Araras Estudo

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Universidade de Cuiabá

Programa de Pós Graduação Stricto Sensu Mestrado em Biociência Animal

ALINE REZENDE DOS SANTOS

ESTUDO ANÁTOMO-RADIOGRÁFICO DO SISTEMA ÓSSEO DE ARARAS


(Ara ararauna e Ara chloropterus)

Cuiabá
2018
ALINE REZENDE DOS SANTOS

ESTUDO ANÁTOMO-RADIOGRÁFICO DO SISTEMA ÓSSEO DE ARARAS


(Ara ararauna e Ara chloropterus)

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de


Pós-graduação em Biociência Animal, da Universidade de
Cuiabá – UNIC como requisito parcial para obtenção do
Título de Mestre.

Orientadora: Profª. Drª. Kelly Cristiane Ito Yamauchi

Cuiabá
2018
FICHA CATALOGRÁFICA
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

S237e Santos, Aline Rezende dos.


Estudo Anátomo-Radiográfico do Sistema Ósseo de Araras (Ara
ararauna e Ara Chloropterus). – Cuiabá – MT / Aline Rezende dos Santos.
2018.
46 f.
Orientador: Dr(a). Kelly Cristiane Ito Yamachi.
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu Mestrado em Ciência Animal.
Universidade de Cuiabá – UNIC, 2018.

1. Anatomia. 2. Aves. 3. Gênero Ara. Psitacídeos. 4. Radiografias I. Título.

CDU 57(817.2)

Bibliotecária: Suzette Matos Bolito


CDU– CRB1/1945.
57(817.2)
ALINE REZENDE DOS SANTOS

ESTUDO ANÁTOMO-RADIOGRÁFICO DO SISTEMA ÓSSEO DE ARARAS


(Ara ararauna e Ara chloropterus)

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Biociência


Animal, da Universidade de Cuiabá – UNIC como requisito parcial para obtenção do
Título de Mestre.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________
Profª. Drª. Kelly Cristiane Ito Yamauchi - UNIC
Orientadora

_______________________________________
Prof. Dr. Alexandre Mendes Amude
UNIC

_______________________________________
Profª. Drª. Susana Rodrigues de Pina
UNIRONDON

Cuiabá, 30 de janeiro de 2018

Conceito Final: _____________


Dedico este trabalho, a toda minha família.

O apoio e o incentivo que sempre me proporcionaram, foram fundamentais para a


concretização desse sonho.
AGRADECIMENTOS

A conclusão de um curso de mestrado implica, ao seu final, o dever de


agradecer. Agradecer sim, pois às vezes esquecemos de retribuir, mesmo que com
simples palavras, a todos aqueles que, direta ou indiretamente, ajudaram na
concretização deste objetivo.

Inicio meus agradecimentos por DEUS, já que Ele colocou pessoas tão
especiais a meu lado, sem as quais certamente não teria dado conta.

Dedico esta, bem como todas as minhas demais conquistas, a minha amada
Mãe Ana, meu infinito agradecimento, por sempre acreditar em minha capacidade, me
incentivando e dando força para nunca desistir. Obrigada pelo amor incondicional!

Ao meu amado filho Matheus, que embora não tivesse conhecimento disto,
iluminou de maneira especial os meus pensamentos e me inspira todos os dias a
querer ser sempre mais do que hoje. Te Amo filho!

E o que dizer a você, meu querido esposo Antônio Sérgio? Muito obrigada por
ser tão importante em minha vida, pela paciência, pelo incentivo, pela força e
principalmente pelo carinho. Obrigada por ter feito do meu sonho o nosso sonho!

As minhas irmãs Mirna e Anamir e a minhas duas preciosas sobrinhas Maria


Eduarda e Letícia, muito obrigada por estarem ao meu lado e acreditarem tanto em
mim!

A minha orientadora, Profª. Drª. Kelly por me aceitar como orientanda, e não
medir esforços para que o meu objetivo fosse alcançado.

A minha querida Profª. Drª. Rosana Zanatta, por acreditar que em minha
capacidade, por ter estimulado o meu aprendizado. Obrigada, pela infinita
disponibilidade, por dividir seu vasto conhecimento, ampliando os meus. Minha eterna
gratidão por confiar em mim.

A Profa. Msc. Elizama, pelo auxílio na execução dos exames radiográficos e


pelo conhecimento transferido durante este convívio. Só tenho a agradecer aos seus
ensinamentos, orientações, palavras de incentivo, paciência e dedicação.

A Profa. Msc. Ludmila, por gentilmente fazer o intermédio com o departamento


de imagem da Universidade Federal de Mato Grosso, para que eu pudesse terminar
os experimentos.
Aos professores Dr. Alexandre e a Drª. Micheli, meu muito obrigada! Por ter
aceito participar da banca de qualificação, e ter contribuido com sugestões
significativas para a melhora do trabalho.

Ao Prof. Dr. Lázaro Manoel e a Profª. Msc. Luciana Palú, muito obrigada pela
confiança depositada.
Ao Prof. Dr. Márcio Ferrari, amigo, exemplo de pessoa e de profissional, que
mesmo longe é um grande incentivador na busca do conhecimento. Minha eterna
gratidão, por ter me dado a oportunidade lá atrás para que eu pudesse dar o primeiro
passo para a pesquisa.

A todo corpo docente e colaboradores do departamento de Pós-graduação da


Universidade de Cuiabá.

Minha eterna gratidão também, ao Sargento De Paula e Sargento Medeiros,


muito obrigada pela atenção, disponibilidade e eficiência, assim como pela confiança
me permitindo acesso aos animais, para execução deste trabalho. Sem vocês talvez
não seria possível!

A Aluna de iniciação científica Luana, muito obrigada a sua ajuda foi essencial.

Carolina, mais que amiga, uma irmã. Muito obrigada por sempre estar junto,
me apoiando e ajudando, sua ajuda foi fundamental para a concretização desse
sonho.

A Tayza, minha amiga, prima e afilhada, obrigada por está presente em minha
vida, por sempre ter uma palavra de apoio e por me acalmar quando as aflições se
tornavam presentes.

As minhas amigas de sempre, Kariny, Ariana e Alessandra, por só quererem o


meu bem e me valorizarem tanto como pessoa. Obrigada pela amizade!

Meu muito obrigada a quem me encoraja em todos os aspectos da vida, e em


especial a meu amigo irmão Alex César.

Aos animais meu respeito, parte fundamental desse trabalho.

Gostaria de agradecer em especial à Faculdade de Medicina Veterinária, ao


Hospital Veterinário da Universidade de Cuiabá e ao Hospital Veterinário da
Universidade Federal de Mato Grosso, por abrirem as portas para que eu pudesse
realizar este sonho que era a minha DISSERTAÇÃO DE MESTRADO.

Ninguém vence sozinho... OBRIGADA A TODOS!


“O significado das coisas não está nas coisas em si,
mas sim em nossa atitude com relação a elas.”

Antoine de Saint-Exupéry
ESTUDO ANÁTOMO-RADIOGRÁFICO DO SISTEMA ÓSSEO DE ARARAS
(Ara ararauna e Ara chloropterus)

ANATOMY-RADIOGRAPHIC STUDY OF THE BROWN BONE SYSTEM


(Ara ararauna and Ara chloropterus)

RESUMO
SANTOS, A. R. Estudo anátomo-radiográfico do sistema ósseo de araras (Ara
ararauna e Ara chloropterus). 2018. 46 f. Dissertação (Mestrado em Biociência
Animal) – Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade de Cuiabá, Cuiabá, 2018.

Os psitacídeos são aves que pertencem à família Psittacidae e estão representados


pelas araras, periquitos e papagaios. O Brasil é considerado o país mais rico do
mundo em Psitacídeos. Este trabalho teve o objetivo de descrever a anatomia
esquelética de duas espécies de araras (Ara ararauna) e (Ara chloropterus), visando
contribuir para o conhecimento acerca de sua anatomia radiográfica e assim auxiliar
no diagnóstico de afecções no sistema esquelético desses animais. Foram utilizadas
três aves, duas Ara ararauna e uma Ara chloropterus; estas foram doadas após óbito,
motivado por causa natural, pela Polícia Militar de Proteção Ambiental de Mato
Grosso. Foram realizadas radiografias de corpo inteiro, em decúbito lateral direito e
esquerdo, no caso de projeções latero laterais e em decúbito dorsal, para projeção
ventro dorsal. O O crânio das duas espécies de araras estudadas foram classificados
como pró-cinéticos, em razão de possuir liberdade de movimentos em sua porção
rostral. O presente trabalho nos pertimitiu registrar radiograficamente imagens de boa
qualidade possibilitando vizualizar estruturas como: coluna vertebral formada por
quatorze vértebras cervicais, seis vértebras torácicas livres (T1 a T6), seis vértebras
caudais livres e pelo pigóstilo (formado por três vértebras caudais fusionadas). Sendo
assim a partir dos resultados, foi possível constatar a existência de pequenas
variações anatômicas, porém foi notório que o esqueleto apendicular torácico e
pélvico das duas espécies de araras estudadas são semelhantes ao observado para
outros gêneros de aves como o galo e os papagaios.

Palavras-chave: Anatomia. Aves. Gênero Ara.Psitacídeos. Radiografias.


SANTOS, A. R. Anatomy-radiographic study of the brown bone system (ara
ararauna and ara chloropterus). 2018. 46 f. Dissertation (Master's degree Animal
Bioscience) - Faculty of Veterinary Medicine, University of Cuiabá, Cuiabá, 2018.

ABSTRACT

Psittacidae are birds that belong to the family Psittacidae and are represented by
macaws, parakeets and parrots. Brazil is considered the richest country in the world in
Psittacidae. This work aimed to describe the skeletal anatomy of two macaws (Ara
ararauna) and (Ara chloropterus), aiming to contribute to the knowledge about their
radiographic anatomy and thus help in the diagnosis of affections in the skeletal system
of these animals. Three birds were used, two Ara ararauna and one Ara chloropterus;
these were donated after death, motivated by natural cause, by the Military Police of
Environmental Protection of Mato Grosso. Full-body radiographs were performed in
right and left lateral decubitus, in the case of lateral lateral projections and in dorsal
decubitus, for dorsal projection. The skulls of the two species of macaws studied were
classified as prokinetic, because they had freedom of movement in their rostral portion.
The present work allowed us to record radiographically good quality images, making it
possible to visualize structures such as: vertebral column formed by fourteen cervical
vertebrae, six free thoracic vertebrae (T1 to T6), six free caudal vertebrae and the
pigostilo (three fused caudal vertebrae). From the results, it was possible to verify the
existence of small anatomical variations, but it was notorious that the thoracic and
pelvic appendicular skeleton of the two species of macaws studied are similar to those
observed for other genera of birds such as rooster and parrots.

Keywords: Anatomy. Birds. Aragenus. Psittacids. Radiographs.


LISTA DE FIGURAS

REVISÃO DA LITERATURA

Figura 1- Imagem ilustrativa: Ara Ararauna........................................................................19

Figura 2- Imagem ilustrativa: Ara chloropterus..................................................................19

Figura 3- Imagem ilustrativa: Ara Macao.............................................................................20

Figura 4- Posicionamento de uma Ara Ararauna, utilizando fita adesiva, para um


estudo radiográfico em projeção: ventro-dorsal..........................................................23

Figura 5- Posicionamento de uma Ara Ararauna, utilizando fita adesiva, para um


estudo radiográfico em projeção: latero -
lateral..........................................................................................................................23

Figura 6- Imagem ilustrativa de Ara Macao, demonstrando a subdivisão da


Ranfoteca...................................................................................................................26

ARTIGO - ESTUDO ANATÔMICO DESCRITIVO DO SISTEMA ÓSSEO DE ARARAS


DO GÊNERO ARA POR MEIO DA UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS RADIOGRÁFICAS

Figura 1- Imagens radiográficas de corpo inteiro em projeção ventrodorsal (A) de um


exemplar de Ara Ararauna..........................................................................................36

Figura 2- Imagens radiográficas de corpo inteiro em projeção latero -lateral (B) de um


exemplar de Ara Ararauna..........................................................................................37

Figura 3- Imagem radiográfica do crânio de um exemplar de Ara Ararauna em


projeção latero-lateral.................................................................................................38

Figura 4- Imagem radiográfica da região cervical de um exemplar de Ara Ararauna


em projeção ventro-dorsal..........................................................................................39

Figura 5- Imagem radiográfica em projeção ventro dorsal da região torácica de um


exemplar de Ara Ararauna..........................................................................................40

Figura 6- Imagem radiográfica em projeção ventro dorsal da região lombosacral e


caudal de um exemplar de Ara chloropterus..............................................................41
Figura 7- Imagem radiográfica em projeção ventro dorsal do membro torácico de um
exemplar de Ara Ararauna..........................................................................................42

FIGURA 8- Imagem radiografica em projeção crânio-caudal do osso tarsometa-tarso


(TM) de um exemplar de Ara Ararauna.......................................................................43
LISTA DE ABREVIATURAS

CEUA Comissão de ética da utilização de animais

DNA Ácido desoxirribonucleico

FMVZ Faculdade de Medicina Veterinária e Zootécnia

Kv Kilovoltagem

MMA Ministério do Meio Ambiente

mA Miliamperagem

MT Mato Grosso

nº Número

s/n Sem número

Unesp Universidade Estadual Paulista

UNIC Universidade de Cuiabá


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 16
2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 17
2.1 AVES ................................................................................................................... 17
2.2 FAMÍLIA PSITTACIDAE ...................................................................................... 18
2.3 EXAME RADIOGRÁFICO ................................................................................... 21
2.3.1 MÉTODO DE CONTENÇÃO ............................................................................ 22
2.3.2 POSICIONAMENTO RADIOGRÁFICO ............................................................ 24
2.3.3 FATORES DE EXPOSIÇÃO ............................................................................ 24
2.3.4 INTERPRETAÇÃO RADIOGRÁFICA ............................................................... 25
2.4 ANATOMIA ESQUELÉTICA................................................................................ 25
2.3.1 ESQUELETO AXIAL ........................................................................................ 25
2.4.2 ESQUELETO APENDICULAR ......................................................................... 27
2.4.2.1 MEMBROS TORÁCICOS.............................................................................. 27
2.4.2.2 MEMBROS PÉLVICOS ................................................................................. 28
3 OBJETIVO ............................................................................................................. 31
3.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 31
3.3 OBJETIVO ESPECÍFICO .................................................................................... 31

ESTUDO ANATÔMO-RADIOGRÁFICO DO SISTEMA ÓSSEO DE ARARAS ( Ara


ararauna e Ara chloropterus) ................................................................................ 32
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 33
MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................................... 34
RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................. 35
CONCLUSÕES ......................................................................................................... 44
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 44
15

1. INTRODUÇÃO

O Brasil ocupa quase metade da América do Sul e é o país com a maior


biodiversidade de espécies no mundo, espalhadas nos seis biomas terrestres e nos
três grandes ecossistemas marinhos. Não nos surpreendendo que abrigamos 20% do
total de espécies do planeta, são mais de 103.870 espécies animais, sendo 713
espécies de mamíferos, 721 de répteis e 1.826 de aves (MMA, 2015).
As aves representam a maior parte das espécies da fauna silvestre mantidas
como animais de companhia em nosso meio. Este fato, associado ao aumento da
popularidade dos animais silvestres como animais de estimação, resultaram numa
procura crescente pelo atendimento clínico e cirúrgico prestado pelo médico
veterinário a esta classe de animais (FONTIN, 2005).
Das inúmeras afecções que podem acometer as aves, as que estão ligadas ao
sistema esquelético, são os casos mais frequentes observados em clínicas
veterinárias. Diante disso, o exame radiográfico é uma ferramenta auxiliar relevante
no diagnóstico por imagem, e essencial na aplicação dessas afecções, sendo
importante tanto na identificação quanto no diagnóstico diferencial entre alterações
que caracterizam uma patologia óssea (ARNAUT, 2006).
Para que se tenha uma avaliação precisa de radiografias, o conhecimento da
anatomia radiográfica é de fundamental importância, sendo este um dos elementos
que dificultam sobremaneira a interpretação dos exames de animais silvestres, uma
vez que existem um número incalculável de variações anatômicas entre os membros
de cada grupo destes animais (CAVINATTO et al.,2016).
Sendo importante ressaltar que não existe uma literatura específica nem
mesmo para as aves pertencentes a um dos maiores grupos brasileiros, a família
Psittacidae, o que dificulta a interpretação precisa de radiografias dos mesmos
(CAVINATTO et al.,2016).
Em busca de publicações sobre a clínica aviária na literatura internacional,
constata-se uma diversidade de publicações nessa área, no entanto a grande maioria
são voltadas para espécies nativas do país, sendo a literatura nacional escassa, nos
motivando a dar seguinte a este trabalho. Diante de poucas publicações brasileiras,
verifica-se a importância da obtenção de dados quantitativos e qualitativos na
medicina de aves (CASTRO, 2013).
Diante disso, objetivou-se descrever a anatomia esquelética de duas espécies
16

de Araras, Ara Ararauna e Ara Chloropterus, oferecendo informações específicas para


interpretações de radiografias desses animais.

2. REVISÃO DE LITERATURA

A classificação científica dos animais pertence ao campo da taxonomia, a qual


é embasada, principalmente, nas características morfológicas e anatômicas dos seres
vivos estudados. A classe é dividida em ordens para expressar um parentesco mais
próximo entre animais. As ordens são divididas em famílias, as quais são
fundamentadas em dados sobre origens, relações de parentesco, morfologia e
etiologia para classificação dos seres. A próxima entidade é o gênero, de qual a
interpretação pode ser subjetiva, sofrendo alterações conforme o surgimento de novos
conceitos. A espécie é reperesentada pelo indivíduo, o elemento básico na
classificação (SICK,2001).
A classe das aves é subdividida em aproxiadamente 27 ordens, 160 famílias e
cerca de 1800 gêneros (SICK,2001).

2.1 AVES

As aves representam a maioria das espécies da fauna silvestre mantidas como


animais de companhia em nosso meio, infelizmente quase que a totalidade
provenientes do tráfico (FOTIN,2005), mesmo com a regulamentação pela legislação
brasileira da sua reprodução e comercialização ( BRASIL,1997).
A classe das aves é constituída por um grande e diversificado grupo de
espécies, em que a estimativa mundial é de 9.700 espécies (SICK, 2001). De acordo
com o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (2014), o Brasil é o terceiro país
que mais abriga espécies de aves silvestres no mundo, compreendendo cerca de
1.899 espécies identificadas.
Para Forbes e Lawton (1996), as principais aves de companhia pertencem às
ordens Psittaciformes e Passeriformes.
Em um estudo realizado no Hospital Veterinário da Universidade Federal do
Paraná, no período de 2003 a 2006, a maior ocorrência de enfermidades
diagnosticadas em aves foi em pacientes da ordem Psittaciformes (43,48%), seguida
pela Passeriformes (26,88%) (SANTOS et al., 2008).
17

Um outro estudo retrospectivo, realizado por Castro et al. (2013), na


Universidade de São Paulo determinando a prevalência das cirúrgias realizadas em
aves por um período de 8 anos, mostrou que a grande parte dos pacientes atendidos
foram da ordem Psittaciformes.
A ordem dos Psittaciformes é constiuída por duas famílias, a Cacatuidae e a
Psittacidae, alocando gêneros e espécies diversas. A família Psittacidae têm como
principais representantes as espécies de Araras (gênero Ara), Papagaios (gênero
Amazona), Jandaias (gênero Aratinga), Periquitos (gênero Brotogeris), Maracanãs
(gênero Pyrrhura) dentre outras (SICK, 2001).
O termo psitacídeo é aceito e muito usado para denominar qualquer das
espécies que pertençam a família Psittacidae (FORBES; LAWTON, 1996) ou de forma
mais genérico à ordem Psittaciformes (CUBAS,2007). Os psitacídeos, são conhecidos
como aves de “bico redondo” (SICK,2001), sendo populares devido sua beleza,
inteligência e capacidade de imitar e ser treinado (FORBES;LAWTON, 1996).

2.2 FAMÍLIA PSITTACIDAE

O Brasil é considerado o país mais rico do mundo em psitacídeos, vivendo aqui


inclusive seus maiores representantes as araras (SICK,2001). Dentre as 332 espécies
de psitacídeos identificadas em todo o mundo, 80 estão concentradas no Brasil, tendo
sido denominado nos primeiros mapas como “Terra dos Papagaios” (Brasilia sive terra
papagallorum) (GODOY, 2001).
As araras são consideradas como um dos psitacídeos mais notáveis do mundo
pela sua beleza. De acordo com Sick (2001), no Brasil são reconhecidas seis espécies
destas aves, pois erroneamente algumas delas foram classificadas como araras.
Sendo as verdadeiras araras brasileiras três do gênero Anodorhynchus: hyacinthinus
(arara-azul-grande), leari (arara-azul-de-lear) e glaucus (arara-azul-pequena) e três
do gênero Ara: ararauna (arara-canindé) (Fig.1) , chloroptera (arara-vermelha-grande)
(Fig. 2) e macao (arara-canga) (Fig. 3).
18

Figura 1- Imagem ilustrativa: Ara Arara

Fonte: https://www.clubedocriador.com/passaros/17/arara

Figura 2- Imagem ilustrativa: Ara Chloropterus

Fonte: http://animais.culturamix.com/informacoes/aves/arara-vermelha
19

Figura 3- Imagem ilustrativa: Ara Macao

Fonte: http://animais.culturamix.com/informacoes/aves/arara-vermelha

Os psitacídeos não apresentam dimorfismo sexual evidente, faz-se necessário


exames endoscópicos ou de código genético, ácido - desoxirribonucleico (DNA), para
determinar o sexo da ave (GODOY,1997).
Embora os psitacídeos apresentem uma grande variação de tamanho,
coloração e peso, possui características muito marcantes que facilitam seu
reconhecimento imediato como, bico alto e recurvado, tendo inclusive uma cera na
base. Possui maxilas bastante móveis, articuladas ao crânio através de uma
articulação em “dobradiça”, que possibilita movimentos extras que aumentam a
potência do bico, que é usado para partir sementes duras. Além disso, sua mandíbula
pode apresentar movimentos horizontais. Possuem língua grossa, sensível e
riquíssima em papilas gustativas. Quanto a pigmentação,nas araras existem
freqüentes sinais vermelhos e azuis nas rêmiges (penas dorsais das asas), na borda
das asas ou nas coberteiras (penas superiores que cobrem as demais com início na
região escapular descendo pelo dorso da asa) (SICK,2001).
Uma outra característica relevante é o tamanho dos tarsos, extremamente
curtos, e o quarto dedo (dedo externo) direcionado caudalmente junto ao primeiro,
conferido ao animal a condição de pés zigodáctilos, sendo assim capazes de segurar
os alimentos e levá-los ao bico (SICK,2001;DYCE et al., 2010).
Os psitacídeos, bem como as demais aves, possuem o esqueleto basicamente
adaptado ao vôo exibindo duas características principais: leveza e resistência
(FEDUCCIA, 1986).
20

O processo de pneumatização dos ossos por extensões dos sacos aéreos, é o


responsável por dar leveza ao esqueleto das aves (FEDUCCIA, 1986).Os sacos
aéreos são extensões dos brônquios ocupando a cavidade celomática, dividindo
espaço com as vísceras torácicas e abdominais. Desses sacos aéreos saem
divertículos que se estendem pelos forames pneumáticos da cavidade medular dos
ossos adjacentes formando os ossos pneumáticos. Existem graus de pneumatização
variados no crânio, coluna vertebral, costelas, esterno, coracóide, cíngulo pélvico,
fêmur, sendo o úmero o principal osso pneumático. O grau de pneumatização está
diretamente relacionado com a eficiência de vôo das aves, sendo mais avançado
naquelas com maior capacidade de vôo (DYCE et al., 2010).
A resistência é alcançada pela fusão e, muitas vezes, supressão dos ossos,
sendo perceptível nos ossos do crânio e do cíngulo pélvico (FEDUCCIA, 1986).
Havendo também a presença de um elevado conteúdo mineral tornando os ossos
mais resistentes (DYCE et al., 2010; NICKEL et al., 1977).
Existem inúmeras afecções que podem acometer as aves, e as mais frequentes
observadas na clínica estão relacionadas com o sistema esquelético. Diante disso, o
exame radiográfico provou ser um método diagnóstico por imagem essencial aplicado
a essas afecções (ARNAULT, 2006).
Cavinatto et al. (2016), fez a descrição geral e objetiva do esqueleto de
papagaios do gênero Amazona, oferendo informações anatômicas para a
interpretação de radiografias das diferentes espécies de papagaios deste gênero.
Advém dessa forma, a necessidade de estudos voltados para a anatomia específica,
para a interpretação de radiografias das diferentes espécies de psitacídeos.

2.3 EXAME RADIOGRÁFICO

As modalidades para obtenção de imagens disponíveis em clínicas aviárias são:


radiologia, utrassonografia, fluoroscopia, tomografia computadorizada e ressonância
magnética (RUPLEY,1999).
Em um estudo realizado por Bortolini et al.(2013), no setor de diagnóstico por
imagem da FMVZ - Unesp – Bocutacu, mostrando a causuística dos exames de
dignóstico por imagem na medicina de animais selvagens de janeiro de 2009 a
dezembro 2010, foi demonstrado que a quantidade de requisições de exames
imaginológicos em animais selvagens tem aumentado, porém ainda existe um fator
21

limitante, que é a inesistência ou a escassez de descrições de estudos anatômicos


dos diferentes grupos de animais selvagens, devido a grande variação anatômica
entre eles. Nesse mesmo estudo foi constatado que a grande maioria dos exames
solicitados foram os radiológicos.
O exame radiográfico é uma importante ferramenta para auxiliar o médico
veterinário na pesquisa de afecções, pois trata-se de um exame simples, baixo custo
e não invasivo, tendo uma ampla indicação para o estudo de diferentes sistemas, além
da relação custo benefício fazer desta modalidade a de maior aplicabilidade,
(PINTO,2007).

2.3.1 Métodos de contenção

A contenção inadequada da ave traz como consequência, artefatos de


movimentos (PAUL-MUPHY et al., 1990).
A contenção manual pode ser utilizada em aves consideradas tranquilas e de
rapina, porém este método têm como desvantagem o aumento da exposição à
radiação de todo o pessoal envolvido (LAVIN, 1994).
Para um posicionamento adequado faz-se uso de ferramentas de apoio como:
lâminas de vidro,cordas, sacos de areia, fitas adesivas, blocos de espuma, luvas de
chumbo e faixas de velcro (LAVIN, 1994).
Na contençao física, fitas adesivas são geralmente aplicadas, seja na projeção
laterolateral ou ventrodorsal na região de carpometacarpos, tarsometatarsos e região
cervical cranial, sendo que a cavidade celomática e cauda são fixadas somente se
necessárias (LAVIN, 1994).
22

Figura 4- Posicionamento de uma Ara Ararauna, utilizando fita adesiva, para um estudo radiográfico
em projeção: ventro-dorsal.

Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 5- Posicionamento de uma Ara Ararauna, utilizando fita adesiva, para um estudo radiográfico
em projeção: latero-lateral.
23

Fonte: Arquivo pessoal.

O emprego de sedativos injetáveis e anestésicos inalatórios tem se tornado


mais seguro para a realização dos exames radiográficos em aves, pois evita assim
ocasionar injúrias nas mesmas (LAVIN, 1994).

2.3.2 Posicionamentos Radiográficos

Radiografias com posicionamentos inadequados podem apresentar distorção


das imagens, induzindo assim a interpretações errôneas ou invibializar o diagnóstico
radiográfico preciso (PINTO, 2007).
Nas aves, as radiografias de corpo inteiro são rotineiramente utilizadas,
permitindo assim em uma única radiografia, fazer a avaliação conjunta da cavidade
celomática e do sistema esquelético. Para isto são necessárias duas projeções
radiográficas em ângulos de 90º, para uma interpretação radiográfica precisa
(RUPLEY, 1999).
A projeção ventro dorsal é alcançada com o paciente posicionado em decúbito
dorsal sobre o chassi. Cabeça, asas e membros pélvicos, são estendidos na direção
cranial, lateral e caudal. A confirmação de que o posicionamento radiográfico está
correto é dada pela sobreposição do esterno com a coluna vertebral (LAVIN, 1994).
Já a projeção laterolateral, o pociente é posicionado em decúbito lateral direito.
Para evitar a sobreposição das estruturas ósseas na cavidade celomática, as asas
são estendidas dorsalmente e os membros pélvicos caudoventralmente. O
posicionamento estará correto se as articulações dos ombos e as articulações
coxofemurais estiverem sobrepostas (LAVIN, 1994).
As radiografias do crânio, na maioria das vezes requerem anestesia e vistas
adicionais (laterais: ventrodorsal, dorsoventral, rostrais e oblíquas) (RUPLEY,1999),
devem ser feitas priorizando regiões (JUNGHANNS et al. 1998).

2.3.3 Fatores de Exposição

Devido às frequências respiratórias das aves, o período de exposição deve ser


curto, e a kilovoltagem baixa para proporcionar um contraste alto (RUPLEY,1999).
Para a escolha da voltagem, a ave deve ser mensurada em sua região mais larga
24

(ALTMAN, 1973). O ponto de foco efetivo do tubo de raios- X deve permanecer tão
pequeno quanto possível, com o objetivo de aumentar o detalhe da imagem
radiográfica (TICER, 1987).
Uma grade antidifusora entre o paciente e o filme de raios- X, geralmente não é
necessária. Os chassis são posicionados diretamente em cima da mesa radiográfica
(ALTMAN, 1973).

2.3.4 Interpretaçao Radiográfica

Para uma interpretação diagnóstica precisa, existem alguns fatores


fundamentais: radiografias de elevada qualidade diagnóstica (RUPLEY, 1999),
conhecimento da anatomia (ALTMAN, 1973), realização de projecções radiográficas
apropriadas (PINTO, 2007) e comparar a imagem radiográfica da espécie em questão
com radiografias normais de outros pacientes da mesma espécie (KRAUTWALD-
JUNGHANNS; HENDRICH-SCHUSTER, 1996)
O conhecimento dos padrões de normalidade é essencial para o
reconhecimento das alterações que podem estar presentes nas diferentes doenças.
Dessa forma, para direcionar o diagnóstico imaginológico dos animais selvagens,
muitas vezes são imprescindíveis as comparações entre as imagens da anatomia
normal registradas em livros, atlas ou artigos (PINTO,2007).

2.4 ANATOMIA ESQUELÉTICA

O sistema esquético das aves é dividido em esqueleto axial: crânio, coluna


vertebral, costelas e esterno e esqueleto apendicular: membros torácicos e membros
pélvicos (BAUMEL;WITMER,1993).

2.4.1 Esqueleto Axial

As aves possuem um dos crânios mais altamente especializados entre os


vertebrados existentes (FEDUCCIA,1986).
As características mais evidentes do crânio são as grandes órbitas, localizadas
entre o crânio bulboso e a face piramidal (DYCE et al.,2010).
O crânio das aves é cinético (FEDUCCIA, 1986). A articulação formada entre
25

um único côndilo occipital com o atlas, permitem que as aves girem a cabeça sobre a
coluna vertebral em uma extensão não concedida aos mamíferos (DYCE et al.,2010).
O maxilar é móvel em relação à abóbada craniana, através da articulação nasofrontal,
movimenta-se para cima e para baixo (FEDUCCIA,1986).
O bico das aves é um estrutura dinâmica, constituído pelos maxilares superior
(pré-maxila e nasal) e inferior mandibula, cobertos por bainhas epidérmicas
queratinizadas, denominado de ranfoteca, sendo a mesma anatomicamente
subdividida em rinoteca (superior) e gnatoteca (inferior) (RUPLEY,1999).
Mandíbulas, assim como maxilas, são isentas de dentes (DYCE et al., 2010).

Figura 6- Imagem ilustrativa de Ara Macao, demonstrando a subdivisão da Ranfoteca.

Rinoteca

Ranfoteca

Gnatoteca

Fonte: http://www.klimanaturali.org/2011/05/arara-vermelha-pequena-ara-macao.html

A quantidade de vértebras cervicais varia de oito a vinte e cinco, dependo do


tamanho do pescoço da ave (DYCE et al.; 2010).
Em relação as vértebras torácicas a quantidade destas variam de três a dez
(DYCE et al., 2010; FEDUCCIA, 1986; O’MALLEY,2005). Em várias espécies, as três
primeiras ou cinco vertebras torácicas encontram-se funsionadas em um único osso,
o qual é chamado de notário, formando assim uma trave rígida para suportar o vôo
(DYCE et al., 2010).
A última ou as duas últimas vértebras torácicas fundem-se com as vértebras
26

lombares, com as sacrais e com a primeira vértebra caudal formando o sinsacro


(DYCE et al., 2010; FEDUCCIA,1986; O’MALLEEY, 2005).
Após o sinsacro observam-se cinco ou seis vértebras caudais livres, permitindo
o movimento da cauda (DYCE et al., 2010). Enfim, a fusão de quatro a dez vértebras
caudais forma o pigóstilo, o qual confere sustentação às penas de vôo da cauda
(FEDUCCIA, 1986; DYCE et al., 2010).
O esterno trata-se de um osso grande e côncavo, não segmentado (DYCE et
al.,1997). Ventralmente modificado em forma de uma quilha, a qual está diretamente
relacionada a capacidade de vôo da ave, sendo mais desenvolvido nas grandes aves
voadoras (FEDUCCIA, 1986).

2.4.2 Esqueleto Apendicular

2.4.2.1 Membros Torácicos

O cíngulo torácico é formado por três pares de ossos: clavícula, escápula e


coracóidE, faz a ligação entre o tronco e as asas (DYCE et al. 1997).
As clavículas são ossos delgados desenvolvidos. A escápula estende-se
caudalmente, paralelo a coluna vertebral (FEDUCCIA, 1986). O coracoide é o osso
mais robusto, é curto e forte por agir como uma braçadeira contra os forte golpes das
asas durante o vôo (DYCE et al., 1997). As extremidades proximais dos três ossos
encontram-se para formar o canal triósseo (FEDUCCIA, 1986).
O úmero maior osso da asa, articula-se proximalmente em uma fossa glenóide
rasa, formada pela escápula e coracoide.
A ulna é mais espessa e longa que o rádio e atua como um ponto de adesão para
as penas de vôo (EVANS,2010).
A articulação do carpo possui dois ossos distintos, o carporradial e o ulnar do
carpo (EVANS, 1996). Esses elementos ósseos representam a fusão da fileira
proximal dos ossos do carpo. Já os ossos cárpicos da fileira distal fundem-se uns nos
outros e com as extremidades proximais dos metacárpicos, constituindo o
carpometacarpo (BAUMEL; WITMER, 1993). Existem três ossos metacárpicos
presentes. Os metacárpicos II e III, unem em suas extremidades distais (FEDUCCIA,
1986). Já os dígitos I e III, possuem uma falange, e o dígito II duas falanges (BUMEL;
WITMER, 1993).
27

2.4.2.2 Membros Pélvicos

A fíbula e o tibiotarso constituem os ossos dos membros pélvicos, sendo a fíbula


pouco desenvolvida nas aves e sua cabeça articula com côndilo lateral do fêmur
(EVANS, 1996). O tibiotarso é formado pela fusão da tibia com elementos do tarso
(FEDUCCIA, 1986).
Diversos tendões dos músculos do membro pélvico podem assificar-se nas aves
grandes, constituindo características marcantes em radiografias (FEDUCCIA, 1986).

REFERÊNCIAS

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30

3. OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Descrever a anatomia esquelética de duas espécies de Araras, Ara Ararauna e


Ara Chloropterus, oferecendo informações específicas para interpretações de
radiografias desses animais.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Apresentar informações específicas das espécies estudadas;

- Demonstrar a relevância da radiografia no estudo anatômico esquelético em aves;

- Contribuir de forma significativa e específica para o conhecimento anatômo -


raiográfico das espécies estudadas;

- Servir como material de apoio para o Medico Veterinário Radiologista, na


interpretação de exames das espécies estudadas.
31

4. ARTIGO

ESTUDO ANÁTOMO-RADIOGRÁFICO DO SISTEMA ÓSSEO DE ARARAS


(Ara ararauna e Ara chloropterus)

ANATOMY-RADIOGRAPHIC STUDY OF THE BROWN BONE SYSTEM


(Ara ararauna and Ara chloropterus)

RESUMO

SANTOS, Aline R. Estudo anátomo-radiográfico do sistema ósseo de araras (Ara


ararauna e Ara chloropterus) . 2018. 46 f. Dissertação (Mestrado Biociência Animal)
– Universidade de Cuiabá, Cuiabá, 2018.

Os psitacídeos são aves que pertencem à família Psittacidae e estão representados


pelas araras, periquitos e papagaios. O Brasil é considerado o país mais rico do
mundo em Psitacídeos. Este trabalho teve o objetivo de descrever a anatomia
esquelética de duas espécies de araras (Ara ararauna) e (Ara chloropterus), visando
contribuir para o conhecimento acerca de sua anatomia radiográfica e assim auxiliar
no diagnóstico de afecções no sistema esquelético desses animais. Foram utilizadas
três aves, duas Ara ararauna e uma Ara chloropterus, estas foram doadas após óbito,
motivado por causa natural, pela Polícia Militar de Proteção Ambiental de Mato
Grasso. Foram realizadas radiografias de corpo inteiro, em decúbito lateral direito e
esquerdo, no caso de projeções latero laterais e em decúbito dorsal, no caso da
projeção ventro dorsal. O crânio das duas espécies de araras estudadas puderam ser
classificados como pró-cinéticos, em razão de possuir liberdade de movimentos em
sua porção rostral. A coluna vertebral foi formada por quatorze vértebras cervicais,
seis vértebras torácicas livres (T1 a T6), sendo que o estudo do sinsacro não pode ser
feito de maneira criteriosa devido a sobreposições das viceras cavitárias, seis
vértebras caudais livres e pelo pigóstilo (formado por três vértebras caudais
fusionadas).A partir dos resultados, foi possível constatar a existência de pequenas
variações anatômicas, porém foi notório que o esqueleto apendicular torácico e
pélvico das duas espécies de araras estudadas são semelhantes ao observado para
outros gêneros de aves como o galo e os papagaios.
Palavras-chave: Anatomia. Aves silvestres. Gênero Ara. Psitacídeos. Radiografias.
32

ABSTRACT

SANTOS, A. R. Anatomy-radiographic study of the brown bone system (Ara


ararauna and Ara chloropterus). 2018. 46 f. Dissertação (Mestrado Biociência
Animal) – Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade de Cuiabá, Cuiabá, 2018.

Keywords: Anatomy. Wild birds. Genus Ara. Psitacides. Radiography.

The psitacídeos are birds that belong to the family Psittacidae and are represented by
the parrots, parakeets and parrots. Brazil is considered the richest country of the world
in Psitacídeos. This work had the objective to describe the skinny anatomy of two sorts
of parrots (It plows ararauna) and (It plows chloroptera), aiming to contribute to the
knowledge about his anatomy radiográfica and so to help in the affections diagnosis in
the skinny system of these animals. Three birds were used, two Plows ararauna and
Plows one chloroptera, these were donated after death caused by natural cause, by
the Military police of Environmental Protection of Bush I develop gradually. X-rays of
whole body were carried out, in right and left side decubitus, in case of projections
latero side and in dorsal decubitus, in case of the projection ventro dorsal. The skull of
two sorts of studied parrots could be classified by them like kinetic-advantage, on
account of having freedom of movements in his rostral portion. The spine was formed
for fourteen cervical vertebrae, six vertebrae torácicas free (T1 the T6), being that the
study of the sinsacro cannot be done in discerning way due to superposition of the
vicefrogs cavitárias, six vertebrae free torrents and for the pigóstilo (when torrents were
formed by three vertebrae when to leave from the results was fused). A, it was possible
to note the existence of small anatomical variations, however it was well-known that
the skeleton apendicular torácico and pelvic of two sorts of studied parrots they are
similar to the observed one for other birds types like the rooster and the parrots.

INTRODUÇÃO

As aves representam a maioria das espécies da fauna silvestre mantidas como


animais de companhia em nosso meio, este fato associado ao aumento da
popularidade dos animais exóticos como animais de estimação, resultaram numa
demanda crescente pelo atendimento clínico e cirúrgico prestado pelo médico
veterinário a esta classe de animais (FONTIN, 2005).
33

Das inúmeras afecções que podem acometer as aves, as que acometem o sistema
esquelético estão entre as mais frequentes observadas na clínica. Diante disso, o
exame radiográfico é o método de diagnóstico por imagem essencial aplicado a essas
afecções, sendo importante tanto na identificação quanto no diagnóstico diferencial
entre alterações que caracterizam uma doença óssea (ARNAUT,2006).
Para que se tenha uma avaliação precisa de radiografias, o conhecimento da
anatomia radiográfica é de fundamental importância, sendo esse um dos elementos
que dificultam sobre maneira a interpretação dos exames de animais silvestres, pois
existe uma incalculável varição anatômica entre os membros de cada grupo destes
animais.
A literatura anatômica específica de aves silvestres é escassa, a família
Psittacidae, é um dos maiores grupos destes animais e atualmente existe apenas um
estudo anatômico descritivo de papagaios do gênero Amazona (CAVINATTO, 2016).
Levando em conta a importância do conhecimento anatômico de aves e mais
especificamente dos psitacídeos, neste presente trabalho foi realizado o estudo
Anatomo-radiográfico de duas espécies de Araras: Ara Ararauna e Ara Chloropterus,
o qual o objetivo deste foi fornecer informações específicas para interpretações de
radiografias desses animais.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo teve início após parecer favorável da comissão de ética da utilização


de animais da Universidade de Cuiabá, registro CEUA/UNIC nº 012/2016.
Para o desenvolvimento do presente trabalho foram utilizadas um total de três
espécimes, pertencentes a família Psittacidae, mais especificamente do gênero Ara,
sendo duas Ara Ararauna e uma Ara Chloropterus. Cuja coleta de dados realizada no
período de agosto 2016 a maio de 2017.
Após óbito não induzido, os espécimes foram acondicionadas em freezeres,na
sala de reabilitação de animais da Polícia Militar de Proteção Ambiental (BPMPA).
Posteriormente foram encaminhadas ao Hospital Universitário da Universidade de
Cuiabá,onde ficaram congelados em freezer. Para a obtenção das imagens, os
mesmos foram retiramos do freezer e deixados dentro de caixa de isopor, por um
periodo de 24 horas para total descongelamento. Após as 24 horas, foram
encaminhados ao Centro de Diagnóstico por imagem do Hospital Veterinário da
34

Universidade Federal de Mato Grosso para a realização das imagens radiográficas.

Exame radiográfico

A projeção ventro dorsal é alcançada com o paciente posicionado em decúbito


dorsal sobre o chassi. Cabeça, asas e membros pélvicos, são estendidos na direção
cranial, lateral e caudal. A confirmação de que o posicionamento radiográfico está
correto é dada pela sobreposição do esterno com a coluna vertebral (LAVIN, 1994).
Já a projeção laterolateral, o pociente é posicionado em decúbito lateral direito.
Para evitar a sobreposição das estruturas ósseas na cavidade celomática, as asas
são estendidas dorsalmente e os membros pélvicos caudoventralmente. O
posicionamento estará correto se as articulações dos ombos e as articulações
coxofemurais estiverem sobrepostas (LAVIN, 1994).
O chassi foi inserido na digitalizadora Carestream Vita Flex, e as informações
armazenadas foram enviadas para a memória do computador. O sistema utilizado foi
o Carestream image suite.
Todos os exames radiográficos foram realizados respeitando-se as normas de
proteção radiológica.
A nomenclatura anatômica utilizada para a descrição do esqueleto destas aves
está de acordo com Nomina Anatômica Aviária (BAUMEL,1993).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A descrição anatômica do esqueleto de aves silvestres é escassa, de uma forma


geral a literatura traz a anatomia das aves referendendo ao galo doméstico, algo que
nem sempre é possível, devido a grande diversidade de espécies de aves brasileiras
(CHARUTA et.al, 2005). No entanto foram encontradas um pequeno número de
referências antigas, as quais descreveram de forma isolada os ossos de algumas
regiões do corpo de aves silvestres (BURT, et al.,1930).
Cavinatto et al., 2016, fizeram uma descrição anatômica dos esqueletos de
papagaios do gênero Amazona, sendo a única comparação encontrada em literatura
para a Família Psittacidae.
No presente estudo, para a realização das radiografias, foram feitos alguns testes
iniciais utilizando a técnica de 50Kv, a qual foi recomendado por Harcourt-Brown
35

(2001), porém está kilovoltagem foi excessiva, pois resultaram em radiografias com
as estruturas escurecidas, impedindo assim uma perfeita vizualização dos ossos.
Dessa maneira, após os testes, ficou determinado que as radiografias fossem feitas
com a utilização de 40Kv, em razão de que com essa técnica as estruturas ósseas
ficaram nítidas, permitindo assim uma identificação detalhada de todo o esqueleto das
aves estudadas tanto na projeção ventrodorsal (Fig. 1), quanto na projeção latero-
lateral (Fig.2). Sendo assim a técnica utilizada no presente estudo, foi de encontro
com a definida por Cavinatto et al. (2016), o qual também utilizou 40Kv para
radiografar papagaios do gênero Amazona.

FIGURA 1- Imagem radiográfica de corpo inteiro em projeção ventrodorsal de um exemplar de Ara


Ararauna. Os espécimes foram fixados diretamente em cassete com fita adesiva (setas cheias), sendo
possível observar: 1, úmero; 2, rádio; 3, ulna; 4, osso radial do carpo; 5, osso ulnar do carpo; 6,
primeiras falanges dos dígitos III e IV; 7, carpo-metacarpo; 8, falange proximal do dedo II; 9, dígito III;
10, falange distal do dedo II; 11, fêmur; 12, tibiotarso; 13, tarsometatarso; 14, dígito I; 15, dígito II; 16,
dígito III e 17, dígito IV.
36

FIGURA 2- Imagem radiográfica de corpo inteiro em projeção latero -lateral (B) de um exemplar de Ara
Ararauna. (B) padrão radioluscente da traqueia (seta fina), pnematização dos ossos longos torácicos e
pélvicos (ponta de seta), representa o padrão de normalidade da anatomia radiográfica para aves.

Nas radiografias específicas do crânio, algumas características anatômicas


específicas puderam ser observadas (Fig. 3).
37

FIGURA 3- Imagem radiográfica do crânio de um exemplar de Ara Ararauna em projeção latero-lateral,


onde foi possível observar: 1 pré maxilar; 2 abertura nasal; 3 órbita; 4 mandíbula; 5 maxilar; 6 osso
nasal.

Foi possível observar os globos oculares inseridos em grandes órbitas ósseas


(DYCE et al., 2010).
O crânio das espécies de araras estudadas puderam ser classificados como pró-
cinéticos, visto que apresentam liberdade de movimentos na porção rostral do mesmo
(ZUSI,2013), a região facial deste é formada principalmente pelos ossos nasais pré-
maxilares, os quais envolvem a abertura nasal. O osso nasal faz uma conexão
cartilaginosa flexível (articulação craniofacial) com o osso frontal, permitindo que o
pré-maxilar seja levantado (DYCE et al.,2010).
Para a descrição e análise detalhada do crânio, as radiográfias devem ser feitas
priorizando regiões, em razão de que existe fusão dos ossos do crânio das aves
durante o desenvolvimento das mesmas (SILVEIRA, 1999), dessa forma, no presente
trabalho, não foi feito um estudo amplo do mesmo.
38

FIGURA 4- Imagem radiográfica da região cervical de um exemplar de Ara Ararauna em projeção


ventro-dorsal, com 14 vértebras cervicais (entre as setas cheias).

No presente estudo, as análises radiográficas quanto ao número de vértebras


cervicais mostraram que as araras do gênero Ara, tanto a espécie Ararauna quanto a
Chlropterus, foram observadas 14 vértebras (Fig. 4), diferente da variação encontrada
por Cavinatto et al. 2016, o qual observou no estudo dos papagaios, uma variação de
11 e 12 vértebras cervicais, dentro do mesmo gênero Amazona.
O número de vértebras cervicais varia de acordo com o comprimento do pescoço,
sendo que em aves pequenas, podem-se encontrar apenas oito vértebras, enquanto
nos cisnes chegam a 25, em galos, o número pode variar de 14 a 17.
39

FIGURA 5- Imagem radiográfica em projeção ventro dorsal da região torácica de um exemplar de Ara
Ararauna, onde foi possível observar seis vértebras torácicas livres entre as setas, a clavícula (cl), o
osso coracóide (c), a escápula (e), 6 pares de costelas e o osso úmero (u).

Em todas as espécies analisadas no presente estudo foi constatada uma


presença de seis vértebras livres (T1 a T6) no seguimento torácico, sem variações
nas espécies (Fig.5).
Segundo Feduccia (1986), as aves podem apresentar uma variação de quatro a
seis vértebras torácicas. Vale resaltar que detalhes das vértebras torácicas são
difíceis de serem observados na projeção ventro-dorsal, uma vez que o osso esterno
e as víceras cavitárias geram sobreposições significativas. Sendo assim apenas foi
possível distinguir até mesmo as vértebras devido seus corpos serem proeminentes.
Já as radiografias da região lombosacral, faz-se necessário informar a
visualização das vértebras lombosacrais e primeira vértebra caudal (Fig.6). Ficou
evidente que a individualização das vértebras formadoras do sinsacro deve ser
criteriosa, pois o avançado processo de ossificação nas aves estudadas dificultou a
vizualização destas, problema que foi intensificado pelo sobreposição causada pelo
osso esterno e vísceras cavitárias.
40

Já as vértebras caudais livres puderam ser observadas nas radiografias em um


número fixo de 6 vértebras (Fig.6), enquanto o pigóstilo foram observadas somente
três vértebras fusionadas para a constituição do mesmo.
Foram identificadas nas espécies estudadas, sete pares de costelas, fato que
também foi observado por Cavinatto et al. (2016), no estudo anatômico descritivo dos
papagaios do gênero Amazona.
Na radiografia do membro pélvico ficou visível em todas as espécimes estudadas
que a pelve apresenta três ossos fusionados (ílio, ísquio e púbis) juntamente ao
sinsacro (Fig.6), o qual é chamado de cíngulo do membro pélvico (ARTONI et al.2001).

FIGURA 6- Imagem radiográfica em projeção ventro dorsal da região lombosacral e caudal de um


exemplar de Ara chloropterus, onde observa-se vértebras caudais livres (CL), o pigóstilo (P), os ossos
ílio (I), isquio (Is) e púbis (Pu) e também as fossas renais (*).

Observando a radiografias das asas das duas espécies de araras estudadas


(Fig. 7), foi possível verificar que o rádio é um osso estreito e muito delgado, já a ulna
é larga, com olécranos pouco desenvolvidos, sendo os dois praticamente do mesmo
comprimento e separados por espaço interósseo, diferenciando assim totalmente dos
41

mamíferos (NICKEL et al., 1977; O’MALLEY, 2005), fato este que também foi
observado por Cavinatto et al., 2016, nos papagaios estudados, diferenciando do
estudo do galo, onde foi observado que a ulna é mais longa que o rádio (DYCE et al.,
2010).

FIGURA 7- Imagem radiográfica em projeção ventro dorsal do membro torácico de um exemplar de Ara
Ararauna, onde é possível observar: articulação do cotovelo (Ac), espaço interósseo (*) entre o rádio
(r) e ulna (u), ossos radial (seta) e ulnar (cabeça de seta) do carpo, carpometacarpo I (1), II (2), III (3) e
dedos I (d1), II (d2) e III (d3).

Assim como observado por Cavinatto et al., 2016, no estudo anatômico descritivo
dos papagaios, cada fíbula também apresentou uma cabeça bem desenvolvida, que
se articula com o côndilo lateral do fêmur, e um estreito corpo, que se articulou nas
duas espécies analisadas com o terço proximal do corpo do tibiotarso (Fig. 8).
42

No estudo radiográfico dos dedos (Fig. 8), não foram observadas diferenças
entre as duas espécies de araras estudadas, ou seja todas apresentaram o dedo II
com três falanges, o dedo III com quatro falanges e o dedo IV com cinco falanges
(CAVINATTO et al., 2016).

FIGURA 8- Imagem radiografica em projeção crânio-caudal do osso tarsometa-tarso (TM) de um


exemplar de Ara Ararauna, onde foi possível observar três trócleas (setas), dígito (I), dígito (II), dígito
(III) e dígito (IV).

As duas espécies de araras estudadas foram caracterizadas como zigodáctilos


(ZHANG, 2006), devido os dedos II e III estarem alinhados paralelos e posicionados
cranialmente, enquanto os dedos I e IV, também paralelos, estão posicionados
caudalmente (Fig. 9). Segundo Zeffer et al. (2003), trata-se de uma característica
43

essecial para todos os psitacídeos, para que os mesmos fiquem presos de forma
segura aos galhos das árvores, melhorando também a estabilidade na busca de
alimentos.

CONCLUSÕES

O crânio das duas espécies de araras estudadas puderam ser classificados como
pró-cinéticos, em razão de possuir liberdade de movimentos em sua porção rostral.
A coluna vertebral foi formada por quatorze vértebras cervicais, seis vértebras
torácicas livres (T1 a T6), seis vértebras caudais livres e pelo pigóstilo (formado por
três vértebras caudais fusionadas).
A partir dos resultados, foi possível constatar a existência de pequenas variações
anatômicas, porém foi notório que o esqueleto apendicular torácico e pélvico das duas
espécies de araras estudadas são semelhantes ao observado para outros gêneros de
aves como o galo e os papagaios. É lamentável o fato de não ser possível comparar
com um número maior de aves da Família Psittacidae, pois a literatura referente à
anatomia dos psitacídeos é escassa.

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