Evelynmariadasilvaalmeida
Evelynmariadasilvaalmeida
Evelynmariadasilvaalmeida
FACULDADE DE ENFERMAGEM
JUIZ DE FORA
2023
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JUIZ DE FORA
2023
4
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________
________________________________________
________________________________________
Dedico este trabalho com muito amor a minha mãe Derlane Silva
(sempre presente em meu coração), às minhas tias Águida
Almeida e Darlene Silva, grandes incentivadores de tudo o que
sou hoje.
6
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a Deus, Pai de infinita bondade pelo dom da vida e por me
carregar cuidadosamente em seu colo nos momentos mais difíceis da minha caminhada.
A Nossa Senhora Aparecida, por tantas graças derramadas em minha vida.
A minha mãe, Derlane Aparecida Mariano da Silva (muito presente em mim), que
sempre lutou com todas as suas forças junto comigo, para que esse projeto de fazer a minha
faculdade em Enfermagem, se tornasse realidade. Por acreditar, incentivar e me mostrar o
caminho do bem. Te amarei para sempre!
Ao Thiago, meu noivo, meu melhor amigo, companheiro de vida pessoal, com quem
divido minhas alegrias e tristezas. A ele que acredita em mim, no meu potencial, na minha força
de vontade e que me oferece apoio emocional para seguir meus projetos de vida.
A parcela da minha família que acredita no meu potencial e torce pelo meu sucesso, e
me concede apoio emocional e segurança, minhas tias e grande amigas Águida Heloiza e
Darlene Silva, meu avô Ananias Almeida. Obrigada pelo incentivo e pela presença forte de
vocês em minha vida.
Aos Professores do Curso de Enfermagem da UFJF, que tive o prazer de conhecer e que
muitos contribuíram para a minha formação acadêmica.
A minha orientadora, Ângela Maria Corrêa Gonçalves, uma mulher admirável e
encantadora, firme e ao mesmo tempo tão doce. A pessoa que confiou em mim, mesmo em um
momento tão difícil da minha vida, obrigada pela transformação realizada em mim como aluna
e como pessoa.
Aos amigos que eu fiz durante a graduação, pessoas com quem dividi os anseios,
ansiedade e alegrias.
Aos profissionais que conheci e que me auxiliaram durante as aulas práticas/estágio,
muito obrigada pelo compartilhamento de informações.
Por fim, a todos os meus familiares e colegas que souberam compreender a minha
ausência de estudo constante.
7
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 10
6 REFERÊNCIAS .............................................................................................. 40
10
RESUMO
A saúde mental brasileira passou por diversas transformações no decorrer das últimas décadas.
Estruturada às ideias da Reforma Psiquiátrica e a substituição do modelo hospitalocêntrico por
modelos mais humanos e democráticos, provocou uma reconfiguração no atendimento à saúde
mental. Através das políticas públicas, implementações na Legislação e contribuições de grupos
de defesa dos direitos dos pacientes com problemas mentais, foi possível a estruturação e
expansão de uma rede extra hospitalar da qual faz parte o CAPS (Centro de Apoio Psicossocial),
onde garantem que os indivíduos com transtornos psicológicos se sintam acolhidos, suas
necessidades identificadas, valorizados na sua forma de ser, dentro do seu contexto social e
familiar. Trata-se de uma revisão integrativa da literatura que teve como objetivos identificar
os saberes e as práticas realizadas pelo enfermeiro no CAPS, no contato direto com os usuários
do serviço e seus familiares; conhecer as limitações e possibilidades do enfermeiro no cuidado
ao portador de sofrimento mental no CAPS. Para a extração das informações foram utilizados
14 artigos, onde permitiu a estruturação de duas categorias temáticas, a saber: saberes e as
práticas realizadas pelo enfermeiro no CAPS; limitações e possibilidades do enfermeiro no
cuidado ao portador de sofrimento mental no CAPS. O acolhimento, educação em saúde,
atendimento individual, visita domiciliar, administração de medicamentos, grupos terapêuticos,
apoio familiar foram as principais atividades relatadas pelos enfermeiros, além das ações de
caráter administrativo que ainda assumem maior destaque. Os desafios para o trabalho
elencados pelos enfermeiros foram: escassez de recursos materiais e de transporte, deficiência
na estrutura do serviço, pouca qualificação profissional e às fragilidades do trabalho em rede.
Os resultados mostram que os enfermeiros que atuam na saúde mental precisam desenvolver
competências necessárias para a prática da promoção da saúde e encarar de forma eficaz os
desafios atuais. É grande a necessidade de se desencadear processos de capacitação de
trabalhadores de enfermagem, na área da saúde mental.
ABSTRACT
Brazilian mental health has undergone several transformations over the past decades. Structured
around the ideas of the Psychiatric Reform and the replacement of the hospital-centered model
by more humane and democratic models, it led to a reconfiguration of mental health care.
Through public policies, implementations in the Legislation and contributions from groups that
defend the rights of patients with mental problems, it was possible to structure and expand an
extra-hospital network where the CAPS (Psychosocial Support Center) is integrated,
guaranteeing that individuals with psychological disorders can feel welcome, their needs
identified, valued in their way of being, inserted in their social and family context. This is an
integrative literature review that aimed to identify the knowledge and practices performed by
nurses in CAPS, in direct contact with users of the service and their families, and to know the
limitations and possibilities of nurses in caring for the mentally ill in CAPS. For the extraction
of information, 14 articles were used, allowing the structuring of two thematic categories, in
particular: knowledge and practices performed by nurses in CAPS; limitations and possibilities
of nurses in caring for the mentally ill in CAPS. Reception, health education, individual care,
home visits, medication administration, therapeutic groups, and family support were the main
activities reported by nurses, in addition to the administrative actions that still stand out. The
work challenges listed by the nurses were: lack of material resources and transportation;
deficiency in the structure of the service; little professional qualification; and the weaknesses
of cooperative work. The results show that the nurses who work in mental health need to
develop the necessary competencies for the practice of health promotion and deal efficiently
with the current challenges. There is a great need to develop training processes for nursing
workers in the area of mental health.
KeyWords: Mental Health, Psychiatric Reform, Psychosocial Support Center, and Nursing
Care
12
1 INTRODUÇÃO
Em 2001, após 12 anos de tramitação no Congresso Nacional, a Lei Paulo Delgado (Lei
Federal 10.216) é sancionada no país, redirecionando a assistência em saúde mental,
privilegiando o oferecimento de tratamento em serviços de base comunitária, dispondo sobre a
proteção e os direitos das pessoas com transtornos mentais, mas não instituindo mecanismos
claros para a progressiva extinção dos manicômios. (PAIM, 2002). Após a promulgação da Lei
10.216 é convocada a III Conferência Nacional de Saúde Mental com ampla participação dos
movimentos sociais, de usuários e de seus familiares, consolida a Reforma Psiquiátrica como
política de governo (ROSA, 2003).
Na década de 90, passam a entrar em vigor no país as primeiras normas federais
regulamentando a implantação de serviços de atenção diária, fundadas nas experiências dos
primeiros CAPS, NAPS e Hospitais-dia, e as primeiras normas para fiscalização e classificação
dos hospitais psiquiátricos. Os CAPS foram criados para proteger, resguardar e ampliar os
direitos de cidadania de todas as pessoas acometidas de transtornos mentais, por meio de uma
equipe multidisciplinar e ao mesmo tempo reduzir os leitos psiquiátricos do país (BRASIL,
2005).
Através da Reforma Psiquiátrica, foi preconizada uma abordagem de inclusão e
reabilitação, para que os indivíduos recebessem tratamento humanizado e com assistência
integral em âmbito social, favorecendo o relacionamento familiar. Há uma transição do modelo
hospitalocêntrico e voltado à doença para um modelo de base comunitária e voltado à
subjetividade. Busca-se a reabilitação psicossocial ao invés de remissão dos sintomas. Para esta
efetiva transição, é necessário rever as bases teóricas e práticas, inovar. Buscar entender o
indivíduo não apenas com ênfase na doença, mas valorizando suas particularidades, sem
fragmentá-lo (TRABUCO & SANTOS, 2015).
O papel do enfermeiro hoje é o de agente terapêutico, com o objetivo de melhorar a
qualidade de vida do indivíduo que possui algum tipo de sofrimento mental. Sendo assim, o
enfermeiro deve estar preparado e qualificado para atuar nesses modelos de atenção, ser capaz
de assumir novas atribuições e adaptar-se às mudanças trazidas pela atual política de saúde
mental do país. Em decorrência desse contexto, o enfermeiro psiquiátrico torna-se essencial e
indispensável, sendo capaz de modificar seu processo de trabalho e promover uma assistência
de enfermagem de qualidade (SANTOS, 2017).
Desse modo, surge problema de investigação: Quais são as ações dos enfermeiros da
área da saúde mental após a Reforma Psiquiátrica brasileira?
Partimos da hipótese que, mesmo com as conquistas alcançadas, é inevitável a
necessidade de reinventar o cuidado nos processos de trabalho em enfermagem psiquiátrica e
14
2 REVISÃO DE LITERATURA
Os CAPS se diferenciam como CAPS I, CAPS II, CAPS III, CAPSi e CAPSad, de
acordo com os tipos de demanda dos usuários atendidos, da capacidade de atendimento e do
tamanho (ARAÚJO, 2017).
• Os CAPS I oferecem atendimento a municípios com população entre 20 mil e 50 mil
habitantes (19% dos municípios brasileiros, onde residem aproximadamente 17% da
população do país), tendo uma equipe mínima de 9 profissionais de nível médio e
superior. O foco são usuários adultos com transtornos mentais graves e persistentes,
transtornos decorrentes do uso de álcool e outras drogas. Pode acompanhar por volta de
240 pessoas por mês, de segunda a sexta-feira, funcionando das 8 às 18 horas (BRASIL,
2004).
• Os CAPS II oferecem atendimento a municípios com mais de 50.000 habitantes
(equivalente a 10% dos municípios, onde residem aproximadamente 65% da população
brasileira). O público-alvo são adultos com transtornos mentais persistentes. Opera com
uma equipe mínima de doze profissionais, com nível médio e superior, tendo um suporte
para acompanhar cerca de 360 indivíduos por mês, de segunda a sexta-feira, com horário
de funcionamento das 8 às 18 horas – pode oferecer um terceiro período, funcionando
até as 21 horas (BRASIL, 2004).
• Os CAPS III são caracterizados por serem os serviços de maior porte da rede. Com
uma previsão de cobertura para municípios com população acima de 200.000 habitantes,
que representam uma baixa parcela dos municípios do país, apenas 0,63%, entretanto,
concentram cerca de 29% de toda a população do Brasil. Podem funcionar 24 horas,
inclusive feriados e fins de semana. Os CAPS III trabalham com uma equipe mínima de
19
16 profissionais com instrução entre nível médio e superior, equipe noturna e de final
de semana (BRASIL, 2004). Este tipo de CAPS oferece acolhimento noturno, se
necessário, realizando internações curtas, de algumas horas a no máximo 7 ou 10 dias.
Essa permanência e internações temporárias devem ser compreendidas como recurso
terapêutico, que visa a evitar as internações em hospitais psiquiátricos, promovendo
uma atenção integral às pessoas que buscam o serviço do CAPS (BRASIL, 2005).
• O CAPSi é um serviço infanto-juvenil, para atendimento diário para crianças e
adolescentes com transtorno mentais.
• Já o CAPSad é um serviço voltado para usuários de álcool e drogas, onde o atendimento
é diário para este tipo de população com transtornos decorrentes do uso e dependência
de substância psicoativas, como álcool e outras drogas, sendo que este tipo dispositivo
possui leitos de repouso com a finalidade exclusiva de tratamento para desintoxicação.
Fonte:https://www.seminarepsicologia.com.br/institucional/a-importancia-do-caps-
Para atendimento-a-população/
Apesar as particularidades de cada CAPS existem regras em comum que devem ser
seguidas. No que se diz respeito à estrutura física, todos os CAPS devem ter espaços para
acolhimento, desenvolvimento de atividades, individuais e coletivas, espaço para realização de
oficinas de reabilitação e para realização de atividades necessárias em cada caso em particular
(JORGE, 2010).
20
e emocional. Além disso, é importante que o profissional interage com a família para o bem-
estar do paciente. (CENCI, Mariana, 2015).
A equipe de enfermagem, direciona suas atividades de forma diferenciada no tratamento
dos doentes mentais, implicando atitudes de respeito e dignidade para com o enfermo, ações
voltadas às individualidades do sujeito e participação deste em seu processo de tratamento,
valorizando e estimulando o autocuidado, bem como a reinserção em grupos sociais e
comunitários. Para isso, o profissional deve buscar espaços de produção do acolhimento, isto
é, espaços que possibilitem a solidariedade, a afetividade, a compreensão, a autonomia, a ética
e a cidadania, enfim, espaços que promovam a atenção psicossocial e a reabilitação do
indivíduo. (VILLELA; SCATENA, 2004).
O papel do enfermeiro é o de agente terapêutico, sendo fundamental ter conhecimento
generalista para prestar cuidados ao doente mental, pois o paciente necessita de projetos
terapêuticos e estratégias de intervenção, assim redesenhando a sua nova história
(GONÇALVES; SENA, 2001; MARCOLAN; CASTRO, 2013).
As ações de saúde mental realizada pela enfermagem no CAPS são:
(XAVIER; MONTEIRO, 2013).
Fonte: http://cidadao.saude.al.gov.br/unidades/caps/
24
3 PERCURSO METODOLÓGICO
Questão de pesquisa
Sendo assim, para dar continuidade a essa construção, foram formuladas as seguintes
questões condutoras: Quais são as ações dos enfermeiros da área da saúde mental após a
Reforma Psiquiátrica brasileira?
25
Critérios de inclusão
Foram adotados os seguintes critérios de inclusão: artigos nos idiomas português com
recorte temporal de 2014 a 2022, textos completos disponíveis eletronicamente e de forma
gratuita. Os artigos disponíveis em mais de uma base de dados foram incluídos apenas uma vez.
Após a leitura dos resumos foi selecionado os artigos para a realização da pesquisa.
Critérios de exclusão
Foram excluídos estudos documentais, carta editorial, artigos repetidos e incoerentes
com a temática em questão e também os que não responderam à pergunta norteadora.
Risco
A pesquisa não oferece riscos por se tratar de um estudo de revisão integrativa que
utiliza dados secundários.
Benefícios
Ao realizar esse estudo, pretende-se contribuir com os profissionais que trabalham ou
venham a trabalhar nesse serviço (na assistência ao paciente com transtorno mental no CAPS),
oferecendo-lhes subsídios para ampliar as possibilidades de cuidado nesse espaço.
Questão ética
Esta pesquisa não foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) por ser um
estudo do tipo revisão integrativa. Todavia, foi garantida a ética por meio da lealdade às
informações abrangidas nos artigos de citação da fonte.
Análise de dados
Foi realizada leitura criteriosa dos artigos. Em seguida, a caracterização dos artigos teve
suas informações dispostas em um quadro para melhor visualização e compreensão dos dados.
A análise dos dados foi realizada de forma descritiva possibilitando observar, contar, descrever
e classificar os dados, com o intuito de reunir o conhecimento produzido sobre o tema exposto
na revisão e formar categorias de análise.
26
A1 Latindex Atuação do enfermeiro em saúde mental na Gusmão, Ricardo Otávio Maia, Conhecer a atuação do enfermeiro e os J. Health Biol Sci. - 2022
estratégia de saúde da família et al. cuidados desempenhados em saúde JHBS
mental na Estratégia de Saúde da Família
A2 BVS Caminhos históricos da formação do Silva, John Victor dos Santos et Descrever e refletir sobre as Hist. enferm., Rev. 2021
enfermeiro no campo da saúde mental no al. transformações no ensino da enfermagem eletrônica
Brasil psiquiátrica e de saúde mental na
graduação em enfermagem no Brasil.
A3 Latindex Enfermagem em saúde mental: a assistência Cairo JVF, et al. Identificar na literatura científica a Glob. Acad. Nurs. 2020
em um cenário de mudanças assistência de enfermagem em saúde
mental no contexto brasileiro, perante os
desafios impostos pela Reforma
Psiquiátrica.
A4 Latindex Importância do profissional de enfermagem Silva, Angélica Xavier da. et al Analisar a assistência de enfermagem ao Rev., Curitiba 2019
nos cuidados ao paciente com transtorno portador de transtorno mental, e as
mental: uma revisão integrativa mudanças que têm ocorrido ao passar dos
anos e as novas políticas públicas.
A5 BVS Tecnologias do cuidado em saúde mental: Campos DB, Bezerra IC, Jorge Analisar as tecnologias do cuidado em Rev Bras Enferm 2018
práticas e processos da Atenção Primária MSB. saúde mental utilizadas nas práticas e
processos constituintes da Atenção
Primária à Saúde a partir dos discursos de
enfermeiros da Estratégia Saúde da
Família.
A6 Latindex Influências No Cuidado De Enfermagem Ao Chaves, Maria Luiza Ramos da Identificar na literatura fatores facilitadores Revista 2017
Portador De Sofrimento Mental No Brasil: Cruz et al. e dificultadores na prática do cuidar do Interdisciplinar
Revisão Da Literatura enfermeiro aos indivíduos em sofrimento Ciências Médicas
mental nos serviços de saúde brasileiros.
A7 Diadorin Trajetória histórica da enfermagem em saúde Costa, Mikael Ferreira; Souza Compreender o processo de evolução da Journal of Health 2017
mental no brasil: uma revisão integrativa Tatiana Barros de; Estevam, assistência de enfermagem antes e após a Connections
Adriana dos Santos. reforma psiquiátrica.
27
A8 Diadorin Cuidado em saúde mental: valores, conceitos e Alves, Katiusse Rezende; Analisar os conceitos, valores e filosofias Rev Enferm UFPI. 2017
BDENF filosofias presentes no quotidiano do Alves, Marcelo da Silva; presentes no quotidiano do cuidado de
atendimento. Almeida Carlos Podalirio enfermagem em saúde mental.
Borges de.
A9 BVS A práxis do enfermeiro na atenção Brandão, Thyara Maia, et al. Investigar a práxis do enfermeiro, as Rev enferm UFPE on 2016
psicossocial: vulnerabilidades e potencialidades e vulnerabilidades a que line.
potencialidades presentes. esta práxis está exposta em Centros de
Atenção Psicossocial (CAPS).
A10 BVS A clínica de enfermagem psiquiátrica e suas Oliveira RMP, Alves M, Porto Apresentar as tecnologias que compõem a Revista de Pesquisa, 2016
novas tecnologias de cuidado. IS et al. clínica de enfermagem psiquiátrica, Cuidado é
descrever o que pensam as enfermeiras Fundamental Online
sobre as tecnologias da clínica de
enfermagem psiquiátrica e analisar a
possibilidade de aderência das tecnologias
na prática assistencial.
A11 BVS Saberes e práticas de enfermeiros na saúde Souza, Miriam Cândida & Identificar saberes e práticas sobre saúde Revista 2015
mental: desafios diante da Reforma Afonso, Maria Lúcia Miranda. mental que têm sido desenvolvidos pelos Interinstitucional de
Psiquiátrica. enfermeiros no CAPS diante do desafio da Psicologia
Reforma Psiquiátrica
A12 BVS Laços entre família e serviços de Saúde Mental: Covelo, Bárbara Souza Discutir a participação dos familiares no Revista Interface 2015
a participação dos familiares no cuidado do Rodriguez e Badaró-Moreira, cuidado do sofrimento psíquico.
sofrimento psíquico Maria Inês
A13 Latindex Assistência de enfermagem humanizada em Carrara, Gisleangela Lima Identificar através da revisão da literatura Revista Fafibe 2015
saúde mental: uma revisão da literatura. Rodrigues et al. nacional, o conceito de vários autores sobre
a assistência de enfermagem humanizada
ao portador de doença mental.
A14 LILACS Reforma psiquiátrica em Natal-RN: evolução Silva, Fernando de Souza; Discorrer sobre a evolução das práticas SMAD, Rev. 2014
histórica e os desafios da assistência de Simpson, Clélia Albino; Dantas, assistenciais ao portador de transtornos Eletrônica Saúde
enfermagem. Rita de Cássia. psiquiátricos na cidade de Natal (RN). Mental Álcool Drog.
28
Figura 3 – Processo de seleção dos artigos que compuseram a amostra deste estudo
26 estudos identificados
22 estudos
através da estratégia de 04 estudos excluidos
identificados através da
busca incluindo por duplicidade
estratégia de busca
duplicidades
03 estudos excluidos
19 estudos 05 estudos não
por não
identificados através da atendem a questão da
disponibilização na
estratégia de busca pesquisa
íntegra
14 artigos incluídos na
revisão, relevantes para
a pesquisa
Figura 4 - Panorama quantitativo dos artigos encontrados nas bases de dados pesquisadas
6 1
BVS LILACS
5 2
LATINDEX DIADORIN
Após análise qualitativa dos artigos foi realizada uma leitura cuidadosa dos conteúdos.
Posteriormente, os trabalhos foram comparados e agrupados, por similaridade de conteúdo, sob
a forma de categorias empíricas, sendo constituídas duas categorias para a análise, especificadas
como:
• Saberes e as práticas realizadas pelo enfermeiro no CAPS;
• Limitações e possibilidades do enfermeiro no cuidado ao portador de sofrimento mental
no CAPS.
29
De acordo com afirmações feitas Campos (2000), Calgaro e Souza (2009), a assistência
de enfermagem até a década de 60 esteve marcada pelo método autoritário e controlador, tendo
suas funções exercidas por pessoas sem capacitação teórica e técnica sendo o manicômio o local
privilegiado ao tratamento dos portadores de sofrimento mental.
As transformações no papel do enfermeiro ocorreram de acordo com as transformações
ocorridas no movimento da reforma psiquiátrica que preconizava o tratamento ambulatorial,
garantindo a dignidade e os direitos do paciente (SANTOS et al, 2021).
A assistência de enfermagem na década de 70 teve como marco a reforma psiquiátrica
que direciona novas formas de cuidar em saúde mental, onde o profissional está implicado com
atitudes de respeito e solidariedade, além de ações voltadas para a singularidade de cada
paciente, deixando no passado a lógica manicomial e participando do programa de reinserção
do indivíduo na sociedade (SANTOS et al, 2021).
O momento atual da assistência de enfermagem em saúde mental caracteriza-se pela
transição de uma prática de cuidado hospitalar que visava à contenção e à correção do
comportamento anormal dos “doentes mentais” para a incorporação de princípios éticos e
sociais buscando, respondendo às subjetividades dos sujeitos envolvidos (KANTORSKI, et al
2010).
Nesse contexto, o cuidado precisa estar aportado na intencionalidade do ato, no
conhecimento científico e na prontidão para cuidar de acordo com Cavalcanti et al., (2014).
com a equipe, além de ser promotor de saúde e bem-estar, auxiliando o indivíduo a enfrentar
os momentos de aflições decorrentes dos transtornos, da sua família e da comunidade (SILVA
& FRANÇA, 2020).
No CAPS, o enfermeiro integra a equipe interdisciplinar, e sua atuação torna-se
essencial para a implementação da reforma psiquiátrica, uma vez que lhe é atribuído um papel
extremamente ativo nos serviços substitutivos, inovando a prática da enfermagem no campo da
saúde mental (SOUZA, & AFONSO, 2015).
Os cuidados de enfermagem desempenhados ao paciente em seu território e meio social
favorecem a reinserção social e a autonomia e para que esse processo ocorra, o enfermeiro que
atua diretamente nesse serviço deve estar preparado para o atendimento às pessoas com
sofrimento mental, agindo diretamente na redução dos danos e na prevenção de possível
hospitalização do paciente (GUSMÃO et al., 2022).
Conforme Brandão et al, (2016 p. 4767),
No modelo atual de atenção a estas pessoas, entre as atividades que devem estar
presentes no CAPS estão: o atendimento individual, seja medicamentoso,
psicoterápico ou de orientação; os grupos terapêuticos em seus objetivos diversos; as
oficinas terapêuticas; as visitas domiciliares; o atendimento à família e diferentes
iniciativas de inserção na comunidade. Essas atividades devem estar embasadas nos
princípios da humanização que busca a diversificação das possibilidades de acolher e
envolve uma postura ética e de cuidados por parte dos profissionais que ali atuam,
dentre eles, do enfermeiro.
Vale destacar que a reforma psiquiátrica é mais do que um marco político, é um marco
social, sendo o início do modelo de atenção psicossocial ao qual se vive hoje. É nesse cenário
que o enfermeiro atua como agente político e convicto do seu papel social, com aporte de
conhecimentos teóricos, que serão utilizados na sua prática clínica diária com o objetivo de
oferecer uma assistência de qualidade à valorização do saber e das opiniões dos usuários e
famílias, não se restringindo somente a fármacos, devendo utilizar e valorizar mais recursos
terapêuticos, como por exemplo o acolhimento, a escuta ativa/terapêutica, grupos terapêuticos,
educação em saúde e terapêutica medicamentosa conforme narra Silva (2019).
O acolhimento se dá no processo de responsabilização, com intervenção resolutiva e
humanização do atendimento prestado, utilizando-se da escuta qualificada dos problemas de
saúde mental dos usuários. Designa uma postura que pressupõe a atitude por parte do técnico
de receber, escutar e tratar humanamente o usuário e suas demandas segundo Jorge et al. (2011).
O enfermeiro, juntamente com a equipe multidisciplinar, realiza o acolhimento
possibilitando o acesso universal e o cuidado resolutivo sendo a escuta uma ferramenta
importante para um cuidado resolutivo que facilita a construção da autonomia
32
medicamentos utilizados em saúde mental, além da criação do vínculo com o paciente e familiar
para haver a corresponsabilização pelo cuidado.
A atual política de saúde mental adotada no Brasil possibilita a aproximação
das famílias aos seus membros com transtornos mentais. O cuidado em saúde mental sofreu
diversas transformações, dentre elas, a valorização da família como ator importante para a
atenção psicossocial. Desse modo, o papel da família no tratamento de pacientes em serviços
substitutivos, envolve o planejamento na participação direta da família nos serviços. Este ocorre
por meio de projetos terapêuticos desenvolvidos por intervenções, realizadas no grupo de
família, onde os profissionais compreendem e possibilitam suporte a família do usuário de
forma adequada diante do sofrimento psíquico. Faz-se necessário destacar que o familiar
também requer cuidado, para cuidar do outro, como revelam Covelo et al (2015).
De acordo com Borba et al (2013), os familiares, antes de exercerem o papel de
cuidadores, precisam de estratégias para lidar com as situações adversas e trabalhar com seus
anseios.
Entretanto, segundo Campos et al (2018) a maioria dos profissionais não se sente seguro
para lidar com as situações de saúde mental e o pouco conhecimento teórico impossibilita a
realização de intervenções eficazes e faz com que a demanda que chega aos serviços não
encontre uma escuta qualificada. O que se verifica, “é uma terapêutica reduzida a
psicofármacos, com frágil comunicação entre profissionais e usuários e pouco uso de
tecnologias” (p. 2234).
Não podemos deixar de citar Taylor (1992) quando afirma que a principal ferramenta
da enfermeira em saúde mental é o uso de si mesma na relação interpessoal.
Fica claro que, o cuidado de enfermagem em saúde mental deve ser interpessoal,
sensível, criativo, compartilhado, tecnológico, além de valorização da pessoa (OLIVEIRA,
2016).
Acreditamos que para se obter uma melhora no serviço de atenção psicossocial temos
que ter trabalhadores que tenham posturas técnica-política de acordo com as características e
necessidades dos usuários (CARRARA, 2015).
desafios no trabalho da enfermagem para lidar com o cuidado humanizado em saúde mental
(COSTA et al, 2017).
Lidar com o usuário portador de transtorno mental é desafiador, coloca o profissional
em situação vulnerável. Existe uma certa vulnerabilidade física, dado as condições insalubres
de trabalho, muitas vezes estabelecidas, bem como a falta de proteção em casos de
agressividade patológica, já que o enfermeiro é a linha de frente no atendimento à crise, e com
isso, a assistência de enfermagem em Saúde Mental, enfrenta desafios, cobrando desses
profissionais um nível elevado de improvisação, agravados e revelados pela falta de condições
adequadas para o trabalho cotidiano (CAIRO et al, 2020).
Para Brandão et al (2016), as vulnerabilidades que se mantem ao trabalho destes
profissionais, apontam que, é necessário a criação de espaços de troca e de saberes no serviço,
investimento na formação de profissionais, bem como a ampliação e diversificação da rede
atual de atenção à saúde mental.
Souza (2015), em seu estudo ao indagar os enfermeiros participantes de seu estudo,
sobre a sua formação, estes negaram que lhes dava base para atuação no modelo da promoção
da saúde mental, destacando que ela se ancorou no modelo centrado na doença.
A análise das falas nos revela que há um descompasso entre teoria e prática no ensino
de enfermagem e saúde mental/psiquiátrica, acarretando prejuízo na formação do enfermeiro e
comprometendo a sua atuação nos CAPS (SOUZA, 2015).
A implantação de um modelo de ensino que efetivamente integre a saúde mental em uma
perspectiva generalista é atualmente um desafio na formação do enfermeiro. O ensino de Enfermagem
Psiquiátrica e Saúde Mental no Brasil seguem contínuas mudanças, reflexo dos processos de Reforma
Psiquiátrica. Mesmo assim, existe um vazio entre o ensino e a prática do cuidado de enfermagem em
saúde mental. A dificuldade em definir o trabalho do enfermeiro para este campo tem sua possível
solução na clarificação de competências e habilidades essenciais (SILVA, et al, 2021).
O processo de formação profissional precisa ser capaz de sensibilizar os estudantes, e encantá-
los para uma prática humanizada respeitando os princípios políticos normativos conquistados pelas lutas
sociais (SILVA, et al, 2021).
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Quanto aos aspectos facilitadores mencionados por alguns enfermeiros dos estudos
citam-se: o relacionamento e o trabalho em equipe bem como a identificação pessoal com
a área de saúde mental.
A criação de vínculo, participação da família e a humanização do cuidado como
fatores preponderantes na reorientação do cuidado ao indivíduo em atenção às diretrizes da
Reforma Psiquiátrica. Esses fatores estão profundamente ligados considerando que o vínculo
do profissional com o indivíduo e seus familiares e a participação da família, como agente
essencial ao tratamento, são atribuições de uma assistência humanizada (CHAVES et al, 2017).
Destacam-se, como fatores facilitadores no cotidiano do trabalho do profissional
enfermeiro, a possibilidade de criação de vínculo com o indivíduo com vistas à construção e
implementação de um plano de cuidado de qualidade de acordo com as suas necessidades e
de sua família (CHAVES et al, 2017).
A família deve ser inserida como agente ativo que incentiva o cuidador a
participar do processo de reabilitação psicossocial. Enfatizam a importância
dada à visita domiciliar, considerada um instrumento facilitador tanto no que
tange à abordagem ao indivíduo como a sua dinâmica familiar, contexto
ambiental, dificuldades e potencialidades (CHAVES, 2017, p. 98).
Para E6, quando ela acontece, [...] é uma coisa que contribui muito, que
enriquece muito o trabalho no CAPS esse trabalho compartilhado, então eu
acho que o trabalho em equipe é um elemento chave (BRANDÃO et al, 2016
p. 4770).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
percebeu-se a necessidade de ampliação das ações desses trabalhadores para outras atividades
do campo psicossocial como nos grupos terapêuticos e na articulação com outros setores de
cuidado.
Ressalta-se, portanto, a necessidade de se desencadear processos de capacitação de
trabalhadores de enfermagem, na área da saúde mental.
O profissional da área da saúde, quanto mais consciente de sua condição pessoal e social,
estará mais apto para atuar e eleger instrumentos de trabalho que visem e proporcionem o
resgate de sujeito-cidadão, às pessoas com transtornos mentais (ALMEIDA; FUREGATO,
2015).
Acreditamos que os programas de educação continuada, destinados apenas a informar
os profissionais sobre recentes avanços em seu campo de conhecimento, devem ser substituídos
por programas mais amplos de educação permanente que visem articular conhecimentos
profissionais específicos com toda a rede de saberes envolvidos no sistema de saúde.
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6 REFERÊNCIAS
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