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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

FACULDADE DE ENFERMAGEM

CAPS - SABERES E PRÁTICAS DO ENFERMEIRO: DESAFIOS E


POSSIBILIDADES

EVELYN MARIA DA SILVA ALMEIDA

JUIZ DE FORA
2023
2
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CAPS - SABERES E PRÁTICAS DO ENFERMEIRO: DESAFIOS E


POSSIBILIDADES

EVELYN MARIA DA SILVA ALMEIDA

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade


de Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora,
como requisito parcial à obtenção do grau de bacharel em
Enfermagem.

Orientador: Profª. Drª Angela Maria Corrêa Gonçalves

JUIZ DE FORA
2023
4

EVELYN MARIA DA SILVA ALMEIDA

CAPS - SABERES E PRÁTICAS DO ENFERMEIRO: DESAFIOS E


POSSIBILIDADES

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade


de Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora,
como requisito parcial à obtenção do grau de bacharel em
Enfermagem.

Aprovada em 28 de julho de 2023.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________

Prof.ª Drª Angela Maria Corrêa Gonçalves - Orientador


Universidade Federal de Juiz de Fora

________________________________________

Prof.ª Drª Geovana Brandão Santana Almeida


Universidade Federal de Juiz de Fora

________________________________________

Prof. Dr Marcelo Da Silva Alves


Universidade Federal de Juiz de Fora
5

Dedico este trabalho com muito amor a minha mãe Derlane Silva
(sempre presente em meu coração), às minhas tias Águida
Almeida e Darlene Silva, grandes incentivadores de tudo o que
sou hoje.
6

AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus, Pai de infinita bondade pelo dom da vida e por me
carregar cuidadosamente em seu colo nos momentos mais difíceis da minha caminhada.
A Nossa Senhora Aparecida, por tantas graças derramadas em minha vida.
A minha mãe, Derlane Aparecida Mariano da Silva (muito presente em mim), que
sempre lutou com todas as suas forças junto comigo, para que esse projeto de fazer a minha
faculdade em Enfermagem, se tornasse realidade. Por acreditar, incentivar e me mostrar o
caminho do bem. Te amarei para sempre!
Ao Thiago, meu noivo, meu melhor amigo, companheiro de vida pessoal, com quem
divido minhas alegrias e tristezas. A ele que acredita em mim, no meu potencial, na minha força
de vontade e que me oferece apoio emocional para seguir meus projetos de vida.
A parcela da minha família que acredita no meu potencial e torce pelo meu sucesso, e
me concede apoio emocional e segurança, minhas tias e grande amigas Águida Heloiza e
Darlene Silva, meu avô Ananias Almeida. Obrigada pelo incentivo e pela presença forte de
vocês em minha vida.
Aos Professores do Curso de Enfermagem da UFJF, que tive o prazer de conhecer e que
muitos contribuíram para a minha formação acadêmica.
A minha orientadora, Ângela Maria Corrêa Gonçalves, uma mulher admirável e
encantadora, firme e ao mesmo tempo tão doce. A pessoa que confiou em mim, mesmo em um
momento tão difícil da minha vida, obrigada pela transformação realizada em mim como aluna
e como pessoa.
Aos amigos que eu fiz durante a graduação, pessoas com quem dividi os anseios,
ansiedade e alegrias.
Aos profissionais que conheci e que me auxiliaram durante as aulas práticas/estágio,
muito obrigada pelo compartilhamento de informações.
Por fim, a todos os meus familiares e colegas que souberam compreender a minha
ausência de estudo constante.
7

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Tipos de CAPS................................................................................................. 19


Figura 2 Passo a Passo Atendimento Psicossocial ......................................................... 23
Quadro 1 Apresenta os artigos que compuseram a amostra deste estudo ....................... 26
Figura 3 Processo de seleção dos artigos que compuseram a amostra deste estudo ...... 28
Figura 4 Panorama quantitativo dos artigos encontrados nas bases de dados
pesquisadas....................................................................................................... 28
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BVS Biblioteca Virtual em Saúde


CAPS Centro de Atenção Psicossocial
DeCs Descritores em Ciências da Saúde
LILACS Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciência da Saúde
MTSM Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental
NAPS Núcleos de Atenção Psicossocial
RD Redução de danos
SUS Sistema Único de Saúde
UBS Unidade Básica de Saúde
UFJF Universidade Federal de Juiz de Fora
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 10

2 REVISÃO DA LITERATURA ...................................................................... 13


2.1 A reforma psiquiátrica no Brasil......................................................................... 13
2.2 O Centro de Atenção Psicossocial - CAPS ....................................................... 15
2.3 A atuação do enfermeiro no CAPS ................................................................... 18

3 PERCURSO METODOLÓGICO ................................................................ 22


3.1 Tipo de estudo ................................................................................................... 22
3.2 Questão de pesquisa .......................................................................................... 22
3.3 Busca da literatura ............................................................................................. 23
3.4 Critérios de inclusão e exclusão ........................................................................ 23
3.5 Análise dos dados .............................................................................................. 23

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ........................................ 28


4.1 Saberes e prática do enfermeiro no CAPS ......................................................... 28
4.2 Limitações e possibilidades do enfermeiro no cuidado ..................................... 33

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 38

6 REFERÊNCIAS .............................................................................................. 40
10

RESUMO

A saúde mental brasileira passou por diversas transformações no decorrer das últimas décadas.
Estruturada às ideias da Reforma Psiquiátrica e a substituição do modelo hospitalocêntrico por
modelos mais humanos e democráticos, provocou uma reconfiguração no atendimento à saúde
mental. Através das políticas públicas, implementações na Legislação e contribuições de grupos
de defesa dos direitos dos pacientes com problemas mentais, foi possível a estruturação e
expansão de uma rede extra hospitalar da qual faz parte o CAPS (Centro de Apoio Psicossocial),
onde garantem que os indivíduos com transtornos psicológicos se sintam acolhidos, suas
necessidades identificadas, valorizados na sua forma de ser, dentro do seu contexto social e
familiar. Trata-se de uma revisão integrativa da literatura que teve como objetivos identificar
os saberes e as práticas realizadas pelo enfermeiro no CAPS, no contato direto com os usuários
do serviço e seus familiares; conhecer as limitações e possibilidades do enfermeiro no cuidado
ao portador de sofrimento mental no CAPS. Para a extração das informações foram utilizados
14 artigos, onde permitiu a estruturação de duas categorias temáticas, a saber: saberes e as
práticas realizadas pelo enfermeiro no CAPS; limitações e possibilidades do enfermeiro no
cuidado ao portador de sofrimento mental no CAPS. O acolhimento, educação em saúde,
atendimento individual, visita domiciliar, administração de medicamentos, grupos terapêuticos,
apoio familiar foram as principais atividades relatadas pelos enfermeiros, além das ações de
caráter administrativo que ainda assumem maior destaque. Os desafios para o trabalho
elencados pelos enfermeiros foram: escassez de recursos materiais e de transporte, deficiência
na estrutura do serviço, pouca qualificação profissional e às fragilidades do trabalho em rede.
Os resultados mostram que os enfermeiros que atuam na saúde mental precisam desenvolver
competências necessárias para a prática da promoção da saúde e encarar de forma eficaz os
desafios atuais. É grande a necessidade de se desencadear processos de capacitação de
trabalhadores de enfermagem, na área da saúde mental.

PALAVRA CHAVE: Saúde Mental, Reforma Psiquiátrica, Centro de Apoio Psicossocial.


Cuidados de Enfermagem
11

ABSTRACT

Brazilian mental health has undergone several transformations over the past decades. Structured
around the ideas of the Psychiatric Reform and the replacement of the hospital-centered model
by more humane and democratic models, it led to a reconfiguration of mental health care.
Through public policies, implementations in the Legislation and contributions from groups that
defend the rights of patients with mental problems, it was possible to structure and expand an
extra-hospital network where the CAPS (Psychosocial Support Center) is integrated,
guaranteeing that individuals with psychological disorders can feel welcome, their needs
identified, valued in their way of being, inserted in their social and family context. This is an
integrative literature review that aimed to identify the knowledge and practices performed by
nurses in CAPS, in direct contact with users of the service and their families, and to know the
limitations and possibilities of nurses in caring for the mentally ill in CAPS. For the extraction
of information, 14 articles were used, allowing the structuring of two thematic categories, in
particular: knowledge and practices performed by nurses in CAPS; limitations and possibilities
of nurses in caring for the mentally ill in CAPS. Reception, health education, individual care,
home visits, medication administration, therapeutic groups, and family support were the main
activities reported by nurses, in addition to the administrative actions that still stand out. The
work challenges listed by the nurses were: lack of material resources and transportation;
deficiency in the structure of the service; little professional qualification; and the weaknesses
of cooperative work. The results show that the nurses who work in mental health need to
develop the necessary competencies for the practice of health promotion and deal efficiently
with the current challenges. There is a great need to develop training processes for nursing
workers in the area of mental health.

KeyWords: Mental Health, Psychiatric Reform, Psychosocial Support Center, and Nursing
Care
12

1 INTRODUÇÃO

Até a década de 1960, a enfermagem psiquiátrica se destacava pelo modelo de controle


e repressão, com funções desempenhadas por indivíduos sem as habilidades necessárias para
cuidar de pessoas com transtornos mentais. No entanto, por meio do movimento da Reforma
Psiquiátrica, o cuidado em saúde mental passou a incluir novas atitudes de respeito e dignidade,
além de ações voltadas para cada indivíduo respeitando sua singularidade, permitindo e
incluindo sua participação em seu tratamento, bem como sua integração na sociedade.
A Reforma do Modelo de Assistência em Saúde Mental, conhecida como Reforma
Psiquiátrica, propõe a reinserção social e a assistência integral ao paciente. Além disso, esta
proposta prevê que as internações hospitalares sejam o último recurso no tratamento às doenças
mentais (HIRDES, 2009).
A Reforma Psiquiátrica no Brasil teve início no final dos anos 70 do Século XX, diante
da crise do modelo hospitalocêntrico decorrente de denúncias de violência dos manicômios, da
mercantilização da loucura, da hegemonia de uma rede privada, como também, das
manifestações do Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM), associações de
familiares, sindicalistas, membros de associações de profissionais e pessoas com longo
histórico de internações psiquiátricas deu-se início ao processo de Reforma Psiquiátrica
brasileira (BRASIL, 2005).
Esse processo sancionou novas leis e normas nos serviços de saúde delineando
progressivamente a política de saúde mental do Ministério da Saúde e teve como princípio
norteador a mudança dos modelos de atenção e gestão nas práticas de saúde.
A experiência italiana de desinstitucionalização, o II Congresso Nacional do MTSM
(Bauru, SP), a I Conferência Nacional de Saúde Mental (Rio de Janeiro) e o surgimento do
CAPS (São Paulo, SP) em 1987 demonstraram a possibilidade de ruptura com os antigos
paradigmas e incentivaram as primeiras propostas e ações para a reorientação da assistência
(ROSA, 2003).
Em 1989, são implantados no município de Santos os primeiros Núcleos de Atenção
Psicossocial (NAPS) que funcionam 24 horas, são criadas cooperativas, residências para os
egressos do hospital e associações (BRASIL, 2005).
Também no ano de 1989, dá entrada no Congresso Nacional o Projeto de Lei do
deputado Paulo Delgado (PT/MG), que propõe a regulamentação dos direitos da pessoa com
transtornos mentais e a extinção progressiva dos manicômios no país (VASCONCELOS,
2002).
13

Em 2001, após 12 anos de tramitação no Congresso Nacional, a Lei Paulo Delgado (Lei
Federal 10.216) é sancionada no país, redirecionando a assistência em saúde mental,
privilegiando o oferecimento de tratamento em serviços de base comunitária, dispondo sobre a
proteção e os direitos das pessoas com transtornos mentais, mas não instituindo mecanismos
claros para a progressiva extinção dos manicômios. (PAIM, 2002). Após a promulgação da Lei
10.216 é convocada a III Conferência Nacional de Saúde Mental com ampla participação dos
movimentos sociais, de usuários e de seus familiares, consolida a Reforma Psiquiátrica como
política de governo (ROSA, 2003).
Na década de 90, passam a entrar em vigor no país as primeiras normas federais
regulamentando a implantação de serviços de atenção diária, fundadas nas experiências dos
primeiros CAPS, NAPS e Hospitais-dia, e as primeiras normas para fiscalização e classificação
dos hospitais psiquiátricos. Os CAPS foram criados para proteger, resguardar e ampliar os
direitos de cidadania de todas as pessoas acometidas de transtornos mentais, por meio de uma
equipe multidisciplinar e ao mesmo tempo reduzir os leitos psiquiátricos do país (BRASIL,
2005).
Através da Reforma Psiquiátrica, foi preconizada uma abordagem de inclusão e
reabilitação, para que os indivíduos recebessem tratamento humanizado e com assistência
integral em âmbito social, favorecendo o relacionamento familiar. Há uma transição do modelo
hospitalocêntrico e voltado à doença para um modelo de base comunitária e voltado à
subjetividade. Busca-se a reabilitação psicossocial ao invés de remissão dos sintomas. Para esta
efetiva transição, é necessário rever as bases teóricas e práticas, inovar. Buscar entender o
indivíduo não apenas com ênfase na doença, mas valorizando suas particularidades, sem
fragmentá-lo (TRABUCO & SANTOS, 2015).
O papel do enfermeiro hoje é o de agente terapêutico, com o objetivo de melhorar a
qualidade de vida do indivíduo que possui algum tipo de sofrimento mental. Sendo assim, o
enfermeiro deve estar preparado e qualificado para atuar nesses modelos de atenção, ser capaz
de assumir novas atribuições e adaptar-se às mudanças trazidas pela atual política de saúde
mental do país. Em decorrência desse contexto, o enfermeiro psiquiátrico torna-se essencial e
indispensável, sendo capaz de modificar seu processo de trabalho e promover uma assistência
de enfermagem de qualidade (SANTOS, 2017).
Desse modo, surge problema de investigação: Quais são as ações dos enfermeiros da
área da saúde mental após a Reforma Psiquiátrica brasileira?
Partimos da hipótese que, mesmo com as conquistas alcançadas, é inevitável a
necessidade de reinventar o cuidado nos processos de trabalho em enfermagem psiquiátrica e
14

saúde mental. Portanto, emerge a necessidade de o enfermeiro compreender os princípios da


Reforma Psiquiátrica e as inovações da prática que ela traz e sugere. Fica claro que, as ações
devem incluir o paciente, a família e a sociedade.
A escolha do tema em questão partiu da experiência de aulas práticas vivenciadas num
CAPS-AD. Nessa oportunidade verificou-se as experiências, que fomentaram questionamentos
quanto ao papel do enfermeiro, tanto em relação às práticas desenvolvidas por esses
profissionais quanto pela teoria que as sustentam.
Desta forma, este trabalho tem como objetivos:
• Identificar os saberes e as práticas realizadas pelo enfermeiro no CAPS, no contato
direto com os usuários do serviço e seus familiares;
• Conhecer as limitações e possibilidades do enfermeiro no cuidado ao portador de
sofrimento mental no CAPS.
15

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 A Reforma Psiquiátrica

Para a devida compreensão da chamada Reforma Psiquiátrica brasileira, é necessária a


observação de como o conceito de “loucura” perpassa a história do homem ocidental ao longo
do tempo e como os avanços no campo da medicina psiquiátrica contribuíram para o seu
desencadeamento. Desde a Antiguidade Clássica encontram-se relatos sobre seres humanos
acometidos de distúrbios psíquicos. Através de observações em obras da época pode-se
constatar a existência de personagens, cujos comportamentos eram diferentes daqueles
considerados “normais” e que revelavam algum tipo de esquizofrenia ou outra doença mental
(PESSOTTI, 1994).
Foi só no início do século XIX que a loucura deixa de ser vista como um fenômeno
moral ou divino e passa a ser considerada como uma enfermidade. O psiquiatra Francês
Philippe Pinel propôs a criação de uma instituição para tratar a loucura o que posteriormente
deu origem à psiquiatria como um campo próprio da ciência médica. Surgem os manicômios
ou asilos como espaços destinados ao “tratamento” da loucura através da prática da psiquiatria
(PESSOTTI, 1944).
Devido à inexistência, na época, da utilização de medicamentos no tratamento desses
males, a prática da psiquiatria era caracterizada pelo confinamento dos doentes mentais nesses
espaços considerados “adequados”. Neles os doentes mentais eram submetidos a terapias de
transformação e condicionamento na perspectiva de que a doença mental fosse dando lugar à
razão.
No Brasil, a inauguração do primeiro hospício ocorreu em 1852, no Rio de Janeiro. Essa
foi a primeira ação efetiva de preocupação do Estado com o controle dos doentes mentais que
viviam perambulando pelas ruas ou nas Santas Casas de Misericórdia (RIBEIRO, 2015).
A crítica ao modelo hospitalocêntrico difundido no Brasil, residia no isolamento
imposto pelos hospitais psiquiátricos que feriam gravemente a cidadania do doente, quando não
a eliminavam por completo, sem considerar os seus direitos enquanto cidadãos. Os doentes
ficavam à mercê de uma equipe médica ou de “tratadores” que muitas vezes recorriam a terapias
violentas e que negavam sua condição humana (SILVA, 2010).
Em cumprimento a Constituição Federal de 1988, o direito à liberdade representa a base
do movimento de Reforma Psiquiátrica e antimanicomial, pois garante que o doente mental seja
visto como cidadão livre e que deve ser tratado com respeito e dignidade (BRASIL, 2007).
16

O movimento antimanicomial, defendia a reafirmação dos direitos humanos dos


doentes, teve seu início na década de 70, e foi impulsionado pela retomada das mobilizações
sociais pelo país. A realização da I Conferência Nacional de Saúde Mental e a realização do II
Encontro Nacional de Trabalhadores em Saúde Mental, são considerados como pontos de
partida para o que se denominou de Reforma Psiquiátrica Brasileira (BRASIL, 2005).
Com o movimento da Reforma Psiquiátrica no Brasil iniciou-se críticas à forma violenta
como os pacientes eram tratados nas instituições asilares, ocasionando as primeiras tentativas
de humanização desse espaço, coincidindo com o período de redemocratização da sociedade
brasileira (DIAS; SILVA, 2010).
A Reforma Psiquiátrica pretendeu modificar o método de tratamento clínico da doença
mental, eliminando gradualmente a internação e exclusão social como forma de cuidado e
substituindo-as por uma rede de serviços de atenção psicossocial a partir da promulgação da
Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas
portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental
(BRASIL, 2001).
Desse modo, podemos considerar que as décadas de 80 a 90 foi o período significativo
para a consolidação da Reforma Psiquiátrica brasileira, com a realização da Conferência
Regional para a Reestruturação da Assistência Psiquiátrica, realizada em 1990. Desse evento
surgiu um importante documento para a Reforma, a Declaração de Caracas, assinada pelos
países da América Latina, inclusive o Brasil. Neste documento esses países comprometeram-
se a incentivar e desenvolver políticas públicas que visam à reestruturação da assistência
psiquiátrica. Conforme podemos perceber na passagem abaixo:

A Reforma Psiquiátrica é processo político e social complexo, composto de


atores, instituições e forças de diferentes origens, e que incide em territórios
diversos, nos governos federal, estadual e municipal, nas universidades, no
mercado dos serviços de saúde, nos conselhos profissionais, nas associações
de pessoas com transtornos mentais e de seus familiares, nos movimentos
sociais, e nos territórios do imaginário social e da opinião pública.
Compreendida como um conjunto de transformações de práticas, saberes,
valores culturais e sociais, é no cotidiano da vida das instituições, dos serviços
e das relações interpessoais que o processo da Reforma Psiquiátrica avança,
marcado por impasses, tensões, conflitos e desafios (BRASIL, 2005, p. 06).

Diante disso, compreendemos que a doença mental é um problema de saúde pública,


havendo necessidade de programas para reabilitação dos portadores desses transtornos. Com a
reforma psiquiátrica, instituiu-se um novo modelo no tratamento dos pacientes portadores de
17

algum tipo de transtorno mental no Brasil, oferecendo tratamento em serviços de bases


comunitárias que dispõe sobre a proteção e direitos das pessoas com transtornos mentais.
Cabe ressaltar que a Reforma Psiquiátrica no Brasil é uma ação conjunta das esferas
Federal, Estadual e Municipal, dos grupos e movimentos sociais. O principal ideal do
movimento está na luta pela reaproximação do acometido de distúrbios mentais do seu meio
social e da sua reabilitação, em detrimento do isolamento e da segregação praticada nos
manicômios.
Torna-se imperioso destacar que foi no período de 1978 a 2005 que o processo da
Reforma Psiquiátrica obteve êxito, com os movimentos sociais em prol dos direitos dos
pacientes internados em hospitais psiquiátricos, o movimento dos trabalhadores (MTSM) em
prol do movimento sanitário, associações de familiares, sindicalistas, membros de associações
e profissionais e pessoas egressas na internação de hospitais psiquiátricos. Assim passa a surgir
as primeiras propostas de ações a reorientação à assistência como o II Congresso Nacional do
MTSM realizado em Bauru-SP, no ano de 1987, lutando por uma sociedade sem manicômios
e neste mesmo ano é realizado a primeira Conferência Nacional da Saúde Mental no Rio de
Janeiro e o surgimento do primeiro Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) no Brasil. Foram
implantados no município de Santos o Núcleo de Apoio Psicossocial (NAPS), funcionando
durante 24 horas, e criada as cooperativas e residências para os egressos do hospital psiquiátrico
(BRASIL, 2005).
É importante ressaltar que, no ano de 1988, surge o SUS – Sistema Único de Saúde,
junto da Constituição Federal, com gestões no âmbito federal, estadual e municipal, sob o
comando dos Conselhos Comunitários de Saúde (BRASIL, 2005).
Assim, a Reforma Psiquiátrica começa estruturar-se, regulamentando e implantando os
serviços de atenção diária, através da experiência com o CAPS, NAPS e hospitais-dia e os
primeiros hospitais psiquiátricos.

2.2 O Centro de Atenção Psicossocial - CAPS

Uma das bases de pensamento para a substituição do modelo de internações hospitalares


é a de garantir que os indivíduos com transtornos psicológicos possam sentir-se acolhidos,
valorizados na sua forma de ser, dentro do seu contexto social e familiar, de modo que se possa
reconhecer e entender as necessidade individuais de cada usuário do serviço, com a finalidade
de traçar até mesmo um tratamento que se encaixe de maneira mais adequada, garantindo assim,
18

a promoção e melhoria na qualidade de vida do indivíduo (BARRETO, 2019; SANTOS, et al


2019).
Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) surgiram, no Brasil, na década de 1980, e
foram regulamentados em 1992 através da Portaria MS 224/92 com vistas a garantir um cuidado
de base territorial e serem serviços substitutivos aos hospitalares, oferecendo cuidado intensivo
ao portador de sofrimento psíquico (BRASIL, 2005).

O Centro de Atenção Psicossocial – CAPS está definido como:


Um lugar de referência e tratamento para pessoas que sofrem com transtornos
mentais, psicoses, neuroses graves e demais quadros, cuja severidade e/ou
persistência justifiquem sua permanência num dispositivo de cuidado
intensivo, comunitário, personalizado e promotor de vida (BRASIL, 2004; p.
13).

Os CAPS se diferenciam como CAPS I, CAPS II, CAPS III, CAPSi e CAPSad, de
acordo com os tipos de demanda dos usuários atendidos, da capacidade de atendimento e do
tamanho (ARAÚJO, 2017).
• Os CAPS I oferecem atendimento a municípios com população entre 20 mil e 50 mil
habitantes (19% dos municípios brasileiros, onde residem aproximadamente 17% da
população do país), tendo uma equipe mínima de 9 profissionais de nível médio e
superior. O foco são usuários adultos com transtornos mentais graves e persistentes,
transtornos decorrentes do uso de álcool e outras drogas. Pode acompanhar por volta de
240 pessoas por mês, de segunda a sexta-feira, funcionando das 8 às 18 horas (BRASIL,
2004).
• Os CAPS II oferecem atendimento a municípios com mais de 50.000 habitantes
(equivalente a 10% dos municípios, onde residem aproximadamente 65% da população
brasileira). O público-alvo são adultos com transtornos mentais persistentes. Opera com
uma equipe mínima de doze profissionais, com nível médio e superior, tendo um suporte
para acompanhar cerca de 360 indivíduos por mês, de segunda a sexta-feira, com horário
de funcionamento das 8 às 18 horas – pode oferecer um terceiro período, funcionando
até as 21 horas (BRASIL, 2004).
• Os CAPS III são caracterizados por serem os serviços de maior porte da rede. Com
uma previsão de cobertura para municípios com população acima de 200.000 habitantes,
que representam uma baixa parcela dos municípios do país, apenas 0,63%, entretanto,
concentram cerca de 29% de toda a população do Brasil. Podem funcionar 24 horas,
inclusive feriados e fins de semana. Os CAPS III trabalham com uma equipe mínima de
19

16 profissionais com instrução entre nível médio e superior, equipe noturna e de final
de semana (BRASIL, 2004). Este tipo de CAPS oferece acolhimento noturno, se
necessário, realizando internações curtas, de algumas horas a no máximo 7 ou 10 dias.
Essa permanência e internações temporárias devem ser compreendidas como recurso
terapêutico, que visa a evitar as internações em hospitais psiquiátricos, promovendo
uma atenção integral às pessoas que buscam o serviço do CAPS (BRASIL, 2005).
• O CAPSi é um serviço infanto-juvenil, para atendimento diário para crianças e
adolescentes com transtorno mentais.
• Já o CAPSad é um serviço voltado para usuários de álcool e drogas, onde o atendimento
é diário para este tipo de população com transtornos decorrentes do uso e dependência
de substância psicoativas, como álcool e outras drogas, sendo que este tipo dispositivo
possui leitos de repouso com a finalidade exclusiva de tratamento para desintoxicação.

Figura 1: Tipos de CAPS

Fonte:https://www.seminarepsicologia.com.br/institucional/a-importancia-do-caps-
Para atendimento-a-população/

Apesar as particularidades de cada CAPS existem regras em comum que devem ser
seguidas. No que se diz respeito à estrutura física, todos os CAPS devem ter espaços para
acolhimento, desenvolvimento de atividades, individuais e coletivas, espaço para realização de
oficinas de reabilitação e para realização de atividades necessárias em cada caso em particular
(JORGE, 2010).
20

A função dos CAPS é atuar como organizadores e reguladores da assistência de maneira


geral, permitindo a atuação articulada e conjunta entre os serviços. Dentre as suas atribuições,
de acordo com a Portaria nº 336/2002, estão (BRASIL, 2005):
• Oferecer acolhimento diário e universal;
• Oferta de atendimento individual, para grupos e para as famílias, além de oficinas
terapêuticas;
• Oferta de um diagnóstico situacional e clínica de cada indivíduo que procurar por esse
serviço;
• Elaboração de estratégias para cuidar do paciente ou então elaboração de um projeto
terapêutico alinhado com as necessidades de cada usuário;
• Agenciamento e encaminhamento de casos que se mostrem incompatíveis com a
atuação dos CAPS, mas que exijam outro tipo de cuidado;
• Realização de visitas domiciliares e atividades com a comunidade;
• Supervisão e capacitação das equipes de atenção básica, serviços e programas de
saúde mental no seu território e/ou do módulo assistencial entre outras funções.

Os serviços disponibilizados pelos CAPS devem conter uma equipe multiprofissional


especializada em saúde mental sendo composta obrigatoriamente por enfermeiro (a), médico
(a) psiquiatra, técnicos/auxiliares de enfermagem e profissionais responsáveis pela parte
administrativa, além desses, a equipe conta com psicólogo (a), terapeuta ocupacional, assistente
social e arteterapeuta. Estes profissionais juntamente com toda a equipe responsável pelo
indivíduo montam um projeto terapêutico para cada usuário do Caps respeitando suas
singularidades epidemiológicas e socioeconômicas (BRASIL, 2021).

2.3 Atuação do Enfermeiro no CAPS

A assistência de enfermagem ao portador de transtorno mental no Brasil vem


desenvolvendo e procurando atender as propostas provenientes da Reforma Psiquiátrica, que
exige dos profissionais de saúde uma prática contrária aquela iniciada com a psiquiatria
tradicional, caracterizada pelo isolamento e pelo tratamento punitivo, voltado para a contenção
física e química dos indivíduos (ESPINDOLA; SILVA 2013).
A enfermagem tem papel fundamental na prestação de orientação ao paciente frente às
medidas preventivas, que acabam influenciando no tratamento em sua reabilitação social, física
21

e emocional. Além disso, é importante que o profissional interage com a família para o bem-
estar do paciente. (CENCI, Mariana, 2015).
A equipe de enfermagem, direciona suas atividades de forma diferenciada no tratamento
dos doentes mentais, implicando atitudes de respeito e dignidade para com o enfermo, ações
voltadas às individualidades do sujeito e participação deste em seu processo de tratamento,
valorizando e estimulando o autocuidado, bem como a reinserção em grupos sociais e
comunitários. Para isso, o profissional deve buscar espaços de produção do acolhimento, isto
é, espaços que possibilitem a solidariedade, a afetividade, a compreensão, a autonomia, a ética
e a cidadania, enfim, espaços que promovam a atenção psicossocial e a reabilitação do
indivíduo. (VILLELA; SCATENA, 2004).
O papel do enfermeiro é o de agente terapêutico, sendo fundamental ter conhecimento
generalista para prestar cuidados ao doente mental, pois o paciente necessita de projetos
terapêuticos e estratégias de intervenção, assim redesenhando a sua nova história
(GONÇALVES; SENA, 2001; MARCOLAN; CASTRO, 2013).
As ações de saúde mental realizada pela enfermagem no CAPS são:
(XAVIER; MONTEIRO, 2013).

• Escuta ativa: onde acontece a formação do processo de comunicação e


relacionamento terapêutico, através dessa ferramenta, humaniza-se o cuidar e a
assistência, estimulando o usuário e seu familiar a realizarem o enfrentamento das
dificuldades e até mesmo manter o tratamento;
• Administração de medicações, testes rápidos e verificação dos sinais vitais: as
medicações ainda são bastante usadas e necessárias, sendo um suporte para a
qualidade de vida do usuário, outras atividades como verificação de sinais vitais,
testes rápidos possuem o objetivo de propor o bem-estar do usuário dentro do
serviço;
• Acolhimento: o acolhimento e o vínculo são decisivos na relação de cuidado entre
o trabalhador de saúde mental e o usuário, pois facilitam a construção da autonomia
mediante responsabilização compartilhada e pactuada entre os usuários envolvidos
(JORGE et al., 2011);
• Realizar oficinas: a realização de oficinas e atividades é muito importante para a
inclusão social e o resgate da cidadania do usuário;
• Supervisionar os técnicos de enfermagem no CAPS;
22

• Capacitação e a educação continuada com a equipe: propor a equipe de adquirir


novos conhecimentos, habilidades e atitudes para o bom desempenho de seus
cargos;
• Realizar o trabalho junto com a Unidade Básica de Saúde: ambos os serviços devem
trabalhar juntos, se responsabilizar pelo cuidado do usuário. A UBS precisa da
ajuda do CAPS para segui com o tratamento do paciente e vice-versa. É muito
importante a troca entre os profissionais de diferentes serviços, tendo como
propósito e melhoria do quadro do sofrimento do usuário;
• Realizam busca ativa do usuário: através da busca ativa, se permite avaliar o
sofrimento psíquico do usuário e de seus familiares, suas condições e qualidade de
vida, avaliar se existem comorbidades associadas aos transtornos mentais.

A atuação do enfermeiro nos diferentes serviços da rede de atenção psicossocial, entre


eles os CAPS, decorre conforme as especificidades de cada local e de acordo com a população
atendida em seu território. No CAPS AD, o enfermeiro, juntamente com a equipe
interdisciplinar, busca promover a reabilitação psicossocial, com o intuito de cuidado aos
usuários de drogas, realizando o acolhimento universal e incondicional ao paciente e seus
familiares, levando em conta as especificidades e necessidades de cada paciente. Várias ações
são desenvolvidas no CAPS AD, como por exemplo, tratar abstinências leves de nível
ambulatorial, realizar busca ativa junto com a atenção básica em casos de abandono de
tratamento, desenvolver oficinas terapêuticas, apoiar um trabalho dentro da perspectiva de
Redução de Danos (RD), realizar suporte e apoio aos familiares (XAVIER; MONTEIRO,
2013).
No CAPS adulto, as atividades do enfermeiro, desenvolvem-se para o cuidado de
pessoas adultas com sofrimento psíquico e têm como objetivo um tratamento que não isola os
pacientes de suas famílias e da comunidade, mas que envolve os familiares no atendimento com
a devida atenção necessária, ajudando na recuperação e na reintegração social do indivíduo. As
atividades consistem nas visitas domiciliares, oficinas terapêuticas, atendimentos individuais,
atividades físicas e esportivas, grupos terapêuticos que são fundamentais para o portador de
transtorno mental, considerando que este necessita de cuidados terapêuticos que vão além da
doença e que englobam as relações interpessoais na comunidade e no território em que está
inserido (KANTORSKI et al., 2011).
Nota-se a importância do papel do enfermeiro no centro de atenção psicossocial
(CAPS), atuando na tentativa de reabilitação dos usuários, criando vínculos com o mesmo e sua
23

família, e percebe-se que os profissionais de enfermagem devem se organizar para posicionar


o papel que assume em diversos espaços da área de saúde mental, principalmente, no CAPS.

Figura 2: Passo a Passo Atendimento Psicossocial

Fonte: http://cidadao.saude.al.gov.br/unidades/caps/
24

3 PERCURSO METODOLÓGICO

Trata-se de um estudo de revisão integrativa da literatura que é um método que tem


como finalidade sintetizar resultados obtidos em pesquisas sobre um tema ou questão, de
maneira sistemática, ordenada e abrangente. É importante destacar que na revisão integrativa é
possível incluir estudos que têm metodologias diferentes (SOUSA, et al, 2017).
A revisão integrativa, é a mais ampla abordagem metodológica referente às revisões,
permitindo a inclusão de estudos experimentais e não experimentais para uma compreensão
completa do fenômeno analisado. Combina também dados da literatura teórica e empírica, além
de incorporar um vasto leque de propósitos: definição de conceitos, revisão de teorias e
evidências, e análise de problemas metodológicos de um tópico particular (BOTELHO,
CUNHA, MACEDO, 2011).
Para o desenvolvimento desta revisão serão percorridas 6 etapas, de acordo com
Botelho, Cunha e Macedo (2011) a saber:
• 1º etapa - identificação do tema e seleção da questão de pesquisa;
• 2º etapa - estabelecimento dos critérios de inclusão e exclusão;
• 3º etapa - identificação dos estudos pré-selecionados e selecionados;
• 4º etapa - categorização dos estudos selecionados;
• 5º etapa - análise e interpretação dos resultados;
• 6º etapa - apresentação da revisão/síntese do conhecimento.

A pesquisa se deu nas bases de dados LATINDEX, MEDLINE, PUBMED, LILACS,


DIADORIN, BVS - Bireme e Portal de Periódicos CAPES. Elencaram-se os descritores de
acordo com os Descritores em Ciências da Saúde (DeCs), realizando as buscas da seguinte
maneira “enfermagem” AND “reforma psiquiátrica”, “cuidados de enfermagem” AND
"enfermagem em saúde mental”.
Os artigos selecionados no período de 2014 a 2022, estão apresentados no quadro 1, a
seguir, contendo informações como: fonte, título, autor, objetivo, periódico, ano.

Questão de pesquisa
Sendo assim, para dar continuidade a essa construção, foram formuladas as seguintes
questões condutoras: Quais são as ações dos enfermeiros da área da saúde mental após a
Reforma Psiquiátrica brasileira?
25

Critérios de inclusão
Foram adotados os seguintes critérios de inclusão: artigos nos idiomas português com
recorte temporal de 2014 a 2022, textos completos disponíveis eletronicamente e de forma
gratuita. Os artigos disponíveis em mais de uma base de dados foram incluídos apenas uma vez.
Após a leitura dos resumos foi selecionado os artigos para a realização da pesquisa.

Critérios de exclusão
Foram excluídos estudos documentais, carta editorial, artigos repetidos e incoerentes
com a temática em questão e também os que não responderam à pergunta norteadora.

Risco
A pesquisa não oferece riscos por se tratar de um estudo de revisão integrativa que
utiliza dados secundários.

Benefícios
Ao realizar esse estudo, pretende-se contribuir com os profissionais que trabalham ou
venham a trabalhar nesse serviço (na assistência ao paciente com transtorno mental no CAPS),
oferecendo-lhes subsídios para ampliar as possibilidades de cuidado nesse espaço.

Questão ética
Esta pesquisa não foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) por ser um
estudo do tipo revisão integrativa. Todavia, foi garantida a ética por meio da lealdade às
informações abrangidas nos artigos de citação da fonte.

Análise de dados
Foi realizada leitura criteriosa dos artigos. Em seguida, a caracterização dos artigos teve
suas informações dispostas em um quadro para melhor visualização e compreensão dos dados.
A análise dos dados foi realizada de forma descritiva possibilitando observar, contar, descrever
e classificar os dados, com o intuito de reunir o conhecimento produzido sobre o tema exposto
na revisão e formar categorias de análise.
26

Quadro 1 – Apresenta os artigos que compuseram a amostra deste estudo.


Artigo Fonte Título do Artigo Autores Objetivo Periódico Ano

A1 Latindex Atuação do enfermeiro em saúde mental na Gusmão, Ricardo Otávio Maia, Conhecer a atuação do enfermeiro e os J. Health Biol Sci. - 2022
estratégia de saúde da família et al. cuidados desempenhados em saúde JHBS
mental na Estratégia de Saúde da Família

A2 BVS Caminhos históricos da formação do Silva, John Victor dos Santos et Descrever e refletir sobre as Hist. enferm., Rev. 2021
enfermeiro no campo da saúde mental no al. transformações no ensino da enfermagem eletrônica
Brasil psiquiátrica e de saúde mental na
graduação em enfermagem no Brasil.
A3 Latindex Enfermagem em saúde mental: a assistência Cairo JVF, et al. Identificar na literatura científica a Glob. Acad. Nurs. 2020
em um cenário de mudanças assistência de enfermagem em saúde
mental no contexto brasileiro, perante os
desafios impostos pela Reforma
Psiquiátrica.

A4 Latindex Importância do profissional de enfermagem Silva, Angélica Xavier da. et al Analisar a assistência de enfermagem ao Rev., Curitiba 2019
nos cuidados ao paciente com transtorno portador de transtorno mental, e as
mental: uma revisão integrativa mudanças que têm ocorrido ao passar dos
anos e as novas políticas públicas.
A5 BVS Tecnologias do cuidado em saúde mental: Campos DB, Bezerra IC, Jorge Analisar as tecnologias do cuidado em Rev Bras Enferm 2018
práticas e processos da Atenção Primária MSB. saúde mental utilizadas nas práticas e
processos constituintes da Atenção
Primária à Saúde a partir dos discursos de
enfermeiros da Estratégia Saúde da
Família.
A6 Latindex Influências No Cuidado De Enfermagem Ao Chaves, Maria Luiza Ramos da Identificar na literatura fatores facilitadores Revista 2017
Portador De Sofrimento Mental No Brasil: Cruz et al. e dificultadores na prática do cuidar do Interdisciplinar
Revisão Da Literatura enfermeiro aos indivíduos em sofrimento Ciências Médicas
mental nos serviços de saúde brasileiros.
A7 Diadorin Trajetória histórica da enfermagem em saúde Costa, Mikael Ferreira; Souza Compreender o processo de evolução da Journal of Health 2017
mental no brasil: uma revisão integrativa Tatiana Barros de; Estevam, assistência de enfermagem antes e após a Connections
Adriana dos Santos. reforma psiquiátrica.
27

Artigo Fonte Título do Artigo Autores Objetivo Periódico Ano

A8 Diadorin Cuidado em saúde mental: valores, conceitos e Alves, Katiusse Rezende; Analisar os conceitos, valores e filosofias Rev Enferm UFPI. 2017
BDENF filosofias presentes no quotidiano do Alves, Marcelo da Silva; presentes no quotidiano do cuidado de
atendimento. Almeida Carlos Podalirio enfermagem em saúde mental.
Borges de.
A9 BVS A práxis do enfermeiro na atenção Brandão, Thyara Maia, et al. Investigar a práxis do enfermeiro, as Rev enferm UFPE on 2016
psicossocial: vulnerabilidades e potencialidades e vulnerabilidades a que line.
potencialidades presentes. esta práxis está exposta em Centros de
Atenção Psicossocial (CAPS).
A10 BVS A clínica de enfermagem psiquiátrica e suas Oliveira RMP, Alves M, Porto Apresentar as tecnologias que compõem a Revista de Pesquisa, 2016
novas tecnologias de cuidado. IS et al. clínica de enfermagem psiquiátrica, Cuidado é
descrever o que pensam as enfermeiras Fundamental Online
sobre as tecnologias da clínica de
enfermagem psiquiátrica e analisar a
possibilidade de aderência das tecnologias
na prática assistencial.
A11 BVS Saberes e práticas de enfermeiros na saúde Souza, Miriam Cândida & Identificar saberes e práticas sobre saúde Revista 2015
mental: desafios diante da Reforma Afonso, Maria Lúcia Miranda. mental que têm sido desenvolvidos pelos Interinstitucional de
Psiquiátrica. enfermeiros no CAPS diante do desafio da Psicologia
Reforma Psiquiátrica
A12 BVS Laços entre família e serviços de Saúde Mental: Covelo, Bárbara Souza Discutir a participação dos familiares no Revista Interface 2015
a participação dos familiares no cuidado do Rodriguez e Badaró-Moreira, cuidado do sofrimento psíquico.
sofrimento psíquico Maria Inês
A13 Latindex Assistência de enfermagem humanizada em Carrara, Gisleangela Lima Identificar através da revisão da literatura Revista Fafibe 2015
saúde mental: uma revisão da literatura. Rodrigues et al. nacional, o conceito de vários autores sobre
a assistência de enfermagem humanizada
ao portador de doença mental.
A14 LILACS Reforma psiquiátrica em Natal-RN: evolução Silva, Fernando de Souza; Discorrer sobre a evolução das práticas SMAD, Rev. 2014
histórica e os desafios da assistência de Simpson, Clélia Albino; Dantas, assistenciais ao portador de transtornos Eletrônica Saúde
enfermagem. Rita de Cássia. psiquiátricos na cidade de Natal (RN). Mental Álcool Drog.
28

Figura 3 – Processo de seleção dos artigos que compuseram a amostra deste estudo

26 estudos identificados
22 estudos
através da estratégia de 04 estudos excluidos
identificados através da
busca incluindo por duplicidade
estratégia de busca
duplicidades

03 estudos excluidos
19 estudos 05 estudos não
por não
identificados através da atendem a questão da
disponibilização na
estratégia de busca pesquisa
íntegra

14 artigos incluídos na
revisão, relevantes para
a pesquisa

Figura 4 - Panorama quantitativo dos artigos encontrados nas bases de dados pesquisadas

6 1
BVS LILACS

5 2
LATINDEX DIADORIN

Após análise qualitativa dos artigos foi realizada uma leitura cuidadosa dos conteúdos.
Posteriormente, os trabalhos foram comparados e agrupados, por similaridade de conteúdo, sob
a forma de categorias empíricas, sendo constituídas duas categorias para a análise, especificadas
como:
• Saberes e as práticas realizadas pelo enfermeiro no CAPS;
• Limitações e possibilidades do enfermeiro no cuidado ao portador de sofrimento mental
no CAPS.
29

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

De acordo com afirmações feitas Campos (2000), Calgaro e Souza (2009), a assistência
de enfermagem até a década de 60 esteve marcada pelo método autoritário e controlador, tendo
suas funções exercidas por pessoas sem capacitação teórica e técnica sendo o manicômio o local
privilegiado ao tratamento dos portadores de sofrimento mental.
As transformações no papel do enfermeiro ocorreram de acordo com as transformações
ocorridas no movimento da reforma psiquiátrica que preconizava o tratamento ambulatorial,
garantindo a dignidade e os direitos do paciente (SANTOS et al, 2021).
A assistência de enfermagem na década de 70 teve como marco a reforma psiquiátrica
que direciona novas formas de cuidar em saúde mental, onde o profissional está implicado com
atitudes de respeito e solidariedade, além de ações voltadas para a singularidade de cada
paciente, deixando no passado a lógica manicomial e participando do programa de reinserção
do indivíduo na sociedade (SANTOS et al, 2021).
O momento atual da assistência de enfermagem em saúde mental caracteriza-se pela
transição de uma prática de cuidado hospitalar que visava à contenção e à correção do
comportamento anormal dos “doentes mentais” para a incorporação de princípios éticos e
sociais buscando, respondendo às subjetividades dos sujeitos envolvidos (KANTORSKI, et al
2010).
Nesse contexto, o cuidado precisa estar aportado na intencionalidade do ato, no
conhecimento científico e na prontidão para cuidar de acordo com Cavalcanti et al., (2014).

4.1 Saberes e as práticas realizadas pelo enfermeiro no CAPS

Para a prática do cuidado humanizado foram criados serviços extra-hospitalares como


serviços especializados, ambulatório de saúde mental, Centro de Atenção Psicossocial
(CAPS), hospitais dia, serviços de urgências e emergências psiquiátricas e serviços de
residências terapêuticas. Também faz parte no tratamento do doente mental o atendimento a
família que, através de suas experiências domiciliares, podem tornar o cuidado efetivo e
enriquecedor (CARRARA, 2015).

Com a mudança paradigmática da atenção à saúde mental, o papel do enfermeiro no


âmbito psicossocial é de educador, articulador de rede, serviço e território, proteção do usuário
no momento da agitação psicomotora, adesão terapêutica, administração de medicação, diálogo
30

com a equipe, além de ser promotor de saúde e bem-estar, auxiliando o indivíduo a enfrentar
os momentos de aflições decorrentes dos transtornos, da sua família e da comunidade (SILVA
& FRANÇA, 2020).
No CAPS, o enfermeiro integra a equipe interdisciplinar, e sua atuação torna-se
essencial para a implementação da reforma psiquiátrica, uma vez que lhe é atribuído um papel
extremamente ativo nos serviços substitutivos, inovando a prática da enfermagem no campo da
saúde mental (SOUZA, & AFONSO, 2015).
Os cuidados de enfermagem desempenhados ao paciente em seu território e meio social
favorecem a reinserção social e a autonomia e para que esse processo ocorra, o enfermeiro que
atua diretamente nesse serviço deve estar preparado para o atendimento às pessoas com
sofrimento mental, agindo diretamente na redução dos danos e na prevenção de possível
hospitalização do paciente (GUSMÃO et al., 2022).
Conforme Brandão et al, (2016 p. 4767),
No modelo atual de atenção a estas pessoas, entre as atividades que devem estar
presentes no CAPS estão: o atendimento individual, seja medicamentoso,
psicoterápico ou de orientação; os grupos terapêuticos em seus objetivos diversos; as
oficinas terapêuticas; as visitas domiciliares; o atendimento à família e diferentes
iniciativas de inserção na comunidade. Essas atividades devem estar embasadas nos
princípios da humanização que busca a diversificação das possibilidades de acolher e
envolve uma postura ética e de cuidados por parte dos profissionais que ali atuam,
dentre eles, do enfermeiro.

Os serviços CAPS, no modelo de atenção psicossocial, buscam a inclusão a partir da


reinserção social, promoção de autonomia das pessoas usuárias do serviço e convivência em
sociedade e, para tanto, solicita preparo do enfermeiro para a nova forma de acolher e atender
em equipe interdisciplinar que dê conta de promover a reabilitação psicossocial.
No entanto, a efetivação e fortalecimento do modelo de atenção psicossocial no contexto atual
brasileiro ocorre de forma lenta e frágil, tendo em vista que a desconstrução de práticas
hospitalares ainda necessita de investimentos e de oferta de uma rede de serviços efetivamente
integrada e resolutiva como afirmam Brandão et al, (2016).
Nesse contexto, verifica-se que o modelo de assistência, tem desenvolvido ações tanto
de caráter administrativo, que assume maior destaque, como de caráter assistencial. Entre as
ações estão: elaboração de escalas profissionais; controle de medicação e do estoque de
farmácia; supervisão da equipe de enfermagem; participação de grupos de discussão com
equipe multiprofissional; coordenação e/ou participação em grupos terapêuticos; acolhimento,
aconselhamento e escuta; práticas educativas; consulta de enfermagem; visita domiciliar;
31

cuidados com a higiene e alimentação; realização de curativos; verificação de sinais vitais e


acompanhamento ambulatorial na desintoxicação de adictos (BRANDÃO et al, 2016).
Cairo (2020) concorda que, a assistência do profissional de enfermagem no contexto do
CAPS ocorre de várias formas, como nos grupos terapêuticos, oficinas e reuniões de equipe
Diariamente nos CAPS, ao se realizar os atendimentos de demanda espontânea e dos
pacientes internados, nos deparamos com pessoas que apresentam uma necessidade de
acolhimento, bem como, o carecimento de se expressar e serem ouvidos. Na maioria das vezes,
o paciente ao ser indagado sobre a sua principal queixa, acaba expressando coisas pessoais que
ajudam no processo terapêutico e com isso percebe-se a importância de o profissional ter a sua
escuta ativa atuante.
Ressalta-se que o atendimento individual possibilita pôr em prática a consulta de
enfermagem ferramenta imprescindível para planejar o cuidado, a partir do estabelecimento e
avaliação das estratégias terapêuticas. De acordo com Brandão et al, (2016, p. 4772),

O atendimento individual aproxima o enfermeiro à pessoa cuidada, construindo


vínculos a partir de relações terapêuticas. Quando esse vínculo passa a ser profundo e
resolutivo, o profissional tende a ser o técnico de referência (TR) para a pessoa
cuidada.

Vale destacar que a reforma psiquiátrica é mais do que um marco político, é um marco
social, sendo o início do modelo de atenção psicossocial ao qual se vive hoje. É nesse cenário
que o enfermeiro atua como agente político e convicto do seu papel social, com aporte de
conhecimentos teóricos, que serão utilizados na sua prática clínica diária com o objetivo de
oferecer uma assistência de qualidade à valorização do saber e das opiniões dos usuários e
famílias, não se restringindo somente a fármacos, devendo utilizar e valorizar mais recursos
terapêuticos, como por exemplo o acolhimento, a escuta ativa/terapêutica, grupos terapêuticos,
educação em saúde e terapêutica medicamentosa conforme narra Silva (2019).
O acolhimento se dá no processo de responsabilização, com intervenção resolutiva e
humanização do atendimento prestado, utilizando-se da escuta qualificada dos problemas de
saúde mental dos usuários. Designa uma postura que pressupõe a atitude por parte do técnico
de receber, escutar e tratar humanamente o usuário e suas demandas segundo Jorge et al. (2011).
O enfermeiro, juntamente com a equipe multidisciplinar, realiza o acolhimento
possibilitando o acesso universal e o cuidado resolutivo sendo a escuta uma ferramenta
importante para um cuidado resolutivo que facilita a construção da autonomia
32

mediante responsabilização compartilhada e pactuada entre os envolvidos (JORGE et al.,


2011).
Nessa linha, a escuta terapêutica é uma ferramenta que facilita a introdução e a
aceitação do tratamento por parte do paciente. Nesse processo, a escuta terapêutica não se
mostra importante apenas pela ação de ouvir o paciente, mas sim como meio de produção de
sentidos que possibilita a amenização da angústia, ajudando na minimização do sofrimento
mental como refere Gusmão (2022).
Para Oliveira et al (2016, p. 3930).

A enfermeira precisa mostrar-se disponível para uma aproximação com o


paciente. A escuta, o acolhimento, a prontidão só são possíveis mediante uma
relação terapêutica efetiva e afetiva para que o paciente possa estabelecer uma
relação de confiança e a partir daí comprometer-se com a enfermeira.

Também os grupos terapêuticos, contribuem para uma abordagem integral do paciente


ajudando os pacientes a desenvolver mecanismos que os fortaleçam e, consequentemente, a
amenizar seus sofrimentos. Além disso, esses grupos auxiliam os profissionais, contribuindo
para produção de fins terapêuticos à experiência do sofrimento (GUSMÃO, 2022).
É importante destacar que a visita domiciliar é um instrumento facilitador do cuidado,
haja vista que proporciona o acompanhamento individual dos usuários e insere a família no
autocuidado. A partir da visita ao domicílio do paciente, pode-se entender a dinâmica familiar,
examinar se há perspectiva de envolvimento da família no tratamento ofertado ao usuário,
fornecer o apoio para a continuidade do tratamento, evitando uma possível reinternação do
paciente (GUSMÃO, 2022).
Ressaltam-se as ações educativas que ocorrem em atividades coletivas utilizando-se,
na maioria das vezes, metodologias grupais, jogos e dinâmicas, além de atendimentos
individuais, nas práxis do enfermeiro trabalhando a prevenção de agravos e o autocuidado. Os
temas comuns abordados são: a convivência, autoestima, alimentação saudável, alcoolismo,
saúde sexual, diabetes, hipertensão e saúde bucal. Porém evidenciou-se que os enfermeiros
conhecem a forma de diagnosticar necessidades educativas dos usuários, mas na prática isso
nem sempre ocorre como referem Brandão et al (2016).
Para Gusmão (2022), o enfermeiro deve-se atentar ainda, à terapêutica
medicamentosa do paciente, conhecer a medicação e a forma que ela está sendo utilizada pelo
paciente. É importante que o enfermeiro tenha conhecimento das peculiaridades dos
33

medicamentos utilizados em saúde mental, além da criação do vínculo com o paciente e familiar
para haver a corresponsabilização pelo cuidado.
A atual política de saúde mental adotada no Brasil possibilita a aproximação
das famílias aos seus membros com transtornos mentais. O cuidado em saúde mental sofreu
diversas transformações, dentre elas, a valorização da família como ator importante para a
atenção psicossocial. Desse modo, o papel da família no tratamento de pacientes em serviços
substitutivos, envolve o planejamento na participação direta da família nos serviços. Este ocorre
por meio de projetos terapêuticos desenvolvidos por intervenções, realizadas no grupo de
família, onde os profissionais compreendem e possibilitam suporte a família do usuário de
forma adequada diante do sofrimento psíquico. Faz-se necessário destacar que o familiar
também requer cuidado, para cuidar do outro, como revelam Covelo et al (2015).
De acordo com Borba et al (2013), os familiares, antes de exercerem o papel de
cuidadores, precisam de estratégias para lidar com as situações adversas e trabalhar com seus
anseios.
Entretanto, segundo Campos et al (2018) a maioria dos profissionais não se sente seguro
para lidar com as situações de saúde mental e o pouco conhecimento teórico impossibilita a
realização de intervenções eficazes e faz com que a demanda que chega aos serviços não
encontre uma escuta qualificada. O que se verifica, “é uma terapêutica reduzida a
psicofármacos, com frágil comunicação entre profissionais e usuários e pouco uso de
tecnologias” (p. 2234).
Não podemos deixar de citar Taylor (1992) quando afirma que a principal ferramenta
da enfermeira em saúde mental é o uso de si mesma na relação interpessoal.
Fica claro que, o cuidado de enfermagem em saúde mental deve ser interpessoal,
sensível, criativo, compartilhado, tecnológico, além de valorização da pessoa (OLIVEIRA,
2016).
Acreditamos que para se obter uma melhora no serviço de atenção psicossocial temos
que ter trabalhadores que tenham posturas técnica-política de acordo com as características e
necessidades dos usuários (CARRARA, 2015).

4.2 Limitações e possibilidades do enfermeiro no cuidado ao portador de sofrimento


mental no CAPS

A Reforma Psiquiátrica é considerada um marco norteador para reformulação das


práticas em saúde mental. Sua inserção impacta no ensino, na assistência e nas produções
34

científicas. A reestruturação dos serviços em saúde mental promovida pela Reforma


Psiquiátrica levou a criação dos serviços substitutivos extra hospitalares e a reformulação das
práticas assistenciais aplicadas em instituições asilares, visando à extinção progressiva dos
manicômios (CAIRO, 2020).
Deste modo, o cuidado exige técnicas e habilidades e é nesse campo, na área da saúde
mental que o cuidado da enfermagem é praticado. O enfermeiro tem um grande desafio
enquanto integrante das equipes que atuam nesses serviços substitutivos da Reforma
Psiquiátrica sendo exigido do profissional uma capacitação e atualização constante a fim de
oferecer uma assistência de qualidade (VIDAL et al., 2012).
A restrita formação em saúde mental são elementos que dificultam o desenvolvimento
das ações de saúde mental. Como retratado pelos profissionais, a defesa de que são pouco
qualificados durante a graduação para lidar com pessoas com sofrimento mental,
demonstrando a necessidade de realização de educação permanente e continuada, para assim
efetuarem um atendimento seguro e eficaz (GUSMÃO et al., 2022).
Verifica-se, como destaca Chaves, et al. (2017), a falta de conhecimento teórico para
lidar com o portador de saúde mental e seus familiares, a falta do conhecimento no âmbito
técnico-assistencial, o que promove insegurança para o exercício profissional e com isso,
surgem dificuldades adicionais de não perceber a importância de seu papel na equipe
multiprofissional.
Ainda de acordo com Chaves et al (2017), outras limitações ressaltadas foram o
preconceito da comunidade em relação ao sofrimento mental e aos profissionais que
trabalham nessa área e a falta de planejamento da assistência. Para superar a injustiça e o
preconceito o enfermeiro deve buscar a desconstrução do conceito que torna natural a patologia
e a exclusão e, além disso, perseguir a ideia da construção de um novo olhar sustentado pela
singularidade.
A escassez de recursos resultante da falta de investimentos em tecnologias
assistenciais pode fazer emergir como alternativa a interconsulta de enfermagem psiquiátrica
como relata VALENÇA, et al (2017),
A interconsulta psiquiátrica é uma área de conhecimento que se propõe a
estudar os fenômenos que ocorrem na relação entre a psiquiatria e todas as
outras áreas dos conhecimentos do processo saúde-doença, bem como propõe
condutas a seus problemas clínicos ou institucionais. Baseia-se numa
perspectiva biopsicossocial do adoecer, visando uma abordagem mais integral
e eficaz dos portadores de transtornos mentais. Nesse sentido, no atendimento
das intercorrências relativas a fenômenos mentais e de comportamento, um
trabalho de cooperação interdisciplinar compreenderá um atendimento
35

conjunto entre o profissional de saúde mental e colegas das demais áreas da


saúde (p. 374).

Tal atividade, além da oferta de assistência qualificada, desenvolve processos de


educação em saúde (CHAVES, et al. 2017).
Deve-se ter em mente que o objetivo do CAPS e sua equipe interdisciplinar é mostrar
para a sociedade que a doença mental não escolhe idade, sexo, posição social e nem classe, a
pessoa acometida por esse quadro, carrega um sofrimento e um isolamento social. A equipe
profissional precisa ser humanizada, compreensiva e tolerante, encarando com mente aberta
para ajudá-los a superar a injustiça e o preconceito, pois a doença mental é uma doença crônica
precisando ser melhor compreendida e estudada conforme narra Silva (2019),

São muitos os desafios para a prática do profissional enfermeiro, pois não é


fácil lidar com o cuidado humanizado na saúde mental diante de uma situação
de sucateamento dos serviços, a presença de poucos profissionais com
competências e habilidades para lidar com esse enfoque, e as fragilidades
individuais dos mesmos (p. 15).

A escassez de recursos materiais, deficiências na estrutura física e no transporte


disponibilizado para a realização de visitas, pouca capacitação profissional e a fragilidade na
rede de atenção em saúde mental são apontados como vulnerabilidades que dificultam o
trabalho das enfermeiras nos CAPS. Estudos mostram que entre os motivos de insatisfação com
o trabalho em CAPS aparecem: a deficiência de estrutura física e a falta de reconhecimento
entre os demais profissionais (BRANDÃO et al, 2016).
Corroborando com essa mesma visão Chaves et al, (2017) acrescenta ainda entre os
dificultadores que emergiram de seu estudo, a dificuldade de relacionamento interpessoal, o
preconceito da comunidade em relação aos portadores de sofrimento mental e aos que
trabalham na área, falta de planejamento da assistência, escassez de recursos, baixa
remuneração, múltiplas jornadas de trabalho e falta de reconhecimento profissional.
De acordo com Brandão et al (2016), outra dificuldade diz respeito a pouca qualificação
dos trabalhadores para as atividades típicas dos CAPS. Não houve um preparo prévio para
que as mesmas iniciassem o trabalho em CAPS, onde retrata a necessidade de maiores
investimentos, por parte dos gestores, na qualificação desses profissionais para a atuação, com
maior qualidade, nos serviços em que trabalham.
A enfermagem é receptora de questões e influência as condições de trabalho e tem como
papel trabalhar as necessidades básicas, mostrando o compromisso com a humanização e
relações terapêuticas, incorporando os novos princípios e reconhecendo a existência e os
36

desafios no trabalho da enfermagem para lidar com o cuidado humanizado em saúde mental
(COSTA et al, 2017).
Lidar com o usuário portador de transtorno mental é desafiador, coloca o profissional
em situação vulnerável. Existe uma certa vulnerabilidade física, dado as condições insalubres
de trabalho, muitas vezes estabelecidas, bem como a falta de proteção em casos de
agressividade patológica, já que o enfermeiro é a linha de frente no atendimento à crise, e com
isso, a assistência de enfermagem em Saúde Mental, enfrenta desafios, cobrando desses
profissionais um nível elevado de improvisação, agravados e revelados pela falta de condições
adequadas para o trabalho cotidiano (CAIRO et al, 2020).
Para Brandão et al (2016), as vulnerabilidades que se mantem ao trabalho destes
profissionais, apontam que, é necessário a criação de espaços de troca e de saberes no serviço,
investimento na formação de profissionais, bem como a ampliação e diversificação da rede
atual de atenção à saúde mental.
Souza (2015), em seu estudo ao indagar os enfermeiros participantes de seu estudo,
sobre a sua formação, estes negaram que lhes dava base para atuação no modelo da promoção
da saúde mental, destacando que ela se ancorou no modelo centrado na doença.

Era uma disciplina relativamente curta, foram 30 horas teóricas. A gente


somente fez uma visita, só conheceu o CAPS, mas não chegou a ter prática,
não. Então a gente via as teorias de enfermagem psiquiátrica, um pouquinho
de história, mas muito pouco, aí entramos com o conteúdo. A gente via cada
transtorno e os cuidados com cada transtorno e neste meio víamos um pouco
de psicofarmacologia, mas nada muito aprofundado não (SOUZA, 2015, p.
336).

A análise das falas nos revela que há um descompasso entre teoria e prática no ensino
de enfermagem e saúde mental/psiquiátrica, acarretando prejuízo na formação do enfermeiro e
comprometendo a sua atuação nos CAPS (SOUZA, 2015).
A implantação de um modelo de ensino que efetivamente integre a saúde mental em uma
perspectiva generalista é atualmente um desafio na formação do enfermeiro. O ensino de Enfermagem
Psiquiátrica e Saúde Mental no Brasil seguem contínuas mudanças, reflexo dos processos de Reforma
Psiquiátrica. Mesmo assim, existe um vazio entre o ensino e a prática do cuidado de enfermagem em
saúde mental. A dificuldade em definir o trabalho do enfermeiro para este campo tem sua possível
solução na clarificação de competências e habilidades essenciais (SILVA, et al, 2021).
O processo de formação profissional precisa ser capaz de sensibilizar os estudantes, e encantá-
los para uma prática humanizada respeitando os princípios políticos normativos conquistados pelas lutas
sociais (SILVA, et al, 2021).
37

Quanto aos aspectos facilitadores mencionados por alguns enfermeiros dos estudos
citam-se: o relacionamento e o trabalho em equipe bem como a identificação pessoal com
a área de saúde mental.
A criação de vínculo, participação da família e a humanização do cuidado como
fatores preponderantes na reorientação do cuidado ao indivíduo em atenção às diretrizes da
Reforma Psiquiátrica. Esses fatores estão profundamente ligados considerando que o vínculo
do profissional com o indivíduo e seus familiares e a participação da família, como agente
essencial ao tratamento, são atribuições de uma assistência humanizada (CHAVES et al, 2017).
Destacam-se, como fatores facilitadores no cotidiano do trabalho do profissional
enfermeiro, a possibilidade de criação de vínculo com o indivíduo com vistas à construção e
implementação de um plano de cuidado de qualidade de acordo com as suas necessidades e
de sua família (CHAVES et al, 2017).

A família deve ser inserida como agente ativo que incentiva o cuidador a
participar do processo de reabilitação psicossocial. Enfatizam a importância
dada à visita domiciliar, considerada um instrumento facilitador tanto no que
tange à abordagem ao indivíduo como a sua dinâmica familiar, contexto
ambiental, dificuldades e potencialidades (CHAVES, 2017, p. 98).

No cotidiano de atenção à saúde é preciso discutir, refletir, e conscientizar que a


sociedade deve adotar práticas e discursos mais inclusivos e mais positivos em relação ao
portador do sofrimento mental e paralelamente, romper com o paradigma da loucura entendida
como sinônimo de incapacidade (CHAVES et al, 2017).
Brandão et al (2016), em seu estudo, nos apresenta a visão dos enfermeiros participantes
sobre os facilitadores encontrados para o desenvolvimento das atividades nos CAPS, onde é
destacada a possibilidade de aprender e trabalhar em equipe.

Para E6, quando ela acontece, [...] é uma coisa que contribui muito, que
enriquece muito o trabalho no CAPS esse trabalho compartilhado, então eu
acho que o trabalho em equipe é um elemento chave (BRANDÃO et al, 2016
p. 4770).

Para E7, o objetivo comum e a colaboração favorecem esta interação: o que


facilita é a gente trabalhar buscando a mesma coisa. Se você tem dificuldade
em alguma coisa, você chama o colega para lhe ajudar, as coisas fluem
naturalmente e um ajuda o outro (BRANDÃO et al, 2016, p. 4770).

Para as enfermeiras entrevistadas no referido estudo, as formas de desenvolver o


trabalho em equipe, tais como, compartilhar conhecimentos e recursos, ter um objetivo comum
38

e existir um clima de ajuda mútua dentro da equipe, potencializa o desenvolvimento de suas


atividades (BRANDÃO et al, 2016).
Verifica-se que as ações praticadas pelos enfermeiros são essenciais por facilitarem a
busca pelo cuidado integral, universal e equânime nos serviços de saúde. Elas contribuem para
a melhora do estado de saúde do paciente, possibilitam a amenização da angústia e do
sofrimento e aproximam a família e os usuários aos serviços (GUSMÃO, et al, 2022).
Fica claro que a Reforma Psiquiátrica apontou a necessidade de desconstrução de
saberes e práticas influenciando sobremaneira as ações dos profissionais.
Ressalta-se que as ações do cuidado de enfermagem devem ter ênfase nas
singularidades, nos princípios da cidadania e na reinserção social como forma de atender os
objetivos da Reforma Psiquiátrica que ainda não está concluída, ela é um processo que exige
que os profissionais estejam conscientes de seu importante papel para o sucesso do novo modelo
de assistência.
39

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A reforma psiquiátrica brasileira permite oferecer ao paciente com diversos transtornos


mentais um suporte complexo nos diversos atendimentos dos CAPS e residências terapêuticas,
afim de desinstituicionalizar os manicômios e proporcionar a estes uma reinserção social e com
qualidade de vida eficaz. Os CAPS têm se destacado dentro do contexto da reforma psiquiátrica,
pois representam um dos avanços mais significativos na atenção psicossocial.
As atividades desenvolvidas pelos enfermeiros nesses serviços demonstraram que
mesmo com as mudanças já ocorridas conforme a Política de Saúde Mental vigente, grande
parte dos enfermeiros não se sente preparados e capacitados para atuar nestes dispositivos. Foi
evidenciado que a base da prática da maior parte dos enfermeiros nos serviços substitutivos de
saúde mental ainda é o modelo biomédico, fato preocupante, visto que é característico do
modelo tradicional manicomial.
O acolhimento, educação em saúde, atendimento individual, visita domiciliar,
administração de medicamentos, grupos terapêuticos, apoio familiar foram as principais
atividades relatadas pelos enfermeiros, além das ações de caráter administrativo que ainda
assumem maior destaque.
Entre os aspectos facilitadores mencionados por alguns enfermeiros dos estudos citam-
se: o relacionamento e o trabalho em equipe bem como a identificação pessoal com a área de
saúde mental.
Os desafios para o trabalho elencados pelos enfermeiros foram: escassez de recursos
materiais e de transporte, deficiência na estrutura do serviço, pouca qualificação profissional e
às fragilidades do trabalho em rede. Também há que se considerar aspectos como: falta de
planejamento da assistência, escassez de recursos, baixa remuneração, múltiplas jornadas de
trabalho e falta de reconhecimento profissional.
Fica claro que, enfermeiros que atuam na saúde mental precisam desenvolver
competências necessárias para a prática da promoção da saúde e encarar de forma eficaz os
desafios atuais. Trabalhar na saúde mental é um desafio para os profissionais, pois o cuidado
vai além de técnicas, é preciso ter habilidades e conhecimento para prestar o atendimento de
forma humanizada, para o paciente seguir com o seu tratamento e sempre focando para a sua
reabilitação. Dessa forma o enfermeiro poderá sentir-se mais preparado para realizar o cuidado
em saúde mental no CAPS.
Verificou-se que a enfermagem desenvolve práticas como a prevenção de doenças
clinicas e o cuidado com as medicações, o que é muito importante para o usuário. No entanto,
40

percebeu-se a necessidade de ampliação das ações desses trabalhadores para outras atividades
do campo psicossocial como nos grupos terapêuticos e na articulação com outros setores de
cuidado.
Ressalta-se, portanto, a necessidade de se desencadear processos de capacitação de
trabalhadores de enfermagem, na área da saúde mental.
O profissional da área da saúde, quanto mais consciente de sua condição pessoal e social,
estará mais apto para atuar e eleger instrumentos de trabalho que visem e proporcionem o
resgate de sujeito-cidadão, às pessoas com transtornos mentais (ALMEIDA; FUREGATO,
2015).
Acreditamos que os programas de educação continuada, destinados apenas a informar
os profissionais sobre recentes avanços em seu campo de conhecimento, devem ser substituídos
por programas mais amplos de educação permanente que visem articular conhecimentos
profissionais específicos com toda a rede de saberes envolvidos no sistema de saúde.
41

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