#0 - Avaliação Do Potencial Solar de Angola - MES-2023

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AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE

ANGOLA

ALIANE DJANICE SEMEDO NAVAL DA SILVA


julho de 2023
AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE
ANGOLA

ALIANE DJANICE SEMEDO NAVAL DA SILVA


Junho de 2023
AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA

Aliane Djanice Semedo Naval da Silva


1171267

2023
Instituto Superior de Engenharia do Porto
Departamento de Engenharia Mecânica
AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA

Aliane Djanice Semedo Naval da Silva


1171267

Dissertação apresentada ao Instituto Superior de Engenharia do Porto para


cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Energias
Sustentáveis, realizada sob a orientação do Doutor Alexandre Silveira.

2023
Instituto Superior de Engenharia do Porto
Departamento de Engenharia Mecânica
JÚRI

Presidente
Doutora Ana Viana
Professora Coordenadora do Instituto Superior de Engenharia do Porto
Orientador
Doutor Alexandre Silveira
Professor Adjunto do Instituto Superior de Engenharia do Porto

Aliane Naval da Silva AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA


AGRADECIMENTOS

Quero agradecer à Deus pela minha resiliência e determinação que fez com que eu não
desistisse mesmo quando tudo parecia estar perdido.
Agradeço ao meu orientador, Doutor Alexandre Silveira pela orientação e paciência até
ao último minuto. Obrigada por todo ensinamento que prestou durante o processo
desta dissertação.
Ao Prof. António Andrade, pela orientação e por todo o apoio que foi necessário para
concluir a dissertação.
Agradeço e dedico este trabalho aos meus pais, à minha irmã e às minhas sobrinhas.
Obrigada por toda motivação e apoio incansável que eu precisava para continuar e
nunca desistir de alcançar todos os meus objetivos, esta conquista foi por vocês.
Em busca do meu sonho de concluir a licenciatura e mestrado em outro país, nos
primeiros 5 anos encontrei diversas barreiras. Por isso, agradeço à minha avó, meus
irmãos, tios, primos e amigos por nunca desistirem de mim, obrigada por me apoiaram
durante essa jornada.
E por último, ao Daniel, por todo o apoio, incentivo, compreensão e por ter estado
presente quando eu mais precisei.
Serei eternamente grata, muito obrigada a todos!

Aliane Naval da Silva AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA


Aliane Naval da Silva AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA
RESUMO I

PALAVRAS-CHAVE
Angola; energia elétrica; energia fotovoltaica; potencial solar; sistema fotovoltaico;
crescimento económico; sustentabilidade.

RESUMO

Nesta dissertação é abordada a importância da exploração do recurso solar para o


aumento da eficiência energética, promoção do crescimento económico e sustentável
de Angola.
Com intuito de avaliar o potencial solar de Angola, utilizando o software PvSyst, foram
dimensionados dois sistemas fotovoltaicos residenciais para a capital de Angola, Luanda.
Ambos os sistemas são acoplados à rede, um sem sistema de armazenamento e outro
com sistema de armazenamento em baterias.
Inicialmente realizou-se uma pesquisa acerca da estrutura e funcionamento do sistema
elétrico de Angola, seguida de uma abordagem mais teórica acerca das temáticas mais
importantes sobre a energia fotovoltaica, nomeadamente, o seu princípio de
funcionamento, os diversos sistemas fotovoltaicos e dos equipamentos mais utilizados.
Além da análise técnica dos sistemas dimensionados é feita uma avaliação económica
dos sistemas, a fim de comprovar a sua viabilidade e comparar os custos associados aos
sistemas FV dimensionados e os custos de obtenção dos combustíveis fósseis mais
utilizados em Angola para alimentar os geradores elétricos. Para a determinação do
custo total de investimento foi utilizado o PvSyst onde, foram contabilizados todos os
custos associados aos sistemas.
Para a avaliação da rentabilidade financeira dos sistemas FV foram considerandos dois
cenários distintos utilizando um período de 20 anos. No primeiro cenário são utilizadas
as tarifas mínimas praticadas em Angola para compra e venda de energia, enquanto no
segundo cenário de análise económica procurou-se definir uma tarifa de energia que
tornasse o investimento rentável e com um período de amortização considerável.

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ABSTRACT III

KEYWORDS
Angola; electric power; photovoltaic energy, photovoltaic system, economic growth,
sustainability.

ABSTRACT

This dissertation is going to address the importance of the exploration of the solar
resources to increase the energy efficiency, the promotion of the economy growth and
sustainable of Angola.
With the aim to evaluate the Angola’s solar potential, using the PvSyst software two
residential photovoltaics systems were dimensioned for Angola’s capital city, Luanda.
Both systems are connected to the network, one of them without storage system and the
other one with a battery storage system.
Initially researchers were made about the electrical structure and functioning of Angola,
followed by a more theoretical approach to the issue of photovoltaic energy, in
particular, its working principles, the various photovoltaic systems and the most used
equipments.
Furthermore, in addition to the technical analysis of the dimensioned systems, an
economic evaluation is carried out to prove its viability and compare the cost associated
with the dimensioned FV systems and the cost to obtain the fossil fuels most used in
Angola to power electric generators. Nevertheless, to determine the total investment
cost was used the PvSyst where all costs associated with the systems were accounted.
To evaluate the financial profitability of the FV systems were considered two distinct
scenarios using a period of 20 years. In the first scenario, the minimum tariffs practiced
in Angola for the purchase and sale of energy are used, while in the second scenario,
sought to define an energy tariff that would make the investment profitable with a
considerable amortization period.

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LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS V

LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS


Lista Siglas

AC Alternating Current
AT Alta Tensão
BT Baixa Tensão
CTS Condições de Teste Standard
DC Direct Current
ENDE-EP Empresa Nacional de Distribuição de Eletricidade
ENE-EPE Empresa Nacional de Eletricidade
FER Fonte de energias renováveis
FF Fator de forma
FV Fotovoltaica
IAM Incidence Angle Modifier
IRSEA Instituto Regulador dos Serviços de Eletricidade e de Água
MPP Maximum Power Point
MINEA Ministério da Energia e Águas
PRODEL-EP Empresa Pública de Produção de Eletricidade
RNT Rede Nacional de Transportes de Eletricidade
RNT-EP Empresa Rede Nacional de Transporte de Eletricidade
Kz Kwanza
SEP Sistema Elétrico Público
SENV Sistema Elétrico Não Vinculado
USD United States Dollar
UV Ultravioleta
ZCIT Zona de Convergência Intertropical

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LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS VI

Lista de Abreviaturas

F importância da fatura em Kwanzas


pc potência contratada em kVA
p ponta máxima de 15 minutos consecutivos
W consumo em kWh faturado no período
Voc tensão em circuito aberto
Isc corrente de curto-circuito
Impp Corrente para a potência máxima
Vmpp Tensão para a potência máxima
Pmpp ponto de potência máxima

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LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS VII

Lista de Unidades

A ampere
GW gigawatt
°C grau Celsius
kV kilovolt
kW/ m2 Kilowatt por metro ao quadrado
kW Kilowatt
kWh Kilowatt-hora
kWh/m2 Kilowatt-hora por metro ao quadrado
kVA Kilovolt-ampere
MW megawatt
m2 metro ao quadrado
MVA megavolt-ampere
mm milímetro
% percentagem
km quilómetro
km2 quilómetro ao quadrado
V volt

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ÍNDICE DE FIGURAS IX

ÍNDICE DE FIGURAS

FIGURA 1-ACESSO À ELETRICIDADE (% DA POPULAÇÃO) [ADAPTADA DE 5] ............................................... 8

FIGURA 2-CONSUMO ENERGÉTICO POR SETOR [6] ...................................................................................... 9

FIGURA 3-COMPARAÇÃO DA TAXA DE ELETRIFICAÇÃO [6] ........................................................................ 12

FIGURA 4-DISTRIBUIÇÃO DE CARGA POR SISTEMA ATÉ 2025 [6] .............................................................. 13

FIGURA 5-POTÊNCIA INSTALADA POR REGIÃO [6] ..................................................................................... 16

FIGURA 6-ESTRUTURA DO SETOR ELÉTRICO ATUAL E FUTURA [14] .......................................................... 17

FIGURA 7-PARTILHA DE ELETRÕES [19] ...................................................................................................... 20

FIGURA 8-MODELO DAS BANDAS [20] ........................................................................................................ 21

FIGURA 9-PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DE UMA CÉLULA FOTOVOLTAICA [21] ................................. 23

FIGURA 10-RADIAÇÃO SOLAR MÉDIA [6].................................................................................................... 28

FIGURA 11-EXIGÊNCIAS EM ENERGIA ESPECIFICADAS (CARGA) [ADAPTADA DE 27]................................. 34

FIGURA 12-DETERMINAÇÃO DO NÚMERO DE MÓDULOS EM SÉRIE E STRINGS [27] ................................ 41

FIGURA 13-DIAGRAMA UNIFILAR [27] ........................................................................................................ 42

FIGURA 14-DETERMINAÇÃO DO NÚMERO DE INVERSORES [27] ............................................................... 43

FIGURA 15- CONFIGURAÇÃO DO SISTEMA SEM ARMAZENAMENTO [27] ................................................. 44

FIGURA 16-PRODUÇÕES NORMALIZADAS POR KWP INSTALADO [27] ...................................................... 45

FIGURA 17-DIAGRAMA ANUAL DE PERDAS [27] ......................................................................................... 46

FIGURA 18- DETERMINAÇÃO DO NÚMERO DE MÓDULOS EM SÉRIE E STRINGS....................................... 49

FIGURA 19-DIAGRAMA UNIFILAR ............................................................................................................... 50

FIGURA 20-DETERMINAÇÃO DO NÚMERO DE INVERSORES ...................................................................... 50

FIGURA 21- CONFIGURAÇÃO DO SISTEMA COM ARMAZENAMENTO [27] ................................................ 52

FIGURA 22-PRODUÇÕES NORMALIZADAS POR KWP INSTALADO [27] ...................................................... 53

FIGURA 23-DIAGRAMA ANUAL DE PERDAS [27] ......................................................................................... 54

FIGURA 24-FLUXO DE CAIXA ACUMULADO DO SISTEMA PARA O SEGUNDO CENÁRIO DE ANÁLISE DO


SISTEMA SEM BATERIA (EUR) [27] .................................................................................................... 67

FIGURA 25-FLUXO DE CAIXA ACUMULADO DO SISTEMA PARA O SEGUNDO CENÁRIO DE ANÁLISE SISTEMA
COM BATERIA (EUR) [27]................................................................................................................... 71

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ÍNDICE DE FIGURAS X

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ÍNDICE DE TABELAS XI

ÍNDICE DE TABELAS

TABELA 1-MATRIZ ENERGÉTICA DE ANGOLA [ADAPTADA DE 6] ................................................................ 10

TABELA 2-PRINCIPAIS CENTROS PRODUTORES DA PRODEL [ADAPTADA DE 12] ....................................... 17

TABELA 3-TARIFA DE CONSUMIDORES DE BAIXA TENSÃO [ADAPTADO DE 15] ........................................ 19

TABELA 4-METEOROLOGIA MENSAL DA CIDADE DE LUANDA [ADAPTADA DE 27] ................................... 27

TABELA 5-NÚMERO DE PAINÉIS DO SISTEMA DE 7,56 KWP....................................................................... 36

TABELA 6-NÚMERO DE PAINÉIS DO SISTEMA DE 10,08 KWP .................................................................... 36

TABELA 7-NÚMERO DE INVERSORES DO SISTEMA DE 7,56 KWP ............................................................... 37

TABELA 8-NÚMERO DE INVERSORES DO SISTEMA DE 10,08 KWP ............................................................. 37

TABELA 9-NÚMERO MÁXIMO DE PAINÉIS PARA UM INVERSOR SUNNYBOY 2.5 ...................................... 38

TABELA 10-NÚMERO MÁXIMO DE PAINÉIS PARA UM INVERSOR GW5048-EM ........................................ 38

TABELA 11-NÚMERO MÁXIMO DE MÓDULOS EM SÉRIE PARA O SISTEMA SEM ARMAZENAMENTO ...... 39

TABELA 12-CONFIGURAÇÃO FINAL DO GERADOR FOTOVOLTAICO PARA OS SISTEMAS ........................... 39

TABELA 13-CARACTERÍSTICA DO MÓDULO FV ........................................................................................... 42

TABELA 14-CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DO INVERSOR .......................................................................... 43

TABELA 15-RESULTADOS SIMULAÇÃO SISTEMA SEM BATERIA.................................................................. 44

TABELA 16-BALANÇO DE ENERGIA ............................................................................................................. 47

TABELA 17-PRODUÇÃO ENERGÉTICA SISTEMA LIGADO À REDE SEM BATERIA PARA OUTRAS LOCALIDADES
........................................................................................................................................................... 47

TABELA 18-CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DO INVERSOR .......................................................................... 51

TABELA 19-CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DA BATERIA 800 AH SOLAR 1/24 ............................................ 51

TABELA 20-RESULTADOS SIMULAÇÃO SISTEMA COM BATERIA................................................................. 52

TABELA 21-BALANÇO DE ENERGIA ............................................................................................................. 55

TABELA 22-SÍNTESE DOS RESULTADOS OBTIDOS PARA SISTEMA FV EM LUANDA .................................... 56

TABELA 23-ORÇAMENTO DO SISTEMA LIGADO À REDE SEM ARMAZENAMENTO .................................... 63

TABELA 24-ORÇAMENTO DO SISTEMA LIGADO À REDE COM BATERIA ..................................................... 63

TABELA 25-RESULTADO DA ANÁLISE FINANCEIRA DO INVESTIMENTO PARA O PRIMEIRO CENÁRIO DO


SISTEMA SEM BATERIA (EUR) [ADAPTADO DE 27]............................................................................ 66

TABELA 26- RESULTADO DA ANÁLISE FINANCEIRA DO INVESTIMENTO PARA O SEGUNDO CENÁRIO DE


ANÁLISE DO SISTEMA SEM BATERIA (EUR) [27] ................................................................................ 68

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ÍNDICE DE TABELAS XII

TABELA 27-RESULTADO DA ANÁLISE FINANCEIRA DO INVESTIMENTO PARA O PRIMEIRO CENÁRIO DE


ANÁLISE DO SISTEMA COM BATERIA [27] ......................................................................................... 69

TABELA 28-RESULTADO DA ANÁLISE FINANCEIRA DO INVESTIMENTO PARA O SEGUNDO CENÁRIO DE


ANÁLISE DO SISTEMA COM BATERIA [27] ......................................................................................... 70

TABELA 29-SÍNTESE DOS RESULTADOS OBTIDOS PARA CADA UM DOS SISTEMAS ESTUDADOS .............. 71

TABELA 30-COMPARAÇÃO ENTRE USO DE GERADOR ELÉTRICO E SISTEMA FV COM BATERIA ................ 73

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ÍNDICE DE TABELAS XIII

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ÍNDICE XV

ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................1
1.1 Enquadramento Geral....................................................................................................... 1

1.2 Objetivos da Dissertação .................................................................................................. 2

1.3 Conteúdo da Dissertação .................................................................................................. 2

2 ENQUADRAMENTO TEÓRICO .............................................................................7


2.1 Angola .....................................................................................................................7
2.1.1 Clima ..................................................................................................................................... 7
2.1.2 Recursos Naturais ................................................................................................................. 7

2.2 Sistema Elétrico em Angola .............................................................................................. 8


2.2.1 Previsões/Expetativas para o Sistema Elétrico de Angola .................................................. 11
2.2.2 Legislação ............................................................................................................................ 14
2.2.3 Sistemas do Setor Elétrico .................................................................................................. 16
2.2.4 Cadeia de Gestão Elétrica ................................................................................................... 16
2.2.5 Tarifas de Eletricidade......................................................................................................... 19

2.3 Energia Fotovoltaica ....................................................................................................... 20


2.3.1 Princípio de Funcionamento de uma célula solar............................................................... 20
2.3.2 Módulo Fotovoltaico ........................................................................................................... 23
2.3.3 Fatores que afetam as características elétricas dos módulos fotovoltaicos ...................... 24

2.4 Sistema fotovoltaico ....................................................................................................... 25


2.4.1 Sistemas Ligados à Rede (On Grid) ..................................................................................... 25
2.4.2 Sistemas Isolados (Off Grid) ................................................................................................ 26
2.4.3 Sistemas Híbridos ................................................................................................................ 26

2.5 Potencial Solar de Angola ............................................................................................... 27

3 DESENVOLVIMENTO TÉCNICO ..........................................................................33


3.1 Projeto Técnico de um Sistema Fotovoltaico Residencial .............................................. 33
3.1.1 Caracterização do Local de Instalação do Sistema FV ........................................................ 33
3.1.2 Análise do Consumo Energético ......................................................................................... 34
3.1.3 O Software PVsyst ............................................................................................................... 35
3.1.4 Dimensionamento............................................................................................................... 35
3.1.5 Dimensionamento no Software .......................................................................................... 40

3.2 Sistema Ligado à Rede Sem Armazenamento ................................................................ 40


3.2.1 Seleção dos módulos fotovoltaicos .................................................................................... 40
3.2.2 Seleção do inversor ............................................................................................................. 42
3.2.3 Configuração final e Resultado da simulação ..................................................................... 43

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ÍNDICE XVI

3.3 Sistema Ligado à Rede Com Armazenamento ................................................................ 48


3.3.1 Seleção dos módulos fotovoltaicos .................................................................................... 48
3.3.2 Seleção dos inversores ........................................................................................................ 49
3.3.3 Seleção das baterias............................................................................................................ 51
3.3.4 Resultado da simulação ...................................................................................................... 51

3.4 Análise dos Resultados Obtidos ...................................................................................... 55

4 ESTUDO ECONÓMICO ......................................................................................61


4.1 Orçamento do sistema FV ............................................................................................... 63

4.2 Análise Económica do Projeto ........................................................................................ 64


4.2.1 Análise Financeira do Sistema FV sem Armazenamento .................................................... 66
4.2.2 Análise do Sistema FV com Armazenamento ..................................................................... 69

4.3 Resultados e Análise Económica ..................................................................................... 71

5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS ......................................79


5.1 Conclusões ...................................................................................................................... 79

5.2 Sugestões de trabalhos futuros ...................................................................................... 80

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................85


6.1 Legislação ........................................................................................................................ 86

7 ANEXOS ..........................................................................................................91
7.1 Anexo A ........................................................................................................................... 91

7.2 Anexo B ........................................................................................................................... 93

7.3 Anexo C ........................................................................................................................... 94

7.4 Anexo D ........................................................................................................................... 95

7.5 Anexo E ........................................................................................................................... 96

7.6 Anexo F............................................................................................................................ 97

7.7 Anexo G ........................................................................................................................... 98


7.8 Anexo H ........................................................................................................................... 99

7.9 Anexo I .......................................................................................................................... 100

7.10 Anexo J .......................................................................................................................... 101

7.11 Anexo K ......................................................................................................................... 102

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ÍNDICE XVII

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19

INTRODUÇÃO

1.1 Enquadramento Geral


1.2 Objetivos da Dissertação
1.3 Conteúdo da Dissertação

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INTRODUÇÃO 1

1 INTRODUÇÃO

A presente dissertação foi desenvolvida no âmbito da unidade curricular de Dissertação


Projeto e Estágio, que integra o segundo ano do Mestrado em Energias Sustentáveis, do
Instituto Superior de Engenharia do Porto.
Nesta dissertação será feito um estudo de dimensionamento técnico e estudo
económico de dois sistemas fotovoltaicos residenciais de forma a comprovar que Angola
apresenta um potencial solar capaz de suprir as necessidades energéticas da população.
Utilizando assim, um recurso energético mais sustentável e menos dispendioso quando
bem dimensionado.
Neste primeiro capítulo é feito o enquadramento do tema da dissertação, a
apresentação dos principais objetivos e da organização estrutural da presente
dissertação.

1.1 Enquadramento Geral

Em Angola, atualmente com cerca de 33 milhões de habitantes, somente 43,7% da


população tem acesso à energia elétrica, não há um sistema elétrico capacitado para
gerar energia para toda a população. Estima- se um aumento considerável na procura
pela eletricidade nas próximas décadas e tendo em conta o baixo índice de eletrificação
do país nasce uma oportunidade para apostar em tecnologias de energias renováveis
com objetivo de satisfazer a demanda.
O sol é uma enorme esfera de gás incandescente, onde no seu núcleo ocorrem reações
termonucleares com temperaturas de 2 a 15 milhões de graus centigrados, que
transformam hidrogénio em hélio libertando uma enorme quantidade de energia que
atravessa o seu interior e irradia para o espaço sideral, sob forma de luz e calor [1].
Segundo Emílio Cometta “a quantidade de energia solar que atinge a terra em dez dias
é equivalente a todas as reservas de combustível conhecidas” [2]. Fazendo com que esta
energia seja a fonte de energia permanente mais abundante do planeta, a energia solar
intercetada pelo planeta é muito superior à soma de todas as outras energias utilizadas.
Assim, com esta dissertação estuda-se de que forma se poderá aproveitar a energia
proveniente do sol, apoiando-se na produção fotovoltaica como a solução mais eficiente
e sustentável para o aumento da taxa de eletrificação de Angola.

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INTRODUÇÃO 2

1.2 Objetivos da Dissertação

O objetivo principal deste projeto é avaliar o potencial solar de Angola analisando a


produção de energia elétrica através de sistemas fotovoltaicos instalados em uma
residência localizada em Luanda. Dada a complexidade inerente a este objetivo, sentiu-
se a necessidade de o subdividir em múltiplas tarefas de realização mais simples, tais
como:
• Dimensionar dois sistemas fotovoltaicos residenciais acoplados à rede, com e
sem sistema de armazenamento em baterias;
• Fazer uma análise técnico-financeira dos sistemas fotovoltaicos.

1.3 Conteúdo da Dissertação

A dissertação divide-se em 4 partes distintas, na primeira parte do trabalho é feita uma


descrição geral sobre Angola e o seu sector elétrico, é retratado o seu funcionamento,
a estrutura do sistema atual e do cenário futuro.
A segunda parte da dissertação é a parte em que é feito um estudo mais didático e
aprofundado sobre os temas a cerca da energia fotovoltaica. Descreve-se alguns
elementos necessários para a compreensão da energia solar fotovoltaica, como o
princípio de funcionamento das células fotovoltaicas, os tipos de módulos e os principais
tipos de sistemas fotovoltaicos com os equipamentos que os integram. Para
complementar a analise teórica, é feita uma caracterização do recurso solar em Angola.
Na terceira fase identificam-se os possíveis sistemas a instalar, procede-se ao
dimensionamento dos sistemas FV e apresentam-se os resultados obtidos através da
simulação no PvSyst. Por fim, na quarta e última parte do trabalho é feito o estudo
técnico e económico dos sistemas. São analisados os sistemas anteriormente
dimensionados com o objetivo de selecionar o mais vantajoso para ser implementado
em Angola.

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INTRODUÇÃO 3

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INTRODUÇÃO 4

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5

ENQUADRAMENTO TEÓRICO

2.1 Angola
2.2 Sistema Elétrico em Angola
2.3 Energia Fotovoltaica
2.4 Sistema fotovoltaico
2.5 Potencial Solar de Angola

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6

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7

2 ENQUADRAMENTO TEÓRICO

2.1 Angola

Angola é um dos 54 países do continente africano, situado na região ocidental, onde faz
fronteira a norte com a República do Congo e a República Democrática do Congo, a leste
com a Zâmbia, a sul com a Namíbia e a Oeste com o oceano atlântico. Possui uma
extensão geográfica de 1.246.700 km2, uma costa atlântica de 1.650 km e cerca de 4.837
km de fronteiras terrestres [3].
O estado angolano está dividido em 18 províncias, subdivididas em municípios (163) e
as comunas (547). A capital de Angola é a província de Luanda com uma extensão de
2.417 km, sendo a menor província do país, porém com o maior número de habitantes.

2.1.1 Clima

O clima em Angola é fortemente caracterizado por duas estações: das chuvas, que é a
estação mais quente que vai de outubro à abril, e a seca (conhecida por Cacimbo) entre
os meses de maio à setembro, com temperaturas mais baixas. A estação chuvosa no
verão é desencadeada pela zona de convergência intertropical (ZCIT), que é uma faixa
de baixas pressões que cria fortes tempestades que caracterizam os intertrópicos [4].
Devido à localização na zona intertropical e subtropical do hemisfério Sul, à proximidade
ao mar e as especificidades do seu relevo, Angola tem o seu clima influenciado por vários
fatores dando origem às regiões climatéricas distintas. Esta diversidade climática resulta
num património natural riquíssimo em flora e fauna, possibilitando a prática de todo o
tipo de atividade e exploração quando adequada.

2.1.2 Recursos Naturais

Para além do património natural, Angola possui um vasto e diversificado conjunto de


recursos minerais, destacando-se o petróleo, gás natural, diamantes, fosfatos,
substâncias betuminosas, ferro, cobre, magnésio, ouro e rochas ornamentais. O solo
apresenta um grande potencial energético, estima-se que o seu subsolo possua 35 dos
45 minerais mais importantes do comércio mundial, porém, grande parte das riquezas
do subsolo angolano está ainda por explorar. Em termos de recursos hídricos, possui um
grande potencial hidroelétrico. Dos 4 principais rios de Angola o maior é o rio Kwanza,
que dá o nome à moeda nacional, com 1000 km de longitude, é o rio que abastece a

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8

barragem da Laúca, a seguir vem o o Kubango com 975 km, o Cunene com 800 km e,
finalmente o Zaire com 150 km de longitude, sendo estes rios capazes de albergar as
maiores barragens do país [3].

2.2 Sistema Elétrico em Angola

Angola, um país rico em recursos energéticos que ainda vive preso ao passado, tem
como uma das principais fontes de energia os recursos de origem fóssil, uma solução
finita e pouco sustentável. A exploração deste tipo de recurso tem sido excessiva ao
longo dos anos e os problemas associados ao seu consumo tornam-se uma grande
preocupação devido ao impacto ambiental do seu uso. Como a produção de
combustíveis fósseis contribui para o aumento de emissão de gases de efeito estufa, a
sociedade vê-se alertada para implementar estratégias e medidas que contrariem este
crescimento, procurando assim fontes de energia mais sustentáveis e melhores para o
meio ambiente.
A gestão de recursos energéticos é uma das principais preocupações do país. Em termos
energéticos é correto afirmar que Angola possui diversidade e quantidade. Para além de
inúmeros jazigos de petróleo, possui reservas de gás natural e apresenta um grande
potencial para energias renováveis, porém, o setor elétrico de Angola não reflete as
riquezas energéticas que o país possui.
De acordo aos dados apresentados pelo Banco Mundial, apenas 46,9% da população
tem acesso à energia elétrica [5]. O gráfico apresentado na Figura 1 demonstra a
evolução da taxa de eletrificação em Angola.

50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0

Acesso à eletricidade (% da população)

Figura 1-Acesso à eletricidade (% da população) [adaptada de 5]

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9

Não obstante da baixa taxa de eletrificação, o fornecimento de energia é pouco regular.


Há constantes falhas de distribuição para os poucos habitantes que têm acesso à
eletricidade, sendo necessário recorrer a outras alternativas para a satisfação das
necessidades energéticas. O uso de geradores de energia à base de combustíveis fósseis
é uma dessas alternativas, que por sua vez têm um impacto negativo, tanto na saúde da
população, no meio ambiente bem como para a economia do país.
Uma economia diversificada implica o pleno funcionamento de indústrias, um
funcionamento que depende da energia produzida e distribuída. A produção de energia
em Angola é insuficiente para a satisfação das necessidades dos consumidores quer
domésticos, quer industriais, o que condiciona o desenvolvimento do sector industrial.
Estima-se que o setor doméstico representa cerca de 41% do consumo energético, a
seguir os serviços com 30% e indústrias com apenas 18%.
A estratégia de longo prazo “Angola 2025” aponta um crescimento de 25% do consumo
de energia para atender a industrialização do país [6]. A meta de 25% de peso da
indústria reflete a grande expectativa nos projetos mineiros e industriais para o país nos
próximos anos, até 2025 espera-se que estes números aumentem, conforme é retratado
na Figura 2 [6].

Figura 2-Consumo energético por setor [6]

Os países mais desenvolvidos industrialmente têm integrados nos seus sistemas de


energia fontes renováveis por tornarem os sistemas energéticos mais completos,
eficazes e eficientes. Angola é um país com grande potencial, porém com pouco
investimento no setor de energias renováveis.

Aliane Naval da Silva AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA


10

Devido a indisponibilidade energética que apresenta, a resolução dos problemas


energéticos com base na utilização de fontes de energia renováveis tem de assumir um
lugar prioritário nas tarefas do governo para que se obtenha uma economia forte,
sustentável e menos dependente do petróleo. Pode-se afirmar que o maior entrave no
desenvolvimento da economia angolana é a sua excessiva institucionalização a par da
produção do petróleo [7].
A economia de Angola é fortemente dependente da produção e exportação de
hidrocarbonetos, tornando-se vulnerável às oscilações do preço do petróleo bruto. O
setor de petróleo bruto representa cerca de um terço do produto interno bruto (PIB) do
país e mais de 90% do total das exportações. De acordo com o Grupo Banco Mundial,
Angola é o segundo maior produtor de petróleo de África, a seguir à Nigéria, tendo como
uma produção média anual de 1,147 milhões de barris de petróleo por dia [5].
A atual matriz energética de Angola demonstrada na Tabela 1, é constituída
maioritariamente por duas fontes: a hídrica e térmica (de derivados de petróleo).
Atualmente as centrais hidroelétricas representam 61% da energia elétrica produzida
em Angola e as restantes energias renováveis não têm grande peso [6]. Entretanto,
somente a energia hídrica não é suficiente para suprir as necessidades energéticas do
país.

Tabela 1-Matriz energética de Angola [adaptada de 6]

Tipo de Produção Potência Instalada Peso

Hídrica 3,005 GW 61%


Térmica 1,866 GW 31%
Gás Natural 0,375 GW 7%
Energias
0,063 GW 1%
Renováveis

A implementação da energia solar na matriz energética angolana irá contribuir para o


aumento da eletrificação do país principalmente nas zonas rurais. Devido à falta de
condições de vida, a população das zonas rurais é forçada a migrar para outras zonas,
razão pela qual a capital do país, encontra-se sobrepovoada e cujas estruturas não
suportam a população nela existente. Assim, a busca pela eletricidade da rede pública é
grande e sobrecarrega a rede causando em muitos casos a quebra no fornecimento de
energia elétrica.
O desenvolvimento do sector energético permitirá o desenvolvimento de outras áreas
do país. A energia contribuirá para o desenvolvimento da atividade económica através
da melhoria do ambiente produtivo (no sector de transporte e comunicações) e na
diversificação da economia. O aumento do acesso à eletricidade nas povoações rurais,
irá contribuir para a redução das migrações, desta forma, as zonas rurais deixarão de
Aliane Naval da Silva AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA
11

estar despovoadas, permitindo a criação de condições de vida favoráveis e criar um


melhor cenário para o desenvolvimento do sector agrícola angolano, abrindo assim um
caminho para uma Angola economicamente diversificada.
Um país com capacidade de ser autossuficiente como Angola requer um sistema
elétrico funcional. A indisponibilidade energética representa uma clara ameaça ao
crescimento económico do país. Por esta razão, a resolução dos problemas energéticos
tem de assumir um papel prioritário. O estado precisa de implementar mecanismos de
incentivo e financiamento para atrair investidores privados nos planos de
desenvolvimento do sector elétrico, pois somente o estado não será capaz de resolver
todos os problemas.
A integração do investimento privado nos projetos do sector energético irá acelerar a
eletrificação, melhorar a viabilidade dos projetos e reduzir o impacto ambiental dos
combustíveis fósseis. Para além da grande dificuldade em estabilizar-se no mercado,
muitos projetos FV não são avançados devido ao alto custo de investimento inicial e as
baixas tarifas praticadas. A par disso, muitos especialistas como a ex diretora do
departamento de energias renováveis de Angola, Sandra Cristóvão, defendem que há a
necessidade de se criarem incentivos à produção FV com um regime de tarifas mais
adequadas, criação de subsídios, créditos ao investimento, benefícios fiscais, acordos de
compra/venda e créditos de redução de gases de efeito estufa, para que haja apostas
nos projetos renováveis [8].

2.2.1 Previsões/Expetativas para o Sistema Elétrico de Angola

Prevê-se a implementação de uma estratégia de longo prazo para o desenvolvimento


do setor energético, a estratégia denominada “Angola Energia 2025”, que estabelece
um conjunto de objetivos para o sector elétrico, destacando como prioritário o aumento
da taxa de eletrificação para 60% até 2025.
Na Figura 3 faz-se uma comparação entre Angola e países que integram FER e constata-
se que para Angola posicionar-se entre os países mais eletrificados como Portugal e EUA,
é fundamental um sistema eficiente e dotado das novas energias renováveis. Assim, o
governo angolano aprovou a estratégia nacional para as novas energias renováveis com
uma meta global de 800 MW e metas concretas para cada uma das principais fontes,
biomassa, solar, eólico e mini-hídricas [6].

Aliane Naval da Silva AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA


12

Figura 3-Comparação da taxa de eletrificação [6]

Consolidando os objetivos para 2025, destacam-se os seguintes [6]:

1. Potencializar o papel das energias renováveis, incluindo a geração com base em


outros recursos endógenos ou agropecuários, biogás, etc.

A meta de 800 MW em FER conta com 500 MW de biomassa e 100 MW para cada uma
das restantes fontes: eólica, solar e mini-hídricas.

2. Interligar e redimensionar as cargas dos Sistemas Norte, Centro, Sul e Leste;

A repartição de cargas entre os sistemas demonstrada na Figura 4, irá permitir um maior


equilíbrio territorial. O sistema norte crescerá de 1 GW para 4,3 GW, mas verá o seu
peso reduzir de 80% para 60%, para que o sistema centro tenha 19%, o sistema sul com
11%, o sistema leste com 7% e cabinda com 3%. Para a interligação dos sistemas Norte,
Sul e Centro deverão ser implementadas novas tecnologias energéticas e construídas
novas centrais.

Aliane Naval da Silva AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA


13

Figura 4-Distribuição de carga por sistema até 2025 [6]

3. Expandir a eletrificação das zonas rurais;

A eletrificação rural é uma medida de política estratégica de inclusão social, que servirá
para promover o desenvolvimento humano em zonas mais carenciadas. Serão
considerados 3 modelos de implementação para a eletrificação rural:

• A eletrificação rural por extensão da rede: o modelo de proposto baseia-se


principalmente na construção de subestações de 60 kV a partir de
subestações existentes ou planeadas de 220 kV.
• A eletrificação por sistemas isolados: assenta na eletrificação de 31 locais
com recurso a sistemas isolados abastecidos por mini-hídricas, diesel ou
solar.
• A eletrificação por sistemas individuais: este modelo inclui a criação de 500
aldeias solares [6].

Em Anexo A encontram-se os mapas seguindo os 3 modelos de eletrificação das zonas


rurais.

Aliane Naval da Silva AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA


14

2.2.2 Legislação

A estrutura legal do sector elétrico iniciou em 1996, com a publicação da Lei Geral de
Eletricidade, aprovada pela Lei n.º 14-A/96, de 31 de Maio. Esta lei aliada à Política de
Segurança Energética de Angola de 2011, permitiu abrir o caminho para a publicação
dos novos regulamentos essenciais para o mercado de energia e a alteração da própria
Lei Geral de Eletricidade.
Decreto Presidencial nº 76/26- Página 2 (2021): LEI GERAL DE ELECTRICIDADE
Objetivo: Na redação que lhe é dada pela Lei n.º 27/15, de 14 de dezembro, o Decreto
Presidencial n.º 76/21 estabelece o regime jurídico aplicável ao exercício das atividades
de produção, transporte, distribuição e comercialização de energia elétrica, bem como
se estabelece as bases de concessão de produção, transporte e distribuição de energia.
Durante o desenvolvimento dos princípios da Lei Geral de Eletricidade foi promovida a
audição dos principais agentes do subsetor de energia, de empresas públicas e privadas
que atuam na cadeia de valor do mercado elétrico angolano, assim como direções do
departamento ministerial com a superintendência da energia, como a direção nacional
de energia elétrica, a direção nacional de eletrificação rural e local e a direção nacional
de energias renováveis, criando assim a base do sistema elétrico nacional [9].
Composição do Sistema Elétrico Nacional: ARTIGO 3°. O Sistema Elétrico Nacional
compreende o Sistema Elétrico Público (SEP) e o Sistema Elétrico Não Vinculado (SENV)
[9]. O Sistema Elétrico Não Vinculado (SENV) inclui a produção independente, a
autoprodução, o abastecimento privativo próprio e o abastecimento privativo de
sistemas elétricos isolados [9].
Tendo em conta que a produção independente contribui para o desenvolvimento das
energias endógenas e renováveis, a lei Geral de Eletricidade introduz o conceito de
produção independente de energia elétrica, com a possibilidade de interligar e injetar
os seus excedentes ao Sistema Elétrico Público através da celebração de contrato de
aquisição de energia. Assim, houve a necessidade de criar as regras de acesso à atividade
de produção independente de energia elétrica em regime geral e instituir os regimes
especiais para a produção independente renovável e de emergência para o
cumprimento das metas da estratégia nacional para as novas energias renováveis.
Foi publicado o Decreto Presidencial nº. 43/21, de 17 de fevereiro, que aprovou o novo
Regulamento da Produção Independente de Energia Elétrica. O Regulamento estabelece
o regime jurídico aplicável à produção independente de eletricidade, e detalha as
normas de carácter geral sobre esta matéria previstas na Lei Geral da Eletricidade - Lei
n.º 14-A/96, de 31 de maio de 1996 (alterada pela Lei 27/15, de 14 de dezembro de
2015) [9].

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15

Decreto Presidencial nº 43/21- Página 1 (2021): REGULAMENTO DE PRODUÇÃO


INDEPENDENTE DE ENERGIA ELECTRICA
Objetivo: ARTIGO 1°. O presente regulamento estabelece o regime jurídico aplicável à
produção independente de eletricidade e as regras sobre a aquisição do seu excedente
para o abastecimento público [10].
Âmbito de aplicação: ARTIGO 2°. O regulamento aplica-se a todas pessoas singulares e
coletivas que exercem a atividade de produção independente de energia elétrica,
destinada à satisfação própria e que estejam autorizadas a injetar os excedentes de
energia no Sistema Elétrico Publico (SEP).
Classificação e regimes de produção: ARTIGO 4°. Nos termos do regulamento, a
produção de eletricidade independente pode assumir duas qualificações distintas: a
produção independente em regime geral; e a produção independente em regime
especial a qual, pode ser classificada como produção independente renovável ou
produção independente de emergência. Considera-se produção independente
renovável as unidades de produção independente com base exclusivamente em fontes
renováveis e que cumpram os requisitos estabelecidos no artigo 12° do presente
regulamento [10].
Requisitos para o acesso ao regime especial de produção: ARTIGO 12°. Para se proceder
ao registo de uma unidade de produção independente renovável simples a pessoa
singular ou coletiva, deve-se cumprir os seguintes requisitos [10]:
• Dispor, à data do pedido de registo, de uma instalação de utilização de energia
elétrica e titularidade de contrato de fornecimento de energia celebrado com
um comercializador de eletricidade;
• Possuir instalação de produção cujo combustível é exclusivamente baseado em
fontes renováveis;
• A potência instalada é inferior a 10 MW, a 200% da potência contratada de
consumo e superior a 100 kW;
• A instalação de produção está interligada, diretamente ou através da rede
nacional de transporte ou de distribuição respetiva, instalação de utilização.

O mesmo decreto ainda aprova como preço aplicável à fonte renovável o valor de 25
kwanzas por cada kWh para todas as fontes renováveis até à sua revisão pelo
regulamento tarifário [10].

Aliane Naval da Silva AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA


16

2.2.3 Sistemas do Setor Elétrico

O sector elétrico em Angola é caracterizado por uma potência instalada acima de 4,889
GW distribuída por regiões agrupadas em quadro sistemas independentes: o Sistema
Norte, Sistema Central, Sistema Sul e Leste [6]. Como demonstrado na Figura 5,
constata-se que o sistema norte é aquele que apresenta maior capacidade produtiva,
sendo que este sistema também alimenta a região de Luanda. Em 2014 o sistema norte
representava cerca de 78% do consumo total de eletricidade no país, segundo o censo
de 2014, viviam mais de 6 milhões de habitantes em Luanda e verificava-se a maior
concentração de indústrias e serviços do país. Até 2025 espera-se um aumento
significativo na capacidade de produção principalmente nos outros sistemas, alicerçados
na construção de novos aproveitamentos energéticos renováveis.

REGIÃO NORTE

Potência Instalada 1.651,3 MW

Ponta 871,52 MW

Energia 594,08 kWh

REGIÃO LUANDA

Potência Instalada 140,2 MW

Ponta 55,7 MW

Energia 23,33 kWh

REGIÃO CENTRO

Potência Instalada 346,26 MW

Ponta 159,8 MW

Energia 72,78 kWh

REGIÃO LESTE

Potência Instalada 26,3 MW

Ponta 4,5 MW

Energia 84.694,6 kWh

REGIÃO SUL

Potência Instalada 183,17 MW

Ponta 99,51 MW

Energia 55,7 kWh

Figura 5-Potência instalada por região [6]

2.2.4 Cadeia de Gestão Elétrica

Como é retratado na Figura 6, a estrutura do setor elétrico encontra-se monopolizada


por empresas públicas como a PRODEL, RNT e ENDE, num futuro próximo espera-se mais
a participação do setor privado para a descentralização da cadeia energética.

Aliane Naval da Silva AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA


17

Figura 6-Estrutura do setor elétrico atual e futura [14]

2.2.4.1 Produção

A PRODEL é a entidade criada com objetivo principal de gerir a produção de energia


elétrica no âmbito do Sistema Elétrico Público (SEP), nos termos e condições das
respetivas concessões ou licenças [6]. As principais centrais da PRODEL encontram-se na
tabela 2, baseiam-se em fontes térmicas e hidroelétricas.

Tabela 2-Principais centros produtores da Prodel [adaptada de 12]

Central produção Ponta máx. produção (MW)


Capanda 441,00
Laúca 907,80
Cambambe 632,00
Soyo 240,90
CFL 41,00
Cazenga 15,90
Gove 31,40
Belém 0,00
Quileva 37,20
Matala 0,00
Xitoto III 39,60
Tchiumbwe Dala 6,70

Aliane Naval da Silva AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA


18

As centrais foram instaladas estrategicamente em locais com grande concentração de


carga com intuito de suprimir a demanda de energia elétrica da região, operando em
ilha ou interligada no sistema. De acordo aos dados da PRODEL, até 2021, a produção
hidroelétrica em termos de capacidade instalada caracterizava-se de acordo às tabelas
expostas em Anexo B [12]. Em relação à produção térmica e de motores, a PRODEL tem
enquadrado no seu parque de produção 7 centrais à turbina e 35 centrais que utilizam
motores como máquinas primárias de acionamento dos rotores dos alternadores para
gerar energia elétrica. O gasóleo, jet B e o gás natural são os combustíveis mais utilizados
para a produção de energia elétrica nas centrais térmicas [13].

2.2.4.2 Transporte

A Rede Nacional de Transporte de Eletricidade (RNT-EP), atua como comprador único


de toda a energia produzida no Sistema Elétrico Público (SEP), atua como entidade
intermediária na compra e venda de energia entre produção e distribuição, fomentando
a concorrência entre os diversos centros electroprodutores, de forma a minimizar o
custo de produção de energia no país. Com um comprimento de linhas de 5.235,89 km,
com capacidade total de transformação de 11.691,3 MVA e 38 subestações dentre as
quais 2 postos de seccionamento [14], é um dos objetivos da estratégia 2025 aumentar
o comprimento das linhas de transmissão com atualmente 5.235,89 km para 16.350 km
até o ano de 2025. O número de subestações da RNT também aumentará de 36 em 2013
para 152 em 2025 [6].

2.2.4.3 Distribuição e Comercialização

A ENDE é responsável pela distribuição e comercialização de eletricidade a nível nacional


no âmbito do Sistema Elétrico Público (SEP). Efetua a exploração e utilização das
infraestruturas das redes de distribuição em alta, média e baixa tensão em regime de
serviços públicos nos termos da Lei Geral de Eletricidade e seus Regulamentos [15].
Após o transporte da energia elétrica em alta tensão (AT) até às subestações dos centros
de consumo, é feita a distribuição em várias linhas, cada uma delas destinada a
alimentar uma zona. Das linhas de distribuição de AT são retiradas derivações para
postos de transformação que transformam energia elétrica AT para baixa tensão (BT) de
forma a ser entregue ao utilizador. A ENDE até o ano de 2019 tinha um total de
2.105.851 clientes, concentrados maioritariamente em Luanda [15].

Aliane Naval da Silva AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA


19

2.2.5 Tarifas de Eletricidade

O tarifário de eletricidade em Angola é considerado o mais baixa da região austral do


continente africano, onde a taxa ronda os 16 cêntimos, segundo o ministro da Energia e
Águas, João Baptista Borges. [16] Angola tem tarifas de eletricidade baixas que impõem
várias limitações no desempenho regular da empresa, bem como na reposição de
materiais para acudir eventuais avarias. As categorias tarifarias aprovadas pelo Decreto
Executivo nº 122/19 de 24 de maio, revogando o Decreto Executivo 705/15 de 30 de
dezembro, são conforme a tabela 3.

Tabela 3-Tarifa de consumidores de baixa tensão [adaptado de 15]

Categoria
Tensão Potência Preço (kz) Preço (€)
Tarifária
Doméstica
<1 kV =1,3 kVA 2,46 Kz/kWh 0,0044 €/kWh
Baixa Renda
Doméstica
<1 kV =3,0 kVA 6,41 Kz/kWh 0,011 €/kWh
Social
Doméstica >3,0 kVA e
<1 kV 10,89 Kz/kWh 0,019 €/kWh
Geral <=9,9 kVA
Doméstica >3,0 kVA e
<1 kV 14,74 Kz/kWh 0,026 €/kWh
Especial >=9,9 kVA

O sistema de faturação da ENDE permanece abaixo dos padrões, porque para além da
baixa tarifa, a elevada dívida acumulada por parte dos clientes limita a capacidade da
empresa de aumentar o acesso à eletricidade e a expansão da rede elétrica nacional.

Aliane Naval da Silva AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA


20

2.3 Energia Fotovoltaica

A energia solar fotovoltaica consiste na geração de energia através da conversão direta


da radiação solar em eletricidade. Quando os fotões da radiação solar incidem em uma
lâmina de material semicondutor e fotossensível produzem energia elétrica, a este
fenómeno dá-se o nome de efeito fotovoltaico. Este efeito foi experienciado pela
primeira vez em 1839 por Edmund Becquerel, que produziu uma corrente elétrica ao
expor à luz dois elétrodos de prata num eletrólito [17].

2.3.1 Princípio de Funcionamento de uma célula solar

Em 1877, W.G. Adams e R.E. Day construíram a primeira célula solar baseada em dois
elétrodos de selénio que produziam uma corrente elétrica quando expostos à radiação,
mas a eficiência destes sistemas era muito reduzida [25]. Só em 1954, nos Estados
Unidos da América, D.M. Chapin e colaboradores do Bell Laboratory registavam a
patente de uma célula solar em silício com uma eficiência de 4.5%. [18] Atualmente, a
maioria das células solares ainda são à base de silício, uma vez que esta apresenta
características únicas, nomeadamente a sua abundância no planeta e por ter vantagens
económicas e técnicas.
O silício é um material semicondutor com 4 eletrões na camada de valência ligados por
ligação covalente. O número de eletrões na última camada define quantos deles podem
libertar-se do átomo em função da absorção de energia externa ou se esse átomo
poderá ligar-se a outros por ligações covalentes. Num cristal de silício, cada átomo
compartilha 4 elétrões com os vizinhos por ser um elemento tetravalente, de modo a
haver 8 eletrões em torno de cada núcleo, tal como é demonstrado na Figura 7 [19].

Figura 7-Partilha de eletrões [19]

Aliane Naval da Silva AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA


21

Os materiais semicondutores são os mais adequados para uso em painéis FV pois são
sólidos que possuem uma estrutura cristalina de condutividade elétrica intermédia que
lhes permite transmitir e controlar a corrente elétrica. O tamanho da banda proibida
define o comportamento elétrico dos materiais, condutores e isolantes. Os
semicondutores possuem a capacidade de alterar a sua característica de material
isolante para condutor com grande facilidade por possuírem uma banda proibida de
pequena dimensão onde os eletrões livres podem deslocar-se da banda de valência para
a banda de condução, quando recebem energia suficiente [19]. As propriedades
elétricas de semicondutores podem ser explicadas a partir de dois modelos: o modelo
das ligações e o modelo da banda.

2.3.1.1 Modelo das ligações

O modelo das ligações assenta na influência da temperatura na rutura das ligações


covalentes que unem os átomos de silício para fundamentar o comportamento de
semicondutores. A condutividade dos semicondutores varia com a alteração da
temperatura, o que faz com que atinjam uma condutividade semelhante à dos metais.
Em baixas temperaturas, as ligações permanecem estáveis e o silício se comporta como
um isolante, já em temperaturas elevadas, algumas ligações se rompem e dá-se a
condução por dois processos [20]:

• os eletrões de ligações quebradas tornam-se livres para se movimentar;


• outros eletrões vizinhos podem preencher o buraco criado pela rutura da
ligação covalente, propagando-se, como se houvesse uma carga positiva.

2.3.1.2 Modelo das bandas

Na Figura 8 é retratado o modelo das bandas, que se traduz na quantidade de energia


que os eletrões recebem para se tornam livres e sair da camada de valência passando
pela banda proibida, para a banda de condução que é onde, sob ação de um campo
elétrico, se forma a corrente elétrica.[20]

Figura 8-Modelo das bandas [20]

Aliane Naval da Silva AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA


22

Assim, quando um fotão da radiação solar que contém energia superior à energia de
ligação atinge um eletrão da banda de valência, este ganha energia suficiente para se
deslocar para a banda de condução, deixando um buraco no seu lugar, o qual se
comporta como uma carga positiva. Neste caso, diz-se que o fotão criou um par eletrão-
buraco. A quantidade de energia necessária para que o eletrão efetue essa transição é
chamada de gap de energia.
Para além da variação de temperatura e energia, o grau de pureza é outro fator que
condiciona a produção de corrente. O silício puro não produz energia elétrica devido ao
facto de os eletrões presentes na banda de condução moverem-se até recombinarem-
se aos buracos criados, pois, estes têm a carga positiva. Sabe-se que para existir corrente
elétrica é necessário haver uma diferença de potencial entre as duas zonas da célula. Ao
adicionar átomos de elementos diferentes alteramos significativamente as
propriedades do cristal puro, criando duas camadas na célula de diferentes cargas. A
este processo de alteração do grau de pureza dos semicondutores através da inserção
de outros átomos diferentes denomina-se de dopagem [20].

2.3.1.3 Dopagem-Junção PN

Quando acrescentamos um elemento de 3 eletrões na camada de valência como o boro,


obtemos o semicondutor do tipo “P”. Devido a diferença de números de eletrões, o boro
ao associar-se ao silício estabelece uma ligação com um número insuficiente de eletrões,
criando uma lacuna. A ausência deste eletrão é considerada um buraco, comportando-
se como uma carga positiva.
Já o fosforo que é um elemento de 5 eletrões na camada de valência, quando é
adicionado cria a região “N”, criando um excesso de cargas negativas, onde os eletrões
livres excedem as lacunas. Dos seus cinco eletrões, quatro se associam ao átomo de
silício, e o quinto fica livre na estrutura do material [20].
Os materiais do tipo P e N são a base para construção dos dispositivos semicondutores,
nenhuma potência pode ser produzida num semicondutor sem um meio para dar
direccionalidade ao movimento de eletrões. Esta direccionalidade ao movimento de
eletrões é dada pelo campo elétrico criado pela junção dos materiais P e N [20]. Numa
célula solar, os eletrões e os buracos excitados pelos fotões da radiação solar, movem-
se para os terminais negativo e positivo respetivamente, quando se estabelece ligação
dos terminais a um circuito circulará uma corrente elétrica contínua (DC). À junção
formada pela união dos materiais semicondutores do tipo p (muitos buracos e poucos
eletrões) e do tipo n (muitos eletrões e poucos buracos), chama-se junção PN, tal junção
é retratada na Figura 9 [21]:

Aliane Naval da Silva AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA


23

Figura 9-Princípio de funcionamento de uma célula fotovoltaica [21]

2.3.2 Módulo Fotovoltaico

A tecnologia fotovoltaica convencional baseia-se num dispositivo conhecido como


módulo fotovoltaico que é um agrupamento de células FV. Como uma única célula
fotovoltaica possui baixa tensão e corrente de saída, para se obter tensões e correntes
de saídas adequadas para a sua utilização é feito o agrupamento de várias células
formando um módulo fotovoltaico. De acordo à classificação estrutural do silício
cristalino, os módulos apresentam-se repartidas por três tipos principais: silício
monocristalino, silício multicristalino (ou policristalino) e fitas de silício [22]. Os módulos
mais utilizados são os módulos monocristalino por possuírem maior eficiência.

2.3.2.1 Módulo fotovoltaico silício monocristalino (m-Si)

O Silício monocristalino tem uma estrutura cristalina com cada átomo em uma posição
ordenada, apresentado um comportamento previsível e uniforme. Em termos de
eficiência, as células monocristalinas (m-Si) individuais testadas em laboratório possuem
atualmente um rendimento até 24%, bastante próximo do máximo rendimento teórico.
Os melhores módulos disponíveis no mercado apresentam um rendimento em redor
dos 16%. No entanto, é uma tecnologia mais cara devido ao processo de produção. É
necessária uma grande quantidade de energia para o seu fabrico devido o uso de
materiais em estado muito puro e com uma estrutura cristalina perfeita [22]. A maioria
dos módulos fotovoltaicos de silício monocristalino são obtidos a partir de fatias de um
único grande cristal, mergulhados em silício fundido [23]. Para formação dos módulos
comercializáveis, as células são conectadas através de filamentos condutores e
encapsuladas em folhas de acetato de vinil etileno (EVA), e então recebem uma

Aliane Naval da Silva AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA


24

cobertura frontal de vidro temperado e uma proteção. Esse conjunto laminado é


montado em um perfil metálico, geralmente em alumínio [24].

2.3.3 Fatores que afetam as características elétricas dos módulos fotovoltaicos

Temperatura: ao contrário do que se pensa, o dia perfeito para uma produção eficiente
é um dia ensolarado com um clima mais típico para o inverno. As zonas climáticas com
calor excessivo não são as mais favoráveis para instalação de painéis solares, pois o calor
pode degradar as células solares e, consequentemente, provocar alterações
significativas nos parâmetros característicos. Um aumento na temperatura provoca uma
diminuição da tensão. A variação da curva I-V com a temperatura é a seguinte:

• A potência de saída diminui com o aumento da temperatura;


• A tensão de circuito aberto diminui com o aumento da temperatura;
• A corrente de curto-circuito varia muito pouco com o aumento da temperatura
[20].

Radiação: pelo sol possuir movimento aparente no céu, de acordo com a hora e dia do
ano, é preciso fazer o acompanhamento desses movimentos para se obter a maior
intensidade luminosa. Devido ao elevado custo dos equipamentos que se movimentam
em função do movimento do sol (trackers), os módulos são normalmente instalados em
posição fixa, pelo que se torna essencial determinar a melhor inclinação para cada
região de instalação. Sendo a radiação que incide no painel solar um dos fatores mais
influentes para a potência produzida, a corrente elétrica numa célula solar aumenta com
o aumento da irradiância solar. Os parâmetros da curva I-V alteram-se com a variação
da radiação pela seguinte forma:

• A potência de saída diminui com a diminuição da radiação incidente;


• A tensão de circuito aberto diminui pouco com a diminuição da radiação
incidente;
• A corrente de curto-circuito diminui com a diminuição da radiação incidente [20].

Aliane Naval da Silva AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA


25

2.4 Sistema fotovoltaico

Os painéis solares são os principais componentes do sistema fotovoltaico. O painel é o


componente do sistema responsável pelo processo de captação da irradiação solar e a
sua transformação em energia elétrica [25]. Estes são formados por um conjunto de
módulos, compostos por células fotovoltaicas conectadas em série (para aumentar a
tensão) e em paralelo (para aumentar a corrente do sistema).
Entre as principais vantagens que advêm com os sistemas fotovoltaicos quando
comparados com os sistemas de produção de eletricidade convencionais constam: o
baixo custo de manutenção, a fiabilidade e durabilidade, a baixa taxa de poluição e a
facilidade de instalação. As principais desvantagens são: o custo de instalação elevado,
a indisponibilidade energética em determinados períodos e a forte dependência da
radiação solar e condições climáticas.
Como a energia elétrica gerada por um sistema fotovoltaico varia de acordo ao período
do dia e condições climáticas, é necessário prover alguma forma de armazenamento ou
geração auxiliar de eletricidade. No caso de existir uma ligação à rede de distribuição
elétrica no local, a solução mais simples consiste em injetar a energia excedente
produzida na rede, deixando-a disponível para outros consumidores e em período
noturno, em que o sistema não gerar energia elétrica, utilizar a eletricidade fornecida
pela rede elétrica ou armazenada em baterias. Deste modo, os sistemas fotovoltaicos
podem classificar-se em sistemas ligados à rede, sistemas isolados e sistemas híbridos
[25].

2.4.1 Sistemas Ligados à Rede (On Grid)

Os sistemas ligados à rede são sistemas de produção em que parte ou a totalidade da


energia elétrica gerada é injetada na rede elétrica pública. O painel fotovoltaico produz
energia elétrica em corrente contínua e após convertê-la para corrente alternada, é
injetada na rede de energia elétrica. Essa conversão é dada pela utilização do inversor
de frequência, que realiza a interface entre o painel e a rede elétrica.[26] Após essa
conversão, a energia proveniente do sol pode ser utilizada no local de consumo ou pode
ainda ser transferida para a rede elétrica. O sistema On-Grid é composto basicamente
por vários painéis fotovoltaicos conectados ao inversor e, posteriormente, à rede de
energia elétrica. Esse sistema pode ou não apresentar sistema de armazenamento de
energia. Os sistemas fotovoltaicos ligados à rede são constituídos basicamente pelos
seguintes equipamentos [26]:

Painel FV: é o gerador elétrico, converte a radiação solar para energia elétrica, em
corrente contínua.

Aliane Naval da Silva AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA


26

Inversor: converte a corrente contínua gerada pelo painel fotovoltaico em corrente


alternada. Esse equipamento é capaz de deixar a tensão e a frequência compatíveis com
a rede elétrica da concessionária, ao qual o sistema está interligado. Este dispositivo
geralmente incorpora um seguidor de ponto de máxima potência (MPPT), necessário
para otimização da potência final produzida.

Medidor de energia bidirecional: tem a função de medir energia consumida da rede,


bem como a energia injetada na rede. Se o sistema FV gerar menos energia elétrica do
que a necessário no momento, a rede pública fornece, automaticamente, para que não
haja falta de energia para o consumidor. De maneira contrária e complementar, o
sistema FV, ao produzir mais energia do que a necessária, faz com que essa energia
excedente seja injetada na rede elétrica da concessionária. E, nesse caso, o medidor
bidirecional irá contabilizar o excedente de energia que é injetado na rede, gerando um
crédito na conta de energia no final do mês [26].

2.4.2 Sistemas Isolados (Off Grid)

Os sistemas Off-Grid são sistemas autónomos não conectados à rede elétrica. Por estes
sistemas não trabalharem em paralelo com a rede elétrica convencional, são capazes de
serem utilizados em locais onde não existe fornecimento de energia através da rede
pública de distribuição. Existem dois tipos de autónomos: com armazenamento e sem
armazenamento [26].
Para além do painel FV e inversor, os principais equipamentos que compõem o sistema
fotovoltaico OFF-GRID convencional são os seguintes [26]:
Controladores de carga: equipamento que regula e protege a bateria de ser
completamente descarregada ou sofra sobrecarga de tensão. Em sistemas isolados,
esses controladores devem ser projetados de acordo com as características dos
diferentes tipos de baterias. Quando a bateria atinge plena carga, os controladores
devem interromper o fornecimento de energia e desconectar o gerador fotovoltaico,
para que assim se preserva a vida útil das baterias.
Baterias: são acopladas nos sistemas isolados para o armazenamento do excedente de
energia produzida pelo módulo fotovoltaico, de modo que o consumidor possa utilizar
em outro momento. Existem vários tipos de baterias no mercado, como as baterias de
chumbo-ácido, baterias de iões de lítio, baterias de níquel-cádmio, etc. [26].

2.4.3 Sistemas Híbridos

Os sistemas híbridos são a associação de sistemas fotovoltaicos com demais fontes de


energia para proporcionar carga nas baterias na ausência de radiação solar. No entanto,
é um sistema complexo, já que necessita integrar diversas formas de produção de
energia elétrica, como motores à diesel ou gás, ou por geradores eólicos [26].

Aliane Naval da Silva AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA


27

2.5 Potencial Solar de Angola

Angola está entre os países com melhores condições climáticas para aproveitamento da
energia solar, o país apresenta um número elevado de horas de sol e poucos períodos
de céu nublado, por isso os níveis de radiação solar são bastante elevados. A
materialização dos projetos, de acordo com as decisões estratégicas de Angola 2025
poderão ter reflexos na matriz energética nacional. Para testar o conceito de uma aldeia
100% solar num local com maior racionalidade económica face aos elevados custos de
transporte do diesel, foi criada a sede do Município de Rivungo no Cuando Cubango
100% à base e energia FV. Trata-se de uma aldeia alimentada por um sistema
fotovoltaico com armazenamento, que em caso de sucesso esta solução poderá ser
implementada a outras sedes distantes e com o mesmo potencial solar [6].
A tabela 4 demonstra os valores de irradiação horizontal total (GlobHor), irradiação
difusa horizontal (DiffHor), temperatura ambiente (T_Amb) e incidência global no plano
dos sensores (GlobInc) para a capital de Luanda [27].

Tabela 4-Meteorologia mensal da cidade de Luanda [adaptada de 27]

GlobHor DifHor GlobInc


T_Amb
(kWh/m2) (kWh/m2) (C) (kWh/m2)
Janeiro 201,20 85,20 27,50 190,60
Fevereiro 173,30 76,50 27,00 169,00
Março 186,10 80,10 27,40 187,80
Abril 165,80 70,10 27,00 173,60
Maio 160,90 59,70 26,40 174,60
Junho 140,30 58,10 23,90 153,60
Julho 124,80 72,60 23,20 133,30
Agosto 128,40 82,60 23,70 133,40
Setembro 148,60 73,10 24,60 151,40
Outubro 169,20 79,50 26,10 167,10
Novembro 178,20 83,80 26,10 170,30
Dezembro 190,00 79,00 25,59 178,20
Ano 1966,80 900,30 25,70 1982,90

O país dispõe de um número médio anual entre 5800 e 6300 horas de sol no seu
território. Este valor pode ser comparado ao de Portugal que possui aproximadamente
2200 a 3000 horas de sol por ano no seu território e é feito o aproveitamento deste
recurso de forma eficiente. Esta comparação comprova que de facto Angola apresenta
um grande potencial solar a ser explorado [28]. O valor médio da radiação solar global

Aliane Naval da Silva AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA


28

no plano horizontal que incide em Angola está compreendido entre 1350 e 2070
kWh/m2/ano e com este elevado potencial, o recurso solar torna-se o maior e o mais
uniformemente distribuído recurso renovável do país.
Por ser um país tropical, a utilização da energia solar é exequível em praticamente todo
o território angolano, especialmente nas províncias do Namibe, Cunene e Cuando–
Cubango, que apresentam os maiores valores de radiação global. Na Figura 10 verifica-
se a distribuição de norte a sul de Angola em termos de radiação global horizontal [6].

Figura 10-Radiação solar média [6]

A tecnologia mais adequada para aproveitamento do recurso solar em Angola é a


produção de eletricidade através de sistemas fotovoltaicos, sendo esta uma tecnologia
renovável de curto período de instalação e menor custo de manutenção. A utilização de
sistemas fotovoltaicos com/sem baterias, permite a substituição da geração térmica à
base de combustíveis fósseis reduzindo assim os custos elevados da utilização de
gasóleo.
Os projetos de média e grande escala no sistema leste e sistemas isolados apresentam
em Angola custos nivelados inferiores a $0,2/kWh e no sistema Centro e Sul, pode-se
atingir custos menores a $0,15/kWh e, se durante o período inicial os projetos forem

Aliane Naval da Silva AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA


29

remunerados ao custo do gasóleo que é poupado, o custo nivelado desce para valores
inferiores a $0,1/kWh.
Com base nestes resultados, para Estratégia Angola 2025 estabeleceu-se uma meta de
500 MW para as energias renováveis com maior aposta na energia solar, deve-se instalar
100 MW de projetos solares até 2025. O planeamento da eletrificação rural permitiu
identificar potencial para integrar 22 MW de projetos solares fotovoltaicos à nível da
eletrificação rural: 10 MW nas aldeias solares, 10 MW de forma complementar ao
gasóleo nas sedes de município eletrificadas por sistemas isolados e 2 MW no projeto
100% solar de Rivungo [6].
Em Anexo C é demonstrado o mapa com o atlas do recurso solar com os locais
identificados com potencial para instalação de vários GW de projetos solares
fotovoltaicos e os locais selecionados para a instalação dos restantes 78 MW ligados à
rede, de forma a cumprir a meta de 100 MW. Estes locais encontram-se essencialmente
no centro e sul do país e foram selecionados de acordo ao menor custo nivelado de
energia [6].

Aliane Naval da Silva AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA


30

Aliane Naval da Silva AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA


31

DESENVOLVIMENTO TÉCNICO

3.1 Projeto Técnico de um Sistema Fotovoltaico Residencial

3.2 Sistema Ligado à Rede Sem Armazenamento

3.3 Sistema Ligado à Rede Com Armazenamento

3.4 Análise dos Resultados Obtidos

Aliane Naval da Silva AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA


32

Aliane Naval da Silva AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA


DESENVOLVIMENTO TÉCNICO 33

3 DESENVOLVIMENTO TÉCNICO

3.1 Projeto Técnico de um Sistema Fotovoltaico Residencial

O planeamento de um sistema fotovoltaico exige um estudo criterioso para a avaliação


das condições básicas existentes no local de instalação. O estudo informará se o local
em questão possuiu características favoráveis para a produção e aproveitamento da
energia FV. Essa produção de energia não depende apenas da irradiação e da
temperatura, outros fatores como a orientação e ângulo de inclinação dos módulos
influenciam no aproveitamento da energia. Durante a fase de planeamento, com vista
ao correto dimensionamento do sistema FV, é crucial fazer o registo de todos os dados
necessários, dentre muitos constam os seguintes:

• Dados climáticos (médias diárias e mensais da radiação global incidente num


plano horizontal, radiação global incidente num plano com orientação do ângulo
ótimo e temperaturas);
• Posicionamento solar (altura e azimute);
• Ângulo ótimo da inclinação dos painéis FV;
• Produção energética desejada ou potência fotovoltaica a instalar;
• Área disponível para instalação dos módulos;
• Tipo de cobertura, características da estrutura e subestrutura, resistência
estrutural;
• Dados sobre sombreamento das estruturas;
• Locais potenciais à instalação do gerador, das caixas de juncão do contador, do
interruptor de corte principal (DC) e do inversor;
• Comprimento dos cabos, rede de cablagem e método de implantação da
canalização elétrica [27].

3.1.1 Caracterização do Local de Instalação do Sistema FV

O sistema fotovoltaico neste trabalho foi projetado para uma residência familiar que
possuiu um consumo mensal estimado de 521 kWh/mês que abastece a casa principal
constituída por onze compartimentos, o primeiro anexo com quatro compartimentos e
o segundo anexo com cinco compartimentos. Pretende-se que o sistema FV seja
instalado na cobertura do segundo anexo, que se trata de uma cobertura plana de
cimento, sem obstruções e com uma área disponível de 149,76 m2.

Aliane Naval da Silva AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA


DESENVOLVIMENTO TÉCNICO 34

A residência localiza-se em Angola, na província de Luanda, município de belas, que


possuiu em média uma irradiância de 210-220 W/m2.
Para determinar a potência a instalar foi necessário avaliar o perfil de consumo da
residência em estudo. O perfil de consumo, é um gráfico que representa a variação
diária ou mensal da energia total utilizada. Os perfis variam de acordo com a utilização,
ocupação, o clima local, o tipo de dias e estação do ano [29]. Seguindo o perfil de
consumo, pretende-se projetar o sistema FV de modo que seja capaz suprir todo o
consumo da residência.

3.1.2 Análise do Consumo Energético

No dimensionamento de sistemas FV para autoconsumo é importante aproximar o


máximo possível a produção FV e o perfil de consumo pois quanto maior for a
compatibilidade entre a produção e o consumo, mais eficiente será o sistema. Para se
obter o perfil de consumo energético recorreu-se à análise das faturas de eletricidade
para o período de 1 ano. A fatura em anexo D demonstra que a faturação é de formato
simples, não especifica o preço da energia nos diferentes horários (horas de vazio, ponta
e cheias), apenas é contabilizado o consumo ativo em kWh. A potência contratada da
residência é de 13,20 kVA, que corresponde a um contrato de Baixa Tensão (BT) na
categoria de doméstica especial (trifásica), conforme é demonstrado no tarifário de
eletricidade apresentado na Tabela 3.
Tendo em conta as faturas elétricas, obteve-se como resultado o gráfico da Figura 11
que apresenta as exigências mensais em energia especificadas da residência tendo como
consumo médio 521 kWh/mês.

Figura 11-Exigências em energia especificadas (carga) [adaptada de 27]

Aliane Naval da Silva AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA


DESENVOLVIMENTO TÉCNICO 35

Seguindo o consumo energético mensal da residência, foram dimensionados dois


sistemas FV, um com e outro sem sistema de armazenamento, ambos ligados à rede
elétrica. Para o dimensionamento foi utilizado o software PVsyst com base no método
de cálculo lecionado pelo professor António Andrade, na unidade curricular de Energias
Renováveis, módulo de Energia fotovoltaica do mestrado em Energias Sustentáveis do
Instituto Superior de Engenharia do Porto [20].

3.1.3 O Software PVsyst

Para o dimensionamento do sistema foi utilizado o software PVsyst versão 7.3.2 Nesta
versão o software possui na base de dados a radiação solar para apenas quatro cidades
de Angola. A residência em estudo está localizada na província de Luanda cujo dados
sobre a irradiação e orientação são fornecidos pelo software. O software foi
desenvolvido pela Universidade de Genebra, em 1991, e permite a simulação de
instalações fotovoltaicas isoladas, conectadas à rede, com e sem armazenamento, e
para bombagem de água [27].
O software dimensiona o sistema de forma detalhada utilizando simulações horárias e
permite ainda adicionar a opção de autoconsumo, sendo que simula qual a energia
consumida em autoconsumo e energia injetada na rede. A base de dados possui uma
informação meteorológica completa e permite especificar determinadas condições
particulares, como a orientação dos módulos e a existência de sombreamentos. Quanto
aos equipamentos, o programa inclui na base de dados painéis, baterias, inversores e
reguladores de diferentes marcas e ainda há a possibilidade de inserir outros modelos
que não estejam na base de dados.

3.1.4 Dimensionamento

O dimensionamento dos sistemas consistiu nos seguintes procedimentos [27]: definir a


potência do sistema, selecionar o tipo de módulos, calcular o número de módulos,
escolher o Inversor, calcular número máximo de módulos por fileira, número mínimo de
módulos por fileira, número de fileiras em paralelo, configurar o gerador fotovoltaico e
escolha da bateria.

1. Cálculo do número total de painéis

Para determinar o número de painéis fotovoltaicos para o sistema, primeiro foi


necessário definir a potência do sistema (Pot do sistema) Definiu-se a potência dos
sistemas tendo em conta a necessidade energética da residência e ao facto de que se
pretende maximizar a produção de energia de modo que a quantidade de energia
vendida rentabilize os sistemas.

Aliane Naval da Silva AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA


DESENVOLVIMENTO TÉCNICO 36

Assim, optou-se por uma potência instalada de 7,56 kWp, para o sistema sem
armazenamento e 10,08 kWp para o sistema com armazenamento. Todavia, esta
potência poderia sofrer alterações aquando da análise de resultados energéticos e
económicos.
Para além da potência do sistema, a potência dos painéis tem uma grande influencia no
total de painéis a serem utilizado no sistema, uma vez que quanto maior for a potência
do painel, menor será o número de painéis a serem utilizados, dada uma potência
instalada do sistema. Desde modo, foram escolhidos painéis de 360 W para os dois
sistemas pois os painéis nesta gama apresentam as características técnicas e
económicas adequadas aos sistemas.
Chegou-se ao número de painéis a instalar através da equação 1.

𝑃𝑜𝑡 𝑑𝑜 𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 (1)


𝑁º 𝑑𝑒 𝑝𝑎𝑖𝑛é𝑖𝑠 =
𝑃𝑜𝑡 𝑑𝑜 𝑝𝑎𝑖𝑛𝑒𝑙

Após os cálculos obteve-se como resultado os valores apresentados na tabela 5 e tabela


6 para o sistema sem e com armazenamento respetivamente.

Tabela 5-Número de painéis do sistema de 7,56 kWp

Parâmetros elétricos Valor


Potência do sistema 7,56 kWp
Potência do painel 360 W
Número de painéis 21

Com o objetivo de diminuir a dependência pele energia da rede, considerou-se a


possibilidade de integrar um sistema de armazenamento da energia FV produzida para
posterior utilização. Assim, no sistema com armazenamento pretendeu-se aumentar a
produção do sistema, tendo como potência instalada 10,08 kWp. Nesta potência
contabilizou-se que parte da energia produzida será destinada ao consumidor, outra
parte será armazenada em baterias e o restante injetado à rede elétrica.

Tabela 6-Número de painéis do sistema de 10,08 kWp

Parâmetros elétricos Valor


Potência do sistema 10,08 kWp
Potência do painel 360 W
Número de painéis 28

Aliane Naval da Silva AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA


DESENVOLVIMENTO TÉCNICO 37

2. Cálculo do número total de inversores

Sabendo a potência do sistema FV pretendida e as características do inversor escolhido,


mais concretamente a potência de saída (AC) máxima do inversor (Potinv AC máx), o
número de inversores a instalar determina-se pela equação 2.

𝑃𝑜𝑡 𝑑𝑜 𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 (2)


𝑁º 𝑑𝑒 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜𝑟𝑒𝑠 =
𝑃𝑜𝑡𝑖𝑛𝑣 𝐴𝐶 𝑚á𝑥

A potência dos inversores determinará a quantidade de energia útil que sairá do painel
para o consumidor final, o número de inversores a utilizar deve ser determinado de tal
forma que a potência total dos inversores seja capaz de suportar a potência nominal do
grupo FV. Os resultados obtidos são apresentados na tabela 7 e tabela 8 para o sistema
sem e com armazenamento respetivamente.

Tabela 7-Número de inversores do sistema de 7,56 kWp

Parâmetros Elétricos Valor


Potência do sistema 7,56 kWp
Potência AC máxima do inv 2500 W
Número de inversores 3

Para o sistema sem armazenamento foram definidos inversores de 2500 W e para o


sistema com armazenamento inversores híbridos de 5000 W.

Tabela 8-Número de inversores do sistema de 10,08 kWp

Parâmetros elétricos Valor


Potência do sistema 10,08 kWp
Potência AC máxima do inv 5000 W
Número de inversores 2

3. Cálculo do número máximo de painéis por inversor

O número máximo de painéis por cada inversor é determinado segundo a potência


máxima de entrada DC do inversor. Um inversor é capaz de suportar vários painéis
mesmo que a potência total destes sejam inferiores ou superiores à sua potência de
entrada máxima (Potinv DC máx). Nesse caso, o número de inversores calcula-se através
da equação 3 .

Aliane Naval da Silva AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA


DESENVOLVIMENTO TÉCNICO 38

𝑃𝑜𝑡𝑖𝑛𝑣 𝐷𝐶 𝑚á𝑥 (3)


𝑁º 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑎𝑖𝑛é𝑖𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜𝑟 =
𝑃𝑜𝑡 𝑑𝑜 𝑝𝑎𝑖𝑛𝑒𝑙

Posto isto, nas tabelas abaixo encontram-se o número máximo de painéis suportados
pelos inversores escolhidos.

Tabela 9-Número máximo de painéis para um inversor sunnyboy 2.5

Parâmetros elétricos Valor


Potência DC máxima do inv 5000 W
Potência do painel 360 W
Número máximo de painéis 13

Tabela 10-Número máximo de painéis para um inversor GW5048-EM

Parâmetros elétricos Valor


Potência DC máxima do inv 6500 W
Potência do painel 360 W
Número máximo de painéis 18

Um fator a ter em conta é que a soma das tensões dos módulos ligados em série não
pode ultrapassar a tensão máxima de entrada do inversor para evitar que o inversor se
danifique.

4. Cálculo do número máximo de módulos em série

Como os módulos são agrupados em série até perfazer os níveis de tensão necessários,
para calcular o número máximo de módulos em série é necessário calcular a variação
que a tensão do módulo (∆V) pode sofrer em condições de temperaturas mínimas.
Assim, recorrendo à equação 4 calcula-se a tensão de circuito aberto (Voc) para uma
temperatura mínima definida (Voc (-10°C)) tendo em conta a tensão do circuito aberto
nas condições de referência STC (Voc (STC)) onde é utilizada a temperatura padrão de
25°C.
35℃ × ∆𝑉
𝑉𝑜𝑐 (−10°𝐶) = (1 − ) × 𝑉𝑜𝑐(𝑆𝑇𝐶) (4)
100

Aliane Naval da Silva AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA


DESENVOLVIMENTO TÉCNICO 39

O número máximo de módulos em série calcula-se para a temperatura mínima do local.


Tendo em conta a tensão de circuito aberto para a temperatura local mínima de -10°C
e a tensão mínima do inversor (Vinmin), o cálculo é dado pela equação 5.

𝑉𝑖𝑛𝑚𝑖𝑛 (5)
𝑁º 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑜 𝑑𝑒 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 𝑒𝑚 𝑠é𝑟𝑖𝑒 = ( )
𝑉𝑜𝑐(−10°𝐶)

O número máximo de módulos em série para o caso do sistema sem armazenamento é


demonstrado na Tabela 11.

Tabela 11-Número máximo de módulos em série para o sistema sem armazenamento

Parâmetros elétricos Valor

Coef. De temperatura da tensão


-0,1976 V
(SPR-MAX2-360)
Tensão em circuito aberto (SPR-
70,6 V
MAX2-360)
Tensão máxima DC (Sunny Boy
600 V
2.5)
Variação de temperatura (-10-25) -35°C
Tensão de circuito aberto (-10°C) 77,5 V
Nº máximo de módulos em série 7

Por fim, após os cálculos o sistema apresenta uma configuração demonstrada na tabela
abaixo. Estes valores obtidos serviram como base para o dimensionamento no software,
uma vez que a configuração obtida no software (demonstradas na Figura 15 e na Figura
21) e os valores apresentados na Tabela 12 estão em concordância.

Tabela 12-Configuração final do gerador fotovoltaico para os sistemas

Sistema Sistema
Parâmetros
sem armazenamento com armazenamento
Nº de painéis 21 28
Nº de inversores 3 2
Nº máx de painéis em série 7 7

Aliane Naval da Silva AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA


DESENVOLVIMENTO TÉCNICO 40

3.1.5 Dimensionamento no Software

O primeiro passo para iniciar o dimensionamento no software foi a escolha do tipo de


sistema a instalar. Na interface do software escolheu-se o sistema acoplado à rede e de
seguida inseriu-se a localização geográfica da residência para se obter os valores mais
relevantes sobre a zona de instalação.
A orientação e inclinação ótima são inseridas em seguida, para o caso de estudo foi
definido um ângulo ótimo de 10 graus e azimute a 0 graus. A forma mais comum de
encontrar a inclinação certa para instalar os painéis FV passa por incliná-los consoante
a latitude onde estão localizados. Assim, o ângulo de inclinação dos módulos foi definido
de acordo à latitude da zona de instalação onde apresenta uma perda de 0 % em relação
ao angulo ótimo. Já com 30 graus, há perda de -4,5 %, o que sugere que o valor definido
(10%), é um valor ótimo para a província de Luanda, já em outras províncias a mesma
situação não se verificou.
Depois de inseridas as informações sobre o local foi feita a configuração do sistema,
definiu-se a potência nominal do sistema, escolheu-se o módulo e o inversor a utilizar.
O critério de seleção dos equipamentos baseou-se tanto nas características técnicas,
como no custo e na disponibilidade no mercado. Como a tecnologia FV apresenta um
investimento elevado, os equipamentos foram selecionados com vista a reduzir os
custos do sistema, mas assegurando-se sempre que estes garantam um funcionamento
de qualidade e segurança.

3.2 Sistema Ligado à Rede Sem Armazenamento

A potência do sistema no software pode ser definida através da área disponível ou pelo
consumo mensal da residência. Ao dimensionar os sistemas FV para além dos aspetos
técnicos, os económicos apresentam um papel preponderante. Com um consumo
médio de 521 kWh/mês, definiu-se uma potência nominal superior ao consumo da
residência, para que a energia produzida pelo sistema para além de ser consumida pela
residência, uma grande parte da mesma seja vendida à rede, de forma a rentabilizar o
sistema. Visto que os sistemas fotovoltaicos apresentam um alto valor de investimento
inicial, a remuneração da energia vendida ao longo dos anos deveria permitir o retorno
do investimento inicial e gerar lucro no menor tempo possível. Assim, com o valor da
potência nominal de 7,56 kWp, selecionou-se na base de dados do software, o modelo
dos equipamentos a utilizar.

3.2.1 Seleção dos módulos fotovoltaicos

As características técnicas do módulo, têm um peso significativo no preço dos módulos


pois quanto maior for a potência do módulo, maior será o seu custo. Com isso, a
Aliane Naval da Silva AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA
DESENVOLVIMENTO TÉCNICO 41

potência do módulo escolhida foi de 360 W. A potência definida para o módulo


determinou a quantidade de módulos necessários face ao valor da potência do sistema
pois abaixo deste valor seriam necessários muitos mais módulos e acima disso mais
inversores.
Na Figura 12 demonstra-se que num conjunto de módulos com potência nominal de 360
W, o número de módulos em série recomendado é entre 6 e 7 e o número de strings é
de 3 a 4. Assim, foi definido um total de 21 módulos, com 7 módulos em série e 3 strings,
ocupando uma área aproximada de 37 m2.

Figura 12-Determinação do número de módulos em série e strings [27]

Para o sistema escolheu-se o módulo de silício monocristalino SPR-MAX2-360 de 360 W


da marca SunPower, comercializado em uma loja internacional, já com o custo de
transporte para o território angolano associado. Assim, a escolha do modelo adequado
dependeu essencialmente do custo e das características técnicas como a sua eficiência
e o coeficiente de temperatura. A temperatura tem um peso considerável nas perdas
do sistema, portanto, é importante escolher um módulo que apresente um bom
coeficiente térmico de potência, pois, quanto menor este coeficiente, menor será a
influência da temperatura sobre o desempenho do módulo. A módulo escolhido possui
um coeficiente térmico de potência (Gama) de -0,35%/oC. Esse valor revela que a
potência de pico do módulo vai diminuir 0,35%, em relação à potência nominal, para
cada aumento de 1oC na temperatura de operação das células fotovoltaicas. O fator de
eficiência é igualmente importante porque traduz a produção instantânea do painel, ou
seja, representa o potencial de conversão de luz solar em energia elétrica por metro
quadrado.

Aliane Naval da Silva AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA


DESENVOLVIMENTO TÉCNICO 42

As principais características do módulo são apresentadas na Tabela 13, o datasheet do


painel encontra-se em Anexo E.

Tabela 13-Característica do módulo FV

Parâmetros elétricos Valor


Potência nominal 360 W
Tensão no ponto de máxima
59,1 V
potência (Vmpp)
Corrente no ponto de máxima
6,09 A
potência (Impp)
Tensão circuito aberto (Voc) 70,6 V
Corrente curto-circuito (Isc) 6,50 A
Eficiência 20,4%
Coeficiente térmico de potência -0,35%/oC

3.2.2 Seleção do inversor

Sabendo a quantidade de módulos, determina-se o número de inversores a utilizar, de


tal forma que os inversores suportem a potência total dos módulos. Assim, determinou-
se a potência do inversor através da potência total do sistema (7,56 kWp) e do fator de
dimensionamento do modelo de inversor escolhido (1,5), o que sugere uma potência
total para os inversores de 5 kW. Na Figura 13 é demonstra-se a distribuição dos painéis
pelos inversores, a partir do diagrama unifilar.

Figura 13-Diagrama Unifilar [27]

Aliane Naval da Silva AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA


DESENVOLVIMENTO TÉCNICO 43

Tendo em conta o número de painéis de 360 W definidos para o sistema, ao adicionar


um inversor de 5 kW resultaria num sub-dimensionamento do inversor, deste modo, foi
escolhido um inversor com uma potência inferior. Assim, como se pode observar na
Figura 14, para um sistema com 21 módulos de 360 W serão necessários 3 inversores de
2,5 kW para suportar a potência FV do sistema.

Figura 14-Determinação do número de inversores [27]

Dentre as limitadas opções importadas para Angola, escolheu-se o inversor de modelo


Sunny Boy 2.5 do fabricante SMA, por apresentar as características necessárias para o
projeto, como o preço, disponibilidade e qualidade técnica. As características principais
deste inversor são mostradas na Tabela 14 e em Anexo F apresenta-se a datasheet.

Tabela 14-Características principais do inversor

Parâmetros elétricos Valor

Potência nominal AC 2500 W

Corrente nominal AC 11 A

Tensão de funcionamento 260-480 V


Eficiência 97,2% / 96,7%

3.2.3 Configuração final e Resultado da simulação

Após a configuração do gerador fotovoltaico estar definida, o programa está pronto para
iniciar a simulação. Foi então efetuada a simulação de um sistema acoplado à rede sem
bateria com os principais dados demonstrado na Figura 15.

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DESENVOLVIMENTO TÉCNICO 44

Figura 15- Configuração do sistema sem armazenamento [27]

Como resultados da simulação no software, o sistema configurado apresenta uma


produção de 12560,53 kWh/ano, uma produção específica de 1661 kWh/kWp/ano e um
índice de performance de 83,79 % como se apresenta na Tabela 15. O PVsyst fornece
um relatório com um conjunto de informações para análise mais detalhada dos
resultados da simulação com gráficos e balanços dos resultados principais. Em Anexo G
apresenta-se o relatório da simulação criado pelo software.

Tabela 15-Resultados simulação sistema sem bateria

Resultados Valor

Produção do sistema 12.560,53 kWh/ano


Produção específica 1661 kWh/kWp/ano
Índice de performance 83,79%

A produção do sistema é a produção estimada de energia após deduzidas todas as


perdas, ou seja, é a energia útil à saída do inversor. O valor obtido para o sistema de
12.560,53 kWh/ano, é um valor aceitável já que satisfaz a demanda energética e permite
que uma boa quantidade de energia seja injetada à rede. Já a produção específica de
1661 kWh/kWp/ano representa a quantidade de energia (kWh) produzida para cada
kWp de potência dos painéis solares ao longo de um ano.

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DESENVOLVIMENTO TÉCNICO 45

O gráfico presente na Figura 16 diz respeito às produções normalizadas por kWp


instalado. Ao analisar a mesma figura, constata-se que os meses de Junho, Julho e
Agosto correspondem aos meses de menor produção energética, isto porque estes
meses correspondem à estação de inverno. Em relação às perdas do sistema, estas
aumentam nos meses mais quentes, principalmente as perdas derivadas dos módulos
fotovoltaicos, situação contrária à do índice de performance que aumenta nos meses
menos quentes pois como já vimos no subcapítulo 2.3.3, a temperatura tem uma grande
influência na eficiência dos módulos FV, fazendo com que nestes meses a eficiência seja
ligeiramente maior.

Figura 16-Produções normalizadas por kWp instalado [27]

O índice de performance é igualmente importante porque traduz o desempenho total


anual do sistema, ou seja, representa o potencial do sistema de conversão da energia
solar em energia elétrica. O índice de 83,79% é um valor favorável, já que aponta para
perdas de 16,21%.
A Figura 17 demonstra o diagrama anual de perdas do sistema, nele demonstra-se o
resultado da energia gerada anualmente considerando todas as perdas do sistema,
como por exemplo, nível de irradiância, temperatura, qualidade dos módulos, perdas
por mismatch de potência de módulos FV devido às possíveis diferenças na dopagem do
silício policristalino, eficiência dos módulos, perdas óhmicas nos cabos, além da
eficiência dos inversores. Das principais fontes de perdas do sistema FV, destacam-se no
total das perdas a maior perda devido à temperatura do grupo, cerca de 9,2%, seguido
das perdas no inversor que é cerca de 3,3% das perdas totais.
O fator de incidência IAM, "Incidence Angle Modifier", ou modificador do ângulo de
incidência, que representa 2,2% das perdas, corresponde à diminuição da irradiância
que realmente atinge a superfície das células PV, em relação à irradiância sob incidência
normal. Essa perda deve-se principalmente aos reflexos na tampa de vidro do painel,
que aumentam com o ângulo de incidência [27].
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DESENVOLVIMENTO TÉCNICO 46

Figura 17-Diagrama anual de perdas [27]

Como se trata de um sistema FV ligado à rede, a energia utilizada pelo consumidor é


proveniente tanto da produção FV como também da rede elétrica e a produção de
energia FV excedente ao consumo é injetada na rede elétrica com a devida
remuneração. O sistema FV produz anualmente 12.560,53 kWh/ano, mas apenas 2716,6
kWh servirão para autoconsumo juntamente com os 3533,4 kWh provenientes da rede
pública, para satisfazer a exigência energética anual da residência de 6250 kWh. Os
restantes 9843,9 kWp serão injetados na rede pública.
Na Tabela 16 apresenta-se o balanço de energia do sistema. Nela verifica-se que o mês
mais eficiente é o mês de março porque há uma pequena diferença entre a irradiação
horizontal total (GlobHor), com a incidência global no plano dos sensores (GlobInc) e o
global efetivo corrigido para o (IAM) e sombras (GlobEff).
Uma possível explicação para este acontecimento é o equilíbrio entre a radiação solar
e a temperatura ambiente, que não influencia negativamente o desempenho do painel.
O mês com mais produção de energia é o mês de janeiro isto porque é o mês com maior
intensidade da luz solar.

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DESENVOLVIMENTO TÉCNICO 47

Tabela 16-Balanço de energia

Legenda: GlobHor representa a irradiação horizontal total, DiffHor é a irradiação difusa


horizontal, T_Amb é a temperatura ambiente, GlobInc é a incidência global no plano dos
sensores, GlobEff é o global efetivo corrigido para IAM e sombras, ESist é a energia
efetiva à saída do grupo, E_Cons é a energia fornecida ao consumidor, E_Solar é a
energia do sol, E_Rede é a energia injetada na rede e EFrRede é a energia fornecida pela
rede.
Tendo em conta os resultados obtidos, foram efetuadas outras simulações do sistema
com a mesma potência nominal para as outras cidades que apresentam os melhores
valores de irradiação em Angola, com base nos respetivos ângulos de inclinação ótimo.
Os resultados obtidos na simulação são demonstrados na Tabela 17.

Tabela 17-Produção Energética sistema ligado à rede sem bateria para outras localidades

Província Ângulo ótimo Produção FV Desempenho

Cuando 15.078,00
22° 83,30%
Cubango kWh/ano

14.354,00
Moxico 19° 83,50%
kWh/ano

12.569,00
Malange 17 ° 84,70%
kWh/ano
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DESENVOLVIMENTO TÉCNICO 48

Embora o sistema apresente uma eficiência considerável, ainda há uma certa


dependência à rede elétrica que por sua vez não é muito fiável, daí surge a necessidade
de um sistema com mais autonomia. Sendo assim, desenvolveu-se um sistema FV com
armazenamento.

3.3 Sistema Ligado à Rede Com Armazenamento

Um sistema FV ligado à rede com armazenamento para além de possibilitar o


autoconsumo permite armazenar em baterias a energia produzida que não for utilizada
a fim de suprir o consumo da habitação nos períodos de baixa produção FV e de falha
de energia da rede. A quantidade de energia que não for armazenada e nem consumida,
será injetada na rede elétrica.
Determinou-se que a potência nominal deste sistema será maior que a potência definida
para o sistema sem armazenamento de forma que se produza mais energia FV e mais
energia seja vendida à rede, fazendo com que a remuneração recebida por esta energia
englobe os custos de investimento que são maiores para este sistema. Então, o sistema
foi dimensionado para uma potência nominal de 10,8 kWp utilizando os mesmos
módulos fotovoltaicos da SunPower, mas com inversores diferentes dos utilizados no
sistema sem armazenamento.

3.3.1 Seleção dos módulos fotovoltaicos

Como este sistema requer mais módulos, na Figura 18 demonstra-se que face ao valor
da potência nominal, serão utilizados de 28 módulos com potência nominal de 360 W,
distribuídos por 7 módulos em série e 4 fileiras (strings), que ocupam uma área
aproximada de 49 m2.
As características do módulo são apresentadas na Tabela 13 e o datasheet do painel
encontra-se em Anexo E.

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DESENVOLVIMENTO TÉCNICO 49

Figura 18- Determinação do número de módulos em série e strings

3.3.2 Seleção dos inversores

Para este sistema foram utilizados dois inversores híbridos de 5 kW da GoodWE, de


modelo GW5048-EM. Optou-se por utilizar este modelo pois dentre os equipamentos
compatíveis com a bateria selecionada este apresentava as características técnicas
desejadas para o projeto tal como o melhor preço. Cada inversor possui dois MPPTs
(rastreador de ponto de máxima potência), uma tecnologia que é chave para a eficiência
do sistema.
O MPPT monitoriza de forma contínua os parâmetros elétricos na sua entrada, fazendo
ajustes para garantir que o aproveitamento da energia seja o máximo durante a
conversão da corrente. Assim, o MPPT otimiza a energia para obter a melhor potência
para funcionamento do painel. Na Figura 19 demonstra-se a distribuição dos painéis
pelos inversores, a partir do diagrama unifilar.

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DESENVOLVIMENTO TÉCNICO 50

Figura 19-Diagrama Unifilar

Ao comparar o diagrama de perdas do sistema sem armazenamento demonstrado na


Figura 17 e o do sistema com armazenamento apresentado na Figura 23 verifica-se que
houve uma perda maior com o inversor utilizado no primeiro sistema, onde esse
apresenta apenas 1 MPPT para os 3 strings de módulos. A diferença importante entre
os inversores utilizados em cada sistema está justamente na forma como foram
aplicados os MPPTs, enquanto no primeiro sistema a otimização de energia é feita
simultaneamente em vários módulos (o que pode gerar perda de potência), no segundo
o tratamento é individualizado e faz com que cada string beneficie do MPPT de forma
independente.

Figura 20-Determinação do número de inversores

As características principais deste inversor são mostradas na tabela 8 e as informações


mais detalhadas sobre o inversor encontram-se no datasheet em Anexo H.

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DESENVOLVIMENTO TÉCNICO 51

Tabela 18-Características principais do inversor

Parâmetros Elétricos Valor

Potência nominal AC 5000 W


Corrente máxima AC 22,8 A
Tensão de funcionamento 125-550 V
Eficiência 97,6%

3.3.3 Seleção das baterias

Para o sistema serão utilizadas baterias de lítio por serem as mais utilizadas para fins
fotovoltaicos, pois apresentam maior eficiência e vida útil. O modelo escolhido é de
fabricante LG de modelo RESU 10, com uma capacidade de 193 Ah e uma tensão de 51,8
V e 8,8 kWh. Pretende-se que o sistema tenha uma autonomia de cerca de 33,7 horas
com isso, será constituído um conjunto de 3 baterias em paralelo com uma tensão de
52 V, capacidade total de 580 Ah permitindo o armazenamento de energia de 24 kWh.
As características principais das baterias são apresentadas na tabela 19 e em Anexo I
apresenta-se o respetivo datasheet.

Tabela 19-Características principais da bateria 800 AH SOLAR 1/24

Capacidade Potência Comprimento


Tensão Largura Altura Peso
(V) (Ah-C10) (kWh) (mm) (mm) (mm) (Kg)

51,8 193 8,8 452 227 484 75

3.3.4 Resultado da simulação

Depois de configurado o gerador fotovoltaico dá-se início à simulação do sistema com


os parâmetros demonstrados na Figura 21. Utilizando 2 inversores e 28 módulos (7
módulos em série e 4 strings), o sistema acoplado à rede com armazenamento obteve
os resultados apresentados na Tabela 20. Em Anexo J encontra-se o relatório da
simulação demonstrados com mais detalhes.

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DESENVOLVIMENTO TÉCNICO 52

Figura 21- Configuração do sistema com armazenamento [27]

Este sistema com uma potência de 10,08 kWp resultou numa produção anual de
16.373,58 kWh um valor favorável já que supre a necessidade energética anual de
6248,86 kWh/ano e permite que uma boa quantidade de energia seja vendida à rede
para gerar rendimento ao sistema. Ainda que o valor do rendimento e da produção
específica tenha diminuído em relação ao sistema sem armazenamento, os valores
obtidos são aceitáveis para o projeto.

Tabela 20-Resultados simulação sistema com bateria

Resultados Valor

Produção do sistema 16.373,58 kWh/ano


Produção específica 1624 kWh/kWp/ano
Índice de performance 81,92%

O gráfico representado na Figura 22 diz respeito às produções diárias normalizadas por


kWp instalado. Neste gráfico é possível verificar que há uma visível diminuição da
produção FV nos meses de cacimbo, de maio à setembro, que correspondem aos meses
menos quentes do ano. Já as perdas do sistema apresentam um comportamento
contrário, há um ligeiro aumento no índice de performance dos sistemas nos meses do
ano menos quente, o que significa que nestes meses o sistema tem um melhor
funcionamento.

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DESENVOLVIMENTO TÉCNICO 53

Figura 22-Produções normalizadas por kWp instalado [27]

O diagrama anual de perdas do sistema é mostrado na Figura 23 tendo um total de


perdas de 18,08%, destaca-se a maior perda devido à temperatura do grupo em 9,25%,
seguido das perdas no inversor que é cerca de 2,82% das perdas totais. Neste diagrama
é demonstrado que após as perdas, parte da energia produzida pelo sistema, cerca de
23,1%, é armazenada nas baterias e os restantes 76,9% são divididos para autoconsumo
e o restante é injetado na rede pública.

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DESENVOLVIMENTO TÉCNICO 54

Figura 23-Diagrama anual de perdas [27]

Na Tabela 21 verifica-se o balanço de energia do sistema. O sistema FV produz


anualmente 16.826 kWh, mas apenas 6221 kWh servirão para autoconsumo e 28,51
kWh serão provenientes da rede pública, para satisfazer a exigência energética anual da
residência de 6250 kWh. Os restantes 10153 kWp serão injetados na rede pública.

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DESENVOLVIMENTO TÉCNICO 55

Tabela 21-Balanço de energia

A opção de integrar um sistema de armazenamento com baterias no sistema FV torna-


se uma boa solução como resposta às constantes falhas de fornecimento de energia por
parte da rede elétrica de Angola, diminuindo assim a dependência pela energia da rede.
Ainda assim, a título de verificar qual dos dois sistemas dimensionados é o mais
vantajoso para a realidade de Angola, no próximo capítulo serão analisados os aspetos
técnicos e económicos dos sistemas.

3.4 Análise dos Resultados Obtidos

Ao analisar os resultados dos dois sistemas presentes na Tabela 22, verifica-se que não
há grande diferença na quantidade de energia produzida nos dois sistemas, portanto
nesta primeira análise o sistema o sistema sem armazenamento apresenta melhores
valores em termos técnicos. Entretanto, após uma análise das condições de utilização e
da análise financeira realizada no capítulo a seguir, estaremos mais capacitados para
tomar a conclusões sobre a escolha do sistema que melhor se adequa às condições que
o país oferece.

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DESENVOLVIMENTO TÉCNICO 56

Tabela 22-Síntese dos resultados obtidos para sistema FV em Luanda

Pot Energia Eficiência


Invers
Instala Módulos Baterias Produzida do
Sistema FV or
da (und) (und) (MWh/an Sistema
(und)
(kWp) o) (%)
Sem
7,56 21 3 / 12,50 83,79
Armazenamento
Com
10,80 28 2 3 16,30 81,92
Armazenamento

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DESENVOLVIMENTO TÉCNICO 57

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59

ESTUDO ECONÓMICO

4.1 Orçamento do sistema FV

4.2 Análise Económica do Projeto

4.3 Resultados e Análise Económica

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ESTUDO ECONÓMICO 61

4 ESTUDO ECONÓMICO

A instalação fotovoltaica é uma solução de produção de energia mais sustentável, mas


os consumidores, como em todos os investimentos, procuram sempre recuperar o
capital investido. Num sistema solar a receita baseia-se na poupança energética e na
remuneração proveniente da venda de energia. Para se proceder à avaliação financeira
do investimento recorreu-se à análise dos critérios de rentabilidade apoiados no cash-
flow, avaliando alguns dos seus indicadores. O cash-flow ao longo de um determinado
período representa o saldo entre as entradas e as saídas de capital, ou seja, o cash-flow
é caracterizado pelos movimentos monetários que compreendam os investimentos e as
vendas, tendo já em conta os gastos efetivos existentes.
Com a análise económica pretende-se avaliar vários fatores, como o capital necessário
a investir, poupança energética, preço de venda de energia entre outros, com o objetivo
de aferir a viabilidade do projeto. Na análise da viabilidade económica do projeto, serão
utilizados indicadores financeiros como o VAL (Valor Atual Líquido), ROI (Retorno sobre
Investimento) e o Período de Retorno (PBP) que serão calculados através do mesmo
software, o Pvsyst, seguindo as equações abaixo.

VAL

O VAL ou o valor atualizado líquido trata-se, primeiramente, de uma avaliação de todos


os cash-flows envolvidos no projeto, positivos e negativos. O VAL trata-se de estimar
todo o dinheiro que vamos gastar e receber com o projeto. Corresponde à diferença dos
valores atualizados para um momento comum de todas as despesas e receitas inerentes
ao projeto. Como todo investimento apenas gera cash-flow no futuro e ocorrem em
momentos distintos no tempo, não os poderemos simplesmente adicionar, pois o
dinheiro terá valores diferentes em função do tempo. Sendo assim, é necessário
atualizar o valor de cada um dos cash-flows e compará-los com o valor do investimento.
O VAL pode ser obtido pela equação 6 [30].

𝑛 𝐶𝐹𝑡 𝑛 𝐼𝑡 (6)
𝑉𝐴𝐿 = ∑ 𝑡
− ∑ 𝑡
𝑡=0 (1 + 𝑟) 𝑡=0 (1 + 𝑟)

Onde t corresponde ao ano, CF os cash-flows gerados pela empresa e It o investimento


do ano t, e r a taxa de desconto ou taxa de atualização.

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ESTUDO ECONÓMICO 62

O VAL pode assumir valores negativos, nulo e positivo, sendo que um VAL negativo,
informa-nos que o projeto não é viável porque não é capaz de gerar dinheiro suficiente
para recuperar o investimento efetuado e remunerar os investidores à taxa por eles
exigida. Se o VAL for nulo significa que o projeto é economicamente rentável, todo o
investimento feito é recuperado e os investidores são totalmente remunerados à taxa
exigida, apesar de o lucro puro ser nulo. Já um VAL positivo informa que o projeto é
economicamente rentável, todo investimento feito é recuperado, os investidores são
totalmente remunerados à taxa exigida e há um lucro puro igual ao valor do VAL obtido
[31].

ROI
ROI é uma sigla em inglês para Return On Investiment, que em português é significa
"Retorno sobre Investimento", é utilizado como um indicador de retorno de
investimentos que demonstra o quanto um investidor perde ou ganha com um
determinado investimento. O ROI, é uma medida financeira de desempenho que
compara todos os custos envolvidos num projeto. O ROI relaciona, por exemplo, o
retorno das vendas após um investimento em marketing. A equação 7 calcula este
indicador [32]:

𝐺𝑎𝑛ℎ𝑜𝑠 𝑑𝑜 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜−𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑑𝑜 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 (7)


𝑅𝑂𝐼 = 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑑𝑜 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜

PBP
O “payback period”ou prazo de recuperação na sua definição mais simples representa o
período de retorno de um determinado investimento inicial. Representa o prazo de
tempo decorrido até o investidor reembolsar o capital investido. Este retorno gerado
deve pelo menos cobrir o investimento inicial e gerar caixa positiva no período final
definido. O PBP dá a informação do tempo necessário até ser recuperado todo o
investimento, acrescido de uma taxa de retorno adicional para suportar o risco do
projeto. O cálculo do payback é feito através da equação 8 [30]:

𝐼𝑡
∑𝑛
𝑡=0(1+𝑟)𝑡
𝑃𝐵𝑃 = 𝐶𝐹𝑡
(8)
∑𝑛
𝑡=0(1+𝑟)𝑡
𝑛

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ESTUDO ECONÓMICO 63

4.1 Orçamento do sistema FV

Os custos associados ao projeto podem ser divididos em custos diretos e indiretos. O


primeiro contabiliza os custos dos principais como os equipamentos (módulos FV,
inversores, estruturas, baterias). Os equipamentos serão comprados em lojas
internacionais e nacionais, já com os custos de transporte incluídos. Por não haver dados
suficientes, o custo da instalação elétrica já englobará os custos de cablagem e outros
equipamentos elétricos utilizados. Os custos indiretos, contabilizados serão as despesas
e impostos associados ao desenvolvimento do projeto. Será ainda considerado o gasto
com as operações de manutenção.
A tabela 23 demostra o custo global aproximado do sistema FV sem armazenamento,
onde o maior custo deste sistema são os painéis. A conversão de moeda de kwanzas
para euros foi feita tendo em conta a taxa de câmbio do Banco Nacional de Angola (BNA)
no dia 8 de Abril de 2023 em que 1kz equivalia a 0,0018€.

Tabela 23-Orçamento do sistema ligado à rede sem armazenamento

Custo Custo total Custo total


Componente Quantidade
unitário (€) (€) (Kz)

Módulo FV 21 247,00 5187,00 2.901.839


Inversor 3 880,00 2640,00 1.476.933
Instalação Elétrica 420,00 234.967
Total 8381,35 4.669.683

Os custos dos equipamentos para o sistema com armazenamento podem ser


observados na tabela abaixo. No sistema com armazenamento, as baterias são o
equipamento que apresentam o maior custo em relação aos restantes equipamentos,
para uma autonomia de 33 horas, o custo total chega a ser 17.619€.

Tabela 24-Orçamento do sistema ligado à rede com bateria

Custo Custo total


Componente Quantidade Custo total (Kz)
unitário (€) (€)

Módulo 28 247,00 6916,00 3.868.924


Inversor 2 1558,00 3116,00 1.743.142
Bateria 3 5873,00 17.619,00 9.856.358
Instalação Elétrica 420,00 234.955
Total 28.071,00 15.703.379

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ESTUDO ECONÓMICO 64

No capítulo seguinte será analisado se os resultados financeiros obtidos com os sistemas


serão suficientes para recuperar o valor investido e gerar lucro.

4.2 Análise Económica do Projeto

Na análise económica do projeto é analisada a receita do projeto FV proveniente da


poupança energética e da remuneração com a venda de energia de forma a aferir a
rentabilidade do projeto. De acordo ao Decreto Presidencial 43/21 de 17 de fevereiro,
há a possibilidade de a energia excedente ser injetada na rede elétrica tendo como valor
de remuneração 25 kwanzas por cada kWh.
Como foi dito anteriormente no capítulo das Tarifas de Eletricidade, a tarifa de
eletricidade em Angola é das tarifas mais baixas de África, portanto, de forma a obter-
se resultados mais apelativos, foram considerados dois cenários para a realização do
estudo económico dos sistemas ligados à rede. Assim, foi considerado no primeiro
cenário como valor remunerado pela energia injetada à rede, 25kz/kWh (0,045 €/kWh)
e no segundo foi considerada uma tarifa elétrica mais adequada para os sistemas FV
dimensionados.
A utilização das novas energias renováveis ainda é uma situação recente ao país, o que
faz com que ainda não haja regulamentos com valor definitivos para esta realidade. No
quadro legal e regime jurídico da área de energias renováveis, o decreto presidencial n.º
76/21 de 25 de março, aprova o regulamento das atividades de produção, transporte,
distribuição e comercialização de Energia Elétrica, estabelece os princípios gerais do
regime jurídico e as bases de concessão das mesmas. Este decreto prevê a criação de
um regulamento complementar que irá detalhar as condições de exercício da atividade
de produção vinculada renovável, que entre outras coisas irá regular: os princípios e
fórmulas para a remuneração da produção vinculada renovável 33. A remuneração
será baseada numa tarifa integral máxima pré-definida para cada tecnologia a
estabelecer no regulamento.
Angola é um país com uma taxa de câmbio extremamente volátil. A fixação do de um
valor baixo para a tarifa de compra de energia renovável a um produtor independente,
em moeda forte (USD/Eur), pode criar o risco de a empresa distribuidora incorrer em
perdas financeiras resultantes da flutuação das taxas de câmbio 34.
A lei do investimento privado n.° 10/18, de 26 de junho identifica como obstáculos para
investimentos do sector privado, a falta de garantias por parte do estado angolano, carta
de crédito em USD/EUR irrevogável favor da concessionaria, garantias de pagamentos
por fundos públicos em moeda estrangeira, entre outros. Ainda com a lei n.° 10/18, o
estado garante aos investidores privados, por meio de serviços concentrados, com
procedimentos expeditos e simplificados, os registos essenciais de natureza legal, fiscal
e de segurança social, bem como técnicas de cobertura cambial como pagamentos
antecipados, contrato forward, escolha da moeda de faturação e até mesmo

Aliane Naval da Silva AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA


ESTUDO ECONÓMICO 65

ajustamento tarifário, com intuito de cobrir impactos que podem ser causados pela
depreciação cambial 34.
A lei n.° 1/14, de 6 de fevereiro e o regime jurídico aplicável às garantias do estado,
estabelece no n.º 1 do art.° 17.º que a concessão de garantias pessoais pelo estado
fundamenta-se em motivos de interesse público e de interesse para a economia
nacional. As garantias têm como finalidades operações de crédito ou financeiras
relativas aos programas ou projetos de interesse para a economia nacional 34.
A assembleia nacional de Angola fixa na lei anual do OGE ou em lei especial, o limite
máximo das garantias pessoais a conceder pelo estado34. O contrato de concessão da
central de produção vinculada renovável atribui os seguintes direitos: mecanismos de
compensação em caso de variações cambiais e benefícios fiscais como reduções de
impostos sobre rendimentos e importações. O regime jurídico aplicável apresenta
algumas instruções para o pedido de contrato de concessão da central de produção
vinculada renovável. Deve ser dirigido ao titular do departamento ministerial
encarregue das finanças públicas, e deve conter os seguintes elementos:

• Apreciação da situação económico-financeira da entidade beneficiária e


• apresentação de indicadores de funcionamento em perspetiva evolutiva;
• Identificação da operação a garantir;
• Indicação de eventuais contragarantias a serem facultadas ao estado;
• Minuta do contrato de empréstimo ou da operação financeira;
• Plano de utilização do financiamento e esquema de reembolso;
• Estudo de viabilidade económica do projeto 34.

Para dimensionar um sistema FV e fazer a análise financeira, deve-se levar em


consideração a tarifa da energia vendida à rede, pois só assim teremos noção se
compensará fazer autoconsumo, vender toda energia produzida ou utilizar sistema de
armazenamento. Como ainda não há valores definitivos para a remuneração da energia
proveniente de sistemas FV, aliando-se aos regulamentos, para gerar resultados
positivos dos indicadores financeiros, no segundo cenário da análise financeira do
sistema FV foi considerada uma tarifa de venda de energia à rede elétrica com o valor
de 0,27 €/kWh, equivalente a 156,01 kz/kWh, o que resulta numa diferença de 142 kz
em relação ao valor pago pela compra de energia da rede pública.
Foi utilizado como valor pago pela compra de energia da rede a tarifa de eletricidade
aplicada em Angola para residências na categoria de doméstica especial de 14 kz/kWh
(0,026 €/kWh), valor aprovado pelo Decreto Executivo nº 122/19 de 24 de maio,
revogando o Decreto Executivo 705/15 de 30 de dezembro.
A fim de concretizar a analise económica, definiu-se um período de investimento de 20
anos, uma taxa de inflação média anual de 3% para evolução da tarifa de eletricidade e
para os custos de operação e manutenção (O&M).

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ESTUDO ECONÓMICO 66

4.2.1 Análise Financeira do Sistema FV sem Armazenamento

Para o primeiro cenário da análise económica do sistema sem armazenamento foram


consideradas como tarifas de venda de energia 25 kz/kWh (0,045 €/kWh) para o valor
remunerado pela energia injetada na rede e para a tarifa de consumo da rede elétrica
14 kz/kWh (0,026 €/kWh). Com estas tarifas aplicadas o sistema obteve valores baixos
para o VAL (2381,25€) e ROI (28,9%) como se constata na tabela 25. Como esperado, o
projeto apresentou um rendimento muito baixo durante os anos analisados, resultando
num período de retorno de 16,3 anos.

Tabela 25-Resultado da análise financeira do investimento para o primeiro cenário do sistema sem bateria (EUR)
[adaptado de 27]

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ESTUDO ECONÓMICO 67

A baixa tarifa de eletricidade de Angola faz com que alguns projetos renováveis não
sejam viáveis, o que acaba por afastar investidores privados, importante para o
desenvolvimento do sector energético. Portanto, de forma a perspetivar um cenário
mais favorável para os projetos renováveis, foi analisado um segundo cenário para a
realização do estudo económico do sistema tendo como valor da remuneração pela
energia injetada à rede, 156 kz/kWh (0,27 €/kWh) e como tarifa de consumo da rede
elétrica 14 kz/kWh (0,026 €/kWh). Considerou-se o mesmo período de investimento de
20 anos e a mesma taxa de inflação média anual para evolução da tarifa de eletricidade
e os custos de O&M.
Em relação ao primeiro cenário, obtiveram-se melhores resultados, houve um aumento
no VAL, ROI e como é apresentada na Figura 24, a evolução do cash-flow acumulado
demonstra uma diminuição considerável do período de retorno do projeto.

Figura 24-Fluxo de caixa acumulado do sistema para o segundo cenário de análise do sistema sem bateria (EUR) [27]

Como esperado, verificou-se uma melhoria dos resultados financeiros para o sistema,
onde o VAL corresponde a 61.895,88 € e ROI de 750,5%, para um período de
amortização de 3 anos, com resultados mais favoráveis conforme se verifica na tabela
abaixo.

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ESTUDO ECONÓMICO 68

Tabela 26- Resultado da análise financeira do investimento para o segundo cenário de análise do sistema sem bateria
(EUR) [27]

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ESTUDO ECONÓMICO 69

4.2.2 Análise do Sistema FV com Armazenamento

Ao aplicar a tarifa de venda de energia à rede de 0,045 EUR/kWh e a tarifa de consumo


de 0,026 EUR/kWh na análise do primeiro cenário, verificou-se que o sistema FV com
armazenamento não é rentável durante o período analisado. Manteve-se a taxa de
evolução das tarifas, a taxa das O&M e o período de investimento, resultando num VAL
de -15.246,5€, ROI de -54,3% e um período de retorno superior a 20 anos.

Tabela 27-Resultado da análise financeira do investimento para o primeiro cenário de análise do sistema com
bateria [27]

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ESTUDO ECONÓMICO 70

Fazendo uma análise aos resultados presentes na Tabela 27, verifica-se que para o
primeiro cenário de análise para o sistema com armazenamento, o custo do
investimento é muito elevado em relação às tarifas aplicadas, o que resulta em valores
de indicadores muito baixos em comparação ao sistema sem armazenamento. Como os
resultados obtidos foram pouco satisfatórios, procedeu-se ao desenvolvimento do
segundo cenário para analisar e comparar os possíveis resultados. No segundo cenário
foi considerada a mesma taxa de inflação e período de investimento, mas foi aplicada a
tarifa de venda de energia elétrica de 0,27 €/kWh. Tendo como resultado para o
segundo cenário os valores apresentados na tabela 28.

Tabela 28-Resultado da análise financeira do investimento para o segundo cenário de análise do sistema com bateria
[27]

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ESTUDO ECONÓMICO 71

Obteve-se um VAL de 46.138,31€, ROI de 164,4 % e um período de amortização de 8,9


anos. Em relação ao primeiro cenário, obteve-se um melhor resultado, um aumento no
VAL e uma diminuição considerável do período de retorno. Na Figura 25 é apresentada
a evolução do cash-flow acumulado do sistema com armazenamento para o segundo
cenário.

Figura 25-Fluxo de caixa acumulado do sistema para o segundo cenário de análise sistema com bateria (EUR) [27]

De forma a analisar todos os cenários desenvolvidos para os sistemas FV, na seguinte


secção será feita uma síntese e análise critica e comparativa para os resultados obtidos
para cada situação.

4.3 Resultados e Análise Económica

Na tabela abaixo apresentam-se os resultados económicos obtidos no segundo cenário


de análise para os dois sistemas dimensionadas.

Tabela 29-Síntese dos resultados obtidos para cada um dos sistemas estudados

Custo Total ROI PBP Emissão


VAL (€)
(€) (%) (anos) (tCO2)

Sistema sem
8381,35 61.895,88 750,50 3 15,44
armazenamento

Sistema com
28.071,00 46.138,31 164,40 8,9 14,34
armazenamento

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ESTUDO ECONÓMICO 72

Ao analisar os dois sistemas acoplados à rede, com e sem armazenamento, parece ser
imediata a escolha do sistema sem armazenamento devido ao menor custo de
investimento e maior rendimento. Entretanto, é necessário analisar todos os detalhes:
o facto de haver constantes falhas de energia da rede faz com que a dependência à rede
pública nos dias de baixa produção FV seja um problema pois em períodos de blackouts
nem a rede, nem o sistema FV, serão capazes de fornecer energia suficiente, criando a
necessidade de haver um método alternativo para gerar eletricidade.
Na maior parte dos casos das residências em Angola, como o caso da residência em
estudo, utilizam geradores à base de combustíveis fosseis para suprir as necessidades
que advêm da falta de eletricidade. Como os blackouts em Angola podem durar cerca
de dois dias, contabilizando o custo de aquisição de combustível para sustentar os dias
sem eletricidade, torna-se mais favorável um sistema com armazenamento, que para
além de ser uma alternativa aos blackouts é mais económica e mais sustentável do que
a utilização de geradores elétricos, como iremos constatar nas próximas tabelas.
Devido ao elevado preço do combustível, os residentes apenas utilizam o gerador
durante o período da noite até de manhã fazendo um total de 13 horas de utilização em
um dia de blackout. Tendo em conta que a falha de energia pode ocorrer uma ou duas
vezes por semana, projetando o melhor dos cenários, o período de utilização do gerador
estimado (13h/dia), coincidindo com o número de blackouts, será de 6 dias por mês, o
que equivale a 78 horas de utilização do gerador por mês.
Sabendo o total de combustível utilizado para abastecer o gerador durante o período de
utilização saberemos o custo mensal para abastecer o gerador elétrico. De acordo aos
dados recolhidos, a residência possui um gerador de 55 kVA, os detalhes do gerador
encontram-se em anexo k. Com boa potência e baixo consumo, o tanque apresenta uma
capacidade de cerca de 150 litros, o que faz com que sua autonomia seja para até 13
horas, tornando-o ideal para turnos prolongados. Em média, com essa potência o
gerador consome 12 litros por hora de utilização [35]. Assim, para gerar uma autonomia
de 13h por dia, serão necessários 156 litros. Desta forma, seguindo os cálculos
estimados, temos 936 litros para os 6 dias num mês, equivalente à 11.232 litros por ano.
O próximo passo foi determinar a quantidade de CO2 resultante da queima dos litros
utilizados para a produção de energia elétrica. A queima do diesel provoca emissões de
gases na atmosfera, dentre eles o CO2. Durante o processo de combustão, para cada
litro de óleo diesel queimado, são emitidos uma média de 3,2 kg de CO2 na atmosfera
[36]. Tendo como base a quantidade total de litros utilizados mensalmente na residência
para produção de energia, chega-se a uma quantidade aproximada de emissões de:
11.232 litros x 3,2 kgCO2 = 35.942,4 kg de emissões anuais de CO2 na atmosfera
provenientes do uso do gerador a diesel da residência.
Tendo em conta o preço do diesel é atualizado conforme a taxa de câmbio corrente e os
preços internacionais do gasóleo, com base nessas avaliações, o preço do gasóleo em
Angola aos 14 de Maio de 2023, é de 135 kz/litro [37].

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ESTUDO ECONÓMICO 73

O valor de 135 kz/litro resulta num total anual de 1.516.320 kz para a compra do
combustível para abastecer o gerador.
Depois de reunidos todos os dados, na Tabela 30 é feita a comparação do sistema FV
acoplado à rede com armazenamento e o sistema de rede pública com gerador elétrico.

Tabela 30-Comparação entre uso de gerador elétrico e sistema FV com bateria

Custo Custo Custos


Emissão
investimento manutenção adicionais Proveito
kgCO2
(€) (€/ano) (€/ano)

Poupança
Sistema
3235€
FV com 28.071,00 100,00 / 14.445,00
baterias Rendimento de
46.138,31€

Gerador Gasóleo
13.700,00 1014,94 / 35.942,40
elétrico 2717,78

O uso de geradores em residências e empresas, é uma prática adotada há vários anos.


Os consumidores de energia elétrica em Angola optaram por utilizar geradores a diesel
como única solução para a falta de energia, pois o alto valor do investimento de um
sistema FV ainda deixava os consumidores céticos em relação à sua aquisição.
Entretanto, os custos associados ao gerador podem ser mais dispendiosos que o sistema
FV, devido à compra de combustível para abastecer os geradores e a manutenção
corretiva e preventiva do gerador.
Sem contar que a utilização de geradores aumenta a quantidade de CO2 emitida na
atmosfera, conforme os cálculos mensurados, chegaram a 35.942,4 tCO2, para apenas
uma residência, contabilizando mais residências e empresas nas várias províncias do
país, pode chegar a um total de emissão anual de 25.209,99 kt, isto em 2019.
Com isso, depois de analisados todos os fatores, os mais importantes serão levados em
consideração para as conclusões finais.

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ESTUDO ECONÓMICO 74

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ESTUDO ECONÓMICO 75

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77

CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE
TRABALHOS FUTUROS

5.1 Conclusões

5.2 Sugestões de trabalhos futuros

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78

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CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS 79

5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS

5.1 Conclusões

A partir da análise dos resultados obtidos para a produção fotovoltaica nas cidades
estudadas, é correto afirmar que Angola apresenta um potencial solar elevado e ao fazer
o aproveitamento deste recurso, muitos dos problemas que o país apresenta no sector
energético poderão ser resolvidos.
Na perspetiva financeira, o sistema FV dimensionado sem armazenamento seria a
melhor opção por ser o menos dispendioso entre os sistemas fotovoltaicos
dimensionados, mas conforme foi referido anteriormente, o sistema não pode ser
dependente à rede devido às falhas de energia da rede. Tendo em conta este fator, do
ponto de vista técnico, em termos de autoconsumo e autossuficiência, os resultados são
mais favoráveis com a integração de baterias no sistema. Entretanto, com as atuais
tarifas de compra e venda de energia elétrica praticadas em Angola, não existe
viabilidade económica dos sistemas fotovoltaicos ligados à rede. Por essa razão os
sistemas deste projeto foram dimensionados de acordo tarifas mais adequadas que
tornam os sistemas FV dimensionados economicamente viáveis, com período de
amortização de 3 a 8 anos. Prevê-se num futuro próximo um reajuste no sector elétrico
onde haverá incentivos à produção FV com um regime de tarifas mais adequadas, que
beneficiarão ainda mais a implementação do sistema FV com armazenamento pois, é a
solução que melhor se adequa à realidade que Angola apresenta.
Dentre os dois sistemas dimensionados, o segundo sistema, com armazenamento, é a
melhor opção devido à menor dependência da rede pública. A comparação feita entre
o sistema FV com armazenamento e o sistema convencional com o uso de gerador à
base de combustível fóssil, apresentada na Tabela 30, reforça a escolha do sistema FV
pois, este sistema para além de permitir uma poupança anual na fatura de eletricidade,
ainda permite um proveito a partir da remuneração da energia vendida. Sem falar de
que em comparação aos outros sistemas de energia, o sistema solar é o que apresenta
menor custo de manutenção.
Conclui-se então que o cenário mais favorável é a implementação de sistemas FV com
armazenamento, isto visto numa perspetiva custo-benefício-sustentabilidade quando
comparados ao sistema convencional. Assim, vê-se que muito do trabalho a ser feito
parte da educação e consciencialização sobre o benefício das FER e o impacto negativo
que o uso excessivo de combustível fóssil tem para o planeta. Voltando a nossa atenção
para um lado também muito importante que é a sustentabilidade, os sistemas FV são
menos poluentes, permitem uma economia de emissão de 166,1 tCO2. Cada vez mais a

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CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS 80

sociedade deve olhar para a preservação do planeta, do que para o valor gasto em
alternativas mais sustentáveis. Criar um modelo energético sustentável do ponto de
vista energia/ambiente tem custos, mas não há alternativa. Os investimentos em
renováveis não devem ser entendidos como uma despesa, mas como uma oportunidade
para assumirmos um compromisso com as gerações vindouras, no sentido de fornecer
um serviço adequado conservando o meio ambiente.

5.2 Sugestões de trabalhos futuros

Para trabalhos futuros fica por concluir a parte prática do projeto, ou seja, a
implementação dos sistemas e sua monitorização com vista a analisar a produção real
de energia. Os valores de produção de energia elétrica anual dos sistemas
dimensionados são valores estimados com base nos calculados do software, que podem
divergir dos valores reais. As diferenças podem ser causadas devido a várias
circunstâncias, assim, para um trabalho completo deve-se analisar os valores obtido no
terreno e os obtidos pela simulação no PVsyst.
Outro aspeto a melhorar no trabalho é na parte dos resultados financeiros, para se obter
melhores indicadores, deverá ser feita uma pesquisa de mercado mais aprofundada de
modo a se obter equipamento mais económicos disponíveis no mercado angolano, para
que assim se reduza os custos de investimento. Os investimentos nos sistemas
fotovoltaicos têm um custo inicial elevado devido ao fato das tecnologias FV serem
todas importadas. Ainda não há produção dos esquipamentos em Angola para que haja
competição de preços no mercado, causando a sua redução.
Um ponto também muito interessando que fica em falta é o estudo dos sistemas OFF-
Grid. Como não se encontram interligados à rede elétrica convencional, os sistemas OFF-
Grid podem ser utilizados em regiões carentes de rede de distribuição elétrica e que não
podem ser conectadas com os principais centros de energia elétrica por dificuldades
técnicas ou económicas. Estes sistemas isolados são uma boa opção para a eletrificação
das zonas rurais pois, são constituídos por um banco de baterias que em período em
que os sistemas não produz energia, utilizam a energia armazenada nas baterias,
suprindo assim as necessidades energéticas da zona.

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CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS 81

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83

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 85

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] CRESESB/CEPEL (Figura 10, Célula Solar, Esquema Básico., dados de


2008):<www.cresesb.cepel.br/index.php?section=com_content&lang=pt&cid=321>
[2] COMETTA, Emílio - "Energia solar: utilização e empregos práticos." São Paulo: HEMUS
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[3] TRAVELGEST, "Introdução a Angola: Geografia, Turismo e Cultura"
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http://www.unescolifeonland.com/fotos/gca/biodiversidadeangola_39a73_719
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[5] The world bank, "Angola Data" https://data.worldbank.org/country/angola
[6] Ministério de Energia e Águas, " A visão de longo prazo Angola Energia 2025" (
[7] Tchalyongo, Kim, "Falta de energia e água são obstáculos ao desenvolvimento de
Angola"(2019) https://www.voaportugues.com/a/energia-e-água-são-
obstáculos-ao-desnevolvimetno-de-angola/5037024.html
[8] Jornal de Angola, “Angola quer aumentar produção de energias renováveis até 2025”
(2018) https://www.jornaldeangola.ao/ao/noticias/detalhes.php?id=412564
[11] Dumba, Dalton Eduardo, “Energia Solar Fotovoltaica Como Fonte Alternativa de
Produção de Energia Elétrica Em Angola” (2015)
[12] PRODEL-E.P, "EmpresasPúblicas de Angola " (2019),
https://igape.minfin.gov.ao/PortalIGAPE/#!/participacoes-do-estado/empresas-
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[13] Andrade,Adilson, "Análise do Sector electrico Angolano e estratégias para o futuro"
(2020)
[14] RNT Rede Nacional de Transporte de Eletricidade(2021)
http://www.rnt.co.ao/pt/rede-de-transporte-de-electricidade/mapa-da-rede/
[15] ENDE E.P, Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade https://ende.co.ao
[16] Mercado “Angola tem a tarifa de electricidade mais baixa da Região Austral”(2020)
https://mercado.co.ao/economia/angola-tem-a-tarifa-de-electricidade-mais-
baixa-da-regiao-austral-CL863235
[17] E. Becquerel, Memoires sur les effets electriques produits sous l'influence des
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[18] D.M. Chapin, C.S. Fuller, G.L. Pearson, "A New Silicon p-n Junction Photocell for
Converting Solar Radiation into Electrical Power", Journal of Applied Physics 25
(1954) 676;
[19] Pereira, Jonathan, “Teoria dos Semicondutores"
“https://docente.ifrn.edu.br/jonathanpereira/disciplinas/eletronica-
analogica/aula-2-teoria-de-semicondutores

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 86

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Energias Renováveis 2 Módulo Energia Fotovoltaica,MES (2021)
[21] HINRICHS,; OLIVEIRA FILHO, 2014 HINRICHS, Roger A.; KLEINBACH, Merlin; DOS
REIS, Lineu Belico., Energia e Meio Ambiente (2010)
[22] CEPEL – CENTRO DE PESQUISAS DE ENERGIA ELÉTRICA. "As energias solar e eólica
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<http://cresesb.cepel.br/download/casasolar/casasolar2013.pdf>.
[23] MACHADO, C.; MIRANDA, F. Energia Solar Fotovoltaica: Uma breve revisão. Revista
virtual de química. Niterói, RJ, vol. 7, n. 1, p. 126-143, 14, out. 2014.
[24] Portal Solar, "Passo a Passo da Fabricação do Painel Solar"
https://www.portalsolar.com.br/passo-a-passo-da-fabricacao-do-painel-
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[25] PEREIRA, F.; OLIVEIRA, M. Curso técnico instalador de energia solar fotovoltaica.
Porto: Publindústria (2011)
[26] PINHO, J.; GALDINO, M. Manual de engenharia para sistemas fotovoltaicos. Rio de
Janeiro: Cepel-Cresesb (2014)
[27] PVsyst Software https://www.pvsyst.com
[28] MINEA- Ministério de Energia e Águas, " NATIONAL STRATEGY FOR THE NEW
RENEWABLE ENERGIES"(2014)
29] Martín-Chivelet, N., & Montero-Gómez, D.. "Optimizing photovoltaic self-
consumption in office buildings. Energy and Buildings" (2017), págs 71–80.
https://doi.org/10.1016/J.ENBUILD.2017.05.073
[30] Mendes, Isabel Maia, “Dimensionamento de um Sistema de Energia Fotovoltaica
para Autoconsumo” (2019)
[31] Fonseca, L., “Indicadores Financeiros, Apontamentos da Unidade Curricular
Engenharia de Operações e Mercado (2017)
[32] Andrade, Tiago Branco, "Análise de Projectos de Investimento" Apontamentos da
Unidade Curricular de ANÁLISE DE PROJECTOS DE INVESTIMENTO DE ENRGIA E
AMBIENTE (2021)
[33] Bulles, Marino Flávio, "Regulamentação das Energias Renováveis" IRSEA
[34] Bulles, Marino Flávio, "Quadro Legal e Regulatório do Sector Elétrico-Energias
Renováveis"(2022)
[35] Uva, Marcelo "Quantos litros de diesel consome um gerador?"
https://blog.superbid.net/quantos-litros-de-diesel-consome-um-gerador/ (2019)
[36] CEIC “Angola: CO2 Emissions” https://www.ceicdata.com/en/angola/environment-
pollution/ao-co2-emissions
[37] Global Petrol Prices "Angola Preços do gasóleo, litro, 31-Outubro-2022"
https://pt.globalpetrolprices.com/Angola/diesel_prices/

6.1 Legislação

[9] Legislação -Lei geral de eletricidade Decreto Presidencial nº 76/26- Página 2 (2021):
LEI GERAL DE ELECTRICIDADE

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 87

[10] Decreto Presidencial nº 43/21- Página 1 (2021): REGULAMENTO DE PRODUÇÃO


INDEPENDENTE DE ENERGIA ELECTRICA

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 88

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89

ANEXOS

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ANEXOS 91

7 ANEXOS

7.1 Anexo A

Modelos de eletrificação das zonas rurai s

Modelo de extensão da rede

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ANEXOS 92

Modelo por Sistema Isolados

Modelo de Baixo Investimento

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ANEXOS 93

7.2 Anexo B

Características das centrais hidroelétricas

Características das centrais hidroelétricas da região norte [adaptada de 15]

Bacia Grupos Capacidade


Províncias Central
hidrográfica instalados instalada

Malanje AH Capanda Kwanza 4x130 MW 520 MW

Malanje Laúca Kwanza 6x334 MW 2004 MW


AH
Kwanza Norte Kwanza 4x65 MW 180 MW
Cambambe
AH
Bengo Dande 4x6,4 MW 25,6 MW
Mabubas
Uíge AH Luquixe 2x0,45 MW 0,9 MW

Características das centrais hidroelétricas da região centro [adaptada de 15]

Bacia Grupos Capacidade


Províncias Central
hidrográfica instalados instalada
Benguela AH Biópio Catumbela 4x3,6 MW 14,4 MW
2x10 MW+2x5
Benguela AH Lomaum Catumbela 50 MW
MW
Huambo AH Gove Cunene 3x20 MW 60 MW

Características das centrais hidroelétricas da região sul [adaptada de 15]

Bacia Grupos Capacidade


Províncias Central
Hidrográfica Instalados Instalada
Huíla Matala Cunene 3x13,6 MW 40,8 MW

Características das centrais hidroelétricas da região leste [adaptada de 15]

Bacia Grupos Capacidade


Províncias Central
hidrográfica instalados instalada
Lunda
Luachimo Congo 4x2,1 MW 8,4 MW
Norte

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ANEXOS 94

7.3 Anexo C

Atlas dos locais com potencial para instalação de projetos solares FV para cumprir
a meta de 100 MW

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ANEXOS 95

7.4 Anexo D

Fatura elétrica da Residência

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ANEXOS 96

7.5 Anexo E

Datasheet do Módulo Fotovoltaico SPR-MAX2-360

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ANEXOS 97

7.6 Anexo F

Datasheet inversor Sunny Boy 2.5

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ANEXOS 98

7.7 Anexo G

Relatório simulação do sistema FV sem bateria

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ANEXOS 99

7.8 Anexo H

Datasheet Inversor híbrido da GoodWE de modelo GW5048 -EM

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ANEXOS 100

7.9 Anexo I

Bateria LG RESU 10

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ANEXOS 101

7.10 Anexo J

Relatório simulação do sistema FV com bateria

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ANEXOS 102

7.11 Anexo K

Detalhes técnicos do gerador elétrico

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