MONOGRAFIA JuntasDilatacaoRevestimento

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

Universidade Federal de Ouro Preto


Escola de Minas – Departamento de Engenharia Civil
Curso de Graduação em Engenharia Civil

Nathália Bianchi Paladini

Juntas de dilatação em revestimentos de fachada – Estudo de caso: Prédio da Escola de


Minas/UFOP.

Ouro Preto

2015
Nathália Bianchi Paladini

Juntas de dilatação em revestimentos de fachada – Estudo de caso: Prédio da


Escola de Minas/UFOP.

Monografia apresentada ao Curso de


Engenharia Civil da Universidade Federal
de Ouro Preto como parte dos requisitos
para a obtenção do Grau de Engenheiro
Civil.

Orientador: Prof. Me. Geraldo Donizetti de Paula

Orientador: Prof. Me. Guilherme Jorge Brigolini Silva

Ouro Preto

2015
Agradeço primeiramente aos meus pais, Paulo e Rosa, pelo apoio e por sempre
estarem ao meu lado independentemente da dificuldade.

À minha filha Ana Carolina por ser a minha inspiração, por me fazer querer ser
sempre melhor.

Ao meu irmão pelo carinho e amizade.

À minha família por serem sempre presentes, não importando a distância.

Aos amigos, agradeço pelo companheirismo.

Agradeço aos meus mentores Geraldo Donizetti de Paula e Guilherme Jorge


Brigolini Silva pelo suporte acadêmico.

Agradeço à Universidade Federal de Ouro Preto, aos mestres e aos funcionários,


que sempre trabalharam arduamente para que eu pudesse ter a melhor formação.

Todo esse processo só se fez possível devido às pessoas que me apoiaram e me


acompanharam nessa jornada, de forma direta ou indireta.
RESUMO

Nessa monografia, foi feita uma revisão bibliográfica com a finalidade de analisar
as patologias recorrentes e as ações das quais, em revestimentos de fachada.
Foram feitas abordagens sobre os problemas mais comuns nas edificações,
aqueles que não permitem que o revestimento de fachada cumpra as funções
para as quais foi designado, sendo essas: impermeabilização, isolamento termo-
acústico, proteção contra os agentes deteriorantes, além de funções estéticas e
de valorização econômica. A parte conceitual dos sistemas de revestimentos de
fachada, junto à utilização de juntas de dilatação, foi especificada através de
explicações: das camadas de revestimento, das patologias, das placas cerâmicas,
das juntas de dilatação e das principais gerações de tensões na estrutura.

Em seguida foi apresentado um estudo de caso, em que foram analisadas


fachadas de revestimento cerâmico presentes no prédio da Escola de Minas.
Nesse estudo, foram apresentadas, através de fotos e análises, as patologias
presentes nessas estruturas e as possíveis causas desses problemas.

Por fim, foram apresentadas observações sobre possíveis causas das patologias
e a verificação de todas as fases da construção, principalmente na fase de
projeto, é de extrema importância para evitar problemas na estrutura. Portanto, a
sistematização das patologias permite o desenvolvimento de um programa que
auxilia a execução de projetos futuros.

PALAVRAS-CHAVE: Revestimento cerâmico; patologias; juntas de dilatação;


ABSTRACT

This paper presents a literature review in order to examine the conditions and
actions that cause them, in ceramic cladding. Approaches about the common
problems in buildings were made, those who do not allow the ceramic cladding to
fulfill the functions for which it was designated: waterproofing, thermo-acoustic
insulation, protection against spoilage agents as well as esthetic functions and
economic value. The concept of the front covering systems, by the use of
expansion joints is specified by explanations of: the coating layers, the
pathologies, ceramic plates, expansion joints and the main stress in the structure
generations.

Then it was presented a case study that analyzes front covering of ceramic tiles
present in the building of the Escola de Minas. In this study, were presented the
pathologies present in these structures and the possible causes of these
problems, through photos and reviews.

Finally, comments were made about possible causes of the conditions and the
verification that all construction phases are important to avoid problems in the
structure, mainly in the design phase. Therefore the systematization of pathologies
allows the development of a program that aims the implementation of future
projects.

KEYWORD: Ceramic tiles; pathologies; expansion joints;


Sumário
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 8
1.1. IMPORTÂNCIA DAS JUNTAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL ...................... 8
1.2. OBJETIVOS ............................................................................................ 10
1.3. ESTRUTURAÇÃO DA MONOGRAFIA .................................................. 10
2. REVESTIMENTO CERÂMICO ........................................................................................... 12
2.1. PATOLOGIAS ........................................................................................ 15
3. CAMADAS DE REVESTIMENTO ...................................................................................... 23
3.1. BASE ...................................................................................................... 24
3.2. CHAPISCO ............................................................................................. 26
3.3. EMBOÇO ................................................................................................ 26
3.4. CAMADA DE FIXAÇÃO ......................................................................... 27
3.5. CAMADA DE ACABAMENTO ............................................................... 29
4. REVESTIMENTO DE FACHADA ....................................................................................... 30
4.1. TENSÕES E MOVIMENTAÇÕES NOS REVESTIMENTOS DE
FACHADA ........................................................................................................ 30
4.1.1. VARIAÇÃO DE TEMPERATURA ...................................................................... 31
4.1.2. UMIDADE ............................................................................................................... 32
4.1.3. DEFORMAÇÕES DO SISTEMA ........................................................................ 33
4.1.4. VENTO .................................................................................................................... 35
4.2. PLACAS CERÂMICAS ........................................................................... 36
4.2.1. QUALIFICAÇÃO QUANTO A QUALIDADE DOS MATERIAIS ................... 37
5. JUNTAS DE DILATAÇÃO EM REVESTIMENTO DE FACHADA ............................... 44
5.1. PRINCIPAIS FUNÇÕES ......................................................................... 44
5.2. FUNCIONAMENTO DAS JUNTAS DE DILATAÇÃO............................. 45
5.3. CLASSIFICAÇÃO DAS JUNTAS DE DILATAÇÃO ............................... 46
5.3.1. JUNTA DE TRABALHO ...................................................................................... 46
5.3.2. JUNTA DE SUPERFÍCIE ..................................................................................... 47
5.3.3. JUNTA DE CONTORNO ..................................................................................... 47
5.3.4. JUNTA DE TRANSIÇÃO ..................................................................................... 48
5.3.5. JUNTA DE DESSOLIDARIZAÇÃO ................................................................... 48
5.4. JUNTAS DE DILATAÇÃO METÁLICAS ................................................ 49
5.5. EXECUÇÃO DAS JUNTAS DE DILATAÇÃO ........................................ 50
5.6. MEMBRANA IMPERMEABILIZANTE .................................................... 50
5.7. SELANTE ............................................................................................... 51
6. METODOLOGIA.................................................................................................................... 54
7. ESTUDO DE CASO: PRÉDIO DA ESCOLA DE MINAS/UFOP ................................... 56
7.1. FACHADA PRINCIPAL .......................................................................... 56
7.2. FACHADA LATERAL ............................................................................. 59
7.3. ESTRUTURA PRÓXIMA A BIBLIOTECA .............................................. 62
7.4. PORTARIA SECUNDÁRIA ..................................................................... 66
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 70
8.1. CONCLUSÃO ......................................................................................... 70
8.2. SUGESTÕES .......................................................................................... 70
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 72
8

1. INTRODUÇÃO

1.1. IMPORTÂNCIA DAS JUNTAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

O setor da construção civil tem sido citado, por muitos anos, devido ao
desperdício de materiais, sem se ater ao planejamento, detalhes de execução e a
industrialização de serviços. Devido a esses motivos, a área de edificações tem
passado uma evolução, motivada pelo contexto socioeconômico pelo qual está
passando.

Tal evolução tem feito com que as empresas busquem a conciliação entre a
qualidade do produto oferecido e o baixo custo de produção do mesmo. Com isso
se faz necessária a valorização da execução dos projetos, que além de otimizar
as atividades de execução, é a forma mais eficaz para diminuição do custo de
produção e de ocorrências de falhas no produto e no processo de produção.

O projeto do revestimento cerâmico de fachadas está deixando de ser somente


um objeto puramente arquitetônico e está se tornando fonte de estudo, em
conjunto com os demais itens do sistema, a partir da junção de informações
obtidas nos projetos: estrutural, de alvenaria, de esquadrias e impermeabilização.
Essa camada tem sido motivo de preocupação devido à representação de seu
custo, às patologias que são negativas tanto ao custo quanto à imagem da
construtora, além de colocar vidas em risco.

As juntas de dilatação são mecanismos que tem como finalidade a absorção das
tensões e deformações, apresentadas pelo sistema nos quais foram empregadas.
Segundo pesquisa feita por Timoche-Esquivel (2002) esse tipo de estrutura deve
apresentar eficácia quanto à impermeabilização, a fim de evitar problemas
recorrentes como destacamento do revestimento, fissuras e infiltrações em
fachadas. Sendo assim a manutenção estética da estrutura se mantém ao longo
de sua vida útil, e para tal os materiais que compõem as juntas são mais
suscetíveis ao desgaste que os demais elementos constituintes do sistema.

Basicamente, a junta de movimentação pode ser definida como uma separação


entre duas partes da estrutura, para que essas possam deformar-se livremente,
9

permitindo assim as movimentações da edificação, que de acordo com Ribeiro e


Barros (2010) podem ser causadas por: variação térmica, expansão hidráulica,
pelas vibrações do edifício (vento, cargas dinâmicas, vibrações externas como
carros) ou pela retração do revestimento. A aplicação de tal método está
representada pela figura 1.1.

Figura 1.1: aplicação de juntas de dilatação em fachadas. Fonte: galeria site


http://adonaiengenharia.com.br/.

Os países que dominam essa área fazem pesquisas do tema sob o ponto de vista
estrutural e de aumento da vida útil dos materiais, tratando tal dispositivo como
um sistema independente. No Brasil, ainda que recente, apresenta casos de
sucessos, assim como insucessos, no selamento de juntas (Ribeiro e Barros,
2010).

A normalização técnica existente para execução de revestimentos cerâmicos de


fachadas, NBR13755 (ABNT, 1996) apenas estabelece distâncias padronizadas
onde se localizam as juntas de movimentação, independentemente do estudo do
projeto no qual esse sistema será aplicado ou as condições às quais estará
submetido. Além de não haver nessa norma parâmetros para especificação e
dimensionamento das juntas.
10

Reconhecida a importância das juntas de movimentação e a falta de subsídios,


para a sistematização da especificação, projeto e técnica das mesmas, percebe-
se que os critérios que são tomados para a execução do projeto são: as
experiências individuais (Ribeiro e Barros, 2010).

1.2. OBJETIVOS

Essa monografia tem como objetivo geral atingir os seguintes resultados:

 Estudar as principais características de revestimentos de fachada,


apresentando informações relacionadas ao desempenho físico que quando
estudado contribui para a racionalização das manutenções;
 Analisar as patologias que mais ocorrem, a fim de utilizar o material que
melhor condiz com o tipo de movimentação que o sistema poderá sofrer;
 Apresentar o estudo de caso das juntas de dilatação empregadas nos
revestimentos de pastilhas, no prédio da Escola de Minas. Em que será feita uma
comparação entre a estrutura próxima à biblioteca, com as aplicadas na parte
construída recentemente. Sendo quatro fachadas a serem estudadas: portaria
principal, estrutura próxima a biblioteca, fachada lateral (próxima aos laboratórios)
e portaria secundária.

1.3. ESTRUTURAÇÃO DA MONOGRAFIA

Esta monografia é composta por oito capítulos, incluindo esse de introdução ao


tema a ser abordado.
No segundo capítulo, baseado na NBR13755 (ABNT, 1996), é feito uma
explicação do que é revestimento cerâmico: suas funções, a influência das
patologias e a origem das patologias. No subitem existente nesse capítulo é feita
a divisão dos tipos de patologias em quatro grupos existentes e as principais
patologias.
No capítulo terceiro, as teorias estão embasadas nas normas 13755 (ABNT,
1996), 13749 (ABNT, 1996) e 14081 (ABNT, 1998). Nesse capítulo é feita a
11

explicação do que são as camadas de revestimento e do que é constituída. Em


seus subitens é explicado cada elemento (base, substrato, camada de fixação e
camada de acabamento).
O quarto capítulo é baseado nas normas NBR13817 (ABNT, 1997) e NBR13818
(ABNT, 1997) e no livro “Juntas de movimentação em revestimentos cerâmicos de
fachadas”, das autoras Mercia Maria Semensato Bottera de Barros e Fabiana
Andrade Ribeiro. Nesse, o primeiro subitem executa um estudo sobre as tensões
e movimentações nos revestimentos de fachada e a forma como essas atuam
seguido da explicação das formas que agem, cada fonte de movimentação
(variação de temperatura, vento, umidade e deformações do sistema). No
segundo subitem é realizada uma classificação das placas cerâmicas e também
suas características.
No quinto capítulo, é desenvolvido a partir da explicação de juntas de dilatação,
baseada na NBR13755 (ABNT, 1996). A explicação do assunto é composta pelos
subitens que desenvolvem os seguintes assuntos: principais funções, forma de
funcionamento das juntas, classificação e juntas metálicas, selante e membrana
impermeabilizante.
No sexto capítulo é desenvolvida a metodologia utilizada para a realização dessa
monografia.
O estudo de caso é feito no sétimo capítulo, envolvendo quatro estruturas do
prédio da Escola de Minas (fachada principal, fachada lateral, biblioteca e
edificação mais recente).
No capítulo final, de número oito, são feitas as conclusões a respeito do trabalho
e do estudo de caso, além de sugestões para trabalhos futuros.
12

2. REVESTIMENTO CERÂMICO

A norma NBR 13755 (ABNT, 1996) define como revestimento: “conjunto de


camadas superpostas e intimamente ligadas, constituído pela estrutura suporte,
alvenarias, camadas sucessivas de argamassa e revestimento final, cuja função é
proteger a edificação da ação da chuva, umidade, agentes atmosféricos, desgaste
mecânico oriundo da ação conjunta do vento e partículas sólidas, bem como dar
acabamento estético.”

O revestimento cerâmico de fachada tem a função de complementação da


vedação vertical, juntamente com a alvenaria. Conseqüentemente o mesmo
promove a impermeabilização, isolamento termo-acústico e a proteção contra os
agentes deteriorantes, além de funções estéticas e de valorização econômica.

Figura 2.1: demonstração das camadas de revestimento. Fonte:


http://www.weber.com.br/fachadas.

As funções de revestimento, segundo Sabbatini e colaboradores (1990), são:

 Proteger a edificação: resistindo a ação direta de agentes agressivos, e


assim evitando a degradação precoce do sistema;
13

 Auxiliar as funções de vedação: proporcionando a estanqueidade da


estrutura, ao ar e a água, além de seu desempenho termo-acústico e contra a
ação do fogo;
 Acabamento: caracterização estética da estrutura, que por sua vez agrega
valor econômico;
 Integração a base: acomoda pequenas movimentações diferenciais entre a
alvenaria e a estrutura.

Devido a sua significante participação no custo final da obra, por ser uma das
principais causas de problema, por sua interferência na execução e no
planejamento, os revestimentos têm sido estudados mais a fundo com a
finalidade de reduzir futuras patologias (Barros, 1998).

Segundo a Comunidade da Construção (2003), em Porto Alegre, constatou-se


que em 19% das obras ocorrem retrabalho pelos seguintes fatores:

 41% correspondem a trincas e fissuras, representadas pela figura 2.2;


 26% pelos destacamentos, representados pela figura 2.3.

Que serão problemas recorrentes na edificação durante toda a sua vida útil.

Figura 2.2: trincas e fissuras em fachadas. Fonte: http://www.balbueno.com.br/.


14

Figura 2.3: destacamento de pastilhas. Fonte: http://www.fchconsultoria.com.br.

Sendo o primeiro elemento da estrutura, o revestimento está mais suscetível às


intempéries e variações do ambiente. Além das solicitações externas, o
revestimento tem que suportar as solicitações da base, a qual está aderido, que
são intrínsecas ao revestimento, como por exemplo: dilatação devido à variação
da umidade e da temperatura. Nesse tipo de revestimento, as juntas se fazem
necessárias na absorção das tensões devido às movimentações da estrutura,
bem como as causadas pela concentração e dilatação dos materiais constituintes
do sistema. Porém, nesse caso, as especificações de projeto e execução não são
específicas para cada caso. O que ocorre é que há valores padronizados que
estabelecem a distância em que as juntas serão executadas, sendo esses
apresentados pela NBR13755 (ABNT, 1996), que trata dos procedimentos de
execução de revestimentos com placas cerâmicas, mas que não diferem as
situações de aplicação ou grau de exposição. Essa ocorrência é causada por
procedimentos inadequados no processo construtivo, que gera uma alteração no
desempenho de algum componente ou elemento da edificação.

Para CAMPANTE (2001), as manifestações patológicas podem ser entendidas


como situações nas quais, em determinado momento da sua vida útil, deixam de
apresentar o desempenho esperado, ou seja, não mais cumprem funções para os
quais foram projetados, deixando de atender às necessidades do usuário.
15

As manifestações dos problemas patológicos ocorrem de diferentes formas e


diferentes origens, pois existe no processo construtivo uma grande complexidade
dos sistemas envolvidos. É preciso conhecer as características dos materiais,
suas adequações de uso, posicionamento correto das juntas, utilizar mão-de-obra
qualificada e prevenir o surgimento de manifestações patológicas.

Os problemas patológicos implicam a estrutura o comprometimento da segurança


e a habitabilidade, através da degradação, em curto espaço de tempo, podendo
comprometer o uso das edificações.

A tabela 2.1 demonstra as origens dos problemas patológicos:

ORIGENS DO PROBLEMA ÍNDICE


PROJETOS 60
CONSTRUÇÃO 26,4
EQUIPAMENTOS 2,1
OUTROS 11,5
TOTAL 100
Tabela 2.1: Índice percentual dos problemas de revestimento de fachada. Fonte:
Revista Téchne 14 (1995).

2.1. PATOLOGIAS

As patologias em revestimentos cerâmicos afetam notoriamente os aspectos:


estético, de proteção e de isolamento. Sendo assim, a finalidade, para a qual o
revestimento foi designado, não é cumprida de forma eficiente além de acarretar a
desvalorização do imóvel. Os tipos de patologias, segundo Roscoe (2008), estão
divididos em quatro grupos:

1. Congênitas: originarias da fase de projeto, ocorrem devido à falta de


observância quanto a normas técnicas, erros ou omissões profissionais,
acarretando falta de detalhamento e concepção dos revestimentos;
16

2. Construtivas: decorrente da fase de execução, resultante do emprego de


mão de obra não qualificada, material sem procedência e falta de metodologia
para a execução do assentamento das peças;
3. Adquiridas: são ocasionadas ao longo de sua vida útil, e estão relacionadas
a agressividade do meio em que estão inseridas e da falta de manutenção
adequada;
4. Acidentais: são caracterizados como conseqüência de uma solicitação
atípica, como por exemplo: chuvas e ventos de intensidades anormais, recalques
estruturais, incêndios, etc.

O planejamento das origens das patologias é de suma importância para a


melhoria do desempenho da estrutura, ou seja, permitir o aumento de sua vida
útil. Os itens abaixo explicam a ocorrência das principais patologias, baseado na
pesquisas feitas por Roscoe (2008):

 Descolamento: caracterizados pela perda de aderência das placas


cerâmicas em relação ao substrato (ou a argamassa colante), que ocorrem
quando as tensões aplicadas no revestimento ultrapassam a capacidade de
suporte das ligações entre placa e argamassa colante. Tal patologia tem como
primeiro sinal o som oco, quando percutida a placa cerâmica ou nas áreas que
apresentam estufamento da camada de acabamento. Esse problema está
representado pela figura 2.4.

Figura 2.4: descolamento de peças cerâmicas. Fonte: http://www.aecweb.com.br.


17

 Estufamento: pode ocorrer quando há uma retração ou compressão da


argamassa de assentamento (quando essa está muito espessa). Também ocorre
em casos em que a cerâmica apresenta elevado índice de expansão por
umidade, nesses casos esse índice se dá devido à capacidade reidratação de
seus minerais. Demonstrado na figura 2.5;

Figura 2.5: Ocorrência de estufamento. Fonte: Revista Construindo. Belo


Horizonte: EEUFMG, v. 4, n. 1, Jan/Jun. 2012.

 Manchas: podem ocorrer por problemas na produção do revestimento,


além de falta de impermeabilização da base. Tais problemas podem acarretar o
desenvolvimento de fungos, e conseqüentemente alterar o revestimento
esteticamente, formando manchas de tonalidades escuras e indesejáveis (preta,
marrom e verde) ou claras (esbranquiçadas e amareladas). Tal patologia está
relacionada a infiltrações que também estão ligadas aos destacamentos e
desagregações dos revestimentos. A penetração dessa água pode ter sido
ocasionada pela impermeabilização feita de forma errônea ou até mesmo a falta
da mesma. Exemplificado pela figura 2.6;
18

Figura 2.6: Manchamento de revestimento. Fonte: Ribeiro (2006).

 Esmagamento: sobrecargas de peso pós-assentamento podem provocar


compressão na camada superior da peça e ocasionar o esmagamento. Como
mostra a figura 2.7;

Figura 2.7: esmagamento do revestimento. Fonte: Silva e Abrantes (2007)

 Trincas e fissuras: podem ocorrer devido à retração e dilatação da peça


que pode estar ligada à variação térmica, de umidade, absorção excessiva de
19

deformações do sistema, ausência de detalhes construtivos ou pela retração da


argamassa convencional após a secagem. Apresentado na figura 2.8;

Figura 2.8: revestimento de fachada com trincas (fissuras). Fonte:


http://piniweb.pini.com.br/.

 Deterioração da juntas: esse problema, afeta não só a argamassa de


preenchimento das juntas de assentamento e de movimentação, mas também o
desempenho dos revestimentos cerâmicos como um todo. Caracterizado pela
perda de estanqueidade da junta e envelhecimento do material de preenchimento.
A perda de estanqueidade se dá devido aos procedimentos inadequados de
limpezas (uso de ácidos e bases concentrados), sendo que esses em conjunto
com a ação dos agentes atmosféricos agressivos ou movimentações mecânicas,
fazem com que ocorra a fissuração do revestimento, bem como infiltração de
água e possivelmente sua ruína. Tal patologia está demonstrada na figura 2.9;
20

Figura 2.9: deterioração das juntas. Fonte: Revista Téchne. São Paulo: PINI,
ed.116, nov. 2006.

 Gretamento: é caracterizado por aberturas de tamanho menor ou igual a 1


mm e que estão presentes em superfície esmaltada das placas, formando um
aspecto de teia de aranha. Essa patologia pode ser decorrente da expansão por
umidade, já que o esmalte da peça (material menos flexível) não absorve a
variação de tamanho da placa cerâmica. Então a camada esmaltada sofre
tensões progressivas de tração, sendo assim ocasionando a origem das fissuras
características do gretamento. Esquematizado na figura 2.10.

Figura 2.10: Gretamento da placa cerâmica. Fonte: Revista Construindo. Belo


Horizonte: EEUFMG, v. 4, n. 1, Jan/Jun. 2012.
21

 Eflorescência: caracterizado pelo aparecimento de formações salinas,


podendo ser esse pulverulento ou crostas não solúveis em água. De acordo com
Uemoto (1988), a eflorescência é considerada um dano a estrutura, seja pela
alteração visual ou por provocar degradações profundas. O fenômeno é resultado
da dissolução dos sais presentes na argamassa, nos componentes cerâmicos ou
provenientes de contaminações externas (transportados pela água, através dos
materiais porosos). Se durante esse processo houver o aumento da concentração
de sais, esses poderão entrar em cristalização e dar origem ao processo de
eflorescência. O local de seu aparecimento não é, necessariamente, seu local de
ocorrência, já que há o transporte de material pela água. As formas de
apresentação da eflorescência estão demonstradas na tabela 2.2 e na figura 2.11.

Figura 2.11: eflorescência presente no revestimento de fachada cerâmico. Fonte:


http://oazulejista.blogspot.com.br/.
22

TIPO LOCAIS DE FORMAÇÃO CAUSAS PROVÁVEIS REPAROS


Pó branco  Superfície de concreto  Sais solúveis presentes  Eliminação da
pulverulento aparente; nos materiais: água de fonte de umidade;
solúvel em água.  Superfícies de alvenaria assentamento,  Em superfície
revestida; agregados ou externa aguardas
 Juntas de pisos aglomerantes; a eliminação dos
cerâmicos ou azulejos;  Sais solúveis presentes sais pela ação da
 Regiões próximas a nos materiais chuva;
caixilhos mal vedados; cerâmicos;  Lavagem com
 Superfícies de ladrilhos  Sais solúveis presentes água;
não esmaltados. no solo;  Escovamento;
 Reação atmosférica;  Limpeza com
 Reação entre ácido clorídrico
compostos do cimento 10%.
e da cerâmica.
Depósito branco  Juntas das alvenarias  Carbonatação da cal  Eliminação da
com aspecto de assentadas com liberada na hidratação percolação da
escorrimento, argamassa; do cimento; água;
muito aderente e  Superfície de concreto  Carbonatação da cal  Lavagem com
pouco solúvel ou revestimento com constituinte da ácido clorídrico a
em água. argamassa; argamassa. 10%;
 Superfícies de  Escovamento
componentes próximos mecânico se
a elementos de necessário.
alvenaria ou concreto.
Depósito branco,  Em fissuras  Expansão devido a  Esperar a
solúvel em água, eventualmente hidratação do sulfato de estabilização
com efeito de presentes nas juntas cálcio existente no tijolo antes de efetuar
expansão. das alvenarias; ou reação dos reparos;
 Nas juntas de compostos do tijolo e do  Reparar com uso
argamassa das cimento; de cimento isento
alvenarias;  Formação do sal de sulfatos.
 Em regiões da alvenaria expansivo por ação do
muito expostas à ação sulfato do meio.
da chuva.
Tabela 2.2: formas de manifestações da eflorescência. Fonte: Roscoe (2008).
23

3. CAMADAS DE REVESTIMENTO

Segundo a NBR13755 (1996), revestimento externo é o “conjunto de camadas


superpostas e intimamente ligadas, constituído pela estrutura suporte, alvenarias,
camadas sucessivas de argamassas e revestimento final, cuja função é proteger
a edificação da ação da chuva, umidade, agentes atmosféricos, desgaste
mecânico oriundo da ação conjunta do vento e partículas sólidas, bem como dar
acabamento estético”. A tabela 3.1 apresenta os materiais relacionados a suas
respectivas camadas. E a figura 3.1 faz uma demonstração das camadas de
revestimento, que serão explicados nos itens subseqüentes.

MATERIAIS CONSTITUINTES DENOMINAÇÃO DA CAMADA

Concreto armado
Alvenaria de blocos cerâmicos
Alvenaria de blocos de concreto BASE OU SUPORTE
Alvenaria de blocos de concreto celular
Alvenaria de blocos sílico-calcários
Argamassa de cimento e areia, podendo ou não PREPARAÇÃO DA BASE (CAMADA DE
conter adesivos (chapisco) REGULARIZAÇÃO)
Argamassa de cimento, areia e/ou outro agregado
SUBSTRATO (CAMADA DE
fino, com adição de um ou mais aditivos finos
REGULARIZAÇÃO)
(emboço)
Argamassa adesiva ou colante, à base de cimento,
areia e/ou outros agregados finos, inertes não ASSENTAMENTO OU FIXAÇÃO
reativos com a adição de um ou mais aditivos (CAMADA DE FIXAÇÃO)
químicos

Placa cerâmica

Argamassa de rejunte à base de cimento, areia CERÂMICA (CAMADA DE ACABAMENTO)


e/ou outros agregados finos, inertes não reativos,
com adição de um ou mais aditivos químicos
Tabela 3.1: “Materiais constituintes das camadas do revestimento cerâmico de
fachada”. Fonte: Roscoe (2008).
24

Figura 3.1: detalhamento do revestimento. Fonte: Roscoe (2008).

3.1. BASE

Como descrito na tabela 3.1, a base é composta por blocos, sendo esses de
concreto ou cerâmicos, e elementos estruturais (como por exemplo: vigas e
pilares). O desempenho de tal estrutura depende da rugosidade e da capacidade
de absorção de água, assim como da presença de materiais contaminantes. A
importância de tais características se dá devidos aos seguintes fatores (Roscoe,
2008):

 Absorção de água: sua importância se dá devido a quantidade de água que


será perdida tanto para a base, quanto para o ambiente, durante a execução da
argamassa do emboço;
 Rugosidade: quanto mais rugosa a superfície da base, maior sua
resistência a aderência.
25

A base influi diretamente no desempenho do revestimento, mesmo não sendo


considerada parte desse sistema, por isso suas movimentações e potencial de
fissuração devem ser levados em consideração na elaboração do projeto.

Quando submetida a esforços que resultam em deformações significativas (como


por exemplo: balanços, platibandas e pavimentos elevadiços), deve-se utilizar tela
metálica, plástica, ou de material semelhante na junção dos materiais (concreto e
alvenaria). Ou seja, haverá a separação dos revestimentos aplicados sobre os
dois materiais, fazendo com que cada parte se movimente independentemente. A
utilização dessa tela é mostrada pelo item 3.1 da figura 3.2.

Figura 3.2: demonstração das camadas de revestimento de fachada. Fonte:


http://equipedeobra.pini.com.br/.
26

3.2. CHAPISCO

Formado por argamassa básica de cimento e areia grossa, bastante fluída, que
aplicada sobre as superfícies previamente umedecidas tem a propriedade de
produzir um véu impermeabilizante, além de criar um substrato que permite maior
ancoragem do emboço em relação à base. O mesmo como descrito na tabela 3.1
é considerado uma preparação para a base.
A NBR13755 (ABNT, 1996b) define o traço como sendo 1:3, de forma fluida, em
volume de cimento e areia grossa lavada.

3.3. EMBOÇO

Tem como finalidade a obtenção de uma superfície apta para aplicação das
placas cerâmicas. Além de regularizar, também contribui com a estanqueidade da
fachada e a absorção e dissipação das tensões oriundas das movimentações da
base (Ribeiro e Barros, 2010).

Para que essa camada se adéqüe as suas funções, sem destacamento ou


fissuração no conjunto, a mesma deverá apresentar elevada capacidade de
absorção das deformações mantendo-se íntegra e com resistência de aderência à
base.

Primordialmente, essa camada é constituída de argamassa de base cimentícia e


deve apresentar, de acordo com a NBR13749 (1996):

 Compatibilidade com o acabamento decorativo;


 Rugosidade baixa e uniforme;
 Ausência de imperfeições;
 Espessura entre 20 e 30 milímetros.
27

3.4. CAMADA DE FIXAÇÃO

Responsável pela aderência entre as placas e o emboço, essa deve apresentar


resistência às tensões de tração e cisalhamento que ocorrem na interface. Por
estar localizada entre o emboço e as placas cerâmicas, sua aderência às duas
camadas deve ser adequada às solicitações e aos esforços aos quais a estrutura
será submetida. Sendo assim, se as tensões superarem o limite de resistência
dessa camada de fixação do emboço (Ribeiro e Barros, 2010).

O processo de fixação pode ocorrer das seguintes formas:

 Aderência mecânica: em que ocorre a ancoragem da pasta de cimento nos


poros do emboço e da placa cerâmica;
 Aderência química: o processo de adesão ocorre devido às forças
eletrostáticas entre as moléculas do adesivo e dos materiais a serem fixados;
 Aderência por ambos.

Segundo Tile Council of America (TCA, 2008), os materiais indicados para a


camada de fixação são: argamassas de areia e cimento, argamassas colantes de
cimento, argamassas colantes cimentícias modificadas com látex ou resinas em
pó. Em casos especiais, devido ao elevado preço e a necessidade de mão-de-
obra extremamente qualificada, esse órgão também indica argamassas e
adesivos epóxicos, além de argamassas de resina furânica que conferem
resistência química e cura rápida, não obtidas nas argamassas cimentícias.

Segundo a NBR14081 (1998), as argamassas colantes industrializadas são


definidas de acordo com a tabela 3.2.
28

TIPO DE DESIGNAÇÃO
ARGAMASSA NORMALIZADA DEFINIÇÕES

Resistência às solicitações mecânicas e


termoigrométricas típicas de revestimentos
internos.
AC-I Interior
Obs.: com exceção daqueles aplicados em
saunas, churrasqueiras, estufas e outros
revestimentos especiais.
Com características de adesividade que
permitem absorver os esforços existentes
em revestimentos de pisos e paredes
externas decorrentes de ciclos de
flutuação térmica e higrométrica, da ação
AC-II Exterior
da chuva e/ou vento, da ação de cargas
como as decorrentes do movimento de
pedestres em áreas públicas e de
máquinas ou equipamentos leves sobre
rodízios não metálicos.
Apresenta propriedades de modo a resistir
a altas tensões de cisalhamento nas
interfaces substrato/adesivo e
AC-III Alta Resistência
placa/cerâmica, juntamente com uma
aderência superior entre interfaces em
relação às argamassas do tipo I e II.
Similar a AC-III, com tempo em aberto
AC-III-E Especial
estendido.
Tabela 3.2: Argamassas colantes de acordo com suas definições. Fonte:
NBR14081 (1998a).
29

3.5. CAMADA DE ACABAMENTO

A camada de acabamento é representada, em revestimentos decorativos, pelas


placas cerâmicas, as juntas entre elas e o preenchimento feito por rejunte. As
quais apresentam as seguintes características (Ribeiro e Barros, 2010):

 Placas cerâmicas: obtidas a partir de material cerâmico apresentam


características como aspecto superficial, teor de absorção de água, resistência
mecânica (ex.: módulo de resistência a flexão, carga de ruptura, resistência a
abrasão, resistência ao risco), estabilidade química e física (ex.: expansão por
umidade, resistência a água e fogo, resistência ao manchamento e ao ataque
químico);
 Juntas de assentamento: localizadas entre placas adjacentes de um
revestimento, e assim chamadas por resultarem do processo de assentamento
dos componentes e que posteriormente são preenchidas por rejunte (Sabbatini et
al, 1990; Junginger, 2003). Tem por características: o alivio de tensões (reduzindo
o módulo de elasticidade dos planos de revestimento, aumentando assim a
capacidade de absorção de deformações) e a otimização da aderência das placas
cerâmicas (o contato do rejunte com o fundo da placa aumenta a área de contato
das placas com emboço).
30

4. REVESTIMENTO DE FACHADA

4.1. TENSÕES E MOVIMENTAÇÕES NOS REVESTIMENTOS DE FACHADA

Segundo a BS 5385 (BSI, 1991), norma referente a aplicação de cerâmica em


ambientes externos, os movimentos nas camadas de revestimento são
ocasionados principalmente pela variação de temperatura, umidade e o vento e
também por aqueles decorrentes da deformação da base à qual o revestimento
está aplicado. Esses efeitos variáveis dos revestimentos podem originar tanto
tensões de compressão como de tração, que conseqüentemente originam
tensões de cisalhamento na interface das camadas do sistema. As tensões de
cisalhamento também podem ser dar a partir do surgimento de tensões de
compressão na camada de acabamento, originada pela expansão das placas,
seja essa dada por umidade, variação de temperatura, encurtamento ou deflexão
dos elementos do sistema (Ribeiro e Barros, 2010).

Por ser o elemento que recobre a edificação, é também o primeiro a sofrer ações
de agentes agressivos ou oriundas da própria utilização, citadas a baixo:

 Movimentação higroscópica do revestimento e da base: que é um


fenômeno que tem sua origem no deslocamento da água, umidade interior e de
mecanismos de transportes;
 Movimentação térmica do revestimento e da base: se da em função das
variações da temperatura do ambiente e da radiação solar, e cuja a amplitude
depende do coeficiente de dilatação térmica da argamassa;
 Incidência de chuvas, ventos e insolação.

Os fatores que acarretam as movimentações e tensões nos revestimentos de


fachada serão citados e explicados nos itens a seguir.
31

4.1.1. VARIAÇÃO DE TEMPERATURA

A variação de temperatura implica à estrutura uma variação em suas dimensões,


sendo na forma de expansão das camadas quando há aumento da temperatura, e
retração quando reduz.

Por se tratar de movimentos rígidos, introduzem tensões de compressão, tração e


cisalhamento entre a camada de revestimento e o substrato. Por essa variação de
temperatura se dar de forma cíclica, os problemas ocasionados por essa também
são, fazendo com que as ligações fadiguem ocasionando a perda de aderência.
Além de o sistema estar em constante exposição à ação da variação de
temperatura, esse se movimenta em maior ou menor grau de acordo com as
propriedades físicas dos materiais constituintes e a com a intensidade da variação
de temperatura à qual estão sujeitas. A variação linear que cada camada de
revestimento está submetida em função da temperatura pode ser obtida pela
equação (Ribeiro e Barros, 2010):

∆𝐿𝑥 = 𝐿 ∗ ∆𝑇 ∗ 𝛼𝑥 (4.1)

Em que:

∆𝐿𝑥: variação dimensional linear (mm);

L: distância entre as juntas (mm);

∆𝑇: variação entre as temperaturas máxima e mínima no período de tempo


considerado (°C);

𝛼𝑥: coeficiente de dilatação térmica linear (mm/mm/°C).

Portanto, (Ribeiro e Barros, 2010) quando se chega à conclusão de que a


dilatação térmica do revestimento será elevada, deve-se estudar a aplicação de
argamassas mais flexíveis e a especificação das juntas de movimentação. A
32

tensão aplicada a cada camada, devido a variação de temperatura, é


equacionada através da lei de Hooke. Tal análise leva em consideração os
materiais trabalhando na sua faixa elástica. Ao aplicar a variação de temperatura
a formula fica:

𝜎 =𝐸∗𝜀 (4.2)

Considerando que:

𝜀 = 𝛼 ∗ ∆𝑇 (4.3)

Substituindo a uma equação na outra tem-se que:

𝜎 = 𝐸 ∗ 𝛼 ∗ ∆𝑇 (4.4)

4.1.2. UMIDADE

As camadas de revestimento apresentam diversas magnitudes de contração, de


acordo com as características de cada material, quando há uma perda de água no
sistema. A movimentação higroscópica, dos itens da estrutura, pode ser
caracterizada, de acordo com as autoras Ribeiro e Barros (2010), como:

 Irreversível: em que a redução volumétrica ocorre na secagem do material,


logo após a sua fabricação úmida. Essa contração não recupera as dimensões
iniciais ao serem novamente saturadas, tanto nos materiais de origem cimentícia,
quanto cerâmica;
33

 Reversível: é a movimentação higroscópica nos materiais, que ocorre após


a secagem. Em que o material cerâmico, após sua secagem, mantém uma
parcela de retração e expansão, sendo essa reversível.
Segundo Selmo (1989) a parcela irreversível de retração gera tensões internas de
tração na argamassa e de cisalhamento na interface argamassa/substrato,
ocasionando fissuração da camada de revestimento, uma vez que a curta idade
da estrutura apresenta menor resistência mecânica da camada.

4.1.3. DEFORMAÇÕES DO SISTEMA

Os movimentos estruturais estão relacionados com a retração e fluência do


concreto devido às cargas do vento, além das térmicas e higroscópicas. Sendo
que esses movimentos ocorrem em função das características geométricas e de
produção dos elementos. Os fatores que influenciam as deformações estruturais
são classificados pela NBR6118 (ABNT, 2003), como:

 Permanentes: são as cargas que agem durante toda a vida útil da


estrutura, podendo ser permanente ou crescente ao longo do tempo. Dentro das
cargas permanentes, há a divisão entre ações diretas, devido ao peso próprio da
estrutura; e indiretas impostas pela retração e fluência do concreto;
 Variáveis: as ações das cargas acidentais, da ação do vento e da chuva
caracterizam as cargas variáveis uniformes e não-uniformes de temperatura e
pelas ações dinâmicas.
 Excepcionais: são situações incomuns de carregamento, em que não há
controle. Por exemplo: choques e vibrações.

Apesar de ocorrer lentamente e ser relativamente pequena, pode comprometer a


aderência das placas cerâmicas, pois se dá depois de as placas cerâmicas terem
sido assentadas (Fiorito,1999). O deslocamento máximo, permitido pela norma
NBR6118 (ABNT, 2003), é de 10 mm já que há possibilidade de colapso da
alvenaria. Segundo Metha e Monteiro (1994), a deformação da estrutura é
restringida pela mesma e não ocorre completamente. Há um desenvolvimento de
34

tensões no painel de vedação que podem causar fissuração. A adoção de


medidas corretas para cada tipo de estrutura minimiza as deformações
permanentes.

TIPO DE RAZÃO DA DESLOCAMENTO DESLOCAMENTO


EFEITO LIMITAÇÃO EXEMPLO A CONSIDERAR LIMITE

alvenaria,
Após a construção 𝑙/500¹ ou 10mm
esquadrias e
da parede ou θ = 0,0017 rad²
revestimentos

Efeito em Provocado pela


Movimento
elementos ação do vento para H/1.700 ou Hi/850³
Paredes lateral em
não combinação entre pavimentos4
edifícios
estruturais freqüente

Movimentos Provocado por


𝑙/4005 ou 15 mm
térmicos diferença de
verticais temperatura

Tabela 4.1: limites para deslocamentos da estrutura. Fonte: NBR 6118 (ABNT,
2003).

Notas da tabela 4.1:

1) o vão L deve ser tomado na direção na qual a parede ou a divisória se desenvolve;


2) rotação nos elementos que suportam paredes; 3) H é a altura total do edifício e Hi
é o desnível entre dois pavimentos adjacentes; 4) Esse limite se aplica ao
deslocamento lateral entre dois pavimentos consecutivos, que se deve à atuação de
ações horizontais. Não devem ser incluídos os deslocamentos ocasionados pelas
deformações axiais nos pilares. O limite também aplica para o deslocamento vertical
35

relativo das extremidades de lintéis conectados a duas paredes de contraventamento,


quando H, representa o comprimento do lintel; 5) o valor L refere-se à distância entre
o pilar externo e o primeiro pilar interno.

4.1.4. VENTO

As ações dinâmicas também atingem as estruturas, como a ação do vento,


cargas acidentais, choques e vibrações no concreto. Tais ações devem ser
avaliadas previamente no projeto do revestimento, pois nessa camada os maiores
números de patologias ocorrem na fase de utilização da edificação, depois da
aplicação do revestimento (Ribeiro e Barros, 2010).

É dito por Salvadori (2002) que a pressão que o vento implica à estrutura
promove uma ligeira curvatura do sistema. Quanto mais alto o edifício, mais
significativa essa curvatura é, não pode ser visto ou sentido, mas gera tensões de
tração, deformação e cisalhamento entre as camadas de revestimento por causa
da flexão das fachadas.

Sendo assim, o profissional deverá avaliar as deformações previstas para o


edifício, quanto aos efeitos do vento. Caso o efeito seja significativo, se faz
necessário o emprego de juntas de movimentações horizontais em cada
pavimento do edifício.

Na figura 4.1 está demonstrada a atuação do vento na estrutura, além da forma


que a estrutura se movimenta ao sofrer tal tensão.
36

Figura 4.1: demonstração da movimentação de uma estrutura submetida à ação


do vento. Fonte: Ribeiro e Barros (2010).

4.2. PLACAS CERÂMICAS

O revestimento cerâmico tem sido utilizado desde a antiguidade para revestir


pisos e paredes. Sendo sua grande vantagem de utilização as seguintes
características: a durabilidade, facilidade de limpeza, além do aspecto estético
agradável. A baixa recorrência ou a ausência de patologias (como
destacamentos) se dá devido à execução correta de seu assentamento.
37

São placas finas de material cerâmico, tradicionalmente obtido de misturas de


argila, areia e outras substâncias naturais. Depois de misturados,
apropriadamente, tem seu formato produzido de forma específica e queimados à
alta temperatura (entre 1000ºC e 1250ºC), conferindo ao material suas
características como dureza, resistência mecânica e estabilidade química e física
(como resistência à água, ao fogo e substâncias químicas), de acordo com
Timellini e Palmonari (2004).

Tais materiais são constituintes de : azulejos, pastilhas, porcelanatos, lajotas,


pisos, etc. Como citado e explicado anteriormente a execução de um
revestimento cerâmico de fachada se dá nas camadas: base, emboço, camada de
fixação e camada de revestimento (placas cerâmicas e juntas de movimentação).
A norma NBR 13817 (ABNT, 1997) faz a classificação das placas cerâmicas para
revestimentos, promovendo corretamente a especificação para o seu uso. A
classificação de placas cerâmicas se dá segundo os seguintes critérios:
Esmaltadas e não-esmaltadas; Métodos de fabricação (exemplo: prensado,
extrudado, etc.); Grupos de absorção de água; Classes de resistência à abrasão
superficial; Classes de resistência ao manchamento; Classes de resistência ao
ataque de agentes químicos; Aspecto superficial ou análise visual.

4.2.1. QUALIFICAÇÃO QUANTO A QUALIDADE DOS MATERIAIS

A NBR 13818 (ABNT, 1997) tem por finalidade a definição de características


necessárias para fabricação, marcação, declarações em catálogos, recebimento,
inspeção, amostragem, ensaios opcionais complementares, métodos de ensaios
e aceitação de placas cerâmicas. Tal norma se aplica a peças de dimensões
inferiores a 7,5 cm x 7,5 cm. A mesma também qualifica as características do
material, sendo os principais citados nos itens que seguem:

1- Esmaltadas e não-esmaltadas: também conhecidas pelo termo vidrado, em


que o material aplicado sobre a cerâmica se assemelha a esse material. O
esquema estrutural de cada tipo está demonstrado na figura 4.2.
38

Figura 4.2: esquematização das placas cerâmicas esmaltadas e não-esmaltadas.


Fonte: http://www.iau.usp.br/.

2- Métodos de fabricação:
 Placas cerâmicas extrudadas (A): que podem ser dividas em tipo precisão
e tipo artesanal. No tipo precisão a necessidade de cumprir exigências é maior e
as imperfeições são menores, quando comparado ao tipo artesanal;
 Placas cerâmicas prensadas (B);
 Placas cerâmicas produzidas por outros processos (C).

3- Análise visual: Segundo a NBR 13817 (ABNT, 1997), uma boa qualificação
de placas se dá quando um número de peças examinadas, não apresentar
defeitos visíveis a uma distância padrão (definida no anexo A da NBR 13818), for
igual ou superior a 95%.
No anexo A da NBR 13818, toma-se como amostra uma metragem de 2m² ou um
mínimo de 30 peças. Deve então instalar o painel formando um ângulo de 70º +\-
5º com o com o plano horizontal. Ilumina-se então o centro da placa com uma
quantidade de 300 +\- 30 lux. O observador deve ficar a 1m do painel, em pé, de
modo que seu ponto de visualização fique de frente ao centro do painel. Ao
examinar as placas deve-se observar: rachaduras, falhas ocorridas pela falha do
vidrado, depressões, crateras, bolhas, furos, pintas, manchas, entre outras
características citadas nessa norma. Faz-se então a porcentagem, dividindo o
número de placas sem defeitos aparentes pelo numero total de placas
observadas. Caso o número seja menor que 95%, dobra-se o número da amostra.
39

4- Grupos de absorção de água: A especificação quanto à absorção de água


é feita conforme a tabela 4.3. Na tabela 4.4 tem-se a classificação quanto às
tabelas de especificação da NBR 13818 (ABNT,1997), utiliza-se um código de
acordo com sua forma de fabricação sendo ela: A, B ou C.
Para tal classificação são necessárias 10 peças. Seca-se o corpo-de-prova em
estufa até que a massa seja constante (ou seja, a variação de sucessivas
pesagens é menor que 0,1%). Então resfriar os corpos-de-prova em sílica-gel,
quando atingir a temperatura ambiente, determina-se a massa M₁ de todos. Tem
então a exatidão dada pela tabela 4.2.

MASSA DA PLACA (m) EXATIDÃO DE PESAGEM

50 < m ≤ 100 0,001

100 < m ≤ 500 0,05

500 < m ≤ 1000 0,10

1000 < m ≤ 3000 0,30

M > 3000 1,00


Tabela 4.2: exatidão de pesagem (unidades de medidas em gramas). Fonte:
NBR13818 (ABNT, 1997).

Imergir então os corpos-de-prova, verticalmente, sem que entrem em contato


entre si de forma que o nível de água fique 5 cm acima das placas. Manter o nível
de água, enquanto ferve a água à ponto de ebulição durante 2 horas.
Colocar os corpos em água corrente à temperatura ambiente, até que entrem em
equilíbrio. Com uma camurça, ligeiramente umedecida, enxuga-se a superfície
das placas e em seguida pesá-las (achando a massa M₂). A conta feita para achar
o coeficiente de absorção de água (Abs) é:

𝑀₂−𝑀₁
𝐴𝑏𝑠 = . 100 (4.5)
𝑀
40

GRUPOS ABSORÇÃO DE ÁGUA (%)

Ia 0 < Abs ≤ 0,5


Ib 0,5 < Abs ≤ 3,0

IIa 3,0 < Abs ≤ 6,0


IIb 6,0 < Abs ≤10,0
III Abs acima de 10,0
Tabela 4.3: grupos de classificação quanto à absorção de água. Fonte: NBR
13817 (ABNT, 1997).

ABSORÇÃO
MÉTODOS DE FABRICAÇÃO
DE ÁGUA
(%) EXTRUDADA (A) PRENSADO (B) OUTROS (C)

Abs ≤ 0,5 Bia


AI CI
0,5 < Abs ≤ 3 BIb

3 < Abs ≤ 6 AIIa BIIa CIIa

6 < Abs ≤ 10 AIIb BIIb CIIb

Abs > 10 AIII BIII CIII

Tabela 4.4: classificação quanto ao método de fabricação. Fonte: NBR 13817


(ABNT, 1997).

5- Resistência a abrasão superficial: Desgaste causado pela abrasão em


função do atrito causado por outros materiais, contendo sujeira abrasiva (como
areia e terra), em contato com a superfície esmaltada. A especificação do ensaio
dessa resistência pela norma NBR 13818 (ABNT, 1997) e seus valores estão
representados na tabela 4.5.
41

Estágio de abrasão
Classe de abrasão
Número de ciclos para visualização
100 0
150 1
600 2
750, 1500 3
2100, 6000, 12000 4
>12000 5¹

¹) caso não haja desgaste visual a 12000 ciclos, com como caso as manchas não possam ser
removidas por qualquer um dos procedimentos listados no anexo G, os pisos devem ser
classificados como grupo 4. A classe PEI 5 abrange simultaneamente a resistência à abrasão a
12000 ciclos e a resistência ao manchamento após abrasão.

Tabela 4.5: estágios de abrasão. Fonte: NBR13818 (ABNT, 1997).

6- Classes de resistência ao ataque de agentes químicos: na NBR 13818


(ABNT, 1997) está presente a descrição do ensaio de resistência a agentes
químicos, que leva a sua devida classificação. Como resultado desses, foi
possível chegar a um esquema e uma tabela, presentes nessa mesma norma,
facilitando suas respectivas classificações. A primeira letra faz referência quanto
ao tipo de placa G ou U (esmaltada ou não-esmaltada). Na seqüência a
concentração H ou L (alta ou baixa concentração, respectivamente). Por último a
classe de resistência química A, B ou C (alta, média e baixa, respectivamente),
que está explicada pela figura 4.3. Na tabela 4.6 estão apresentadas as classes
dos reagentes, os tipos de agentes agressivos nesses presentes e o tempo de
ataque previsto para cada elemento (tempo esse que será obedecido no ensaio
de resistência a agentes químicos).
42

Classes de reagentes Agentes agressivos Tempo de ataque (h)


Produtos químicos Cloreto de amônia,
domésticos produtos de limpeza 24
Produtos para
tratamento de água de
piscina Hipoclorito de sódio 24
Ácido e álcalis de baixa
concentração e alta
concentração Ácido cítrico 24
Ácido clorídrico e
hidróxido de potássio 96
Tabela 4.6: tempo previsto ao ataque de acordo com cada elemento químico.
Fonte: NBR 13818 (1997).

ATAQUE QUÍMICO

EFEITOS NÃO VISÍVEIS EXAME EFEITOS VISÍVEIS


VISUAL

ENSAIO NÃO REMOVIDO EFEITOS FOSCO

DO VISÍVEIS

LÁPIS

LAPIS
REMOVIDO REFLEXÃO

REFLEXÃO NÍTIDA ENSAIO DE EMBAÇADA

REFLEXÃO

CLASSE
CLASSE CLASSE
A
B C

Figura 4.3: esquema referente à classificação das classes de resistência. Fonte:


NBR13818 (ABNT, 1997).
43

7- Classes de resistência ao manchamento: tal classificação se faz de acordo


com a facilidade de limpeza e o material detergente utilizado para remover a
mesma, sendo 1 de mais difícil remoção e 5 maior facilidade de remoção. A
classificação varia de 1 a 5, sendo elas apresentadas na tabela 4.7:

CLASSE PRODUTO DETERGENTE


mancha removível com ácido clorídrico,
1 hidróxido de potássio e tricloroetileno
mancha removível com ácido clorídrico,
2 hidróxido de potássio e tricloroetileno
mancha removível com produto de
3 limpeza forte
mancha removível com produto de
4 limpeza fraco
máxima facilidade de remoção de
5 mancha
Tabela 4.7: classes de resistência ao manchamento. Fonte: NBR13818
(ABNT,1997)
44

5. JUNTAS DE DILATAÇÃO EM REVESTIMENTO DE FACHADA

As juntas de dilatação podem ser definidas como a separação entre duas partes
de uma estrutura para que essas possam movimentar-se, sem que haja a
transmissão de esforços. Normalmente as juntas são reconhecidas blocos de um
prédio, entre lances de uma ponte, separando placas de pavimentação, etc.
Entretanto em revestimentos de fachada, as juntas estão localizadas entres as
pastilhas (Ribeiro e Barros, 2010).
A principal função das juntas nos revestimento é, portanto, minimizar a
propagação de esforços neles atuantes, resultantes da movimentação dos
elementos conectados e das ações do meio ambiente (variação de temperatura,
umidade, etc.).
Segundo a NBR13755 (ABNT, 1996) sua utilização deve ser feita verticalmente a
cada 3 metros, ou a cada pé-direito, na região de encunhamento da alvenaria. E
horizontalmente recomenda-se sua aplicação a cada 6 metros.
A falta da aplicação dessa técnica pode ocasionar sérios danos à estrutura, como
o aparecimento de fissuras e destacamentos de partes da estrutura.

5.1. PRINCIPAIS FUNÇÕES

De acordo com as publicações de Sabbatini et al (1990), BS 5385: part.2 (BSI,


1991) e Goldberg (1998), entre as principais funções das juntas de dilatação em
revestimento de fachada estão:
 Dissipar tensões geradas por movimentações da base dos revestimentos,
comportamento resultante da interação estrutura-vedação;
 Dissipar tensões geradas por deformações intrínsecas aos revestimentos
decorrentes da ação do meio ambiente;
 Separação de revestimentos e componentes do edifício que têm diferentes
características térmicas ou higroscópicas.
 Impedir que a superfície revestida sofra com as descontinuidades do
substrato (como por exemplo: o que ocorre na região das juntas estruturais.);
45

5.2. FUNCIONAMENTO DAS JUNTAS DE DILATAÇÃO

As movimentações do revestimento geram uma solicitação nas juntas tendendo a


abri-las, fechá-las ou cisalhá-las, dependendo da ação a qual está sujeito (Ribeiro
e Barros, 2010). Segundo Fiorito (1994), são demonstrados alguns movimentos
diferenciais entre a base e a camada de revestimento, de forma a ser facilmente
entendido os efeitos dos diversos movimentos nas juntas de dilatação. Exemplos
dessas movimentações são: a retração que tende a abrir as juntas, provocando
um esforço de tração nos materiais das mesmas; e a variação de umidade que
causa a expansão das placas, em que ocorrerá o fechamento das juntas com
conseqüente compressão no material de preenchimento. A excessiva retração,
por secagem do concreto e da argamassa, e a excessiva expansão das placas
cerâmicas leva à falha por cisalhamento na interface da camada de fixação e a
placa cerâmica. Portanto, a união de juntas de movimentação com uma camada
de fixação deformável pode auxiliar na não ruptura do sistema.

Figura 5.1: exemplo das movimentações em uma junta de superfície sob (a)
compressão causada pela expansão das placas cerâmicas; (b) tração causada
pela retração das placas. Fonte: Ribeiro e Barros (2010).
46

5.3. CLASSIFICAÇÃO DAS JUNTAS DE DILATAÇÃO

As diversas funções executadas pelas juntas de dilatação fazem com que existam
diversos tipos das mesmas, já que os meios utilizados para o cumprimento de
cada função determinam os distintos tipos das mesmas, sendo as mais
importantes quanto: a sua função, ao tipo de material de preenchimento e à
geometria. Os itens que segue de 5.3.1 a 5.3.5, são baseado na pesquisa
realizada por Ribeiro (2006) em conjunto com Ribeiro e Barros (2010)

5.3.1. JUNTA DE TRABALHO

Tal tipo de estrutura cria painéis capazes de dissipar as tensões introduzidas no


sistema pelo próprio revestimento, juntamente com as da própria base (relação
vedo-estrutura). Funcionando como juntas de controle, as mesmas são colocadas
em locais (entre a alvenaria e o concreto) passíveis do aparecimento de fissuras e
trincas, de forma que com o dissipar das tensões, tais patologias não venham a
ocorrer no revestimento.
Esse tipo de junta percorre todos os elementos do sistema, como mostrado na
figura a seguir, na figura 5.2;

Figura 5.2: demonstração da aplicação das juntas de trabalho. Fonte: Ribeiro


(2006).
47

5.3.2. JUNTA DE SUPERFÍCIE

Junta que tem como finalidade a acomodação dos movimentos ocasionados pelas
deformações decorrentes das movimentações da estrutura, permitindo assim, a
dissipação das tensões. Esse tipo de junta percorre a camada de acabamento e
de fixação, como mostra a figura 5.3:

Figura 5.3: junta de superfície. Fonte: Ribeiro (2006).

5.3.3. JUNTA DE CONTORNO

Junta que separa as interfaces entre o revestimento e outros elementos


adjacentes. Esse tipo de junta, usualmente, separa o acabamento da camada de
fixação, podendo também ocorrer interceptando a camada de emboço (quando há
necessidade de limitação de tensões). Como demonstra a figura 5.4:
48

Figura 5.4: junta de contorno. Fonte: Ribeiro (2006).

5.3.4. JUNTA DE TRANSIÇÃO

Interrompe materiais de diferentes características térmicas, com a finalidade de


lhes proporcionar uma transição adequada. Esquematizada na figura 5.5:

Figura 5.5: junta de transição. Fonte: Ribeiro (2006).

5.3.5. JUNTA DE DESSOLIDARIZAÇÃO

Espaço regular cuja função é separar planos de revestimentos perpendiculares,


com a finalidade de aliviar as tensões causadas pela movimentação da base ou
do próprio revestimento. Como mostrado na figura 5.6.
49

Figura 5.6: mudança de planos do revestimento. Juntas de dessolidarização.


Fonte: Ribeiro (2006).

5.4. JUNTAS DE DILATAÇÃO METÁLICAS

De acordo com o catálogo da Cosimo Cataldo, as juntas metálicas são utilizadas


em cobertura e acabamento com materiais maleáveis para juntas construtivas ou
juntas para dilatação térmica nas edificações. Tem por propriedades o suporte de
movimentação horizontal, vertical ou transversal, sem deformação e sem perda
das principais características. Permite também os movimentos de tração ou
compressão, sem deformação ou danos permanentes. Além de apresentar
estanqueidade e vedação de juntas de dilatação. Dispensam manutenção e são
simples de fixar e instalar. Comprimentos: de 3,00 m ou 6,00 m, baseados nos
limites da norma NBR13755 (ABNT, 1996).
50

5.5. EXECUÇÃO DAS JUNTAS DE DILATAÇÃO

De acordo com as análises de Ribeiro e Barros, a instalação das juntas inicia-se


por sua marcação, feita de acordo com o projeto. Para a demarcação das juntas
horizontais é necessária a utilização da mangueira de nível, e para as verticais os
arames de referência. Quando há o encontro da alvenaria com a estrutura, o
afastamento entre a parte inferior da viga e a superior da esquadria deve ser feito
obedecendo às normas técnicas e executada com exatidão geométrica de acordo
com o vão da esquadria. Recomenda-se ainda, para que não ocorra o
funcionamento adequado da junta, que o afastamento entre a parte inferior da
viga e a superior da esquadria não supere a metade da espessura do
revestimento.

O corte do emboço deve ser realizado logo após a execução do mesmo, com o
auxílio de uma régua dupla, cujo afastamento determinará a espessura da junta,
de um frisador de seção transversal prevista (o qual tem as funções de corte da
argamassa e de compactação da área da junta). A abertura da junta deve se
apresentar uniforme, e não apresentar irregularidades que prejudiquem o ajuste e
compressão do limitador de profundidade (TCA, 2008).

5.6. MEMBRANA IMPERMEABILIZANTE

A execução da membrana (Ribeiro e Barros, 2010), de material impermeável, é


feita após a abertura da junta e posterior secagem do emboço. Sua realização é
feita da seguinte forma, e está esquematizado pelas figuras 5.7 e 5.8:

 Limpeza da cavidade que receberá o material;


 Execução da membrana impermeabilizante;
 Limpeza da junta;
 Assentamento das placas cerâmicas.
51

Figura 5.7: execução da limpeza já cavidade e da membrana impermeabilizante,


respectivamente. Fonte: Ribeiro e Barros (2010).

Figura 5.8: execução da limpeza da junta e aplicação das placas cerâmicas,


respectivamente. Fonte: Ribeiro e Barros (2010).

5.7. SELANTE

Selantes elastoméricos são compostos poliméricos, cuja função principal é selar


efetivamente a junta entre dois substratos. Quando aplicado o selante deve
apresentar as seguintes características: adesão; coesão; e deformabilidade.
Essas funções, quando cumpridas com eficiência, conferem à estrutura a
estanqueidade necessária, analisada com base na agressividade do meio, para
cumprir a durabilidade compatível com as exigências de projeto.

Os diversos tipos de selantes se comportam de forma: Elástica; Elastoplástica;


Plastoelática; e Plástica (como explicado na tabela 5.1).
52

De acordo com a ASTM C920 (ASTM, 2008), a classificação quanto ao tipo de


substrato e à aplicação dos selantes é feita como na tabela 5.2.

Tabela 5.1: tabela de comportamento dos selantes. Fonte: Ferme e Oliveira


(2003).
53

Tabela 5.2: classificação feita de acordo com a aplicação e ao tipo de substrato.


Fonte: ASTM C920 (2008).
54

6. METODOLOGIA

A metodologia utilizada na realização dessa monografia foi baseada em duas


etapas. A primeira consiste em uma estruturação bibliográfica, enquanto que a
segunda consistiu em um levantamento de informações sobre o estudo de caso
realizado.
Na primeira etapa foi realizada uma pesquisa baseada em normas, livros e artigos
a respeito de revestimento de fachada, juntas de dilatação, revestimento
cerâmico, etc. Com a finalidade de determinação das principais características
das juntas de dilatação, das camadas de revestimento, do revestimento cerâmico
de fachada.
Baseada na pesquisa bibliográfica realizada cada elemento dessa monografia foi
desenvolvido da seguinte forma:
 Revestimento cerâmico: as principais funções referentes a esse item foram
obtidas através do livro “Juntas de movimentação em revestimentos cerâmicos de
fachada” (Ribeiro e Barros, 2010), baseado nos estudos de Sabbatini e
colaboradores (1990), e sendo essas as seguintes: Proteger a edificação; auxiliar
as funções de vedação; acabamento; integração a base. As patologias
recorrentes em revestimentos cerâmicos foram obtidas segundo Roscoe (2008), e
estão subdividas em quatro tipos: congênitas (originarias da fase de projeto);
Construtivas (decorrentes da fase de execução); Adquiridas (ocasionada ao longo
da vida útil); Acidentais (caracterizadas como conseqüência de solicitações
atípicas).
As principais patologias nesse elemento, de acordo com Roscoe (2008) são:
descolamento (destacamentos); Estufamento; Manchas; Esmagamento; Trincas
(fissuras); Deterioração das juntas; Gretamento; Eflorescência.
Quanto às placas cerâmicas, em relação as patologias, usou-se de base a norma
NBR13818 (1997), e foram relacionada os ensaios classificativos quanto a
qualidade do material.
 Camadas de Revestimento: Baseando-se na norma NBR13755 (1996) e
Roscoe (2008), foi possível obter uma tabela que permite a relação entre a
55

camada e seus respectivos materiais. Sendo essas camadas: Base; Chapisco;


Emboço; Camada de fixação; e camada de acabamento.
Ainda sobre as camadas de revestimento, foi analisada, com o auxílio do livro
“Juntas de movimentação em revestimentos de fachada” (Ribeiro e Barros, 2010),
a forma que a estrutura da fachada responde a cada tipo de movimento (tensão)
que sofre, podendo ser essas movimentações: Variação térmica; Vento; Umidade;
Deformações do sistema.
 Juntas de dilatação: quanto a esse elemento foram analisadas suas
principais funções, usando de base as publicações de Sabbatini e colaboradores
(1990), BS5385: part.2 (BSI, 1991) e Goldberg (1998), em que essas são:
Dissipação de tensões; Separação de revestimentos e componentes de diferentes
características; e impedir danos provenientes das descontinuidades do substrato.
Ainda referente às juntas, essas foram classificadas utilizando-se a dissertação
desenvolvida por Ribeiro (2006) e também o estudo feito por Ribeiro e Barros
(2010). Tal classificação se divide em juntas: de trabalho; de superfície; de
contorno; de transição; de dessolidarização; além de uma breve explicação sobre
juntas metálicas.
A segunda etapa foi baseada na análise das características dos revestimentos de
fachada, presentes no prédio da Escola de Minas, e foi constituída por: Inspeção
a partir da análise de fotos e plantas (tiradas nos locais estudados e obtidas na
prefeitura do campus da UFOP – Ouro Preto, respectivamente); e por inspeção
tátil-visual.

A partir do estudo feito na revisão bibliográfica, foi possível a análise das


características dos diversos elementos da estrutura. Conseqüentemente, pode ser
feita a avaliação das possíveis causas das patologias, recorrentes nas fachadas
do prédio da Escola de Minas.
56

7. ESTUDO DE CASO: PRÉDIO DA ESCOLA DE MINAS/UFOP

Nesse estudo foram analisadas as fachadas de revestimento cerâmico, contidas


no prédio da Escola de Minas, localizada no campus Morro do Cruzeiro. As
características que observadas foram: as patologias apresentadas, a causa das
patologias, as características físicas da estrutura e suas ilustrações em planta. As
fachadas estudadas são:

 Principal: localizada na parte frontal do prédio da escola de minas;


 Lateral: no corredor externo lateral, caminho para os laboratórios da Escola
de Minas;
 Biblioteca: estrutura localizada na frente da biblioteca do prédio;
 Prédio novo: situada na parte traseira do prédio, a qual foi construída
recentemente.

As imagens em AutoCad que serão utilizadas nos itens que seguem, foram
disponibilizadas pela prefeitura do Campus da UFOP – Ouro Preto.

7.1. FACHADA PRINCIPAL

Essa fachada está localizada na parte frontal do Prédio da Escola de Minas.


Quanto às medidas, apenas uma medida foi tomada, das distâncias horizontais e
verticais da parte arredondada da estrutura e da parte plana, devido à igualdade
de valores. A partir das imagens 7.1.1 e 7.1.2 serão feitas análises das patologias
e as causas das mesmas.

Dados:

Distância entre juntas verticais (reta): 1,39 m;

Distância entre juntas verticais (arredondada): 1,39 m;

Distância entre juntas horizontais (reta): 1,42 m;

Distância entre juntas horizontais (arredondada): 1,52m;


57

Tamanho da junta: 4,0 cm;

Tamanho da pastilha de cor azul: 2,5 cm.

Figura 7.1: apresentação da fachada principal da Escola de Minas.

Através das figuras 7.1 e 7.2 percebe-se a utilização de pastilhas de coloração


azul e entre essas, perfis metálicos em forma de calha (o qual tem a espessura de
4 cm). Quanto às patologias há a presença de manchas de cor esbranquiçada
que caracteriza o fenômeno de eflorescência, sendo esse resultante da
dissolução dos sais presentes na estrutura (provenientes da argamassa, dos
58

componentes cerâmicos ou da contaminação externa) que são transportados pela


água através da porosidade do meio. Na figura 7.2 percebe-se o aparecimento de
plantas no local. Ambas as características acima citadas, são patologias
adquirida, ou seja, ocorrem ao longo da vida útil da estrutura. Essas são
decorrentes da infiltração de água, que se dá pela falta ou nenhuma realização de
impermeabilização da estrutura, e também pela ausência de manutenção
preventiva (inspeções do rejunte, selantes, placas cerâmicas e limpeza). O perfil
da fachada está demonstrado, em planta, pela figura 7.3.

Figura 7.2: ocorrência de manchas esbranquiçadas na fachada.

Figura 7.3: perfil da estrutura da fachada em planta. Fonte: arquivo Prefeitura do


Campus UFOP.
59

7.2. FACHADA LATERAL

Essa fachada está localizada na parte lateral direita do Prédio da Escola de


Minas, próxima aos laboratórios. Foram tomadas medidas das distâncias
horizontais e verticais da parte arredondada da estrutura e da parte plana. Na
parte arredondada e na parte plana, devido à igualdade de valores, apenas uma
medida foi tomada.

Dados:
Distância entre juntas verticais (reta): 1,4m;
Distância entre juntas verticais (arredondada): 1,40m;
Distância entre juntas horizontais (reta): 1,41m;
Distância entre juntas horizontais (arredondada): 1,50m;
Espessura do concreto aparente: 4,5 cm;
Tamanho da pastilha de cor azul: 2,5 cm.

Figura 7.4: fachada lateral do prédio da Escola de Minas.


60

A figura 7.4 mostra a fachada localizada na lateral do prédio da Escola de Minas.


Nessa estrutura houve a ocorrência de desnivelamento das placas cerâmicas,
representado pela figura 7.5, que por não apresentar som cavo quando percutido,
indica que a diferença de nível das pastilhas se dá, provavelmente, ao mal
assentamento dessas, esse tipo de patologia é construtiva já que é decorrente da
fase de execução.

Figura 7.5: demonstração do desnivelamento das pastilhas.

Figura 7.6: aparecimento de manchas e divisória em concreto aparente.

Na fachada principal do mesmo prédio foi utilizado um perfil metálico, no mesmo


espaço nessa estrutura pode-se perceber na figura 7.6, a presença de uma faixa
61

de concreto aparente. A presença de manchas de cor clara esbranquiçada é


verificada nas figuras 7.6, 7.7 e 7.8, essas são provenientes da infiltração de água
na estrutura, que quando misturada com os sais da estrutura desenvolvem a
eflorescência nas placas. O aparecimento de eflorescência nas placas cerâmicas
é uma patologia do tipo adquirida, que se deu ao longo da vida útil da estrutura.
A demonstração da estrutura em planta está na figura 7.9.

Figura 7.7: presença de manchas e ocorrência de destacamento de pastilhas.

Figura 7.8: apresentação de manchas esbranquiçadas.


62

Figura 7.9: fachada lateral da Escola de Minas, em planta.

7.3. ESTRUTURA PRÓXIMA A BIBLIOTECA

Essa fachada está localizada em frente à biblioteca do prédio da Escola de Minas.


Quanto às medidas foram tomadas três medidas devido às diferenças entre as
distâncias horizontais.

Dados:

Distância entre juntas verticais: 1,14m /1,14m /1,14m;

Distância entre juntas horizontais: 1,39m /1,42m /1,39m;

Tamanho da junta: 4,0 cm;

Tamanho da pastilha: 2,5 cm.


63

Figura 7.10: fachada próxima à biblioteca da Escola de Minas.

Representada pela figura 7.10 a fachada cerâmica, localizada em frente à


biblioteca utiliza, como junta de dilatação, um perfil metálico, encontrado também
na fachada principal desse mesmo prédio, como se pode perceber na figura 7.11.

Figura 7.11: utilização de perfil metálico em forma de calha.


64

Figura 7.12: Aparecimento de plantas e manchas de cor esbranquiçada.

. A ocorrência de manchas de cor clara, decorrentes da infiltração da água na


estrutura, é causada pela impermeabilização ineficiente ou ausente da estrutura,
ta patologia está demonstrada nas figuras 7.12 e 7.13. Ambas as patologias do
tipo adquirida.

Figura 7.13: manchas de cor clara (esbranquiçada), presentes na estrutura.


65

O aparecimento de plantas, demonstrado nas figuras 7.12 e 7.14, se dá devido à


falta de manutenção adequada de tal revestimento (exemplo: inspeções do
rejunte, selantes, placas cerâmicas e limpeza).

Figura 7.14: aparecimento de plantas.

Figura 7.15: estufamento das placas cerâmicas.


66

A diferença de nível entre as pastilha é decorrente do mal assentamento, já que


quando percutido não apresenta som cavo, esse problema está demonstrado na
figura 7.15, é do tipo construtivo (já que foi decorrente da execução da obra).

7.4. PORTARIA SECUNDÁRIA

Essa fachada está localizada na parte traseira do prédio da Escola de Minas,


parte edificada mais recente da estrutura. Quanto às medidas foram tomadas as
distâncias horizontais e verticais da parte arredondada da estrutura, e da parte
plana. Na parte arredondada e na parte plana, devido à igualdade de valores, foi
tomada apenas uma medida. Nessa estrutura não há a presença de juntas de
dilatação, apenas faixas de pastilhas na cor preta, presentes apenas no sentido
vertical.

Dados:

Distância entre faixas verticais (reta): 1,46 m;

Distância entre faixas verticais (arredondada): 1,50 m;

Espessura da divisória de pastilhas pretas: 5,0 cm;

Tamanho da pastilha de cor preta: 2,5 cm;

Tamanho da pastilha de cor azul: 4,5 cm;

Na figura 7.17, percebe-se o destacamento de pastilhas, o mesmo ocorre pela


perda de aderência entre a cerâmica e o substrato. O descolamento das peças
ocorre em áreas onde há o som oco (quando a peça é percutida) ou onde há o
estufamento das peças.

Quando feito o teste do som cavo, algumas das pastilhas apresentaram o som
oco, sendo assim há a falta de aderência entre o substrato e o revestimento
cerâmico. A falta da presença de juntas de dilatação faz com que essa patologia
se torne do tipo congênita, já que a expansão e contração da peças cerâmicas
67

não foram previstas em projeto. A utilização de juntas deveria ter sido feita de
acordo com a NBR 13755 (1996), ou seja, a cada 6m horizontais e 3m verticais
(ou a cada pé direito). As juntas espaçadas horizontalmente poderiam ter sido
executadas substituindo as pastilhas de cor preta, que podem ser vistas na figura
7.16.

Figura 7.16: fachada da edificação mais recente do prédio da Escola de Minas.

Quanto ao aparecimento de manchas, presentes na figura 7.18, ocorrem devido à


infiltração de água, que se dá pela falta ou pela má realização de
impermeabilização da estrutura, e também pela ausência de manutenção
preventiva, sendo então uma patologia do tipo adquirida.

A vista dessa estrutura em planta é verificada na figura 7.19.


68

Figura 7.17: destacamento de peças cerâmicas.

Figura 7.18: ocorrência de manchas claras (esbranquiçadas).


69

Figura 7.19: vista da estrutura em planta.


70

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

8.1. CONCLUSÃO

Como discutido no primeiro capítulo dessa monografia, o revestimento cerâmico


de fachada é amplamente utilizada em edificações. Essa preocupação se dá ao
fato de essa camada estar diretamente ligada tanto ao custo do projeto quanto à
imagem da construtora.

As juntas de dilatação têm a função de aumentar a capacidade de absorção de


tensões e deformações da estrutura. A impermeabilização dessa camada também
deve apresentar estanqueidade, para evitar problemas como o descolamento de
peças cerâmicas, trincas e infiltrações nas fachadas.

A diversa quantidade de materiais presentes no mercado permite a utilização e


combinação de materiais, entretanto devem-se conhecer as características e o
desempenho de cada material. Para tal, se faz necessária a sistematização de
tais informações. Portanto, a introdução de normas específicas para os materiais
utilizados nos revestimentos cerâmicos de fachada e para as juntas de dilatação
(que ainda são escassas e generalizadas), é de suma importância à padronização
mínima de qualidade e à utilização desse tipo de estrutura.

Para que essa camada de revestimento exerça as funções a qual foi designada, é
necessário o desenvolvimento, ainda na fase de projeto, de uma completa
compreensão dos elementos do meio que interferirão na estrutura. As
características a serem avaliadas atuaram diretamente na movimentação da
edificação e nas tensões que serão geradas.

8.2. SUGESTÕES

As patologias que surgem na estrutura são decorrentes, não de causa única, mas
de diversos fatores. Portanto, a qualidade e a durabilidade dos revestimentos
71

cerâmicos estão intimamente ligadas ao planejamento e a escolha dos materiais


adequados, além da manutenção adequada ao longo da vida útil.

Um projeto de revestimento de fachada, desenvolvido com qualidade, depende de


uma especificação, com projeto detalhado, contendo especificações adequadas e
técnicas de execução. A experiência do projetista é fundamental quanto à
especificação das juntas de dilatação. Dessa forma seria importante que tais
profissionais fizessem o desenvolvimento de um método que lhes permitissem
registros de seus projetos, entre esses: sucessos e fracassos.

Nesse tipo de projeto também se faz necessária a realização de ensaios para


definição do desempenho dos selantes, que serão os substratos, aos quais as
placas estão ligadas. Desempenho esse que tem seus métodos de ensaio
empregados pelos fabricantes, podendo auxiliar nas decisões dos profissionais
envolvidos no planejamento.

A comparação de resultados permitirá ao projetista, a criação de diretrizes para


um futuro projeto e execução da obra, fazer uma utilização mais adequada de
juntas de dilatação. Além da impermeabilização, que fará com que tal estrutura se
torne estanque e evite problemas resultantes da infiltração da água, como citado
anteriormente.

Tais ações farão com que projetos futuro tenham menores índices e problemas
resultantes da má empregabilidade das juntas. Deve-se reforçar que além de
especificações de projeto e de fiscalização adequada, o treinamento da mão-de-
obra é fundamental no resultado final da edificação, que objetiva a qualidade,
desempenho e custo adequados.
72

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