Meio Ambiente e Sustentabilidade

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Biomagnificação

Para entendermos a biomagnificação, precisamos primeiramente, compreender o conceito da


bioacumulação que ocorre nas teias alimentares e da bioconcentração.

A bioacumulação pode ser entendida como um processo de absorção e acúmulo de


substâncias ou compostos químicos no organismo de um determinado ser vivo.

Em uma cadeia alimentar, por exemplo, produtores contaminados por alguma substância
tóxica são consumidos por consumidores primários, que vão servir de alimento
para consumidores secundários. Dessa maneira, a concentração de tal composto será muito
maior no consumidor final do que nos organismos que ocupam posições inferiores na cadeia
como ostras filtradoras e plantas aquáticas.

Além disso, é fundamental que as substâncias dos processos sejam lipossolúveis. Assim, elas
podem ser dissolvidas em gorduras e se fixar nos tecidos dos seres vivos. Geralmente, elas
não são biodegradáveis e não são metabolizadas pelos organismos, de forma que sua taxa de
absorção e armazenamento é maior que a de excreção.

Já a bioconcentração ocorre quando as substâncias são absorvidas pelos organismos em


concentrações mais elevadas do que o ambiente circundante. Assim, a bioconcentração e a
bioacumulação ocorrem dentro de um organismo, enquanto a biomagnificação ocorre entre os
diferentes níveis da cadeia alimentar (níveis tróficos).

Agora que sabemos diferenciar o que é bioacumulação e bioconcentração, podemos seguir. A


biomagnificação trófica pode ocorrer de forma direta por meio do meio ambiente ou de forma
indireta a partir do consumo de alimentos contaminados. Com isso, é explicado como um
fenômeno que ocorre quando há acúmulo progressivo de substâncias de um nível trófico para
outro ao longo da teia alimentar. Assim, os predadores de topo têm maiores concentrações
dessas substâncias do que suas presas.

As classes de compostos com maior capacidade de bioacumulação são compostos cíclicos,


aromáticos e clorados com moléculas grandes, ou seja pesos moleculares maiores do que
236g/mol.

Um exemplo muito conhecido é o pesticida DDT (diclorofeniltricloretano), que já foi banido


ou restrito, mas continua presente no ambiente porque não é facilmente destruído. A
biomagnificação do DDT ocorre porque esse composto é metabolizado e excretado mais
lentamente do que os nutrientes que são transferidos de um nível trófico para o próximo.

Assim, as aves e mamíferos, por ocuparem um nível mais elevado na cadeia alimentar,
podem apresentar uma quantidade de DDT mais de um milhão de vezes maior do que a
quantidade encontrada na água do mar.

Contaminação por pesticidas


Partindo para o próximo tópico, vamos falar da contaminação por pesticidas, mas primeiro
vamos entender como funciona e qual a função dos pesticidas.

Os pesticidas, “venenos da lavoura” ou “agrotóxicos” como também são chamados, são


compostos utilizados na agricultura para combater pragas como insetos, fungos ou plantas
indesejáveis (inseticidas, fungicidas e herbicidas, respectivamente) com o propósito de não
ocorrer perdas da plantação, e visar pela qualidade na hora da colheita.

O uso excessivo desses


compostos está contaminando
uma das mais importantes e ainda conservadas áreas úmidas do mundo, o Pantanal Mato-
Grossense. Os princípios ativos desses compostos foram detectados no fundo dos rios
(sedimento) em pesquisa realizada pela Embrapa Pantanal em conjunto com a UFMT, na ação
de pesquisa “Monitoramento Limnológico¹ e Ecotoxicológico² da Bacia do Alto Paraguai
(BAP)”, que faz parte do projeto “Respostas ecológicas de longo prazo a variações
plurianuais das enchentes no Pantanal MatoGrossense”, financiado pelo CNPq (Programa
Ecológico de Longa Duração - PELD), para o período 2000-2009.

_________________________________
¹ Limnologia: estudo da qualidade física e química das águas dos rios, córregos e lagos e de suas relações ecológicas com os
organismos aquáticos.

² Ecotoxicologia: estudo dos efeitos das substâncias tóxicas nos organismos (biota) e na qualidade ambiental.

Consequências

Ambas as atividades são realizadas por seres humanos e por envolverem substâncias químicas
não-naturais nas quais são depositadas, gerando diversos impactos a fauna, a flora e o meio
abiótico da região afetada, podendo até se estender para outras áreas e habitats devido ao
transporte abiótico e de animais contaminados.

A poluição hídrica advinda de práticas agrícolas é frequentemente subestimada. Um relatório


da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) publicado em
2018 traz um alerta global acerca da contaminação da água. Segundo a publicação, a
agricultura é o maior responsável pelo desperdício de água em volume, além de ter dado
origem a ameaças ambientais, incluindo o aumento da poluição dos ecossistemas aquáticos.

Assim, é de extremo alerta as contaminações de fontes de água, que estão dispostas à fauna,
contaminando-os. Logo, devido a continuidade natural da teia alimentar, contaminando
principalmente o topo da cadeia, acarretando uma bioacumulação seguida de uma
biomagnificação.

Estudos em algas e diatomáceas em córregos mostrou que as substâncias químicas tóxicas


danificam as células e bloqueiam a fotossíntese, impossibilitando a entrada de gás carbono e a
liberação de oxigênio, prejudicando diretamente os animais em razão do empobrecimento da
oxigenação dos rios e mares, afetando toda a vida marinha.

Portanto, o acúmulo de pesticidas nas cadeias alimentares é a maior preocupação, pois afeta
diretamente os predadores de topo. Vários casos de envenenamento de golfinhos e outros
mamíferos aquáticos por pesticidas têm sido relatados em todo o mundo devido ao seu alto
nível trófico na cadeia alimentar e acúmulo de concentrações de poluentes orgânicos.

Já solo contaminado pode afetar as populações de microrganismos benéficos, o que o degrada,


pois reduz a produção de nutrientes no ambiente. Algumas plantas, como as leguminosas,
dependem de uma variedade de microrganismos do solo para transformar nitrogênio
atmosférico em nitratos, e muitos herbicidas interrompem esse processo. Causando extrema
destruição das vegetações, animais e suas cadeias alimentares.
A simples detecção de resíduos de pesticidas é preocupante, pois, em termos ecológicos, o
efeito crônico (ao longo do tempo) da contaminação, mesmo sob concentrações baixas (sub-
letais), é muito difícil de se determinar a curto e médio prazo, mas pode originar alterações
imperceptíveis e de longo prazo, como a diminuição do potencial biológico (diminuição do
sucesso reprodutivo ou maior suscetibilidade a doenças, por exemplo) de espécies tanto
animais quanto vegetais.

Dever-se-ia implantar as curvas de nível (terraceamento), para minimizar o efeito de lavagem


do solo pelas enxurradas. Assim, o carreamento de fertilizantes (nutrientes como nitrogênio
total - NT e fósforo total - PT) e material em suspensão (partículas de solo) para os cursos
d’água em níveis que alteram suas concentrações naturais, caracteriza a poluição deles, além
da contaminação por pesticidas que são substâncias com diferentes níveis de toxicidade.

Conclusão

A biomagnificação trófica e a contaminação por pesticidas são questões interligadas que


revelam os perigos do uso indiscriminado de substâncias químicas em nossos
ecossistemas. À medida que os pesticidas são introduzidos no ambiente, eles se
acumulam na cadeia alimentar, prejudicando não apenas a fauna e a flora, mas também
apresentando riscos significativos à saúde humana. A maneira que reconsideremos
nossas práticas agrícolas e promovemos alternativas sustentáveis para proteger o meio
ambiente e a nossa saúde. A conscientização e a ação conjunta em favor de políticas mais
rigorosas na utilização de pesticidas são passos cruciais para garantir um futuro mais
seguro e saudável para todos os seres vivos.
Referências:

U.S. Environmental Protection Agency, 2010, Solid waste and emergency response glossary--
Bioaccumulation: U.S. Environmental Protection Agency, accesso em 28 de maio de 2015.

Voutsas, E, Magoulas, K, Tassios, D. 2002. Prediction of the biaccumulation of persistent


organic pollutants in aquatic food webs. Chemosphere 48:645-651 .

https://www.io.usp.br/index.php/ocean-coast-res/31-portugues/publicacoes/series-
divulgacao/poluicao/811-bioacumulacao-e-
biomagnificacao.html#:~:text=Biomagnificação%20(ou%20magnificação%20trófica)%20é,s
ubstâncias%20do%20que%20suas%20presas.

https://www.ecycle.com.br/biomagnificacao/

• Prediction of the bioaccumulation of persistent organic pollutants in aquatic food webs


• Bioconcentração e biomagnificação de metilmercúrio na Baía de Guanabara, Rio de
Janeiro

CALHEIROS, Débora Fernandes, OLIVEIRA, Márcia Divina, DOLORES, Eliana F. G.


Poluição por pesticidas, nutrientes e material em suspensão nos rios formadores do Pantanal
Matogrossense. Corumbá, MS: Embrapa Pantanal, 2006. 4p. ADM – Artigo de Divulgação na
Mídia, n. 096. Disponível em: . Acesso em: 10 mar. 2007.

https://agro.estadao.com.br/summit-agro/agrotoxicos-da-agricultura-moderna-e-seus-
impactos-no-meio-ambiente

agradecimentos

Ao professor Arthur Henrique puccetti nascimento. pelo desenvolvimento do estudo sobre esse
tema.

E a todos os alunos envolvidos nesse trabalho.

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