Josh

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"Você está quebrada ao chão

E você estava chorando, chorando


Ele já tinha feito isso antes
Mas você continuava mentindo, mentindo"
Isak Danielson–Broken

Josh Miller

São quase três da manhã e estou voltando pra casa. Acabei de sair de mais uma
maldita festa, mas eu sou um motorista prudente, basicamente eu não sou de beber,
só bebo quando minha cenourinha fica brava comigo. Mas esse não é o caso.

Tem o filho da puta do namorado dela. Eu odeio aquele cara, ele trata a minha
cenourinha como um saco de pancadas. Eu já disse pra ela largar aquele infeliz,
mas ela tem medo de ele ir atrás dela. Mas que merda.

A Miranda pode ter alguém muito melhor do que ele. Eu posso ser alguém melhor
do que ele, eu nunca a faria sofrer, nunca bateria nela. Pelo contrário, eu cuidaria
dela e se fosse preciso eu me casaria com aquela mulher porque eu a amo. E não
suporto vê-la sofrendo assim.

Meu telefone começa a tocar, e eu nem preciso olhar pra saber que é ela. O maldito
bateu nela outra vez, mas eu não vou deixar isso ficar assim.

– Onde você está?– Pergunto sem dar tempo para ela falar.

Ouço ela chorar através do celular, e odeio vê-la chorando por ele. Eu vou mata
aquele infeliz.

– Eu… Estou em casa… – Ela está sussurrando, provavelmente o imbecil ainda


está na casa. E com certeza está bêbado.

Trinco o maxilar. Só de pensar em que estado eu irei encontrá-la, isso me deixa puto
pra caralho. Dá última vez ele jogou uma garrafa de cerveja na cara da Miranda, ela
teve que levar pontos por causa dele.

– Vai pro banheiro e tranca a porta. Não saía de lá até eu chegar – Desligo a ligação
e piso no acelerador.

Chegou em menos de quinze minutos na casa da Miranda. Desligo o motor e desço


do carro, assim que chego a na varanda vejo que a porta está encostada. Abro a
porta e me deparo com um verdadeiro caos.
Garrafas de cerveja espalhadas pelo chão, quadros de deviam estar na parede
estão aos pedaços e os móveis estão revirados. Uma verdade bagunça. E como
esperado, Peter está largado no sofá, bêbado e desacordado. Mas que filho da
puta.

Subo até o andar de cima e vou até o banheiro. Tento entrar mais a porta está
trancada como imaginei.

– Miranda, sou eu o Josh – alguns segundos se passam e ouso a porta ser


destrancada.

Entro no banheiro e me deparo com Miranda sentada no chão, encostada na parede


cheia de ematomas. O sangue escorrendo pela sua testa e o roxo em seu olho são
coisas que aumentam a minha raiva por aquele maldito.

– Meu Deus Miranda… – Me ajoelho ao seu lado e a pego no colo.

Saio do banheiro, passando pelo corredor com ela em meus braços.

– Você não pode mais ficar aqui – Falo descendo as escadas.

Eu a levo até o meu carro e a deixo no banco do passageiro. Ajeito o banco para ela
se deitar e a cubro com a minha jaqueta.

– Fica aqui enquanto eu vou buscar as suas coisas – Fecho a porta do carro e volto
para dentro da casa.

Subo e entro no quarto, tiro todas as roupas da Miranda do guarda roupas e jogo
em cima da cama. Procuro por uma mala e encontro de baixo da cama. Pego as
roupas e enfio dentro da mala. Quando término, desço com as coisas e vou até o
meu carro e abro o porta malas. Jogo a mala da Miranda lá dentro e volto para o
banco do motorista.

Não vou bater no miserável do Peter agora, quero que ele esteja muito sóbrio
quando eu fizer com ele bem pior do que faz com a minha cenourinha.

Respiro fundo e fico olhando para frente por alguns minutos.

– Ele já tinha feito isso antes, mas você continuava mentindo e mentindo pra você
mesma dizendo que ele iria mudar, que ele iria encontrar ajuda – Olho para ela –
Você vai morar comigo, e ele não vai mais te machucar, porque eu não vou deixar.
Dou partida no carro, pego o meu celular e ligo para minha irmã. Ligo quatro vezes
e na quinta ela me atende.

– Mas que merda, Josh. São quatro da manhã e eu preciso acordar cedo…

– Valentina, depois você reclama. Agora eu preciso que você arrume a minha cama
pra Miranda – Eu a corto antes que comece a encher o meu saco.

– O Peter bateu nela outra vez? – Pergunta preocupada – Meu Deus…

– Só faz o que eu te mandei, Valentina. – Eu a corto outra vez e desligo.

Valentina e Miranda são amigas desde que se conheceram no quarto ano. Desde
então a minha irmã começou a levar Miranda pra dormir lá em casa aos finais de
semana. Não demorou muito pra eu me apaixonar pela minha cenourinha.

– cenourinha? – Olho pra ela

– Me desculpa… Você tava certo, ele nunca vai mudar – É notável que ela mal
consegue falar sem gemer de dor.

Volto minha atenção para a estrada.

– Não precisa se desculpar, você não fez nada de errado – Falo – Mas eu não
consigo ter que lidar com isso toda vez que… – Respiro fundo – Eu quero cuidar de
você. Quero que fique segura, e se for preciso eu ficar vinte e quatro horas do dia
ao seu lado, eu vou ficar. Você é a pessoa mais importante da minha vida, e não
suporto vê-la sofrendo.

Percebo que ela continua me observando enquanto eu dirijo, mas não fala uma
palavra durante o caminho até a minha casa. Deve ser difícil falar quando se está
toda quebrada.

Vários minutos se passam até chegarmos em casa. Estaciono o carro na garagem e


assim que saio do carro vejo Valentina ainda de pijama esperando por nós.

– Como ela está? – Valentina vem correndo ao meu encontro.

– Ela está muito machucada – vou em direção a porta do passageiro, a abro e pego
Miranda com cuidado no colo.

Passo pela cozinha indo em direção a sala, subo as escadas e vou até o meu
quarto. Deito Miranda com cuidado em cima da cama e a embrulho com uma
coberta.
Pego a caixa de primeiros socorros no banheiro e me sento ao seu lado na cama.
Começo a limpar o sangue já seco da testa de Miranda. Percebo que a um pequeno
corte, mas não vai precisar de pontos como dá última vez. Então coloco um banded
em cima do corte.

– obrigado Josh… Você é a melhor pessoa que eu poderia ter na minha vida – ela
olha nos meus olhos quanto diz.

Sorrio para ela e coloco uma mexa do seu cabelo ruivo atrás da orelha.

– E você é a minha vida, cenourinha – Digo a fazendo rir – Você sabe que eu te
amo e vou fazer o possível pra cuidar de você. Mesmo você sendo teimosa…

– Eu não sou teimosa – Ela discorda – E você continua gostando de mim mesmo
depois de tudo isso. Desiste Josh, eu só vou te arranjar mais problemas…

– Errado. Nunca me peça pra desistir de você, isso é uma coisa que eu nunca faria.
E se você me desse uma chance, veria que eu sou o cara certo pra você.

– Você é muito convencido senhor Josh Miller. Tem várias garotas por aí o
querendo, dê chance a uma elas.

Eu não quero as outras garotas cenourinha, eu quero você, e só você. Será que é
tão difícil de entender isso? Eu te amo, e vou fazer você me amar, custe o que
custar.

– Valentina, eu já não falei que é feio ouvir a conversa dos outros? Você é três
vezes pior do que uma criança – Falo para minha irmã que está escondida atrás da
porta, mas meus olhos ainda estão na minha cenourinha.

Olho para a entrada e vejo Valentina sair de trás da porta e vir em direção da cama.
Ela se senta na ponta da cama e começa a massagear a perna de Miranda.

– Desculpa Mi, mas vou ter que concordar com o meu irmão – Ela para de
massagear a perna de Miranda e respira fundo. – Mesmo ele sendo um idiota
completo, eu prefiro ver você com ele, a ver você sendo espancada pelo filho da
puta do Peter.

– Valentina – Eu a repreendo – Para de falar merda e vai fazer alguma coisa pra
minha cenourinha comer.

– Para de falar merda e vai fazer alguma coisa pra minha cenourinha comer – Ela
tenta imitar a minha voz e mostrar a língua igual a uma criança.
Ela se levanta, vai em direção a porta e sai do quarto deixando eu e Miranda a sós.
Volto minha atenção para Miranda e percebo que ela está me observando.

– Precisa de alguma coisa, cenourinha? – Pergunto

– Eu… preciso voltar pra casa – Eu olho para ela como se estivesse louca.

– Acha mesmo que eu vou deixar você voltar para aquela casa com aquele imbecil
morando sob o mesmo teto que você? – Olho incrédulo pra ela – Nem pensar. Você
vai morar comigo e ponto final.

– Josh eu… – Tiro os olhos dela por alguns segundos e me levanto da cama.

Passo minhas mãos pelo rosto de frustração, volto minha atenção para ela mais
uma vez.

– Não vem com essa de que ele vai mudar. – É notável a raiva em minha voz e com
certeza está estampada na minha cara.

Mas não é raiva de Miranda. É preocupação. Como eu vou deixar a minha garota
continuar com aquela merda, sabendo que a qualquer momento ele pode machucar
ela?

Eu a amo, e não posso deixar aquele filho da puta encostar em um fio de cabelo
dela. Eu vou proteje-la a todo custo.

– Cenourinha, eu não posso deixar você ficar com ele. Eu não posso deixar ele
chegar perto de você. Sabe quantas vezes eu não dormi pensando se ele não tinha
te machucado ao ponto de você ficar desacordada e não conseguir pedir ajuda?
Todo santo dia eu me faço a mesma pergunta. Toda noite. Então por favor… fica. Eu
vou cuidar de você, eu vou te proteger. Você não vai ter que me pedir permissão
para nada. Se quiser sair, saía. Se quiser ir na biblioteca pra estudar, pode ir
estudar. Mas eu pesso que fique. – Nem sei em que momento eu comecei a chorar,
mas não me importo se Miranda me vir assim – Por favor. Você nunca ficará
sozinha. Você tem a minha irmã como amiga, e tem a mim.

Vou até ela e me ajoelho ao lado da cama. Seguro as suas mãos e entrelaço os
nossos dedos. Ela olha pra as nossas mãos agora entrelaçadas e depois pra mim.

– Eu vou cuidar de você, cenourinha. Isso é uma promessa. – Eu falo enquanto


observo as lágrimas que rolam por seu rosto, e as bochechas vermelhas. Limpo as
suas lágrimas passando meus dedos por suas bochechas.
Ela é perfeita. É perfeita pra mim, mesmo com suas feridas internas. Eu vou
ajudá-la a cura essas feridas, até que se tornem apenas cicatrizes.

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