Protocolo de Intervenção Do As em Uti Geral

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FACULDADE DE MEDICINA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO – FAMERP

CURSO DE APRIMORAMENTO PROFISSIONAL


SERVIÇO SOCIAL NA SAÚDE

LARISSA LANDULFO DOS SANTOS

PROTOCOLO DE INTERVENÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL EM UMA UTI GERAL

São José do Rio Preto / SP

2014
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE
COORDENADORIA DE RECURSOS HUMANOS
FUNDAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO ADMINISTRATIVO – FUNDAP

PROGRAMA DE APRIMORAMENTO PROFISSIONAL

LARISSA LANDULFO DOS SANTOS

PROTOCOLO DE INTERVENÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL EM UMA UTI GERAL

Monografia apresentada ao Programa de


Aprimoramento Profissional/SES, elaborada na
Fundação Faculdade Regional de Medicina de São
José do Rio Preto/SP – FAMERP

Área: Serviço Social na Saúde

São José do Rio Preto

2015
LARISSA LANDULFO DOS SANTOS

PROTOCOLO DE INTERVENÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL EM UMA UTI GERAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a


COAPRIMO (Comissão de Curso de Aprimoramento
Profissional) como parte dos requisitos para obtenção do
título de Aprimoranda em Serviço Social na Saúde, sob
orientação da Professora Luzia Cristina de Almeida
Serrano e Co-orientação do Assistente Social Ederson
Ferreira Camargo.

SÃO JOSÉ DO RIO PRETO/SP


2014
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio
convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

FACULDADE DE MEDICINA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

Santos, Larissa Landulfo.

Protocolo de Intervençaõ do Assistente Social em uma UTI Geral. Larissa


Landulfo dos Santos, São José do Rio Preto, 2014; orientadores Luzia Cristina de
Almeida Serrano e Ederson Ferreira Camargo. São José do Rio Preto, 2014. 41p.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a COAPRIMO (Comissão de


Curso de Aprimoramento Profissional) como parte dos requisitos para obtenção do
título de Aprimoranda em Serviço Social na Saúde.

1 Serviço Social 2 Saúde 3 Protocolo de Intervenção 4 Atendimentos Sociais.


LARISSA LANDULFO DOS SANTOS

PROTOCOLO DE INTERVENÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL EM UMA UTI GERAL

BANCA EXAMINADORA

Presidente da Banca: Ederson Ferreira Camargo


Examinadora: Hilda Manoela de Lima
Examinadora: Débora Augusto Valverde

São José do Rio Preto, 16/12/2014


Dedico este trabalho aos meus pais Arlete e Luciano, a
minha irmã Layla, a minha avó Tereza, a toda minha
família, aos amigos que fiz nestes dois anos de
aprimoramento e a todos que sempre acreditaram em
mim.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente à Deus, foi ele quem segurou minha mão nas horas mais difíceis, me
deu forças para seguir em frente em mais uma conquista.

Aos meus pais Arlete e Luciano, á minha irmã Layla, obrigado por acreditarem e
confiarem em mim.

Às queridas amigas aprimorandas, que entraram na minha vida e agora fazem parte
dela, vivemos momentos alegres, tristes e angustiantes nesses dois anos de aprimoramento,
que deixarão muitas saudades.

À minha companheira de moradia, Maria Aparecida, obrigado por estar presente a


todo instante, jamais esquecerei os momentos vivenciados nesses seis anos de amizade, e
estes dois anos de convivência, mas agora só temos que comemorar. Cumprimos mais uma
etapa de nossas vidas.

A todos as Assistentes Sociais do Hospital de Base, pela paciência e dedicação, cada


um de forma especial contribuiu para meu aprimoramento profissional, em especial aos meus
supervisores Camila Oliveira, Hilda Manoela, Ederson Ferreira e Carla Cristina Santos aos
quais tive a alegria de compartilhar experiências profissionais.

A todos os profissionais (médicos, enfermeiras (os), psicólogos, fisioterapeutas,), em


especial as secretárias Maisa Torres, Cristina Gasques e Aline Costa, á Gabriela Paiva e
Johnatan (jovens aprendizes), ao psicólogo Pedro Coutinho, os meus profundos
agradecimentos pela amizade sincera e por fazer os meus dias mais divertidos. Guardarei
cada segundo que passamos juntos, no fundo do meu coração.

Larissa Landulfo dos Santos


RESUMO

SANTOS, Larissa Landulfo. Protocolo de Intervençaõ do Assistente Social em uma UTI


Geral. 2014. p. 41 Trabalho de Conclusão de Curso de Aprimoramento Profissional em
Serviço Social na Saúde. Fundação Faculdade Regional de Medicina – FUNFARME, São
José do Rio Preto/SP, 2014.

O presente trabalho tem por objetivo oferecer à Unidade de Terapia Intensiva - UTI Geral do
Hospital de Base de São José do Rio Preto -, um instrumental para o Serviço Social que
consiga associar atividades e discussões que estejam articuladas entre si, visando o
rompimento da dicotomia teoria e prática. Para tal, utilizamos a metodologia dialética e
pesquisa exploratória, associada a experiência vivenciada no cotidiano profissional. Assim,
focalizamos a importância do Assistente Social na política de saúde e no processo de
humanização e, após, registramos as atividades que foram estabelecidas a partir da vivencia
cotidiana da(o) Assistente Social nesta Unidade, respeitando as legislações vigentes. As
atividades descritas têm a função de lutar pela efetivação dos princípios ético-políticos da
profissão e melhoria da qualidade dos serviços prestados aos usuários do Sistema Único de
Saúde, o que pode contribuir para o fortalecimento da participação social e das lutas dos
sujeitos sociais pela ampliação da cidadania. Desta forma, o protocolo apresentado não tem
apenas por função descrever as atividades a serem realizadas, mas direcioná-las para o campo
da autonomia e emancipação social.

Palavras Chaves: Serviço Social, Saúde, Protocolo de Intervenção, atendimentos sociais.


ABSTRACT

SANTOS, Larissa Landulfo dos. Intervention protocol of the social worker in a general UTI.
2014. p. 41 Working Professional Improvement Completion of course in Social Work in
Health Regional Medical Faculty Foundation - FUNFARME, Sao Jose do Preto / SP River,
2014.

This paper aims to provide the Unidade de Terapia Intensiva - UTI Geral do Hospital de Base
de São José do Rio Preto - an instrumental for Social Work that will relate to activities and
discussions are hinged together, aiming to break the dichotomy theory and practice.
Therefore, we used the dialectic methodology and exploratory research, associated with lived
experience in daily work. Thus, we focus on the importance of the social worker in health
policy and in the humanization process and after we recorded the activities that were
established from the everyday experiences of (the) social worker in this unit , respecting the
existing laws . The activities described are meant to fight for the realization of the ethical and
political principles of the profession and improve the quality of services provided to users of
the Unified Health System, which can contribute to the strengthening of social participation
and struggles of social subjects for expansion citizenship. Thus, the presented protocol has not
only function describe the activities to be performed, but direct them to the field of autonomy
and social emancipation.

Key Words: Social Work, Health, Intervention Protocol, social assistance.


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BNDS Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CFESS Conselho Federal de Serviço Social

ECA Estatuto da Criança e do Adolescente

FUNDAP Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Administrativo

FUNFARME Fundação Faculdade Regional de Medicina

HB Hospital de Base

IML Instituto Médico Legal

INSS Instituto Nacional de Seguridade Social

PANHAH Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar

PAP Programa de Aprimoramento Profissional

PNH Política Nacional de Humanização

SUS Sistema Único de Saúde

SVO Serviço de Verificação de Óbito

TFD Tratamento Fora do Domicílio

UTI Unidade de Terapia Intensiva


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................................... 12
1 SAÚDE PUBLICA: SUS.............................................................................................. 13
1.1 Serviço Social na Saúde............................................................................................ 17
1.2 Considerações sobre o Hospital de Base.................................................................. 19

1.3 Unidade de Terapia Intensiva................................................................................... 20

2 PROTOCOLO DE INTERVENÇÃO DO/A ASSISTENTE SOCIAL NA UNIDADE


DE TERAPIA INTENSIVA–UTI GERAL 7° SUS...................................................... 24
2.1.1 PROCEDIMENTOS DO SERVIÇO SOCIAL NA UNIDADE DE TERAPIA
INTENSIVA – UTI GERAL 7° SUS............................................................................. 24
2.1.2 Grupo de orientações gerais – sala de espera........................................................ 25
2.1.3 Acolhimento social individual e familiar (no leito).............................................. 26
2.1.4 Socialização de direitos sociais (Saúde, Assistência, Previdência,
Trabalhistas)................................................................................................................... 27

2.1.5 Transferências internas.......................................................................................... 28

2.1.6 Convocação de familiares para orientações.......................................................... 28

2.1.7 Tentativa de identificação pessoal ou familiar de usuários internados (pessoas


em situação de rua, sem identificação (“desconhecido”), sem vínculos familiares que
possua ou não domicilio fixo)....................................................................................... 29

2.1.8 Solicitação de vaga para Casa de apoio................................................................. 29

2.1.9 Preservação de direito de imagem do paciente...................................................... 29

2.1.10 Avaliação/Autorização de Visita Extra................................................................ 30

2.1.11Visita de Crianças................................................................................................. 30

2.1.12 Orientação sobre lista de visitantes permitidos (“Restrição”)............................. 31

2.1.13 Conduta para visita religiosa................................................................................ 31

2.1.14 Atendimento Social Pós-Óbito............................................................................ 32

2.1.15 Orientação sobre Assinatura de Documentos...................................................... 35

2.1.16 Visita para usuários sob custódia do Estado........................................................ 35


2.1.17 Atendimento em suspeita ou confirmação de violência doméstica contra
pessoas de qualquer faixa etária...................................................................................... 36

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................... 37

REFERÊNCIAS............................................................................................................ 39
12

INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como discussão o papel do Assistente Social junto á
saúde pública, na perspectiva de análise e apresentação das funções e atribuições do
profissional na Unidade de Terapia Intensiva – UTI Geral 7° andar SUS. Tem por
objetivo apresentar um Protocolo de Intervenção do Serviço Social que possa direcionar
a realização das atividades inerentes ao Setor.
Nesta perspectiva, este estudo foi elaborado de acordo com o projeto ético-
político da profissão contendo objetivos, instrumentais e condutas de caráter didático
que visa facilitar a compreensão das atividades. Também tem o intuito de facilitar e
direcionar a realização das ações de forma competente, ética e humanizada.
A profissão do Serviço Social é regulamentada pela Lei nº 8.662/93, sendo o seu
exercício profissional regido pelo Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais,
resolução esta do Conselho Federal de Serviço Social.
Atua no campo das políticas sociais com o compromisso de defesa e garantia dos
direitos sociais da população, buscando o fortalecimento da democracia. O Assistente
Social, entre outras categorias de nível superior, é relacionado como profissional de
saúde pelo Conselho Nacional de Saúde (1997) e caracterizado como tal pelo Conselho
Federal de Serviço Social (CFESS, 1999).
A Resolução 383/1999, ressalta:

O Assistente Social, em sua prática profissional contribui para o


atendimento das demandas imediatas da população, além de facilitar o
seu acesso às informações e ações educativas para que a saúde possa
ser percebida como produto das condições gerais de vida e da
dinâmica das relações sociais, econômicas e políticas do País (CFESS,
1999).

Neste contexto, o Assistente Social, assim como outros profissionais, utiliza-se


de Protocolos como documentos estratégicos no sentido de contribuir para a
operacionalização das atividades que vêm sendo realizadas em determinado Setor. Tais
documentos também são amplamente utilizados na área da saúde, visando orientar as
condutas de qualquer área do saber ou disciplinas que compõem as equipes.
Para a realização deste Protocolo utilizamos o referencial teórico crítico pautado
na perspectiva marxista, pois nos possibilita um melhor entendimento da sociedade
capitalista e suas contradições. A metodologia utilizada foi o estudo bibliográfico de
livros, revistas, artigos, trabalhos de conclusão de curso, entre outros. É relevante
13

apontar que o interesse pelo tema se deu a partir de vivencias cotidianas da prática
profissional na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), desenvolvidas durante o curso de
Aprimoramento Profissional em Serviço Social. Neste período, foi observada a
necessidade de criar e apresentar à unidade um instrumental sistematizado das
atividades realizadas pelo Assistente Social.
Assim, definimos iniciar este trabalho, abordando no primeiro capítulo o
histórico da saúde pública no Brasil; na sequência, apresentamos o papel do assistente
social junto à saúde pública, com o foco na importância do Assistente Social, o
entendimento geral das funções e atribuições do profissional. E, para finalizar esta
etapa, apresentamos o Hospital de Base de São José do Rio Preto e a Unidade de
Terapia Intensiva, objeto secundário deste estudo.
No segundo capítulo, realizamos uma breve discussão sobre a importância e o
papel dos protocolos utilizados em Unidades do HB que contam com estes instrumentos
como mecanismo de (re)planejamento e de reflexão continuada das atividades
desenvolvidas. Após este exercício, descrevemos todas as atividades do Assistente
Social na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), bem como os instrumentais que são
utilizados para o seu desenvolvimento.
Segundo Chueire (2007, p. 17) protocolos são normas, orientações e
recomendações desenvolvidas, de forma sistemática, para auxiliar os profissionais e os
pacientes a decidirem quais os cuidados em saúde mais apropriados, em circunstâncias
clínicas específicas e em uma realidade e condições locais.
Portanto, a criação e a utilização de protocolos na área de saúde pelo Assistente
Social contribuem significativamente para as intervenções desse profissional, sua
prática incidirá sobre os determinantes sociais que interferem no processo saúde-doença
dos usuários.

1 SAÚDE PUBLICA: SUS


De acordo com as leituras realizadas sobre o Sistema Único de Saúde,
verificamos que este é considerado um dos maiores sistemas de saúde pública do
mundo, sendo muitas vezes modelo para outros países.
O SUS foi criado em 1988 pela Constituição Federal de 1988 como uma das
proposições do Projeto de Reforma Sanitária, amparado por um conceito ampliado de
saúde pública, visando garantir o direito à saúde de toda a população. Integrante do tripé
da Seguridade Social, compreendida, segundo o art. 194 da Constituição Federal de
14

1988, como “um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da
sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à
assistência social” (BRASIL, 1988).
Nesse período, a saúde passa a ser relacionada com a qualidade de vida da
população, composta por um conjunto de fatores que englobam a alimentação, o
trabalho, o nível de renda, a educação, o meio ambiente, o saneamento básico, a
vigilância sanitária e farmacológica, a moradia, o lazer, entre outras. (BRASIL, 2010).
Foram promulgadas duas leis importantes para sua efetivação, a Lei Orgânica da
Saúde n° 8.080, de 19 de setembro de 1990, que dispõe sobre as condições para
promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos
serviços correspondentes e dá outras providências. A segunda, Lei n° 8.142, de 28 de
dezembro de 1990, trata do controle social, ou seja, a participação dos usuários na
gestão do sistema, dispondo sobre as transferências intergovernamentais de recursos
financeiros na área da saúde e dá outras providências (BRASIL, 1990).
Os princípios estabelecidos no SUS perpassam pela universalidade, integralidade
e equidade, chamados de princípios ideológicos ou doutrinários. Enquanto a
descentralização, regionalização e hierarquização são chamados de princípios
organizacionais. Tanto princípios quanto diretrizes têm a função de direcionar as ações
para que sejam democráticas e participativas, a operacionalização e a gestão (BRASIL,
1990).
O SUS tem como conceito básico a universalização do atendimento. Isso
significa que “a saúde é direito de todos” como afirma a Constituição Federal, seu
propósito é que toda a população tenha acesso ao atendimento público de saúde. Para
isso, é preciso eliminar barreiras jurídicas, econômicas, culturais e sociais que se
interpõem entre a população e os serviços, a barreira jurídica, foi eliminada com a
Constituição Federal de 1988, na medida em que universalizou o direito à saúde.
Do ponto de vista econômico, ainda que a população não precise pagar
diretamente pelos serviços, o financiamento é assegurado pelo Estado, mediante a
utilização de fundos públicos que são organizados e repassados pelos três poderes.

Não se pode negar que a enorme parcela da população pobre, que vive
em pequenos municípios com baixo grau de desenvolvimento
econômico ou habitam a periferia das grandes cidades, não dispõem
de condições mínimas de acesso aos serviços, às vezes até porque não
tem como pagar o transporte necessário para chegar a uma unidade de
saúde (TEIXEIRA, 2011, p. 3-4)
15

Do ponto de vista sócio-cultural também existem barreiras, sendo a principal


delas, sem dúvida, a barreira da linguagem, da comunicação entre os trabalhadores dos
serviços e os usuários.

Ainda quando chega aos serviços, grande parte da população


não dispõe de condições educacionais e culturais que facilitem o
diálogo com os profissionais e trabalhadores de saúde, o que se
reflete, muitas vezes, na dificuldade de entendimento e de
aprendizado acerca do comportamento que deve adotar para se
tornar coadjuvante do processo de prevenção de riscos e de
recuperação da sua Saúde (TEIXEIRA, 2011, p. 4).

A equidade diz respeito ao Estado tratar “desigualmente os desiguais” de acordo


com o artigo 5° da Constituição Federal de 1988, em Dos Direitos e Deveres Individuais
e Coletivos, institui que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza”. O ponto de partida da noção de equidade é o reconhecimento da desigualdade
entre as pessoas e os grupos sociais, e a consideração de que muitas dessas
desigualdades são injustas e devem ser superadas.

A contribuição que um sistema de serviços de saúde pode dar à


superação das desigualdades sociais em saúde implica redistribuição
da oferta de ações e serviços, e na redefinição do perfil dessa oferta,
de modo a priorizar a atenção em grupos sociais cujas condições de
vida e saúde sejam mais precárias, bem como enfatizar ações
específicas para determinados grupos e pessoas que apresentem riscos
diferenciados de adoecer e morrer por determinados problemas.
(TEIXEIRA, 2011, p. 5)

Logo, todos os cidadãos, de maneira igual – mas respeitando as especificidades


(diferenças), sejam elas regionais, pessoais, culturais –, devem ter seus direitos à saúde
garantidos pelo Estado.
A integralidade conforme o artigo 198, no seu inciso II, confere ao Estado o
dever do “atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem
prejuízo dos serviços assistenciais” em relação ao acesso que todo e qualquer cidadão
tem direito. Por isso, o Estado deve estabelecer um conjunto de ações que vão desde a
prevenção à assistência curativa, nos mais diversos níveis de complexidade, como
forma de efetivar e garantir o postulado da saúde.
16

Um modelo “integral”, portanto, é aquele que dispõe de


estabelecimentos, unidades de prestação de serviços, pessoal
capacitado e recursos necessários, à produção de ações de saúde que
vão desde as ações inespecíficas de promoção da saúde em grupos
populacionais definidos, às ações específicas de vigilância ambiental,
sanitária e epidemiológica dirigidas ao controle de riscos e danos, até
ações de assistência e recuperação de indivíduos enfermos, sejam
ações para a detecção precoce de doenças, sejam ações de diagnóstico,
tratamento e reabilitação (TEIXEIRA, 2011, p. 6).

Está estabelecido na Costituição 88, Da Saúde, artigo 198, que “as ações e
serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: I -
descentralização, com direção única em cada esfera de governo [...]”.
A regionalização e a hierarquização dos serviços, dizem respeito à forma de
organização dos estabelecimentos (unidades de unidades) entre si e com a população
usuárias. A regionalização dos serviços implica a delimitação de uma base territorial
para o sistema de saúde, que leva em conta a divisão político administrativa do país,
mas também contempla a delimitação de espaços territoriais específicos para a
organização das ações de saúde.
A hierarquização dos serviços, por sua vez, diz respeito à possibilidade de
organização das unidades segundo grau de complexidade tecnológica dos serviços, isto
é, o estabelecimento de uma rede que articula as unidades mais simples às unidades
mais complexas, através de um sistema de referência e contra-referência de usuários e
de informações. Inclui também as prioridades na atenção, desde a básica até a terciaria.
Também está prevista no mesmo artigo 198, inciso III, a “participação da
comunidade” nas ações e serviços públicos de saúde, atuando na formulação e no
controle da execução destes. O controle social é regulado pela Lei nº 8.142/90 1 Os
usuários participam da gestão do SUS através das Conferências da Saúde, que ocorrem
a cada quatro anos em todos os níveis federativos - União, Estados, Distrito Federal e
Municípios.
Nos Conselhos de Saúde ocorre a chamada paridade: enquanto os usuários têm
metade das vagas, o governo tem um quarto e os trabalhadores outro quarto. Busca-se,

1
Lei n° 8.142 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de
Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras
providências.
17

portanto, estimular a participação popular na discussão das políticas públicas da saúde,


conferindo maior legitimidade ao sistema e às ações implantadas.
O SUS possui políticas e programas governamentais em todos os seguimentos,
para executar de maneira organizada o acesso aos serviços de saúde.

No SUS todo cidadão tem direito ao atendimento gratuito seja em


pronto-socorros ou consultas especializadas, é possível fazer o pré-
natal e o parto, exames laboratoriais, entre outros tipos de
procedimentos. Além disso, o SUS também é responsável pela
fiscalização e produção de medicamentos, e o combate a doenças
epidemiológicas (BRASIL, 2010).

Na saúde o Serviço Social tem espaços próprios e tradicionais de atuação, mas


com o SUS se abriu muitos espaços interdisciplinares e inter setoriais no âmbito da
gestão, planejamento da política, controle social, educação e promoção da saúde.

1.1 Serviço Social na Saúde


O Serviço Social surgiu como profissão no Brasil na década de 1930, em meio
ao processo de industrialização e concentração urbana, o que levava ao
desenvolvimento econômico, social, cultural e político. Um momento de crescente
miséria e exploração de homens, mulheres e crianças.
A implantação do Serviço Social no Brasil ocorre nessa conjuntura de
acirramento do capitalismo e da questão social, o qual ocorreu através da iniciativa
particular de vários grupos da classe dominante, e da Igreja Católica, com objetivo de
controlar as insatisfações dos movimentos sociais, advindos da relação capital x
trabalho.

Nessa mesma década (1930) foi criada a Política Nacional de Saúde


Pública, como resposta aos movimentos operários que surgiram para
lutar por condições dignas de vida e conseqüentemente saúde, pois
devido ao trabalho extenuante a que eram submetidos os
trabalhadores, estes adoeciam com freqüência, o que agravava ainda
mais as condições de miserabilidade. (BRAVO E MATOS, 2004 apud
DOMICIANO, 2013, p. 17-8)
18

Os Assistentes Sociais nesse período estudavam e investigavam o meio social no


qual vivia a pessoa, a fim de descobrir qual a possibilidade de ela se enquadrar a esse
meio, tendo como objetivo intervir nas condições de vida da classe trabalhadora.
A partir dos anos 1960, foram realizados debates no país, e na América Latina,
sobre o questionamento crítico da própria realidade e sobre a prática profissional devido
á peculiaridade social de cada país, permitia-lhes nesse momento “apreender tanto a
identidade do Serviço Social, como sua prática no mundo capitalista, como
contraditórias e complexas” (MARTINELLI, 1993, p. 140).
É no periodo da ditadura militar 2 que se iniciaram os questionamentos no
interior da categoria de assistentes sociais, sobre a identidade profissional e sobre seu
significado no mundo capitalista, caracterizados pela insatisfação das suas práticas
subordinadas aos interesses da classe dominantes, começando assim, o Movimento de
Reconceituação do Serviço Social.

O Movimento em sua essência buscou a sistematização da profissão e


uma nova referência teórico – metodológico pela necessidade de
trasformar o modo de atuar do Serviço Social, no que diz respeito à
sua inserção no contexto das condiçoes sociais postas. Nesse sentido,
buscou-se um novo rumo para o exercício profissional para além das
modificações do ponto de vista técnico operacional. Para tanto, o
Movimento de Reconceituações veio romper com a orientação da
postura conservadora e tradicional existente no interior da profissão
(CAPUTI, 2005, p. 43).

Esse movimento surgiu no período de 1965 a 1975, buscando construir uma


reflexão sobre a profissão impondo a necessidade de rompimento com o tradicional,
proporcionou aos assistentes sociais, o entendimento de suas práticas burocráticas e
ideológicas, sendo marco decisivo de negação ao conservadorismo, adotando, a partir de
então, uma visão crítica.
Com o passar do tempo, a profissão foi se estruturando e atualmente o Serviço
Social possui um arsenal teórico-metodológico ético-político e técnico-operativo para a
apreensão totalitária da demanda, tornou-se uma profissão interventiva que busca
principalmente a garantia e o acesso de direitos à população.
O Assistente Social foi conquistando espaços na saúde, cujo objeto de
intervenção é as expressões da questão social “que devem ser compreendidas, segundo
Iamamoto (1982), como o conjunto das desigualdades da sociedade capitalista, que se

2
Período de 1964 a 1985, no Brasil.
19

expressam por meio das determinações econômicas, políticas e culturais que impactam
as classes sociais” (CFESS, 2009, p. 22).
É a profissão que atua no campo das Políticas Sociais com o compromisso de
defesa e garantia dos Direitos Sociais da população, usando o fortalecimento da
democracia.

1.2 Considerações sobre o Hospital de Base


Em 1970 foi instituído o Hospital de Base em São José do Rio Preto–SP,
instituição de caráter filantrópico e de ensino. Era mantido por mensalidades do curso
de medicina e fundos provenientes de iniciativas dos médicos junto à comunidade.
Nos anos 90, o Hospital de Base de Rio Preto (HB) iniciou uma fase de
investimentos e crescimento que não parou mais e o levou a figurar entre os maiores e
mais modernos centros médicos do Brasil.
A inauguração, em 1998, do novo e moderno prédio, com oito andares, hoje um
dos cartões postais de São José do Rio Preto, e que se juntou ao antigo prédio, foi um
marco para a instituição, sua construção foi realizada com recurso da Funfarme
(Fundação Faculdade Regional de Medicina) e com empréstimo obtido junto ao
BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
Em 2011 foi um ano fundamental para reforçar o HB como um dos maiores
complexos hospitalares do Brasil, pois vários e importantes serviços foram incorporados
ou tiveram a sua infra-estrutura melhorada, equiparando-os aos dos melhores centros
médicos do mundo.
Em fevereiro de 2011, o Hospital de Base inaugurou o seu novo Laboratório
Central, investimento de R$ 1 milhão, dotado de equipamentos de última geração numa
área de 800 metros quadrados. A infra-estrutura de Primeiro Mundo, aliada à alta
tecnologia em tráfego de informações, permite mais precisão e rapidez nos resultados
dos exames. O novo laboratório conta também com uma nova área de Biologia
Molecular, que realiza exames virais, reumatológicos e genéticos, antes feitos em outras
instituições.
Em abril de 2011, começou a funcionar o Centro de Reabilitação Lucy Montoro,
referência nacional no tratamento de vítimas de traumatismo craniano, dor crônica,
lesão medular, doenças incapacitantes, paralisia cerebral e más formações.
Em fevereiro de 2013, foi inaugurada no Hospital de Base a nova Unidade de
Radiologia Vascular e Hemodinâmica.
20

Segundo formulação do Ministério da Saúde.

O Hospital é parte integrante de uma organização médica e social,


cuja função básica consiste em proporcionar à população assistência
médico-sanitária completa, tanto curativa como preventiva, sob
quaisquer regimes de atendimento, inclusive o domiciliar, e cujos
serviços externos irradiam até o âmbito familiar, constituindo-se
também em centro de educação, capacitação de recursos humanos e de
pesquisas em saúde, bem como de encaminhamentos de pacientes,
cabendo-lhe supervisionar e orientar os estabelecimentos de saúde a
eles vinculados tecnicamente (BRASIL, 1977, p. 9)

A Instituição também dispõe de Programa de Aprimoramento Profissional


(PAP), criado pelo Decreto n° 13.919 de 11/09/1979, modalidade de pós-graduação lato
sensu destinada a recém graduados de diferentes cursos superiores, principalmente os da
área da saúde, exceto medicina.
O Serviço Social foi inserido no Hospital de Base de São Jose do Rio Preto em
1971 junto ao Departamento de Medicina Preventiva e Social. Em 1993, cadastrou-se
no Programa de Aprimoramento Profissional (PAP) administrado pelas FUNDAP
(Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Administrativo), iniciando o Curso de
Aprimoramento Profissional em Serviço Social na Saúde.
Segundo a Secretaria da Saúde, o Programa de Aprimoramento Profissional
(PAP) tem como objetivo:

 Capacitar o participante para uma atuação qualificada e diferenciada


na área objeto do Programa de Aprimoramento, promovendo o
aperfeiçoamento do desempenho profissional, através da
oportunidade de acesso a novos conhecimentos teóricos e ênfase nas
práticas específicas;
 Estimular nos aprimorandos o desenvolvimento de uma visão crítica
e abrangente do Sistema Único de Saúde, orientando sua ação para a
melhoria das condições de saúde da população usuária do SUS;
 Aprimorar o processo de formação dos participantes, considerando as
diretrizes e princípios do SUS de modo a desenvolver uma
compreensão ampla e integrada das diferentes ações e processos de
trabalho da Instituição participante do programa.

1.3 Unidade de Terapia Intensiva


As Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) são destinadas ao tratamento de
pacientes graves ou potencialmente graves, considerando recuperáveis que necessitam
21

de assistência especializada e cuidados contínuos, onde requer um monitoramento


constante (24 horas) e cuidados complexos e intensivos.
O objetivo básico das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) é recuperar ou dar
suporte às funções vitais dos pacientes enquanto eles se recuperam. Assim, as unidades
de terapia intensiva são equipadas com aparelhos capazes de reproduzir as funções
vitais dos internados como respiradores artificiais, aparelhos de hemodiálise que
substituem a função dos rins e diversos outros.
Na década de 1970, surgiu no Brasil às primeiras Unidades de Terapia Intensiva
(UTI), primeiramente no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, com a necessidade de
organizar uma UTI para cuidar de pacientes graves. Não havia, então, médicos com
formação em terapia intensiva no País. Conhecia-se pouco das respostas do organismo
às doenças graves, os equipamentos substitutos das funções de órgãos eram limitados e
os medicamentos e recursos de monitorização de sinais vitais, escassos (CARTA
CAPITAL, 2011).
O avanço técnico e científico possibilitou que máquinas pudessem
temporariamente assumir a função de órgãos vitais, ventiladores mecânicos e
equipamentos de diálise, entre outros, permitem manter os pacientes vivos até a
recuperação da sua condição clínica.
O profissional médico que trabalha nas UTIs é chamado de intensivista e a
equipe, formada por diversos profissionais como enfermeiros, médicos, fisioterapeutas,
psicólogos, nutricionistas, assistentes sociais e outros. Outra função dos intensivistas,
principalmente dos enfermeiros, assistentes sociais e psicólogos é dar conforto e suporte
aos familiares dos pacientes uma vez que a situação de internação de algum parente em
UTI é sempre delicada para a família (FARIA, 2009).
É nesse contexto que em 2001, o Ministério da Saúde cria o Programa Nacional
de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH)3, com o objetivo de humanizar a
assistência hospitalar prestada aos pacientes atendidos nos hospitais públicos, e em
2003, juntamente com os demais programas de humanização, o PNHAH transforma-se
em uma Política Nacional de Humanização, o Humaniza - SUS4. O objetivo é efetivar

3
O PNHAH propõe um conjunto de ações integradas que visam mudar substancialmente o padrão de assistência ao
usuário nos hospitais públicos do Brasil, melhorando a qualidade e a eficácia dos serviços hoje prestados por estas
instituições. É seu objetivo fundamental aprimorar as relações entre profissional de saúde e usuário, dos profissionais
entre si e do hospital com a comunidade (BRASIL, 2001, p. 7)
5
Criada em 2003, a PNH tem por objetivo qualificar práticas de gestão e de atenção em saúde. Uma tarefa
desafiadora, sem dúvida, uma vez que na perspectiva da humanização, isso corresponde à produção de novas atitudes
por parte de trabalhadores, gestores e usuários, de novas éticas no campo do trabalho, incluindo aí o campo da gestão
e das práticas de saúde, superando problemas e desafios do cotidiano do trabalho ( BRASIL, 2010, p. 6).
22

os princípios do Sistema Único de Saúde, abrangendo a saúde pública como um todo,


na tentativa de melhorar a qualidade e eficácia dos serviços prestados aos usuários
Sistema Único de Saúde – SUS.
Na efetivação da Política Nacional de Humanização (PNH) como política
pública de saúde, o Ministério da Saúde estabeleceu alguns princípios norteadores
como: valorização da dimensão subjetiva, coletiva e social, garantindo os direitos dos
cidadãos; realização de trabalho em equipe multiprofissional; construção de redes
cooperativas; fortalecimento do controle social; valorização da ambiência possibilitando
um saudável ambiente de trabalho (BRASIL, 2006).
A humanização hospitalar deve ser um fator decisivo para o bem-estar do
usuário, demonstrando a importância da informação do Assistente Social sobre os
direitos dos usuários. Esse trabalho demonstra a importância do Assistente Social no
âmbito hospitalar.

O trabalho com pessoas hospitalizadas e seus familiares torna visível a


vulnerabilidade que acomete todos os que passam por essa situação,
mostrando a importância da luta pela humanização do atendimento.
Isso fica ainda mais evidenciado quando se considera que, além de
estarem vivendo um momento de fragilidade e ansiedade devido à
enfermidade, muitas pessoas têm seu sofrimento agravado por
desconhecer seus direitos de cidadania (FERREIRA; LUNARDI,
2007 apud COSTA, BENOSSI, SILVA, p. 2).

O trabalho dos Assistentes Sociais, seja aquele realizado na saúde ou em outro


espaço sócio-ocupacional, está voltado à promoção da emancipação do usuário para que
este possa ser agente no processo de mudança de sua própria realidade com uma
perspectiva de garantir o cumprimento de direitos dos usuários.

O projeto da reforma sanitária vem apresentando como demandas que


o assistente social trabalhe as seguintes questões: democratização do
acesso as unidades e aos serviços de saúde; estratégias de
aproximação das unidades de saúde com a realidade; trabalho
interdisciplinar; ênfase nas abordagens grupais; acesso democrático às
informações e estímulo à participação popular (CEFSS, 2010, p. 26).

Segundo CFESS (2010, p. 41) os assistentes sociais na saúde atuam em quatro


grandes eixos: atendimento direto aos usuários; mobilização, participação e controle
social; investigação, planejamento e gestão; assessoria, qualificação e formação
23

profissional 5 . Porém, ainda nem todos os eixos estão contemplados no cotidiano


profissional.

5
Ver Parâmetros para Atuação de Assistentes Sociais na Política de Saúde, 2010.
24

2 PROTOCOLO DE INTERVENÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA


UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA – UTI GERAL 7° ANDAR SUS
Segundo os Parâmetros para Atuação do Assistente Social na Saúde (2010, 43)
“a elaboração de protocolos que definem o fluxo de encaminhamentos para os diversos
serviços na instituição é fundamental”. De acordo com Domiciano (2013) os protocolos
de Serviço Social são instrumentais que estruturam os serviços já executados e ofertam
a oportunidade de padronizar as condutas sociais, replanejar, implementar ações de
trabalho.
Serrano (2014), em suas reflexões acerca da importância do documento e da
formalização do protocolo, o define como um instrumental sistematizado de atividades
[...], produzido com a finalidade de materializar o projeto ético-político da profissão e
servir de referência básica na práxis profissional [...]. Ainda ressalta que tal atividade
pode ser reconhecida como um exercício intelectual de articulação entre os elementos
legais (legislação, resoluções, portarias), as políticas públicas e o arsenal teórico
disponível ao Serviço Social.
Por estas razões, sentimos a necessidade de padronizar, estruturar e formalizar as
ações realizadas pelo Assistente Social na Unidade de Terapia Intensiva – UTI Geral 7°
andar SUS, pois, reconhecemos que as fundamentações ético-políticas, teórico-
metodológicas e técnico-operacionais não podem caminhar desarticuladas. E isto
favorece a visibilidade, coerência e interligação das ações desenvolvidas.
Com essa premissa, a partir das análises do material produzido anteriormente e
das discussões realizadas durante a elaboração deste trabalho, foram descritas abaixo as
ações desenvolvidas na Unidade de Terapia Intensiva – UTI –, visando uma perspectiva
da totalidade do atendimento e da compreensão do sujeito usuário da política em
questão.

2.1.1 PROCEDIMENTOS DO ASSISTENTE SOCIAL NA UNIDADE DE


TERAPIA INTENSIVA – UTI GERAL 7° ANDAR SUS
À medida que, no cotidiano profissional, as demandas vão sendo
metamorfoseada e que os aprimorandos são alternados, os procedimentos inerentes ao
Setor vêm sendo (re)avaliados e qualificados, cumprindo assim um dos princípios ético-
políticos do Serviço Social. Hoje, as atividades realizadas iniciam-se pelo grupo de
orientação pré-visita.
25

2.1.2 Grupo de Orientações Gerais – Sala de espera


É dever do Assistente Social nas suas relações com os usuários: democratizar as
informações e o acesso aos programas disponíveis no espaço institucional, como um dos
mecanismos indispensáveis à participação dos usuários (CFESS, 1993).
O Assistente Social acolhe, atende e acompanha o paciente e seus familiares ou
cuidadores diariamente; investiga sobre a realidade social e intervém com uma postura
crítica. Rezende (2007 apud Serrano; Silva; Velani, 2013) aponta que na política de
saúde o assistente social se dedica as atividades de praticar escuta, acolhimento,
trabalho em equipe, realiza articulações com recursos extra-institucionais para
encaminhamentos coerentes e efetivação de direitos.
Os grupos são realizados de segunda á sexta-feira, com a participação dos
profissionais das áreas de Serviço Social e Psicologia. Cada profissional discorre sobre
sua especificidade. Neste momento, é desmitificado a Unidade de Terapia Intensiva –
UTI e informadas as orientações gerais, o Serviço Social utiliza desse espaço para
desenvolver ações de educação em saúde.
Os visitantes (familiares, parentes ou não) são orientados quanto às normas e
rotinas da unidade (horário de visita, número de visitas permitido sem revezamento,
visita de crianças com idade inferior a doze anos, entre outros). Sendo que, o
requerimento de visita extra e religiosa será autorizado, mediante avaliação
multiprofissional. Referente à “restrição” de visita, o paciente ou um familiar (de
primeiro grau) será orientado quanto aos trâmites para a elaboração da lista de pessoas
autorizadas.
Realiza-se a socialização dos direitos sociais inerentes às políticas públicas
(saúde, previdência, assistência social, educação, transporte, habitação, lazer, trabalho,
renda, entre outras). Ainda são ofertadas orientações sobre a disponibilidade do Serviço
Social para acompanhar o usuário e família durante o período de internação.
Após o grupo sala de espera, no horário da visita, normalmente o usuário e
cuidador procuram o Assistente Social, para obter informações mais detalhadas quanto
algum tema ou, ainda, para solicitar encaminhamento social ou esclarecimentos mais
específicos sobre: casa de apoio, direitos sociais e previdenciários, entre outros.
O Serviço Social presta atendimento aos usuários do SUS, com ações voltadas
para a concretização do projeto ético-político e a política de humanização. Neste
sentido, se propõe que o exercício profissional possibilite repensar criticamente e
reconstruir estratégias cotidianas, muitas vezes, rotineiras, hierarquizadas, burocráticas
26

e pragmáticas, bem como refletir sobre as novas demandas profissionais postas pelo
capital, que impõe a fragmentação da questão social e respostas focalizadas e
superficiais.

2.1.3 Acolhimento social individual e familiar (no leito)


O Acolhimento, enquanto estratégia do SUS - que visa à humanização no
atendimento -, favorece a intervenção qualificada, criando-se um vínculo entre a
família, paciente e profissionais de saúde. Outra estratégia adotada nesta política é a
empatia – técnica que facilita a compreensão dos fatores sociais a partir da visão do
outro, ou seja, quando o profissional se “coloca no lugar do outro” é possível enxergar
numa outra perspectiva.
De acordo com Serrano, Silva e Velani (2012-2013, p. 5) a empatia oferece um
ambiente acolhedor em que os pacientes são ouvidos e compreendidos em suas
expressões e manifestações, contribuindo de forma decisiva na definição dos
procedimentos e encaminhamentos do assistente social a serem adotados. Desta forma
as ações serão voltadas para a efetivação dos direitos sociais, civis, políticos, entre
outros.

“Acolher significa oferecer ou obter refúgio, proteção, conforto físico,


proteger, recepcionar e, também, aceitar o outro como sujeito de
direitos e desejos e como co-responsável pela produção de saúde,
tanto na perspectiva individual como do ponto de vista coletivo”
(HENNINGTON, 2005, p. 256 apud DOMICIANO, 2013, p. 34)

Ao entrar na UTI, os familiares inicialmente são acolhidos pelo Assistente


Social, visando “trabalhar com as famílias no sentido de fortalecer seus vínculos, na
perspectiva de torná-las sujeitos do processo de promoção, proteção, prevenção e
recuperação da saúde” (CFESS, 2009, p. 23), realizando assim um trabalho humanizado
desde a primeira intervenção com as famílias.

É deste trabalho humanizado, sob o ponto de vista ético-político que


estamos falando, pois se trata de um trabalho que é ético porque se
movimenta no campo dos valores, porque parte do reconhecimento da
condição humana dos sujeitos, e que é político porque aspira sempre à
sua emancipação, abrangendo a relação saúde, doença, cuidados, a
população atendida, seus familiares e a própria comunidade
(MARTINELLI, 2007, p. 25).
27

É durante a realização do atendimento, depois de adquirida a confiança e o


respeito do usuário, que o profissional consegue identificar as manifestações da questão
social e análise de conjuntura contemplando a totalidade. Em seguida, cria estratégias de
intervenção, sempre a partir da decisão do usuário.
As demandas que não forem específicas ao assistente social são redirecionadas
ao Serviço de Psicologia da Unidade - quando os familiares e pacientes apresentam
sintomas de angústias e ansiedade, identificadas durante a abordagem social.

2.1.4 Socialização de direitos sociais (Saúde, Assistência, Previdência, Trabalhista)


A Lei de Regulamentação da Profissão 8.662, de 7 de junho de 1993, (CFESS,
1993) estabelece, em seu artigo 4, as competências do assistente Social; dentre elas
aponta aquelas relacionadas a socialização e encaminhamentos:

 Encaminhar providências e prestar orientação social a indivíduos,


grupos e á população;
 Orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no
sentido de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no
atendimento e na defesa de seus direitos.

O profissional trabalha com a socialização dos direitos, visando facilitar o acesso


aos benefícios das políticas públicas, via orientações, encaminhamentos, articulações,
mobilização, entre outras ações. Realiza-se as orientações dos direitos sociais inerentes
às políticas públicas (saúde, previdência, assistência social, educação, transporte,
habitação, lazer, trabalho, renda, entre outras). Discorre sobre quais são os benefícios,
critérios de inserção e exclusão, documentação necessária para acesso.
Há municípios, com certo avanço em relação ao cumprimento da legislação, bem
como da regulamentação de certas leis; assim, é necessário investigar em que momento
a política se encontra (tipo de gestão) para direcionar as orientações e intervenções e,
quando as leis não são respeitadas, monitorar o processo até que o acesso seja efetivado.
28

2.1.5 Transferências Internas


Quando o paciente apresenta melhora no seu quadro clínico é transferido para
outro setor, de acordo com a especialidade que o atende. Faz parte dos direitos do
paciente, o direito a informação.
Assim, durante o horário da visita um membro da equipe comunica à família ou
responsável sobre a transferência do paciente para enfermaria; se necessário realiza-se
articulação via telefone, com dados adquiridos através do cadastro hospitalar. São
realizadas orientações quanto à importância e responsabilidade do acompanhante ou
cuidador, além de orientar a respeito da rotina do Hospital. É necessário registrar no
livro de atendimento social todos os dados. Quando o paciente tiver idade inferior a 18
anos e superior a 60, orientar que o Setor de Informação fornece a autorização de
permanência de acompanhante.
Se os familiares relatarem dificuldades de providenciar acompanhante ou
cuidador, realiza-se o acolhimento e orientação sobre as normas hospitalares. Porém
não se deve direcionar a orientação para a esfera do dever/exigência, pois o
acompanhante é um direito da pessoa e não um dever (Estatuto da Criança e do
Adolescente – ECA art. 12 e Política Nacional do Idoso, art. 16), informando à
enfermeira da Unidade/Setor o motivo da ausência de acompanhante, se este não for
sigiloso.

2.1.6 Convocação de familiares para orientação


Mediante a solicitação da Enfermeira ou Equipe Médica, a secretária da Unidade
solicita a convocação ao Serviço Social; por meio do telefone, fornece dados do
paciente (nome, número de atendimento, do prontuário e telefone para contato) e
motivo. O Assistente social articular com a família, informando que essa deverá
comparecer no Hospital para orientações e, após, registra a evolução no sistema MV,
com todos os dados e motivo da solicitação. Envia-se a autorização (via Intranet) ao
Setor de Informações para que o acesso seja liberado quando o cuidador ou familiar
chegar ao Hospital.
29

2.1.7 Tentativa de identificação pessoal ou familiar de usuários internados (Pessoas


em situação de rua, sem identificação (“desconhecido”) ou sem vínculos familiares
Segundo o Protocolo Serviço Social na Funfarme (2012), inicialmente investiga-
se se o paciente encontra-se consciente ou não, se sim, são solicitadas informações e
documentos para que a secretária na UTI providencie a atualização do cadastro no
Sistema MV.
Se não, é realizada articulação com Serviços Alternativos ou Serviço de
Atendimento Móvel que atendeu a ocorrência (SAMU, Corpo de Bombeiros, Polícia
Militar, Polícia Civil, etc...), não obtendo informações necessárias são acionados os
recursos disponíveis no município, como a Fundação Riopretense de Assistência Social
(FRAS), Centro de Referência Especializado da Assistência Social (CREAS), Centro de
Referência da Assistência Social (CRAS), unidades de saúde onde o paciente reside,
cadastro no sistema MV, vizinhos (via lista telefônica), etc.
Ainda, em consonância com o Protocolo Serviço Social na Funfarme (2012), se
for necessária a identificação familiar e o paciente estiver consciente, é verificado se ele
quer que localize a família para o restabelecimento de vínculo. Do contrário, como
mencionado acima, os procedimentos são os mesmos.

2.1.8 Solicitação de vaga para casa de apoio


Em acolhimento e articulação presencial com o familiar, o profissional verificará
a necessidade da Casa de Apoio. É importante esclarecer que, existem dificuldades na
aquisição de vagas em virtude da elevada demanda.

Em caso afirmativo de necessidade, o Serviço Social articulará com o


responsável pelas vagas nas casas de apoio disponíveis, tais como: Casa de Apoio do
Hospital Estadual João Paulo II (Casa Abrigo) e Associação Espírita à Caminho da Luz
(AELUZ), Casa de Caridade Pão da Vida. Se autorizada a vaga, deve-se formalizar e
entregar o encaminhamento social para o familiar aos cuidados da pessoa que a liberou;
este deve ser entregue, em mãos, logo que a pessoa procurar a Casa de Apoio.

2.1.9 Preservação de direito de imagem do paciente


O Serviço Social, juntamente com a equipe multiprofissional, cumpre o papel de
garantir a segurança e integridade do paciente, respeitando seus direitos sociais e
30

individuais. Diante de solicitação de familiares ou responsáveis ou visitantes para


fotografar o paciente, cabe ao assistente social orientá-los sobre a legislação, que zela
pela dignidade do paciente pondo-os a salvo de qualquer tratamento vexatório ou
constrangedor, sendo vedado tirar fotos ou publicação de imagens na internet.
Se o solicitante insistir, orientá-lo a encaminhar a sua petição através de ofício à
Administração do Hospital contendo: nome completo, endereço, telefone para contato,
objetivo da imagem ou filmagem, dia e horário para realização, ou ainda via e-mail
[email protected] e aguardar análise da solicitação.

2.1.10 Autorização de visita extra


No Hospital de Base tem estabelecidas normas e rotinas alternadas que definem
os horários de visita em cada unidade e o número de pessoas que podem visitar os
pacientes.
Todo paciente tem o direito à visita familiar, respeitando as normativas citadas
acima. Porém, muitas vezes acontece do paciente e ou familiares solicitarem visitas
extras ou, ainda, solicitarem visita fora do horário da rotina do setor. Cabe ao assistente
social atender o paciente e sua família na abordagem do direito e não da investigação ou
curiosidade do senso comum.
É preciso entrevistar o paciente ou família para identificar a necessidade e
pontuar as orientações da visita extra: norma do Hospital de Base e rotina do setor.
Após, perguntar sobre o desejo do paciente e confirmar que não há intercorrências.
Estando a Unidade em ordem e a equipe médica e de enfermagem de acordo a visita
extra ou fora do horário regulamentar é então liberada; e por fim será necessário fazer
autorização intranet e registrar em sistema MV.
Salientamos que, embora outras instituições tenham esta demanda como função
administrativa – realizada por outro setor –, no HB por questões culturais ainda está a
cargo do Serviço Social.

2.1.11 Visitas de crianças

O Estatuto da Criança e do Adolescente determina que é dever dos pais, do


Estado e da sociedade não expor crianças a situações de perigo. O art. 2º define que
31

criança é toda pessoa com até 12 anos de idade incompletos. Assim, devemos evitar ao
máximo a permissão de entrada de crianças como visitantes no Hospital.
Em situação de extrema necessidade do paciente, o assistente social junto ao
Serviço de Psicologia, deverá avaliar a solicitação dos pais ou responsável pela criança
e após autorização da equipe multiprofissional, é prudente tomar por escrito o
consentimento dos pais da criança ou responsável legal, além do parecer médico
(autorização) que deverão ser encaminhados ao Setor de Informações.
Os pais ou responsável pela criança deverão trazer documentos pessoais com
foto e certidão de nascimento ou termo de guarda para fim de comprovação legal.

2.1.12 Orientações sobre lista de visitantes permitidos (“Restrição”)


A “restrição” de visita, reconhecida no HB como lista de visitantes, pode ser
solicitada pelo paciente ou pela família. A família (esposa/o, desde comprovado a união;
pai; mãe; filhos e irmãos/as) só poderá solicitar a “restrição” de visita quando o paciente
não estiver consciente e orientado, ou seja, não estiver respondendo por seus atos.
Assim, apenas nesta condição é que a família dispõe deste direito.
Se o paciente estiver consciente e orientado, apenas ele mesmo tem o direito de
autorizar e, por extensão, proibir quem poderá visitá-lo. Cabe ao assistente social
orientar e monitorar a situação nas relações familiares e com a equipe.
Providenciada a lista, com assinatura de quem a elaborou, o assistente social
encaminha ao Setor de Informações, que por sua vez irá autorizar apenas a entrada das
pessoas inclusas na listagem, mediante apresentação de documento de identificação
pessoal.
Salientamos que se o paciente estiver inconsciente, a família não pode definir
lista de visitantes (orientação jurídica). Caso ela queira, é possível procurar o Fórum
local para verificar a possibilidade, é um direito dela. Se o motivo for de
incompatibilidade familiar, orienta-se sobre a possibilidade de organizar a visita de
forma que os horários não coincidam. Quando as visitas forem proibidas por
determinação médica ou judicial, por escrito, não é necessária a intervenção social.

2.1.13 Conduta para visita religiosa


32

A visita religiosa deve ser solicitada pelo Paciente ou por um familiar e


comunicado a Enfermagem da Unidade. É preciso que o visitante religioso apresente o
documento de identificação pessoal e a credencial emitida pela Secretaria Municipal de
Saúde para esse fim.
Durante o tratamento médico o Hospital de Base viabiliza e respeita o direito dos
pacientes em receber apoio religioso e espiritual, tal visita será concedida mediante
autorização da equipe médica e enfermagem. O Serviço Social facilitará o acesso do
religioso ao Setor mediante comunicado interno ao setor de Informações.

2.1.14 Atendimento social pós-óbito


A notificação do óbito via de regra é realizada pela equipe médica. Para que a
notificação seja realizada a enfermagem solicita ao assistente social a convocação dos
familiares. Somente quando a família, por motivos diversos, não puder comparecer ao
HB, a notificação verifica-se com a equipe médica a possibilidade de notificação por
telefone.
Quando a família chegar ao HB, verificamos com equipe médica se é possível
ter acesso ao Setor. O Serviço de Psicologia acompanha a notificação do óbito e, em
seguida, conforme a receptividade dos familiares, o assistente social realiza o
acolhimento e orientação quanto aos procedimentos funerários e algumas
particularidades burocráticas para a liberação do corpo.
Quando o óbito ocorrer fora do horário comercia, a notificação e as orientações
citadas acima serão realizadas pelo assistente social do Plantão Social na Emergência do
Hospital. Concordamos com os Parâmetros para Atuação do Assistente Social na saúde
quando nos diz que “a equipe de saúde e/ou os empregadores, frente às condições de
trabalho e/ou falta de conhecimento das competências dos assistentes sociais, têm
historicamente requisitado a eles diversas ações que não são atribuições dos mesmos”
(CFESS, 2010, p. 47). Tais como:
• convocação do responsável para informar sobre alta e óbito;
• comunicação de óbitos;

Estão sendo aqui consideradas como não atribuições dos assistentes


sociais aquelas ações que possuem um caráter eminentemente técnico
administrativo, como também aquelas que demandam uma formação
técnica específica (de outras profissões da saúde) não contemplada na
33

formação profissional dos assistentes sociais (CFESS, 2010, p.47)

Ainda em consonância com os Parâmetros para Atuação do Assistente Social na


Saúde (CFESS, 2010), cabe ao médico a comunicação do óbito para família, havendo a
possibilidade de que o assistente social permaneça junto para o atendimento ao familiar
ou responsável. Cabe ao assistente social o apoio necessário para o enfrentamento da
questão. Sugerimos então que estas atividades sejam repensadas junto à equipe para que
novas formas de ação sejam estabelecidas, em conformidade com a legislação.

- Serviço de Verificação de Óbito – SVO ou Instituto Médico Legal- IML


Nas situações específicas que necessitem de Serviço de Verificação de Óbito –
SVO - é preciso encaminhar o responsável à Recepção Interna do Hospital, portando
documentos pessoais e do paciente para autorizar o procedimento. Quanto ao Instituto
Médico Legal – IML - (não é necessário autorização de acordo com a legislação federal
Lei 5.452, de 22 de dezembro de 1986 6 ); assim, cabe orientar os familiares para
comunicar a Funerária de preferência sobre a localidade do corpo.

-Orientação sobre Auxílio Funeral

Os familiares que não reúnam condições financeiras para providenciar o


sepultamento, o assistente social encaminha ao Serviço Social do município de origem
(CRAS, Fundo Social) a fim de requerer o benefício garantido pela Lei Orgânica da
Assistência Social nº. 8.742/93 (artigos13, 14 e 15).
Se o paciente for munícipe de São José do Rio Preto, a família deverá procurar
qualquer empresa funerária e solicitar tal benefício, conforme acordo municipal.

- Paciente sob a custódia do Estado


A notificação do óbito sempre deverá ser realizada no Sistema Prisional de
Referência. A família NÃO pode ser notificada pelos profissionais do HB.
Obs.: A pessoa que tenha sido detida em flagrante é de responsabilidade da
Delegacia correspondente.

6
Todo corpo proveniente de morte considerada violenta (acidente de trânsito, brigas, suicídio, homicídio, ferimento
com arma de fogo, ou queda de própria altura), é encaminhado para o IML, de acordo com a Lei 5.452, de 22 de
dezembro de 1986 (Reorganiza os Serviços de Verificação de Óbitos no Estado de São Paulo).
34

-Pessoa sem Identificação (“desconhecido”)


Deve-se tentar novamente localizar a família com os dados adquiridos na
admissão do paciente, acionar Hospital Psiquiátrico, Unidade Básica de Saúde, Pronto
Socorro, cidade de origem do paciente, através da Prefeitura (Serviço Social) ou
Delegacia de Polícia, vizinhos, etc., para saber se há algum registro da pessoa morta.
Passar para a Assessoria de Imprensa a situação, solicitando publicação de matéria em
jornais da cidade. Observa-se que a Coordenação do Serviço Social deverá ser
notificada quanto a esta solicitação.
Não sendo possível a localização, notificar, através de relatório, à Chefia
Administrativa da Emergência, que providenciará a identificação do corpo, através do
exame datiloscópico. Os relatórios serão arquivados na Administração (Emergência
SUS) e no Serviço Social. Após, o prazo de trinta (30) dias, não havendo a reclamação
do corpo, será sepultado de acordo com os trâmites legais.

- Usuário procedente de outro estado (inscritos em TFD)


Se o usuário e cuidador tiverem sido encaminhados ao Hospital pelo TFD
(Tratamento Fora de Domicílio – Portaria SAS/SUS de 24/02/1999)7 eles terão direito à
passagem aérea ou terrestre, do cuidador e translado do corpo para retorno ao local de
origem. Entretanto, os TFDs não funcionam aos finais de semana, feriados e período
noturno.
O assistente social comunica o TFD (Serviço Social) e encaminha solicitação do
translado do corpo e transporte para o cuidador juntamente com o aviso de óbito.
Observação 1- Cabe ao TDF fazer o orçamento da funerária e posteriormente
comunicar o Serviço Social, se o traslado foi liberado.
Observação 2- A funerária contratada deverá levar a família para o I Cartório de
Registro Civil a fim de providenciar a certidão de óbito, caso a funerária tenha previsão
de chegar após o horário de funcionamento do cartório a família deverá providenciar a
certidão de óbito.
De acordo com o Protocolo Geral de Serviço Social (utilizado nos plantões
sociais), excepcionalmente, a retirada da Declaração de Óbito para registro em cartório
7
Através da Portaria SAS N.º 55, de 24/02/1999, o Ministério da Saúde normatiza o TFD - Tratamento Fora do
Domicílio, considerando a necessidade de garantir acesso de pacientes de um Município/Estado a serviços
assistenciais de outro Município/Estado e considerando a importância da operacionalização de redes assistenciais de
complexidade diferenciada.
35

é realizada na sala de Acolhimento pós-óbito (Recepção Emergência SUS). Por esta


razão, o Assistente Social encaminha o solicitante ao Setor para preenchimento de
documento de próprio punho para firmar compromisso de devolução, depois de
providenciada a Certidão de Óbito.

2.1.15 Orientação sobre assinatura de documentos


Acontece quando o paciente permanece internado por longo período ou havendo
indicação de permanência nas proximidades da Instituição. Geralmente os documentos
são procurações para recebimento de benefício.
De acordo com o Protocolo Geral do Serviço Social (2012), mediante solicitação
da família junto ao Serviço Social, é realizada uma entrevista de triagem para saber o
conteúdo do documento, se há possibilidade de aguardar a alta do paciente e qual o
objetivo da família. Não havendo possibilidade em aguardar alta médica, quando o
paciente encontra-se consciente, a família deve ser orientada a solicitar atestado médico
para levar ao Cartório Civil do município.
O cartorário deve vir à Instituição no mesmo dia da data do atestado; pacientes
impossibilitados fisicamente de assinar (com mãos amputadas ou engessadas), orientar a
família a providenciar Ata Notarial, que é elaborada a partir de atestado médico
constando a impossibilidade, e que a pessoa está consciente/orientada. Para tal
providência, autorizar o tabelião e testemunhas a ter acesso à enfermaria específica.
Se o paciente estiver inconsciente, a família deverá pedir ao médico atestado
constando seu estado de saúde para que o apresente no órgão requerente (Instituto
Nacional de Seguridade Social - INSS, Banco, entre outros). Observação: Paciente
inconsciente não pode assinar documento. Para colher impressão digital quando o
paciente estiver inconsciente, a família deverá solicitar advogado, este solicitará junto a
Promotoria (Fórum) um alvará, onde consta a finalidade. Se o parecer do Promotor for
favorável, a família deverá procurar o Cartório de Registros. Registrar todos os
procedimentos no livro de plantão e sistema MV, e anexar cópia (atestado ou Ata
Notarial) no Livro de Registros do Plantão e a original ou cópia no Prontuário do
Paciente.

2.1.16 Visita para usuários sob custódia do Estado


36

O Serviço Social tem como objetivo orientar os familiares sobre os direitos de


visita, conforme o processo de liberação de acordo com as normas estabelecidas pelo
Sistema no qual o paciente está sob custódia.

2.1.17 Atendimento em suspeita ou confirmação de violência doméstica contra


pessoas de qualquer faixa etária.
Na Unidade de Terapia Intensiva – UTI - a suspeita ou confirmação de qualquer
forma de violência contra adolescentes, idosos, mulheres e homens são acompanhadas
pelo Serviço Social, sendo elas física, psicológica, sexual, patrimonial e moral,
conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente Lei 8.069/90, o Estatuto do Idoso
10.741/2003, Lei Maria da Penha 11.340/2006.
A obrigatoriedade da notificação compulsória está assegurada também pelo
Conselho Federal de Medicina e por alguns Conselhos Regionais, visto o receio de
muitos profissionais que se omitem, alegando segredo profissional. Sendo assim, é
dever de todo profissional que suspeite da violência, notificar tal situação.
A Ficha de Notificação Compulsória é um poderoso instrumento de política
pública, uma vez que ajuda a dimensionar a questão da violência em família, a
determinar a necessidade de investimentos em núcleos de vigilância, assistência e ainda
permite o conhecimento da dinâmica da violência doméstica.
Os maus-tratos (negligência, violência física, psicológica, patrimonial e sexual)
são detectados pela equipe multiprofissional que posteriormente é orientada quanto ao
preenchimento da ficha notificação compulsória (3 vias). O profissional de saúde
comunica o setor de Vigilância Epidemiológica (Ramal 1380) que será responsável pelo
recolhimento das fichas e encaminhamento aos respectivos órgãos (Conselho Tutelar,
Secretaria de Saúde, Conselho do Idoso, Delegacia da Mulher, Ministério Público entre
outros). Em seguida, o assistente social notifica, por telefone, o órgão responsável.
A intervenção social nas situações citadas acima de violências implica no
acolhimento à vítima e sua família com orientações e encaminhamentos para
providência do Boletim de Ocorrência no Plantão Policial, ressalvado quando a
violência for contra maiores de 18 anos. No momento da alta hospitalar é obrigatório
comunicar aos órgãos competentes para a continuidade do acompanhamento da vítima e
seu núcleo familiar.
37

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o caminho percorrido na construção deste trabalho, buscamos compreender


e apresentar a realidade do nosso objeto de estudo, que está pautado em um Protocolo
de intervenção do Assistente Social na Unidade de Terapia Intensiva – UTI Geral (7º
andar SUS).
As atividades registradas neste documento foram estabelecidas a partir da
vivência cotidiana do assistente social na Unidade de Terapia Intensiva – UTI Geral 7°
andar SUS sempre respeitando a legislação vigente e as demandas advindas da realidade
do usuário da saúde pública.
Observamos que a luta pela consolidação do Projeto de Reforma Sanitária foi e é
de grande importância para toda sociedade brasileira e o Brasil é um dos países com
uma das melhores legislações em relação à saúde. Apoiado por um conceito ampliando
de saúde que visa garantir este direito de forma universalizada, responsabiliza-se por ela
de forma integral e igualitária: a saúde é direito de todos e dever do Estado.
Ressaltamos que a saúde pública depende de investimento de recursos de
políticas econômicas e sociais. A garantia de emprego, salário, moradia, saneamento
básico, alimentação, educação, lazer e transporte interferem nas condições de saúde e de
vida. Saúde não é só atendimento médico, mas também prevenção, educação,
recuperação e reabilitação conforme está previsto nas legislações.
Frente ao estudo realizado, afirmamos que a intervenção do Assistente Social é
determinada pelas condições políticas, econômicas, culturais e institucionais que
provoca e questiona os assistentes sociais na formulação de respostas concretas às
demandas neoliberais. Logo, as novas configurações da saúde pública no Brasil
implicam no trabalho do assistente social em diversas dimensões, seja nas condições de
trabalho, na formação profissional, nas influências teóricas, na relação com os demais
profissionais e movimentos sociais.
Dessa forma, o Assistente Social encontra um grande desafio em seu cotidiano
profissional no campo da saúde, ou seja, não produzir e nem reproduzir práticas
conservadoras, pragmáticas e imediatistas no interior de seu trabalho, o que requisita
redirecionar suas ações na construção crítica da realidade, elaborar projetos e propostas
de intervenção, articular novos conhecimentos e habilidades que estejam direcionadas
38

aos direitos dos usuários, comprometidos com o Projeto Ético-político da Profissão bem
como o Projeto de Reforma Sanitária.
É imperativo formulação de metodologias, instrumentais e reavaliação de
trabalho para consolidar a competência profissional do Assistente Social. Refletindo
sobre a premissa de que a teoria não muda o mundo, a elaboração de um instrumental é
uma ferramenta que a práxis contempla.
Por esta razão, a construção do Protocolo constitui-se num instrumental de
direcionamento ético-político, teórico-metodológico e técnico-operacional para o
assistente social. O Protocolo das atividades na Unidade de Terapia Intensiva – UTI,
também pode contribuir para uma articulação intelectual entre as políticas sociais e de
humanização, ao mesmo tempo amplia o debate e possibilita maiores reflexões dos
profissionais.
Concluímos nossas reflexões pontuando que é a visão do profissional eticamente
comprometido e capacitado que irá possibilitar um olhar para além dos “muros do
hospital”, proporcionando um alcance profissional mais amplo que as demandas
imediatas e que as práticas rotineiras, burocráticas, pragmáticas e acríticas. Desse modo,
podemos dizer que somente a unidade teoria e prática podem contribuir para apreensão
da realidade e enfrentamento dos desafios do cotidiano profissional.
39

REFERÊNCIAS

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elaborado para subsidiar o debate nas Conferências Municipal e Estadual de Saúde.
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