Recurso Ordinário - Aula 05 - Phablo Pontes Costa

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AO JUÍZO DA 100ª VARA DO TRABALHO DE PORTO VELHO - RO

Processo de origem: 0050000-80.2019.5.14.0100

DESCANSO LTDA., já devidamente qualificado nos autos do processo acima em


epígrafe, patrocinado pelo seu advogado regularmente constituído com procuração anexa e
ao final signatário, na Reclamação Trabalhista em face de FRANCISCA F., inconformado
com a vossa respeitável sentença às fls. , vem, tempestiva e, respeitosamente, a presença
de Vossa Excelência, com fulcro no art. 895, inciso I, da CLT, interpor o presente

RECURSO ORDINÁRIO

de acordo com as razões em anexo, as quais requer que sejam recebidas e remetidas ao
Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região. Ressalta o recorrente que o recurso é
tempestivo e que as guias comprovando o recolhimento do preparo recursal (custas e
depósito recursal) acompanham a presente peça processual.

Termos em que,
Pede deferimento.

Local, DATA.

Advogado
OAB
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 14ª REGIÃO

Recorrente: DESCANSO LTDA


Recorrida: FRANCISCA F.
Origem: Juízo da 100ª Vara do Trabalho de Porto Velho - RO
Processo: 0050000-80.2019.5.14.0100

RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO

Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região


Colenda Turma
Nobres Julgadores
1 - SÍNTESE FÁTICA

A recorrida alega que trabalhou como auxiliar de coveiro na sociedade empresária


DESCANSO LTDA, de 30/03/2018 a 07/01/2019, quando foi dispensada sem justa causa,
recebendo, por último, o salário de R$ 1.250,00 mensais, conforme anotado na CTPS. Em
razão disso, ajuizou reclamação trabalhista em face da recorrente.

A ação foi distribuída ao juízo da 100ª Vara do Trabalho de Porto Velho - RO,
recebendo o número 0050000-80.2019.5.14.0100. A recorrida formulou vários pedidos, dos
quais foram julgados procedentes:

a) deferimento de intervalo por período integral;

b) indenização por dano extrapatrimonial;

c) deferimento da cesta básica mensal;

d) redução dos honorários advocatícios ao limite legal

e) Cerceamento de defesa

f) Pagamento de horas extras pelos feriados

Neste caso, a referida decisão não merece prosperar, motivo pelo qual deve a
sentença ser reformada, conforme os fundamentos que a seguir serão expostos.

2 - PRELIMINARES

2.1 - Cerceamento de defesa

Durante a instrução, o magistrado indeferiu a oitiva de duas testemunhas trazidas


pela empresa, que seriam ouvidas para provar que a recorrente entregava o valor da
passagem em espécie diariamente à trabalhadora. Vale ponderar que a prova testemunhal,
constituiria único meio de prova que a recorrente dispõe para confirmar o pagamento do
valor da passagem em espécie diariamente à trabalhadora, dessa forma, houve
cerceamento de defesa, ofendendo o art. 5º, inciso LV, da CRFB/88.

O indeferimento à solicitação da recorrente para produzir prova testemunhal, com o


claro cerceamento de defesa, impõe a nulidade do processo e retorno à Vara de origem,
para assim, ocorrer a oitiva das testemunhas do recorrente, conforme art. 369 do CPC, e
prolação de nova sentença.

2.2 - Inépcia da inicial

O juiz de primeiro grau deferiu o pagamento de horas extras pelos feriados,


conforme requerido pela trabalhadora na inicial, que pediu extraordinário em “todo e
qualquer feriado brasileiro”, tendo sido rejeitada a preliminar suscitada na defesa, motivo
pelo qual reitera a preliminar de inépcia da inicial, uma vez que os feriados foram indicados
de forma genérica no pedido, ofendendo o art. 330, inciso I, Art. 330, § 1º, inciso II do CPC
e art. 840, §1º, da CLT.

Dessa forma, requer a reforma da sentença para que seja reconhecida a inépcia da
inicial, com consequente extinção do feito sem resolução do mérito, conforme o art. 485,
inciso I do CPC.

3 - MÉRITO

a) Intervalo intrajornada

A recorrida desenvolvia jornada de 2ª a 6ª feira, das 10h às 16h, com intervalo de 10


(dez) minutos para refeição, conforme confessado pelo preposto em interrogatório, sendo,
então, deferido pelo magistrado o pagamento de 15 (quinze) minutos com adicional de 50%,
em razão do intervalo desrespeitado, e reflexos nas demais verbas salariais.

Razão não lhe assiste, uma vez que é indevido o pagamento integral do valor, pois
o art. 71, §4º, da CLT, estabelece que a não concessão ou concessão parcial do intervalo
intrajornada mínima, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o
pagamento, de natureza indenizatória, apenas do período suprimido, com acréscimo de
50% sobre o valor da remuneração hora normal de trabalho, não tendo que se falar em
reflexos nas demais parcelas.

Diante do exposto, requer a reforma da sentença para que seja considerado apenas
o intervalo suprimido, qual seja, 5 minutos, e de natureza indenizatória.

B) Indenização por dano moral

O juízo a quo deferiu indenização de R$6.000,00 (seis mil reais) a título de dano
moral por acidente de trabalho em razão de doença degenerativa da qual a trabalhadora foi
vítima, conforme laudos médicos juntados aos autos.

A Lei nº 8.213/91 em seu art. 20, §1º, alínea a, estabelece que não são
consideradas como doença de trabalho as doenças degenerativas, não tendo que se falar
em responsabilidade do empregador ao pagamento de indenização por dano moral.

Desta forma, requer a reforma da sentença para que seja indeferida a indenização
por dano moral em decorrência de acidente de trabalho por conta da doença degenerativa.
C) Devolução em dobro dos descontos

O magistrado julgou procedente o pedido de devolução em dobro, como requerido


na exordial, de 5 dias de faltas justificadas por atestados médicos, pois a preposta
reconheceu que a empresa se negou a aceitar os atestados porque não continham
a CID (Classificação Internacional de Doenças).

Insurge-se a recorrente quanto à devolução dos descontos em dobro, uma vez que
não existe previsão legal na CLT para tanto, e ainda consoante previsto no art. 5º, inciso II
da CF deve-se observar o princípio da legalidade.

Dessa forma, requer a reforma da sentença para que seja indeferida a devolução em
dobro pelas faltas justificadas, por falta de previsão legal.

Foi deferido pagamento correspondente a 01 (uma) cesta básica mensal, pois a sua
entrega era prevista na Convenção Coletiva que vigorou no ano anterior (de janeiro de 2017
a janeiro de 2018) e, no entendimento do julgador, uma vez que não houve estipulação
de uma nova norma coletiva, a anterior foi automaticamente prorrogada no tempo.

Razão não lhe assiste, uma vez que a norma coletiva não tem ultratividade, na
forma do art. 614, § 3º da CLT, motivo pelo qual é indevida para a trabalhadora, pois ela foi
admitida após o término da Convenção Coletiva anterior.

Diante do exposto, requer a reforma da sentença para que seja indeferido o


pagamento à reclamante a título de cesta básica mensal.

E) Honorários advocatícios

Foram deferidos honorários advocatícios em favor do advogado da reclamante


na razão de 20% da liquidação.

Razão não lhe assiste, uma vez que ultrapassa o limite legal estabelecido, que é de
15%, conforme o art. 791-A da CLT.

Dessa forma, requer a reforma da sentença, para que o percentual deferido seja
reduzido, observando os limites legais da CLT.

4 - PEDIDOS
Diante o exposto, requer a admissibilidade do presente recurso, a renovação
das preliminares e, no mérito, o provimento do recurso.

Neste termos,

Pede deferimento.

Local e Data.

Advogado
OAB

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