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CASO ANA HICKMANN: Violência doméstica e Alienação

Parental

PALAVRAS-CHAVE: Alienação Parental. Violência. Mulher. Divórcio.

Resumo

Em meio a um divórcio conturbado, permeado por acusações de violência


doméstica e alienação parental, um menor se encontra diante da dolorosa
realidade de testemunhar a mãe vítima de hematomas, além da possibilidade
de ser vítima de alienação parental, ter sua guarda disputada por seus
genitores e representado pelo pai, ajuizar ação contra a empregadora da mãe.
Como a legislação civil vem protegendo e cauterizando os impactos do menor
alienado e da mãe vítima de violência psicológica e física? O Estado deve se
envolver no âmbito familiar de um ex-casal que passa de acusações de fraude
empresarial, a violência doméstica e alienação parental? Qual a proteção
legislativa da mulher que enxerga a própria violência impactando o filho?

Introdução
No final do ano de 2023, o divórcio da modelo e apresentadora Ana
Hickmann com o empresário Alexandre Correa atraiu atenção do público por
sua expansão midiática. Um evento que envolveu violência doméstica e
psicológica, acusações de alienação parental, fraudes empresariais e no meio
disso, um menor de idade.
O único filho do casal tem apenas 9 anos e presenciou cada parte do
conturbado divórcio da apresentadora, incluindo as agressões, os ataques, e
por fim, um processo contra a emissora empregadora da apresentadora onde
ele figura como parte autora, representado por seu pai, onde acusa a genitora
há produzir campanha pública de destruição da imagem do pai, prática proibida
pela Lei 12.318/2010 (Lei de Alienação Parental).
Metodologia
A pesquisa utiliza o método dedutivo, a partir da extração de
conhecimentos solidificados no ordenamento jurídico, a fim de construir
pensamento social ao analisar o instituto da alienação parental em paralelo a
violência doméstica no Brasil. Associado ao método dedutivo, foi utilizado
materiais bibliográficos, consulta à legislação como instrumento para ilustrar a
complexa relação da mulher que é mãe e vítima de violência ao tentar
defender-se e defender sua prole do ambiente abusivo sem influenciar seu
pensamento sobre o genitor.

Resultados e Discussão
Pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
apontam que cerca de 80% dos filhos de pais separados sofrem alienação
parental, estatística essa que se agravou durante a pandemia de Covid-19,
quando as ações judiciais tiveram um aumento de 171%, assim como o índice
de divórcios que também alavancou-se, de acordo com estatística
disponibilizada no site oficial do CNJ. Um importante questionamento é como a
lei protege de maneira efetiva o menor, vítima de alienação parental, e
principalmente, a existência de uma incoerência ao se tratar do Art. 2º,
parágrafo único, I, que proíbe aquele que detém corretamente a criança ou
adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância de “realizar campanha
de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou
maternidade”, entretanto, como conciliar esta obrigação legal com a
necessidade de uma figura pública trazer à mídia um caso de violência física,
patrimonial e psicológica? Conforme o Monitor da Violência do Portal G1 e
com o Núcleo de Estudos da Violência da USP (NEV-USP), em média, uma
mulher é assassinada a cada 6 horas no País por ser mulher.

É necessário a implementação de medidas específicas para lidar com


situações onde há conflitos de interesse entre o direito à informação e a
proteção das vítimas, especialmente quando envolve crianças e adolescentes,
entre elas, a promoção de uma cultura de conscientização dos profissionais da
mídia que incentivasse a cautela a reportar casos sensíveis. Ao procurar na
rede de buscas na internet observa-se a quantidade de matérias
sensacionalistas acerca da modelo e de seu divórcio, que foram pensadas para
atrair acessos de usuários curiosos com o acontecimento, porém, não
pensados no menor de idade envolvido e no seu ambiente psicossocial.

A doutrinadora Lenita Pacheco Lemos Duarte, relata de que forma a lei pode
reduzir as práticas de alienação parental facilitando sua responsabilização.

Desde o momento em que tal situação foi nomeada, tornou-se


possível sua conscientização para não guardiões e filhos alienados.
Com a divulgação desta lei na mídia, a tendência é que diminuam a
ocorrência de atos de alienação parental, pois as pessoas que os
praticam vão se responsabilizar pelos seus atos junto às crianças e
adolescentes, podendo sofrer as penalidades previstas na lei
(DUARTE, 2012).

O art. 4º da Lei de Alienação Parental discorre que ao menor indício de que o


menor possa estar sendo alienado independentemente de requerimento das partes, a
ação ocorrerá de maneira prioritária, com oitiva do Ministério Público.

O procedimento é todo pensado na melhor forma de preservar a privacidade e


a defesa do menor.

Conclusão

É fundamental reconhecer que diante de contextos familiares que


envolvem violências, alienação parental e figuras públicas, deve ser repensado
a maneira de proceder a uma divulgação responsável de informações, é neste
ponto que se torna crucial o papel das leis e regulamentações na proteção dos
direitos das vítimas, especialmente dos menores de idade. No caso específico
da alienação parental, a Lei n.º 12.318/2010 no Brasil estabelece medidas para
prevenir e remediar a manipulação de crianças e adolescentes através de seus
genitores, reconhecendo-a como uma forma de violência e visando proteger o
direito fundamental da criança a um ambiente saudável de construção social.
E por outra ótica, a legislação que tem em vista garantir a proteção da
mulher contra a violência de gênero rege a divulgação de informações sobre
seus casos, como a Lei Maria da Penha (Lei n.º 11.340/2006) e a Lei do
Feminicídio (13.104/2015), dão a mulher a garantia legal de que haverá
punição ao seu direito violado.

Além das legislações, é essencial que políticas públicas continuem a se


espalhar, e alcance nichos além do jurídico, programas de capacitação para
profissionais da mídia, o endurecimento de legislações que visem reparar os
danos morais e materiais sofridos por vítimas de notícias sensacionalistas ou
envolvimento da mídia além do permitido, são úteis para garantir que os
direitos das vítimas sejam respeitados e que recebam o apoio e a proteção
necessários para se recuperarem de situações tão delicadas, como
mencionado anteriormente, existem situações em que há conflitos entre as
necessidades momentâneas de informação, como na necessidade de divulgar
informações sobre casos de violência, porém, sem desqualificar os genitores,
conforme estabelece a Lei de Alienação Parental (Lei n.º 12.318/2010). Nesses
casos, o equilíbrio das leis e das medidas devem trabalhar para garantirem a
proteção das vítimas sem comprometer a integridade dos processos legais e a
construção do raciocínio social do menor envolvido.

Referências
BRASIL. Lei n, 12.318, de 26 de agosto de 2010. Alienação Parental.
Brasília,DF, 26 de agosto de 2010. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2010/lei/l12318.htm. Acesso em: 8 fev. 2024.

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ampl. São Paulo: RT, 2011. Incesto e Alienação Parental: realidades que a
Justiça insiste em não ver. 2. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: RT, 2010.

DUARTE, Lenita Pacheco Lemos. A guarda dos filhos na família em litígio:


uma interlocução da psicanálise com o direito. 4ª ed. rev. atual. e ampl. Rio
de Janeiro: Lumen Juris, 2012.
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OBSERVATÓRIO, M. Entenda por que filho de Ana Hickmann é “autor” de


processo contra a mãe | O TEMPO. Disponível em:
<https://www.otempo.com.br/entretenimento/celebridades/entenda-por-que-
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O seu silêncio pode matar: denunciar e buscar ajuda para mulheres em


situação de violência doméstica pode salvar vidas. Disponível em:
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SAMPAIO, Alexsandra. Pesquisa aponta que cerca de 80% dos filhos de


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<https://roraimaemfoco.com/pesquisa-aponta-que-cerca-de-80-dos-filhos-de-
pais-separados-sofrem-alienacao-parental/#:~:text=Pesquisa%20aponta
%20que%20cerca%20de>. Acesso em: 8 fev. 2024.
Agradecimentos

Expresso minha profunda gratidão a Deus, à minha família, ao meu noivo, aos
meus amigos e aos meus mestres por todo o apoio e orientação ao longo da
minha jornada acadêmica. Também quero estender meu reconhecimento a
todos que dedicam seus esforços diários para promover a igualdade de gênero
em nossa sociedade. Suas lutas e conquistas são inspiradoras e fundamentais
para que mulheres como eu tenham as mesmas oportunidades de crescimento
e realização. Agradeço sinceramente a todos os que contribuíram para que eu
pudesse alcançar meus objetivos e a todos os que continuam lutando por um
mundo mais justo e igualitário.

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