Pinturas Rupestres J Grafite e Pichação

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 2

Pinturas Rupestres, Grafite e Pichação.

Desde a pré-história seres humanos já realizavam desenhos e pinturas


nas paredes de cavernas e em encostas rochosas, retratando seu cotidiano
(caçadas, rituais e a vida social). Essas expressões artísticas, conhecidas como
pintura rupestre, nos permitem uma leitura da vida de nossos antepassados e
são objetos de estudo da Arqueologia, da Arte, da Antropologia... Hoje, algo
semelhante acontece nas cidades, as imagens que remetem a sentimentos e
ideias que invadem o nosso cotidiano em paredes e muros são chamadas de
grafite e pichação. Mais importante ainda, refletem a necessidade que o ser
humano tem de se expressar simbolicamente e mostrar isso ao maior número
de pessoas.
Arte rupestre é o mais antigo tipo de arte da história, com exemplares
que podem chegar a milhares de anos de idade. As principais obras eram
gravuras, pinturas e esculturas. Tendo como “tela” as paredes e tetos de
cavernas, podendo ser representações figurativas, como cenas do cotidiano,
pessoas, animais selvagens; ou representações abstratas, como linhas,
círculos, espirais, além de outras formas geométricas e grafismos. Ossos, pedras
e madeiras eram utilizados para fazer esculturas e instrumentos musicais.
No Brasil, os desenhos de diferentes épocas mostram rituais, animais,
cenas de luta, caça ou mesmo representações geométricas. No território
brasileiro existem vários sítios de arte rupestre: Parque Nacional da Serra da
Capivara em São Raimundo Nonato (Piauí), Parque Nacional Sete Cidades
(Piauí), Cariris Velhos (Paraíba), Lagoa Santa (Minas Gerais), Rondonópolis
(Mato Grosso), Peruaçu (Minas Gerais), entre outros. Somente no Pará, existem
mais de 100 sítios arqueológicos registrados com pinturas rupestres e 15 deles
estão no Parque de Monte Alegre, próximo à Santarém. Diferente do que ocorre
em outros países, a arte rupestre brasileira não é preservada devidamente.
Apesar de tratar-se de um patrimônio histórico o descuido, queimadas, a ação
de empresas de mineração, as depredações típicas de turistas (como carregar
lembranças) e de vândalos, é uma ameaça a esse patrimônio de valor
inestimável.
Pichação é o ato de escrever ou rabiscar sobre muros, fachadas de
edificações, asfalto de ruas ou monumentos, usando tinta em spray aerossol ou
mesmo outra tinta. No geral, são insultos, assinaturas pessoais ou mesmo
declarações de amor ou escritas frases de protesto, embora a pichação seja
também utilizada como forma de demarcação de territórios entre grupos, às
vezes gangues rivais.
Desde a antiguidade é possível encontrar elementos de pichação. A
erupção do vulcão Vesúvio que destruiu Pompéia (Itália) em 79 E.C., preservou
nos muros da cidade inscrições que continham desde xingamentos, até
propaganda política e poesias. Na Idade Média, padres pichavam os muros de
conventos rivais com intuito de expor sua ideologia, criticar doutrinas contrárias
às suas ou mesmo difamar governantes. Com a popularização do aerossol, após
a Segunda Guerra Mundial, a pichação ganhou mais agilidade e mobilidade. Na
revolta estudantil de 1968, em Paris (França) ou durante a ditadura militar no
Brasil, o spray foi usado como forma de protesto e manifestação pela liberdade
de expressão. No início da década de 1970, as ruas de Los Angeles (EUA) foram
tomadas por pichações que demarcavam a disputa territorial pelo tráfico de
drogas entre duas violentas gangues rivais: Bloods, representada pela cor
vermelha, e Crips, representada pela cor azul.
Costuma-se estabelecer uma diferença entre o grafite e a pichação. O
grafite, em princípio, é bem mais elaborado e de maior interesse estético, sendo
socialmente aceito como forma de expressão artística contemporânea,
respeitado e mesmo estimulado por diversas instituições. O grafite atualmente
tende a ser feito em locais permitidos ou mesmo especialmente destinados à sua
realização. A pichação é considerada essencialmente transgressiva, predatória,
visualmente agressiva, contribuindo para a depredação da paisagem urbana. O
pichador tem a estética como valor secundário, há um privilégio pela palavra e
tipografia, no caso de desenhos ou ilustrações, eles são muito simples, próximos
de símbolos. São enquadradas nessa categoria as inscrições repetitivas,
bastante simplificadas e de execução rápida, basicamente símbolos ou
caracteres um tanto hieroglíficos, de uma só cor, que recobrem os muros das
cidades. A pichação é, por definição, feita em locais proibidos, em operações
rápidas, sendo tratado como ataque ao patrimônio público ou privado.
Grafite é o nome dado aos desenhos e inscrições feitas em paredes e
muros. Considera-se grafite uma inscrição caligrafada ou um desenho pintado
ou gravado sobre um suporte que não é normalmente previsto para esta
finalidade. Por muito tempo visto como um assunto irrelevante ou mera
contravenção, atualmente o grafite já é considerado como forma de expressão
artística incluída no âmbito da cultura Hip Hop e das artes visuais, mais
especificamente, da street art ou arte urbana – na qual o artista aproveita os
espaços públicos, criando uma linguagem intencional para interferir na cidade.
Entretanto ainda há quem não concorde, equiparando o valor artístico
do grafite ao da pichação, que é bem mais controverso. Ambas utilizam
basicamente as mesmas técnicas de execução, os mesmos elementos de
suporte e podem conter algum grau de transgressão. Ambas tendem a alimentar
discussões acerca dos limites da arte, sobre arte livre, liberdade de expressão,
mas também sobre crime, violência, disputas de espaço e transgressões.

Você também pode gostar