Política Macroeconômica
Política Macroeconômica
Política Macroeconômica
Compreender as políticas fiscal e monetária e seus impactos no equilíbrio nos mercados monetário e de
bens e serviços e, ainda, como interagem com a demanda agregada. Entender a diferença entre curto e
longo prazos na economia e como as curvas da demanda agregada reagem de forma distintas em cada um
desses horizontes de tempo.
Prof.ª Mariana Stussi Neves
1. Itens iniciais
Propósito
O estudo do funcionamento da economia como um todo, através da análise macroeconômica, permite
compreender o comportamento de variáveis essenciais para o bem-estar social, como desemprego, inflação e
crescimento econômico, além de equipar o aluno para analisar políticas que buscam afetar essas variáveis.
Objetivos
• Construir as curvas de oferta e demanda agregada para diferentes horizontes de tempo.
• Identificar os diferentes equilíbrios na economia e entender o impacto de alterações nas políticas fiscal
e monetária.
Introdução
Por que às vezes é difícil conseguir emprego? Por que os telejornais passam tanto tempo falando da taxa de
juros definida pelo Banco Central? Como lidar com um aumento generalizado de preços na economia?
Essas questões dizem respeito à política macroeconômica, um conjunto de ferramentas central em qualquer
sociedade moderna. Estudaremos inicialmente os fundamentos teóricos da Macroeconomia, o que nos
permitirá discutir o impacto dessas políticas.
1. Curvas de oferta e demanda
Em geral, o crescimento da economia é medido pelo Produto Interno Bruto (PIB) de um país. O crescimento é
mais alto em uns anos do que outros, e, quando a economia sai do trilho, o crescimento passa a ser negativo,
ou seja, há redução do PIB. Flutuações no PIB estão muito associadas a flutuações no emprego.
Exemplo
Quando passamos por uma recessão, a economia passa por um período de produção decrescente e
desemprego crescente.
Não é preciso ser economista para perceber que o crescimento econômico não é estável e que, às vezes, é
negativo, como foi durante a recessão de 2014-16 e os impactos da covid-19. Mas, como se define uma
recessão? Há definições distintas, como:
Existe uma regra técnica que define recessão a partir do momento em que o PIB de um país cai por
dois trimestres consecutivos.
Já o Codace considera que existe recessão quando é observada uma queda generalizada no nível de
atividade econômica, independentemente de haver dois trimestres negativos de PIB. A explicação para isso é
que muitas vezes o PIB é afetado por algum setor específico, e não reflete a dinâmica da economia como um
todo. Assim como o PIB reflete a dinâmica de diferentes setores da economia, ele também é uma soma de
seus diversos componentes, refletindo-os, portanto. Ele é composto por quatro componentes de despesa:
Codace
Comitê de Datação de Ciclos Econômicos da Fundação Getúlio Vargas, é uma organização independente
criada com a finalidade de determinar a referência cronológica para os ciclos econômicos brasileiros.
1. Consumo
2. Investimento
3. Compras do Governo
4. Exportações Líquidas
Nesses componentes, os ciclos econômicos também acabam se tornando aparentes, sendo alguns mais
voláteis que outros, tal qual o investimento. Ademais, os ciclos são visíveis nos dados que descrevem as
condições do mercado de trabalho.
O desemprego cresceu durante a recessão de 2014-16 e após a covid-19. Ao olhar para outros indicadores de
mercado de trabalho, vamos notar trajetórias semelhantes. Quando há declínio na atividade econômica, torna-
se mais difícil encontrar uma vaga de emprego.
Essa relação negativa entre produto e desemprego é chamada pelos economistas de Lei de Okun. Essa lei
torna evidente que os determinantes do ciclo econômico de curto prazo são diferentes dos determinantes de
longo prazo. Quando trabalhou no Comitê de Conselheiros Econômicos do presidente John Kennedy
(1968-1969), o economista norte-americano Arthur Okun (1928-1980), ex-professor de Yale e ex-membro do
Instituto Brookings em Washington D.C., propôs uma teoria que relaciona inversamente o PIB e o desemprego.
Sua evidência foi a de que, nos EUA, para um aumento de 1% na taxa de desemprego, comparativamente à
sua taxa natural, o produto crescia 2%, comparativamente ao seu PIB potencial.
Essa teoria propõe, então, que haja uma relação inversamente proporcional entre o hiato de produto (PIB
efetivo, menos o PIB potencial) e o hiato da taxa de desemprego [taxa de desemprego efetiva (u), menos a
taxa de desemprego natural, <math xmlns="http://www.w3.org/1998/Math/MathML">
<mo stretchy="false">(</mo>
<msup>
<mi>u</mi>
<mi>N</mi>
</msup>
<mo stretchy="false">)</mo>
</math>]. Em termos matemáticos, sendo α uma constante positiva, essa teoria pode ser expressa da
seguinte forma:
Em outras palavras, no curto prazo, quando a economia está aquecida (hiato do produto é positivo), as firmas
contratam mais e a taxa de desemprego efetiva diminui (hiato da taxa de desemprego é negativo). Quando
está desaquecida, por sua vez, ocorre o inverso.
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No longo prazo, os preços são flexíveis e No curto prazo, os preços são mais
reagem a mudanças na oferta e na rígidos e permanecem “fixos" em um
demanda. nível determinado por algum tempo.
Como os preços se comportam de forma diferente no curto e no longo prazo, eles também reagem de maneira
diferente a mudanças econômicas, sejam elas choques externos ou alterações na política econômica.
3 - Empresas 4 - Mercados
As empresas não alteram os salários de seus Os mercados não mudam as etiquetas de seus
funcionários de pronto. produtos.
A maior parte dos preços demora um certo período de tempo para se alterar. No longo prazo, no entanto,
esses preços se ajustam lentamente, respondendo a essas alterações de política econômica ou a choques. A
rigidez temporária dos preços sugere que o impacto no curto prazo decorrente de uma variação na oferta
monetária difere do impacto no longo prazo.
Desse modo, um modelo que deseje capturar a dinâmica dos preços no curto prazo deve levar em
consideração essa rigidez. Veremos mais adiante que variáveis reais como produto e emprego sofrerão algum
ajuste no curto prazo, uma vez que os preços não se adequam rapidamente. Isso significa que as variáveis
nominais poderão influenciar as variáveis reais enquanto durar o período no qual os preços se mantiverem
rígidos.
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Demanda agregada
Na Teoria Macroeconômica Clássica, supõe-se que os preços se ajustam para garantir que a quantidade
demandada de produto seja igual à quantidade ofertada. A oferta de bens e serviços, por sua vez, depende
da capacidade de produção da economia e está atrelada às ofertas de capital e de mão de obra, além da
tecnologia disponível para a produção.
Quando os preços são rígidos, no entanto, esse ajuste de preço não pode ser realizado. Assim, o produto
depende também da demanda por bens e serviços. Já a demanda depende de uma série de fatores, como:
Consumidores Investidores
Fiscal Monetária
Para melhor compreender como esses fatores influenciam a demanda, vamos introduzir o conceito de
demanda agregada. Demanda agregada (DA) é a relação entre a quantidade de produto demandada e o nível
de preços agregado da economia. O nível de preços, por sua vez, é uma medida de preços globais de um
conjunto determinado de bens e serviços — nesse caso, da economia como um todo.
Resumindo
Assim, a demanda agregada aponta para a quantidade de bens e serviços que as pessoas desejam
adquirir para cada nível de preços.
A oferta monetária é o valor total de dinheiro disponível em uma economia em um determinado período do
tempo. A velocidade da moeda é simplesmente a frequência média com que uma unidade de moeda (por
exemplo, um real) troca de mãos em uma transação econômica.
Supondo que a velocidade da moeda seja constante, essa equação diz que a oferta monetária determina o
valor nominal do produto PY. Partindo do pressuposto de que a quantidade de moeda ofertada M é fixada
pelo Banco Central, então a equação quantitativa enuncia uma relação negativa entre preços P e quantidade
de produto Y. De outra maneira:
As barras sobre as variáveis indicam que elas assumem valores fixos. Para manter o lado esquerdo da
equação constante, P e Y precisam ter uma relação negativa entre si: Se o preço aumenta, o produto diminui.
A próxima imagem mostra um gráfico para combinações de P e Y que satisfazem essa equação para uma
dada velocidade da moeda V e oferta monetária:
Combinações de P e Y
A curva com inclinação negativa é conhecida como curva de demanda agregada. Assim, a oferta monetária M
e a velocidade da moeda V determinam o valor nominal do produto PY. Como PY é uma constante, quando P
aumentar, Y deve diminuir, e vice-versa.
A intuição econômica por trás dessa igualdade é que, uma vez determinada a oferta monetária, ela estabelece
o valor de todas as transações da economia em moeda corrente.
Se o nível de preços aumenta, todas as transações exigirão uma quantidade maior de moeda
corrente para ocorrer, de modo que o número de transações caia e, por consequência, a quantidade
de bens e serviços adquirida também.
Também podemos analisar a inclinação negativa da curva de demanda agregada sob outra ótica: quanto
maior o montante do produto, maior o número de transações realizadas pelas pessoas, assim a necessidade
de moeda corrente passa a ser mais alta. Em outras palavras, há uma demanda por encaixes monetários reais,
M/P, mais alta.
Encaixes monetários reais é o nome dado ao termo correspondente à razão de quantidade de moeda M sobre
o nível de preços P.
Resumindo
Porque não faz diferença ter o dobro do dinheiro se os preços forem duas vezes maiores. O que
interessa é o poder de compra da moeda, e não só o número impresso em uma cédula.
Uma vez que a oferta monetária M é constante, um encaixe real mais alto significa um nível de preços mais
baixo. Analogamente, uma demanda por encaixes reais mais baixos por conta de menos transações implica
um nível de preços mais alto.
Suponha que o Banco Central aumente a oferta monetária. Pela equação quantitativa da moeda, um aumento
de M deve provocar um aumento proporcional do valor nominal do produto PY.
Comentário
Para qualquer nível de preços, o montante de produto passa a ser maior, assim como para qualquer
montante de produto, o nível de preços passa a ser mais alto.
Dessa forma, há um deslocamento da curva de demanda agregada para a direita e para cima, ou para fora. O
painel (a) da figura mostra essa dinâmica.
Deslocamentos da DA por um aumento em M
Do mesmo modo, o mecanismo contrário também ocorre. Se o Banco Central decide reduzir a oferta
monetária, o montante de produto para qualquer nível de preços passa a ser menor e, para qualquer montante
de produto, o nível de preços se torna mais baixo. Nesse caso, a curva de demanda agregada se desloca para
baixo e para a esquerda, ou para dentro. O painel (b) da figura exibe esse deslocamento.
Embora seja responsável por alguns dos deslocamentos da demanda agregada, a oferta de moeda não é o
único fator que pode causar esse efeito. Mudanças na velocidade da moeda, por exemplo, também podem
deslocar a demanda agregada, na mesma lógica da equação quantitativa da moeda. Contudo, é importante ter
em mente que a TQM é uma simplificação da teoria para se compreender a curva de demanda agregada.
Como veremos em outro módulo, oscilações na oferta monetária ou na velocidade da moeda não são a única
fonte de oscilação na demanda agregada. A realidade é bem maisagregada complexa.
Demanda agregada
Neste vídeo, vamos entender como a demanda agregada, influenciada por consumidores, investidores,
políticas fiscais e monetárias, determina a quantidade de bens e serviços desejados em diferentes níveis de
preços.
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Oferta agregada
Curto e Longo Prazo
No curto prazo, em que há a existência de contratos e preços rígidos, a demanda poderá afetar o produto.
Como a oferta é totalmente elástica (horizontal), um aumento da demanda alterará apenas a quantidade
produzida, mantendo-se constante o preço.
Considerando que, no curto prazo, as empresas não operam a pleno emprego, ou seja, há disponibilidade de
fatores produtivos, o produto é capaz de aumentar caso haja aumento da demanda agregada. Essa teoria era
definida por Keynes, que afirmava que o que iria determinar a oferta por bens e serviços era a demanda
agregada.
Segundo Blanchard (2017), essa mudança na demanda poderia ser provocada por mudanças na confiança do
consumidor, por exemplo. Por isso, diz que a teoria de Keynes é uma teoria de curto prazo. Quando a curva de
oferta é horizontal ou totalmente elástica, diz-se que se trata da curva de oferta Keynesiana – caso extremo.
É possível se deparar com uma curva de oferta assim crescente, em que uma elevação da demanda agregada
provoca elevação tanto da quantidade quanto dos preços. Ela pode ser considerada também uma curva de
oferta de curto prazo Keynesiana, denominada curva de oferta Keynesiana básica.
(Froyen, 2010)
No longo prazo, em que há a existência de contratos que podem ser ajustados e os preços podem ser
alterados, o produto será função do estoque de fatores de produção, ou seja, a demanda não será mais capaz
de alterar o nível de renda e produto da economia. Assim, a oferta será função do estoque de fatores
produtivos, e não mais da demanda. A oferta será totalmente inelástica (vertical).
Considerando que, no longo prazo, as empresas operam no pleno emprego, ou seja, todos os fatores de
produção são plenamente utilizados, a elevação da demanda agregada não será capaz de elevar a quantidade
produzida, forçando uma elevação de preços. Portanto, a curva de oferta é inelástica aos preços (vertical) e
apenas mudanças em fatores ligados à oferta seriam capazes de alterar a quantidade de produto da
economia. Essa curva representa a oferta para os clássicos.
Conclui-se que:
• Curto prazo, em macroeconomia, é o período em que os preços são rígidos e nem todos os fatores de
produção podem ser ajustados.
• Longo prazo, em macroeconomia, é quando os preços são flexíveis e todos os fatores de produção
podem ser ajustados para alcançar o pleno emprego.
Note que o nível de preços P não entra na função de produção, ou seja, não é um insumo: consequentemente,
não afeta o montante de produto Y. Essa função deriva do modelo clássico, que descreve como a economia se
comporta no longo prazo. De acordo com esse modelo, o produto não depende do nível de preços.
Sozinha, a curva de demanda agregada não diz em que ponto a economia se encontra, isto é, qual o nível de
preços vigente e o montante de produto correspondente. Ela mostra apenas uma relação entre essas duas
variáveis. Todavia, existe outra curva que também apresenta uma relação entre P e Y que cruza a curva de
demanda agregada: a chamada curva de oferta agregada.
Essas curvas determinam de forma conjunta o nível de preços P e a quantidade de produto Y da economia, e a
interseção entre elas indica em que ponto a economia está.
A oferta agregada (OA) é a relação entre a quantidade de bens e serviços ofertada e o nível de preços da
economia.
Atenção
Dado que os bens e serviços ofertados têm preços flexíveis no longo prazo e preços rígidos no curto
prazo, a oferta agregada depende do horizonte de tempo que está sendo analisado.
Desse modo, pode-se dizer que existem duas curvas de oferta agregada: a oferta agregada de longo prazo
(OALP) e a oferta agregada de curto prazo (OACP).
Como explicado, no longo prazo, a capacidade de oferta de bens e serviços da economia depende dos
montantes fixos de capital e mão de obra e da tecnologia disponível para a produção. Formalmente:
Essa equação indica que o produto Y é uma função do montante fixo de capital e do montante fixo de
trabalho . Como ambos os insumos são fixos, o produto também será fixo.
Relembrando
A barra superior indica que a variável assume um valor fixo.
Note que o nível de preços P não entra na função de produção, ou seja, não é um insumo: consequentemente,
não afeta o montante de produto Y. Essa função deriva do modelo clássico, que descreve como a economia
se comporta no longo prazo. De acordo com esse modelo, o produto não depende do nível de preços.
Se o produto é fixo no longo prazo e não depende do nível de preços, a curva de oferta agregada será uma
linha reta vertical cujo intercepto no eixo do produto é o montante de produto fixo .
A imagem, a seguir, mostra a curva de oferta agregada do longo prazo (OALP) cruzando a curva de demanda
agregada (DA).
Oferta agregada de longo prazo (OALP) e Demanda agregada (DA)
Dado que a curva de oferta agregada do longo prazo é uma linha vertical, então um deslocamento da curva de
demanda agregada não afetará a quantidade de produto Y, mas apenas o nível de preços P.
Se a oferta monetária aumenta, por exemplo, e a curva de DA se desloca para fora, como mostra a imagem a
seguir, o que ocorre?
O ponto de cruzamento das duas curvas muda do ponto A para o ponto B, aumentando o nível de preços.
Desse modo, oscilações na demanda agregada afetam apenas os preços no longo prazo.
A oferta agregada de longo prazo vertical satisfaz a chamada dicotomia clássica, de acordo com a qual
variáveis nominais não afetam variáveis reais, afinal, o nível de produto não depende da oferta monetária. O
nível do produto no longo prazo é chamado de nível natural do produto ou nível do produto de pleno
emprego, que é o ponto da economia no qual a taxa de desemprego está em seu nível natural, ou, de outro
modo, os recursos da economia estão plenamente empregados.
No entanto, esse é o caso apenas do longo prazo. No curto prazo, o modelo clássico não se aplica. Como há
rigidez de preços no curto prazo, a curva de oferta agregada de curto prazo não é vertical.
Vamos tomar como exemplo o caso extremo: todos os preços são fixos no curto prazo e vamos supor a
seguinte situação:
1
1
É muito caro para os restaurantes trocarem seus menus.
2
2
As empresas não possuem capital para alterar os salários de seus empregados.
3
3
É muito custoso para os mercados mudarem suas etiquetas.
Posto isso, todos os preços estão fixados em valores predeterminados. A esses preços, os produtores ofertam
a quantidade que os consumidores estiverem dispostos a comprar, e utilizam a quantidade exata de capital e
mão de obra para produzir aquela quantidade.
Obviamente, isso é apenas uma simplificação e não representa a realidade em toda a sua complexidade. Mas,
por ora, vamos analisar este modelo: se o nível de preços é completamente rígido, isso significa que ele não
muda. Assim, a curva de oferta agregada do curto prazo é uma reta horizontal. O gráfico da próxima imagem
mostra esse caso.
No curto prazo, um deslocamento para fora da curva de demanda agregada ocasionado por uma ampliação
da oferta monetária deslocada não altera o nível de preços, como ilustra a imagem a seguir. A economia passa
do ponto inicial A para o novo ponto de equilíbrio B, alterando o nível de produto de Y1 para Y2, elevando-o a
um nível constante de preços. Dessa forma, um aumento na demanda agregada eleva o produto no curto
prazo, dado que os preços não se ajustam instantaneamente.
Agora, veja outro exemplo, na próxima imagem, depois de um movimento positivo repentino na demanda
agregada.
Oferta agregada de curto prazo, (OACP) e deslocamento da Demanda agregada
(DA)
1
1
Produtores ficam amarrados a preços demasiadamente baixos para seu nível elevado de produção.
2
2
Com a demanda elevada por seus produtos, as empresas vendem uma alta quantidade de bens e
serviços, o que gera um aumento de sua produção.
3
3
Com isso, as empresas utilizam mais capital e contratam mais trabalhadores.
Como sabemos, a economia não se resume a um momento estático no curto prazo. Veremos a seguir o que
ocorre depois de um deslocamento repentino da demanda agregada.
Atenção
Devemos frisar que os casos ilustrados aqui são dois casos extremos e que a realidade da economia é
um tanto mais complexa do que isso.
Utilizamos esses dois casos extremos como pontos de partida para fundamentar o restante da teoria. Como
veremos mais adiante, num intervalo de tempo em que alguns preços são flexíveis e outros rígidos, a curva de
oferta agregada será uma mistura das duas apresentadas até então. Ou seja, será uma curva positivamente
inclinada.
A imagem anterior mostra três curvas: a curva de demanda agregada, a curva de oferta agregada de curto
prazo e a oferta agregada de longo prazo.
A curva de oferta agregada de curto prazo também cruza o ponto de equilíbrio, porque, dado que no
longo prazo os preços se ajustam para alcançar o equilíbrio, quando a economia está no equilíbrio de
longo prazo, ela também está em um equilíbrio de curto prazo.
Vamos continuar com o exemplo de um aumento na demanda agregada induzido por uma expansão da oferta
monetária, como mostra na próxima imagem. Haverá um deslocamento para a direita da curva de demanda
agregada. No curto prazo, os preços são rígidos, de modo que a produção aumenta e a economia se move do
ponto E para o ponto E’.
Uma expansão da DA e a transição para um novo equilíbrio
1
1
Produção e emprego aumentam e passam a ficar acima de seus níveis naturais, o que significa que
a economia está aquecida.
2
2
As empresas passam a vender e a produzir uma quantidade alta de bens e serviços e, para isso,
utilizam mais capital e contratam mais trabalhadores.
3
3
A alta da atividade econômica pressiona os preços para cima, deslocando a economia
gradativamente para cima, ao longo da curva de demanda agregada.
4
4
Com maiores preços, a quantidade demandada por bens e serviços diminui, até o ponto E’’, que é o
novo equilíbrio de longo prazo
Nesse novo equilíbrio, a produção e o emprego voltam aos seus níveis naturais, mas os preços se encontram
num nível mais elevado do que no antigo equilíbrio de longo prazo, representado pelo ponto E. Assim, uma
oscilação da demanda agregada afeta o nível de produção no curto prazo, mas esse efeito é mitigado
conforme o tempo passa e as empresas ajustam seus preços.
Oferta agregada
Neste vídeo, vamos entender como a oferta agregada, tanto no curto quanto no longo prazo, interage com a
demanda agregada para determinar os níveis de preços e produção na economia.
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Choques Econômicos
Política de estabilização
Vimos o exemplo de quando oscilações na economia são decorrentes de mudanças na demanda agregada.
Oscilações derivadas de mudanças na oferta agregada também são possíveis. Vamos conhecer esses tipos de
“choques”.
Choques econômicos
Eventos exógenos que deslocam essas curvas são chamados pelos economistas de choques
econômicos.
Choque de demanda
Se um evento desloca a curva de demanda agregada, ele recebe o nome de choque de demanda.
Choque de oferta
Esses choques tiram a economia do equilíbrio, pois afastam o produto e o emprego de seus níveis naturais, e
o modelo de oferta e demanda agregadas busca explicar como esses choques fazem a economia oscilar.
Exógenos
Endógenos
Quando há alterações em variáveis
Dizemos que choques são endógenos
tidas como fixas ou determinadas fora
quando há alterações em uma variável
do modelo, chamamos de choques
explicada pelo modelo.
exógenos.
O modelo também nos permite avaliar como a política macroeconômica pode reagir a esses choques. Ações
realizadas pelas autoridades voltadas para amenizar os efeitos negativos de oscilações econômicas de curto
prazo recebem o nome de políticas de estabilização. As políticas de estabilização atuam no sentido de atenuar
o ciclo econômico, a fim de manter o produto e o emprego o mais próximo possível de suas taxas naturais.
A rigidez dos preços no curto prazo faz com que a economia se mova do equilíbrio de curto prazo no ponto E
para o ponto E’, como mostra na próxima imagem. Nesse ponto, a produção e o emprego estão abaixo de seus
níveis naturais, e a economia se encontra em recessão.
Uma redução da DA e a transição para um novo equilíbrio
Em resposta à diminuição da demanda, os preços e os salários caem. Essa diminuição dos preços faz com que
a economia se mova para baixo, deslizando ao longo da curva de demanda agregada, até o ponto E’’, o novo
equilíbrio de longo prazo. Neste novo equilíbrio, produção e emprego voltam às suas taxas naturais, mas os
preços se encontram abaixo do nível inicial.
Até aqui, trabalhamos com choques de demanda ocasionados por uma alteração na oferta monetária M.
Lembre-se de que definimos a curva de demanda agregada como uma relação entre o nível de preços P e
produto Y, que mantinha constante o lado esquerdo da equação quantitativa da moeda, MV. Nesse sentido,
choques na demanda agregada também podem ser ocasionados por uma alteração na velocidade da moeda
V.
Resumindo
Se cada pessoa reduz a quantidade de moeda que tem em mãos, isso implica que cada unidade de
moeda passa de mão para mão de forma mais rápida, de modo que a velocidade de moeda V aumenta.
Mantida constante a oferta de moeda, o aumento na velocidade acarreta um deslocamento para fora na curva
de demanda agregada.
No curto prazo, o aumento da demanda faz com que o nível de produto da economia aumente, aquecendo a
economia. Para o nível de preços do equilíbrio inicial E, as empresas vendem uma quantidade maior de bens e
serviços, o que as leva a contratarem mais trabalhadores e utilizarem uma quantidade maior de capital.
Com o passar do tempo, o nível elevado da demanda agregada empurra os preços para cima, de modo a se
ajustarem gradativamente. A quantidade demandada de produto diminui à medida que os preços aumentam,
e, aos poucos, a economia vai retornando ao nível natural de emprego e produção. Durante toda a transição
para o novo equilíbrio E’’, o produto da economia permanece acima de sua taxa natural.
É possível que o Banco Central faça algo para conter esse hiper crescimento da economia e manter
o produto mais próximo de suas taxas naturais, evitando ocasionar um aumento elevado do nível de
preços? Em outras palavras, o Banco Central pode atuar para reduzir o nível de atividade econômica
e impedir inflação alta?
Resumindo
Sim, é possível que o Banco Central possa atuar para reduzir o nível de atividade econômica e impedir
inflação alta.
Como afetam diretamente o nível de preços, choques de oferta também são conhecidos como choques de
preços. Veja alguns exemplos:
1. Eventos climáticos adversos que destroem colheitas, como secas, tempestades etc. A diminuição da oferta
desses alimentos aumenta seu preço;
2. Alterações nas leis de proteção ambiental: Mudanças nas exigências de emissão de agentes poluentes,
desmatamento permitido, entre outros. Mudanças no sentido do relaxamento dessas leis diminuem os custos
das empresas, enquanto o endurecimento dessas leis representa um aumento dos custos das empresas, que
podem repassá-los ao menos parcialmente para os consumidores por meio de preços mais altos;
3. Pressão sindicalista por salários mais altos. Se atendida, haverá um aumento dos salários e também nos
preços dos bens e serviços produzidos por empregados sindicalizados;
4. Atuação de cartéis internacionais. Por exemplo, o aumento do preço do petróleo na década de 1970 pela
OPEP representou um choque de oferta.
Eventos que diminuem os custos e preços, tal qual a dissolução de um cartel internacional de
petróleo, por exemplo, são choques favoráveis de oferta.
Um choque adverso de oferta impulsiona a oferta agregada de curto prazo para cima. Se a demanda
agregada permanece constante, a economia diminui sua produção e aumenta o nível de preços, movendo-se
do ponto A para o ponto B, como mostra a imagem a seguir.
No ponto B, o nível de preços está alto e a produção e o emprego estão abaixo de seu nível natural: Fenômeno
conhecido como estagflação.
Estagflação
Dado que combina estagnação da produção com inflação (aumento generalizado nos preços).
Ao se deparar com um choque adverso de oferta, a autoridade formuladora de política econômica, como o
Banco Central, pode escolher entre duas alternativas:
Primeira opção
Não fazer nada, mantendo constante a demanda agregada, e deixar a economia realizar o processo de ajuste
sozinha. Veja as vantagens e desvantagens:
Vantagem Desvantagem
Segunda opção
Acomodar o choque na oferta. O Banco Central pode fazer isso impulsionando a demanda agregada por meio
do aumento da oferta monetária.
A vantagem é que isso acelera o processo de ajuste e conduz a economia de forma mais rápida em direção ao
nível natural de produto e emprego. O diagrama, a seguir, ilustra esse mecanismo.
Se um aumento na demanda agregada coincide com o choque na oferta agregada, a economia salta do ponto
A para o ponto C imediatamente.
A desvantagem é que o nível de preços se torna permanentemente mais alto. Não há uma forma de ajustar a
demanda agregada de modo a manter o produto e o emprego em seu nível natural e o nível de preços estável.
Choques econômicos
Neste vídeo, vamos explorar os choques econômicos, que são eventos que deslocam as curvas de oferta ou
demanda agregada, analisando os diferentes tipos de choques.
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Verificando o aprendizado
Questão 1
Sobre a demanda agregada, assinale a alternativa falsa:
A demanda agregada é a relação entre a quantidade de produto demandada e o nível de preços agregado da
economia.
A demanda agregada pode ser entendida como a relação expressa no lado direito da equação quantitativa da
moeda, mantendo fixos os termos do lado esquerdo.
O nível de preços e o nível de produto apresentam uma relação positiva entre si.
b) Verdadeiro. A equação quantitativa da moeda MV = PY revela uma relação entre preço e produto do lado
direito da igualdade, se mantido fixo o lado esquerdo.
c) Falso. Como visto na seção de Demanda Agregada, a Teoria Quantitativa da Moeda sustenta que MV =
PY. Considerando fixas a oferta monetária e a velocidade da moeda, os termos M e V do lado esquerdo da
equação são constantes. Assim, para manter a igualdade valendo, uma variação positiva em P deve implicar
uma variação negativa em Y, e vice-versa.
d) Verdadeiro. Para manter a igualdade, o nível de preços P e a quantidade do produto Y devem ter uma
relação negativa entre si, de modo que a curva de demanda agregada também seja negativamente
inclinada. Quando desenhamos demanda agregada como a relação negativa entre nível de preços e
produto, a curva será negativamente inclinada.
e) Verdadeiro. A demanda agregada depende se uma série de fatores, como a confiança dos consumidores,
a percepção dos investidores quanto ao cenário econômicos, da política fiscal e da política monetária.
Questão 2
A oferta agregada é a relação entre a quantidade de bens e serviços ofertada e o nível de preços da economia
B
A oferta agregada de longo prazo depende dos montantes fixos de capital e mão de obra e da tecnologia
disponível para produção.
b) Falso. Como vimos na parte de oferta agregada de longo prazo, a curva de oferta agregada no longo
prazo é uma linha reta vertical. O motivo para isso é que no longo prazo os preços são flexíveis, e a
economia fica em torno do produto de pleno emprego.
c) Verdadeiro. No longo prazo, o nível de produto é determinado pela capacidade de oferta de bens e
serviços da economia, que depende dos insumos disponíveis para a produção nessa economia.
d) Verdadeiro. O modelo clássico assume que o produto não depende do nível de preços, e a oferta
agregada de longo prazo, vertical, exibe exatamente essa relação. Uma alteração no nível de preços via
demanda agregada no longo prazo não afeta o nível de produto.
e) Verdadeiro. Como vimos na parte de oferta agregada de curto prazo, a curva de oferta agregada no
curto prazo é uma linha reta horizontal.
2. Os diferentes equilíbrios na economia
No modelo de demanda agregada desenvolvido anteriormente, não demos atenção para uma variável
importante da economia: a taxa de juros. Conheça agora sobre as curvas IS e LM:
Curva IS
A taxa de juros afeta o mercado de bens e serviços, por meio do investimento e da poupança. Este
mercado é representado pela curva IS.
Curva LM
A taxa de juros afeta o mercado de moeda, influenciando a oferta e demanda por moeda. Este
mercado é representado pela curva LM.
Dado que ela afeta tanto o investimento quanto a demanda por moeda, a taxa de juros é a variável que
conecta as duas partes do modelo IS-LM. Neste módulo, vamos examinar com mais atenção esses dois
mercados.
A cruz keynesiana
Antes de entrar no modelo IS-LM, contudo, vamos começar com um modelo básico, chamado de a cruz
keynesiana. Em sua obra intitulada A Teoria Geral do Emprego, dos Juros e da Moeda, John Maynard Keynes
propôs que, no curto prazo, a economia era determinada pelo planejamento dos gastos, por parte dos
domicílios, empresas e governo.
A intuição por trás dessa teoria é que, se as pessoas desejassem gastar mais, maior seria a quantidade de
bens e serviços que as empresas conseguiriam vender e, assim, optariam por produzir mais bens e serviços e
contratariam mais trabalhadores. Nesse sentido, Keynes acreditava que o problema durante as recessões era
o gasto insuficiente.
Para compreender essa teoria, façamos uma distinção conceitual. Há dois tipos de gastos na economia:
Gasto efetivo
Gasto planejado
Correspondente ao montante que os
Correspondente ao montante que os
domicílios, empresas e governo
domicílios, empresas e governo gostariam
efetivamente gastam com bens e
de gastar com bens e serviços.
serviços.
Essa distinção sugere que nem sempre o gasto planejado e o gasto efetivo serão iguais. A razão para isso é
que, no caso de as vendas não corresponderem às expectativas das empresas, as firmas poderiam ter um
investimento não planejado em estoques. Se as vendas superam o montante planejado, os estoques
diminuem, caso contrário, os estoques se acumulam.
O consumo C, por sua vez, será uma função da renda disponível, que é simplesmente a diferença entre a
renda total (Y) e os tributos pagos ao governo (T). Então, escrevemos:
Logo:
Essa equação revela que o gasto planejado Yp é uma função da renda, Y, do investimento, , e da política
fiscal, representada por e . Dado que as demais variáveis estão fixas, temos uma relação entre o gasto
planejado e a renda. Essa relação é positiva, uma vez que uma renda mais alta provoca um maior consumo e,
por consequência, um maior gasto planejado.
A próxima imagem mostra a curva de gasto planejado. A inclinação da curva é chamada de propensão
marginal a consumir (PMgC). Isso significa pensar: quanto você consumiria a mais se ganhasse um real
adicional? Ou, o quanto o gasto planejado aumenta com uma unidade a mais de renda?
Como visto, nem sempre o gasto efetivo e o gasto planejado são iguais. Quando isso ocorre, no entanto,
dizemos que a economia se encontra em equilíbrio.
O gasto planejado Y
Lembre-se que o produto, ou PIB, é igual ao total da renda, mas também pode ser interpretado como o gasto
total com bens e serviços. A condição de equilíbrio pode ser expressa então da seguinte maneira:
Ou seja:
Representamos essa igualdade por uma reta de 45o no painel (b) da imagem a seguir. Essa reta passa por
todos os pontos no qual a igualdade é válida e os eixos do gráfico são iguais. O equilíbrio dessa economia está
no ponto em que as duas retas se cruzam, representado pelo ponto A no gráfico. O produto de equilíbrio está
sinalizado por Y*.
A cruz keynesiana
Entretanto, quando o gasto efetivo e o planejado não são iguais, como se alcança o equilíbrio?
Vamos analisar primeiro o caso, em que o gasto efetivo Y supera o gasto planejado Y P (ou seja, Y > YP), e,
portanto, estamos à direita do produto de equilíbrio Y*. Nessa situação, os produtores produziram (Y)
efetivamente mais do que os gastos planejados (YP). Então, a produção que não foi vendida gera um aumento
não planejado de estoques. Devido a isso, as empresas decidem cortar a produção e diminuir o número de
trabalhadores, o que acarreta a diminuição do PIB, deslocando o produto pouco a pouco para a esquerda.
Esse processo de redução da renda continua até que a renda se iguale ao nível de equilíbrio. Analogamente,
se Y < YP, estamos à esquerda do produto de equilíbrio Y*: As vendas são maiores do que o esperado, os
estoques ficam abaixo do desejado, e as firmas aumentam a produção até alcançar Y*. A próxima imagem
mostra esses dois casos, indicados por um box cinza.
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Multiplicador keynesiano
O multiplicador de gastos
O que ocorre se uma das variáveis exógenas muda? Vamos supor que o governo deseje aumentar seus gastos
G. Como isso afeta a economia?
Como os dispêndios do governo são um dos componentes do gasto planejado, um aumento nos gastos do
governo leva a um maior gasto planejado para qualquer nível de renda. Vamos denotar a variação nos gastos
do governo por ΔG (a letra grega Δ (delta) é frequentemente usada para denotar variação).
A curva de gasto planejado se desloca então para cima em ΔG. O diagrama da próxima imagem mostra esse
movimento. O equilíbrio da economia salta do ponto A para o ponto B.
Um aumento nos gastos do governo
O gráfico mostra que um aumento nos gastos do governo resulta num aumento de ainda maior magnitude da
renda. Isso significa que ΔY>ΔG, e, portanto, ΔY/ΔG>1. A razão ΔY/ΔG é chamada de multiplicador dos gastos
do governo. Esse multiplicador informa o quanto o produto ou a renda aumentam em virtude de um aumento
de uma unidade monetária nos gastos do governo.
Atenção
O fato de ΔY ser maior que ΔG implica que o multiplicador dos gastos do governo é maior do que 1: um
real a mais gasto pelo governo gera um aumento de renda superior a um real.
A razão para esse efeito multiplicador está no componente do consumo, que depende positivamente da
renda: C=c(Y-T). Assim, uma renda maior provoca um consumo mais elevado. Isso gera um efeito espiral na
renda: O aumento nos gastos do governo faz a renda crescer, o que, por sua vez, causa um aumento do
consumo, que gera um aumento ainda maior da renda, que faz crescer novamente o consumo, e assim por
diante.
Qual a magnitude do multiplicador? Podemos responder a essa pergunta algebricamente, indicando por t 1, t2,
t3 etc. os diferentes momentos no aumento do consumo:
ΔG
Aumento do consumo em t1 =
Aumento do consumo em t2 =
Aumento do consumo em t3 =
Logo:
No primeiro momento, o consumo aumenta ΔG multiplicado pela PMgC. No segundo momento, o consumo
aumenta a renda que foi aumentada no primeiro momento, ou seja, PMgC x (PMgC x ΔG), e assim
sucessivamente.
Dica
Para calcular o multiplicador dos gastos do governo, basta dividir os dois lados da equação por ΔG.
O primeiro termo do lado esquerdo é uma série geométrica infinita e pode ser substituído por 1/(1-PMgC).
Assim:
O multiplicador de impostos
Um processo similar ocorre quando há uma alteração nos impostos cobrados pelo governo. Quando o governo
decide reduzir os impostos em ΔT, a renda disponível Y - T aumenta imediatamente em ΔT, o que gera,
portanto, um aumento do consumo em PMgC×ΔT.
O gasto planejado se torna maior para qualquer nível de renda Y. O painel (b) da figura mostra o deslocamento
para cima do gasto planejado, causado por um aumento no consumo da magnitude de PMgC×ΔT. Novamente,
o equilíbrio salta do ponto A para o ponto B. Assim como o aumento nos gastos do governo gera um efeito
multiplicador sobre a renda, o mesmo ocorre com a diminuição dos impostos.
Novamente, o aumento na renda gerado por um aumento no consumo vai resultar em um aumento ainda maior
do consumo, que aumentará a renda ainda mais, e assim sucessivamente. A diferença é que agora a variação
inicial não é mais da ordem de ΔG, e sim de PMgC×ΔT.
Observe a diferença:
Ou seja, apenas PMgC×ΔT se transformam em consumo no primeiro instante. Assim como antes, a mudança
inicial nos gastos é multiplicada por 1/(1-PMgC). O efeito na renda pode ser expresso por:
A diferença é que, para a conta anterior, está no denominador do lado esquerdo da igualdade. Em vez de 1,
temos o PMgC, pois o termo de impostos T na equação do gasto planejado aparece multiplicado por c, que é
a propensão marginal a consumir. O sinal negativo do lado esquerdo da equação indica que o consumo se
movimenta na direção contrária aos impostos (maiores impostos, menos consumo, e vice-versa).
Resumindo
Essa expressão recebe o nome de multiplicador gerado por impostos e indica o montante em que a
renda varia em resposta a uma variação de uma unidade monetária nos impostos.
Multiplicador keynesiano
Neste vídeo, vamos explorar como um aumento nos gastos do governo afeta a economia através do efeito
multiplicador, mostrando que um incremento inicial nos gastos leva a um aumento na renda total.
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Curva IS
Usamos a cruz keynesiana para mostrar como a economia se comporta quando o governo decide alterar a
política fiscal, isto é, modificar seu nível de gastos ou impostos cobrados. Além disso, vimos que o fato de o
consumo ser positivamente relacionado com a renda gera um efeito multiplicador quando esta aumenta.
Todavia, o modelo da cruz keynesiana supõe que o nível de investimento planejado, I, é fixo. O componente do
investimento, no entanto, depende da taxa de juros, r. Escrevemos:
A taxa de juros r mede o custo dos recursos para financiar o investimento. Para que um investimento seja
lucrativo, o seu retorno deve superar seu custo, ou seja, os pagamentos pelos empréstimos realizados para
financiar projetos de investimento, que são determinados pela taxa de juros. Se a taxa de juros aumenta, a
quantidade de projetos de investimentos que é lucrativa diminui, assim como o investimento.
Dessa forma, o investimento é negativamente relacionado com a taxa de juros. A imagem a seguir mostra essa
relação, ilustrando a curva da função investimento.
A função investimento
E o que acontece com o produto se a taxa de juros se altera? Vamos supor um aumento na taxa de juros, de r1
para r2. Dado que o investimento é negativamente relacionado com a taxa de juros, uma taxa de juros maior
implica uma redução no nível de investimento, de I(r1) para I(r2), como mostra a próxima imagem.
A cruz keynesiana
A função do gasto planejado é uma soma do investimento com os componentes de consumo e gastos do
governo. Essa diminuição do gasto planejado, por sua vez, diminui o produto de Y1 para Y2.
Consequentemente, uma elevação na taxa de juros resulta numa redução da renda, tudo mais constante.
A curva IS sintetiza a interação entre a taxa de juros e o nível de renda do mercado de bens e serviços. Ela
está representada no diagrama da imagem a seguir. A curva IS combina a relação entre r e I, expressa pela
função investimento, e a relação entre I e Y, implícita na cruz keynesiana.
A curva IS
Cada ponto na curva IS representa um equilíbrio no mercado de bens, e a curva explicita a relação entre a taxa
de juros e o nível de renda de equilíbrio. Visto que um aumento na taxa de juros provoca uma queda no
investimento planejado, que, por sua vez, gera uma diminuição da renda, a curva IS tem inclinação negativa.
Contudo, essa figura é referente ao equilíbrio de uma determinada taxa de juros , e, portanto, para um
determinado nível de investimento. Assim, um aumento nos gastos do governo desloca a curva IS para fora.
É possível replicar o mecanismo para outras mudanças na política fiscal do governo. Fizemos anteriormente a
análise, via cruz keynesiana, do que ocorre com a renda no caso de uma diminuição nos impostos.
Novamente, a curva de gasto planejado se desloca para cima e aumenta a renda. Do mesmo modo, uma
diminuição nos impostos resultará no deslocamento para fora da curva IS.
Por outro lado, uma redução nos dispêndios do governo ou um aumento nos impostos reduz a renda,
deslocando a curva IS para dentro.
Ainda em sua obra A Teoria Geral, Keynes desenvolveu uma teoria para explicar como a taxa de juros se
comporta no curto prazo, à qual deu o nome de teoria da preferência pela liquidez. Esse nome vem da
hipótese de que a taxa de juros se ajusta para equilibrar a oferta e a demanda por moeda corrente, o ativo
mais líquido da economia.
A liquidez de um ativo considera a facilidade com a qual ele pode ser convertido em dinheiro. Por exemplo:
Imóvel
Poupança
Um imóvel tem baixa liquidez, pois
A poupança tem alta liquidez, pois é fácil
não se converte em dinheiro
resgatar o dinheiro da conta.
facilmente.
Retomando o exemplo de uma economia fechada, denotamos por M a oferta monetária e P o nível de preços
dessa economia. Logo, M/P é a oferta de encaixes monetários reais. A teoria da preferência pela liquidez
começa supondo que a oferta por encaixes monetários reais é fixa:
O Banco Central ou alguma autoridade monetária determina de maneira exógena a oferta monetária.
Tomaremos o nível de preços P também como variável exógena, utilizando o modelo IS-LM para explicar o
comportamento da economia no curto prazo, em que o nível de preços é fixo. A combinação de ambos esses
pressupostos implica que a oferta de encaixes monetários reais é fixa e, portanto, independe da taxa de juros.
Graficamente, se representarmos esse mercado como função da taxa de juros e dos encaixes monetários
reais, a curva de oferta de encaixes monetários reais será uma reta vertical, como mostra o diagrama na
imagem a seguir.
A teoria da preferência pela liquidez. A cruz keynesiana | A curva IS
A demanda por encaixes reais, por sua vez, não é fixa. A teoria de Keynes presume que o montante de moeda
corrente que as pessoas optam por ter disponível é determinado pela taxa de juros. O motivo por trás dessa
hipótese é que a taxa de juros seria o custo de oportunidade de reter moeda.
Em outras palavras, quando se opta por ter moeda em mãos, o indivíduo está deixando de manter o
dinheiro sob outras formas que rendem juros, como títulos ou depósitos bancários.
Nesse sentido, quando a taxa de juros sobe, aumenta o custo de oportunidade de se manter moeda corrente,
e, portanto, as pessoas diminuem a parcela da renda que mantêm sob a forma de moeda corrente.
Formalmente, podemos definir a demanda por encaixes monetários reais como:
A função L(r) mostra que a quantidade de encaixes monetários reais demandada depende da taxa de juros r.
Como explicamos, dado que a quantidade demandada de moeda corrente é menor a taxas de juros mais altas,
a curva de demanda possui inclinação negativa, também presente na próxima imagem.
Segundo a teoria da preferência pela liquidez, oferta e demanda por encaixes monetários reais determinam
conjuntamente a taxa de juros no mercado de moeda. No equilíbrio, oferta e demanda por encaixes
monetários reais são iguais. Assim, a taxa de juros se ajusta a fim de equilibrar o mercado monetário.
Esse ajuste ocorre, porque, caso o mercado monetário esteja fora do equilíbrio, os indivíduos ajustam suas
carteiras de ativos e acabam por alterar a taxa de juros no processo.
Se a taxa de juros está abaixo do nível de equilíbrio, a demanda por encaixes monetários reais
excede a oferta.
Nesse cenário, seu João da padaria prefere manter mais dinheiro no caixa do que no banco, as pessoas
tentam vender títulos e retirar dinheiro de suas contas bancárias, e os bancos reagem aumentando as taxas
de juros que oferecem para tentar atrair recursos que agora estão mais escassos.
Caso o Banco Central decida, por exemplo, aumentar a oferta monetária M repentinamente, o que
ocorreria com a taxa de juros?
Resumindo
Um aumento em M faz subir, por sua vez, a razão de encaixes monetários reais M/P, dado que P é fixo. A
oferta de encaixes monetários se desloca para a direita, e a taxa de juros de equilíbrio cai de r1 para r2.
Um nível mais baixo da taxa de juros faz com que os indivíduos dessa economia fiquem satisfeitos em reter
uma parcela maior de encaixes monetários reais. Com mais moeda em circulação, seu João não se importa em
deixar mais dinheiro no caixa da padaria. A imagem a seguir mostra esse movimento.
Caso o Banco Central tivesse repentinamente reduzido a oferta monetária, o movimento seria contrário. A
oferta de encaixes monetários reais se deslocaria para a esquerda e a taxa de juros subiria.
Curva IS
Neste vídeo, vamos falar sobre a relação entre política fiscal, taxa de juros e nível de renda na economia por
meio do modelo da cruz keynesiana, introduzindo a curva IS.
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Curva LM
Agora que vimos como a teoria da preferência pela liquidez explica os determinantes da taxa de juros,
podemos construir a curva LM. Precisamos traçar a relação entre a taxa de juros r e o nível de renda Y. Como
uma mudança no nível de renda afeta o mercado de encaixes monetários reais? Quando a renda é elevada,
gasta-se mais, e os indivíduos realizam um número maior de transações que demandam moeda. Assim, uma
maior renda implica mais demanda por moeda.
Nesse sentido, pode-se dizer que o nível de renda afeta positivamente a demanda por encaixes monetários
reais. Como a demanda por moeda é negativamente relacionada com a taxa de juros, podemos sintetizar essa
relação pela expressão:
Mas, o que acontece com a taxa de juros quando o nível de renda se altera? Quando a renda aumenta, por
exemplo, a curva de demanda por moeda se desloca para a direita. Esse deslocamento acarreta um aumento
da taxa de juros para equilibrar o mercado monetário, de r1 para r2, mantida fixa a oferta de encaixes
monetários reais.
Assim, de acordo com a teoria da preferência pela liquidez, uma renda mais alta resulta numa taxa de juros
mais alta. A próxima imagem mostra essa relação, com o ajuste no mercado de encaixes monetários reais
ilustrado no painel (a) e a curva LM no painel (b).
Exemplo
Se a autoridade monetária aumenta subitamente a oferta monetária, de M' para M'', a oferta de encaixes
monetários reais também aumenta na mesma proporção, dado que P é fixo. Mantendo a renda constante
e, consequentemente, a curva de demanda por moeda também constante, um aumento na oferta
monetária faz com que a taxa de juros de equilíbrio do mercado monetário diminua.
Desse modo, um aumento na oferta monetária desloca para baixo (ou para a direita) a curva LM. A imagem a
seguir mostra esse deslocamento. O gráfico (a) mostra o que ocorre no mercado monetário quando o Banco
Central aumenta a oferta monetária.
(a) Um aumento na oferta monetária | (b) A curva LM.
Curva LM
Neste vídeo, vamos falar sobre a curva LM, mostrando como ela relaciona a taxa de juros e o nível de renda na
economia, e como a política monetária pode deslocá-la.
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Modelo IS-LM
Examinamos como cada curva se comporta separadamente e como respondem a alterações nas políticas
fiscal e monetária. A combinação das duas curvas determina o nível da renda e taxa de juros na economia. Se
há um deslocamento em uma das duas curvas, há uma oscilação na renda nacional e o equilíbrio de curto
prazo se modifica.
A da próxima imagem mostra um possível equilíbrio de curto prazo da economia. O ponto no qual as duas
curvas se interceptam indicado pela letra E é o equilíbrio inicial, correspondente à renda nacional Y1 e à taxa
de juros r1.
O modelo IS-LM
Exemplo
Suponha que o governo decida realizar uma política fiscal contracionista, isto é, visa a melhorar o
resultado das contas públicas ao diminuir seus gastos ou aumentar os impostos. Por ora, vamos
considerar uma redução nos dispêndios (G). Como vimos acima, esse tipo de política desloca a curva IS
para dentro, sem alterar a curva LM.
Uma vez que a renda diminui, pela teoria da preferência da liquidez, sabemos que a quantidade de moeda
demandada também diminui, pois o número de transações diminui. Como a oferta monetária não se modificou,
a menor demanda por moeda faz cair a taxa de juros de equilíbrio para r2.
A diminuição da taxa de juros, no entanto, afeta o mercado de bens por meio do investimento. Como o nível de
investimento é sensível à taxa de juros, a queda na taxa de juros aumenta os planos de investimento das
empresas. Por conseguinte, a redução da renda, em resposta a uma contração fiscal, é menor no modelo IS-
LM do que na cruz keynesiana, em que supomos que o nível de investimento é fixo. Podemos ver esse
deslocamento no diagrama da imagem a seguir.
Vamos examinar agora os efeitos de uma política monetária. Considere que o Banco Central decida reduzir a
oferta monetária repentinamente. Relembrando o que estudamos aqui, uma diminuição em M resulta numa
queda nos encaixes monetários reais M/P, dado que os preços são rígidos no curto prazo.
A diminuição na oferta de encaixes monetários reais acarreta uma taxa de juros mais alta, segundo a teoria da
preferência pela liquidez. Com isso, a curva LM se desloca para cima, como mostra a próxima imagem. No
novo equilíbrio, a taxa de juros é maior e o nível de renda diminui.
Uma diminuição da oferta monetária
Mas, o que aconteceria se o governo mudasse a política fiscal e a política monetária simultaneamente, ou em
um curto intervalo de tempo? Vamos retomar o exemplo de uma política fiscal contracionista.
Sabemos que, no novo equilíbrio, o produto diminui e a taxa de juros também. Mas esse é o resultado apenas
se o Banco Central não fizer nada. É possível que o Banco Central decida reagir a esse aumento para atingir
algum objetivo específico na economia.
Comentário
Se o Banco Central deseja manter constante a taxa de juros, ele precisa responder com uma política que
aumente a taxa de juros. Como vimos, esse é o caso de uma política de redução da oferta monetária. A
figura mostra uma possibilidade de resposta do Banco Central à contração fiscal.
Num primeiro momento, a curva passa do ponto A para o ponto B na próxima imagem, reduzindo a renda e a
taxa de juros. Com a reação do Banco Central, a taxa de juros sobe, mas o produto cai ainda mais, e o novo
equilíbrio passa a ser o ponto C.
É possível ainda que o Banco Central saiba antecipadamente da decisão do governo de aumentar os gastos e
realize a redução da oferta monetária simultaneamente. Nesse caso, o equilíbrio salta do ponto A para o ponto
C, sem alterar a taxa de juros. Contudo, este é apenas um dos resultados possíveis.
Política monetária como resposta à política fiscal: Banco Central mantém a taxa de
juros
Outra possibilidade é o Banco Central manter constante o produto. Nesse caso, ele precisaria realizar uma
política fiscal no sentido contrário: para responder a uma diminuição no nível do produto, ele deve realizar uma
política que desloque a LM para a direita (para baixo), a fim de empurrar o nível de renda para cima. Assim, a
resposta do Banco Central deve ser no sentido de um aumento na oferta monetária.
A imagem, a seguir, mostra como seria essa resposta. O nível de renda de equilíbrio se manteria, mas a taxa
de juros cairia tanto em resposta à política fiscal quanto à política monetária.
Política monetária como resposta à política fiscal: Banco Central mantém o nível de
renda
Em ambos os casos, o ajuste na oferta monetária que o Banco Central fez foi exatamente o suficiente para
manter ou a taxa de juros constante, ou o nível de renda constante.
Muitas vezes, na realidade, o Banco Central não saberá a magnitude exata do deslocamento da IS e,
consequentemente, não saberá o tamanho preciso do ajuste que deve realizar, apenas o seu sentido. Nessas
situações, podemos afirmar com certeza o que ocorre com a variável que o Banco Central ignora, isto é, a que
ele não quer manter constante, mas o resultado sobre a variável que ele pretende manter pode ser ambíguo.
No primeiro caso, sabemos que o produto cai com certeza em consequência de uma contração fiscal e uma
diminuição na oferta monetária. No entanto, se o Banco Central errar a mão na política monetária, o resultado
sobre a taxa de juros será ambíguo. É possível que a taxa de juros do novo equilíbrio seja um pouco mais alta
do que a inicial, caso o Banco Central diminua demais a oferta monetária, ou que a taxa de juros seja um
pouco mais baixa, caso ele não diminua o suficiente a oferta monetária. No segundo caso, sabemos que a
taxa de juros com certeza cai em virtude de uma contração fiscal acompanhada de uma expansão monetária,
mas o efeito sobre o produto pode ser ambíguo se o Banco Central não for preciso.
É possível que a taxa de juros do novo equilíbrio seja um pouco mais alta do que a inicial, caso o Banco Central
diminua demais a oferta monetária, ou que a taxa de juros seja um pouco mais baixa, caso ele não diminua o
suficiente a oferta monetária. No segundo caso, sabemos que a taxa de juros com certeza cai em virtude de
uma contração fiscal acompanhada de uma expansão monetária, mas o efeito sobre o produto pode ser
ambíguo se o Banco Central não for preciso.
IS-LM
O modelo IS-LM serviu para explicar o equilíbrio no curto prazo quando o nível de preços é fixo. Para
compreender como o modelo IS-LM se encaixa no modelo de oferta e demanda agregada visto no início da
aula, permitiremos que o nível de preços se modifique.
Como visto anteriormente, a demanda agregada expressa uma relação entre o nível de preços e o nível da
renda nacional. Utilizamos a teoria quantitativa da moeda para derivar essa relação. Agora, utilizaremos o
modelo IS-LM.
Sabemos que a relação entre renda e nível de preços ilustrada pela curva de demanda agregada é uma
relação negativa. Para entender por que o produto aumenta à medida que o nível de preços diminui, vamos
examinar o que acontece no modelo IS-LM quando o nível de preços se altera.
Relembrando
Recorde que no modelo IS-LM, a variável de nível de preços estava presente, de maneira implícita, na
curva de oferta de encaixes monetários reais M/P. Naquele momento, consideramos o nível de preços P
fixo. Se o nível de preços aumenta, todavia, a oferta de encaixes monetários diminui.
Essa redução na oferta de encaixes monetários reais desloca a curva LM para cima, o que acarreta um
aumento da taxa de juros de equilíbrio e a redução do nível de renda, como mostra o painel (a) da próxima
imagem.
O nível de preços sobe de P1 para P2 e a renda cai de Y1 para Y2. O painel (b) mostra a curva de demanda
agregada, que ilustra graficamente a relação negativa entre renda nacional e nível de preços.
No debate abaixo sobre como o controle de preços pode ser uma ferramenta para combater a inflação,
exploraremos os prós e contras, analisando suas implicações nas políticas econômicas e no cotidiano das
pessoas. Será uma oportunidade única para ampliar o seu entendimento sobre os desafios enfrentados na
gestão da inflação e para refletir sobre alternativas viáveis para promover a estabilidade econômica. Venha
fazer parte dessa discussão e contribuir com suas ideias e perspectivas!
O modelo IS-LM
Neste vídeo, vamos explorar o modelo IS-LM, que analisa as interações entre política fiscal e monetária,
revelando como ajustes nessas políticas impactam a renda nacional e a taxa de juros na economia.
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Verificando o aprendizado
Questão 1
O gasto planejado corresponde ao montante que domicílios, empresas e governo gostariam de gastar com
bens e serviços.
Quando gasto planejado e gasto efetivo se igualam, diz-se que a economia está em equilíbrio.
A relação entre gasto planejado e renda é positiva devido ao componente de consumo que varia
positivamente com a renda.
Quando gasto planejado é maior que gasto efetivo, há acumulação não planejada de estoques.
c) Falso. O gasto planejado é uma função da renda, do investimento e da política fiscal, ou seja, dos gastos
do governo e impostos, como se explica na parte de cruz keynesiana. A política monetária não é analisada
na cruz keynesiana.
d) Verdadeiro. Um aumento na renda provoca um maior consumo, o qual provoca, por sua vez, um maior
gasto planejado. Assim, a relação entre gasto planejado e renda é positiva devido ao consumo. A inclinação
da curva de gasto planejado é dada de acordo com a propensão marginal a consumir.
e) Verdadeiro. Quando o gasto efetivo é inferior ao gasto planejado, ocorrerá um aumento não planejado
nos estoques. Estaremos à direita do produto de equilíbrio.
Questão 2
A curva LM é desenhada para uma determinada demanda por encaixes monetários reais.
A curva LM mostra a relação entre o nível de renda e a taxa de juros para uma determinada oferta de encaixes
monetários reais.
b) Verdadeiro. A curva LM é construída de modo que cada ponto na curva LM representa um equilíbrio no
mercado monetário, para um dado nível de encaixes monetários reais e a curva explicita a relação entre a
taxa de juros e o nível de renda de equilíbrio.
c) Verdadeiro. A curva IS mostra os diferentes pontos de equilíbrio da cruz keynesiana quando se muda o
nível de investimento e se desloca a curva de gasto planejado, sintetizando a relação entre nível de renda e
taxa de juros.
d) Falso. Como vimos na parte de política monetária e a curva LM, a curva LM é desenhada para uma
determinada oferta de encaixes monetários reais. Assim, se há uma alteração na oferta monetária, a curva
LM se desloca, isto é, há um novo desenho de uma outra curva LM para aquele nível de oferta monetária.
Por outro lado, para um determinado nível fixo de oferta monetária, há uma determinada curva LM que
sintetiza a relação entre os níveis de renda e taxa de juros que equilibram aquele mercado. Assim, se há
uma alteração na demanda por encaixes monetários reais no mercado monetário, e essa alteração na
demanda afeta a taxa de juros, isso não desloca a oferta, apenas fará com que deslizemos ao longo da
curva LM para um outro ponto que represente este novo equilíbrio correspondente a essa nova taxa de
juros.
e) Verdadeiro. A curva LM é construída de modo que cada ponto na curva LM representa um equilíbrio no
mercado monetário, para um dado nível de encaixes monetários reais e a curva explicita a relação entre a
taxa de juros e o nível de renda de equilíbrio.
3. Conclusão
Considerações finais
Construímos neste conteúdo o modelo de oferta e demanda agregada, uma das ferramentas mais importantes
para a análise do comportamento da economia. Com esse instrumento, podemos avaliar o impacto de
diversas políticas econômicas - em particular, a política monetária e a política fiscal - para lidar com os
choques que atingem a economia.
Leia agora as manchetes de Economia dos jornais: Você encontrará chamadas como “Banco Central diminui a
taxa de juros para enfrentar recessão”, ou “Economistas debatem o efeito de um aumento de gastos públicos”.
Tente entender essas manchetes a partir do instrumental desenvolvido aqui!
Podcast
Agora, a(o) especialista encerra o tema, fazendo um breve resumo dos principais tópicos que foram
abordados ao longo dos módulos.
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Para saber mais sobre os assuntos tratados neste conteúdo, sugerimos que leia:
BACHA, E. A crise fiscal e monetária brasileira. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2016.
BOLLE, M. B. de. Como matar a borboleta azul ‒ Uma crônica da era Dilma. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2016.
Referências
BLANCHARD, O. Macroeconomia. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2017.
FROYEN, Richard T. Macroeconomia: teorias e aplicações. São Paulo: Editora Saraiva, 2010.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Nacional por Amostra de Domicílios Contínua ‒ PNAD
Contínua. Consultado na Internet em: 14 jul. 2020.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Produto interno bruto (PIB) real. Frequência:
Trimestral. Consultado na Internet em: 14 jul. 2020.
KEYNES, J. M. A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. In: Os Economistas. São Paulo: Abril Cultural,
1983.
MANKIW, N. G. Macroeconomia. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008.