#0 - Avaliação Do Potencial Solar de Angola - MES-2023
#0 - Avaliação Do Potencial Solar de Angola - MES-2023
#0 - Avaliação Do Potencial Solar de Angola - MES-2023
ANGOLA
2023
Instituto Superior de Engenharia do Porto
Departamento de Engenharia Mecânica
AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA
2023
Instituto Superior de Engenharia do Porto
Departamento de Engenharia Mecânica
JÚRI
Presidente
Doutora Ana Viana
Professora Coordenadora do Instituto Superior de Engenharia do Porto
Orientador
Doutor Alexandre Silveira
Professor Adjunto do Instituto Superior de Engenharia do Porto
Quero agradecer à Deus pela minha resiliência e determinação que fez com que eu não
desistisse mesmo quando tudo parecia estar perdido.
Agradeço ao meu orientador, Doutor Alexandre Silveira pela orientação e paciência até
ao último minuto. Obrigada por todo ensinamento que prestou durante o processo
desta dissertação.
Ao Prof. António Andrade, pela orientação e por todo o apoio que foi necessário para
concluir a dissertação.
Agradeço e dedico este trabalho aos meus pais, à minha irmã e às minhas sobrinhas.
Obrigada por toda motivação e apoio incansável que eu precisava para continuar e
nunca desistir de alcançar todos os meus objetivos, esta conquista foi por vocês.
Em busca do meu sonho de concluir a licenciatura e mestrado em outro país, nos
primeiros 5 anos encontrei diversas barreiras. Por isso, agradeço à minha avó, meus
irmãos, tios, primos e amigos por nunca desistirem de mim, obrigada por me apoiaram
durante essa jornada.
E por último, ao Daniel, por todo o apoio, incentivo, compreensão e por ter estado
presente quando eu mais precisei.
Serei eternamente grata, muito obrigada a todos!
PALAVRAS-CHAVE
Angola; energia elétrica; energia fotovoltaica; potencial solar; sistema fotovoltaico;
crescimento económico; sustentabilidade.
RESUMO
KEYWORDS
Angola; electric power; photovoltaic energy, photovoltaic system, economic growth,
sustainability.
ABSTRACT
This dissertation is going to address the importance of the exploration of the solar
resources to increase the energy efficiency, the promotion of the economy growth and
sustainable of Angola.
With the aim to evaluate the Angola’s solar potential, using the PvSyst software two
residential photovoltaics systems were dimensioned for Angola’s capital city, Luanda.
Both systems are connected to the network, one of them without storage system and the
other one with a battery storage system.
Initially researchers were made about the electrical structure and functioning of Angola,
followed by a more theoretical approach to the issue of photovoltaic energy, in
particular, its working principles, the various photovoltaic systems and the most used
equipments.
Furthermore, in addition to the technical analysis of the dimensioned systems, an
economic evaluation is carried out to prove its viability and compare the cost associated
with the dimensioned FV systems and the cost to obtain the fossil fuels most used in
Angola to power electric generators. Nevertheless, to determine the total investment
cost was used the PvSyst where all costs associated with the systems were accounted.
To evaluate the financial profitability of the FV systems were considered two distinct
scenarios using a period of 20 years. In the first scenario, the minimum tariffs practiced
in Angola for the purchase and sale of energy are used, while in the second scenario,
sought to define an energy tariff that would make the investment profitable with a
considerable amortization period.
AC Alternating Current
AT Alta Tensão
BT Baixa Tensão
CTS Condições de Teste Standard
DC Direct Current
ENDE-EP Empresa Nacional de Distribuição de Eletricidade
ENE-EPE Empresa Nacional de Eletricidade
FER Fonte de energias renováveis
FF Fator de forma
FV Fotovoltaica
IAM Incidence Angle Modifier
IRSEA Instituto Regulador dos Serviços de Eletricidade e de Água
MPP Maximum Power Point
MINEA Ministério da Energia e Águas
PRODEL-EP Empresa Pública de Produção de Eletricidade
RNT Rede Nacional de Transportes de Eletricidade
RNT-EP Empresa Rede Nacional de Transporte de Eletricidade
Kz Kwanza
SEP Sistema Elétrico Público
SENV Sistema Elétrico Não Vinculado
USD United States Dollar
UV Ultravioleta
ZCIT Zona de Convergência Intertropical
Lista de Abreviaturas
Lista de Unidades
A ampere
GW gigawatt
°C grau Celsius
kV kilovolt
kW/ m2 Kilowatt por metro ao quadrado
kW Kilowatt
kWh Kilowatt-hora
kWh/m2 Kilowatt-hora por metro ao quadrado
kVA Kilovolt-ampere
MW megawatt
m2 metro ao quadrado
MVA megavolt-ampere
mm milímetro
% percentagem
km quilómetro
km2 quilómetro ao quadrado
V volt
ÍNDICE DE FIGURAS
FIGURA 25-FLUXO DE CAIXA ACUMULADO DO SISTEMA PARA O SEGUNDO CENÁRIO DE ANÁLISE SISTEMA
COM BATERIA (EUR) [27]................................................................................................................... 71
ÍNDICE DE TABELAS
TABELA 11-NÚMERO MÁXIMO DE MÓDULOS EM SÉRIE PARA O SISTEMA SEM ARMAZENAMENTO ...... 39
TABELA 17-PRODUÇÃO ENERGÉTICA SISTEMA LIGADO À REDE SEM BATERIA PARA OUTRAS LOCALIDADES
........................................................................................................................................................... 47
TABELA 29-SÍNTESE DOS RESULTADOS OBTIDOS PARA CADA UM DOS SISTEMAS ESTUDADOS .............. 71
TABELA 30-COMPARAÇÃO ENTRE USO DE GERADOR ELÉTRICO E SISTEMA FV COM BATERIA ................ 73
ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................1
1.1 Enquadramento Geral....................................................................................................... 1
7 ANEXOS ..........................................................................................................91
7.1 Anexo A ........................................................................................................................... 91
INTRODUÇÃO
1 INTRODUÇÃO
ENQUADRAMENTO TEÓRICO
2.1 Angola
2.2 Sistema Elétrico em Angola
2.3 Energia Fotovoltaica
2.4 Sistema fotovoltaico
2.5 Potencial Solar de Angola
2 ENQUADRAMENTO TEÓRICO
2.1 Angola
Angola é um dos 54 países do continente africano, situado na região ocidental, onde faz
fronteira a norte com a República do Congo e a República Democrática do Congo, a leste
com a Zâmbia, a sul com a Namíbia e a Oeste com o oceano atlântico. Possui uma
extensão geográfica de 1.246.700 km2, uma costa atlântica de 1.650 km e cerca de 4.837
km de fronteiras terrestres [3].
O estado angolano está dividido em 18 províncias, subdivididas em municípios (163) e
as comunas (547). A capital de Angola é a província de Luanda com uma extensão de
2.417 km, sendo a menor província do país, porém com o maior número de habitantes.
2.1.1 Clima
O clima em Angola é fortemente caracterizado por duas estações: das chuvas, que é a
estação mais quente que vai de outubro à abril, e a seca (conhecida por Cacimbo) entre
os meses de maio à setembro, com temperaturas mais baixas. A estação chuvosa no
verão é desencadeada pela zona de convergência intertropical (ZCIT), que é uma faixa
de baixas pressões que cria fortes tempestades que caracterizam os intertrópicos [4].
Devido à localização na zona intertropical e subtropical do hemisfério Sul, à proximidade
ao mar e as especificidades do seu relevo, Angola tem o seu clima influenciado por vários
fatores dando origem às regiões climatéricas distintas. Esta diversidade climática resulta
num património natural riquíssimo em flora e fauna, possibilitando a prática de todo o
tipo de atividade e exploração quando adequada.
barragem da Laúca, a seguir vem o o Kubango com 975 km, o Cunene com 800 km e,
finalmente o Zaire com 150 km de longitude, sendo estes rios capazes de albergar as
maiores barragens do país [3].
Angola, um país rico em recursos energéticos que ainda vive preso ao passado, tem
como uma das principais fontes de energia os recursos de origem fóssil, uma solução
finita e pouco sustentável. A exploração deste tipo de recurso tem sido excessiva ao
longo dos anos e os problemas associados ao seu consumo tornam-se uma grande
preocupação devido ao impacto ambiental do seu uso. Como a produção de
combustíveis fósseis contribui para o aumento de emissão de gases de efeito estufa, a
sociedade vê-se alertada para implementar estratégias e medidas que contrariem este
crescimento, procurando assim fontes de energia mais sustentáveis e melhores para o
meio ambiente.
A gestão de recursos energéticos é uma das principais preocupações do país. Em termos
energéticos é correto afirmar que Angola possui diversidade e quantidade. Para além de
inúmeros jazigos de petróleo, possui reservas de gás natural e apresenta um grande
potencial para energias renováveis, porém, o setor elétrico de Angola não reflete as
riquezas energéticas que o país possui.
De acordo aos dados apresentados pelo Banco Mundial, apenas 46,9% da população
tem acesso à energia elétrica [5]. O gráfico apresentado na Figura 1 demonstra a
evolução da taxa de eletrificação em Angola.
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
A meta de 800 MW em FER conta com 500 MW de biomassa e 100 MW para cada uma
das restantes fontes: eólica, solar e mini-hídricas.
A eletrificação rural é uma medida de política estratégica de inclusão social, que servirá
para promover o desenvolvimento humano em zonas mais carenciadas. Serão
considerados 3 modelos de implementação para a eletrificação rural:
2.2.2 Legislação
A estrutura legal do sector elétrico iniciou em 1996, com a publicação da Lei Geral de
Eletricidade, aprovada pela Lei n.º 14-A/96, de 31 de Maio. Esta lei aliada à Política de
Segurança Energética de Angola de 2011, permitiu abrir o caminho para a publicação
dos novos regulamentos essenciais para o mercado de energia e a alteração da própria
Lei Geral de Eletricidade.
Decreto Presidencial nº 76/26- Página 2 (2021): LEI GERAL DE ELECTRICIDADE
Objetivo: Na redação que lhe é dada pela Lei n.º 27/15, de 14 de dezembro, o Decreto
Presidencial n.º 76/21 estabelece o regime jurídico aplicável ao exercício das atividades
de produção, transporte, distribuição e comercialização de energia elétrica, bem como
se estabelece as bases de concessão de produção, transporte e distribuição de energia.
Durante o desenvolvimento dos princípios da Lei Geral de Eletricidade foi promovida a
audição dos principais agentes do subsetor de energia, de empresas públicas e privadas
que atuam na cadeia de valor do mercado elétrico angolano, assim como direções do
departamento ministerial com a superintendência da energia, como a direção nacional
de energia elétrica, a direção nacional de eletrificação rural e local e a direção nacional
de energias renováveis, criando assim a base do sistema elétrico nacional [9].
Composição do Sistema Elétrico Nacional: ARTIGO 3°. O Sistema Elétrico Nacional
compreende o Sistema Elétrico Público (SEP) e o Sistema Elétrico Não Vinculado (SENV)
[9]. O Sistema Elétrico Não Vinculado (SENV) inclui a produção independente, a
autoprodução, o abastecimento privativo próprio e o abastecimento privativo de
sistemas elétricos isolados [9].
Tendo em conta que a produção independente contribui para o desenvolvimento das
energias endógenas e renováveis, a lei Geral de Eletricidade introduz o conceito de
produção independente de energia elétrica, com a possibilidade de interligar e injetar
os seus excedentes ao Sistema Elétrico Público através da celebração de contrato de
aquisição de energia. Assim, houve a necessidade de criar as regras de acesso à atividade
de produção independente de energia elétrica em regime geral e instituir os regimes
especiais para a produção independente renovável e de emergência para o
cumprimento das metas da estratégia nacional para as novas energias renováveis.
Foi publicado o Decreto Presidencial nº. 43/21, de 17 de fevereiro, que aprovou o novo
Regulamento da Produção Independente de Energia Elétrica. O Regulamento estabelece
o regime jurídico aplicável à produção independente de eletricidade, e detalha as
normas de carácter geral sobre esta matéria previstas na Lei Geral da Eletricidade - Lei
n.º 14-A/96, de 31 de maio de 1996 (alterada pela Lei 27/15, de 14 de dezembro de
2015) [9].
O mesmo decreto ainda aprova como preço aplicável à fonte renovável o valor de 25
kwanzas por cada kWh para todas as fontes renováveis até à sua revisão pelo
regulamento tarifário [10].
O sector elétrico em Angola é caracterizado por uma potência instalada acima de 4,889
GW distribuída por regiões agrupadas em quadro sistemas independentes: o Sistema
Norte, Sistema Central, Sistema Sul e Leste [6]. Como demonstrado na Figura 5,
constata-se que o sistema norte é aquele que apresenta maior capacidade produtiva,
sendo que este sistema também alimenta a região de Luanda. Em 2014 o sistema norte
representava cerca de 78% do consumo total de eletricidade no país, segundo o censo
de 2014, viviam mais de 6 milhões de habitantes em Luanda e verificava-se a maior
concentração de indústrias e serviços do país. Até 2025 espera-se um aumento
significativo na capacidade de produção principalmente nos outros sistemas, alicerçados
na construção de novos aproveitamentos energéticos renováveis.
REGIÃO NORTE
Ponta 871,52 MW
REGIÃO LUANDA
Ponta 55,7 MW
REGIÃO CENTRO
Ponta 159,8 MW
REGIÃO LESTE
Ponta 4,5 MW
REGIÃO SUL
Ponta 99,51 MW
2.2.4.1 Produção
2.2.4.2 Transporte
Categoria
Tensão Potência Preço (kz) Preço (€)
Tarifária
Doméstica
<1 kV =1,3 kVA 2,46 Kz/kWh 0,0044 €/kWh
Baixa Renda
Doméstica
<1 kV =3,0 kVA 6,41 Kz/kWh 0,011 €/kWh
Social
Doméstica >3,0 kVA e
<1 kV 10,89 Kz/kWh 0,019 €/kWh
Geral <=9,9 kVA
Doméstica >3,0 kVA e
<1 kV 14,74 Kz/kWh 0,026 €/kWh
Especial >=9,9 kVA
O sistema de faturação da ENDE permanece abaixo dos padrões, porque para além da
baixa tarifa, a elevada dívida acumulada por parte dos clientes limita a capacidade da
empresa de aumentar o acesso à eletricidade e a expansão da rede elétrica nacional.
Em 1877, W.G. Adams e R.E. Day construíram a primeira célula solar baseada em dois
elétrodos de selénio que produziam uma corrente elétrica quando expostos à radiação,
mas a eficiência destes sistemas era muito reduzida [25]. Só em 1954, nos Estados
Unidos da América, D.M. Chapin e colaboradores do Bell Laboratory registavam a
patente de uma célula solar em silício com uma eficiência de 4.5%. [18] Atualmente, a
maioria das células solares ainda são à base de silício, uma vez que esta apresenta
características únicas, nomeadamente a sua abundância no planeta e por ter vantagens
económicas e técnicas.
O silício é um material semicondutor com 4 eletrões na camada de valência ligados por
ligação covalente. O número de eletrões na última camada define quantos deles podem
libertar-se do átomo em função da absorção de energia externa ou se esse átomo
poderá ligar-se a outros por ligações covalentes. Num cristal de silício, cada átomo
compartilha 4 elétrões com os vizinhos por ser um elemento tetravalente, de modo a
haver 8 eletrões em torno de cada núcleo, tal como é demonstrado na Figura 7 [19].
Os materiais semicondutores são os mais adequados para uso em painéis FV pois são
sólidos que possuem uma estrutura cristalina de condutividade elétrica intermédia que
lhes permite transmitir e controlar a corrente elétrica. O tamanho da banda proibida
define o comportamento elétrico dos materiais, condutores e isolantes. Os
semicondutores possuem a capacidade de alterar a sua característica de material
isolante para condutor com grande facilidade por possuírem uma banda proibida de
pequena dimensão onde os eletrões livres podem deslocar-se da banda de valência para
a banda de condução, quando recebem energia suficiente [19]. As propriedades
elétricas de semicondutores podem ser explicadas a partir de dois modelos: o modelo
das ligações e o modelo da banda.
Assim, quando um fotão da radiação solar que contém energia superior à energia de
ligação atinge um eletrão da banda de valência, este ganha energia suficiente para se
deslocar para a banda de condução, deixando um buraco no seu lugar, o qual se
comporta como uma carga positiva. Neste caso, diz-se que o fotão criou um par eletrão-
buraco. A quantidade de energia necessária para que o eletrão efetue essa transição é
chamada de gap de energia.
Para além da variação de temperatura e energia, o grau de pureza é outro fator que
condiciona a produção de corrente. O silício puro não produz energia elétrica devido ao
facto de os eletrões presentes na banda de condução moverem-se até recombinarem-
se aos buracos criados, pois, estes têm a carga positiva. Sabe-se que para existir corrente
elétrica é necessário haver uma diferença de potencial entre as duas zonas da célula. Ao
adicionar átomos de elementos diferentes alteramos significativamente as
propriedades do cristal puro, criando duas camadas na célula de diferentes cargas. A
este processo de alteração do grau de pureza dos semicondutores através da inserção
de outros átomos diferentes denomina-se de dopagem [20].
2.3.1.3 Dopagem-Junção PN
O Silício monocristalino tem uma estrutura cristalina com cada átomo em uma posição
ordenada, apresentado um comportamento previsível e uniforme. Em termos de
eficiência, as células monocristalinas (m-Si) individuais testadas em laboratório possuem
atualmente um rendimento até 24%, bastante próximo do máximo rendimento teórico.
Os melhores módulos disponíveis no mercado apresentam um rendimento em redor
dos 16%. No entanto, é uma tecnologia mais cara devido ao processo de produção. É
necessária uma grande quantidade de energia para o seu fabrico devido o uso de
materiais em estado muito puro e com uma estrutura cristalina perfeita [22]. A maioria
dos módulos fotovoltaicos de silício monocristalino são obtidos a partir de fatias de um
único grande cristal, mergulhados em silício fundido [23]. Para formação dos módulos
comercializáveis, as células são conectadas através de filamentos condutores e
encapsuladas em folhas de acetato de vinil etileno (EVA), e então recebem uma
Temperatura: ao contrário do que se pensa, o dia perfeito para uma produção eficiente
é um dia ensolarado com um clima mais típico para o inverno. As zonas climáticas com
calor excessivo não são as mais favoráveis para instalação de painéis solares, pois o calor
pode degradar as células solares e, consequentemente, provocar alterações
significativas nos parâmetros característicos. Um aumento na temperatura provoca uma
diminuição da tensão. A variação da curva I-V com a temperatura é a seguinte:
Radiação: pelo sol possuir movimento aparente no céu, de acordo com a hora e dia do
ano, é preciso fazer o acompanhamento desses movimentos para se obter a maior
intensidade luminosa. Devido ao elevado custo dos equipamentos que se movimentam
em função do movimento do sol (trackers), os módulos são normalmente instalados em
posição fixa, pelo que se torna essencial determinar a melhor inclinação para cada
região de instalação. Sendo a radiação que incide no painel solar um dos fatores mais
influentes para a potência produzida, a corrente elétrica numa célula solar aumenta com
o aumento da irradiância solar. Os parâmetros da curva I-V alteram-se com a variação
da radiação pela seguinte forma:
Painel FV: é o gerador elétrico, converte a radiação solar para energia elétrica, em
corrente contínua.
Os sistemas Off-Grid são sistemas autónomos não conectados à rede elétrica. Por estes
sistemas não trabalharem em paralelo com a rede elétrica convencional, são capazes de
serem utilizados em locais onde não existe fornecimento de energia através da rede
pública de distribuição. Existem dois tipos de autónomos: com armazenamento e sem
armazenamento [26].
Para além do painel FV e inversor, os principais equipamentos que compõem o sistema
fotovoltaico OFF-GRID convencional são os seguintes [26]:
Controladores de carga: equipamento que regula e protege a bateria de ser
completamente descarregada ou sofra sobrecarga de tensão. Em sistemas isolados,
esses controladores devem ser projetados de acordo com as características dos
diferentes tipos de baterias. Quando a bateria atinge plena carga, os controladores
devem interromper o fornecimento de energia e desconectar o gerador fotovoltaico,
para que assim se preserva a vida útil das baterias.
Baterias: são acopladas nos sistemas isolados para o armazenamento do excedente de
energia produzida pelo módulo fotovoltaico, de modo que o consumidor possa utilizar
em outro momento. Existem vários tipos de baterias no mercado, como as baterias de
chumbo-ácido, baterias de iões de lítio, baterias de níquel-cádmio, etc. [26].
Angola está entre os países com melhores condições climáticas para aproveitamento da
energia solar, o país apresenta um número elevado de horas de sol e poucos períodos
de céu nublado, por isso os níveis de radiação solar são bastante elevados. A
materialização dos projetos, de acordo com as decisões estratégicas de Angola 2025
poderão ter reflexos na matriz energética nacional. Para testar o conceito de uma aldeia
100% solar num local com maior racionalidade económica face aos elevados custos de
transporte do diesel, foi criada a sede do Município de Rivungo no Cuando Cubango
100% à base e energia FV. Trata-se de uma aldeia alimentada por um sistema
fotovoltaico com armazenamento, que em caso de sucesso esta solução poderá ser
implementada a outras sedes distantes e com o mesmo potencial solar [6].
A tabela 4 demonstra os valores de irradiação horizontal total (GlobHor), irradiação
difusa horizontal (DiffHor), temperatura ambiente (T_Amb) e incidência global no plano
dos sensores (GlobInc) para a capital de Luanda [27].
O país dispõe de um número médio anual entre 5800 e 6300 horas de sol no seu
território. Este valor pode ser comparado ao de Portugal que possui aproximadamente
2200 a 3000 horas de sol por ano no seu território e é feito o aproveitamento deste
recurso de forma eficiente. Esta comparação comprova que de facto Angola apresenta
um grande potencial solar a ser explorado [28]. O valor médio da radiação solar global
no plano horizontal que incide em Angola está compreendido entre 1350 e 2070
kWh/m2/ano e com este elevado potencial, o recurso solar torna-se o maior e o mais
uniformemente distribuído recurso renovável do país.
Por ser um país tropical, a utilização da energia solar é exequível em praticamente todo
o território angolano, especialmente nas províncias do Namibe, Cunene e Cuando–
Cubango, que apresentam os maiores valores de radiação global. Na Figura 10 verifica-
se a distribuição de norte a sul de Angola em termos de radiação global horizontal [6].
remunerados ao custo do gasóleo que é poupado, o custo nivelado desce para valores
inferiores a $0,1/kWh.
Com base nestes resultados, para Estratégia Angola 2025 estabeleceu-se uma meta de
500 MW para as energias renováveis com maior aposta na energia solar, deve-se instalar
100 MW de projetos solares até 2025. O planeamento da eletrificação rural permitiu
identificar potencial para integrar 22 MW de projetos solares fotovoltaicos à nível da
eletrificação rural: 10 MW nas aldeias solares, 10 MW de forma complementar ao
gasóleo nas sedes de município eletrificadas por sistemas isolados e 2 MW no projeto
100% solar de Rivungo [6].
Em Anexo C é demonstrado o mapa com o atlas do recurso solar com os locais
identificados com potencial para instalação de vários GW de projetos solares
fotovoltaicos e os locais selecionados para a instalação dos restantes 78 MW ligados à
rede, de forma a cumprir a meta de 100 MW. Estes locais encontram-se essencialmente
no centro e sul do país e foram selecionados de acordo ao menor custo nivelado de
energia [6].
DESENVOLVIMENTO TÉCNICO
3 DESENVOLVIMENTO TÉCNICO
O sistema fotovoltaico neste trabalho foi projetado para uma residência familiar que
possuiu um consumo mensal estimado de 521 kWh/mês que abastece a casa principal
constituída por onze compartimentos, o primeiro anexo com quatro compartimentos e
o segundo anexo com cinco compartimentos. Pretende-se que o sistema FV seja
instalado na cobertura do segundo anexo, que se trata de uma cobertura plana de
cimento, sem obstruções e com uma área disponível de 149,76 m2.
Para o dimensionamento do sistema foi utilizado o software PVsyst versão 7.3.2 Nesta
versão o software possui na base de dados a radiação solar para apenas quatro cidades
de Angola. A residência em estudo está localizada na província de Luanda cujo dados
sobre a irradiação e orientação são fornecidos pelo software. O software foi
desenvolvido pela Universidade de Genebra, em 1991, e permite a simulação de
instalações fotovoltaicas isoladas, conectadas à rede, com e sem armazenamento, e
para bombagem de água [27].
O software dimensiona o sistema de forma detalhada utilizando simulações horárias e
permite ainda adicionar a opção de autoconsumo, sendo que simula qual a energia
consumida em autoconsumo e energia injetada na rede. A base de dados possui uma
informação meteorológica completa e permite especificar determinadas condições
particulares, como a orientação dos módulos e a existência de sombreamentos. Quanto
aos equipamentos, o programa inclui na base de dados painéis, baterias, inversores e
reguladores de diferentes marcas e ainda há a possibilidade de inserir outros modelos
que não estejam na base de dados.
3.1.4 Dimensionamento
Assim, optou-se por uma potência instalada de 7,56 kWp, para o sistema sem
armazenamento e 10,08 kWp para o sistema com armazenamento. Todavia, esta
potência poderia sofrer alterações aquando da análise de resultados energéticos e
económicos.
Para além da potência do sistema, a potência dos painéis tem uma grande influencia no
total de painéis a serem utilizado no sistema, uma vez que quanto maior for a potência
do painel, menor será o número de painéis a serem utilizados, dada uma potência
instalada do sistema. Desde modo, foram escolhidos painéis de 360 W para os dois
sistemas pois os painéis nesta gama apresentam as características técnicas e
económicas adequadas aos sistemas.
Chegou-se ao número de painéis a instalar através da equação 1.
A potência dos inversores determinará a quantidade de energia útil que sairá do painel
para o consumidor final, o número de inversores a utilizar deve ser determinado de tal
forma que a potência total dos inversores seja capaz de suportar a potência nominal do
grupo FV. Os resultados obtidos são apresentados na tabela 7 e tabela 8 para o sistema
sem e com armazenamento respetivamente.
Posto isto, nas tabelas abaixo encontram-se o número máximo de painéis suportados
pelos inversores escolhidos.
Um fator a ter em conta é que a soma das tensões dos módulos ligados em série não
pode ultrapassar a tensão máxima de entrada do inversor para evitar que o inversor se
danifique.
Como os módulos são agrupados em série até perfazer os níveis de tensão necessários,
para calcular o número máximo de módulos em série é necessário calcular a variação
que a tensão do módulo (∆V) pode sofrer em condições de temperaturas mínimas.
Assim, recorrendo à equação 4 calcula-se a tensão de circuito aberto (Voc) para uma
temperatura mínima definida (Voc (-10°C)) tendo em conta a tensão do circuito aberto
nas condições de referência STC (Voc (STC)) onde é utilizada a temperatura padrão de
25°C.
35℃ × ∆𝑉
𝑉𝑜𝑐 (−10°𝐶) = (1 − ) × 𝑉𝑜𝑐(𝑆𝑇𝐶) (4)
100
𝑉𝑖𝑛𝑚𝑖𝑛 (5)
𝑁º 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑜 𝑑𝑒 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 𝑒𝑚 𝑠é𝑟𝑖𝑒 = ( )
𝑉𝑜𝑐(−10°𝐶)
Por fim, após os cálculos o sistema apresenta uma configuração demonstrada na tabela
abaixo. Estes valores obtidos serviram como base para o dimensionamento no software,
uma vez que a configuração obtida no software (demonstradas na Figura 15 e na Figura
21) e os valores apresentados na Tabela 12 estão em concordância.
Sistema Sistema
Parâmetros
sem armazenamento com armazenamento
Nº de painéis 21 28
Nº de inversores 3 2
Nº máx de painéis em série 7 7
A potência do sistema no software pode ser definida através da área disponível ou pelo
consumo mensal da residência. Ao dimensionar os sistemas FV para além dos aspetos
técnicos, os económicos apresentam um papel preponderante. Com um consumo
médio de 521 kWh/mês, definiu-se uma potência nominal superior ao consumo da
residência, para que a energia produzida pelo sistema para além de ser consumida pela
residência, uma grande parte da mesma seja vendida à rede, de forma a rentabilizar o
sistema. Visto que os sistemas fotovoltaicos apresentam um alto valor de investimento
inicial, a remuneração da energia vendida ao longo dos anos deveria permitir o retorno
do investimento inicial e gerar lucro no menor tempo possível. Assim, com o valor da
potência nominal de 7,56 kWp, selecionou-se na base de dados do software, o modelo
dos equipamentos a utilizar.
Corrente nominal AC 11 A
Após a configuração do gerador fotovoltaico estar definida, o programa está pronto para
iniciar a simulação. Foi então efetuada a simulação de um sistema acoplado à rede sem
bateria com os principais dados demonstrado na Figura 15.
Resultados Valor
Tabela 17-Produção Energética sistema ligado à rede sem bateria para outras localidades
Cuando 15.078,00
22° 83,30%
Cubango kWh/ano
14.354,00
Moxico 19° 83,50%
kWh/ano
12.569,00
Malange 17 ° 84,70%
kWh/ano
Aliane Naval da Silva AVALIAÇÃO DO POTENCIAL SOLAR DE ANGOLA
DESENVOLVIMENTO TÉCNICO 48
Como este sistema requer mais módulos, na Figura 18 demonstra-se que face ao valor
da potência nominal, serão utilizados de 28 módulos com potência nominal de 360 W,
distribuídos por 7 módulos em série e 4 fileiras (strings), que ocupam uma área
aproximada de 49 m2.
As características do módulo são apresentadas na Tabela 13 e o datasheet do painel
encontra-se em Anexo E.
Para o sistema serão utilizadas baterias de lítio por serem as mais utilizadas para fins
fotovoltaicos, pois apresentam maior eficiência e vida útil. O modelo escolhido é de
fabricante LG de modelo RESU 10, com uma capacidade de 193 Ah e uma tensão de 51,8
V e 8,8 kWh. Pretende-se que o sistema tenha uma autonomia de cerca de 33,7 horas
com isso, será constituído um conjunto de 3 baterias em paralelo com uma tensão de
52 V, capacidade total de 580 Ah permitindo o armazenamento de energia de 24 kWh.
As características principais das baterias são apresentadas na tabela 19 e em Anexo I
apresenta-se o respetivo datasheet.
Este sistema com uma potência de 10,08 kWp resultou numa produção anual de
16.373,58 kWh um valor favorável já que supre a necessidade energética anual de
6248,86 kWh/ano e permite que uma boa quantidade de energia seja vendida à rede
para gerar rendimento ao sistema. Ainda que o valor do rendimento e da produção
específica tenha diminuído em relação ao sistema sem armazenamento, os valores
obtidos são aceitáveis para o projeto.
Resultados Valor
Ao analisar os resultados dos dois sistemas presentes na Tabela 22, verifica-se que não
há grande diferença na quantidade de energia produzida nos dois sistemas, portanto
nesta primeira análise o sistema o sistema sem armazenamento apresenta melhores
valores em termos técnicos. Entretanto, após uma análise das condições de utilização e
da análise financeira realizada no capítulo a seguir, estaremos mais capacitados para
tomar a conclusões sobre a escolha do sistema que melhor se adequa às condições que
o país oferece.
ESTUDO ECONÓMICO
4 ESTUDO ECONÓMICO
VAL
𝑛 𝐶𝐹𝑡 𝑛 𝐼𝑡 (6)
𝑉𝐴𝐿 = ∑ 𝑡
− ∑ 𝑡
𝑡=0 (1 + 𝑟) 𝑡=0 (1 + 𝑟)
O VAL pode assumir valores negativos, nulo e positivo, sendo que um VAL negativo,
informa-nos que o projeto não é viável porque não é capaz de gerar dinheiro suficiente
para recuperar o investimento efetuado e remunerar os investidores à taxa por eles
exigida. Se o VAL for nulo significa que o projeto é economicamente rentável, todo o
investimento feito é recuperado e os investidores são totalmente remunerados à taxa
exigida, apesar de o lucro puro ser nulo. Já um VAL positivo informa que o projeto é
economicamente rentável, todo investimento feito é recuperado, os investidores são
totalmente remunerados à taxa exigida e há um lucro puro igual ao valor do VAL obtido
[31].
ROI
ROI é uma sigla em inglês para Return On Investiment, que em português é significa
"Retorno sobre Investimento", é utilizado como um indicador de retorno de
investimentos que demonstra o quanto um investidor perde ou ganha com um
determinado investimento. O ROI, é uma medida financeira de desempenho que
compara todos os custos envolvidos num projeto. O ROI relaciona, por exemplo, o
retorno das vendas após um investimento em marketing. A equação 7 calcula este
indicador [32]:
PBP
O “payback period”ou prazo de recuperação na sua definição mais simples representa o
período de retorno de um determinado investimento inicial. Representa o prazo de
tempo decorrido até o investidor reembolsar o capital investido. Este retorno gerado
deve pelo menos cobrir o investimento inicial e gerar caixa positiva no período final
definido. O PBP dá a informação do tempo necessário até ser recuperado todo o
investimento, acrescido de uma taxa de retorno adicional para suportar o risco do
projeto. O cálculo do payback é feito através da equação 8 [30]:
𝐼𝑡
∑𝑛
𝑡=0(1+𝑟)𝑡
𝑃𝐵𝑃 = 𝐶𝐹𝑡
(8)
∑𝑛
𝑡=0(1+𝑟)𝑡
𝑛
ajustamento tarifário, com intuito de cobrir impactos que podem ser causados pela
depreciação cambial 34.
A lei n.° 1/14, de 6 de fevereiro e o regime jurídico aplicável às garantias do estado,
estabelece no n.º 1 do art.° 17.º que a concessão de garantias pessoais pelo estado
fundamenta-se em motivos de interesse público e de interesse para a economia
nacional. As garantias têm como finalidades operações de crédito ou financeiras
relativas aos programas ou projetos de interesse para a economia nacional 34.
A assembleia nacional de Angola fixa na lei anual do OGE ou em lei especial, o limite
máximo das garantias pessoais a conceder pelo estado34. O contrato de concessão da
central de produção vinculada renovável atribui os seguintes direitos: mecanismos de
compensação em caso de variações cambiais e benefícios fiscais como reduções de
impostos sobre rendimentos e importações. O regime jurídico aplicável apresenta
algumas instruções para o pedido de contrato de concessão da central de produção
vinculada renovável. Deve ser dirigido ao titular do departamento ministerial
encarregue das finanças públicas, e deve conter os seguintes elementos:
Tabela 25-Resultado da análise financeira do investimento para o primeiro cenário do sistema sem bateria (EUR)
[adaptado de 27]
A baixa tarifa de eletricidade de Angola faz com que alguns projetos renováveis não
sejam viáveis, o que acaba por afastar investidores privados, importante para o
desenvolvimento do sector energético. Portanto, de forma a perspetivar um cenário
mais favorável para os projetos renováveis, foi analisado um segundo cenário para a
realização do estudo económico do sistema tendo como valor da remuneração pela
energia injetada à rede, 156 kz/kWh (0,27 €/kWh) e como tarifa de consumo da rede
elétrica 14 kz/kWh (0,026 €/kWh). Considerou-se o mesmo período de investimento de
20 anos e a mesma taxa de inflação média anual para evolução da tarifa de eletricidade
e os custos de O&M.
Em relação ao primeiro cenário, obtiveram-se melhores resultados, houve um aumento
no VAL, ROI e como é apresentada na Figura 24, a evolução do cash-flow acumulado
demonstra uma diminuição considerável do período de retorno do projeto.
Figura 24-Fluxo de caixa acumulado do sistema para o segundo cenário de análise do sistema sem bateria (EUR) [27]
Como esperado, verificou-se uma melhoria dos resultados financeiros para o sistema,
onde o VAL corresponde a 61.895,88 € e ROI de 750,5%, para um período de
amortização de 3 anos, com resultados mais favoráveis conforme se verifica na tabela
abaixo.
Tabela 26- Resultado da análise financeira do investimento para o segundo cenário de análise do sistema sem bateria
(EUR) [27]
Tabela 27-Resultado da análise financeira do investimento para o primeiro cenário de análise do sistema com
bateria [27]
Fazendo uma análise aos resultados presentes na Tabela 27, verifica-se que para o
primeiro cenário de análise para o sistema com armazenamento, o custo do
investimento é muito elevado em relação às tarifas aplicadas, o que resulta em valores
de indicadores muito baixos em comparação ao sistema sem armazenamento. Como os
resultados obtidos foram pouco satisfatórios, procedeu-se ao desenvolvimento do
segundo cenário para analisar e comparar os possíveis resultados. No segundo cenário
foi considerada a mesma taxa de inflação e período de investimento, mas foi aplicada a
tarifa de venda de energia elétrica de 0,27 €/kWh. Tendo como resultado para o
segundo cenário os valores apresentados na tabela 28.
Tabela 28-Resultado da análise financeira do investimento para o segundo cenário de análise do sistema com bateria
[27]
Figura 25-Fluxo de caixa acumulado do sistema para o segundo cenário de análise sistema com bateria (EUR) [27]
Tabela 29-Síntese dos resultados obtidos para cada um dos sistemas estudados
Sistema sem
8381,35 61.895,88 750,50 3 15,44
armazenamento
Sistema com
28.071,00 46.138,31 164,40 8,9 14,34
armazenamento
Ao analisar os dois sistemas acoplados à rede, com e sem armazenamento, parece ser
imediata a escolha do sistema sem armazenamento devido ao menor custo de
investimento e maior rendimento. Entretanto, é necessário analisar todos os detalhes:
o facto de haver constantes falhas de energia da rede faz com que a dependência à rede
pública nos dias de baixa produção FV seja um problema pois em períodos de blackouts
nem a rede, nem o sistema FV, serão capazes de fornecer energia suficiente, criando a
necessidade de haver um método alternativo para gerar eletricidade.
Na maior parte dos casos das residências em Angola, como o caso da residência em
estudo, utilizam geradores à base de combustíveis fosseis para suprir as necessidades
que advêm da falta de eletricidade. Como os blackouts em Angola podem durar cerca
de dois dias, contabilizando o custo de aquisição de combustível para sustentar os dias
sem eletricidade, torna-se mais favorável um sistema com armazenamento, que para
além de ser uma alternativa aos blackouts é mais económica e mais sustentável do que
a utilização de geradores elétricos, como iremos constatar nas próximas tabelas.
Devido ao elevado preço do combustível, os residentes apenas utilizam o gerador
durante o período da noite até de manhã fazendo um total de 13 horas de utilização em
um dia de blackout. Tendo em conta que a falha de energia pode ocorrer uma ou duas
vezes por semana, projetando o melhor dos cenários, o período de utilização do gerador
estimado (13h/dia), coincidindo com o número de blackouts, será de 6 dias por mês, o
que equivale a 78 horas de utilização do gerador por mês.
Sabendo o total de combustível utilizado para abastecer o gerador durante o período de
utilização saberemos o custo mensal para abastecer o gerador elétrico. De acordo aos
dados recolhidos, a residência possui um gerador de 55 kVA, os detalhes do gerador
encontram-se em anexo k. Com boa potência e baixo consumo, o tanque apresenta uma
capacidade de cerca de 150 litros, o que faz com que sua autonomia seja para até 13
horas, tornando-o ideal para turnos prolongados. Em média, com essa potência o
gerador consome 12 litros por hora de utilização [35]. Assim, para gerar uma autonomia
de 13h por dia, serão necessários 156 litros. Desta forma, seguindo os cálculos
estimados, temos 936 litros para os 6 dias num mês, equivalente à 11.232 litros por ano.
O próximo passo foi determinar a quantidade de CO2 resultante da queima dos litros
utilizados para a produção de energia elétrica. A queima do diesel provoca emissões de
gases na atmosfera, dentre eles o CO2. Durante o processo de combustão, para cada
litro de óleo diesel queimado, são emitidos uma média de 3,2 kg de CO2 na atmosfera
[36]. Tendo como base a quantidade total de litros utilizados mensalmente na residência
para produção de energia, chega-se a uma quantidade aproximada de emissões de:
11.232 litros x 3,2 kgCO2 = 35.942,4 kg de emissões anuais de CO2 na atmosfera
provenientes do uso do gerador a diesel da residência.
Tendo em conta o preço do diesel é atualizado conforme a taxa de câmbio corrente e os
preços internacionais do gasóleo, com base nessas avaliações, o preço do gasóleo em
Angola aos 14 de Maio de 2023, é de 135 kz/litro [37].
O valor de 135 kz/litro resulta num total anual de 1.516.320 kz para a compra do
combustível para abastecer o gerador.
Depois de reunidos todos os dados, na Tabela 30 é feita a comparação do sistema FV
acoplado à rede com armazenamento e o sistema de rede pública com gerador elétrico.
Poupança
Sistema
3235€
FV com 28.071,00 100,00 / 14.445,00
baterias Rendimento de
46.138,31€
Gerador Gasóleo
13.700,00 1014,94 / 35.942,40
elétrico 2717,78
CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE
TRABALHOS FUTUROS
5.1 Conclusões
5.1 Conclusões
A partir da análise dos resultados obtidos para a produção fotovoltaica nas cidades
estudadas, é correto afirmar que Angola apresenta um potencial solar elevado e ao fazer
o aproveitamento deste recurso, muitos dos problemas que o país apresenta no sector
energético poderão ser resolvidos.
Na perspetiva financeira, o sistema FV dimensionado sem armazenamento seria a
melhor opção por ser o menos dispendioso entre os sistemas fotovoltaicos
dimensionados, mas conforme foi referido anteriormente, o sistema não pode ser
dependente à rede devido às falhas de energia da rede. Tendo em conta este fator, do
ponto de vista técnico, em termos de autoconsumo e autossuficiência, os resultados são
mais favoráveis com a integração de baterias no sistema. Entretanto, com as atuais
tarifas de compra e venda de energia elétrica praticadas em Angola, não existe
viabilidade económica dos sistemas fotovoltaicos ligados à rede. Por essa razão os
sistemas deste projeto foram dimensionados de acordo tarifas mais adequadas que
tornam os sistemas FV dimensionados economicamente viáveis, com período de
amortização de 3 a 8 anos. Prevê-se num futuro próximo um reajuste no sector elétrico
onde haverá incentivos à produção FV com um regime de tarifas mais adequadas, que
beneficiarão ainda mais a implementação do sistema FV com armazenamento pois, é a
solução que melhor se adequa à realidade que Angola apresenta.
Dentre os dois sistemas dimensionados, o segundo sistema, com armazenamento, é a
melhor opção devido à menor dependência da rede pública. A comparação feita entre
o sistema FV com armazenamento e o sistema convencional com o uso de gerador à
base de combustível fóssil, apresentada na Tabela 30, reforça a escolha do sistema FV
pois, este sistema para além de permitir uma poupança anual na fatura de eletricidade,
ainda permite um proveito a partir da remuneração da energia vendida. Sem falar de
que em comparação aos outros sistemas de energia, o sistema solar é o que apresenta
menor custo de manutenção.
Conclui-se então que o cenário mais favorável é a implementação de sistemas FV com
armazenamento, isto visto numa perspetiva custo-benefício-sustentabilidade quando
comparados ao sistema convencional. Assim, vê-se que muito do trabalho a ser feito
parte da educação e consciencialização sobre o benefício das FER e o impacto negativo
que o uso excessivo de combustível fóssil tem para o planeta. Voltando a nossa atenção
para um lado também muito importante que é a sustentabilidade, os sistemas FV são
menos poluentes, permitem uma economia de emissão de 166,1 tCO2. Cada vez mais a
sociedade deve olhar para a preservação do planeta, do que para o valor gasto em
alternativas mais sustentáveis. Criar um modelo energético sustentável do ponto de
vista energia/ambiente tem custos, mas não há alternativa. Os investimentos em
renováveis não devem ser entendidos como uma despesa, mas como uma oportunidade
para assumirmos um compromisso com as gerações vindouras, no sentido de fornecer
um serviço adequado conservando o meio ambiente.
Para trabalhos futuros fica por concluir a parte prática do projeto, ou seja, a
implementação dos sistemas e sua monitorização com vista a analisar a produção real
de energia. Os valores de produção de energia elétrica anual dos sistemas
dimensionados são valores estimados com base nos calculados do software, que podem
divergir dos valores reais. As diferenças podem ser causadas devido a várias
circunstâncias, assim, para um trabalho completo deve-se analisar os valores obtido no
terreno e os obtidos pela simulação no PVsyst.
Outro aspeto a melhorar no trabalho é na parte dos resultados financeiros, para se obter
melhores indicadores, deverá ser feita uma pesquisa de mercado mais aprofundada de
modo a se obter equipamento mais económicos disponíveis no mercado angolano, para
que assim se reduza os custos de investimento. Os investimentos nos sistemas
fotovoltaicos têm um custo inicial elevado devido ao fato das tecnologias FV serem
todas importadas. Ainda não há produção dos esquipamentos em Angola para que haja
competição de preços no mercado, causando a sua redução.
Um ponto também muito interessando que fica em falta é o estudo dos sistemas OFF-
Grid. Como não se encontram interligados à rede elétrica convencional, os sistemas OFF-
Grid podem ser utilizados em regiões carentes de rede de distribuição elétrica e que não
podem ser conectadas com os principais centros de energia elétrica por dificuldades
técnicas ou económicas. Estes sistemas isolados são uma boa opção para a eletrificação
das zonas rurais pois, são constituídos por um banco de baterias que em período em
que os sistemas não produz energia, utilizam a energia armazenada nas baterias,
suprindo assim as necessidades energéticas da zona.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
6.1 Legislação
[9] Legislação -Lei geral de eletricidade Decreto Presidencial nº 76/26- Página 2 (2021):
LEI GERAL DE ELECTRICIDADE
ANEXOS
7 ANEXOS
7.1 Anexo A
7.2 Anexo B
7.3 Anexo C
Atlas dos locais com potencial para instalação de projetos solares FV para cumprir
a meta de 100 MW
7.4 Anexo D
7.5 Anexo E
7.6 Anexo F
7.7 Anexo G
7.8 Anexo H
7.9 Anexo I
Bateria LG RESU 10
7.10 Anexo J
7.11 Anexo K