Aprenda A Fazer Exame Psíquico

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Aprenda a fazer exame psíquico 2ª parte do exame psíquico

O exame psíquico Nessa parte vamos realizar o exame do estado mental do paciente.
Para tanto devemos fazer uma avaliação geral e o exame das
O exame psíquico pode ser dividido em algumas partes:
funções mentais.

1. Coleta de dados sociodemográficos, histórico de saúde e


Avaliação geral
biografia do paciente;
2. Exame do Estado Mental Para realizar avaliação geral da pessoa devemos analisar:
3. Avaliação de funções psicofisiológicas
Aparência

Corresponde a descrição física do paciente, a forma como ele se


1ª parte do exame psíquico
apresenta na consulta. Deve-se descrever com detalhes a roupa,
A primeira parte do exame psíquico vamos fazer perguntas sobre os presença ou não de adornos, cabelos, higiene e autocuidado do
dados sociodemográficos, histórico de saúde e a biografia do paciente.
paciente.
Fazer como se fosse um retrato falado do paciente, contendo
Então devemos perguntar o motivo da pessoa estar ali, história de inclusive características como tatuagens, possíveis amputações,
internamentos prévios, história familiar, questões de escolaridade e cicatrizes, ginecomastia se presente etc.
financeiras. É importante também questionar sobre uso de drogas,
Postura e atitudes na situação do exame
álcool, etc.

Esse fator diz respeito à relação e atitude perante o entrevistador.


Quem está realizando o exame deve dizer se o paciente se encontra
cooperante, indiferente, passivo, fóbico, agressivo, petulante,
cabisbaixo, dissimulado, etc.
É importante relatar qual foi a situação que o levou a chegar à essa projetos. Neste ponto, o paciente pode apresentar volição normal,
conclusão. hiperbulia ou hipobulia.

Sentimento Já o pragmatismo corresponde a forma como o indivíduo vai


alcançar tais ideias e projetos. Sendo assim, um indivíduo que tem
“O que eu sinto ao ver o paciente”. Seria a 1ª impressão nos dá um
grandes alvos/objetivos, mas que não apresenta um plano claro e
diagnóstico provisório do paciente e a entrevista só será feita para
tangível para alcançá-los, pode ser descrito como hiperbólico, com
corroborar esse “pré-diagnóstico”.
pragmatismo prejudicado.

Por exemplo, um paciente com roupas vibrantes, que na sala de


Autopatognose/insight
espera está sentado de forma confortável, descalço, apoiando os
pés na mesinha de centro é bem mais provável que esteja em mania Se o paciente entende que aquilo é um sintoma/tem consciência da
do transtorno bipolar do que com depressão. doença.

Biotipo Juízo de realidade

Alguns biotipos falam mais a favor de algumas doenças, embora Crítica que o paciente tem de si, do que está fazendo, etc. Ideia
nem sempre essa correlação seja verdadeira. delirante primária/verdadeira. Ideia delirante secundária (deliroide): a
alteração em outra função psíquica “contaminar” a ideia. Tal que,
 Longilíneo → esquizofrenia;
uma vez corrigida a alteração primária, a ideia é reestabelecida e o
 Brevelíneo → transtornos do humor;
paciente volta a apresentar crítica.
 Atlético → psicopata;
 Displásico → retardo mental. Ex.: paciente com depressão → a ideia pode ser afetada pela
alteração
Vontade
de humor.

A volição (ou energia volitiva) corresponde à vontade que o


indivíduo tem de viver, realizar suas ambições e concluir seus
Exame das funções mentais Todo psicótico tem desorientação Autopsíquica, visto que estes têm
uma perda da crítica de si mesmo/do que está fazendo. Entretanto,
Nesse momento é importante analisar muitos fatores.
existe uma corrente mais extrema que diz que os indivíduos só
estariam desorientados autopsiquicamente quando perdessem a
Consciência
total noção de si, de quem é (mas isso é muito raro de se ver na
É nossa percepção em 360º. É o principal fator psíquico; o palco prática).
para que todos os outros possam atuar. Isso porque, se a
Atenção
consciência estiver alterada, todos os outros quesitos estarão
prejudicados de alguma forma – principalmente a atenção,
Classificada quanto a:
orientação e memória –, impossibilitando uma avaliação fidedigna. A
consciência pode ser descrita de forma:  Tenacidade: capacidade de se manter concentrado;
 Vigilância: capacidade de se distrair.
 Quantitativa: vígil, sonolência, obnubilado, torporoso, estupor,
coma, etc. Pacientes com mania, em geral, apresentam-se com hipotenacidade
 Qualitativa: estreitamento (quando o foco fica restrito), e hipervigilância. Já pacientes com esquizofrenia, é comum observar
dissociado (vivencia momentos dos quais não se lembra ao uma hipotenacidade e uma hipovigilância.
retomar a integridade da consciência) sonambulismo, transe,
Memória
estado crepuscular, hipnose, etc.

 De evocação: quanto a fatos passados;


Orientação
 De fixação: quanto a fatos recentes.
Dividida em:
Em geral, os psicóticos não apresentam déficits de memória
 Alopsíquica: quanto ao tempo e espaço; primários, embora possa haver um comprometimento em virtude de
 Autopsíquica: quanto a si mesmo (crítica em relação a si) uma falta de atenção ou desinteresse do paciente.
Inteligência Pensamento

Diz respeito a capacidade do indivíduo se adaptar a diferentes É avaliado quanto a(o):


situações. As funções mentais também podem ser agrupadas de
 Curso (acelerado ou lentificado);
acordo com o modo como são acessados durante a entrevista.
 Forma (organizado ou desorganizado);
Assim, a aparência, o nível de consciência e o comportamento
 Conteúdo (tema predominante das ideias). Ex.: ideias de
psicomotor serão imediatamente perceptíveis à observação.
grandeza, autorreferentes, sexuais, místicas, paranoides etc.
Durante a conversação, poderão ser avaliados atenção e
OBS: Ideias paranoides: ideias de vários temas (grandeza,
concentração, fala, linguagem e pensamento, orientação, memória e
persecutórias, místicas etc).
afeto.

Linguagem
Mediante exploração ativa, por fim, serão analisados humor e
volição, percepção, conteúdo do pensamento, crítica e julgamento.
Avaliada principalmente em seu componente verbal, devem
considerados também a forma e o conteúdo. Assim, deve-se
Poderão ainda ser realizados testes breves para melhor avaliação
observar:
de memória e orientação, bem como pensamento abstrato e
inteligência, quando necessários. Assim, deve-se avaliar:
 A quantidade;
 Velocidade;
 Raciocínio lógico;
 Qualidade;
 Capacidade de fazer contas;
 Volume.
 Dificuldades em estudar;
 Capacidade de abstração;
Quanto à forma, analisa-se a velocidade do discurso, que pode
 Capacidade de generalização;
estar lentificado, caso em que normalmente se nota a latência de
 Juízo crítico.
resposta, definida como uma pausa acima do normal entre as
perguntas feitas pelo entrevistador e a resposta do paciente.
O discurso pode estar acelerado. Quando o paciente, além de falar No exame psíquico, nós descrevemos não o que o paciente refere
rapidamente, fala em grande quantidade, dizem-no logorreico e, ou nega (“ouço/não ouço vozes”, “vejo/não vejo coisas”), mas sim o
associada à logorreia houver fala em alto volume e ininterrupta, seu comportamento alucinatório: fala sozinho? Faz gestos com a
fala-se em pressão de discurso, sendo usual ocorrer em mania e em mão? Fica desviando o olhar para algo? etc.
quadros ansiosos mais graves.
Humor
Mussitação, verbigeração e ecolalia são automatismos verbais,
O humor é o todo da vida emocional, a disposição afetiva de fundo,
semelhantes a uma reza contínua em voz baixa, no primeiro caso;
algo como a média dos afetos, podendo, portanto, estar polarizado
no segundo, trata-se da repetição sem sentido de frases ou palavras
(para depressão, hipomania ou mesmo mania); se mantém-se
incessantemente; no último, da repetição automática das palavras
levemente deprimido de forma constante, pode-se considerá-lo
pronunciadas pelo interlocutor.
distímico.
O conteúdo do discurso acompanha usualmente o conteúdo do
Hipertímico, por sua vez, é a manutenção de um estado de leve
pensamento, devendo ser descritos eventuais temas prevalentes.
elevação constante. Finalmente diz eutímico do humor sem clara
Sensopercepção tendência para um ou outro lado ao longo do tempo.

 Ilusão: distorção da realidade. Motivada por um estímulo Afeto


externo, havendo uma questão emocional envolvida;
Se avalia a relação do paciente com o mundo. O afeto só estará
 Alucinação: alterações dos órgãos do sentido, não há
primariamente alterado na esquizofrenia. Quando normal é chamado
estímulos externos, é um fenômeno introjetado. Podendo ser,
de sintônico. As alterações do afeto são:
auditivas, táteis, sinestésicas, gustativas, olfativas e visuais
(mais raras);
 Distanciamento: Faz interações quando quer/movidas por
 Despersonalização: alteração na percepção de si próprio,
interesse próprio. Não empatiza. Afeto menos comprometido
manifestada por sentimentos de estranheza ou irrealidade;
do que nas outras alterações.
 Desrealização: alteração na percepção do meio ambiente.
 Incongruência: afeto não congruente com o discurso.
 Indiferença: Paciente com interação mínima, sem interesse Sugestão de leitura complementar
para estabelecer relações. Monossilábico.
 Diagnóstico de Depressão segundo o DSM-5: como
 Embotamento: comprometimento máximo do afeto. O
identificar?
paciente não faz mais nenhuma relação com o ambiente.
 Resumo de Psiquiatria completo sobre Transtorno Afetivo
Psicomotricidade Bipolar

Neste ponto, o paciente é avaliado conforme seu padrão de


comportamento corpóreo. São alterações da psicomotricidade:

 Hipocinesia
 Hipercinesia
 Frangofilia
 Tiques
 Estereotipias
 Maneirismos.

3ª parte do exame psíquico

Nessa parte do exame psíquico, o profissional deve avaliar as


funções psicofisiológicas:

 Sono
 Apetite/dieta
 Sexualidade
 Exame físico

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