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Locação
- Definição, partes e legislação: contrato de locação é aquele contrato
pelo qual alguém cede o uso de uma determinada coisa (móveis ou imóveis) para outra pessoa mediante remuneração; Partes: locador (é o contratante que cede o uso remunerado de um determinado bem para outra pessoa); locatário (também conhecido por inquilino → se utiliza de um determinado bem em forma de locação, portanto, mediante pagamento acordado; - Lei do inquilinato (Lei 8.245/91): cuida da locação de imóveis, localizados em zona urbana (residencial ou comercial) - Estatuto da terra (Lei 4.504/64): cuida de locação de imóveis mas que se encontram em zona rural, de acordo com o zoneamento de cada município - Locação é sinônimo de arrendamento, mas no nosso sistema legal, reservamos a expressão arrendamento, mais especificamente, para locação de imóveis rurais - Quando a locação se der sobre bens móveis, devemos usar o que está escrito no CC, artigo 565 - Art. 565. Na locação de coisas, uma das partes se obriga a ceder à outra, por tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa retribuição - Objeto de estudo: tratar da locação em geral - Natureza Jurídica: - Bilateral: As obrigações são recíprocas, tanto para o locador quanto para o locatário; - Oneroso: as partes experimentam lucros e sacrifícios - Consensual: o contrato de locação tem início com a convergência de vontades, e não com a entrega do bem, a entrega posterior da posse direta é apenas consequência de um contrato já firmado - Comutativo: é comutativo na medida em que essas vantagens e sacrifícios que são experimentadas pelas partes, podem ser previstas por ambos - Não solene: o contrato pode ser feito de forma livre pelas partes, ou seja, não tem forma específica. Exceção: contratos superiores a 30 meses, obrigatoriamente devem ser feitos por escrito, além disso, a sublocação também deve ser feita por escrito - De trato sucessivo e de execução continuada: é em relação ao locatício (aluguel) que deve ser pago, porque na medida em que o aluguel é pago no mês vencido, a obrigação relacionada a ele se extingue e ao mesmo tempo, nasce a obrigação de pagamento para o próximo mês, portanto, não há amortização da dívida, ou seja, as obrigações de pagamento, vão se sucedendo ao longo do contrato; algumas obrigações relacionadas tanto ao locador como ao locatário, estão presentes de forma contínua, ou seja, sem solução/sem pausa. Ex. a obrigação do locatário de manter o estado da coisa locada - Elementos do contrato - Objeto: o contrato de locação pode recair sobre bens móveis (infungíveis [o bem dado em locação é exatamente o bem que deve ser devolvido] e inconsumíveis) e sobre bens imóveis - Preço: o valor é da locação e não do bem, o valor diz respeito ao locatício (Àquela prestação mensal acordada pelas partes); as partes vão acordar na fixação do valor e na fixação de possíveis reajustes; se não houver o pagamento, abre-se a possibilidade do locador de cobrar o valor devido e extinguir o contrato - Consentimento: convergência de vontades no sentido de celebrar o contrato de locação, ou seja, só é possível ter uma declaração expressa nesse caso, mas tem exceção da pessoa dar uma declaração tácita (uma pessoa se apossar de um bem sem avisar ao dono, e depois oferece ao dono o valor do aluguel e ele recebe - Obrigações do Locador - Art. 566 O locador é obrigado: I - a entregar ao locatário a coisa alugada, com suas pertenças, em estado de servir ao uso a que se destina, e a mantê-la nesse estado, pelo tempo do contrato, salvo cláusula expressa em contrário; II - a garantir-lhe, durante o tempo do contrato, o uso pacífico da coisa. - Entregar a coisa locada: entregar a posse direta do bem ao locatário, sob pena de não fruir o contrato de locação - Manter o estado da coisa: aquilo que é necessário para conservar o bem em razão da estrutura, diz respeito ao locador - Garantir o uso pacífico da coisa: o locador tem que permitir que o locatário possa usar o bem na conformidade do contrato firmado, ou seja, o locador não pode perturbar a posse direta do locatário e além disso, deve afastar eventual turbação por parte de terceiros, que eventualmente venha impedir o uso da coisa - Obrigações do locatário: - Art. 569. O locatário é obrigado: I - a servir-se da coisa alugada para os usos convencionados ou presumidos, conforme a natureza dela e as circunstâncias, bem como tratá-la com o mesmo cuidado como se sua fosse; II - a pagar pontualmente o aluguel nos prazos ajustados, e, em falta de ajuste, segundo o costume do lugar; III - a levar ao conhecimento do locador as turbações de terceiros, que se pretendam fundadas em direito; IV - a restituir a coisa, finda a locação, no estado em que a recebeu, salvas as deteriorações naturais ao uso regular. - Servir-se para o uso convencionado: o uso da coisa está previsto no contrato - Pagar devidamente o aluguel: o aluguel é a obrigação que tem a parte contrária; deve-se pagar na maneira convencionada (forma de pagamento e o local de pagamento) - Levar ao conhecimento do locador eventuais turbações: o locatário tem a obrigação de avisar o locatário de eventuais turbações, pq o locador tem a obrigação de manter o uso pacífico da coisa locada - Restituir a coisa: a posse é temporária, há a obrigação de restituir o bem, o locatário tem que devolver a posse direta do bem após o vencimento do bem após o vencimento do prazo ou quando for notificado para tal, tem que devolver no estado em que, pegou, salvo o desgaste natural do bem - Retomada e devolução da coisa locada: - Locação por tempo determinado: os contratantes estipularam o termo inicial e o termo final da locação, portanto, vencido o termo final, o locatário deve restituir o bem de imediato; mora ex-re: acontece no exato momento fixado - Locação por tempo indeterminado: as partes assim convencionaram, ou então, naqueles casos onde o contrato de prazo certo foi prorrogado pelo uso, passando a ser prazo incerto, nesses casos, a devolução do bem depende de notificação da parte contrária, portanto, eventual mora é ex-personae: termo incerto, é necessário notificar a parte contrária para ela entrar e mora - Locação de prédios (edificação sobre o solo): - Legislação aplicável: nesse caso a legislação aplicável é a lei do inquilinato; - Retomada e devolução do imóvel urbano: - Na locação por tempo determinado: quando as partes por conveniência própria estabeleceram termo inicial e termo final; +30 meses: esse imóvel poderá ser restituído, com a simples notificação da parte depois do vencimento do prazo - Se antes dos 30 meses serem cumpridos: se o locatário for transferido de cidade, antes dos 30 meses acabarem, ele não precisa pagar a multa, e tem que avisar o locador 30 dias antes - Denúncia cheia: só pode pedir o imóvel nas hipóteses previstas pelo legislador - se cumpridos os 30 meses: o próprio vencimento do termo tira a necessidade de notificar o locatário para sair; mas se passados os 30 meses e ele não sair ai tem que notificar; contudo, se passados 30 dias do vencimento do prazo e você não notificou, é como se você concordasse com a prorrogação do contrato, aí o contrato vira incerto - Denúncia vazia: não há necessidade de apontar a razão pelo qual você quer o imóvel de volta - Na locação por tempo indeterminado: quando houve prorrogação de um contrato que antes era de prazo determinado, ou, quando as partes já decidiram desde o início que o prazo seria incerto; para retomar o imóvel precisa de uma notificação com 30 dias de antecedência; o prazo da multa nesse caso é de 1 ano (se pedir o imóvel antes de 1 ano tem que pagar multa) - Sublocação: é um contrato, que deriva do contrato de locação, portanto, se houver sublocação então dali em diante é possível se falar em 2 contrato (1 contrato de locação e 1 contrato de sublocação) ele aproveita de todos os direitos e obrigações do contrato de locação (contrato base) → se utiliza de todos os direitos e obrigações constantes no contrato de locação - Contrato derivado: contrato de sublocação - Contrato base: contrato de locação - só é possível se houver concordância expressa e por escrito do locador
- Se o locador não receber ele entra com uma ação
contra o locatário, pedindo o valor - As responsabilidades do locador e do locatário: - Quanto ao locador: - Reparos urgentes sem perturbação: naqueles casos onde a manutenção é de responsabilidade do locador, ele deve fazê-lo sem perturbar a posse do locatário; mas se as obras ultrapassam os 10 dias, o locatário tem direito de pedir desconto do valor do aluguél; se passar de 30 dias o locatário pode extinguir o contrato e pedir o pagamento da multa
- Reparos comuns: ex. defeito de fios internos
na parede, defeitos provocados por instalação de fiação, rachadura na parede → são problemas relacionados à estrutura do imóvel - Pagamento dos encargos: o locador é responsável pelo eventual pagamento de encargos, que não dizem respeito ao uso do bem ex. IPTU → os encargos podem ser transferidos para o locatário, de forma contratual, mas há princípio é do locador - Fornecimento de recibo dos aluguéis: a obrigação do locador é de fornecer a quitação (recibo); se o locador não deu a quitação ou deu de forma irregular dá na mesma, faz o pagamento em juízo - Quanto ao locatário: - Responsabilidade pelo incêndio do prédio: se o prédio objeto da locação for destruído por incêndio a princípio, a responsabilidade é do locatário, pois é ele que está na posse do bem; o locatário pode demonstrar que o incêndio se deu sem culpa dele, caso fortuito ou força maior…. - Pagamento mensal (aluguel e encargo): o locatário pode se obrigar somente ao pagamento do aluguel mas ele pode se obrigar a pagar outros encargos, ex IPTU, seguro de incêndio → ele vai pagar no prazo estabelecido no contrato; se não tiver a data do contrato, o locatário vai pagar até o 6º dia útil do mês - Maneira de se servir do imóvel: o locatário tem que observar o uso estabelecido no contrato, ex. é residencial ou empresarial? → não pode mudar a natureza da locação, porque se não viola o contrato - Restituição: o locatário pode devolver o imóvel locado, devendo-se observar se ele vai ficar sujeito ao pagamento de multa ou não, se ele não pagar a multa (não findou o contrato), se não fez a vistoria final (não findou o contrato) - o fato de entregar as chaves não significa que vc não ta mais com o imóvel, só vai findar o contrato quando o locador fizer a vistoria fiscar - Ciência ou reparos comuns: o locatário tem a obrigação de avisar o locador da necessidade do reparo, se ele não avisar e gerar um dano maior aí o locatário tem que pagar. Os reparos que devem ser feitos pelo locatário são: troca de telha quebrada por instalação ou remoção de antena; desobstrução de calha entupida; limpeza de caixa de gordura; limpeza de ralo entupido → anomalias que são resultantes do uso do bem locado - Se o locatário não fizer o reparo e gerar um dano estrutural, não é o locador que tem que pagar e sim o locatário - O LOCADOR DEFENDE O QUE É RELACIONADO A ESTRUTURA DO IMÓVEL; O LOCATÁRIO DEFENDE O QUE É RELACIONADO AO USO DO IMÓVEL - Morte do locador: quando a pessoa morre ela não é mais sujeito de direitos e obrigações; se o locador vier a falecer, os seus herdeiros tomam o lugar do morto no contrato, e assumem o contrato no estado em que se encontra; se o locador for PJ tem que analisar o contrato social pq lá fala sobre a morte de um dos dirigentes - Morte do locatário: se o sujeito tiver herdeiros, eles entram na condição de locatário; os herdeiros são contratantes solidários; o cônjuge entra preferencialmente, se não tiver cônjuge aí os herdeiros entram - Divórcio ou Dissolução da União Estável: o contrato de locação não se afeta pelo divórcio; o divorciado precisa comunicar o locador e o fiador, para que o fiador se quiser, ele pode se liberar da obrigação da fiança → o fiador tem 30 dias para fazer a notificação de que não é mais fiador porque houve o divórcio. - Alienação do imóvel locado: eu comprei o imóvel e ele ta alugado, eu posso pedir para o locatário sair, ele tem 90 dias para sair e eu tenho 90 dias para notificar; através do registro público, tem se a eficácia real no qual o locatário não poderá se opor ao adquirente; a exceção fica onde os contratos de locação é de prazo determinado, possui cláusula de vigência em alienação e foi registrado junto à matrícula do imóvel → essas exceções são cumulativas; o contrato tem que registrar no cartório de registro de imóveis, esse registro tem que se dar pelo menos 30 dias antes da alienação pq se eu não registrar 30 dias antes - Liberdade de convenção do aluguel e ação revisional: as partes em regra é que decidem o valor do locatício, o valor do locatício é compatível com a natureza do bem embora haja liberdade entre as partes para decidirem. Correção do valor do locatício: tem que adotar um índice X para fazer a correção (essa correção só pode ser feita de ano em ano). Ação revisional: é uma ação judicial que pode ser utilizada pelas partes naqueles casos onde o valor do locatício estiver desatualizado, o objetivo dessa ação é rever o valor do aluguel - Modalidades de garantia e pagamento antecipado de aluguel: garantia é sinônimo de caução; se o locatário não pagar o locador vai se valer da garantia (caução); as garantias possível são as reais e as pessoas, há uma vasta possibilidade de adotar qualquer tipo de garantia → seguro fiança (se o locatário não pagar o aluguel, a seguradora que vai fazer o pagamento do locatício) ou fiança bancária (se o locatário não pagar, o banco paga no lugar dele); pagamento antecipado de aluguel: em regra o locador não pode pedir o aluguel antecipado, exceção: aluguel de temporada (casa de praia) o locador pode pedir para você pagar antes; nos casos onde não foi estabelecido nenhuma garantia → se o locador pedir aluguel antecipado fora dessas duas exceções é uma contravenção penal; o locatário pode dar dinheiro em garantia, sendo o teto de o valor de 3 alugueis - Ação de despejo por falta de pagamento (violação do contrato): prevista especificamente na lei de locação; é utilizada quando o locador pretende ter a posse direta do imóvel, mediante resolução contratual; ação de despejo cumulada com resolução do contrato e pagamento dos locatícios atrasados; quando você for distribuir a ação, tem que distribuir com uma memória de cálculo (cálculo dos aluguéis atrasados). após isso, o locatário é citado (é o ato judicial que dá conhecimento a alguém que contra ele há uma ação judicial contra ele para que ele se defenda dessa ação se quiser) e ele tem 15 dias para oferecer a sua defesa, nestes 15 dias ele pode purgar a mora (afastar a mora, pagar o que ele deve); se ele purgar para o processo e o contrato continua, se ele não purgar segue o processo → se ele for condenado a sair do imóvel, ele tem 15 dias para sair - Ação Renovatória: é uma ação utilizada nos casos de locação comercial, está prevista para incidir nos casos onde o legislador apontou certos requisitos a serem utilizados em benefício do locatário. O Objetivo é se manter no contrato de locação desde que cumpridos os requisitos; - requisitos: o contrato tem que ser por prazo certo, o locatário tem que exercer a sua atividade comercial por pelo menos 4 anos, essa atividade comercial tem que ser da mesma natureza do início do contrato