SNC Manual Formador

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1.

AS EMPRESAS E OS PROFISSIONAIS DE CONTABILIDADE

1.1 - Conceitos

Empresa
É um conjunto organizado de meios materiais e humanos virados para a produção de
bens e prestação de serviços.
A sua constituição, salvo raras excepções, é sempre por tempo indeterminado. Apesar
disso podemos considerar que qualquer empresa tem um ciclo de vida limitado e que
normalmente se divide em três fases (Institucional, Funcionamento e Liquidação).

Contabilidade
A Contabilidade nasceu da necessidade de determinar, de forma rigorosa e sistemática,
o Resultado dos Negócios.

É um sistema de informação que consiste na recolha, classificação, interpretação e


exposição de dados económicos, utilizando uma técnica de registo e de representação
de todas as transformações sofridas pelo património de qualquer entidade económica
durante o exercício económico, de forma a proporcionar informações para os diversos
stakeholders /utilizadores das informações contabilísticas, nomeadamente: gestores,
credores e estado.

Funções da Contabilidade:
· Registo: a contabilidade regista todos os factos patrimoniais.
· Controlo: a situação económica e financeira da empresa.
· Avaliação: avalia os bens que estão na empresa e toda a sua actividade.
· Previsão: faz previsões para o futuro da empresa.
· Análise: analisa todos os registos da empresa de forma a tomar decisões mais
fundamentais (curto/médio/longo prazo).

Os factos contabilísticos são processados com a finalidade de fornecer, aos vários


utilizadores (internos ou externos), informação de natureza financeira, sob a forma de
demonstrações financeiras (tais como o Balanço e a Demonstração de Resultados), e
que lhes permita apoiar a tomada de decisões.

UFCD 6214
SISTEMA DE NORMALIZAÇÃO
CONTABILÍSTICA
TÉCNICO/A DE
APOIO À GESTÃO
A contabilidade é a técnica de registo e de representação de todas as transformações
sofridas pelo património de qualquer entidade económica durante o exercício da sua
actividade, de modo a saber, a qualquer momento, a sua composição e o seu valor.

Para facilitar a organização interna da empresa, a Contabilidade dividiu-se em dois


ramos: a Contabilidade Geral e a Contabilidade Analítica.

Contabilidade Geral, Externa ou Financeira:

· Regista as relações externas da empresa, com os bancos, o Estado, os


fornecedores, os clientes, os sócios, ...;
· Compete-lhe apurar os lucros ou prejuízos do ponto de vista fiscal;
· Permite elaborar as contas anuais.

Contabilidade Analítica, Interna ou de Gestão:


· Consiste na atividade desenvolvida dentro da empresa, decorrente do
relacionamento entre os vários sectores da empresa;
· Compete-lhe apurar os resultados e a rendibilidade de cada departamento da
empresa;
· Determina os custos de produção, nos diferentes estádios do processo
produtivo.
1.2 – Os profissionais de contabilidade

Os profissionais de contabilidade, sejam de formação académica (Contabilistas Certificados


(CC)), ou de cursos técnicos (Técnicos de Contabilidade), têm um papel fundamental e de
extrema importância no seio empresarial.

Neste sentido, importa salientar que as possibilidade de trabalho desses profissionais são
bastante alargadas, visto que a contabilidade está presente em todas as entidades económicas
e é lhes imprescindível.

Sendo este um curso de Técnico de Apoio à Gestão, e tendo formação na área da


contabilidade, permite a obtenção de trabalho em:
- Gabinetes de Contabilidade, Fiscalidade e Auditoria;
- Departamentos ou Secções de Contabilidade e Administrativa em empresas Públicas
ou Privadas;
- Atendimento e recepção de clientes e fornecedores no âmbito empresarial.
1. ORGANIZAÇÃO FORMAL DO SISTEMA DE NORMALIZAÇÃO
CONTABILÍSTICA

1.1 – Conceitos e Organização

Normalização Contabilística
O modelo de normalização contabilística, que está em vigor, sucede ao Plano Oficial de
Contabilidade (POC) e é designado por Sistema de Normalização Contabilística
(SNC). Consiste num conjunto de normas coerentes com as normas internacionais de
contabilidade na União Europeia.

· Aprovado pelo Decreto-Lei n.º 158/2009 de 13 de Julho com entrada em vigor


dia 1 de Janeiro de 2010 è Revogou o POC (Plano Oficial de Contabilidade)
· Alterado e actualizado pelo Decreto-Lei n.º 98/2015 de 2 de Junho

É um conjunto de princípios e critérios que devem ser seguidos pelas unidades


económicas, com vista á:
· Elaboração de um quadro de contas e respectiva nomenclatura;
· Definição do conteúdo, regras de movimentação e relações entre as contas;
· Concepção de modelos de mapas para as demonstrações financeiras;
· Definição de regras uniformes sobre mensuração dos elementos patrimoniais e
determinação dos resultados de cada período;
· Princípios contabilísticos e critérios valorimétricos.

O Objectivo da Normalização Contabilística é permitir e assegurar a Comparabilidade. Em duas


perspectivas: no tempo, ou seja, adopção dos mesmos procedimentos pela entidade ao longo
dos vários exercícios económicos e no espaço, isto é, utilização pelas diversas entidades dos
mesmos métodos, terminologias e princípios/regras.
2.2 - Organização do SNC

SNC

Empresas dos sectores Pequenas Microentidades Entidades do sector


não financeiros Entidades não lucrativo

NCRF NCRF - PE NC - ME NCRF - ESNL

Sendo assim, o SNC é composto pelos seguintes instrumentos:


- Bases para a Apresentação de Demonstrações Financeiras (BADF);
- Modelos de Demonstrações Financeiras (MDF)
- Código de Contas (CC)
- Norma Contabilística e de Relato Financeiro (NCRF);
- Norma Contabilística e de Relato Financeiro para pequenas entidades (NCRF-PE);
- Norma contabilística e de relato financeiro para entidades do setor não lucrativo (NCRF-
ESNL);
- Norma contabilística para microentidades (NC-ME);
- Normas interpretativas (NI).

Todos estes instrumentos estão subordinados a uma única Estrutura Conceptual e permitem
garantir a comparabilidade nas decisões de investimento em diferentes mercados, sendo essa
comparabilidade sustentada por normas de reconhecimento, mensuração, apresentação e de
relato comuns a todas as empresas (nacionais, europeias e internacionais que adoptem as
normas internacionais de contabilidade.

O SNC tem como núcleo as Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro baseadas nas
Normas Internacionais de Contabilidade (NIC), que foram desenvolvidas com o objectivo de
comunicação com os mercados de capitais, enquanto o POC foi não só, mas peculiarmente,
desenvolvido para tratar as exigências fiscais.
Com a adopção do SNC, as regras contabilísticas portuguesas aproximam-se às Normas
Internacionais de Contabilidade que determinam os procedimentos a adoptar em matéria de
reconhecimento, mensuração, apresentação e divulgação das contas das empresas –
Normas Contabilísticas de Relato Financeiro (NCRF).

No entanto, é um modelo no qual se atende às diferentes necessidades de relato financeiro,


pelo que foi criado uma norma destinada a entidades de pequena dimensão (NCRF-PE), com
necessidades de relato mais reduzido.

Nos termos do DL n.º 98/2015, o SNC é de aplicação obrigatória às seguintes entidades:

· Entidades abrangidas pelo Código das Sociedades Comerciais;


· Cooperativas;
· Entidades do setor não lucrativo (ESNL).

Exceções:
· Entidades cujos cujos valores mobiliários estejam admitidos à negociação num
mercado regulamentado;
· Entidades que estejam sujeitas à supervisão do Banco de Portugal (a banca) e do
Instituto de Seguros de Portugal (atividade das companhias de seguros).
2.3 - Bases para Apresentação das Demonstrações Financeiras (DF):

As bases de apresentação para as demonstrações financeiras estabelecem os requisitos


gerais que permitem assegurar a comparabilidade quer com a informação de períodos
anteriores da entidade quer com entidades de empresas do mesmo sector de actividade.

As DF gerais são as que se destinam satisfazer as necessidades de todos os utentes que se


relacionam com a entidade. Através da representação da posição financeira da entidade, e do
desempenho financeiro da entidade.
Objetivo: Gerar informação útil a uma vasta gama de utentes nas tomadas de decisões
económicas.

As Demonstrações Financeiras apresentam informação acerca dos seguintes elementos:


· Ativo
· Passivo
· Capital Próprio
· Rendimentos (réditos ou ganhos)
· Gastos (ou perdas)

Um conjunto completo de Demonstrações Financeiras, inclui:


· Balanço;
· Demonstração dos Resultados por Natureza/por Funções (é facultativa);
· Demonstração das Alterações no Capital Próprio;
· Demonstração dos Fluxos de Caixa;
· Anexo.

O SNC estipula seis Bases para Apresentação de Demonstrações Financeiras (BADF):

1. Continuidade:
As D.F. devem ser preparadas no pressuposto de que a empresa é uma entidade em
continuidade; significa que não existem dúvidas significativas de que a entidade continuará a
operar no futuro previsível.

2. Regime de acréscimo (periodização económica):


Significa que os efeitos das transacções e de outros acontecimentos são reconhecidos e
relatados nas DF quando ocorrem e não quando o dinheiro ou o seu equivalente é recebido ou
pago.
A excepção é a Demonstração dos Fluxos de Caixa, que é preparada de acordo com o regime
de caixa (entradas e saídas de dinheiro e seus equivalentes).

3. Consistência de apresentação:
A apresentação e a classificação de itens nas DF devem ser mantidas de um período para
outro. Salvo se uma NCRF apresente uma alteração à apresentação já estabelecida.

4. Materialidade e agregação:
As quantias devem ser apresentadas de forma agregada, ou desagregada, por linhas de itens
(rubricas), na face das DF ou das notas do Anexo, de acordo com o conceito de materialidade,
um dos requisitos da relevância da informação. A regra é a agregação, efectuada para itens de
natureza ou função semelhantes.

5. Compensação:
Significa que, regra geral, não deve haver compensação entre activos e passivos e entre
rendimentos e gastos, excepto quando tal for exigido ou permitido por uma NCRF ou quando a
compensação reflicta a substância da operação (válido mais para rendimentos e gastos).

6. Informação comparativa:
Deve ser divulgada informação comparativa, com respeito ao período anterior, para todas as
quantias relatadas nas DF, excepto quando
uma NCRF permita ou exiga a apresentação de outra forma. Aplica-se também à informação
narrativa e descritiva e não só à informação quantitativa.
2.4 – Modelos de Demonstrações Financeiras (MDF):

São publicados por portaria do Ministério das Finanças, os modelos para as seguintes
demonstrações financeiras:
· Balanço;
· Demonstração de resultados (por natureza e por funções);
· Demonstração das alterações de Capital Próprio;
· Demonstração dos fluxos de caixa;
· Anexo.

São ainda publicadas nas portarias do Ministério das Finanças os modelos simplificados das
demonstrações financeiras a utilizar, pelas entidades que adoptam “Normas Contabilísticas
de Relato Financeiro pelas Pequenas Entidades”.

A preparação e apresentação das demonstrações financeiras deverá ter como objetivo


proporcionar informação útil a diferentes entidades externas e internas, as quais necessitarão
de diferente informação para a tomada de decisões.

As entidades que deverão recorrer a estas demonstrações financeiras são os/as:


· Acionistas/Investidores
· Trabalhadores
· Entidades Financeiras
· Fornecedores e Outros Credores
· Clientes
· Governo
· Público

Acionistas- Informação que lhes permita avaliar a capacidade de a empresa pagar dividendos.

Investidores- Informação que os ajude a tomar decisões: O que comprar? O que manter? O
que e quando vender?

Trabalhadores- Informação sobre a estabilidade económico-financeira da empresa.

Entidades Financeiras- Informação que lhes permita avaliar a capacidade de cumprimento


dos pagamentos relativos a empréstimos concedidos.
Fornecedores e Outros Credores- Informação sobre a liquidez e solvabilidade dos seus
clientes.

· Liquidez - o conceito liquidez traduz a capacidade ou facilidade de um determinado


ativo de uma empresa ser transformado em meios líquidos.
· Solvabilidade - Mede a relação entre os capitais próprios e os capitais alheios de uma
sociedade. A solvabilidade de uma instituição será tanto maior quanto maior for o valor
do rácio = Capital próprio/Capital alheio. Um valor muito baixo pode indiciar uma fraca
viabilidade da empresa no futuro, pois significa uma elevada fragilidade económico-
financeira.

Clientes- Informação sobre a continuidade da empresa, principalmente se está em causa a


sua própria continuidade.

Governo- Informação sobre a distribuição de recursos e atividade empresarial. E informação


que permita regulamentar a atividade das empresas e a determinação das políticas de
tributação.

Público- Informação sobre as tendências e desenvolvimento das atividades empresariais.

Os Modelos de Demonstrações Financeiras têm assim como objectivo proporcionar


informações sobre a Posição financeira, o Desempenho e as Alterações na posição financeira
da empresa.

Podemos afirmar ainda que os modelos de demonstrações financeiras servem para facilitar a
compreensão e leitura da situação patrimonial de uma empresa em determinado momento, ao
mesmo tempo que auxiliam e apoiam a direcção da empresa, sócios, accionistas e outros
interessados, na tomada de decisões como na divulgação de informação.

2.4.1 – Balanço:
O Balanço é o mapa da situação patrimonial de uma empresa num determinado momento.

Também se pode dizer que o balanço é a expressão da relação existente entre o Ativo,
Passivo e a Situação Líquida ou o documento que mostra em determinada data a
composição e o valor do património de acordo com determinados objectivos ou a Igualdade
entre dois membros, referida a uma determinada data, referente a uma empresa e que nos
represente o seu património quer em composição quer em valor.

Os bens e os direitos de uma empresa são denominados elementos patrimoniais Ativos e o seu
conjunto constitui a massa patrimonial designada por Ativo (A). É um recurso controlado pela
entidade como resultado de acontecimentos passados e do qual se espera que fluam para a
entidade benefícios económicos futuros.

As obrigações são, também, denominados elementos patrimoniais Passivos e o seu conjunto


constitui a massa patrimonial designada por Passivo (P). É uma obrigação presente da
entidade proveniente de acontecimentos passados, da liquidação da qual se espera que resulte
um exfluxo de recursos da entidade incorporando benefícios económicos.

Situação Líquida (Património ou Capital Próprio) representa aquilo de que a empresa


dispões depois de pagar as suas dívidas, logo:

· Diz-se Situação Líquida Ativa (positiva), quando o valor do Ativo é superior ao valor
do Passivo;
· Diz-se Situação Líquida Nula ( =0 ), quando o valor do Ativo é igual ao valor do
Passivo;
· Diz-se Situação Líquida Passiva (Negativa), quando o valor do Ativo é inferior ao
valor do Passivo.

O SNC prevê 2 Modelos distintos de Balanço:


· Um modelo mais completo para as entidades que apliquem as NCRF;
· Um modelo reduzido para as entidades que apliquem a NCRF-PE.

O Balanço é composto pelos seguintes elementos:

Elemento de identificação - nome da entidade que relata Identificação do balanço individual


ou consolidado (grupo), data do balanço ou o período coberto pelas DF’s, a moeda de relato e
o nível de arredondamento;
Período de relato - o balanço deve ser apresentado pelo menos anualmente.

A apresentação dos elementos no balanço de uma entidade é classificada, de forma separada,


como corrente ou não corrente.

As contas do Ativo Não Corrente registam-se no topo do 1º membro do Balanço e são


ordenadas, colocando em 1º lugar as contas que representam os bens que, em princípio,
permanecem mais tempo na empresa.
· A sua natureza é de médio-longo prazo
Inclui: Ativos fixos tangíveis, Ativos fixos intangíveis, Propriedades de investimento,
Investimentos financeiros, etc…

O Ativo Corrente, são registados em 2º lugar.


· A sua natureza é de curto prazo:
- Espera-se que seja realizado, ou pretende-se que seja vendido ou consumido no decurso
normal do ciclo operacional da entidade, num período até 12 meses após a data do Balanço;
- Sejam detidos essencialmente com a finalidade de serem negociados.
Inclui: Inventários (stocks), Dívidas de Clientes, do Estado e outros, Disponibilidades, etc…

As contas da Situação Líquida (Capital Próprio) são as primeiras a ser discriminadas no lado
direito do balanço, ordenadas pela formação histórica dos seus valores.
Inclui: Capital Subscrito, Reservas Legais, Outras Reservas e Resultados Transitados.

As contas do Passivo registam-se a seguir às da Situação Líquida, por ordem decrescente de


exigibilidade, ou seja, as contas que representam as dívidas a liquidar com maior urgência são
descritas em último lugar.

Passivo não corrente: O prazo original das dívidas tenha sido por um período superior a 12
meses. Inclui: Financiamentos obtidos de médio-longo prazo, etc.

Passivo corrente: Espera-se que as dívidas sejam liquidadas durante o ciclo operacional da
entidade, até 12 meses após a data do balanço. Inclui: Fornecedores, Estado e outros entes
públicos, Financiamentos obtidos até 12 meses, outras contas a pagar, etc…

Exemplo de Balanço (por preencher):


2.4.2 – Demonstração de Resultados:

A Demonstração de Resultados é um mapa contabilístico em que são expressos todos os


gastos que uma empresa suporta durante um ano para prosseguir a sua atividade, bem como
os rendimentos que obtém com a venda da sua produção.

· Rendimentos:
São aumentos nos benefícios económicos durante o período contabilístico na forma de influxos
ou aumentos de ativos ou diminuições de passivos que resultem em aumentos no capital
próprio, que não sejam os relacionados com as contribuições dos participantes no capital
próprio. São os réditos e ganhos de uma actividade.

- Réditos
Provêm do decurso das actividades correntes (ou ordinárias) de uma entidade sendo referidos
por uma variedade de nomes diferentes incluindo vendas, honorários, juros, dividendos,
royalties e rendas.
- Ganhos
Representam outros itens que satisfaçam a definição de rendimentos e podem, ou não, provir
do decurso das actividades correntes (ou ordinárias) de uma entidade.

· Gastos:
São diminuições nos benefícios económicos durante o período contabilístico na forma de
exfluxos ou deperecimentos/diminuição de activos ou na aumentos/incoerência de passivos
que resultem em diminuições do capital próprio, que não sejam as relacionadas com
distribuições aos participantes no capital próprio. São as perdas e outros gastos de uma
actividade.

- Perdas
Outros itens que satisfaçam a definição de gastos e podem, ou não, surgir no decurso das
actividades ordinárias da entidade.
- Outros gastos
Gastos que resultam do decurso das actividades correntes (ou ordinárias) da entidade (ex.
custo das vendas, salários e depreciações). Tomam geralmente a forma de um exfluxo ou
deperecimentos de activos tais como dinheiro e seus equivalentes, existências e activos fixos
tangíveis.
Consoante a forma como esses gastos e rendimentos são classificados, uma demonstração de
resultados pode ser por natureza ou por funções.

No primeiro caso, são agrupados pela sua própria natureza (custos das mercadorias vendidas,
gastos com o pessoal, impostos, vendas, subsídios, outros gastos e perdas, etc.). Uma
demonstração de resultados deste tipo permite, através de uma operação simples de final de
exercício, determinar o resultado líquido desse exercício (lucro ou prejuízo apurado). É uma
demonstração de elaboração obrigatória na apresentação de contas anual.

- O Resultado de uma empresa é apurado na Demonstração dos Resultados (por Natureza);


- É um mapa composto pelos gastos suportados pela empresa e pelos rendimentos obtidos
num dado período.

Já no caso da demonstração de resultados por funções, a agregação dos valores é efetuada


tendo em conta a função da empresa que originou os gastos e os rendimentos: teremos então,
entre outros, gastos de distribuição, administrativos, financeiros, proveitos financeiros ou
extraordinários.

Exemplo de Demonstração de Resultados por natureza (por preencher):


2. CÓDIGO DE CONTAS (CC)
O Código de Contas (aprovado pela Portaria n.º 218/2015, de 27 de Julho) é composto
por várias contas, que resumidamente se sintetiza, citando apenas as principais.
- 1 Meios Financeiros Líquidos
- 2 Contas a Receber e a Pagar
- 3 Inventários e Ativos Biológicos
- 4 Investimentos
- 5 Capital, Reservas e Resultados Transitados
- 6 Gastos
- 7 Rendimentos
- 8 Resultados

Conta: Conjunto de elementos patrimoniais idênticos, mensurados a um determinado valor.

CLASSE 1 - Meios Financeiros Líquidos

Esta classe destina -se a registar os meios financeiros líquidos, que incluem quer o dinheiro e
depósitos bancários, quer todos os activos ou passivos financeiros mensurados ao justo valor,
cujas alterações sejam reconhecidas na Demonstração de Resultados.

CLASSE 2 - Contas a Receber e a Pagar

Esta classe destina-se a registar as operações relacionadas com clientes, fornecedores,


pessoal, Estado e outros entes públicos, financiadores, accionistas, bem como outras
operações com terceiros que não tenham cabimento nas contas anteriores ou noutras classes
específicas.
Incluem -se ainda nesta classe os diferimentos (para permitir o registo dos gastos e dos
rendimentos nos períodos a que respeitam) e as provisões.

· 21 - Clientes
Regista os movimentos com os compradores de mercadorias, de produtos e de serviços.

· 22 - Fornecedores
Regista os movimentos com os vendedores de bens e de serviços, com exceção dos
destinados aos investimentos da entidade.

· 231 - Remunerações a pagar


O movimento desta conta insere-se pelo processamento dos ordenados, salários e outras
remunerações e pelos pagamentos ao pessoal.

· 24 - Estado e outros entes públicos


Nesta conta registam -se as relações com o Estado, Autarquias Locais e outros entes públicos
que tenham características de impostos e taxas.

· 241 - Imposto sobre o rendimento


Esta conta é debitada pelos pagamentos efetuados e pelas retenções na fonte a que alguns
dos rendimentos da entidade estiverem sujeitos.
No fim do período será calculada, com base na matéria coletável estimada, a quantia do
respetivo imposto, a qual se registará a crédito desta conta.

· 242 - Retenção de impostos sobre rendimentos


Esta conta movimenta a crédito o imposto que tenha sido retido na fonte relativamente a
rendimentos pagos a sujeitos passivos de IRC ou de IRS, podendo ser subdividida de acordo
com a natureza dos rendimentos.

· 243 - Imposto sobre o valor acrescentado (IVA)


Esta conta destina -se a registar as situações decorrentes da aplicação do Código do Imposto
sobre o Valor Acrescentado.

· 245 – Contribuições para a Segurança Social (SS)


Esta conta é movimentada pelos pagamentos efetuados à Segurança Social e desconto no
processamento de salários.

· 25 – Financiamentos Obtidos
Regista os empréstimos efectuados em Instituições de crédito e sociedades financeiras, e por
participantes de capital.

· 26 – Accionistas/Sócios
Esta conta regista a entrada de capital social, resultados atribuídos e lucros disponíveis.

· 27 – Outras Contas a Receber e a Pagar


Regista os movimentos com vendedores de bens e serviços com destino aos investimentos da
entidade, na conta 271. E a conta 272 regista a contrapartida dos rendimentos e dos gastos
que devam ser reconhecidos no próprio período, ainda que não tenham documentação
vinculativa, cuja receita ou despesa só venha a ocorrer em período ou períodos posteriores.

· 28 - Diferimentos
Compreende os gastos e os rendimentos que devam ser reconhecidos nos períodos seguintes.

· 29 - Provisões
Esta conta serve para registar as responsabilidades cuja natureza esteja claramente definida e
que à data do balanço sejam de ocorrência provável ou certa, mas incertas quanto ao seu valor
ou data de ocorrência.

CLASSE 3 - Inventários e Activos Biológicos

Esta classe inclui os inventários:


• Detidos para venda no decurso da atividade empresarial;
• No processo de produção para essa venda; ou
• Na forma de materiais consumíveis a serem aplicados no processo de produção ou na
prestação de serviços.
Integra, também, os activos biológicos (animais e plantas vivos), no âmbito da actividade
agrícola, quer consumíveis no decurso do ciclo normal da actividade, quer de produção ou
regeneração. Os produtos agrícolas colhidos são incluídos nas apropriadas contas de
Inventários.

CLASSE 4 – Investimentos

Esta classe inclui os bens detidos com continuidade ou permanência e que não se destinem a
ser vendidos ou transformados no decurso normal das operações da entidade, quer sejam de
sua propriedade, quer estejam em regime de locação financeira.
Compreende os investimentos financeiros, as propriedades de investimento, os activos fixos
tangíveis, os activos intangíveis, os investimentos em curso e os activos não correntes detidos
para venda.

CLASSE 5 - Capital, Reservas e Resultados Transitados

Esta conta evidencia o capital subscrito, devendo ser deduzido, para efeitos de elaboração do
Balanço, o eventual saldo da conta 261 — Accionistas c/subscrição ou 262 — Quotas não
liberadas.
CLASSE 6 - Gastos
Esta classe inclui os gastos respeitantes ao período.

· 61 – Custo das Mercadorias Vendidas e das Matérias Consumidas (CMVMC)


Regista o CMVMC = Existência Inicial + Compras +/- Regularização de Existências –
Existência Final.

· 62 – Fornecimento e Serviços Externos


Esta conta regista os vários gastos da entidade, no que respeita à subcontratação, a serviços
especializados, a materiais, energia e fluidos, deslocações, estadas e transportes e serviços
diversos.

· 63 – Gastos com Pessoal


Esta conta regista os gastos com remunerações dos órgãos socias e pessoal, indeminizações,
encargos sobre remunerações e seguros de acidentes no trabalho e doenças profissionais.

· 64 – Gastos de Depreciação e de Amortização


Esta conta regista o desgaste dos ativos ao longo da sua vida útil.

· 68 – Outros Gastos e Perdas


Registam-se na conta 781 – Impostos, e na conta 682 – Descontos de pronto pagamento
concedidos.

· 69 – Gastos e Perdas de Financiamento


Registam-se na conta 691 – Juros Suportados por financiamentos obtidos.
CLASSE 7 - Rendimentos
Inclui os rendimentos respeitantes ao período.

· 71 - Vendas
As vendas devem ser deduzidas do IVA e de outros impostos e incidências nos casos em que
nela estejam incluídos.

· 72 - Prestações de serviços
Esta conta respeita aos trabalhos e serviços prestados que sejam próprios dos objetivos ou
finalidades principais da entidade. Poderá integrar os materiais aplicados, no caso de estes não
serem faturados separadamente.

· 75 - Subsídios à exploração
Registam-se nesta conta os subsídios das entidades públicas e os subsídios, doações e
legados dos instituidores/fundadores da entidade destinados à exploração.

· 78 – Outros Rendimentos e Ganhos


Registam-se na conta 781 – Rendimentos Suplementares, e na conta 782 – Descontos de
pronto pagamento obtidos.

· 79 – Juros, Dividendos e Outros Rendimentos Similares


Registam-se na conta 791 – Juros Obtidos de depósitos bancários, e na conta 792 –
Dividendos obtidos.

CLASSE 8 - Resultados
Esta classe destina -se a apurar o resultado líquido do período.
Nas ESNL poderá ser conveniente obter um desdobramento do resultado líquido do período
por projetos, por valências, por atividades, etc.

· 811 - Resultado antes de impostos


Destina-se a concentrar, no fim do período, os gastos e rendimentos registados,
respetivamente, nas contas das classes 6 e 7.

· 8121 - Imposto estimado para o período


Considera-se nesta conta a quantia estimada para o imposto que incidirá sobre os resultados
corrigidos para efeitos fiscais, por contrapartida da conta 241 — Estado e outros entes públicos
— Imposto sobre o rendimento.

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