Histria Lnguas indgenas americanas ou amerndias

Antes da chegada dos portugueses, estima-se que cerca de 1.500 lnguas diferentes eram faladas no territrio que veio a ser o Brasil. Essas so agrupadas em famlias, classificadas como pertencentes aos troncos Tupi, Macro-J e Aruaque. H famlias, entretanto, que no puderam ser identificadas como relacionadas a nenhum destes troncos. So elas: Karib, Pano, Maku, Yanomami, Mura, Tukano, Katukina, Txapakura, Nambikwara e Guaikuru. Evidentemente, o fato de duas sociedades indgenas americanas falarem lnguas pertencentes a uma mesma famlia no faz com que seus membros consigam entender-se mutuamente.[4] Apesar de o Brasil ter sido descoberto oficialmente em 1500 pelos portugueses, sua colonizao s comeou efetivamente em 1532 e de forma gradativa. Nestes trinta anos, o Brasil foi atacado pelos holandeses, ingleses e franceses que tinham ficado de fora do Tratado de Tordesilhas (acordo entre Portugal e Espanha, em 1494, que dividiu as terras recm descobertas). No ano de 1530, o rei de Portugal organiza a primeira expedio com objetivos de colonizao. Foi comandada por Martim Afonso de Sousa e tinha como objetivos povoar o territrio brasileiro, expulsar os invasores e iniciar o cultivo de cana-de-acar no Brasil. Com isso a lngua portuguesa passa a ser usada factualmente no territrio hoje conhecido como Brasil. Ao mesmo tempo, outras naes europeias vm para o Brasil, como a Frana e a Holanda (que chegou a instalar uma colnia na regio que hoje o Estado de Pernambuco). No incio da colonizao portuguesa no Brasil, a lngua dos amerndios Tupinamb (tronco Tupi) era falada numa enorme extenso de territrio ao longo da costa atlntica. Hoje em dia especula-se, erroneamente, que no sculo XVI, ela passou a ser aprendida pelos portugueses, que de incio eram uma minoria entre a populao nativa. Aos poucos, o uso dessa lngua, chamada de Braslica, teria se intensificado e generalizado-se de tal forma que passou a ser falada por quase toda a populao que integrava o sistema colonial brasileiro e, com o decorrer do tempo, teria-se modificado e, a partir da segunda metade do sculo XVII, passado a chamar-se de lngua geral. Realmente, a lngua geral era, em alguns casos especficos, falada por certas populaes. Era a lngua do contato entre amerndios de diferentes tribos, entre amerndios e portugueses e seus descendentes. A lngua geral era assim uma lngua franca entre contatos indgenas. Essa foi a primeira influncia que a lngua portuguesa recebeu no Brasil e que deixou algumas marcas no vocabulrio popular falado atualmente no pas. A lngua geral possua duas variantes:

Trecho da poesia Lngua Portuguesa ltima flor do Lcio, inculta e bela, s, a um tempo, esplendor e sepultura: Ouro nativo, que na ganga impura A bruta mina entre os cascalhos vela Olavo Bilac

A Lngua Geral Paulista: originria na lngua dos amerndios Tupi de So Vicente e do alto rio Tiet, passa a ser falada pelos bandeirantes no sculo XVII. Dessa forma, ouve-se tal idioma em locais em que esses amerndios jamais estiveram, influenciando o modo de falar dos brasileiros. O Nheengatu, (ieengat = "lngua boa") uma lngua tupi-guarani falada no Brasil e pases limtrofes. O Nheengatu uma lngua de comrcio que foi desenvolvida ou como que compilada pelos jesutas portugueses nos sculos XVII e XVIII, tendo como fundamentos o vocabulrio e a pronncia tupinamb e como referncia a gramtica da lngua portuguesa, tendo sido o vocabulrio enriquecido com palavras do portugus e do castelhano.

O portugus no Brasil

O Marqus de Pombal instituiu o portugus como a lngua oficial do Brasil, proibindo o uso da lngua geral. Com a sada dos holandeses em 1654, o portugus passa a ser a nica "Lngua de Estado" do Brasil. No fim do sculo XVII, os bandeirantes iniciam a explorao do interior do continente, e descobrem ouro e diamantes. Devido a isso, o nmero de imigrantes portugueses no Brasil e o nmero de falantes da Lngua Portuguesa no Brasil passam a aumentar, superando os falantes da lngua geral (derivada do tupinamb). Em 17 de agosto de 1758, o Marqus de Pombal instituiu o portugus como a lngua oficial do Brasil, ficando proibido o uso da lngua geral. Nesta altura, devido evoluo natural da lngua, o portugus falado no Brasil j tinha caractersticas prprias que o diferenciavam do falado em Portugal. No sculo XVII, devido intensificao do cultivo de cana-de-acar, existe um grande fluxo de escravos vindos da frica, que se espalharam por todas as regies ocupadas pelos portugueses e que trazem uma influncia lexical africana para o portugus falado

no Brasil. Para se ter uma ideia, no sculo XVI foram trazidos para o Brasil 100 mil negros. Este nmero salta para 600 mil no sculo XVII e 1 milho e 300 mil no sculo XVIII. A influncia lexical africana veio principalmente da lngua iorub, falado pelos negros vindos da Nigria, e do quimbundo angolano. Com a transferncia da corte portuguesa para o Brasil em 1808, como consequncia das invases francesas, ocorre uma relusitanizao no falar da cidade do Rio de Janeiro, que passou a ser a capital do pas. Acompanhando a famlia real, chegam ao Rio de Janeiro cerca de 15 mil portugueses. Com essa relusitanizao expande-se e influencia outras partes do Brasil. Em 1822 o Brasil torna-se independente. Com isso o trfico negreiro diminui e muitos imigrantes europeus, como alemes e italianos, chegam ao pas. Em nmeros absolutos os italianos formaram a maior corrente imigratria no pas. Deste modo, as especificidades lingusticas dos imigrantes italianos interferiram nas transformaes da lngua portuguesa no Brasil. Assim, palavras foram agregadas de outros idiomas europeus. Na segunda metade do sculo XIX ocorre uma tentativa, dos autores romantistas, de criar uma personalidade literal brasileira. Entretanto, o movimento que consagrou rapidamente a norma brasileira foi o Modernismo brasileiro. Esse foi um movimento de nacionalizao que rompeu com o Parnasianismo e com a imitao do padro tradicional do portugus, privilegiando as peculiaridades do falar brasileiro. O Modernismo brasileiro nasceu no dia 11 de fevereiro de 1922, com a Semana de arte moderna de 1922. Representou uma verdadeira renovao da linguagem, na busca de experimentao, na liberdade criadora e na ruptura com o passado. O evento marcou poca ao apresentar novas ideias e conceitos artsticos. H vrias ideias acerca de quando comearam a divergir o portugus do Brasil e o de Portugal. O professor titular da USP Ataliba Teixeira de Castilho disse numa entrevista ao jornal da UNICAMP:[5] "H vrias posies sobre isso. Uns dizem que a partir do Sculo XIX comeou a ser construda uma gramtica do portugus brasileiro, quer dizer, uma nova lngua, distinta do portugus europeu. Mas se analisar o portugus medieval, como fez a minha mulher Clia Maria Moraes de Castilho em sua tese de doutorado, descobre-se que aquilo que se explicava como um abrasileiramento do portugus, na verdade, j se encontrava l, sobretudo nos documentos do Sculo XV. Ou seja, esse portugus veio para o Brasil e foi preservado. Ns estamos fazendo mudanas gramaticais a partir dessa base. J Portugal, a partir do Sculo XVIII, imprimiu um novo rumo lngua, por isso que muito do que aqui sobreviveu, no existe mais l. Eles que esto diferentes, no ns."[6] preciso, tambm, no esquecer que em Portugal existe uma grande variedade de dialetos para alm do de Lisboa, alguns mais prximos dos brasileiros. pt-BR

pt-BR um cdigo de lngua para o portugus brasileiro, definido por normas ISO (ver ISO 639-1 e ISO 3166-1 alpha-2) e normas Internet (ver "IETF language tag"). Lxico Ver tambm: Lista de diferenas lexicais entre verses da lngua portuguesa Ainda que o lxico brasileiro seja o mesmo que o do portugus europeu, existe uma srie de peculiaridades que podem gerar confuso e desentendimentos entre os falantes das duas variantes. H ainda as palavras que, apesar de estarem dicionarizadas em ambos os pases (Brasil e Portugal), no so utilizadas por um ou por outro, gerando a mesma estranheza quando ouvidas ou lidas por um falante da outra variante. Tupinismos So os chamados "brasileirismos" que derivam diretamente da lngua tupi ou que por ela foram influenciados, como acontece com alguns sufixos que, segundo alguns autores, funcionam mais como adjetivos do que como sufixos, j que no alteram a constituio morfolgica e fontica da palavra a que se ligam. So exemplos destes sufixos o -au (grande), -guau (grande) e -mirim (pequeno) nas palavras arapau (pssaro de bico grande), babau (palmeira grande), mandiguau (peixe grande), abatimirim (arroz mido) ou mesa-mirim (mesa pequena). Existem, no entanto, verdadeiros sufixos, como -rana (parecido com) e -oara (valor gentlico) nas palavras bibirana (planta da famlia das anonceas), brancarana (mulata clara) ou paroara (natural do Par) e marajoara (natural da Ilha do Maraj, Par). Outros exemplos so:

topnimos: Ipanema, Tijuca, Cear, Taquara, Par e Curicica; nomes ou sobrenomes de pessoas: Araci, Jandaia e Iara; substantivos peculiares da fauna e flora: como cupim, mandioca, jacarand, abacaxi e araba; nomes de utenslios, crenas e fenmenos da natureza: urupema, tipia, moqueca, mingau, iracema, guri e xar; enfermidades: catapora.

Amerindinismos Existem influncias de outras lnguas amerndias no-tupis que se falavam no pas data da chegada dos portugueses e com as quais houve contato. Os missionrios jesutas denominaram de tapuias os aborgenes no-tupis. [editar] Africanismos

O trfico de escravos, especialmente da frica para os engenhos brasileiros, trouxe consigo, mormente da famlia banto, toda uma srie de termos que em breve veio a determinar a criao de duas lnguas africanas gerais: o nag ou ioruba especialmente na Bahia e o quimbundo, mais rico de vocabulrio e de expresso no resto do pas.[7] [editar] Neologismos H palavras novas (neologismos, que designam novos objetos, invenes, tcnicas, etc) que tm uma formao distinta da que se verificou em Portugal. So exemplos nibus por oposio a autocarro, trem por oposio a comboio, bonde por oposio a elctrico ou aeromoa por oposio a hospedeira de bordo. Outras exemplos so gol (pt golo, de goal, ingls, )), esporte (pt desporto, do ingls sport), xampu (pt champ, de shampoo, ingls). A tabela abaixo ilustra outras diferenas lexicais: Brasil abridor de garrafas ou saca-rolhas abridor de latas aeromoa, comissria de bordo gua-viva ou medusa gua sanitria AIDS alho-por amerissagem aquarela arquivo (de computador) aterrissagem banheiro, toalete, toilettes, lavabo, sanitrio bonde brcolis caf da manh, desjejum, parva calcinha Portugal saca-rolhas abre-latas hospedeira gua-viva alforreca ou medusa gua sanitria, lixvia SIDA (Sndrome de Imuno-Deficincia Adquirida) alho-porro amaragem aguarela ficheiro aterragem casa de banho, lavabos, quarto-de-banho, sanitrios, w.c. elctrico brcolos pequeno almoo, desjejum cuecas femininas

caminho ou camio (linguagem oral) caminhonete, van, perua canadense cncer caqui carona carro conversvel carta/carteira de habilitao, carteira de motorista, carta carteira de identidade ou Registro Geral/RG chaveiro clio, pestana, celha concreto descarga diretor (de cinema) dublagem durex, fita adesiva escanteio esparadrapo, bandeide (band-aid) estao de trem estrada de ferro, ferrovia favela fila de pessoas fones de ouvido freio, breque gol grama, relva grampeador Ir

camio camioneta canadiano cancro dispiro boleia carro descapotvel carta de conduo bilhete de identidade/BI/ carto do cidado porta-chaves ou chaveiro pestana beto autoclismo realizador dobragem fita gomada, fita-cola, fita adesiva pontap de canto penso, penso-rpido gare, estao caminho de ferro, ferrovia bairro de lata fila ou bicha auscultadores, auriculares, fones travo, freio golo relva agrafador Iro

Isl isopor israelense, israelita legal mai mamadeira metr Moscou nadadeiras, p-de-pato nibus nibus espacial, nave espacial, espaonave, astronave pebolim (ou tot) perua, van polons, polaco privada sanitria, vaso sanitrio ou privada rgbi, rugby salva-vidas ou guarda-vidas secretria eletrnica sunga ou calo de banho suti, soutien, soutien-gorge tcheco, checo tela telefone celular (ou simplesmente celular), aparelho de telefonia celular terno time, equipe tiro de meta torcida trem, composio ferroviria

Islo esferovite israelita fixe fato-de-banho bibero metro, metropolitano Moscovo barbatanas autocarro vaivm, veculo espacial recupervel matraquilhos carrinha polaco retrete ou sanita rguebi, rugby salva-vidas ou nadador-salvador atendedor de chamadas cales de banho, calo de banho soutien, suti checo ecr telemvel fato equipa, equipe pontap de baliza claque comboio

Vietn Fonologia

Vietname

Os fonemas usados no portugus do Brasil so, muitas vezes, diferentes dos usados no portugus europeu, ou seja, uma mesma palavra tem notao fontica diferente no Brasil da dos outros pases lusfonos. Existem vrios dialetos dentro do portugus brasileiro e o europeu, entretanto, dentro de cada padro, esses dialetos compartilham as mesmas peculiaridades bsicas do ponto de vista fontico. O portugus brasileiro utiliza 34 fonemas, sendo treze vogais, dezenove consoantes e duas semivogais. Fonema * Caractersticas fonticas Exemplos ** Aberta, central, oral, no arredondada. tomo, arte. Semi-aberta, central, oral, no arredondada. pano, ramo, lanho. Semi-aberta, central, nasal, no arredondada. antes, amplo, ma, mbito, nsia. Semi-aberta, frontal, oral, no arredondada. mtrica, pea. Semi-aberta, frontal, oral, no arredondada medo, pssego. Semi-fechada, frontal, nasal, no arredondada sempre, mbolo, centro, concntrico, tm, tambm.** Vogais semi-aberta, posterior, oral, arredondada tima, ova. Semi-fechada, posterior, oral, arredondada rolha, av. Semi-fechada, posterior, nasal, arredondada. ombro, ontem, cmputo, cnsul. i Fechada, frontal, oral, no arredondada item, silvcola. Fechada frontal, nasal, no arredondada. simples, smbolo, tinta, sncrono. u Fechada, posterior, oral, arredondada uva, tero. Fechada, posterior, nasal, arredondada. algum, plmbeo, nunca, renncia, muito. Consoantes m Nasal, sonora, bilabial Marca. n Nasal, sonora, alveolar Nervo. Nasal, sonora, palatal Arranhado. b Oral, oclusiva, bilabial, sonora Barco. p Oral, oclusiva, bilabial, surda Pato. d Oral, oclusiva, linguodental, sonora Data. t Oral, oclusiva, linguodental, surda Telha. g Oral, oclusiva, velar, sonora Gato.

k v f z s j x R r l y Semivogais w

Oral, oclusiva, velar, surda Oral, fricativa, labiodental, sonora Oral, fricativa, labiodental, surda Oral, fricativa, alveolar, sonora Oral, fricativa, alveolar, surda Oral, fricativa, ps-alveolar, sonora Oral, fricativa, ps-alveolar, surda Oral, vibrante, sonora, uvular Oral, vibrante, sonora, alveolar Oral, lateral aproximante, sonora, palatal. Oral, lateral aproximante, sonora, alveolar Oral, palatal, sonora Oral, velar, sonora

Carro, quanto. Vento. Farelo. zero, casa, exalar. Seta, cebola, espesso, excesso, acar, auxlio, asceta. gelo, jarro. xarope, chuva. rato, carroa. Variao. Cavalheiro. Luz. uivo, me, rea, tm, tambm, vivem. *** automtico, mvel, po, frequente, falam. ****

Comparao ao portugus europeu Alguns autores sugerem que o portugus do Brasil seguiu as caractersticas do portugus europeu do Centro-Sul. [8] No entanto, dados histricos provam que a grande maioria dos imigrantes portugueses que se instalaram no Brasil durante no s o perodo colonial mas tambm no perodo ps-colonial eram oriundos das regies Norte/Nordeste do pas, o que sugere que o portugus do Brasil poder ter uma grande influncia dos dialetos setentrionais de Portugal.[9] Alguns aspectos conservadores e inovadores da fontica brasileira: Aspectos conservadores Na maior parte do Brasil, os -s e -z em final de palavra ou diante de consoante surda so realizados como [s] (como em "atrs" ou "uma vez") ou como [z] diante de consoante sonora ("desde"), em vez de [] e [] como em Portugal. As vogais tonas permaneceram abertas, perpetuando "mais uma vez a pronncia de Portugal antes das grandes mutaes fonticas do sculo XVIII".[10] Por outro lado, certas inovaes fonticas ocorridas no portugus europeu no sculo XIX foram ignoradas no Brasil: manteve-se a pronncia [ej] em ditongos como do "ei" em "primeiro", versus a pronncia [j]; a pronncia do "e" tnico como [e], versus [], em palavras como "espelho" ou "vejo".[11]

Aspectos inovadores Entre outros, assinalam-se os seguintes: Desapario da oposio entre timbre aberto e fechado nas vogais tnicas a, e e o seguidas de consoante nasal (ex: "vnia" vs. "vnia", "Antnio" vs. "Antnio"); O mesmo fenmeno ocorre nas vogais das slabas pretnicas (ex: o primeiro "a" de cadeira, pronunciado /a/ no Brasil e // em Portugal); Vocalizao do "l" velar, como em "animal", que em algumas regies pronunciado [ni maw].[12] Os fenmenos fonolgicos do PB que no ocorreram no PE ora so apresentados pelos tupinlogos como provas da influncia tupi, ora pelos africanistas como influncia das lnguas dos escravos. Alguns autores, porm, contestam a tese de que esse tipo de influncia tenha sido determinante, preferindo interpretar tais mudanas fonticas como "desenvolvimento ou a realizao de tendncias latentes, embrionrias ou incipientes na lngua-tronco",[13] porquanto tais fenmenos so encontrados em outras lnguas neolatinas:

ensurdecimento e queda do r final: ocorre tambm em francs, provenal, catalo, andaluz, etc; iesmo (e. g. *muier por mulher ou *trabaio por trabalho): no francs, em espanhol, no galego, em Portugal, em dialetos crioulos portugueses; reduo de nd a n nos gerndios (e. g. *andano em vez de andando): efetuou-se no catalo antigo, aragons, italiano centro-meridional; alguns casos de epntese (e. g., *ful por flor ou *quelaro por claro): aparece na evoluo do latim nas diversas lnguas romnicas; terminao verbal tona desnasalizada (e. g. *amaro por amaram): ocorre o mesmo em alguns falares do Norte de Portugal, como o do Baixo Minho; queda ou vocalizao do l final (e. g. *finaw em vez de final): possvel de ouvir tambm em algumas zonas do Alto Minho, no Norte de Portugal, e da Madeira, em Portugal Insular.

Nota: o asterisco (*) marca as palavras ortograficamente incorretas Nasalizao A nasalizao muito mais presente no portugus brasileiro que no europeu. Isso especialmente perceptvel em vogais antes de /n/ ou /m/ seguidos de vogal; no PB, so pronunciadas com tanta nasalizao quanto as vogais fonemicamente nasalizadas, enquanto no PE quase no tm nasalizao. Pelo mesmo motivo, vogais abertas (que no ocorrem em nasalizao no portugus em geral) no ocorrem antes de /n/ ou /m/ no PB, mas ocorrem no PE. Isso pode afetar a escrita das palavras, sendo a explicao

para a maior parte das duplas grafias permitidas pelo Acordo Ortogrfico, como harmnico [mniku] e harmnico [amniku]. Um outro caso a distino que o PE faz entre falamos [flmu] e falmos [flamu], enquanto os brasileiros pronunciam os dois tempos verbais como [falmus] . Uma exceo importante a maior cidade do pas, So Paulo, onde, talvez pela influncia da forte imigrao italiana, a nasalizao de vogais tnicas antes de consoante nasal no ocorre. Dessa forma, a palavra homens pronunciada em So Paulo com um /o/ oral, no nasal, ao invs do // nasal ouvido em grande parte do Brasil. [14]Isso tornado especialmente relevante pela condio de So Paulo como grande centro da mdia brasileira, sede das principais emissoras de televiso ( exceo da Rede Globo), o que faz com que essa pronncia no nasal seja ouvida em boa parte da programao nacional de televiso e rdio. Um fenmeno relacionado ao j descrito uma divergncia de pronncia da consoante representada por nh. No PE, a pronncia sempre [], mas, em boa parte do Brasil, realizada como a semivogal nasalizada [j]. [15] Exemplo: manhzinha [mj zj ]. Reduo de vogais A reduo de vogais uma caracterstica fontica notvel da lngua portuguesa, mas sua intensidade e frequncia so variveis entre a variante europeia e a brasileira. De forma geral, os brasileiros pronunciam as vogais de forma mais aberta que os portugueses, mesmo quando esto as reduzindo. [16] Nas slabas seguintes tnica, o PB geralmente pronuncia o O como [u], o A como [] e o E como [i]. Alguns dialetos do PB seguem esse padro tambm nas vogais anteriores slaba tnica. Em contraste, o PE pronuncia o A tono principalmente como [], elide (no pronuncia) algumas vogais tonas ou as reduz a uma vogal [] (um som que no existe no portugus do Brasil). Por exemplo, a palavra setembro [setbu]/[stb] no Brasil mas [s()tbu] em Portugal. A principal diferena entre os dialetos internos do Brasil a presena frequente ou no de vogais abertas em slabas tonas. Em geral, os dialetos do Sul-Sudeste sempre pronunciam E e O tonos como [e] e [o], isso quando no so reduzidos a [i] e [u]. Nesse caso a pronncia pode variar de palavra para palavra ou at de falante para falante. Em contraste, nos sotaques do Norte e Nordeste h muitas regras complexas, ainda no muito estudadas, que determinam a pronncia aberta de E e O em posio tona em muitas palavras. Exemplo: rebolar, que se fala [hebola] no Sudeste e [hbla] no Nordeste. Uma outra diferena perceptvel, mesmo que pequena, entre os dialetos a frequncia de nasalizao das vogais antes de M e N. No Norte-Nordeste, so nasalizadas quase sempre, enquanto no Sul-Sudeste podem permanecer no nasalizadas se forem tonas. Um exemplo famoso a pronncia de banana. No Nordeste se fala [bnn ], enquanto no Sul a pronncia [bann ]. Palatalizao de /di/ e /ti/

Uma das tendncias mais notveis do PB modern a palatalizao de/d/ e /t/[17] na maioria das regies; esses sons so pronunciados como [d] e [t] (ou [d] e [t]), respectivamente, antes de /i/. A palavra presidente, por exemplo, se fala [pezidti] nas regies brasileiras em que esse fenmeno ocorre, mas [pzidt()] em Portugal. Essa pronncia deve ter comeado no Rio de Janeiro e ainda frequentemente associada a essa cidade, mas atualmente a norma em muitos outros estados e grandes cidades, como Belo Horizonte e Salvador. Recentemente, foi difundida para algumas regies do estado de So Paulo (talvez pela imigrao), onde comum para a maioria dos falantes abaixo de 40 anos, em mdia. Sempre foi a norma na comunidade japonesa do Brasil, por ser tambm uma caracterstica da lngua japonesa. As regies que ainda preservam o [ti] no palatalizado se localizam principalmente no Nordeste e no Sul do pas, por conta da influncia maior do portugus europeu (no Nordeste) e do italiano e do espanhol (no caso do Sul). Epntese em encontros consonantais O PB tende a desfazer encontros consonantais em que a primeira consoante no seja /r/, /l/, ou /s/ por meio da insero da vogal epenttica /i/, que tambm pode ser caracterizada, em certos contextos, como um xev.[18] Esse fenmeno acontece predominantemente em posio pretnica e com os encontros consonantais ks, ps, bj, dj, dv, kt, bt, ft, mn, tm e dm, isto , encontros consonantais que no so comuns em portugus. Exemplo: "opo" : [ps] > [pis] ). No entanto, algumas regies brasileiras (como Minas Gerais e partes do Nordeste) apresentam uma tendncia oposta, de reduzir a vogal tona [i] em uma vogal muito fraca, o que faz com que partes ou destratar sejam frequentemente realizados como [pahts] e [dtata]. Esse fenmeno pode ocorrer ainda mais intensamente em vogais tonas ps-tnicas (exceto as finais), causando a reduo da palavra e a criao de encontros consonantais: prtica > prt'ca; mquina > maq'na; abbora > abobra; ccega > cosca).[19] Supresso do R e vocalizao do L Na maioria das regies do Brasil, [r] (o som do dgrafo RR) enfraquecido a [] ou [h], e o som da letra R em fim de slaba (qualquer que seja), quando est no fim de verbos, costuma ser suprimido. Assim, matar e correr so normalmente pronunciados como [mata] e [kohe]. Isto tambm visto no PE, mas com menos frequncia.[20] Paralelamente, o som /l/ em fim de slaba pronunciado como [u] em quase todos os dialetos do pas. Esses fenmenos, combinados com o fato de que /n/ e /m/ no ocorrem em fim de slaba em portugus (sendo substitudos pela nasalizao da vogal anterior), fazem com que o PB tenha uma fonologia que favorece fortemente slabas abertas. Dialetos do portugus brasileiro A fala popular brasileira apresenta uma relativa unidade, maior ainda do que a da portuguesa[carece de fontes?], apesar das dimenses continentais do Brasil. A comparao das variedades dialetais do portugus brasileiro com as do portugus europeu leva

concluso de que aquelas representam em conjunto um sincretismo destas, j que quase todos os traos regionais ou do portugus padro europeu que no aparecem na lngua culta brasileira so encontrados em algum dialeto do Brasil. H pouca preciso na diviso dialetal brasileira. Alguns dialetos, como o dialeto caipira, j foram estudados, estabelecidos e reconhecidos por linguistas tais como Amadeu Amaral. Contudo, h poucos estudos a respeito da maioria dos demais dialetos, e atualmente aceita-se a classificao proposta pelo fillogo Antenor Nascentes. Em entrevista ao jornal da UNICAMP,[5] o linguista Ataliba de Castilho diz que o padro do portugus paulista espalhou-se pelo Brasil. "Se voc olhar mapas que retratem os movimentos das bandeiras, das entradas e dos tropeiros, ver que os paulistas tomaram vrias direes, para Minas e Gois, para o Mato Grosso, para os estados do sul. Tudo isso integrava a Capitania de So Paulo. Na direo do Vale do Paraba, eles levaram o portugus paulista at Maca, no estado do Rio de Janeiro. Era paulista a lngua que se falava no Rio de Janeiro. Isso mudou em 1808, quando a populao do Rio era de 14 mil habitantes e D. Joo VI chegou com sua Corte, cerca de 16 mil portugueses. E no eram portugueses quaisquer. Eram portugueses da Corte. Seu prestgio fez com que imediatamente a lngua local fosse alterada. E os cariocas comearam a chiar, como os portugueses de ento. O portugus paulista do sculo XVI precisa ser estudado, porque ele foi levado para quase todo o pas, com exceo do Nordeste e do Norte". A primeira clula do portugus brasileiro surgiu em Minas Gerais com a explorao de pedras preciosas, quando bandeirantes paulistas, escravos, ndios e europeus criaram um jeito de pronunciar que se espalhou pelo pas atravs do comrcio e outras formas. Os principais dialetos do portugus brasileiro so:

Dialetos do Brasil.
1. Caipira - parte do interior do estado de So Paulo e de Gois, parte do norte do Paran, parte do Mato Grosso e Mato

Grosso do Sul, sul de Minas Gerais e Tringulo Mineiro

2. Cearense - Cear 3. Baiano - regio da Bahia 4. Carioca - cidade do Rio de Janeiro 5. Gacho - Rio Grande do Sul (a cidade de Porto Alegre possui um jeito de falar prprio) 6. Mineiro - Minas Gerais (a cidade de Belo Horizonte possui um jeito de falar prprio)

7. Nordestino (ouvir) - Estados do nordeste brasileiro (alguns estados como Cear, Pernambuco e Piau possuem diferenas

lingusticas entre a capital e o interior).

8. Nortista - estados da bacia do Amazonas, O estado de Tocantins tem um falar prprio,semelhante ao nordestino. 9. Paulistano - cidade de So Paulo 10. Sertanejo - Estados de Gois, Mato Grosso e algumas regies do Paran, apesar de o dialeto ter evoludo por causa da

imigrao forte em Mato Grosso, apenas Gois permaneceu com esse dialeto.

11. Sulista - Estados do Paran e Santa Catarina (a cidade de Curitiba tem um falar prprio[21], h ainda um pequeno dialeto no

litoral catarinense, prximo ao aoriano), o oeste e serra catarinense sofre influncia do gacho, o norte catarinense e o vale do itaja falam um dialeto com influncias alems e o sul catarinense (mais precisamente em Cricima) possui um falar bem parecido com o Italiano chegando a ser quase incompreensvel[carece de fontes?] em algumas regies.
12. "Manezinho da Ilha" - Cidade de Florianpolis (prximo ao aoriano) 13. "Brasiliense" - Cidade de Braslia a cidade desenvolveu uma maneira prpria de falar, graas as vrias ondas de migrao. 14. "Paraense" - exclusivo da regio metropolitana de Belm assim como o fluminense tem origens portuguesas, o sotaque

paraense tem o "chiado forte" quando pronunciado em palavras que tenham letra "s" no comeo ou final de frases.

15. Fluminense (ouvir) - Estado do Rio de Janeiro (a cidade do Rio de Janeiro tem um falar prprio) 16. Paranaense - Paran., tambm falado em algumas cidades de Santa Catarina e So Paulo que fazem divisa com o

Paran.

Obs: Algumas cidades do interior do estado de So Paulo tem um modo prprio de falar, exemplificando algumas cidades como Campinas e algumas da RMC, como Americana, Paulnia e Hortolndia, um modo diferente de se falar, diferentemente do Caipira que bem intenso no municpio de Piracicaba, e do Paulistano, mais falado na regio da cidade de So Paulo. Ver artigo principal: Ortografia da lngua portuguesa

[editar] Ortografia

Desde 1945, existem duas normas ortogrficas para o portugus: uma em vigor no Brasil e outra nos restantes pases lusfonos. A maior parte das diferenas diz respeito s consoantes "mudas", que foram eliminadas da escrita no Brasil. Por exemplo, as palavras ao e atual, que em Portugal so grafadas aco e actual, mas ditas como no PB. Portugus europeu aco baptismo contacto direco elctrico ptimo Portugus brasileiro Ao batismo contato direo eltrico timo

Com a implementao do Acordo Ortogrfico de 1990, j aprovado pela Assembleia da Repblica portuguesa e assinado pelo Presidente da Repblica, a maioria das consoantes mudas sero tambm eliminadas da ortografia oficial do portugus europeu, restando apenas um nmero pequeno de palavras que admitiro ortografia dupla, geralmente quando a consoante muda no portugus europeu, mas pronunciada no portugus brasileiro (por exemplo, em recepo), ou vice-versa (por exemplo, em facto). [editar] O trema At a entrada em vigor do Acordo Ortogrfico de 1990, em janeiro de 2009, o trema era usado no portugus brasileiro para assinalar que a letra u nas combinaes que, qui, gue e gui, normalmente muda, deve ser pronunciada. Exemplos: sangneo (pronuncia-se /sgwinju/) e conseqncia (pronuncia-se /ksekwsja/). Com a entrada em vigor no novo Acordo Ortogrfico da Lngua Portuguesa a partir de 1 de janeiro de 2009 o trema deixou de ser usado, a no ser em nomes prprios e derivados. Palavras como lingia, seqestro, tranqilo deixam de ter trema. No entanto, o acento continua a ser usado em palavras estrangeiras e seus derivados: Mller, mlleriano e Bndchen so exemplos. At 2012 vigora no Brasil um perodo de adaptao, durante o qual tanto a antiga ortografia da Formulrio Ortogrfico de 1943, como a nova do Acordo Ortogrfico de 1990 so oficialmente aceitas como vlidas. A ortografia do portugus europeu j no utilizava o trema, reservando-o para palavras derivadas de nomes estrangeiros, como mlleriano (do antropnimo Mller). Acordo Ortogrfico de 1990 Formulrio Ortogrfico de 1943 linguia lingia

sequncia frequncia quinqunio pinguim bilngue trilngue quinquelngue sequestro [editar] Acentuao Grfica

seqncia freqncia qinqnio pingim bilnge trilnge qinqelnge seqestro

Devido diferena de pronncia entre o portugus falado no Brasil e o falado em Portugal, as proparoxtonas que no Brasil recebem acento circunflexo, por terem a vogal tnica fechada, em Portugal recebem acento agudo, por terem a vogal tnica aberta. Observe: Portugus europeu cmodo fenmeno tnico gnio Portugus brasileiro cmodo fenmeno Tnico Gnio

Note-se que existem excees a esta regra, com palavras a proparoxtonas a receberem acento circunflexo em ambas as normas: fmea, estmago, etc. (Em algumas variantes de portugus europeu, particularmente no Norte de Portugal, a pronncia de fato fmea e estmago, apesar da grafia.) Na Lngua Portuguesa, todas as palavras possuem uma slaba tnica: a que recebe a maior inflexo de voz. Nem todas, porm, so marcadas pelo acento grfico. As slabas so subdivididas em tnicas, subtnicas e tonas. [editar] Acento Fontico De acordo com as teorias tradicionais, o acento no portugus abordado nos seguintes aspectos. [editar] Slaba tnica A slaba tnica a mais forte da palavra. S existe uma slaba tnica em cada palavra.

O guaran - A slaba tnica a ltima (n). A palavra , portanto, oxtona. O txi - A slaba tnica a penltima (t). A palavra , portanto, paroxtona. A prpolis - A slaba tnica a antepenltima (pr). A palavra , portanto, proparoxtona. A slaba tnica sempre se encontra em uma destas trs slabas: na ltima (a palavra oxtona), na penltima (paroxtona) ou na antepenltima (proparoxtona). [editar] Slaba subtnica A slaba subtnica s existe em palavras derivadas, que so as que provm de outra palavra. Coincide com a tnica da palavra primitiva, ou seja, a silaba tnica da palavra primitiva se transforma em subtnica da derivada. Guaranazinho - A slaba tnica zi, e a subtnica, na, pois era a tnica da primitiva (guaran). Taxmetro - A slaba tnica x, a subtnica, ta, pois era a tnica da primitiva (txi). Propolina - A slaba tnica li, e a subtnica, pro, pois era a tnica da primitiva (prpolis). [editar] Slabas tonas Todas as outras slabas so denominadas de tonas. [editar] Teoria Moderna do Acento J as teorias modernas tm uma viso mais abrangente no que tange questo do acento. De acordo com a Teoria do Acento, as palavras so divididas em ps, nos quais h um elemento preponderante, que recebe o nome de cabea. Por exemplo, a palavra parafuso se divide em dois ps: (pa.ra)(fu.so). Cada p possui seu cabea, no caso, o cabea do primeiro p PA e o do segundo, FU. Entretanto, o cabea do segundo p possui maior intensidade que o do primeiro, sendo o pico de intensidade da palavra. Assim, em vez da ideia de slabas tnicas e subtnicas, temos a noo de acento primrio (fu) e acento secundrio (pa). Um outro aspecto considerado so os tipos de ps, como seguem: Troqueu silbico - um p de duas slabas, com o cabea esquerda. o caso da lngua portuguesa e bem representado em (pa.ra)(fu.so). O troqueu silbico sensvel intensidade. Troqueu moraico - um p de duas moras, com o cabea esquerda. A mora uma unidade de durao da slaba. Por exemplo, uma slaba curta como p possui uma mora, enquanto uma slaba longa como "feet" (ps, em ingls) possui duas moras. Feet um exemplo de troqueu moraico. O troqueu moraico sensvel ao peso (slabas com mais de uma mora so chamadas slabas pesadas e aquelas que tm apenas uma mora, slabas leves). Iambo - Todo iambo sensvel ao peso. composto ou por duas slabas leves ou uma slaba leve e uma pesada. A proeminncia, diferente do troqueu, recai sobre o elemento da direita. Exemplo de lngua imbica o francs, como, por exemplo, na palavra

analogie, que pode ser dividida nos ps (a.na)(lo.gie), sendo os elementos proeminentes NA e GIE, este ltimo o mais proeminente da palavra. Esta teoria contraria a teoria tradicional em alguns aspectos. Um deles est citado anteriormente sobre a slaba subtnica. Retomando o exemplo de guaran - guaranazinho, que, na teoria tradicional tem "na" como slaba subtnica e "zi" como tnica. J a teoria do acento afirma que no pode haver choque de acentos. Ou seja, o acento secundrio nunca vizinho do acento primrio. Isto foi constatado tambm em estudos da fontica acstica. Se separarmos os ps troqueus, como o caso do portugus, teremos dois ps bem formados e um p degenerado (p que no segue a formao esperada): (gua)(ra.na)(zi.nho). Pela estrutura acentual do portugus, a slaba proeminente em (ra.na) ser RA e em (zi.nho), ZI. Assim, temos, como acento secundrio da palavra guaranazinho, a slaba RA e, como acento primrio, a slaba ZI. [editar] Gramtica Esta pgina ou se(c)o no cita nenhuma fonte ou referncia, o que compromete sua credibilidade (desde Dezembro de 2008). Por favor, melhore este artigo providenciando fontes fiveis e independentes, inserindoas no corpo do texto por meio de notas de rodap. Encontre fontes: Google notcias, livros, acadmico Scirus. Veja como referenciar e citar as fontes. [editar] Afirmao e negao O portugus falado informal raramente usa o advrbio "sim"[22]. No lugar dele, preferido o verbo em questo. Exemplo: C foi na prefeitura? Fui. comum se incluir a forma verbal "no " (ou sua contrao "n") no fim de perguntas, com funo de nfase. Por isso comum responder a perguntas do tipo dizendo-se simplesmente "". Isso revela uma tendncia no portugus brasileiro de responder no a uma pergunta literal, mas ao que o interlocutor quis saber pela pergunta. comum no Brasil fazer uma negao dupla com "no" no incio e no fim da frase, como em "No , no". Em algumas regies, o primeiro "no" desse par, tono, pronunciado como [n]. tambm comum que se omita o primeiro "no", o que resulta numa ordem de palavras para negao inversa prevalente em Portugal. Exemplo: "Vou no". [editar] Dcticos

No portugus europeu, os pronomes demonstrativos tm trs formas, correspondentes ao grau de proximidade do falante (isto/isso/aquilo, este/esse/aquele). No portugus brasileiro, os pares "isto" e "isso" e "este" e "esse" so com frequncia usados indiferentemente. Na forma falada, fundiram-se na segunda forma.[23] Talvez para desfazer a ambiguidade gerada por essa fuso, comum que o pronome demonstrativo venha acompanhado de um advrbio que indique a proximidade (esse aqui/esse a, substituindo este/esse). [editar] Artigo definido antes do possessivo Em todas as variantes do portugus, facultativo o uso de artigo definido antes de pronome possessivo: o meu filho e meu filho so ambos corretos. No entanto, dito que no Brasil, em comparao a Portugal, h uma preferncia maior pela ausncia do artigo.[24] [editar] Voc e tu Em algumas regies do Brasil, o pronome de tratamento voc ganhou estatuto de pronome pessoal, e nessas reas houve uma quase extino do uso do tu e do vs. O voc em Portugal uma forma de tratamento semiformal; j no Brasil a forma mais comum de se dirigir a qualquer pessoa, excetuando-se pessoas mais velhas ou, em situaes formais, superiores hierrquicos ou autoridades (nesses casos empregada a forma de tratamento o senhor ou a senhora). Os pronomes voc e vocs requerem formas verbais de terceira pessoa, o que reduz o nmero de flexes do verbo em relao aos pronomes. Quanto menor o nmero de flexes que o verbo faz em relao aos pronomes, mais necessrio se faz o preenchimento do sujeito pronominal, para se ter maior preciso. Isso torna o portugus brasileiro mais parecido com as lnguas de pronome pessoal obrigatrio como o francs, o alemo e o ingls. Alm disso, o uso do "voc" torna ambguo o pronome "seu", que pode se referir tanto terceira pessoa como segunda. Para desfazer a ambiguidade, intensificou-se o uso da contrao "dele". Na lngua falada informal, o pronome "seu" usado unicamente para a segunda pessoa.

Apesar do pouco uso do pronome reto tu no portugus falado na maior parte do Brasil, o seu correspondente pronome oblquo te ainda amplamente utilizado no portugus brasileiro, frequentemente em combinao com formas pronominais e verbais de terceira pessoa. Apesar de dominante mesmo entre falantes escolarizados, o uso de te com voc condenado pelas gramticas normativas usadas nas escolas brasileiras e evitado na linguagem formal escrita. Na linguagem informal, mesmo nas regies que usam o pronome reto voc, o modo imperativo do verbo concorda com o pronome tu ("Anda", em lugar de "Ande", mas "No anda" em vez de "No andes"). interessante notar que, no caso dos verbos ser e estar, os imperativos de segunda pessoa s e est nunca so usados pelos brasileiros; as formas de terceira pessoa seja e esteja podem ser usadas em substituio.

O pronome possessivo teu tambm ocasionalmente usado no portugus brasileiro para referir-se segunda pessoa, embora seja muito menos comum do que o oblquo te. A combinao voc/te/teu no portugus brasileiro falado assemelhase em natureza combinao vocs/vos/vosso encontrada frequentemente no portugus europeu coloquial. O tu amplamente utilizado nas regies Norte , Nordeste (excluindo a Bahia e Sergipe), Sul (exceto o Paran) e no Rio de Janeiro, mas conjugado frequentemente na 3 pessoa do singular: Tu fala, tu foi, tu , excetuando-se as formas em que a slaba tnica a ltima, como tu 'ts. Em algumas regies do Sul (sul, sudoeste e oeste do Paran, Rio Grande do Sul e Santa Catarina) e do Norte (Par), o uso do tu na forma culta (conjugado na 2 pessoa do singular) at bem mais usado que o voc. Em alguns lugares da regio Sul, Norte e em praticamente todo o Nordeste (excluindo a Bahia), o tratamento por tu mais comum, usando-se os pronomes pessoais oblquos de forma mais consistente (p.ex. para ti, com o mesmo significado que teria para voc). Em parte da Regio Sul (especialmente em Santa Catarina) e do Nordeste, muitas vezes conjuga-se o pronome pessoal tu com o que aparentemente seria a mesma forma utilizada na 3 pessoa do singular do pretrito imperfeito do subjuntivo para referir-se ao pretrito perfeito do indicativo. Ex: "Tu fizesse isso?", "tu comesse no bar ontem?". Na verdade, isto a contrao da forma da segunda pessoa do pretrito perfeito do indicativo: fizeste fizes'e; comeste comes'e, em que o "t" desaparece mas no se altera o som precedente de /s/. Uso dos pronomes pessoais e formas de tratamento 1. pess. Eu falo sin. Brasil: informal em algumas regies; nas outras, restrito a 2. servio religioso e arcasmo histrico pess. Tu falas sin. 3. pess. sin. Ele/Ela Voc O senhor/A senhora fala Portugal: informal Voc no Brasil: informal e semiformal (por exemplo, no trato com um desconhecido); aparece tambm nas formas c e oc, mesmo em situaes semiformais Voc em Portugal e algumas regies brasileiras: semiformal

A gente 1. pess. pl. 2. pess. pl. 3. pess. pl. [editar] C e oc Ns falamos

O senhor/A senhora: sempre formal A gente: sempre informal

Vs Eles/Elas Vocs Os senhores/As senhoras

falais

Brasil: usa-se somente em formalidades, servio religioso e arcasmo histrico. Portugal: usa-se (pouco) nos dialectos setentrionais e galegos (tambm se usa muito formalmente, como no Brasil) Vocs: usado como plural tanto de "voc" como de "tu", em todo o espao geogrfico do portugus Os senhores/As senhoras: sempre formal

falam

Quando o pronome voc substituiu tu no portugus brasileiro, sendo usado em situaes informais, passou a ser usado com muito mais frequncia do que era antes. Isso acelerou seu processo histrico de reduo (a partir de vossa merc), dando origem s formas oc e c. Em Portugal, onde "voc" continuou a coexistir com "tu", esse pronome de tratamento foi sempre usado com menos frequncia do que no Brasil, o que explica por que no se encurtou da mesma maneira. Alm disso, em Portugal usado em situaes mais formais, o que tambm atua contra sua reduo, da mesma maneira que o pronome formal "usted" em espanhol, que tambm no tem reduo equivalente (como "ted", por exemplo). "Oc" registrado em Cabo Verde [25], mas "c" s ocorre no portugus brasileiro. A forma c usada na lngua falada do Brasil como pronome fraco [26], de maneira anloga ao pronome francs "tu". Enquanto isso, as formas oc e voc exercem papel de pronomes fortes, de maneira anloga a "toi" em francs. Por isso, "c" jamais objeto de verbo e no aparece em posio de foco.[27] A forma oc associada ao falar rural e aos dialetos mineiro e caipira. C e oc so formas no padro e no so aceitas na lngua escrita, mas so de uso corrente mesmo nos falares cultos [28]. A forma c, em especial, amplamente usada na televiso, sendo notvel na fala de personagens de telenovelas brasileiras.

[editar] Uso de reflexivos e da voz passiva sinttica H no Sudeste e no Sul do Brasil uma tendncia de se omitir o uso dos pronomes reflexivos em alguns verbos, exemplo: eu lembro ao invs de eu me lembro, ou eu deito ao invs de eu me deito. Em particular, verbos que indicam movimento como levantar-se, sentar-se, mudar-se, ou deitar-se so normalmente tratados como no-reflexivos na fala coloquial daquelas regies. O uso da voz passiva analtica tambm muito mais comum em PB do que em outras variantes, onde a voz passiva sinttica com a partcula apassivadora -se preferida. Como exemplo, muito mais comum dizer-se no Brasil a partida foi disputada do que a partida disputou-se ou a partida se disputou. [editar] Pronomes oblquos A colocao dos pronomes tonos diferente na fala do Brasil e na de Portugal.[29] O PB uma variante com forte tendncia procltica, preferindo-se sempre o uso da prclise (pronome antes do verbo). A nclise (depois do verbo) usada apenas em formalidades, e a mesclise, possvel nos tempos simples do futuro no PE, pouco utilizada no PB, com exceo de contextos litrgicos onde o padro bblico, que privilegia essa colocao pronominal, adotado. O PE, por sua vez, apresenta-se como uma variante mais encltica, sendo uma exceo habitual as frases na negativa. No entanto, a gramtica normativa prescreve as mesmas regras de colocao pronominal para as duas variantes; essas regras privilegiam as tendncias do PE, o que se evidencia em suas restries prclise. H, contudo, um incio de reviso dessa questo por parte da Academia Brasileira de Letras. Exemplos PB Eu o convido Ele me viu Eu te amo Ele se encontra Me parece Vou o encontrar PE Convido-o Ele viu-me Amo-te Ele encontra-se Parece-me Vou encontr-lo

No PB falado, os pronomes oblquos 'o', 'a', 'os' e 'as' praticamente no so usados, sendo quase sempre substitudos pelos pronomes pessoais do caso reto ('ele', 'ela')[30]. Entretanto, o uso dos pronomes oblquos mais comum na fala culta quando eles se seguem a um infinitivo e so transformados respectivamente em 'lo', 'la, 'los, 'las'. Na linguagem formal escrita, o uso dos oblquos de terceira pessoa obrigatrio em qualquer caso.

[editar] Gerndio Um aspecto conservador do PB em relao ao PE a dominncia da construo estar + gerndio, em lugar da construo estar + a + infinitivo, que se tornou dominante em Portugal. Nas variantes dialetais portuguesas a norte do rio Tejo, o gerndio perifrstico combinado com verbos como estar e andar, (que d ideia de ao durativa ou de movimento reiterado) tem vindo a ser substitudo pelo infinitivo do verbo antecedido pela preposio a (e. g. estou a fazer em vez de estou fazendo). No Brasil este fenmeno tambm existe, mas mais raro e aplica-se a um nmero muito mais reduzido de contextos gramaticais. O uso do gerndio permanece nas classes populares do Sul de Portugal[carece de fontes?] e das ilhas da Madeira e Aores. Portugus europeu Observaes (a norte do Tejo) Este tipo de estrutura to usada que pode dar a Eu estou cantando Eu estou a cantar ideia de que em Portugal no se usa gerndio Neste caso (verbo ir, expressando mudana A vida vai moldando a A vida vai moldando a gradual), sempre usado o gerndio em qualquer pessoa pessoa regio H casos (como nos verbos continuar e acabar) O governo continua O governo continua a em que no Brasil tambm se pode no usar o defendendo defender gerndio Portugus brasileiro [editar] Semntica Muitas palavras, sem perderem o seu significado tradicional, enriqueceram-se com uma ou mais acepes novas no Brasil. Por exemplo, virar tambm significa transformar-se em e prosa tambm utilizado com o sentido de loquaz, conversador ou gabarola. [editar] Diglossia De acordo com alguns linguistas brasileiros contemporneos (Bortoni, Kato, Mattos e Silva, Milton M. Azevedo [31],Perini[32] e, mais recentemente, e com grande impacto, Bagno[33]), o portugus brasileiro seria uma lngua caracterizada pela diglossia. Essa teoria afirma que h uma forma B, que seria a frmula verncula, lngua materna de todos os brasileiros, e uma forma A (portugus brasileiro padro), adquirido atravs da escolarizao. A forma B representa uma forma simplificada da lngua (em termos gramaticais, mas no fonticos) que poderia ter se desenvolvido do portugus do sculo XVI, com influncias amerndias e africanas, enquanto a forma A seria baseada no portugus europeu do sculo XIX (e muito parecida com o portugus europeu padro, com diferenas pequenas de ortografia e gramtica). Mrio A. Perini, linguista brasileiro, chega a comparar a profundidade

das diferenas entre as formas A e B do portugus brasileiro com as das diferenas entre o espanhol padro e o portugus padro. No entanto, essa proposta polmica e no tem aceitao ampla, nem entre gramticos, nem entre acadmicos. Segundo a teoria, a forma B seria a forma falada do portugus brasileiro, evitada somente em fala muito formal (interrogao judicial, debate poltico), enquanto a forma A seria a forma escrita da lngua, evitada somente em escrita informal (como em letras de msicas ou correspondncia ntima). Mesmo professores de portugus usariam a forma B ao explicar a estrutura e uso da forma A; nas provas, entretanto, a forma A exigida dos alunos. A forma B seria a usada em canes, filmes, telenovelas e outros programas de tev, embora a forma A s vezes seja usada em filmes ou telenovelas histricos, para fazer a linguagem empregada parecer mais elegante ou arcaica. Na maioria as obras literrias seriam escritas na forma A. Teria havido tentativas de escrev-las na forma B (como a obra Macunama, de Mrio de Andrade, ou Grande Serto: Veredas, de Guimares Rosa), mas afirmado que no presente a forma B s usada em dilogo. A forma A, no obstante, muito usada mesmo em dilogo informal, especialmente em obras traduzidas. A forma B mais comum de ser encontrada em livros infantis, mas somente os escritos originalmente em portugus. [editar] Ver tambm O Wikcionrio possui o verbete Lista de palavras diferentes

Lngua portuguesa Acordo Ortogrfico de 1990 CELPE-Bras Portugus angolano Portugus europeu Portugus moambicano Academia Brasileira de Letras Lista de diferenas lexicais entre verses da lngua portuguesa A ortografia no Brasil anterior 1943

Notas e referncias citadas

1. [1] 2. INGLS BRITNICO x INGLS AMERICANO 3. http://g1.globo.com/brasil/noticia/2010/11/censo-aponta-1907-milhoes-de-brasileiros-em-2010.html 4. Tal como, por exemplo, portugus e o francs. Sendo ambas lnguas romnicas ou neolatinas, os falantes de uma e outra

lngua no se entendem, apesar das muitas semelhanas lingusticas existentes entre ambas.
a b

5.

Jornal da UNICAMP, Edio 328, de junho de 2006.

6. A tese citada est disponvel na Biblioteca Digital da UNICAMP 7. As duas grandes vertentes da histria sociolingustica do Brasil (1500-2000) Dante Lucchesi 8. Paul Teyssier, "Histria da Lngua Portuguesa", Lisboa: Livraria S da Costa, p. 80. 9. Florentino, Manolo, and Machado, Cacilda. Ensaio sobre a imigrao portuguesa e os padres de miscigenao no Brasil

(sculos XIX e XX) - 2002 - Portugueses (PDF file)

10. Paul Teyssier, "Histria da Lngua Portuguesa", Lisboa: Livraria S da Costa, p. 81. 11. Paul Teyssier, "Histria da Lngua Portuguesa", Lisboa: Livraria S da Costa, pp. 80-81. 12. Paul Teyssier, "Histria da Lngua Portuguesa", Lisboa: Livraria S da Costa, pp. 81-83. 13. MELO, Gladstone Chaves de. "A lngua do Brasil". 4. Ed. Melhorada e aum., Rio de Janeiro: Padro, 1981 14. Unicamp.br 15. Omniglot.com 16. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-44501998000200005 17. http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fale/article/viewFile/6861/4993 18. UFSC.br 19. Ppglufpb.com.br 20. Iltec.pt 21. Professores explicam o ritmo portugus falado em Curitiba Jornal de Comunicao UFPR

22. http://www.c-oral-brasil.org/apresent/58_ramos.pdf 23. http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-08122005-210454/pt-br.php 24. http://ciberduvidas.pt/pergunta.php?id=17528 25. http://www.ciberduvidas.pt/resposta.php?id=25740&template=imprimir 26. https://sistemas.usp.br/siicusp/cdOnlineTrabalhoVisualizarResumo?numeroInscricaoTrabalho=4393&numeroEdicao=15 27. http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/1843/LHAM-6N6HVT/1/edenize_ponzoperes_tese.pdf 28. https://sistemas.usp.br/siicusp/cdOnlineTrabalhoVisualizarResumo?numeroInscricaoTrabalho=4393&numeroEdicao=15 29. Paul Teyssier, "Histria da Lngua Portuguesa", Lisboa: Livraria S da Costa, pp. 84-85. 30. http://marcosbagno.com.br/site/?page_id=905 31.

http://books.google.com/books? id=tWk6gpv8ep0C&pg=PR1&lpg=PR1&dq=milton+m+azevedo+cambridge+portuguese&source=bl&ots=8_ljPDtcia&sig=89q yFpOU-GQanNAxMuwhbX5i0WY&hl=en&ei=3NyQTubwKL00gHSrNEV&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=10&ved=0CF8Q6AEwCQ#v=onepage&q=milton%20m%20azevedo %20cambridge%20portuguese&f=false http://www.cervantesvirtual.com/s3/BVMC_OBRAS/027/e46/d28/2b2/11d/fac/c70/021/85c/e60/64/mimes/027e46d2-82b211df-acc7-002185ce6064_28.html

32.

33. http://brasiliano.wordpress.com/2008/09/01/ensinar-portugues-ou-estudar-o-brasileiro/

[editar] Bibliografia

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[editar] Ligaes externas

---indios---Povos amerndios

Origem: Wikipdia, a enciclopdia livre. Ir para: navegao, pesquisa ndio, indgena ou nativo americano so nomes dados aos habitantes humanos da Amrica antes da chegada dos europeus, e os seus descendentes atuais. A hiptese mais aceite para a sua origem que os primeiros habitantes da Amrica tenham vindo da sia atravessando a p o Estreito de Bering, no final da idade do gelo, h 12 mil anos. O termo "ndio" provm do facto de que Cristvo Colombo, quando chegou Amrica, estava convencido de que tinha chegado ndia, haja vista que o gentlico espanhol para a pessoa nativa da ndia ndio, e dessa maneira chamou os povos indgenas que ali encontrou. Por essa razo tambm, ainda hoje se refere s ilhas do Caribe como ndias Ocidentais. Mais tarde, estes povos foram considerados uma raa distinta e tambm foram apelidados de peles vermelhas. O termo amerndio usado para designar os nativos do continente americano, em substituio s palavras "ndios", "indgenas" e outras consideradas preconceituosas. Na Amrica do Norte, estes povos so tambm conhecidos pelas expresses povos aborgenes, ndios americanos, primeiras naes (principalmente no Canad), nativos do Alasca ou povos indgenas da Amrica. No entanto, os esquims (inuit, yupik e aleutas) e os mtis (mestios) do Canad, que tm uma cultura e gentica diferente dos restantes, nem sempre so considerados naqueles grupos. Estes termos compreendem um grande nmero de distintas tribos, estados e grupos tnicos, muitos dos quais vivendo como comunidades com um estatuto poltico. ndice [esconder]

1 Origem dos primeiros americanos 2 A agricultura na Amrica Pr-Colombiana 3 Interao entre os europeus e os nativos americanos 4 Etnias e culturas indgenas no Brasil 5 Principais naes e tribos 6 Alguns grupos tnicos do Brasil

7 Referncias 8 Ver tambm 9 Ligaes externas

[editar] Origem dos primeiros americanos Evoluo do trecho de terra que ligava o nordeste asitico s Amricas, a teoria mais aceita para a origem dos ancestrais dos povos amerndios, a de que eles seriam caadores-coletores que atravessaram a p este trecho que ligava o continente asitico Amrica e uma vez na Amrica, foram migrando em direo ao sul. Uma das etnias amerndias que tem mais parentesco com os povos do nordeste asitico so os esquims At recentemente, a interpretao mais largamente aceite baseada nos achados arqueolgicos era de que os primeiros humanos nas Amricas teriam vindo numa srie de migraes da Sibria para o Alasca atravs de uma lngua de terra chamada Berngia, que se formou com a queda do nvel dos mares durante a ltima idade do gelo, entre 24 e 9 mil anos atrs. Na rota do Sul mudaram o pensamento dos arquelogos. O fssil de uma mulher com 11 mil anos foi encontrado pela arqueloga francesa Annette Laming-Emperaire na dcada de 1970. O fssil recebeu o nome de Luzia, apelido dado carinhosamente pelo bilogo Walter Alves Neves, do Instituto de Biocincias da USP Ao estudar a morfologia craniana de Luzia, Neves na dcada de 1990, encontrou traos que lembram os atuais aborgenes da Austrlia e os negros da frica. Ao lado do seu colega argentino Hctor Pucciarelli, do Museo de Ciencias Naturales de la Universidad de La Plata, Neves formulou a teoria de que o povoamento das Amricas teria sido feito por duas correntes migratrias de caadores e coletores, ambas vindas da sia, provavelmente pelo estreito de Bering, mas cada uma delas composta por grupos biolgicos distintos. A primeira teria ocorrido 14 mil anos atrs e seus membros teriam aparncia semelhante de Luzia. O segundo grupo teria sido o dos povos mongolides. A chegada dos mongolides na Amrica estimada em 11 mil anos, dos quais descendem atualmente todas as tribos indgenas das Amricas. Existem outras teorias sobre a origem dos nativos americanos:

Vrios antroplogos, historiadores e arquelogos tm sugerido que os nativos americanos so descendentes, quer de europeus, quer africanos que atravessaram o Oceano Atlntico. Alguns apontam a semelhana fsica entre os Olmecas e os africanos. Thor Heyerdahl demonstrou que possvel navegar da frica para a Amrica numa rplica dum barco de papiro do antigo Egito.

A maioria das religies dos nativos americanos ensinam que os humanos foram criados na Amrica no princpio dos tempos e sempre ali viveram. A doutrina Mrmon diz os amerndios so descendentes de Lehi e dos nefitas, personagens do Livro de Mrmon que teriam sido Israelitas que chegaram Amricas cerca de 590 AC. No sculo XIX e princpios do sculo XX, houve proponentes da existncia continentes perdidos, entre os quais Atlntida, e Lemria, de onde poderiam ter vindo os primeiros habitantes humanos das Amricas.

O mais provvel, no entanto, que as Amricas tenham sido colonizadas por vagas de povos de diferentes origens, ao longo dos tempos, dando origem ao complexo mosaico de povos e lnguas que hoje existem. E possvel, igualmente, que esses povos tal como aconteceu em tempos histricos, bem documentados tenham substitudo ou tenham se juntado com populaes originais que l j existiam. Os primeiros colonizadores das Amricas (amerndios) no eram muito evoludos, pois h indcios que seus instrumentos de caa eram pedras e cachorros domesticados para este fim. Os caadores e coletores, tiveram um rpido avano em direo ao sul, e tinham instrumentos de caa mais evoludos, como por exemplo projteis pontiagudos.[1] [editar] A agricultura na Amrica Pr-Colombiana O desenvolvimento da agricultura das sociedades Pr-Colombianas pode se comparar ao europeu, pois esta era desenvolvida h mais de 7000 anos, baseada nas culturas de milho, abbora e feijo, todos naturais da Amrica, alm da mandioca, que era plantada nas reas de floresta tropical. O desenvolvimento de outras culturas alm destas foi limitado, pois havia poucos animais domesticveis, como a lhama para puxar o arado. Isto fez com que o desenvolvimento de outras diversas culturas.[1] [editar] Interao entre os europeus e os nativos americanos Esta pgina ou seco no cita nenhuma fonte ou referncia, o que compromete sua credibilidade (desde junho de 2009). Por favor, melhore este artigo providenciando fontes fiveis e independentes, inserindoas no corpo do texto por meio de notas de rodap. Encontre fontes: Google notcias, livros, acadmico Scirus. Veja como referenciar e citar as fontes. Apesar de os vikings, ou nrdicos, terem explorado e estabelecido bases nas costas da Amrica do Norte a partir do sculo X e terem a deixado marcas, como a runa de Kensington, estes exploradores aparentemente no colonizaram a Amrica, limitando-se a tentar controlar o comrcio de peles de animais e outras mercadorias da regio.

Por outro lado, a colonizao europeia das Amricas mudou radicalmente as vidas e culturas dos nativos americanos. Entre os sculos XV e XIX, estes povos viram as suas populaes devastadas pelas privaes da perda das suas terras e animais, por doenas e, em muitos casos por guerra. O primeiro grupo de nativos americanos encontrado por Cristvo Colombo, estimado em 250 mil aruaques do Haiti, foram violentamente escravizados e apenas 500 tinham sobrevivido no ano 1550; o grupo foi extinto antes de 1650. No sculo XV, os espanhis e outros europeus trouxeram cavalos para as Amricas e alguns destes animais escaparam e comearam a reproduzir-se livremente. Ironicamente, o cavalo tinha originalmente evoludo nas Amricas, mas extinguiu-se na ltima idade do gelo. A reintroduo do cavalo teve um profundo impacto nos nativos americanos das Grandes Plancies da Amrica do Norte, permitindo-lhes expandir os seus territrios, trocar produtos com tribos vizinhas e caar com mais eficincia. Os europeus tambm trouxeram com eles doenas contra as quais os nativos americanos no tinham imunidade, tais como a varicela e a varola que, muitas vezes so fatais para estas pessoas. difcil estimar a percentagem de nativos americanos mortos por estas doenas, mas alguns historiadores estimam que cerca de 80% da populao de algumas tribos foi extinta pelas doenas europeias. A dvida histrica dos colonizadores para com os povos nativos imensa. Cresce a discusso sobre formas de compensao pelos danos causados e outros assuntos indgenas, a nvel internacional, como atesta o grande nmero de organizaes que se dedica ao tema, por exemplo:

IWGIA (International Work Group for Indigenous Affairs) Cultural Survival Abya Yala Net NativeWeb Pgina do Melatti Do antroplogo Julio Cezar Melatti (UnB) Native Americans AIATSIS (Australian Institute of Aboriginal and Torres Strait Islander Studies

Etnias e culturas indgenas no Brasil Braslia - Caciques Kaiapos durante entrevista coletiva. E/d. Raony - MT, Kaye - PA, Kadjor - PA, Panara - PA. Foto: Valter Campanato/ABr. 17 de Abril de 2005.

Pesquisas arqueolgicas em So Raimundo Nonato, no interior do Piau, registram indcios da presena humana datados de h 48 mil anos. Em Lapa Vermelha (Minas Gerais) foi encontrado um verdadeiro cemitrio com ossos datados em 12 mil anos, o primeiro dos quais encontrado por Annette Laming-Emperaire na dcada de 1970 e que foi "batizado" de Luzia e que parecia mais aparentada com os aborgenes da Austrlia ou com negritos das Ilhas Andaman. No Brasil colonial os portugueses tiveram como aliados os ndios aldeados, os quais se tornaram sditos da Coroa. O primeiro inventrio dos nativos brasileiros s feito em 1884, pelo viajante alemo Karl von den Steinen, que registra a presena de quatro grupos ou naes indgenas, de acordo com as suas lnguas: tupi-guarani, j ou tapuia, aruaque ou maipur e caraba ou caribes. Von den Steinen tambm assinala quatro grupos lingusticos: tupi-guarani, macro-j, caribe e aruaque. Atualmente estima-se que sejam faladas 170 lnguas indgenas no Brasil. [editar] Principais naes e tribos Ver verbete completo: Classificao dos nativos americanos

Inca ou Quchua Asteca ou Aztlan Maias ou Qutzal Abipo Araucanos ou Mapuche Aruaques Chibchas Apaches Navajos Iroqueses

Cheroqui

Muscgui

Creek Seminoles

Hurons Moicanos Comanches Esquims

Alguns grupos tnicos do Brasil Ver lista completa de Povos indgenas brasileiros

Guaranis Potiguaras Caingangues Tupinambs Goitacases Carajs Tapajs Ianommis Pataxs Mundurucus Guaicurus Parecis Coxipons Nambikuaras Guats

Referncias
1.
a b

Nova Enciclopdia Ilustrada Folha, Empresa Folha de Manh, So Paulo, 1996

[editar] Ver tambm Anti-indigenismo Guerras indgenas nos Estados Unidos da Amrica Nativos americanos nos Estados Unidos da Amrica Medicina indgena

[Esconder] ve Fentipos humanos Raas Brancos Negros Australides Amarelos Indgenas

Mestios Mulato Caboclo Cafuzo Ainoco

[editar] Ligaes externas

Povos Indgenas no Brasil - Instituto Socioambiental

Povos indgenas do Brasil Origem: Wikipdia, a enciclopdia livre.

(Redirecionado de Povos indgenas brasileiros) Ir para: navegao, pesquisa Povos indgenas do Brasil

ndios respectivamente das tribos: Assurini, Tapiraj, Kaiap, Tapiraps, Rikbaktsa e Boror Populao total 421.000 aproximadamente 0,3% da populao do Brasil[1] Regies com populao significativa Brasil, principalmente nas regies Norte e Centro-Oeste

Lnguas Lnguas indgenas e Portugus Religies Religies tradicionais e Cristianismo Grupos tnicos relacionados Povos amerndios Os povos indgenas no Brasil incluem um grande nmero de diferentes grupos tnicos que habitam ou habitaram o territrio brasileiro, e cujas razes remontam s Amricas desde antes da chegada dos europeus a este continente, em torno de 1500. ndice [esconder]

1 Origens dos ndios e histria 2 O conceito de ndio 3 O encontro com os europeus 4 Integrao na sociedade brasileira

4.1 Conflitos 4.2 Povos indgenas emergentes

5 Cultura 6 Estatuto do ndio e legislao

6.1 Dia do ndio 6.2 Organizaes e associaes indgenas 7.1 Reservas indgenas

7 Os povos indgenas do Brasil

8 Brasileiros descendente de indgenas famosos

8.1 Dez municpios brasileiros com maior populao indgena

9 Referncias 10 Ver tambm 11 Ligaes externas

[editar] Origens dos ndios e histria

"Famlia de um chefe Camac se preparando para a festa", por Jean-Baptiste Debret. Pesquisas arqueolgicas em So Raimundo Nonato, organizadas pela arqueloga Nide Guidon no interior do Piau, registram indcios da presena humana datados como anteriores a 10 mil anos. [2] A maioria dos pesquisadores acreditam que o povoamento da Amrica do Sul deu-se a partir de 20 mil a.C.[3] Indcios arqueolgicos no Brasil apontam para a presena humana em achados datados de 16 mil a.C., de 14.200 a.C. e de 12.770 a.C. em Lagoa Santa (MG), Rio Claro (SP) e Ibicu (RS).[3] Em Lapa Vermelha, (Minas Gerais), foi encontrado um verdadeiro cemitrio com ossos datados em 12 mil anos, o primeiro dos quais encontrado por Annette Laming-Emperaire na dcada de 1970 e que foi "batizado" de Luzia[2] e que parecia mais aparentada com os aborgines da Austrlia ou com negrito das Ilhas Andaman. Todos os seres humanos so descendentes dos mesmos antepassados que habitaram a frica milnios atrs. A espcie humana surgiu na frica, h cerca de 130 mil anos. Por milhares de anos, a frica foi o nico lugar do mundo onde havia seres humanos. As primeiras pessoas s saram do Continente Africano h cerca de 50 mil anos e, a partir de ento, passaram a se espalhar pelo

resto do mundo.[4] Os humanos caminharam, durante milhares de anos, rumo ao norte, at sarem da frica e atingirem a regio que hoje conhecemos como o Oriente Mdio. Por centenas de anos esse grupo de pessoas viveu no Oriente Mdio at que, em algum momento da Histria, parte desse grupo de pessoas tomou rumos diferentes: alguns seguiram para o oeste, atingindo a Europa e dando origem aos europeus, enquanto outra parcela rumou para o leste, atingindo a sia, dando origem aos asiticos. [4] Os ndios das Amricas so descendentes desse grupo que seguiu para o leste e povoou a sia. Durante a Idade do Gelo, a sia era uma regio gelada, o que propiciava a formao de grande cobertura de gelo sobre as quais as pessoas podiam caminhar. Naquela poca, uma imensa cobertura de gelo existia interligando a sia e a Amrica do Norte, no Estreito de Bering. Os seres humanos, ao continuarem migrando rumo ao leste, chegaram quela regio e atravessaram as geleiras, atingindo o que hoje o estado americano do Alaska. Com o fim da Idade do Gelo, aquela grande cobertura de gelo derreteu e abriu-se o oceano que separa hoje o Continente Asitico do Americano, impedindo novas migraes e separando definitivamente a populao que ficou na sia da que migrou para a Amrica. Como no havia outra alternativa, essas pessoas continuaram migrando, ao longo de milhares de anos, rumo ao sul, saindo da Amrica do Norte e povoando a Amrica Central e a Amrica do Sul.[4] O Brasil, ao ser formado pela migrao de ndios, africanos e europeus, tornou-se um ponto de "reencontro" dessas pessoas que, apesar de terem a mesma origem ancestral, ficaram separadas durante milnios devido s migraes para diferentes partes do mundo. Esses milnios de separao criaram diferenas culturais, lingusticas e fentipas, em decorrncia da adaptao de cada grupo a meios ambientais completamente diferentes. Apesar dessas diferenas serem muitas vezes interpretadas como formadoras de "raas" humanas diferentes, do ponto de vista gentico o conceito de raa infundado.[5]. [editar] O conceito de ndio Na Idade Mdia, a palavra "ndio" era empregada para designar todas as pessoas do Extremo Oriente. Ao chegar s Amricas, Cristvo Colombo acreditou que havia encontrado um novo caminho para as ndias e resolveu chamar os nativos que encontrou de ndios.[6] O conceito de "ndio" , portanto, uma inveno europeia. Os habitantes originais das Amricas nunca se enxergaram como um povo uno. Pelo contrrio, diferentes grupos indgenas nutriam grande animosidade e constantemente guerreavam entre si. Povos indgenas de cultura mais desenvolvida, como os incas, astecas e maias, criaram grandes imprios por meio da conquista e da explorao de povos menos desenvolvidos. Os sacrifcios humanos eram prticas constantes na cultura asteca e maia, e ndios de tribos inimigas eram capturados e sacrificados em rituais religiosos que incluam arrancar o corao da pessoa quando ela ainda estava viva, como oferenda aos deuses. O incas construram seu imprio subjugando diversos povos que viviam na regio, impondo-lhes sua religio, lngua e cultura. No Brasil, os tupis viviam ao longo do litoral quando da chegada dos portugueses, mas sculos atrs eles viviam na regio da Amaznia. Com o crescimento populacional na Amaznia, os tupis comearam a migrar para o sul, expulsando e exterminando outros povos indgenas que viviam naquelas reas e ocupando as regies que historicamente esses outros povos habitaram. Os tupis eram adeptos da antropofagia e tinham o hbito de comer

partes do corpo dos guerreiros vencidos das tribos inimigas, pois na sua cultura acreditavam absorver a fora do inimigo ao comlo.[7] Quando os europeus chegaram s Amricas encontraram, portanto, no um povo indgena, mas diferentes povos que nutriam animosidade entre si e no se enxergavam como pertencentes a um mesmo povo. Uma "identidade indgena" s foi criada sculos depois, com a chegada dos europeus.[4] [editar] O encontro com os europeus A imagem do ndio se modificou ao longo da Histria brasileira. Nos primeiros sculos, o ndio era retratado como um selvagem, um "quase-animal" que deveria ser domesticado ou derrotado. No sculo XIX houve uma reviravolta, por meio do "indianismo romntico". O ndio passou a ser tratado como o "bom selvagem". Essa concepo adentrou o sculo XX, trazendo a ideia de que o ndio era dono de uma moral intangvel, sendo ele uma vtima indefesa da crueldade europeia, sendo seu destino combater os europeus ou se submeter a eles. Nessa concepo, os ndios viviam em harmonia nas Amricas, at que chegaram os portugueses e semearam guerras, destruram pessoas, culturas e plantas.[4] Esse discurso at hoje produz eco nos meios popular e escolar brasileiros. Porm, nas ltimas dcadas, as novas produes histricas tm dado visibilidade a uma outra anlise da questo indgena. Sem negar a violncia com que muitos europeus trataram os indgenas, a Histria tm passado a tratar o ndio no como uma vtima passiva da colonizao europeia, mas tambm como um agente que interferiu e teve papel fundamental nesse processo.[4] Sem a ajuda dos ndios, a colonizao europeia em diversos pontos das Amricas teria sido impraticvel. Os espanhis s conquistaram o Imprio Asteca graas ajuda de milhares de ndios que eram explorados e se aliaram aos espanhis para se livrarem da dominao asteca. Quando os espanhis destruram o Imprio Inca, muitos ndios celebraram o acontecimento e puderam voltar para suas casas, pois era praxe os incas ordenarem a migrao forada de milhares de ndios dominados para outras regies, com o intuito de impedir unies e rebelies contra o Imperador.[8] No Brasil, muitos ndios se beneficiaram com a chegada dos portugueses. Os ndios tupis do litoral viviam envolvidos em guerras com outros ndios. Muitos ndios se aliaram aos portugueses visando exterminar grupos indgenas inimigos. Caso emblemtico foi a Guerra dos Tamoios, travada no Rio de Janeiro nos anos de 1556 e 1557. Os tupiniquins e os temimins ajudaram os portugueses a expulsar os franceses da regio, e depois contaram com o apoio portugus para exterminar seus inimigos antigos: os ndios tupinambs, ou tamoios. [4] Para um grupo indgena, um outro grupo indgena poderia ser to "estrangeiro" quanto os portugueses, franceses, espanhis ou holandeses eram para ele.[8] Os ndios ajudaram os portugueses a escravizar e a exterminar outros ndios. As bandeiras, expedies coloniais que visavam a escravizao indgena, eram formadas majoritariamente por ndios e alguns poucos no ndios, denominados de paulistas, eles

prprios majoritariamente mestios de me indgena e pai europeu. [4] Em 1605, o padre Jernimo Rodrigues ficou espantado em Santa Catarina ao ser recebido por ndios interessados em vender outros ndios, inclusive pessoas da prpria famlia, em troca de roupas e ferramentas. O padre escreveu: "Outro moo vindo aqui onde estvamos, vestido em uma camisa, perguntando-lhe quem lhe dera, respondeu que vindo pelo navio dera por ela por alguma ferramenta um seu irmo (...)"[4] A aliana entre ndios e portugueses proporcionou vantagens para ambos os lados. Os ndios se beneficiavam com a presena portuguesa, contando com o seu apoio para exterminar tribos inimigas. As novas tecnologias trazidas pelos portugueses e desconhecidas dos ndios provocaram uma revoluo e um melhoramento na vida das tribos. Tecnologias como o anzol facilitaram enormente a pesca, o uso do machado diminuiu em vrias horas o trabalho dispendido para se cortar coisas, a introduo de novos alimentos, como a banana, a jaca, a manga e a laranja diminuram o estorvo que era para se obter comida nas tribos ou at mesmo a introduo do cavalo e do cachorro domesticado, que protegia as tribos de ameaas. Para os portugueses tambm houve benefcios: os ndios aliados protegiam as povoaes e guiavam os colonos nas suas expedies.[4] [editar] Integrao na sociedade brasileira Os indgenas ficaram muito interessados no modo de vida dos europeus. Os ndios brasileiros ainda viviam no Paleoltico, desconheciam tecnologias como a roda, o espelho ou armas bem elaboradas. A maioria dos grupos indgenas, com a exceo das grandes civilizaes dos astecas, maias e incas, ainda levavam um meio de vida primitivo quando comparados s populaes da Europa, sia e frica. Isto porque, desde o derretimento da camada de gelo no Estreito de Bering, separando a sia da Amrica com um oceano no meio, os habitantes das Amricas passaram a viver isolados do resto do mundo. Enquanto europeus, africanos e asiticos interagiam desde a Antiguidade, fazendo as tecnologias se espalharem por essas regies por meio desse choque cultural, os ndios ficaram confinados por milnios sem interao com as outras populaes humanas, sem poder ensinar ou aprender novas tcnicas. Portanto, a chegada dos europeus representou um rompimento de milhares de anos de isolamento. A vida junto aos "brancos" era muito atrativa e muitos indgenas abandonavam voluntariamente suas aldeias e iam viver junto com os portugueses. Em muitos casos, os ndios nem precisavam sair de suas tribos, pois com a expanso da colonizao essas aldeias eram assimiladas dentro da sociedade ocidental. Centros urbanos como Niteri ou Guarulhos eram aldeias indgenas que se transformaram em cidades.[4] No Brasil, corriqueiro o senso comum afirmar que os ndios foram "exterminados" e atualmente restam alguns poucos representantes dessa populao. inegvel que, com a chegada dos europeus, muitos ndios morreram por guerras e pela escravido. Mas, a grande mortalidade indgena se deu pelo contgio involuntrio de doenas trazidas pelos europeus, contra as quais os ndios no tinham imunidade, por terem vivido durante milnios isolados de outras populaes. Porm, o que muitas vezes se ignora no Brasil que grande parte da populao indgena no pereceu, mas foi assimilada dentro da sociedade

brasileira. Muitos ndios foram viver ao lado de portugueses e africanos, com eles se miscigenaram, dando origem a grande parcela da populao brasileira, sendo que seus descendentes no mais se identificam como "ndios".[4] factvel que essa miscigenao no foi to intensa como aquela entre portugueses e africanos e, quando comparado com outros pases da Amrica Latina, a contribuio indgena no Brasil bem menor, mas ela existente em maior ou em menor grau. Esse processo de assimilao indgena, que j terminou na maior parte do Brasil, ainda est em curso na regio Norte. Segundo a Funai, cerca de 25% da populao indgena da Amaznia j mora em cidades e s metade desse contingente se considera indgena, mesmo falando uma segunda lngua e praticando rituais. Considerando-se todos os brasileiros que tm alguma ascendncia indgena, que so vrios milhes, a populao com ascendncia indgena, ao invs de ter diminudo desde 1500, na realidade aumentou dezenas de vezes desde a chegada dos portugueses e a consequente multiplicao da populao brasileira por meio da miscigenao entre ndios, europeus e africanos.[4] [editar] Conflitos

Nativos brasileiros, por Jean-Baptiste Debret. Estimativas da populao indgena na poca do descobrimento apontam que existiam no territrio Brasileiro, mais de mil povos, sendo cinco milhes de indgenas [9] Outras estimativas variam entre 2 milhes e meio de indgenas em 1500 a at 6 milhes[10]. Durante o sculo XIX, com os avanos em epidemiologia, casos documentados comearam a aparecer, de brasileiros usando epidemias de varola como arma biolgica contra os ndios. Um caso "clssico", segundo antroplogo Mrcio Pereira Gomes, o da vila de Caxias, no Sul do Maranho, por volta de 1816. Fazendeiros, para conseguir mais terras, resolveram "presentear" os

ndios timbira com roupas de pessoas infectadas pela doena (que normalmente so queimadas para evitar contaminao). Os ndios levaram as roupas para as aldeias e logo os fazendeiros tinham muito mais terra livre para a criao de gado. Casos similares ocorreram por toda Amrica do Sul[11] As "doenas do homem branco" ainda afetam tribos indgenas no Amazonas.[12] [editar] Povos indgenas emergentes Ver artigo principal: Povos indgenas emergentes

Da esquerda para a direita: Dona Tereza Kariri, Bida Jenipapo-Kanind, Cacique Pequena Jenipapo-Kanind, Fernando Trememb e Jamille Kariri. Participantes do II Encontro do Povo Kariri, realizado em Crates - Cear, em junho de 2007. A partir das ltimas dcadas do sculo XX, aparecem novas etnias quando populaes miscigenadas reivindicam a condio de povo indgena. Isto ocorre principalmente no nordeste brasileiro.[13] So exemplos desse processo:

Nua, no Parque Nacional da Serra do Divisor (Acre) Tupinamb, Maitapu, Apium e um grupo Munduruku desconhecido, na regio do Alto Rio Tapajs (Par) Kaxix, na regio de Martinho Campos e Pompeu, e Aran, no Vale do Jequitinhonha (Minas Gerais) Kariri, Kalabaa, Tabajara, Tapeba, Pitaguary, Trememb, Kanind no Cear. Tupinamb, em Olivena, e Tumbalal, em Abar e Cura (Bahia) Kalank, em Pariconha, e Karuazu, em gua Branca (Alagoas)

Pipip, em Ibimirim (Pernambuco)

[editar] Cultura

ndia guajajara e seu filho. H grande diversidade cultural entre os povos indgenas no Brasil, mas h tambm caractersticas comuns:

A habitao coletiva, com as casas dispostas em relao a um espao cerimonial que pode ser no centro ou no[14]; A vida cerimonial como base da cultura de cada grupo, com as festas que renem pessoas de outras aldeias, os ritos de passagem dos adolescentes de ambos os sexos, os rituais de cura e outros[carece de fontes?]; A arte como parte da vida diria, encontrada nos potes, nas redes e esteiras, nos bancos para homens e mulheres, e na pintura corporal, sempre presente nos homens[carece de fontes?]; A educao das crianas compartilhada por todos os habitantes da aldeia[carece de fontes?];

Quanto famlia, esta podia ser monogmica ou poligmica[carece de fontes?].

Deixaram forte herana na culinria brasileira, com pratos base de mandioca, milho, guaran e palmito, tais como pamonha e biju; a arte indgena tambm foi assimilada brasileira em objetos; uso de redes e jangadas, canoa, armadilhas de caa e pesca; no vocabulrio: em topnimos como Curitiba, Piau etc., em nomes de frutas nativas ou de animais como caju, jacar, abacaxi, tatu. E deixaram no brasileiro hbitos como o uso do tabaco e o costume do banho dirio[carece de fontes?]. No Brasil colonial os portugueses tiveram como aliados os ndios aldeados, os quais se tornaram sditos da Coroa[carece de fontes?]. [editar] Estatuto do ndio e legislao

ndio patax.

O Servio de Proteo ao ndio (SPI) foi criado em 1910. O Estatuto do ndio ainda determina que "os ndios e as comunidades indgenas ainda no integrados comunho nacional ficam sujeitos ao regime tutelar". [15] Apesar dos diversos decretos, o ndio brasileiro tem que se integrar na cultura brasileira para requerer emancipao.[16][17][18] [editar] Dia do ndio Ver artigo principal: Dia do ndio O Dia do ndio, 19 de abril, foi criado pelo presidente Getlio Vargas atravs do decreto-lei 5540 de 1943, e relembra o dia, em 1940, no qual vrias lideranas indgenas do continente resolveram participar do Primeiro Congresso Indigenista Interamericano, realizado no Mxico. Eles haviam boicotado os dias iniciais do evento, temendo que suas reivindicaes no fossem ouvidas pelos "homens brancos". Durante este congresso foi criado o Instituto Indigenista Interamericano, tambm sediado no Mxico, que tem como funo zelar pelos direitos dos indgenas na Amrica. O Brasil no aderiu imediatamente ao instituto, mas aps a interveno do Marechal Rondon apresentou sua adeso e instituiu o Dia do ndio no dia 19 de abril. [editar] Organizaes e associaes indgenas As associaes e organizaes indgenas surgiram, no Brasil, ainda durante o sculo XX, nos anos 80. Entre os organismos e associaes nativas que tm como objetivo estatutrio a defesa dos direitos humanos dos povos indgenas incluem-se o War Instituto Indgena Brasileiro[19] e o GRUMIN.[20] Com o objetivo de preservar e difundir a cultura indgena e facilitar o acesso informao e comunicao entre as diferentes naes indgenas foi fundado o ndios online.[21] [editar] Os povos indgenas do Brasil

Mapa de reservas indgenas brasileiras. A denominao mais conhecida das vrias etnias no quase nunca a forma como seus membros se referem a si mesmos, e sim o nome dado a ela pelos brancos ou por outras etnias, muitas vezes inimigas, que os chamavam de forma depreciativa, como o caso dos caiaps. Entre as primeiras obras publicadas sobre os povos indgenas brasileiros, no sculo XVI, encontram-se os livros escritos pelo mercenrio alemo Hans Staden, pelo missionrio francs Jean de Lry e pelo historiador portugus Pero de Magalhes Gndavo. [3] O primeiro inventrio dos nativos brasileiros s foi feito em 1884, pelo viajante alemo Karl von den Steinen, que registrou a presena de quatro grupos ou naes indgenas, de acordo com as suas lnguas: tupis-guaranis, j ou tapuias, nuaruaques ou maipurs e carabas ou caribas. Von den Steinen tambm assinala quatro grupos lingusticos: tupi, macro-j, caribe e aruaque. [editar] Reservas indgenas Ver artigo principal: Lista de povos indgenas do Brasil

Marechal Cndido Rondon. A definio de reas de proteo s comunidades indgenas foram lideradas por Orlando Villas Bas que em 1941 lanou a expedio chamada Roncador-Xingu. Em 1961 foi criada a primeira reserva, o Parque Indgena do Xingu com forte atuao de Villas Bas, seus irmos Leonardo, Cludio, Marechal Rondon, Darcy Ribeiro, entre outros,[22] para que a natureza, os povos nativos da regio, suas culturas e costumes fossem preservados.[23] O modelo de criao das reservas indgenas mostrou-se como um dos nicos meios para que a cultura, os povos pr-coloniais remanescentes e mesmo a natureza sejam preservados nessas reservas. Em 1967 foi criada a Fundao Nacional do ndio (FUNAI), que passou a definir polticas de proteo s comunidades indgenas brasileiras.

Parque Indgena do Xingu, uma das reservas indgenas brasileiras. A demarcao de reservas indgenas muitas vezes cercada de crticas favorveis e desfavorveis por vrios setores da mdia e pela populao afetada[carece de fontes?]. O modelo das reservas indgenas demarcadas pela FUNAI difere no modelo norte-americano onde as terras passam a pertencer aos povos indgenas. No Brasil as reservas indgenas demarcadas pela FUNAI pertencem ao governo brasileiro para usufruto vitalcio dos ndios,[24] no havendo portanto como associ-las a uma perda de soberania. Uma crtica comum sobre as reservas indgenas brasileiras considera a atuao de ONGs nacionais e internacionais junto s comunidades indgenas sem que se tenha o conhecimento preciso da natureza da atuao dessas organizaes. Nesse sentido controles mais rgidos sobre a atuao das ONGs junto s comunidades indgenas esto sendo estudados.[25] [editar] Brasileiros descendente de indgenas famosos

Antnio de Sousa Neto Antnio Paraupaba Arariboia Cndido Rondon Carlos Saldanha Caroline Ribeiro Coelho Neto Cunhambebe

Dira Paes Eunice Baa Filipe Camaro Gero Camilo Gilberto Freyre Helena Meirelles Ildi Silva Ismael Nery Letcia Ferreira de Souza Luci Pereira Luza Brunet Mateus Lus Grou Suyane Moreira Vanessa da Mata[26]

[editar] Dez municpios brasileiros com maior populao indgena Segundo dados do recenseamento de 2000, feito pelo IBGE,[27] dos dez municpios brasileiros com maior populao autodeclarada indgena, cinco estavam na Regio Norte e dois na Regio Sul. Os trs restantes so no Nordeste, Sudeste e Centro Oeste, desmontando o carter ubquo da populao autctone do Brasil.

1) So Gabriel da Cachoeira (AM) 76,31% 2) Uiramut (RR) 74,41% 3) Normandia (RR) 57,21% 4) Santa Rosa do Purus (AC) 48,29% 5) Ipuau (SC) 47,87%

6) Baa da Traio (PB) 47,70% 7) Pacaraima (RR) 47,36% 8) Benjamin Constant do Sul (RS) 40,73% 9) So Joo das Misses (MG) 40,21% 10) Japor (MS) 39,24%

Referncias
1. http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2009/tabelas_pdf/brasil_1_2.pdf 2. 3. 4.
a b

Novos dados lanam dvidas sobre o homem americano. Com Cincia (10/09/2003). Pgina visitada em 2008-04-19.

Carlos Olivieri. Cinco milhes de ndios estavam no Brasil antes do descobrimento. UOL Educao. Pgina visitada em 2008-04-19.
a b c d e f g h i j k l m

a b c

Leandro Narloch. Guia Politicamente Incorreto da Histria do Brasil. [S.l.]: Leya, 2010. 317317 p.

5. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142004000100004 6. http://www.sk.com.br/sk-hist.html 7. Darcy Ribeiro. O Povo Brasileiro. [S.l.]: Companhia de Bolso, 2003. 435 p. 8.
a b

Leandro Narloch e Duda Teixeira. Guia Politicamente Incorreto da Amrica Latina. [S.l.]: Leya, 2011. 335335 p.

9. http://www.passeiopaulistano.com/outros-olhos/cara-palida-em-sao-paulo/ 10. http://ideias.wikidot.com/modelo-de-evolucao-da-populacao-no-brasil-colonial#toc1 11. "O caso Caxias e outros mais" - Instituto Socioambiental. 12. "Reserva indgena: Vale do Javari, no Amazonas, agoniza com malria e hepatite", O Globo, 24 de maio de 2008. 13. Etnogneses Indgenas - A situao no Nordeste - Instituto Socioambiental. 14. Habitaes indgenas. Instituto Socioambiental. 15. Lei n 6.001 de 19 de dezembro de 1973 - Funai, pgina oficial. 16. "ndio pode...?" - Instituto Socioambiental.

17. "Os ndios no so Incapazes" - Instituto Socioambiental. 18. Estatuto do ndio - Instituto Socioambiental. 19. War Instituto Indgena Brasileiro. 20. Gurumin. 21. [NDIOS ON LINE http://www.indiosonline.org.br/] 22. Parque Nacional do Xingu (16 de Outubro de 2006). Pgina visitada em 2008-04-19. 23. Xingu 40 Anos (2001-05-20). Pgina visitada em 2008-04-19. 24. Jobim: equvoco discutir demarcao de terra indgena. Terra Online (23 de abril de 2008). Pgina visitada em 2008-04-

25.

25. "H ONGs que encobrem suas finalidades". O Estado de So Paulo (22 de Abril de 2008). Pgina visitada em 2008-04-25. 26. http://pt.wikipedia.org/wiki/Categoria:Ind%C3%ADgeno-brasileiros 27. www.sidra.ibge.gov.br.

[editar] Ver tambm A Wikipdia possui o Portal do Brasil

Povos amerndios Classificao dos nativos americanos Lista de povos indgenas do Brasil Lnguas indgenas do Brasil Povos indgenas emergentes Povos indgenas no Nordeste do Brasil

Lista de lnguas indgenas do Brasil Fundao Nacional do ndio (FUNAI) Jogos dos Povos Indgenas Reserva indgena Terras indgenas Medicina indgena ndio do Buraco Brasileiros brancos Afro-brasileiros Brasileiros asiticos

[editar] Ligaes externas

O Commons possui multimdias sobre Povos indgenas do Brasil

Instituto Socioambiental. Povos indgenas no Brasil. (em portugus) Pgina oficial da Fundao Nacional do ndio - FUNAI (em portugus) Museu do ndio (em portugus) Glossrio de grupos indgenas brasileiros (em portugus) Populao indgena dobrou em nove anos, constata IBGE (em portugus) Children of the Amazon, a documentary on indigenous peoples in Brazil Documentary on Pacification in Amazonia

Filmes

No para Par Origem: Wikipdia, a enciclopdia livre. Ir para: navegao, pesquisa Nota: Para outros significados, veja Par (desambiguao). Estado do Par

(Bandeira) Hino: Hino do Par Gentlico: paraense

(Braso)

Localizao - Regio - Estados limtrofes - Mesorregies - Microrregies - Municpios Capital Governo - Governador(a) - Vice-governador(a) - Deputados federais Norte Amazonas, Mato Grosso, Tocantins, Maranho, Amap e Roraima 6 22 144 Belm 2011 a 2015 Simo Jatene (PSDB) Helenilson Pontes (PPS) 17

- Deputados estaduais - Senadores rea - Total Populao - Estimativa - Densidade Economia - PIB - PIB per capita Indicadores - Esper. de vida - Mort. infantil - Analfabetismo - IDH (2005) Fuso horrio Clima Cd. ISO 3166-2 Site governamental

41 Marinor Brito (PSOL) Flexa Ribeiro (PSDB) Mrio Couto (PSDB) 1 247 689,515 km (2) [1] 2010 7 588 078 hab. (9)[2] 6,08 hab./km (21) 2008 R$58.519.000 (13) R$7.007 (22) 2008[3] 72,2 anos (13) 23,7 nasc. (15) 11,9% (16) 0,755 (16) mdio[4] UTC-3 equatorial Am BR-PA www.pa.gov.br

O Par uma das 27 unidades federativas do Brasil. o segundo maior estado do pas com uma extenso de 1.247.689,515 km, pouco maior que Angola, dividido em 144 municpios (com a criao de Moju dos Campos), est situado no centro da regio norte e tem como limites o Suriname e o Amap a norte, o oceano Atlntico a nordeste, o Maranho a leste, Tocantins a sudeste, Mato Grosso a sul, o Amazonas a oeste e Roraima e a Guiana a noroeste. o mais rico e mais populoso estado da regio norte, contando com uma populao de 7.321.493 habitantes. Sua capital, Belm, rene em sua regio metropolitana cerca de 2,1 milhes habitantes, sendo a segunda maior populao metropolitana da regio Norte.[5] Outras cidades importantes do estado so, Abaetetuba, Altamira, Ananindeua, Barcarena, Camet, Castanhal, Itaituba, Marituba, Marab, Paragominas, Parauapebas, Redeno, Santarm e Tucuru. O relevo baixo e plano; 58% do territrio se encontra abaixo dos 200 metros. As altitudes superiores a 500 metros esto nas serras de Carajs, Caximbo e Acari. Os rios principais so, rio Amazonas, rio Tapajs, rio Tocantins, rio Xingu, rio Jari e rio Par. O topnimo "Par" de origem tupi e significa "mar".[6] ndice [esconder]

1 Histria

1.1 Diviso do estado

1.1.1 Possvel polmica 1.1.2 Sobrerrepresentao

2 Economia 3 Etnias

3.1 Imigrantes

4 Dialetos 5 Principais cidades 6 Educao 7 Cultura

7.1 Culinria

8 Ver tambm 9 Referncias 10 Ligaes externas

[editar] Histria Ver artigo principal: Histria do Par O Forte do Prespio, fundado em 1616 pelos portugueses, deu origem a Belm, mas a ocupao do territrio foi desde cedo marcada por incurses de Neerlandeses e Ingleses em busca de especiarias. Da a necessidade dos portugueses de fortificar a rea. No sculo XVII, a regio, integrada capitania do Maranho, conheceu a prosperidade com a lavoura e a pecuria. Em 1751, com a expanso para o oeste, cria-se o estado do Gro-Par, que abrigar tambm a capitania de So Jos do Rio Negro (hoje o estado do Amazonas).

Em 1821, a Revoluo Constitucionalista do Porto (Portugal) foi apoiada pelos paraenses, mas o levante acabou reprimido. Em 1823, o Par decidiu unir-se ao Brasil independente, do qual estivera separado no perodo colonial, reportando-se diretamente a Lisboa. No entanto, as lutas polticas continuaram. A mais importante delas, a Cabanagem (1835), chegou a decretar a independncia da provncia do Par. Este foi, juntamente com a Revoluo Farroupilha, no Rio Grande do Sul, o nico levante do perodo regencial onde o poder foi tomado, sendo que a Cabanagem foi a nica revolta liderada pelas camadas populares. A economia cresceu rapidamente no sculo XIX e incio do sculo XX com a explorao da borracha, pela extrao do ltex, poca esta que ficou conhecida como Belle poque, marcada pelos traos artsticos da Art Nouveau. Nesse perodo a Amaznia experimentou dois ciclos econmicos distintos com a explorao da mesma borracha. Estes dois ciclos (principalmente o primeiro) deram no s a Belm, mas tambm a Manaus (Amazonas), um momento ureo no que diz respeito urbanizao e embelezamento destas cidades. A construo do Teatro da Paz (Belm) e do Teatro Amazonas (Manaus) so exemplos da riqueza que esse perodo marcou na histria da Amaznia. O ento intendente Antnio Lemos foi o principal personagem da transformao urbanstica que Belm sofreu, onde chegou a ser conhecida como Paris N'Amrica (como referncia influncia da urbanizao que Paris sofrera na poca, que serviu de inspirao para Antnio Lemos). Nesse perodo, por exemplo, o centro da cidade foi intensamente arborizado por mangueiras trazidas da ndia. Da o apelido que at hoje estas rvores (j centenrias) do capital paraense. Com o declnio dos dois ciclos da borracha, veio uma angustiante estagnao, da qual o Par s saiu na dcada de 1960, com o desenvolvimento de atividades agrcolas no sul do Estado. A partir da dcada de 1960, mas principalmente na dcada de 1970, o crescimento foi acelerando com a explorao de minrios (principalmente na regio sudeste do estado), como o ferro na Serra dos Carajs e do ouro em Serra Pelada. [editar] Diviso do estado Este artigo ou seco possui passagens que no respeitam o princpio da imparcialidade. Tenha algum cuidado ao ler as informaes contidas nele. Se puder, tente tornar o artigo mais imparcial. (Justifique o uso desta marca na discusso do artigo) Ver artigo principal: Plebiscito sobre a diviso do estado do Par

O plenrio da Cmara dos Deputados aprovou na manh do dia 5 de maio de 2011, um decreto legislativo que autoriza a realizao de um plebiscito que vai decidir pela criao do estado de Carajs, que seria uma diviso do estado do Par. O decreto foi promulgado pelo presidente do Congresso Nacional, Jos Sarney (PMDB-AP). Depois de promulgado, o plebiscito poder ser realizado em at seis meses, de acordo com a organizao da Justia Eleitoral. Outro projeto, que tambm divide o estado do Par foi aprovado pelo plenrio da Cmara dos Deputados. O projeto que prev a criao do estado de Tapajs, contudo, ainda precisa passar pela aprovao do Senado antes de ser promulgado. Se os dois plebiscitos forem realizados, a rea atual do estado do Par poder ser divida em trs estados. Pela proposta, o estado de Carajs, de autoria do ex-senador Leomar Quintanilha, estaria localizado a sul e sudeste do Par, e prev como capital a cidade de Marab. Ao todo, o novo estado teria 39 municpios, com rea equivalente a 25% do atual territrio do paraense. J o projeto que prev o plebiscito para o estado de Tapajs de autoria do senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR). O novo estado estaria localizado a oeste do Par, ocupando cerca de 58% da rea total do estado. A capital do novo estado seria Santarm. Ao todo, 27 municpios esto previstos para o estado de Tapajs. O projeto que prev o plebiscito ainda precisa ser aprovado pelo Senado Federal. [editar] Possvel polmica O tema da diviso do Estado do Par para a criao de novas unidades federativas um tema altamente polmico e que tem afastado polticos da discusso, principalmente ocupantes de cargos majoritrios. Porm, um menor percentual da classe poltica tem-se posicionado a favor ou contra tais projetos emancipacionistas. H que se ressaltar o fato de fazerem mais de duas dcadas as articulaes polticas em torno das possveis novas unidades. J os polticos unionistas foram tomados, em tese, "de surpresa" - uma vez que sua organizao em torno do projeto unificador no estava h tanto tempo dentro das pautas internas quanto os projetos separatistas para aqueles. Os motivos alegados pelos defensores das reformas territoriais e as consequncias, para os possveis novos estados e para o estado residual, so de inmeras ordens: desde culturais at geoestratgicas, merecendo a trs de destaque: polticas, econmicas e oramentrias. A aprovao da criao dos estados de Carajs e Tapajs, causaria um saldo negativo anual de cerca de R$ 2 bilhes Unio, o estado de Tocantins por exemplo da Unio R$ 500 milhes, de repasse voluntrio, cinco anos depois de criado, sendo R$ 100 milhes por ano[7]. [editar] Sobrerrepresentao

Politicamente, haveria o nascimento de dois estados com populaes comparveis s dos estados de Tocantins e Rondnia, fazendo proporcionalmente jus a uma bancada de apenas quatro deputados federais e de frao de um senador uma vez que no atinge a proporo de 8/513 (cerca de 1,56%) da populao nacional. Entretanto, por motivos constitucionais, obrigatrio respeitar o piso de oito deputados federais e o fixo de trs senadores por unidade federativa: o que produziria uma sobrerrepresentao na Cmara dos Deputados e uma superrepresentao no Senado Federal, vindo assim a facilitar substancialmente o acesso a cargos eletivos por parte da classe poltica desses possveis estados. Lei Kandir: O atual territrio correspondente ao Estado do Par um dos maiores responsveis pela pauta exportadora nacional, costumando ficar entre quinto ou sexto maior exportador nos ltimos anos aproximadamente 87% de suas exportaes so de minrios diversos, destinados sobretudo China. Contudo, a legislao brasileira, atravs da Lei Kandir, isenta de ICMS as empresas exportadoras, justamente as principais responsveis por maior parte da gerao de riquezas no estado paraense. As reservas minerais em explorao esto localizadas quase todas na regio do Sudeste Paraense, pretenso Estado de Carajs. Expressa-se assim que os grande projetos mineroenergticos pouco colaboram de maneira direta para a arrecadao das esferas pblicas no Par. Neste cenrio, de grandes perdas tributrias para a esfera estadual, percebe-se a fragilidade de um modelo assentado nas exportaes, no sentido de viabilizar recursos para a administrao satisfatria de um estado, independente de seu tamanho ou demografia. [editar] Economia Ver artigo principal: Economia do Par A economia se baseia no extrativismo mineral (ferro, bauxita, mangans, calcrio, ouro, estanho), vegetal (madeira), na agricultura, pecuria, indstria e no turismo. A minerao atividade preponderante na regio sudeste do estado, sendo Parauapebas a principal cidade que a isso se dedica. As atividades agrcolas so mais intensas na regio nordeste do estado, onde destaca-se o municpio de Castanhal; a agricultura tambm se faz presente, desde a dcada de 1960, ao longo da malfadada Rodovia Transamaznica (BR-230). O Par o maior produtor de pimenta do reino do Brasil e est entre os primeiros na produo de coco da Bahia e banana. So Flix do Xingu o municpio com maior produo de banana do pas. A pecuria mais presente no sudeste do estado, que possui um rebanho calculado em mais de 14 milhes de cabeas de bovinos. A indstria do estado concentra-se mais na regio metropolitana de Belm, com os distritos industriais de Icoaraci e Ananindeua, e tambm vem se consolidando em municpios como Barcarena e Marab atravs de investimentos na vesticalizao dos minrios extrados, como bauxita e ferro, que ao serem beneficiados, agregam valor ao se transformarem em alumnio e ao no prprio Estado. Pela caracterstica natural da regio, destacam-se

tambm como fortes ramos da economia as indstrias madeireira e moveleira, tendo um polo moveleiro instalado no municpio de Paragominas. O extrativismo mineral vem desenvolvendo uma indstria metalrgica cada vez mais significativa. No municpio de Barcarena beneficiada boa parte da bauxita extrada no municpio de Paragominas e na regio do Tapajs em Oriximin. No momento Barcarena um grande produtor de alumnio, e sedia uma das maiores fbricas desse produto no mundo, boa parte dele exportado o que contribui para o municpio abrigar tambm a principal atividade porturia do Par, no distrito de Vila do Conde. Ao longo da Estrada de Ferro Carajs, que vai da regio sudeste do Par at So Lus do Maranho, possvel atestar a presena crescente de siderrgicas. O governo federal implementou em Marab um plo siderrgico e metalrgico, alm das companhias j presentes na cidade. O polo siderrgico de Marab utilizava intensamente o carvo vegetal para aquecer os fornos que produzem o ferro gusa, contribuindo assim, para a devastao mais rpida das florestas nativas da regio, mas recentemente este cenrio vem mudando, as indstrias esto investindo no reflorestamento de reas devastadas e na produo de carvo do coco da palmeira Babau, que no devasta reas da floresta nativa porque consiste somente na queima do coco e no do coqueiro, este produzido principalmente no municpio de Bom Jesus do Tocantins. Nos ltimos anos, com a expanso da cultura da soja por todo o territrio nacional, e tambm pela falta de reas livres a se expandir nas regies sul, sudeste e at mesmo no centro-oeste (nas quais a soja se faz mais presente), as regies sudeste e sudoeste do Par tornaram-se uma nova rea para essa atividade agrcola. Pela rodovia Santarm-Cuiab (BR-163) escoada boa parte da produo sojeira do Mato Grosso, que segue at o porto de Santarm, aquecendo a economia da cidade tanto pela exportao do gro como pela franca expanso de seu plantio: a produo local j representa 5% do total de gros exportados. [editar] Etnias O Par teve um elevado nmero de imigrantes portugueses, espanhis e japoneses. Estes povos tm suas trajetrias contadas em um espao permanente, a Sala Vicente Salles do Memorial dos Povos, situado em Belm. Os lusitanos foram seguidos pelos espanhis, que chegaram capital quase que exclusivamente por questes polticas, graas s disputas pela Pennsula Ibrica. Em seguida vieram os italianos e seu poder desbravador martimo. Aps deixar sua contribuio para o surgimento da cidade de Belm, os japoneses estabeleceram-se no interior agrrio, fixando-se em municpios como Tom-au. A maioria da populao parda, devido grande herana gentica indgena e, em menor parcela, africana. Cor/Raa Pardos Brancos Negros Porcentagem 73,0% 23,0% 3,5%

Amarelos ou Indgenas 0,6% Fonte: PNAD (dados obtidos por meio de pesquisa de autodeclarao)[8] . [editar] Imigrantes Portugueses A presena dos portugueses no estado, deu-se no sculo XVII. Em Janeiro de 1616, o capito portugus, Francisco Caldeira Castelo Branco iniciou a ocupao da terra, fundando o Forte do Prespio, ncleo da futura capital paraense. A fixao portuguesa foi efetivada com as misses religiosas e as bandeiras, que ligavam o Forte do Prespio a So Lus do Maranho, por terra e subiram o Rio Amazonas. Os portugueses foram os primeiros a chegar no Par, Deixando contribuies que vo desde a culinria arquitetura. Japoneses Os primeiros imigrantes japoneses que se destinaram a Amaznia saram do Porto de Kobe, no Japo, no dia 24 de julho de 1926, e s chegaram ao municpio de Tom-Au, no dia 22 de setembro do mesmo ano, com paradas no Rio de Janeiro e Belm. Os japoneses foram responsveis pela introduo de culturas como a juta e a pimenta-do-reino na dcada de 1930; de mamo hawai e do melo na dcada de 1970. A terceira maior colnia japonesa no Brasil est no Par, com cerca de 13 mil habitantes, perdendo apenas para os estados de So Paulo e Paran. Eles vivem principalmente nos municpios de Tom-Au, Santa Izabel do Par e Castanhal. Sabendo-se que Tom-Au foi o primeiro local do Norte do pas a receber imigrantes japoneses, por volta de 1929.[9] Italianos Os emigrantes italianos que vieram para o Par so predominantemente da regio Sul da Itlia, originrios da Calbria, Campania e Basilicata. Eram todos colonos, mas aqui se dedicaram ao comrcio. O primeiro comrcio italiano de que se tem notcia de 1888 que ficava em Santarm. Eles fincaram razes familiares em Belm, Breves, Abaetetuba, bidos, Oriximin, Santarm e Alenquer. A presena na regio oeste do Par era to acentuada, que havia uma representao do consulado da Itlia em bidos, considerada a cidade mais italiana do Estado. O consulado ficava em Recife, Pernambuco. Em Belm, os italianos se dividiram entre a atividade comercial e os pequenos servios. Ao mesmo tempo em que trabalharam, foram importantes no incio do processo de industrializao da capital (1895). Segundo o censo de 1920, existia no Par cerca de

mil italianos. Ao final da Segunda Guerra, registrou-se um refluxo causado pela perseguio a alemes, japoneses e italianos. Os italianos, assim como os franceses, no permaneceram em territrio paraense.
[10]

Libaneses A emigrao dos libaneses para o Par se deu na metade do sculo XIX, na poca do Ciclo da Borracha e at 1914 desembarcaram em Belm entre 15 mil e 25 mil imigrantes srios-libaneses, dois quais um tero foram para o Acre. No Par, alm da capital paraense, o libaneses se deslocaram para os municpios de Camet, Marab, Altamira, Breves, (Par), Monte Alegre, Alenquer, Santarm, bidos, Soure, Maracan, Abaetetuba, entre outros.[11] Franceses Os primeiros imigrantes franceses chegaram ao Brasil na segunda metade do sculo XIX, dirigiram-se para a colnia de Benevides, na regio metropolitana de Belm do Par. Os franceses foram atrados para a regio, por causa do Ciclo da Borracha, acabaram se instalando em Belm, tornando-a conhecida como Paris N'Amrica. Maranhenses So os maiores imigrantes nacionais no Estado do Par.Por ser vizinho do Estado do Par, os maranhenses vo em busca de melhores condies materiais.A populao de Belm, sul e sudeste do Par formada basicamente por imigrantes maranhenses. O Maranho e o Par tem uma longa histria de ligao que comeou desde a criao dos Estados do Gro-Par e Maranho. A parte cultural tambm h uma reciprocidade entre os dois estados. Inclusive a origem do carimb (dana de negros) do Maranho que com o processo de aculturao tomou a forma paraense. A lambada paraense da dcada de 1970 tambm influenciou o maranho. A parte da religio umbandista tambm h uma cumplicidade entre os dois estados.O hino do Crio de Nazar foi composto por um poeta maranhense chamado Euclides Farias. [editar] Dialetos O Par tem pelo menos dois dialetos de destaque: o dialeto paraense tradicional, usado na capital Belm, no nordeste do Par, Oeste do estado, e em boa parte do territrio estadual; enquanto outro sotaque utilizado na regio sudeste do Par (Regio de Carajs): um dialeto derivado de misturas de nordestino, mineiro, capixaba, goiano e gacho. Dialeto paraense tradicional: tem como caracterstica mais distintiva o raro uso do pronome de tratamento "voc", sobretudo nas intimidades, substituindo "voc" por "tu": "tu fizeste", "tu s", "tu chegaste", muitas vezes chegando a omitir o pronome "tu", verbalizando expresses apenas como: "chegaste bem?", "j almoaste?". O "r" e o "s" so pronunciados de maneira semelhante

 do Rio de Janeiro. Tal dialeto considerado brando ( exceo da letra "s") e possuidor de menos vcios de linguagens, comparado aos outros do Brasil, e decorre da forte influncia portuguesa na linguagem. Tambm conhecido como Amazofonia.

Em uma visita a Belm, o renomado professor de lngua portuguesa, Pasquale Cipro Neto, afirmou que considera o dialeto de Belm semelhante em muitos aspectos ao de Lisboa, Portugal.

Sujeito ativo x passivo: enquanto em outros estados, a populao utiliza verbos com sujeito ativo ou passivo e os considera quase com mesmo sentido, as duas formas apresentam sentidos distintos no Par. Exemplos:

verbo chamar: ele chama tem apenas o sentido de ele chamou o elevador ou ele chamou uma criana (sujeito ativo). Caso refira-se ao seu nome prprio, ele se chama Alberto, a pergunta seria qual o nome dele?. verbo formar: ele formou tem apenas o sentido de ele formou uma quadrilha, ele formou uma empresa (sujeito ativo). Se no for nesse sentido, a maneira utilizada ele se formou em engenharia ou a coligao se formou ano passado. eu te avisei (informal) x eu lhe avisei (formal) Ramo r (informal) x vamos ver (formal) vem ver, para ti (informal) x venha ver, para voc (formal) compra um aa (informal) x compre um aa (formal) atende o telefone que para ti (informal) x atenda o telefone que para voc (formal)

Existe concordncia dos verbos com relao ao pronome de tratamento, diferenciando-se situaes informais das formais:

Uso menos abusivo do Que: o paraense faz um pouco menos uso dos ques que outros brasileiros, nunca coloca dois ques juntos. Exemplo:

que isso? ao invs de que que isso? quanto isso custa? no lugar de quanto que isso custa? qual o nome disso? ao invs de como que isso chama? (sic) como vai ser? substituindo como que vai ser? ele vai "pro" cinema ao invs de ele vai ao cinema eu vou "pra" feira no lugar de eu vou feira

No x para: nesse sotaque, o para mais utilizado quando o sentido ao ou :

ela foi "pro" shopping em detrimento de ela foi ao shopping apesar de soar como sotaque carioca para muitos paulistas, nitidamente distinguvel o sotaque paraense do carioca, j que o paraense tem bem menos "gingado" e conjuga mais verbos como em Lisboa, como "foste", "chegaste" etc. apesar de muitos brasileiros esperarem um sotaque nordestino quando se fala em Par[carece de diferena entre o sotaque do Par e os da regio Nordeste
fontes?]

Semelhanas e diferenas:

, ainda maior a

Dialeto da Regio de Carajs: marcante o uso do "s" como o de So Paulo, e outras peculiaridades. Essa maneira de falar existe no Par desde meados da dcada de 1970, quando houve uma macia migrao desordenada de nordestinos, goianos, sudestinos e sulistas para a regio, atrados com a descoberta da maior reserva mineralgica do planeta (Carajs) e pela oferta em abundncia de terras baratas. Tambm so conhecidos como amaznicos da serra, pelo motivo dessa regio estar distante do vale amaznico, em altitudes mais elevadas, aproximando-se do planalto central. Mal-estar cultural: Essas diferenas culturais geraram mal estar entre os habitantes da regio colonizada e do resto do estado (entre os "tradicionais paraenses" e os "novos paraenses"). Hoje em dia, a diferena cultural um dos motivos dessa regio manifestar interesse de ser um estado autnomo. A regio tambm registra o maior nmero de conflitos e mortes no campo, derivados de disputas por terras em um sistema fundirio catico da regio. [editar] Principais cidades Cidades mais populosas do Par (estimativa de 2009 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica)[2] Posi o 1 2 Cidade Belm Ananindeu a Mesorregi o Metropolitana Metropolitana Pop. Posi o Cidade Marituba Breves Mesorregi o Metropolitana Maraj Pop . 101 15 8 101 09 4 ver editar

1 437 60 11 0 505 512 12

3 4 5 6 7 8 9 10

Santarm Marab Castanhal

Baixo Amazonas Sudeste Metropolitana

276 665 203 049 161 497 152 777 139 819 127 848 117 099 107 060
[12]

13 14 15 16 17 18 19 20

Altamira

Sudoeste

98 750 97 350 96 010 92 567 75 583 72 720 68 600 67 208 Belm

Paragomina Sudeste s Tucuru Barcarena Redeno Tailndia Moju Sudeste Metropolitana Sudeste Nordeste Nordeste

Parauapeba Sudeste s Abaetetuba Nordeste Itaituba Camet Bragana Sudoeste Nordeste Nordeste

So Flix Nordeste do Xingu

Fonte: IBGE, estimativa populacional 2009 Ananindeua, Belm e Marituba fazem parte da Regio Metropolitana de Belm.

[editar] Educao Ananindeua

O Par possui 144 municpios, dentre os quais, importantes para a economia do estado so, Altamira, Ananindeua, Barcarena, Belm, Cana dos Carajs, Castanhal, Itaituba, Marab, Paragominas, Parauapebas, Redeno, Salinpolis, Tucuru e Santarm.

[editar] Cultura [editar] Culinria Ver artigo principal: Culinria do Par A Culinria paraense possui grande influncia indgena. Os elementos encontrados na regio, formam a base de seus pratos, o que deixa os gourmets maravilhados pela alquimia utilizada na produo destes pratos exticos. Os nomes dos pratos so to exticos quanto seu sabor, j que so de origem indgena. Outros pratos tpicos da regio so

Aa Caranguejo tur camusquim Caruru Paraense Casquinho de mussu Chib Cuscuz

Pato no tucupi Tacac Manioba Peixe moqueado Pirarucu de sol Pupunha cuzida Sopa de avi tapioquinha arroz paraense

O Par apresenta mais de uma centena de espcies comestveis, so as denominadas frutas regionais, e em muitas vezes apresentando um extico sabor para as suas sobremesas. A seguir, algumas das frutas nativas paraenses:

Aa Bacuri Cupuau

Result ados no ENEM P R A or ed n tu a o gu o s 2 33 49 0 ,1 ,7 0 [3 8 6 13 (1 (1 ] 9 7 ) ) M 36 52 ,9 ,0 di 0 8 a 2 46 54 0 ,0 ,9 0 2 7 7[ 14 (1 (1 ] 9 5 ) ) M 51 55 ,5 ,9 di 2 9 a 2 36 0 59 ,9 0 ,2

Graviola Pupunha Tapereb Castanha-do-par Muruci Piqui Tucum Bacaba Camu-camu Uxi Ing Sapotilha Abric Abiu Ajir Anaj Lista de governadores do Par Lista de municpios do estado do Par Lista de municpios do Estado do Par por populao Lista de mesorregies do Par Lista de microrregies do Par Lista de rios do Par

[editar] Ver tambm

Hino do Par Braso do Par Msica paraense Regio Metropolitana de Belm Universidade da Amaznia Universidade Federal Rural da Amaznia Universidade do Estado do Par Universidade Federal do Par Fundao da Criana do Adolescente do Par Turismo no Par

Referncias
1. IBGE (10 de outubro de 2002). rea territorial oficial. Resoluo da Presidncia do IBGE de n 5 (R.PR-5/02). Pgina

visitada em 22 de julho 2010.

2.

Estimativas do IBGE para 1 de julho de 2009. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE) (14 de agosto de 2009). outubro de 2009.

a b

3. Sntese dos Inidicadores Sociais 2009. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE). Pgina visitada em 22 de 4. Ranking do IDH dos estados do Brasil em 2005. Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) (15 de

setembro de 2008). Pgina visitada em 17 de setembro de 2008.

5. regio metropolitana da Amaznia. Cidade com cerca de 1.424.124 de habitantes, (IBGE/2008). 6. http://www.fflch.usp.br/dlcv/tupi/vocabulario.htm 7.

Portal R7. [http://noticias.r7.com/brasil/noticias/novos-estados-de-carajas-e-tapajos-devem-gerar-rombo-anual-de-r-2bilhoes-a-uniao-20110620.html?question=0 Novos Estados de Carajs e Tapajs devem gerar rombo anual de R$ 2 bilhes Unio]. Pgina visitada em 30 de outubro de 2011.

8. Demografia 9. [1] 10. [2] 11. [3] 12. Populao residente no Brasil em 2009: Publicao completa. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE) (29 de

agosto de 2008). Pgina visitada em 14 de agosto de 2008.

13. http://download.globo.com/vestibular/enem2006_desempenhoregiaouf.doc 14. http://download.uol.com.br/educacao/enem2007_mediasredacao.xls 15. http://www.inep.gov.br/download/enem/2008/Enem2008_tabelas_01a101.xls

[editar] Ligaes externas

O Commons possui uma categoria com multimdias sobre Par

Governo do Par (em portugus) Tribunal de Justia do Estado do Par (em portugus) Emancipao de Tapajs gera debate em Santarm (em portugus)

[Expandir] Par

[Expandir] ve Par Portal Geografia, Poltica, Cultura, Esportes C a p i Belm t a l M e s o r r eBaixo Amazonas Maraj Metropolitana de Belm Nordeste Paraense Sudeste Paraense Sudoeste Paraense g i e s

M i c r o r Almeirim Altamira Arari Bragantina Belm Camet Castanhal Conceio do Araguaia Furos de Breves Guam r Itaituba Marab bidos Parauapebas Paragominas Portel Redeno Salgado Santarm So Flix do Xingu TomeAu Tucuru g i e s RBelm e g i e s M e t r o p o l

i t a n a s e R I D E s M Belm Ananindeua a i s d e 5 0 0 . 0 0 0

h a b i t a n t e s M Santarm Marab a i s d e 2 0 0 . 0 0 0 h a

b i t a n t e s M Castanhal Parauapebas Abaetetuba Itaituba Camet Bragana Marituba Breves Altamira a i s d e 1 0 0 . 0 0 0 h a b i t

a n t e s V e j a t Interior do Par a m b m Norte, Brasil

[Expandir] ve Regies e estados do Brasil Subdivises do Brasil

URegio Acre Amap Amazonas Par Rondnia Roraima Tocantins nNorte i Regio Alagoas Bahia Cear Maranho Paraba Pernambuco Piau Rio Grande do Norte Sergipe dNordeste aRegio Distrito Federal Gois Mato Grosso Mato Grosso do Sul dCentroOeste e sRegio Esprito Santo Minas Gerais Rio de Janeiro So Paulo Sudeste dRegio SulParan Rio Grande do Sul Santa Catarina a F e d e r a o AFernando de Noronha Atol das Rocas Arquiplago de So Pedro e So Paulo Trindade e Martim Vaz r q u i p l

a g o s G e o e c o nAmaznica Centro-Sul Nordeste m i c a s O u t r Antrtida Brasileira (ver tambm: Estao Antrtica Comandante Ferraz) o s Propostas de novas unidades federativas do Brasil

[Expandir] ve Fronteiras do Brasil C1 PCDL 2 PCDL o m i s s e s d e m a r c a d o r a s d e

f r o n t e i r a P a s e s l i Argentina Bolvia Colmbia Guiana Francesa (Frana) Guiana Paraguai Peru Suriname Uruguai Venezuela m t r o f e s M Centro-Oeste Norte Sul

a c r o r r e g i e s f r o n t e i r i a s EAcre Amap Amazonas Mato Grosso Mato Grosso do Sul Par Paran Rio Grande do Sul Rondnia Roraima s Santa Catarina t a

d o s f r o n t e i r i o s Scioeconmico rea rea urbana Populao Densidade demogrfica PIB PIB per capita IDH Gini M Bifronteirios ou Atalaia do Norte Assis Brasil Barra do Quara Corumb Foz do Iguau Laranjal do Jari Oriximin So utrplices Gabriel da Cachoeira Uiramut Uruguaiana nfronteiras i Fronteira Acegu Acrelndia Alecrim Almeirim Alta Floresta d'Oeste Alto Alegre Alto Alegre dos Parecis csimples Amajari Antnio Joo Aral Moreira Bag Bandeirante Barcelos Barraco Bela Vista Belmonte Benjamin Constant Bom Jesus do Sul Bonfim Brasileia Cabixi Cceres Capanema Capixaba p Caracara Caracol Caroebe Chu Comodoro Coronel Sapucaia Costa Marques Crissiumal Cruzeiro i do Sul Derrubadas Dionsio Cerqueira Dom Pedrito Doutor Maurcio Cardoso Entre Rios do Oeste o Epitaciolndia Esperana do Sul Feij Garruchos Guara Guajar Guajar-Mirim Guaraciaba Herval s Iracema Itaipulndia Itapiranga Itaqui Jaguaro Japor Japur Jordo Mncio Lima Manoel Urbano Marechal Rondon Marechal Thaumaturgo Mercedes Mundo Novo Normandia Novo Machado f Nova Mamor bidos Oiapoque Pacaraima Paraso Paranhos Pato Bragado Pedras Altas Prola r d'Oeste Pimenteiras do Oeste Pirap Plcido de Castro Planalto Pocon Ponta Por Porto

o n t e i r i o s Brasil

Esperidio Porto Lucena Porto Mau Porto Murtinho Porto Velho Porto Vera Cruz Porto Walter Porto Xavier Pranchita Princesa Quara Rodrigues Alves Roque Gonzales Santa Helena Santa Helena Santa Isabel do Rio Negro Santa Rosa do Purus Santa Vitria do Palmar Santana do Livramento Santo Antnio do I Santo Antnio do Sudoeste So Borja So Francisco do Guapor So Jos do Cedro So Miguel do Iguau So Nicolau Sena Madureira Serranpolis do Iguau Sete Quedas Tabatinga Tiradentes do Sul Tunpolis Vila Bela da Santssima Trindade

Portal do Par Ritos de passagem Origem: Wikipdia, a enciclopdia livre. (Redirecionado de Rito de passagem) Ir para: navegao, pesquisa Esta pgina ou seco no cita nenhuma fonte ou referncia, o que compromete sua credibilidade (desde junho de 2010). Por favor, melhore este artigo providenciando fontes fiveis e independentes, inserindoas no corpo do texto por meio de notas de rodap. Encontre fontes: Google notcias, livros, acadmico Scirus. Veja como referenciar e citar as fontes. Esta pgina precisa ser reciclada de acordo com o livro de estilo (desde Fevereiro de 2008). Sinta-se livre para edit-la para que esta possa atingir um nvel de qualidade superior.

Ritos de passagem so celebraes que marcam mudanas de status de uma pessoa no seio de sua comunidade. Os ritos de passagem podem ter carter religioso, por exemplo. Cada religio tem seus ritos, sendo parecidos com de outras religies, ou no. O termo foi popularizado pelo antroplogo alemo Arnold van Gennep no incio do sculo vinte. Outras teorias foram desenvolvidas por Mary Douglas e Victor Turner na dcada de 1960. Os ritos de passagem so realizados de diversas formas, dependendo da situao celebrada; desde rituais msticos ou religiosos at assinatura de papis (ou ainda os dois juntos). Em todas as sociedades primitivas, determinados momentos na vida de seus membros eram marcados por cerimnias especiais, conhecidas como ritos de iniciao ou de passagem. Essas cerimnias, mais do que representarem uma transio particular para o indivduo, representava igualmente a sua progressiva aceitao e participao na sociedade na qual estava inserido, tendo, portanto tanto o cunho individual quanto o coletivo. Geralmente, a primeira dessas cerimnias era praticada dentro do prprio ambiente familiar, logo em seguida ao nascimento. Nesse rito, o recm-nascido era apresentado aos seus antecedentes diretos, e era reconhecido como sendo parte da linhagem ancestral. Seu nome, previamente escolhido, era ento pronunciado para ele pela primeira vez, de forma solene. Alguns anos mais tarde, ao atingir a puberdade, o jovem passava por outra cerimnia. Para as mulheres, isso se dava geralmente no momento da primeira menstruao, marcando o fato que, entrando no seu perodo frtil, estava apta a preparar-se para o casamento. Para os rapazes, essa cerimnia geralmente se dava no momento em que ele fazia a caa e o abate do primeiro animal. Ligadas, portanto, ao derramamento de sangue, essas cerimnias significavam a integrao daquela pessoa como membro produtivo da tribo: ao derramar sangue para a preservao da comunidade (pela procriao ou pela alimentao), ela estava simbolicamente misturando o seu prprio sangue ao sangue do seu cl. Variadas cerimnias marcavam, ainda, a idade adulta. Entre os nativos norte-americanos, algumas tribos praticavam um rito onde a pele do peito dos jovens guerreiros era trespassada por espetos e repuxada por cordas. A dor e o sangue derramado eram, dessa forma, considerados como uma retribuio Terra das ddivas que a tribo recebera at ali. Outras cerimnias seguiam-se, ao longo da vida. O casamento era uma delas, e os ritos fnebres eram considerados como a ltima transio, aquela que propiciava a entrada no reino dos mortos e garantia o retorno futuro ao mundo dos vivos. Todas essas cerimnias, no entanto, marcavam pontos de desprendimento. Velhas atitudes eram abandonadas e novas deviam ser aceitas. A convivncia com algumas pessoas devia ser deixada para trs e novas pessoas passavam a constituir o grupo de relacionamento direto. Muitas vezes, a cada uma dessas cerimnias, a pessoa trocava de nome, representando que aquela identidade que assumira at ento, no mais existia - ela era uma nova pessoa.

Nos tempos atuais e nas sociedades modernas, muitos desses ritos subsistiram embora muitos deles esvaziados do seu contedo simblico. Batismo e festas de aniversrio de 15 anos, por exemplo, so resqucios desse tipo de cerimnia, que hoje representam muito mais um compromisso social do que a marcao do incio de uma nova fase na vida do indivduo. No entanto, a troca do smbolo pela ostentao pura e simples, acaba criando a desestruturao do padro social. Tomando o batizado cristo como exemplo, poderia-se perguntar quantas pessoas que batizam os seus filhos so, realmente, crists. Quantas pretendem realmente cumprir a promessa solene, feita em frente ao seu sacerdote, de manter a criana na f dos seus antepassados? Obviamente, nas sociedades primitivas, tais promessas eram obrigaes indiscutveis e sagradas. Romp-las era colocar em risco a prpria sobrevivncia da tribo como unidade coerente, o que no era, ao menos, cogitvel. ndice [esconder]

1 A Iniciao dos Xams e Heris 2 Religies afro-brasileiras 3 Outras religies 4 Ver tambm

[editar] A Iniciao dos Xams e Heris Ao lado dos ritos que abordamos, de certa forma institucionalizada e regulada pela famlia e pela sociedade, havia outros ritos especficos, que poderiam configurar uma categoria distinta de passagem ou iniciao. Embora pudessem acontecer depois de alguma preparao, era comum que esses ritos ocorressem espontneamente, a partir de uma casualidade que era ento tida como propiciada pelos deuses. Estes eram os ritos de iniciao dos xams ou dos heris. Muitas pessoas, aps passarem inclumes por algum tipo de experincia traumtica, que poderia ter provocado a sua morte, eram consideradas como pertencendo a uma classe especial. Estados semicomatosos induzidos por doenas, picada de animais peonhentos, etc, eram normalmente considerados como modificadores da pessoa, que retornaria desses estados possuindo uma nova e mais clara viso do mundo. Essas pessoas, geralmente, eram aladas condio de xams pela tribo.

Por um outro lado, o contrrio tambm poderia acontecer: dentro do processo normal de treinamento de um xam, chegavam-sese a um ponto em que determinadas provas deveriam ser enfrentadas, para que o treinando comprovasse a sua capacidade de enfrentar seus medos e seus prprios limites fsicos e mentais. Isolamento, frio, fome, s vezes extremos, eram utilizados nesse sentido. A idia aqui, portanto, no era a de rito de passagem simplesmente como transio de um perodo para outro da vida, mas tambm como de um estado de conscincia para outro. Ou seja: essa forma de rito no depreendia uma idade ou ocasio especfica, e nem ao menos uma cerimnia especfica. Poderia acontecer a qualquer momento da vida, por acaso ou por escolha prpria, e tinha um cunho de transformao de personalidade mais profundo, geralmente associado a uma misso a cumprir, aps a iniciao. O carter de morte e renascimento nesses ritos era profundamente marcado. V-se tal carter em diversas lendas de heris mitolgicos, como, por exemplo, no mito egpcio de Osris, que possui todas as caractersticas associadas ao processo das iniciaes mticas. Osris era uma divindade civilizadora - a ele era atribuda a inveno da escrita e o desenvolvimento da agricultura. No mito, seu corpo despedaado e espalhado por todo o Egito; em seguida sua esposa sis empreende uma longa busca pelos seus pedaos, e rene-os para que ele gere com ela seu filho Hrus, que ir prosseguir seu trabalho civilizador. H de se notar que sis, alm de esposa, era irm de Osris, ou seja: a idia que os dois, na verdade, eram duas faces distintas de uma mesma pessoa. Osris representa o aspecto de nossos conhecimentos prvios que ho de ser desfeitos, ao passo que sis representa a parte de ns que realiza a busca e a reconstruo. Note-se, tambm, que Osris (o conhecimento), aps ser reconstrudo, no permanece existindo, mas apenas cumpre a funo de gerar em sis um novo ser, filho da fuso entre as duas partes. A mensagem, portanto, : aquele que busca o conhecimento dever morrer (perder a individualidade, desfazer-se), recolher suas partes atravs de um rduo e longo trabalho e, por fim, transformar-se em um novo ser, com uma misso a cumprir. [editar] Religies afro-brasileiras Os ritos de passagem so inseridos em algumas das religies afro-brasileiras mas onde esto mais presentes no Culto de If, Candombl e Culto aos Egungun, que seguindo as tradies africanas fazem o ritual do nascimento, ritual do nome quando uma criana apresentada ao Orun e ao Tempo, ritual de iniciao ou feitura de santo, algumas fazem o ritual do casamento, o ritual fnebre e o ritual do Axex quando a pessoa iniciada morre. Umbanda e Quimbanda A Umbanda e Quimbanda no incluem os ritos de passagem, nem feitura de santo propriamente dita, uma vez que no incorporam Orixs incorporam os Falangeiros de Orixs, usa-se o termo fazer a cabea onde pode existir a catulagem e pintura,

porm a cabea no raspada completamente, e no tem imposio do adox. A recluso nesses casos de trs a sete dias, feita a instruo esotrica, aprendizado das rezas e pontos riscados e cantados, e feita a apresentao pblica. [editar] Outras religies A cerimonia de batismo um exemplo de ritual praticado por cristos ao longo da histria, que simboliza a admisso na comunidade religiosa. A circunciso, ou brit mil, acontece oito dias aps o nascimento, uma cerimonia de iniciao judaica. [editar] Ver tambm

Ritual Este artigo um esboo. Voc pod

Tupinambs Origem: Wikipdia, a enciclopdia livre. (Redirecionado de Tupinamb) Ir para: navegao, pesquisa Nota: Para outros significados, veja Tupinambs (desambiguao). Este artigo no cita nenhuma fonte ou referncia, o que compromete sua credibilidade (desde novembro de 2008). Por favor, melhore este artigo providenciando fontes fiveis e independentes, inserindoas no corpo do texto por meio de notas de rodap. Encontre fontes: Google notcias, livros, acadmico Scirus. Veja como referenciar e citar as fontes. Esta pgina precisa ser reciclada de acordo com o livro de estilo (desde novembro de 2008). Sinta-se livre para edit-la para que esta possa atingir um nvel de qualidade superior.

Tupinambs em gravura de Theodor de Bry

Guerreiro Tupinamb O termo tupinamb provavelmente significa o mais antigo ou o primeiro e se refere a uma grande nao de ndios, da qual faziam parte, dentre outros, os tamoios, os temimins, os tupiniquins, os potiguaras, os tabajaras, os caets, os amoipiras, os tupins (tupina), os aricobs etc. Os tupinambs, como nao, dominavam quase todo o litoral brasileiro e possuam uma lngua comum, que teve sua gramtica organizada pelos jesutas e que passou a ser conhecida como o tupi antigo, constituindo-se na lngua raiz da lngua geral paulista e do nheengatu. Entretanto, normalmente, quando se fala em tupinambs, est-se a referir s tribos que fizeram parte da Confederao dos Tamoios, cujo objetivo era lutar contra os portugueses, conhecidos pelos tupinambs como per[1].

Apesar de terem razes comuns, as diversas tribos que compunham a nao Tupinamb lutavam constantemente entre si, movidas por um intenso desejo de vingana que resultava sempre em guerras sangrentas em que os prisioneiros eram capturados para serem devorados em rituais antropofgicos. Autores como o alemo Hans Staden (Histria verdadeira e descrio de uma terra de selvagens...) e os franceses Jean de Lry (Histria de uma viagem feita terra do Brasil) e Andr Thevet (As singularidades da Frana Antrtica...), todos do sculo XVI, alm das cartas jesuticas da poca, nos do notcias muito precisas acerca de quem eram e de como viviam os ndios Tupinambs.

Homem tupinamb - pintura de Albert Eckhout (1610 - 1666)

Em todas as tribos tupinambs, eram comuns as referncias a "heris civilizadores", como chama Alfred Mtraux em seu livro A Religio dos Tupinambs. Esses heris eram divindades que haviam criado ou dado incio civilizao indgena (Meire Humane e Pae Zom mito amerndio comum em toda a Amrica Meridional). Tambm era comum a intercesso dos pajs junto aos espritos atravs do uso dos maracs, chocalhos msticos cujo uso era obrigatrio em qualquer cerimnia. Atualmente, existem trs ncleos de ndios Tupinambs no litoral da Bahia: Olivena, municpio de Ilhus, com vinte aldeias e 3 864 indgenas e a aldeia Patiburi, no municpio de Belmonte, com 199 pessoas. Tambm, os Tupinamb da Serra do Padeiro, com mais de 1 mil indgenas divididos em 21 aldeias - grupo que se negou a virar escravo nos engenhos e se abrigou no mato (por conta disso o extinto Servio de Proteo ao ndio (SPI) os chamavam de "Tupinamb do Mato". Atualmente lutam pela homologao de suas terras, j demarcadas pela Fundao Nacional do ndio (Funai). Os tupinambs da Regio Sudeste do Brasil tinham um vasto territrio, que se estendia desde o Rio Juqueriquer, em So Sebastio / Caraguatatuba, no estado de So Paulo, at o Cabo de So Tom, no estado do Rio de Janeiro. O grosso da nao tupinamb localizava-se na Baa da Guanabara e em Cabo Frio, onde fabricavam o gecay, que era a mistura de sal e pimenta que os ndios vendiam aos franceses (chamados pelos tupinambs de mara[2], nome originrio de Meire Humane), com os quais se aliaram quando estes estabeleceram a colnia da Frana Antrtica na Baa de Guanabara. As tentativas de escravizao dos ndios para servirem nos engenhos de cana-de-acar no ncleo vicentino levaram unio das tribos numa confederao sob o comando de Cunhambebe chamada de Confederao dos Tamoios, englobando todas as aldeias tupinambs desde o Vale do Paraba Paulista at o Cabo de So Tom, com invejvel poderio de guerra. nesse nterim que Nbrega e Anchieta teriam sido levados por Jos Adorno de barco at Iperoig (atual Ubatuba), para tentar fazer as pazes com os ndios. Segundo a tradio, Nbrega voltou at So Vicente com Cunhambebe e o Padre Jos de Anchieta ficou cativo dos tupinambs em Ubatuba. Nesse perodo, ele teria escrito o Poema da Virgem. Fatos lendrios e fantsticos teriam ocorrido nesta poca do cativeiro, como o milagre de Anchieta: levitar entre os ndios, que horrorizados, queriam que ele dali se retirasse pois pensavam tratar-se de um feiticeiro.

Distribuio dos grupos de lngua tupi na costa no sculo XVI Seja como for, os padres, com muita diplomacia, conseguiram desmantelar a Confederao dos Tamoios, promovendo a Paz de Iperoig, o primeiro tratado de paz das Amricas. Diz-se que, depois de feitas as pazes, Nbrega advertiu os ndios de que, se voltassem atrs na palavra empenhada, seriam todos destrudos, profecia que, de fato, se concretizou. Quando os portugueses atacaram os franceses do Rio de Janeiro, estes pediram ajuda aos ndios, que acudiram a seus aliados. Isto levou ao extermnio dos tupinambs que moravam em aldeias em torno da Baa da Guanabara, na segunda metade do sculo XVI. Os que conseguiram se salvar foram os que se embrenharam nos matos com alguns franceses e os ndios tupinambs de Ubatuba que, para no ajudarem os irmos do Rio e no correrem riscos, ou se embrenharam nos matos ou foram assimilados pelos colonos em Ubatuba, gerando a atual populao caiara daquela regio assim como a populao cabocla do Vale do Paraba Paulista e Fluminense. Contudo, o golpe fatal aos tupinambs foi o ataque ao ltimo reduto francs em Cabo Frio, com a destruio de todas as aldeias. Tudo destrudo com fogo e passado ao fio da espada. Os sobreviventes ou se refugiaram nos matos e migraram para outras regies ou alguns poucos ainda, no final do sculo XVI, podiam ser encontrados numa aldeia de ndios cristos prxima da ento recm-fundada cidade do Rio de Janeiro, local onde morreu e foi enterrado o Padre Nbrega. Por esses motivos e por algumas declaraes que denotariam em tese conivncia com o extermnio indgena que o Padre Jos de Anchieta tem sido considerado muito polmico at os dias atuais, embora, noutras oportunidades, tenha declarado que se entendia melhor com os ndios do que com os portugueses. Referncias

1. http://www.fflch.usp.br/dlcv/tupi/licoes/licao01.htm 2. http://www.fflch.usp.br/dlcv/tupi/vocabulario.htm

[editar] Ver tambm

Tupinamb de Olivena

Civilizao macroj/Histria Origem: Wikilivros, livros abertos por um mundo aberto. < Civilizao macroj Ir para: navegao, pesquisa

Introduo Civilizao macroj Cultura

Distribuio aproximada das famlias macro-js no interior do Brasil na poca da chegada dos portugueses

Distribuio aproximada das naes indgenas no litoral brasileiro no sculo XVI

Mapa de 1629 mostrando o territrio dos ndios tremembs no atual litoral do Cear

ndio aimor em gravura de Johann Moritz Rugendas do sculo XIX

Campos dos Goitacazes, cidade do estado brasileiro do Rio de Janeiro que se localiza no antigo territrio dos ndios goitacazes

Pintura de Johann Moritz Rugendas no sculo XIX intitulada "Coroados e Corops"

Pintura de 1875 intitulada "Dana dos Puris"

Quadro de Albert Eckhout do sculo XVII intitulado "Dana Tarairiu"

Retrato de Carl Friedrich Philipp von Martius

ndia xerente

Claude Lvi-Strauss

Localizao do Parque Indgena do Xingu no interior do Brasil Segundo a tese tradicional, o grupo lingustico macro-j surgiu no leste do Brasil. No entanto, devido a descobertas recentes que incluem os chiquitanos da Bolvia e Mato Grosso e os jabutis de Rondnia como pertencentes ao grupo macro-j, surgiu recentemente uma tese que aponta o oeste brasileiro como centro de origem do grupo[1]. Acredita-se que os povos macro-js detinham a hegemonia sobre a maior parte do atual territrio brasileiro, at que, por volta do ano 1000, os povos do grupo lingustico macro-tupi, provenientes do sul da Amaznia, migraram para o leste, expulsando grande parte dos macro-js que habitavam o litoral brasileiro e forando-os a se alojarem no interior do Brasil, que possua condies naturais menos propcias que o litoral. Na poca da chegada dos colonizadores portugueses ao litoral brasileiro, ou seja, a partir do sculo XVI, as nicas excees ao domnio tupi no litoral brasileiro eram os tremembs, nos atuais litorais do Maranho, Piau e Cear; os aimors, no sul da Baa e norte do Esprito Santo e os goitacazes, no norte do Rio de Janeiro e sul do Esprito Santo. Todos, pertencentes ao grupo lingustico macro-j[2]. Na poca da safra de caju, porm, os ndios macro-js do interior realizavam incurses ao litoral dominado pelos tupis para colher a fruta, ocasionando as chamadas "Guerras do Caju"[3].

Desta forma, quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro, se depararam principalmente com tribos do grupo lingustico macro-tupi. Os colonizadores portugueses absorveram muito da cultura macro-tupi, inclusive a designao tupi para os povos do grupo macroj: tapuia, que significa "inimigo", "escravo". Os macro-js ofereceram grande resistncia colonizao portuguesa do territrio brasileiro, sendo responsveis pela morte de muitos colonos portugueses e pelo fracasso de muitas capitanias hereditrias, como a de Ilhus, a de Porto Seguro, a do Esprito Santo e a de So Tom [4]. No entanto, os ndios no tardaram a sucumbir perante as foras militares europeias e as doenas trazidas pelos europeus, como a varola e o sarampo, para o qual no apresentavam qualquer resistncia natural. Os ndios goitacazes, por exemplo, foram derrotados em 1631 e se dispersaram pelo interior dos atuais estados brasileiros de Rio de Janeiro, Esprito Santo e Minas Gerais, passando a ser conhecidos como puris, coroados e corops. Assim como algumas tribos tupis se aliaram aos portugueses, alguma tribos js se aliaram aos neerlandeses, quando estes invadiram o nordeste brasileiro no sculo XVII. Por exemplo, a nao tarairiu, que ocupava o interior dos atuais estados brasileiros da Paraba, Rio Grande do Norte e Cear[5]. O avano dos colonizadores portugueses sobre territrios habitados pelos ndios do grupo macro-j, visando plantao de canade-acar, criao de gado e explorao de minas, causou reaes violentas, como por exemplo a Confederao dos Cariris, que foi uma revolta generalizada das tribos de lnguas macro-js que habitavam o nordeste brasileiro contra os portugueses, no final do sculo XVII e incio do sculo XVIII. Entre as tribos, estavam os paiacus, os caripus, os ics, os caratis e os cariris. A revolta durou de 1688 a 1713 e terminou com a derrota e a quase extino desses povos[6]. O avano dos colonizadores europeus continuou ao longo dos sculos, diminuindo progressivamente a rea dos ndios de lnguas macro-js que, antes da chegada do homem branco, detinham o controle de praticamente todo o Brasil Central. Muitas tribos foram foradas a fugir para o oeste e outras foram dizimadas sem deixar qualquer registro escrito sobre suas culturas e lnguas. Ao longo do sculo XIX, as regies montanhosas do sul do Brasil, que eram territrio tradicional dos ndios caingangues, passaram a ser alvo da expanso da fronteira agrcola. Guerras realizadas pelos governos provinciais da regio foraram o aldeamento dos ndios e permitiram a fixao de agricultores na regio. Entre eles, imigrantes italianos, alemes, poloneses, ucranianos, russos etc. O mesmo processo ocorreu na provncia argentina de Misiones. No oeste do estado brasileiro de So Paulo, tal processo ocorreu no incio do sculo XX, com a abertura da estrada de ferro que ligaria a cidade de Bauru ao estado de Mato Grosso. Devido aos frequentes ataques dos caingangues locais aos trabalhadores envolvidos na construo da estrada, foi criado o Servio de Proteo ao ndio, em 1910, visando a cuidar da questo indgena no pas[7]. Seu primeiro diretor foi o marechal Rondon.

No sculo XIX, o cientista alemo Carl Friedrich Philipp von Martius percorreu grande parte do territrio brasileiro e props uma diviso dos ndios brasileiros segundo um critrio lingustico. Baseado nesse critrio, ele criou o grupo g, que englobava tribos que falavam lnguas semelhantes e que costumavam autodenominar-se utilizando a partcula g, que significava "pai", "chefe" ou "antepassado"'. Um nome alternativo, segundo o prprio Martius, seria cram, pois, nesse grupo, tambm era muito utilizada a partcula cran ("filho", "descendente") para a nomeao das tribos. Grande parte das antigas tribos tapuias estava englobada pelo grupo g[8]. Com o advento do estilo romntico de literatura ao Brasil, no sculo XIX , o ndio passou a ser um tema frequentemente utilizado pelos autores. No clssico romance de 1857 "O Guarani", de Jos de Alencar, o protagonista um ndio goitac, Peri [9], que, em determinada ocasio, enfrenta uma tribo aimor[10]. Embora, contraditoriamente, o autor tambm coloque Peri como ndio guarani (uma etnia no falante de lngua do tronco macro-j), em outro trecho do livro[11]. No mesmo ano, o poeta brasileiro Gonalves Dias lanou o poema pico "Os Timbiras". Apesar de os timbiras serem uma etnia indgena pertencente ao grupo lingustico macro-j, o autor utilizou-se de tradies tupis para descrever os timbiras, devido a sua pouca familiaridade com os reais costumes timbiras[12]. Em 1874, Alencar lanou o romance "Ubirajara", que descreve uma grande batalha envolvendo duas tribos tupis contra uma tribo tapuia. O confronto reproduz a clssica rivalidade entre os ndios do grupo lingustico macro-tupi e os do grupo macro-j[13]. Ainda no sculo XIX, o povo aqum, que vivia na regio do atual estado brasileiro de Tocantins, se dividiu em dois: uma parte ficou na regio e passou a ser conhecido como povo xerente. A outra parte migrou para o oeste, para o atual estado brasileiro do Mato Grosso, passando a ser conhecido pela denominao de povo xavante[14]. Em 17 de julho de 1873, o Ministrio de Agricultura, Comrcio e Obras Pblicas do Imprio Brasileiro decretou o fim das aldeias indgenas no Brasil, sob o argumento de que no existiriam mais ndios no pas. Isso significou que as terras ocupadas pelos ndios brasileiros passaram a ser consideradas legalmente sem dono e, portanto, passveis de ocupao atravs de leilo pblico[15].

Jos de Alencar

Gonalves Dias

Distribuio do bioma da floresta de araucrias, territrio tradicional dos caingangues no sul do Brasil No final do sculo XIX e incio do sculo XX, foi construda a Estrada de Ferro Vitria - Minas, desalojando os ltimos ndios aimors que ainda habitavam a regio. Os ltimos remanescentes dos aimors esto atualmente em reservas nos arredores do municpio de Resplendor, em Minas Gerais, sob a denominao de crenaque, que o nome pelo qual eles mesmos se reconhecem.

Implantao da estrada de ferro Vitria - Minas perto de Coronel Fabriciano, em Minas Gerais, no Brasil, em 1924 Dentro de um processo de reconhecimento cientfico e poltico do valor da cultura indgena, o governo brasileiro iniciou uma poltica de pesquisa da cultura indgena, pacificao de tribos indgenas hostis e criao de reservas indgenas onde os ndios poderiam preservar sua cultura, como o Parque Indgena do Xingu, criado em 1961. Vrios nomes se destacaram dentro desse processo, como os irmos Villas-Bas, o antroplogo Darci Ribeiro e o marechal Rondon: este, um descendente de vrias etnias indgenas, como a dos bororos, por exemplo. Outro intelectual que se destacou dentro desse processo de estudo da cultura indgena brasileira foi o antroplogo belga Claude Lvi-Strauss, que, durante a segunda metade da dcada de 1930, realizou vrias expedies pelo interior do Brasil visando a estudar a cultura indgena. Entre as etnias por ele visitadas, estavam a dos caingangues e a dos bororos. Suas experincias ficaram registradas em seu famoso livro, "Tristes Trpicos", lanado em 1955. Em 1937, foi criada a Terra Indgena Caramuru-Paraguau, no sul do estado brasileiro da Baa, destinada a abrigar ndios pataxs h-h-hes. Porm, logo em seguida, o governo brasileiro comeou a conceder lotes dentro da terra indgena para agricultores, iniciando um conflito fundirio que perduraria por dcadas.

Em 19 de abril de 1940, ndios de todo o continente americano se reuniram na cidade mexicana de Ptzcuaro para debater a situao dos povos indgenas americanos. Desde ento, a data passou a ser comemorada como o dia do ndio[16]. Em meados do sculo XX, despontou no futebol mundial um descendente de ndios fulnis: Man Garrincha[17]. Na dcada de 1960, os ndios xavantes foram expulsos de suas terras no estado brasileiro do Mato Grosso e transferidos para uma reserva indgena. No lugar desocupado pelos xavantes, foi instalada a fazenda Sui-missu[18]. Em 1967, devido a denncias de irregularidades administrativas no Servio de Proteo ao ndio, este foi substitudo por um novo rgo: a Fundao Nacional do ndio. Em 1971, a Empresa Brasileira de Aeronutica comeou a produzir um avio de treinamento para a Fora Area Brasileira com o nome de Embraer EMB-326 Xavante. Atravs do nome, se reconhecia a importncia da contribuio indgena para a construo da identidade brasileira. No incio da dcada de 1970, as obras de construo da estrada BR-163, que ligaria a cidade de Cuiab, no estado brasileiro de Mato Grosso, at a cidade de Santarm, no estado brasileiro do Par, atingiram o territrio tradicional dos ndio panars, na bacia do Rio Peixoto de Azevedo, no extremo norte do estado de Mato Grosso. Como resultado deste contato, muitas doenas se disseminaram entre os ndios, gerando grande mortandade e levando a Fora Area Brasileira a executar uma operao de resgate dos ndios em 1975, transportando-os at uma nova morada: o Parque Nacional do Xingu, 250 quilmetros a oeste. Na dcada de 1970, despontou o lder caiap Tutu Pombo, no sul do Par. Tutu inovou ao, invs de buscar o confronto contra o homem branco, como era a tradicional postura indgena, procurar lucrar atravs da permisso de explorao de madeira, ouro e pedras preciosas em suas terras. Como resultado, os ndios de sua aldeia, chamada Cricretum, se tornaram os mais ricos do Brasil. Sua postura, porm, tornou-se polmica, pois, ao mesmo tempo em que permitiu a autossuficincia econmica de sua aldeia, gerou grande destruio ambiental[19][20][21]. Em 1972, os ndios xerentes conseguiram, pela primeira vez, demarcar parte de suas terras no estado do Tocantins[22]. Em 1974, os ndios xavantes e borors ameaaram invadir cidades do estado brasileiro do Mato Grosso em protesto contra a invaso de suas terras. Os ndios alegavam possuir ttulos de posse dos seus terrenos datados de 1918 enquanto que os invasores alegavam possuir ttulos de posse dos mesmos terrenos dados pelo governo em 1958[23]. Para evitar a confuso com a letra "g" do alfabeto, o termo "g" foi substitudo por "j". Atualmente, considera-se "j" o nome de uma famlia lingustica, a qual pertencem as lnguas apinaj, aqum, caiap, caingangue, timbira, panar, sui e xoclengue. O termo "macro-j" designa o tronco lingustico que abrange, alm da famlia j, as famlias bororo, botocudo, camac, caraj, cariri, guat, masacar, maxacali, maromomi, ofai, puri, riquibatissa e tarairiu.

Em 1980, o xavante Mrio Juruna representou os ndios brasileiros no Quarto Tribunal Bertrand Russel, nos Pases Baixos. Em 11 de agosto do mesmo ano, ndios txucarrames (um ramo dos ndios caiaps) liderados pelo cacique Raoni, mataram onze pees que estavam desmatando um terreno no parque do Xingu, prximo aldeia Cretire [24]. Em 1982, Juruna foi eleito, pelo estado brasileiro do Rio de Janeiro, o primeiro deputado federal brasileiro de origem indgena. Juruna foi responsvel pela criao da comisso permanente do ndio no congresso nacional. Juruna tambm ficou famoso por gravar as promessas dos polticos e, depois, usar as gravaes para cobrar as promessas feitas. O gravador de Juruna encontra-se, atualmente, exposto no Museu do ndio de Campo Grande, no estado brasileiro de Mato Grosso do Sul[25]. Em 1984, o lder caiap Raoni Metuktire tornou-se famoso nacionalmente ao conseguir, do ento ministro do interior Mrio Andreazza, a demarcao das terras de seu povo no norte do estado de Mato Grosso, aps os ndios bloquearem por mais de um ms a estrada BR-080. Na ocasio, Raoni presenteou o ministro com uma borduna (porrete indgena) e puxou o lbulo da orelha do ministro, dizendo: "Aceito ser seu amigo, mas voc tem que ouvir o ndio" [26]. Raoni pertencia a um ramo poltico caiap que se opunha postura comercial e predatria do lder Tutu Pombo, parente de Raoni, procurando, ao invs disso, proteger o meio ambiente e o estilo de vida tradicional dos caiaps[27][28]. Durante os trabalhos da assembleia nacional constituinte, que viria a elaborar e promulgar a constituio brasileira de 1988, um gesto do lder indgena Alton Krenak ficou marcado como um dos smbolos da constituinte. Foi quando Krenak, ao discursar no plenrio, pintou a face com a tinta preta do jenipapo para protestar contra o retrocesso no reconhecimento dos direitos dos ndios[29]. A partir de 1989, o cacique caiap Raoni Metuktire tornou-se famoso mundialmente, ao acompanhar o cantor ingls Sting em uma turn para defesa dos ndios e da floresta amaznica. Tambm em 1989, a ndia caiap Tura torna-se famosa mundialmente ao ameaar com um faco Jos Antnio Muniz Lopes, o presidente da empresa Eletronorte, que na ocasio fazia uma exposio sobre os projetos da empresa para a construo de cinco usinas hidreltricas no Rio Xingu, no Par[30]. Em 1992, pouco antes da conferncia da Organizao das Naes Unidas sobre o meio ambiente que seria realizado na cidade do Rio de Janeiro, um escndalo abalou a reputao do lder caiap Paulinho Paiac, famoso mundialmente como defensor da floresta amaznica. Paulinho e sua esposa, Irecr, foram acusados de violentar a estudante Slvia Letcia, na cidade de Redeno, no estado brasileiro do Par. Na mesma poca, foi homologada pelo presidente brasileiro Fernando Collor a Terra Indgena Ianommi na fronteira com a Venezuela. Em 1994, aps Paulinho Paiac cumprir dois anos, cinco meses e dezenove dias de priso domiciliar preventiva, ele e sua mulher foram absolvidos da acusao de estupro: Paulinho, por falta de provas e Irecr, por no ser considerada integrada cultura brasileira e, portanto, no entender a gravidade de seu ato. Porm o ministrio pblico recorreu da deciso[31].

Em 1996, foi homologada a Terra Indgena Panar, em seu territrio tradicional, no limite entre os estados brasileiros de Mato Grosso e Par. Como resultado, os panars deixaram o parque indgena do Xingu e retornaram a seu territrio tradicional. Em 20 de abril de 1997, um fato chocou o pas: o ndio patax h-h-he Galdino Jesus dos Santos morreu vtima de queimaduras provocadas por jovens de Braslia, enquanto dormia em um ponto de nibus. Galdino havia ido para Braslia junto com oito lderes de seu povo para reivindicar junto ao governo federal a retomada de terras de seu povo que haviam sido invadidas por fazendeiros, no sul da Bahia.[32] Em 1998, Paulinho Paiac e sua esposa Irecr foram finalmente condenados a seis e quatro anos de priso, respectivamente: Paulinho, em regime fechado e Irecr, em regime semilivre. Porm ambos no foram presos e abandonaram sua residncia na cidade de Redeno, passando a residir na aldeia caiap A-ukre[33]. A Fundao Nacional do ndio estuda pedir a progresso do regime para Paulinho, por este j ter cumprido mais de dois teros de sua pena, o que lhe permitiria cumprir o resto da pena em sua aldeia[34]. No mesmo ano, foi lanado um dos primeiros livros populares escritos por um indgena brasileiro: "A Terra dos Mil Povos: Histria Indgena do Brasil Contada por um ndio", do caiap txucarrame Kaka Wer Jecup. O livro uma coleo de contos tradicionais caiaps[35]. Em 2002, morreu o ex-deputado federal Mrio Juruna, de complicaes renais causadas por diabete. Seu corpo foi velado no salo negro da cmara dos deputados e ento transportado para sua aldeia natal, em Barra do Garas, Mato Grosso, para ser sepultado[36]. Em 2003, uma conquista indita: pela primeira vez, um povo indgena brasileiro conseguiu na justia o direito de ser indenizado pelos danos causados pelo estado brasileiro. No caso, os danos referentes construo da estrada BR-163 e transferncia forada dos panars para o parque do Xingu, em 1975[37]. Em 2004, a ndia umutina Creuza Umutina, da Aldeia Umutina, em Barra do Bugre, no estado brasileiro do Mato Grosso, tornou-se a primeira mulher a assumir o posto de lder de uma aldeia indgena brasileira. Tradicionalmente, tal cargo costuma ser ocupado por homens, entre os ndios brasileiros. Creuza foi escolhida por eleio direta entre os membros da aldeia[38]. Em 2008, o engenheiro da empresa de energia Eletrobras, Paulo Fernando Rezende, foi agredido a socos e golpes de faco por ndios caiaps, enquanto fazia uma exposio em Altamira, no Par, sobre a construo da Usina Hidreltrica de Belo Monte no Rio Xingu, que ocasionaria a remoo de vrias aldeias indgenas da regio[39]. Em 2010, a justia federal reconheceu o direito de os ndios xavantes reocuparem a sua terra ancestral no estado brasileiro de Mato Grosso, a Terra Indgena Maraiwatsede, que estava ocupada por agricultores[40].

Em 2011, o lder caiap Raoni recebeu o ttulo de cidado honorrio da cidade de Paris, em reconhecimento por sua luta pela defesa da Floresta Amaznica[41].

Marechal Rondon

Praa de Gertrudis Bocanegra, em Ptzcuaro, em Michoacn, no Mxico

Estrada BR-163

Congresso Nacional brasileiro

Raoni Metuktire em visita a Lille, na Frana, em 2000

Creuza Umutina, a primeira mulher lder de aldeia indgena brasileira

O cantor Sting, em show do The Police em 2007

 ndios caiaps

ndios pataxs h-h-hes reinvidicam na cmara dos deputados, em 2008, a retomada de terras invadidas por fazendeiros

Azelene Kaingng, sociloga e ndia caingangue Referncias

1. http://www.letras.ufg.br/macroje/?menu_id=3803&pos=esq 2. BUENO, E. Brasil: uma Histria. So Paulo: tica, 2002. p.18 3. http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/caju/caju-6.php

4. BUENO, E. Brasil: uma Histria. So Paulo: tica, 2002. pp. 43-44 5. http://www.auniao.pb.gov.br/v2/index.php?option=com_content&task=view&id=5295&Itemid=44 6. BUENO, E. Brasil - uma Histria. Segunda edio. So Paulo: tica, 2003. p. 66 7. http://pib.socioambiental.org/pt/povo/kaingang/287 8. CHAIM, M. Aldeamentos Indgenas (Gois 1749-1811). Segunda edio. So Paulo: Nobel, 1983. p. 47 9. ALENCAR, J. O Guarani. Adaptao de Andr Carvalho. Belo Horizonte: Itatiaia, 1964. p.142 10. ALENCAR, J. O Guarani. Adaptao de Andr Carvalho. Belo Horizonte: Itatiaia, 1964. p.139 11. ALENCAR, J. O Guarani. Adaptao de Andr Carvalho. Belo Horizonte: Itatiaia, 1964. p.141 12. http://pib.socioambiental.org/pt/povo/timbira 13. ALENCAR, J. Ubirajara. So Paulo: tica, 1996. pp. 61-70 14. http://pib.socioambiental.org/pt/povo/xerente/1171 15. http://plantasenteogenas.org/community/threads/kariri-xoc%C3%B3-o-povo-da-sagrada-jurema.4376/ 16. http://brincandocomarte.blogspot.com/2011/04/surgimento-do-dia-do-indio.html 17. http://dialetica.org/agridoce/2009/03/13/garrincha-do-disparo-da-flecha-fulnio-a-ultima-garrafa/ 18. http://www.socioambiental.org/nsa/detalhe?id=2399 19. http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/8079_INDIO+QUER+A+TERRA+SE+NAO+DER+PAU+VAI+COMER 20. http://veja.abril.com.br/arquivo_veja/capa_09101991.shtml 21. http://www.oexplorador.com.br/site/ver.php?codigo=12299 22. http://pib.socioambiental.org/pt/povo/xerente/1171 23. http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php?itemid=10959 24. http://jblog.com.br/hojenahistoria.php?itemid=22945 25. http://pib.socioambiental.org/pt/c/iniciativas-indigenas/organizacoes-indigenas/historia 26. http://pib.socioambiental.org/pt/c/iniciativas-indigenas/organizacoes-indigenas/historia

27. http://pib.socioambiental.org/pt/noticias?id=99569 28. http://pib.socioambiental.org/pt/noticias?id=94803 29. http://pib.socioambiental.org/pt/c/iniciativas-indigenas/organizacoes-indigenas/historia 30. http://www.uniblog.com.br/edmilsonrodrigues/66053/tragedia-anunciada---belo-monte-a-qualquer-custo.html 31. http://www.funai.gov.br/procuradoria/pau_paiakan.htm 32. http://www.adital.com.br/SITE/noticia.asp?lang=PT&cod=27155 33. http://www.funai.gov.br/procuradoria/pau_paiakan.htm 34. http://www.funai.gov.br/procuradoria/pau_paiakan.htm 35. http://www.nec.ila.furg.br/eloina/3.pdf 36. http://pib.socioambiental.org/c/noticias?id=5278 37.

http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://img.socioambiental.org/d/2260741/panara_9.jpg&imgrefurl=http://pib.socioambiental.org/pt/povo/panara/print&usg=__TpkvsPsSlwfiRIyCS0cQJpqaGp8=&h=4 51&w=620&sz=29&hl=pt-BR&start=1&itbs=1&tbnid=7cmE2vRI2Z5FxM:&tbnh=99&tbnw=136&prev=/images%3Fq%3Dpanar %25C3%25A1%26hl%3Dpt-BR%26tbs%3Disch:1 http://www.portalms.com.br/noticias/Entrevista-com-o-engenheiro-da-Eletrobras-atacado-pelosindios/Brasil/Geral/14994.html

38. http://delas.ig.com.br/consegui-respeito-no-arco-e-flecha/n1597363675992.html 39.

40. http://www.socioambiental.org/nsa/detalhe?id=2399 41. http://www.jn.pt/PaginaInicial/Brasil/Interior.aspx?content_id=2024057

Introduo Civilizao macroj Cultura Obtido em "http://pt.wikibooks.org/w/index.php?title=Civiliza%C3%A7%C3%A3o_macroj%C3%AA/Hist%C3%B3ria&oldid=228646"

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KAYAPO Introduo Os Kayap vivem em aldeias dispersas ao longo do curso superior dos rios Iriri, Bacaj, Fresco e de outros afluentes do caudaloso rio Xingu, desenhando no Brasil Central um territrio quase to grande quanto a ustria. praticamente recoberto pela floresta equatorial, com exceo da poro oriental, preenchida por algumas reas de cerrado. A cosmologia, vida ritual e organizao social desse povo so extremamente ricas e complexas; assim como so intensas e ambivalentes as relaes com a sociedade nacional e com ambientalistas do mundo todo. No sculo XIX os Kayap estavam divididos em trs grandes grupos, os Ir'mranh-re ("os que passeiam nas plancies"), os Goroti Kumrenhtx ("os homens do verdadeiro grande grupo") e os Porekry ("os homens dos pequenos bambus"). Destes, descendem os sete subgrupos kayap atuais: Gorotire, Kuben-Krn-Krn, Kkraimr, Karara, Mekrgnoti, Metyktire e Xikrin. Lngua A lngua falada pelos Kayap pertence famlia lingstica J, do tronco J. Existem diferenas dialetais entre os vrios grupos Kayap decorrentes das cises que originaram tais grupos, mas em todos eles a lngua uma caracterstica de maior abrangncia tnica, levando ao reconhecimento de que participam de uma cultura comum. Os Kayap, para quem a oratria uma prtica social valorizada, se definem como aqueles que falam bem, bonito (Kaben mei), em oposio a todos os grupos que no falam a sua lngua. Em certas ocasies, como os discursos do conselho ou cerimoniais, os homens Kayap falam num tom de voz como se algum estivesse dando-lhes um golpe na barriga (ben), diferenciando assim esse tipo de oratria da fala comum.

O grau de conhecimento dos Kayap do portugus varia muito de grupo para grupo, conforme a antiguidade do contato e o grau de isolamento em que cada um se encontra. Troncos e famlias Dentre as cerca de 180 lnguas indgenas que existem hoje no Brasil, umas so mais semelhantes entre si do que outras, revelando origens comuns e processos de diversificao ocorridos ao longo do tempo. Os especialistas no conhecimento das lnguas (lingistas) expressam as semelhanas e as diferenas entre elas atravs da idia de troncos e famlias lingsticas. Quando se fala em tronco, tm-se em mente lnguas cuja origem comum est situada h milhares de anos, as semelhanas entre elas sendo muito sutis. Entre lnguas de uma mesma famlia, as semelhanas so maiores, resultado de separaes ocorridas h menos tempo. Veja o exemplo do portugus:

No que diz respeito s lnguas indgenas no Brasil, por sua vez, h dois grandes troncos - Tupi e Macro-J - e 19 famlias lingsticas que no apresentam graus de semelhanas suficientes para que possam ser agrupadas em troncos. H, tambm, famlias de apenas uma lngua, s vezes denominadas lnguas isoladas, por no se revelarem parecidas com nenhuma outra lngua conhecida. importante lembrar que poucas lnguas indgenas no Brasil foram estudadas em profundidade. Portanto, o conhecimento sobre elas est permanentemente em reviso. Conhea as lnguas indgenas brasileiras, agrupadas em famlias e troncos, de acordo com a classificao do professor Ayron DallIgna Rodrigues. Trata-se de uma reviso especial para o ISA (setembro/1997) das informaes que constam de seu livro Lnguas brasileiras para o conhecimento das lnguas indgenas (So Paulo, Edies Loyola, 1986, 134 p.).

Tronco Tupi

Tronco Macro-j

Organizao social

As aldeias kayap tradicionais so compostas por um crculo de casas construdas em torno de uma grande praa descampada. No meio da aldeia, h a casa dos homens, onde as associaes polticas masculinas se renem cotidianamente. Esse centro um lugar simblico, origem e corao da organizao social e ritual dos Kayap, clebre por sua complexidade. Note-se que essa estrutura espacial e simblica pode ser reencontrada entre os outros grupos J. A periferia da aldeia constituda por casas dispostas em crculo, repartidas de modo regular, nas quais habitam famlias extensas. Essa poro da aldeia associada, sobretudo, s atividades domsticas, ao desenvolvimento fsico do indivduo e integrao no seio dos grupos de parentesco. Quando as mulheres no trabalham na roa, elas coletam frutos e lenha ou se banham. O restante do tempo passado no interior ou nos entornos da casa, onde elas fiam, ocupam-se de suas crianas, preparam a comida ou simplesmente entretm-se com os membros de sua famlia. Conceitualmente, o crculo das casas territrio de mulheres, essencialmente direcionado para assuntos "femininos". Trata-se do domnio das relaes individuais como o afeto e a evitao, assim como das relaes de reciprocidade e de mediao. No mais, essa zona perifrica associada aos tabus alimentares, ao ciclo de vida, ao parentesco, ao casamento e aos laos de amizade formal. Os Kayap so monogmicos. Quando um homem se casa, ele deixa a casa dos homens para habitar sob o teto de sua esposa. As mulheres, por sua vez, jamais deixam sua residncia materna. Teoricamente, uma casa abriga vrias famlias conjugais: uma

av e seu marido, suas filhas com seus esposos e crianas. Quando o nmero de residncias torna-se grande demais (40 pessoas ou mais), o grupo residencial sofre uma ciso e constri uma ou mais casas novas contguas primeira. O centro da aldeia constitudo de duas partes: a praa, onde se desenrola a maior parte das atividades pblicas, e a casa dos homens. A incorporao de um rapaz jovem na vida da casa dos homens se faz por meio de laos de amizade que nada tm a ver com os laos de parentesco. Assim, a incorporao nos grupos de homens polticos adultos (as associaes masculinas) um assunto exterior ao parentesco, o que contrasta fortemente com as relaes alimentadas na periferia da aldeia. O centro , pois, relacionado s associaes masculinas e s atividades tipicamente reservadas aos homens - reunir-se, discursar, realizar cerimnias e rituais pblicos. Organizao poltica Na sociedade kayap, no h um chefe que administre toda a aldeia. Cada associao possui um ou dois chefes, que exercem jurisdio sobre seu prprio grupo. No simples tornar-se um chefe. Um chefe potencial deve, durante muitos anos, seguir o ensinamento de um chefe mais experiente. Este ltimo instrui aproximadamente quatro jovens, no apenas seus descendentes diretos (filhos ou netos) - situao privilegiada -, mas tambm pessoas no aparentadas. Tal ensinamento ocorre durante a noite, na casa do chefe veterano. Aqueles que no possuem qualquer lao de parentesco com o instrutor devem lhe oferecer alimentos. Uma noite de instruo dura aproximadamente duas horas, mas pode, ocasionalmente, se prolongar por cinco ou seis horas. Tal feito interrompido apenas quando de longas expedies de caa ou de caminhadas pela floresta. O conhecimento transmitido dessa maneira enorme. Antes de tudo, ensinado um certo repertrio de cantos e recitativos, cuja execuo constitui uma parte essencial das diferentes cerimnias. Tal repertrio compreende freqentemente uma srie de exortaes morais e de encorajamentos para que as pessoas se preparem a tempo para um ritual, dancem de modo conveniente, se ornamentem de maneira apropriada etc. Esses recitativos contm tambm frmulas rituais, cuja finalidade evitar as catstrofes anunciadas pelos fenmenos naturais (eclipse do sol ou da lua, queda de um meteoro etc.). Saber proferir da maneira correta tais cantos e recitativos, em pblico, uma das funes rituais fundamentais de um chefe. Do mesmo modo, um certo nmero de "cantos de beno" entoado publicamente pelo chefe cada vez que os objetos "selvagens", como as presas de guerra, so introduzidos no seio da aldeia. Esses cantos devem ser necessariamente entoados para evitar que a apropriao dos objetos seja fonte de perigo, podendo causar infortnios e doenas. Podemos verificar essa forma de ensinamento sobretudo nas prticas guerreiras - no caso de conflitos com os inimigos, os chefes intervm como responsveis militares -, na mitologia e na histria da tribo. Um conhecimento aprofundado desta ltima extremamente importante no momento dos discursos e das tomadas de deciso. Com efeito, a argumentao dos discursos repousa freqentemente sobre as comparaes com os eventos ou situaes semelhantes queles vividos pelos ancestrais. A

mitologia assume um papel importante, pois os mitos sempre evocam valores morais que podem ser utilizados em uma argumentao. Como os chefes no dispem de meios coercitivos para impor uma deciso a seus discpulos, os discursos constituem, sua medida, o nico meio de persuaso disponvel. Pelos discursos, nos quais os valores morais e os interesses de associao so colocados frente, os chefes exercem sua influncia e seu prestgio para propor e tornar aceitveis suas idias e proposies. Mas um chefe jamais toma uma deciso no sentido pleno da palavra, ele no detm poder. Ningum d ateno a um chefe que impe sua prpria vontade e, caso ele queira faz-lo, poder ser at mesmo banido. conveniente que o chefe esteja atento s idias que circulam no interior de seu grupo de discpulos e, se um consenso se encaminhar, ele deve formul-lo rapidamente, de tal maneira que os outros se alinhem unanimemente idia ou ao, na qual ele aparece como propositor. , alis, nesse estgio que os discursos se tornam decisivos: eles do freqentemente a impresso de que o chefe prope algo, o que falso. Ele apenas formula de maneira hbil uma idia pela qual um consenso estava para culminar. No caso de uma discrdia, o chefe consulta geralmente os membros mais velhos da associao. A eloqncia , ento, crucial para os lderes. Mas se a algum chefe falte essa extrema eloqncia, isso pode ser eventualmente compensado por outras qualidades extraordinrias. Aos chefes fracos, os Kayap preferem aqueles combativos. interessante notar que a funo do chefe caracterizada por um paradoxo aparente: de um lado, a combatividade e a dureza so encorajadas, de outro, a eloqncia exigida para promover a conciliao. A primeira qualidade (combatividade) reenvia virtude masculina da fora fsica, de indiferena dor, capacidade de ser um bom guerreiro e de defender os interesses da associao e da comunidade contra as ameaas. A segunda qualidade (eloqncia) indispensvel para manter e promover a unidade. Essa ltima qualidade ligada generosidade que os chefes devem demonstrar em todas as circunstncias: todos esperam deles que redistribuam imediatamente tudo o que obtm (antigamente, suas presas de guerra; hoje em dia, os presentes dos visitantes). Os chefes devem colocar os interesses do grupo em primeiro plano, em detrimento dos interesses individuais, tendo na generosidade uma prova manifesta desse sentimento de solidariedade. No mais, os chefes devem velar para que as disputas individuais no degenerem em querelas entre faces, o que colocaria em risco a unidade da sociedade global. As disputas individuais no so toleradas na casa dos homens, pois o centro da aldeia kayap o lugar das atividades pblicas do grupo e no o espao onde se regulam as dificuldades individuais, comumente geridas no mbito familiar. porque as disputas so extremamente perigosas para a unidade da sociedade que os chefes se vem implicados nos conflitos internos, ora pessoalmente quando de uma desavena individual, ora como lder de uma associao que deve defender o interesse de seus discpulos. No entanto, os chefes de diferentes associaes devem, sempre que possvel, evitar tais implicaes e buscar o entendimento mtuo. justamente na promoo de consensos que consiste o processo final de designao de um novo chefe.

O processo de formao dos chefes faz com que cada aldeia kayap conhea sempre chefes aspirantes diferentes. Depois da iniciao, alguns jovens passam a se comportar como lderes de seus companheiros de idade. Outros acabam por compreender que a funo de chefe no lhes interessa: no desenvolvem qualquer ambio poltica e interrompem sua formao. Os fatos e atos daqueles que possuem tal ambio so expostos - e eventualmente questionados - durante os anos seguintes pelos chefes existentes e pelos mais velhos em geral. O chefe velho permanece no centro de decises de sua organizao, mas, ao envelhecer, passa a confiar tarefas aos lderes jovens de seu grupo de alunos. nessa fase, ento, que os aspirantes podem demonstrar suas qualidades. Mas como eles no atingiram a idade de sustentar os seus discursos, pois no pertencem ao grupo de homens mais velhos da associao, ainda no podem utilizar esse meio de persuaso poderoso para incitar seus colegas ao. Por isso, nessa etapa, o julgamento essencialmente fundado sobre o comportamento exemplar. Certos critrios so aplicados para julgar a aptido do candidato: os conhecimentos, o interesse pela cultura, a combatividade, a solidariedade e a generosidade. O perodo de aprendizagem prossegue at que o jovem lder se case e se junte a uma das associaes de homens. Depois de alguns anos, o chefe veterano est to velho que se torna difcil para ele participar das atividades pblicas. Os jovens lderes tornam-se pais de trs ou quatro crianas e j podem entrar no grupo de homens mais velhos de sua associao. nesse momento que a sucesso designada. A escolha no se d por meio de eleies. O julgamento dos membros da associao a que pertence o candidato determinante, os quais apontam sua preferncia. O chefe veterano, todavia, tem a palavra final, especialmente se dois ou mais jovens so revelados candidatos igualmente srios. Para evitar querelas posteriores entre os diferentes candidatos, ele deve consultar os chefes de outras associaes, para quem prope o nome do candidato que conte com a melhor reputao ou que tenha revelado o comportamento mais adequado. So os chefes de outras associaes que finalmente decidem e proclamam oficialmente sua escolha para o pblico da aldeia. A funo do chefe , como ressaltado, caracterizada por uma certa dose de ambigidade: de um lado, a tarefa exige um comportamento pacificador e, de outro, um comportamento decidido, combativo e mesmo agressivo. preciso, em outras palavras, ser agressivo diante dos estrangeiros e apaziguador no seio da comunidade. Esse duplo papel torna a carreira de chefe muito difcil e no surpreende o fato de certos candidatos chefia renunciarem no perodo preliminar de sua formao. No mais, poucos chefes respondem efetivamente ao ideal preconizado: alguns so muito agressivos, outros so demasiado pacifistas ou no generosos o suficiente. Apenas os chefes fortes conseguem encontrar um equilbrio entre os dois papis. Ao que parece, os chefes atuais esto claramente s voltas com esse problema. Com efeito, os brancos se dirigem geralmente a eles para transmitir mensagens e, sobretudo, para obter algo da comunidade. Isso explica porque os chefes atuais se encontram freqentemente pressionados entre o mundo dos brancos e o da associao (ou da comunidade em seu conjunto), cada uma das partes tentando impor sua vontade. Cabe, assim, aos chefes encontrar uma soluo capaz de satisfazer as duas partes. Tais

desenvolvimentos recentes conduziram as comunidades a atribuir, de modo cada vez mais corrente, maiores poderes de deciso aos seus chefes, mas unicamente tendo em vista as negociaes com os brancos. No interior da comunidade, as regras antigas permanecem vlidas.
Os vocbulos de uma lngua constituem um conjunto ordenado, e o que concorre para essa ordenao o fato de apresentarem semelhanas de forma, de sentido e de funo, como vimos na introduo. Da poderem ser agrupados ou classificados levando em conta trs critrios: o formal ou mrfico, o semntico e o funcional. O critrio formal ou mrfico baseia-se nas caractersticas da estrutura do vocbulo; o semntico baseia-se no seu modo de significao (extralingstico e intralingstico), e o funcional baseia-se na funo ou papel que ele desempenha na orao. A aplicao desses critrios nos conduzir s classes de vocbulos, ou seja, aos conjuntos "das unidades que tm as mesmas possibilidades de aparecer num dado enunciado" (Dubois, 1973, p.108). Para reforar a opo por esses critrios, convm lembrar que a lngua um sistema de elementos e de relaes; esse sistema, formado de subsistemas, se organiza nos nveis fonolgico, morfo-sinttico e semntico. Segundo Mattoso Cmara, o critrio semntico no deve ser observado isoladamente, como acontece comumente na Gramtica Tradicional. Para ele, o critrio semntico e o critrio mrfico se associam de forma muito estreita, pois o vocbulo uma unidade de forma e de sentido. "O sentido no qualquer coisa de independente, ou, mais particularmente, no apenas um conceito; conjuga-se a uma forma. O termo sentido s pode ser entendido com o auxlio do conceito de forma." (Mattoso Cmara, 1970). De acordo com o critrio morfo-semntico, os vocbulos do portugus se agrupam em nomes, verbos, pronomes, advrbios e conectivos, constituindo-se as trs primeiras classes, de vocbulos variveis, e as duas ltimas, de vocbulos invariveis. A diferena entre essas classes est no modo de significao e nas categorias gramaticais que cada uma delas expressa, ou seja, na sua flexo. o nome, por nomear os seres, expressa as categorias de gnero e nmero; o pronome faz uma referncia ao nome dentro de um contexto e por isso expressa tambm as categorias de gnero e nmero, alm de possuir formas diferentes para pessoas e funes sintticas; o verbo, que expressa um processo, se distingue das outras classes do grupo porque apresenta variao de modo, tempo (aspecto) e pessoa (nmero); o advrbio especifica a significao de um processo verbal e invarivel; os conectores estabelecem relaes de sentido entre os elementos da frase e so invariveis.

Por outro lado, os critrios mrfico e funcional esto tambm intimamente relacionados, pois a forma depende da funo que o vocbulo desempenha na frase, das relaes de regncia e concordncia que se estabelecem. Do ponto de vista funcional, as classes de vocbulos podem ser diferenciadas de acordo com caractersticas sintticas. O nome substantivo funciona como ncleo do sintagma nominal, acompanhado por determinantes e modificadores. O verbo funciona como ncleo do sintagma verbal, acompanhado por complementos e modificadores.

Retomando o conceito de funo como um princpio da organizao da orao, devemos entender que "determinar a funo de um constituinte formular sua relao com os demais constituintes da unidade de que ambos fazem parte" (Perini, 1995). Para Perini (1995), "classificar as palavras implica elaborar uma classificao sobre critrios formais (sem excluir da descrio a classificao semntica, mas separando-se nitidamente dela)". Afirma que " necessrio classificar as palavras quanto a seus traos formais, isto , quanto ao seu comportamento sinttico e morfolgico; e tambm necessrio classific-las quanto a seus traos de significado". Segundo ele, preciso estar atento coerncia que deve haver dentro de cada classe, isto , a definio que se d dessa classe deve se adequar ao conjunto de vocbulos nela includo; deve haver tambm uma relativa homogeneidade entre os componentes da classe quanto ao comportamento gramatical. Assim, a tradicional definio da classe dos verbos sob o ponto de vista basicamente semntico ("palavra que exprime uma ao") inadequada, j que vocbulos de outras classes tambm podem conter esse trao de sentido. Por exemplo, corrida e construo so nomes que contm a idia de processo. Por isso, o critrio morfolgico e o funcional, juntos, permitem uma definio mais coerente desta classe de vocbulos: a)verbos so vocbulos que variam em tempo (+aspecto), modo e pessoa (+ nmero); b)somente os verbos podem desempenhar a funo de ncleo do predicado. Embora esses conjuntos de vocbulos possam ser estabelecidos com base em semelhanas de comportamento gramatical, a funo que eles desempenham fundamental para determinar suas caractersticas semnticas e morfolgicas. Por isso, a separao entre as classes no estanque. O verbo, por exemplo, pode funcionar como nome ao ocupar o ncleo do sintagma nominal, antecedido por um determinante ( artigo ou pronome). Esse processo de nominalizao muito produtivo na lngua, sendo, inclusive, a origem da formao de inmeros vocbulos. Exemplos: Viver muito perigoso.(Guimares Rosa) No desejo outro viver. O ir e vir das pessoas me incomodava. O vai e vem dos carros diminua medida que a noite avanava. Essa mobilidade dos vocbulos um forte argumento para que eles sejam observados sob diferentes aspectos -- morfolgico, funcional e semntico. O problema com os livros de gramtica e os livros didticos que, em geral, a definio de cada classe no leva em conta os mesmos critrios, o que resulta em definies confusas, privilegiando ora um, ora outro critrio. De uma forma geral, a classificao se apia basicamente no critrio semntico, complementado s vezes pelo morfolgico. Essa posio tem origens histricas. Os antigos gramticos gregos e latinos j se preocupavam com o estudo das diferentes classes, estabelecendo, com base em uma perspectiva morfolgica, distines basadas nas flexes a que cada tipo de vocbulo se submetia. Por exemplo, o substantivo era diferenciado do verbo por apresentar flexo de gnero e nmero, e no de pessoa, tempo e modo. Seguindo esse modelo, as gramticas normativas tambm privilegiam o critrio morfolgico, aliando-o, agora, ao critrio semntico. J nos estudos lingsticos mais recentes, fica evidente a necessidade de basear a classificao dos vocbulos no critrio funcional. Em portugus, distinguem-se, tradicionalmente, dez classes de vocbulos. Vejamos as definies normalmente encontradas nos compndios gramaticais. Elas devem ser analisadas e comparadas com a concepo defendida por Mattoso Cmara e apresentada no corpo deste estudo.

Substantivo - o nome de todos os seres (critrio semntico) que existem ou que imaginamos existir.

Adjetivo - toda e qualquer palavra que, junto de um substantivo, (critrio funcional) indica uma qualidade, estado, defeito ou condio (critrio semntico).

Numeral - a palavra que d idia de nmero (critrio semntico).

Artigo - a palavra que antecede o substantivo (critrio funcional) e indica o seu gnero e nmero, (critrio morfolgico) individualizando-o ou generalizando-o (critrio semntico).

Pronome - a palavra que substitui ou acompanha um substantivo (nome), (critrio funcional) em relao s pessoas do discurso (critrio morfosemntico).

Verbo - a palavra que pode sofrer as flexes de tempo, pessoa, nmero e modo. (critrio morfolgico) (...) a palavra que pode ser conjugada; indica essencialmente um desenvolvimento, um processo (ao, estado ou fenmeno) (critrio semntico).

Advrbio - a palavra invarivel, (critrio morfolgico) que modifica

essencialmente o verbo (critrio funcional), exprimindo uma circunstncia (tempo, modo, lugar etc.)(critrio funcional).

Preposio - a palavra invarivel (critrio morfolgico) que liga duas outras palavras entre si (critrio funcional), estabelecendo entre elas certas relaes (critrio semntico).

Conjuno - a palavra invarivel (critrio morfolgico) que liga oraes, ou, ainda, termos de uma mesma funo sinttica (critrio funcional).

Interjeio - a palavra invarivel (critrio morfolgico) que exprime emoo ou sentimento repentino (critrio semntico).

ATENO Essas definies so incompletas e devem ser revistas, porque privilegiam, seguindo a tradio gramatical, quase que exclusivamente o critrio semntico. Em um dos compndios analisados, encontra-se, inclusive, a seguinte afirmao sobre as interjeies: "As interjeies so, na verdade, frases implcitas, e no palavras invariveis. Comprova-o o fato de a interjeio no exercer nenhuma funo na orao." Esse tipo de definio contraditrio porque, apesar de encaminhar a argumentao com base em um critrio funcional ("a interjeio uma frase implcita"), conclui o raciocnio com base em um critrio morfo-semntico ("palavra invarivel que exprime noo ou sentimento repentino"). Tendo em vista esse problema, vamos procurar trabalhar, nesta unidade, com uma classificao que tenha uma coerncia maior, levando em conta as consideraes anteriormente feitas.

Elizabeth B. R. Oliveira, Jos Luiz C. Negrini e Nina R. P. Loureno (1977), na srie "Encontro com a linguagem", publicao destinada ao ensino de lngua e literatura no Ensino Mdio, apresentam um estudo muito coerente das classes de vocbulos, seguindo a linha proposta por Mattoso Cmara. Trs critrios, portanto, orientam o estudo de cada uma das classes: o funcional, o mrfico e o semntico, coerentemente com o que foi discutido antes. Essa orientao, ao lado da de Perini, a que seguiremos na abordagem de cada classe em particular. ILARI, Rodolfo (2001) Introduo Semntica. Brincando com a Gramtica. So Paulo: Contexto. Palavras-chave: Semntica; Gramtica; Ensino. Key-words: Semantics; Grammar; Teaching. Em meados de 2000 busquei apoio bibliogrfico para trabalhar, com professores de lngua materna de primeiro e segundo graus, possibilidades de enriquecer as aulas de portugus com o ensino de semntica. Na poca, essa busca foi frustrada porque no encontrei nenhuma escora que sustentasse uma ponte entre a pesquisa e o ensino de semntica na academia e o ensino e a pesquisa (infelizmente ainda to pouco presente) na escola "fundamental"1. Era um forte indcio de que a semntica no estava (e, creio, ainda no est) presente na sala de aula;2 indcio ratificado por Ilari: "uma das caractersticas que empobrecem o ensino mdio da lngua materna a pouca ateno reservada ao estudo da significao" (p. 11). Aquela foi uma busca tambm frustrante porque revelou um fato surpreendente e entristecedor: o enorme acmulo de conhecimento sobre a semntica das lnguas naturais que a pesquisa trouxe tona no estava (no est!) contribuindo para modificar o ensino de lngua materna. J havia ento alguma literatura cuja preocupao estender a semntica para a sala de aula3. Trata-se, no entanto, de uma literatura ou voltada para questes mais propriamente lexicais ( o caso das anlises dos conectivos elaboradas por Madre Olvia (1976, 1979a e 1979b)) ou diretamente vinculadas a problemas textuais (os vrios trabalhos sobre coeso e coerncia). O que no havia era uma literatura que versasse sobre uma semntica sentencial, que tratasse de fenmenos como pressuposio, quantificao, tempo, aspecto, estrutura argumental, em suma que incorporasse os ganhos promovidos por uma semntica gramatical. precisamente este vazio que a publicao de Introduo semntica. Brincando com a gramtica vem preencher. talvez pouco, mas ao menos os professores dispem hoje de um bom guia para, quer na forma de ensino quer na de pesquisa, fazer uma reflexo gramatical sobre o significado. Um primeiro aspecto a ser notado que o ttulo, Introduo semntica. Brincando com a gramtica, um tanto enganoso, porque no se trata de uma introduo semntica propriamente dita (o prprio autor ressalta que o livro no uma exposio terica de noes em semntica). Afinal uma introduo semntica das lnguas naturais deve no apenas descrever fatos semnticos, mas explic-los atravs da construo de uma teoria do significado. Ilari no constri uma teoria dos fenmenos semnticos, mas apresenta uma srie de "formatos de exerccios" que buscam valorizar o conhecimento epilingstico dos alunos, que exploram "operaes que realizamos o tempo todo, sem nos preocuparmos em teorizar, quando usamos a lngua no dia-a-dia" (p.11). Ele permite assim que o professor trate do enorme repertrio de conhecimentos e variedade de processos que mobilizamos ao interpretar, sistematicamente

estudados pela semntica. a exatamente que est a contribuio deste livro: ele um excelente manual de exerccios para a reflexo sobre os atos de significar que realizamos espontaneamente a todo momento (inclusive quando sonhamos, a contar pelas anlises de Freud!). Este manual se inicia por uma breve apresentao de Joo Wanderley Geraldi, intitulada "Sagacidade, argcia e lupa", que situa o percurso de Ilari no panorama da histria recente do ensino de lngua materna. A partir da dcada de 70, o enfoque no ensino de lngua alterou-se profundamente: houve um crescente afastamento do cnone unssono (seja o literrio, que se dedicava apenas literatura com L maisculo, seja o lingstico, que s se interessava pela Lngua, como se houvesse uniformidade) em direo pluralidade (no apenas os exemplos da literatura consagrada, mas todas as possibilidades de textos; no apenas a norma culta, mas as diferentes variedades). Paralelamente houve um crescente afastamento de uma relao pedaggica mecnica com a lngua (presente nos famosos exerccios de confirmao) em direo a uma relao de atividade reflexiva e construtiva. Esse novo livro de Ilari , na avaliao correta de Geraldi, mais uma contribuio do autor para essa pedagogia "libertadora" da lngua. Segue-se apresentao, uma "Explicao prvia". Nela Ilari explicita suas pretenses com o livro e conclui afirmando que espera que ele "possa ajudar seus leitores na construo de uma prtica pedaggica mais criativa e gratificante". O autor pretende realizar tal proeza atravs de apresentao de exerccios que pem mostra a linguagem em funcionamento. Este objetivo ele cumpre com maestria. O livro dividido em 25 captulos, cada um versando sobre um tpico em semntica, entendida em sentido amplo, isto incluindo fenmenos que alguns autores poderiam classificar como pragmticos. So eles: Ambigidade de segmentao, Aspecto, Atos de fala, Comentrios sobre um contedo, Conotao, Contedo descritivo demais e de menos, Dixis e anfora, Descries definidas e indefinidas, Elementos conceituais e afetivos do sentido, Frases feitas, Implcitos (I), Implcitos (II), Linguagem e metalinguagem, Linguagem figurada: processos analgicos, O(s) mundo(s) de que falamos, A negao, Papis temticos, Mecanismos de parfrases baseados no lxico, Parfrase: mecanismos sintticos, Perguntas e respostas, Quantificadores, Referncia, Tipos de relaes, Tempo e Vagueza. Pode-se sempre argumentar que tal ou qual tema deveria ou no ter sido includo no repertrio, mas, dado que o objetivo possibilitar o tratamento da variedade de modos de significar, a diversidade de temas escolhidos bastante apropriada. Alm disso, os temas centrais da semntica contempornea (referncia, descrio definida, tempo, aspecto, quantificao,...) esto contemplados. Os captulos esto ordenados alfabeticamente, talvez para que o professor possa se sentir mais a vontade para utilizar o manual segundo suas prprias necessidades. Mas uma certa ordenao temtica (e no apenas formal), que poderia ser conseguida atravs de referncias cruzadas, poderia ajud-lo. A falta de referncias internas acaba por dar uma sensao de que os temas no esto conectados. Ora, uma das dificuldades do semanticista, cujo objetivo final construir uma teoria que explique a capacidade que um falante tem de atribuir significado a um nmero ilimitado de sentenas, esbarra no fato de que os fenmenos semnticos esto interligados. Ao interpretarmos uma sentena

atribumos referncia, temporalizamos, aspectualizamos, quantificamos, pressupomos, implicamos... Se aspecto e tempo no precisam estar necessariamente vinculados, porque possvel sentenas sem tempo aspectualizadas (A Terra gira em torno do sol, por exemplo), h entre eles uma enorme afinidade. O tempo localiza o evento na linha do tempo com respeito ao momento de fala, enquanto o aspecto descreve as propriedades da estrutura interna desse evento. Em Joo beijava a Maria o evento passado e imperfeito. Dado que os captulos so organizados apenas alfabeticamente (o aspecto captulo 2, o tempo captulo 24), os tpicos ficam isolados. Seria possvel ter amarrado os temas se encontrssemos, nos vrios captulos, referncias internas. Mas esse recurso no utilizado sistematicamente, de maneira que os temas sobram como se fossem unidades independentes, isoladas umas das outras. Eis outro exemplo, ainda sobre o tema do aspecto: sabemos que ele est fortemente ligado aos "mundos de que falamos", tema do captulo 15. Esse vnculo aparece no exerccio solicitado na pgina 115, que versa sobre a cano "Joo e Maria" de Chico Buarque de Hollanda (Agora eu era heri e meu cavalo s falava ingls), em que o imperfeito indica a constituio de um mundo possvel (bastante distante do mundo atual) e no um evento inacabado. Sem dvida, o professor s teria a ganhar se as relaes entre os temas tivessem sido explicitamente construdas ao longo do livro, esclarecendo assim que nossa capacidade semntica uma rede de relaes (um sistema) entre sentenas. Ainda tendo em vista a estrutura dos captulos, h referncia a um captulo que no existe. Na pgina 123, o autor est discutindo, a partir da anlise da sentena Todos os hidrantes no tinham gua, o problema da ambigidade gerada pela interao entre o quantificador universal e a negao. Trata-se de um caso clssico de ambigidade de escopo. Ao falar sobre escopo, uma noo central na semntica, o autor indica ao leitor o captulo sobre ambigidade. H, no livro, um nico captulo em que o termo ambigidade aparece no ttulo, "Ambigidade de segmentao" (captulo 1), e neste captulo no h qualquer meno ao conceito de escopo. E, aps ler todo o livro, o leitor descobre, bastante insatisfeito, que no h um captulo em que a noo de escopo esclarecida. Trata-se de uma falha a ser corrigida numa prxima edio. Vejamos a estrutura interna dos captulos. Nota-se de imediato que neles se repete um mesmo padro: uma rpida exposio terica e uma srie de exerccios. A parte terica inicia com uma explicitao do objetivo do captulo, seguida por uma breve definio do tema e finaliza com a apresentao e anlise de exemplos. Aps esta exposio esto os exerccios que retomam o tema discutido no captulo. Trata-se de uma estrutura bastante tradicional, caracterstica de manuais didticos. A opo pelo formato tradicional pode dar a falsa impresso de que este livro no valoriza procedimentos de descoberta. No este o caso, entretanto. O professor encontra nos exerccios material mais que suficiente para construir a partir deles os diferentes conceitos tericos apresentados. Os exerccios foram elaborados, como veremos mais adiante, precisamente para despertar no aluno a vontade de raciocinar lingisticamente.

A principal caracterstica da exposio terica ser rpida, sucinta, quase uma ficha de leitura. A inteno, claramente, no ensinar semntica ao professor. Ela antes um roteiro que retoma uma discusso j feita, um conhecimento j compartilhado. Ela , por isso mesmo, insuficiente, a menos que o professor j tenha um certo traquejo com semntica. Um bom exemplo o captulo sobre implcitos (captulo 11), em que so apresentados os conceitos de pressuposio e acarretamento. Essas no so noes simples e uma breve explicao muitas vezes no suficiente, at porque sabemos que uma mesma sentena pode ao mesmo tempo pressupor e acarretar uma outra sentena (Joo saiu rapidamente acarreta e pressupe que Joo saiu). Quem j experimentou ensinar esses conceitos sabe da dificuldade que eles trazem. A sentena Joo e Maria so ricos acarreta a sentena A Maria rica? A literatura afirma que a pressuposio a informao que se mantm inalterada em uma famlia de sentenas (Pires de Oliveira 2001). Em outros termos, podemos negar, interrogar, exclamar, topicalizar, encaixar uma dada sentena que sua(s) pressuposio(es) se mantm. , no entanto, comum definir a pressuposio apenas pelo teste da negao: negamos a sentena e verificamos quais informaes se conservam. Este, alis, o caso em Ilari. "Diz-se que uma informao pressuposta quando ela se mantm mesmo que neguemos a sentena que a veicula" (p. 85). Esta definio funciona bem para as sentenas mais simples, como Joo parou de fumar, mas a relao entre pressuposio e negao (que aparece tematizada no captulo sobre negao, captulo 16, embora no captulo sobre implcitos no haja qualquer referncia ao captulo sobre a negao) no nada banal; quantos j no se enrolaram testando se h pressuposio atravs do teste da negao? Se negamos uma sentena como A Maria est grvida de novo obtemos A Maria no est grvida de novo, uma sentena ambgua precisamente por causa da relao de escopo entre os operadores no e de novo. Ela descreve duas situaes bem distintas: 1. a Maria j esteve grvida antes e no est grvida de novo; 2. a Maria nunca esteve grvida e mais uma vez no est grvida. Na primeira, a estrutura : (no (de novo (estar grvida (Maria)))) Na segunda: (de novo (no (estar grvida (Maria)))) Apenas a primeira interpretao compartilha com a sentena na afirmativa a pressuposio Maria j esteve grvida. claro que podemos supor que o professor de lngua materna j domina esses melindres e a teoria subjacente, ou que ele pode compreend-los intuitivamente, atravs da anlise dos exemplos e dos exerccios. Na "Explicao prvia" o autor reconhece que os professores "alteraram substancialmente sua prtica pedaggica, tornando-a mais criativa e mais gratificante" aps terem "assimilado um mnimo de teoria e algumas orientaes de aplicao" (p. 12, nfase minha). Mas, e o professor que no tem esse mnimo de teoria, que no tem qualquer orientao de como aplicar os exerccios, que ainda sabe pouco do fundo comum de conceitos e teorias em que se d a lingstica contempornea? aqui, me parece, que faz falta referncias bibliogrficas que possam ancorar o professor, que permitam que ele

aprenda e aprofunde questes que lhe interessam, que estimulem o pesquisador no professor. No h qualquer indicao para que o professor possa andar com seus prprios ps, nem para o contedo do livro nem para alm de ele. Eis mais uma sugesto para uma segunda edio. Essas crticas em nada ofuscam o valor deste livro que se sustenta na criteriosa anlise dos fenmenos tratados e na excelncia dos exerccios. De maneira criativa e em muitos casos cmica, os exerccios cumprem seu desgnio: exploram o conhecimento intuitivo do aluno, estimulando a reflexo sobre a linguagem e os diversos modos de significar. O primeiro aspecto que transparece j no folhear o livro a preocupao com a diversidade: os exerccios exploram diferentes tipos de texto (literrios (p.189)4, canes populares (p.116), redaes de alunos (p.61), bulas de remdio (p.149), notcias e matrias jornalsticas (p.77), piadas (p.14),...), diferentes linguagens (cartuns (p.165), charges (p.185), propagandas (p.113),...), variedades de exerccios (caa-palavras (p.16), interpretao de texto (p.37), produo de texto (p.37), descoberta (p.139),...). Essa diversidade aparece sempre em mo dupla: transpor de um tipo de texto para outro, da linguagem escrita para o desenho (e vice-versa), da oralidade para o registro mais culto... Na pgina 165, por exemplo, encontramos um exerccio em que o aluno deve transformar dilogos em "tiras", ou seja, o aluno deve desenhar uma estria em quadrinhos. Um desses dilogos : O senhor podia me passar o sal? Podia. Trata-se de um exerccio que permite explorar, entre outras questes, os limites entre a semntica e a pragmtica, na medida em que houve uma ruptura da mxima da relevncia. O professor poderia propor aos alunos uma "encenao" e discutir as diferentes reaes das pessoas. Outra caracterstica dos exerccios o cuidado em trabalhar a partir do conhecimento que temos (mesmo que inconsciente) da nossa lngua, quer atravs de exerccios que levam o aluno a construir as regras que intuitivamente nos guiam (veja um exemplo mais adiante) e, conseqentemente, a refletir sobre a linguagem, quer atravs do pedido explcito para que o aluno traga para a sala de aula a sua prpria experincia. Veja o seguinte exemplo, que aparece na pgina 70. "No trnsito de uma grande cidade, temos s vezes a oportunidade de ouvir xingamentos. Faa uma listinha de xingamentos que evocam tipicamente situaes de trnsito e, depois, tente determinar se algum deles d informaes objetivas sobre a pessoa xingada, sobre a maneira como dirige, ou sobre a manobra de trnsito que o provocou". Como se pode ver, no se trata apenas de recuperar uma experincia lingstica bastante comum, mas de refletir sobre prticas de linguagem tpicas de situaes como estas. No primeiro captulo, recupera-se a relao entre som e sentido, explicitamente tematizada atravs de uma srie de exerccios, na tentativa de amenizar a interferncia da escrita. Afinal, a semntica trabalha com oralidade. Este um captulo muito divertido, que os alunos adoram, em especial porque ele permite falarmos "bobagens", como a que aparece na letra de forr do gato Tico: Tico mia na cama. Vejamos, a ttulo de exemplificao, o exerccio 9 (p.17). Ele explora a relao entre som, sentido e escrita atravs da listagem de uma srie de definies de palavras. A lista enorme, nela encontramos: Abreviatura ato de abrir um carro da polcia; Armarinho ar proveniente do mar;

Sexlogo sexo apressado. Ora, todos ns j brincamos de recortar as palavras e de criar derivaes e etimologias malucas. esta brincadeira que Ilari retoma de maneira criativa e instigante porque leva os alunos a considerarem porqus de nem todas as definies apresentadas serem igualmente boas e, para isto, preciso que eles coloquem a questo da relao entre som e sentido. Como j dissemos, a despeito do formato tradicional dos captulos, os exerccios so extremamente propcios para uma abordagem de descoberta. Esta a caracterstica mais importante desse manual: os exerccios possibilitam que os alunos reflitam sobre a linguagem em atividade e (re)-construam regras que balizam o seu funcionamento. Vamos apresentar apenas um caso. No captulo sobre aspecto (captulo 2), o autor prope no exerccio 6 (p. 23) que o leitor procure estabelecer diferenas de significado entre pares de sentenas. As primeiras sentenas de cada par esto no presente simples; as segundas, no presente contnuo (Voc bobo./Voc est sendo bobo), com exceo das sentenas em d e em g em que a oposio se d entre o verbo ser e estar (O Joozinho careca./O Joozinho est careca). O mnimo que se espera que o aluno perceba que no portugus do Brasil o jogo permanente versus provisrio pode ser feito atravs da diferena entre o presente simples e o contnuo ou atravs de itens lexicais distintos: o ser e o estar. Mas tambm possvel esmiuar ainda mais as diferenas. Por exemplo, o par no item e ope A reunio dos condminos no salo de festas/...est sendo no salo de festas. Claro que uma descrio mais fina pode trazer tona que a primeira sentena no implica que a reunio esteja acontecendo no momento em que ela proferida. Ela pode inclusive indicar um padro de reunies. J a segunda s pode ser usada com felicidade se a reunio estiver ocorrendo no momento mesmo em que a sentena proferida; em outros termos, as condies de verdade dessas sentenas no so as mesmas. Inmeros outros exerccios podem ser citados para exemplificar procedimentos de descoberta. Em muitos desses exerccios, h, ainda, um importante trabalho de leitura com diferentes tipos de textos e de linguagens. O leitor pode verificar essa ltima afirmao nas pginas 70 a 74, em que so apresentados diversos textos sobre o episdio do ento governador Mrio Covas forando a abertura do prdio da Secretria de Educao, bloqueada pelos professores em greve. Os textos apresentam diferentes posies polticas e o autor nos convida a elucid-las atravs da anlise semntica dos textos. Como bem diz Geraldi este um livro exemplar, "que ensina a refletir sobre os recursos lingsticos em seu funcionamento para extrair da reflexo um conhecimento sobre a linguagem. (...) , portanto, um livro sobre "prticas de anlises lingsticas"" (p. 9). Ao final de 2001, aps ter trabalhado com meus alunos de graduao alguns dos exerccios deste manual, creio que ele realiza seus objetivos: 1. prope uma srie de atividades especficas que tratam da questo do sentido atravs de uma reflexo sobre a linguagem em seu funcionamento; 2. permite uma prtica pedaggica mais criativa e gratificante. Este manual de exerccios , pois, uma maneira eficiente de interferir na prtica pedaggica de lngua materna, permitindo que professores e alunos descubram aspectos da linguagem que estiveram (e ainda esto) fora das salas de aula, inclusive de muitos cursos de Letras. Vale a pena conferir!

Referncias Bibliogrficas
MOKVA, Ana. 2001. A Semntica na Sala de Aula. Tese de Mestrado indita. Florianpolis, UFSC. ILARI, Rodolfo e Joo Wanderley Geraldi. 1985. Semntica. So Paulo: tica. MADRE OLVIA. 1976. Anlise Semntica. Ensino Prtico do Portugus. Treinamento Progressivo. Petrpolis: Vozes. ______ 1979a. Semntica e a natureza da lngua contribuio semntica para uma gramtica cientfica do portugus. Petrpolis: Vozes. ______ 1979b. Semntica e Sintaxe. Reflexes para professores de portugus. Petrpolis: Vozes. PIRES DE OLIVEIRA, Roberta. 2001. Semntica formal: uma introduo. Campinas: Mercado de Letras.