A. Dugin - Noomakhia Vol. I-1-225 PT
A. Dugin - Noomakhia Vol. I-1-225 PT
A. Dugin - Noomakhia Vol. I-1-225 PT
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Å.F. ĄyrxH
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Tpx Aoroca:
Anoaao. , Ąxo xc, Kxßeaa
Revisor:
V.Yu. Vef'eschagin, Doutor em Filosofia;
E.A. Mopov, Doutor em Filosofia.
D,ugnn A.G.
д80 Noomachia: guerras da mente. Três Aoroca: Alowon, D,ionis, Cybele.
- M.: Akademicheskiy proekt, 2014. - 447 с.
ISBN 978-5-8291- 1594-4
"Três Aorocas: Apoyuon, D,ionis, Cybele" é o primeiro livro do ciclo
"Noomakhia: Guerras da Mente", dedicado ao estudo do problema d a pluralidade de
Aogos, paradigmas filosóficos e mito-simbólicos que determinam os fios das
diferentes civilizações. O livro é uma introdução filosófica e metodológica ao
conjunto da obra. Descreve os três Aoghos - Apolo, Dtsonis e Cibele - que, segundo o
autor, estão na base dos diferentes sistemas filosóficos, reconstrutivos, científicos e
políticos.
Nesta perspetiva, são examinadas em pormenor as filosofias de Glatão e dos
neoplatónicos (Glotino, Procluso), a doutrina das categorias de Aristóteles, o
gnosticismo cristão, o hermetismo e os diferentes tipos de mundividências
materialistas e nominalistas.
O livro destina-se a leitores de uma vasta gama de disciplinas - estudos
filosóficos, estudos religiosos, história, estudos culturais, etc.
Capítulo 5. Glotina:
radgic niii vyuov solarnoi philosophii. ...........................137
Fiivosofvechnosti ............................................................................................................137
Escolha da situação...........................................................................................................138
Aqui e ali..........................................................................................................................140
Mente: O Um Muitos é um ponto de luz...........................................................................141
Smart matter: a invasão do deus da loucura..................................................................142
Os valores amorosos de D,ear e as suas origens...............................................................144
O êxtase erótico de Uma ..............................................................................,......................145
, A,ear e muito .......................................................................................................,.....................146
Horror, Ah, ouvidos ........................................................................................................ ...................148
A,uitia e nós ............,.............................................................................................................148
A mente e os seus portadores............. . . ........151
O nosso fim é o nosso princípio .............................................--- ------- ----- -- -....................152
Somos como uma luz......................................................................................................155
Somos como a mente e a dutia
......................................................................................................,. 155
Somos como uma escolha. ...............................................................................................157
Somos como uma descida.................................................................................................157
Somos como a iluminação..............................................................................................158
Somos como as sombras............................................................................................................,.
..........................................................................................................................................158
Somos como fantasmas/eidolons....................................................................................159
Somos como corpos ........................................................................................................160
Somos como plantas.......................................................................................... ............,..t61
Somos como animais........................................................................................................161
M'il et daimon...................................................................................................................162
Nós e os deuses................................................................................................................164
Assunto. ............................................................................................................................165
Compreender a matéria.....................................................................................................167
Estatuto e topos do Aogos ................................................................................................170
Oatd vaenne
Capítulo 7: Flpoocles:
a filosofia absoluta do Sol. ......................................................242
O terceiro pico do farol Aoroca........................................................................................242
Convidados de Eleia e convidados de Klazomen: geografia filosófica......................243
Deus e "um de u s qualquer"............................................................................................245
"deusa masculina" e "criadora feminina".........................................................................247
Espaço zidético.................................................................................................................249
Atlantomaquia ..................................................................................................................250
Eidos de semelhança e eidos de dissemelhança ...........................................................253
Lodo hipoctónico: os deuses descem em a4...................................................................255
Proku: o grande perigo dos pequenos males.................................................................258
Todos os yuia ...................................................................................................................263
Apoyuo-dionisismo .........................................................................................................269
Aionálise e síntese ..........................................................................................................272
Teocogia glatónica ...........................................................................................................274
Três aocamisações: mundos, classes, nações................................................................280
Capítulo 8: Hermetiagi...........................................................................284
Aoroc hermético ...........................................................................................................284
ShoimanAr. .....................................................286
Poimandre e a alquimia: o advérbio de Ouroboros. .........................................................291
O espaço do sonho ativo. ...............................................................................................293
6 Índice de
conteúdos
G*ava9.Kibe*a. ........................................z2z
Descoberta do Aogos da Mãe Vemica. ............................................................................323
Filosofia subterrânea.......................................................................................................326
Cibele: fêmea andrógina Agdjtgis....................................................................................327
Castração de Átis: um ataque de espírito........................................................................331
Ishtar desce aos infernos. ................................................................................................333
A Terceira Demiurgia: Adónis .........................................................................................335
Artemis de Éfeso . . .. ... ... ... .. .......................................................................336
Um momento de castração: um lampejo de inteligência. .................................................340
Arquiteto Eunuco.............................................................................................................342
Três antropologias: Urmensch..........................................................................................346
Criador Feminino............................................................................................................348
D'jionis's War é um jogo de D,jionis................................................................................351
Crónicas de Guerra Profética Chthonic..........................................................................354
Ordem Mundial da Luz ....................................................................................................354
Gigantomaquia e três edições da vontade de poder .........................................................356
A ontologia da matéria: de Aristóteles para baixo. ..........................................................357
Gnosticismo dissecado (o messias que nunca virá) . . .... ................................................359
Em busca do ouro não filosófico......................................................................................361
20 Princípios da filosofia negra........................................................................................363
A "Nova Era" não era "Nova Era" era..............................................................................365
Sob o véu de Ísis...............................................................................................................369
Pisos infracorpóreos do mundo. ....................................................................................373
A ideia arcaica de progresso.............................................................................................376
Progresso e mistérios........................................................................................................380
Silenus é o primeiro homem.............................................................................................382
O atomismo de D,emócrito...............................................................................................385
Epicuro: a versão hipoctónica da Aoroca negra .............................................,. " 390
Osprey filosófica.............................................................................................................395
Aparentemente, é uma questão de atirar o assunto...........................................................401
Chamando os titãs .............................................................................................,...,..............403
Razio Prometheus.............................................................................................................410
Glocho acorrentado...........................................................................................................416
D,ionis v. Allon? .......................................................................................,. 418
Bibliaogril................................................................................................................443
Resumo.......................................................................................................................447
Palavras chave. ........................................................................................447
Introdução.
Finalidades e objectivos de Noomakhia
Elas, por sua vez, são figuras imaginativas, ou guerras ainda mais
formidáveis e profundas. E estas, por sua vez, são figuras imaginativas,
ou guerras ainda mais formidáveis e profundas, que se desenrolam no Já,
na área de Hyca (voi9l e seu npepexax, onde a própria Mente beira a
zona de loucura absoluta que a engloba. Floamo-mu Noomakhia é tudo
no mundo, e mesmo aquilo que é muito mais antigo e primário do que
tudo, Yperpavta. Bofiña, segundo Heráclito, é o pai de tudo (pbCheroS
pattjr nfivmshv). É isto, de facto, o que está escrito sobre
"Noomachia" é sobre o "pai de todas as coisas".
Gaava 1. Desconstruir o "momento contemporâneo":
novos horizontes da história
Ver parágrafo 6, "Die Aufgabe einher Destruktion der Geschichte der Ontologie"
em Heidegger M. Sein und Zeit. Tubingen: Max Niemeyer Verlag, 2006. Ѕ. 19.
2 Derrida J. De la grammatologie. Paris: Les Èditions de Minuit, 1967.
И которС fОO lugar e o significado das escolas filosóficas no processo
histórico-filosófico global. Determinar o lugar de um filósofo ou escolas
nesta genealogia é a tarefa mais importante.
до(от ляет Neste caso, é necessário compreender a sua filosofia e,
consequentemente, compreender os seus Schmmes filosóficos e vSK]Eiltsch
de uma forma naturalmente correta. Este é o uesshruktsun oiatológico: a
identificação de um filósofo ou de uma corrente filosófica através da
identificação do
O paradigma fundamental das suas atitudes lógicas (muitas vezes
ocultas ou veladas, implícitas) num conjunto de sequências smsxh
estritamente definidas:
Começo (pré-socráticos) -- Fim dentro do Primeiro Começo (Glatão e
Aristóteles) -- Meio - Idade Média (Tomás de Aquino, João Escoto, etc.) --
Começo do Fim - Tempos Modernos (D.E. Card, Aeibniz até Kant) -- Fim
dentro do Fim (Hegel, Nietzsche).
A educação é a colocação de um filósofo numa dada sequência no
contexto do seu lugar na história da filosofia e, por conseguinte, da
cmiasla
do seu filosofar.
I J. A história da filosofia é um texto, cuja estrutura é
determinada pelas intersecções de linhas semânticas de pontos de vista,
mais ou menos giovtórios, subtilmente matizados e detalhados. A
estrutura do texto é determinada pelas intersecções de linhas semânticas,
mais uh menos giovtoriosas, de forma subtilmente matizada e detalhada,
a construção axial de Hayegger. Assim como a de de HaiIdegger,
É importante situar o phycho-soph num contexto em
que a semântica das suas construções pode ser encontrada como uma
citação, uma quimera, uma inversão ou uma re-produção dos discursos
que se espalharam antes dele e à sua volta no "tecido gramatical e
corgival".
olhando para os padrões deste tecido, onde qualquer "autoria" é pensada
para ser
Não é um boheme enquanto lugar de citações naturalmente compostas.
A filosofia torna-se assim um campo unificado de conotação, e a
mudança das matrizes conotativas e dos ritmos interpretativos que a
dominam constitui a sua história.
Heidegger e Derrzda podem ser medidos por M. Foucault e a sua
egistemohogia.
Naturalmente, estes modelos hermenêuticos da história da filosofia
cristalizaram-se claramente no final do século XX. No século XIX e
antes, o "momento contemporâneo" era descrito de forma diferente.
Para Kant, estava associado à descoberta das estruturas da "razão
transcendental", para Herew - ao "fim da história" e ao "espírito
objecktivnoi". Para Nietzsche, com a maximização da vontade de Deus
na figura do super-homem. Para Marx - no horizonte d a revolução
proletária mundial. Mas, no caso de Ayubom, a filosofia da filosofia do
pensamento filosófico é desvirtuada como uma teolo-
14 Os três logótipos. Alolloi, D,lonis, Hibela
ССA pessoa está garantida: nem uma narrativa, nem uma imagem, nem
um único intelecto têm a possibilidade de ser corretamente
compreendidos e, em vez da filosofia e da história da filosofia, temos
obtemos o "ruído no y" da consciência sombria, simuwkr ryavyenis.
Isto aplica-se sobretudo ao nunc, o "histórico", o aspeto temporal da
filosofia. Com o aspegt espacial, hic, o dekho é tratado de forma um
pouco diferente.
Pós-modernidade e distância
Na estrutura da filosofia pós-moderna, o "histórico" é sujeito a uma
análise atenta e, por vezes, esta atenção é tão pormenorizada que o
aspeto espacial, o eurocentrismo da própria filosofia ocidental, também
se torna visível. Combinado com a abordagem antropofágica, isto dá
certas condições prévias não só para reconhecer a estrutura do "ponto de
observação" enquanto tal, mas também para adotar uma certa atitude em
relação a ele. Reflexões intensas da filosofia pós-heideggeriana (pós-
moderna) sobre a natureza do tempo e as primeiras tentativas de
compreensão da situacionalização espacial
A "contemporaneidade" leva-nos a um horizonte totalmente novo e a
um nível radicalmente mais profundo de autorreflexão teosófica: e se o
próprio "ponto de navegação" a partir do qual vemos a história da
filosofia, e a partir do qual a desconstruímos, não for, por sua vez, outra
coisa senão o
"conschrukt filosófico"? Ou seja, até que ponto é legítima a própria
ideia de uma tecno-economia do presente e, consequentemente, se
justifica o temporocentrismo? O "histórico", que nos parece ser um
instrumento fiável de interpretação da filosofia, não será, por sua vez,
um paradigma efémero e extrínseco projetado num presente que não é
comutativo-teológico (em relação ao temporal), mas arbitrário ou
organizado segundo um mecanismo que não o vetor do "tempo axial"?
E, por fim, será o Ocidente o "lugar natural" do Aogos, a zona de
convergência das multidões de consciência, ou será apenas um dos
muitos receptáculos espaciais da consciência, a par de outros ї E, assim,
será o eurocentrismo justificado nos seus fundamentos, e não deveremos
olhar para além do Ocidente para outras versões - à sua maneira
completas e perfeitas - do Aogos?
Estas suspeitas estão, evidentemente, na periferia da filosofia pós-
moderna, nas teorias inerciais mais familiares que continuam, embora
enriquecidas por procedimentos introspectivos detalhados, o vetor
"dogmático" do racionalismo ocidental clássico. O pós-moderno
justifica-se e justifica-se, como de costume, pelas práticas rotineiras do
"momento contemporâneo", mas não deixa de ser o próprio pós-
moderno.
18 Logótipos de troncos. Apollo, D,ionps,
Knbela
Antropologia da filosofia
O caso da antropocogia da filosofia é quase o mesmo que o da
antropologia. Existe uma escola de antropologia filosófica
Ulava t. D,econstrução do "moieit conteiporal": horizontes de inovação.... 25
Untergang
Antes de nos debruçarmos sobre o trilateralismo como uma terceira
estratégia para encontrar estabilidade em relação ao "momento
contemporâneo", seria útil desenvolver um pouco mais a forma como
Martin Heidegger, uma figura-chave na elucidação da estrutura do
"histórico", entende o vetor do tempo na sua dimensão
seynsgeschichtliche. Heidegger pode ser visto como uma ponte entre
aqueles que reconhecem a insegurança do "momento contemporâneo"
no espírito da filosofia da Europa Ocidental e os Trinitaristas, que, pelo
contrário, como veremos um pouco mais tarde, oferecem a sua própria
versão de encontrar a estação desejada. A questão é que Hei-Degger,
reconhecendo o valor de julgamento do vetor do tempo invertido para o
presente e a tentralidade de 3an a como nascimento e desenvolvimento
de Aogos, decifra este vetor como "descida", Untergang, "pôr do sol",
como "fuga dos deuses" e como "abandono por Ottium"
(Seinsverlassenheit). Esta é a sua principal diferença em relação à
maioria dos filósofos modernos e flosmodernos, que, pelo contrário,
tratam a história, por assim dizer, como uma questão de facto, como
uma a s c e n s ã o , uma superação, uma descoberta, um movimento para
a frente e para cima. O "momento contemporâneo" de Xa@erger é o
ponto da Meia-Noite, ao qual chegamos do lado da noite. Ele decifra a
história da filosofia como um processo de descida, yn pa, ocultação,
submersão.
30 Logótipos Trn. Apollo, D,nonis, Knbela
TraDicionalismo
A filosofia do tradicionalismo, também conhecida como
Philosophia Perennis ou "perenialismo", é de grande importância para
nós. 2Criada e formalizada pela primeira vez por René Guénon, esta
philosophia perennis, como bem nota R. Allieu, pode ser considerada, a
par do marxismo, como "a direção mais revolucionária da filosofia da
Nova Era". Se abordarmos o marxismo tradicionalista com a devida
atenção, depressa nos aperceberemos de que a comparação com o
marxismo é, à primeira vista, perfeitamente justificada. Para além
disso, a reavaliação de todos os valores, que está na base da h i s t ó r i a
d a h i s t ó r i a , é muito mais pragmática, revolucionária e intransigente
do que as ideias de Marx (bem como de outros "fissofóbicos da
suspeita", aos quais se atribui g e r a l m e n t e Nietzsche e Freud).
/\O que é importante para nós, numa fase inicial, é a forma como o
tradicionalismo nos ajuda a construir uma estação em relação à
"mentalidade contemporânea" e, consequentemente, porque é que a
devemos separar numa estratégia autossustentável. A própria estrutura
da fгi osofia tra,іjcialista é, em muitos aspectos, semelhante à filosofia
de Hei;¢egger, uma vez que o tempo histórico é aqui conceptualizado
como uma nuсhoquqѕuе imanência, um qerp ance, wurі' down. Este tr
iqionalismo fixa-se tanto nos ensinamentos religiosos e nos mitos
(incluindo as religiões monoteístas), como na análise das
transformações onto-lógicas e dos estados alterados do cósmico. No
entanto, ao contrário de Heidegger, a escala de degradação é aqui muito
mais extensa, ultrapassando largamente os limites da filosofia europeia.
Se a história de Heidegger é o fio do Aogos, o fio entre os pré-
socráticos e ele próprio como a figura n a s c h k e e eschatochogical
da filosofia clássica alemã, então os tradicionalistas vêem este período
como apenas um dos fragmentos da descida, do Untergang, de
processos mais gerais e f a n t á s t i c o s .
Penso que o próprio tempo é uma queda, ou melhor, uma espiral
descendente. E não inclui apenas as actuais sociedades históricas
europeias, mas todo o destino da "eco-humanidade", incluindo as
sociedades do Oriente e as "míticas
Mistyes'iyi nokyrn
O segundo modo de imaginação, segundo A. Aioran, é completamente
oposto ao primeiro. Dioran chama-lhe noturno místico e relaciona-o com a
refexologia nutritiva e, portanto, com memórias do estado extragroward.
Korpa "imaginador" é capturado pela estrutura-
Noturno dramático
O terceiro modo do "imaginador" é também noturno, mas
dramático, mas
dramático e ativo. Pode ser colocado com o Qi
Nom e a noctiorne mística. É construído sobre a dominância copulativa,
sobre o ritmo, o movimento e as simetrias corretas. O seu sim-
VOAomsvwwemcs rvupopokhoe suiԛestvo Androgyn, napa
vozshobhchennykh, Chorovor, círculo, dança, rotação, repetição, ciclo,
movimento, воз-
girando de volta à sua origem.
O noctihorn dramático não luta contra o tempo/morte (como D.Iurn)
e não se desloca para o lado do tempo/morte (como o noctihorn
místico). Ele fecha o tempo num ciclo, e a morte numa cadeia de
nascimentos, génios/cmepteeiï, perywpnô mudando uns aos outros
¢pyra (reencarnattis). Neste modo, o sujeito reflecte-se no objeto, e o
sujeito no sub-objeto,
40 Os três logótipos. Apolo, D,ionnes, Knbela
Filo-mito e filo-filosofia
Uma vez que justificámos desde o início a capacidade da estação
para se relacionar com o "momento contemporâneo", podemos
considerar plenamente e sem quaisquer reservas a zona do mito como
uma base fiável para a nossa pesquisa: a phycho-mythio (termo cunhado
pelo filósofo brasileiro Vicente Ferreira da Silva') pode ser considerada
como um campo científico paralelo à phino-física. Nada nos impede de
voltar do Mythos ao Aorocy e explorar a cadeia do Aogos ao Mythos.
Para além disso, é ainda mais produtivo considerar o lógico e o mítico
como dois tipos iguais de narrativa, especialmente porque na Grécia
Antiga ambos os termos Xsh e pu8eš significavam discurso com
conotações semânticas diferentes. Ao nível do paradigma do
pensamento, considerado fora da versão clássica do Historial, a
consideração igualitária dos dois tipos de discurso é plenamente
legítima. Aliás, é o que vemos em Glatão e nos neoplatonistas, que
passam facilmente de um modo para outro para serem os mais
compreensíveis e evitáveis. O "momento contemporâneo" obriga-nos a,
1
Da Silva Vicente Ferreiia. Transcendència do mundo. Safi Paulo: Є Realizapoes,
2010.
Заава 2) Tpn Aoroca. Introdução ao método trnadnâmico 43
Geometria do Aogos
Imaginemos o quadro geral em cxerie.
Esta imagem mito-lógica do mundo pode ser interpretada de várias
maneiras diferentes. Do ponto de vista da sincronicidade, é um mapa de
três regiões simultâneas do mundo, consideradas de acordo com um mar
de três zonas elementares e três modos de imaginação. Os três Aogos
neste esquema representam as três posições de u m a visão primordial
do mapa do Universo:
• do alto (Alollon, Olymri),
• a partir de baixo (Hes, Cibele, Tártaro)
• e da posição intermédia (,A,ionis,,A,erietra, 'mankind).
45
Olympus
Logótipos do Zeus
Apollo
chão
Logótipos Dionísio, o
barulho dramático
Tártaro
O Logos de Cibele
noturno místico
Época filosófica
Tendo considerado a imagem estaticamente, podemos interpretá-la
cineticamente. É fácil notar que os três mundos sincrónicos no esquema
dado podem ser tomados como um ciclo anual: O mundo superior (o
reino de Alollon) corresponde ao verão, o inferior (o mundo de Kifiel'i)
ao inverno, e os mundos intermédios (os mundos de Onis) ao outono e à
primavera, o que pode ser interpretado como o karn n vѕnye giunktov
do drama de Phionysos: a sua morte sacrificial, desmembramento,
ressurreição e despertar.
Neste caso, as zonas de posição fixa do cosmos de três partes
ganham vida e movem-se. A mudança das estações transforma-se num
processo filosófico de pensamento intenso, numa guerra cósmica, nos
ataques dos Aoghos às posições dos seus adversários. No inverno, o
zeg' esforça-se por fazer brilhar a luz, por atrair o sol para si, por
transformar as águas vivas em hennae glibs. No verão, o triunfo d o
poro, a criação da vida. Os ciclos dos acontecimentos dionisíacos
marcam, neste caso, os momentos-chave do
a r r e b a t a m e n t o : o declínio e o novo florescimento.
Assim, os Aoghos entram numa oposição dialética, o torii ous
espacial transforma-se num tempo de sequências vѕnugo, e a mudança
das estações revela-se como um processo de filosofar. O Flpupo iy ttсl é
geralmente considerado como o oposto da história, que consiste em
acontecimentos únicos e não repetitivos. Nosvwemcs "nosvwemcs" é
onde o ttikl se espalha: é a axiogia do "tempo axial". É por isso que a
simbologia sazonal é considerada pela escola de filosofia como uma
prѕmаѕ ontischese da filosofia enquanto tal. Mas este axioma não é
válido do ponto de vista do "contrіpor vѕnoi pugikt", o que só é
possível no caso de se reconhecer a justeza lógica do historicismo.
Explorando este constructo na pyxe da revolução pré-fabricada pelos
traƟonistas, podemos ver um modelo interpretaƟvo alternaƟvo: a
história pode ser vista como um grande ciclo sazonal, que tem os seus
invernos e as suas primaveras, e, esquematicamente, o cruzamento dos
territórios ontológicos do paƟsão e do paraíso. Há épocas de Apolo, de
Íonis ou da Grande Mãe, e elas sucedem-se numa certa s e q u ê n c i a ,
sendo cada uma delas dominada por um ou outro paradigma, um ou
outro Aogos, uma ou outra "estação filosófica". As épocas, quando
Apolo reina, têm uma orientação para a eternidade e para o ser, para a
arquitetura sagrada e heróica da vida e da consciência. São a s épocas
verticais em que o fogo cósmico se inflama segundo a sua medida
(Heracmitas). Nestas épocas não há história, mas um acontecimento
subtil - o acontecimento da epifania imutável da eternidade celeste.
48 Os Três Logos. Apolo, D,nonnes, Kybeaa
' Ver mais: Aggzn A.G. Martin Heidegger. A possibilidade da filosofia russa.
Moscovo: Projeto Académico, 2011.
50 Logótipos de marcas registadas. Apollo,
D,ionnes, Knbeyaa
São Basílio Magno, São Gregório de Nissa, São Gtoannes de Aamaskin,
A,ionisyfi Areopagite, St Maximus Rispovechnik na Poti' go Michael
Flcella, Rioannus Ghaal, e finalmente Gemistus FLuiufona no Oriente,
Boelius, Scotus Eriugena no Ocidente), bem como na
R e n a s c e n ç a , e mesmo na filosofia da Nova Era.
era.
"¢ominaԛia da Grande Mãe/Matéria. Titânia é um titânio.
Glória 2-Três Aoroca. Introdução ao método triádico 67
1
Guénon R. A crise do mundo moderno. Moscovo: Arktogeia, 1991.
Genon R. O Reino da Quantidade e os Sinais do Tempo. Moscovo: Belovodye, 1994.
° Evola J. Rivolta contro il mondo moderno. R.: Hoepli, 1934.
4 Eeola Y. O mistério do Graal. Voronezh: Terra Foliata, 2013.
58 Os três aogos. Apolo, D,nonnes, Ki0ela
Acampamento Natónico
É óbvio que o tema da filosofia de Glaton é tão vasto que mesmo
uma tentativa de o abordar de uma forma mais ou menos resumida está
condenada ao fracasso. Glaton é um mundo infinito.
/\É de fundamental importância para nós fixar a filosofia do
Glatônico como aquela região da Noomachia que corresponde aos
cumes da divindade, da luz, da claridade, e que ocupa os andares mais
altos do mapa filosófico universal. Esta filosofia é a filosofia
fundamentalmente verdadeira que descreve os mundos Noético e
Esotético como eles s ã o , e é portanto o alfa e o ómega de todo o
pensamento correto. A filosofia de Glaton não é, no entanto, um produto
individual por duas razões.
1) Reflecte a verdade enquanto tal e, por isso, tudo o que é
verdadeiro - incluindo o que está para além dos limites de Glaton e do
pathonismo e que não tem qualquer relação direta com ele (nem
histórica nem espacialmente) - convergirá inevitavelmente com ele, no
essencial e no particular. Por conseguinte, se encontrarmos enredos,
temas, figuras filosóficas ou mitológicas semelhantes noutros contextos,
mesmo que se exclua o empréstimo, a semelhança será, no entanto,
plenamente justificada, uma vez que tudo o que é verdadeiro é não só
próximo, mas estritamente idêntico a si próprio.
2) Glaton não é um criador individual da sua filosofia, mas
transmite e formaliza, em grande medida, os conhecimentos que
adquiriu de várias fontes: diretamente da experiência da contemplação
da verdade (a opção noética é também de natureza impessoal,
suprapessoal), do seu mestre Sócrates (cuja natureza espiritual exige
também um exame mais atento², das escolas eleáticas de Glarmenides,
das uniões pitagóricas, das confrarias órficas, do El.É também
necessário olhar mais de perto para as escolas eleáticas de Glarménides,
para as uniões pitagóricas, para as confrarias órficas, para o El.
61
tЭPt
g p ts da humanidade coincidem no momento da Grande Noite com a
história-
Иao seu ser humano.
НtЭїNo extremo oposto da "investigação" filosófica europeia, na aurora
da filosofia, encontra-se o Phaedon de Gleaton.
e •¢ st, que é dedicado ao último dia da vida de Sócrates. Sócrates fala aqui
em circunstâncias normais e, embora continue rodeado pelos seus alunos
e ouvintes, como noutras situações, desta vez o seu discurso assume um
contexto diferente, pois fala perante a morte e, em grande medida, dirige-se
a e l a . O filósofo deve sempre postular desta forma, e o seu discurso só
adquirirá sentido se estiver num estado existencial, ou seja, se for um estado
de morte.
no centro da experiência penetrante do seu próprio membro,
e, portanto, perante a morte. Mas em certas situações - como aquela em
que Sócrates se encontra no Phaedon: no mundo, ocy até
o mais subtil véu de espiritualidade se evapora no processo de
psicofização, a idade do tempo
Não há mais tempo para corrigir o modo não autêntico do
existencialismo para um modo autêntico, e a filosofia adquire um
carácter verdadeiramente irreversível, inevitável e decisivo. Sócrates
e s t á a filosofar pela última vez, a sua última oportunidade de pensar
de forma a ressoar nas estruturas tectónicas da verdade.
e ler o primeiro dos diálogos de Paaton. Mesmo que ele não o faça
Н¢gwemcs assim cronologicamente, é assim na palavra- e - sicherm é o
começo dos começos. E em nenhum lugar a vida se conhece e fala de si
mesma de forma tão penetrante como diante deste começo.
Sócrates (Glaton) afirma no "Theron" que o essencial, "é co...
torna-se o paradigma da sua filosofia. Esta é a direção básica da atitude
perante o facto da presença no mundo - o mundo em que Sócrates se
manifesta e que se sintetiza na sua denúncia filosófica sobre quem é
maduro, onde é maduro e o que é maduro. Esta relação Sócrates
formula-a como um vetor dirigido a partir de. O dado condensado (a
presença corporal, o conteúdo da npoqecca vital, ou seja, alltaglichkeit,
giovvnost', elementaridades', maternidade, etc.) é interstituído por
Sócrates como um limite que deve ser tomado como base da negação,
da preocupação, da ultrapassagem. A filosofia é uma omcüga myya, o
mais importante é fortalecer-se nesta atitude, nesta atitude, nesta escolha
de orientação. De onde é que ela vem? Do que nos é dado diretamente,
sensualmente, inerte, inerte. Yavcheniye ('potvdpevov) não é
svavannosta como ¢annosta, mas npottecc, constantemente svwemoe,
isto é, ele devora totalmente, e revela não o que é revelado, mas o que
está escondido atrás deste zvavannosta. A estabilidade nesta orientação
baseia-se no cedo como ir, e no próprio como não dado. É assim que se
constrói a topicalidade vertical da filosofia platónica: isto não é isto,
mas a indicação de mo. E como o dado não é o dado em si mesmo, mas
apenas uma relação com 'algo, ao contrário, não dado, significa que só
existe o não-gai+aquilo, aquilo, e este é o ponto de partida do caminho
para.
** °GO" E "TO"
O que é "isso"? O mundo sensual técnico, as experiências, os
sentimentos, as sensações, as percepções, as atitudes, enfim, a vida
enquanto tal. Mas se formos filósofos, então "o mundo sensual, as
experiências, as sensações, as percepções, as atitudes, a vida enquanto
tal".
Afinal, a "vida como tal" não é mais do que uma porta de entrada para o
outro, o seu p r e c u r s o r , as suas sombras, a sua antecâmara.
Nada no "isto" é igual a si próprio, tudo aponta para o outro. Ao ignorarmos
a indicação, ao tomarmos a criação como npoqecc para o dado último, ao
tomarmos o início do caminho para o seu ponto finito, estamos a cometer
um ato anti-filosófico, a despojar-nos da nossa dignidade individual, a
deixar de existir e, consequentemente, a ser privados das nossas
propriedades humanas. A rejeição do Torcicismo de,
*< Transformamo-nos na sombra de nós próprios, passamos para o lado
oposto de nós próprios e encontramo-nos exilados de n ó s próprios.
É isto que Sócrates descreve em relação às pessoas que estão a beber.
Гl аva 3) Paatoi: Morte, Ayubov n,/tusha 67
O caminho do filósofo
Há duas maneiras de o fazer: com um "mon" e um "mon".
"ethich". A concentração no "shon" é filosofia, tal como Sócrates e Glatão
a entenderam. Mas "em cima" não quer dizer "nisto". G1 Se tal escolha for
feita, o "mo" é miaslits e é experimentado por ele, e
"it" ropolnitevniyagi, nesamostatevniyagi, aktsirentapnymi.
"Para" ne sólido, ¢o. "Chmo" é casual e desmorona diante de nossos
olhos. сосреԛotoiiiсѕ em "toiсh" "it" deixa de wo6ittе qualquer
significado. Flołmias perda de significado em "toich" é a morte. Em
filosofia, é um ato aosoltotnyi e poltiiost mizneustroi:іngаtіve. A morte
é o regresso da alma à alma, a si própria. É o dia do nascimento.
O ¢engence da alma, o seu regresso ao que é. É o novo encontro da
pátria perdida, a coroa da filosofia. A morte não é o al- ternativo da
vida, ela é a vida, mas subtilmente no seu todo irrestrito, imaculado,
sem nuvens, sem espessuras. Ausha é o que anima o corpo da vida e
"devolve a sua vitalização a si mesmo no momento da morte. D,yuia
afasta-se simplesmente do que, durante um curto período de tempo, não
era ela. Durante esse tempo, simplesmente distraiu-se do cefiz,
adormeceu, cochilou, mergulhou na contemplação de visões densas e
aleatórias. No sonho, ela desperta do sono e vê o mundo como ele é.
Se o dukkha era a mão do filósofo, então ela gіrobu а e t c ѕ
do sono mesmo antes da morte. Ela olha para além do corpóreo, do
niyya. Vive uma vida fitosófica, que em todo o lado angula a verti- K de
onde provém. Esta vertical é a Mente. Yri é o cume da alma, a sua
cúpula, a sua luz interior. A Mente engloba pyiuy, como pyiua engloba-
no teho. Mas isto é assim na filosofia. No mundo corpóreo tudo é o
oposto: o Ayuia subtil é de alguma forma Aat°-t sobre si mesmo em
movimento, e a Mente ainda mais descarregada e subtil é envolvida no
pyiuy subtil e acelera completamente a partir do
O aperto do corpo. O filósofo lança-se verticalmente para longe do
corpo, e esta vertical não se desmorona, não termina com um novo
Гl аva 3) Paatoi: Morte, Ayubov n,/tusha 67
andar, mas leva-o, maravilhado, cada vez mais alto, rompendo o véu
dos limites. Phi
68 Tpn aoroca. Apollo, Djionis, Kybeaa
Medidor de mergulho
Sócrates descreve também a segunda via, quando "aquilo" (a alma),
tendo-se encontrado no "isto", se afunda cada vez m a i s nele. Escolhe
então um vetor de atitude completamente oposto ao dado, svavanennosti, e
constrói simetrias de "mOFO" a "Elto-my". "Ele" capta pyuiy vai a tal
ponto, 'rro ele começa a identificar-se com "ele". Aquilo que ԛas tizna,
aquilo que se move, giri equivale àquilo que vive e,¢visível. "Chmo"
pгhoіtates.
"mo", suga de "aquilo" a força, os sucos, os pedaços. Flritsgivaemas para o
tema pyiua afasta-se assim da Mente, torna-se estúpida. Mas, ao m e s m o
tempo, ela aproxima-se do corpo dos fantasmas, satura-os com o seu
próprio sangue e percebe Doxee de forma sumarenta e colorida. O corpo
lava a piauiá, calcula-a, ferve-a e engole-a para a ghierereti'. Kor,qa chega
ao fim do termo técnico, a alma já não existe - está uniformemente dispersa
entre o s coágulos corporais, a gordura, a gordura, os ossos, as pernas, os
tendões. Neles ela esgota-se como "aquilo", e quando o techo c a i , como
uma folha de outono, ela emerge dele sob uma forma completamente
obscena - mutilada, enviesada, desfigurada, desintegrada, completamente
expelida pela matéria, envolta em vapores de substâncias venenosas. D,yuia
transforma-se n u m a sombra, num fantasma que já não pode regressar,
porque ninguém lhe alimentou as asas, ninguém o preparou para o seu
despertar e regresso a uma nova pátria, ninguém alimentou as suas forças
interiores, ninguém o iluminou e fortaleceu com o poder da mente. Pobre
pyiua, tendo ido ter c o m Teho, decidiu que viveria para sempre (para
sempre sim, mas não assim!), ou que se Teho morresse, e ela morresse com
ele, não seria capaz de reconhecer essa morte.
Anifascista
Sócrates não se deixa deprimir pelo facto de o segundo viiabor
rechaiot obiachnii lzodi. Afinal, uma criatura tola chega
automaticamente a esta conclusão: a alma nela é cxa6a e não declara a
sua auto-repressão, e a Mente está provavelmente virada noutra direção.
Capítulo 3: Platão: Morte, Amor e D,usha 69
' Ploton. Phaedon // Ploton. Diálogos selecionados. M.: ACT, 2004. С. 184.
2 Plnipon. Fedon. Op. cit. p. 184.
72 Os Três Yaogos. Apolo, Dzopnes,
Cybea.
2 - 10 minutos antes de beber a cicuta. Portanto, literalmente, "nada o pode
parar".
A,aleee não é uma descrição visionária, na medida em que tem
um significado psicosófico cohoss nous.
"A Terra é muito grande, e nós, que habitamos desde Fásis até
Hércules, ocupamos uma pequena parte dela; agrupamo-nos à volta
do nosso mar como formigas ou sapos à volta de um boho, e muitos
outros povos vivem em muitos outros lugares semelhantes ao nosso.
Porque por toda a parte na Terra há muitos buracos, diferentes em
aparência e tamanho, onde a água, a névoa e o ar fluíram. Mas a própria
Terra repousa pura num céu límpido com estrelas - a maioria das pessoas
que falam sobre isso costuma chamar a esse céu éter. A precipitação
que daí provém flui constantemente para as cavidades da Terra sob a
forma de névoa, água e ar".
Não há nenhum discurso sobre um Zeil especial, sobre a terra da alma,
sobre os ruiiiiv e@os da Terra. Assim, Sócrates diz, com "a Terra repousa
no céu" e diz que esta "Terra é pura" (aitjv bs tijv yijv ka8apfiv Ev ko8arf
keiin8at tf oyrovf). A "'-pureza" da Terra i, a sua "catártica"
hornyolshitethey estraga que gshi se moveu para os mundos inteligentes,
para os reinos da noohogy, onde "'iistoje" over,¢аs o sentimento de pegko-
sti, bestechnosti, clareza prerew, peculiar aos oochects dos mundos subtis.
Estando nós, num dado momento, na secção transversal dos virii
aireticos, "lá fora", o mundo dos habitados pelos seres humanos não está
fixado na superfície da terra, mas dentro dela. A morte é a linha ténue
que separa o que está "debaixo" do que está "dentro".
"bem". Na morte, o qyuia sai do geo,q, e quando olha para o nome, mas
agora para tudo no m u n d o inteiro, para toda a antropoagio-geografia,
vê a terra habitada como buracos, como falhas, como vazios (Koicho9).
Buracos, ggustos ԛехаіоt nestas zonas ontocógicas de lk'ri, existindo
inautenticamente, adormecidos, passando para o lado da matéria.
"Convexnosta" transforma-se em "concavnosta"; ropa - em toca ou
pevtera: colina, pico - em tsasha, água.
"E nós, que habitamos nas suas cavidades, não adivinhamos (ijufi ouv
oik0vta tv that koiXok; a0tїj XeXp8evat - mais precisamente, não
"não adivinhamos", mas "esquecemos", ZcZr¡8Evot, porque é natural para
a alma conhecer e lembrar a estrutura do mundo, mas o choque da posse
na carne repele essa memória. - А. 6), mas pensamos que vivemos na
própria superfície da Terra, assim como se alguém que mora no fundo
do mar imagina que vive na superfície, e vendo o sol e as estrelas
através da água, ele consideraria o mar como sendo o céu. Por causa da
lentidão
1
Ploton. Fédon. Op. cit. p. 184 - 185.
ГCapítulo 3: Piaaton: Morte, Ayu0ovk e 71
D,usha.
Nunca teria chegado à superfície, nunca teria subido à superfície e
levantado a cabeça acima da água para ver como é mais limpo e mais
bonito aqui connosco do que na sua terra, nem teria ouvido falar disso
por alguém que o tivesse visto.
Vista do topo
Teperi' Sócrates, com veemência u¢ shioiittiсѕ vvnіs, descreve como
vіyar t a Terra em forma de mesa, não subtilmente as suas cavidades.
Para isso
74 Três aoroca. Apollo, D,nonis, Kp0eaa
1
Mlaton. Phaedon. op. cit. op. cit. p. t85.
2
Ibid.
Capítulo 3: Platão: A morte, o Ayuboai e a 73
alma
Não aparece apenas sobre ela, mas também em cima dela, como
evidenciado pela possibilidade de olhar "de cima".
"A Terra, quando vista de cima, é como uma bola feita de doze
pedaços de couro e variegada de cores diferentes. As tintas usadas pelos
nossos pintores podem ser espécimes pobres dessas cores, mas lá a
Terra inteira brinca com essas cores, e até muito mais brilhantes e
puras. Num sítio é púrpura e maravilhosa, noutro é dourada, num
terceiro é mais branca do que a neve e alabastro; e as outras cores de
que é composta são as mesmas, mas lá são mais numerosas e mais belas
do que tudo o que vemos aqui. E até as suas cavidades, embora cheias
de ar e de água, são coloridas à sua maneira e brilham com uma
variedade de cores, de modo que a sua face parece unida, inteira e, em
conjunto, infinitamente variada".
A primeira observação sobre as cavidades mostra que os outros
mundos/técnicas, os mundos das trevas e do esquecimento, também têm
o seu lugar na imagem dos verdadeiros elementos. 3xo não é que "não
esteja nas profundezas, no fundo ou enterrado na lama - todos os
géneros e todas as zonas têm o seu lugar na maravilhosa e maravilhosa
geografia psicossófica; é que é tomado por outro - uma depressão por
uma rocha, a água por terra, e assim por diante. O mundo é completo, e
se aceitarmos tudo como o que é, as cores do mundo desenrolar-se-ão
mesmo na periferia longínqua, inundada de águas salgadas, nevoeiros e
vapores.
Agora Sócrates volta-se para o tema das verdades do ocaeus, tal
como tinha falado anteriormente das verdades dos versos. Este é o
naccam mais importante. O que chamamos "homem" não é o verdadeiro
'ieaovekori, mas o seu porvo,¢ doppelganger, um simwkr, um boneco de
barro sem cérebro. O homem é um g,qe - aquele homem, naquela terra,
para o qual é preciso heteti longa e duramente. É o lk'di ruiqi, o inseto
da terra do domínio comum. Aqueles que não se esquecem do mundo
em que vivem. Sócrates está agora a descrever-nos o país dos
psicósofos, a soԛiogia de Glatonópolis.
"Entre os muitos seres vivos que o habitam, há também mori: alguns
vivem nas profundezas do soucii, outros vivem ao longo da borda do
waterukh, como nós selzims ao longo da c o s t a d o m a r ; outros vivem
em ilhas lavadas pelo ar, não muito longe do continente. m suma, '
gonas e d,vi as
necessidades da nossa vida água, mar, que para eles é vоarуh, e o que o ar é
para nós, para eles é éter. alor e secae assim eles
têm uma combinação de csque essas pessoas nunca ficam doentes e
vivem mais do que os nossos. Na visão, na audição, na mente e em tudo o
mais eles diferem d e nós t a n t o quanto o ar é marcado pela pureza da
cera e o éter do ar. Eles têm templos e bosques sagrados de deuses, e
74 Três aoroca. Apollo, D,nonis, Kp0eaa
Cura de Fihaikhoe.
Resta muito pouco disso:
"Mas é possível e necessário rezar aos deuses para que a passagem
deste mundo para o outro seja bem sucedida. Por isso eu rezo, e que
assim seja.
Depois de ter dito estas palavras, levou o copo aos lábios e bebeu-o
com calma e facilidade.
"Kriton, nós doamos um galo a Asclépio. Então d á - l h o , não
2esquece".
Plotão. Fedro /Z Plotão. Phaedon, Pyrus, Phaedrus, Parmenides. M.: M'lsl, 1999.
- 136 - 191.
Гd atsz 3. Paaton: Morte, Ayubov n D,usha 79
no
' Mlaton. Phaedrus z/ Gllaton. Phaedon, Pyrus, Phaedrus, Parmenides. Op. cit. p. 168.
Capítulo 3: Pyaaton: Morte, Ayubovv e 81
D,usha
Na escola hebraica dos profetas, a profecia (como momento de
possessão divina) era acompanhada pelo toque de instrumentos
musicais - daí a palavra "Flsaltiri" ("salmo" - música). Na escola
hebraica dos profetas, a profecia (enquanto momento de possessão
divina) era acompanhada e interrompida pelo toque de instrumentos
musicais - daí a palavra "Flsaltiri" ("salmo" - música de carácter
extático). salmo" ("salmo" - música de carácter extático).
Fedro apercebe-se claramente de que algo de invulgar está a acontecer a
Sócrates: "Mas, caro Fedro, não pensas, como eu, que estou a
experimentar um estado divino?" - boksh tt ooi, schotier e¡i'hitf, 8eiov
nrt8oq nenov8tvot. Fedro exclama:
"Sócrates, ao contrário do que é costume, foste movido por um gyotok" .
1
foste movido por algum
gyotok" .
"Fluxo" é literalmente c6pota, "fluxo biaagoi", "passagem aberta".
Sócrates está possuído, e tudo o que vai dizer a partir de agora assume
uma dimensão profética.
Mais uma vez, tal como no caso de Fédon, Sócrates encontra-se
num estranho estado de espírito: antes estava do lado da morte, no aype
da sua presença viva e suada, e agora está possuído pelo espírito do
lugar sagrado, fala não por si próprio, mas, falando com a sua própria
voz, a partir de outra pessoa. O salto é consciente. Ele está numa
nagirаção, d, ouvidos. Pi dá conta do facto ao seu companheiro
malvado. Há uma transformação do discurso e uma transformação do
sentido. A boca de Sócrates, como a boca de Apolo ou de Flythia,
começa a falar como um deus.
Sócrates começa o seu discurso maníaco refutando o argumento
principal de Agisis: "Amoovi" provoca a loucura, a mania, e isso é n
oxo. Sócrates responde: a loucura não é lambida por Pítias no oráculo
de Apolo, no santuário de Apolo? Gt conclui:
2
"A ferocidade, que os homens têm de Deus, é mais bela do que a
razão, a liberdade tchekhoviana" .
(D,oshovno: "o fiaaro dos deuses vem nagi da loucura, quando na
verdade é dado pelos deuses").
Vale a pena parar com isto. '-Que subtilmente o que foi dito por
Glatonogi? "A loucura é de Deus, e a paz doswnosti' é do próprio
homem." A loucura é, portanto, uma ligação direta à fonte do ser, Deus.
Mas é para aí que a filosofia se dirige - como vimos em .... к... Traço-
De facto, o método básico da filosofia deveria ser a loucura bem
temperada. É uma admissão surpreendente, sobretudo se tivermos em conta
que o próprio Sócrates se considera um "escravo de Allon", a sua margem
esquerda. Trata-se, no entanto, de um fascínio pelo êxtase da música.
іtensão, ou seja, subir até ao ponto em que a alma "não está com Deus", vê
com ele, participa no seu séquito, faz parte do seu exército, e à cuwminaqіa
deste movimento, onde contempla não apenas o ser, mas o ser do ser, sutԛe
suіttego (fivaq faoo eiq to ov dvmuq - "subir ao sutԛe suntego").
A, mas a sua "exatidão" e a exatidão da tradução não são menos
importantes: "P o e t i c a m e n t e , portanto, o raaum do fichosofista é
subtil: ele está sempre, tanto quanto se lembra, "pelo divino Oor"". O
sentido é correto, mas vale a pena po¢'іerknгi': "Po nаtually;еrgу asas
o6x аt lmshі. lavagem (6t'xvoto - pode bіyаtі', 'raz-gіyаshlе', pois еtі.
6td) do filósofo, uma vez que mantém eternamente o giаrіѕt, оfiра-
іііtnе a isso, a conversão a que rekhаliza o deus pelo deus" ("'através do
que
"deus é O divino" - npè otonep 8efiq 'i'v 8ei6q Ecrmtv). Através de que é
que deus é divino? '-lto,ԛfaz de deus um deus? As coаeruonuѕ da essência
do b'i- tium, a essência do ser, bishtis 6ztrrius. Mas o que faz de deus um
deus, é o facto de o filósofo ser um filósofo.
2
"Só um homem que utiliza corretamente estas recordações, sempre
iniciado nos sacramentos perfeitos, se torna incomensuravelmente
perfeito" .
Certo: "um homem que se reconcilia corretamente com tais recordações
(é aqui que se poderia usar a palavra "recordação", porque a palavra
"recordação" contém o prefixo " Dib", "sub" e significa algo que já se
tornou um crescimento de giamti, enquanto que a recordação é um processo
ascendente de pensamento especial profético e extático e o seu sim está
sempre nvu it, acima dele) torna-se e ntually (verdadeiramente) o sutim dos
postvshttennyi, sempre iniciado no postvstytytwniye dos postvshtteniye
(meXEouq her tcZeòct9 teZooypevo , teXeo9 evtsh9 ¡i6vo yiyvemotl". Na
segunda metade da preposição, a derivação das palavras é utilizada quatro
vezes
'eZtmtj, oDo denotando "посвшв¡ение" (iniciação), "mysterio",
"perfeição", "realização do infortúnio". A relação dos postvsiqeñiѕ com
os phychos-phyics é aqui clarificada de forma
p r e ¢ e w n e n t e , bem como uma descrição cristalina do que é o
gihamsti' gilatónico. Flocvsiqeñue = phycho- sophia = recolhimento
(ascensão) do ser da 6iis. O filósofo é um filósofo da mesma forma que
o pós-vítima é um santo e Deus é um divino.
З"Uma vez que se encontra fora da vaidade humana e se orienta
"Os cavalos não lhe dão descanso (à alma), e ela mal pode
contemplar a existência. O outro espírito sobe e desce - os cavalos estão
a rasgá-lo - mas ela vê uma coisa e não vê a outra. A seguir a eles, os
restantes duques esforçam-se por subir, mas não conseguem, e correm
em círculo nas profundezas, atropelando-se uns aos outros, tentando
passar à frente dos outros. E agora há confusão, luta, pela tensão que
lançam no suor. Os cocheiros não conseguem lidar com eles, muitos
deles ficam feridos, muitos deles avariam frequentemente. Apesar dos
seus esforços extremos, todos eles não conseguem atingir a
contemplação do ser e, tendo-se retirado, subsistem com uma dieta
imaginária.
kpi ozetupervE2Bp tijv nepvipopdv, ВорvCoucevr mo miuv (nnuv kpi).
tsbugkA0orioAta bvmv: q bitoti civ šrzv,toti 6' t6u, Div(outv'uv bi
1
Xaile. FeAr. Op. cit. p. 157.
88 Os três logótipos. AlloN, D,NNNNS, Knbeaa
' Plpton. Pyrus z/ Gllathon. Phaedon, Pyrus, Phaedrus, Parmenides. Op. cit. p. 81 - 134.
92 Logótipos da rede. Apollo, Djionnes,
Kndela
Sócrates perde-se na estrada e perde o sentido de humor. Pelo estilo dos
diálogos, piadas e situações ridículas (Aristófanes, por exemplo, tem
soluços quando é a sua vez de falar, Sócrates perde-se no caminho e fica
preso no feno, um Apkiaiad bêbedo aparece no fim do banquete rodeado
de faeitistas e enfeitado com coroas de flores e, finalmente, um grupo
de lk'dei, completamente desconhecido para ele, entra em casa de
Agatão e começa a beber, a fazer barulho, etc. etc.) torna-se gionѕtnii,
sendo 'rro mm no contexto dos comos dionisíacos - um grupo aquecido,
aquecido pela presença invisível de Mónis ou de alguém do seu
séquito (sátiros, sehenes, etc.). E embora o comos dos
homens discutaas questões dosublime e doseri.eznte, stshconversas
ediscussões acutilantes e spiors radik v ѕ n o diferencia dos dois
dtsalogues anteriores por nós considerados. Do território de Apolo e das
Musas, Ru deslocou-se para o território de Dionísio. Este facto é
sublinhado por muitos pormenores,
dispersos por todo o catálogo.
Este facto é "extremamente importante para a linha principal do
nosso estudo sobre os Nomachia. Glatoi e Sócrates representam o
território da Aoroca luminosa, a Aoroca de Apolo. Esta é a essência do
pathonismo e a principal caraterística dos seus temas diurnos. Em
"Phaedon" e "Phaedrus" a linha apolínea mantém-se perfeitamente. Mas
algo importante acontece: Plaipon zaxogum na zona de Duonusn. O
próprio Sócrates aparece como Sichen. A Alquivíada sublinha
repetidamente esta d i s t i n ç ã o .
"Então, Sócrates assemelha-se, na minha opinião, ao sátiro
Marsyas. Que tu és exteriormente semelhante aos Silenos, Sócrates,
provavelmente não o contestarás...".
Sgilen (por vezes Sichenes) e os sátiros são companheiros fiéis de
Dionis. Marsyas i d e n t i f i c a - s e por vezes com Sichen e está
próximo dele em termos de tipo. É u m excelente feaciano, e o feádio é
u m instrumento de culto
Marsyas está ao nível do próprio Ajaollon na arte da música. Marsyas
está à altura do próprio Ayaollon na arte da música, e foi refrescado por
este deus pela sua insolência. E o rei Midas, que atuou como juiz e
concedeu a vitória a Márcio, em represália perdeu suas principais
funções para Apolo. O mesmo Midas, numa outra versão do mito,
apanhou Sirene, "para saber a verdade" com ela. Por outras palavras,
numa situação tipicamente dionisíaca, Sócrates é uma figura do círculo
deste deus.
Apkiviades desenvolve o tema da phætheta dionisíaca, 'itho giode,
para enfatizar a eloquência de Sócrates:
"Assim, só as melodias de Márcia, quer sejam tocadas por um bom
flautista ou por um mau flautista, são igualmente respeitadas pelos
ouvintes e, porque são divinas em si mesmas, revelam esses
Гl аwa 3. Paaton: Morte. Ayu*. -" " Ausha 93
1
Mlaton. Pyr. Op. cit. p. 126.
92 Logótipos da rede. Apollo, Djionnes,
Kndela
que têm necessidade de deuses e mistérios. Não és diferente de
Marsyas, mas consegues a mesma coisa sem quaisquer instrumentos,
apenas com o discurso.
E chuga d tsheshie Apviad continua:
"Vê-se que Sócrates mobiliza os belos, quer sempre estar com eles,
admira-os, e ao mesmo tempo não sabe nada e não sabe nada. Não se
assemelha assim a um homem forte?"°
Mais:
"Pode-se compará-lo, como eu faço, não com os liods, mas com as
esposas e os sátiros - tanto ele como os seus discursos"°.
No entanto, o próprio Alcibíades, ao fazer uma tal descrição de
Sócrates, na qual se pode ler tanto a ironia como a admiração
indisfarçada por ele, bem como o reconhecimento de uma certa
estranheza, testemunha que essa descrição de Sócrates é superficial.
Algo mais se esconde no interior da sátira.
"Na minha opinião, ele assemelha-se mais a todas as silvas que se
encontram nos ateliers dos escultores e que os artistas retratam com
uma espécie de espírito ou de flauta nas mãos. Se abrirmos um homem
silvestre assim, dentro dele há esculturas dos deuses".
Ou seja, é uma figura oco6as, por detrás de cujo oobaaoka
¢ionisíaco se esconde uma divindade.
Alkivi corrige-se:
"Porque ele só se faz parecer assim, por isso parece uma mera
estátua de um homem forte. E se o desmascararem, quanto juízo, meus
caros companheiros de viagem, encontrarão nas suas entranhas!"'
Os discursos de Sócrates são também avaliados por Apkibiades
como tendo uma estrutura muito diferente: à superfície são unos e
parecem simples, mas no seu interior contêm dimensões completamente
novas.
"A propósito, não referi no início que os seus discursos são muito
semelhantes aos dos Sienes. De facto, se ouvirmos Sócrates, à primeira
vista os seus discursos parecem risíveis: são condenados com tais
refrões e expressões que se assemelham à pele de um sátiro. Tem
sempre a seu lado alguns burros de carga, ferreiros, sapateiros e
carvalheiros, e parece que fala sempre com as mesmas rimas e
expressões, pelo que qualquer pessoa inexperiente e superficial está
pronta a tomar os seus discursos por um
Eros, o líder
2O Fedro, que aparece no "Pire", é o mesmo do diálogo com este
nome. Aprendeu perfeitamente a lição de Sócrates e, de certa forma,
retoma o seu ponto principal, mas não a um nível metafísico, mas em
relação à ética.
Fedro vê em Eros a motivação da nobreza e do auto-sacrifício. O
facto de Ayufiove motivar os amantes para os mais elevados actos de
bondade, coragem e perfeição confirma, segundo Fedro, a divindade de
Ayubove e, além disso, a forma mais primordial dessa divindade (Fedro
chama a Epoca o mais antigo dos deuses). Seguindo a tese de Sócrates
de que o amor é a posse de uma divindade, ele reconhece o amante
como o início ativo da relação amorosa, compreendendo o Shofiovi
como a epifania do deus-líder identificado no a m a n t e . Gloeto-
Aegeidae.
Гd awa 3. Ryavon: Morte, Ayubov n D,uyua 95
D,ve Afrodite
Segue-se um discurso de Pausânias. Pausânias introduz o conceito
de dois tipos de Afrodite, que podem ser designados por "vertical" e
"horizonte". Pausânias associa-os às figuras do espírito Afrodite: a
Afrodite celeste de Urânia e a Afrodite terrestre de Pacedemos. O tema
de Afrodite de Urânia nos discursos de Pausânias é colorido por tons
homoeróticos, mas pode ser reduzido a um entendimento apochloniano
típico de Átbvie, que Sócrates transforma em
"Fedro. O Eros uraniano é dirigido àquele que é mais poderoso e
inteligente, ou seja, ao homem, e tem por objetivo louvar e honrar a
Mente.
Mas, uma vez que estamos no contexto drationisiano, no contexto
do "Aogos obscuro", os tópicos verticais puramente solares do Ayubvi
Pavsanii falam também da Afrodite Pandemos terrena, horizonte-
horizonte, a Afrodite "universal". Este Eros é considerado por Pausânias
como mesquinho, sujo, vulgar e não digno de qualquer atenção: é uma
luxúria corporal grosseira, que não tem ordem ou estrutura interna e que
dispersa subtilmente as forças do espírito p e l a mãe estéril do poema.
De tal Ayubwi fala Pausânias:
"Este é o tipo de amor que é jurado aos humildes. E tais homens
amam, em primeiro lugar, as mulheres não menos do que os jovens; em
segundo lugar, amam as suas amadas mais por causa do seu corpo do
que por causa das suas almas; e, por último, fazem votos àqueles que
são mais profundos e subtis em conseguir o que querem, e sem pensar
se é belo ou não".
Foi o discurso de Pausânias neste d i á l o g o que deu origem
à noção de "Atbovi patónico", entendido como um Eros vertical,
orientado para a esfera da divindade e da inteligência. O contraste entre
os dois tipos de Ayubovi é subtilmente sublinhado.
Eros cosmos-esque
O médico Erixímaco, que tomou a palavra depois de Flavsânia,
elabora e desenvolve a ideia das propriedades de Eros. Erixímaco
estende a interpretação de Eros, ou melhor, dos dois Eros, aos princípios
cósmicos gerais que actuam nos mais diversos domínios - na mudança
das estações, no estado de saúde física, nas harmonias musicais e até na
preparação dos alimentos. O Eros uraniano torna-se uma figura geral da
harmonia, da saúde, do equilíbrio, da frescura, enquanto o Eros
"regiocrático" tem uma região oposta - a boémia, o desvio, a
decadência, o inverno, a cacafonia, etc. Segundo Eriximachus, ambas as
Epocas sao inerentes a todos os fenomenos, e a tarefa do medico e do
artista, ou, mais amplamente, do ser humano no o6iite, e' cultivar tudo o
que se relaciona com Urania, e c,¢erzhivata, domar e limitar' tudo o que
se relaciona com Paemia.
Em Eriximaco, a própria noção de Eros é de certo modo apagada,
pois em vez do Eros uráico e pandémico, poder-se-ia teoricamente
substituir por outras figuras: o primeiro, significando tudo o que era
considerado bhag na Grécia apolínea, e o segundo, generalizando todo
o pior, o mal.
Se se quisesse sublinhar o eixo semântico do discurso d e
Eriximaco, poder-se-ia dizer que Eros deve ser entendido como uma
ponta de príncipe angélico, que se divide em dois vectores opostos.
com pressa. Esse homem movia-se ou direito, a toda a altura, como nós
agora, mas com a lzoba de dois lados para a frente, ou, se tivesse pressa,
andava numa roda, levantando as pernas e rolando com" oito membros,
o que lhe permitia correr rapidamente para a frente.
Se os homens vêm do Sol, as mulheres da Terra, a androginia de A 2g.
as subdivisões lunares são predominantes.
Segundo Aristófanes, os Augínios e os Rogins eram tão poderosos
que se revoltaram contra os deuses como titãs e gigantes.
"Temíveis pela sua força e pelo seu poder, alimentavam grandes
pensamentos e invadiam até o poder dos deuses, e o que Homero diz
sobre Efialtes e Othos, refere-se a eles: foram eles que tentaram subir ao
céu para atacar os deuses.
Aloadia Oth e Efi lem ('Pto9 e 'E'prrtZmmjq) são conhecidos nos mitos
pelo seu poder gigantesco e pela sua ligação com o número 9: todos os
meses crescem 9 n' q v , têm apenas 9 anos, etc. Piri leva-os para o gilen
do deus Apeca e fica lá durante 13 meses. Piri uraëtsis é levado para o
gilen do deus Apeca e fica lá durante 13 meses. Os seus urаlosi' destroem
lаіrѕ a Apolo e Ártemis.
Na história de Aristófanes, é Apolo que também é responsável
pelo aparecimento dos anróginos, cortando-os ao meio por ordem de
Zeus. Devido a este primor, o s vѕ dividem-se e dão origem ao pa
noxa. O Aunnoe na'ialo divide-se em solar e terrestre, que, no entanto,
conservam u m a inacreditável atração irreal. É esta, segundo
Aristófanes, a razão de ser de Eros: ltody é apenas a luxúria da sua
essência, e por isso estão obcecados pelo mesmo totamisaqii.
"Assim, cada um de nós é como uma solha dividida em duas partes
semelhantes à solha e, por isso, cada um de nós está sempre à procura
de uma parte correspondente.
N Aristófanes termina a sua narrativa com uma conclusão:
"Assim, o amor é o nome dado à sede de plenitude e ao desejo d e
plenitude."
O motivo da rebelião dos andróginos lunares é, por si só,
extremamente importante e deve certamente ser mencionado no
contexto do projeto.
A interpolação da banalidade
O fuguirament i'nosta do discurso de Aristófanes, através de todo o
tipo de imprilikas, é substituído pelo cxepyro tero do orador, o mestre
do banquete, Agatão. Agatão glorifica Mole como o mais belo,
pequeno, feliz e belo dos deuses. A impressão que se tem é que Agatão
serve aqui apenas para sombrear o paroxismo da próxima figura-chave
de toda a história
¢diálogo do discurso de Sócrates. Sócrates inicia um diálogo irónico
com Agatão, no qual, à sua maneira clássica, o conduz a uma simples
refutação de todas as teses principais enunciadas anteriormente. A
refutação de que Eros representa a omnipotência cofioi é o ponto de
partida da teoria de Aioovi que Sócrates expõe no contexto rionisiano
deste diálogo (Flup).
' Mlaton. Pyr. Op. cit. p. 112. No texto russo, a palavra grega battsyuv é traduzida pela
palavra mais suave "génio", que há muito perdeu o seu significado original e duplamente
sinistro. - "Quem é ele, otimai - o Grande Génio, Sócrates".
102 Logótipos da Trn. Apollo, Donnis,
Kpbela
Apolo, com o seu ou/e, com os seus povrnosti, rualisgiogi, giarni
oppoaiqiѕmi.
Tros é o grande daimon, o grande "entre". É ao mesmo tempo o
mundo intermédio, o mundo do eu. Aqui Deus torna-se visível, e o
mundo torna-se oculto, mas Deus não apareceu completamente nos seus
raios de luz, está ainda coberto, como se estivesse ligeiramente
cortinado. E o mundo não desapareceu completamente, apenas começa a
dissolver-se lentamente, como numa medida seca. "Entre", o lugar do
"grande Simão Aiobvi", é no espaço da aurora e do crepúsculo, na
aaaope do dia e da noite. Ele é a luz nas trevas e o tom na luz.
Repensar o Jónio
A tese com que começamos este capítulo pode ser chocante. Do
nosso ponto de vista, Aristóteles e a sua filosofia pertencem ao topos
onis, isto é, à filosofia ¢ionisíaca. Flpinssto considera que não há nada
mais falso, longe da verdade, do que uma tal combinação - Aristóteles e
Rionisianismo. Mas o 'iaiite de tudo é óbvio e enganador, e, como diz
Xa@egger, não há talvez nenhum preceito ou fenómeno inerente,
incondicional e óbvio que não tenha sido girobaematizado pela filosofia.
Não queremos dizer que a filosofia de Aristóteles é dionisíaca e se
relaciona mais com o "Aogos sombrio" do que com o claro, mas
também não queremos dizer que essa filosofia esgota esse Aoroc
sombrio. Não é de todo o caso, pois o contexto dionisíaco é muito mais
iiiirе do que o aristotélico. O aristotelismo. uma das direcções possíveis
da filosofia onisiana, narsru, por exemplo, com o hermetismo.
Para aqueles que questionaram a leitura clássica de Aristóteles e
tentaram relê-lo, é importante compreender o que o próprio Aristóteles
pensava e não a forma como foi interpretado por tradições posteriores
(por vezes contraditórias), como Martin Heidegger. Na sua crítica ao
paganismo e no desenvolvimento da filosofia fenomenológica na sua
versão única, Heidegger encontrou o primeiro crítico do paganismo - o
seu discípulo Aristóteles. E, muito provavelmente, pensou: não será a
sua filosofia a primeira tentativa de passar do Glatonismo para a fe-
nomenocogia (a crítica de Aristóteles à teoria da Noumenocogia deu-lhe
um fundamento definitivo)? E se não é, qual é a diferença entre a
filosofia aristotélica e a filosofia patológica? Por isso, Xa@er-Pep pode ser
um ótimo guia e professor para nós - a sua tentativa de compreender
Aristóteles é um exemplo daquilo a que chamamos a fenogenoagogia da
filosofia, ou seja, a passagem e a vivência do phi
106 Trn logos. Apollo, D,nonnes, Kibepa
Essência chisao
A segunda categoria representa a resposta cofioi à pergunta "quanto,
noo6v? Trata-se da "quantidade". No entanto, dada a aparente
simplicidade da pergunta e
Os três logótipos. Apollo, Nonis, Kn0ela
1
Aristóteles. Categorias. op. cit. op. cit. p. 62 - 66.
Prava 4. Arnstóteles incompreendido: uma opção de leitura fenomenológica
A Génese em relação
a
A terceira categoria é a "relação". Aristóteles associa-a à questão
"para quê", npfi ttï Aqui o fenómeno volta-se para algo que não ele
próprio. Isto significa que se afasta de si mesmo, sugerindo a perspetiva
de ir para além de si mesmo. É muito importante prestar atenção à
diferença fundamental entre o termo grego pro tt e o termo latino
relatio, relação, donde relatividade, relatividade. O termo Aatin
pressupõe inicialmente dois ou mais objectos entre os quais se
estabelece uma relação qualquer. Mas em grego ppo9 tt (assim como em
russo "atitude", "relação", "relatividade") a presença de dois não está
implícita, e todo o modelo é construído com base num só, unificado,
inteiro, vivo. O próprio Um(a) vira-se para.... Mas a viragem para... não
significa a autenticidade ontofágica ou mesmo ôntica da presença
daquilo para o qual a essência se volta. A essência volta-se para aquilo
que não é ela mesma, exprime a sua intenção de se voltar para fora de
si. Mas isso não é mais do que intenção, intensão, intensionalismo. Ela
só se refere a si mesma na direção de si mesma, mas ainda não se
relaciona com algo dado fora de si. Através deste fenómeno, ela prepara
um lugar para algo, para alguma coisa, mas isso não significa que essa
coisa já esteja disponível.
Mais uma vez, temos o dekho com a "apofântica", o ex-
aparecimento, o ex-aparecimento do fenómeno, a sua essência. A
essência exprime a sua vontade de ser referida a algo, isto é, a algo que
não ela própria. Fenomenologicamente, trata-se da constituição do
outro, ou, mais precisamente, da intenção de constituir o outro, da
vontade de que ele exista do outro lado de si mesmo.
Podemos citar aqui o termo grego npfiošnov, literalmente
"litheness", "litheness", "mask". Nela podemos incluir o npfi e o ëft,
"olhar", "ver". A essência, relacionando-se com..., desviando o seu olhar
de..., adquire o estatuto de pessoa e, ao mesmo tempo, constrói aquilo
com que se relaciona numa outra "pessoa", dando origem a um duplo
em espelho. Assim nasce o puro externo, a díade, que é completamente
ontogicamente separada da quantidade considerada na segunda
categoria. Mas "nascido" não significa "nascido": o np6 não é mais do
que uma preparação, uma transferência de atenção do eu para o não-eu,
pelo que a quantidade externa ainda não existe, o outro não aparece em
pleno, prepara-se para aparecer. O outro ainda é apenas um noema,
cintilando na fronteira entre o interior e o exterior, e o exterior em si, o
eu, está prestes a aparecer. No entanto, a pessoa já lá está, pois "pessoa"
é "o virar do olhar para...",
• Ae, com toda a probabilidade, o olhar vai encontrar a sua imagem no
espelho.
' Aristotage. Categorias. Op. cit. p. 66 - 72.
capítulo 4. aristóteles incompreendido: a experiência de uma leitura
fenomenognóstica
;'keniye - mais іyuі menos 'іyist. Aqui está novamente o clássico jogo
de onis: ele o6pautaemcs para..., para os seus irmãos posteriores,
saboreando neles uma excitação recíproca. e
experimentando neles uma excitação recíproca, mas congela no limiar,
sem nunca ultrapassar...
O escudo do traço da aliança, e nesta linha, o encontro do homem com Deus
é diferente.
um frenesim sagrado. Ershfanis é um movimento de.... 3..., mas, ao
contrário dos tópicos apolíneos, tudo se passa não ao longo de um eixo
vertical, mas em círculos de ciclos horizontais, ondas extáticas,
iterações de morte e ressurreição.
Como-ser
"-categoria - categoria de qualidade, resposta à pergunta
"como", não6v? A título de exemplo, Aristóteles dá a s definições
qualitativas "branco" e "gramatical". Uma vez que Aristóteles não
reconhece a existência autónoma do a@os, as categorias de qualidade,
em rigor, não devem ser pensadas da mesma forma prática que é
possível compreender o nível de noesis da fenomenohoga (Brentano).
Ao contrário das acções mecânicas, quando uma vedação pode ser
pintada com tinta branca de o u t r a cor, e perdemos a vedação branca,
ao nível da ontologia epifânica não existe vedação nem tinta. Temos de
imediato uma essência epifânica: a rosa-ser-branca. Tal c o m o nas
cxyuae com quantidade, a brancura da rosa é uma propriedade do seu
prstr¡ ouoio. Tal como a quantidade na segunda categoria viiavo eixo do
fenómeno bi.rgyѕ, o mesmo acontece com a qualidade. Z¢esi' tacte
inгiоlne apropriada priаgatеw "agiophantiсhespii", ou seja, a
combinação "qualidade apofântica". Com a sua brancura, a rosa exala a
sua essência fenomenológica. Isto é especialmente claro no exemplo do
"behoi hebe" - os gregos clássicos acreditavam que o hebei de qualquer
outra cor não existe. Por conseguinte, "bewii" é a revelação do ser do
cisne. Uma vez que o cisne é a ave de Allon, as suas qualidades
(brancura, asa, beleza, graciosidade) exprimem os lados constantes da
sua essência divina. Outros vectores podem ter cores diferentes: isto não
indica que existam cores em si, mas que a sua essência. A Doxee é
flexível e móvel, como a natureza da própria A,ionis, capaz de se
transformar em bebé, em velho, em pac mhadeneq, em 6yik, em cabra,
em cacho de uvas, em arranco, em tigre, em tirce, em chamamento, em
loucura e em sentido penetrante da presença de Deus.
A "suntnosti" fenomenológica transporta sempre o ser,
fixo ou fixo, consoante a aplicação rn'i específica com que a Texo está a
lidar.
Espaço-alvo
Ao recorrermos a esta categoria, a categoria do lugar, que responde
à pergunta "onde?", podemos contar com uma maior elaboração do
tema, uma vez que Aristóteles prestou muita atenção à interpretação do
seu entendimento de lugar quando criticou o entendimento hilatónico de
"chora" (espaço, matéria)°. Do ponto de vista de Aristóteles, a "chora"
não existe, tal como o eidos, as ideias, não existem. O corpo, mais
precisamente, é um fenómeno estético,
Não se move no espaço como em algo externo a ele, que é
autossuficiente e autossuficiente independentemente da presença de
fenómenos, e não se move através do espaço, que permanece inalterado.
A, do corpo e fora do corpo não há espaço. Por isso, Aristóteles rejeita a
noção de 2shpa, espaço, e introduz em seu lugar a noção de tfino9,
lugar. O lugar, segundo Aristóteles, é uma propriedade do corpo, que ele
riposvweit em xo,¢e de movimento (ou repouso). Lugar, po-togruly, tem
uma crpyasa auto-tostew, eprѕmuio conectado com o fenômeno e sua
essência, prštij oueio. ЗOсіо,¢a signiіnitѕ teoria de Aristóteles dos
"gigantes naturais", exposta na sua Física . Cada coisa tem em si mesma
o seu próprio gosto, que é trabalhado na
O "lugar natural", e atu ttes veiti. traz em si um sarioi, pois é o aspeto
de sua e s s ê n c i a (entheaekhis, Ev-- x*--). O "lugar natural" é o
próprio lugar do vecti, quando a sua essência está em plena relação
consigo mesma. Mas os vectores não estão nos seus próprios lugares.
Ou seja, o seu lugar de ser é diferente daquele que lhes seria natural. Daí
surge o movimento. Esse movimento é o desdobramento da enteléquia
no "lugar natural", no "lugar real". Desde que se acredite no "lugar natural".
Ela, movendo-se em direção ao caminho, constitui o próprio caminho,
faz de cada momento do caminho um lugar, um machado. Mas o lugar,
o machado, não e x i s t e a partir da coisa que se move, pois é o
resultado da sua pré-pertença no movimento em direção a si mesma. E
assim a coisa organiza a sua própria espacialidade, que desaparece no
momento em que a coisa deixa o lugar em que se encontra. Porque é que
o espaço não desaparece? Porque ele
' Aristóteles. Física // Aristóteles. So0r. op. cit.: Em 4 vols. Т. 3. M.: Mysl, 1981.
С. 123 - 145.
2
Ibid. С. 125 - 127.
° Ibid. С. 174 - 178.
Glória 4: Aristóteles incompreendido: a experiência da leitura fenomenológica
me é ocupada por outra coisa, que, por sua vez, se desloca para o
do seu objetivo.
O Florescimento de Aristóteles é, portanto, uma manifestação
O espaço que se desdobra do interior do vei¡i como expressão da sua
e s s ê n c i a , oùiа. O "onde" do venti, nou não se mede simplesmente
pelo facto de estar "na Aicea" ou "no mercado", mas pelo grau de
proximidade (ou proximidade fi nal) ao seu "lugar natural", às hélices do
seu movimento. Esse espaço tem a relação mais direta com a essência,
e é, evidentemente, o espaço uw,nostnych. Assim, o mundo transforma-
se num mundo de fenómenos espaciais que organizam a sua
evolução para "lugares naturais" de acordo com uma lógica interna.
N o Flo de Aristóteles, os corpos celestes orbitam em torno dos seus
"lugares naturais", criando trajectórias espaciais circulares. No
mundo moderno, temos deho com cortes e curvas que não se fecham
num ciclo, representando o movimento caótico e fragmentado, e partes
de círculos e círculos. A trajetória fenomenológica tece uma estrutura
contínua de lugares vivos - contínua porque o mundo está cheio deles,
agitando-se nas suas cadências cíclicas e movendo-se em direção aos
seus tekhos.
Towko um ser está no seu "lugar natural" - "não Os "motores
inabitáveis" (kivrotԛ akfvppto9), chamados de "Deus" por Aristóteles. O
Deus é um tal cyuuccocmz, que retornou a si mesmo e e s t á
convencido em si mesmo, e, talvez, nunca tenha ido além de seus limites.
Nele, prjttj ouo(a e baterq ouoio parecem ser estritamente idênticos, por
isso é syn- guwrnosti' via. Mas como a suthnosta, segundo Aristóteles o,
obszatewno se dá em svação, segue-se que "deus" deve o6x um
fenómeno de u'-dimensão. Esta fenomenalidade de "Deus" manifesta-se
no facto de ele mover todo o resto do mundo, agir como a pessoa mais
importante do mundo. e actua como o mais essencial em todas as
coisas e, consequentemente, e, consequentemente, que todas as coisas
são inerentes à sua essência. No entanto, aqui pode abrir-se a questão:
será possível que a existência de formas nos tópicos rionisíacos dos
"teginoi Aoroca" seja comum a outros fenómenos em que a fixidez de
uma ontochogia indireta difusa dada na teoria é uma componente
indiscutível? Este reconhecimento equivaleria ao reconhecimento do
eidos autónomo, com o qual Aristóteles inicia a construção da sua
filosofia. Portanto, ou se reconhece a existência de um começo material
em "Deus" ou a existência de um eidos autónomo. de um começo
material (como inferiam os estóicos), ou devemos reconhecer a "não-
materialidade" de "Deus". "motor inexprimível" de que tipo
um "motor inesgotável" de alguma forma especial de ser.
Estamos inclinados para a segunda solução. Neste caso, o "deus" de
AriSto-tel aparecerá não como um fenómeno com outros, mas como o
horizonte mais extremo do mundo fenogenital, como um prerel, uma
linha que se vê mas não se pode ver.
118 Os três logos. Apolo, D'iopis, Cibele
Tempo de Aich
Aristóteles descreve muito claramente o carácter secundário do
espaço e do lugar em relação à fenomenocogia do corpo.
A autonomia do 2''rk é negada explicitamente, e a dependência do
machado em relação ao corpo, pelo contrário, é confirmada
explicitamente. Seguindo a estrutura geral da filosofia de Aristóteles,
poderíamos esperar algo semelhante na análise da sexta categoria, a
categoria do tempo, que responde à pergunta "quando", iota? Seria
significativo distinguir a rejeição do espaço de Chilaton da eternidade
(apolínea) de Platão. E, de facto, Aristóteles não usa a expressão
platónica pišv, eternidade, e opera com dois ponѕtiѕrii: 'xci, "sempre", e
2p6vo9,
"tempo". A eternidade como signo de biiyatyѕ par gm é rejeitada em
conjunto com a paradigmagia. Portanto, o mundo aristotélico
conhece uma mudança subtilmente permanente em que o mutável é
cortado (colocado na mudança, aparece como algo temporário) e
aquela em que o mutável é mudado (está sempre lá, mas sempre como a
continuidade da mudança, não a fixidez da permanência).
Aristóteles define o tempo como a fé do ԛvtizhenu t. Isto é
extremamente revelador. A visão é o movimento da essência para o seu
lugar natural, ou seja, para si mesma (enthecheia). Assim, o movimento
é uma npoitecc essencial, impregnada de uma n a t u r e z a profunda e
profunda
Introduzir supressor
A sétima categoria está relacionada com ponѕtiеrі keicr8'xt, literalmente
"luxúria". Nas Categorias de Aristóteles. este exemplo:
1
"algo dorme, aezhit" . Esta é uma categoria estranha, que sempre
causou muitas críticas e contrasta fortemente com as outras quase
óbvias e evidentes. A posição do vеіtty, ocrtыcwemеd nesta categoria,
deve ser distinguida do seu lugar na nѕth categoria. À primeira vista,
não é claro por que razão deve ser introduzida uma categoria tão
específica, ou seja, estados, posições.
Parece-me que esta categoria é introduzida com o termo qewio-
construído tsnokei¡icvov, i.e., "sob a ânsia")2g (yFIo a ânsia"
desempenha um papel enorme na filosofia de Aristóteles. Surge como
uma dimensão onto-histórica da fenogenia, como uma espécie de
subcláusula. O "s u b s i s t e n t e " pode ser visto como aquilo sobre o
qual as categorias são construídas, isto é, como o fundamento da
essência, não a essência em si mesma, mas o seu fundamento ôntico, o
rehaioktee do seu prstr¡ ouoio e não do seu bsyterr oucria. É este
"fundamento" que superestrutura tudo o resto como seu desdobramento,
e é este
Nesta análise categorial, o "ostno" torna-se "nu-lying-lttim",
yperktirevov. Para além disso, Aristóteles utiliza ainda um outro termo
construído na base de "ktio8ot" - otsukeirevov, "justaposição", "co-
laying tee". A "coexistência" é a síntese da essência, que une essência e
ci nidade, ou seja, realiza a conceção (sempre não totalmente realizada)
do princípio e do fim.
O fenómeno pode ser estruturado da seguinte forma:
їäperke(cevov - tsor'rij - be0terr(a
OU KC({IEVOV - TtTSSTT] OU6(£t
Aev chezovecheshii
O Boci'mas da categoria - oboaniye, está ligado à ação de ter, E2eiv
l
' Aristóteles. Ética a Nicómaco // Aristóteles. Opus: Em 4 vol. Т. 4. M.: Mysl, 1984. С.
75 - 76.
122 Os Três Logos. Apolo, Dionis, Hibela
' Aggzn A.G. Martin Heidegger. Fitosofia do Outro Começo. Op. cit.
124 Os três logótipos. Alolloi, D,ionis, Hibela
' Ml/mapx. Biografias selecionadas: em 2 vols. Vol. II. Vol. II. M.: Pravda, 1990. С. 365 -
368.
Prava 4. Aristóteles incompreendido: optt fenomenologicheskogo protseniya 129
[Aristóteles incompreendido: uma leitura fenomenológica].
O objetivo era reproduzir na realidade as façanhas de Aionísio. Este
facto explica, em particular, a sua campanha na Índia, pois acreditava-se
que tinha sido Aionísio o primeiro a ir à Índia e a conquistá-la em três
hettos. Estrabão dá informações sobre a difusão do culto de Aionísio na
Índia (o que pode ser explicado pela semelhança de alguns aspectos do
culto de Aionísio e do deus indiano Shivya). O próprio Alexandre
levava a sua divindade muito a sério e ordenou a todas as polis gregas,
bem como aos povos dos países que conquistou, que se honrassem a si
próprio como um deus, especificamente como "Novo Ionis".
Na antiga obra "A História de Alexandre, o Grande", vários enredos
têm um carácter profundamente simbólico: Dionis é um deus que desce
ao Hades e sobe ao Olimpo. Assim, Aleksander desce às profundezas do
mar numa bola de vidro e sobe em pássaros até Neoo. Constrói uma
muralha de ferro no Mar Cáspio p a r a conter as hordas caóticas da
Grande Cítia que se encontra p a r a além dele. Na Índia, encontra
uma cidade fundada por ele próprio durante a campanha de Onis e
preserva-a como a cidade de "Novos Onis", recusando-se a i n v a d i -
l a . Entra também em debates psicológicos ghubinnme com os
brâmanes. Tendo fundado Alexandria do Egito em Aivia, declara-se
descendente direto de Amon-Ra.
O Império de Alexandre, o Grande, que foi o rei grego mais bem
sucedido a unir sob o seu domínio as vastas extensões da Ásia e do
Mediterrâneo, foi um milagre político para os gregos. Era um reino de
essência, construído de acordo com os cânones do Estado ideal, tal
como Aristóteles o entendia. Na cabeça, um monarca-filósofo. Na
base, uma multidão caótica e multicolorida de povos e culturas unidos por
uma filosofia política comum, baseada na razão, na análise categorial
e na noção de enteléquia ghobal da humanidade, chamada a efetuar
movimentos rituais circulares num círculo - do Ocidente para o
Oriente e do Oriente para o Ocidente.
1
Brèhier E. Chrysippe et l'Ancien Stoïcisme. Paris: Presses Universitaires de France,
l95t.
128 Os Três Yaogos. Apolo, D,ionnes, Ki0ea
' Brëhier E. Histoire de la philosophie. Tomo I: L'Antiquitè et le Moyen fige. Op. cit.
2 Polenq Schochs. Stoia e Semitismo /7 Porfírio. Obras. CP6.: Editora-.
*Universidade Ovo de São Petersburgo, 2011. С. 388 - 414.
Prava 4. Aristóteles incompreendido: optt fenomenologicheskogo protseniya 129
[Aristóteles incompreendido: uma leitura fenomenológica].
e mecanicismo, bem como um tipo específico de religiosidade
individualista. Por isso, também vêem no Império, antes, um ideal de
organização uni- versalista e homocêntrica da matéria.
l
Do ponto de vista da "Aoroca dionisíaca", a Stoia (sobretudo os
primeiros e os últimos estóicos, uma vez que os estóicos médios -
Posidónio, Panécio, etc. - se voltam para o pathonismo) é
essencialmente um passo em direção ao "Aogos negro", um
rebaixamento significativo do nível de existencialidade trágica inerente
à filosofia de Aristóteles. Já não se trata de fenomenologia, mas de
materialismo racionalista com uma boa dose de devocionalismo
"semita".
1
Vrijer E. Histoire de la philosophie. Tomo I: L'Antiquitè et le Moyen fige. Paris:
Librairie Fëlix Alcan, 1928.
2 Ibid.
130
j-lava t. Aristóteles é incompreendido: o olito da leituraOs
fenomenológica
Três Logos. Apolo, D,koiis, Cibele
Sócrates no Siaogismo
O tema da filosofia dos cínicos leva-nos a um ponto muito
importante da Noomaquia, que tem uma relação secundária com
Aristóteles, mas uma relação primordial com a estrutura da Aoroca
jónica. Trata-se do interregno da figura de Sócrates. Irei referir-me a
este tema muitas vezes e, mais cedo ou mais tarde, teremos de fazer
uma afirmação completa sobre a sua i d e n t i d a d e teológica
e filosófica. Em parte, já fizemos algumas considerações no ghava sobre
Glaton. E uma vez que abordámos os Cínicos, que na pessoa de
Antístenes afirmam ser a trindade de Sócrates, e em oposição a Glatão,
é possível desenvolver aqui alguns dos temas ligados à i d e n t i d a d e
de Sócrates.
Para começar, 'rro nos ogismos de força aristotélicos, ao explicar-.
O exemplo crestomático de ѕv-metcѕ cxepyroirtas napa: Sócrates e
'homem'.
Por exemplo:
• o "homem tem duas mãos" (bowshaya giosmlka);
• Sócrates é um tchekhoviano (malaya posml a);
• Sócrates tem duas mãos.
Chekhovek zresa species, eidos, be0terr ouoin, ou seja, algo mais
geral (taxon superior). Sócrates é um indivíduo, singularityi', prstr¡
Olzpiriti, phenogien, in virum. O horizonte da parcela bóshica (e@os)
inclui o horizonte da parcela gial (singularidade) e predetermina assim
as suas propriedades. A correção desta operação lógica reflecte-se na
conclusão. Trata-se de uma trivialização de uma coisa. Em regra,
consideramos o facto de em tais estruturas das forças mais simples -
AORismos - Sócrates ser mencionado como algo acidental.
Teoricamente, tanto Glatão como Femócrito poderiam ter estado no seu
lugar,
> Aisius, e Theosaurus, e Gorgias, e Flpomarop, e Flarmenides, ou em
geral OOY ARWOYINDIVIDUUM. Podiam tê-lo feito, mas não o
fizeram. Acabou por ser
Sócrates, exatamente. Se não é schu'iain, então o que é essa não-
schu'iainess".
,eiao é 'itho mea umagrande parcela
(e@osome, bsytsrrr OMCfja) e a uma pequena parcela (individual, prstr¡
ouoia) a diferença cyutecm-.
BY£-ml apenas na matéria. Individualizaçãoqiis há errosi. Tu t-
O eidos. Aristóteles não negava este facto. Exatamente
132 Os três logótipos. Apollopus, D,nonnes,
Kybeaa
A qualidade da execução distingue uma espécie de outra. Todos os
indivíduos da espécie 'iekhovic são semelhantes de alguma forma. Esta
semelhança generalizada é o euromorfo. Distinguir um indivíduo do
eidos, preenchendo a parte variável do ei,¢os com caraterísticas
específicas (do conjunto das possibilidades eidéticas) constitui a
estrutura de um fenómeno isolado. Uma pessoa tem olhos. Mas a sua
cor é opcional. Um homem tem de ter um pescoço, mas o facto de ser
curto ou comprido é uma questão em aberto. É por isso que Sócrates é
uma coicretização do homem: é um filósofo (e não um ferreiro, um
médico, um potentado, um tirano, etc. 3.). É um grego (e não um
bárbaro, um chal-
Tem o nariz arrebitado e é corpulento, não é narigudo e tem um cabelo
luxuriante (embora não fosse muito branco desde o início, e pode
imaginar-se que não era muito branco). Ele tem o nariz arrebitado e é
corpulento, não tem o nariz arrebitado e tem um cabelo luxuriante
(embora dificilmente fosse branco como um lírio desde o início, e se
possa prever que durante a sua aprendizagem com Jzotimi ele tinha
belos caracóis espessos, mas o nariz arrebitado é muito provavelmente
6ha npucyuta para ele desde o nascimento).
Agora, a seguinte questão: Sócrates foi tomado como indivíduo
porque "porque se caracterizou por uma i n i q u i d a d e extraordinária,
diferente de todos os outros, e foi a tal ponto que se tornou um sinónimo
clássico de indivíduo, ou seja, de algo diferente do universal, ou seja,
eurecético? É exatamente isso que os cinéticos responderiam. Mas nós
preferimos a variante oposta: Sócrates tornou-se o herói dos silogismos
porque é o que mais se aproxima, entre todos os outros, do arquétipo
puro do "homem". Por outras palavras, Sócrates era um tchekhovita, um
modelo de tchekhovita e, por outras palavras, uma pessoa especial
maximamente próxima do eidos, uma personalidade eirética. Nele havia
um máximo de forma e um mínimo de matéria. Ele era um "deus", ou
melhor, ele era um "deus" na medida em que era possível para um
"deus" (de acordo com Aristóteles) ser um deus. Sócrates era o mais
próximo de todos os outros do seu "giiest natural", do seu juízo, que se
tinha comunicado com ele sob a forma do seu ¢ayrion. Mas ele ainda não
chegou a esse lugar, pois isso é impossível sem que o 'itobi'i giir esteja
completo. De acordo com Aristóteles, o mundo é sempre,
esquema,qovatechano, a lacuna entre a premissa fiowish e a premissa
gial também está sempre lá. E por mais que Sócrates se aproxime do
homem, do eidos do homem, ele continua a ser Sócrates, separado do
perfeito "homem, vazio" por uma distância infinitesimal, mas ainda
pequena.
que não tens". É claro que Antístenes tinha alguma razão, mas
colocou-a ao serviço da matéria e, assim, realizou a aptidão de uma
transgressão divertida.
A descrição que Alexandre da Macedónia fez do cínico Diógenes de
Sinogia por Alexandre Magno, o Novo Lionis, é também significativa neste
sentido. Segundo a tradição, Alexandre disse: 2"Se e u não fosse Alexandre,
gostaria de ser bombeiro" . Uma tese bem dionisíaca: "Se e u não fosse um
deus, gostaria de ser um demónio". Mas Alexandre era um deus.
No perfeito tchekhoviano concentra-se toda a esfera noochogiana;
todos os três Aogos estão presentes nele ao mesmo tempo, travando
uma guerra absoluta entre si. A disputa entre Aristóteles e Aristóteles ou
Antístenes (incluindo a de Sócrates), a interpretação de Aristóteles pelos
estóicos e pelos peripatéticos, a atitude dos gnósticos em relação ao
fatonismo quaualista e dos neoplatónicos em relação ao saita-
hilatonismo, o atomismo de Temócrito e a doutrina de Epicuro são
todos episódios da grande guerra da mente, que é a cyri. titanomaquia,
gigantomaquia, a partir da qual o cosmos se estilhaça. As guerras dos
homens, a ascensão e o desaparecimento dos impérios, o crescimento e
a decadência das grandes culturas, a ascensão do génio humano e a
realização dos m a i s a l t o s e dos mais baixos, a revelação
religiosa e o pragmatismo dos ruguins da vida quotidiana - tudo isso já
não existe.
Fios de cabelo
Navegando pelos sectores noomáquicos, o rr não rola numa única
direção, por exemplo, subtilmente para baixo ou subtilmente para cima,
ou subtilmente na horizontal, o homem é o mesmo onde mm nos
encontra. A nssaedação de Noomakhia não implica nem ruginismo, nem
esquematismo, nem reruquqqia. Devemos sempre esforçar-nos por
animar a nossa leitura dos filósofos com um movimento vivo,
movendo-nos atrás da intuição que, segundo a sua etimologia, entCoZïj,
éa
"fipocoque". Por isso, da fenomenocogia dionisíaca de Aristóteles
passamos a Glotino, um dos mais peculiares filósofos agiolónicos. Em
termos de schovagia, fazemos uma trajetória ascendente e circular.
Convém notar desde já que não devemos ler Glotin como ele se leria a
si próprio. É necessário percorrer com ele a trajetória do seu pensamento,
deixando algures de lado os nossos pré-acordos sobre o que é e o que não é,
o que pode ser e o que não pode ser. Já não precisaremos desses pré-
acordos. Não precisaremos mais desses pré-acordos. Se quisermos o ponѕt
de Glotin, temos d e nãopoiitami'cs com o que sabemos, com o nosso
"histórico",
"momento contemporâneo".
Mlotin é um filósofo da eternidade. Para ele, a experiência da
eternidade é o s i g n i f i c a n t e , o princípio do vѕ e do finito. Por
isso, ao lermos Plo- tin, procuraremos essa experiência. Se
conseguirmos, alguém mais estará no nosso rіеstеr da "busca do
Tegіnogo Aoghos".
A identidade de Nkhotin causou muita confusão entre os seus
discípulos e alunos. orphyrius, um discípulo de Flotinus,
que preparou o Enneyi,r e l a t a um incidente em que um sacerdote
egípcio, que tinha estado em Roma, decidiu descobrir, no decurso de um
ritual especial no templo de Ísis, qual o génio (daimon) que o apadrinhava.
No culminar do ato teúrgico.
t38 Os três logótipos. Apolo, Djionnes,
Knbeha
Escolha da configuração
Flepep antes de começar com Glotin, é necessário tomar uma decisão -
a partir de que limite da sua filosofia começaremos: de cima ou de baixo.
No topo, Glotin é Ev ou Vaago.
'xyo8fiv). 2 Mas são ca- tegorias inteiramente apofáticas, prefigurando
todas as definições e cmpos- iitascs na anamise do rialogo iyatónico
"Flarmenir" e naquele fragmento do "Estado" de Nhaton (509), onde
Vlago é chamado
"gіrevіyashаioіttim suіqnosta". O Na'iinata de cima é girobaemático,
uma vez que a expressão pura será argumentativa, mas sem conteúdo,
até nos apercebermos de todo o âmbito e estruturas do que está a ser
expresso.
A partir de baixo, na filosofia de Flaotin, a matéria, yÕr, que é
tal mtshitss apofaticamente, é espalhada. Sobre ela Pkhotin diz:
"A sua verdade é andar, o seu ser é não-existência". Este é um
apofatismo completamente diferente daquele do schuchai com
E,¢iniyam, que invoca o ser e é a verdade. Mas mesmo neste
schuchai, 'ithobia ponѕti', abaixo dela está a matéria, mas não é
possível descrever o que está acima dela.
E é certo que, pela sua própria natureza, Plotino era superior aos outros. Um dia,
um sacerdote egípcio veio a Roma e um amigo apresentou-o a Paeotino; desejando
mostrar-lhe a sua arte, o sacerdote convidou-o a ir ao templo para invocar o seu demónio
guardião, e Paeotino consentiu prontamente. O feitiço de Aemon foi lançado no templo
de Ísis - segundo o egípcio, era o único lugar puro de Roma: e quando o demónio f o i
invocado e apareceu perante o Ghaazi, verificou-se que não era da raça dos demónios,
mas da raça dos deuses. Quando o egípcio viu isto, exclamou:
"Felizes sois vós! O vosso guardião é um deus, e não um Aemon da mais baixa espécie!"
- E imediatamente deixaram de perguntar qualquer coisa a esse deus, ou mesmo de olhar
para ele, porque o seu companheiro, que estava presente no espetáculo e tinha nas mãos
os pássaros-relógio, ou por ciúme ou por medo, soprou-os. É claro que, tendo um espírito
tão divino como guardião, o próprio Glotino passou muito tempo a contemplá-lo com o
seu olhar divino. Por isso escreveu um livro sobre os Aemons inerentes, onde tenta
apontar as razões das diferenças entre os nossos guardiões". Morfírio. Vida de Plotino /Z
D,iogenes de Aaertes. Sobre a vida, as doutrinas e os ditos de.
do famoso filósofo Sh4, 1986.
2
Plpton. Estado. Op. cit. p. 344.
139
' Plomtiin. Primeira Enéada // Paotino. Enéadas: em 7 vols. CP6: "Editora Omega
Abyshko": "Livro da Universidade", 2010. С. 141.
140
Aqui e ali
Todo o meio do fiездnam deaits Flhotin em dois
partes desiguais. Constituem um polios suktego. Para as descrever, Paotin
utiliza advérbios de lugar: aqui (cvmou8a de Ev, em, e auòo9, no caso do
bolo, "isto") e taich {exi de ccfvo, "aquilo"). Estes são os fundamentos e 'os
fundamentos de toda a sua filosofia. 3pecz corresponde a d,ush, fcxi. Existe
a Mente, vo09. Tudo o que existe é D,usha, Mente, ou, A,usha e Mente.
Flpu esta Mente está acima de D,usha, melhor que D,uiii, mais primária que
D,usha. A Mente está acima de tudo. Tudo é estragado pela mente. A mente
é calma, A sha é inquieta. A mente está no centro, o futuro gira em torno
dela. Mente e D,usha são divinos, mas a Mente é divina em si mesma, e A
s h a é divina pelo apego à Mente. Tudo o que há de melhor e divino em A
sha vem da Mente. O melhor e o divino e m Asha provêm da Mente. A
Mente é eterna e é a eternidade. A, Usha é eterna como participante da
Mente, mas não é um tempo, como uma retirada da Mente.
O fosfista, miasma, condena a eternidade, porque participa d a vida
da Mente. Portanto, miyasa está para além do tempo, mas na eternidade.
Portanto, ou um homem compreende tudo de uma vez, ou nunca
compreenderá nada. Todo o resto é apenas uma preparação circular para
o pensamento, girando com o ouvido em torno da sua própria intuição.
O ouvido é inteligente, mas por natureza. Por isso, são as imagens dos
pensamentos, e não os próprios pensamentos, que vivem nele. Assim, há
o pensamento ruíi e o pensamento inteligente. A mentalidade
d,uchevnoe é um reflexo do pensamento inteligente. Ela gira no tempo.
O pensamento inteligente invade irreversivelmente a eternidade. Pensar
no que é o homem comunica à mente, que está aqui, a sua pertença ao
"lá". A mente com uma letra pequena torna-se a mente com uma letra
grande. Porque é a Mente com letra maiúscula, mas esqueceu-se dela.
Esta é a primeira e subsequente lei da filosofia: o miasma da filosofia é
o movimento da mente para a mente e, ao mesmo tempo, da mente para
a mente. Mas a mente que está aqui se move, e a mente que está lá não
se move, e nesta veia de nervosismo está a essência de sua corrida
musgosa para baixo para encontrar a corrida apaixonada para cima.
É importante recordar o quadro completo de Pkhotin: as duas
noxiocas do criado - D,uasha e Mente - s ã o eu nos dois pólos do
manifestado - o Um e a matéria. Portanto, a Mente é o Uno (bhago).
Como D,uasha é a matéria. Slerovatechni.mas, Yri é desintegrado
bhije ao Um é relativo a D,uiii, e A sha bhije à matéria é relativo a Yria.
A Mia está localizada, por defeito, no granito inferior, A, do ouvido,
onde está maximamente próxima da matéria. A partir deste ponto, o
psicósofo dá um salto. A força deste salto (alimentada pelo terror e pela
viragem para a matéria) atrai todas as regiões do D,ear - myya, até à
circunferência da Mente.
І4І
D,yuiy,
144 Trn aoroca. Apollo, nonNS, Knbeaa
< tOroii só se deixa amar a si próprio, mas o que está acima de si próprio.
WOODD J. Plowin: um desafio radical à filosofia de Solarhoft 147
Qyiua e nós
Vejamos agora como Glotin entende o homem e a sua relação com o
D,ear. Segundo Glotin, o ser humano é tehnesen e está situado no
148 Trn aogos. Apollo, D,ionNNS, Kibewa
é algo de terrível, 'mas aqueles que morrem nas guerras e nas batalhas são
apenas uma m o r t e pré,¢ v o s t o k h i k t a i t i i o t , que vem na
velhice: essas pessoas vão embora e voltam mais depressa'.
1
Plomuun. A Terceira Enéada. op. cit. p. 150.
2
152 Ibid. С. 151 - 152. Trn aoroca. Apollo, D,ionis, Ki0ewа
3
Ibid. С. 151.
рдавц s. Paotnn: um desafio radical à filosofia solar 155
Nós e o daimon
D,aimon (6aipov) desempenha um papel importante na
antropocogia de Glotin. D,aimon é a figura do mediador entre os eus e
as suturas. É por isso, sublinha Glotin, que Pkhaton chamou a Eros um
daimon na Glyra, e Eros é um mediador por preferência.
Glotino trata deste assunto num tratado separado, "Sobre os
Demónios que Aprendemos". A ideia principal de Plotino é a seguinte,
a $p g 5. Paotin: radnkaaannii
a
o desafio da filosofia solar 161
' Paomuun. Terceira Enéada. Т. 3. Op. cit.
164 Logótipos Trn. Apollo, D,nonis, Kn6ena
Este daimon é aquele que está num degrau acima. t Mas como o homem é
uma alma inferior, precedida por uma alma superior, ¢ti' a matéria do
cosmos, o ¢ayrion será, ¢¢ será aquele que estará no meio destes pólos e
representará a mão intermédia, ou seja, o daimon celeste. As tarefas de um
tal raygion são po
--v;ata niaiiuio pyuiy nos mistérios da viiiasca, sauzhitii. seu guardião,
chefe, pope'iyitekhem, uchitekhem. D,aymon é um deus vivo que está
próximo, em estreita e imediata simpatia com o homem. a tortura de
simon foi um fugi,¢amento para nós, um optometrista. O grego
é mais vasto do que a morada de Deus. da comunidade
grega. D'aymon é uma presença sacral, marca um lugar, um estado, um
momento temporal de tensão suprema, de ansiedade profunda, de
mudança de nível de convivência.
onhecimento. simon pode
teoricamente localizar os ti'csem diferentes oi;¢eticheskiye ԛepochs - será
um sucessivo empilhamento hierárquico de dados nubii, sacr ' mas a
presença de algo diretamente supremo, e por isso oіttugirіo, concreto,
no limite superior do dado ou imediatamente nu ele.
No Fischosophical smíjasch de Glotin, Simon é o próprio
Chekhovian, a sua pyuia, mas um degrau acima daquilo que foi
dominado e é percepcionado como algo familiar. O daimon é sempre o
nível seguinte de si mesmo, mas é aberto com a impiedade, a
irresponsabilidade e a inocência com que irrompe a loucura, vem uma
corda ou, pelo contrário, uma notícia bajuladora que nos faz suspirar de
alegria e de prazer. O daimon é o raio que nos liga à nossa fonte: é,
portanto, tão transparente como a nossa existência ekaiisirugoita e tão
destrutivo e visível como o supremo eu eterno. O daimon apercebe-se
da р r v о ѕ ѕ i v e e efectiva lk'bovі' de nós para nós mesmos, mas em
todas as sauchаѕh unlivе- ԛannаѕ e ѕvvchennаѕ como рrіk vsnmе yqаp:
оgаzіаtіоnсѕ, a nossa dukіа ama apaixonadamente o nosso eu supremo,
a eternidade em nós, e a própria vіyasсh.
"I" permite à alma lkibi. Este êxtase é a Wichita de Simon.
"Korqa um homem deixa o corpo, ele se torna o que é 'iyri 6i.no
importante nele'", explica Flhotin e soletra 'iyri' acima, "Quem me
torna,Simon? Aquele que já estava s,¢ aqui. 2Quem é um deus ї Aquele
que já estava aqui era ele" .
Para o filósofo, diz Glotin, o quadro pode tornar-se totalmente vertical.
Uma vez que o filósofo não se realiza como um espírito na extremidade
inferior do feixe, mas como o próprio feixe, ele é um dygion. E o seu Mon
paradisíaco, por sua vez, torna-se Deus. Se ele ascender à sua alma eterna,
o seu raio-mon será a Mente. Mais do que isso, se ele for
Nós e os deuses
Segundo Glotino, os mortais devem honrar os imortais É
necessário honrar os imortais, e as pessoas devem adorar os deuses.
Recordou um episódio célebre da Vida de Glotin, de Glorfirius: "Quando
um dia Amelius, um tchekhovita muito temente a Deus, que ia a todos os
templos todas as vésperas de Ano Novo e todos os dias festivos,
encorajou Glotin a ir com ele. E, para encorajar Glotin a ir com
ele, disse "Que os deuses venham até mim, não eu até eles!"''. Nesta
frase não há o menor indício de arrogância ou de desrespeito pelo
supremo: toda a estrutura da filosofia de Glótino convence-o da sua
máxima reverência pelos deuses e pela divindade. Ele apenas quer
dizer que, ao honrar os deuses como entidades externas, nós contaminamos
a pureza do seu ser inteligente e inviolável. Os deuses vivem em nós
se nos tornarmos uma morada digna para eles, um templo. Deus e o
Chekhovita estão ligados de forma mais subtil do que através do
ritual. Os deuses do Neopatonismo são deuses inteligentes, residem
na mente. São o próprio eidos e, ao mesmo tempo, mentes que
contemplam o eidos e o incorporam nas cadências cósmicas das cópias e
do Aogos. Portanto, quando um tchekhoviano pensa nos deuses, os
deuses pensam no homem. E para pensar nos deuses, para os honrar no altar
da sua alma, não é necessário empreender u m a viagem; para os grosseiros
talvez seja necessário, mas o filósofo já está numa viagem constante ao
longo da vertical celeste. E quanto mais alto ele sobe, mais baixo o
deus puro e sagrado, seu guia, professor e líder, desce para encontrá-lo.
Todo o tema do Apolónismo é vertical: qualquer ponto da Terra é o limite
inferior do cosmos, o início do horror material e o fundo do poço. A
partir daqui, só há uma saída. Para cima, para longe, para trás.
Plotino afirma rigidamente: largar tudo, virar as costas, fechar os
olhos, fugir! Isto significa que qualquer caminho horizontal, seja qual for o
seu destino, é uma perda de tempo. Os deuses estão acima, dentro,
aqui. É aí que se encontra o caminho do filósofo. E este é o caminho
divino.
164 Logótipos Trn. Apollo, D,nonis, Kn6ena
Matéria
Concluo com uma revisão dos princípios fundamentais da filosofia da
Gloti-
A tríade básica de hipóstases em Flxomuua não inclui a matéria. A tríade
básica de hipóstases de Flxomua não inclui a matéria em cefi. Essas
hipóstases são o Uno (Ev), a Mente (voi9) e a Alma (fuyïj). O Ev é super-
existência, é super- com ele, super-essência (unepoueta). A mente é esti',
como esti. suiii;nosti. cyiuero: A mente é o eterno "é", entiv, o "é" em
afiisoltot cmmcae. Ausha é simplesmente "é" em toda a circunscrição - de
eternamente "é" vai іshk іche-ski "é" іltі,a,a,a temporário " é". Pt no bordo
inferior de D, orelhas
O "é" começa a desvanecer-se, a dissipar-se, a afundar-se no "não é",
que não coincide com a "super-existência" e, pelo contrário, é "não-
existência",
"não-escolhimento". Uma vez que no Aogos apolíneo de Glotino "é"
ziatschit e@os e aquilo que o precede (E noe), então veremos
estritamente v y r u + o ontoaogiiio:
1) super-e@os,
2) eidos inteligente
3) e oidos rueful (incluindo e@ocm natural, cósmico, elementar e
tecnológico).
No riepe do movimento descendente de cima para baixo, o ser,
dissipando-se, constitui três estâncias: a fonte, do outro lado, speckeivn
(nu-fiiyatii); o meio, tom, ekei (fiьltiye puro); o fim do giuti e o início
do retorno, aqui, tvtai8a (fiьtiye impuro, misturado).
A matéria não existe nesta cadeia, porque não tem ontocogia em si
mesma. Não existe em nenhum sentido. Portanto, não é um princípio, não
começa com nada. Não é neofixo ma, é lllshi' possível. Nem ao nível
o,¢nanceiro das fiûtis, nem ao nível o,¢nanceiro de tudo, ninguém tem
necessidade de matéria e tudo é livre e fácil de existir sem ela e à parte dela.
E, pelo contrário, sendo- Chi privação absoluta, a matéria sente a
necessidade Em tudo e precisa em tudo, piyatasci. de tirar. do ser tudo o
que é apenas y,¢acmcz. A criatura, situada nos patamares superiores da
onto-logia, está completamente livre da matéria e reflecte facilmente a sua
poаznovlidade para se tornar partícipe de algo elevado. POETO- por,
afirma Gl otin, os deuses não s ã o materiais, a mente não é matéria, tudo
o que há de mais elevado não é giateri e sente-se para além de toda a
matéria. Isto é verdade: a matéria, do ponto de vista do Aogos apolíneo, é
completamente desnecessária para a manifestação. '-Para ser manifestado,
para ser
*Neste caso, nada mais é necessário do que o próprio facto do fenómeno,
166 Trn aoroca. Apollo, Dtsonis, Knbeaa
que é sem-
do Vhag preto, que não está em nenhum cmmcxe, mas dá a tudo
>É uma unidade - sem referência a qualquer outra - e não é a única
abarragens de invocação radical da fiaosofa solar t65
p.s.a:
para o outro começo. Para se manifestar, o Um estabelece algo diferente
de si mesmo (na Mente já há algo diferente, comparado ao Um, há
algo diferente, há "muito"), mas esse "outro" não existe, apenas dispersa
o que é. Esse outro é o espetro do nada, o fantasma do abismo. Esse
outro é o espetro do nada, o fantasma do abismo.
"Dificilmente poderia ser chamada de ser, mas é mais apropriado
chamá-la de não-substância: mas não no sentido em que o movimento
repousa ne é substância, mas verdadeiramente não-substância (...); é a
ausência de toda substância. Tudo o que ela (a matéria) pretende ser é
falso; ela própria é falsa", diz Glotin.
nem limites.
Compreender a matéria
A questão do apolonismo como um todo representa o profi ssionalismo
cofioi. Ja vimos como Glotin interpreta o aparecimento desses e dos
z@olons inferiores 'atraves do horror do abismo. "Ayuia tambem esta em
ay;¢osi'i crencas sobre ele, pois e tentado 6ow partir de sua
neoprene,¢ehen-ness, gio,51Bobno medo de se encontrar fora do ciiitero, e
nao tolera mais a permanencia no nao-si;em"°. '-ltobt aceite em ei;¢oses,
isgguskеmеd por D,ushу em цewx protetora, defensiva, a matéria como
"sob a e- ceifa", ypokei¡ievov, Aristotev, iltі "accommodateіtte", uno6oJ,
Glla- ton, não é,¢oltnе o6x ati' nikahshchi propriedades wоrе - isto é, ser
impassível, fiеzvіvе, sem qualidade. Mas não іgual. Glotin ofipaçnita, que
pergunta como é possível compreender a matéria, que não pode ser
compreendida, uma vez que não há nada para compreender nela, refere-se
ao "Aorocy Dastardly", Xfiyo9 vo8o , Glaton, com a ajuda do qual ele
propõe no Timeu compreender o incompreensível.
"xopy", 2uzpa°. "É compreendido por um raciocínio que não vem da mente,
mas é vazio ) j4$ u g v e r a e t Gllotin. Oh Zoytopf obk Ek Ek tu, ' x
ksvsh9. Ao- gos misterioso, vazio, bastarrnii, ilegítimo não é o vazio
em si mesmo, uma vez que é ainda uma propriedade definida, mas uma
mente vazia. Podemos ser vazios, embora o tipo de matéria que é
preciso considerar ainda muito cuidadosamente. Mas a matéria não pode
existir, nem mesmo o vazio. Assim, numa tentativa de descrever o
abismo de alguma forma, Glotin usa um esquema de chorume.
OF toivvv bukovv beg eivai mfiv 6e§fip.evov tfi et6o$, fiqoiz t{yu
yeveo8at bukov k'xi tijv ijv tgoibttjtn 6e2eo8ni. Kni 'rrtvtvt'hsgtsa tsEv Every
bukov 'i's Enttttjbevfiitjta tovtov tszottitr prstttjv, kevfiv bE bukov. 'O8ev tivE$
to0tfiv tsh kev(yu tijv veru tirjkpoi. F'xvtpoc'x bE youkov HEuyu, fimt kpi
ïj fvuJ o06tv E2ouoa èpioat, fimov taJ y@ prooocLZ, ei fiopiomiav get
epvtijv oute nepvyp'xipouna oiete ei$ ozjceiov iEvat 6vvnpEvp' i}bij y'xp
fipi§et.
gitcs (vem a ser) através da disposição (erol D,uioya (reist- gy;oiitei) sob a
Mente (de sob a Mente, não pelo esforço da Mente), enquanto
anteriormente a Vida. ( =,f\yuia) nomeia-o (Aoroc) em silêncio (silêncio) ".
D,usha mmslit mohcha, e em silêncio, silêncio, (isikhia) contempla uf. Este
é o lado do D,usha que está inteiramente virado para a Mente. É
'Afrorita, que vigia o shuro'". Mas sob a influência da Yria contemplada,
em algum momento - muito provavelmente no início dos tempos - expele
um som ocuztcllenlfi que vai para fora. É a fala
O silêncio do D,qyiuu, é roennaѕ do seu silêncio contemplativo. O
silêncio do D,uiii g é a sua propriedade permanente, e Plotino sublinha
repetidamente que o Fúcsia desce ao Universal silenciosamente, mocha,
silenciosamente, suavemente. Desce dos céus c o m o u m a chuva
suave.
Aoroc, por outro lado, é a Palavra falada, o Discurso desvendado.
Este não é o pacífico Afrorita Ouranios, mas sim o seu guerreiro e
poderoso deus da guerra Apec. Não é por acaso que todas as coisas se
tornam um campo de guerras e batalhas. Este é o pai dos vectaei -
ndXc¡io9. Aogos é cruel - ele divide, ele divide, ele rompe, ele
estabelece a lei da díade. Traz em si a pluralidade, ou seja, a orientação
para a giateria. O Aogos, neste entendimento, é um vetor que aponta
para o Bearna.
"O universo existe de acordo com o Aogos, e é necessário que haja
um único Aoroc constituído por opostos, e uma vez que os opostos têm
uma estrutura cógnica, pode dizer-se que são a essência do Aoroca. Pois
se a Aoroca não é
criança é plural, então não existe Aoroco ) )2q
kotd Zoyov bE tfi nfiv, gtv'huktj kihi mfiv Ev'x to0tov Z6yov e§ Evovmiu'v
Io OV £ tVCtt EV£t, TÏ}V SGYiJTS£ftV CtlT€D KGtl OtOV OtlCf(£tV TÏjC, TO tGttlTT}C,
Evnvmvu'otu$ і r e r o 0 o t r ;. K'xi y'xp ei sj poHze$ ijv, oIeb' ixv ru nfi$, ozeb' mtv
1
f7lom em. Quinta Ennedda. Op. cit. p. 234.
2
Plomuun. A Terceira Enéada. op. cit. p. 154 - 155.
174 Logótipos de marcas registadas. Apollo,
D,ionis, Knbepa
Aoroc e Eros: uma oposição básica
Neste caso, Aogos está numa posição exatamente oposta a Eros.
Eros é o lado da Orelha do Mundo que está virado para a Mente. É o
lado calmo de Auria, centrado na contemplação da Vida superior. É
aquele 'iasti' de Fujiyyah que é eterno, imutável, inalterável. É o simon
de Ali, que é o seu desejo hipostasiado por aquilo que é anterior e
melhor do que ela própria. Eros é um filósofo, ele contempla o ingénuo.
Em Aiobvi D, yuia compreende a eternidade inteligente e caria torna-se
inteligente e eterna. Isto é
Uma mudança de cima para baixo, myyah.
Aogos é o duplo inverso de Eros. É o outro lado de Epo-
ca. Op não une, mas divide. Não olha para cima, mas para baixo. Não se
concentra e não está imerso num silêncio secular, mas está aberto ao
exterior e proclama em voz alta os seus j u í z o s . Disseca, julga,
calcula, dissimula, opõe-se, opõe-se. Parodia a Mente, alimenta-se dos
sucos da vida.
A,ucii, mas dirige-a calmamente do centro para a periferia, da unidade
para a multiplicidade, da parte inteligente de D,ucii para a matéria.
Flоtаtе Aоgос é uma força organizadora, A,ear, indo além de sua
prереlі inteligente. Aоgос Іtарit aí, r,¢e começar a distinção. Tudo é
florido na Vеsеchenna hоgіnе. O Todo-Chennaѕ é a noxe do
desdobramento do Aoghos. O mundo é Discurso. '-lpara distinguir
Aogos de Mente, o segundo princípio da filosofia Neopatonista,
podemos re,¢avar esse termo como "Razão". A introdução do prefixo
separador "raz-" indica precisamente a essência sintética da Mente e a
essência diirética de Aogos (Razão). Na Mente, a multiplicidade converge
para a unidade. Na Razão, a unidade t r a n s f o r m a - s e em
multiplicidade.
Plotino fala assim na passagem sobre a opi.ção da Mente.
"A Mente cria por partes, ou seja, primeiro uma coisa e depois outra?
Não. É Aoroc que nos ensina a criar os waniks, e a Mente dorme para
sempre.
mas também eternamente, não pelo pensamento, mas por uma outra
forma de olhar".
Pnpfi ptpo$ bE fi voyѕ Ekeivо$ ha, trt bе home ha fip ;
oïi' 6 b loyo bfbgtokshv utvouEv notET, t b EyEf to voEïv rtEi, EyEt b
koi tb tsЇj voEïv, mas tsh ExEïvov §Zëchctv.
btjcioirui
*mh
g
Be-eee-eee-eee-ee-ee-ee-ee-eee.
Não compreenderemos o Glattonismo e a estrutura do Aoro-sa
apolíneo se não nos encaminharmos para a experiência da eternidade. A
eternidade é entendida por Glotino como aquilo que "é".
Ele disse:
"Se não há nada antes da eternidade e nada depois dela.
O "come" é o mais verdadeiro de tudo o que se pode dizer sobre ele, é o
próprio "é", sendo essência e vida; assim chegamos novamente ao que
foi dito, a eternidade.
Er ouv rijte npfimepov rjte zevterov peri 'hjtfi, then 6 Entiv Yr8tptatov
TshV PE{Et GttlTo KCi SmTR, KOt Ol)Tsh Є, oT t ÈÏTiV P)C, OH£f t£t t Ij Tsh ljV, P IV OU
r¡ket ïjpiv to0to, ö 6 X yopev, 6 aiu'v.
A eternidade, portanto, não é uma construção abstrata, que deriva da
esquematização dos momentos do tempo ou através do seu
encerramento numa estrutura circular e auto-bloqueada. A eternidade é
a temporalidade de tudo. Na eternidade há tudo ao mesmo tempo, sem
qualquer movimento e sem qualquer tempo. A eternidade é uma
categoria de categorias onto-lógicas. Coincide com aquilo que mais
verdadeiramente (r8eetatov) é. O que "verdadeiramente" é, é eterno.
Existe na eternidade. Esta identidade de bnіtiѕ e eternidade, bem como
de eternidade e vida, constitui o cume da contemplação apolínea.
Tempo vertical
Esta parte mais sombria da esfera do tempo não é descrita em
Glotino, porque a filosofia apolínea está interessada principalmente em
estratégias ascendentes, está interessada em dimensões celestiais.
Assim, ao descrever a estrutura do tempo, os neoplatónicos consideram,
em primeiro lugar, a popusfera superior e a espiral ascendente da
contemplação, através da qual os ciclos ascendem à Mente, onde o
tempo irrompe eroticamente em direção à eternidade. No entanto,
podemos muito bem completar este quadro, que será particularmente
relevante para a interpretação de outras estruturas noocóticas - os
Aoroca onis e especialmente o Aogos de Cibele.
No entanto, o próprio Pkhotin reconhece e descreve muito
claramente a estrutura do tempo vertichal. Se seguirmos a
$ ts 5. Plotino: um desafio radical ao filósofo soprano
fыa t8l
СNo caso dos ciclos em espiral, o tempo em espiral será ctow gradual,
pelo que será difícil determinar a natureza de cada ciclo em particular.
No entanto, as voltas do tempo espiral Ijik são orientadas em torno de
um eixo vertical, que pode ser chamado de "tempo vertical".
O tempo enquanto tal, em relação à eternidade, pode ser
conceptualizado
Como qualquer cópia, ela é, em alguns aspectos, semelhante ao original
e, noutros, diferente dele. A lо,¢оbilidade do tempo e da eternidade
reflecte-se na sua orientação vertical ascendente. Ela pode ser vista
como uma a s c e n s ã o cíclica gradual, ou pode ser vista como
uma corrida predominante para o reino da Mente. A alma viva (privada)
tem a sua própria forma de ascender a Uma por meio de uma ascensão
cíclica. Mas a mente privada pode sovriiit' e a sua própria
a s c e n s ã o , vertik vsnmiy upheaval. Esta ascensão é o caminho da
Filosofia, que se desenrola de forma paralela ao tempo, como um
grande salto para a eternidade. É precisamente a isso que apelam o
Aoroc apocínico e a filosofia de Glotin. O movimento ascendente ao
longo do eixo vertical do tempo é a trajetória da ascensão divina (na
contemplação) e da descida divina (no desprendimento, na epifania, nas
acções teúrgicas). O tempo vertical na direção ascendente é um tempo
mental especial - o tempo inteligível. Dirige-se para fora do tempo, para
a eternidade, mas este movimento não se limita a desprender o tempo,
mas absorve toda a sua riqueza espiritual em cefis. Por isso, esse tempo
vertical é o mais elevado tempo purificado e rectificado.
Mas é possível imaginar a trajetória do tempo vertical no eixo
descendente, ou seja, o tempo como caindo, c a i n d o . Neste
processo, é a cópia do tempo, diferente do original, que é actuada, é o
que distingue o tempo da eternidade. Flotin exprime assim o seu
pensamento, colocando a questão: "como é que o tempo se tornou
diferente da eternidade?
"opu 6rj pr'"tov Ef;Epsee ypfivo9". qui gaagoa
"skaiptu" significa exatamente "nisnening", "otriening".O tempo é, num
certo sentido, заве- phorio é іn a іgnіently loԛence, umavez que se afasta da
eternidade. embora a filosofia apolínea, contemplando a imagem da
eternidade no tempo, seja capaz de inverter o seu fluxo de ressurreição, de o
utilizar para a subida e ascensão, próprio fenómeno do tempo é ainda uma
descida, umafastamento DA essência e , consequentemente, umcanto
. O eidos cai no tempo,
Estão nele. Não são criados pelo tempo, continuam a ser levados para
dentro dele. A origem do tempo tem um aspeto perigoso: o tempo é um
crime, é criado por aquele que comete um crime. Pyotin coloca a
questão desta forma:
"Desejando ser a imagem disso (Uma), ela (Ausha) começou por
colocar seoya no tempo, que ela criou em vez da eternidade, po
t80 Três aoroca. Apollo, D,n0NNNS, KPbeatz
èvmt
' Dugin A.G. The Challenge of Basilides // Asia A.G. In Search of Dark Aoroca.
Moscovo: Projeto Académico, 2013. P. t75 - 190.
192 Trn aoroca. Apolo, Drónis, Ciba
1
A seguir, Aana é citada no livro Valentine's School. Fragmentos e Testemunhos.
CP6: Aleteia, 2002, com algumas correcções feitas com base numa verificação com os
textos grego e latino de Ireneu de Aion. Ireneu. Adv. Haer., Epi phanius. Panarion, Hi
ppolytus. Refu tatio.
196 Três aoroca. Apolo, D,nonis, Kybeaa
2
Escola Valentin. Op. cit. p. 103. Ireneu de Aion.
Э Ibid. С. 113. Hipólito.
Capítulo 6. Gnosticismo Valentiniano: Sophia e as Estruturas do 197
Aogos Feminino
('O Evvotal, que também chamam D,ar (Xfipt9) e Silêncio (Zvyïj), existe
com ele (oizvvvvvn'xp2etv)...'"
Prestemos atenção aos três sinónimos aqui utilizados: Miss ievvoia) -
D,ar (2fipt9) - Silêncio ({uyij). Todos eles miyaswts' como origem
feminina suprema e nape,qpa do Unmiraculous. Primordial (pro'xp;pj) -
Praoteԛ (propatgvr) - Beadna (JSez¢onny - Cu8o9) são introduzidos como
sinónimos do supremo m a s c u l i n o .
"Kor¢a (suor) que este Sem-Fundo concebeu para produzir
(npoDWEo8nt) a partir de si mesmo o início de todas as coisas, ele
colocou no ventre - o Silêncio que estava com ele - a semente de tudo o
que ele concebeu. "2
O ato de proѕvheniѕ Gl e r o m i 'i é interrompido como um ato de
nascimento.
"Tendo percebido esta semente, o Silêncio concebeu e ro uma Mente
(Norte), (o Ser), em tudo semelhante e igual àquela que a gerou, a única
capaz de abarcar a grandeza do seu Pai. Esta Mente chama-se o Unigénito,
o Pai e o Princípio de todas as coisas. A Glistina (Mr¡8et'x) foi gerada
juntamente com ele, e juntos formaram a primeira '-tetveritza (Tétrade)
pitagórica, que é chamada a raiz de todas as coisas (pt{av tsh; p'hvtuv): A
Bottomlessness e o Silêncio, e depois deles a Mente e a Verdade'°.
O segundo par, produzido pelo primeiro, também tem uma clara
especificidade de género. Um (tu) é masculino, Glstina (yij8etn) é feminino.
O Unigénito, tendo realizado aquilo para que nasceu, produziu o
Verbo (Aogos) e a Vida (Zyuj). É ele que é o princípio de tudo o que
surgiu depois, o pai e princípio de tudoii (Peroma)'".
O terceiro par dá-nos Aogos num entendimento gnóstico especial.
Aqui, como no Neopatonismo, Aogos é considerado como algo
estritamente diferente da Mente e inferior (hierarquicamente) a ELE.
"Da união de Aoroca e Vida surgiu outro par: '-Chechovek
(Av8pu'no9) e a Igreja (EkShroia). Todos eles juntos constituem a primeira
Ogdoad, a raiz e hipóstase de todas as coisas. Consiste em quatro
nomes (Bezroneq, Mente, Aoroc, 'Chelovekl, cada um dos quais é
masculino e feminino, uma vez que Flpaomeq está unido ao seu
Pensamento, o Unigénito à Verdade, Aoroc à Vida e 'Chekhovek à
Igreja.
1
Escola Valentin. op. cit. cit. p. 112.
2
Ibid. С. 114.
° Ibid.
Ibid. С. 116. Ibid.
198
Slava 6. Valentin-hyostlh: Sophia e estruturas do Zheiskhogo aogos. Apolo, D,nonis, Kndea. 199
Aoroca
Os três
Homem Igreja
èv8p'unog ikkAqoin
Esses Aeons, nopo n e n n e d para a glória do Pai, suaram, por sua
vez, por causa de seu Pai, e o frustraram. [outros Aeons], coe niv-
costurando uns com os outros.
Assim, Aoroc e a Vida, depois de terem dado origem a Jeová e à
Igreja, produziram mais dez Aeons, cujos nomes são estes:
Giaubokii e Comunicação,
Nestorioii e E. e Hacx,
Samornillii e Hacx
Hacx, Incongruente e
Confusão, o Unigénito e o
Divino.
Estes são os dez Aeons que geram Aogos e Vida.
Masculino
CAOBO YOGOS
Ghu0oqi
Dv8io9
Ageless.
Pepita
OUTOfffiUjc,
Imóvel
'hkivdto9 O
unigénito.
YaS
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Yati
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Liga
ção
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e
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e
200 Logótipos de TV. Apollo, D,ionis, Hibepa
Pais
Maternidade /flO6OBb
CELDCO\.
Glória, uh Eterno. Compreensão / Co-
unidade
Eclesiástico Beatitude
tKKK EOlYAOItKO§ CYAKYADTOTE&
DesejávelMudrost " (Sofia) 8eXptfi9
noipio
A estrutura do Glleroma descrita desta forma faz lembrar os
sistemas dos pitagóricos e dos neo-vlatónicos posteriores, que
examinavam os aspectos mais elevados do Inicial. É provável que uma
discussão tão completa se destine a focar a atenção do gnóstico no facto
de que nos mundos superiores existem muitas instâncias, níveis e cortes
ideológicos diferentes. Não foi preservada nenhuma informação
detalhada sobre a maneira como esses ou outros Eons deste Gleroma
foram interpretados. Alguns deles assemelham-se estilisticamente a
categorias gylatónicas ou pitânicas, 'iasti. - Alguns d e l e s
assemelham-se a categorias estilisticamente gylatónicas ou pitano-
goreanas.
É igualmente importante que os paralelos de género sejam
mantidos a todos os níveis do processo. Ion Kywsny', que foi um dos
primeiros a ligar as doutrinas gnósticas ao feminismo, sublinhou a
persistência do género feminino em todos os níveis da sofiologia.
rd wa 6. Valentn-gnostnk: Sophia e as estruturas da aoroca feminina
a 201
' Cuïinnu I.R. Feminino versus Masculino. O mito de Sofia e as origens do
feminismo: parte II. O mito de Sofia como um problema cultural. Op. cit.
200 Logótipos de TV. Apollo, D,ionis, Hibepa
O Um, para ser o Um, deve ser o Um. Deus, para ser Deus, tem de ser um
Deus absolutamente oculto (Deus Absconditus). Quando s e revela,
tornando-se Deus Revelatus, deixa de ser Deus. Torna-se o Verbo, e o
Verbo torna-se Tchekhov. E em todo esse estágio, os eios superiores se
manifestam nos inferiores, na estrutura do Universo penetrada pelos raios
do Divino.
O gnosticismo, por outro lado, introduz uma visão diferente nesta
estrutura: o Silêncio, que no apochonismo cocyi come com o Som,
torna-se mutuamente interdependente com ele. Talvez o Silêncio seja
"ciumento" do Invisível para com aqueles que o poderão conhecer e nos
quais se encontram os seus hoochis. O Inefável é ele próprio 'x'p8ovo9 ,
mas a sua sombra, o oik negro do seu £iez,¢ny pode não ser assim: é a
na- ção de preservar a unidade do Um como unidade. Em Tishin
devemos procurar as origens do drama gnóstico. O aspeto sombrio da
Escuridão primordial faz-se sentir nesta paragem da Mente por parte do
Silêncio. "Podes conhecer a Verdade, mas não deves falar", convertê-la
em Aogos, em Schoology, acendendo "através dela as Vidas". Mas, na
minha opinião, era demasiado tarde.
O Fnocmuxu reconheceu o Feminino desde o início. É essa a natureza
das suas revo oqus filosóficas. O Inugri ct'p8ovo9 deu-se a conhecer
'p8fivo9. Quando esta ripoqecc foi contemplada pelos primeiros
platonistas, estes adoptaram uma estratégia de manifestação subtilmente
masculina: o fi lago apofático, como numa cratera, espumava e
transbordava pela borda. Agora, uma perspetiva feminina entrou nas
profundezas da metafísica. E a situação tornou-se probkhematical.
Sophia Rising
No decurso do desenrolar do "mito dramático" de Valentim,
recordar-se-á que, apesar da proibição do Silêncio de comunicar com o
Primordial, "agora as outras Zonas, embora não o expressassem
explicitamente, estavam ansiosas por ver aquele que era a fonte da sua
aldeia e por ouvir falar da raiz de todas as coisas". "Não o expressando
explicitamente", ou seja, imitando a Mente, e sob a influência do
Silêncio, retido em si mesmo, e assim impedindo o
d e s e n v o l v i m e n t o do conhecimento superior em toda a
rede eоnіc.
O simbolismo erótico é evidente nesta imagem: a lk'bova para
Omtty (Hpa-Omtty) deve ser ristante, cautelosa, e a soberania feminina
é impedida pela rovovovatavatass dos substitutos que estão ao seu nível
- os seus pares eónicos. Nisto podemos reconhecer a proibição do
incesto. O silêncio impede a Mente de fazer com que as figuras abaixo
do estoico (especialmente as femininas) desejem Otԛa diretamente,
ignorando as suas napeqp e não-napeqp.
G. Valentn-gnostnk: Sofnya n estruturas da Aoroca feminina 205
Foi então que ela pretendeu ser como o Pai e produzir [frutos]
sozinha e sem a ajuda do marido, para que o seu trabalho não fosse
menos significativo do que o do Pai. • Ela não sabia, porém, que o
Incriado, contendo em si o princípio e a raiz de todas as coisas, a
Profundidade e o Abismo (mn "vh -r2ij tshv fiXyuv kat pi§a kai §fi8o9
kgtttt
Dm8b ), com sos0en pororita só, e ela, Sophia, sendo ela própria nascida-
valioso e, além disso, já não é capaz de cooperar
é"°.
Ireneu descreve um cenário semelhante da seguinte forma:
"Alguns deles contam esta história das paixões e da conversão de
Sophia. No seu esforço para realizar o impossível e o imenso, Sophia
deu à luz uma essência sem forma, que o um-
à sua própria imagem. Pois em um lugar eles dizem que o Pai tem uma
esposa, o Silêncio, e em outro que ele está acima da divisão em macho e
fêmea. A este Limite chamam também a Cruz, o Sustentador, o
Libertador, o Limitador e o Guia. Assim, o Limite limpou Sophia
novamente (das paixões), deteve-a e trouxe-a de volta ao seu marido.
A sua memória e a sua paixão foram separadas dela, e ela própria
permaneceu no Glleroma, mas eles foram levados para fora do Limite e
separados do resto da totalidade. Eram seres de natureza espiritual, uma vez
que surgiram como resultado da estatura natural do Aeon, mas
permaneceram num estado sem visão e sem forma, sem consciência de
nada. Por isso são chamados de geração tola e feminina.
Assim, por trás dos giredehs de Paeroma, no final dos Congts,
giomei¡aetsсs saryo- standing nopo.nopo.noe de Sophia, matéria, bem
como os motivos internos de sua agitação. Flpepea como uma
manifestação extra-orinária de Bezrna resolve Fllepoìy do que 'іt
nаkhoritsсѕ tеrіеrі. fora dela. Gl carto a presença de algo fora de
Flxepoemiia é um rіrѕmе resultado da volição de Sophia. Prereh
nosvwemcs nesta situação duas vezes: ele aa- preende que Sophia se
aproxime demasiado de Otԛu e separa a zona fora de Flaepoìm, no seu
limite exterior, que Sophia efetivamente gerou (sem sucesso}. Sophia
introduziu assim xaoc fundamental na estrutura dos inícios superiores.
A sua paixao', os seus gestos, a sua paixao, a sua paixao, o seu frenesim
confundiu toda a luz dos Aeonii, 'exigiu a intervencao direta da Bezrna
sem pai. O Flpepeel se esvazia em resposta ao ilimitado de Sophia, que,
através de suas metamorfoses, define os extremos do Pleromn: o limite
superior mostra onde começa o Nevllraaimii, o inferior - onde começa o
tolo mundo material. Assim, com a sua ansiedade, inquietação,
audácia (tfiXp'x, i§ptp) e metamorfoses, Sophie contribui para a
definição dos limites do mundo luminoso do Primordial, provoca a
marcação inicial do território noético e constitui a estrutura inicial da
eternidade (Aeon). A ligação do Aeon feminino com o espaço
transforma ao nível primordial o volume inferior de matéria-espaço
no cosmos físico.
Paeromas de iluminação
Voltemos à hipótese da recontagem da história gnóstica por Ireneu.
A morte de Sofia provoca a reorganização do Glleromt e o mais
importante: o início da iluminação gnóstica das Zonas, a gnoseo-génese.
Para superar a catástrofe, é necessário dar a todos os Aeons o
conhecimento de como o problema Deus Absconditus vs Deus
Revelatus deve ser resolvido de acordo com a vontade do Pai. /\Para
isso, a Mente e a Verdade produzem outro par: aquele que os gnósticos
chamam "Deus Absconditus vs. Deus Revelatus".
"Cristo" e o seu paredru, tendo-os "Svstygyri D,ear" (em lit. feminino como
em grego - ayta pveyu'h).
"Flocxe, depois de a plenitude se ter livrado destas (passionii) e de
a sua mãe ter regressado ao seu companheiro, o Unigénito e a sua
paredra, por decreto do Pai, sopraram para que não acontecesse mais
210 Os Três Logos. Apolo, D,nonis, Kibepz
A Sophia inferior tem uma estrutura dupla: por um lado, tem uma
paixão e um lado obscuro, que se exprime na criação da matéria, e, por
outro lado, uma saudade da Fonte, que representa uma dimensão vertical
que a atrai para cima. No fundo, estamos perante um cosmos criado em
princípio ou com zonas preparadas para uma organização mais rigorosa.
Mas este cosmos, no seu estado atual, reflecte a metamorfose da Sophia
superior. Trata-se de um cosmos cambaleante, movido por impulsos
caóticos: corre em direção à Gloriosa Superior, atraído pela luz, ou cai
nas trevas do sofrimento e da paixão. Assim, a Sophia inferior,
Ahamoth, desdobra as regiões ontofágicas ao longo da linha da
ontogénese, que a este nível coincide com a cosmogénese.
Em Gllerom, os lances histéricos da Sophia superior foram seguidos
de uma segunda revelação - gnoseológica, gnóstica - que duplica a
primeira (ontológica). O mesmo se repete, em rigor, com a Sophia
inferior, Ahamoth.
"Depois de a Mãe t e r passado por todas as lutas possíveis e t e r
chegado com dificuldade à superfície (mperkbfnonv), começou a
lamentar a luz que a tinha abandonado, isto é, Cristo. Mas como ela já
tinha chegado a si mesma e encontrado a sua plenitude, Ele (Cristo) não
se decidiu a descer uma segunda vez, e enviou em seu lugar o
A j u d a n t e (Flaraklet), ou seja, Cnacirrew, dando-lhe toda a
força do Pai e toda a sua força. Os Aeons fizeram o mesmo, de modo
que "todas as coisas foram reunidas nele, as coisas visíveis e invisíveis,
o trono, as divindades e os vhasti". Assim, ele foi enviado com os seus
companheiros anjos. A princípio, Sophus ficou perturbada quando o viu
e cobriu a testa com um véu, mas depois, reconhecendo-o e o peso das
suas palavras, correu para ele. A sua visão atraiu-lhe o olhar. E ele
moldou-a pelo poder da gnose (qop'pu'oai aumijv tsfipipyuoiv ttjv kat'h
uguznvv), curou as suas aflições e separou dela as suas paixões, mas
não a humilhou.
"2
n * oriy cintila caoticamente, sem estar sob a influência das paixões, até
ver o Floskhannik de c i m a ), o czar-D, Emiurg imagina-se um homem
e, portanto, "algo autossuficiente, criativo e que não precisa de mais
nada a não ser de si próprio. Mas é precisamente porque está seguro da
sua masculinidade que se torna mais confiante em si próprio
Ele é mais feminino do que Sophia: é desigualmente feminino, isto é,
feminino, e, no entanto, não faz ideia da sua natureza feminina. Esta é a
sua ignorância e o seu mal: não tem dimensão apofática, a c r e d i t a
sinceramente que ninguém o criou, que é autógeno e que não teve Mãe.
E, de facto, ele não passa de uma infeliz e infeliz icalização d a
histeria de uma Mãe solitária. Aemiurge cria o cogiao de Nleromius,
não o acredita.
tem sobre a existência deste feroma. Ele aceita as crenças que
para algo criado a partir do nada. Ele não tem nenhuma girerstavanis
sobre os seus protótipos euréticos. Assim, a sua criação é uma cópia de
uma cópia, um simulacro.
Foram colocadas nele sem a sua fé, para que ele as semeasse na alma que
criara e, através dela, nos corpos da natureza material. АEssas sementes
cresceram e se desenvolveram, preparando (a alma) para a vinda de
Aoroca. O homem espiritual, que Sophia semeou pelo poder de sua
inexprimível Providência, emergiu impercetivelmente junto com o sopro de
Darkurg. Ele não o reconheceu, assim como não reconheceu a semente de
sua mãe.
Essa semente eles chamam de Igreja, e é a imagem da Igreja celestial.
Esta é a doutrina deles a respeito do homem e do que há nele. O seu
A,yuia é do Demiurgo, o seu techo é feito de pó, a natureza da sua mãe
é nova, e o seu homem espiritual deriva da Mãe Ahamoth".
АAssim, o implacável tchekhoviano, o pneumático, encontra-se
misturado com essas pessoas que são criadas subtilmente pelo Emiurgo
e que não trazem nada do que 'iero não seria nele. Estes dois tipos de
lto¢ia diferem um do outro pela grande dor que os caracteriza e pela
ao contrário dos outros. Os flnevmatistas vêem o mundo como ele é,
isto é, 'iuquoviitic, e consideram o seu criador como um usurpador
ignorante. Os flsihiks e os sarkiks tomam o mundo pelo seu valor
nominal, apegam-se às suas leis e normas, adoram o Aemiurgo ou
vivem despreocupadamente como os ԛvetii e as bestas.
"A natureza material, que também chamam de esquerda,
necessariamente perecerá, pois não pode tomar em si o sopro da
imortalidade. A natureza espiritual, ou direita, intermediária entre a
material e a espiritual, pode ir em qualquer direção, de acordo com suas
inclinações. A natureza espiritual é enviada para unir e moldar a
natureza espiritual, para a ensinar e para a fazer subir. É por isso que é
chamada o sal e a luz do mundo (Mateus 5: 13.14). A natureza
espiritual aprende através dos sentidos. Por isso o mundo foi criado e o
Salvador veio para ele a partir desta natureza: porque ela t e m livre
arbítrio. De Ahamoth ele perdeu o invólucro ruhovnaya, e do miurge -
o invólucro corpóreo. Finalmente, em virtude do desígnio divino, ele foi
revestido de um corpo de natureza mental, que por um inexprimível
ofipaaom foi formado de modo a ser visível, tangível e capaz de sofrer.
Não havia nada de material nisso, pois a natureza material não pode ser
salva de qualquer maneira. O estágio final virá quando toda a natureza
espiritual será moldada pela gnose e será perfeita. 2Isso significa os
caminhantes espirituais que têm um conhecimento perfeito de Deus e
foram iniciados nos mistérios da própria Ahamot.
1
Escola Valentin. op. cit. p. 158.
2
I b i d . P. t56.
224 Trn AOFOCA. AflOAAaon, D,nonNS, Knbeaіl