03 - Pedologia

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GEOGRAFIA BACHARELADO & LICENCIATURA

PEDOLOGIA

RONALDO LUIZ MINCATO


Composição geral do solo
Perfil de solo
Morfologia do perfil de solo
Características do solo
Fatores de formação do solo
SÓLIDOS

POROS

ESQUEMA DA COMPOSIÇÃO DO HORIZONTE A DE UM SOLO EM


BOAS CONDIÇÕES PARA O CRESCIMENTO DE PLANTAS. O
CONTEÚDO DE AR E ÁGUA DOS POROS É VARIÁVEL.
COMPONENTES DO SOLO

ESQUEMA DA
COMPOSIÇÃO DO
HORIZONTE A DE UM
SOLO EM BOAS
CONDIÇÕES PARA O
CRESCIMENTO DE
PLANTAS. O CONTEÚDO DE
AR E ÁGUA DOS POROS É
VARIÁVEL.

Composição volumétrica típica de um solo (Lepsch, 2013).


PERFIL E HORIZONTES DO SOLO

HORIZONTE é uma seção de composição mineral ou


orgânica, geralmente, paralela à superfície, que possui
propriedades geradas pelos processos formadores do
solo. O CONJUNTO DE HORIZONTES e/ou camadas que
vão desde a superfície até a rocha é denominado
PERFIL DO SOLO. Apresenta basicamente os seguintes
horizontes principais: O, A, E, B e C (Lepsch, 2013).
PERFIL DO SOLO

O solo é um corpo natural


ORGANIZADO, cujo estudo é
feito através de descrição e
análise dos horizontes que
constituem o perfil do solo.
PERFIL DO SOLO

PERFIL DO SOLO: Conjunto de horizontes num corte vertical que vai da superfície
até o material semelhante que deu origem ao solo.
PERFIL DO SOLO
HORIZONTE O: orgânico superficial, com restos vegetais e
substâncias húmicas, onde não acumula água (drenada).
Visível em floresta. De cor escura e com cerca de 20% de M.O.
HORIZONTE A: camada mineral superficial adjacente à camada
O. De grande atividade biológica, coloração escura (M.O.).
HORIZONTE E: Horizonte mineral com acumulo de húmus.
HORIZONTE B: camada mineral abaixo dos horizontes A e E.
Menor quantidade de M.O. e acúmulo de compostos de ferro e
argilo-minerais. Concentra minerais resistentes, como quartzo
em pequenas partículas (areia e silte). Bom desenvolvimento
estrutural.
Horizonte C: camada mineral inconsolidada, pouco afetada por
processos pedogenéticos (saprólito).
Horizonte R: camada mineral consolidada, constitui substrato
rochoso (contínuo ou praticamente contínuo), a não ser pelas
poucas fendas que pode apresentar (rocha / bedrock).
ESPECIFICIDADES HORIZONTES DOS PERFIS DE SOLOS

Perfil de um solo completo: 5 horizontes principais (O, A, E, B e C);

Horizontes são subdivididos e identificados segundo seus diferentes


tipos: Para isso une-se aos nomes algarismos e letras.

Letras indicam diferentes tipos de um certo horizonte e os


algarismos indicam subdivisões de um mesmo horizonte;

Ex.: Oo e Od são diferentes tipos de horizonte O

Na parte mais superficial do horizonte O predominam detritos recém


caídos, não decompostos (sub-horizonte Oo) que repousam sobre
detritos mais antigos já decompostos ou em estado de fermentação
(sub-horizonte Od), popularmente conhecido como Terra Vegetal
EXEMPLOS
DE PERFIS
DE SOLOS
H
O
R
I
Z
O
N
T
E
S
D
O
S
O
L
O
www.escola.agrarias.ufpr.br/perfildosolo.html

O horizonte A possui cor mais escura, pois existe mais matéria orgânica, restos animais e
vegetais decompostos. Porém o horizonte A não é um solo orgânico, pois predomina matéria
mineral em sua composição. O horizonte B normalmente tem cor avermelhada ou amarelada
www.escola.agrarias.ufpr.br/perfildosolo.html

Na foto ao lado é possível


observar um solo que não
apresenta o horizonte B,
mas apenas o horizonte A
sobre a rocha (camada R)
SOLO RESIDUAL www.cprm.gov.br/.../setebarras.htm

Município de Sete Barras (SP): perfil de solo residual no talude de corte da estrada com 10
m de altura. Trata-se de um solo profundo mas não muito evoluído. No horizonte C ainda
pode-se notar feições das estruturas da rocha de origem, que é um migmatito de
paleossoma gnáissico básico e que se encontra penetrado por muitos veios de quartzo.
Nos horizontes superiores são freqüentes as erosões em ravinas.
www.cprm.gov.br/.../setebarras.htm

Município de Sete Barras (SP): detalhe da estruturação da rocha alterada descrita no slide
anterior, onde se pode observar porções de solos pouco evoluídos e com colorações
diferentes. Isso se deve à variação composicional dos diferentes tipos de rochas que
compõem as rochas migmatíticas.
www.cprm.gov.br/.../setebarras.htm

Município de Sete Barras (SP): talude


de corte com cerca de 7 m de altura e
com exposição de solo residual de
rochas gnaisse-migmatíticas. Mais ou
menos 4 m do talude são sustentados
pelo horizontel C. O restante pelo
horizonte B, o qual é argiloso, de cor
amarelada, que está fendilhado e
desmorona com facilidade no talude
de corte. O uso do solo é de
pastagem e plantação de banana.
www.cprm.gov.br/.../setebarras.htm

Município de Sete Barras (SP): corte de talude de estrada com 5 m de altura expondo
metassedimentos bandados, finamente laminados, bastante alterados e capeados por um
solo residual, com espesso horizonte B contendo sulcos de erosão, aparentemente, por
consequência da existência de argilominerais expansivos.
www.cprm.gov.br/.../setebarras.htm

Município de Sete Barras (SP): material saprolítico de rochas migmatíticas,


aparentemente derivadas da fusão de seqüência metavulcanossedimentar. Material
sustenta um talude de corte de estrada com aproximadamente 3 m de altura.
MORFOLOGIA OU ANATOMIA DO SOLO

MORFOLOGIA: Estudo da forma dos objetos na botânica,


zoologia e medicina e se expandiu ciências naturais e se
expandiu pelas ciências naturais;

OBJETO DA MORFOLOGIA: Descrição padronizada dos objetos;

MORFOLOGIA DO SOLO: estudo de sua aparência no meio


natural e descrição macroscópica dessa aparência (visíveis a
olho nu) ou prontamente perceptíveis;

Morfologia do solo é normalmente complementada com


análises laboratoriais (quantitativas).
Antes das análises laboratoriais é primordial e essencial
que os estudos das formas de um solo sejam realizados no
campo, antes da coleta das amostras para análises:

EQUIPAMENTOS PARA COLETA DE AMOSTRAS DE


SOLOS: Mapa ou GPS; Caderneta de campo; Lápis; Caneta
com tinta não lavável; Sacos plásticos limpos; Martelo de
geólogo (rochas moles); Tabela de cores; Faca; Borrifador
de água (pisseta); Fita métrica; Etiquetas; Pá de jardineiro,
Pá reta e, sendo possível, Máquina fotográfica

Várias características são observadas na descrição


morfológica do perfil: cor, textura, estrutura, consistência e
espessura dos horizontes.
CARACTERÍSTICAS DO SOLO
COR
 Tons de marrom, até preto, vermelho, amarelo, acinzentado. Cor
depende: material de origem, posição na paisagem, teor de matéria
orgânica, mineralogia, entre outros.

 Quanto mais M.O. mais escura a cor do solo  pode indicar


fertilidade ou más condições de decomposição da M.O.
 Tonalidades avermelhadas ou amareladas estão associadas aos
diferentes tipos de óxidos de ferro.
 Solos com muito quartzo na fração mineral apresentam coloração
clara.
 Solos com baixa capacidade de drenagem, isto é, com excesso de
água, a cor é acinzentada. Os óxidos de ferro são levados para o
lençol freático. A cor branca a acinzentada é devido à presença de
silicatos na fração argila do solo.

COR É UMA CARACTERISTICA SUBJETIVA 


Cartela de Cores de MUNSELL foi definida na Inglaterra como padrão
internacional de codificação de cores. Funciona pelo princípio do prisma de
cores apresentadas sob incidência de luz.
A anotação da cor do solo é feita por comparação e uma vez achando-se a tonalidade
mais próxima, anota-se os 3 elementos básicos que compõem uma determinada cor:
MATIZ: cor pura ou fundamental do arco-íris (vermelho, amarelo, etc.);

VALOR: Grau de claridade da luz ou tonalidade de cinza (entre branco e preto) (Varia
de zero (preto) a dez (branco);

CROMA: proporção de mistura da cor fundamental (matiz) com a tonalidade de cinza,


variando de zero a dez (valor);

Os matizes usados estão entre R (red), significando 100% de vermelho; Y (yellow),


100% de amarelo e YR (yellow – red), 50% de amarelo e 50% de vermelho.

Exemplo: 10R 3 / 4 = VERMELHO ESCURO. Onde:


10R é o MATIZ indicador da cor vermelha fundamental
A fração 3 / 4, que o vermelho está misturado com o VALOR 3 (cinza
composto de 3 partes de preto e 7 de branco) e
CROMA 4 indica que o vermelho contribui em 4 partes e o cinza em 6
MATIZ (HUE)

Sistema de cores de
MUNSELL em
saturação máxima
SISTEMA DE CORES DE MUNSELL: ordenamento de cores uniforme que
possibilita um arranjo tridimensional das cores num espaço cilindrico de três
eixos e que permite especificar uma determinada cor através de três dimensões.

Foi criado pelo Prof.


Albert H. Munsell na
primeira década do
século XX e é usado
ainda hoje na agronomia
e pedologia.
TEXTURA
Tamanho relativo das partículas: granulométrica.
Partículas menores que 2 mm de diâmetro (AREIA, SILTE e ARGILA), são de maior
importância, pois propriedades físicas e químicas da porção mineral do solo
dependem das mesmas.

Três frações menores para caracterizar a textura, a partir de peneiras padrões (solos
granulares).

No caso de solos silto-argilosos, usa-se o densímetro ou a pipetagem.

PARA A DETERMINAÇÃO TEXTURA, temos as seguintes frações granulométricas:

Classificação Escala segundo a ABNT


Argila menor que 0,002 mm
Silte entre 0,06 e 0,002 mm
Areia entre 2,0 e 0,06 mm
Pedregulho entre 60,0 e 2,0 mm
SOLOS ARENOSOS caracterizam-se pela
boa aeração o que ajuda na penetração da
água e no desenvolvimento de raízes de
plantas. Além disso, são de fácil mecanização
apesar do desgaste que eles podem causar
às máquinas devido ao atrito.

SOLOS SILTOSOS, com grande quantidade


de silte, geralmente são muito erodíveis. O
silte não se agrega como a argila e ao
mesmo tempo suas partículas são muito
pequenas e leves.
SOLOS ARGILOSOS não são tão aerados, mas possibilitam um grande
armazenamento de água. Logo, são menos permeáveis, ou seja, a água
passa mais lentamente entre os poros ficando então armazenada. Porém,
existem alguns solos brasileiros que mesmo sendo compostos em sua
maioria por argila, diferem-se por apresentar grande permeabilidade. Isto,
devido a composição com grande quantidade de óxidos de alumínio
(gibbsita) e de ferro (goethita e hematita).
TEXTURA do solo depende da proporção de areia, silte ou argila na sua
composição. Dependendo dessa proporção, a textura pode influenciar na:

1) taxa de infiltração da água;


2) armazenamento da água;
3) aeração;
4) facilidade de mecanização;
5) distribuição de determinados nutrientes (fertilidade do solo).
Conjunto de peneiras em
dispositivo vibratório para
separação das diferente frações
granulométricas Classificação granulométrica dos
solos
ESTRUTURA
Uma das mais importantes características físicas do
solo, pois influencia no crescimento das raízes, no
movimento da água e do ar e na atividade microbiana.

Fatores climáticos, ciclos de umidade e secagem,


atividade biológica e atividade humana (práticas de
manejo) podem modificá-la ao longo do tempo.
AGREGADOS são organizações de partículas em
pequenos grupos que definem a estrutura do solo.

Os agregados se devem à ação de substâncias que


GRUDAM PARTÍCULAS UMAS ÀS OUTRAS, denominadas
agentes cimentantes (materiais orgânicos, óxidos de ferro
e de alumínio, carbonatos ou principalmente sílica e
argila). Esses agregados podem, por sua vez, se juntar
formando conjuntos maiores que podem ser de diferentes
tipos: esferas, blocos, colunas, prismas ou lâminas.
ESTRUTURA GRANULAR: o formato das unidades estruturais
aproxima-se da esfera. Por isso, o contato entre elas se dá em
poucos pontos fazendo com que restem muitos espaços entre as
unidades. Na estrutura granular a POROSIDADE DO SOLO TENDE
A SER MAIOR, facilitando tanto a percolação da água quanto as
trocas gasosas do solo com a atmosfera, garantindo melhor
aeração.

ESTRUTURA EM BLOCOS: angulares ou com os cantos


arredondados, ocorre um maior contato entre as superfícies. Isso
de certa forma REDUZ O FLUXO DE ÁGUA NO SOLO. Também
vale para as estruturas prismáticas (colunar - extremidade
superior arredondada e prismática - extremidade superior plana),
onde as unidades se ajustam ao longo de um eixo vertical.

ESTRUTURA LAMINAR: unidades estruturais são orientadas pelo


seu eixo horizontal, que DIFICULTA O FLUXO DE ÁGUA E AS
TROCAS GASOSAS através do solo. A disposição de argila e silte
em lâminas são facilmente perceptíveis em fundos de poças,
lagos e bacias de captação de enxurradas quando secas.
CONSISTÊNCIA
Influência da coesão e de adesão nos constituintes do solo, de
acordo com a umidade.
Coesão: atração entre partículas sólidas
Adesão: atração entre partículas sólidas e a água.
DURO QUANDO SECO E PEGAJOSO QUANDO MOLHADO.

POROSIDADE
Relação entre o VOLUME DE VAZIOS E O VOLUME TOTAL DE
SOLO. Divide-se em micro e macro porosidade. Variação deve-se
à forma e ao imbricamento (arranjo) dos grãos.

PERMEABILIDADE
Maior ou menor facilidade de PERCOLAÇÃO DA ÁGUA NO
SOLO. A permeabilidade é influenciada pelo tamanho e arranjo
das partículas, e pela sua porosidade.
FATORES DE
FORMAÇÃO
DO SOLO
ROCHA FONTE: UNIDADES GEOLÓGICAS QUE ORIGINAM OS SOLOS NO BRASIL
Granito
Granito

http://www.uwm.edu/Course/422-100/Mineral_Rocks/igrox.index.html

Basalto

http://www.uwm.edu/Course/422-100/Mineral_Rocks/igrox.index.html
Variação de cor e textura do solo de acordo com o material de origem
Principais zonas climáticas do Terra que coincidem com áreas de
diferentes tipos de intemperismo.
ACIDÓLISE: Intemperismo que ocorre quando as soluções aquosas do solo
são suficientemente ácidas (pH<5,5) para provocar a dissolução total ou
parcial dos minerais.

No Brasil, a ACIDÓLISE não é um fenômeno comum na formação de solo.


Calcula-se que não mais de 2% de nosso solo seja originado de processos
onde a acidólise joga um papel importante.

ACIDÓLISE é mais comum em climas frio, onde a decomposição da matéria


orgânica não é completa, levando à formação de ácidos orgânicos e turfas.

Quando as soluções formadas por este ácidos orgânicos possuem pH<3, o


feldspato potássico é totalmente dissolvido, levando à lixiviação de todos seus
elementos químicos:

KAlSi3O8 + 4H+ + 4H2O → 3H4SiO4 +K+ + Al3+


Nestas condições, o solo será enriquecido em minerais resistentes como o
quartzo, zircão e outros.

Com ph <5,5 e >3,0, a reação leva á formação de argilas esmectitas:


9KAlSi3O8 + 32H+→ 3Si3,5Al0,5O10Al2(OH)2 + 1,5Al3+ + 9K+ + 6,5H4SiO 4
Influi na profundidade do solo, erosão, cor, pH
O relevo e a distribuição da água
Principais
domínios de
vegetação do
Brasil (IBGE,
1996)
ROCHA FONTE: UNIDADES GEOLÓGICAS QUE ORIGINAM OS SOLOS NO BRASIL

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