Corredorcultural Macedo 2019 Volume Escrito
Corredorcultural Macedo 2019 Volume Escrito
Corredorcultural Macedo 2019 Volume Escrito
Mulher potiguar
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO
Natal/RN
2019
CARLIANDRA DE ARAÚJO DANTAS DE MACÊDO
Natal/RN
2019
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Dr. Marcelo Bezerra de Melo
Tinôco - DARQ - -CT
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________________
Hélio Takashi Maciel de Farias
Orientador
_____________________________________________________
Eunádia Silva Cavalcante
Convidado Interno
_____________________________________________________
Ana Gabrielle Carvalho
Convidado Externo
Natal/RN
2019
À minha mãe, minha primeira referência feminista,
ao meu pai e meu irmão. Obrigada pelo amor
incondicional, apoio e por sempre respeitar as minhas
escolhas.
Quadro 01: Princípios para espaços seguros, segundo Jacobs (2000). .............. 28
Quadro 02: Recomendações contidas no Manual Espaços Urbanos Seguros. . 31
Quadro 03: Quadro resumo dos princípios para uma arquitetura de gênero. .. 35
Quadro 04: Quadro resumo dos princípios e diretrizes para centros culturais. .. 42
Quadro 05: Quadro resumo das referências arquitetônicas. .............................. 67
Quadro 06: Prescrições urbanísticas adotadas ..................................................... 81
Quadro 07: Programa de necessidade e pré-dimensionamento ....................... 86
Quadro 08: Prescrições urbanísticas da proposta ................................................ 98
Quadro 09: Decisões projetuais voltadas para a criação de espaços à luz de
gênero. .................................................................................................................... 104
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
Women represents the largest portion of Brazilian society. However due to the
different social roles adopted by men and women they are invisible in the public
space, whether it has a political or urban meaning. The absence of spaces that
materialize and publicize women's struggles, contributions and advances
ultimately reinforces their anonymity as a social category in history. In
contemporary projects of urban public spaces, there is an attempt to reverse this
situation and, although not yet sufficient, the variable "sex" has been introduced
in the field of architecture and urbanism, enabling the creation of environments
that consider the particularities of the female experience. Realizing the lack of
spaces dedicated to women’s struggles and achievements, as well as a design
taking into account their needs, this work consists of creating the developed
design of a cultural project to house the socio-cultural and historical heritage of
women under a gender perspective. Considering that this type of cultural use is
usually installed in the city centers, in a belief in conservation of historical
heritage, and the fact that the historical centers have a relatively consolidated
urban structure, it was decided to install it in the Ribeira neighborhood, Natal, RN.
Thus, this work aims to develop a draft proposal for a Center for Culture, Memory
and Women's Studies in an area of historical-heritage value in light of the gender
perspective. To this end, we sought to understand the impact of gender relations
on the use of space by women; gather the legal and physical functional
attributes of Ribeira bringing vitality and diversity to the neighborhood; and
identify the particulars of the necessary program and spatial constraints of
cultural equipment.
Introdução ............................................................................................................ 16
1.Referencial teórico-conceitual...................................................................... 20
17
Diante deste incômodo e percebendo a carência de espaços
dedicados às lutas e conquistas das mulheres, este trabalho consiste na
elaboração do anteprojeto arquitetônico de um equipamento cultural para
abrigar o patrimônio sociocultural e histórico feminino potiguar projetado sob a
perspectiva de gênero.
Vale salientar que o olhar de gênero a ser tratado parte do princípio que
homens e mulheres vivem os espaços de maneiras diferentes em decorrência
do papel social a eles atribuídos, e por isso deve haver uma preocupação em
incorporar as necessidades de todos no projeto. Logo, a perspectiva de gênero
assume uma responsabilidade para com o usuário, não que arquitetos homens
e mulheres tenham, necessariamente, diferenças formais na maneira como
criam espaços. Sendo assim, a perspectiva gênero neste trabalho é resultado
de uma reflexão crítica sobre como as mulheres ocupam o espaço e a
consideração de suas necessidades sociais, políticas e ambientais.
18
conceitos estudados – a Biblioteca das Mulheres de Glasgow, Centro para Arte
Contemporânea Chinesa, Paseo de La Brecha e a Plaza del Torico.O terceiro
capítulo apresenta as condicionantes físicas, ambientais, legais e técnicas do
projeto, assim como o programa de necessidades e o seu pré-
dimensionamento. Já o último capítulo se inicia a discussão do conceito que
norteou o processo projetual e sua espacialização no projeto, o partido; em
seguida apresenta a proposta final, junto com a evolução formal e o memorial
descritivo do projeto.
19
1. Referencial teórico-conceitual
A relação entre patrimônio histórico edificado e memória coletiva, assim
como o papel dos centros de cultura na preservação desses bens materiais e
imateriais, são temas amplamente discutidos na literatura orientada à
intervenção patrimonial. Porém, o recorte de gênero no estudo dessas relações
é relativamente novo e, por isso, só recentemente a invisibilidade das mulheres
na história e nos espaços públicos começou a ser questionada. Logo, as
reflexões acerca desse tema têm muito a serem exploradas.
O gênero, de acordo com Gayle Rubin (2017, p.11) pode ser entendido
como “os arranjos por meio dos quais uma sociedade transforma a sexualidade
biológica em produto da atividade humana”, ou seja, o conjunto de regras
conforme as quais as sociedades convertem as diferenças biológica dos sexos
em normas sociais; esta definição está contida no livro “O tráfico de mulheres,
notas sobre a economia política do sexo”2, um dos estudos pioneiros sobre
1 Vale salientar que as mulheres transsexuais podem não estar contempladas neste estudo devido
às particularidades de sua vivência e preconceitos enfrentados que não são compartilhados com
outros grupos de mulheres, como as mulheres cisgênero.
2 The Traffic in Women: Notes on the "Political Economy" of Sex.
21
gênero e sexualidade que trouxe notoriedade para o conceito. Ainda segundo
Rubin (2017) o sistema de sexo/gênero é neutro, podendo ser atribuído tanto ao
feminino quanto ao masculino, não presumindo relação hierárquica entre eles.
Este conceito com caráter neutro, que não imprime hierarquia ou aponta
a direção do vetor da desigualdade, não foi apropriado, no entanto, sendo
“gênero” utilizado frequentemente como substituto da palavra mulher. Porém,
é importante destacar, que segundo Heleieth Saffioti (2011), Rubin permitiu,
ainda que teoricamente, uma alternativa ao patriarcado, regime da
dominação-exploração das mulheres pelos homens, ao admitir que a
desigualdade de gênero na relação homem-mulher não é dada, mas pode ser
construída, e o é, com frequência.
22
para este campo de conhecimento nasce da oposição entre o público e o
privado e está sob regulamentação estatal, segundo Jordi Borja (1998).
23
produzindo uma distribuição desigual de poder, autoridade e prestígio (HIRATA;
KERGOAT, 2007). Por isso, as mulheres estão condenadas a uma posição inferior
na sociedade, sendo limitadas, sob esta perspectiva, à sua capacidade
reprodutiva e ao papel de cuidadora, reduzindo suas atividades à esfera
privada, sustentando a ideia de homem/espaço público x mulher/espaço
privado.
24
Figura 01: Esquema evidenciando a diferença dos padrões de viagem entre homens e
mulheres.3
3 Esta imagem faz parte relatório intitulado “O acesso de mulheres e crianças à cidade” publicado
em janeiro de 2018, desenvolvido pelo Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento - ITDP
em Recife/PE.
4 Assassinatos e assaltos são algumas das principais formas de violência urbana.
25
mulheres”5, ele está relacionado, na maior parte dos casos, à sensação de
vulnerabilidade física em comparação ao homem, temendo, principalmente, a
violência de gênero que se apresenta geralmente em forma de violência
sexual, como o assédio sexual e estupro. Ainda segundo a autora, ao passo que
durante o dia as mulheres identificam lugares isolados específicos como
assustadores, elas expressam o medo de todos os espaços durante a noite. Isto
não se deve somente ao fato de à noite a visibilidade ser reduzida e,
consequentemente, aumentar a possibilidade de ataque, mas devido às
mudanças que o espaço público sofre, uma vez que à noite o ambiente passa
a ser dominado por homens, não só numericamente, mas através de um
comportamento agressivo que intimida as mulheres.
26
características espaço-ambientais influenciam no distanciamento feminino do
espaço público, para em seguida abordar aquelas que contribuem para a
apropriação desses lugares.
27
Quadro 01: Princípios para espaços seguros, segundo Jacobs (2000).
28
Figura 02: Quadras curtas como condição para diversidade urbana.
Com base nas suas observações, Newman (1975) concluiu que o motivo
para a sensação de insegurança em Pruitt-Igoe devia-se não somente à
ausência do controle dos espaços coletivos pelos moradores, mas somado a
isto, ao fato dos residentes só preservarem os espaços que eram percebidos
como seus. Aqueles compartilhados com diversas famílias não eram
apropriados e, portanto, acabavam sendo depredados. O autor argumenta,
também, que ruas abertas, de livre trânsito, eram mais propensas à ocorrência
de criminalidade de que as ruas fechadas onde o acesso era mais restrito, isto
se devia ao sentimento de vigilância, pois estranhos ao adentrar nessas ruas
sentiam que suas ações estavam sendo vigiadas e isso inibia o ato criminoso.
29
isolamento, além de colocar os estranhos como inimigos em potencial,
entendimento que vai contra as ideias da Jane Jacobs exploradas
anteriormente.
6Crime Prevention Through Enviromental Design, o termo se tornou mais conhecido por sua sigla
CPTED.
30
público), o espaço de transição (jardins), os limites (referente aos muros dos
lotes) e espaços públicos e elementos urbanos. O quadro a seguir, foi também
desenvolvido em 2004, mas por autoras brasileiras para um documento de
nome homônimo baseado no chileno que apresenta alguns dos problemas
encontrados no espaço público que podem vir a tornar um espaço inseguro; já
a figura 03, ilustra uma rua dotada de elementos que favorecem a vigilância
natural com áreas de permanência, diversidade de uso e atividades e
manutenção adequada, conforme princípios do CPTED.
Quadro 02: Recomendações contidas no Manual Espaços Urbanos Seguros.
31
Figura 03: Exemplo de rua com o conceito CPTED.
32
suas intenções feministas, geralmente abraçam o campo da teoria e história da
arquitetura (RENDELL, 2002).
33
Diversos (as) desenhistas feministas extraíram inspiração
arquitetônica do corpo feminino, projetando formas
semelhantes a ventre e curvilíneas em vez de torres fálicas,
espaços que focalizam aspectos do cercado (abrigos e prisões),
explorando a relação entre interior e exterior (aberturas,
cavidades e lacunas) (RENDELL, 2002, p. 229).8
Por fim, tendo em vista o que foi discutido, percebe-se que há uma
lacuna quanto à caracterização das práticas arquitetônicas, ao nível da
8 Texto original: “A number of feminist designers have drawn architectural inspiration from the
female body, designing womb-like and curvaceous forms rather than phallic towers, spaces which
focus on aspects of enclosure (shelters and prisons), exploring the relationship between inside and
outside (openings, hollows and gaps)”.
34
edificação principalmente, que relacionem gênero e espaço. É necessário que
o desejo das mulheres de se instituírem como sujeitos no sistema arquitetônico
transborde do âmbito privado e que mais estudos, interpretações e produções
do espaço público sejam feitos através da sua própria perspectiva. Pois,
segundo Lia Antunes (2016), a partir da história do “pessoal” e do “íntimo”, as
mulheres podem estabelecer as estruturas da sua resistência e de permanência
na construção do espaço de tal forma que acabem por traçar uma outra face
da história “oficial” (dos homens).
Quadro 03: Quadro resumo dos princípios para uma arquitetura de gênero.
35
1.2 LUGARES DE MEMÓRIA
36
[...] a memória coletiva tira sua força e sua duração por ter
como base um conjunto de pessoas, são os indivíduos que se
lembram, enquanto integrantes de um grupo. Desta massa de
lembranças comuns, umas apoiadas nas outras, não são as
mesmas que aparecerão com maior intensidade a cada um
deles. De bom grado, diríamos que cada memória individual é
um ponto de vista sobre a memória coletiva, que este ponto de
vista muda segundo o lugar que ali ocupo e que esse mesmo
lugar muda segundo as relações que mantenho com os outros
ambientes (HALBWACHS, 2006, p.69).
37
mulher no Brasil em 1934, Maria do Céu Pereira Fernandes (1910 – 2001). Os
mandatos de Alzira e Maria do Céu foram cassados depois de assumirem, e o
voto de Celina, assim como de outras eleitoras pioneiras daquele momento,
anulados pelo Senado por entender que o termo “cidadãos” compreendia
somente os homens (LIMA, 2018).
38
Dessa forma, propôs-se o anteprojeto de um Centro de Cultura, Memória
e Estudos da Mulher, espaço que tem não apenas a função de expor e
preservar, mas de promover o aprendizado e educação, objetivando o
fortalecimento dos laços de pertencimento e noções de identidade da própria
população - valorizando o patrimônio potiguar e conservando-o para futuras
gerações - tema que será melhor explorado no item a seguir.
39
Isto posto, entende-se centro cultural como um local onde há a
concentração de atividades diversas em prol da cultura e que atuam de formas
interdependentes, simultâneas e multidisciplinares.
Figura 04: (E) Centro Cultural São Paulo; (D) Centro Cultural do Jabaquara.
Fonte: (E) Studio Plano Verde, 2014; (D)Yau; Rocha Filho, 2017.
40
anteriormente explicado no texto; já o segundo campo prevê a circulação de
bens culturais, evitando a conversão desses espaços em locais de somente
lazer, sem a atuação dos três verbos mencionados; já a preservação atua no
resguardo do bem cultural e a manutenção da memória da coletividade
explicada no item anterior. Ainda segundo a autora, a relação desses campos
(criação, circulação e preservação) com os verbos (informar, discutir e criar)
citados, contribuem na compreensão da finalidade e funcionamento dos
centros de cultura.
41
publicado em 2010. Como princípios gerais para o projeto arquitetônico, neste
manual tem-se que: a solução arquitetônica deve sempre priorizar a
funcionalidade dos espaços; as janelas devem ser posicionadas de modo a
evitar o possível extravio de obras e a sua deterioração pela ação do sol, vento
e umidade; o piso deve ser de material resistente e de fácil conservação; e os
ambientes devem ser sempre que possível amplos e flexíveis.
Quadro 04: Quadro resumo dos princípios e diretrizes para centros culturais.
42
1.2.2 Centros Históricos
Os centros históricos são, via de regra, a área mais antiga das cidades e,
segundo a Direção-Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento
Urbano – DGOTDU de Portugal, geralmente coincidem:
43
À escala de um núcleo histórico o processo de reabilitação é
facilitado por já existir todo um conjunto de infraestruturas que
não necessitam de ser novamente introduzidas de raiz, tais como
canalizações, ligações eléctricas, condutas de gás, entre outras,
justificando por vezes apenas alguns melhoramentos. Por outro
lado, a própria conservação e reabilitação dos centros históricos
das cidades para “as modernas procuras de habitação, ou para
funções económicas e sociais”, permite por sua vez “conter o
alargamento dos perímetros urbanos e, por esta via, controlar a
escalada da procura de transportes” e todos os gastos
energéticos a ela associados (HENRIQUES, 2003, p.227).
1.2.3 A Ribeira
44
marítimas de transporte (FIGUEIRA et al., 2018). Com o estabelecimento dessa
zona portuária, a Ribeira que até então era tida como “zona de sítios para
plantação e armazéns” (MIRANDA apud FERRAZ, 2008) se apropriou do título de
“centro da cidade” devido a intensidade e a diversidade de atividades que
passou a concentrar na época (FERRAZ, 2008).
45
Da década de 1990 a atualidade, os esforços do poder público não mais
se concentraram em evitar o esvaziamento urbano, passando a agir na
tentativa de reabilitar a área, sendo desenvolvidos diversos programas, ações e
trabalhos na região. Salienta-se que os instrumentos legais e urbanísticos
desenvolvidos neste período serão discutidos no item de condicionantes legais
contido no capítulo 03 deste trabalho.
46
2. Estudos de referências projetuais
No processo de concepção arquitetônica, o estudo de referências
projetuais cumpre o importante papel de guiar os arquitetos na tomada de
decisões, por meio da análise crítica de projetos existentes que solucionaram de
forma satisfatória e/ou inovadora as necessidades e elementos projetuais que
se assemelham aos da proposta a ser desenvolvida.
da Escócia.
13 Glasgow Institute of Architects Award.
48
biblioteca em museu/galeria, criando novos espaços para sediar grandes
eventos, exibições, palestras e exposições
A partir desse momento a GWL junto a Glasgow Life14 iniciou a busca por
novas instalações adequadas, identificando o prédio da antiga biblioteca
pública na Landressy Street em Bridgeton a melhor opção. A Biblioteca das
Mulheres de Glasgow mudou-se permanentemente suas instalações em 2013
para 23 Landressy Street (Figura 05), após um grande projeto de reforma no valor
de 1,4 milhão de libras que foi concluído em novembro de 2015.
14Glasgow Life é uma instituição de caridade que oferece atividades culturais, esportivas e de
aprendizado em nome do Conselho Municipal de Glasgow.
49
Figura 05: Situação da Biblioteca das Mulheres de Glasgow.
15De acordo com a lei de tombamento da Escócia (Listed Buildings and Conservation Areas -
(Scotland) Act 1997) a categoria B significa que o edifício possui uma importância regional ou
local, um exemplo importante de um estilo ou período particular, que pode ter sido alterado.
50
No exterior da edificação foram realizados, para além da adição de um
novo elevador na porção sul do edifício, somente trabalhos de restauro das
inscrições gravadas, dos detalhes do parapeito e das esculturas em pedra dos
frontões. A instalação do elevador surgiu da união entre a necessidade de uma
circulação vertical acessível para o primeiro andar e a falta de espaço interno
adequado, logo, resolveu-se instalar este novo elemento arquitetônico fora da
caixa volumétrica do edifício, enfatizando-o através do revestimento em aço,
contrapondo o novo com o existente. O revestimento em aço foi cortado de
forma a representar obras literárias existentes no acervo da Biblioteca que foram
carinhosamente escolhidas por seus membros e voluntários.
51
Figura 07: Setorização da Biblioteca das Mulheres de Glasgow.
52
prateleiras com o acervo (figura 09); na administração foram criadas grandes
aberturas de vidro voltadas para o interior da biblioteca, possibilitando uma
aproximação dos usuários com os funcionários, além de ampliar o campo de
visão (figura 10 (E)); e no tocante ao mobiliário, o desenho do balcão da
recepção foi alterado para um design circular e mais aberto - antes o móvel
era ortogonal e robusto, além de desloca-lo para outra parede (figura 10 (D)).
Figura 09: (E) Ambiente de leitura em grupo; (D) Ambiente de leitura individual.
Figura 10: (E) aberturas das salas de administração; (D) Balcão de informação.
53
No primeiro pavimento, encontra-se a sala de reunião/conferência,
cozinha, banheiros e um pequeno espaço de galeria com mesas. Vale salientar
que embora o acesso seja livre, estes ambientes geralmente são frequentados
pelo público durante eventos; e o elevador instalado, citado anteriormente no
texto, buscou garantir acessibilidade a este espaço.
54
2.2 CENTRO PARA ARTE CONTEMPORÂNEA CHINESA – CFCCA
55
As novas instalações do Centro para Arte Contemporânea Chinesa
foram estabelecidas no Edifício Comercial da Thomas Street (Market Buildings)
do antigo Mercado de Peixes no Atacado (Wholesale Fish Market), conjunto de
arquitetura vitoriana tombado grau II20, datados respectivamente de 1877 e
1872, no mesmo bairro de Northern Quarter.
20De acordo com a lei de tombamento da Inglaterra e País de Gales (Planning - Listed Buildings
and Conservation Areas - Act 1990) o grau II significa que há um interesse especial arquitetônico
e/ou histórico pelo edifício que lhe garante a preservação.
56
Figura 13: Edificio Comercial visto da esquina da Salmon St. com a Thomas St.
57
Uma vez dentro da galeria, a presença abundante de luz natural
proveniente da fachada, o pé direito entre 4-5m e o uso de cores claras são
responsáveis por criar uma ambiência moderna no espaço. Em entrevista à
revista The Architect’s Journal (2004), o escritório OMI Architects relatou que os
revestimentos foram escolhidos de modo a evitar o minimalismo encontrado em
muitas galerias de arte contemporânea, fazendo uso de cores, revestimentos e
texturas naturais para avivar as paredes brancas.
58
Na porção frontal da edificação também se encontra a galeria 02,
posicionada no ambiente chanfrado mais próximo da esquina que possui três
faces envidraçadas – durante a visita, a galeria estava com uma exibição de
audiovisual que se mantinha “ligada” durante a noite, despertando a
curiosidade e atraindo o público mesmo nos horários em que a galeria estava
fechada.
Figura 16: (E) Circulação para a Galeria 02; (D) Galeria 02.
21O conceito do “Cubo Branco” surgiu para descrever o espaço da galeria moderna, que
geralmente é um cubo de janelas lacradas, pintado de branco, limpo, livre de toda e qualquer
experiência que não a estética.
59
criado um mezanino acima da área molhada (cozinha e banheiro) para o
dormitório.
60
2.3 PASEO DE LA BRECHA – COLONIA DEL SACRAMENTO, URUGUAI
61
Devido ao tombamento do traçado urbano do Bairro Histórico, após
diversas reuniões com membros da UNESCO, a proposta recebeu a permissão
de remembramento dos lotes para criar uma unidade no projeto - porém
legalmente se mantém duas unidades. Após esse remembramento, nasceu a
proposta criar um caminho visitável, abrindo um espaço semipúblico dentro do
conjunto privado, com entrada e saída por duas ruas objetivando a criação de
um circuito histórico-museológico (RIOS; TEIXEIRA, 2018).
Figura 19: (E) Fachada da Rua Virrey Ceballos; (D) Fachada da Rua Rivadavia.
62
Figura 20: Setorização da planta baixa do pavimento térreo.
Fonte:“Paseo de La Brecha Museum / Frazzi Arquitectos”, 2017, modificado pela autora, 2019.
Figura 21: (E) Vista do Café com fechamento inclinado; (D) Passagem semipública e recorte na
cobertura.
63
2.4 PLAZA DEL TORICO – TERUEL, ESPANHA
64
Tendo em vista o entorno com edificações históricas e a função de ponto
de encontro e de conector de espaços que a praça cumpre, o projeto consistiu
em tornar a área em zona exclusiva para pedestre, mudança de pavimentação
(figura 23) e iluminação pontual de algumas edificações, de modo a projetar o
espaço para o futuro e respeitar as particularidades patrimoniais e espaciais da
área.
Figura 23: Vista da Plaza del Torico à noite.
65
ponto a se destacar é que a tecnologia LED permite a mudança de cores da
luz (figura 24), gerando diferentes texturas e composições a depender da
ocasião, sendo o branco adotado em dias usuais.
Por fim, após análise do projeto percebe-se que o escritório b720 Fermín
Vázquez Arquitectos obteve sucesso na criação de um espaço público atrativo
em área patrimonial sem redirecionar a atenção das edificações, tampouco
descaracterizar as relações de traçado.
66
2.3. QUADRO SÍNTESE DAS REFERÊNCIAS
67
3. CONDICIONANTES projetuais
Neste capítulo, será detalhado o processo de análise dos fatores que
junto ao referencial teórico e projetual anteriormente abordado direcionaram
o desenvolvimento da proposta arquitetônica do Centro de Cultura, Memória e
Estudos da Mulher Potiguar e as diretrizes projetuais adotadas. A princípio, se fez
necessário compreender a edificação/terreno e o seu entorno, bem como a
legislação vigente, além das recomendações e restrições normativas
particulares da área devido ao seu caráter histórico patrimonial; em seguida, as
condicionantes físicas e ambientais do terreno; e por fim, o programa de
necessidades e o pré-dimensionamento dos ambientes necessários.
69
É importante destacar que a Ribeira, embora esteja inserida na Zona
Adensável estabelecida Plano Diretor de Natal (PDN/2007), apresenta uma taxa
de densidade demográfica estimada de 24,04 (habitantes por hectares) e
crescimento estimado de 0,52% no período 2000 - 2016, ambas inferiores aos
mesmos parâmetros estimados para o município (densidade demográfica 52,08
habitantes por hectare e taxa de crescimento municipal: 1,31%) (SEMURB, 2017).
70
Figura 26: Mapa de atividades culturais na Ribeira.
Fonte: Produzido por Camila Duarte, 2018, modificado pela autora 2019.
71
Com relação à infraestrutura de transporte público, o bairro é avaliado
como bem servido, pois muitas linhas de ônibus passam pela Ribeira, que
também dispõe de um terminal rodoviário localizado na Praça Augusto Severo.
Porém, o mesmo não pode ser dito sobre o horário de funcionamento deste
serviço, pois com exceção da linha “33” (Planalto/Ribeira)- conhecida como
“Corujão”, não há oferta de ônibus após as 23:40h; o que acaba por restringir a
vocação cultural e de entretenimento noturno do bairro, uma vez que os
usuários do local somente dispõe de opções de transporte privado após este
horário. O bairro também dispõe de uma estação ferroviária com trens e Veículo
Leve sobre Trilhos – VLT, administrada pela Companhia Brasileira de Transportes
Urbanos – CBTU, que conectam atualmente os municípios de Natal, Ceará
Mirim, Parnamirim e Extremoz. Vale destacar também que no Plano Cicloviário
do Município, no qual são apresentados estudos para a implantação de
ciclovias, ciclofaixas e ciclorotas, a avenida Duque de Caxias, situada na
Ribeira, figura como objeto de intervenção com inclusão de ciclofaixa.
72
3.2. LOTES DE INTERVENÇÃO
73
Assim como o lote da Rua Frei Miguelinho, não foram encontradas
informações históricas sobre a edificação n° 95 da Rua Chile tampouco histórico
de usos do espaço. Por imagens de satélite, no entanto, é possível identificar a
existência da cobertura no fundo do lote com aproximadamente 9 metros de
extensão, porém, como novamente não foi possível adentrar o lote e averiguar
o estado de conservação desta estrutura, ela não será mantida na proposta. A
sua fachada (figura 28), ainda que modificada pela adição de um portão de
rolo, preserva característica estilísticas da arquitetura neocolonial, por isso, será
preservada.
74
Outro aspecto considerado na seleção foi a localização próxima a
estação ferroviária e de ônibus, a exemplo da Biblioteca das mulheres de
Glasgow, e da Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher – DEAM na
Rua Frei Miguelinho, como destacado na Figura 26. Pretendeu-se com esta
decisão criar uma rede de referência de serviços de apoio ofertados às
mulheres, presumindo uma atuação integrada, embora independente entre a
DEAM e o Centro de Cultura, Memória e Estudos da Mulher Potiguar.
75
Observando a Figura 30, constata-se ainda que a maioria desses edifícios
possuem gabarito entre quatro e oito metros, o que se deve na maior parte dos
casos pela altura da platibanda; seguido de edificações com altura entre 8 a
12 metros. Ressalta que próximo aos lotes de intervenção na porção voltada
para Rua Chile há uma concentração do gabarito 8-12m.
76
comercial devido à atividade pesqueira. Nas proximidades, contudo, observa-
se a existência de via arterial (Av. Duque de Caxias) que conta com largura
maior, incluindo canteiro central, e é responsável por conectar o bairro no eixo
norte-sul; e uma via coletora (Av.Tavares de Lira ) com duas faixas de rolamento
e calçadas largas, que proporcionam a mobilidade para outras áreas da
cidade no eixo leste-oeste.
77
3.3 CONDICIONANTES LEGAIS
78
Figura 32: Indicação dos limites da SZ-3 e SZ-4 da ZEPH (1990).
79
Um outro acontecimento importante no bairro da Ribeira foi o
tombamento do conjunto arquitetônico, urbanístico e paisagístico da cidade
de Natal pelo IPHAN em 2010 (Figura 33), através de normativa específica que
impede a descaracterização dos edifícios por reformas e impõe maior rigor aos
projetos. Porém, percebe-se que a poligonal de tombamento traçada na
Ribeira contempla apenas o traçado urbano, uma vez que não há publicação
de diretrizes que determinem a forma de intervenção no edificado, não
havendo assim, clareza no tipo de postura a ser adotada nesta área especial.
Fonte: IPHAN apud OLIVEIRA, 2016, p.131, modificado pela autora, 2019.
80
tópico acima, serão adotadas as prescrições urbanísticas da Operação Urbana
Ribeira (Lei Complementar n°79/2007), por serem as mais recentes – embora
vencidas em 2013, uma vez que a Área de Recuperação Histórica (RH) disposta
neste documento cobre a ZEPH e traz atualizações dos parâmetros
estabelecidos pela Lei N° 3.942/1990 – ZEPH, sendo eles: Coeficiente de
Aproveitamento de 1,2 do terreno, o que dá a possibilidade de construção de
1010,95 m² no terreno de estudo; Gabarito Máximo de 7,5m; Taxa de Ocupação
máxima de 80%; Taxa de Permeabilidade de 20% do lote, além das
especificações de recuo – todas essas prescrições estão resumidas no quadro
06.
Quadro 06: Prescrições urbanísticas adotadas
81
Sobre as calçadas, no Código de Obras têm-se:
82
Utilizou-se também da Lei Complementar Nº 601 DE 07/08/2017 a qual
estabelece o Código de Segurança e Preservação Contra Incêndio e Pânico
do RN, cujas exigências buscam garantir os meios necessários para combater
incêndios, evitar ou minimizar a propagação do fogo, facilitar as ações de
socorro e promover a evacuação segura dos ocupantes das edificações.
Juntamente com a Instrução Técnica (IT) nº 11/2018 do Corpo de Bombeiros
Militar do Rio Grande do Norte, que institui o dimensionamento das saídas de
emergência.
83
Figura 34: Zona Climática 8.
84
Figura 35: (D) Carta solar sobre o lote de intervenção; (E) Rosa dos ventos sobre o terreno de
intervenção.
Fonte: Google Earth, S.d] e ProjetEEE, [S.d.], modificado pela autora, 2019.
85
Quadro 07: Programa de necessidade e pré-dimensionamento
86
4. proposta projetual
Neste capítulo serão explicados os caminhos e as decisões projetuais
tomadas no desenvolvimento da proposta arquitetônica, as quais tiveram
como base as discussões e conteúdo explorados ao longo do trabalho.
Inicialmente, serão descritos os primeiros passos do processo de concepção
arquitetônica, sendo eles: definição de conceito e partido, processo evolutivo
formal e zoneamento; em seguida serão descritas as soluções finais do projeto.
23Em inglês: Brainstorm. Esta atividade consiste em sugerir qualquer pensamento ou ideia que vier
à mente a respeito do tema tratado.
88
Figura 36: Tempestade de ideias que resultaram no conceito.
89
fazer com que o espaço público adentrasse o privado, criando um espaço
semipúblico ou semiprivado, de modo que permitisse que as recomendações
com base de gênero pudessem ser aplicados na escala do arquitetônico. Isto
se espacializou na proposta por meio da abertura de uma passagem ampla
entre a Rua Frei Miguelinho e a Rua Chile.
90
A princípio, imaginou-se a distribuição do programa em três blocos,
sendo eles: setor de galeria e administração no térreo, setor de biblioteca e
pesquisa no 1° pavimento elevado e com mezanino e setor de serviços e apoio
também no térreo. Durante o processo projetual a forma destes blocos foram as
que mais sofreram modificações, se adequando a novas distribuições dos
ambientes com o progresso dos estudos.
91
Quanto ao zoneamento, agrupou-se os setores de galeria e
administração no mesmo bloco que foi locado próximo à fachada da Rua Frei
Miguelinho. O setor da biblioteca foi locado em cima do bloco da galeria e
administração, porém mais próximo ao centro do terreno, já que contava com
um mezanino e por ter gabarito mais alto que o entorno poderia influenciar na
leitura do edifício; o seu acesso se dava por uma escada locada no hall de
recepção interno no bloco da galeria. Já o bloco de serviços e apoio estava
locado na porção mais próxima a fachada da Rua Chile - fachada voltada
para o sol poente -, porém na outra face do terreno e descolado dos blocos de
galeria e biblioteca, criando um hall central, vale salientar que com o
desenvolver da proposta a laje deste bloco se estendeu até a fachada criando
um mirante para Rua Chile (Figura 41).
92
Estas ideias foram levadas para a pré-banca e constatou-se que a
concentração das atividades administrativas na porção frontal do lote próximo
à Rua Frei Miguelinho e a independência desse bloco em relação ao bloco de
serviços e apoio gerava uma falta de atratividade no espaço central do lote e
uma sensação de fundo de lote na porção da Rua Chile. Isto posto, foram
realizados novos arranjos na planta baixa (Figura 42), trabalhado aspectos de
qualidade do espaço, principalmente das circulações, e aperfeiçoamento da
forma para alcançar a perspectiva de gênero pretendida e os aspectos
estéticos funcionais desejados, que será explorada nos próximos itens.
93
e circulações verticais foram locadas para o centro do lote; foi adicionado um
café e uma livraria no bloco de serviços e apoio; abriu-se mão do mezanino na
biblioteca, afim de diminuir o impacto visual no entorno; externalizou dos blocos
a circulações verticais (escada e plataforma elevatória); e criou uma conexão
entre o mirante e a biblioteca através de uma passarela.
94
Figura 44: Esquema da evolução volumétrica da proposta.
95
4.2.1 Implantação e Prescrições Urbanísticas
Figura 46: Planta baixa esquemática do Térreo e 1° Pavimento com os principais fluxos.
96
Na fachada da Rua Frei Miguelinho o bloco inserido foi locado rente aos
limites atuais do edifício, objetivando preservar o alinhamento da fachada
existente e do conjunto do entorno. Já na fachada da Rua Chile o novo bloco
se insere deslocado 4,15m da fachada preservada.
Figura 47: Perspectiva e Planta baixa esquemática dos blocos adicionados nos lotes de
intervenção.
97
Quanto ao gabarito da edificação, embora a ZEPH (Lei N° 3.942/1990)
estabeleça um limite máximo de 7,5m, ao se analisar o entorno percebe-se a
predominância de edificações com oito metros ou mais; considerando ainda
que as normativas do IPHAN não determinam diretrizes de intervenção no
edificado, cabendo a análise individual do projeto, decidiu-se adotar na
fachada da Rua Frei Miguelinho o mesmo gabarito da fachada da Rua Chile, e
no centro do lote um gabarito mais alto, mas que ainda assim respeita o entorno
e não interfere na paisagem.
98
Figura 48: Planta baixa esquemática do Térreo e 1° Pavimento.
99
Na galeria 02 encontra-se ainda o acesso às salas de restauro e sala de
reserva técnica, lembrando que a proposta no centro cultural não inclui espaço
para reserva de acervo próprio, logo estas salas cumprem a função de abrigar
materiais de apoio e acervo temporariamente.
100
O espaço formado pela distância entre estes dois blocos (administração
e apoio) cumpre a função de espaço multiuso de convívio, podendo ser
utilizado para feira de artesanato, exposições temporárias, mostra de filmes,
entre outras atividades. Este ambiente se enquadra como espaço de “discutir”
do centro cultural.
101
e empréstimo e os armários guarda volume, neste ponto, há um estreitamento
da circulação, tendo em vista a instalação do sensor antifurto.
102
4.2.3 Acessibilidade
103
4.2.4 Soluções quanto à Perspectiva de Gênero
Quadro 09: Decisões projetuais voltadas para a criação de espaços à luz de gênero.
104
Figura 55: Comparativo entre o cenário ideal almejado e a proposta.
Fonte: Santos et al., 2004, modificado pela autora, 2019; Acervo da autora, 2019.
105
Na busca de prover elementos que qualifiquem o espaço sob a
perspectiva de gênero a proposta transbordou os limites dos lotes estendendo -
se para a rua na porção da Rua Frei Miguelinho. A intervenção urbana consistiu
na inserção de medidas de Traffic calming (moderação do tráfego) para a
criação de uma zona de pedestre no trecho entre a Delegacia Especializada
em Atendimento à Mulher – DEAM e a Casa Ribeira (Figura 56), sendo alterada
a pavimentação e implantados balizadores retráteis. Essa zona, junto ao Centro
de Cultura, Memória e Pesquisa da Mulher, tem como propósito a criação de
um corredor referência no tocante a inclusão da vivência feminina no ato de
projetar; além de converte-se a zona exclusiva de pedestre no período da noite
e em dias de eventos na Ribeira, gerando copresença – aspecto importante
para a sensação de segurança-, e beneficiando os espaços culturais existentes
nesse perímetro e no entorno imediato.
106
No tratamento do piso, além da mudança da cor do pavimento e o seu
tratamento, foi adotada a estratégia utilizada na Plaza del Torico, sendo
incorporado um sistema de iluminação embutida em LED. Essa intervenção,
principalmente no período da noite, convidaria os transeuntes a adentrar no
espaço do Centro - visto a continuidade do piso iluminado na circulação
principal do mesmo, reforçando o seu caráter público.
107
4.2.5 Soluções Estruturais e Cobertura
Figura 59: (E) Pré-dimensionamento da viga metálica da galeria 02; (D) Pré-dimensionamento do
pilar metálico da galeria 02;
Fonte: (E)REBELLO, 2000, p.102, modificado pela autora, 2019. (D)REBELLO, 2000, p.112,
modificado pela autora, 2019.
Para a laje, adotou-se o uso do steel deck devido ao seu caráter mais
resistente frente a incêndios, tendo em vista que a biblioteca possui uma alta
quantidade de objetos inflamáveis. Enquanto para a cobertura, foi empregada
telha metálica trapezoidal termoacústica tipo "telha forro" cor branca sobre
perfis metálicos.
108
Figura 60: (E)Sistema de laje empregado; (D)Cobertura empregada.
Fonte: (E)MELO, 2018; (D)“Telha Forro com PU TP 40 (Poliuretano - PU - PIR - Telha Térmica - Telha
Sanduíche)”, [S.d.].
109
com o consumo de 50l de água por dia – consumo recomendado para edifícios
de prestação de serviços (classificação mais próxima ao uso do projeto). Para
a reserva técnica de combate a incêndio foi adotado 20% do valor total. Deste
modo tem-se:
110
Quanto à ventilação, ainda que se saiba que em alguns ambientes, tais
como a biblioteca, o uso da climatização por ar-condicionado é indispensável,
buscou-se prover estes espaços com a possibilidade de uso de ventilação
natural. Vale salientar, que embora tenha se buscado locar as áreas molhadas
com aberturas voltada para circulações, alguns sanitários ficaram sem conexão
com área externas, para estes ambientes propõem-se a exaustão mecânica.
111
Figura 63: Vista da fachada da Rua Frei Miguelinho.24
24 A fachada proposta é uma releitura contemporânea da fachada da Rua Chile, se valendo da mesma caixa mural.
Figura 64: Vista da circulação ao adentrar o Centro.
Figura 65: Vista da biblioteca com o mobiliário projetado para este ambiente.
Figura 66: Vista da circulação entre o bloco de apoio e o administrativo.
Figura 67: Vista da fachada da Rua Chile com o ritmo das esquadrias recuperado.
Mulher potiguar
Corredor cultural
cultural
Considerações finais
Misturada na multidão, a mulher vive uma falsa impressão de igualdade
no espaço público, tenha ele sentido político ou físico. Isto posto, viu-se a
proposição de uma edificação dedicada as lutas e conquistas das mulheres
necessária para trazer luz às memórias desse grupo social. Visando mais
igualdade no espaço físico, considerou-se no processo projetual as
particularidades da vivência das mulheres.
118
Referências
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