Caso Huawei

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 1

Caso: Huawei

Em maio de 2019, o governo norte-americano colocou na “lista negra” a empresa chinesa


Huawei! Em consequência, uma das líderes mundiais no fabrico de smartphones e no
desenvolvimento da tecnologia de internet móvel 5G não só ficou com o acesso ao importante
mercado americano em risco, como deixou também de poder comprar hardware e software a
fornecedores locais, incluindo os processadores da Oualcomm, as aplicações e o sistema
operativo Android da Google. De repente, toda a estratégia teve de ser revista. A primeira
prioridade foi encontrar alternativas de fornecimento. Ao nível do hardware, a Huawei
substituiu em poucos meses mais de 90% dos cerca de 4 mil parceiros americanos por rivais
japoneses, sul-coreanos e europeus, e passou a usar e seu próprio processador Kirin nos novos
equipamentos. Ao nível do software, decidiu mobilizar cerca de 10 mil programadores internos
e externos em três turnos diários para desenvolver rapidamente aplicações compatíveis com o
novo sistema operativo proprietário HarmonyOS, para disponibilizar aos mais de 600 milhões
de utilizadores da sua loja AppGallery. Criou ainda o Huawei Mobile Cloud para possibilitar o
armazenamento de fotos, vídeos, contactos, anotações e o backup dos dados dos telemóveis.

Na vertente comercial, o lançamento dos novos modelos de smartphones foi redirecionado para
a Europa e Austrália, a par com o mercado doméstico, mas os resultados foram mistos: enquanto
na China a Huawei conseguiu alcançar a liderança, com mais de 40% de quota de mercado,
graças em parte ao “efeito patriótico”, no estrangeiro as vendas foram afetadas pela ausência
das populares aplicações Gmail, YouTube e Maps da Google. Em compensação, a Huawei
redobrou os esforços para equipar as infraestruturas das redes 5G na Europa, Medio Oriente e
Ásia, tendo já celebrado contratos em mais de 40 países. Para se ajustar a um volume de vendas
inferior ao planeado, a empresa decidiu também reduzir os custos, através do aumento da
produtividade, da diminuição dos salários e do despedimento de centenas de colaboradores,
nomeadamente nos Estados Unidas da América. Após a revisão da estratégia, a Huawei está
otimista: o mercado doméstico continua robusto e as vendas no estrangeiro deverão recuperar
graças às características distintivas dos seus smartphones, ao seu novo ecossistema de
aplicações e aos seus equipamentos 5G. Faz questão de salientar que, sem o acesso às suas
tecnologias de ponta, as empresas mais prejudicadas serão as norte-americanas.

Fonte: A. Freire – Estratégia: criação de valor sustentável em negócios tradicionais e digitais - Bertrand
Editora.

Você também pode gostar