Gazeta Do Povo #45 - Ago23
Gazeta Do Povo #45 - Ago23
Gazeta Do Povo #45 - Ago23
45ª EDIÇÃO
R E V I S T A
Índice
Editorial: As primárias argentinas e o fracasso do
03
kirchnerismo
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CLUBE DE REVISTAS
EDITORIAL.
As primárias argentinas e o
fracasso do kirchnerismo
Os argentinos foram às urnas neste domingo,
no primeiro estágio da eleição marcada para o
próximo mês de outubro: as Primárias Abertas,
Simultâneas e Obrigatórias (Paso), uma prévia
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que define quem poderá se candidatar aos car-
gos que estarão em disputa daqui a dois meses
– inclusive a presidência da República. Ao con-
trário do que ocorre em países como os Estados
Unidos, em que as primárias são feitas separa-
damente por partido e envolvem apenas os fi-
liados, nas Paso argentinas o eleitor pode votar
em qualquer pré-candidato de sua escolha, e
isso faz dessas prévias um termômetro da pre-
ferência atual do eleitorado. O resultado não foi
nada animador para o peronismo de esquerda
que governa hoje a Argentina e terminou o
domingo como a terceira força política do país.
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somaram 28,3%, sendo 17% da ex-ministra
Patricia Bullrich (que ganha o direito de ser a
candidata) e 11,3% do prefeito de Buenos Aires,
Horácio Rodríguez Larreta. Já o governismo até
conseguiu o segundo candidato mais votado: o
ministro Sergio Massa, da Economia, com
21,4% dos votos; no entanto, os 5,9% do advo-
gado Juan Grabois deixaram o kirchnerismo
atrás de Milei e da centro-direita. Por fim, a
disputa pela Casa Rosada ainda terá o peronista
não kirchnerista Juan Schiaretti, governador da
província de Córdoba, e a esquerdista Myriam
Bregman, pois ambos superaram o limite
mínimo de 1,5% dos votos.
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libertarianismo de Milei, mas
também não está em ajustes
tímidos como os de Macri, e muito
menos na manutenção do
kirchnerismo
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a reeleição; tampouco a vice Cristina Kirchner
se dispôs a entrar na disputa.
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A Argentina é um caso raro de país que já esteve
entre os mais ricos do mundo e afundou não por
causas externas ou catástrofes naturais, mas
pelas próprias escolhas feitas nas últimas déca-
das: populismo estatizante, gasto público des-
controlado, Estado e funcionalismo inchados.
Será impossível reverter a trajetória e voltar ao
caminho da prosperidade enquanto os argenti-
nos não atacarem essas mazelas. Macri falhou
porque quis fazer a coisa certa na intensidade
errada, optando pelo gradualismo quando a
Argentina precisava de um choque liberal; rejei-
tou privatizações, fez concessões ao funciona-
lismo, não combateu o déficit público. Como os
resultados não vieram, os eleitores negaram a
Macri uma segunda chance, inexplicavelmente
dando ao kirchnerismo uma nova oportunidade
sem que ele prometesse nada diferente do que já
havia feito para destruir a Argentina.
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Um país que ruma para o desastre em alta velo-
cidade não evita a tragédia pisando suavemente
no freio; é preciso agir com mais firmeza. A
solução não está no libertarianismo de Milei –
que tem propostas bastante radicais (e, talvez
por isso, impraticáveis), como extinguir o Ban-
co Central –, mas também não está em ajustes
tímidos como os de Macri, e muito menos na
perpetuação do kirchnerismo no poder. Se os
argentinos perceberam esta realidade ou se
escolheram Milei apenas para demonstrar sua
insatisfação com as forças políticas mais
tradicionais do país é algo ainda a descobrir.
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OPINIÃO.
Deltan Dallagnol
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algumas decisões do Supremo passavam uma
mensagem de leniência em favor da corrupção.
Afirmei ainda que eu não estava imputando
má-fé a nenhum dos ministros, mas apenas
fazendo uma análise objetiva dos efeitos que as
decisões dos ministros tinham sobre as
investigações e processos.
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“Hoje, o Supremo Tribunal Federal atende a
todas as demandas do tráfico de drogas. É isso o
que o Supremo faz objetivamente. Eu não estou
dizendo que eles atendem porque eles querem
atender, porque eles estão em conluio com o
tráfico. Eles podem ter as melhores intenções –
aí eu já não sei, não posso ler a mente dos
ministros. Mas o que eu estou dizendo é que, do
ponto de vista objetivo – não da intenção deles,
mas do ponto de vista objetivo –, o Supremo
atende a todas as demandas do crime
organizado, em especial do tráfico”.
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criminosos e não o da população - e certamente
há algo mais podre ainda quando decisões
beneficiam poderosos - diga-se, por exemplo,
um presidente da Câmara - e são incoerentes
com a própria jurisprudência do tribunal.
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menos segundo a incrível versão que ele mesmo
sustenta.
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Organizações criminosas já controlam áreas
extensas em favelas e subúrbios brasileiros,
vitimando seus moradores, e há notícias de que
o PCC tem financiado candidatos e tenta se
infiltrar na Polícia, Ministério Público e
Judiciário. Essa atividade merece uma resposta
firme do Estado. Contudo, temos visto o
contrário: decisões que fortalecem o crime
organizado, como as seguintes, proferidas
recentemente pelas mais altas Cortes do país.
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justificadas por denúncias anônimas ou atitudes
“suspeitas”;
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● Em abril de 2023, o STJ devolveu os bens de luxo
do narcotraficante internacional foragido André
do Rap: um helicóptero avaliado em R$ 7,2
milhões, uma embarcação de 60 pés, avaliada em
R$ 5,2 milhões, dois imóveis de luxo em Angra
dos Reis (RJ), um Porsche Macan ano 2016,
quatro jet-skis, quatro computadores e 33
telefones celulares, por entender que decisão que
determina a prisão preventiva não autoriza a
busca e apreensão no local da prisão. As provas
do caso foram todas anuladas;
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entendimento de que a busca e apreensão só
poderia ocorrer com mandado. Os traficantes
foram inocentados;
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Há muitos outros casos e decisões que poderiam
ser mencionados. E se os precedentes dos
tribunais aplicados para colarinhos brancos
forem estendidos a narcotraficantes e chefes de
facções, as portas da cadeia serão escancaradas.
Por exemplo, se a duração da prisão preventiva
estabelecida pelo Supremo na Lava Jato for
estendida aos demais réus, dificilmente algum
narcotraficante permanecerá preso.
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organizado. O direito à ampla defesa e ao devido
processo não devem significar um direito à
impunidade. É esse “direito” que é dado aos
criminosos de colarinho branco pelo
“garantismo de ocasião” de certos advogados e
julgadores, customizado para atender os
interesses do poder.
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OPINIÃO.
Leonardo Coutinho:
Precisamos prestar atenção no
Equador
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seus apoiadores e cercado por policiais que
faziam a sua proteção. Sua morte ocorreu na
véspera do 214.o aniversário da independência
de seu país e apenas 11 dias antes das eleições
para presidente e membros do Congresso. A
notícia se alastrou e, como consequência, fez o
mundo se lembrar do Equador. O que está
acontecendo no país sul-americano? Por que,
assim, tão de repente, o país chegou a este
ponto crítico de violência política?
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deixamos de ser apenas caminho para sermos
também destino de toneladas de cocaína. O
enriquecimento dos brasileiros, com o Plano
Real, os colocou no mapa global dos consumi-
dores de drogas. Os reais que jorravam para as
mãos dos traficantes ajudaram o negócio a
crescer e avançar sobre toda a região.
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experiência com o tráfico de cocaína – a
principal atividade econômica das Farc –
ficaram desempregados e passaram a oferecer
serviços dentro e fora da Colômbia.
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homicídios de 5,6 por 100 mil habitantes. No
ano seguinte, a curva empinou e os números
não pararam de subir. Em 2020 já havia chegado
a 7,7 mortes por 100 mil. Em 2021, a taxa che-
gou a 14 mortes por 100 mil. No ano passado, o
Equador registrou 25,6 homicídios por grupo de
100 mil habitantes – a sexta taxa mais alta das
Américas, à frente do conturbado México.
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O presidente esquerdista Rafael Correa
(2007-2017), que sempre fez vistas grossas
para a presença das Farc dentro do Equador e
nunca se mexeu para reprimir o avanço do
tráfico de drogas, criou as condições perfeitas
para que o crime organizado transnacional
infestasse as instituições do país. A lista de
máfias e países de origem vai do Brasil a
Albânia, passa por México e Líbano, e termina
em Estados que fazem do tráfico política, como
Cuba e Venezuela.
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ex-colegas de parlamento de fazerem parte da
extensa rede de proteção que os traficantes têm
dentro das instituições locais.
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Villavicencio não foi apenas
retirado da campanha. Ele foi
calado. Ele prometia entregar muita
gente envolvida com o crime
transnacional e a corrupção. Foi
morto para não atrapalhar os
negócios que vão muito bem em
muitos países, incluindo o Brasil
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da história do país, paralisando a maior cidade
brasileira. Em ambos os casos, as investigações
comprovaram que o PCC atuou para influenciar
nas eleições. Embora as agências de checagem
não concordem, o PCC faz, sim, declaração de
voto.
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vender como vítima de uma Justiça partidária.
Lula fez escola.
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APAGÃO
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sem interrupção no fornecimento – caiu neste
ano ao menor nível desde 2016, indicam dados
do Operador Nacional do Sistema Elétrico.
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A série histórica de perturbações no SIN
disponível no site do ONS tem início em 2012.
Tanto no intervalo janeiro-agosto quanto no
acumulado dos 12 meses do ano, o índice de
robustez ficou abaixo de 90% de 2012 até 2016.
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Apagão desta terça foi o primeiro de grande
porte em 2023
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Jair Bolsonaro é investigado por gastos com cartão corporativo, cartão de vacina
e agora joias. | Foto: Elaine Menke/PL
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condenações do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, em 2021, poderia ser usado, em tese, para
invalidar as investigações sobre as joias recebi-
das pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Assim
como o petista teve os processos por corrupção
enterrados por alegada incompetência da 13ª
Vara Federal de Curitiba para investigá-lo,
Bolsonaro também poderia apontar que não
cabe a Alexandre de Moraes, do STF, esquadri-
nhar um suposto desvio de joias recebidas
quando ele ocupava a Presidência.
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entanto, nunca foi denunciado e cuja extradi-
ção, dos Estados Unidos para o Brasil, nunca
avançou. A mesma investigação, contudo, já
abarcou os mais diversos fatos e alvos: conver-
sas de empresários antipetistas em grupo de
WhatsApp; questionamentos do ex-secretário
da Receita Marcos Cintra sobre o sistema elei-
toral e críticas de executivos do Google ao
projeto de lei das “fake news”, defendido por
Moraes.
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hacker ao Tribunal Superior Eleitoral em 2018. A
Procuradoria-Geral da República (PGR), que
representa o Ministério Público no STF, não viu
crime e recusou-se a apresentar uma denúncia
no caso.
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O cerco se fechou de vez contra Bolsonaro na
revelação, na semana passada, de que Cid, seu
pai, o general Mauro Lourena, e outros auxilia-
res tentaram vender, nos EUA, esculturas, um
relógio, abotoaduras, uma caneta, um rosário
islâmico e um anel, presenteados pelos árabes a
Bolsonaro. No entendimento da PF e de Moraes,
os itens deveriam ter sido incorporados ao pa-
trimônio público e, por isso, a tentativa de
apropriá-los e de fazer dinheiro com eles con-
figuraria peculato (desvio de bens públicos) e
lavagem de dinheiro.
Investigações e competências
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publicação e difusão de mensagens atentatórias
ao Estado Democrático de Direito” ou com “o
objetivo de assegurar vantagens financeiras
e/ou político partidárias aos envolvidos”. A
amplitude do objeto viabilizou que se abarcas-
sem assuntos tão diversos na investigação.
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ficou a cargo da Delegacia Especializada de
Combate a Crimes Fazendários da PF, na mesma
cidade.
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Na semana passada, o ministro rejeitou a re-
comendação de deixar o caso na primeira ins-
tância e, para justificar o domínio sobre a
investigação, apresentou até um gráfico que
mostraria como estaria tudo estaria ligado (veja
abaixo). Assim, para Moraes, a mesma organi-
zação criminosa que produziria “ataques vir-
tuais” a opositores, às instituições, urnas ele-
trônicas e ao processo eleitoral, também teria
tentado dar um golpe de Estado, atacar as va-
cinas contra a Covid, e usar a estrutura estatal
para obter vantagens, entre as quais o cartão
corporativo, a inserção de dados falsos em
cartões de vacinação e, por fim, o desvio de
“bens de alto valor patrimonial entregues por
autoridades estrangeiras”.
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refinar sua jurisprudência sobre como definir a
competência de um juiz para analisar situações
diferentes. Em 2015, isso ocorreu com um pe-
dido da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, para
retirar do então juiz Sergio Moro uma investi-
gação sobre repasses que ela e o ex-marido
Paulo Bernardo teriam recebido de uma pres-
tadora de serviços do Ministério do
Planejamento.
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CLUBE DE REVISTAS
decisões posteriores que transferiram para
outros juízes várias investigações inicialmente
aportadas na 13ª Vara de Curitiba.
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CLUBE DE REVISTAS
“O STF não tem competência para apreciar a
questão. O ex-presidente não tem prerrogativa
de foro. E nenhum dos investigados tem. Ainda
que algum deles tivesse, o STF vem decidindo
pelo desmembramento do processo em relação
a quem não tem prerrogativa de foro e remessa
ao juízo competente, mantendo o foro privile-
giado apenas para aqueles que o têm. Vários os
precedentes nessa linha”, diz o desembargador
aposentado e ex-presidente do Tribunal de
Justiça de São Paulo Ivan Sartori.
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CLUBE DE REVISTAS
determinada pelo lugar em que se consumar a
infração”, disse Toffoli na época, acrescentando
que um juiz só poderia supervisionar uma
investigação sobre um fato novo descoberto se
houvesse conexão com o fato inicial apurado.
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CLUBE DE REVISTAS
territorial para fixação de competência. “O fato
de um juiz de um foro em que encontrado um
cadáver ser o primeiro a decretar uma medida
cautelar na investigação não o torna prevento,
nos termos do art. 83 do Código de Processo
Penal, para a futura ação penal caso se apure
que o corpo tenha sido apenas ocultado naquela
localidade e que o homicídio, em verdade,
tenha-se consumado em outra Comarca.
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CLUBE DE REVISTAS
Em 2021, Edson Fachin se valeu do mesmo
entendimento para anular as condenações de
Lula, citando a decisão de 2015 em favor de
Gleisi e várias outras posteriores em benefícios
de políticos e empresários inicialmente proces-
sados em Curitiba. “As regras de competência,
ao concretizarem o princípio do juiz natural,
servem para garantir a imparcialidade da atua-
ção jurisdicional: respostas análogas a casos
análogos”, afirmou o ministro. As condenações
de Lula caíram porque o que ele teria recebido
das empreiteiras não seria fruto apenas dos
contratos delas com a Petrobras (objeto da Lava
Jato), mas com diversos outros órgãos e
estatais.
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CLUBE DE REVISTAS
“O caso das joias já estava sob o juiz natural [em
Guarulhos]. Portanto, o STF não poderia
examinar o caso, com a devida vênia. Esse in-
quérito [das milícias digitais] tem alcance inde-
finido e tem sido utilizado de forma flexível”,
critica.
Casos diferentes?
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concentrar os casos em Curitiba, uma vez que a
descoberta de uma prova em determinada fase
levava a outra, e assim por diante. Mas o STF
depois considerou que não, uma vez que,
embora houvesse operadores comuns em casos
de corrupção, os órgãos, empresas e negócios
envolvidos eram distantes entre si.
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Outra diferença é que o caso de Bolsonaro vem
sendo investigado no próprio STF e dificilmente
os atuais ministros anulariam os atos de um
colega, Alexandre de Moraes. No caso de Lula, a
maioria invalidou decisões de Moro, um juiz de
primeira instância que já não gozava de
prestígio dentro da Corte.
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CLUBE DE REVISTAS
ministro. Não houve resposta até o momento. O
espaço segue aberto.
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primeiros mandatos. A ex-presidente Dilma
Rousseff, por sua vez, tomou para si 117 itens.
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Lula foram localizados no Galpão do Sindicato
dos Metalúrgicos do ABC, e foram
transportados de volta para Brasília. Outros 74
não foram localizados.
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CLUBE DE REVISTAS
Federal para anular o resultado da fiscalização
do TCU e resgatar os 21 presentes confiscados
pela Presidência.
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CLUBE DE REVISTAS
FILOSOFIA POLÍTICA
O que é o anarcocapitalismo,
defendido pelo argentino Javier
Milei
Por John Lucas
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na grande imprensa uma palavra até então mais
restrita às bolhas políticas da internet:
anarcocapitalismo.
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CLUBE DE REVISTAS
Mais do que uma escola de pensamento, o anar-
cocapitalismo hoje em dia se configura como
um movimento, quase uma contracultura de
direita (com seus institutos, livros, influencia-
dores e canais de discussão e divulgação). O
governo do ex-presidente Jair Bolsonaro contou
com vários ancaps em suas fileiras, e nas redes
sociais é possível identificar uma quantidade
significativa de jovens que aderiram a essa
corrente.
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CLUBE DE REVISTAS
influências decisivas para o desenvolvimento
das ideias ancap. A seguir, elencamos alguns
tópicos elucidativos para os não iniciados no
movimento.
Anarquia?
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O anarcocapitalista defende a existência de uma
sociedade com instituições, cooperação e go-
vernança. Porém, diferentemente do anarquista
clássico, o ancap crê que a propriedade privada
é a principal garantia da liberdade dos
indivíduos.
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Costumes e questões morais
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córdia é o aborto”, diz Raphaël Lima, empre-
endedor, criador do canal ‘Ideias Radicais’ (com
mais de 650 mil inscritos no YouTube) e uma
das figuras que mais influenciam os ancaps
brasileiros – ainda que prefira ser chamado de
libertário.
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sistema anarcocapitalista, elas seriam
fundamentais para diminuir riscos e prejuízos.
A ciência em xeque
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primeira dose do medicamento contra a
Covid-19. Mas todos, claro, são enfaticamente
contra qualquer tipo de imunização obrigatória.
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Principais questionamentos
Utopia x realidade
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um delírio utópico. Libertários como Raphaël
Lima, no entanto, contestam o uso dessa ex-
pressão. “Se a definição de utopia é uma socie-
dade planejada e idealizada, o anarcocapitalis-
mo se coloca totalmente como o contrário disso.
Ele é uma antiutopia, pois não quer desenhar ou
impor um modelo para o futuro”, afirma.
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PERFIL
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CLUBE DE REVISTAS
continua desconhecido para a grande maioria
do público. Pedro Abramovay, recentemente
alçado ao posto de vice-presidente da poderosa
Open Society Foundations, construiu sua car-
reira tentando tornar o Brasil um país mais pró-
ximo do que os progressistas dos Estados
Unidos desejam para a própria nação. Em certa
medida, ele tem conseguido.
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CLUBE DE REVISTAS
ele já era assessor do gabinete da então prefeita
de São Paulo, Marta Suplicy.
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liderança do governo no Senado. Seu chefe era
Aloizio Mercadante (PT-SP).
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CLUBE DE REVISTAS
Em 2017, Abramovay concluiu um doutorado
em Ciência Política pela Universidade do Estado
do Rio de Janeiro. O tema da tese: o processo de
aprovação do Marco Civil da Internet, do qual
ele participou enquanto estava no governo. A
passagem mais interessante da publicação é a
dedicatória, em que Abramovay revela não con-
seguir deixar a militância de lado nem mesmo
quando faz uma declaração de amor à esposa:
“Essa aliança, forjada no amor, que a gente
construiu, se consolida no desejo mútuo de lu-
tar, juntos, por um mundo mais justo e soli-
dário” anotou, logo após agradecer a compa-
nheira por cuidar da filha pequena para que ele
se dedicasse ao doutorado.
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CLUBE DE REVISTAS
esquerda) e deu aula na Fundação Getúlio
Vargas antes de ingressar na Open Society, em
2013. Na organização fundada pelo bilionário
George Soros, ele chefiou o escritório para a
América Latina e o Caribe.
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Pauta importada
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não é a expropriação dos meios de produção e a
instalação de um regime que centralize a gestão
da economia.
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“Pedro Abromavay que jamais escreveu qual-
quer coisa realmente original em toda sua
vida”, afirma Eduardo Matos de Alencar, doutor
em Sociologia, presidente do Instituto Arrecife e
autor do livro De quem é o Comando. Para ele, a
agenda vendida (ou comprada) pela Open
Society no Brasil destoa da tradição da esquerda
brasileira — mesmo a esquerda acadêmica, que
tende a ser mais aberta a novidades intelectuais.
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CLUBE DE REVISTAS
elite empresarial (da qual George Soros é parte)
e grupos militantes à esquerda. Há não muito
tempo, Soros seria visto como um vilão — o
bilionário que fez fortunas com especulação
financeira e agora tenta influenciar governos.
Hoje, ele é tido como um aliado porque abre o
cofre para financiar ONGs mundo afora.
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nos últimos anos (apenas em 2021, foram R$107
mihões). Grande parte dos recursos vai para
organizações que promovem a liberação das
drogas, o abrandamento das penas a crimino-
sos, a legalização do aborto e a promoção da
agenda LGBT e a “defesa dos direitos
humanos.”
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prestam total apoio. Se forem grupos com pen-
samentos diversos do progressismo financiado
pela Open Society, não há qualquer apoio”, cri-
tica o advogado Ezequiel Silveira, que repre-
senta alguns dos presos no 8 de janeiro.
Conflitos de interesse
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Ricardo Abramovay — pai de Pedro — como
presidente do seu conselho diretor.
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vestir uma espalhafatosa camiseta florida num
evento noturno a 12 mil quilômetros do Havaí.)
Metamorfose da esquerda
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combate ao "racismo estrutural." Uma cópia da
esquerda americana.
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CLUBE DE REVISTAS
proibição, ele escreveu que "a insensatez da
política de drogas atinge diretamente a garantia
a direitos fundamentais.”
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CLUBE DE REVISTAS
Em 2019, entretanto, o italiano confessou ter
cometido quatro assassinatos quando atuava
em um grupo terrorista de esquerda. Até Lula,
que raramente faz mea culpas em púbico, disse
estar arrependido. Pedro Abramovay se disse
“decepcionado” por ter sido “enganado” por
Battisti, mas em seguida insistiu que a Justiça
da Itália — que já vivia sob um regime demo-
crático — “era claramente carregada de
perseguições políticas.”
Compositor amador
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construções melódicas interessantes com letras
carregadas de ideologia. Por exemplo: uma das
músicas, gravadas pelo ex-titã Paulo Miklos,
ensina que um homem pode ser mulher e
vice-versa:
(,,,)
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A música alcançou 67 visualizações em quatro
anos no YouTube.
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Ciências Criminais, Instituto de Defesa do
Direito de Defesa, Instituto Sou da Paz,
Conectas Direitos Humanos, Iniciativa Pública
por uma Nova Política sobre Drogas e Instituto
Terra, Trabalho e Cidadania).
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sido consistentemente marcada pela defesa da
democracia e dos direitos humanos."
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PARA SE APROFUNDAR
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