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1.
Fusão de sociedades comerciais
De acordo com o artigo 97º, nº1 do Código das Sociedades Comerciais, duas ou mais sociedades, ainda que de tipo diverso, podem fundir-se mediante a sua reunião numa só. Existem duas modalidades relacionadas com este conceito: a) Fusão por incorporação, ou seja, a fusão feita mediante a transferência global do património de uma ou mais sociedades, inicialmente independentes, para outra e consequentemente a atribuição aos sócios destas sociedades iniciais as partes, ações ou quotas da sociedade incorporante (art 97.º, nº4, alínea a), do Cód. das Sociedades Comerciais). b) Fusão em sentido restrito, ou seja, a fusão mediante a constituição de uma nova sociedade. Duas ou mais sociedades extinguem-se dando origem a uma nova, para a qual se transferem os patrimónios das sociedades fundidas, sendo aos sócios destas atribuídas partes, ações ou quotas da nova sociedade (art. 97.º, nº4, alínea b), do Cód. das Sociedades Comerciais). A diferença entre estas duas modalidades consiste no facto de na fusão em sentido restrito haver a extinção de todas as sociedades preexistentes, enquanto na fusão por incorporação todas as empresas se extinguem menos a incorporante. Uma fusão enquanto operação económica pode ser encarada como positiva para a economia em geral, desde que salvaguarde a proteção da concorrência. Para isso, este conceito tem de obedecer a um processo de atos que assegurem a transparência da fusão. Entre os diversos atos que compõem o referido processo, destaca-se o projeto de fusão (art. 98.º do Cód. das Sociedades Comerciais), a fiscalização do projeto (art. 99.º do Cód. das Sociedades Comerciais), o registo do projeto e deliberação, em assembleia geral, sobre o mesmo por parte dos sócios de cada uma das sociedades participantes (art. 100.º do Cód. das Sociedades Comerciais), a oposição dos credores (art. 101.º do Cód. das Sociedades Comerciais) e a forma exigida para a fusão (art. 106.º do Cód. das Sociedades Comerciais). A Galp é um exemplo de uma fusão, isto é, em 1999 esta empresa foi fundada através da fusão da Petrogal, Gás de Portugal e Transgás.
1.1 Motivos para a fusão
A fusão de sociedades pode ser realizada por necessidade ou apenas por conveniência. Independentemente dos seus objetivos, uma fusão pretende aproveitar da melhor forma as oportunidades de mercado, ou seja, é utilizada pelas empresas para obter economias de escala, abrir novos mercados e fortalecer sua posição competitiva. Além disso, a fusão também pode trazer benefícios como sinergias operacionais e o compartilhamento de recursos. 2. Cisão de sociedades comerciais Ao contrário do que acontece na fusão, a cisão é um negócio jurídico através do qual uma sociedade se divide e dá origem a duas ou mais sociedades. Segundo o artigo 118º, nº1 do Código das Sociedades Comerciais, a cisão de sociedades por ocorrer segundo três modalidades: a) Cisão simples, em que a sociedade destaca parte do seu património para com ela constituir outra sociedade, continuando a cindida com o património remanescente (art. 118.º, nº1, alínea a), do Cód. das Sociedades Comerciais). b) Cisão-dissolução, em que a sociedade cindida deixa de existir, dividindo-se o seu património em duas ou mais partes que dão origem a outras tantas novas sociedades (art. 118.º, nº1, alínea b), do Cód. das Sociedades Comerciais). c) Cisão-fusão, em que a sociedade pode destacar partes do seu património, ou dissolver-se, dividindo o seu património em duas ou mais partes, para as fundir com sociedades já existentes ou com outras sociedades, separadas por idênticos processos e com igual finalidade (art. 118.º, nº1, alínea c), do Cód. das Sociedades Comerciais). Assim como na fusão, cabe também à administração da sociedade a cindir elaborar o projeto de cisão, onde conste um conjunto de elementos necessários ou convenientes para o perfeito conhecimento da operação visada (art. 119.º do Cód. das Sociedades Comerciais) É ainda de se realçar o facto de que segundo o artigo 122.º do Código das Sociedades Comerciais, a sociedade cindida tenha de responder solidariamente pelas dívidas que, por força de cisão, tenham sido atribuídas à sociedade incorporante ou à nova sociedade.
2.1 Motivos para a cisão
Existem várias razões que podem influenciar uma empresa a optar pela cisão, entre elas está, por exemplo, o foco estratégico e o desinvestimento em ativos não essenciais. Uma empresa pode decidir, através da cisão, que as novas entidades tenham um foco estratégico mais claro nos seus negócios, concentrando-se cada uma no seu mercado e nas suas próprias estratégias de crescimento. No que toca ao desinvestimento em ativos não essenciais, uma empresa pode optar pela cisão para se desfazer de divisões ou ativos que não são considerados essenciais para seus objetivos estratégicos e que por isso geram desperdícios. 3. Dissolução e Liquidação das sociedades comerciais As sociedades têm uma duração indeterminada e existem três momentos fundamentais da sua “vida”: a constituição, a dissolução e a liquidação. A dissolução e a liquidação fazem parte de um processo, durante o qual se desenvolve uma série de atos ou factos jurídicos orientados para a extinção da sociedade. Trata-se de um processo de sentido oposta ao da constituição de uma sociedade. Assim é possível definir informalmente o conceito de dissolução como o processo através do qual uma empresa encerra as suas operações comerciais de forma definitiva. Isso significa que a empresa deixou de realizar atividades comerciais, mas ainda não concluiu o processo de liquidação que, por sua vez, só estará totalmente realizado após o pagamento das dívidas e a partilha do eventual saldo restante.
3.1 Causas de dissolução
De acordo com o disposto no artigo 141.º, nº1 do Código das Sociedades Comerciais, as causas legais que determinam a dissolução imediata da sociedade são: a) Pelo decurso do prazo fixado no contrato; b) Por deliberação dos sócios; c) Pela realização completa do objeto contratual; d) Pela ilicitude superveniente do objeto contratual; e) Pela declaração de insolvência da sociedade quando decidida a sua liquidação. Segundo a primeira alínea, se o contrato da sociedade tiver um prazo de duração especificado e esse prazo expirar, a sociedade é dissolvida automaticamente, sem a necessidade de deliberação adicional dos sócios. No que diz respeito à alínea b), interpretamos como o facto dos sócios poderem decidir, por meio de deliberação, dissolver imediatamente a sociedade tendo como motivo, por exemplo, a falta de rentabilidade. Se a sociedade foi formada para realizar um objetivo específico e esse objetivo for totalmente alcançado, a sociedade pode ser dissolvida, uma vez que não há mais razão para sua existência, cumprindo assim a alínea c) do artigo mencionado. A alínea d) pressupõem que se o objeto contratual da sociedade se tornar ilícito devido a mudanças na legislação ou em outras circunstâncias, a sociedade pode ser dissolvida imediatamente. Por último, é entendido através da alínea e) que se a sociedade for declarada insolvente e a decisão tomada for de liquidá-la, isso pode levar à dissolução imediata da sociedade. Neste artigo é ainda nos dito no nº2 que nos casos previstos nas alíneas a), c) e d) do número anterior, os sócios podem deliberar, por maioria simples dos votos produzidos na assembleia, o reconhecimento da dissolução e, para além disso, pode qualquer sócio, sucessor de sócio, credor da sociedade ou credor de sócio de responsabilidade ilimitada promover a justificação notarial ou o procedimento simplificado de justificação. Por sua vez, o artigo 142.º do Código das Sociedades Comerciais enuncia as causas de dissolução administrativa ou por deliberação dos sócios. Começa por identificar no nº1 que pode ser requerida a dissolução administrativa da sociedade com fundamento em facto previsto na lei ou no contrato e quando: a) Por período superior a um ano, o número de sócios for inferior ao mínimo exigido por lei, exceto se um dos sócios for uma pessoa coletiva pública ou entidade a ela equiparada por lei para esse efeito; b) A atividade que constitui o objeto contratual se torne de facto impossível; c) A sociedade não tenha exercido qualquer atividade durante dois anos consecutivos; d) A sociedade exerça de facto uma atividade não compreendida no objeto contratual. Ademais, nos casos previstos no n.º 1 podem os sócios, por maioria absoluta dos votos expressos na assembleia, dissolver a sociedade, com fundamento no facto ocorrido (art. 142.º, nº3, do Cód. das Sociedades Comerciais) Para além das causas destas duas formas de dissolução, existem também causas de dissolução oficiosa, ou seja, causas que surgem para uma empresa ser dissolvida por decisão das autoridades governamentais ou judiciais, sem a necessidade de consentimento dos sócios. Segundo o artigo 143.º do Código das Sociedades Comerciais estas causas ocorrem quando: a) Durante dois anos consecutivos, a sociedade não tenha procedido ao depósito dos documentos de prestação de contas e a administração tributária tenha comunicado ao serviço de registo competente a omissão de entrega da declaração fiscal de rendimentos pelo mesmo período; b) A administração tributária tenha comunicado ao serviço de registo competente a ausência de atividade efetiva da sociedade, verificada nos termos previstos na legislação tributária; c) A administração tributária tenha comunicado ao serviço de registo competente a declaração oficiosa da cessação de atividade da sociedade, nos termos previstos na legislação tributária.