Tears of Salvation by Michelle Hearddocx

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DEDICAÇÃO

Para a melhor equipe Beta do mundo.

Obrigada por todo o apoio e por aguentar meus prazos malucos.


PLAYLIST

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CAPÍTULO 1

Alexei -32.
Isabella - 25

— Vamos beber, — eu digo para Demitri enquanto me afasto do traficante


que estamos interrogando.

Desde que assumi a chefia da Bratva, tem sido um show de merda atrás
do outro. No ano passado, concentrei-me em incutir medo em meus inimigos
e solidificar alianças enquanto construía a Bratva a partir das cinzas.

Demitri, meu braço direito, esteve ao meu lado todos os dias durante os
últimos dez anos. Ele é meu guardião, mas se formos honestos um com o
outro, não preciso dele para me proteger.

Não, ele não é apenas meu guardião. Ele é muito mais.

Demitri é meu parceiro. Meu melhor amigo. Ele é a única pessoa na face
deste planeta em quem confio.

Recostando-me no SUV blindado, tiro um frasco do bolso interno do


casaco e tomo um gole de vodca. Entregando o frasco para Demitri, soltei um
suspiro quando meus olhos escolha o colombiano. Diago. Eu só sei o nome
dele. O filho da puta é mais resistente que uma barata.

— Você acha que ele vai falar? — Demitri pergunta.

— Vou fazê-lo falar, — murmuro enquanto observo o estado quebrado do


homem.
Como se eu não tivesse merda suficiente para lidar desde que me tornei
o chefe da Bratva, agora há um novo cartel tentando entrar no ponto fraco do
crime. Eles cometeram o erro de se mudar para a área onde fiz minha casa.

Todo mundo sabe que deve ficar fora da Califórnia.

— Tem certeza de que ele não é um dos Terrero? — Demitri pergunta


enquanto me devolve o frasco de vodca.

Maldito Terrero.

Sonia, a Rainha do Terror, é a ruína da minha existência. Ela lida com


tráfico de pessoas e contrabando de drogas. O tráfico de carne é algo que odeio
com toda a força, graças ao meu pai.

Inclinando a cabeça, olho mais para o homem.

Além disso, há uma linha tácita traçada entre Terrero e eu. Ela governa a
América do Sul, a África e a Ásia, onde a América do Norte, a Europa e a Rússia
pertencem a mim. É uma linha que ela seria estúpida em cruzar.

A única razão pela qual ainda não a matei é porque ela é poderosa. Ela é
a única capaz de destruir o império que construí. E vice versa. Daí a trégua
tácita.

Se Terrero ultrapassar os limites, terei que cobrar todos os favores que


me são devidos. Será uma maldita guerra entre o norte e o sul.

Será um massacre.

Soltando um suspiro, coloco o frasco de volta no bolso e me afasto de


onde estou encostado no SUV. Diago fica tenso quando vou em direção a ele.

Parando na frente dele, inclino a cabeça e olho nos dele. Eu tenho


espancado ele neste armazém onde o tenho pendurado como uma carcaça.

Os olhos negros olhando para mim estão vazios.

Ele está disposto a morrer.


Respiro fundo e solto o ar lentamente. Levantando minha mão esquerda,
envolvo meus dedos ao redor de seu pescoço, e então o canto da minha boca
se levanta.

— Diago, deixe-me ser claro. — Eu me inclino, minhas feições assumindo


uma expressão de sangue frio. — Eu vou caçar sua família. Vou pendurá-los
em pontes para toda a Colômbia ver.

Não é assim que eu faço as coisas, mas os cartéis adoram exibir os corpos
mutilados daqueles que os cruzaram. É uma linguagem que Diago entenderá.

Há um lampejo de raiva e medo em seus olhos.

Finalmente.

— Mas eu não vou matar você. Vou deixar você ir, para que haja alguém
para enterrar sua família enquanto eu os mato um por um.

— Todo mundo sabe que você não mata inocentes, — Diago zomba de
mim, o medo começando a criar raízes dentro dele.

As pessoas adoram entender esse fato errado sobre mim. Soltei uma
risada divertida. — Devemos ter definições diferentes de inocência. —
Balançando a cabeça, digo: — Sua família faz parte do cartel, Diago. Eles não
são inocentes. — Meu sorriso se alarga quando a dúvida se junta ao medo em
seu rosto.

Bom.

Dando um passo para trás, deixo meus olhos vagarem pelo sangue e
cortes que cobrem seu corpo. — Por mais divertido que isso tenha sido, estou
ficando entediado. Qual cartel? Diga-me e não tocarei em sua família e
acabarei com seu sofrimento.

Seus lábios se abrem e eu lentamente balanço a cabeça em um aviso


silencioso para ele pensar duas vezes antes de me responder. — Recuse e você
estará livre para ir. Vou lhe dar uma vantagem de setenta e duas horas antes
de começar a caçar sua família. Essas são suas únicas escolhas.
Não me tornei tão poderoso quanto sou mostrando misericórdia. Sim,
tenho momentos em que ajudo alguém, mas só se ganhar com isso. Todo
mundo sabe disso sobre mim.

A misericórdia é para os fracos.

Diago percebe esse fato, e eu observo enquanto o resto de sua luta se esvai
dele. — Terrero.

A única palavra explode no ar.

Porra, eu estava esperando ouvir Gaviria. Seria fácil acabar com o cartel
de Pablo Gaviria. Brincadeira de criança comparada ao Terrero.

— Por que ela está se mudando para o meu território? — Pergunto


enquanto tiro minha arma das costas. Meus dedos flexionam em torno do aço
gravado do cabo da minha Heckler & Koch enquanto espero pela resposta de
Diago.

A última força flui de seu corpo até que ele fica pendurado no gancho ao
qual o amarrei.

— Não sei. Acabaram de nos dizer para expandir para os EUA.

Balançando a cabeça, levanto a arma e coloco o cano entre seus olhos. —


Sua família está protegida de mim.

Diago solta uma gargalhada sem humor, e então eu puxo o gatilho.

Demitri imediatamente liga para o Sr. Wan, meu faxineiro, que irá se
desfazer do corpo e cuidará de remover qualquer vestígio de que estivemos
aqui.

Olho para o corpo de Diago, sem sentir nada por ter matado o homem.
Em vez disso, a raiva começa a ferver no meu peito.

Sonia Terrero, você cometeu um grande erro. Eu vou destruir seu


mundo.

Demitri encerra a ligação e olha para mim. — Como você quer lidar com
o Terrero?
— O mesmo que qualquer outro golpe, — murmuro, minha raiva
brilhando em meu tom. — Vamos vigiá-la por um tempo antes de planejarmos
o ataque.

Demitri coloca a mão no meu ombro e soltando um suspiro, ele diz: —


Nós sabíamos que esse dia chegaria.

Lentamente, aceno com a cabeça e coloco a arma nas costas.

Era inevitável.

Assim como aconteceu com meu pai, é hora de acabar com o reinado de
horror de Terrero.

****

Aprendi desde muito jovem que todo mundo usa máscara. Por exemplo,
veja minha mãe, Sonia Terrero. Ela é conhecida como a Rainha do Terror,
violenta e cruel. Ela tortura e mata sem piscar. Ela tem prazer em destruir
coisas.

Mas quando ela está com seu guardião, Hugo, ela se torna nada mais do
que outra mulher sedenta de amor, e isso dá a Hugo mais poder do que
deveria.

Então sou eu. A Princesa do Terror que deverá seguir os passos de sua
mãe.

Calçando um par de sapatos de salto agulha Stuart Weitzman, verifico


meu reflexo no espelho de corpo inteiro. Pareço a socialite perfeita em um
vestido preto brilhante, sem costas e com decote profundo. É um vestido
ousado com saia dividida e laterais recortadas.

Isso se encaixa na minha atuação como A Princesinha Boba do Terror


que gosta de se vestir com as roupas mais caras.

Isso se alguém me reconhecer na festa que estou planejando ir ao clube


exclusivo. Graças a ser Halloween e à maquiagem de caveira de açúcar que
estou usando, duvido que serei pega. Se eu estivesse na Colômbia, meus
supostos amigos poderiam me reconhecer, mas aqui na Califórnia, sou apenas
mais uma garota com muito dinheiro procurando diversão.

Um sorriso lento curva meus lábios.

É tudo uma questão de risco para mim. A adrenalina de caminhar rumo


ao desconhecido e não saber o que o próximo segundo me reserva.

Eu vivo para a pressa.

É a única coisa que me faz sentir viva na fossa de morte e depravação em


que estou presa.

Não, não presa. Não sou prisioneira de ninguém.

Posso ir embora neste segundo, mas não vou. Vou continuar bancando a
socialite obediente. A herdeira egoísta e estúpida do cartel Terrero que gasta
o dinheiro manchado de sangue de sua mãe em todo o luxo que a vida tem a
oferecer.

É tudo para eles. As meninas e meninos que o cartel continua atraindo e


roubando das ruas. Não me importo com as drogas com as quais minha mãe
inunda o mundo.

Eu só me importo com as vidas inocentes que ela destrói.

Meu sorriso cresce quando levanto o queixo, meus olhos castanhos


cheios da coragem necessária para me tornar o pior inimigo da minha própria
mãe. Estou destruindo-a por dentro. Eu sou o cavalo de Tróia que ela nunca
imaginou chegar.
Ela nunca abusou de mim. Nunca me vendeu. Fui enviada para as
melhores escolas particulares dos EUA. Frequentei o St. Monarch's na Suíça
para obter o melhor treinamento. Seria natural seguir os passos da minha
mãe.

Só que não é. Não para mim. Já vi muito terror. Muitas crianças


quebradas e usadas até serem mortas. Ver um inocente sendo despedaçado
deixa uma mancha em sua alma, e já vi o suficiente para cobrir minha alma de
vermelho.

Gostaria de pensar que pareço com meu pai, embora não saiba quem ele
é. Quando eu perguntava sobre ele, minha mãe simplesmente dizia que estava
com homens demais para saber qual deles era o pai.

O anonimato me dá a esperança de que em algum lugar da minha


linhagem ancestral existisse uma boa pessoa. Alguém que eu siga e que esse
mal não seja o único sangue correndo em minhas veias.

Sou habilidosa em ambas as máscaras que uso. A Princesa do Terror –


que só se preocupa com os luxos que o cartel pode lhe dar.

Depois, há Isabella Terrero – a mulher que passa as noites libertando


escravos. A lutadora treinada que nunca erra um tiro. A temerária que não
conhece o medo.

Durante o dia dirijo meu Audi R8 Spyder e à noite vou contra o cartel
com minha moto Yamaha.

Como eu disse, todo mundo usa máscaras.

Afastando-me do espelho, pego minha bolsa Jimmy Choo que contém


meu cartão de crédito e telefone. Andando saio da minha suíte de hotel, pego
o elevador até o saguão, deixando meus dois supostos guarda-costas para trás,
felizmente inconscientes dos meus planos para a noite.

Eles provavelmente estão enchendo o rosto de comida no quarto de hotel,


pensando que estou em segurança na cama. Jorge e Rico não são os melhores
guardas. Longe disso. Eles são mais para exibição do que qualquer outra coisa,
o que torna mais fácil para mim ir e vir quando quiser. Minha mãe acha que
se eu for sequestrada ou morta, não mereço ser sua herdeira.

Enquanto caminho para a saída com a graça de uma princesa, olhos me


seguem. As mulheres me olham com inveja e os homens com luxúria.

O hotel providenciou uma limusine para mim e, quando saio do prédio,


o motorista se apressa para abrir a porta dos fundos. Elegantemente, entro e,
alguns segundos depois, sou levada para o clube.

Não tenho ideia de qual festa estou invadindo. Durante o almoço, ouvi
duas mulheres da minha idade entusiasmadas com a ideia de que esta festa
era um evento imperdível.

Se for chato, sairei mais cedo. Esperançosamente, não será uma perda de
tempo, mas uma algo emocionante.

Quando a limusine chega ao clube, espero o motorista abrir minha porta


e então saio bem na frente da entrada. Eu não me incomodo em olhar para a
linha serpenteando ao longo da frente do clube, mas caminho em direção ao
segurança, que mais parece um brutamonte do que um homem.

Seus olhos me examinam, e então ele solta a corda dourada e acena para
mim. Lá dentro, os azulejos brilham sob meus saltos quando sou parada e
revistada antes de poder entrar no primeiro andar, onde a elite está se
embebedando e esfregando mais do que apenas os ombros. A música faz o ar
tremer e luzes coloridas piscam no interior. Olho para todas as mesas, a
maioria já ocupada.

Erguendo o olhar para o segundo andar, onde a área VIP foi isolada para
a festa, vejo uma mulher vestida de vampira abraçar outra mulher que parece
uma princesa egípcia.

Não vejo nenhum segurança examinando os convidados, e isso faz com


que o canto da minha boca se levante em um sorriso satisfeito.

Olhando para a direita do segundo andar, noto o corredor estreito que


foi decorado para o Halloween.
Caminho em direção às escadas que levam ao segundo andar e fico atrás
de um grupo de quatro pessoas. Quando chegamos ao topo da escada, os
quatro começam a cumprimentar os amigos, e isso me dá a oportunidade
perfeita de passar por eles.

Vou até o bar e peço vinho tinto. Quando o barman desliza o copo para
mim, eu seguro o copo Eu me viro e depois me viro para olhar a pista de dança
particular onde um grupo de mulheres da minha idade está dançando e rindo.

Assim que tomo um gole e o vinho explode na minha língua, os pelos da


minha nuca se arrepiam. Sinto uma presença forte vindo da minha esquerda
enquanto alguém me encara. Virando lentamente a cabeça, mantenho meu
comportamento calmo. Então meus olhos colidem com os escuros, e a imensa
intensidade que emana deles dá um soco no meu abdômen.

O homem também está usando maquiagem de caveira, sentado como um


rei no que parece ser a mesa principal.

A música desaparece instantaneamente e meu batimento cardíaco


começa a acelerar quando encontro o olhar da emoção que tenho desejado.

Você vai fazer.


CAPÍTULO 2

Sentado a uma mesa, olho para onde Ariana está abraçando Hana. A
noiva de Demitri queria uma festa em uma boate, e o que Ariana quer, ela
consegue. Não porque ela tenha direito, mas porque Demitri moverá céus e
terras pelo amor de sua vida.

O canto da minha boca levanta quando meus olhos pousam em Demitri,


onde ele está pairando entre Ariana e eu. Ariana o fez parecer um vampiro,
então eles combinam para a festa. Quando seu olhar se volta para mim, indico
para ele vir até a mesa.

Ao me alcançar, ele levanta uma sobrancelha.

— Relaxe, irmão. Aproveite a festa com Ariana. Estou bem, — digo para
deixá-lo à vontade.

Balançando a cabeça, a boca de Demitri levanta um pouco, e então ele


caminha até Ariana.

Soltei uma risada, sabendo que ele não iria ouvir. Está enraizado no DNA
de Demitri me proteger, e nada vai mudar isso.

Meu outro parceiro de negócios, Tristan Hayes, senta-se à mesa. Comecei


uma empresa com ele há alguns anos, e ele basicamente a administra sozinho
porque estou muito ocupado dominando o mundo.

Os olhos divertidos de Tristan pousam em mim e então ele ri. — Quase


não te reconheci. Eu realmente não posso acreditar que você ficou quieto para
que Ariana pudesse colocar maquiagem em você.

— Nunca deixe que isso seja dito, milagres não acontecem, — murmuro.
É o primeiro aniversário de Ariana conosco, e depois de toda a merda que
ela passou, eu me vestiria de palhaço se isso a fizesse feliz. Ela pode ser noiva
de Demitri, mas também é a mulher mais importante da minha vida, visto que
Demitri e eu somos inseparáveis. Ela faz meu amigo feliz e, no final das contas,
é isso que importa.

Olho para onde Ariana cumprimenta mais amigos que acabaram de


chegar e um par de pernas longas chama minha atenção. Meu olhar segue a
mulher enquanto ela caminha até o bar. Inclinando minha cabeça, meus olhos
se fixam em seu rosto, e então uma leve carranca se forma entre minhas
sobrancelhas. Examino a área VIP, olhando para nossos amigos e conhecidos,
e então olho de volta para a mulher enquanto ela toma um gole da bebida que
acabou de pedir.

Ela não pertence aqui.

A maquiagem dela combina com a minha, como se tivéssemos planejado


vir como casal, e a ideia é um pouco perturbadora.

Eu não faço essa coisa de casal. Nunca.

Casualmente, virando a cabeça em minha direção, seus olhos se fixam


nos meus, e então todos os meus sentidos ficam em alerta máximo. Há algo
nela que grita perigo.

O olhar predatório em seus olhos.

Como se eu fosse a presa.

Deixo escapar uma risada suave com o pensamento.

Lentamente meu olhar percorre seu corpo e o vestido revelador que ela
está usando. Admito que ela é gostosa, mas ainda assim, ela não tem lugar
aqui.

Meus olhos permanecem fixos nela com um olhar impassível enquanto


ela continua a saborear lentamente seu vinho.

Um movimento errado e acabo com você.


A única razão pela qual não vou expulsá-la do clube é porque não a
reconheço, então duvido que ela seja uma ameaça. Ela provavelmente é uma
socialite que está tentando se misturar com as famílias de Tristan e Hana.

Uma mão pousa no meu ombro, e quando olho para cima, encontro
Demitri olhando para a mulher no bar.

— Você conhece ela? — Ele pergunta.

— Não. — Olhando de volta para a mulher, acrescento: — Vou ficar de


olho nela. Não se preocupe. Aproveite a festa com Ariana.

Demitri acena com a cabeça antes de voltar para onde Ariana está
sentada com Hana. É bom ver Ariana fazendo amigos.

Minha atenção se volta para a mulher no bar enquanto ela pousa a taça
de vinho. Depois ela caminha para a pista de dança, com movimentos
confiantes e elegantes. O vestido é cortado nas laterais dos quadris, deixando
uma tonelada de pele à mostra e dando a mim e a todos os outros homens uma
visão perfeita de suas pernas tonificadas.

Mesmo que a batida seja rápida, a mulher começa a dançar em um ritmo


lento e sensual, e de alguma forma se encaixa.

Porra, isso se encaixa.

Seus movimentos são suaves, como água corrente, e carregados de


sensualidade. Minha pele arrepia ao vê-la e parece que ela está dançando para
mim.

Então seus olhos fixam-se nos meus e o canto da minha boca se levanta.

Agora, isso é o que chamo de entretenimento.

Meus amigos riem e festejam ao meu redor. A música faz o ar tremer. E


tudo que posso fazer é assistir ao show que Afrodite está me dando. Como se
ela estivesse lançando um feitiço ao nosso redor.

Há um momento em que meu sangue corre mais rápido em minhas veias


ao pensar que ela não sabe quem eu sou. E eu não a conheço.
Já se passaram anos desde que senti alegria.

Levantando-me, vou até o bar e, mal olhando para o barman, peço: —


Vodka. Stoli.

— Sim senhor.

Quando o barman desliza o copo para mim, tomo um gole e volto minha
atenção para a pista de dança. Enquanto eu saboreio a bebida, ela dança para
mim, e logo a única coisa que consigo pensar é trazê-la aqui mesmo.

Depois de mais tempo, coloco o copo na mesa e caminho em direção ao


banheiro. Paro em uma máquina de venda automática e pego uma camisinha,
e então sinto a presença dela atrás de mim.

Ela para ao meu lado e, olhando para o pacote de alumínio, murmura: —


Espero que você esteja planejando usar isso em mim.

O canto da minha boca se levanta e faço um gesto para que ela me mostre
o caminho. Meu sorriso se transforma em um sorriso malicioso quando ela se
dirige para um pequeno corredor com vista para a seção VIP e para o andar de
baixo. É usado apenas para decoração de Halloween. Aranhas e teias de
aranha estão enroladas em dois pilares, e abóboras repousam sobre a grade
cromada.

É público o suficiente para aumentar a emoção e, ao mesmo tempo, nos


oferecer alguma privacidade.

Eu a sigo passando por um esqueleto luminoso, e então ela para no canto


próximo a um dos pilares. eu subo atrás dela, percebendo que ela não é muito
mais baixa que eu. Então, novamente, ela está usando salto alto. Sem eles, o
topo de sua cabeça provavelmente só alcançaria meu queixo.

Colocando as mãos no corrimão, ela olha para a multidão dançando


abaixo, e então seu corpo começa a se mover, atraindo-me de volta para seu
feitiço.

Aproximo-me até que suas costas nuas roçam minha camisa. Inclinando-
me, minha boca roça sua orelha enquanto digo: — Seu nome.
Ela balança a cabeça, mantendo o olhar nas pessoas abaixo. — Sou
apenas uma penetra em festas.

Como eu pensei.

— Você? — Ela pergunta.

O canto da minha boca se levanta novamente.

Querida, você não quer saber quem eu sou.

— O Diabo, — murmuro enquanto solto um suspiro em sua orelha, o que


a faz estremecer.

— É melhor você foder como um.

Cristo, estou começando a pensar que consegui ficar bêbado pela


primeira vez e estou tendo alucinações com ela. Não há como ela ser real.

Colocando minhas mãos em seus quadris curvilíneos, meu corpo começa


a se mover em sincronia com o dela. Eu aprecio a sensação dela suave pele
enquanto minhas palmas deslizam sob o tecido preto brilhante, e então a
satisfação ruge através de mim.

Porra, a bunda dela é perfeita.

Minha penetra se inclina para trás em mim, com a cabeça apoiada no


meu ombro esquerdo enquanto ela continua dançando. Olhando para baixo,
tenho uma visão perfeita de seu decote e parte de sua barriga tonificada.

Ela é nada menos que um sonho.

Uma maldita fantasia.

Com a grade nos dando um pouco de privacidade, movo minha mão


esquerda para sua boceta, e quase gemo quando meus dedos roçam a seda fina
que cobre o calor intenso que vem entre suas pernas.

Logo meus pulmões se enchem de uma explosão decadente de flores,


baunilha e algo terroso. Nunca senti nada parecido com ela antes, e é
inebriante.
Quando começo a esfregar seu clitóris através da seda, ela move as mãos
para minhas coxas.

Nossa dança ganha vida própria, e estou tão focado nela que mal ouço a
música. A palma da mão dela cobre meu pau duro como aço, e através do
tecido da calça do meu terno, ela me acaricia como uma maldita especialista,
fazendo meu batimento cardíaco acelerar.

Porra, sim.

Tenho certeza de que estou prestes a explodir de uma forma que não me
fará esquecê-la tão cedo.

****

Ele é tudo que eu tenho desejado.

O diabo.

Deus, espero que sim.

Ele sabe o que está fazendo enquanto esfrega meu clitóris até que estou
a segundos de explodir de prazer. A alegria me inunda como se eu estivesse
andando de moto em alta velocidade. Como se eu estivesse pulando de prédio
em prédio, ou quase fosse pega enquanto libertava escravos.

A onda de adrenalina me deixa tonta, meu corpo ansiando pelo prazer


que sei que ele pode me dar.

São momentos como esse que me mantêm sã. Eles são escassos e eu me
perco inteiramente na intensidade que cresce entre nós.
Mal consigo perceber os corpos em movimento abaixo enquanto o
perfume amadeirado de sua colônia, esfumaçado e sensual, me envolve..

Através do tecido de suas calças, tenho o prazer de sentir o quanto ele é


bem dotado.

Nossos corpos se movem como um só enquanto ele dança em perfeita


sincronia comigo.

Deus, ele é incrível atrás de mim. Diferente de qualquer outro homem


com quem estive. O poder que sai dele em ondas chama a força que surge
através de mim.

Meu demônio move as mãos e afasta minha palma de seu pau. Sinto
quando ele abre o zíper da calça e leva um momento para se proteger com a
camisinha.

Meu sangue corre em meus ouvidos quando a antecipação em mim


atinge o limite, e então ele empurra o vestido para longe da minha bunda, e
sinto seu pau roçar na minha pele aquecida.

Descansando as mãos no corrimão novamente, abro as pernas e fico na


ponta dos pés para dar-lhe melhor acesso.

Ele não perde tempo e afastando meu fio-dental para o lado, posiciona
sua impressionante cabeça na minha entrada. Ele surge em mim com um
impulso longo e forte que faz meu corpo se curvar para frente de quão bom é.

Mãe de Deus. Sim.

Um gemido de satisfação me escapa enquanto ele me preenche


completamente..

Ele me leva do mesmo jeito que tenho dançado para ele, lenta e
torturantemente. Sinto cada centímetro dele quando ele puxa e empurra de
volta para dentro de mim.

Meus dedos se curvam ao redor do corrimão cromado, minha visão fica


embaçada até que tudo que vejo são as luzes piscando. Minha mente fica em
branco, todas as minhas preocupações são esquecidas neste momento feliz de
luxúria e êxtase.

Eu esfrego minha bunda contra ele quando ele entra em mim novamente,
e arrepios de prazer percorrem minha pele.

O silêncio entre nós. O anonimato. A intensidade. Tudo isso me excita


como nunca estive excitado antes.

É a emoção perfeita.

Ele move a mão esquerda de volta para o meu clitóris, e a maneira como
ele esfrega o sensível feixe de nervos me faz desvendar na velocidade da luz.
Nem eu fui capaz de me tocar assim. É como se ele soubesse exatamente o que
fazer para me desmoronar.

Deus, é uma pena que isso seja apenas uma ligação.

Fechando os olhos, inclino a cabeça para trás em seu ombro e sinto os


dedos da outra mão deslizando sobre meu pescoço e descendo até meu decote.

— Tão linda, — ele respira contra meu queixo. — Você é real?

Virando meu rosto para ele, respondo honestamente: — Não.

Só sou eu de verdade quando arrisco minha vida para libertar aqueles


que foram roubados por minha mãe. Qualquer outra coisa é um ato para
desviar a atenção de todos, então não serei descoberta.

Nossos olhos se cruzam e nossas respirações se misturam enquanto ele


bate com mais força dentro de mim. Suspiros e gemidos começam a sair dos
meus lábios, misturando-se com a batida da música que pulsa ao nosso redor.

Seu peito musculoso é sólido contra minhas costas, e o poder que irradia
de seu corpo enquanto ele me fode me faz sentir bêbada.

Tão bom. Deus, tão bom.

Ele aperta meu clitóris, e isso instantaneamente me faz girar em espiral


de prazer quando um orgasmo atinge meu corpo. Cada músculo do meu corpo
fica tenso quando começo a ter convulsões.
Seus lábios roçam a pele sensível abaixo da minha orelha. — Cristo,
ordenhe meu pau.

Meu corpo escuta sua ordem, e minhas paredes internas se apertam com
força em torno de sua circunferência impressionante, arrancando um gemido
profundo dele.

O prazer continua me atingindo em ondas paralisantes até que há uma


ameaça real de que vou afundar no chão com as pernas dormentes.

Passando o braço esquerdo em volta da minha cintura, ele me mantém


presa a ele enquanto seu ritmo se torna forte. Eu tenho que apertar mais o
corrimão porque isso torna meu orgasmo muito mais intenso.

No momento em que ele encontra sua própria liberação, estou lutando


para respirar fundo, meu corpo nada mais do que espasmos de felicidade.

Suas estocadas diminuem e gradualmente o prazer diminui. A música


retorna. Minha visão se concentra na seção VIP do outro lado do clube.
Percebo a fina camada de suor que cobre meu corpo.

Então ele puxa para fora, e depois de enfiar o pau de volta nas calças, ele
ajeita minha calcinha e vestido.

Fico imóvel enquanto ele dá um beijo na lateral do meu pescoço, e então


os nós dos dedos roçam minhas costas antes de ele se afastar.

Lentamente, viro a cabeça e observo enquanto ele se dirige ao banheiro,


com passos cheios de poder e confiança.

Lá se vai o melhor sexo da minha vida.

Paro um momento para recuperar a compostura e ter certeza de que meu


vestido cobre tudo o que deveria. Quando tenho certeza de que minhas pernas
não vão ceder, caminho em direção às escadas e, sem olhar para trás, caminho
até a saída..

A cada passo, ainda o sinto entre minhas pernas, e sua loção pós-barba
gruda na minha pele.
Fora do clube, espero apenas um minuto para o motorista trazer a
limusine. Quando estou sentada no banco de trás e estamos indo para o hotel,
um sorriso se forma em meus lábios.

Isso era tudo que eu precisava.

O desejo em mim foi satisfeito. Irá ajudar-me a passar pelas próximas


seis semanas de eventos sociais e de angariação de fundos realizados aqui e na
Europa antes de poder regressar a casa e ao meu papel de salvar vidas.
CAPÍTULO 3

DOIS MESES DEPOIS…

Instalamos câmeras perto da mansão de Terrero e dos locais que ela


costuma usar para trazer novos carregamentos de escravos.

Nos primeiros dois meses, observei-a de Los Angeles, reunindo o


máximo de informações possível sobre ela. Chegamos ontem em Columbia e,
mantendo a discrição, Demitri arranjou um lugar para ficarmos com um de
nossos contatos. É uma casa de aparência simples, espremida em uma área
superlotada, que não chama a atenção.

Meu olhar percorre todas as telas e, não vendo nada de valor, o tédio
começa a pesar sobre mim.

Esta é a parte que mais odeio. Esperando o momento certo para atacar.

Estou tentado a ligar para meu irmão e todos os outros favores que me
são devidos, para que eu possa acabar logo com o ataque. Mas agir por tédio
seria estúpido.

— Já se passaram dois meses, — Demitri murmura. — Ou Sonia nunca


sai do complexo ou está indo e vindo sem que percebamos.

— Não ficaria surpreso se ela rastejasse pelos túneis como o rato que é.
Veja se consegue um mapa do que há abaixo da propriedade.

Tirando meu telefone do bolso, começo a verificar minhas contas


bancárias. Chame-me de materialista, mas ver por que trabalhei duro me
acalma.
— É aquela…? — Demitri murmura enquanto se aproxima da tela que
mostra a frente da mansão. — Essa é a filha?

Meus olhos se voltam para a tela e observo Isabella Terrero saindo da


mansão. Ela se parece com qualquer outra socialite enquanto caminha até o
Audi estacionado ao pé da escada.

Apoiando o cotovelo no braço da cadeira, esfrego o polegar no lábio


inferior. — Sim. Essa é a princesa.

— Poderíamos levá-la para atrair Sonia, — menciona Demitri.

Eu balanço minha cabeça. — Sonia não fará nada para ter a filha de volta.
Teríamos mais hipóteses de chamar a atenção dela se aceitássemos um
carregamento.

Demitri levanta uma sobrancelha para mim. — Por que não fazemos isso?

— Porque isso só vai chamar a atenção dela. Não há garantia de que isso
a tirará daquela maldita fortaleza.

— Tem razão. — Demitri relaxa em sua cadeira.

Meu olhar volta para a tela que mostra Isabella dirigindo o Audi para
longe da mansão. Um SUV segue atrás dela. Provavelmente seus guardas.

Sem mais nada de interessante acontecendo nas telas, passo o resto do


dia fazendo acordos de negócios com Semion Aulov e Lev Petrov. Eles fazem
parte da Bratva e estão estacionados na Rússia, então eu permito que eles
cuidem das coisas nesse lado do mundo.

Depois de jantar cedo, durmo um pouco antes de substituir Demitri para


que ele possa descansar. Já passa da meia-noite e estou olhando para as telas
que mostram todos os ângulos do complexo quando uma figura negra escala
uma das paredes laterais.

A pessoa é pequena o suficiente para ser mulher.

Porra, por favor, deixe que seja Sonia.


Levanto da cadeira em um segundo e, pegando minha mochila que
contém meu rifle, saio de casa. Envio uma mensagem para Demitri avisando
que estou explorando e ativo o rastreador na etiqueta pendurada na corrente.
em volta do meu pescoço. Dessa forma, Demitri poderá me encontrar se algo
der errado.

Um momento depois, Demitri responde.

DEMITRI

ALEXEI

DEMITRI

ALEXEI

DEMITRI

ALEXEI
Trazendo a câmera do meu telefone, dirijo o SUV sem identificação que
estou usando enquanto estou em Columbia na direção do meu alvo.

Chego a um local seguro para seguir a pessoa e, tirando um binóculo da


mochila, vejo o alvo mais de perto. Quando a figura para e olha para trás na
direção de onde estou estacionado nas sombras, uma carranca se forma na
minha testa.

Uma luz de rua ilumina suas feições, e sinto uma pontada de decepção
por não ser Sonia, mas Isabella. Ela está vestida com roupas de treino. Como
se ela estivesse correndo.

O que não é nada estranho, visto que já passa da meia-noite.

A carranca permanece em meu rosto e, por curiosidade e tédio, observo


enquanto ela atravessa a rua.

Há algo familiar em seus movimentos, mas antes que eu possa tentar


descobrir o que é, Isabella caminha até um galpão ao lado de uma casa
desocupada. A propriedade está desgastada e não atrairia nenhuma atenção.

Interessante.

Ela fica lá por um tempo, e minha sobrancelha se levanta quando ela


empurra uma motocicleta para fora do galpão. Ela trocou suas roupas de
ginástica por calças de couro pretas, uma jaqueta e botas. Ela também pegou
uma mochila que fica confortável em suas costas enquanto sobe no
maquinário que é nada menos que uma obra-prima.

Ela tem bom gosto. Eu vou dar isso a ela.

Quando ela dirige a motocicleta para a rua, afasto o SUV sem


identificação do meio-fio e sigo a uma distância segura.

Não sei muito sobre Isabella Terrero. Só que ela treinou na St. Monarch's
e é igual a qualquer outra socialite. Até agora, ela não fez nada que me fizesse
pensar que ela iria substituir Sonia. Então meu foco tem sido a mãe e não a
filha.
Ok, princesinha, você chamou minha atenção. O que você está fazendo?

****

Chegando ao galpão, falo com minha parceira, Ana, antes de vestir minha
roupa habitual que uso quando liberto escravos. Jogando a perna por cima da
moto, sigo em direção ao ferro-velho onde está retido um carregamento de
quatro meninas.

Ana foi a primeira menina que ajudei quando voltei do meu estágio na
Suíça. Ela não tinha para onde ir e estava com raiva do que aconteceu. No
início, usei a raiva dela a meu favor, mas nos últimos dois anos nos
aproximamos. Temos o mesmo objetivo – destruir a minha mãe.

Montamos um esconderijo na periferia da cidade onde Ana trabalha.


Sempre que libero um carregamento de meninas, digo-lhes para esperarem
em frente a um hospital específico se precisarem de ajuda. Ana os observa
antes de fazer contato.

O tempo mais longo que uma menina ou menino ficou com Ana foi um
mês. Tentamos movê-los rapidamente para diminuir as chances de minha
mãe descobrir sobre nós.

Estaciono minha moto perto do ferro-velho e olho ao redor para ter


certeza de que não fui vista. Mantendo-me nas sombras, começo a correr em
direção à lateral do ferro-velho.

Este será um trabalho fácil porque há muitos lugares para se esconder


com todo o lixo e veículos sucateados.
Alcançando uma parede feita de chapas de metal, eu rapidamente me
levanto sobre ela e me agacho atrás de uma pilha de aço amassado que
costumavam ser carros.

Presto atenção em qualquer movimento enquanto coloco uma máscara


de esqui sobre a cabeça para não ser reconhecida. Com cuidado, vou até o
portão principal e, puxando um alicate da mochila, corto a corrente, para que
as meninas possam sair da propriedade assim que estiverem livres.

Depois de garantir uma saída para eles, vou até o escritório. Puxo minha
Glock das costas e verifico quantos homens há. Como esperado, só tenho dois
com que me preocupar.

Um está dormindo em uma cadeira velha, com os pés apoiados em uma


mesa cheia de recipientes para viagem e garrafas de cerveja vazias. O outro
cara está assistindo a reprise de um jogo de futebol.

A falta de guardas me diz que as garotas que libertarei esta noite devem
trabalhar nos bordéis. Eles não têm muito valor para minha mãe.

Se não, haveria um pequeno exército guardando uma virgem.

Verificando a área, vou para a lateral do escritório e, encostando as costas


na parede, olho cuidadosamente pela janela.

Os minúsculos pelos da minha nuca se arrepiam e eu observo a escuridão


ao meu redor em busca da fonte da minha inquietação. Não vendo ninguém,
descarto a sensação estranha. Provavelmente é porque já se passaram dois
meses desde que liberei uma remessa.

Abaixando-me, rastejo em direção à porta. Quando me endireito, respiro


fundo e abro a porta com um chute. Apontando o cano da minha arma para o
cara que está acordado, enterro uma bala entre seus olhos. O outro cara acorda
assustado assim que eu puxo o gatilho, silenciando-o antes que ele possa
emitir algum som.

Entro correndo e reviso os dois corpos em busca da chave do depósito


onde as meninas estão. Encontrando um molho de chaves, saio correndo do
escritório e corro em direção à porta que está trancada com um cadeado.
Tirando uma lanterna da minha mochila para poder ver claramente a
fechadura, isso me leva precioso segundos para encontrar a chave certa e
então abro a porta.

Aponto a lanterna para o espaço vazio e encontro as meninas encolhidas


em um canto. A sala cheira a urina, mas ignoro enquanto me aproximo. Duas
me encaram com olhos aterrorizados enquanto as outras duas acordam
assustadas.

— Estou aqui para ajudar, — ofereço-lhes alguma garantia. — Alguma de


vocês está ferida?

Uma das garotas balança a cabeça enquanto se levanta cautelosamente,


e então as outras três fazem o mesmo. Supondo que ela tenha assumido o
papel de líder do grupo, concentro-me nela. Tiro do bolso um pedaço de papel
com o endereço do hospital e estendo-o para o líder. — Você tem que correr.
Se alguma de vocês precisar de ajuda, vá até esse hospital e espere lá na frente,
onde tem gente. Espere apenas doze horas. Se uma mulher não vier atrás de
você até esse momento, vocês estarão sozinhas.

— Como saberemos que a mulher foi enviada por você? — A líder


pergunta.

— Ela lhe dará uma senha. Pássaro da Noite.

A líder lambe os lábios nervosamente e então olha para a porta.

— Eu destranquei o portão principal. Apenas corra em frente e saia


daqui. — Todas elas piscam para mim. — Corra, — eu sibilo, injetando uma
mordida em minha voz.

A líder das meninas pega o papel de mim e sai correndo da sala com as
outras meninas seguindo atrás dela.

Espero que eles consigam se virar sozinhas, porque isso é o melhor que
posso fazer por elas.

Saindo correndo do depósito, vou para a lateral do quintal e, colocando


minha arma nas costas, pulo o muro. Assim que meus pés tocam o chão, corro
em direção à minha motocicleta. Assim que chego lá e estou prestes a puxar
meu capacete, um cheiro familiar chama minha atenção.

Amadeirado. Esfumaçado e abafado.

Impossível.

Agora não é hora de pensar no namoro que tive em Los Angeles!

Coloco o capacete sobre a cabeça e, subindo na moto, deixo o motor rugir


e ganhar vida. Correndo para longe do ferro-velho, o canto da minha boca se
levanta quando a pressa de uma operação bem-sucedida finalmente chega.

Quando termino de esconder minha moto e armas no galpão da


propriedade que comprei em nome de Ana, rapidamente coloco minha legging
e camiseta que costumo usar para correr antes de voltar para a mansão.

Já são duas da manhã. Sabendo onde cada guarda estará, pulo a parede
dos fundos e rastejo em direção à lateral da casa, onde escalo a parede até a
varanda do meu quarto.

Somente quando estou em segurança dentro da minha suíte é que respiro


fundo de alívio.

Espero que as meninas estejam seguras.

Caminhando até meu banheiro para tomar um banho rápido, meus


pensamentos se voltam para o caso de uma noite que tive em Los Angeles.

O que eu não daria para ficar com meu demônio novamente.


CAPÍTULO 4

Depois de observar Isabella escapar pelo muro da mansão, dirijo o SUV


em direção à casa segura.

Que porra eu testemunhei esta noite?

É raro algo me pegar de surpresa. Isabella libertou um carregamento de


meninas. Eu estava preparado para tudo menos isso.

Também é raro que algo me impressione.

E porra, Isabella Terrero me impressionou esta noite.

Ela não era nada parecida com a socialite que todos pensavam que ela
fosse. Longe disso. Ela era durona e habilmente treinada, entrando e saindo
daquele ferro-velho em menos de uma hora.

Puta merda.

Estacionando o SUV na frente da casa, eu saio. Ainda atordoado, ando


em direção a Demitri, onde ele está parado na porta da frente.

Ele parece chateado pra caralho quando diz: — Duas horas?

Parando na frente dele, eu olho nos dele. — Você não vai acreditar no que
vi esta noite.

Uma carranca se forma na testa de Demitri enquanto ele se move para o


lado para que eu possa entrar na casa. — O que? — Ele pergunta enquanto me
segue até a sala de segurança.
Deixo cair minha mochila ao lado da cadeira e, sentando-me, balanço
minha cabeça enquanto levanto meus olhos para Demitri. — Isabella Terrero
libertou as escravas.

Demitri se senta na outra cadeira. — Era ela entrando furtivamente na


mansão? — Ele aponta para as telas, onde deve ter visto.

— Sim. — Solto um suspiro profundo e balanço a cabeça novamente. —


Eu gostaria que você estivesse lá para vê-la em ação. Ela era foda pra caralho.

— Então…? Você está me dizendo que ela está trabalhando contra a


própria mãe? — Demitri pergunta com uma expressão cética.

— Sim, mas vamos observá-la por um tempo para ter certeza, —


respondo, precisando ter certeza de que isso não foi apenas uma coisa única
para Isabella.

Duvido que tenha sido isso. Isabella estava muito confortável... como se
já tivesse feito isso uma centena de vezes.

— Então o que?

Relaxando na cadeira, dou de ombros. — Então podemos usar Isabella


para chegar até Sonia.

— Ou... — Preocupação brilha no olhar de Demitri.

— Ou o que?

— Eles sabem que estamos aqui, e Isabella é uma distração para deixar
você exposto.

Apoiando meu cotovelo no apoio de braço, olho para Demitri por um


tempo antes de dizer: — Não acho que seja esse o caso.

— Como você sabe?

— Da mesma forma que eu sei tudo. Eu sou Deus, lembre-se. — Eu rio de


Demitri antes de ficar séria novamente. — Instinto.

— Ok. — Demitri olha de volta para as telas mostrando todas as câmeras.


— Você não vai seguir Isabella sozinho de novo. Apenas no caso...
— Eu coloquei um dispositivo de rastreamento na motocicleta dela, —
menciono enquanto tiro meu telefone do bolso. — Receberei um alerta se
Isabella estiver em movimento. — Abro o número de telefone do St. Monarch's
e olho para Demitri. — É hora de descobrir tudo o que pudermos sobre a
Princesa do Terror. — Aperto discar e, alguns segundos depois, Madame
Keller atende sua linha particular.

— Sr. Koslov, a que devo essa honra?

Madame Keller é a arquiteta por trás da St. Monarch's, onde a maioria


de nós recebeu treinamento. É também um terreno neutro onde pessoas como
eu podem se esconder se precisarmos.

— Preciso de tudo que você tem sobre Isabella Terrero.

Madame Keller solta uma risada. — Srta. Terrero é de alto valor. Vai
custar quinze milhões.

A informação é uma das coisas mais caras do meu mundo.

Olho para Demitri. — Faça uma transferência de quinze milhões de euros


para St. Monarch's.

Observo enquanto ele executa meu pedido e, quando ele acena para mim,
digo: — Pagamento efetuado.

— Presumo que você conheça o básico para a Srta. Terrero? — Madame


Keller pergunta.

— Conte-me sobre o treinamento dela.

— Sonia Terrero mandou a filha aprender a arte da escravidão sexual e


do contrabando de drogas, mas Isabella não se interessou por nada disso. Em
vez disso, ela solicitou um treinamento particular como zeladora. Recebemos
ordem de não informar a Sonia sobre a mudança no treinamento.

— Ela mencionou por quê?

— Não. Isabella manteve-se reservada enquanto nos visitava. Mas, direi


isso... ela foi excepcionalmente boa em seu treinamento.
— Excepcionalmente boa?

Madame Keller hesita por um momento, depois admite: — Mesmo nível


dos Vetrovs.

Porra.

Meus olhos vão para os de Demitri. Se Isabella estiver no mesmo nível


que ele, passaremos por momentos difíceis, a menos que consigamos que ela
se junte a nós.

— Obrigado, — murmuro distraidamente enquanto desligo a ligação.

— O que ela disse? — Demitri pergunta, preocupação gravada em suas


feições.

— Isabella aparentemente é tão boa quanto você.

A sobrancelha direita de Demitri se levanta. — Ela treinou como


zeladora?

Concordo com a cabeça, processando o que acabei de aprender. — Sonia


não conhece sua filha formada como zeladora. — Considero o fato importante.
— Acrescentando que ela libertou escravos antes, tenho certeza de que Isabella
está tentando derrubar Sonia por dentro.

— Se for esse o caso, você acha que podemos fazer com que Isabella fique
do nosso lado?

Eu balanço minha cabeça. — Depende do motivo dela para sabotar Sonia.


Se ela está atacando Sonia para que ela possa assumir o controle do cartel,
ainda somos seus inimigos.

— Como você quer lidar com isso? — Demitri pergunta enquanto olha
para todas as telas..

— Vamos observá-los um pouco e ver o que a Rainha e a Princesa estão


fazendo. Com um pouco de sorte, talvez não precisemos fazer nada, e eles se
matam.
Meus pensamentos se voltam para quando vi Isabella libertar as
meninas. Há algo familiar no modo como ela se move, mas ainda não consigo
descobrir o que é.

Ela não demonstrou medo e eliminou os dois guardas sem qualquer


hesitação. Foi bem planejado e executado.

Se Isabella tentar derrubar Sonia para assumir o cartel, ela será uma
ameaça maior que sua mãe. Mas... se ela está destruindo o cartel de dentro
para fora... ela pode ser a aliança de uma vida inteira.

Destemida. Perigosa. Linda. Isabella será a parceira perfeita.

Isso se conseguirmos que ela trabalhe conosco.

— O que você está pensando? — Demitri pergunta.

Respirando fundo, solto o ar lentamente e então o canto da minha boca


se levanta. — Como tudo passou de chato pra caralho a divertido em questão
de uma hora.

****

De biquíni, estou deitada na sombra perto da piscina, fingindo navegar


pelas contas dos meus amigos nas redes sociais.

Suas páginas do Instagram parecem todas iguais. Sempre exibindo suas


últimas compras e como elas são sociais.
Minha mãe sai de casa e, com um suspiro, senta-se em uma das cadeiras
macias. Um criado corre para lhe trazer um copo de suco e uma salada de
frutas para o almoço.

Continuo folheando as postagens, minha atenção voltada para minha


mãe.

— Isso é tudo que você planeja fazer da sua vida? — Mãe pergunta, seu
tom tenso de desaprovação.

Deixei escapar uma risada preguiçosa. — Yep. — Sabendo que isso vai
irritá-la, deixo o 'P' aparecer.

— Você é uma vergonha para o nome Terrero, — minha mãe murmura


antes de tomar um gole de sua bebida. — Você precisa começar a aprender o
negócio.

Soltei um suspiro entediado. — Por que? Hugo pode assumir. Não tenho
interesse em lidar com a sujeira que você vende.

— Mas você adora gastar dinheiro? — Seu tom agora está gelado.

Dando-lhe um amplo sorriso, levanto-me da espreguiçadeira e caminho


em direção a ela. — Só estou fazendo a minha parte para apoiar a economia.
— Sentando-me à mesa, roubo uma das uvas da salada da minha mãe e coloco
na boca. — Além disso, você sabe que todos os assassinatos e torturas me
assustam.

Os olhos da minha mãe fixam-se em mim, sem emoção e impregnados


de um veneno mortal. — É o meu legado.

— Estou pensando em me tornar modelo, — mudo levianamente de


assunto.

— Por cima do meu cadáver, — ela sibila.

Breve.

Relaxo na cadeira e cruzo as pernas. Só então Hugo sai para o pátio e eu


sorrio para ele. — Hugo, você não se importaria de tomar meu lugar no cartel,
certo? — Minha voz é doce e açucarada e isso me rende um olhar possessivo e
mortal de minha mãe.

Hugo nunca trairá minha mãe. Ele me ignora enquanto se senta ao lado
da minha mãe e, inclinando-se para ela, sussurra: — Perdemos outra remessa.

Os olhos da mãe se voltam para os dele. — Qual?

— Aquela destinada ao Soacha.

Surpresa.

Abro o catálogo de verão da Chanel e o folheio, fingindo não me importar


com a conversa deles.

— O que você está fazendo para descobrir quem está por trás disso? —
Pergunta a mãe, fazendo o melhor que pode, mas sem conseguir manter a
calma enquanto suas bochechas ficam vermelhas e sua boca forma uma linha
sombria.

Hugo passa a mão pelos longos cabelos negros dela para acalmá-la. — É
uma pessoa. Algum vigilante. Não se preocupe, vamos pegá-lo.

Claro que você vai. Idiota.

Recebi o mesmo treinamento que Hugo no St. Monarch's, só que sou


muito melhor que ele. O pobre bastardo não tem chance contra mim.

É divertido vê-los preocupados, sem ter a menor ideia de que a pessoa


está bem debaixo de seus narizes.

— Duplique a segurança em todas as remessas, — ordena a mãe.

Duplique a diversão.

— E a remessa para o leilão? — Hugo pergunta, e é preciso muito esforço


para não erguer os olhos.

O leilão será para virgens. Acontece uma vez por ano e quase fui pega no
ano passado. Preciso de todas as informações que puder obter.

— Farei com que a remessa passe por Cali em vez de Medellín, —


responde a mãe.
O carregamento está previsto para atracar em três semanas, e depois as
meninas serão trazidas para cá, onde será feito o leilão tomar lugar. Posso
libertar as meninas nas docas ou no caminho de Cali até aqui. Ambos serão
arriscados como o inferno.

— Faça com que todos os homens que pudermos guardem o


carregamento, — ela ordena.

Hugo se inclina para mamãe e dá um beijo em sua bochecha. — Eu


cuidarei disso.

Olho para cima e, por um momento, as feições de mamãe suavizam


quando ela olha para Hugo.

Há quatro anos, ela comprou Hugo durante um leilão no St. Monarch's.


Mesmo ele sendo vinte anos mais novo que ela, foi amor à primeira vista, o
que foi totalmente estranho e bizarro para minha mãe. Eles devem ser feitos
da mesma coisa porque se encaixam perfeitamente. Ele também é a única
pessoa que conseguiu algum tipo de carinho da Rainha do Terror.

Como eu disse, é estranho e às vezes completamente assustador.

— Ooooh, — eu digo, e então seguro meu telefone, para que eles possam
ver o vestido que estou olhando. — Isso não é lindo? Será perfeito para a festa
de Nadia amanhã à noite.

— Isabella, — mamãe responde com raiva. Posso ver que ela está
precisando de todo o seu autocontrole para não me dar um tapa. — Eu não
tenho tempo para suas merdas. — Eu observo enquanto ela se levanta e se
afasta para tratar de negócios.

Hugo me lança um olhar de advertência que causaria medo na maioria


dos homens. — Você não acha que é hora de crescer e ingressar no negócio?

Eu sorrio meu sorriso mais doce. — Você faz um trabalho muito melhor
do que eu jamais serei capaz. Você não se importa, não é?

Minhas palavras acariciaram seu ego inflado. Ele solta um suspiro como
se fosse um fardo lidar comigo, mas depois admite: — Claro, não me importo.
Tenho certeza que não. É melhor você aproveitar estar no topo da
cadeia alimentar enquanto pode.

Levantamo-nos ao mesmo tempo e digo: — Tenho compras para fazer. —


Fingindo excitação, corro para casa para tirar o biquíni.

Três semanas até a remessa atracar. Eu tenho muito trabalho para fazer.
Felizmente a festa de Nadia será realizada no super iate de seu pai, então
poderei verificar o estaleiro e arredores.

Às vezes eu gostaria de ter poder suficiente para derrubar minha mãe e


Hugo, mas como somos só Ana e eu, libertar os escravos é tudo que posso fazer
no momento.
CAPÍTULO 5

Assistindo Isabella participando de uma festa em um iate, ela é tão boa


atuando como socialite que faz todo mundo acreditar.

Através dos meus binóculos de visão noturna, sigo Isabella enquanto ela
se move entre os outros participantes. Ela sorri para algo que uma mulher está
dizendo a ela e então balança a cabeça.

Isabella e a outra mulher caminham até onde um grupo já está dançando


e se juntam a eles.

— Tome uma bebida, — Demitri diz.

Colocando o binóculo sobre a mesa, pego o copo dele. Depois de tomar


um gole, pergunto: — Como está Ariana?

Demitri conversa com ela a cada duas horas.

— Bem, — ele responde, com um sorriso aparecendo em sua boca. — Ela


sente minha falta.

Soltei uma risada. — Provavelmente nem metade da falta que você sente
dela. — Meu amigo se apaixonou pela Ariana.

Demitri olha para a água. — Preciso comprar um carro novo para Ariana.

— O que você está olhando?

Ele dá de ombros. — Provavelmente um Mercedes ou Audi.

Tomo outro gole de vodca e digo: — Devíamos construir outra casa na


propriedade para que você e Ariana possam ter privacidade. Ou isso ou você
deveria encontrar seu próprio lugar.
No momento, Demitri e Ariana moram comigo na mansão que tenho em
Los Angeles. Demitri é teimoso pra caralho, no entanto. Eu sei que ele não vai
se mudar para sua própria casa. O filho da puta pensa que assim que ele virar
as costas, vou me matar.

— Gosto da ideia de construir mais uma casa na propriedade. Dessa


forma, ainda estarei por perto, — Demitri cede.

Rindo, eu balanço minha cabeça. — Você sabe que posso cuidar de mim
mesmo, certo?

Ele acena com a cabeça, mas depois murmura: — Ainda é meu trabalho
mantê-lo vivo.

Nós nos encaramos por um momento. — Eu quero que você seja feliz,
irmão. Construa uma família e um futuro com Ariana.

O canto de sua boca se levanta novamente. — Família. Nunca pensei que


consideraria ter filhos.

— Vou ensiná-los a atirar, — brinco.

O sorriso de Demitri se alarga. — É melhor, visto que você será o


padrinho deles.

Nossos olhos se encontram novamente enquanto a emoção percorre meu


peito. — Eu ficaria honrado.

Fogos de artifício explodem no ar e risadas fluem do outro iate, atraindo


minha atenção de volta para Isabella.

Pegando o binóculo, procuro Isabella, encontrando-a onde ela ainda está


dançando, com movimentos lentos e sensuais.

Novamente, há uma familiaridade mesquinha, e então uma carranca se


forma na minha testa quando percebo quem ela me lembra.

O penetra da festa.

Isabella se move como o penetra fez na noite da festa de Ariana... como


água corrente.
Quais são as hipóteses?

Meu olhar está colado em Isabella enquanto ela se perde na música, e


meus pensamentos voltam para a mulher com quem comi. A mulher que me
enfeitiçou até que eu me concentrasse exclusivamente nela.

Nunca esquecerei como ela se sentia, uma mistura de perigo e


sensualidade. Sua pele era mais macia que a calcinha de seda que ela usava.
Quase posso sentir o cheiro de seu perfume, flores, baunilha e algo terroso.

Cristo, parecia que eu estava em alta quando enterrei meu pau bem
dentro dela. Seus gemidos enquanto ela tinha orgasmo e sua buceta apertar
com força ao meu redor foi o suficiente para me fazer perder o controle.

Estou começando a ficar duro só com a lembrança e rapidamente deixo


a lembrança erótica de lado, focando em Isabella novamente.

A festa dura até de madrugada e só então voltamos para terra firme.


Assim que chegamos ao porto, Demitri e eu saímos do iate e encontramos um
local seguro de onde podemos observar o outro navio. Enquanto os festeiros
se dirigem aos seus veículos, Isabella faz uma pausa para tirar fotos do porto.
Os amigos dela participam, e a atuação se encaixa, mas tenho a sensação de
que Isabella está aqui para dar uma olhada no porto.

— O que você acha que ela faria se eu fosse até ela? — Pergunto enquanto
observo Isabella indo para onde sua limusine está estacionada. Ela entra e, um
momento depois, o veículo vai embora.

— Provavelmente matar você, — responde Demitri.

Balançando a cabeça, eu sorrio para ele. — Ela pode tentar.

Ele solta uma risada enquanto acena em direção ao nosso veículo sem
identificação. — Vamos sair daqui.

Quando estamos ambos sentados no carro, digo: — Deve haver uma


remessa chegando em breve. Ela tirou essas fotos para se familiarizar com o
layout da área.
Ligo o motor e dirijo o veículo em direção ao campo de aviação onde
nosso jato particular nos espera para nos levar de volta a Bogotá, onde fica o
complexo de Sonia.

— Estou curioso para saber por que Isabella liberta os escravos, —


Demitri murmura enquanto olha ao nosso redor, sempre em guarda para um
ataque.

— Que faz de nós dois.

Estou curioso sobre muitas coisas quando se trata de Isabella Terrero.


Ela é um enigma, que estou morrendo de vontade de descobrir.

Eu me pergunto qual seria a reação dela se ficássemos cara a cara.

****

Já passa da meia-noite quando saio para a varanda do meu quarto.


Sempre mantenho a porta de correr aberta para não parecer suspeita nas
noites em que saio.

Espero um pouco mais antes de subir na varanda e cair no gramado


abaixo. Então, ficando abaixada, eu me apresso em direção à parede e, sem
muito esforço, eu me levanto.

Corro até a casa desocupada e primeiro coloco minha roupa de couro


antes de colocar minha mochila com minhas ferramentas e armas nas costas.
Depois de empurrar minha motocicleta para fora do galpão, jogo minha perna
por cima do assento e fico confortável. Quando o motor ganha vida, um sorriso
se forma em meus lábios.
Dirijo até a casa segura, aproveitando a sensação do vento passando por
mim. As ruas estão silenciosas quando saio da cidade e, vinte minutos depois,
estaciono na entrada de cascalho da casa segura. Estaciono minha moto e,
quando chego à entrada lateral, o scanner biométrico identifica meu rosto e
destranca a porta de segurança.

As portas dianteiras e traseiras são apenas para exibição. Além da


entrada de segurança, há um túnel embaixo da casa que leva a um campo
próximo. Gastei muito dinheiro para garantir a segurança de Ana.

Entrando na casa, está escuro e silencioso. Ando por todos os cômodos,


verificando se está tudo bem antes de descer para o porão. Encontro Ana atrás
do computador.

— Oi, — eu digo enquanto me sento na cadeira ao lado dela.

— Eu olhei as fotos que você me enviou na semana passada, — ela começa


a trabalhar.

Antes de conseguir libertar Ana, ela foi estuprada e torturada. A única


maneira de ela conseguir lidar com a situação é se perder no trabalho que
fazemos. Tentei conversar com ela sobre o que ela sofreu, mas ela deixou claro
que o assunto está fora dos limites.

— Você está bem em vir comigo? — Eu pergunto novamente.

Ana assente e depois vira o rosto para olhar para mim. Ela é mais baixa
e mais magra do que eu, mas seus traços são marcantes e femininos. Ana é tão
linda que às vezes ainda me pega de surpresa.

— Sim. Vou levar a van para Cali, caso haja algumas meninas que
precisem de ajuda.

Volto minha atenção para as fotos e olho cada uma delas. — Acho que
entrar pelo lado dos contêineres será melhor. Isso me dará a cobertura que
preciso.

Ana aponta para a seção de armazéns do porto. — Ou aqui.

— Ambos poderiam funcionar.


— Quantos homens Sonia está enviando?

— Bastante. Normalmente, eu teria apenas uma dúzia com que me


preocupar, mas ela está enviando todos os homens disponíveis. Estou
preparada para um pequeno exército.

— Deixe-me ser seu apoio, — diz Ana pela centésima vez.

Embora eu a tenha ensinado a manusear uma arma, balanço a cabeça


com força. — Não. Não estou colocando você nesse tipo de perigo.

Os olhos de Ana se estreitam em mim. — Eu não posso simplesmente


sentar e ver você ser morta, ou pior... levada.

Um sorriso suave curva meus lábios e gentilmente coloco minha mão no


antebraço de Ana. Ela costumava se encolher sempre que eu a tocava, mas isso
parou há um ano.

— Não vou me deixar levar, — tento oferecer-lhe algum conforto. — Eu


me mataria antes de permitir que isso acontecesse.

Ana tira minha mão e faz uma careta sombria para mim. — Não diga isso.

Inclinando a cabeça, percebo a preocupação em seus olhos. Eu me inclino


um pouco para frente. — Ana?

Suas feições se contraem até parecer que ela está prestes a chorar. Com
a voz trêmula, ela diz: — Não posso perder você, Isabella. Você é minha
família.

Lentamente, estendo a mão para ela e a puxo para um abraço. No início,


Ana fica rígida, mas depois relaxa em meu abraço.

— Prometa-me que você vai sair daí se as coisas ficarem muito perigosas,
— ela sussurra.

Passo a palma da mão na parte de trás de sua cabeça, os fios curtos


macios. — Eu prometo.

Ana se afasta e me dá um sorriso raro. — Vamos voltar ao trabalho.


Voltamos nossa atenção para as fotos, examinando o porto até poder
andar de olhos vendados pela área. Ana vai preparar uma xícara de café para
nós duas enquanto verifico as armas que guardo no esconderijo.

A remessa chegará na próxima semana. Minha mãe e Hugo têm a


impressão de que estarei em Nova York para um desfile de moda. Enganá-los
é o menor dos meus problemas agora. O porto será fortemente vigiado.

Olho para as escadas que levam ao primeiro andar e solto um suspiro


pesado.

Há uma boa chance de eu não conseguir cumprir minha promessa a Ana.


Tenho um fundo de segurança criado, ao qual ela tem acesso, então pelo
menos sei que ela será cuidada caso eu morra.
CAPÍTULO 6

HÁ DOIS ANOS, QUANDO ISABELLA SALVOU ANA.

Voltei de St. Monarch's há duas semanas, quando o leilão anual é


realizado.

A mansão é luxuosa, os garçons correm por toda parte para se preparar


para os convidados. Olho para o elevador que leva por baixo da casa. É lá que
as meninas estão sendo mantidas em quartos e onde acontecerá o leilão. Só
estive lá duas vezes antes, mas foi o suficiente para ver os horrores que
acontecem sob a casa que chamo de meu lar.

— Não me envergonhe esta noite, — minha mãe diz de repente ao se


aproximar de mim.

Viro-me para encará-la e solto um suspiro. — Eu tenho que comparecer?


— Eu choramingo como uma criança mimada.

Ela me dá um olhar frio. — Sim.

Dou de ombros e caminho em direção ao elevador com ela. — Prefiro ir à


boate com Nadia e Gloria.

A mãe coloca a chave, acionando o elevador e as portas se abrem. Assim


que entramos, seu olhar percorre o revelador vestido vermelho que estou
usando. — Agora que você concluiu seu treinamento, espero que se envolva no
negócio.

— Não. — Eu dou a ela um sorriso doce. — Pretendo recuperar o tempo


perdido. O treinamento foi tedioso. Sinto que mereço alguns anos de folga pela
tortura que você me fez suportar.
Os olhos da mãe se estreitam em mim. — Como consegui criar uma filha
mimada? Eu desprezo que você não me puxe.

As portas do elevador se abrem, revelando uma câmara com um palco


em forma de octógono no meio da sala. Cadeiras com postos de licitação
formam um círculo em forma de meia-lua ao redor do pódio onde as meninas
desfilarão.

Encolhendo os ombros descuidadamente, entro no espaço sombrio. —


Você deveria ter pensado nisso quando fodeu meu pai.

O rosto da mãe se contrai de raiva e então ela zomba: — Você está certa,
eu deveria ter feito isso. Mas, como você é agora, eu era jovem e estúpida.

Eu sorrio para ela novamente. — Veja, eu sou como você, afinal.

Recebo um olhar de advertência e então os convidados começam a


chegar, escoltados por Hugo, amante e braço direito de minha mãe.

Minhas feições se transformam em aço sólido enquanto observo uma


pessoa depravada após a outra encher a sala. Observando a fossa da
humanidade se acumular, o ódio começa a tremer em meu peito.

Eu gostaria de poder acabar com todos eles com um só golpe, mas


sabendo que é uma tarefa impossível, faço o papel da Princesa do Terror e filha
obediente.

Logo os licitantes ocupam seus lugares e então o leilão começa. Meu


coração sangra enquanto os meninos e meninas desfilam, mas é quando a
última menina é colocada em leilão que meus músculos ficam tensos.

Ela parece uma fada, me dando a impressão de que poderia ser morta
com um simples tapa, não importa o que o licitante vencedor tenha planejado
para ela.

Meu batimento cardíaco acelera enquanto ouço os lances subirem até


que ela é vendida por um milhão e vírgula dois milhões de dólares. Então, meu
foco se volta para o homem que acabou de comprar a garota e, chegando mais
perto de minha mãe, pergunto: — Você deve estar feliz com o preço que ele
está pagando?

Ela mal me olha enquanto zomba: — Você provavelmente gastará tudo


nas próximas duas semanas.

Deixei escapar uma risada falsa e divertida. — Não se importe se eu fizer


isso. — Deixei meu olhar percorrer os participantes. — Quem são essas
pessoas?

— Principalmente homens de negócios e esposas entediadas de


milionários. — Felizmente, a mãe gesticula para o homem que acabou de
comprar a menina. — Sr. Sawiris está em construção. Ele é conhecido por
enterrar seus escravos sob o último prédio que está construindo. — Mamãe
sorri para mim. — Assim que ele terminar com eles, é claro.

O sangue gela em minhas veias, mas de alguma forma consigo continuar


agindo.

****

Acompanhei Sawiris até Medellín, onde ele passará o fim de semana


antes de voltar para o buraco que ele chama de lar.

Só tenho dois dias para libertar a garota. Depois disso, ela estará perdida
para sempre.

Meu coração está batendo forte no peito enquanto escalo o muro da


mansão onde Sawiris está hospedado. Estou vestida com calça preta, camisa
de manga comprida, botas e luvas, me misturando com a noite escura ao meu
redor. Eu também tenho maquiagem que me faz parecer que estou na casa dos
cinquenta, com uma peruca grisalha, então não sou facilmente reconhecível.
Rastejando em direção aos fundos da casa, minha boca fica seca por causa da
adrenalina que pulsa em meu corpo.

Você pode fazer isso, Isabella. Foi para isso que você treinou.
Meus músculos ficam tensos quando vejo os dois guardas parados do
lado de fora da porta deslizante do pátio.

Assim que estou perto o suficiente, entro em ação, correndo para frente.
Pulando no ar, minhas pernas envolvem o pescoço do primeiro guarda e,
quando o viro, ouço um estalo satisfatório. Seu corpo cai sobre os azulejos
brilhantes enquanto eu caio de pé.

O segundo guarda saca sua arma e eu corro para sua esquerda enquanto
ele dispara um tiro silenciado. A palma da minha mão encontra seu nariz, mas
não com força suficiente para enfiar o osso de volta em seu crânio. Ele tropeça,
mas recupera o equilíbrio no momento em que dou um soco forte em seu
queixo. Outro tiro é disparado, errando minha perna direita por alguns
centímetros.

Agarrando seu ombro, uso sua estrutura sólida para balançar meu corpo
atrás do dele, e então envolvo meu braço em volta de sua garganta e minhas
pernas em volta de sua cintura. Eu aperto meu domínio, cortando seu
suprimento de ar. Com grunhidos, ele cai de joelhos e então me joga contra os
azulejos. A força vibra através do meu corpo, mas não afrouxo o aperto.

Demora um momento até que seus grunhidos diminuam e seu corpo


fique mole. Então, empurrando o bastardo de cima de mim, eu agarro sua
arma, e apontando o cano para sua testa, eu puxo o gatilho. Pego a arma do
outro guarda e a enfio nas costas.

Abrindo a porta deslizante, entro na sala. Um guarda vem correndo de


um corredor à minha direita, e eu rapidamente disparo um tiro que o atinge
no pescoço. Então, girando, coloco outra bala no peito de um guarda enquanto
ele desce correndo a escada.

Verifico o clipe, notando que ainda tenho sete balas. Colocando o clipe
de volta no lugar, vou até as escadas e rapidamente caminho para o segundo
andar.

Procuro pelas salas, pensando em como Sawiris é estúpido por ter apenas
seis guardas. Os dois restantes estão parados na frente da casa, e sei que é
apenas uma questão de tempo até que percebam que algo está errado, caso
ainda não tenham sido alertados pelo tiroteio.

Chegando ao quarto principal, eu abro a porta no momento em que


Sawiris está ocupado sufocando a garota.

A cena repugnante me estremece. A garota está nua e espancada, o que


me diz que já é tarde demais.

Sawiris olha por cima do ombro, irritado por estar perturbado enquanto
estupra e abusa de uma garota que não parece ter muito mais de dezoito anos..

Seus olhos se arregalam e então puxo o gatilho, enterrando uma bala


entre seus olhos. Seu corpo cai sobre a garota que está em estado de choque
demais para sequer emitir um som.

Correndo para a cama, agarro o corpo de Sawiris e o jogo no chão. Por


um momento, a bile se acumula em minha garganta quando percebo o estado
destroçado da pobre garota.

Sinto muito por não ter vindo antes.

— Temos que sair daqui. — Minhas palavras não parecem ser registradas
e não posso culpar a garota traumatizada.

Pego algumas roupas de Sawiris e rapidamente a visto com uma camisa


de botão só para ela ficar coberta. — Temos de ir. Vamos, — eu digo enquanto
coloco a garota de pé.

Agarrando seu braço com a mão esquerda, pego a arma de onde a


coloquei na cama e arrasto a garota para fora da suíte.

No momento em que saio para o corredor, estou preparada para matar


qualquer um que se interponha no meu caminho para salvar essa garota.

Eu a puxo atrás de mim enquanto começamos a caminhar em direção às


escadas. Quando chegamos à porta da frente, murmuro: — Fique atrás de
mim. Se algo der errado, apenas corra.

Eu a sinto se aproximar um pouco mais de mim e dou um aperto


reconfortante em seu braço.
Abrindo a porta da frente, meus olhos procuram pelos outros dois
guardas. Aquele está parcialmente coberto atrás de um pilar ligeiramente à
minha direita, e quando ele olha por trás do pilar, eu puxo o gatilho.

Arranco a garota para fora de casa e, enquanto descemos correndo as


escadas em direção à garagem, avisto o outro guarda à frente, perto dos
portões.

Esse é o erro que muitas pessoas ricas cometem. Eles contratam idiotas.

Disparo dois tiros e, quando seu corpo cai no chão, jogo a arma para o
lado e puxo a outra arma atrás de mim. Correndo para a guarita, pressiono o
botão para abrir os portões e arrasto a garota para fora da propriedade até
onde está estacionada a van sem identificação que comprei há dois dias.

Empurro-a para o banco do passageiro e, quando estou atrás do volante


e voltando para Bogotá, respiro fundo algumas vezes.

Olho para a garota que está encolhida contra a porta.

— Você está segura agora. Estou levando você para uma casa onde você
poderá se recuperar. Depois disso, você pode ir para casa.

Finalmente, ela levanta os olhos para mim. — Quem é você?

— Uma amiga.

— Por que você me ajudou?

— Eu odeio a escravidão sexual. — Eu mantenho minhas respostas


curtas, não querendo dar a ela muitas informações sobre mim.

O silêncio cai entre nós, e posso sentir a dor que ela sente, tremendo no
ar.

A meio caminho de Bogotá, ela sussurra: — Meu nome é Ana.


CAPÍTULO 7

Seguimos Isabella de volta ao porto e, como pensei, ela está aqui para
outro carregamento.

Só que desta vez há homens fervilhando por toda parte. A remessa que
chega deve ser de alto valor para que Sonia a guarde tão fortemente.

— Não há nenhuma maneira de Isabella conseguir fazer isso sozinha, —


Demitri sussurra ao meu lado, onde nos posicionamos em um dos telhados do
armazém. Estou com meu rifle em punho e, deitado, uso a mira para examinar
a área abaixo.

— Há facilmente mais de cem homens lá embaixo, — murmuro.

Demitri prepara seu próprio rifle e pergunta: — Você planeja ajudá-la?

— Sim. — Eu sorrio para ele. — Dessa forma, ela vai me dever.

Viro minha mira para onde Isabella está protegida em um dos


contêineres. Mal consigo distinguir sua figura vestida de preto enquanto ela
está imóvel.

— Movimento no navio, — Demitri diz.

— Você observa a remessa. Vou ficar de olho em Isabella, — eu o instruo.


Lentamente, Isabella se levanta e pula para outro contêiner. Observo
enquanto ela se aproxima furtivamente, e isso faz crescer o respeito que já
sinto pela mulher.

Quando ela está perto da primeira linha de guardas, ela pula no chão e
eu a perco de vista por um momento. Então, segundos depois, ela rasteja para
fora, segurando uma arma em cada mão.

— No momento em que ela derrubar o primeiro homem, o inferno vai


explodir, — eu expresso minha preocupação.

— Eu tenho o lado esquerdo coberto, — Demitri sussurra, sua voz tensa


e focada.

Isabella entra em ação, e é de tirar o fôlego quando ela levanta as duas


mãos e abre fogo contra os homens. Eu foco meus olhos nos homens mais
próximos dela e começo a eliminar aqueles que são a maior ameaça para ela.

A cabeça de Isabella vira em nossa direção enquanto deixo cair outro


corpo para ela.

De nada, pequenina.

Eu tiro outra foto e Isabella volta à ação.

Demitri começa a disparar tiros, mas muitos homens fugiram pelo lado
esquerdo e estão se aproximando de Isabella.

— Estou indo atrás dela, — digo enquanto me levanto.

— Eu te protejo, — Demitri responde, e então estou correndo em direção


à lateral do armazém. Pulando nos aparelhos de ar condicionado e depois em
uma pilha de caixotes, chego ao chão em questão de segundos.

Eu saio em disparada, disparando tiros enquanto me movo na direção de


Isabella. Corpos caem ao meu redor enquanto Demitri me cobre. Chego até a
lateral dos contêineres e passo por eles, não querendo encarar Isabella de
frente.

Neste momento, ela me verá como outro alvo.


Enquanto ando por um conjunto de contêineres, chego atrás de Isabella.
Ela está sendo forçada a recuar pelos homens, e então a voz de Demitri soa no
fone de ouvido que estou usando, 'Reforços chegaram. Saia daí.'

— Não sem Isabella, — eu murmuro as palavras enquanto ando por trás


dela, atirando nas ameaças mais próximas.

Isabella corre para o lado, tentando manter o foco nos homens de Sonia
enquanto olha para mim..

— Este lugar está prestes a ser invadido. Os reforços acabaram de chegar,


— grito para ela enquanto continuo atirando. Estou em alerta máximo que ela
pode se voltar contra mim a qualquer momento.

— Dê o fora daí, — Demitri grita em meu ouvido enquanto continua


derrubando um corpo após o outro, nos dando um momento de alívio.

Com a mão livre, agarro o braço de Isabella e, balançando a cabeça, digo:


— Você não pode libertá-las. Você está em menor número.

Isabella relembra a guerra que Demitri está travando contra os homens


que correm em nossa direção, e então eu a puxo para dentro do labirinto de
contêineres.

Por um momento, ela vem comigo, mas depois se afasta do meu aperto e
assume uma postura de luta. — Quem diabos é você? — Ela exige, alerta em
sua voz.

Ela provavelmente vai me matar no momento em que ouvir meu nome.


O canto da minha boca se levanta. — O diabo.

Os olhos de Isabella se arregalam por trás da máscara de esqui que ela


usa. — O que você acabou de dizer?

Um homem aparece atrás de Isabella e eu simplesmente reajo.


Colocando três tiros em seu peito, agarro seu braço e a puxo contra meu
corpo..
Há uma explosão de flores, baunilha e algo terroso. Por um momento,
sou pego de surpresa quando meus olhos se abaixam para o olhar arregalado
que me encara.

Sagrado. Porra.

Eu me recupero rapidamente. — Prazer em ver você de novo, — digo,


divertido com a forma como tudo isso está acontecendo.

'Mova-se, porra, ou eu juro que eu mesmo atiro em você!' Demitri grita


no meu ouvido novamente, me puxando de volta à nossa situação atual.

— Que tal nos matarmos mais tarde e primeiro sairmos vivos dessa
bagunça? — Eu pergunto, o canto da minha boca se erguendo ao saber a
identidade do namorado que tive alguns meses atrás.

A ligação que acabou por ser uma deusa travessa do caos, levando
golpe após golpe no cartel.

Isabella se recupera do choque e começamos a nos aprofundar nos


contêineres até nos libertarmos do outro lado do porto.

— Onde você está? — Eu pergunto a Demitri.

Os olhos de Isabella se voltam para mim enquanto Demitri responde: 'À


sua direita.'

Virando a cabeça, vejo o SUV vindo em minha direção. Mas, quando olho
para Isabella, fico cara a cara com o cano de sua arma..

Ela começa a se afastar de mim, avançando lentamente na direção de sua


motocicleta.

Eu ouço o SUV parar bruscamente e levanto minha mão, para que


Demitri não atire em Isabella.

— Quando você estiver pronta para conversar, me avise, — digo a ela.

— Quem é você? — Ela morde as palavras, seu corpo tenso enquanto ela
continua se movendo para trás.

Minha boca se abre em um sorriso novamente. — Alexei Koslov.


Isabella congela por um momento, chocada ao ouvir meu nome. Então
ela se vira e corre em direção à sua motocicleta.

Vejo você em breve.

****

Ondas de choque continuam me estremecendo enquanto caminho até


onde Ana está esperando.

Esta noite foi um fracasso de proporções épicas.

Merda.

As garotas.

Parando no acostamento para poder ter um momento para processar


meu fracasso, desço da moto e solto um grito de frustração.

Arranco meu capacete e minha máscara de esqui e os jogo no chão.

Alexei Koslov.

Meu Deus.

O maldito demônio com quem fiz sexo acabou sendo o chefe da bratva.

Meu Deus.

Respiro através das emoções desenfreadas que travam uma guerra em


meu peito. Minha decepção por não ter conseguido libertar as meninas. Meu
choque por ter o maldito Alexei Koslov me ajudando a sair de lá.

Eu não teria escapado viva de outra forma.


Quando os corpos começaram a cair ao meu redor, fui pega totalmente
desprevenida. Mas havia muitos homens para eu lutar sozinha.

Deus, minha mãe enviou um exército.

Paro de me mover e, sentindo-me esgotada, respiro fundo enquanto olho


para a escuridão ao meu redor.

Só então, o SUV sem identificação que vi no porto para alguns metros


atrás de mim.

Ele sabia que eu estaria no porto.

Meus olhos se voltam para minha motocicleta.

Merda, ele está me rastreando, o que significa que pode saber tudo sobre
a vida dupla que tenho levado.

Há uma sensação de aperto em meu peito quando tudo pelo que trabalhei
tanto começa a desmoronar ao meu redor.

Sabendo que em algum momento terei que enfrentar Alexei, puxo minha
Heckler & Koch das costas e aponto o cano para o SUV. Alexei e seu zelador,
Demitri, saem do veículo, parecendo a dupla poderosa que são.

Demitri Vetrov. Acho que posso levá-lo.

Mas não posso levar os dois.

Não tenho ideia de quão bom Alexei é. Se ele for melhor que Demitri,
estou morta.

Movo minha mira para Alexei, a ameaça incerta.

— Você tem um rastreador na minha motocicleta? — Eu pergunto


quando eles param.

— Claro, — responde Alexei. Está muito escuro para distinguir


claramente suas feições, mas posso ouvir a diversão em sua voz. — Minha vez,
— ele diz enquanto dá mais um passo para mais perto de mim. — Por que você
está libertando os escravos?
— Eles não são escravos, — eu mordo as palavras. — Eles são pessoas
inocentes.

Posso entender quando Alexei assente. Ele se aproxima um pouco mais


e meu dedo aperta o gatilho enquanto uma onda de perigo toma conta de mim.
O poder que este homem possui irradia noite adentro.

Ao contrário de quando foi excitante na noite da festa, os pequenos


cabelos da minha nuca agora se arrepiam de apreensão.

Alexei Koslov é conhecido por ser imprevisível e implacável. Ele é mortal


e o homem mais temido. Esses fatos por si só deveriam me fazer tentar
enquanto posso, mas por alguma razão desconhecida, não o faço.

Ele também é o maior inimigo da minha mãe.

Ele pode destruí-la.

— Por que você está me observando? — Eu pergunto.

— Na verdade, estou observando Sonia. Descobrir você foi uma surpresa


agradável, — responde ele.

Outro passo de Alexei me fez dizer: — Já está perto o suficiente.

— Então você é a penetra da festa? — Ele pergunta.

Arrepios se espalham pela minha pele, quando um flash dele


empurrando dentro de mim me desequilibra por um momento.

Mantendo minha voz neutra, respondo: — Foi um momento de


estupidez.

Alexei solta uma risada sexy. — É tarde demais para mentiras, pequena.
— Pequena. Parece mais um termo carinhoso do que um apelido depreciativo.

Demitri fica imóvel, mas posso sentir sua presença.

— O que você quer de mim? — Eu exijo.

Outra risada sexy de Alexei faz meu corpo tremer. — Eu não diria não a
uma repetição do desempenho, mas por enquanto, gostaria de lhe oferecer
uma aliança. Claro, isso pressupõe que tenhamos o mesmo objetivo.
— Qual objetivo?

— Derrubando sua mãe.

— O que faz você pensar que vou trabalhar com você? Você não é
diferente dela.

Alexei bate com a mão no peito. — Isso dói. Não sou nada como Sonia
Terrero.

É a minha vez de rir. — Certo. Você não mata enquanto governa o mundo
com um punho implacável.

Alexei balança a cabeça e, ignorando meu aviso anterior, dá alguns


passos para mais perto de mim. Dou um tiro no chão aos seus pés, mas ele
nem sequer recua. Em vez disso, ele solta uma gargalhada divertida.

Demitri apontou sua arma para mim tão rápido que eu nem notei ele se
movendo.

Alexei nem se incomoda em olhar para Demitri enquanto diz: — Abaixe


sua arma, irmão.

Demitri escuta, mas seu corpo está tenso e pronto para entrar em ação a
qualquer momento. Olhando para ele, um sorriso se forma em meus lábios
quando digo: — Você não é páreo para mim, Vetrov.

— Quer largar sua arma para que possamos descobrir o quão boa você
realmente é? — Demitri pergunta.

— Outra hora. Tenho uma bagunça para limpar, — respondo antes de


voltar minha atenção para Alexei. Ele dá um último passo mais perto, o que
tornará mais fácil para ele tentar me desarmar, então inclina a cabeça e diz: —
Eu não mato pessoas inocentes.

Já ouvi pessoas dizerem isso sobre ele.

Agora que ele está mais perto, posso distinguir suas feições. Ele é
atraente se você quiser ser devorado por um lobo.

Como eu era.
Abaixo minha arma alguns centímetros até que ela não esteja mais
apontada para seu peito, mas sim para seu pênis.

Novamente Alexei ri. — Você realmente quer privar o mundo do êxtase


que sentiu quando eu te fodi?

Minha sobrancelha esquerda sobe. — Vão em vão?

— Não, apenas confiante.

Abaixando minha arma completamente, ainda estou em alerta máximo


enquanto pergunto: — Qual é a sua proposta?

— Nós derrubamos Sonia.

Risadas cínicas explodem em meus lábios. — E então? Que garantia terei


de que você não me matará depois de ajudá-lo?

— Você terá minha palavra, — ele afirma como se isso realmente


significasse algo para mim.

Dando a ele um sorriso condescendente, balanço minha cabeça. —


Obrigada pela oferta, mas trabalho sozinha.

Alexei cruza os braços sobre o peito, parecendo mais um deus do que um


homem. — É apenas uma questão de tempo até que seu disfarce seja
descoberto.

— Isso é uma ameaça? — Eu mordo as palavras, dando um passo


ameaçador em direção a ele. Nossos olhares se encontram e, por um
momento, há uma luta de poder entre nós antes que ele solte outra risada
divertida.

— Porra, você é real?

Ele me perguntou a mesma coisa enquanto estávamos namorando.

Desta vez, o canto da minha boca se ergue com confiança. — Sim.

Alexei encontra meu sorriso enquanto olha para mim com admiração.
Nunca ninguém me olhou assim, e isso faz uma sensação estranha percorrer
meu peito..
Sua expressão fica séria, então ele diz: — Junte-se a mim, Isabella. Juntos
podemos derrubar Sonia. Eu lhe devo um favor.

Um favor de Alexei Koslov? Droga, isso é tentador.

Na verdade, paro um momento para pensar sobre isso, mas sabendo que
esse homem ainda é meu inimigo, balanço a cabeça. — Como eu disse, trabalho
sozinha. Obrigada pela oferta, no entanto.

Dou alguns passos para trás, erguendo minha arma para Alexei
novamente. — Você pode sair.

Alexei me encara por um momento e depois diz: — Até nos encontrarmos


novamente.

O que esperamos que não aconteça tão cedo.

Observo enquanto eles voltam para o SUV, e só quando estão dirigindo


pela estrada é que coloco minha arma nas costas e pego meu capacete e
máscara de esqui.

Por mais interessante que tenha sido, é hora de voltar para Ana para
decidirmos para onde ir a partir daqui.
CAPÍTULO 8

Ainda estou sorrindo quando chegamos à casa onde estamos


hospedados.

Definitivamente consegui mais do que esperava quando se trata de


Isabella Terrero. Cristo, a mulher é única.

Uma maldita obra-prima.

A maneira como ela se manteve firme na minha frente foi muito


excitante. Normalmente, as pessoas se encolhem de medo diante de mim, mas
não de Isabella. Não havia um pingo de medo entre nós.

Isabella Terrero é uma deusa, se é que alguma vez vi uma.

— Ela sorriu para você, — eu provoco Demitri, e então solto uma


gargalhada com a lembrança. — Você não é páreo para mim, Vetrov, — eu
imito o que Isabella disse a ele, apenas para cair na gargalhada novamente.

— Você realmente gostou daquele momento, não foi? — Demitri


pergunta, lançando um olhar em minha direção enquanto entramos na casa.

— Mais do que você jamais irá saber. — Quando chegamos à sala de


segurança, me sento em uma das cadeiras e sorrio para Demitri.

Ele balança a cabeça para mim, o canto da boca levantando. — Você está
tão impressionado com ela?

Meu sorriso se transforma em um sorriso largo. — Você tem que admitir,


Isabella Terrero é... emocionante pra caralho.

A expressão de Demitri fica séria, e então ele olha para mim.


Sabendo o que ele está pensando, digo: — Eu simplesmente admiro a
mulher.

Ele levanta uma sobrancelha para mim.

Dando-lhe um olhar de advertência, acrescento: — Você sabe que não


gosto de amor e relacionamentos. Vamos voltar ao trabalho.

Verifico o rastreador da motocicleta de Isabella e percebo que ela está em


um esconderijo nos arredores da cidade.

Será que ela vai retirar o aparelho para que eu não consiga mais
rastrear a moto dela?

Então Demitri murmura: — Mas está tudo bem quando você banca o
casamenteiro para todo mundo?

— Eu não jogo de casamenteiro. — Deixando escapar um suspiro, olho


para meu amigo. — Eu apenas empurro as pessoas na direção certa.

— Ok. — Demitri me dá um sorriso arrogante. — Deixe-me empurrá-lo


na direção certa então. Que tal uma aliança matrimonial entre você e Isabella?

A risada explode em mim. — Você viu a mesma mulher que eu esta noite,
certo? Ela provavelmente me castraria no momento em que eu mencionasse
um casamento entre nós.

Meu comentário faz Demitri rir. — Na verdade, eu gostaria de vê-la


tentar.

— Tanta coisa para me manter vivo, — eu o repreendo.

Demitri dá de ombros. — Ninguém disse nada sobre proteger sua


masculinidade. Você está sozinho quando se trata do seu pau.

— Filho da puta, — resmungo de brincadeira enquanto voltamos ao


trabalho.

Verificamos as telas e vendo que não há nenhuma atividade que mereça


nossa atenção, Demitri pergunta: — O que você quer fazer agora?
Penso por um momento e depois respondo: — Não adianta esperar muito
mais. Acho que devemos atacar depois do leilão. A segurança será alta até
então.

— Eu cuidarei de Damien enquanto você cuida de Carson, — Demitri diz


enquanto tira o telefone do bolso para ligar para seu irmão.

Pegando meu próprio telefone, abro o número do meu irmão mais novo
e pressiono discar..

— Oi, — Carson responde alguns segundos depois. Ele é um dos melhores


assassinos do mundo, mora na Suíça com sua namorada, Hailey. Já se passou
quase um ano desde que o vi, quando ele me ajudou a garantir a posição de
chefe da Bratva.

— Como estão as coisas aí? — Eu pergunto.

— Bom. Calma, — ele responde. — E aí?

— Eu preciso de você em Columbia. Eu sei que você odeia o calor, mas


vou acabar com Sonia e não posso fazer isso sem você.

— Porra, você teve que escolher o meio do verão para atacar? — Ele
resmunga. — Quando eu preciso estar lá?

— O mais rápido possível, — eu rio.

— Envie-me os detalhes do campo de aviação.

— Vou fazer.

Carson respira fundo. — Então você está realmente indo atrás do


Terrero? Por que?

— Ela se mudou para o meu território, — explico.

— Justo. Estarei lá amanhã à noite.

Terminamos a ligação e então olho para Demitri. Ele enfia o telefone de


volta no bolso e diz: — Damien estará aqui amanhã à noite.

— Envie a ambos os detalhes do campo de aviação.


Demitri acena com a cabeça e então volta sua atenção para as telas. —
Ah, a propósito, não há nenhum mapa do que há sob o complexo de Terrero.

— Se eu fosse ela, teria uma porra de túneis. Não há como ela não ter
outra rota de fuga.

Demitri aponta para a tela que mostra a mansão. — Ela está com o
helicóptero, mas aquela coisa não se mexeu desde que chegamos aqui.

— Há algo embaixo daquela casa. Eu apostaria minha vida nisso, —


murmuro enquanto olho cada centímetro da propriedade.

É uma pena que Isabella tenha se recusado a trabalhar conosco.

****

Ana e eu estamos sentados em silêncio há uma hora. Continuo repetindo


a operação fracassada repetidamente em minha mente.

Soltando um suspiro, balanço a cabeça pela centésima vez.

— Havia muitos homens, — sussurra Ana. Ela está tão desapontada


quanto eu por não termos conseguido libertar as meninas.

— Isso torna tudo um milhão de vezes mais difícil, — murmuro antes de


soltar outro suspiro.

Evitamos falar sobre o próximo passo porque foi exatamente o que


aconteceu com Ana. Tenho que esperar até depois do leilão, e não vou
conseguir chegar até todas as garotas antes que elas desapareçam, o que
significa que terei que escolher quem salvar e quem deixar.
Meus olhos se fecham com o pensamento.

Como faço para escolher?

Pela primeira vez, Ana coloca a mão na minha. Meus olhos se abrem e eu
olho para onde ela está me tocando antes de lentamente levantar meu olhar
para o dela. Ela inclina a cabeça, a dor que está enraizada em cada fibra do seu
ser fica clara em suas feições. — Ajudamos quem podemos.

Balançando a cabeça, pergunto: — E aquelas que não resgatamos?

Lágrimas brotam dos olhos de Ana, então ela repete: — Ajudamos quem
podemos, Isabella.

Esta é a primeira vez que falhamos tanto e isso está pesando sobre nós.
Aqueles que não pudermos resgatar serão submetidos a estupro e tortura até
serem mortos.

Levantando a outra mão, apoio a testa na palma da mão e fecho os olhos


novamente.

O que eu vou fazer ?

Ana afasta a mão da minha e diz: — Não podemos evitar.

Balançando a cabeça, levanto a cabeça e então engulo em seco e encontro


os olhos de Ana. — Vamos esperar até depois do leilão.

— Salve a mais nova primeiro, — ela diz, e eu agarro a oportunidade que


ela está me dando para tomar a decisão.

— Ok. — Minha língua sai, molhando meus lábios. — Vou precisar de você
por perto. Enquanto eu libero as meninas, você precisa pegá-las para que eu
possa ir atrás da próxima.

Ana assente. — Estarei presente em cada passo do caminho.

Olho para meu amigo por um momento e pergunto: — Podemos fazer


isso, certo?

O canto de sua boca se levanta ligeiramente. Eu nunca a vi sorrir. Nunca


vi Ana feliz.
— Você consegue fazer isso, Isabella, — ela me oferece o incentivo que
preciso.

Sentindo-me emocionado com o fracasso, desvio o olhar de Ana e


sussurro as palavras que nunca disse em voz alta para ela: — Sinto muito por
não ter chegado até você a tempo.

Ana balança a cabeça rapidamente, levanta-se da cadeira e corre em


direção às escadas. Eu fico olhando para ela, me perguntando se estou fazendo
alguma diferença neste mundo depravado.

****

Assim como em todos os outros leilões, estou usando um vestido


vermelho. É a minha forma silenciosa de protestar contra o sangue que será
derramado e a inocência que será roubada.

Minha mente continua acelerada, tentando encontrar uma maneira de


libertar todas as garotas esta noite. Mas não tem jeito, e isso me deixa
frustrada e preocupada, emoções às quais não estou acostumada.

Descendo as escadas, ouço Hugo conversando com minha mãe. —


Definitivamente foi uma mulher que nos atacou, mas há mais. Olhe.

Entrando na sala, vejo quando ele vira o telefone para que minha mãe
possa ver a tela, e então seus olhos se arregalam enquanto ela sussurra: —
Alexei Koslov.

Sento-me em um dos sofás macios, fingindo tédio enquanto minha


atenção está cem por cento focada em Hugo e minha mãe.

Hugo sorri para minha mãe. — A mulher poderia ser Winter. Ela é
treinada.

Merda.
Winter Vetrov é a Princesa de Sangue e casada com o irmão mais novo
de Demitri, Damien. A última coisa que quero é que minha mãe vá atrás do
inverno.

Se há uma mulher que respeito, é Winter. É por causa dela que estou
lutando contra minha mãe. Quando vi Winter treinando em St. Monarch's e
como ela enfrentou seus inimigos, tive vontade de fazer o mesmo.

Então, novamente, Winter tem todos os Vetrovs e Koslovs atrás dela.


Minha mãe não terá chance contra essas duas famílias.

O pensamento me faz relaxar e, pegando meu telefone, finjo verificar


minhas contas nas redes sociais.

— Faria sentido, — diz a mãe, com raiva em suas palavras. — O que


significa a guerra declarada de Alexei.

— Provavelmente porque estamos entrando no território dele, — Hugo a


lembra.

O que foi uma atitude estúpida, se você me perguntar.

— Vamos nos concentrar no leilão e depois traçaremos um plano de


retaliação, — diz a mãe, muito confiante. Sim, ela é poderosa, mas enfrentar
os Vetrovs e os Koslovs é simplesmente imprudente.

— Eu tenho que comparecer? — Murmuro, injetando um mundo de tédio


em minha voz.

Ela acena com a mão em direção ao elevador, a impaciência apertando


suas feições. — Não comece, Isabella.

Soltando um suspiro, me levanto e sigo minha mãe até o elevador


enquanto Hugo fica para trás para receber os convidados.

Quinze minutos depois, vejo os convidados começarem a encher a sala e


sinto como se um punho apertado apertasse meu coração.

A mais nova primeiro, Isabella.


Fico me lembrando do que Ana disse, tentando me desligar do momento.
Isso não ajuda porque quando a licitação começa e a primeira garota é levada
ao palco, sinto meu coração quebrar.

Mais uma vez, o arrependimento borbulha em mim por não ter


conseguido libertar as meninas no porto.

Eu sinto muito.

Olho para o rosto pálido emoldurado por cachos pretos. A garota tropeça
para o lado enquanto se vira com força para que os licitantes vejam todo o seu
corpo nu.

Engulo o gosto amargo que a visão deixa em minha boca e, levantando o


queixo, respiro fundo.

Mantenha sua merda sob controle. Você não tem utilidade para essas
garotas se estiver morta.

O tempo passa e, à medida que cada garota é exposta e vendida, o peso


sobre meus ombros aumenta até parecer que o mundo está caindo sobre mim.

A última garota é trazida ao palco e, vendo como ela é jovem, meus


punhos se apertam ao lado do corpo.

Deus, um dígito?

Meus olhos se voltam para minha mãe. Ela tem um sorriso satisfeito no
rosto enquanto observa os licitantes enlouquecerem e a quantia disparar dos
milhares e chegar aos milhões.

Olhando para a menina, penso na oferta que Alexei fez. Isso vai livrar
minha mãe, acabando com o terror que ela está espalhando, em vez de eu
tentar salvar uma garota de cada vez.

Empurrando a ideia para o fundo da minha mente, me concentro na


garota.

'Eu vou te salvar primeiro.'


Viro meu olhar para os licitantes e, quando a garota é vendida por três
milhões, meus olhos se fixam no homem que acabou de comprá-la. Ele
também comprou outra garota e, claramente, ele gosta delas muito jovens.

Se eu for atrás dele, poderei salvar duas garotas de uma vez.


CAPÍTULO 9

Com Damien e Carson se juntando a nós, o espaço fica um pouco


apertado na sala de segurança.

Estamos todos observando as pessoas chegarem à mansão de Sonia para


o leilão.

Pela conversa clandestina, descobrimos que há quatro virgens à venda.


Não há como Isabella conseguir chegar até todos eles antes de deixarem
Columbia.

Entrei em contato com um dos meus contatos do The Ruin – um


sindicato em Desolate, Nova York, para obter mais informações sobre as
virgens para mim.

Verifico meu telefone e, não vendo resposta do meu contato, balanço a


cabeça impacientemente. Odeio esperar por informações.

— O que você está pensando? — Demitri pergunta.

— Isabella não será capaz de libertar todas as meninas, — murmuro.

Carson balança a cabeça. — Ainda estou tentando processar o fato de


Isabella estar trabalhando contra Sonia. Sério, nunca imaginei que isso
aconteceria.

— Se ela for tão boa quanto nós, ela poderá libertar todas as quatro, —
Damien expressa sua opinião. — Mas ela terá que agir rápido, sem
absolutamente nada dar errado.
Olho de nossos irmãos para Demitri e então digo: — A menos que a
ajudemos.

— Não sabemos quem ela irá perseguir primeiro, — diz Carson,


balançando a cabeça.

— Ela não desativou o rastreador de sua motocicleta. — Meus olhos


encontram os de Demitri. — E ela provavelmente irá para as duas mais novas.

— Isso é o que eu faria, — Damien concorda.

Concordo com a cabeça e digo: — Iremos atrás das duas mais velhas do
grupo.

Só então, a mensagem que eu estava esperando finalmente chega e me


apresso para abri-la.

Obrigado porra. É tudo que precisamos.

Sincronizo as informações em uma das telas maiores, e ver os rostos das


quatro garotas faz com que a raiva comece a ferver em meu peito.

Se há uma coisa que eu odeio, são as pessoas atacando meninas.

Assim como meu pai atacou minha mãe.

É algo que escondi de Carson na tentativa de protegê-lo do nosso passado


sórdido.

Demitri aponta para uma das garotas. — Damien e Carson podem seguir
essa garota enquanto você e eu pegamos a outra.

Olho para os dois mais novos, esperando que Isabella consiga chegar até
eles a tempo. Então, levantando-me da cadeira, digo: — Vamos nos preparar.

Levamos apenas cinco minutos para nos prepararmos e depois saímos de


casa. Testamos os fones de ouvido que usamos antes de Carson e Damien irem
para seu SUV.

Quando deslizo para trás do volante do nosso veículo, espero Demitri


fechar a porta atrás dele e então digo: — Espero que possamos ganhar algum
terreno com Isabella ajudando-a.
Ele puxa o cinto de segurança e ri: — Sim, eu não prenderia a respiração.

Enquanto dirijo o SUV para a estrada, Carson nos segue. Seguimos em


direção ao complexo de Sonia e estacionamos os SUVs na rua. Em seguida,
trazendo para o meu celular a filmagem da câmera do terreno e da entrada da
mansão, esperamos os licitantes saírem com suas compras..

Demitri está com a câmera mostrando os fundos da propriedade em seu


celular. — Isabella simplesmente escapou. Lidando com todos os guardas.

Olho para o telefone dele e depois olho para a rua, bem a tempo de vê-la
fugindo do complexo.

Você consegue, pequena.

Meus lábios se curvam em um sorriso enquanto outra explosão de


admiração por ela enche meu peito.

— Prepare-se, — eu digo, para que Carson e Damien ouçam.

Observo a entrada e, alguns minutos depois, as pessoas começam a sair


da mansão.

— Sua garota está no Maybach branco, — digo a Carson. Então, quando


o Mercedes se aproxima do portão, murmuro: — Em três... dois... um.

'Entendi', responde Carson enquanto se afasta e começa a seguir a garota


que eles precisam salvar.

— Lá está a nossa garota, — eu digo quando ela é conduzida até um G-


Wagon. Ligo o motor e, quando o veículo passa pelos portões, dirijo nosso SUV
atrás deles.

Quando nos dirigimos em direção a um dos aeródromos privados,


Demitri diz: — Ainda bem que estamos ajudando. Eles tirariam a garota do
país antes que Isabella pudesse sequer pensar em tentar ajudá-la.

— Como você está, Carson? — Eu pergunto, verificando com meu irmão.


— Parece que estamos indo para a cidade, — ele responde. — O filho da
puta provavelmente planeja receber o dinheiro da garota esta noite e depois
deixar o corpo dela em Columbia.

— Esteja seguro, — murmuro.

— Sempre.

Quando nos aproximamos do campo de aviação, Demitri diz: — Incline-


se para frente. — Faço o que ele diz e ele puxa minha arma das minhas costas.
Eu me recosto no assento novamente enquanto Demitri verifica minha arma,
mesmo que eu já tenha feito isso.

— Preparado? — Pergunto enquanto o G-Wagon para perto de um jato


particular.

— Sim.

Piso no acelerador e, enquanto aceleramos em direção aos homens que


saem do G-Wagon, Demitri abre a janela. Viro o volante com força para a
direita enquanto puxo o freio de mão, e isso dá a Demitri o ângulo perfeito
para derrubar dois dos guardas.

No momento em que paro bruscamente o SUV, Demitri me entrega


minha arma e saímos do veículo.

O guarda restante dispara em nossa direção, mas Demitri o derruba com


uma bala na cabeça. O licitante parece dividido entre empurrar a garota em
direção ao jato particular e deixá-la para trás para salvar a própria pele.

— Você pensaria que o filho da puta teria mais proteção, — eu rio


enquanto nos aproximamos dele.

— Idiota.

O homem coloca as mãos atrás da cabeça em um movimento de rendição,


apenas me fazendo balançar a cabeça antes de atirar em sua rótula direita. Ele
cai de joelhos com um grito. — Isso é melhor. Se for implorar, faça-o de
joelhos. — Sorrio para o homem, balançando a cabeça para ele novamente
enquanto espero Demitri tirar a garota da linha de fogo. Apontando meu cano
para o homem, eu digo: — Colher flores antes mesmo que elas tenham a
chance de desabrochar? Tsc. — Puxo o gatilho e, sem qualquer emoção,
observo o corpo cair no asfalto.

— Estamos nos aproximando do alvo, — diz Carson de repente pelo fone


de ouvido.

— Já temos nossa garota. Você está perdendo o jeito, — eu o provoco.

— Vai se foder, — meu irmão resmunga, arrancando uma risada minha


enquanto me viro para Demitri e a garota.

Olho para ela em busca de hematomas ou feridas e, não vendo nenhum,


escondo minha arma nas costas enquanto me inclino para encontrar seus
olhos. — Você está ferido, pequenina?

Com medo, ela balança a cabeça.

— Qual o seu nome?

— Paola, — ela sussurra com a voz trêmula.

— Você está segura, Paola. Vamos levá-lo a uma mulher que o ajudará a
voltar para casa. Ok?

Não parece que ela acredita em uma palavra do que estou dizendo, mas
ainda assim, ela balança a cabeça.

Demitri gentilmente segura o braço da garota e diz: — Vamos sair daqui.

Quando chegamos ao SUV, Demitri entra no banco de trás com Paola,


para ela não tentar se jogar de um carro em movimento. É natural que ela não
confie em nós.

Ligo o motor e, enquanto dirijo o SUV para longe do jato particular e dos
corpos, pego meu telefone e verifico o dispositivo de rastreamento na
motocicleta de Isabella. Isso mostra que ela está em uma rodovia saindo da
cidade.

— Peguei nossa garota — a voz de Carson chega pelo fone de ouvido.


— Encontro você na casa segura de Isabella, — respondo enquanto dirijo
em direção a ela.

Meia hora depois, paramos a uma distância segura de casa, para não
assustar Isabella. Carson leva mais quinze minutos antes de parar atrás de
nós..

Saindo do SUV, ando em direção ao outro veículo. Carson abaixa a janela


quando chego até ele e pergunta: — Não vamos deixar as meninas?

Aponto para a rua onde fica a casa. — Não parece que tenha ninguém em
casa. Traga sua garota para meu SUV. Demitri e eu vamos esperar Isabella
chegar aqui com as outras garotas. Você e Damien podem voltar e começar a
se preparar para o ataque.

Volto para o SUV e, quando subo no banco do motorista, digo: — Vamos


ficar com as meninas. Não podemos simplesmente deixá-las na porta.

— Tudo bem, — Demitri responde, olhando para Paola, que ainda está
em choque com tudo o que aconteceu.

Carson traz a outra garota, e Paola parece relaxar um pouco ao se reunir


com a amiga.

Enquanto esperamos, meus pensamentos se voltam para o ataque


iminente. Atacaremos ao amanhecer.

****

Jorge dos Santos.


Esse é o nome do homem que estou seguindo de volta para casa há uma
hora. Depois de estacionar minha moto, coloco minha máscara de esqui e
corro em direção à lateral da vila. Içando-me por cima do muro, agacho-me
no instante em que meus pés tocam o chão e rapidamente me movo para trás
de uma árvore.

Silenciosamente, tiro meu binóculo da bolsa e então examino a área,


observando as posições dos guardas estacionados ao redor da mansão.

Dos Santos tem meia dúzia de homens, o que significa que terei de agir o
mais silenciosamente possível. Ao primeiro tiro, o inferno pode explodir.

Puxando meu KA-BAR do suporte, meus dedos apertam a faca, e então


me mantenho abaixado enquanto rastejo em direção à parte de trás da casa,
que é menos vigiada do que a frente.

Chegando à parede lateral, olho para o cano e as janelas que posso usar
para subir até o segundo andar. Mordo o cabo da minha faca e agarro o cano
que vai até o segundo andar.

Mantenho a respiração lenta e profunda, concentrando-me em não


emitir nenhum som enquanto subo pelo cano. Quando chego ao segundo
andar, tenho que balançar meu corpo em direção à varanda, quase errando o
apoio na borda. Meu meus dedos apertam o ferro forjado do corrimão e solto
um suspiro lento. Quando ouço um movimento lá dentro, fico imóvel, meus
braços se esforçando para ficar pendurados na lateral da varanda.

Ouço uma garota fungando e então um tapa soa na sala. Lentamente, eu


me levanto até conseguir escalar o corrimão. Eu rapidamente pressiono meu
corpo contra a parede e tiro a faca da boca. Cautelosamente, inclino-me para
a frente até ter uma visão do interior da sala através das portas de vidro.

Dos Santos está sozinho no quarto com as duas meninas e atualmente


desabotoa a camisa.

Idiota.
Meus músculos se contraem por ter que me conter, porque se eu me
mover agora, ele definitivamente me verá chegando. A última coisa que
preciso é que ele alerte seus guardas de que estou aqui.

Sinto como se um punho apertasse minha garganta e minha respiração


fica mais superficial enquanto observo Dos Santos se despir.

A menina mais nova fica enraizada no lugar, lágrimas silenciosas caindo


sobre seu rosto. A mais velha olha para o tapete, o rosto inexpressivo, como se
tivesse saído mentalmente da sala.

Estou aqui.

Dos Santos dá um tapa na menina mais velha, o que só faz a mais nova
chorar. O bastardo está mentalmente jogando-as uma contra a outra.

Quando ele está focado na garota mais nova, fingindo consolá-la


enquanto apalpa seu peito, eu lentamente avanço até conseguir segurar a
alavanca da porta.

Não deixe que esteja trancada.

Aos poucos, pressiono a alavanca e, quando a porta se abre suavemente,


faço uma oração silenciosa de agradecimento.

Movendo-me rapidamente, chego por trás de Dos Santos e, antes que ele
perceba que estou aqui, passo a lâmina do meu KA-BAR por sua garganta.
Cubro sua boca aberta com a mão para abafar sua respiração distorcida e enfio
a faca em seu coração para acabar com ele. Abaixo o corpo dele no tapete e
olho para as meninas. Levando o dedo aos lábios, mostro para eles não
fazerem barulho.

Elas ainda estão vestidos com as capas brancas que minha mãe ad
mandou usar no leilão.

Eu me agacho na frente das meninas e sussurro: — Dêem as mãos e


fiquem atrás de mim. Vou tirar você daqui.

Os olhos da garota mais velha se voltam para os meus, então ela sussurra:
— Você está me ajudando?
— Vocês duas. Fique atrás de mim o tempo todo. Ok?

Quando ela balança a cabeça, acrescento: — Pegue a mão dela e não a


solte. Se alguma coisa acontecer comigo, você a pega e corre o mais rápido que
puder.

A garota mais velha assente novamente, a emoção retornando ao seu


rosto. Isso faz seus olhos brilharem com lágrimas não derramadas.

— Você é tão corajosa. Você consegue fazer isso. Ok? — Tento oferecer-
lhe algum incentivo.

Ela balança a cabeça enquanto segura a mão da menina com força.

Volto meu foco para o mais novo e digo: — Não faça barulho.

Ela balança a cabeça rapidamente, e então eu me levanto e vou até a


porta.

Pressiono meu ouvido na madeira, ouvindo qualquer movimento fora do


quarto, então respiro fundo antes de abri-lo.

Correndo para o corredor, há dois guardas. Consigo enfiar minha faca no


olho de um dos guardas, e então o punho do outro atinge minha orelha
esquerda. Tropeço para o lado, depois me viro e levanto a perna direita,
batendo o salto da bota na têmpora dele. O chute o faz cair no chão, imóvel.
Puxando minha faca da órbita ocular do morto, vou até o inconsciente e corto
sua garganta..

Olho para as meninas enquanto me levanto e começo a andar pelo


corredor. A mais velha arrasta a mais nova atrás dela enquanto ela me segue.

Chegando ao topo da escada, percebo meu coração batendo forte contra


minhas costelas enquanto me inclino cautelosamente para ver o que há no
primeiro andar.

Dois guardas estão posicionados ao pé da escada.

Recuo atrás da parede e tiro minha mochila, tiro um silenciador dela e


prendo-o na frente da minha Heckler & Koch.
Levo cinco segundos para equilibrar minha respiração e acalmar meu
coração acelerado.

Foco, Isabella.

Lentamente, respiro fundo outra vez e então me movo. Assim que tenho
um tiro certeiro contra os guardas, puxo o gatilho. Quando o primeiro guarda
cai, enterro uma bala na têmpora do segundo quando ele começa a se virar.

Descendo as escadas, ouço passos apressados vindos da esquerda e,


quando os homens aparecem, começo a disparar. Estou ciente das garotas
atrás de mim enquanto continuo derrubando um guarda após o outro.
Enquanto estou recarregando o pente da minha Heckler & Koch, a porta da
frente se abre e uma bala atinge meu braço direito antes que eu possa acertar
o homem que está atirando em nós.

Muito perto.

Ando em direção à porta da frente aberta, cada um dos meus sentidos em


alerta máximo. Fico verificando atrás de nós, para não ser pego de surpresa
quando saímos de casa.

Segurando a Heckler & Koch na mão direita, puxo minha Baretta da


lateral da bota esquerda e abro fogo contra os guardas restantes.

Uma bala atinge meu ombro esquerdo e cerro os dentes com a dor aguda,
sem perder o foco. Continuo avançando até o último homem cair.

Guardando minha Baretta, grito para as meninas: — Temos que correr!


— Eu as apresso em direção ao portão principal enquanto pego meu telefone,
ligando para Ana.

— Você está bem? — Ela responde, sua voz tensa de preocupação.

— Estou trazendo-as para fora. Encontre-me na frente da casa.

— Ok.

Encerrando a ligação, corro para a cabine de segurança e abro o portão


principal. Segundos depois, Ana chega e eu conduzo as meninas em direção à
van. Ana fica atrás do volante enquanto abro a porta lateral e empurro as
meninas para dentro..

Reservo um segundo para dizer: — Você está segura agora. — Batendo a


porta, bato o punho contra o metal para que Ana saia, e então corro em direção
à minha motocicleta.

Seguindo atrás da van, acompanho Ana e as meninas de volta ao


esconderijo para que eu possa protegê-las caso haja algum acidente enquanto
estivermos na estrada. Felizmente nada acontece, mas só sinto uma ponta de
alívio quando paramos na garagem.

Meus pensamentos se voltam para as outras duas garotas que não pude
salvar quando percebo a dor latejante em meu ombro.

Enquanto desço da moto e tiro o capacete, um movimento na rua chama


minha atenção. Deixo cair o capacete e tiro minha arma e a preparo no
segundo seguinte.

Minha respiração estremece quando vejo as duas meninas mais velhas


correndo em minha direção.

Oh. Meu. Deus.

Meus olhos instantaneamente começam a arder enquanto um alívio


intenso passa por mim. Só fico impressionado por um momento antes de
avançar para ter certeza de que não há ninguém atrás das garotas que seja uma
ameaça.

Quando a rua está limpa, volto-me para as meninas e pergunto: — Como


vocês chegaram aqui?

— Os homens nos trouxeram. Eles disseram que você nos ajudaria a


voltar para casa.

Balançando a cabeça, gesticulo em direção à casa, ainda segurando


minha arma na mão direita. — Vamos levar você para dentro, onde for seguro.

Olho para cima e para baixo na rua vazia novamente e depois volto para
as meninas.
Eu não posso acreditar.

Graças a Deus.

Só consigo pensar em dois homens. Alexei e Demitri.

Alexei Koslov me ajudou?

Por que?

Provavelmente para que eu lhe devesse um favor e o ajudasse a


derrubar minha mãe.

Então a coisa realmente cai na minha cabeça: todas as garotas estão


seguras comigo e com Ana, e não importa quanto devo a Alexei.

A emoção borbulha em meu peito e seguro as lágrimas de gratidão por


saber que todas as quatro garotas foram salvas de uma vida horrenda como
escravas sexuais.
CAPÍTULO 10

Além de nós quatro, tenho mais dez homens altamente treinados para
atacar Sonia.

Estou preocupado com Isabella, mas espero que ela fuja no momento em
que atacarmos.

Todo mundo está usando fone de ouvido e está fortemente armado.


Carson se posicionou no telhado de um prédio de apartamentos próximo, de
onde oferecerá cobertura. Damien irá invadir a frente com um grupo de
homens, enquanto Demitri e eu entraremos pelos fundos da propriedade com
os quatro homens restantes.

É o dia do julgamento e estou confiante de que permanecerei de pé


enquanto Sonia cai.

— Preparado? — Eu pergunto.

— Pronto, — responde Carson.

— Em posição, — a voz de Damien vem do fone de ouvido.

— Hora de caçar, — eu rio, então dou a ordem: — Breach.

Escalamos o muro e instantaneamente soam tiros rápidos vindos da


frente da casa, assustando os homens que guardavam os fundos. Eles nos
avistam quando nos aproximamos deles e abrimos fogo.

Levantando minha submetralhadora, puxo o gatilho, e a arma vibra em


minhas mãos enquanto uma bala após a outra voa, crivando os corpos dos
guardas.
À medida que avançamos, entrando no pátio, uma das portas de vidro do
segundo andar se abre e Hugo Lamas sai, abrindo fogo contra nós. O filho da
puta consegue matar dois dos meus homens antes de voltar para a sala.

Demitri e eu nos separamos dos dois homens restantes, e eu grito para


eles: — Atravessem o pátio. Estamos indo para o segundo andar.

Demitri e eu continuamos atirando, nos movendo rápido para evitar


sermos atingidos. Quando chegamos perto dos fundos da casa, coloco a alça
da minha submáquina no ombro e no peito.

Correndo mais rápido, pulo para a parede da casa e, em seguida, uso o


impulso que ganhei para empurrar meu corpo mais alto para poder segurar a
varanda. Usando toda a minha força, levanto meu corpo e, agarrando o
corrimão, balanço-me até a varanda. Eu rapidamente puxo meu Heckler &
Koch das minhas costas enquanto Demitri pousa ao meu lado, e então
entramos na sala..

Nesse momento, o som do motor do helicóptero ligando atrai minha


atenção e corro de volta para a varanda. Olhando para a lateral do telhado,
vejo as lâminas ganhando velocidade.

— Porra, Sonia está fugindo!

Correndo de volta para dentro da sala, Demitri e eu nos deparamos com


alguns dos homens de Sonia enquanto irrompemos no corredor. Leva
segundos preciosos para matar os homens antes de subirmos as escadas até
onde esperamos que esteja a saída para o telhado.

No topo da escada, eu passo pela porta. A corrente descendente do


helicóptero decolando bate em mim, rasgando minhas roupas, e quando
levanto o braço para mirar na aeronave, digo: — Carson, o helicóptero não
pode partir.

— Entendi, — sua resposta chega pelo fone de ouvido.

A surpresa vibra através de mim quando vejo Isabella correr em direção


ao helicóptero enquanto ele decola. Meu coração dispara quando ela salta no
ar, agarrando-se a um dos patins de pouso. Ela balança descontroladamente
por um momento enquanto o helicóptero se inclina para o lado, e então uma
bala ricocheteia no corpo de aço.

— Porra, é blindado, — eu cuspo, sabendo que isso torna quase


impossível derrubarmos o helicóptero.

Aponto para a janela da cabine enquanto o helicóptero vira, mas então a


porta lateral se abre. À medida que movo meu mirar, Isabella só fica
pendurada pela mão esquerda enquanto puxa a arma das costas.

Ela atira em Hugo, acertando-o, mas depois perde o controle quando ele
atira nela, e minha respiração fica presa na garganta quando ela cai.

Demitri e eu abrimos fogo contra Hugo, mas pela primeira vez na minha
vida, eu não penso e apenas reajo quando começo a correr para a parte de trás
do telhado. Salto para uma das varandas abaixo e, agarrando-me ao corrimão,
jogo meu corpo para o lado, caindo no gramado em posição agachada.
Correndo, corro para o lado da casa onde Isabella caiu e, ao virar a esquina, a
vejo deitada em um pátio. Uma mesa de ferro forjado tombou, o que deve ter
acontecido quando o corpo dela bateu nela.

Porra.

Alcançando Isabella, me agacho ao lado dela, e então sinto uma sensação


de peso nas entranhas. O sangue escorre de seus lábios entreabertos e há um
corte no lado esquerdo da têmpora.

— Ela está viva? — Demitri pergunta enquanto vem atrás de mim.

— Não sei, — murmuro enquanto olho para cima, a tempo de ver o


helicóptero de Sonia desaparecendo ao longe. — Porra, — amaldiçoo enquanto
a raiva explode em meu peito. Eu olho para Isabella novamente.

Que merda!

Demitri tem dois dedos em seu pescoço, então seu olhar encontra o meu.
— Há um pulso fraco.

Damien vem correndo pela lateral da casa. — Temos que nos mover!
— Onde está o resto dos homens? — Pergunto quando percebo que ele
está sozinho.

Ele balança a cabeça e olha para Isabella. — O que aconteceu?

— Ela caiu, — Demitri responde. — Vá buscar uma toalha para mim.

Enquanto Damien corre para a entrada mais próxima de nós, Demitri


diz: — Quero apoiar o pescoço dela antes de movê-la. Carson, traga o SUV o
mais próximo possível do lado direito da mansão.

— Estou a caminho, — responde Carson.

Demora mais alguns segundos antes que minha mente comece a


funcionar novamente. Então, tirando meu telefone do bolso, ligo para o
aeroporto particular onde meu jato está esperando e os instruo a deixar tudo
pronto para a partida.

— Você pode mantê-la viva até chegarmos a Los Angeles? — Eu pergunto


a Demitri.

— Eu farei o meu melhor, — ele murmura enquanto começa a verificar se


há outros ferimentos nela.

Abrindo o número de Tristan, meu parceiro de negócios em Los Angeles,


pressiono discar.

— Ei, já faz um tempo, — ele responde depois de alguns toques.

— Eu preciso de sua ajuda.

— Qualquer coisa, — ele responde sem hesitar.

— Dr. West. Eu preciso dele. Leve-o para o hospital subterrâneo.

Tristan sabe onde está, visto que alguns anos atrás, conseguimos
equipamentos para ajudar a salvar a filha do Dr. West depois que ela foi
sequestrada e quase morta. É hora do cirurgião cardiotorácico de classe
mundial retribuir o favor que me deve.

Verifico a hora no meu relógio e digo: — Estaremos aí em sete horas.

— Eu cuidarei de tudo neste sentido. Quem se machucou?


— Uma amiga. Ninguém que você conhece.

Tristan solta um suspiro de alívio antes de desligarmos.

Damien volta com a toalha, e Demitri cuidadosamente a enrola no


pescoço de Isabella antes de tirar o cinto para prendê-la no lugar.

Um minuto depois, Carson corre em nossa direção. — Vamos!

— Onde está o SUV? — Eu pergunto, me perguntando como diabos


vamos mover Isabella. Apenas pegá-la pode causar mais danos se ela
machucar as costas ou o pescoço com a queda.

Ele gesticula para trás. — Virando a esquina.

Fixando os olhos em Demitri, pergunto: — Como podemos movê-la?

Ele balança a cabeça, parando por um momento para pensar, depois diz:
— Preciso de algo sólido para carregá-la.

— Uma porta funcionará? — Eu pergunto.

No momento em que Demitri acena com a cabeça, Damien diz: — Uma


porta aparecendo.

Eu riria se não estivesse tão preocupado com Isabella.

Meu olhar vagueia por seu rosto pálido, e então a lembrança de sua queda
passa pela minha mente. Isso faz com que uma sensação estranha agarre meu
coração de forma impiedosa. É quase parecido com o que senti quando
Demitri levou um tiro.

Você é forte. Você vai ficar bem.

Só depois de pensar nas palavras é que percebo que estou tentando me


convencer de que não é assim que Isabella termina.

****
Parando bruscamente nos fundos do hospital subterrâneo, saio do SUV
e corro para a parte de trás do hospital. veículo onde Demitri me encontra.
Abrimos a porta e então pulo para dentro para poder pegá-la perto da cabeça
de Isabella.

Tomamos cuidado ao tirá-la do SUV. Ela sobreviveu ao voo, e a última


coisa que quero é perdê-la porque fomos imprudentes.

O Dr. West e o Dr. Oberio, um cirurgião de trauma, empurram uma maca


em nossa direção e cuidadosamente colocamos Isabella nela com a porta ainda
embaixo dela.

Meus olhos se fixam nos médicos, então digo: — Faça o seu melhor para
salvá-la.

Dr. West acena com a cabeça, e então ambos estão empurrando Isabella
pelo corredor em direção à sala de cirurgia.

Tristan olha para seu tio antes que as portas se fechem atrás dos médicos
e de Isabella enquanto ele caminha em minha direção. Ele me abraça e só
então sinto como estou cansado.

— Você está bem? — Ele pergunta enquanto se afasta.

Deixando escapar um suspiro pesado, eu digo: — Sim. Apenas


preocupado.

— Quem é a mulher? — Ele pergunta.

Não sei como chamar Isabella e acabo murmurando: — Uma amiga.

Caminho até a pequena sala de espera com Tristan e Demitri seguindo


atrás de mim, e quando me sento, puxo meu telefone e disque o número de
Carson. Ele ficou em Columbia com Damien.

— Você fez isso? — Carson atende a chamada.

— Sim. Eles estão trabalhando em Isabella.

— O que você quer que façamos deste lado? — Meu irmão pergunta.
— Limpe a casa em que estávamos hospedados. — Então me lembro do
esconderijo de Isabella e das meninas que libertamos ontem à noite.

Deus, só se passaram vinte e quatro horas?

— Além disso, vá para a casa segura onde deixamos as meninas e


verifique como elas estão. Se eles ainda estiverem lá, precisaremos descobrir
alguma coisa.

— Eu cuidarei de tudo. Não se preocupe.

— Obrigado, irmão, — eu digo com um suspiro pesado.

Terminamos a ligação e então recosto-me na cadeira e respiro fundo.

A maldita Sonia escapou.

Só consigo ficar quieto por um minuto ou mais antes de me levantar.


Saindo para o corredor novamente, olho para as portas fechadas, preocupado
com Isabella e com a gravidade dos ferimentos dela girando em meu peito.

Uma mão cai no meu ombro, e eu sei que é Demitri sem precisar olhar..

— Ela é uma lutadora, — diz ele, provavelmente tentando me deixar à


vontade.

— Espero que Isabella sobreviva, — murmuro. — Seria um desperdício


perdê-la.

— O que vamos fazer com Sonia? — Ele pergunta.

Olhando para minha amiga, eu digo: — Peça ao nosso contato na Ruína


para começar a procurar qualquer coisa sobre o paradeiro de Sonia. — Respiro
fundo, meus olhos voltando para as portas fechadas. — Você também pode ir
para casa. Passe algum tempo com Ariana e confira as conversas clandestinas
sobre Sonia.

— E você? — Demitri pergunta.

— Vou ficar aqui com ele, — Tristan responde em meu nome.

Demitri olha para mim, esperando pela ordem. — Estou bem aqui com
Tristan. Não se preocupe.
Assentindo, ele aperta meu ombro antes de se dirigir para a entrada dos
fundos, onde está o SUV.

— Quer um café? — Tristan pergunta. Quando eu faço uma careta para


ele, ele solta uma risada. — Desculpe, irmão, não tenho vodca comigo.

Eu balanço minha cabeça. — Estou bem.

De jeito nenhum eu vou tomar a bebida comemorativa de sempre depois


de sair vivo de uma batalha antes de Isabella sair da floresta.
CAPÍTULO 11

A espera trouxe de volta memórias de quando Demitri foi baleado, há um


ano. Perdi alguns anos da minha vida por me preocupar se perderia meu
melhor amigo naquela época.

Estou parada no corredor, encostada na parede e levantando o braço


esquerdo, verifico a hora no meu relógio.

Eles estão trabalhando em Isabella há quase quatro horas.

Tristan caminha em minha direção e estende uma garrafa de água. —


Beba alguma coisa.

Pegando a garrafa, tiro a tampa e tomo alguns goles. Coloco a tampa de


volta na garrafa e jogo para Tristan. — Feliz agora?

Ele pega a água com uma risada.

— Você não precisa ficar comigo, — eu digo. — Vá para casa, para Hana.

Tristan balança a cabeça. — Demitri vai me matar se eu deixar você aqui


sozinho.

— Malditas babás, — resmungo, apenas fazendo Tristan rir novamente.

Só então, as portas no final do corredor se abrem e eu me afasto da


parede enquanto o Dr. West sai.

Vou em direção à tia de Tristan e pergunto: — Como ela está?

— Qual é o nome do paciente? — Dr. West pergunta em vez de me


responder. A mulher é um gênio e prática demais, o que a faz esquecer o lado
emocional das coisas.
— Isabella. — Fixando os olhos no Dr. West, pergunto novamente: —
Como ela está?

— A cirurgia correu bem. Removemos uma bala. Entrou pelo peito, mas
felizmente não atingiu os pulmões e se acomodou acima do diafragma. Ela
também tem um ferimento de bala recente no ombro esquerdo. Foi feito um
trabalho de hack para remover a bala, então limpei o ferimento e costurei. Seu
antebraço esquerdo tem uma pequena fratura e ela tem um ferimento na
cabeça. Fora isso, ela está bem. O Dr. Oberio ficará de olho nela durante as
próximas vinte e quatro horas.

— Então ela vai ficar bem? — Peço para ter certeza.

— Isabella deve se recuperar totalmente.

Assentindo, soltei um suspiro de alívio. — Obrigado.

— Posso ir? — Dr. West pergunta.

— Claro.

Ela hesita e depois diz: — Acredito que as coisas já estejam resolvidas


entre nós?

Eu concordo. — Claro.

A Dra. West volta sua atenção para Tristan, mas então penso em
perguntar: — Posso ver Isabella?

— Sim, — ela responde, apontando para as portas.

Deixando a Dra. West com Tristan, caminho rapidamente pelo corredor


e empurro as portas duplas. O Dr. Oberio olha para cima de onde está fazendo
anotações em um pequeno posto de enfermagem. Só há uma enfermeira de
plantão.

São apenas três salas, todas com divisórias de vidro, situadas ao redor do
posto de enfermagem. O hospital subterrâneo serve ao propósito se um de nós
precisar de atenção médica.
— Sr. Koslov, — diz ele, com um sorriso se formando em seus lábios, e
então aponta para uma sala. — Ela está lá.

Quando entro no quarto, meus olhos caem instantaneamente sobre


Isabella, onde ela está deitada em uma cama, ligada a várias máquinas. O bipe
é incessante e me faz perguntar: — Ela está bem?

— Ela vai ser. Obviamente, ela precisa de algum tempo para se curar, —
responde o Dr. Oberio. — Que nome posso colocar no formulário?

— Basta colocar Koslov, — eu instruo, então não há nenhum vestígio de


Isabella estar aqui.

Aponto para as máquinas. — Não parece que ela está bem.

— Cabe a nós monitorar os sinais vitais do paciente. Procedimento


normal.

Eu odeio o barulho, mas tento ignorá-lo enquanto me aproximo da cama.


Meu olhar se fixa no rosto muito pálido de Isabella, e a sensação estranha me
estremece novamente.

Cristo, isso não deveria ter acontecido.

Ela também tem um ferimento de bala recente no ombro esquerdo. Foi


feito um hack para remover aquela bala...

Isabella provavelmente levou um tiro ontem à noite, e sabendo que ela


ainda pulou na porra do helicóptero.

Balançando a cabeça, pego a mão dela. Quando meus dedos se fecham


em torno dos dela, há um alívio quando sinto que sua pele está quente.

— Você é muito corajosa para o seu próprio bem, pequena, — eu sussurro.

Dr. Oberio empurra uma cadeira para mais perto. — Sente-se, Sr. Koslov.

Enquanto me sento, pergunto: — Você sabe quando ela vai acordar?

— Esperamos que ela recupere a consciência nas próximas horas.

Balançando a cabeça, volto meu olhar para o rosto de Isabella, e então


apenas olho para ela. Este é o maior tempo que consegui olho para ela e
observo seus lindos traços latinos. Suas maçãs do rosto salientes lhe dão uma
aparência majestosa.

Uma maldita deusa.

Passo o polegar nas costas de sua mão, sua pele sedosa e macia.

Meu coração se contrai e eu balanço a cabeça, mas então paro,


inspecionando minhas emoções. Obviamente estou atraído por Isabella e,
porra, a força dela exige minha admiração.

Meu olhar vagueia sobre seu rosto novamente.

Você é forte o suficiente para sobreviver ao meu lado, mas como diabos
eu capturo alguém tão selvagem quanto você?

Deixo escapar uma risada suave pensando que ela provavelmente vai
perder a cabeça no momento em que acordar, e então arrastá-la para fora do
hospital. Ela é teimosa o suficiente para fazer isso.

Um movimento chama minha atenção, e meus olhos se dirigem para a


porta quando Demitri entra. — Como ela está?

— Ok.

— Vamos. Estou aqui para levá-lo para casa para que você possa tomar
banho, comer e dormir. Não é negociável.

Estou cansado pra caralho e sem vontade de discutir com Demitri.


Deixando escapar um suspiro, olho para Isabella novamente antes de me
levantar. Sigo Demitri para fora do quarto e depois paro na enfermaria. —
Ligue-me se houver alguma mudança.

— Sim, Sr. Koslov, — responde a enfermeira.

****

Eu não consegui dormir. Depois de tomar banho e vestir roupas limpas,


peguei algo para comer e voltei direto para o hospital.
É perturbador.

Fodidamente perturbador.

Demitri está sentado perto da porta digitando uma mensagem em seu


telefone. Ele provavelmente está conversando com Ariana. Eu diria a ele para
ir para casa se ele ouvisse.

Voltando minha atenção para Isabella, olho para ela, me perguntando


quando ela me irritou.

E o que diabos isso significa?

Eu quero essa mulher?

Para foder, sim. Estou sempre disposto a isso.

Mas manter?

Franzindo a testa, solto um suspiro enquanto me sento na cadeira ao lado


da cama. Só então, um som suave escapa de Isabella, e suas feições se
contraem como se ela estivesse com dor. Eu me levanto de volta e, colocando
a mão no travesseiro ao lado de sua cabeça, me inclino sobre ela.

— Isabella?

Ela solta outro gemido suave e então seus cílios tremulam. Quando ela
abre os olhos, olho para Demitri. — Chame, Dr. Oberio.

Quando olho para Isabella novamente, nossos olhos se cruzam e então


uma carranca se forma em sua testa.

— Bem-vinda de volta, — eu digo, levantando o canto da boca. — Você é


feita de uma merda difícil, princesinha.

Seus lábios se abrem e ela solta um som incoerente.

— Como você está se sentindo? — Eu pergunto.

Isabella continua olhando para mim, a carranca se aprofundando em sua


testa. — Quem é você?

Tudo para dentro de mim por um momento chocante. — Alexei… Koslov.


Seus olhos se arregalam. — O quão...? — Ela olha ao redor da sala e
pergunta: — Ainda estou... no St. Monarch's? O que aconteceu?

Só então, o Dr. Oberio entra correndo na sala e, vendo Isabella acordada,


sorri para ela enquanto começa a verificar seus sinais vitais. — Como está
nossa paciente?

— Confusa, — ela murmura, uma expressão cautelosa se estabelecendo


em suas feições.

Voltando, franzo a testa porque algo não está certo. — Isabella, — eu digo
para chamar sua atenção. Assim que ela olha para mim, pergunto: — Qual é a
última coisa de que você se lembra?

— Ahh... — Sua língua sai para molhar os lábios e seus olhos se fecham
enquanto ela tenta se concentrar. — Eu acho… estou no St. Monarch para
treinar. — Ela abre os olhos novamente e diz: — Oh, espere. Houve um leilão.

Soltei um suspiro de alívio, mas então Isabella continuou: — Minha mãe


fez uma oferta por Hugo... Damien foi comprado pelo Sr. Hemsley. Lembro-
me do tiroteio. Caos… Espere…

Ela se concentra mais e balança a cabeça. — A última coisa que me


lembro foi de ouvir que Winter matou Blanco. — Isabella franze a testa para
mim. — Você estava envolvido. — Então, balançando a cabeça, ela pergunta:
— Por que você está aqui?

Puta merda.

Meu olhar se volta para o médico e pronuncio as palavras: — Isso


aconteceu há quatro anos. O que diabos há de errado com ela?

Isabella se encolhe como se estivesse com dor, e isso me faz perguntar:


— Onde está doendo?

— Minha cabeça, — ela murmura. Ela levanta a mão direita apenas para
deixá-la cair na cama novamente, como se não tivesse energia para se mover.

— A perda de memória pode ser por causa da pancada que ela levou na
cabeça. Mas, na maioria dos casos, a memória retorna em algumas horas. —
Dr. Onterio aponta para a porta. — Pode você nos dá um pouco de privacidade
para que possamos realizar todas as verificações necessárias, Sr. Koslov?

Olhando para Isabella novamente, eu digo: — Estarei lá fora, ok?

Ela hesita e pergunta: — Você tentou me assassinar?

Eu balanço minha cabeça. — Não, estou do seu lado.

Alívio toma conta de suas feições e então ela acena para mim.

Saindo da sala, a preocupação corrói meu interior enquanto Demitri me


segue até a sala de espera. Eu levanto e processo o que aconteceu, e então me
viro para encarar meu amigo. — Isabella não se lembra dos últimos quatro
anos.

— Pode ser do outono. A memória dela pode retornar a qualquer


momento.

— E se isso não acontecer? — Pergunto, minha mente mudando para uma


marcha mais alta, formando um plano após o outro. — Ou e se demorar
algumas semanas ou meses?

Ele estreita os olhos. — O que você está pensando?

— Esta pode ser a oportunidade perfeita para trazer Isabella para o nosso
lado.

— Como?

Eu penso por um momento, então olho para Demitri. — Eu poderia dizer


a ela que estamos noivos e prestes a nos casar. Eu posso, porra conte qualquer
coisa a ela. Dizer a ela que Sonia tentou matá-la por causa de seu
relacionamento comigo e faça com que Isabella confie em mim dessa forma.

Demitri balança a cabeça. — Você está pensando seriamente em se casar


para alinhar Isabella conosco?

O canto da minha boca se levanta e solto uma gargalhada silenciosa. —


Como se fosse um sacrifício da minha parte. Qualquer homem teria sorte de
ter uma mulher como Isabella.
— Você não é qualquer homem, Alexei, — Demitri diz, parecendo
desconfortável. — Isabella pode não parecer com Sonia, mas ela ainda é a
porra da Princesa do Terror. Se você de alguma forma conseguir que ela se
case com você e a memória dela retornar, ela vai te matar, porra.

Eu balanço minha cabeça. — Não se eu puder fazer com que ela me ame.

Ele solta uma risada incrédula. — Você não tem história com ela. Se ela
se apaixonar por você, ela cairá em qualquer mentira que você contar a ela.
Isabella só está com amnésia, ela não é estúpida.

Um sorriso lento se espalha pelo meu rosto. — Isabella foi a penetra na


festa de Ariana com quem eu fiquei. A atração já esteve lá.

— Ok, — Demitri solta um suspiro. — Digamos que ela se apaixone por


você e você se case com ela. Que porra você vai fazer quando a memória dela
retornar?

Eu dou de ombros. — Vou deixá-la dar um soco em mim e então


poderemos fazer sexo furioso.

Demitri balança a cabeça, olhando para o teto como se estivesse fazendo


uma oração silenciosa, então seus olhos fixam-se em mim. — E se ela tentar
matar você, o que você espera que eu faça? Apenas fique parado e deixe que
ela faça o que quer?

Dando alguns passos mais perto de Demitri, coloco minha mão em seu
ombro. — Você se preocupa muito. Eu lidarei com isso quando e se a memória
dela retornar. Esta pode ser a única chance que tenho de colocar as mãos em
Isabella, e será o maior foda-se para Sonia.

Deixando escapar outro suspiro, Demitri balança a cabeça. — Você está


me envelhecendo antes do tempo.

Deixando escapar uma risada, sorrio para meu amigo. — Eu mantenho


sua vida interessante, seu filho da puta ingrato.
CAPÍTULO 12

Olhando para Isabella enquanto ela dorme, o plano de contar a ela que
estamos noivos continua crescendo, criando raízes em minha mente.

Dr. Oberio disse que a amnésia pode ser temporária ou permanente. Não
há como saber como as coisas vão acontecer no caso de Isabella, pois a mente
é uma coisa misteriosa.

Eu vou fazer isso, porra.

Se a memória dela retornar antes que eu consiga fazê-la se apaixonar por


mim, eu a deixarei ir. Talvez o destino esteja do meu lado e só volte depois do
casamento. Depois de conseguir formar um vínculo sólido com ela.

Antes disso, não haverá nenhuma maneira na terra verde de Deus de


poder mantê-la. Isabella é muito selvagem e eu me recuso a quebrá-la. Eu nem
tenho certeza se isso é uma possibilidade com a vontade de aço que ela tem.

Ela começa a se mexer, e isso me faz inclinar-me para frente e segurar


sua mão. Passo meu polegar sobre sua pele macia e espero até que seus olhos
se abram e se concentrem em mim..

Sorrindo para ela, injeto ternura em minha voz enquanto pergunto: —


Como você se sente?

— Ah... viva. — Ela engole em seco e eu rapidamente pego um copo de


água. Deslizando minha mão esquerda sob sua cabeça, eu a ajudo para que ela
possa tomar um gole, e então ela murmura: — Obrigada.

Em vez de recuar, passo os dedos pelas mechas de seu cabelo e ela


pergunta: — Estamos perto?
Fixando os olhos em Isabella, a mentira se espalha facilmente pelos meus
lábios. — Sim. Estamos noivos.

Suas sobrancelhas se erguem. — Nós estamos? Quando isso aconteceu?

— Depois que ajudei Winter, passei pela academia e nos demos bem.

Ela pisca para mim, então uma carranca aparece em sua testa. — E como
minha mãe se sente sobre isso?

Deixando escapar uma risada, balanço minha cabeça. — Ela não estava
feliz. — Aqui vai nada. — Ela nos atacou e foi por isso que você se machucou.
— Não é muito exagero. Querendo dizer minhas próximas palavras, digo: —
Sinto muito por não ter sido capaz de proteger você. Eu não esperava que as
coisas acontecessem do jeito que aconteceram.

Isabella me encara por um longo tempo e então pergunta: — Então nós


simplesmente nos demos bem, e o que... estamos apaixonados?

Balançando a cabeça, suavizo minha expressão, esperando que pareça


semelhante a eu estar apaixonado. Eu nunca amei uma mulher, então sabe-se
lá como é isso. — Foi amor à primeira vista.

A suspeita não sai dos olhos de Isabella enquanto ela me observa. —


Então eu deveria sentir algo se você me abraçar… certo?

Eu espero que sim.

Sento-me na beira da cama e coloco as mãos no travesseiro de cada lado


da cabeça de Isabella. Inclinando-me até ficarmos cara a cara, eu fixo os olhos
nos dela. — Você é a mulher mais incrível que conheço, Isabella. Uma maldita
deusa. Não apenas me apaixonei por você, mas também te admiro.

Seus lábios se abrem enquanto seus olhos saltam sobre meu rosto, então
ela começa a parecer desconfortável e murmura: — Tudo bem, eu sinto isso.
Dê-me algum espaço.

Sorrindo, dou um beijo em sua testa e depois volto para a cadeira.

— Ah… então perdi quatro anos?


— Sim. Você tem vinte e cinco anos agora.

— Quanto tempo namoramos antes de ficarmos noivos?

Porra. Eu não pensei muito nessa parte.

— Três anos, — respondo, apenas improvisando. — Estamos noivos há


um ano e teríamos nos casado em um mês.

Nada mal, Alexei.

— Eu completei meu treinamento no St. Monarch's? — Ela dispara outra


pergunta.

— Você não treinou em escravidão sexual e tráfico de drogas. — E é por


isso que a informação é tão cara no meu mundo. — Você treinou como
zeladora e era tão bom quanto Demitri.

A surpresa brilha em seus olhos. — Realmente?

— Sim, desde que você terminou seu treinamento, temos trabalhado


contra sua mãe para libertar os escravos.

Isabella tenta se sentar e eu rapidamente pego seus ombros, puxando-a


para mim para que eu possa ajustar os travesseiros atrás dela antes de recostá-
la neles. — Eu tenho libertado escravos… com você?

Sento-me ao lado da cama. — Sim. É algo pelo qual você é muito


apaixonada.

Isabella olha para as cobertas que cobrem suas pernas, e posso ver que
ela está se esforçando para lembrar.

Levando a mão até seu rosto, coloco um pouco de seu cabelo preto atrás
da orelha e depois apalpo sua bochecha. — Suas memórias voltarão. Não force
demais agora.

Erguendo os olhos para os meus, parece que ela está procurando algo em
meu rosto e então pergunta: — Você me ama?

Ahh… que diabos, vamos em frente.

— Muito. Você não tem ideia do quão importante você é para mim.
Não faço ideia.

— Então, nós moramos juntos? — Ela faz outra pergunta.

Eu concordo. — Em Los Angeles.

Terei que abrir espaço para ela no meu quarto e encher metade do closet
com roupas. Porra, tenho muito que fazer antes que ela possa sair do hospital.

Isabella assente e uma leve linha de expressão se forma entre suas


sobrancelhas. Seu olhar percorre a sala antes de pousar no meu. — Acho que
não posso me casar em um mês. Eu sei... compartilhamos uma história, mas...
preciso de tempo para conhecê-lo novamente.

— Eu posso ser paciente. — Essa é a maior mentira que contei a ela.


Estou impaciente pra caralho. O canto da minha boca se levanta quando eu
digo: — Não quero que você se preocupe com nada e apenas vá com calma para
que possa se curar.

Seus olhos procuram os meus novamente, como se ela estivesse pesando


cada palavra que eu digo, então ela murmura: — Obrigada. — Há um momento
de silêncio antes que ela admita: — Tudo o que sei sobre você é que você é o
melhor assassino.

Voltando para a cadeira, fico confortável. — Agora sou o chefe da bratva.

Isabella solta uma risada. — Ooh, aposto que isso irritou minha mãe.

— Uma porra de tonelada.

O sorriso no rosto de Isabella chama minha atenção para sua boca, e


então digo: — Quando você sorri assim, me dá vontade de beijar você.

Sua sobrancelha esquerda levanta ligeiramente. — Você está me avisando


ou pedindo permissão?

— Oh, querida, — eu rio sombriamente. — Estou te avisando. —


Levantando-me da cadeira novamente, enquadro seu rosto com ambas as
mãos e dou um beijo em sua boca. Porra, tudo fica parado dentro de mim do
mesmo jeito que aconteceu quando eu transei com ela na festa. Então, uma
estranha mistura de instinto e necessidade toma conta, e meus lábios
começam a se mover contra os dela.

Posso dizer honestamente que não me lembro quando beijei uma mulher
pela última vez. Fodido, sim. Mas beijo... não tenho nada em branco.

Meu coração realmente pula uma batida com a intensidade com que sou
atingido, e então me afasto de Isabella. Levantando-me da cama, limpo o
algodão do polegar sobre o lábio inferior enquanto olho para ela. — Eu deveria
ir para casa e... preparar uma bolsa de hospital para você. Durma um pouco
enquanto eu estiver fora.

Isabella limpa a garganta. — Lembre-se de uma escova de dentes.

Balançando a cabeça, saio da sala enquanto sinto como se tivesse levado


uma porra de um choque no coração.

****

Deus, nada faz sentido. Além de sentir que fui atropelada por um ônibus,
tudo é estranho.

Continuo tentando lembrar, forçando-me até sentir como se tivesse um


segundo batimento cardíaco batendo contra meu crânio.

Mas a última coisa de que me lembro claramente é de querer conversar


com Madame Keller sobre mudar meu treinamento. Eu não queria que minha
mãe soubesse, e tudo isso se soma ao que Alexei me contou antes.

Quando ele olhou nos meus olhos e me disse o que pensava de mim, e
quando me beijou, senti uma forte atração por ele. Posso ver por que me
apaixonei por ele, embora não possa dizer que o amo. Talvez as emoções
voltem?

Estou noiva de Alexei Koslov.

— Estou noiva de Alexei Koslov, — digo as palavras em voz alta, mas


parece mais uma pergunta do que um fato.

— Treinei como zeladora e sou tão boa quanto Demitri. — Desta vez sinto
as palavras se instalarem em meu coração.

Tudo o mais que Alexei disse faz sentido. Não estou surpresa que minha
mãe quase tenha me matado porque nunca houve amor entre nós e eu planejei
derrubá-la.

Além disso, respeito Winter e tudo o que ela representa. Pela última vez
que ouvi, ela se casou com Damien Vetrov, então posso ver como estaria aberta
para conhecer Alexei, visto que eles são praticamente uma família.

Meus pensamentos voltam para quando ele me beijou e me concentro em


como me senti. Foi como uma adrenalina... uma injeção de adrenalina no meu
coração.

Soltando um suspiro, fecho os olhos e tento relaxar, mas me sinto muito


tensa.

Deus, é como se minha mente estivesse cheia de espaços em branco. Eu


sei que as memórias estão lá, mas não consigo descobrir o que está faltando.
Parece que esqueci algo ou alguém muito importante. Como se estivesse na
ponta da minha língua, mas eu simplesmente não consigo... Solto um
grunhido frustrado, enfiando as mãos nos cabelos e apertando-os em punhos.

Talvez seja Alexei? Talvez esse sentimento seja o amor que senti por ele
?

Mantenho os olhos fechados, as luzes fortes do quarto do hospital


piorando minha enxaqueca.

— Você está bem? — Alexei pergunta de repente, e meus olhos se abrem.


Eu nem o ouvi entrar na sala.
— Forte dor de cabeça, — respondo enquanto o vejo colocar uma sacola
na cadeira ao lado da porta.

Alexei olha para onde fica o posto de enfermagem e então ordena: — Dê


a ela algo para dor.

— Sim, Sr. Koslov, — a enfermeira responde rapidamente e, um


momento depois, ela entra correndo na sala.

Depois que ela injeta algo em meu soro, Alexei murmura: — Obrigado. —
Ele fica ao lado da cama e, assim que a enfermeira sai, ele se inclina sobre
mim, dando um beijo na minha testa. — Espero que você se sinta melhor logo.

Meus olhos percorrem seu rosto enquanto ele se afasta e, mais uma vez,
tento nos imaginar como um casal.

Deus, parece tão estranho.

Eu não deveria ter a sensação de que amava esse homem o suficiente


para me casar com ele?

Os olhos castanhos escuros de Alexei fixam-se nos meus, e


instantaneamente sinto a intensidade e o poder vindos dele. Ele é atraente,
suas feições são fortes e impiedosamente esculpidas em granito. O cabelo
branco-alourado lhe dá uma vibração nervosa.

Ele é meu tipo.

Concentro-me nos meus sentimentos e percebo que não sinto nenhum


medo, o que significa que subconscientemente me sinto segura com ele.

Alexei inclina a cabeça. — O que você está pensando?

— Estou tentando entender tudo. — Balançando a cabeça, soltei um


suspiro frustrado. — Tudo está confuso. Eu odeio isso.

Sua boca se abre em um sorriso sexy. — Você tem essa coisa de estar
sempre no controle. Portanto, é normal que você se sinta perdida agora. — Ele
segura minha mão, seus dedos parecem fortes em volta dos meus. — Até que
você volte ao que era antes, eu cuidarei de tudo. Tente pensar nisso como
férias. Você merece depois de trabalhar duro e quase morrer.
— Quanto tempo vou ficar no hospital? — Pergunto, precisando saber
quanto tempo tenho para me preparar antes de ir para casa com Alexei.

— Dr. Oberio disse mais três dias.

Lentamente, aceno com a cabeça e pergunto: — Como é... nossa casa?

Alexei se senta na cadeira ao lado da cama, fazendo aquela maldita coisa


parecer um trono. — No momento, Demitri e Ariana moram conosco na
mansão. Na verdade, vamos construir outra casa na propriedade para onde
Demitri e Ariana possam se mudar, para que tenhamos mais privacidade. —
Ele respira fundo e explica: — Conhecemos Ariana no ano passado. O pai dela
era o ex-chefe da bratva. Eu assumi o lugar dele depois que ele faleceu, e como
tínhamos que proteger Ariana, ela e Demitri se deram bem.

— Como é meu relacionamento com ela? — Eu pergunto, realmente


aliviada em saber que não seremos apenas Alexei e eu.

— Vocês são amigas, — ele responde, depois acrescenta: — Eu contei a


Ariana o que aconteceu e que vocês não se lembram dela. Não se preocupe.
Iremos levar as coisas devagar quando você estiver em casa.

Balançando a cabeça, murmuro: — Obrigada. — Olho para nossas mãos


e, quando Alexei passa o polegar sobre minha pele, não sinto desconforto. Em
vez disso, é realmente uma sensação boa, fazendo com que algo ganhe vida
dentro de mim.

Meu olhar se move para minha mão esquerda e então franzo a testa. —
Se estamos noivos, onde está o anel?

— Você enviou para ser limpo. Vou buscá-lo assim que estiver pronto, —
responde Alexei imediatamente.

Me sentindo um pouco desconfortável, pergunto: — Você se importa de


segurar isso por um tempo... só até eu estar pronta?

Ele me dá um sorriso reconfortante. — Claro.


Olho para Alexei e, de alguma forma, sei que estou segura com ele, e é o
que mais preciso enquanto me recupero – apenas um lugar onde estou segura
até que minha memória retorne e eu possa descobrir o que vem a seguir.
CAPÍTULO 13

Convoquei uma reunião de família para que todos possamos esclarecer


nossas histórias quando eu levar Isabella para casa.

Até agora, tudo está caindo na palma da minha mão, e ficarei chateado
se alguma coisa estragar tudo.

Meus olhos passam por Demitri e Ariana. Então olho para Nikhil e Sacha,
os dois homens que protegem principalmente as mulheres sempre que
Demitri e eu temos que cuidar de um trabalho. Por último, olho para Tristan
e Hana.

Estas são as seis pessoas além de mim que terão contato direto com
Isabella.

Todos os olhos estão voltados para mim quando digo: — Meu plano não
é negociável. Se alguém deixar escapar alguma coisa para Isabella, haverá um
inferno a pagar. — Não há discussão por parte das pessoas que considero
minha família. — Isabella não é estúpida. Não a subestime só porque ela está
com amnésia. Ela é bem treinada e perigosa. Se a memória dela retornar, não
se envolva com ela. — Eu me concentro em Nikhil e Sacha. — Você não terá
chance contra ela. Apenas deixe-a ir. — Ambos concordam com a cabeça.

Voltando minha atenção para Ariana, digo: — Eu disse a ela que vocês
duas são amigas. Não espero que você se esforce por ela, mas tente fazer com
que ela se sinta em casa.

— Mas estarei segura ficando sozinha com ela? — Ariana pergunta.


— Isabella não vai te machucar, a menos que você seja um perigo para
ela. Ela é parecida comigo em vários aspectos.

Ariana revira os olhos. — Eu não acho que posso lidar com dois de vocês.
Você é bastante difícil.

Soltei uma risada. — Tenho certeza que você vai se dar bem com Isabella.

— Então, qual é a história? — Demitri pergunta.

— Eu disse a ela que nos conhecemos em St. Monarch enquanto ela


estava treinando como zeladora. Fiquei o mais próximo possível da verdade.
A única coisa que mudei foi que namoramos três anos, estamos noivos há um
ano e íamos nos casar em um mês. Eu também disse a ela que ela se machucou
durante um ataque de Sonia.

— Parece fácil de lembrar, — diz Tristan.

O que me lembra Hana. Volto minha atenção para ela. — Vou dizer a ela
que você é uma conhecida.

— Vou improvisar, — Hana ri.

— Isabella é de alto valor e esta é minha única chance de conquistá-la.


Não estraguem tudo para mim, — eu aviso a todos.

Todos concordam, então Demitri diz: — Se é isso que você quer, nós
faremos acontecer. Esperançosamente, a memória dela não retornará antes
de você se casar.

Ariana franze a testa para mim. — Tirar vantagem de uma mulher que
tem amnésia não me agrada.

Eu olho nos olhos de Ariana, e ela só consegue segurar meu olhar por um
momento antes de olhar para Demitri.

— Estou me aproveitando da situação, não de Isabella, — mordo as


palavras. — Não confunda as coisas. Isabella ainda terá seu livre arbítrio. Eu
não vou trancá-la no meu quarto.

Ariana respira fundo e solta o ar lentamente. — Ok.


Levantando-me, eu digo: — Não me importo com o que qualquer um de
vocês pensa. Eu vou ficar com Isabel. Não fique no meu caminho para que isso
aconteça.

Tristan solta uma risada para aliviar a tensão no ar. — Todos nós
devemos a você, então nós protegemos você.

— Agora preciso fazer compras para Isabella. — Olho para Ariana


novamente. — Se você não está muito chateada comigo, você se importaria de
vir junto?

— Claro, não me importo, — ela responde enquanto se levanta.

— Vamos voltar ao trabalho, — eu digo.

Enquanto Nikhil e Sacha vão embora, Tristan vem me dar um abraço


antes de ele e Hana voltarem para Koslov & Hayes para cuidar de nossa
empresa.

— Vamos fazer uma lista de tudo que Isabella vai precisar para não
esquecermos de nada, — diz Ariana, e então pega o telefone.

Porra, vou ter que encontrar o perfume que Isabella usa, mesmo que
tenha que cheirar cada frasco que existe neste maldito planeta.

****

Com meu braço esquerdo preso, estou vestindo uma legging preta e uma
camiseta. Sentada na beira da cama, meus olhos estão nas costas de Alexei,
onde ele conversa com o médico.
Quando ele se vira e começa a caminhar em minha direção, parece que
estou sendo perseguida por um predador. Mas, em vez de sentir medo, causa
um frio na barriga.

Eu fico de pé, meu corpo ainda fraco. Meu lado esquerdo dói e estou
cobertola de hematomas. Alexei disse que é porque eu caí daquele lado e levei
dois tiros.

Um sorriso terno curva sua boca, suavizando suas feições sombrias. —


Preparada?

— Tão pronta quanto sempre estarei, — eu digo.

Alexei estende a mão para mim e tenho a sensação de que ele quer fazer
com que pareça que esta é minha escolha.

Meus olhos se levantam para os dele. — Se eu quisesse sair sozinha, você


me deixaria?

Ele se vira e aponta para a porta. — A escolha é sua.

Só para testá-lo, passo por ele e saio da sala. Dou uma olhada na
enfermeira e murmuro: — Obrigada. — Sinto Alexei atrás de mim enquanto
abro uma porta e caminho por um corredor.

— Direto em frente. Usamos a entrada dos fundos — murmura Alexei,


parecendo divertido com minhas ações.

Quando saio do prédio e saio para a luz do sol, instintivamente olho ao


redor, observando os prédios, as janelas, os telhados – todos os esconderijos
que um atirador pode usar.

A familiaridade estremece através de mim, me fazendo ofegar.

Instantaneamente Alexei está ao meu lado, olhando para mim com


preocupação. — Você está bem?

Levanto a mão até o coração acelerado e pressiono os dedos no peito. —


Senti algo familiar.

— O que? — A preocupação fica mais profunda em seu rosto.


— A primeira coisa que fiz foi verificar o que estava ao meu redor como
se fosse uma segunda natureza.

O alívio toma conta de suas feições. Ele deve estar feliz por eu me lembrar
de algo.

— Deveria ser uma segunda natureza na vida que levamos, — diz ele,
depois aponta para um SUV preto. — Então, qual é a sua escolha? Venha
comigo ou se arrisque sozinha?

Soltei uma risada. — Claro que vou com você. Não pretendo dormir na
rua esta noite.

Um largo sorriso se espalha por seu rosto e então ele caminha até o SUV,
abrindo a porta do passageiro para mim.

É só quando entro no veículo que penso em perguntar: — Onde está


Demitri? Achei que vocês estavam sempre juntos.

— Ele está esperando impacientemente em casa, — Alexei responde antes


de fechar a porta e dar a volta na frente do SUV. Quando ele se senta atrás do
volante e liga o motor, ele diz: — Você quer levar algumas de suas coisas para
um dos quartos de hóspedes quando chegarmos em casa?

Ah Merda. Certo. Provavelmente divido um quarto com ele.

Quando não respondo imediatamente, Alexei me dá um sorriso


reconfortante. — Você não precisa decidir agora. Veja como você se sente mais
tarde. Ok?

Concordo com a cabeça e Alexei me entrega um telefone. — Seu antigo


foi esmagado no ataque, então comprei um novo para você.

— Ah… obrigada. — Olho para o dispositivo por um momento e depois


olho pela janela, observando o que nos rodeia enquanto Alexei nos leva para
casa.

Lar.

Ainda parece estranho.


Quando paramos em frente a uma impressionante mansão de estilo
mediterrâneo, não posso deixar de admirá-la. Saindo do SUV, olho ao redor
do jardim paisagístico e depois me viro para olhar para o lugar que chamarei
de lar.

Fico surpresa por não ver nenhum guarda e olho para Alexei, que observa
minha reação como um falcão. — Sem guardas?

Minha pergunta o fez soltar uma gargalhada. — Não precisamos de


guardas.

Verdade. Uma pessoa seria estúpida se tentasse atacar Alexei em sua


casa.

— Você também conhecerá Nikhil e Sacha hoje. Eles trabalham para mim
e mantêm Ariana segura sempre que Demitri e eu temos um emprego.

— Eu não? — Eu pergunto.

— Você não precisa de guarda-costas, pequena, — diz Alexei, com


admiração brilhando em sua voz. — Você pode cuidar de si mesma.

Baixo os olhos para o braço esquerdo que está preso em uma tipoia.

Alexei fica na minha frente e, levantando a mão, coloca um dedo sob meu
queixo. Ele levanta meu rosto e, quando nossos olhos se encontram, ele diz: —
Até que você esteja curada, não sairei do seu lado. Assim que você puder,
começaremos a treinar e a levaremos de volta ao que era antes.

Suas palavras me fazem sentir melhor e, desta vez, quando ele estende a
mão para mim, eu a aceito. Nossos dedos se entrelaçam e novamente algo
vibra dentro de mim.

Subindo os degraus, entramos na mansão e olho ao redor do interior da


casa que divido com o homem ao meu lado.

Meu noivo.

Respirando fundo, olho para a arte cara nas paredes, a decoração


luxuosa, e então meus olhos seguem as escadas até o segundo andar.
— Ajudei a decorar o lugar?

— Não. — Quando viro meu olhar para Alexei, ele explica: — Íamos
redecorar depois do casamento.

Assentindo, começo a caminhar em direção às escadas. — Por que? Eu


acho que parece ótimo.

Alexei aperta minha mão. — Você só queria adicionar seu próprio toque.

Quando chegamos ao segundo andar, olho ao nosso redor e pergunto: —


Para que lado fica o nosso quarto?

— Estamos na ala direita. Demitri e Ariana assumiram a ala esquerda.

— Ok, — olho para a minha esquerda, mas não vejo ninguém, sigo Alexei
por outro corredor.

Entrando em uma suíte luxuosa decorada em creme e preto, meus olhos


vão direto para a cama king-size.

Alexei percebe o que estou olhando e diz: — A escolha é sua.

Assentindo, olho ao redor da suíte. Há uma penteadeira e me aproximo


dela. Pegando um frasco de perfume, esguicho um pouco no ar para cheirá-lo.

— Esse é o seu favorito, — Alexei murmura quando vem atrás de mim. —


Seu perfume é uma das primeiras coisas pelas quais me apaixonei.

Olho para a garrafa preta e leio o nome — Fucking Fabulous. — Um


sorriso puxa meus lábios. — Eu tenho bom gosto.

— Você tem, — Alexei concorda.

Deixando o perfume de lado, começo a caminhar em direção ao armário.


Ao entrar, meus olhos examinam o lado direito, onde estão as roupas de
Alexei, e então olho para a esquerda.

Há um forte contraste entre os vestidos e ternos caros e as roupas pretas


de combate.

Chego mais perto e pego uma jaqueta de couro e olho para ela. Há um
lampejo de algo familiar e me faz perguntar: — O que eu mais vesti?
— Durante o dia, você era a socialite perfeita, e à noite causava estragos
em couro preto.

Deixei escapar uma risada suave e depois olhei para Alexei. — Meio
parecido com o som disso.
CAPÍTULO 14

Porra, eu trabalhei pra caramba para deixar tudo pronto para Isabella.
Meus olhos estão colados nela enquanto ela olha as roupas que comprei para
ela.

Vê-la se movimentar no meu espaço pessoal parece... certo.

Porque ela é a única.

A única mulher que pode sobreviver estando ao meu lado.

Minha respiração é lenta e constante enquanto avalio cada expressão


facial dela.

Isabella olha para mim e depois franze a testa. — Por que você está
olhando para mim como se estivesse prestes a atacar?

Relaxando minhas feições, eu digo: — É muito bom ver você aqui.

Ela respira fundo e caminha em direção à cama. — Nosso quarto. —


Parece que ela está saboreando as palavras. Isabella se vira para mim. — Vou
me sentir mais confortável usando um quarto de hóspedes enquanto me
ajusto.

Assentindo, começo a caminhar até a porta, dizendo: — Vou mandar


mudar algumas de suas coisas.

— Ah não.

Paro e olho por cima do ombro para ela. Ela aponta para a penteadeira e
o armário. — Deixe tudo como está. Vou dormir em outro quarto até me
acostumar com a ideia de sermos um casal.
Um sorriso se espalha pelo meu rosto, gostando do som disso. — Estou
colocando você na suíte ao lado da minha, para que você fique perto de mim.

Isabella me segue até a porta ao lado e olha ao redor da sala. — Então, se


eu gritar, você virá correndo?

— Com a bunda nua e armada, mas eu irei, — brinco, e isso a faz rir.
Fechando a distância entre nós, eu digo: — E aí você me faz querer beijar você
de novo.

Isabella levanta a mão direita e a coloca atrás do meu pescoço. Seus dedos
percorrem meu cabelo curto, seus olhos prendendo os meus, e então ela fica
na ponta dos pés e pressiona sua boca na minha.

Deixo-a controlar o ritmo, embora a frustração me invada quando não há


língua.

Afastando-se, ela olha para mim. — Eu queria ver se me sinto confortável


em iniciar uma intimidade com você.

— E? — Eu murmuro. — Você é?

Um sorriso pensativo curva seus lábios. — Estou surpreendentemente


confortável.

— Mas?

— Não consigo definir o que é. — Afastando-se de mim, Isabella caminha


até as amplas janelas e olha para o quintal. — É simplesmente frustrante não
lembrar de nada disso. Me sinto estranha.

Vou para trás dela e, com cuidado para não sacudir seu braço e ombro
esquerdo, envolvo meus braços em volta dela. Dou um beijo na lateral do
pescoço dela. — Apenas dê um tempo.

— Isto é tão estranho. Isso parece familiar, — Isabella murmura. — Ter


você atrás de mim.

Eu a seguro por alguns minutos enquanto olhamos pela janela, querendo


que ela se acostume comigo a tocá-la. Isabella se recosta em mim, apoiando a
cabeça no meu ombro.
Até agora, tudo está funcionando exatamente como eu esperava. Agora é
só uma questão de tempo.

Farei com que Isabella me ame, casarei com ela e então ela será minha.
Juntos governaremos o mundo.

****

Depois de me certificar de que Isabella coma alguma coisa, fecho as


cortinas enquanto ela sobe na cama.

Percebo sua frustração por se sentir fraca e digo: — Sua força retornará
em breve.

— Eu odeio isso, — ela murmura.

Caminhando para o lado da cama, me inclino sobre ela e dou um beijo


em sua testa. — Descanse um pouco, querida. Estarei lá embaixo.

Isabella me encara por um momento e depois diz: — Obrigada pela


compreensão... e por tudo que você está fazendo por mim.

— Claro. — Eu sorrio para ela. Colocando a mão em sua bochecha,


murmuro: — Farei qualquer coisa por você.

Nossos olhos permanecem trancados enquanto eu me endireito, e então


ela me observa até eu fechar a porta atrás de mim.

Solto um suspiro, aliviado por estar agindo bem. Não que seja difícil
porque parece quase natural demonstrar afeto por Isabella. Estou mais
preocupado com ela descobrindo as coisas.

Com um pouco de sorte e muita habilidade, isso não acontecerá.

Descendo as escadas, vou para a sala de segurança onde Demitri está


verificando qualquer pista sobre Sonia.

— Qualquer coisa? — Eu pergunto enquanto me sento em uma das


cadeiras.
O sistema de segurança está equipado com equipamentos de última
geração. Se Sonia enfiar a cabeça no buraco em que está escondida, eu saberei.

— Sim, — Demitri murmura, abrindo a tela de bate-papo subterrânea


onde há uma mensagem do nosso contato na Ruína.

MOLE

— É alguma coisa, — murmuro. — No momento em que tivermos prova


de vida, me avise.

Demitri inclina os olhos em minha direção. — Eu realmente não quero ir


para a Etiópia.

Soltei uma risada. — Se ela estiver lá, não teremos muita escolha.

Chegando ao trabalho, falo com Semion e Lev para ter certeza de que as
coisas ainda estão funcionando bem na Rússia. Enquanto estou com meu
telefone na mão, disco o número do chefe da máfia, querendo entrar em
contato com meu amigo.

— Uau, e aqui eu pensei que você tivesse sumido da face do planeta, — a


voz de Lucian vem do outro lado da linha.

— Como desejar. Como estão as coisas?

— Bom. Muito bom.

— E Elena e Luca? Eles estão bem? — Lucian e Elena deram ao filho o


nome do pai de Lucian, que era um grande homem. Pelo menos Lucian está
seguindo os passos de seu pai, fazendo da máfia italiana um império.

— Luca está crescendo muito rápido. Além disso, prefiro enfrentar uma
arma do que um de seus acessos de raiva. Tia Ursula e Elena o deixaram
escapar impune da porra do assassinato.
Deixei escapar uma gargalhada. — Tenho certeza que se eu perguntasse
a Elena, ela diria que foi você quem o deixou escapar impune do assassinato.

— Yeah, yeah. Como é o negócio? Ouvi dizer que você teve uma briga com
Terrero.

— Chamar isso de altercação é o eufemismo do ano. Perdi dez homens


naquele dia e ela fugiu. Se você ouvir alguma coisa sobre o paradeiro dela, me
avise.

— Eu vou, — Lucian me garante.

— Eu só queria entrar em contato com você. Envie meus cumprimentos


à sua família.

— Obrigado, é bom ouvir sua voz novamente. Da próxima vez, atenda o


telefone quando eu ligar.

— Você teria muita sorte, — eu rio antes de encerrar a ligação.

— Tudo de bom na Itália? — Demitri pergunta.

— Sim, Lucian está bem.

Demitri se levanta, me fazendo perguntar: — Onde você está indo?

— Ariana quer que eu prepare o jantar para dar as boas-vindas a Isabella.


— Ao chegar à porta, ele acrescenta: — Eu culpo você. Se você não tem nada
urgente para cuidar, vá para a cozinha.

Balançando a cabeça, fiz uma cara séria. — Tenho muito trabalho.

— Claro que sim, — ele zomba de mim, e quando sai da sala, eu o ouço
acrescentar: — Filho da puta.

Rindo, volto minha atenção para as telas à minha frente e começo a


pesquisar todas as informações, na esperança de encontrar algo relacionado a
Sonia.

****
Depois de tirar uma soneca, me sinto um pouco melhor.

Vou para a suíte de Alexei, onde estão minhas roupas, e tomando banho,
olho para o lado esquerdo do meu corpo, onde está coberto de hematomas.

Devo ter sofrido uma queda e tanto.

Quando termino o banho, tento secar o cabelo com batidinhas, usando


apenas a mão direita, depois desisto e jogo a toalha contra a parede. Frustrada,
olho para meu reflexo no espelho e então meus olhos baixam para os dois
ferimentos de bala.

Eu gostaria de poder lembrar o que aconteceu.

— Isabella? — Ouço Alexei gritar.

— Já vou, — respondo. Bufando, pego outra toalha e seco a maior parte


do meu corpo. Cerro os dentes e supero a dor no ombro e no braço esquerdos
enquanto faço o possível para enrolar o tecido em volta do meu corpo.

Assim que saio do banheiro, as sobrancelhas de Alexei se erguem e ele


diz: — Não parece que você tomou um banho relaxante.

— Eu não fiz isso, — resmungo enquanto começo a caminhar até o


armário. — Deixe-me me vestir enquanto grito de frustração e então estarei
com você.

Alexei corre na minha frente e me lança um olhar carinhoso e diz: —


Deixe-me ajudar. Você não precisa fazer isso sozinha.

— Ajudar-me a me vestir? Você? — Eu pergunto incrédula. — Sim, vou


repassar a oferta.
Em vez de ficar chateado porque estou recusando a oferta, Alexei sorri
para mim. — Você fica quente quando está chateada.

Soltando um bufo irritado, passo por ele e entro no armário. — Eu


entendo que você já me viu nua um milhão de vezes, mas você se importa em
me dar um pouco de privacidade?

— Claro. Apenas grite se precisar de ajuda. — Quando eu olho para ele,


ele acrescenta: — Ou não.

Observo enquanto Alexei sai do quarto e então volto minha atenção para
as fileiras de roupas. A frustração borbulha em meu peito e cerro a mão direita
em punho, precisando dar uma surra em alguma coisa.

Eu odeio me sentir impotente.

Deus, eu odeio tanto isso.

Agarrando uma calcinha, mordo a dor de usar meu braço esquerdo e


arrasto-a pelas pernas. Deixo cair a toalha e decido que um sutiã não vale a
dor que será necessária para prendê-lo.

Pego uma camiseta preta, puxo-a pela cabeça e paro um momento para
respirar antes de empurrar cuidadosamente meu braço esquerdo pela manga.
Quando coloco a camisa, meu ombro e antebraço estão em chamas.

Fechando os olhos, tento controlar a raiva e a frustração que fervilham


dentro de mim antes de ficar excessivamente emocionada.

— Alexei, — eu chamo.

A porta se abre instantaneamente quando ele entra. Ouço-a fechar e,


alguns segundos depois, sou puxada para um abraço. Descanso minha
bochecha em seu peito e me concentro apenas na minha respiração.

— Eu odeio isso, — eu sussurro. — Eu me sinto fraca.

— Eu sei. — Alexei dá um beijo em meu cabelo molhado. — Mas você não


é, Isabella. Você é uma maldita força. Neste momento, você está apenas ferida.
Há uma diferença.
Concordo com a cabeça e depois me afasto para olhar para ele. — Você
pode me ajudar a colocar minhas leggings?

Balançando as sobrancelhas para mim, ele sorri. — Mhhh… esse tipo de


coisa são preliminares para mim. — Seus olhos percorrem meu corpo. —
Quero dizer, você tem pernas matadoras.

— Cale a boca e me ajude, — eu respondo de brincadeira, apreciando que


ele está tentando me fazer sentir melhor.

Alexei se vira para minhas roupas e tira uma legging do armário. Quando
ele se agacha na minha frente, coloco minha mão direita em seu ombro para
manter o equilíbrio enquanto visto as calças, e então ele as puxa pelas minhas
pernas.

Alexei ajusta a bainha da minha camiseta e inclina a cabeça enquanto


seus olhos encontram os meus. — Isso não foi tão ruim, foi?

Balanço a cabeça e respiro fundo. Eu odeio isso. — Você vai me ajudar a


secar meu cabelo?

Alexei arrasta o lábio inferior entre os dentes e diz: — Gosto desse olhar
molhado e selvagem em você. É sexy.

Soltando uma risada, pergunto: — Tudo é excitante para você?

— Quando se trata de você, sim.

Nossos olhares se travam por um momento e a expectativa começa a


crescer entre nós, diminuindo a raiva e a frustração que sinto.

Alexei tem sido muito bom comigo na semana passada. Desde o


momento em que abri os olhos, ele estava lá para deixar tudo melhor.

Eu provavelmente já teria perdido a cabeça se ele não estivesse por perto


para me acalmar.

Diminuindo a distância entre nós, viro a cabeça e encosto minha


bochecha em seu peito novamente. Os braços de Alexei me envolvem, e isso
me faz sentir segura... como se eu pertencesse... como se fosse assim que as
coisas eram entre nós.
Levantando meu braço direito, coloco minha mão em suas costas e
sussurro: — Só preciso de um momento.

— Demore o tempo que precisar, baby. Eu posso te abraçar para que você
não ouça nenhuma reclamação minha.

Tudo o que ele diz é perfeito.

Tudo o que ele faz é perfeito.

Perfeito demais?

— Eu te amo, Isabella, — ele murmura, e parece que ele está falando sério.

Afastando-me, encontro seus olhos. — Por que você me ama?

Uma leve carranca passa por sua testa antes de desaparecer. — Eu te amo
porque você é muito forte. Não há muito que você tenha medo. Você é um
lutador, inteligente, atencioso, de tirar o fôlego. Honestamente, não há nada
que eu possa dizer que não ame em você.

Posso ver que ele quis dizer cada palavra, e isso alivia a preocupação que
surgiu.

— Vamos. Vamos secar seu cabelo. Demitri fez o jantar para recebê-la em
casa.

Sigo Alexei até a penteadeira e sento no banquinho. Meus olhos


acompanham seus movimentos enquanto ele tira o secador de uma gaveta, e
quando ele começa a secar meu cabelo, parece que já fez isso antes.

Relaxo e aproveito o tempo para observar Alexei, memorizando seus


movimentos enquanto seus dedos penteiam meu cabelo... e cada centímetro
de seu rosto.

Posso ver por que me apaixonei por ele. Não acho que vai demorar muito
para eu me apaixonar por ele novamente.

Quanto mais eu olho para ele, mais familiar ele se torna, e quando ele
termina de secar meu cabelo e me olha com orgulho, sinto o calor se
espalhando pelo meu coração.
CAPÍTULO 15

Enquanto descemos para a sala de jantar, penso que preciso diminuir o


açúcar e adicionar um pouco de tempero.

Em algum momento, terei que brigar com Isabella. Eu podia sentir a


suspeita saindo dela em ondas e simplesmente deixei escapar que a amo.

Acho que neutralizei a situação. Eu espero que sim.

Entrando na sala de jantar, aponto para o assento à minha esquerda em


vez de puxar a cadeira para Isabella. Quando me sento, Ariana chega com dois
pratos de comida e Isabella faz uma pausa.

Cada músculo do meu corpo fica tenso enquanto as duas mulheres se


encaram. Então um largo sorriso surge no rosto de Ariana, e ela vem colocar
os pratos onde ela e Demitri estarão sentados.

— Estou tão feliz que você está de volta. — Ela começa a se aproximar de
Isabella e pergunta: — Tudo bem se eu te der um abraço?

Os olhos de Isabella se voltam para mim e vendo que ela está


desconfortável, eu pulo. — Talvez adie os abraços até que Isabella tenha tempo
de se acomodar.

— Tudo parece estranho, — explica Isabella. — Você é Ariana?

— Sim. Se você precisar de alguma coisa, é só me avisar.

— Obrigada. — Assim que Isabella se senta, Demitri chega com dois


pratos de comida, e Isabella diz: — Isso não era necessário.

— Demitri é praticamente um chef, — Ariana se vangloria.


Demitri coloca um prato na minha frente e, inclinando-se sobre a mesa,
coloca o outro na frente de Isabella.

Olho para o macarrão. — Parece bom.

— É melhor você comer tudo, — Demitri murmura.

— Sim, papai, — eu o provoco, fazendo Ariana rir. Olho para Isabella e


percebo que um sorriso aparece em sua boca.

Por um momento, o silêncio cai sobre a mesa enquanto todos nós


comemos.

Depois de engolir um pouco, pergunto a Demitri: — Você contou a Ariana


sobre a casa que vamos construir para vocês dois?

— Uma casa? Onde? Por que? — Ariana divaga as perguntas.

— Esqueci, — diz Demitri, e então sorri para sua noiva. — Nesta


propriedade. É só para que todos tenhamos mais privacidade, mas ainda
estarei perto de Alexei se algo acontecer.

— Sim! — Ariana exclama, então ela sorri para mim. — Não que eu não
goste de morar nesta casa.

— Só quero ver você feliz, pequena, — digo, com carinho em minhas


palavras.

— Quero um quarto só para minha maquiagem, — exige Ariana.

— É justo, visto que terei uma para armas, — Demitri responde antes de
dar uma mordida na massa.

— Você gosta de maquiagem? — Isabella pergunta de repente.

— Eu era maquiadora. Agora é mais um hobby desde que comecei a


instituição de caridade, — explica Ariana.

— Caridade?

Demitri e eu continuamos a comer enquanto as mulheres conversam.


— Sou mais uma benfeitora dos idosos que não têm ninguém.
Principalmente aqueles com problemas de saúde, — diz Ariana. — Minha mãe
tem Alzheimer, então o projeto está no meu coração.

As feições de Isabella suavizam. — Lamento ouvir isso, mas acho incrível


que você queira ajudar... outras pessoas. — Uma carranca se forma na testa de
Isabella, e ela olha para a mesa.

Quando seus olhos se estreitam, meu coração acelera. — Você está bem?

Lentamente, ela balança a cabeça, concentrando-se demais em alguma


coisa.

Porra.

— Isabella? — Pergunto, inclinando-me um pouco para frente.

— É estranho. Parece que está na ponta da minha língua, — ela murmura,


imersa em pensamentos. — É logo ali.

Estendendo a mão para ela, coloco a minha nas costas dela. —


Provavelmente é o problema de ajudar os outros. É algo que você e Ariana têm
em comum. Onde ela ajuda os idosos, você ajuda os escravos.

— Eles não são escravos, — diz ela, com força transbordando nas
palavras.

— Os inocentes, — eu me corrijo.

Novamente a carranca em seu rosto se aprofunda. — Parece um déjà vu.

A sensação de que a memória de Isabella pode retornar mais cedo do que


eu gostaria me faz pensar que precisarei acelerar as coisas. De alguma forma.
Porra.

De repente, Isabella sorri. — Não se importe comigo. Conversa maluca.

— Não diga isso. — Ariana dá a Isabella um sorriso reconfortante. — Deve


ser difícil. Estamos aqui para ajudá-la com isso.

O momento passa e voltamos a comer.


Quando termino, levanto-me e vou até a mesa lateral. — Quer algo para
beber, Isabella? Pode ajudá-la a relaxar.

— Claro.

Sirvo três copos de vodca e os levo de volta para a mesa.

Isabella olha para Ariana. — Você não bebe?

— Não esse veneno. Estou bem com uma taça de vinho de vez em quando.

Isabella pega o copo. — Vodca?

— O melhor. — Erguendo meu copo, eu digo: — Na zdoróv'je. — Eu fecho


os olhos com Isabella. — Para sua saúde.

Tomo um gole muito necessário e depois relaxo na cadeira.

Enquanto saboreio a bebida, começo a pensar em acelerar as coisas sem


deixar Isabella desconfortável ou desconfiada. Parece que estou preso em uma
situação difícil, e eu odeio isso.

Quando Isabella olha para mim, eu sorrio para ela. — Você está bem?

Ela assente. — O primeiro dia não foi tão ruim quanto pensei que seria.
Eu esperava muito mais constrangimento.

— É bom ouvir isso. Quero que você se sinta em casa.

Demitri termina sua bebida e então se levanta. — Vou verificar a


segurança.

Assim que ele sai da sala, Isabella pergunta: — Dimitri é sempre tão
quieto?

— Depende. Sempre que eu o irrito, ele não cala a boca, — brinco.

— O que você faz muito — Ariana me provoca.

— Eu o mantenho alerta.

Ariana ri, balançando a cabeça para mim.


****

Já faz uma semana que cheguei em casa e estou começando a me sentir


mais tranquila. As coisas não parecem mais tão estranhas.

A dor também é mais controlável com todas as minhas feridas


cicatrizando.

Mas estou entediada.

Ariana tenta me incluir em muitas coisas, mas não coça a coceira que se
forma. Parece que está rastejando sob minha pele, precisando entrar em ação.

Estou sentada do lado de fora, pronta para bater a testa na mesa quando
Alexei sai de casa. — Venha comigo.

Levantando-me, pergunto: — Onde?

— Você vai ver.

Quando Alexei estende a mão para mim, coloco a minha na dele e volto
para casa com ele. Descemos um lance de escadas e então sou levada a uma
sala impressionante.

Explorei a maior parte da casa, mas ainda não estive aqui.

Olhando ao redor do arsenal, solto minha mão da de Alexei e me


aproximo dos armários que revestem as paredes. — Você está bem abastecido.

— Gosto de estar preparado, — ele ri.

— Para uma guerra? — Eu o provoco.


— Entre outras coisas. — Alexei abre um armário e retira duas Heckler &
Kochs. Ele verifica os clipes e me entrega um. Acenando para o outro lado da
sala, ele diz: — Quer atirar em alguns alvos comigo?

— Deus, adoro quando você fala coisas sujas comigo.

Alexei dá um passo mais perto de mim. — Hmm… espere até ver como
eu manejo minha arma.

Minha voz sai baixa e sensual. — É melhor você ser bom nisso.

Assim que meu coração começa a acelerar, Alexei se afasta de mim e


caminha em direção ao campo de tiro. — O melhor atirador vence.

— Ganha o quê?

— O que você está disposta a apostar? — Ele pergunta, me dando um


olhar travesso.

Penso por um momento e, quando chegamos ao campo de tiro, digo: —


Se você vencer, voltarei para o quarto.

Alexei levanta uma sobrancelha para mim. — Não vou perder de jeito
nenhum agora.

— Mas... — eu fico em um dos cubículos, — se eu ganhar, posso começar


a treinar sem que você me diga que é muito cedo.

— Justo.

Observo enquanto Alexei levanta a arma e então começa a atirar no alvo.


Por um momento, só consigo olhar porque é muito quente vê-lo manusear
uma arma. Então olho para o alvo e minha sobrancelha se levanta.

Merda.

Ele é bom.

Obviamente, ele é bom. Ele é um assassino treinado.

Cada bala atinge a cabeça do alvo.


Respirando fundo, volto minha atenção para meu próprio alvo e,
levantando o braço, miro. Quando puxo o gatilho, há uma onda de alegria em
minhas veias, e então continuo disparando até que meu pente acabe.

Deus, isso foi incrível.

Soltando um suspiro de satisfação, olho para Alexei. Ele está sorrindo


para mim.

— Isso foi tão bom para você quanto foi para mim? — Eu pergunto,
minhas palavras cheias de duplo significado.

— Acho que você teve um pouco mais de prazer com isso do que eu, — ele
sorri.

Então verificamos os alvos e Alexei me dá um sorriso de lobo. — Acho


que você está voltando, querida.

— Melhor de três, — começo a negociar, não porque seja contra dividir a


cama com ele, mas porque estou gostando muito disso.

Alexei finge pensar sobre isso e então diz: — Podemos fazer o melhor
entre três, mas quero pagamento por mudar as regras.

— De que tipo de pagamento estamos falando? — Pergunto enquanto


coloco a arma no balcão.

— Nada grande. — Alexei também coloca a arma no balcão e se aproxima


de mim. Levando a mão ao meu queixo, seu polegar roça meu lábio inferior.
— Apenas um beijo.

Fixando os olhos nele, murmuro: — Combinado.

A mão de Alexei se move por trás do meu pescoço, e só tenho um segundo


para respirar fundo antes que sua boca desça sobre a minha.

Fica rapidamente claro que ele não quis dizer apenas um beijo quando
sua língua entra em minha boca e sua outra mão agarra meu cabelo, puxando
minha cabeça para trás para lhe dar melhor acesso a mim.
Uma onda de adrenalina me atinge, e então eu o beijo de volta, nossas
línguas começando a guerrear pelo controle. Rapidamente se torna faminto e
totalmente erótico quando a boca de Alexei devora a minha, seus dentes
puxando até que esteja quase forte.

Tão bom.

Deus.

Tão bom.

Parece que estou sendo drogada até que todo o meu foco esteja em Alexei.
Seu poder chama a força que há em mim, a força que não sinto desde que
acordei no hospital. E por um momento feliz, isso me lembra quem eu sou.
Como Alexei me vê.

Meu corpo derrete contra o dele, e movo minha mão direita até sua
mandíbula, meus dedos absorvendo a sensação da barba escura espalhando
poeira em sua pele..

Alexei se separa da minha boca e dá beijos famintos em meu queixo e


pescoço, sussurrando: — Porra. — Seus dentes beliscam minha pele. — Porra.
— E então ele se afasta de mim, sibilando: — Porra.

Nossos olhos se travam enquanto minha respiração sai correndo, meu


corpo ainda formigando pela injeção de adrenalina que é Alexei.

Ele fica parado, a expressão predatória em seu rosto me diz que a última
coisa que ele quer fazer agora é parar.

Por um momento, penso em ir mais longe, mas então me contenho e


limpo a garganta. — Preço pago. Hora de atirar.

— Vou perder essa rodada, — ele murmura enquanto caminha para o


outro lado da sala para pegar mais pentes para nós.

De alguma forma, duvido disso.


CAPÍTULO 16

Estou tenso desde o beijo. Tenho orgulho de sempre ter controle sobre
tudo. Mas assim que se trata de Isabella, a intensidade supera qualquer
esperança de que eu mantenha o controle da situação.

É como se um instinto primitivo assumisse o controle, e tudo que eu


quero fazer é reivindicar tudo o que ela tem a oferecer até que eu a possua.

Estou no meu quarto e, com as mãos nos bolsos das calças, olho
fixamente para o quintal enquanto tento descobrir como me sinto.

Eu quero Isabella Terrero. Não só porque ela será uma aliada valiosa,
mas porque estou me apaixonando por ela.

Estou caindo, porra.

Provoquei meus amigos e meu irmão quando eles se apaixonaram. Eu os


ajudei a pegar a garota. Eu os vi construir vidas com as mulheres que amam.

Mas nem por um segundo pensei que havia uma mulher por aí que me
faria querer o meu feliz para sempre..

Deixo escapar uma gargalhada cínica.

Porra, como os poderosos caem.

Isabela Terrero. A porra da filha da minha inimiga. Não esperava isso.

Meus olhos se estreitam ao pensar que a memória dela pode retornar a


qualquer momento. Não tenho a mínima ideia do que farei se isso acontecer.

Não tenho certeza de como Isabella reagirá. Afinal, poderíamos tê-la


deixado morrer em Columbia. Esperançosamente, isso conta para alguma
coisa. Além disso, fiz de tudo para que ela se sentisse em casa.
Talvez ela não surte.

Talvez a sorte esteja do meu lado por mais algum tempo.

Ouço a porta se abrir atrás de mim e olho lentamente por cima do ombro.
Isabella entra e fecha a porta antes de caminhar em minha direção.

Volto meu olhar para a vista do lado de fora da janela quando ela fica ao
meu lado. O silêncio nos rodeia enquanto me pergunto o que o futuro nos
reserva. Sempre fui capaz de planejar com antecedência, mas isso parece ser
coisa do passado.

— Quero começar a treinar, — ela murmura baixinho.

— Ok. — Virando meu rosto, olho para ela. — Apenas vá devagar.

Ela balança a cabeça, levantando os olhos para os meus, e então nos


encaramos.

Depois de um momento, Isabella pergunta: — Quem é você, Alexei? O


que motiva você?

Volto meu olhar para a vista, pensando em como responder a ela. — Eu


sou um conquistador. — Respiro lentamente e depois expiro. — É tudo uma
questão de poder. Sou viciado nisso. — Virando-me para Isabella, olho
profundamente em seus olhos. — Você é a primeira mulher a me fazer
funcionar. Você é um desafio e tanto, e eu adoro isso.

Um sorriso suave se forma na boca de Isabella. — Eu só preciso de um


pouco mais de tempo.

Tempo.

Assentindo, levanto meu braço esquerdo e envolvo seus ombros,


puxando-a para meu lado. — Contanto que você se apaixone por mim. — Faço
parecer uma piada, embora esteja falando sério.

Isabella olha para mim. — Essa é a parte fácil... mas só se passaram duas
semanas... na minha cabeça. Não posso simplesmente ficar noiva e casar com
você com base no que me disseram. Lamento que tenhamos que começar de
novo. Eu sei que deve ser frustrante para você.
Abaixando meu braço de seus ombros, viro-me para encará-la. —
Deixando o amor de lado, você consideraria um casamento para formar uma
aliança?

A sobrancelha esquerda de Isabella se levanta. — No mundo em que


nascemos, sempre soube que minha mãe tentaria forçar a questão em algum
momento. Não que eu tivesse qualquer intenção de me casar com quem quer
que ela tentasse me penhorar. — Isabella balança a cabeça. — Eu não sou uma
escrava

Valeu a tentativa.

— Mas estou disposta a considerar isso, — ela diz, me surpreendendo. —


Afinal, ainda será minha escolha e não da minha mãe.

O canto da minha boca se levanta. — Casar comigo seria o maior foda-se


para sua mãe. Tenha isso em mente.

E tornar público o anúncio do nosso noivado pode ser a solução certa


para tirar Sonia do seu esconderijo.

Isabella solta uma risada e caminha em direção ao banheiro. — Você faz


com que pareça muito tentador.

Esperançosamente, tentador o suficiente para ela concordar.

— Vou me preparar para dormir, — acrescenta ela antes de desaparecer


no banheiro.

Meus olhos se voltam para a cama e, sabendo que sexo não está em
questão, estou me preparando mentalmente para uma noite longa e infernal.

Soltando um suspiro, vou até o armário e tiro meus ternos do caminho,


o scanner biométrico me verifica antes que o cofre seja aberto.

Pegando do bolso o anel de noivado que recebi hoje mais cedo, coloco-o
no cofre antes de fechar a porta, sem ter certeza se algum dia conseguirei
colocar o anel no dedo de Isabella.
****

É uma sensação estranhamente íntima ouvir Alexei tomar banho


enquanto deslizo para baixo das cobertas.

Mas não é estranho.

Há até uma expectativa crescendo em meu peito. Prendo meu cabelo,


puxo-o por cima do ombro direito e depois me deito.

Posso sentir o cheiro de Alexei nas cobertas e, virando a cabeça, olho para
o lado direito da cama onde ele dormirá. A porta do banheiro se abre e meus
olhos se voltam para onde Alexei sai vestindo apenas uma calça de moletom
preta, com vapor subindo atrás dele.

Meu olhar vagueia sobre seu peito e abdômen, e o V quente que leva até
a cintura baixa.

Deus, eu tenho bom gosto.

Ele para ao lado da cama e, inclinando a cabeça, olha para mim. — Você
fica bem na minha cama.

As coisas têm estado ótimas entre nós e a tensão sexual está fora de
cogitação, mas ainda estou me recuperando, então não haverá sexo.

— Não tenha ideias, — eu o aviso.

Alexei sorri enquanto balança a cabeça. Apagando a luz, ele joga as


cobertas para trás e depois se deita.

— Você fica do seu lado e eu fico do meu, — digo.


— Foda-se essa merda, — ele resmunga. — Já estou renunciando ao sexo.
— Alexei estende a mão para mim e então sou puxada para o lado dele até que
meu corpo esteja pressionado contra o dele.

Minha mão esquerda pousa em seu peito e sinto o calor de seu corpo
penetrando no meu. Não consigo evitar que um sorriso apareça em meus
lábios enquanto descanso minha cabeça em seu ombro.

Ficamos deitados em silêncio e respiro fundo o cheiro de Alexei.

Eu amo isso.

Eu relaxo e fecho os olhos, concentrando-me em como é deitar ao lado


dele. Com as coisas não parecendo mais tão novas entre nós, as emoções
crescendo dentro de mim não parecem estranhas ou muito rápidas, mas sim
naturais.

Além disso, não há preocupação em me perguntar o que Alexei sente por


mim, então não fico sobrecarregada pelas incertezas habituais ao iniciar um
relacionamento.

— O que você está pensando? — Ele murmura.

— Como isso parece natural, — respondo honestamente.

— Sim? — Ele coloca um dedo sob meu queixo e levanta meu rosto para
que eu olhe nos olhos.

Uma bolha de intimidade nos envolve e me faz admitir: — Você torna


mais fácil para mim voltar a ser como éramos antes de perder a memória.

Alexei lentamente começa a se inclinar até sentir sua respiração em meus


lábios. Sua voz é um estrondo baixo quando ele diz: — Cristo, eu quero te
foder, mas por enquanto, vou me contentar com sua boca.

Nossas bocas se encontram em um frenesi, e sinto a necessidade de


Alexei transbordando para mim enquanto seus lábios massageiam os meus até
ficarem inchados e formigando. Seus dentes mordem e sua língua me acalma,
me excitando até que eu esteja me questionando.

Eu me curei muito. Talvez a dor não seja tão forte.


Eu deveria ter tomado analgésicos.

Deus, não vou impedi-lo de jeito nenhum se ele insistir por mais.

Minha frequência cardíaca dispara e minha respiração acelera enquanto


me perco no beijo, entregando o controle para Alexei. Isso o faz rosnar e ele
me empurra de costas.

Alexei enfia a mão por baixo da minha camisa e fico surpresa quando seu
toque é suave e não áspero. Isso contrasta totalmente com o beijo, mas saber
que ele ainda está pensando nos meus ferimentos aquece meu coração.

Quando a palma da mão cobre meu peito, minha respiração acelera ainda
mais. Envolvo meu braço direito em torno dele, meus dedos espalhando-se
sobre suas costas musculosas.

A língua de Alexei empurra com força, varrendo minha boca como se


estivesse me marcando.

Sua mão se afasta do meu peito e, enquanto ele se mantém apoiado no


braço esquerdo para manter o peso sobre mim, ele empurra o cós da minha
legging para baixo até que a lateral do meu quadril fique exposta. Quando seus
dedos sobem e descem pela pele, ele solta um gemido de satisfação.

Afastando sua boca da minha, seus lábios se movem pelo meu queixo e
pelo meu pescoço. — Cristo, eu amo a sensação da sua pele. Como uma maldita
seda.

Apanhada no momento, estou a um segundo de implorar para ele me


foder.

Antes que eu possa expressar minha necessidade, Alexei se afasta


completamente de mim e cai de costas ao meu lado, respirando fundo. —
Agora estamos ambos frustrados.

— Você não poderia simplesmente sofrer em silêncio sozinho? —


Resmungo, frustrada por não podermos ir mais longe. Duas semanas depois
de levar dois tiros é um pouco cedo.
Abaixando a mão, ele segura seu comprimento impressionante através
da calça de moletom e solta uma risada. — Acredite em mim, estou sofrendo
mais. Eu só queria companhia esta noite, já que não vou dormir.

— Ah, coitado de você, — murmuro. — Enquanto você não consegue


dormir, você pode pegar um pouco de água e analgésicos para mim?

Os olhos de Alexei se voltam para mim e ele instantaneamente se inclina


sobre mim. — Eu machuquei você?

Balançando a cabeça, eu sorrio para ele. — É macio o suficiente para me


irritar, e eles vão me nocautear.

Levantando-se da cama, Alexei diz: — Já volto.

Quando ele sai da sala, olho para o teto e meus pensamentos se voltam
para o momento apaixonado que acabamos de compartilhar.

Talvez um casamento para formar uma aliança não seja a pior coisa.
Definitivamente posso aprender a amar Alexei.

Já gosto dele e a atração entre nós é forte.

Decidindo tirar alguns dias para pensar sobre isso, na verdade me sinto
melhor do que nas últimas duas semanas. É como se as coisas estivessem
lentamente voltando ao lugar, embora minhas memórias ainda estivessem
faltando em ação.
CAPÍTULO 17

ALEXEI

A espera e não saber o que Isabella vai decidir ou quando sua memória
vai voltar vai ser o meu fim. Eu odeio isso.

Já se passaram duas semanas desde que mencionei o casamento para


formar uma aliança, e ela não disse nada sobre isso desde então.

Paciência não é uma maldita virtude. É pura tortura.

Entrando na academia, encontro Isabella correndo em uma esteira. Ela


quase recuperou seus antigos músculos e força. Mas, novamente, ela está
trabalhando como um demônio.

Subindo na esteira ao lado dela, estabeleço o ritmo para uma corrida


lenta para poder me aquecer.

— Você está atrasado, — ela diz, parecendo um pouco sem fôlego.

Eu estava em uma ligação com Carson, que não conseguiu encontrar as


meninas. Já se passou um mês desde que Carson e Damien foram forçados a
invadir a casa segura de Isabella, apenas para encontrá-la vazia.

As meninas que salvamos antes de Isabella se machucar simplesmente


desapareceram, e só posso esperar que Sonia não tenha chegado até elas
primeiro.

Além disso, ainda não há nenhum vestígio de Sonia. Ela está muito quieta
e tenho a sensação de que ela está planejando um ataque. Embora ela tenha
sido vista na Etiópia, não há nenhuma prova de vida, e acho que isso nos tirará
do caminho dela.

— Eu tinha negócios para cuidar, — respondo enquanto aumento meu


ritmo.
— Algo errado? — Isabella pergunta, me dando uma olhada.

— Só estou frustrado, — murmuro, aumentando o ritmo até começar a


correr. — Sonia não está em lugar nenhum e não gosto disso nem um pouco.

Isabella desacelera a esteira até parar, e então parece que ela está imersa
em pensamentos.

— Você sabe onde ela pode estar se escondendo? — Já perguntei a


Isabella antes, mas todos os lugares que ela mencionou não ajudaram a
encontrar Sonia.

— E quanto ao St. Monarch's? — Isabella vira os olhos para os meus. — É


para lá que eu iria.

Uma carranca se forma na minha testa.

Então isso me atinge como um caminhão de dez toneladas. Eu deveria


ter pensado em St. Monarch's. É para lá que todos nós vamos se precisarmos
de cuidados médicos e nos escondermos.

Porra!

Madame Keller sabe que estou procurando por Sonia.

Porra.

Parando a esteira, saio correndo da academia e vou direto para a sala de


segurança, onde deixei meu telefone. Pegando o aparelho, a raiva começa a
borbulhar em meu peito enquanto disco o número do St. Monarch's.

— O que está errado? — Demitri pergunta. Eu levanto a mão para


silenciá-lo.

— Sr. Koslov, a que devo essa honra? —Madame Keller responde.

— Sonia Terrero está aí? — Eu mordo a pergunta.

Madame Keller não responde imediatamente antes de dizer: — Você sabe


que não posso lhe dizer se há um convidado no local. Especialmente se eles
estão pagando pela segurança que a St. Monarch oferece.

Filha da puta.
Encerro a ligação antes de começar uma guerra com Madame Keller e
então bato com o punho na mesa. — Porra!

Demitri se levanta da cadeira. — Quer me contar o que está acontecendo?

— A porra da Sonia está se escondendo em St. Monarch’s, — eu digo,


minha voz mortal devido à raiva pulsando pelo meu corpo.

Eu deveria ter verificado primeiro o St. Monarch. Eu perdi muito


tempo.

— Porra, — Demitri murmura assim que Isabella entra na sala de


segurança.

Ela deve ter ouvido o que acabei de dizer porque não hesita em me
lembrar: — O terreno do St. Monarch é neutro. Ir atrás da minha mãe
enquanto ela estiver lá exigirá muito poder de fogo.

Demitri balança a cabeça. — Sem mencionar que muitos de nossos


aliados não nos apoiarão.

— Carson e Damien irão, — afirmo o óbvio. — Também Winter e Lucian.

— São sete de nós contra um exército bem treinado, — diz Isabella.

Sete?

Meus olhos se voltam para os dela. — Você está disposta a lutar conosco?

Uma carranca se forma na testa de Isabella. — Com um pouco de


treinamento, estarei pronta. Estou curada, então não vejo qual é o problema.

Porra. Certo.

Eu quase escorreguei.

Isabella levanta o queixo e isso a faz parecer poderosa ao dizer: — Além


disso, é justo que eu esteja ao lado do meu noivo.

Meu coração literalmente para por um momento antes de começar a


acelerar. — Isso é um sim?
Isabella dá de ombros. — Pergunte-me e descubra. — Então, virando-se,
ela caminha até a porta. — É melhor que a proposta seja romântica.

Mesmo que eu ainda esteja com raiva por saber onde Sonia está
escondida, um sorriso se espalha pelo meu rosto.

Essa é uma vitória que eu realmente precisava agora.

Virando-me para Demitri, pergunto: — Como vou tornar a proposta


romântica?

Ele me lança um olhar incrédulo. — Você está ciente de que não tenho
um pingo de romantismo em meu corpo? Vá perguntar a Ariana.

— Certo.

Saio da sala de segurança para cuidar do planejamento da proposta para


poder focar apenas na Sonia.

Uma maldita montanha de cada vez, Alexei.

Quando entro no escritório de Ariana, ela me lança um olhar assustado.


— O que? Aconteceu alguma coisa?

Agarrando uma cadeira, sento-me e então fixo os olhos nos dela. — Dê-
me uma ideia para uma proposta romântica. — Ariana pisca para mim como
se eu tivesse acabado de falar uma língua estrangeira. — Quer que eu repita
em russo?

Ela rapidamente balança a cabeça. — Oh não, eu nunca esperei ouvir


essas palavras de você. Achei que você soubesse de tudo, — ela me provoca.

Eu faço uma careta para ela.

— Não me olhe com um olhar de morte. Se você quiser minha ajuda,


peça-me com educação.

Respirando fundo, eu sorrio. — Ajude-me a planejar uma proposta


romântica, pequena.

Ariana solta uma risada. — Você não sabe como pedir algo, mas isso
servirá.
Ela começa a bater os dedos na mesa e, quando um minuto inteiro se
passa, eu digo: — Não tenha pressa. Não é como se eu estivesse com pressa.

Ela me lança um olhar. — Tenho um milhão de ideias e estou tentando


descobrir qual delas Isabella vai adorar. Então sente-se calmamente e deixe-
me pensar se você quer minha ajuda.

Cristo, isso vai levar o dia todo.

— Que tal um jantar à luz de velas? — Eu pergunto.

— Chato, — Ariana murmura.

Tento pensar em outra coisa, mas não consigo nada.

Eu fico olhando para Ariana até que ela solta um bufo. — Você está
prejudicando minha criatividade. — Outro momento torturante se passa,
então ela diz: — Você poderia levá-la para um campo com lindas flores. Talvez
tenha lanternas penduradas em árvores para parecer místico. Você vai ter que
escrever votos ou algo assim para conquistá-la. Apenas pedir a ela em
casamento não é suficiente.

— Eu escrevendo alguma coisa? Está brincando né?

Ariana franze a testa para mim. — Descubra, Alexei. Eu não estou


ajudando com isso. Tem que vir do coração.

Deixei escapar uma gargalhada. — É fofo como você presume que eu


tenho um coração.

Ariana se inclina para mim, dando tapinhas no meu peito. — Você


esquece que eu conheço você. Não tente ser tão durão comigo. — Recostando-
se na cadeira, ela diz: — Basta dizer a Isabella por que você quer se casar com
ela. Conte a ela como você se sente.

Droga, eu fui tão bom nisso que até Ariana acredita que eu amo
Isabella? Sim, estou me apaixonando, mas isso não é a mesma coisa que
amá-la de verdade.

Como se Ariana pudesse ler minha mente, ela diz: — Só você acha que é
uma atuação. Eu vi como você está com Isabella. Você se preocupa mais com
ela do que gostaria de admitir, e talvez devesse aceitar esse fato antes de pedi-
la em casamento.

Levantando-me da cadeira, olho para Ariana. — Cuidar não é amar,


pequena.

Saio do escritório dela e me encontro indo para um dos quartos de


hóspedes vazios. Fecho a porta atrás de mim e fico em frente à janela para
poder pensar.

Estive tão envolvido em tudo que realmente não considerei como me


sinto.

Lembro-me do encontro que tive com Isabella. Vê-la em ação e como ela
conquistou meu respeito. Mas, tê-la perto de mim no último mês... sim, eu me
importo.

Eu amo sua bravura, sua força, sua inteligência. Acima de tudo, adoro
como ela lutou contra Sonia para libertar os escravos. Isso mostra que Isabella
tem coração. Quando ela se preocupa com alguma coisa, ela está disposta a
morrer por isso.

Fechando os olhos, trago à tona a imagem de Isabella. Sua beleza, sua


sensualidade, seu perfume – adoro tudo.

Eu a amo, porra?

Meus olhos se abrem e eu franzo a testa.

É assim que é?

Respirando fundo, trago à tona a lembrança de Isabella caindo do


helicóptero. Ela quase morrendo.

Minhas mãos se fecham em punhos enquanto um arrepio percorre meu


peito.

Ok. Respirações profundas.

Você ama Isabella.

Cristo, chega de pensar que eu era quem estava no controle.


Minha respiração começa a acelerar quando sinto pânico pela primeira
vez na vida.

E se a memória dela retornar e eu a perder?

Que porra eu farei então?

****

Depois do show de merda de ontem, quando descobrimos que minha


mãe estava escondida no St. Monarch's o tempo todo, Alexei estava tenso pra
caramba.

Ele só veio para a cama nas primeiras horas da manhã e desapareceu


quando acordei. Estou tentando pensar em uma maneira de ajudar, mas agora
estou de mãos vazias.

Pego uma garrafa de água na geladeira quando Alexei entra na cozinha.

Dando-me um olhar impaciente, ele diz: — É melhor você beber logo.

— Por que?

— Eu quero levar você a algum lugar.

Tomo alguns goles e coloco a garrafa no balcão enquanto pergunto: —


Onde?

Alexei agarra minha mão e me arrasta para fora da cozinha e sobe as


escadas até nossa suíte. Gesticulando para o armário, ele diz: — Vista sua calça
e jaqueta de couro. Vou esperar lá embaixo.
Eu o vejo sair do quarto como se fosse matar alguém, então tiro as roupas
do armário. Eu me troco rapidamente e calço um par de botas, esperando que
tudo o que ele planejou ajude a aliviar um pouco seu nível de estresse.

Quando olho para meu reflexo no espelho, uma sensação familiar passa
por mim. Sinto-me confortável com as roupas como se fossem uma segunda
pele.

Além disso, eu pareço durona.

Saindo da sala, desço as escadas e encontro Alexei parado perto da porta


aberta. Seus olhos fixam-se em mim, e então o canto de sua boca se levanta
como se ele estivesse satisfeito com o que estava vendo.

Saímos de casa e, quando vejo a motocicleta, um sorriso se espalha pelo


meu rosto.

Alexei sobe na fera de metal e estende um capacete para mim. — Venha.

Pego o capacete e coloco-o, e então subo na traseira da motocicleta e


seguro as laterais de Alexei.

Ele liga o motor e, quando se afasta de casa, passo meus braços em volta
de sua cintura.

No momento em que ele tira a motocicleta da propriedade, ele acelera e


disparamos para frente.

Solto uma gargalhada, me sentindo mais animada do que quando estou


no campo de tiro.

Quando chegamos à estrada, o vento nos ataca. A alegria corre pelas


minhas veias e fecho os olhos, me perdendo no momento.

Com meus braços firmemente em volta de Alexei e a força da motocicleta


entre minhas pernas, o momento parece... perfeito.

Perdendo a noção do tempo, não tenho ideia de quanto tempo estamos


andando ou para onde estamos indo até que Alexei nos faz parar. Olhando ao
redor, estamos perto de um penhasco com vista para o oceano.
Descemos e, depois de tirar os capacetes, Alexei segura minha mão e me
conduz por uma trilha. Quando chegamos ao topo, fico olhando a bela vista,
ainda sorrindo.

— Isabella.

Viro-me para Alexei, e vendo a expressão séria, lanço-lhe um olhar


questionador.

Ele respira fundo e depois inclina a cabeça, a seriedade dá lugar a um


olhar terno que faz meu coração se contrair.

— Aconteça o que acontecer no futuro, quero que você se lembre deste


momento. Quero dizer tudo o que vou dizer.

— Ok. — Minha língua sai para molhar meus lábios.

Alexei respira fundo novamente e então seus olhos se fixam nos meus. —
Eu te amo.

As palavras me atingiram direto no coração, o que é estranho porque não


é a primeira vez que ele as diz para mim. Mas desta vez parece diferente...
sincero.

Ele balança a cabeça, a emoção apertando suas feições. — Eu amo tudo


em você. Eu poderia passar a próxima hora entrando em detalhes, mas não o
farei. Quero você. Toda. Quero você ao meu lado. Eu quero travar guerras com
você. Quero construir impérios com você. Quero você em cada nova memória
que eu fizer, porque não há mulher na face deste planeta que eu respeite mais.

As palavras de Alexei me tiram o fôlego, enchendo meu coração acelerado


com emoções avassaladoras. Felicidade. Conforto. Antecipação. Mas o mais
importante, carinho… e o primeiro lampejo de amor.

— Isabella Terrero, você quer se casar comigo? — Alexei pergunta.

Eu fico olhando para ele por um momento, percebendo a importância do


que está acontecendo neste penhasco.

Não se trata apenas de amor. Somos nós formando uma aliança


inquebrável para a vida. Juntos lutaremos. Juntos morreremos.
Mas primeiro... juntos, viveremos.

— Sim, eu vou.

Os olhos de Alexei se fecham e o alívio toma conta de seu rosto. —


Obrigado, porra. — Ele solta uma risada e então enfia a mão no bolso, tirando
um anel. — Dê-me sua mão esquerda.

— Quem disse que o romance estava morto? — Murmuro de brincadeira


enquanto ofereço minha mão para ele.

Alexei coloca o anel no meu dedo e então seus olhos se voltam para os
meus. — Não há como voltar atrás agora.

Baixo meu olhar para o diamante com lapidação princesa. — Uma aliança
entre um Koslov e um Terrero, quem diria.

Quando encontro os olhos de Alexei novamente, ele diz: — Mal posso


esperar para mudar seu sobrenome para Koslov.

Isabella Koslov.

Inspiro profundamente pelo quão poderoso o nome soa.

Um novo nome para uma nova vida.

Alexei diminui a distância entre nós e, levantando as duas mãos,


enquadra meu rosto e me encara com absoluta devoção..

Ficando na ponta dos pés, pressiono minha boca na dele, e então envolvo
meus braços em torno dele... o homem com quem vou me casar... o homem
com quem vou conquistar o mundo.
CAPÍTULO 18

Parado no banheiro, olho para meu reflexo enquanto repasso esta manhã
em minha mente.

Estamos noivos.

Graças a Deus.

Isabella pode não ter dito que me amava, mas o fato de ela ter aceitado a
proposta significa mais para mim. A aliança foi formada e não há como
escapar dela. Não em nosso mundo.

O que significa que ela é minha.

A Princesa do Terror é minha.

A deusa da travessura e do caos é minha.

Mesmo que a memória de Isabella retorne, não há como voltar atrás na


promessa que fizemos naquele penhasco. Aliviou um pouco a pressão que
venho sentindo, e agora posso me concentrar em Sonia e St. Monarch's.

Amanhã temos que começar a planejar o ataque e descobrirei quem


realmente está do meu lado.

Mas para esta noite, tenho apenas um objetivo.

O pensamento faz o canto da minha boca se erguer em um sorriso


predatório. Eu ando até a porta e a abro, meus olhos instantaneamente vão
para onde Isabella passa a loção em suas mãos enquanto caminha para o seu
lado da cama.
Ela olha para cima e observa enquanto eu ando em sua direção. Então,
abaixando as mãos, ela levanta o queixo, seus olhos se fixando nos meus.

Quando chego até ela, levanto a mão até sua garganta e então bato minha
boca na dela.

Desta vez não há como recuar.

Desta vez estou pegando o que queria desde que transei com ela há cinco
meses.

Minha língua entra na boca de Isabella e eu a devoro. É imprudente e


sujo, assim como o mundo em que vivemos. Envolvendo meu outro braço em
volta dela, puxo seu corpo contra o meu enquanto meus dentes puxam seu
lábio inferior.

Eu recuo um centímetro e meus olhos capturam os dela. — Eu vou te


foder.

— Depois de toda a preparação, é melhor você ser bom, — ela me provoca.

Deixo escapar uma risada que soa mais como um aviso enquanto agarro
sua camisa, puxando-a pela cabeça. eu a agarro pelos quadris, empurrando-a
de volta para a cama, e então rastejo sobre ela, meus olhos fixos em seus seios.

A cicatriz da bala que ela levou chama minha atenção e, inclinando-me


para frente, dou um beijo nela. Passo meus lábios sobre seu mamilo e dou
outro beijo na cicatriz em seu ombro.

Movendo-me para sua boca, meus lábios beliscam os dela enquanto enfio
minha mão dentro de sua legging. Cubro sua boceta com a palma da mão,
deixando escapar um gemido de satisfação enquanto minha língua mergulha
em sua boca.

Eu a separo e esfrego um dedo sobre seu clitóris, e então empurro dentro


de seu calor. — Porra, finalmente, — eu rosno antes de meus dentes puxarem
seu lábio inferior.

Isabella leva as mãos aos lados do meu pescoço e, enquanto deixo o beijo
sair do controle, as palmas das mãos percorrem meu peito e abdômen.
Começo a esfregar a palma da mão em seu clitóris, adorando o quão
molhada ela está para mim. Liberando sua boca, empurro meu dedo mais
fundo, e então deixo beijos mordazes pela coluna de sua garganta até seus
seios.

Meus dentes deleitam-se nos mamilos de Isabella até ficarem duros, e


seus gemidos me dizem o quanto ela está adorando.

Puxando minha mão entre suas pernas, levo-a ao meu rosto e inalo
profundamente seu perfume antes de levar meu dedo na minha boca. O gosto
dela explode na minha língua e faz com que tudo, exceto este momento,
desapareça.

Descendo por seu corpo, agarro sua legging e puxo o tecido pelas pernas.
Colocando minhas mãos nas coxas bronzeadas de Isabella, eu a abro bem, e
então enterro meu rosto entre suas pernas, bebendo sua umidade enquanto a
espeto com minha língua.

Os quadris de Isabella se levantam e ela se esfrega com mais força contra


minha boca enquanto gemidos começam a transbordar de seus lábios. Eu a
como até que suas coxas apertem meus ombros e seu corpo convulsiona.

Não tendo paciência para tirar a calça de moletom, pego uma camisinha
na gaveta da cabeceira e, liberando meu pau, enrolo a porra do látex o mais
rápido que posso.

Seguro as coxas de Isabella e a abro mais, me movo entre suas pernas.


Agarro meu pau e me posiciono em sua abertura. Só então eu fixo os olhos
nela novamente enquanto seguro seu quadril e empurro com força dentro
dela, enterrando-me até o fim.

Arrepios intensos percorrem minha espinha pelo quão incrível é


finalmente estar enterrado profundamente dentro dela.

Isabella engasga e, levando as mãos aos cabelos, ela segura enquanto


suas costas arqueiam e suas paredes internas se apertam ao meu redor. — Oh
Deus. Alexei.
Meus lábios se curvam, e então eu puxo até o último centímetro antes de
bater de volta dentro dela, deixando seu calor me engolir.

Baixo meus olhos para seus seios, subindo e descendo com suas
respirações rápidas. — Tão linda, — eu respiro, e então começo a me mover,
rápido e forte, tomando-a do jeito que eu estava morrendo de vontade de fazer.

O som da nossa pele batendo e o quão molhada ela está por mim
preenche o ar, e isso me faz entrar mais forte nela.

— Mãe de Deus, — ela geme. — Sim.

Observo enquanto a pele de Isabella fica arrepiada, endurecendo ainda


mais seus mamilos. Ela solta os cabelos e cobre os seios com as mãos, começa
a massageá-los antes de mover as palmas pelo corpo.

Cristo. Tão fodidamente erótico.

Enquanto o meu pau acaricia a sua boceta incansavelmente,


rapidamente me vicio no som dos seus gemidos e gritos, e cada um faz com
que os meus impulsos se tornem mais fortes até parecer que nos estamos a
tornar um só.

Movo minhas mãos para os lados de Isabella, e ela imediatamente se


abaixa, agarrando meus pulsos. Seus olhos febris fixam-se nos meus, e então
ela choraminga como se estivesse me implorando para despedaçá-la.

****

Quando o gemido necessitado desliza pelos meus lábios, os olhos de


Alexei escurecem até ficarem pretos.
Ele se move sobre mim e apoia um antebraço ao lado da minha cabeça,
sua boca belisca a minha enquanto ele empurra a mão entre nós. Seus dedos
começam a trabalhar meu clitóris habilmente enquanto ele continua me
atacando como se fosse morrer se tivesse que desacelerar por um segundo.

A maneira como ele me fode me faz sentir bêbada, causando arrepios de


prazer pela minha pele. Minha mente está em branco, todo meu foco em Alexei
enquanto ele reivindica meu corpo.

Minhas mãos encontram seus ombros e absorvendo a sensação de suas


costas musculosas enquanto ele se move, cravo minhas unhas em sua pele.

Nossos olhos se encontram novamente, e a possessividade que brilha em


Alexei me faz sentir desejada, protegida, amada.

— Alexei, — eu sussurro sem fôlego, meu abdômen apertando com


necessidade.

Ele aperta meu clitóris, e isso faz meu corpo desmoronar. O orgasmo é
intenso, tomando conta do meu corpo até parecer que estou em convulsão.

— Porra, — Alexei rosna. — Porra, sua boceta aperta tanto meu pau
quando você goza.

À medida que o orgasmo me rasga, os meus lábios abrem-se num grito


silencioso porque não consigo emitir sequer um som.

O peito de Alexei pressiona o meu, e sua boca está tão perto da minha
que respiramos o mesmo ar. O prazer continua percorrendo meu corpo
enquanto Alexei continua me enchendo, e quando finalmente começo a descer
do alto, suas estocadas se tornam mais fortes. Meu corpo estremece com a
força com que ele me leva, e isso faz meu orgasmo voltar com a intensidade de
um maremoto.

Eu só posso ofegar por ar enquanto meus olhos permanecem colados aos


de Alexei, então ele solta um gemido de satisfação enquanto seu corpo se
sacode com força contra o meu, êxtase tomando conta de suas feições.
— Porra, querida. — Seus braços me envolvem, me apertando contra seu
corpo enquanto ele atinge seu orgasmo. Eu pressiono beijos na lateral de seu
pescoço até que suas estocadas diminuam para um ritmo preguiçoso.

Levantando a cabeça, seus olhos encontram os meus enquanto ele


lentamente me preenche uma última vez. — Minha. A porra de uma deusa
pertence a mim.

Meus lábios se curvam enquanto balanço a cabeça e, enquadrando seu


queixo com as palmas das mãos, digo: — Não, um deus pertence a mim.

Um sorriso orgulhoso se forma em seu rosto, e então ele dá um beijo


possessivo em meus lábios inchados.

Alexei sai lentamente de mim e, afastando-se do meu corpo, se levanta


para cuidar da camisinha.

Eu me levanto e saio da cama. Ignorando minhas roupas no chão, vou até


a janela e olho para a noite escura.

A luz da sala se apaga e, olhando por cima do ombro, ouço Alexei dizer:
— Não quero que ninguém veja você nua.

— Hmm… então você não gosta de compartilhar?

— Porra, não, — ele resmunga enquanto fica atrás de mim, envolvendo


seus braços em volta de mim.

Inclino minha cabeça em seu ombro e então ele levanta a mão direita
para cobrir meu seio esquerdo. Ele move a outra mão para baixo, espalmando-
me entre as pernas, e isso me faz rir. — Ok, então não compartilhe.

— A menos que você queira que eu faça uma matança, — ele avisa.

Respiro fundo e solto o ar lentamente, aproveitando a sensação do peito


sólido de Alexei atrás de mim.

Ele dá um beijo no meu ombro e diz: — Preciso fazer os preparativos para


a festa de noivado.
— Festa de noivado? — Pergunto, e virando-me, envolvo meus braços em
volta do pescoço dele.

Suas mãos agarram minha bunda e ele solta um gemido estrondoso.


Agarrando-me com mais força, ele me puxa para mais perto, apertando meus
seios contra seu peito.

— Claro, — ele responde à minha pergunta, sua voz profunda e


predatória. — Vou dizer ao mundo inteiro que você é minha.

— Eu amo esse seu lado possessivo, — admito. — É excitante.

— Dê-me dez minutos e eu cuidarei disso, — diz ele, brincando.

Ficando na ponta dos pés, dou um beijo em seu queixo e digo: — Você
quer que eu cuide dos preparativos da festa?

Alexei balança a cabeça, suas mãos apertando minha bunda com mais
força. — Não se preocupe com isso.

Levo a mão ao seu rosto, passando os dedos pela sua barba por fazer. —
Você tem muito o que fazer agora. Quero ajudar a aliviar a tensão.

Alexei começa a se mover lenta e sensualmente, e meu corpo


automaticamente segue seu exemplo enquanto balançamos. — Ok. Eu cuidarei
dos convites e você cuidará de todo o resto.

— Qual esquema de cores você quer? — Eu pergunto, minha voz baixa


enquanto o desejo por esse homem corre em minhas veias.

— Preto e prata.

— Gosto dessas cores, — sussurro, e então Alexei começa a se inclinar,


nossos olhos nunca quebrando o contato.

— O que você quer como presente de noivado? — Ele murmura, sua


respiração soprando em meus lábios.

— Uma motocicleta, — a resposta vem facilmente.

Alexei sorri para mim. — E?

Eu penso por um momento. — Uma arma.


Ele solta uma risada enquanto move a mão para minha frente, e então
seu dedo médio lentamente começa a provocar meu clitóris.

— O que você quer? — Pergunto, a intimidade tecendo um feitiço ao


nosso redor.

— Você nua todas as noites.

Ele empurra um dedo dentro de mim e um gemido transborda dos meus


lábios, então eu respiro: — E?

— Você ao meu lado para sempre.

À medida que a boca de Alexei toma a minha, meu coração se enche de


calor e lentamente se espalha pelo meu corpo.

Hoje tomei a decisão certa quando concordei em me casar com Alexei.

Eu não estou arrependida.


CAPÍTULO 19

Metade de mim está feliz e a outra metade é assassina.

A porra do Monarch's.

O ar está tenso na sala de segurança enquanto estamos ao lado de uma


mesa redonda, montando um mapa. Demitri, Isabella e eu estamos tentando
lembrar o layout.

Isabella aponta para o lado sul. — Há um pátio aqui. Os guardas


patrulham a cada cinco minutos.

Demitri gesticula para o oeste. — O campo de tiro ao ar livre. Está muito


perto do arsenal para podermos invadir de lá, a menos que o explodamos.

— Isabella, — eu digo enquanto pego um lápis e me inclino sobre o mapa,


— Quantos guardas estão no lado sul?

Ela pensa por um momento. — Eu acho que entre dez e quinze.

Anoto quinze e olho para Demitri.

— Estacionado perto do campo de tiro? — Ele pergunta. — Facilmente o


dobro. Eu me prepararia para trinta guardas.

Então ele balança a cabeça e me faz perguntar: — O quê?

— Os guardas não são o problema. Seremos capazes de passar pela


primeira linha de defesa. — Seus olhos se fixam nos meus. — É com os
zeladores que estou preocupado.

— Dois sempre seguem Madame Keller, — menciona Isabella.


— E há a Srta. Dervishi e o Sr. Yeoh, os instrutores, — acrescenta Demitri.
— Eles nos treinaram. Eles serão capazes de antecipar nossos movimentos.

Porra.

— Onde estariam os outros guardiões? — Eu pergunto.

A última vez que estive no St. Monarch's foi há quase dois anos e não
prestei atenção aos guardas.

— Dois no corredor que leva ao escritório de Madame Keller e dois perto


do arsenal.

Eu escrevo os números. — Quando invadirmos, teremos três pessoas


altamente qualificadas para lidar, estacionadas no arsenal, depois duas fora
do escritório e duas dentro.

— E Madame Keller, — acrescenta Demirtri. — Não a subestime. Ela pode


ser velha, mas ainda consegue disparar uma arma tão bem quanto qualquer
um de nós.

Respiro fundo e solto o ar lentamente.

— Além da primeira linha de defesa e das nove pessoas qualificadas,


teremos que encontrar uma maneira de passar pela porra da porta do cofre
que irá selá-los no escritório. — Penso por um momento e depois digo: — A
menos que explodamos aquela parte do prédio. As paredes seriam reforçadas
com aço?

Demitri balança a cabeça. — Talvez a parte de trás do escritório onde


estão os armários com armas, mas não as laterais.

Assentindo, Isabella concorda: — Demitri está certo. Depois de


remodelar o castelo, mantiveram as paredes intactas por causa das obras
históricas. Os tetos também.

— Pelo menos temos isso a nosso favor, — murmuro. Eu olho para o


mapa. — A primeira linha de defesa será facilmente composta por sessenta
homens. Segunda linha, acho que vinte.
Demitri solta um suspiro. — Linha final de defesa sete e uma porta do
cofre.

— Nove, — Isabella corrige Demitri. — Contando minha mãe e Hugo.

— Você atirou em Hugo durante o ataque, e tenho certeza que Demitri e


eu também acertamos, então ele pode estar fora de cena, — eu digo.

— Vamos contá-lo, por precaução, — responde Isabella.

Levando a mão ao rosto, esfrego os nós dos dedos no queixo. — E isso


não inclui os guardiões e assassinos em treinamento.

— Teremos que levar Nikhil e Sacha.

Olho para Demitri e vejo a preocupação com a segurança de Ariana se


eles não estiverem aqui para protegê-la. — Vamos mandar Ariana para a ilha.

Demitri assente.

— Vou deixar Tristan com ela, — acrescento para tranquilizá-lo.

— E quanto a MJ? — Demitri pergunta.

MJ é o guardião de Hailey, que meu irmão a comprou para proteção. Pelo


que Carson me contou, ela é boa. — Vou falar com Carson. Hailey pode se
juntar a Ariana na ilha.

— Talvez devêssemos deixá-los na ilha de Damien e Winter. Cillian e seus


guardas serão capazes de protegê-los melhor do que Tristan.

Começo a concordar, sabendo que o guarda pessoal de Winter, Cillian, é


bom e duro como pregos. — Boa ideia. — Solto um suspiro pesado. — Agora,
vamos descobrir que tipo de armas estamos procurando.

— Muitas, — Isabella ri, balançando a cabeça para o mapa.

Ariana entra na sala de segurança. — Hora de uma pausa, pessoal. Venha


comer.

Deixo o lápis no mapa e, quando Demitri e Isabella seguem Ariana, olho


de volta para os números que anotei.
A preocupação rói minhas entranhas como a porra de um rato.

Estarei arriscando todos que significam algo para mim. Meus amigos.
Meu irmão. Demitri. Isabella.

Há uma chance de alguns de nós morrerem.

Fechando os olhos, penso em cancelar tudo e esperar que Sonia saia. Ela
não pode viver lá para sempre.

Demitri volta para a sala de segurança. — O que?

Eu balanço minha cabeça. — Estarei arriscando todos que amo. Sonia


não vale a pena.

Demitri coloca a mão no meu ombro e nós apenas nos encaramos por um
momento, então ele diz: — Nós não recuamos, Alexei. Se fizermos, Sonia
vence. Isso a tornará mais forte e você mais fraco.

Solto um suspiro lento e levanto o queixo. — Não recuamos.

****

— Mais forte, — Demitri ordena.

Eu balanço minha cabeça. — Vou feri-lo.

— Esse é o ponto, Isabella. — Seus olhos são duros para mim. — Mostre-
me o que você pode fazer.

Estamos lutando há uma hora e simplesmente não parece certo atacar


Demitri. Afinal, estamos do mesmo lado.
Ele solta um suspiro e diz: — Se você conseguir me machucar, a culpa é
minha por não ter bloqueado você. Dê-me tudo de você.

— Eu preciso saber que você pode se defender contra Demitri, ou não


correrei o risco de levá-lo comigo, — Alexei diz de repente.

Olho por cima do ombro enquanto ele caminha em nossa direção.


Cruzando os braços, ele para ao lado do tapete de treino, levantando uma
sobrancelha para mim como se estivesse me desafiando.

— Tudo bem, — murmuro. Outra coisa frustrante é que não consigo me


lembrar do treinamento que recebi. Não tenho ideia do que posso ou não fazer.

De repente, Dimitri se lança sobre mim e, girando o corpo no ar, sua


perna se estende. Automaticamente, corro para frente e, agarrando sua perna,
puxo meu corpo para cima e consigo envolver seu pescoço com as pernas. Eu
me viro e o viro, e então nós dois caímos no chão, todo o peso de Demitri
tirando o ar dos meus pulmões.

— Porra, sim! — Alexei grita. — Agora é disso que estou falando.

Demitri sai de cima de mim, soltando uma risada. — Boa jogada.

Soltei um gemido enquanto me levantava do tapete. — Você pesa uma


tonelada.

— De novo, — ordena Alexei.

Olhando para ele, eu digo: — É fácil ficar aí e dar ordens.

Ele inclina a cabeça e começa a tirar o casaco. — Ok. Você e eu.

Deixo escapar uma gargalhada. — Na verdade, eu quis dizer que você


deveria procurar outra coisa para fazer.

Alexei balança a cabeça enquanto tira as botas e então pisa no tatame. —


Vamos, querida. “Dance Comigo”.

— Regras primeiro, — eu digo enquanto mantenho meus olhos nele. —


Não no rosto.

— E não entre as pernas, — acrescenta.


— Fechado.

Eu corro para frente e dou um soco em Alexei. Ele bloqueia o golpe e


então seu punho atinge meu ombro direito. Sabendo que ele não usou toda a
sua força, ainda dói.

Saltando para trás, Alexei balança a cabeça para mim. — Vamos,


princesinha. Você pode fazer melhor do que isso.

Corro e, pulando no último minuto, agarro o ombro de Alexei, mas


quando me balanço no ar, ele se vira e agarra meu braço e me puxa para baixo,
fazendo-me cair no tapete.

Virando-me, fico ajoelhada e uso as costas da mão para enxugar o suor


da testa.

Alexei se agacha na minha frente com uma garrafa de água. — Dê um


tempo. Demitri e eu vamos treinar. Observe-nos e memorize os movimentos.

Pego a garrafa dele e aceno com a cabeça, não me sentindo tão durona
quanto ele me fez parecer. Ficando de pé, ando para o lado do tapete.

Demitri e Alexei se enfrentam, e então Alexei sorri para seu guardião. —


Faz algum tempo.

Demitri sorri. — Vai com calma comigo. — E então ele ataca.

A garrafa de água está esquecida em minhas mãos enquanto meus olhos


se movem para acompanhar os dois homens. Nenhum dos dois está sofrendo.
Parece seriamente que eles estão completamente sincronizados um com o
outro. Eu me concentro nas ações deles e eles se sentem familiares.

Deus, a luta continuará até que um deles se canse. Só então o outro


conseguirá passar pelos blocos.

Eles são igualmente bons.

De repente, Alexei consegue passar o braço em volta do pescoço de


Demitri e, torcendo o corpo, joga Demitri no tapete.

Velocidade. Alexei é mais rápido.


Os dois homens riem enquanto se levantam e então Alexei pergunta: —
O que o torna mais forte que seu oponente?

— Velocidade.

— Boa menina, — ele diz com uma piscadela.

Jogo a garrafa de água para ele. — Saia do tatame para que eu possa
treinar com Demitri.

Alexei pega a garrafa e me lança um olhar falso de mágoa. — Por que não
treinar comigo?

— Você é mais rápido. Eu gostaria de realmente treinar em vez de ficar


na defesa o tempo todo. — Então eu sorrio para Demitri. — Demitri também é
mais paciente que você.

— Vou deixar vocês dois treinarem então, — Alexei ri enquanto caminha


até onde estão seu casaco e botas.

Eu não estava mentindo, Demitri é muito mais paciente que Alexei. Além
disso, ele é um bom treinador e sua energia é calma.

Praticamos por mais uma hora e, com a orientação de Demitri, começo a


me mover mais rápido, me sentindo mais confiante a cada movimento.

Quando paramos para respirar, Demitri sorri para mim. — Você chegará
lá, Isabella. Você se saiu bem no primeiro dia.

— Obrigada, — eu digo sem fôlego.

— Mesma hora amanhã?

Eu aceno para ele. — Ok.

Quando Demitri começa a se afastar, eu digo: — Obrigada. — Ele para e,


quando nossos olhos se encontram, acrescento: — Por me treinar. Eu
realmente gostei disso.

— De nada. Tome um banho quente para relaxar os músculos.

Enquanto ele se afasta, eu olho para ele antes de voltar minha atenção
para Alexei, que está nos observando em silêncio.
— Gosto do meu instrutor, — provoco Alexei.

Em vez de ficar com ciúmes, ele me dá um sorriso satisfeito. — Fico feliz


em ouvir isso. Demitri é muito importante para mim.

— Você é o melhor assassino e claramente treinado em luta. Por que você


conseguiu um zelador?

Alexei olha para a porta por onde Demitri desapareceu. — Eu precisava


de alguém em quem pudesse confiar cem por cento.

Franzindo a testa, eu digo. — Mas você tem Carson.

Alexei balança a cabeça. — Até os irmãos podem se virar uns contra os


outros. Um guardião é leal até a morte.

Assentindo, me aproximo de Alexei. — Bem, estou feliz que você tenha


Demitri. — Eu sorrio para ele. — E eu.

Ele apenas me encara por um momento. — Você?

O sorriso desaparece do meu rosto. — Claro.

Alexei estende a garrafa de água para mim. — Beba antes de desidratar.

Pego dele e tomo alguns goles enquanto uma sensação estranha percorre
meu coração.

Alexei não confia em mim.


CAPÍTULO 20

Fiz pedidos de armas para Lucian, Semion e Lev. Tudo, desde RPGs até
granadas incendiárias.

Também convidei todos que precisarei para o ataque para comparecerem


à festa de noivado. Depois que terminarmos de comemorar, me encontrarei
com eles.

Faltam cinco dias para a celebração.

Tenho que preparar tudo para a reunião. Consegui obter plantas do


castelo em Genebra antes de Madame Keller comprá-lo. Ela não alterou a
estrutura primária durante a reforma.

Também consegui imagens de satélite do terreno e estou ocupado


comparando os planos antigos com o novo layout.

Demitri e Nikhil estão ocupados no computador, mesclando as


informações antigas e novas para criar uma imagem holográfica com a qual
trabalharemos quando prosseguirmos com o estágio final de planejamento..

Um copo de vodca é colocado na minha frente e então Isabella dá um


beijo na lateral do meu pescoço. — Faça uma pausa, — ela sussurra. — Você
está aqui desde o amanhecer.

Pego o copo, tomo um gole e aponto para o leste da propriedade nas


imagens de satélite. — Dê uma olhada neste.

Passando o braço em volta da minha cintura, ela apoia o rosto no meu


ombro e murmura: — Isso fica a poucos quilômetros de St. Monarch's.
— Isso foi construído há apenas dois anos, — digo. — É muito perto de
St. Monarch.

Demitri vai até o outro lado da mesa e olha a imagem. — Esses castelos
antigos têm túneis. Onde está o mapa antigo?

Tiro-o de debaixo da pilha de lençóis e coloco-o na nossa frente.

Aponto para o porão e a seção do túnel. — Não há nenhum que leve para
o leste. Além disso, tenho certeza de que Madame Keller mandou isolar todos
eles. Então, levantando meu olhar para Demitri, eu digo: — A menos que ela
tenha feito o seu próprio depois do ataque a Lucian enquanto ele estava lá.
Isso poderia levar ao novo prédio como rota de fuga.

Demitri concorda com a cabeça. — Vamos supor que seja isso mesmo,
para não sermos pegos desprevenidos. Vou adicioná-lo à imagem holográfica.

Quando pego novamente as imagens de satélite, Isabella coloca a mão na


minha. — Dê um tempo. Apenas dez minutos.

Agarrando o copo, tomo um gole profundo enquanto saio da sala de


segurança. Ao passar pelo hall de entrada, paro em uma mesa lateral para
encher meu copo e subo as escadas. Entrando em nossa suíte, abro as portas
de vidro e saio para a varanda, girando o pescoço e os ombros para afrouxar
os nós enquanto fecho os olhos.

Quando respiro fundo, as mãos de Isabella deslizam sobre meus ombros


e ela começa a massagear os músculos tensos, descendo lentamente pelas
minhas costas.

— Como vão os planos para a festa? — Eu pergunto, apenas focando em


seu toque.

— Bom. Ariana ajudou muito. Reservamos uma empresa de catering. —


Sua voz soa sensual e isso me faz virar.

Recostando-me na grade, tomo outro gole de vodca enquanto meus olhos


pousam em Isabella. Ela se aproxima de mim, o desejo a faz parecer um gato
perseguindo sua presa.
Isabella coloca a mão na minha coxa e dá um beijo no meu pescoço, a
palma da mão se move alguns centímetros para cima até que ela roça meu pau.

Agarrando-me através da minha calça cargo, ela começa a me esfregar


até que eu fique duro pra caralho.

Levo o copo à boca, meus olhos fixos em Isabella enquanto ela começa a
desfazer meu cinto. Estendo a mão para trás, puxando minha arma
personalizada, para que ela não caia no chão.

Observo Isabella abrir minhas calças e então ela afunda na minha frente.
Seus dedos me envolvem, e no momento em que sua respiração sopra sobre
meu pau, o pré-sêmen começa a se formar em antecipação.

Quando seus lábios se abrem, prendo a respiração e então meus olhos se


fecham de quão incrível é quando ela me suga em sua boca.

Sua língua serpenteia ao redor da minha cabeça, e o prazer me faz apertar


ainda mais o copo. Meus dedos flexionam em torno do cabo da arma e solto
um gemido de satisfação.

Então ela me chupa profundamente, e um calor intenso se espalha pelo


meu pau e pelas minhas bolas. Meus músculos se contraem e meus lábios se
abrem, minha respiração fica cada vez mais rápida.

Baixo meus olhos para Isabella e observo enquanto ela pega metade do
meu comprimento, seus dedos envolvendo a base e apertando com força.

— Mais forte, — eu ordeno, minha voz baixa e autoritária.

Ela aumenta sua aderência e então chupa com força. Deixando escapar
um gemido cheio de prazer, observo a mulher que conseguiu capturar meu
coração, seus lábios ficando inchados com a fricção.

Isabella me leva fundo e então ela cantarola. Jogo o copo para o lado e
deixo cair a arma no chão, e então agarro seu cabelo. Segurando os fios,
começo a empurrar dentro do calor de sua boca pecaminosa.
Ela relaxa a língua e então consigo acariciar profundamente sua
garganta. Meus lábios se afastam dos meus dentes, e quando ela levanta os
olhos para os meus, eu explodo.

Um êxtase intenso percorre meu corpo, meus músculos se contraem até


parecerem que vão rasgar. Meu pau pulsa enquanto eu afundo o mais fundo
que ela pode me levar.

Esvaziando-me em sua garganta, vejo lágrimas se formando em seus


olhos por falta de ar. Levo uma mão ao seu pescoço e envolvo os meus dedos
à volta da sua pele sedosa, puxo-a e empurro-a de volta, sentindo como o meu
pau enche a sua garganta.

Meu pau pulsa e fode novamente até o orgasmo atingir seu pico, e só
então eu afrouxo meu aperto na garganta de Isabella. Saindo dela, observo
enquanto ela respira desesperadamente, uma lágrima escorrendo por sua
bochecha.

Fodidamente perfeito.

Inclinando-me, agarro Isabella e a jogo por cima do ombro, carregando-


a para a cama para retribuir o favor.

****

Depois de me maquiar e enrolar as pontas do cabelo, coloco o vestido


preto que escolhi para usar na festa de noivado.
Tem um decote profundo e minhas costas ficam expostas, o resto do
tecido caindo elegantemente até meus pés. Uma fenda no lado direito revela
minha perna logo abaixo do quadril quando calço os sapatos de salto alto.

Voltando para a penteadeira, esguicho um pouco de perfume antes de


colocar o anel de volta no dedo. Coloco gotas de diamante nas orelhas e
verifico meu reflexo no espelho, satisfeito com o que vejo.

Alexei entra na sala e para atrás de mim. Colocando as mãos em meus


quadris, seus olhos percorreram meu reflexo antes de dar um beijo em meu
pescoço. — Você está linda, minha deusa.

Viro-me e, ajustando as lapelas do paletó dele, digo: — Você é


devastadoramente bonito. Esta noite parecemos um casal poderoso.

O canto de sua boca se levanta, orgulho brilhando em seus olhos escuros,


e então ele dá outro beijo na minha testa. — Esta pronta?

— Só preciso de dez minutos. — Preciso me recompor antes de conhecer


todos os convidados.

— Sem pressa. Darei as boas-vindas a todos, — ele murmura.

Quando Alexei sai da sala, vou até a varanda e olho para todas as mesas
e decorações. Os funcionários correm, cuidando dos detalhes de última hora
quando os primeiros convidados começam a se misturar.

Um som cortante chama minha atenção e, olhando para cima, vejo um


helicóptero se aproximando da mansão. Quando ele começa a descer nos
fundos da propriedade, um lampejo de memória passa pela minha mente.

Meu coração está batendo contra minhas costelas. Pendurada no patim


de pouso, a dor atravessa meu ombro esquerdo. Eu puxo o gatilho, e há um
momento de satisfação quando vejo a bala atingir Hugo.

Então ele atira de volta, e uma dor aguda rasga meu peito. Perco o
controle da derrapagem de pouso enquanto mais balas atingem o
helicóptero, e então caio.
Fechando os olhos com força, um véu se levanta em minha mente e, por
um momento, o mundo gira ao meu redor, fazendo-me tropeçar para trás.

Agarro a porta de vidro, um tremor intenso se espalhando pelo meu


corpo – então minha mente clareia e tudo se encaixa.

Eu suspiro através do choque que me percorre.

Porra.

Merda.

Levantando a cabeça, a raiva penetra em mim na velocidade da luz,


minhas mãos tremendo.

Sagrada. Porra. Merda.

Demoro um momento para processar tudo, para alinhar o antes e o


depois.

Maldito Alexei.

Porra.

Minha raiva se transforma em um inferno quando percebo o que Alexei


fez. Como ele me enganou.

Alexei Koslov contou suas mentiras ao meu redor.

Deus.

Ele me usou.

Meus olhos baixam para minha mão esquerda, que está tremendo como
uma folha em uma tempestade de merda, e olho para o anel de noivado.

Ele me enganou para fazer uma aliança com ele.

Oh Deus.

Fechando os olhos, respiro fundo para tentar me acalmar. Eu preciso me


concentrar.

Foco, Isabella.
As memórias do passado se chocam com as memórias dos últimos cinco
meses e isso forma uma explosão dentro de mim.

Lembrando como eu caí nas mentiras. Como eu acreditei nelas, sem


saber nada melhor. Como eles se tornaram meu mundo inteiro.

Como me apaixonei pela fachada que Alexei fez.

Porra, ele é bom. Ele realmente me fez acreditar que me amava.

Enfurecida, luto contra a vontade de gritar enquanto me afasto da


varanda e volto para o quarto.

Deus, outro dia eu estava de joelhos, chupando-o.

Acalme-se.

Shhh…

Sobre. A. Porra. Dos. Meus. Joelhos.

Respirações profundas.

A humilhação se mistura com o caos mortal em meu peito, fechando o


punho em volta do meu coração partido.

Levanto a mão e pressiono o local onde Hugo atirou em mim. Respirando


fundo, tento o meu melhor para não perder a cabeça.

A mágoa rasga a mentira que foi tecida ao meu redor, rasgando as teias
em pedaços.

Eu acreditei em Alexei.

Eu caí no ato.

Eu o amava.

Meus olhos começam a arder e respiro trêmula, lutando contra a vontade


de chorar.

Graças a Deus não disse essas palavras para ele. Isso teria tornado a
minha humilhação um milhão de vezes pior.
Então, o pensamento de Ana me deixa atordoada e respiro
profundamente.

Oh meu Deus.

Ana.

O que aconteceu com Ana e as meninas?

Levanto minha mão trêmula para cobrir minha boca enquanto a


preocupação com meu amigo derrama gelo em minhas veias.

Minha cabeça começa a latejar por causa do momento avassalador e,


nesse momento, ouço uma batida na porta.

Ariana entra, sorrindo para mim como se fôssemos amigas. Ela percebe
meu estado, então a preocupação aperta suas feições. — Você está bem?

— Só uma forte dor de cabeça, — mal consigo morder, a humilhação e a


raiva deixam todos os músculos do meu corpo tensos.

— Vou pegar uma coisa para você, — ela oferece, correndo de volta para
a porta.

— Não conte ao Alexei, — penso em dizer, depois acrescento: — Não


quero preocupá-lo. Isso vai estragar a festa.

— Ok.

No momento em que estou sozinha novamente, começo a me concentrar


no problema em questão.

Não há nenhuma maneira que eu possa lutar para sair desta mansão esta
noite. Não com Alexei e Demitri... Carson, Damien... Winter... porra... há um
exército de assassinos de elite e zeladores na propriedade. Não vou sair vivo.

Ok. Pense.

Minha respiração começa a se acalmar e meu coração desacelera para


uma batida constante.

Você será a noiva feliz esta noite. Basta passar a festa inteira e então
você pode reavaliar essa porra de show.
Ariana entra correndo na suíte, carregando uma garrafa de água e alguns
analgésicos. — Aqui está, — ela diz enquanto os entrega para mim.

Engulo os analgésicos e sento-me na beira da cama. — Estarei fora em


dez minutos.

— Ok. — Ela me dá um olhar preocupado.

— Estou bem. Volte para a festa. — De alguma forma, consigo adicionar


um sorriso.

Ariana parece convencida, e meu olhar vingativo a segue enquanto ela sai
da sala novamente.

Eu só preciso passar esta noite. Amanhã vou dar um jeito de fugir e


depois irei ao Panamá verificar se Ana está no ponto de encontro.

Um passo de cada vez.

A raiva continua fervendo dentro de mim e meus pensamentos se voltam


para Alexei.

Eu tenho que reconhecer isso para ele; foi uma jogada inteligente. Jogado
de forma brilhante.

Desgraçado.

Meu olhar passa pelo quarto onde o deixei me foder. Mais de uma vez.

Deus, ele deve estar rindo de mim – a Princesa do Terror gemendo por
seu pau.

Eu vou matá-lo, porra.

Olho novamente para o anel de noivado e tudo o que quero fazer é


arrancá-lo do dedo e enfiá-lo na garganta de Alexei.

Deus me ajude.

Concordei em fazer uma aliança com Alexei Koslov e não há como


escapar disso. Não em nosso mundo.

Você não quebra apenas uma aliança. A única saída é a morte.


Ele ou eu.
CAPÍTULO 21

Me perguntando o que está prendendo Isabella, subo as escadas de dois


em dois degraus e caminho pelo corredor. Só então ela sai do quarto.

Seus olhos pousam em mim e, respirando fundo, ela começa a caminhar


em minha direção.

— Você está bem? — Eu pergunto.

— Sim.

Estendo minha mão para ela e, quando ela me alcança, seus dedos se
entrelaçam com os meus.

Algo está diferente e isso me faz olhar para Isabella. — Claro?

Um sorriso se espalha por seu rosto. — Só ansiosa.

Eu a puxo para mais perto de mim e, inclinando-me, dou um beijo


carinhoso em sua boca. Quando levanto a cabeça, digo: — Não fique ansiosa.
Estou aqui e não vou sair do seu lado.

Isabella olha profundamente nos meus olhos como se estivesse


procurando por algo, e isso me faz dizer: — Eu te amo.

Em vez de dizer as palavras para mim, o que, honestamente, espero ouvir


em breve, Isabella murmura: — Sorte minha.

Eu aperto mais a mão dela. — Eu sou o sortudo.

Voltamos para as escadas e mantenho o ritmo lento para Isabella


acompanhar.
Meus olhos percorrem o vestido quente pra caralho que ela está usando.
— Você está deslumbrante.

Um sorriso lisonjeado enfeita seus lábios. — Obrigada.

Quando conduzo Isabella pelas portas de vidro até a varanda, o orgulho


enche meu peito enquanto todos os olhares se voltam para nós.

Carson é o primeiro a se aproximar de nós. Seu olhar alerta se move de


mim para Isabella, então ele diz: — Bem-vinda à família, Isabella.

Ela sorri para meu irmão. — Obrigada. Quem diria, certo?

— Certo, — Carson ri, então ele se vira para Hailey, que dá um passo mais
perto de Isabella.

Inclinando-se para dar um abraço rápido em Isabella, Hailey diz: —


Parabéns. Tenho certeza de que vocês dois compartilharão muitos anos de
felicidade.

Só então me lembro que Isabella não sabe quem é Hailey. Inclinando-me


para ela, murmuro: — Namorada de Carson, Hailey. A mulher atrás dela é MJ,
sua guardiã.

Isabella acena com a cabeça, e enquanto Lucian e Elena vêm em nossa


direção, eu digo: — Lucian e Elena, sua esposa.

Lentamente, continuamos avançando entre os convidados, reservando


um tempo para receber todos pessoalmente. Finalmente chegamos a Damien
e Winter.

Vejo o sorriso de Isabella se alargar quando ela diz: — É bom ver você de
novo, Winter.

— Da mesma forma, — responde Winter.

— Sempre quis dizer a você, — continua Isabella, — que grande impacto


você teve em minha vida.

— Oh? — Winter levanta uma sobrancelha interrogativa para Isabella.


— Assistir você eliminar nossos inimigos foi inspirador. Você me deu
coragem para defender minha posição.

Um sorriso genuíno se espalha pelo rosto de Winter. — Uau… ah… não


sei o que dizer.

Isabella balança a cabeça. — Você não precisa dizer nada. Eu só queria


que você soubesse.

— Como vai o negócio dos diamantes de sangue? — Isabella pergunta.

Dou um beijo no pescoço de Isabella e depois a deixo com Winter para


poder conversar com Lucian sobre o carregamento de armas que encomendei.

Quando ele me vê chegando, um sorriso se espalha por seu rosto. — Não


há conversa de negócios. O noivado é seu, Alexei.

Soltei uma risada. — Você pegou os RPGs?

Ele balança a cabeça para mim. — Você já fez uma pausa?

— Vou descansar quando morrer, — brinco.

Sua expressão fica séria. — Consegui atender metade do pedido. O resto


deve chegar até mim em duas semanas.

— Bom, — murmuro, satisfeito em ouvir isso.

Os olhos de Lucian se fixam em mim. — Você realmente quer fazer isso?

Assentindo, eu digo: — Não há como recuar.

Salvei a vida de Lucian mais de uma vez, então não fico surpreso quando
vejo a lealdade em seu rosto. — Então vamos para a guerra.

Elena se junta a nós e eu deixo de lado a conversa de negócios. — A


maternidade combina com você, pequena.

Um sorriso feliz surge em sua boca. — Luca me mantém ocupada.

— Se ele for parecido com o pai, tenho certeza de que você está muito
ocupado, — brinco.

— Claro, ele é minha cara, — Lucian resmunga.


Solto uma risada e, dando um tapinha no ombro do meu amigo, digo: —
Com licença, preciso voltar para minha noiva.

Quando estou perto de Isabella e Winter, eu os ouço conversando sobre


o casamento de Winter.

Cristo, isso foi o mais rápido que organizei e planejei um casamento. Eu


tinha Damien e Winter noivos e casados em questão de quarenta e oito horas.

Só então Winter me vê e brinca: — Naquela época, Alexei ainda colocava


o temor de Deus em mim.

Envolvo meu braço em volta da cintura de Isabella. — A intimidação faz


as coisas acontecerem.

— Experimente essa merda comigo agora, — diz Winter, brincando.

Rindo, eu balanço minha cabeça. — Muito ocupado dominando o mundo,


pequenina.

A atmosfera relaxada desaparece quando Winter franze a testa para mim.


— Estamos realmente fazendo isso?

Encontrando seus olhos, eu aceno. — Nós estamos.

Ela levanta o queixo. — Ok.

Olho para os convidados, para as pessoas que, cada uma à sua maneira,
me ajudaram a chegar ao topo. Aqueles que chamo de família e amigos.

É assim que se parece a lealdade.

Hoje eles estão comemorando minha felicidade e logo irão à guerra por
mim.

Quando volto minha atenção para Isabella, ela está olhando para mim,
com os olhos penetrantes, como se estivesse tentando descobrir alguma coisa.

— O que é isso? — Eu pergunto.

— Só estou me perguntando o que você está pensando, — ela responde, e


quando um garçom passa por nós, ela pega uma taça de champanhe, tomando
um gole da bebida espumante.
Ela me lança um olhar questionador e isso me faz responder: — Estou
pensando em minha família e amigos e no quão longe cheguei por causa deles.

— Pelo que Winter me contou, tenho certeza de que alguns deles te


odiaram no começo.

Deixo escapar uma gargalhada. — Ódio é uma palavra forte. Winter,


Elena e Ariana precisavam de algum tempo para se acostumar comigo.

— Por que? — Isabella pergunta.

Eu dou de ombros. — Sou superprotetor com aqueles que amo.

— Em outras palavras, você deu a elas o inferno?

Balançando a cabeça, digo: — Não, acabei de avisá-las para não traírem


meus amigos.

— Nenhum aviso para mim? — Isabella pergunta, sua voz se tornando


sensual.

Meus olhos vagam por seu lindo rosto. — Não precisa. Você sabe o que
vai acontecer.

— Você vai me matar? — Ela pergunta, levantando o queixo.

Eu iria?

Se Isabella me traísse, eu seria capaz de tirar a vida dela?

Isso iria arrancar meu coração. — Sim.

Lentamente, ela assente. — O mesmo vale para você, Alexei.

Essa conversa rapidamente se tornou séria demais.

Levantando ambas as mãos, emolduro seu rosto e olho profundamente


em seus olhos. — Nunca trairei um ente querido, especialmente a mulher que
segura meu coração. — Dando um beijo em sua testa, eu a puxo contra meu
peito.

****
Desgraçado.

Idiota.

Uma série de palavrões se repetem em minha mente enquanto ando com


Alexei até a sala de segurança.

Deus, a festa foi uma farsa. Felizmente aperfeiçoei a arte de ser socialite
e era fácil fingir que estava me divertindo.

Meus dedos apertam os de Alexei enquanto o desejo de dar um soco nele


corre através de mim.

Alexei confunde isso com carinho e aperta minha mão de volta.

Assim que chegamos à sala de segurança, todos nos reunimos em volta


da mesa redonda.

Agora que recuperei a memória e lembro como lutei contra minha mãe,
quero muito estar presente quando ela cair.

Mas preciso encontrar Ana primeiro. Preciso saber que ela está segura.

Demitri traz à tona a imagem holográfica de São Monarca.

Carson solta um suspiro pesado. — Cristo Todo-Poderoso.

Lucian balança a cabeça. — Sim, agora é um bom momento para começar


a orar.

Alexei solta minha mão e começa a se mover pela mesa.

Com os ombros retos e a expressão impiedosa, vejo o homem poderoso


que ele se tornou nos últimos quatro anos... agora que os “óculos rosa” foram
removidos.
Deus, era tão fácil se deixar levar por seu charme. Mas este homem…
aquele que está na minha frente neste instante – é o demônio implacável ao
qual me amarrei.

À medida que Alexei começa a compartilhar todas as informações que


reunimos, meus pensamentos se voltam para a sessão de sparring entre
Alexei e Demitri.

O canto da minha boca se levanta com as informações valiosas que


aprendi naquele dia.

Agora sei quem é a ameaça mais significativa entre Demitri e Alexei.

E aprendi os movimentos do Demitri.

Meu sorriso cresce.

— Isabella? — Alexei de repente interrompe meus pensamentos.

Merda.

Meu olhar se dirige para Alexei, onde seus olhos estão estreitados em
mim, a cabeça ligeiramente inclinada.

— Você está bem? — Ele pergunta, seu olhar afiado em mim.

— Sim, só pensando em como mal posso esperar para ver minha mãe
cair.

Alexei me encara por mais um momento antes de finalmente concordar.

Porra, ele é perceptivo.

Concentro-me na imagem holográfica enquanto Alexei aponta para o


lado oeste do castelo. — Teremos que explodir este lado e, com um pouco de
sorte, isso nos dará acesso ao escritório onde eles estarão se protegendo.

— Já estive naquele escritório, — diz Lucian. — As paredes são


reforçadas.

— Porra, — Alexei murmura. Ele pensa por um momento e depois


pergunta: — Há alguma ventilação?
Luciano assente. — Quer queimá-los?

Alexei assente. — O que significa que um de nós terá que rastejar para
dentro do sistema de ventilação.

— Eu sou o menor. Eu farei isso, — Winter oferece.

Os olhos de Alexei a tocam. — Obrigado. — Ele olha para Damien, Carson


e Lucian. — Vocês três irão invadir a parte de trás da propriedade, junto com
Nikhil e Sasha.

Os homens acenam em concordância.

— Farei Semion e Lev entrarem pela frente, — continua Alexei. Então ele
olha para mim. — Você estará com Demitri, Winter e eu.

Eu concordo. — Ok.

— Vamos invadir pelo oeste.

— Homens? — Lucian pergunta.

— Estou pensando em recrutar mercenários, — responde Alexei. — Isso


levará algumas semanas.

A reunião continua por mais uma hora e, no momento em que saio da


sala de segurança, subo as escadas e vou direto para a suíte.

Deus, vai ser uma longa noite. Terei que lutar contra a vontade de matar
Alexei enquanto ele dorme porque preciso que ele destrua minha mãe.

Pego um par de leggings e uma camiseta do armário, hesito e jogo as


roupas de volta.

Estou assumindo o controle desta noite.

Tiro os saltos e me visto, depois vou até o banheiro para tomar banho.
Demoro o meu tempo e, quando termino, volto para o quarto. Nua.

Alexei acabou de desabotoar a camisa e, ao tirá-la, olha para mim. —


Devo dizer que prefiro esse visual ao vestido que você estava usando.

Paro ao lado da cama. — Eu quero você nu na cama.


Sua sobrancelha se levanta e quando ele começa a desfazer o cinto, ele
lentamente se aproxima de mim.

— Isso é uma ordem?

Eu levanto meu queixo. — Sim.

Ele solta uma risada divertida enquanto puxa o cinto de couro pelas
presilhas. Observo enquanto ele tira as calças e então coloca um joelho no
colchão antes de se deitar de costas.

— Você quer controle, princesinha? — Ele pergunta, parecendo


incrivelmente quente enquanto sorri para mim.

Desgraçado.

— Sim, — respondo enquanto subo na cama e rastejo sobre ele.

Idiota enganador.

Eu monto em suas coxas e, alcançando a gaveta de cabeceira, tiro uma


camisinha. A última coisa que quero é engravidar.

Eu só quero ser aquela que vai transar com ele do jeito que ele me fodeu.
Quero fazê-lo perder o controle por minha causa, para que eu possa recuperar
um pouco do meu orgulho ferido.

Rasgo o pacote de alumínio e enrolo a camisinha no pau de Alexei.


Encontrando seus olhos, começo a acariciá-lo.

O sorriso divertido ainda está em seus lábios, uma luz ousada brilhando
em seus olhos.

Lentamente, a apreensão começa a se misturar com a expectativa, e os


minúsculos pelos da minha nuca se arrepiam. Eu me inclino para frente e, com
nossos olhos travados, meus dentes puxam seu lábio inferior.

Quando ele move a mão para meu quadril, balanço a cabeça. — Minhas
regras. Não toque.

Seu sorriso cresce, e o filho da puta coloca as mãos atrás da cabeça como
se estivesse planejando tirar uma soneca.
Agarrando seu pênis, posiciono-o na minha abertura e então me abaixo,
levando-o até o fim.

Sensualmente, giro meus quadris. É tudo o que faço, não acariciando o


seu pau, mas sim esfregando o meu clitóris na sua pélvis.

Alexei não quebra o contato visual enquanto eu aumento meu ritmo,


trabalhando em direção ao orgasmo.

Bastardo presunçoso. Apenas espere.

Levantando as mãos, levo-as aos meus seios e depois solto um gemido.


Eu me movo mais rápido, a fricção rapidamente aumenta meu orgasmo.

Quando estou prestes a desmoronar, Alexei agarra meus quadris e me


levanta de cima dele, ele nos rola e então paira sobre mim.

Suas feições estão tensas, as veias serpenteando por seus braços


enquanto ele se mantém apoiado em mim.

— Dois podem jogar este jogo, — ele murmura, fazendo soar mais como
uma ameaça.

Você começou isso, porra.

Agarrando meus pulsos, Alexei prende meus braços em ambos os lados


da minha cabeça, e então ele bate de volta em mim, fazendo meu corpo
arquear e minha respiração me deixar acelerada.

Ele começa a se mover como uma força, martelando em mim enquanto


seus olhos mantêm os meus cativos. Seu corpo rola contra o meu, sua pele
incendeia a minha, e eu luto contra a vontade de me perder no momento.

Seu poder se enfurece contra a minha força enquanto ele me leva com
força, fazendo meus músculos se tensionarem enquanto meu corpo fica tenso
sob o dele.

Alexei é tão áspero, fazendo com que meu clitóris fique excessivamente
sensível com uma estranha mistura de prazer e dor. Um choro Ele me escapa
e, quebrando o contato visual, viro a cabeça e afundo os dentes em seu
antebraço.
É muito intenso. Tudo em mim aperta, e então Alexei arranca o braço de
mim e, empurrando a mão entre nós, ele aperta meu clitóris.

Prazer e dor explodem através de mim, e não consigo evitar que os


gemidos me escapem. Estou superado e eles rapidamente se transformam em
soluços. Não pelas lágrimas, mas pelo quão intenso é.

De repente, Alexei para e então se abaixa sobre mim. Ele começa a


esfregar suavemente meu clitóris, enviando espasmos involuntários através
de mim.

— Shh…— ele sussurra, seu toque gentil acalmando a dor e


transformando-a em êxtase. — Eu peguei você, querida. — Ele começa a
empurrar dentro de mim novamente, desta vez mantendo o ritmo lento e
profundo.

Alexei dá um beijo em minha garganta e depois lambe até minha orelha.


— Ninguém faz você gozar além de mim.

E então seu pau bate fundo, colidindo com um ponto que me desvenda
na velocidade da luz. O orgasmo me varre como um tsunami, roubando minha
capacidade de respirar.

Alexei levanta a mão e então cobre meus lábios com minha umidade
brilhando em seu dedo diante de sua boca. bate contra o meu. Sua língua toma
minha boca da mesma forma que seu pau possui minha boceta, e sou levada
por uma onda de êxtase.

Alexei solta um grunhido e então se empurra contra mim enquanto se


libera.

Perco a noção do tempo até que seus movimentos diminuem. Quando ele
se acalma profundamente dentro de mim, ele interrompe o beijo e então
captura meu olhar.

— Você é minha, Isabella.

É como se ele estivesse acrescentando silenciosamente: “Não importa o


que aconteça”.
Com a respiração acelerada em nossos lábios, nossos corpos
escorregadios de suor e nossos corações batendo forte, nossos olhos
permanecem travados.

Espero que você tenha gostado da sua última foda, Koslov.


CAPÍTULO 22

Quando Isabella entra na academia, continuo com as flexões que estou


fazendo até completar a série.

Ficando de pé, olho para onde ela está ao lado do tapete de treino.

— Treinando com Demitri? — Eu pergunto.

— Não, estou esperando por você, — diz ela. — Pensei que poderíamos
treinar hoje.

Meus olhos encontram os dela enquanto ando em direção ao tapete.

Desde ontem estou com uma sensação estranha no estômago. Há algo


diferente em Isabella. A maneira como ela olha para mim. O duplo sentido em
suas palavras. O sexo ontem à noite.

Meu instinto nunca esteve errado antes.

Passando a mão sobre o tapete, eu digo: — Vamos treinar.

Eu fico em posição, meus músculos tensos, só por precaução. Estou


nervoso com a merda com Sonia e St. Monarch's, e posso estar lendo isso
errado.

Isabella se lança sobre mim e eu bloqueio o chute. Então eu tenho que


me mover e bloquear enquanto ela entra em modo de ataque total.

Isso não é como nenhuma das sessões de sparring que Isabella teve com
Demitri. Seus movimentos são planejados e precisos.

Porra. Se a memória dela estiver de volta...


Porra.

Meu batimento cardíaco acelera quando o pensamento de que posso


realmente perder Isabella passa pela minha cabeça.

Começo a revidar, ainda tomando cuidado para não machucá-la, e um


momento depois, ela tenta atacar minha garganta. Agarrando seu braço, eu
me viro para ela, e então a faço voar por cima do meu ombro. No segundo em
que suas costas batem no tapete, estou em cima dela e prendendo meus braços
e pernas em volta dela, forço-a a parar.

Nossas respirações explodem no ar, e então Isabella solta uma risada


sombria. — Maldito bastardo.

Ela começa a lutar, tentando se libertar do meu aperto. Tenho que me


abaixar para o lado quando ela bate a cabeça para frente.

Soltando-a, eu rolo para longe e fico de pé, pronto para qualquer coisa.

Só então, Demitri entra na academia e eu grito: — Fique para trás. A


memória de Isabella voltou. — Demitri para, seus olhos fixando-se
instantaneamente em Isabella.

Ela solta uma gargalhada enfurecida enquanto seus olhos se fixam nos
meus, frios e selvagens. — Eu vou te matar, porra.

Eu levanto a mão. — Acalme-se. Vamos conversar.

— Conversar? — Ela sibila. — CONERSAR?

Isabella se lança sobre mim novamente, e eu permito que ela dê um golpe


em meu queixo para deixá-la desabafar. Ela dá um soco incrível, minha cabeça
gira enquanto a dor se espalha pelo meu ouvido.

No próximo golpe, eu bloqueio e agarro seu braço, torcendo-o atrás das


costas. Eu prendo meu outro braço em volta do pescoço dela e então aperto
mais para garantir que ela não possa se mover.

— Você me enganou, — ela murmura as palavras, e quando ouço a dor no


coração, a humilhação, a raiva, eu a solto novamente.
Dando um passo para trás, levanto a mão enquanto ela se vira para mim.
— Você não pode me vencer, Isabella. Dê-me uma chance de explicar.

Suas mãos voam para o cabelo e ela solta um grito de frustração, e então
ela me olha de forma assassina. — Você pode ficar feliz por eu não ter uma
arma comigo.

— Nem tudo foi mentira, — eu digo, querendo deixar isso claro.

Minhas palavras apenas a fazem rir, o som preenchido com sua


necessidade de vingança.

— EU. Amo. Você, — eu enuncio cada palavra. — Eu não menti sobre isso.
— Ela balança a cabeça, o cabelo caindo solto sobre os ombros. — Eu poderia
ter deixado você para morrer, mas não o fiz. Eu poderia ter pegado o que
queria, mas te dei uma escolha. Não se esqueça disso. Não se esqueça do que
eu disse para você naquele penhasco.

Isabella vem em minha direção, com feições implacáveis. Ela para bem
na minha frente, e só consigo ver ódio em seus olhos quando ela diz: — Você.
Me. Traiu. — Ela aponta um dedo no meu peito. — Eu estava vulnerável e você
se aproveitou da situação. Você jogou como se eu fosse uma maldita
marionete... — Sua raiva faz seus olhos brilharem como se ela estivesse prestes
a chorar, e sua voz falha, — até que eu confiei em você. — Ofegante, Isabella
dá um passo para trás como se não suportasse ficar perto de mim.

E isso destrói meu coração.

Eu balanço minha cabeça. — Eu não joguei com você. A única coisa sobre
a qual menti foi como nos conhecemos e que estávamos em um
relacionamento. Todo o resto era real.

— Eu deveria acreditar em você? — Ela grita, chamas gêmeas queimando


em suas bochechas. — Eu sou a Princesa do Terror e você me humilhou como
se eu fosse... nada. — A voz dela falha e ela tenta novamente e, incapaz de
manter distância, corro para frente e envolvo meus braços em torno dela.

Isabella luta comigo com um grunhido frustrado.


— Eu te amo, — eu digo enquanto aperto meu abraço sobre ela. — Eu não
menti sobre meus sentimentos.

— Eu não me importo com seus sentimentos, — ela chora enquanto bate


o punho contra meu pescoço. Antes que seu outro punho possa acertar meu
rosto, eu o solto novamente, correndo para trás.

Porra. Não há como acalmá-la.

Mas então Isabella respira fundo e de alguma forma ela consegue se


acalmar. Seu rosto fica branco, toda emoção desaparecendo de suas feições.
Quando ela levanta os olhos para mim, eles estão vazios. Até a raiva se foi.

— Eu ajudarei a derrubar minha mãe. Após o ataque, nos encontraremos,


e apenas um de nós sairá vivo porque não vou honrar a aliança de forma
alguma.

Quando ela se vira, pergunto: — Onde você está indo?

— Não é da sua conta, porra, — ela responde enquanto caminha em


direção à porta.

Meus pés começam a se mover por conta própria, seguindo Isabella.


Quando ela entra em nosso quarto, observo enquanto ela veste uma das
roupas de couro.

— Se vale de alguma coisa, eu nunca tive a intenção de machucar você, —


eu digo.

Isabella não responde enquanto calça um par de botas. Então ela vem em
minha direção e, parando a alguns centímetros de mim, exige: — Quero a
motocicleta e um cartão de crédito.

Enfiando a mão no bolso, retiro minha carteira e entrego o cartão preto


para ela.

Isabella enfia-o no bolso e, por um momento, nos encaramos.

— Por favor, seja cuidadosa. — Engulo em seco com o fato de que a


mulher que amo não me ama de volta. Se ela fizesse isso, ela seria capaz de me
perdoar. — Se você precisar de alguma coisa, me avise.
— Eu não vou, — ela murmura, e me lançando um olhar furioso, ela sai
da sala onde eu adorava seu corpo.

Algo estala em meu peito e, girando, corro atrás dela. Agarro seu ombro
e puxo seu corpo para o meu, meus braços a envolvem.

— Não faça isso.

— Solte-me. — Sua voz está cheia de advertência.

Afastando-me, enquadro seu rosto e olho profundamente em seus olhos.


— Lembre-se do que eu disse no penhasco. — Pressiono minha boca com força
na dela, saboreando seu gosto, caso seja a última vez que eu a beije.

Deixe-a ir, Alexei. Você não pode domar seu espírito selvagem. É o que
você mais ama nela.

Minhas mãos caem de seu rosto e dou um passo para trás, e então
observo enquanto Isabella se afasta de mim.

****

Já é tarde da noite quando finalmente chego ao ponto de encontro, uma


casa que comprei como Sofia Rojas, segundo e último nome de Ana.

Por favor, deixe-a estar aqui.

Agarrando a parede, eu me levanto e caio no quintal. Caminho até a porta


de segurança, mas antes que possa verificar minha identidade no scanner
biométrico, a porta é aberta.

— Isabella! — Ana chora e então joga os braços em volta do meu pescoço.


Eu a envolvo em um abraço apertado, minha alma suspirando de alívio.

Graças a Deus.

O corpo de Ana começa a se sacudir, e então ela chora, apertando-me


ainda mais.

— Me desculpe por ter demorado tanto, — eu sussurro enquanto lágrimas


enchem meus olhos. Quando elas caem, ficam cheios de um alívio intenso por
Ana estar segura.

Oprimida, perco o controle sobre o controle que tinha sobre minhas


emoções e choro pelo amor que sentia por Alexei e como ele usou isso para me
humilhar. A dor de cabeça ameaça me comer vivo.

De alguma forma, penso em nos levar para dentro de casa, para poder
fechar a porta de segurança. Então caímos no chão, agarrados um ao outro.

— Eu estava... tão preocupada, — Ana balbucia. — Eu pensei... tinha


perdido você.

— Não sou tão fácil de matar. — Tento rir, mas é abafado por um soluço.
— Me atrasei um pouco.

Ana se afasta e enxuga o rosto com as costas das mãos, os soluços


estremecem através dela. Então ela olha para mim e seu rosto desmorona
novamente enquanto ela alcança a cicatriz que desaparece na linha do meu
cabelo. — O que aconteceu?

— É uma longa história. — Eu me levanto e ajudo Ana a se levantar, e


então entramos na sala. Quando meus olhos pousam no santuário que Ana fez
para mim, sinto um soco na alma. — Deus, Ana. — Eu a puxo para mim, sem
conseguir imaginar a dor que ela teve que suportar pensando que eu morri.

— Nunca parei de orar.

Fecho meus olhos ardentes e então apenas abraço a única pessoa que já
se importou comigo. — Estou tão feliz que você pensou em vir aqui.

Ana se afasta. — Os homens chegaram ao esconderijo logo após o ataque


à mansão. Peguei as meninas e usei o túnel subterrâneo para escapar.
Uma carranca se forma na minha testa. — Como eram os homens?

Ana começa a caminhar em direção ao porão. — Eu os tenho nas imagens


de segurança.

Quando entro na sala, um sorriso aparece em minha boca porque Ana


configurou os sistemas de segurança exatamente como eu mostrei a ela.

Ela traz a filmagem e então vejo Carson e Damien farejando a casa. Solto
um suspiro, sentindo-me aliviada por serem eles.

Ana olha para mim. — Além disso, eu tenho isso. — Ela aperta o play e
tenho que me aproximar porque a filmagem está granulada e escura. De
repente, as duas meninas mais velhas avançam e, por um momento, Alexei
entra na luz. Ele observa as meninas, provavelmente para ter certeza de que
elas me alcançam em segurança, e então desaparece na escuridão.

Então foi ele.

Alexei foi atrás das duas meninas mais velhas.

Endireitando-me, meus olhos encontram os de Ana. — Os dois homens


vieram até a casa buscar as meninas porque eu me machuquei. Não acho que
eles soubessem de você e quisessem ajudar as meninas.

— Consegui ajudá-las a voltar para casa antes de vir para o Panamá, —


diz Ana, apagando a preocupação que sentia pelas meninas.

Então sinto uma dor aguda em meu coração porque não quero pensar em
Alexei fazendo algo de bom. Isso me fará amolecer com ele, e ele não merece
isso.

— Você está bem? — Ana pergunta, levantando-se da cadeira.

Eu concordo. — Sim. — Aponto para as escadas. — Vamos subir para a


sala e nos livrar daquele santuário. Então eu vou te contar o que aconteceu.

Enquanto arrumo a mesa com velas, terços, flores e minha foto, Ana nos
traz algo para beber.
Quando estamos confortáveis no sofá, tomo um gole de água e digo: —
Hugo atirou em mim e eu caí do helicóptero. Alexei me levou para Los Angeles.

Os olhos de Ana me examinam. — Você deve ter se machucado


gravemente se demorou tanto para se recuperar.

Eu balanço minha cabeça. — Eu tive amnésia.

O choque percorre o rosto de Ana. — O que?

— Perdi todas as minhas memórias dos últimos quatro anos. — Respiro


fundo, meu coração doendo. — Alexei mentiu e disse que nós estávamos em
um relacionamento. Eu não sabia de nada, então fiquei com ele.

Ana balança a cabeça, suas feições se contraem como se ela pudesse


sentir minha dor.

Baixo os olhos para o copo em minha mão. — Ele me enganou, Ana. Eu


me apaixonei pela atuação e realmente pensei que ele também me amava.

— Isabella, — ela murmura, e então ela pega o copo de mim quando eu


começo a desmoronar.

Desabo nos braços do meu amigo, sabendo que é um lugar seguro. — Eu


me sinto tão humilhada, — choro contra seu ombro.

— Eu sei, — ela sussurra, esfregando a mão nas minhas costas. —


Desculpe.

— Eu realmente... o amava. — Soluços me invadem enquanto deixo a dor


sangrar através de mim enquanto admito meus verdadeiros sentimentos em
voz alta.

— Shh…— Ana me dá o conforto que preciso, e quando a última lágrima


cai, ela se afasta e enxuga a umidade do meu rosto. — Isso só vai te deixar mais
forte. Ok?

Concordo com a cabeça enquanto solto um suspiro trêmulo. — Eu só


precisava liberar isso para poder deixar isso para trás.

Ela assente. — Eu sei.


Nós nos encaramos por um momento, e então um sorriso de tirar o fôlego
se espalha pelo rosto de Ana. — Estou tão feliz que você está de volta.

Seu sorriso revive meu coração partido e pisoteado, e ilumina a


escuridão.

— Ana, — eu sussurro com total admiração, — você está sorrindo.

Ela solta um gemido e depois me abraça novamente. — Claro. Eu tenho


minha amiga de volta. Você é minha única família e eu estava tão perdida sem
você.

Ana é minha família.

— De agora em diante, ficaremos juntas, — acrescenta ela.

Eu concordo. — Apenas nós duas. Sempre.

Eu não preciso de Alexei.


CAPÍTULO 23

Parado em frente à janela do nosso quarto, verifico o dispositivo de


rastreamento que coloquei entre o diamante e a pulseira do anel de noivado
de Isabella. Isso mostra que ela está no Panamá.

Ela não tirou o anel.

— O que há no Panamá, querida? — Eu sussurro enquanto vejo o ponto


piscar. Não se mexeu nas últimas vinte e quatro horas.

Soltando um suspiro, enfio meu telefone de volta no bolso e olho para o


jardim enquanto o sol nasce.

Que bagunça.

Meus dentes puxam meu lábio inferior enquanto tento encontrar uma
maneira de convencer Isabella de que tudo não era mentira.

Há uma batida suave na porta do quarto, e quando olho por cima do


ombro, Demitri entra.

— Como você está indo? — Ele pergunta enquanto se aproxima de mim.

— Vou sobreviver.

De alguma forma.

A ideia de Isabella não fazer parte da minha vida é insuportável demais


para sequer considerar.

— Vou encontrar uma maneira de recuperá-la.

— Talvez você não consiga, — avisa Demitri.


— Vou encontrar um jeito, — digo com certeza. — Ela não pode me odiar
para sempre.

— Como você teria reagido se estivesse no lugar dela? — Demitri


pergunta, cruzando os braços sobre o peito.

— Eu não a forcei, — murmuro.

Eu não sou meu pai.

— Responda à pergunta.

Soltando um suspiro, tento me colocar no lugar de Isabella. Então


balanço a cabeça e olho para Demitri. — Eu não ficaria tão chateado com isso
quanto ela.

Demitri levanta uma sobrancelha para mim. — E se você estivesse no


lugar de Isabella, mas em vez de ser Isabella, sua memória volta e você fica
cara a cara com Sonia.

— Que porra é essa, — eu respondo a ele. — Isso é simplesmente


distorcido, irmão. Qualquer outra pessoa, menos Sonia.

— Isabella considerava você um inimigo, e então ela passou dois meses


se apaixonando pela sua versão carismática enquanto você fazia o que queria
com ela. Só posso imaginar o que porra de choque, deve ter sido para ela. Eu
disse para você não fazer isso.

A raiva explode em minhas veias. Virando-me para Demitri, minhas


feições se contraem. Ele assume a mesma posição e então nos encaramos, a
tensão aumentando entre nós.

Então meu corpo estremece enquanto as memórias do meu passado


rastejam para a superfície como cadáveres podres.

Posso ouvir papai dando tapas em mamãe. É o único som que ecoa pela
casa porque ela nunca chora alto.

Olho para meu irmãozinho, feliz por ele estar dormindo, e então saio
furtivamente do quarto. À medida que me aproximo da escada, os sons
horríveis do papai batendo nela ficam mais altos. Alcançando a grade, me
agacho e espio para baixo.

Papai tem sua arma favorita na mão, usando-a para acertar mamãe.
Mordo meu lábio inferior quando vejo todo o sangue.

Pare.

Meu rosto desmorona e quase grito para papai parar, mas então ele
aponta a arma para mamãe. Ela vira o rosto para mim e dói ver o quanto
papai bateu nela.

— Feche os olhos, — ela grita, com os olhos fixos em mim.

Eu não posso, mamãe.

Um estrondo faz meu corpo estremecer, e então meu coração bate forte
no peito enquanto vejo papai olhar para mim.

— Você nunca hesita em puxar o gatilho, Alexei. Quando alguém te trai,


você o mata. Entendido?

Não consigo concordar enquanto meus olhos se voltam para mamãe.

— Você entende? — Papai grita.

Meus movimentos são espasmódicos enquanto minha cabeça balança


para cima e para baixo.

Eu entendo que papai matou mamãe.

Volto do inferno com uma respiração trêmula e meus olhos focam no


rosto preocupado de Demitri.

Ele não disse apenas o que eu acho que ele disse.

Demitri conhece meu passado.

— Nem uma vez eu forcei, Isabella. E não vamos esquecer que a atração
estava lá antes de ela perder a memória. — Eu mordo as palavras, a raiva
apertando minha voz ao ponto de ruptura. — Eu menti sobre uma coisa. Não
faça parecer que eu a segurei aqui contra sua vontade, a amarrei na minha
cama e a estuprei.
Meu corpo começa a tremer incontrolavelmente com meu temperamento
disparando para a porra do espaço sideral, e minha respiração acelera.

Demitri dá um passo para trás, a compreensão brilhando em seus olhos.


— Eu nunca disse isso. Acalme. — A preocupação rapidamente se aprofunda
em seu rosto. — Isso não foi o que eu quis dizer.

Incapaz de pensar direito, afasto-me antes de fazer algo de que me


arrependerei e saio cegamente de casa.

— Alexei! — Demitri grita atrás de mim.

Subindo em um dos SUVs, ligo o motor e piso no acelerador, saindo da


garagem.

Empurro o SUV o mais rápido que posso enquanto tudo em mim treme
como se um maldito terremoto estivesse me devastando.

É assim que Isabella se sente?

É assim que ela vê?

Eu não.

Eu não faria isso.

Somente quando paro o SUV é que percebo onde estou. Abro a porta e
subo a trilha até chegar ao topo do penhasco, e então caio de joelhos.

— Feche os olhos, — ouço minha mãe sussurrar.

Levando a mão ao peito, agarro o tecido sobre o coração enquanto uma


dor insuportável me percorre.

Nossa mãe era uma escrava sexual, e quando ela terminou de dar à luz a
mim e a Carson, meu pai atirou nela como se ela não fosse nada mais do que
um cachorro doente que precisava ser eliminado de seu sofrimento. Tudo
porque ela tentou escapar. Meu pai viu isso como uma traição.

Foi a primeira morte que testemunhei e fui a última coisa que ela viu.
Aos sete anos, eu já tinha idade suficiente para entender o que aconteceu.
Felizmente, Carson era muito jovem para se lembrar de algo sobre ela. Eu o
protegi disso durante toda a sua vida.

E quando fiz vinte e um anos, matei meu pai.

Estes são os meus segredos mais obscuros que só Demitri conhece. Os


esqueletos no meu armário, exigindo que eu siga um rígido código de honra.

Não forçamos as mulheres.

É por isso que odeio Sonia mais do que tudo. É por isso que estou
disposto a morrer, desde que a leve comigo.

Meu corpo estremece quando me inclino, meus dedos agarrando a grama


abaixo de mim.

Se Isabella sentir que eu a violei, então não vou conseguir recuperá-la


de jeito nenhum.

O pensamento rasga impiedosamente meu coração e, quando termina de


despedaçá-lo, ele se move para minha alma.

Porque é assim que eu a amo profundamente.

Começo a balançar a cabeça, recusando-me a aceitar a possibilidade de


que ela não será capaz de me perdoar, de que não sou diferente do meu pai.

Cristo. Não.

Começo a ofegar por ar quando a dor mais profunda toma conta do meu
peito.

Porra.

Respiro fundo e bato com o punho no chão, e então a primeira lágrima


cai, e parece que está revestida com o sangue da minha mãe, deixando um
rastro de traição em meu rosto.

Desculpe.

Sinto muito.
Ouvindo passos atrás de mim, eu me levanto e giro, apenas para ver
Demitri andando em minha direção.

Quando ele para na minha frente, ele segura meu ombro e me puxa para
um abraço. — Desculpe. Isso não foi o que eu quis dizer. Nem pense isso.

Inspiro dolorosamente o ar. — E se for assim que ela se sente? Então não
sou melhor que ele.

Demitri balança a cabeça com força, apertando os braços em volta de


mim. — Você não forçou Isabella. Apenas pare um momento e se acalme. Você
não consegue pensar com clareza quando perde a cabeça.

Isso não acontece com frequência, mas quando acontece é difícil se


acalmar.

Fechando os olhos, ouço meu amigo. Eu me concentro em respirar fundo.

— Você é um bom homem, — Demitri murmura.

Concordo com a cabeça, respirando fundo novamente.

— Você não é nada parecido com seu pai.

Levantando meus braços, agarro Demitri, os fantasmas do passado se


recusam a me soltar.

— Você não é nada parecido com seu pai, — Demitri repete.

Balanço a cabeça, apenas tentando equilibrar minha respiração.

Demitri se afasta e coloca as mãos nas laterais do meu pescoço, seus


olhos se fixam nos meus. — Escute-me, Alexei. Você não forçou Isabella. Sim,
você mentiu, mas não a forçou a fazer nada que ela não quisesse.

Eu apenas fico olhando para a única pessoa que realmente me conhece.

Então ele continua: — Você é um bom homem. Eu não arriscaria minha


vida por você se você não fosse. — Eu abaixo meus olhos dos de Demitri, mas
então ele diz, — Você tem minha lealdade e amor porque você não é nada
parecido com seu pai. No dia em que você o matou, jurei ser seu guardião
porque sabia que não havia homem vivo mais merecedor de minha proteção
do que você.

Concordo com a cabeça, engolindo em seco as emoções turbulentas


dentro de mim. Afastando-me de Demitri, foco meus olhos no oceano.

Ele se aproxima de mim e então o silêncio cai entre nós enquanto ele me
dá tempo para empurrar o passado de volta para as sombras.

Eu não forcei Isabella.

Lentamente, pisco enquanto me apego ao pensamento para o bem da


minha sanidade.

****

Arrasto meu corpo para fora da cama e me preparo para o dia.

A força que costumava fluir em minhas veias parece ter sido exaurida do
meu corpo. A raiva deu lugar à dor de cabeça e, por mais que eu odeie admitir,
sinto falta de Alexei.

Sinto falta do seu sorriso brincalhão.

Sinto falta do jeito que ele olhou para mim... como se ele realmente me
amasse.

Sinto falta de sentir seus braços fortes em volta de mim.

Eu até sinto falta do jeito que ele anda.

Eca.
Balançando a cabeça, tento tirar Alexei da minha mente e, depois de
calçar as botas, saio do quarto.

Encontro Ana na cozinha, onde ela prepara uma xícara de café. — Quer
um pouco?

Concordo com a cabeça e me sento à mesa.

— Não precisamos ir hoje, — diz ela. Ana deixou claro que não está feliz
por voltarmos para Columbia para pegar minha motocicleta e armas.

Passei a última semana observando a área ao redor da casa segura e das


outras propriedades para ter certeza de que está limpa. O que não está. Os
homens da minha mãe estão observando, o que me diz que ela descobriu o que
eu estava fazendo.

— Eu tenho. Não posso deixá-los lá.

Ela coloca uma xícara de café na minha frente e se senta à minha frente.
Seus olhos percorrem meu rosto, então ela dá um tapinha no coração e
pergunta: — Como você está se sentindo?

— Vazia. — Eu balanço minha cabeça. — É difícil pensar que foi tudo uma
atuação.

— Talvez não tenha sido, — Ana menciona.

Deixo escapar uma risada amarga. — Alexei Koslov não faz nada a menos
que queira ganhar com isso. A coisa mais importante para ele é o poder. —
Tomo um gole da bebida e acrescento: — E lealdade. — Deixo escapar um
suspiro.

Ana me lança um olhar reconfortante.

Balançando a cabeça, continuo: — Ainda estou tentando juntar todas as


peças e há uma coisa que não estou claro. Por que fingir um relacionamento
entre nós? O que ele teria a ganhar com isso?

Anna dá de ombros. — Não é como se ele pudesse chegar até sua mãe
através de você.
— Exatamente. Essa é a parte confusa. — Sentamos e pensamos por um
momento. — Alexei quer minha mãe morta. Pensar que ele mentiu sobre um
relacionamento apenas para formar uma aliança comigo... isso é seriamente
extremo demais, até mesmo para ele.

Ana coloca a caneca na mesa. — Você disse que ficou com ele. Talvez
tenha sido amor à primeira vista para ele.

Deixei escapar uma gargalhada. — Não.

— Por que você não considera isso? — Ana pergunta.

— Porque é ridículo. Alexei Koslov não se apaixona.

— Ele é humano, Isabella. Até sua mãe se apaixonou. Acontece.

Olho para o líquido caramelo na xícara, considerando o que Ana acabou


de dizer.

Lembrar como Alexei olhou para mim como se eu fosse tudo o que ele
sempre quis apunhalou meu coração partido.

Foi tudo uma atuação?

“— EU. Amo. Você.”

“— Eu poderia ter deixado você para morrer, mas não fiz. Eu poderia
ter pegado o que queria, mas te dei uma escolha. Não se esqueça disso. Não
se esqueça do que eu lhe disse naquele penhasco.”

Fechando os olhos, minha mente volta para quando Alexei me pediu em


casamento.

“— Aconteça o que acontecer no futuro, quero que você se lembre deste


momento. Quero dizer tudo o que vou dizer. — Alexei respira fundo e então
seus olhos se fixam nos meus. — Eu te amo.”

Deus, parecia que ele quis dizer o que disse. Lembro-me de como as
palavras atingiram, me emocionando.

“— Eu amo tudo em você. Eu poderia passar a próxima hora entrando


em detalhes, mas não o farei. Quero você. Todos vocês. Quero você ao meu
lado. Eu quero travar guerras com você. Quero construir impérios com você.
Quero você em cada nova memória que eu fizer, porque não há mulher na
face deste planeta que eu respeite mais.”

A dor no coração se torna insuportável e, balançando a cabeça para me


livrar das lembranças, me levanto. Pego o copo e esvazio na pia. — Partimos
em cinco minutos.

— Isabella, — Ana chama atrás de mim. Paro e olho por cima do ombro.
— Fica mais fácil com o tempo.

— Sim? — Eu pergunto, me perguntando se ela está se referindo ao que


aconteceu com ela.

Ana assente. — Sim, especialmente quando você tem alguém em quem se


apoiar.

— Eu tornei isso mais fácil para você? — Pergunto, precisando saber se


fiz diferença na vida dela.

— Eu não estaria sentada aqui se não fosse por você, — ela admite, então
se levanta e fica na minha frente. — Não porque você me salvou, mas porque
me deu uma razão para viver.

A emoção brota em meu peito. — Eu realmente precisava ouvir isso.

A boca de Ana se levanta ligeiramente. — Desculpe por não ter dito isso
antes.

Balanço a cabeça e encontro seus olhos. — Você nunca fala sobre o que
aconteceu.

A dor brilha em suas feições. — Não posso.

— Ok.

Ana respira fundo e depois passa por mim. — Os cinco minutos


acabaram. Acho que devemos ir.

Sigo Ana para fora de casa, pensando em como ela está mudando a cada
dia.
Talvez isso seja tudo o que será necessário para superar Alexei – tempo.
CAPÍTULO 24

— Isso parece familiar, — Demitri murmura enquanto nos sentamos na


casa segura em Columbia novamente.

Aguentei uma semana antes de seguir Isabella, e agora estou de volta à


estaca zero, observando-a.

Estou olhando para o rastreador que mostra Isabella em seu esconderijo.


De repente, o marcador começa a se mover e eu me levanto. — Ela está em
movimento.

Demitri se levanta e me segue para fora de casa. Ele está colado ao meu
lado desde que perdi a cabeça, me observando como um maldito falcão.

— Posso ir sozinho, — menciono, embora saiba que é inútil.

Demitri balança a cabeça e abre a porta do passageiro. Assim que


entramos no veículo, ele diz: — Não com o pessoal da Sonia rastejando por
todo lado.

Embora Sonia esteja escondida, os negócios continuam como sempre.


Ela colocou um homem chamado Oscar no comando. Ele é a escória habitual
da terra.

— Você não pode atirar uma pedra sem acertar uma barata por aqui, —
murmuro.

Ligo o motor e dirijo o SUV em direção à casa desocupada para onde


Isabella parece estar indo.

Estaciono perto da casa desocupada onde Isabella guarda sua moto para
não nos ver. Só temos que esperar alguns minutos antes que uma van pare na
garagem.
— Essa é a mesma van que vimos na casa segura dela, — Demitri
menciona.

Então nossas cabeças se inclinam para o lado enquanto observamos duas


pessoas saírem do veículo. Pego o binóculo e o levo até os olhos, consigo ver
melhor a outra pessoa.

— Mulher. Ou no final da adolescência ou início dos vinte anos, —


murmuro. — Também latina.

Só então, um carro aparece na rua e diminui as luzes. — Porra.

Demitri e eu saímos correndo do SUV, e então corro direto para o carro


enquanto tiro minha arma de trás de mim. Levanto os braços e paro no meio
a estrada, eu miro. Assim que os filhos da puta estão perto o suficiente, disparo
um tiro que quebra o para-brisa.

Homens saem do veículo, espalhando-se como baratas. Meu cano


rastreia o motorista e então puxo o gatilho, deixando-o cair na calçada.

Demitri dispara dois tiros.

— São todos eles? — Eu pergunto.

— Sim, mas o seu ainda está se movendo.

— Exatamente como uma maldita barata. Corte a cabeça e os filhos da


puta continuam em frente, — murmuro enquanto vou até onde o homem está
tentando se arrastar para as sombras. Chegando até ele, disparo mais dois
tiros. — Morra.

Quando me viro, vejo Isabella andando na estrada, com a arma em punho


e pronta ao seu lado. Vê-la é um soco no meu coração enquanto coloco minha
arma em seu lugar atrás das minhas costas.

— O que você está fazendo aqui? — Ela grita, sua voz parecendo tensa pra
caralho.

— Certificando-me de que você está segura, — respondo honestamente.

— Você me rastreou?
Começo a caminhar em direção a ela e só paro quando consigo vê-la
claramente e estou perto o suficiente para tocá-la. Não escapa à minha atenção
que não tenho uma arma apontada para o peito e estou encarando isso como
uma vitória.

Então uma brisa sopra e seu cheiro toma conta de mim, fazendo meu
coração se contrair.

— Se você não quer que eu saiba onde você está, você deveria tirar o anel
de noivado, — eu digo, rezando para que ela não o faça.

Isabella levanta a mão esquerda e olha para o anel. — Deveria saber.

— E não se esqueça do rastreador da motocicleta, — acrescento.

Os olhos de Isabella se fixam nos meus e então nos encaramos.

— Você parece bem, — murmuro.

— Faz apenas uma semana.

— Uma semana a mais.

Isabella balança a cabeça para mim. — Você deveria ir embora.

— Quem é a mulher?

— Não é da sua conta, — ela responde, instantaneamente ficando em


guarda e me dando um olhar de advertência.

Ok, é alguém que significa muito para Isabella.

— Eu não vou embora, — eu digo. — Os homens de Sonia sabem que você


está aqui.

— Eu posso cuidar de mim mesma.

Eu concordo. — Eu sei, mas isso não muda o fato de que não vou embora.

Isabella olha para mim. — Você é irritante.

O canto da minha boca se levanta. — Então me disseram.

Ela se afasta de mim e começa a caminhar de volta para casa.


Por um momento, hesito, mas depois chamo por ela: — Isabella.

Ela para e me lança um olhar irritado. — O que é agora?

Seguindo em frente, faço a pergunta que está corroendo minha alma: —


Eu forcei alguma coisa em você?

Seu olhar se estreita em mim e isso faz meu coração parar, então ela diz:
— Você não estaria vivo se fizesse isso.

Meus olhos se fecham enquanto um alívio intenso se espalha por mim.

— Vá para casa, Alexei. Encontro você lá antes do ataque.

Abrindo os olhos, me concentro em Isabella, e então a honestidade


transborda pelos meus lábios: — Não é casa sem você.

Ela olha para mim por mais um momento e então desaparece atrás da
van.

Ao passar pela casa, olho para a propriedade, mas não há sinal de Isabella
ou da outra mulher.

Quando voltamos para o SUV, pego o binóculo e examino a propriedade.

— É melhor ela sair daí antes que a polícia chegue, — Demitri menciona.

— Ela deve ter mais cinco minutos, — digo, e só então a porta do galpão
se abre e Isabella empurra a motocicleta para fora. Ela demora um pouco para
ligar o motor e então ela sobe.

A van dá partida e eu digo: — Eu me pergunto quem é a outra mulher.


Isabella teve uma reação forte quando eu a mencionei.

— Poderia ser a parceira dela, — Demitri adivinha.

— Explicaria o que aconteceu com as meninas. A mulher provavelmente


as moveu antes de chegarmos à casa segura.

Começo a sorrir porque é bom saber que Isabella não está sozinha lá fora.

— Sente-se melhor? — Demitri pergunta.

— Sim. Eu precisava ouvir isso dela, — admito.


Também significa que ainda tenho uma chance de recuperar Isabella.

****

Tem sido uma semana agonizantemente longa desde que vi Alexei


inesperadamente em Columbia.

“Não é casa sem você.”

Olho para o anel de noivado em meu dedo. Já tentei tirar mas não
consegui. Meu coração não me deixou. Não importa o quanto eu queira odiar
Alexei, não posso porque, no final das contas, eu o amo.

Meus pensamentos estão inundados por Alexei.

Quem é ele?

A cabeça implacável da Bratva? O assassino que mata sem pensar duas


vezes?

Ou o homem que olhou para mim com devoção enquanto adorava meu
corpo?

Ainda estou lutando para alinhar o diabo com o homem por quem me
apaixonei.

Talvez não fosse tudo mentira?

Talvez... apenas talvez, Alexei me ame?

O que você fará então, Isabella?

Eu balanço minha cabeça.


— Vamos dar um passeio na praia, — diz Ana de repente. — O ar fresco
será bom para você.

Assentindo, me levanto e, ao sair de casa com Ana, os pensamentos de


Alexei me seguem.

É hora de Ana e eu irmos para Los Angeles. O carregamento de armas


que Alexei encomendou já deve ter chegado.

Quando chegamos ao trecho de areia, nem olho para as ondas batendo


na praia.

— Precisamos viajar para Los Angeles, — digo.

Ana fica quieta por um momento. — Tem certeza de que podemos confiar
que eles não nos matarão no momento em que chegarmos lá?

Penso por um tempo, e não importa o cenário que passe pela minha
cabeça, o fim é sempre o mesmo. — Alexei não vai nos machucar.

— Ele já machucou você, — ela murmura.

— Não fisicamente. — Olho para Ana. — Estaremos seguras. Não vou


deixar nada acontecer com você.

Um sorriso aparece em seus lábios. — Eu sei.

Por um tempo caminhamos em silêncio até que Ana escolhe um lugar


para se sentar. Eu me sinto confortável ao lado dela e olho ao nosso redor para
ter certeza de que estamos seguros antes de voltar meu olhar para a água azul
clara.

Ana começa a desenhar padrões aleatórios na areia e, mantendo os olhos


baixos dos meus, admite: — Pensei que você fosse um anjo.

Eu franzo a testa, mas ela não percebe.

— Quando você... quando você o tirou de cima de mim, pensei que você
fosse um anjo que veio me levar para o céu.

Arrepios se espalham pela minha pele enquanto meus olhos se fixam no


rosto de Ana..
Esta é a primeira vez que ela conta daquela noite, e estou prendendo a
respiração, esperando que ela continue e se livre do fardo que pesa tanto sobre
ela.

— Eu morava com minha mãe em San Antero. Os homens invadiram e...


atiraram na minha mãe antes mesmo que tivéssemos tempo de processar que
eles estavam na casa. — A voz de Ana diminui para um sussurro. — Foi quando
fui levada.

Sentindo a tristeza de Ana, tenho vontade de abraçá-la, mas fico parada,


não querendo que ela pare de falar.

Ela solta um suspiro. — Parece outra vida… o tempo que passei com
minha mãe.

Incapaz de me conter, coloco a mão nas costas dela. Ana se inclina para
mim e, apoiando a cabeça em meu ombro, olha para o oceano.

— Eu não sabia que esta parte do mundo existia. Eu não sabia que havia
tanto horror por aí.

Movo minha mão para seu braço e lhe dou um aperto.

Então o corpo de Ana estremece e ela solta um soluço. Quando ela se vira
e enterra o rosto em mim, eu a abraço e pressiono a boca em seu cabelo.

— Não consigo... nem consigo pensar nisso, — ela chora.

— Shhh… está tudo bem. — Eu passo a mão para cima e para baixo em
suas costas.

Ana se afasta e seus olhos lacrimejantes encontram os meus. — Eu não


posso perder você, Isabella. Você é tudo que tenho, tudo o que existe entre
mim e os demônios.

Levanto minhas mãos até seu rosto, emoldurando seu rosto, e então olho
profundamente em seu olhar comovente. — Você não vai me perder. Eu
sempre protegerei você.

Ana me abraça e então sussurra: — Eu te amo.


Meus olhos se fecham enquanto suas palavras reconstituem parte do
meu coração novamente. — Eu também te amo.

É a primeira vez que digo essas palavras a uma pessoa, e ninguém é mais
merecedor do que a mulher a quem chamo de irmã.

— Se realmente precisarmos ir para Los Angeles, eu irei. Eu te seguirei


aonde quer que você vá, — ela diz enquanto enxuga o rosto. Então, respirando
fundo, ela admite: — Eu confio em você.

Meus lábios se curvam em um sorriso, e então uma sensação estranha


percorre minha espinha. Olho ao nosso redor em busca da fonte.

Poderia ser Alexei.

Não querendo correr o risco, levanto-me e ajudo Ana a se levantar. —


Hora de voltar. Estamos aqui há muito tempo.

Continuo olhando ao nosso redor enquanto caminhamos rapidamente


em direção à casa.

— Algo errado? — Ana pergunta, seus olhos correndo ao nosso redor.

— Não, só estou tomando cuidado, — respondo. — Não se preocupe. —


Enquanto digo as palavras, movo minha mão direita atrás das costas e meus
dedos envolvem o punho da arma.

Coloco minha mão esquerda nas costas de Ana para poder agarrá-la caso
sejamos atacados de repente.

Meus sentidos estão em alerta máximo até que finalmente empurro Ana
para dentro de casa, fechando a porta de segurança.

— O que está acontecendo? — Ana pergunta.

Eu balanço minha cabeça. — Eu não tenho certeza. Pode ser apenas


Alexei nos observando. — Vou para o porão e mostro as câmeras de segurança
que temos na propriedade.

Ana e eu nos sentamos e esperamos para ver se alguém se aproxima da


casa.
Nem segundos depois, um carro passa lentamente pela frente da casa e
então três homens se aproximam pelos fundos da propriedade.

Ana fica rígida ao meu lado, com a voz assustada enquanto sussurra: —
Isabella.

Eu me levanto, puxando minha arma atrás de mim. — Proteja a porta


atrás de mim.

— Espere! — Ana aponta para a tela.

Meus olhos se voltam para o monitor. Um homem já caiu e vejo outro


cair. O terceiro começa a correr, mas não vai muito longe antes de cair no chão.

Alexei.

Só então, um movimento na parede lateral chama minha atenção e vejo


Alexei pular, correndo para a porta de segurança.

Meu corpo se move e subo as escadas correndo. Bato na porta de


segurança e rapidamente coloco o código para abri-la, e então Alexei preenche
o corredor estreito, fechando a porta.

Seus olhos se fixam nos meus. — Temos que nos mudar. Agora. Demitri
está segurando eles.

— Ana! — Eu grito enquanto me viro para correr de volta para ela. —


Precisamos ir embora. Limpe os sistemas.

Alexei agarra meu braço e então sou puxada para seu peito, seus braços
me envolvendo. Eu o ouço respirar fundo e ele pressiona a boca na minha
têmpora. Segundos preciosos se passam antes que ele me solte.

Sua mão permanece em meu braço enquanto nossos olhos se encontram,


e a visão dele sozinho rasga meu coração, muito menos sentir seu toque.

Então ele me cutuca gentilmente. — Vá, querida.

Eu me afasto dele e, enquanto desço as escadas correndo, Ana olha para


mim, com pânico total no rosto enquanto digita febrilmente para limpar os
computadores.
— Vai ficar tudo bem, — asseguro a ela enquanto pego minha mochila,
colocando-a nos ombros. Eu verifico os pentes do meu Heckler & Koch e
Glock, em seguida, ajusto o cronômetro para um dispositivo que iniciará um
incêndio para incendiar a casa.

— O que posso fazer? — Alexei pergunta de repente, e Ana se assusta


tanto que se esquece do sistema e pula da cadeira.

Levanto a mão para impedir que Alexei se mova e me aproximo de Ana.


Seus olhos disparam para o meu rosto. — Tudo bem. Alexei não vai machucar
você. — Dou um tapinha no meu peito. — Estou aqui.

Ana se afasta da parede em minha direção e, um segundo depois, ela para


ao meu lado, agarrando minha camisa ao meu lado. Seus dedos cravam
firmemente no tecido enquanto ela observa Alexei com apreensão.

Puxando Ana, vou até o sistema e termino o procedimento de


desligamento, depois me viro para Alexei. — Você acabou de assustá-la.

Os olhos de Alexei se movem para Ana. — Prazer em finalmente conhecê-


la, pequena.

Ana apenas balança a cabeça, seus olhos fixos em mim.

— Nós realmente precisamos sair daqui, — Alexei me lembra.

Ativo o cronômetro e ajudo Ana a colocar a mochila. — Fique atrás de


mim, — eu digo, e ela balança a cabeça. — Se alguma coisa acontecer comigo,
corra o mais rápido que puder.

O rosto de Ana empalidece, e então ela encontra meus olhos e balança a


cabeça.

Não tenho tempo para discutir com ela enquanto corremos para seguir
Alexei de volta à porta de segurança. — Está limpo, Demitri?

Não consigo ouvir a resposta de Demitri, mas um segundo depois Alexei


aponta para a porta. — Abra.

Faço o que ele diz e, ao abandonarmos o último esconderijo que tive,


percebo que, mesmo depois de tudo, ainda confio em Alexei.
CAPÍTULO 25

— Claro, — Demitri murmura.

— Por cima do muro, — ordeno às mulheres.

Isabella começa a ajudar Ana a se levantar, mas então eu entro e,


segurando Ana, que não parece ter mais de vinte anos, empurro-a para o topo
da parede.

Isabella está ao lado da garota antes que eu respire novamente. Então,


me levantando, nós três caímos no chão.

— Corra. Mais carros estão se aproximando, — a voz de Demitri vem do


fone de ouvido.

— Corra, — eu brado. — Em direção a esses apartamentos. — Aponto para


onde Demitri assumiu uma posição de atirador.

As mulheres avançam e eu estou bem atrás delas.

Quando estamos perto do prédio, ouço uma bala atingindo o metal atrás
de mim.

— Mais rápido, — Demitri rosna.

Avançando, agarro Ana e, jogando-a por cima do ombro, passo por


Isabella. Ela rapidamente me alcança e fica ao meu lado enquanto corro para
o local onde o SUV está estacionado.

Chegando ao veículo, abro a porta traseira e jogo Ana para dentro. —


Isabella, vá para trás, — grito, e então subo para trás do volante. — Demitri.

— Vá. Eu vou alcançá-lo.


— Porra! — Ligo o motor e acelero, sabendo que Demitri pode seguir o
rastreador que tenho na etiqueta que nunca removo do pescoço.

Enquanto dirijo o SUV no trânsito, abro o rastreador de Demitri no meu


telefone.

Quando vejo que ele ainda está na posição de atirador, ordeno: — Mova-
se, Demitri!

— Cinco segundos.

— Idiota! — Eu rosno e então puxo o freio de mão e puxo o volante,


fazendo meia-volta. — Leve sua bunda para a rua. Estou chegando.

— Você nunca me escuta, porra — ele murmura.

Ao me aproximar do prédio, digo: — Prepare-se, Isabella. Preciso que


você forneça cobertura. Venha atrás de mim.

— Abaixe-se, — ela instrui Ana, e então ela abre a janela traseira e se senta
atrás do meu assento..

— Preparada?

— Sim, — ela respira, e eu olho pelo espelho retrovisor por um momento.


Vendo que ela tem uma arma em cada mão, concentro-me na estrada à frente.

Assim que Demitri pula no chão, puxo o volante para a direita. — Cubra!

Isabella abre fogo enquanto o SUV derrapa para o lado, e então eu me


inclino e abro a porta do passageiro.

Uma bala bate na minha porta enquanto Demitri entra no veículo.


Pressionando o acelerador, o SUV dispara para frente enquanto Isabella
continua atirando atrás de mim.

Quando coloco alguma distância entre nós e os homens de Sonia, Isabella


se recosta no assento e recarrega as armas.

— Oi, Demitri, — Isabella diz. — Sentiu minha falta?

Ele solta uma risada. — Não, mas obrigado pela cobertura.


— Apenas retribuindo o favor.

O canto da minha boca se levanta e então digo: — A pequenina atrás do


seu assento é Ana. Ana, este é Demitri.

— Eu imaginei isso, — diz Ana, não parecendo tão assustada quanto


antes.

— Fique abaixada, — Isabella diz a Ana, então ela agarra meu assento e
se inclina para frente. Seu cheiro chega até mim quando ela pergunta: — Para
onde estamos indo?

— Aeródromo e depois para casa, — respondo.

Continuo olhando para trás para ter certeza de que não teremos
companhia até chegarmos ao campo de aviação. Paro o SUV em uma vaga e
todos nós saímos do veículo.

Ana fica um pouco atrás de Isabella enquanto todos caminhamos para o


jato particular.

Subindo os degraus, me pergunto como Isabella e Ana se conheceram.


Suponho que ela seja uma das garotas que Isabella salvou, mas não consigo
entender por que ela a manteve.

Demitri fecha a porta atrás de nós antes de ir para a cabine.

Isabella e Ana tiram as mochilas e, sentando-se, amarram os cintos.


Sento-me em frente a Isabella e meus olhos pousam nela.

Cristo, é bom tê-la tão perto de mim.

Quando ela olha para cima e me vê olhando, ela me lança um olhar do


tipo “o que é agora?”.

— Ainda me odeia? — Eu pergunto.

Seus olhos se estreitam em mim.

— Você sabe que há uma linha tênue entre o amor e o ódio, — eu a


provoco. Meus olhos se voltam para Ana. — O que você acha, pequena. Isabella
vai me perdoar?
Ana encontra meus olhos pela primeira vez, apenas me dando de ombros.

Vejo que tenho muito trabalho para conquistar a confiança de Ana.

Meu olhar volta para Isabella. — Há uma linha ainda mais tênue entre a
verdade e a mentira.

— Claramente. Você dominou a arte disso, — Isabella murmura.

— Assim como você, — eu digo, e isso faz Isabella olhar para mim.

O que importa agora é que vou levar Isabella para casa.

Uma vitória de cada vez.

Enquanto Demitri nos leva de volta para Los Angeles, eu alterno, olhando
pela janela e olhando para Isabella. Meus olhos continuam encontrando o
caminho de volta para ela.

Após três horas de voo, Ana finalmente parece relaxar e começa a


cochilar. Isabella pressiona a cabeça de Ana em seu ombro e sussurra: —
Durma um pouco. Vou acordar você quando pousarmos.

Observo as duas mulheres interagindo, e ver o quanto Isabella é


protetora e amorosa com Ana, mais uma vez aquece meu coração.

A vida é muito mais fácil quando você tem alguém que pode chamar de
família.

****

O voo para Los Angeles mexeu com minha cabeça.

Quando chegamos à mansão de Alexei, sinto-me esgotada e tensa. Estou


segurando a mão da Ana, mais para mim do que para dar apoio a ela.
Estou usando Ana como escudo para manter Alexei à distância, e isso me
faz sentir uma péssima amiga.

Então me lembro do fato de Alexei ter vindo atrás de nós. Teríamos sido
atacadas e não há como saber se eu teria conseguido nos tirar vivas de casa.

Alexei poderia ter me deixado sozinha, mas não o fez. Isso tem que
significar alguma coisa. Certo?

Então me passa pela cabeça que Alexei cobra uma quantia substancial
por sua proteção, e meus olhos se voltam para ele.

— Quanto eu te devo? — As palavras explodem de mim quando entramos


em casa.

Alexei solta uma risada. — Hmm… eu te aviso.

Eu lanço-lhe um olhar furioso. — Não brinque comigo.

Alexei para de andar e fica bem na minha frente. Seu olhar é intenso
quando seus olhos encontram os meus.

É diferente encontrar seus olhos depois que minha memória voltou,


sabendo do poder que ele detém. É intimidante, fazendo-me sentir estranho
em vez de forte.

Os dedos de Ana apertam os meus e eu lhe dou um aperto tranquilizador.

— Quanto? — Eu exijo. Tenho vinte milhões que roubei da minha mãe


nos últimos dois anos. Pagarei tudo se isso significar que não estou em dívida
com Alexei.

Ele inclina a cabeça. — Quero tempo como forma de pagamento.

Uma carranca se forma na minha testa. — Quanto tempo?

O canto de sua boca se levanta em um sorriso quente. — Uma hora


sozinho com você.

Ana aperta minha mão com mais força e isso me faz perguntar: — Só para
conversar?
— Claro, — Alexei murmura, e então há um súbito lampejo de raiva em
seus olhos. — Estou ofendido por você ter que perguntar.

Arrependimento instantâneo percorre meu coração porque sei que


Alexei não exigirá nada íntimo. Me levar à força não será excitante para ele.

Para Alexei, tudo se resume à minha submissão voluntária e ao poder que


ele ganha com isso.

— Eu não queria ofender você, — eu digo, então concordo: — Uma hora.

— Agora, — ele exige, e então sobe as escadas. — Acomode Ana em um


dos quartos de hóspedes.

Eu puxo Ana até o segundo andar e vejo Alexei entrar em sua suíte
enquanto eu vou para o quarto de hóspedes ao lado dele.

Quando fecho a porta atrás de nós, viro-me para Ana. — Estaremos


seguras aqui.

Ana assente enquanto olha ao redor da sala.

— Vá tomar um banho enquanto falo com Alexei.

Seus olhos se voltam para os meus. — Você vai ficar bem?

Eu concordo. — É melhor acabar com a conversa o mais rápido possível.


— Abro a porta e digo: — Tente relaxar.

Ana acena com a cabeça enquanto coloca a mochila no chão.

Fecho a porta atrás de mim e caminho até a suíte de Alexei. Quando


entro, Alexei está na varanda, de costas para mim.

Meu olhar percorre o quarto e percebo que tudo que usei enquanto morei
aqui está exatamente onde deixei.

Alexei se vira para mim e então um sorriso triste aparece em sua boca. —
Você se sente violada?

A pergunta me pega desprevenida e franzo a testa para Alexei.


Balançando a cabeça, admito: — Humilhada. Irritada como o inferno. Ferida.
— Eu me aproximo. — A lista continua, mas não, não violada.
Alexei parece aliviado, respirando fundo e expirando lentamente. Então
ele acerta o cronômetro do relógio. — Uma hora, começando agora.

Concordo com a cabeça e, levantando o queixo, me preparo.

Alexei não diz nada, apenas me encara. Quando os minutos começam a


passar, pergunto: — Você queria conversar?

— Eu vou chegar lá. Mas, primeiro, só quero olhar para você.

Balançando levemente a cabeça, sento-me ao lado da cama e depois olho


para Alexei.

Eu observo o homem que virou meu mundo de cabeça para baixo e ao


mesmo tempo me faz sentir segura. É algo para se acostumar.

Estou dividida entre como me senti durante os dois meses que fiquei aqui
e não saber em que acreditar.
CAPÍTULO 26

Quanto mais tempo meus olhos ficam no rosto de Alexei, mais a


crueldade desaparece até que tudo que vejo é o homem por quem me
apaixonei.

Procuro a raiva dentro de mim, mas não consigo encontrá-la. Tudo o que
resta é a dor.

De repente, Alexei assente e, como se tivesse acabado de ler minha


mente, murmura: — Nunca tive a intenção de machucar você.

— Mas você fez isso, — eu digo, me levantando. — Você poderia ter me


contado a verdade desde o início.

— Eu não queria que você fosse embora, — ele admite.

Franzindo a testa, pergunto: — Por quê? Eu não consigo entender isso. O


que você quer de mim, Alexei?

— Tudo, — ele responde. A possessividade presente na palavra provoca


arrepios na minha pele.

Deus, ele ainda tem o poder de obscurecer meu melhor julgamento. A


presença dele torna difícil me concentrar no fato de que eu deveria estar
cuspindo raiva dele.

Alexei começa a se mover em minha direção. — Eu quero você e tudo o


que você tem a oferecer. — Ele para na minha frente e, levantando as mãos,
enquadra meu rosto. Seus olhos encontraram os meus quando ele disse: — Eu
só quero você, Isabella.
Procuro a verdade em seus olhos, mas a dúvida torna impossível lê-los.
Algo está me impedindo e não consigo descobrir o que é.

Afasto suas mãos do meu rosto e, contornando-o, saio para a varanda.


De costas para Alexei, digo: — Não tenho ideia do que é verdade e do que é
mentira quando se trata de você.

Sinto Alexei quando ele fica atrás de mim e meus olhos se fecham.

Posso estar com raiva e magoada, mas no final das contas, Alexei ainda
tem o poder porque não consigo parar de amá-lo.

Apenas alguns minutos a sós com ele e até a dor no coração começa a
diminuir.

Balanço a cabeça, me perguntando se tenho alguma chance contra ele.


Ou ele já tomou posse de mim e eu só preciso aceitar isso?

Alexei coloca as mãos em meus ombros e, em seguida, sua respiração


sopra sobre minha pele antes de dar um beijo na lateral do meu pescoço. —
Quando eu trouxe você para o hospital, eu só queria tempo para que você
estivesse aberto a uma aliança entre nós.

Eu me viro, ficando cara a cara com ele. Estou tão cansada de fingir que
não penso em usar máscara. Olhando para Alexei, não penso em esconder o
que sinto. — Se você só queria uma aliança, por que me fez apaixonar por você?

A emoção toma conta de seu rosto e então suas feições se tornam


predatórias. — Você se apaixonou?

— Isso não é o que importa, — argumento. — Por que você fez isso? Por
que me humilhar no processo?

Alexei balança a cabeça. — Eu não fiz isso para humilhar você. — Ele
parece sincero ao dizer: — Fiz isso porque amo você.

Meus olhos procuram os dele e então pergunto: — Quem é você, Alexei?


Não consigo juntar as duas versões de você. Tudo o que sei sobre você é como
você é calculista e implacável. Você é o diabo, a única pessoa que minha mãe
teme. — Eu balanço minha cabeça. — Mas durante os dois meses que fiquei
aqui, você foi carinhoso e muito atencioso... — Balanço a cabeça novamente.

Levantando as mãos, ele as coloca nas laterais do meu pescoço e então se


aproxima até que sua colônia seja tudo que respiro. — Eu sou ambos homens,
Isabella. Eu não mostro a todos o pessoa que sou quando estou em casa. Isso
seria estúpido e suicida.

— Deus, é difícil pensar que Alexei Koslov é brincalhão e atencioso, —


murmuro.

Ele solta uma risada. — Estou cheio de surpresas.

— Você pode dizer isso de novo.

Sua expressão se torna terna e faz uma onda de emoção tomar conta de
mim. — Se eu não perdesse minha memória, ainda estaria aqui agora?

Alexei assente. — Definitivamente. Eu teria encontrado uma maneira


diferente de convencê-la a formar uma aliança comigo. — Ele solta outra
risada. — Além disso, depois do encontro quente que tivemos no clube, eu
sabia que a atração estava lá. Eu só tive que desenvolver isso.

O sangue desaparece do meu rosto quando a compreensão atinge meu


coração.

Oh. Meu. Deus.

Esqueci da nossa atração inicial.

A preocupação surge no rosto de Alexei. — Isabella?

Meu batimento cardíaco acelera. — Você está atraído por mim.

Alexei assente. — Achei que tivesse deixado isso claro?

— Você realmente me ama?

Um sorriso curva seus lábios e seus olhos suavizam. — Mais do que tudo.

Puta merda, como eu poderia esquecer?


Significa que nem tudo foi uma atuação como eu pensava. A atração
inicial estava presente desde o primeiro momento em que nos olhamos.

Baixando o olhar, diminuo a distância entre nós e pressiono minha testa


em seu peito.

Ele realmente me ama?

Alexei Koslov realmente me ama.

Respiro fundo, a compreensão me oprimindo e me deixando


emocionada.

— Me desculpe por ter mentido para você, — ele murmura enquanto


envolve seus braços em volta de mim e dá um beijo em meu cabelo. — Mas eu
faria isso de novo se isso significasse que terei você no final.

Acho que é isso que tenho lutado para aceitar – que Alexei Koslov caiu –
por mim. O amor é raro em nosso mundo, e homens como Alexei... eles não
amam nada além de poder.

— Estou processando, — sussurro enquanto respiro fundo, — o fato de


que você realmente me ama.

Ele se afasta um pouco e se inclina para pegar meus olhos. — Por quê?

— Porque deveríamos ser inimigos jurados.

Alexei começa a rir. — Isso foi até eu ver você arriscar sua vida para salvar
os inocentes.

— Por que isso causou tanta impressão em você? — Eu pergunto.

Uma sombra passa pelo rosto de Alexei. — Essa é uma história para outro
dia.

— Você está assumindo que haverá outro dia? — Eu o provoco.

— Com certeza, estou. — Passando um braço em volta da minha cintura,


ele me puxa contra seu peito e então me lança o olhar possessivo que tanto
amo. — Terminamos de lutar, Isabella?

— Por agora.
— O que você quer dizer com agora? — Ele pergunta.

— Até que você faça algo que me deixe com raiva ou vice-versa.

Um sorriso quente aparece em sua boca. — Sempre podemos encerrar


nossas brigas com sexo. É uma ótima maneira de desabafar.

Quando ele começa a se inclinar, eu arqueio para trás para provocá-lo. —


Oh, é assim?

A mão de Alexei aperta meu cabelo para me manter no lugar, e então ele
pressiona sua boca na minha assim que seu relógio começa a apitar, indicando
que a hora acabou.

****

Isabella ri enquanto silencio o cronômetro que ajustei no relógio e então


diz: — Uma hora. Valeu a pena o valor que você cobraria em circunstâncias
normais?

Eu pressiono um beijo em sua boca. — Sim. — Meus dentes puxam seu


lábio inferior e sinto um gemido de alívio crescer em minha alma. —
Definitivamente.

Ela está de volta. Não perdi o amor da minha vida.

Obrigado porra.

Enquanto minha língua entra em sua boca, e eu a saboreio novamente,


sei que pagaria muito mais do que os dez milhões que teria cobrado apenas
pela chance de beijá-la assim.
Antes que eu possa prosseguir, Isabella interrompe o beijo e se inclina
para trás. — Eu tenho que voltar para Ana.

Oh. Certo.

Relutantemente, eu a solto e pergunto: — Ana é uma das garotas que você


salvou?

Isabella assente.

— Por que você a manteve?

Um olhar protetor se instala em seu rosto. — Ela não tinha para onde ir
e... Ela precisava de mim.

Olhando nos olhos de Isabella, eu digo: — Você a ama muito.

— Ana é minha família, — admite Isabella. — Eu confio nela.

Um sorriso curva meus lábios. — Ela é para você o que Demitri é para
mim.

Assentindo, ela diz: — Sim. — Ela hesita por um momento. — Ana já


passou por muita coisa. Ela é... sensível. Arrependimento brilha nos olhos de
Isabella. — Cheguei tarde demais.

Olho para Isabella enquanto percebo o que ela está tentando me dizer.
Balançando a cabeça, eu digo: — Vou dizer a todos para terem cuidado perto
de Ana.

— Obrigada. — Isabella engole em seco antes de acrescentar: — Ela vai


demorar um pouco para se acostumar com todo mundo. Demorou um ano até
que ela se sentisse confortável comigo. Ela provavelmente vai se manter
reservada.

Sabendo o quanto Ana significa para Isabella, pergunto: — O que ela


gosta de fazer?

— Segurança. Ela cuidou das câmeras e do sistema para mim.


Prendendo meu lábio inferior entre os dentes, tento bolar um plano. —
Essa é a área de Demitri. Ana provavelmente vai pirar se eu colocá-la na sala
de segurança com Demirti e Nikhil.

Isabella assente. — Talvez numa fase posterior. — Segurando minha mão,


ela me lança um olhar sincero. — Obrigada por querer fazê-la se sentir em
casa. Acho que ela deveria fazer uma pausa e ser apenas uma garota normal
de dezenove anos.

Minha sobrancelha se levanta. — Ariana será perfeita para ajudá-la com


isso. Ana ficará bem com ela?

Um sorriso surge na boca de Isabella. — Vou perguntar a Ana. — Então


ela dá um beijo em meus lábios.

Quando ela começa a caminhar até a porta, pergunto: — Por que você
não tirou o anel de noivado?

Ela olha por cima do ombro e sorri para mim. — De que outra forma você
me encontraria?

— Você queria que eu assistisse você?

— Eu usei você pela proteção que você forneceu, — ela brinca enquanto
abre a porta.

— Você vai dormir aqui esta noite, — eu digo, meu tom afirmando
claramente que não é negociável.

Ainda assim, Isabella me desafia enquanto murmura: — Veremos.

Eu a sigo para fora do quarto e sorrio quando ela olha para mim antes de
abrir a porta do quarto de hóspedes. Descendo as escadas, vou para a sala de
segurança.

Quando entro, Demitri volta sua atenção para mim. — Sem olho roxo?

— E até ganhei um beijo, — brinco.

Ele solta uma risada, balançando a cabeça para mim. — Sorte da puta.
— Sobre Ana. Diga a todos para não se aproximarem dela. Ela é uma
sobrevivente e ainda está lidando com as coisas.

Demitri assente. — Eu cuidarei disso.

— Vamos deixar Ariana se relacionar com ela primeiro e depois partir


daí.

— Ok.

Só então meu telefone começa a tocar e, tirando-o do bolso, vejo que é


Lucian. — Dê-me boas notícias, — respondo.

— Sua remessa está pronta.

— Obrigado, — eu digo, sorrindo de orelha a orelha. — Hoje é um bom


dia.

— Quando você chegará? — Lucian pergunta.

Eu penso por um momento. — Três dias.

— Vejo você então.

Terminando a ligação, encontro os olhos de Demitri. — Você disse a


Ariana que ela vai ficar com Cilian?

— Eu cuidarei disso esta noite.

Eu concordo. — Vou mandar uma mensagem para lembrar Carson de


fazer o mesmo com Hailey, caso ele ainda não tenha feito isso. Vou deixar MJ
na ilha para ajudar Cillian a proteger as mulheres.

Alívio brilha nos olhos de Demitri. — Essa é uma boa ideia.

Quando saio da sala de segurança, Ariana vem em minha direção. — Está


quase na hora do jantar.

— Porra, esqueci da comida, — digo, e então olho para o segundo andar.


— Deixe-me verificar com Isabella, mas tenho a sensação de que eles comerão
no quarto.

— Ok.
Encontrando os olhos de Ariana, eu digo: — Preciso de um favor seu. Ana
passou por muita merda e é sensível. Você tentará formar um vínculo com ela?

A compaixão toma conta do rosto de Ariana. — Definitivamente.

— Obrigado. — Vou até o quarto de hóspedes e bato suavemente na porta.


Fico surpreso quando Ana abre a porta alguns centímetros e me espia.

— Onde está Isabella? — Eu pergunto.

Ana se afasta um pouco atrás da porta, parecendo nervosa pra caralho.


— Ela está tomando banho.

— Você quer comer na sala de jantar ou devo trazer sua comida aqui? —
Pergunto, dando a Ana uma escolha.

— Ah... — Ela olha para o banheiro e depois para mim.

O medo e a dor em seus olhos são um soco em meu estômago, e eu me


agacho, então tenho que olhar para ela, esperando que isso lhe dê uma falsa
sensação de força.

— Você é importante para Isabella, então eu realmente quero que nos


demos bem.

Ana apenas me encara como se estivesse esperando o outro sapato cair.

Respirando fundo, digo: — Quando faço uma promessa, eu a mantenho,


por isso não a faço com frequência. Mas, Ana, prometo que você está segura
comigo. Não tocarei em você a menos que seja para salvar sua vida.
Respeitarei seus limites. Eu amo Isabella e pretendo me casar com ela, o que
significa que nós dois nos tornaremos uma família. Eu sempre protejo minha
família.

— Você realmente a ama? — Ana faz a pergunta que eu menos esperava.

— Com tudo o que sou.

Ana assente e engole em seco. — Você pode trazer a comida aqui? —


Concordo com a cabeça e me endireito, então ela acrescenta: — E talvez você
possa comer conosco?
Um sorriso se espalha pelo meu rosto. — Eu gostaria disso, pequena.

Quando olho por cima da cabeça de Ana, meus olhos se conectam com os
de Isabella. Suas feições estão tensas de emoção ao observar Ana e eu, e então
ela murmura: 'Obrigada.'

— Eu volto já.
CAPÍTULO 27

Quando passei por cima de Alexei conversando com Ana, isso selou o
acordo para mim. Ele não precisava fazer isso, mas ainda assim tentou deixá-
la à vontade.

— Então? — Ana pergunta. — Como você está se sentindo?

— Sobre Alexei? — Pergunto enquanto me sento ao lado dela na cama


depois de me vestir.

— Sim. Parece que ele realmente quis dizer o que disse.

— Sim, — murmuro, ainda tentando aceitar o fato de que ele realmente


me ama.

— Ele disse que vai se casar com você. — O olhar de Ana procura o meu.

— Eu concordei em fazer uma aliança com ele. A única saída é a morte.


— Ana franze a testa, obviamente não gostando do som disso, e isso me faz
dizer: — Além da aliança, eu o amo, ou pelo menos a parte dele que conheci.
— Deixei escapar um suspiro. — É estranho. É como se o Alexei de quem ouvi
histórias de terror no meu passado e este Alexei são dois homens diferentes.
Tenho que me acostumar com os dois lados dele.

Ana pensa por um momento e depois diz: — Ele parece legal.

Soltei uma risada. — Legal não é a palavra que eu usaria para descrever
Alexei.

— Bem, ele foi legal comigo.

Levanto uma sobrancelha para Ana. — Você está se gabando agora?


Ela dá de ombros e então alguém bate na porta. — Você tem certeza de
deixá-lo comer conosco? — Pergunto enquanto saio da cama.

— Você vai se casar com ele? — Ana pergunta.

Eu olho para ela por um momento. — Sim.

— Então eu tenho que me acostumar com ele também.

— Obrigada. Eu sei que não é fácil, — digo enquanto ando até a porta.
Abrindo-o, Alexei entra com um prato de comida, e então Ariana aparece na
porta com mais dois pratos.

Ela me dá um sorriso de desculpas. — Ei, venho trazendo uma oferta de


paz.

Retribuo o sorriso dela, sabendo que as pessoas não têm escolha a não
ser concordar com as coisas quando Alexei decide fazer alguma coisa. — Tudo
bem.

Observo Ariana entrar no quarto e então ela sorri para Ana, que está
parada perto da cama. — Oi Ana. Eu sou Ariana, a melhor metade de Demitri.

Alexei solta uma risada.

— Oi. — Ana retribui a saudação, com o rosto tenso.

Alexei estende o prato de comida para ela, e ela o pega enquanto fica de
olho em Ariana em vez de em Alexei.

Ariana entrega os outros pratos para Alexei. — Deixe-me ir alimentar


meu homem. Aproveite o jantar.

Assim que ela sai do quarto, fecho a porta e, quando me viro, Alexei está
sentado no chão, recostado na cama.

— Uau, isso é um espetáculo para ser visto, — eu o provoco enquanto me


sento ao lado dele.

Ele me entrega um prato. — Só quero manter as coisas casuais.

Ana senta-se à minha direita e, cruzando as pernas, olha para o frango


assado e os legumes, fazendo silenciosamente uma oração de agradecimento.
Só quando ela olha para cima novamente é que Alexei pega o garfo.

Comemos em silêncio por um tempo antes de Alexei perguntar: —


Quantos anos você tem, pequena Ana?

— Dezenove.

Ele balança a cabeça enquanto empurra o brócolis do prato para o lado


antes de espetar uma cenoura.

Trazendo minha comida para mais perto da dele, coloco os brócolis no


meu prato e dou a ele o resto das minhas cenouras, e então me inclino
novamente e continuo a comer.

Ana solta uma risada e meus olhos se voltam para ela, mas ela está
olhando para Alexei. Quando viro meu olhar para ele, ele está olhando para
mim.

— O que? — Eu pergunto.

— Isso foi uma coisa muito divertida de se fazer, — diz ele, parecendo um
pouco surpreso.

— Então?

— Oh, você está admitindo que somos um casal? — Ele pergunta, um


sorriso brincalhão se formando em seu rosto.

— Estamos noivos, — afirmo o óbvio.

Alexei assente, seu sorriso crescendo. — É bom saber que você está ciente
desse fato.

Eu levanto minha mão esquerda. — Nunca tirei o anel. Ah, e por falar
nisso, é melhor que sua aliança de casamento tenha um rastreador.

— Já tenho um rastreador, — diz Alexei, usando a parte de trás do garfo


para apontar para a etiqueta pendurada em uma corrente em seu pescoço.
Então ele lança um olhar penetrante para Ana. — Vou pedir ao Demitri para
fazer um para a nossa Ana.

Nossa Ana.
O calor se espalha pelo meu coração porque Alexei está fazendo um
esforço tão grande com ela.

— Você rastreia todo mundo? — Eu pergunto.

— Só aqueles que eu chamo de família.

Minha comida está esquecida no meu colo enquanto olho para Alexei. —
Você já me considera da família?

Ele encontra meus olhos. — Desde o momento em que coloquei aquele


anel no seu dedo.

Um sentimento que nunca senti antes invade meu coração. Ter alguém
mais forte do que eu se importando o suficiente para me chamar de família me
faz sentir protegida de uma forma que nunca estive.

Sempre tive que ser o forte, cuidando de mim, evitando os depravados.


Sempre tive que lutar por mim mesmo.

Mas agora que tenho Alexei, parece que posso reservar um momento
para ser uma mulher e não apenas uma lutadora.

Balançando a cabeça, engulo em seco e depois me concentro na comida.

Alexei encosta o ombro no meu. — Eu disse algo errado?

Eu balanço minha cabeça. — É bom saber que há alguém mais forte do


que eu em quem posso confiar.

Alexei se inclina e dá um beijo na minha têmpora.

Sim, chega de ser a Princesa do Terror. Dê-me um homem para amar e


serei igual a qualquer outra mulher.

Então, novamente, eu mataria pelo meu.

****
Já passa de uma da manhã e ainda estou torcendo para que Isabella
venha até mim.

Afastando-me da janela, vou até a cama e, assim que jogo as cobertas


para trás, a porta se abre e Isabella entra.

— Você ainda está acordado? — Ela pergunta.

— Alguém me deixou esperando, — digo, feliz por ela ter vindo.

— Esperei Ana adormecer, — explica Isabella enquanto caminha até o


meio da sala. Olhando para o closet, ela diz: — Você não moveu nenhuma das
minhas coisas.

— Claro que não.

Ela se vira para mim e então sorri. — Sempre tão seguro de si.

— Obrigado, — as palavras saem de mim. — Obrigado por voltar.

Seus olhos se fixam nos meus. — Tomei a decisão certa?

Concordo com a cabeça enquanto começo a caminhar lentamente em


direção a ela. — Você fez. — Quando chego até ela, levanto a mão e afasto uma
mecha de cabelo de sua têmpora. — Quando sua memória voltou?

— Pouco antes da festa, quando o helicóptero de Lucian pousou no local.

Eu pensei assim.

Respiro fundo e solto o ar lentamente. — O que você queria provar


naquela noite?

Uma leve carranca se forma em sua testa. — Quando fizemos sexo? —


Concordo com a cabeça e ela responde: — Eu queria controle.
— Hmm... — Eu me aproximo e dou um beijo em sua testa. — Sou um
pouco maníaco por controle.

— Eu notei, — ela murmura com uma risada leve. Seu olhar percorre meu
rosto e posso ver que ela está pensando se deveria me perguntar algo ou não.
— Sonia Terrero é minha mãe. Como você pode ignorar isso?

— Eu nunca julgo uma criança pelos pecados do pai ou, no seu caso, da
mãe.

Levo a mão ao seu rosto e passo os nós dos dedos por sua bochecha e
pescoço, saboreando a sensação de sua pele sedosa.

— Por que você não seguiu os passos da Sonia? — Pergunto, querendo


saber por que Isabella se voltou contra a mãe.

— Vendo o horror depravado… — Ela balança a cabeça, os fantasmas de


seu passado sombreando seus olhos, — alguém tinha que tentar acabar com
isso.

Outra razão pela qual quero Sonia morta. Ela tentou repetidamente
matar a mulher que amo, e só Deus sabe o que Isabella viu crescer no cartel.

Minha deusa com uma vontade de aço forjada nas entranhas do


inferno.

Meus olhos acariciam seu rosto. — Tão corajosa.

— Isso é realmente quem você é? — Isabella pergunta.

Eu concordo. — A menos que eu perca a paciência.

— Isso acontece com frequência?

O canto da minha boca se levanta. — Não.

Isabella coloca as mãos ao meu lado e depois olha para mim. — Quais são
os gatilhos para você, para que eu saiba que devo evitá-los?

— Só tenho dois gatilhos, — admito. — Se alguém for atrás de um dos


meus entes queridos e de pessoas que atacam inocentes.

Isabella assente. — Nós somos iguais.


Eu me inclino. — É por isso que pertencemos um ao outro. —
Pressionando minha boca na de Isabella, minha língua penetra seu calor.
Envolvo um braço em volta de sua cintura e a puxo com força contra mim
enquanto aprofundo o beijo.

Eu tomo meu tempo recuperando sua boca até que seus lábios estejam
inchados, e me afastando, nossas respirações se misturam enquanto nossos
olhos se encontram.

— Depois do ataque, nos casaremos.

Isabella levanta os braços, envolvendo-os em volta do meu pescoço. —


Ok. — Ela dá um beijo na minha garganta e depois no meu queixo. — Eu quero
sentir você profundamente dentro de mim.

Eu a levanto contra meu corpo e a levo para a cama. Empurrando-a de


volta no colchão, eu digo: — O que minha mulher quer, minha mulher
consegue.

Ela solta uma risada pecaminosa. — Hmm… adoro o som disso.

Segurando sua cintura, começo a despi-la antes de tirar minha calça de


moletom.

Abro bem as pernas de Isabella e, rastejando sobre ela, abaixo minha


cabeça e chupo um de seus mamilos com força. Eu seguro meu pau e começo
a esfregá-lo em seu clitóris, cobrindo-me com sua umidade.

Ao me posicionar em sua entrada, levanto minha cabeça e encontro seus


olhos. — Eu só quero sentir você nua, e então colocarei proteção.

Isabella balança a cabeça e, enquanto empurro dentro dela, envolvo


meus braços em volta dela e seguro seu corpo contra o meu. Eu ainda estou
dentro e bebo o momento de não ter absolutamente nada entre nós.

Cristo. Ela é minha.

Quando começo a sair, as mãos de Isabella agarram minha bunda e então


ela balança a cabeça. — Eu não quero nada entre nós.

— Você pode engravidar, — afirmo o óbvio.


— Você tem algum problema comigo tendo seus filhos? — Ela me atreve.

Balanço a cabeça rapidamente, e a imagem de Isabella grávida do meu


filho quase me faz perder o controle. — Claro que não.

— Então me foda, Alexei.

Minha boca bate na dela e começo a me mover, meu ritmo


instantaneamente implacável e forte. As mãos de Isabella percorrem minhas
costas, suas unhas deixando rastros, antes de se mover. até minha bunda. Seus
dedos cavam minha pele enquanto ela abre mais as pernas, me dando acesso
completo ao seu corpo.

Saber que ela está se submetendo a mim me deixa em frenesi, e eu marco


sua boca enquanto bato com mais força nela.

Ela choraminga em minha boca, e isso me faz enquadrar seu rosto, meu
corpo pressionando o dela na cama. Suas unhas cavam mais fundo enquanto
ela choraminga novamente, e isso só me faz aumentar meu ritmo até o suor
escorrer pela minha nuca.

Sinto-a apertar firmemente à volta do meu pau, e só então empurro uma


mão para baixo entre nós, esfregando o seu clitóris sensível.

Isabella chora em minha boca e engulo o som enquanto a forço ao limite.


Quando tenho certeza de que ela não aguenta mais, meu toque fica terno e,
um momento depois, seu corpo começa a convulsionar. Ela começa a soluçar
contra meus lábios devido ao intenso orgasmo que a atravessa.

Puxando minha mão entre nós, eu diminuo meu ritmo, e fixando os olhos
em Isabella, eu a preencho profundamente.

— Eu te amo, — respiro enquanto me perco em cada estocada. — Tão


fodidamente. — Meu corpo continua se movendo enquanto minha mente é
consumida por essa mulher que lançou um feitiço sobre mim.

Isabella move as mãos para as minhas costas e então me abraça com


força, enquanto a devoção brilha em seus olhos.

— Eu te amo, Alexei.
As palavras que eu estava morrendo de vontade de ouvir passam por
mim, e então meu orgasmo me atinge, me levando mais alto do que nunca.

Os olhos de Isabella estão colados aos meus enquanto estou mais


vulnerável, e quando o prazer desaparece, ainda dentro dela.

— Diga de novo, — exijo sem fôlego.

Isabella sabe o que quero porque, sem hesitar, murmura: — Eu te amo.

Desde que minha mãe morreu, nunca ouvi essas palavras de uma mulher.
A emoção enche meu peito e, saindo de Isabella, desço um pouco e descanso
minha cabeça em seus seios.

Suas mãos encontram meu cabelo, ela passa os dedos pelas mechas e
pergunta: — O que você está pensando?

Respiro fundo. — Quero compartilhar algo com você.

— Ok.

Afasto-me de Isabella e viramos de lado, um de frente para o outro.


Seguro sua mão e pressiono-a sobre meu coração.

— Eu só contei para Demitri.

Ela acena para mim. — Vou levar isso para o meu túmulo.

Engolindo em seco, olho em seus olhos enquanto admito meu segredo


mais sombrio: — Minha mãe era uma escrava sexual.

Os olhos de Isabella se arregalam e seus lábios se abrem.

— Quando ela tentou fugir, meu pai atirou nela. Eu fui a última coisa que
ela viu.

Isabella leva a outra mão ao meu queixo, seus olhos refletindo a dor que
está enraizada em minha alma.

— Essa é uma das razões pelas quais tenho que matar Sonia.

Ela assente. — Eu entendo.

Virando meu rosto, dou um beijo em sua palma.


— É por isso que você me perguntou se eu me sentia violada? — Isabella
pergunta.

Concordo com a cabeça enquanto me viro de costas, puxando Isabella


para o meu lado. — Você ainda está com raiva porque eu menti para você?

Quando ela demora muito para responder, olho para ela. Ela vira a
cabeça, apoiando o queixo no meu peito. — Fiquei magoada, mas conversamos
sobre isso.

— Tem certeza? Porque você parecia muito chateada quando me deu um


soco antes de sair.

Ela solta uma risada. — Você me deixou tomar aquele ponche. — Então
ela inclina a cabeça. — Não é um fato conhecido que você pode lutar. Por que
você esconde isso?

— É para que meus inimigos me subestimem. É sempre bom pegar os


filhos da puta desprevenidos.

Eu concordo. — Você é um enigma, — ela diz enquanto coloca o rosto no


meu peito. — Todos os dias aprendo algo novo.

— Gosto de manter as coisas interessantes, — rio.


CAPÍTULO 28

Depois de parar na Itália, voamos para a ilha de Damien e Winter.

Saindo do avião, olho ao redor e estendo a mão para Isabella. Seus dedos
se entrelaçam com os meus e eu a puxo para o meu lado.

Olhando para Ana, digo: — Lindo, não é?

Ana acena com a cabeça enquanto observa a ilha, parcialmente coberta


por uma floresta.

Quando Demitri e Ariana se juntam a nós com as outras mulheres, eu


digo: — Você pode levar as mulheres para dentro?

Ele concorda. — Claro.

Observo enquanto as mulheres de Carson e Lucian seguem Demitri até a


casa, e rezo para poder devolver seus homens a elas.

Viro-me para Ana. — Você ficará bem aqui?

Ela respira fundo antes de responder: — Sim. — Então ela olha para a
casa e seu queixo começa a tremer.

Ana ainda é uma criança em muitos aspectos, e isso me faz sentir protetor
com ela. Solto a mão de Isabella e me agacho na frente de Ana. — Ei, sem
lágrimas, pequenina.

Ela tenta controlar suas emoções, mas não consegue, e uma lágrima
escorre por seu rosto. — Traga Isabella em segurança de volta para mim.

— Vou garantir que ela volte para você, — digo.


Então Ana acrescenta: — E você.

Nossos olhares se cruzam e eu inclino a cabeça enquanto Ana invade meu


coração. Desta vez eu apenas aceno com a cabeça.

— Promete, — ela exige, suas lágrimas silenciosas caindo mais rápido.

— Eu prometo. — Farei o meu melhor, pequena Ana.

Ela enxuga as lágrimas do rosto e levanta o queixo. — Eu ficarei bem aqui.

Só então, Cillian e MJ caminham em nossa direção e eu me levanto,


virando-me para Isabella. — Vocês dois vão em frente.

Isabella coloca a mão no meu peito, bem em cima do meu coração, e dá


um beijo na minha boca, e então ela vai embora com Ana.

Quando Cillian e MJ me alcançam, Cillian acena para mim. — Alexei.

Olho entre as duas pessoas que protegerão as mulheres. — Ana é sensível.


Ela precisará de seu próprio espaço. — Eles acenam com a cabeça e acrescento:
— Deixe MJ cuidar dela.

— Ok, — Cillian concorda.

Respiro fundo e ordeno: — Abatam qualquer aeronave ou embarcação


não autorizada. Ninguém põe os pés nesta ilha.

— Claro, — responde Cillian.

Respiro fundo novamente. Cristo. — Se não conseguirmos voltar, fiz


acordos com Demitri e o tio de Damien. Ele entrará em contato.

As feições de Cillian se contraem porque isso inclui a perda de Winter,


que é como uma filha para ele.

Dando um tapinha no ombro dele, eu digo: — Farei o meu melhor para


trazer todos de volta inteiros.

Cillian assente e gesticula para o grupo de homens que conseguiu reunir


para mim. — Eu mesmo os treinei.
— E eles são confiáveis para fazer o trabalho? — Meus olhos param em
cada homem, sabendo que a maioria deles não conseguirá sair viva.

— Sim. Eles sabem que suas famílias serão bem recompensadas, —


responde Cillian.

— Bom.

Volto minha atenção para MJ, a zeladora que Carson ficou para proteger
Hailey. — Eu sei que Hailey é sua prioridade, mas preciso que você proteja
Ana.

MJ assente. — Vou proteger as duas com minha vida.

Mantenho o olhar de MJ por um momento. — O pagamento será feito


não importa o que aconteça comigo.

MJ acena novamente.

Colocando minha mão no ombro de Cillian, eu digo: — Diga aos homens


para embarcarem no avião. Enviarei Winter para você.

Vou até a casa e, quando entro, Damien está me esperando. —


Preparado?

— Eu só preciso de um momento.

Ele acena com a cabeça e aponta para a sala, onde todos estão reunidos.
Quando entro, coloco a mão nas costas de Winter e me inclino para ela. —
Cillian está esperando por você lá fora.

Quando ela sai, viro-me para as mulheres e faço contato visual com cada
uma delas, e então paro em Ana. — Venha comigo.

Vou até a sala de jantar e me viro para Ana.

Ela instantaneamente começa a balançar a cabeça. — Você já prometeu.

Aproximo-me dela e me seguro antes de colocar a mão em seu ombro.


Agachando-me, olho para ela. — Caso eu não consiga cumprir minha
promessa, fiz arranjos para você com Ariana. Existem fundos para que você
possa estudar ou começar algo próprio. Até os vinte e cinco anos, Ariana irá
ajudá-lo com o fundo fiduciário que será criado.

— Não diga isso, — Ana retruca, seu rosto a um segundo de desmoronar.

Respiro fundo e, encontrando seus olhos brilhantes, digo: — Sinto muito


pelo que aconteceu com você. Não somos todos monstros.

— Então volte e prove você mesmo, — exige Ana.

Concordo com a cabeça, rezando para ter a chance.

Levantando-me, solto um suspiro pesado e depois volto para a sala e


abraço Ariana. — Cuide de Ana.

Ela acena contra meu peito.

Dou um beijo na testa de Ariana, depois me afasto e saio de casa.

****

Vestido com couro vermelho, sinto-me estranhamente calma. Hoje o


vermelho representa o sangue que derramarei para me vingar de todas as
vidas inocentes que minha mãe destruiu.

Com todos os mercenários contratados, temos sessenta homens


treinados. A bratva, Semion e Lev, chegou com mais vinte.

E então há nós, nove.

— Semion e Lev, vocês invadirão a frente com seus homens e mais dez
dos nossos, — Alexei diz uma última vez. — Carson, Damien, Lucian, Nikhil e
Sacha entrarão pelo sul com trinta homens. Winter, você está conosco, e então
o respiradouro é seu bebê. Demitri, Isabella e eu iremos do oeste com o resto
dos homens. Assim que eu lançar o RPG, será um vale-tudo. Esteja pronto.

Todos murmuram sua compreensão.

Só então o telefone de Alexei começa a tocar e, tirando-o do bolso, ele


coloca no viva-voz. Suas feições são implacáveis quando ele responde: —
Madame Keller.

— Sr. Koslov, ouvi dizer que você fará uma visita ao St. Monarch?

— Ainda dá tempo de você mandar Sonia embora, — responde Alexei.

— Reconsidere suas ações, Sr. Koslov, ou serei forçada a colocar um


contrato aberto sobre sua cabeça.

Alexei solta uma risada sombria. — Não me deixe ficar com você.

— Alexei...

Colocando as mãos sobre a mesa, ele olha para o telefone. — Saia daí,
Madame Keller. Eu só quero Sonia.

Ele desliga a ligação e coloca o dispositivo de volta no bolso, depois diz:


— Verificação final das armas.

Começo com os KA-BARs enfiados na bota direita e amarrados no


antebraço esquerdo, depois verifico os clipes na minha Heckler & Koch e na
Glock. Uma submetralhadora está pendurada no meu ombro e tenho uma
mochila com mais munição.

Puxo meu colete blindado para ter certeza de que está seguro.

Alexei olha para o aço gravado de sua arma e, lentamente, seus olhos se
erguem para as pessoas que estão dispostas a morrer por ele. Ele leva um
momento para olhar para cada um, e então seus olhos se fixam nos meus antes
de se fixar em Demitri.

Ele enfia a arma nas costas e respira fundo enquanto ajusta o casaco
preto que sempre usa. — Se algum de vocês quiser sair, faça-o agora. Não vou
usar isso contra você.
Nem uma única pessoa se move. — Onde você vai, nós vamos, —
responde Lucian.

Alexei respira novamente. — Se algum de vocês encontrar Madame


Keller e ela quiser ir embora, dê-lhe passagem segura. Eu só quero Sonia.
Assim que for confirmada a morte da Sonia, retiramo-nos.

Há um momento de silêncio e então Alexei diz: — Vamos caçar.

Semion e Lev saem do prédio com seus homens, mas antes que Carson
possa sair, Alexei agarra seu ombro, puxando seu irmão para um abraço
apertado.

— Fique vivo, — murmura Alexei.

— Você também. — Os irmãos se separaram enquanto Damien e Winter


param um momento para se despedirem.

Winter é quem empurra Damien de volta. — Vá, vou ficar bem.

Damien dá uma última olhada em sua esposa e depois sai com Carson,
Lucian e seu grupo de homens.

Winter vem ficar ao meu lado, e então Alexei trava os olhos com ela. —
Assim que você deixar cair a granada de pimenta, quero que você saia daqui.

— O que? — Winter engasga, franzindo a testa para Alexei.

— Não vou arriscar que Nickolai perca ambos os pais. Não é negociável.
Você sai no momento em que termina as aberturas de ventilação.

— Alexei!

Demitri se aproxima de sua cunhada e diz: — Winter, pense em Nickolai!

Winter faz uma pausa e então ela balança a cabeça relutantemente,


claramente chateada.

— Hora de sair, — ordena Alexei, e então saímos do prédio.

Quando chegamos ao SUV, Alexei se senta atrás do volante e Demitri


ocupa o banco do passageiro enquanto Winter e eu subimos no banco de trás.
O resto dos homens embarca nos outros veículos e então Alexei nos conduz
para longe do prédio.

Enquanto nos dirigimos para St. Monarch's, penso no quanto tudo


mudou.

Seis meses atrás, eu estava travando uma batalha perdida contra minha
mãe.

Seis meses atrás, Alexei era o diabo sobre o qual ouvi histórias de terror.
Ele era meu inimigo, não por causa da minha mãe, mas porque eu achava que
não havia nada de bom nele.

Rapaz, eu estava errada.

Acontece que Alexei é tudo que eu defendo.

Fecho os olhos, querendo um último momento para saborear o fato de


que ele me ama.

Eu o amo.

E nós dois podemos morrer hoje.

Pelo menos pude provar um pouco de bondade nesta vida. Pude sentir
uma paixão intensa e crua de um homem que me protegeu e me adorou.

Eu tenho que fazer a diferença.

Minha vida pode acabar hoje, e estou bem com isso – desde que minha
mãe se junte a mim no inferno.

Então permito que os horrores que vi passem pela minha mente. Os


corpos quebrados e almas destruídas. A depravação e a agonia indescritível.

Isso incendeia minha alma e, quando abro os olhos, estou pronta para
acabar com o reinado de terror de minha mãe.
CAPÍTULO 29

Parando o SUV a oeste de St. Monarch's, o castelo ergue-se do outro lado


da muralha.

Quando todos se reúnem atrás de mim, eu digo: — Equipe um, verifique


o fone de ouvido.

— Em posição, — a voz de Semion soa em meu ouvido.

— Pronto, — Lev responde.

— Equipe dois.

Carson, Damien e Lucian se revezam para murmurar: “Aqui.”

Então Damien pergunta: — Princesa, você está aí?

— Estou aqui, — responde Winter.

— Tenha cuidado, — ele diz a ela pela centésima vez. O homem vai ter
um ataque cardíaco de tanto se preocupar.

— Damien, pare com isso, — eu respondo. — Winter vai ficar bem.

Ele solta um bufo.

— Lembrem-se, Madame Keller não deve ser morta a menos que seja
absolutamente necessário, — lembro a todos.

Então olho para Demitri à minha direita. — Pronto, irmão?

Ele balança a cabeça e nossos olhos se fixam por um momento antes de


virar minha cabeça para Isabella à minha esquerda.

— Estou pronta, — diz ela, parecendo um anjo da morte.


Levanto minha mão atrás de sua cabeça e dou um beijo forte em sua boca.
Por um momento, a palma da mão dela pousa no colete blindado que cobre
meu peito. Respiro fundo na minha mulher e depois me afasto.

Levanto o lançador de granadas até o ombro e digo: — Quebre em três...


dois... — Disparo a granada e então meus olhos a seguem enquanto ela assobia
no ar.

Espero que Madame Keller tenha ido embora.

A granada atinge, abrindo um buraco perto do arsenal e largando o


lançador, corro para a parede. Colocando um pé contra a parede sólida,
empurro meu corpo com força e, por uma fração de segundo, estou no ar, e
então agarro o topo e me levanto. Eu pulo e caio agachado.

Demitri cai ao meu lado e, enquanto corro para frente, ouço minha
equipe atrás de mim. Pegando a submetralhadora ao meu lado, eu toco no
assunto, e quando os guardas abrem fogo contra nós, eu puxo o gatilho.

Não observo os rostos enquanto as balas do meu grupo atingem os


guardas do St. Monarch enquanto nos aproximamos da lateral do prédio que
foi destruída.

Aproximando-me dos escombros, solto a submetralhadora e, enfiando a


mão por baixo do casaco, tiro as duas Heckler & Kochs das costas.

Levanto meus braços e o instinto assume o controle enquanto tiro um


alvo após o outro. O estalo e o barulho dos tiros enchem o ar ao redor da St.
Monarch's.

Ao chegarmos aos escombros, ficamos mais lentos, tendo que abrir


caminho entre tijolos e argamassa espalhados pelo chão.

— Entrando, — a voz de Carson soa em meu ouvido.

Nuvens de fumaça pairam pesadamente no ar quando entramos no que


resta do corredor, a parede do arsenal abaixo.

Graças a Deus pelas pequenas misericórdias.


Meus olhos se dirigem para o segundo andar, um buraco que me dá uma
leve visão do que costumava ser uma suíte.

Está estranhamente silencioso do nosso lado e isso apenas aguça meus


sentidos à medida que avançamos lentamente.

Chegando ao respiradouro mais próximo, digo: — Winter, vá.

Demitri agarra a cintura de Winter, levantando-a no ar enquanto Isabella


e eu cuidamos de suas costas. Winter usa uma pequena furadeira para cuidar
dos parafusos e então a tampa cai no chão. Demitri lhe dá um empurrão e
Winter se agarra ao buraco no teto, içando-se para dentro do túnel de
ventilação.

— Boa sorte, pequena, — eu digo enquanto a vejo desaparecer.

Nós três começamos a andar pelo corredor e, quando chegamos ao


arsenal, não há sinal da Srta. Dervishi, a treinadora dos assassinos.
Esperançosamente, isso significa que ela saiu junto com Madame Keller.

Demitri joga uma granada incendiária no arsenal e então corremos pelo


corredor. A explosão sacode o chão sob meus pés e então os guardas saem
correndo das salas usadas para treinamento.

Os homens de Sonia.

Uma bala passa assobiando pela minha cabeça e eu derrubo o homem


responsável antes que ele possa dar outro tiro.

Chegando ao arco onde o corredor se divide, ordeno aos homens que


ainda restam do meu grupo: — Espalhem-se. — Então, parando por um
momento enquanto os homens se espalham pelo castelo, pergunto: — Winter,
atualização?

— Mais cinco minutos, — ela grunhe.

Olho para Demitri e Isabella, certificando-me de que não foram


atingidos, e então digo: — Winter, me avise assim que entregar o pacote.
Respirando fundo, vou para o corredor que leva ao escritório onde Sonia
provavelmente estará. A equipe de Carson irá para o segundo andar para
verificar as suítes, caso eu esteja errado.

O primeiro trecho até a seção médica é silencioso demais para o meu


gosto. Quando dobramos uma esquina e não há zeladores estacionados do
lado de fora da porta do escritório, a apreensão corre em minhas veias.

— Algo não está certo, — aconselho aos outros.

Só então, o castelo estremece e explosões ensurdecedoras fazem meus


ouvidos zumbirem. O chão atrás de nós desmorona, expondo um buraco com
fogo, fumaça e detritos abaixo. Luto para manter o equilíbrio enquanto parece
que o resto do corredor vai ceder a qualquer momento.

Porra, Madame Keller explodiu os porões.

Balanço a cabeça para tentar diminuir o zumbido em meus ouvidos, e


então a porta do escritório se abre, e o maldito Hugo dispara uma rodada de
balas em nossa direção.

Em questão de segundos, largo minhas armas e agarro Demitri e Isabella,


puxando-os para baixo, e então uma bala após a outra atinge meu colete
blindado, forçando-me a cair para trás e me roubando o fôlego. Uma dor
intensa irradia pelo meu peito, provavelmente devido a algumas costelas
quebradas.

Demitri balança, tentando agarrar meu braço esquerdo, mas ele cai para
o lado e desliza pela borda do buraco aberto no chão. Um suspiro de horror
sai de mim, mas então ele consegue agarrar uma vara exposta, impedindo sua
queda.

Dou um tiro no braço esquerdo e perco o equilíbrio.

Quando caio para trás, vejo Isabella dando dois tiros no colete blindado
de Hugo, e então Winter cai pela ventilação atrás dele, enterrando um KA-
BAR em seu crânio.
Jogando meu braço direito enquanto caio, agarro o concreto rasgado, e o
impulso do meu corpo batendo em uma parede sólida abre minha palma.
Levanto meu braço esquerdo, mas a porra da coisa é inútil por causa da bala
que levei, causando uma dor incandescente em meu ombro e caixa torácica.

O sangue escorre da palma da minha mão, tornando difícil me segurar


para que eu possa me levantar, e então começo a escorregar.

— Alexei, — Demitri respira com dificuldade em meu ouvido. —


Aguentar.

Incapaz, tento me firmar na parede enquanto me preparo para o fogo e


os cacos de concreto abaixo.

— Porra, — eu sussurro, e quando minha mão escorrega da borda,


Isabella cai, agarrando meu pulso.

Meus dedos apertam seu pulso fino e nossos olhos se cruzam.

— Braço esquerdo! — Ela grita comigo enquanto meu peso começa a


arrastá-la para o limite. Quando meus pés lutam para se firmar na parede,
puxo Isabella mais alguns centímetros acima da borda e paro imediatamente.

Meu corpo para e o pânico me inunda, meu coração gagueja no peito. —


Solte.

Isabella balança a cabeça freneticamente e, quando nossos olhos se


encontram, vejo o futuro que poderíamos ter tremeluzindo em suas íris
marrons.

Então ela agarra meu braço direito com as duas mãos, dando-lhe zero
alavancagem para evitar cair. Meu corpo estremece quando ela escorrega
novamente, e então ela solta um grito enquanto luta contra o inevitável.

Cristo, eu já a amei mais?

— Deixe ir, querida, — eu respiro. Tento torcer meu pulso para soltá-lo.
— Tudo bem. — Eu dou a ela um olhar suplicante. — Solte.

— Cale-se! Não vou perder o homem que amo, — ela retruca com raiva.
— Isabella, — eu digo, aceitando meu destino, — Deixe ir. Você precisa
matar Sonia.

— Cale a boca, — ela grita, e então coloca toda a sua força e puxa com
força, soltando outro grito.

Winter agarra Isabella pela cintura, ajudando-a a puxar, e elas


conseguem me aproximar o suficiente. Forçando-me a superar a dor, agarro a
borda com a mão esquerda.

Então Demitri aparece ao lado de Isabella, e agarrando meu casaco pelo


pescoço, ele me puxa para a borda, o concreto cortando minha coxa.

Eu caio parcialmente sobre Isabella e Demitri e respiro dolorosamente o


ar cheio de poeira.

Então Isabella dá um soco no meu ombro. — Idiota!

Solto uma risada de alívio enquanto me levanto até ficar ajoelhado.


Olhando por cima do ombro, vejo o fogo abaixo.

Porra, isso foi por pouco.

Envolvendo meu braço esquerdo em volta da cintura, respiro através da


dor profunda nas costelas e então me levanto.

Winter espera por nós sob a ventilação, e deixo escapar um gemido


interior, sabendo que isso vai doer como uma mãe. Infelizmente, não há outra
maneira de sair deste lado do castelo, então eu engulo e começo a caminhar
em direção a Winter, sem olhar para o corpo de Hugo.

****
Demitri sobe no sistema de ventilação e então se abaixa para pegar
Alexei.

Enrolamos uma das alças da submetralhadora em sua mão direita para


tentar estancar o sangramento. Uma carranca aparece na minha testa quando
Alexei dá a mão direita a Demitri em vez da esquerda.

Meus olhos examinam seu lado esquerdo e então vejo o sangue


escorrendo para o chão. — Alexei!

Os dois homens congelam e a cabeça de Alexei vira para mim. — O que?

Eu corro para frente e começo a inspecionar seu braço, encontrando um


ferimento de bala logo acima do cotovelo. — Idiota de merda! Você levou um
tiro e não nos contou?

— Não é nada, — ele diz, então olha para Demitri, — Você vai me puxar
para cima?

Demitri puxa com força, puxando Alexei para dentro da ventilação. Por
um momento, há um lampejo de dor no rosto de Alexei, e isso faz a raiva e a
preocupação borbulharem em meu peito.

Tão imprudente! O homem será a minha morte hoje.

Como Winter é mais baixa, agarro seus quadris e a empurro no ar.


Demitri agarra a mão dela e rapidamente a puxa para dentro da ventilação.
Então ele se inclina novamente, estendendo a mão para mim.

Pulando, meus dedos envolvem seu pulso e então sou puxada para cima.

É um ajuste muito apertado para os homens, e eu tenho que rastejar


como um leopardo sobre as costas de Demitri até chegar atrás de Winter.
Demitri fica na retaguarda enquanto Alexei assume a liderança.
O rastreamento é lento, principalmente quando chegamos a uma
esquina. Os homens lutam pelo espaço apertado, mas estou feliz que ninguém
seja claustrofóbico.

A cada abertura de ventilação, Alexei verifica se podemos descer para


uma sala ou corredor, mas a maior parte do chão foi destruída.

— Check-in, — ouço Alexei dizer, com a respiração difícil.

— Nenhum sinal de Sonia, — responde Carson.

Quando há silêncio após seu relatório, Alexei pergunta: — Semion? Lev?


— Nenhuma resposta vem dos dois homens russos. — Porra, — Alexei
amaldiçoa.

— Estamos perto da frente. Vou ver como eles estão – a voz de Carson
chega pelos fones de ouvido.

De repente, há uma rajada de balas onde Winter está, e então o teto cede
e ela cai.

Minha respiração corre pelos meus lábios enquanto levanto minha arma
e então avanço lentamente.

— Cuidado, — Alexei sussurra.

Espio pelo buraco e puxo o gatilho, acertando Oscar, um dos homens de


minha mãe, na clavícula. Disparo outro tiro e, dando-lhe um terceiro olhar,
observo enquanto ele cai para a frente e cai nos escombros abaixo.

Eu me inclino e olho ao redor. Não vendo mais ninguém, digo: — Limpo.

— Winter? — Alexei liga e pergunta: — Você consegue vê-la?

Procuro por ela entre os escombros. — Não. Eu vou descer.

— Não! — Alexei ordena.

— O que aconteceu? — Damien pergunta.

— Nada, — respondo, não querendo preocupá-lo. — Winter acabou de


fazer um desvio.
— Princesa? — Sua voz está tensa. — Winter!

— Ainda estamos avaliando a situação, — diz Demitri ao irmão.

— Sua maldita posição. Agora, — Damien exige.

Olho ao redor novamente enquanto me puxo para frente, apoiando-me


nas laterais. — Parece a sala de jantar. Vou verificar..

— Não! — Alexei estala, incapaz de se virar para me impedir.

Solto as laterais e desço.

— Inferno, meu Deus, — o grito de Alexei me segue.

Meus pés batem em uma laje de concreto e então tenho que me mover,
pulando de um pedaço de entulho para outro até conseguir parar o impulso
que a queda me deu. Agachando-me, respiro algumas vezes, meu coração
batendo forte no peito. — Consegui.

— Vou bronzear sua bunda, porra! — Alexei sibila em meu ouvido.

— Mantenha a conversa excêntrica longe dos fones de ouvido, — Lucian


diz com uma risada.

Demitri pensa em perguntar: — Você consegue ver Winter?

Começo a me aprofundar nos escombros e então vejo um brilho de cabelo


ruivo. — Eu estou de olho nela.

— Estamos avançando para encontrar um lugar onde possamos sair


dessa porra de túnel de ventilação, — diz Alexei.

— Não se deixe matar, — murmuro, e então deslizo pelas peças de


concreto até finalmente chegar a Winter. Ela está coberta por uma camada
cinza de poeira, mas então pisca para mim e solta um gemido.

— Winter está consciente.

— Obrigado, porra, — Damien respira.

Quando me mudo ao lado de Winter, ela começa a se sentar. — Minha


perna.
Olho para baixo e vejo que sua perna esquerda está presa entre duas
placas de concreto. Colocando minhas mãos contra uma laje, eu a empurro
para longe dela, e então observo o enorme corte na lateral de sua canela. Tiro
a jaqueta e o colete blindado e puxo a camisa pela cabeça. Depois de vestir o
colete blindado e a jaqueta, retiro o cinto e enrolo a camiseta na perna dela,
prendendo o tecido com o cinto. Winter cerra os dentes, deixando escapar um
gemido cheio de dor.

— Você está ferida em algum outro lugar? Tiro? — Eu pergunto.

Winter balança a cabeça. — Perdi meu fone de ouvido.

Tirando o meu da orelha, coloco-o no de Winter. — Diga ao seu homem


que você está bem.

— Damien. Estou bem, — diz Winter.

— Meu maldito coração! — Sua voz soa em algum lugar acima de nós.

— Damien? — Eu chamo.

— Estou descendo.

— Não. Espere aí. Vou precisar que você tire Winter de lá.

Passando um braço em volta de suas costas, puxo Winter contra meu


corpo, e isso a faz soltar outro gemido de dor.

Dou a ela um momento e pergunto: — Pronta?

Winter acena com a cabeça e então começo a escalar os escombros com


ela. Demora mais do que eu gostaria, mas finalmente Damien aparece.

Cansada, empurro Winter para a última parte. Damien agarra as mãos


dela e a puxa para ele, abraçando-a com força.

Eu puxo-me para fora da borda e entro no hall de entrada e ficando de


pé, olho ao redor para os corpos e a destruição.

— Nenhum sinal da minha mãe? — Eu pergunto.

Damien balança a cabeça.


Onde diabos ela está?

— Ela está bem, Alexei! — Winter me devolve meu fone de ouvido. — Sua
vez de falar com seu homem.

Colocando-o de volta no meu ouvido, eu digo. — Vou atrás da minha mãe.


— Corro até a entrada do Castelo. — Você ainda está nas aberturas?

— Então me ajude, Deus! — Alexei se enfurece. — Estamos no lado sul.

— Estou na frente, movendo-me pelo lado esquerdo do castelo. Estou


indo até você.

Ao virar uma esquina, uma palma bate em meu nariz e eu cambaleio para
trás, e então meus olhos lacrimejantes se concentram em minha mãe.
CAPÍTULO 30

— Sonia, — a voz de Isabella vem pelo fone de ouvido. — Zona leste.

Minha raiva já latente explode como um vulcão quando começo a correr


com Demitri ao meu lado. Meu peito está em chamas, como se lava derretida
estivesse enchendo meu torso, mas eu empurro a dor.

Quando viro a esquina oeste, vejo Sonia chutar Isabella no peito. Isabella
cai e, enquanto tenta tirar as pernas de Sonia de baixo dela, Sonia pula, quase
acertando o queixo de Isabella com uma joelhada.

Isabella vira para trás e fica de pé, e então ela ataca Sonia, acertando o
ombro de sua mãe.

Meu coração salta do peito quando Sonia pega a arma pelas costas, e
então Isabella luta com a mãe para manter o cano apontado para longe dela.

Minha dor fica em segundo plano enquanto avanço, deixando Demitri


para trás. Pulando, meus pés bateram na parede, e então eu giro no ar, o salto
da minha bota acertando a lateral da cabeça de Sonia. A arma voa para o lado
enquanto ela cai no chão.

Quando caio de pé, uma dor implacável vibra através de mim. Sonia se
aproxima enquanto eu puxo um KA-BAR do suporte preso ao cinto e então
corro em direção a ela.

Quando eu bato nela, ela bloqueia o golpe, a palma da mão acertando


meu ombro esquerdo. Isso me causa uma dor lancinante, que Sonia percebe.

Virando-me bruscamente, evito um golpe dela enquanto consigo cortá-


la no peito.
Malditos coletes blindados.

Isabella dá um chute por trás, mas Sonia aproveita o impulso para me


atacar. Eu me inclino para trás, o movimento afetando minhas costelas
machucadas enquanto evito o golpe por pouco.

Isabella se joga nas costas da mãe, o braço envolvendo a garganta de


Sonia.

Avançando, enfio a faca profundamente no lado de Sonia. Fico cara a cara


com minha inimiga, nossas respirações aceleradas se misturando. Ela solta
uma risada maníaca e estrangulada. — Koslov.

— Terrero, — eu sibilo enquanto puxo a lâmina para que seu sangue


possa fluir livremente. — Você nunca teve chance. — Enterro o KA-BAR ao
lado dela, onde está o pulmão. — Vou me casar com você filha. Isabella é
minha. — Observo seus olhos se arregalarem por um momento, cheios de
raiva. — Porra, morra.

Isabella aperta com mais força, soltando um grunhido enquanto puxa de


volta, e então ouve um estalo nauseante quando ela quebra o pescoço da mãe.

Quando o corpo de Sonia cai entre Isabella e eu, respiro com dificuldade,
a dor em meu peito retornando com força total.

Envolvo meu braço esquerdo em volta da minha cintura e então apenas


olho para a mulher que tem sido a ruína da minha existência.

Está feito?

Alívio inunda minhas veias.

Está feito.

Caio de joelhos, finalmente derrotando o maior inimigo que já... tive.

Olhando para o céu e para a fumaça subindo no ar, um sorriso se espalha


pelo meu rosto.

Agora não sobrou ninguém para me desafiar.

Então Isabella fica na minha frente, sorrindo triunfantemente para mim.


— Oi, querida, — murmuro.

Ela se inclina e, emoldurando meu queixo, dá um beijo em meus lábios.


— Oi, querido, — ela ecoa minhas palavras.

— Vamos sair daqui, — Demitri diz.

Isabella segura meu braço direito, me ajudando a levantar. Passo o braço


em volta dos ombros dela e digo: — Conversaremos sobre a façanha que você
fez assim que chegarmos em casa.

Ela solta uma risada. — Você não está em condições de me dar uma surra.

— Então conversaremos depois que eu estiver curado.

Ela sorri para mim enquanto caminhamos em direção à frente do castelo,


deixando o corpo de Sonia para trás.

— Mal posso esperar, — diz Isabella.

Enquanto meu povo se reúne na entrada, observo os feridos e as perdas


que sofremos.

Damien apoia Winter enquanto Carson ajuda Lucian, que parece ter
levado um tiro na perna.

Semion está ao lado do corpo de Lev e eu balanço a cabeça, sentindo


profundamente a perda. Olho para Nikhil e Sacha. — Ajude Semion com os
restos mortais de Lev.

Embora a maioria de nós esteja ferida, nos movemos o mais rápido


possível para chegar aos veículos.

Demitri tem que dirigir porque meu braço esquerdo e meu peito estão
fodidos. Enquanto ele nos afasta do St. Monarch's, descanso a cabeça no
assento e fecho os olhos.

Graças a Deus Madame Keller não estava lá.

Graças a Deus.

Terei que enfrentá-la em algum momento, mas não hoje.


— Onde mais você está ferido? — Isabella pergunta.

— Parece costelas quebradas, — Demitri murmura. — E um corte na coxa


direita.

Deixo escapar uma risada cansada. — Nada mal para um dia de trabalho.

— Só você diria isso, — Isabella bufa atrás de mim.

Quando chegamos ao prédio onde operamos, fica claro que todos estão
exaustos e sofrendo.

Eu deveria ter trazido o Dr. Oberio, mas pelo menos Demitri tem
experiência médica.

Virando-me para Demitri, eu digo: — Primeiro, cuide dos ferimentos e


ferimentos de bala do outro.

Seus olhos pousam em meu braço esquerdo. — E o seu?

— Eu mesmo vou desenterrar.

— Como o inferno, — Isabella murmura. — Eu vou fazer isso.

O canto da boca de Demitri se levanta. — Boa sorte.

Enquanto Demitri se afasta para cuidar dos feridos, Isabella pergunta: —


Isso foi feito para mim ou para você?

— Para mim. Eu vi como fica depois que você remove uma bala, — brinco.

Ela inclina os olhos para mim. — Mais um comentário como esse e não
lhe darei nenhum analgésico.

Não me importando com o sangue, levanto minha mão direita até seu
pescoço e então olho para ela. — Você foi incrível. Imprudente, mas incrível.

Segurando minha mão, ela me leva até uma cadeira e uma mesa. —
Sente-se.

Meus olhos pousam na mulher que amo quando ela começa a remover a
alça da minha palma.

— Você está bem? — Eu pergunto.


— Melhor do que você, — ela diz, com foco nos cortes.

— Eu quis dizer, você está bem depois de matar Sonia?

Isabella levanta os olhos para os meus. — Havia apenas ódio entre ela e
eu. Não sinto nada além de alívio.

Meus lábios se curvam em um sorriso. — Obrigado.

Uma leve carranca se forma entre seus olhos. — Por?

— Salvar minha vida. — Está provado para mim que Isabella é cem por
cento minha.

Posso confiar nela.

Com seu olhar no meu, ela sorri para mim. — Claro. Se alguém vai matar
você, serei eu e nos meus termos.

— Você me ama demais, — eu a provoco.

— Sorte para você.

****

Quando saio do avião depois que Demitri nos desembarcou em


segurança na ilha de Winter, me preparo enquanto Ana corre até mim.

— Isabella! — Ela grita e então se joga em mim.

Meus braços a envolvem e então apenas nos abraçamos. Eu sei que só se


passaram horas, mas parece muito mais tempo.

— Eu disse que voltaria, — eu sussurro.


Ana balança a cabeça contra meu ombro, então ela se afasta, seus olhos
procurando atrás de mim. — Está feito?

Eu concordo. — Ela está morta.

O canto da boca de Ana se levanta ligeiramente, então ela passa por mim
e eu me viro para ver aonde ela está indo.

Alexei para a alguns passos de Ana e eles se encaram.

O queixo de Ana começa a tremer, então ela diz: — Obrigada por cumprir
sua promessa.

Alexei assente. — Não poderia decepcionar você.

Ana solta um gemido e depois se aproxima. Alexei levanta a mão


enfaixada e faz uma pausa para tocá-la. Quando Ana acena com a cabeça, ele
coloca-o no ombro dela, e então ela fecha a distância.

— Cuidado, Alexei quebrou costelas, — eu a aviso.

Ela se afasta, mas Alexei a puxa contra ele, envolvendo-a com o braço
direito.

A emoção brota em meu peito e meus olhos começam a arder, sabendo o


significado deste momento. Alexei é o primeiro homem a tocar em Ana desde
que ela foi estuprada e quase morta.

Ana só deixa que ele a segure por alguns segundos antes de se afastar,
passando as costas da mão na bochecha. — Agora, posso cobrar sua outra
promessa.

Franzindo a testa, pergunto: — Que promessa?

Alexei ri. — Você não gostaria de saber?

Eu estreito meus olhos para ele. — Você ainda tem algumas partes do
corpo que posso quebrar.

Ele se move atrás de Ana. — Você precisa passar pela nossa Ana primeiro.

Soltando uma gargalhada, balanço a cabeça para eles.


Winter vem ficar ao meu lado. — Posso falar com você?

Assentindo, eu a sigo por uma curta distância. — Aconteceu algo?

Os olhos de Winter encontram os meus. — Só quero agradecer por ter


vindo atrás de mim quando caí.

— Claro.

Ela balança a cabeça. — Você não precisava, Isabella. Significa muito


para mim.

Assentindo, aceito sua gratidão.

Levantando a mão, ela aperta meu braço. — É bom saber que há uma
mulher com quem posso contar. Se você precisar de mim, estarei lá.

Ouvir as palavras da mulher que tanto me inspirou traz lágrimas aos


meus olhos. — Aquilo significa muito vindo de você.

Ela sorri e então caminha lentamente até onde Damien está esperando
com seu filho.

Volto para onde Alexei e Ana estão esperando. Jogando meu braço em
volta dos ombros de Ana, eu a puxo para o meu lado, e então nós três
caminhamos até a casa.

Ariana corre em direção ao avião, e eu olho por cima do ombro,


observando enquanto ela pula nos braços de Demitri, beijando seu homem até
o inferno.

Soltando Ana, olho para Alexei. Eu me inclino mais perto e sussurro: —


Você vai ficar fora de ação por pelo menos seis semanas.

— Ação? — Ele pergunta.

— Sexo, — eu pronuncio a palavra.

— Claro que não. Você não me viu curar. Com motivação suficiente,
estarei pronto para partir em uma semana.

Deixei escapar uma gargalhada. — Que tipo de motivação?


Ele pisca para mim. — Eu te direi quando estivermos sozinhos.

Entramos na casa onde a esposa de Cillian, Dana, preparou um banquete.

A atmosfera é alegre e cheia de brincadeiras enquanto todos nos servimos


da comida. Eu preparo um prato para Alexei e levo para onde ele está sentado
na sala de jantar, olhando para a mesa.

Coloco a comida, junto com os utensílios, e sento em uma das cadeiras.


— O que você está pensando?

— St. Monarch's, — ele murmura. — Preciso entrar em contato com


Madame Keller.

— Você não precisa fazer isso hoje, — eu digo. — Coma alguma coisa para
poder tomar banho e descansar um pouco.

O olhar de Alexei se eleva para o meu. — Onde está sua comida?

— Aqui, — Ana diz enquanto me traz um prato. Ela se senta ao meu lado
com sua própria comida. — Eu ajudei com o purê.

Levantando uma sobrancelha para ela, pergunto: — Você fez isso?

Ela solta uma risada e depois dá de ombros. — Eu descasquei as batatas.

— Ainda conta, — Alexei diz enquanto coloca um pouco de purê em seu


garfo.

Nós cavamos e o silêncio cai na casa enquanto todos comem. Assim que
Alexei termina, levo nossos pratos para a cozinha. Quando volto para ele, ele
se levanta da cadeira, uma onda de dor apertando suas feições.

Olhando para Ana, pergunto: — Você ficará bem sozinha?

Ela assente. — Vou ajudar Dana a limpar.

Sigo Alexei para fora da sala de jantar e ele passa por Damien: — Qual
quarto posso usar?

— Primeiro à esquerda, — Damien responde enquanto aponta para as


escadas.
Alexei é muito mais lento enquanto subimos as escadas, e isso me diz
quanta dor ele está sentindo. Eu o sigo até o quarto e fecho a porta atrás de
nós.

Caminhando até o banheiro, eu digo: — Tudo o que você precisa fazer é


tomar banho. Serei rápida, para que você possa ir para a cama.

Alexei ainda consegue rir. — Droga, meu primeiro banho com você e não
posso fazer nada.

Balanço a cabeça enquanto lhe dou um sorriso antes de abrir as torneiras.


Enquanto tiro o colete blindado e minhas roupas, Alexei pergunta: — O que
aconteceu com sua camisa?

— Usei como curativo para a perna de Winter. — Virando-me para Alexei,


tomo cuidado ao ajudá-lo a tirar a roupa. Depois de tê-lo nu, meus olhos
examinam seu corpo, avaliando todos os hematomas. — Deus, Alexei.

Ele se move sob o jato e depois se recosta na parede de azulejos.

Pegando o sabonete líquido e uma bucha, começo a limpar suavemente


seu corpo. Evito seu peito porque os hematomas parecem febris e doloridos.

Aproveito um momento para me lavar rapidamente e depois fecho as


torneiras. Pego uma toalha e seco Alexei antes de cuidar de mim mesma.

Quando olho para seu rosto, ele está sorrindo para mim.

— Você está gostando demais disso, — murmuro.

— Claro. Posso me acostumar com você cuidando de mim.

— Só não crie o hábito de levar um tiro, — eu o aviso.

Quando finalmente tenho Alexei sentado na cama, vou até as malas que
deixamos aqui quando deixamos Ana e tiro algumas roupas delas.

Ajudo Alexei a vestir uma calça de moletom e, jogando as cobertas para


trás, ele se deita de costas.

— Uma semana? — Eu o provoco. — Não vejo isso acontecendo.


Seus olhos percorrem meu corpo. — Com o tipo de motivação que estou
vendo agora, dê-me setenta e duas horas.

— Em seus sonhos, garoto, — eu o provoco enquanto visto um par de


leggings e uma camiseta. Rastejo para a cama e, levando a mão ao rosto de
Alexei, passo os dedos por seu queixo.

Ele vira a cabeça e nós nos encaramos.

— Sonia está morta, — ele sussurra como se só percebesse agora.

— Um já foi, muitos mais ainda faltam, — eu digo com uma respiração


pesada.

Alexei franze a testa para mim. — Muito mais? Quantos inimigos você
tem?

Deixei escapar uma gargalhada. — Ohhh… apenas todos os vendedores


ambulantes de carne do mundo.

A admiração brilha em seus olhos. — Você vai continuar libertando


meninas?

Eu concordo. — Parece que estou realmente fazendo a diferença. Fazer


algo bom para equilibrar o mal.

— Beije-me, — ordena Alexei.

Eu me inclino sobre ele e dou um beijo rápido em seus lábios. — Também


não faz mal nenhum eu ter um noivo durão para me salvar quando estou em
apuros.

— Seu noivo durão estará ao seu lado sempre que você encontrar uma
remessa de graça.

Um sorriso se divide em meu rosto. — Você quer ajudar?

Alexei assente. — Eu sempre estarei com você, Isabella. Somos uma


equipe.
CAPÍTULO 31

Assim que voltamos para casa, vou para a sala de segurança.

Não consigo parar de pensar em Madame Keller e em St. Monarch's.

Sentando-me atrás do sistema de segurança, faço algumas ligações para


funcionários do governo suíço que estão na minha folha de pagamento. Levo
três horas e uma quantia substancial de dinheiro para varrer tudo para
debaixo do tapete proverbial.

Quando solto um suspiro, Demitri olha para mim. — Isso não podia
esperar?

Balanço a cabeça enquanto disco o número de Madame Keller.

— Sr. Koslov.

— Obrigado por sair do local, — eu digo, precisando tirar isso do


caminho.

— Você não me deu muita escolha, — ela responde, com a voz tensa.

— Estou ligando para fazer um acordo, — vou direto ao ponto.

Madame Keller solta uma gargalhada. — Para fins de entretenimento,


vou ouvir.

— Já cobri coisas na Suíça. Reconstruirei o St. Monarch e reembolsarei


suas perdas enquanto as portas estiverem fechadas.

Só há uma coisa neste planeta em que Madame Keller está interessada:


dinheiro.
Uma risada soa em meu ouvido. — Adicione uma multa de cem por cento
e teremos um acordo.

Eu faço uma cara de dor. — Que quantia estamos olhando?

— Quanto tempo você levará para reconstruir a St. Monarch's?

Cristo, provavelmente um ano no máximo.

— Um ano?

— Você não parece certo.

— Um ano, Madame Keller, — repito.

— Espero um pagamento de cem milhões pela perda de rendimentos e


outros cem pela multa.

Respiro fundo, o que faz minhas costelas doerem, e solto o ar lentamente.


Isso é um golpe e tanto para minha conta bancária. — Feito. — Olho para
Demitri. — Transfira duzentos para St. Monarch.

— Mil? — Demitri pergunta.

— Milhão. Euros.

Demitri me olha, perguntando silenciosamente se estou louco.

— Faça isso.

Ele dá de ombros, depois se volta para o sistema e, depois de fazer o


pagamento, acena para mim.

— Feito. Há mais alguma coisa que eu possa fazer para me desculpar? —


Eu pergunto.

— Hmm… uma parceria, então algo assim nunca mais acontece. Você
acabou de comprar dez por cento das ações da St. Monarch's, Sr. Koslov.
Parabéns.

Deixei escapar uma risada suave. — Sempre há uma reviravolta na


história quando se trata de você.

— É claro que, na minha idade, tenho que me divertir onde posso.


— Então a guerra acabou? — Peço para ter certeza.

— Acabou. Confio que você fará todos os esforços para reconstruir a St.
Monarch's à sua antiga glória.

— Eu vou.

— Haverá mais alguma coisa, Sr. Koslov? — Madame Keller pergunta.

— Não. Obrigado pelo seu tempo e clemência, — respondo, e então ela


encerra a ligação.

— Importa-se de explicar? — Demitri pergunta, recostando-se na


cadeira.

Coloquei o telefone na mesa. — Acabei de comprar dez por cento das


ações da St. Monarch's e temos que reconstruir o castelo.

— Não explica merda nenhuma, — ele murmura.

Eu fecho os olhos com ele. — Madame Keller é velha, Demitri. Ela está se
certificando de que há alguém que assumirá o comando do St. Monarch's
quando ela partir.

Demitri começa a rir. — E esse alguém é você? Cristo. Deus ajude a todos.

Balanço a cabeça e ele diz: — Não vou assumir o controle do St.


Monarch’s, porra.

— Você não. Carson. Ele odeia ser um assassino e gosta da Suíça.

A sobrancelha de Demitri aparece. — Na verdade, é uma boa ideia.

Eu faço uma careta para ele. — Alguma vez tive ideias ruins?

Demitri começa a rir. — Você? Nunca.

— Idiota.

Ficando de pé, uma dor se espalha pelo meu peito.

— Onde você está indo? — Demitri pergunta.

— Para obter a simpatia da minha noiva, — murmuro enquanto saio da


sala de segurança para procurar Isabella.
Eu a encontro em nosso quarto, onde ela está tirando roupas do closet.

— O que você está fazendo? — Pergunto enquanto me sento


cuidadosamente na beira da cama.

— Eu não preciso disso, — diz ela, apontando para o monte de vestidos.


— Eu só as usei para enganar minha mãe. Vou comprar vestidos que sejam
mais do meu gosto.

Inclinando a cabeça, pergunto: — Por que você chama Sonia de mãe?

Isabella olha para mim. — Porque ela é... era.

— Ela fez alguma coisa para merecer o título?

Isabella deixa cair um vestido na pilha. — Você tem um ponto.

— Claro, — eu sorrio.

Ela caminha em minha direção e, pressionando a palma da mão em meu


queixo, se inclina e me beija, depois pergunta: — Como você se sente?

— Como se eu precisasse de carinho, — digo enquanto volto para a cama.


Deitado, observo Isabelle começar a tirar minhas botas.

Você pensaria que seria degradante tê-la cuidando de mim, mas não é.
Eu adoro que ela esteja apaixonada por mim.

Isabella vem se sentar na beira da cama. — Existe alguma coisa que eu


possa pegar para você?

Eu balanço minha cabeça. — Venha deitar ao meu lado.

Ela se levanta e se move ao redor da cama, depois se deita de frente para


mim.

Nós nos encaramos por um momento e então ela pergunta: — Quando


você se apaixonou por mim?

Um sorriso se espalha pelo meu rosto. — No momento em que descobri


que meu penetra era a deusa da travessura e do caos.

Seus lábios se curvam. — Você realmente tem jeito com as palavras.


— É por isso que você se apaixonou por mim? — Eu pergunto.

— Não. — Isabella se aproxima um pouco mais, tomando cuidado para


não sacudir meu corpo. — Eu me apaixonei por você porque você era minha
salvação.

Eu dou a ela um olhar questionador, e ela explica. — Eu não teria durado


muito sozinha. Você pode ter me levado no começo, mas em troca, você me
deu a liberdade de ser eu mesmo.

— Que é uma mulher durona que não me escuta, — murmuro.

Isabella solta um bufo. — Você voltou a isso de novo? Winter precisava


da minha ajuda.

— Eu sei, mas assim que eu puder me mover sem sentir que estou
morrendo, ainda vou bater em você por me causar um ataque cardíaco.

Sorrindo, ela se aproxima, dando um beijo em meus lábios. — Isso se


você conseguir me imobilizar por tempo suficiente para me espancar.

— Isso é um desafio? — eu pergunto.

— Não, estou apenas lhe dando alguma motivação para melhorar mais
rápido.

****

TRÊS MESES DEPOIS.


— Onde estamos indo? — Pergunto novamente enquanto Alexei dirige
uma lancha pelas águas do Lago Superior.

— E as pessoas dizem que sou impaciente, — ele ri.

Quando o sol começa a se pôr, olho ao nosso redor, mas não consigo
entender para onde estamos indo.

Logo, finalmente recebo minha resposta enquanto Alexei dirige o barco


para a baía particular de uma ilha.

— Realmente? Você poderia simplesmente ter me contado, — eu digo


enquanto olho para a casa de dois andares que tem a mesma sensação
mediterrânea da mansão em Los Angeles.

Meu olhar vagueia por um heliporto e pinheiros. Percebo que metade da


ilha consiste em rochas.

— Bem-vinda à minha casa longe de casa, — diz Alexei ao sair do barco.


Ele estende a mão para mim e me ajuda a subir no cais.

— É lindo.

— É o nosso porto seguro, — explica Alexei.

Gostando do som disso, sorrio enquanto caminhamos até a porta da


frente. Alexei digita um código e então a porta se abre.

Entro e olho em volta para a decoração luxuosa da cozinha e da sala de


estar em plano aberto.

— Você comprou assim? — Eu pergunto.

Alexei coloca nossa bagagem ao lado de um sofá e depois caminha até


uma mesa lateral para servir dois copos de vodca. — Não, eu mandei construir.

— É impressionante.

Ele fica na minha frente, me entregando um copo, então encontra meus


olhos: — Eu gosto de coisas bonitas.

Tomo um gole de vodca e digo: — Sou mais uma garota tequila.


A sobrancelha de Alexei se levanta. — Vou manter isso em mente. — Ele
coloca o copo na mesa de centro e pega nossa bagagem. — Deixe-me mostrar-
lhe lá em cima.

Coloco minha bebida ao lado da dele e o sigo até o nível superior.

— Estes são quartos de hóspedes, — diz ele enquanto passamos por


portas fechadas. — Quarto de Demitri. — Ele aponta para a nossa esquerda e
depois abre uma porta. — Nosso quarto.

Vendo que é preto e prateado, o canto da minha boca se levanta. — Tem


uma sensação semelhante ao nosso quarto em casa.

Alexei coloca a sacola na cama e abre o zíper, depois tira uma caixa dela
e a coloca sobre as cobertas. — Vista isso e desça.

Eu dou a ele um olhar questionador, mas respondo: — Tudo bem.

Assim que Alexei sai da sala, levanto a tampa da caixa. Pegando o tecido
preto brilhante, eu o levanto e então uma risada explode em meus lábios.

É uma réplica do vestido que usei na noite em que invadi a festa e ficamos
juntos.

Deixo-o na cama e vou até o banheiro para tomar um banho rápido.


Quando me sinto revigorada, tiro minha bolsa de maquiagem da bagagem e
sento perto da penteadeira.

Eu não exagero, embora eu desejasse poder fazer a caveira sozinha.

Coloco o vestido ousado, sem calcinha, e calço um par de sapatos de salto


alto. Quando saio do quarto, meu coração acelera, animada para descobrir o
que Alexei planejou.

Descendo as escadas, não vejo Alexei. Começo a olhar pelas salas e,


quando entro em uma sala de entretenimento, está escuro, exceto pela luz que
brilha em Alexei, onde ele está sentado em uma cadeira como se fosse um rei
em seu trono. A música toca suavemente enquanto ando até o meio da sala e
então paro. Meus olhos se prendem aos dele. — Você vai fazer.

— Eu espero que sim, — Alexei diz enquanto se levanta.


— Isso foi o que pensei quando vi você no clube.

Seus lábios se curvam enquanto ele caminha lentamente em minha


direção. — Minha penetra de festa.

— Meu demônio, — murmuro quando ele para na minha frente.

Alexei me pega nos braços e então começamos a dançar lentamente. Logo


a intimidade tece um feitiço ao nosso redor e todo o resto desaparece.

Os olhos de Alexei prendem os meus como prisioneiros, e então ele diz:


— Aconteça o que acontecer no futuro, quero que você se lembre deste
momento. Quero dizer tudo o que vou dizer.

Sorrio, lembrando-me das palavras que ele me disse no penhasco. —


Tudo bem, — murmuro.

Alexei para de se mover e levanta as mãos, emoldurando meu rosto.


Então, olhando profundamente nos meus olhos, ele diz: — Eu te amo pra
caralho, Isabella.

A emoção aquece meu peito. — Eu também te amo, Alexei.

Ele solta uma risada. — Merda, você não deveria dizer isso agora.

— Oh. — Levanto uma sobrancelha. — Devo ter perdido o roteiro.

— Não seja insolente comigo, mulher. Estou tentando ser romântico, —


ele me repreende.

— Vou te dar um A pelo esforço.

— Eu estava esperando por um B.

Deixo escapar uma gargalhada. — Claro que você estava.

Suas feições ficam sérias novamente. — Eu confio em você com minha


vida.

Desta vez, suas palavras me atingiram bem no coração, sabendo como a


confiança é rara em nosso mundo.

— Eu também confio em você.


Um sorriso surge em seus lábios e então ele se ajoelha. Segurando minha
mão esquerda, ele esfrega o polegar sobre o anel de noivado. — Isabella
Terrero, você quer se casar comigo?

E então eu finalmente entendi. Alexei está me pedindo em casamento –


o eu com toda a minha memória intacta.

Deus, posso amar esse homem mais do que já amo?

Limpando a garganta, digo: — Aceito todas as suas pesonalidades, Alexei.


Seu lado demoníaco, sua crueldade, seu coração incrivelmente grande e seus
demônios que você esconde do mundo. Eu amo tudo em você. Não há homem
neste planeta que eu respeite mais.

Devoção absoluta brilha nos olhos de Alexei, então ele sorri: — Isso é um
sim?

— Levante-se, — murmuro, e quando ele está na minha frente, coloco


meus braços em volta de seu pescoço. — Isso é um inferno de um sim.

Ficando na ponta dos pés, esmago minha boca na dele – o homem que
roubou meu coração e salvou minha vida de mais de uma maneira – o homem
que acabou por ser minha salvação.
EPÍLOGO

TRÊS ANOS DEPOIS.

Demitri e eu estamos sentados em um SUV, estacionado perto de um


armazém onde um carregamento de meninas está guardado.

Ouço uma motocicleta e, olhando pelo retrovisor lateral, observo Isabella


estacionando atrás de nós. Abrindo a porta, saio e caminho até minha esposa.

— Preparada? — Eu pergunto quando chego a ela.

Isabella tira o capacete e desce da motocicleta. — Sim. Ana está no lugar.

Demitri se junta a nós. — Eu vou subir.

— Ok. — Observo enquanto ele corre para a lateral de um armazém e


então volto minha atenção para Isabella. — Vamos fazer isso.

Ela sorri para mim enquanto caminhamos na direção da remessa.

— Não seja ganancioso esta noite.

Levanto uma sobrancelha para ela. — Eu? Eu deixei você matar mais da
metade todas as vezes. — Eu pisco para ela antes de continuar: — É excitante
ver você sendo durona com os filhos da puta.

— Ugh — Ana murmura pelo fone de ouvido.

— Que tal nos concentrarmos no trabalho? — Demitri se junta a nós.

Isabella solta uma gargalhada silenciosa e então puxa a arma das costas.

Faço o mesmo e, ao virarmos a esquina, colocamos nossas máscaras de


esqui sobre o rosto.
Isabella levanta o braço quando nos aproximamos de dois guardas, e
então eu grito: — Surpresa, filhos da puta. — Ela puxa o gatilho, enterrando
uma bala na cabeça do guarda.

Miro, matando o guarda restante assim que a porta do armazém se abre.


Mais homens se espalham e então é diversão e jogos.

Quando estamos perto o suficiente, cubro Isabella enquanto ela avança.


Isso me dá uma ereção instantânea quando ela pula no ar. Chutando um
guarda bem no peito, ela o monta como uma maldita prancha de surf
enquanto ele cai para trás, e então ela coloca uma bala entre seus olhos.

— Essa é minha garota, — me gabo para ninguém em particular.

— A porra do mundo inteiro sabe, — Demitri murmura baixinho, me


fazendo rir.

Ao entrarmos no armazém, procuro ameaças enquanto Isabella corre até


as meninas.

E então meu bom humor desaparece.

Malditas baratas.

As meninas foram espremidas em jaulas de animais e, sabendo que não


temos muito tempo antes que os reforços cheguem, caminho até a jaula mais
próxima.

Normalmente, deixo para Isabella lidar com as meninas, mas como


estamos com pouco tempo, a cautela e o cuidado terão que ficar em segundo
plano.

— Venha, — digo para a garota enquanto abro a porta.

— Está tudo bem, — Isabella começa a arrulhar. — Estamos aqui para


ajudá-lo.

Ando pelas jaulas, abrindo as portas, e então digo: — Ana, precisamos de


você aqui. A remessa é maior do que esperávamos.

— Estou indo, — sua voz soa no fone de ouvido.


— Demitri, algum movimento? — Eu pergunto.

— Nada. Mas está muito quieto. De pressa.

Alguns minutos depois, a van para e nós conduzimos as oito meninas


para fora.

— Vai ser um ajuste apertado, — menciono para Isabella.

— Não importa. — Ela abre a porta lateral e faz com que as meninas
entrem. — Estamos levando você para um lugar seguro.

Meu instinto entra em ação, me dizendo que algo está errado. — Espere,
— eu digo enquanto Isabella começa a fechar a porta. Aproximo-me e dou uma
boa olhada nas meninas.

De repente, uma das garotas saca uma arma e meu braço voa para cima.
Sem hesitar, puxo o gatilho e a derrubo.

As sete pilhas restantes da van, meus olhos examinando cada uma delas.

— Uma toupeira? — Isabella pergunta.

Eu concordo. — Provavelmente para nos rastrear.

— Que bom que você pegou isso, — Isabella diz enquanto segura os pés
da garota morta, puxando-a para fora da van.

— Meu instinto nunca está errado.

— Ok, mova-se. Dois jipes chegando — Demitri avisa.

Isabella coloca o resto das meninas de volta na van enquanto eu reviso o


corpo da mulher que não tem mais de vinte anos.

Nunca entenderei os vendedores ambulantes de carne. Mas trabalhar


com Isabella nos últimos três anos me ensinou que eles vêm em todas as
formas.

Isabella fecha a porta e bate o punho no metal. Observamos Ana partir e


então Demitri murmura: — A um quilômetro de distância.
— Estamos indo, — respondo, e segurando a mão de Isabella, começamos
a caminhar de volta para onde estacionamos os veículos.

— Claro, dê um passeio. Não há pressa alguma.

— Tire os pneus se você está tão preocupado, — eu digo, gostando demais


de foder com Demitri.

— Vamos, — Isabella diz, sentindo pena de Demitri. Ela puxa a mão da


minha e começa a correr.

— Obrigado, Bella.

Demitri e Ariana começaram a chamá-la de Bella logo após o casamento.


Eu tentei uma vez e quase levei um chute na bunda. Só posso chamá-la de
Isabella, querida, e minha deusa.

Chegando ao SUV, observo Isabella colocar o capacete e só quando ela


sai é que subo para trás do volante.

A porta do passageiro se abre e Demitri entra no veículo. — Idiota.

— Você me ama, — eu o provoco.

Balançando a cabeça, um sorriso aparece em sua boca.

Faço meia-volta e piso no acelerador para alcançar Isabella.

Quando acendo os faróis, ela acelera e acelera como uma bala.

— Tão gostoso, — eu rio enquanto ficamos atrás da van de Ana enquanto


Isabella assume a liderança.

****
QUATRO ANOS DEPOIS.

Sentado no pátio, vejo Mariya fazer uma careta para Viktor, filho de
Demitri e Ariana. — Seja legal, — grito para nossa filha. Ultimamente, ela tem
incomodado Viktor.

— Deixe-a, — diz Alexei. — Ela está apenas passando por uma fase.

— Não fique do lado dela quando ela fizer algo errado, — eu o repreendo.

— Eu ficarei do lado dela mesmo que ela destrua um país pequeno, — ele
ri como se isso fosse algo engraçado.

— Eu não posso vencer com você. Mariya tem você enrolado no dedo
mínimo.

— Como deveria ser, — murmura Alexei enquanto olha para nossa filha
com todo o amor do mundo.

Demitri se senta em uma das cadeiras. — Não se preocupe com eles,


Bella. Crianças serão crianças.

Ariana sai de casa e coloca uma salada na mesa, e isso me faz perguntar:
— Precisa de ajuda?

— Não, eu cuido disso. Você cuida das crianças e garante que elas não se
matem.

Ana coloca um pão de alho ao lado da salada e depois caminha até onde
Mariya e Viktor estão sentados na caixa de areia.

— Quer que eu construa um castelo para você? — Ana pergunta às


crianças.
Mariya vira a cabeça, fazendo beicinho. Enquanto Alexei se move para se
levantar, minha mão se estende e, agarrando seu braço, digo: — Espere.

— Ela está com raiva porque eu não serei seu príncipe, — Viktor murmura
enquanto enfia um dedo na areia.

O queixo de Mariya começa a tremer e ela cruza os braços sobre o peito.

Tenho que apertar ainda mais o braço de Alexei enquanto seu corpo fica
tenso.

— Meu coração dói, — Mariya funga, fazendo meu coração apertar.

Viktor olha para ela e então se aproxima um pouco mais. Inclinando-se


para frente, ele encara o rosto de Mariya. — Porque voce esta chorando? — Ele
pergunta, sua voz doce como uma torta.

— Porque você é mau.

Viktor passa o braço em volta dos ombros de Mariya e diz: — Tudo bem,
serei seu príncipe.

Instantaneamente, um sorriso triunfante se espalha pelo rosto de Mariya


e eu caio na cadeira, balançando a cabeça. — Ela puxou você, — eu culpo
Alexei.

— Tão fofo, — Demitri murmura.

Alexei sorri para seu amigo. — Eu sei.

— Idiota. Eu quis dizer as crianças.

— Claro.

Ariana cai na cadeira ao meu lado, balançando a cabeça. — Parece que


Bella e eu temos quatro filhos. Seria bom ter maridos de vez em quando.

— Amém, irmã, — eu concordo.

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