Introdução: A Representação Do Eu Na Vida Cotidiana
Introdução: A Representação Do Eu Na Vida Cotidiana
Introdução: A Representação Do Eu Na Vida Cotidiana
Introdução
Capítulo 1: Representações
Neste capítulo, Goffman detalha como a "representação" está presente em cada interação.
Ele observa que o "eu" público é moldado pela expectativa de aceitação e pelo controle do
comportamento para atender às normas sociais. As pessoas, de acordo com ele, têm uma
"fachada", um conjunto de sinais expressos para projetar a imagem de uma pessoa segura
e autêntica. Essa fachada é composta por elementos fixos e variáveis, como a aparência, o
estilo de comunicação e os gestos, que criam uma narrativa visual e comportamental sobre
o indivíduo. Além disso, ele explora como os "atores" procuram controlar a impressão dos
outros, manipulando a informação para "esconder" aspectos que possam contradizer a
imagem desejada.
Goffman também introduz o conceito de "região" (ou "setting"), que define os espaços de
performance como "frente" (onde o ator se apresenta para o público) e "fundo" (onde ele se
prepara longe do olhar dos espectadores). Essa divisão permite entender como as pessoas
alternam entre momentos de "encenação" e de "preparação" ao longo de seu dia. Em um
ambiente público, por exemplo, um funcionário atua de maneira cortês com os clientes
(frente), enquanto em espaços privados relaxa, se permitindo ser mais espontâneo (fundo).
Considerações Finais
A Representação do Eu na Vida Cotidiana é uma obra seminal que oferece uma perspectiva
única sobre a interação social. A abordagem dramatúrgica de Goffman, com seus conceitos
de fachada, controle da informação e definição da situação, revela a complexidade do
comportamento humano nas interações diárias. Com estilo analítico, Goffman consegue
transformar o que parece banal em uma análise rica das relações humanas, tornando sua
obra indispensável para a sociologia e para áreas afins que buscam entender o
comportamento social.
Em Manicômios, Prisões e Conventos (1974), Erving Goffman examina o que ele define
como “instituições totais” — locais onde indivíduos são isolados do mundo externo e
submetidos a uma rotina controlada por regras rigorosas. O livro é uma análise profunda de
ambientes como manicômios, prisões, conventos, hospitais militares e orfanatos,
oferecendo uma perspectiva inovadora sobre as dinâmicas e os efeitos dessas instituições
na identidade dos indivíduos. Nesta resenha, abordaremos o Prefácio, a Introdução e a
seção "As características das instituições totais" (p.7-108), que são as bases centrais da
obra.
Prefácio
Introdução
Na introdução, Goffman descreve o conceito de “instituição total” e caracteriza essas
organizações como lugares em que os internos vivem e trabalham, com uma barreira física
e social que os separa do mundo exterior. Ele identifica diferentes tipos de instituições, cada
qual com finalidades específicas, que vão desde cuidados (hospitais) até reclusão e punição
(prisões), além de outras com fins religiosos (conventos). O ponto comum, no entanto, é a
imposição de uma estrutura rígida que reduz os indivíduos a papéis pré-definidos, limitando
suas identidades pessoais.
As instituições totais também se baseiam em uma “quebra” radical da vida anterior dos
internos. Goffman compara essa situação à de um “servidor” que precisa obedecer a uma
rotina e a regras impostas pelos “superiores” (funcionários da instituição). Essa dinâmica
resulta na desintegração da identidade dos internos, cujas liberdades são substituídas por
um regime de controle que busca moldá-los conforme os padrões da instituição.
Goffman expande, neste capítulo, a análise das características específicas das instituições
totais. Ele argumenta que, nessas instituições, as atividades cotidianas dos internos (como
comer, dormir e trabalhar) são regulamentadas e supervisionadas, realizadas de acordo
com um cronograma rígido. Goffman divide essas atividades em "grupos” que se realizam
em espaços comuns e que integram todos os aspectos da vida dos internos sob um mesmo
controle.
Goffman também explora como os internos reagem a essa perda de identidade, adotando
estratégias de resistência ou conformidade para sobreviver à vida institucional. Algumas
dessas estratégias incluem o “público privado” (mantendo aspectos de sua vida pessoal
ocultos) e o “papel secundário” (adaptação às regras como forma de proteção). Esses
mecanismos representam as tentativas dos internos de preservar um mínimo de autonomia
em um ambiente que busca restringir completamente suas liberdades.
Considerações Finais
Manicômios, Prisões e Conventos é uma análise crítica das instituições totais e dos efeitos
psicológicos devastadores que elas podem ter nos indivíduos. Goffman utiliza uma
abordagem etnográfica rigorosa para mostrar como a identidade pessoal é desconstituída e
remodelada em ambientes institucionais, destacando a importância da autonomia individual
e da preservação da dignidade humana. Sua análise sobre a “mortificação do eu” traz
reflexões valiosas sobre os limites do poder institucional e as formas de resistência dos
internos, e permanece como uma leitura essencial para quem busca entender as dinâmicas
de controle e resistência nas instituições sociais.