Aula - Transtornos Psiquiatricos - Atualizado

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Avaliação Neuropsicológica dos Transtornos

Psiquiátricos
Profº Me. Pablo Silva de Lima
@psipablolima
EMENTA DO MÓDULO

Introdução à avaliação Noções de semiologia e Relação das alterações


neuropsicológica dos diagnóstico nosológico neuropsicológicas dos Exame do estado
transtornos dos transtornos transtornos mental.
psiquiátricos. psiquiátricos. psiquiátricos.

Instrumentos
Entrevista estruturada
psicométricos e testes Atualizações
de diagnóstico dos
psicológicos das diagnósticas e
principais transtornos
principais condições nosológicas.
psiquiátricos.
clínicas.
• Psicólogo Clínico, Supervisor e Professor em Psicologia.
• Atuo em psicoterapia de crianças, adolescentes e adultos.
• Avaliação Psicológica (procedimentos cirúrgicos e concursos) e
Avaliação Neuropsicológica
• Doutorando em Saúde e Desenvolvimento pela Faculdade de
Medicina – UFMS, Pesquisador Educa+Brasil.
• Mestre em Saúde e Desenvolvimento pela Faculdade de Medicina –
UFMS
• Pesquisador em Neuropsicologia (GNCE e GEPEDHI) e Membro da
SBNP-JOVEM – Responsável pelas colunas da SBNP-News – pré-
escolares
• Especialista em Neuropsicologia pela USP
• Especialista em Avaliação Psicológica pelo IPOG.
CRONOGRAMA / INTERVALO 20:30
Sexta-feira

• Introdução a avaliação dos transtornos psiquiátricos


• Questões norteadora
• Compreensão dos transtornos mentais / planejamento da avaliação
neuropsicológica
• Entrevistas / Entrevista de Anamnese
• Fator P de psicopatologia – comorbidades
• Hitop
• Rdoc
• Por que avaliar os transtornos mentais?
INTERVALO 10h/ ALMOÇO 12:30 RETORNO
14h/ INTERVALO VESPERTINO 16h
Sábado

• Exame do estado mental


• Transtornos de humor
• Avaliando os transtornos de humor e sua apresentação clínica.
• Aplicação da EBADEP-A
• Aplicação da BDEFS
• Avaliando os transtornos ansiosos e sua apresentação clínica
• Transtorno Obsessivo - Compulsivo
INTERVALO 10h

Domingo

•Introdução aos transtornos de


personalidade
•Avaliando os transtornos de personalidade
•Atividade prática – caso clínico
VAMOS PENSAR...

O “louco” inspira medo e,


consequentemente, é vítima de toda sorte
de agressões. Ser doente mental significa ter
uma vida dura, brutal e curta em muitos
casos. O estigma, o preconceito e o tabu que
o cercam têm atravessado séculos.
QUESTÃO NORTEADORA
Qual a contribuição da avaliação neuropsicológica para os transtornos
psiquiatricos ?
CONCEITUANDO PSICOPATOLOGIA
• A psicopatologia, em acepção mais ampla, pode ser definida como o
conjunto de conhecimentos referentes ao adoecimento mental do ser
humano. É um conhecimento que se esforça por ser sistemático,
elucidativo e desmistificante.
• O campo da psicopatologia inclui uma variedade de fenômenos
associados ao que se denominou historicamente de doença mental.

• São vivências, estados mentais e padrões comportamentais que


apresentam, por um lado, uma especificidade psicológica (as
vivências das pessoas com doenças mentais apresentam dimensão
própria, genuína, não sendo apenas “exageros” do normal) e, por
outro, conexões complexas com a psicologia do normal (o mundo da
doença mental não é totalmente estranho ao mundo das experiências
psicológicas “normais”).
TRANSTORNO MENTAL
• Transtornos mentais, comportamentais e do neurodesenvolvimento
são síndromes caracterizadas por distúrbio clinicamente significativo
na cognição, regulação emocional ou comportamento de um
indivíduo, que reflete uma disfunção nos processos psicológicos,
biológicos ou do desenvolvimento subjacentes ao funcionamento
mental e comportamental.

• Esses distúrbios estão geralmente associados a sofrimento ou


comprometimento no funcionamento pessoal, familiar, social,
educacional, ocupacional ou em outras áreas importantes de
funcionamento.
OMS, 2018
Esses distúrbios estão geralmente
associados a sofrimento ou
comprometimento no
funcionamento pessoal, familiar,
social, educacional, ocupacional ou
em outras áreas importantes de
funcionamento.
DIAGNÓSTICO
• O termo advém do grego di-agnôstikós, cujo significado é
"discernimento", ou "a capacidade de conhecer". No caso, nas
ciências da saúde, é o "discernimento" da causa daquilo que
precipita as manifestações - ou seja, a condição de saúde.

• A palavra diagnóstico tem origem grega: significa conhecer (ou


perceber) dois; distinguir ou reconhecer. Já doença vem do latim
dolentia, e significa dor, sofrimento.

Cheniaux, Elie. Manual de Psicopatologia, (6th edição). Grupo GEN, 2020.


TIPOS DE DIAGNÓSTICO
• Abordagem descritiva.
• A abordagem do DSM-5-TR é ateórica com relação a causas.

• Portanto, esse manual tenta descrever as manifestações dos


transtornos mentais e apenas raramente explicar como acontecem.

• As definições dos transtornos, de modo geral, consistem em


descrições de características clínicas.
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS

• Critérios diagnósticos especificados são fornecidos para cada


transtorno mental em particular.

• Esses critérios incluem uma lista de requisitos que devem estar


presentes para que o diagnóstico seja feito.

• Eles aumentam a confiabilidade do processo de diagnóstico.


DESCRIÇÃO SISTEMÁTICA

• O DSM-5 - TR descreve sistematicamente cada transtorno em termos


de seus aspectos associados: aspectos específicos relacionados a
idade, cultura e gênero; prevalência, incidência e risco; curso;
complicações; fatores predisponentes; padrão familiar; e
diagnóstico diferencial.
• O DSM-5 é um manual diagnóstico, não um tratado.

• Ele não faz menção a teorias de causas, manejo ou tratamento ou a


questões controversas, das quais há muitas, que giram em torno de
uma determinada categoria diagnóstica.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
• Diagnóstico diferencial é essencial para a formulação diagnóstica.

• É uma pequena lista de hipóteses diagnósticas plausíveis que


possam explicar as queixas e os sintomas observados.

• É útil para orientar uma nova coleta de dados, testar as convicções do


profissional e aprimorar a compreensão diagnóstica e pericial.
TRAÇO X ESTADO
EM PSICOPATOLOGIA
TRAÇO
• Definição: Refere-se a características duradouras e estáveis de uma
pessoa. Traços são padrões consistentes de pensamento, emoção ou
comportamento que se mantêm ao longo do tempo e em diferentes
situações.

• Estabilidade: Os traços são relativamente fixos ao longo da vida de


uma pessoa. Eles fazem parte da estrutura da personalidade e
tendem a ser consistentes.
• Exemplo: Traços como neuroticismo (tendência a experimentar
emoções negativas) ou introversão (preferência por ambientes mais
calmos e introspectivos) são características estáveis que uma pessoa
pode carregar por muitos anos, independentemente das
circunstâncias momentâneas.
Estado
• Definição: Refere-se a uma condição temporária de uma pessoa em
um momento específico. Estados são respostas emocionais ou
comportamentais transitórias, influenciadas por circunstâncias,
eventos ou fatores situacionais.

• Estabilidade: Estados são variáveis e passageiros, podendo mudar


rapidamente com base nas situações em que a pessoa se encontra.
• Exemplo: Um indivíduo pode experimentar um estado de ansiedade
antes de uma apresentação importante, mas essa ansiedade tende a
desaparecer depois que a situação de estresse passa. Diferente de um
traço, o estado não é uma característica fixa da pessoa.
• Uma pessoa pode ter o traço de ansiedade (ou seja, ser predisposta a
se preocupar e ficar tensa na maioria das situações, de forma
persistente), mas em uma situação de exame ou entrevista, essa
pessoa pode experimentar um estado de ansiedade (uma resposta
temporária ao estresse específico daquela situação).
Neuropsicologia e sua interdisciplinaridade.

HAASE, V. G.; DE SALLES, J. F.; MIRANDA, M. C.; MALLOY-DINIZ, L.; ABREU, N.; ARGOLLO, N.; MANSUR, L. L.; PARENTE, M. A. de M. P.; FONSECA, R. P.; MATTOS, P.;
LANDEIRA-FERNANDEZ, J.; CAIXETA, L. F.; NITRINI, R.; CARAMELLI, P.; TEIXEIRA JUNIOR, A. L.; GRASSI-OLIVEIRA, R.; CHRISTENSEN, C. H.; BRANDÃO, L.; DA SILVA
FILHO, H. C.; SILVA, A. G. da; BUENO, O. F. A. Neuropsicologia como ciência interdisciplinar: consenso da comunidade brasileira de pesquisadores/clínicos em
Neuropsicologia. Neuropsicología Latinoamericana, [S. l.], v. 4, n. 4, 2012.
Bases biológicas do Processos Avaliação
comportamento cognitivos básicos psicológica

Desenvolvimento
Psicopatologia Ciências Cognitivas
humano

Processos
psicológicos Metodologia de
Estatística
básicos e pesquisa
complexos
SISTEMA NERVOSO
CENTRAL

NEUROPSICOLOGIA
FUNCIONAMENTO
PSICOLOGIA
COGNITIVO
E NEUROCIÊNCIAS

COMPORTAMENTO
FUNCIONALIDADE
VIDA DIÁRIA 30
Exame neuropsicológico?

Como realizamos
Quais passos
um exame
essenciais ?
neuropsicológico??
ENTREVISTA DE
ELABORAÇÃO DO
ANAMNESE
LAUDO

LEVANTAMENTO CONFIRMAÇÃO OU
DE REFUTAMENTO DE
HIPÓTESES
INÍCIO HIPÓTESES FIM?

ENTREVISTA ENTREVISTA
INICIAL DEVOLUTIVA

ESCOLHAS DOS CORREÇÃO E ANÁLISE


INSTRUMENTOS DOS INSTRUMENTOS +
HISTÓRIA CLÍNICA 32
TOD TDAH

TNM TEA
QUAIS DEMANDAS
CHEGAM PARA UMA
TAB TDL
AVALIAÇÃO
NEUROPSICOLÓGICA DEPRESSÃO
DI/TDI

TPBOR TAG
UMA REFLEXÃO ...

Déficits nas funções


executivas são
transdiagnósticas,
não sendo
exclusivo de apenas
um transtorno.
Déficits cognitivos
– quais seriam os
fatores protetivos
e de
vulnerabilidade do
desempenho
cognitivo
• As alterações cognitivas podem ser caracterizadas como um
fenômeno transdiagnóstico, ou seja, comum a vários quadros
psiquiátricos.

• Temos que nos atentar ao prejuizo – visando o prognóstico e os


desfechos clínicos em transtornos psiquiátricos

• Déficts cognitivos são preditores de impacto funcional ( capacidade


para realizar atividades do dia a dia) em alguns quadros psiquiátricos
(Diamond, 2013; Friedman e Miyake, 2017)
Consiste na capacidade de um indivíduo
inibir respostas prepotentes,
principalmente aquelas que o sujeito
apresenta uma forte tendência a emitir;
a incapacidade de ignorar estímulos e
distratores que interrompam a execução CONTROLE
tarefa, bem como a interrupção de INIBITÓRIO
respostas que estejam em curso.
Sistema temporário de
armazenamento de dados
que permite a monitoração e
o manejo mental de
Capacidade de alternar o curso informações; é responsável
das ações ou dos pensamentos, por manter ativado um
conforme as exigências volume de informações
ambientais. A habilidade de FLEXIBILIDADE MEMÓRIA DE
durante um determinado
mudar de foco e de considerar COGNITIVA TRABALHO período, servindo de base
diferentes alternativas, para outros processos
promovendo, desse modo, a cognitivos.
capacidade do indivíduo para
se adaptar a diferentes
contextos e demandas.
O PACIENTE
PODE CHEGA E DIZ DEPRESSÃO?
SER UM TAB?
TDAH?
EU ESTOU
DESATENTO
SEMPRE ME
SINTO
DESATENTO
EMOCIONAL
DEVIDO A
OU TEA? COMO SAIR STRESS?
TEAs DESSAS
DÚVIDAS? 38
ENTREVISTA DE
ELABORAÇÃO DO
ANAMNESE
LAUDO

LEVANTAMENTO CONFIRMAÇÃO OU
DE REFUTAMENTO DE
HIPÓTESES
INÍCIO HIPÓTESES FIM?

ENTREVISTA ENTREVISTA
INICIAL DEVOLUTIVA

ESCOLHAS DOS CORREÇÃO E ANÁLISE


INSTRUMENTOS DOS INSTRUMENTOS +
HISTÓRIA CLÍNICA 39
A MÃE CHEGA E
PODE DIZ DEPRESSÃO?
SER UM TAB?
TDAH?
TOD? MEU FILHO ESTÁ
MUITO IRRITADO
EM CASA, NA
ESCOLA, SE
COMPORTA COMO
SE FOSSE UM BICHO

EMOCIONAL
DEVIDO A
OU TEA? COMO SAIR STRESS?
TEAs DESSAS OU TAG?
DÚVIDAS? 40
ENTREVISTA
DE
ANAMNESE

41
A ENTREVISTA INICIAL É
CONSIDERADA UM
MOMENTO CRUCIAL NO
DIAGNÓSTICO E NO
TRATAMENTO EM SAÚDE
MENTAL.
DIFÍCIL DIZER COMO CONDUZIR UMA ENTREVISTA
• Depende da personalidade do paciente, seu estado cognitivo e emocional

• Do contexto institucional da entrevista (caso a entrevista se realize em


pronto-socorro, enfermaria, ambulatório, centro de saúde, Centro de
Atenção Psicossocial [CAPS], consultório particular, consultório de rua, etc.)

• Dos objetivos da entrevista (diagnóstico clínico; estabelecimento de vínculo


terapêutico inicial; entrevista para psicoterapia, tratamento farmacológico,
orientação familiar, conjugal, pesquisa, finalidades forenses, trabalhistas;
etc.).

• Personalidade do entrevistador.
O QUE EVITAR:
Reações
exageradamente
Posturas rígidas, Atitude excessivamente
emotivas ou
estereotipadas neutra ou fria
artificialmente
calorosas

Comentários valorativos
Reações emocionais
ou julgamentos sobre o
intensas de pena ou
que o paciente relata ou
compaixão.
apresenta

44
Entrevistas excessivamente
prolixas, nas quais o paciente
Responder com hostilidade ou
fala, fala, fala, mas, no fundo,
agressão
não diz nada de substancial
sobre seu sofrimento.

Fazer muitas anotações durante


a entrevista, pois, em alguns
casos, isso pode transmitir ao
paciente que as anotações são
mais importantes que a própria
entrevista
45
QUANTIDADE DE ENTREVISTAS

• Não é possível saber quantas entrevistas e quanto tempo serão


necessários para conhecer adequadamente o paciente. A
experiência e a atitude do profissional, curiosa, atenta e receptiva,
determinam o quão profundo e abrangente será o conhecimento
extraído das entrevistas.
• Mesmo realizando entrevistas abertas, nos primeiros encontros, o
profissional deve ter a estrutura da entrevista em sua mente.

• À medida que o relato feito pelo indivíduo progride, ele vai sendo
“encaixado” em determinada estrutura de história, que está na mente
do entrevistador.

• Surgirão lacunas nessa história, que saltarão à mente do profissional.

• Após a fase de exposição livre, ele fará as perguntas que faltam para
completar e esclarecer os pontos importantes da história e da anamnese
de modo geral.
I. Dados de II. Fonte e III. Queixa IV. História da
identificação confiabilidade principal doença atual

V. História VI. Uso/abuso VII. História


VIII. História
psiquiátrica e adições de médica
familiar
pregressa substâncias pregressa

IX. História
X. Revisão de XI. Exame do
evolutiva e
sistemas estado mental
social
I. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
• Esta seção é breve, uma ou duas sentenças, e normalmente inclui
nome, idade, sexo, estado civil (ou outro relacionamento
significativo), raça ou etnia e ocupação do paciente.

• Muitas vezes, a fonte de encaminhamento também é inclusa.


II. FONTE E CONFIABILIDADE
• É importante esclarecer de onde veio a informação, especialmente se
outras pessoas a forneceram ou registros foram revisados, e avaliar a
confiabilidade dos dados.
II. QUEIXA PRINCIPAL
• Esta deve ser a queixa apresentada pelo paciente, idealmente em
suas próprias palavras. Exemplos incluem: “Estou deprimido” ou
“Sinto muita ansiedade”.
V. HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL
• A doença atual é uma descrição cronológica da evolução dos
sintomas do episódio atual.

• Além disso, o relato também deve incluir qualquer mudança que


ocorreu durante esse mesmo período de tempo nos interesses, nas
relações interpessoais, nos comportamentos, nos hábitos pessoais e
na saúde física do paciente.
• As perguntas essenciais a serem respondidas na história da doença
atual incluem o que (sintomas), quanto (gravidade), duração e
fatores associados.

• É importante identificar por que o paciente está buscando ajuda


nesse momento e quais são os fatores “desencadeantes” (“Estou aqui
agora porque minha namorada me disse que se eu não procurar
ajuda para esse nervosismo ela vai me deixar.”).
• Identificar o contexto no qual a doença começou pode ser relevador
e útil para entender a etiologia, ou os fatores contribuintes, da
condição.

• Se algum tratamento foi recebido para o episódio atual, ele deve ser
definido em termos de quem viu o paciente e com que frequência, o
que foi feito (p. ex., psicoterapia ou medicamento) e as
especificidades da modalidade utilizada.
V. HISTÓRIA PSIQUIÁTRICA PREGRESSA
• Na história psiquiátrica pregressa, deve obter informações sobre
todas as doenças psiquiátricas e seu curso ao longo da vida do
paciente, incluindo sintomas e tratamento.

• Tendo em vista que a comorbidade é mais a regra do que a exceção,


além dos episódios anteriores da mesma doença (p. ex., episódios
anteriores de depressão em um indivíduo que tem um transtorno
depressivo maior).
• O profissional também deve estar alerta para os sinais e sintomas de
outros transtornos psiquiátricos.

• A descrição dos sintomas passados deve incluir quando eles


ocorreram, quanto tempo duraram e sua frequência e gravidade.
VI. USO, ABUSO E ADIÇÕES DE SUBSTÂNCIA
• Uma revisão cuidadosa de uso, abuso e adições de substâncias é
essencial para a entrevista psiquiátrica.

• O profissional deve ter em mente que pode ser difícil para o paciente
discutir essa informação, e um estilo imparcial extrairá informações
mais precisas.

• Se o paciente parecer relutante em compartilhar tal informação,


perguntas específicas podem ajudar (p. ex., “Você já usou
maconha?” ou “Você costuma ingerir bebidas alcóolicas todos os
dias?”).
VII. HISTÓRIA MÉDICA PREGRESSA

• A história médica pregressa inclui um relato de doenças e condições


clínicas importantes, bem como os tratamentos, tanto passados
quanto presentes.

• Cirurgias passadas também devem ser revistas. É importante


entender a reação do paciente a essas doenças e as habilidades de
enfrentamento empregadas.

.
VIII. HISTÓRIA FAMILIAR
• Tendo em vista que muitas doenças psiquiátricas são familiares e que
um número significativo delas tem uma predisposição genética,
senão uma causa, uma revisão cuidadosa da história familiar é parte
essencial da avaliação psiquiátrica.

• Além disso, uma história familiar precisa auxilia não apenas a definir
os possíveis fatores de risco para doenças específicas como também
a formação psicossocial do paciente.
HISTÓRIA EVOLUTIVA E SOCIAL <3
• A história do desenvolvimento e a história social revisam os estágios
da vida do paciente.

• Trata-se um instrumento importante para determinar o contexto dos


sintomas e as doenças psiquiátricas e pode, na verdade, identificar
alguns dos principais fatores na evolução do transtorno.

• Com frequência, estressores psicossociais atuais serão revelados


durante a obtenção de uma história social. Muitas vezes, pode ser
útil revisar a história social cronologicamente, para garantir que
todas as informações sejam abordadas
TER OU NÃO TER
INFORMANTES
COMPLEMENTARES?
EM UMA AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA
INFORMANTES COMPLEMENTARES
• Muitas vezes, para a avaliação adequada do indivíduo, faz-se necessária a
informação de familiares, amigos, conhecidos e outros.

• A mãe, o pai ou o cônjuge do paciente, por exemplo, têm sua visão do


caso, e não a visão (correta e absoluta) do caso. De qualquer forma, muitas
vezes, as informações fornecidas pelos acompanhantes podem revelar
dados mais confiáveis, claros e significativos.

• Cabe a quem está avaliando o paciente decidir quem é o informante mais


confiável, de quem vêm as informações mais seguras e úteis para a história
e o trabalho clínico.
OUTRO CUIDADO!

• Em psicopatologia, um aspecto característico da clínica é que parte


dos pacientes, apesar de apresentar sintomas graves que
comprometem profundamente suas vidas, não os reconhece como tal
(Lewis, 2004).

OS INFORMANTES
COMPLEMENTARES NOS
AUXILIAM
DURANTE A REALIZAÇÃO DE UMA
ENTREVISTA, SÓ REALIZAMOS
PERGUNTAS?
• Há uma série de entrevistas padronizadas organizadas
principalmente para a realização de pesquisas

• Exame do estado mental


• A primeira impressão que o indivíduo produz no
entrevistador é, na verdade, o produto de muitos
fatores, como a aparência global do paciente, seu
tom de voz, sua face e olhar, suas roupas e postura.

67
EXEMPLO
Depressão

• há, de modo geral, uma redução da expressividade afetiva. O


contato ocular com as outras pessoas é diminuído; o paciente
gravemente deprimido tende a não olhar ou a evitar a face e
os olhos do interlocutor. O olhar pode dirigir-se para baixo, e
há redução global das interações sociais. A face, como um
todo, revela emoções tristes, melancólicas ou simplesmente
apáticas.

68
Ansiedade
• Nos quadros ansiosos, há, muitas vezes, uma expressão facial tensa,
preocupada ou amedrontada. A tensão muscular costuma
comprometer todo o corpo, mas pode ser mais intensa nos músculos
cervicais do pescoço e na musculatura da face.

• Pode haver, sobretudo nos quadros de ansiedade aguda e/ou crises


de pânico, descarga importante do sistema nervoso autônomo
(inicialmente, descarga simpática e, depois, rebote parassimpático).
Na descarga simpática, há a clássica reação de lutar ou fugir

70
ESQUIZOFRENIA

• desorganização mental e comportamental intensa, que se expressa


nos gestos e movimentos do paciente que indicam desorganização,
inclusive, às vezes, em atos básicos da vida, como alimentação,
banho, caminhada, posturas bizarras de repouso, e no encontro
com outra pessoa.

71
03/10/2024 TÍTULO DA APRESENTAÇÃO 72
Porque uma variabilidade na apresentação
clínica

Clínicos e
Fatores individuais
sociodemográficos
NORMALIDADE EM PSICOPATOLOGIA
• De acordo com o critério subjetivo de normalidade, está doente
quem sofre ou se sente doente.

• Na síndrome maníaca, contraditoriamente, o paciente sente-se


muito bem e, apesar disso, está enfermo. Pelo critério estatístico –
ou quantitativo –, normal é sinônimo de comum, ou significa
próximo à média.
NORMALIDADE ANORMALIDADE
• A crítica que se faz a esse critério é que ele se baseia em normas
socioculturais arbitrárias, as quais podem variar de um local para
outro e modificar-se ao longo do tempo

Cheniaux, Elie. Manual de psicopatologia, 2022


ESTUDOS E DIVISÕES

• Psicopatologias podem ser divididas em dois grupos: as explicativas e


as descritivas.
• As psicopatologias explicativas baseiam-se em modelos teóricos ou
achados experimentais, e buscam esclarecimentos quanto à etiologia
dos transtornos mentais. Elas podem seguir uma orientação
psicodinâmica (como a psicanálise), cognitiva, existencial, biológica
ou social, entre outras.
• As psicopatologias descritivas, por sua vez, consistem na descrição e
na categorização precisas de experiências anormais, como
informadas pelo paciente e observadas em seu comportamento.
Como as (os) Psicólogas
(os) identificam as
Psicopatologias ?
ANAMNESE (QUEIXA,
ENTREVISTAS MOTIVO DO
ENCAMINHAMENTO)

O diagnóstico psiquiátrico é
eminentemente clínico

As manifestações
psicopatológicas sofrem HISTÓRIA DA DOENÇA EXAME PSIQUICO
uma importante influência
da cultura no que concerne
a expressões emocionais,
conteúdos de pensamentos
e comportamentos.
DIAGNÓSTICO NOSOLÓGICO
• Atualmente, o mais usado e recomentado é o diagnóstico
nosológico – PORÉM NEM TANTO.

• O diagnóstico de uma doença pode seguir o modelo


categorial ou o dimensional.
Existe um
Fator Comum?
Fator P de Psicopatologia
• O fator p, análogo ao conceito de inteligência geral ('g'), reflete a
observação de que indivíduos que pontuam alto em certos traços
psicopatológicos também pontuam alto em outros (Caspi et al.,
2014 ).

• O interesse pelo fator p decorreu inicialmente de altos níveis de


comorbidade psicopatológica em adultos. A co-ocorrência de
transtornos psiquiátricos é surpreendentemente alta, com até 50%
dos indivíduos diagnosticados com uma doença mental
desenvolvendo duas ou mais comorbidades em um período de 12
meses (Kessler et al., 2005 ).
Allegrini, A. G., Cheesman, R., Rimfeld, K., Selzam, S., Pingault, J. B., Eley, T. C., & Plomin, R. (2020). The p factor: genetic analyses
support a general dimension of psychopathology in childhood and adolescence. Journal of child psychology and psychiatry, and
allied disciplines, 61(1), 30–39. https://doi.org/10.1111/jcpp.13113
A estrutura dos transtornos mentais pode ser
resumida em três dimensões psicopatológicas
centrais:

E uma suscetibilidade
Uma suscetibilidade
Externalizante de Transtorno do
internalizante
Pensamento
• à depressão e à • para transtornos • a sintomas de
ansiedade; um antissociais e por psicose.
passivo uso de substâncias;
• Já durante a infância e adolescência, as formas de
psicopatologia são frequentemente comórbidas.

• Um relatório recente descobriu que 1 em cada 20


jovens britânicos com menos de 20 anos de idade
preenchia os critérios para 2 ou mais transtornos
mentais (NHS Digital 2017 ).
Variáveis ​ambientais como recreação, nível educacional e
status socioeconômico

Sprooten, E., Franke, B., & Greven, C. U. (2022). The P-factor and its genomic and neural equivalents: an integrated
perspective. Molecular psychiatry, 27(1), 38–48. https://doi.org/10.1038/s41380-021-01031-2 87
NOVAS PERSPECTIVAS DE
PENSAMENTO
• Os Critérios de Domínio de Pesquisa (RDoC) e a Taxonomia
Hierárquica da Psicopatologia (HiTOP) representam grandes
estruturas dimensionais que propõem duas abordagens alternativas
para acelerar o progresso na forma como a psicopatologia é
estudada, classificada e tratada.
• RDoC é uma estrutura de pesquisa enraizada na neurociência com o
objetivo de aprofundar a compreensão dos sistemas
biocomportamentais transdiagnósticos subjacentes à
psicopatologia e, finalmente, informar futuras classificações.

• HiTOP é um sistema de classificação dimensional, derivado da


covariação observada entre sintomas de psicopatologia e traços
desadaptativos, que busca fornecer pesquisas e tratamentos mais
informativos alvos (ou seja, construtos dimensionais e avaliações
clínicas) do que categorias de diagnóstico tradicionais.
PORQUE MODELOS ATUAIS...
• Classificar com precisão os transtornos mentais e elucidar suas
etiologias permanecem entre os maiores desafios da psicologia clínica
e da psiquiatria modernas

limitações das classificações categóricas


O que é RDoC?
• A estrutura RDoC foi desenvolvida pelo NIMH em 2009 para orientar
a pesquisa sobre as bases neurobiológicas da psicopatologia
organizada em torno de dimensões biocomportamentais e,
finalmente, informar os esforços para refinar as classificações
psiquiátricas ( Cuthbert e Insel, 2013 ; Insel et al., 2010)
• About RDoC. Disponível em:
by-nimh/rdoc/about-rdoc>. Acesso em: 15 ago. 2023.
<https://www.nimh.nih.gov/research/research-funded-
O ambiente desempenha
um papel fundamental na
interação com os fatores
biológicos e
comportamentais. O
contexto ambiental
influencia o
desenvolvimento e a
manifestação de
comportamentos e
transtornos mentais.
• Representam os diferentes níveis de análise que o RDoC utiliza para
entender os transtornos mentais. Esses níveis incluem:
• Genes: Fatores genéticos que influenciam o comportamento e a
saúde mental.
• Moléculas: Processos neuroquímicos e biológicos.
• Células: Função celular no cérebro e outros sistemas.
• Circuitos: Redes de neurônios no cérebro e sua conectividade.
• Fisiologia: Funções corporais gerais que interagem com a saúde
mental.
• Comportamento: Comportamentos observáveis.
• Relatos de Experiência: Relatos subjetivos da experiência individual.
• 1) Sistemas de valência negativa, que abrangem os circuitos neurais
relacionados a:

• Ameaças agudas.
• Ameaças em potencial.
• Ameaças sustentadas.
• Perdas.
• Frustrações pela falta de recompensas.
• Sistema de valência positiva, que englobam:

• Motivação.
• Resposta inicial a recompensa.
• Resposta sustentada a recompensa.
• Aprendizado por reforço positivo.
• Hábitos.
• Sistemas cognitivos, que abrangem:

• Atenção.
• Percepção.
• Memória operativa.
• Memória declarativa.
• Linguagem.
• Comportamento cognitivo.
Sistemas de processamento social, que
incluem:

• Reações de afiliação ou pertencimento (é o engajamento da pessoa


em interações sociais positivas com outras pessoas; o pertencimento
seria uma consequência da motivação social).
• Conexão.
• Apego (engajamento seletivo do indivíduo com outra pessoa, que
ocorre como consequência do desenvolvimento de um contato e
ligação social).
• Comunicação social (implica o processo dinâmico de troca de
informações socialmente relevantes, com comunicação verbal e não
verbal, sendo essencial para manutenção e integração da pessoa em
seu ambiente).
• Autopercepção e autoconhecimento (a habilidade em fazer
julgamentos sobre os traços, as habilidades e os estados cognitivos e
emocionais internos).
• Percepção e compreensão dos outros.
• 5) Sistemas de ativação/regulação, que envolvem:

• Estimulação.
• Ritmos circadianos.
• Ciclos sono vigília.
O que é HiTOP?
• HiTOP é um sistema desenvolvido por um consórcio de cientistas que
estudam nosologia psiquiátrica ( Kotov et al., 2017 ; Kotov et al., 2018
) que propõe uma classificação dimensional hierárquica de problemas
de saúde mental.

• O modelo HiTOP foi construído com base em extensa pesquisa


usando análise fatorial e análise de classe latente com o objetivo de
organizar a psicopatologia de acordo com a estrutura de covariância
natural de sinais, sintomas, comportamentos desadaptativos e
traços, seguindo uma abordagem quantitativa de longa data da
nosologia ( Achenbach, 1966 ; Kotov et al., 2017)
• "Somatoform", "Internalizing" (Internalizante),
• "Thought Disorder" (Transtorno do Pensamento),
• "Disinhibited Externalizing" (Externalizante Desinibido),
• Antagonistic Externalizing"
• (Externalizante Antagônico), e "Detachment" (Desapego).
• A proposta do HiTOP divide-se em cinco níveis, que vão de categorias
mais amplas e gerais a níveis mais específicos e detalhados.

• Esses níveis permitem descrever a psicopatologia de forma mais


contínua, ao invés de apenas categórica, o que reflete melhor a
variabilidade das manifestações mentais em indivíduos.
VANTAGENS DO HITOP:
• Contínuo vs Categórico: Diferente dos sistemas tradicionais que
categorizam os transtornos de forma rígida, o HiTOP vê os transtornos
mentais em um continuum, reconhecendo que muitas condições se
sobrepõem e que não há uma linha clara que separa saúde mental e
doença.

• Individualização: Ao considerar tanto sintomas quanto traços, o


HiTOP permite um diagnóstico mais individualizado e detalhado. Isso
ajuda a tratar de forma mais eficaz pacientes que podem não se
encaixar perfeitamente em uma única categoria diagnóstica.
EXEMPLO
• Imagine um paciente que apresenta sintomas de ansiedade, humor
depressivo e perfeccionismo. No modelo tradicional (DSM), esse
paciente pode ser diagnosticado com Transtorno de Ansiedade
Generalizada e Transtorno Depressivo Maior.
• No entanto, pelo HiTOP, ele poderia ser visto como pertencente ao
espectro internalizante, dentro do espectro ansiedade-depressão,
com subfatores de ansiedade e depressão, e apresentar sintomas de
preocupação e desânimo, além do traço de perfeccionismo.
O QUE A NEUROPSICOLOGIA PODE
CONTRIBUIR PARA COMPREENDER OS
TRANSTORNOS MENTAIS
• 1 - A natureza dos déficits cognitivos
• 2 – A papel de processos cognitivos na etiologia de um transtorno
• 3 – possíveis implicações de alterações cognitivas em desfechos
clínicos
RELEMBRANDO ALGUMAS COISAS
NÃO EXISTE SINTOMA PATOGNOMÔNICO EM PSICOPATOLOGIA

TEMOS QUE SABER USAR OS CRITERIOS CATEGORIAIS, NOSOLÓGICOS E DIMENSIONAIS

O CRITÉRIO DE NORMALIDADE PODE SER PERIGOSO

É O DIAGNÓSTICO É CLÍNICO POR MEIO DE ENTREVISTAS E EXAME DO ESTADO MENTAL

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OBRIGADO!
VAMOS DESCANSAR!!!
@psipablo.lima

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