Cartilha Medicina Defensiva Alta Definicao Alterada Issuu
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Cartilha de Medicina Defensiva -4-
APRESENTAÇÃO
Viver já envolve toda a sorte de riscos. Intervir no corpo humano
potencializa esses riscos¹.
A Medicina é tão antiga quanto a dor e seu humanismo tão velho
quanto a piedade humana². Nenhuma outra profissão possui tantos
problemas de ordem moral como os tem a Medicina. Todavia, Direito e
Medicina, duas disciplinas-ciências, em determinados aspectos, sempre
andaram juntas, o que vem demonstrar a importância dessas atividades
em relação ao ser humano³.
O Código de Hamurabi, o mais antigo diploma legal de que se
tem notícia, em seus parágrafos 218 e 219, já estabelecia a pena de
amputação da mão para o médico que causasse a morte de um awillium
(membro da classe social superior) ou lhe destruísse o olho. Se o morto
fosse um escravo, deveria substituí-lo por outro. O direito romano
também previu punição para a imperícia médica. Durante a Idade
Média, sofriam punições severíssimas os médicos que, por imperícia,
provocassem a morte do paciente (Digesto, 1, 6, 7º).
Todavia, na maioria das vezes, o que se considerava como
inabilidade ou imperícia, nada mais era senão a consequência das
limitações do conhecimento da arte de curar que se tinha à época.
Somente durante o século XVIII se começou a admitir certa tolerância
com eventuais falhas decorrentes da imprecisão da ciência médica,
favorecendo, inclusive, o seu próprio desenvolvimento.
Com toda a certeza as técnicas terapêuticas modernas não teriam
surgido se os cirurgiões tivessem sua atividade jungida a dogmas
inflexíveis, sem ousar novos procedimentos, mesmo diante da ineficácia
dos até então recomendados, pelo receio de responsabilidade penal em
caso de consequência funesta.4
O progresso da ciência médica, no final do século passado e no
princípio deste milênio, é fantástico. Moléstias até a pouco tidas como
fatais ou incuráveis tem seu diagnóstico e tratamento possibilitados
pela moderna tecnologia. Por outra banda, tolera-se cada vez menos
o insucesso médico. Ao menor indício de imperícia, imprudência ou
negligência, os profissionais da Medicina veem-se ameaçados por
demandas criminais, civis e éticas, de consequências catastróficas para
o seu patrimônio e para a sua reputação profissional.
A “medicalização” da vida e a massificação da ciência médica
acabaram com a figura simpática, amiga e confiável do “médico-de-
família”, no qual se depositava irrestrita confiança e contra quem jamais
se cogitaria de manejar qualquer processo. As relações entre médico
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e paciente que eram de confiança mútua, amizade e cordialidade se
transformaram em frias relações contratuais de prestação de serviços.
Com a mercantilização da Medicina veio a judicialização da relação
médico-paciente.
No Brasil, notadamente após o advento da Constituição Cidadã
de 1988 e da Lei 8.078/90 (Código do Consumidor), as demandas
judiciais manejadas por pacientes contra médicos têm aumentado
assustadoramente. Na América do Norte, para cada 100 médicos, 09
respondem a processo por “erro médico”. Naquele País, as indenizações
variam de 1 milhão a 10 milhões de dólares. Também no Japão,
Inglaterra, Alemanha, Bélgica, África do Sul e Canadá se verifica
assustador aumento desses litígios. No Brasil esse número chega a 7%
de médicos com processos. No Superior Tribunal de Justiça, o número
de processos contra médicos aumentou assustadores 1.600% na última
década. E nos CRMs, de 2001 a 2011 o número de reclamações e
processos instaurados cresceu 302%.
O Médico, pois, sempre pronto para socorrer o próximo, de
repente, vê-se na necessidade de ser socorrido.
O PROBLEMA
A problemática das demandas judiciais contra médicos, cobrando-
lhes reparação de danos materiais e morais já é uma realidade palpável
e, futuramente, somente tende a se agravar. Já surge no cenário
nacional uma nova “casta” de advogados, o chamado “advogado-de-
porta-de-hospital”, profissionais oportunistas que amealham vítimas de
reais ou supostos erros médicos, acenando-lhes com a possibilidade de
indenizações milionárias.
Nos Estados Unidos, em 1980, para cada 100 médicos, 03
respondiam a processos judiciais por imperícia. Hoje a média está
em 09. Naquela nação civilizada, o valor médio das indenizações por
processos cíveis era de US$ 230 mil em 1975. Em 1997, a média ficou
em US$ 1 milhão, sendo que há demandas, com ocorrência de óbito,
em que as indenizações chegam a ultrapassar os US$ 10 milhões.
As especialidades médicas mais visadas são: Gineco-Obstetrícia
(28%); Traumato-Ortopedia (15%); Cirurgia Plástica (14%); Cirurgia
Geral (12%); Clínica (12%); Pediatria (5%); Anestesiologia (5%); e
Hematologia (4%).
No Brasil, o médico trabalha sob verdadeira espada de Dâmocles
do erro, pois um País que oferece meios de terceiro mundo exige dos
profissionais de saúde um resultado de primeiro mundo. Remuneram-
se de modo medíocre os profissionais do Sistema Único de Saúde.
Inexistem recursos materiais. Exames complementares que poderiam
conduzir a um diagnóstico mais preciso não se realizam, pois ou
falta o aparelho ou os materiais necessários (ou ainda o operador do
equipamento). As condições de trabalho, enfim, impostas ao médico
são precárias, adversas e, até desumanas.
E quando há uma falha ou resultado nefasto, processa-se o
médico!
Qual a solução para o problema?
O processo nem sempre pode ser evitado. Se nem sempre
podemos evitá-lo, precisamos então nos municiar para enfrentar as
eventuais demandas judiciais que poderão advir.
TERAPIA PREVENTIVA
Evitar um processo sempre seria muito melhor até mesmo que
vencê-lo. Elencamos a seguir algumas medidas bastante simples,
mas que, se seguidas no dia-a-dia reduziriam significativamente as
possibilidades de o médico vir a ser processado.
As medidas são de extrema simplicidade, porém de real eficácia:
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semana) indicar um antitérmico ou analgésico, a fim de prontamente
atender o paciente (ou livrar-se dele).
Embora usual – até mesmo no relacionamento enfermagem/
médicos – tal prática é proibida pelo próprio Conselho Federal de
Medicina.
O velho brocardo “não dê sorte ao azar” cai aqui como se luva
fosse. Prescrever por telefone, por mais evidentes que sejam os
sintomas, caso o diagnóstico for equivocado, é “procurar sarna para se
coçar”.
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5.Jamais Abrande as Possíveis Consequências de Um
Procedimento
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afastando a sua culpa, porquanto obrigado a laborar em condições
adversas.
8.Conheça e Respeite os Direitos do Paciente
10.Pratique Caligrafia
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do medicamento, quanto sua fórmula, a posologia, a quantidade e a
frequência em que deve ser ministrado.
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se-á o dever de indenizar, quando, dolosa ou culposamente, o
profissional revelar segredo que lhe fora confiado, causando danos ao
paciente, desde que provada a relação de causa e efeito.
Tal aspecto da responsabilidade civil médica assume novos
contornos com o surgimento dos males do final do século passado,
como a AIDS, e com as conquistas das ciências biomédicas.
TERAPIA CURATIVA
A prática das condutas elencadas no capítulo anterior, poderão não
evitar os processos judiciais. Todavia reduzirão bastante a possibilidade
de sua ocorrência. Quando não for possível evitar o processo, o médico
deve estar preparado para enfrentar “o homem da capa preta” e
maximizar as suas possibilidades de êxito.
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advogado. O campo dos “direitos, obrigações, deveres e prerrogativas
do médico”, além de muito vasto e complexo, é um ramo especialíssimo
do Direito.
Não adianta, portanto, consultar aquele irmão da namorada do
seu filho que já começou o doutorado e “parece bastante competente”.
Os advogados das vítimas de erro médico já formam uma nova
casta de advogados que estão se especializando em processar médicos.
Portanto, são especialistas. Procure, pois, sempre um especialista em
defender médicos para orientá-lo e defendê-lo.
5.Evite a Imprensa
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