O Jejum de Jesus
O Jejum de Jesus
O Jejum de Jesus
Engle, Lou
O jejum de Jesus : o chamado para despertar as nações / Lou Engle & Dean
Briggs ; [tradução Maria Emília de Oliveira]. -- 1. ed. -- São Paulo : Editora Vida,
2018.
Título original: The Jesus Fast : The Call to Awaken the Nations Bibliografia.
ISBN 978-85-383-0366-4
De Dean:
Ao exército cada vez maior dos intercessores que jejuam, formado no deserto
dos sonhos e do desespero, até que Cristo se manifeste e as promessas se
manifestem como o raiar do dia.
E à minha linda e incrível esposa, Jeanie, que tem percorrido comigo a estrada
acidentada. O dia está clareando, meu bem.
Sumário
Prefácio: Daniel Kolenda
Prefácio: Bill Johnson
“De fato, Elias vem […]. Mas eu digo a vocês: Elias já veio, e eles não o
reconheceram, mas fizeram com ele tudo o que quiseram […]”. Então os
discípulos entenderam que era de João Batista que ele tinha falado (Mateus
17.11-13).
A resposta de Jesus foi clara. O Elias profetizado por Malaquias era João
Batista, no sentido de que ele viera “no espírito e no poder de Elias” (Lucas
1.17). No entanto, observe um detalhe muito interessante. Além de dizer que
Elias “já veio” — isto é, João —, Jesus disse na mesma afirmação que Elias
“vem”. Quem é o Elias que ainda vem?
Há muitas especulações a respeito desse Elias que vem. Tenho ouvido dizer
que ele poderia ser uma das duas testemunhas mencionadas em Apocalipse 11.
Mas creio que a resposta é muito mais profunda e relevante para nós.
Em vez de ser um homem solitário, uma voz clamando sozinha no deserto,
creio que uma geração inteira se levantará no espírito e no poder de Elias antes
da segunda vinda de Cristo. Será uma geração composta de Joões Batistas
preparando o caminho para a chegada do Rei. Será uma geração composta de
homens e mulheres com o coração ardente, apontando o dedo não para si
mesmos, mas para o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Serão o
cumprimento final da profecia de Joel:
DANIEL KOLENDA
Presidente e CEO, Christ for All Nations
Prefácio
jejum de Jesus é um livro perigoso. Seu único propósito é pôr fim à vida que se
O satisfaz sem um avivamento e atrair o cristão para que ele sinta uma
insatisfação provocada pelo Espírito Santo. A partir desse ponto, encontramos
nosso significado verdadeiro. O foco definido nestas páginas é simples, porém
profundo. Este livro chama uma geração para seu papel privilegiado de
reformular o rumo da história mundial. E nada menos que isso.
O que torna este livro único é que, embora ele contenha um chamado óbvio à
oração e ao jejum, ele não se concentra nas calamidades mundiais que existem
ao redor de nós. Isso já foi feito, e muito bem feito. Aqui você encontrará um
foco na esperança. Na verdade, o livro é movido à esperança. Trata-se de um
livro de promessas encontradas na Escritura e nos testemunhos da história da
Igreja que precisam ser aceitos de forma que honrem o Senhor e tornem possível
o impossível em nossa vida.
Lou Engle é um amigo verdadeiro. Recentemente, ele e eu tivemos uma
reunião “por acaso” em Londres. Enquanto compartilhávamos ideias a respeito
do que Deus está dizendo a esta geração, cada um de nós sentiu bem-estar e
encorajamento naquilo que o outro estava sentindo no horizonte. Lou convidou-
me a participar com ele daquilo que, segundo imaginamos, será o início da
colheita de 1 bilhão de almas da juventude. Cremos que esse novo mover de Deus
incluirá grandes estádios lotados, talvez sete dias por semana durante vinte e
quatro horas, com conversões em massa acompanhadas de milagres, sinais e
maravilhas, tudo sendo feito conforme o povo de Deus — não apenas os líderes
famosos — realiza o ministério.
A promessa profética está circulando há décadas. Talvez este seja o tempo
oportuno.
Lou tem o histórico de produzir impacto significativo nas cidades e nações do
mundo. Assim como muitos de nossos heróis da fé que vieram antes dele, Lou
sabe que, para haver um impacto importante nas nações, haverá necessidade de
um suporte principal de oração. Do coração de Lou Engle nasceu o grande
movimento de oração intitulado TheCall [A Convocação]. Envolvi-me
pessoalmente em várias dessas reuniões. Na verdade, uma das maiores honras de
minha vida é a de dar apoio a esse homem em seu poderoso ministério. Centenas
de milhares de pessoas do mundo inteiro já aceitaram o convite simples de
buscar a face de Deus em conjunto e pedir sua misericórdia sobre nossas nações.
Ao fazer uma retrospectiva, sinto que o TheCall tem uma semelhança com o
papel exercido por João Batista. Assim como João preparou o caminho para Jesus
(o maior), o TheCall está preparando o caminho para aquilo que estamos prestes
a iniciar — algo potencialmente maior do que tudo o que o mundo já viu. Creio
que este momento na História é importante para produzir um efeito justo sobre o
destino de muitas nações. Por esse motivo nós oramos e jejuamos.
Este momento pode dar início a uma época. Este livro pode levar a Igreja a fazer
orações que causem uma reviravolta — e acima de tudo a uma época de
derramamento do Espírito de Deus sem precedentes —, provocando a efetivação
do clamor para a colheita de 1 bilhão de almas. Sabemos que esse derramamento
já está no coração de Deus. Mas temos uma missão a cumprir. Cabe a nós buscar
a face do Senhor, de acordo com as promessas da Escritura, e ver o que pode ser
possível em nossos dias.
Este livro traz encorajamento e inspiração sem nenhum retoque. Seus insights
proféticos da época em que vivemos são raros e profundos. Devemos lê-lo com
disposição imediata para uma transformação pessoal, de modo que possamos ver
a transformação do mundo em torno de nós.
BILL JOHNSON,
pastor sênior, Betel Church, Redding, Califórnia Autor de Quando o céu invade
a terra
1
Meu chamado,
seu chamado
Antes de inflamar uma nação,
o avivamento inflama o líder.
Malcolm McDow e Alvin Reid
ouve, certa vez, um movimento Jesus. Se essas palavras trazem à sua mente a
H estranha e gloriosa canção de salvação mediante a qual milhares de pessoas
foram salvas nas décadas de 1960 e 1970, você está por fora há
aproximadamente dois mil anos. Embora todo avivamento verdadeiro faça parte
de alguma forma do movimento Jesus, houve, de fato, um movimento original:
começou por volta do ano 30 d.C. com um homem chamado João Batista
preparando corajosamente o caminho com jejum e uma mensagem de
arrependimento. Seu ministério prosperou, mas ele encerrou voluntariamente
seu trabalho para que outro ministério maior começasse — o ministério de
Cristo. Depois que João entregou o comando a Jesus, o Senhor foi enviado ao
deserto para jejuar durante 40 dias e ser tentado por Satanás. Jesus saiu vitorioso
daquele encontro e o movimento Jesus começou.
Tenho enorme interesse nessa sequência de eventos, porque creio que ela é
mais que uma simples história; representa um padrão recorrente. O jejum de
João e o jejum de Jesus são tão importantes quanto qualquer outra parte do
ministério deles; não há nenhum movimento Jesus sem o jejum de ambos. Essa é
a sabedoria por trás daquilo que os teólogos chamam de “visão sublime da
inspiração da Escritura”: nada é obra do acaso; todos os detalhes são importantes.
Os detalhes da História são importantes também, e a História movimenta-se
em círculos, em parte porque “[…] não há nada novo debaixo do sol. […]
Ninguém se lembra dos que viveram na antiguidade” (Eclesiastes 1.9,11). Uma
vez que a humanidade tende a voltar-se para o mal, o homem tem repetido os
mesmos pecados há milhares de anos com grande negligência e trágica
previsibilidade.
Romanos 5.20, no entanto, apresenta um antídoto poderoso: “Mas onde
aumentou o pecado, transbordou a graça”. Essas palavras dizem que, por maior que
seja a rotina histórica de nossa rebeldia, a natureza de Deus é mais fiel que nosso
pecado. Enquanto rodamos em círculos no pecado, Deus roda em círculos na
graça. Os comportamentos negativos geracionais são neutralizados por ciclos de
40, 50 e 70 anos de provação, esperança e renovação. Nossa insensatez pode ser
grande — e é grande! —, mas é superada pela misericórdia maior do Senhor.
Devemos nos voltar para ele, mas nosso “apelo ao céu” (nas palavras de meu
amigo Dutch Sheets) torna-se mais eficaz quando combinado com oração e
jejum intensos e em conjunto. Biblicamente falando, esse é o botão “reset”
divino, o ajuste espiritual quiroprático que alinha a terra com o céu. Neste livro,
eu mostrarei os muitos motivos pelos quais acredito que essa afirmação é
verdadeira. Aqui se encontra a possibilidade de avivamento em cada geração.
O jejum de Jesus é um manual de guerra e uma convocação global, mas
fundamentalmente e acima de tudo é um livro de esperança. Quero desafiar
nosso esquecimento coletivo, e talvez desespero, relembrando avivamentos e
despertamentos anteriores. À medida que você observar e discernir as
características recorrentes da oração na História e na Escritura, creio que o
Espírito Santo que habita dentro de você começará a agir, compelindo-o a tomar
posse de nosso momento atual e palpitante da história da humanidade e a
agarrar-se a Deus com paixão, foco e comprometimento.
O despertar de um porta-bandeira
“O líder eficiente ouve a voz de Deus quando todos os outros ouvidos estão
surdos. Ele ouve o chamado de Deus, não vacila em seu compromisso, e seu
poder em relação às pessoas é inexplicável ao raciocínio humano.” [Nota 1]
Essa frase descreve com muita propriedade o falecido dr. Bill Bright, fundador
da Cruzada Estudantil para Cristo. Em 1994, Bright começou a sentir uma
imensa responsabilidade pelos Estados Unidos porque sabia que o futuro de seu
país estava em jogo. No meio de um jejum de 40 dias, Deus falou ao coração de
Bright que a maior colheita de almas na história dos Estados Unidos e do mundo
começaria na virada do milênio — se o povo de Deus se reunisse como nação e
se humilhasse com oração e jejum. Ele narra o seguinte:
Compelido por esse insight, Bright escreveu seu livro pivô intitulado The
Coming Revival: America’s Call to Fast, Pray and “Seek God’s Face [A chegada do
avivamento: o chamado dos Estados Unidos para jejuar, orar e “buscar a face de
Deus”]. Usamos a palavra “pivô” para livros que causam impacto verdadeiro —
algo que gire em torno do eixo, porque é assim que somos. Quando foi publicado
em 1995, esse livro provocou uma reação extraordinária e interdenominacional
com o objetivo de preparar o caminho para o ano 2000. Centenas de milhares de
pessoas jejuaram.
Bright foi o catalisador de Deus para aquele momento, o “homem pivô”, se
você preferir, em torno do qual a História girou na reação coletiva a seus
chamados. Em Firefall: God Has Shaped History Through Revivals [Fogo do céu: como
Deus reformulou a História por meio de avivamentos], Malcolm McDow e Alvin
Reid descrevem a dinâmica:
Notas do Capítulo 1
Nota 1 - McDow, Malcolm; Reid, Alvin L. Firefall: How God Has Shaped History Through Revivals.
Enumclaw, WA: Pleasant Word, 2002. p. 24-25. [Voltar]
Nota 2 - The Coming Revival: America’s Call to Fast, Pray, and “Seek God’s Face”. Orlando, FL:
New Life Publications, 1995. [Voltar]
O ponto de partida
do avivamento
Olhe para o mundo ao redor. Ele pode parecer um lugar imóvel,
implacável. Mas não é. Basta o mais leve empurrão — no lugar certo
— para que ele tombe. Malcolm Gladwell
m certo sentido, este livro levou trinta anos para ser produzido. Mesmo assim,
E ele adquiriu forma de repente quando Dean me perguntou:
— Lou, se você pudesse transmitir uma única mensagem a 10 mil pessoas, mas
soubesse que, logo depois de proclamar o oráculo do Senhor, ele seria o ponto de
partida do avivamento mundial, que mensagem seria?
Levei um segundo para saber a resposta. Na verdade, as lágrimas brotaram lá
no fundo quando tanto a pergunta como a resposta me encheram de fé.
— Eu convocaria o Planeta inteiro para um jejum de 40 dias! — exclamei. —
Dentro de minhas possibilidades, insistiria em que todas as nações da terra se
comprometessem a fazer um jejum em massa durante muitos anos. Sinto-me
entusiasmado por acreditar que, se fizermos isso, haverá avivamentos por toda
parte. Ninguém conseguirá detê-los!
Como pude atrever-me a dizer tal coisa? Por causa da evidência incontestável
da Escritura e do testemunho convincente da história passada e atual.
Minha saúde está muito debilitada, mas creio que viverei para terminar
minha obra. Poucas pessoas se preocupam em ir a lugares problemáticos,
mas meu trabalho é ir aonde os outros não vão. Parece que Deus escolhe
um homem que não tem outro objetivo para viver a não ser o céu para
realizar a obra que necessita de um homem forte. Estou feliz por ser usado a
serviço do Senhor. Prefiro exaurir minhas forças a enferrujar; e prefiro
morrer de fome a serviço de Deus, se necessário for, a engordar a serviço do
Diabo. [Nota 11]
Notas do Capítulo 2
Nota 2 - Devemos ter a humildade de reconhecer que alguns erros têm acompanhado cada movimento
restaurador de Deus, de Lutero a Calvino, de Calvino ao puritanismo, do puritanismo ao primeiro e
segundo despertamentos e destes a Azusa e a Toronto. Isso é inevitável porque seres humanos falíveis
sempre farão parte da equação. A Bíblia certamente recomenda que testemos o fruto, mas a ênfase não
está em descartar totalmente tudo aquilo que contenha fraqueza, carne e erro, mas pôr “à prova todas
as coisas e [ficar] com o que é bom” (1Tessalonicenses 5.21). [Voltar]
Nota 3 - Em coautoria com Catherine Paine. Shippensburg, PA: Destiny Image, 1998. p. 147. [Voltar]
Nota 7 - A título de brincadeira, os amigos de Billy Graham me contaram que Billy e sua equipe se
comprometeram a jejuar e orar para manter distância dos deslizes e excessos morais dos avivalistas que
curavam enfermos. [Voltar]
Nota 8 - Mike Bickle é diretor da International House Prayer — IHOP (Casa Internacional de
Oração) em Kansas City, EUA, uma missão que enfatiza oração com adoração 24/7 (vinte e quatro
horas por dia, sete dias por semana) vinculada a iniciativas evangelísticas e ações de justiça social.
Disponível em: https://revistaimpacto.com. br/biblioteca/estilo-de-vida-financeira-no-reino-de-deus.
Acesso em: 10 nov. 2016. [N. do T.] [Voltar]
Nota 11 - Azusa Street. New Brunswick, NJ: Bridge-Logos Publishers, 1980. p. 46, 53. [Voltar]
3
Convocado para
a margem da História
Não existem pessoas desmotivadas; existem apenas aquelas que dão
ouvidos aos sonhadores errados.
Autor desconhecido
ão me lembro de onde ouvi a citação acima, mas ela está rabiscada em meu
N diário. Será que sua vida no dia a dia está canalizada para um sonho, para o
poder fascinante de uma visão grande e profética, um poder maior para viver por
ele… e até morrer por ele? Não estou falando de sua vida cristã no sentido geral
de fazer parte do Corpo de Cristo; ao contrário, estou perguntando se um senso
profundo de missão o guia e o inspira. Pessoalmente, não sei viver sem um
propósito, nem quero viver assim. Creio que Deus deseja que todos nós
tenhamos uma vida plena e significativa; mas essa vida, embora abençoada, não
é o mesmo que viver sob a sombra de uma visão dominadora convocando-o para
algo grandioso. Você está vivo porque Deus, em sua soberania, injetou em você
o enredo de uma história épica e eterna. A guerra está a seu redor! Como você
cumprirá o propósito para o qual nasceu? Como lutará? Você sabe ao menos
como deve lutar?
Muito provavelmente você concorda ou discorda com base em sua visão
bíblica de um ponto de vista amplo. É por isso que os paradigmas são poderosos e
perigosos — eles nos curvam em direção à passividade ou à paixão. Walter Wink
afirma:
Um exército na madrugada
Não é necessário ser profeta para reconhecer a imensa treva de nossos dias.
Desde o holocausto legalmente sancionado até o aborto, desde a ascensão dos
terroristas militantes islâmicos que estão decapitando seus inimigos até a ameaça
crescente de tragédias naturais e ecológicas com feridas raciais surgindo por
todas as principais regiões dos Estados Unidos e o pavor sempre presente do
colapso catastrófico econômico, a era em que vivemos é de medo constante.
Muitas pessoas acham que estamos vivendo a hora mais tenebrosa da História.
Isaías profetiza um tempo em que “a escuridão cobre a terra, densas trevas
envolvem os povos” (60.2). As pessoas estão trêmulas e medrosas. Algumas
reagirão fechando os olhos para a realidade; outras simplesmente se conformarão
com seu destino. No entanto, o adágio continua a ser verdadeiro: É sempre mais
escuro antes do amanhecer!
Embora estejamos com medo, Deus certamente não está. Como se tivesse um
ás na manga, a solução divina à doença volumosa das trevas é um exército de luz
brilhante.
O Senhor estenderá
o cetro de teu poder desde Sião,
e dominarás sobre os teus inimigos!
Quando convocares as tuas tropas,
o teu povo se apresentará voluntariamente.
Trajando vestes santas,
desde o romper da alvorada
os teus jovens virão como o orvalho. (Salmos 110.2,3)
O momento de Malaquias
Há evidências em toda a Escritura sobre a chegada de um exército sacerdotal
da madrugada nos últimos dias. O profeta Malaquias vislumbrou um grande
movimento mundial de adoração e oração que o céu mobilizaria sobre a terra
para combater a excessiva escuridão. Perscrutando as câmaras do conselho do
Senhor, Malaquias ouve Deus descrever os tempos imediatamente anteriores à
volta de Cristo:
TheCall. Sou grato por fazer parte desta história, porque a visão do TheCall
(TheCall.com) nasceu em 1999. Na ocasião, escrevi estas palavras: “Pessoas
consagradas estão sendo convocadas para apresentar-se diante do Senhor
nesta hora. A trombeta está soando. É a convocação do grande exército (o
exército da madrugada!). Na hora mais negra da história dos Estados
Unidos, a juventude se reunirá para jejuar e orar, anunciando o amanhecer
de um novo dia”. Desde nossa primeira reunião solene, o TheCall tem
acolhido reuniões semelhantes nos Estados Unidos e em outros países,
convocando dezenas de milhares ao mesmo tempo para doze horas de jejum
e oração. Desses “ajuntamentos do exército”, quase 1 milhão de jovens
foram iniciados em um novo estilo de vida de oração e se consagraram ao
Senhor.
Global Day of Prayer [Dia Mundial de Oração]. Apenas um ano depois, em
2000, uma visão similar de oração alcançou o coração de um empresário
sul-africano chamado Graham Power. Sob sua liderança, o Global Day of
Prayer (Globaldayofprayer.com) deslanchou em 2001. Em maio de 2009, os
cristãos de todos os países do mundo se reuniram durante um dia para
oferecer incenso ao Senhor. Desde então, o movimento expandiu-se para
10 dias de oração até chegar ao Dia Mundial de Oração, acompanhado de
mais 90 dias de bênçãos. Trata-se de um movimento poderoso de unidade e
oração.
Isso aconteceu por acaso? Não. A lista está completa? Não. Mas acredito que
essa explosão incrível e sincronizada de oração foi a resposta direta do céu a
milhões de cristãos que jejuaram e clamaram por despertamento. Acredito que o
dr. Bright deu início a tudo! Não, ainda não foi um avivamento, mas a sabedoria
divina interveio, porque, nesse meio-tempo, teriam surgido avivamentos
menores e desaparecido em seguida. Havia necessidade de um coro de orações
incessantes para atuar como alicerce para a grande colheita que se seguirá.
Quando a oração é despertada, a colheita virá. A História comprova isso,
portanto só nos resta raciocinar que a maior colheita de todos os tempos (no fim
dos séculos) necessitará do maior movimento de oração da História. O Mestre
do Xadrez está colocando suas peças no tabuleiro com toda a paciência. Os
grandes movimentos de jejum e oração sempre precipitaram a nova liberação da
estratégia do Espírito.
John R. Mott, o grande líder do Student Volunteer Movement for Foreign
Missions [Movimento Estudantil Voluntário para Missões no Exterior] escreveu
certa vez:
Se há mais poder quando duas ou três pessoas oram juntas, que grandes
vitórias haveria se centenas de milhares de membros firmes na igreja
concordassem em interceder todos os dias pela expansão do reino de Cristo?
[Nota 10]
Notas do Capítulo 3
Nota 1 - The Powers That Be: Theology for a New Millenium. New York: Galilee Doubleday, 1993. p.
15. [Voltar]
Nota 2 - Consumed: Forty Days of Fasting for Renewal and Rebirth. Kansas City, MO: Champion
Press, 2014. p. 9. [Voltar]
Nota 3 - The Weight of Glory, and Other Addresses. New York: Touchstone, 1996. p. 1-2. [O peso da
glória. São Paulo: Vida, 2011.] [Voltar]
Nota 4 - V. 1Crônicas 9.33; 16.37; 23.5; 25.7; 2Crônicas 8.12-14; 31.4-6,16; 34.9,12; Neemias 10.37-
39; 11.22,23; 12.44-47; 13.5-12. [Voltar]
Nota 9 - Área retangular localizada a 10 graus de longitude e 40 graus de latitude acima da linha do
Equador, onde vive o maior número de povos não alcançados pelo evangelho. [N. do T.] [Voltar]
Nota 10 - The Evangelization of the World in This Generation. New York: Student Volunteer
Movement for Foreign Missions, 1990. p. 187-198. [Voltar]
4
Convocando o exército
da madrugada
Os heróis se levantarão do pó de circunstâncias obscuras e
desprezadas, e seus nomes serão inscritos na página eterna da fama
no céu.
Frank Bartleman
s trevas são fortes? Claro, mas essa pergunta está totalmente errada! A
A pergunta certa é: qual é o brilho da vinda de Cristo?
O exército da madrugada responde à pergunta, porque somente a madrugada é
capaz de afastar a escuridão da noite. E melhor ainda, a Bíblia promete: “A
vereda do justo é como a luz da alvorada, que brilha cada vez mais até a plena
claridade do dia” (Provérbios 4.18). No fim dos tempos, a luz brilhará sempre
como se fosse meio-dia. Embora as trevas venham a aumentar, elas não
triunfarão.
Anos atrás, um querido amigo profético ligou-me inesperadamente. Ele
morava em outro estado e não sabia o que estava acontecendo comigo, mas ligou
porque o Senhor acabara de dar-lhe um sonho muito santo e sério a respeito de
meu chamado. No sonho, ele me viu ajoelhado, coberto por uma nuvem da
glória de Deus. Ele ouviu uma voz retumbante, e a presença de Deus encheu a
visão noturna; ele não sabia se era a voz do Senhor ou do anjo do Senhor, mas
aquele ser divino estava lendo Salmos 50.1-15 a respeito de mim. Na visão,
meus olhos encheram-se de lágrimas enquanto eu levantava as mãos em
reverência e em disposição para obedecer.
Apesar de nunca ter memorizado esse salmo, meu amigo ouviu claramente,
versículo por versículo, a descrição do Senhor, o Deus supremo, vindo para
julgar a nação. O ambiente do salmo 50 é o supremo tribunal do céu, no qual o
Soberano do Universo convoca o céu e a terra para testemunhar seu julgamento
justo. Naquele momento, é dado à nação investigada por Deus o único remédio
para um veredicto misericordioso:
Aceitação pessoal
Quando o dr. Bright convocou os Estados Unidos para jejuarem, aceitei
pessoalmente o convite; de 1996 a 1999, obedeci ao chamado. E, quando o
Senhor abriu o caminho para mim de modo sobrenatural a fim de convocar
centenas de milhares de jovens para se reunirem em Washington, D.C., para
jejuar e orar em conjunto, considerei-o uma extensão do próprio chamado do dr.
Bright. Nosso nome, TheCall, não foi escolhido ao acaso. O mesmo se aplica ao
exército de jovens que foi mobilizado.
Também não foi por acaso que cinquenta anos antes de o livro de Bright ser
publicado, Deus usara o de Franklin Hall, Atomic Power with God through Fasting
and Prayer, outra revelação divisora de águas sobre o jejum, para anunciar uma
onda de renovação no país inteiro. Anos atrás, quando encontrei um exemplar
antigo do livro de Hall, recebi a confirmação de que somente movimentos
enormes de jejum comunitário poderiam liberar o poder sem precedentes do
verdadeiro avivamento.
Antes da publicação do livro de Hall, os jejuns prolongados eram
relativamente raros na igreja protestante evangélica; após a publicação, milhares
de pessoas começaram a comprometer-se a fazer jejuns prolongados. A maioria
dos principais ministérios do século XX, inclusive o de Billy Graham, nasceu
desses movimentos múltiplos de jejum, da mesma forma que muitos ministérios
de grande poder nasceram do jejum do qual o dr. Bright foi o precursor.
Coincidência? Não creio. Não poderia ter sido de outra maneira, porque,
conforme Walter Wink afirmou: “A lenta O jejum de Jesus decadência da
cultura do cristianismo não pode produzir atletas do espírito”. [Nota 1]
Deus respondeu aos jejuns de 1945 a 1948 com avivamentos de cura,
derramamentos mundiais e o lançamento daquilo que se tornou um dos
ministérios evangelísticos mais eficientes durante décadas. É importante notar
que a moderna nação de Israel também foi fundada em 1948. Deus respondeu ao
jejum de Bright com um movimento mundial de oração que está abrindo
caminho para o maior avivamento da história da humanidade. O alcance desses
eventos é potencialmente apocalíptico. Setenta anos terão passado entre 1948 e
2018 — uma geração bíblica. Será que o movimento de oração foi lançado, em
parte, como um escudo para o Israel daqueles dias? Examinaremos esse assunto
mais adiante, dando especial atenção às profecias de Amós, no capítulo 11
intitulado “Entendendo a hora”. Basta dizer que os eventos que se seguiram ao
Atomic Power with God through Fasting and Prayer e The Coming Revival, de Bill
Bright, me dão grande esperança para os dias futuros e um discernimento realista
de responsabilidade. Seguiremos a sabedoria da Escritura e dos pais modernos de
nossa fé no chamado para o jejum prolongado? Como estudante da história do
avivamento por muito tempo, posso assegurar que não existe outro caminho. O
avivamento não é uma fórmula; mas em tempos de crise, há um código.
O código encontra-se no chamado da carta de Joel.
A carta de Joel
Duas ou três organizações principais foram muito úteis para a fundação do
TheCall. Uma delas, o Rock The Nations, era um dinâmico ministério da
juventude para o avivamento que cobriu toda a nação dos Estados Unidos de
1994 a 1999. Fui convidado para fazer parte desse ministério, mas, em 1995, o
Rock The Nations encontrava-se em transição. Em companhia do fundador
Rustin Carlson, eu estava buscando a direção de Deus para os dias à frente. Em
meio àqueles tempos de grandes dificuldades, tive um sonho que reformulou o
resto de minha vida.
No sonho, Rustin e outro parceiro do ministério, Gary Black, estavam com
um menino cujo nome era Joel. O menino estava esperando que eu lhe
entregasse uma carta importante, mas eu a havia perdido! Comecei a procurar a
carta de Joel freneticamente. Quando acordei, o Espírito Santo falou ao meu
coração: Não perca a carta de Joel! Convoque a juventude dos Estados Unidos para jejuar
e orar.
Imediatamente, eu soube o que aquilo significava. A “carta de Joel” refere-se
ao livro de Joel e a seu mandato: convocar o povo para reunir-se em oração e
jejum. O Rock The Nations estava sendo chamado a convocar a juventude dos
Estados Unidos para jejuar e orar até o ponto de lotar os estádios.
Naquele mesmo período, o Promise Keepers [conhecido no Brasil como
Homens de Palavra] reuniram 1 milhão de homens para orar no National Mall,
em Washington, D.C. Essa aglomeração recebeu o nome de Permanecer na
Brecha. O ano era 1997. Foi uma ocasião objetiva, gloriosa e histórica.
Uma semana depois, apresentei-me diante de centenas de jovens no congresso
do Rock The Nations em Phoenix, Arizona, e mostrei uma foto da reunião do
Promise Keepers que apareceu no USA TODAY. Lembro-me perfeitamente da
unção daquele momento quando me vi pronunciando palavras inspiradas por
Lucas 1.17:
Por que estamos respirando se não cremos em tal coisa? A décima parte desta
geração já foi preparada como oferta ao Senhor. São jovens e estão inflamados
de paixão por Jesus. Separados. Fervorosos.
No Antigo Testamento, aqueles que possuíam essas características recebiam
um nome especial: nazireus — os consagrados.
Notas do Capítulo 4
Nota 2 - Bartleman, Frank. Another Wave Rolls In. Northridge, CA: Voice Publications, 1962. p. 44.
[Voltar]
5
DNA nazireu
Nazireu: separado, purificado, feito para refletir a glória de Deus,
elevado acima do normal e que recebeu autoridade sobre a nação.
John Munlinde
Nenhuma outra mensagem que preguei foi mais apoiada de modo profético e
sobrenatural que o chamado do nazireado. Durante vinte anos ele tem sido
fundamental ao TheCall especificamente e, no geral, para o movimento da
oração e do jejum. Por quê? Porque uma geração de nazireus é uma manifestação
clara e vital do exército da madrugada. Na verdade, tive um sonho
recentemente no qual eu estava fazendo um novo chamado aos nazireus, só que
dessa vez o chamado não era apenas para os jovens, mas para os idosos! No
sonho, uma antiga repórter da CNN estava me dizendo: “Lembro-me do fogo de
vinte anos atrás!”. Em seguida, ela começou a gritar: “Deus, envia o fogo
novamente! Deus, envia o fogo!”. Deus estava me mostrando que deseja re
agrupar e re consagrar com um novo sentido de missão e propósito para as
gerações mais experientes que têm caminhado com perseverança durante vinte
ou trinta anos ou mais.
Creio que uma volta à consagração do nazireado, nascida da graça e do amor
zeloso e ardente de Deus por nós, é a única esperança de os Estados Unidos e
todas as nações da terra retornarem para Deus. Ele foi, é e precisa continuar a ser
a preparação do solo, mesmo para o precursor, para o maior despertamento e a
maior colheita espirituais que o mundo já viu. Frank Bartleman foi um nazireu
modelo para Azusa, da mesma forma que Edwards, Finney e Wesley foram os
pais nazireus dos movimentos anteriores. Quem pavimentará o caminho nazireu
para nossa geração? A História aguarda a resposta.
Os nazireus foram várias vezes o pivô da História. Desenvolveram-se e
multiplicaram-se quando a nação enfrentou situações impossíveis, para as quais a
única esperança era a intervenção divina. Foi exatamente a extremidade dessas
épocas que provocou a consagração deles.
Em um contexto moderno, nazireus são aqueles que aceitam o convite do céu
para buscar os mais altos níveis de devoção pessoal. A vida deles arde de paixão.
Os nazireus do Antigo Testamento tinham cabelos compridos, mas esse não é o
ponto principal. O ponto principal é um coração ardente! Os nazireus sofrem
por amor. Alguns usam tatuagens, piercings, cabelos compridos ou roupas próprias
para usar na mata. Não façam pouco caso deles. Seu modo de vida diferente de
nossa cultura deixa as pessoas desconfortáveis, mas, de uma forma pura e simples,
para eles não há questões secundárias. Estão dispostos a esticar os limites da
dedicação. Como pode uma alma ser abandonada por Deus? Os nazireus
mostram o caminho.
Essa é a maldição que cai sobre um país quando seus jovens nazireus não têm
permissão para cumprir seu chamado. Proibir os jovens de sentirem uma paixão
santa por Deus é alimentar o extremismo demoníaco. Há, porém, outra maneira.
Ame-os. Alimente-os. Reúna-os e libere-os.
Os assuntos fundamentais como identidade e aconselhamento não são
insignificantes para Deus. Discutiremos esse assunto com mais profundidade no
capítulo 10, mas, por ora, observe o que motivou o jejum de Jesus: a declaração
de seu Pai: “Tu és o meu Filho amado” (Marcos 1.11). O momento é crucial.
Jesus foi declarado Filho amado antes de fazer qualquer coisa notável. Nenhum
milagre, nenhum sinal, nenhuma obra poderosa. Tudo o que ele realizou baseou-
se na certeza de que tinha o amor e a aprovação do Pai, e deveria ser assim
conosco. Comece sentindo a segurança do amor; não se esforce para isso com
jejuns ou votos de nazireu. No mais profundo de sua alma, abra espaço para a
obra do Espírito pela graça, não pelo esforço humano, que é o caminho para a
exaustão. O nazireu do Antigo Testamento é um tipo de uma realidade muito
maior da nova aliança. Tome cuidado para não tentar seguir a antiga aliança de
acordo com a Lei.
Levantando os cabeludos!
O poder verdadeiro do cabelo comprido era a incorporação do abandono
interior. O que é consagração a não ser obediência total à vontade de Deus?
Vi o poder do cabelo comprido em meu filho Jesse, o mais velho, que
completara 13 anos em 2000, a época do TheCall D.C. Sete meses antes, Jesse
quis jejuar 40 dias tomando apenas suco. Mesmo depois disso, ele continuou
determinado a não comer carnes nem doces até o dia do evento em D.C. Nunca
me esquecerei da paixão em seu rosto quando ele me disse: “Pai, não quero jogar
beisebol este ano” — Só para você saber, ele era o melhor lançador do time. —
“Tudo o que quero é andar com você, pai, e orar pelo avivamento nos Estados
Unidos”.
Fiquei comovido, mas também preocupado, e fui dormir naquela noite
pensando na resposta que deveria dar a um pedido tão radical de alguém tão
jovem. Deus não participou de minhas preocupações nem esperou que eu
decidisse. Respondeu-me como se ele estivesse correndo em ritmo acelerado
atrás de um coração completamente submisso sobre o qual enviaria seu fogo
santo. Agora que havia encontrado seu nazireu, ele percorreria longas distâncias
para confirmar seu prazer! Em um dos encontros mais poderosos de minha vida,
ouvi a voz audível de Deus ribombar em meu quarto às 4 horas da manhã, a
ponto de me sacudir e me deixar alerta: Os Estados Unidos estão recebendo seus
apóstolos, profetas e evangelistas, mas ainda não viram seus nazireus!
Desnecessário dizer que dei permissão a Jesse. Em resposta, ele se entregou
inteiramente naqueles 40 dias (e nos meses seguintes) com um foco que
raramente presenciei em um adolescente. Oito meses depois, quando 400 mil
jovens se reuniram em Washington, D.C., meu filho apresentou-se naquele
grande palco e clamou a Deus para que os nazireus se levantassem nos Estados
Unidos. Suas palavras articularam aquilo que já estava ribombando sob a
superfície da alma de uma geração inteira.
“Liberem os nazireus!”, Jesse gritou. “Que os cabeludos se levantem!”
Naquele dia, sua voz foi como a erupção de um vulcão no meio do povo. Um
grito ecoou daquela grande multidão que, mais de quinze anos depois, continua a
ressoar por todos os Estados Unidos e as nações da terra. De fato, nas semanas
seguintes, recebemos relatórios do mundo inteiro sobre o impacto da oração de
Jesse, que, com o passar do tempo, produziu um movimento nazireu nas Filipinas
e se espalhou pelo mundo. Como podemos medir o poder de um coração
submisso? Repetindo, o nazireu conduz o caminho. Não se esqueça de meu
ponto mais importante: ele jejuou durante 40 dias.
Há algo chegando que nunca vimos — maior que Azusa, maior que a Chuva
Serôdia, maior que o Promise Keepers, movimentos de oração, evangelização em
tendas e enormes cruzadas internacionais —, mas há algo criticamente
preparatório que já veio. Uma das grandes verdades deste livro é que podemos
olhar profeticamente para o nosso momento atual e declarar com ousadia: “Há
algo novo”. No decorrer do século passado, uma onda imensa e poderosa de
eventos se iniciou como se fosse programada em sequência. Sem dúvida, aqueles
que se envolveram na ocasião não conseguiram perceber a tendência, mas a
retrospectiva oferece à nossa geração uma perspectiva única de datas e padrões
recorrentes que ajudam a definir uma clara trajetória dos dias futuros. Por cerca
de vinte anos, os eventos e ministérios dinâmicos iniciados pelo jejum de Bill
Bright em 1996 construíram algo no Espírito.Por meio deles, o Senhor dos
Exércitos, o General dos exércitos da madrugada, tem introduzido
cuidadosamente uma cultura de entusiasmo no coração de uma geração — que,
de acordo com o cronograma estabelecido pela criação do Estado de Israel em
1948, pode ser a geração final. Um exército nazireu levantou-se, e continuará a
levantar-se.
Eu pergunto, meu jovem amigo: Deus o está chamando para uma consagração
especial por 40 dias ou pela vida inteira? Você deseja ser usado por Deus de uma
forma extraordinária? Comece fazendo um jejum dos prazeres deste mundo e
busque os prazeres eternos de Deus. Jovem nazireu — moço ou moça —, você
quer destacar-se em sua geração? Recuse, então, a consagração fria e desanimada.
Deixe seu “cabelo espiritual” crescer. Deus não o decepcionará. Ele
recompensará aqueles que o buscam diligentemente. Tome uma decisão. Acerte
o rumo de sua vida. Trace uma linha na areia — você é nazireu. Os outros
podem trabalhar superficialmente nisto ou naquilo, em coisas menores, mas você
não pode. Você foi chamado para a intimidade e a influência nazireias.
A esperança para as nações da terra começa aqui: “Ajuntem os que me são
fiéis, que, mediante sacrifício, fizeram aliança comigo” (Salmos 50.5).
Nota 1 - Kirby, Robert. I. A Hairy Man in the Wilderness (Version 1.2). The Sermon on the Mount
site. Disponível em: http://www.sermononthemount.org.uk/Emmaus View/
Chap_22_A_hairy_man_in_the_wilderness.html. [Voltar]
Nota 2 - Engle, Lou. Nazirite DNA. Kansas City, MO: TheCall, 1998. p. 29-30. [O DNA do nazireu.
Curitiba: Orvalho, 2012.] [Voltar]
Nota 3 - Cundall, Arthur E.; Morris, Leon. Judges and Ruth: An Introduction and Commentary, v. 7,
Tyndale Old Testament Commentaries. Downers Grove, IL: Intervarsity Press, 1968. p. 94. [Voltar]
Nota 4 - Cf. Amós 2.11; 2Reis 2.3,7,15; 9.1; 1Samuel 19.20. [Voltar]
Se você quiser seguir os passos de seu pai, aprenda a andar igual a ele.
Ousando reformular
a História
O Deus que você ama amarraria sua alma a um sonho inatingível?
Ele lhe atribuiria a missão de viajar sem lhe dar uma estrada?
Bruce Wilkinson
nós possuímos.
Você também tem histórias. Apocalipse 12.11 revela que nossas histórias têm
a finalidade d e misturar-se u mas às outras, umas friccionando nas outras como
ferro afiando ferro. E, quando isso acontece, são produzidas faíscas. O lugar de
sofrimento, de convicção e esperança, nascido de provações e vitórias do
passado, torna-se solo fértil para que a próxima semente de glória produza fruto.
Essa talvez seja a única coisa que somos capazes de transmitir aos outros. E,
juntos, venceremos.
Fraqueza no jejum
Quero disseminar a noção de que o jejum e a oração prolongados destinam-se
apenas às poucas pessoas “espirituais”. Na realidade, o jejum é uma das três
disciplinas que Jesus pediu aos seus discípulos. Ele disse: “Quando vocês orarem”,
“quando vocês ofertarem” e “quando vocês jejuarem”, receberão uma recompensa
do Pai.
O jejum destina-se a todos os discípulos, mas a fraqueza da carne nos domina e
sentimo-nos aparentemente incapazes de vencer os apetites invencíveis do
homem natural. A ótima notícia é que isso não depende de nós. Cristo vive em
nós e movimenta-se dentro de nós para dar-nos motivação interior para jejuar!
O jejum é uma graça que vem do céu.
Descobri que isso é também cheio de falhas e fraquezas humanas. E, para que
você não pense que minha jornada está acima da sua, quero começar fazendo
uma confissão de fraqueza. “Eu agradeço a Deus, falo em línguas muito mais que
vocês”, Paulo disse — tal era sua ostentação. Minha ostentação é: “Eu não
consegui jejuar tanto quanto vocês”. Sou um esquizofrênico na questão de jejum
e oração. “Jejuar ou não jejuar?” é minha indagação constante. Eu costumava
dizer à minha esposa: “Estou jejuando hoje”. Certa vez ela replicou com um
pequeno e gracioso cinismo: “O que você quer comer no café da manhã?”.
Todas as vezes que você se propuser a jejuar, com certeza verá alguma Lei da
Tentação e Atração cósmica ser ativada, e isso explica por que uma linda caixa
rosa cheia de roscas doces apareceu repentinamente em seu escritório. Nada de
comer rosquinhas antes de jejuar. Depois que você decidiu — aliás, no momento
em que decidiu —, pimba, elas aparecem! Não sei dizer quantas vezes as
rosquinhas com cobertura de caramelo prejudicaram minha decisão de jejuar.
Certa vez, mais ou menos no meio de três dias de jejum comunitário com outras
pessoas que eu havia convocado, senti um desejo incontrolável de comer alguma
coisa. Ao chegar em casa, olhando de um lado para o outro (para ter certeza de
que minha mulher não estava vendo), surrupiei um iogurte e alguns salgadinhos.
Tudo é delicioso quando estamos jejuando.
No dia seguinte, quando eu estava na casa de 24 horas de oração em
Pasadena, chegou uma intercessora profética. “Sonhei com você esta noite”, ela
disse. “Vi você sentado onde está agora.”
Isto é assombroso, pensei, Deus sabe onde eu habito!
Ela prosseguiu: “Mas, no sonho, fiquei muito decepcionada com você, porque
você deveria estar jejuando, mas, em vez de jejuar, estava comendo iogurte e
salgadinhos”.
Senti um aperto no coração. Pensei: Isto é terrível. Deus sabe onde eu habito.
Neste momento você deve estar horrorizado ou morrendo de rir. Talvez a
melhor reação seja sentir-se estranhamente consolado. Quanto a mim, tenho
pensado nessa história durante anos. Será que Deus estava me provocando,
fazendo-me lembrar com carinho e amor que seus olhos estão no pardal… e em
mim? Ou estava declarando: “Filho, você foi incumbido de mudar a História
com oração e jejum. Não faça pouco caso do meu chamado!”? Talvez as duas
coisas sejam verdadeiras, mas penso que a última é mais importante. Coisas
grandiosas surgem quando Deus nos chama para suas intercessões. Deus sabia
que eu falaria e escreveria sobre jejum e oração e estava me fazendo pensar
seriamente e voltar para o meu propósito.
Portanto, faça isto: saiba que o chamado para jejuar não é um chamado para
ser perfeito, mas não faça pouco caso do jejum. Nossa carne é fraca, mas Deus é
cheio de graça. Ele ama receber o simples sim! que o jejum representa. Se você já
tentou e não conseguiu, sinta-se renovado e retorne à consagração com a força
de Deus. Aprenda com meus erros: não há essa história de fracasso no jejum — o
grande propósito é simplesmente penetrar no reino da fé. Até mesmo
recentemente, jejuei por um longo período, mas não consegui abster-me de tudo,
conforme era meu propósito. Comi umas coisinhas todos os dias. No entanto, no
40o dia, no dia do aniversário do avivamento da rua Azusa, o Senhor entrou em
minha vida e deu-me a missão para o ano seguinte.
O jejum não gira em torno de nossa fidelidade ao nos abster de alimento, mas
de como Deus penetrará fielmente em nossa fraqueza se lhe dermos a
oportunidade. Embora tudo isso seja verdadeiro no âmbito individual, além de
nossa disciplina pessoal há uma dimensão do jejum comunitário que produz
forças poderosas no Espírito para intervirem na crise. Quando as placas
tectônicas se movimentam e as nações se abalam, quando não há nenhuma
esperança e nenhum remédio para o país, Deus continua a ter uma receita santa:
Toquem a trombeta em Sião! Ajuntem o povo! Convoquem uma reunião solene! Proclamem
um jejum!
Uma das premissas deste livro é que, na hora da crise, a vida das pessoas — e
até o destino das nações — desloca-se no fulcro do desespero, concentrando-se
no jejum.
Vou explicar o que quero dizer.
Sonhos e guerra
Em 1Samuel, vemos o fracasso total da liderança humana e da monarquia de
Israel na vida de Saul. Perto do fim, depois de ficar totalmente exaurido e
incapaz de ouvir a voz do Senhor, ele retrocede e procura a sabedoria demoníaca
por meio de uma médium para buscar conhecimento no domínio dos mortos. O
livro termina com a morte e a decapitação do rei de Israel. De repente, não por
acaso, o autor de 1Samuel registra estas palavras finais: “[…] os mais corajosos
[de Jabes-Gileade] dentre eles foram […] a Bete-Seã. Baixaram os corpos de Saul
e de seus filhos do muro de Bete-Seã e os levaram para Jabes, onde os
queimaram. Depois enterraram seus ossos […] e jejuaram durante sete dias” (31.11-
13).
O livro inteiro de 2Samuel conta a história de Davi, a restauração da nação de
Israel e a ascensão do reinado de Davi, prenunciando a vinda daquele que era
maior que Davi, Jesus. Entre a destruição e a chegada da restauração, eles jejuaram
durante sete dias. Leia a Bíblia e você descobrirá que as principais transições na
história bíblica ocorreram nas épocas de jejum e oração em conjunto.
Você acredita que a batalha pela restauração das cidades, regiões e, sim, de
nações inteiras existe até hoje? Eu acredito! E declaro a você: o jejum e a oração
em conjunto serão o pivô da história para todas as nações como foram para
Israel, e serão o pivô da história para sua vida. Neste capítulo, citarei um
exemplo de como minha vida inteira mudou durante um período de jejum de 40
dias — apesar da grande fraqueza e aparente falha humana.
Em 1999, o Espírito Santo conduziu-me a uma jornada singular de jejum que
reformulou e sacudiu meu mundo, moveu os poderes na Califórnia e deu-me fé
de que não há lugares seguros para o Demônio. No fim daquela jornada, tive a
certeza de que, se quisermos e seguirmos corajosamente a Palavra e o Espírito em
uníssono, poderemos manifestar o triunfo de Cristo na terra.
Uma moça do Peru contou um sonho que teve pouco tempo antes. No sonho,
ela viu uma deusa romana da guerra em um volume de água formando ondas
enormes. As pessoas estavam nadando nas águas turbulentas, mas não podiam
chegar ao destino por causa das ondas. Então, no sonho, um anjo apareceu à
moça peruana e disse: “A única coisa capaz de quebrar o poder desse espírito é
jejuar 40 dias como Jesus jejuou”.
Ela me perguntou: — Esse sonho significa algo para você?
Fiquei maravilhado. E como não poderia ficar? Fazia anos que eu estava
lutando pelo destino divino da Califórnia. — Há uma deusa romana da guerra
no selo do estado da Califórnia — respondi — e ela está sentada na baía de San
Francisco. Creio que seu sonho é muito significativo.
Vale a pena notar dois princípios importantes. Primeiro, Deus fala realmente a
seus filhos, mas, se não estivermos ouvindo nem dispostos a acreditar, grande
parte de suas palavras será perdida ou desprezada. Isso é muito trágico não
apenas para nossa vida pessoal, mas também para a própria História.
Há problemas demais, fazendo que muitas pessoas corram indecisas tentando
enfrentá-los com a sabedoria e a força humanas. Uma coisa é ser empurrado por
um problema; outra é ser conduzido por um sonho. “Penso que nenhuma
comunicação é tão íntima quanto um sonho sussurrado à nossa alma no meio da
noite”, escreve Ken Gire. “É Deus quem abre a janela, não nós. Cabe a nós
receber, ou não receber, o que nos é oferecido.” [Nota 2]
A moça peruana poderia ter prestado menos atenção a seu sonho. Poderia não
tê-lo entendido. Da mesma forma, eu poderia tê-lo desprezado. Mas nós dois
decidimos dar atenção a ele porque existe a possibilidade de a voz do Espírito
Santo estar entranhada em um sonho. Isso é bíblico.
Um tempo de confronto
A deusa antiga cananeia correspondente à deusa romana Minerva era
Astarote, historicamente incorporada no espírito de Jezabel. Uma das grandes
armas pelas quais Jezabel reduz os homens poderosos de Deus a eunucos
choramingões é seduzi-los à imoralidade sexual. O mesmo espírito vivo na época
de Elias manifestou-se mais tarde na igreja de Tiatira:
“Estas são as palavras do Filho de Deus, cujos olhos são como chama de
fogo e os pés como bronze reluzente. Conheço as suas obras, o seu amor, a
sua fé, o seu serviço e a sua perseverança, e sei que você está fazendo mais
agora do que no princípio. No entanto, contra você tenho isto: você tolera
Jezabel, aquela mulher que se diz profetisa. Com os seus ensinos, ela induz
os meus servos à imoralidade sexual e a comerem alimentos sacrificados aos
ídolos. Dei-lhe tempo para que se arrependesse da sua imoralidade sexual,
mas ela não quer se arrepender. Por isso, vou fazê-la adoecer e trarei grande
sofrimento aos que cometem adultério com ela, a não ser que se
arrependam das obras que ela pratica. Matarei os filhos dessa mulher.
Então, todas as igrejas saberão que eu sou aquele que sonda mentes e
corações, e retribuirei a cada um de vocês de acordo com as suas obras. […]
Àquele que vencer e fizer a minha vontade até o fim darei autoridade sobre
as nações” (Apocalipse 2.18-23,26).
Notas do Capítulo 6
Nota 1 - Pullman, Philip. Opinion: The Moral’s in the Story, Not the Stern Lecture. The
Independent, July 18, 1996. Disponível em: http://www.independent.co.uk/news/
education/education-news/opinion-the-morals-in-the-story-not-the-stern-lecture- 1329231.html.
[Voltar]
Nota 2 - Windows of the Soul. Grand Rapids, MI: Zondervan, 1996. p. 60, 162. [Janelas da alma. São
Paulo: Vida, 2003.] Poucas pessoas falam minha língua melhor que Ken Gire, e Janelas da alma é um
amigo lido e relido muitas vezes. [Voltar]
7
Liberando gerações
como herança
Milhões de pessoas não afrontam Deus conscientemente; elas se
esquivam para bolo e televisão. A não ser por períodos de agitação
que envolvem sexo, esporte e cinema, a vida boceja. Não há paixão
por coisas importantes. Para muitos, nem sequer existe paixão.
John Piper
Daniel no ventre
Meu DNA foi forjado por muitos dos grandes intercessores da História, mas,
se eu for pressionado a dar um exemplo ou dois, citaria Elias e Daniel. Sempre
senti atração pela história desses homens, e anos atrás o Senhor usou
criativamente o livro de Daniel para me instruir no ministério de Elias. Eu amo
os caminhos de Deus!
Em 2009, morando em Kansas City, eu estava profundamente envolvido com
o nascimento do movimento de oração dia e noite do IHOP-KC. Na ocasião,
muitos líderes mais velhos começaram a sentir uma urgência em nosso espírito a
fim de nos esforçar para entender a montanha do Senhor. Entre outras coisas,
sentimos que se tratava de um chamado para um jejum de 40 dias com a
finalidade de transformar nossa vida em uma pista de pouso para a maior
revelação de Deus e de seus propósitos.
Certo dia, Daniel Lim, CEO do IHOP-KC, foi ao meu encontro na sala de
oração para dizer: “Lou, este jejum de 40 dias é o seu jejum de Elias. Trata-se de
uma porção dupla sendo liberada sobre seus filhos e filhas naturais e espirituais.
É o seu jejum que será transmitido a gerações”. Fiquei especialmente
emocionado com aquelas palavras, porque durante anos o Senhor me havia
falado que meu trabalho seria mais profícuo se eu orasse por meus filhos e fi lhas
espirituais do que os resultados alcançados em meu ministério. Eu não sabia até
que ponto tinha sido fiel em obedecer fielmente àquela palavra, mas sabia que se
tratava de um momento divino.
Um ou dois dias antes do jejum, tive um sonho no qual eu estava sendo
submetido a uma cirurgia abdominal. Acordei pensando em Daniel 1, no qual
Daniel e seus três amigos se propuseram a jejuar na Babilônia em vez de festejar.
Senti que o Senhor queria operar meu apetite para que eu tivesse uma vida de
jejum semelhante à de Daniel, produzindo porção dupla, filhos e filhas
espetaculares e experimentando uma revelação em nível mais alto da Palavra de
Deus.
Não mencionei o sonho a ninguém, mas fiquei tão agitado que fui para a mata
com quatro pessoas para jejuar durante 40 dias somente bebendo água. (Um
conselho: se você quiser fazer um jejum de água, fique longe, muito longe da
geladeira!) No meio do jejum, uma intercessora profética chamada Julie Meyer
enviou-me um e-mail sobre um sonho no qual ela me viu adormecido, jejuando.
De repente, cinco anjos entraram em meu quarto e fizeram uma cirurgia em meu
ventre. Durante a cirurgia, os anjos pegaram o livro de Daniel, acenderam-no no
fogo e o selaram em meu ventre. Imediatamente a cena mudou. Julie viu um
grande número de moços e moças ajuntando-se perto de mim, usando camisas
com estes dizeres: Filhos do Trovão.
Quero contar o que isso significa para mim. Os pais que jejuam têm a
capacidade singular de desencadear a geração de filhos de dupla porção. Essa é a
grande lição da vida de Elias. Curiosamente, foi necessário um encontro com
Daniel para eu conseguir ver claramente! Quando uma geração paga o preço
para que a geração subsequente receba sua herança total, o céu e a terra são
sincronizados por alguns graus adicionais. Um circuito se fecha e o Espírito
Santo move-se com poder. Nesses tempos, grandes ciclos de pecado
culturalmente entrincheirado são engolidos por um ciclo maior ainda de
redenção.
Vamos voltar a atenção para os dois grandes ciclos bíblicos liderados por
Moisés e Elias. Ambos tipificam o princípio de que o jejum libera filhos e filhas
espirituais. Começaremos com Elias, porque Malaquias deixa claro que não é o
espírito de Moisés, mas o de Elias que precisa vir.
O protótipo de Elias
Somente dois homens nunca morreram: Enoque e Elias. Até Jesus passou pela
morte! Mas Elias foi arrebatado num redemoinho — como se tivesse sido
reservado por Deus por uma futura necessidade. Estudiosos judeus prestaram
atenção a esse fato, acreditando que a sequência da vida de Elias formou um
modelo de futuras promessas — isto é, Elias foi arrebatado para que pudesse
voltar, e sua vinda refletiria certos e ventos em sua vida. Eles entendiam que
Elias não foi apenas uma figura histórica singular, mas uma profecia viva.
Isso torna o “movimento Elias” em um protótipo — que Jesus também
reconheceu. Na verdade, “se vocês quiserem aceitar” (Mateus 11.14), Jesus disse
aos judeus, referindo-se à vinda de um Elias na pessoa de João Batista.
Precisamos estender esse entendimento até nossos dias, porque Jesus virá pela
segunda vez. Portanto, a função preparatória do movimento Elias capitaneada
por João Batista só poderá ser totalmente concluída na volta do rei.
Talvez o fato mais interessante ainda é que os pais do judaísmo também
entenderam cada estágio e fase do ministério de Elias como parte da instrução. Por
exemplo, ele ressuscita uma criança, mas ainda tinha que ressuscitar uma nação.
Ele confronta os profetas de Baal e conquista grande vitória no monte Carmelo,
mas de que adiantou? Jezabel reage com feiticeiros tão poderosos que o profeta
deseja morrer. Esse é um estágio instrutivo de Elias, porque, conforme veremos,
conduz diretamente às estratégias mais profundas de Deus.
Em 1Reis 19, Elias, o herói do monte Carmelo é subitamente Elias, o
deprimido e desanimado. Talvez você pense que Elias seja maníaco-depressivo,
mas todos no ministério sabem que os vales mais profundos do desespero
emocional e espiritual em geral se apresentam imediatamente após seus maiores
triunfos. Quando a nação ainda se encontrava sob o domínio de Acabe e Jezabel,
o exausto Elias faz uma caminhada de um dia no deserto (cf. v. 4), pede a Deus
que lhe tire O jejum de Jesus a vida e deita-se debaixo de um pé de giesta.
Seguem-se dois encontros angelicais. Primeiro, Deus fornece um alimento de
modo sobrenatural composto de pão e água — uma refeição — e envia-o a uma
caminhada de 40 dias com a força daquele alimento. No segundo encontro, o
profeta é encaminhado ao monte Sinai. [Nota 1]
Foi no Sinai que Moisés ouviu a voz de Deus em uma sarça em chamas e
aprendeu o nome da aliança, Javé. Mais tarde, durante um jejum de 40 dias no
alto dessa montanha, ele receberia a aliança da Lei e também seu filho espiritual
ungido, Josué. Elias é conduzido a esse mesmo monte, um lugar de encontro, de
ouvir a voz de Deus e de ter uma visão renovada. Parece glorioso — mas não é
fácil. O monte de Deus é cercado por deserto. Em geral, os lugares mais altos de
encontro exigem que você atravesse campos de prova. Elias anda pelo deserto
por 40 dias sem comida e sobe o monte para chegar ao lugar da constatação:
Moisés tinha Josué, mas Elias — o soldado profeta solitário que trabalha a maior
parte do tempo isolado — não tinha nenhum filho.
Ganhando um filho
É aqui que Moisés entra. Por que ele precisava de um filho? Porque não lhe
fora permitido entrar na terra prometida, e ele precisava da liderança de um
herdeiro que conquistaria a terra em seu nome. A Escritura parece sugerir que,
embora Josué já estivesse liderando a nação na guerra, faltava algo importante se
ele quisesse conduzir a nação à terra prometida. A resposta encontra-se no
tempo que Josué passou no monte com Moisés.
Josué é distinguido de quatro maneiras diferentes. As duas primeiras são
notáveis, mas, sozinhas, não o capacitam a liderar a nação: 1) na tentativa
original de conquistar a terra prometida, Josué foi apenas um dos dois homens de
fé que entraram na terra, e 2) ele era um guerreiro habilidoso e destemido. São
qualidades importantes de liderança, mas Moisés necessitava de mais,
necessitava de um verdadeiro herdeiro espiritual, não apenas de um bom líder.
Portanto, quando sobe ao Sinai para jejuar 40 dias e encontrar-se com Deus,
Moisés leva Josué, e somente Josué, consigo.
Na verdade, Moisés jejua duas vezes na presença de Deus — dois 40 dias
consecutivos (v. Deuteronômio 9.9,18) — até o momento em que a glória de
Deus pousa sobre ele de modo tão intenso que seu rosto começa a brilhar
literalmente. Quando ele desce do monte, a glória resplandecia tanto que o povo
teve medo e pediu que ele usasse um véu (v. Êxodo 34.30). Fico perplexo diante
da manifestação da glória de Deus, mas os filhos de Israel murmuradores,
queixosos e sem fé preferem evitar o encontro.
Josué, contudo, não teve medo; ele passa a ser líder e deixa de ser filho,
retornando com encanto santo na alma. Sabemos disso porque, quando Moisés
partia da Tenda do Encontro, Josué não se afastava dali (Êxodo 24.12-14; 33.7-11).
A fome dinâmica e viva por uma realidade com Deus havia sido transferida para
o jejum de 40 dias.
Isso é muito importante porque creio que nesses dois últimos pontos
encontramos o segredo da preparação de Josué para seu futuro papel de líder da
nação: 3) Somente Josué teve a experiência da montanha, do jejum e da glória
com Moisés e 4) ele não se afastava da Tenda do Encontro para ter uma história
só sua com Deus. No processo, embora a Escritura não mencione, creio que
Josué se tornou herdeiro espiritual de Moisés, um tipo de filho de dupla porção.
Ele foi o fruto do jejum no monte.
Nós, porém, aprendemos lentamente. Portanto, Deus age repetidas vezes,
esperando que a revelação atinja o nosso coração. Aqui estamos com Elias, no
mesmo monte, preparando-nos para outra transferência de filho, desta vez para
Eliseu. É claro que Elias não sabia disso no decorrer de seu jejum. E não se
esqueça deste detalhe: para começar, anteriormente Elias caminhou apenas um
dia no deserto — ótimo, mas não o suficiente. Muitos de nós queremos
conquistar uma vitória depois de “um dia” apenas. Os jejuns de 1, 2 e 5 dias são
bons, mas para a escala épica da conquista necessária no fim dos tempos — ser
um pai ou uma mãe que toma posse da terra criando filhos e filhas de dupla
porção —, talvez você necessite percorrer um caminho mais longo. “Então
[Elias] se levantou, comeu e bebeu. Fortalecido com aquela comida, viajou
quarenta dias e quarenta noites, até chegar a Horebe, o monte de Deus” (1Reis
19.8).
Quarenta dias. Moisés jejuou no monte. Elias jejuou a caminho do monte. De
uma forma ou outra, suba o monte! Alcance Deus. Elias leva ao monte Horebe a
linhagem pesada e pactuante de Israel, os sonhos de seus pais, e o peso é muito
grande para carregar. Ele só pode concluir que fracassou. O trabalho duro, a
aridez e a apostasia da nação rolam para baixo como uma nuvem poderosa. Mas
algo está acontecendo. A resposta em breve virá, e é simples: o profeta precisa
ser pai.
Mas ainda não.
Entre o fogo no monte Carmelo e o chamado de Elias para ser pai chega o
jejum. Não perca este ponto, porque as implicações são enormes: a réplica do DNA
espiritual está contida no jejum. Pode ser pequena no começo (um homem, Eliseu),
mas, à medida que o impacto se multiplica em sucessivas gerações, da mesma
forma que uma árvore genealógica, o poder do jejum torna-se rapidamente
exponencial. Se todos os meus filhos e os meus netos tivessem três filhos em
média, minha esposa e eu poderíamos ter cem bisnetos ou mais! Os números
aumentam assustadoramente. Por isso, enquanto oramos pela colheita,
precisamos perceber que as gerações são a própria colheita.
Aproxime-se da voz!
Esse privilégio é reservado aos pais e mães. Um único guerreiro profético não
pode ter esse privilégio. Sejamos sinceros. Quem não adoraria ter o “ministério
pré-Horebe” de Elias em seu currículo? No entanto, por maior que o ministério
de Elias fosse naquela altura, a eficácia solitária não havia sido grandemente
traduzida em eficácia nacional. Era necessária uma nova estratégia. Deus
permitiu que o desespero de Elias o levasse a um lugar onde ele estivesse disposto
a ouvir.
O jejum prolongado é, de muitas maneiras, uma simples preparação para ouvir
a voz de Deus. No monte Horebe, enquanto Elias se esconde na caverna, a voz
de Deus surge como o murmúrio de uma brisa suave. A voz não estava no fogo,
nem no vento, nem no terremoto. A voz de Deus é mais poderosa que tudo.
Somente ali Elias foi renovado. Veja, seu ministério e o meu podem ter sucesso
em um estágio e fracassar no outro, para que percebamos que a voz é mais
importante que o poder, e que os filhos e filhas são mais importantes que o
sucesso. No jejum de 40 dias, Elias está sendo preparado para receber essa
revelação. Logo depois de ter saído do monte Carmelo, Elias devia estar
procurando outro sinal enorme, pomposo e profético — mas não. Acalme-se.
Descanse. Fique em silêncio. Ironicamente, a calma e a suavidade ajudam-no a
ouvir.
Vá ungir Eliseu. Encontre um filho e entregue-se a ele.
Esse é o resplendor de Deus. Se El-Shaddai, o Poderoso, o Deus do Monte,
tivesse aparecido no fogo, no vento ou no terremoto, esta seria a história que
contaríamos de geração em geração: “Elias e o Grande Terremoto de Deus!”. Ao
contrário, Deus coloca habilmente o foco na mensagem em si; um murmúrio
dificilmente é importante, portanto é melhor você prestar muita atenção na
mensagem.
Pela profecia de Malaquias, o Espírito Santo poderia ter utilizado muitos
homens santos, poderosos e dignos para descrever aquele que deveria preceder o
Messias. Precisamos de um movimento de milagres? Moisés precisa vir!
Precisamos de um movimento de um sonhador? José precisa vir! Precisamos de
um movimento de justiça? Noé precisa vir.
Elias certamente foi um intercessor corajoso e movido por sinais e maravilhas,
mas talvez sua função fosse a de exemplificar uma lição mais difícil que poucos
no ministério aprendem. Sua visão é insuficiente. Seu ministério é insuficiente.
Seu chamado é insuficiente. Seu, seu, seu. Embora resplandeça com uma glória
mais brilhante que a do monte Carmelo, ela perderá o brilho com a mesma
rapidez.
Não — ganhe filhos e filhas.
Isso é muito importante tanto no caminho natural como no caminho
espiritual. Sejam mães e pais em casa. Estejam presentes e ao lado de seus filhos.
Cuidem deles com oração e amor. Família. Lealdade. Investimento. Sacrifício.
Transferência.
Da mesma forma, sejam mães e pais de filhos e filhas espirituais. Não tentem
organizar um excelente ministério a não ser que vocês se dediquem a cuidar dos
jovens. Sejam pais deles, sejam pais de um movimento. A cultura se modifica de
uma geração a outra. Do contrário, só criaríamos líderes. Moisés sabia que isso
era insuficiente. Um espírito órfão não pode identificar-se com o Deus Pai.
Há uma interpretação comum nesse estágio do ministério de Elias: o profeta
fracassou, desanimou e basicamente perdeu seu chamado, forçando o Senhor a
dar seu manto a outra pessoa. Elias estava desanimado? Sim, principalmente
porque ele investiu sua confiança na metodologia errada. Deus usou o desânimo
para dar-lhe uma promoção — um grau a mais à sua metodologia. Com um filho,
Elias poderia cumprir sua missão! Veja, é fácil para Deus lançar fogo do céu, mas
criar filhos e filhas exige investimento humano.
De Elias a Eliseu
Apesar de levar um pouco de tempo, este é de fato o momento crucial da
nação. Para seguir adiante, o profeta precisa deixar a solidão e os milagres para
trás e dedicar-se a filhos e multiplicação. Assim, o jejum prepara Elias para ouvir
e depois o conduz para multiplicar. Elias começou sozinho, mas, nos 40 dias de
jejum, ele sobe ao estágio seguinte da eficiência.
“Então Elias saiu de lá e encontrou Eliseu […]. Elias o alcançou e lançou sua
capa sobre ele” (1Reis 19.19).
Elias deixa de ser um profeta solitário. A vinda do Messias nos acena com a
mesma característica a ser reproduzida em nós. O espírito de Elias em João
Batista preparou o caminho para Jesus. Da mesma forma, o espírito de Elias está
pressionando pais e mães de todo o nosso país a fim de preparar uma geração
inteira para a porção dupla final, Jesus, o Filho.
No próximo capítulo, veremos como o jejum é uma arma poderosa tanto para
a guerra nos céus como para a libertação dos oprimidos da terra, mas o ponto
principal aqui é reconhecer o jejum como meio de identificar e liberar a próxima
geração para cumprir seu propósito. Pelo fato de eu ser pescador, a expressão
“pescar e soltar” tem um significado para mim e aplica-se aqui. Em alguns
lugares, você pesca peixes, mas eles são tão pequenos que é preciso soltá-los.
Você precisa devolvê-los à água e deixá-los crescer. O jejum é uma forma de
pescar e soltar. Você pesca um jovem, prende-o com um propósito e depois o
coloca no caminho do crescimento que o libertará para ele cumprir seu
propósito completo. Muitos Filhos do Trovão estão aguardando que seus pais
jejuem e os chamem.
Ah, meu amigo, precisamos tirar a venda dos olhos nessa área! Será que o
Corpo de Cristo mundial é capaz de começar a enxergar com aquela visão de
longo alcance, de longo prazo e panorâmica, necessária para enfrentar as
pressões de nossa época? Será que somos capazes de entender a mensagem de
Daniel 1 — o jejum de Daniel dentro da cultura da Babilônia? Será que somos
capazes de iniciar o jejum de 40 dias de nossos pais a fim de produzir outra
geração cuja voz sacudirá as nações? Creio que somos capazes, que é nosso dever
e que desejamos, mas só o tempo dirá.
A confrontação de Elias com Baal foi gloriosa, mas o trabalho foi terminado
de fato por Eliseu, o profeta, e por Jeú, o rei ungido. Somente por meio deles é
que Jezabel foi finalmente destruída. Além disso, a Escritura sugere que Elias
aprendeu verdadeiramente a lição e depois impactou um grupo de profetas —
mais filhos! — em Betel. A tradição judaica diz que Obadias e Jonas fizeram
parte desse grupo. Quantos mais começaram a seguir seu destino de ouvir a voz
de Deus e pregar a palavra do Senhor à nação antes que o redemoinho levasse
Elias?
Temos de entender que nossas batalhas, quer terminem em vitória quer
terminem em derrota, terão consequências em muitas gerações vindouras. A
brasa rápida do avivamento nunca é suficiente, conforme a História tem
provado muitas vezes. Uma geração poderá receber uma porção transbordante do
avivamento, mas ela se perderá na geração seguinte. Precisamos ter a brasa
rápida do avivamento e a brasa lenta de criar filhos.
Deus tem-me usado muitas vezes na vida com uma dimensão Elias presa a ela
não apenas de acordo com os anseios de meu coração em oração, nem com a
tendência de minha alma para enfrentar a adoração a Baal de nossa época, mas
com um desejo concedido por Deus de criar filhos e filhas espirituais. Creio que
todo o sucesso que obtive foi o multiplicador da graça em ação no jejum. Um
exemplo disso foi meu jejum Minerva de 40 dias que descrevi no capítulo
anterior, que se tornou um rito de passagem imprevisto para frutificação
espiritual; além de tornar-se mais frutífera, minha vida adquiriu um significado
maior e recebi a graça de transmitir vida. Daquele jejum surgiu um grande
número de avivamentos nacionais e internacionais e movimentos de justiça,
iniciados por meus Filhos do Trovão que foram impactados o suficiente para
receber meu DNA e assumir as causas da reforma. Muitos partiram para lançar
ministérios poderosos, enfrentar a cultura e trazer renovação no meio da
Babilônia.
É claro que não reivindico “direitos paternais” exclusivos na formação desses
jovens líderes. Assim como recebi influência de muitas pessoas, eles também
receberam a minha. Mas, se você lhes perguntar, eles me apontarão como um
pai que, por meio do jejum, moldou o entendimento fundamental de suas
missões e métodos.
Isso é DNA! Meu DNA é Divine National Assignments [Atribuições Divinas
em Âmbito Nacional], e todos os meus filhos e filhas espirituais carregam uma
medida dele. Se há frutos em minha vida, creio que foi porque o jejum se tornou
em útero para liberar a porção dupla nos outros. Creio que uma nova onda
inteira de jovens está pronta para levantar-se e reivindicar as antigas armas do
jejum e da intercessão, mas muitos deles estão esperando que seus pais os
encontrem!
Se fosse deixado por minha conta, eu nunca teria imaginado isso; portanto, se
me vanglorio, é simplesmente nos caminhos maravilhosos de Deus. Muitas e
muitas vezes, mais do que posso contar, minha obediência não foi grande e
poderosa, mas pequena e deplorável. No entanto, essa dimensão oculta do jejum
convenceu-me de que o jejum de 40 dias é crucial para conectar gerações. É
oculto porque só descobriremos o fruto se nos dispusermos a jejuar. É transferível
porque encoraja a adoção de filhos.
O bastão da Reforma
O modelo bíblico preferido para a transferência de uma geração a outra é
imediato, prático e altamente relacional, conforme demonstrado por Moisés com
Josué e por Elias com Eliseu. A história, porém, demonstra que os pais que
jejuam geram outros filhos que eles conhecem ou não diretamente. Vemos isso
no caminho percorrido desde antes da Reforma até Azusa. Deus nunca deixa a
terra sem um remanescente de fé; portanto, mesmo naquilo que hoje chamamos
de idade das trevas, os precursores do fogo da Reforma começaram a produzir
fagulhas por toda a Europa.
No século XIV, a peste negra devastou desde a Islândia até a Índia, dizimando
um terço da população. Posteriormente, nesse mesmo século, o Renascimento
começou; um século e meio depois, ocorreram mudanças monumentais nas áreas
da cultura, arte, ciência, geopolítica e religião. Thomas à Kempis, Copérnico, Da
Vinci, Michelangelo, a viagem inaugural de Colombo ao Novo Mundo.
Literalmente, um novo mundo despontava no horizonte, despertando de uma
escuridão que havia durado quase mil anos.
Enquanto se dizia que a peste negra devastara a vida de quase metade da
população britânica, John Wycliffe nascia O jejum de Jesus na Inglaterra. E, ao
chegar à idade adulta, Wycliffe começou a pregar sobre a justiça encontrada
somente em Cristo. Também traduziu a Bíblia do latim para o inglês,
enfurecendo a Igreja católica romana ao colocar a Bíblia Sagrada na língua
comum do povo. Ele é chamado de “A Estrela da Manhã da Reforma”, porque
seu trabalho sinalizou o alvorecer que estava para surgir e iluminou o caminho
para Lutero.
Quarenta anos depois do nascimento de Wycliffe, Jan Hus nasceu na antiga
Morávia (hoje República Checa). Hus, cujo nome significa “ganso” na língua
checa, rejeitou a autoridade papal em favor da Escritura, chegando a ponto de
pregar um tratado chamado “Os Seis Erros” na porta da Capela de Belém na
Morávia. Enquanto estava sendo conduzido ao poste para ser queimado, Hus
profetizou a chegada de Lutero, proclamando: “Vocês vão queimar um ganso […]
mas dentro de um século terão um cisne que não poderão assar nem cozinhar”.
[Nota 2]
Na época em que Martinho Lutero nasceu na Alemanha, a cidade de
Florença, na Itália, passou pela renovação profética de um sacerdote
excomungado, cujo nome era Savonarola. Pelo fato de ter-se entregado a
intensos períodos de jejum e oração, a estrutura física de Savonarola foi
grandemente exaurida em razão de dias a fio de fome e choro quando ele
clamava a Deus sobre as corrupções do clero e do papado. Esse é o clima da
época e o legado da renovação antes de Lutero.
Cem anos depois do martírio de Hus, Lutero acrescentou 89 protestos aos seis
erros que Hus mencionara e pregou suas famosas 95 teses na porta da igreja de
Wittenberg, Alemanha. Não com pedras comuns ou pedras de fogo, mas prego e
martelo, o fogo que começou a alastrar-se por toda a Europa não foi apagado até
hoje.
Hus leu os escritos de Wycliffe.
Lutero leu as obras de Hus e Savonarola.
No processo — isto é importante! — Lutero se viu na história. Afinal, no
escudo de sua família havia um cisne! O padre alemão trabalhou
conscientemente com a ideia de que poderia haver o cumprimento da profecia
de Hus: um filho de dupla porção, o herdeiro dos mantos de múltiplas reformas.
Nesse sentido, Lutero não criou um movimento da Reforma tanto quanto
recebeu o bastão da Reforma; então ele correu com aquele bastão a uma
distância que jamais alguém havia conseguido.
Agora você está lendo este livro. A pergunta é: você se vê na história? Lutero
não recebeu o nome de Hus, simplesmente descrito como um cisne. Em razão
apenas da linguagem simbólica, ele continuou a mover-se pela fé. A revelação
quase sempre é um convite simbólico, não uma confirmação explícita, e essa é
uma boa notícia para todos nós. Significa que você não pode apenas ler este
livro, mas entrar na história!
Ao fazer isso, tome cuidado, como Lutero, para não se esquecer daquilo que
deu início ao fogo mais poderoso da História. Wycliffe, Hus e Savonarola
jejuaram muito. Não é de admirar que esses três pais tenham produzido um filho
da Reforma tão poderosamente ungido, nem que Lutero tenha entendido a
indireta. Ele também jejuou periodicamente durante toda a vida. Você está
vendo o padrão recorrente?
Séculos depois, a Alemanha de Lutero seria o local de outro avivamento
poderoso sob o comando de um homem chamado Johann Christoph Blumhardt,
um clérigo luterano que foi forçado a confrontar uma feiticeira poderosa que
trabalhava no vilarejo local de Möttlingen. Quando percebeu sua falta de poder
sobre as forças das trevas, Blumhardt, em total desespero, entregou-se à oração e
ao jejum. Com o passar do tempo, os demônios foram exorcizados, as pessoas
libertadas e um grande mover do Espírito Santo varreu a cidade. Inspirado por
esse exemplo e muito desejoso de um avivamento, Andrew Murray viajou à
Alemanha para encontrar-se com Blumhardt.
Os escritos de Murray influenciaram grandemente Jessie Penn-Lewis, uma
líder importante e irmã de Evan Roberts, o líder principal do avivamento no
País de Gales. O avivamento no País de Gales (1904-1905) precedeu o
avivamento em Azusa em 1906. E assim por diante…
Conforme dizem, algumas coisas são mais bem captadas que aprendidas. Isso
explica em parte por que dediquei tanto tempo para detalhar o princípio da
herança espiritual que é transferida dos pais que jejuam aos filhos que jejuam: o
jejum e a oração representam um bastão experimental que, em palavras mais
simples, é composto de mais informações transferidas do que apenas de
conhecimento. Ensinar é muito importante, mas as experiências com Deus são
difíceis de codificar. Você não pode transmitir uma experiência por e-mail à
próxima geração. A Igreja tem excesso de ensinamentos, muitos dos quais
simplesmente pacificam o sangue em vez de agitá-lo com fé.
Wesley Duewel escreveu: “Precisamos de ação energizada pelo Espírito, mas o
“eu” carnal prefere discursos. É tempo de jejuar, mas nosso povo prefere festejar”.
[Nota 9]
Além de levantar uma nova geração, o jejum lança-a de fé em fé.
Notas do Capítulo 7
Nota 2 - Foxe, John. Foxe’s Book of Martyrs. Philadelphia, PA: E. Claxton and Co., 1881. p. 170. [O
livro dos mártires. São Paulo: Mundo Cristão, s.d.] [Voltar]
Nota 3 - Towns, Elmer L. Fasting for Spiritual Breakthrough. Bloomington, MN: Bethany House,
1996. p. 196. [Voltar]
Nota 4 - Duewel, Wesley L. Touch the World Through Prayer. Grand Rapids, MI: Zondervan, 1986.
p. 95. [Voltar]
Nota 5 - O jejum e a oração “caracterizaram a vida [de Edwards]; ele passava dias em oração e
jejuando” (McDow; REID. Firefall, p. 211). Duewel afirma que ele “jejuou ao extremo até estar fraco
demais para permanecer em pé no púlpito” (Touch the World, p. 95). [Voltar]
Nota 6 - “Eu também acho muito proveitoso [...] reservar dias frequentes de jejum particular[...] para
estar totalmente a sós com Deus.” (Finney, Charles. Memoirs of Rev. Charles G. Finney. Bedford,
MA: Applewood, 1867. p. 35.) [Voltar]
E ele prosseguiu: “Não tenha medo, Daniel. Desde o primeiro dia em que
você decidiu buscar entendimento e humilhar-se diante do seu Deus, suas
palavras foram ouvidas, e eu vim em resposta a elas. Mas o príncipe do
reino da Pérsia me resistiu durante vinte e um dias. Então Miguel, um dos
príncipes supremos, veio em minha ajuda, pois eu fui impedido de
continuar ali com os reis da Pérsia (v. 12,13).
Deus revela segredos aos profetas não apenas para que estes os conheçam em
um sentido passivo — mera O jejum de Jesus conscientização —, mas também
para que possam concordar, lutar, orar e crer e depois mobilizar e liberar outras
pessoas na função governamental da oração. “Se eles são profetas e têm a palavra
do Senhor, que implorem ao Senhor dos Exércitos” (Jeremias 27.18a).
Daniel ocupa um lugar de alta estima por ser fiel à missão mais ampla de
receber e libertar. Sabendo disso, a Bíblia revela arcanjos aguardando por ele
para insuflar a s profecias com uma palavra de libertação. O céu aguarda o
deferimento da palavra de libertação quando o homem concorda com os
decretos do céu. Isso é profundo! Na verdade, a oração mobiliza poderes
angelicais que mudam eras e impérios inteiros, apesar de haver uma grande
resistência. Dessa forma, quando jejuamos e oramos de comum acordo com a
agenda de ação de Deus, iniciamos guerra nos céus. Mike Bickle diz: “As
autoridades angélicas e demoníacas [estão] sobre as estruturas da autoridade
natural das nações. […] Daniel lutou com o príncipe demoníaco por concordar
com Deus em oração e jejum”. [Nota 4]
E se os anjos estiverem prontos e dispostos a movimentar-se, mas parados em
alguma agência central no céu porque não pensamos nem agimos como Daniel?
O jejum e a oração de Daniel parecem ter criado um efeito borboleta no qual os
movimentos dos anjos mudaram repentinamente a política de submissão de um
império inteiro contra o povo de Deus. Como isso funciona? Não sei, mas sei
que funciona. Vou falar sobre julho de 2004.
É desnecessário dizer que foi uma hora de desespero, de definição. Hitler havia
devastado a Europa inteira com seu Blitzkrieg, uma manobra militar de guerra-
relâmpago que destruía todos os inimigos. Depois da rendição da França, a
principal barreira para Hitler conseguir dominar toda a Europa era a ilha
solitária da Bretanha. Somente uma coisa permanecia em seu caminho — não as
forças terrestres da Bretanha, mas sua força aérea. Hitler sabia que, tão logo a
Luftwaffe ganhasse supremacia aérea, nada poderia deter sua máquina de guerra
de varrer toda a terra.
Com número menor de tropas e armamentos, os pilotos da RAF lançaram-se
contra as forças superiores da Luftwaffe. Dia após dia, semana após semana, com
centenas de corajosos pilotos mortos no cumprimento do dever, a RAF
continuou a resistir ao enorme ataque aéreo. Apesar de terem um número
superior, as forças alemãs não ganharam supremacia aérea. Depois de grandes
perdas, foram forçadas a abandonar o objetivo militar de derrotar a Inglaterra.
Aquele foi um momento decisivo na guerra.
Churchill ficou tão comovido com a situação chocante e sacrificial que quase
irrompeu em lágrimas diante do general lorde Ismay. “Não fale comigo”, ele
disse ao general. “Nunca me comovi tanto.” Posteriormente, Churchill
homenageou os pilotos na Câmara dos Comuns: “Nunca no campo do conflito
humano tantos deveram tanto a tão poucos”. [Nota 8]
Depois de citar essa frase aos jovens em Colorado Springs, eu repeti os
sentimentos expressos por Churchill quando tivera início a Batalha da
Inglaterra: “O futuro dos
Estados Unidos está em suas mãos. Vocês precisam ganhar supremacia aérea
nestas eleições”.
Que Deus governa a História é um fato com o qual todos os cristãos
concordam. Mas acreditar que ele delega esse governo aos homens e mulheres
que oram é um fato menos conhecido, porque diminuímos a soberania divina
por medo, tentando moldar a História nas mãos de homens em vez de fixá-la no
propósito de Deus. A vida de Daniel prova o contrário. Seu testemunho perante
Nabucodonosor foi o de um Deus que “muda as épocas e as estações; destrona
reis e os estabelece” (Daniel 2.21). Isso passou a ser a teologia operativa — Deus
muda as épocas — que mais tarde Daniel pôs em prática nos dias de Dario e Ciro
com jejum e oração.
Na 47ª noite de adoração e oração contínuas, dia e noite, conheci David
Manuel, coautor de uma trilogia de livros brilhantes sobre a história
providencial dos Estados Unidos. Sem mencionar nada a respeito de minha
profecia RAF, pedi-lhe que falasse naquela noite à mesma plateia de jovens. No
final de sua mensagem, ele mencionou de repente aquilo que, segundo eu sabia,
era a palavra profética. “Vocês são a RAF!”, disse aos jovens intercessores.
“Nunca tantos deveram tanto a tão poucos!” Uma onda de choque repercutiu
por todo o ambiente. Os jovens entenderam que estavam forjando um momento
maior dentro de um breve período de tempo de vida que tinham. O céu tinha
ouvido nosso apelo, e história estava prestes a ser feita.
Juízes e presidentes
Durante esse mesmo período, Brian Kim, um filho espiritual muito amado de
nossa equipe, comprometeu-se a fazer o jejum de Daniel enquanto orava pelo
fim do aborto. Brian havia jejuado completamente de carnes e doces por dois
anos e, ao perceber que nossa missão de eleger um presidente a favor da vida em
2004 tinha sido cumprida, ele disse ao Senhor que terminaria o jejum à meia-
noite, a menos que Deus lhe confirmasse claramente que ele deveria continuar o
jejum de Daniel. Naquela noite, enquanto ia da biblioteca ao estúdio, ele
encontrou-se casualmente com um jovem judeu que não conhecia. O jovem
apresentou-se: “Oi, meu nome é Jejum Daniel”.
As pessoas sempre se espantam ao ouvir essa história, mas creio que ela faz
muito sentido. Deus estava gritando: “Esse tipo de comprometimento é
extremamente apreciado no céu! Continue no lugar da consagração e da oração!
Você está movendo anjos e demônios, e suas orações estão exercendo influência
nas eleições!”. Depois de um tempo, Brian teve um sonho simples com pessoas
usando uma fita adesiva vermelha na boca, onde estava escrita a palavra “Vida”.
Sentimos que se tratava de inteligência divina, de uma estratégia.
Começamos, portanto, a pôr o sonho em prática. Inauguramos uma casa de
oração do outro lado do edifício da Suprema Corte em Washington, D.C., e
começamos a usar fita adesiva vermelha com a palavra “Vida” para expressar
nossa identificação com os bebês mortos durante a gestação, que não tinham voz
— da mesma forma que Daniel aperfeiçoou seu jejum abstendo-se do uso de
essências aromáticas durante 21 dias (v. Daniel 10.3). Identificar-se com os
oprimidos e solidarizar-se com a vítima de injustiça é um componente poderoso
do jejum. Os estudiosos acreditam que essas essências aromáticas serviam para
diminuir os muitos desconfortos associados ao ressecamento da pele no deserto.
Na verdade, Daniel estava dizendo: “Se é hora de partirmos, eu não quero me sentir
confortável permanecendo aqui! Jeremias disse que poderíamos ir para casa, e
acredito nisso. Meu povo são os exilados. Tenho essências aromáticas que nos
farão sentir melhor. Mas não quero me sentir melhor! Quero Jerusalém de
volta!”.
Esse método de “intercessão por identificação” foi muito importante para o
modelo de oração de Rees Howells, o grande intercessor do País de Gales
durante a Segunda Guerra Mundial. A formação de nossa pequena banda RAF
foi apresentada como uma companhia moderna de Rees Howells por identificar-
se com os bebês em gestação por meio da oração e da fita Vida. Hoje, o silêncio
daqueles protestos ecoa muito mais alto na capital de nosso país do que qualquer
palavra é capaz de expressar. Foi inteligência divina. Oramos, ouvimos, pusemos
o sonho em prática e continuamos a fazer isso durante dez anos. Quando a BBC
cobriu nosso “cerco de silêncio” pela primeira vez, seu pessoal me disse: — Este
foi o melhor protesto que já vimos!
Respondi: — Não é um protesto; é uma reunião de oração.
No final, nosso objetivo foi alcançado. Um presidente totalmente a favor da
vida, George W. Bush, foi reeleito. Mas não foi tudo — estávamos também
orando pela nomeação de juízes a favor da vida. Quando uma de nossas garotas
sonhou que um homem chamado John Roberts foi indicado para ser o presidente
seguinte da Suprema Corte, ninguém o conhecia. Foi a mais importante
informação do serviço de inteligência, provinda de Deus, não do homem. A
revelação era um convite à participação, portanto nossa equipe começou a orar
por John Roberts. Você é capaz de acreditar? Para isso, temos de acreditar.
O presidente Bush nomeou dois juízes totalmente a favor da vida: John
Roberts e Samuel Alito. (Tivemos outro sonho extraordinário com Alito, mas
não há espaço para contá-lo!). Desde 2003, o aborto por “nascimento parcial”
passou a ser ilegal, as estatísticas de aborto praticamente declinaram em âmbito
mundial e, a partir de maio de 2015, a Câmara de Representantes dos Estados
Unidos aprovou o Ato de proteção à criança intrauterina capaz de sentir dor,
que especifica a proibição de abortos após vinte semanas de gestação. Isso
representa mais uma redução importante na cultura da morte. Embora muitos
esforços tenham contribuído para essa mudança, inclusive movimentos para
adoção, centros de gravidez problemática, organização de mobilizações populares
e políticas, cremos que a oração foi uma força fundamental que mudou tempos e
épocas.
Deus concedeu um mandato à minha vida: levantar uma geração que se
dedicará à oração e ao jejum prolongado para avançar contra as forças espirituais
do mal nas regiões celestiais. Quando isso acontecer, a ekklesia começará a impor
a vitória do Reino no terreno anteriormente invencível — as fortalezas mais
difíceis, mais tenebrosas e mais inverossímeis, construídas com muita habilidade
no coração dos homens maus. O conceito de ekklesia que reforça a vitória do
Reino é uma revelação importante, porque a Igreja que Jesus prometeu construir
em Mateus 16.18 é revelada em um contexto de luta armada: ligar, desligar e
prevalecer contra as portas do inferno. Nos tempos de Jesus, em todas as cidades
havia uma ekklesia, que era o conselho legislador da cidade. Com o tempo, o
nome passou a referir-se à reunião de homens e mulheres consagrados para
adorar e ensinar, mas não significa simplesmente uma celebração de domingo; é
a ação de governo de homens e mulheres consagrados por meio da oração. Em
Ekklesia Rising [Ascensão da ekklesia], Dean afirma:
O desvio de um sonho
Agendas paralisadas são como bombas não detonadas, o que me leva a outro
“momento Churchill” ocorrido enquanto eu escrevia este capítulo. No capítulo
2, mencionei o sonho de Dean, que revela dramaticamente o poder nuclear da
oração e do jejum prolongado para liberar a colheita. Imediatamente após a
detonação, uma evangelização em massa começou a pipocar por todo o Planeta.
Os céus transmitiram uma mensagem, e houve milagres na terra. Daniel ajuda-
nos a entender o motivo. Jejuar é um ato de guerra que ajuda a limpar os céus para
que a mensagem de Deus consiga penetrar o coração dos homens, sem restrição
ou confusão demoníacas. Na terra, o jejum aumenta os sinais e maravilhas até
atingir proporções bíblicas, porque ele segue o antigo caminho bíblico.
O Senhor ressaltou esse fato em uma série extraordinária de “coincidências”
que me chocaram. Depois de um giro pela Europa com Dean, partindo de
Amsterdam até a Irlanda, estávamos em Londres conversando sobre de que
maneira Daniel inicia guerra nos céus por meio do jejum e da oração.
Precisávamos de uma pausa, portanto decidimos visitar o bunker de Batalha da
Inglaterra, o abrigo subterrâneo onde Winston Churchill trabalhou 18 horas por
dia durante a guerra.
Em seu espírito indomável e lutador, Churchill foi, segundo creio há muito
tempo, uma espécie de profeta secular da Inglaterra — e também da Igreja a
respeito do que é necessário para vencer uma guerra, porque a Batalha da
Inglaterra prefigurou naturalmente o domínio da força aérea moderna, que é
uma prefiguração da intercessão. Enquanto andávamos a pé em Londres, Dean
contou a revelação de que Churchill é o nome apropriado para a Igreja vitoriosa,
porque ela é a ekklesia em Sião (a Igreja no monte!) por meio da qual Deus
exerce seu poder. Temos de chegar ao lugar alto, porque a guerra nos céus é
essencial para a vitória na terra.
Passamos momentos maravilhosos, mas, ao voltar para o hotel, vimos que o
caminho estava interrompido. A polícia havia isolado uma área enorme perto do
Estádio de Wembley porque, naquele dia, os operários haviam descoberto uma
bomba não detonada da Segunda Guerra Mundial no subsolo enquanto
trabalhavam em um novo projeto de construção. A polícia desviava o tráfego de
pedestres dentro da área calculada de explosão até que a bomba fosse desativada.
Tentamos seguir por outras ruas, mas estavam todas bloqueadas. Nosso hotel
localizava-se exatamente dentro da área isolada.
Era tarde, estávamos cansados e partiríamos no dia seguinte, portanto
decidimos entrar no hotel. Nossa única opção seria dar uma volta enorme a pé,
contornando a circunferência inteira do estádio até os fundos do hotel. Foi
então que, enquanto caminhávamos conversando, Dean me contou sobre seu
sonho a respeito da bomba nuclear, algo no qual ele vinha meditando desde
aquela noite em 2003. Se você lembrar, no sonho ele era o engenheiro que
instalara a bomba em um campo aberto e que a ajudara a detonar. Como se
estivesse realçando o ponto, nosso caminho nos conduziu diretamente a uma rua
chamada “Engineer’s Way” [Caminho do Engenheiro]. Fiquei pasmo. Durante
muitos dias de viagem, no dia em que visitamos o bunker de Churchill na
Segunda Guerra Mundial, uma bomba não detonada da mesma guerra nos
forçou a seguir pela Engineer’s Way para que pudéssemos voltar ao hotel antes
que fosse tarde demais, e para terminar este capítulo do livro. Eu sabia que Deus
estava falando. A própria revelação e o relato de Dean foram cruciais para a
“engenharia” desta obra. Até os detalhes foram importantes: no sonho, ele
estava circundando uma bomba nuclear, e ali estávamos nós, andando ao redor de
um enorme círculo.
O Senhor usou uma bomba da época de Churchill para ressaltar a grande
bomba não detonada no subsolo empoeirado do arsenal da Igreja. Sem nenhuma
dúvida que, em todo o mundo, o jejum de Jesus é uma arma de proporção vasta e
incalculável. Oro para que este livro nos ajude a plantar essa arma poderosa no
campo da colheita até que ela detone no coração dos homens e nos céus.
Levando-os à cura
Necessitaremos muito desse poder nos dias futuros não apenas para ter maior
autoridade nas regiões celestiais, mas também na terra. Conforme descrito em
Apocalipse 12, creio que a geração dos últimos dias dominará tanto o nível de
supremacia aérea de Daniel que Satanás perderá a posição e será lançado à terra.
É por isso que Daniel 10 e Apocalipse 12 se encaixam tão bem, como se fosse
uma passagem escatológica interpretando outra. Creio nisso em parte porque
Miguel só é mencionado guerreando nessas duas passagens, o que nos diz alguma
coisa.
O momento do triunfo aqui não pode ser esquecido. “Ele [Satanás] e os seus
anjos foram lançados à terra. Então ouvi uma forte voz dos céus, que dizia: ‘Agora
veio a salvação, o poder e o reino do nosso Deus, e a autoridade do seu Cristo’ ”
(Apocalipse 12.10a). De certa forma, a excomunhão final de Satanás causará
mais problemas à terra, porque o texto diz a seguir: “Mas, ai da terra e do mar,
pois o Diabo desceu até vocês! Ele está cheio de fúria, pois sabe que lhe resta
pouco tempo” (v. 12). Ironicamente, a grande fúria de Satanás na terra produzirá
o ambiente para outra colheita, porque o mesmo movimento de oração que
triunfa em Apocalipse 12 se conectará automaticamente à promessa de Mateus
17.21 e será poderoso para trazer libertação radical às multidões de homens e
mulheres oprimidos por Satanás.
O que diz Mateus 17.21? Você conhece o versículo, mas vou mostrar como ele
se encaixa na história de Mahesh Chavda, um verdadeiro pai jejuador que
avança firmemente no ministério de cura e libertação. Para Chavda, o jejum
prolongado não é um mero tempo de reclusão disciplinada e pessoal — isto é,
não se limita ao fato de abster-se de comida combinado com oração. Conforme
descrevemos antes, na revelação do triunfo de Cristo, é guerra no Espírito rumo
à fé. Ocorre um avanço porque a fé é liberada. Embora o campo de ação total
esteja além deste livro, o jejum prolongado produz revelação da glória de Deus,
libertação dos filhos e filhas de porção dupla, esclarecimento da missão pessoal,
remoção dos obstáculos demoníacos, um impulso avante para confrontar com
êxito o inimigo e muitas outras qualidades das quais o povo de Deus necessita
desesperadamente. Não podemos esquecer de incluir nesta lista a libertação de
vícios e de aflições demoníacos.
Em O poder secreto da oração e do jejum, Chavda menciona um período de
formação no início de sua caminhada cristã quando ele trabalhava em um
hospital para crianças com deficiência mental. Lá vivia um menino de 16 anos a
quem ele chamava de “Stevie” (cujo nome não é o verdadeiro), que nascera com
síndrome de Down e sofria de compulsões incontroláveis de automutilação.
Batia no próprio rosto com tanta frequência que as cascas de ferida em sua pele
se pareciam com escamas de crocodilo. A terapia de choque não funcionou, e os
atendentes decidiram amarrar os braços de Stevie em talas de madeira para que
ele não conseguisse tocar seu próprio rosto. Esse método provocou a crueldade
em outras crianças, que agrediam Stevie fisicamente quando ele estava
amarrado. A maior parte do tempo, Chavda conta, Stevie era encontrado
sangrando pelo nariz, lábios e boca. Sempre que via Chavda, o menino sentia o
amor de Deus. Colocava a cabeça no ombro de Chavda e começava a chorar.
Nenhuma das orações de Chavda surtiu efeito. Frustrado e em desespero, ele
clamou a Deus por respostas; o Espírito Santo respondeu com o texto de Mateus
17.21: “Mas esta espécie só sai pela oração e pelo jejum”. Apesar de conhecer
razoavelmente a Bíblia, Chavda nunca havia lido esse versículo; não fazia parte
de seu treinamento bíblico! Ele não tinha experiência em expulsar demônios e
nunca jejuara. Mas iniciou o jejum em obediência, a princípio sem sequer beber
água. Depois de 14 dias, quando o Senhor o instruiu a orar por Stevie, Mahesh
chamou-o à parte disse:
“Estou aqui para pregar as boas-novas para você. Queria que você soubesse
que Jesus Cristo veio para libertar os cativos”.
Então, eu disse: “Em nome de Jesus, espírito maligno da mutilação, saia em
nome de Jesus”. De repente o corpo de Stevie foi arremessado a
aproximadamente 2,5 metros de distância, batendo em uma das paredes do
local […].
Imediatamente senti um cheiro forte de ovo podre e de enxofre queimado,
que aos poucos foi desaparecendo da sala.
Rapidamente, corri na direção de Stevie, carreguei-o nos meus braços e
retirei as talas de madeira enquanto ele me olhava com aqueles olhos
enormes. Então Stevie começou a dobrar seus braços e sentir suavemente
seu rosto.
Eu o olhei gentilmente tocar seus olhos, nariz e ouvidos; então ele começou
a chorar até soluçar. Ele percebeu que, pela primeira vez, não estava sendo
levado a bater em si mesmo. […] Naquele momento inesquecível, o Senhor
me revelou uma arma poderosa que ele nos deu para destruir fortalezas e
para libertar os cativos. Em poucos meses, todas as cicatrizes desapareceram
do rosto de Stevie.[Nota 18]
Notas do Capítulo 8
Nota 1 - Fort Washington, PA: Christian Literature Crusade, 1975. p. 15, 37. [Seu destino é o trono.
São Paulo: Lifeway ClC, 1975.] [Voltar]
Nota 2 - English Standard Version Study Bible. Wheaton, IL: Crossway Bibles, 2007. Comentários
sobre Daniel 10.13. [Voltar]
Nota 3 - A Commentary, Critical and Explanatory, on the Old and New Testaments. Glasgow,
Scotland: Queen’s Printer, 1863. p. 670. [Voltar]
Nota 4 - Growing in Prayer. Lake Mary, FL: Passio, 2014. p. 102. [Voltar]
Nota 7 - Their Finest Hour. Discurso na Câmara dos Comuns do Reino Unido em 18 de junho de
1940. Disponível em: http://winstonchurchill.org/resources/ speeches/1940-the-finest-hour/their-
finest-hour. [Voltar]
Nota 8 - The Few. Discurso na Câmara dos Comuns do Reino Unido em 20 de agosto de 1940.
Disponível em: http://winstonchurchill.org/resources/ speeches/1940-the-finest-hour/the-few. [Voltar]
Nota 9 - Briggs, Dean. Kansas City, MO: Champion Press, 2014. p. 120, 129. [Voltar]
Nota 10 - Shaping History through Prayer and Fasting. New Kensington, PA: Whitaker House, 2002.
p. 100. [Voltar]
Nota 14 - In: Smith, Sean. I Am Your Sign. Shippensburg, PA: Destiny Image Publishers, 2011. p. 71.
[Voltar]
Nota 15 - Rut, Rot or Revival. Camp Hill, PA: Christian Publications, 1992. p. 5. [Voltar]
Nota 18 - Shippensburg, PA: Destiny Image Publishers, 1998. p. 4-5. [O poder secreto da oração e do
jejum. 9. reimpr. São Paulo: Vida, 2017. p. 11.] [Voltar]
PARTE 3
DO NAZIREU
AO NAZARENO
Dan allenDer
9
[…] zelo por Deus, mas o seu zelo não se baseia no conhecimento.
Porquanto, ignorando a justiça que vem de Deus e procurando estabelecer a
sua própria, não se submeteram à justiça de Deus. Porque o fim da Lei é
Cristo, para a justificação de todo o que crê (Romanos 10.2-4).
Na caminhada cristã, é muito fácil ver os detalhes e deixar de ver o todo. Pior,
se nos dedicamos profundamente e com paixão, quase sempre ficamos confusos.
Mas a vida de João não gira apenas em torno de intensidade, coragem, cabelos
desgrenhados, fervor e choro, embora muitas pessoas tentem reduzi-lo dessa
maneira, como se a metodologia e a personalidade de João fossem os elementos
principais para o discipulado radical. Somos tentados a pensar: Se eu jejuar e orar
como João, serei um homem justo. Não! É exatamente por isso que João é tão crítico
e instrutivo em nossa época. Ele nunca se esqueceu do ponto fundamental. João teve
uma vida de jejum e oração, e o objetivo deste livro é chamar os leitores a fazer o
mesmo. Em termos gerais, jejuar e orar. Mas especificamente viver para Cristo,
conforme Cristo e por meio de Cristo!
João aponta o caminho.
Uau! Com total devoção e zelo nazireu, João preparou o caminho para Jesus
intensificando o código mosaico de ritual e pureza de acordo com a Lei,
acompanhado de demonstrações de justiça para purificar os pecados pessoais.
Sua mensagem trouxe convicção do pecado como caminho para o perdão,
simbolizado em lavar-se nas águas do rio Jordão. E centenas de milhares de
pessoas afluíram para fazer parte da cerimônia.
Hoje, tudo isso teria servido de ampla munição para a equipe de marketing de
João começar a trabalhar com esforço redobrado. Tardes de autógrafo.
Publicidade em massa. Venda de produtos. Imagine só. Se João teve tanto
sucesso em sua localidade, quanto mais sucesso teria se levasse seu show de
batismo estrada afora? [Nota 6]
João, porém, fiel a seus princípios, não caiu na armadilha da autopromoção.
Enquanto inflamos nossa importância, João esvaziou a sua propositadamente.
Com multidões de pessoas querendo saber qual seria sua próxima proeza, João,
de maneira espantosa, cometeu suicídio ministerial: começou a revelar a todo
mundo a deficiência e a imperfeição de todo o seu ministério!
“Eu os batizo com água para arrependimento. Mas depois de mim vem
alguém mais poderoso do que eu, tanto que não sou digno nem de levar as
suas sandálias. Ele os batizará com o Espírito Santo e com fogo. Ele traz a pá
em sua mão e limpará sua eira, juntando seu trigo no celeiro, mas queimará
a palha com fogo que nunca se apaga.” (Mateus 3.11,12)
Foi João quem disse estas palavras imortais: “É necessário que ele cresça e que
eu diminua” (João 3.30). E as disse com grande alegria (cf. v. 29)!
É muito difícil entendermos isso, tanto individualmente quanto em conjunto.
Eu preciso. Você precisa. Diminuir.
Desde o início, o DNA de João de diminuir tem sido o compromisso principal
de toda assembleia solene organizada pelo TheCall. Como seria possível levantar
uma geração de Joões Batistas totalmente ligados a mídia, egos e selfies? Apesar
de termos tido muitos líderes e equipes de adoração no TheCall, ninguém recebe
remuneração por eventos realizados — nem eu. Não promovemos nomes, e
nosso único propósito é humildade. Não se trata de festejar; trata-se de jejuar!
Apenas uma Pessoa é posicionada como objeto e foco de toda a nossa atenção.
Você entende por que João é importante? Conforme mencionei no início
deste livro, se quisermos um movimento Jesus, devemos primeiro ter um
movimento João caracterizado por sua humildade e jejum. Em termos práticos,
significa que os ídolos de nosso ministério precisam ser demolidos. A identidade
de nosso ministério precisa ser purificada. A promoção de nosso ministério
precisa girar em torno do ato de promover Jesus. Não há outro caminho.
Notas do Capítulo 9
Nota 4 - Sjoberg, Kjell. The Prophetic Church. Chichester, United Kingdom: New Wine Press, 1992.
p. 146. [Voltar]
Nota 5 - Para uma análise excelente de Números 6, consulte: Keil, C. F.; Delitzsch, Franz.
Commentary on the Old Testament. Peabody, MA: Hendrickson Publishers, 2006. [Voltar]
Nota 6 - De fato, o ministério de João continuou a expandir-se nos anos seguintes. No capítulo 18 de
Atos, conhecemos Apolo, que, muito depois da morte de João e da morte e ressurreição de Jesus,
conhecia “apenas o batismo de João” (v. 25). [Voltar]
m Mateus 4.16, Mateus emprega uma profecia de Isaías para descrever como
E Jesus sai do deserto revestido de poder, pronto para o ministério público. Não
há nenhum credenciamento formal e nenhum anúncio ao grande público; ao
contrário, o ministério de Jesus começa depois de um triunfo crítico e particular
sobre Satanás. Depois de quatrocentos anos de gemidos do povo na escuridão
pedindo um Messias, Jesus vem. O movimento Jesus chega finalmente. Em
pouco, o evangelismo em massa prosseguiria com milagres, sinais e maravilhas.
João preparou o caminho, mas é o Filho da porção dupla que cumpre a promessa.
Mas… ainda não. Duas realidades simultâneas precisam transpirar antes: a
humilhação de Satanás (amarrar o homem forte) e a obra interior da filiação
comprovada (identidade, identidade, identidade!). O resultado final será poder
pleno e de tamanho igual no Espírito à medida que Jesus recupera o terreno
histórico previamente perdido por Adão e Israel.
A colheita vem após o jejum de Jesus. Imediatamente após o deserto, Jesus
inicia seu ministério público em sua cidade natal. Sem demora, em termos mais
precisos. O movimento Jesus não é um ministério como temos a tendência de
pensar dentro de um contexto moderno. Para nós, “ministério” é, na maioria das
vezes, o pastor pregando no domingo de manhã. Se ministério passar a ser
“avivamento”, provavelmente isso quer dizer que a salvação chegou. Em
contraste, o movimento Jesus, no qual ele se move sob a unção do Espírito,
inclui a libertação total da humanidade pecadora.
“O Espírito do Senhor
está sobre mim,
porque ele me ungiu
para pregar as boas-novas
aos pobres.
Ele me enviou
para proclamar liberdade
aos presos
e recuperação da vista
aos cegos,
para libertar os oprimidos
e proclamar o ano da graça
do Senhor.” (Lucas 4.18,19)
Mais tarde, o apóstolo João destila a declaração dessa missão em uma única
frase: “Para isso o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do Diabo”
(1João 3.8b).
Em outras palavras, para construir algo eterno e justo, Jesus veio antes de tudo
para destruir algo escuro e tóxico. Em vista disso, a confrontação com Satanás
no deserto deve ser entendida como uma declaração divina de guerra por um
homem celestial na terra.
Conforme veremos, trata-se de uma batalha da mente.
Espere um pouco — qual é a espécie que sai? Achamos que “esta espécie” é o
demônio, mas um demônio se apresenta como ameaça, seja qual for o tamanho
dele. O problema maior é a questão duplamente recalcitrante da incredulidade.
O coração humano está infestado de incredulidade, tanto que é necessária uma
alavanca para arrancá-la da alma. A incredulidade, bem mais fácil que a fé, é a
ruína de todos nós, uma vez que somente a fé é capaz de compreender e receber
as promessas de Deus. Nesse sentido, o jejum ativa a guerra com certeza.
Indiretamente, talvez alguns demônios não sejam expulsos a não ser pela oração
acompanhada de jejum. Mas a causa direta nesse versículo não é sugerir que,
pelo fato de nos privarmos de alimentos, os demônios que anteriormente
resistiram sairão como se fosse mágica, compelidos a obedecer. Não, ao
contrário, como uma árvore com raízes profundas, o demônio tem autoridade
territorial na presença do incrédulo, porque esse é o clima original, perpétuo e
histórico de nossa rebeldia contra Deus. Desde o jardim do Éden, e
posteriormente evidenciado na permanência obstinada de Israel no deserto, a
incredulidade tem sido a maldição da existência humana. Ela é a primogenitora
do pecado e o portal dos demônios, pois, por causa da incredulidade, Adão
trocou sua posição de filho de Deus com domínio sobre a terra para ser escravo
das regras de Satanás; e por causa da incredulidade Israel peregrinou quarenta
anos no deserto em vez de receber suas promessas. Que tolice! Assim é o veneno
da incredulidade — ele mata.
Em Mateus 17.17, a palavra traduzida por “perversa” é o vocábulo grego
diastrepho, que significa “distorcer, desviar”. Significa uma perspectiva distorcida.
Na linguagem contemporânea, a palavra “perversão” tem o sentido de algo
profundamente desvairado e moralmente corrupto, mas no grego é um desvio sutil
da verdade. Esse desvio, por uma fração de graus, é quase imperceptível até que o
tempo e a distância tornem a perversão evidente. Voltando aos tempos da
geometria no colégio, ela poderia ser comparada a duas linhas retas com um
ponto comum no início que, por um tempo, parece ser uma linha, mas, à medida
que se prolongam a uma grande distância, a separação entre elas se torna
evidente.
Se uma linha é verdadeira, a outra é perversa, mas a diferença só é
reconhecida depois de muitos quilômetros. O mesmo ocorre com a geração
incrédula. Depois de quilômetros e anos na estrada desviando-nos do projeto
original, nem sequer reconhecemos como deveria ser a vida normal com Deus.
O que fazemos? Desculpamos, defendemos e justificamos a incredulidade,
rotulando-a de sabedoria, discernimento e viabilidade. O resultado é
incapacidade.
Jesus dá a essa mentalidade o nome de perversa. Fé, não incredulidade, é a
vida normal cristã.
Depois de ter enviado os discípulos às cidades, para curar enfermos e expulsar
espíritos, Jesus nunca acrescentou um qualificativo: “Mas tomem cuidado com os
grandes e feios que, às vezes, exigem jejum”. Dessa forma, colocado contra a
total experiência do amor do Pai e do poder do Espírito Santo, o maior e o mais
feio obstáculo não é um demônio, mas… (rufem os tambores)… a
incredulidade! E, como tal, a força verdadeira do jejum encontra-se em sua
capacidade de realinhar nosso pensamento. É a alavanca! Em geral, não
podemos estudar nem orar para encontrar uma saída se tivermos uma perspectiva
distorcida. Às vezes, a incredulidade não “sai”, isto é, não se desloca até que uma
força superior invada nossos sistemas de crença imatura e carnal. Um homem
mais forte precisa entrar nos cofres de nosso espírito para expulsar as falsidades.
Resumindo a lição de Mateus 17, o problema dos discípulos não era o poder
deles, mas sua perspectiva. Não lhes faltava autoridade; faltava-lhes apropriação.
Jesus não enfrentou o demônio com nervosismo nem decidiu jejuar para que
pudesse lidar com a situação. Ele já havia amarrado aquele homem forte. Embora
fosse o Filho de Deus, Jesus expulsou os demônios como homem, igual a você e a
mim, exceto que ele prevalecia sobre todas as circunstâncias com verdade, amor
e fé. Nós nos desviamos com muita facilidade. Mas o convite da nova aliança diz
que devemos progredir de glória em glória na renovação de nossa mente. Se
estivermos corretamente alinhados com o triunfo e a autoridade de Cristo,
realizaremos as mesmas obras que ele realizou. “O que é nascido de Deus vence o
mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé” (1João 5.4).
“Se és o Filho…”
As lições principais do deserto revelam muitas áreas que precisam ser
subordinadas à luz de Cristo, inclusive identidade, herança, missão e autoridade.
No entanto, se eu escolhesse apenas uma palavra para resumir esses conceitos,
usaria esta: filiação.
Satanás atira estas palavras em Jesus: Se és o Filho de Deus…
Esta é a batalha verdadeira. Quem você é? Você sabe? Identidade é poder,
portanto é claro que será contestada. O acesso totalmente dimensional dentro
do qual Jesus se movimentava com tanta liberdade estava seguro nos campos de
prova do deserto. Satanás, o mais forte dos homens fortes, exceto um, não gosta
de ver seu domínio ameaçado. Ele se senta como rei nas portas do Hades há
milhares de anos, com despojos humanos destinados a morrer e condenados ao
inferno. Se um mais forte não tivesse entrado na casa da terra, a humanidade
não teria nenhuma esperança. Essa é a estrutura correta para entender melhor a
tentação no deserto, embora nosso entendimento seja quase sempre equivocado.
Temos a tendência de interpretar as tentações de Cristo quase como uma
narrativa que nos causa grande tensão, na qual Satanás está vencendo Jesus em
sua condição de fraqueza física. Interpretamos com base na perspectiva de nossas
tendências de sucumbir à tentação, tanto que, quando a história termina, há
quase uma sensação de alívio. Ufa! Jesus venceu! Ele não cedeu.
Não, não, meu amigo — se você pensa assim, não entende o significado do
jejum. E mais, não entende o Homem. Jesus não está em posição de defesa. Ele
está na espreita, um caçador à espera da presa. Ele é o Senhor dos Exércitos em
forma humana, o Capitão dos exércitos do céu, e esses são seus métodos de
guerra. Enquanto Mateus e Lucas apresentam uma narrativa mais detalhada do
que aconteceu, o relato sucinto de Marcos fornece expressões mais importantes
que nos ajudam a entender por quê. Por exemplo, Mateus e Lucas dizem que Jesus
foi simplesmente “levado pelo Espírito” ao deserto, e Marcos relata que Jesus foi
“impelido” para lá. Algumas traduções dizem “compelido”. A Mensagem diz que
“o Espírito guiou Jesus ao deserto. Durante 40 dias e noites ele foi testado por
Satanás. Animais selvagens eram sua companhia, e os anjos tomavam conta
dele” (Marcos 1.12).
Os animais selvagens e os anjos são também importantes, mas por ora vamos
analisar as palavras “guiado” ou “compelido”. No grego, a palavra é ekballo, que
significa “forçar violentamente”. Em outra ocasião, quando Jesus expulsou um
demônio, ele ekballo u o demônio. Agora é o Espírito que ekball a Cristo ao lugar
de provação. O Ser Supremo queria muito enfrentar essa luta, portanto é com
alegria que o Pai libera seu temível campeão como um gladiador na grande e
silenciosa arena do deserto. Aos 30 anos de idade, Jesus se qualifica para o
ministério sacerdotal ativo (v. Números 4.3). Trinta anos é a idade que José, o
filho favorito de Jacó, sai de uma provação horrível e chega ao lugar de pleno
domínio e influência profetizada muito tempo antes (v. Gênesis 41.46).
Davi, o antepassado messiânico de Cristo, também foi coroado rei aos 30 anos
(v. 2Samuel 5.4). Na verdade, Jesus carrega consigo todo o tipo e sombra da
antiga aliança ao deserto. Jesus sabe o que está em jogo, porque tudo converge
para quem ele é.
Curiosamente, quem ele é já foi definido — antes do jejum, não depois, com
um grito vindo do céu: “Este é o meu Filho amado!” .
Cada teste que se segue precisa ser visto sob essa luz. A estratégia de Satanás é
tentar Jesus a agir de tal forma que ele negará a palavra do Pai em razão da falta
de segurança ou paciência. Afinal, Jesus não havia curado nenhuma pessoa, não
havia expulsado nenhum demônio nem pregado nenhuma mensagem. Nenhuma
água havia se transformado em vinho. Nenhuma árvore havia murchado.
Nenhuma tempestade havia sido acalmada. Nenhuma cruz, nenhuma
ressurreição, nenhuma ascensão havia ocorrido. Quantos de nós sentimos a
necessidade de ser postos à prova, principalmente no ministério? Como podemos
ser amados se não fizemos nada para conseguir aprovação? Satanás apela para a
mentira: Você é o Filho, aja como tal! Faça alguma coisa! Faça o show do
Messias!
No entanto, o filho não precisa provar nada a seu pai. Ele simplesmente
permanece no amor. Antes de qualquer ministério público ou triunfo particular,
antes de Jesus realizar qualquer “obra”, seu relacionamento está seguro em
termos de genética, não de realização. Uma das grandes mentiras do arsenal de
Satanás é convencer-nos de que Deus ama as realizações humanas mais que aos
seres humanos. Mesmo quando Jesus não tinha nenhum currículo, ele tinha o
amor do Pai. Jesus não conquistou esse amor; ele o recebeu. Foi levado ao
deserto para confrontar o inimigo nesse mesmo terreno. Não é por acaso que, em
duas das três tentações, este é o desafio principal: “Se és o Filho de Deus…”.
Curiosamente, lemos as palavras como um desafio direto. “ Tu é so Filho? Prova
então que és!” Mas no grego isso pode ser também mais sutil e insidioso. “Uma
vez que és o Filho, vai em frente e revela…” O terceiro teste segue esta linha: Tu
conheces a promessa, Jesus. Lança-te deste lugar alto e Deus não permitirá que
nem um dedo teu seja machucado durante a queda. Os anjos te carregarão em
segurança até o chão.
Se o desempenho valida a aceitação, então minha identidade será
necessariamente produto de minhas realizações, as quais, sendo construídas na
areia, jamais resistirão aos testes de Satanás. Embora Jesus finalmente demonstre
com maestria cada aspecto da queda com muitos milagres e boas obras, aqueles
três anos e meio de “teologia aplicada” foram ganhos, em princípio, nos 40 dias
amarrando as mentiras.
Por esse motivo, embora o conflito seja visualizado externamente entre
Satanás e Jesus como um desafio titânico em razão da fraqueza física de Jesus,
devemos reverter a equação, porque é exatamente a força dos 40 dias que
garante a vitória. Foi precisamente isso que Deus me falou em meu jejum
Minerva — a única coisa que pode vencer o poder desse espírito são 40 dias de jejum igual
ao de Jesus. Não importa quanto o conflito espiritual pareça externo, a verdadeira
batalha é sempre interna. O domínio da vontade e da carne — nosso homem
interior submisso ao Espírito de Deus — é onde ocorre o verdadeiro teste. O
jejum deliberado destrói nossos centros de poder carnais e transfere a vitória
interna para a vitória externa. Todo centro de poder curva-se diante de Cristo.
O ministério inteiro de Jesus será simplesmente a manifestação de quem ele é.
Nada mais, nada menos. Ele é o Cordeiro morto antes da fundação do mundo,
não um renegado realizador de milagres à procura de uma plataforma. Não se
esqueça disto: No deserto, Jesus escolheu a cruz.
Em vez de apenas aguentar a tempestade da tentação, Jesus está expondo
habilmente a parte podre de um sistema corrupto de mentiras sobre o qual a
humanidade construiu seu relacionamento com Deus, isto é, que os apetites do
homem podem realmente alimentá-lo; que os atalhos ao redor da cruz produzirão
o propósito pleno de Deus; que a provação é um sinal do desagrado de Deus; que
meias mentiras podem ser meias verdades; que a vida interior com Deus é
inferior às obras externas; que o caos e as perturbações diluem nossa identidade
em vez de — na comunhão com Deus e no mistério renovador da graça —
defini-la. Amigo, Jesus não é o alvo nesse confronto; o alvo é Satanás! O Diabo
é um peixe no anzol nas mãos do Mestre, orgulhoso demais para perceber que,
em vez de derrotar Jesus, ele o promove. Atraído pelo deserto, o Maligno pensa
que pode simplesmente recriar seu sucesso no Éden, mas descobre que no final
foi enfraquecido, escondendo-se e aguardando “ocasião oportuna” (v. Lucas
4.13).
O jejum escolhido
Creio que a geração do último movimento Jesus tomará posse da terra de
maneira extraordinária. Em parte, porque Jesus expôs completamente o jejum de
40 dias para que não seja mais um deserto amaldiçoado, mas um deserto
vencedor. Deixando de vaguear sem fé, mas avançando rumo à perfeição,
entramos naquela vitória e participamos dela quando seguimos Jesus no jejum de
40 dias. Essa é a dinâmica à qual fui conectado tão poderosamente no 31o dia de
meu jejum Minerva em San Diego. A vitória não foi meu jejum em si, embora a
guerra do jejum tenha sido tão crucial que me levou a uma revelação mais
profunda da vitória de Jesus. A lição mais poderosa que podemos transmitir à
próxima geração é proporcionar-lhe os meios para adquirir este conhecimento
de modo empírico: “Os pais e as mães (espirituais) que conhecem o Senhor
intimamente compreendem não apenas na mente, mas no fundo do coração, que
o Deus Pai já venceu a batalha em nosso Senhor Jesus Cristo”.[Nota 1]
A vitória está sempre na cruz, não no jejum; no entanto, na sabedoria de
Deus, você certamente percorrerá os aspectos particulares dessa sabedoria por
meio do jejum mais que por meio de qualquer outra experiência. O jejum é
guerra, porque a cruz gira em torno da vitória. Precisamos adquirir (e readquirir)
essa revelação para poder liberá-la continuamente em oração. No 31o dia, eu
não estava festejando minha vitória no jejum, mas a vitória de Jesus.
Cada tentação de Satanás foi idealizada para provocar Cristo a mostrar uma
forma de poder independente da cruz. Entre as muitas outras consequências
negativas, essa teria negado a capacidade de Cristo de transferir identidade e
triunfo às futuras gerações. Quando Marcos relata que os anjos serviam Jesus,
lembramo-nos de Elias prestes a receber Eliseu. Jesus, o Filho da porção dupla,
está também levantando filhos e filhas. A herança total de Cristo é levantar um
número muito maior de filhos e filhas tão obedientes quanto ele.
Pela virtude de nossa união com Cristo, somos aceitos nos mesmos termos
que ele (Efésios 1.6; João 17.23). Como filhos genuínos, gerados pela vida
do próprio Deus, como irmãos de sangue do Filho Eterno, como membros
de seu Corpo do qual ele é o Cabeça e como espírito de seu Espírito, como
podemos ser levados para mais perto? […] Cristo é o Protótipo divino após
o qual esta nova espécie está sendo feita, que deverá ser cópia exata dele,
verdadeiro genótipo, mais semelhante a ele da melhor forma possível, para o finito
ser igual ao Infinito.[Nota 2]
Notas do Capítulo 10
Nota 1 - Sandford, John Loren. Healing the Nations: A Global Call to Intercession. Grand Rapids,
MI: Chosen, 2000. p. 98. [Voltar]
Há três estágios
em cada grande obra de Deus:
primeiro, é impossível;
depois, torna-se difícil;
em seguida, é feita.
HuDson taylor
11
Entendendo a hora
Não negligenciem o [jejum de] Quarenta Dias; ele constitui uma
imitação da vida de Cristo.
inácio De antioquia (35-108 d.C.)
oão disse a respeito do Cordeiro, Jesus, que, quando ele viesse, nós saberíamos
J de sua chegada porque Jesus batizaria a terra com o Espírito Santo e com fogo.
Quando clamamos por um novo movimento Jesus, estamos pedindo exatamente
isso.
A morte do Cordeiro desde a criação do mundo (v. Apocalipse 13.8) é ideia
de Deus para a total redenção. Assim, Jesus é um movimento de salvação, cura,
libertação e justiça. O que Jesus conseguiu sozinho, o Espírito Santo anseia fazer
em massa. Com este livro, estamos convocando uma nova era de sinais,
maravilhas e evangelismo em massa. Batizar as pessoas com o Espírito Santo e
fogo representa:
Antes da tentação no deserto, a Bíblia diz que Jesus estava cheio do Espírito.
[…] No final da tentação no deserto e de 40 dias de jejum, Jesus havia
derrotado Satanás completamente e saiu daquela experiência no poder do
Espírito! [Nota 1]
Marcando o tempo
A única explicação que encontro para que minha jornada tenha sentido é que
o TheCall foi designado por Deus de uma forma pequena como uma expressão
visível e tangível do movimento de jejum e oração semelhante ao de João
Batista para ajudar os Estados Unidos a se voltarem para Deus, e que esse
indicador profético não foi levantado por causa de João Batista, de Lou Engle ou
do movimento de oração em geral, mas como os ponteiros do relógio da História
apontando para um movimento Jesus explosivo que lotará estádios com sinais e
maravilhas, e salvará e curará milhões de pessoas, trazendo uma deflagração da
colheita no mundo inteiro.
Essas afirmações audaciosas exigem o julgamento pelo Corpo de Cristo e por
aqueles que as leem, e muitas pessoas discordarão. Como julgar? “O testemunho
de Jesus é o espírito de profecia” (Apocalipse 19.10). Se, durante a leitura você
sentir o coração arder com o peso da História e o testemunho do Espírito, e o
conteúdo alinhar-se com os princípios claros da Escritura, então pode ser que
estamos sendo testemunhas junto com um momento fulcral na História em
torno do qual o Corpo de Cristo do mundo inteiro está prestes a girar.
Quero afirmar enfaticamente que esse não é um empreendimento americano
nem obra de um ministério qualquer. O TheCall nasceu de minha oração em
1999: “O que posso fazer para que os Estados Unidos se voltem para Deus?”; e
Deus garantiu-me por meio de Lucas 1.17 que derramaria algo em meu país mais
forte que a rebelião. No entanto, em termos de condições mensuráveis, os
Estados Unidos parecem pior que nunca. Portanto, nos últimos anos, tenho
clamado ao Senhor: A missão do TheCall fracassou? . Lembro-me das convocações
proféticas de Bill Bright e tenho de perguntar: A palavra dele não surtiu efeito
— ou havia um cronograma mais longo, mais calculado na mobilização do céu?
Enquanto nossas assembleias solenes são realizadas ao redor do mundo, tenho
testemunhado que o jejum e a oração estão se tornando não apenas uma escolha
de modo de vida, mas uma reação treinada à crise. Havíamos orado para que os
estádios lotassem, e Lucas 1.17 foi nosso toque de trombeta. Isso tem acontecido
repetidas vezes, durante quase vinte anos, para preparar uma geração. Mas o ano
de 2012 marcou uma mudança expressiva. Um grupo de líderes jovens da
YWAM entrou em minha sala e começou a profetizar que o TheCall deixaria de
ser composto “apenas de jejum e oração, mas da proclamação do evangelho com
sinais e maravilhas. Os estádios lotarão, e isso tem relação com o manto de Billy
Graham chegando sobre este país”.
Essas palavras tocaram meu coração profundamente. Oramos juntos dois dias
e trocamos ideias sobre o que essa mudança significaria. No final daqueles dois
dias buscando a Deus, um profeta em outro estado, que não sabia o que estava
acontecendo em minha sala, ligou para me transmitir uma mensagem. Na noite
anterior, contou, ele recebeu uma visita do Senhor, que disse exatamente estas
palavras: “Diga a Lou que uma mudança está chegando ao TheCall; ela não será
composta apenas de jejum e oração, mas da proclamação do evangelho com
sinais e maravilhas. Os estádios lotarão, e isso tem relação com o manto de Billy
Graham chegando sobre este país. Diga a Lou!”.
Quando ouvi aquelas palavras, a fé atingiu-me como se fosse um soco. Eu
sabia que era a palavra de Deus! Será que Bill Bright duvidou um dia, como eu
havia duvidado? Será que ele pensou: “Deus, onde está o avivamento que
prometeste?”. Todos nós lutamos quando as promessas parecem demoradas. Mas
depois da visita dos jovens da YWAM, a palavra do Senhor chegou a mim com
grande clareza. E recebi a resposta: Se o TheCall foi verdadeiramente um movimento
semelhante ao de João Batista, então saiba que um movimento Jesus está chegando! .
A última palavra de João não foi: “Preparem o caminho”, mas, sim: “Vejam! É
o Cordeiro de Deus!”.
De repente, a fé nasceu em meu coração. Eu já havia visto estádios lotados de
jovens nazireus orando, mas agora eu devia mudar da intercessão de
arrependimento à oração cheia de fé para que o manto de Billy Graham caia
sobre os Estados Unidos de maneira tão poderosa que os estádios ficarão agora
lotados de salvação. Creio que nosso ministério cruzou uma linha. Creio que o
mundo está cruzando uma linha.
Essa é uma pequena lista de nossas assembleias solenes, que exerceu influência
sobre milhões de pessoas. A mensagem de arrependimento do TheCall está
vinculada a um apelo ao céu para reverter os efeitos secundários geracionais em
cada ponto da rebelião. Como você pode ver, a parte principal disso inicia na
década de 1960, quando a cultura da droga, a revolução sexual e um excesso de
filosofias anticristãs inundaram os Estados Unidos. No entanto, eu me comovo
com a fidelidade de Deus, porque, à medida que esses ciclos de pecado surgiram,
Deus levantou um movimento intercessor para permanecer na brecha. Algo
mais forte que a rebelião se levantou em nosso país.
No início do TheCall e dos outros movimentos sagrados, dezenas de milhares
de nazireus ao estilo de João Batista tornaram-se precursores da oração e do
jejum no Espírito. Isso não aconteceu por acaso! Está se antecipando uma grande
visitação de Jesus na terra! Estamos no ápice de uma consequência do
movimento Jesus original. Se este livro alcançou esse objetivo, você compreende
agora por que o jejum prolongado é tão importante para o quadro geral. O jejum
do dr. Bright deu origem ao movimento nazireu, que durante quase vinte anos foi
preparatório para o atual momento nazireu. O momento é agora.
Faz chover!
Muitos anos atrás acordei com um peso no coração para reler dois livros que
haviam impactado profundamente minha vida: Shaping History through Prayer and
Fasting [Moldando a História por meio de oração e jejum], no qual Derek Prince
revela como o jejum precipita a chuva serôdia, e Rain from Heaven [Chuva do
céu], de Arthur Wallis, pai do movimento carismático na Inglaterra. Este livro
trata dos componentes principais vistos cada vez que um avivamento irrompe.
Trata da vinda das chuvas do céu.
Infelizmente, por ter cedido muitos exemplares ao longo dos anos, não
encontrei nenhum dos livros em minha casa. Mas senti uma sensação de
urgência. Sabia que o Espírito estava me levando a lê-los de novo, e rápido, e
passei o dia inteiro gemendo interiormente: Deus, ajuda-me a encontrar esses livros.
Estás querendo me dizer que o jejum precipita a chuva serôdia.
Voltei a procurar em minha estante na esperança de ter colocado os livros em
outra parte, mas não os encontrei. Aquele anseio enorme que sentia pela chuva
serôdia de Joel 2 não diminuiu.
Naquela noite fui pregar nos desertos de Lancaster, Califórnia, em uma igreja
pastoreada por meu amigo Joe Sweet. Enquanto estava no escritório de Joe
cuidando dos preparativos finais para proferir a mensagem, ele levantou-se
subitamente da cadeira, dirigiu-se à sua estante e disse: “Venha aqui, Lou. Acho
que você está procurando este livro”.
Você sabe o que aconteceu, certo? Ele pegou o livro Rain from Heaven, de
Arthur Wallis.
Mal consegui me conter. Conheço o sussurro de Deus, mas aquele foi mais
semelhante a um grito. Eu sabia que Deus estava me dando um sinal para
acreditar que ele enviaria um grande derramamento do Espírito Santo da chuva
serôdia.
Voltei a Pasadena e na manhã seguinte estava lecionando em uma escola de
profecia. Assim que a aula começou, um dos alunos dirigiu-se a mim e disse: “Ei,
Lou, esta manhã, na Igreja Vineyard de Anaheim, um homem me chamou e
disse: ‘Sei que você vai ver Lou Engle hoje. Entregue-lhe este livro, ele está à
procura dele’ ”.
O aluno entregou-me o livro: Shaping History through Prayer and Fasting, de
Derek Prince.
Se você me perguntasse por que estou escrevendo este livro, possivelmente
esta é a história que eu contaria. Ao longo dos anos, a Palavra do Senhor tem
me sacudido, dizendo que dias como esses chegariam. Tenho certeza de que fui
chamado para iniciar um jejum que precipitará a chuva serôdia. Enquanto
escrevo, tenho uma sensação pungente de que o tempo é agora. A balança da
História pode estar dependendo de nossa resposta. Digo isso porque o profeta
Zacarias declarou: “Peça ao Senhor chuva de primavera” (10.1a). Se é tempo de
chuva, por que se preocupar em pedir? Porque você deseja que as nuvens estejam
repletas de chuva! As pessoas costumam acusar de presunçosos aqueles que
apoiam o poder da oração, talvez querendo dizer que não necessitam nem um
pouco de nós. Creio exatamente no oposto, que é presunção não fazer caso do
padrão claro da Escritura. Se você sabe que o tempo de chuva chegou, não põe
Deus à prova desprezando os tempos; você permite que os tempos determinem
sua intercessão. Necessitamos de chuva? Sim. É tempo de chuva? Sim. Então,
ore por chuva!
Conforme vimos no capítulo 8, quando Daniel percebeu que o auge dos 70
anos do exílio na Babilônia estava terminando, ele não se alegrou com o
momento. Tomou a decisão de jejuar e orar, para ver o fim do exílio. De acordo
com Prince,
O cânon da História
Disseram a respeito de Churchill: “Ele usou a História como um cânon para
colocar o rugido de volta no leão da Inglaterra”. Ao longo deste livro, estou
tentando usar a história — antiga, pessoal e contemporânea — para colocar o
rugido de volta na alma da Igreja global. Gostaria de revisar rapidamente os três
eventos principais que se seguiram ao jejum nacional de Bright:
Notas do Capítulo 11
Nota 1 - Chavda, O poder secreto da oração e do jejum, p. 26. [Voltar]
Nota 3 - Além disso, 70 é um número determinante para Israel (v. Números 11.16-25) e o número das
nações gentias registrado em Gênesis 10. [Voltar]
Nota 6 - Embora um poderoso movimento do Espírito Santo tenha irrompido em fevereiro de 1948,
foi precedido por meses de jejum com início em outubro de 1947, quando cerca de 70 alunos da escola
bíblica se reuniram no Canadá para jejuar e orar por um período prolongado. Esse jejum estendeu-se
até fevereiro e foi considerado o início do movimento Chuva Serôdia. [Voltar]
É fácil desistir dos sonhos […]. A única maneira de fracassar é se você parar
de orar. A oração é uma proposição cujo resultado é garantido. […]
Lembra-se do que Elias fez enquanto orava por chuva? Ele enviou seu servo
para olhar na direção do mar. Por quê? Porque esperava uma resposta.
Ele não se limitou a orar; agiu de acordo com suas expectativas santas
olhando em direção ao mar.[Nota 3]
De acordo com Batterson, não se limite a orar como Elias; aja como Elias.
Ajoelhe-se e olhe na direção do mar. No mesmo espírito de expectativa, quero
voltar ao que eu disse logo no início deste livro: a História movimenta-se em
círculos. Se pudermos traçar um círculo com oração, vamos então traçar um
círculo tão grande quanto o globo terrestre.
Há muitas coisas boas pelas quais orar. Mas, quando nos referimos ao
movimento Jesus, quero trazer um foco bíblico a laser para que haja uma
compreensão pura dessa expressão. Muitos cristãos de várias crenças e segmentos
denominacionais poderão discordar disto ou daquilo. Alguns torcerão o nariz
para o movimento Jesus da década de 1970. Outros verão o avivamento de
formas diferentes — estádios, curas, salvações, reforma cultural ou encontros
poderosos.
O movimento Jesus deve ser algo no qual todos os cristãos se alegram. Deve
promover união, não divisão. Para isso, desejo arregimentar as pessoas em torno
daquilo com o qual todos os cristãos concordam: a Grande Comissão.
Proponho seis áreas de aplicação pessoal para cumprir a Grande Comissão.
Tenho dito o tempo todo que este não é um livro para ser lido; é um chamado
para ser respondido. Este é o momento da resposta. Se você chegou a este ponto,
estou certo de que será atraído por um ou mais destes, portanto vamos examiná-
los rapidamente e combinar pontos específicos de oração que o ajudarão a focar
em seu jejum prolongado. Há muitas outras estratégias, encorajamentos e
conexões em nosso site (TheJesusFast.com).
Para cumprir a Grande Comissão, sugiro os seguintes pontos focais para um
acordo sobre a oração e o jejum:
Ore assim: Pai, envia toda graça necessária para que todos os teus filhos e filhas
sejam um, assim como tu e o teu Filho são um. Realiza uma obra em meu coração.
Muda-me. Une meu coração aos irmãos e irmãs que te amam, mas que são diferentes
de mim, para que o mundo saiba quem tu és, pelo fato de demonstrarmos o poder
vitorioso e unificador de teu grande amor. Cura a divisão racial e promove uma união
verdadeira em tua Igreja.
Ore assim: Pai celestial, João prometeu que teu Filho batizaria na terra no poder do
Espírito Santo e com fogo. Deus, envia a unção mais poderosa do Espírito Santo para
destruir toda a força demoníaca, envia, o favor do Senhor, cura os abatidos de coração
e apressa a colheita de almas para o Cordeiro.
Ore assim: Deus, apresento diante de ti [especifique os nomes]. Atrai-os para teu
coração com as cordas do amor divino que são mais fortes que a rebeldia deles. Que a
luz resplandecente de Cristo penetre a escuridão em que vivem. Liberta-os das mentiras
que os amarram. Derrama graça abundante sobre eles e revela Jesus. Não lhes dês
descanso enquanto não forem salvos.
Ore assim: Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, lembra-te da tua aliança. Lembra-te
da tua promessa. Lembra-te do teu povo. Salva Israel e traz paz a Jerusalém.
Notas do Capítulo 12
Nota 1 - Para ver um gráfico com estimativas históricas e futuras da população mundial, visite:
worldometers.info/world-population. [Voltar]
Nota 2 - Pessoas que adotam uma tecnologia, produto ou serviço antes das outras. [N. do T.] [Voltar]
Nota 4 - Grubb, Norman. Rees Howells, Intercessor. Cambridge, United Kingdom: Lutterworth Press,
2013. p. 149. [Intercessor. Belo Horizonte: Betânia, 2003.] [Voltar]
12. Após o jejum, alimente-se durante alguns dias com suco de fruta e/ou
sopas leves.
Em um jejum à base de sucos leves ou água, o aparelho digestivo deixa de
funcionar. Pode ser perigoso comer muito logo depois de terminar o
jejum. Alimente-se aos poucos ingerindo sucos diluídos de frutas não
ácidas e, depois, passe para sucos comuns acompanhados de frutas e
vegetais. Quando terminei um de meus primeiros jejuns à base de água,
comi demais e muito rápido e quase fui hospitalizado. Tome cuidado!
Estratégia de oração
Como
O que
Notas da apêndice
Nota 1 - Aquele que não bebe qualquer tipo de café e está sempre em busca da xícara de café perfeita.
[N. do T.] [Voltar]