Aula 2 Cartilha Do Fisioterapeuta Domiciliar

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Aula 2 Cartilha do

Fisioterapeuta Domiciliar
Introdução
A Atenção Domiciliar (AD), ao longo da história, tem demonstrado sua
relevância e, com o envelhecimento da população brasileira, torna-se evidente
que a Fisioterapia Domiciliar se relaciona exponencialmente e diretamente
com a funcionalidade e qualidade de vida do paciente.
Desse modo, o Sistema COFFITO/CREFITOs elaborou uma cartilha voltada às
boas práticas dentro do setor, direcionando o profissional a conhecer suas
atribuições, funções e resoluções.
Atenção Domiciliar - Histórico

1ª experiência de cuidado profissional para desospitalizações, no


1949 domicílio - SAMDU.

1967 Incorporação do SAMDU ao INPS.


Em 1968, na cidade de São Paulo, o Hospital do Servidor Público
1968 Estadual implanta um serviço de estruturação no atendimento
domiciliar, pensando em diminuir a permanência naquele hospital.
Em 1986, na cidade do Rio de Janeiro, foi criada a primeira
1986 agência Home Care no Brasil. Ela impulsionou a aprovação da lei
nº 8080 de 19 de setembro do mesmo ano, que regulamentava a
assistência domiciliar gratuita através do SUS.
1994 Foi criada a Fundação de Home Care pela Volkswagen no Brasil.
As operadoras de plano de saúde descobrem o potencial da assistência domiciliar como
1995
forma de gestão em saúde. (SARMENTO, 2005).

Foi fundada a Associação das Empresas de Medicina Domiciliar –


1995
ABEMID.
Constituiu-se o NADI (Núcleo de Assistência Domiciliar
1996
Interdisciplinar) do Hospital de Clínicas de São Paulo.
Portaria Ministerial nº 2.416 – Define requisitos para o credenciamento de hospitais e
1998
critérios para a modalidade de internação domiciliar no SUS.

Ocorreu o I Simpósio Brasileiro de Assistência Domiciliar – SIBRAD.


1998
Com a expansão dos serviços de atendimento domiciliar, passou a existir a necessidade
de emissão de resoluções sobre a adequação dos profissionais para realização da função.
O Conselho Federal de Enfermagem, o Conselho Federal de Farmácia e, em 2003, o
2002
Conselho Federal de Medicina aprovam resoluções referentes à assistência domiciliar.

É criado o Núcleo Nacional das Empresas de Serviços de Atenção Domiciliar – NEAD,


2003
com a finalidade de contribuir com o fortalecimento da modalidade de Home Care no
Brasil.
Surgimento de vários SADs no SUS, de forma isolada, sob gestão
1994-2005
municipal e estadual.
É criada a Associação Brasileira de Empresas de Fisioterapia Domiciliar - ABRASFID. O
2014 objetivo da associação é reunir as empresas prestadoras de serviço, operadoras de saúde
e profissionais para debater ações em prol da assistência domiciliar.
Regulamentações no Brasil
São princípios do Sistema Único de Saúde que constam na Lei nº 8.080, de 19
de setembro de 1990..

Igualdade, universalidade e direito à informação.

Portaria Ministerial nº 2.416 – Define requisitos para o credenciamento de hospitais e


1998 critérios para a modalidade de internação domiciliar no SUS.

Portaria GM/MS nº 1.531– portadores de distrofia muscular progressiva poderão utilizar


2001 ventilação mecânica não invasiva em domicílio.
2002 Lei nº 10.424 – regulamenta a Assistência Domiciliar no SUS.

2002 SAS/MS nº 249 - estabelece a assistência domiciliar como modalidade a ser


desenvolvida pelo CR em Assistência à Saúde do Idoso.
O Conselho Federal de Medicina aprovou a Resolução nº
2003 1.668/2003 que dispôs sobre as técnicas necessárias à assistência domiciliar de
paciente, definindo as responsabilidades e a interface multidisciplinar neste tipo de
assistência.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) publica a Consulta Pública nº 81,
2003 de 10 de outubro de 2003, relacionada à prática da assistência domiciliar no Brasil.
A ANVISA publica a Resolução-RDC nº 11, que estipula as regras para o funcionamento
de serviços de saúde que prestam atendimento domiciliar. A partir da publicação da RDC
2006 nº 11, os serviços de saúde com atendimento domiciliar começaram a ser fiscalizados e,
consequentemente, mais bem estruturados, já que passaram a seguir normas de
funcionamento.
Portaria nº 2.529, institui a internação domiciliar no SUS - não foi regulamentada, sendo
2006 revogada em 2011.
Portaria nº 2.029 - Instituição da Atenção Domiciliar no âmbito do
2011 SUS.

2011 Portaria n º 2.527 - Redefine a Atenção Domiciliar no âmbito do SUS.

2011 Instituído formalmente o Programa Melhor em Casa.

2013 Portaria n° 963 - Redefine a Atenção Domiciliar no âmbito do SUS.


Portaria nº 1.208 - Dispõe sobre a integração do Programa Melhor em Casa (Atenção
2013 Domiciliar no âmbito do SUS) com o Programa SOS Emergências, ambos inseridos na
Resolução nº 474, de 20 de dezembro de 2016 - Normatiza a atuação da equipe de
2016 Fisioterapia na Atenção Domiciliar/Home Care.
Portaria nº 825 - Redefine a Atenção Domiciliar no âmbito do Sistema Único de Saúde
2016 (SUS) e atualiza as equipes habilitadas.
Artigos específicos das Portarias de Consolidação GM/MS nº 5 e nº 6, de 2017, que
consolidam as normas sobre as ações e os serviços de atenção domiciliar à saúde do
2017 Sistema Único de Saúde e
sobre o financiamento e a transferência dos recursos federais, respectivamente.
Publicadas várias portarias de habilitação de novas equipes do PMeC, com crescimento
2019-2021 do programa bem acima da média dos anos anteriores.
Com base no histórico, pode-se afirmar que,
inicialmente a população que tinha acesso à
Qual é o fisioterapia domiciliar era um público elitizado com
condições de financiar o tratamento em domicílio.
panorama Com o passar dos anos, as operadoras de saúde
passaram a enxergar os benefícios e a redução do
da Atenção tempo de recuperação quando o profissional
fisioterapeuta estivesse inserido no processo de
Domiciliar reabilitação.

no Brasil? A prestação de serviços domiciliares iniciou-se


com as clínicas credenciadas aos convênios. Com
a evolução do setor, houve a necessidade de
contratar empresas especializadas para a
assistência domiciliar, o que ocorreria
naturalmente, uma vez que a gestão domiciliar se
difere da gestão ambulatorial.
• Já no setor público, a Fisioterapia na atenção domiciliar, é contemplada por portarias e
diretrizes do Ministério da Saúde. Deste modo, o fisioterapeuta que se interessar pela
atenção domiciliar no sistema público deve compreender que a promoção de saúde e
prevenção de doenças são os pilares para a assistência, o que o coloca como profissional da
atenção primária. Entretanto, também pode trabalhar junto à reabilitação dentro do Serviço
de Atenção Domiciliar – Melhor em Casa, tornando- se membro importante neste processo
de transição.

• A expansão da Atenção Domiciliar tornou-se evidente no Brasil e no mundo, principalmente


durante e após a Pandemia relacionada à COVID 19. Uma forte evidência sobre isso é que o
censo encomendado pelo Núcleo Nacional das Empresas de Serviços de Atenção Domiciliar
(NEAD), realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), mostra que o
número de estabelecimentos home care cresceu 22,8% em 2019 em comparação ao ano
anterior e que continuou a crescer até 2022, conforme pode-se observar no gráfico abaixo.
Total de estabelecimentos em assistência
domiciliar no Brasil
• Do mesmo modo, após uma enquete entre os Serviços de Atenção Domiciliar
(SAD) ligados ao Programa Melhor em Casa, observou-se que houve aumento
importante na demanda dos serviços devido às condições pós-Covid-19. Portanto,
é fundamental redesenhar o sistema de saúde de forma a potencializar as
competências e intervenções de cada área dentro da RAS, para a plena
recuperação da pessoa acometida.

• Apesar de ainda não existirem dados oficiais mais recentes, nós já sabemos que
esse crescimento foi intensificado pela pandemia de COVID 19. Conforme pode
ser visto na tabela:
Abertura de vagas durante a pandemia (%)
março a agosto de 2019 x março a agosto de 2020

Cargo Crescimento (%)

Fisioterapeuta Respiratório 924%

Fisioterapeuta Hospitalar 900%

Médico Intensivista 450%


Enfermeiro de UTI 319%
Auxiliar de Enfermagem 300%
Técnico em Enfermagem 232%
Consultor Educacional 207%
Vendedor de e-commerce 162%

Atendente de e-commerce 161%

Operador de call center 148%


Gerente de e-commerce 76%
Supervisor de e-commerce 67%
E, embora a Pandemia da COVID 19 tenha se
tornando um divisor de águas em relação à
importância da Fisioterapia Domiciliar, é
importante ressaltar que muitas alterações
cinético- funcionais também podem ser
recuperadas em domicílio.
A Atenção Domiciliar proporciona ao paciente um
cuidado ligado diretamente aos aspectos
referentes à estrutura familiar, à infraestrutura do
domicílio e à estrutura oferecida pelos serviços
para esse tipo de assistência.

Os pacientes que precisam de equipamentos e


outros recursos de saúde e demandam maior
frequência de cuidado, com acompanhamento
contínuo, também podem ser assistidos pelo
Melhor em Casa.
Por que o fisioterapeuta
deve investir em
Atendimento Domiciliar?
Visto que o mercado de atendimento domiciliar está
em pleno crescimento, o profissional tem de estar
preparado e amparado para absorver a demanda.
A atenção domiciliar, além de ter uma
característica mais humanizada, pode demandar
a atenção dos três níveis de complexidade. Desse
modo, o fisioterapeuta domiciliar se encontra como
um dos principais profissionais de maior contato
com o paciente nesse setor, uma vez que possui
atribuições para baixa, média e alta complexidade.
A partir do momento em que trabalhe como um
promotor de saúde, desfechos positivos, não
somente a pacientes, mas também ao próprio
fisioterapeuta, como valorização profissional,
captação natural de pacientes e melhor
remuneração/qualidade de vida tornam-se
evidentes. Entretanto, se faz necessário entendere
compreender suas atribuições e aprimoramentos.
Transições e
Cuidados

O termo “desospitalização” era desconhecido


pela alta gestão da unidade hospitalar até
surgir a necessidade de proporcionar destino
digno aos usuários “residentes” no hospital e,
por conseguinte, melhorar a gestão dos leitos
hospitalares.
Desse modo, os Serviços de Atenção
Domiciliar (SADs) haviam sido substituídos por
um novo modelo assistencial na esfera
municipal, o que se revelou um enorme
desafio para a garantia de continuidade do
atendimento na transição do cuidado. Nesse
caminhar, o conceito tomou forma e robustez.
A desospitalização passou a ser um conceito a
ser dividido com os demais serviços, para a
construção de uma conexão positiva e
propositora de cultura a favor da saúde e da
cidadania do sujeito. Deixou de ser o simples
ato de transferir o cuidado do hospital para o
domicílio e passou a se organizar de maneira
integrada, multidisciplinar e coordenada em
rede, do momento da admissão hospitalar até
os cuidados de fim da vida.
Em 2019 o mundo se deparou com uma
pandemia (Covid-19) que, por sua vez,
aumentou consideravelmente a demanda
das internações hospitalares,
evidenciando ainda mais a importância
da assistência domiciliar, que liberou
leitos e proporcionou ao indivíduo a
assistência integral em domicílio.

O fisioterapeuta é um dos profissionais


que compõem a equipe multidisciplinar, é
o profissional do movimento, visa à
recuperação funcional dos pacientes,
assim como atua no retardo das
complicações decorrentes do imobilismo e
utilização de dispositivos invasivos.
Níveis de Atenção Domiciliar

AD está organizada em três modalidades (AD1, AD2 e


AD3), de acordo com as necessidades de cuidado
peculiares a cada caso, à periodicidade indicada das
visitas, à intensidade do cuidado multiprofissional e ao
uso de equipamentos.
(l). Atenção Domiciliar 1 (AD1): indicada para usuários com
estabilidade clínica e que disponham de cuidados satisfatórios pelos
cuidadores, requerendo cuidados com menor frequência e com
menor necessidade de intervenções multiprofissionais.
• (a). Equipe responsável: Atenção Básica, por meio de acompanhamento regular em
domicílio, de acordo com as especificidades de cada caso.
Níveis de Atenção
Domiciliar
(ll). Recuperação Funcional:
indicada para usuários com
estabilidade clínica e distúrbios
cinético-funcionais
cardiorrespiratórios e
neuromioarticulares, que
disponham de cuidados
satisfatórios pelos cuidadores,
requerendo cuidados
multiprofissionais da equipe de
reabilitação, oriundos da Atenção
Básica ou da Atenção Domiciliar
ou de procura espontânea. O
propósito visa evitar a internação
ou a reinternação hospitalar.
Níveis de Atenção Domiciliar

(lll). Atenção Domiciliar 2 (AD2): indicada para evitar a hospitalização ou


reinternação hospitalar, para usuários que apresentem as seguintes condições
clínicas:
(a)Afecções agudas ou crônicas agudizadas, com necessidade de cuidados
intensificados
e sequenciais, como tratamentos parenterais e/ou reabilitação;
(b)Afecções crônico-degenerativas, considerando o grau de comprometimento
causado pela doença, que demande atendimento no mínimo semanal;
OBS: Usuários “a e b” na AD2 podem ser triados e elegíveis para reabilitação
ambulatorial. (c)Necessidade de cuidados paliativos com acompanhamento
clínico no mínimo semanal, com o fim de controlar a dor e o sofrimento do
usuário; ou
(d) Prematuridade e baixo peso em bebês com necessidade de ganho ponderal.
Níveis de Atenção Domiciliar

(IV). Atenção Domiciliar 3 (AD3): indicada para o Programa de Internação


Domiciliar (PID), para usuários internados em enfermaria hospitalar, em
condições clínicas listadas na modalidade AD2, que necessitam de cuidado
multiprofissional equivalente à Linha de Frente Hospitalar, ou seja, em uso de
equipamento(s) ou agregação de procedimento(s) de maior complexidade.
Internação Domiciliar

É considerada Internação Domiciliar o atendimento continuado, em domicílio, realizado


quando o paciente apresenta estado de saúde que necessita de cuidados complexos e
específicos, tais como os que são ofertados em ambiente hospitalar, e que só podem ser
administrados por profissionais de saúde com formação e atribuições previstas em
regulamentação específica emitida por Conselho de Classe.

Deveres e funções:

Avaliar o domicílio e fazer sugestões de mudanças caso necessário;

Avaliar as necessidades do paciente para que sejam implementadas com segurança;

Avaliar se o paciente é elegível para atendimento domiciliar até ter condições de


atendimento ambulatorial (ganho funcional).
Avaliação Funcional: Musculoesquelética Neurofuncional
Cardiovascular Respiratório
Paliativo Geriatria
Pediatria Dermatofuncional
Musculoesquelética: Pacientes que sofreram
traumas por diversas causas; aqueles com
fraturas decorrentes de quedas e pós-
operatório de intervenções osteomusculares.

Neurofuncional: Indivíduos acometidos por


patologias neurológicas, sejam elas
decorrentes de traumas, doenças congênitas,
doenças neuromusculares ou situações
cardiovasculares.

Cardiovascular: Pacientes acometidos por


patologias cardiovasculares, sejam elas
decorrentes de doenças congênitas,
insuficiência cardíaca, doenças arteriais
coronarianas e por pós- operatório de
cirurgias cardiovasculares.

Respiratória: Indivíduos acometidos por


patologias pulmonares, decorrentes de
doenças congênitas, doenças obstrutivas,
doenças restritivas e de pós-operatório de
cirurgias pulmonares.
Cuidados paliativos: Diferenciam-se fundamentalmente do cuidado curativo
por focarem no cuidado integral, através da prevenção e do controle de sintomas,
para todos os pacientes que enfrentam doenças graves, ameaçadoras da vida -
conceito que também se aplica a familiares, cuidadores e equipe de saúde e seu
entorno, que adoecem e sofrem junto.

Geriatria: Patologias relacionadas ao envelhecimento e por disfunções


decorrentes de fatores de risco como quedas, por exemplo. A geriatria tem um
caráter multidimensional, avaliação que foca o aspecto clínico, psicossocial e
funcionalidade.

Pediatria: Patologias relacionadas ao desenvolvimento psicomotor,


por disfunções e síndromes hereditárias, ou por situações decorrentes de
fatores de risco.

Dermatofuncional: Pacientes acometidos por lesões por pressão, decorrentes


de síndrome do imobilismo; por recuperação cicatricial de incisuras pós-cirúrgicas,
etc.

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