acesso livre independentemente da situação do tempo ou da época do
ano. Veja a representação na imagem a seguir.

Partes constituintes de uma captação


No local de implantação da obra de captação, devem ser estudadas as
condições da seção do curso de água no que diz respeito à sua
estabilização, especialmente em situações de baixa declividade (áreas
sujeitas a um regime muito variável de descarga).

As obras de captação são muito diversas e dependem do curso d’água,


da variação do nível d’água, da topografia, entre outros fatores. Veja a
seguir a composição das obras de captação, em sua maioria.

Barragem, vertedor ou enrocamento


São obras no curso d’água que ocupam toda a sua largura com a
finalidade de elevar o nível d’água para uma cota predeterminada e
assim garantir o bom funcionamento da captação e das bombas. São
dispensados em situações de curso de água profundo com grande
lâmina no ponto da captação e vazão mínima superior à vazão máxima
para abastecer a cidade. A seguir, mostramos o desenho esquemático
do Sistema Cantareira que abastece cerca de 10 milhões de habitantes
de São Paulo. A captação é formada por várias barragens e a água é
bombeada para a represa de Águas Claras, que por gravidade chega na
Estação de Tratamento de Água e depois é distribuída. Veja o esquema
na imagem:

Desenho esquemático do Sistema Cantareira.


Tomada de água
São os dispositivos utilizados para levar a água do manancial às outras
partes da captação. A velocidade nos condutos livres ou forçados da
tomada de água não deve ser inferior a 0,60 m/s e nas situações nas
quais possam ocorrer vórtices, é preciso prever um dispositivo para
evitar sua formação. São diversos os sistemas que podem ser utilizados
para a tomada de água. Apresentamos uma planta de tomada de água
típica de cursos d’água com pequena variação de nível. Nota-se as
principais partes constituintes desta captação: barragem de nível,
tomada de água, caixa de areia e estação elevatória. Deve-se atentar
para que o trecho do curso de água e o desarenador sejam o mais curto
possível. Veja nas imagens a seguir.

Captação em curso de água com pequena variação de nível.

Já a próxima planta ilustra um esquema de tomada de água com uma


estação elevatória. Veja a seguir:

Tomada de água com estação elevatória

Ainda temos tomada de água com caixa de areia, grade e estação


elevatória, tomada de água em dois níveis, tomada de água através de
sifão, tomada de água em corpos de água com grande variação de nível,
tomada de água através de canal, entre outras. Veja a seguir:
Tomada de água através de canal.

Gradeamento
As grades e as telas são utilizadas em captação de água superficial.
Veja as características de cada uma delas a seguir:

Grades
São formadas por barras paralelas com a finalidade de impedir a
passagem de materiais grosseiros, flutuantes ou em suspensão, por
exemplo: galhos, peixes, plantas aquáticas e outros.

Telas
São constituídas por fios formando malhas com o objetivo de reter os
materiais flutuantes não retidos na grade.

Instalações de grades grosseiras precisam ser consideradas nas


instalações para as situações de regime torrencial e corpos flutuantes
de grandes dimensões que podem causar danos à obra. Essas grades
grosseiras são posicionadas na admissão da água na captação,
seguidas pelas grades finas e pelas telas. Confira o espaçamento
necessário entre barras paralelas:

Grade grosseira: 7,5 a 15 cm.

Grade fina: 2 a 4 cm.

Telas: 8 a 16 fios por decímetro.

Esses elementos devem ter inclinação para jusante de 70° a 80° em


relação à horizontal para a limpeza manual e fácil execução dos
serviços e manutenção. No nível mínimo de água, que corresponde à
seção de passagem, a área das aberturas da grade deve ser igual ou
superior a 1,7 cm² por litro por minuto e a velocidade resultante igual ou
inferior a 10 cm/s. As perdas de carga nas grades são calculadas pela
equação:

2
V
h = k
2g

Sendo: h a perda de carga (em m); V a velocidade média de


aproximação (em m/s); g a aceleração da gravidade (em m/s 2 ); e k o
coeficiente de perda de carga que varia com os parâmetros geométricos
das grades e telas (adimensional) e é dado por:

1,33
k = β(s/b) sin α

Em que: β é o coeficiente em função da forma da barra; s é a espessura


das barras, b é a distância livre entre as barras e α é o ângulo da grade
em relação à horizontal.

Veja na imagem a seguir a forma geométrica segundo a seção


transversal das barras:

Forma geométrica segundo a seção transversal das barras.

Já o coeficiente para a perda de carga nas telas é dado por:

2
1 − ε
k = 0, 55 ⋅ ( )
2
ε

Onde ε é a razão entre a área livre e a área total da tela, sendo:

Para tela de malha quadrada: ε = (1 − nd)


2

Para tela de malha retangular: ε = (1 − n 1 d 1 ) ⋅ (1 − n 2 d 2 )


Sendo: n, n 1 , n 2 o número de fios por unidade de comprimento e d, d 1 ,
d2 , o diâmetro dos fios.
Atenção!
As barras e os fios precisam ser constituídos de material anticorrosivo
ou protegidos por tratamento adequado.

Observe na imagem a seguir uma tomada de água por bomba de eixo


vertical com o posicionamento de grade.

Tomada de água por bomba de eixo vertical com o posicionamento de gradeamento.

Desarenador
Tem como objetivo a retenção de areia. Seu dimensionamento é
realizado segundo os critérios:

looks_one Velocidade crítica de sedimentação das partículas


igual ou inferior a 0,021 m/s.

looks_two Velocidade de escoamento longitudinal igual ou


inferior a 0,30 m/s.
looks_3 O comprimento deve ser multiplicado por um
coeficiente de segurança igual ou superior a 1,50.

A área da caixa de areia (A) é determinada por meio da equação:

Q
A =
Vs

Onde V s é a velocidade de sedimentação de uma partícula de areia e Q


a vazão, sendo:

h
Vs =
t

Q ⋅ t
h =
b ⋅ L

Sendo h a profundidade da caixa de areia, L o comprimento da caixa de


areia e t o tempo de percurso na caixa de areia. Observe o esquema da
caixa de areia.

Esquema em planta e corte da caixa de areia.

Para o dimensionamento da caixa de areia, é preciso considerar:

L/b ≥ 4 ; evita que curtos-circuitos reduzam sua eficiência.

b ≥ 0, 5m ; possibilita facilidades na construção e na operação.

Velocidade de escoamento na caixa de areia menor ou igual a 0,3


m/s.
Dimensões compatíveis com o terreno e a topografia do local.

Veja a seguir dois mecanismos utilizados no processo desarenador:

Dispositivos de controle
São compostos por comportas e válvulas com a finalidade de controlar
o fluxo e até mesmo, quando necessário, interrompê-lo.

Canais e tubulações de
interligação
São utilizados para a interligação entre as unidades e é feita por
condutos livres ou forçados, a depender da topografia.

Captação em águas subterrâneas


As águas subterrâneas são aquelas encontradas nos poros e interstícios
das formações geológicas sedimentares ou nos planos de fraqueza
estrutural das formações geológicas magmáticas ou metamórficas.

Os poços tubulares profundos utilizados para a captação das águas


subterrâneas são obras de engenharia geológica e devem atender às
normas:

ABNT NBR-12.212 – projeto de poço para captação de água


subterrânea e regras construtivas.

ABNT NBR-12.244 – construção de poço para captação de água


subterrânea. Para essas obras, é preciso atender às resoluções e
portarias federais e estaduais.

Adutoras
No vídeo a seguir, abordaremos a definição e classificação das adutoras,
a vazão de dimensionamento das adutoras, a hidráulica para adutoras, o
traçado das adutoras e as obras especiais em adutoras. Confira!
Definição e classificação
As adutoras são responsáveis por interligar a captação, a estação de
tratamento e o reservatório. São comuns ramificações da adutora
principal (subadutoras) que levam água para outros pontos do sistema.
Elas são consideradas as unidades principais do sistema de
abastecimento de água e precisam de atenção especial na elaboração
do projeto e na implantação da obra. Ilustramos a seguir a localização
das adutoras no sistema de abastecimento de água.

Localização das adutoras em sistema de abastecimento de água.

As adutoras podem ser classificadas:

Quanto à natureza da água transportada


Adutoras de água bruta

Adutoras de água tratada

Quanto à energia para a movimentação


da água
Adutora por gravidade

Adutora por recalque

Adutora mista

Por gravidade
Conduto forçado – quando a água está sob pressão maior
do que a atmosfera (imagem adutora por gravidade em
conduto forçado).

Conduto livre – quando sob pressão atmosférica (imagem


adutora por gravidade em conduto livre).

Veja o esquema de uma adutora por gravidade em conduto forçado.

Adutora por gravidade em conduto forçado.

Veja a seguir uma adutora por gravidade em conduto livre:

Adutora por gravidade em conduto livre.

Agora, uma adutora por recalque, que conduz a água através de


estações elevatórias:

Adutora por recalque duplo.

E, por fim, a adutora mista, que possui trechos por recalque e trechos
por gravidade:
Adutora mista com trecho por recalque e trecho por gravidade.

Vazão de dimensionamento
Vamos conhecer agora um pouco mais sobre: horizonte de projeto,
vazão de adução e período de funcionamento da adução; para
realizarmos o cálculo da vazão para o dimensionamento das adutoras.

Horizonte de projeto
O horizonte de projeto considera os seguintes fatores:

Vida útil da obra

Evolução da demanda de água

Custo de obra

Flexibilidade na ampliação do sistema

Custo da energia elétrica

Geralmente, o horizonte de projeto é situado entre 20 a 50 anos.

Vazão de adução
Veja as vazões a serem veiculadas nas adutoras. Observe na imagem a
seguir, que a vazão de adução é determinada de acordo com a
população a ser abastecida, da cota per capita, dos coeficientes de
variação das vazões e do número de horas de funcionamento.

Vazões a serem veiculadas nas adutoras.


Os cálculos das vazões são realizados considerando as seguintes
equações:

Para adutora de água bruta que


corresponde da captação até a ETA

K1 ⋅ P ⋅ q
Qa = ( + Q e )C ET A
86400

Para adutora que interliga a ETA ao


reservatório de distribuição

K1 ⋅ P ⋅ q
Qb = ( + Qe )
86400

Para adutora que interliga o reservatório


à rede

K1 ⋅ K2 ⋅ P ⋅ q
Qc = ( + Qe )
86400

Onde P é a população a ser atendida (em hab), o consumo médio per


capita incluindo as perdas de água (em l/hab.dia), K 1 o coeficiente do
dia de maior consumo, K 2 o coeficiente da hora de maior consumo, Q e
a vazão de consumo específica (em l/s) e C ET A o consumo na ETA.

Período de funcionamento
Para as equações acima, é considerado um período de funcionamento
de 24 h/dia. Caso o período seja menor, a vazão precisa ser maior.
Normalmente, considera-se um bombeamento de 16 a 20 horas por dia
para considerar o tempo com manutenção, falta de energia elétrica,
entre outros.

Comentário
A determinação do horário de funcionamento da adução é definida em
função do dimensionamento hidráulico.

Hidráulica para adutoras


Para o dimensionamento das adutoras, consideramos o escoamento em
regime permanente e uniforme, sendo que este estudo e suas equações
são apresentados em outro momento e consiste no cálculo de energia,
equações da continuidade e perdas de carga.

Traçado da adutora
Após a definição da planta das unidades, é realizado o traçado da
adutora, que é em função da topografia do terreno. Porém, alguns
fatores também precisam ser levados em consideração, como:

Influência do plano de carga e da linha piezométrica

Localização e perfil da adutora

Faixas de servidão ou desapropriação para a implantação

Operação das adutoras

Com relação ao traçado da adutora e a posição do plano de carga e a


linha piezométrica, temos que as adutoras por gravidade podem estar
totalmente abaixo, coincidentes ou acima (em alguns pontos), tanto do
ponto de carga quanto da linha piezométrica, conforme ilustramos a
seguir. Por isso, são considerados: o plano de carga absoluto e o plano
de carga efetivo. O absoluto considera a pressão da atmosfera e o
efetivo é referente ao nível de montante. lustramos as linhas de carga
consideradas e a linha piezométrica.

Traçado das adutoras por gravidade e a posição do plano de carga e da linha piezométrica.

Obras especiais
Em consequência do traçado das adutoras, podemos ter obras
especiais. Veremos a seguir as principais.
Travessia de córregos e rios
É necessário verificar a existência de projeto de canalização junto à
Prefeitura Municipal. Veja a seguir as características das seguintes
travessias:

waves Abaixo da cota de fundo do curso


de água
Nesse tipo de travessia, o espaçamento em relação
à geratriz superior da adutora deve ser maior ou
igual a 1,0 m. Caso não exista projeto de
canalização, o espaçamento mínimo deverá ser de
2,0 m a partir da cota de fundo do curso d’água.

waves Grandes cursos d’água


Esse tipo de travessia, normalmente, é realizado por
cima.

waves Aéreas
Nesse tipo de travessia, é preciso garantir que a
tubulação ficará acima do nível máximo em caso de
enchentes.

Veja alguns exemplos de travessias aéreas:


Exemplos de travessia aérea em curso d’água.

Travessias sob ferrovias ou estradas de rodagem


As obras são planejadas e executadas de acordo com normas das
ferrovias ou do departamento de estradas. Os tubos da adutora devem
passar por dentro de tubulações de grande diâmetro para que sejam
visitáveis para manutenções. Também são necessários poços de
acesso à jusante e à montante da tubulação de encamisamento. Veja na
ilustração a seguir uma travessia de uma adutora sob uma estrada de
ferro:

Travessia de uma adutora sob uma estrada de ferro.

Estações de tratamento de
água (ETAs)
No vídeo a seguir, abordaremos os conceitos sobre as estações de
tratamento de água (ETAs). Confira!

As estações de tratamento de água (ETAs) são essenciais no sistema


de abastecimento de água, pois a maioria das águas dos mananciais
não possui padrões aceitáveis de potabilidade para o consumo.

As ETAs têm por objetivo tratar as águas para que elas


se tornem adequadas para o consumo humano nos
pontos de vista físico-químico e microbiológico.

São diversas as etapas pelas quais a água passa em uma estação de


tratamento até estar adequada para o consumo. Em uma ETA
convencional, as etapas são:
label_important Micropeneiramento
É o início do tratamento e, nesta fase, ocorre a
remoção dos sólidos suspensos na água que são
os resíduos mais visíveis.

label_important Aeração
É usada para a remoção de gases dissolvidos, por
exemplo: CO 2 e H 2 S.

label_important Coagulação
Tem o objetivo de aglutinar as partículas finas em
suspensão na água por meio de agentes
coagulantes. Esta fase é tida como uma das mais
importantes, pois essas partículas e impurezas
provocam odor, cor e sabor na água.

label_important Floculação
É uma etapa rápida e depende do PH, da
quantidade de impurezas e da temperatura. Nesta
fase, ocorre a formação dos flocos através das
reações químicas das impurezas. A depender da
ETA, esta etapa pode ser mecânica ou manual.

label_important Sedimentação ou decantação


É a etapa em que os flocos são removidos da água
e ocorre a deposição das impurezas. Este é um
processo físico natural que ocorre devido à ação da
gravidade.
label_important Filtração
Ocorre a remoção das partículas suspensas e
coloides da água através do escoamento em um
meio poroso, como areia. Aqui ocorre a remoção
final das impurezas, inclusive da parte bacteriana
por meio de fenômenos químicos, físicos e
biológicos.

label_important Fluoração
Não é considerada tratamento, mas é nesta etapa
que ocorre a adição de flúor que tem como objetivo
prevenir a decomposição dos dentes.

label_important Desinfecção
É a etapa de prevenção e correção. É mantido um
desinfetante para evitar algum tipo de
contaminação posterior.

Observe a planta de uma ETA convencional.

Esquema de uma estação de tratamento de água convencional.

As ETAs são obras civis construídas com estruturas de concreto e


sistema de alvenaria, materiais que garantem a forma aos tanques por
onde passa a água durante o seu tratamento. A captação se dá por
túneis com válvulas que controlam o fluxo de água que entra na ETA.
Primeiramente, a água é levada para um tanque grande e depois passa
por outros dois que retêm as sujeiras maiores. Os outros tanques, ou
bacias, para as etapas de coagulação, floculação e decantação também
são em concreto. Os decantadores se diferenciam pelas pás que retiram
o lodo do fundo e lançam para um canal de esgoto. As ETAs são
formadas por grandes estruturas de tanques, reservatórios e
tubulações. Veja a seguir.

Planta de tratamento de água.

Falta pouco para atingir seus objetivos.


Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Os sistemas de abastecimento de água compreendem as obras


desde a captação no manancial até a chegada da água potável no
consumidor final. São requisitos desejáveis nessas obras:

I. O funcionamento ininterrupto em qualquer época do ano.

II. Entregarem ao consumidor quantidade suficiente.

III. Garantir a melhor qualidade da água possível.

IV. Facilidade no acesso de operação e manutenção da obra.

A Apenas as afirmativas I e II.


B Apenas as afirmativas III e IV.

C Apenas as afirmativas I, II e IV.

D Apenas as afirmativas II, III e IV.

E As afirmativas I, II, III e IV.

Parabéns! A alternativa E está correta.


As obras que compõem o sistema de abastecimento de água
precisam ser projetadas para além de funcionarem
ininterruptamente em qualquer época do ano, permitirem a
captação em quantidade suficiente e com melhor qualidade
possível, como também facilitarem o acesso de operação e
manutenção da obra.

Questão 2

As estações de tratamento de água são obras com objetivo de


tornar a água potável. Marque a opção que apresenta apenas
etapas que ocorrem em uma ETA convencional.

Coagulação, decantação, tratamento de lodo e


A
fluoração.

Aeração, processos aeróbios, sedimentação e


B
desinfecção.

Micropeneiramento, tratamento de lodo, floculação


C
e filtração.

D Aeração, sedimentação, filtração e desinfecção.


Coagulação, sedimentação, fluoração e processos
E
anaeróbios.

Parabéns! A alternativa D está correta.


São etapas que ocorrem em uma ETA convencional:
micropeneiramento, aeração, coagulação, floculação, sedimentação
ou decantação, filtração, fluoração e desinfecção. Fazem parte do
tratamento do esgoto: tratamento do lodo, processos aeróbios e
anaeróbios.

2 - Obras de distribuição, reservação e


estações elevatórias
Ao final deste módulo, você será capaz de identificar as obras de
distribuição, reservação e estações elevatórias.

Estações elevatórias,
reservação e distribuição
No vídeo a seguir, falaremos sobre os equipamentos eletromecânicos,
projetos de estações elevatórias, reservação, classificação dos
reservatórios de distribuição, tipos de redes de distribuição e
recomendações para o traçado da rede. Confira!
Estações elevatórias
No vídeo a seguir, apresentaremos os equipamentos eletromecânicos
utilizados e os projetos de estações elevatórias. Confira!

As estações elevatórias fazem parte dos sistemas de abastecimento de


água e podem ser essenciais na captação, adução, tratamento e
distribuição de água. Apresentamos, a seguir, os principais
componentes de uma estação elevatória que estão divididos em:
equipamentos eletromecânicos (bomba e motor), tubulações (sucção,
barrilete e recalque) e construção civil (poço de sucção e casa de
bomba).
Principais componentes de uma estação elevatória.

Equipamentos eletromecânicos
Bombas
Atualmente, nos sistemas de abastecimento de água, há o predomínio
das bombas centrífugas devido ao advento da eletricidade e do motor
elétrico. Essas bombas apresentam maior rendimento e menores custos
de instalação, operação e manutenção. Elas aceleram a massa líquida
com a força centrífuga fornecida pelo giro do motor, transmitem energia
cinética à massa em movimento e transformam a energia cinética
internamente em energia de pressão na saída do rotor, através da
carcaça da bomba. Veja o corte de uma bomba centrífuga.
Corte de uma bomba centrífuga de simples estágio com rotor de dupla sucção.

As bombas centrífugas podem ser classificadas em função da rotação


específica (N q ) que, fisicamente, caracteriza a rotação (em rpm) de
uma bomba que produz vazão unitária de (1 m 3 /s) contra uma altura
unitária ( 1 m ), nas condições de máximo rendimento, por meio da
equação:

N √Q
Nq =
3/4
H

Onde N é a rotação da bomba, em rpm; Q é a vazão, em m 3 /s e H é


a altura manométrica, m.

Assim, conhecendo a rotação específica e com o auxílio do gráfico


apresentado, é possível classificar a bomba.
Formas do rotor e rendimentos da bomba em função da rotação específica.

Nas bombas de fluxo radial, o formato do rotor faz com que o líquido
tenha um escoamento no sentido centrífugo radial. Essas bombas são
empregadas em situações que exigem grande altura de elevação e uma
vazão relativamente pequena, como você pode observar.

Bomba de fluxo radial.

Nas bombas de fluxo axial, o formato do rotor faz com que o


escoamento ocorra no sentido axial. Essas bombas são utilizadas para
recalques de grandes vazões e pequenas alturas. Observe:
Bomba de fluxo axial.

Nas bombas de fluxo misto, o formato do rotor faz com que o


escoamento ocorra simultaneamente nos sentidos radial e axial. Essas
bombas são utilizadas para situações de altura de elevação
relativamente baixa e vazão elevada. Veja a seguir uma ilustração de
uma bomba de fluxo misto.

Bomba de fluxo misto.

Motores elétricos
O motor elétrico, nas estações elevatórias, é a máquina que transforma
a energia elétrica em energia mecânica. É utilizado para o acionamento
das bombas devido à sua simplicidade, confiabilidade, flexibilidade e
menor custo.

São considerados quatro aspectos para a potência de um motor, veja a


seguir.

Mecânica
Depende do torque e da correspondente rotação, sendo a potência do
motor elétrico igual à potência mecânica do seu eixo.

Nominal
Refere-se à potência contínua disponível no eixo. A potência mecânica
apresenta valores maiores, porém, não são disponíveis de forma
contínua devido ao aumento da temperatura de operação.

Admissível
É a que solicita continuamente o motor sem comprometer a vida do seu
sistema.

Elétrica absorvida da rede de alimentação


Depende do rendimento do motor e é dada pela equação:
Pm
Pe =
ηm

Onde P e é a potência elétrica absorvida na rede, W ; P m é a potência


mecânica fornecida pelo motor no eixo, W ; e η m é o rendimento do
motor.

A relação entre unidades de potência é dada por:

P (kW ) = 0, 736P (cv) ou

P (cv) = 1, 359P (kW )

Conjuntos elevatórios
Veja nas imagens a seguir onde as bombas podem estar nas estações
elevatórias:

Localização da bomba em relação ao nível de água.

Localização da bomba em relação ao nível de água.

Para a escolha dos conjuntos elevatórios, é preciso considerar:

Capacidade ou vazão de bombeamento


Volume de líquido bombeado por unidade de tempo, m 3 /h, m 3 /s ou
l/s.

Altura geométrica de sucção ou altura estática de sucção (Hg,s)


Desnível geométrico entre o nível de água no poço de sucção e a linha
de centro da bomba. Podendo ser a sucção:

Negativa
Caso o nível do líquido do poço esteja abaixo da linha de centro da
bomba.

Positiva
Caso o nível do líquido do poço esteja acima da linha de centro da
bomba.

Altura de recalque ou altura estática de recalque (Hg,r)


Desnível geométrico entre a linha de centro da bomba e o nível do
líquido onde chega a tubulação de recalque.

Altura geométrica total (Hg)


Desnível geométrico entre o nível do líquido onde chega a tubulação de
recalque e o nível do líquido no poço de sucção.

Carga de velocidade ou carga cinética no recalque


A energia cinética no líquido bombeado (V 2
/2g), onde V é a
velocidade e g é a aceleração da gravidade.

Altura manométrica total (H):


Carga a ser vencida pela bomba dada pela equação:

2
H = H g + ∑ ΔH s + ∑ ΔH r + V /2g

Onde ΔH s e ΔH n são perdas de cargas distribuídas e localizadas na


tubulação de recalque (sucção).

Consideramos a energia cinética perdida à saída da tubulação de


recalque. Na prática, é considerada como perda de carga localizada.
Apresentamos um esquema hidráulico de recalque com bomba
horizontal não afogada.
Esquema hidráulico de um sistema de recalque com bomba horizontal não afogada.

Potência fornecida pela bomba


É necessária para elevar a vazão do líquido para vencer a altura
manométrica total, e é dada por:

P l = γQH

Onde P l é a potência líquida fornecida pela bomba (kW ou N m/s); γ é


o peso específico da água (N /m 3 ); Q é a vazão (m 3 /s) e H é a altura
manométrica total (m).

Eficiência ou rendimento da bomba


É a relação entre potência fornecida pela bomba e a potência
consumida pela bomba.

Curvas características das bombas centrífugas


São obtidas por meio de ensaios, e são formadas pelas curvas de vazão
contra a altura manométrica total, a potência consumida, o rendimento
da bomba e o NPSH (net positive suction head – carga de sucção
positiva). Observe na imagem a seguir as curvas características
esquemáticas de uma bomba centrífuga:
Curvas características esquemáticas de uma bomba centrífuga.

E no gráfico a seguir, as curvas características de uma bomba centrífuga


fornecida pelo fabricante:

Curvas características de uma bomba centrífuga fornecida pelo fabricante.


Na imagem, temos a curva característica do sistema elevatório onde
podemos observar a interseção da curva da bomba com a curva do
sistema. Esse ponto representa o ponto de funcionamento da bomba. É
para esse ponto que são definidas a vazão e a altura manométrica de
operação do sistema elevatório.

Curva característica do sistema elevatório.

Projetos de estações elevatórias


A localização das estações elevatórias de água pode ser:

Próxima ao manancial.

No meio do manancial.

Junto ou próximas às estações de tratamento de água.

Junto ou próxima aos reservatórios de distribuição de água.

Para reforço na adução ou na rede de distribuição de água.

E, para o local de construção de uma estação elevatória, deve-se levar


em consideração:

As dimensões do terreno.

Baixo custo e facilidade de desapropriação.

Disponibilidade de energia elétrica.

Topografia da área.
Subsolo com capacidade de suporte.

Facilidade de acesso.

Estabilidade contra erosão.

Menor desnível geométrico.

Trajeto mais curto da tubulação de recalque.

Mínimo remanejamento de interferências.

Menor movimento de terra.

Segurança contra assoreamento.

Harmonização da obra com o ambiente circunvizinho.

Apresentamos diversas alternativas de bombeamento para a rede de


abastecimento de água com estação elevatória (EE) nas imagens a
seguir:

Alternativas de bombeamento para a rede de abastecimento de água.

Tipos de estações elevatórias


Temos três tipos de EE:

looks_one Elevatória de água bruta


Recalca a água sem tratamento.
looks_two Elevatória de água tratada
Recalca a água após o tratamento.

looks_3 “Booster” ou estação


pressurizada
Reforça a adução ou a rede de distribuição.

Elas ainda podem ser classificadas como estações elevatórias de poço


seco ou úmido, de acordo com a localização da bomba. Se a bomba
estiver fora da água, é denominada de poço seco, caso contrário, de
poço úmido.

Atenção!
As estações elevatórias de reforço não possuem poço de sucção, já que
são instaladas diretamente na adutora ou na rede principal de
abastecimento de água.

Reservação
No vídeo a seguir, apresentaremos a classificação dos reservatórios de
distribuição e o conceito de centros de reservação. Confira!

Os reservatórios de distribuição de água, além de atenderem às diversas


finalidades, são os elementos visíveis e de maior destaque no sistema
de distribuição de água. Suas finalidades são:
waves Regularizar a vazão
Acumula água durante o período em que a
demanda é inferior à média de vazão e fornece
vazão complementar quando a vazão de demanda
é maior do que a média.

waves Garantir segurança ao


abastecimento
Fornece água em casos de interrupção na adução,
como consequência da ruptura da adutora,
paralisação da captação, falta de energia elétrica
etc.

waves Reservar água para incêndio


Supre vazões extras para situações de combate de
incêndio.

waves Regularizar pressões


Reduz as variações de pressão.

Os reservatórios ainda garantem o bombeamento de água fora do


horário de pico elétrico, o que reduz o custo com energia elétrica e
aumenta o rendimento dos conjuntos elevatórios e, assim, os conjuntos
motor-bomba podem operar próximos ao ponto de rendimento máximo.

Comentário
Pode haver alguns inconvenientes para instalação de reservatórios de
distribuição de água, como o custo elevado de implantação, localização
e impacto ambiental.
Classificação dos reservatórios de distribuição
Os reservatórios podem ser classificados quanto à localização no
sistema, à localização no terreno, à sua forma e aos materiais de
construção. De acordo com a posição em relação à rede de distribuição,
temos:

Reservatório de montante
Fica à montante da rede de distribuição e sempre fornece água à rede.
Devido aos limites de pressão na distribuição, pode ser necessário mais
de um reservatório e ser realizada uma distribuição escalonada.
Também pode ser realizado um reservatório complementar ao
reservatório principal, geralmente, essa solução se dá quando há a
necessidade de aumentar a reservação devido ao aumento do consumo
de água. Observe com atenção as imagens.

Reservatório semi-enterrado de montante.

Reservatório elevado de montante.


Reservatório de montante com distribuição escalonada.

Reservatórios principal e complementar localizados à montante da rede de


distribuição.

Reservatório de jusante
São chamados de reservatórios de sobras, pois recebem a água durante
as horas de menor consumo e auxiliam na distribuição nas horas de
maior consumo. Nesses reservatórios, a entrada e a saída de água
ocorrem na mesma tubulação, eles também garantem uma menor
oscilação de pressão à jusante da rede. Veja os exemplos.

Reservatório de montante e de jusante.


Reservatório elevado de jusante.

Reservatório apoiado de jusante.

Reservatório de posição intermediária


São reservatórios intercalados no sistema de adução com a finalidade
de servir de volante de regularização das transições entre bombeamento
e/ou adução por gravidade. Observe os exemplos.

Adução mista com reservatórios intermediários.


Reservatório intermediário para abastecimento de rede.

Centros de reservação
Os centros de reservação são os locais que reúnem as obras dos
reservatórios e as instalações necessárias para o funcionamento do
sistema. Nas imagens a seguir, temos alguns exemplos de centros de
reservação.

Centro de reservação com um reservatório retangular dividido em duas câmaras.

Centro de reservação com dois reservatórios circulares.

Centro de reservação com reservatório retangular, estação elevatória e reservatório


elevado.
Os reservatórios podem ser construídos em concreto armado (comum
ou protendido), aço, poliéster armado com fibra de vidro e com outros
materiais como: madeira, borracha e alvenaria.

Para a escolha do material de construção de um


reservatório, deve-se levar em consideração os
estudos técnicos e econômicos.

Para determinar a capacidade dos reservatórios, é preciso considerar o


volume de água para:

Atender às variações de consumo de água.

Combater incêndios.

Emergências.

Sendo que o volume de reservação poderá ser determinado por meio de


métodos gráficos ou por meio da equação:

t2

¯
V = ∫ Qdt − Q (t 2 − t 1 )
t1

Onde:

V é o volume de reservação

Q é a vazão consumida

¯
Q é vazão média do dia

t2 é o instante em que o consumo é menor que a vazão fornecida

t1 é o instante em que o consumo é maior que a vazão fornecida

Outra forma de determinar o volume de reservação é utilizando o


diagrama de massa (gráfico dos volumes acumulados). A reta de
adução acumulada é uma vazão constante e a curva representa o
consumo acumulado de um setor durante 24 horas do dia de menor
consumo. A reta e a curva apresentam as mesmas extremidades, ou
seja, o volume de água aduzido é o mesmo que o consumido durante o
dia de maior consumo. Ao traçar tangentes à curva de forma paralela à
reta de adução, nos pontos de máximo e mínimo e determinando a
distância entre as duas tangentes por meio de uma reta paralela ao eixo
das ordenadas, é determinada a capacidade mínima do reservatório de
distribuição. Veja no gráfico a seguir.
Distribuição
No vídeo a seguir, apresentaremos os tipos de redes de distribuição e as
recomendações para o traçado da rede. Confira!

A rede de distribuição tem por objetivo colocar água potável à


disposição do consumidor de forma contínua, em quantidade, qualidade
e pressão adequada. É formada por tubulações e órgãos acessórios. É,
em sua maioria, constituída por dois tipos de canalização:

Principal, conduto tronco ou


canalização mestra
Tubulações de maior diâmetro com objetivo de abastecer as
canalizações secundárias.

Secundária
Tubulações de menor diâmetro com função de abastecer os pontos de
consumo do sistema de abastecimento de água.

A redes podem ser classificadas em ramificadas, malhadas ou mistas, a


depender da disposição das canalizações principais e o sentido de
escoamento nas tubulações secundárias.

Tipos de redes de distribuição


Rede ramificada
Neste tipo de rede, a distribuição se dá a partir de uma tubulação tronco
que é alimentada por um reservatório ou por uma estação elevatória, e é
realizada diretamente para os condutos secundários.

Comentário
O sentido da vazão na rede de distribuição ramificada é conhecido em
qualquer que seja o trecho. A interrupção do escoamento em algum
ponto compromete o abastecimento em todas as tubulações à jusante
e, por esse motivo, só é recomendada para situações em que a
topografia e os pontos a serem abastecidos não favorecem o traçado da
rede malhada.

Veja a seguir um esquema de rede de distribuição ramificada em que o


sentido de escoamento é da tubulação principal para as tubulações
secundárias. Os nós são determinados por pontos de derivação da
vazão e/ou mudança de diâmetro da tubulação.

Esquema de uma rede ramificada.

As redes ramificadas são classificadas em redes em espinha de peixe e


redes em grelha, a depender da disposição das tubulações principais.
Nas redes em espinha de peixe, o conduto principal deriva os outros
condutos principais em forma de ramificação. É muito utilizado no
abastecimento de áreas com desenvolvimento linear. Veja a seguir:
Rede ramificada com traçado em espinha de peixe.

Já nas redes em grelha, temos os condutos principais sensivelmente


paralelos e ligam-se em uma extremidade a outro conduto principal que
os alimenta. Veja na imagem:

Rede ramificada com traçado em grelha.

Rede malhada
A rede malhada pode ser constituída por tubulações principais que
formam anéis ou blocos de forma que pode abastecer qualquer ponto
do sistema por mais de um caminho. Por isso, permite uma maior
flexibilidade em satisfazer a demanda e manutenção da rede com uma
menor interrupção no abastecimento de água.

A rede malhada em anéis é a mais utilizada na maioria


das cidades, pois apresenta um bom funcionamento se
dimensionada de forma correta.

Comparada com a rede em blocos, a em anéis possui um número maior


de registros a serem manobrados e isso aumenta o trabalho na medição
das vazões. As redes malhadas em bloco possuem maior facilidade de
implantação para o controle de perdas, pois temos uma facilidade na
medição das vazões garantida pela alimentação em apenas dois pontos
da rede.

Esquema de abastecimento de uma rede malhada com quatro anéis ou malhas.

Recomendações para o traçado da rede


Vale lembrar que as recomendações são realizadas com a finalidade de
orientar o traçado das redes principais, pois apenas essas são passíveis
de alternativas para a concepção, já que as redes secundárias têm
como função cobrir todo o arruamento existente na área a ser
abastecida.

As recomendações são:

label_important As tubulações principais, preferencialmente, devem


formar circuitos fechados sempre que o traçado
urbano permitir. Elas devem ser direcionadas para
as regiões de maior demanda (localização de
vazões concentradas, vazões singulares de
consumidores especiais e abastecimento para
combate a incêndio).

label_important A localização das tubulações deve ser em vias ou


áreas públicas.

label_important A preferência deve ser dada para: as vias não


pavimentadas com trânsito menos intenso, onde
não exista interferência na via pública e onde o solo

di õ lh ã d
apresente condições melhores para a execução da
obra e para a garantia contra recalques e
movimentação das tubulações.

Embora a rede secundária deva ser posicionada indistintamente em


todas as ruas da zona abastecida, pode-se fazer algumas
recomendações:

label_important Quando possível, ser posicionada sobre passeios,


podendo ser necessária uma tubulação para cada
passeio (rede dupla).

label_important Deve-se procurar limitar o comprimento da


tubulação em 600 m e alimentá-la pelas duas
extremidades.

label_important Evitar as extremidades mortas.

label_important Prever tubulação secundária para receber as


ligações prediais em ruas com tubulação principal
com diâmetro maior que 300 mm.

Observe o esquema:
Esquema de uma rede malhada em blocos.

Ainda podemos ter uma rede mista com a associação de redes


ramificadas com redes malhadas como ilustra o esquema a seguir.

Esquema de uma rede mista.

Falta pouco para atingir seus objetivos.


Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1
As obras das estações elevatórias são peças-chaves no sistema de
abastecimento de água. Sobre essas obras, analise as afirmativas a
seguir.

I. Podem ser essenciais para as obras de captação, para a


adução e tratamento e na distribuição da água potável.

II. Os principais equipamentos das estações elevatórias são: as


bombas e motores; as tubulações; e a construção do poço de
sucção e casa de bomba.

III. São necessárias quando se deseja lançar a água de um nível


mais alto para um mais baixo.

IV. São utilizadas para reforço na adução ou na rede de


distribuição de água.

Estão corretas

A apenas as afirmativas I e II.

B apenas as afirmativas III e IV.

C apenas as afirmativas I, II e IV.

D apenas as afirmativas II, III e IV.

E as afirmativas I, II, III e IV.

Parabéns! A alternativa C está correta.


As obras de estações elevatórias podem ser essenciais na
captação, na adução, no tratamento e na distribuição de água. Os
principais componentes estão divididos em: equipamentos
eletromecânico (bomba e motor), tubulações (sucção, barrilete e
recalque) e construção civil (poço de sucção e casa de bomba).
Uma das localizações das estações elevatórias de água é para
reforço na adução ou na rede de distribuição de água.

Questão 2
Os reservatórios de distribuição de água são elementos visíveis e
de grande destaque no sistema de distribuição de água. Marque a
opção que apresenta apenas finalidades dos reservatórios.

Regularizar pressões, distribuir a água, segurança


A
para o abastecimento.

Segurança para o abastecimento, levar a água de


B
um ponto a outro, reservar água para incêndios.

Reservar água para incêndio, elevar a água para


C
níveis mais altos, segurança para o abastecimento.

Regularizar a vazão, reservar água para incêndio e


D
segurança para o abastecimento.

Regularizar a pressão, captar a água dos


E
mananciais, distribuir a água.

Parabéns! A alternativa D está correta.


São finalidades dos reservatórios de distribuição: regularizar a
vazão, segurança ao abastecimento, reserva de água para incêndio
e regularizar pressões. Distribuir a água é finalidade das redes de
distribuição. Levar a água de um ponto para outro é função das
adutoras. Elevar a água para níveis mais altos é função das
estações elevatórias e captar a água dos mananciais é função das
obras de captação.
3 - Obras de redes coletoras de esgoto urbano
Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer os sistemas de
esgotamento sanitário e os tipos de redes.

Os sistemas de
esgotamento sanitário e os
tipos de redes
No vídeo a seguir, apresentaremos as definições básicas de sistemas de
esgotamentos sanitários, redes coletoras, interceptor e emissário,
órgãos acessórios, tipos de sistemas e traçado da rede de esgotos
sanitários. Confira!

Definições básicas e orgãos


acessórios
No vídeo a seguir, apresentaremos conceitos de rede coletora,
interceptor e emissário e órgãos acessórios. Confira!

O sistema de coleta de esgoto é formado por várias estruturas e


serviços com o objetivo de coleta, transporte e destinação final
adequada do esgoto gerado nas residências, comércios, indústrias etc.

O sistema de coleta e transporte de esgoto sanitário é


projetado, em sua maioria, para ser realizado por
gravidade, adaptando-se à topografia local e escoando
naturalmente.

Porém, durante o transporte, pode ser necessária a construção de


estações elevatórias e/ou trechos que precisem de pressão para vencer
obstáculos topográficos.

Esse sistema é composto por tubulações e por órgãos acessórios


(unidades) que fazem a interligação e garantem o funcionamento como
um todo. A seguir, são apresentadas algumas definições essenciais para
a compreensão do assunto.

Rede coletora
É constituída por ligações prediais, coletores de esgoto, coletores-tronco
e seus órgãos acessórios. Sendo assim, a ligação predial interliga o
sistema de esgoto do imóvel (qualquer que seja a propriedade
particular) ao sistema de coleta pública e é de responsabilidade do
usuário. O que separa o coletor predial da parte pública é a caixa de
inspeção que deve ser instalada no limite do terreno. Observe na
ilustração, de forma esquemática, a ligação predial ao coletor público.
Corte esquemático de uma ligação domiciliar ao coletor público de esgoto sanitário.

O coletor público recebe efluentes de coletores prediais. Sendo os de


maiores extensões chamados de coletores principais e o coletor tronco
é a tubulação de maior diâmetro que recebe contribuições de coletores
de esgoto, passando o efluente para um interceptor ou emissário. Como
o esgoto escoa nos coletores por gravidade, o traçado dos coletores é
feito por bacia de contribuição.

Comentário
O material mais utilizado em redes coletoras é o PVC, devido à sua
praticidade na instalação, manuseio e a redução de manutenção.

Interceptor e emissário
Ilustramos esquematicamente os coletores e o interceptor, onde é
possível verificar que os coletores-tronco despejam o efluente em uma
tubulação maior chamada de interceptor, já o interceptor recebe o
coletor tronco e segue para o destino final. Vale ressaltar que o
interceptor não recebe contribuição de ligações domiciliares, mas sim
do coletor tronco. Veja na imagem a seguir:

Esquema mostrando coletor de esgoto, coletor tronco e interceptor.

Os materiais utilizados para as tubulações de coletores e interceptores


são:

Fibra de vidro

PEAD (polietileno de alta densidade)

Concreto de alta resistência

Já para as linhas de recalque (emissários), há uma predominância da


utilização de ferro fundido dúctil.

Apresentamos a seguir um dos maiores emissários já instalados no


Paraná para transportar esgoto doméstico. A obra tem 13,3 km de
extensão com trechos aéreos e subterrâneos (em túnel) e diâmetros
variando entre 400 a 700 mm. O emissário de esgoto é o último trecho
de um interceptor, ou seja, é a tubulação/conduto final do sistema que
leva o efluente para o tratamento recebendo a contribuição apenas à
montante, não recebendo nenhuma contribuição ao longo de sua
extensão.

Emissário de esgoto em Cascavel, PR.

Emissário de esgoto em Cascavel, PR.

Órgãos acessórios
Segundo a ABNT NBR-9649:1986, são órgãos acessórios das redes
coletoras de esgoto sanitário:
Poço de visita (PV)
O orgão permite a visita para limpeza e manutenção. Pode ser
construído tanto na singularidade quanto na reunião de coletores,
podendo, em alguns casos, ser substituído por TIL (tubo de inspeção e
limpeza) ou TL (terminal de limpeza).

É obrigatório nos seguintes casos:

União de 3 ou mais coletores.

Interligação de um coletor em outro provoca um desnível de mais


de 50 cm.

Extremidades de sifões invertidos ou passagens forçadas.

União de coletores em profundidades maiores que 3 m.

Seção transversal esquemática de um PV.

Ilustramos a seguir um poço de visita com os materiais e elementos


estruturais que o compõem.
Poço de visita.

Tubo de inspeção e limpeza (TIL)


O TIL não permite visita, sendo apenas para a inspeção e a introdução
de equipamentos para limpeza da rede. Diferentemente do PV, o TIL não
apresenta o balão.

Seção transversal esquemática de um TIL.

Terminal de limpeza (TL)


O TL é o mais simples entre os acessórios permitindo apenas a
introdução de equipamentos para a limpeza. É instalado na cabeceira
dos coletores, pois são pontos menos susceptíveis a danos.
Seção transversal esquemática de um TL.

Caixa de passagem (CP)


Este órgão acessório é implementado apenas por necessidade
construtiva em mudança de direção e não possui acesso.

Sifão invertido
Trecho projetado para funcionar sob pressão com a tubulação
totalmente cheia. Utilizado para vencer obstáculos onde não é possível
escavar ou instalar a rede por gravidade. Observe, no exemplo, que foi
necessário um sifão invertido para a travessia da rede por baixo de um
rio.

Seção transversal esquemática de uma travessia por sifão invertido.

Passagem forçada
Ocorre em trechos que escoam sob pressão.

Comentário
Os órgãos acessórios são utilizados ao longo da rede de coleta e
transporte para permitir interligações, transpor obstáculos ou facilitar a
inspeção e limpeza da rede em geral. Segundo o ABNT NBR-9649:1986,
a distância entre PV, TIL ou TL consecutivos deve ser limitada pelo
alcance dos equipamentos de desobstrução.

Tipos de sistema e traçados


de esgotamento sanitário
No vídeo a seguir, serão apresentados os assuntos referentes aos tipos
de sistemas de esgotamento sanitário e o traçado da rede de esgotos
sanitários. Confira!

Tipos de sistemas de esgotamento sanitário


Temos três tipos de sistemas de esgotamento sanitário, sendo eles:

Sistema de esgotamento unitário (sistema combinado)


Há uma única rede para coletar e transportar as águas residuárias
(domésticas e industriais), as águas de infiltração e as águas pluviais,
ou seja, as águas pluviais e o sistema de esgoto escoam na mesma
canalização.

Sistema de esgotamento separado absoluto


Apresenta dois sistemas distintos de canalização, um para o esgoto
sanitário e outro para as águas pluviais. Há um sistema de drenagem
pluvial independente, e é o sistema utilizado no Brasil. Observe na
imagem a seguir.
Sistema de esgotamento absoluto.

Sistema de esgotamento separador parcial (misto)


Assim como o sistema de esgotamento separado absoluto, também
apresenta dois sistemas de canalização, porém uma parcela das águas
pluviais (originadas em áreas pavimentadas internas, terraços e
telhados de edifícios) pode ser despejada nas canalizações de esgoto
sanitário.

Traçado da rede de esgotos sanitários


Para o desenvolvimento do traçado da rede de esgoto e do projeto da
rede coletora, é necessário o levantamento planialtimétrico da região em
escala mínima de 1:2.000 com suas respectivas curvas de nível a cada 1
m. Já as áreas das bacias de esgotamento sanitário precisam ser
levantadas em planta com escala mínima de 1:10.000.

Segundo Sobrinho e Tsutiya (2011), o traçado da rede de esgoto é


relacionado diretamente com a topografia do local. Os tipos de traçado
de rede são:

share Perpendicular
Indicado para cidades cortadas ou rodeadas por
cursos de água como rios. Essa rede é formada por
vários coletores tronco independentes e o traçado é
aproximadamente perpendicular ao curso de água.
Os coletores são ligados a um interceptor marginal
que leva os efluentes para o destino adequado.

share Leque
I di d id d O
Indicado para os terrenos acidentados. Os
coletores tronco são localizados nos fundos dos
vales ou na parte mais baixa das bacias. Nos
coletores tronco, incidem os coletores secundários
e o traçado fica em forma de leque ou semelhante a
uma espinha de peixe.

share Radial ou distrital


Indicado para cidades planas. A cidade é dividida
em setores independentes onde são criados pontos
baixos que recebem os esgotos. Dos pontos mais
baixos, o esgoto é então recalcado.

Observe na ilustração, de forma esquemática, os tipos de traçados das


redes de esgoto.

Traçados da rede de esgotos.


Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

As obras de redes coletoras de esgoto urbano compreendem desde


a ligação domiciliar (no caso de residências) até o despejo final do
efluente. Marque a opção que apresenta apenas obras que
compõem o sistema de coleta e transporte de esgoto urbano.

Tubulações, estações elevatórias e órgãos


A
acessórios.

B Tubulações, captação e órgão acessórios.

C Rede de distribuição, estação elevatória e adutoras.

D Reservação, estação elevatória e tubulações

E Captação, adutoras e reservação.

Parabéns! A alternativa A está correta.


São componentes de obras de redes coletoras de esgoto urbano:
tubulações, estações elevatórias e órgão acessórios. São obras de
redes de abastecimento de água: adutoras, reservação, captação e
rede de distribuição.

Questão 2

Os sistemas de esgotamento sanitário são as tubulações utilizadas


para o seu transporte e podem ser classificados em: sistemas de
esgotamento unitário, sistema de esgotamento separado absoluto
e sistemas de esgotamento misto. Marque a opção correta a
respeito desses sistemas.

Nos sistemas de esgotamento unitário, só podem


A ser transportadas águas residuárias domésticas e
industriais.

No sistema de esgotamento unitário, só podem ser


B
transportadas as águas pluviais.

O sistema de esgotamento misto é o mais utilizado


C nas cidades brasileiras e transporta águas
residuárias e águas pluviais.

O sistema de esgotamento separado absoluto


D apresenta dois sistemas, um para águas pluviais e
outro para o esgoto sanitário.

No sistema de esgotamento separado absoluto,


E admitem-se águas pluviais originadas em áreas
pavimentadas internas junto ao esgoto sanitário.

Parabéns! A alternativa D está correta.


No sistema de esgotamento unitário, há uma única rede para
coletar e transportar as águas residuárias e as águas pluviais. O
sistema de esgotamento separado absoluto apresenta dois
sistemas distintos de canalização, um para o esgoto sanitário e
outro para as águas pluviais, sendo o sistema utilizado no Brasil. Já
o sistema de esgotamento separador parcial (misto) apresenta dois
sistemas de canalização, porém uma parcela das águas pluviais
pode ser despejada nas canalizações de esgoto sanitário.
4 - Obras de ETEs e de disposição de efluentes
Ao final deste módulo, você será capaz de identificar as obras de
estações de tratamento de esgoto e de disposição dos efluentes.

Tratamento de esgoto e
disposição de efluentes
No vídeo a seguir, falaremos sobre tratamento de esgoto, ETEs,
processos de tratamento, tratamento preliminar, primário, secundário e
terciário e disposição de efluentes. Confira!

Tratamento de esgoto
No vídeo a seguir, apresentaremos assuntos referentes às obras de
estações de tratamento de esgoto (ETEs). Confira!
Por definição, o esgoto é a água que transporta os sólidos despejados
de residências e indústrias. E esses sólidos são os responsáveis pela
deterioração da qualidade da água quando são despejados sem o
tratamento de água.

As obras de ETEs (estações de tratamento de esgoto)


têm por finalidade fazer o tratamento do esgoto para
que então ele seja lançado.

Se não for realizado o tratamento antes do seu lançamento, o esgoto


consome o oxigênio dissolvido na água devido aos processos de
degradação da matéria orgânica. Por esse motivo, as impurezas
contidas no esgoto devem ser removidas nos processos de tratamento
antes do efluente ser lançado na natureza, em córregos ou rios.

As ETEs
O objetivo das estações de tratamento de esgoto (ETEs) é mitigar os
efeitos do lançamento in natura do esgoto, ocorrendo em condições
controladas para garantir a qualidade da remoção da poluição. São
agentes do tratamento de esgoto as bactérias aeróbicas ou anaeróbicas
que se reproduzem devido à condição do meio e degradam a matéria
orgânica presente no esgoto.

A estação de tratamento de esgoto de Bangu, Rio de Janeiro.

O dimensionamento do sistema de tratamento deve levar em


consideração as características do afluente (esgoto que chega à ETE) e
do efluente (corpo receptor que receberá o esgoto após tratamento).
Comentário
De acordo com Conterato et al., no Brasil, a Resolução nº 430, de 13 de
maio de 2011, do Conselho Nacional do Meio Ambiente, dispõe sobre
condições, parâmetros, padrões e diretrizes para a gestão do
lançamento de efluentes em corpos de água receptores.

As condições para o lançamento direto de efluentes do sistema de


tratamento de esgoto sanitário são:

Ph entre 5 e 9.

Temperatura inferior a 40ºC , e que a variação de temperatura não


exceda na zona de mistura.

Presença de no máximo 1 ml/litro de materiais sedimentáveis,


porém, para o lançamento em lagos e lagoas esses materiais
devem ser virtualmente ausentes.

Máximo de 120 mg/litro de DBO (demanda bioquímica de oxigênio),


só podendo ultrapassar esse valor no caso de efluente de sistema
de tratamento com eficiência mínima de 60% na remoção de DBO
ou mediante estudo de autodepuração do corpo hídrico que
comprove o enquadramento às metas do corpo receptor.

Presença de óleos e graxas no limite máximo de 100 mg/litro.

Ausência de materiais flutuantes.

São vários os níveis de tratamento de uma ETE, e de acordo com esse


nível, é realizada uma classificação de acordo com o grau de eficiência
de forma a adequar o efluente com o corpo receptor. São classificados
em:

sort Tratamento preliminar

sort Tratamento primário


sort Tratamento secundário

sort Tratamento terciário

Processos de tratamento
de esgoto
No vídeo a seguir, abordaremos assuntos referentes aos processos de
tratamento de esgoto: tratamentos preliminar, primário, secundário e
terciário. Confira!

A ABNT NBR-12209:2011 apresenta as condições recomendadas para a


elaboração de projeto hidráulico e de processo de estações de
tratamento de esgoto sanitário (ETE) levando em consideração as
regulamentações específicas das entidades responsáveis pelo
planejamento e desenvolvimento do sistema de esgoto sanitário. Essa
norma é aplicada para os seguintes processos:

label_important Separação de sólidos por meios


físicos.
label_important Processos físico-químicos.

label_important Processos biológicos.

label_important Tratamento de lodo (suspensão


aquosa de componentes
minerais e orgânicos separados
no sistema de tratamento).

label_important Desinfecção de efluentes


tratados.

label_important Tratamento de odores.

Serão apresentados os principais processos dentro de cada nível de


classificação.

Tratamento preliminar
Nesta etapa, são retirados os sólidos grosseiros, como o lixo jogado na
tubulação de esgoto, de forma indevida; folhas secas; restos de vegetais
e o que ficar retido no sistema de gradeamento e sedimentado em caixa
de areia.

Comentário
A matéria orgânica não é retirada no tratamento preliminar e o objetivo
desse processo é melhorar a eficiência dos seguintes evitando danificar
equipamentos, entupir tubulações e desgastar a estrutura.

Observe o processo preliminar de tratamento de esgoto de forma


esquemática.

Processo preliminar de tratamento do esgoto.

Tratamento primário
Neste tratamento, o objetivo é clarificar o esgoto ao remover os sólidos
que podem sedimentar devido à ação da gravidade formando o lodo
primário bruto. A decomposição de parte desse lodo é realizada de
forma anaeróbica no fundo do decantador e nesta etapa também são
removidos óleos e graxas (sólidos flutuantes). O esquema ilustra o
processo realizado nesta etapa.

Processo primário de tratamento do esgoto.

Tratamento secundário
Nesta etapa, a matéria orgânica em suspensão, os sólidos não
sedimentáveis, os nutrientes e patógenos são removidos por processos
biológicos que utilizam reações bioquímicas através de microrganismos
(bactérias aeróbias, aeróbias facultativas, protozoários e fungos) que
são fundamentais para este processo.

São vários os processos que podem ser utilizados no tratamento


secundário. Os mais comuns são:

Lodos ativados
O lodo recircula na planta logo após ser separado do esgoto por
sedimentação, sendo que o excesso de lodo é descartado (após
tratamento adequado) e a maior parte retorna ao sistema com o esgoto
bruto. O esgoto tratado é coletado e passa para a próxima etapa. Veja o
esquema ilustrado.

Esquema de tratamento de esgotos por lodo ativado convencional.

Filtros biológicos
Ocorre uma oxidação bioquímica através do contato do afluente com a
massa biológica contida nos filtros biológicos.
Representação esquemática de filtro biológico.

Reatores anaeróbios
São estruturas dimensionadas para que a realização do tratamento de
esgoto ocorra por meio de microrganismos presentes em um manto de
lodo formado no interior dos reatores anaeróbios. São formados pelas
seguintes partes:

arrow_forward Câmara de digestão


Onde se processa a digestão anaeróbia.

arrow_forward Separador de fases


É um defletor de gases que separa as fases líquidas
e gasosas da fase sólida.
arrow_forward Zona de transição
Entre a zona de digestão e a zona de sedimentação
superior.

arrow_forward Zona de sedimentação


O esgoto verte para as aberturas superiores, os
sólidos ainda presentes sedimentam e voltam para
as zonas de transição e digestão.

arrow_forward Zona de acumulação de gás


Onde o gás se acumula para ser coletado.

A ilustração a seguir é de um reator anaeróbio de fluxo ascendente.

Representação esquemática de um reator.


Lagoas de estabilização
Ocorre a estabilização da matéria orgânica por meio da oxidação
bacteriológica e/ou redução fotossintética das águas. É um sistema
onde o esgoto entra em uma extremidade e é coletado na extremidade
oposta, demorando vários dias e o tempo de detenção varia com a
classificação da lagoa. São classificadas em:

waves Lagoas anaeróbias


Ocorre o processo de fermentação anaeróbia.

waves Lagoas facultativas


Ocorrem simultaneamente os processos de
fermentação anaeróbia, oxidação aeróbia e redução
fotossintética.

waves Lagoas de maturação


Ocorre a remoção de organismos patogênicos
(bactérias, vírus, protozoários e ovos de helmintos).
São utilizadas no tratamento terciário.

Veja um resumo das características das principais lagoas.

Lagoas facultativas Lagoas anaeró

Tempo de detenção
15 a 45 3a6
(dias)

Profundidade 1,5 a 2 3a5


Lagoas facultativas Lagoas anaeró

Relação
2a4 1a3
comprimento/largura

Relação
2a4 1a3
comprimento/largura

* depende do formato da lagoa e da eficiência requerida;

** em lagoas de maturação chicaneadas em célula única > 10 em séri


1 a 3.

Tabela: Resumo das características das principais lagoas utilizadas.


VAN SPERLING, 2005 apud CONTERATO, 2018, p. 182.

Agora observe a ilustração que mostra de forma esquemática o


funcionamento de uma lagoa facultativa e de um conjunto de lagoa
anaeróbia e lagoa facultativa.

Esquema mostrando o funcionamento de (a) lagoa facultativa e (b) lagoa anaeróbia seguida de
facultativa (sistema australiano).

Tratamento terciário
É utilizado quando se deseja obter um tratamento com qualidade
superior para os esgotos. São removidos poluentes específicos
(micronutrientes e patógenos) e outros que não são retidos no
tratamento primário e secundário. Nesta etapa, são removidos os
compostos como nitrogênio e fósforo, além da remoção completa da
matéria orgânica.
Para o tratamento terciário, são utilizados: as lagoas de maturação e
processos de desinfecção (cloração, raios ultravioletas ou ozonização).

Disposição de efluentes
No vídeo a seguir, abordaremos assuntos referentes à fossa séptica, por
ser o tratamento de esgoto sanitário mais usual empregado em
residências. Confira!

Agora trataremos da fossa séptica, que é, entre os tipos de tratamento


de esgoto sanitário, o mais usual e comumente empregado em
residências. O sistema de fossa séptica é seguido por outro
componente, podendo ser um filtro anaeróbio, um sumidouro, uma vala
de filtração ou uma vala de infiltração. Sendo o mais usado o sistema
fossa + filtro + sumidouro. Observe atentamente a ilustração.

Processos de tratamento e disposição de efluentes de fossa séptica.

Veja a seguir a legenda da numeração da imagem:

a. na filtração, o esgoto é disperso em uma canaleta, coletado abaixo


da camada de material por um tubo, levado até a caixa coletora de
onde é levado para a destinação final (um rio, por exemplo).
b. na vala de infiltração, o esgoto é disperso em valas com material
que facilita a infiltração pelo solo, nesse caso, deve-se ficar atento
com a posição do lençol freático.

c. tem-se o exemplo de um sumidouro, que é escavado no solo e


revestido e preenchido para permitir a infiltração do efluente no solo
tanto pelas laterais quanto pelo fundo.

d. tem-se um filtro anaeróbico. O sistema fossa e filtro apresenta uma


boa eficiência na remoção de DBO. Sendo o filtro uma câmara com
material filtrante onde o fluxo passa no sentido ascendente. Depois
do filtro, o efluente vai para a destinação final.

A fossa séptica é uma unidade de tratamento de esgoto que recebe o


esgoto do sistema predial e o direciona para o elemento seguinte, após
a separação da parte sólida. Veja a seguir o processo da matéria
transportada pelo esgoto em tratamento:

filter_alt Parte sólida


Os sólidos são depositados no fundo, formam o
lodo.

filter_alt Lodo
É digerido por bactérias em condições anaeróbicas
(sem presença de oxigênio).

filter_alt Parte líquida


Segue para o próximo processo.

Veja um exemplo de fossa industrializada e um corte de uma fossa


moldada in loco de concreto.
Tipos de fossa séptica (imagem de fossa industrializada e corte de fossa moldada in loco).

No filtro anaeróbio, o esgoto circula no sentido ascendente passando


através de camadas filtrantes que podem ser de diferentes materiais. Ao
redor da camada filtrante, desenvolvem-se bactérias que decompõem
poluentes não degradados na fossa séptica.

O sumidouro, também chamado de poço absorvente, escoa o efluente


recebido do tanque séptico para o solo por meio de infiltração. A vala de
infiltração é a vala onde o efluente é disperso superficialmente e
coletado pelo fundo de um dreno, como se fosse um processo de
filtração. Já as valas de infiltração recebem o efluente e permitem a
infiltração pelo solo, da mesma forma que ocorre no sumidouro.

Atenção!
Deve-se tomar cuidado ao projetar as valas de infiltração e os
sumidouros para evitar a contaminação do lençol freático!

Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

As estações de tratamento de esgoto têm como objetivo reduzir os


efeitos do lançamento do esgoto in natura no meio ambiente. Para
o lançamento do esgoto, é preciso que ele apresente algumas
propriedades exigidas pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente. A
seguir, são listadas algumas dessas exigências.

a. I. O pH precisa estar entre 3 e 8.

b. II. A variação de temperatura não pode exceder a 3ºC na zona


de mistura.

c. III. A presença de graxas é limitada a 150 mg/litro.


d. IV. Não deve haver materiais flutuantes.

Estão corretas

A apenas as afirmativas I e III.

B apenas as afirmativas II e IV.

C apenas as afirmativas I, II e IV.

D apenas as afirmativas II, III e IV.

E as afirmativas I, II, III e IV.

Parabéns! A alternativa B está correta.


Segundo o Conselho Nacional de Meio Ambiente, para o
lançamento direto de efluentes, o esgoto tratado precisa, entre
outras coisas, atender às seguintes condições: pH entre 5 e 9,
variação de temperatura não exceda 3 °C na zona de mistura,
presença de óleos e graxas no limite máximo de 100 mg/litro e
ausência de materiais flutuantes.

Questão 2

São diversas as alternativas para a disposição do efluente de fossa


séptica. A alternativa em que o esgoto é disperso em uma canaleta
sendo coletado por um tubo abaixo da camada de material e levado
até a caixa coletora para a destinação final é a(o)

A filtração.

B infiltração.
C sumidouro.

D filtro aeróbio.

E filtro anaeróbio.

Parabéns! A alternativa A está correta.


Na filtração, o esgoto é coletado por uma canaleta abaixo da
camada de material por um tubo, e é levado até a caixa coletora de
onde é levado para a destinação final. Na vala de infiltração, o
esgoto é disperso em valas com material que facilita a infiltração
pelo solo. O sumidouro é escavado no solo, revestido e preenchido
para permitir a infiltração do efluente no solo tanto pelas laterais
quanto pelo fundo. No filtro anaeróbico, é colocada uma tubulação
na parte superior para a destinação final. Não é utilizado filtro
aeróbio.

Considerações finais
Você agora sabe identificar as obras de captação, adução, estações de
tratamento de água, redes de distribuição, reservação e estações
elevatórias que são utilizadas para o abastecimento da população com
água potável. Também será capaz de identificar as obras de redes
coletoras de esgoto urbano, estações de tratamento de esgoto e de
disposição de efluentes dos sistemas de coleta e transporte de esgoto
urbano.

Diversos profissionais trabalham cotidianamente com os conceitos que


aprendemos, seja com projeto, execução de obra ou manutenção dos
sistemas de abastecimento de água e de coleta e transporte de esgoto
urbano.
headset
Podcast
Ouça a seguir sobre o que deve ser levado em consideração para a
escolha do local de captação de água, qual o período de funcionamento
considerado no cálculo das vazões de adução, o que é preciso
considerar na escolha do conjunto elevatório e o que deve-se considerar
para a construção de uma estação elevatória.

Explore +
Acesse o texto completo da Resolução nº 430/2011, disponível no site
do Ministério do Meio Ambiente, e leia mais sobre as condições e
padrões de lançamento de efluentes, em diversas condições.

Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT. NBR-9649 –
Projeto de redes coletoras de esgoto sanitário. Rio de Janeiro: ABNT,
1986.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT. NBR-12209 –


Elaboração de projetos hidráulico-sanitários de estações de tratamento
de esgoto. Rio de Janeiro: ABNT, 2011.

CONTERATO, E. et al. Saneamento. Porto Alegre: SAGAH, 2018.

NUVOLARI, A. et al. Esgoto Sanitário: Coleta, transporte, tratamento e


reuso agrícola. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2011.
SANEPAR constrói em Cascavel um dos maiores emissários do Paraná.
Sanepar, s.d. Consultado na internet em: 12 de fev. 2023.

SANTOS, A. N. et al. Saneamento Ambiental. Porto Alegre: SAGAH,


2021.

SOBRINHO, P. A.; TSUTIYA, M. T. Coleta e transporte de esgoto sanitário.


3. ed. Rio de Janeiro, ABES, 2011.

TSUTIYA, M. T. Abastecimento de água. 3. ed. São Paulo: Departamento


de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo, 2006.

Material para download


Clique no botão abaixo para fazer o download do
conteúdo completo em formato PDF.

Download material

O que você achou do conteúdo?

Relatar problema

Você também pode gostar