ENF 2023

Tema: A FAMÍLIA CRISTÃ EM TORNO DA MESA

Texto Bíblico: Êxodo, 25

I - MOTIVAÇÃO:
- Como a refeição conjunta pode ajudar uma família a evitar as estatísticas
desanimadoras do divórcio?
- De que maneira as famílias estão comprometendo o plano de Deus para a
experiência da mesa nos lares sem nem sequer se darem conta disso?
- Por que Jesus nos convida a cear com Ele em Apocalipse 3,20? “Eis que
estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e me abrir a porta,
entrarei em sua casa e cearemos, eu com ele e ele comigo."
- A experiência de união com Jesus numa refeição tem a intenção de ser uma
atividade única ou ele planeja comer conosco regularmente?

Nunca tivemos tantas maneiras de nos comunicar, e no entanto nunca faltou

tanto diálogo no ambiente familiar como nos dias de hoje. Aparentemente, a
comunicação via SMS, WhatsApp, Telegram, Messenger, e-mail, celulares, e
o bom e “velho” telefone já não se mostram suficientes para ajudar na
manutenção ou no estreitamento dos laços entre membros de uma mesma
família.
A correria do dia a dia e uma agenda cheia de atividades têm interferido em
um dos momentos mais importantes que se pode ter em família: a hora das
refeições. A questão não é a alimentação em si, mas o compartilhar entre as
pessoas, o investimento nos relacionamentos que a mesa nos proporciona.

Essas perguntas precisam inquietar nossos corações no dia de hoje

para uma profunda reflexão e uma mudança de postura.
É urgente que retornemos a fazer nossas refeições em torno da mesa.
II - DESENVOLVIMENTO

A - A dimensão espiritual na família

Qual a importância da mesa para a família?
Estimula a união da família

Sentar à mesa com a família pode promover um momento para que as

pessoas se entrosem, saibam como foi o dia uma da outra e,
consequentemente, não percam o vínculo. Por isso, não perca a
oportunidade de agradar quem você ama com alimentos de qualidade e uma
boa receita de família.
A mesa é um sinal de encontro e comunhão; ao mesmo tempo que sinaliza,
ela realiza aquilo que sinaliza, ou seja, a inter-comum-união. A missão da
mesa é criar comunhão intra-pessoal (eu comigo mesmo), inter-pessoal
(eu-outro) e trans-pessoal (eu-Deus). Ela não é agente passivo, mas
construtora de novas possibilidades de vida. Aliás, ela existe enquanto lugar
de refeição por causa do ser humano que a modelou.

A refeição em torno da mesa representa um ato comunitário e reforça nos

participantes os laços de humanidade, de compaixão, de mútua confiança e
de comunhão. Por toda esta carga de simbolismos, a mesa não pode ser
posta de qualquer maneira; a sala que ostenta a mesa deve ser um local
aconchegante e íntimo, para realizar o milagre do encontro. Ela passa a ser
um “altar” que deve ser preparado e ornado com carinho, para ser digno de
realizar a sua missão sagrada, pois sagrados são aqueles que dele se
aproximam, se apoiam e se reclinam sobre seus dons.

Sentar-se à mesa com o outro é descobrir-se vivo, corpo pulsante, latente,

carente. Mas é também descobrir um outro tipo de alimento, que só pode ser
colhido na delicadeza da inter-relação, no encontro gratuito com o outro. Nela
e com ela aprendemos a acolher o outro como dom. Aprendemos a nos doar,
a partilhar, a receber, a escutar e a falar, a contemplar o outro em sua
singularidade. A mesa é também o lugar onde acolhemos as alegrias e as
tristezas do outro, com quem partilhamos nossa refeição. A mesa-refeição,
portanto, é o lugar do suporte das relações, espaço que garante o sustento,
que alimenta o corpo, o emocional, o psíquico, o espiritual e o social. Esse
lugar humano é revelador de cultura, do inconsciente individual e coletivo.
Lugar fecundo, onde o imprevisível pode acontecer.

A mesa da refeição se torna lugar de humanização do ser humano. Espaço

de verdadeira reserva de humanidade. Muitos são aqueles que sabem abrir
as mãos, partir o pão, saciar a fome do irmão. É nesse universo de
mesa-refeição que o ser humano vai se autoconstruindo, autodefinindo como
ser que é humano, mas também divino. Diviniza-se humanizando,
humaniza-se divinizando.

O simples gesto de passar ao outro o que ele precisa é um gesto despojado

de poder, de segundas intenções. Quando alguém passa um prato ou um
pedaço de pão ao companheiro, está passando mais do que isso: consome
em comum a mesma sorte. “Servir” é o nome do gesto fundamental de estar
à mesa. Há necessidades atendidas, o cuidado amoroso perpassa as
relações; busca-se o necessário revigoramento físico para a continuidade do
caminho, e esforço no trabalho, a preservação da saúde…

O ritual da mesa rompe as distâncias e garante a proximidade, estabelece o

estreitamento dos vínculos com o diferente. Junto à mesa, cada um se coloca
diante do outro, não importando as diferenças de vida, de opções. A lição da
misericórdia é a única que ganha validade e sentido.

A espiritualidade da mesa exala gratidão aos que dela se aventuram em

assentar-se. Com isso ela nos interpela a vivermos uma espiritualidade do
encontro e do serviço de uns para com os outros. Esta é a prova da
autenticidade do verdadeiro seguimento de Jesus. Este é o sentido
verdadeiro de toda Eucaristia.

B - A dimensão espiritual da mesa

Em Êxodo 25,23 aparece as orientações que Deus dá a Moisés acerca da
construção de móveis que deveriam ser colocados no tabernáculo , o primeiro
local oficial de congregação do povo.Deus revela a Moisés que mudaria a
forma de se relacionar com a humanidade:Deus instruiu a Moisés “ E farão
um santuário para mim, e eu habitarei no meio deles (Êx 25,8).O primeiro
móvel que Deus instruiu Moisés foi a Arca da Aliança

"9.Construireis o taber­náculo e todo o seu mobiliário exatamente

segundo o modelo que vou mostrar-vos”. 10.“Farão uma arca de
madeira de acácia; seu comprimento será de dois côvados e meio, sua
largura de um côvado e meio, e sua altura de um côvado e meio. 11.Tu a
recobrirás de ouro puro por dentro, e farás por fora, em volta dela, uma
bordadura de ouro. 12.Fundidos para a arca quatro argolas de ouro, que
porás nos seus quatro pés, duas de um lado e duas de outro. 13.Farás
dois varais de madeira de acácia, revestidos de ouro, 14.que passarás
nas argolas fixadas dos lados da arca, para se poder transportá-la."(Ex
25,9-14)
O móvel seguinte que Moisés recebeu a ordem divina de construir para o
tabernáculo foi a mesa dos pães da Presença.

Êxodo 25, 23-30

“Farás de madeira de acácia uma mesa com cem centímetros de
comprimento, cinqüenta de largura e setenta e cinco de altura.
Revestirás a mesa de ouro puro, e lhe farás uma moldura de ouro em
volta.
Em torno da mesa farás também um friso de um palmo e uma moldura
de ouro em volta do friso.
Farás também quatro argolas de ouro e as fixarás nos quatro ângulos
correspondentes aos quatro pés.
As argolas estarão junto ao friso, para receber os varais de carregar a
mesa.
Farás, de madeira de acácia, os varais para o transporte da mesa e os
revestirás de ouro.
Farás de ouro puro também as bandejas, as panelas, os copos e as
taças para as libações.
Sobre a mesa colocarás permanentemente diante de mim os pães
sagrados.”
A Mesa que Moisés construiu para o tabernáculo tinha altura para servir
alimentos ou para colocar cadeiras embaixo, bem semelhante as mesas que
utilizamos nos dias atuais.
A imagem em nossas mentes de mesa e com quatro cantos e quatros pés;
apesar de termos mesas com formatos diferenciados hoje,mas o formato que
Deus ordenou para o tabernáculo é o tipo de mesa que primeiro nos vem à
mente:com quatro cantos e quatro pés.
“Farás de ouro puro também as bandejas, as panelas, os copos e as
taças para as libações.”( EX, 25, 29)
São objetos semelhantes ao que usamos em nossas mesas para as
refeições.
Sobre a mesa colocarás permanentemente diante de mim os pães
sagrados.” ( ÊX, 25, 30)
Quem é o Pão da Vida??? João 6,48 :"Eu sou o pão da vida." O Próprio
Jesus
Deus se encontra conosco por meio de uma presença sobrenatural à mesa.
Essa presença divina à mesa vai além do que fizemos ou dizemos. Não
importa quem somos ou o que dizemos.
Em Efésios 2,8: "Porque é gratuitamente que fostes salvos mediante a fé.
Isto não provém de vossos méritos, mas é puro dom de Deus."
Sentar-se à mesa é um passo de fé, com confiança de que o Senhor se
encontra conosco lá ele atua em nossos corações sendo moldado com o seu
amor e sua paz à medida que aceitamos uns aos outros- uma fusão de
relacionamentos exala.
As gerações passadas praticavam instintivamente o princípio da mesa e
desfrutavam os resultados: relacionamentos duradouros, segurança
emocional e motivação pessoal.
Na sociedade contemporânea, porém, nossa vida é cada vez mais
fragmentada por atividades, estilos de vida e uma perda de valores absolutos
que nos afastam da mesa. Como resultado, vemos e sentimos os efeitos
prejudiciais no casamento e na família.
O plano original de Deus para a mesa tinha a concepção das mesas que
temos hoje em nossos lares.Ao colocarmos em prática o princípio da mesa,
alimentamos o corpo e o espírito à mesa com a presença redentora de Cristo.
No Novo testamento são diversas as situações em que Jesus se encontra a
mesa sem fazer acepção de pessoas Ele instrui, cura e desfruta da presença
dos amigos.
Algumas passagens Bíblicas:
- João 12,1-8 Jantar em Betânia na casa de Lázaro, Marta e Maria;
- Lucas 24,28-30: Os discípulos de Emaús;
- Lucas 22, 14-20: A última ceia;
- Mateus 26,17-29 A ceia pascal.

C - A importância da retomada desse hábito (os quatros motivos)

Quatro motivos para resgatar o hábito de fazer as refeições à mesa:

1 - Gera mais proximidade com Deus:

A oração curta que é realizada aproxima aqueles que estão distantes de
Deus.
2 - Permite a interação familiar:
Ao redor da mesa, você pode transmitir experiências, contar histórias,
expressar opiniões, compartilhar suas vitórias e derrotas, além de fazer
planos. Abuse da mesa: anuncie, confesse, pose, discuta os mais variados
assuntos e comemore. A mesa te proporciona oportunidades de educar e
aprender.

É preciso sentarmos com nossa família e olhar nos olhos uns dos outros
para sabermos as necessidades de cada um, para intercedermos e
mudarmos a história de nossa família através da intimidade.

3 - Promove o desenvolvimento emocional:

A hora da refeição é considerada por psicólogos, psicopedagogos e pediatras
muito importante para a educação, não só alimentar, mas
psicológico-existencial das crianças. A socióloga alemã Ângela Keppler
conduziu uma pesquisa com 300 famílias alemãs, onde se demonstrou que
famílias que optam pelo velho hábito de conversar durante as refeições, em
vez de assistir à televisão, obtêm maior harmonia e fluidez em suas relações.
A socióloga chegou à conclusão de que uma das melhores terapias familiares
é a comunicação à mesa.
As comprovações científicas não param por aí. Estudos da Escola de
Pedagogia de Harvard, nos Estados Unidos, revelam que quem compartilha
regularmente as refeições com a família, além de comer melhor, tem maior
bem-estar físico e emocional.

4 - Auxilia na construção de valores:

Os valores que foram criados no filho pródigo em Lucas 15,16-17 o faz sentir
falta não do dinheiro, mas da partilha do pão que acontecia naquela família.
"16.Desejava ele fartar-se das vagens que os porcos comiam, mas ninguém
lhas dava. 17.Entrou então em si e refletiu: "Quantos empregados há na casa
de meu pai que têm pão em abundância... e eu, aqui, estou a morrer de
fome!"
D - As orações que são feitas neste momento
CIC nª 2834. «Ora e trabalha» (104). «Orai como se tudo dependesse de
Deus, e trabalhai como se tudo dependesse de vós» (105). Tendo nós feito o
nosso trabalho, o alimento continua a ser uma dádiva do nosso Pai; é bom
pedir-Lho dando-Lhe graças por ele. Tal o sentido da bênção da mesa numa
família cristã.

Áudio da oração de uma família.

- Oração curtas
- Oração de agradecimento
- Oração que identifica a família ( marca oracional da família)

E - PERORAÇÃO
*Das refeições regulares da semana, quantas, em média, sua família faz
reunida?
*O que impossibilita o aumento deste número?
*Que atitudes pode tomar para remover algumas das barreiras e aumentar o
número de refeições em família?