SUMÁRIO

LÍNGUA E LINGUAGEM............................................................................................... 2
SEMÂNTICA E INTERAÇÃO ......................................................................................... 3
AS FUNÇÕES DA LINGUAGEM .................................................................................... 5
TEXTUALIDADE (coesão, coerência e contexto discursivo) ........................................ 8
MORFOSSINTAXE ...................................................................................................... 9
sintaxe do período e da oração e seus dois eixos: coordenação e subordinação .. 10
Sintaxe de Concordância: Concordância nominal e verbal ..................................... 19
COLOCAÇÃO PRONOMINAL ..................................................................................... 24
REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL .............................................................................. 26
PONTUAÇÃO ........................................................................................................... 27
Emprego das classes de palavras .......................................................................... 28
Flexões verbais....................................................................................................... 52
SEPARAÇÃO SILÁBICA............................................................................................. 67
DÍGRAFO CONSONANTAL X ENCONTRO CONSONANTAL......................................... 68
TONICIDADE ........................................................................................................... 69
CONCORDÂNCIA VERBAL ........................................................................................ 71
COMO LER E INTERPRETAR BEM UM TEXTO .......................................................... 79
CONTEÚDO, IDEIAS E TIPOS DE TEXTO ................................................................... 83
TÓPICO FRASAL ...................................................................................................... 85
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LÍNGUA PORTUGUESA
LÍNGUA E LINGUAGEM Utilizada em relações informais;
A linguagem é a capacidade natural que o ser hu- Sem preocupações com as regras da gramática
mano tem de se comunicar, seja por meio de pa- normativa;
lavras, gestos, imagens, sons, cores, expressões
etc. Presença de coloquialismos (expressões pró-
prias da fala), tais como: pega leve, se toca, tá
rolando etc.
A linguagem pode ser classificada em: verbal e não
verbal. Uso de gírias;
Uso de formas reduzidas ou contraídas (pra, cê,
Verbal – quando usa palavras (escrita ou falada); peraí, etc.)
Não-verbal – quando utiliza gestos, sons, cores, Uso de “a gente” no lugar de nós;
imagens etc.
Uso frequente de palavras para articular ideias
(tipo assim, ai, então, etc.);
Pode-se optar pelo uso de uma ou outra forma de
linguagem, ou mesmo utilizar a combinação da du-
as para se comunicar.
Língua culta:

A língua é o conjunto de sinais que determinadas Usada em situações formais e em documentos

comunidades usam para se comunicar. São as re- oficiais;
gras gramaticais.
Maior preocupação com a pronúncia das pala-
Linguagem: universal e abstrata capacidade de todo vras;
ser humano. Por exemplo, o sorriso é entendido por
qualquer ser humano. Uso da norma culta;
Ausência do uso de gírias;
Linguagem: universal e abstrata capacidade de todo
Variante prestigiada.
ser humano. Por exemplo, o sorriso é entendido por
qualquer ser humano.

A língua coloquial, por ser descontraída, relaci-

Língua: local e concreta, capacidade de determina- ona-se com a fala (língua oral), enquanto a cul-
do povo, ou de quem se disponha a aprender as
ta, com a escrita.
regras gramaticais da língua específica. Por Exem-
plo, o idioma francês só é entendido pelo povo
francês, ou por quem estude e domine a gramática
da língua francesa. Norma culta e variedades linguísticas

No processo de adequação da linguagem, além As variações linguísticas reúnem as variantes

dos fatores já mencionados, diferenciar e ca- da língua que foram criadas pelos homens e
racterizar a língua culta e coloquial é impres- são reinventadas a cada dia.
cindível, pois a confusão entre elas causa preju- Dessas reinvenções surgem as variações que
ízos tanto para a produção textual quanto para envolvem diversos aspectos históricos, sociais,
a comunicação de forma culturais e geográficos.
No Brasil, é possível encontrar muitas variações
geral. Acompanhe as características da língua linguísticas, por exemplo, na linguagem regio-
coloquial e culta: nal.

Língua coloquial:
Variante espontânea;
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. A semântica é o estudo do significado e a inter-

pretação de uma palavra, frase ou expressão de um
determinado contexto. Esse processo é importante
no estudo de português para concursos porque o
significado das palavras é essencial para quem fala
e escreve.

Sinonímia
Estudo das palavras sinônimas, ou seja, aquelas
Nas falas do Chico Bento e de seu primo Zé que possuem significados parecidos ou semelhan-
tes. Exemplos:
Lelé notamos o regionalismo
Garota e Menina: O sentido das palavras dá a im-
Tipos de Variações Linguísticas pressão de que falamos de uma pessoa jovem.
Há diversos tipos de variações linguísticas segundo
o campo de atuação:
A garota caminha pela calçada;
Variações Geográficas: está relacionada com o
local em que é desenvolvida, por exemplo, as A menina caminha pela calçada;
variações entre o português do Brasil e de Por-
tugal. Recusou e Rejeitou: As duas formas dão a ideia de
algo que não queremos.
Maria recusou o presente do amigo;
Variações Históricas: ela ocorre com o desen-
Maria rejeitou o presente do amigo;
volvimento da história, por exemplo, o portu-
guês medieval e o atual.
Variações Sociais: são percebidas segundo os Antonímia
grupos (ou classes) sociais envolvidos, por
Estudo das palavras que possuem significados
exemplo, um orador jurídico e um morador de
diferentes ou contrários.
rua.
Bom/Ruim
Variação Situacional: ocorre de acordo com o
contexto o qual está inserido, por exemplo, as É bom viajar de avião.
situações formais e informais.
É ruim viajar de avião.
Garota/Senhora
Dentre os tipos de variações linguísticas podemos
destacar:
A menina viajou sozinha com a irmã.

Regionalismo: particularidades linguísticas de A senhora viajou sozinha com a irmã.

determinada região.
Dialetos: variações regionais ou sociais de uma Homonímia
língua.
Esse termo da semântica aborda a relação de pa-
Socioletos: variantes da língua utilizadas por lavras que possuem significados distintos, mas com
determinado grupo social. a mesma estrutura fonológica e mesmos fonemas.

Gírias: expressões populares utilizadas por de- As palavras homônimas podem ser divididas em:
terminado grupo social. Homógrafas Heterofônicas: Palavras com grafia
igual e pronúncia diferente.

SEMÂNTICA E INTERAÇÃO gosto (substantivo) / gosto (1º pessoa do singu-

lar do verbo gostar)
Semântica
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Homófonas Heterográficas: Palavras com a mesma

pronúncia e escrita diferente. Palavras Parônimas

cessão (substantivo) / sessão (substantivo)

delatar (denunciar) dilatar (ampliar)
cerrar (verbo) / serrar (verbo)
Homófonas Homográficas: Palavras com escrita e
pronúncia iguais.
descrição (escrever discrição (ser reserva-
sobre algo) do)
verão (verbo) / verão (substantivo)
cedo (verbo) / cedo (advérbio) despensa (onde se dispensa (liberação)
Polissemia: É a capacidade que uma palavra tem de guarda alimentos)
apresentar vários significados.

banco (instituição financeira) / banco (assento) emigrar (sair do pa- imigrar (entrar no país)
ís)
manga (roupa) / manga (fruta)
boca (ofício do corpo humano) / boca (boca de estada (ficar em um estadia (ficar tempora-
garrafas e objetos) lugar) riamente em um local

Paronímia flagrante (evidente) fragrante (perfumado)

Relação entre duas ou mais palavras com significa-
dos distintos, mas que se parecem na pronúncia e imergir (afundar) emergir (vir à tona)
escrita. As palavras que se encaixam nessa regra
recebem o nome de parônimos.
inflação (altos pre- infração (violar alguma
Palavras Parônimas ços) regra)

peão (aquele que pião (brinquedo)

absolver (perdoar, absorver (aspirar)
doma cavalos)
inocentar)

aprender (adquirir apreender (capturar) precedente (aquele procedente (algo com

que vem antes) fundamento
conhecimento)

ascensão (subir) ascensão (subir de car- ratificar (confirmar) retificar (corrigir)

go)
soar (produzir som) suar (transpirar
cavaleiro (aquele cavalheiro (homem gen-
que cavalga) til) tráfego (trânsito) tráfico (comércio ilegal)

comprimento (ex- cumprimento (sauda-

tensão) ção) Compreensão e interpretação de textos.
Os concursos apresentam questões interpreta-
deferir (atender) diferir (divergir) tivas que têm por finalidade a identificação de
um leitor autônomo. Portanto, o candidato deve
compreender os níveis estruturais da língua por
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meio da lógica, além de necessitar de um bom As pessoas também se expressam através do corpo,
léxico internalizado. com a linguagem corporal. Ela também faz parte da
linguagem não verbal, pois alguns movimentos e
As frases produzem significados diferentes de expressões corporais podem transmitir mensagens
acordo com o contexto em que estão inseridas. e intenções. Os investigadores de polícia estudam
Torna-se, assim, necessário sempre fazer um muito essa linguagem, pois por meio dela é possível
confronto entre todas as partes que compõem determinar se uma pessoa está mentindo ou falan-
o texto. Além disso, é fundamental apreender do a verdade.
as informações apresentadas por trás do texto Também existe a linguagem gestual. No Brasil, é
e as inferências a que ele remete. Esse proce- chamada de LIBRAS – Linguagem Brasileira de Si-
dimento justifica-se por um texto ser sempre nais. É utilizada pelas pessoas com deficiência de
produto de uma postura ideológica do autor fala e/ou audição.
diante de uma temática qualquer.
A linguagem ainda pode ser mista, como as histó-
Semântica rias em quadrinhos: é a utilização de imagens, sím-
bolos e diálogos ao mesmo tempo. E também há
É o estudo do significado das palavras e de su- linguagens artificiais, como a lógica matemática ou
as modificações de sentido. códigos de computação.
Polissemia - Consiste no fato de uma palavra Funções da linguagem
poder assumir vários significados, de acordo
A linguagem pode ser usada para diversas finali-
com o contexto em que está inserida. dades: são as funções da linguagem. Assim, cada
João era o cabeça da empresa. (cabeça: líder) pessoa pode organizar sua fala de acordo com o
objetivo desejado. É possível expressar sentimen-
Maria bateu a cabeça no vidro. (cabeça: parte tos, informar, influenciar etc.
do corpo)
Para que a comunicação aconteça, é necessário ter
Denotação - É o uso de palavras em seu sen- os elementos abaixo:
tido próprio, real.
Emissor (ou locutor) – Quem emite a mensa-
Dói-me a cabeça. gem.

Fábia comprou um espelho. Receptor (ou interlocutor) – A quem a mensa-

gem se destina.
Conotação - É o uso de palavras em seu sen-
tido figurado, subjetivo. Contexto – Ao que a mensagem se refere: situ-
ação, circunstâncias de espaço e tempo ou
Ele é o cabeça da turma. ainda aspectos do mundo textual.
Os olhos são o espelho da alma. Código – De que forma a mensagem é organi-
zada: a língua oral ou escrita, os gestos, código
Morse, os sons etc.
AS FUNÇÕES DA LINGUAGEM
Canal – O meio pelo qual a mensagem é
Primeiro, é importante definir que linguagem é transmitida.
qualquer maneira ordenada de transmitir ideias ou
sentimentos por meio de signos sonoros, gráficos,
gestuais etc.
Funções da linguagem: apelativa ou conativa
Tipos de linguagem
Apelar significa pedir, recorrer, invocar auxílio. Logo,
Os seres humanos utilizam a linguagem verbal e a a linguagem apelativa ou conativa acontece quando
não verbal na comunicação. A linguagem verbal o emissor quer influenciar o receptor. Para isso, são
engloba a fala e a escrita (conversa, falas no rádio e utilizados verbos no imperativo e o destaque está
na TV, textos em livros, jornais e revistas). Já os no interlocutor.
símbolos, imagens, desenhos, músicas, tom de voz,
gestos etc., integram a linguagem não verbal.
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objetiva. É quando o emissor quer falar diretamente

sobre o contexto real. Essa é a linguagem dos jor-
nais, livros didáticos, revistas e artigos acadêmicos,
por exemplo.
A ênfase está no contexto da comunicação. A
função denotativa transmite as informações de for-
ma direta, informa acerca da realidade e se utiliza
de fatos e dados concretos.
Esta função é impessoal e utiliza a terceira pessoa
no discurso.

Além disso, a função apelativa ou conativa utiliza a

Exemplos
2ª ou a 3ª pessoa (tu e você), e faz uso de pontos
de exclamação para dar ênfase ao apelo. “A polícia informou que ainda não há suspeitos
Essa é a função de linguagem predominante nas para o crime”.
mensagens publicitárias. “De acordo com estudos do IBGE, mais de 25%
Exemplos: da floresta amazônica foi desmatada nos últi-
mos anos”.
“Compre agora!”
“As novas estações do metrô de São Paulo fo-
“Faça hoje mesmo o seu cartão de crédito!” ram inauguradas ontem”.
“Não fume!” Funções da linguagem: poética
“Vem cá!” Como o próprio nome diz, essa é a função de lin-
guagem da poesia. Nela, há um cuidado diferen-
ciado com o ritmo do texto, a sonoridade das pa-
Funções da linguagem: emotiva ou expressiva lavras (rimas) e o jogo de ideias. É a função mais
comum em textos literários, poemas, propaganda e
A linguagem emotiva ou expressiva está centrada publicidade, músicas, ditados e provérbios.
no emissor da mensagem. Assim, a comunicação
revela os sentimentos e emoções de quem fala. O objetivo da função poética é transmitir uma men-
sagem mais elaborada, estruturada, inovadora, com
Nesse tipo de função, a subjetividade predomina e um resultado estético acima do comum. O destaque
a primeira pessoa do discurso é utilizada. São usa- é a própria mensagem.
dos pontos de exclamação e reticências para acen-
tuar a emotividade.
É a linguagem mais comum em músicas, memórias, Exemplos:
cartas, poemas, depoimentos, autobiografias e en-
“Água mole em pedra dura tanto bate até que
trevistas.
fura”.
Exemplos
Funções da linguagem: metalinguística
“Fiquei triste ao saber do acidente.”
A metalinguagem acontece quando a linguagem fala
“Não quero comer mais.” de si mesma. É a explicação de um código através
do próprio código. Então o destaque está no código
“Estou tão sozinho!” comunicativo, que é o tema da mensagem.
“Eu não sei mais o que fazer…” Essa linguagem é evidente em dicionários e gramát-
icas. Mas também pode estar em outros tipos de
Funções da linguagem: referencial ou denotati- texto, como no poema citado acima, de Leminski.
va Nele, o autor fala sobre o ato de escrever e para
Esta é a linguagem dos jornalistas! O objetivo da isso utiliza a escrita.
função referencial ou denotativa é ser imparcial e Exemplos
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Linguagem é qualquer maneira ordenada de trans- b) Gostei muito da nova música da Anitta.
mitir ideias ou sentimentos por meio de signos so-
noros, gráficos, gestuais etc. c) Água mole em pedra dura tanto bate até que
fura.
d) Os participantes do torneio não quiseram
Funções da linguagem: fática comentar o acidente.

A função de linguagem fática é utilizada para es-

tabelecer ou interromper a comunicação entre o
3) Qual é a função da linguagem da frase “Ganhe
emissor e o receptor.
descontos agora mesmo!”?
Também é utilizada para saber se o interlocutor
a) Função denotativa
está entendendo a mensagem, prestando atenção
no emissor. E também para o receptor da men- b) Função poética
sagem informar que está entendendo. A ênfase está
no canal comunicativo. c) Função apelativa

Para isso, a função fática utiliza frases interrogati- d) Função metalinguística

vas esperando respostas do receptor. Usa também Agora que você já sabe tudo sobre as funções da
interjeições e onomatopeias no discurso. É comum linguagem, pratique no dia a dia e arrase nos estu-
em cumprimentos, conversas telefônicas e dos!
saudações.
Exemplos
GABARITO:
Não é mesmo?
1) A polícia informou que um carro preto ultra-
Ok? passou o farol vermelho e atropelou um senhor que
estava na faixa de pedestres.
Você está entendendo?
2) B
Alô?
3)C
Aham…
Exercícios de funções da linguagem
Agora chegou a hora de praticar as funções da lin-
guagem, afinal, é assim que um conhecimento é
fixado. Vamos lá? As respostas estarão ao final do
exercício.

1) Escreva um texto na função referencial ou deno-

tativa a partir do diálogo a seguir:
Repórter: O que aconteceu aqui?
Policial: O carro preto atropelou aquele senhor.
Repórter: E como aconteceu?
Policial: O carro ultrapassou o farol vermelho en-
quanto o senhor estava na faixa de pedestres.

2) Em qual das frases abaixo está presente a

função expressiva?
a) Descubra agora as melhores ofertas de eletro-
domésticos!
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TEXTUALIDADE (coesão, coerência e contexto partes de um texto, mesmo que não se-
discursivo) ja aparente.
Fatores de textualidade Coesão referencial
Texto é um conjunto organizado de palavras Cria uma relação ente palavras e expressões
onde podemos achar uma relação entre suas dentro de um texto identificando os termos
partes dando um significado a ele. Para que que se referem.
este texto faça sentido temos sete fatores:
Coesão sequencial
1 – Coerência:
Criar as condições para a progressão textual
Coerência é um elemento fundamental de usando flexões de tempo de modo dos ver-
textualidade, responsável pelo sentido do bos e as conjunções. Ajuda a coesão se-
texto, depende não apenas da lógica interna quencial nos textos. Com isto o autor garante
do texto, como também da compatibilidade a articulação entre as ideias dando também
entre a rede conceitual (mundo textual) e o coerência ao texto.
conhecimento de mundo de quem processa
Pode ser: Adição/inclusão – Além disso;
o discurso; É a harmonia de sentido entre os
também.
enunciados que constituem o texto.
Oposição – Embora; mas; no entanto;
A coerência ou conectividade conceitual é a
relação que se estabelece entre as partes de Afirmação/igualdade – Felizmente; infeliz-
um texto, criando uma unidade de sentido. mente;
Coerência Narrativa Exclusão – Somente; exceto;
Tem uma lógica entre ações e personagens. Enumeração – Em primeiro lugar; a princí-
Cada ação obedece a um tempo que permite pio…
conhecer a ordem dos acontecimentos sem
contradições. Explicação – Como se nota; portanto; aliás…

Coerência Argumentativa Conclusão – Em suma; por fim; concluindo;

São dados argumentos ao texto como exem- Continuação – Em seguida; por sua vez;
plos, opiniões e dados para validar a conclu- 3 – Intencionalidade:
são.
Empenho do autor em construir um texto
Também é preciso obedecer a uma sequên- coerente, coeso, e que atinja o objetivo que
cia lógica de acontecimentos para sustentar ele tem em mente. A intencionalidade é a
a argumentação e possibilitar a compreen- principal ideia a ser passada pelo autor, a
são da conclusão. principal ideia que o autor quer transmitir,
2 – Coesão: mais para que isso ocorra, ele tem que ter
todo o conhecimento específico sobre o as-
Coesão é a unidade formal do texto, que se sunto a ser tratado.
dá por mecanismos gramaticais e lexicais. É
a ligação harmônica entre duas partes, utili- 4 – Informatividade:
zada na gramática como forma de obter um Todo texto tem um nível de informatividade,
texto claro e compreensível. É importante mas isso depende de quem lê. A informativi-
para a construção da argumentação, sendo dade está relacionada ao grau de previsibili-
realizada com a conexão entre as partes de dade do texto. Quanto mais previsível, menos
um texto, como os pronomes, advérbios, con- informativo. Um leitor que conhece o assunto
junções, etc. terá um nível baixo de informatividade, mas
A coesão, ou conectividade sequencial, é a para aquela pessoa que não tem nenhum
ligação, o nexo que se estabelece entre as conhecimento do assunto terá um nível alto
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de informatividade. Tanto a falta quanto o Em outro exemplo, o adjunto adnominal é

excesso de previsibilidade, são prejudiciais à representado por adjetivos, locuções adjeti-
aceitação do texto por parte do leitor. Um vas ou pronomes adjetivos. Já o adjunto ad-
bom índice de informatividade atende à sufi- verbial pode ser desempenhado por advér-
ciência de dados. bios e locuções adverbiais.
5 – Intertextualidade: A análise morfológica
Intertextualidade refere-se às diversas ma- Faz um exame das classes de palavras de
neiras pelas quais a produção e a recepção uma oração de forma individual. Essas clas-
de um texto dependem do conhecimento do ses são: substantivo, adjetivo, artigo, verbo,
outros textos anteriormente produzidos. numeral, pronome, preposição, advérbio,
Nesse sentido pode-se falar em : alusão, epí- conjunção e interjeição. Isso quer dizer, pois,
grafe, paródia, paráfrase, citação, metalin- sem considerar sua ligação com as outras
guagem e polifonia; palavras.
6 – Aceitabilidade: Podemos exemplificar na seguinte frase:
Gastamos a água sem esbanjar.
Na aceitabilidade, o leitor necessita um co-
nhecimento prévio para avaliar o texto corre- Gastamos – 1.ª pessoa do plural do verbo
tamente, dessa forma, ficando ao seu critério gastar, conjugado no tempo presente do in-
aceitar ou não a intenção real do autor. Pois dicativo, voz ativa
consequentemente, é através de sua inter-
a – objeto direto
pretação e interação que se pode dar o sen-
tido a leitura, reconhecendo o que há de im- água – substantivo comum
plícito ou explícito que contenham no texto. A
aceitabilidade é uma contraparte da intenci- sem – preposição essencial
onalidade, pois ele nos deixa claro que para esbanjar – substantivo abstrato
que se haja a aceitação é necessário que o
autor, o texto e o leitor, estejam em constan- Já a análise sintática examina como um todo
te interação. a relação das palavras de uma oração. Isso
significa a função que os termos desempe-
7 – Situacionalidade: nham na sua formação.
Diz respeito à pertinência e à relevância do Tais termos são: sujeito, predicado, comple-
texto no contexto. Reúne fatores que tornam mento nominal, complemento verbal, adjun-
o texto adequado a uma situação atual ou to adnominal, agente da passiva, adjunto
passada. É o conhecimento da situação co- adverbial e aposto.
municativa (prova de vestibular) e às suas
regras (domínio da norma culta). Visando exemplificar, vamos usar o mesmo
exemplo acima: Gastamos a água sem es-
banjar.
MORFOSSINTAXE (Nós) – sujeito oculto
A Morfossintaxe pode ser definida como a Gastamos – verbo transitivo direto e indireto
análise realizada nas orações, dentro de um
contexto morfológico, bem como sintático. a água – objeto direto. Água é o núcleo do
objeto
Assim é que se entende as funções que uma
determinada classe gramatical pode exercer sem esbanjar – adjunto adverbial
numa oração. O sujeito, por exemplo, pode É há também a análise sintática externa, que
se fazer representar por substantivos, pro- estuda e classifica os diferentes tipos de
nomes pessoais retos ou pronomes demons- orações.
trativos.
A morfossintaxe na frase
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Dá-se a análise da morfossintaxe quando é Período: É uma frase com uma ou mais ora-
necessário fazê-la no âmbito da palavra e da ções
frase. Aqui, o estudo vai abarcar, além da classe
gramatical, também a função sintática. Período simples: uma oração.
A morfossintaxe é o entendimento, ao mesmo Período composto: duas ou mais orações:
tempo, da morfologia e da sintática. Com isso
podemos entender quais a funções que uma Termos essenciais da oração
data classe gramatical pode exercer numa O sujeito e o predicado são considerados
oração.
termos essenciais da oração, ou seja, sujeito
O sujeito pode ser representado por substan- e predicado são termos indispensáveis para
tivos, por pronomes pessoais retos ou por pro- a formação das orações. No entanto, existem
nomes demonstrativos. Como também pelos orações formadas exclusivamente pelo pre-
pronomes relativos, pronomes interrogativos, dicado. O que define, pois, a oração, é a pre-
pronomes indefinidos e, por fim, numerais. Já o sença do verbo.
predicado pode ter como núcleo, a saber: um
verbo ou um nome. O sujeito é o termo que estabelece concor-
dância com o verbo.
O objeto direto é representado, essencial-
mente, por substantivos, pronomes substan- a) “Minha primeira lágrima caiu dentro dos
tivos, assim como pronomes oblíquos áto- teus olhos.”;
nos. Já o objeto indireto é representado, es-
b) “Minhas primeiras lágrimas caíram dentro
pecialmente, por substantivos e pronomes
dos teus olhos”.
pessoais oblíquos.
Na primeira frase, o sujeito é minha primeira
O predicativo do sujeito pode ser cumprido
lágrima. Minha e primeira referem-se ao
por adjetivos, locuções adjetivas, substanti-
conceito básico expresso em lágrima. Lágri-
vos, pronomes e até numerais. Já o predica-
ma é, pois, a principal palavra do sujeito,
tivo do objeto, por adjetivo, locuções adjeti-
sendo, por isso, denominada núcleo do sujei-
vas e substantivos.
to. O núcleo do sujeito se relaciona com o
Sobre o agente da passiva, podem represen- verbo, estabelecendo a concordância.
tá-lo tanto os substantivos quanto os prono-
A função do sujeito é basicamente desem-
mes. E o complemento nominal pode ser
penhada por substantivos, o que a torna
representado por substantivos, bem como
uma função substantiva da oração. Prono-
pronomes e numerais.
mes substantivos, numerais e quaisquer ou-
tras palavras substantivadas (derivação im-
própria) também podem exercer a função de
Sintaxe do período e da oração e seus dois
sujeito.
eixos: coordenação e subordinação
a) Ele já partiu;
Frase, período e oração:
b) Os dois sumiram;
Frase é uma sequência de palavras que
constitui um enunciado de sentido completo c) Um sim é suave e sugestivo.
Frases interrogativas: Uma pergunta Os sujeitos são classificados a partir de dois
elementos: o de determinação ou indetermi-
Frases imperativas: Ordem ou pedido
nação e o de núcleo do sujeito.
Frases exclamativas: Mostra um momento
Um sujeito é determinado quando é facil-
afetivo
mente identificável pela concordância verbal.
Frases declarativas: constatação de um fato O sujeito determinado pode ser simples ou
composto.
Oração: Tem que fazer sentido e ter verbo
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A indeterminação do sujeito ocorre quando b) com o verbo na terceira pessoa do singu-

não é possível identificar claramente a que lar, acrescido do pronome se. Esta é uma
se refere a concordância verbal. Isso ocorre construção típica dos verbos que não apre-
quando não se pode ou não interessa indicar sentam complemento direto:
precisamente o sujeito de uma oração.
b.1) Precisa-se de mentes criativas;
a) Estão gritando seu nome lá fora;
b.2) Vivia-se bem naqueles tempos;
b) Trabalha-se demais neste lugar.
b.3) Trata-se de casos delicados;
O sujeito simples é o sujeito determinado
b.4) Sempre se está sujeito a erros.
que possui um único núcleo. Esse vocábulo
pode estar no singular ou no plural; pode O pronome se funciona como índice de inde-
também ser um pronome indefinido. terminação do sujeito.
a) Nós nos respeitamos mutuamente; As orações sem sujeito, formadas apenas
pelo predicado, articulam-se a partir de m
b) A existência é frágil;
verbo impessoal. A mensagem está centrada
c) Ninguém se move; no processo verbal. Os principais casos de
orações sem sujeito com:
d) O amar faz bem.
O sujeito composto é o sujeito determinado
a) os verbos que indicam fenômenos da na-
que possui mais de um núcleo.
tureza:
a) Alimentos e roupas andam caríssimos;
a.1) Amanheceu repentinamente;
b) Ela e eu nos respeitamos mutuamente;
a.2) Está chuviscando.
c) O amar e o odiar são tidos como duas fa-
b) os verbos estar, fazer, haver e ser, quando
ces da mesma moeda.
indicam fenômenos meteorológicos ou se
Além desses dois sujeitos determinados, é relacionam ao tempo em geral:
comum a referência ao sujeito oculto, isto é,
b.1) Está tarde.
ao núcleo do sujeito que está implícito e que
pode ser reconhecido pela desinência verbal b.2) Ainda é cedo.
ou pelo contexto.
b.3) Já são três horas, preciso ir;
Abolimos todas as regras.
b.4) Faz frio nesta época do ano;
O sujeito indeterminado surge quando não
b.5) Há muitos anos aguardamos mudanças
se quer ou não se pode identificar claramen-
significativas;
te a que o predicado da oração se refere.
Existe uma referência imprecisa ao sujeito, b.6) Faz anos que esperamos melhores con-
caso contrário teríamos uma oração sem dições de vida;
sujeito.
b.7) Deve fazer meses que ele partiu.
Na língua portuguesa o sujeito pode ser inde-
terminado de duas maneiras: c) o verbo haver, na indicação de existência
ou acontecimento:
a) com verbo na terceira pessoa do plural,
desde que o sujeito não tenha sido identifi- c.1) Havia bons motivos para nossa apreen-
cado anteriormente: são;

a.1) Bateram à porta; c.2) Deve haver muitos interessados no seu

trabalho;
a.2) Andam espalhando boatos a respeito da
queda do ministro.
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c.3) Houve alguns problemas durante o tra- Os verbos acima são significativos, isto é,
balho. não servem apenas para indicar o estado do
sujeito, mas indicam processos.
O predicado é o conjunto de enunciados que
numa dada oração contém a informação O predicado nominal é aquele que tem como
nova para o ouvinte. núcleo significativo um nome; esse nome
atribui uma qualidade ou estado ao sujeito,
Nas orações sem sujeito, o predicado sim-
por isso é chamado de predicativo do sujeito.
plesmente enuncia um fato qualquer:
O predicativo é um nome que se liga a outro
a) Chove muito nesta época do ano; nome da oração por meio de um verbo.

b) Houve problemas na reunião. Nos predicados nominais, o verbo não é sig-

nificativo, isto é, não indica um processo. O
Nas orações que surge o sujeito, o predicado verbo une o sujeito ao predicativo, indicando
é aquilo que se declara a respeito desse su- circunstâncias referentes ao estado do sujei-
jeito. to:
Com exceção do vocativo, que é um termo à “Ele é senhor das suas mãos e das ferra-
parte, tudo o que difere do sujeito numa ora- mentas.”
ção é o seu predicado.
Na frase acima o verbo ser poderia ser subs-
a) Os homens (sujeito) pedem amor às mu- tituído por estar, andar, ficar, parecer, per-
lheres (predicado); manecer ou continuar, atuando como ele-
b) Passou-me (predicado) uma ideia estra- mento de ligação entre o sujeito e as pala-
nha (sujeito) pelo pensamento (predicado). vras a ele relacionadas.

Para o estudo do predicado, é necessário A função de predicativo é exercida normal-

verificar se seu núcleo está num nome ou mente por um adjetivo ou substantivo.
num verbo. Deve-se considerar também se O predicado verbo-nominal é aquele que
as palavras que formam o predicado refe- apresenta dois núcleos significativos: um
rem-se apenas ao verbo ou também ao sujei- verbo e um nome. No predicado verbo-
to da oração. nominal, o predicativo pode referir-se ao su-
Os homens sensíveis (sujeito) pedem amor jeito ou ao complemento verbal. O verbo do
sincero às mulheres de opinião. predicado verbo-nominal é sempre significa-
tivo, indicando processos. É também sempre
O predicado acima apresenta apenas uma por intermédio do verbo que o predicativo se
palavra que se refere ao sujeito: pedem. As relaciona com o termo a que se refere.
demais palavras ligam-se direta ou indireta-
mente ao verbo. a) O dia amanheceu ensolarado;

A existência (sujeito) é frágil (predicado). b) As mulheres julgam os homens inconstan-

tes
O nome frágil, por intermédio do verbo, refe-
re-se ao sujeito da oração. O verbo atua co- No primeiro exemplo, o verbo amanheceu
mo elemento de ligação entre o sujeito e a apresenta duas funções: a de verbo significa-
palavra a ele relacionada. tivo e a de verbo de ligação. Esse predicado
poderia ser desdobrado em dois, um verbal e
O predicado verbal é aquele que tem como outro nominal:
núcleo significativo um verbo:
a) O dia amanheceu;
a) Chove muito nesta época do ano;
b) O dia estava ensolarado.
b) Senti seu toque suave;
c) O velho prédio foi demolido.
 13

No segundo exemplo, é o verbo julgar que perito em;

relaciona o complemento homens como o
devoção por;
predicativo inconstantes.
Exemplos de complemento nominal:
Os termos integrantes da oração são aqueles
que integram, principalmente, o sentido de Minha vizinha está cheia de dores.
verbos e substantivos presentes na oração.
Os principais termos integrantes da oração Ainda não estou pronta para o teste.
são os complementos verbais (objeto direto Minha avó tem muita devoção por Deus.
e objeto indireto), o complemento nominal e
o agente da passiva. Agente da passiva

Objeto direto O agente da passiva é um termo que existe

apenas em orações na voz passiva analítica.
O objeto direto é um complemento verbal. É Indica quem pratica a ação, correspondendo
o termo da oração que indica o elemento ao sujeito da voz ativa. É um termo preposi-
que sofre a ação verbal, completando o sen- cionado, introduzido pela preposição por e
tido de um verbo transitivo direto. suas formas flexionadas (pelo, pela, pelos,
Exemplos de objeto direto: pelas).

Minha filha está lendo o livro no jardim. Exemplos de agente da passiva:

Eu amo-o do fundo do meu coração. A apresentação foi realizada pela professora

de Filosofia.
Nunca experimentei essa receita.
Todo o trabalho foi feito por mim.
Leia mais sobre as características do objeto
O paciente foi acompanhado pela enfermeira.
direto.
Objeto indireto Termos acessórios da oração e vocativo

O objeto indireto é um complemento verbal. Os termos acessórios recebem esse nome

É um termo preposicionado que indica o por serem acidentais, explicativos, circuns-
elemento ao qual se destina ação verbal. tanciais.
Completa o sentido de um verbo transitivo São termos acessórios o adjunto adverbial,
indireto. adjunto adnominal e o aposto.
Exemplos de objeto indireto: O adjunto adverbial é o termo da oração que
O filho não obedeceu ao pai. indica uma circunstância do processo verbal,
ou intensifica o sentido de um adjetivo, verbo
Neste momento, eu preciso de sua ajuda. ou advérbio. É uma função adverbial, pois
cabe ao advérbio e às locuções adverbiais
Você vai fugir de mim?
exercer o papel de adjunto adverbial.
Complemento nominal
Amanhã voltarei de bicicleta àquela velha
O complemento nominal é um termo prepo- praça.
sicionado que completa o sentido de um
As circunstâncias comumente expressas pe-
nome, como um substantivo, um adjetivo ou
lo adjunto adverbial são:
um advérbio. Existem diversos nomes que
têm um significado incompleto sem esse acréscimo: Além de tristeza, sentia profundo
complemento, como: cansaço.
alheio a; afirmação: Sim, realmente irei partir.
cheio de; assunto: Falavam sobre futebol.
descontente com;
 14

causa: Morrer ou matar de fome, de rai- Já o predicativo do objeto se liga ao objeto

va e de sede… são tantas vezes gestos natu- por meio de um verbo.
rais.
O poeta português deixou uma obra origina-
companhia: Sempre contigo bailando sob as líssima.
estrelas.
O poeta deixou-a.
concessão: Apesar de você, amanhã há de
O poeta português deixou uma obra inaca-
ser outro dia.
bada.
conformidade: Fez tudo conforme o combi-
O poeta deixou-a inacabada.
nado.
Enquanto o complemento nominal relaciona-
dúvida: Talvez nos deixem entrar.
se a um substantivo, adjetivo ou advérbio; o
fim: Estudou para o exame. adjunto nominal relaciona-se apenas ao
substantivo.
frequência: Sempre aparecia por lá.
O aposto é um termo acessório que permite
instrumento: Fez o corte com a faca.
ampliar, explicar, desenvolver ou resumir a
intensidade: Corria bastante. ideia contida num termo que exerça qual-
quer função sintática.
limite: Andava atabalhoado do quarto à sala.
Ontem, segunda-feira, passei o dia mal-
lugar: Vou à cidade. humorado.
matéria: Compunha-se de substâncias estra- Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial
nhas. de tempo ontem. Dizemos que o aposto é
meio: Viajarei de trem. sintaticamente equivalente ao termo que se
relaciona porque poderia substituí-lo:
modo: Foram recrutados a dedo.
Segunda-feira passei o dia mal-humorado.
negação: Não há ninguém que mereça.
O aposto pode ser classificado, de acordo
preço: As casas estão sendo vendidas a pre- com seu valor na oração, em:
ços exorbitantes.
a) explicativo: A linguística, ciência das lín-
substituição ou troca: Abandonou suas con- guas humanas, permite-nos interpretar me-
vicções por privilégios econômicos. lhor nossa relação com o mundo.
tempo: Ontem à tarde encontrou o velho b) enumerativo: A vida humana se compõe
amigo. de muitas coisas: amor, arte, ação.
O adjunto adnominal é o termo acessório c) resumidor ou recapitulativo: Fantasias,
que determina, especifica ou explica um suor e sonho, tudo isso forma o carnaval.
substantivo. É uma função adjetiva, pois são
os adjetivos e as locuções adjetivas que d) comparativo: Seus olhos, indagadores ho-
exercem o papel de adjunto adnominal na lofotes, fixaram-se por muito tempo na baía
oração. Também atuam como adjuntos ad- anoitecida.
nominais os artigos, os numerais e os pro- Além desses, há o aposto especificativo, que
nomes adjetivos. difere dos demais por não ser marcado por
O poeta inovador enviou dois longos traba- sinais de pontuação (dois-pontos ou vírgula).
lhos ao seu amigo de infância. A rua Augusta está muito longe do rio São
O adjunto adnominal se liga diretamente ao Francisco.
substantivo a que se refere, sem participa-
ção do verbo.
 15

O vocativo é um termo que serve para cha- Não só provocaram graves problemas, mas
mar, invocar ou interpelar um ouvinte real ou (também) abandonaram os projetos de rees-
hipotético. truturação social do país.
A função de vocativo é substantiva, cabendo As coordenadas sindéticas adversativas são
a substantivos, pronomes substantivos, nu- introduzidas pelas conjunções adversativas.
merais e palavras substantivadas esse papel A segunda oração exprime contraste, oposi-
na linguagem. ção ou compensação em relação à anterior.
As adversativas típicas são: mas, porém,
Período composto por coordenação
contudo, todavia, entanto, entretanto, e as
O período composto por coordenação é for- locuções no entanto, não obstante, nada
mado por orações sintaticamente completas, obstante.
ou seja, equivalentes.
Este mundo é redondo mas está ficando
Os homens investigam o mundo, descobrem muito chato.
suas riquezas e constroem suas sociedades
O país é extremamente rico; o povo, porém,
competitivas.
vive em profunda penúria.
O período acima é formado por três orações,
Já as coordenadas sindéticas alternativas
no entanto essas orações são independen-
são introduzidas por conjunções alternativas,
tes e poderiam constituir orações absolutas,
indicando pensamentos ou fatos que se al-
caracterizando o período composto por coor-
ternam ou excluem. A conjunção alternativa
denação. Quanto às orações coordenadas,
típica é ou. Há também os pares ora… ora,
elas estão divididas em assindéticas e sindé-
já… já, quer… quer, seja… seja.
ticas, sendo estas aditivas, adversativas,
alternativas, conclusivas e explicativas. Diga agora ou cale-se para sempre.
As orações coordenadas assindéticas são Ora atua com dedicação e serieda-
aquelas ligadas sem o uso da conjunção: de, ora age de forma desleixada e relapsa.
Um pé-de-vento cobria de poeira a folhagem As coordenadas sindéticas conclusivas são intro-
das imburanas, sinhá Vitória catava piolhos duzidas por conjunções conclusivas. Nesse caso,
no filho mais velho, Baleia descansava a a segunda oração exprime conclusão ou conse-
cabeça na pedra de amolar. quência lógica da primeira. As conjunções e
locuções típicas são: logo, portanto, então, as-
Já as orações coordenadas sindéticas são sim, por isso, por conseguinte, de modo que, em
aquelas ligadas por meio de conjunções: vista disso, pois (apenas quando não anteposta
ao verbo).
Dormiu e sonhou.
Aquela substância é altamente tóxi-
As orações coordenadas sindéticas aditivas ca, logo deve ser manuseada cautelosamen-
são ligadas por meio de conjunções aditivas. te.
Ocorrem quando os fatos estão em sequên-
cia simples, sem que acrescente outra ideia. A situação econômica é delicada; deve-
As aditivas típicas são e e nem. mos, pois, agir cuidadosamente.

Discutimos as várias propostas e analisamos As coordenadas sintéticas explicativas são

possíveis soluções. introduzidas por conjunções explicativas e
exprimem o motivo, a justificativa de se ter
Não discutimos as várias propostas, nem (e feito a declaração anterior. As conjunções
não) analisamos quaisquer soluções. explicativas são que, por-
As orações sindéticas aditivas podem tam- que e pois (anteposta ao verbo).
bém ser ligadas pelas locuções não “Vem, que eu te quero fraco.”
só, mas(também), tanto … como.
Ele se mudou, pois seu apartamento está vazio.
 16

Período composto por subordinação verbos do tipo convir, cumprir, importar,

ocorrer, acontecer, suceder, parecer, cons-
O período composto por subordinação é aquele
composto por uma oração principal (aquela que
tar, quando na terceira pessoa do singular.
tem pelo menos um dos termos representado por
uma oração subordinada) e por orações subordi-
nadas (aquelas que exercem função sintática em As subordinadas substantivas objetivas dire-
outra oração). tas exercem a função de objeto direto do
verbo da oração principal:
As orações subordinadas podem ser substanti-
vas, adjetivas e adverbiais. Juro que direi a verdade.
Quanto às formas, elas podem ser desen- Juro dizer a verdade.
volvidas (apresentam verbos numa das for-
mas finitas [tempos do indicativo, subjuntivo, Algumas objetivas diretas são introduzidas
imperativo], apresentam normalmente con- pela conjunção subordinativa integrante se e
junção e pronome relativo) e reduzidas por pronomes interrogativos (onde, por que,
(apresentam verbos numa das formas nomi- como, quando, quando).
nais [infinitivo, gerúndio, particípio] e não Essas orações ocorrem em formas interroga-
apresentam conjunções nem pronomes rela- tivas diretas:
tivos, podem apresentar preposição):
Desconheço se ele chegou.
Eu sinto que em meu gesto existe o teu ges-
to. Desconheço quando ele chegou.
Eu sinto existir em meu gesto o teu gesto. Os verbos auxiliares causativos (deixar,
mandar e fazer) e os auxiliares sensitivos
As orações subordinadas substantivas exer- (ver, sentir, ouvir e perceber) formam ora-
cem funções substantivas no interior da ora- ções principais que apresentam objeto direto
ção principal de que fazem parte. Elas po- na forma de orações subordinadas substan-
dem ser desenvolvidas ou reduzidas e são tivas reduzidas de infinitivo:
classificadas de acordo com suas seis fun-
ções: sujeito, objeto direto, objeto indireto, Deixe-me partilhar seus segredos.
complemento nominal, predicativo do sujeito
As subordinadas substantivas objetivas indi-
e aposto.
retas exercem o papel de objeto indireto do
As subordinadas substantivas subjetivas são verbo da oração principal:
aquelas orações que exercem a função de
Aspiramos a que a situação nacional melho-
sujeito do verbo da oração principal:
re.
É preciso que haja alguma coisa de flor em
Lembre-me de ajudá-lo em seus afazeres.
tudo isso.
As subordinadas substantivas completivas
É preciso haver alguma coisa de flor em tudo
nominais exercem papel de complemento
isso.
nominal de um termo da oração principal:
O verbo da oração principal sempre se apre-
Tenho a sensação de que estamos alcan-
senta na terceira pessoa do singular. E os
çando uma situação mais alentadora.
verbos e expressões que apresentam essa
oração como sujeito podem ser divididos em Já as subordinadas substantivas predicativas
três grupos: exercem o papel de predicativo do sujeito da
oração principal:
verbos de ligação mais predicativo (é bom, é
claro, parece certo); Nossa constatação é que vida e morte são
duas faces de uma mesma realidade.
verbos na voz passiva sintética ou analítica
(sabe-se, conta-se, foi anunciado);
 17

As subordinadas substantivas apositivas O filme a que fizeram referência foi premiado

exercem função de aposto de um termo da – complemento nominal
oração principal:
O filme cujo artista foi premiado não fez su-
Só desejo uma coisa: que nossa situação cesso – adjunto adnominal
melhore.
O bandido por quem fomos atacados fugiu –
As orações subordinadas adjetivas exercem agente da passiva
a função sintática de pronome relativo. Exer-
A escola onde estudamos foi demolida –
ce a função sintática de adjunto adnominal
adjunto adverbial
de um termo da oração principal, sendo in-
troduzida por pronome relativo (que, qual/s, Cujo sempre funciona como adjunto adno-
como, quanto/a/s, cujo/a/s, onde). Estes minal; onde como adjunto adverbial de lugar
pronomes relativos podem ser precedidos de e como será adjunto adverbial de modo.
preposição.
As orações subordinadas adverbiais corres-
As subordinadas adjetivas dividem-se em pondem sintaticamente a um adjunto adver-
restritivas e explicativas. bial, sendo introduzida por conjunções su-
bordinativas adverbiais. A ordem direta do
As restritivas restringem o sentido da oração
período é oração principal + oração subordi-
principal, sendo indispensáveis. Apresentam
nada adverbial, entretanto muitas vezes a
sentido particularizante do antecedente.
oração adverbial vem antes da oração prin-
O professor castigava os alunos que se com- cipal.
portavam mal.
As orações subordinadas adverbiais podem
As explicativas têm a função de explicar o ser do tipo:
sentido da oração principal, sendo dispensá-
Causal, fator determinante do acontecimento
vel. Apresentam sentido universalizante do
relatado na oração principal. (Saí apressado,
antecedente.
porque estava atrasado)
Grande Sertão: Veredas, que foi publicado
As principais conjunções são: porque, por-
em 1956, causou muito impacto.
quanto, desde que, já que, visto que, uma
Geralmente, as orações explicativas vêm vez que, como, que…
separadas da oração principal por vírgulas
A oração causal introduzida por como fica
ou travessões.
obrigatoriamente antes da principal.
Os pronomes relativos que introduzem as
Consecutiva, resultado ou efeito da ação
orações subordinadas adjetivas desempe-
manifesta na oração principal. (Saímos tão
nham funções sintáticas. Para esse tipo de
distraídos, que esquecemos os ingressos)
análise, deve-se substituir o pronome relativo
por seu antecedente e proceder a análise As principais conjunções são: que (precedido
como se fosse um período simples. de tão, tal, tanto, tamanho), de maneira que,
de forma que…
O homem, que é um ser racional, aprende
com seus erros – sujeito Comparativa, comparação com o que apare-
ce expresso na oração principal, buscando
Os trabalhos que faço me dão prazer – obje-
entre elas semelhanças ou diferenças. Pode
to direto
aparecer com o verbo elíptico. (Naquele lugar
Os filmes a que nos referimos são italianos – chovia, como chove em Belém)
objeto indireto
As principais conjunções são: assim como,
O homem rico que ele era hoje passa por tal qual, que, do que, como, quanto...
dificuldades – predicativo do sujeito
 18

Condicional, circunstância da qual depende relação a outra (ele age / como você / para
a realização do fato expresso na oração prin- estar em evidência)
cipal. (Sairei, se você der autorização)
A Norma Gramatical Brasileira não faz refe-
As principais conjunções são: se (= ca- rência às orações adverbiais modais e locati-
so), caso, contanto que, dado que, desde vas (introduzida por onde) – Falou sem que
que, uma vez que, a menos que, sem que, ninguém notasse / Estaciona-se sempre on-
salvo se, exceto se… de é proibido.
Conformativa, ideia de adequação, de não As subordinadas reduzidas apresentam duas
contradição com o fato relatado na oração características básicas:
principal. (Saímos na hora, conforme havía-
não é introduzida por conectivos, mas equi-
mos combinado)
vale a uma oração desenvolvida;
As principais conjunções são: conforme, co-
apresenta verbo numa das três formas no-
mo, segundo, consoante…
minais.
Concessiva, admissão de uma circunstância
Não é a falta de conectivo que determina a
ou ideia contrária, a qual não impede a reali-
existência de uma oração reduzida, e sim a
zação do fato manifesto na oração principal.
forma nominal do verbo.
(Saímos cedo, embora o espetáculo fosse
mais tarde) Classificam-se em reduzida de particípio,
gerúndio ou infinitivo, em função da forma
As principais conjunções: embora, ainda que,
verbal que apresentam.
se bem que, mesmo que, apesar de que,
conquanto, sem que… As reduzidas de infinitivo podem vir ou não
precedidas de preposição e, geralmente, são
As conjunções concessivas sempre apare-
substantivas ou adverbiais, raramente adje-
cem com verbo no subjuntivo.
tivas. As orações adverbiais, em geral, vêm
Temporal, circunstância de tempo em que precedidas de preposição. Entretanto, as
ocorreu o fato relatado na oração principal. proporcionais e as comparativas são sempre
(Saímos de casa, assim que amanheceu) desenvolvidas.
As principais conjunções são: quando, assim Algumas orações reduzidas de infinitivo me-
que, logo que, tão logo, enquanto, mal, sem- recem atenção: vem depois dos verbos dei-
pre que… xar, mandar, fazer, ver, ouvir, olhar, sentir e
outros verbos causativos e sensitivos. Deixei-
Final, objetivo ou destinação do fato relatado
os fugir (= que eles fugissem) – orações su-
na oração principal. (Fomos embora, para
bordinada substantiva objetiva direta. Este é
que não houvesse confusão)
o único caso em que o pronome oblíquo
As principais conjunções são: para que, para, exerce função sintática de sujeito (caso de
a fim de que, com a finalidade de… sujeito de infinitivo).

Proporcional, relação existente entre dois As reduzidas de gerúndio, geralmente adver-

elementos, de modo que qualquer alteração bial, raramente adjetiva e coordenada aditi-
em um deles implique alteração também no va. A maioria das adverbiais são temporais.
outro. (Os alunos saíram, à medida que ter- Não há consecutiva, comparativa e final re-
minavam a prova) duzida de gerúndio.

As principais conjunções são: à medida que, Segundo Rocha Lima, as orações subordina-
à proporção que, enquanto, ao passo que, das adverbiais modais só aparecem sob a
quanto… forma reduzida de gerúndio, uma vez que
não existem conj. modais. (A disciplina não
Uma oração pode ser subordinada a uma se aprende na fantasia, sonhando, ou estu-
principal e, ao mesmo tempo, principal em dando)
 19

A reduzida de particípio, geralmente adjetiva Um adjetivo anteposto em referência a nomes de

ou adverbial, também sendo mais comuns as pessoas deve estar sempre no plural.
temporais. Eventualmente, uma oração co- Os conhecidos Barcelos e Sousa foram os
ordenada pode vir como reduzida de gerún- primeiros moradores daquela cidade.
dio. As adjetivas reduzidas de particípio são
ponto de discussão entre os gramáticos. A Quando o adjetivo tiver função de predicativo,
tendência atual é considerar estes particí- concorda com todos os núcleos a que se relacio-
pios simples adjetivos (adjuntos adnomi- na. Será predicativo quando estiver depois de um
nais). verbo de ligação – claro ou subentendido.

Sintaxe de Concordância: Concordância no- São calamitosos a pobreza e o desamparo.

minal e verbal Julguei insensatas sua atitude e suas pala-
vras. Julguei (serem) insensatas…
Concordância nominal
Quando um substantivo determinado por
Na concordância nominal, os determinantes artigo é modificado por dois ou mais adjeti-
do substantivo (adjetivos, numerais, prono- vos, podem ser usadas as seguintes cons-
mes adjetivos e artigos) alteram sua termi- truções: Estudo a língua inglesa e a france-
nação (gênero e número) para se adequarem sa.
a ele.
Estudo as línguas inglesa e francesa.
A dificuldade em concordância nominal ocorre
quando o adjetivo se relaciona a mais de um No caso de numerais ordinais que se referem a
substantivo e surgem palavras ou expressões um único substantivo composto, podem ser usa-
que deixam dúvidas. das as seguintes construções:

Observe estas frases: Ela desobedeceu à terceira e à quarta lei/ou

leis do Código de Trânsito.
Notamos o cerimonioso gesto e atitude diante
dos convidados. Ela desobedeceu às leis terceira e quarta do
Código de Trânsito.
A concordância do adjetivo “cerimonioso” se dá
com o substantivo Adjetivos regidos pela preposição de, que se ref-
erem a pronomes indefinidos, ficam normalmen-
mais próximo.
te no masculino singular, podendo surgir con-
Notamos a cerimoniosa atitude e gesto dian- cordância atrativa.
te dos convidados. Seus olhos têm algo de sedutor.
Veja outro exemplo:
Os edifícios da cidade nada têm de elegan-
Aquele beijo foi dado num inoportuno lugar e tes.
hora. Aquele beijo foi dado num lugar e hora Anexo; incluso; obrigado; mesmo; próprio –
inoportuna. Aquele beijo foi dado num lugar são adjetivos ou pronomes adjetivos, deven-
e hora inoportunos. do concordar com o substantivo a que se
(aqui fica mais claro que o adjetivo refere-se aos referem.
dois substantivos)
Vai inclusa a fotografia.
regra geral – a partir desses exemplos, pode-se
formular o princípio de que o adjetivo anteposto Vocês mesmos podem encaminhar os pa-
concorda com o substantivo mais próximo. Mas, péis.
se o adjetivo estiver depois do substantivo, além
Mesmo = até, inclusive é invariável (Mesmo
da possibilidade de concordar com o mais próxi-
mo, ele pode concordar com os dois termos, fi-
eles ficaram chateados) / expressão em
cando no plural, indo para o masculino se um anexo é invariável. As palavras mesmo e bas-
dos substantivos for masculino. Essa é a forma tante, dependendo da organização sintática
mais usada. da oração, podem funcionar como advérbio
(invariável) ou como pronome (variável).
 20

Ex.: As alunas tomaram mesmo essa deci- Leram pouco as moças muito vivas. (advér-
são? – mesmo – advérbio de afirmação = bio)
realmente.
Andavam por longes terras. (adjetivo)
As alunas mesmas tomaram essa decisão?
Eles moram longe da cidade. (advérbio)
–mesmas –pronome demonstrativo = pró-
Eram mercadorias baratas. (adjetivo)
prias.
Pagaram barato aqueles livros. (advérbio)
Bastantes passarinhos dormem na velha
mangueira.
– bastantes – pronome indefinido = muitos. Obs.: Será palavra adjetiva se fizer referência
a um substantivo; será advérbio se fizer refe-
Foram bastante agitadas as festas desta
rência a um verbo, adjetivo ou outro advér-
semana.
bio.
–bastante – advérbio de intensidade = mui-
É bom; é proibido; é necessário – expressões
to.
formadas do verbo ser + adjetivo não variam
Obs.: a palavra bastante (s) pode, também, se o sujeito não vier determinado; caso con-
exercer o papel de adjetivo, significando su- trário, a concordância será obrigatória.
ficiente / suficientes.
Água é bom.
Ex.: Temos razões bastantes (= suficientes)
A água é boa.
para duvidar dele.
Bebida é proibido para menores.
Meio; bastante; menos – meio e bastante,
quando se referem a um substantivo, devem As bebidas são proibidas para menores.
concordar com esse substantivo. Quando
funcionarem como advérbios, permanecerão Chuva é necessário.
invariáveis. Menos é sempre invariável. Aquela chuva foi necessária.
Comeu meia maçã no café. (metade) Só = sozinho (adjetivo – variável) / só = so-
Elas saíram meio envergonhadas. (um tanto) mente, apenas (advérbio – não flexiona).

Há pessoas bastantes para coordenar o tra- Só elas não vieram. (somente) Vieram só os
balho.(muitas, suficientes) rapazes. (apenas) Eles estavam sós. (sozi-
nhos)
Passearam bastante no domingo. (muito)
Só forma a expressão a sós (sozinhos).
Ela é bastante simpática. (muito)
A locução adverbial a olhos vistos (= visivel-
Havia menos gente na sala. mente) é invariável.
Muito; pouco; longe; caro; barato – podem ser Fernanda crescia a olhos vistos.
palavras adjetivas ou advérbios. Se forem
adjetivos, serão flexionadas com o substantivo a Conforme = conformado (adjetivo – variável)
que se referem; se forem advérbios, ficarão in- /conforme = como (conjunção – não flexio-
variáveis. na).
Compraram livros caros. (adjetivo) Eles ficaram conformes com a decisão; (con-
formados)
Os livros custaram caro. (advérbio)
Dançam conforme a música. (como)
Poucas pessoas tinham muitos livros. (adje-
tivo) (advérbio) Na voz passiva, os particípios concordam com o
sujeito, como os adjetivos.
 21

A refém foi resgatada do bote. Quando o verbo se distanciar do sujeito coletivo,

o verbo poderá ir para o plural concordando com
Os materiais foram comprados a prazo. a ideia de quantidade (silepse de número).
A apuração foi iniciada pelas juízas. A turma concordava nos pontos essenciais,
Referindo-se a dois ou mais substantivos de discordavam apenas nos pormenores.
gêneros diferentes, o particípio concordará Quando o sujeito é um pronome de trata-
no masculino plural. mento – o verbo fica na 3ª pessoa.
Ex.: O navio e a corveta foram atingidos por Vossa Senhoria não é justo;
mísseis.
Vossas Senhorias estão de acordo comigo.
Haja vista – não se flexiona, exceto por con-
cordância atrativa antes de substantivo no plural Expressão mais de + numeral – o verbo con-
sem preposição. corda com o numeral.
Haja vista hajam vista) os comentários fei- Mais de um candidato prometeu melhorar o
tos; Haja vista os recados do chefe. país; Mais de duas pessoas vieram à festa.
Salvo (= exceto) e alerta não se flexionam Mais de um + se (ideia de reciprocidade) –
Salvo nós dois, todos fugiram… Eles ficaram verbo no plural.
alerta. Os adjetivos adverbializados são inva-
Mais de um sócio se insultaram.
riáveis.
Mais de um + mais de um – verbo no plural.
Vamos falar sério. (= seriamente)
Mais de um candidato, mais de um repre-
Ele e a esposa raro vão ao cinema. (= rara-
sentante faltaram à reunião.
mente)
Expressões perto de, cerca de, mais de, me-
Silepse com expressão de tratamento – usa-
nos de + sujeito no plural – verbo no plural.
se adjetivo masculino em concordância ideo-
lógica com um homem ao qual se relaciona a Perto de quinhentos presos fugiram.
forma de tratamento, que é feminina.
Cerca de trezentas pessoas ganharam o
Vossa Majestade, o rei, mostrou-se genero- prêmio. Mais de mil vozes pediam justiça.
so; Vossa Excelência é injusto.
Menos de duas pessoas fizeram isto.
Silepse (concordância ideológica) – consiste em
estabelecer a concordância entre palavras, Nomes usados somente no plural – a con-
levando em conta as ideias que elas exprimem, cordância depende da presença ou não de
não suas formas gramaticais. artigo.
Ex.: A bela Porto Alegre. (bela cidade) 83 sem artigo – verbo no singular.
Sujeito simples – o verbo concorda com o Minas Gerais produz muito leite. Férias faz
sujeito simples em pessoa e número. bem.
Uma boa Constituição é desejada por todos precedidos de artigo plural – verbo no plural.
os brasileiros; De paz necessitam as pesso-
Os Lusíadas exaltam a grandeza do povo
as.
português. As Minas Gerais produzem muito
Sujeito coletivo (singular na forma com ideia de leite.
plural) – o verbo fica no singular, concordando
com a palavra escrita, não com a ideia. Para nomes de obras literárias, admite-se,
também, a concordância ideológica (silepse)
O grupo já está preparado. com a palavra (obra) implícita na frase (Os
Lusíadas exalta a grandeza do povo portu-
guês).
 22

Expressões a maior parte, grande parte, a O desalento e a tristeza abalaram-me.

maioria de (= sujeito coletivo partitivo) + ad-
com núcleos em gradação – verbo no singu-
junto adnominal no plural – verbo concorda
lar ou no plural.
com o núcleo do sujeito ou com o especifica-
dor (adjunto adnominal). Um minuto, uma hora, um dia passa / pas-
sam rápido.
A maior parte dos constituintes se retirou
(retiraram). Grande parte dos torcedores dois infinitivos como núcleos – verbo no sin-
aplaudiu (aplaudiram) a jogada. A maioria gular.
dos constituintes votou (votaram).
Estudar e trabalhar é importante.
Quando a ação só pode ser atribuída à tota-
lidade e não separadamente aos indivíduos, dois infinitivos exprimindo ideias opostas –
usa-se o singular (Um bando de soldados verbo no plural.
enchia o pavimento inferior). Rir e chorar se alternam.
Quem – se o pronome relativo quem for Sujeito composto posposto – concordância
sujeito da oração – verbo normal ou atrativa (com o núcleo mais pró-
na 3ª pessoa do singular concordando com o ximo).
sujeito.
Discutiram / discutiu muito o chefe e o fun-
Fui eu que falei. Fomos nós quem falou. cionário.
Que – se o pronome relativo que for sujeito – o Se houver ideia de reciprocidade, o verbo vai
verbo concorda sempre com o antecedente. para o plural.

Fomos nós que falamos. Estimam-se o chefe e o funcionário.

Quando o sujeito é pronome interrogativo ou Quando o verbo ser estiver acompanhado de
indefinido (núcleo) substantivo plural, o verbo também se pluraliza.

+ de nós ou de vós – depende do pronome- Foram vencedores Pedro e Paulo.

núcleo. Sujeito composto de diferentes pessoas
pronome-núcleo no singular – verbo no sin- gramaticais – depende da pessoa prevalen-
gular. te.

Qual de nós votou conscientemente? eu + outros pronomes – verbo na 1ª pessoa

do plural.
Nenhum de vós irá ao cinema.
Eu, tu e ele sairemos.
pronome-núcleo no plural – verbo na 3ª
pessoa do plural ou concordando com o pro- tu + eles – verbo na 2ª pessoa do plural (pre-
nome pessoal. ferência) ou na 3ª pessoa do plural.

Quais de nós votaram (votamos) conscien- Tu e teu colega estudastes/estudaram?

temente? Se o sujeito estiver posposto, também vale a
Muitos de vós foram (fostes) insultados. concordância atrativa.

Sujeito composto anteposto ao verbo – verbo Saímos / saí eu e tu.

no plural. Sujeito composto resumido por um pronome-
O anel e os brincos sumiram da gaveta. síntese (aposto) – concordância com o pro-
nome.
com núcleos sinônimos – verbos no singular
ou no plural. Risos, gracejos, piadas, nada a alegrava.

O rancor e o ódio cegou o amante.

 23

Expressão um e outro – verbo no singular ou relação ao verbo. verbo concorda com termo
no plural. posposto ao número.
Um e outro falava/ falavam a verdade. 80% da população tinha mais de 18 anos.
Dez por cento dos sócios saíram da empre-
Com ideia de reciprocidade – verbo no plural.
sa.
Um e outro se agrediram. verbo concorda com o número quando estiver
Expressão um ou outro – verbo no singular. anteposto a ele.

Um ou outro rapaz virava a cabeça para nos Perderam-se 40% da lavoura.

olhar. verbo no plural, se o número vier determinado
por artigo ou pronome no plural.
Sujeito composto ligado por nem (conjunção
aditiva = soma) – verbo no plural. Os 87% da produção perderam-se.
Nem o conforto, nem a glória lhe trouxeram Aqueles 30% do lucro obtido desaparece-
a felicidade. ram.
Aparecendo pronomes pessoais misturados, Quando o sujeito é número fracionário – o
leva-se em conta a prioridade gramatical. verbo concorda com o numerador.
Nem eu, nem ela fomos ao cinema. 1/4 da turma faltou ontem.
Expressão nem um nem outro – verbo no 3/5 dos candidatos foram reprovados.
singular.
Sujeito composto antecedido de cada ou
Nem um nem outro comentou o fato. nenhum – verbo na 3ª pessoa do singular.
Sujeito composto ligado por ou– faz-se em Cada criança, cada adolescente, cada adulto
função da ideia transmitida pelo ou. ajudava como podia.
ideia de exclusão – verbo no singular. Nenhum político, nenhuma cidade, nenhum
José ou Pedro será eleito para o cargo / um ser humano faria isso.
ou outro conhece seus direitos. Sujeito composto ligado por como, assim
ideia de inclusão ou antinomia – verbo no como, bem como (formas correlativas) – de-
plural. ve-se preferir o plural, sendo mais raro o sin-
gular.
Matemática ou Física exigem raciocínio lógi-
co. Riso ou lágrimas fazem parte da vida. Rio de Janeiro como Florianópolis são belas
cidades.
ideia explicativa ou alternativa – concordân-
cia com o sujeito mais próximo. Tanto uma, como a outra, suplicava-lhe o
perdão.
Ou eu ou ele irá. Ou ele ou eu irei.
Sujeito composto ligado por com – observar
Expressão um dos que – verbo no singular. a presença ou não de vírgulas.
Ele foi um dos que mais falou/falaram. Verbo no plural sem vírgulas.
Se a expressão significar apenas um, o verbo Eu com outros amigos limpamos o quintal.
ficará no singular.
verbo no singular com vírgulas – ideia de com-
É uma das peças de Nelson Rodrigues que panhia
será apresentada.
A presidente, com os ministros, desembar-
Quando o sujeito é número percentual – ob- cou em Brasília.
servar a posição do número percentual em
 24

Sujeito indeterminado com verbo na 3º pessoa tir” ou “acontecer”. (Há um lugar ali. / Tem
do singular + SE um lugar ali.)
Assistiu-se à apresentação da peça. Os verbos existir e acontecer são pessoais e
Sujeito paciente ao lado de um verbo na voz pas- concordam com seu sujeito.
siva sintética – o verbo concorda com o sujeito. Existiam sérios compromissos.
Discutiu-se o plano. (= O plano foi discutido.) Aconteceram bastantes problemas naquele
(plano = sujeito) dia.
Discutiram-se os planos. (= Os planos foram verbo fazer indicando tempo decorrido ou
discutidos.) Alugam-se casas. (Casas são fenômeno da natureza – impessoal.
alugadas.)
Fazia anos que não vínhamos ao Rio. Faz
Locução verbal constituída de: parecer + verões maravilhosos nos trópicos.
infinitivo – o verbo parecer varia ou o infi-
nitivo. Verbo ser – impessoal quando indica data,
hora e distância, concordando com a expres-
As pessoas pareciam acreditar em tudo. são numérica ou a palavra a que se refere.
As pessoas parecia acreditarem em tudo. Eram seis horas. / Hoje é dia doze. / Hoje é
Com o infinitivo pronominal, flexiona-se apenas o (ou) são doze. / Daqui ao centro são treze
infinitivo. quilômetros.
Elas parece zangarem-se com a moça. Se o sujeito é palavra coletiva, o verbo con-
corda com o predicativo
verbos dar, bater e soar + horas – os verbos
têm como sujeito o número que indica as A maioria eram adolescentes. / A maior par-
horas. te eram problemas.
Deram dez horas naquele momento. Meio- sujeito indicando peso, medida, quantidade:
dia soou no velho relógio da igreja. verbos é pouco, é muito, é bastante, é suficiente, é
indicadores de fenômenos da natureza – tanto – verbo ser no singular.
verbo na 3ª pessoa do singular, por serem
Três mil reais é pouco pelo serviço. / Dez
impessoais, extensivo aos auxiliares se esti-
quilômetros já é bastante para um dia.
verem em locuções verbais.
Geia muito no Sul.
silepse de pessoa – o verbo concorda com
Choveu por muitas noites no verão.
um elemento implícito.
Em sentido figurado, deixam de ser impessoais.
A formosura de Páris e Helena foram a cau-
Choveram vaias para o candidato. sa da destruição de Troia.
haver = “existir” ou “acontecer” e fazer = “tempo (A formosura de Páris e a formosura de He-
decorrido” são impessoais. lena)
Havia vários alunos na sala (= existiam). Os brasileiros somos improvisadores. (ideia
Houve bastantes acidentes naquele mês (= de inclusão de quem fala entre os brasilei-
aconteceram). ros)

Deve haver muitas pessoas na fila (devem

existir). COLOCAÇÃO PRONOMINAL
Considera-se coloquial o emprego do verbo Os pronomes pessoais oblíquos (me, nos, te,
ter por haver quando tiver sentido de “exis- vos, o, a, lhe,se, os, as, lhes, se), como todos
os vocábulos monossílabos átonos, apoiam-
 25

se na tonicidade da palavra vizinha. Assim, “Confesso que me bambeou a perna.” (Ru-

em relação ao verbo, tais pronomes podem bem Braga)
ocupar três posições:
nas orações exclamativas iniciadas por pala-
antes do verbo – próclise (pronome proclíti- vras exclamativas, bem como nas orações
co). optativas (as que exprimem desejo).
Deus nos proteja!
No meio do verbo – mesóclise (pronome me- “Quantas ideias finas me acodem então!”
soclítico). (Machado de Assis) “Como lhe fica bem o
preto” (Almeida Garrett)
Dir-lhe-ei a verdade.
nas orações interrogativas iniciadas por pa-
depois do verbo – ênclise (pronome enclíti-
lavras interrogativas.
co).
Por que te afliges tanto, Fernanda?
Empresta-me o livro.
com verbos no gerúndio regidos da preposi-
Ocorrências da próclise
ção em ou antecedidos de advérbio.
A próclise será obrigatória nos seguintes casos:

em orações com advérbio anteposto ao ver-

Em se tratando de saúde, sejamos cautelo-
bo:
sos.
g) com verbos no infinitivo pessoal regidos
“Nem tu sabes, Moreninha, / O quanto te achei de preposição: “Vivi a melhor das vidas sem
gentil.” (Casimiro de Abreu) me faltarem os amigos.” (Machado de Anis)
Atenção: Se houver pausa depois do advérbio
(assinalada por vírgula na escrita), prevalecerá a
ênclise. Ocorrência da mesóclise
Exemplo: Depois, encaminhei-me para ele A mesóclise só ocorre com verbos emprega-
decidido a tudo. dos no futuro do presente ou no futuro do
pretérito, desde que não haja algum fator de
em orações com pronome indefinido, relativo próclise:
ou demonstrativo.
Vender-se-á a casa.
Visitar-te-ia, se pudesse.
Exemplos: Alguém me dirá a verdade. (com
pronome indefinido) Observações importantes
A roupa a que nos referimos está cara. (com Se houver algum fator de próclise, não ocor-
pronome relativo) rerá a mesóclise.
Isso me incomoda. (com pronome demons- Ninguém nos calará a voz.
trativo)
Quem te desmentiria?
nas orações subordinadas introduzidas por
conectivos (conjunções) subordinativos.
É erro grosseiro colocar o pronome átono
depois de verbos no futuro do indicativo.
“Alguém mais sugeriu que se acrescentasse
a ela o nome de outro poeta.” (Fernando
Sabino) Direi-te a verdade. / Diria-te a verdade. (er-
rado)
 26

Dir-te-ei a verdade. / Dir-te-ia a verdade. “encontrar” regido de preposição “para” ocorre

(correto) enclise. Por último, o pronome indefinido “nada”
é fator de próclise, portanto a última lacuna deve
Ocorrência da ênclise ser completada com “se falou”.
A ênclise, ocorre nos casos seguintes: Gabarito: E
com verbos no início da oração. (IBGE/Agente de Pesquisa e Mapeamen-
to/CESGRANRIO/2007) O pronome certas,
em “…sou o único a ler certas coisas”, classi-
Encontramo-nos lá fora. fica-se como:
com verbo no imperativo afirmativo. pessoal.
demonstrativo.
Empreste-nos o livro! indefinido.
possessivo.
com verbo no gerúndio, desde que não este- relativo.
ja precedido da preposição em.

Comentário:
Levantando-se e acenou.
O pronome certas é indefinido. Refere-se à
com verbo no infinitivo impessoal regido da terceira pessoa do discurso em um sentido
preposição a. vago ou exprimindo quantidade indetermina-
da.
Gabarito: C
Sem motivo algum, começou a maldizer-me.

REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL

Chama-se regência a parte da gramática que
Questões de concursos comentadas
cuida das relações de dependência ex-
(FCC) “Se ninguém a verdade, e se precisei istentes entre os termos na oração ou entre
lutar para as orações no período composto. Chamam-
se regentes os termos que exigem a presen-
nada a respeito.” ça de outros termos que lhes completem o
disse-me – a encontrar – se falou sentido; os que completam o sentido dos
regentes recebem o nome de regidos. Ob-
disse-me – encontrá-la – se falou serve as relações neste quadro:
me disse – a encontrar – falou-se Regentes Regidos - Aguardo sua visita. Ob-
disse-me – encontrá-la falou-se servo o luar. Acredito em você. Alheio aos
fatos. Desejoso de vitória. Digno de elogios.
me disse – encontrá-la – se falou
Em português, há dois tipos de regência:
regência nominal – o termo regente é um
Comentário: nome (substantivo, adjetivo ou advérbio):
A primeira lacuna é corretamente completada Tenho confiança em meus pais.
por “me disse”, pois o pronome indefinido “ning-
uém” é fator de próclise. “Encontrá-la” preenche (confiança = termo regente / em meus pais
a segunda lacuna, porque com verbo no infinitivo = termo regido)
 27

Confiança (substantivo abstrato) = regente ”], o hífen [-], a meia-risca ou meio-traço [-], o
parágrafo [§] e a alínea [a)].
Agiu contrariamente ao regulamento.
(contrariamente = termo regente / ao regu-
lamento = termo regido) Emprego dos sinais
Contrariamente (advérbio) = regente Os sinais de pontuação são marcações gráficas
que servem para compor a coesão e a coerência
Observação: textual além de ressaltar especificidades semân-
ticas e pragmáticas. Veremos aqui as principais
Na regência nominal, o termo regido sempre
funções dos sinais de pontuação conhecidos
é preposicionado e recebe a classificação pelo uso da língua portuguesa.
sintática de complemento nominal.
Ponto
1- Indica o término do discurso ou de parte dele.
regência verbal – o termo regente é um ver- - Façamos o que for preciso para tirá-la da situ-
bo: ação em que se encontra.
- Gostaria de comprar pão, queijo, manteiga e
Os guardas de trânsito ajudam os pedestres. leite.
(ajudam = termo regente / os pedestres = - Acordei. Olhei em volta. Não reconheci onde
estava.
termo regido)
2- Usa-se nas abreviações
- V. Exª.
A criança necessita de proteção. - Sr.
(necessita = termo regente / de proteção = Ponto e Vírgula ( ; )
termo regido)
Observação: Separa várias partes do discurso, que têm a
mesma importância.
Na regência verbal, o termo regido pode
ou não ser preposicionado. - “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos
dão pelo pão a fazenda; os de espíritos gener-
Recebem a classificação sintática osos dão pelo pão a vida; os de nenhum espírito
de objeto (indireto, se for prepo- dão pelo pão a alma...” (VIEIRA)
sicionado; ou direto, se não for preposicio-
Separa partes de frases que já estão separadas
nado).
por vírgulas.
- Alguns quiseram verão, praia e calor; outros
Pontuação montanhas, frio e cobertor.

Sinais de pontuação e sinais gráficos auxilia- Separa itens de uma enumeração, exposição de
res da escrita marcam o ritmo de um texto, motivos, decreto de lei, etc.
através de pausas e entonações e conferem - Ir ao supermercado;
à linguagem escrita uma maior clareza, coe-
- Pegar as crianças na escola;
são e coerência.
- Caminhada na praia;
São: a vírgula [,], o ponto e vírgula [;], o pon-
to final [.], os dois pontos [:], o ponto de in- - Reunião com amigos.
terrogação [?], o ponto de exclamação [!], o
Dois pontos (:)
travessão [—], as reticências [...], os parênte-
ses [( )], os colchetes [ [ ] ], os parênteses 1- Antes de uma citação (palavras ditas pelo au-
angulares [< >], as chaves ou chavetas [{}], a tor do texto)
barra oblíqua [/], o asterisco [*], as aspas [“
 28

- Vejamos como Afrânio Coutinho trata este as- Emprego das classes de palavras
sunto:
De acordo com suas formas e funções, as
2- Antes de um aposto (detalhamento explicativo palavras são agrupadas em dez classes
de um enunciado) gramaticais: substantivo, adjetivo, pronome,
- Três coisas não me agradam: chuva pela verbo, artigo, numeral, advérbio, conjunção,
manhã, frio à tarde e calor à noite. preposição e interjeição.
3- Antes de uma explicação ou esclarecimento Essas classes podem ser:
- Lá estava a deplorável família: triste, Variáveis – São as que apresentam va-
cabisbaixa, vivendo a rotina de sempre. riações ou flexões em sua forma.
4- Em frases de estilo direto Invariáveis – São as que se apresentam
- Maria perguntou: - Por que você não toma uma sempre com a mesma forma.
decisão?
Observe, no quadro a seguir, a classificação
Ponto de Exclamação geral das classes de palavras:
1- Usa-se para indicar entonação de surpresa,
cólera, susto, súplica, etc.
- Sim! Claro que eu quero me casar com você! Classes variáveis Classes invariáveis
2- Depois de interjeições ou vocativos (De quem Substantivo Advérbio
se fala) Artigo Preposição
- Ai! Que susto! Adjetivo Conjunção
- João! Há quanto tempo! Numeral Interjeição
Pronome
Ponto de Interrogação Verbo
Usa-se nas interrogações diretas e indiretas li-
vres.
SUBSTANTIVO
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur
Azevedo) É a palavra que nomeia os seres reais, ima-
Reticências ginários ou decorrentes de uma ação, quali-
dade ou estado.
1- Indica que palavras foram suprimidas.
Observação: Qualquer palavra precedida de
- Comprei lápis, canetas, cadernos... artigo ou de outro determinante transforma-
2- Indica interrupção violenta da frase. se em substantivo.
“- Não... quero dizer... é verdad... Ah!”
3- Indica interrupções de hesitação ou dúvida Ouvi um não de você. (não = substantivo)
- Este mal... pega doutor? Este jantar está ótimo. (jantar = substantivo)
4- Indica que o sentido vai além do que foi dito
- Deixa, depois, o coração falar... Os substantivos subdividem-se em:
Vírgula Próprios – denominam um único ser de
É usada para vários objetivos, mas em geral um conjunto.
usamos a vírgula para dar pausa à leitura ou
para indicar que algum elemento da frase foi
deslocado da sua posição canônica. EX: Brasil, Pedro, Londrina.
 29

Comuns – denominam todos os seres

da mesma espécie.
Simples – aqueles formados por um só
radical.
EX: cidade, rio, país, homem.
garoto, árvore, cidade, mesa.
Concretos – indicam os seres de exis-
tência independente. Designam pessoas,
Compostos – aqueles formados por
animais (reais ou imaginários), lugares, obje-
mais de um radical.
tos, coisas e entidades.

peixe-boi, bem-te-vi, passatempo.

EX: chuva, Deus, luz, espaço, som, cadeira,
anjo.

Primitivos – aqueles que não se origi-

nam de outra palavra da língua portuguesa.
Abstratos – indicam os seres de exis-
tência dependente de outros seres: ações,
estados, qualidades, sensações, etc.
laranja, trabalho.

EX: fuga (ação), vida (estado), beleza (quali-

dade),quente (sensação). Derivados – aqueles que se originam de
um substantivo primitivo.

Fuga (ação) – é preciso alguém praticar

a ação para existir a fuga. laranjeira, trabalhador.

Vida (estado) – é preciso alguém ou algo

vivo para a vida existir. Coletivos – aqueles que, embora no sin-
gular, indicam coleção, conjunto de seres da
mesma espécie.
Observação:
a) Os substantivos abstratos precisam de um
ser para existirem. Alguém sente saudade e cáfila (conjunto de camelos)
tristeza, por exemplo. cardume (conjunto de peixes)
b) Os substantivos abstratos podem tornar- batalhão (conjunto de saldados)
se concretos: a caça (=ato de caçar) - subs-
tantivo abstrato; a caça (=animal) - substan-
tivo concreto. Obs.: Os substantivos coletivos podem ser
empregados no plural quando designarem
vários conjuntos.
c) Certos substantivos próprios podem tor-
nar-se comuns. Ele se chama Judas. (subs-
tantivo próprio) Ex.: Os cardumes da costa brasileira.
Ele é um judas. (substantivo comum, signifi- Os rebanhos da região Sul.
cando traidor)
 30

QUESTÕES DE CONCURSOS COMENTADAS b) Errado: fé (abstrato), fada (concreto) e

beijo (abstrato).
c) Correto: beijo (abstrato), fada (concreto) e
1. (UFV-MG) Assinale a alternativa em que a
menino
palavra destacada pertence à classe dos
substantivos. (concreto).
d) Errado: amor (abstrato), pulo (abstrato) e
menino
a) O médico louco disse que no hospício não
havia (concreto).
telefone. e) Errado: menino (concreto), amor (abstrato)
e pulo
b) De médico e de louco, todo mundo tem
um pouco. (abstrato).
c) “Sou louco por ti, América!” Gabarito: C
d) Ele parecia completamente louco.
e) A cidade julgava o prefeito louco. Flexão dos substantivos
Flexão é a propriedade que o substantivo
possui para indicar gênero (masculino e fe-
Comentário:
minino), número (singular ou plural) e grau
Na alternativa B, “De médico e de louco, todo (aumentativo e diminutivo).
mundo tem um pouco”, a palavra “louco”
nomeia o ser, sendo, portanto, um substanti-
vo. Nas demais frases, a palavra “louco” per- Flexão de gênero
tence à classe dos adjetivos.
É masculino o substantivo que pode ser pre-
Gabarito: B cedido pelo artigo o; feminino, precedido
pelo artigo a.

2.(FESP-SP) Assinale a alternativa que con-

tenha substantivos, respectivamente, abstra- o menino (masculino) – a menina (feminino)
to, concreto e concreto.
o planeta (masculino) – a estrela (feminino)

a) fada, fé, menino.

Os substantivos biformes flexionam-se em
b) fé, fada, beijo. gênero de várias maneiras:
c) beijo, fada, menino.
d) amor, pulo, menino. 1. Regra geral: troca-se a terminação -o por -
a: gato –gata.
e) menino, amor, pulo.

2. Terminados em -or: acrescenta-se -a ao

Comentário:
masculino: professor – professora.
a) Errado: fada (concreto), fé (abstrato) e
menino (concreto).
3. Terminados em -e: troca-se o -e por -a:
monge – monja.
 31

4. Terminados em -ês, -l, -z: acrescenta-se -a Comentário:

ao masculino: freguês – freguesa, oficial –
Apenas o substantivo alface é feminino.
oficiala, juiz –juíza.
Grama (unidade da massa), dó (sentimento
de pena, nota musical) e telefonema são
substantivos masculinos.
5. Terminados em -ão: troca-se o -ão por -ã, -
ona ou -oa: cidadão – cidadã; solteirão – Gabarito: D
solteirona; leão – leoa.

Lista de alguns coletivos

6. Muitos femininos são marcados pelos su-
academia – de sábios, de intelectuais.
fixos -isa, -esa ou -essa: poeta – poetisa,
cônsul – consulesa, abade – abadessa. acervo – de grande quantidade de obras ar-
tísticas.
alcateia – de lobos, de animais ferozes (hie-
7. Alguns substantivos mudam de radical
nas, leopardos,
quando passam para o feminino (são cha-
mados heterônimos): boi – vaca, cavalheiro panteras).
– dama, marido – mulher, genro – nora, pai
–mãe, rei – rainha, cão –cadela. antologia – coleção de trechos ou textos lite-
rários.
armada – de navios de guerra.
8. Alguns substantivos formam o feminino de
maneira especial: avô – avó; galo – galinha. arquipélago – de ilhas.
assembleia – de associados (junta, congres-
so).
atlas – de mapas, de estampas, de cartas
QUESTÃO DE CONCURSO COMENTADA geográficas.
baixela – de utensílios empregados no servi-
ço de mesa.
1.(TRT-RJ)Escolha a alternativa cujos gêne-
ros, pela ordem, correspondem aos seguin- bando – de aves, de pássaros; de pessoas;
tes vocábulos: alface, grama (peso), dó e de animais; de
telefonema.
malfeitores.
batalhão – soldados, grande quantidade de
a) masculino - feminino - masculino - femini- pessoas.
no.
buquê – de flores.
b) feminino - feminino - masculino - feminino.
cacho – de frutas (uvas, bananas, cerejas);
c) masculino - feminino - masculino - mascu- de cabelo.
lino.
cáfila – de camelos.
d) feminino - masculino - masculino - mascu-
lino. cancioneiro – de canções, de poemas em
geral.
e) feminino - feminino - masculino - masculi-
no. cardume – de peixes.
choldra – reunião de gente ordinária, bandi-
dos, de
 32

assassinos, de malfeitores. rancho de trabalhadores.

clero – de sacerdotes, de padres. manada – rebanho de gado grosso (de
éguas, de burros,
código – de leis, de regras.
de bois, de búfalos, de porcos).
colmeia – de abelhas. Também acumulação
de pessoas matilha – de cães de caça; de vadios, maldi-
zentes.
trabalhando.
molho – de chaves, de lenha, de verduras.
concílio – de prelados católicos.
museu – de coisas antigas.
conclave – de cardeais para eleição do Papa.
ninhada – de pintos.
corja – de pessoas desprezíveis, de vadios,
de ladrões, panapaná – de borboletas.
desordeiros. pelotão – de soldados.
cúria – tribunal de bispos. penca – bananas, de chaves, de uvas, de
caranguejos.
decálogo – os dez mandamentos de Deus.
pinacoteca – de quadros.
elenco – catálogo, índice, lista; de atores.
quadrilha – de malfeitores, ladrões, bandi-
enxame – de abelhas, de moscas. Também
dos.
de pessoas.
repertório – de peças (teatrais, musicais), de
esquadra – de navios de guerra; seção de
anedotas.
uma companhia
resma – de papel.
de infantaria.
séquito – de pessoas que acompanham.
fato – de cabras; rebanho pequeno.
simpósio – de especialidades.
fauna – de animais de uma região.
sínodo – de assembleia de párocos e de ou-
flora – plantas de uma região.
tros padres.
folclore – conjunto de tradições, lendas,
tertúlia – de pessoas íntimas para conversar;
crenças canções
de
populares.
intelectuais; assembleia literária.
frota – armada, de navios de guerra em
trouxa – de roupas.
quantidade;
universidade – de faculdades (escolas supe-
chusma, multidão.
riores).
girândola – de foguetes, de fogos de artifício,
vara – de porcos.
de louvor.
hemeroteca – de jornais, de revistas.
junta – de bois, de médicos, de credores, de
examinadores, de conciliação e julgamento.
Questão de concurso comentada
júri – de jurados, pessoas que julgam.
1. (ITA-SP) Examinando as definições seguin-
malta – de gente de baixa condição (de la-
tes: Atilho: Grupo de ilhas de coral que tem
drões, vadios);
formato de um círculo ou anel, circundando
 33

parcial ou totalmente um lago interior. Conci- a vítima (ele ou ela), a testemunha (ele ou
liábulo: Qualquer assembleia de prelados ela), a criança (ele ou ela), o cônjuge (ele ou
católicos em que se discutem assuntos ela)
dogmáticos. Baixela: Conjunto de instrumen-
tos científicos de pouca precisão. Tertúlia:
Agrupamento de amigos. Verifica-se que: Comuns de dois gêneros – designam
pessoas. A diferença de gênero é feita pelo
artigo ou outro determinante qualquer (adje-
a) Apenas uma está correta. tivo, pronome ou numeral).
b) Apenas duas estão corretas.
c) Três estão corretas. o mártir / a mártir
d) Todas estão corretas. esse dentista / essa dentista
e) Nenhuma está correta. bom cliente / boa cliente
Alguns substantivos apresentam dificuldades
quanto ao gênero devido à variedade popu-
Comentário:
lar da língua. A forma culta, no entanto, deve
São corretas apenas as definições de conci- prevalecer.
liábulo e de tertúlia. Correções: Atilho (espi-
gas de milho) e baixela (utensílio de mesa).
São masculinos – o diabetes, o anáte-
Gabarito: B
ma, o telefonema, o teorema, o trema, o
edema, o dó (pena), o ágape, o champanha,
o eclipse, o lançaperfume, o fibroma, o estra-
Substantivos uniformes tagema, o alvará, o guaraná, o plasma, o clã,
São os substantivos que não sofrem flexão o aneurisma, o cós, o estigma, o herpes, o
para indicar a diferença entre masculino e milhar.
feminino. Podem ser:

São femininos – a atenuante, a omele-

Epicenos – são substantivos que possu- te, a aluvião, a análise, a cal, a derme, a
em apenas uma forma para os dois gêneros. omoplata, a ênfase, a alface, a cataplasma,
Designam somente animais. Para se distin- a dinamite, a comichão, a aguardente, a ba-
guir o gênero, acrescenta-se a palavra “ma- canal, a libido, a sentinela, a hélice.
cho” ou “fêmea”.

Questão de concurso comentada

onça macho / onça fêmea
jacaré macho / jacaré fêmea 3. (PUC-SP) Assinale a alternativa incorreta.

Sobrecomuns – são substantivos que a) borboleta é substantivo epiceno.

designam pessoas. A diferença de gênero
não é especificada por artigos ou outros de- b) rival é comum de dois gêneros.
terminantes. São palavras, portanto, invariá-
c) omoplata é substantivo masculino.
veis.
d) vítima é substantivo sobrecomum.
 34

e) n.d.a. árvore / árvores

casa / casas
Comentário:
O substantivo “omoplata” é feminino: “a 1. Terminados em vogal, ditongo oral ou di-
omoplata” Gabarito C. tongo nasal ãe:
acrescenta-se -s.
4. (MM) A alternativa em que há erro no sen- casa / casas, pai / pais, mãe/ mães
tido dos substantivos é:

2. Terminados em -m: troca-se o -m por -ns.

a) o grama = unidade de massa; a grama =
relva.
atum / atuns
b) o rádio = aparelho receptor; a rádio = es-
tação item / itens
transmissora.
c) o guia = documento; a guia = pessoa que 3. Terminados em -r, -z: acrescenta-se -es.
guia.
d) o cisma = separação; a cisma = desconfi-
ança. radar / radares

e) o moral = ânimo; a moral = ética. xadrez / xadrezes

Comentário: 4. Terminados em -al, -el, -ol e -ul: troca-se o -

l por -is.
Na alternativa C houve erro no sentido dos
substantivos. O substantivo guia precedido
pelo artigo masculino o significa “pessoa que varal / varais
guia”, e precedido do artigo feminino a signi-
fica “documento”. tonel / tonéis

Gabarito C. paiol / paióis

Observação:

Flexão de número mal / males; cônsul / cônsules

Número é a possibilidade que tem o subs- 5. Terminados em -il (oxítonos): troca-se o -l

tantivo de indicar, por meio de sua termina- por -s.
ção, apenas um ou mais de um ser. Daí o barril / barris
singular e o plural.
fuzil / fuzis

Regras gerais para formação do plural

6. Terminados em -il (paroxítonos): troca-se o
Geralmente, o plural do substantivo simples -il por -eis.
é indicado pelo acréscimo da desinência -s.
 35

fácil / fáceis
réptil / répteis 12. Palavras substantivadas vão normalmen-
te para o plural.

7. Terminados em -s (monossílabos e oxíto-

nos): os sins, os nãos, os prós, os contras
Exemplos de substantivos que mudam de
sentido, conforme o número:
acrescenta-se -es.
gás / gases
féria (dinheiro de diária) – férias (período de
francês / franceses
descanso)
bem (virtude) – bens (propriedades)
Observação: cós é invariável.
costa (litoral) – costas (dorso)
ferro (metal) – ferros (ferramentas)
8. Terminados em -s (se não forem oxítonos):
Plural dos diminutivos
não variam.
Retira-se o -s do substantivo pluralizado e
acrescenta-se o sufixo -zinhos(as). Exemplos:
o lápis / os lápis
o ônibus / os ônibus
cordão > cordões > cordõezinhos
pastel > pastéis > pasteizinhos
9. Terminados em -x: são invariáveis.
flor > flores > florezinhas ou florzinhas

o tórax / os tórax
Plural dos substantivos compostos
a xerox / as xerox
Regra para o plural dos compostos sem hí-
fen:

10. Terminados em -ão: têm mais de um plu- O plural é feito conforme o dos substantivos
ral. simples.

ancião / anciões, anciães ou anciãos pontapé / pontapés

verão / verões ou verãos girassol / girassóis

11. Substantivos terminados em -n: acres- Regras para o plural dos compostos ligados
centa-se -s ou - es. por hífen:

pólen / polens ou pólenes Variação dos dois elementos:

abdômen / abdomens ou abdômenes Variam substantivos, adjetivos e numerais.

 36

boa-tarde (adjetivo + substantivo) = boas- 2. Quando a palavra “guarda” refere-se a

tardes pessoas, é substantivo, portanto se flexiona.

quinta-feira (numeral + substantivo) = quin- guarda-noturno / guardas-noturnos

tas-feiras

b) Com palavras repetidas:

Variação só do primeiro elemento:
a) Quando o 2º elemento indica finalidade ou
mata-mata / mata-matas
semelhança, ele não varia.
corre-corre / corre-corres.

navio-escola / navios-escola
Observação:
banana-prata / bananas-prata
Sendo verbos repetidos, pode haver dois
b) Quando os dois elementos estiverem liga- plurais: correcorres ou corres-corres e mata-
dos por preposição, clara ou oculta. matas ou matas-matas.

João-de-barro / joões-de-barro c) Nas onomatopeias:

água-de-colônia / águas-de-colônia
o bem-te-vi / os bem-te-vis
Variação só do último elemento: o tique-taque / os tique-taques
a) Quando o 1º elemento for palavra invariá- o blá-blá-blá /os blá-blá-blás
vel (verbo flexionado no singular, prefixo,
advérbio, preposição).
d) Quando o primeiro elemento é: grão, grã e
bel.
guarda-chuva / guarda-chuvas
vice-rei / vice-reis
grã-cruz / grã-cruzes
beija-flor / beija-flores
bel-prazer / bel-prazeres
grão-duque / grão-duques
Observação importante:

Ficam invariáveis:
1. Caso o vocábulo “guarda” refira-se a coi-
sas, é verbo no singular, por isso não se alte-
ra. a) Os compostos de verbos de significado
oposto.
o leva-e-traz / os leva-e-traz
guarda-roupa / guarda-roupas
o perde-ganha / os perde-ganha
 37

as cócegas as primícias
b) Os compostos de verbos seguidos de pa- as condolências os proclamas
lavra invariável.
as custas as reticências
as damas (jogo) as sevícias
o bota-fora / os bota-fora
as efemérides os suspensórios
o pisa-mansinho/ os pisa-mansinho
as entranhas as têmporas
os esposais as ventas
c) os compostos de verbo seguido de pala-
as exéquias as vísceras
vras no plural.
as fezes os víveres

o saca-rolhas / os saca-rolhas
Obs.: a palavra óculos, referindo-se ao apare-
o quebra-nozes / os quebra-nozes
lho com duas lentes, usado no rosto para
corrigir a visão, é empregada somente no
plural.
Admitem mais de um plural:
guarda-marinha— guardas-marinha(s)
Questão de Concurso Comentada
padre-nosso — padres-nossos ou padres-
nosso
salvo-conduto — salvo-condutos ou salvos- 1.(Assistente Social Judiciário/TJ-
condutos SP/VUNESP) Assinale a alternativa que apre-
senta todas as palavras com o plural correto.
fruta-pão — frutas-pão ou frutas-pães
ruge-ruge — ruge-ruges ou ruges-ruges
a) animalzinhos – caridades – cartãos –
terra-nova – terra-novas ou terras-novas
amores-perfeito –
cristães.
Exemplos de substantivos usados apenas no
b) questões – salários-família – pastéis –
plural
limões – reais.
c) feijãos – arranhas-céus – ticos-ticos –
os afazeres as finanças açúcares.

as algemas as hemorroidas d) corres-corres – abaixos-assinados – cida-

dões – quartafeiras
as alvíssaras as maleitas
– padres-nossos.
os anais as núpcias
e) degrais – ancestrais – cordãos – decretos-
os Andes os óculos lei – tiquestaques.
os arredores as olheiras
os bastidores os parabéns Comentário:
as bodas os pêsames a) Errado. Apenas caridades está correto.
as cãs os picles Correção: o plural de “animalzinho” é “ani-
 38

maizinhos”: flexiona-se o substantivo em sua Existem duas espécies de artigos:

forma normal — animal: animais; retira-se o
Definidos (o, os, a, as): determinam um
“s” = animai; acrescenta-se “zinhos” — ani-
ser (pessoa, animal, objeto…) dentre diver-
mai + zinhos animaizinhos. O plural de “car-
sos da mesma espécie, de modo preciso,
tão” é “cartões”. O plural de “amor-perfeito”
particular:
é “amores-perfeitos” (substantivo + adjetivo
= as duas palavras vão para o plural). O plu-
ral de “cristão” é “cristãos”.
Ex.: Agendei consulta com o médico (Sabe-se
de qual médico se está
b) Certo. Todos os plurais estão corretos. (Em falando).
salários-família observa-se que a segunda
palavra especifica a primeira, então a primei-
ra vai para o plural). Indefinidos (um, uns, uma, umas): de-
vem ser usados para se fazer referência aos
seres de modo vago, impreciso, geral. Isto é,
c) Errado. Apenas “açúcares” está correto. indicam que nos referimos a um ser inde-
Correção: feijões; arranha-céus (a primeira terminado dentre outros da mesma espécie.
palavra do composto é verbo, por isso fica
invariável); tico-ticos (com palavras repeti-
das, só a segunda vai para o plural). Ex.: Agendei consulta com um médico (Pode
ser qualquer médico. O profissional não foi
especificado).
d) Errado. Os plurais “corres-corres” e “pa-
dres-nossos” estão corretos. Esses plurais
admitem outra forma: correcorres (se as du- artigos definidos artigos indefinidos masculi-
as palavras forem verbos repetidos, podem ir no feminino masculino feminino singular o a
as duas para o plural, ou só a segunda) e um uma plural os as uns umas.
padresnossos. As demais estão erradas. Cor-
reção: abaixoassinados (advérbio + adjetivo: Emprego do artigo
somente a segunda palavra vai para o plu- Emprega-se o artigo definido em:
ral); cidadãos e quartas-feiras (numeral +
adjetivo: ambas as palavras vão para o plu- a) nomes próprios geográficos. Exemplo: a
ral). Bahia, o Rio
de Janeiro, as Canárias, os Estados Unidos.
e) Errado. Estão corretos: decretos-lei (a se- Observação: Alguns nomes próprios geográ-
gunda palavra limita a primeira, portanto só ficos não
a primeira vai para o plural) e ancestrais. As
aceitam o uso do artigo. Exemplo: Portugal,
demais estão erradas. Correção: tiquetaques
Minas
(com onomatopeias, somente a segunda
forma vai para o plural); degraus; cordões. Gerais.
Gabarito: B b) antes de nomes de pessoas que denotem
intimidade.
A Joana está namorando. / A Aline voltou a
ARTIGO
estudar.
É uma palavra variável que precede o subs-
c) para substantivar qualquer palavra.
tantivo e indica-lhe o gênero (masculi-
no/feminino) e o número (singular / plural). O jantar estava uma delícia.
 39

d) depois do pronome todo, significando “in-

teiro”.
O homem rico está feliz. (rico: característica)
Vi todo o filme.
O homem tristonho morreu. (triste: estado)
Observações:
Todo homem brasileiro sorri muito. (brasilei-
a) Se o pronome “todo” significar qualquer, ro: origem)
não se
usa artigo.
Formação dos adjetivos
Todo dia vejo aquele menino.
O adjetivo pode ser:

b) Com “todos”, “todas”, usa-se o artigo.

Primitivo: não deriva de outra palavra.
Todos os jogadores se esforçaram. Ex.: A velha tia era má.
Todas as crianças gostam de brincar.
e) Depois do numeral ambos é obrigatório o Derivado: deriva de outra palavra primi-
emprego tiva, com acréscimo de afixos (prefixos ou
sufixos).
do artigo.
Analisamos ambos os textos.
Ex.: a velhota era maligna.

Casos em que, geralmente, os artigos não

são utilizados: Simples: formado com apenas um radi-
cal.

a) antes de pronomes de tratamento.

Ex.: Comprei uma blusa verde.

Vossa Excelência esteve no evento.

Composto: formado com mais de um
Vossa Senhoria foi comunicado.
radical.

Exceção: pronome de tratamento senhor(a).

Ex.: Comprei uma blusa verde-escura.

Exemplo: A senhora vai à reunião? / O se-

Uniforme: apresenta uma única forma
nhor sabia do ocorrido?
para o masculino e o feminino: triste, superi-
or, jovem, ruim, feroz (homem triste / mulher
triste; homem jovem / mulher jovem…).
ADJETIVO
Adjetivo é a palavra que caracteriza o subs-
tantivo, atribuindo-lhe uma característica, Biforme: apresenta uma forma para o
estado ou lugar de origem. masculino e outra para o feminino:
ateu/ateia, francês/francesa, mau/má,
Exemplos: bom/boa, nu/nua (homem francês / mulher
francesa; homem ateu / mulher ateia…) O
 40

adjetivo, sendo uniforme ou biforme, deve b) O adjetivo azul-marinho, que é invariável,

concordar em número com o substantivo ao isto é, não tem plural em nenhuma das pala-
qual se refere. vras: Os sapatos azul-marinho. (plural)
c) O adjetivo azul-celeste, que também é in-
variável:
Ex.: O corredor escuro / os corredores escu-
ros. Os mantos azul-celeste. (plural)

Formação do plural dos adjetivos compostos Adjetivos pátrios compostos

1. Os adjetivos compostos só recebem o plu-
ral no último elemento e somente se ele for
Adjetivos pátrios indicam a origem ou a naci-
adjetivo, caso contrário não receberá.
onalidade dos seres. Quando formamos os
Ex.: Blusa verde-clara (singular) / blusas ver- adjetivos pátrios compostos, a tendência é
de-claras (plural) sempre colocar primeiramente o adjetivo
mais curto, deixando o mais longo como se-
gundo elemento.
2. Os compostos de adjetivo + substantivo
Alguns adjetivos pátrios apresentam uma
são invariáveis.
forma reduzida.

Ex.: Tapetes verde-esmeralda (plural)

Confira alguns exemplos:
África = afro Espanha = hispano
3. No caso de os componentes serem pala-
Alemanha = germano Europa = euro
vra invariável + adjetivo, somente este último
será flexionado. América = américo França = franco
Ásia = ásio Grécia = Greco
Ex.: Meninos mal-educados. (plural – advér- Austrália = australo Índia = indo
bio + adjetivo)
Áustria = austro Inglaterra = anglo
Bélgica = belgo Itália = ítalo
4. Invariáveis ficam também as locuções
China = sino Japão = nipo
adjetivas formadas de cor + de + substanti-
vo. Dinamarca = dano Portugal = luso
Ex.: Jogo entre Inglaterra e Portugal = jogo
angloportuguês
Ex.: Camisa cor-de-rosa.
(coloca-se primeiramente o adjetivo mais
curto).
5. Existem somente três adjetivos compostos
que não seguem a regra anterior.
São eles: Locuções adjetivas
a) O adjetivo surdo-mudo tem flexão nas du- Locuções adjetivas são expressões (duas ou
as palavras: A menina surda-muda (feminino mais palavras) que têm o mesmo sentido e o
e singular) / Os meninos surdos-mudos. mesmo valor de um adjetivo.
(masculino e plural)
 41

de estrela estelar
Ex.: Abraço de irmão – abraço fraterno de ferro férreo
Bênção do céu – bênção celestial de fígado hepático
Água da chuva – água pluvial de fogo ígneo
Água de rio – água fluvial de gato felino
de gelo glacial
Algumas locuções adjetivas de gesso gípseo
de abdômen abdominal de guerra bélico
de abelha apícola de ilha insular
de águia aquilino de inverno hibernal
de aluno discente de irmão fraternal
de bispo episcopal de lago lacustre
de boca bucal ou oral de leão leonino
de boi bovino de lobo lupino
de bronze brônzeo ou êneo de macaco simiesco
de cabelo capilar de mãe materno ou maternal
de cabeça capital de marfim ebúrneo
de cabra caprino de mestre magistral
de cão canino de monge monacal
de campo rural, campesino de morte mortal, letal
de cavalo equino ou hípico de nariz nasal
de chumbo plúmbeo de neve níveo
de chuva chuvoso ou pluvial de olho ocular ou óptico
de cidade citadino ou urbano de orelha auricular
de cinza cinéreo de osso ósseo
de cobra viperino, ofídico de ouro áureo
de coração cardíaco (órgão) ou cordial de pai paterno ou paternal
(sentimento) de paixão passional
de crânio craniano de peixe písceo
de criança pueril ou infantil de porco suíno
de dedo digital de prata argênteo
de diamante adamantino de professor docente
de estômago estomacal ou gástrico de pulmão pulmonar
 42

de raposa vulpino c) de inferioridade: “Ele é menos importante

que os outros.” – O adjetivo “importante”
de rim renal
está flexionado no grau comparativo de infe-
de rio fluvial rioridade.

de selo filatélico
de selva silvestre Obs.:

de sonho onírico 1. Os adjetivos “bom”, “mau”, “grande” e

“pequeno” apresentam forma própria para
de touro taurino indicar o comparativo de superioridade (bom-
de trigo tritíceo melhor / mau-pior / grande-maior / pequeno-
menor).
de umbigo umbilical
2. Quando se comparam duas qualidades de
de gado vacum um mesmo ser, usam-se as formas “mais
de velho senil bom”, “mais mau”, “mais grande”, “mais
pequeno”.
de vento eólio
de verão estival
Ex.: Ele é mais mau que corajoso.
de vidro vítreo

Grau superlativo: divide-se em duas catego-

Os graus do adjetivo rias:
O grau do adjetivo indica a maior ou a menor
intensidade de uma qualidade ou caracterís-
tica atribuída a um substantivo. Assim, o Grau superlativo absoluto: indica a mai-
grau do adjetivo pode ser comparativo ou or ou a menor intensidade da característica
superlativo. expressa pelo adjetivo.

Grau comparativo: serve para indicar compa- Pode ser de duas formas:
ração de uma qualidade entre dois ou mais a) grau superlativo absoluto analítico: o adje-
seres ou duas ou mais qualidades de um só tivo aparece acompanhado de uma palavra
ser. que indica intensidade.

a) de igualdade: “O Brasil é tão importante Ex.: Ideias muito boas.

quanto qualquer outro.” – O adjetivo “impor-
tante” está flexionado no grau comparativo
de igualdade. b) grau superlativo absoluto sintético: o adje-
tivo aparece acrescido de um sufixo indica-
dor do grau de superioridade.
b) de superioridade: “Ele é mais importante
que os outros.” – O adjetivo “importante”
está flexionado no grau comparativo de su- Ex.: paisagens belíssimas.
perioridade.
 43

Exemplos de superlativos absolutos sintéti- magro macérrimo, magérrimo

cos:
maléfico maleficentíssimo
ágil agílimo ou agilíssimo
mau malíssimo
agradável agradabilíssimo
miserável miserabilíssimo
agudo acutíssimo
miúdo minutíssimo
amargo amarguíssimo
negro nigérrimo
amável amabilíssimo
nobre nobilíssimo
amigo amicíssimo
pessoal personalíssimo
antigo antiquíssimo
pobre paupérrimo
áspero aspérrimo
sábio sapientíssimo
audaz audacíssimo
sério seriíssimo
benéfico beneficentíssimo
simpático simpaticíssimo
benévolo benevolentíssimo
simples simplicíssimo
capaz capacíssimo
terrível terribilíssimo
célebre celebérrimo
vulgar vulgaríssimo
cristão cristianíssimo
cruel crudelíssimo
Grau superlativo relativo: indica a maior
difícil dificílimo ou a menor intensidade da característica de
um ser em relação a outros seres.
doce dulcíssimo
eficaz eficacíssimo
Exemplos:
fácil facílimo
a) de superioridade: “O povo brasileiro é o
feroz ferocíssimo
mais paciente de todos.” – O adjetivo “paci-
fiel fidelíssimo ente” aparece no grau superlativo relativo de
superioridade, pois indica maior intensidade
frágil fragílimo da qualidade (paciente) em relação aos ou-
frio frigidíssimo ou friíssimo tros países.

grande grandíssimo b) de inferioridade: “Ele é o menos paciente

da turma.” – O adjetivo “paciente” aparece
humilde humílimo no grau superlativo relativo de inferioridade,
incrível incredibilíssimo pois indica menor intensidade da caracterís-
tica (paciente) em relação à turma. Portanto,
inimigo inimicíssimo são essas as subdivisões do grau superlativo
relativo.
íntegro integérrimo
jovem juveníssimo
Questões de concurso comentadas
livre libérrimo
1. (FCC/TST/Analista Judiciá-
magnífico magnificentíssimo
rio/Taquigrafia/2012 –adaptada)
 44

Nego abre banco, igreja, sauna, escola

Neguinho Nego abre os braços e a voz
Neguinho não lê, neguinho não vê, não crê, Talvez seja sua vez:
pra quê
Neguinho que eu falo é nós
Neguinho nem quer saber
Rei, rei, neguinho rei
O que afinal define a vida de neguinho
Sim, sei: neguinho
Neguinho compra o jornal, neguinho fura o
Rei, rei, neguinho é rei
sinal
Sei não, neguinho
Nem bem nem mal, prazer
(Caetano Veloso (autor) in Costa, Gal. Recan-
Votou, chorou, gozou: o que importa, negui-
to. Universal Music International. 2011)
nho?
Rei, rei, neguinho rei
Julgue o item a seguir com base no texto: O
Sim, sei: neguinho
adjetivo azul (verso 20) é, no contexto, índice
Rei, rei, neguinho é rei da sensação resultante do ato de entrar no
mar gelado.
Sei não, neguinho
Se o nego acha que é difícil, fácil, tocar bem
esse país Comentário:
Só pensa em se dar bem − neguinho tam- “Se o mar do Rio tá gelado Só se vê negui-
bém se acha nho entrar e sair correndo azul”. A palavra
“azul” está empregada no texto como um
Neguinho compra 3 TVs de plasma, um car-
adjetivo com sentido conotativo, ou seja, não
ro, GPS e acha que é feliz
está empregada com seu sentido real (cor
Neguinho também só quer saber de filme em azul), mas, sim, com sentido relacionado ao
shopping fato de estar se sentindo quase congelando
de tão frio.
Rei, rei, neguinho rei
Gabarito: Certo
Sim, sei: neguinho
Rei, rei, neguinho é rei
2. (CESPE/PC-ES/Perito Papiloscópi-
Sei não, neguinho co/2011)
Se o mar do Rio tá gelado Eu não gosto de ninguém, ele quase respon-
Só se vê neguinho entrar e sair correndo azul deu, refreando-se a tempo; faz sentido, ele
mesmo concluía — é o pior momento da mi-
Já na Bahia nego fica den’dum útero nha vida, sem a mulher, sem o filho, sem
Neguinho vai pra Europa, States, Disney e dinheiro, e desgraçadamente sem literatura.
volta cheio de si Uma letra de tango. Ou “um maneirista da
própria sombra”, como escreveu Eusébiode
Neguinho cata lixo no Jardim Gramacho* Mattos no Suplemento de Arte, demolindo-o
até a última linha com o sadismo certeiro
Neguinho quer justiça e harmonia para, se
dos grandes críticos. Para um país sem críti-
possível, todo mundo
ca, aquele texto chegava a ser uma boa sur-
Mas a neurose de neguinho vem e estraga presa, ainda que deixasse entrever mais o
tudo prazer do ataque que o lamento sincero de
 45

um estudioso honesto, o tsc tsc tsc diante de ções técnicas, eu conservava intacto o ver-
um escritor que nunca “chegou lá” na corrida dadeiro prazer da leitura.
de cavalos letrados do panorama nacional —
COLASANTI, Marina. Fragatas para terras
e Donetti sentiu a respiração opressa pelo
distantes. (com adaptações).
rancor. O célebre homem brasileiro cordial é
cordial não porque seja polido, o que ele As palavras em destaque em “… que, apesar
nunca foi, mas porque nada nunca passa do olhar profissional crítico, analítico,” (ℓ. 35-
pelo cérebro antes de chegar à vida — é só 36) são classificadas, respectivamente, co-
um coração batendo forte no meio da rua, mo:
que é o seu lugar.
a) substantivo e adjetivo.
b) substantivo e substantivo.
Cristovão Tezza. Um erro emocional. Rio
c) adjetivo e substantivo.
de Janeiro: Record, 2010, p. 91 (com adap-
tações). d) verbo e adjetivo.
e) verbo e substantivo.

Em relação às ideias e a aspectos gramati- Comentário:

cais do texto acima, julgue o item a seguir. A palavra “olhar” está substantivada pela
Se, em vez do adjetivo “célebre” (ℓ. 13), o presença do artigo “o” contraído com a pre-
autor tivesse optado pela sua forma superla- posição “de” = “do”. Já a palavra “crítico”
tiva, teria de acrescentar-lhe o sufixo -érrimo, refere-se ao substantivo “olhar”, atribuindo-
da seguinte forma: celebérrimo. lhe uma característica. Logo, a palavra “críti-
co” é um adjetivo.
Gabarito: A
Comentário:
“Celebérrimo” é adjetivo derivado de “céle-
bre” e indica grau superlativo absoluto sinté- 4. (CESGRANRIO/IBGE/Agente de Pesquisa e
tico. Significa “muito célebre”, o que corres- Mapeamento/2007) Em “… que seus direi-
ponde ao grau superlativo absoluto analítico. tos caninos estejam sendo violados”, o adje-
tivo destacado corresponde corretamente à
Gabarito: Certo locução “de cães”.
Observe os pares abaixo.
3. (CESGRANRIO/IBGE/Recenseador/2009)
[…] I - de gato – felino;
Quando acabei a leitura e emergi outra vez II - de dedo – digital;
no aeroporto, estava duplamente feliz. Feliz
por ter acabado a história, por ruminar essa III - de guerra – gálico;
sensação de coisa feita que a leitura nos dá IV - de rio – fluvial;
— não de coisa feita por outro e meramente
partilhada, mas realizada, como se nós V - de professor – discente.
mesmos tivéssemos desenhado de um só
traço um ovo ou um círculo. E feliz porque
confirmava que, apesar do olhar profissional As correspondências entre locução adjetiva e
crítico, analítico, quase frio com que hoje em adjetivo foram feitas adequadamente, ape-
dia me aproximo de um texto, apesar de ter nas, em:
marcado aquele conto com várias observa-
(A) I - II - III
 46

(B) I - II - IV Dois Segundo Dobro Meio,

(C) I - III - V metade
(D) II - III - IV Três Terceiro Triplo Terço
(E) III - IV - V Quatro Quarto Quádruplo Quarto
Cinco Quinto Quíntuplo Quinto
Comentário: Seis Sexto Sêxtuplo Sexto
Estão corretos os itens I, II e IV. Nos demais Sete Sétimo Sétuplo Sétimo
itens o correto é: “de guerra – bélico” e “de
Oito Oitavo Óctuplo Oitavo
professor – docente”.
Nove Nono Nônuplo Nono
Obs.: Gálico refere-se à Gália, antigo nome
da França, ou ao elemento químico gálio de Dez Décimo Décuplo Décimo
símbolo Ga.
Onze Undécimo Undécuplo Onze avos
Gabarito: B
Doze Duodécimo Duodécuplo Doze avos
Cem Centésimo Cêntuplo Centésimo
NUMERAL
Mil Milésimo – Milésimo
Numeral é uma palavra que se refere a um
substantivo dando ideia de número. Milhão Milionésimo – Um milionésimo
Bilhão Bilionésimo – Um Bilionésimo

Classificação dos numerais:

1. Cardinais: indicam uma quantidade de- Numerais coletivos
terminada: um, dois, três, etc. Numerais coletivos são determinados nume-
rais que designam um conjunto: dúzia, cento,
centena, grosa, par, etc.
2. Ordinais: indicam ordem ou posição ocu-
pada em uma determinada série: primeiro,
segundo, terceiro, etc. Exemplos de numerais coletivos:
ano – doze meses
3. Multiplicativos: indicam multiplicação: do- biênio – dois anos
bro, triplo, quádruplo, etc.
bimestre – dois meses
centenário – cem anos
4. Fracionários: indicam divisão, fração:
meio, metade, terço, quarto, etc. centúria – cem coisas, anos ou pessoas
cento - conjunto de cem

Segue a relação de alguns numerais: década – dez anos

dezena – dez unidades

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracioná- dúzia – doze unidades

rios dístico – estrofe de dois versos
Um Primeiro fardo – dez resmas de papel
 47

grosa – doze dúzias 2. Nas referências às páginas de um livro,

usam-se, de preferência, os cardinais.
hebdomadário – sete dias ou semanal
Ex.: Abriu o livro na página 22 (vinte e dois).
lustro – cinco anos
milênio – mil anos
3. Quanto à flexão de gênero: páginas, fo-
novena – nove dias
lhas, casas, apartamentos, ruas, etc., o nu-
quarentena – quarenta dias meral deve concordar

quina – cinco números com a palavra número.

quinquênio - cinco anos Ex.: página 1 (página número 1)

resma – quinhentas folhas de papel

século – cem anos 4. Se, no mesmo caso, empregamos o nume-
ral antes dos substantivos, sempre se usará
semestre – seis meses o ordinal.
septênio – sete anos Ex.: Mora na vigésima primeira casa.
terno – três coisas
triênio – três anos 5. A conjunção “e” é sempre intercalada en-
vintênio – vinte anos tre as centenas, as dezenas e as unidades.
Ex.: trezentos e quarenta e nove

Algarismos romanos e arábicos

6. Na escrita dos números por extenso, não
se põe vírgula entre uma classe e outra.
Ex.: 15.241 = quinze mil duzentos e quaren-
ta e um

7. Só se emprega a conjunção “e” quando o

número terminar em uma centena com dois
zeros.
Ex.: 1.800 (um mil e oitocentos)

Emprego do numeral
8. Os numerais cardinais um e dois e as cen-
1. Na designação de séculos, reis, papas, tenas a partir de duzentos variam de gênero.
capítulos de uma obra, usam-se ordinais de
Ex.: um carro / uma casa
um a dez e os cardinais de onze em diante.
Quatrocentos carros / quatrocentas casas

Ex.: século V = século quinto

9. Milhão, bilhão, trilhão, etc., variam em
Século XV = século quinze
número (singular e plural).
Ex.: dois milhões, vinte trilhões
 48

e) Incorreto. “Quadragésimo primeiro” é or-

dinal.
10. Os outros numerais cardinais são invari-
áveis.
Ex.: cinco casas Gabarito: C

11. Quando se trata do primeiro dia do mês, 2. (FVE/SP) Indique o item em que os nume-
deve-se dar preferência ao emprego do ordi- rais estão corretamente empregados.
nal.
a) Ao Papa Paulo seis sucedeu João Paulo
Ex.: Hoje é primeiro de setembro. primeiro.
b) Após o parágrafo nono virá o parágrafo
décimo.
12. Na numeração de artigos, leis, decretos,
portarias e outros textos oficiais, usam-se o c) Depois do capítulo sexto, li o capítulo dé-
ordinal até o nono e o cardinal de dez em cimo
diante.
primeiro.
Ex.: artigo 1° (primeiro), artigo 9° (nono),
d) Antes do artigo dez vem o artigo nono.
artigo 10 (dez),
e) O artigo vigésimo segundo foi revogado.
artigo 11 (onze).

Comentário:
a) Incorreto. O correto é: “Ao Papa Paulo sex-
Questões de concursos comentadas
to…”
b) Incorreto. O correto é: “… virá o parágrafo
1. (Alerj) A alternativa que apresenta um vo- dez.”
cábulo
c) Incorreto. O correto é: “… li o capítulo on-
numeral cardinal é: ze.”
a) a quinta casa d) Correto. Nessa alternativa utilizou-se cor-
retamente a
b) o triplo de folhas
regra para a numeração de portarias, decre-
c) a folha vinte e um
tos, leis,
d) a metade do caminho
artigos e outros documentos oficiais, em que
e) o capítulo quadragésimo primeiro se
empregam os ordinais até nono e os cardi-
nais a partir do
Comentário:
dez.
a) Incorreto. “Quinta” é ordinal.
e) Incorreto. O correto é: “O artigo vinte e
b) Incorreto. “Triplo” é multiplicativo. dois…”
c) Correto. Gabarito: D
d) Incorreto. “Metade” é fracionário.

PRONOME
 49

Pronome é a palavra que substitui ou acom- Observações:

panha um nome determinando/delimitando
O pronome relativo qual é sempre antecedi-
o sentindo dele. Pode, também, substituir
do de artigo, que concorda com o elemento
uma frase ou parte dela. Os pronomes divi-
antecedente, ficando “o qual”, “a qual”, “os
dem-se nas seis grandes classes a seguir:
quais”, “as quais”.

Pronomes pessoais – pronomes que,

O pronome relativo cujo indica posse (algo
em um ato de comunicação, representam as
de alguém). Na montagem do período, deve-
três pessoas do discurso (no singular ou no
se colocá-lo entre o possuidor e o possuído.
plural). Eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles, elas.
Não se pode, porém, usar artigo (o, a, os, as)
me, te, se, lhe, o, a, nos, vos, se, lhes, os, as.
depois de “cujo”. Ele deverá contrair-se com
mim, comigo, ti, contigo, si, consigo, conos-
o pronome, ficando: cujo + o = cujo; cujo + a
co, convosco.
= cuja; cujo + os = cujos; cujo + as = cujas.
Também são pessoais os pronomes de tra-
tamento: você, o Senhor, a Senhora, Vossa
senhoria, Vossa Excelência, etc. Exemplo: A árvore foi derrubada. Os frutos
da árvore são venenosos. / A árvore cujos
frutos são venenosos foi derrubada.
Pronomes possessivos – Indicam posse
em relação às pessoas do discurso: meu,
minha, meus, minhas, nosso, nossa, nossos, Pronomes indefinidos – Referem-se à
nossas, teu, terceira pessoa do discurso em um sentido
vago ou exprimindo quantidade indetermina-
tua, teus, tuas, vosso, vossa, vossos, vossas,
da.
seu, sua, seus, suas.

Exemplos: Quem espera sempre alcança.

Pronomes demonstrativos – Indicam o
São pronomes indefinidos: algum, nenhum,
lugar ou a posição dos seres em relação às
todo(s), toda(s), muito(s), muita(s), pouco(s),
pessoas do discurso.
pouca(s),
1ª pessoa: este, esta, estes, estas, isto.
certo(s), certa(s), tanto(s), tanta(s), qualquer,
2ª pessoa: esse, essa, esses, essas, isso. quaisquer, ninguém, onde, cada, etc.
3ª pessoa: aquele, aquela, aqueles, aquelas,
aquilo.
Pronomes interrogativos – Os pronomes
que, quem, qual, quanto são usados para
formular perguntas diretas ou indiretas.
Pronomes relativos – Representam,
numa oração, os nomes mencionados na
oração anterior.
Emprego dos pronomes
Exemplo: O livro que comprei é muito bom.
Emprego dos pronomes pessoais
a) Os pronomes pessoais retos funcionam
São pronomes relativos: que, quem, quan- como sujeitos de frases e são utilizados an-
to(s), quanta(s), cujo(s), cuja(s), o qual, a tes do verbo.
qual, os quais, as quais.
 50

Exemplo: Eu vou à praia, talvez ela esteja lá.

c) Antes de nomes que indicam partes do
corpo, peças de vestuário e faculdades de
b) Os pronomes pessoais retos nunca apare-
espírito não usamos o pronome possessivo.
cem depois de uma preposição. Torna-se
obrigatório o uso dos pronomes oblíquos
(que exercem função de complemento ver-
Quebrei o braço. (e não – Quebrei o meu
bal).
braço.)

Exemplo: Entre mim e ti há uma distância

Tiago sujou a calça. (e não – Tiago sujou a
enorme.
calça
dele.)
c) Os pronomes oblíquos átonos o, a, os, as
exercem a função de objeto direto.
Exemplo: O médico examinou-o.
Emprego dos pronomes demonstrativos
a) Usamos os demonstrativos esse, essa,
d) Os pronomes oblíquos átonos lhe, lhes
isso em referência a coisa ou seres que este-
exercem a função de objeto indireto.
jam perto da segunda pessoa (o ouvinte).

Exemplo: O garçom oferece-lhe bebida.

Exemplo: Esse livro que está na sua mesa é
meu.
e) Antes de verbo no infinitivo só usamos
“eu” e “tu”, jamais “mim” e “ti”.
b) Também empregamos esse, essa, isso
Exemplo:Fizeram de tudo para eu me emoci- para mencionar algo já dito no discurso.
onar.

Exemplos:
Emprego dos pronomes possessivos
Todos achavam que ele não havia se arre-
a) Quando temos uma narração em primeira pendido. Achavam isso porque ele não agia
pessoa, em que o eu (personagem narrador) como tal.
é o possuidor.
“Ordem e progresso” – essas são as pala-
vras inserida em nossa bandeira.
Exemplo: Meu carro estragou.
c) Usamos este, esta, isto em referência a
coisas ou seres que se encontram perto da
b) Há momentos em que os pronomes pos-
primeira pessoa (o falante).
sessivos não exprimem a ideia de posse,
mas indicam respeito, aproximação, intimi-
dade.
Exemplo: Sempre que vejo esta carta lembro-
me de você.
Exemplo: Meu senhor, permita-me ajudá-lo.
 51

d) Também empregamos este, esta, isto no

discurso para mencionar coisas que ainda
c) Os pronomes todo e toda, desacompa-
não foram ditas.
nhados de artigo, equivalem a qualquer, ca-
da; antecedidos de artigo, significam inteiro.
Exemplos: Só posso dizer isto: odeio você.
A ordem é esta: limpe tudo. Exemplo:
Todo homem é imortal. (= Qualquer homem
é imortal)
e) Aquele, aquela, aquilo são usados quando
as coisas ou seres estão longe do falante e Lia faz o mesmo serviço durante todo o dia.
do ouvinte. (= o dia inteiro)

Exemplo: Aquela obra não apresenta boa A palavra todo tem valor de advérbio quando
segurança. figura em referência a um adjetivo. Equivale
a muito, completamente.
Exemplo: Hoje ele é um homem todo muda-
f) Também são considerados pronomes de-
do (= …completamente mudado)
monstrativos as palavras o(s), a(s), tal e se-
melhantes.
Emprego pronome relativos
Exemplos: Éder não sabia o que responder.
(= … aquilo que
a) O pronome relativo que é empregado em
responder) relação a coisas ou pessoas.
Nunca diga tal mentira. (= … essa asneira)
Exemplos: Conheço bem a moça que saiu.
Emprego dos pronomes indefinidos Não gostei do sapato que comprei.
a) A palavra certo (e flexões) posicionada
depois de um substantivo tem valor de adje-
b) O pronome quem só é relacionado a pes-
tivo.
soas e sempre aparece preposicionado.

Exemplos: Finalmente encontrei a pessoa

Exemplo: Paulo era o filho a quem ele ama-
certa para casar.
va.
Escolheram o local certo para a festa.

c) O pronome relativo que pode ter como

b) O pronome algum (e variações), posicio- antecedente os demonstrativos o, a, os ou
nado depois de um substantivo, adquire va- as.
lor negativo.

Exemplo: Sei o que digo.

Exemplo: Motivo algum me fará desistir de
você.
 52

d) O pronome relativo cujo (e flexões) equiva- Vossa Excelência V.Ex.a V.Ex.as altas autori-
le a um pronome possessivo e sempre se dades
posiciona antes de um substantivo com o
Vossa Magnificência V.Mag.a V.Mag.as reito-
qual concorda em gênero e número.
res de universidades
Vossa Majestade V.M W.MM. reis, imperado-
Exemplos: Cortaram as árvores cujos troncos res
estavam podres.
Vossa Reverendíssima V.Rev.ma V.Rev.mas
sacerdotes
O pronome relativo onde corresponde a “em Vossa Senhoria V.S.a V.S.as autoridades,
que” e sempre indica lugar. É empregado tratamento respeitoso, correspondência co-
com verbos que não dão ideia de movimen- mercial
to.
Vossa Santidade V.S Papa, Dalai Lama
Exemplo: Esta é a terra onde habito.

Observação importante
Emprego dos pronomes interrogativos
O pronome de tratamento concorda com o
São empregados em frases interrogativas verbo na 3ª pessoa. Por exemplo: Vossa Se-
diretas ou indiretas. nhoria está feliz.
Quando se referir à 3ª pessoa, o pronome de
tratamento é precedido de sua. Exemplo:
Exemplo: Quantos convidados deverão com-
Sua Majestade, a rainha da Inglaterra, chega
parecer à festa?
hoje ao Brasil.
(interrogação direta)
VERBO
Não se sabem quantos candidatos passarão
VERBO
no concurso. (interrogação indireta)
É a classe de palavras variáveis em pessoa,
número, tempo, modo e voz, que indica ação
Emprego dos pronomes de tratamento (correr), estado (ficar), fenômeno (chover) e
fato (nascer).
Representam a forma como nos referimos às
pessoas. Confira um resumo:
Flexões verbais
Pronomes de tratamento 1) Pessoa – Varia a forma verbal para indicar
a pessoa
Abreviaturas
gramatical a que se refere:

Pronome Singular Plural Emprego

1ª pessoa: falante ou locutor (quem fala).
você v. tratamento informal
2ª pessoa: ouvinte ou interlocutor (com
o(s) senhor(es). a(s) senhora(s) sr., sra., srs., quem se fala).
sras. tratamento formal ou cerimonioso
3ª pessoa: assunto ou mensagem (de que se
Vossa Alteza V.A. W.AA. príncipes, princesas, fala).
duques
Vossa Eminência V.Em.a V.Em.as cardeais
 53

2) Número – Varia a forma verbal para indi- • Imperativo: indica uma ordem, um pedido,
car o número um conselho, uma súplica.
de elementos a que se refere: Além dos três modos verbais, existem as três
formas nominais, que recebem esse nome
porque podem desempenhar o papel de
• Singular: refere-se a um único elemento. substantivos e adjetivos.

• Plural: refere-se a mais de um elemento.

1. Infinitivo: passa a substantivo.

3) Tempo
Ex.: O viver é uma aventura.

• Presente: indica a ação que acontece du-

rante o momento em que se fala: canto.
2. Gerúndio: passa a substantivo ou adjetivo.
• Pretérito: indica a ação que acontece an-
tes de se falar.
Ex.: Ele queimou-se com óleo fervendo.
adj.
Divide-se em:
3. Particípio: passa a substantivo ou adjetivo.
Pretérito perfeito: fato ocorrido num de-
terminado momento no passado: cantei.
Pretérito imperfeito: fato ocorrido no Ex.: Renato é um homem vivido.
passado com continuidade no tempo: canta-
adj.
va.
Pretérito + que perfeito: fato ocorrido
num momento anterior a outro fato passado: 5) Voz – Indica se o sujeito pratica ou recebe
cantara. ação. Há três vozes verbais:
• Futuro: indica a ação que vai acontecer
depois de se falar. Divide-se em:
1- Voz ativa: o sujeito pratica a ação (agente).

Futuro do presente: fato certo que ocor-

rerá: cantarei. Ex.: Os soldados cercaram a cidade.

Futuro do pretérito: fato que se torna 2- Voz passiva: o sujeito sofre a ação (paci-
passado sem que se realize (é ligado a uma ente).
condição): cantaria.

Ex.: A cidade foi cercada pelos soldados.

4) Modo
• Indicativo: indica uma realidade. 3- Voz reflexiva: o sujeito pratica e sofre a
• Subjuntivo: indica uma dúvida, uma possi- ação.
bilidade, um desejo.
 54

Ex.: O soldado feriu-se com a arma.

Ex.: Ela não estuda nem trabalha. / Eu canto
e você dança.
Questão de concurso comentada
1. (TRT/PR) Transpondo para a voz passiva a
oração: “Já tinha visto aquela pessoa antes”, adversativas: expressam oposição, con-
temos a forma verbal: traste: mas, porém, todavia, entretanto, no
entanto, senão, não obstante, contudo, etc.
Antes dos
a) fora vista
nexos adversativos a vírgula é obrigatória.
b) tinha sido vista
c) foi vista
Ex.: Ele não estudou, mas fez boa prova.
d) vira-se
e) teria sido vista
alternativas: expressam uma escolha,
Comentário: uma alternativa à ideia anterior: ou… ou, ou,
ora…ora, já… já, quer… quer, etc.
A oração “Já tinha visto aquela pessoa an-
tes” encontra-se na voz ativa com sujeito
oculto (“eu” ou “ele”). Já o termo “aquela
Ex.: Você ou seu pai ganhará o prêmio. / Ou
pessoa” é o objeto direto da ação “tinha vis-
chora, ou ri.
to”. Transformando a oração em voz passiva,
temos: “Aquela pessoa já tinha sido vista
antes”.
Conclusivas: expressam uma finalização
Gabarito: B ou conclusão da ideia anterior: pois (pospos-
ta ao verbo), logo, portanto, então, por isso,
por conseguinte, por isto, assim, etc. Ex.:
CONJUNÇÃO Trabalhei o dia todo, por isso mereço des-
canso.
Explicativas: expressa uma explicação,
Conjunção é a palavra que une duas orações razão, motivo sobre a ideia anterior: que,
ou dois termos de uma mesma oração que porque, porquanto, pois (anteposta ao ver-
exerçam a função sintática idêntica. bo).
Ex.: Feche a porta porque está chovendo.
As conjunções classificam-se em: 2. Subordinativas: associam duas orações
1. Coordenativas: associam dois termos da dependentes entre si. De acordo com a rela-
oração ou duas orações independentes. De ção que estabelecem, as orações subordina-
acordo com a relação que estabelecem, as tivas podem ser:
conjugações coordenativas podem ser: causais: expressam a causa da ideia ou
do fato anterior: porque, pois, porquanto,
como, pois que, por isso que, já que, uma
aditivas: expressam uma ideia de soma, vez que, visto que, visto como, que, na medi-
adição, acréscimo de algo à ideia anterior: e, da em que.
nem, mas também, como também, além de
(disso, disto, aquilo), quanto (depois de tan- Ex.: O chão está molhado porque choveu.
to), bem como, etc. (= Como choveu, o chão está molhado)
 55

as identificações habituais, que estruturam o

eu.
concessivas: expressam uma conces-
são: embora, muito embora, conquanto, ain- Lúcio Ricardo Hiurko Felippe et al. Programa
da que, mesmo que, posto que, bem que, se de preparação para a aposentadoria: uma
bem que, apesar de que, nem que, em que, política de desenvolvimento humano. Inter-
que, e, a despeito de, não obstante, etc. net: <www.ser.ufpr.br> (com adaptações).
Ex.: Embora tenha estudado, não foi aprova-
do.
Com relação à estrutura gramatical do pri-
meiro parágrafo do texto, julgue os itens a
seguir:
condicionais: expressam uma condição
para que ocorra algo: se, caso, quando, con-
tanto que, salvo se, sem que, dado que, des-
2. O vocábulo “se” (ℓ.3) indica, no texto, uma
de que, a menos que, a não ser que, etc.
condição para o trabalho; nesse caso especí-
fico, essa condição é deixar de ver o filho
nascer ou crescer.
Questões de concurso comentada
1. (CESPE/AL-ES/Cargos de Nível Mé-
dio/2011) As pessoas aprenderam que de- Comentário:
vem ter sempre alguma atividade — primeiro
Negativo. O “se” não está indicando no texto
é estudar e depois, trabalhar —; o importante
uma condição, uma vez que nem mesmo ela
é fazer alguma coisa, nem que para isso se
é uma conjunção condicional. Nessa oração,
deixe de ver o filho nascer ou crescer. Pri-
o “se“ é índice de indeterminação do sujeito
meiro vem o trabalho, a produção. Outro as-
da ação expressa pelo verbo “deixar”.
pecto aterrador aparece quando o indivíduo
para para ouvir o próprio discurso: boa parte Gabarito: Errado
do que se fala está centrado em um futuro
almejado, nunca concreto, como: “quando eu 3. Na linha 6, o vocábulo “para”, em ambas
entrar em férias...”, “quando eu ganhar na as ocorrências, pertence à mesma classe de
loto...”. Na verdade, idealiza-se o que fazer (e palavras.
que dificilmente acontece), esquecendo-se
do presente. Geralmente, as expectativas
centradas nesse futuro refletem uma insatis- Comentário:
fação com a situação presente, tanto no ní- “… quando o indivíduo para para ouvir o pró-
vel pessoal como no profissional. Com o ad- prio discurso…”. Pelo contexto, identificamos
vento da aposentadoria, ocorre uma série de que o primeiro “para” é verbo, pois indica a
mudanças implicadas nesse processo, e o ação de parar; o segundo “para” é conjunção
indivíduo adquire novo status econômico, final, pois liga duas orações indicando finali-
político e social. Em síntese, na aposentado- dade.
ria, verifica-se mudança significativa na vida
do indivíduo. Grande parte de sua identidade
e de seu status social depende do papel pro-
Observação importante: antes de entrar em
fissional que a pessoa exerce. A exclusão do
vigor o Novo Acordo Ortográfico, era utilizado
mundo do trabalho é, ao mesmo tempo, per-
o acento agudo sobre a palavra “para”, a fim
da de lugar no sistema de produção, reorga-
de indicar que a sua classe gramatical é ver-
nização espacial e temporal da vida do sujei-
bo. Após esse evento, a distinção das clas-
to e reestruturação de identidade pessoal. A
ses gramaticais somente deve ser estabele-
aposentadoria obriga o sujeito a reorganizar
cida pelo
 56

contexto expresso no enunciado. Ex.: ontem, ainda, agora.

Gabarito: Errado
2. Se a circunstância for expressa por um
conjunto de palavras (preposição + substan-
ADVÉRBIO
tivo), temos uma locução adverbial.
Advérbios são palavras que se referem a um
verbo, a um adjetivo ou a outro advérbio,
acrescentando-lhes uma circunstância de Ex.: às pressas, de repente, com medo.
modo, de tempo, lugar e outros. Confira os
exemplos sublinhados nos versos abaixo:
3. Se a circunstância for expressa por várias
palavras, temos a expressão adverbial.
“Não me convidaram
Pra essa festa pobre (…)
Ex.: antes d’eu nascer, atrás da porta, em
Toda essa droga cima daquela mesa.
Que já vem malhada
Antes d’eu nascer.” De acordo com as circunstâncias que ex-
pressam, os advérbios classificam-se em:

A palavra “não” modifica o verbo “convida-

ram”, exprimindo ideia de negação. A palavra CLASSIFICAÇÃO DE ADVÉRBIOS E LOCUÇÕES
“já” modifica o verbo “vem”, indicando o ADVERBIAIS
momento, o tempo em que vem malhada a
droga. A expressão “antes d’eu nascer”
Tempo: agora, hoje, ontem, cedo, tarde, à
exprime a ideia de tempo; isto é, o momento
tarde, à noite, já, no dia seguinte, amanhã,
que “toda essa droga vem malhada”. As pa-
de manhã, jamais, nunca, sempre, antes,
lavras e expressões grifadas são advérbios.
breve, de repente, de vez em quando, às
vezes, imediatamente, etc.
Ele fala (verbo) bem (advérbio). advérbio
modificando
Lugar: aqui, ali, aí, lá, cá, acolá, perto, longe,
verbo abaixo, acima, dentro, fora, além, adiante,
distante, em cima, ao lado, à direita, à es-
Ele é muito (advérbio) falante (adjetivo).
querda, em algum lugar, atrás, etc.
advérbio
modificando adjetivo
Modo: bem, mal, assim, pior, melhor, de-
Ele fala muito (advérbio) bem (advérbio).
pressa, devagar, à toa, às pressas, à vonta-
advérbio
de, rapidamente, calmamente, infelizmente
modificando advérbio. (e a maioria dos advérbios terminados em -
mente), etc.

Observações:
Negação: não, absolutamente, tampouco,
1. Se a circunstância for expressa por ape- nunca, de modo algum, de forma alguma,
nas uma palavra, chamamo-la de advérbio. etc.
 57

Obs.: Bem e mal admitem o grau comparati-

vo de superioridade sintético: melhor e pior.
Afirmação: sim, realmente, deveras, certa-
mente, sem dúvida, efetivamente, com cer-
teza, de fato, etc.
Ex.: Ele fala melhor
que eu. Ele fala pior que eu.
Intensidade: muito, pouco, bastante, sufici-
ente, demais, mais, menos, tão, etc.
Dicas para o uso dos advérbios:
1) Se na frase houver a coordenação de vá-
Dúvida: talvez, possivelmente, provavelmen-
rios advérbios terminados em –mente, usar
te, quiçá, etc.
esse sufixo apenas no último advérbio.

Interrogação: onde, quando, como, etc.

Ex.: Ele fala calma, clara e sossegadamente.
2) Antes de verbos no particípio, use: mais
Ex.: mal, mais bem. Ex.: Este exercício está mais
bem feito que o meu.
Onde você mora? (lugar)
Como você fez esse texto? (modo)
3) Às vezes, o advérbio recebe sufixo diminu-
Quando ela chegou? (tempo)
tivo para indicar o grau superlativo.
Por que não me ouve? (causa)
Por serem empregadas em frases interroga-
Ex.: Fiquei pertinho do palco. (= Fiquei muito
tivas (diretas ou indiretas), as palavras grifa-
perto do palco).
das acima são chamadas de advérbios inter-
rogativos. Apesar de serem classificados co-
mo invariáveis, os advérbios apresentam
4) Na linguagem popular, a repetição do ad-
flexão de grau:
vérbio tem valor superlativo.

1. Grau comparativo:
Ex.: Venha rápido, rápido. (= Venha bastante
rápido).
de igualdade: Ele fala tão bem quanto o co-
lega.
5) Alguns advérbios podem modificar uma
de superioridade: Ele fala mais depressa que oração inteira.
eu.
de inferioridade: Ele fala menos depressa
que eu.
2. Grau superlativo:
Ex.: Verdadeiramente, eles são os melhores
da classe.
sintético: Ele fala baixíssimo.
analítico: Ele fala muito baixo.
 58

Questões de concursos comentadas nem sempre vem de uma ameaça real. Al-
gumas vezes brota de fantasias e crenças.
1. (FCC/Prefeitura de São Paulo – SP/Auditor
Então, muitas das decisões que tomamos
Fiscal do Município/Gestão Tributária/2012
são para não ser um fracasso, não ficar sozi-
– adaptada)
nho, não perder a família... O não marca que
a decisão era reativa, defensiva de uma
ameaça que nem sempre era real. A partir do
Para combater o totalitarismo, basta com- medo, desenhamos um mapa de onde não
preender uma única coisa: o totalitarismo é a queremos chegar. [...] No vocábulo destaca-
negação mais radical da liberdade. […] A do na passagem “O não marca…” (ℓ.27)
própria existência de movimentos totalitários ocorre, morfologicamente, uma:
no mundo não totalitário […] dá provas elo-
quentes da falência de toda a estrutura da
moralidade […] Mesmo assim, muitos duvi-
a) adverbialização.
dam que essa falência seja real. Essas pes-
soas costumam achar que aconteceu algum b) substantivação.
acidente e que agora o dever é restaurar a
c) quantificação.
ordem antiga, apelar ao antigo conhecimento
do certo e do errado, mobilizar os velhos ins- d) adjetivação.
tintos de ordem e segurança. Rotulam quem
fala e pensa de outra maneira de “profeta da e) pronominalização.
catástrofe”, cuja sombra ameaça toldar o sol
que se levanta sobre o bem e o mal por toda
a eternidade. […] Comentário:
Na oração destacada temos um advérbio de
negação (não) que sofre o processo de subs-
Julgue o item a seguir. tantivação, devido à presença imediata do
A classe de palavras a que pertencem bem e artigo definido masculino “o” antes desse
mal (destacados no texto) é distinta da clas- advérbio. Os artigos sempre “têm o poder”
se a que pertence a palavra destacada em de transformar as palavras em substantivo
“Disse-lhe um sim bastante acanhado”. quando aparecem antepostos a elas.

Comentário:
As palavras “bem” e “mal” são advérbios que Gabarito: B
indicam modo. Já a palavra “sim” é advérbio
que indica afirmação. Todas pertencem,
pois, à mesma classe de palavras — advér- 3. (CESGRANRIO/ FINEP/ Técnico – Apoio
bios. Adm. e Secretariado/2011)

Gabarito: Errado
2. (CESGRANRIO/ Petrobras – Técnico(a) de [...] Sempre senti muitíssimo por não ter
enfermagem do trabalho júnior/2008) aprendido piano. Não sei o que aconteceu.
Meu pai se diz ele próprio um pianista frus-
trado e poderia ter resolvido isso através de
[...]O medo é uma emoção necessária para mim, mas não o fez. Estudei balé
defender-se de algo que ameaça a integrida- clássico, moderno, sapateado, cantei em
de física ou psicológica. Ele é indispensável coral, fiz aula de música na escola, mas, por
para a sobrevivência, para lidar com crises e uma razão ou por outra, nunca me puseram
riscos. O problema é que o medo para aprender piano. [...]
 59

SEIXAS, Heloisa. Aulas de Piano. Seleções do • Se for adequado o encaixe da palavra

Reader’s Digest, bem, a escrita correta é mal (com “L”).
Rio de Janeiro, p. 37-38, fev. 2011. Adapta- Passei bem. / Passei mal.
do.
Gabarito: Certo

A terminação -íssimo costuma ser adicionada

PREPOSIÇÃO
a adjetivos. No caso do Texto I, em que ela é
adicionada a um advérbio — “muitíssimo” — Preposição é a palavra invariável que liga
(ℓ. 15), traz a noção de: duas outras palavras, estabelecendo, entre
elas, determinadas relações de sentido e
dependência.
a) ênfase
b) qualidade
As preposições classificam-se em:
c) autoridade
d) formalismo
essenciais: palavras que só funcionam
e) estranhamento como preposição. Ex.: a, ante, até, após,
com, contra, de, desde, em, entre, para, pe-
Comentário:
rante, por, sem, sob, sobre, atrás.
“Muitíssimo” traz noção de ênfase. Observe
o exemplo: Sentiu muitíssimo a morte do pai.
O advérbio relaciona-se com o verbo “sentir” acidentais: palavras de outras classes
intensificando-o. Logo, dá-lhe ênfase. gramaticais que, em certas frases, funcio-
nam como preposição.
Gabarito: A
4. (CESGRANRIO/Petrobras/Administrador
Júnior/ 2011– adaptada) Julgue o item a Ex.: conforme, como, consoante, mediante,
seguir. O emprego da palavra/expressão segundo, visto, durante.
destacada está INCORRETO em “Estava
Locução prepositiva
mau-humorado quando entrou no escritório.”
É a expressão que estabelece a relação en-
Comentário:
tre duas palavras.
O emprego de “mau-humorado” está incor-
reto conforme afirmado no item. Mau é adje-
tivo, antônimo de bom. Mal pode ser: • ad- Ex.: abaixo de, atrás de, acima de, por causa
vérbio de modo, antônimo de bem (mal- de, ao lado de, até a, defronte de, perto de,
educada, mal-humorada); conjunção subor- de acordo com.
dinativa temporal – sinônimo de assim que,
qual (mal chegou e já teve que sair);
• substantivo – deve ser precedido de artigo EMPREGO DAS PREPOSIÇÕES
ou outro determinante (esse mal é difícil de Certas preposições podem aparecer combi-
curar). nadas com outras palavras. Dessa combina-
Na dúvida, memorize: ção pode ocorrer:

• Se for adequado o encaixe da palavra

bom, a escrita correta é mau (com “u”).
Menino bom. / Menino mau.
 60

contração: quando na junção da prepo- Ele andou por São Paulo. (por = indica lugar)
sição com outra palavra houver perda de
Agora, observe como uma mesma preposi-
algum fonema.
ção pode indicar diferentes relações entre os
Ex.: em + a = na termos.
de + o = do
em + um = num Exemplos:
em + aquele = naquele Este livro é de José. (de = indica posse)
Ela chegava de Porto Alegre. (de = indica
origem)
combinação: quando, na junção, não
houver perda fonética. Era uma porta de madeira. (de = indica ma-
téria)
Morreu de fome. (de = indica causa)
Ex.: a + onde = aonde
Foi de carro ao sítio. (de = indica meio)
a + o = ao
Falei de você ao chefe. (de = indica assunto)
As preposições podem unir-se a outras pala-
Importante: o sujeito de um verbo não admi-
vras.
te preposição e, portanto, não se deve fazer
a contração da preposição “de” com o artigo Eis alguns exemplos:
ou o pronome que encabeça esse sujeito.

À=a+a
Ex.:
Ao = a + o
Agora é a vez do professor falar. – Errado
Àquela = a + aquela
Agora é a vez de o professor falar. – Certo
Àquele = a + aquele
Deste = de + este
Como as preposições estabelecem uma rela-
Do = de + o
ção específica entre dois termos, é preciso
cuidado ao utilizá-las, pois a troca de uma Donde = de + onde
preposição por outra pode alterar o sentido
da frase. Dele = de + ele
Naquilo = em + aquilo

Exemplos: Nas = em + as

Ele saiu com o irmão. (com = indica compa- No = em + o

nhia) Num = em + um
Ele saiu sem o irmão. (sem = indica ausên- Pela = per + a
cia)
Pelas = por + as
Ele foi contra o irmão. (contra = indica oposi-
ção) Pelo = por + o

Ele foi com o irmão para o Sul. (para = indica Pelos = per + os
direção)
 61

Questões de concursos comentadas rápida de se perder. Quando tiver dúvida,

fale alto com você mesmo, escute as suas
1. (CESGRANRIO/2010/Petrobras)
palavras e pense muito. É melhor ser taxado
de

Não transforme o seu futuro em um passado louco do que ser infeliz. Aceite que erramos,
de que você possa arrepender-se O futuro é mas lembre que cometer os mesmos erros é
construído a cada instante da vida, nas to- burrice. O ideal é aprender com os erros dos
madas de decisões, nas aceitações e recu- outros; para que isso aconteça, observe o
sas, nos caminhos percorridos ou não. Esse que acontece com o mundo ao seu redor,
movimento é feito por nós diariamente sem invariávelmente o seu problema já foi vivido
percebermos e sem muito impacto, contudo, por outras pessoas. Você não foi o primeiro a
quando analisado em um período de tempo cometer erros e, com absoluta certeza, não
maior, ficam nítidos os erros e acertos. Sa- será o último. A observação é o melhor ca-
bemos, internamente, dos melhores cami- minho para um futuro mais tranquilo, mais
nhos, entretanto, pelas inseguranças, medos equilibrado, mais pleno. Temos que separar
e raivas, diversas vezes adotamos posturas um tempo do nosso dia para a reflexão e
impensadas que impactam pelo resto da meditação.
vida, comprometendo trilhas que poderiam
ser melhores ou mais tranquilas. Como po-
demos superar esses momentos? Como fa- A opção cuja classe da palavra destacada
zer para evitar esses erros súbitos? Pergun- encontrada no texto difere das demais é:
tas a que também quero responder, afinal,
sou humano e cometo todos os erros ineren-
tes a minha condição, contudo, posso afir- a) “O futuro é construído a cada instante da
mar que o mundo não acaba amanhã e, reti- vida,”
rando a morte, as decisões podem ser adia-
das, lembrando que algumas delas geram b) “Perguntas a que também quero respon-
ônus e multas. No direito e na medicina isso der,”
é mais complexo, mas em muitas outras c) “… os erros inerentes a minha condição,”
áreas isso é perfeitamente aceito. A máxima
de que “não deixe para fazer amanhã o que d) “retirando a morte,”
você pode fazer hoje” não é tão máxima as- e) “pode ser perfeitamente aplicável daqui a
sim. Devemos lembrar que nada é absoluto, um tempo.”
mas relativo. Uma coisa faz muito sentido
nesse tema: não deixe entrar aquilo de que
você tem dúvida; se deixar, limite o espaço. A
Comentário:
pessoa mais importante da vida é o seu pro-
prietário, o nosso maior erro é ser inquilino Na alternativa D, o “a” precede um substan-
dela, deixar entrar algo que se acha errado tivo, sendo, portanto, um “artigo”. Nas de-
ou não se quer é tornar-se inquilino do que é mais alternativas, o “a” é preposição. Perce-
seu, pagando aluguel e preocupado com o ba que, na alternativa D, é possível flexionar
final do contrato da sua vida. Não cometa a palavra destacada para o plural (as mor-
esse erro. A felicidade atual depende do tes), o que não é possível fazer nas demais
passado, assim como a tristeza, a pobreza, a alternativas. Isso porque temos aí duas clas-
saúde e muitas outras coisas. Nunca se es- ses de palavras bem distintas: uma que é
queça disso, nunca. Torne mais flexível o seu variável (artigo) e outra que é invariável (pre-
orgulho, algo que hoje não deu certo, pode posição).
ser perfeitamente aplicável daqui a um tem-
po. O orgulho impede de você tentar de novo. Gabarito: D
Não minta para você, essa é a forma mais
 62

2. (CESPE/2012/STJ/Analista Judiciá- Comentário: “… a biblioteca de Alexandria

rio/Área Judiciária) representa uma epígrafe perfeita para a dis-
cussão sobre a materialidade da comunica-
ção.”
Fundada por Ptolomeu Filadelfo, no início do
“Eles, na verdade, procuravam uma bibliote-
século III a.C., a biblioteca de Alexandria re-
ca estruturada para colecionar livros e não
presenta uma epígrafe perfeita para a dis-
rolos.” Observe os destaques nos fragmentos
cussão sobre a materialidade da comunica-
retirados do texto. Perceba que, no primeiro,
ção. As escavações para a localização da
a expressão “para” indica a finalidade da
biblioteca, sem dúvida um dos maiores te-
epígrafe e que existe apenas uma forma ver-
souros da Antiguidade, atraíram inúmeras
bal em todo o enunciado (representa). Há,
gerações de arqueólogos. Inutilmente. Trata-
pois, apenas uma oração e o “para” tem fun-
va-se então de uma biblioteca imaginária,
ção de preposição. No segundo fragmento,
cujos livros talvez nunca tivessem existido?
existem duas formas verbais (procuravam e
Persistiam, contudo, numerosas fontes clás-
colecionar), as quais formam duas orações
sicas que descreviam o lugar em que se en-
ligadas pela palavra “para”, indicando, tam-
contravam centenas de milhares de rolos. E
bém, finalidade.
eis a solução do enigma. O acervo da biblio-
teca de Alexandria era composto por rolos e Como a questão apenas chama a atenção
não por livros — pressuposição por certo in- para o sentido estabelecido pela palavra “pa-
gênua, ou seja, atribuição anacrônica de ra”, a função que cada uma delas exerce não
nossa materialidade para épocas diversas. deve ser levado em conta na hora da respos-
Em vez de um conjunto de salas com estan- ta. Ambas são expressões que indicam fina-
tes dispostas paralelamente e enfeixadas em lidade.
um edifício próprio, a biblioteca de Alexan-
Gabarito: Certo
dria consistia em uma série infinita de estan-
tes escavadas nas paredes da tumba de
Ramsés. Ora, mas não era essa a melhor
forma de colecionar rolos, preservando-os Crase
contra as intempéries? Os arqueólogos que Crase é a fusão da preposição a com o artigo
passaram anos sem encontrar a biblioteca a ou com o a inicial dos pronomes demons-
de Alexandria sempre a tiveram diante dos trativos aquele, aquela, aquilo. Na escrita, é
olhos, mesmo ao alcance das mãos. No en- indicada por meio do acento grave ( `). Para
tanto, jamais poderiam localizá-la, já que não que ela ocorra, é necessário que haja:
levaram em consideração a materialidade
dos meios de comunicação dominante na
época: eles, na verdade, procuravam uma a) um termo regente que exija a preposição
biblioteca estruturada para colecionar livros a;
e não rolos. Quantas bibliotecas de Alexan-
dria permanecem ignoradas devido à negli-
gência com a materialidade dos meios de
b) um termo regido que seja modificado pelo
comunicação? […]
artigo a ou por um dos pronomes demons-
trativos de 3ª pessoa mencionados acima.
Com relação às ideias e estruturas linguísti-
cas do texto, julgue o item a seguir.
Obs.: crase não é o acento grave; ele serve
A preposição “para”, em “para a discussão” para indicar que naquele a ocorre crase: jun-
(ℓ.3) e em “para colecionar livros” (ℓ.23), ção de a + a.
introduz expressão que exprime finalidade.
 63

Regra geral 3) Na indicação do número de horas, quan-

do, ao trocar o número de horas pela palavra
A crase ocorrerá sempre que o termo anteri-
meio-dia, obtivermos a expressão ao meio-
or exigir a preposição a e o termo posterior
dia.
admitir o artigo a ou as.

Exemplo: Retornou às oito horas em ponto.

Vou a a praia. = Vou à praia.
(Retornou ao meio-dia em ponto.)

Para se certificar, substitua o termo feminino

por um masculino. Se a combinação ao for 4) Nas expressões à moda de, à maneira de,
necessária, a crase será indispensável. mesmo quando essas estiverem implícitas.

Ex.: Vou à praia. / Vou ao clube. Ex.: Farei para o jantar uma bacalhoada (à
moda de Portugal) à portuguesa.

Emprego obrigatório do sinal de crase

Emprego facultativo do sinal de crase

Sempre ocorrerá crase:

1) Diante de pronomes adjetivos possessivos
1) Nos casos em que a regra geral puder ser
femininos.
aplicada.
Exemplos: Vou a sua casa. / Vou à sua casa.
(Vou a seu apartamento/ ao seu apartamen-
Ex.: Dirigiu-se à professora. to).
Obs.: se o pronome for substantivo possessi-
vo, o sinal de crase será obrigatório. Vou a
2) Nas locuções conjuntivas, adverbiais e sua festa e você irá à minha/ Vou a (ao) seu
prepositivas (formadas por a + palavra femi- baile e você irá ao meu. Artigo facultativo.
nina). Artigo obrigatório

Exemplos: 2) Diante de nomes próprios femininos.

À medida que passa o tempo, a violência Não me referia a Eliana. / Não me referia à
aumenta. Eliana.
(Não se refere a Roberto / ao Roberto).

O povo brasileiro vive à mercê de políticos,

muitas das vezes corruptos. 3) Depois da preposição até.
Foi até a porta. / Foi até à porta.

Gosto muito de sair à noite. (Foi até o portão / até ao portão).

Casos em que nunca ocorre crase
 64

1) Diante de palavras masculinas. Não pode 5) Quando o a estiver no singular, diante de

ocorrer artigo a (feminino) antes de palavra uma palavra no plural. Se houvesse artigo,
masculina; se houver a, será preposição. ele estaria no plural, pois acompanharia a
flexão do substantivo.

Ex.: Saiu a cavalo e sofreu uma queda

Ex.: Como posso resistir a pessoas tão en-
cantadoras?
2) Diante de verbos. Não há artigo antes de
(Como posso resistir às pessoas…)
verbo, pois este se transformaria em subs-
tantivo; se houver a, será preposição.
6) Diante do artigo indefinido uma. Não pode
haver um artigo definido (determinante) jun-
Ex.: Ele está apto a concorrer ao cargo.
tamente com um indefinido, que generaliza o
substantivo.

3) Diante de nome de cidade (topônimo) que

repudie o artigo.
Ex.: Isto me levou a uma decisão drástica.

Ex: Turistas vão frequentemente a Tiraden-

7) Diante da expressão Nossa Senhora e de
tes.
nomes de santos.

DICAS: Descubra se o nome da cidade aceita

Ex.: Entregarei a Nossa Senhora da Concei-
artigo: use o verbo “voltar”. Se houver con-
ção minha oferenda.
tração de preposição e artigo, existirá crase.

8) Diante da palavra terra, quando esta signi-

Vou a, volto da, crase há. Vou a, volto de,
ficar “terra firme”, “tomada em oposição a
crase por quê?
mar ou ar”.

Ex.: Fui à Espanha/ Voltei da Espanha.

Ex.: Os pilotos já voltaram a terra.
Fui a Tiradentes/ Voltei de Tiradentes.
Se o nome da cidade estiver determinado, a
9) Diante da palavra casa (no sentido de
crase será obrigatória.
“lar”; “moradia”) quando esta não estiver
determinada por adjunto adnominal.

Ex.: Fui à histórica Tiradentes.

Fui à Roma dos Césares. Ex.: Não voltarei a casa esta semana.

4) Em expressões formadas por palavras

repetidas (uma a uma, frente a frente, etc.)
Caso a palavra casa venha determinada por
adjunto adnominal, ocorrerá a crase.
Ex.: Olhamo-nos cara a cara.
 65

Ex.: Não voltarei à casa de meus pais esta Emprega-se o sinal indicativo de crase em
semana. “corresponde à crescente transformação
histórica” (ℓ.1-2) porque:

10) Diante de pronomes que não admitem

artigo: relativos, indefinidos, pessoais, de a) a expressão “história postal” (ℓ.1) exige
tratamento e demonstrativos (não iniciados complemento antecedido por artigo definido
pela vogal a). feminino.
b) a forma verbal “corresponde” exige com-
plemento regido da preposição a, e a expres-
Ex.: Dei a ela oportunidade de se redimir.
são que a complementa é precedida do arti-
Solicito a V.Sª a confirmação do pedido. go definido a.

Falei a várias pessoas sobre a reunião. c) a expressão “transformação histórica”

deve ser imediatamente precedida da prepo-
sição a.
11) Diante de numerais cardinais quando d) a forma verbal “transcorrer” exige com-
estes se referem a substantivos não deter- plemento regido da preposição a.
minados pelo artigo.
e) a forma verbal “transcorrer” (ℓ.1) foi trans-
formada em substantivo pela anteposição do
Ex.: Daqui a duas semanas retornarei ao artigo “O”.
trabalho. Comentário:
Crase da preposição “a” com pronomes de- A forma verbal “corresponde” exige comple-
monstrativos mento regido pela preposição “a” e a expres-
Preposição a + pronomes demonstrativos = são que a complementa é precedida do arti-
à, àquilo, àquele(s), àquela(s) go definido “a”. Entenda:
Quem corresponde, corresponde a alguma
coisa.
Ex.: Assistimos àquela peça teatral.
Corresponde a quê? (preposição)
A crescente transformação histórica.
O a será pronome demonstrativo quando
significar aquela. (artigo) A (preposição) + A (artigo) = crase
Logo: “corresponde à crescente transforma-
ção histórica”.
Questões de concurso comentadas (Evita-se, assim, a repetição dos dois “as”).
1. (CESPE / 2011 / Correios / Agente de Cor- Gabarito: B
reios /Operador de Triagem e Transbordo)
2. (CESPE / 2010 / TRT - 21ª Região (RN) /
O transcorrer da história postal corresponde Técnico Judiciário / Tecnologia da Informa-
à crescente transformação histórica do pró- ção)
prio país, razão pela qual conhecer os princi-
pais fatos ligados à implementação e ao
aperfeiçoamento dos serviços postais forne- Estado brasileiro, um gigante gastador
ce um panorama do desenvolvimento histó-
rico brasileiro. A cada ano, aproximadamente 92% dos gas-
tos do governo federal — excluindo-se paga-
mento de dívidas e transferências — são en-
 66

golidos pelas engrenagens do Estado brasi- O uso do sinal indicativo de crase no trecho
leiro. De cada 100 reais, 25 são destinados "os dilemas inerentes à convivência" (ℓ.10)
ao pagamento de pessoal, e outros 67, ao não é obrigatório.
custeio da máquina — despesas que vão do
cafezinho servido nas repartições públicas à
gasolina que move os veículos de autorida- Comentário: A expressão “à convivência”
des. complementa o sentido de um adjetivo e, por
isso, trata-se de um complemento nominal. O
adjetivo “inerente” exige complemento regi-
Com base no texto acima, julgue o item se- do por preposição: inerente a quê? A convi-
guinte. Na linha 6, o emprego do acento gra- vência = fusão de a (preposição) + a (artigo)
ve em “à gasolina” justifica-se pela regência = crase.
de “repartições públicas” e pela presença de
Gabarito: Errado
artigo definido feminino.

4. (CESPE / 2010 / UERN / Agente Técnico

Comentário:
Administrativo)
O verbo “ir” exige complemento regido pela
preposição “a”. Quem vai, vai de um lugar a
outro: “vão do cafezinho servido nas reparti- Como o enfrentamento do problema do
ções públicas à gasolina…”. Como “gasolina” aquecimento Global exige a atuação conjun-
é uma palavra feminina, acontece a “combi- ta de dezenas de nações, as perspectivas
nação” dos dois “as”: A (preposição) + A (ar- para a próxima cúpula do clima, prevista pa-
tigo) = crase. ra dezembro, no México, vão-se tornando
mais desanimadoras. Mas a questão climáti-
ca, para ser enfrentada de modo satisfatório,
Gabarito: Errado precisa menos de crenças otimistas ou pes-
simistas e mais de análises objetivas das
transformações da atmosfera. É com apoio
3. (CESPE / 2010 / ABIN / Agente Técnico de científico capaz de embasar as decisões
Inteligência / Área de Tecnologia da Informa- sensatas dos governos que se caminhará
ção) rumo a necessária reorientação da economia
global.

[...]Assim, os dilemas inerentes à convivência

entre democracias e serviços de inteligência No texto acima, cabe o emprego correto do
exigem a criação de mecanismos eficientes acento grave no trecho:
de vigilância e de avaliação desse tipo de
a) "a atuação" (ℓ.2).
atividade pelos cidadãos e (ou) seus repre-
sentantes. b) “as perspectivas” (ℓ.2-3).
Marco Cepik e Christiano Ambros. Os servi- c) "a questão" (ℓ.5).
ços de inteligência no Brasil. In: Ciência Hoje,
d) "as decisões" (ℓ.8).
vol. 45, n.º 265, nov./2009. Internet: <cien-
ciahoje.uol.com.br> (com adaptações). e) "a necessária" (ℓ.9).

Com relação à estrutura coesiva, gramatical Comentário:

e vocabular do texto, julgue o item seguinte.
Relembrando: crase é a fusão (combinação)
de “a” (preposição) + “a/as” (artigo) ou pro-
 67

nomes “aquela(s)”, “aquele(s)”, “aquilo(s)”, * As letras que formam os dígrafos “rr”, “ss”,
“a qual” (“as quais”). Assim sendo, para que “sc”, “sç”, “xs”, e “xc” devem permanecer em
ocorra a crase, o verbo deve ser VTI (verbo sílabas diferentes. Verifiquemos alguns ca-
transitivo indireto), isto é, deve exigir com- sos:
plemento regido por preposição e esse com-
plemento deve iniciar por substantivo femi-
nino ou algum pronome mencionado acima. ex – ce – ção
Analisemos cada caso:
a) Incorreta. EXIGE é verbo transitivo direto.
Pergunta-se: des – cer

“exige o quê?”. Perceba que nessa pergunta

não há preposição. Logo, a resposta - o com- ter – ra
plemento verbal “a atuação” – não terá
acento grave no “a”, pois trata-se somente
de um artigo. pás – sa – ro...
b) Incorreta. Em “as perspectivas”, o “as”
não marca presença combinada de preposi-
ção, é apenas um artigo feminino. * Os dígrafos “ch”, “nh”, “lh”, “gu” e “qu”
pertencem a uma única sílaba. Vejamos:
c) Incorreta. O caso é semelhante ao da al-
ternativa anterior.
d) Incorreta. “As decisões” é complemento guer – ra
do VTD (verbo transitivo direto) “embasar”.
Esse “as” é um artigo feminino, já que o ver-
bo não exige complemento regido por prepo- ni – nho
sição.
e) Correta. “Rumo” é um substantivo que
indica direção para onde se dirige e exige um chu – va
complemento regido por preposição (rumo
aonde? à necessária reorientação da eco-
nomia global fusão de a (preposição) e a quei – jo...
(artigo) = crase).
Gabarito: E * Os hiatos não devem permanecer na
SEPARAÇÃO SILÁBICA mesma sílaba. São exemplos:

A separação silábica representa um dos re-

quisitos relacionados à linguagem escrita e, Não pare agora... Tem mais depois da publi-
como tal, compõe uma das tantas compe- cidade ;)
tências que precisamos dispor, em se tra-
tando de tal circunstância comunicativa. As-
sim dizendo, esse fato está submetido a re- ca – de – a – do
gras predefinidas, e, portanto, precisa ser
incorporado o quanto antes ao nosso conhe-
cimento.
ju – í – za
Ocupemo-nos em verificar algumas particula-
ridades inerentes a esse fato da língua.
Constatemos, pois, as elucidações dispostas La – ís...
a seguir:
 68

* Os ditongos e tritongos devem pertencer a É impossível diferenciar dígrafo e encontro

uma única sílaba. Constatemos: consonantal sem antes revisar o conceito de
letra e fonema. Por isso, acompanhe os
exemplos:
Pa – ra – guai

1 - Folha:
a – ve – ri – guei

Letras: (5 letras)
cai – xa

Fonemas: (4 fonemas)
fei – xe

2 - Táxi:
* Os encontros consonantais que ocorrem
em sílabas internas não devem permanecer
juntos, a não ser aqueles em que a segunda Letras: (4 letras)
consoante é “l” ou “r”. Vejamos alguns
exemplos:
Fonemas: (5 fonemas)

flau – ta (permaneceram juntos, pois a se-

gunda letra é representada pelo “l”) 3 - Cheque:
pra – to (o mesmo ocorre com esse exemplo)
ap – to Letras: (6 letras)
ab – dô – men
cír – cu – lo... Fonemas: ( 4 fonemas)

Observações passíveis de nota: A letra é a representação gráfica, enquanto o

fonema é a representação sonora. Como
demonstrado pelos exemplos, é possível que
Alguns grupos consonantais iniciam pala- uma palavra tenha mais letras do que fone-
vras, por isso não devem ser separados. Ob- mas, mas o oposto também pode acontecer.
servemos alguns casos: Entender isso é fundamental no momento de
diferenciar dígrafo consonantal de encontro
consonantal. Acompanhe:
pneu – mo – ni – a
Dígrafo consonantal: É a presença de duas
pneu – má – ti – co letras que representam um único som. Al-
guns dígrafos são inseparáveis, entretanto,
psi – có – lo – go... há aqueles que não devem ficar juntos na
divisão silábica. Veja alguns exemplos de
dígrafos:
Dígrafo Consonantal X Encontro Consonantal
 69

Carro Cortar

Não pare agora... Tem mais depois da publi- Se compararmos as palavras “Abelha” e
cidade ;) “Ritmo”, comprovaremos que tanto no en-
contro consonantal quanto no dígrafo conso-
nantal há a presença de consoantes unidas.
Pássaro Então, o que os diferencia é que, no dígrafo
consonantal, duas consoantes representam
um fonema; já no encontro consonantal, as
Abelha consoantes representam fonemas diferen-
tes.
TONICIDADE
Guerrear
Numa palavra, a sílaba tônica é aquela que é
pronunciada com maior força e intensidade.
Encontro Consonantal: Quando duas ou mais
consoantes se unem, sem que haja entre
elas uma vogal. O encontro consonantal po- Exemplos de sílabas tônicas
de ser classificado como perfeito (quando as Amizade: a-mi-ZA-de
consoantes são inseparáveis) e imperfeito
(quando as consoantes devem se separar). Verão: ve-RÃO
Embora nesse encontro as consoantes este-
Música: MÚ-si-ca
jam unidas, cada uma delas mantém sua
unidade sonora (fonema). Logo, haverá cor- Geladeira: ge-la-DEI-ra
respondência entre letra e fonema quando
Encantar: en-can-TAR
houver encontro consonantal. Veja:
Próprio: PRÓ-pri-o
As restantes sílabas de uma palavra são
Encontro consonantal perfeito:
pronunciadas com menor força e intensida-
de, sendo chamadas se sílabas átonas.
Braço
Conforme a posição da sílaba tônica nas pa-
lavras, elas são classificadas em: oxítonas,
Psicologia
paroxítonas e proparoxítonas.

Prato
Oxítonas
As palavras são oxítonas quando a última
Encontro consonantal imperfeito: sílaba da palavra é a sílaba tônica:

Ritmo arroz (ar-roz);

saci (sa-ci);
Advogar tabu (ta-bu);
troféu (tro-féu);
 70

ninguém (nin-guém); matemática (ma-te-má-ti-ca);

crochê (cro-chê); ângulo (ân-gu-lo);
… gráfico (grá-fi-co);
Regra de acentuação: Não necessitam de dúvida (dú-vi-da);
acentuação gráfica, sendo naturalmente oxí-
…
tonas as palavras terminadas em -r, -l, -z, -x, -
i, -u, -im, -um e -om. Apenas são acentuadas Regra de acentuação: Todas as palavras
graficamente as palavras oxítonas termina- proparoxítonas são acentuadas graficamen-
das em -á(s), -é(s), -ó(s), -ém(ns), -ói(s), -éu(s) te.
e -éi(s).

Leia tudo sobre palavras proparoxítonas.

Leia tudo sobre palavras oxítonas.

E quando as palavras são monossilábicas?

Paroxítonas
Quando as palavras apresentam apenas
As palavras são paroxítonas quando a penúl- uma sílaba, são classificadas em monossíla-
tima sílaba da palavra é a sílaba tônica: bos tônicos e monossílabos átonos, confor-
me a intensidade com que são pronuncia-
dos.
menino (me-ni-no);
perdidos (per-di-dos);
Monossílabos tônicos
felicidade (fe-li-ci-da-de);
pó;
revólver (re-vól-ver);
mês;
álbum (ál-bum);
lã;
vírus (ví-rus);
bom;
…
mar;
Regra de acentuação: Maioritariamente, as
vez;
palavras paroxítonas não são acentuadas
graficamente. Apenas são acentuadas grafi- …
camente as palavras paroxítonas terminadas
em -r, -l, -n, -x, -ps, -ã(s), -ão(s), -um(ns), - Regra de acentuação: Apenas é obrigatória a
om(ns), -us, -i(s), -ei(s). acentuação dos monossílabos tônicos termi-
nados em -a(s), -e(s), -o(s), -éu(s), -éi(s) e -
ói(s).
Proparoxítonas
As palavras são proparoxítonas quando a Monossílabos átonos
antepenúltima sílaba da palavra é a sílaba
tônica: as;
um;

lâmpada (lâm-pa-da); me;

último (úl-ti-mo); se;

 71

mas; Mais de um candidato prometeu melhorar o

país;
ou;
Mais de duas pessoas vieram à festa.
…
Regra de acentuação: Os monossílabos áto-
nos nunca são acentuados. Mais de um + se (ideia de reciprocida-
de) – verbo no plural.
CONCORDÂNCIA VERBAL

Mais de um sócio se insultaram.

Sujeito simples – o verbo concorda com
o sujeito simples em pessoa e número.
Uma boa Constituição é desejada por todos Mais de um + mais de um – verbo no
os brasileiros; plural.
De paz necessitam as pessoas.
Mais de um candidato, mais de um repre-
sentante faltaram à reunião.
Sujeito coletivo (singular na forma com
ideia de plural) – o verbo fica no singular,
concordando com a palavra escrita, não com
Expressões perto de, cerca de, mais de,
a ideia.
menos de + sujeito no plural – verbo no plu-
ral.
O grupo já está preparado.
Perto de quinhentos presos fugiram.
Quando o verbo se distanciar do sujeito Cerca de trezentas pessoas ganharam o
coletivo, o verbo poderá ir para o plural con- prêmio.
cordando com a ideia de quantidade (silepse
Mais de mil vozes pediam justiça.
de número).
Menos de duas pessoas fizeram isto.

A turma concordava nos pontos essenciais,

discordavam apenas nos pormenores. Nomes usados somente no plural – a
concordância depende da presença ou não
de artigo.
Quando o sujeito é um pronome de tra-
tamento – o verbo fica na 3ª pessoa.
sem artigo – verbo no singular.

Vossa Senhoria não é justo;

Minas Gerais produz muito leite.
Vossas Senhorias estão de acordo comigo.
Férias faz bem.
precedidos de artigo plural – verbo no
Expressão mais de + numeral – o verbo
plural.
concorda com o numeral.
 72

Os Lusíadas exaltam a grandeza do povo

português.
Quando o sujeito é pronome interrogati-
As Minas Gerais produzem muito leite. vo ou indefinido (núcleo) + de nós ou de vós
– depende do pronome-núcleo.

Para nomes de obras literárias, admite-

se, também, a concordância ideológica (si- pronome-núcleo no singular – verbo no
lepse) com a palavra (obra) implícita na frase singular.
(Os Lusíadas exalta a grandeza do povo por-
tuguês).
Qual de nós votou conscientemente?
Nenhum de vós irá ao cinema.
Expressões a maior parte, grande parte,
a maioria de (= sujeito coletivo partitivo) +
adjunto adnominal no plural – verbo concor-
da com o núcleo do sujeito ou com o especi- pronome-núcleo no plural – verbo na 3ª
ficador (adjunto adnominal). pessoa do plural ou concordando com o pro-
nome pessoal.

A maior parte dos constituintes se retirou

(retiraram). Quais de nós votaram (votamos) conscien-
temente?
Grande parte dos torcedores aplaudiu
(aplaudiram) a jogada. Muitos de vós foram (fostes) insultados.

A maioria dos constituintes votou (votaram).

Sujeito composto anteposto ao verbo –
verbo no plural.
Quando a ação só pode ser atribuída à
totalidade e não separadamente aos indiví-
duos, usa-se o singular (Um bando de solda- O anel e os brincos sumiram da gaveta.
dos enchia o pavimento inferior).

com núcleos sinônimos – verbos no sin-

Quem – se o pronome relativo quem for gular ou no plural.
sujeito da oração – verbo na 3ª pessoa do
singular concordando com o sujeito.
O rancor e o ódio cegou o amante.

Fui eu que falei. O desalento e a tristeza abalaram-me.

Fomos nós quem falou.

com núcleos em gradação – verbo no
singular ou no plural.
Que – se o pronome relativo que for
sujeito – o verbo concorda sempre com o
antecedente. Um minuto, uma hora, um dia passa / pas-
sam rápido.

Fomos nós que falamos.

 73

dois infinitivos como núcleos – verbo no tu + eles – verbo na 2ª pessoa do plural

singular. (preferência) ou na 3ª pessoa do plural.

Estudar e trabalhar é importante. Tu e teu colega estudastes/estudaram?

dois infinitivos exprimindo ideias opos- Se o sujeito estiver posposto, também

tas – verbo no plural. vale a concordância atrativa.

Rir e chorar se alternam. Saímos / saí eu e tu.

Sujeito composto posposto – concor- Sujeito composto resumido por um pro-

dância normal ou atrativa (com o núcleo nome-síntese (aposto) – concordância com o
mais próximo). pronome.
Discutiram / discutiu muito o chefe e o fun-
cionário.
Risos, gracejos, piadas, nada a alegrava.

Se houver ideia de reciprocidade, o verbo vai

Expressão um e outro – verbo no singu-
para o plural.
lar ou no plural.

Estimam-se o chefe e o funcionário.

Um e outro falava/ falavam a verdade.

Quando o verbo ser estiver acompanha-

Com ideia de reciprocidade – verbo no
do de substantivo plural, o verbo também se
plural.
pluraliza.

Um e outro se agrediram.
Foram vencedores Pedro e Paulo.
Expressão um ou outro – verbo no sin-
gular.
Sujeito composto de diferentes pessoas
gramaticais – depende da pessoa prevalen-
te. Um ou outro rapaz virava a cabeça para nos
olhar.

eu + outros pronomes – verbo na 1ª

pessoa do plural. Sujeito composto ligado por nem (con-
junção aditiva = soma) – verbo no plural.

Eu, tu e ele sairemos.

Nem o conforto, nem a glória lhe trouxeram
a felicidade.
 74

Aparecendo pronomes pessoais mistu-

rados, leva-se em conta a prioridade grama-
É uma das peças de Nelson Rodrigues que
tical.
será apresentada.

Nem eu, nem ela fomos ao cinema.

Quando o sujeito é número percentual –
observar a posição do número percentual em
relação ao verbo.
Expressão nem um nem outro – verbo
no singular.
o verbo concorda com termo posposto
ao número.
Nem um nem outro comentou o fato.

80% da população tinha mais de 18 anos.

Sujeito composto ligado por ou – faz-se
em função da ideia transmitida pelo ou. Dez por cento dos sócios saíram da empre-
sa.

ideia de exclusão – verbo no singular.

o verbo concorda com o número quando
estiver anteposto a ele.
José ou Pedro será eleito para o cargo / um
ou outro conhece seus direitos.
Perderam-se 40% da lavoura.

ideia de inclusão ou antinomia – verbo

no plural. verbo no plural, se o número vier deter-
minado por artigo ou pronome no plural.

Matemática ou Física exigem raciocínio lógi-

co. Os 87% da produção perderam-se.
Riso ou lágrimas fazem parte da vida. Aqueles 30% do lucro obtido desaparece-
ram.
Quando o sujeito é número fracionário –
ideia explicativa ou alternativa – con-
o verbo concorda com o numerador.
cordância com o sujeito mais próximo.

1/4 da turma faltou ontem.

Ou eu ou ele irá. Ou ele ou eu irei.
3/5 dos candidatos foram reprovados.

Expressão um dos que – verbo no singu-

lar. Sujeito composto antecedido de cada
ou nenhum – verbo na 3ª pessoa do singu-
lar.
Ele foi um dos que mais falou/falaram.
Se a expressão significar apenas um, o
verbo ficará no singular.
 75

Cada criança, cada adolescente, cada adulto Discutiram-se os planos. (= Os planos foram
ajudava como podia. Nenhum político, ne- discutidos.) Alugam-se
nhuma cidade, nenhum ser humano faria
casas. (Casas são alugadas.)
isso.

Locução verbal constituída de: parecer

Sujeito composto ligado por como, as-
+ infinitivo – o verbo parecer varia ou o infini-
sim como, bem como (formas correlativas) –
tivo.
deve-se preferir o plural, sendo mais raro o
singular.

As pessoas pareciam acreditar em tudo.

Rio de Janeiro como Florianópolis são belas As pessoas parecia acreditarem em tudo.
cidades.
Tanto uma, como a outra, suplicava-lhe o
perdão. Com o infinitivo pronominal, flexiona-se
apenas o infinitivo.
Sujeito composto ligado por com – ob-
servar a presença ou não de vírgulas.
Elas parece zangarem-se com a moça.

Verbo no plural sem vírgulas.

verbos dar, bater e soar + horas – os
verbos têm como sujeito o número que indi-
Eu com outros amigos limpamos o quintal. ca as horas.
verbo no singular com vírgulas – ideia
de companhia
Deram dez horas naquele momento.
Meio-dia soou no velho relógio da igreja.
A presidente, com os ministros, desembar-
cou em
Brasília. verbos indicadores de fenômenos da
natureza – verbo na 3ª pessoa do singular,
por serem impessoais, extensivo aos auxilia-
res se estiverem em locuções verbais.
Sujeito indeterminado com verbo na 3º
pessoa do singular + SE

Geia muito no Sul.

Assistiu-se à apresentação da peça. Choveu por muitas noites no verão.

Sujeito paciente ao lado de um verbo na Em sentido figurado, deixam de ser im-

voz passiva sintética – o verbo concorda com pessoais.
o sujeito.

Choveram vaias para o candidato.

Discutiu-se o plano. (= O plano foi discutido.)
(plano = sujeito)
 76

haver = “existir” ou “acontecer” e fazer se o sujeito é palavra coletiva, o verbo

= “tempo decorrido” são impessoais. concorda com o predicativo

Havia vários alunos na sala (= existiam). A maioria eram adolescentes. / A maior par-
te eram
Houve bastantes acidentes naquele mês (=
problemas.
aconteceram).
Não a vejo faz uns meses.
sujeito indicando peso, medida, quanti-
Deve haver muitas pessoas na fila (devem
dade: é pouco, é muito, é bastante, é sufici-
existir).
ente, é tanto – verbo ser no singular.

Considera-se coloquial o emprego do verbo

Três mil reais é pouco pelo serviço. / Dez
ter por haver quando tiver sentido de “exis-
quilômetros
tir” ou “acontecer”. (Há um lugar ali. / Tem
um lugar ali.) já é bastante para um dia.
silepse de pessoa – o verbo concorda
com um elemento implícito.
Os verbos existir e acontecer são pes-
soais e concordam com seu sujeito.
A formosura de Páris e Helena foram a cau-
sa da
Existiam sérios compromissos.
destruição de Troia. (A formosura de Páris e
Aconteceram bastantes problemas naquele
a formosura de Helena)
dia.
Os brasileiros somos improvisadores. (ideia
de inclusão de quem fala entre os brasilei-
verbo fazer indicando tempo decorrido ros)
ou fenômeno da natureza – impessoal.

Questões de concurso comentadas

Fazia anos que não vínhamos ao Rio.
Julgue os itens a seguir.
Faz verões maravilhosos nos trópicos.
1. (Cespe/MTE) Se para a elite social o traba-
lho infantil era uma medida de prevenção,
para os pobres era uma maneira de sobrevi-
verbo ser – impessoal quando indica ver.
data, hora e distância, concordando com a
expressão numérica ou a palavra a que se A forma verbal “era” foi empregada na pri-
refere. meira pessoa do singular para concordar
com a expressão “a elite social”.

Eram seis horas. / Hoje é dia doze. / Hoje é

(ou) são doze. / Daqui ao centro são treze
quilômetros.
Comentário:
A forma verbal “era” corresponde à flexão do
verbo SER no tempo pretérito imperfeito do
 77

modo indicativo. De acordo com essa conju- re-se a mais de um elemento de igual espé-
gação, “era” pode ser a conjugação da pri- cie, por isso deve estar no plural. Perceba
meira ou da terceira pessoa do singular. A que a sugerida substituição representa o
primeira pessoa (eu, nós) é sempre QUEM mesmo significado especificado acima, ha-
FALA; a segunda pessoa (tu, vós) correspon- vendo apenas a elipse da palavra “área”,
de àquela COM QUEM SE FALA; e a terceira para ser evitada a repetição - “na área civil e
pessoa (ele, ela, eles, elas), DE QUEM SE na [área] criminal”. Sendo assim, não have-
FALA. No caso, fala-se DE ALGO, e não de ria erro de concordância caso fosse feita a
alguém: “o trabalho infantil”, sujeito da for- troca de uma expressão por outra.
ma verbal ERA. Logo, o verbo está emprega-
Gabarito: Errado
do na terceira pessoa do singular e não na
primeira, como é afirmado. 4. (Cespe/MRE) As relações financeiras do
Brasil com o restante do mundo atravessam
Gabarito: Errado
um momento excepcional.
2. (Cespe/TJ — RR) O item abaixo é fragmen-
A forma verbal “atravessam” está no plural
to de um texto. Julgue-o quanto à correção
para concordar com a expressão “do Brasil
gramatical. Estima-se que anualmente a ar-
com o restante do mundo”.
recadação judicial dessa dívida não cheguem
a 2,5% do montante total.

Comentário:
Comentário: A forma verbal “atravessam” está no plural
porque deve estabelecer concordância com
O erro nessa questão é quanto à concordân-
o núcleo do seu sujeito – “relações”. “As re-
cia verbal.
lações financeiras do Brasil” é o assunto DO
Observe: QUAL SE FALA, por isso corresponde a “elas”
(3ª pessoa do plural).
“[…] a arrecadação judicial dessa dívida não
cheguem a 2,5% […]” – O sujeito da ação Gabarito: Errado
verbal é “a arrecadação judicial” = ela (ter-
ceira pessoa do singular). Portanto, o verbo
deve concordar também em número, ou se- 5. (Cespe/TJ — RR) O item abaixo é fragmen-
ja, no singular: ela [a arrecadação) não che- to de um texto. Julgue-o quanto à correção
ga a 2,5%. gramatical.
Gabarito: Errado Dados apontam que o estoque acumulado
da dívida ativa da União (a receber) atinge
R$ 374 bilhões, sendo que 88,5% desse va-
3. (Cespe/Pol. Civil —TO) Apesar de desen- lor correspondem a valores cobrados na jus-
volver atividades essenciais nas áreas civil e tiça.
criminal, o papiloscopista não é um profissi-
onal reconhecido pela população.
Comentário:
Haveria erro de concordância nominal caso
se substituísse a expressão “nas áreas civil e Aqui temos um caso de sujeito representado
criminal” por na área civil e na criminal. por um numeral percentual (88,5%). Diz a
regra geral que, quando se usa a percenta-
gem sem o especificador determinante (arti-
Comentário: gos, pronomes ou outros), o verbo vai con-
cordar com o número. Se esse número for
Em “nas áreas civil e criminal” (= na área
inferior a dois, o verbo deve ficar no singular.
civil e na área criminal), a palavra área refe-
Por outro lado, quando o sujeito vier deter-
 78

minado, ou seja, quando se diz "x% de algo", “[…] após a comunicação formal às autori-
o verbo deve concordar com esse determi- dades sobre a visita, ele será encaminhado
nante, independente do número percentual. no local estabelecido para o contato com
Logo, com base nessas orientações, a forma seu cliente.” – [às = comunicação a + as au-
verbal “correspondem”, apresentada no pe- toridades] – [sobre a = não ocorre crase,
ríodo acima, deve permanecer no singular, já pois não há fusão de a preposição + a arti-
que o seu sujeito percentual - 88,5% - vem go].
determinado pelo pronome desse (de+esse):
Gabarito: Errado
“88,5% desse valor corresponde a valores
cobrados na justiça” - a expressão sublinha-
da corresponde ao elemento determinante
singular. Portanto, verbo também no singu- 2. (Cespe/MDS) A respeito das estruturas
lar. linguísticas do texto, julgue o item que segue.

Está aí uma boa argumentação para recurso O fortalecimento da agricultura familiar é

de questão, pois a banca divulgou em gabari- estratégico para o avanço de propostas de
to oficial que essa assertiva é CORRETA. desenvolvimento local, pela sua presença
maciça na grande maioria dos municípios
Gabarito: Certo brasileiros, pelo número de pessoas que vi-
vem nessas condições, pela força de sua
produção agrícola e sua capacidade de inte-
Questões de concursos comentadas ração com outras atividades econômicas e
sociais locais.
Julgue os itens a seguir.
A presença da preposição por em “pela” e
1. (Cespe/Seplag— MG) A resolução 840/06
“pelo” deve-se à regência do substantivo
da Secretaria de Estado de Defesa Social
“avanço”.
determina que tão logo o advogado ingresse
na unidade prisional, após a comunicação
formal as autoridades sobre à visita, ele será
Comentário: A presença da preposição por
encaminhado no local estabelecido para o
em “pela” e “pelo” deve-se à regência da
contato com seu cliente.
palavra “desenvolvimento”. Afinal, quem se
Internet in: www.revistajuridica.com.br (com desenvolve é desenvolvido por algo ou al-
adaptações) guém (desenvolvido por + a presença = pela
presença…/desenvolvido por + o número =
pelo número…).
Com base nas estruturas sintáticas do seg-
Gabarito: Errado
mento acima, julgue-o quanto à correção.
3. (Cespe/Min. Saúde) A diretora-geral da
OPAS, com sede em Washington EUA, Mirta
Comentário: Existe, neste período, erro de Roses Periago, elogiou a iniciativa de esta-
regência nominal. Toda COMUNICAÇÃO com- dos e municípios brasileiros de levar a vacina
preende ALGO a ser comunicado A ALGUÉM. contra a rubéola aos locais de maior fluxo de
Ou seja, o nome COMUNICAÇÃO (substanti- pessoas, especialmente homens, como for-
vo) tem, no período em análise, transitivida- ma de garantir a maior cobertura vacinal
de direta e indireta, requerendo, assim, co- possível.
mo OBJETO DIRETO o “aviso da visita” e co-
O emprego de preposição em “aos locais”
mo OBJETO INDIRETO o destinatário da ação:
justifica-se pela regência de “vacina”.
“as autoridades". Portanto, teremos o perío-
do corrigido da seguinte forma:
 79

Basicamente, deve-se alcançar dois níveis de

leitura: a informativa de reconhecimento e a
Comentário:
interpretativa. A primeira deve ser feita de
O emprego de preposição em “aos locais” maneira cautelosa por ser o primeiro contato
justifica-se pela regência do verbo “levar”, com o novo texto. Dessa leitura, extraem-se
que está funcionando com verbo transitivo informações sobre o conteúdo abordado e
direto (levar O QUÊ? A vacina contra a rubéo- prepara-se o próximo nível de leitura. Duran-
la) e indireto (levar vacina contra a rubéola te a interpretação propriamente dita, cabe
AONDE? Aos locais de maior fluxo de pesso- destacar palavras-chave e passagens impor-
as) . tantes, bem como usar uma palavra para
resumir a ideia central de cada parágrafo.
Gabarito: Errado
Esse tipo de procedimento aguça a memória
4. (Cespe/Abin) A análise dos assuntos rela- visual, favorecendo o entendimento. Não se
tivos ao Oriente Médio pelos órgãos de inte- pode desconsiderar que, embora a interpre-
ligência faz parte do esforço em acompanhar tação seja subjetiva, há limites. A preocupa-
o fenômeno do terrorismo internacional... ção deve ser a captação da essência do tex-
Se a preposição “em” for substituída pela to, a fim de responder às interpretações que
preposição para, prejudica-se a correção a banca considerou como pertinentes. No
gramatical do período. caso de textos literários, é preciso conhecer
a ligação daquele texto com outras formas
Comentário: O trecho “em acompanhar o de cultura, outros textos e manifestações de
fenômeno do terrorismo internacional” é arte da época em que o autor viveu.
uma oração que indica FINALIDADE (no caso,
a finalidade do esforço que está sendo feito). Se não houver essa visão global dos momen-
Essa semântica é estabelecida pela preposi- tos literários e dos escritores, a interpretação
ção EM e também pode ser estabelecida poderá ficar comprometida. Aqui não se po-
pela preposição PARA. dem dispensar as dicas que aparecem na
referência bibliográfica da fonte e na identifi-
Gabarito: Errado cação do autor.
5. (Cespe/Seplag — MG) A Secretaria de Es- A última fase da interpretação concentra-se
tado de Defesa Social de Minas Gerais in- nas perguntas e opções de resposta. Aqui
formou que o 2º Distrito Policial de Conta- são fundamentais as marcações de palavras
gem investiga os atentados contra o ônibus e como não, exceto, errada, respectivamente
a agência bancária e assegurou que as in- etc. que fazem diferença na escolha ade-
formações serão mantidas em sigilo para quada. Muitas vezes, em interpretação, tra-
não prejudicar o trabalho policial. O emprego balha-se com o conceito do “mais adequa-
de “contra” justifica-se pela regência de “in- do”, isto é, o que responde melhor ao ques-
vestiga”. tionamento proposto. Por isso, uma resposta
Comentário: O emprego de “contra” justifi- pode estar certa para responder à pergunta,
ca-se pela regência da palavra “atentados”, mas não ser a adotada como gabarito pela
que é substantivo e exige complemento indi- banca examinadora por haver uma outra
reto, uma vez que, quando se comete aten- alternativa mais completa.
tados, eles são cometidos CONTRA AL- Ainda cabe ressaltar que algumas questões
GO/ALGUÉM (CONTRA = preposição). apresentam um fragmento do texto transcri-
to para ser a base de análise. Nunca deixe
de retornar ao texto, mesmo que, aparente-
Gabarito:Errado mente, pareça ser perda de tempo. A des-
contextualização de palavras ou frases, cer-
tas vezes, é também um recurso para instau-
COMO LER E INTERPRETAR BEM UM TEXTO rar a dúvida no candidato.
 80

Leia a frase anterior e a posterior para ter não saiba o significado, procure o seu signifi-
ideia do sentido global proposto pelo autor, cado no dicionário, anote os significados per-
dessa maneira a resposta será mais consci- to da palavra e guarde essas provas. Depois
ente e segura. de um tempo, leia as provas novamente e
veja se você lembra dos significados.
4) Durante a prova: leia o texto e preste
Dicas de estudo:
atenção também no título, na referência bi-
Abaixo passaremos algumas dicas sobre co- bliográfica da fonte e no nome do autor, es-
mo estudar para questões de interpretação sas informações, muitas vezes, darão dicas
de textos e também algumas técnicas para importantes para reforçar a ideia central do
usar durante a prova: texto.
5) As pistas estão no texto. Esse é o único
tipo de questão em que você pode “colar”:
1) Deixe seu cérebro bem treinado: resolva o todas as pistas para resolver as questões
maior número possível de questões de inter- estão no próprio texto, por isso, em nossa
pretação de texto da banca organizadora da opinião, é a parte mais fácil da prova, uma
prova e também das provas anteriores do vez que não exige do candidato prémemori-
órgão ao qual você prestará o concurso. Um zações de assuntos, apenas raciocínio. É
exemplo de site onde você poderá encontrar uma das poucas questões em que não há
questões é o perigo de você se deparar com um assunto
www.questoesdeconcursos.com.br. Nesse que não estudou ou não decorou.
site você poderá selecionar as questões por 6) Recursos visuais: após ler atentamente o
assunto, banca, ano, etc., ou então procurar texto uma vez, leia as perguntas de interpre-
no Google questões de interpretação de tex- tação e, em seguida, releia o texto, procu-
tos, enfim, questões para você exercitar não rando nele as informações que tornam cada
faltarão. alternativa Correta ou Incorreta. Você pode
2) Cronometre o tempo de resolução: lem- sublinhar, no texto, o trecho que reforça o
bre- -se de que você terá um tempo determi- julgamento de cada alternativa, colocando,
nado para resolver a prova. Sendo assim, ao lado, a sua sugestão de resposta. Por
divida o número de questões pelo tempo que exemplo 1A (questão 1, alternativa A), 1B
a banca disponibiliza para a realização da (questão 1, alternativa B). Isso facilitará a
prova. Dessa forma você descobrirá o tempo localização da informação, caso você tenha
médio de cada questão. Não esqueça que que reler o texto uma terceira vez, para che-
você deve deixar parte dele reservado para gar à conclusão correta.
preencher o gabarito e também fazer a leitu-
ra e releitura dos textos de interpretação.
Você estará bem treinado quando conseguir, Questões de concurso comentadas
em seus treinos, resolver cada questão den-
1. (CESPE/2013/CNJ/ Analista Judiciário/
tro do tempo médio.
Área Administrativa) Um dos maiores méritos
Não adianta você gabaritar as questões du- da sabedoria grega consistiu, justamente,
rante os seus estudos, se você levar o dobro em apresentar a moderação, ou bom senso,
do tempo que como a virtude suprema. No frontispício do
templo de Apolo, em Delfos, uma das inscri-
terá disponível no dia da prova. ções célebres era: nada em excesso. Aquele
que exerce seu direito sem moderação aca-
ba por perdê-lo. Do mesmo modo, a exigên-
3) Aumente seu vocabulário: imprima as pro- cia excessiva por um mal sofrido transforma
vas e tenha uma caneta marca texto sempre o exercício do direito em uma manifestação
à mão. Destaque qualquer palavra que você de vingança pura e simples. Nesse caso, a
 81

justiça muda de lado: ela se desloca para o obsoletos ou de baixo rendimento para o TRT
lado do adversário. [...] Considerando as [...] podem ser muito úteis para instituições
ideias e os aspectos linguísticos do texto voltadas ao trabalho social [...].” Sendo as-
acima, julgue o item seguinte. Depreende-se sim, os equipamentos foram doados por se-
do texto que, de acordo com os gregos, o rem considerados obsoletos ou de baixo
exercício do direito é uma virtude suprema. rendimento e não porque estavam com de-
feitos de fabricação.
Gabarito: Errado
Comentário:
O item está incorreto pois, de acordo com o
texto temos: “Um dos maiores méritos da 3. (CESPE / 2012 / Câmara dos Deputados /
sabedoria grega consistiu, justamente, em Analista/ Técnico em Material e Patrimônio)
apresentar a moderação, ou bom senso, co- O conceito atual de engenheiro — pessoa
mo a virtude suprema.” diplomada e legalmente habilitada a exercer
alguma das múltiplas atividades da enge-
Gabarito: Errado
nharia — é recente, ou seja, data da segunda
metade do século XVIII. O primeiro estabele-
cimento de ensino onde se ministrou um
2. (CESPE/2013/TRT/ 10ª REGIÃO (DF e curso regular de engenharia, com a diploma-
TO)/ Técnico Judiciário) O Tribunal Regional ção de profissionais com esse título, parece
do Trabalho da 10.ª Região (TRT), após auto- ter sido fundado, em Paris, em 1747. Na
rização da presidenta, efetuou a doação de mesma época, também em Paris, foi criada a
diversos equipamentos, chamados de “pas- escola que formava engenheiros de minas.
síveis de desfazimento”, a duas entidades:
Creche Magia dos Sonhos e Associação dos Em 1818, fundou-se, em Londres, o Instituto
Deficientes de Brasília, consideradas pela de Engenheiros Civis, com a principal finali-
administração do tribunal como legalmente dade de defender e prestigiar o significado
aptas a receber os bens. A medida é de da profissão, ainda desprezada e mal com-
grande importância porque equipamentos preendida, mesmo nos centros mais avan-
considerados obsoletos ou de baixo rendi- çados do mundo. Antes dessa época, muita
mento para o TRT — como impressoras, te- gente houve que se ocupou de diversas tare-
clados e computadores — podem ser muito fas que, hoje, são atribuições do engenheiro.
úteis para instituições voltadas ao trabalho Os construtores antigos, entretanto, mesmo
social, que não teriam como obtê-los a não tendo realizado obras difíceis e audaciosas,
ser pela via da doação. Esse ato integra o rol se baseavam, principalmente, em uma série
de ações relacionadas à responsabilidade de regras práticas e empíricas, embora tives-
social do tribunal, intensificado a cada ges- sem, evidentemente, em muitos casos, exata
tão. Internet: <www.trt10.jus.br> (com adap- noção de estabilidade, de equilíbrio de for-
tações). Em relação às ideias e estruturas ças, de centro de gravidade, entre outras. As
linguísticas do texto acima, julgue o item a obras que fizeram, muitas das quais até hoje
seguir. causam admiração, são muito mais fruto do
empirismo e da intuição do que de cálculo e
De acordo com os sentidos do texto, os equi- de uma verdadeira engenharia, como enten-
pamentos foram doados porque estavam dida atualmente. Pode-se dizer que a enge-
com defeitos de fabricação. nharia científica só teve início quando se
chegou a um consenso de que tudo aquilo
que se fazia em bases empíricas e intuitivas
Comentário: era, na realidade, regido por leis físicas e
O item está incorreto pois, de acordo com o matemáticas, que importava descobrir e es-
texto temos:“A medida é de grande impor- tudar. Leonardo da Vinci e Galileu, nos sécu-
tância porque equipamentos considerados los XV e XVII, podem ser considerados os
 82

precursores da engenharia científica. Pedro consistia em uma série infinita de estantes

Carlos da Silva Telles. História da engenharia escavadas nas paredes da tumba de
no Brasil. Internet: <www.ebah.com.br> (com Ramsés. Ora, mas não era essa a melhor
adaptações). Com referência ao texto acima, forma de colecionar rolos, preservando-os
julgue o item a seguir. Depreende-se da leitu- contra as intempéries? Os arqueólogos que
ra do texto que o autor, relevando os critérios passaram anos sem encontrar a biblioteca
com que a “engenharia científica” (ℓ. 23) foi de Alexandria sempre a tiveram diante dos
definida, aproxima as atividades exercidas olhos, mesmo ao alcance das mãos. No en-
por “construtores antigos” (ℓ. 15) das reali- tanto, jamais poderiam localizá-la, já que não
zadas com base em leis da física e da ma- levaram em consideração a materialidade
temática. dos meios de comunicação dominante na
época: eles, na verdade, procuravam uma
biblioteca estruturada para colecionar livros
Comentário: e não rolos. Quantas bibliotecas de Alexan-
dria permanecem ignoradas devido à negli-
Os critérios apontados no texto, que buscam gência com a materialidade dos meios de
definir a “engenharia científica”, não aproxi- comunicação? O conceito de materialidade
mam as atividades exercidas por “construto- da comunicação supõe a reconstrução da
res antigos” das realizadas com base em leis materialidade específica mediante a qual os
da física e da matemática. O trecho “Os valores de uma cultura são, de um lado, pro-
construtores … como entendida atualmente” duzidos e, de outro, transmitidos. Tal materi-
(ℓ. 14 a 23) apresenta ideia bem contrária alidade envolve tanto o meio de comunica-
ao que afirma o enunciado. ção quanto as instituições responsáveis pela
Gabarito: Errado reprodução da cultura e, em um sentido am-
plo, inclui as relações entre meio de comuni-
cação, instituições e hábitos mentais de uma
4. (CESPE / 2012 / STJ / Analista Judiciário / época determinada. Vejamos: para o enten-
Área dimento de uma forma particular de comuni-
cação — por exemplo, o teatro na Grécia
Judiciária / Conhecimentos Básicos) clássica ou na Inglaterra elizabetana; o ro-
mance nos séculos XVIII e XIX; o cinema e a
Fundada por Ptolomeu Filadelfo, no início do
televisão noséculo XX; o computador em
século III a.C., a biblioteca de Alexandria re-
nossos dias —, o estudioso deve reconstruir
presenta uma epígrafe perfeita para a dis-
tanto as condições históricas quanto a mate-
cussão sobre a materialidade da comunica-
rialidade do meio de comunicação. Assim, no
ção. As escavações para a localização da
teatro, a voz e o corpo do ator constituem
biblioteca, sem dúvida um dos maiores te-
uma materialidade muito diferente da que
souros da Antiguidade, atraíram inúmeras
será criada pelo advento e difusão da im-
gerações de arqueólogos. Inutilmente. Trata-
prensa, pois os tipos impressos tendem, ao
va-se então de uma biblioteca imaginária,
contrário, a excluir o corpo do circuito comu-
cujos livros talvez nunca tivessem existido?
nicativo. Já os meios audiovisuais e informá-
Persistiam, contudo, numerosas fontes clás-
ticos promovem um certo retorno do corpo,
sicas que descreviam o lugar em que se en-
mas sob o signo da virtualidade. Compreen-
contravam centenas de milhares de rolos. E
der, portanto, como tais materialidades in-
eis a solução do enigma. O acervo da biblio-
fluem na elaboração do ato comunicativo é
teca de Alexandria era composto por rolos e
fundamental para se entender como chegam
não por livros — pressuposição por certo in-
a interferir na própria ordenação da socieda-
gênua, ou seja, atribuição anacrônica de
de.
nossa materialidade para épocas diversas.
Em vez de um conjunto de salas com estan- João C. de C. Rocha. A matéria da materiali-
tes dispostas paralelamente e enfeixadas em dade: como localizar a biblioteca de Alexan-
um edifício próprio, biblioteca de Alexandria dria? In: João C. de C. Rocha (Org.). Interse-
 83

ções: a materialidade da comunicação. Rio Esquematizar ideias num papel requer, além
de Janeiro: Imago; EDUERJ, 1998, p. 12, 14- dos diversos conhecimentos de português,
15 (com adaptações) um amplo repertório de leitura, bem como
um contato frequente com diferentes gêne-
ros textuais.
Com relação às ideias e estruturas linguísti-
Os passos básicos da produção textual são:
cas do texto, julgue os itens a seguir.
Planejamento: Estruturação do objetivo do
5. Infere-se do texto que a descoberta ar-
texto, do tipo de texto que será redigido, das
queológica da tumba de Ramsés precede as
ideias principais e secundárias que serão
investigações de arqueólogos acerca da bi-
transmitidas e de toda a organização do tex-
blioteca de Alexandria.
to, através da criação de um projeto de texto,
de um rascunho ou de um mapa de ideias.

Comentário: Escrita: Redação de toda a informação estru-

turada no planejamento em um todo organi-
O erro consiste no emprego da palavra “pre- zado com coesão e coerência. Desenvolve-se
cede”, a qual atribui ao enunciado o sentido maioritariamente através da estrutura textu-
de que a descoberta da tumba de Ramsés al típica de introdução, desenvolvimento e
aconteceu ANTES das investigações para conclusão.
localização da biblioteca de Alexandria. Na
verdade a tumba de Ramsés foi descoberta Revisão: Verificação de todos os aspectos
DURANTE essas investigações, conforme que envolvem a produção do texto, como
informa o trecho do texto: “Em vez de um cumprimento do propósito comunicativo,
conjunto de salas com estantes dispostas estruturação do conteúdo dos diferentes
paralelamente e enfeixadas em um edifício parágrafos, adequação vocabular, correção
próprio, a biblioteca de Alexandria consistia sintática e ortográfica.
em uma série infinita de estantes escavadas
Bom escritores, contudo, não entendem es-
nas paredes da tumba de Ramsés.”
ses três passos de forma estanque e se-
Gabarito: Errado quenciada, mas sim como três procedimen-
tos complementares que ocorrem durante
todo o processo, de forma interligada.
CONTEÚDO, IDEIAS E TIPOS DE TEXTO Qualquer palavra, frase ou parágrafo escrito
deverá ser planejado e revisado antes da
Produzir um texto é o ato de compor e escrita da próxima palavra, frase ou pa-
transmitir uma mensagem através do código rágrafo, que dará continuidade ao que foi
escrito. A produção textual cumpre uma final- anteriormente escrito.
idade comunicativa, visando atingir um de-
terminado receptor. Será, assim, mais fácil a produção de textos
com coerência e coesão, que cumprem o seu
Através da produção de texto, é possível diz- propósito comunicativo, causando uma mu-
er alguma coisa a alguém, num determinado dança no estado de espírito dos leitores.
contexto e num determinado momento, ten-
do algum objetivo. Como começar?

Como produzir um bom texto? Para iniciar a produção de um texto deverá:

entender o tema e o propósito comunicativo;
A produção de textos é um procedimento conhecer os tipos de texto;
complexo que envolve diversas competênci- escrever com coerência e coesão;
as aprendidas ao longo da vida e da esco- dominar o código escrito da língua portugue-
larização. sa.

Tema e o propósito comunicativo

 84

Para uma adequada produção de texto, é Apresentar e desenvolver as suas ideias de

necessário entender o tema na sua totali- forma coerente e coesa e formar um todo
dade, de forma segura, e refletir sobre ele de organizado cria uma linha de pensamento
forma crítica, pensando nas informações que mais facilmente seguida e apreendida, bem
possui e nas opiniões tem sobre o assunto. como harmonia entre os diversos momentos
do texto.
É também essencial definir a finalidade co-
municativa do texto, ou seja, o seu objetivo Também deverá ser prestada a devida
ou propósito, bem como o público-alvo a que atenção ao título. Sendo uma parte essencial
se destina. Só assim será possível estruturar do texto, tem de estar relacionado com o
as ideias principais e secundárias do texto e assunto e ser motivador.
definir um título adequado ao conteúdo.
Código escrito da língua portuguesa
Tipos de texto
Existem diversas regras que devem ser re-
Conhecer os diversos tipos de texto e as speitadas na linguagem escrita. O uso corre-
principais características de cada tipologia to do código escrito possibilita uma comuni-
textual é decisivo na estruturação do texto, cação com maior sucesso na transmissão e
para que se defina o tipo de texto mais ade- compreensão da mensagem.
quado ao seu propósito comunicativo.
Usar corretamente os sinais de pontuação
Os principais tipos de texto são:
Os sinais de pontuação e outros sinais gráfi-
Texto narrativo: Usado para contar uma his- cos auxiliares da escrita marcam o ritmo do
tória através de uma sequência de ações texto e conferem à linguagem escrita uma
imaginárias ou reais. maior clareza, facilitando o processo de lei-
tura. Privilegia-se a construção de frases cur-
Texto descritivo: Usado para apresentar a tas e diretas.
descrição pormenorizada de alguém ou de
alguma coisa, fazendo com que o leitor crie Durante a produção textual deverá ser dada
uma imagem mental do objeto ou ser des- especial atenção ao uso da vírgula, consid-
crito. erado por muitos como confuso devido a sua
flexibilidade, bem como à padronização na
Texto dissertativo: Usado para informar o realização de citações, abreviaturas ou no-
leitor. Esclarece o leitor sobre um determi- tas, na escrita de siglas, horas, palavras es-
nado assunto ou tema, através da exposição trangeiras,…
rigorosa e clara desse assunto ou tema. Po-
de ser expositivo ou argumentativo. Dominar a ortografia das palavras
Texto explicativo: Usado para instruir o leitor Respeitar as regras ortográfica da língua por-
acerca de um procedimento. Fornece infor- tuguesa, conforme o acordo ortográfico vi-
mações que orientam a conduta do leitor. gente, implica não cometer erros ortográfi-
Pode ser injuntivo ou prescritivo. cos, bem como usar adequadamente as let-
ras maiúsculas e minúsculas e realizar a cor-
Aprofunde seus conhecimentos sobre tipos reta acentuação das palavras. Salientamos o
de texto e suas características. uso do hífen que, com variadas funções, tem
Coerência e coesão causado dúvidas entre os falantes, gerando
diversos erros de escrita.
É essencial estruturar as diversas partes do
texto, distinguindo a parte introdutória do Evitar vícios de linguagem
texto da parte do desenvolvimento do assun- Vícios de linguagem são pequenos desvios
to e da parte final do texto, na qual é feita gramaticais que, embora ocorram fre-
uma conclusão. quentemente na linguagem falada, causam
ambiguidade e empobrecimento do texto
escrito, como:
 85

redundância criada pelo uso de palavras gos e editoriais costumam ter parágrafos
desnecessárias; mais longos. Revistas populares, livros
didáticos destinados a alunos iniciantes,
desvirtuação do texto criada pelo excesso de
geralmente, apresentam parágrafos curtos.
estrangeirismos, neologismos, gírias e cha-
vões; Quando o parágrafo é muito longo, o escritor
deve dividi-lo em parágrafos menores, se-
incompreensão da mensagem criada por
guindo critério claro e definido. O parágrafo
falta de concordância, regência e paralelis-
curto também é empregado para mo-
mo.
vimentar o texto, no meio de longos pa-
A Estruturação do Parágrafo rágrafos, ou para enfatizar uma ideia.

Parágrafo-padrão é uma unidade de com- Parágrafos médios: comuns em revistas e

posição constituída por um ou mais de um livros didáticos destinados a um leitor de
período, em que se desenvolve determinada nível médio (2 grau). Cada parágrafo médio
idéia central, ou nuclear, a que se agregam construído com três períodos que ocupam de
outras, secundárias, intimamente relaciona- 50 a 150 palavras. Em cada página de livro
das pelo sentido e logicamente decorrentes cabem cerca de três parágrafos médios.
dela.
Parágrafos longos: em geral, as obras
Parágrafo-padrão é uma unidade de com-
científicas e acadêmicas possuem longos
posição constituída por um ou mais de um
parágrafos, por três razões: os textos são
período, em que se desenvolve determinada
grandes e consomem muitas páginas; as
idéia central, ou nuclear, a que se agregam
explicações são complexas e exigem várias
outras, secundárias, intimamente relaciona-
idéias e especificações, ocupando mais es-
das pelo sentido e logicamente decorrentes
paço; os leitores possuem capacidade e
dela.
fôlego para acompanhá-los.
O parágrafo é indicado por um afastamento
da margem esquerda da folha. Ele facilita ao
escritor a tarefa de isolar e depois ajustar
Tópico frasal
convenientemente as idéias principais de
sua composição, permitindo ao leitor A ideia central do parágrafo é enun-
acompanhar-lhes o desenvolvimento nos ciada através do período denominado tópico
seus diferentes estágios. frasal (também chamado de frase-síntese ou
período tópico). Esse período orienta ou gov-
erna o resto do parágrafo; dele nascem out-
O tamanho do parágrafo
ros períodos secundários ou periféricos; ele
Os parágrafos são moldáveis como a argila, vai ser o roteiro do escritor na construção do
podem ser aumentados ou diminuídos, con- parágrafo; ele é o período mestre, que con-
forme o tipo de redação, o leitor e o veículo tém a frase-chave.
de comunicação onde o texto vai ser divul- Como o enunciado da tese, que
gado. Se o escritor souber variar o tamanho dirige a atenção do leitor diretamente para o
dos parágrafos, dará colorido especial ao tema central, o tópico frasal ajuda o leitor a
texto, captando a atenção do leitor, do co- agarrar o fio da meada do raciocínio do escri-
meço ao fim. Em princípio, o parágrafo é tor; como a tese, o tópico frasal introduz o
mais longo que o período e menor que uma assunto e o aspecto desse assunto, ou a
página impressa no livro, e a regra geral para ideia central com o potencial de gerar ideias-
determinar o tamanho é o bom senso. filhote; como a tese, o tópico frasal é enun-
ciação argumentável, afirmação ou negação
Parágrafos curtos: próprios para textos pe-
que leva o leitor a esperar mais do escritor
quenos, fabricados para leitores de pouca
(uma explicação, uma prova, detalhes, ex-
formação cultural. A notícia possui pa-
emplos) para completar o parágrafo ou
rágrafos curtos em colunas estreitas, já arti-
apresentar um raciocínio completo. Assim, o
 86

tópico frasal é enunciação, supõe desdo- artigo ou relatório. Apresentam carac-

bramento ou explicação. terísticas essencialmente informativa.
A ideia central ou tópico frasal O texto dissertativo pode ser classificado
geralmente vem no começo do parágrafo, como:
seguida de outros períodos que explicam ou – Expositivo: No expositivo, o discente expõe
detalham a ideia central. um conceito, uma teoria ,e o seu ponto de
vista sobre o assunto;
Exemplos:
– Argumentativo: O autor busca comprovar a
Ao cuidar do gado, o peão monta e governa exatidão ou a perfídia dos conceitos discuti-
os cavalos sem maltratá-los. O modo de tra- dos no texto; O autor almeja persuadir o in-
tar o cavalo parece rude, mas o vaqueiro terlocutor, e por motivo recorre a indícios,
jamais é cruel. Ele sabe como o animal foi testemunhos e raciocínios.
domado, conhece as qualidades e defeitos Destacamos algumas dicas de como elabo-
do animal, sabe onde, quando e quanto exi- rar um texto dissertativo:
gir do cavalo. O vaqueiro aprendeu que – Na escolha do título, tenha em mente que
paciência e muitos exercícios são os princi- o mesmo deve abarcar não só o tema
pais meios para se obter sucesso na lida abordado, mas também o foco da análise
com os cavalos, e que não se pode exigir desenvolvida;
mais do que é esperado. – Defina a sua tese/o ponto de vista a ser
A distribuição de renda no Brasil é injusta. defendido;
Embora a renda per capita brasileira seja – Realize uma análise articulada e pontue
estimada em U$$2.000 anuais, a maioria do argumentos contrários ao tema proposto;
povo ganha menos, enquanto uma minoria – Estabeleça um aspecto formal ao texto;
ganha dezenas ou centena de vezes mais. A – Realize um esquema referente ao en-
maioria dos trabalhadores ganha o salário caminhamento analítico para que se defina
mínimo, que vale U$$112 mensais; muitos o que será executado.
nordestinos recebem a metade do salário Para se escrever corretamente é necessário
mínimo, dividindo essa pequena quantia por ler bastante, ampliar o vocabulário e treinar
uma família onde há crianças e mulheres, a a escrita.
renda per capita fica ainda mais reduzida;
contando-se o número de desempregados, a
Texto Narrativo
renda diminui um pouco mais. Há pessoas
que ganham cerca de U$$10.000 mensais, O gênero narrativo consiste em narrar, como
ou U$$ 120.000 anuais; outras ganham o nome já diz, um fato ou uma história de
muito mais, ainda. O contraste entre o pouco ficção. Ela conta um enredo, onde existe
que muitos ganham e o muito que poucos uma situação inicial, a modificação da situ-
ganham prova que a distribuição de renda ação inicial, um conflito, o clímax (o ponto de
em nosso país é injusta. tensão na narrativa) e o chamado epílogo,
que é a solução narrada no ponto máximo da
Texto Dissertativo história. Os elementos que compõem tal
O texto dissertativo trata-se de um texto pelo gênero são: o narrador, o tempo, o lugar, o
qual é exposto uma opinião sobre um deter- enredo ou situação e as personagens.
minado assunto, sendo composto por argu-
Nesse gênero literário, existem alguns estilos
mentos lógicos e tendem a convencer o leit-
de escrita, cada um com uma característica
or.
própria, que são: o romance, a fábula, a epo-
Dissertar é o mesmo que discorrer, ou seja
peia ou o épico, o conto, a crônica, a novela
desenvolver uma explicação perante a um
e o ensaio. Todas essas modalidades fazem
tema. Sendo assim, o texto dissertativo faz
parte do gênero narrativo.
parte dos textos expositivos, juntamente com
o texto de apresentação científica, didático, Romance: O romance, oriundo dos contos
épicos, contém um tempo, lugar, os person-
 87

agens, um enredo, típico do texto narrativo. Ensaio: Os ensaios são textos que caminham
Nele, as ações ocorrem em conjunto e os entre aspectos didáticos e poéticos. Tem
personagens podem surgir no decorrer da como característica apresentar ideias para
trama. que o leitor pense a respeito de vários as-
suntos.
Fábula: As fábulas são textos muito ricos e
seus autores utilizam uma imensa capaci- Texto Descritivo
dade criativa, visto que, nessa modalidade
O texto descritivo é um tipo de texto que en-
de sentido figurado, os animais têm carac-
volve a descrição de algo, seja de um objeto,
terísticas de seres humanos como a fala,
pessoa, animal, lugar, acontecimento, e sua
capacidade de pensar, etc. Geralmente, são
intenção são, sobretudo, transmitir para o
histórias infantis destinadas às crianças;
leitor as impressões e as qualidades de algo.
porém, não devem ser desprezadas e que no
final tem sempre uma lição de moral. Estrutura do texto descritivo
Epopeia: O conto épico ou epopeia são textos Introdução: Primeiramente é feita a identifi-
narrativos, contados em versos, orais ou es- cação do ser ou objeto que será descrito, de
critos. Nas epopeias, se contam histórias modo a que o leitor foque sua atenção nesse
heroicas, fundamentadas em contos tradi- ser ou objeto.
cionalistas, onde se preservam as tradições.
Desenvolvimento: Ocorre então a descrição
Novela: A novela consiste em uma narração do objeto ou ser em foco, apresentando seus
que, diferentemente dos romances, é menos aspectos mais gerais e mais pormenoriza-
duradoura e toda a história se passa ao dos, havendo caracterizações mais objetivas
redor de uma personagem. e outras mais subjetivas.
Conto: Os contos são pequenas narrativas, Conclusão: A descrição está concluída quan-
estruturadas em parágrafos e em seus tex- do a caracterização do objeto ou ser estiver
tos, estão contidas várias situações rotinei- terminada.
ras.
São exemplos de gêneros textuais descriti-
Crônica: As crônicas são textos exclusivos vos: Diário, Relatos (viagens, históricos, etc.),
para os jornais, pois elas trabalham com o Biografia e autobiografia, Notícia, Currículo,
factual (de curta duração). O cronista Lista de compras Cardápio, Anúncios de
escreve sobre fatos, elaborando um texto classificados.
geralmente curto, em que críticas, sátiras,
indiretas e afins, podem ser inseridas.
 QUESTÕES DE PORTUGUÊS CRESCER CONSULTORIAS

TEXTO
1 No primeiro dia de aula fui indagado por uma aluna: “Professor, até hoje ninguém conseguiu me explicar
2 o que é Filosofia?” Não era surpresa. Respondi que a resposta que ela estava buscando estava dentro dela
mesma e
3 em nenhum outro lugar. “Mas como assim?” Voltou a indagar.
4 Observando outras aulas, como de física por exemplo, a professora falava da importância em estudar
5 aquele determinado conteúdo que certamente seria conteúdo de prova de vestibular. Percebi certo interesse e
6 atenção dos alunos, que estavam sendo provocados pelo desejo de passar no vestibular.
7 Em meio a tudo isso, surgiu o questionamento que certamente está presente constantemente nos alunos
8 de Ensino Médio: “Para que estudar Filosofia se não cai no vestibular?” Eles têm razão. Filosofia não cai no
9 vestibular assim como a matemática, o português, a história, a geografia e outras disciplinas.
10 Vamos avançando na reflexão. Será que Filosofia não aparece no vestibular? Por que então estudar essa
11 disciplina?
12 Na interpretação da questão de física, na produção da redação, na interpretação do texto de português, na
13 equação matemática, sempre há um toque de Filosofia.
14 Aquele que não consegue seguir o raciocínio lógico da matemática, por exemplo, não teve uma boa aula
15 de Filosofia.
16 Filosofia não se estuda com descobertas cientificas, frases, respostas prontas. A Filosofia não se limita às
17 verdades ligadas as condições humanas, ou a ciência, que por sua vez possuem limitações.
18 A sua preocupação está voltada a uma verdade maior, uma verdade que transcende os limites da razão
19 humana, à qual somos instigados a buscar constantemente. Essa busca e essa verdade não são finitas, por
isso
20 enquanto o homem existir, e isso penso ser maravilhoso, ele vai estar sempre em busca dessa verdade maior.
21 A nossa vida não se limita ao 2+2=4, pois a verdade, o bem, o belo, não podem ser entendidos e
22 interpretados como simples equações matemáticas.
23 Eles exigem uma reflexão maior, convidando-nos a olharmos para nós mesmos, para o nosso íntimo, onde
24 se encontra a razão de nosso existir.
25 Quanto mais nos voltarmos para nós mesmos e nos remetermos ao transcendente, tanto mais teremos que
26 caminhar. Essa caminhada é infinita, vai abrindo os horizontes à medida que caminhamos.
27 É preciso estudar Filosofia para entendermos melhor a vida. Entender e compreender seu real e imenso
28 valor que possui em si.
29 Sem Filosofia nossa vida seria limitada a simples cálculos, o que nos tornaria calculistas, frios e sem vida.
30 A Filosofia abre os horizontes e nos guia para uma verdade que transcende todas as verdades da ciência. A
verdade
31 de nossa existência, a força que nos move para uma busca infinita.
32 Parece ser difícil compreender Filosofia com tantos dizeres filosóficos e pensamentos. Porém a sua
33 compreensão exige essa busca.
34 Só entenderemos o sentido da Filosofia quando entendermos que não podemos somar ou subtrair,
35 multiplicar nem dividir nossa verdade, o bem, o belo, o amor, a existência. Os sentimentos podem ser
expressados
36 nas mais diversas formas, mas nunca numa equação matemática, nem numa composição química ou física.
37 Nossas relações se tornam frias e calculistas porque na sociedade vive-se dessa maneira. Muitos dizem
38 que pensar é coisa de quem não tem o que fazer. Porém, a reflexão ajuda a compreender as coisas da forma
como
39 nenhuma ciência ajuda a compreender.
40 Hoje, questões ligadas à vida, a ética, a moral, aos direitos humanos exigem muita reflexão, a qual a
41 filosofia ajuda, e sem a qual caímos no dogmatismo ou não compreendemos a vida na sua essência.
42 Aos poucos vamos percebendo melhor quanto a Filosofia faz parte da nossa vida. Muitos usam a Filosofia
43 sem nunca terem estudado algo especificamente ligado a ela. É difícil encontrar um termo para definir Filosofia,
44 porém, não podemos compreendê-la separada da nossa realidade, do nosso cotidiano, da nossa vida, pois ela é
45 intrínseca a nós. Não somos nós que escolhemos a Filosofia, mas é ela quem nos escolhe.
46 [...]
47 Deve haver um equilíbrio entre razão e emoção. Quando usamos só a razão nos tornamos insensíveis
48 diante de muitas realidades, mas, só o uso da emoção também não favorece nas escolhas.
49 Temos preguiça de pensar. Não usamos nossa capacidade de raciocínio e por isso, em tantos casos, nos
50 damos mal. A escola se preocupa muito com o decorar as coisas. Saber regras de cor, mas na vida é preciso
refletir
51 diante de fatos, pois não podemos aplicar a tudo as mesmas respostas. A vida não é padronizada e quem a faz
assim
52 sofre muito. Há opções a serem feitas; leis a serem cumpridas. Sem a reflexão seremos meros executores, sem
53 sabermos o porque de todas essas coisas.
54 [...]
55 Existem inúmeros exemplos a esse respeito. Numa relação de Amizade, por exemplo. Se não há um
56 conhecimento maior de ambas as partes, esse sentimento morre logo. Quando nos conhecemos melhor
interiormente
57 e conhecemos também o outro, as dificuldades e dúvidas que aparecerão serão superadas e entendidas com
maior
58 facilidade, pois sabemos que em cada pessoa há um bem maior e que pode, deve e precisa ser conhecido. Uma
59 amizade que fica só nas aparências é como uma casa construída sobre a areia. Na primeira tempestade, na
primeira
60 ventania, desmorona. Cai por terra. Uma amizade alicerçada na verdade, no conhecimento interior do outro e de
si,
61 as tempestades vindouras não terão forças suficientes para destruir. O que permanece é aquilo que está
alicerçado
62 na razão e no coração ao mesmo tempo. O restante é passageiro e ilusório.
63 [...]
64 A Filosofia acontece no dia-a-dia da nossa vida, basta nos darmos conta disso. Filosofia é refletir sobre
65 as coisas que acontecem, são ditas e ouvidas. Não se limita apenas a perguntarmos POR QUÊ?, mas
precisamos ir
66 mais adiante. Precisamos nos perguntar do nível de verdade daquilo que a TV apresenta. Aquilo que muitas
revistas
67 trazem em suas páginas. Não podemos nos esquecer que eles têm seu ponto de vista e seus interesses, mas
estes
68 não deveriam ocultar a verdade. A interpretação de uma notícia, seu posicionamento crítico e argumentação, é
uma
69 forma de fazer Filosofia. Aceitar tal e qual tudo o que jornais, TV e revistas nos apresentam é uma forma de
70 ignorância. Precisamos ter cuidado. Isso não quer dizer que todos e em todas as ocasiões mentem, ou faltam
com a
71 verdade. Porém, sempre, sem exceção precisamos nos perguntar pela verdade dos fatos.
72 Quantas vezes os repórteres são induzidos a manipularem notícias sobre determinados acontecimentos e
73 assuntos. Sempre que possível seria importante ler ou assistir mais de um jornal e depois fazer um paralelo
entre
74 eles. Isso exige tempo e vontade. Podemos discutir com outras pessoas para ouvir seu ponto de vista que ajuda-
nos
75 a abrir nossos horizontes. Quanto mais nos fechamos em nós mesmos, em nosso mundo individual, mais
ignorantes
76 nos tornamos. A abertura, a experiência, o diálogo, a leitura, nos tornam pessoas abertas e conhecedoras da
verdade.
77 Buscar sempre a verdade dos acontecimentos, dos fatos é uma atitude filosófica.
78 Se pararmos e pensarmos neste momento o quanto refletimos sobre tudo o que acontece, ouvimos e
79 vemos, nos daremos conta que nem sempre fazemos isso e não fazemos porque simplesmente não queremos,
pois
80 todos nós podemos e sabemos.
81 [...]
82 Precisamos nos perguntar qual o nível de conhecimento que uma pessoa tem dos acontecimentos
83 históricos quando escreve novela, filme, minissérie. Será que aquilo é a verdade? Será que é a melhor forma de
ver
84 o acontecimento?
85 Estes e outros inúmeros fatos fazem parte do nosso cotidiano.
(Hermes José Novakoski)
FONTE: http://www.profdoni.pro.br/home/index.php/menu-principal/filosofia-2/252-para-que-estudar-filosofia
01) Constitui uma afirmação com respaldo no texto

(A) O objetivo original da Filosofia é o da reflexão, porém, nas questões que envolvem o cotidiano, ela não tem sido
capaz de responder às necessidades da sociedade.

(B) A Filosofia permite ao ser humano compreender melhor a si mesmo, a sociedade e o mundo que o cerca, por
isso não precisa de outros estímulos para uma maior autonomia do pensar, agir e se comportar.

(C) A ideia de que razão e emoção não podem caminhar juntas é uma premissa que dá sustentação ao ponto de
vista defendido pelo autor.
(D) A disciplina de filosofia não tem sido o centro do ensino e é questionada por ser considerada pouco prática.

02) Está contida no texto

(A) informação publicitária.
(B) Exposição de fatos.
(C) interpretação de teses científicas.
(D) Narrativa que envolve personagens.

03) Expressa uma relação de PROPORCIONALIDADE a frase

(A) “Aquele que não consegue seguir o raciocínio lógico da matemática, por exemplo, não teve uma boa aula de
Filosofia.” (L.14/15)
(B) “A nossa vida não se limita ao 2+2=4, pois a verdade, o bem, o belo, não podem ser entendidos e interpretados
como simples equações matemáticas.” (L. 21/22).
(C) “Quanto mais nos fechamos em nós mesmos, em nosso mundo individual, mais ignorantes nos
tornamos.” (L.75/76).
(D) “Buscar sempre a verdade dos acontecimentos, dos fatos é uma atitude filosófica.” (L.77).

04) Possui predicado verbal a oração

(A) “No primeiro dia de aula fui indagado por uma aluna” (L.1).
(B) “Essa caminhada é infinita” (L.26).
(C) “A vida não é padronizada” (L.51).
(D) “aquilo é a verdade?” (L.83).

05) Exerce a mesma função sintática de “de vestibular” (L.5)

(A) “da questão” (L.12).
(B) “da redação” (L.12).
(C) “de raciocínio” (L.49).
(D) “dos acontecimentos” (L.77).

06) Exerce função predicativa a o termo na alternativa

(A) “cientificas” (L.16).
(B) “calculista” (L.29).
(C) “humanos” (L.40).
(D) “vindouras” (L.61).

07) É paciente da ação nominal o termo

(A) “por uma aluna” (L.1).
(B) “da importância” (L.4).
(C) “de prova” (L.5).
(D) “a nós” (L.45).

08) Sobre os mecanismos linguísticos usados no texto, é correto afirmar o que se afirma em
(A) “tantos’ (L.49) expressa valor numérico.
(B) “O” em “O que permanece” (L.61) e “O”, em “O restante é passageiro e ilusório” (L.62) têm o mesmo valor
morfológico.
(C) Em “vive-se dessa maneira” (L.37), o vocábulo “se” é marca de indeterminação do sujeito.
(D) “A expressão “exemplos” (L.55) continuará exercendo a mesma função sintática se o verbo existir, presente no
contexto em que se encontra, for substituído pelo verbo haver,
09)
“há um toque de Filosofia.” (L.13) A única variação estrutural correta para a expressão destacada na oração em
evidência é
(A) Haverão uns toques de Filosofia.
(B) Existirão uns toques de Filosofia.
(C) Terão uns toques de Filosofia.
(D) Existirá uns toques de Filosofia.

10) Sobre as funções de linguagem, predominam no texto

(A) fática e metalinguística.
(B) poética e apelativa.
(C) denotativa e poética.
(D) referencial e emotiva.

11) Os termos “Porém” (L.38) e “apenas” (L.65) expressam, respectivamente, ideia de

(A) Ressalva e restrição.
(B) Oposição e modo.
(C) Adversidade e adição.
(D) Adição e síntese.

12) Funciona, no texto, como agente da ação verbal

(A) “pelo desejo” (L.6).
(B) “por terra” (L.60).
(C) “pela verdade” (L.71).
(D) “os repórteres” (L.72).

13) Há correspondência modo-temporal entre a forma verbal simples “conseguiu” (L.1), e a

composta
(A) tivesse conseguido.
(B) teria conseguido.
(C) tem conseguido.
(D) terá conseguido

14) Do ponto de vista formal da língua portuguesa, há erro na alternativa

(A) “Quando usamos só a razão nos tornamos insensíveis diante de muitas realidades,”
(L.47/48).
(B) “seria importante ler ou assistir mais de um jornal” (L.73).
(C) “Quantas vezes os repórteres são induzidos a manipularem notícias sobre determinados acontecimentos e
assuntos.” (L.72/73).
(D) “A abertura, a experiência, o diálogo, a leitura, nos tornam pessoas abertas e conhecedoras da verdade.” (L.76).

15) No texto,
(A) “à qual” (L.19) retoma “razão humana” (L.18/19).
(B) Em “hoje” (L.1), o “-h” é uma consoante brasileira.
(C) “à medida que caminhamos” (L.26) denota causa.
(D) “Estudar filosofia” (L.8) tem valor subjetivo.

GABARITO:
Leia atentamente o texto abaixo para responder às questões de números 1 a 3.
SOLIDARIEDADE
O gesto não precisa ser grandioso nem público, não é necessário pertencer a uma ONG ou fazer uma
campanha. Sobretudo, convém não aparecer.
O gesto primeiro devia ser natural, e não decorrer de nenhum lema ou imposição, nem convite nem
sugestão vinda de fora.
Assim devíamos ser habitualmente, e não somos, ou geralmente não somos: cuidar do que está do
nosso lado. Cuidar não só na doença ou na pobreza, mas no cotidiano, em que tantas vezes falta a
delicadeza, a gentileza, a compreensão; esquecidos os pequenos rituais de respeito, de preservação do
mistério, e igualmente da superação das barreiras estéreis entre pessoas da mesma casa, da família, das
amizades mais próximas.
Dentro de casa, onde tudo deveria começar, onde se deveria fazer todo dia o aprendizado do belo, do
generoso, do delicado, do respeitoso, do agradável e do acolhedor, mal passamos, correndo, tangidos
pelas obrigações. Tão fácil atualmente desculpar-se com a pressa: o trânsito, o patrão, o banco, a conta, a
hora extra... Tudo isso é real, tudo isso acontece e nos enreda e nos paralisa.
Mas, por outro lado, se a gente parasse (mas parar pra pensar pode ser tão ameaçador...) e fizesse um
pequeno cálculo, talvez metade ou boa parte desses deveres aparecesse como supérfluo, frívolo,
dispensável.
Uma hora a mais em casa não para se trancar no quarto, mas para conviver. Não com obrigação, sermos
felizes com hora marcada e prazo pra terminar, mas promover desde sempre a casa como o lugar do
encontro, não da passagem; a mesa como lugar do diálogo, não do engolir quieto e apressado; o quarto
como o lugar do afeto, não do cansaço.
Pois se ainda não começamos a ser solidários dentro de nós mesmos e dentro de nossa casa ou do nosso
círculo de amigos, como querer fazer campanhas, como pretender desfraldar bandeiras, como desejar
salvar o mundo − se estamos perdidos no nosso cotidiano?
Como dizer a palavra certa se estamos mudos, como escutar se estamos surdos, como abraçar se
estamos congelados?
Para mim, a solidariedade precisa ser antes de tudo o aprendizado da humanidade pessoal.
Depois de sermos gente, podemos − e devemos − sair dos muros e tentar melhorar o mundo. Que anda
tão, tão precisado.
LUFT Lya.

01) Pelas características predominantes do texto, assinale a alternativa que indique a tipologia textual a que ele
pertence:
(A) Narração.
(B) Descrição.
(C) Dissertação.
(D) Injunção.
02) A leitura do texto permite afirmar que a autora se sente:
(A) Saudosista.
(B) Idealista.
(C) Improdutiva.
(D) Irônica.
03) “Mas, por outro lado, se a gente parasse (...).” O termo destacado estabelece a seguinte relação de ideia:
(A) Contradição.
(B) Explicação.
(C) Condição.
(D) Conclusão.
04) Marque a opção em que há erro ortográfico:
(A) Viagem – ageitar – sugestão.
(B) Analisar – improvisar – economizar.
(C) Ascensão – suspensão – contusão.
(D) Misto – quis – gás.
05) “Dentro de casa, onde tudo deveria começar, onde se deveria fazer todo dia o aprendizado do belo (...)”.
Assinale a alternativa que justifica corretamente as vírgulas nessa frase :
(A) Separar orações coordenadas assindéticas.
(B) Separar vocativo.
(C) Separar adjunto adverbial deslocado e oração
adverbial.
(D) Separar oração explicativa.
06) “Assim devíamos ser habitualmente, e não somos (...)” É correto afirmar sobre a classificação da palavra
destacada na frase:
(A) Verbo.
(B) Advérbio.
(C) Substantivo.
(D) Adjetivo
07) Considerando a norma culta, a concordância nominal está INCORRETA na seguinte frase:
(A) Encontrei bastantes amigos na festa de formatura.
(B) Aveia é boa para a saúde.
(C) Não diga nada, agora é necessário prudência.
(D) Anexos ao processo, estavam os documentos do acusado.
08) A palavra destacada deve ser acentuada na opção:
(A) Rubrica significa assinatura abreviada de alguém ou uma pequena anotação.
(B) Ontem à tarde, o céu ficou coberto de nuvens.
(C) As manifestações de protesto da população tem ocasionado enormes transtornos aos lojistas.
(D) A entrada para o show de mágica era gratuita para as crianças.
09) Assinale a alternativa que estiver INCORRETA quanto à flexão dos verbos:
(A) Poucas pessoas reaveram o que arriscaram em jogos de azar.
(B) É provável que todas as malas caibam no porta-malas do táxi.
(C) Quando elas nos virem aqui, vão ficar muito felizes.
(D) O professor exigia que nos mantivéssemos atentos à aula.
10) A classificação dos termos destacados está INCORRETA na opção:
(A) O guarda de trânsito prendeu o motorista embriagado. (predicativo do objeto)
(B) As ruas foram lavadas pela chuva. (objeto indireto)
(C) Sua confiança na defesa continuava inabalável. (complemento nominal)
(D) As crianças querem atenção. (objeto direto)

GABARITO:
Sabe-se que, no Texto, há um caso em que a crase deveria ter sido utilizada e não o foi, ocasionando erro
gramatical. Para corrigi-lo, é necessário efetuar a seguinte alteração:

A) “a cada” (linha 4) por “à cada”.

B) “A resposta” (linha 24) por “À resposta”.
C) “a qualidade” (linha 26) por “à qualidade”.
D) “a falta” (linha 27) por “à falta”.

02) Em relação à acentuação gráfica do Texto, assinale a alternativa CORRETA:

A) A palavra “você” (linha 1) leva acento pela mesma regra que a palavra “aí” (linha 25).
B) O verbo “está” (linha 15) é acentuado devido à regra dos acentos diferenciais.
C) A palavra “há” (linha 16) é acentuada pela seguinte regra: acentuam-se as palavras
oxítonas terminadas em “a”.
D) A palavra “área” (linha 8) é acentuada devido à seguinte regra gramatical: acentuam-se as
palavras paroxítonas terminadas em ditongo, seguido ou não de “s”.

03) A partícula “que” (linha 27) do Texto exerce a mesma função morfológica que o termo “que” sublinhado na
seguinte alternativa:
A) Fui eu que insisti pela vaga.
B) O que é preciso para convencê-lo?
C) Espero que consigas alcançar teus objetivos.
D) A prova foi mais difícil que esperávamos.

04) “A chuva intensa, da noite anterior, provocou vários acidentes.” Para transpor a frase na voz passiva obtém-se
a seguinte locução verbal:
A) São provocados.
B) Foram provocados.
C) Eram provocados.
D) Serão provocados.

05) Assinale a alternativa que apresenta um período com oração subordinada adjetiva.
A) Sabemos que o calor dilata os corpos.
B) Brasília, que é capital do Brasil, foi fundada em
1960.
C) Fiz-lhe um sinal que se calasse.
D) Ela ficou com receio de que eu revelasse o seu
segredo.

06) Leia as frases a seguir:

I. Vou ____ fazenda no final de semana para andar _____ cavalo.
II. Todo o time foi __________ entrevista.
III. Comunico _____ Vossa Senhoria ____ transferência do acordo para ____ próxima semana.
As lacunas serão preenchidas, correta e respectivamente, por:
A) à – à – aquela – à – a – à.
B) a – a – àquela – à – à – a.
C) a – à – aquela – a – a – à.
D) à – a – àquela – a – a – a.

07) De acordo com as regras de pontuação, as vírgulas que isolam a expressão “afinal” (linha 22) no Texto são de
uso:
A) Obrigatório, para isolar um elemento denotativo.
B) Facultativo, para isolar um adjunto adverbial
deslocado.
C) Obrigatório, para isolar uma conjunção final.
D) Facultativo, para isolar um aposto explicativo.

08) Marque a alternativa em que a concordância verbal foi devidamente empregada.

A) Há alunos se preparando para a Olimpíada de Matemática e Física.
B) Houveram muitas festas no fim de semana passado.
C) Existe Pessoas que não conhecem a verdade.
D) Devem haver muitas pessoas na reunião.

09) Indique a alternativa em que todas as palavras estão escritas corretamente.

A) Ficha – Incontrovérsia – Feiúra.
B) Lêem – Licha – Chuchu.
C) Contrassenso – Desprezar – Feixe.
D) Frouxo – Hipotese – Ultra-Som

10) Está INCORRETA, de acordo norma culta vigente, a concordância em:

A) O artista excursionará por várias cidades do interior.
B) Sua avareza e seu egoísmo fizeram com que todos o abandonassem.
C) Precisam-se de operários.
D) Muito obrigada, eu mesma cuidarei do assunto.

GABARITO:

01) O antônimo da palavra “muito” é:

A) Pouco.
B) Vários.
C) Bastante.
D) Excessivo.
02) “Assembleia” é coletivo para:
A) Políticos reunidos.
B) Pessoas reunidas.
C) Religiosos reunidos.
D) Leis reunidas.
03) Assinale a alternativa que apresenta os derivados da palavra “livro”:
A) Livreiro, documentação.
B) Biblioteca, livraria.
C) Livreiro, livraria.
D) Papel, livraria.
04) Marque a alternativa ERRADA quanto ao substantivo feminino.
A) Carneiro – ovelha.
B) Ancião – anciã.
C) Ermitão – ermitoa.
D) Perdigão – perdigoa.
05) Complete a lacuna com tempo verbal apropriado.
“Quando nós ____ tudo às operadoras, finalizaremos o trabalho.”
A) Enviar.
B) Enviara.
C) Enviamos.
D) Enviarmos.
06) Completa a lacuna com a forma correta do verbo “haver”. “_____ mudanças nos dias seguintes.”
A) Haverá.
B) Haverão.
C) Haveriam.
D) Haviam.

07) Assinale a alternativa cuja frase NÃO apresenta concordância correta, de acordo com a norma
culta.
A) Divulgaram-se os preços dos ingressos
B) Deve haver sérios problemas na cidade.
C) Discursaram diretor e professores.
D) Haviam belas cachoeiras e frondosas árvores
naquela região.

Com base na seguinte oração “Os mitos gregos são por demasia extensos”, responda as próximas duas
questões:
08) Assinale a alternativa que apresenta o sujeito da oração acima:
A) “são”.
B) “por demasia”.
C) “extensos”.
D) “Os mitos gregos”.
09) O predicado da oração acima é classificado corretamente como:
A) Nominal.
B) Verbal.
C) Verbo-nominal.
D) Predicativo do Sujeito.
10) Marque a alternativa em que ocorre NÃO ocorre erro no uso do acento indicativo de crase.
A) Comunico à Vossa Senhoria a transferência do acordo para à próxima semana.
B) Haverá aumento no preço dos combustíveis à partir de amanhã.
C) Não me refiro à mulheres, refiro-me à crianças.
D) No zoológico, os animais ficam à distância de dez metros dos visitantes.

GABARITO:
 Conceitos básicos de Informática

Hardware - componentes físicos de um computador. Teclado, mouse,

drives de DVD, placa-mãe, processador, discos rígidos...

Software - componentes lógicos de um computador. Programas e

aplicativos.

Placa-mãe - conjunto de circuitos integrados, organizados em uma

placa, que permite a integração entre a CPU e todos os componentes.

BIOS (Basic Input/ Output System – Sistema Básico de Entrada e

Saída): é um programa (software) pré-gravado pelo fabricante da placa-mãe e
colocado em uma memória ROM (permanente), na placa-mãe do computador. A
BIOS que inicializa a máquina.

CPU) - processador - “cérebro” de um computador. Responsável por todos

os cálculos do computador.

Memórias e dispositivos de armazenamento

Memória Velocidade Volatil Custo Local Ordem de Grandeza
idade

Registrador absurdamente sim muito alto processador Bits/Bytes

alta

Cache muito alta sim alto dentro ou fora do Kilobytes/ Megabytes

processador

RAM (principal) alta sim médio placa-mãe GigaBytes

Secundária média/baixa não baixo conectado Gigabytes/Terabytes

(HD, DVD) externamente

DISCOS SSD x Disco Rígido

1) SSD - o tempo de acesso à memória é muito menor do que o

tempo de acesso a meios magnéticos ou óticos.
2) Não existem partes móveis ou eletromecânicas no SSD, reduzindo
vibrações e ruídos. Justamente por isso, os SSDs são muito mais
resistentes que os HDs comuns contra choques físicos;
3) Menor peso em relação aos discos rígidos convencionais, mesmo os
mais portáteis;
4) Consumo reduzido de energia;

1 de 16
 5) Possibilidade de trabalhar em temperaturas maiores que os HDs
comuns - cerca de 70° C;
6) Taxa de transmissão de dados mais elevada do que os HDs.

1 byte (“b” Maiúsculo) 8 bits (“b” minúsculo)

1 Kilobyte (KB) 2¹º bytes = 1024 bytes

1 Megabyte (MB) 2²º bytes = 1024 Kilobytes = 1048576 bytes

1 Gigabyte (GB) 2³º bytes = 1024 Megabytes

1 Terabyte (TB) 2⁴º bytes = 1024 Gigabytes

1 Petabyte (PB) 2⁵º bytes = 1024 Terabytes

USB (Universal Serial Bus – Barramento Serial

Universal)

Conectar de forma Hot Plug and Play uma vasta

gama de dispositivos - mouse, multifuncionais,
smartphones.

Hot Plug and Play - permite que um dispositivo seja conectado sem
precisar reiniciar o computador.

USB 2.0 USB 3.0

Até 60 MB/s Até 600 MB/s (4,8Gbps)

(480Mbps)

DISPOSITIVOS DE ENTRADA – Mouse,Teclado,Scanner,Web cams.

DISPOSITIVOS DE SAÍDA - Monitor (sem função touch), placa de

vídeo,Impressora,Caixas de som.

DISPOSITIVOS DE ENTRADA e SAÍDA - Monitores sensíveis ao toque,

Multifuncionais (que acumulam impressora e scanner, por exemplo), Drives
leitores e gravadores de mídias óticas (DVD, Blu-Ray),Pendrives.

Drivers - softwares utilizados para permitir ao Sistema Operacional

desfrutar dos recursos de um determinado hardware. “Manual de
instruções” do hardware.

2 de 16
 Fundamentos básicos da Internet

Internet - rede mundial de computadores, composta por todos os

computadores do mundo ligados em rede.

Intranet - Conjunto de computadores da Internet com as mesmas

características da Internet, isoladas da rede mundial. Comum em empresas e
órgãos públicos.

Extranet - Acesso a serviços de Intranet por meio da Internet. Acesso por

Login e senha, ou Rede Privada Virtual.

HTTP: HyperText Transfer Protocol, ou Protocolo de Transferência

de Hipertexto, protocolo base para a comunicação na World Wide Web (www).
É ele que transfere o conteúdo das páginas web para os navegadores
(Browsers). Utiliza a porta 80.

HTTPS: O HyperText Transfer Protocol Secure é a implementação do

HTTP aliado a uma camada de segurança, por meio da utilização do protocolo
SSL/TLS (Secure Sockets Layer/Transport Layer Security – Segurança
da Camada de Transporte). O HTTPS, invariavelmente, é utilizado em
endereços web que trafegam informações sensíveis, como senhas, dados
bancários, dentre outros. Utiliza a porta 443.

FTP: O File Transfer Protocol, ou Protocolo de Transferência de Arquivos,

é um protocolo voltado exclusivamente para a transferência de dados pela web.
Utiliza duas portas: a 20, para a transferência propriamente dita dos arquivos, e
a 21, para controle da sessão.

SMTP: O Simple Mail Transfer Protocol, ou Protocolo Simples de

Transferência de Correio, é responsável apenas pelo envio de email. Utiliza a
porta 25.

POP3: O Post Office Protocol Version 3, utilizado para o recebimento

de mensagens de email, transferindo a mensagem armazenada no servidor de
email para a máquina do usuário. Utiliza a porta 110. Foi o principal protocolo
de email da era da internet discada, ainda é utilizado nos dias de hoje, mas tem
perdido espaço para o protocolo seguinte.

IMAP: O Internet Message Access Protocol, ou Protocolo de Acesso à

Mensagem da Internet, é o protocolo mais utilizado dentre os webmails
modernos, que permitem que a mensagem seja lida sem transferi-la do servidor
na qual se encontra.

3 de 16
 DNS (Domain Name System - Sistema de Nomes de Domínios): converte
nomes de endereços em endereços IP (ex: de www.estrategiaconcursos.com.br
para 200.247.28.60)

NAVEGADORES DE INTERNET

Principais Teclas de Atalhos para Navegadores

CTRL + D Favoritos
CTRL + H Histórico
CTRL + J Downloads
CTRL + T Nova aba ou guia
CTRL + N Nova janela
CTRL + SHIFT + T Reabrir última aba fechada
CTRL + SHIFT + P Navegação InPrivate ou Privativa
CTRL + Shift + N Navegação anônima (Chrome)

Internet Explorer - diferenciais

FILTRO SMARTSCREEN - Defende o computador de ameaças, com um

conjunto de ferramentas:

Proteção antiphishing — para filtrar ameaças de sites impostores

destinados a adquirir informações pessoais, como nomes de usuários, senhas e
dados de cobrança.

Reputação de aplicativo — para remover todos os avisos desnecessários

de arquivos conhecidos e mostrar avisos importantes para downloads de alto
risco.

Proteção antimalware — para ajudar a impedir que softwares

potencialmente perigosos se infiltrem no computador.

PROTEÇÃO CONTRA RASTREAMENTO - permite que o usuário proteja

sua privacidade ao limitar as informações que podem ser coletadas por terceiros
a partir de sua navegação, e que expresse suas preferências de privacidade para
os sítios que visite.

Ainda, o navegador, por definição, envia solicitações Do Not Track aos

sites visitados. É como se fosse um “pedido” para evitar rastreamento, mas cabe
ao site de destino a opção por atender esse pedido (ou não).

4 de 16
 Filtragem Activex - possibilita bloquear controles ActiveX e complementos
do navegador web. Esses controles e complementos permitem que sítios
forneçam conteúdos, como, por exemplo, vídeos, bem como podem ser
utilizados para coletar informações e instalar software sem o consentimento do
usuário.

Quando um site é incompatível com o Internet Explorer, o botão Modo de

Exibição de Compatibilidade ( ) aparece na barra de endereços. Ativando o

Modo de Exibição de Compatibilidade, você ajuda a corrigir problemas de
exibição nos sites.

Firefox - diferenciais

É um software opensource, ou seja, o seu código fonte é público.

Firefox Sync - permite que todos os seus dados e preferências (como os

seus favoritos, histórico, senhas, abas abertas e complementos instalados)
sejam armazenados nos servidores da Mozilla. Assim sendo, você poderá
compartilhar essa informação em todos os dispositivos que também estejam
sincronizados. Basta criar uma conta, utilizando algum endereço de email já
existente.

Google Chrome - diferenciais

Sincronização, realizada por meio de uma conta do gmail, salva histórico,

guias abertas, favoritos, senhas, dentre outros, na nuvem, de modo que outros
dispositivos possam manter-se em sincronia.

CORREIO ELETRÔNICO

nomedacontadeusuario @provedordeemail.tipodedominio(.país - opcional)

Para utilizar um serviço de email, um usuário deverá:

1) Ter conta de usuário cadastrada junto a um provedor de email;e

2) Utilizar uma ferramenta de email, devidamente configurada, ou um

navegador web para acessar o provedor de e-mail (webmail).

5 de 16
 Uma mensagem de e-mail possui os seguintes campos:

Para, Cc, Cco, Assunto, Anexo.

Cc (carbon copy – cópia comum)

Cco (blind carbon copy – cópia oculta) - esconde para quem a mensagem
é enviada.

O webmail possibilita a utilização de um navegador de Internet como

ferramenta para a visualização dos e-mails.

Vantagens:

 Acesso de qualquer computador online, exigindo apenas a

existência de um navegador web;
 Espaço de armazenamento online, economizando espaço em
disco;
 Diferenciais oferecidos pelos provedores, como verificação
de vírus, filtro anti-spam, gerenciamento de grupos, dentre outros.
 Gratuidade (regra geral) do serviço, além de não precisar
pagar pelo software de email (como o Microsoft Outlook, que é
pago)

WINDOWS 7

Atalho - ícone que representa um link para um item, em vez do item em

si. Quando você clica em um atalho, o item é aberto. Se você excluir um
atalho, somente ele será removido, e não o item original. É possível
identificar atalhos pela seta no ícone correspondente.

www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 16
 Um ícone de arquivo (à esquerda) e um ícone de atalho (à direita)

Lixeira - quando você exclui um arquivo ou pasta, eles na verdade não são
excluídos imediatamente; eles vão para a Lixeira. Se você mudar de ideia e
precisar de um arquivo excluído, poderá obtê-lo de volta, por meio do comando
Restaurar.

SHIFT + DELETE - excluir um arquivo permanentemente, sem passar

pela lixeira.

Gerenciador de Tarefas - CTRL + ALT + DEL - útil para finalizar

processos de programas que estejam “travados” - Finalizar Processo.

Três formas de desligar o Windows:

Desligar: desliga completamente o computador
Suspender: trabalho do usuário é colocado na memória (RAM) e utiliza-se
uma pequena quantidade de energia para manter o computador ainda ligado
Hibernar: salva no disco rígido os documentos e programas abertos e
desliga o computador

Movimentando arquivos e pastas no Windows Explorer - No Windows

Explorer, quando se arrasta um arquivo de um local para outra unidade
diferente da atual (por exemplo, ao copiar do disco rígido para um pendrive),
uma cópia desse arquivo é criada no novo local e a antiga permanece guardada
no local de origem; Quando arrastado para a mesma unidade, o arquivo é
movido.

Porém, é possível forçar a forma de movimentação de conteúdo por meio

das teclas de atalho. Ao arrastar-e-soltar pressionando:

SHIFT – move-se o conteúdo selecionado, independentemente da

origem ou destino da pasta ou arquivo;

CTRL - copia-se o conteúdo selecionado, independentemente da

origem ou destino da pasta ou arquivo;

7 de 16
 WINDOWS 10

Novo Menu Iniciar – Formato híbrido de Windows 7/Windows 8.

O Menu Iniciar possui duas partes principais: à esquerda, ele exibe os

aplicativos mais usados (com Listas de Saltos), o Explorador de Arquivos
(Windows Explorer), Configurações, Ligar/Desligar e Todos os Aplicativos.
À direita, conjunto de botões dinâmicos, chamados de Tiles (pronuncia-se
taious, em inglês), oriundos da Interface Metro do Windows 8.

Modo Tablet (ou Continuum) – Central de Ações, na área de

notificações, e acionar o Modo Tablet. Ou ainda, ir em Configurações, Sistema
e Modo Tablet. Naturalmente, você precisa possuir um dispositivo compatível
(não necessariamente Touchscreen) para que seja possível habilitar o Modo
Tablet.

Compartilhamento do Wi-Fi com amigos – O novo recurso Sensor de

Wi-Fi (em Configurações -> Rede e Internet -> Gerenciar configurações
de Wi-Fi) possibilita que seus amigos usem o Wi-Fi de casa enquanto eles
estiverem visitando.

Visão de Tarefas – Windows + Tab - - possibilita uma rápida

visualização das aplicações abertas na Área de Trabalho, em miniaturas.

Windows Store – aplicativos podem ser adquiridos e instalados

diretamente via loja . O botão da loja encontra-se na Barra de Tarefas, , ao
lado da Visão de Tarefas.
Microsoft Edge – um novo navegador Web

8 de 16
 Central De Ações – Localizada na área de notificações ( ), a Central de
Ações funciona como uma central de notificações do Windows, com aplicativos
que sejam compatíveis com a central, como e-mails do Outlook, Calendário,
Windows Feedback, dentre outros.

CONTAS DE USUÁRIO - adultos na família podem gerenciar as

configurações da família online em account.microsoft.com/family, e as
alterações serão aplicadas a qualquer dispositivo Windows 10 no qual a criança
entrar.

Veja mais sobre Família em http://windows.microsoft.com/pt-br/windows-

10/getstarted-set-up-your-family.

Explorador de Arquivos - o Acesso Rápido ( ), exibindo

Pastas Frequentes e Arquivos Recentes, com pastas e arquivos que
acessamos frequentemente e recentemente.

Para fixar uma pasta no Acesso Rápido, basta clicar na pasta desejada com
o botão direito do mouse e selecionar a opção Fixar no Acesso Rápido, que
aparece no menu de contexto. Não se fixa arquivos no Acesso Rápido, apenas
pastas.

Segurança da Informação

Vírus simples - um vírus simples, que só se replica e é fácil de ser

detectado.

Vírus encriptado – embaralha-se o vírus, para que este não seja

detectado por um antivírus.

Vírus de macro - vinculam suas macros a modelos de documentos e a

outros arquivos de modo que, quando um aplicativo carrega o arquivo e executa
as instruções nele contidas, as primeiras instruções executadas serão as do
vírus.

Vírus propagado por e-mail: recebido como um arquivo anexo a um e-

mail cujo conteúdo tenta induzir o usuário a clicar sobre este arquivo, fazendo
com que seja executado. Quando entra em ação, infecta arquivos e programas e
envia cópias de si mesmo para os e-mails encontrados nas listas de contatos
gravadas no computador.

9 de 16
 Vírus de Boot: Vírus que se infecta na área de inicialização dos disquetes
e de discos rígidos. Alto poder de destruição, impedindo, inclusive, que o usuário
entre no micro.

Vírus Stealth (Vírus Invisíveis): um dos mais complexos da atualidade,

cuja principal característica é a inteligência. Emprega técnicas para evitar sua
detecção durante a varredura de programas antivírus, como, por exemplo,
temporariamente se auto remover da memória.

Worm: worms são programas autorreplicantes, passando de um sistema a

outro, sem, necessariamente, utilizar um arquivo hospedeiro. Além disso, pode
causar danos sem a ativação pelo usuário, diferentemente dos vírus.

Para Fixar
Vírus Worm
Programa ou parte de um programa de Programa
computador
Propaga-se inserindo cópias de si mesmo e Propaga - se automaticamente pelas
se tornando parte de outros redes, enviando copias de si mesmo de
programas e arquivos computador para computador
Depende da execução do programa ou Execução direta de suas cópias ou pela
arquivo hospedeiro para ser ativado exploração automática de vulnerabilidades
existentes em programas instalados em
computadores

Spyware: Spyware é um programa que monitora atividades de um sistema

e envia a terceiros. Podem ser keyloggers, do tipo que captura o que o usuário
digita; screenloggers, do tipo que registra os movimentos de mouse de um
usuário, ou adwares, daqueles que mostram propagandas para o usuário.

Cavalo de Tróia: programas impostores, arquivos que se passam por um

programa desejável, mas que, na verdade, são prejudiciais, pois executam mais
funções além daquelas que aparentemente ele foi projetado. Contêm códigos
maliciosos que, quando ativados, causam a perda ou até mesmo o roubo de
dados. Não se replicam.

10 de 16
 Phishing: também chamado de scam, é o tipo de fraude no qual um
golpista tenta obter dados pessoais e financeiros. Normalmente, é realizado por
mensagens eletrônicas que tentam se passar por alguma Instituição conhecida,
compelindo o destinatário a entrar em um site (falso) para o fornecimento de
dados pessoais.

Engenharia social: Práticas utilizadas para obter acesso a informações

por meio da enganação ou exploração da confiança das pessoas.

LIBREOFFICE

O Libre Office é uma suíte de aplicativos para escritório gratuita e

multiplataforma, desenvolvida e mantida pela The Document Foundation.

Writer - “Word” do LibreOffice - processador de textos.

Formato de arquivo principal - Open Document Text (ODT). Contudo, ele

também é compatível com os formatos .doc e .docx da suíte Microsoft Office.

Barra de ferramentas padrão - destaques:

O Pincel de Formatação funciona de forma
muito similar ao Microsoft Office. Posicionado o
Pincel de cursor sobre um texto, um clique simples sobre o
Formatação pincel copia a formatação daquele texto para ser
colada a outro trecho. Com um clique duplo, o
Pincel permanece ativado até que o usuário
pressione Esc para encerrar a tarefa.
Exibe um menu que permite ao usuário “navegar”
pelo documento, através de objetos manipulados
Navegador (F5) e controlados pelo Writer, como tabelas, títulos,
seções, hiperlinks, anotações, dentre outros.

Caracteres não De forma similar ao Mostrar Tudo do Word, exibe

imprimíveis todos os caracteres não imprimíveis em um
documento, como espaços e quebras de
(CTRL + F10) parágrafo. Aparece com frequência em provas.

Dica do professor: O Microsoft Office preocupou-se em “traduzir” os comandos das

teclas de atalho para o português, o que não acontece com o LibreOffice.

Por exemplo, Abrir um documento no Microsoft Office é CTRL + A (abrir), enquanto no

LibreOffice é CTRL + O (open). Negrito, Itálico e Sublinhado são ativados com CTRL +
N, CTRL + I e CTRL + S no Microsoft Office, enquanto no LibreOffice utilizam-se CTRL
+ B (black), CTRL + I e CTRL + U (underline), respectivamente.

Uma rara exceção é a utilização de CTRL + B para salvar um arquivo no Microsoft Office
e CTRL + S (save) para salvar um arquivo no LibreOffice.

11 de 16
 Destaques do Menu

Menu Arquivo - Exportar como PDF

Menu Editar - Registrar alterações, que permite rastrear todas as

alterações que um documento sofre, por autor, data, e horário da alteração.

Menu Editar - Localizar e Substituir (CTRL + H)

Localizar e Substituir.

Expressões Regulares - mesmo papel que os “caracteres curinga”, que

são caracteres especiais utilizados para otimizar a busca.

12 de 16
 As expressões regulares mais comuns são:

Caractere Finalidade
* (asterisco) Localiza zero ou mais caracteres antes de "*". Por exemplo,
"Ab*c" localizará "Ac", "Abc", "Abbc", "Abbbc", e assim por
diante.
? (interrogação) Localiza zero ou um dos caracteres antes de "?". É como se o
caractere anterior à interrogação fosse “opcional”. Por
exemplo, "Textos?" localizará "Texto" e "Textos", e "x(ab|c)?y"
localizará "xy", "xaby" ou "xcy".
. (ponto) Representa qualquer caractere único, exceto uma quebra de
linha ou de parágrafo. Por exemplo, o termo de pesquisa
"sh.rt" retornará tanto "shirt" como "short".

Menu Ferramentas - Ortografia e Gramática (F7)

Menu Ferramentas - Idioma, é possível configurar múltiplos idiomas

para a correção ortográfica, o que facilita a vida do usuário que digita muitos
termos em inglês, por exemplo.

Calc - “Excel” do LibreOffice – planilhas eletrônicas.

Formato de arquivo principal - Open Document SpreadSheet (ODS).

Contudo, ele também é compatível com os formatos .xls e .xlsx da suíte
Microsoft Office.

Para referenciar uma célula em outra planilha, o Calc utiliza um ponto (.)
entre o nome da Planilha e o nome da célula. No Excel, utiliza-se uma
exclamação (!).

EXCEL CALC
NomedaPlanilha!nomeCelula NomedaPlanilha.nomeCelula

Destaques do Menu

Menu Formatar - Formatação Condicional, recurso de estilo importante

que analisa os valores dentro das células, para aplicar uma regra de formatação.

13 de 16
 Menu Ferramentas - Detetive - Rastrear Precedentes (SHIFT + F9) e
Rastrear Dependentes (SHIFT + F5).

Rastrear precedentes serve para, selecionada uma célula, saber quais

células ou intervalos a alimentam. Rastrear dependentes faz exatamente o
contrário: dada uma célula, informa quais outras células dependem dela.

Ao ativar Rastrear Precedentes em D8, vemos referência ao intervalo A3:A7. Afinal, D8 é um

somatório desse intervalo, o que pode ser conferido na Barra de Fórmulas, na mesma imagem.

Menu Dados - Filtros, recurso muito utilizado para filtrar a visualização

dos dados, em especial para planilhas com muitas informações, e para
Validação, utilizado quando deseja-se estabelecer critérios para a inserção de
dados em células ou intervalos.

14 de 16
 PRINCIPAIS FUNÇÕES

Calcula o total dos números inseridos.

=SOMA(num1;[num2];...)

=SE(condição; Analisa a condição. Se VERDADEIRA, retorna

valor_se_verdadeiro; o primeiro valor. Se FALSA, retorna o
segundo valor.
valor_se_falso) –
importante!

=SOMASE(intervalo; Dado um intervalo, ele verifica uma

condição: para as células do intervalo em
critérios;
que a condição seja verdadeira, ele realiza a
[intervalo_a_ser_somado]) soma no intervalo da soma correspondente.

Impress - “PowerPoint” do LibreOffice – apresentações.

Formato de arquivo principal - Open Document Presentation (ODP).

Contudo, ele também é compatível com os formatos .ppt e .pptx da suíte
Microsoft Office.

ABAS COM MODOS DE EXIBIÇÃO- O Impress disponibiliza para

visualização abas para a rápida alternância entre os modos de exibição, para que
ele possa interagir com a apresentação da forma que melhor lhe convier. São
modos parecidíssimos com os modos do Powerpoint, com sutis diferenças.

Principais modos:

Normal – modo clássico de utilização

Estrutura de Tópicos – nesse modo, a área

central da aplicação é substituída por uma estrutura
de tópicos, facilitando a visualização e modificação
do texto pelo usuário.

15 de 16
 Notas – idêntico ao modo Anotações do
PPT, apresenta os slides em “folhas de papel”,
para que o usuário escreva as anotações que
julgar pertinentes. É voltado para o usuário que
pretende imprimir neste modo.

Classificador de slides – análogo ao modo

Classificação de Slides do PPT, apresenta os
slides em miniaturas, para que o usuário
reorganize o posicionamento deles mais
facilmente.

Modo de Apresentação – F5 - guia Apresentação de Slides - exibe a

apresentação ao público-alvo.

Slide Mestre – O slide mestre, e seus layouts associados, controla a

aparência de todos os slides de uma apresentação, incluindo o tema, o
posicionamento dos textos, os elementos gráficos do plano de fundo e outros
elementos dos slides.

Guia Apresentação de Slides

Destaque para as Animação Personalizada e Transição de Slides,

disponíveis nesta Guia (além da barra lateral à direita da aplicação).

Acessando animações e transições, pela barra lateral.

16 de 16
 Questões de Concursos

1. Pode-se afirmar que a Unidade Central de Processamento (UCP) do computador

é um tipo de

a) Hardware.

b) Software.

c) Memória secundária.

d) Programa.

2. Um Pendrive utiliza a porta USB para a conexão com o microcomputador e é

constituído basicamente de memória do tipo

a) DNS.

b) ROM.

c) Dump.

d) PPoE.

e) Flash.

3. Qual o tipo de memória utilizada no computador para acesso aleatório, que

permite leitura e escrita de informações e é utilizada como memória primária em
sistemas eletrônicos digitais?

a) Memória ROM

b) Memória RAM

c) Memória Cache

d) Memória HD

4. O conjunto de programas responsáveis por fazer a interface entre o computador

e o usuário, além de gerenciar o hardware, é chamado:

a) sistema operacional.

b) microsoft office.

c) planilha de texto.

d) banco de dados.

1
e) gerenciador de mídia.

5. No Windows 7, em sua configuração padrão, a tecla de atalho que permite

atualizar a janela do Windows Explorer, no momento em que está ativa e
selecionada, é

a) F3.

b) F4.

c) F5.

d) F6.

e) ESC.

6. Um usuário movimentou de forma equivocada uma pasta chamada Alunos para

dentro de outra pasta chamada Funcionários. As teclas que devem ser
pressionadas simultânea e imediatamente após essa operação, para revertê-la e
restaurar a pasta Alunos para seu local de origem são

a) CTRL+C

b) CTRL+V

c) CTRL+Z

d) CTRL+A

e) CTRL+D

7. No Windows, a ferramenta que oferece recursos para instalação e desinstalação

de programas é:

a) Painel de Controle.

b) Gerenciador de Tarefas.

c) Programas Padrão.

d) Agendador de Tarefas.

e) Windows Explorer.

8. No Sistema Operacional Windows, o aplicativo, nativo do sistema operacional,

utilizado para o gerenciamento de arquivos e pastas é

a) Botão Iniciar.

b) Internet Explorer.

c) Painel de Controle.
2
d) Windows Explorer.

e) Wordpad.

9. Em relação às ferramentas de mídias sociais, correlacione as colunas a seguir:

Ferramenta de mídia social

I. Facebook

II. Instagram

III. Twitter

IV. Linkedin

Característica

( ) Rede social da categoria microblog.

( ) Rede social fundada por Mark Zuckerberg.

( ) Rede social de negócios, voltada principalmente para fins profissionais.

( ) Rede social focada principalmente no compartilhamento de fotos e vídeos.

Está CORRETA a seguinte sequência de respostas:

a) I, III, IV, II.

b) III, I, IV, II.

c) III, II, IV, I.

d) IV, I, II, III.

10. Em relação à tecnologia bluetooth, é correto afirmar que:

a) é utilizada em equipamentos para transmissão sem fio a longas distâncias .

b) é imune a interferências de equipamentos operando com frequências similares.

c) possui dificuldade para reconhecimento do tipo plug and play.

d) pode ser utilizada para criar uma rede pessoal sem fio (WPAN).

e) é pouco utilizada em equipamentos portáteis domésticos.

3
11. A diferença entre a internet e a intranet é que a intranet possui acesso restrito
a partir de uma rede privada, enquanto na internet o acesso é realizado a partir de
qualquer rede. Uma forma de acessar uma intranet a partir de um computador da
internet é utilizar o recurso de

a) FTP.

b) TCP.

c) VPN.

d) VLAN.

e) WLAN.

12. Com relação à segurança de redes sem fio, analise as afirmativas a seguir.

I. WEP é considerado uma técnica de chave compartilhada mais segura que WPA e
WPA2.

II. WPA2 utiliza AES como método de criptografia.

III. WPA2 é considerado uma técnica de chave compartilhada mais segura que
WPA.

Assinale:

a) se somente a afirmativa I estiver correta.

b) se somente a afirmativa III estiver correta.

c) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

d) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.

e) se todas as afirmativas estiverem corretas.

13. Qual comando pode ser utilizado (Sistemas operacionais Linux ou Windows)
para verificar se uma determinada máquina existe e está acessível através da
rede?

a) ping

b) ipconfig

c) ifconfig

d) call.

4
e) check

14. Os notebooks são exemplos de computadores conhecidos como:

a) Mainframes.

b) Microcomputadores.

c) Macrocomputadores.

d) Minicomputadores.

e) Desktop

15. Um pendrive é um exemplo de dispositivo:

a) De gravação.

b) Misto.

c) De saída.

d) De entrada.

16. No Word é a ferramenta que produz cartas, etiquetas de endereçamento,

envelopes, catálogos e outros tipos de documentos mesclados:

a) Macro

b) Mala direta

c) Envelopes e etiquetas

d) Modelos e suplementos

17. Como toda planilha, o MS-Excel permite que você insira diversos tipos de
dados, EXCETO:

a) Textos

b) Fórmulas

c) Digitais

d) Números

5
18. Tendo em vista as principais funções do Excel 2010, aquela que auxilia na
automatização de determinadas tarefas, otimizando o trabalho do usuário, recebe
o nome de:

a) Banco de dados.

b) Apresentação.

c) Macro.

d) Planilha.

e) Fórmula.

19. Qual alternativa apresenta informação CORRETA a respeito do tipo de rede

denominado Intranet?

a) Possui um acesso privado e restrito.

b) Apresenta informações gerais, públicas e promocionais.

c) Possui acesso provado e autorizado para parceiros externos.

d) Pode ser acessada por qualquer indivíduo com acesso “dial-up” ou por meio de
uma LAN.

e) É nova geração da internet, agora com acesso a páginas da Deep Web.

20. O aplicativo da Microsoft disponível para o armazenamento de arquivos em

nuvem, ou seja, online para a realização de cópias de segurança por exemplo é o:

a) Onedrive.

b) Backup office.

c) Drive online.

d) Dropbox.

6
DICA LEON CONCURSOS

A SUA BANCA GOSTA MUITO DE TECLAS DE ATALHO

FIQUE ATENTO !!!

Lista dos principais comandos de teclado

F1: para exibir a Ajuda

CTRL+C: para copiar o item selecionado
CTRL+X: para recortar o item selecionado
CTRL+V: para colar o item selecionado
CTRL+Z: para desfazer uma ação
CTRL+Y: para refazer uma ação
DELETE: para excluir o item selecionado e movê-lo para Lixeira
SHIFT+DELETE: para excluir o item selecionado sem movê-lo para a Lixeira
primeiro
F2: para renomear o item selecionado
CTRL+A: para selecionar todos os itens de um documento ou janela
F3: para procurar um arquivo ou uma pasta
ALT+ENTER: para exibir as propriedades do item selecionado
ALT+F4: para fechar o item ativo ou sair do programa ativo
ALT+TAB: para alternar entre itens abertos
CTRL+ALT+TAB: para usar as teclas de seta para alternar entre itens abertos
ALT+ESC: para percorrer os itens na ordem em que foram abertos
CTRL+ESC: para abrir o menu Iniciar
F10: para ativar a barra de menus no programa ativo
F5: para atualizar a janela ativa
ESC: Cancelar a tarefa atual
CTRL+SHIFT+ESC: Abrir o Gerenciador de Tarefas

7
 RESPOSTAS COMENTAS

1.

a) Hardware é a parte física do computador. Como exemplo de hardware podemos

citar: o teclado, o mouse e o processador (UCP) como foi mostrado na figura acima.
CORRETA

b) Software é a parte lógica do computador. Como exemplo de software podemos

citar: programas, arquivos e pastas. A UCP ou processador é um hardware, não
podendo ser classificada como software.
INCORRETA

c) Memória secundária é também conhecida como memória de volume ou de

massa. Essa memória é usada para armazenamento permanente dos dados.
Podemos citar como exemplo de memória secundária: HD ou disco rígido, CDs,
DVDs.Processador não pode ser classificada como memórias.
INCORRETA

d) Programa é um conjunto de instruções para um computador poder realizar uma

tarefa, não podemos classificar como uma unidade central de
processamento. Programa é software e não hardware como é classificado o
processador.
INCORRETA

Gabarito: Letra A

Vamos analisar a questão:

a) DNS (Domain Name System) é um protocolo ou programa responsável pelo

gerenciamento dos domínios de uma rede.
INCORRETA

b) ROM (Memory Only Read) é uma memória somente de leitura que vem nativa na
placa-mãe trazendo Firmwares (BIOS, POST, SETUP) para gerenciar a identificação,
o teste e a configuração de todos os componentes da placa-mãe.
INCORRETA

c) Dump (Despejo) é um despejo de memória, ou seja, jogar o lixo fora.

INCORRETA

d) PPoE (Point-to-Point) é um protocolo de rede usado para conectar usuários nas

rede Ethernet.
INCORRETA

8
e) A memória Flash refere-se a um tipo particular de EEPROM (siga em inglês para
"Memória Somente de Leitura Programável Apagável Eletricamente"). É nada mais
que um chip de memória de computador que mantém informações armazenadas
sem a necessidade de uma fonte de energia. Ela é frequentemente usada em
eletrônicos portáteis, tais como dispositivos de música digital (MP3), smartphones
e câmeras digitais, bem como nos dispositivos de armazenamentos removíveis (os
populares pendrives). Essa tecnologia também é usada para fazer o boot de
computadores, além de compor cartões de memória, modens e placas de vídeo.
CORRETA

Gabarito: Letra E

Certa: RAM - (Random Access Memory) armazena os programas e dados que o

usuário precisa utilizar, e o acesso à RAM é aleatório. Outra característica
da RAM é que ela é volátil: só armazena dados enquanto o computador
permanecer ligado, ou, em outras palavras, enquanto houver energia na RAM;
ao interromper o fornecimento de energia para a RAM todos os seus dados
serão perdidos, ou seja, apagados, e justamente por isto é que dizemos é que
ela é volátil.

GABARITO B

a) Sistema Operacional é o software básico do seu computador. É o responsável

pelo gerenciamento do hardware e software do seu computador.
CORRETA

b) Microsoft Office é um pacote ou uma suite de ferramentas. Esse pacote traz

programas usados no nosso computador, como, por exemplo:

WORD - Editor de Texto

EXCEL - Planilha Eletrônica e de Cálculo
POWER POINT - Apresentador Gráfico
INCORRETA

c) Planilha de texto - No padrão dos programas não existe planilha de texto e sim
editor de texto e planilha eletrônica.
INCORRETA

d) Banco de dados é um conjunto de arquivos relacionados entre si com registros

sobre pessoas. São coleções organizadas de dados que se relacionam de forma a
criar algum sentido (informação) e dar eficiência durante uma pesquisa ou estudo.
INCORRETA

e) O gerenciador de memória esta relacionado a duas tarefas essenciais: alocação

e reciclagem.
GABARITO A

9
 5

Vamos analisar as alternativas:

a) F3 serve para procurar um arquivo ou uma pasta no explorador de arquivos.

INCORRETA

b) F4 exibe a lista da barra de endereços no explorador de arquivos.

INCORRETA

c) F5 atualiza a janela atual.

CORRETA

d) F6 percorre elementos da tela de uma janela ou da área de trabalho.

INCORRETA

e) Para ou encerra a tarefa corrente.

INCORRETA

Gabarito: Letra C

Analisando as alternativas, temos que:

A - Errada: CTRL + C copia o que estiver selecionado para a Área de Transferência.

B - Errada: CTRL + V cola, ou seja, traz para o local atual o conteúdo da Área de
Transferência.

C - Certa: CTRL + Z desfaz a última ação executada.

D - Errada: no Windows Explorer, CTRL + A seleciona todos os objetos da pasta

aberta.

E - Errada: CTRL + D exclui o objeto selecionado.

Assim sendo, A RESPOSTA É A LETRA C.

Analisando as alternativas, temos que:

A - Certa: no Painel de Controle do Windows 7 há um ícone chamado Programas e

Recursos que permite desinstalar programas do computador. Além deste, através
de outros ícones é possível instalar programas, como é o caso do ícone
"Dispositivos e Impressoras", que permite instalar drivers de impressoras, e os
drivers são programas.

10
B - Errada: Gerenciador de Tarefas é um aplicativo que geralmente é acionado com
um programa "trava", ou seja, deixa de responder aos comandos do usuário. Neste
caso, usando a janela exibida, é possível selecionar o programa "travado" e clicar
no botão "Finalizar Tarefa", para encerrar a sua execução.

C - Errada: Programas Padrão é um recurso que permite definir os programas que

devem ser usados como padrão para abrir determinados tipos de arquivo.

D - Errada: Agendador de Tarefas é um recurso que que permite definir hora e

datapara que uma tarefa seja executada.

E - Errada: Windows Explorer é o gerenciador de arquivos e pastas do Windows.

Através dele é possível criar pastas, renomear, excluir, mover e copiar pastas e
arquivos para manter os arquivos organizados no HD e outros dispositivos de
armazenamento.

Assim sendo, A RESPOSTA É A LETRA A.

Analisando cada alternativa:

LETRA "A" - ERRADA. Botão iniciar é um menu. É a "porta de entrada" do Windows.

LETRA "B" - ERRADA. Internet Explorer é um navegador.

LETRA "C" - ERRADA. Painel de Controle é a seção do Windows focada em

configuração do sistema.

LETRA "D" - CORRETA. Falou em gerenciamento de arquivos e pastas já lembramos

do Windows Explorer.

LETRA "E" - ERRADA. Wordpad é o famoso Bloco de Notas, um editor de textos

simples.

GABARITO D

9.

( III ) Rede social da categoria microblog.

Comentário: microblog é uma forma de blog onde o usuário posta mensagens
curtas. Para ser considerado microblog a mensagem tem que ser limitada a 200
caracteres. O Twitter está na categoria microblog pois uma mensagem (tweet) pode
ter no máximo 140 caracteres.

( I ) Rede social fundada por Mark Zuckerberg.

11
Comentário: o Facebook foi fundado em 4 de fevereiro de 2014 por Mark
Zuckerberg. Em 2012, atingiu a marca de 1 bilhão de usuários ativos.

( IV ) Rede social de negócios, voltada principalmente para fins profissionais.

Comentário: segundo a página de ajuda do Linkedin
O LinkedIn é recurso online ideal para criar a sua rede profissional. Obtenha mais
informações sobre como gerenciar a sua identidade profissional, compartilhar
insights e ter acesso a oportunidades por meio do LinkedIn.
Assim, podemos perceber que essa rede social é focada para profissionais que
querem mostrar seus interesses de trabalho e também para encontrar um
emprego.

( II ) Rede social focada principalmente no compartilhamento de fotos e vídeos.

Comentário: segundo o site do Instagram, essa rede social é uma forma de
compartilhar sua vida com seus amigos por meio de uma série de imagens.

Gabarito: B.
10

Pessoal, quando falamos de bluetooth, nos remetemos à comunicação sem fio de

curta distância, certo?

Então vamos aos itens:

a) Conforme vimos, o correto é "curtas distâncias" e não longas. INCORRETO

b) Qualquer comunicação sem fio estará sujeita a interferência de outras

comunicações que ocorrem na mesma faixa de frequência. INCORRETO

c) Por ser um padrão amplamente utilizado, atualmente, os dispositivos já são

capazes de interpretar o dispositivo e o protocolo de comunicação e instalar
automaticamente o que for necessário, estando pronto para uso da maneira mais
rápida e simples possível. INCORRETO

d) Sem dúvida é uma forma de implementação de redes do tipo WPAN, assim como
o protocolo ZIGBEE, um outro exemplo. CORRETO

e) Muito pelo contrário, certo pessoal? Quantos de nós já transferiram fotos ou

documentos por intermédio do bluetooth em nossos celulares, tablets ou
notebooks. INCORRETO

Desse modo, temos como gabarito a alternativa D.

12
 11

Com base no exposto, comento as alternativas:

a) Item errado. File Transfer Protocol (FTP) é um protocolo para a transferência de

arquivos, permitindo o envio em ambas as direções entre um cliente e um servidor.

b) Item errado. O TCP é um protocolo da camada de transporte, segundo o modelo

OSI. Seu objetivo é oferecer uma conexão confiável fim a fim. Dessa forma, o TCP
oferece garantias de ordenação e recebimento de segmentos, entre outros
recursos. O UDP também estabelece um mecanismo de comunicação fim a fim mas
não fornece garantias de confiabilidade, ordenamento ou regulação de fluxos como
o TCP.

c) Item correto. Virtual Private Networks (VPNs) ou Redes virtuais privadas devem
fornecer confidencialidade, autenticidade e integridade a seus usuários. Esses
princípios garantem que o tráfego de dados entre duas pontas seja mantido seguro.
Uma VPN permite que usuários em localidades distantes de uma rede privada
possam acessar essa rede de maneira segura, logo, é uma forma de acessar uma
intranet a partir da internet.

d) Item errado. Uma Virtual Local Area Network (VLAN) é uma rede com
propriedades semelhantes a uma LAN, mas que pode compartilhar uma mesma
rede de camada 2 para formar diferentes redes de camada 3 isoladas. Isso quer
dizer que em um mesmo switch de rede podem coexistir diversas redes virtuais,
sendo que cada uma necessita de um roteador para encaminhar pacotes entre as
demais. Essa característica permite a segmentação de uma rede de camada 2 em
múltiplos domínios de broadcast, ao mesmo tempo que permite que uma mesma
rede envolva mais de um switch, que podem estar distantes fisicamente.

e) Item errado. Wireless LAN é o termo geral que engloba todas as tecnologias que
permitem a formação de redes locais através de mídia sem-fio, sendo a família
IEEE 802.11 a mais conhecida.

GABARITO C

12

Vamos analisar a questão:

I - WEP:
O algoritmo de segurança mais usado do mundo foi criado em 1999 e é compatível
com praticamente todos os dispositivos WiFi disponíveis no mercado. Justamente
por ser tão popular, é também o mais sujeito a falhas de segurança e o que possui
mais buracos conhecidos. O padrão WEP se torna mais inseguro à medida que o
poder de processamento dos computadores aumenta. Por ser um sistema de
segurança de 128 bits (fator que define os caracteres possíveis, ou seja, o número
máximo de combinações de senha), é possível descobrir a palavra-passe de uma
rede WiFi desse tipo em poucos minutos por meio de um software de
ataques. Quando o WEP saiu de circulação, o WPA entrou em seu lugar como o

13
protocolo-padrão da indústria. Adotado formalmente em 2003, a novidade trazia
encriptação 256 bits e uma segurança muito maior para as redes.
Podemos observar que o WEP não é considerado uma técnica mais segura que o
WPA e o WPA2, sendo inclusive, uma técnica mais antiga e ultrapassada que as
demais.
INCORRETA

II - WPA2:
O sistema-padrão atual e também o mais seguro, implementado pela Wi-Fi Alliance
em 2006. A diferença aqui é a maneira como o sistema lida com senhas e
algoritmos, excluindo completamente a possibilidade de um ataque de força bruta.
Sendo assim, esse é o tipo mais seguro da atualidade. Segundo especialistas, o
risco de intrusões para usuários domésticos com WPA2 é praticamente zero. Isso
se deve a duas outras siglas incompreensíveis. O AES (Advanced Encryption
Standard), um novo padrão para a segurança das informações, e o CCMP (Counter
Cipher Mode), um mecanismo de encriptação que protege os dados que passam
pela rede.
Podemos observar que o WPA2 usa como método de criptografia o AES, que é uma
forma bem segura de segurança.
CORRETA

III - WPA2 é considerado uma técnica de chave compartilhada mais segura que
WPA
Quando o WEP saiu de circulação, o WPA entrou em seu lugar como o protocolo-
padrão da indústria. Adotado formalmente em 2003, a novidade trazia encriptação
256 bits e uma segurança muito maior para as redes. Além disso, sistemas de
análise de pacotes – para verificar alterações e invasões – e outras ferramentas
foram implementadas para melhorar a segurança. O problema aqui é que a
arquitetura WPA foi produzida de forma a não tornar os dispositivos WEP obsoletos,
e sim atualizáveis. Com isso, uma série de elementos do protocolo antigo foi
reaproveitada e, com ela, diversos dos problemas do antecessor também
acabaram presentes na nova versão. A descoberta de senhas por meio de
processamento também é uma ameaça aqui, mas não acontece exatamente da
mesma maneira que no antecessor. Em vez de usar a força bruta para descobrir
senhas, os criminosos podem atingir sistemas suplementares, herdados do
protocolo WEP, que servem para facilitar a configuração e conexão entre
dispositivos antigos e modernos.
O WPA foi o substituto do WEP, mas continuaram as falhas por terem aproveitado
uma série de elementos do protocolo antigo (WEP) e, para resolver esse problema
de segurança, foi lançado o WPA2 que é o mais seguro da atualidade.
CORRETA

Os itens corretos são II e III que estão na alternativa C

Gabarito: Letra C

14
 13

Vamos analisar as alternativas:

a) Ping é um comando do Prompt (Windows) usado para testar a capacidade do

computador de origem para alcançar um computador de destino especificado. O
comando ping geralmente é usado como uma maneira simples de verificar se um
computador pode se comunicar através da rede com outro computador ou
dispositivo de rede.
CORRETA

b) Ipconfig é um utilitário que permite que você obtenha as informações de

endereço IP de um computador Windows. Também permite algum controle sobre
conexões TCP / IP ativas.
INCORRETA
c) Ifconfig é um comando do Linux usado para configurar uma interface de rede.
INCORRETA
d) Call (Windows) serve para chamar um programa de lote de outro, ou chamar uma
sub-rotina.
INCORRETA
e) Não existe esse comando.
INCORRETA

Gabarito: Letra A

14

Microcomputador. Um microcomputador é um computador, caracterizada pela

presença de um único microprocessador. Ele tem dimensões e capacidade
computacional limitado.

GABARITO B

15

Dispositivo de entrada são os dispositivos que fornecem dados para operações num
programa de computador ou que fornecem informação ao computador. Permite a
comunicação do usuário com o computador. ... Dispositivo mistos são
osdispositivos que tanto têm as funções dos dispositivos de entrada como as dos
de saída.

GABARITO B

15
 16

Analisando as alternativas, temos que:

A – Macro

Errada: Macro é um arquivo que contém comandos do aplicativo para permitir

que tarefas executadas de forma recorrente sejam automatizadas, ou seja, possam
ser executadas quantas vezes o usuário desejar. Depois de criada, ela pode
ser editada para que sejam efetuadas alternações na maneira como a macro
funciona. Macros permitem combinar e automatizar comandos.

B – Mala direta

Certa: Mala direta é um recurso de editores de texto que facilita a emissão de

cartas para uma grande quantidade de destinatários: é possível criar um banco de
dados, contendo nomes e endereços, e a carta padrão. Este
recurso automaticamente insere o nome de cada destinatário na carta e cria
envelopes e/ou etiquetas com os respectivos endereços.

C – Envelopes e etiquetas

Errada: envelopes e etiquetas são ferramentas da guia Correspondências, através

da qual é possível criar mala direta, e servem apenas para criar e imprimir
envelopes e etiquetas respectivamente, mas não cartas, catálogos nem
documentos mesclados.

D – Modelos e suplementos

Errada: segundo o suporte da Microsoft (https://support.office.com/pt-

br/article/carreg...):
Os modelos podem armazenar estilos, entradas de AutoTexto, entradas de
AutoCorreção, macros, barras de ferramentas, configurações de menu
personalizadas e teclas de atalho. Carregar um modelo o disponibiliza como um
modelo global que pode ser usado enquanto trabalha com documentos baseados
em qualquer outro modelo.

Suplementos são programas suplementares que podem ser instalados para

estender os recursos do Microsoft Office Word adicionando comandos
personalizados e recursos especializados. Um exemplo de um programa
suplemento pode ser um programa criado e distribuído pelo departamento de TI da
sua empresa para realçar nomes de empresa em qualquer documento que abrir no
seu computador.
Como vemos acima, modelos e suplementos não contêm recursos suficientes para
a criação de mala direta.

Assim sendo, A RESPOSTA É A LETRA B.

16
 17

Uma planilha é uma tabela eletrônica composta por linhas e colunas, na qual cada
linha possui um número, e cada coluna uma ou mais letras. O quadrilátero
resultante da interseção de uma linha com uma coluna é denominado célula, na
qual podem ser inseridos dados os quais, na maioria das vezes, são números, mas
também podem ser fórmulas, textos, datas e outros tipos de dados, mas não se
pode inserir "digitais".

Assim sendo, A RESPOSTA É A LETRA C.

18

Analisando as alternativas, temos que:

A – Banco de dados.

Errada: no Excel não há uma ferramenta com o nome específico de "Banco de

Dados", muito embora as planilhas possam armazenar dados de vários tipos
diferentes, e podem ser usadas como tal. O aplicativo do pacote MS Office que tem
a função específica de gerenciamento de banco de dados é o Access.

B – Apresentação.

Errada: no Excel não há uma ferramenta com o nome específico de "apresentação",

que é o nome dado a uma sequência de slides criados através do PowerPoint,
aplicativo do pacote MS Office com a finalidade de criar apresentações em
multimídia.

C – Macro.

Certa: Macro é um arquivo que contém comandos de aplicativos de escritório, para

permitir que tarefas executadas de forma recorrente sejam automatizadas, ou
seja, possam ser executadas indefinidamente. Depois de criada, a macro pode
ser editada para que sejam efetuadas alterações na maneira como ela funciona.
Macros são criadas através da linguagem VBA (Visual Basic for Applications), que é
uma linguagem de programação baseada na linguagem BASIC.

D – Planilha.

Errada: planilha é o nome dado a uma tabela eletrônica composta por células, nas
quais são inseridos os dados.

E – Fórmula.

Errada: fórmula é um conjunto de operações aritméticas que permitem a obtenção

de um resultado.

Assim sendo, A RESPOSTA É A LETRA C.

17
 19

Intranet é uma rede privada, pertencente a uma empresa (ou a uma residência), de
acesso restrito a seus membros, que utiliza os mesmos padrões e protocolos da
Internet, tais como http, tcp, ip, smtp, pop3, etc. Assim, os mesmos programas
utilizados na Internet podem também ser aplicados à Intranet.

Analisando as alternativas, temos que:

A – Possui um acesso privado e restrito.

Certa: intranet é uma rede privada, ou seja, possui um dono (normalmente uma
empresa), e o acesso a seus recursos só é permitido aos membros da rede, ou
seja, o acesso é restrito.

B – Apresenta informações gerais, públicas e promocionais.

Errada: a intranet contém informações da organização à qual pertence, e tais

informações podem ser gerais e promocionais, mas não são públicas, ou
seja,apenas membros da rede têm acesso aos recursos da rede.

C – Possui acesso provado e autorizado para parceiros externos.

Errada: o acesso a uma intranet é privado, ou seja, permitido apenas a membros

da rede, sem acesso a parceiros externos - o que é viabilizado através de uma
extranet, mas isto não foi citado no enunciado.

D – Pode ser acessada por qualquer indivíduo com acesso “dial-up” ou por meio de
uma LAN.

Errada: o acesso à uma intranet é restrito a seus membros, independentemente da

tecnologia que se use para acessá-la.

E – É nova geração da internet, agora com acesso a páginas da Deep Web.

Errada: intranet é uma rede local, e não uma "nova geração da Internet", e muito
menos "com acesso a páginas da Deep Web".

A Internet tem um conteúdo muito maior do que mecanismos de busca como

o Google, o Yahoo e o Bing são capazes de nos mostrar. Na verdade, eles
conseguem nos mostrar uma parte muito pequena da imensidão da Internet, como
se fosse apenas a ponta de um iceberg - algo em torno de 4% do conteúdo total. O
resto dos dados desta imensa rede corresponde ao que é conhecido como Deep
Web (Internet Profunda), que exige métodos específicos para ser acessada e que é
capaz de proporcionar certo grau de anonimato para seus usuários. Estima-se que
a Deep Web seja 500 vezes maior do que a Web que conhecemos.

Assim sendo, A RESPOSTA É A LETRA A.

18
 20

Backup é um procedimento através do qual são criadas cópias de arquivos de

dados importantes que poderão ser recuperadas caso aconteça algum imprevisto
com os arquivos originais. Para maior segurança é sempre recomendável que as
cópias sejam armazenadas em locais diferentes dos arquivos originais. Se as
cópias estiverem no mesma unidade dos originais, e este dispositivo sofrer um
defeito, tanto os originais quanto as cópias serão perdidos; se as cópias estiverem
em diretórios fisicamente distintos, ou seja, em outra unidade, as cópias não serão
perdidas caso a unidade onde estejam os originais sofra uma pane.

Analisando as alternativas, temos que:

A – Onedrive.

Certa: OneDrive, que é um recurso da Microsoft para armazenamento gratuito na

Internet, o que permite que estes dados sejam acessados de qualquer dispositivo
(em qualquer lugar do mundo) e compartilhados. O OneDrive instala um aplicativo
na máquina do usuário que permite o gerenciamento através de pastas.

B – Backup office.

Errada: não há recurso na nuvem da Microsoft com esta nomenclatura.

C – Drive online.

Errada: não há recurso na nuvem da Microsoft com esta nomenclatura.

D – Dropbox.

Errada: Dropbox é um recurso de cloud storage, ou seja, permite o armazenamento

de arquivos se seus clientes em seus servidores, que podem ser acessados através
da Internet. Não se trata, portanto, de um software específico que possa ser
classificado pela sua forma de distribuição. É um concorrente do OneDrive,
e pertence a uma empresa denominada Dropbox Inc.

Assim sendo, A RESPOSTA É A LETRA A.

19
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PREFEITURA MUNICIPAL DE AÇAILÂNDIA
Av. Santa Luzia Km 04, s/n, Parque das Nações
GABINETE DO PREFEITO
LEI MUNICIPAL Nº 357, DE 05 DE MAIO DE 2011

Dispõe sobre o Plano de Cargos, Carreira e

Remuneração, define a Política de Valorização
Funcional dos Servidores Públicos da Prefeitura
Municipal de Açailândia/MA, e determina outras
providências.

O Prefeito Municipal de Açailândia - MA, no uso de suas atribuições

legais e constitucionais, faço saber que a Câmara Municipal de Açailândia, Estado do Maranhão,
aprovou e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPITULO I
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º A Política de Administração e Remuneração do Quadro de Pessoal da Prefeitura

Municipal de Açailândia reger-se-á por princípios constitucionais, diretrizes nacionais para instituição
de planos de carreira, pelas normas do Estatuto do Servidor Público Municipal, e demais
regramentos que complementem a presente Lei.

Parágrafo único. O Plano de Cargos, Carreira e Remuneração dos Servidores do

Magistério Municipal é regido por Lei específica.

Art. 2º O regime jurídico dos servidores enquadrados neste plano é o Estatutário.

Art. 3º O Plano de Cargos, Carreira e Remuneração dos Servidores Públicos da Prefeitura

Municipal de Açailândia tem por objetivo garantir a valorização de seus profissionais mediante:

I – ingresso nos cargos da parte permanente exclusivamente por concurso público de

provas ou provas e títulos;

II – fixação de padrões e critérios de Promoção Funcional e Progressão Salarial dos

profissionais, possibilitando o reconhecimento da qualificação e desempenho profissional;

III – subsídios em harmonia com os padrões legais, atendidos os critérios de evolução dos
profissionais e as peculiaridades do serviço público desempenhado;

IV – estímulo ao aperfeiçoamento, à especialização e atualização, com vistas à melhoria

do desempenho e da qualidade dos serviços prestados à população do Município e de suas
condições de trabalho;
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V – garantia do desenvolvimento na carreira de acordo com o tempo de serviço, avaliação
de desempenho satisfatória e aperfeiçoamento profissional;

VI – isonomia de vencimento para cargos de atribuições iguais ou assemelhadas,

ressalvadas as vantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou local de trabalho.

Art. 4º A Política de Administração e Remuneração de Pessoal tem como diretrizes:

I – manter os Servidores motivados, estimulando sua competência profissional e a

eficiência institucional das unidades organizacionais;

II – conservar o custo de pessoal dentro das possibilidades e limitações econômicas e

financeiras do Município;

III - fundamentar os mecanismos de Gestão de Recursos Humanos, baseada nos

princípios de valorização pelo desempenho profissional, eficácia na busca de resultado e qualidade
dos serviços prestados;

IV – realizar o agrupamento de cargos, seguindo a natureza e a complexidade de suas

atribuições, definindo suas quantidades e conteúdos ocupacionais;

V – uniformizar a nomenclatura ocupacional descrevendo as atribuições dos cargos, bem

como os requisitos mínimos exigidos de seus ocupantes;

VI – estabelecer um sistema de remuneração de pessoal com a fixação dos vencimentos

e dos demais componentes remuneratórios, de forma a manter a isonomia salarial dos cargos da
mesma natureza, grau de responsabilidade, complexidade e requisitos para a investidura;

VII – estimular o servidor a buscar seu desenvolvimento através de oportunidades

educacionais, treinamentos, aperfeiçoamentos e especializações nas áreas equivalentes às
atribuições do cargo de provimento.

Art. 5º Como mecanismo de Gestão de Recursos Humanos fica instituída a Estrutura

Ocupacional, que poderá ser revista em razão de:

I – alterações na estrutura organizacional pelo Poder Executivo Municipal;

II – fatores econômicos e/ou sociais;

III – alterações na Legislação concernente a Recursos Humanos.

Art. 6º A Estrutura Ocupacional é composta por cargos dispostos em Grupos

Ocupacionais, Carreiras e Classes, segundo a sua natureza, grau de responsabilidade e
complexidade de suas características ocupacionais, requisitos para a investidura, peculiaridades a
eles inerentes e funções gerenciais.
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CAPITULO II
DA CONCEITUAÇÃO

Art. 7º Para os efeitos desta Lei adotam-se as seguintes definições:

I – quadro de pessoal: conjunto de Cargos Públicos de Carreira, Cargos Públicos

Isolados e Cargos de Provimento em Comissão existentes na Prefeitura Municipal de Açailândia;

II – cargo efetivo: conjunto de atribuições e responsabilidades que se cometem a um

servidor, criado por lei, com denominação própria, atribuições específicas, número certo de vagas e
vencimento pago pelos cofres públicos municipais, provido por concurso público de provas e/ou de
provas e títulos;

III - cargo em comissão: cargo de confiança criado por lei, com denominação própria,
atribuições de direção, chefia e assessoramento, número certo de vagas e vencimento pago pelos
cofres públicos municipais, provido em caráter transitório, de livre nomeação e exoneração pelo
Chefe de Poder Executivo Municipal, a ser preenchido também por servidor público de carreira nos
casos, condições e percentual mínimo estabelecido em lei;

IV - função de confiança: criada por lei, de livre nomeação e exoneração ad nutum,

constitui em vantagem pecuniária, de caráter transitório, conferidas somente ao servidor efetivo para
atribuições de direção, chefia e assessoramento;

V – cargo público isolado: aquele que não constitui carreira;

VI – servidor público: indivíduo legalmente investido em cargo público de provimento

efetivo ou em comissão;

VII – classe: graus dos cargos públicos, hierarquizados em carreira, que representam as
perspectivas de desenvolvimento funcional na escala de vencimento;

VIII – grupo ocupacional: conjunto de cargos públicos isolados ou de carreira com

afinidade, quanto à natureza do trabalho ou ao grau de escolaridade exigido para seu desempenho;

IX – nível: símbolo atribuído ao conjunto de cargos públicos equivalentes quanto ao grau

de dificuldade, complexidade e responsabilidade, visando determinar a faixa de vencimentos a ele
correspondente;

X – referência: escala de vencimento que indica a posição do ocupante do cargo dentro

da carreira;

XI – vencimento: corresponde à base da remuneração do cargo efetivo;

XII – remuneração: vencimento do cargo efetivo acrescido das vantagens e gratificações

estabelecidas em Lei;
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XIII – interstício: lapso de tempo estabelecido como o mínimo necessário para que o
servidor público efetivo se habilite à progressão ou à promoção;

XIV – enquadramento: posicionamento do servidor em determinado cargo, nível, classe e

vencimento, após análise da situação jurídico-funcional, atendidos os critérios estabelecidos nesta
Lei.
XV - Sistema Único de Saúde (SUS): conjunto de ações e serviços de saúde prestados
por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da administração direta e indireta
e das fundações mantidas pelo poder público, incluídas nesse conceito as instituições de controle
de qualidade, pesquisa e produção de insumos, medicamentos, sangue, hemoderivados e
equipamentos para saúde;

XVI - profissionais de saúde: todos aqueles que, em exercício no setor saúde, detém
formação profissional específica ou qualificação prática ou acadêmica para o desempenho de
atividades ligadas direta ou indiretamente ao cuidado ou às ações de saúde;

XVII - trabalhadores de saúde: todos aqueles que se inserem direta ou indiretamente na

atenção à saúde nos estabelecimentos de saúde ou nas atividades de saúde, podendo deter ou não
formação específica para o desempenho de funções atinentes ao setor;

XVIII - trabalhadores do SUS: todos aqueles que se inserem direta ou indiretamente na

atenção à saúde nas instituições que compõem o SUS, podendo deter ou não formação específica
para o desempenho de funções atinentes ao setor;

XIX - carreiras unificadas do SUS: conjunto de planos de carreiras dos órgãos e

instituições integrantes do SUS, elaborados com observância das diretrizes fixadas neste Plano;

XX - plano de carreira: conjunto de normas que disciplinam o ingresso e instituem

oportunidades e estímulos ao desenvolvimento pessoal e profissional dos trabalhadores de forma a
contribuir com a qualificação dos serviços prestados pelos órgãos e instituições, constituindo-se em
instrumento de gestão da política de pessoal;

XXI – carreira: trajetória do trabalhador desde o seu ingresso no cargo ou emprego até o
seu desligamento, regida por regras específicas de ingresso, desenvolvimento profissional,
remuneração e avaliação de desempenho.

Art. 8º Os cargos públicos da Parte Permanente do Quadro de Pessoal estão distribuídos

por Grupos Ocupacionais no Anexo I e descritos no Anexo III, e serão preenchidos consoante
conveniência e oportunidade da Prefeitura Municipal, observada a dotação orçamentária.

Parágrafo único. Os Cargos Públicos de que trata o caput deste artigo integram os
seguintes Grupos Ocupacionais:

I - administrativo;

II - saúde;
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III – sócio-educacional;

IV – urbanístico-ambiental; e,

V – fiscalização municipal.

CAPITULO III
DO PROVIMENTO E DESENVOLVIMENTO NA CARREIRA

SEÇÃO I
DO INGRESSO NA CARREIRA

Art. 9º São requisitos básicos para investidura em cargo público de carreira da Prefeitura
Municipal de Açailândia:

I – aprovação em concurso público de provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem

de classificação e o prazo de validade do mesmo;

II – idade mínima de 18 (dezoito) anos;

III – nacionalidade brasileira;

IV – gozo dos direitos políticos;

V – regularidade com as obrigações eleitorais e, se do sexo masculino, com as militares;

VI – nível de escolaridade exigido para o desempenho do cargo, comprovado mediante

apresentação da documentação pertinente;

VII – aptidão física e mental comprovada em prévia inspeção médica oficial;

VIII – idoneidade moral, comprovada mediante Certidão de Bons Antecedentes;

IX – habilitação legal para o exercício de profissão regulamentada.

§ 1º As atribuições do cargo podem justificar a exigência de outros requisitos, desde que

estabelecidos em Lei e previstos no Edital do Concurso.

§ 2º Serão reservadas vagas às pessoas portadoras de deficiência, no percentual

estabelecido em Lei, para o respectivo cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência
de que são portadoras.

Art. 10 O provimento dos cargos integrantes do Anexo I desta Lei será autorizado por ato
do Prefeito Municipal, mediante solicitação dos Secretários Municipais, desde que haja vaga,
dotação orçamentária para atender às despesas dele decorrentes.
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SEÇÃO II
DO CONCURSO PÚBLICO

Art. 11 O ingresso no Quadro de Pessoal Permanente da Prefeitura Municipal de

Açailândia/MA dar-se-á por concurso público de provas ou de provas e títulos.

§ 1º O concurso público terá validade de 02 (dois) anos, podendo ser prorrogado uma
única vez, por igual período.

§ 2º O prazo de validade do concurso, as condições de sua realização e os requisitos a

serem satisfeitos pelos candidatos serão estabelecidos em Edital a ser fixado na sede da Prefeitura
e publicado em órgão oficial de imprensa ou em periódico de grande circulação no Município de
Açailândia.

§ 3º O Edital de convocação para o concurso público poderá regulamentar a realização

deste em etapas.

§ 4º Não será convocado candidato classificado em novo concurso público, enquanto o

cargo puder ser ocupado por servidor em disponibilidade ou por candidato aprovado em concurso
anterior, com prazo de validade não expirado.

Art. 12 Além das normas gerais, os concursos públicos poderão ser regidos por instruções
especiais, que farão parte do Edital, respeitando, sempre, o princípio da publicidade.

Art. 13 Do Edital do concurso público deverão constar, entre outros, os seguintes

requisitos:

I – o número de vagas existentes para cada cargo;

II – o conteúdo programático para cada cargo;

III – o desempenho mínimo exigido para aprovação;

IV – os critérios de avaliação dos títulos, se aplicável;

V – o caráter eliminatório ou classificatório de cada etapa do concurso;

VI – o nível de escolaridade exigido;

VII – a carga horária de trabalho;

VIII – o vencimento mensal.

Art. 14 Durante o certame será assegurado ao candidato à ampla defesa e contraditório.

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Art. 15 O servidor aprovado em concurso público e nomeado para o cargo será efetivado
após 03 (três) anos de estágio probatório, cujo desempenho será avaliado por Comissão instituída
para essa finalidade.

Art. 16 O ingresso na carreira deverá ocorrer na classe inicial e no primeiro grau de

vencimento do cargo, permanecendo durante a vigência do estágio probatório.

Art. 17 Quanto à forma de provimento, os cargos públicos da Prefeitura Municipal de

Açailândia-MA, são classificados em:

I – cargos efetivos; e,

II – cargos em comissão.

CAPITULO IV
DOS CARGOS DE PROVIMENTO EFETIVO

Art. 18 Os cargos de provimento efetivo constantes do Anexo I desta Lei serão providos
por nomeação, precedida de aprovação em concurso público, de provas ou de provas e títulos.

Art. 19 O provimento dos cargos efetivos deverá ser feito mediante rigorosa observância
dos requisitos básicos e específicos indicados nesta Lei.

Art. 20 Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável ficará em

disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado
aproveitamento em outro cargo.

CAPÍTULO V
DOS CARGOS DE PROVIMENTO EM COMISSÃO

Art. 21 Os cargos em comissão são de livre nomeação e exoneração por ato do Chefe do
Executivo Municipal, destinados às atribuições de direção, chefia e/ou assessoramento e
regulamentados em Lei específica.

Parágrafo único. Dos cargos em comissão fica destinado no mínimo 30% (trinta por
cento) das vagas aos servidores efetivos.

Art. 22 A exoneração de cargo em comissão dar–se–á:

I – a juízo do Chefe do Executivo Municipal;

II – a pedido do próprio servidor.

Art. 23 São assegurados a todos os servidores efetivos designados para cargos em

comissão, o instituto da promoção funcional.
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CAPÍTULO VI
DAS FUNÇÕES DE CONFIANÇA

Art. 24 Para efeito desta Lei, função de confiança é a designação de servidor efetivo, em
caráter transitório, para atuar nas unidades organizacionais da Prefeitura Municipal de Açailândia,
exercendo atribuições temporárias de direção, chefia e/ou assessoramento.

Art. 25 É vedada a acumulação remunerada de 02 (duas) ou mais funções de confiança.

Art. 26 As funções de confiança e seus respectivos quantitativos, símbolos e valores são

aqueles fixados em Lei Municipal.

Parágrafo único. A designação para a função de confiança será por ato do Chefe do
Executivo Municipal, sendo exclusiva sua ocupação por servidores do quadro efetivo.

Art. 27 O servidor exonerado da função de confiança voltará a receber o vencimento do

cargo efetivo.

Art. 28 São assegurados a todos os servidores designados para funções de confiança, o

instituto da promoção funcional.

CAPÍTULO VII
DA CESSÃO DO SERVIDOR

Art. 29 O servidor público municipal poderá ser cedido para outro órgão ou instituição em
qualquer esfera de governo.

Art. 30 O órgão ou instituição cessionária poderá pagar diretamente ao servidor cedido

gratificações ou indenizações.

Art. 31 Para o cedente, o período da cessão do servidor será computado como tempo de
serviço.

Parágrafo único. A Avaliação de Desempenho Funcional do servidor cedido será

realizada pelo cedente, de acordo com o previsto nesta Lei.

CAPITULO VIII
DO ESTÁGIO PROBATÓRIO

Art. 32 Para adquirir estabilidade no serviço público municipal, o servidor nomeado para
cargo de provimento efetivo, submeter-se-á ao estágio probatório pelo prazo de 03 (três) anos a
contar da data da posse.
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Art. 33 O servidor em estágio probatório terá seu desempenho acompanhado e avaliado,
anualmente por comissão especialmente constituída para essa finalidade.

Art. 34 Cabe à Secretaria Municipal de Administração garantir os meios necessários para

o acompanhamento e avaliação dos servidores em estágio probatório.

Art. 35 Durante o período de estágio probatório, o servidor não poderá se afastar do

exercício de sua respectiva função, salvo em caso de nomeação para cargo em comissão.

Art. 36 O estágio probatório ficará suspenso na hipótese das seguintes licenças:

I – para acompanhar cônjuge ou companheiro, que também seja servidor público civil ou
militar, pelo período previsto na legislação em vigor;

II – para ocupar cargo público eletivo.

Parágrafo único. O estágio probatório será retornado a partir do término das licenças de
que trata este artigo.

Art. 37 Durante o estágio probatório, o servidor no exercício das atribuições específicas

do cargo, deverá satisfazer os seguintes requisitos:

I - assiduidade;

II - capacidade de iniciativa;

III - disciplina;

IV - produtividade;

V - responsabilidade; e,

VI - idoneidade.

§ 1º Será exonerado após Processo Administrativo, o servidor que não satisfazer os

requisitos do estágio probatório, garantido o direito à ampla defesa.

§ 2º Durante o período probatório o servidor poderá apresentar documentações de

qualificação profissional e se deferido o pedido de promoção funcional será enquadrado na
referencia de sua habilitação, tão logo adquira a estabilidade.

§ 3º O servidor público estável, poderá perder o cargo, mediante:

I – Processo Administrativo, que lhe seja assegurado contraditório e ampla defesa;

II – procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma desta Lei, sendo-lhe

assegurada ampla defesa;
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III - sentença judicial transitada em julgado.

CAPITULO IX
DO DESENVOLVIMENTO NA CARREIRA

Art. 38 O Desenvolvimento na carreira dar-se-á por:

I – promoção funcional;

II – progressão salarial.

SEÇÃO I
DA PROMOÇÃO FUNCIONAL

Art. 39 A promoção funcional é a mudança do servidor de uma classe para outra de grau
superior dentro da mesma carreira, implicando em melhoria salarial e tendo por base a formação
estabelecida nesta Lei.

Art. 40 Os servidores dos Grupos Ocupacionais de Nível Superior, Nível Médio e de Nível
Fundamental serão promovidos por classes, consoante grau de escolaridade.

§ 1º Os Grupos Ocupacionais de Nível Superior serão compostos pelas classes A, B, C e

D, os de Nível Médio, pelas classes A, B, C, D, E, F e G, e os de Nível Fundamental serão
compostos pelas classes A, B, C, D e E, obedecendo obrigatória e cumulativamente as seguintes
condições:

I - nível superior

a) classe A: Início de carreira - Graduação e inscrição no órgão de classe;

b) classe B: Conclusão de Pós-Graduação (Especialização);

c) classe C: Conclusão de Mestrado;

d) classe D: Conclusão de Doutorado.

II – nível médio:

a) classe A: Início de carreira – Ensino Médio Completo;

b) classe B: Conclusão de Cursos Específicos ou que tenham afinidades com as

atribuições do cargo efetivo, cuja soma das cargas horárias seja de, no mínimo, 180 (cento e
oitenta) horas;
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c) classe C: Conclusão de Cursos Técnicos Específicos ou que tenham afinidades com as
atribuições do cargo efetivo;

d) classe D: Conclusão de Curso Superior;

e) classe E: Conclusão de Pós – Graduação (Especialização);

f) classe F: Conclusão de Mestrado;

g) classe G: Conclusão de Doutorado.

III – nível fundamental:

a) classe A: Início de carreira – Ensino Fundamental Incompleto;

b) classe B: Conclusão do Curso Fundamental;

c) classe C: Conclusão de Cursos Específicos ou que tenham afinidades com as

atribuições do cargo efetivo, cuja soma das cargas horárias seja de, no mínimo, 180 (cento oito)
horas;

d) classe D: Conclusão do Ensino Médio;

e) classe E: Conclusão de Curso Superior.

§ 2º Os cursos de qualificação e/ou aperfeiçoamento profissional deverão ser

obrigatoriamente reconhecidos por instituições legalmente autorizadas e obedecerão ao critério de
afinidade com as atribuições do cargo efetivo do servidor.

§ 3º A mudança de classe na forma estabelecida no artigo anterior, não dá ao servidor o

direito de atuar em cargo diferente daquele em que foi investido.

§ 4º O servidor público pertencerá à respectiva classe/referência inicial, enquanto perdurar

o estágio probatório.

§ 5º Nenhum servidor público será enquadrado com base em cargo que ocupe em
decorrência de substituição ou desvio de função.

§ 6º Em caso de conclusão de curso superior específico da área ou que tenha afinidade

com as atribuições do cargo efetivo do servidor, desnecessária se faz a conclusão de curso técnico.

Art. 41 A promoção funcional será requerida no período de 02 de janeiro a 30 de junho de

cada ano.

§ 1º A análise dos requerimentos de promoção funcional realizar-se-á até 31 de agosto do

mesmo ano.
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§ 2º A relação dos requerimentos deferidos e indeferidos deverá ser publicada no primeiro
dia útil do mês de setembro seguinte.

§ 3º Em caso de indeferimento do pedido, poderá o requerente apresentar pedido de

revisão até dia 15 de outubro, o qual será avaliado até 15 de novembro do mesmo ano.

§ 4º Os requerimentos deferidos serão encaminhados ao Departamento de Recursos

Humanos para as inclusões a partir de primeiro de janeiro do ano seguinte.

Art. 42 Fica estabelecido o mês de março como data base salarial.

SEÇÃO II
DA PROGRESSÃO SALARIAL

Art. 43 A progressão salarial é a passagem do servidor público para referência

imediatamente posterior àquela a qual pertence, dentro da mesma carreira, observadas as normas
estabelecidas nesta Lei.

Art. 44 Para obter a progressão salarial o servidor deverá cumulativamente:

I – ser estável;

II – estar em efetivo exercício do cargo público;

III – cumprir o interstício mínimo de 03 (três) anos de efetivo exercício na classe em que
se encontre;

IV – não ter sofrido suspensão disciplinar no período;

V - durante o período ter no máximo 30 (trinta) faltas sem justificativas;

VI – obter parecer favorável nas avaliações de desempenho.

SUBSEÇÃO I
DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

Art. 45 A avaliação de desempenho é o aferimento da atuação do servidor no

cumprimento das atribuições do cargo, permitindo o seu desenvolvimento funcional na carreira.

Parágrafo único. A avaliação de desempenho será feita de forma contínua e formalizada

anualmente, sob orientação da Secretaria Municipal de Administração e do Departamento de
Recursos Humanos.
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Art. 46 Os critérios, os fatores, os métodos da avaliação de desempenho, a organização e
forma de funcionamento da Comissão instituída para aplicação da avaliação serão regulamentados
por Decreto do Chefe do Poder Executivo Municipal.

SEÇÃO III
DA JORNADA DE TRABALHO

Art. 47 Os servidores públicos municipais cumprirão jornada de trabalho fixada em razão

das atribuições pertinentes aos respectivos cargos, respeitada a duração máxima do trabalho
semanal de 40 (quarenta) horas e observando o limite máximo de 08 (oito) horas diárias.

SEÇÃO IV
DA REMUNERAÇÃO

SUBSEÇÃO I
DO VENCIMENTO

Art. 48 O vencimento dos servidores públicos da Prefeitura Municipal de Açailândia

somente poderá ser fixado ou alterado por lei específica, por ato privativo do Chefe do Poder
Executivo Municipal.

§ 1º O vencimento dos cargos públicos e as vantagens permanentes são irredutíveis,

ressalvado o disposto na Constituição Federal.

§ 2º A fixação dos padrões de vencimento e demais componentes do sistema de

remuneração dos servidores públicos da Prefeitura Municipal de Açailândia – MA, observará:

I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos públicos que

compõem o seu quadro de pessoal;

II - os requisitos de escolaridade para a investidura nos cargos públicos;

III - as peculiaridades dos cargos.

Art. 49 Os cargos públicos de provimento efetivo do Quadro de Pessoal da Prefeitura

Municipal de Açailândia estão hierarquizados por classes e padrão de vencimentos, conforme
Anexos I e II desta Lei.

§ 1º Cada classe corresponde uma faixa de vencimento, composta por padrões,

representados por letras.

§ 2º O aumento do vencimento respeitará a política de remuneração definida nesta Lei,

bem como seu escalonamento e respectivos distanciamentos percentuais entre os níveis e padrões.
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Art. 50 O sistema de remuneração da carreira dos servidores da Prefeitura Municipal de
Açailândia-MA, será fixado em razão da natureza, grau de responsabilidade e complexidade dos
requisitos exigidos para o ingresso em cada cargo de carreira profissional.

Art. 51 A maior remuneração, a qualquer título, atribuída aos servidores, obedecerá

estritamente ao disposto no art. 37, XI, da Constituição Federal, sendo imediatamente reduzido ao
limite qualquer valor percebido em desacordo com esta norma, não se admitindo, neste caso, a
invocação de direito adquirido ou percepção de excesso a qualquer título.

Art. 52 A remuneração dos servidores públicos, os proventos e as pensões percebidas,

cumulativa ou isoladamente, não poderão exceder o subsídio mensal recebido pelo Prefeito
Municipal.

Art. 53 O Servidor efetivo nomeado para o cargo em comissão fará opção pela
remuneração do cargo efetivo ou do cargo em comissão.

Parágrafo único. O servidor efetivo nomeado para o cargo em comissão que fizer opção
pela remuneração do cargo efetivo fará jus a um percentual de até 30% (trinta por cento) da
remuneração do cargo em comissão.

SUBSEÇÃO II
DAS VANTAGENS

Art. 54 Além do vencimento, o servidor fará jus às vantagens estabelecidas nesta Lei e no
Estatuto dos Servidores Públicos do Município de Açailândia/MA.

Art. 55 Serão concedidas as seguintes gratificações sobre o salário base, em até:

I - 40% (quarenta por cento) para os ocupantes dos cargos de Agente de Fiscalização de
Trânsito e de Operador de Máquinas Pesadas;

II - 10% (dez por cento) para os ocupantes do cargo de Agente de Fiscalização de Obras,
Urbanismo e Meio Ambiente.

Art. 56 Os motoristas receberão gratificações em seus salários base durante exercício das
seguintes atribuições, em até:

I – 30% (trinta por cento) para motorista de veículos pequeno e médio;

II – 40% (quarenta por cento) para motorista de caminhão.

Art. 57 O adicional por tempo de serviço será por quinquênio, equivalente a 05% (cinco
por cento) do salário base das carreiras regidas por esta Lei, observado o limite de 35% (trinta e
cinco por cento).
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Art. 58 O Poder Executivo Municipal poderá estabelecer em legislação própria,
gratificação de incentivo de qualidade e/ou produtividade a determinadas categorias de servidores
de acordo com suas peculiaridades.

SUBSEÇÃO III
DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE

Art. 59 Aos servidores em exercício habitual em condições insalubres será assegurado

adicional de insalubridade sobre o respectivo vencimento base.

Art. 60 O adicional de insalubridade não se incorpora ao vencimento do servidor para

quaisquer efeitos legais.

Art. 61 Cessará o direito ao adicional de insalubridade quando:

I - ficar comprovada a redução ou a eliminação da insalubridade ou dos riscos;

II - for adotada proteção contra os efeitos da insalubridade;

III – for alterado o local de trabalho do servidor para ambiente isento de condições
insalubres.

CAPÍTULO X
SEÇÃO I
DAS FÉRIAS

Art. 62 Será pago por ocasião das férias, um adicional correspondente a 1/3 (um terço) da
remuneração, independentemente de solicitação do servidor público.

Parágrafo único. O requerimento e deferimento das férias do servidor público

obedecerão ao disposto no Estatuto dos Servidores Públicos do Município de Açailândia/MA.

SEÇÃO II
DA REMOÇÃO

Art. 63 A remoção é o deslocamento do servidor a pedido ou de ofício no âmbito das

repartições municipais.

Art. 64 A movimentação do servidor do órgão em que estiver lotado para exercício em

outro, se dará mediante autorização do Secretário Municipal ao qual estiver vinculado.

SEÇÃO III
DAS LICENÇAS

Art. 65 Aos servidores públicos municipais serão assegurados as seguintes licenças:

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I – para tratamento de saúde;

II – por motivo de doença em pessoa da família;

III – maternidade;

IV – paternidade de 05 (cinco) dias;

V – para atividades políticas;

VI – para tratar de interesses particulares.

§ 1º A licença prevista no inciso I deste artigo será precedida de perícia médica oficial
desta municipalidade.

§ 2º É vedado o exercício da atividade remunerada durante o período de licença prevista

nos incisos I e II.

§ 3º A licença a que se refere o inciso II deste artigo somente será deferida se a

assistência direta do servidor for indispensável e não puder ser prestada simultaneamente com
exercício do cargo ou mediante compensação de horário.

§ 4º A licença a que se refere o Inciso I deste artigo será concedida sem prejuízo da
remuneração do cargo efetivo, pelo prazo de até 15 (quinze) dias, mediante perícia médica oficial e,
excedendo este prazo, deverá o servidor ser encaminhado à instituição competente para fins de
percepção de beneficio previdenciário.

§ 5º A licença a que se refere o inciso V deste artigo, será concedida somente pelo
período de 03 (três) meses contados a partir do registro da candidatura perante a Justiça Eleitoral,
sendo assegurado o vencimento do cargo efetivo.

§ 6º A licença tratada no inciso VI poderá ser concedida a critério da Administração, ao

servidor ocupante de cargo efetivo pelo prazo de 02 (dois) anos consecutivos e sem remuneração,
desde que não esteja em estágio probatório, podendo ser interrompida a qualquer tempo a pedido
do servidor ou no interesse do serviço público.

§ 7º Todas as licenças constantes neste artigo estarão sujeitas a fiscalização.

SEÇÃO IV
DA APOSENTADORIA

Art. 66 A aposentadoria do servidor público municipal obedecerá aos critérios

estabelecidos na Constituição Federal e ao disposto na Lei Municipal que institui o Regime Próprio
de Previdência Social do Município de Açailândia.
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CAPITULO XI
SEÇÃO I
DO ENQUADRAMENTO

Art. 67 Os servidores municipais de Açailândia, titulares de cargos efetivos, serão

enquadrados nos cargos previstos no anexo I, tomando-se por base atribuições da mesma
natureza, mesmo grau de responsabilidade e complexidade dos cargos que estiverem ocupando na
data de vigência desta Lei.

Art. 68 O enquadramento dos servidores será disciplinado por Decreto do Chefe do Poder
Executivo Municipal.

Art. 69 Os cargos públicos vagos existentes no Quadro de Pessoal Permanente da

Prefeitura Municipal de Açailândia antes da data de publicação desta Lei e os que vagarem em
razão do enquadramento serão automaticamente extintos.

CAPÍTULO XII
SEÇÃO I
DO SISTEMA DE AVALIAÇÃO DE COMPETÊNCIAS E QUALIFICAÇÃO DE PESSOAL

Art. 70 Fica criado o Sistema de Avaliação de Competências de Pessoal, instrumento de

gestão de pessoas que objetiva o desenvolvimento profissional dos servidores municipais e orienta
suas possibilidades de crescimento profissional, refletindo as expectativas e necessidades da
Administração Municipal.

Art. 71 Avaliação de Competências de Pessoal é um sistema de aferição do desempenho

do servidor, e será utilizado para fins de programação de ações de capacitação e qualificação e
utilizada como critério para o desenvolvimento na carreira, compreendendo:

I - o processo de avaliação de desempenho;

II - os programas de qualificação profissional;

III - as demais ações desenvolvidas pela Prefeitura Municipal de Açailândia para atingir
seus objetivos.

Parágrafo único. A Avaliação de Competências será formulada considerando as

especificidades dos Níveis e Grupos Ocupacionais e terá seu conteúdo e valoração fixada em
Decreto.

Art. 72 A qualificação profissional dos servidores deverá resultar de programas de

capacitação compatíveis com a natureza e as exigências dos respectivos cargos, tendo por
objetivos:

I - o desenvolvimento de competências, conhecimentos, habilidades e atitudes

necessárias ao desempenho das atribuições do cargo;
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II - o aperfeiçoamento das competências necessárias ao desempenho de funções

técnicas, de assessoramento e de direção.

Art. 73 Os programas de qualificação profissional deverão estar de acordo com:

I - o plano de governo;

II - as prioridades das diversas áreas da Prefeitura Municipal;

III - a política de recursos humanos;

IV - a política de capacitação definida pela Prefeitura Municipal;

V - a disponibilidade orçamentária e financeira.

Art. 74 Os titulares de cada órgão poderão oferecer o apoio necessário aos programas de
treinamento, cursos de capacitação e desenvolvimento, mediante:

I – diagnóstico das necessidades do órgão;

II – sugestão de currículos, conteúdos, horários, períodos ou metodologias dos cursos;

III – levantamento das necessidades e áreas de interesse dos servidores;

IV – acompanhamento das etapas do treinamento.

Art. 75 O servidor efetivo estável que estiver no exercício das atribuições do cargo de
carreira do Grupo Funcional Superior poderá, a critério da Administração, requerer licença, sem
prejuízo da remuneração do cargo, ou financiamento parcial pela Administração Municipal, para
participação de cursos de Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado, desde que assuma o
compromisso de defesa de dissertação ou tese em tema compatível com a área de atividade do
cargo que ocupa na Administração Pública Municipal, observando-se os termos do Estatuto dos
Servidores Públicos do Município de Açailândia.

§ 1º Para obtenção de licença remunerada ou financiamento parcial pela Administração

Municipal, o servidor firmará compromisso, mediante termo de confissão de dívida, da seguinte
forma:

I - imediatamente após o retorno ou conclusão do curso, se manter no efetivo exercício do

cargo durante período igual ao do afastamento;

II - ressarcir aos cofres públicos os valores do financiamento ou da remuneração recebida

na hipótese do servidor pedir exoneração ou desistir do curso, no prazo de 15 (quinze) dias após a
notificação, sob pena de inscrição na dívida ativa do Município.
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§ 2º A Administração Municipal avaliará os critérios de conveniência, oportunidade e
disponibilidade financeira para a concessão dos benefícios referidos no caput deste artigo, bem
como estabelecerá o limite de benefícios para cada Secretaria Municipal.

§ 3º A concessão dos benefícios previstos neste artigo corresponde a uma única

oportunidade dada ao servidor para os cursos de Mestrado, Doutorado ou Pós-Doutorado.

§ 4º A licença remunerada não se aplica aos cursos de Pós-Graduação em nível de

especialização.

§ 5º A licença de que trata este artigo, somente será deferida sem prejuízo da
remuneração ou financiamento parcial, desde que o horário de frequência no curso seja
inconciliável com a jornada de trabalho do servidor.

CAPÍTULO XIII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 76 São partes integrantes da presente Lei os Anexos que a acompanham.

Art. 77 As despesas decorrentes da aplicação desta lei correrão por conta do orçamento
próprio do Poder Executivo.

Art. 78 O Poder Executivo Municipal expedirá os regulamentos necessários ao fiel

cumprimento desta Lei.

Art. 79 Esta Lei entrará em vigor a partir da data de sua publicação, com efeitos
retroativos à 1º de abril de 2011, revogadas as disposições em contrário, em especial a Lei
Municipal nº 286, de 21 de dezembro de 2007.

Gabinete do Prefeito Municipal de Açailândia, Estado do Maranhão, aos cinco (05) dias
do mês de maio (05) do ano de dois mil e onze (2011).

ILDEMAR GONÇALVES DOS SANTOS

Prefeito Municipal
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ANEXO I: PARTE PERMANENTE DO QUADRO DE PESSOAL

GRUPO OCUPACIONAL CARREIRA CLASSES CARGO PÚBLICO

Profissional de A, B, C, D. Administrador
Nível Superior
I – ADMINISTRATIVO Profissional de A, B, C, D, E, Agente Administrativo
Nível Médio F, G. Operador de Micro
Profissional de A, B, C, D, E. Motorista
Nível Fundamental Vigia
Auxiliar de Serviços Gerais
Auxiliar Administrativo
Biólogo
Enfermeiro
Farmacêutico-Bioquímico
Fisioterapeuta
Fonoaudiólogo
II – SAÚDE Profissional de A, B, C, D. Médico Veterinário
Nível Superior Nutricionista
Odontólogo
Psicólogo
Terapeuta Ocupacional
Agente de Saúde Pública
Auxiliar de Enfermagem
Profissional de A, B, C, D, E, Técnico de Enfermagem
Nível Médio F, G. Técnico de Laboratório
Técnico em Radiologia ou Raio-X
Auxiliar de Consultório Odontológico
Profissional de A, B, C, D. Assistente Social
III - SÓCIO Nível Superior Biblioteconomista
EDUCACIONAL Profissional de A, B, C, D, E, Instrutor de Esportes
Nível Médio F, G. Secretário de Unidade Escolar
Engenheiro Agrônomo
Profissional de A, B, C, D. Engenheiro Ambiental
Nível Superior Engenheiro Civil
IV – URBANISTICO Turismólogo
AMBIENTAL Profissional de A, B, C, D, E, Desenhista Projetista
Nível Médio F, G. Técnico Agropecuário
Técnico em Edificações
Profissional de A, B, C, D, E. Agente de Manutenção
Nível Fundamental Operador de Máquinas Pesadas
Agente de Fiscalização Sanitária
V - FISCALIZAÇÃO MUNICIPAL Profissional de Nível A, B, C, D, E, Agente de Fiscalização e Arrecadação Tributária
Médio F, G. Agente de Fiscalização de Urbanismo e Meio
Ambiente
Agente de Fiscalização de Trânsito
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ANEXO III: DESCRIÇÃO DOS CARGOS PÚBLICOS DA PARTE PERMANENTE DO QUADRO
DE PESSOAL
GRUPO OCUPACIONAL: Administrativo
CARREIRA: Profissional de Nível Superior
CARGO: Administrador

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO:

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo.

Na Classe A:
a) Curso Superior Completo – Graduação, e
b) Inscrição no órgão de classe;
Na Classe B: Conclusão de Pós-Graduação (Especialização);
Na Classe C: Conclusão de Mestrado;
Na Classe D: Conclusão de Doutorado.

ATRIBUIÇÕES:
- Participar tecnicamente de projetos desenvolvidos em quaisquer unidades organizacionais, planejando, programando,
coordenando, controlando, avaliando resultados e informando decisões, para aperfeiçoamento da qualidade do
processo gerencial da Prefeitura;
- Participar da elaboração e análise do PPA-Plano Plurianual da Lei de Diretrizes Orçamentária e da Lei Orçamentária
Municipal, do acompanhamento e da sua execução físico-financeira, orientando as unidades administrativas e
efetuando comparações entre as cotas orçamentárias, metas programadas e os resultados alcançados, desenvolvendo
e aplicando critérios, normas e instrumentos de avaliação;
- Elaborar o planejamento organizacional, analisando no contexto interno e externo, identificando oportunidades e
problemas, definindo estratégias bem como apresentando propostas de programas e projetos;
- Auxiliar a implantação de programas e projetos nas diversas áreas de atuação da Prefeitura, identificando fontes de
recursos, dimensionando sua amplitude e traçando estratégias de implementação;
- Coordenar, assessorar e monitorar a execução de programas, planos e projetos;
- Promover estudos de racionalização administrativa;
- Interpretar leis, regulamentos e instruções relativas a assuntos de administração geral para fins de aplicação,
orientação e assessoramento;
- Colaborar e elaborar com relatório parcial e anual, atendendo às exigências ou normas da Prefeitura;
- Propor, executar e supervisionar análise, pesquisas e estudos técnicos, para implantação ou aperfeiçoamento de
sistemas, métodos, instrumentos, rotinas e procedimentos administrativos;
- Elaborar, rever, implantar e avaliar, regulamentos, instruções, formulários e manuais coletando e analisando
informações, para racionalizar e atualizar normas e procedimentos;
- Elaborar critérios e normas de padronização, especificação, compra, guarda, estocagem, controle e alienação,
baseando-se em levantamentos e estudos, para correta administração do sistema de materiais;
- Elaborar e aplicar critérios, planos, normas e instrumentos para recrutamento, seleção, treinamento e demais aspectos
da administração de pessoal, dando orientação técnica, acompanhando, coletando e analisando dados, redefinindo
metodologias, elaborando formulários, instruções e manuais de procedimentos, participando de comissões, ministrando
aulas e palestras a fim de contribuir para o desenvolvimento qualitativo de Recursos Humanos da Prefeitura;
- Garantir maior suporte na gestão de pessoal, na administração de material patrimônio, informática e serviços para as
áreas meios e finalísticas da administração pública municipal;
- Planejar, coordenar e supervisionar ações, monitorando resultados e fomentando políticas de mudanças;
- Executar atividades de formulações, implementação e avaliação de políticas públicas.
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GRUPO OCUPACIONAL: Administrativo

CARREIRA: Profissional de Nível Médio
CARGO: Agente Administrativo

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO:

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo.

Na Classe A: Nível Médio Completo;

Na Classe B: Conclusão de Cursos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo, cuja
soma da carga horária seja de, no mínimo, 180 (cento e oitenta) horas;
Na Classe C: Conclusão de Cursos Técnicos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo;
Na Classe D: Conclusão de Curso Superior;
Na Classe E: Conclusão de Pós – Graduação (Especialização);
Na Classe F: Conclusão de Mestrado;
Na Classe G: Conclusão de Doutorado.

ATRIBUIÇÕES:
- Prestar informações de caráter geral, pessoalmente, por telefone ou outro meio, atendendo ao público interno e
externo, no bom desempenho do trabalho;
- Elaborar programas, dá pareceres e realizar pesquisas sobre um ou mais aspectos dos diversos setores da
administração;
- Participar da elaboração ou desenvolvimento de estudos, levantamentos, planejamento e implantação de serviços e
rotinas de trabalho;
- Verificar a exatidão de documentos, conferindo, efetuado registros, preenchendo formulários e impressos em geral,
observando prazos, datas, posições financeiras, controlando e informando sobre o andamento de assuntos pendente e,
quando autorizado pela chefia, adotar providências de interesse da Prefeitura;
- Auxiliar na realização de estudos de simplificação de tarefas administrativas executando levantamento de dados,
tabulando e desenvolvendo estudos organizacionais;
- Elaborar, sob orientação, quadros e tabelas estatísticas, fluxogramas, organogramas e gráficos em geral;
- Participar da elaboração de manuais de serviços e outros projetos afins, coordenando e executando as tarefas de
apoio administrativo;
- Estudar processos referentes a assuntos de caráter geral ou específicos de unidade administrativa e propor soluções;
- Redigir, digitar, conferir e protocolar expedientes e correspondência em geral;
- Efetuar a classificação, o registro e a conservação de processos, livros e outros documentos em arquivos específicos,
de acordo com as orientações e as normas estabelecidas;
- Operar máquinas e equipamentos de informática, fotocopiadoras, fax, etc., de modo a transmitir e receber mensagens,
zelando pela conservação e manutenção;
- Executar os serviços referentes ao cerimonial;
- Colaborar na elaboração de relatórios parciais e anuais, atendendo às exigências ou normas de unidade
administrativa;
- Preparar tabelas, quadros, mapas e outros documentos de demonstração do desempenho da unidade ou da
administração;
- Realizar, sob orientação específica, coleta de preços para aquisição de material;
- Participar de Comissões por indicação do superior imediato;
- Desenvolver atividades de controle de estoque, a fim de assegurar a perfeita ordem de armazenamento, conservação
e níveis de suprimento.
- Participar do processo de planejamento das contratações de bens e serviços da Prefeitura;
- Prestar apoio logístico às unidades da Prefeitura na preparação dos projetos básicos e termos de referencias dos
serviços;
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- Executar as atividades relativas ao cadastro de fornecedores da Prefeitura, compreendendo atividades de registro,
exclusão e alteração cadastral, com o objetivo de manter a base de dados atualizada e ampliando as alternativas de
fornecedores habilitados;
- Executar atividades relativas ao cadastro de insumos e preços da Prefeitura compreendendo atividades de registro,
exclusão e alteração cadastral, com o objetivo de manter a base de dados atualizada e abrangendo as necessidades de
consumo;
- Prover a administração da Prefeitura com os preços de referências para procedimentos de aquisição de materiais e de
serviços;
- Instruir e executar os procedimentos de aquisição de materiais e serviços compreendendo a execução de compras
pelo sistema de registro de preços e pelo pregão eletrônico direto;
- Preparar solicitações de empenho, execução dos atos preparatórios para a elaboração de termos e contatos;
- Executar atividade relativa à gestão da logística, compreendendo a armazenagem e a distribuição dos materiais de
uso e consumo da Prefeitura;
- Realizar, sob orientação especifica, cadastramento de imóveis e estabelecimentos comerciais, para alteração
cadastral;
- Conferir documentos de receitas, despesas e outros;
- Auxiliar na análise econômico-financeira e patrimonial da Prefeitura;
- Acompanhar, orientar e executar atividades e serviços de apoio técnico-administrativo;
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GRUPO OCUPACIONAL: Administrativo

CARREIRA: Profissional de Nível Médio
CARGO: Operador de Micro

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO:

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo.

Na Classe A: Nível Médio Completo;

Na Classe B: Conclusão de Cursos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo, cuja
soma da carga horária seja de, no mínimo, 180 (cento e oitenta) horas;
Na Classe C: Conclusão de Cursos Técnicos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo;
Na Classe D: Conclusão de Curso Superior;
Na Classe E: Conclusão de Pós – Graduação (Especialização);
Na Classe F: Conclusão de Mestrado;
Na Classe G: Conclusão de Doutorado.

ATRIBUIÇÕES:
- Manter-se informado quanto às novas soluções disponíveis no mercado que possam atender às necessidades de
equipamentos de informática e de programas da Prefeitura;
- Participar de levantamento das necessidades de treinamento no uso de equipamentos e programas adequados às
necessidades da Prefeitura;
- Auxiliar e orientar os usuários de microcomputadores nas escolas sobre instalação e utilização de programas, tais
como sistemas operacionais, rede local, aplicativos básicos de automação de escritório, editores de texto, planilhas
eletrônicas e programas de apresentação e de equipamentos e periféricos, nos diversos setores da Prefeitura;
- Participar da criação e da avaliação de rotinas aplicadas na utilização da informática na execução das tarefas nas
diversas áreas de atuação da Prefeitura;
- Digitar e formatar documentos com produtividade;
- Elaborar roteiros simplificados de utilização dos equipamentos de informática e programas da Prefeitura;
- Estudar o objetivo do programa, analisando as especificações e instruções recebidas e esquematizar a forma de fluxo
do programa;
- Preparar manuais, instruções de operação, descrição dos serviços, e outros informes para instruir usuários de
computador a solucionar possíveis duvidas;
- Relatar os defeitos apresentados nos equipamentos, chamando a assistência técnica, quando se fizer necessário;
- Executar outras tarefas correlatas.
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GRUPO OCUPACIONAL: Administrativo

CARREIRA: Profissional de Nível Fundamental
CARGO: Motorista

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO:

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo.

Na Classe A: Nível Fundamental Incompleto; e

Carteira de Habilitação Categoria D;
Na Classe B: Conclusão de Curso Fundamental;
Na Classe C: Conclusão de Cursos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo, cuja
soma da carga horária seja de, no mínimo, 180 (cento e oitenta) horas;
Na Classe D: Conclusão de Curso Médio;
Na Classe E: Conclusão de Curso Superior.

ATRIBUIÇÕES:
- Conduz veículos automotores para transporte de passageiros e de carga;
- Zelar pela conservação e segurança do veículo e dos passageiros;
- Dirigir veículos leves, médios e pesados observando o Código Nacional de Trânsito;
- Auxiliar no carregamento e descarregamento de materiais;
- Executar ou auxiliar nos serviços de lubrificação, abastecimento e manutenção;
- Controlar consumo de combustíveis e quilometragem percorrida pelo veículo;
- Verificar, registrar e comunicar alterações mecânicas, elétricas e de lanternagem;
- Examinar as ordens de serviço, verificando o itinerário a seguir, os horários, os números de viagem e outras
instruções, para programar a sua tarefa.
- Executar pequenos reparos de emergências;
- Zelar pela limpeza e conservação interna e externa do veículo sob sua responsabilidade;
- Preencher regularmente os boletins de ocorrência, relatório de serviços e demais impressos relacionados com o
controle do veículo.
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GRUPO OCUPACIONAL: Administrativo

CARREIRA: Profissional de Nível Fundamental
CARGO: Vigia

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO:

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo.

Na Classe A: Nível Fundamental Incompleto;

Na Classe B: Conclusão de Curso Fundamental;
Na Classe C: Conclusão de Cursos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo, cuja
soma da carga horária seja de, no mínimo, 180 (cento e oitenta) horas;
Na Classe D: Conclusão de Curso Médio;
Na Classe E: Conclusão de Curso Superior.

ATRIBUIÇÕES:
- Executar a ronda diurna ou noturna, fiscalizando e verificando as instalações e áreas, mantendo a vigilância nos
órgãos e dependências da Prefeitura Municipal;
- Tomar medidas para prevenção de violência ou distúrbios, garantindo a segurança e a ordem dos locais, controlando a
entrada e saída de pessoas, prestando informações e efetivando encaminhamentos.
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GRUPO OCUPACIONAL: Fiscalização Municipal
CARREIRA: Profissional de Nível Médio
CARGO: Agente de Fiscalização e Arrecadação Tributária

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo.

Na Classe A: Nível Médio Completo;

Na Classe B: Conclusão de Cursos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo, cuja
soma da carga horária seja de, no mínimo, 180 (cento e oitenta) horas;
Na Classe C: Conclusão de Cursos Técnicos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo;
Na Classe D: Conclusão de Curso Superior;
Na Classe E: Conclusão de Pós – Graduação (Especialização);
Na Classe F: Conclusão de Mestrado;
Na Classe G: Conclusão de Doutorado.

Atribuições:
- Controlar e informar processos referentes a cadastro, lançamento e cobrança de tributos;
- Expedir Certidões negativas e/ou positivas de débito;
- Verificar a exatidão das prestações de contas dos agentes responsáveis por bens valores e dinheiro público;
- Executar tarefas da fiscalização tributária;
- Inspecionar estabelecimentos agropecuários, comerciais, industriais e de prestação de serviços para defender os
interesses da Fazenda Pública;
- Acompanhar a política tributária e fiscal observando a Legislação e a Jurisprudência;
- Aplicar sanções legais compatíveis às infrações;
- Expedir notificações, autos de infrações, ocorrências e demais termos, laudos e boletins que se fizerem necessários
ao desempenho da atividade fiscal;
- Elaborar relatórios de atividades executadas bem como relatórios específicos quando solicitados.
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GRUPO OCUPACIONAL: Fiscalização Municipal

CARREIRA: Profissional de Nível Médio
CARGO: Agente de Fiscalização de Trânsito

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo.

Na Classe A: Nível Médio Completo;

Na Classe B: Conclusão de Cursos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo, cuja
soma da carga horária seja de, no mínimo, 180 (cento e oitenta) horas;
Na Classe C: Conclusão de Cursos Técnicos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo;
Na Classe D: Conclusão de Curso Superior;
Na Classe E: Conclusão de Pós – Graduação (Especialização);
Na Classe F: Conclusão de Mestrado;
Na Classe G: Conclusão de Doutorado.

Atribuições:
- Cumprir e fazer cumprir a Legislação Municipal de Trânsito;
- Inspecionar áreas de estacionamento nos logradouros públicos do Município;
- Inspecionar o fluxo de trânsito na zona urbana do Município;
- Inspecionar o transporte coletivo de passageiros, ônibus e seus alternativos;
- Inspecionar o transporte individual de passageiros, táxis e moto-taxis;
- Aplicar sanções, auto de infrações, multas e apreensões de veículos em conformidade com a Legislação de Trânsito;
- Elaborar relatórios de atividades executadas bem como relatórios específicos quando solicitados.
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GRUPO OCUPACIONAL: Fiscalização Municipal

CARREIRA: Profissional de Nível Médio
CARGO: Agente de Fiscalização de Obras, Urbanismo e Meio Ambiente

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo.

Na Classe A: Nível Médio Completo;

Na Classe B: Conclusão de Cursos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo, cuja
soma da carga horária seja de, no mínimo, 180 (cento e oitenta) horas;
Na Classe C: Conclusão de Cursos Técnicos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo;
Na Classe D: Conclusão de Curso Superior;
Na Classe E: Conclusão de Pós – Graduação (Especialização);
Na Classe F: Conclusão de Mestrado;
Na Classe G: Conclusão de Doutorado.

Atribuições:
- Cumprir e fazer cumprir a Legislação Ambiental e de Urbanismo relativas ao Município;
- Inspecionar e proteger as Áreas de Preservação Ambiental - APA do Município, nascentes, rios e encostas, em
conformidade com a Legislação Ambiental;
- Proteger a fauna e a flora nativa em conformidade com a Legislação Ambiental;
- Inspecionar os serviços de distribuição de água, avaliando a qualidade do produto água desde a fonte receptora até o
consumo;
- Inspecionar o serviço de saneamento municipal, esgotos, resíduos sólidos (lixo);
- elaborar relatórios de atividades executadas bem como relatórios específicos quando solicitados.
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GRUPO OCUPACIONAL: Saúde
CARREIRA: Profissional de Nível Superior
CARGO: Biólogo

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo.

Na Classe A:
- Curso Superior Completo – Graduação, e
- Inscrição no órgão de classe;
Na Classe B: Conclusão de Pós-Graduação (Especialização);
Na Classe C: Conclusão de Mestrado;
Na Classe D: Conclusão de Doutorado.

ATRIBUIÇÕES:
- Realizar pesquisa na natureza e em laboratório, estudando origem, evolução, funções, estrutura, distribuição,
semelhanças e outros aspectos das diferentes formas de vida, para conhecer todas as características, comportamentos
e outros dados importantes referentes aos seres vivos;
- Colecionar diferentes espécimes, conservando-os, identificando-os e classificando-os, para permitir o estudo e
experiências de laboratórios com espécimes biológicos, empregando técnicas como dissecação, microscopia, coloração
por substâncias químicas e fotografia, para obter resultados e analisar sua aplicabilidade;
- Cultivar plantas, animais e outras espécimes vivas, em laboratórios com fins experimentais.
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GRUPO OCUPACIONAL: Saúde

CARREIRA: Profissional de Nível Superior
CARGO: Enfermeiro

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo.

Na Classe A:
- Curso Superior Completo – Graduação, e
- Inscrição no órgão de classe;
Na Classe B: Conclusão de Pós-Graduação (Especialização);
Na Classe C: Conclusão de Mestrado;
Na Classe D: Conclusão de Doutorado.

ATRIBUIÇÕES:
- Executar diversas tarefas de enfermagem, como administração de sangue e plasma, controle da pressão venosa,
monitorização e aplicação de respiradouros artificiais, prestação de cuidados de conforto, aplicação de diálise peritonial,
gasoterapia, cateterismo e outros tratamentos para proporcionar o maior grau possível de bem-estar físico, mental e
social do paciente;
- Coordenar e supervisionar o pessoal de equipe de enfermagem para manter os padrões desejáveis de assistência ao
paciente;
- Requisitar e controlar entorpecentes e psicoterápicos, atendendo as disposições legais;
- Planejar e desenvolver atividades que possibilitam a diagnose e prognose de situação de saúde da comunidade;
- Realizar programas educativos para grupos da comunidade, estudo da situação sócio-sanitária para motivar o
desenvolvimento de hábitos sadios;
- Executar atividades de vigilância à saúde e zelar pelo cumprimento das normas de vigilância epidemiológica e
sanitária;
- Elaborar planos, se baseando nas necessidades identificadas, para determinar a assistência a ser prestada pela
equipe de enfermagem no período de trabalho;
- Prestar cuidados de conforto, movimentação ativa e passiva e de higiene pessoal;
- Planejar, organizar e administrar serviços em unidades de enfermagem ou em instituições de saúde, desenvolvendo
atividades técnicas administrativas na elaboração de normas, instruções, roteiros e rotinas específicas, para padronizar
procedimentos e racionalizar os trabalhos, no sentido servirem de apoio a atividades a fins.
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GRUPO OCUPACIONAL: Saúde

CARREIRA: Profissional de Nível Superior
CARGO: Farmacêutico-Bioquímico

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo.

Na Classe A:
- Curso Superior Completo – Graduação, e
- Inscrição no órgão de classe;
Na Classe B: Conclusão de Pós-Graduação (Especialização);
Na Classe C: Conclusão de Mestrado;
Na Classe D: Conclusão de Doutorado.

ATRIBUIÇÕES:
- Realizar testes e análise, investigando amostras, preparando e observando laminas, para isolar e identificar bactérias
e outros microorganismos;
- Fazer análise de toxinas de substancias de origem animal e vegetal, de matéria prima e de produtos acabados;
- Analisar produtos farmacêuticos acabados e em fase de elaboração, os seus insumos, valendo-se de métodos
químicos, para verificar qualidade, teor, pureza e qualidade de cada elemento;
- Fazer análise clínica de exudatos e transudatos humanos como sangue, urina, fezes, liquor, saliva e outros para
complementar diagnósticos de doenças;
- Fiscalizar farmácias, drogarias e indústrias químicas e farmacêuticas quanto ao aspecto sanitário;
- Fazer visitas periódicas e autuar os infratores, orientar seus responsáveis no cumprimento de legislação vigente;
- Assessorar autoridades superiores preparando informes e documentos sobre legislação e assistência farmacêutica,
fornecendo subsídios na elaboração de ordens de serviços portarias, pareceres e manifestos.
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GRUPO OCUPACIONAL: Saúde
CARREIRA: Profissional de Nível Superior
CARGO: Fisioterapeuta

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo.

Na Classe A:
- Curso Superior Completo – Graduação, e
- Inscrição no órgão de classe;
Na Classe B: Conclusão de Pós-Graduação (Especialização);
Na Classe C: Conclusão de Mestrado;
Na Classe D: Conclusão de Doutorado.

ATRIBUIÇÕES:
- Realizar testes musculares, funcionais de amplitude articular, de verificação cinética e movimentação de pesquisa de
reflexos, provas de esforço e de atividades para identificar o nível de capacidade funcional dos membros afetados;
- Planejar e executar tratamentos de afecção reumática, osteoporose, sequelas de acidentes vasculares e cerebrais,
poliomielite, raquimedulares, de paralisias cerebrais motoras, neurogenas e de nervos periféricos, miopatias e outros;
- Atender a amputados preparando o coto e fazendo treinamento com prótese, para possibilitar a movimentação ativa e
independente do paciente;
- Ensinar aos pacientes exercícios corretivos para a coluna, os defeitos dos pés, as afecções dos aparelhos
respiratórios cardiovascular, orientando-os em exercícios ginásticos para promover correções de desvio posturas e
estimular a expansão respiratória e a circulação sanguínea;
- Proceder ao relaxamento e a aplicação de exercícios e jogos em pacientes com problemas psíquicos, treinando-os
sistematicamente, para promover a descarga ou a liberação de agressividade e estimular a sociabilidade;
- Efetuar aplicação de ondas curtas, ultra-som, infravermelho, laser, microondas, forno de Bier, eletroterapia,
estimulação e contratação muscular e outros similares nos pacientes, conforme a enfermidade, para aliviar ou eliminar a
dor;
- Aplicar massagens terapêuticas;
- Promover ações terapêuticas preventivas à instalação de processo que levem à incapacidade funcional;
- Realizar atividades na área de saúde do trabalho, participando da elaboração e execução de atividades relacionadas a
esta área;
- Integrar a equipe do Programa Saúde da Família, atuando com profissional da área.
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GRUPO OCUPACIONAL: Saúde
CARREIRA: Profissional de Nível Superior
CARGO: Fonoaudiólogo

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo.

Na Classe A:
- Curso Superior Completo – Graduação, e
- Inscrição no órgão de classe;
Na Classe B: Conclusão de Pós-Graduação (Especialização);
Na Classe C: Conclusão de Mestrado;
Na Classe D: Conclusão de Doutorado.

ATRIBUIÇÕES:
- Avaliar as deficiências do paciente;
- Realizar exames fonéticos, de audiometria, gravação e outras técnicas;
- Estabelecer planos de tratamento ou terapêutico;
- Emitir parecer, quanto às possibilidades fonatórias e auditivas do individuo, fazendo exames e empregando técnicas
de avaliação especifica para aperfeiçoamento ou reabilitação do paciente;
- Programar, desenvolver e supervisionar o treinamento de voz, fala, linguagem, expressão e compreensão de
pensamentos verbalizado;
- Orientar e fazer demonstração de respiração funcional, empostação de voz, treinamento fonético auditivo, dicção e
organização de pensamento em palavras, para reeducar e/ou reabilitar o paciente.
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GRUPO OCUPACIONAL: Saúde

CARREIRA: Profissional de Nível Superior
CARGO: Médico Veterinário

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo.

Na Classe A:
- Curso Superior Completo – Graduação, e
- Inscrição no órgão de classe;
Na Classe B: Conclusão de Pós-Graduação (Especialização);
Na Classe C: Conclusão de Mestrado;
Na Classe D: Conclusão de Doutorado.

ATRIBUIÇÕES:
- Planejar, desenvolver campanhas, serviços e assistência técnica à saúde pública;
- Efetuar o controle sanitário ante e post-mortem de animais para proteger a saúde individual e coletiva da população;
- Promover a fiscalização sanitária nos locais de produção, manipulação, armazenamento e comercialização dos
produtos de origem animal;
- Proceder ao controle das zoonoses, efetivando levantamento de dados, avaliação epidemiológica, programação,
execução, supervisão e pesquisa para possibilitar a profilaxia de doenças;
- Diagnosticar doenças, lesões ou outras afecções de que sofrem os animais;
- Realizar outras funções que exigem conhecimentos científicos de medicina veterinária, como examinar os animais
para apurar o seu estado de saúde e atuar em questões legais de higiene dos alimentos e no combate às doenças
transmissíveis dos animais.
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GRUPO OCUPACIONAL: Saúde

CARREIRA: Profissional de Nível Superior
CARGO: Nutricionista

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo.

Na Classe A:
- Curso Superior Completo – Graduação, e
- Inscrição no órgão de classe;
Na Classe B: Conclusão de Pós-Graduação (Especialização);
Na Classe C: Conclusão de Mestrado;
Na Classe D: Conclusão de Doutorado.

ATRIBUIÇÕES:
- Proceder a planejamento e elaboração de cardápios e dietas especiais;
- Atuar no setor de nutrição dos programas de saúde;
- Preparar e acompanhar programas de educação e readaptação em matéria de nutrição para atender as necessidades
individuais ou de grupos;
- Elaborar mapa dietético, verificando no prontuário do paciente a prescrição da dieta, dados pessoais e o resultado de
exames laboratoriais, para estabelecer tipo de dieta e distribuição e horário da alimentação de cada enfermo;
- Examinar o estado de nutrição do individuo ou do grupo, avaliando os diversos fatores relacionados com problemas de
alimentação, como social, meio de vida e outros, para aconselhar e instruir a população;
- Programar e desenvolver o treinamento, em serviço, dos auxiliares de nutrição;
- Realizar entrevistas e reuniões e observando o nível de rendimento, de habilidade, de higiene e de aceitação dos
alimentos pelos usuários, para racionalizar e melhor o padrão técnico do serviço;
- Orientar o trabalho dos auxiliares, supervisionando e preparo, distribuição das refeições, recebimentos dos gêneros
alimentícios, sua armazenagem e distribuição, para possibilitar um melhor rendimento do serviço;
- Praticar e realizar reuniões e práticas educativas junto à comunidade.
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GRUPO OCUPACIONAL: Saúde

CARREIRA: Profissional de Nível Superior
CARGO: Odontólogo

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo.

Na Classe A:
- Curso Superior Completo – Graduação, e
- Inscrição no órgão de classe;
Na Classe B: Conclusão de Pós-Graduação (Especialização);
Na Classe C: Conclusão de Mestrado;
Na Classe D: Conclusão de Doutorado;

ATRIBUIÇÕES:
- Examinar os dentes e a cavidade bucal, para verificar a presença de cáries e outras afecções, quando à extensão e
profundidade, estabelecendo plano de tratamento;
- Extrair raízes e dentes, restaurar cáries dentárias;
- Fazer profilática dos dentes e gengivas e demais procedimentos clínicos;
- Tratar de afecção da boca, visando procedimentos clínicos ou cirúrgicos para promover a conservação dos dentes;
- Fazer perícia odontoadiministrativa, odontolegal para fornecer laudo, responder a requisitos e dar outras informações;
- Diagnosticar e má oclusão dos dentes, examinando-os por ocasião da consulta ou tratamento, para encaminhar o caso
ao especialista em ortodontia;
- Fazer radiografias dentárias simples e oclusais, para estabelecer o diagnostico dos dentes, maxilares e ossos da face;
- Praticar e realizar reuniões educativas junto à comunidade.
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GRUPO OCUPACIONAL: Saúde

CARREIRA: Profissional de Nível Superior
CARGO: Psicólogo

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo.

Na Classe A:
- Curso Superior Completo – Graduação, e
- Inscrição no órgão de classe;
Na Classe B: Conclusão de Pós-Graduação (Especialização);
Na Classe C: Conclusão de Mestrado;
Na Classe D: Conclusão de Doutorado.

ATRIBUIÇÕES:
- Analisar a influência de fatores hereditários, ambientais e de outras espécies que atua sobre o individuo;
- Aplicar testes e outros métodos de verificação de diagnostico e tratamento psicológico de certos distúrbios, emocionais
e de personalidade para restabelecer os padrões normais de comportamento e relacionamento humano;
- Participar na elaboração de análise ocupacionais para identificar aptidões, conhecimentos e traços de personalidade
compatível com as exigências ocupacionais;
- Reunir informações a respeito da paciente para fornecer aos médicos subsídios para a realização do diagnostico
diferencial das enfermidades;
- Estudar sistema de motivação de aprendizagem métodos novos de treinamento, ensino e avaliação para elaborar
procedimentos educacionais diferenciados capazes de atender as necessidades individuais;
- Atuar na área especifica de saúde, procedendo ao exame de pessoas que apresenta problemas intra e interpessoais,
comportamento familiar ou social ou distúrbios psíquicos, e ao respectivo diagnósticos e terapêuticos, empregando
enfoque preventivo ou curativo e técnicas psicológicas adequadas a cada caso, a fim de contribuir para a possibilidade
de o individuo elaborar sua inserção na vida comunitária;
- Participar de programas de atenção primária em encontros e postos de saúde na comunidade, organizando grupos
específicos, para prevenir doenças ou agravamento de fatores emocionais que comprometem o bem estar psicológico;
- Participar e realizar reuniões e práticas educativas junto à comunidade.
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GRUPO OCUPACIONAL: Saúde

CARREIRA: Profissional de Nível Superior
CARGO: Terapeuta Ocupacional

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo.

Na Classe A:
- Curso Superior Completo – Graduação, e
- Inscrição no órgão de classe;
Na Classe B: Conclusão de Pós-Graduação (Especialização);
Na Classe C: Conclusão de Mestrado;
Na Classe D: Conclusão de Doutorado.

ATRIBUIÇÕES:
- Preparar e executar os programas ocupacionais destinados a pacientes internados em hospitais ou outras instituições,
baseando-se nos casos a serem tratados para propiciar esses pacientes uma terapêutica que possa desenvolver e
aproveitar seu interesse por determinados trabalhos;
- Planejar e desenvolver trabalhos individuais ou em pequenos grupos, tais como trabalhos criativos, manuais de
mecanografia, horticultura e outros, para possibilitar a redução ou a cura das deficiência do paciente bem como
desenvolver as capacidades remanescentes na melhoria de seu estado bio-psico-social;
- Orientar e supervisionar a execução de trabalhos terapêuticos supervisionando os pacientes na execução das tarefas
presentes para ajudar o desenvolvimento do programas e propiciar a reabilitação do mesmo;
- Articular-se a programas de assistência e apoio a grupos específicos de pessoas;
- Atender aos pacientes da rede municipal de saúde, avaliando-os e empregando técnicas terapêuticas adequadas, para
contribuir no processo de tratamento;
- Orientar individualmente ou em grupo, os familiares dos pacientes, preparando-os adequadamente para as a situações
resultantes de enfermidades;
- Reunir informações a respeito de paciente, levantando dados para fornecer subsídios para diagnósticos e tratamento
de enfermidades;
- Assistir aos usuários da assistência social, com problemas referentes à readaptação ou reabilitação profissional por
diminuição da capacidade de trabalho e ou dificuldades de convivência social;
- Entrar em contato com unidades de serviços da rede de saúde, quando necessário;
- Encaminhar as pessoas atendidas para atividades culturais, sociais, artesanais;
- Realizar visita domiciliar;
- Planejar e desenvolver atividades de educação em saúde nos programas de humanização dos serviços de saúde.
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GRUPO OCUPACIONAL: Saúde
CARREIRA: Profissional de Nível Médio
CARGO: Agente de Saúde Pública

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo.

Na Classe A: Nível Médio Completo;

Na Classe B: Conclusão de Cursos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo, cuja
soma da carga horária seja de, no mínimo, 180 (cento e oitenta) horas;
Na Classe C: Conclusão de Cursos Técnicos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo;
Na Classe D: Conclusão de Curso Superior;
Na Classe E: Conclusão de Pós – Graduação (Especialização);
Na Classe F: Conclusão de Mestrado;
Na Classe G: Conclusão de Doutorado;

ATRIBUIÇÕES:
- Fazer visitas domiciliares, segundo plano previamente preparado, difundido noções gerais sobre saúde e saneamento;
- Realizar pesquisas de campo, entrevistando gestantes, mães, crianças, escolares e pacientes de clinicas
especializadas para estimular a freqüência de urso dos serviços de saúde pública;
- Orientar e encaminhar pacientes as unidades hospitalares para tratamento especializados;
- Participar de campanhas educativas de prevenção de doenças;
- Orientar e acompanhar parturiente, visando reduzir a mortalidade infantil;
- Proceder à imunização conta doenças transmissíveis;
- Executar a inspeção de fábricas de laticínios, massas, conservas, e outros produtos alimentícios, em armazéns,
restaurantes, lanchonetes e estabelecimentos similares, verificando as condições sanitárias de seu interiores, limpeza
dos equipamentos e condições de asseio e saúde dos que manipulam, para assegurar as condições necessárias a
produção e distribuição de alimentos sadios e de boa qualidade;
- Inspecionar estabelecimento de ensino, verificando suas instalações e os comestíveis fornecidos aos alunos, para
assegurar as medidas profiláticas necessários.
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GRUPO OCUPACIONAL: Fiscalização Municipal

CARREIRA: Profissional de Nível Médio
CARGO: Agente de Fiscalização Sanitária

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo.

Na Classe A: Nível Médio Completo;

Na Classe B: Conclusão de Cursos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo, cuja
soma da carga horária seja de, no mínimo, 180 (cento e oitenta) horas;
Na Classe C: Conclusão de Cursos Técnicos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo;
Na Classe D: Conclusão de Curso Superior;
Na Classe E: Conclusão de Pós – Graduação (Especialização);
Na Classe F: Conclusão de Mestrado;
Na Classe G: Conclusão de Doutorado.

ATRIBUIÇÕES:
- Inspecionar estabelecimentos que procedam ao fabrico, produção, beneficiamento, manipulação, acondicionamento,
conservação, armazenamento, transporte, distribuição, venda e consumo de produtos alimentícios, fiscalizando as
condições sanitárias de seus interiores, tais como limpeza, refrigeração, suprimento de água, instalações sanitárias e de
luminosidade;
- Fiscalizar feiras-livres e estabelecimentos que estocam e/ou comercializam produtos alimentícios, químicos e
farmacêuticos examinando as condições de estocagem prazos de validade e boas condições de uso de cada produto
e/ou embalagem;
- Coletar e encaminhar a laboratório amostras de alimentos e aditivos para alimentos;
- Apreender e/ou inutilizar os alimentos e matérias-primas alimentares ou não alimentares julgados após exame
laboratorial;
- Aplicar sanções legais aos infratores, mediante procedimento administrativo;
- Elaborar laudos técnicos e/ou relatórios que sirvam de subsídios para decisões hierarquicamente superiores.
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Av. Santa Luzia Km 04, s/n, Parque das Nações
GABINETE DO PREFEITO

GRUPO OCUPACIONAL: Saúde

CARREIRA: Profissional de Nível Médio
CARGO: Auxiliar de Enfermagem

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo.

Na Classe A: Nível Médio Completo;

Na Classe B: Conclusão de Cursos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo, cuja
soma da carga horária seja de, no mínimo, 180 (cento e oitenta) horas;
Na Classe C: Conclusão de Cursos Técnicos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo;
Na Classe D: Conclusão de Curso Superior;
Na Classe E: Conclusão de Pós – Graduação (Especialização);
Na Classe F: Conclusão de Mestrado;
Na Classe G: Conclusão de Doutorado.

ATRIBUIÇÕES:
- Controlar sinais vitais dos pacientes, observando a pulsação, utilizando aparelhos de ausculta e pressão para registrar
anomalias;
- Ministrar medicamentos e tratamentos aos pacientes internados, observando horário, posologia e outros dados, para
atender a prescrições medicas;
- Fazer curativos e atendimentos de primeiros socorros;
- Preparar o paciente para consultas, exames e cirurgias;
- Preparar e esterilizar material e instrumental, ambientes e equipamentos para realização no prontuário do paciente as
tarefas executadas, reações ou alterações importantes necessários à equipe de saúde possibilitando a tomada de
providência.
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GRUPO OCUPACIONAL: Saúde

CARREIRA: Profissional de Nível Médio
CARGO: Técnico de Enfermagem

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo.

Na Classe A: Nível Médio Completo;

Na Classe B: Conclusão de Cursos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo, cuja
soma da carga horária seja de, no mínimo, 180 (cento e oitenta) horas;
Na Classe C: Conclusão de Cursos Técnicos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo;
Na Classe D: Conclusão de Curso Superior;
Na Classe E: Conclusão de Pós – Graduação (Especialização);
Na Classe F: Conclusão de Mestrado;
Na Classe G: Conclusão de Doutorado.

ATRIBUIÇÕES:
- Executar atividades como administração de sangue a plasma, controle de pressão venosa, monitorização e aplicação
de respiradouros artificiais, prestação de cuidados de conforto, movimentação ativa e passiva e de higiene pessoal,
aplicação de diálise peritonial, gasoterapia, cateterismo, instalações, lavagens de estomago, vesicais e outros
tratamentos;
- Preparar paciente material e ambiente, para assegurar maior eficiência na realização dos exames e tratamentos;
- fazer curativos, imobilizações e tratamento em situações de emergência, empregando técnicas usuais ou específicas
para atenuar as conseqüências dessas situações;
- Adaptar o paciente ao ambiente hospitalar e aos métodos terapêuticos que lhe são aplicados, realizando entrevistas
de admissão, visitas diárias e orientando-o para reduzir sua sensação de segurança e sofrimento e obter a sua
colaboração;
- Prestar cuidado pós-mortem como enfaixamento e temponamentos utilizando algodão, gazes e outros materiais, para
evitar eliminação de secreções;
- Proceder à elaboração, execução e avaliação do plano de assistência a pacientes geriátricos, observando-os,
sistematicamente, realizando entrevistas e prestando cuidados diretos aos mesmos, para auxiliá-los processo de
adaptação e reabilitação;
- Registrar as observações, tratamentos executados e ocorrência verificada em relação ao paciente, anotando-as no
prontuário hospitalar, fichas de ambulatório, relatório de enfermagem das unidades ou relatório geral, para documentar
e evolução das doenças e possibilitar o controle da saúde.
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GRUPO OCUPACIONAL: Saúde

CARREIRA: Profissional de Nível Médio
CARGO: Técnico em Laboratório

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo.

Na Classe A: Nível Médio Completo;

Na Classe B: Conclusão de Cursos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo, cuja
soma da carga horária seja de, no mínimo, 180 (cento e oitenta) horas;
Na Classe C: Conclusão de Cursos Técnicos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo;
Na Classe D: Conclusão de Curso Superior;
Na Classe E: Conclusão de Pós – Graduação (Especialização);
Na Classe F: Conclusão de Mestrado;
Na Classe G: Conclusão de Doutorado.

ATRIBUIÇÕES:
- Efetuar a coleta de material, empregando técnicas e instrumentação adequadas para proceder ao testes, exames e
amostras de laboratórios;
- Executar exames e outros trabalhos que não exijam interpretação técnica dos resultados;
- Auxiliar nas analise de urina, escarro, sangue, secreções e outras, seguindo orientação superior utilizando
aparelhagem e reagentes adequados;
- Registrar e arquivar cópias dos resultados dos exames;
- Zelar pela assepsia, conversão e recolhimento do material utilizado, para assegurar os padrões de qualidade e
funcionalidade requeridos.
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GRUPO OCUPACIONAL: Saúde

CARREIRA: Profissional de Nível Médio
CARGO: Técnico em Radiologia ou Raio - X

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo.

Na Classe A: Nível Médio Completo;

Na Classe B: Conclusão de Cursos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo, cuja
soma de carga horária seja de, no mínimo, 180 (cento e oitenta) horas;
Na Classe C: Conclusão de Cursos Técnicos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo;
Na Classe D: Conclusão de Curso Superior;
Na Classe E: Conclusão de Pós – Graduação (Especialização);
Na Classe F: Conclusão de Mestrado;
Na Classe G: Conclusão de Doutorado.

ATRIBUIÇÕES:
- Selecionar os filmes a serem utilizados, atendendo o tipo de radiografia requisitado;
- Preparar o paciente, fazendo-o vestir roupas adequadas, livrando-o de jóia ou abjeto de metal para assegurar a
validade do exame;
- Manter a ordem e higiene no ambiente de trabalho, seguindo normas e instruções para evitar acidentes;
- Operar máquinas reveladoras automáticas para revelação, fixação secagem de chapas radiográficas.
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GRUPO OCUPACIONAL: Sócio-Educacional

CARREIRA: Profissional de Nível Superior
CARGO: Assistente Social

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo.

Na Classe A:
- Curso Superior Completo – Graduação, e
- Inscrição no órgão de classe;
Na Classe B: Conclusão de Pós-Graduação (Especialização);
Na Classe C: Conclusão de Mestrado;
Na Classe D: Conclusão de Doutorado.

ATRIBUIÇÕES:
- Promover a participação consciente dos indivíduos em grupo, desenvolvendo suas potencialidades e promovendo
atividades educativas, recreativas e culturais visando o progresso coletivo e melhoria do comportamento individual;
- Programar a ação básica de uma comunidade no campo social, médico, educacional e outros, analisando os recursos
e carências sócio-econômicas para possibilitar em desenvolvimento harmônio;
- Participar dos programas de saúde física-mental da comunidade, divulgando os meios preventivos e assistenciais;
- Assistir ao trabalhador em problemas referentes a readaptação profissional devido a diminuição da capacidade de
trabalho proveniente de moléstia ou acidente;
- Elaborar, acompanhar e avaliar os projetos do programa de promoção social;
- Desenvolver a consciência social do individuo aplicando a técnica do serviço social de grupo aliada a participação em
atividades comunitárias;
- Organizar e executar programas de serviço social no Município, realizando atividades de caráter educativo, recreativo,
assistência à saúde e outros;
- Assistir as famílias nas suas necessidades básicas, orientando e fornecendo-lhes suporte material, educacional,
médico e de outra natureza;
- Dá assistência à criança e ao adolescente em situações de risco e infracionais, atendendo às suas necessidades
primordiais, para assegurar-lhe o desenvolvimento sadio da personalidade e integração na vida comunitária;
- Indicar os problemas e fatores que perturbem ou impedem a utilização da potencialidade dos educados, analisando as
causas dessas perturbações, para permitir a eliminação dos mesmos a fim de um maior rendimento escolar;
- Articular-se com profissionais especializados em outras áreas relacionadas a problemas humanos, intercambiando
informações, a fim de obter novos subsídios para campos diversos de atuação, como orientação e reabilitação
profissionais desemprego, amparo a inválidos, acidentes e outros;
- Participar e realizar reuniões específicas e educativas junto à comunidade.
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GRUPO OCUPACIONAL: Sócio-Educacional

CARREIRA: Profissional de Nível Superior
CARGO: Biblioteconomista

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo.

Na Classe A:
- Curso Superior Completo – Graduação, e
- Inscrição no órgão de classe;
Na Classe B: Conclusão de Pós-Graduação (Especialização);
Na Classe C: Conclusão de Mestrado;
Na Classe D: Conclusão de Doutorado.

ATRIBUIÇÕES:
- Planejar e executar a aquisição de material bibliográfico, consultando catálogos de editoras, bibliografias e leitores
efetuando a compra, permuta e doação de documentos;
- Executar o serviço de catalogação e classificação de manuscritos, livros raros ou utilizando regras de sistema
específico para armazenar e recuperar informações e colocá-las a disposições dos usuários;
- Organizar fichários, catálogos e índices, utilizando fichas padrões ou processos mecanizados, para possibilitar o
armazenamento, busca e recuperação da informação;
- Orientar os usuários indicando-lhes fontes de informação, facilitando as consultas;
-Realizar outras tarefas, de natureza assemelhada, a critério de seu superior imediato.
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GRUPO OCUPACIONAL: Sócio-Educacional

CARREIRA: Profissional de Nível Médio
CARGO: Instrutor de Esportes

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo

Na Classe A: Nível Médio Completo;

Na Classe B: Conclusão de Cursos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo, cuja
soma da carga horária seja de, no mínimo, 180 (cento e oitenta) horas;
Na Classe C: Conclusão de Cursos Técnicos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo;
Na Classe D: Conclusão de Curso Superior;
Na Classe E: Conclusão de Pós – Graduação (Especialização);
Na Classe F: Conclusão de Mestrado;
Na Classe G: Conclusão de Doutorado.

ATRIBUIÇÕES:
- Desenvolver, com estudantes e ginásticas, exercícios físicos e ensinar-lhes as técnicas de jogos de forma lúdica,
proporcionando-lhes um bom convívio e respeitando as individualidades dos demais colegas e assim preparando-os
para um bom relacionamento social;
- Treinar alunos atletas nas técnicas de diversos jogos e outros esportes;
- Instruir sobre os princípios e regras inerentes a jogos e esportes;
- Encarregar-se do preparo físico dos usuários;
- Acompanhar e supervisionar as práticas desportivas e outras atividades esportivas a combinar com superior imediato.
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GRUPO OCUPACIONAL: Sócio-Educacional

CARREIRA: Profissional de Nível Médio
CARGO: Secretário de Unidade Escolar

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo.

Na Classe A: Nível Médio Completo;

Na Classe B: Conclusão de Cursos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo, cuja
soma da carga horária seja de, no mínimo, 180 (cento e oitenta) horas;
Na Classe C: Conclusão de Cursos Técnicos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo;
Na Classe D: Conclusão de Curso Superior;
Na Classe E: Conclusão de Pós – Graduação (Especialização);
Na Classe F: Conclusão de Mestrado;
Na Classe G: Conclusão de Doutorado.

ATRIBUIÇÕES:
- Organizar e manipular arquivos e fichários;
- Preencher formulários, boletins, cadernetas e impressos em geral;
- Registrar manusear, conservar e guardar livros e publicações;
- Classificar e arquivar documentos diversos;
- Recepcionar e atender o público interno e externo, pessoalmente ou por telefone, fornecendo todas as informações
necessárias para o bom desempenho do trabalho;
- Acompanhar e orientar os estudantes na procura de obras e materiais utilizados nas pesquisas escolares.
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GRUPO OCUPACIONAL: Urbanístico – Ambiental

CARREIRA: Profissional de Nível Superior
CARGO: Engenheiro Agrônomo

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo.

Na Classe A:
- Curso Superior Completo – Graduação, e
- Inscrição no órgão de classe;
Na Classe B: Conclusão de Pós-Graduação (Especialização);
Na Classe C: Conclusão de Mestrado;
Na Classe D: Conclusão de Doutorado.

ATRIBUIÇÕES:
- Elaborar métodos e técnicas de cultivos de acordo com o tipo de solo e clima, efetuado estudos, experiências e
analisando os resultados obtidos, para melhorar a germinação de sementes, o crescimento de plantas, a adaptabilidade
dos cultivos, os rendimentos das colheitas e outras características dos cultivos agrícolas;
- Estudar os efeitos das rotatividades, drenagem, irrigação, adubagem e condições climáticas sobre cultura agrícolas;
- Orientar agricultores e trabalhadores agrícolas, sobre sistemas e técnicas de exploração agrícola, fornecendo
indicações, épocas e sistema de plantio custo dos cultivos, variedades, e outros dados pertinentes para aumentar a
produção e conseguir variedades novas ou melhoras, de maior rendimento, qualidade e valor nutritivo;
- Elaborar novos métodos de combate às ervas daninhas, enfermidades da lavoura, pregas e insetos, e/ou aprimora os
já existentes, buscando em experiências e pesquisas para preservar a vida das plantas e assegurar o maior rendimento
do cultivo.
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GRUPO OCUPACIONAL: Urbanístico – Ambiental

CARREIRA: Profissional de Nível Superior
CARGO: Engenheiro Ambiental

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo.

Na Classe A:
- Curso Superior Completo – Graduação, e
- Inscrição no órgão de classe;
Na Classe B: Conclusão de Pós-Graduação (Especialização);
Na Classe C: Conclusão de Mestrado;
Na Classe D: Conclusão de Doutorado.

ATRIBUIÇÕES:
- Avaliar a dimensão do impacto ambiental causado por obras de construção civil de todos os tipos e portes;
- Elaborar relatórios sobre esse impacto, levando em conta dados processados por levantamentos fotográficos aéreos,
mapeamentos e cartas aéreas;
- Realizar pesquisas em laboratórios e medições em campo sobre poluição do solo, da água e do ar;
- Elaborar projetos de planejamento ambiental;
- Planejar e viabilizar a recuperação de áreas degradadas;
- Indicar o destino final dos resíduos a afluentes;
- Elaborar projetos de saneamento básico;
- Indicar e fiscalizar o destino final dos resíduos.
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GRUPO OCUPACIONAL: Urbanístico – Ambiental

CARREIRA: Profissional de Nível Superior
CARGO: Engenheiro Civil

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo.

Na Classe A:
- Curso Superior Completo – Graduação, e
- Inscrição no órgão de classe;
Na Classe B: Conclusão de Pós-Graduação (Especialização);
Na Classe C: Conclusão de Mestrado;
Na Classe D: Conclusão de Doutorado.

ATRIBUIÇÕES:
- Elaborar projetos de construção, preparando plantas e especificação de obra, indicando tipos e qualidades de
materiais, equipamentos e mão-de-obra, orçamento de custos e definição de técnicas de execução;
- Dirigir a execução de projetos, acompanhando e orientando as operações à medida em que avançam as obras, para
assegurar o cumprimento de prazos e padrões de qualidade e segurança recomendada;
- Analisar projetos arquitetônicos, visando manter os padrões dos códigos de obras e de postura do Município;
- proceder a uma avaliação geral das condições requeridas para obras, estudando o projeto e as características de
terreno disponível, para determinar o local mais apropriando para a construção;
- Calcular os esforços e deformações previstas na obra projetada ou que a afetam;
- Consultar arquitetos de edifícios e arquitetos paisagistas, trocando informações relativas ao trabalho a ser
desenvolvido.
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GRUPO OCUPACIONAL: Urbanístico – Ambiental

CARREIRA: Profissional de Nível Médio
CARGO: Desenhista Projetista

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo;

Na Classe A: Nível Médio completo

Na Classe B: Conclusão de Cursos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo, cuja
soma da carga horária seja de, no mínimo, 180 (cento e oitenta) horas;
Na Classe C: Conclusão de Cursos Técnicos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo;
Na Classe D: Conclusão de Curso Superior;
Na Classe E: Conclusão de Pós – Graduação (Especialização);
Na Classe F: Conclusão de Mestrado;
Na Classe G: Conclusão de Doutorado.

ATRIBUIÇÕES:
- Estudar e esboçar examinando croquis, rascunhos, plantas, especificações técnicas para elaboração do projeto;
- Efetuar os cálculos tabelas e outros recursos para determinar as dimensões, proporções ou outras características do
projeto;
- Elaborar o esboço do projeto instrumentos de desenho, aplicando os cálculos efetuados e funcionais da obra,
submetendo a apreciação superior, para possibilitar correções e ajustes necessários;
- Elaborar os desenhos definitivos do projeto, valendo-se de instrumentos apropriados e observando escala adequada.
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GRUPO OCUPACIONAL: Urbanístico – Ambiental

CARREIRA: Profissional de Nível Médio
CARGO: Técnico Agropecuário

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo.

Na Classe A: Nível Médio completo

Na Classe B: Conclusão de Cursos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo, cuja
soma da carga horária seja de, no mínimo, 180 (cento e oitenta) horas;
Na Classe C: Conclusão de Cursos Técnicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo;
Na Classe D: Conclusão de Curso Superior;
Na Classe E: Conclusão de Pós – Graduação (Especialização);
Na Classe F: Conclusão de Mestrado;
Na Classe G: Conclusão de Doutorado.

ATRIBUIÇÕES:
- Organizar o trabalho em propriedades agrícolas, promovendo a aplicação de técnicas novas ou aperfeiçoamento de
tratamento ou cultivo de terras;
- Orientar agricultores e fazendeiros na execução racional do plantio, adubação, cultura, colheita e beneficiamento das
espécies vegetais, orientando a respeito de técnicas e maquinas para obter melhoria da produtividade e da qualidade
dos produtos;
- Dar orientação de caráter técnico a pecuaristas, orientando as tarefas de criação e reprodução do gado, para obter
espécies de maior peso, fertilidade e resistência as enfermidades;
- Registrar resultados e outras ocorrências, elaborando, relatórios para submeter a exames e decisão superiores.
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GRUPO OCUPACIONAL: Urbanístico – Ambiental

CARREIRA: Profissional de Nível Médio
CARGO: Técnico de Edificações

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo.

Na Classe A: Nível Médio Completo;

Na Classe B: Conclusão de Cursos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo, cuja
soma da carga horária seja de, no mínimo, 180 (cento e oitenta) horas;
Na Classe C: Conclusão de Cursos Técnicos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo;
Na Classe D: Conclusão de Curso Superior;
Na Classe E: Conclusão de Pós – Graduação (Especialização);
Na Classe F: Conclusão de Mestrado;
Na Classe G: Conclusão de Doutorado.

ATRIBUIÇÕES:
- Proceder a medições, analise de solo, efetuar cálculos para a preparação de plantas e especificações relativas à
construções, reparação e conservação de obras de engenharia;
- Preparar estimativa detalhada sobre quantidade, custos de matérias e mão-de-obra fornecendo os dados necessários
e elaboração de propostas de execução de obras;
- Inspecionar materiais e estabelecer testes, observando a quantidade e as especificações;
- Identificar e resolver, dentro de sua competência problemas que surjam, fiscalizando obras, controlando cronograma,
assegurando o cumprimento das condições estabelecidas
- Auxiliar na elaboração dos projetos de estradas, vias urbanas e saneamento básico.
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GRUPO OCUPACIONAL: Urbanístico – Ambiental

CARREIRA: Profissional de Nível Fundamental
CARGO: Agente de Manutenção

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo.

Na Classe A: Nível Fundamental Incompleto;

Na Classe B: Conclusão de Curso Fundamental;
Na Classe C: Conclusão de Cursos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo, cuja
soma da carga horária seja de, no mínimo, 180 (cento e oitenta) horas;
Na Classe D: Conclusão de Curso Médio;
Na Classe E: Conclusão de Curso Superior.

ATRIBUIÇÕES:
- Reparar e fazer a manutenção e conservação de redes elétricas e hidráulicas.
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GRUPO OCUPACIONAL: Urbanístico – Ambiental

CARREIRA: Profissional de Nível Fundamental
CARGO: Operador de Máquinas Pesadas

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo.

Na Classe A: Nível Fundamental Incompleto; e

Carteira de Habilitação Categoria E;
Na Classe B: Conclusão de Curso Fundamental;
Na Classe C: Conclusão de Cursos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo, cuja
soma da carga horária seja de, no mínimo, 180 (cento e oitenta) horas;
Na Classe D: Conclusão de Curso Médio;
Na Classe E: Conclusão de Curso Superior.

ATRIBUIÇÕES:
- Operar moto-niveladora, retro-escavadeiras, pá-carregadeira, trator de esteira, trator agrícola, rolo-compactador,
motoniveladora, carregadeira, escavadeira hidráulica e outros tratores e reboques, para a execução de serviços de
carregamento e descarregamento de material, escavação, terraplanagem, nivelamento do solo, pavimentação,
desmatamento, retirada de cascalhos, dragagens em rios e conservação de vias;
- Conduzir e manobrar a máquina, acionando o motor e manipulando os comandos de marcha e direção para posicioná-
la conforme as necessidades do serviço;
- Operar mecanismo de tração e movimentação dos implementos da maquina, acionando pedais e alavancas de
comando, para carga ou descarrega de terra, areia cascalho, pedras e materiais análogos;
- Zelar pela boa qualidade do serviço, controlando o andamento das operações e efetuando os ajustes necessários, a
fim de garantir sua correta execução;
- Por em prática as medidas de segurança recomendadas para a operação e estacionamento de máquinas, a fim de
evitar possíveis acidentes;
- Efetuar reparos de emergência, utilizando as ferramentas apropriadas, para assegurar o bom funcionamento do
equipamento;
- Acompanhar os serviços de manutenção preventiva e corretiva da máquina e seus implementos e, pós-executadas,
dados e informações sobre os trabalhos realizados, consumo de combustível, conservação e outras ocorrências, para
controle de chefia.
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GRUPO OCUPACIONAL: Administrativo

CARREIRA: Profissional de Nível Fundamental
CARGO: Auxiliar Administrativo

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo.

Na Classe A: Nível Fundamental Incompleto;

Na Classe B: Conclusão de Curso Fundamental;
Na Classe C: Conclusão de Cursos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo, cuja
soma da carga horária seja de, no mínimo, 180 (cento e oitenta) horas;
Na Classe D: Conclusão de Curso Médio;
Na Classe E: Conclusão de Curso Superior.

ATRIBUIÇÕES:
- Realizar tarefas auxiliares, sob supervisão da chefia imediata, classificando, arquivando e registrando documentos e
fichas, recebendo, estacando e fornecendo materiais, operando equipamentos para reprodução, datilografia e digitação
de documentos em geral.
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GRUPO OCUPACIONAL: Saúde
CARREIRA: Profissional de Nível Médio
CARGO: Auxiliar de Consultório Odontológico

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo.

Na Classe A: Nível Médio Completo;

Na Classe B: Conclusão de Cursos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo, cuja
soma da carga horária seja de, no mínimo, 180 (cento e oitenta) horas;
Na Classe C: Conclusão de Cursos Técnicos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo;
Na Classe D: Conclusão de Curso Superior;
Na Classe E: Conclusão de Pós – Graduação (Especialização);
Na Classe F: Conclusão de Mestrado;
Na Classe G: Conclusão de Doutorado.

ATRIBUIÇÕES:
- Auxiliar o cirurgião-dentista, participando da prevenção, da promoção e da recuperação da saúde bucal;
- Proceder à desinfecção e esterilizado de materiais e instrumentos utilizados, sob supervisão do cirurgião-dentista ou
do técnico de higiene bucal;
- Realizar procedimentos educativos e preventivos aos usuários, individuais ou coletivos, como evidenciação de placa
bacteriana, escavação supervisionada, orientações de uso de fio dental.
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GRUPO OCUPACIONAL: Urbanístico - Ambiental

CARREIRA: Profissional de Nível Superior
CARGO: Turismólogo

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo.

Na Classe A:
- Curso Superior Completo – Graduação, e
- Inscrição no órgão de classe;
Na Classe B: Conclusão de Pós-Graduação (Especialização);
Na Classe C: Conclusão de Mestrado;
Na Classe D: Conclusão de Doutorado.

ATRIBUIÇÕES:
- Planejar atividades turísticas de cidades, estados e comunidades.
- Organizar calendários;
- Implantar novas áreas de lazer,
- Atuar junto ao patrimônio histórico; e
- Fazer estudos urbanísticos.
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GABINETE DO PREFEITO
GRUPO OCUPACIONAL: Administrativo
CARREIRA: Profissional de Nível Fundamental
CARGO: Auxiliar de Serviços Gerais

REQUISITOS MINIMOS PARA PROVIMENTO:

a) Requisitos do art. 37, da Constituição Federal;
b) Requisitos do Cargo.

Na Classe A: Nível Fundamental Incompleto;

Na Classe B: Conclusão de Curso Fundamental;
Na Classe C: Conclusão de Cursos Específicos ou que tenham afinidade com as atribuições do cargo efetivo, cuja
soma da carga horária seja de, no mínimo, 180 (cento e oitenta) horas;
Na Classe D: Conclusão de Curso Médio;
Na Classe E: Conclusão de Curso Superior.

ATRIBUIÇÕES:
- Limpar e arrumar as dependências e instalações de edifícios públicos municipais, a fim de mantê-los nas condições de
asseio requeridas, realizando sua desinfecção, sempre que necessário, executar a limpeza das áreas externas, tais
como pátios, jardins e quintais e manter materiais, equipamentos, móveis e utensílios;
- Auxiliar em laboratórios e unidades de saúde, limpando conservando e guardando aparelhagens e utensílios;
- Varrer e lavar calçadas;
- Cuidar de plantas e jardins, seguindo orientação recebida;
- Recolher o lixo da unidade em que serve, acondicionando detritos e depositando-os de acordo com as determinações;
- Percorrer as dependências dos prédios municipais, abrindo e fechando janelas, portas e portões, ligando e desligando
pontos de iluminação, maquinas e aparelhos elétricos;
- Executar serviços de coleta e entrega de correspondências, e serviços burocráticos simples, quando solicitados pelo
setor;
- Preparar e servir café, chá e lanches a servidores e visitantes da unidade;
- Auxiliar no preparo de refeições, inclusive em unidades de saúde, lavando, selecionando, cortando e distribuindo
alimentos, sob supervisão;
- Organizar fila e servir merenda, manter limpos utensílios de copa e cozinha;
- Lavar e passar roupas simples observando o estado de conservação das mesmas, procedendo ao controle de entrada
e saída das peças; manusear lavadoras, centrífugas secadoras e outras máquinas de lavanderia;
- Realizar serviços de costura de roupas hospitalares;
- Verificar a existência de material de limpeza e alimentação, e outros itens relacionados com seu trabalho,
comunicando aos superiores imediatos a necessidade de reposição;
- Manter arrumado o material sob sua guarda;
- Carregar e descarregar veículos empilhando os materiais nos locais indicados;
- Transportar materiais de construção, móveis, equipamentos e ferramentas.
 ESTADO DO MARANHÃO
PREFEITURA MUNICIPAL DE AÇAILÂNDIA
Av. Santa Luzia Km 04, s/n, Parque das Nações
GABINETE DO PREFEITO

ANEXO IV: CARGOS EXTINTOS

- Técnico em Informática;
- Advogado, e;
- Médico.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

PROFESSOR DO 1º AO 5º ANO – AÇAILANDIA/MA 2019

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
1. Objetivos gerais do Ensino Fundamental ................................................................................................... 2
2. Diretrizes curriculares para o Ensino Fundamental ................................................................................... 4
3. Concepções de Educação e Escola ............................................................................................................. 36
4. Função social da escola e compromisso social do educador .................................................................. 38
Inclusão da diversidade nos diferentes componentes curriculares ..................................................................... 41
5. Inter-relações do currículo formal com o currículo em ação e o currículo oculto ................................. 43
6. Planejamento, organização e estratégias de ensino-aprendizagem ........................................................ 47
7. Práticas de linguagem oral e escrita: .......................................................................................................... 72
Diferentes processos de alfabetização e letramento ........................................................................................... 72
Uso de gêneros e suportes textuais..................................................................................................................... 75
8. Papel da Literatura Infantil ............................................................................................................................ 78
9. Conteúdos e práticas de Matemática ........................................................................................................... 82
10. Habilidades de Língua Portuguesa e de Matemática esperadas ao término dos Anos Iniciais .......... 85
11. Conteúdos e práticas de História, Geografia e Ciências, Música e Arte do Maranhão ........................ 87
12. Conteúdos de vida cidadã........................................................................................................................... 255
13. Papel dos jogos e brincadeiras .................................................................................................................. 269
14. Avaliação da aprendizagem nos Anos Iniciais ......................................................................................... 273
15. Relações do 1º ano do Ensino Fundamental com a classe final de Educação Infantil ........................ 285
16. Metodologias do ensino da Língua Portuguesa ..................................................................... 286
Alfabetização e letramento ................................................................................................................................... 286
Princípios do Sistema alfabético de escrita ......................................................................................................... 290
Apropriação do sistema de escrita alfabético ...................................................................................................... 290
Oralidade .............................................................................................................................................................. 291
Práticas sociais de leitura e escrita ...................................................................................................................... 293
Compreensão leitora ............................................................................................................................................ 294
Produção textual de diversos gêneros ................................................................................................................. 295
Análise linguística na produção e revisão textual ................................................................................................ 297
Formação do leitor e literatura ............................................................................................................................. 299
17. Matemática e seu Ensino: ........................................................................................................................... 301
Metodologias do ensino da Matemática .............................................................................................................. 301
Apropriação do sistema de numeração decimal .................................................................................................. 307
Números naturais ................................................................................................................................................. 313
Números racionais ............................................................................................................................................... 314
Álgebra elementar ................................................................................................................................................ 317
Espaço e forma .................................................................................................................................................... 318
Grandezas e medidas .......................................................................................................................................... 320
Tratamento da informação ................................................................................................................................... 323
Materiais concretos e jogos matemáticos ............................................................................................................ 327
Resolução de problemas ..................................................................................................................................... 328
18. Raciocínio Lógico ........................................................................................................................................ 330

Página 1
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
o Anos Iniciais – compreende do 1º ao 5º
ano, sendo que a criança ingressa no 1º ano aos 6
anos de idade.
o Anos Finais – compreende do 6º ao 9º
ano.
O Ensino Fundamental tem caráter
obrigatório e se traduz como um direito público Os sistemas de ensino têm autonomia para
subjetivo de cada um e como dever do Estado e da desdobrar o Ensino Fundamental em ciclos, desde
família na sua oferta a todos. que respeitem a carga horária mínima anual de 800
horas, distribuídos em, no mínimo, 200 dias letivos
Os objetivos dessa etapa de ensino, efetivos.
segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais,
devem assegurar aos estudante o acesso ao O currículo para o Ensino Fundamental
conhecimento e aos elementos da cultura Brasileiro tem uma base nacional comum, que deve
imprescindíveis para a vida em sociedade e os ser complementada por cada sistema de ensino, de
benefícios de uma formação comum, acordo com as características regionais e sociais,
independentemente da grande diversidade da desde que obedeçam as seguintes diretrizes:
população escolar. I - a difusão de valores fundamentais ao
Especialmente em relação aos primeiros interesse social, aos direitos e deveres dos cidadãos,
anos do Ensino Fundamental, os objetivos de respeito ao bem comum e à ordem democrática;
educacionais estão pautados nos processos de II - consideração das condições de
alfabetização e letramento, no desenvolvimento das escolaridade dos alunos em cada estabelecimento;
diversas formas de expressão e nos conhecimentos
que constituem os componentes curriculares III - orientação para o trabalho;
obrigatórios. IV - promoção do desporto educacional e
O Ensino Fundamental é um dos níveis da apoio às práticas desportivas não-formais. (ART. 27º,
Educação Básica no Brasil. O Ensino fundamental é LDB 9394/96)
obrigatório, gratuito (nas escolas públicas), e A responsabilidade pela matrícula das
atende crianças a partir dos 6 anos de idade. crianças, obrigatoriamente aos 6 anos de idade, é
O objetivo do Ensino Fundamental dos pais. É dever da escola, tornar público o período
Brasileiro é a formação básica do cidadão. Para de matrícula.
isso, segundo o artigo 32º da LDB, é necessário: Além da LDB, o Ensino Fundamental é
I - o desenvolvimento da capacidade de regrado por outros documentos, como as Diretrizes
aprender, tendo como meios básicos o pleno Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental, o
domínio da leitura, da escrita e do cálculo; Plano Nacional de Educação (Lei nº 10.172/2001), os
pareceres e resoluções do Conselho Nacional de
II - a compreensão do ambiente natural e Educação (CNE) e as legislações de cada sistema de
social, do sistema político, da tecnologia, das artes ensino.
e dos valores em que se fundamenta a sociedade;
PCN's: OBJETIVOS GERAIS DO ENSINO
III - o desenvolvimento da capacidade de FUNDAMENTAL
aprendizagem, tendo em vista a aquisição de
conhecimentos e habilidades e a formação de Os Parâmetros Curriculares Nacionais
atitudes e valores; indicam como objetivos do ensino fundamental que
os alunos sejam capazes de:
IV - o fortalecimento dos vínculos de
família, dos laços de solidariedade humana e de • compreender a cidadania como participação
tolerância recíproca em que se assenta a vida social e política, assim como exercício de direitos e
social. deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia-a-
dia, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio
Desde 2006, a duração do Ensino às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o
Fundamental, que até então era de 8 anos, passou mesmo respeito;
a ser de 9 anos. A Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDB 9395/96) foi alterada em seus • posicionar-se de maneira crítica,
artigos 29, 30, 32 e 87, através da Lei Ordinária responsável e construtiva nas diferentes situações
11.274/2006, e ampliou a duração do Ensino sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar
Fundamental para 9 anos, estabelecendo como conflitos e de tomar decisões coletivas;
prazo para implementação da Lei pelos sistemas de • conhecer características fundamentais do
ensino, o ano de 2010. Brasil nas dimensões sociais, materiais e culturais
O Ensino Fundamental passou então a ser como meio para construir progressivamente a noção
dividido da seguinte forma: de identidade nacional e pessoal e o sentimento de
pertinência ao País;

Página 2
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
• conhecer e valorizar a pluralidade do ANOTAÇÕES
patrimônio sociocultural brasileiro, bem como
__________________________________________
aspectos socioculturais de outros povos e nações,
posicionando-se contra qualquer discriminação __________________________________________
baseada em diferenças culturais, de classe social,
__________________________________________
de crenças, de sexo, de etnia ou outras
características individuais e sociais; __________________________________________
• perceber-se integrante, dependente e __________________________________________
agente transformador do ambiente, identificando
__________________________________________
seus elementos e as interações entre eles,
contribuindo ativamente para a melhoria do meio __________________________________________
ambiente;
__________________________________________
• desenvolver o conhecimento ajustado de
__________________________________________
si mesmo e o sentimento de confiança em suas
capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, __________________________________________
de inter-relação pessoal e de inserção social, para
__________________________________________
agir com perseverança na busca de conhecimento
e no exercício da cidadania; __________________________________________
• conhecer e cuidar do próprio corpo, __________________________________________
valorizando e adotando hábitos saudáveis como um __________________________________________
dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo
com responsabilidade em relação à sua saúde e à __________________________________________
saúde coletiva;
__________________________________________
• utilizar as diferentes linguagens — verbal, __________________________________________
matemática, gráfica, plástica e corporal como meio
para produzir, expressar e comunicar suas idéias, __________________________________________
interpretar e usufruir das produções culturais, em __________________________________________
contextos públicos e privados, atendendo a
diferentes intenções e situações de comunicação; __________________________________________
• saber utilizar diferentes fontes de __________________________________________
informação e recursos tecnológicos para adquirir e __________________________________________
construir conhecimentos;
__________________________________________
• questionar a realidade formulando-se
problemas e tratando de resolvê-los, utilizando para __________________________________________
isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, __________________________________________
a capacidade de análise crítica, selecionando
procedimentos e verificando sua adequação. __________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________

Página 3
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
do ambiente escolar, expressas através de múltiplas
formas de diálogo, devem contribuir para a
constituição de identidade afirmativas, persistentes e
capazes de protagonizar ações autônomas e
solidárias em relação a conhecimentos e valores
RESOLUÇÃO CEB Nº 2, DE 7 DE ABRIL DE indispensáveis à vida cidadã.
1998
IV - Em todas as escolas deverá ser
Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para garantida a igualdade de acesso para alunos a uma
o Ensino Fundamental. base nacional comum, de maneira a legitimar a
O Presidente da Câmara de Educação unidade e a qualidade da ação pedagógica na
Básica do Conselho Nacional de Educação, tendo diversidade nacional. A base comum nacional e sua
em vista o disposto no Art. 9º § 1º, alínea “c” da parte diversificada deverão integrar-se em torno do
Lei 9.131, de 25 de novembro de 1995 e o paradigma curricular, que vise a estabelecer a
Parecer CEB 4/98, homologado pelo Senhor relação entre a educação fundamental e:
Ministro da Educação e do Desporto em 27 de a) a vida cidadã através da articulação entre
março de 1998, vários dos seus aspectos como:
RESOLVE: 1. a saúde
Art. 1º A presente Resolução institui as 2. a sexualidade
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino
Fundamental, a serem observadas na organização 3. a vida familiar e social
curricular das unidades escolares integrantes dos 4. o meio ambiente
diversos sistemas de ensino.
5. o trabalho
Art. 2º Diretrizes Curriculares Nacionais
são o conjunto de definições doutrinárias sobre 6. a ciência e a tecnologia
princípios, fundamentos e procedimento da 7. a cultura
educação básica, expressas pela Câmara de
Educação Básica do Conselho Nacional de 8. as linguagens.
Educação, que orientarão as escolas brasileiras
b) as áreas de conhecimento:
dos sistemas de ensino na organização,
articulação, desenvolvimento e avaliação de suas 1. Língua Portuguesa
propostas pedagógicas.
2. Língua Materna, para populações
Art. 3º. São as seguintes as Diretrizes indígenas e migrantes
Curriculares Nacionais para o Ensino
3. Matemática
Fundamental:
4. Ciências
I - As escolas deverão estabelecer como
norteadores de suas ações pedagógicas: 5. Geografia
a) os princípios éticos da autonomia, da 6. História
responsabilidade, da solidariedade e do respeito
7. Língua Estrangeira
ao bem comum;
8. Educação Artística
b) os princípios dos Direitos e Deveres da
Cidadania, do exercício da criticidade e do 9. Educação Física
respeito à ordem democrática;
10. Educação Religiosa, na forma do art. 33
c) os princípios estéticos da sensibilidade, da Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
da criatividade e da diversidade de manifestações
artísticas e culturais. V - As escolas deverão explicitar em suas
propostas curriculares processos de ensino voltados
II - Ao definir suas propostas pedagógicas, para as relações com sua comunidade local,
as escolas deverão explicitar o reconhecimento da regional e planetária, visando à interação entre a
identidade pessoal de alunos, professores e outros educação fundamental e a vida cidadã; os alunos,
profissionais e a identidade de cada unidade ao aprenderem os conhecimentos e valores da
escolar e de seus respectivos sistemas de ensino. base nacional comum e da parte diversificada,
estarão também constituindo sua identidade como
III - As escolas deverão reconhecer que as
cidadãos, capazes de serem protagonistas de
aprendizagens são constituídas pela interação dos
ações responsáveis, solidárias e autônomas em
processos de conhecimento com os de linguagem
relação a si próprios, às suas famílias e às
e os afetivos, em consequência das relações entre
comunidades.
as distintas identidades dos vários participantes do
contexto escolarizado; as diversas experiências de VI - As escolas utilizarão a parte
vida de alunos, professores e demais participantes diversificada de suas propostas curriculares para

Página 4
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
enriquecer e complementar a base nacional FUNDAMENTOS
comum, propiciando, de maneira específica, a
Artigo 3º O Ensino Fundamental se traduz
introdução de projetos e atividades do interesse
como um direito público subjetivo de cada um e como
de suas comunidades.
dever do Estado e da família na sua oferta a todos.
VII - As escolas devem trabalhar em clima
Artigo 4º É dever do Estado garantir a oferta
de cooperação entre a direção e as equipes
do Ensino Fundamental público, gratuito e de
docentes, para que haja condições favoráveis à
qualidade, sem requisito de seleção.
adoção, execução, avaliação e aperfeiçoamento
das estratégias educacionais, em consequência do Parágrafo único. As escolas que ministram
uso adequado do espaço físico, do horário e esse ensino deverão trabalhar considerando essa
calendário escolares, na forma dos arts. 12 a 14 etapa da educação como aquela capaz de assegurar
da Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996. a cada um e a todos o acesso ao conhecimento e
aos elementos da cultura imprescindíveis para o seu
Art. 4º Esta Resolução entra em vigor na
desenvolvimento pessoal e para a vida em
data de sua publicação.
sociedade, assim como os benefícios de uma
ULYSSES DE OLIVEIRA PANISSET formação comum, independentemente da grande
diversidade da população escolar e das demandas
Presidente da Câmara de Educação Básica
sociais.
DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS
Artigo 5º O direito à educação, entendido
PARA O ENSINO FUNDAMENTAL DE 9 (NOVE)
como um direito inalienável do ser humano, constitui
ANOS
o fundamento maior destas Diretrizes. A educação,
RESOLUÇÃO CNE/CEB Nº 7, DE 14 DE ao proporcionar o desenvolvimento do potencial
DEZEMBRO DE 2010 humano, permite o exercício dos direitos civis,
políticos, sociais e do direito à diferença, sendo ela
Fixa Diretrizes Curriculares Nacionais para
mesma também um direito social, e possibilita a
o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos
formação cidadã e o usufruto dos bens sociais e
O Presidente da Câmara de Educação culturais.
Básica do Conselho Nacional de Educação, de § 1º O Ensino Fundamental deve
conformidade com o disposto na alínea "c" do § 1º comprometer-se com uma educação com qualidade
do Artigo 9º da Lei nº 4.024/61, com a redação social, igualmente entendida como direito humano.
dada pela Lei nº 9.131/95, no Artigo 32 da Lei nº
9.394/96, na Lei nº 11.274/2006, e com fundamento § 2º A educação de qualidade, como um
no Parecer CNE/CEB nº 11/2010, homologado por direito fundamental, é, antes de tudo, relevante,
Despacho do Senhor Ministro de Estado da pertinente e equitativa.
Educação, publicado no DOU de 9 de dezembro de
I - A relevância reporta-se à promoção de
2010, resolve:
aprendizagens significativas do ponto de vista das
Artigo 1º A presente Resolução fixa as exigências sociais e de desenvolvimento pessoal.
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino
II - A pertinência refere-se à possibilidade de
Fundamental de 9 (nove) anos a serem observadas
atender às necessidades e às características dos
na organização curricular dos sistemas de ensino e
estudantes de diversos contextos sociais e culturais e
de suas unidades escolares.
com diferentes capacidades e interesses.
Artigo 2º As Diretrizes Curriculares
III - A equidade alude à importância de tratar
Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove)
de forma diferenciada o que se apresenta como
anos articulam-se com as Diretrizes Curriculares
desigual no ponto de partida, com vistas a obter
Nacionais Gerais para a Educação Básica (Parecer
desenvolvimento e aprendizagens equiparáveis,
CNE/CEB nº 7/2010 e Resolução CNE/CEB nº
assegurando a todos a igualdade de direito à
4/2010) e reúnem princípios, fundamentos e
educação.
procedimentos definidos pelo Conselho Nacional de
Educação, para orientar as políticas públicas § 3º Na perspectiva de contribuir para a
educacionais e a elaboração, implementação e erradicação da pobreza e das desigualdades, a
avaliação das orientações curriculares nacionais, equidade requer que sejam oferecidos mais recursos
das propostas curriculares dos Estados, do Distrito e melhores condições às escolas menos providas e
Federal, dos Municípios, e dos projetos político- aos alunos que deles mais necessitem. Ao lado das
pedagógicos das escolas. políticas universais, dirigidas a todos sem requisito de
seleção, é preciso também sustentar políticas
Parágrafo único. Estas Diretrizes
reparadoras que assegurem maior apoio aos
Curriculares Nacionais aplicam-se a todas as
diferentes grupos sociais em desvantagem.
modalidades do Ensino Fundamental previstas na
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, § 4º A educação escolar, comprometida com
bem como à Educação do Campo, à Educação a igualdade do acesso de todos ao conhecimento e
Escolar Indígena e à Educação Escolar Quilombola. especialmente empenhada em garantir esse acesso

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
aos grupos da população em desvantagem na como instrumentos para uma visão crítica do mundo;
sociedade, será uma educação com qualidade
IV - o fortalecimento dos vínculos de família,
social e contribuirá para dirimir as desigualdades
dos laços de solidariedade humana e de tolerância
historicamente produzidas, assegurando, assim, o
recíproca em que se assenta a vida social.
ingresso, a permanência e o sucesso na escola,
com a consequente redução da evasão, da MATRÍCULA NO ENSINO FUNDAMENTAL
retenção e das distorções de idade/ano/série DE 9 (NOVE) ANOS E CARGA HORÁRIA
(Parecer CNE/CEB nº 7/2010 e Resolução
Artigo 8º O Ensino Fundamental, com
CNE/CEB nº 4/2010, que define as Diretrizes
Curriculares Nacionais Gerais para a Educação duração de 9 (nove) anos, abrange a população na
Básica). faixa etária dos 6 (seis) aos 14 (quatorze) anos de
idade e se estende, também, a todos os que, na
PRINCÍPIOS idade própria, não tiveram condições de frequentá-lo.
Artigo 6º Os sistemas de ensino e as § 1º É obrigatória a matrícula no Ensino
escolas adotarão, como norteadores das políticas Fundamental de crianças com 6 (seis) anos
educativas e das ações pedagógicas, os seguintes completos ou a completar até o dia 31 de março do
princípios: ano em que ocorrer a matrícula, nos termos da Lei e
das normas nacionais vigentes.
I - Éticos: de justiça, solidariedade,
liberdade e autonomia; de respeito à dignidade da § 2º As crianças que completarem 6 (seis)
pessoa humana e de compromisso com a anos após essa data deverão ser matriculadas na
promoção do bem de todos, contribuindo para Educação Infantil (Pré-Escola).
combater e eliminar quaisquer manifestações de
preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e § 3º A carga horária mínima anual do Ensino
quaisquer outras formas de discriminação. Fundamental regular será de 800 (oitocentas) horas
relógio, distribuídas em, pelo menos, 200 (duzentos)
II - Políticos: de reconhecimento dos dias de efetivo trabalho escolar.
direitos e deveres de cidadania, de respeito ao bem
CURRÍCULO
comum e à preservação do regime democrático e
dos recursos ambientais; da busca da equidade no Artigo 9º O currículo do Ensino Fundamental
acesso à educação, à saúde, ao trabalho, aos bens é entendido, nesta Resolução, como constituído
culturais e outros benefícios; da exigência de pelas experiências escolares que se desdobram em
diversidade de tratamento para assegurar a torno do conhecimento, permeadas pelas relações
igualdade de direitos entre os alunos que sociais, buscando articular vivências e saberes dos
apresentam diferentes necessidades; da redução alunos com os conhecimentos historicamente
da pobreza e das desigualdades sociais e acumulados e contribuindo para construir as
regionais. identidades dos estudantes.
III - Estéticos: do cultivo da sensibilidade § 1º O foco nas experiências escolares
juntamente com o da racionalidade; do significa que as orientações e as propostas
enriquecimento das formas de expressão e do curriculares que provêm das diversas instâncias só
exercício da criatividade; da valorização das terão concretude por meio das ações educativas que
diferentes manifestações culturais, especialmente a envolvem os alunos.
da cultura brasileira; da construção de identidades
plurais e solidárias. § 2º As experiências escolares abrangem
todos os aspectos do ambiente escolar, aqueles que
Artigo 7º De acordo com esses princípios, e compõem a parte explícita do currículo, bem como os
em conformidade com o Artigo 22 e o Artigo 32 da que também contribuem, de forma implícita, para a
Lei nº 9.394/96 (LDB), as propostas curriculares do aquisição de conhecimentos socialmente relevantes.
Ensino Fundamental visarão desenvolver o Valores, atitudes, sensibilidade e orientações de
educando, assegurar-lhe a formação comum conduta são veiculados não só pelos conhecimentos,
indispensável para o exercício da cidadania e mas por meio de rotinas, rituais, normas de convívio
fornecer-lhe os meios para progredir no trabalho e social, festividades, pela distribuição do tempo e
em estudos posteriores, mediante os objetivos organização do espaço educativo, pelos materiais
previstos para esta etapa da escolarização, a saber: utilizados na aprendizagem e pelo recreio, enfim,
I - o desenvolvimento da capacidade de pelas vivências proporcionadas pela escola.
aprender, tendo como meios básicos o pleno § 3º Os conhecimentos escolares são
domínio da leitura, da escrita e do cálculo; aqueles que as diferentes instâncias que produzem
orientações sobre o currículo, as escolas e os
II - a compreensão do ambiente natural e
professores selecionam e transformam a fim de que
social, do sistema político, das artes, da tecnologia
e dos valores em que se fundamenta a sociedade; possam ser ensinados e aprendidos, ao mesmo
tempo em que servem de elementos para a formação
III - a aquisição de conhecimentos e ética, estética e política do aluno.
habilidades, e a formação de atitudes e valores

Página 6
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
BASE NACIONAL COMUM E PARTE obrigatoriamente, conforme o Artigo 26 da Lei nº
DIVERSIFICADA: COMPLEMENTARIDADE 9.394/96, o estudo da Língua Portuguesa e da
Matemática, o conhecimento do mundo físico e
Artigo 10 O currículo do Ensino
natural e da realidade social e política, especialmente
Fundamental tem uma base nacional comum,
a do Brasil, bem como o ensino da Arte, a Educação
complementada em cada sistema de ensino e em
Física e o Ensino Religioso.
cada estabelecimento escolar por uma parte
diversificada. Artigo 15 Os componentes curriculares
obrigatórios do Ensino Fundamental serão assim
Artigo 11 A base nacional comum e a parte
organizados em relação às áreas de conhecimento:
diversificada do currículo do Ensino Fundamental
constituem um todo integrado e não podem ser I - Linguagens:
consideradas como dois blocos distintos.
a) Língua Portuguesa;
§ 1º A articulação entre a base nacional
b) Língua Materna, para populações
comum e a parte diversificada do currículo do
indígenas;
Ensino Fundamental possibilita a sintonia dos
interesses mais amplos de formação básica do c) Língua Estrangeira moderna;
cidadão com a realidade local, as necessidades dos
alunos, as características regionais da sociedade, d) Arte; e
da cultura e da economia e perpassa todo o e) Educação Física;
currículo.
II - Matemática;
§ 2º Voltados à divulgação de valores
fundamentais ao interesse social e à preservação III - Ciências da Natureza;
da ordem democrática, os conhecimentos que IV - Ciências Humanas:
fazem parte da base nacional comum a que todos
devem ter acesso, independentemente da região e a)História;
do lugar em que vivem, asseguram a característica b)Geografia;
unitária das orientações curriculares nacionais, das
propostas curriculares dos Estados, do Distrito V - Ensino Religioso.
Federal, dos Municípios, e dos projetos político- § 1º O Ensino Fundamental deve ser
pedagógicos das escolas. ministrado em língua portuguesa, assegurada
§ 3º Os conteúdos curriculares que também às comunidades indígenas a utilização de
compõem a parte diversificada do currículo serão suas línguas maternas e processos próprios de
definidos pelos sistemas de ensino e pelas escolas, aprendizagem, conforme o Artigo 210, § 2º, da
de modo a complementar e enriquecer o currículo, Constituição Federal.
assegurando a contextualização dos § 2º O ensino de História do Brasil levará em
conhecimentos escolares em face das diferentes conta as contribuições das diferentes culturas e
realidades. etnias para a formação do povo brasileiro,
Artigo 12 Os conteúdos que compõem a especialmente das matrizes indígena, africana e
base nacional comum e a parte diversificada têm europeia (Artigo 26, § 4º, da Lei nº 9.394/96).
origem nas disciplinas científicas, no § 3º A história e as culturas indígena e afro-
desenvolvimento das linguagens, no mundo do brasileira, presentes, obrigatoriamente, nos
trabalho, na cultura e na tecnologia, na produção conteúdos desenvolvidos no âmbito de todo o
artística, nas atividades desportivas e corporais, na currículo escolar e, em especial, no ensino de Arte,
área da saúde e ainda incorporam saberes como os Literatura e História do Brasil, assim como a História
que advêm das formas diversas de exercício da da África, deverão assegurar o conhecimento e o
cidadania, dos movimentos sociais, da cultura reconhecimento desses povos para a constituição da
escolar, da experiência docente, do cotidiano e dos nação (conforme Artigo 26-A da Lei nº 9.394/96,
alunos. alterado pela Lei nº 11.645/2008). Sua inclusão
Artigo 13 Os conteúdos a que se refere o possibilita ampliar o leque de referências culturais de
Artigo 12 são constituídos por componentes toda a população escolar e contribui para a mudança
curriculares que, por sua vez, se articulam com as das suas concepções de mundo, transformando os
áreas de conhecimento, a saber: Linguagens, conhecimentos comuns veiculados pelo currículo e
Matemática, Ciências da Natureza e Ciências contribuindo para a construção de identidades mais
Humanas. As áreas de conhecimento favorecem a plurais e solidárias.
comunicação entre diferentes conhecimentos § 4º A Música constitui conteúdo obrigatório,
sistematizados e entre estes e outros saberes, mas mas não exclusivo, do componente curricular Arte, o
permitem que os referenciais próprios de cada qual compreende também as artes visuais, o teatro e
componente curricular sejam preservados. a dança, conforme o § 6º do Artigo 26 da Lei nº
Artigo 14 O currículo da base nacional 9.394/96.
comum do Ensino Fundamental deve abranger,
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 5º A Educação Física, componente PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO
obrigatório do currículo do Ensino Fundamental,
Artigo 18 O currículo do Ensino Fundamental
integra a proposta político-pedagógica da escola e
com 9 (nove) anos de duração exige a estruturação
será facultativa ao aluno apenas nas circunstâncias
de um projeto educativo coerente, articulado e
previstas no § 3º do Artigo 26 da Lei nº 9.394/96.
integrado, de acordo com os modos de ser e de se
§ 6º O Ensino Religioso, de matrícula desenvolver das crianças e adolescentes nos
facultativa ao aluno, é parte integrante da formação diferentes contextos sociais.
básica do cidadão e constitui componente curricular
Artigo 19 Ciclos, séries e outras formas de
dos horários normais das escolas públicas de
organização a que se refere a Lei nº 9.394/96 serão
Ensino Fundamental, assegurado o respeito à
compreendidos como tempos e espaços
diversidade cultural e religiosa do Brasil e vedadas
interdependentes e articulados entre si, ao longo dos
quaisquer formas de proselitismo, conforme o Artigo
9 (nove) anos de duração do Ensino Fundamental.
33 da Lei nº 9.394/96.
GESTÃO DEMOCRÁTICA E
Artigo 16 Os componentes curriculares e as
PARTICIPATIVA COMO GARANTIA DO DIREITO À
áreas de conhecimento devem articular em seus
EDUCAÇÃO
conteúdos, a partir das possibilidades abertas pelos
seus referenciais, a abordagem de temas Artigo 20 As escolas deverão formular o
abrangentes e contemporâneos que afetam a vida projeto político-pedagógico e elaborar o regimento
humana em escala global, regional e local, bem escolar de acordo com a proposta do Ensino
como na esfera individual. Temas como saúde, Fundamental de 9 (nove) anos, por meio de
sexualidade e gênero, vida familiar e social, assim processos participativos relacionados à gestão
como os direitos das crianças e adolescentes, de democrática.
acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente
§ 1º O projeto político-pedagógico da escola
(Lei nº 8.069/90), preservação do meio ambiente,
traduz a proposta educativa construída pela
nos termos da política nacional de educação
comunidade escolar no exercício de sua autonomia,
ambiental (Lei nº 9.795/99), educação para o
consumo, educação fiscal, trabalho, ciência e com base nas características dos alunos, nos
tecnologia, e diversidade cultural devem permear o profissionais e recursos disponíveis, tendo como
referência as orientações curriculares nacionais e dos
desenvolvimento dos conteúdos da base nacional
respectivos sistemas de ensino.
comum e da parte diversificada do currículo.
§ 2º Será assegurada ampla participação dos
§ 1º Outras leis específicas que
profissionais da escola, da família, dos alunos e da
complementam a Lei nº 9.394/96 determinam que
sejam ainda incluídos temas relativos à condição e comunidade local na definição das orientações
aos direitos dos idosos (Lei nº 10.741/2003) e à imprimidas aos processos educativos e nas formas
de implementá-las, tendo como apoio um processo
educação para o trânsito (Lei nº 9.503/97).
contínuo de avaliação das ações, a fim de garantir a
§ 2º A transversalidade constitui uma das distribuição social do conhecimento e contribuir para
maneiras de trabalhar os componentes curriculares, a construção de uma sociedade democrática e
as áreas de conhecimento e os temas sociais em igualitária.
uma perspectiva integrada, conforme a Diretrizes
Curriculares Nacionais Gerais para a Educação § 3º O regimento escolar deve assegurar as
condições institucionais adequadas para a execução
Básica (Parecer CNE/CEB nº 7/2010 e Resolução
do projeto político-pedagógico e a oferta de uma
CNE/CEB nº 4/2010).
educação inclusiva e com qualidade social,
§ 3º Aos órgãos executivos dos sistemas de igualmente garantida a ampla participação da
ensino compete a produção e a disseminação de comunidade escolar na sua elaboração.
materiais subsidiários ao trabalho docente, que
§ 4º O projeto político-pedagógico e o
contribuam para a eliminação de discriminações,
regimento escolar, em conformidade com a
racismo, sexismo, homofobia e outros preconceitos
legislação e as normas vigentes, conferirão espaço e
e que conduzam à adoção de comportamentos
tempo para que os profissionais da escola e, em
responsáveis e solidários em relação aos outros e
ao meio ambiente. especial, os professores, possam participar de
reuniões de trabalho coletivo, planejar e executar as
Artigo 17 Na parte diversificada do currículo ações educativas de modo articulado, avaliar os
do Ensino Fundamental será incluído, trabalhos dos alunos, tomar parte em ações de
obrigatoriamente, a partir do 6º ano, o ensino de, formação continuada e estabelecer contatos com a
pelo menos, uma Língua Estrangeira moderna, cuja comunidade.
escolha ficará a cargo da comunidade escolar.
§ 5º Na implementação de seu projeto
Parágrafo único. Entre as línguas político-pedagógico, as escolas se articularão com as
estrangeiras modernas, a língua espanhola poderá instituições formadoras com vistas a assegurar a
ser a opção, nos termos da Lei nº 11.161/ 2005. formação continuada de seus profissionais.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Artigo 21 No projeto político-pedagógico do articulados ao desenvolvimento dos componentes
Ensino Fundamental e no regimento escolar, o curriculares e às áreas de conhecimento, observadas
aluno, centro do planejamento curricular, será as disposições contidas nas Diretrizes Curriculares
considerado como sujeito que atribui sentidos à Nacionais Gerais para a Educação Básica
natureza e à sociedade nas práticas sociais que (Resolução CNE/CEB nº 4/2010, Artigo 17) e nos
vivencia, produzindo cultura e construindo sua termos do Parecer que dá base à presente
identidade pessoal e social. Resolução.
Parágrafo único. Como sujeito de direitos, o Artigo 25 Os professores levarão em conta a
aluno tomará parte ativa na discussão e na diversidade sociocultural da população escolar, as
implementação das normas que regem as formas desigualdades de acesso ao consumo de bens
de relacionamento na escola, fornecerá indicações culturais e a multiplicidade de interesses e
relevantes a respeito do que deve ser trabalhado no necessidades apresentadas pelos alunos no
currículo e será incentivado a participar das desenvolvimento de metodologias e estratégias
organizações estudantis. variadas que melhor respondam às diferenças de
aprendizagem entre os estudantes e às suas
Artigo 22 O trabalho educativo no Ensino
demandas.
Fundamental deve empenhar-se na promoção de
uma cultura escolar acolhedora e respeitosa, que Artigo 26 Os sistemas de ensino e as escolas
reconheça e valorize as experiências dos alunos assegurarão adequadas condições de trabalho aos
atendendo as suas diferenças e necessidades seus profissionais e o provimento de outros insumos,
específicas, de modo a contribuir para efetivar a de acordo com os padrões mínimos de qualidade
inclusão escolar e o direito de todos à educação. referidos no inciso IX do Artigo 4º da Lei nº 9.394/96
e em normas específicas estabelecidas pelo
Artigo 23 Na implementação do projeto
Conselho Nacional de Educação, com vistas à
político-pedagógico, o cuidar e o educar,
criação de um ambiente propício à aprendizagem,
indissociáveis funções da escola, resultarão em
com base:
ações integradas que buscam articular-se,
pedagogicamente, no interior da própria instituição, I - no trabalho compartilhado e no
e também externamente, com os serviços de apoio compromisso individual e coletivo dos professores e
aos sistemas educacionais e com as políticas de demais profissionais da escola com a aprendizagem
outras áreas, para assegurar a aprendizagem, o dos alunos;
bem-estar e o desenvolvimento do aluno em todas
II - no atendimento às necessidades
as suas dimensões.
específicas de aprendizagem de cada um mediante
RELEVÂNCIA DOS CONTEÚDOS, abordagens apropriadas;
INTEGRAÇÃO E ABORDAGENS
III - na utilização dos recursos disponíveis na
Artigo 24 A necessária integração dos escola e nos espaços sociais e culturais do entorno;
conhecimentos escolares no currículo favorece a
IV - na contextualização dos conteúdos,
sua contextualização e aproxima o processo
assegurando que a aprendizagem seja relevante e
educativo das experiências dos alunos.
socialmente significativa;
§ 1º A oportunidade de conhecer e analisar
V - no cultivo do diálogo e de relações de
experiências assentadas em diversas concepções
parceria com as famílias.
de currículo integrado e interdisciplinar oferecerá
aos docentes subsídios para desenvolver propostas Parágrafo único. Como protagonistas das
pedagógicas que avancem na direção de um ações pedagógicas, caberá aos docentes equilibrar a
trabalho colaborativo, capaz de superar a ênfase no reconhecimento e valorização da
fragmentação dos componentes curriculares. experiência do aluno e da cultura local que contribui
para construir identidades afirmativas, e a
§ 2º Constituem exemplos de possibilidades
necessidade de lhes fornecer instrumentos mais
de integração do currículo, entre outros, as
complexos de análise da realidade que possibilitem o
propostas curriculares ordenadas em torno de
acesso a níveis universais de explicação dos
grandes eixos articuladores, projetos
fenômenos, propiciando-lhes os meios para transitar
interdisciplinares com base em temas geradores
entre a sua e outras realidades e culturas e participar
formulados a partir de questões da comunidade e
de diferentes esferas da vida social, econômica e
articulados aos componentes curriculares e às
política.
áreas de conhecimento, currículos em rede,
propostas ordenadas em torno de conceitos-chave Artigo 27 Os sistemas de ensino, as escolas
ou conceitos nucleares que permitam trabalhar as e os professores, com o apoio das famílias e da
questões cognitivas e as questões culturais numa comunidade, envidarão esforços para assegurar o
perspectiva transversal, e projetos de trabalho com progresso contínuo dos alunos no que se refere ao
diversas acepções. seu desenvolvimento pleno e à aquisição de
aprendizagens significativas, lançando mão de todos
§ 3º Os projetos propostos pela escola,
os recursos disponíveis e criando renovadas
comunidade, redes e sistemas de ensino serão
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
oportunidades para evitar que a trajetória escolar II - pelas escolas, à coordenação das
discente seja retardada ou indevidamente demandas específicas feitas pelos diferentes
interrompida. professores aos alunos, a fim de que os estudantes
possam melhor organizar as suas atividades diante
§ 1º Devem, portanto, adotar as
das solicitações muito diversas que recebem.
providências necessárias para que a
operacionalização do princípio da continuidade não Artigo 30 Os três anos iniciais do Ensino
seja traduzida como "promoção automática" de Fundamental devem assegurar:
alunos de um ano, série ou ciclo para o seguinte, e
I - a alfabetização e o letramento;
para que o combate à repetência não se transforme
em descompromisso com o ensino e a II - o desenvolvimento das diversas formas
aprendizagem. de expressão, incluindo o aprendizado da Língua
Portuguesa, a Literatura, a Música e demais artes, a
§ 2º A organização do trabalho pedagógico
Educação Física, assim como o aprendizado da
incluirá a mobilidade e a flexibilização dos tempos e
Matemática, da Ciência, da História e da Geografia;
espaços escolares, a diversidade nos
agrupamentos de alunos, as diversas linguagens III - a continuidade da aprendizagem, tendo
artísticas, a diversidade de materiais, os variados em conta a complexidade do processo de
suportes literários, as atividades que mobilizem o alfabetização e os prejuízos que a repetência pode
raciocínio, as atitudes investigativas, as abordagens causar no Ensino Fundamental como um todo e,
complementares e as atividades de reforço, a particularmente, na passagem do primeiro para o
articulação entre a escola e a comunidade, e o segundo ano de escolaridade e deste para o terceiro.
acesso aos espaços de expressão cultural.
§ 1º Mesmo quando o sistema de ensino ou a
Artigo 28 A utilização qualificada das escola, no uso de sua autonomia, fizerem opção pelo
tecnologias e conteúdos das mídias como recurso regime seriado, será necessário considerar os três
aliado ao desenvolvimento do currículo contribui anos iniciais do Ensino Fundamental como um bloco
para o importante papel que tem a escola como pedagógico ou um ciclo sequencial não passível de
ambiente de inclusão digital e de utilização crítica interrupção, voltado para ampliar a todos os alunos
das tecnologias da informação e comunicação, as oportunidades de sistematização e
requerendo o aporte dos sistemas de ensino no que aprofundamento das aprendizagens básicas,
se refere à: imprescindíveis para o prosseguimento dos estudos.
I - provisão de recursos midiáticos § 2º Considerando as características de
atualizados e em número suficiente para o desenvolvimento dos alunos, cabe aos professores
atendimento aos alunos; adotar formas de trabalho que proporcionem maior
mobilidade das crianças nas salas de aula e as levem
II - adequada formação do professor e
a explorar mais intensamente as diversas linguagens
demais profissionais da escola.
artísticas, a começar pela literatura, a utilizar
ARTICULAÇÕES E CONTINUIDADE DA materiais que ofereçam oportunidades de raciocinar,
TRAJETÓRIA ESCOLAR manuseando-os e explorando as suas características
e propriedades.
Artigo 29 A necessidade de assegurar aos
alunos um percurso contínuo de aprendizagens Artigo 31 Do 1º ao 5º ano do Ensino
torna imperativa a articulação de todas as etapas Fundamental, os componentes curriculares Educação
da educação, especialmente do Ensino Física e Arte poderão estar a cargo do professor de
Fundamental com a Educação Infantil, dos anos referência da turma, aquele com o qual os alunos
iniciais e dos anos finais no interior do Ensino permanecem a maior parte do período escolar, ou de
Fundamental, bem como do Ensino Fundamental professores licenciados nos respectivos
com o Ensino Médio, garantindo a qualidade da componentes.
Educação Básica.
§ 1º Nas escolas que optarem por incluir
§ 1º O reconhecimento do que os alunos já Língua Estrangeira nos anos iniciais do Ensino
aprenderam antes da sua entrada no Ensino Fundamental, o professor deverá ter licenciatura
Fundamental e a recuperação do caráter lúdico do específica no componente curricular.
ensino contribuirão para melhor qualificar a ação
§ 2º Nos casos em que esses componentes
pedagógica junto às crianças, sobretudo nos anos
curriculares sejam desenvolvidos por professores
iniciais dessa etapa da escolarização.
com licenciatura específica (conforme Parecer
§ 2º Na passagem dos anos iniciais para os CNE/CEB nº 2/2008), deve ser assegurada a
anos finais do Ensino Fundamental, especial integração com os demais componentes trabalhados
atenção será dada: pelo professor de referência da turma.
I - pelos sistemas de ensino, ao
planejamento da oferta educativa dos alunos
transferidos das redes municipais para as
estaduais;
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
AVALIAÇÃO: PARTE INTEGRANTE DO sistemas de ensino e as escolas nos esforços de
CURRÍCULO melhoria da qualidade da educação e da
aprendizagem dos alunos.
Artigo 32 A avaliação dos alunos, a ser
realizada pelos professores e pela escola como § 1º A análise do rendimento dos alunos com
parte integrante da proposta curricular e da base nos indicadores produzidos por essas
implementação do currículo, é redimensionadora da avaliações deve auxiliar os sistemas de ensino e a
ação pedagógica e deve: comunidade escolar a redimensionarem as práticas
educativas com vistas ao alcance de melhores
I - assumir um caráter processual, formativo
resultados.
e participativo, ser contínua, cumulativa e
diagnóstica, com vistas a: § 2º A avaliação externa do rendimento dos
alunos refere-se apenas a uma parcela restrita do
a) identificar potencialidades e dificuldades
que é trabalhado nas escolas, de sorte que as
de aprendizagem e detectar problemas de ensino;
referências para o currículo devem continuar sendo
b) subsidiar decisões sobre a utilização de as contidas nas propostas político-pedagógicas das
estratégias e abordagens de acordo com as escolas, articuladas às orientações e propostas
necessidades dos alunos, criar condições de intervir curriculares dos sistemas, sem reduzir os seus
de modo imediato e a mais longo prazo para sanar propósitos ao que é avaliado pelos testes de larga
dificuldades e redirecionar o trabalho docente; escala.
c) manter a família informada sobre o Artigo 34 Os sistemas, as redes de ensino e
desempenho dos alunos; os projetos político-pedagógicos das escolas devem
expressar com clareza o que é esperado dos alunos
d) reconhecer o direito do aluno e da família em relação à sua aprendizagem.
de discutir os resultados de avaliação, inclusive em
instâncias superiores à escola, revendo Artigo 35 Os resultados de aprendizagem dos
procedimentos sempre que as reivindicações forem alunos devem ser aliados à avaliação das escolas e
procedentes. de seus professores, tendo em conta os parâmetros
de referência dos insumos básicos necessários à
II - utilizar vários instrumentos e educação de qualidade para todos nesta etapa da
procedimentos, tais como a observação, o registro educação e respectivo custo aluno-qualidade inicial
descritivo e reflexivo, os trabalhos individuais e
(CAQi), consideradas inclusive as suas modalidades
coletivos, os portfólios, exercícios, provas,
e as formas diferenciadas de atendimento como a
questionários, dentre outros, tendo em conta a sua
Educação do Campo, a Educação Escolar Indígena,
adequação à faixa etária e às características de
a Educação Escolar Quilombola e as escolas de
desenvolvimento do educando; tempo integral.
III - fazer prevalecer os aspectos Parágrafo único. A melhoria dos resultados
qualitativos da aprendizagem do aluno sobre os
de aprendizagem dos alunos e da qualidade da
quantitativos, bem como os resultados ao longo do
educação obriga:
período sobre os de eventuais provas finais, tal com
determina a alínea "a" do inciso V do Artigo 24 da I - os sistemas de ensino a incrementarem os
Lei nº 9.394/96; dispositivos da carreira e de condições de exercício e
valorização do magistério e dos demais profissionais
IV - assegurar tempos e espaços diversos da educação e a oferecerem os recursos e apoios
para que os alunos com menor rendimento tenham
que demandam as escolas e seus profissionais para
condições de ser devidamente atendidos ao longo
melhorar a sua atuação;
do ano letivo;
II - as escolas a uma apreciação mais ampla
V - prover, obrigatoriamente, períodos de das oportunidades educativas por elas oferecidas aos
recuperação, de preferência paralelos ao período educandos, reforçando a sua responsabilidade de
letivo, como determina a Lei nº 9.394/96;
propiciar renovadas oportunidades e incentivos aos
VI - assegurar tempos e espaços de que delas mais necessitem.
reposição dos conteúdos curriculares, ao longo do A EDUCAÇÃO EM ESCOLA DE TEMPO
ano letivo, aos alunos com frequência insuficiente, INTEGRAL
evitando, sempre que possível, a retenção por
faltas; Artigo 36 Considera-se como de período
integral a jornada escolar que se organiza em 7
VII - possibilitar a aceleração de estudos
(sete) horas diárias, no mínimo, perfazendo uma
para os alunos com defasagem idade-série.
carga horária anual de, pelo menos, 1.400 (mil e
Artigo 33 Os procedimentos de avaliação quatrocentas) horas.
adotados pelos professores e pela escola serão
Parágrafo único. As escolas e,
articulados às avaliações realizadas em nível solidariamente, os sistemas de ensino, conjugarão
nacional e às congêneres nos diferentes Estados e esforços objetivando o progressivo aumento da carga
Municípios, criadas com o objetivo de subsidiar os
horária mínima diária e, consequentemente, da carga
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
horária anual, com vistas à maior qualificação do Diretrizes para a Educação Básica do Campo
processo de ensino-aprendizagem, tendo como (Parecer CNE/CEB nº 36/2001 e Resolução
horizonte o atendimento escolar em período CNE/CEB nº 1/2002; Parecer CNE/CEB nº 3/2008 e
integral. Resolução CNE/CEB nº 2/2008).
Artigo 37 A proposta educacional da escola Artigo 39 A Educação Escolar Indígena e a
de tempo integral promoverá a ampliação de Educação Escolar Quilombola são, respectivamente,
tempos, espaços e oportunidades educativas e o oferecidas em unidades educacionais inscritas em
compartilhamento da tarefa de educar e cuidar suas terras e culturas e, para essas populações,
entre os profissionais da escola e de outras áreas, estão assegurados direitos específicos na
as famílias e outros atores sociais, sob a Constituição Federal que lhes permitem valorizar e
coordenação da escola e de seus professores, preservar as suas culturas e reafirmar o seu
visando alcançar a melhoria da qualidade da pertencimento étnico.
aprendizagem e da convivência social e diminuir as
§ 1º As escolas indígenas, atendendo a
diferenças de acesso ao conhecimento e aos bens
normas e ordenamentos jurídicos próprios e a
culturais, em especial entre as populações
Diretrizes Curriculares Nacionais específicas, terão
socialmente mais vulneráveis.
ensino intercultural e bilíngue, com vistas à afirmação
§ 1º O currículo da escola de tempo e à manutenção da diversidade étnica e linguística,
integral, concebido como um projeto educativo assegurarão a participação da comunidade no seu
integrado, implica a ampliação da jornada escolar modelo de edificação, organização e gestão, e
diária mediante o desenvolvimento de atividades deverão contar com materiais didáticos produzidos
como o acompanhamento pedagógico, o reforço e o de acordo com o contexto cultural de cada povo
aprofundamento da aprendizagem, a (Parecer CNE/CEB nº 14/99 e Resolução CNE/CEB
experimentação e a pesquisa científica, a cultura e nº 3/99).
as artes, o esporte e o lazer, as tecnologias da
§ 2º O detalhamento da Educação Escolar
comunicação e informação, a afirmação da cultura
Quilombola deverá ser definido pelo Conselho
dos direitos humanos, a preservação do meio
Nacional de Educação por meio de Diretrizes
ambiente, a promoção da saúde, entre outras,
Curriculares Nacionais específicas.
articuladas aos componentes curriculares e às
áreas de conhecimento, a vivências e práticas Artigo 40 O atendimento escolar às
socioculturais. populações do campo, povos indígenas e
quilombolas requer respeito às suas peculiares
§ 2º As atividades serão desenvolvidas
condições de vida e a utilização de pedagogias
dentro do espaço escolar conforme a
condizentes com as suas formas próprias de produzir
disponibilidade da escola, ou fora dele, em espaços
conhecimentos, observadas as Diretrizes
distintos da cidade ou do território em que está
Curriculares Nacionais Gerais para a Educação
situada a unidade escolar, mediante a utilização de
Básica (Parecer CNE/CEB nº 7/2010 e Resolução
equipamentos sociais e culturais aí existentes e o
CNE/CEB nº 4/2010).
estabelecimento de parcerias com órgãos ou
entidades locais, sempre de acordo com o § 1º As escolas das populações do campo,
respectivo projeto políticopedagógico. dos povos indígenas e dos quilombolas, ao contar
com a participação ativa das comunidades locais nas
§ 3º Ao restituir a condição de ambiente de
decisões referentes ao currículo, estarão ampliando
aprendizagem à comunidade e à cidade, a escola
as oportunidades de:
estará contribuindo para a construção de redes
sociais e de cidades educadoras. I - reconhecimento de seus modos próprios
de vida, suas culturas, tradições e memórias
§ 4º Os órgãos executivos e normativos da
coletivas, como fundamentais para a constituição da
União e dos sistemas estaduais e municipais de
identidade das crianças, adolescentes e adultos;
educação assegurarão que o atendimento dos
alunos na escola de tempo integral possua II - valorização dos saberes e do papel
infraestrutura adequada e pessoal qualificado, além dessas populações na produção de conhecimentos
do que, esse atendimento terá caráter obrigatório e sobre o mundo, seu ambiente natural e cultural,
será passível de avaliação em cada escola. assim como as práticas ambientalmente sustentáveis
que utilizam;
EDUCAÇÃO DO CAMPO, EDUCAÇÃO
ESCOLAR INDÍGENA E EDUCAÇÃO ESCOLAR III - reafirmação do pertencimento étnico, no
QUILOMBOLA caso das comunidades quilombolas e dos povos
indígenas, e do cultivo da língua materna na escola
Artigo 38 A Educação do Campo, tratada
para estes últimos, como elementos importantes de
como educação rural na legislação brasileira,
construção da identidade;
incorpora os espaços da floresta, da pecuária, das
minas e da agricultura e se estende, também, aos IV - flexibilização, se necessário, do
espaços pesqueiros, caiçaras, ribeirinhos e calendário escolar, das rotinas e atividades, tendo em
extrativistas, conforme as conta as diferenças relativas às atividades

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
econômicas e culturais, mantido o total de horas especializados e será implementado por professores
anuais obrigatórias no currículo; e profissionais com formação especializada, de
acordo com plano de atendimento aos alunos que
V - superação das desigualdades sociais e
identifique suas necessidades educacionais
escolares que afetam essas populações, tendo por
específicas, defina os recursos necessários e as
garantia o direito à educação;
atividades a serem desenvolvidas.
§ 2º Os projetos político-pedagógicos das
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
escolas do campo, indígenas e quilombolas devem
contemplar a diversidade nos seus aspectos Artigo 43 Os sistemas de ensino
sociais, culturais, políticos, econômicos, éticos e assegurarão, gratuitamente, aos jovens e adultos que
estéticos, de gênero, geração e etnia. não puderam efetuar os estudos na idade própria,
oportunidades educacionais adequadas às suas
§ 3º As escolas que atendem a essas
características, interesses, condições de vida e de
populações deverão ser devidamente providas
trabalho mediante cursos e exames, conforme
pelos sistemas de ensino de materiais didáticos e
estabelece o Artigo 37, § 1º, da Lei nº 9.394/96.
educacionais que subsidiem o trabalho com a
diversidade, bem como de recursos que assegurem Artigo 44 A Educação de Jovens e Adultos,
aos alunos o acesso a outros bens culturais e lhes voltada para a garantia de formação integral, da
permitam estreitar o contato com outros modos de alfabetização às diferentes etapas da escolarização
vida e outras formas de conhecimento. ao longo da vida, inclusive àqueles em situação de
privação de liberdade, é pautada pela inclusão e pela
§ 4º A participação das populações locais
qualidade social e requer:
pode também subsidiar as redes escolares e os
sistemas de ensino quanto à produção e à oferta de I - um processo de gestão e financiamento
materiais escolares e no que diz respeito a que lhe assegure isonomia em relação ao Ensino
transporte e a equipamentos que atendam as Fundamental regular;
características ambientais e socioculturais das
II - um modelo pedagógico próprio que
comunidades e as necessidades locais e regionais.
permita a apropriação e a contextualização das
EDUCAÇÃO ESPECIAL Diretrizes Curriculares Nacionais;
Artigo 41 O projeto político-pedagógico da III - a implantação de um sistema de
escola e o regimento escolar, amparados na monitoramento e avaliação;
legislação vigente, deverão contemplar a melhoria
IV - uma política de formação permanente de
das condições de acesso e de permanência dos
seus professores;
alunos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades nas classes V - maior alocação de recursos para que seja
comuns do ensino regular, intensificando o ministrada por docentes licenciados.
processo de inclusão nas escolas públicas e
Artigo 45 A idade mínima para o ingresso nos
privadas e buscando a universalização do
cursos de Educação de Jovens e Adultos e para a
atendimento.
realização de exames de conclusão de EJA será de
Parágrafo único. Os recursos de 15 (quinze) anos completos (Parecer CNE/CEB nº
acessibilidade são aqueles que asseguram 6/2010 e Resolução CNE/CEB nº 3/2010).
condições de acesso ao currículo dos alunos com
deficiência e mobilidade reduzida, por meio da Parágrafo único. Considerada a prioridade de
atendimento à escolarização obrigatória, para que
utilização de materiais didáticos, dos espaços,
haja oferta capaz de contemplar o pleno atendimento
mobiliários e equipamentos, dos sistemas de
dos adolescentes, jovens e adultos na faixa dos 15
comunicação e informação, dos transportes e
outros serviços. (quinze) anos ou mais, com defasagem idade/série,
tanto na sequência do ensino regular, quanto em
Artigo 42 O atendimento educacional Educação de Jovens e
especializado aos alunos da Educação Especial
Adultos, assim como nos cursos destinados à
será promovido e expandido com o apoio dos
formação profissional, torna-se necessário:
órgãos competentes. Ele não substitui a
escolarização, mas contribui para ampliar o acesso I - fazer a chamada ampliada dos estudantes
ao currículo, ao proporcionar independência aos em todas as modalidades do Ensino Fundamental;
educandos para a realização de tarefas e favorecer
a sua autonomia (conforme Decreto nº 6.571/2008, II - apoiar as redes e os sistemas de ensino a
Parecer CNE/CEB nº 13/2009 e Resolução estabelecerem política própria para o atendimento
CNE/CEB nº 4/2009). desses estudantes, que considere as suas
potencialidades, necessidades, expectativas em
Parágrafo único. O atendimento relação à vida, às culturas juvenis e ao mundo do
educacional especializado poderá ser oferecido no trabalho, inclusive com programas de aceleração da
contraturno, em salas de recursos multifuncionais aprendizagem, quando necessário;
na própria escola, em outra escola ou em centros

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
III - incentivar a oferta de Educação de fragmentação dos projetos educativos no interior de
Jovens e Adultos nos períodos diurno e noturno, uma mesma realidade educacional;
com avaliação em processo.
IV - o acompanhamento e a avaliação dos
Artigo 46 A oferta de cursos de Educação programas e ações educativas nas respectivas redes
de Jovens e Adultos, nos anos iniciais do Ensino e escolas e o suprimento das necessidades
Fundamental, será presencial e a sua duração detectadas.
ficará a critério de cada sistema de ensino, nos
Artigo 49 O Ministério da Educação, em
termos do Parecer CNE/CEB nº 29/2006, tal como
articulação com os Estados, os Municípios e o
remete o Parecer CNE/CEB nº 6/2010 e a
Distrito Federal, deverá encaminhar ao Conselho
Resolução CNE/CEB nº 3/2010. Nos anos finais, ou
Nacional de Educação, precedida de consulta pública
seja, do 6º ano ao 9º ano, os cursos poderão ser
nacional, proposta de expectativas de aprendizagem
presenciais ou a distância, devidamente
dos conhecimentos escolares que devem ser
credenciados, e terão 1.600 (mil e seiscentas)
atingidas pelos alunos em diferentes estágios do
horas de duração.
Ensino Fundamental (Artigo 9º, § 3º, desta
Parágrafo único. Tendo em conta as Resolução).
situações, os perfis e as faixas etárias dos
Parágrafo único. Cabe, ainda, ao Ministério
adolescentes, jovens e adultos, o projeto político-
da Educação elaborar orientações e oferecer outros
pedagógico da escola e o regimento escolar
subsídios para a implementação destas Diretrizes.
viabilizarão um modelo pedagógico próprio para
essa modalidade de ensino que permita a Artigo 50 A presente Resolução entrará em
apropriação e a contextualização das Diretrizes vigor na data de sua publicação, revogando-se as
Curriculares Nacionais, assegurando: disposições em contrário, especialmente a Resolução
CNE/CEB nº 2, de 7 de abril de 1998.
I - a identificação e o reconhecimento das
formas de aprender dos adolescentes, jovens e FRANCISCO APARECIDO CORDÃO
adultos e a valorização de seus conhecimentos e
ANEXO:
experiências;
II - a distribuição dos componentes - CEB -
curriculares de modo a proporcionar um patamar Aprovado em 7.7.2010
igualitário de formação, bem como a sua disposição ASSUNTO: Diretrizes Curriculares Nacionais
adequada nos tempos e espaços educativos, em para o Ensino Fundamental de 9 nove anos
face das necessidades específicas dos estudantes. INTERESSADO: Conselho Nacional de
Educação/Câmara de Educação Básica UF: DF
Artigo 47 A inserção de Educação de
Jovens e Adultos no Sistema Nacional de Avaliação RELATOR: Cesar Callegari
da Educação Básica, incluindo, além da avaliação
do rendimento dos alunos, a aferição de PROCESSO Nº 23001.000168/2009-57
indicadores institucionais das redes públicas e I – RELATÓRIO
privadas, concorrerá para a universalização e a
melhoria da qualidade do processo educativo. 1. Histórico

A IMPLEMENTAÇÃO DESTAS Pedra angular da Educação Básica, o Ensino

DIRETRIZES: COMPROMISSO SOLIDÁRIO DOS Fundamental tem constituído foco central da luta pelo
SISTEMAS E REDES DE ENSINO direito à educação. Em consequência, no Brasil, nos
últimos anos, sua organização e seu funcionamento
Artigo 48 Tendo em vista a implementação têm sido objeto de mudanças que se refletem nas
destas Diretrizes, cabe aos sistemas e às redes de expectativas de melhoria de sua qualidade e de
ensino prover: ampliação de sua abrangência, consubstanciadas em
I - os recursos necessários à ampliação dos novas leis, normas, sistemas de financiamento,
tempos e espaços dedicados ao trabalho educativo sistemas de avaliação e monitoramento, programas
nas escolas e a distribuição de materiais didáticos e de formação e aperfeiçoamento de professores e, o
escolares adequados; mais importante, em preocupações cada vez mais
acentuadas quanto à necessidade de um currículo e
II - a formação continuada dos professores de novos projetos político-pedagógicos que sejam
e demais profissionais da escola em estreita capazes de dar conta dos grandes desafios
articulação com as instituições responsáveis pela educacionais da contemporaneidade.
formação inicial, dispensando especiais esforços
quanto à formação dos docentes das modalidades Entre as mudanças recentes mais
específicas do Ensino Fundamental e àqueles que significativas, atenção especial passou a ser dada à
trabalham nas escolas do campo, indígenas e ampliação do Ensino Fundamental para 9 (nove)
quilombolas; anos de duração, mediante a matrícula obrigatória de
crianças com 6 (seis) anos de idade, objeto da Lei nº
III - a coordenação do processo de 11.274/2006. Sobre isso, o Conselho Nacional de
implementação do currículo, evitando a Educação (CNE), pelos esforços da Câmara de
Página 14
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Educação Básica (CEB), vem produzindo um Públicas Brasileiras (FORUMDIR), da Sociedade
conjunto de normas orientadoras para as escolas, Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC), da
seus professores, alunos e suas famílias, bem Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos
como para os órgãos executivos e normativos das Deputados, da Comissão de Educação do Senado
redes e sistemas de ensino. Em todas essas Federal, de coordenadores estaduais do Ensino
orientações, o CNE tem insistido que a implantação Fundamental, entre outros, além de professores,
do Ensino Fundamental de 9 (nove) anos de pesquisadores, dirigentes municipais e estaduais de
duração implica na elaboração de um novo ensino, bem como de representantes de escolas
currículo e de um novo projeto político-pedagógico. privadas. Para a discussão dessas Diretrizes, foram
também realizadas duas reuniões com
Além das urgências provocadas por essas
coordenadores de Ensino Fundamental das
mudanças, as atuais Diretrizes Curriculares
Secretarias Estaduais de Educação, em Brasília e
Nacionais para o Ensino Fundamental (Parecer
Florianópolis, e inúmeras reuniões de trabalho com
CNE/CEB nº 4/98 e Resolução CNE/CEB nº 2/98),
técnicos e dirigentes do MEC, contando com as
vigentes desde 1998, já vinham exigindo uma
contribuições diretas da Secretária de Educação
acurada revisão com vistas à sua atualização.
Básica do MEC, Maria do Pilar Lacerda Almeida e
No primeiro semestre de 2009, o Sr Ministro Silva, do Diretor de Concepções e Orientações
da Educação, Fernando Haddad, solicitou ao CNE Curriculares para a Educação Básica, Carlos Artexes
que o Colegiado desse prioridade a esse esforço Simões, da Coordenadora de Ensino Fundamental,
revisor e atualizador, incumbindo a Secretaria de Edna Martins Borges, bem como de outros
Educação Básica do MEC de preparar um integrantes de suas equipes.
documento inicial de referência sobre Diretrizes
Os subsídios referentes ao currículo do
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental,
Ensino Fundamental enviados pelo MEC a este
destinado a subsidiar os estudos e debates que se
Colegiado contaram com a colaboração das
seguiriam.
professoras Lucíola Licínio Santos, da Universidade
Desde então, uma intensa jornada de Federal de Minas Gerais, e Elba Siqueira de Sá
trabalho foi organizada e implementada. Ao receber Barretto, da Universidade de São Paulo e da
o documento ministerial, a Câmara de Educação Fundação Carlos Chagas. Esta última também
Básica do CNE constituiu uma comissão formada assessorou a Câmara de Educação Básica do CNE
pelas conselheiras Clélia Brandão Alvarenga e, especialmente, este Relator, na redação das
Craveiro, Regina Vinhaes Gracindo e por este diferentes minutas de Parecer e Projeto de
Relator (Portaria CNE/CEB nº 5, de 8 de dezembro Resolução destas Diretrizes.
de 2009). E, consoante o padrão de trabalho que
Um documento produzido dessa forma,
vem sendo adotado por este Colegiado no trato de
portanto, não é obra de um autor, mas obra coletiva.
todos os temas relevantes sob a sua
Do mesmo modo, o currículo, o projeto político-
responsabilidade normativa, foi organizada uma
pedagógico, os programas e projetos educacionais,
série de audiências públicas e reuniões técnicas de
matéria prima do trabalho criativo dos professores e
modo a proporcionar a necessária participação de
das escolas, devem ter por base a abordagem
todos os segmentos e instituições educacionais das
democrática e participativa na sua concepção e
diferentes regiões do Brasil. Propostas foram
implementação.
intensamente debatidas, críticas foram acolhidas e
idéias incorporadas. Nos últimos meses, o CNE Diretrizes Curriculares definidas em norma
realizou três audiências públicas nacionais nacional pelo Conselho Nacional de Educação são
(Salvador: 12/3/2010, Brasília: 5/4/2010, e São orientações que devem ser necessariamente
Paulo: 16/4/2010), com a participação ativa da observadas na elaboração dos currículos e dos
Secretaria de Educação Básica do MEC projetos político-pedagógicos das escolas. Essa
(SEB/MEC), Secretaria de Educação Especial do elaboração é, contudo, de responsabilidade das
MEC (SEESP/MEC), do Conselho Nacional de escolas, seus professores, dirigentes e funcionários,
Secretários Estaduais de Educação (CONSED), da com a indispensável participação das famílias e dos
União Nacional dos Dirigentes Municipais de estudantes. É, também, responsabilidade dos
Educação (UNDIME), da União Nacional dos gestores e órgãos normativos das redes e dos
Conselhos Municipais de Educação (UNCME), do sistemas de ensino, consideradas a autonomia e a
Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de responsabilidade conferidas pela legislação brasileira
Educação (FNCEE), da Associação Nacional pela a cada instância. O que se espera é que esse
Formação dos Profissionais da Educação documento contribua efetivamente para o êxito desse
(ANFOPE), da Associação Nacional de Política e trabalho e, assim, para a melhoria da qualidade do
Administração da Educação (ANPAE), da Ensino Fundamental brasileiro, um direito de todos.
Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa
Por fim, cumpre esclarecer que o presente
em Educação (ANPEd), da Confederação Nacional
Parecer e seu Projeto de Resolução não completam
de Trabalhadores em Educação (CNTE), do Fórum
o trabalho concebido pela Câmara de Educação
de Diretores de Centros, Faculdades e
Básica do CNE para a elaboração das novas
Departamentos de Educação das Universidades
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino
Página 15
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Fundamental. Etapa complementar e importante porque a real participação na vida pública exige que
será iniciada nos próximos meses a partir de nova os indivíduos, dentre outras coisas, estejam
contribuição proveniente do Ministério da informados, saibam analisar posições divergentes,
Educação. De comum acordo quando da redação saibam elaborar críticas e se posicionar, tenham
dos termos dessas Diretrizes, o MEC se condições de fazer valer suas reivindicações por
compromete a enviar a este Colegiado propostas meio do diálogo e de assumir responsabilidades e
de expectativas de aprendizagem dos obrigações, habilidades que cabe também à escola
conhecimentos escolares que devem ser atingidas desenvolver. Outrossim, importância é dada também
pelos alunos em diferentes estágios do Ensino à educação por razões políticas associadas à
Fundamental. Portanto, em complementação, um necessidade de preservar o regime democrático.
novo Parecer e um novo Projeto de Resolução com
Já os direitos sociais se referem aos direitos
essas expectativas de aprendizagem serão objeto
que dependem da ação do Estado para serem
de elaboração do CNE nos próximos meses.
concretizados e estão associados,
2. Fundamentos fundamentalmente, à melhoria das condições de vida
do conjunto da população, relacionando-se com a
O direito à educação como fundamento
questão da igualdade social. São exemplos de direito
maior destas Diretrizes
social, o próprio direito à educação, à moradia, à
O Ensino Fundamental, de frequência saúde, ao trabalho etc.
compulsória, é uma conquista resultante da luta
Nas últimas décadas, tem se firmado, ainda,
pelo direito à educação travada nos países do
como resultado de movimentos sociais, o direito à
ocidente ao longo dos dois últimos séculos por
diferença, como também tem sido chamado o direito
diferentes grupos sociais, entre os quais avultam os
de grupos específicos verem atendidas suas
setores populares.
demandas, não apenas de natureza social, mas
Esse direito está fortemente associado ao também individual. Ele tem como fundamento a idéia
exercício da cidadania, uma vez que a educação de que devem ser consideradas e respeitadas as
como processo de desenvolvimento do potencial diferenças que fazem parte do tecido social e
humano garante o exercício dos direitos civis, assegurado lugar à sua expressão. O direito à
políticos e sociais. De acordo com Cury (2002), seja diferença, assegurado no espaço público, significa
por razões políticas, seja por razões ligadas ao não apenas a tolerância ao outro, aquele que é
indivíduo, a educação foi tida historicamente como diferente de nós, mas implica a revisão do conjunto
um canal de acesso aos bens sociais e à luta dos padrões sociais de relações da sociedade,
política e, como tal, também um caminho de exigindo uma mudança que afeta a todos, o que
emancipação do indivíduo. Pelo leque de campos significa que a questão da identidade e da diferença
atingidos pela educação, ela tem sido considerada, tem caráter político. O direito à diferença se
segundo o ponto de vista dos diferentes grupos manifesta por meio da afirmação dos direitos das
sociais, ora como síntese dos direitos civis, políticos crianças, das mulheres, dos jovens, dos
e sociais, ora como fazendo parte de cada um homossexuais, dos negros, dos indígenas, das
desses direitos. pessoas com deficiência, entre outros, que para de
fato se efetivarem, necessitam ser socialmente
Resumidamente, pode-se dizer que os reconhecidos.
direitos civis dizem respeito aos direitos do
indivíduo garantidos pela legislação de cada país, Trata-se, portanto, de compreender como as
como por exemplo, o direito à privacidade, à identidades e as diferenças são construídas e que
liberdade de opinião e de crenças e o direito à mecanismos e instituições estão implicados na
defesa diante de qualquer acusação. A luta pelos construção das identidades, determinando a
direitos civis baseou-se, historicamente, na luta pela valorização de uns e o desprestígio de outros. É
igualdade, perante a Lei, de todas as camadas da nesse contexto que emerge a defesa de uma
população, independente de origem social, credo educação multicultural.
religioso, cor, etnia, gênero e orientação sexual.
Os direitos civis, políticos e sociais focalizam,
Assim, a educação é um direito civil por ser
pois, direta ou indiretamente, o tratamento igualitário,
garantida pela legislação brasileira como direito do
e estão em consonância com a temática da igualdade
indivíduo, independente de sua situação
social. Já o direito à diferença busca garantir que, em
econômica, social e cultural.
nome da igualdade, não se desconsiderem as
O direito político, indo muito além do direito diferenças culturais, de cor/raça/etnia, gênero, idade,
de votar e ser votado, está relacionado com a orientação sexual, entre outras. Em decorrência,
inserção plena do conjunto de indivíduos nos espera-se que a escola esteja atenta a essas
processos decisórios que ocorrem nas diferentes diferenças, a fim de que em torno delas não se
esferas da vida pública. Implica, ainda, o construam mecanismos de exclusão que
reconhecimento de que os cidadãos, mais do que impossibilitem a concretização do direito à educação,
portadores de direitos, são criadores de novos que é um direito de todos.
direitos e de novos espaços para expressá-los. A
educação é, portanto, também um direito político
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Todos esses direitos estão englobados nos de ensino. Em 2009, o perfil seletivo da nossa escola
direitos humanos, cuja característica é de serem havia se atenuado um pouco, com a expansão do
universais e sem distinção de espécie alguma, uma acesso às diferentes etapas da escolaridade.
vez que decorrem da dignidade intrínseca a todo o Contudo, entre os 52,6 milhões de alunos da
ser humano. Na Declaração Universal dos Educação Básica, cerca de 66,4% estavam no
Ensino Fundamental, o que correspondia a 35
Direitos Humanos, promulgada pela
milhões de estudantes, incluídos entre eles os da
Organização das Nações Unidas (ONU), em 1948,
Educação Especial e os da Educação de Jovens e
a educação tem por objetivo o pleno
Adultos (conforme a Sinopse Estatística da Educação
desenvolvimento da pessoa humana e o
Básica, MEC/INEP 2009).
fortalecimento do respeito aos direitos humanos e
às liberdades fundamentais, aos quais, Se praticamente conseguimos universalizar o
posteriormente, se agrega a necessidade de acesso à escola para crianças e jovens na faixa
capacitar a todos para participarem efetivamente de etária de 7 (sete) a 14 (quatorze) anos, e estamos
uma sociedade livre. Na Convenção sobre os próximos de assegurá-la a todas as crianças de 6
Direitos da Criança, celebrada pelo Fundo das (seis) anos, não conseguimos sequer que todos os
Nações Unidas para a Infância (UNICEF), em 1989, alunos incluídos nessa faixa de idade cheguem a
acrescenta-se, ainda, a finalidade de incutir no concluir o Ensino Fundamental. Isso é um indicativo
educando o respeito ao meio ambiente natural, à de quão insuficiente tem sido o processo de inclusão
sua identidade cultural e aos valores nacionais e de escolar para o conjunto da população, a despeito dos
outras civilizações. avanços obtidos no que se refere ao acesso à escola,
e de quão inadequada permanece sendo a nossa
A Constituição Federal de 1988, ao
estrutura educacional.
reconhecer esses direitos, traduz a adesão da
Nação a princípios e valores amplamente Mas, de que qualidade está-se falando?
compartilhados no concerto internacional. O inciso I
O conceito de qualidade da educação é uma
do Artigo nº 208 da Carta Magna, Seção da
construção histórica que assume diferentes
Educação, declara que o dever do Estado se efetiva
significados em tempos e espaços diversos e tem a
com a garantia do “Ensino Fundamental obrigatório
ver com os lugares de onde falam os sujeitos, os
e gratuito, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita
grupos sociais a que pertencem, os interesses e os
para todos os que a ele não tiveram acesso na
valores envolvidos, os projetos de sociedade em
idade própria”. Por sua vez, o § 1º desse mesmo
jogo.
artigo afirma que “o acesso ao ensino obrigatório e
gratuito é direito público subjetivo”. Conforme argumenta Campos (2008), para
os movimentos sociais que reivindicavam a qualidade
Por ser direito público subjetivo, o Ensino
da educação entre os anos 70 e 80, ela estava muito
Fundamental exige que o Estado determine a sua
presa às condições básicas de funcionamento das
obrigatoriedade, que só pode ser garantida por
escolas, porque seus participantes, pouco
meio da gratuidade de ensino, o que irá permitir o
escolarizados, tinham dificuldade de perceber as
usufruto desse direito por parte daqueles que se
nuanças dos projetos educativos que as instituições
virem privados dele.
de ensino desenvolviam. Na década de 90, sob o
Se essa etapa de ensino, sendo um direito argumento de que o Brasil investia muito na
fundamental, é direito do cidadão, uma vez que educação, porém gastava mal, prevaleceram
constitui uma garantia mínima de formação para a preocupações com a eficácia e a eficiência das
vida pessoal, social e política. É dever do Estado, escolas e a atenção voltou-se, predominantemente,
dos sistemas de ensino e das escolas assegurarem para os resultados por elas obtidos quanto ao
que todos a ela tenham acesso e que a cursem rendimento dos alunos. A qualidade priorizada
integralmente, chegando até à conclusão do somente nesses termos pode, contudo, deixar em
processo de escolarização que lhe corresponde. segundo plano a superação das desigualdades
Além disso, todos têm o direito de obter o domínio educacionais.
dos conhecimentos escolares previstos para essa
Outro conceito de qualidade passa,
etapa e de adquirir os valores, atitudes e
entretanto, a ser gestado por movimentos de
habilidades derivados desses conteúdos e das
renovação pedagógica, movimentos sociais, de
interações que ocorrem no processo educativo.
profissionais e por grupos políticos: o da qualidade
A oferta de uma educação com qualidade social da educação. Ela está associada às
social mobilizações pelo direito à educação, à exigência de
participação e de democratização e comprometida
O Ensino Fundamental foi, durante a maior
com a superação das desigualdades e injustiças.
parte do século XX, o único grau de ensino a que
teve acesso a grande maioria da população. Em Em documento de 2007, a Organização das
1989, já na virada da última década, portanto, a Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
proporção de suas matrículas ainda representava Cultura (UNESCO), ao entender que a qualidade da
mais de ¾ do total de alunos atendidos pelos educação é também uma questão de direitos
sistemas escolares brasileiros em todas as etapas humanos, defende conceito semelhante. Para além
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
da eficácia e da eficiência, advoga que a educação retenção e das distorções de idade/ano/série
de qualidade, como um direito fundamental, deve (Parecer CNE/CEB nº 7/2010 e Resolução CNE/CEB
ser antes de tudo relevante, pertinente e equitativa. n° 4/2010, que define as Diretrizes Curriculares
A relevância reporta-se à promoção de Nacionais Gerais para a Educação Básica).
aprendizagens significativas do ponto de vista das
Princípios norteadores
exigências sociais e de desenvolvimento pessoal. A
pertinência refere-se à possibilidade de atender às Os sistemas de ensino e as escolas adotarão
necessidades e às características dos estudantes como norteadores das políticas educativas e das
de diversos contextos sociais e culturais e com ações pedagógicas os seguintes princípios:
diferentes capacidades e interesses. E a equidade,
à necessidade de tratar de forma diferenciada o que Éticos: de justiça, solidariedade, liberdade e
autonomia; de respeito à dignidade da pessoa
se apresenta como desigual no ponto de partida,
humana e de compromisso com a promoção do bem
com vistas a obter aprendizagens e
de todos, contribuindo para combater e eliminar
desenvolvimento equiparáveis, assegurando a
quaisquer manifestações de preconceito e
todos a igualdade de direito à educação.
discriminação.
Na perspectiva de contribuir para a
erradicação das desigualdades e da pobreza, a Políticos: de reconhecimento dos direitos e
deveres de cidadania, de respeito ao bem comum e à
busca da equidade requer que se ofereçam mais
preservação do regime democrático e dos recursos
recursos e melhores condições às escolas menos
ambientais; de busca da equidade no acesso à
providas e aos alunos que deles mais necessitem.
educação, à saúde, ao trabalho, aos bens culturais e
Ao lado das políticas universais, dirigidas a todos
sem requisito de seleção, é preciso também outros benefícios; de exigência de diversidade de
sustentar políticas reparadoras que assegurem tratamento para assegurar a igualdade de direitos
entre os alunos que apresentam diferentes
maior apoio aos diferentes grupos sociais em
necessidades; de redução da pobreza e das
desvantagem.
desigualdades sociais e regionais.
Para muitos, a educação é considerada a
mola propulsora das transformações do país. Estéticos: de cultivo da sensibilidade
juntamente com o da racionalidade; de
No entanto, o que se constata é que enriquecimento das formas de expressão e do
problemas econômicos e sociais repercutem na exercício da criatividade; de valorização das
escola e dificultam o alcance de seus objetivos. A diferentes manifestações culturais, especialmente as
garantia do Ensino Fundamental de qualidade para da cultura brasileira; de construção de identidades
todos está intimamente relacionada ao caráter plurais e solidárias.
inclusivo da escola e à redução da pobreza, ao
mesmo tempo em que tem um papel importante Os objetivos que a Educação Básica busca
alcançar, quais sejam, propiciar o desenvolvimento
nesse processo. As políticas educacionais só
do educando, assegurar-lhe a formação comum
surtirão efeito se articuladas a outras políticas
indispensável para o exercício da cidadania e
públicas no campo da saúde, habitação, emprego,
fornecer-lhe os meios para que ele possa progredir
dentre outros, porque essas políticas dependem
umas das outras, pelo estreito relacionamento que no trabalho e em estudos posteriores, segundo o
mantêm entre si. Assim, se para ingressar e artigo 22 da Lei nº 9.394/96 (LDB), bem como os
objetivos específicos dessa etapa da escolarização
transitar no mundo do trabalho a educação se torna
(artigo 32 da LDB), devem convergir para os
cada vez mais necessária, ela depende, por sua
princípios mais amplos que norteiam a Nação
vez, das disponibilidades de emprego, tanto para
que os pais consigam criar seus filhos com brasileira.
dignidade, como, também, para que os estudantes Assim sendo, eles devem estar em
vislumbrem na educação escolar o aumento das conformidade com o que define a Constituição
possibilidades de inserção nesse mundo. Se os Federal, no seu artigo 3º, a saber: a construção de
cuidados com a saúde dependem da educação, a uma sociedade livre, justa e solidária, que garanta o
educação também requer que os alunos tenham a desenvolvimento nacional; que busque “erradicar a
assistência para os problemas de seu bem-estar pobreza e a marginalização e reduzir as
físico, os quais se refletem nas suas condições de desigualdades sociais e regionais”; e que promova “o
aprendizagem. bem de todos, sem preconceitos de origem, raça,
sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
A educação escolar, comprometida com a
discriminação”.
igualdade de acesso ao conhecimento a todos e
especialmente empenhada em garantir esse acesso 3. Trajetória do Ensino Fundamental
aos grupos da população em desvantagem na obrigatório no país
sociedade, será uma educação com qualidade
social e contribuirá para dirimir as desigualdades No Brasil, foi a Constituição de 1934 a
historicamente produzidas, assegurando, assim, o primeira a determinar a obrigatoriedade do ensino
ingresso, a permanência e o sucesso de todos na primário ou fundamental, com a duração de 4
escola, com a consequente redução da evasão, da (quatro) anos. A Carta Constitucional promulgada em

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
1967 amplia para 8 (oito) anos essa obrigatoriedade Finalmente, a Lei nº 11.274, de 6 de fevereiro
e, em decorrência, a Lei nº 5.692/71 modifica a de 2006, altera a redação da LDB, dispondo sobre a
estrutura do ensino, unificando o curso primário e o duração de 9 (nove) anos para o Ensino
ginásio em um único curso, o chamado 1º grau, Fundamental, com matrícula obrigatória a partir dos 6
com duração de 8 (oito) anos. O ensino de 2º grau (seis) anos de idade, e concedendo aos sistemas de
– atual Ensino Médio – torna-se profissionalizante. ensino o prazo até 2009 para que procedam às
devidas adequações de modo que a partir de 2010
De acordo com a tradição federativa
esse Ensino Fundamental de 9 (nove) anos seja
brasileira, os Estados, a partir de princípios e
assegurado a todos.
orientações gerais da esfera federal, se
encarregaram de elaborar as propostas curriculares Assim determinando, a Lei reflete a tendência
para as escolas de 1º grau pertencentes ao seu de expansão da escolaridade obrigatória na maior
sistema de ensino, quais sejam, as estaduais, as parte dos países desenvolvidos do ocidente e da
municipais e as privadas, localizadas no seu própria América Latina, mediante a incorporação das
território. crianças menores de 7 (sete) anos ao Ensino
Fundamental. Em vários países do continente, em
Anos antes da promulgação da atual Lei de
que a faixa de escolarização compulsória se inicia
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº
aos 6 (seis) anos de idade, verifica-se, ainda, que a
9.394/96), algumas redes escolares passaram a
obrigatoriedade também se estende às crianças do
adotar medidas de expansão do Ensino
último ano da Pré-Escola.
Fundamental para 9 (nove) anos, mediante a
incorporação das crianças de 6 (seis) anos de O acesso ao Ensino Fundamental aos 6
idade, por vezes procedentes das numerosas (seis) anos permite que todas as crianças brasileiras
classes de alfabetização que existiam em vários possam usufruir do direito à educação, beneficiando-
Estados e Municípios. Na sua redação original, a se de um ambiente educativo mais voltado à
LDB se mostra bastante flexível quanto à duração alfabetização e ao letramento, à aquisição de
do Ensino Fundamental, estabelecendo como conhecimentos de outras áreas e ao
mínima a sua duração de 8 (oito) anos e desenvolvimento de diversas formas de expressão,
sinalizando, assim, para a ampliação dessa etapa ambiente a que já estavam expostas as crianças dos
da Educação Básica. segmentos de rendas média e alta e que pode
aumentar a probabilidade de seu sucesso no
O Plano Nacional de Educação (Lei nº
processo de escolarização.
10.172/2001) estabelece como Meta 1 a
universalização do Ensino Fundamental no prazo O Conselho Nacional de Educação (CNE),
de 5 (cinco) anos, garantindo o acesso e a cumprindo as suas funções normativas, tem
permanência de todas as crianças na escola, e a elaborado Diretrizes e orientações que devem ser
sua ampliação para 9 (nove) anos, com início aos 6 observadas pelos sistemas de ensino para a
(seis) anos de idade, à medida que for sendo reorganização do Ensino Fundamental de 9 (nove)
universalizado o atendimento de 7 (sete) a 14 anos. Os sistemas de ensino e as escolas não
(quatorze) anos. A Meta 2, definida com base no poderão apenas adaptar seu currículo à nova
diagnóstico de que 87% das crianças de 6 (seis) realidade, pois não se trata de incorporar, no primeiro
anos já estavam matriculadas em Pré-Escolas, ano de escolaridade, o currículo da Pré-Escola, nem
classes de alfabetização ou mesmo no Ensino de trabalhar com as crianças de 6 (seis) anos os
Fundamental, determina a sua ampliação para 9 conteúdos que eram desenvolvidos com as crianças
(nove) anos, com início aos 6 (seis) anos de idade, de 7 (sete) anos. Trata-se, portanto, de criar um novo
à medida que for sendo universalizado o currículo e de um novo projeto político-pedagógico
atendimento de 7 (sete) a 14 (quatorze) anos. A para o Ensino Fundamental que abranja os 9 anos de
ideia central das propostas contidas no escolarização, incluindo as crianças de 6 anos.
Plano é que a inclusão definitiva das Matrícula no Ensino Fundamental de 9 (nove)
crianças nessa etapa educacional pode oferecer anos e carga horária
maiores oportunidades de aprendizagem no
O Ensino Fundamental com duração de 9
período da escolarização obrigatória e assegurar
(nove) anos abrange a população na faixa etária dos
que, ingressando mais cedo no sistema de ensino,
6 (seis) aos 14 (quatorze) anos de idade e se
elas prossigam nos estudos alcançando maior nível
estende, também, a todos os que, na idade própria,
de escolaridade.
não tiveram condições de frequentá-lo.
Em 2005, a Lei nº 11.114 altera a LDB,
É obrigatória a matrícula no Ensino
tornando obrigatória a matrícula das crianças de 6
Fundamental de crianças com 6 (seis) anos
(seis) anos de idade no Ensino Fundamental,
completos ou a completar até o dia 31 de março do
entretanto, dá margem para que se antecipe a
ano em que ocorrer a matrícula, nos termos da Lei e
escolaridade de 8 (oito) anos para esses alunos, o
das normas nacionais vigentes. As crianças que
que reduziria a idade de conclusão do Ensino
completarem 6 (seis) anos após essa data deverão
Fundamental em 1 (um) ano.
ser matriculadas na Educação Infantil (Pré-Escola).

Página 19
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A carga horária mínima anual do Ensino características de desenvolvimento dos alunos estão
Fundamental regular será de 800 (oitocentas) horas muito relacionadas com seus modos próprios de vida
relógio, distribuídas em, pelo menos, 200 e suas múltiplas experiências culturais e sociais, de
(duzentos) dias de efetivo trabalho escolar. sorte que mais adequado seria falar de infâncias e
adolescências no plural.
4. A população escolar
Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, a
Como toda a população na faixa do ensino
criança desenvolve a capacidade de representação,
obrigatório deve frequentar o Ensino Fundamental,
indispensável para a aprendizagem da leitura, dos
nele também estão representadas a grande
conceitos matemáticos básicos e para a
diversidade sociocultural da população brasileira e
compreensão da realidade que a cerca,
as grandes disparidades socioeconômicas que
conhecimentos que se postulam para esse período
contribuem para determinar oportunidades muito
da escolarização. O desenvolvimento da linguagem
diferenciadas de acesso dos alunos aos bens
permite a ela reconstruir pela memória as suas ações
culturais.
e descrevê-las, bem como planejá-las, habilidades
Numerosos estudos têm mostrado que as também necessárias às aprendizagens previstas
maiores desigualdades em relação às para esse estágio. A aquisição da leitura e da escrita
possibilidades de progressão escolar e de na escola, fortemente relacionada aos usos sociais
realização de aprendizagens significativas na da escrita nos ambientes familiares de onde veem as
escola, embora estejam fortemente associadas a crianças, pode demandar tempos e esforços
fatores sociais e econômicos, mostram-se também diferenciados entre os alunos da mesma faixa etária.
profundamente entrelaçadas com as características A criança nessa fase tem maior interação nos
culturais da população. As maiores desigualdades espaços públicos, entre os quais se destaca a escola.
educacionais são encontradas entre ricos e pobres, Esse é, pois, um período em que se deve intensificar
mas elas também são grandes entre brancos, a aprendizagem das normas da conduta social, com
negros e outros grupos raciais e estão, por sua vez, ênfase no desenvolvimento de habilidades que
particularmente relacionadas à oferta educativa facilitem os processos de ensino e de aprendizagem.
mais precária que restringe as oportunidades de
Mas é também durante a etapa da
aprendizagem das populações mestiças e negras,
escolarização obrigatória que os alunos entram na
ribeirinhas, indígenas, dos moradores das áreas
puberdade e se tornam adolescentes. Eles passam
rurais, das crianças e jovens que vivem nas
por grandes transformações biológicas, psicológicas,
periferias urbanas, daqueles em situações de risco,
sociais e emocionais. Os adolescentes, nesse
das pessoas com deficiência, e dos adolescentes,
período da vida, modificam as relações sociais e os
jovens e adultos que não puderam estudar quando
laços afetivos, intensificando suas relações com os
crianças.
pares de idade e as aprendizagens referentes à
Essa diversidade econômica, social e sexualidade e às relações de gênero, acelerando o
cultural exige da escola o conhecimento da processo de ruptura com a infância na tentativa de
realidade em que vivem os alunos, pois a construir valores próprios. Ampliam-se as suas
compreensão do seu universo cultural é possibilidades intelectuais, o que resulta na
imprescindível para que a ação pedagógica seja capacidade de realização de raciocínios mais
pertinente. Inserida em contextos diferentes, a abstratos. Os alunos se tornam crescentemente
proposta político-pedagógica das escolas deve capazes de ver as coisas a partir do ponto de vista
estar articulada à realidade do seu alunado para dos outros, superando, dessa maneira, o
que a comunidade escolar venha a conhecer egocentrismo próprio da infância. Essa capacidade
melhor e valorizar a cultura local. Trata-se de uma de descentração é importante na construção da
condição importante para que os alunos possam se autonomia e na aquisição de valores morais e éticos.
reconhecer como parte dessa cultura e construir
Os professores, atentos a esse processo de
identidades afirmativas o que, também, pode levá-
desenvolvimento, buscarão formas de trabalho
los a atuar sobre a sua realidade e transformá-la
pedagógico e de diálogo com os alunos, compatíveis
com base na maior compreensão que adquirem
com suas idades, lembrando sempre que esse
sobre ela. Ao mesmo tempo, a escola deverá
processo não é uniforme e nem contínuo.
propiciar aos alunos condições para transitarem em
outras culturas, para que transcendam seu universo Entre os adolescentes de muitas escolas, é
local e se tornem aptos a participar de diferentes frequente observar forte adesão aos padrões de
esferas da vida social, econômica e política. comportamento dos jovens da mesma idade, o que é
evidenciado pela forma de se vestir e também pela
As múltiplas infâncias e adolescências
linguagem utilizada por eles. Isso requer dos
Os alunos do Ensino Fundamental regular educadores maior disposição para entender e
são crianças e adolescentes de faixas etárias cujo dialogar com as formas próprias de expressão das
desenvolvimento está marcado por interesses culturas juvenis, cujos traços são mais visíveis,
próprios, relacionado aos seus aspectos físico, sobretudo, nas áreas urbanas mais densamente
emocional, social e cognitivo, em constante povoadas.
interação. Como sujeitos históricos que são, as
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A exposição das crianças e adolescentes alunos durante o seu período de formação – e muitas
de praticamente todas as classes sociais no Brasil à vezes o único canal institucional com quem a família
mídia e, em particular, à televisão durante várias mantém contato – precisa estar atenta. Essas
horas diárias tem, por sua vez, contribuído para o questões repercutem na aprendizagem e no
desenvolvimento de formas de expressão entre os desenvolvimento do aluno e, não raro, colocam o
alunos que são menos precisas e mais atreladas ao professor diante de situações para as quais as
universo das imagens, o que torna mais difícil o práticas que ele conhece não surtem resultados. O
trabalho com a linguagem escrita, de caráter mais trabalho coletivo na escola poderá respaldá-lo de
argumentativo, no qual se baseia a cultura da algum modo. No entanto, ao se tratar de questões
escola. O tempo antes dedicado à leitura perde o que extrapolam o âmbito das atividades escolares,
lugar para as novelas, os programas de auditório, cabe à escola manter-se articulada com o Conselho
os jogos irradiados pela TV, a internet, sendo que a Tutelar, com os serviços de apoio aos sistemas
linguagem mais universal que a maioria deles educacionais e com instituições de outras áreas
compartilha é a da música, ainda que, geralmente, capazes de ministrar os cuidados e os serviços de
a partir de poucos gêneros musicais. proteção social a que esses alunos têm direito.
Novos desafios se colocam, pois, para a Deve-se considerar, ainda, que o
escola, que também cumpre um papel importante crescimento da violência e da indisciplina, sobretudo
de inclusão digital dos alunos. Ela precisa valer-se nas escolas das grandes cidades, tem dificultado
desses recursos e, na medida de suas sobremaneira a aprendizagem dos alunos e o
possibilidades, submetê-los aos seus propósitos trabalho dos professores, provocando entre estes
educativos. Há que se considerar que a uma atitude de desânimo diante do magistério,
multiplicação dos meios de comunicação e revelada pelo alto índice de absenteísmo dos
informação nas sociedades de mercado em que docentes e pelas reiteradas licenças para tratamento
vivemos contribui fortemente para disseminar entre de saúde.
as crianças, jovens e população em geral o
Eles são reflexos não só da violência das
excessivo apelo ao consumo e uma visão de
sociedades contemporâneas, mas também da
mundo fragmentada, que induz à banalização dos
violência simbólica da cultura da escola que impõe
acontecimentos e à indiferença quanto aos
normas, valores e conhecimentos tidos como
problemas humanos e sociais. É importante que a
universais e que não estabelece diálogo com a
escola contribua para transformar os alunos em
cultura dos alunos, frequentemente conduzindo um
consumidores críticos dos produtos oferecidos por
número considerável deles ao fracasso escolar. Não
esses meios, ao mesmo tempo em que se vale dos
só o fracasso no rendimento escolar, mas também a
recursos midiáticos como instrumentos relevantes
possibilidade de fracassar que paira na escola, criam
no processo de aprendizagem, o que também pode
um efeito de halo que leva os alunos a se insurgirem
favorecer o diálogo e a comunicação entre
contra as regras escolares.
professores e alunos.
O questionamento da escola que está por
Para tanto, é preciso que se ofereça aos
traz desses comportamentos deriva também da
professores formação adequada para o uso das
rápida obsolescência dos conhecimentos provocada
tecnologias da informação e comunicação e que
pela multiplicação dos meios de comunicação e do
seja assegurada a provisão de recursos midiáticos
fato de, ao ter-se popularizado, o certificado que ela
atualizados e em número suficiente para os alunos.
oferece já não é mais garantia de ascensão e
Novos desafios se colocam também para a mobilidade social como já foi nos períodos em que a
função docente diante do aumento das informações escola pública era altamente seletiva. Daí decorre
nas sociedades contemporâneas e da mudança da que o professor, para assegurar a disciplina em sala
sua natureza. de aula, condição necessária para o trabalho
pedagógico, precisa agora legitimar a sua autoridade
Mesmo quando experiente, o professor
pedagógica junto aos alunos, o que requer um
muitas vezes terá que se colocar na situação de
esforço deliberado para manter o diálogo e a
aprendiz e buscar junto com os alunos as respostas
comunicação com eles.
para as questões suscitadas. Seu papel de
orientador da pesquisa e da aprendizagem Diante desse contexto, se torna imperativo
sobreleva, assim, o de mero transmissor de um trabalho entre as instituições, as famílias e toda a
conteúdos. sociedade no sentido de valorizar a escola e o
professor. Além disso, é necessária forte articulação
A ampliação dos objetivos da escola em
da unidade escolar com a família e os alunos no
face do seu alunado
estabelecimento das normas de convívio social na
Crianças e adolescentes brasileiros escola, construídas com a participação ativa da
também estão sujeitos à violência doméstica, ao comunidade e dos alunos e registradas em um
abuso e à exploração sexual, a formas de trabalho regimento escolar pautado na legislação educacional
não condizentes com a idade, à falta de cuidados e no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº
essenciais com a saúde, aspectos em relação aos 8.069/90).
quais a escola, como instituição responsável pelos
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
5. O currículo aos propósitos mais gerais de formação dos
educandos. O acesso ao conhecimento escolar tem,
Cabe primordialmente à instituição escolar
portanto, dupla função: desenvolver habilidades
a socialização do conhecimento e a recriação da
intelectuais e criar atitudes e comportamentos
cultura. De acordo com as Diretrizes Curriculares
necessários para a vida em sociedade.
Nacionais Gerais para a Educação Básica (Parecer
CNE/CEB nº7/2010 e Resolução CNE/CEB nº O aluno precisa aprender não apenas os
4/2010), uma das maneiras de se conceber o conteúdos escolares, mas também saber se
currículo é entendê-lo como constituído pelas movimentar na instituição pelo conhecimento que
experiências escolares que se desdobram em torno adquire de seus valores, rituais e normas, ou seja,
do conhecimento, permeadas pelas relações pela familiaridade com a cultura da escola. Ele
sociais, buscando articular vivências e saberes dos costuma ir bem na escola quando compreende não
alunos com os conhecimentos historicamente somente o que fica explícito, como o que está
acumulados e contribuindo para construir as implícito no cotidiano escolar, ou seja, tudo aquilo
identidades dos estudantes. O foco nas que não é dito mas que é valorizado ou
experiências escolares significa que as orientações desvalorizado pela escola em termos de
e propostas curriculares que provêm das diversas comportamento, atitudes e valores que fazem parte
instâncias só terão concretude por meio das ações de seu currículo oculto.
educativas que envolvem os alunos.
É preciso, pois, que a escola expresse com
Os conhecimentos escolares podem ser clareza o que espera dos alunos, buscando
compreendidos como o conjunto de conhecimentos coerência entre o que proclama e o que realiza, ou
que a escola seleciona e transforma, no sentido de seja, o que realmente ensina em termos de
torná-los passíveis de serem ensinados, ao mesmo conhecimento. Os alunos provenientes de grupos
tempo em que servem de elementos para a sociais cuja cultura é muito diferente daquela da
formação ética, estética e política do aluno. As escola, encontram na diferença entre o que é
instâncias que mantêm, organizam, orientam e cobrado e o que é ensinado por ela um obstáculo
oferecem recursos à escola, como o próprio para o seu aproveitamento. Eles precisam fazer um
Ministério da Educação, as Secretarias de esforço muito maior do que os outros para entender a
Educação, os Conselhos de Educação, assim como linguagem da escola, seus códigos ocultos, uma vez
os autores de materiais e livros didáticos, que a instituição pressupõe que certos
transformam o conhecimento acadêmico, conhecimentos que ela não ensina são do domínio
segmentando-o de acordo com os anos de de todos, quando na verdade não são.
escolaridade, ordenando em unidades e tópicos e
A escola constitui a principal e, muitas vezes,
buscam ainda ilustrá-lo e formulá-lo em questões
a única forma de acesso ao conhecimento
para muitas das quais já se têm respostas. Esse
sistematizado para a grande maioria da população.
processo em que o conhecimento de diferentes
Esse dado aumenta a responsabilidade do Ensino
áreas sofre mudanças, transformando-se em
Fundamental na sua função de assegurar a todos a
conhecimento escolar, tem sido chamado de
aprendizagem dos conteúdos curriculares capazes
transposição didática.
de fornecer os instrumentos básicos para a plena
Também se diz que os conhecimentos inserção na vida social, econômica e cultural do país.
produzidos nos diversos componentes curriculares, Michael Young (2007) denomina “poderoso” o
para adentrarem a escola são recontextualizados conhecimento que, entre as crianças, adolescentes,
de acordo com a lógica que preside as instituições jovens e adultos não pode ser adquirido apenas em
escolares. Uma vez que as escolas são instituições casa e na comunidade, ou ainda nos locais de
destinadas à formação das crianças, jovens e trabalho. Nas sociedades contemporâneas esse
adultos, os conhecimentos escolares dos diferentes conhecimento é o que permite estabelecer relações
componentes, além do processo de didatização que mais abrangentes entre os fenômenos, e é
sofrem, passam a trazer embutido um sentido moral principalmente na escola que ele tem condições de
e político. Assim, a história da escola está ser adquirido.
indissoluvelmente ligada ao exercício da cidadania;
Para isso, a escola, no desempenho das
a ciência que a escola ensina está impregnada de
suas funções de educar e cuidar, deve acolher os
valores que buscam promover determinadas
alunos dos diferentes grupos sociais, buscando
condutas, atitudes e determinados interesses, como
construir e utilizar métodos, estratégias e recursos de
por exemplo, a valorização e preservação do meio
ensino que melhor atendam às suas características
ambiente, os cuidados com a saúde, entre outros.
cognitivas e culturais. Acolher significa, pois, propiciar
Esse mesmo processo ocorre com os demais
aos alunos meios para conhecerem a gramática da
componentes curriculares e áreas de
escola, oferecendo àqueles com maiores dificuldades
conhecimento, porque devem se submeter às
e menores oportunidades, mais incentivos e
abordagens próprias aos estágios de
renovadas oportunidades de se familiarizarem com o
desenvolvimento dos alunos, ao período de
modo de entender a realidade que é valorizado pela
duração dos cursos, aos horários e condições em
cultura escolar.
que se desenvolve o trabalho escolar e, sobretudo,

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Acolher significa, também, garantir as Os conteúdos que compõem a base nacional
aprendizagens propostas no currículo para que o comum e a parte diversificada têm origem nas
aluno desenvolva interesses e sensibilidades que disciplinas científicas, no desenvolvimento das
lhe permitam usufruir dos bens culturais disponíveis linguagens, no mundo do trabalho e na tecnologia, na
na comunidade, na sua cidade ou na sociedade em produção artística, nas atividades desportivas e
geral, e que lhe possibilitem, ainda, sentir-se como corporais, na área da saúde, nos movimentos sociais,
produtor valorizado desses bens. Ao lado disso, a e ainda incorporam saberes como os que advêm das
escola é, por excelência, o lugar em que é possível formas diversas de exercício da cidadania, da
ensinar e cultivar as regras do espaço público que experiência docente, do cotidiano e dos alunos.
conduzem ao convívio democrático com as
Os conteúdos sistematizados que fazem
diferenças, orientado pelo respeito mútuo e pelo
parte do currículo são denominados componentes
diálogo. É nesse espaço que os alunos têm
curriculares, os quais, por sua vez, se articulam às
condições de exercitar a crítica e de aprender a
áreas de conhecimento, a saber: Linguagens,
assumir responsabilidades em relação ao que é de
Matemática, Ciências da Natureza e Ciências
todos.
Humanas. As áreas de conhecimento favorecem a
A base nacional comum e a parte comunicação entre os conhecimentos e saberes dos
diversificada: complementaridade diferentes componentes curriculares, mas permitem
que os referenciais próprios de cada componente
O currículo do Ensino Fundamental tem
curricular sejam preservados.
uma base nacional comum, complementada em
cada sistema de ensino e em cada estabelecimento O currículo da base nacional comum do
escolar por uma parte diversificada. A base Ensino Fundamental deve abranger
nacional comum e a parte diversificada do currículo obrigatoriamente, conforme o artigo 26 da LDB, o
do Ensino Fundamental constituem um todo estudo da Língua Portuguesa e da Matemática, o
integrado e não podem ser consideradas como dois conhecimento do mundo físico e natural e da
blocos distintos. realidade social e política, especialmente a do Brasil,
bem como o ensino da Arte, a Educação Física e o
A articulação entre a base nacional comum
Ensino Religioso.
e a parte diversificada do currículo do Ensino
Fundamental possibilita a sintonia dos interesses Os componentes curriculares obrigatórios do
mais amplos de formação básica do cidadão com a Ensino Fundamental serão assim organizados em
realidade local, as necessidades dos alunos, as relação às áreas de conhecimento:
características regionais da sociedade, da cultura e
I – Linguagens:
da economia e perpassa todo o currículo.
a) Língua Portuguesa
Voltados à divulgação de valores
fundamentais ao interesse social e à preservação b) Língua materna, para populações
da ordem democrática, os conhecimentos que indígenas
fazem parte da base nacional comum a que todos
c) Língua Estrangeira moderna
devem ter acesso, independentemente da região e
do lugar em que vivem, asseguram a característica d) Arte
unitária das orientações curriculares nacionais, das
propostas curriculares dos Estados, Distrito Federal e) Educação Física
e Municípios e dos projetos político- pedagógicos II – Matemática
das escolas.
III – Ciências da Natureza
Os conteúdos curriculares que compõem a
parte diversificada do currículo serão definidos IV – Ciências Humanas:
pelos sistemas de ensino e pelas escolas, de modo a) História b) Geografia
a complementar e enriquecer o currículo,
assegurando a contextualização dos V - Ensino Religioso
conhecimentos escolares diante das diferentes O Ensino Fundamental deve ser ministrado
realidades. É assim que, a partir das Diretrizes em língua portuguesa, mas às comunidades
Curriculares Nacionais e dos conteúdos obrigatórios indígenas é assegurada também “a utilização de
fixados em âmbito nacional, conforme determina a suas línguas maternas e processos próprios de
Constituição Federal em seu artigo 210, aprendizagem” (Constituição Federal, Artigo 210, §2º,
multiplicam-se as propostas e orientações e Artigo 32, §3º da LDB).
curriculares de Estados e Municípios e, no seu bojo, O ensino da História do Brasil levará em
os projetos político-pedagógicos das escolas, conta as contribuições das diferentes culturas e
revelando a autonomia dos entes federados e das etnias para a formação do povo brasileiro,
escolas nas suas respectivas jurisdições e especialmente das matrizes indígena, africana e
traduzindo a pluralidade de possibilidades na europeia (Artigo 26, §4º da LDB). Ainda conforme o
implementação dos currículos escolares diante das artigo 26 A, alterado pela Lei nº 11.645/2008 (que
exigências do regime federativo. inclui no currículo oficial da rede de ensino a
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro- desenvolvimento dos conteúdos da base nacional
Brasileira e Indígena”), a História e a Cultura Afro- comum e da parte diversificada do currículo.
Brasileira, bem como a dos povos indígenas,
Outras leis específicas, que complementam a
presentes obrigatoriamente nos conteúdos
LDB, determinam ainda que sejam incluídos temas
desenvolvidos no âmbito de todo o currículo
relativos à educação para o trânsito (Lei nº 9.503/97)
escolar, em especial na Arte, Literatura e História
e à condição e direitos dos idosos, conforme a Lei nº
do Brasil, assim como a História da África,
10.741/2003.
contribuirão para assegurar o conhecimento e o
reconhecimento desses povos para a constituição A transversalidade constitui uma das
da nação. Sua inclusão possibilita ampliar o leque maneiras de trabalhar os componentes curriculares,
de referências culturais de toda a população escolar as áreas de conhecimento e os temas
e contribui para a mudança das suas concepções contemporâneos em uma perspectiva integrada, tal
de mundo, transformando os conhecimentos como indicam as Diretrizes Curriculares Nacionais
comuns veiculados pelo currículo e contribuindo Gerais para a
para a construção de identidades mais plurais e
solidárias. Educação Básica. Essa abordagem deve ser
apoiada por meios adequados. Aos órgãos
A Música constitui conteúdo obrigatório, executivos dos sistemas de ensino compete a
mas não exclusivo, do componente curricular Arte, produção e disseminação de materiais subsidiários
o qual compreende, também, as artes visuais, o ao trabalho docente, com o objetivo de contribuir para
teatro e a dança. a eliminação de discriminações, racismos e
preconceitos, e conduzir à adoção de
A Educação Física, componente obrigatório
comportamentos responsáveis e solidários em
do currículo do Ensino Fundamental, integra a
relação aos outros e ao meio ambiente.
proposta político-pedagógica da escola e será
facultativa ao aluno apenas nas circunstâncias Na perspectiva de construção de uma
previstas na LDB. sociedade mais democrática e solidária, novas
demandas provenientes de movimentos sociais e de
O Ensino Religioso, de matrícula facultativa
compromissos internacionais firmados pelo país,
ao aluno, é parte integrante da formação básica do
passam, portanto, a ser contempladas entre os
cidadão e constitui componente curricular dos
elementos que integram o currículo, como as
horários normais das escolas públicas de Ensino
referentes à promoção dos direitos humanos.
Fundamental, assegurado o respeito à diversidade
cultural e religiosa do Brasil e vedadas quaisquer Muitas delas tendem a ser incluídas nas
formas de proselitismo. propostas curriculares pela adoção da perspectiva
multicultural. Entende-se, que os conhecimentos
Na parte diversificada do currículo do
comuns do currículo criam a possibilidade de dar voz
Ensino Fundamental, será incluído,
a diferentes grupos como os negros, indígenas,
obrigatoriamente, a partir do 6º ano, o ensino de,
mulheres, crianças e adolescentes, homossexuais,
pelo menos, uma Língua Estrangeira moderna, cuja
pessoas com deficiência.
escolha ficará a cargo da comunidade escolar que
poderá optar, entre elas, pela Língua Espanhola, Mais ainda: o conhecimento de valores,
nos termos da Lei nº 11.161/2005. É necessário crenças, modos de vida de grupos sobre os quais os
esclarecer que língua indígena ou outras formas currículos se calaram durante uma centena de anos
usuais de expressão verbal de certas comunidades sob o manto da igualdade formal, propicia
não podem ocupar o lugar do ensino de Língua desenvolver empatia e respeito pelo outro, pelo que é
Estrangeira moderna. diferente de nós, pelos alunos na sua diversidade
étnica, regional, social, individual e grupal, e leva a
Os componentes curriculares e as áreas de
conhecer as razões dos conflitos que se escondem
conhecimento devem articular a seus conteúdos, a
por trás dos preconceitos e discriminações que
partir das possibilidades abertas pelos seus
alimentam as desigualdades sociais, étnico-raciais,
referenciais, a abordagem de temas abrangentes e
de gênero e diversidade sexual, das pessoas com
contemporâneos, que afetam a vida humana em
deficiência e outras, assim como os processos de
escala global, regional e local, bem como na esfera
dominação que têm, historicamente, reservado a
individual. Temas como saúde, sexualidade e
poucos o direto de aprender, que é de todos.
gênero, vida familiar e social, assim como os
direitos das crianças e adolescentes, de acordo A perspectiva multicultural no currículo leva,
com o ainda, ao reconhecimento da riqueza as produções
culturais e à valorização das realizações de
Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei
indivíduos e grupos sociais e possibilita a construção
nº 8.069/90), preservação do meio ambiente, nos
de uma autoimagem positiva a muitos alunos que
termos da política nacional de educação ambiental
vêm se defrontando constantemente com as
(Lei nº 9.795/99), educação para o consumo,
condições de fracasso escolar, agravadas pela
educação fiscal, trabalho, ciência e tecnologia,
discriminação manifesta ou escamoteada no interior
diversidade cultural, devem permear o
da escola. Além de evidenciar as relações de

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
interdependência e de poder na sociedade e entre certas referências, desenvolvem gostos e
as sociedades e culturas, a perspectiva multicultural preferências, levam os alunos a se identificarem com
tem o potencial de conduzir a uma profunda determinadas perspectivas e com as pessoas que as
transformação do currículo comum. adotam, ou a se afastarem de outras. Desse modo, a
escola pode contribuir para que eles construam
Quando os conhecimentos escolares se
identidades plurais, menos fechadas em círculos
nutrem de temas da vida social, também é preciso
restritos de referência e para a formação de sujeitos
que as escolas se aproximem mais dos movimentos
mais compreensivos e solidários.
que os alimentam, das suas demandas e
encaminhamentos. Ao lado disso, a interação na Do ponto de vista da abordagem, reafirma-se
escola entre os conhecimentos de referência a importância do lúdico na vida escolar, não se
disciplinar e aqueles provenientes das culturas restringindo sua presença apenas à Arte e à
populares pode possibilitar o questionamento de Educação Física. Hoje se sabe que no processo de
valores subjacentes em cada um deles e a aprendizagem a área cognitiva está
necessidade de revê-los, ao mesmo tempo em que inseparavelmente ligada à afetiva e à emocional.
permite deixar clara a lógica que preside cada uma Pode-se dizer que tanto o prazer como a fantasia e o
dessas formas de conhecimento e que os torna desejo estão imbricados em tudo o que fazemos. Os
diferentes uns dos outros, mas não menos estudos sobre a vida diária, sobre o homem comum e
importantes. suas práticas, desenvolvidos em vários campos do
conhecimento e, mais recentemente, pelos estudos
A reinvenção do conhecimento e a
culturais, introduziram no campo do currículo a
apropriação da cultura pelos alunos
preocupação de estabelecer conexões entre a
Ao procurar aliviar o peso do individualismo realidade cotidiana dos alunos e os conteúdos
que alimenta as sociedades contemporâneas, curriculares. Há, sem dúvida, em muitas escolas,
movidas predominantemente pelas forças do uma preocupação com o prazer que as atividades
mercado, a possibilidade de uma cultura comum no escolares possam proporcionar aos alunos. Não
ensino obrigatório tem de traduzir a tensão obstante, frequentemente parece que se tem
permanente entre a universalização e a confundido o prazer que decorre de uma descoberta,
individualização dos conhecimentos (Dussel, 2009). de uma experiência estética, da comunhão de idéias,
da solução de um problema, com o prazer hedonista
A leitura e a escrita, a História, as Ciências,
que tudo reduz à satisfação do prazer pessoal,
a Arte, propiciam aos alunos o encontro com um
alimentado pela sociedade de consumo.
mundo que é diferente, mais amplo e diverso que o
seu. Ao não se restringir à transmissão de A escola tem tido dificuldades para tornar os
conhecimentos apresentados como verdades conteúdos escolares interessantes pelo seu
acabadas e levar os alunos a perceberem que significado intrínseco. É necessário que o currículo
essas formas de entender e de expressar a seja planejado e desenvolvido de modo que os
realidade possibilitam outras interpretações, a alunos possam sentir prazer na leitura de um livro, na
escola também oferece lugar para que os próprios identificação do jogo de sombra e luz de uma pintura,
educandos reinventem o conhecimento e criem e na beleza da paisagem, na preparação de um
recriem cultura. trabalho sobre a descoberta da luz elétrica, na
pesquisa sobre os vestígios dos homens primitivos
O currículo não se esgota, contudo, nos
na América e de sentirem o estranhamento ante as
componentes curriculares e nas áreas de
expressões de injustiça social e de agressão ao meio
conhecimento. Valores, atitudes, sensibilidades e
ambiente.
orientações de conduta são veiculados não só
pelos conhecimentos, mas por meio de rotinas, As escolas devem propiciar ao aluno
rituais, normas de convívio social, festividades, condições de desenvolver a capacidade de aprender,
visitas e excursões, pela distribuição do tempo e como quer a Lei nº 9.394/96, em seu artigo 32, mas
organização do espaço, pelos materiais utilizados com prazer e gosto, tornando suas atividades
na aprendizagem, pelo recreio, enfim, pelas desafiadoras, atraentes e divertidas. Isso vale tanto
vivências proporcionadas pela escola. para a base nacional comum como para a parte
diversificada. Esta última, por estar voltada para
Ao se debruçar sobre uma área de aspectos e interesses regionais e locais, pode incluir
conhecimento ou um tema de estudo, o aluno
a abordagem de temas que proporcionem aos
aprende, também, diferentes maneiras de
estudantes maior compreensão e interesse pela
raciocinar; é sensibilizado por algum aspecto do
realidade em que vivem.
tema tratado, constrói valores, torna-se interessado
ou se desinteressa pelo ensino. Assim, a 6. O projeto político-pedagógico
aprendizagem de um componente curricular ou de
O currículo do Ensino Fundamental com 9
um problema a ser investigado, bem como as
(nove) anos de duração exige a estruturação de um
vivências dos alunos no ambiente escolar,
projeto educativo coerente, articulado e integrado, de
contribuem para formar e conformar as
acordo com os modos de ser e de se desenvolver
subjetividades dos alunos, porque criam
das crianças e dos adolescentes nos diferentes
disposições para entender a realidade a partir de
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
contextos sociais. O projeto educativo pode ser referência a oferta de um ensino de qualidade para
entendido como uma das formas de expressão dos todos.
propósitos educacionais que pode ser
O fato de o projeto político-pedagógico de
compartilhada por diferentes escolas e redes.
muitas escolas figurar apenas como um texto formal
Ciclos, séries e outras formas de que cumpre uma exigência burocrática, não significa
organização a que se refere a Lei nº 9.394/96 serão que a escola não tenha um projeto próprio. Significa
compreendidos como tempos e espaços que ele é, na verdade, um projeto pedagógico
interdependentes e articulados entre si, ao longo fragmentado, em que cada professor se encerra no
dos 9 (nove) anos. seu trabalho solitário para desenvolver o currículo à
sua maneira.
Ao empenhar-se em garantir aos alunos
uma educação de qualidade, todas as atividades da As experiências das escolas que conseguem
escola e a sua gestão deverão estar articuladas reverter o jogo e obter melhorias significativas na
com esse propósito. O processo de enturmação dos qualidade do ensino seguem por caminhos bem
alunos, a distribuição de turmas por professor, as variados, mas todas têm em comum um fato: é por
decisões sobre o currículo, a escolha dos livros meio de um projeto educativo democrático e
didáticos, a ocupação do espaço, a definição dos compartilhado, em que os professores, a direção, os
horários e outras tarefas administrativas e/ou funcionários e a comunidade unem seus esforços e
pedagógicas precisam priorizar o atendimento aos chegam mais perto da escola que desejam. Isso não
interesses e necessidades dos alunos. quer dizer que deve recair sobre as escolas e seus
educadores toda a responsabilidade pela mudança
A gestão democrática e participativa como
da qualidade do ensino. Ao contrário, o esforço
garantia do direito à educação
compartilhado necessita de forte apoio dos órgãos
O projeto político-pedagógico da escola e o gestores, dos sistemas de ensino e da comunidade;
seu regimento escolar devem ser elaborados por mas ele é realmente insubstituível quando projeta o
meio de processos participativos próprios da gestão desejo de mudar a escola para melhor.
democrática.
O regimento escolar e o projeto político-
O projeto político-pedagógico traduz o pedagógico, em conformidade com a legislação e as
projeto educativo construído pela comunidade normas vigentes, devem conferir espaço e tempo
escolar no exercício de sua autonomia com base para que os profissionais da escola e, em especial,
nas características dos alunos, nos profissionais e os professores, possam participar de reuniões de
recursos disponíveis, tendo como referência as trabalho coletivo, planejar e executar as ações
orientações curriculares nacionais e dos respectivos educativas de modo articulado, avaliar os trabalhos
sistemas de ensino. dos alunos, tomar parte em ações de formação
continuada e estabelecer contatos com a
Deve ser assegurada ampla participação
comunidade.
dos profissionais da escola, da família, dos alunos e
da comunidade local na definição das orientações No projeto político-pedagógico e no
imprimidas aos processos educativos e nas formas regimento escolar, o aluno, centro do planejamento
de implementá-las. Estas devem ser apoiadas por curricular, deve ser considerado como sujeito que
um processo contínuo de avaliação das ações de atribui sentidos à natureza e à sociedade nas práticas
modo a assegurar a distribuição social do sociais que vivencia, produzindo cultura, recriando
conhecimento e contribuir para a construção de conhecimentos e construindo sua identidade pessoal
uma sociedade democrática e igualitária. e social. Como sujeito de direitos, ele deve tomar
parte ativa na discussão e implementação das
O regimento escolar deve assegurar as normas que regem as formas de relacionamento na
condições institucionais adequadas para a escola, fornecendo indicações relevantes a respeito
execução do projeto político-pedagógico e a oferta
do que deve ser trabalhado no currículo ao tempo em
de uma educação inclusiva e com qualidade social,
que precisa ser incentivado a participar das
igualmente garantida a ampla participação da
organizações estudantis. Dentro das condições
comunidade escolar na sua elaboração.
próprias da idade, mesmo as crianças menores
É a participação da comunidade que pode poderão manifestar-se, por exemplo, sobre o que
dar voz e vez às crianças, aos adolescentes e às gostam e não gostam na escola e também a respeito
suas famílias, e também aos que frequentam a da escola com que sonham.
Educação de Jovens e Adultos (EJA), criando
Na implementação do projeto político-
oportunidades institucionais para que todos os
pedagógico, o cuidar e o educar, indissociáveis
segmentos envolvidos no processo educativo,
funções da escola, resultarão em ações integradas
particularmente aqueles pertencentes aos que buscam articular-se pedagogicamente no interior
segmentos majoritários da população que da própria instituição e, também, externamente, com
encontram grande dificuldade de se fazerem ouvir e
serviços de apoio aos sistemas educacionais e com
de fazerem valer os seus direitos, possam
as políticas de outras áreas, para assegurar a
manifestar os seus anseios e expectativas e
possam ser levados em conta, tendo como
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
aprendizagem, o bem-estar e o desenvolvimento do esforço de integração do currículo. Há propostas
aluno em todas as suas dimensões. curriculares ordenadas em torno de grandes eixos
articuladores; experiências de redes que trabalham
As escolas necessitam se articular também
projetos de interdisciplinaridade com base em temas
com as instituições formadoras, com vistas a
geradores formulados a partir de problemas
assegurar a atualização de seus profissionais tendo
detectados na comunidade; as que procuram enredar
em conta as suas demandas específicas.
esses temas às áreas de conhecimento; os
Relevância dos conteúdos, integração e chamados currículos em rede; as que propõem a
abordagens do currículo integração do currículo por meio de conceitos-chave
ou ainda de conceitos-nucleares que permitem
Quanto ao planejamento curricular, há que trabalhar as questões cognitivas e as questões
se pensar na importância da seleção dos conteúdos
culturais numa perspectiva transversal.
e na sua forma de organização. No primeiro caso, é
preciso considerar a relevância dos conteúdos Atualmente, estão muito disseminadas nas
selecionados para a vida dos alunos e para a escolas concepções diversas de projetos de trabalho,
continuidade de sua trajetória escolar, bem como a que se espera, devem enriquecer o currículo
pertinência do que é abordado em face da tornando os conhecimentos escolares mais vivos e
diversidade dos estudantes, buscando a desafiadores para os alunos. Entretanto, é importante
contextualização dos conteúdos e o seu tratamento que os vários projetos em andamento em muitas
flexível. Além do que, será preciso oferecer maior escolas estejam articulados ao tratamento dos
atenção, incentivo e apoio aos que deles conteúdos curriculares e às áreas de conhecimento,
demonstrarem mais necessidade, com vistas a evitando a fragmentação e a dispersão provocadas
assegurar a igualdade de acesso ao conhecimento. por iniciativas com propósitos diferentes e que não se
comunicam entre si. É nesse sentido que deve ser
Em relação à organização dos conteúdos,
operacionalizada a orientação contida nas Diretrizes
há necessidade de superar o caráter fragmentário
Curriculares Nacionais Gerais para a Educação
das áreas, buscando uma integração no currículo
Básica, quando preconizam o tratamento dos
que possibilite tornar os conhecimentos abordados conteúdos curriculares por meio de projetos e que
mais significativos para os educandos e favorecer a orientam que, para eles, sejam destinados pelo
participação ativa de alunos com habilidades,
menos 20% da carga horária de trabalho anual.
experiências de vida e interesses muito diferentes.
O fundamental no esforço de integração
Os estudiosos do tema têm insistido na
parece ser justamente a necessária disposição, por
crítica aos currículos em que as disciplinas
parte dos professores, de trabalhar juntos, de
apresentam fronteiras fortemente demarcadas, sem compartilhar com os colegas os acertos e as
conexões e diálogos entre elas. Criticam, também, indagações que decorrem de posturas e práticas
os currículos que se caracterizam pela distância
ainda minoritárias no país.
que mantêm com a vida cotidiana, pelo caráter
abstrato do conhecimento trabalhado e pelas Os esforços de integração têm buscado
formas de avaliação que servem apenas para maior conexão com os problemas que os alunos e
selecionar e classificar os alunos, estigmatizando sua comunidade enfrentam, ou ainda com as
os que não se enquadram nas suas expectativas. A demandas sociais e institucionais mais amplas que a
literatura sobre currículo avança ao propor que o escola deve responder. Nesse processo, é preciso
conhecimento seja contextualizado, permitindo que que os conteúdos curriculares não sejam
os alunos estabeleçam relações com suas banalizados. Algumas escolas, por vezes, têm caído
experiências. Evitase, assim, a transmissão em extremos: a valorização apenas dos conteúdos
mecânica de um conhecimento que termina por escolares de referência disciplinar ou certa rejeição a
obscurecer o seu caráter provisório e que não leva esses conteúdos, sob o pretexto de que é preciso
ao envolvimento ativo do estudante no processo de evitar o “conteudismo”. A literatura educacional tem
aprendizagem (Moreira e Candau, 2008). mostrado que, em nome de um ensino que melhor
responda às exigências de competitividade das
Os componentes curriculares e as áreas de
sociedades contemporâneas, é frequente que a
conhecimento, relacionados a um projeto educativo escola termine alijando os alunos pertencentes às
de longo prazo, como deve ser o da Educação camadas populares do contato e do aprendizado de
Básica, concorrem de maneira decisiva para
conhecimentos essenciais à sua formação, porque
assegurar uma sistematização de conhecimentos
desconhece o universo material e simbólico das
imprescindível no Ensino Fundamental de 9 (nove)
crianças, adolescentes, jovens e adultos e não faz a
anos, garantindo-lhe continuidade e consistência.
ponte de que necessitam os alunos para dominar os
Mas eles certamente devem ser trabalhados por conhecimentos veiculados.
diversas abordagens integradoras. Continuidade e
consistência não querem dizer uniformidade e Por sua vez, alguns currículos muito
padronização de sequências e conteúdos. centrados nas culturas dos alunos, ao proporem às
camadas populares uma educação escolar calcada
Têm sido numerosas e variadas as
sobretudo na espontaneidade e na criatividade,
experiências das escolas brasileiras quanto ao
terminam por reservar apenas para as elites uma
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
educação que trabalha com abstrações e estimula a A organização do trabalho pedagógico deve
capacidade de raciocínio lógico. Assim sendo, vale levar em conta a mobilidade e a flexibilização dos
repetir que os segmentos populares, ao lutarem tempos e espaços escolares, a diversidade nos
pelo direito à escola e à educação, aspiram agrupamentos de alunos, as diversas linguagens
apossar-se dos conhecimentos que, transcendendo artísticas, a diversidade de materiais, os variados
as suas próprias experiências, lhes forneçam suportes literários, as atividades que mobilizem o
instrumentos mais complexos de análise da raciocínio, as atitudes investigativas, a articulação
realidade e permitam atingir níveis mais universais entre a escola e a comunidade e o acesso aos
de explicação dos fenômenos. São esses espaços de expressão cultural.
conhecimentos que os mecanismos internos de
As articulações do Ensino Fundamental e a
exclusão na escola têm reservado somente às
continuidade da trajetória escolar dos alunos
minorias, mas que é preciso assegurar a toda a
população. Um desafio com que se depara o Ensino
Fundamental diz respeito à sua articulação com as
Ainda quanto à abordagem do currículo, os
demais etapas da educação, especialmente com a
professores levarão em conta a diversidade
Educação Infantil e com o Ensino Médio. A falta de
sociocultural da população escolar, as
articulação entre as diferentes etapas da Educação
desigualdades de acesso ao consumo de bens
Básica tem criado barreiras que dificultam o percurso
culturais e a multiplicidade de interesses e
escolar dos alunos. Para a sua superação é preciso
necessidades apresentados pelos estudantes no
que o Ensino Fundamental passe a incorporar tanto
desenvolvimento de metodologias e estratégias
algumas práticas que integram historicamente a
variadas que melhor respondam às diferenças de
Educação Infantil, assim como traga para o seu
aprendizagem entre os alunos e às suas
interior preocupações compartilhadas por grande
demandas.
parte dos professores do Ensino Médio, como a
A criação de um ambiente propício à necessidade de sistematizar conhecimentos, de
aprendizagem na escola terá como base o trabalho proporcionar oportunidades para a formação de
compartilhado e o compromisso dos professores e conceitos e a preocupação com o desenvolvimento
dos demais profissionais com a aprendizagem dos do raciocínio abstrato, dentre outras.
alunos; o atendimento às necessidades específicas
Não menos necessária é uma integração
de aprendizagem de cada um mediante formas de
maior entre os anos iniciais e os anos finais do
abordagem apropriadas; a utilização dos recursos
Ensino Fundamental. Há que superar os problemas
disponíveis na escola e nos espaços sociais e
localizados na passagem das séries iniciais e a das
culturais do entorno; a contextualização dos
séries finais dessa etapa, decorrentes de duas
conteúdos, assegurando que a aprendizagem seja
diferentes tradições de ensino. Os alunos, ao
relevante e socialmente significativa; e o cultivo do
mudarem do professor generalista dos anos iniciais
diálogo e de relações de parceria com as famílias.
para os professores especialistas dos diferentes
Para tanto, é fundamental contar com o componentes curriculares, costumam se ressentir
apoio solidário dos sistemas de ensino e das diante das muitas exigências que têm de atender,
próprias escolas no provimento de adequadas feitas pelo grande número de docentes dos anos
condições de trabalho e de outros recursos, de finais. Essa transição acentua a necessidade de um
acordo com os padrões mínimos de qualidade planejamento curricular integrado e sequencial e abre
referidos no inciso IX, do Artigo 4º da LDB, e objeto a possibilidade de adoção de formas inovadoras a
de manifestação deste colegiado no Parecer partir do 6º ano, a exemplo do que já o fazem
CNE/CEB nº 8/2010. algumas escolas e redes de ensino.
Os sistemas de ensino, as escolas e os A passagem dos anos iniciais para os anos
professores, com o apoio das famílias e da finais do Ensino Fundamental apresenta ainda mais
comunidade, devem envidar esforços para uma dificuldade: o intenso processo de
assegurar o progresso contínuo dos alunos no que descentralização ocorrido na última década acentuou
se refere ao seu desenvolvimento pleno e à a cisão dessa etapa da escolaridade, levando à
aquisição de aprendizagens significativas, lançando concentração da oferta dos anos iniciais,
mão de todos os recursos disponíveis e criando majoritariamente nas redes municipais, e dos anos
renovadas oportunidades para evitar que a finais, nas redes mantidas pelos Estados. O fato
trajetória escolar discente seja retardada ou requer especial atenção de Estados e Municípios ao
indevidamente interrompida. Devem, portanto, planejarem conjuntamente o atendimento à
adotar as providências necessárias para que a demanda, a fim de evitar obstáculos ao acesso dos
operacionalização do princípio da continuidade não alunos que devem mudar de uma rede para outra
seja traduzida como “promoção automática” de para completar o Ensino Fundamental.
alunos de um ano, série ou ciclo para o seguinte, e
As articulações no interior do Ensino
para que o combate à repetência não se transforme
Fundamental, e deste com as etapas que o
em descompromisso com o ensino e a
antecedem e o sucedem na Educação Básica, são,
aprendizagem.
pois, elementos fundamentais para o bom

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
desempenho dos estudantes e a continuidade dos e propriedades, ao mesmo tempo em que passa a
seus estudos. sistematizar mais os conhecimentos escolares.
Um dos sérios entraves ao percurso escolar Além disso, é preciso garantir que a
dos alunos tem sido a cultura da repetência que passagem da Pré-Escola para o Ensino Fundamental
impregna as práticas escolares. Há muitos anos, não leve a ignorar os conhecimentos que a criança já
diferentes estudos têm mostrado que a repetência adquiriu. Igualmente, o processo de alfabetização e
não é o melhor caminho para assegurar que os letramento, com o qual ela passa a estar mais
alunos aprendam. Ao contrário, a repetência, além sistematicamente envolvida, não pode sofrer
de desconsiderar o que o aluno já aprendeu, interrupção ao final do primeiro ano dessa nova etapa
geralmente não lhe oferece oportunidade de da escolaridade.
superar as dificuldades que apresentava e termina
Assim como há crianças que depois de
por desinteressá-lo dos estudos ainda mais,
alguns meses estão alfabetizadas, outras requerem
aumentando a probabilidade de que repita
de dois a três anos para consolidar suas
novamente aquela série e contribuindo para baixar
aprendizagens básicas, o que tem a ver, muito
a sua autoestima. Mas aqui é preciso enfatizar,
frequentemente, com seu convívio em ambientes em
mais uma vez, que o combate à repetência não
que os usos sociais da leitura e escrita são intensos
pode significar descompromisso com o ensino e a
ou escassos, assim como com o próprio
aprendizagem.
envolvimento da criança com esses usos sociais na
A enturmação dos alunos por idade e não família e em outros locais fora da escola. Entretanto,
por nível de conhecimento passou a ser uma mesmo entre as crianças das famílias de classe
alternativa ao que costumava ser feito quando as média, em que a utilização da leitura e da escrita é
escolas dividiam as turmas de alunos em fracas, mais corrente, verifica-se, também, grande variação
médias e fortes, as quais terminavam prejudicando no tempo de aprendizagem dessas habilidades pelos
especialmente os considerados mais fracos e alunos.
aumentando a defasagem entre eles e os demais.
Para as crianças que entram pela primeira
Pesquisas mostraram a impossibilidade de formar
vez na escola aos 6 (seis) anos, o período requerido
turmas homogêneas, em vista das diferenças
para esse aprendizado pode ser mais prolongado,
existentes entre os alunos. Evidenciaram, também,
mas o esperado é que, com a ampliação da
que muito do que se aprende na escola é aprendido
obrigatoriedade escolar para a faixa etária dos 4
nas interações dos próprios alunos e advogam, há
(quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, todas as
algumas décadas, que a heterogeneidade das
crianças se beneficiem. Entretanto, os anos iniciais
turmas pode se converter em uma vantagem, tanto
do Ensino Fundamental de 9 (nove) anos não se
do ponto de vista cognitivo, quanto do afetivo e do
reduzem apenas à alfabetização e ao letramento.
cultural, pois favorece a ajuda entre os educandos,
Desde os 6 (seis) anos de idade, os conteúdos dos
estimula-os mutuamente e enriquecendo o seu
demais componentes curriculares devem também ser
convívio.
trabalhados. São eles que, ao descortinarem às
A entrada de crianças de 6 (seis) anos no crianças o conhecimento do mundo por meio de
Ensino Fundamental novos olhares, lhes oferecem oportunidades de
exercitar a leitura e a escrita de um modo mais
A entrada de crianças de 6 (seis) anos no
significativo.
Ensino Fundamental implica assegurar-lhes
garantia de aprendizagem e desenvolvimento Há que lembrar, porém, que os anos iniciais
pleno, atentando para a grande diversidade social, do Ensino Fundamental têm se constituído,
cultural e individual dos alunos, o que demanda historicamente, em um dos maiores obstáculos
espaços e tempos diversos de aprendizagem. Na interpostos aos alunos para prosseguirem
perspectiva da continuidade do processo educativo aprendendo. Há não muito tempo atrás, por décadas
proporcionada pelo alargamento da Educação e décadas, cerca de metade dos alunos repetiam a
Básica, o Ensino Fundamental terá muito a ganhar primeira série, sendo barrados logo no início
se absorver da Educação Infantil a necessidade de daescolarização por não estarem completamente
recuperar o caráter lúdico da aprendizagem, alfabetizados. Além disso, a maioria dos alunos
particularmente entre as crianças de 6 (seis) a 10 matriculados no ensino obrigatório não conseguia
(dez) anos que frequentam as suas classes, chegar ao seu final por causa da repetência. Os
tornando as aulas menos repetitivas, mais poucos que o concluíam levavam, em média, perto
prazerosas e desafiadoras e levando à participação de 12 (doze) anos, ou seja, o tempo previsto para
ativa dos alunos. A escola deve adotar formas de cursar o Ensino Fundamental e o Ensino Médio.
trabalho que proporcionem maior mobilidade às Mesmo nos dias atuais, em que baixaram
crianças na sala de aula, explorar com elas mais consideravelmente os índices de repetência escolar
intensamente as diversas linguagens artísticas, a no país, esses índices ainda figuram entre os
começar pela literatura, utilizar mais materiais que maiores do mundo. E a repetência, como se sabe,
proporcionem aos alunos oportunidade de racionar não gera qualidade! As maiores vítimas da repetência
manuseando-os, explorando as suas características têm sido as crianças e adolescentes pobres,
mestiços e negros, e, mais recentemente, tem-se
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
observado, ainda, que são os alunos do sexo sobretudo, para assegurar a todas as crianças uma
masculino, pobres e negros, os que mais ficam em educação de qualidade, recomenda-se enfaticamente
recuperação e apresentam atraso escolar. que os sistemas de ensino adotem nas suas redes de
escolas a organização em ciclo dos três primeiros
Esse dado remete às implicações do
anos do Ensino Fundamental, abrangendo crianças
currículo com as desigualdades sociais, étnico-
de 6 (seis), 7 (sete) e 8 (oito) anos de idade e
raciais e de gênero. A despeito do grande esforço
instituindo um bloco destinado à alfabetização.
feito pelas famílias de baixa renda para manter os
filhos na escola, depois de muito repetirem, um Mesmo quando o sistema de ensino ou a
grande número deles se evade. escola, no uso de sua autonomia, fizerem opção pelo
regime seriado, é necessário considerar os três anos
A proposta de organização dos três
iniciais do Ensino
primeiros anos do Ensino Fundamental em um
único ciclo exige mudanças no currículo para Fundamental como um bloco pedagógico ou
melhor trabalhar com a diversidade dos alunos e um ciclo sequencial não passível de interrupção,
permitir que eles progridam na aprendizagem. Ela voltado para ampliar a todos os alunos as
também questiona a concepção linear de oportunidades de sistematização e aprofundamento
aprendizagem que tem levado à fragmentação do das aprendizagens básicas, imprescindíveis para o
currículo e ao estabelecimento de sequências prosseguimento dos estudos.
rígidas de conhecimentos, as quais, durante muito
Os três anos iniciais do Ensino Fundamental
tempo, foram evocadas para justificar a reprovação
devem assegurar:
nas diferentes séries. A promoção dos alunos deve
vincular-se às suas aprendizagens; não se trata, a) a alfabetização e o letramento;
portanto, de promoção automática. Para garantir a
aprendizagem, as escolas deverão construir b) o desenvolvimento das diversas formas de
expressão, incluindo o aprendizado da Língua
estratégias pedagógicas para recuperar os alunos
Portuguesa, a Literatura, a Música e demais artes, a
que apresentarem dificuldades no seu processo de
Educação Física, assim como o aprendizado da
construção do conhecimento.
Matemática, de Ciências, de História e de Geografia;
Entre as iniciativas de redes que adotaram
ciclos, muitas propostas terminaram por incorporar c) a continuidade da aprendizagem, tendo em
conta a complexidade do processo de alfabetização e
algumas das formulações mais avançadas do
os prejuízos que a repetência pode causar no Ensino
ideário contemporâneo da educação, com vistas a
garantir o sucesso dos alunos na aprendizagem, Fundamental como um todo, e,
combater a exclusão e assegurar que todos particularmente, na passagem do primeiro para o
tenham, efetivamente, direito a uma educação de segundo ano de escolaridade e deste para o terceiro.
qualidade. Movimentos de renovação pedagógica
têm-se esforçado por trabalhar com concepções Ainda que já dito em termos mais gerais, vale
que buscam a integração das abordagens do enfatizar que no início do Ensino Fundamental,
currículo e uma relação mais dialógica entre as atendendo às especificidades do desenvolvimento
vivências dos alunos e o conhecimento infantil, a avaliação deverá basear-se, sobretudo, em
sistematizado. procedimentos de observação e registro das
atividades dos alunos e portfólios de seus trabalhos,
Os ciclos assim concebidos concorrem, seguidos de acompanhamento contínuo e de revisão
juntamente com outros dispositivos da escola das abordagens adotadas, sempre que necessário.
calcados na sua gestão democrática, para superar
a concepção de docência solitária do professor que A avaliação
se relaciona exclusivamente com a sua turma, Quanto aos processos avaliativos, parte
substituindo-a pela docência solidária, que integrante do currículo, há que partir do que
considera o conjunto de professores de um ciclo determina a LDB em seus artigos 12, 13 e 24, cujos
responsável pelos alunos daquele ciclo, embora comandos genéricos prescrevem o zelo pela
não eliminem o professor de referência que mantém aprendizagem dos alunos, a necessidade de prover
um contato mais prolongado com a classe. Aposta- os meios e as estratégias para a recuperação
se, assim, que o esforço conjunto dos professores, daqueles com menor rendimento e consideram a
apoiado por outras instâncias dos sistemas prevalência dos aspectos qualitativos sobre os
escolares, contribua para criar uma escola menos quantitativos, bem como os resultados ao longo do
seletiva e capaz de proporcionar a cada um e a período sobre os de eventuais provas finais.
todos o atendimento mais adequado a que têm
direito. A avaliação do aluno, a ser realizada pelo
professor e pela escola, é redimensionadora da ação
Para evitar que as crianças de 6 (seis) anos pedagógica e deve assumir um caráter processual,
se tornem reféns prematuros da cultura da formativo e participativo, ser contínua, cumulativa e
repetência e que não seja indevidamente diagnóstica.
interrompida a continuidade dos processos
educativos levando à baixa autoestima do aluno e, A avaliação formativa, que ocorre durante
todo o processo educacional, busca diagnosticar as
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
potencialidades do aluno e detectar problemas de informados sobre o desenvolvimento escolar de seus
aprendizagem e de ensino. A intervenção imediata filhos, representando também uma prestação de
no sentido de sanar dificuldades que alguns contas que a escola faz à comunidade que atende.
estudantes evidenciem é uma garantia para o seu Esse espaço de diálogo com os próprios alunos – e
progresso nos estudos. Quanto mais se atrasa essa com as suas famílias, no caso do Ensino
intervenção, mais complexo se torna o problema de Fundamental regular – sobre o processo de
aprendizagem e, consequentemente, mais difícil se aprendizagem e o rendimento escolar que tem
torna saná-lo. consequência importante na trajetória de estudos de
cada um, precisa ser cultivado pelos educadores e é
A avaliação contínua pode assumir várias
muito importante na criação de um ambiente propício
formas, tais como a observação e o registro das
à aprendizagem. Além disso, a transparência dos
atividades dos alunos, sobretudo nos anos iniciais
processos avaliativos assegura a possibilidade de
do Ensino Fundamental, trabalhos individuais,
discussão dos referidos resultados por parte de pais
organizados ou não em portfólios, trabalhos
e alunos, inclusive junto a instâncias superiores à
coletivos, exercícios em classe e provas, dentre
escola, no sentido de preservar os direitos destes, tal
outros. Essa avaliação constitui um instrumento
como determina o Estatuto da Criança e do
indispensável do professor na busca do sucesso
Adolescente.
escolar de seus alunos e pode indicar, ainda, a
necessidade de atendimento complementar para Os procedimentos de avaliação adotados
enfrentar dificuldades específicas, a ser oferecido pelos professores e pela escola serão articulados às
no mesmo período de aula ou no contraturno, o que avaliações realizadas em nível nacional e às
requer flexibilidade dos tempos e espaços para congêneres nos diferentes
aprender na escola e também flexibilidade na
Estados e Municípios, criadas com o objetivo
atribuição de funções entre o corpo docente.
de subsidiar os sistemas de ensino e as escolas nos
Os projetos político-pedagógicos das esforços de melhoria da qualidade da educação e da
escolas e os regimentos escolares deverão, pois, aprendizagem dos alunos.
obrigatoriamente, disciplinar os tempos e espaços
A análise do rendimento dos alunos com
de recuperação, de preferência paralelos ao
base nos indicadores produzidos por essas
período letivo, tal como determina a LDB, e prever a
avaliações deve auxiliar os sistemas de ensino e a
possibilidade de aceleração de estudos para os
comunidade escolar a redimensionarem as práticas
alunos com atraso escolar. Há ainda que assegurar
educativas com vistas ao alcance de melhores
tempos e espaços de reposição dos conteúdos
resultados.
curriculares ao longo do ano letivo aos alunos com
frequência insuficiente, evitando, sempre que Entretanto, a ênfase excessiva nos
possível, a retenção por faltas. resultados das avaliações externas – que oferecem
indicações de uma parcela restrita do que é
Considerando que a avaliação implica
trabalhado na escola – pode produzir a inversão das
sempre um julgamento de valor sobre o
referências para o trabalho pedagógico, o qual tende
aproveitamento do aluno, cabe, contudo alertar que
a abandonar as propostas curriculares e orientar-se
ela envolve frequentemente juízos prévios e não
apenas pelo que é avaliado por esses sistemas.
explicitados pelo professor acerca do que o aluno é
Desse modo, a avaliação deixa de ser parte do
capaz de aprender. Esses préjulgamentos, muitas
desenvolvimento do currículo, passando a ocupar um
vezes baseados em características que não são de
lugar indevido no processo educacional. Isso
ordem cognitiva e sim social, conduzem o professor
ocasiona outras consequências, como a redução do
a não estimular devidamente certos alunos que, de
ensino à aprendizagem daquilo que é exigido nos
antemão, ele acredita que não irão corresponder às
testes. A excessiva preocupação com os resultados
expectativas de aprendizagem. O resultado é que,
desses testes sem maior atenção aos processos
por falta de incentivo e atenção docente, tais alunos
pelos quais as aprendizagens ocorrem, também
terminam por confirmar as previsões negativas
termina obscurecendo aspectos altamente
sobre o seu desempenho.
valorizados nas propostas da educação escolar que
Mas a avaliação não é apenas uma forma não são mensuráveis, como, por exemplo, a
de julgamento sobre o processo de aprendizagem autonomia, a solidariedade, o compromisso político e
do aluno, pois também sinaliza problemas com os a cidadania, além do próprio ensino de História e de
métodos, as estratégias e abordagens utilizados Geografia e o desenvolvimento das diversas áreas de
pelo professor. Diante de um grande número de expressão. É importante ainda considerar que os
problemas na aprendizagem de determinado resultados da educação demoram, às vezes, longos
assunto, o professor deve ser levado a pensar que períodos de tempo para se manifestar ou se
houve falhas no processo de ensino que precisam manifestam em outros campos da vida humana.
ser reparadas. Assim sendo, as referências para o currículo devem
continuar sendo as contidas nas propostas político-
A avaliação proporciona ainda oportunidade
pedagógicas das escolas, articuladas às orientações
aos alunos de melhor se situarem em vista de seus
e propostas curriculares dos sistemas, sem reduzir os
progressos e dificuldades, e aos pais, de serem

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
seus propósitos ao que é avaliado pelos testes de (sete) horas diárias. A ampliação da jornada poderá
larga escala. ser feita mediante o desenvolvimento de atividades
como as de acompanhamento e apoio pedagógico,
Os resultados de aprendizagem dos alunos
reforço e aprofundamento da aprendizagem,
devem ser aliados, por sua vez, à avaliação das
experimentação e pesquisa científica, cultura e artes,
escolas e de seus professores, tendo em conta os
esporte e lazer, tecnologias da comunicação e
insumos básicos necessários à educação de
informação, afirmação da cultura dos direitos
qualidade para todos nesta etapa da educação,
humanos, preservação do meio ambiente, promoção
consideradas, inclusive, as suas modalidades e as
da saúde, entre outras, articuladas aos componentes
formas diferenciadas de atendimento como a
curriculares e áreas de conhecimento, bem como as
Educação do Campo, a Educação Escolar
vivências e práticas socioculturais.
Indígena, a Educação Escolar Quilombola e as
escolas de tempo integral. As atividades serão desenvolvidas dentro do
espaço escolar, conforme a disponibilidade da
A melhoria dos resultados de aprendizagem
escola, ou fora dele, em espaços distintos da cidade
dos alunos e da qualidade da educação obriga os
ou do território em que está situada a unidade
sistemas de ensino a incrementarem os dispositivos
escolar, mediante a utilização de equipamentos
da carreira e de condições de exercício e
sociais e culturais aí existentes e o estabelecimento
valorização do magistério e dos demais
de parcerias com órgãos ou entidades locais, sempre
profissionais da educação, e a oferecerem os
de acordo com o projeto político-pedagógico de cada
recursos e apoios que demandam as escolas e
escola.
seus profissionais para melhorar a sua atuação.
Obriga, também, as escolas a uma apreciação mais Ao restituir a condição de ambiente de
ampla das oportunidades educativas por elas aprendizagem à comunidade e à cidade, a escola
oferecidas aos alunos, reforçando a sua estará contribuindo para a construção de redes
responsabilidade de propiciar renovadas sociais na perspectiva das cidades educadoras.
oportunidades e incentivos aos que deles
Os órgãos executivos e normativos dos
necessitem.
sistemas de ensino da União, dos Estados, do
Educação em tempo integral Distrito Federal e dos Municípios assegurarão que o
atendimento dos alunos na escola de tempo integral
A escola brasileira é uma das que possui
das redes públicas possua infraestrutura adequada e
menor número de horas diárias de efetivo trabalho
pessoal qualificado. E para que a oferta de educação
escolar. Não obstante, há reiteradas manifestações
nesse tipo de escola não se resuma a uma simples
da legislação apontando para o seu aumento na
justaposição de tempos e espaços disponibilizados
perspectiva de uma educação integral (Constituição
em outros equipamentos de uso social, como
Federal, artigos 205, 206 e 227; Estatuto da
quadras esportivas e espaços para práticas culturais,
Criança e do Adolescente, Lei nº 9.089/90;
é imprescindível que atividades programadas no
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº
projeto político-pedagógico da escola de tempo
9.394/96, Artigo 34; Plano Nacional de Educação,
integral sejam de presença obrigatória e, em face
Lei nº 10.172/2001; e Fundo de Manutenção e
delas, o desempenho dos alunos seja passível de
Desenvolvimento da Educação Básica e de
avaliação.
Valorização dos Profissionais da Educação, Lei nº
11.494/2007). Além do mais, já existem variadas Quilombola
experiências de escola em período integral em
Educação do Campo, Educação Escolar
diferentes redes e sistemas de ensino no país.
Indígena e Educação Escolar
Diante desse quadro, considera-se que a proposta
educativa da escola de tempo integral poderá A Educação do Campo, tratada como
contribuir significativamente para a melhoria da educação rural na legislação brasileira, incorpora os
qualidade da educação e do rendimento escolar, ao espaços da floresta, da pecuária, das minas e da
passo em que se exorta os sistemas de ensino a agricultura e se estende também aos espaços
ampliarem a sua oferta. Esse tipo de escola, pesqueiros, caiçaras, ribeirinhos e extrativistas,
quando voltada prioritariamente para o atendimento conforme as Diretrizes para a Educação Básica do
das populações com alto índice de vulnerabilidade Campo (Parecer CNE/CEB nº 36/2001 e Resolução
social que, não por acaso, encontram-se CNE/CEB nº 1/2002, e Parecer CNE/CEB nº 3/2008
concentradas em instituições com baixo rendimento e Resolução CNE/CEB nº 2/2008).
dos alunos, situadas em capitais e regiões
A Educação Escolar Indígena e a Educação
metropolitanas densamente povoadas, poderá
Escolar Quilombola são, respectivamente, oferecidas
dirimir as desigualdades de acesso à educação, ao
conhecimento e à cultura e melhorar o convívio em unidades educacionais inscritas em suas terras e
social. culturas e para essas populações estão assegurados
direitos específicos na Constituição Federal que lhes
O currículo da escola de tempo integral, permitem valorizar e preservar suas culturas e
concebido como um projeto educativo integrado, reafirmar o seu pertencimento étnico.
deve prever uma jornada escolar de, no mínimo, 7

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
As escolas indígenas, atendendo a normas subsidiem o trabalho com a diversidade, bem como
e ordenamentos jurídicos próprios e a Diretrizes de recursos que assegurem aos alunos o acesso a
Nacionais específicas, terão ensino intercultural e outros bens culturais e lhes permitam estreitar o
bilíngue, com vistas à afirmação e manutenção da contato com outros modos de vida e outras formas de
diversidade étnica e linguística; assegurarão a conhecimento.
participação da comunidade no seu modelo de
A participação das populações locais é
edificação, organização e gestão; e deverão contar
importante também para subsidiar as redes escolares
com materiais didáticos produzidos de acordo com
e os sistemas de ensino quanto à produção e oferta
o contexto cultural de cada povo (Resolução CNE/
de materiais escolares e no que diz respeito ao
CEB nº 3/99).
transporte e a equipamentos que atendam as
O detalhamento da Educação Escolar características ambientais e socioculturais das
Quilombola deverá ser definido pelo comunidades e as necessidades locais e regionais.
CNE por meio de Diretrizes Curriculares Educação Especial
Nacionais específicas.
Intensificando o processo de inclusão e
O atendimento escolar às populações do buscando a universalização do atendimento, as
campo, povos indígenas e quilombolas requer escolas públicas e privadas deverão, também,
respeito às suas peculiares condições de vida e contemplar a melhoria das condições de acesso e de
pedagogias condizentes com as suas formas permanência dos alunos com deficiência, transtornos
próprias de produzir conhecimentos, observadas as globais do desenvolvimento e altas habilidades nas
Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a classes comuns do ensino regular. Os recursos de
Educação Básica (Parecer CNE/CEB nº 7/2010 e acessibilidade, como o nome já indica, asseguram
Resolução CNE/ CEB nº 4/2010). condições de acesso ao currículo dos alunos com
deficiência e mobilidade reduzida, por meio da
As escolas das populações do campo, dos
utilização de materiais didáticos, dos espaços,
povos indígenas e dos quilombolas, ao contar com
mobiliários e equipamentos, dos sistemas de
a participação ativa das comunidades locais nas
comunicação e informação, dos transportes e outros
decisões referentes ao currículo, estarão ampliando
serviços.
as oportunidades de:
Além disso, com o objetivo de ampliar o
I – reconhecimento de seus modos próprios
acesso ao currículo, proporcionando independência
de vida, suas culturas, tradições e memórias
aos educandos para a realização de tarefas e
coletivas, como fundamentais para a constituição
favorecendo a sua autonomia, foi criado, pelo
da identidade das crianças, adolescentes e adultos;
Decreto nº 6.571/2008, o atendimento educacional
II – valorização dos saberes e do papel especializado aos alunos da Educação Especial,
dessas populações na produção de conhecimentos posteriormente regulamentado pelo
sobre o mundo, seu ambiente natural e cultural,
Parecer CNE/CEB nº 13/2009 e pela
assim como as práticas ambientalmente
Resolução CNE/CEB nº 4/2009. Esse atendimento, a
sustentáveis que utilizam;
ser expandido gradativamente com o apoio dos
III – reafirmação do pertencimento étnico, órgãos competentes, não substitui a escolarização
no caso das comunidades quilombolas e dos povos regular, sendo complementar à ela. Ele será
indígenas, e do cultivo da língua materna na escola oferecido no contraturno, em salas de recursos
para estes últimos, como elementos importantes de multifuncionais na própria escola, em outra escola ou
construção da identidade; em centros especializados e será implementado por
professores e profissionais com formação
IV – flexibilização, se necessário, do especializada, de acordo com plano de atendimento
calendário escolar, das rotinas e atividades, tendo aos alunos que identifique suas necessidades
em conta as diferenças relativas às atividades
educacionais específicas, defina os recursos
econômicas e culturais, mantido o total de horas
necessários e as atividades a serem desenvolvidas.
anuais obrigatórias no currículo;
Educação de Jovens e Adultos
V – superação das desigualdades sociais e
escolares que afetam essas populações, tendo por A Educação de Jovens e Adultos (EJA),
garantia o direito à educação; voltada para a garantia de formação integral, abrange
da alfabetização às diferentes etapas da
Os projetos político-pedagógicos das
escolarização ao longo da vida, inclusive àqueles em
escolas do campo, indígenas e quilombolas devem
situação de privação de liberdade, sendo pautada
contemplar a diversidade nos seus aspectos
pela inclusão e pela qualidade social. Ela requer um
sociais, culturais, políticos, econômicos, estéticos,
processo de gestão e financiamento que lhe
de gênero, geração e etnia. assegure isonomia em relação ao Ensino
As escolas que atendem essas populações Fundamental regular, um modelo pedagógico próprio
deverão ser devidamente providas pelos sistemas que permita a apropriação e contextualização das
de ensino de materiais didáticos e educacionais que Diretrizes Curriculares Nacionais, a implantação de

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
um sistema de monitoramento e avaliação, uma dos alunos, a aferição de indicadores institucionais
política de formação permanente de seus das redes públicas e privadas, concorrerá para a
professores, formas apropriadas para a destinação universalização e a melhoria da qualidade do
à EJA de profissionais experientes e qualificados processo educativo.
nos processos de escolha e atribuição de aulas nas
O compromisso solidário das redes e
redes públicas e maior alocação de recursos para
sistemas de ensino com a implementação destas
que seja ministrada por docentes licenciados.
Diretrizes
Conforme a Resolução CNE/CEB nº
Com base nos elementos contidos no
3/2010, que institui Diretrizes Operacionais para a
presente Parecer, propõe-se o Projeto de Resolução
Educação de Jovens e Adultos, a idade mínima
anexo, contendo Diretrizes destinadas a contribuir
para ingresso nos cursos de EJA e para a
para:
realização de exames de conclusão de EJA será de
15 (quinze) anos completos. a) ampliar os debates sobre as concepções
curriculares para o Ensino Fundamental levar a
Considerada a prioridade de atendimento à
questionamentos e mudanças no interior de cada
escolarização obrigatória, para que haja oferta
escola, visando assegurar o direito de todos a uma
capaz de contemplar o pleno atendimento dos
educação de qualidade;
adolescentes, jovens e adultos na faixa dos 15
(quinze) anos ou mais, com defasagem idade/série, b) subsidiar a análise e elaboração das
tanto no ensino regular, quanto em EJA, assim propostas curriculares dos sistemas e redes de
como nos cursos destinados à formação ensino, dos projetos político-pedagógicos das
profissional, torna- se necessário: escolas e dos regimentos escolares, tendo em vista a
implementação do Ensino Fundamental de 9 (nove)
a) fazer a chamada ampliada dos
anos;
estudantes em todas as modalidades do
c) fortalecer a constituição de ambientes
Ensino Fundamental;
educativos na escola propícios à aprendizagem,
b) apoiar as redes e os sistemas de ensino reafirmando a instituição escolar como espaço do
no estabelecimento de política própria para o conhecimento, do convívio e da sensibilidade,
atendimento desses estudantes que considere as dimensões imprescindíveis ao exercício da cidadania;
suas potencialidades, necessidades, expectativas
d) consolidar a instituição escolar como
em relação à vida, às culturas juvenis e ao mundo
espaço democrático que reconhece e respeita a
do trabalho, inclusive com programas de aceleração
diversidade;
da aprendizagem, quando necessário;
e) fortalecer o regime de colaboração entre
c) incentivar a oferta de EJA nos períodos
as instâncias na oferta do ensino de qualidade para
diurno e noturno, com avaliação em processo.
todos.
Os cursos de EJA, nos anos iniciais do
E tendo em vista as responsabilidades
Ensino Fundamental, serão presenciais e a sua
compartilhadas pelos entes federados na
duração ficará a critério de cada sistema de ensino,
manutenção e desenvolvimento do ensino, tais
nos termos do Parecer CNE/CEB nº 29/2006, ao
Diretrizes devem indicar que aos sistemas e redes de
qual remete a Resolução CNE/CEB nº 3./2010. Nos
ensino cabe prover:
anos finais, ou seja, do 6º ao 9º ano, os cursos,
poderão ser presenciais ou a distância, quando a) os recursos necessários à ampliação dos
devidamente credenciados, e terão 1600 (mil e tempos e espaços dedicados ao trabalho educativo
seiscentas ) horas de duração. nas escolas e a distribuição de materiais didáticos e
escolares adequados;
Tendo em conta as situações, os perfis e as
faixas etárias dos adolescentes, jovens e adultos, o b) a formação continuada dos professores e
projeto político-pedagógico e o regimento escolar demais profissionais da escola, em estreita
viabilizarão um modelo pedagógico próprio para articulação com as instituições responsáveis pela
essa modalidade de ensino assegurando a formação inicial, dispensando especiais esforços
identificação e o reconhecimento das formas de quanto à formação dos docentes das modalidades
aprender dos adolescentes, jovens e adultos e a específicas do Ensino Fundamental e àqueles que
valorização de seus conhecimentos e experiências; trabalham nas escolas do campo, indígenas e
a distribuição dos componentes curriculares de quilombolas;
modo a proporcionar um patamar igualitário de
c) a coordenação do processo de
formação, bem como a sua disposição adequada
implementação do currículo, evitando a fragmentação
nos tempos e espaços educativos em face das
dos projetos educativos no interior de uma mesma
necessidades específicas dos estudantes.
realidade educacional;
Estima-se que a inserção de EJA no
Sistema Nacional de Avaliação da Educação d) o acompanhamento e a avaliação dos
programas e ações educativas nas respectivas redes
Básica, incluindo, além da avaliação do rendimento

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
e escolas e o suprimento das necessidades ANOTAÇÕES
detectadas.
__________________________________________
O Ministério da Educação, em articulação
__________________________________________
com os Estados, os Municípios e o
__________________________________________
Distrito Federal, precedida de consulta
pública nacional, deverá encaminhar para o __________________________________________
Conselho Nacional de Educação propostas de
__________________________________________
expectativas de aprendizagem dos conhecimentos
escolares que devem ser atingidas pelos alunos em __________________________________________
diferentes estágios do Ensino Fundamental e,
__________________________________________
ainda, elaborar orientações e oferecer outros
subsídios para a implementação destas Diretrizes. __________________________________________
II – VOTO DO RELATOR __________________________________________
À vista do exposto, propõe-se à Câmara de __________________________________________
Educação Básica a aprovação das Diretrizes __________________________________________
Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental
de 9 (nove) anos, na forma deste Parecer e do __________________________________________
Projeto de Resolução em anexo, do qual é parte __________________________________________
integrante.
__________________________________________
Brasília, (DF), 7 de julho de 2010.
Conselheiro Cesar Callegari– Relator __________________________________________
III – DECISÃO DA CÂMARA __________________________________________
A Câmara de Educação Básica aprova, por __________________________________________
unanimidade, o voto do Relator. __________________________________________
Sala das Sessões, em 7 de julho de 2010. __________________________________________
Conselheiro Francisco Aparecido Cordão – __________________________________________
Presidente
__________________________________________
Conselheiro Adeum Hilário Sauer – Vice-
Presidente __________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
posições antiéticas e que, era de regra
convencionalmente traduzida em termos do novo e
do velho, da Pedagogia Nova e Pedagogia
Concepções de Educação Tradicional.
Apenas para fins de esclarecimentos e Essa Pedagogia Tradicional se afunda numa
pesquisas, seguem alguns exemplos que podem concepção fisiológica essencialista, ao passo que a
orientar a escolha da concepção de educação: Pedagogia Nova se funda numa concepção filosófica
que privilegie a existência sobre a essência.
No século XVII Comenius desenvolveu
ideias avançadas sobre a Educação, defendeu que José Carlos Libâneo defende a Pedagogia
todos têm direitos naturais à felicidade eterna com Crítico-social, buscado uma síntese para superar os
Deus. traços da Pedagogia Tradicional e Nova, postulando
para o ensino a tarefa de propiciar aos alunos o
O homem ao realizar os desígnios da
desenvolvimento de suas capacidades e habilidades.
natureza das coisas, suas observações e
fenômenos, desenvolve os órgãos do sentido para Mediante a transmissão e assimilação ativa
que registrem as informações na mente do aluno, dos conteúdos escolares, proferindo, em um único
não ensinando nada que a criança não possa processo, adquirir noções sistematizadas e as
compreender. qualidades individuais dos alunos.
Embora Comenius partisse da observação Para a Pedagogia Crítico-social dos
e da experiência sensorial, mantinha-se o caráter conteúdos a escola tem a função social-política, onde
transmissor como método único e simultâneo a defende os conteúdos e conhecimentos
todos. sistematizados para serem confrontados com as
experiências culturais.
Jean Jacques Rousseau propôs uma
concepção baseada na necessidade e interesse Busca levar o educando a assumir sua
instantâneo da criança. O contato da criança com o condição de agente ativo de transformação social.
mundo que a rodeia é que irá despertá-la, pois o
Ela também toma partido dos interesses da
homem é bom em seu estado natural. O educador
maioria da sociedade, atribuindo à instrução e ao
deveria afastar da criança os vícios da sociedade
ensino o papel de proporcionar aos alunos o domínio
permitindo abrir-se espontaneamente, o que lhe é
de conteúdos, de raciocínio científico, para formarem
inato.
uma consciência crítica diante das realidades sociais.
Henrique Pestalozzi deu grande
Assim, são necessárias reflexões intensas.
importância ao ensino como meio de educação e
Analisar com minúcia e coerência qual é a concepção
desenvolvimento das capacidades humanas. Deu
de educação, quais teorias que embasarão a práxis
ênfase ao método intuitivo, analisando objetos e
educativa da Instituição de Ensino, a qual será
fenômenos da natureza.
defendida e argumentada no Projeto Político
O alemão Johan Friedrich Herbart exerceu Pedagógico.
influência na prática docente conservadora,
Ainda, a título de pesquisa, visando contribuir
defendendo que o fim da educação é a moralidade,
para dissolução de dúvidas posteriores, segue abaixo
o professor é o arquiteto da mente na qual deveria
quadros com concepções de educação.
trazer à atenção do aluno àqueles que desejam que
a dominem. Obs: No quadro abaixo foram utilizadas
siglas com as seguintes representações:
Os defensores de Herbart argumentam
sobre a exigência da compreensão dos assuntos S = Sujeito
estudados, e não memorizá-los.
O = Objeto
As ideias de pensadores que formaram o
pensamento pedagógico europeu demarcaram as D = Desenvolvimento
concepções pedagógicas da atualidade. A = Aprendizagem
A Pedagogia Libertadora está centrada na P = Professor
discussão de temas sociais onde o professor e os
alunos agem em conjunto. Essa escola defendida A = Aluno
por Paulo Freire sustenta uma concepção dialética Concepções de Escola, Ensino e
em que o educador e o educando aprendem juntos Aprendizagem
em uma relação dinâmica, na qual a prática é
Ideias de autores consagrados na área de
orientada pela teoria em um processo constante de
educação sobre a Escola, o Ensino e a
troca de ideias entre professor e aluno.
Aprendizagem.
Demerval Saviani defende que no âmbito O educador e escritor brasileiro Paulo Freire
da política educacional e no recinto do interior da foi e continua sendo referência na Educação
escola, na verdade, nós combatemos com duas brasileira. Dedicou-se plenamente em favor

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
daqueles, especialmente jovens e adultos, colocamos pela ética, respeitando a capacidade de
encontrados à margem de uma vida digna, a fim de cada um.
conscientizá-los a entender a situação em que Paulo Freire considera que o docente não
viviam e agir sobre ela, de modo a alcançarem a deve se limitar ao ensinamento dos conteúdos, mas,
liberdade. Esse compromisso social o tornou fonte sobretudo, ensinar a pensar, pois “pensar é não
de inspiração para educadores de gerações estarmos demasiado certos de nossas certezas”.
passadas, presentes e futuras. (FREIRE, 1996, p. 28). O pensar de maneira
Freire escreveu diversas obras, entre elas a adequada permite aos discentes se colocarem como
“Pedagogia da Autonomia - Saberes necessários à sujeitos históricos, de modo a se conhecerem e ao
prática educativa”, dividida em três capítulos, os mundo em que se inserem, intervindo sobre o
quais versam sobre o processo de formação do mesmo, isto é, aprende-se a partir dos
educador enquanto sujeito democrático, conhecimentos existentes e daqueles que serão
viabilizando a sua própria autonomia, como também ressignificados mais adiante.
a do educando. Ensinar é, portanto, buscar, indagar,
Nessa obra, o pesquisador demonstra constatar, intervir, educar. O ato de ensinar exige
perceber a escola como um ambiente favorável à conhecimento e, consequentemente, a troca de
aprendizagem significativa, onde a relação saberes. Pressupõe-se a presença de indivíduos que,
professor-aluno acontece sempre com diálogo, juntos, trocarão experiências de novas informações
valorizando o respeito mútuo. O espaço escolar adquiridas, respeitando também os saberes do senso
deve sempre contribuir para a curiosidade, a comum e a capacidade criadora de cada um.
criatividade, o raciocínio lógico, o estímulo à A verdadeira aprendizagem é aquela que
descoberta. transforma o sujeito, ou seja, os saberes ensinados
Paulo Freire acredita que a Educação é um são reconstruídos pelos educadores e educandos e,
processo humanizante, social, político, ético, a partir dessa reconstrução, tornam-se autônomos,
histórico, cultural e afirma: “A educação sozinha emancipados, questionadores, inacabados. “Nas
não transforma a sociedade, sem ela tampouco a condições de verdadeira aprendizagem, os
sociedade muda”. educandos vão se transformando em reais sujeitos
A partir desse prisma, veremos a seguir da construção e da reconstrução do saber ensinado,
algumas considerações que evidenciam os saberes ao lado do educador igualmente sujeito do processo”.
necessários à prática docente: (FREIRE, 1996, p. 26). Sob esse ponto de vista,
percebemos a posição do educando como sujeito
A pesquisa como meio de aperfeiçoamento desse processo de reformulação do conhecimento,
docente contínuo, logo, através desta, o mesmo ao lado do educador. Ele passa a ser visto como
poderá tanto atualizar seus conhecimentos como agente e não mais como objeto, isto é, ambos fazem
também estimular seus alunos ao mesmo hábito; parte do processo ensino-aprendizagem numa
O respeito aos saberes dos alunos, concepção progressivista.
advindos das experiências anteriores à sala de O referido autor considera ainda que:
aula, bem como suas realidades e necessidades; “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as
O comprometimento com a educação de possibilidades para a sua produção ou a sua
qualidade e igualitária, visando a inserção de construção” (FREIRE, 1996, p. 21). Dito de outra
indivíduos ainda marginalizados, numa sociedade forma, o docente deve transmitir o conhecimento
desigual e excludente, pois, somente por meio buscando proporcionar ao discente a compreensão
dessa educação ideal, os envolvidos nesse do que foi exposto e, a partir daí, permitir que o
processo terão acesso a inclusão na sociedade mesmo dê um novo sentido, quer dizer, a ideia é não
vigente; dar respostas prontas, mas criar possibilidades, abrir
A reflexão constante da teoria aliada à oportunidades de indagações e sugestões, de
prática docente, como forma de melhorar a próxima raciocínio, de opiniões diversas etc. Jamais impedir
e, sendo assim, não perder o verdadeiro sentido; as interações, as opiniões, os erros e os acertos, isto
é, todos esses elementos permitirão que o aluno
A relação que se estabelece entre educador alcance o real conhecimento e continue a buscá-lo
e educando é alicerçada pelo princípio do incessantemente de forma autônoma e prazerosa.
aprendizado mútuo, não havendo uma verdade
absoluta trazida pelo professor para a sala de aula,
uma vez que o aluno já traz consigo conhecimentos
prévios e, consequentemente, sua visão de mundo.
A ética como elemento essencial na prática
educativa, pois, segundo afirmação de Paulo Freire,
“nos tornamos capazes de comparar, de intervir, de
decidir, de romper, por tudo isso, nos fizemos seres
éticos” (FREIRE, 1996, p.16), em outras palavras,
somos seres histórico-sociais e, portanto, nos

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
que necessita ser trilhado, para assim alcançar
melhores resultados. O aluno é parte da escola, é
sujeito que aprende que constrói seu saber, que
direciona seu projeto de vida, assim sendo a escola
lida com pessoas, valores, tradições, crenças,
opções e precisa estar preparada para enfrentar tudo
FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA
isso.
A escola é uma instituição social com
Informar e formar precisa estar entre os
objetivo explícito: o desenvolvimento das
objetivos explícitos da escola; desenvolver as
potencialidades físicas, cognitivas e afetivas dos
potencialidades físicas, cognitivas e afetivas dos
alunos, por meio da aprendizagem dos conteúdos
alunos, e isso por meio da aprendizagem dos
(conhecimentos, habilidades, procedimentos,
conteúdos (conhecimentos, habilidades,
atitudes, e valores) que, aliás, deve acontecer de
procedimentos, atitudes e valores), fará com que se
maneira contextualiazada desenvolvendo nos
tornem cidadãos participantes na sociedade em que
discentes a capacidade de tornarem-se cidadãos
vivem.
participativos na sociedade em que vivem.
Uma escola voltada para o pleno
Eis o grande desafio da escola, fazer do
desenvolvimento do educando valoriza a transmissão
ambiente escolar um meio que favoreça o
de conhecimento, mas também enfatiza outros
aprendizado, onde a escola deixe de ser apenas
aspectos: as formas de convivência entre as
um ponto de encontro e passe a ser, além disso,
pessoas, o respeito às diferenças, a cultura escolar.
encontro com o saber com descobertas de forma
(Progestão 2001).
prazerosa e funcional, conforme Libâneo (2005)
devemos inferir, portanto, que a educação de Ao ouvir depoimentos de alunos que
qualidade é aquela mediante a qual a escola afirmaram que a maioria das aulas são totalmente
promove, para todos, o domínio dos conhecimentos sem atrativos, professores chegam à sala cansados,
e o desenvolvimento de capacidades cognitivas e desmotivados, não há nada que os atraem a
afetivas indispensáveis ao atendimento de participarem, que os desafiem a querer aprender. É
necessidades individuais e sociais dos alunos. importante ressaltar a importância da unidade de
propostas e objetivos entre os coordenadores e o
A escola deve oferecer situações que
gestor, pois as duas partes falando a mesma
favoreçam o aprendizado, onde haja sede em
linguagem o resultado será muito positivo que terá
aprender e também razão, entendimento da
como fruto a elevação da qualidade de ensino.
importância desse aprendizado no futuro do aluno.
Se ele compreender que, muito mais importante do Contudo, partindo do pressuposto de que a
que possuir bens materiais, é ter uma fonte de escola visa explicitamente à socialização do sujeito é
segurança que garanta seu espaço no mercado necessário que se adote uma prática docente lúdica,
competitivo, ele buscará conhecer e aprender uma vez que ela precisa estar em sintonia com o
sempre mais. mundo, a mídia que oferece: informatização e
dinamismo.
Analisando os resultados da pesquisa de
campo (questionário) observamos que os jovens da Considerando a leitura, a pesquisa e o
turma analisada não possuem perspectivas planejamento ferramentas básicas para o
definidas quanto à seriedade e importância dos desenvolvimento de um trabalho eficaz, e ainda
estudos para suas vidas profissional, emocional, fazendo uso do método dialético, o professor valoriza
afetiva. A maioria não tem hábito de leitura, as teses dos alunos, cultivando neles a autonomia e
frequenta pouquíssimo a biblioteca, outros nunca autoestima o que consequentemente os fará ter
foram lá. A escola é na verdade um local onde se interesse pelas aulas e o espaço escolar então
encontram, conversam e até namoram. Há ainda, a deixará de ser apenas ponto de encontro para ser
questão de a família estar raramente na escola, não também lugar de crescimento intelectual e pessoal.
existe parceria entre a escola e família, comunidade
Para que a escola exerça sua função como
a escola ainda tem dificuldades em promover ações
que tragam a família para ser aliadas e não rivais, a local de oportunidades, interação e encontro com o
família por sua vez ainda não concebeu a ideia de outro e o saber, para que haja esse paralelo tão
importante para o sucesso do aluno o bom
que precisa estar incluída no processo de ensino e
desenvolvimento das atribuições do coordenador
aprendizagem independente de seu nível de
pedagógico tem grande relevância, pois a ele cabe
escolaridade, de acordo com Libâneo (2005), “o
grande desafio é o de incluir, nos padrões de vida organizar o tempo na escola para que os professores
digna, os milhões de indivíduos excluídos e sem façam seus planejamentos e ainda que atue como
condições básicas para se constituírem cidadãos formador de fato; sugerindo, orientando, avaliando
juntamente os pontos positivos e negativos e nunca
participantes de uma sociedade em permanente
se esquecendo de reconhecer, elogiar, estimular o
mutação”.
docente a ir em frente e querer sempre melhorar, ir
Políticas que fortaleçam laços entre além.
comunidade e escola é uma medida, um caminho
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O fato de a escola ser um elemento de argumentação, conduzir ás aulas de modo
grande importância na formação das comunidades questionador, onde o aluno- sujeito ativo, estará
torna o desenvolvimento das atribuições do gestor também exercendo seu papel de sujeito pensante;
um componente crucial, é necessário que possua que dá ótica construtivista, constrói seu aprendizado,
tendência crítico-social, com visão de através de hipóteses que vão sendo testadas,
empreendimento, para que a escola esteja interagindo com o professor, argumentando,
acompanhando as inovações, conciliando o questionando em fim trocando ideias que produzem
conhecimento técnico à arte de disseminar ideias, inferências.
de bons relacionamentos interpessoais, sobretudo O planejamento é imprescindível para o
sendo ético e democrático. sucesso cognitivo do aluno e êxito no
desenvolvimento do trabalho do professor, é como
A ESCOLA NO PASSADO
uma bússola que orienta a direção a ser seguida,
A escola é um lugar que oportuniza, ou pois quando o professor não planeja o aluno é o
deveria possibilitar as pessoas à convivência com primeiro a perceber que algo ficou a desejar, por
seus semelhantes (socialização). De acordo com mais experiente que seja o docente, e esse é um dos
texto do PROGESTÃO – Módulo 1 (2001, p. 23): fatores que contribuem para a indisciplina e o
desinteresse na sala de aula. É importante que o
As melhores e mais conceituadas escolas
planejar aconteça de forma sistematizada e
pertenciam à rede particular, atendendo um grupo
contextualizado com o cotidiano do aluno fator que
elitizado, enquanto a grande maioria teria que lutar
desperta seu interesse e participação ativa.
para conseguir uma vaga em escolas públicas com
estrutura física e pedagógica deficientes. Um planejamento contextualizado com as
especificidades e vivências do educando, o resultado
O país tem passado por mudanças será aulas dinâmicas e prazerosas, ao contrário de
significativas no que se refere ao funcionamento e
uma prática em que o professor cita somente o
acesso da população brasileira ao ensino público,
número da página e alunos abrem seus livros é feito
quando em um passado recente era privilégio das
uma explicação superficial e dá-se por cumprido a
camadas sociais abastadas (elite) e de preferência tarefa da aula do dia, não houve conversa, dialética,
para os homens, as mulheres mal apareciam na interação.
cena social, quando muito as únicas que tinham
acesso à instrução formal recebiam alguma AÇÃO DO GESTOR ESCOLAR
iniciação em desenho e música.
A cultura organizacional do gestor é decisiva
Atuação da equipe pedagógica - para o sucesso ou fracasso da qualidade de ensino
coordenação da escola, a maneira como ele conduz o
gestionamento das ações é o foco que determinará o
A política de atuação da equipe pedagógica sucesso ou fracasso da escola. De acordo com
é de suma importância para a elevação da
Libâneo (2005, p. 302):
qualidade de ensino na escola, existe a
necessidade urgente de que os coordenadores Características organizacionais positivas
pedagógicos não restrinjam suas atribuições eficazes para o bom funcionamento de uma escola:
somente à parte técnica, burocrática, elaborar professores preparados, com clareza de seus
horários de aulas e ainda ficarem nos corredores da objetivos e conteúdos, que planejem as aulas,
escola procurando conter a indisciplina dos alunos cativem os alunos.
que saem das salas durante as aulas, enquanto os
Um bom clima de trabalho, em que a direção
professores ficam necessitados de
contribua para conseguir o empenho de todos, em
acompanhamento. A equipe de suporte pedagógico
que os professores aceitem aprender com a
tem papel determinante no desempenho dos
experiência dos colegas.
professores, pois dependendo de como for a
política de trabalho do coordenador o professor se Clareza no plano de trabalho do Projeto
sentirá apoiado, incentivado. Esse deve ser o pedagógico-curricular que vá de encontro às reais
trabalho do coordenador: incentivar, reconhecer, e necessidades da escola, primando por sanar
elogiar os avanços e conquistas, em fim o sucesso problemas como: falta de professores, cumprimento
alcançado no dia-a-dia da escola e de horário e atitudes que assegurem a seriedade, o
consequentemente o desenvolvimento do aluno em compromisso com o trabalho de ensino e
todos os âmbitos. aprendizagem, com relação a alunos e funcionários.
Função do Professor Quando o gestor, com seu profissionalismo
conquista o respeito e admiração da maioria de seus
Ao professor compete a promoção de
funcionários e alunos, há um clima de harmonia que
condições que favoreçam o aprendizado do aluno,
predispõe a realização de um trabalho, onde, apesar
no sentido do mesmo compreender o que está
das dificuldades, os professores terão prazer em
sendo ministrado, quando o professor adota o
ensinar e alunos prazer em aprender.
método dialético; isso se torna mais fácil, e essa
precisa ser a preocupação do mesmo: facilitar a
aprendizagem do aluno, aguçar seu poder de
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
FUNÇÃO SOCIAL – FAVORECER é sujeito que aprende, que constrói seu saber,
ACESSO AO CONHECIMENTO DE FORMA que direciona seu projeto de vida, assim sendo a
PROFÍCUA escola lida com pessoas, valores, tradições, crenças,
opções e precisa estar preparada para enfrentar tudo
A escola é uma instituição social com
isso.
objetivo explícito: o desenvolvimento das
potencialidades físicas, cognitivas e afetivas dos Informar e formar precisa estar entre os
alunos, por meio da aprendizagem dos conteúdos objetivos explícitos da escola; desenvolver as
(conhecimentos, habilidades, procedimentos, potencialidades físicas, cognitivas e afetivas dos
atitudes, e valores) que, aliás, deve acontecer de alunos, e isso por meio da aprendizagem dos
maneira contextualizada desenvolvendo nos conteúdos (conhecimentos, habilidades,
discentes a capacidade de tornarem-se cidadãos procedimentos, atitudes e valores), fará com que se
participativos na sociedade em que vivem. tornem cidadãos participantes na sociedade em que
vivem.
Eis o grande desafio da escola, fazer do
ambiente escolar um meio que favoreça o Uma escola voltada para o pleno
aprendizado, onde a escola deixe de ser apenas desenvolvimento do educando valoriza a transmissão
um ponto de encontro e passe a ser, além disso, de conhecimento, mas também enfatiza outros
encontro com o saber com descobertas de forma aspectos: as formas de convivência entre as
prazerosa e funcional, conforme Libâneo (2005, pessoas, o respeito às diferenças, a cultura escolar.
p.117): (Progestão 2001,p.45)
Devemos inferir, portanto, que a educação Ouvindo depoimentos de alunos que
de qualidade é aquela mediante a qual a escola afirmaram que a maioria das aulas é totalmente sem
promove, para todos, o domínio dos conhecimentos atrativos, professores chegam na sala cansados,
e o desenvolvimento de capacidades cognitivas e desmotivados, não há nada que os atraem a
afetivas indispensáveis ao atendimento de participarem, que os desafiem a querer aprender. È
necessidades individuais e sociais dos alunos. importante ressaltar a importância da unidade de
propostas e objetivos entre os coordenadores e o
A escola deve oferecer situações que
gestor, pois as duas partes falando a mesma
favoreçam o aprendizado, onde haja sede em
linguagem o resultado será muito positivo que terá
aprender e também razão, entendimento da
como fruto a elevação da qualidade de ensino.
importância desse aprendizado no futuro do aluno.
Se ele compreender que, muito mais importante do Partindo do pressuposto de que a escola visa
que possuir bens materiais, é ter uma fonte de explicitamente à socialização do sujeito é necessário
segurança que garanta seu espaço no mercado que se adote uma prática docente lúdica, uma vez
competitivo, ele buscará conhecer e aprender que ela precisa estar em sintonia com o mundo, a
sempre mais. mídia que oferece: informatização e dinamismo.
Analisando os resultados da pesquisa de Considerando a leitura, a pesquisa e o
campo (questionário) observamos que os jovens da planejamento ferramentas básicas para o
turma analisada não possuem perspectivas desenvolvimento de um trabalho eficaz, e ainda
definidas quanto à seriedade e importância dos fazendo uso do método dialético, o professor valoriza
estudos para suas vidas profissional, emocional, as teses dos alunos, cultivando neles a autonomia e
afetiva. A maioria não tem hábito de leitura, autoestima o que consequentemente os fará ter
frequenta pouquíssimo a biblioteca, outros nunca interesse pelas aulas e o espaço escolar então
foram lá. A escola é na verdade um local onde se deixará de ser apenas ponto de encontro para ser
encontram, conversam e até namoram. Há ainda, a também lugar de crescimento intelectual e pessoal.
questão de a família estar raramente na escola, não
Para que a escola exerça sua função como
existe parceria entre a escola e família, comunidade
local de oportunidades, interação e encontro com o
a escola ainda tem dificuldades em promover ações
outro e o saber, para que haja esse paralelo tão
que tragam a família para ser aliadas e não rivais, a
importante para o sucesso do aluno o bom
família por sua vez ainda não concebeu a ideia de
desenvolvimento das atribuições do coordenador
que precisa estar incluída no processo de ensino e
pedagógico tem grande relevância, pois a ele cabe
aprendizagem independente de seu nível de
organizar o tempo na escola para que os professores
escolaridade, de acordo com Libâneo (2005,
façam seus planejamentos e ainda que atue como
p.116):“O grande desafio é o de incluir, nos padrões
formador de fato; sugerindo, orientando, avaliando
de vida digna, os milhões de indivíduos excluídos e
juntamente os pontos positivos e negativos e nunca
sem condições básicas para se constituírem
esquecendo de reconhecer, elogiar, estimular o
cidadãos participantes de uma sociedade em
docente a ir em frente e querer sempre melhorar, ir
permanente mutação”.
além.
Políticas que fortaleçam laços entre
O fato de a escola ser um elemento de
comunidade e escola é uma medida, um caminho
grande importância na formação das comunidades
que necessita ser trilhado, para assim alcançar
torna o desenvolvimento das atribuições do gestor
melhores resultados. O aluno é parte da escola,
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
um componente crucial, é necessário que INCLUSÃO DA DIVERSIDADE NOS
possua tendência crítico-social, com visão DIFERENTES COMPONENTES
de empreendimento, para que a escola esteja
acompanhando as inovações, conciliando o
CURRICULARES
conhecimento técnico à arte de disseminar ideias, A escola deve se ocupar da formação do
de bons relacionamentos interpessoais, sobretudo indivíduo e estimular o desenvolvimento das
sendo ético e democrático. Os coordenadores por habilidades e competências de cada aluno. É preciso
sua vez precisam assumir sua responsabilidade levá-los a aperfeiçoar as próprias características e
pela qualidade do ensino, atuando como descobrir recursos para lidar com suas dificuldades
formadores do corpo docente, promovendo e/ou inabilidades. Porém, como garantir isto a
momentos de trocas de experiências e reflexão TODOS os estudantes lidando com a imensa
sobre a prática pedagógica, o que trará bons diversidade que encontramos hoje dentro das salas
resultados na resolução de problemas cotidianos, e de aula? Durante muito tempo a ação educativa
ainda fortalece a qualidade de ensino, contribui acontecia muito mais no sentido de “ajustar” o aluno
para o resgate da autoestima do professor, pois o a escola. Hoje, porém, estamos mudando este foco e
mesmo precisa se libertar de práticas não desenvolvendo um trabalho em que a escola busca
funcionais, e para isso a contribuição do atender às necessidades do aluno.
coordenador será imprescindível, o que resultará no
crescimento intelectual dos alunos. Quando deixamos de ouvir os educandos e
desconsideramos suas necessidades, quando nos
esquivamos de conhecer verdadeiramente suas
histórias e nos afastamos do contato com suas
realidades, certamente os colocamos num leito
“padrão”, sem respeito por diferenças individuais ou
circunstâncias especiais, pois tentamos, ainda que,
de maneira inconsciente, ajustá-los às nossas
necessidades, a supostos saberes, lhes lançamos
desafios para os quais ainda não estão prontos e
esvaziamos a aprendizagem significativa.
Na escola que trabalha com a diversidade, o
estudante é o foco central de toda ação educacional,
e as intervenções devem adequar-se aos indivíduos
e não o contrário. Para que isto aconteça a equipe de
educadores deve conhecer cada aluno, respeitar
suas potencialidades e necessidades, e a elas
responder com excelência nas intervenções
pedagógicas.
Em decorrência disso o “fazer pedagógico”
em uma escola que trabalha com a inclusão leva a
equipe de educadores a diversas reflexões sobre
como garantir que os alunos não estejam somente
matriculados, mas tenham suas demandas
atendidas. Qual estrutura é necessária? Que
estratégias são mais significativas? Como
estabelecer objetivos pedagógicos consistentes?
Qual processo avaliativo é eficaz? Como estabelecer
o conteúdo a ser trabalhado?
Estas e outras perguntas também fazem
parte de nosso cotidiano e, neste texto, pretendemos
compartilhar nossa experiência na adequação de um
destes aspectos: o currículo escolar. Como elaborar
um currículo que seja adequado a cada educando?
Que conteúdo abordar? Que objetivos estabelecer?
Como estabelecer critérios para o processo
avaliativo?
Em uma escola que pretende trabalhar com a
diversidade a elaboração do currículo deve prever as
adaptações, admitindo flexibilizações que
oportunizem adequar a ação pedagógica às
necessidades particulares de cada um. A educação
inclusiva requer um currículo dinâmico, que permita

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ajustar o fazer pedagógico às necessidades dos ANOTAÇÕES
alunos e ser um recurso para promover o
__________________________________________
desenvolvimento e a aprendizagem dos mesmos.
__________________________________________
Estas adequações, feitas de forma a
garantir o processo de aprendizagem a todos os __________________________________________
educandos, inclusive aos que apresentam
__________________________________________
necessidades educacionais especiais, são as
chamadas Adaptações Curriculares. Estas __________________________________________
adaptações devem ter o currículo regular como
__________________________________________
referência, e o trabalho deve ser organizado de
acordo com as necessidades de cada um. __________________________________________
Não é necessário apenas elaborar um novo __________________________________________
currículo, mas torná-lo dinâmico e flexível, para que
__________________________________________
atenda realmente a todos. A programação de cada
estudante precisa ser significativa, contextualizada __________________________________________
e motivadora, além de propiciar o desenvolvimento
__________________________________________
de cada um.
__________________________________________
Podemos considerar que um currículo
eficaz, que cumpre o papel de promover o __________________________________________
desenvolvimento dos estudantes é aquele que: __________________________________________
– Tem base nos conhecimentos prévios e __________________________________________
nos centros de interesses de cada aluno.
__________________________________________
– É significativo.
__________________________________________
– Contribui para formação integral daquele
aluno. __________________________________________
– Desenvolve habilidades e competências. __________________________________________
– Aperfeiçoa e dá alternativas para as __________________________________________
dificuldades. __________________________________________
– Prevê a construção da METACOGNIÇÃO. __________________________________________
– Faz o conhecimento circular na escola – __________________________________________
produção/transmissão/ampliação/modificação.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
CURRÍCULO OCULTO X CURRÍCULO FORMAL
O currículo oculto representa uma dimensão
implícita no processo educacional não mensurável e
informal, que fazem parte do cotidiano escolar
transmitindo experiências que reforçam o
aprendizado sociocultural, na inter-relação professor
aluno e o saber.
CURRÍCULO FORMAL, CURRÍCULO O aprendizado dos educandos no ambiente
REAL E CURRÍCULO OCULTO escolar, não se restringe aos aspectos formais
materializados no currículo institucional ou formal,
Currículo formal é um conjunto de
pois não há neutralidade no processo de ensino e
prescrições oriundas das diretrizes curriculares,
aprendizagem visto que, o processo educacional é
produzidas âmbito nacional, nas secretarias e na
complexo e diferente em cada organização de ensino
própria escola, com base aos documentos oficiais,
que têm seu próprio currículo oculto a partir de sua
nas propostas pedagógicas e nos regimentos
contingência (GONÇALVES, 2002).
escolares.
A mesma autora relata que Philip Jackson foi
O currículo real é a transposição
o primeiro teórico e educador americano a utilizar
pragmática do currículo formal, é a interpretação
esta expressão “currículo oculto”, fazendo referências
que professores e alunos constroem juntos, no
às características subjetivas e estruturais do
exercício cotidiano, sejam conceituais, materiais ou
ambiente de aula que contribuem ou influenciam no
na interação entre professor e alunos. São as
processo de educação enquanto socialização
sínteses construídas por professores e alunos, a
tornando evidente, a co-existência de aprendizagem
partir dos elementos do currículo formal e das
colateral ao currículo explicito formalmente.
experiências pessoais de cada um.
As dimensões no processo de educação
O currículo oculto é aquele que escapa
formal deixam claras as idéias que o currículo escolar
das prescrições, sejam elas originárias do currículo
é desempenhando indissociavelmente em seus
formal ou do real. Diz respeito àquelas
aspectos explícitos e implícitos. Neste sentido a
prendizagens que fogem ao controle da própria
escola não ensina apenas os estudantes a ler,
escola e do professor, passando quase
escrever, calcular e demais conteúdos, mas estão
despercebidas, mas que têm uma força formadora
recheados de assuntos e práticas não
muito intensa. São as relações de poder entre
correlacionados que são agentes de socialização,
grupos diferenciados dentro da escola que
concomitantes ao papel educacional que produz
produzem aceitação ou rejeição de certos
transformação social.
comportamentos, em prejuízo de outros, são os
comportamentos de discriminação dissimulada das A realidade do “currículo oculto’ é inerente ao
diferenças e, até mesmo, a existência de uma processo de educação, partindo da premissa que o
profecia auto-realizadora dos professores que ser humano é complexo e suas atividades também,
classifica, de antemão, certos alunos como bons e pois estudar é compreender criticamente a dimensão
outros como maus. O currículo oculto também vai implícita, e processual que constitui assunto de
se manifestar, entre outras formas, na maneira fundamental importância, para melhor desenvolver e
como os funcionários tratam os alunos e seus pais, otimizar os processos educacionais, permitindo (re)
no modo de organização das salas de aula, no tipo refletir e (re) desenhar a formação do papel do
de cartaz pendurado nas paredes, nas condições educador como facilitador e suas responsabilidade
de higiene e conservação dos sanitários, no próprio pedagógicas.
espaço físico da escola.
Desta forma, o embasamento científico e a
As indagações sobre o currículo presentes formação crítico-reflexiva voltada para o exercício da
nas escolas e na teoria pedagógica mostram um cidadania e o compromisso social são reforçados
primeiro significado: a consciência de que os pelo argumento de Almeida e Albuquerque (2001),
Currículos, não são conteúdos prontos a serem dizendo que “a educação tem como fim integrar o
passados aos alunos e sim uma construção e homem e torná-lo sensível ao enfrentar os desafios
seleção de conhecimentos e práticas produzidas da vida e seus complexos ditames”.
em contextos concretos e em dinâmicas sociais,
Na escola, os educandos estão submetidos
políticas e culturais, intelectuais e pedagógicas.
ao contrato didático, que representa um conjunto de
Cabe a nós, como profissionais da Educação,
atividades conteudistas e comportamental dos
encontrar respostas, no conhecimento e nas
sujeitos envolvidos atrelados negociação da
práticas educativas, para melhor elaborar um
organização educacional. As prerrogativas subjetivas
currículo dinâmico, possibilitando uma
não estão evidentes em papeis, mas, envolve as
aprendizagem duradoura.
atividades humanas. Assim a integralidade do ser
humano inserido no processo não é evidente no
contrato. É neste sentido, Illich in Giddens (2002),

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
alerta para uma maior liberdade no processo Para Paulo Freire, educar é um ato político,
estrutural organizacional da escola considerando a neste sentido a leitura do mundo precede a leitura da
dinâmica, a complexidade e as inovações palavra, este educar não está engessado no currículo
tecnológicas que envolvem a escola formal, mas, transcende para uma relação e
contemporânea. comunicação dialógica das dimensões que envolvem
a educação, conseqüentemente a práxis pedagógica.
Portanto, visto que esta negociação didática
é imputada aos alunos e professores, sem que Rene Maheu, (1997) apud Cachioni & Neri
alguns tenham consciência das relações do (2004), discorre sobre os conceitos de educação
currículo oculto que são desenvolvidas no âmbito permanente e de educação popular, nas quais ocorre
educacional. È importante um espaço de debate troca autêntica de saberes entre os sujeitos ativos do
que proporcione a reflexão crítica para processo educacional, num processo de transmissão
conscientizar os atores envolvidos e responsáveis e de assimilação ativas. O Educador tem o papel de
por conduzir a educação, para que os mesmos auxiliar, facilitar e promover o acesso do educando
possam desenvolver seu trabalho educacional de aos conteúdos, ligando-os com a sua experiência
forma a considerar as multidimensões da cotidiana, bem como de proporcionar elementos de
ensinagem e da educação como processo de análise crítica, que permitam a ultrapassagem do “eu
trabalho socializador. expressivo” para o “eu genérico ou social”. A
transformação do saber ocorre, então, através do
O currículo oculto refere-se ao processo de
sentir, pensar e agir.
aprendizagem processual (implícita) socializador e
colateral ao currículo escolar formal, que permeia O currículo desenvolvido por via de mão
as normas de comportamento social (valores, dupla - currículo formal e o aprendizado das lições
mensagens de natureza afetiva entre outros). ocultas, tem nas inter-relações à posteriori um caráter
Gapriglia (2004), afirma que o currículo implícito é socializador, pois “muito do que se aprende no
processualmente desenvolvido nas relações âmbito escolar não esta declarado no conteúdo
pedagógicas sem que o professor perceba, formal, estas prerrogativas evidenciam que não ha
caracterizando pelo laçar mão de suas experiências neutralidade no âmbito educacional (CARVALHO,
para transmitir, facilitar e reforçar a troca de 23007; ANASTASIOU, 2001; CANDAU, 1996).
informações e conhecimentos ao desempenhar
Neste sentido, é de extrema relevância
suas atividades pedagógicas.
suscitar este debate sobre o perfil e formação do
Neste sentido, este estudo teve o objetivo docente, que atua no ensino superior, e por vezes a
de descrever o perfil acadêmico do educador que ineficiência de formação pedagógica que capacite
atua no ensino superior, na área de ciências sobre os preceitos básicos e papel do educador
biológicas e da saúde e qual a sua compreensão questões fundamentais da práxis educacional. Há
frente às dimensões subjetivas e objetivas do que se pensar também, que os professores que não
processo educacional, no que cerne o fazer receberam formação diretiva para atuar na docência
pedagógico do currículo formal e não formal. fica a margem das informações, fato infere limitações
da realidade da práxis pedagógica e os reflexos no
Multidimensões da educação.
processo de ensino e aprendizagem. Estas
Multireferencialidade
prerrogativas subsidiam a necessidade de estratégias
Partindo da premissa que a educação é um de capacitação de profissionais que atuam na
processo complexo, que vai além das ações de docência sem Conhecimentos fundamentais
desenvolver aspectos cognitivos, intelectuais e importantes na formação do educador (CARVALHO,
morais, abarcando aspectos subjetivos e objetivos 2007).
que são indissociáveis numa educação integral que
O processo de ensino e aprendizagem
é resultados do conhecimento a priori e das ações
apresenta desafios concernentes à construção
prática, hábitos sociais, caracterizando como meios
mental ou abstração, que se efetiva quando,
para transformação social.
mentalmente, se é capaz de reconstruir o objeto
A educação é uma produção humana, apreendido pela concepção de noções e princípios,
pois estão engendradas nas inter-relações independentemente do modelo pragmático estudado,
humanas com seus conteúdos ideológicos, portanto associando idéias, enredando e chegando a se
estas ações são carregadas de valores (aspecto deduzir conseqüências subjetivas e inéditas, através
atitudinal), sendo assim, o homem educa-se de uma ação, ou uma práxis, que pode ser
também pelo exemplo do outro e suas próprias predominantemente motora, reflexiva e/ou
inclinações frente a vivencia no âmbito educacional. perceptiva. (ANASTASIOU, 2001).
Assim, compreendemos que a formação de um
A mesma autora, elucida uma relação
educador deve ser critica reflexiva pautada no
existente na apreensão do conhecimento a partir de
reconhecimento dos valores que ultrapassa o
deferentes conteúdos, como os factuais
currículo materializado (formal), transcendendo as
caracterizado por situações, fenômenos concretos,
multidimensões políticas, culturais, históricas,
conhecimentos de fatos, acontecimentos, que são
morais ambientais entre outras.
carregados de subjetividade em sua essência;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
 Conteúdos procedimentais, envolvendo as multidimensões que o universo do
representados por ações ordenadas e com um fim, conhecimento possui.
regras, técnicas, métodos, habilidades, estratégias
Aspectos importantes na formação do
e procedimentos, verificados pela realização das
educador contemporânea
ações que se tornam conscientes pela reflexão
sobre a própria atividade; Discutir elementos que diferenciam a
formação para o bacharelado e para a licenciatura,
 Conteúdos atitudinais (valores, apontando elementos que integram e diferenciam
atitudes e normas, verificados por sua interiorização estes dois aspetos da formação para estas
e aceitação, o que implica conhecimento, avaliação, respectivas áreas de atuação da profissão, é de
análise e elaboração) e os urgente necessidade para reforma educacional.
 Conteúdos conceituais com Nos cursos onde se oferecem as habilitações
essência também subjetivas (fatos, objetos ou para a licenciatura e o bacharelado este processo
símbolos) e princípios (leis e regras que se produz diferenciado já é visível pela estrutura curricular: os
num fato, objeto ou situação); aprender conceitos conteúdos que enfocam a docência, discutindo
possibilita elaboração e construção pessoal, nas elementos teóricos e práticos relativos à questão do
interpretações e transferências para novas ensino e da aprendizagem, só farão parte do
situações. currículo da licenciatura. E é nesta diferenciação que
Na complexidade deste processo, esta o gostaríamos de centrar nossas reflexões.
papel do educador, no planejamento e condução (ANASTASIOU,2001)
contínuos e processuais dos aspectos objetivos e A docência requer domínio dos
subjetivos na educação, possibilitando aos conhecimentos científicos da área essencialmente,
estudantes construir e aprender a apreender, o que compreensão do tripé pedagógico (ensino, pesquisa
preconiza o didático, mas também, considerando as e extensão) que são e indissociáveis, alem da
multidimensões numa perspectiva de educação complexidade do processo ensino e aprendizagem,
integral e cidadã. (GIDDENS, 2002; ZABALA, 2002) enquanto via de mão dupla e o indissociável binômio,
Leite, (1994), apud Anastasiou (2001) teoria e prática. Estes pressupostos somados a
adverte que o conhecimento acadêmico “não outras dimensões compõem o cenário educacional
constitui um produto estático (...) não é um conjunto que transforma o social. O educador necessitará
isolado de informações, mas um comprometimento dominar os saberes da área, de forma científicos,
com uma determinada visão de mundo, e reforça relacionais, pois precisará inicialmente conhecer e
que”: reconhecer os elementos essenciais e
complementares dos conteúdos a ser trabalhador. O
O conhecimento não e algo dado e domínio desta totalidade é condição fundamental: o
acabado ou tampouco isolado com fim em si todo captado não como simples soma, mas como
mesmo (...) a partir desses elementos percebe-se interação das partes que o compõem.
que uma organização curricular tanto pode estar (ANASTASIOU, 2003).
privilegiando determinada visão de ciência, como
apresentando outra: numa organização curricular Estas significações requerem docentes que
ordenada pela grade ou coleção, sob a visão conheçam e reconheçam saberes da área, saberes
cartesiana, o modelo racionalista está de tão forma pedagógicos e contextualização. Requer o domínio
entranhado que não facilita ações integrativas dos tanto do método de pesquisa quanto o de ensino, do
saberes, por parte dos docentes. Experiências arcabouço educacional, com características e
integrativas vêm ocorrendo como fruto de especificidades próprias, as quais muitas vezes não
verdadeiros malabarismos criativos dos ficam claramente explicitadas na formação da
professores, principalmente pelo reconhecimento graduação, principalmente para os bacharéis.
da complexidade do processo. (PERRENOUD, 2000; GIDEENS, 2002).
Educação que compreende as Neste sentido se justificam a especificidades
multidimensões requer docentes que formados de estudos e diferenciados para os futuros
adequadamente, considerar que (...) a relação de educadores (bacharéis e ou licenciados), as
conhecimento é uma relação entre sujeito e objeto; docências exigem profissionais competentes em suas
tem que haver um sujeito que conhece e um objeto áreas de atuação, com pleno domínio dos saberes
que é conhecido, mas a Verdade não está nem no elaborado e pedagógico especificadamente com o
pólo do sujeito, nem no pólo do objeto e sim na desafio de atuarem numa nova profissão, que tem
relação entre eles (...) a relação com o mundo não estatuto, características, compromissos e
é individual, mas coletiva, social. (CANDAU, 1996). procedimentos próprios, a serem apreendidos,
questionados e constantemente reformulados, pelos
Ao ensinar o educador deve se (pré)ocupar participantes dos colegiados institucionais da
com o todo do processo. Conduzir os educandos a educação superior. (ANASTASIOU, 200 GRAPIGLIA,
perceberem as relações complexas que o homem 2001).
tem com a natureza, espaço e a sociedade. A
importância de conhecer todas essas relações,

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Diante do exposto, há que se refletir sobre aprendizagem caminham de braços dados
o currículo oculto como também aprendizagem considerando a complexidade da educação.
subjetiva envolvido no cotidiano desempenhados
Assim, salta aos olhos a importância de uma
pelos atores do processo educacional. A gestão
formação de professores voltada para compreender
pedagógica compreende processos interativos de
os sujeitos da educação como ser integral e
ensino e de aprendizagem que superam os limites
complexa, contextualizada que favoreça o
do currículo formal, e o educador representa o
aprendizado significativo educando para a vida que
ícone mediador. É necessária a compreensão da
ultrapassa os limites da escola.
docência como uma nova profissão, requerendo
saberes próprios da pedagogia e do processo
educacional além dos saberes específicos de cada
profissão. A partir desta compreensão cabe um
novo compromisso pedagógico. (ANASTASIOU,
2003; BARRETO, 2007).
Cabe ressaltar que o educador numa
organização educacional deve ter visão
transdisciplinar, (reconhecer situações em sua
totalidade), integrada e abrangente;
contextualizada, assim transpassando as meras
barreiras formais estáticas do currículo explicito.
Enfatiza a visão e atitude transdisciplinares
que “reconhece a existência de diferentes níveis de
realidade, regidos por lógicas diferentes é inerente
à atitude transdisciplinar” (CETRANS, 1994). Para
caracterização do tema da transdisciplinaridade, o
quadro abaixo apresenta a transposição de termos
e conceitos importantes que estão presentes no
processo de educação e formação docente
(MURIA, 2009).

E notória a necessidade de capacitações e

ferramentas que desperte o interesse por
mudanças e promova o conhecimento sobre como
acontece e em que medida o currículo oculto
influencia no processo de formação dos docentes e
conseqüentemente dos cidadãos, reconhecendo,
respeitando e trabalhando a pluralidade e
complexidade dos processos.
A partir da contextualização teórica, este
estudo permitiu perceber que as construções
pedagógicas nas escolas e da interação dos
envolvidos processos de ensino e aprendizagem
servem de veículo para o desempenho do currículo
formal e do currículo oculto, com toda sua
subjetividade e complexidade, evidenciando que
não há neutralidade no âmbito educacional que a
aprendizagem vai além dos muros da escola.
Vale citar Paulo Freire quando propõe que
aprendentes e ensinantes sejam agentes dialógicos
de um mesmo processo no qual o ensino e a

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
caçava para alimentar-se e utilizava as peles de
animais como proteção. A descoberta do fogo deu
mais poder de ação e criação para planejar
mudanças e iniciar migração de um continente para
outras regiões, provocando alterações no seu modo
de vida. Para Vasconcelos (2000, p. 65), o
PLANEJAMENTO EDUCACIONAL planejamento tem como um dos pilares básicos a
Toda e qualquer sociedade que deseja e ação; subtrair a idéia de ação do planejar é
acredita no seu desenvolvimento não pode deixar descaracterizá-lo por completo.
de perceber que é de fundamental importância A gênese da atividade de planejar perpassa o
investir em educação, visto que, vivemos numa era processo de hominização, visto que, o homem, na
marcada pelas competições que vislumbram além sua evolução, foi constituindo personagem principal
da qualidade, a excelência nos vários setores na transformação do mundo por sua ação, sempre
organizacionais. Neste cenário, todas as movido pelo desejo, pela curiosidade e pela
instituições de ensino, em particular a escola, é necessidade de interagir com a realidade, através de
reconhecida como a instituição que tem a atividades configuradas como o trabalho. A
responsabilidade de investir na formação de capacidade de pensar não é anterior à ação, mas vai
cidadãos com habilidade e competência para “fazer formando-se no contexto da ação do homem sobre o
acontecer” o desenvolvimento profissional com mundo, objetivando buscar os meios para sua própria
responsabilidade social. sobrevivência.
Para alcançar seus objetivos, a escola deve A história do homem é um reflexo do seu
e precisa planejar todas as ações dimensionadas pensar sobre o presente, passado e futuro. O homem
na tríade: pedagógica, administrativa e social. O pensa sobre o que fazer; o que deixou de fazer;
planejamento dessas dimensões envolve a sobre o que está fazendo e o que pretende fazer. ...
organização escolar que resulta no Plano de O ato de pensar não deixa de ser um verdadeiro ato
Trabalho ou Proposta Pedagógica amparado pela de planejar (MENEGOLLA; SANT'ANA, 2003, p. 15).
Lei de Diretrizes Bases da Educação Nacional –
LDB 9.394/96. Os indícios na história antiga mostram-nos
que devem ter existido muitos planejamentos
No planejamento escolar, o que se planeja elaborados com liderança e sistema de avaliação.
são atividades de ensinar e aprender, determinadas Senão, como explicar as grandes construções épicas
por intenções educativas que envolvem objetivos, (as pirâmides, palácios e monumentos), as grandes
princípios, atitudes, conteúdos e comportamentos batalhas durante o império romano.
dos profissionais que desenvolvem suas ações no
chão da escola. Por esta razão o planejamento Os egípcios reconheciam o valor do
escolar nunca será individual, sempre será uma planejamento das atividades e o orientador ou
prática conjunta e participativa envolvendo a todos supervisor que organizasse os grupos de trabalho.
no plano que a escola deseja elaborar. Desenvolveram extensos projetos arquitetônicos e de
engenharia, indo além das pirâmides, como canais
Por estes motivos este artigo objetiva de irrigação, palácios e muitas outras edificações.
discutir questões pertinentes ao processo de Segundo Kwasnicka (2003, p. 14), alguns métodos
evolução e concepções sobre a história do para a época, foram adotados: divisão de trabalho
planejamento, buscando seus fundamentos entre pessoas e departamentos, previsão e
básicos, seus elementos, níveis, tipos e as planejamento, surgimento da função de
características do ato de planejar, valorizando sua “administração”. Os homens envolvidos nas grandes
importância nas instituições educacionais. construções egípcias, não só sabiam como elaborar
REVISITANDO A HISTÓRIA DO um projeto, como também demonstraram grande
PLANEJAMENTO habilidade em mobilizar recursos humanos.
É difícil precisar o momento exato de O planejamento surge, na verdade, a partir
quando e onde surgiu o planejamento, mas é da necessidade de se organizar algo, mas
possível compreender por analogia que a história necessariamente, organizar as relações existentes na
do planejamento deve ser contada desde o sociedade. Isto porque o homem necessita do
aparecimento do homem no universo, visto que, o convívio em sociedade, com o outro no grupo, a
ser humano pensa e reelabora o seu pensar para convivência em grupo fortalece o relacionamento
praticar uma ação, atividade que organiza partindo social sendo imprescindível para o aprendizado e
do planejamento idealizado. desenvolvimento, daí a necessidade de adotar
regimes políticos, sociais e econômicos diferentes.
Pode-se afirmar que a origem do
planejamento está intimamente ligada ao ser Historicamente filósofos como Sócrates,
humano, ou seja, é uma prática inerente ao ser Platão, Aristóteles, Kant, Karl Marx, Comênio e
racional que desde os primórdios da história da muitos outros, contribuíram com suas ideias de
humanidade, quando habitava as cavernas, liberdade, organização, direito, sociedade e
produzia e usava ferramentas (pedras e madeiras), conhecimento possibilitando fundamentalmente, a
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
disseminação de ideias que evoluíram para a uma estrutura sistêmica de procedimento,
continuação do aperfeiçoamento das ferramentas convencionalmente denominada de planejamento
teóricas do planejamento. estratégico.
Precisamente, o planejamento teve elevado O planejamento estratégico é uma atividade
o seu grau de importância para a humanidade a administrativa que tem como objetivo direcionar os
partir da segunda metade do século XX, após as rumos da instituição de qualquer estrutura e dar
duas grandes guerras mundiais. Notadamente, sustentabilidade as organizações seja qual for sua
foram redefinidos os centros de poder econômico e natureza.
político, que marcam o aparecimento de
No processo de evolução histórica do
pensadores com novas ideias no campo da
planejamento, vale ressaltar algumas aproximações
administração e do planejamento. As duas grandes
de datas pertinentes à temática, abaixo relacionadas.
guerras e outras implicações sociais contribuíram
decisivamente para o aparecimento das técnicas de o Tken – plano
planejamento, iniciando na área bélica, passando decenal japonês considerado como o primeiro plano
para outro contexto da sociedade industrial, de desenvolvimento feito no mundo.
agrícola, comercial, de comunicação e em tudo que
se pudesse pensar o planejamento futuro da
sobre planejamento empresarial, abordando os cinco
humanidade.
elementos do processo administrativo: planejamento,
Com os ideais de desenvolvimento organização, direção, coordenação e controle, que
tecnológico e investindo em conhecimento são utilizados até hoje.
científico, adotou-se a chamada gerência científica,
idealizada por Frederick Winslon Taylor, chamado
de pai da Administração Científica, ao publicar em planejamento, através da criação da Comissão
Estadual de Planejamento da URSS - GOSPLAN.
1903, Princípios da Administração Científica, em
que valoriza três fases nas ações administrativas:
primeira, eliminar os desperdícios e melhorar a presidente dos Estados Unidos da América – EUA, é
qualidade dos produtos; segunda, o processo considerado um marco do planejamento econômico
produtivo com caráter mais científico; e, terceira, do mundo capitalista ocidental.
inicia o princípio da linha de staff de uma
organização, que deve compor-se de especialistas
com o dever de planejar a organização com elaborou na França, um plano de recuperação
princípios de eficiência. Para alguns autores, Taylor econômica e de modernização.
foi o antecessor da Administração por Objetivo,
reestruturada por Peter Drucker em 1960. de recuperação econômica da Europa e do Japão,
Partindo das ideias revolucionárias da sendo conhecido como plano Marshall.
administração por objetivos, muito bem planejada,
surge o planejamento estratégico. Esse Harvard de análise estratégica”, conhecido como
planejamento é o processo de especificação bem modelo SWOT (tradução do Inglês: forças, fraquezas,
definido dos objetivos da organização e das oportunidades e ameaças)
decisões, ações e programas que abrangem o
composto da empresa. Sendo percebido que a a o despertar das organizações
atividade de planejar está introduzida na prática empresariais para o planejamento estratégico.
administrativa desde Fayol, foi somente a partir do O processo de evolução do planejamento,
final dos anos de 1960 que essa questão chama a desde o seu aparecimento até os dias atuais,
atenção dos administradores para ações voltadas à perpassa muitas fases bem definidas que
estratégia organizacional relacionado ao processo acompanham a divisão da história e que se inicia nos
de tomada de decisão, surgindo assim, o primórdios da civilização humana, passando pelo
planejamento organizacional ou empresarial que período racionalista, antiguidade e idades média,
reforça a elaboração do planejamento estratégico. moderna e contemporânea. Da contemporaneidade
Para Kwasnicka, apud Ackff (2003, p. 158), até nossos dias, muitos acontecimentos marcaram a
O planejamento estratégico é um processo história do planejamento, tais como: a invenção da
continuo que compreende quatro preocupações: bomba atômica, a modernização das guerras, a
horizonte tempo maior (longo prazo); amplitude ou revolução industrial, a ida do homem a lua, os
abrangência (administração de cúpula); avanços nas tecnologias e na comunicação.
especificação de metas e objetivos e meios para Algumas pessoas planejam de forma
alcançá-los; e relacionamento da organização com sofisticada e altamente científica, obedecendo aos
o ambiente externo. mais rígidos princípios teóricos, e em nada se
Para esse tipo de planejamento se afastando dos esquemas sistêmicos que orientam o
materializar e dar um formato ao que foi pensando processo de planejar, executar e avaliar. Outros, que
estrategicamente é importante que se utilize de nem sabem da existência das teorias sobre
planejamento, fazem seus planejamentos, sem
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
muitos esquemas ou dominações técnicas; contudo oportunidades autenticas de viver dignamente
são planejamentos que podem ser agilizados de (ABREU apud FRIEDMMAN, 2004, p. 35).
forma simples, mas com bons e ótimos resultados
Fundamento Ético: é bem amplo, visto que
(MENEGOLLA; SANT'ANA 2003, p 15).
abrange além do ético, o ideológico e o filosófico. A
Esta citação nos faz refletir e perceber que relação ética com o planejamento são os valores que
nenhuma pessoa consegue viver e se livrar do ato acentuam a verdade, buscam a excelência em todas
de planejar, o que pode ocorrer é a fuga, a evasão as coisas e as questões que se articulam em torno da
do ato de executar, mas nunca do ato de planejar. ética. A ética é um pensamento em ação desde a
Outra verificação é quanto ao tipo de planejamento, Grécia antiga, berço e origem do debate filosófico.
podemos afirmar que existem muitos tipos
Ser ético, na política e no planejamento, é
específicos de planejamento como por exemplo,
promover a inversão de alguns valores que estão
planejamento educacional, empresarial, econômico,
invertidos na sociedade, a exemplo: a primazia de
industrial, naval e outros, considerando seus
ganhos econômicos em detrimento do meio ambiente
elementos básicos, fundamentos e níveis.
ou do bem comum. Ser ético é ser probo na gestão e
Enfatizando que todo e qualquer planejamento
aplicação de recursos públicos (ABREU, 2004. p. 36)
objetiva a previsão de mudanças.
A ética procura estabelecer princípios e
FUNDAMENTOS BÁSICOS DO
valores que levem as pessoas a viverem em
PLANEJAMENTO
harmonia na sociedade. Isto porque relacionam
Os fundamentos do planejamento de regras de convivência, seguindo princípios e valores
acordo com Abreu (2004, p. 34), são utópico, que garantam boa vida aos grupos sociais.
estético, e ético. Essa tríade pressupõe que ao
PLANEJAMENTO: ELEMENTOS E
planejarmos sonhamos com que há de melhor para
PROCEDIMENTOS
viver e conviver numa sociedade eticamente correta
e com qualidade de vida para todos. Para Planejamento é uma ação pensada pelo
compreender melhor essa tríade vamos conceituá- homem que busca alterar, modificar e interagir com e
los com mais detalhes. nos múltiplos ambientes. O planejamento muitas
vezes é confundido com um plano, um programa, ou
Fundamento Utópico: refere-se ao
um projeto. A diferença só é percebida na forma de
pensamento, sonho, desejo de ver os anseios da
materialização, nos resultados, no processo de
sociedade em relação ao futuro ser realizado. O
tomada de decisão ou na concepção teórica. Mesmo
pensamento utópico refere-se ao desejo de mudar
sabendo que existem inúmeros conceitos e teorias
o presente vislumbrando um futuro diferente.
sobre as formas de planejamento, plano, projeto e
Pressupõe a harmonia da sociedade em busca da
programa, acreditamos que ainda é necessário mais
qualidade de vida.
discussão, reflexões e produção nesta área,
A utopia é a exploração de novas principalmente, quando se refere ao planejamento
possibilidades e vontades humanas, por via da educacional em particular a escola.
oposição da imaginação à necessidade do que
Toda organização ou instituição se
existe, só porque existe, em nome de algo
desenvolve através de três etapas: planejamento,
radicalmente melhor que a humanidade tem direito
acompanhamento e controle. Todo trabalho deve ser
de desejar e por que merece a pena lutar
previsto para o semestre ou ano. No planejamento é
(SANTOS, 1996 apud VASCONCELOS, 2000, p.
referendado o que e como fazer, do
91).
acompanhamento à execução e do controle à
Fundamento Estético: compreende-se a avaliação. O planejamento representa o roteiro de
preocupação constante com o belo, tornando-se toda a atividade a ser realizada, durante determinado
uma meta a ser alcançada, uma pré-definição período seja bimestral, semestral ou anual. Para
compreendida como uma preocupação constante Néreci (1990, p. 149), “todo planejamento, para ser
que o planejador deve manter na tomada de conseqüente, preciso ser unitário, flexível, exeqüível,
decisão, percebendo que suas ações provocam realístico e claro”. Todo planejamento deve se
mudanças físicas, sócio-econômicas e culturais na enquadrar em três fases: previsão, programação e
sociedade. O planejamento estético segundo avaliação.
Abreu, ao ser executado, precisa buscar a
Previsão – É a fase na qual se determinam
manutenção da harmonia desse meio, de acordo
os objetivos e os meios para concretizá-lo,
com os padrões culturais da sociedade, a fim de
percebendo os meios necessários para avaliação das
contribuir para a elevação desses padrões, e da
atividades.
qualidade de vida da população.
Programação – É a fase em que se
A visão estética necessária ao planejador
determinam as etapas da execução das atividades,
não tem por função apenas criar beleza por meio de
direcionados para o alcance dos objetivos visando a
elementos paisagístico, arquitetônicos, cromáticos e
realização do planejamento.
outros. Sua função principal é estabelecer
condições de harmonia que assegurem ao homem

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Avaliação – São analisados os resultados necessidade da existência do aspecto da execução e
da execução das ações desenvolvidas e que deve do aspecto avaliação;
fornecer dados para reajustes na previsão e
b) no planejamento temos em mente que a
programação, bem como fornecer dados para
sua função é tornar clara e precisa a ação, organizar
melhorar os futuros planejamentos.
o que fazemos, sintonizar idéias, realidade e recursos
O planejamento e um plano sempre para tornar mais eficiente nossa ação;
ajudam, norteiam ou encaminham ao alcance da
c) temos como definida e em evidência a
eficiência, ou melhor, elaboram-se planos e
idéia de que todo o autoritarismo é pernicioso e que
implementa-se um processo de planejamento
todas as pessoas que compõem o grupo devem
visando alcançar os objetivos previstos para
participar (mais ou menos, de uma forma ou de outra)
execução do que foi idealizado. Todo planejamento
de todas as etapas, aspectos ou momentos do
visa estabelecer a programação de todas as ações
processo (GANDIN, 1998, p. 20).
a serem desenvolvidas por qualquer profissional na
área de atuação. Todo e qualquer planejamento A partir desta reflexão, temos a certeza de
deve ser exequível, flexível e condizente com a que nenhum planejamento idealizado e materializado
realidade necessária ao desenvolver. como plano para desenvolver a ação, pode deixar de
valorizar as três fases bem definidas em qualquer
Em geral todo planejamento das atividades
que seja o planejamento, especialmente as fases de
em qualquer instituição constam dos seguintes itens
elaboração, execução e avaliação.
ou elementos já consagrados como:
Plano – é um documento, é a materialização
O que – O problema. O que se pretende
do planejamento, ou seja, é a escrita dos passos e
fazer ou pesquisar?
objetivos a serem alcançados. É um documento
Por que – A justificativa. As razões, a detalhado que registra o que se pensa realizar, fazer
relevância do plano ou projeto. e como fazer, com que fazer e com quem fazer. Seja
individual e ou grupal o plano requer
Para que – Objetivos que se pretende
antecipadamente informações para definir os
alcançar.
objetivos a serem alcançados. Planejamento e plano
Para quem – Clientela a quem se destina o estão estreitamente relacionados, mas não são
trabalho. sinônimos.
Com quem – Recursos humanos. O plano é um documento mais abrangente,
que contém os estudos e as pesquisas prévias
Com que – Recursos materiais e
necessárias à identificação dos problemas a serem
financeiros.
resolvidos; os objetivos e as estratégias (metas,
Como – Metodologia explica os programas/projetos e os recursos necessários) para
procedimentos adotados para o alcance dos alcançá-los. “O plano deve conter também a
objetivos. sistemática de gestão dos programas e projetos,
principalmente nos aspectos institucionais” (ABREU,
Quando – Período de realização. 2004, p. 41).
Onde – Local de realização. Projeto – A palavra projeto, do latim projectu,
Quanto – Avaliação dos resultados. significa lançar para frente uma idéia. O projeto é a
menor unidade do planejamento. É um
Planejamento – é a ideia, o pensamento, a empreendimento com fins definidos nos objetivos e
reflexão sobre a ação. “É um processo contínuo e metas declarados em função de uma necessidade,
sistematizado de projetar e decidir ações em problema, interesse e outros dependendo da
relação ao futuro, em função de objetivos políticos, previsão individual, grupal ou instituição
sociais e administrativas claramente definidas” organizacional. Todo projeto requer planejamento
(PADILHA, 2003, p. 31). Planejamento é um das ações que são delineados nas etapas que se
procedimento pensado detalhadamente sobre a pretende realizar.
necessidade do que se pretende alcançar com
eficiência. O planejamento e um plano colaboram Desenvolver atividades com base em projeto
para o alcance da eficiência, visto que, se elaboram é uma prática atual, que vem se tornando comum em
planos, implementa-se um processo de todas as áreas do conhecimento e setores
planejamento objetivando a consecução de tudo o organizacionais. E particularmente na área
que foi previsto para sua execução. A reflexão educacional, o volume de ações embasadas em
sobre a ação do planejamento é questionada por projetos é percebido em todos os níveis e setores do
Gandin que considera essencialmente três sistema da educação sejam pública ou privada.
sentidos: Na área educacional, os primeiros grandes
a) no planejamento temos em vista a ação, projetos de ensino, destinados a produzir novos
isso é, temos consciência de que a elaboração é recursos didáticos, desenvolver novos métodos e
apenas um dos aspectos do processo e que há concepções de ensino e inovar quanto ao conteúdo
curriculares, foram desenvolvidos nas décadas de
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
1950 e 60. Dentre vários projetos voltados para a programa podem ser desenvolvidos ao mesmo tempo
introdução de inovação no conteúdo e na forma de e de forma sequencial, como exemplo de programa
ensinar, destacam-se o PSSC – Physical Science na área social: programa bolsa família; programa
Study, e o BSCS – Biologia Science Curriculum geração de renda; o programa de aceleração do
Study (MOURA E BARBOSA, 2006, p. 20). crescimento – PAC e outros. Programas
educacionais: Programa de Educação de Jovens e
Para a elaboração destes dois projetos
Adultos; Programa Nacional da Educação
educacionais foi reunido um grande número de
Profissional; Programa de Informática na Educação;
cientistas, professores, psicólogos, escritores e
Programa Universidade para Todos; Programa
muitos outros especialistas. Estes projetos foram
Estudante Convênio na Educação; Programa de
mais conhecidos no Brasil nos anos de 1960 e
Apoio a Extensão Universitária; Programa Jovens
1970, são considerados marcos importantes no
Artistas e muitos outros programas em todas as
ensino de ciências, tendo grande repercussão em
esferas governamentais do município, estado e
nosso meio educacional.
nacional.
Atualmente, tem ocorrido uma grande
Os termos “Planejamento”, “Plano”, e
valorização de métodos e técnicas voltados para o
“Projeto” têm sido compreendidos de muitas
trabalho com projetos que deram origem a
maneiras. Durante o regime autoritário (1964-1985),
diferentes modelos de planejamento, gestão,
eles foram utilizados com um sentido autocrático.
acompanhamento e avaliação de projetos. Dentre
Toda decisão política era centralizada e justificada
os mais conhecidos (MOURA e BARBOSA 2006, p.
tecnicamente por tecnoburocratas à sombra do poder
20), citam: PMI – Project Management Institute
(PADILHA, 2003, p. 29).
(Instituto de Administração de Projeto); ZOPP –
Zielorientierte Projek Planung (Planejamento de São estas as razões que explicam o porquê
projetos Orientado para Objetivos); Logical de muitos educadores acabarem tendo uma grande
Framework ou Log Frame (Quadro Lógico). resistência à atividade de planejamento e à
elaboração de planos, seja de aula ou não,
Muitos órgãos e instituições nacionais e
elaboração de projetos, seja de pesquisa, ação ou
internacionais que apo,iam os projetos para o
intervenção, é quase sempre confundida com a
desenvolvimento educacional, científico, cultural e
prática autoritária.
econômico, apresentam modelos específicos de
planejamento e gestão de projetos, citamos: CARACTERÍSTICAS DO PLANEJAMENTO
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e EDUCACIONAL
Tecnológico – CNPq; Fundações de Amparo à
A educação não poderia ficar excluída desse
pesquisa – FINEP; Fundação de Amparo à
processo do ato de planejar, uma vez que a
Pesquisa do Estado do Pará – FAPESPA; United
educação brasileira busca a qualidade do ensinar e
Nations Educational – UNESCO e muitos outros
aprender ou ensinagem e aprendizagem, e o
projetos.
planejamento de nossas ações serem fundamentais
Projeto educacional é um empreendimento para se contrapor a qualquer problema emergente
de duração finita, com objetivos claramente que possa impedir a qualidade do processo de ação
definidos em função de problemas, oportunidades, das instituições que desenvolvem a ação educativa.
necessidades, desafios ou interesses de um
Pensar em planejamento educacional é
sistema educacional, de um educador ou grupo de
contribuir de maneira significativa para o
educadores, com a finalidade de planejar,
redirecionamento dos trabalhos na escola.
coordenar e excetuar ações voltadas para melhoria
Reconhecemos que há inúmeros problemas, tais
de processos educativos e de formação humana,
como a falta de condições físicas, evasão,
em seus diferentes níveis e contextos (MOURA E
reprovação, falta de capacitação dos docentes,
BARBOSA, 2006, p. 23).
baixos salários e outros. No entanto, o planejamento
Com esta citação, podemos perceber que educacional representa um dos melhores
não só as instituições educacionais propõem instrumentos para superar tais problemas pelo fato
projetos, mas toda e qualquer instituição, empresa, de antecipar uma realidade futura, dando
setor organizado da sociedade, organizações não possibilidade de se intervir de forma eficaz. É
governamentais, comunidades e outras, podem e importante destacar que o planejamento é um
devem elaborar bons projetos e desenvolvê-los com processo contínuo de conhecimento e interpretação
sucesso. da realidade, que precisa ser reflexivo devido à
dinâmica da sociedade. “O planejamento é um
Programa – é um conjunto de projetos cujos
processo contínuo de conhecimento e análise da
resultados permitem alcançar o objetivo maior das
realidade escolar em suas condições concretas,
políticas públicas. O programa representa o
busca de alternativas para soluções de problemas e
conjunto de propostas operacionalizadas
de tomada de decisões” (LIBÂNEO, 2001, p. 84).
objetivando o alcance das metas. Um programa é
um conjunto de projetos que são gerenciados de Entendemos que o ato de planejar se resume
forma organizada e coordenada por profissionais em dar respostas satisfatórias aos problemas que
habilitados na área. Os projetos que congregam um aparecem no nosso dia a dia. Todavia, um
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
planejamento para ser eficaz, necessita ser Fica explícito que o planejamento
elaborado contando com a participação dos vários educacional é uma ação diretamente de
segmentos que compõem a escola, além de responsabilidade do sistema governamental,
envolver os pais e a comunidade. vinculado ao desenvolvimento socioeconômico do
país, estado ou município, que elaboram seus
O planejamento realizado dessa forma terá
planejamentos com objetivos para médio e longo
maior possibilidade de ser efetivado. Entretanto,
prazo, que requerem para sua execução dados de
quando construído de maneira autoritária,
um bom diagnóstico claro e preciso da situação
burocrática, dificilmente será executado.
educacional de todo país, estado e município.
Percebemos que o planejamento escolar está
impregnado de visão de mundo, de sociedade, que Planejamento nacional de educação
ajudará a transformar ou conservar o que está
O Plano Nacional de Educação – PNE, surgiu
estabelecido pelo sistema.
como ideia de lei em 1988, cinquenta anos após a
É importante ressaltar as características do primeira tentativa oficial em 1934, ressurgiu a ideia
planejamento educacional através de um quadro de um plano nacional de longo prazo, tendo força de
sinótico com base no quadro-síntese número um lei, sendo capaz de conferir estabilidade as iniciativas
(01) de Padilha. governamentais na área de educação. A LDB nº
9.394 de 20 de dezembro de 1996, determina nos
artigos 9º e 87, respectivamente, que cabe à União a
elaboração do Plano, em colaboração com os
estados, o Distrito Federal e os municípios, e institui
a década da educação.
O congresso nacional aprova o Plano
Nacional de Educação – PNE como lei com duração
para dez anos, e a partir da vigência da Lei nº 10.172
de 09 de janeiro de 2001, os estados, o Distrito
Federal e os municípios deveriam, com base no PNE,
elaborar seus planos decenais. A União, em
articulação com os estados, o Distrito Federal, os
municípios e a sociedade civil, procederão à
avaliação periódica da implementação do PNE. A
primeira avaliação realizar-se-á no quarto ano de
vigência desta Lei.
Resta saber, se estados e municípios
construíram seus planos decenais e avaliaram dentro
NÍVEIS E MODALIDADES DE do prazo de quatro anos em conformidade com a Lei
PLANEJAMENTO EDUCACIONAL nº 10.172/01 do PNE. Dez anos para algumas
Planejamento Educacional pessoas é muito tempo, mas pode-se afirmar que
muitos Estados e Municípios nem chegaram a iniciar
O planejamento educacional é o que se seu plano decenal, e o prazo já inspirou, visto que em
desenvolve em nível mais amplo, pois faz a 2010, ocorreu a grande reunião para discussão e
previsão e a estrutura de todo o funcionamento do elaboração do Plano Nacional de Educação.
sistema educacional. É um planejamento que está
sob a responsabilidade das autoridades A Conferência Nacional da Educação -
educacionais, no âmbito do Ministério da Educação CONAE, realizada no período de 28 de março a 1º de
e Cultura – MEC, do Conselho Nacional de abril de 2010, em Brasília-DF, constituiu-se num
Educação – CNE, e na sequência os estados e acontecimento ímpar na história das políticas
municípios com atribuições na área da educação públicas do setor educacional no Brasil e contou com
devem elaborar seus planejamentos educacionais. intensa participação da sociedade civil, de agentes
públicos, entidades de classe, estudantes,
O planejamento deve atender à profissionais da educação e pais/mães (ou
Problemática a nível nacional, regional, comunitário responsáveis) de estudantes. Ao todo foram
escolar. Esse é o seu grande objetivo. Deve agir credenciados/as 3.889 participantes, sendo 2.416
diretamente sobre a pessoa, a fim de atender às delegados/as e 1.473, entre observadores/as,
urgências e atingir as grandes metas educacionais. palestrantes, imprensa, equipe de coordenação,
Há a necessidade de um planejamento nacional e apoio e cultura. Os envolvidos apontam renovadas
de um planejamento regional; e da íntima relação perspectivas para a organização da educação
desses dois planos são estruturados os planos nacional e para a formulação do Plano Nacional de
curriculares das escolas que, por sua vez, dão as Educação 2011-2020, com 12 artigos e anexos com
bases para a elaboração dos planos de ensino 20 metas para a educação. Este plano é um
(MENEGOLLA & SANT'ANA, 2003, p 41). documento que deverá ser enviado ao congresso
nacional, para apreciação dos parlamentares e, após

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
aprovação, servirá como diretriz para todas as exercício referente à antecipação da prática que
políticas educacionais do País até 2020. precisa acontecer.
Neste contexto, pode-se afirmar que todos O planejamento se concretiza em planos e
têm que pensar o planejamento, Estados e projetos, tanto da escola e do currículo quanto do
Municípios tem a responsabilidade de elaborarem ensino. Um plano ou um projeto é um esboço, um
suas metas e objetivos, e na sequência todas as esquema que representa uma ideia, um objetivo, uma
instituições de ensino, seja pública ou particular em meta, uma sequência de ações que irão orientar a
qualquer nível ou modalidade. Deve-se acreditar e prática. A ação do planejar subordina-se à natureza
valorizar o ato de planejar, se eu sou, tu és, nós da atividade realizada (LIBÂNEO, 2001, p. 83).
somos educadores, vamos planejar nossas
O planejamento escolar é uma atividade que
atividades com criatividade, valorizando o Projeto
congrega a previsibilidade de todas as atividades em
Pedagógico da instituição que se desenvolve a
consonância com a organização e coordenação da
ação educativa.
escola face aos objetivos e filosofia. Como em todas
Planejamento ou plano curricular as organizações sociais e em nossa vida, o cotidiano
da escola não é estático, é dinâmico. Por esta razão,
O planejamento curricular desenvolve-se no
o planejamento escolar é e sempre será um eterno
âmbito da escola, visto que sua função é de
recomeço. A cada ano se reformula o planejamento a
concretizar os planos elaborados em níveis
partir da avaliação das ações que visam aproximar o
superiores, ou seja, atender os objetivos proposto
alcance dos objetivos, dos sonhos, do pensar da
no planejamento educacional, sempre valorizando
escola.
as peculiaridades regionais e ou locais.
Planejamento ou plano de ensino
O planejamento curricular deve ser de
natureza multidisciplinar, envolvendo toda equipe O planejamento de ensino é uma ação bem
diretiva da escola e seus professores. O resultado é pensada, visto que, é o processo que se desenvolve
concretizado em planos, os quais definem os em nível mais concreto da atuação do educador. O
objetivos que a escola pretende alcançar, ou seja, educador é o responsável pela elaboração do seu
responde sobre o perfil do educando que pretende planejamento de ensino embasado no planejamento
formar e as estratégias que pretende adotar para do currículo, visando o desenvolvimento sistemático
desenvolver e favorecer o processo de ensinar e das atividades a serem realizadas no contexto da
aprender a pensar. Deve ser encarado como uma instituição seja dentro ou fora da sala de aula.
atividade permanente ao nível da escola.
... o planejamento é um processo evolutivo,
O planejamento curricular é o processo de que se desenvolve numa seqüência dinâmica e
tomada de decisões sobre a dinâmica da ação progressiva, torna-se importante estudar e analisar
escolar. É a previsão sistemática e ordenada de cada uma das etapas do planejamento, na sua ordem
toda a vida escolar do aluno. É instrumento que lógica para poder-mos entender a sua estrutura e
orienta a educação, como processo dinâmico e organização funcional (MENEGOLLA & SANT'ANA,
integrado de todos os elementos que interagem 2003, p. 73).
para a consecução dos objetivos, tanto os do aluno,
A citação nos remete a compreensão de que
como os da escola. Para que este processo atinja
o professor, ao assumir uma disciplina, precisa
os seus propósitos, é necessário, principalmente,
conhecer, saber com antecipação, quem são seus
planejar toda a ação escolar, que será estruturada
alunos, qual a série, quantos são, quais são os
através dos planejamentos curriculares
conteúdos programáticos? Com todas as
(MENEGOLLA & SANT'ANA, 2003, p 52).
informações pode propor objetivos, metodologias,
Percebe-se que o planejamento curricular é escolhendo os recursos adequados, os instrumentos
de fundamental importância para a escola e para e critérios de avaliação para aula que pretende
seus alunos. Visto que, é a expressão viva, ativa e planejar e desenvolver com segurança.
real da filosofia da educação que a escola segue
Planejamento ou plano de disciplina
como um todo, não havendo como conceber uma
escola sem filosofia claramente definida. Além de O planejamento ou plano de uma
determinar os objetivos da escola, relaciona determinada disciplina se constitui na previsão das
também às disciplinas, conteúdos, metodologia de atividades a serem desenvolvidas ao longo do
ação e os recursos necessários ao alcance dos bimestre, semestre e ou ano letivo. É um plano que
propósitos. Visualizando o processo de avaliação foi planejado como um mapa que guia o professor
de desempenho de todos da escola. para que alcance os objetivos previstos no
planejamento, este plano é o documento que
Planejamento ou plano escolar
estabelece os passos para desenvolver a disciplina.
O planejamento escolar compreende toda
O plano da disciplina deixa muito claro o
atividade de previsão futura, ou seja, antevê a ação
tempo de duração, os objetivos, o conteúdo
que deverá ser realizada, buscando alcançar os
programático, as estratégias de ensino, os recursos
objetivos traçados. O exercício de planejar é um
didáticos e os procedimentos de avaliação,

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
identificando muito bem que instrumentos devem Para se bem planejar é preciso diagnosticar,
ser utilizados e os critérios. mapear a realidade institucional, conhecer o espaço,
ou seja, conhecer a filosofia da instituição, perceber a
O planejamento do plano de uma disciplina
realidade existente e planejar a realidade almejada.
é um roteiro, um guia, uma bússola, é um esquema
Nesta perspectiva, Moretto (2007, p.100) afirma o
que tem as características pessoais de quem o
seguinte: o planejamento é um roteiro de saída, sem
executa. Este plano deve ser lido e analisado pelos
certeza dos pontos de chegada. Por esta razão todo
profissionais em geral pedagogos que são:
planejamento busca estabelecer a relação entre a
coordenador de curso, assessores pedagógicos ou
previsibilidade e a surpresa.
professores responsáveis pelas demais disciplinas.
Portanto, acredita-se que o melhor
Não existe um modelo rígido de plano ou
planejamento idealizado e materializado no plano é o
planejamento da disciplina, em geral os professores
que cada profissional, seja qual for sua área do
devem seguir o roteiro estabelecido pela instituição
conhecimento, planeja para suas funções. Mormente
de ensino ou unidade escolar de qualquer nível ou
o professor, enquanto profissional da educação,
modalidade de ensino e aprendizagem.
elabora seu plano para desenvolvê-lo no contexto da
Planejamento ou plano de unidade sala de aula. Professor, construa a educação
holística, saiba transformar informação em
O planejamento ou plano de unidade
conhecimento e faça projeção das suas ações.
também chamado de bimestral ou temas geradores,
Lembre-se que eu e você somos educadores, e como
sendo elaborado de acordo com o tempo de
profissionais da educação, temos que ver e enxergar
duração de cada tema. Pode ser planejado para
nossos alunos nas dimensões afetiva, cognitiva,
uma quinzena, um mês, dois meses ou conforme social e ética, para concretizar o que tanto se discute
tempo necessário. Esse plano é um documento e se escreve sobre: ensino e aprendizagem de
mais pormenorizado que o plano de disciplina.
qualidade nas instituições públicas ou particulares em
Uma unidade é uma porção de todo o qualquer nível ou modalidade, para todos. Bom
conteúdo de determinada disciplina ou área de planejamento e sucesso!
estudo a ser desenvolvida durante o ano letivo ou Planejamento de ensino em seus elementos
semestre. constitutivos
Os elementos dos planos de unidade são
O planejamento do ensino é a construção de
certamente os mesmos dos planos de disciplina ou
como será a organização do processo de ensino e
curso, visto que, são mais objetivos, específicos e
aprendizagem desenvolvida pelos professores na
precisos, eles estão muito mais próximos da
sala de aula e fora dela, levando-nos a uma reflexão
efetivação. de mundo e de sociedade, aglutinando os diversos
Planejamento ou plano de aula segmentos da escola e extraescolar. É uma etapa
obrigatória a todo trabalho docente, é uma previsão
O planejamento ou plano de aula é um de situações futuras, em sala de aula e, da
projeto de atividade, é um roteiro pormenorizado articulação de todas as etapas do fazer docente e
disciplinador de ações a serem desenvolvidas em discente. O planejamento das ações docentes é
uma única aula. É a sequência de tudo o que vai muito mais do que o simples ato de preenchimento
ser desenvolvido em um dia letivo. É a de fichas, descrições de atividades, estabelecimento
sistematização de todas as atividades planejadas de passos. Ele possibilita a mudança, acredita na
para acontecer no período de tempo de cada aula construção de conhecimento, e na crença de
considerando todos os elementos como: objetivos, transformar o mundo em que vivemos local e
conteúdos, procedimentos, recursos e avaliação. universalmente.
O professor deve planejar sua aula Planejar é uma ação que precisa ser revista
objetivando todo o processo de aprender a constantemente, por ele ser reflexo da própria vida. A
aprender, a saber, a pensar. Uma aula é um vida e os processos sociais vivem em constante
momento único, especial e muito importante para o transformação, o que nos leva a refletir, também,
professor e aluno no espaço da sala de aula, onde constantemente o ato de planejar.
deve e pode fazer acontecer à produção do
conhecimento. Mas, o professor ao planejar precisa Para o planejamento acontecer devemos
saber fazer uma escolha, questionando a si próprio partir dos questionamentos:
qual método ou técnica de ensino devo
• A quem eu vou ensinar?
desenvolver? Em um trabalho anterior, Evangelista
(2010, p.30), ao estudar sobre metodologia holística • O que eu quero alcançar?
afirma se método é caminho e técnica é “como
• Qual o tempo que preciso para alcançar o
caminhar” o professor deve perceber que a escolha
que pretendo?
da metodologia é de acordo com o aluno o contexto
da escola considerando o Plano de Tralho ou • Como vou alcançar o que pretendo?
Proposta pedagógica.
• O que vou fazer e como vou fazer para
tingir o que pretendo?
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
• Quais os recursos que eu posso usar? Vamos ver cada um dos componentes do
Plano de Curso
• Como vou analisar o processo e o
resultado de que eu pretendo foi alcançado? O Plano de Curso é a projeção de que
atividades serão desenvolvidas pelos professores e
A partir dessas perguntas é necessário
alunos durante o ano letivo. Caracteriza-se pela
construir um planejamento com movimento, aberto
descrição geral a matéria a ser desenvolvida e com a
a mudanças seguras, com proposta de se tornar
distribuição do ensino-aprendizagem, colocando
cada vez melhor e atender a realidade concreta em
temáticas esclarecedoras acerca dos assuntos,
que ele será efetivado. Assim,
referências, o tempo de duração, o cronograma
Se quisermos um planejamento como dividido gradativamente de acordo com os assuntos e
instrumento de trabalho dinâmico, flexível e que as atividades a serem desenvolvidas durante o curso,
responda às necessidades dos alunos, é e pode ser anual, semestral, trimestral ou intensivo.
fundamental sua adaptação. A maioria dos
Não existe um modelo único para o plano de
planejamentos assim chamados “burocráticos”,
curso, mas é indispensável a existência de sua
“camisa-de-força”, “inúteis”, “ineficazes” são
etapas no corpo do plano como
aqueles que, negando esta fase de adaptação,
identificação(cabeçalho), objetivos gerais e
passam diretamente do esboço do plano para sua
específicos, duração da disciplina, pré-requisitos da
execução. (MASETTO, 1997, p. 81).
matéria, sistema de avaliação, uma breve descrição
No âmbito educacional, encontramos da disciplina e as referências.
alguns níveis de planejamento:
De início pode parecer uma atividade
• Planejamento Educacional: é o mais burocrática e pouco trabalhosa, mas com o tempo a
amplo e determina as decisões acerca da educação prática necessária e o compromisso com a docência,
a nível geral do país (federal, estadual e municipal). farão desta ação uma atividade organizada,
A sua elaboração consta de objetivos a serem sistemática, com movimento, sem perda de tempo,
alcançados a longo prazo e serão o reflexo da sem repetições desnecessárias, sem improvisações
política de educação. e de grande importância para o alcance dos objetivos
dos professores e dos alunos.
• Planejamento Escolar: desenvolvido
dentro da escolar por meio dos: Projeto Pedagógico As escolas, muitas das vezes, são espaços
da escola e os Planos de Trabalho ou Plano de enfadonhos, com atividades repetitivas, sem
Ação. significado, improvisadas sem objetivos, o que leva a
relações frias e a ausência da aprendizagem e do
• Planejamento Curricular: deve partir do
ensino. Com isso descaracteriza-se um dos grandes
planejamento educacional, com o compromisso de objetivos dos espaços educacionais que é construir
atender às situações existentes na realidade de conhecimentos em constante interação entre
determinado contexto escolar.
professor, aluno e meio.
• Planejamento de Ensino: é a
Para que a ação educativa seja efetivada
especificação do planejamento de currículo,
dentro de suas premissas de definir objetivos,
efetivada com objetivo de determinar a situação de
selecionar conteúdos, estabelecer tempo, propor
ensino-aprendizagem. avaliações e levantar referências faz-se necessário
Para Valente (2001), o Planejamento de desenvolver um trabalho docente sério, organizado,
Ensino deve ser organizado, durante o ano ou pensado, refletido e compromissado com o
semestre letivo, em três momentos diferenciados conhecimento, trabalho este, integrado com todos os
em suas especificidades e pelo aprofundamento sujeitos sem esquecer as dimensões existenciais e
direcionado a cada um, denominados de Plano de afetivas. Construídas e vividas nas escolas.
Curso, Planejamento de Unidade e Planejamento Diante do exposto, justifica-se a importância
de Aula.
do Planejamento de Ensino como um processo de
O primeiro denominado Plano de Curso, tomada de decisões coerentes e de constantes
prevê um rol de conhecimentos, habilidades e reavaliações, para que ações desenvolvidas não se
atitudes a serem alcançados por uma série durante tornem em atividades improdutivas e para isso o
um determinado tempo. Oportunizar o professor deve fazer e responder as seguintes
desenvolvimento de uma ação docente mais questões:
condizente com a realidade dos alunos; a • Para que ensinar? Objetivos de
distribuição da material dentro de um cronograma
aprendizagem ou competências e habilidades.
real; avaliação prévia, pelo docente, de como será
Devem ser definidos de forma clara, compreendendo
desenvolvido determinado assunto; avalia a eficácia
as áreas de conhecimento, afetivas e de atitudes.
de métodos utilizados. Devem ser traçados para os alunos atingirem, eles
nortearam a escolha dos métodos e técnicas. Deve
ser real, representarem as necessidades de quem
aprende e da comunidade.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
• O que ensinar? Conteúdos selecionados compreensão do tema estudado, desenvolvendo
e organizados por: Unidade, Eixos temáticos; atividades de estudos dirigidos, projetos, trabalhos
Problemas; Temas; Projetos. São os assuntos a em grupos e outras atividades. A terceira e última
serem estudados e devem estar em consonância etapa é denominada de Integração, é a mais
com os objetivos. Os conteúdos devem colaborar profunda do processo, momento em que o aluno
com a aprendizagem esperada para o aluno, não deve construir síntese dos assuntos abordados.
podem ser um item fragmentado do curso.
O terceiro momento do Planejamento de
• Como ensinar? Estratégias / Ensino é o Planejamento de aula, que é a sequência
Metodologia São maneiras usadas para processo organizada de toda as atividades desenvolvidas em
de ensino e permite que os objetivos sejam um dia de aula. O Plano de Aula é idealizado e
alcançados. elaborado pelo professor e deve ser efetivado
durante a aula, atentando a carga horária,
As estratégias são os elementos
desenvolvido na sala de aula. A ação docente na sala
intermediários no processo de ensino entre o
deve ser elaborada, pensada, pesquisada,
objetivo e os resultados da aprendizagem e
organizada, ou seja, bem planejada, para não se
envolvem os procedimentos, os meios e os eventos
transformarem em momentos repetitivos, sem
no ensino.
significado, sem compromisso com a vida do aluno.
Os procedimentos são constituídos de
O Plano de Aula terá sustentação
diversos métodos, técnicas e processos usados de
pedagógica se estiver sendo pensado em conjunto
ensino. Os meios englobam os diversos materiais,
com o Plano de Curso e ao Projeto Educativo da
equipamentos e instrumentos que podem ser
Escola, juntos, alcançaram os objetivos propostos em
usados; os eventos são os diferentes momentos
âmbito macro, efetivados em plano micro da sala de
que devem ocorrer durante o ensino, aqui
aula. Ao elaborarmos um Plano de Aula devemos
responde-se a pergunta: Com que ensinar? As
seguir alguns passos:
estratégias devem ser variadas, de acordo com a
ordem cognitiva, de habilidade, de afetividade e de • Qual o tema central da aula?
atitudes do conteúdo. Existem estratégias que
• Quais os objetivos que os alunos devem
contemplam vários objetivos como: estudo de
alcançar?
pesquisa e painel integrado. A escolha certa da
estratégia e a sua variação motiva o aluno: • Quais os conteúdos, selecionados, que
serão objetos de estudo?
• Em quanto tempo? Carga horária – o
tempo deve ser bem dividido durante o ano letivo, • Quais os procedimentos e recursos
deve-se partir da divisão das unidades indicando utilizados para desenvolver os conteúdos e alcançar
semanas, meses e semestres. A distribuição dessa os objetivos propostos?
carga horária é flexível, como todo o plano e está
• Como desenvolverei uma avaliação, que
sujeita a adaptações.
possibilite verificar se o aluno realmente construiu
• Como avaliar? Avaliação – Deve ser conhecimento da praticidade do conteúdo
bem planejada, para garantir o seu principal desenvolvido para situações reais do seu dia-a-dia?
objetivo que é a melhoria da qualidade da
Vamos falar de cada um dos componentes
aprendizagem do aluno.
do Plano de Aula
Quais as referências básicas e quais as
• IDENTIFICAÇÃO: especifica-se uma visão
que podem ser aprofundadas durante o ensino e
aprendizagem? geral da escola e da turma.
Nome da escola:
• Deve ser divididas nas leituras básicas, as
que os alunos devem fazer e as leituras Série ou Ciclo:
complementares para aprofundar os assuntos, com
base em pesquisas dos alunos para estudos Ano:
posteriores ou consultas futuras. Turno:
Dando continuidade, vamos ver o Número de alunos:
Planejamento de Unidade.
Disciplina:
Planejamento de Unidade, o segundo
momento do planejamento de ensino, é uma Tempo de aula:
especificação do plano de curso, formada de • TEMA: O assunto geral da aula – conteúdo
assuntos inter-relacionados, sendo desenvolvida da aula.
numa sequência lógica em que a próxima unidade é
embasada pela unidade anterior. A primeira etapa • OBJETIVOS: É a descrição clara do que os
de uma unidade deve objetivar o desenvolvimento alunos devem alcançar.
do interesse dos alunos acerca ao tema a ser • CONTEÚDO: O que será objeto de estudo
estudado. A segunda etapa deverá chegar a – esquema ou roteiro dos conteúdos da aula.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
• PROCEDIMENTOS DE ENSINO: São
ações, processos ou comportamentos planejados
pelo professor para colocar o aluno em contato
direto com a proposta de trabalho. (Técnicas – aula
expositiva, trabalho dirigido, excursão, trabalho em
grupo, etc.)
• RECURSOS DE ENSINO: são os
componentes do ambiente de aprendizagem que
dão origem à estimulação para o aluno. Humanos:
professor, aluno, comunidade escolar; Materiais:
água, folha; Escolar: quadro, pincel. Comunitário:
praças, bibliotecas públicas, industrias, lojas,
museus etc.
• AVALIAÇÃO: É o processo pelo qual se
determina o grau e a qualidade de resultados
alcançados em relação aos objetivos, considerando
o contexto da ação. Avaliar continuamente /
Selecionar situações diversificadas / Montar
instrumentos de avaliação / Re(avaliar).
O professor ao propor um ensino pelo
caminho do ato de planejar estará dando aos
integrantes do processo ensino-aprendizagem, a
oportunidade de respeitar a diversidade encontrada Planejar e pensar andam juntos. Ao começar
dentro de uma sala de aula. Isso possibilita rever e o dia, o homem pensa e distribui suas atividades no
mudar o plano quando o momento se faz tempo: o que irá fazer, como fazer, para que fazer,
necessário; ser objetivo e claro durante suas ações; com o que fazer etc. Nas mais simples e corriqueiras
escolha de caminhos certos para o uso do tempo e ações humanas, quando o homem pensa de forma a
energia, do professor e dos alunos, em favor da atender suas metas e seus objetivos, ele está
eficiência do ensino e da aprendizagem. Estas planejando, sem necessariamente criar um
ações evitam situações de constrangimento como: instrumental técnico que norteie suas ações. Essas
falas sem significados, aulas cansativas, repetitivas, observações iniciais estão sendo expressas, apenas
e sem objetivos. para chamar atenção sobre o aspecto cotidiano da
ação de planejar e como o planejamento faz parte da
A efetivação do planejamento na prática vida. Aquele que não mais planeja, talvez já tenha
dos professores, torna-se cada vez mais importante robotizado suas ações, portanto, quem sabe, não tem
nas escolas, pois possibilita a construção e a consciência do que está fazendo, nem se ainda
(re)construção da ação docente, e de todos os pode construir alguma coisa. Alguns até dizem: “Nem
agentes que fazem parte desse contexto. Devemos preciso mais pensar, vou fazendo o que me mandam
ter clareza que a cultura do ato de planejar, desafia fazer... Eu não necessito planejar, já vou fazendo,
posturas consolidadas e permite uma mudança de porque sei onde vai dar...”. E assim por diante.
atitude por meio de um novo olhar em direção a
construção um novo paradigma, comprometido com Nessa circunstância, parece estar presente a
a consciência humana de se repensar a função alienação do homem como sujeito, na medida em
social da escola. que assume a atitude de dominado, fazedor dócil e
outras tantas denominações que podem ser
O Planejamento é o ato de consolidação, imprimidas no sujeito, quando este se torna objeto
da ação responsável, dos sujeitos educadores da nas mãos de outrem. Todavia, o objetivo deste
sociedade. estudo não é discutir tais questões, muito embora
Em seus níveis podemos assim observar: elas estejam presentes nas atividades habituais do
homem.
O planejamento é um processo que exige
organização, sistematização, previsão, decisão e
outros aspectos na pretensão de garantir a eficiência
e eficácia de uma ação, quer seja em um nível micro,
quer seja no nível macro. O processo de
planejamento está inserido em vários setores da vida
social: planejamento urbano, planejamento
econômico, planejamento habitacional, planejamento
familiar, entre outros. Do ponto de vista educacional,
o planejamento é um ato político-pedagógico porque
revela intenções e a intencionalidade, expõe o que se
deseja realizar e o que se pretende atingir.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Mas o que significa planejamento do ensino operacional, uma vez que é entendido que o
e suas finalidades pedagógicas?1 O que é o planejamento é um processo, um ato político-
planejamento docente? O plano de aula? O projeto pedagógico e, por conseguinte não tem neutralidade
de disciplina? A programação semestral? O projeto porque sua intencionalidade se revela nas ações de
pedagógico? Esses conceitos, atualmente, foram ensino. O que se pretende desenvolver? O cidadão
redefinidos, não só por conta da Lei de Diretrizes e que se deseja formar? A sociedade que se pretende
Bases da Educação Nacional, mas também como ajudar a construir?
resultante do novo modelo de sociedade, onde
Em primeiro lugar, as fases, os passos, as
alguns denominam de sociedade aprendente,
etapas, as escolhas, implicam em situações
outros, sociedade do conhecimento.
diversificadas, que estão presentes durante o
O que é importante, do ponto de vista do acontecer em sala de aula, num processo de idas e
ensino, é deixar claro que o professor necessita vindas. Contudo, para efeito de entendimento, indica-
planejar, refletir sobre sua ação, pensar sobre o que se a realização de um diagnóstico aqui compreendido
faz, antes, durante e depois. O ensino superior tem como uma situação de análise; de reflexão sobre o
características muito próprias porque objetiva a circunstante, o local, o global. Nesse contexto
formação do cidadão, do profissional, do sujeito didático- pedagógico: averiguar a quantidade de
enquanto pessoa, enfim de uma formação que o alunos, os novos desafios impostos pela sociedade,
habilite ao trabalho e à vida. Voltemos a questão as condições físicas da instituição, os recursos
inicial. O que significa o planejamento de ensino? disponíveis, nível, as possíveis estratégias de
Por que o professor deve planejar? Quais os inovação, as expectativas do aluno, o nível
procedimentos, os instrumentos, as técnicas, os intelectual, as condições socioeconômicas (retrato
métodos, os recursos e as finalidades pedagógicas sócio-cultural do aluno), a cultura institucional a
do planejamento de ensino? Um ato político filosofia da universidade e/ou da instituição de ensino
pedagógico? Uma carta de intenção? Uma reflexão superior, enfim, as condições objetivas e subjetivas
sobre o saber fazer docente? Antes de desenvolver em que o processo de ensino irá acontecer.
algumas dessas questões, é imprescindível afirmar
Tal atitude do docente o encaminhará para
que existem diferentes abordagens sobre o
uma reflexão de sua ação educativa naquela
assunto. Tais abordagens se diferenciam pela
instituição e a partir desse diagnóstico inicial,
forma como tratam a temática, todavia se afinam
relacionando com o projeto da universidade, poderá
quantos aos seus elementos constitutivos. Assim
desenvolver uma prática formativa.
considerado, arrisca-se afirmar que o planejamento
do ensino significa, sobretudo, pensar a ação De posse do Projeto de Ensino oficial , o
docente refletindo sobre os objetivos, os conteúdos, docente irá elaborar sua programação, adaptando-a
os procedimentos metodológicos, a avaliação do às suas escolhas, inclusive, inserindo a pesquisa nos
aluno e do professor. O que diferencia é o exercícios didáticos. Caso a instituição de ensino
tratamento que cada abordagem explica o processo superior não apresente o projeto da disciplina, o
a partir de vários fatores: o político, o técnico, o professor deverá elaborar observando os seguintes
social, o cultural e o educacional. componentes:
É essencial enfatizar que o planejamento a) EMENTA DA DISCIPLINA. Ementa é um
de ensino implica, especialmente, em uma ação resumo dos conteúdos que irão ser trabalhados no
refletida: o professor elaborando uma reflexão projeto.
permanente de sua prática educativa.
b) OBJETIVOS DE ENSINO. Elaborá-los na
Assim o planejamento de ensino tem perspectiva da formação de habilidades a serem
características que lhes são próprias, isto, desenvolvidas pelos alunos: habilidades cognitivas,
particularmente, porque lida com os sujeitos sociais, atitudinais etc. Há níveis diferenciados de
aprendentes, portanto sujeitos em processo de objetivos: objetivo geral, alcançável longo prazo;
formação humana. Para tal empreendimento, o objetivo específico, o qual expressa uma habilidade
professor realiza passos que se complementam e específica a ser pretendida. Este deve explicitar de
se interpenetram na ação didático- pedagógica. forma clara a intenção proposta. Os objetivos variam
Decidir, prever, selecionar, escolher, organizar, quanto ao nível, conforme o projeto. Por exemplo; no
refazer, redimensionar, refletir sobre o processo Projeto da disciplina: objetivo geral e objetivos
antes, durante e depois da ação concluída. O específicos para cada unidade do Projeto; no plano
pensar, a longo prazo, está presente na ação do de aula pode comportar mais de um objetivo
professor reflexivo4 . Planejar, então, é a previsão específico, dependendo do número de sessões
sobre o que irá acontecer, é um processo de (exemplo: 02 sessões no período da noite, horários A
reflexão sobre a prática docente, sobre seus e B). É importante frisar que irá depender da
objetivos, sobre o que está acontecendo, sobre o estrutura pedagógica da instituição, a forma de
que aconteceu. Por fim, planejar requer uma atitude elaborar projetos e planos. Há bastante flexibilidade,
científica do fazer didático-pedagógico. contanto que no projeto de ensino ou plano de aula,
estejam presentes os seus elementos constitutivos.
Mas como planejar? Quais as ações
Portanto, não existem modelos fixos.
presentes e como proceder do ponto de vista
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Destaca-se ainda, que os objetivos, de uma buscar novas técnicas, desbravar novos caminhos,
maneira geral, para deixar claro a ação pretendida, numa investida esperançosa de quem deseja fazer o
devem iniciar com o verbo no infinivo porque irá melhor, do ponto de vista metodológico e didático8 .
indicar a habilidade desejada. Caso o professor Tal atitude implica em estudar sobre a natureza
desejar indicar outra habilidade no mesmo objetivo, didática de sua prática educativa.
deve usar o outro verbo no gerúndio. Exemplo:
Donald Schon tem sido uma referência
Avaliar as condições socioeconômicas do Nordeste,
teórico-metodológica dos profissionais que atuam na
indicando os fatores determinantes da região.
área de formação de professores por afirmar que os
A formulação de objetivos está diretamente bons profissionais utilizam um conjunto de processos
relacionada à seleção de conteúdos. que não dependem da lógica, da racionalidade
técnica, mas sim, são manifestações de sagacidade,
c) CONTEÚDOS (saber sistematizado,
intuição e sensibilidade artística. Schon orienta para
hábitos, atitudes, valores e convicções) 6 . Quais
que se observe estes professores para averiguarmos
são os conteúdos de ensino? Quais os saberes
como desenvolvem suas práticas, como fazem e o
fundamentais? O professor deverá, na seleção dos
que fazem, para colhermos lições para nossos
conteúdos, considerar critérios como: validade,
programas de formação. (O saber fazer-docente,
relevância, gradualidade, acessibilidade,
2002) .
interdisciplinaridade, articulação com outras áreas,
cientificidade, adequação. Além do conhecimento O professor deve refletir didaticamente sobre
da ciência, o professor, por exercer uma função sua prática, pensar no cotidiano sobre o saber- fazer
formadora, deve inserir outros conteúdos: em sala de aula, para não escorregar na mesmice
socialização, valores, solidariedade, respeito, ética, metodológica de utilização dos mesmos recursos e
política, cooperação, cidadania, etc. das invariáveis técnicas de ensino. É importante que
o professor estude sobre essa temática, uma vez que
d) METODOLOGIA (procedimentos
há uma diversidade metodológica que pode ser
metodológicos). Metodologia é o estudo dos
trabalhada em sem sala de aula e/ou numa situação
métodos.
didático-pedagógica. Exemplo: exposição com
Metodologia de ensino significa o conjunto ilustração, trabalhos em grupos, estudos dirigidos,
de métodos aplicados a situação didático- tarefas individuais, pesquisas, experiências de
pedagógica. campo, sociodramas, painéis de discussão, debates,
tribuna livre, exposição com demonstração, júri
Método de ensino é o caminho escolhido
simulado, aulas expositivas, seminários, ensino
pelo professor para organizar as situações ensino-
individualizado
aprendizagem. A técnica é a operacionalização do
método. No planejamento, ao elaborar o projeto de f) RECURSOS DE ENSINO. Com o avanço
ensino, o professor antevê quais os métodos e as das novas tecnologias da informação e comunicação-
técnicas que poderá desenvolver com seu aluno em NTIC, os recursos na área do ensino se tornaram
sala de aula na perspectiva de promover a valiosos, principalmente do ponto de vista do trabalho
aprendizagem. E, juntamente com os alunos, irão do professor e do aluno, não só em sala de aula, mas
avaliando quais são os mais adequados aos como fonte de pesquisa. Ao planejar, o professor
diferentes saberes, ao perfil do grupo, aos objetivos deverá levar em conta as reais condições dos alunos,
e aos alunos como sujeitos individuais7 . Nesse os recursos disponíveis pelo aluno e na instituição de
processo participativo o professor deixa claro suas ensino, a fim de organizar situações didáticas em que
possibilidades didáticas e o que ele pensa e o que possam utilizar as novas tecnologias, como:
espera do aluno como sujeito aprendente, suas datashow, transparências coloridas, hipertextos,
possibilidades, sua capacidade para aprender, sua bibliotecas virtuais, Internet, E.mail, sites,
individualidade. teleconferências, vídeos, e outros recursos mais
avançados, na medida em que o professor for se a
Quando o professor exacerba um método
aperfeiçoando.
ou uma técnica, poderá estar privilegiando alguns
alunos e excluindo outros, e, mais ainda, deixando g) AVALIAÇÃO. A avaliação é uma etapa
de realizar singulares experiências didáticas que o presente quotidianamente em sala de aula, exerce
ajudariam aperfeiçoar sua prática docente e uma função fundamental, que é a função diagnóstica.
possibilitar ao aluno variadas formas de aprender. O professor deverá acolher as dificuldades do aluno
Ainda arriscar a trabalhar o saber de diferentes no sentido de tentar ajudá-lo a superá-las, a vencê-
formas, percorrendo criativos trajetos em sala de las. Evitar a função classificatória, comparando
aula. sujeitos entre sujeitos. A avaliação deverá considerar
o avanço que aquele aluno obteve durante o curso.
O medo de mudar, às vezes, impede o
professor de arriscar novos caminhos pedagógicos. Há muito que estudar sobre avaliação. Um
Daí o significado didático-pedagógico na formação das dicas é a de realizar as articulações necessárias
do professor. Os paradigmas das experiências para que se possa promover testes, provas,
anteriores podem ser as referências de muitos relatórios, e outros instrumentos a partir de uma
professores. Assim posto, é válido para o docente concepção de avaliação que diz respeito ao aluno

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
como sujeito de sua aprendizagem, uma vez que O desafio fundamental para o profissional da
planejar é uma ação dinâmica, interativa, e educação é distinguir e compreender as teorias
acontece antes de se iniciar o processo de ensino, subentendidas na sua própria prática e, originar
durante e depois do processo. É uma ação condições para que diante das teorias, modifique
reflexiva, que exige do professor permanente seus pontos de vista, atitudes, posturas e atuação no
investigação e atualização didático-pedagógica. exercício educacional.
Relação entre a teoria e a prática “O nosso saber é o sentido que damos à
realidade observada e sentida num dado momento.
Abordagem da teoria à prática
Existe no tempo, como uma paragem, uma etapa.
A sociedade atual por ser social e Está em constante transformação, em perpétuo
historicamente construída pelo homem necessita de movimento, tal como uma sinfonia inacabada”. Barth,
linguagens plurais para dialogar e interagir com a (apud FIORENTINI; SOUSA Jr.; MELO).
diversidade. Nesse sentido, a educação reproduz a
A importância das teorias na prática
sociedade por também ser social e historicamente
pedagógica
construída pelo homem e, em consequência disto,
historicamente sempre teve a obrigatoriedade de O saber docente não é formado apenas da
dar respostas e interferir nas demandas que os prática, sendo também nutrido pelas teorias da
contextos depositaram e colocam. educação. Mediante esta afirmação fica claro que, a
teoria tem importância fundamental, pois ao nos
Ao analisarmos as práticas pedagógicas,
apropriarmos de fundamentação teórica nos
cabe-nos inquietarmos com a dicotomia que existe
beneficiamos de variados pontos de vista para uma
entre a teoria e a prática, como se elas não fossem
tomada de decisão dentro de uma ação
as duas faces de uma mesma moeda.
contextualizada, adquirindo perspectivas de
Constatamos, através de estudos feitos que, a
julgamento para compreender os diversos contextos
formação docente é construída historicamente
do cotidiano. A interação entre saberes gera o
antes e durante o caminho profissional do docente,
desenvolvimento de uma prática pedagógica
e que, se faz também no social. Cria-se então um
autônoma e emancipatória.
círculo vicioso, onde a formação docente depende
basicamente, tanto das teorias, quanto das práticas É importante lembrar que um bom professor
desenvolvidas na vida escolar. De acordo com o não se constitui apenas de teoria, embora ela tenha
currículo por competências, a nova ênfase sua importância. Um professor vai se formando na
educacional baseia-se na mobilização dos saberes relação teoria e prática, pois é a partir da ação e da
construídos para solucionar problemas específicos. reflexão que o professor se constrói enquanto
Não podemos enfatizar a teorização em detrimento indivíduo em pleno estado de mudança.
da prática.
Entender as diferentes concepções de
Quando o docente se apropria do aprendizagem não significa apenas ler o que
conhecimento e se beneficia das contribuições diferentes teóricos e pensadores falaram ou
teóricas referentes às compreensões de escreveram sobre o ensino e a aprendizagem,
aprendizagem, escolhe as melhores formas de significa também buscar melhor compreender a
trabalhar, vence as dificuldades e vê com clareza prática educativa vigente de forma que ao refletir
as novas possibilidades de uma atuação com sobre a mesma possamos discutir e agir para
qualidade. Assim sendo, as probabilidades de transformá-la. A aproximação entre teoria e prática
reflexão e crítica sobre as práticas docentes surgem nos mostra novos horizontes que nos possibilitam
com maior coerência. buscar novas práticas de ensino que facilitem a
aprendizagem dos educandos.
Pimenta (2005, p.26) afirma que o saber
docente não é formado apenas da prática, sendo O educador somente poderá ensinar quando
também nutrido pelas teorias da educação. aprender e, para isso, é preciso ter conhecimento,
Mediante esta afirmação fica claro que, a teoria tem que é adquirido com diálogo, troca de experiências e
importância fundamental, pois ao nos apropriarmos pesquisa científica. Para tanto, é necessário ter
de fundamentação teórica nos beneficiamos de humildade para admitir que não se sabe tudo e
variados pontos de vista para uma tomada de avaliar atitudes positivas e negativas.
decisão dentro de uma ação contextualizada,
Ao analisarmos as práticas pedagógicas,
adquirindo perspectivas de julgamento para
cabe-nos inquietarmos com a separação que existe
compreender os diversos contextos do cotidiano. A
entre a teoria e a prática, cria-se então um círculo
interação dialógica entre saberes gera o
vicioso onde constatamos que a formação docente é
desenvolvimento de uma prática pedagógica
construída antes e durante o caminho profissional do
autônoma e emancipatória.
docente, e que se faz também no social onde a
Nós, professores, precisamos refletir sobre formação docente depende tanto das teorias, quanto
a constituição e interação dos saberes, que das práticas desenvolvidas na vida escolar.
ratificam a prática do fazer docente.
O desafio fundamental para o profissional da
educação é distinguir e compreender as teorias
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
subentendidas na sua própria prática e originar significativa para professores e alunos. Assim Lima
condições para que diante das teorias modifique (2002, p. 41) afirma que “o trabalho docente é
seus pontos de vista, atitudes, posturas e atuação colocar esses saberes em movimento e, dessa
no exercício educacional. forma, construir e reconstruir o conhecimento
ensinando e aprendendo com a vida, com os livros,
Compreender que o processo de ensino e
com a instituição, com o trabalho, com as pessoas,
aprendizagem, apesar da formação oferecida em
com os cursos que frequenta, com a própria história”.
sala de aula ser fundamental, só ela não é
suficiente para preparar os alunos para o pleno Portanto, é a relação da teoria e da
exercício de sua profissão. Faz-se necessário a prática durante o processo formativo do professor
inserção na realidade do cotidiano escolar com a que vai significar a aprendizagem dos alunos
prática pedagógica. mediante o ensino. Por isso o professor tem o papel
essencial de exercer a criticidade diante dos alunos
Quando o docente se apropria do
e do conhecimento, e também possibilitar que os
conhecimento e se beneficia das contribuições
alunos exerça sua criticidade diante do exposto,
teóricas referentes às compreensões de
que construa suas próprias percepções do
aprendizagem, escolhe as melhores formas de
conhecimento, mas com o auxilio e a orientação do
trabalhar, vence as dificuldades e vê com clareza
docente. É preciso salientar que a práxis deve fazer
as novas possibilidades de uma atuação com
parte do processo formativo do sujeito como pessoa
qualidade. Assim sendo, as probabilidades de
e também como profissional, já que é indissociável
reflexão e crítica sobre as práticas pedagógicas
do ato educativo. Assim, “a prática é fundamento,
surgem com maior coerência.
finalidade e critério de verdade da teoria. A primazia
O passeio pelos fundamentos da educação da prática sobre a teoria, longe de implicar
através de disciplinas é fundamental para articular a contradição ou dualidade, pressupõe íntima
teoria com a prática pedagógica. A reflexão sobre vinculação a ela” (VÁZQUEZ, 1997, apud GIMENES,
práticas educativas e as relações entre sujeitos 2011. p. 35 – 36).
dessa práxis no seu processo de construção de
Por fim é no contexto da práxis que situamos
conhecimento, evidencia o despertar do desejo de
a formação inicial docente, partindo do pressuposto
promover transformações necessárias para que
que o ensino e a aprendizagem tornam-se
essa atuação venha a contribuir positivamente na
significativo quando construído no coletivo. Também
vida e na formação de novos sujeitos.
percebe-se que é pela mediação do professor que o
A fase do estágio nos permite aos poucos conhecimento ganha vida, mas quando este é
perceber como se da à prática da instituição, pois proposto ao aluno de forma que possa exercer sua
coincide com a realidade do cotidiano dos alunos e criticidade, que possa modificá-lo conforme o que
isso, deverá sempre acontecer de maneira bem acredita e com base na sua realidade. Também é
fundamentada e para isso é preciso considerar por meio da socialização em sala de aula que o
cada realidade onde ocorrerá a prática pedagógica, professor em formação dar sentido a sua profissão,
com suas características emocionais, culturais, pois este alia teoria e prática ao mesmo tempo e
socioeconômicas e tudo que o ambiente pode buscar formas didáticas e pedagógicas de
proporciona. ensinar da melhor forma possível e tornar a
aprendizagem significativa.
O desenvolvimento e a transformação do
mundo somente serão possíveis quando os A relação teoria e prática na formação
educadores tiverem consciência de seu papel na docente
sociedade e da importância de valorizar o aluno
Ao refletir sobre a teoria e a prática na
como um todo.
formação docente é necessário compreender a sua
A RELAÇÃO ENTRE TEORIA E PRÁTICA importância durante a formação do educador. E
NA FORMAÇÃO DOCENTE também buscar formas de efetivar a teoria adquirida
na universidade na prática em sala de aula. Para isso
O contexto atual é marcado pela discussão
o professor precisa salientar as teorias pedagógicas
sobre a formação inicial docente e a importância
necessárias para socializá-las em sala de aula
atribuída durante o seu processo formativo. Já que importando-se em contextualizá-las com a realidade
é durante a formação que o professor tem que dos discentes. Assim, a aprendizagem torna-se
adquirir uma boa bagagem teórica, para enriquecer
significativa para os integrantes do ato educativo
os seus conhecimentos, construir seus próprios
quando professor, aluno e conhecimento vivenciam
saberes e ser autor de sua profissão, buscando ser
uma relação dialética no ensino, mediada pelo
um profissional competente e de qualidade.
diálogo, criticidade e criatividade, interpostos em sala
Para a efetivação da profissão docente de aula.
baseada na práxis educativa é necessário o Este modelo de formação baseado na práxis
professor romper com paradigmas tradicionais e se
educativa é cada vez mais visado nos cursos de
aliar a uma prática reflexiva e crítica que tem o
formação de professores, pois sabe-se que o
diálogo como alicerce, para que a atividade docente
momento essencial da formação é a realização da
transcenda o ensinar e se torne uma aprendizagem
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
prática em sala de aula, esta muitas vezes, A profissão docente torna-se significativa
vivenciados pelos estudantes durante o estágio quando nos cursos de formação de professores
supervisionado, também tem aqueles que já os formandos vivenciam um processo contínuo de
vivenciam essa prática desde cedo ao adentrarem renovação, construção e busca de conhecimentos.
na universidade. Porém, é através da prática que o Também esse processo formativo deve possibilitar-
professor pode ressignificar a teoria apreendida por lhe o engajamento de forma efetiva na educação,
ele durante a formação, também pode-se permitindo a socialização de aprendizagens
compreender os problemas vivenciados em sala de construída no coletivo. Assim, para o
aula, e buscar a melhor forma de resolvê-los. desenvolvimento profissional do educador, Nóvoa
Assim, teoria e prática se encontram no ato afirma que:
educativo, tornando-se práxis e sendo necessária a
A formação pode estimular o
formação dos sujeitos como cidadãos e
desenvolvimento profissional dos professores, no
profissionais competentes.
quadro de autonomia contextualizada da profissão
Entretanto revela-se que a práxis é docente. Importa valorizar paradigmas de formação
essencial durante a formação de qualquer que promovam a preparação de professores
profissional, e é por meio dela que visa-se formar reflexivos, que assumam a responsabilidade do seu
professores reflexivos, críticos e autônomos e que próprio desenvolvimento profissional e que participem
contribua para a transformação da realidade dos como protagonistas na implementação de políticas
discentes, como também da escola em que educativas. (1995, p. 27)
trabalha. Para isso é preciso entender a importância
Conforme o autor é necessário que o
do estágio supervisionado na vida do professor.
professor se reconheça como protagonista de sua
Pimenta 1994, (apud Lima, 2012, p. 29), “O
história de vida e de sua profissão. Que a
estágio supervisionado pode ser conceituado como
responsabilidade e a autonomia seja primordial na
atividade teórica instrumentalizadora da práxis,
sua prática em sala de aula, e que assim possa
entendida como atitude teórica - prática humana, de
incentivar a aprendizagem dos discentes por meio de
transformação da natureza e da sociedade. Não
uma prática reflexiva e dialogada.
basta conhecer e interpretar o mundo (teórico) é
preciso transformá-lo (prática)”. Para a autora Revela-se também que a ressignificação da
supracitada é no momento do estágio que o profissão docente dar-se-ia a partir da relação
docente em formação poderá ressignificar os estabelecida pelo professor diante da teoria e da
conhecimentos adquiridos, aliá-los a prática na prática, ambas guiando suas ações em prol do
tentativa de incentivar a busca da transformação da ensino e da aprendizagem dos alunos. Desta forma,
realidade, por meio de uma educação de qualidade Nóvoa (2009, p. 39) descreve que: “é importante
oferecida aos discentes. estimular junto dos futuros professores e nos
primeiros anos de exercício profissional, práticas de
Vale salientar que a formação de
autoformarão, momentos que permitam a construção
professores é uma etapa da vida do sujeito no
de narrativas sobre as suas próprias histórias de vida
qual o qualifica de fato para o ato de ensinar.
pessoal e profissional”. Diante disso, compreende-se
Destaca-se que a educação é válida quando
que o conhecimento pessoal do professor é essencial
transcende o ensino e se baseia no aprender,
para a reflexão em sala de aula. Além disso, o
rompendo com a mera transmissão do
professor deve exercer um olhar crítico, curioso e
conhecimento, e buscando através do ensino
investigador diante dos seus alunos, registrar e fazer
dialogado proporcionar aprendizagens significativas
o exercício de autorreflexão diante dos achados,
aos discentes. Desta forma, evidencia-se segundo
assim sendo terá consciência do seu trabalho e da
Lima (2012, p. 39):
sua formação.
Não nos tornamos professores da noite
A experiência em sala de aula durante a
para o dia. Ao contrário, fomos constituindo essa
formação do educador lhe possibilita a compreensão
identificação com a profissão docente no decorrer
do conhecimento e do ensino. Pois, durante sua
da vida, tanto pelos exemplos positivos, como
formação em que adquire conhecimentos
pela negação de modelos. É nessa longa estrada
necessários para o exercício do magistério, e ao
que vamos constituindo maneiras de ser e estar no
mesmo tempo, exerce a prática de ensino,
magistério.
enriquece o cotidiano a luz da práxis, efetivando
Diante disso, compreende-se que a teoria e prática, sendo aprendiz e ensinado.
formação do educador inicia-se desde a educação
A formação inicial dos professores é
básica é através das experiências vivenciadas ao
caracterizada como um momento de preparação
longo de sua história de vida que possibilitará
para o exercício da profissão docente. Mas, sabe-se
constitui-se como um profissional competente.
que essa preparação advém desde a educação
Assim, o professor pode refletir sobre suas
básica, até experiências não escolares contribuem
experiências anteriores e buscar se espelhar nas
para a formação, pois compreende-se que a trajetória
melhores vivências e pessoas para assim forma-se
pessoal do sujeito é que vai determinar que tipo de
como pessoa e como professor.
profissional se tornará. Assim, é preciso salientar a

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
importância da escola e da universidade na vida profissional crítico reflexivo diante do conhecimento.
do discente, e principalmente o papel do professor
Em virtude disso, a leitura é um elemento
nessa caminhada, pois ele deve ser o incentivador
formador de professores e de alunos, pois eles se
da aprendizagem e servir de exemplo para o aluno.
apropriam dos conhecimentos construídos pela
Contudo a relação da teoria e da prática humanidade, e a partir do seu posicionamento crítico
vivenciada pelos futuros professores na e reflexivo são capazes de reconstruir os saberes
universidade são elementos que significam a adequando-os a sua realidade. Assim o professor
profissão docente. Nesse cenário a reflexão é o tem o papel fundamental de incentivar a prática da
ponto de compreensão do ensino e da leitura em sala de aula, além do mais servir de
aprendizagem para os docentes e os discentes. exemplo para os discentes exercendo essa prática
Desta forma, as ações realizadas pelos professores diariamente em sua vida. Desta forma, a educação
devem servir para o bem da coletividade, se tornará eficaz e possibilitará formar alunos
possibilitar a autonomia, a reconstrução e a criação cidadãos, críticos, reflexivos, autônomos e capazes
de saberes. Assim, Lima e Gomes, (2002, p. 169). de questionar e reconstruir o conhecimento. Essa
percepção é evidenciada segundo a voz do grupo:
O professor como sujeito que não
reproduz apenas o conhecimento pode fazer do – […] “a compreensão crítica da importância
seu próprio trabalho de sala de aula um espaço de do ato de ler se veio em mim constituindo” (Paulo
práxis docente e de transformação humana. É na Freire). Ai eu fiz uma observação, essa
relação refletida e na redimensão de sua prática importância deve ser presente em toda a vida
que o professor pode ser agente de mudanças na escolar, iniciando-se na educação infantil e ensino
escola e na sociedade. fundamental, por isso é necessário construirmos em
nós essa importância para que possamos repassar
Nessa perspectiva, a reflexão é uma das
aos nossos futuros educandos. Contribuindo assim,
práticas que deve mediar às relações em sala de
para a formação moral e educativa dessas crianças,
aula, junto com a criticidade e a autonomia
porque a gente está aqui na universidade e agora a
praticada pelo professor, visando à transformação
gente tem o papel de construir, para a gente poder
dos seres humanos, da escola e da sociedade em
repassar isso para eles.
que está inserido, isso só será possível mediante a
práxis. As percepções dos graduandos em relação à
leitura na formação inicial revela que esta prática é
Vale refletir ainda sobre a partilha de
essencial para a realização do ensino em sala
saberes realizada pelo professor no âmbito da sala
de aula, principalmente quando se quer
de aula, devendo possibilitar ao aluno exercer sua
proporcionar uma aprendizagem significativa aos
compreensão crítica dos conhecimentos adquiridos,
alunos. Diante disso, a prática da leitura deve ser
e que possa dialogar e questioná-los, como
presente na vida do professor já que ele será o
também formular seu próprio entendimento,
incentivador do ato de ler em sala de aula,
partindo do seu conhecimento sincrético até se
demonstrando gosto e prazer pela leitura. Pois,
efetivar numa síntese construída a respeito desse
sabe-se que a leitura é fundamental na constituição
saber.
dos sujeitos, contribuindo para a sua formação
Para muitos graduandos o conhecimento ética, política e social.
adquirido na universidade ajudou a compreender as
Para ressaltar o papel formador da leitura na
dificuldades de comportamentos, ou problemas
formação docente e suas implicações no exercício da
psicológicos enfrentados por muitos alunos.
profissão, utilizar-se-á como referência, Lima (2002,
Também, as práticas pedagógicas ou didáticas
p.29).
utilizadas pelo professor em sala de aula facilitaram
a compreensão do conhecimento. Sendo assim, Pensando a leitura como um dos mais
muitos discentes em formação buscaram aliar teoria importantes auxiliares da formação docente, no
e prática através da profissão, a fim de dar sentido sentido do acesso a novos conhecimentos, o cuidado
e significado ao que aprenderam e poderiam com o conteúdo e com a maneira de trabalhar com
aprender durante o exercício do magistério. essa atividade poderá ser uma nova preocupação
para aqueles que trabalham com os profissionais do
Destaca-se também que para os
magistério em serviço.
professores se tornarem profissionais eficazes e
que exerçam um trabalho de qualidade dentro da Na afirmativa da autora percebe-se a
escola, é preciso que durante seu processo preocupação com a leitura dentro dos espaços de
formativo eles busquem se capacitar, se dedicando formação docente, já que ela servirá de auxílio para a
ao máximo às leituras impostas no curso, como formação dos evolvidos no processo ensino
também buscar outras leituras, para que possa aprendizagem. Também nota-se a necessidade
adquirir uma bagagem teórica e assim motivar os dos professores se engajar nesse processo de
seus alunos a lerem. Diante disso, é preciso leitura, tendo o hábito e o prazer para fundamentar e
salientar a importância da leitura em qualquer dar significado a sua prática, já que será o
curso, pois ela serve de base para qualquer incentivador da prática da leitura no decorrer de sua
profissão, principalmente para se tornar um profissão.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Desta forma a teoria e a prática tornam-se pessoas e muitos interesses estão envolvidos.
necessária durante todo o processo de formação do (CAMPOS, 1997, p. 136).
professor, pois ele será capacitado através de
E essa reflexão da prática pedagógica no
teorias que o auxiliará na prática educativa. Assim,
trabalho com os alunos que apresentam dificuldade
quando o docente adentrar na sala de aula poderá
de aprendizagem precisa ser exercitada. Essa
recorrer às teorias estudadas, relembrar didáticas
reflexão deve considerar que “o professor e sua
de professores anteriores ou até estratégias
prática não podem ser analisados de forma
trabalhadas na universidade que facilitaram sua
reducionista e ingênua” (CAMPOS, 1997, p. 137). Tal
aprendizagem docente. Portanto, “a prática
análise precisa considerar a discussão dos
reflexiva e dialogada com a teoria estará sendo
problemas associados à prática docente como a
realizada através da pesquisa e dos seus
formação, a remuneração, o apoio da família e as
desdobramentos”. (LIMA, 2012, p. 91).
condições de trabalho. Tais fatores exercem uma
Nessa perspectiva compreende-se a prática influência negativa na prática do docente.
de sala de aula vivenciada pelos docentes em
Nesse sentido, também devem ser
formação como uma etapa de preparação para o
analisados os fatores envolvidos nas dificuldades de
exercício de sua profissão. Esta prática mediada
aprendizagem. Muitas vezes esses fatores são
por momentos de observação, aproximação com o
analisados pela escola de forma fragmentada e
espaço da escola e dos alunos, e pesquisa é que
desconexa, centrando-se na criança e em segunda
fazem do ato educativo uma práxis significativa
instância na família.
para a formação do docente, e consequentemente,
proporcionará uma formação de qualidade aos A estrutura escolar e a forma como
alunos que frequentam a escola. comumente é desenvolvida a prática educativa
favorece a aprendizagem de poucos, ou seja,
Análise de dificuldades, problemas e
daqueles alunos que aprenderiam até mesmo com a
potencialidades no cotidiano escolar
ausência da escola (GRACIANO, 2007). Isso revela
A prática pedagógica do professor diante dos uma outra faceta, da dificuldade que a escola
alunos com dificuldade de aprendizagem encontra em trabalhar com o diferente, com a
diferença. As condições estruturais das escolas, o
Diante de um aluno com dificuldade de
número excessivo de alunos atendidos em cada
aprendizagem na escola, é necessário que sejam
sala de aula, a organização do currículo e do
desenvolvidos projetos e trabalhos especializados
tempo escolar, ainda estão bem aquém das reais
que colaborem para minimizar essas dificuldades.
necessidades dos alunos reais que compõem uma
Caso o professor e a escola não promovam um
sala de aula. Nesse cenário, o grupo de crianças que
trabalho de caráter pedagógico para garantir a
não aprende no ritmo esperado acaba se
aprendizagem, o aluno pode ser excluído e
configurando como um “peixe fora d’água”, um
desmotivado durante o percurso escolar. Nesse
fenômeno patológico e que sofre com a
trabalho, não devem ser ressaltadas no aluno
estigmatização. È muito curioso como, no contexto
somente as suas dificuldades, mas principalmente
escolar, esse fenômeno de estigmatização por
as suas capacidades de aprender, levando em
rótulos pejorativos se mantém cristalizado e
consideração que, apesar de aprender de
fortalecido atravessando anos sem que se alterem as
diferentes formas, todos são capazes de aprender.
configurações.
Observa-se que muitas vezes, ao rotular
Alguns depoimentos revelam essa
um aluno com dificuldade de aprendizagem, a
estigmatização com os alunos que apresentam
escola não reconhece, reflete e age sobre as suas
dificuldade de aprendizagem. Uma professora
práticas pedagógicas, acabando por descentralizar
quando comenta sobre os procedimentos adotados
os problemas que são dela e culpabilizar o
diante dos alunos com dificuldade de aprendizagem
aluno. Essa análise não tem a intenção de
coloca que
atribuir à figura do professor o papel de réu nesse
processo. Mas discussões precisam ser feitas para “[...] os alunos são encaminhados para uma
que práticas pedagógicas cristalizadas no cotidiano escola especial. Porém a escola não disponibiliza
escolar como os encaminhamentos de alunos, vagas para todos e por isso muitas crianças ficam
sejam alvo de reflexão para assegurar de fato o real com a aprendizagem comprometida”.
objetivo da escola que é oferecer uma
Percebe-se uma tendência a excluir os
escolarização de qualidade aos alunos. De acordo
alunos com dificuldade de aprendizagem por de
com Campos,
encaminhamento para escolas especializadas. Isso
Quando falamos em problemas de ensino, não constitui um dos grandes entraves para a não
estamos buscando um novo culpado. Estamos, de exclusão escolar, ou seja, para a inclusão de todos
fato, buscando refletir sobre a prática pedagógica os alunos. Uma prática pedagógica numa
em nossas escolas, na tentativa de analisar, perspectiva inclusiva preocupa-se em propor
reconhecer e aceitar os seus problemas, refletindo ações que garantam o acesso e a permanência
sobre alterações possíveis e necessárias. do aluno. No entanto, o paradigma tradicional, o da
Certamente, a questão é muito complexa. Muitas segregação, ainda encontra-se cristalizado nas
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
práticas cotidianas das escolas. E devido a essa nos problemas de aprendizagem. Todavia, entende-
forte presença do paradigma tradicional que se se que a educação possui uma margem de
verifica que a escola permanece ainda autonomia para retroagir sobre o sistema. Nessa
estruturada para trabalhar com a homogeneidade direção, as causas e os fatores envolvidos nas
e nunca com a diversidade. E essa exclusão dificuldades de aprendizagem devem ser buscados
também acontece dentro da própria instituição nos aspectos relacionados à prática pedagógica que
escolar. Uma professora afirma que um dos fatores vão muito além do foco aluno/família.
que mais prejudica seu trabalho com os alunos com
Assim, o processo de diagnóstico de um
dificuldade de aprendizagem é “o tempo
aluno com dificuldade de aprendizagem para
insuficiente para se trabalhar com esse aluno”. Mas
Campos (1997) deve englobar diferentes
vale questionar sobre o tempo que esse aluno
avaliações, “deve ser abrangente, possibilitando a
passa na escola. Se não há tempo para o aluno,
coleta de dados diferenciados e complementares que
em momento ele conseguirá vencer suas
se constituam em subsídios para a compreensão do
dificuldades e livrar-se dessa situação de exclusão?
desempenho do aluno” (p.130). Ou seja, é
Além da alegação por falta de tempo para necessário que para se fazer um diagnóstico das
o aluno, a falta de profissionais é apontada como dificuldades de aprendizagem, sejam feitas diversas
um outro fator que dificulta o trabalho com os avaliações tanto com o aluno, quanto com seu
alunos: “quando tem pessoal disponível , dão aula próprio trabalho de professor e o da escola.
de reforço”. Mas e quando não há esse
Nessa direção devem ser repensados os
profissional externo, o aluno mais uma vez se vê
procedimentos metodológicos diante dos alunos com
excluído do processo de aprendizagem.
dificuldade de aprendizagem.
Mas alguns professores (26 %) sinalizam
Nos depoimentos dos professores que
alguns procedimentos que vão de encontro com
participaram da pesquisa é recorrente a prática
perspectivas inclusivas, numa tentativa de
pedagógica de encaminhar para outros
ressignificar a prática pedagógica para atender a
profissionais e de oferecer aulas de reforço.
esses alunos com dificuldades de aprendizagem
Algumas afirmações ilustram a natureza dessas
em sua diferença e em seu tempo. Uma professora
práticas: “é preciso profissionais específicos para
afirma que dentre os procedimentos adotados
estar interferindo nesse processo ensino-
diante dos alunos com dificuldade de
aprendizagem: psicólogos, fonoaudiólogos”.
aprendizagem procura “estar sempre incentivando
esse aluno a se envolver nas atividades dentro da Os problemas de aprendizagem não podem
sala de aula, elevando a sua auto-estima, dando ser vistos como “sem solução”, e sim, como desafios
sempre a atenção que ele merece e atividades com que fazem parte do processo pedagógico. A
seu nível de aprendizagem” Uma outra professora qualidade do ensino e da aprendizagem exige que
coloca que procura trabalhar com “atividades sejam considerados os tempos e necessidades
diversificadas que levem em consideração o nível individuais, oportunizando possibilidades e
de cada criança. Trabalhando com jogos, intervenções pedagógicas para que o aluno possa
brincadeiras, música, tudo o mais que levar esta progredir em seu processo de aprendizagem. A
criança a interagir com o grupo”. análise deste progresso, por meio de um diagnóstico
que se baseie apenas em notas e
Assim, vale ressaltar que apesar dos
aprovação/reprovação, não é adequado e preciso,
obstáculos, existem aqueles profissionais atuam
uma vez que não revela a realidade desse processo
com vistas à melhoria do processo ensino
e os diversos fatores envolvidos. Assim, vários
aprendizagem e possibilitando alternativas que
fatores devem ser investigados no âmbito escolar,
possam beneficiar todos os alunos. Uma posição
sendo muitas vezes responsáveis pelo insucesso
que envolve a revisão de metodologias, no sentido
escolar da criança: a carência do espaço físico, a
de considerar a singularidade de cada aluno,
existência de classes numerosas, a atuação de
respeitando seus interesses, suas idéias e desafios
professores mal preparados e desmotivados para o
para novas situações. Esses depoimentos
trabalho docente e, finalmente, à utilização de
sinalizam que é possível efetivar uma prática
práticas pedagógicas em descompasso com as
pedagógica que permita a diversificação de
necessidades e interesses do alunado.
conteúdos e práticas que possam melhorar as
relações entre professor e alunos. Muitos são os contrastes quando se
analisam as dificuldades de aprendizagem.
Como já foi dito, a pretensão desse
Dificuldades essas que podem ser vivenciadas por
trabalho é tentar fugir da polarização não se
pessoas alunos inteligentes, capazes e criativos que
buscando instituir uma “caça aos culpados”,
muitas vezes são subestimados em suas
colocando a escola e o professor como os vilões,
capacidades.
centralizando no papel do professor toda a
problemática – pois considera que essa posição O aprender e não-aprender estão
seria no mínimo simplista, ingênua e inútil. associados a diversas causas que se
Compreende-se que a estrutura da sociedade interrelacionam mutuamente e que não devem ser
interfere nos problemas educacionais e, portanto, desconsideradas quando o professor e a escola
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
querem compreender os “porquês” de uma não encontrar caminhos possíveis. Nesse movimento,
aprendizagem e assim oferecer possibilidades para urge refletir sobre a metodologia, rever práticas e
que o aluno possa aprender. conceitos e pensar em modificações legais,
estruturais e pedagógicas nas instituições escolares.
Ao se deparar com um aluno com
dificuldade de aprendizagem, é preciso que o Por fim, vale ressaltar que é imprescindível
professor e demais profissionais da instituição que o professor esteja “capacitado” pelo respeito à
escolar realizem uma avaliação muito mais diferença humana, que esteja “capacitado” para
abrangente e minuciosa. perceber que a heterogeneidade presente numa
sala de aula pode ser enriquecedora para o
Várias pesquisas apontam que muitas
aprendizado e não existe somente devido à
crianças são encaminhadas com o diagnóstico de
inclusão de alunos com dificuldade de
dificuldades de aprendizagem por não
aprendizagem, mas porque existem seres humanos.
conseguirem satisfazer as exigências e
expectativas da escola. Diante disso, estas crianças E por se tratar de um processo que envolve
são estigmatizadas com o uso de rótulos seres humanos, não há nenhuma proposta
pejorativos. pedagógica que possa ser generalizada, como uma
receita prescrita. No entanto, não se pode negar que
O processo de rotulação de alunos
um elemento é comum e fundamental para qualquer
envolve, explícita ou implicitamente, inúmeros
experiência comprometida com a aprendizagem dos
fatores. Este processo não é algo simples e
alunos: a responsabilidade de toda a escola e dos
tranquilo.
profissionais da educação, no sentido de respeitar as
A necessidade de explicar o fracasso especificidades dos sujeitos, que podem suplantam
escolar, procurando encontrar o responsável as limitações. Várias mudanças são essenciais
(desde que seja o outro) provoca a reincidência envolvendo o empenho de todos, possibilitando que
de práticas pedagógicas que se reduzem a a escola possa ser vista como um ambiente de
utilização dos rótulos e ao encaminhamento do construção de conhecimento a partir das
aluno para outros profissionais fora do cotidiano potencialidades de cada aluno, superando a
escolar. estigmatização e rotulação.
Entretanto, não se pode negar que não Um ambiente onde a educação assuma um
existe dificuldade de aprendizagem, mas primeiro caráter amplo e que favoreça o desenvolvimento de
é preciso desvelar o amplo espectro de todo aluno, independente de suas dificuldades, por
condicionantes envolvidos nesse processo, tais meio de oportunidades adequadas para o
como o procedimento téorico-metodológico do desvelamento de suas potencialidades.
professor, as condições estruturais da escola, a
ESTRATÉGIAS DE ENSINO ADOTADAS
organização curricular, as formas de avaliação
NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
etc. Ou seja, tentar trazer a tona outros
elementos submersos que são desconsiderados As estratégias de ensino são métodos ou
quando ocorre a transformação do espaço técnicas desenvolvidas para serem utilizadas como
pedagógico em espaço clínico, provocando uma meio de alavancar o ensino e a aprendizagem.
patologização do aluno.
Para Petrucci e Batiston (2006, p. 263), a
As dificuldades de aprendizagem palavra estratégia esteve, historicamente, vinculada à
precisam ser encaradas num modelo de análise arte militar no planejamento das ações a serem
dialético que não se restrinja ao foco da dificuldade executadas nas guerras, e, atualmente, largamente
de aprendizagem. Ao contrário de focar ora no utilizada no ambiente empresarial. Porém, os autores
aluno, ora na família, é preciso adotar uma admitem que:
perspectiva integrada, pois ao buscar delimitar
[...] a palavra ‘estratégia’ possui estreita
razão ou culpa, perde-se de vista uma dimensão
ligação com o ensino. Ensinar requer arte por parte
global do problema.
do docente, que precisa envolver o aluno e fazer com
Aqueles que lidam com as crianças em ele se encante com o saber. O professor precisa
situações de não-aprendizagem precisam ficar promover a curiosidade, a segurança e a criatividade
atentos ao que está acontecendo com seus alunos. para que o principal objetivo educacional, a
É necessário discutir sobre os motivos pelos quais aprendizagem do aluno, seja alcançada.
as crianças não aprendem, mas, sobretudo, é
Desse modo, o uso do termo “estratégias de
preciso repensar os meios e procedimentos que
ensino” refere-se aos meios utilizados pelos docentes
a escola pode implementar para minimizar as
na articulação do processo de ensino, de acordo com
condições de fracasso que são impostas aos
cada atividade e os resultados esperados.
alunos. Além disso, é necessário ter clareza de que
Anastasiou e Alves (2004, p. 71) advertem que:
não existem fórmulas prontas para a minimização
das dificuldades de aprendizagem. Ao contrário, As estratégias visam à consecução de
são necessárias alternativas de intervenções, uma objetivos, portanto, há que ter clareza sobre aonde se
reestruturação do trabalho pedagógico para

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
pretende chegar naquele momento com o processo Luckesi (1994, p. 105) ao analisar a forma
de ensinagem. como o planejamento de ensino é realizado, faz a
crítica de que a atividade é executada como um
Nessa perspectiva, os objetivos que
preenchimento de formulário e relata:
norteiam esse processo devem estar claros para os
sujeitos envolvidos – professores e alunos – e estar Começa-se pela coluna de conteúdos, que é
presentes no contrato didático, registrado no plano mais fácil. Os conteúdos já estão explícitos e
de ensino correspondente à disciplina a ser ordenados nos livros didáticos. Basta, para tanto,
ministrada. copiar o índice. A seguir, inventam-se os objetivos
que casem com os conteúdos indicados. De fato, o
Luckesi (1994) considera que os
planejamento exige o contrário: em primeiro lugar, o
procedimentos de ensino geram consequências
estabelecimento dos objetivos e, depois, encontrar os
para a prática docente: para se definir
conteúdos que os operacionalizem. As atividades
procedimentos de ensino com certa precisão, é
para efetivar esses conteúdos já estão definidas
necessário ter clara uma proposta pedagógica; é
“desde sempre”.
preciso compreender que os procedimentos de
ensino selecionados ou construídos são mediações Contudo, o uso de formas e procedimentos
da proposta pedagógica e metodológica, devendo de ensino deve considerar que o modo pelo qual o
estar estreitamente articulados; se a intenção é que aluno aprende não é um ato isolado, escolhido ao
efetivamente a proposta pedagógica se traduza em acaso, sem análise dos conteúdos trabalhados, sem
resultados concretos, tem-se que selecionar ou considerar as habilidades necessárias para a
construir procedimentos que conduzam a execução e dos objetivos a serem alcançados.
resultados, ainda que parciais, porém complexos
Nessa perspectiva, o quadro 1 a seguir
com a dinâmica do tempo e da história; ao lado da
apresenta uma lista comparativa de estratégias de
proposta pedagógica, o educador deve lançar mão
ensino (às vezes denominadas de métodos ou
dos conhecimentos científicos disponíveis; estar
instrumentos), indicadas por Anastasiou e Alves
permanentemente alerta para o que se está
(2004); Marion e Marion (2006).
fazendo, avaliando a atividade e tomando novas e
subsequentes decisões. Quadro 1: Estratégias de Ensino
No processo de ensino-aprendizagem, ANASTASIOU e ALVES MARION e MARION
vários são os fatores que interferem nos resultados (2004) (2006)
esperados: as condições estruturais da instituição
de ensino, as condições de trabalho dos docentes, Estratégias de Metodologias de
as condições sociais dos alunos, os recursos ensinagem ensino
disponíveis. Outro fator é o de que as estratégias aplicáveis à área de
de ensino utilizadas pelos docentes devem ser negócios
capazes de sensibilizar (motivar) e de envolver os
alunos ao ofício do aprendizado, deixando claro o Aula expositiva Aula expositiva
papel que lhes cabe. dialogada

O relatório Delors (2006, p. 19) ressalta a Estudo de texto Dissertação

atividade docente ao arguir que “cabe ao professor Portfólio
transmitir ao aluno, o que a humanidade já
aprendeu acerca de si mesma e da natureza, tudo o Tempestade cerebral
que ela criou e inventou de essencial”.
Mapa conceitual
Essa missão torna-se mais difícil quando se
Estudo dirigido Estudos dirigidos
analisa as precariedades dos sistemas educativos e
as mazelas sociais que se avolumam, sobretudo Lista de discussão por Projeção de fitas
nos países mais pobres. O avanço tecnológico e a meios Informatizados
naturalização das fortes alterações
comportamentais, sobretudo dos jovens, aumentam Solução de problemas Resolução de exercícios
a tensão na busca de alternativas metodológicas Philips 66
que possam atrair os estudantes para o mundo do
saber, o qual exige certo rigor e disciplina. Grupo de verbalização e
de observação (GO/GV)
A habilidade do professor em identificar
essas diferenças e escolher os processos de Dramatização Desempenho de papéis
ensinagem que melhor se adaptem às Seminário Seminário
características dos alunos com os quais trabalha e
que considerem as características dos conteúdos Estudo de caso Estudo de caso
em discussão, poderá fazê-lo mais bem-sucedido
Júri simulado Simulações
no seu ofício de educar.
Simpósio

Página 67
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ao objeto de estudo, assim
Painel Palestras e entrevistas
como das formas encontradas
Fórum Discussão e debates para superação. (ANASTASIOU;
ALVES, 2004,p. 81).
Oficina (laboratório ou Laboratórios e oficinas
workshop) Tempestade É uma possibilidade de
estimular a geração de novas
Estudo do meio cerebral
ideias de forma espontânea e
Ensino com pesquisa natural, deixando funcionar a
imaginação. Não há certo ou
Exposições e visitas errado. Tudo o que for levantado
Jogos de empresa será considerado, solicitando-
se, se necessário, uma
explicação posterior do
estudante. (ANASTASIOU;
Fonte: elaborado com base em
ALVES, 2004, p. 82).
ANASTASIOU e ALVES (2004, p. 79); MARION e
MARION (2006). Mapa Consiste na construção de um
A definição do uso de determinada conceitual diagrama que indica a relação
estratégia de ensino-aprendizagem considera os de conceitos em uma
perspectiva bidimensional,
objetivos que o docente estabelece e as habilidades
procurando mostrar as relações
a serem desenvolvidas em cada série de
hierárquicas entre os conceitos
conteúdos.
pertinentes à estrutura do
Visando aprofundar essa discussão e conteúdo. (ANASTASIOU;
considerando os objetivos deste estudo, o Quadro 2 ALVES, 2004, p. 83).
apresenta uma breve transcrição individualizada
das estratégias, a partir do entendimento de Estudo dirigido É o ato de estudar sob a
Anastasiou e Alves (2004), acrescidas das orientação e diretividade do
recomendações de Marion e Marion (2006) e professor, visando sanar
Petrucci e Batiston (2006), aplicáveis à área de dificuldades específicas. É
negócios. preciso ter claro: o que é a
sessão, para que e como é
Quadro 2: Definição das Estratégias de Ensino preparada. (ANASTASIOU;
ALVES, 2004, p. 84).
Estratégia Descrição
Descrição Estudo dirigido Permite ao aluno situar-se
e criticamente, extrapolar o texto
Aula expositiva É uma exposição do conteúdo,
para a realidade vivida,
com a participação ativa dos aulas
dialogada compreender e interpretar os
estudantes, cujo conhecimento orientadas
problemas propostos, sanar
prévio deve ser considerado e
dificuldades de entendimento e
pode ser tomado como ponto de
propor alternativas de solução;
partida. O professor leva os
Exercita no aluno a habilidade
estudantes a questionarem,
de escrever o que foi lido e
interpretarem e discutirem o
interpretá-lo; Prática dinâmica,
objeto de estudo, a partir do
criativa e crítica da leitura.
reconhecimento e do confronto
(MARION; MARION, 2006, p.
com a realidade.
42); (PETRUCCI; BATISTON,
(ANASTASIOU; ALVES, 2004,
2006, p. 279-280).
p. 79).
Lista de É a oportunidade de um grupo
Estudo de É a exploração de ideias de um
discussão de pessoas poder debater, à
texto autor a partir do estudo crítico
distância, um tema sobre o qual
de um texto e/ou a busca de por meios
sejam especialistas ou tenham
informações e exploração de
informatizados realizado um estudo prévio, ou
ideias dos autores estudados.
queiram aprofundá-lo por meio
(ANASTASIOU; ALVES, 2004,
eletrônico. (ANASTASIOU;
p. 80)
ALVES, 2004, p. 85).
Portfólio É a identificação e a construção
Ensino à As ferramentas usadas no
de registro, análise, seleção e
distância ensino à distância vão das mais
reflexão das produções mais
simples, como o ensino por
significativas ou identificação
correspondência sem apoio ou
dos maiores
tutoria, pela comunicação
desafios/dificuldades em relação

Página 68
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
apenas entre educador e Dramatização É uma apresentação teatral, a
educando, até os métodos mais partir de um foco, problema,
sofisticados, que incluem tema etc. Pode conter
esquemas interativos de explicitação de ideias, conceitos,
comunicação não presencial via argumentos e ser também um
satélite, ou por redes de jeito particular de estudo de
computadores. (PETRUCCI; casos, já que a teatralização de
BATISTON, 2006, p. 289-294). um problema ou situação
Ensino à É o enfrentamento de uma perante os estudantes equivale
distância situação nova, exigindo a apresentar-lhes um caso de
pensamento reflexivo, crítico e relações humanas.
Solução de (ANASTASIOU; ALVES, 2004,
criativo a partir dos dados
problemas p. 89).
expressos na descrição do
problema; demanda a aplicação Seminário É um espaço em que as ideias
de princípios, leis que podem ou devem germinar ou ser
não ser expressas em fórmulas semeadas. Portanto, espaço,
matemáticas. (ANASTASIOU; onde um grupo discuta ou
ALVES, 2004, p. 86). debata temas ou problemas que
Resolução de O estudo por meio de tarefas são colocados em
concretas e práticas tem por discussão.(ANASTASIOU;
exercícios ALVES, 2004, p. 90).
finalidade a assimilação de
conhecimentos, habilidades e Estudo de É a análise minuciosa e objetiva
hábitos sob a orientação do caso de uma situação real que
professor. (MARION; MARION, necessita ser investigada e é
2006, p. 46). desafiadora para os envolvidos.
(ANASTASIOU; ALVES, 2004,
Ensino em É uma estratégia
p. 91).
particularmente válida em
pequenos Júri simulado É uma simulação de um júri em
grandes turmas, pois consiste
grupos que, a partir de um problema,
em separar a turma em
pequenos grupos, para facilitar a são apresentados argumentos
discussão. Assim, despertará no de defesa e de acusação. Pode
aluno a iniciativa de pesquisar, levar o grupo à análise e à
de descobrir aquilo que precisa avaliação de um fato proposto
aprender. (PETRUCCI; com objetividade e realismo, à
BATISTON, 2006, p. 278-279). crítica construtiva de uma
situação e à dinamização do
grupo para estudar
Phillips 66 É uma atividade grupal em que profundamente um tema real.
são feitas uma análise e uma (ANASTASIOU; ALVES, 2004,
discussão sobre temas / p. 92).
problemas do contexto dos Simpósio É a reunião de palestras e
estudantes. Pode também ser preleções breves apresentada
útil para obtenção de informação por várias pessoas (duas a
rápida sobre interesses, cinco) sobre um assunto ou
problemas, sugestões e sobre diversos aspectos de um
perguntas. (ANASTASIOU; assunto. Possibilita o
ALVES, 2004, p. 87). desenvolvimento de habilidades
Grupo de É a análise de tema/problemas sociais, de investigação, amplia
sob a coordenação do experiências sobre um conteúdo
verbalização e
professor, que divide os específico, desenvolve
de
estudantes em dois grupos: um habilidades de estabelecer
observação de verbalização (GV) e outro de relações. (ANASTASIOU;
(GV/GO) observação (GO). É uma ALVES, 2004, p. 93).
estratégia aplicada com sucesso Painel É a discussão informal de um
ao longo do processo de grupo de estudantes, indicados
construção do conhecimento e pelo professor (que já
requer leituras, estudos estudaram a matéria em análise,
preliminares, enfim, um contato interessados ou afetados pelo
inicial com o tema. problema em questão), em que
(ANASTASIOU; ALVES, 2004, apresentam pontos de vista
p. 88). antagônicos na presença de
Página 69
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
outros. Podem ser convidados consequentes acertos.
estudantes de outras fases, (PETRUCCI; BATISTON, 2006,
cursos ou mesmo especialistas p. 286-288).
na área. (ANASTASIOU; Estudo do É um estudo direto do contexto
ALVES, 2004, p. 94). meio natural e social no qual o
Palestras Possibilidade de discussão com estudante se insere, visando a
a pessoa externa ao ambiente uma determinada problemática
universitário sobre um assunto de forma interdisciplinar. Cria
de interesse coletivo, de acordo condições para o contato com a
com um novo enfoque; realidade, propicia a aquisição
Discussão, perguntas, de conhecimentos de forma
levantamento de dados, direta, por meio da experiência
aplicação do tema na prática, vivida. (ANASTASIOU; ALVES,
partindo da realidade do 2004, p. 97).
palestrante. (MARION;
MARION, 2006, p. 42); Ensino com É a utilização dos princípios do
(PETRUCCI; BATISTON, 2006, pesquisa ensino associados aos da
p. 288-289). pesquisa: Concepção de
conhecimento e ciência em que
Fórum Consiste num espaço do tipo a dúvida e a crítica sejam
“reunião”, no qual todos os elementos fundamentais;
membros do grupo têm a assumir o estudo como situação
oportunidade de participar do construtiva e significativa, com
debate de um tema ou problema concentração e autonomia
determinado. Pode ser utilizado crescente; fazer a passagem da
após a apresentação teatral, simples reprodução para um
palestra, projeção de um filme, equilíbrio entre reprodução e
para discutir um livro que tenha análise.(ANASTASIOU; ALVES,
sido lido pelo grupo, um 2004, p. 98).
problema ou fato histórico, um
artigo de jornal, uma visita ou Exposições, Participação dos alunos na
uma excursão. (ANASTASIOU; excursões e elaboração do plano de trabalho
ALVES, 2004, p. 95). visitas de campo; Possibilidade de
integrar diversas áreas de
Discussão e Sugere aos educandos a conhecimento; Integração do
debate reflexão acerca de aluno, através da escola, com a
conhecimentos obtidos após sociedade, através das
uma leitura ou exposição, dando empresas; Visualização, por
oportunidade aos alunos para parte do aluno, da teoria na
formular princípios com suas prática;
próprias palavras, sugerindo a
aplicação desses princípios. Desenvolvimento do
(MARION; MARION, 2006, p. pensamento criativo do aluno e
42-44). visão crítica da realidade em
que ele se insere. (MARION;
Oficina É a reunião de um pequeno MARION, 2006, p. 37-38);
(laboratório ou número de pessoas com (PETRUCCI; BATISTON, 2006,
interesses comuns, a fim de p. 276-277).
worshop) estudar e trabalhar para o
conhecimento ou Jogos de Os alunos tornam-se agentes
aprofundamento de um tema, empresas do processo; São desenvolvidas
sob orientação de um habilidades na tomada de
especialista. Possibilita o decisões no nível administrativo,
aprender a fazer melhor algo, vivenciando-se ações
mediante a aplicação de interligadas em ambientes de
conceitos e conhecimentos incerteza; Permite a tomada de
previamente adquiridos. decisões estratégicas e táticas
(ANASTASIOU; ALVES, 2004, no gerenciamento dos recursos
p. 96). da empresa, sejam eles
materiais ou humanos;
Escritório, Proporciona ao aluno contato (MARION; MARION, 2006, p.
laboratório ou com a tecnologia da informação, 50); (PETRUCCI e BATISTON
os reflexos de má informação (2006, p. 281-283).
empresa gerada, as inúmeras
modelo possibilidades de erros e os Ensino O ensino individualizado é a

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
individualizado estratégia que procura ajustar o ANOTAÇÕES
processo de ensino-
__________________________________________
aprendizagem às reais
necessidades e características __________________________________________
do discente. (PETRUCCI;
__________________________________________
BATISTON, 2006, p. 294-298).
__________________________________________
Fonte: elaborado com base em
ANASTASIOU e ALVES (2004, p. 79); MARION e __________________________________________
MARION (2006); PETRUCCI e BATISTON (2006).
__________________________________________
Petrucci e Batiston (2006) ressaltam que as
estratégias apresentadas não são absolutas, nem __________________________________________
imutáveis, constituindo-se em ferramentas que __________________________________________
podem ser adaptadas, modificadas, ou combinadas
pelo docente, conforme julgar conveniente ou __________________________________________
necessário. __________________________________________
Tais adaptações devem ser realizadas __________________________________________
numa perspectiva da aprendizagem, como
responsabilidade não somente do professor, mas __________________________________________
uma parceira entre docente e discente, num __________________________________________
trabalho colaborativo.
__________________________________________
Pimenta e Anastasiou (2002, p. 214)
concebem que “ao aprender um conteúdo, __________________________________________
apreende-se também determinada forma de pensá-
__________________________________________
lo e de elaborá-lo, motivo pelo qual cada área exige
formas de ensinar e de aprender específicas, que __________________________________________
explicitem as respectivas lógicas”.
__________________________________________
Percebe-se que os procedimentos de
ensino se articulam entre si e operacionalizam __________________________________________
resultados desejados dentro de uma determinada __________________________________________
ótica teórica.
__________________________________________
De posse dessas informações, os
professores deveriam estruturar sua didática, de __________________________________________
modo a contemplar as diversas possibilidades que __________________________________________
facilitem e elevem os resultados do processo de
ensino-aprendizagem. __________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
É no ensino fundamental que ocorre o
processo de alfabetização, etapa de grande
relevância na trajetória educacional, sendo base para
DIFERENTES PROCESSOS DE todo o processo de aprendizagem que o aluno irá
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO passar. Sozim (2012) relata que em algumas escolas,
esse processo tem início ainda na Educação Infantil.
A invenção da escrita surgiu da A invenção da escrita surgiu da necessidade
necessidade de comunicação entre as pessoas. de comunicação entre as pessoas. Depois de
Depois de estudos entre os mais sábios (os estudos entre os mais sábios começou o
intelectuais da época) começou o desenvolvimento desenvolvimento da alfabetização para aprimorar o
da alfabetização para aprimorar o diálogo e a diálogo e a compreensão, pois além de escrever a
compreensão, pois além de escrever a pessoa pessoa também tinha a necessidade de ler.
também tinha a necessidade de ler.
Atualmente, percebe-se como a evolução
Por isso, a evolução que está ocorrendo está ocorrendo com o alfabetizar, pois além de ler e
com o alfabetizar é grande, pois além de ler e escrever, é primordial entender e compreender o que
escrever, é primordial entender e compreender o se está lendo. O letramento é a alfabetização mais
que se está lendo. aprimorada para que as crianças possam crescer
sabendo realizar a compreensão de um determinado
O letramento é a alfabetização mais
assunto através da leitura e conseguindo assim
aprimorada para que as crianças possam crescer
desenvolver uma redação com mais facilidade.
sabendo realizar a compreensão de um
determinado assunto através da leitura e Por isso a relevância desta pesquisa, para
conseguindo assim desenvolver uma redação com poder compreender como ocorre o alfabetizar com as
mais facilidade. Por isso a relevância desta crianças das séries iniciais, utilizando a prática do
pesquisa, para poder compreender como ocorre o letramento.
alfabetizar com as crianças das séries iniciais,
A Metodologia foi a pesquisa bibliográfica,
utilizando a prática do letramento.
que conforme Gil (2002), é realizada em artigos e
Contudo, depois de uma análise textos da literatura relacionados à temática. Com
bibliográfica sobre o assunto, pode-se concluir que isso, foi possível realizar e aprofundar o estudo sobre
é preciso que o professor e aluno estejam a área que se pretendeu conhecer, visando uma
interligados na teoria e prática, num contexto definição clara do assunto a ser analisado.
dinâmico que todos se tornem aprendizes e Almejando maior intimidade com o tema estudado e
construtores de histórias, com a qualidade maior conhecimento, esclarecimento e
pedagógica das aulas ficando em primeiro plano. E aperfeiçoamento dos dados apurados nas obras
que alfabetizar e letrar são uma proposta que veio consultadas.
para possibilitar o aluno chegar ao final do ensino
Nos primeiros anos, as crianças são
fundamental l com autonomia para fazer uso da
estimuladas através de atividades, lúdicas,
leitura e escrita de forma coerente e eficaz.
jogos, leituras, imagens e sons, principalmente no
O processo de alfabetização é essencial na primeiro nível. Baruel (2007) afirma que através dos
formação do aluno, pois terá influência direta no vários processos pedagógicos, busca-se conduzir a
seu processo de escolarização, o que muitas vezes criança ao conhecimento do mundo pessoal, familiar
acarreta em seu sucesso ou fracasso educacional. e social. Nas séries iniciais, apesar do aluno ainda
ser muito novo, o tempo de recreio, parque e
Sozim (2012, p.46) afirma que:
brincadeiras começam a diminuir e começam a
Sabe-se que a inserção da criança, no introduzir um pouco daquilo que conhecemos de
mundo da escrita, ocorre antes da sua entrada na escola tipo “normais”.
escola, para ser alfabetizada, pois seu
Ensino fundamental é o nome dado a uma
desenvolvimento anterior se faz numa sociedade
das etapas da educação básica no Brasil. Segundo
grafocêntrica. Assim sendo, a capacidade de
Almeida (2014), tem duração de nove anos, sendo a
produção escrita inicia-se na infância e amplia-se à
matrícula obrigatória para todas as pessoas com
medida que sua inserção cultural se desenvolve,
idade entre seis e catorze anos.
distinguindo-se dois conceitos: Alfabetização:
aprendizado do alfabeto, domínio e apreensão da A obrigatoriedade da matrícula nessa faixa
forma escrita, utilizada em duas funções que se etária implica a responsabilidade conjunta: dos pais
inter-relacionam: ler e escrever; Letramento: ou responsáveis, pela matrícula dos filhos; do Estado
relaciona-se diretamente ao ato de ler e escrever, pela garantia de vagas nas escolas públicas; da
ampliando-se, à medida que se faz uso dessas sociedade, por fazer valer a própria obrigatoriedade.
funções na vida social, utilizando-os num processo
A Educação Infantil compreende do zero até
mais amplo do que o decodificação de palavras, ou
os seis anos. Segundo Alves (2009) a partir dos seis
o registro delas.
anos (geralmente visto o marco no mês de março de
cada ano), a criança começa a estudar no Ensino
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Fundamental onde fica as séries iniciais que são o preciso considerar, ainda, os aspectos sociais e
1º ano até o 4º ano ou 5º (como o aumento de mais políticos que condicionam a aprendizagem, na
um ano - ou seja, considerando o Pré que antes era escola, da leitura e da escrita (SOARES, 2003, p.
da Educação Infantil). 21).
Moraes (2006) relata que o Pré da Segundo Morais (2006), no Brasil, a
Educação Infantil passou a fazer parte do Ensino alfabetização ganhou força com a institucionalização
Fundamental, sendo agora o 1° Ano desse ciclo. O da escola, após a proclamação da república,
Ensino Fundamental será organizado com cinco objetivando a tornar as gerações da época aptas à
anos iniciais para crianças de seis a dez anos e, nova ordem política e social.
com quatro anos finais, para adolescentes de 11 a
Pesquisas mostram problemas e desafios
14 anos.
encontrados na alfabetização de crianças no contexto
O autor citado a cima também afirma que o escolar que perpassam anos, causando muitas
primeiro ano do Ensino Fundamental deverá manter vezes, perplexidade entre alfabetizadores, poder
sua identidade pedagógica e de instalações, público e sociedade.
observando, ainda, as orientações do Ministério da
O que se identifica é um número extenso de
Educação de que a entrada no novo fundamental
alunos que não conseguem fazer o uso da escrita e
não pode representar uma ruptura com o processo
leitura no seu dia a dia, o que nos faz pensar no
anterior, vivido pelas crianças em casa ou na
processo de ensino-aprendizagem desenvolvido nas
instituição de Educação Infantil, mas sim uma forma
séries iniciais.
de dar continuidade as suas experiências para que
elas, gradativamente, sistematizem os Ao pensar em alfabetizar os educadores
conhecimentos. depara-se com algumas preocupações, dentre essas,
qual seria o melhor método para se trabalhar e
O QUE É ALFABETIZAR
alcançar os objetivos de uma alfabetização eficaz e
Com o passar dos tempos à necessidade eficiente?
para que as pessoas aprendessem a ler e escrever
É de suma importância que o educador tenha
mostrou - se cada vez mais visível, e a leitura e
a consciência de que a alfabetização não possui uma
escrita começou a ser transmitida de geração a
receita pronta, pois cada criança possui sua
geração, começando mostrar-se importante,
peculiaridade no processo ensino-aprendizagem. O
proporcionando mais espaço para o surgimento da
que se aplica para um indivíduo ou uma turma pode
alfabetização.
não obter sucesso em outras. Diante disso, o
Na época do surgimento da escrita, o educador deve se fazer de vários métodos para ter
processo de alfabetização era quase inexistente, sucesso nos seus ensinamentos.
não se tinha a consciência do que significava o
Ainda de acordo com Santos (2007), não
termo “alfabetização”, até porque nessa época a
existe apenas um método utilizado para se
necessidade de saber ler e escrever exigia muito
alfabetizar, pelo contrário, o educador pode se fazer
pouco do indivíduo. Exigia-se o básico das
valer de várias técnicas para alcançar o seu objetivo,
pessoas, visando que essas se comunicassem
o que vale de fato é o seu discernimento na hora de
minimamente a partir da leitura e escrita.
usar dos métodos, decidindo por aquele que se
De acordo com Paiva (2010) (apud Morais, adeque a cada aluno ou a cada turma.
2006), o processo de alfabetização chegou ao
Visando o sucesso do método de
Brasil com os Jesuítas. Estes quando aqui
alfabetização a ser utilizado se faz necessário que o
chegaram instituíram escolas e começaram a
professor conheça quem são os seus educandos,
ensinar um público restrito a ler e a escrever. Nessa
utilizando o método adequado as características do
época somente a elite tinha acesso ao ensino.
aluno/turma.
A partir do surgimento da alfabetização
DIFERENÇA ENTRE ALFABETIZAÇÃO E
muito tem se discutido sobre esse processo. Hoje, o
LETRAMENTO
termo alfabetização parece um tema comum e de
fácil compreensão e definição, porém, esse Discutir alfabetização e letramento é algo
processo não é de fácil entendimento, possuem complexo e dinâmico. Soares (2003) destaca que
dimensões complexas, diversas, com colaboração uma diferença fundamental entre a alfabetização e o
de diferentes áreas do conhecimento, de vários letramento está na ênfase posta nas relações entre
enfoques e visões, envolvendo professores e as práticas sociais da leitura e de escrita e a
alunos, além de seus contextos culturais, métodos, aprendizagem do sistema da escrita, sendo a
materiais e meios. alfabetização o ensinar a ler e escrever e o
letramento, o proporcionar o uso social dessas
A alfabetização é um processo de natureza
técnicas.
complexa. Trata-se de um fenômeno de múltiplas
facetas, que fazem dele um objeto de estudo de Nos países desenvolvidos, ou do Primeiro
várias ciências. O problema da alfabetização não Mundo, as práticas sociais de leitura e de escrita
está apenas na sua característica interdisciplinar, é assumem a natureza de problema relevante no
Página 73
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
contexto da constatação de que a população, É relevante também ter em mente, segundo
embora alfabetizada, não dominava as habilidades Alves (2009), que um processo complementa o outro,
de leitura e de escrita necessárias para uma e que nem a alfabetização, nem o letramento são
participação efetiva e competente nas práticas eficientes e eficazes sozinhos, porém, o que parece
sociais e profissionais que envolvem a língua estar acontecendo é o detrimento da alfabetização a
escrita (SOARES, 2003, p. 6). favor do letramento.
Degobi (2014) coloca que em pesquisa COMO O LETRAMENTO É PRATICADO
realizada nos Estados Unidos apontam que o PARA ALFABETIZAR
problema não está no não saber ler e escrever, e
Alfabetizar letrando é desenvolver ações
sim no domínio das competências da leitura e
significativas de aprendizagem sobre a língua, de
escrita.
modo a proporcionar situações onde a criança possa
Isso significa que os indivíduos conseguem interagir com a escrita a partir de usos reais
ler e escrever, porém, muitas vezes não expressos nas diferentes situações comunicativas,
compreendem o que fazem. Nesse sentido se dá a sendo este algo possível desde a educação infantil.
extensão do conceito de alfabetização em direção
Almeida (2014) também afirma que isto
ao conceito de letramento: do saber ler e escrever
implica levar para a sala de aula uma diversidade
para o ser capaz de fazer o uso da leitura e escrita.
textual que possibilite às crianças refletirem sobre a
Santos (2007, p. 96) aborda sobre língua que se escreve a norma culta ou padrão.
alfabetizar letrando, sendo indispensável:
No início do aprendizado a alfabetização era
Levar os alunos a apropriarem-se do considerada responsabilidade do professor de língua
sistema alfabético ao mesmo tempo em que portuguesa ou dessa área, o letramento passa a ser
desenvolvem a capacidade de fazer uso da leitura e de todos os educadores que trabalham com leitura e
escrita de forma competente e autônoma, tendo escrita, cada educador, é responsável pelo
como referência práticas autênticas de uso dos letramento em suas diferentes áreas de estudo.
diversos tipos de material escrito presentes na
Seu surgimento pode ser interpretado como
sociedade.
decorrência da necessidade de configurar e nomear
É importante ressaltar que “No Brasil, o comportamentos e práticas sociais na área da leitura
termo letramento não substitui a palavra de e da escrita que ultrapassam o domínio do sistema
alfabetização, mas aparece a ela associada”. alfabético e ortográfico, nível da aprendizagem da
(SOARES, 2003, p. 16). língua escrita perseguido, tradicionalmente, pelo
processo de alfabetização. (SOARES, 2003, p. 20).
Moraes (2006, p. 12), afirma que “É preciso
compreender que a alfabetização e o letramento O Letramento é utilizado na alfabetização,
são práticas distintas, porém, indissociáveis, para Frade (2007), como sistemas de leitura e escrita
interdependentes e simultâneas”. com os alunos, desse modo, se refere a um conjunto
de práticas, que vem modificando o aprendizado. Se
Ele chama a atenção para a prevalência do
realizada através da língua escrita nas situações em
conceito de letramento sobre a alfabetização,
que esta é necessária, lendo e produzindo textos.
ressaltando que ambos precisam ocorrer
paralelamente. Não é possível que o aluno aprenda Assim, pode se considerar que para o
apenas com a cultura letrada, é necessário que ele letramento dá certo para se alfabetizar, se faz
aprenda os códigos escritos, e ele não conseguirá relevante ensinar a ler e escrever dentro de um
esse aprendizado sozinho. contexto onde a escrita e a leitura tenham sentido e
façam parte da vida do aluno.
Não se pode negar uma prática ou outra, só
por ela está fundamentada em uma ou outra A partir das situações de letramento
concepção, mas sim, avaliar quais são as suas presentes em seu cotidiano, Soares (2003) relata
contribuições e se convêm serem utilizadas para que, uma vez que os textos apresentam situações
um processo de alfabetização significativa (ALVES, comunicativas diferenciadas, é possível o aluno
2009 p. 19). compreender que a estrutura e a organização dos
textos estão relacionadas a diferentes funções que
É importante compreender que os
exercem nas práticas cotidianas da realidade, ou
problemas não estão apenas no processo de
seja, uma carta, uma receita culinária, uma bula, um
alfabetização, no que se refere ao ato de ler e
anúncio de jornal, um bilhete, um folheto informativo,
escrever, mas principalmente, quando se exige a
dentre outros suportes textuais.
interpretação e raciocínio do que se lê e se escreve.
As práticas de letramento devem ocorrer de
O que acontece é a ausência do letramento
forma reflexiva a partir da apresentação de situações
no processo de alfabetização. É preciso ter o
problemas, em que, as crianças revelem
cuidado em não privilegiar um processo ou outro,
espontaneamente as suas hipóteses e sejam levados
pois os dois são importantes, sendo processos
a pensar sobre a escrita, participar, ler e escrever
diferentes, porém, indissociáveis e simultâneos.
com função social, utilizar textos significativos,

Página 74
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
interagir com a escrita, utilizar textos reais, que USO DE GÊNEROS E SUPORTES
circulam na sociedade, utilizar a leitura e a escrita TEXTUAIS
como forma de interação.
Parâmetros Curriculares Nacionais
Para Almeida (2014), o fazer diferenciado
da alfabetização na perspectiva do letramento exige “Cabe a escola viabilizar o acesso do aluno
do professor alfabetizador conhecimentos ao universo dos textos que circulam socialmente,
específicos acerca da natureza da aquisição da ensinar a produzi-los e a interpretá-los. Isso inclui os
leitura e da escrita, a fim de que possa textos das diferentes disciplinas, com os quais o
compreender a dinâmica do processo de aprender aluno se defronta sistematicamente no cotidiano
pelo aluno com vistas à sistematização do código escolar e, mesmo assim, não consegue manejar, pois
escrito. não há um trabalho planejado com essa finalidade”.
Portanto, alfabetizar Letrando não constitui (PCN, 1997, p.30)
um novo método de alfabetização, consiste na “Quando entram na escola, os textos que
utilização de textos variados no ambiente escolar, circulam socialmente cumprem um papel
melhorando assim a prática de somente alfabetizar, modalizador, servindo como fonte de referência,
sendo essa uma perspectiva pedagógica com repertório textual, suporte de atividade intertextual. A
metodologias relacionadas à aquisição da leitura e diversidade textual que existe fora da escola pode e
da escrita. deve estar a serviço da expansão do conhecimento
letrado do aluno”.
(PCN,1997,p.34)

Matriz de Língua Portuguesa SAEB/Prova

Brasil
No tópico II, 5º Ano – Implicações do suporte,
do gênero e/ou do enunciador na compreensão do
texto, (assim como nas Capacidades das Matrizes
Curriculares da Ed. Infantil e 1º ao 3º):
- Identificar a finalidade de textos de
diferentes gêneros e sua função social
O aluno deve reconhecer o tipo de gênero –
notícia, fábula, aviso, anúncio, carta, convite,
instrução, propaganda, entre outros, identificando a
sua finalidade: informar, convencer, advertir, instruir,
explicar, comentar, divertir, solicitar, recomendar, etc.
Por que é importante trabalhar os Gêneros
Textuais e seus Suportes?
- Ampliam, diversificam e enriquecem a
capacidade de produção, interpretação e utilização
de textos orais e escritos de formas concretas na
participação social.
- Aprimoram a capacidade de recepção, isto
é, de leitura, possibilitando a compreensão e
interpretação de textos a partir de suas funções
sociais delimitadas no exterior da escola.
- Segundo Marcuschi (2002, p. 36), “O
trabalho com gêneros será uma forma de dar conta
do ensino dentro de um dos vetores da proposta
oficial dos Parâmetros Curriculares Nacionais que
insistem nesta perspectiva”, o gênero assume,
portanto, o papel de objeto de ensino e
aprendizagem a fim de melhor instrumentalizar o
professor.
OS GÊNEROS TEXTUAIS
Aristóteles (384-322 a.C.) filósofo grego,
classificou as obras literárias em três gêneros:
- Lírico (função emotiva/poesias);

Página 75
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Épico (narrativas heroicas em versos); “estou assistindo uma dissertação”, mas “um jornal,
uma novela”.
- Dramático (todo tipo de
representação/cenas e atos). Fica claro, então, que os tipos de textos são
finitos, limitados, enquanto os gêneros infinitos, pois
Podem ser desiguais em certas funções , e
como construtos históricos são “relativamente
é por isso que se proliferam para dar conta da
estáveis”, conforme assevera Bakthin (1992). Os
variedade de atividades desenvolvidas no dia-a-dia.
gêneros são assim dinâmicos, fluidos, enquanto os
A circulação dos gêneros textuais na tipos são estáticos, protótipos textuais, com
sociedade mostra como ela própria se organiza em categorias próprias (descrição, narração, dissertação)
todos os seus aspectos. Serve inclusive para limitados e finitos.
perceber como se organizam valores e como se
Gêneros encontrados no contexto familiar
opera com eles. E se a escrita está envolvida,
ocorre uma visão diversa da parte de quem lê e de - lista de compras/ de materiais/ de dívidas a
quem não lê, o que permite uma sócio análise das pagar,
relações entre gêneros e letramento.
- endereços, cartas pessoais, avisos,
Gênero como categoria fluida letreiros,
As categorias literárias foram se ampliando - nomes de ruas, receita médica, rótulos,
e subdividindo até entrarem em crise com a forma
- convites, anúncios, publicidades, cartazes,
clássica.
- calendários de parede,
Hoje, a noção de gênero ampliou-se para
toda a produção textual. - certidões – de nascimento, de casamento...,
Os gêneros são formas culturais e - contas de água, de luz, de telefone,
cognitivas de ação social corporificadas na
linguagem, por isso é flexível e variável: adaptam- - carteira de identidade, cadastro,
documentos...,
se, renovam-se, multiplicam-se – estão
profundamente envolvidos com as diversas formas - bula de remédio, orações, Bíblia...
de comunicação existentes.
Numa sociedade altamente letrada como a
Classificação dos Gêneros nossa, o conhecimento dos gêneros da escrita é
Devido às grandes variações dos gêneros e “inescapável”.
com variadas perspectivas, já não é tão prioritário Observa-se que a maioria dos gêneros do
classificar e sim determinar os critérios da categoria contexto familiar são apenas recebidos, e não
gênero textual. produzidos; e isso tem também relação com o grau
de letramento.
Lembre-se: a imagem também é texto!
Função dos gêneros: Assim como as obras literárias, os filmes
podem ser agrupados por gênero: ação, aventura,
A função de um gênero textual pode mudar clássico, comédia, documentário, drama, épico,
dependendo de onde está inserido: ficção científica, guerra, infantil, musical, policial,
religioso, romance, suspense, terror, faroeste...
- Um testamento de algum Imperador que
se acha exposto num museu. - Reconhecer os Gêneros, sua finalidade, e
características é imprescindível e eles devem ser
Ele continua sendo um testamento, ou
trabalhados desde a pré-escola;
agora é apenas um documento histórico sem a
função de testamento? Os gêneros organizam a nossa fala e escrita
assim como a gramática organiza as formas
- Uma propaganda dentro de um livro
linguísticas, assim pode-se dizer que os gêneros são
didático.
um tipo de gramática social, ou gramática da
Ela continua sendo uma propaganda, ou ali enunciação;
tem outra função?
- O ensino por base em gêneros deveria
Tipos de Texto ou Gênero Textual – São orientar-se mais para os aspectos da realidade do
a mesma coisa? aluno do que para os gêneros poderoso, pelo menos
como ponto de partida (contextualização).
Cotidianamente a distinção entre gênero e
tipologia é bastante simples: OS SUPORTES TEXTUAIS
Diante de uma pergunta “O que você está Suporte “é aquilo que suporta ou sustenta
lendo?” ninguém afirmaria “estou lendo uma alguma coisa; base física (de qualquer material) na
narração”, mas “estou lendo um romance, um qual se registram informações impressas,
artigo, etc.”. Da mesma forma se nos perguntam “O manuscritas, fotografadas, etc”.
que você está assistindo?”, não responderíamos

Página 76
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Entende-se como suporte de um gênero, ANOTAÇÕES
um lócus físico ou virtual com formato específico
__________________________________________
que serve de base ou ambiente de fixação do
gênero materializado como texto. (superfície física __________________________________________
em formato específico que suporta, fixa e mostra
__________________________________________
um texto).
__________________________________________
Exemplos:
__________________________________________
Jornal- Suporte
__________________________________________
Reportagens Jornalísticas – Gêneros
__________________________________________
Capa de filmes – Suporte
__________________________________________
Conteúdos – Gêneros
__________________________________________
Outdoor – Suporte
__________________________________________
Mensagens – Gêneros
__________________________________________
Livro Didático – Suporte
__________________________________________
Textos – Gêneros
__________________________________________
Suporte Convencional e Incidental
__________________________________________
Os suportes convencionais – Foram
elaborados tendo em vista a sua função de __________________________________________
portarem ou fixarem textos: jornais, livros, revistas, __________________________________________
folders, faixas, outdoors, quadro de avisos; orais:
rádio, televisão, telefone... __________________________________________

Os suportes incidentais – Podem trazer __________________________________________

textos, mas não são destinados a esse fim: troncos __________________________________________
de árvores (mensagem de amor), corpo humano
(tatuagem), para-choques de caminhão, roupas, __________________________________________
muros, ônibus, fachadas de paredes... __________________________________________
Afinal, o que é importante analisar nos __________________________________________
gêneros e seus suportes?
__________________________________________
- quem escreve?
__________________________________________
- para quem escreve?
__________________________________________
- onde circula e por quê?
__________________________________________
- por que escreve? (função social)
__________________________________________
- por que se escreve “dessa” maneira?
(contexto histórico) __________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________

Página 77
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O livro infantil é, então, relativamente
recente. È preciso esclarecer de que livro está se
falando, pois nessa categoria se incluem os livros de
A Literatura e a Criança aprender a ler, os livros das diferentes disciplinas
escolares; os que não são caracterizados pela
Sempre que uma atividade intelectual se aprendizagem formal; os livros sem palavras, os
manifesta por intermédio da palavra, cai, desde chamados álbuns de gravuras, que representam uma
logo no domínio da Literatura. A literatura, porém, comunicação visual pelo desenho-anterior as letras.
não abrange apenas, o que se encontra escrito, se
bem que essa pareça à maneira mais fácil de A literatura é um agente formador por
reconhecê-la, talvez pela associação que se excelência, então o professor precisa estar atento às
estabeleça entre “literatura” e “letras”. transformações do momento e reorganizar seu
próprio conhecimento ou consciência de mundo.
A literatura precede o alfabeto. Os iletrados
possuem sua literatura. Os povos primitivos alheios Cada época compreendeu e produziu
às disciplinas de ler e escrever, também compunha literatura a seu modo, conhecer a literatura que cada
seus cânticos, suas lendas, suas histórias, época destinou as crianças e jovens, é conhecer os
exemplificando sua experiência e sua moral com ideais e valores que fundamentam a sociedade, sem
provérbios, adivinhações, representações essa critica qualquer ação educativa é sustentáculo
dramáticas transmitidos de memória em memória e da condição de alienação.
de boca em boca.
Disse Cecília Meireles, “a literatura não é,
Afinal de contas, a literatura infantil faz como tantos supõem, um passatempo. È uma
parte da literatura geral? Evidentemente, tudo é nutrição”. Poetas e escritores fazem parte de um
uma literatura só. A dificuldade está em delimitar o universo de cultura muito amplo: a literatura.
que se considera como especialmente do âmbito
A Literatura é a expressão do belo, fenômeno
infantil.
de criatividade que representa o mundo, homem, a
As primeiras obras infantis surgiram no final vida, através da palavra, portanto é arte. È um
do século XVII, mas é a partir do século XVIII que a instrumento de difusão de valores pessoais,
criança passa a ser considerada um ser diferente coletivos, morais, sociais, enfim, é uma expressão
do adulto, com necessidades e características “da alma” de alguém face ao mundo.
próprias e deveria receber uma educação especial,
O que se propõe como princípio que deve
que a preparasse para a vida adulta. O escritor
orientar o fazer pedagógico é que, entrar no universo
francês Charles Perreault realizou a coleta de
da leitura e escrita é operar com signos e significados
contos populares e foi o responsável pelo primeiro
dentro de um mundo pleno de valores e de sentidos
surto de literatura infantil (Contos de Fada).
historicamente produzidos e socialmente marcados.
As obras literárias deste período assumiram Para Luiz Percival Leme de Brito quando se pensa
o papel de distração e mercadoria, por serem em um sujeito autônomo supõe por em questão as
manipuladas pela burguesia que produzia livros formas de dominação.
com conceitos visando moldar as crianças segundo
O desafio da educação infantil é construir
os seus interesses financeiros; mas no decorrer dos
bases para que as crianças possam desenvolver-se
anos, a Literatura Infantil passou a ser vista sob um
como pessoas plenas e de direitos e, assim participar
novo aspecto.
da cultura escrita. Ser pessoas desejosas de
No Brasil, a Literatura Infantil só chegou ao embrenhar-se em outros mundos possíveis que a
final do século XIX. A literatura oral prevaleceu até literatura nos oferece, dispostas a identificar-se com
esse período com o misticismo e o folclore das os outros semelhantes ou solidarizar-se com o
culturas indígenas, africanas e européias. Carlos diferente e capaz de apreciar qualidade literária.
Jansen e Alberto Figueiredo Pimentel foram os
Ouvir e ler histórias é entrar em um mundo
primeiros brasileiros a se preocuparem com a
encantador, cheio ou não de mistérios e surpresas,
literatura infantil no país, traduzindo as mais
mas sempre muito interessante, curioso, que diverte
significativas páginas dos hoje considerados
e ensina. É na relação lúdica e prazerosa da criança
"clássicos" para a garotada. Com Thales de
com a obra literária que temos uma das
Andrade, em 1917, é que a literatura infantil
possibilidades de formarmos o leitor. É na exploração
nacional teve início. E foi em 1921 que nosso
da fantasia e da imaginação que instiga-se a
grande Monteiro Lobato estreou com "Narizinho
criatividade e se fortalece a interação entre texto e
Arrebitado", apresentando ao mundo Emília, a mais
leitor. Quem de nós não lembra com saudades das
moderna e encantadora fada humanizada.
histórias lidas e ouvidas quando crianças? Daquela
No entanto, só após a década de 70 houve historinha contada por nossos pais ao pé da cama
um grande desenvolvimento da literatura para antes de dormir? Ou daquela contada e interpretada
crianças com a entrada de grandes editoras no pela professora nas primeiras séries do ensino
mercado. fundamental?

Página 78
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Na interação da criança com a obra literária diverte a criança, o conto de fadas a esclarece sobre
está a riqueza dos aspectos formativos nela si mesma, e favorece o desenvolvimento de sua
apresentados de maneira fantástica, lúdica e personalidade. Oferece significado em tantos níveis
simbólica. A intensificação dessa interação, através diferentes, e enriquece a existência da criança de
de procedimentos pedagógicos adequados, leva a tantos modos que nenhum livro pode fazer justiça à
criança a uma maior compreensão do texto e a uma multidão e diversidade de contribuições que esses
compreensão mais abrangente do contexto. Uma contos dão à vida da criança (p.20).
obra literária é aquela que mostra a realidade de
Na concepção de Aguiar & Bordini (1993), a
forma nova e criativa, deixando espaços para que o
obra literária pode ser entendida como uma tomada
leitor descubra o que está nas entrelinhas do texto.
de consciência do mundo concreto que se caracteriza
A literatura infantil, portanto, não pode ser pelo sentido humano dado a esse mundo pelo autor.
utilizada apenas como um "pretexto" para o ensino Assim, não é um mero reflexo na mente, que se
da leitura e para o incentivo à formação do hábito traduz em palavras, mas o resultado de uma
de ler. Para que a obra literária seja utilizada como interação ao mesmo tempo receptiva e criadora.
um objeto mediador de conhecimento, ela necessita Essa interação se processa através da mediação da
estabelecer relações entre teoria e prática, linguagem verbal, escrita ou falada. (p.14).
possibilitando ao professor atingir determinadas
Concordando com essas autoras,
finalidades educativas. Para tanto, uma
Cademartori (1994, p.23), afirma que a literatura
metodologia baseada em um ensino por projetos é
infantil se configura não só como instrumento de
uma das possibilidades que tem evidenciado bons
formação conceitual, mas também de emancipação
resultados no ensino de língua materna.
da manipulação da sociedade. Se a dependência
UM POUCO DA HISTÓRIA DA infantil e a ausência de um padrão inato de
LITERATURA INFANTIL comportamento são questões que se interpenetram,
configurando a posição da criança na relação com o
A literatura infantil divide-se em dois
adulto, a literatura surge como um meio de
momentos: a escrita e a lendária. A lendária nasceu
superação da dependência e da carência por
da necessidade que tinham as mães de se
possibilitar a reformulação de conceitos e a
comunicar com seus filhos, de contar coisas que os
autonomia do pensamento.
rodeavam, sendo estas apenas contadas, não
sendo registradas por escrito. Os primeiros livros Poucas crianças têm o hábito de ler em
infantis surgiram no século XVII, quando da escrita nosso país. A maioria tem o primeiro contato com a
das histórias contadas oralmente. Foram obras de literatura apenas quando chega à escola. E a partir
fundo satírico, concebidas por intelectuais que daí, vira obrigação, pois infelizmente muitos de
lutavam contra a opressão para estigmatizar e nossos professores não gostam de trabalhar com a
condenar usos, costumes e personagens que literatura infantil e talvez desconheçam técnicas que
oprimiam o povo. Os autores, para não serem ajudem a "dar vida às histórias" e que,
atingidos pela força do despotismo, foram consequentemente, produzam conhecimentos.
obrigados a esconder suas intenções sob um manto Muitos não levam em conta o gosto e a faixa etária
fantasioso (Cademartori, 1994). em que a criança se encontra, sendo que muitas
vezes o livro indicado ou lido pelo professor está
O início da literatura infantil pode ser
além das possibilidades de compreensão dela em
marcado com Perrault, entre os anos de 1628 e
termos de linguagem.
1703, com os livros "Mãe Gansa", "O Barba Azul",
"Cinderela", "A Gata Borralheira", "O Gato de Uma história traz consigo inúmeras
Botas" e outros. Depois disso, apareceram os possibilidades de aprendizagem. Entre elas estão os
seguintes escritores: Andersen, Collodi, Irmãos valores apontados no texto, os quais poderão ser
Grimm, Lewis Carrol, Bush. No Brasil, a literatura objeto de diálogo com as crianças, possibilitando a
infantil pode ser marcada com o livro de Andersen troca de opiniões e o desenvolvimento de sua
"O Patinho Feio", no século XX. Após surgiu capacidade de expressão. O estabelecimento de
Monteiro Lobato, com seu primeiro livro "Narizinho relações entre os comportamentos dos personagens
Arrebitado" e, mais adiante, muitos outros que até da história e os comportamentos das próprias
hoje cativam milhares de crianças, despertando o crianças em nossa sociedade possibilita ao professor
gosto e o prazer de ler (Cademartori, 1994). desenvolver os múltiplos aspectos educativos da
literatura infantil.
LITERATURA INFANTIL: UM MUNDO DE
IMAGINAÇÃO, SONHOS E FANTASIAS Experiências felizes com a literatura infantil
em sala de aula são aquelas em que a criança
A criança que desde muito cedo entra em
interage com os diversos textos trabalhados de tal
contato com a obra literária escrita para ela terá
forma que possibilite o entendimento do mundo em
uma compreensão maior de si e do outro. Terá a
que vivem e que construam, aos poucos, seu próprio
oportunidade de desenvolver seu potencial criativo
conhecimento. Para alcançarmos um ensino de
e ampliar os horizontes da cultura e do
qualidade, se faz necessário que o professor
conhecimento, percebendo o mundo e a realidade
descubra critérios e que saiba selecionar as obras
que a cerca. Para Bettelheim (1996), enquanto
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
literárias a serem trabalhadas com as crianças. Ele enxergar com os olhos do imaginário! (Abramovich,
precisa desenvolver recursos pedagógicos capazes 1995, p. 17).
de intensificar a relação da criança com o livro e
UM ENSINO POR PROJETOS
com seus próprios colegas. Segundo Bettelheim
(1996), para que uma estória realmente prenda a A Pedagogia de Projetos é um tipo especial
atenção da criança, deve entretê-la e despertar sua de pesquisa-ação que também está preocupada com
curiosidade. Mas para enriquecer sua vida, deve a melhora e transformação da prática social, sendo
estimular-lhe a imaginação: ajudá-la a desenvolver centrada em uma sucessão organizada de tarefas.
seu intelecto e a tornar claras suas emoções; estar Segundo Richter 1997, a Pedagogia de Projetos
harmonizada com suas ansiedades e aspirações;
reconhecer plenamente suas dificuldades e, ao ... consiste em uma Investigação-Ação cuja
ação social transformadora a realizar é
mesmo tempo, sugerir soluções para os problemas
(essencialmente) uma ação comunicativa. Esta pode
que a perturbam. (p.13).
se corporificar em diferentes linguagens e veículos;
Ao trazer a literatura infantil para a sala de mas pretende operar alguma modificação no
aula, o professor estabelece uma relação dialógica ambiente social abrangido pelo veículo da
com o aluno, o livro, sua cultura e a própria comunicação ... é um ensino-baseado-em-tarefa ... é
realidade. Além de contar ou ler a história, ele cria um ensino centrado no aluno, processual em termos
condições em que a criança trabalhe com a história de todos os parâmetros de curso ... a aquisição da
a partir de seu ponto de vista, trocando opiniões linguagem se dá em bases interacionistas ... (p. 55, ).
sobre ela, assumindo posições frente aos fatos
Os Parâmetros Curriculares Nacionais
narrados, defendendo atitudes e personagens,
criando novas situações através das quais as (PCNs) da Língua Portuguesa também mencionam o
próprias crianças vão construindo uma nova ensino por meio de projetos. Segundo os autores,
história. Uma história que retratará alguma vivência ...os projetos são excelentes situações para
da criança, ou seja, sua própria história. De acordo que os alunos produzam textos de forma
com Abramovich (1995, p.17), contextualizada - além do que, dependendo de como
se organizam, exigem leitura, escuta de leituras,
Ler histórias para crianças, sempre, sempre
... É poder sorrir, rir, gargalhar com as situações produção de textos orais, estudo, pesquisa e outras
vividas pelas personagens, com a ideia do conto ou atividades. ... Os projetos, além de oferecerem reais
condições de produção de textos escritos, carregam
com o jeito de escrever dum autor e, então, poder
exigências de grande valor pedagógico:
ser um pouco cúmplice desse momento de humor,
de brincadeira, de divertimento ... É também ...podem apontar a necessidade de ler e
suscitar o imaginário, é ter a curiosidade respondida analisar uma grande variedade de textos e
em relação a tantas perguntas, é encontrar outras portadores do tipo que se vai produzir: como se
ideias para solucionar questões (como as organizam, que características possuem ou quais
personagens fizeram ...). É uma possibilidade de têm mais qualidade;
descobrir o mundo imenso dos conflitos, dos
impasses, das soluções que todos vivemos e ...o exercício de o escritor ajustar o texto à
atravessamos - dum jeito ou de outro - através dos imagem que faz do leitor fisicamente ausente permite
problemas que vão sendo defrontados, enfrentados que o aluno aprenda a produzir textos escritos mais
(ou não), resolvidos (ou não) pelas personagens de completos, com características de textos escritos
cada história (cada uma a seu modo) ... É a cada mesmo;
vez ir se identificando com outra personagem (cada ... a necessidade de revisão e de cuidado
qual no momento que corresponde àquele que está com o trabalho se impõe, pois a legibilidade passa a
sendo vivido pela criança) ... e, assim, esclarecer ser um objetivo deles;
melhor as próprias dificuldades ou encontrar um
caminho para a resolução delas ... ... é possível uma intersecção entre
conteúdos de diferentes áreas;
Portanto, a conquista do pequeno leitor se
dá através da relação prazerosa com o livro infantil, ... favorecem o necessário compromisso do
onde sonho, fantasia e imaginação se misturam aluno com sua própria aprendizagem. (1997, p.70-
numa realidade única, e o levam a vivenciar as 73).
emoções em parceria com os personagens da O trabalho com a literatura infantil
história, introduzindo assim situações da realidade. desenvolvido via projetos proporciona uma "vida
É ouvindo histórias que se pode sentir cooperativa" no ambiente de sala de aula. A criança
(também) emoções importantes, como a tristeza, a passa a viver com mais responsabilidades e
raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o autonomia, fazendo parte de um grupo que incentiva
pavor, a insegurança, a tranquilidade, e tantas e provoca conflitos. Um ensino por projetos, portanto,
outras mais, e viver profundamente tudo o que as é permitir a crianças que construam o sentido de sua
narrativas provocam em quem as ouve - com toda a atividade de aluno. É aceitar que um grupo viva com
amplitude, significância e verdade que cada uma suas alegrias, entusiasmos, conflitos, choques, com
delas fez (ou não) brotar ... Pois é ouvir, sentir e sua experiência própria e todos os lentos caminhos

Página 80
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
que levam às realizações complexas. Vida ANOTAÇÕES
cooperativa da aula e projetos ... Projetos
__________________________________________
referentes à vida cotidiana, projetos-
empreendimentos, projetos de aprendizado, __________________________________________
cooperativamente definidos, cooperativamente
__________________________________________
construídos, cooperativamente avaliados (Jolibert,
1994, p.21). __________________________________________
Através da Pedagogia de Projetos, a __________________________________________
criança antecipa e organiza o texto
__________________________________________
adequadamente, exigindo de sim mesma que leve a
sua tarefa até o fim. Entretanto, por mais autônoma __________________________________________
que seja, a criança não deixa de aceitar a ajuda que
__________________________________________
seus parceiros podem oferecer-lhe e vice-versa,
adquirindo, desta forma, auto-estima e senso __________________________________________
crítico. No ensino por projetos, a criança não age
__________________________________________
passivamente, ela:
__________________________________________
... conhece seus objetivos; aprende a
planejar seu trabalho, que irá se estender por várias __________________________________________
sessões; irá produzir um tipo de texto identificado
__________________________________________
desde o começo; engaja-se pessoalmente na
escrita; tem necessidade de uma turma para __________________________________________
confrontar e melhorar sua produção." (Jolibert,
__________________________________________
1999, p.34).
__________________________________________
Em um ensino por projetos destaca-se a
produção coletiva e colaborativa do conhecimento, __________________________________________
implicando em: __________________________________________
a) organização, por parte do grupo, do que __________________________________________
se quer escrever;
__________________________________________
b) o controle entre o que já está escrito e o
que falta escrever; __________________________________________
c) o acordo entre as crianças que fazem __________________________________________
parte do grupo; __________________________________________
d) a distribuição de tarefas e __________________________________________
responsabilidades.
__________________________________________
Portanto, em um ensino através de
projetos, segundo Jolibert (1994), __________________________________________
A vida cooperativa da sala de aula, e da __________________________________________
escola, e a prioridade conferida à prática da __________________________________________
elaboração e conduta de projetos explicitadamente
definidos juntos permitem, de uma maneira __________________________________________
exemplar, que a criança viva seus processos __________________________________________
autônomos de aprendizado e se insira num grupo e
num meio considerados como estrutura que __________________________________________
estimula, que exige, que valoriza, que provoca __________________________________________
contradições e conflitos e que cria
responsabilidades. Fazer viver uma aula __________________________________________
cooperativa é efetuar uma escolha de educador. __________________________________________
Significa acabar com o monopólio do adulto que
decide, recorta, define ele mesmo as tarefas e torna __________________________________________
asséptico o meio. É fazer a escolha de um processo __________________________________________
que leva a turma a se organizar, a dar-se as regras
de vida e de funcionamento, gerir seu espaço, seu __________________________________________
tempo e seu orçamento. Para conseguir tal __________________________________________
empreendimento tem de: escolher, engajar-se,
implementar, responsabilizar-se, regular, realizar, __________________________________________
discutir, comentar, criticar, avaliar, viver (p.20-21). __________________________________________
__________________________________________

Página 81
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
para a reflexão e a discussão em grupo", observa
Muniz.
Entender como as crianças aprendem é
fundamental

O que ensinar em MATEMÁTICA Os conhecimentos sobre como as crianças

aprendem Matemática têm mais de 30 anos, mas
É cada vez maior o conhecimento sobre ainda não constam dos currículos dos cursos de
como as crianças aprendem conceitos licenciatura. Aos poucos, aparecem em programas
matemáticos. Pesquisas sobre a didática da de formação continuada, mostrando maneiras
disciplina aos poucos chegam aos cursos de eficientes de ensino da disciplina.
formação e começam a difundir uma nova maneira
O foco dessa tendência que coloca o aluno
de ensinar. O que antes era considerado erro do
no centro do processo de aprendizagem é apresentar
aluno ou falta de conhecimento do conteúdo (leia
a ele situações-problema para resolver. "O docente
quadro abaixo) agora se revela como a expressão
de diferentes formas de raciocinar sobre um tem o papel de mediador, ajudando a construir os
problema, que devem ser compreendidas e levadas conceitos e fazendo com que o estudante tenha
consciência do que faz na hora de responder as
em consideração pelo professor no planejamento
questões", afirma Sandra Baccarin, do Compasso,
das intervenções, como se pode acompanhar nas
grupo de pesquisa em Educação Matemática da
fotos que ilustram esta reportagem.
UnB.
No decorrer do século 20, as discussões se
intensificaram, motivadas pelas descobertas da No livro Didática da Matemática, Roland
psicologia do desenvolvimento e da abordagem Charnay afirma: "O aluno deve ser capaz não só de
repetir ou refazer, mas também de ressignificar
socioconstrutivista, feitas principalmente pelo
diante de novas situações, adaptando e transferindo
cientista suiço Jean Piaget (1896-1980) e pelo
seus conhecimentos para resolver desafios".
psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky (1896-1934).
"No Brasil, foi nas décadas de 1950 e 60 Guy Brousseau, ao construir a teoria sobre o
que os educadores passaram a se preocupar com a contrato didático, descreveu as relações entre o
professor, o saber e o aluno. O docente tem a função
baixa qualidade do desempenho dos
de criar situações didáticas em que nem tudo fica
estudantes.Em diversos países, propostas para
explícito (são os obstáculos). À criança cabe pensar
enfrentar as dificuldades começaram a ser
em possíveis caminhos para resolvê-las, formulando
construídas e, da busca de soluções, surgiu um
novo campo de conhecimento", explica Célia Maria variadas hipóteses sem ter a necessidade de dar
Carolino Pires, do Programa de Estudos Pós- nenhuma resposta imediata. Esse segundo momento
é chamado de adidático. É aí que o aluno usa a
Graduados em Educação Matemática da Pontifícia
própria lógica para produzir. "Assim, começamos a
Universidade Católica de São Paulo. Na França,
preparar os jovens para pensar de forma autônoma",
essa área do saber é chamada de didática da
destaca Cristiano Muniz. Depois disso, é tarefa do
Matemática e os os principais pesquisadores são
Guy Brousseau, Gérard Vergnaud, Régine Douady professor retomar o planejado, para analisar as
e Nicolas Balacheff. No Brasil, ela também é hipóteses da turma e sistematizar o aprendizado.
conhecida como Educação Matemática. Para compreender melhor as condições de
ensino, Gérard Vergnaud elaborou a teoria dos
"As pesquisas francesas deram aporte a
campos conceituais. Ao estudar como as crianças
investigações que concebem o aluno como sujeito
ativo na produção do conhecimento e considera as resolvem problemas de soma e subtração, o francês
formas particulares de aprender e pensar", resume percebeu que elas procuram a resposta usando
procedimentos diversos do tradicional, com base em
Cristiano Alberto Muniz, coordenador adjunto do
vivências e aprendizados anteriores.
Programa de Pós-Graduação em Educação da
Universidade de Brasília (UnB). Essa abordagem Foi assim que ele classificou os
tem implicações didáticas, pois coloca o professor problemas do campo aditivo em seis tipos:
como conhecedor do processo de aprendizagem,
da natureza dos conteúdos e das intervenções mais - dois de transformação (alteração do estado
adequadas para ensinar. inicial por meio de uma situação inicial, positiva ou
negativa);
Aulas em que se expõem conceitos,
fórmulas e regras e depois é exigida a repetição de - combinação de medidas (junção de
exercícios, tão usadas até hoje, têm origem no conjuntos de quantidades preestabelecidas);
começo do século 20. Porém sabe-se que elas não - comparação (confronto de duas
são a melhor opção para a Educação Matemática. quantidades para achar a diferença);
"Procedimentos clássicos podem ser utilizados
desde que tenham coerência com os objetivos do - composição de transformações (alterações
planejamento e estejam acompanhados de tempo sucessivas do estado inicial); e

Página 82
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- estados relativos (transformação de um relacionados, principalmente, ao sistema de
estado relativo em outro estado relativo). numeração e à aritmética.
Da mesma forma, ele classificou as 1837 Geometria, álgebra, trigonometria e
questões relativas ao campo multiplicativo em três: mecânica começam a ser ensinadas no recém-criado
proporcionalidade, organização retangular e ensino secundário do Colégio Pedro II. A Matemática
combinatória. deixa de ser conhecimento técnico e adquire um
caráter preparatório para o Ensino Superior.
Descobrir estratégias e socializá-las com
os colegas 1856 Os primeiros livros didáticos de
Matemática feitos no país e adotados pelas escolas
Ciente da capacidade dos pequenos de
de Educação Básica são os elaborados pelo militar,
criar hipóteses, é possível elaborar problemas com
engenheiro e professor de Matemática mineiro
diferentes enunciados, variando o lugar da
Cristiano Benedito Ottoni.
incógnita, e propor discussões em grupo e
momentos nos quais os estudantes justifiquem a 1920 O Movimento da Escola Nova surge
escolha. "Ao refletir sobre como pensou para forte em outras áreas e começa a influenciar o ensino
chegar à resposta e comunicar isso aos colegas, o de Matemática, incentivando trabalhos em grupo e
aluno organiza o próprio pensamento e compartilha colocando a criança no centro do processo educativo.
a estratégia, permitindo que ela seja socializada",
1929 Com base nas idéias do alemão Felix
afirma Daniela Padovan, selecionadora do Prêmio
Klein, Euclides Roxo, diretor do Colégio Pedro II,
Victor Civita Educador Nota 10. A justificativa pode
propõe a criação da disciplina de Matemática (até
ser feita oralmente ou por escrito. Nesse caso, é
então, aritmética, álgebra e geometria eram
possível que ele inicie com representações
ministradas separadamente).
pessoais - como riscos e desenhos - antes de
chegar ao registro formal da linguagem matemática. 1942 Gustavo Capanema promulga a Lei
É esse processo que leva à aprendizagem efetiva. Orgânica do Ensino Secundário, em que o ensino da
disciplina segue, em parte, as idéias propostas por
Um aspecto muito disseminado da
Euclides Roxo, no livro A Matemática na Escola
abordagem socioconstrutivista - base da didática da
Secundária.
Matemática da escola francesa - é a visão da
aprendizagem como um processo social. Isso 1955 É organizado o primeiro Congresso
significa considerar a articulação dos saberes Brasileiro de Ensino da Matemática. O evento,
escolares com a realidade das crianças. A ideia, realizado na Bahia pela professora Martha de Souza
contudo, costuma gerar muitos equívocos. Um Dantas, tem o mérito de dar impulso às reflexões
deles ocorre quando o professor privilegia a sobre essa área.
vivência de situações do cotidiano para introduzir
1960 O professor Oswaldo Sangiorgi lidera o
um conteúdo, esquecendo-se, posteriormente, de
Movimento da Matemática Moderna, que defende a
sistematizar o aprendizado.
disciplina como a principal via para os alunos
Outro engano é a ideia de que acessarem o pensamento científico e tecnológico.
contextualizar é ensinar apenas a Matemática
1970 A Etnomatemática, criada por Ubiratan
usada no dia a dia, como a aritmética de uma
compra de supermercado. Contudo, somente em D’Ambrosio, aparece como um movimento
momentos de descontextualização é possível acadêmico e começa a ser usada em sala de aula. A
idéia é analisar as práticas matemáticas em
construir conhecimentos para que possam ser
diferentes contextos sociais e culturais.
usados em outras circunstâncias. Questões
internas da disciplina, como a propriedade 1988 A criação da Sociedade Brasileira de
distributiva da multiplicação, não estão explícitas no Educação Matemática (Sbem) propicia o contato
que se faz diariamente, mas devem ser objeto de mais próximo com pesquisas internacionais por meio
discussão da turma. "A contextualização é de participação em seminários e congressos.
importante, mas não pode ser usada o tempo todo",
diz Daniela Padovan. Metodologias mais comuns

Linha do tempo do ensino de Matemática O ensino tradicional dominou a sala de

no Brasil aula durante séculos, até o surgimento de novas
maneiras de ensinar.
1600 No início da colonização, os
conteúdos de Matemática ministrados nos colégios Tradicional
jesuítas estavam atrelados aos de Física, seguindo Formada no início do século 20 com métodos
uma tradição européia de ensino que tinha como clássicos que envolvem a repetição de algoritmos.
base as humanidades clássico-literárias.
Foco Dominar regras da aritmética, da
1824 Com a estruturação das primeiras álgebra e da geometria.
escolas primárias, a elaboração do currículo da
disciplina dá ênfase a conteúdos matemáticos

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Estratégias de ensino Aulas expositivas ANOTAÇÕES
sobre conceitos e fórmulas, com os alunos
__________________________________________
copiando e fazendo exercícios para a fixação.
__________________________________________
Escola Nova
__________________________________________
A partir dos anos 1920, atingiu sobretudo as
séries iniciais. Foi colocada em prática __________________________________________
principalmente em escolas particulares, com o
__________________________________________
aluno no centro do processo de aprendizagem.
Foco Trabalhar o conteúdo com base na iniciativa __________________________________________
dos estudantes em resolver problemas que surgem
__________________________________________
em um rico ambiente escolar.
__________________________________________
Estratégias de ensino Jogos e modelos
para aplicar em situações cotidianas. __________________________________________
Matemática Moderna __________________________________________
Surgiu como um movimento internacional __________________________________________
na década de 1960. __________________________________________
Foco Conhecer a linguagem formal e ter __________________________________________
rigor na resolução de problemas.
__________________________________________
Estratégias de ensino Séries de questões
para usar os fundamentos da teoria dos conjuntos e __________________________________________
da álgebra. __________________________________________
Didática da Matemática __________________________________________
Começou nas décadas de 1970 e 80, com __________________________________________
autores como Guy Brousseau e Gérard Vergnaud.
__________________________________________
Foco Construir conceitos e estratégias para
resolver problemas. __________________________________________
Estratégias de ensino Alunos devem __________________________________________
discutir em grupo, justificar escolhas e registrar as __________________________________________
hipóteses.
__________________________________________
Etnomatemática
__________________________________________
Surgiu no Brasil em 1975 com os trabalhos
de Ubiratan D’Ambrosio. __________________________________________

Foco Aprender usando questões dos __________________________________________

contextos sociais e culturais. __________________________________________
Estratégias de ensino Mudam conforme o __________________________________________
contexto e a realidade em que a disciplina é
ensinada. __________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
resolver problemas que envolvam as quatro
operações.
• Ler mapas e plantas baixas simples.
• Identificar e representar semelhanças e
diferenças entre formas geométricas.
• Montar e desmontar embalagens
Expectativas de aprendizagem em tridimensionais.
Língua Portuguesa do 1º ao 5º ano
• Usar o calendário.
Ao fim do 5º ano, é importante que o aluno
saiba: • Comparar, identificar e estimar grandezas
como: comprimento, temperatura, massa e
- Compartilhar a escolha de obras literárias, capacidade e iniciar o uso de instrumentos de
a leitura, a escuta, os comentários e os efeitos das medidas.
obras lidas com colegas.
• Usar tabelas simples.
- Usar o conhecimento que tem sobre os
autores para interpretar o texto. 2º ANO

- Perceber no texto lido a relação entre • Realizar contagem oral.

propósito e gênero de que faz parte. • Saber regras de sistemas numéricos.
- Planejar o texto antes e enquanto está • Ler e reproduzir escritas numéricas.
escrevendo, levando em consideração o propósito,
o destinatário e a posição do enunciador. • Ampliar o uso de estratégias adquiridas na
série anterior na resolução de problemas.
- Consultar outros materiais de leitura que
colaborem para a elaboração do texto. • Saber de memória alguns resultados.

- Revisar a própria produção enquanto • Usar várias estratégias de cálculo.

escreve, refazendo diversas versões para elaborar • Noção de espaço.
um texto bem escrito e tomando decisões sobre a
apresentação final dele. • Noção de tempo utilizando o calendário.

- Buscar e selecionar informações, reunindo • Ampliar o conhecimento sobre instrumentos

material sobre um tema, decidindo que textos serão de medidas e grandezas.
escolhidos e registrando por escrito aspectos 3º ANO
importantes encontrados.
• Utilizar o sistema numérico em sua forma
- Aprofundar e reorganizar o conhecimento, convencional.
fazendo resumos com as ideias principais do texto
lido e relacionando as informações lidas com o • Articular melhor os números em estratégia
propósito estabelecido. de cálculo mental.

- Elaborar textos escritos para explicitar o • Usar técnicas convencionais de adição e

que aprendeu e preparar exposições orais. subtração.

- Narrar oralmente fatos do cotidiano, • Iniciar a organização de “armar contas”.

compartilhando opiniões e debatendo temas • Utilizar a nomenclatura correta para formas
polêmicos. e figuras.
- Informar-se sobre notícias divulgadas em • Saber ver as horas.
jornais e revistas e prestar atenção em como a
publicidade comporta-se, refletindo, identificando o • Utilizar o sistema métrico.
destinatário e discutindo sobre o que vê. 4º ANO
Expectativas de aprendizagem em • Saber organizar os números naturais em
Matemática do 1º ao 5º ano ordem crescente e decrescente.
1º ANO • Realizar cálculos aproximados.
• Ampliar o conhecimento sobre os • Conhecer os números com vírgula e em
números, ou seja, ter noção de maiores forma de fração.
quantidades.
• Saber a tabuada, e outras contas que
• Contar oral e mentalmente objetos. envolvem a operação de multiplicação, de cabeça.
• Aplicar conhecimentos ou estratégias • Saber operar números naturais utilizando as
(essas estratégias devem surgir das crianças, com suas estratégias e operações convencionais.
mínima orientação do professor) pessoais para
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
• Identificar semelhança e diferença entre ANOTAÇÕES
figuras geométricas.
__________________________________________
• Identificar a diferença entre perímetro e
__________________________________________
área.
__________________________________________
• Com os conhecimentos já adquiridos nos
anos anteriores sobre grandezas e instrumentos de __________________________________________
medidas, no 4 º ano a criança deverá identificar as
__________________________________________
unidades de medias.
__________________________________________
• Utilizar o sistema monetário brasileiro.
__________________________________________
5º ANO
__________________________________________
• Entender e colocar em prática as regras
do sistema de numeração decimal para leitura, __________________________________________
escrita e ordenação de números naturais. __________________________________________
• Identificar as frações em situações __________________________________________
problemas.
__________________________________________
• Escrever, ler e ordenar números com
vírgula e frações. __________________________________________
• Resolver situações problemas __________________________________________
mentalmente, utilizando estratégias pessoais e __________________________________________
cálculos convencionais.
__________________________________________
• Usar porcentagem.
__________________________________________
• Identificar dentre as figuras geométricas
os poliedros e compreender a relação entre vértice, __________________________________________
face e aresta. __________________________________________
• Fazer o uso dos conhecimentos __________________________________________
adquiridos no 4º ano sobre área e perímetro para
fazer os devidos cálculos. __________________________________________

• Construir gráficos. __________________________________________

Os conhecimentos matemáticos adquiridos __________________________________________

durante esses primeiros anos da educação de uma __________________________________________
criança podem ser considerados como a
alfabetização matemática, qualquer fase quebrada __________________________________________
ou conhecimento não absorvido pode deixar __________________________________________
marcas que só serão identificadas depois de muito
tempo, podendo ser tarde demais. __________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
sabia dizer, mas como todo mito, principalmente na
época ocupava um grande espaço na cabeça das
pessoas. Mesmo assim, pioneiros portugueses
decidiram explorar o mar nunca antes navegado com
o objetivo principal de expandir o território e explorar
riquezas em outras terras.

HISTÓRIA As naus e as caravelas portuguesas

representavam o que havia de mais avançado na arte
DESCOBRIMENTO DO BRASIL de navegar. Suas caravelas levam a bordo
instrumentos, cartas de navegação e conhecimentos
Quem descobriu o Brasil? Foi Pedro
desenvolvidos pelos mais importantes sábios da
Álvares Cabral no dia 22 de abril de 1500!
época, incluindo matemáticos, astrônomos,
A expedição organizada pelos portugueses cartógrafos, geógrafos, especialistas na construção
a pedido do Rei Dom Manuel tinha como objetivo de navios e uso de artilharia, vindos de diversos
repetir o feito de Vasco da Gama e chegar às países.
Índias. Estavam em busca de metais preciosos,
As caravelas eram navios velozes e
como o ouro e a prata, e especiarias!
pequenos. Uma típica caravela portuguesa tinha de
Não se sabe ao certo por que Cabral 20 a 30 metros de comprimento, de 6 a 8 de largura,
desviou tanto a oeste da sua rota original, sabemos 50 toneladas de capacidade e era tripulada por
apenas que não fosse isto os portugueses não quarenta ou cinquenta homens. Com elas era
teriam descoberto as terras no depois chamado possível navegar pela costa, entrar em rios e
novo mundo. estuários, manobrar em águas baixas, contornar
arrecifes e bancos de areia. Já as naus eram barcos
No dia 22 ouve-se um grito "terra vista"!
maiores e mais lentos.
Avistaram um monte, que recebeu o nome de
Monte Pascoal. O nome dado a terra descoberta foi Na viagem de ida, transportam produtos para
Terra de Santa Cruz, atualmente cidade de Porte a troca, provisões, guarnições militares, armas e
Seguro na Bahia. O nome definitivo, Brasil, só veio canhões. Na volta, trazem mercadorias importantes
alguns anos depois, devido a quantidade de pau- para a época, como especiarias, por exemplo.
brasil encontrado no litoral!
Instrumentos náuticos
A carta escrita por Pero Vaz Caminha e
Viajar para o desconhecido não é tarefa fácil,
enviada para o rei em Portugal descreve com
mas os portugueses tinham na época o que havia de
detalhes a viagem, a terra descoberta e os nativos.
mais avançado em termos de equipamentos: a
Este é um importante documento histórico para o
Brasil e para o mundo! bússola, também chamada de "agulha de marear",
era fundamental para a navegação.
O primeiro contato com a população local
Nessa época, consistia apenas numa agulha
foi feito no dia 23 de abril. Os índios Tupiniquins, de
magnetizada que flutuava sobre a água, tendo uma
origem tupi-guarani, habitavam o litoral do sul da
das suas pontas viradas para Norte. Essa indicação
Bahia. Apesar do choque entre as diferentes
do Norte permitia que os navegadores se
culturas, trocaram objetos e cortesias
pacificamente. orientassem em alto mar e não se perdessem em
lugares longínquos.
Frei Dom Henrique celebrou a primeira
Para descobrir a distância que ia do ponto de
missa no dia 26 de abril. E acreditem, era domingo
partida até ao lugar onde a embarcação se
de páscoa! Compareceram não só os comandantes
encontrava usava-se dois tipos de instrumento: o
e suas tripulações, mas também muitos nativos
quadrante, cujo cálculo se baseava na altura da
curiosos atraídos pelo ritual.
Estrela Polar e o astrolábio que tinha como base a
Dias depois Cabral seguiu viagem até altura do sol ao meio-dia. Como não existiam
alcançar Calicute, mas deixaram por lá 2 relógios, mediam o tempo com ampulhetas, mas com
degradados - condenados por crimes em Portugal - resultados imprecisos.
que meses depois foram resgatados e deram
O astrolábio tinha vantagens em relação ao
contribuições importantes aos portugueses.
quadrante, não só porque era mais fácil trabalhar à
Era dos descobrimentos marítimos luz do dia, como pelo fato de a Estrela Polar não ser
visível no hemisfério sul.
Portugal foi, sem dúvida, uma nação que
enfrentou diversos desafios para conquistar outras Outro instrumento importante era a balestilha,
terras e ser o pioneiro das navegações. O primeiro usado pelos navegadores para medir a altura dos
desafio foi vencer o temor que se criara no astros. Era constituída por uma régua de madeira,
imaginário das pessoas da época, a respeito de chamada virote.
criaturas marinhas gigantes que devoravam os
navios. Quem viu uma dessas criaturas? Ninguém

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Homens corajosos em maio de 1.501. Seu comandante, ao que se sabe,
foi o navegador Gaspar de Lemos. Participava da
Vasco da Gama é um dos principais
tripulação o experiente navegador Florentino Américo
protagonistas da historia. Deixou Lisboa em 8 de
Vespúcio, que verificou a existência de grande
julho de 1497, dobrou o Cabo da Boa Esperança
quantidade de pau-brasil em longas faixas do litoral,
em 18 de novembro, mas só atingiu a Índia em
o que provocou contentamento em diversos
maio do ano seguinte.
comerciantes.
A viagem de volta teve início em 5 de
Essa expedição, ao percorrer o litoral
outubro. Dos 155 homens que partiram, só 55
brasileiro, deu nome aos principais acidentes
chegaram em Lisboa. Por seu feito, foi recebido
geográficos que foi encontrado, conforme o santo de
com honras pelo rei e recebeu o título de "Almirante
cada dia e as festas religiosas comemoradas na
dos Mares da Arábia, Pérsia, Índia e de todo o
época. Assim, surgiram nomes como Ilha de São
Oriente".
Vicente, Cabo de São Roque, rio São Francisco, Ilha
Pedro Álvares Cabral foi o navegador de São Sebastião, etc.
português que no dia 22 de abril de 1500, capitão-
Verificou que o Brasil não era uma ilha, por
mor de uma frota de 13 embarcações, descobriu o
isso seu nome passou a ser TERRA DE SANTA
Brasil. Descendente de família nobre, estudou em
CRUZ.
Lisboa onde aprendeu literatura, história,
cosmografia, artes militares e técnicas náuticas.
Em 1499 foi nomeado pelo rei D. Manuel o
capitão-mor da armada que seguiria para às Índias,
seguindo a rota recém inaugurada por Vasco da
Gama, contornando a África, com a missão
diplomática e comercial. Para evitar as calmarias a
rota foi desviada e a expedição tomou o rumo
sudoeste, para bem longe da costa africana, por
isso chegou até as terras mais longínquas para
descobrir o Brasil.
AS PRIMEIRAS EXPEDIÇÕES
O rei de Portugal, logo após o Descobriu que havia nas matas do litoral,
descobrimento, não manifestou grande interesse árvores de pau-brasil e deu início à exploração dessa
pela nova terra, mas achava que deveria conhecê- madeira, da qual era extraída uma tinta vermelha
la, para verificar se aqui existiam riquezas. usada para tingir tecidos.
Para isso, foram enviadas ao Brasil duas EXPEDIÇÃO EXPLORADORA DE 1503.
expedições exploradoras em 1501 e 1503.
Essa expedição foi comandada por Gonçalo
EXPEDIÇÃO EXPLORADORA DE 1501 Coelho e teve a participação de Américo Vespúcio,
que fundou uma feitoria em Cabo Frio, isto é, um
posto de armazenamento, usado para guardar
principalmente pau-brasil.
EXPEDIÇÕES GUARDA-COSTAS
Composta de seis navios, essa expedição
partiu de Lisboa, em junho de 1.503. Comandada por
Gonçalo Coelho, também contou com a ajuda de
Américo Vespúcio.
Foi organizada em função de um contrato
assinado entre o rei de Portugal e um grupo de
comerciantes de Lisboa, entre os quais se destacava
o rico Fernão de Noronha.
O contrato permitia aos comerciantes extraí o
pau-brasil, mediante o pagamento de tributos à
Coroa Portuguesa e o compromisso de:
1. enviar seis navios anualmente ao Brasil
para explorar até trezentas léguas do seu litoral;
2. construir feitorias destinadas à proteção do
Primeira expedição exploradora: Composta litoral, mantendo-as pelo prazo de três anos.
por três navios, essa expedição partiu de Lisboa,

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O pau-brasil atraiu o interesse dos piratas A Inconfidência Mineira, ou Conjuração
franceses. Para policiar o nosso litoral e evitar o Mineira, foi uma tentativa de revolta abortada pelo
contrabando de pau-brasil, os portugueses governo em 1789, em pleno ciclo do ouro, na então
organizaram expedições-guarda- costas. capitania de Minas Gerais, no Brasil, contra, entre
outros motivos, a execução da derrama e o domínio
A primeira expedição- guarda-costas veio
português.
para o Brasil em 1516 e a segunda em 1526.
Foi um dos mais importantes movimentos
0 comandante dessas duas expedições foi
sociais da História do Brasil. Significou a luta do povo
CRISTÓVÃO JACQUES.
brasileiro pela liberdade, contra a opressão do
Devido à grande extensão do nosso litoral, governo português no período colonial.
essas expedições não conseguiram afastar os
No final do século XVIII, o Brasil ainda era
franceses da costa brasileira.
colônia de Portugal e sofria com os abusos políticos e
EXPEDIÇÃO COLONIZADORA (1530) com a cobrança de altas taxas e impostos. Além
disso, a metrópole havia decretado uma série de leis
Apesar dos esforços de Portugal, a pirataria
que prejudicavam o desenvolvimento industrial e
continuava. comercial do Brasil.
O governo português percebeu que era No ano de 1785, por exemplo, Portugal
impossível defender um litoral tão imenso como o
decretou uma lei que proibia o funcionamento de
nosso, apenas com expedições guarda-costas e
indústrias fabris em território brasileiro.
que corria sério risco de perder a posse das terras
brasileiras. Causas
Os portugueses resolveram, então, ocupar Neste período, era grande a extração de
a terra descoberta, mandando gente para viver ouro, principalmente na região de Minas Gerais. Os
aqui, construir suas casas, plantar, explorar e brasileiros que encontravam ouro deviam pagar o
defender a terra. quinto, ou seja, vinte por cento de todo ouro
encontrado acabava nos cofres portugueses. Aqueles
No ano de 1530, chegou à primeira
que eram pegos com ouro “ilegal” (sem ter pagado o
expedição colonizadora no Brasil, chefiada por
imposto”) sofria duras penas, podendo até ser
MARTIM AFONSO DE SOUSA, que veio com degredado (enviado a força para o território africano).
vários objetivos: expulsar os franceses do litoral,
descobrir e explorar as riquezas da terra e iniciar o Com a grande exploração, o ouro começou a
povoamento do litoral brasileiro. diminuir nas minas. Mesmo assim as autoridades
portuguesas não diminuíam as cobranças. Nesta
Essa expedição trazia sementes,
época, Portugal criou a Derrama.
instrumentos agrícolas, animais domésticos e
muitas pessoas para morar na terra. Esta funcionava da seguinte forma: cada
região de exploração de ouro deveria pagar 100
Em 1532, Martim Afonso de Sousa fundou arrobas de ouro (1500 quilos) por ano para a
a primeira vila no Brasil: SÃO VICENTE (atual
metrópole.
cidade de São Vicente, no litoral do Estado de São
Paulo). Quando a região não conseguia cumprir
estas exigências, soldados da coroa entravam nas
Em São Vicente, foram plantadas as
casas das famílias para retirarem os pertences até
primeiras mudas de cana-de-açúcar e foi construído completar o valor devido.
um engenho para a produção de açúcar.
Todas estas atitudes foram provocando uma
Inconfidência Mineira – 1789 – Vila Rica
insatisfação muito grande no povo e, principalmente,
nos fazendeiros rurais e donos de minas que queriam
pagar menos impostos e ter mais participação na
vida política do país.
Alguns membros da elite brasileira
(intelectuais, fazendeiros, militares e donos de
minas), influenciados pela idéias de liberdade que
vinham do iluminismo europeu, começaram a se
reunir para buscar uma solução definitiva para o
problema: a conquista da independência do Brasil.

Leitura da sentença dos inconfidentes, por

Leopoldino Faria.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Os Inconfidentes enforcamento, o sino da igreja local soou cinco
badaladas.
A casa de Tiradentes foi arrasada, o seu local
foi salgado para que mais nada ali nascesse, e as
autoridades declararam infames todos os seus
descendentes.
Tiradentes jamais teve barba e cabelos
grandes. Como alferes, o máximo permitido pelo
Exército Português seria um discreto bigode.
Durante o tempo que passou na prisão,
Tiradentes, assim como todos os presos, tinha
periodicamente os cabelos e a barba aparados, para
evitar a proliferação de piolhos, e, durante a
Tiradentes: líder da Inconfidência Mineira execução estava careca com a barba feita, pois o
cabelo e a barba poderiam interferir na ação da
O grupo, liderado pelo alferes Joaquim José corda.
da Silva Xavier, conhecido por Tiradentes (saiba
mais sobre ele) era formado pelos poetas Tomas Independência do Brasil
Antonio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa, o
dono de mina Inácio de Alvarenga, o padre Rolim,
entre outros representantes da elite mineira. A ideia
do grupo era conquistar a liberdade definitiva e
implantar o sistema de governo republicano em
nosso país.
Sobre a questão da escravidão, o grupo
não possuía uma posição definida. Estes
inconfidentes chegaram a definir até mesmo uma
nova bandeira para o Brasil.
Independência do Brasil: processo histórico
Ela seria composta por um triangulo culminado com a proclamação de Dom Pedro I.
vermelho num fundo branco, com a inscrição em
A independência do Brasil, enquanto
latim : Libertas Quae Sera Tamen (Liberdade ainda
que Tardia). processo histórico, desenhou-se muito tempo antes
do príncipe regente Dom Pedro I proclamar o fim dos
Consequências nossos laços coloniais às margens do rio Ipiranga.
De fato, para entendermos como o Brasil se tornou
A Inconfidência Mineira transformou-se em
uma nação independente, devemos perceber como
símbolo máximo de resistência para os mineiros, a
as transformações políticas, econômicas e sociais
exemplo da Guerra dos Farrapos para os gaúchos,
inauguradas com a chegada da família da Corte
e da Revolução Constitucionalista de 1932 para os
Lusitana ao país abriram espaço para a possibilidade
paulistas.
da independência.
A Bandeira idealizada pelos inconfidentes
A chegada da Família Real Portuguesa ao
foi adotada pelo estado de Minas Gerais.
Brasil foi episódio de grande importância para que
possamos iniciar as justificativas da nossa
independência. Ao pisar em solo brasileiro, Dom
João VI tratou de cumprir os acordos firmados com a
Inglaterra, que se comprometera em defender
Portugal das tropas de Napoleão e escoltar a Corte
Portuguesa ao litoral brasileiro. Por isso, mesmo
antes de chegar à capital da colônia, o rei português
Curiosidades realizou a abertura dos portos brasileiros às demais
nações do mundo.
Na primeira noite em que a cabeça de
Tiradentes foi exposta em Vila Rica, foi furtada, Do ponto de vista econômico, essa medida
sendo o seu paradeiro desconhecido até aos pode ser vista como um primeiro “grito de
nossos dias. independência”, onde a colônia brasileira não mais
estaria atrelada ao monopólio comercial imposto pelo
Tratando-se de uma condenação por antigo pacto colonial. Com tal medida, os grandes
inconfidência (traição à Coroa), os sinos das igrejas produtores agrícolas e comerciantes nacionais
não poderiam tocar quando da execução. Afirma a puderam avolumar os seus negócios e viver um
lenda que, mesmo assim, no momento do tempo de prosperidade material nunca antes

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
experimentado em toda história colonial. A retribuída quando, em 9 de janeiro de 1822, Dom
liberdade já era sentida no bolso de nossas elites. Pedro I reafirmou sua permanência no conhecido Dia
do Fico. A partir desse ato público, o príncipe regente
Para fora do campo da economia, podemos
assinalou qual era seu posicionamento político.
salientar como a reforma urbanística feita por Dom
João VI promoveu um embelezamento do Rio de Logo em seguida, Dom Pedro I incorporou
Janeiro até então nunca antes vivida na capital da figuras políticas pró-independência aos quadros
colônia, que deixou de ser uma simples zona de administrativos de seu governo. Entre eles estavam
exploração para ser elevada à categoria de Reino José Bonifácio, grande conselheiro político de Dom
Unido de Portugal e Algarves. Se a medida Pedro e defensor de um processo de independência
prestigiou os novos súditos tupiniquins, logo conservador guiado pelas mãos de um regime
despertou a insatisfação dos portugueses que monárquico. Além disso, Dom Pedro I firmou uma
foram deixados à mercê da administração de Lorde resolução onde dizia que nenhuma ordem vinda de
Protetor do exército inglês. Portugal poderia ser adotada sem sua autorização
prévia.
Essas medidas, tomadas até o ano de
1815, alimentaram um movimento de mudanças por Essa última medida de Dom Pedro I tornou
parte das elites lusitanas, que se viam sua relação política com as Cortes praticamente
abandonadas por sua antiga autoridade política. Foi insustentável. Em setembro de 1822, a assembleia
nesse contexto que uma revolução lusitana enviou um novo documento para o Brasil
constitucionalista tomou conta dos quadros políticos exigindo o retorno do príncipe para Portugal sob a
portugueses em agosto de 1820. A Revolução ameaça de invasão militar, caso a exigência não
Liberal do Porto tinha como objetivo reestruturar a fosse imediatamente cumprida. Ao tomar
soberania política portuguesa por meio de uma conhecimento do documento, Dom Pedro I (que
reforma liberal que limitaria os poderes do rei e estava em viagem) declarou a independência do país
reconduziria o Brasil à condição de colônia. no dia 7 de setembro de 1822, às margens do rio
Ipiranga.
Os revolucionários lusitanos formaram uma
espécie de Assembleia Nacional que ganhou o Primeiro Reinado
nome de “Cortes”. Nas Cortes, as principais figuras
O Primeiro Reinado brasileiro (1822-1831) foi
políticas lusitanas exigiam que o rei Dom João VI
marcado pelo governo de D. Pedro I e seu
retornasse à terra natal para que legitimasse as
autoritarismo político.
transformações políticas em andamento. Temendo
perder sua autoridade real, D. João saiu do Brasil Com a Independência em 1822, o Brasil não
em 1821 e nomeou seu filho, Dom Pedro I, como era mais colônia de Portugal. Iniciava-se então uma
príncipe regente do Brasil. nova fase da história brasileira, denominada Brasil
Império. O Primeiro Reinado (1822-1931) se
A medida ainda foi acompanhada pelo
constituiu como marco inicial dessa nova fase. D.
rombo dos cofres brasileiros, o que deixou a nação
Pedro I foi aclamado Imperador do Brasil no ano da
em péssimas condições financeiras. Em meio às
Independência e permaneceu como maior chefe do
conturbações políticas que se viam contrárias às
país até 1831, ano de sua abdicação.
intenções políticas dos lusitanos, Dom Pedro I
tratou de tomar medidas em favor da população A história do Primeiro Reinado foi marcada
tupiniquim. Entre suas primeiras medidas, o por fatos importantes para a política brasileira, como
príncipe regente baixou os impostos e equiparou as a Assembleia Constituinte (1823), a Constituição de
autoridades militares nacionais às lusitanas. 1824, a Confederação do Equador (1824), a Guerra
Naturalmente, tais ações desagradaram bastante da Cisplatina, em 1825, e a abdicação de D. Pedro I
as Cortes de Portugal. (1831).
Mediante as claras intenções de Dom No ano de 1822, D. Pedro I já havia
Pedro, as Cortes exigiram que o príncipe retornasse convocado a Assembleia Constituinte, mas esta
para Portugal e entregasse o Brasil ao controle de somente se reuniu em 1823. O principal objetivo da
uma junta administrativa formada pelas Cortes. A convocação seria a elaboração de uma Constituição
ameaça vinda de Portugal despertou a elite para o Brasil, ou seja, a criação de um conjunto de
econômica brasileira para o risco que as benesses leis que asseguraria os direitos do governo e da
econômicas conquistadas ao longo do período população brasileira. Somente membros da elite
joanino corriam. Dessa maneira, grandes (latifundiários, comerciantes, militares...) participaram
fazendeiros e comerciantes passaram a defender a da elaboração da Constituição de 1824.
ascensão política de Dom Pedro I à líder da
Essa constituição, ou seja, a primeira
independência brasileira.
Constituição do Brasil, tinha um caráter elitista e
No final de 1821, quando as pressões das excludente: deu total poder a D. Pedro I, enquanto o
Cortes atingiram sua força máxima, os defensores direito de votar e de se candidatar ficaria restrito a
da independência organizaram um grande abaixo- quem tivesse uma renda mínima por ano.
assinado requerendo a permanência e Dom Pedro
no Brasil. A demonstração de apoio dada foi
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Inconformados com o caráter elitista da Câmara dos Deputados: centro das disputas políticas
Constituição de 1824 e com o uso de um poder do Período Regencial.
centralizador por parte de D. Pedro I,
Toda a agitação política do governo de Dom
representantes de algumas províncias do nordeste
Pedro I culminou em sua rápida saída do governo
(mais precisamente em Pernambuco, onde eclodiu
durante os primeiros meses de 1831. Surpreendidos
a Confederação do Equador, movimento contra a
com a vacância deixada no poder, os deputados da
tirania do imperador) defendiam a federação de
Assembleia resolveram instituir um governo
algumas províncias do nordeste e a separação
provisório até que Dom Pedro II, herdeiro legítimo do
destas do Brasil. O movimento foi sufocado com
trono, completasse a sua maioridade. É nesse
extrema violência pela tropa imperial.
contexto de transição política que observamos a
Durante o Primeiro Reinado, outro fato presença do Período Regencial.
importantíssimo na história do Brasil foi a Guerra da
Estendendo-se de 1831 a 1840, o governo
Cisplatina (1825). O conflito teve início quando um
regencial abriu espaço para diferentes correntes
grupo de dirigentes da província Cisplatina declarou
políticas. Os liberais, subdivididos entre moderados e
a separação do Brasil e a sua incorporação à
exaltados, tinham posições políticas diversas que iam
República Argentina. D. Pedro declarou guerra à
desde a manutenção das estruturas monárquicas até
Argentina e o exército brasileiro foi derrotado
a formulação de um novo governo republicano. De
causando grandes prejuízos pelos enormes gastos
outro lado, os restauradores – funcionários públicos,
e grande número de soldados mortos. A Inglaterra
militares conservadores e comerciantes portugueses
interveio no conflito, pressionando o Brasil e a
– acreditavam que a estabilidade deveria ser reavida
Argentina a assinar um acordo de paz. Assim, a
com o retorno de Dom Pedro I.
província Cisplatina declarou sua independência
desses dois países, tornando- se a República do Em meio a tantas posições políticas, a falta
Uruguai. de unidade entre os integrantes da política nacional
em nada melhorou o quadro político brasileiro. As
No decorrer do Primeiro Reinado, D. Pedro
mesmas divergências sobre a delegação de poderes
começou a desagradar a elite brasileira, pois criou
políticos continuaram a fazer da política nacional um
uma Constituição que iria atender a seus interesses
sinônimo de disputas e instabilidade. Mesmo a ação
autoritários. Além disso, a Confederação do
reformadora do Ato Adicional, de 1834, não foi capaz
Equador e a Guerra da Cisplatina causaram
de resolver os dilemas do período.
grandes gastos para a economia brasileira e muitas
mortes. Umas das mais claras consequências desses
desacordos foram a série de revoltas deflagradas
Muitos jornalistas, através de seus jornais,
durante a regência. A Sabinada na Bahia, a Balaiada
teciam duras críticas ao imperador. Outro fato que
no Maranhão e a Revolução Farroupilha na região
manchou ainda mais a imagem do imperador foi o
Sul foram todas manifestações criadas em
assassinato do jornalista e médico Líbero Badaró,
consequência da desordem que marcou todo o
grande opositor de D. Pedro.
período regencial.
A abdicação de D. Pedro aconteceu no ano
Regências Trinas
de 1831, tanto pela pressão política que o
imperador sofria da elite e populares brasileiros,
quanto pela tentativa de assegurar os direitos de
sua filha, Maria da Glória, pois, com a morte de D.
João VI, a Coroa portuguesa iria, por direito, a D.
Pedro I, que preferiu abdicar o trono português em
benefício da filha e deixou o trono brasileiro para
seu filho Pedro de Alcântara, que se encontrava
então com cinco (5) anos de idade. Assim
terminava o Primeiro Reinado.
Período Regencial
Guarda Nacional: destacamento militar criado para
conter as revoltas do período.
Regência Trina Provisória (1831)
Primeiro governo que sucedeu a queda do
imperador Dom Pedro I, o período regencial iniciou-
se com a formação de dois governos trinos. O
primeiro deles ficou conhecido como Regência Trina
Provisória, onde o calor das transformações políticas
deu margem para a formação improvisada de um
novo governo.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Os moderados logo assumiram o poder Gradativamente, Feijó buscou ampliar seu
com o intuito de frear as agitações políticas da raio de atuação política. Dessa maneira, ele buscou
época. Inicialmente, o governo de Nicolau Pereira criar condições pelas quais ele tramaria um golpe
de Campos Vergueiro, José Joaquim Carneiro de político e assim tornar-se-ia único regente. Não tendo
Campos e Francisco de Lima e Silva reintegraram o condições para assegurar tal manobra, Feijó e o
chamado “ministério dos brasileiros” e anistiou os governo trino foram obrigados a conceder algumas
presos políticos. A Câmara dos Deputados tiveram exigências liberais. Em 1834, o Ato Adicional
seus poderes ampliados, tendo o direito de interferir promoveu algumas reformas que visavam atender
nas ações do governo regencial. algumas exigências liberais.
Atuando por breves dois meses, a Segundo seu texto, a províncias agora
Regência Trina Provisória deu condições para que poderiam criar suas próprias Assembleias
um novo governo fosse escolhido. Em 17 de junho Legislativas, a cidade do Rio de Janeiro tornou-se
de 1831, a assembléia promoveu um processo de uma região politicamente autônoma, o poder
escolha da chamada Regência Trina Permanente, Moderador foi extinto e o próximo governo regencial
que governou entre os anos de 1831 e 1835. deveria ser comandado por um único regente. Nesse
conjunto de ações as regências trinas tiveram fim e
Regência Trina Permanente (1831 –
deram abertura para o governo regencial de Diogo
1835)
Antônio Feijó.
Nesse novo governo – agora formado por
Regência Una de Feijó
Francisco Lima e Silva, João Bráulio Muniz e José
da Costa Carvalho – organizou-se um gabinete A Regência Feijó, período de forte pressão
ministerial conservador. Essa medida visava conter política.
os movimentos populares que pressionaram o
Atendendo as medidas previstas no Ato
governo de Dom Pedro I. O Ministério da Justiça foi
Adicional de 1834, foram feitas eleições para que um
delegado ao padre Diogo Antônio Feijó, que se
novo governo chegasse ao poder. Superando a
incumbiu da tarefa de retaliar quaisquer revoltas
concorrência liberal, Diogo Antônio Feijó tornou-se
que ameaçassem a ordem nacional ou não
regente com um total de 2.826 votos. O baixo número
reconhecessem os poderes da nova administração.
de eleitores refletia a exclusão política e a falta de
Para tal Feijó instituiu-se a Guarda representatividade das instituições políticas da
Nacional, uma espécie de milícia que seria época.
controlada por representantes das elites locais.
Mesmo tendo alcançado a maioria dos votos,
Muitos dos chefes de tais milícias eram fazendeiros
o governo de Feijó foi obrigado a resistir a diversas
que compravam junto ao governo o título de
manifestações oposicionistas. Até mesmo os liberais
coronel. È nesse momento em que observamos a
moderados, aliados naturais de Feijó, acusavam o
ascensão dos poderes políticos regionais dos
governo de tolerante e indeciso. Além disso, os
latifundiários brasileiros. Essa concessão de poder,
problemas de saúde de Feijó colocavam em xeque a
ao mesmo tempo em que fazia dos coronéis
estabilidade governamental. Nesse mesmo período,
representantes do Estado, também se transformava
o interesse em se desenvolver uma estrutura
em instrumento para que as elites locais
fundiária cafeeira, intensificou a participação das
assegurassem seus interesses particulares.
elites nos quadros políticos.
Logo no primeiro ano, observaram-se
As tendências políticas daquela época agora
revoltas incitadas por militares. O 26º Batalhão de
se agrupavam entre progressistas, de tendência
Infantaria e o Batalhão de Polícia, ambos
liberal, e os regressistas, partido de orientação
localizados no Rio de Janeiro, foram palco de
conservadora formado pelos grandes donos de terra,
revoltas contra a ação regencial. Dois meses
comerciantes e funcionários públicos. No governo de
depois, em julho de 1831, um motim ocorreu no
Feijó, o dilema da representação política e da
Teatro Municipal Fluminense. Em 7 de outubro de
centralização de poderes abriu espaço para a
1832, o Batalhão de Artilharia da Ilha das Cobras
deflagração de diferentes revoltas.
também organizou uma agitação anti-regencial.
Enxergando o Exército como um reduto de No ano de 1835, a ocorrência da Cabanagem
manifestações antigoverninstas, Feijó resolveu no Pará e da Farroupilha no Rio Grande do Sul
tomar novas medidas. expressou a tensão entre os diferentes interesses
políticos da época, Ao invés de dar abertura às
Entre outras ações, a regência determinou
tendências liberais, as conturbações do período
a renovação dos quadros militares. A partir de
fortaleceram as alas conservadoras que exigiam a
então, os novos integrantes das forças armadas
estabilidade sócio-política necessária para satisfazer
deveriam dar provas de que eram fiéis ao
o interesse das elites agrárias do país.
conservadorismo político e à centralização dos
poderes. O efetivo de homens foi diminuído com a Fisicamente incapacitado e desprovido de
dispensa do serviço e ofereceram maiores consistente apoio político, Feijó decidiu renunciar ao
facilidades àqueles oficiais que desejassem sair do cargo de regente, em 1837. Antes de abandonar o
Exército. cargo, ele nomeou o senador pernambucano Pedro
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
de Araújo Lima como titular na pasta do Império. Ao Em julho de 1840, não mais resistindo às
tomar essa atitude, Feijó colocou Araújo Lima como pressões liberais, o governo regencial chegou ao seu
substituto direto ao cargo de regente. fim com a coroação do jovem Dom Pedro II.
Regência Una de Araújo Lima Tal episódio ficou conhecido como o Golpe
da Maioridade. Mesmo o golpe representando um
avanço das alas liberais, o início do Segundo
Reinado não configurou uma reforma estrutural das
práticas políticas da época.
Vinculados à elite latifundiária, tanto liberais
quanto conservadores, se uniram em torno de um
mesmo projeto político no Segundo Reinado.
Dessa forma, o fim da regência em nada
remodelou os privilégios e direitos garantidos aos
Araújo Lima, conservadorismo à frente do governo antigos grupos sociais que controlavam o país.
regencial. Balaiada
Após a abdicação do regente Feijó, uma
nova eleição foi realizada em abril de 1838. Entre
os principais concorrentes ao cargo de regente
estavam o liberal Antônio Francisco de Paula
Holanda Cavalcanti e o fazendeiro pernambucano
Araújo Lima.
Em um período em que as primeiras
revoltas contra o governo explodiam a vitória do
conservador Araújo Lima consolidou-se sem
maiores problemas. Balaiada: levante de escravos, artesãos e
Compondo um gabinete de formação trabalhadores livres do Maranhão.
estritamente conservadora, a regência de Araújo Nas obras que tratam dos primeiros anos da
Lima representou o retrocesso das conquistas independência política do Brasil, muitos historiadores
liberais alcançado com a aprovação do Ato dão especial destaque ao fato de que os privilégios e
Adicional de 1834. desmandos que marcavam o passado colonial não
Em seu governo, as primeiras revoltas eram foram superados com o estabelecimento da
consideradas uma consequência das liberdades independência do país. Um dos casos em que tal
oferecidas pelo Ato Adicional. Dessa forma, foi perspectiva é ainda mais evidente encontra-se na
homologado, em maio de 1840, a chamada Lei revolta da Balaiada, ocorrida em 1838, no Maranhão.
Interpretativa do Ato Adicional, que revisou alguns No século XIX, a economia maranhense
pontos da reforma de 1834. atravessou uma forte crise, em grande parte
Com a reforma, as províncias perderam decorrente da concorrência do algodão norte-
parte de suas atribuições político- administrativas. americano no mercado internacional. Além disso, o
De acordo com a nova lei, o governo central teria o estabelecimento da Lei dos Prefeitos – que concedia
direito de nomear funcionários públicos e ao governador o privilégio de nomear os prefeitos
funcionários de polícia e justiça. municipais – causou outro tipo de atrito onde o
mandonismo político acirrou as relações do povo com
Em meio às revoltas e grandes derrotas as instituições governamentais.
políticas, os liberais se uniram em torno do projeto
de antecipação do coroamento de Dom Pedro II. Dessa forma, podemos ver que a presença
de três líderes nessa revolta, que muito bem
Reunidos no chamado Clube da representou a situação política ali vivida, impulsionou
Maioridade, os representantes liberais diversos focos de tensão. Raimundo Gomes, um dos
argumentavam que a chegada de Dom Pedro II ao primeiros líderes da revolta, mobilizou um grupo de
trono ofereceria condições para que os problemas escravos, vaqueiros e artesãos logo depois de
políticos e as revoltas fossem finalmente libertar um grupo de vaqueiros aprisionados em Vila
contornados. da Manga, a mando de um opositor político do patrão
Na medida em que os conservadores não daqueles mesmos trabalhadores.
tinham habilidade para resolver os problemas O artesão Manoel dos Anjos Ferreira,
vigentes, a campanha em prol da antecipação do conhecido como Balaio, começou a lutar contras as
Segundo Reinado ganhava cada vez mais força. autoridades provinciais depois de acusar o oficial
Antônio Raymundo Guimarães de ter abusado
sexualmente de suas filhas. Após conquistar vários
adeptos, os revoltosos conseguiram controlar a
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
cidade de Caxias, um dos maiores centro comerciantes portugueses da província. No ano
comerciais da época. A natureza popular desse seguinte, Bernardo Lobo de Sousa, novo governador
movimento em muito ameaçou a estabilidade dos nomeado, administrou o Pará de maneira opressiva e
privilégios econômicos daqueles que detinham o autoritária. Desta maneira, abriam-se tensões e a
poder na época. possibilidade de uma nova revolta provincial.
Naquele mesmo ano, o negro Cosme Bento Em 1835, um motim organizado pelo
de Chagas, contou com o apoio de, fazendeiro Félix Clemente Malcher e Francisco
aproximadamente, 3 mil escravos fugidos. O grande Vinagre prendeu e executou o governador Bernardo
número de negros envolvidos na revolta deu traços Lobo de Sousa. Os rebelados, também chamados de
raciais à questão da desigualdade ali colocada. Em cabanos, instalaram um novo governo controlado por
resposta aos levantes, o coronel Luis Alves de Lima Malcher. Francisco Vinagre, líder das tropas do novo
e Silva foi nomeado para controlar a tensa situação governo, se desentendeu com o novo governador.
da província. Aproveitando de seu controle sobre as forças
militares, tentou tomar o governo, mas foi preso pelo
Em 1841, com farto armamento e um grupo
governador. Em resposta, Antônio Vinagre, irmão de
de 8 mil homens, Luis Alves obteve sucesso na
Francisco, assassinou Félix Clemente Malcher e
contenção dos revoltosos e, por isso, recebeu o
colocou Francisco Vinagre na liderança do novo
título de Conde de Caxias. A desarticulação entre
governo.
os vários braços revoltosos da Balaiada e a
desunião em torno de objetivos comuns, facilitou Nessa nova etapa, Eduardo Angelim, líder
bastante a ação repressora estabelecida pelas popular, ascendia entre os revoltosos. A saída das
forças governamentais. elites do movimento causou o enfraquecimento da
revolta. Tentando aproveitar desta situação, as
Todos os negros fugidos acusados de
autoridades imperiais enviaram o almirante britânico
envolvimento na revolta foram reescravizados.
John Taylor, que retomou o controle sobre Belém,
Manoel Francisco Gomes foi abatido durante o
capital da província. No entanto, a ampla adesão
movimento de retaliação da revolta. Já o vaqueiro
popular do movimento não se submeteu à vitória
Raimundo Gomes foi expulso do Maranhão e,
imperial. Um exército de 3 mil homens liderados por
durante sua deportação para São Paulo, faleceu em
Angelim retomou a capital e proclamou um governo
uma embarcação. O líder dos escravos, Cosme
republicano independente.
Bento, foi preso e condenado à forca em 1842.
O governo, agora controlado por Angelim,
Cabanagem
abria possibilidades para a resolução dos problemas
sociais e econômicos que afligiam as camadas
populares. No entanto, a falta de apoio político de
outras províncias e a carestia de recursos prejudicou
a estabilidade da república popular. Sucessivas
investidas militares imperiais foram enfraquecendo o
movimento cabano. Em 1836, Eduardo Angelim foi
capturado pelas autoridades do governo imperial.
Entre 1837 e 1840, os conflitos no interior
foram controlados. Diversas batalhas fizeram com
que este movimento ficasse marcado por sua
Gravura representando a dominação dos cabanos violência. Estima-se que mais de 30 mil pessoas
sobre a cidade Belém, capital do Pará. foram mortas. Dessa maneira, a Cabanagem
encerrou a única revolta regencial onde os populares
A questão da autonomia política foi, desde conseguiram, mesmo que por um breve período,
a independência, a grande força motriz motivadora sustentar um movimento de oposição ao governo.
de diversos conflitos e revoltas no Brasil. Na
província do Pará, a péssima condição de vida das O golpe da maioridade
camadas mais baixas da população e a insatisfação
das elites locais representavam a crise de
legitimidade sofrida pelos representantes locais do
poder imperial. Além disso, a relação conflituosa
entre os paraenses e os comerciantes portugueses
acentuava outro aspecto da tensão socioeconômica
da região.
A abdicação de Dom Pedro I e ascensão do
governo regencial estabeleceram a deflagração de A chegada de um jovem imperador ao poder em meio
um movimento iniciado em 1832. Naquele ano, um às disputas políticas de uma época.
grupo armado impediu a posse do governador
nomeado pela regência e exigia a expulsão dos Ao longo do período regencial, a disputas
entre as tendências políticas promoveram a
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
instalação de um clima instável. De um lado, os Segundo Reinado
liberais defendiam a concessão de maiores
liberdades aos governos locais com a criação de
poderes legislativos e a eleição de assembleias
regenciais. Por outro, os conservadores entendiam
que a manutenção de um sistema político
centralizado era pressuposto fundamental para que
a unidade territorial e política fossem seguramente
preservadas.
Em meio a essa contenda, os liberais
atingiram uma primeira vitória ao aprovarem o
chamado Ato Adicional, em 1834. Pela emenda, as Dom Pedro II: um imperador em meio às
províncias poderiam organizar as suas próprias transformações de um longo governo.
assembleias legislativas. Contudo, apenas seis O Segundo Reinado iniciou-se com a
anos mais tarde, os conservadores deram sua declaração de maioridade de Dom Pedro II, realizada
reposta com a Lei Interpretativa do Ato Adicional. no dia 23 de julho de 1840. Na época, o jovem
Segundo o novo texto, os direitos das assembleias imperador tinha apenas quinze anos de idade e só
locais seriam tolhidos e o Poder Executivo central conseguiu ocupar o posto máximo do poder
teria maiores atribuições. executivo nacional graças a um bem arquitetado
Paralela a essa concorrência política, várias golpe promovido pelos grupos políticos liberais. Até
províncias foram palco de violentas rebeliões que então, os conservadores (favoráveis à centralização
respondiam ao desmando e à crise econômica que política) dominaram o cenário político nacional.
se perfilavam no país. Nesse contexto, ficava mais Antes do novo regime monárquico, o período
difícil a sustentação da hegemonia conservadora regencial foi caracterizado por uma política
nos principais cargos regenciais. Já em 1839, conservadora e autoritária que fomentou diversas
políticos liberais arquitetaram um movimento revoltas no Brasil. As disputas políticas do período e
defendendo a antecipação da maioridade de Dom o desfavor promovido em torno do autoritarismo
Pedro II, que então possuía apenas quatorze anos vigente permitiram que a manobra em favor de Dom
de idade. Pedro de Alcântara tivesse sustentabilidade política.
A intenção dos liberais era a de apoiar a Nos quarenta e nove anos subsequentes o Brasil
chegada de D. Pedro II ao governo, aproveitando esteve na mão de seu último e mais longevo
de sua inexperiência para assumir importantes monarca.
funções políticas. No início de 1840, o político Para contornar as rixas políticas, Dom Pedro
liberal Antônio Carlos de Andrada e Silva criou o II contou com a criação de dispositivos capazes de
chamado Clube da Maioridade. Com o apoio da agraciar os dois grupos políticos da época. Liberais e
imprensa, a proposta de antecipação ganhou as conservadores, tendo origem em uma mesma classe
ruas da capital e incitou algumas manifestações de socioeconômica, barganharam a partilha de um
apoio popular. Para muitos, a imagem jovem e poder repleto de mecanismos onde a figura do
instruída de D. Pedro II representava um tentativa imperador aparecia como um “intermediário
de ordenação política e social. imparcial” às disputas políticas.
O movimento não sofreu oposição dos Ao mesmo tempo em que se distribuíam
conservadores, que poderiam ser facilmente ministérios, o rei era blindado pelos amplos direitos
acusados de repúdio ao regime monárquico. Em do irrevogável Poder Moderador.
maio de 1840, um projeto de lei apresentado à
Câmara realizou o pedido de antecipação da A situação contraditória, talvez de maneira
maioridade de Dom Pedro II. No dia 23 de julho, inesperada, configurou um período de relativa
com expressa concordância do jovem monarca, o estabilidade. Depois da Revolução Praieira, em 1847,
fragilizado governo conservador aprovou a medida. nenhuma outra rebelião interna se impôs contra a
Naquele momento, o Segundo Reinado inaugurou autoridade monárquica. Por quê? Alguns
uma das mais extensas fases de nossa história historiadores justificam tal condição no bom
política. desempenho de uma economia impulsionada pela
ascensão das plantações de café. No entanto, esse
bom desempenho conviveu com situações delicadas
provindas de uma economia internacional em plena
mudança.
O tráfico negreiro era sistematicamente
combatido pelas grandes potências, tais como a
Inglaterra, que buscava ampliar seus mercados
consumidores por aqui. A partir da segunda metade
do século XIX, movimentos abolicionistas e
republicanos ensaiavam discursos e textos favoráveis
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
a uma economia mais dinâmica e um regime navais deveriam fazer um ataque surpresa capaz de
político moderno e inspirado pela onda republicana surpreender as embarcações brasileiras próximas a
liberal. Corrientes, que seriam posteriormente rebocadas
para Humaitá. Os conflitos começaram na manhã do
Após o fim da desgastante e polêmica
dia 11 de junho, com ligeira vantagem das forças
Guerra do Paraguai (1864 – 1870), foi possível
paraguaias. As forças brasileiras perseguiram os
observar as primeiras medidas que indicaram o fim
paraguaios até a foz do Riachuelo, onde seriam
do regime monárquico. O anseio por mudanças
realizados os confrontos.
parecia vir em passos tímidos ainda controlados por
uma elite desconfiada com transformações que Desconhecendo os planos da força naval
pudessem ameaçar os seus antigos privilégios. A paraguaia, o militar Francisco Manoel dirigiu Fragata
estranha mistura entre o moderno e o conservador Amazonas com o objetivo de interceptar os
ditou o início de uma república nascida de uma paraguaios. O avanço das tropas brasileiras acabou
quartelada desprovida de qualquer apoio popular. custando o encalhe de duas embarcações atingidas
pelo fogo inimigo. O equívoco de Francisco Manoel
Batalha Naval do Riachuelo
foi corrigido a tempo de reordenar as embarcações
A Batalha Naval do Riachuelo é sob o seu comando. A Fragata Amazonas guiou as
considerada um dos maiores triunfos da História demais embarcações contra os navios e a artilharia
das Forças Aramadas do Brasil. A sua deflagração de margem do Paraguai.
tem a ver com a Guerra do Paraguai, onde o Brasil
Essa primeira parte do conflito se encerrou
juntava forças com a Argentina e o Uruguai. O
após doze horas ininterruptas de combate. Os navios
conflito, ocorrido entre 1864 e 1870, foi resultado de
brasileiros recuaram para posteriormente retornarem
uma série de disputas políticas envolvendo as
ao palco de guerra com seis embarcações. A
nações que trafegavam na região do rio da Prata. O
segunda parte do conflito foi completamente
início da guerra só tomou forma mediante o
dominada pelos brasileiros, que conseguiram anular
ambicioso projeto expansionista do governo
o poder de combate dos navios paraguaios e colocar
paraguaio.
quatro outros navios inimigos em fuga. No fim do dia,
O conflito naval acontecido no Rio as tropas paraguaias foram vencidas e o bloqueio
Riachuelo foi considerado de suma importância naval dos aliados estava garantido.
para a vitória da Tríplice Aliança (Brasil, Uruguai e
Revolução Praieira
Argentina) frente às forças paraguaias. Na época,
os navios da força brasileira não tinham instalações
apropriadas para a navegação fluvial, o que
ameaçava a perda de uma embarcação devido o
encalhamento. Além disso, as embarcações eram
feitas todas de madeira, o que oferecia grande risco
frente a qualquer artilharia terrestre.
Durante os preparativos para a Batalha do
Riachuelo, coube ao futuro marquês de Tamandaré
a tarefa de comandar o poderio bélico-naval Revolução Praieira: o levante que se pôs contra o
brasileiro. De acordo com a estratégia estabelecida, governo de Dom Pedro II.
as embarcações do Brasil iriam realizar o bloqueio
dos rios Paraguai e Paraná. As forças navais foram No começo do Segundo Reinado, a
divididas em três grupos, um primeiro fazendo a ascensão dos liberais que apoiaram a chegada de
retaguarda no Rio da Prata, e os outros dois Dom Pedro II ao poder foi logo interceptada após os
diretamente responsáveis pelo bloqueio. escândalos políticos da época. As “eleições do
cacete” tomaram os noticiários da época com a
Enquanto isso, as tropas paraguaias denúncia das fraudes e agressões físicas que
avançavam territorialmente pela margem esquerda garantiriam a vitória da ala liberal. Em resposta,
do Rio Paraná. Para enfraquecer estrategicamente alguns levantes liberais em Minas e São Paulo foram
os militares paraguaios, uma embarcação preparados em repúdio às ações políticas
comandada por Francisco Manoel Barroso da Silva centralizadoras do imperador.
empreendeu uma batalha na cidade de Corrientes.
O sucesso dos combatentes brasileiros nessa Nesses dois estados os levantes não tiveram
missão impediria eficazmente a ocupação bastante expressão, sendo logo contidos pelas forças
paraguaia à região sul do Brasil. A importância militares nacionais. Entretanto, o estado de
estratégica dessa localidade fez com que as forças Pernambuco foi palco de uma ação liberal de maior
navais brasileiras montassem em Corrientes seu impacto que tomou feições de caráter revolucionário.
principal ponto de operações. Ao longo da década de 1840, setores mais radicais
do partido liberal recifense manifestaram seus ideias
O plano de reação contra a Tríplice Aliança através do jornal Diário Novo, localizado na Rua da
seria deflagrado na noite de 10 para 11 de junho de Praia. Em pouco tempo, esses agitadores políticos
1865. De acordo com o plano paraguaio, as forças ficaram conhecidos como “praieiros”.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Entre as principais medidas defendidas por Lei do Ventre Livre
esses liberais estavam a liberdade de imprensa, a
O Partido Liberal, de oposição, compromete-
extinção do poder moderador, o fim do monopólio
se publicamente com a causa, mas é o gabinete do
comercial dos portugueses, mudanças
visconde do Rio Branco, do Partido Conservador, que
socioeconômicas e a instituição do voto universal.
promulga a primeira lei abolicionista, a Lei do Ventre
Mesmo não tendo caráter essencialmente
Livre, em 28 de setembro de 1871. De poucos efeitos
socialista, esse grupo político era claramente
práticos, ela dá liberdade aos filhos de escravos
influenciado por socialistas utópicos do século XIX,
nascidos a partir dessa data, mas os mantém sob a
como Pierre– Joseph Proudhon, Robert Owen e
tutela de seus senhores até atingirem a idade de 21
Charles Fourier.
anos. Em defesa da lei, o visconde do Rio Branco
Em 1847, o movimento passou a ganhar apresenta a escravidão como uma "instituição
força com a nomeação de um presidente de injuriosa", que prejudica, sobretudo, a imagem
província conservador mineiro para conter a ação externa do país.
dos liberais pernambucanos. Revoltados com essa
Campanha abolicionista
ação autoritária do poder imperial, os praieiros
pegaram em armas e tomaram conta da cidade de Em 1880, políticos e intelectuais importantes,
Olinda. A essa altura, um conflito civil contando com como Joaquim Nabuco e José do Patrocínio, criam,
o apoio de grandes proprietários, profissionais no Rio de Janeiro, a Sociedade Brasileira contra a
liberais, artesãos e populares tomou conta do Escravidão, que estimula a formação de dezenas de
estado. agremiações semelhantes pelo país. Da mesma
forma, o jornal O Abolicionista e o manifesto
Em fevereiro de 1849, os rebelados
tomaram a cidade de Recife e entraram em novo O Abolicionismo, de Nabuco, e a Revista
confronto com as forças imperiais. Nesse período, o Ilustrada, de Ângelo Agostini, servem de modelo a
insurgente Pedro Ivo surgiu como um dos maiores outras publicações antiescravistas. Advogados,
líderes dos populares. Entretanto, a falta de apoio artistas, intelectuais, jornalistas e parlamentares
de outras províncias acabou desarticulando o engajam-se no movimento e arrecadam fundos para
movimento pernambucano. No ano de 1851, o pagamento de cartas de alforria, documento que
governo imperial deu fim aos levantes que concedia liberdade ao escravo. O país é tomado pela
contabilizaram cerca de oitocentas baixas. causa abolicionista. Em 1884, o Ceará antecipa-se e
decreta o fim da escravidão em seu território.
Abolição da Escravatura no Brasil
Lei dos Sexagenários
A decisão cearense aumenta a pressão da
opinião pública sobre as autoridades federais. Em
1885, o governo cede mais um pouco e promulga a
Lei Saraiva-Cotegipe. Conhecida como Lei dos
Sexagenários, ela liberta os escravos com mais de
60 anos, mediante compensações a seus
proprietários. A lei não apresenta resultados
significativos, já que poucos cativos atingem essa
idade e os que sobrevivem não têm de onde tirar o
Movimento social e político ocorrido entre 1870 e sustento sozinhos.
1888, que defendia o fim da escravidão no Brasil.
Os escravizados, que sempre resistiram ao
Termina com a promulgação da Lei Áurea, cativeiro, passam a participar ativamente do
que extingue o regime escravista originário da movimento, fugindo das fazendas e buscando a
colonização do Brasil. A escravidão havia liberdade nas cidades.
começado a declinar com o fim do tráfico de
No interior de São Paulo, liderados pelo
escravos em 1850.
mulato Antônio Bento e seus caifazes (nome tirado
Progressivamente, imigrantes europeus de uma personalidade bíblica, o sumo-sacerdote
assalariados substituem os escravos no mercado judeu Caifaz), milhares deles escapam das fazendas
de trabalho. e instalam-se no Quilombo do Jabaquara, em Santos.
Mas é só a partir da Guerra do Paraguai A esta altura, a campanha abolicionista
(1865-1870) que o movimento abolicionista ganha mistura-se à republicana e ganha um reforço
impulso. importante: o Exército. Descontentes com o Império,
os militares pedem publicamente para não mais ser
Milhares de ex-escravos que retornam da utilizados na captura dos fugitivos. Do exterior,
guerra vitoriosos, muitos até condecorados, se sobretudo da Europa, chegam apelos e manifestos
recusam a voltar à condição anterior e sofrem a
favoráveis ao fim da escravidão.
pressão dos antigos donos. O problema social
torna-se uma questão política para a elite dirigente
do Segundo Reinado.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Lei Áurea por volta de 1590, só foi derrotado cerca de 100 anos
depois, em 1694.
Um ano depois, Zumbi, traído por um homem
de sua confiança, foi assassinado. A data de sua
morte, 20 de novembro, é muito comemorada pelo
movimento negro e foi oficializada como o Dia
Nacional de Denúncia contra o racismo.

Em 13 de maio de 1888, o governo imperial rende-

se às pressões, e a princesa Isabel assina a Lei
Áurea, que extingue a escravidão no Brasil.
A decisão desagrada aos fazendeiros, que
exigem indenizações pela perda de seus "bens".
Como não as conseguem, aderem ao movimento
republicano como forma de pressão.
Ao abandonar o regime escravista e os
proprietários de escravos, o Império perde a última
coluna de sustentação política. Mas o começo da liberdade ainda
O fim da escravatura, porém, não melhora a demoraria para acontecer
condição social e econômica dos ex-escravos. Sem Os primeiros passos, antes da Lei Áurea,
formação escolar nem profissão definida, para a foram a Lei do Ventre Livre (1871) e a Lei dos
maioria deles a simples emancipação jurídica não Sexagenários (1884). A primeira estabelecia que os
muda sua condição subalterna, muito menos ajuda filhos de escravos ficavam sob os cuidados do
a promover sua cidadania ou ascensão social. senhor de suas mães até 8 anos. Depois, o senhor
Abolição da Escravatura no Brasil poderia libertá-los e receber indenização ou usar
seus trabalhos até os 21 anos, depois eles estariam
livres. A segunda dizia que os escravos estariam
livres quando completassem 60 anos. Mas antes da
liberdade total, deveriam trabalhar 5 anos de graça
como indenização aos senhores pelos gastos com a
compra deles.
Só então é que veio a Lei Áurea. Mas mesmo
depois da lei, os ex-escravos batalharam bastante
para sobreviver, porque não tinham emprego, nem
terras, nem nada. Muitos deles arranjaram empregos
A Lei Áurea foi assinada pela Princesa que pagavam pouco porque era tudo que os brancos
Isabel em 13 de maio de 1988. A lei marcou a lhes ofereciam. Os movimentos de consciência negra
extinção da escravidão no Brasil, o que levou à surgem como forma de protestar contra esta
libertação de 750 mil escravos, a maioria deles desigualdade social e contra o preconceito racial.
trazidos da África pelos portugueses. Hoje, 13 de maio é o Dia Nacional de Denúncia
contra o Racismo.
A assinatura da lei foi consequência de um
longo processo de disputas. Logo antes da É compromisso de todo mundo lutar por um
elaboração do deputado conservador João Alfredo, mundo mais justo, e está incluída aí a justiça racial.
muitas manifestações pedindo a libertação dos Todos os seres humanos merecem respeito carinho
escravos já ocupavam as ruas, principalmente em ou atenção, independentemente da cor da sua pele.
São Paulo e Rio de Janeiro. Isto significa que você deve tratar bem todos os seus
colegas e seus conhecidos, não importa se ele é
Na verdade, os escravos já estavam branco, negro ou oriental.
mobilizados em torno desta causa havia muitos
anos. Um dos primeiros ícones da luta pela Leis Abolicionistas
libertação dos escravos, considerado o mais
1815 - Tratado anglo-português, na qual
importante até hoje, foi o movimento do Quilombo
Portugal concorda em restringir o tráfico ao sul do
dos Palmares, liderado por Zumbi dos Palmares.
Equador;
Escravos fugidos ou raptados de senzalas
1826 - Brasil compromete em acabar com o
eram levados para o território, que chegou a ter 200
tráfico dentro de 3 anos
quilômetros de largura, em um terreno que hoje
corresponde ao estado de Alagoas, parte de 1831 - Tentativa de proibição do tráfico no
Sergipe e de Pernambuco. O movimento, iniciado Brasil, sob pressão da Inglaterra.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
1838 - abolição da escravidão nas colônias podiam pagar em gêneros agrícolas. finalmente,
inglesas deve-se considerar que a Inglaterra não se
beneficiava das constantes baixas da cotação do
1843 - os ingleses são proibidos de
açúcar em diversas regiões do mundo, pois,
comprar e vender escravos em qualquer parte do
conforme leis aprovadas por seus plantadores desde
mundo
1739, não podia adquirir açúcar proveniente de
1845 - A Inglaterra aprova o Bill Abeerden, outras partes do mundo.
que da a Inglaterra o poder de apreender os navios
Dessa maneira, a extinção do tráfico de
negreiros com destino ao Brasil
escravos, apoiada pelos industriais ingleses, não
1850 - É aprovada sob pressão inglesa a lei representava qualquer atitude filantrópica, mas um
Eusébio de Queirós, que proíbe o tráfico negreiro meio de enfraquecer as regiões colônias e anular as
no Brasil leis que davam a essas áreas o monopólio do
comércio de gêneros agrícolas.
1865 - A escravidão é abolida nos Estados
Unidos (13ª. emenda Constitucional) Somente em 1833, após uma série de
reformas eleitorais, é que os industriais conseguiram
1869 - Manifesto Liberal propõe a abolir o escravismo em todo Império inglês. (...) Em
emancipação gradual dos escravos no Brasil 1843, foram revogadas as leis que reservavam os
1871 - Lei do Ventre Livre ou Lei Rio mercados ingleses para os agricultores ingleses. O
Branco livre-câmbio que, no caso britânico, atendia aos
industriais, triunfava.
1885 - Lei dos Sexagenários ou Lei
Saraiva-Cotejipe O fim do tráfico condenava a escravidão ao
fim, pois, devido as difíceis condições de vida e de
1888 - Lei Áurea. trabalho, os castigos e a alta taxa de mortalidade
A escravidão era uma instituição impediam sua reprodução interna dos escravos.
"onipresente: havia escravos em todos os Os acontecimentos internacionais de 1860,
municípios do Império e era no trabalho deles que com a libertação dos escravos no Império português,
se assentavam todas as atividades produtivas (...) a francês e dinamarquês e principalmente o fim da
posse deles era vital para a manutenção do status escravidão nos EUA, deixavam a Monarquia em
social. situação desconfortável. Em 1866, a sociedade
A relutância em abolir não decorria somente abolicionista de Paris pediu ao Imperador D. Pedro II
do seu valor econômico, mas encontrava-se que acabasse com a escravidão. Para o monarca a
profundamente enraizada na cultura e nos valores medida era problemática já que a sustentação do
das classes dominantes como um todo". regime dependia dos senhores de escravos.
A escravidão continuava a ser a principal A abolição era defendida pelos que viam
forma de trabalho no Brasil durante o século XIX, nessa instituição as razões do atraso do país.
tanto nas áreas agro-exportadoras como naquelas Abolicionistas como Joaquim Nabuco, Rui Barbosa,
dedicadas à cultura de subsistência. Esse apego à José do Patrocínio, André Rebouças, Luís Gama e
escravidão devia-se ao fato de que os escravos Antônio Bento defendiam o fim do cativeiro e a
eram os únicos que trabalhavam quer nas cidades reforma agrária para o país.
quer no campo. Joaquim Nabuco, na campanha abolicionista
O fim da escravidão no Brasil foi um afirmava entre outras coisas que a escravidão no
processo lento e gradual ocupando praticamente Brasil era "a causa de todos os vícios políticos e
todo o Século XIX. Após a independência em 1822, fraquezas sociais; um obstáculo invencível ao seu
a Inglaterra pressionou o governo brasileiro que progresso; a ruína das suas finanças, a esterilização
compromete-se a acabar com o tráfico em 3 anos. do seu território; a inutilização para o trabalho de
Em 1850 o país cedeu a pressão inglesa e proibiu o milhões de braços livres; a manutenção do povo em
tráfico. estado de absoluta e servil dependência para com os
poucos proprietários de homens que repartem entre
A Inglaterra admitia o escravismo em suas si o solo produtivo".
colônias produtoras de gêneros de consumo. Não
podia contudo, aceitar o monopólio dessas regiões A historiadora Emilia Viotti da Costa diz que
sobre o mercado metropolitano de açúcar, na as transformações sociais e econômicas pelas quais
medida em que assegurava mercado estável e passou o país no decorrer do século XIX muito
preços elevados a essas colônias, além de obrigar contribuíram para o abolicionismo. "De maneira geral,
os indusriais a pagar maiores salários aos afirma a historiadora, foram os elementos urbanos e
trabalhadores. as categorias não comprometidas diretamente com o
sistema que participaram ativamente do movimento
Os gêneros agrícolas de outras regiões não abolicionista quando esse tomou força, o que
podiam ser comercializados livremente no reino coincidiu aliás com o processo de urbanização
britânico e, com isso, os industriais não conseguiam incipiente, mas característico dos últimos anos do
vender seus produtos a essas regiões que só
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Império. (...) Nas cidades, a propaganda ganhava infância, o menino de família aristocrata se
forças. Desfilavam nas ruas da Capital e outros alfabetizara junto com os filhos dos escravos numa
centros da Província, grupos de pessoas levando escolinha construída pela madrinha.
cartazes que representavam castigos infligidos aos
Estudou Direito em São Paulo e Recife,
escravos, fazendo coletas em prol da campanha e
escreveu poemas, era um patriota. Foi colega de
chegando mesmo a incitar os escravos à violência e
Castro Alves e de Rui Barbosa.
à rebelião
O tema da escravidão estava presente em
A Campanha Abolicionista contribuiu para
sua obra literária desde seu primeiro trabalho, nunca
desacreditar o sistema escravista. As leis
publicado, chamado "A escravidão". Porém, teve
emancipadoras aprovadas pelo Parlamento tiveram
sucesso quando, em 1883, publicou "O
um resultado psicológico importante pois
Abolicionismo", durante período em que esteve em
condenaram a escravidão a desaparecer
Londres.
gradualmente. Isso forçou os proprietários de
escravos a pensarem em soluções alternativas para Quando retornou ao Brasil, seguiu carreira
o problema de mão-de-obra. Mas foi apenas política. Foi um grande parlamentar, um excelente
quando os escravos decidiram abandonar as orador. Fez uso de seu reconhecido talento público
fazendas em número cada vez maior para lutar pela causa abolicionista, junto com José do
desorganizando o trabalho, que os fazendeiros se Patrocínio, Joaquim Serra e André Rebouças.
viram obrigados a aceitar como inevitável, a
É interessante observar que Nabuco era a
Abolição. Igualmente importante foi a adesão dos
favor da monarquia e ainda assim serviu fielmente à
militares à causa abolicionista."
República como diplomata em Londres e
Após a escravidão continua a historiadora Washington, após o fim do Império.
Emília Viotti "muitos abandonaram as fazendas
Joaquim Nabuco afirmava que a escravidão
onde viviam, empregando-se em outras. Outros
no Brasil era "a causa de todos os vícios políticos e
abandonaram o campo pela cidade, onde a maioria
fraquezas sociais; um obstáculo invencível ao seu
continuou a viver em condições miseráveis."
progresso; a ruína das suas finanças, a esterilização
O fim da escravidão em 13 de Maio de do seu território; a inutilização para o trabalho de
1888 é analisado dessa maneira por Alfredo Bosi " milhões de braços livres; a manutenção do povo em
O Treze de Maio não é uma data apenas entre estado de absoluta e servil dependência para com os
outras, número neutro, notação cronológica. É o poucos proprietários de homens que repartem entre
momento crucial de um processo que avança em si o solo produtivo".
duas direções.
Morreu em Washington, no ano de 1910.
Para fora: o homem negro é expulso de um
Rui Barbosa
Brasil moderno, cosmético, europeizado.
Para dentro: o mesmo homem negro Rui Barbosa nasceu em Salvador, Bahia, em
5 de novembro de 1849. Incansável, exerceu as mais
tangido para os porões do capitalismo nacional,
variadas atividades profissionais. Foi advogado,
sórdido, brutesco. O senhor liberta-se do escravo e
jurista, jornalista, ensaísta, orador, diplomata,
traz ao seu domínio o assalariado, migrante ou não.
deputado, senador, ministro e candidato a Presidente
Não se decretava oficialmente o exílio do da República duas vezes.
ex-cativo, mas passaria a vivê-lo como estigma na
cor da sua pele" "Entre as consequências dos Sua participação na luta contra a escravidão
foi uma das manifestações de seu amor ao princípio
séculos de escravidão no Brasil desenvolveu-se um
da liberdade – todo tipo de liberdade.
quadro de exclusão dos negros. No Brasil um
branco recebe mensalmente, em média o dobro do Assim como Joaquim Nabuco, estudou
negro. "Para alguns - sociólogos, historiadores - um Direito em Recife e em São Paulo, mas foi no Rio de
país agrário, com poder concentrado na aristocracia Janeiro que Rui Barbosa abraçou a causa da
branca, ajuda a explicar em parte o porquê do abolição. Contudo, a defesa da liberdade também
racismo. Imigrantes, mestiços ou negros chegavam levou-o a ser exilado, em 1893, quando discordara do
ao país para trabalhar em funções de baixa golpe que levou Floriano Peixoto ao poder e, por isto,
remuneração" pedira a libertação de presos políticos daquele
governo ditatorial.
Na luta contra a escravidão, algumas
pessoas se destacam por sua dedicação à causa. Destaca-se em sua biografia sua passagem
Vamos conhecer alguns destes homens como presidente da Academia Brasileira de Letras,
substituindo Machado de Assis, e o grande prestígio
que ficaram conhecidos como abolicionistas?
de ser eleito Juiz da Corte Internacional de Haia.
Joaquim Nabuco Morreu em 1923.
Nascido no Recife, Pernambuco, em 19 de
agosto de 1849, Joaquim Nabuco desde cedo
conviveu com a dura realidade dos escravos. Na
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
José do Patrocínio Fez do exercício da advocacia uma
oportunidade para defender e libertar escravos
Natural de Campos, no Rio de Janeiro,
ilegais.
José do Patrocínio nasceu em 8 de outubro de
1854. Era filho de pai branco, padre, e mãe negra, Antônio Bento
escrava. Frequentou a Faculdade de Medicina e se
Antônio Bento era um abolicionista de família
formou aos 20 anos de idade, mas sua principal
rica de São Paulo. Foi advogado, Promotor Público e
atuação foi como jornalista. Começou na Gazeta de
depois Juiz de Direito. Seus métodos não-ortodoxos,
Notícias, em 1875, e quatro anos depois juntou-se a
intransigentes e revolucionários para libertação dos
Joaquim Nabuco, Lopes Trovão,
negros o tornaram famoso. Promovia, juntamente
Teodoro Sampaio, entre outros, na com os membros da Ordem dos Caifazes
campanha pela abolição do regime escravocrata. (considerada subversiva na época), proteção a
Em 1881, tornou-se proprietário de um jornal, a escravos que fugiam e incentivava a evasão dos
Gazeta da Tarde, e fundou a Confederação negros das grandes fazendas.
Abolicionista, para a qual elaborou um manifesto
Os historiadores narram que, para Antônio
junto com André Rebouças e Aristides Lobo.
Bento, a escravidão era uma mancha na história do
Assim como Rui Barbosa, foi contra o Brasil. Cristão fervoroso, há um registro de um
governo de Floriano Peixoto, o que o obrigou a ser episódio em que um negro, que havia sido torturado,
desterrado e tirou de circulação seu jornal, o Cidade teria sido levado por Antônio Bento a uma procissão.
do Rio, fundado em 1887. Com isto, afastou-se da O efeito causado, além de mostrar as agruras da
vida política e terminou por falecer no Rio de escravidão, foi de uma inevitável comparação do
Janeiro, em 30 de janeiro de 1905. martírio do negro ao martírio de Cristo.
André Rebouças GEOGRAFIA
André Rebouças, nascido em 1838, era As Regiões Brasileiras
filho de escravos. Estudou no Colégio Militar do Rio
O Brasil encontra-se política e
de Janeiro e se formou em Engenharia na Europa.
geograficamente dividido em cinco regiões distintas,
Foi professor da Escola Politécnica, e durante toda
que possuem traços comuns no que se refere aos
sua vida preocupou-se com a realidade brasileira. O
aspectos físicos, humanos, econômicos e culturais.
problema dos escravos, naturalmente, não lhe
Os limites de cada região-Norte, Nordeste, Sudeste,
passou despercebido.
Sul e Centro-Oeste - coincidem sempre com as
Escreveu, junto com José do Patrocínio e fronteiras dos Estados que as compõem.
Aristides Lobo, o manifesto da Confederação
A região Norte é a que ocupa a maior parte
Abolicionista de 1883; foi co-fundador da Sociedade
do território brasileiro, com uma área que
Brasileira Anti-Escravidão e contribuiu
corresponde a 45,27% dos 8.547.403,5 de km2 da
financeiramente para a causa abolicionista.
área total do País. Formada por sete Estados, tem
Apoiou a reforma agrária no Brasil e foi sua área quase totalmente dominada pela bacia do
também inventor. Exilou-se voluntariamente na Ilha Rio Amazonas. A região Nordeste pode ser
da Madeira, na África, em solidariedade a D. Pedro considerada a mais heterogênea do País. Dividida
II e sua família, e lá morreu em absoluta pobreza. em quatro grandes zonas-meio-norte, zona da mata,
agreste e sertão-, ocupa 18,26% do território nacional
Luís Gama
e tem nove estados.
Tal como José do Patrocínio, Luís Gama foi
No Sudeste, região de maior importância
filho de uma miscigenação de cores. Seu pai era
econômica do País, está concentrado também o
branco, de rica família da Bahia, e sua mãe era
maior índice populacional -42,63% dos 157.079.573
uma africana rebelde. Contudo, um episódio trágico
brasileiros-e produção industrial. É formada por
faria com que se afastasse da mãe, exilada por
quatro Estados e apresenta grandes diferenças sob o
motivos políticos, e fosse vendido como escravo
aspecto físico, com litoral, serras e planícies.
pelo próprio pai, vendo-se à beira da falência.
Já o Sul, região mais fria do País, com
Assim, viveu na própria pele o cotidiano de
ocorrências de geadas e neve, é a que apresenta
um escravo. Foi para o Rio e depois São Paulo.
menor área, ocupando 6,75% do território brasileiro e
Aprendeu a ler com ajuda de um estudante, no
com apenas três Estados. Os rios que cortam sua
lugar onde trabalhava como servente, mas logo
área formam a bacia do Paraná em quase toda sua
fugiu – pois sabia que sua situação era ilegal, já
totalidade e são de grande importância para o País,
que era filho de mãe livre.
principalmente pelo seu potencial hidrelétrico.
Daí trabalhou na milícia, em jornais,
Finalmente, a região Centro-Oeste tem sua
escrevendo poesia e como advogado, até conhecer
área dominada basicamente pelo Planalto Central
Rui Barbosa, Castro Alves e Joaquim Nabuco, com
Brasileiro e pode ser dividida em três porções:
quem se uniria para lutar pelo fim da escravidão.
maciço goiano-mato-grossense, bacia de
sedimentação do Paraná e as depressões. Formado
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
por quatro Estados, esta região vem sofrendo Região Sul
alterações significativas na sua cobertura vegetal,
Com predominância do Ecossistema de Mata
com o cerrado sendo substituído gradativamente
de Araucárias, a região é formada por 3 Estados:
por plantações ou criação de gado em função do
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Possui
processo de ocupação nesta parte do Brasil.
um território de 575.316 km² (6,8% do território
As regiões do Brasil são uma divisão que nacional) e sua população é demais de 26 milhões de
tem caráter legal e que foi proposta pelo Instituto habitantes.
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em
Os limites das regiões sempre coincidem
1969.O IBGE levou em consideração apenas
com limites de estados, não havendo estados que se
aspectos naturais na divisão do país, como clima,
espalhem por duas regiões.
relevo, vegetação e hidrografia; por essa razão, as
regiões também são conhecidas como "regiões
naturais do Brasil".
Há uma pequena exceção com relação à
região Sudeste, que foi criada levando-se
parcialmente em conta aspectos humanos
(desenvolvimento industrial e urbano). Cada um
destes grupos é uma região, e as regiões
brasileiras são...
Região Centro-Oeste
Com predominância do Ecossistema de
Cerrado, a região pode ser dividida em3 porções:
maciço goiano-mato-grossense, bacia de
sedimentação do Paraná e as depressões. É
formada por 3 Estados: Goiás, Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul e o Distrito Federal. Possui um
território de 1.604.852 km² (18,9% do território
nacional).Sua população é de cerca de 12 milhões
de habitantes.
A área correspondente ao estado de
Região Nordeste Tocantins (integrante da região Norte), por ter sido
Com predominância do Ecossistema de originária do desmembrado de Goiás (Centro-Oeste),
Caatinga, a região encontra-se dividida em quatro foi a última alteração na delimitação das regiões
sub-regiões (zonas): meio-norte, zona da mata, brasileiras.
agreste e sertão) e é formada por 9 Estados: Atualmente, muitos geógrafos e cientistas
Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, sociais preferem a divisão geoeconômica proposta
Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. por Pedro Pinchas Geiger, em 1967, que leva em
Possui um território de 1.556.001 km²(18,2% do conta os aspectos naturais e humanos. Essa divisão
território nacional), dentro dos quais está localizado consiste de três regiões e suas fronteiras não
o Polígono das secas. Sua população é pouco coincidem com as fronteiras estaduais: Amazônia,
superior a 50 milhões de habitantes. Centro-Sul e Nordeste.
Região Norte O vestuário típico folclórico no Brasil se
Com predominância do Ecossistema de compõem de três formas: roupas de couro
Floresta Amazônica, a região Norte é formada por 7 (Nordeste), vestidos de renda da Bahia e roupa típica
Estados: Acre, Amazonas, Roraima, Rondônia, gaúcha. Fonte: Museu de Folclore (SP).
Pará, Amapá e Tocantins. Possui um território de
3.851.560 km² (45,2% do território nacional),e uma
população pouco superior a 14 milhões de
habitantes–o que faz dela a região com menor
densidade demográfica.
Região Sudeste
Com predominância do Ecossistema de
Mata Atlântica, a região apresenta grandes
diferenças sob o aspecto físico, com litoral, serras e
planícies e é formada por 4 Estados: Minas Gerais,
Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. Possui
um território de 927.286 km² (10,6% do território
nacional). Sua população é de cerca de 77 milhões
de habitantes.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
1 • Centro-Oeste, 2 • Nordeste, 3 • Norte, 4 • Atualmente, muitos geógrafos e cientistas
Sudeste, 5 • Sul sociais preferem a divisão geoeconômica proposta
por Pedro Pinchas Geiger em 1967, que leva em
As Regiões do Brasil são uma divisão que
conta-os aspectos naturais e humanos. Essa divisão
tem caráter legal e que foi proposta pelo Instituto
consiste de três regiões e suas fronteiras não
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em
coincidem com as fronteiras estaduais, a saber:
1969. O IBGE levou em consideração apenas
Amazônia, Centro-Sul e Nordeste.
aspectos naturais na divisão do país, como clima,
relevo, vegetação e hidrografia; por essa razão, as Maiores dados
regiões também são conhecidas como "regiões
Possui a maior Cidade: Sudeste (São
naturais do Brasil". Há uma pequena exceção com
Paulo)
relação à região Sudeste, que foi criada levando-se
parcialmente em conta aspectos humanos Maior Área: Norte
(desenvolvimento industrial e urbano).
Maior PIB: Sudeste
Cada um destes grupos é uma região, e
Maior IDH: Sul
as regiões brasileiras são:
Região Centro-Oeste Mais Estados: Nordeste

Compõe-se dos estados: Goiás, Mato Maior População: Sudeste

Grosso e Mato Grosso do Sul e do Distrito Federal. Maior PIB per capita: Sudeste
Possui um território de 1 604 852 km2 (18,9% do
território nacional). Sua população é de cerca de 12 Maior Alfabetização: Sul
milhões de habitantes. Maior Densidade Demográfica: Sudeste
Região Nordeste REGIÃO CENTRO-OESTE
Compõe-se dos estados: Maranhão,
Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,
Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. Possui um
território de 1 556001 km2 (18,2% do território
nacional), dentro dos quais está localizado o
Polígono das secas. Sua população é pouco
superior a 50 milhões de habitantes.
Região Norte
Compõe-se dos estados: Acre,
Amazonas, Roraima, Rondônia, Pará, Amapá e
Tocantins. Possui um território de 3 851 560 km2
(45,2% do território nacional), e uma população
pouco superior a 14 milhões de habitantes–o que Estados e capitais da Região Centro-Oeste
faz dela a região com menor densidade
demográfica.
Região Sudeste
Compõe-se dos estados: Minas Gerais,
Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. Possui
um território de 927 286 km2 (10,6% do território
nacional). Sua população é de cerca de 77 milhões
de habitantes.
Região sul
Compõe-se dos estados: Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul. Possui um território A Região Centro-Oeste é composta pelos
de 575 316 km2 (6,8% do território nacional) e sua estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul
população é de mais de 26 milhões de habitantes. e o Distrito Federal, onde está situada a capital do
Os limites das regiões sempre coincidem país, Brasília.
com limites de estados, não havendo estados que Com a mudança da capital do Brasil do Rio
se espalhem por duas regiões. de Janeiro para Brasília, em 1960,houve uma grande
A área correspondente ao estado de mudança na região. O aumento da população e a
Tocantins (integrante da região Norte), por ter sido construção de estradas e ferrovias foram intensos.
originária do desmembrado de Goiás (Centro- Hoje, a taxa de urbanização da região é de 81,3%.
Oeste), foi a última alteração na delimitação das Sua área total é de 1.612.077,2 km², sendo a
regiões brasileiras. segunda maior região brasileira em território.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Relevo da Região Centro-Oeste rasteira: árvores espaçadas com tronco retorcido e
folhas duras e arbustos baixos.
O relevo da Região Centro-Oeste não
possui lugares de grandes altitudes. Ele é composto No Mato Grosso do Sul existe uma localidade
por três relevos predominantes: isolada de campos limpos conhecido na região como
vacaria. Essa região é parecida com os pampas
• Planalto Central: ocupa a maior parte da
gaúchos. No verão são alagáveis e possui
região e é formado por um grande bloco de rochas
diversificada vegetação, apresentando pontos de
cristalinas que são encobertas por rochas
cerrado, caatinga e campos.
sedimentares. Existem algumas partes em que as
rochas cristalinas aparecem na superfície fazendo População da Região Centro-Oeste
com que o relevo apresente ondulações. Nas áreas
De acordo com o IBGE, é uma região pouco
onde as rochas sedimentares cobrem todo o relevo
povoada, tem densidade demográfica de 8,26
são formadas as chapadas. As principais chapadas
hab./km². Goiás é o estado mais populoso, seguido
são: Chapada dos Parecis, Chapada dos Veadeiros
do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul. O Distrito
e Espigão Mestre que divide a Bacia do Tocantins
Federal possui número de habitantes parecido com
da Bacia do São Francisco;
todo o estado do Mato Grosso do sul. Suas principais
• Planície do Pantanal: é uma planície que, cidades são: Brasília, Cuiabá, Campo Grande,
periodicamente, é inundada pelo rio Paraguai e tem Goiânia, entre outras.
formação recente. Está situada entre os planaltos
Agropecuária do Centro-Oeste
Central, Meridional e o relevo pré-andino;
• Planalto Meridional: vai da região Sul até
os estados do Mato Grosso do Sul e Goiás, possui
as terras mais férteis da região;
Clima da Região Centro Oeste
O clima predominante na Região Centro-
Oeste é o tropical, com um verão chuvoso e um
inverno seco entre os meses de abril a dezembro.
No inverno a temperatura média é de 18ºC e no
verão superior a 25ºC. Ao noroeste da Região
Centro-Oeste pode ser encontrado o clima
equatorial por conta da floresta Amazônica. O A pecuária é de extrema importância para
índice de chuva na região varia de 2.000 a 3.000 a economia do Centro-Oeste.
mm ao norte de Mato Grosso e fica em torno de O agronegócio é a principal atividade
1.250 mm no Pantanal mato-grossense. econômica da região Centro-Oeste. O mesmo
Hidrografia da Região Centro-Oeste engloba as agroindústrias e a produção
agropecuária. A última tem se destacado no
A hidrografia da região é drenada por vários fornecimento de matéria prima para indústrias de
rios que formam três bacias importantes: alimentos e de outros setores do Brasil e do exterior,
• Bacia Amazônica: ocupa parte do Mato principalmente carne, soja, algodão, milho, cana-de-
Grosso e é formada pelo rio Xingu;• Bacia do açúcar e arroz.
Tocantins-Araguaia: ocupa o norte e o parte do A região tem uma participação significativa
oeste de Goiás e o extremo leste do Mato Grosso; no cenário nacional quanto à produção agropecuária,
• Bacia Platina: está subdividida em Bacia uma vez que a cada ano os índices de produtividade
do rio Paraná e Bacia do rio Paraguai-Bacia do rio se elevam. Isso tem ocorrido em razão de
Paraná: é formada pelos rios Paraguai, Cuiabá, investimentos em tecnologias, especialmente
Pardo; Miranda, Apa, Paraná, Verde, Corumbá, naquelas propriedades de produção tradicional. Os
Aporé, e Taquari. recursos são aplicados na compra de maquinários,
insumos agrícolas, e na utilização de mão-de-obra
-Bacia do rio Paraguai: é a bacia mais especializada (técnicos) no desenvolvimento das
extensa formada pelo rio Paraguai que nasce em atividades. Em suma, o que tem ocorrido é um
Mato Grosso na chapada dos Parecis e tem como processo de modernização maciça do campo na
principais afluentes os rios Cuiabá, Taquari e região.
Miranda.
Na região Centro-Oeste é possível identificar
Vegetação da Região Centro-Oeste áreas agrícolas que se destacam na produção de
Existe uma grande variedade na vegetação determinadas culturas. No Mato Grosso, as culturas
da Região Centro-Oeste. No norte e oeste está que se destacam são: arroz, soja e o milho no norte
presente a floresta Amazônica, porém boa parte da da capital (Cuiabá); algodão no sul do Estado; e
região é coberta pelo cerrado e sua vegetação cana-de-açúcar a oeste do mesmo. No Mato Grosso
do Sul, nas proximidades de sua capital (Campo
Grande), destaca-se a produção da soja e do trigo;
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
no município de Dourados, soja, cana-de-açúcar, Destacam-se entre os pratos principais
milho e arroz; e ao norte do Estado, soja. Já em goianos a galinhada com pequi e guariroba, o
Goiás, o que se destaca é a produção de algodão, empadão goiano e os diversos frutos do cerrado.
soja, milho e arroz, isso no sudoeste do Estado; no
O Mato Grosso apresenta como
Mato Grosso goiano (centro do Estado) a principal
manifestação cultural o cururu, dança de provável
cultura é a cana-de-açúcar.
origem indígena, que homenageia santos padroeiros
Historicamente, a região sempre se de cidades do interior do Mato Grosso. Os homens,
destacou na pecuária. Ainda hoje, essa atividade únicos participantes da festa, dançam em círculos ao
possui uma grande relevância para a economia do som de viola de concho e reco-reco.
Centro-Oeste, respondendo pela maioria da renda
proveniente do setor agropecuário. A pecuária
desenvolvida na região se dedica, principalmente, à
criação de bovinos, mas também existem criadores
de bubalinos e equinos
Aspectos Culturais da Região Centro-
Oeste
A cultura do Centro-Oeste brasileiro é bem
diversificada, pois recebeu contribuições
principalmente dos indígenas, paulistas, mineiros,
gaúchos, bolivianos e paraguaios. São
manifestações culturais típicas da região: a
cavalhada, no estado de Goiás; o cururu, em Mato Cururu
Grosso e Mato Grosso do Sul; além da culinária
como o arroz com pequi, sopa paraguaia, arroz Outros eventos culturais são a festa de São
carreteiro, arroz boliviano, Maria Isabel, entre Benedito, Siriri, Rasqueado Cuiabano, Viola-de-
outros. Cocho.

Em Goiás se destacam os eventos A culinária é marcada pelo bolo de arroz,

culturais, como a Cavalhada e a Procissão do mojica de pintado, Maria Isabel e farofa de banana.
Fogaréu. O artesanato do Mato Grosso é conhecido
As Cavalhadas ocorrem na cidade de principalmente pela viola-de-cocho e pelas redes
Pirenópolis, é uma apresentação teatral ao ar livre bordadas, que atualmente são vendidas até para
em que homens montados a cavalo representam outros países. Se destacam também as bonecas de
uma luta medieval entre Cristãos e Mouros. Essa é pano, artesanato em madeira e cerâmica.
uma das principais atrações turísticas da Festa do As manifestações culturais no Mato Grosso
Divino de Pirenópolis, em Goiás. do Sul apresentam aspectos parecidos com os do
Durante as comemorações da Páscoa Mato Grosso. Destacam-se as danças como o
ocorre na cidade de Goiás a Procissão do Fogaréu, cururu, siriri, guarânia e os pratos típicos: arroz
na quarta-feira da Semana Santa. Esse evento boliviano, caribeu, farofa de banana, sopa paraguaia,
cultural atrai cerca de 10 mil turistas. arroz carreteiro, farofa de carne.
A população do Distrito Federal é oriunda de
imigrantes de diversos estados brasileiros, esse fato
é o grande responsável pela diversidade na culinária,
sotaques, costumes, comidas típicas e músicas. São
principalmente nordestinos, goianos, mineiros e
paulistas, havendo características culturais de todos
esses locais.
Pecuária na região Centro-Oeste
A criação de gado é principal atividade da
região Centro-Oeste.
A região Centro-Oeste é a que mais cresce
Procissão do Fogaréu no Brasil, sua principal atividade econômica é a
pecuária, embora nos últimos anos a agricultura
Em muitos lugares do Brasil o tear manual
tenha se intensificado, assim como o setor industrial.
se tornou peça de museu. Porém, em alguns
municípios ainda são encontradas tecelãs Dentre as várias criações que constituem a
confeccionando várias peças de tecido, agora pecuária, a bovinocultura é a mais representativa na
valorizadas pelo turismo. região, são cerca de 70 milhões de cabeças de gado.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O Centro-Oeste responde por cerca de 36% da estrutura produtiva e ocupacional. Os incentivos
produção nacional, detém o maior rebanho do governamentais na década de 1970 para a ocupação
Brasil. do Centro-Oeste refletiram em significativos
movimentos migratórios e grandes empreendimentos
A segunda principal criação é a de suíno,
agropecuários na região.
no entanto, os criadores estão dispersos na região,
estão respectivamente no sul de Goiás e no Mato Outro fator que intensificou a migração para a
Grosso do Sul. região Centro-Oeste foi a construção de Brasília, que
também foi uma forma de política pública para a
Um dos fatores que favorecem essa
ocupação da porção oeste do território brasileiro. O
atividade econômica são as condições naturais
fluxo para a formação de Brasília começou,
(clima, relevo, vegetação, água) da região.
evidentemente, com sua construção. Entre 1960 e
A criação de gado é geralmente 1970, a população do Distrito Federal quase
desenvolvida de maneira extensiva. No Pantanal, a quadruplicou, recebendo um fluxo migratório de
pecuária é a principal fonte econômica, a região aproximadamente 30 mil pessoas por ano.
oferece pastagens naturais, além das águas
O Centro-Oeste brasileiro recebe migrantes
salobras oriundas de lagos que se encontram nas
de todas as partes do Brasil, com destaque para os
áreas mais elevadas. É justamente para esses
mineiros, maranhenses, baianos e paulistas no
locais que o rebanho é leva dono período chuvoso.
estado de Goiás, nordestinos, mineiros e paulistas no
No período entre janeiro e junho, o pantanal se
Distrito Federal, sulistas em Mato Grosso e Mato
torna uma enorme planície alagada.
Grosso do Sul.
A criação de gado de corte é a de maior
Em 1980 residiam no Centro-Oeste
destaque, embora haja bacias leiteiras nos Estados
aproximadamente 2.359.793 brasileiros naturais de
que compõem a região. A produção de carne, além
outras regiões (aumento de 288% em relação ao ano
de abastecer o mercado local, supre o mercado
de 1960). Os fluxos mais altos procedem do Sudeste
consumidor da região Sudeste.
e do Nordeste. Atualmente cerca de30% da
População do Centro-Oeste composta população residente no Centro-Oeste é composta por
por migrantes imigrantes.
Urbanização do Centro-Oeste

Agricultura mecanizada.
Região Centro-Oeste A abertura das fronteiras econômicas na
Região Centro-Oeste facilitou a entrada de uma
Até a década de 1970, o processo de grande quantidade de migrantes, trabalhadores rurais
migração interna no território brasileiro tinha como que tinham como objetivo conseguir trabalho nas
principais destinos a região Sul e, especialmente, a novas áreas de agricultura e pecuária.
região Sudeste, pelo fato delas fornecerem maiores
oportunidades de emprego, em razão do processo A partir desse fato, alguns migrantes
de industrialização desenvolvido nas décadas compraram e outros tomaram posse de Terras dando
anteriores. Porém, após a década de 1970, com a origem a diversas propriedades rurais de pequeno e
saturação no mercado de trabalho da região médio porte, geralmente com poucas tecnologias,
Sudeste, houve uma diversidade nos fluxos isso significa que era desenvolvida a agropecuária
migratórios no território brasileiro. tradicional, mão-de-obra praticada pela família que
cultivava produtos da base alimentar como o arroz,
A expansão da fronteira agrícola e maiores milho e feijão.
investimentos em infraestrutura proporcionou o
fortalecimento e ampliou ainda mais os fluxos Algum tempo depois ocorreu o processo de
migratórios para a região Centro-Oeste. Nas últimas expropriação dos pequenos e médios proprietários, o
décadas, a região sofreu uma série de fato é explicado, pois grandes latifundiários e grupos
transformações com impactos consideráveis na empresariais iniciaram a compra de grandes

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
extensões de terras promovendo a concentração menor concentração populacional da Região
fundiária. (2.068.017 habitantes).
Como consequência, a região hoje é uma O Nordeste apresenta características físicas
das que apresenta grande incidência de e socioeconômicas que variam de acordo com a
concentração de terras no Brasil. Outro resultado região, fato que criou as sub-regiões do Nordeste:
desse processo foi a falta de trabalho no campo, Meio-Norte, Zona da Mata, Agreste e Sertão. (Veja
uma vez que grandes propriedades desenvolviam mais em: As Sub-Regiões do Nordeste).
pecuária extensiva e outras a produção agrícola
A economia nordestina está em constante
altamente mecanizada. A escassez de emprego
processo de desenvolvimento. A Região vem
levou milhares de pessoas às cidades próximas,
recebendo várias indústrias, um dos motivos é a
ocasionando assim o fenômeno do êxodo rural.
concessão de benefícios fiscais pelos governos
O processo do êxodo rural ocorrido na estaduais (isenção de impostos, doação de terrenos,
Região Centro-Oeste resultou em um rápido etc.), além de mão de obra mais barata; um dos
crescimento da população que ocupou os centros exemplos foi a instalação da Ford, na Bahia, e
urbanos e até mesmo fez surgir novas cidades. A diversas empresas têxteis, no Ceará.
chegada intensa da população do campo nas
Outro elemento essencial para a economia
cidades fez com que essas ficassem saturadas em
do Nordeste é a exploração de petróleo: a região é a
relação à quantidade de pessoas, desestabilizando
segunda produtora de petróleo do país e a maior na
a estrutura urbana.
extração de petróleo em terra. Possui também um
Isso significa que, ao ocupar de forma dos principais polos petroquímicos do Brasil –
rápida áreas que até então eram desabitadas, o Camaçari, na Bahia.
governo não conseguiu disponibilizar a todos os
A agricultura e a pecuária são extremamente
serviços públicos, com isso a população passou a
prejudicadas com a irregularidade das chuvas.
enfrentar uma série de problemas de caráter de
Destacam-se nesse setor a criação de cabras, em
infraestrutura como a falta de saneamento, escolas,
razão da fácil adaptação do animal ao clima. A cana-
iluminação, pavimentação, policiamento entre
de-açúcar é o produto agrícola que se destaca, mas
outros.
as lavouras irrigadas de frutas tropicais vêm
O crescimento de bairros marginalizados crescendo em importância na produção nacional. O
nas grandes cidades da Região Centro-Oeste Nordeste apresenta significativa criação comercial de
acontece porque a oferta de emprego é incapaz de camarão, concentra 97% da produção nacional desse
absorver a quantidade de mão-de-obra derivada do crustáceo.
campo.
O turismo é de fundamental importância na
REGIÃO NORDESTE economia. O grande número de cidades litorâneas
com belas praias atrai milhões de turistas
Os estados que compõem a região
anualmente. Conforme dados do Instituto Brasileiro
Nordeste
do Turismo de 2009, capitais nordestinas como
A Região Nordeste do território brasileiro é Salvador (BA), Fortaleza (CE), Recife(PE) e Natal
composta por nove estados: Alagoas, Bahia, Ceará, (RN)estão entre as cidades brasileiras que mais
Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio recebem turistas estrangeiros.
Grande do
A participação do Nordeste para o Produto
Norte e Sergipe. Sua extensão territorial é Interno Bruto (PIB) nacional é de13,1%.
de 1.554.257,0 quilômetros quadrados, sendo o
A região apresenta vários problemas de
terceiro maior complexo regional do Brasil,
ordem socioeconômica. Os estados nordestinos
ocupando18,2% da área do país. O território
ocupam as últimas colocações no ranking nacional
nordestino limita-se com as regiões Norte (a oeste),
de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). A taxa
Centro-Oeste (a sudoeste), Sudoeste (ao sul), além
de mortalidade infantil é a maior do país–33,2 óbitos
de ser banhado pelo oceano Atlântico (ao norte e
a cada mil nascidos vivos. Cerca de 55% das
leste).
residências não possuem saneamento ambiental. A
Conforme dados do Censo Demográfico de expectativa de vida do nordestino é a menor do Brasil
2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de (70 anos). No entanto, o Nordeste tem apresentado
Geografia e Estatística (IBGE), a população melhoras significativas nos aspectos sociais. A
nordestina totaliza 53.081.950 habitantes, desnutrição infantil, por exemplo, sofreu redução de
abrigando cerca de 28% da população residente no 67% num período de 10 anos (1996–2006), conforme
Brasil. A densidade demográfica é de 34,1 dados divulgados pelo Ministério da Saúde.
habitantes por quilômetro quadrado; o crescimento
A região Nordeste apresenta uma grande
demográfico é de 1,3% ao ano. A população urbana
diversidade cultural (Veja mais em Aspectos Culturais
é maioria–73%. O estado da Bahia é o mais
da Região Nordeste) com elementos indígenas, dos
populoso (14.016.906 habitantes); Sergipe possui a
escravos africanos, dos imigrantes europeus. É um

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
dos complexos regionais mais ricos em
manifestações culturais.
As características econômicas, sociais e
ambientais da Região Nordeste
As características da Região Nordeste em
caráter econômico, social, ambiental, industrial,
produtivo, além das características naturais
presentes nos nove estados que compõem a Piauí
região.

Alagoas

Rio Grande do Norte

Bahia

Sergipe
A irregularidade na distribuição da população do
Nordeste
Ceará
A Região Nordeste é dividida, ou
regionalizada, em Zona da Mata, Agreste, Sertão e
Meio-Norte, essas são chamadas de sub-regiões do
Nordeste, cada uma com suas particularidades
sociais e naturais, são nelas que toda a população
nordestina está distribuída.
No contexto populacional a Região Nordeste
é extremamente centralizada, uma vez que a maioria
Maranhão da população vive nos grandes centros urbanos
localizados em toda faixa litorânea.
Dessa forma, fica evidente quede seus
53.081.950 habitantes cerca de 40%vive na zona da
mata, a população é irregularmente distribuída pelo
território nordestino.
Ao contrário da zona da mata, o meio-norte e
o sertão são bastante despovoados. A falta de
habitantes corresponde automaticamente à carência
Paraíba de meios produtivos (indústrias, comércio forte entre
outros), além do principal agravante: a seca.
A sub-região da zona da mata é a mais
populosa, por se tratar da área mais desenvolvida, na
indústria e na economia, essa sub-região atrai
anualmente milhares de pessoas vindas do sertão.
A maioria desses migrantes vive em
Pernambuco condições de extrema pobreza, realidade que se
torna pior quando ocorrem secas no Sertão, tentando
fugir dessa realidade vão em direção aos grandes
centros, localizados na zona da mata, em busca de

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
trabalho e uma vida melhor, mas infelizmente nem aquecimento é denominado pela classe cientifica de
sempre isso é possível. El Niño, nos anos em que esse fenômeno ocorreu
Sertão sofre com a intensa seca.
No entanto, a nova realidade dessas
pessoas não é atrativa, pois quase sempre, devido A longa estiagem provoca uma série de
à falta de qualificação profissional, trabalham no prejuízos aos agricultores, como perda de plantações
setor informal, assim possuem uma renda restrita. e animais, a falta de produtividade causada pela seca
provoca a fome.
Por não obter recursos financeiros
suficientes para adquirir uma boa moradia, a única Vegetação
solução é ocupar áreas residenciais periféricas ou
No Sertão e no Agreste o tipo de vegetação
mesmo favelas, lugares desprovidos de todos os
que se apresenta é a caatinga, o clima predominante
serviços básicos oferecidos pelo governo (esgoto,
é o semiárido, esse tipo de vegetação é adaptado à
água tratada, pavimentação, iluminação pública,
escassez de água.
escolas, entre outras).
Algumas espécies de plantas da caatinga
Esses lugares são pontos de difusão da
têm a capacidade de armazenar água no caule ou
prostituição, crime, violência, entre muitos outros.
nas raízes, outras perdem as folhas para não diminuir
A Seca no Nordeste a umidade, todas com o mesmo fim, poupar água
para os momentos de seca.
Rios temporários ou sazonais
Os rios que estão situados nas áreas do
Sertão são influenciados pelo clima semiárido, dessa
forma não há grande incidência de chuvas.
A maioria dos rios do Sertão e Agreste é
caracterizada pelo regime pluvial temporário, isso
significa que nos períodos sem chuva eles secam, no
entanto, logo que chove se enchem novamente.
A dura vida do sertanejo Nas regiões citadas é comum a construção
de barragens e açudes como meio de armazenar
Dentre os muitos aspectos apresentados água para suportar períodos de seca.
pela Região Nordeste o que mais se destaca é a
seca, causada pela escassez de chuvas, As Sub-regiões do Nordeste
proporcionando pobreza e fome.
A partir dessa temática é importante
entender quais são os fatores que determinam o
clima da região, especialmente na sub-região do
sertão, região que mais sofre com a seca.
O Sertão nordestino apresenta as menores
incidências de chuvas, isso em âmbito nacional. A
restrita presença de chuva nessa área é causada
basicamente pelo tipo de massa de ar aliado ao
relevo, esse muitas vezes impede que massas de
ar quentes e úmidas ajam sobre o local causando
chuvas.
No sul do Sertão ocorrem, raramente,
As sub-regiões do Nordeste
chuvas entre outubro e março, essas são
provenientes da ação de frentes frias com Verde–Meio Norte; vermelho–Sertão; roxo–
característica polar que se apresentam e agem no Agreste; amarelo–Zona da Mata
sudeste. As outras áreas do Sertão têm suas
chuvas provocadas pelos ventos alísios vindos do O Nordeste é a Região brasileira que possui
hemisfério norte. a maior quantidade de estados, nove ao todo
(Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba,
No Sertão, as chuvas se apresentam entre Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe).
dezembro e abril, no entanto, em determinados Sua extensão territorial é de 1.554.257,0 Km2e,
anos isso não acontece, ocasionando um longo conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
período sem chuvas, originando assim, a seca. Estatística (IBGE),abriga uma população
de53.081.950 habitantes.
As secas prolongadas no Sertão Nordestino
são oriundas, muitas vezes, da elevação da Em razão das diferentes características
temperatura das águas do Oceano Pacífico, esse físicas que apresenta, a Região Nordeste é dividida

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
em quatro sub-regiões: meio-norte, zona da mata, propriedades com o cultivo do algodão, do café e do
agreste e sertão. Compreender as peculiaridades sisal (planta da qual se extrai uma fibra utilizada para
das sub-regiões nordestinas é de fundamental fabricar tapetes, bolsas, cordas, etc.). Outro elemento
importância para a análise das relações sociais ali de destaque na economia local é o turismo, com a
estabelecidas, que refletem diretamente nas realização de festas que atraem multidões, como, por
atividades econômicas desenvolvidas. exemplo, as festas juninas.
Normalmente, o Nordeste é visto como um Zona da Mata– também conhecida como
local de pobreza, seca e outros problemas de Litoral Continental, essa sub-região compreende uma
ordem socioeconômica. No entanto, deve-se faixa litorânea de até 200 quilômetros de largura que
romper com essas ideias preconceituosas, o estudo se estende do Rio Grande do Norte ao sul da Bahia.
das sub-regiões proporciona uma análise Apresenta a maior concentração populacional do
aprofundada sobre essa região tão rica em belezas Nordeste e é a sub-região mais urbanizada. O clima
naturais e manifestações culturais. é tropical úmido e o solo é fértil em razão da
regularidade de chuvas. A vegetação natural é a
Meio-norte–é uma faixa de transição entre a
mata Atlântica. O cultivo da cana de açúcar é a
Amazônia e o sertão semiárido do Nordeste, é
principal atividade econômica praticada na Zona da
composta pelos estados do Maranhão e oeste do
Mata. Outras atividades econômicas desenvolvidas
Piauí. A vegetação natural dessa área é a mata de
são: extração de petróleo, o cultivo de cacau, café,
cocais, carnaúbas e babaçus, em sua maioria.
frutas, fumo, lavoura de subsistência, significativa
Apresenta índices pluviométricos maiores a oeste.
industrialização, destaca-se também a produção de
É uma região economicamente pouco
sal marinho, principalmente no Rio Grande do Norte,
desenvolvida, prevalece o extrativismo vegetal,
além da atividade turística que atraí milhões de
praticado na mata de cocais remanescente
visitantes para as belas praias nordestinas.
(babaçu), agricultura tradicional de algodão, cana
de açúcar e arroz, além da pecuária extensiva. Aspectos Culturais da Região Nordeste
Sertão–é uma extensa área de clima A Região Nordeste do território brasileiro é
semiárido, conhecido como “Polígono das Secas”. composta pelos estados de Alagoas, Bahia, Ceará,
Compreende o centro da Região Nordeste, está Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande
presente em quase todos os estados. Essa sub- do Norte e Sergipe. Apresenta grande pluralidade
região nordestina possui o menor índice cultural, com elementos diversificados, por esse
demográfico da Região. motivo serão abordados alguns elementos que
integram a cultura da região.
Os índices de pluviosidade são baixos e
irregulares, com a ocorrência periódica de secas. A O carnaval é o evento popular mais famoso
vegetação típica é a caatinga. A bacia do rio São do Nordeste, especialmente em Salvador, Olinda e
Francisco é a maior da região e a única fonte de Recife. Também as festas juninas de Caruaru (PE) e
água perene para as populações que habitam suas Campina Grande (PB) se destacam. Os festejos de
margens, é aproveitado também para irrigação e bumba meu boi são tradicionais em todos estados
fonte de energia através de hidrelétricas como a de nordestinos.
Sobradinho (BA). As maiores concentrações
populacionais estão nos vales dos rios Cariri e São
Francisco. A principal atividade econômica é a
pecuária extensiva e de corte. Outras atividades
desenvolvidas no Sertão são: cultivo irrigado de
frutas, flores, cana de açúcar, milho, feijão, algodão
de fibra longa (no Vale do Cariri, Ceará), extração
de sal(litoral cearense e potiguar) e o turismo nas
cidades litorâneas. A indústria
baseia-se no polo têxtil e de confecções.
Políticas públicas são necessárias para o
desenvolvimento socioeconômico no Sertão
nordestino, proporcionado qualidade de vida para Bumba Meu boi
sua população. Bumba meu Boi é um festejo que apresenta
Agreste–corresponde à área de transição um pequeno drama. O dono do boi, um homem
entre o sertão semiárido e a zonada mata, úmida e branco, presencia um homem negro roubando o seu
cheia de brejos. Essa sub-região é composta pelos animal para alimentar a esposa grávida que estava
estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, com vontade de comer língua de boi. Matam o boi,
Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. A principal mas depois é preciso ressuscitá-lo.
atividade econômica nos trechos mais secos do A capoeira foi introduzida no Brasil pelos
agreste é a pecuária extensiva; nos trechos mais escravos africanos, é considerada uma modalidade
úmidos é a agricultura de subsistência e a pecuária de luta e também de dança. Adquiriu adeptos
leiteira. Predominam as pequenas e médias rapidamente nos estados nordestinos, principalmente
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
na Bahia e Pernambuco. O instrumento utilizado escravos, que foram buscar um local seguro para se
durante as apresentações de capoeira é o esconder, na serrada Barriga, formando o Quilombo
berimbau, que é constituído de arco, cabaça dos Palmares.
cortada, caxixi (cestinha com sementes), vareta e
Candomblé consiste num culto de origem
dobrão (moeda).
africana trazido pelos escravos negros, na época do
O Reisado é uma manifestação cultural Brasil colonial. Na Bahia esse culto é chamado de
trazida pelos colonizadores portugueses. É um candomblé, em Pernambuco nomeia-se xangô, no
espetáculo popular das festas de Natal e Reis, cujo Maranhão, tambor de menina. Atualmente o
palco é a praça pública, a rua. No Nordeste, a partir candomblé, em algumas regiões, está muito
do dia 24 de dezembro, saem os vários Reisados, modificado em razão da influência dos brancos.
cada bairro com o seu, cantando e dançando. Os
Afoxê é o sagrado participando do profano. É
participantes dos Reisados acreditam ser
uma obrigação religiosa que os membros dos
continuadores dos Reis Magos que vieram do
candomblés (de origem jeje-nagô) devem cumprir. É
Oriente para visitar o Menino Jesus, em Belém.
uma vertente do candomblé adequado ao carnaval.
O coco é um estilo de dança muito Inicia-se com um despacho para Exu, para que ele
praticado nos estados de Alagoas, Paraíba, não interrompa as festividades carnavalescas, dão-
Pernambuco e Rio Grande do Norte. A dança é lhe farofa de dendê com azeite.
uma expressão do desabafo da alma popular, da
A Festa de Iemanjá é um agradecimento à
gente mais sofrida do Nordeste brasileiro; além
Rainha do Mar. A maior festa de Iemanjá ocorre na
disso, foi a dança preferida dos cangaceiros;
Bahia, no Rio Vermelho, dia 2 de fevereiro. Todas as
Lampião e outros cangaceiros dançavam nas horas
pessoas que têm “obrigação” com a Rainha do Mar
de descanso e distração.
se dirigem para a praia. Nesse evento cultural há o
O frevo surgiu através da capoeira, pois o encontro de todos os candomblés da Bahia. Levam
capoeirista sai dançando o frevo à frente dos flores e presentes, principalmente espelhos, pentes,
cordões, das bandas de música, executando joias e perfumes.
passos semelhantes ao da capoeira. É uma dança
Lavagem do Bonfim é uma das maiores
de alucinação coletiva, do carnaval pernambucano,
festas religiosas populares da Bahia. É realizada
é praticado em salões e nas ruas.
numa quinta feira de janeiro. Milhares de romeiros
chegam ao Santuário do Senhor do Bonfim, na
Bahia. Senhor do Bonfim é o Oxalá africano, existem
também promessas católicas de “lavagens de
igrejas”. Os fiéis lavam as escadarias da igreja com
água e flores.

Frevo em Pernambuco
Terno de Zabumba é um conjunto musical
típico do Nordeste, que alegra sempre as festas. O
Terno de Zabumba exerce função profana e
religiosa. Tocam as “salvas”, nas rezas e novenas.
É conhecido também pelos nomes de Terno de
Música, Esquenta Mulher, Cabaçal e Banda de
Lavagem do Bonfim
Couro.
Literatura de Cordel é uma das
O maracatu é originário de Recife (PE),
manifestações culturais nordestinas, consiste na
surgiu durante as procissões em louvor a Nossa
elaboração de pequenos livros contendo histórias
Senhora do Rosário dos Negros, que batiam o
escritas em prosa ou
xangô (candomblé) o ano inteiro. O maracatu é um
cortejo simples, inicialmente tinha um cunho verso, os assuntos são os mais variados:
altamente religioso, hoje é uma mistura de música desafios, histórias ligadas à religião, ritos ou
primitiva e teatro. cerimônias.
Marujada é um bailado popular muito Outro elemento cultural de extrema
antigo. Consiste na dramatização das lutas importância no Nordeste são os artesanatos. A
portuguesas, da tragédia que foi a conquista variedade de produtos artesanais na região é imensa,
marítima. entre eles podemos destacar as redes tecidas,
rendas, crivo, produtos de couro, cerâmica, madeira,
Quilombo é um folguedo tradicional
entre outros.
alagoano, tema puramente brasileiro, revivendo a
época do Brasil Colônia. Dramatiza a fuga dos
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A culinária nordestina é bem diversificada e recursos como água, pastagens, pois por ser uma
se destaca pelos temperos fortes e comidas área de clima semiárido e que sofre grandes
apimentadas. Os pratos típicos são: carne de sol, períodos de seca fica difícil o desenvolvimento da
buchada de bode, sarapatel, acarajé, vatapá, criação, já o segundo obtém mais êxito por ser
cururu, feijão verde, canjica, tapioca, peixes, frutos animais menores e de melhor adaptação às
do mar, etc. Também são comuns as frutas situações adversas impostas pelas condições
ciriguela, umbu, buriti, cajá e macaúba. climáticas, o sertão possui um plantel de 9 milhões
de cabeças de caprinos. Na agricultura desenvolve-
se em forma de subsistências, ou seja, produção de
alimentos para o consumo familiar.
O sertanejo sofre, ano após ano, os males
provocados pela seca, assim não consegue produzir
a sua alimentação na prática de subsistência.
O meio norte é uma sub-região de transição
entre o nordeste e o norte, onde se encontram uma
parte do Piauí e Maranhão, as características
econômicas estão ligadas às atividades rural,
Buchada de Bode extrativista e pastoril. No entanto o sul do Maranhão
já está inserido no mapa da soja, no qual muitos
O nordeste e as disparidades gaúchos (que para lá migraram) desenvolvem a
socioeconômicas cultura, a produção dessas áreas é mecanizada em
A região nordeste é dividida em quatro sub- grandes latifúndios. Um ponto importante no
regiões (zona da mata, agreste, sertão e meio Maranhão, no contexto da soja, é a estratégia
norte). geográfica para o escoamento até os portos em São
Luiz, capital do Maranhão.
A zona da mata é a região mais
desenvolvida e industrializada do nordeste, essa O potencial do Nordeste
está localizada nas áreas litorâneas da região, na Apesar de todos os problemas existentes na
qual se encontram os principais centros urbanos. Região Nordeste que são demonstrados pelos meios
Na zona da mata a atividade industrial é de comunicação, a região também possui potenciais
diversificada, há extração de minérios que de forma econômicos.
estratégica geralmente provoca a instalação de Há algum tempo foi destinada uma série de
empresas nas proximidades das jazidas, outro fator investimentos financeiros à região, buscando
extremamente importante está no sistema de estabelecer desenvolvimento econômico em diversos
transporte, que na essência da industrialização se seguimentos.
insere de forma fundamental no transporte de
mercadorias e matéria prima. Nos últimos anos, o setor industrial do
Nordeste alcançou grandes índices decrescimento,
Como a sub-região é mais desenvolvida com suas próprias empresas e com a entrada de
faz-se necessário a instalação de infraestrutura com muitas indústrias filiais vindas de diversas partes do
a finalidade de dar ritmo e dinamismo à circulação Brasil, especialmente do sudeste.
de mercadorias, capitais, matéria prima e pessoas.
A sub-região também se insere na produção Os seguimentos industriais transferidos são
agropecuária que na maioria das vezes está dos mais variados, desde indústria de base até
envolvida na monocultura de exportação. tecnologia de ponta.
No agreste as atividades econômicas estão Os motivos pelos quais essas empresas se
vinculadas à produção primária, mais precisamente estabelecem na região são atrativos, o governo
na agricultura e pecuária. O agreste tem oferece redução e isenção de impostos e há
característica propícia à policultura, como abundante mão-de-obra com baixo custo.
mandioca, batata, banana etc., e criação de As mudanças produtivas não ocorreram
animais, como bovinos e caprinos. A realização do somente no setor industrial, pois o setor da
trabalho é tradicional e rudimentar, praticamente agricultura entrou também em uma etapa de
não se usa tecnologia e a produtividade é baixa, evolução (mecanização e modernização do campo),
como a produção da zona da mata é destinada à as áreas agrícolas do sertão, através de técnicas de
exportação quem fornece alimentos a ela é o irrigação, têm conseguido um grande volume de
agreste. produtividade em diferentes culturas.
No sertão a principal atividade econômica é A partir do incremento tecnológico
a agropecuária, na maioria das propriedades é empregado na produção agrícola, tem sido possível
realizada a criação de gado e de caprinos, o colher cebola, tomate, frutas tropicais como
primeiro não é tão difundido por ser um animal de maracujá, manga, melão e uva, dentre outros.
grande porte que requer uma quantidade maior de

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Além dessas culturas, no sul do Maranhão que compõem a região, juntos, não obtêm nem
e oeste da Bahia, através da correção de solos do mesmo 1% do total nacional.
cerrado, tem sido difundido o plantio de soja coma
O parque industrial baiano atua
inserção de mecanização com os mesmos padrões
principalmente na produção de produtos químicos,
das regiões produtivas do país.
alimentos, bebidas, metalurgia, automóveis,
Esses dados comprovam que a Região combustíveis. Já no Estado do Ceará, destaca-se a
Nordeste não é somente composta por problemas produção industrial de máquinas, materiais elétricos,
sociais e econômicos, ela possui um grande tecidos, calçados e bolsas, alimentos e álcool. A
potencial decrescimento em todos os aspectos, o indústria pernambucana se desponta na produção de
que falta realmente no nordeste é vontade política e alimentos, metalurgia, produtos químicos, produção
punição aos corruptos que, muitas vezes, impedem de álcool e refino de petróleo. As principais áreas
que programas alcancem quem realmente precisa. industriais do Nordeste se concentram em Recife,
Salvador e Fortaleza.
O que precisa ser feito é um grande projeto
de irrigação, pois com água o Nordeste poderá Apesar do incremento na produção industrial
produzir com qualidade. da região, a mesma necessita melhorar muito, pois a
indústria ainda não se encontra diversificada. A
O setor industrial do Nordeste
distribuição das indústrias ao longo dos Estados da
região se restringe a algumas áreas, fazendo com
que cidades adentradas no interior permaneçam
excluídas do desenvolvimento.
População do Nordeste

Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

A região Nordeste tem atraído elevados
investimentos para seu setor econômico. Além
disso, a atividade industrial da região está em
ascensão, isso acontece em decorrência de
melhorias ocorridas nas indústrias nativas e da O Nordeste apresenta um elevado índice de pobreza.
chegada de inúmeras empresas oriundas de outras
partes do Brasil, especialmente do Sudeste. Dentre A região Nordeste do Brasil é constituída por
as principais indústrias, estão as do ramo nove Estados: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande
alimentício, calçadista e vestuário. do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e
Bahia. A região abrange uma área de 1.554.257 km2,
A migração de empresas para a região se a qual abriga cerca de53.081.950 habitantes, sendo a
deve principalmente pelo fato do Nordeste possuir segunda mais populosa do território brasileiro. A
abundante mão-de-obra e de baixo custo, sem população nordestina é composta etnicamente por
contar que muitos Estados oferecem incentivos 62,5% de pardos; 29,2%,de brancos; 7,8% de negros
fiscais para as empresas interessadas. Além disso, e 0,5% de indígenas.
muitas empresas aproveitam o fator da proximidade
com as fontes de matéria-prima, como cana-de- Apesar da região possuir uma população
açúcar, algodão, frutas, cacau e tabaco, isso para absoluta elevada, existem vazios demográficos.
fabricação dos respectivos produtos: açúcar e Desse modo, a densidade demográfica refletida por
álcool, têxtil, sucos, chocolates e charutos. essa população é de 34,1 habitantes por quilômetro
quadrado.
A região Nordeste se destaca também na
extração mineral, especialmente na produção de A região Nordeste apresenta uma enorme
sal, responde por aproximadamente 80% da irregularidade quanto à distribuição demográfica
produção do país, o Estado do Rio Grande do Norte dentro do território, de modo que há Estados muito
é o maior produtor. No seguimento industrial povoados e outros nem tanto. Além disso, a maioria
nordestino há uma hierarquia entre os principais da população dos Estados nordestinos concentra
produtores, sendo que o Estado da Bahia é o seus habitantes nos grandes centros urbanos que se
primeiro, respondendo nacionalmente por 4%, estabelecem nas áreas litorâneas. As unidades da
seguido pelo Ceará com 1,2% e depois Federação do Nordeste mais populosas são: Bahia,
Pernambuco com 1,1%. O restante dos Estados Pernambuco e Ceará, as quais respondem por 60%
do total da população da região. E apresentam,

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
respectivamente, a seguinte densidade grande concentração de imigrantes paranaenses e
demográfica: 24,8 hab./km2, 89,6 hab./km2 e 56,7 gaúchos.
hab./km2. Ao longo da costa nordestina habitam
Com participação de apenas 5% no Produto
aproximadamente 32 milhões de pessoas, tendo
Interno Bruto (PIB) brasileiro, sendo a menor
em vista que as maiores cidades se encontram
contribuição entre todas as regiões do país, a Região
nessa faixa.
Norte tem sua economia impulsionada pelo
REGIÃO NORTE extrativismo (látex, açaí, madeira, castanha, etc.) e
pela mineração, com destaque para a Serra dos
Carajás (Pará), de onde se extrai a maior quantidade
de minério de ferro no país, além da Serra do Navio
(Amapá), grande produtora de manganês.
A indústria também exerce grande
importância na capitação de receitas financeiras. O
Polo Industrial de Manaus, composto por mais de 500
indústrias de variados segmentos (eletroeletrônico,
químico, informática, fabricação de motos, bicicletas,
alimentício, etc.), é um dos grandes destaques desse
setor da economia. A Superintendência da Zona
Franca de Manaus (SUFRAMA),que se expandiu
através de políticas de incentivos ficais, é outro
destaque na Região Norte.
Um dos grandes problemas dos estados
Estados e capitais da Região Norte do Brasil nortistas é o déficit de saneamento ambiental nas
residências, fato que reflete diretamente nas taxas de
Maior Região do Brasil, o Norte é formado mortalidade infantil, que, atualmente, é de 23,5 óbitos
pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, a cada mil nascidos vivos, sendo a segunda maior
Rondônia, Roraima e Tocantins. Sua grande média do país.
extensão territorial, além da localização,
proporciona fronteiras com seis países sul-
americanos (Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela,
Guiana e Suriname, além do território da Guiana
Francesa).
A Região Norte possui extensão territorial
de 3.853.322,2 quilômetros quadrados,
correspondendo a, aproximadamente, 45% da área
total do Brasil. A floresta Amazônica cobre a
maioria do território dos estados que integram o
Norte, com predominância do clima equatorial e
temperatura elevada, além dos altos índices
pluviométricos (chuvas). A hidrografia é composta
pelos grandes rios que formam as bacias
hidrográficas Amazônica e do Tocantins. Características gerais da Região Norte.
Apesar de ser a maior Região do país, o As características da Região Norte quanto ao
Norte é o segundo menos habitado, somente o seu caráter econômico, social, ambiental, industrial,
Centro-Oeste possui quantidade de habitantes produtivo, além das características naturais
inferior. Conforme contagem populacional realizada presentes em todo o território da região.
em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), a população nortista soma
15.864.454 habitantes, sendo a densidade
demográfica (população relativa) de 4,1 habitantes
por quilometro quadrado; o crescimento
demográfico é de 2,1% ao ano, considerada a
maior média do país.
Há uma grande heterogeneidade na
composição dos habitantes da Região Norte: cerca
de 128.149 índios de diversas etnias; nos estados Acre
do Pará, Amazonas e Tocantins é significativo o
número de imigrantes nordestinos, em especial do
Ceará e do Maranhão; no Acre e em Rondônia há

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A biodiversidade da Região Norte

Amapá

A Amazônia abriga uma grande biodiversidade

A Floresta Amazônica possui uma das mais
ricas biodiversidades do mundo, isso significa que
nessa floresta reside uma grande variedade de seres
vivos, vegetal e animal.
Amazonas
No contexto das espécies de fauna presentes
na Floresta Amazônica existem registros de cerca de
1.800 espécies diferentes de aves, 2.500 de peixes,
320de mamíferos e dezenas de espécies de répteis,
anfíbios e insetos.
A Flora Amazônica é bastante rica, de acordo
Pará com alguns estudos esse bioma abriga cerca de 30
milhões de espécies vegetais, dentre esses as de
maior destaque são a seringueira, castanheira,
cacaueiro e um dos símbolos da Amazônia: a vitória-
régia.
No entanto, esses números apresentados
não são totalmente definitivos, pois por falta de
pesquisas, muitas espécies de vegetais e de animais
ainda continuam desconhecidas pela classe científica
Rondônia e pelo público em geral. Uma das dificuldades para
coletar dados acerca da biodiversidade da Floresta
Amazônica está na grande extensão da floresta e as
barreiras impostas pelas adversidades do lugar que
impedem a locomoção até as áreas propícias à
descoberta de novas espécies da fauna e da flora.
Esse rico ecossistema possui uma imensa
quantidade seres vivos, desde microrganismos até
Roraima animais de grande porte, de briófitas até árvores de
grande porte, nessa perspectiva, a seguir alguns dos
principais exemplares da fauna e da flora da Floresta
Amazônica.
A distribuição da população na região
norte

Tocantins

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Belém é uma das maiores cidades do norte. maior do mundo em extensão e volume, durante os
6571 km que ele percorre e drena as águas de
A partir de 1980 a população da Região
aproximadamente 7 mil afluentes.
Norte obteve um bom nível decrescimento
vegetativo, porém o número de habitantes ainda é A maioria dos rios da região são extensos e
modesto. Atualmente a população dessa região é volumosos, isso proveniente do relevo plano. Os rios
composta por 15.864.454 habitantes, respondendo de maior destaque são: Amazonas e Tocantins. A
por apenas 8% do povo brasileiro, distribuída em rede hidrográfica se caracteriza pelo potencial de
uma gigantesca extensão territorial de 3 869 637,9 navegação, tendo em vista que existem cerca de 25
Km2. A população absoluta da Região Norte supera mil km de percurso viáveis para o deslocamento de
somente a da Região Centro-Oeste. embarcações fluviais. Diversos rios que compõe a
Bacia Amazônica percorrem áreas compostas por
Dentro da Região Norte existe uma grande
planaltos, fator que propicia a utilização dos mesmos
disparidade entre os estados quanto à
para
concentração da população, por exemplo, o Pará
abriga cerca de7.581.051 habitantes, isso lhe dá a a exploração hidráulica, ou seja, produção de
condição de mais populoso regionalmente, energia elétrica. Mas, em razão da distância entre
enquanto que Roraima possui apenas 450.479 esses rios e os principais centros industriais e
habitantes. urbanos do país, a exploração dos mesmos para
essa finalidade se torna inviável.
De forma geral, a densidade demográfica
de todos os estados do Norte é pequena, a Existem diferentes características de relevo
população em sua maioria se encontra concentrada (planícies, depressões e planaltos aplainados) na
em centros urbanos (cidades), são região Norte, entretanto, o que predomina é uma
aproximadamente 500 municípios. superfície bastante plana, ou seja, as planícies. Em
toda extensão territorial são identificados 5 planaltos,
Um aspecto comum da população da
5 depressões e 4 planícies, além de três picos
Região Norte, tanto habitantes do campo quanto
elevados, são eles: Monte Caburaí, com 1.456
das cidades, é a incidência de concentração de
metros de altitude; Monte Roraima, com 2.727
pessoas às margens de rios. As principais cidades
metros; e o ponto mais elevado do país, o Pico da
da Região se encontram estabelecidas às margens
Neblina, como 2.993 metros.
de rios, como Manaus, Belém, Porto Velho,
Santarém, Marabá e Altamira. Essa configuração A mineração na região Norte
recebe o nome de população ribeirinha.
As atividades ligadas à mineração na região
O fato de a população se concentrar às Norte têm se despontado como uma relevante fonte
margens de rios é proveniente de diversos fatores, de geração de riqueza, especialmente com a
o principal é a dificuldade para se locomover dentro instalação de grandes empresas mineradoras.
da floresta Amazônica e a falta de infraestrutura de Atualmente existem cerca de 1 milhão de Km2de
transporte, como rodovias e ferrovias, sendo assim, área com potencial para a mineração que se
a melhor alternativa é a utilização dos rios com via encontram no controle de grandes empresas, porém
de circulação (hidrovia). somente 1% dessa área está sendo explorada de
maneira efetiva. Dentre as principais jazidas
Um problema enfrentado por praticamente
existentes na região Norte, as de maior destaque é a
todos os estados da região Norte é o
Serra dos Carajás e Oriximiná.
desprovimento parcial de redes de esgoto e água
tratada, existem estados como o Acre onde apenas A Serra dos Carajás figura como uma das
35% da população têm acesso à rede de esgoto, maiores jazidas do mundo, está situada no sudeste
Tocantins 16%, e o estado de maior percentual não do Pará, no Parque Ecológico de Carajás, município
ultrapassa 50% (Pará). de Parauapebas, região sul do estado, entre o rio
Tocantins e Xingu. No local há uma grande reserva
A hidrografia e o relevo da região Norte
de minérios, como minério de ferro (considerado
Como o relevo predominante na região como o mais puro do mundo), manganês, cobre,
Norte é o de planície, praticamente todos os rios bauxita, ouro, níquel, estanho entre outros. A partir
são navegáveis. da década de 70 o governo brasileiro realizou
diversos investimentos na estruturação da região, de
A região Norte do Brasil é a menos
maneira que oferecesse condições de extração,
povoada, no entanto, é a mais rica em processamento e transporte dos minérios.
biodiversidade e paisagens naturais. Quanto às
características da hidrografia e também do relevo, O principal projeto instituído pelo governo
ambos estabelecem uma relação de recebeu o nome de o Grande Carajás, o investimento
interdependência efetiva, isto é, uma influencia no para a implantação do mesmo foi de
outro. aproximadamente cinco bilhões de dólares, valor
levantado para a construção da usina hidrelétrica de
A região abriga a maior rede hidrográfica do Tucuruí no rio Tocantins, isso para a geração de
mundo, a Bacia Amazônica, nome dado em razão energia para suprir as necessidades do projeto. Além
do seu rio principal, o Amazonas. O mesmo é o
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
da construção da Estrada de Ferro Carajás, que Mata de Várzea: se encontra em áreas mais
favoreceu a circulação e escoamento da produção elevadas em relação às matas de igapó, possui
e também a criação do porto Ponta da Madeira, aspecto de mata fechada com árvore de 20 metros e
localizado na cidade de São Luiz(Maranhão). A galhos repletos de espinhos.
construção desse porto possibilitou o acesso de
Mata de Terra firme: esse tipo de vegetação
navios oriundos de diversos lugares do mundo, em
é composto por árvores altas que atingem entre 30 e
outras palavras, facilitou o processo de exportação.
60 metros de altura, geralmente próximas, no qual
Na Serra de Oriximiná é extraído bauxita, a favorece o agrupamento das copas, dessa forma
empresa responsável pela exploração da jazida é a impede a entrada de luz do sol. Sob essas árvores
Empresa de Mineração Rio do Norte, composta não se desenvolve árvores de pequeno porte e
pela Companhia Vale do Rio Doce, empresas arbusto, devido à falta de luz que favorece o
transnacionais e nacionais. A grande maioria da processo de fotossíntese indispensável para a
produção tem como destino a exportação. vidados vegetais.
A Região Norte abriga a Amazônia Floresta semiúmida: corresponde a um tipo
de vegetação de transição entre outros biomas, sua
cobertura vegetal é composta por árvores com
alturas que variam entre 15 e 20 metros, os troncos
são finos e as copas restritas.
A Vegetação e o Clima da Região Norte

Floresta Amazônica
A Região Norte do Brasil é cobiçada por
todo o mundo, pois comporta uma extensa floresta
com grande riqueza de paisagens e recursos
naturais ainda conservados. Na Floresta Amazônica
existem diversos tipos de vegetações divididos em
partes, há cerrado, campo e vegetação litorânea.
No entanto o que predomina é a Floresta O predomínio do clima quente e úmido resulta em
Amazônica, ocupando aproximadamente 80% de floresta verde e exuberante o ano todo.
toda região norte. Além da floresta ocupar a maioria A região brasileira mais extensa é a Norte,
da região, abrange partes de outros estados como nela existe a maior floresta equatorial do mundo, a
Mato Grosso e Maranhão e até em outros países da Amazônia. Essa parte do país ainda possui grandes
América do Sul tais como Suriname, Colômbia e áreas de florestas preservadas, onde podemos
Peru. encontrar coberturas vegetais bastante
A Floresta Amazônica possui heterogêneas, como áreas de Cerrado, Campos e
características com árvores de grande estatura e vegetação Litorânea, mas a principal é a floresta
copas largas, porém essa cobertura vegetal é Amazônica, que abrange aproximadamente 80% da
definida conforme as variações dos elementos da região Norte.
natureza como relevo, clima, umidade e os litos Apesar da aparência de homogeneidade da
solos encontrados dispersos na região. floresta Amazônica, ela possui distinções quanto à
Diante da complexidade existente na formação vegetal que varia de acordo com a altitude
configuração da Floresta Amazônica, fica do relevo. Em razão disso, a Amazônia é classificada
evidenciado que essa possui níveis, são eles: em quatro tipos: mata de igapó, mata de várzea,
mata de terra firme e floresta semiúmida. A cobertura
Mata de Igapó: esse subsistema se vegetal da Amazônia é composta por plantas do tipo
encontra distribuído em áreas mais baixas do latifoliadas e perenifólias, ou seja, que possuem
relevo, correspondendo a regiões próximas às folhas grossas e que não caem em nenhum período
margens de mananciais (rios, lagos, córregos etc), do ano.
a principal característica é que essa vegetação
permanece sempre alagada. As árvores que Já o clima que prevalece ao longo da região
compõe esse tipo de vegetação possuem estatura é o equatorial úmido, caracterizado por elevadas
menor que 20 metros ramificadas, e com grande temperaturas e grande quantidade de chuvas durante
presença de cipós e plantas aquáticas. todo o ano. Algumas áreas restritas não apresentam

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
tal característica climática, como o Tocantins e Realizado em Belém do Pará há mais de dois
partes do Pará e Roraima. Na parte sudeste do séculos, o Círio de Nazaré é uma das maiores e mais
belas procissões católicas do Brasil e do mundo.
Pará e em todo Estado do Tocantins é
Reúne, anualmente, cerca de dois milhões de
identificado o clima tropical, com duas estações
romeiros numa caminhada de fé pelas ruas da capital
bem definidas, sendo uma chuvosa e uma seca. Já
do estado, num espetáculo grandioso em
no noroeste do Pará e leste de Roraima o clima que
homenagem a Nossa Senhora de Nazaré, a mãe de
predomina é o equatorial semiúmido, com períodos
Jesus.
curtos de seca, temperaturas sempre elevadas
durante todo o ano e índices pluviométricos O boi-bumbá é uma das variações do bumba
inferiores ao clima do tipo equatorial úmido. Na meu boi, largamente praticado no Brasil. É uma das
região Norte, em geral, as temperaturas ficam em mais antigas formas de distração popular. Foi
torno dos 26°C, com índices pluviométricos que introduzido pelos colonizadores europeus, sendo a
oscilam entre 1700 e 3000 mm ao ano e baixa primeira expressão de teatro popular brasileiro.
amplitude térmica.
O Festival de Parintins é um dos maiores
Na região Norte existe uma enorme responsáveis pela divulgação cultural do boi-bumbá.
interdependência entre o clima e a vegetação, isso No Bumbódromo apresentam-se as agremiações Boi
porque há uma influência recíproca entre os Garantido(vermelho) e Boi Caprichoso (azul). São
mesmos. O clima influencia na floresta, pois as três noites de apresentação nas quais são
temperaturas são elevadas é há abundante abordados, através das alegorias e encenações,
quantidade de chuvas, permitindo a proliferação de aspectos regionais como lendas, rituais indígenas e
uma imensa diversidade de plantas, além de costumes dos ribeirinhos.
propiciar que elas permaneçam verdes o ano
inteiro. Em contrapartida, a floresta contribui
diretamente no clima, especialmente nos índices
pluviométricos. Tal influência acontece pelo fato de
as plantas transpirarem através das folhas. Quando
isso ocorre, formam-se gotículas de águas sobre
elas, então, com o processo de evaporação, a água
contida nas plantas vai para a atmosfera,
favorecendo a formação de chuvas.
Aproximadamente 50% da umidade que se
transforma em chuvas é proveniente da floresta.
Diante dessa afirmativa, percebemos que a
conservação da Amazônia é indispensável para a
funcionalidade do clima na região e para a
manutenção da biodiversidade que esta abriga.
Festival de Parintins
Aspectos Culturais da Região Norte
O carimbó é um estilo musical de origem
A Região Norte do Brasil é formada pelos negra, uma manifestação cultural marcante no estado
estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, do Pará. A dança é realizada em pares e são
Rondônia, Roraima e Tocantins. Sua população é formadas duas fileiras de homens e mulheres,
bem miscigenada(indígenas, imigrantes, cearenses, quando a música é iniciada os homens se direcionam
gaúchos, paranaenses, nordestinos, africanos, às mulheres batendo palmas; formados os pares,
europeus e asiáticos), fator que contribui para a eles ficam girando em torno de si mesmos.
diversidade cultural da Região. A quantidade de
O Congo ou Congada é uma manifestação
eventos culturais do Norte é imensa, por esse
cultural de origem africana, mas com influência
motivo iremos destacar alguns desses vários
ibérica, o congo já era conhecido em Lisboa entre
elementos que compõem acultura desse povo tão
1840 e 1850.É popular em toda a Região Norte do
alegre e receptivo.
Brasil, durante o Natal e nas festividades de Nossa
São várias as manifestações culturais Senhora do Rosário e São Benedito.
realizadas pelas diferentes tribos indígenas
A congada é a representação da coroação do
distribuídas pela Região Norte. O índio, por vaidade
rei e da rainha eleitos pelos escravos e da chegada
ou questões religiosas, se enfeita através de
da embaixada, que motiva a luta entre o partido do
pinturas e acessórios durante suas celebrações.
rei e do embaixador. Vence o rei, perdoa-se o
As duas maiores festas populares do Norte embaixador. Termina com o batizado dos infiéis.
são o Círio de Nazaré, que no segundo domingo de
outubro reúne mais de 2 milhões de pessoas em
Belém(PA), e o Festival de Parintins, a mais
conhecida festa do boi-bumbá do país, que ocorre
em junho, no Amazonas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O artesanato no Norte é bem diversificado e
os trabalhos são produzidos com fibras, coquinhos,
cerâmica, pedra-sabão, barro, couro, madeira, látex,
entre outros. São feitos bichos, colares, pulseiras,
brincos, cestarias, potes, etc.
O artesanato indígena é utilizado como
enfeites, para compor a indumentária usada nos
rituais e também para a produção de utensílios
domésticos e na comercialização. Os Karajá são
excelentes artesãos da arte plumária e cerâmica. Os
Akwe (Xerente) são considerados o povo do trançado
Congada (cestaria) e os Timbiras (Apinajé e Krahô), são
especialistas na arte dos trançados e artefatos de
Em Taguatinga, no sul do estado do sementes nativas do cerrado.
Tocantins, as Cavalhadas tiveram início em 1937.
Acontecem durante a festa de Nossa Senhora da
Abadia, nos dias 12e 13 de agosto. O ritual se inicia
com a benção do sacerdote aos cavalheiros; a
entrega ao imperador das lanças usadas nos
treinamentos para a batalha simbolizando que estes
estão preparados para se apresentar em louvor a
Nossa Senhora da Abadia e em honra ao
imperador.
A Folia de Reis é outro evento comum nos
estados do Norte. Comemora-se o nascimento de
Jesus Cristo encenando a visita dos três Reis
Magos à gruta de Belém para adorar o Menino- Artesanato indígena
Deus. Dados a respeito dessa festa afirmam que a No Tocantins se destaca o artesanato com
sua origem é portuguesa e tinha um caráter de capim dourado. É uma planta exclusiva do estado,
diversão, era a comemoração do nascimento de sendo mais comum no Jalapão. Na produção dos
Cristo. artesanatos são feitas bolsas, potes, pulseiras,
A Festa do Divino é de origem portuguesa, brincos, mandalas, chapéus, enfeites. Hoje são
é uma da mais cultuadas em Rondônia, reúne confeccionados por volta de 50 tipos de produtos; os
centenas de fiéis nos meses de abril, maio e junho, artesanatos são necessariamente em formatos
proporcionando um belo espetáculo. arredondados porque a fibra não permite ser
dobrada.
Jerusalém da Amazônia é a segunda maior
cidade cenográfica do mundo, onde se encena a Indústrias da Região Norte
Paixão de Cristo durante a Semana Santa. Esse é Dentre todas as regiões brasileiras a norte é
outro evento cultural de fundamental importância a menos desenvolvida industrialmente. Há várias
para a população de Rondônia. décadas a região tem suas atividades econômicas
A herança indígena é fortíssima na culinária vinculadas aos setores com pouca aplicação
do Norte, baseada na mandioca e em peixes. No tecnológica e que atuam nos ramos agroindustriais
estado do Amapá, a carne de sol é bastante que produzem alimentos, têxtil, couro, borracha, etc.
consumida pela população. Nas cidades de Belém Apesar disso, no final do século passado
e em Manaus é tomado direto na cuia indígena o essa região começou a desenvolver, na Amazônia
tacacá, espécie de sopa quente feita com tucupi, oriental atividades como mineração e metalurgia
goma de mandioca, jambu (um tipo de erva), foram as que mais cresceram. Já na Amazônia
camarão seco e pimenta-de-cheiro. O tucupi é um ocidental o desenvolvimento ocorreu na indústria,
caldo da mandioca cozida e espremida no tipiti sobretudo de eletroeletrônica.
(peneira indígena),que acompanha o típico pato ao
tucupi, do Pará. Na parte oriental as mudanças ocorreram em
decorrência da extração mineral na Serra dos
Na Ilha de Marajó se destaca o frito do Carajás e de Oriximiná, além da proximidade com a
vaqueiro, feito de cortes de carne de búfalo usina hidrelétrica de Tucuruí e a instalação do
acompanhados de pirão de leite. Também da ilha complexo metalúrgico do alumínio nas proximidades
vem a muçarela de búfala. de Belém.
A biodiversidade da Amazônia se reflete Na parte ocidental o desenvolvimento
ainda na variedade de frutas: cupuaçu, bacuri, açaí, industrial aconteceu principalmente a partir de 1967,
taperebá, graviola, buriti, tucumã, pupunha, entre com a criação da Zona Franca de Manaus, esse
outros. centro industrial atraiu empresas incentivadas por

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
uma série de benefícios de ordem tributária, além • Quina, jaborandi e copaíba: são vegetais
de isenção de taxa de importação para com propriedades medicinais usados na fabricação
componentes. Diante disso, as empresas que de remédios e produtos de beleza.
produzem televisores, DVDs, celulares, motos e
• Látex: substância extraída de uma árvore
diversos outros produtos foram os que mais se
denominada de seringueira, é usada na fabricação da
beneficiaram com a criação desse polo industrial.
borracha.
A criação da Zona Franca de Manaus foi
• Castanha-do-pará: é uma castanha oriunda
uma iniciativa do governo federal como objetivo de
da castanheira. Seu fruto serve para a fabricação de
desenvolver economicamente e socialmente a
alimentos, cosméticos, óleos e remédios.
região. No entanto, o resultado não foi o esperado,
pois as indústrias não atribuíram nenhum beneficio • A piaçava e a malva: são usadas na
à população local. fabricação de fibras.
O extrativismo vegetal na região Norte • A sorva e a balata: plantas usadas na
fabricação de gomas não-elásticas.
A extração é uma atividade econômica que
deve ser incentivada na região Norte, pois consegue
aliar renda e conservação ambiental. A implantação
de programas de orientação familiar na extração e a
formação de cooperativas são de grande valia para
melhorar a vida dos ribeirinhos, além dos mesmos
contribuírem na preservação, tendo em vista que a
floresta é que fornece o seu sustento.
O garimpo na região Norte

Extração de açaí.
A coleta de frutos e raízes constitui uma
das mais primitivas maneiras de extração dos
meios de subsistência do homem. No entanto, essa
atividade, chamada de extrativismo vegetal, ainda é
praticada. Corresponde à coleta de produtos Área deteriorada por garimpeiros.
retirados da natureza. Uma atividade desenvolvida na região Norte
Na região Norte, essa atividade foi por bastante questionada é a garimpagem. Como a
tempo a única fonte de renda. Hoje, outras região abriga em seu subsolo inúmeras jazidas de
atividades são praticadas, como a mineração, a ouro, a atividade intensificou-se e atraiu milhares de
agricultura e a pecuária. Mas ainda assim a pessoas.
extração vegetal é realizada, podemos destacar os A garimpagem é uma atividade extrativa
principais tipos de extração: mineral, que usa de técnicas rudimentares. A maioria
• Extração de madeira: que são utilizadas dos garimpos que existem na região buscam,
especialmente na fabricação de móveis, produção especialmente, ouro e diamante. As grandes áreas
de carvão e na construção civil. As madeiras mais de concentração de jazidas se encontram no Pará, o
exploradas são cedro, mogno e cerejeira. vale do rio Tapajós; em Rondônia, o vale do rio
Madeira; no Tocantins, rio Tocantins. É bom ressaltar
• Cupuaçu: fruta usada na fabricação de que na Serra Pela (Pará),ainda existe essa atividade.
sucos, cremes, geleias, doces, sorvetes, entre
muitas outras aplicações. O garimpo não gera somente riqueza, pelo
contrário, ocasiona uma série de problemas para a
• Açaí: fruta apreciada em diversas partes região Norte, muitos deles de caráter social. Isso em
do Brasil, usada na fabricação de sucos, cremes, virtude da baixa qualidade de vida dos trabalhadores
concentrados, polpas, entre outros. do garimpo, que vivem em pequenos povoados sem
qualquer tipo de infraestrutura (água tratada, esgoto,
saúde, escolas, entre outros). Eles também

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
desestabilizam a paz, pois invadem terras marcado pela grande quantidade de ouro encontrado
indevidas, como reservas do Estado e indígenas, durante os séculos XVII e XVIII. Após esse período,
muitas vezes, na base de confrontos violentos. acreditava-se que não haveria mais nenhuma grande
jazida de ouro no país. No entanto, em1980 surgiu a
Os garimpeiros produzem também enormes
Serra Pelada.
impactos ambientais na região Amazônica. O
principal causador dos inúmeros impactos Serra Pelada é uma região localizada no
produzidos, sem dúvida, é o mercúrio, substância Estado do Pará. Na década de 1980,essa área foi
usada para retirar as impurezas do ouro. O invadida por milhares de pessoas em busca do
mercúrio é tóxico, contamina o trabalhador, os rios, enriquecimento rápido através do ouro. Em razão da
os peixes, os animais silvestres e as pessoas que grande concentração de garimpeiros, a região atraiu
utilizam as águas da região. também lavradores, médicos, motoristas, padres,
engenheiros, entre outros. No entanto, com o objetivo
Rios amazônicos: principais vias de
de evitar possíveis confusões, foi proibida a entrada
transporte
de mulheres e bebidas nos garimpos. O major do
Exército, Sebastião Curió, era o responsável pela
organização no garimpo.
Rapidamente a área se tornou no maior
garimpo a céu aberto do mundo. Toneladas de ouro
foram retiradas de Serra Pelada, esse fato fez com
que
todos pensassem que as jazidas de ouro
seriam capazes de enriquecer os garimpeiros.
Porém, a maioria dos garimpeiros não conseguiu
enriquecer, e oque é pior, muitos morreram durante o
trabalho.
As condições de trabalho eram muito
precárias, calor intenso, utilização de escadas
O principal meio de transporte para a população da
danificadas, barrancos altamente perigosos, poeira
região Norte são as embarcações fluviais.
de monóxido de ferro no ar que era inalada pelos
Os rios da região Norte é parte integrante trabalhadores, mesmo sendo prejudicial aos
da vida dos habitantes dessa região do Brasil. A pulmões. Mas apesar de todos esses fatores, os
característica dos rios amazônicos é favorável à garimpeiros trabalhavam dia enoite na esperança de
navegação, pois muitos são extensos e volumosos “bamburrar” - expressão relacionada ao fato de
e suas águas fluem lentamente. Tal condição faz enriquecer.
com que os rios sejam uma importante via de
transporte para os habitantes da região.
Em rios como o Negro, é comum o grande
fluxo de embarcações. Os barcos transitam repletos
de gêneros alimentícios, eletrodomésticos, peças
de tratores e automóveis, material de construção,
medicamentos e muitas outras coisas. Além das
mercadorias, há diariamente um grande fluxo de
pessoas.
Os portos existentes na região embarcam
simultaneamente mercadorias de todas as espécies
e pessoas. Os passageiros viajam acomodados em Garimpeiros a procura do ouro em Serra Pelada
redes, que deixam o convés dos barcos totalmente A produção aurífera em Serra Pelada
colorido. decresceu e, em 1992, ocorreu a paralisação da
O transporte hidroviário é praticamente a extração de ouro na região. A grande cratera aberta
única alternativa de transporte, tendo em vista que para a retirada do ouro transformou-se num enorme
as rodovias são bastante restritas e as que existem lago. A Companhia Vale do Rio Doce recebeu uma
não possibilitam o trânsito, como por exemplo, a indenização de 59 milhões do Governo Federal, pois
transamazônica. tinha direitos sobre as jazidas de ouro, que foram
invadidas por milhares de garimpeiros.
Serra Pelada
Em 2002, o Congresso Nacional aprovou um
A grande extensão territorial do Brasil decreto que permitiu aos garimpeiros a execução de
proporciona várias vantagens, entre elas é a suas atividades em uma área próxima a Serra
possibilidade de possuir riquezas naturais, tanto na Pelada. Em poucos meses, aproximadamente,
superfície terrestre como no subsolo. O país ficou 10.000 garimpeiros foram atraídos para essa região.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Vários problemas ocorrem nessa nova área. A e também sofre com as elevadas taxas de
disputa de interesses políticos, líderes sindicais, desemprego.
mineradoras e antigos garimpeiros geraram vários
Essa Região do Brasil situa-se na parte mais
conflitos. O clima na região continua tenso, vários
elevada do planalto Atlântico, onde estão localizadas
assassinatos ocorrem pela busca do ouro.
as serras da Mantiqueira, do Mar e do Espinhaço.
REGIÃO SUDESTE Predominam o clima tropical úmido e o tropical
semiúmido, com geadas ocasionais. A mata tropical
nativa que cobria o litoral foi destruída com a
expansão da agropecuária, em especial para o
cultivo de café. No estado de Minas Gerais
predomina a vegetação de cerrado (oeste) e caatinga
(norte).
O Sudeste é o principal responsável pela
geração de riquezas econômicas do país. É a região
mais desenvolvida: abriga as maiores montadoras e
siderúrgicas do país, possui o maior parque
industrial, áreas de atividades agrícolas modernas,
bancos, mercados de capitais, empresas
transnacionais, comércios, universidades, e possui as
duas metrópoles nacionais, consideradas cidades
A localização da Região Sudeste. globais (São Paulo e Rio de Janeiro). O Sudeste é
responsável por 56,4% do Produto Interno Bruto
As características da Região Sudeste em (PIB) nacional.
caráter econômico, social, ambiental, industrial,
produtivo, além das características naturais O setor de serviços é o principal segmento de
presentes nos quatro estados. atividade e representa a maior parte da riqueza do
Sudeste. A agricultura é bem dinâmica e
diversificada, destaca-se o cultivo de café, laranja e
cana-de-açúcar. A exploração de minério é outra
atividade econômica importante: Minas Gerais detém
grandes reservas de ferro e manganês; a maioria do
petróleo produzido no país é extraído da bacia de
Campos, no Rio de Janeiro.
Características dos estados do Sudeste:
Espírito Santo: Capital –Vitória.
Extensão territorial –46.098,571 km².
Quantidade de municípios–78.
População–3.514.952 habitantes.
Mapa da Região Sudeste do Brasil Densidade demográfica–76,2 hab/km².
Com extensão territorial de 924.511,3 Participação no PIB regional –4%.
quilômetros quadrados, o Sudeste é a segunda
menor região do Brasil, sendo maior apenas que a Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)–
região Sul. Limita-se com as regiões Centro-Oeste 0,802 (7° posição nacional).
(a oeste), Nordeste (ao norte) e Sul (ao sul),além de Minas Gerais: Capital– Belo Horizonte.
ser banhado pelo oceano Atlântico (a leste).
Extensão territorial –586.520,368 km².
Os estados que compõem o Sudeste são:
Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Quantidade de municípios–853.
Paulo. Possui a maior concentração populacional População–19.597.330 habitantes.
do território brasileiro, conforme contagem realizada
em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Densidade demográfica–33,4 hab/km².
Estatística (IBGE), totaliza 80.364.410 habitantes, Participação no PIB regional –16,1%.
quantidade que corresponde a 42,2% do total
nacional. É também a região que tema maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)–
densidade demográfica (87 habitantes por 0,800 (10° posição nacional).
quilômetro quadrado) e o mais alto índice de Rio de Janeiro: Capital –Rio de Janeiro.
urbanização–92,1%. Possui 1.668 municípios. A
região apresenta os mais altos índices de violência, Extensão territorial– 43.780,157 km².
Quantidade de municípios–92.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
População–15.989.929 habitantes. As manifestações culturais da Região
ocorrem através de elementos como:
Densidade demográfica–365,2 hab/km².
Congada–A presença desse bailado popular
Participação no PIB regional –19,8%.
é assinalada no Brasil colônia e ocorre do Ceará ao
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)– Rio Grande do Sul. Na congada existem dois grupos
0,832 (4° posição nacional). de negros que entram em luta. É a luta do Bem
contra o Mal. O Bem é representado pelos cristãos, o
São Paulo: Capital –São Paulo.
Mal é o grupo de mouros. O Bem usa roupa azul, e o
Extensão territorial –248.196,960 km². mal, vermelha. Há lutas, embaixadas, cantos, e
sempre os cristãos vencem os mouros, que são
Quantidade de municípios–645. batizados. E todos juntos fazem a festa em louvor a
População–41.262.199 habitantes. São Benedito, padroeiro dos negros em todo o Brasil.
As violas, o canzá(reco-reco), caixas, tambores,
Densidade demográfica–166,2 hab/km². acompanham os cantadores.
Participação no PIB regional –60,1%.
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)–
0,833 (3° posição nacional).

Espírito Santo

Congada
Fandango – nas cidades do litoral paulista é
muito popular. O fandango é rufado com passos
marcados, com batidas de pés, é dançado até meia-
noite. Depois dançam os fandangos valsados, mais
calmos.
Minas Gerais Batuque – dança de origem africana, do ritual
da procissão. É uma festa muito popular nas cidades
do interior de São Paulo, nas festas do Divino
Espírito Santo, ou nas festas juninas. O batuque é
dançado em terreiro ou praça pública. Uma fileira de
homens fica a 15 metros de distância das mulheres,
quando começa a dança, os homens se aproximam
das mulheres e encostam suas barrigas por três
vezes na companheira.
Rio de Janeiro Samba de Lenço – é uma dança de origem
africana, ele é sambado no meio urbano (samba de
salão), e no meio rural há três modalidades: samba
de roda, samba de campineiro e samba de lenço.
Carnaval – Evento carioca mais famoso do
mundo atrai turistas brasileiros e estrangeiros para
prestigiarem os desfiles das escolas de samba. Esse
evento também tem se destacado no estado de São
Paulo.
São Paulo
Aspectos Culturais da Região Sudeste
A Região Sudeste do Brasil é composta
pelos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de
Janeiro e Espírito Santo. Apresenta grande
pluralidade cultural, com manifestações de origem
indígena, africana, europeia e asiática.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
usam batas longas enfeitadas de fitas muito
coloridas.
A culinária do Sudeste é bem diversificada e
apresenta forte influência do índio, do escravo e dos
diversos imigrantes europeus e asiáticos. Entre os
pratos típicos se destacam a moqueca capixaba, feita
com tintura de urucum (ES);pão de queijo, feijão
tropeiro, carne de porco servida com couve, quiabo,
milho ou mandioca (MG); feijoada, aipim frito, bolinho
de bacalhau, picadinho (RJ);virado à paulista, cuscuz
paulista, farofa, pizza (SP).

Desfile de Escolas de Samba no Carnaval Industrialização da Região Sudeste

Dança de Velhos – A dança aparece

durante as festas do Divino Espírito Santo. Ainda
existe no litoral fluminense, em Parati e Angra dos
Reis. E também nas cidades paulistas de Cunha e
São Luís do Paraitinga.
Festa de Iemanjá – Iemanjá é a mais
prestigiada entidade feminina do Candomblé,
Umbanda e Macumba. O culto à Iemanjá é
realizado na noite de31 de dezembro para 1° de
janeiro. Nesse dia os devotos vão prestar sua
homenagem. Quando a noite vem chegando,
milhares de fiéis dirigem-se para a praia, e todos
festejam a Rainha do Mar, protetora das viagens
marítimas e mãe de todos os orixás. As pessoas O mapa da região sudeste
levam presentes, flores, comidas e bebidas.
A Região Sudeste é a principal do país, sua
Folia de Reis ou Reisado – Folia de Reis, importância está em seu destaque industrial e
folguedo que ocorre no período do Natal, de 24 de econômico. A população total é de 80,3 milhões de
dezembro a 6 de janeiro, é o dia dedicado aos habitantes e a densidade demográfica é de 87
Santos Reis. A formação das folias se difere habitantes por quilômetro quadrado, se consolidando
conforme o lugar, mas há sempre um mestre, líder como a mais populosa e mais povoada do país - de
maior, responsável pela cantoria e pela 100brasileiros, 42 residem na Região Sudeste. Seu
coordenação geral do grupo. Seu auxiliar é o território, com extensão de924.511,3 quilômetros
contramestre, que angaria os donativos e o substitui quadrados, representa 11% do total do país.
em caso de necessidade. Algumas folias trazem a
figura do embaixador, que pede licença para entrar
nas casas, pronuncia as profecias e lembra as
palavras escritas pelos profetas a respeito do
nascimento de Cristo. Há os instrumentistas e
cantores e algumas trazem os reis, representando
os três reis magos.
Dança de São Gonçalo – As moças se
vestem de branco, rosa ou azul. Cada figurante
conduz um arco de madeira enfeitado de papel de
seda da cor do vestido. Em certos lugares, um Os fatores da industrialização no Sudeste
único homem participa da dança e comanda a
O desenvolvimento industrial na região
função, trajado de branco, o qual desempenha o
ocorreu principalmente a partir do século XX, após o
papel de São Gonçalo.
declínio do café. O café ocupou durante muito tempo
Caiapó – é um bailado de influência lugar de destaque nas exportações e essas
indígena. Aparece em diversos estados do Brasil, “seguravam” a economia brasileira. Na região
com variações: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas sudeste os estados produtores de café eram
Gerais. principalmente São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito
Santo.
Ticumbi – é uma versão capixaba da
Congada. Só é encontrada no estado do Espírito O declínio do café, no final da década de
Santo, é uma dança dramática guerreira. É 1920, foi provocado pela crise de 29, por não
praticada por negros que se vestem de branco, oferecer grandes lucros uma grande parcela de
fazendeiros vendeu suas propriedades. Com o

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
recurso adquirido na venda das fazendas na década de 50, que impulsionou a construção de
investiram, entre outras, na indústria, as primeiras rodovias, a criação delas contribuiu para uma maior
se limitavam ao setor têxtil, alimentação, bens de integração entre os entes da região e também com
consumo, sabão e velas. outros estados e que mais ainda favoreceu o
processo de povoamento.
O surgimento das indústrias na região
sudeste está vinculado à produção cafeeira Em pouco tempo as rodovias superaram as
decorrente da: ferrovias, tanto é que as ferrovias atuais continuam
com a mesma extensão do período da produção de
• Grande quantidade de trabalhadores da
café, cerca de 12,4 mil km.
produção do café foi atraída para trabalhar nas
indústrias que iniciavam suas atividades. A distribuição da indústria no Sudeste
• Rede de transportes, uma vez que as A distribuição das indústrias na Região
infraestruturas eram usadas para escoar a Sudeste possui uma hierarquia, em que alguns
produção de café das fazendas para os portos, com estados são mais desenvolvidos industrialmente com
a introdução das indústrias esses mesmos trajetos base na concentração do número de indústrias
serviam para transportar matéria prima e presentes. Desse modo fica ordenado da seguinte
mercadorias. forma: em primeiro lugar a Grande São Paulo, em
segundo Rio de Janeiro e terceiro Belo Horizonte,
•Do grande número de mão-de-obra
sendo que a primeira ea segunda são as
imigrante presente no Brasil, esses já tinham
megalópoles brasileiras.
experiências industriais, pois a maioria era de
origem europeia e nesse período a Europa já havia Região Hidrográfica do Atlântico Sudeste
passado pelo processo de industrialização.
Localizada numa área altamente
A indústria e os recursos naturais industrializada, a Região Hidrográfica do Atlântico
Sudeste tem como principais rios o Paraíba e o Doce.
Os minérios e as energias favoreceram a
expansão das indústrias, tendo em vista que esse
dois são importantes e fundamentais elementos
dentro do processo de industrialização, nesse
quesito a região era bem servida, proporcionando a
instalação de fábricas nas suas mediações.
No final das décadas de 40 e 50 houve a
criação das indústrias de base no Brasil, mais
precisamente na região sudeste, como a CSN
(Companhia Siderúrgica Nacional), Vale do Rio
Doce e a Petrobras. Todas as mudanças para
implementar a indústria promoveram a expansão de
diversos seguimentos industriais. Região Hidrográfica do Atlântico Sudeste
Em Minas Gerais as principais jazidas eram Regiões hidrográficas são porções territoriais
de extração de ferro, manganês, bauxita e ouro, o que englobam uma bacia hidrográfica ou um conjunto
local ficou conhecido de quadrilátero ferrífero. de bacias com características naturais e
Nesse mesmo momento ocorreu a construção de socioeconômicas semelhantes. A Região
várias usinas hidrelétricas, fato importante, pois Hidrográfica do Atlântico Sudeste é uma das doze
havia uma crescente demanda de energia para regiões hidrográficas do Brasil, de acordo com a
abastecer ou suprir as necessidades desse setor classificação realizada pelo Conselho Nacional de
produtivo, além das residências e comércio. Recursos Hídricos (CNRH).
Transportes e a integração da Região Com área de 229 mil quilômetros quadrados,
Sudeste a Região Hidrográfica do Atlântico Sudeste está
presente em territórios dos quatro estados da Região
O desenvolvimento do transporte favoreceu
Sudeste do Brasil (Espírito Santo, Minas Gerais, São
o desenvolvimento industrial e econômico de toda a
Paulo e Rio de Janeiro),além de uma pequena
região e também do Brasil. Alienado ao crescimento
porção da zona litorânea do Paraná.
das indústrias e à evolução dos transportes
ocorreu, simultaneamente, o aumento populacional Essa região hidrográfica abriga um grande
gerando um maior fluxo de mercadorias e de contingente populacional mais de 25,6 milhões de
matéria prima. pessoas. Outro destaque é a concentração de
indústrias e a realização de atividades agropecuárias
A expansão comercial contribuiu para uma
mecanizadas. Essas características fazem com que o
integração entre os estados que integram a região.
consumo de água seja bastante elevado, no entanto,
Uma das principais e mais importantes etapas do
a disponibilidade é pequena para suprir toda a
processo industrial e econômico foi a implantação
demanda.
das empresas fabricantes de veículos automotores,

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A vazão média da Região Hidrográfica do apenas um lugar no mundo, e dessa forma não se
Atlântico Sudeste corresponde a aproximadamente adaptam a ambientes diferentes), faz-se necessário a
2,1% do total do país. Os principais rios são o busca da preservação permanente das florestas
Paraíba do Sul, com extensão de 1.150 remanescentes, para a conservação da rica fauna e
quilômetros, e o Doce, que percorre uma distância flora.
de 853 quilômetros. Outros rios de grande
A poluição dos ambientes urbanos
importância são: Jacu, Itapemirim, Ribeira de
Iguape, São Mateus, entre outros. A região sudeste é densamente povoada,
abriga as sete maiores metrópoles brasileiras, são
A Região Hidrográfica do Atlântico Sudeste
elas: São Paulo com uma população estimada de
apresenta paisagens litorâneas, mata
17,8 milhões, Rio de Janeiro com 10,8 milhões, Belo
atlântica(bastante desmatada) e manguezais. Os
Horizonte 4,8 milhões, Campinas 2,3milhões, Vitória
principais problemas registrados são a ocupação
e Baixada Santista ambas com 1,4 milhões e em
irregular do solo e de encostas, retirada da mata
Minas, o Vale do Aço com 560 mil.
ciliar, além da intensa poluição hídrica, causada
pelo lançamento de e fluentes sem o devido A imensa concentração de pessoas
tratamento. provocam poluição no solo, água e ar. A poluição do
solo ocorre principalmente nos lixões, que além de
Região Sudeste: Paisagens
poluir o solo atinge também o lençol freático, a água
intensamente Transformadas
é poluída através de esgotos sem tratamento,
resíduos de produtos químicos descartados pela
indústria e o arque sofre alterações provenientes da
emissão de gases de veículos com combustíveis
fósseis (carros, ônibus e caminhões) e emitidos
também por atividades industriais. Os diversos tipos
de poluição podem provocar doenças como a
hepatite, leptospirose e doenças respiratórias,
comuns nos períodos de baixa umidade, dentre
outras.

Nem mesmo as áreas de relevo acidentado Os grandes centros urbanos da região

escapam da destruição e da ocupação sudeste convivem com outros inconvenientes, é o
caso das enchentes e deslizamentos de terra. As
No passado a região sudeste ocupava enchentes ocorrem geralmente na primavera e verão,
áreas de diversos tipos de vegetação como ambos são períodos predominantemente chuvosos,
cerrado, caatinga, vegetação litorânea, campos de às vezes devido à torrencialidade, um único dia de
altitude e araucária. A mata atlântica atingia cerca chuva vale mais que um inverno inteiro.
de 500 km de toda costa brasileira, hoje restam
aproximadamente 5% de áreas preservadas. Os principais agentes das enchentes são a
impermeabilização do solo, por causa das
Os motivos que levaram à devastação construções (asfaltos, calçadas, edificações) e a falta
foram os agentes de interesse econômico tal como de áreas verdes que permitem a absorção da água
a agricultura com a produção monocultora da chuva pelo solo. No caso dos deslizamentos as
comercial de café, cana-de-açúcar entre outras, causas estão ligadas à falta de vegetação e a
indústrias que surgiram após a Segunda Guerra ocupação urbana em locais com relevos impróprios,
Mundial no Brasil, mineração que serviu para o como não existe cobertura vegetal para reter a água,
crescimento da região e do país e abastecimento o solo absorve até um nível de saturação é nesse
das indústrias de matéria-prima e a ocupação momento que ocorre o deslizamento, pois a terra não
urbana que se apoderou de extensas áreas e que consegue suportar e se rompe.
muitas vezes não levaram em conta os fatores
ambientais no início de sua formação, todos esses Rural e o Urbano no Sudeste
causaram sérios problemas de ordem ambiental ao A produção agrícola e pastoril no Brasil
longo de décadas, e dessa forma deixou uma sempre teve uma importância muito grande, tanto
herança de destruição e perdas naturais, muitas economicamente como no processo de urbanização.
delas irreversíveis. A partir dessa afirmativa nota-se que a região
Hoje as poucas áreas preservadas se sudeste não se isola no processo, pois essa durante
encontram em regiões com predominância de muito tempo teve uma grande participação na
relevo com grande incidência de aclives e declives, produção agrícola(café, cana-de-açúcar, etc.), muitas
ou seja, terreno acidentado, como por exemplo, a vezes esses produtos seguraram a economia
Serra do Mar e Serra da Mantiqueira. brasileira que basicamente se resumia apenas à
produção primária.
A quantidade restrita de florestas da Mata
Atlântica coloca em risco uma série de animais Com o passar do tempo a agricultura
endêmicos (animais que são encontrados em acompanhou as transformações ocorridas na
indústria, e essa começou a produzir equipamentos,
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
implementos, insumos com intuito de aumentar a Vitória e Baixada Santista ambos com 1,4 milhão, em
produtividade e também reforçar a indústria desse Minas o Vale do Aço com 560 mil.
segmento.
Atualmente as metrópoles mundiais São
Na segunda metade do século XX, o Brasil Paulo e Rio de Janeiro estão diminuindo o ritmo de
entrou no processo de industrialização por crescimento industrial e populacional, agora a nova
substituição, além disso, o capital estrangeiro tendência são as médias cidades, pois os grandes
começou a entrar no Brasil com a chegada das centros enfrentam problemas de infraestrutura, altos
multinacionais de vários segmentos, dentre esses preços imobiliários, altos impostos e muita poluição,
estavam a produção de máquinas e equipamentos migrando as atividades industriais para centros
destinados à atividade rural, nesse mesmo período menores onde estão localizadas as atividades
começa também a produção para exportação que agropecuárias.
provocou a expansão de áreas cultivadas, a partir
Indústria
daí inicia o processo de mecanização e
modernização do campo. São Paulo- A Cidade de São Paulo
O aumento da produtividade propiciou o Na grande São Paulo localiza-se as grandes
surgimento da agroindústria (indústria vinculada à montadoras de veículos, indústria química e de
produção agropecuária, ex: laticínio, tecelagem, autopeças. Na capital e em algumas cidades do
etc.). A produção modernizada não ficou restrita à interior, como Sorocaba, Americana, Ribeirão Preto
agricultura uma vez que a criação de animais sofreu destacam-se as indústria têxteis.
alterações, pois os animais foram sendo
Ao lado dos polos de desenvolvimento da
selecionados, cresceu a produção de
medicamentos para tais animais, entre outros. Na agropecuária, desenvolveu-se a indústria da
região destaca-se a produção bovina de corte e alimentação. Por exemplo: usina de refinação de
açúcar e moagem de café, na região de Ribeirão
leite e a produção de aves e suínos.
Preto, e grandes frigoríficos na região de Araçatuba.
Com a modernização e mecanização do
Com a concentração e o aumento das
espaço rural a região sudeste ficou, a partir desse
indústrias, ocorreu também a organização dos
momento, caracterizada com um alto nível de
modernização e produtividade, com um grande trabalhadores em sindicatos. Eles se estruturaram e
número de pequenas e médias propriedades, com se fortaleceram a partir de 1979, principalmente na
região do ABCD, na grande São Paulo.
uma imensa diversidade produtiva. As propriedades
rurais próximas aos grandes centros da região são O café promoveu o desenvolvimento de São
geralmente de pequeno porte com característica de Paulo, estimulada pela riqueza cafeeira, a indústria
produção de hortaliças e frutas. começou a se desenvolver no estado. A indústria é a
As transformações no espaço urbano consequente ampliação do mercado consumidor. São
Paulo se transformou no estado mais desenvolvido e
As transformações ocorridas no campo, industrializado do país.
como a modernização, alteraram a configuração
A indústria, na grande São Paulo, já se faz
dos centros urbanos, a partir da mecanização rural
presente no interior. Cidades médias, pequenas
os trabalhadores desse ramo de atividade perderam
possuem suas própria indústria, o que tem dado um
seus postos de trabalho, resultando em um grande
fluxo de trabalhadores rurais para as cidades em grande dinamismo do interior paulista.
busca de trabalho nas indústrias, fenômeno São Paulo não deixa de ser, porém, o polo
denominado de êxodo rural. O setor industrial econômico de maior potencial do país. Forma-se a
instalado na região sudeste atraiu muitos vanguarda da industrialização e da modernidade
nordestinos. brasileira. Atualmente possuímos o maior parque
industrial brasileiro.
Atualmente, 92% da população do sudeste
vivem em centros urbanos. O conjunto de fatores Comércio
promoveu a urbanização da região e a expansão
das áreas metropolitanas. Em pouco tempo houve Os produtos das fazendas e das indústrias
grandes alterações nas paisagens urbanas precisam ser consumidos. É por meio do comércio
provenientes da acelerada urbanização, formando que os produtos chegam até o consumidor. Assim, os
assim as regiões metropolitanas, que é a união de produtos são vendidos e comprados nas lojas, bares,
dois ou mais municípios. supermercados, feiras, açougueiros etc.

Em sua grande maioria as regiões Existe o comércio atacadista, que é feito

metropolitanas são orientadas pela localização das entre os produtos e os grandes comerciantes ou
indústrias. As sete maiores regiões metropolitanas pelos comerciante entre si. E o varejista, feito em
estão na região sudeste, São Paulo, 17,8 milhões pequenas quantidades, entre comerciante e
de habitantes; Rio de Janeiro, 10,8milhões; Belo consumidores.
Horizonte, 4,8 milhões; Campinas, 2,3 milhões; O estado de São Paulo é um estado do Brasil
onde o comércio (tanto interno, como externo) é mais

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
intenso. O principal produto exportado é o café. A criação de gado bovino pode ser: de gado
Nosso estado localiza-se o porto de Santos, que é o se corte, que é criador e engordado com finalidade
principal porto de exportação do país. de fornecer carne para a nossa alimentação e para
as indústrias.
Exportação-café; produtos têxteis;
alimentícios e metalúrgicos; maquinarias; cimento; No estado de São Paulo, essa criação está
algodão; açúcar; milho; óleo; soja; frutas etc. muito desenvolvida no planalto ocidental,
principalmente nas regiões de Andradina, Araçatuba,
Importação-combustível; produtos químicos
Barretos São José do Rio Preto, Presidente Prudente
e farmacêuticos; fertilizantes; trigo etc.
etc. De gado leiteiro, que é criado coma finalidade de
O maior centro comercial do nosso estado é fornecer leite para o nosso consumo e para as
de São Paulo. Há também outras grandes centros indústrias de laticínios.
comerciais, tais como a região do ABCD (Santo
A criação de gado leiteiro em nosso estado é
André, São Bernardo do campo, São Caetano do
feita na vale do Paraíba e nos municípios de
Sul, e Diadema), as cidades de Guarulhos, Osasco,
Campinas, Araraquara, São Carlos, Rio Claro,
Santos, Campinas, Ribeirão Preto, Sorocaba,
Mococa, Franca, Porto Ferreira. Suíno cultura é a
Piracicaba, Jundiaí, São José do Rio Preto, Mogi
criação de gado suíno com a finalidade de produzir
Das Cruzes, Bauru, Presidente Prudente,
carnes, toucinho, banha e couro para o consumo e
Araraquara e etc.
para as indústrias.
Agricultura
A criação de suínos é fita em muitas
A agricultura consiste no trabalho de municípios de estado. Em diversos municípios
preparar a terra, plantar e colher. A agricultura em paulistas existem frigoríficos que compram o gado
nosso estado é uma das mais importantes do país. dos criadores, distribuindo a carne aos açougues.
Ela apresenta uma variedade enorme de culturas e
Há no estado de São Paulo grandes
a produção é muito grande.
fazendeiros de criação de animais. São fazendas
Os principais produtos agrícolas cultivados modernas, com máquinas que hoje fazem boa parte
em nosso estado são: café, arroz, amendoim, cana- do trabalho de homem.
de-açúcar, milho, frutas, soja, legumes e verduras.
REGIÃO SUL
O café é ainda o produto mais importado da nossa
agricultura. Atualmente, o estado de São Paulo e o
maior produtor de cana-de-açúcar do Brasil. A
finalidade de cultura de cana-de-açúcar é a
fabricação de açúcar e de álcool.
Vários municípios do nosso estado se
dedicam à fruticultura, isto é, à cultura de frutas. As
principais frutas cultivadas são: laranja, uva,
pêssego, figo, limão, melancia, abacaxi, banana,
mamão, morango etc. As características da Região Sul.
Com a cultura de algodão, amendoim, soja As características da Região Sul em caráter
e milho desenvolveram-se na indústria de óleos econômico, social, ambiental, industrial, produtivo,
comestíveis. além das características naturais presentes nos três
estados.
Na maioria dos municípios paulistas há as
Casas da Agricultura, cuja finalidade é orientar os
agricultores. A cultura de um só produto agrícola é
chamada monocultura. A cultura de vários produtos
agrícola é chamada de policultura.
Além disso, São Paulo ocupa o 1º lugar na
utilização de tratores na agricultura, mais do que
todos os estados das regiões Norte, Nordeste e
Centro-Oeste juntos. Isso demonstra não só a
importância, mas o avanço e a mecanização da
agricultura paulista. Localização da região Sul no mapa do Brasil

Pecuária A Região Sul é formada pelos estados do

Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Com
A pecuária consiste na criação de animais extensão territorial de 576.409,6 quilômetros
com fins econômicos. A pecuária abrange quadrados, é a menor do Brasil. Sua população
principalmente as seguintes criações bovinos, totaliza 27.386.891 habitantes, apresenta densidade
suínos, ovinos, caprinos. demográfica de 47,5 habitantes por quilômetro
quadrado e crescimento demográfico de 1% ao ano.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Nela predomina o clima temperado, Participação no PIB regional: 36,5%
responsável pelas temperaturas mais baixas
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)–
registradas no Brasil durante o inverno. A única
0,820 (6° na posição nacional)
exceção é o norte do Paraná, onde se faz presente
o clima tropical. Durante o inverno, na região central Santa Catarina:
do Paraná e no planalto serrano de Santa Catarina
e Rio Grande do Sul, os termômetros registram
temperaturas negativas com possíveis ocorrências
de geada e neve.
A vegetação sofre influência direta da
temperatura, variando conforme cada região: nos
locais mais frios predominam as matas de araucária
(pinhais) e nos pampas, os campos de gramíneas. Capital: Florianópolis
A economia tem no setor de serviços sua Extensão territorial: 95.703,487 km²
principal atividade, responsável pela maior parte
das riquezas dos estados sulistas. O setor industrial Quantidade de municípios: 293População:
destaca-se nos seguintes segmentos: metalúrgico, 6.248.436 habitantes
automobilístico e têxtil.
População Urbana: 84%
A agricultura, por sua vez, é de grande
Densidade demográfica: 65,3 hab./km²
importância para a economia regional e nacional,
haja vista que a Região Sul é responsável por Participação no PIB regional: 23,6%
quase a metade de toda a produção brasileira de
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)–
grãos. Os principais produtos cultivados são: soja,
0,840 (2° na posição nacional)
milho, arroz, feijão, trigo, tabaco, alho, maçã e
cebola. Rio Grande do Sul:
O turismo é outro elemento que se destaca,
sendo que os principais pontos visitados são as
praias de Florianópolis (SC), as Ruinas Jesuítico-
Guaranis de São Miguel das Missões (RS), a
cidade de Gramado (RS), o Parque Nacional do
Iguaçu (PR), entre outros.
Esse complexo regional apresenta os
melhores indicadores sociais do Brasil: as menores Capital: Porto Alegre
taxas de mortalidade infantil e analfabetismo, os
melhores indicadores de saúde, a segunda maior Extensão territorial: 268.781,896 km²
renda per capita e altos Índices de Quantidade de municípios: 496
Desenvolvimento Humano (IDH).
População: 10.693.929 habitantes
O Sul também é a região responsável por
16,6% do Produto Interno Bruto nacional (PIB). População Urbana: 85,1%
Características dos estados Densidade demográfica: 39,8 hab./km²
pertencentes à região em voga:
Participação no PIB regional: 39,9%
Paraná:
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)–
0,832 (5° na posição nacional).
A indústria na Região Sul

Capital: Curitiba
Extensão territorial: 199.316,694 km²
Quantidade de municípios: 399
Cidade industrial em Curitiba
População: 10.444.526 habitantes
A Região Sul é destaque positivo
População Urbana: 85,3% praticamente em todos os seguimentos econômicos,
Densidade demográfica: 52,4 hab./km² no setor industrial não é diferente. Ocupa,
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
atualmente, o segundo lugar do percentual nacional benefícios fiscais oferecidos pelos estados inseridos
nesse setor da economia, o volume comercial no contexto e todo o conjunto de infraestrutura que
corresponde a 21% do total nacional, dessa forma é facilita a circulação de mercadorias, capitais e
superado somente pela Região Sudeste. pessoas, além da proximidade com os parceiros
comerciais do MERCOSUL (Argentina, Uruguai e
Na região estão inseridos diferentes tipos
Paraguai).
de indústrias, no entanto, as atividades que mais
predominam é a produção têxtil e alimentícia, essas Com todos esses aspectos, o sul se encontra
utilizam como matéria-prima a produção em uma condição privilegiada em relação ao restante
agropecuária desenvolvida na região. do país, a região estabelece uma homogeneidade do
setor industrial e isso favorece o crescimento
As indústrias estão instaladas em locais
igualitário dentro do território.
estratégicos, perto das fontes de matérias-primas,
nas áreas de produção pecuária estão os parques A produção agrícola na região Sul
produtivos no seguimento de frigoríficos, curtumes,
laticínios, já em áreas de produção agrícolas se
encontram instaladas fábricas de óleos vegetais,
produção de trigo, produção de sucos e as
vinícolas. Essa junção entre produção agropecuária
e industrial é denominada de agroindústria.
As indústrias da Região Sul estão
regularmente distribuídas ao longo do território, elas
são encontradas em pequenos centros urbanos e
médios, no entanto, naturalmente as áreas que
concentram a maior parcela das indústrias estão
nas regiões metropolitanas de Porto Alegre e
Curitiba e nordeste de Santa Catarina, na qual se
A região Sul do Brasil destaca-se na produção de
encontra Joinvile, Blumenau, Brusque, além dos
trigo.
parques industriais nas cidades de Londrina,
Maringá, Ponta Grossa, no Paraná, já no Rio A atividade agrícola na região Sul teve início
Grande do Sul as principais cidades são Caxias do primeiramente no litoral, o lugar é denominado de
Sul, Santa Maria e Pelotas. Campanha Gaúcha, isso antes da chegada dos
Um dos importantes fatores para o imigrantes europeus.
desenvolvimento industrial na Região Sul é o Após o século XIX houve um grande fluxo de
potencial energético, devido às usinas hidrelétricas imigrantes europeus, sobretudo, italianos, poloneses,
instaladas na região, o relevo de planalto facilitou a alemães entre outras nacionalidades. Esses colonos
construção das mesmas, dessa forma a abundância receberam glebas de terra, onde desenvolveram
de energia elétrica facilita o abastecimento do setor principalmente as policulturas, a mão-de-obra usada
produtivo industrial. era a familiar. Culturas com característica de clima
Novas perspectivas para a indústria do subtropical como o trigo e a uva tinham como destino
sul o abastecimento do mercado local.

Até os anos 70, as atividades econômicas Recentemente houve muitas mudanças na

desenvolvidas na Região Sul estavam vinculadas à configuração do espaço agrário sulista, em diversos
produção primária, especialmente em produtos da casos as policulturas deram lugar às monoculturas. A
agricultura e pecuária. principal cultura responsável por esse processo é a
soja. A produção deixou de ser destinada ao
Doravante, nessa etapa a região ingressou mercado regional para se tornar produtos de
em um intenso processo de industrialização em exportação. Além disso, as propriedades que
diferentes seguimentos, logo se tornou o segundo anteriormente eram de pequeno e médio porte,
polo industrial do país. tornaram-se grandes latifúndios, uma vez que
grandes fazendeiros e empresas agrícolas
Mais tarde, no fim dos anos 80 e início dos
compraram as glebas de terra dos descendentes dos
anos 90, não houve um crescimento expressivo,
colonos, promovendo assim a concentração fundiária
desse modo o parque industrial do nordeste quase
na região. O trabalho deixou de ser
que o superou. Porém, o crescimento do setor
predominantemente familiar para ser mecanizado.
industrial ocorreu recentemente, com a migração de
investimentos no setor, que proporcionou a Esse processo conduziu um elevado número
instalação de empresas nacionais e estrangeiras de trabalhadores e ex-proprietários de terras a migrar
que produzem automóveis, peças, suprimentos de em direção às cidades, promovendo assim o
informática, eletrodomésticos e bebidas. fenômeno migratório denominado de êxodo rural,
sem contar o grande número de migrantes sulistas
Os incentivos para a instalação de diversas
que foram para outras regiões do Brasil, como o
empresas na Região estão diretamente ligados aos

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Centro-Oeste e o Norte, promovendo a expansão No Paraná, a culinária inclui o barreado, um
da fronteira agrícola do país. cozido de carne. É um prato caboclo típico do litoral.
Ele é preparado com carne bovina, toucinho e
Mesmo com os problemas apontados, a
temperos colocados em uma panela de barro. Ela é
região Sul continua desempenhando um grande
enterrada e acende-se por cima uma fogueira. Após
papel na produção agrícola, pelo menos 70% do
12 horas de cozimento, a iguaria está pronta.
trigo e da soja do Brasil são oriundos dessa parte
do país, além da produção de uva que responde
por 65% do que é produzido nacionalmente,
incluindo cerca de 50%do milho e do arroz.
Aspectos Culturais da Região Sul
A região Sul do Brasil é composta pelos
Estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa
Catarina. Apresenta grande diversidade cultural, as
maiores influências culturais são dos imigrantes
europeus.
Rio Grande do Sul
Os gaúchos dos pampas, ou das cidades,
formam um povo alegre e rico em tradições. Grande Barreado
parte dos seus aspectos culturais é oriunda dos
imigrantes alemães, que habitaram a região por Santa Catarina
volta de 1824. Os italianos, espanhóis e Os colonos imigrantes chegaram a partir do
portugueses também contribuíram para a riqueza século XIX. No entanto, mais tarde o Estado recebeu
cultural desse Estado. grande influência dos colonos italianos e alemães.
O gaúcho, que não dispensa a bombacha, Nesta região do Brasil há uma grande
o lenço e o poncho, aprecia o chimarrão e o quantidade de casas com arquitetura tipicamente
churrasco. europeia.
Os imigrantes se adaptaram facilmente ao
clima subtropical da região e muito contribuíram na
cultura vinhateira, na triticultura (cultura com trigo),
linho, algodão, cânhamo e mandioca.
Alguns eventos culturais são marcantes, e
mobilizam várias pessoas. O boi-de-mamão, por
exemplo, vai do Natal ao Carnaval. Começa com as
prendas e pedidos de ajuda e termina com a morte e
ressurreição do boi.
A dança de fitas é uma tradição milenar. É
Chimarrão, tradição gaúcha uma dança ariana antiquíssima. É feito um pau de
Grande parte das danças gaúchas é de fita, cujo mastro é sustentado no centro da dança por
origem portuguesa, se destaca também as danças um menino. Da ponta do mastro saem pares de fita.
espanholas, como a tirana e o anu. Executam as figurações segurando a ponta das suas
fitas, dançando, traçando as fitas em torno do mastro
A festa de Nossa Senhora dos Navegantes, central.
de origem portuguesa, é realizada em Porto Alegre
no dia 2 de fevereiro, no rio Guaíba, onde centenas
de barcos e milhares de fiéis devotos participam da
procissão fluvial. É também chamada pelo povo de
festa das Melancias.
Algumas cidades do Sul ainda celebram as
tradições dos antepassados em festas típicas,
como a Festa da Uva, em Caxias do Sul (RS).
Paraná
Os migrantes chegaram a partir de 1850:
alemães, italianos, poloneses, ucranianos, Dança de fitas
holandeses, etc. Eles influenciaram fortemente a Em Santa Catarina o boi na vara ainda é
cultura da região. Além dos colonizadores praticado. É uma espécie de tourada praticada. O
portugueses, que deixaram sua marca nos usos e boi, preso numa vara com uma corda, investe num
costumes e no linguajar cantado dos paranaenses.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
boneco; até o esgotamento. Outras vezes soltam os cada um trouxe consigo suas características culturais
animais e os homens saem correndo, derrubam o (costumes, idioma, culinária, danças, entre outras
boi e despedaçam-no. manifestações).
Outro evento cultural no estado é a A riqueza cultural do Sul é muito grande, um
Oktoberfest, em Blumenau (SC), tradicional festa da exemplo disso é Curitiba, nomeada em 2003 como
cerveja. capital da Cultura das Américas, instituída por
organismos da ONU (Organização das Nações
A culinária é marcada pelo pirão de peixe,
Unidas).
no sul do Estado; e os pratos alemães e a marreca,
no norte. Na capital, o destaque é o camarão. São muitas as formas de manifestações
culturais, no entanto, as que mais caracterizam um
Aspectos da população da região Sul
povo ou uma região são: culinária, literatura, música
Sulistas descendentes de alemães. etc.
A região Sul do Brasil é a menor entre A partir dessas considerações, a seguir as
todas. No entanto, isso não impediu que a mesma principais culturas praticadas na Região Sul, além de
alcançasse um dos melhores índices de personalidades nativas que são sucesso na música,
desenvolvimento econômico e social do país, no esporte, na literatura e na televisão.
muitos deles superiores às médias nacionais. Seu
Culinária do Paraná
contingente populacional também é significativo-
conforme dados do Censo Demográfico de 2010, Barreado
realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Carneiro no buraco
Estatística (IBGE), a Região Sul possui 27.386.891
habitantes. Churrasco
O processo de ocupação da Região Sul Chimarrão
está ligado, especialmente, a duas atividades
Tererê
primárias: a agricultura e a pecuária. A região
intensificou o povoamento somente a partir do Pira de Foz
século XIX, até esse momento o território se
encontrava quase que completamente desabitado, Pinhão
salvo os povos nativos, como os índios. Diante Dourado Assado
desse fator, o governo promoveu uma política de
povoamento que atraiu imigrantes, sobretudo de Pirão de peixe
origem europeia. O governo brasileiro almejava o Genghis Khan
povoamento para facilitar o controle e
administração da região, além disso, temia a Culinária de Santa Catarina
invasão dos países vizinhos, caso a região Bijajica
continuasse desabitada.
Camarão
Os imigrantes europeus receberam glebas
de terra do governo brasileiro, formando assim Marreco com Repolho Roxo
colônias agrícolas, nas quais desenvolviam Genghis Khan
agricultura e pecuária. A partir das colônias
agrícolas surgiram povoados e cidades, algumas Culinária do Rio Grande do Sul
delas de expressão, como Blumenau e Itajaí (Santa Arroz Carreteiro
Catarina), incluindo ainda São Leopoldo e Novo
Hamburgo (Rio Grande do Sul). Fato que Café colonial
aconteceu em colônias italianas que deram origem Chimarrão
a Criciúma (Santa Catarina)e Caxias do Sul (Rio
Grande do Sul). Churrasco
Nos dias atuais, a região possui duas Doces de Pelotas
regiões metropolitanas que se destacam: a Grande Literatura
Porto Alegre e Curitiba. Há também cidades médias
de grande relevância dentro da região, como Caio Fernando Abreu
Londrina e Maringá. Cruz e Sousa
Cultura e personalidades da Região Sul
Dalton Trevisan
O churrasco faz parte da cultura dos
Domingos Pellegrini
sulistas
Érico Veríssimo
A Região Sul do Brasil foi povoada por
imigrantes Europeus de várias nacionalidades, com Helena Kolody
destaque para os italianos, alemães e poloneses,
Moacyr Scliar
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Paulo Leminski Letícia Birkheuer (atriz)
João Simões Lopes Neto Letícia Sabatela (atriz)
Luiz Fernando Veríssimo Lílian Lemmertz (atriz)
Lya Luft Luiz Melo (ator)
Marcio Quintana Marcelo Madureira (humorista)
Música Mari Alexandre (atriz)
Kismara Pessatti Maria Della Costa (atriz)
Adriana Calcanhoto Maria Fernanda Cândido (atriz)
Miguel Proença Marjorie Estiano (atriz e cantora)
Marjorie Estiano Paulo José (ator e diretor)
Roberto Szidon Rafael Losso (apresentador)
Armandinho Rodrigo Hilbert (ator)
Krisiun SoniaBraga (atriz)
Lupicínio Rodrigues Tony Ramos (ator)
Nelson Gonçalves Vera Fischer (atriz)
Nenhum de Nós Xuxa (apresentadora)
Arrigo Barnabé Walmor Chagas (ator)
Bidê ou Balde Werner Shunemann (ator)
Chitãozinho e Xororó Esporte
Dinho Ouro Preto Ademir Roque Kaefer (jogador de futebol)
Elis Regina Alexandre Pato (jogador de futebol)
Engenheiros do Hawaii Alex (jogador de futebol)
Família Lima Cuca (treinador de futebol)
Papas na Língua Branco (jogador de futebol)
Teixeirinha Daiane dos Santos (ginasta)
Teodoro e Sampaio Emanuel (vôlei de praia)
Tequila Baby Fernando Scherer (nadador)
Ultramen Giba (jogador de vôlei)
Yamandú Costa Gustavo Kuerten (tenista)
Televisão João Derly (judô)
Alexandre Slaviero (ator) Juraci Moreira (triatleta)
Ary Fontoura (ator) Levir Culpi (treinador de futebol)
Carolina Kasting (atriz) Luiz Felipe Scolari (treinador de futebol)
Celso Portiolli (apresentador) Márcia Narloch (maratonista)
Guilherme Weber (ator) Maurício Gugelmin (piloto)
Guta Stresser (atriz) Mauro Galvão (ex. jogador de futebol)
Grazielli Massafera (atriz) Natália Falavigna (Taedwondô)
Herson Capri (ator) Paulo Rink (jogador de futebol)
Izadora Ribeiro (atriz) Paulo Roberto Falcão (ex. jogador de futebol)
Juliana Kametani (atriz) Raul Boesel (piloto)
Juliana Didone (atriz) Renato Gaúcho (treinador de futebol e ex.
jogador de futebol)
José Lwgoy (ator)
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Ricardo Zonta (piloto) O processo de urbanização e povoamento
realizado na Região Sul, diferentemente da maioria
Ronaldinho Gaúcho (jogador de futebol)
das outras regiões, derivou uma distribuição bastante
Ricardinho (jogador de futebol) regular de sua população ao longo do território
sulista.
Escadinha (jogador de vôlei)
Apesar da homogeneidade em relação à
Taffarel (ex. goleiro)
distribuição da população na região, existem áreas
Wanderlei Silva (lutador de vale-tudo) e que concentram a maioria dos habitantes, desse
muito outros, modo, as principais são as regiões metropolitanas de
Curitiba e Porto Alegre, além de outras cidades de
Desertificação no Sul porte médio com população de até 100 mil
habitantes.
Essas regiões metropolitanas, nos últimos
trinta anos, aumentaram de forma significativa seu
contingente populacional, dentre os vários motivos
que provocaram esse processo destaca-se o êxodo
rural, ocasionado pelo desenvolvimento na produção
Área atingida pelo processo de desertificação agrícola vinculado à mecanização e modernização do
campo, isso ocasionou a perda de milhares de postos
Um grande problema tem assolado o
de trabalho no âmbito rural, além disso, houve uma
sudoeste do Rio Grande do Sul, o processo de
crescente concentração fundiária, quando parte dos
arenização dos solos, conhecido também como
pequenos produtores rurais migraram para cidades.
desertificação. Esse processo é provocado,
Não somente esse seguimento social se dirigiu aos
principalmente, pela atividade agropecuária
grandes centros urbanos da Região Sul, as pessoas
extensiva que é exercida ao longo de décadas na
que habitavam pequenos municípios, devido à falta
região.
de emprego, foram obrigados a sair em busca de
Como a composição vegetativa do local é a melhores condições de vida.
pradarias e/ou pampas e o solo possui
No entanto, a geração de emprego não
características arenosas, esse se torna fácil de ser
alcançou níveis que acompanhasse o número de
fragmentado. Isso ocorre após a retirada da
trabalhadores, a falta de postos de trabalho levou
cobertura vegetal original para substituir por outras
muitas pessoas a ingressar no mercado informal e a
espécies, com fins comerciais, geralmente
ocupar áreas residenciais, muitas vezes, clandestinas
monoculturas (cultivo de uma única cultura em
e desprovidas dos serviços básicos concedidos pelo
grandes extensões de terra), ou mesmo para o
governo(saneamento, água tratada, policiamento,
plantio de pastagens para a produção pastoril.
pavimentação, iluminação entre outras).
A partir desses agravantes o solo é
Herança Europeia no Sul
disseminado por meio das ações erosivas eólicas
(vento) e das chuvas (pluvial). Como chove
praticamente o ano todo no local, as enxurradas
aceleram o processo gerando imensas erosões,
denominadas de voçorocas, e o vento se encarrega
de dispersar a areia formando dunas e expandindo
a desertificação, nos dias atuais as manchas já
atingem, aproximadamente, quatro mil hectares.
Esse fenômeno provocado pela ação
antrópica ocasiona uma mudança da paisagem e
dificulta o desenvolvimento das práticas agrícolas, Casa com estilo europeu, em Santa Catarina
além disso, compromete o ecossistema das áreas
atingidas. A Região Sul foi povoada por imigrantes
europeus, sobretudo, italianos, alemães e poloneses,
Distribuição da população na Região Sul com isso as características arquitetônicas e culturais
se tornaram tradicionais.
Os imigrantes, assim como suas
descendências diretas, têm conseguido preservar as
manifestações culturais trazidas dos países
europeus. Geralmente, os imigrantes se agrupam em
forma de colônias divididas de acordo com a origem
de cada país.
A cidade de Porto Alegre concentra grande Em algumas cidades de Santa Catarina,
população como Pomerode, uma lei municipal obriga a

Página 135
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
construção de casas em estilo enxaimel (modelo A seguir, de forma sintetizada e
Europeu). regionalizada, a apresentação dos pontos turísticos
dos três estados que compõe a Região Sul.
Em outra cidade catarinense, chamada de
Tílias, a maioria da população da cidade é Paraná
composta basicamente por imigrantes e
Ilhas dos Currais Parque Nacional do Super
descendentes austríacos que preservam todas as
agui Rio NhundiaquaraIlha do Itacolomi Salto Parati
características do país de origem, como a língua, os
Igreja Matriz Nossa Senhora do Bom Sucesso
costumes, as festas e as comidas típicas.
Curitiba, uma cidade planejada. Cataratas do Iguaçu
Tradicionalmente, as crianças assimilam o
Rio Grande do Sul
idioma tirolês em seu próprio ambiente familiar,
dessa forma há possibilidade de estabelecer, por Cânion do Itaim benzinho Cânion Malacara
parte do governo municipal, uma lei de inclusão da Cânion Faxina lzinho Cânion Fortaleza Parque
língua no currículo escolar daquela cidade. Nacional da Serra Geral Porto Alegre, uma cidade
moderna. Praia da Solidão Praia do Arroio Teixeira
As colônias do sul preservam todos os
Praia do Balneário Mostardense Praia Nacional da
aspectos culturais, e essas são materializadas no
Lagoa do Peixe
espaço geográfico sulista através de todo arranjo
paisagístico (arquitetura, atividade econômica, Santa Catarina
manifestações culturais entre outras).
Florianópolis Encantos do Sul Catarinense
Elas servem para aclamar os países e Praia do Buraco Praia de Zimbros Praia do Canto-
matar a saudade. Grande Praia do Esteleiro Praia de Perequê Praia do
Araçá Praia do Cardoso Praia do Mariscal Morro da
O turismo na Região Sul
Igreja Rio Sete Quedas Cascatas Véu da Noiva Serra
do Corvo Branco Cachoeira do Avencal Pedra
Furada
Produção agropecuária na Região Sul
A Região Sul conta com uma série de fatores
que contribuem para uma alta produtividade
agropecuária, dentre elas os solos são férteis e as
chuvas regulares durante o ano.
Além das contribuições naturais para
alcançar uma boa produção, outros elementos são
fundamentais para o desenvolvimento de uma
Cataratas do Iguaçu, a maior atração turística do agropecuária de precisão.
Sul Nos últimos tempos uma grande parcela das
A Região Sul possui uma variedade de propriedades rurais presentes na Região Sul
lindas paisagens naturais, além disso, sua ingressou em uma nova etapa produtiva, que está
composição arquitetônica, herdada dos imigrantes diretamente ligada ao uso de tecnologias em criação
lá estabelecidos, cria uma verdadeira atração de animais e cultivo de diferentes culturas.
turística, uma vez que foge da realidade dos outros Na pecuária utiliza-se orientação técnica,
estados e regiões. realiza-se uma seleção genética dos animais
Outros atrativos são as tradicionais festas aproveitando de suas viabilidades econômicas,
nas colônias europeias, como danças, culinária e inseminação artificial, uso de medicamentos, rações
todas as formas de manifestações culturais especiais para ganho de peso, ordenha mecânica
preservadas pelos imigrantes europeus. para dinamizar o trabalho e melhorar a qualidade,
entre outros.
No entanto, a natureza é o que mais
encanta, nesse sentido o sul tem muito a oferecer, Já na agricultura são utilizadas novas
a seguir alguns dos pontos turísticos naturais mais técnicas de plantio e manejo, como correção de solo,
conhecidos e visitados. rotação de culturas, plantios diretos, manejo de solo,
além do emprego de tecnologias, como tratores,
-Parque Nacional do Iguaçu, no qual está plantadeiras, colheitadeiras, implementos em geral e
localizado as Cataratas do Iguaçu, considerada insumos agrícolas (inseticidas, herbicidas e
como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. fertilizantes) e etc.
-Balneário Camboriú O processo de mecanização e modernização
-Parque Nacional de Aparados da Serra do campo contribuiu para a profissionalização das
atividades rurais preocupada cada vez mais com os
-Ruínas Jesuítico-Guaranis índices de produtividade, que automaticamente leva
ao lucro. A Região Sul, através dessas evoluções,

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ocupa um lugar de destaque na produção consegue ficar muito tempo sem respirar. Precisamos
agropecuária, abastecendo dessa forma o mercado do ar atmosférico porque contém oxigênio,
interno e externo em diferentes tipos de produtos responsável para a respiração. O oxigênio atua na
rurais. “queima” dos alimentos, produzindo energia
necessária para o funcionamento dos nossos órgãos
CIÊNCIAS
assim, eles conseguem se manter em atividade.
AR Atmosférico
Também serve como gás comburente, que
COMPOSIÇÃO DO AR alimenta a combustão (queima). Quando um ser vivo
utiliza o gás oxigênio para a respiração damos o
O ar atmosférico é formado por vários nome de seres aeróbicos (plantas e animais).
gases, vapor d água, micro-organismos e
impurezas (poeira e fuligem). Quando não usam o gás oxigênio para a
respiração ou “queimar” seus alimentos, damos o
Observe a tabela a seguir:
nome de seres anaeróbicos (algumas bactérias). O
GÁS QUANTIDADE EM % O2 pode, no entanto, causar danos ao homem.
Quando entra em contato com o ferro (Fe) provoca a
OXIGÊNIO 21 chamada ferrugem, que destrói carros, máquinas
GASES NOBRES 0,91 portões, navios e etc.

NITROGÊNIO 78 4Fe +3 O2 →2 Fe2O3

GÁS CARBÔNICO 0,03 Gás Carbônico – Este gás, com fórmula

química CO2, é essencial para a vida dos vegetais na
Observando o gráfico, podemos ver que na realização da fotossíntese, que produz glicose e
atmosfera há vários gases: oxigênio, gases nobres energia. A glicose é armazenada em forma de amido
(hélio, neônio, argônio, criptônio, radônio, xenônio), e pode ser utilizada na produção de celulose.
nitrogênio e gás carbônico. Podemos ver a
quantidade (percentagem) de cada gás na Para a realização da fotossíntese é
atmosfera, sendo o nitrogênio em maior quantidade. necessário:
Estes são os componentes constantes no ar - clorofila (substância de cor verde que
atmosférico. absorve energia luminosa);
A quantidade de vapor d água, - luz do Sol;
microrganismos e impurezas dependem de alguns
fatores como, por exemplo, o clima, a poluição e os - água;
ventos. Então estes são componentes variáveis do - gás carbônico
ar atmosférico.
Quando há presença de luz solar (absorvida
Componentes Constantes do Ar pela clorofila), o gás carbônico do ar e a água do solo
Nitrogênio - É o gás mais abundante do ar retirado pelas raízes é levada até as folhas se
(78%). Sua fórmula química é N2, ou seja, uma transforma em glicose e gás oxigênio. A glicose é
molécula de nitrogênio é formada por dois átomos usada como fonte de energia ou para fazer outra
de nitrogênio. Os animais e as plantas não substância e o oxigênio é liberado para o meio
aproveitam o nitrogênio do ar, mas existem alguns ambiente.
seres vivos que conseguem aproveitá-lo e Gases Nobres – Dificilmente se combinam
transformá-lo em sais nitrogenados, como os com outras substâncias, por isso são nobres. São
nitratos. Estes seres vivos são as bactérias que eles: hélio (He), Neônio (Ne), Argônio (Ar), criptônio
vivem em raízes de plantas leguminosas (feijão, (Kr), Xenônio (Xe) e Radônio (Rn). São isolados e
soja e ervilha). utilizados pelo homem:
O ciclo começa com o gás nitrogênio - em flashes, máquinas fotográficas (Xe);
penetrando no solo. As bactérias o absorvem,
transformando em nitratos que são cedidos, em - em letreiros luminosos (Ne, Kr);
partes para as plantas. Estas plantas utilizam os - para encher balões (He);
nitratos para produzir proteínas, que fazem parte do
corpo vegetal. Animais herbívoros comem estas - em aparelhos utilizados para tratamento de
plantas adquirindo para si as proteínas. Animais câncer (Rn);
carnívoros comem os herbívoros, transferindo para - no interior de lâmpadas (Ar).
eles as suas proteínas. Quando um animal morre é
decomposto por bactérias e fungos, que retornam O gás Hélio é muito leve.
ao solo e mais tarde absorvidos por outra planta. E O gás neônio também é chamado de gás-
assim, iniciando o ciclo do nitrogênio novamente. neon. Ele produz luz vermelha e laranja.
Oxigênio – Cerca de 21% do ar da
atmosfera é de gás oxigênio. Nosso organismo não

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Camadas da Atmosfera
Troposfera
É a camada da atmosfera que está em
contato com a superfície terrestre e que contém o ar
que respiramos.
Tem altitude entre 8Km a 16Km

O criptônio produz uma luz verde-azulada. É a camada menos espessa, mas é a mais
densa.
Componentes Variáveis do Ar
O ar junto ao solo é mais quente, diminuindo
Vapor d água – O vapor d água da de temperatura com a altitude até atingir -60ºC.
atmosfera vem da evaporação da água dos mares,
rios e lagos; respiração dos seres vivos; A zona limite chama-se tropopausa. Aqui a
transpiração das plantas; evaporação da água do temperatura mantém-se constante.
solo e evaporação da água de dejetos (fezes e Estratosfera
urina de animais).
Situa-se entre os 12Km a 50Km
Esta umidade (vapor d água) é importante
para os seres vivos porque ajuda na formação das É aqui que está a camada de ozono.
nuvens. Em alguns locais, onde há baixa umidade, Nesta camada a temperatura aumenta de -
muitas pessoas apresentam dificuldade na 60ºC a 0ºC. Este aumento deve-se à interação
respiração. É o caso da região centro-oeste do química e térmica entre a radiação solar e os gases
Brasil. Nestes casos, é recomendado colocar aí existentes.
recipientes com água perto da cama. Isto acontece
para que o vapor d água umedeça a mucosa das As radiações absorvidas são as ultravioletas
vias respiratórias (nariz, faringe). (6,6 a 9,9 x10-19 J).
Poeira – é formada por várias partículas A zona limite chama-se estratopausa. Aqui a
sólidas que se depositam nos móveis, utensílios temperatura mantém-se constante.
domésticos, estradas, telhados, etc. Mesosfera
Na atmosfera, é possível ver a poeira. Situa-se entre os 50Km a 80Km
Fumaça – Quem mais produz fumaça com Trata-se da camada mais fria da atmosfera.
fuligem são as fábricas que não em filtros nas suas
chaminés. A zona limite chama-se mesopausa. Aqui a
temperatura mantém-se constante.
A fuligem, que tem cor escura, é formada
por substâncias como chumbo (Pb). Causa sérios Termosfera
danos ao aparelho respiratório. É a camada mais extensa.
A fumaça que sai de automóveis, ônibus e Começa nos 80Km e vai para além dos
caminhões contêm dióxido de enxofre (SO2), 1000Km. Trata-se da camada mais quente da
monóxido de carbono (CO), dióxido de nitrogênio atmosfera.
(NO2) e hidrocarbonetos.
A temperatura pode atingir os 2000ºC.
Absorvem-se as radiações solares mais
energéticas (energia superior a 9,9 x10-19 J).
Subdivide-se em duas partes a ionosfera
(entre 80 e 550Km) e a exosfera (parte exterior da
atmosfera que se dilui no espaço a partir dos
1000Km de altitude).
Formação de radicais livres na atmosfera
Microrganismos – Estão em grandes As dissociações de moléculas que ocorrem
quantidades na atmosfera. Muitos são responsáveis por ação da luz chamam-se fotólises ou reações
por doenças como o tétano, tuberculose e gripe. fotoquímicas.
Alguns não causam doenças e ajudam na
Este tipo de reações acontece,
decomposição de organismos mortos, na fabricação
principalmente, na parte de cima da troposfera e na
de antibióticos. Outros, como o bacilo láctico se
estratosfera.
desenvolve no leite produzindo a coalhada.
Dissociação de uma molécula é o mesmo
que quebrar as suas ligações. É como um chocolate

Página 138
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
que partimos a metade: seria a dissociação de um A primeira camada, troposfera, contém cerca
chocolate. de 80% da massa total da atmosfera. A tropopausa é
a camada de transição para a seguinte (e nomes de
Destas dissociações saem partículas muito
construção semelhante para as demais transições).
reativas chamadas radicais.
A estratosfera contém cerca de 19,9% da
Dissociação e ionização de partículas
massa total e muito pouco vapor d'água.
Exemplo: A energia de dissociação da
Portanto, nas duas primeiras camadas está a
molécula de oxigénio (O2) é 8,3x10-19J.
quase totalidade do ar, o que pode ser observado
pelos minúsculos valores de pressão nas camadas
superiores.

Formação de iões na atmosfera

A energia solar é absorvida para extrair um
eletrão.
Se a radiação tiver energia superior à
energia de primeira ionização consegue retirar um
ião à partícula e ionizá-la.
Como as energias de ionização são
relativamente elevadas, as ionizações são mais
frequentes na termosfera (ionosfera).
Também podem ocorrer dissociações Composição do ar
seguidas de ionizações.
A tabela abaixo mostra os percentuais
Energia de primeira ionização volumétricos dos principais componentes do ar seco.
Os gases nobres (argônio, criptônio, hélio, neônio,
É a energia necessária para tirar um eletrão
xenônio) são mantidos por processos radiológicos ou
a uma molécula ou átomo.
são de caráter permanente.
Exemplo: A energia de primeira ionização
O gás de maior percentual, nitrogênio, tem
da molécula de oxigénio (O2) é 1,9x10-18J.
importantes funções para os seres vivos. Compostos
de nitrogênio no solo são fundamentais para o
crescimento de plantas e, portanto, para toda a
cadeia biológica. A fixação do nitrogênio no solo se
dá por diferentes processos: atmosférico (raios
quebram moléculas de nitrogênio que formam óxidos
com o oxigênio e estes formam nitratos com água da
chuva que os leva para o solo), industrial (os
Camadas da Atmosfera fertilizantes produzidos artificialmente) e biológico
Camada de ozônio, efeito estufa. Vez por (certos tipos de bactérias). Outros tipos de bactérias
outras, esses assuntos são abordados na grande convertem os nitratos em nitrogênio gás, retornando-
mídia. Esta página procura dar algumas o para a atmosfera. É o chamado ciclo do nitrogênio.
informações sobre os mesmos, bem como outras
sobre a atmosfera terrestre.
Camadas da atmosfera
A Figura 1 abaixo dá o esquema das
camadas atmosféricas com dados de altitudes,
temperaturas e pressões. É evidente que são dados
médios e que as transições não são abruptas
conforme a figura pode sugerir.
Notar que a mudança de uma camada para
outra se dá pela mudança do comportamento da
variação de temperatura. Nas transições, ocorrem
pequenas faixas de temperatura constante e depois
os sentidos das variações se invertem.

Página 139
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
inviabilizaria a existência de vida. O que causa
preocupação é o aumento do efeito estufa provocado
pelo aumento da concentração de certos gases
devido à atividade humana.
Segundo especialistas, os principais
responsáveis pelo aumento do efeito estufa são:
dióxido de carbono (aumento da concentração 30%
em 150 anos), metano (140%), óxido nitroso (11%) e
compostos de cloro-flúor-carbono (sem referência
anterior pois foi introduzido com uso de sistemas de
refrigeração). São gases resultantes de atividades
O oxigênio é trocado naturalmente pelos industriais, agrícolas, transportes, mineração e
processos biológicos de respiração e fotossíntese. outras.
Na respiração, moléculas orgânicas como glicose e
Acordos e compromissos internacionais têm
outras são oxidadas, produzindo dióxido de
sido colocados para reduzir a emissão desses gases.
carbono, água e liberando energia para o
Mas é algo um tanto difícil. Depende de esforços
metabolismo.
tecnológicos e certamente de mudanças de hábitos
Exemplo: C6H12O6 + 6O2 → 6CO2 + de consumo. Alguns pesquisadores estimam que a
6H2O + energia. temperatura média da Terra aumentou de 0,3 a 0,6ºC
nos últimos 100 anos em razão do aumento da
A fotossíntese faz o processo inverso, com
concentração desses gases. E preveem um aumento
ajuda da luz solar. de 1 a 3ºC para os próximos 100 anos.
Exemplo: 6CO2 + 6H2O + luz → C6H12O6 Camada de ozônio
+ 6O2
Conforme mencionado no tópico Composição
O dióxido de carbono é introduzido na do ar, o ozônio é produzido naturalmente na
atmosfera pelos processos de respiração, queima estratosfera pela ação da luz solar sobre o oxigênio.
de combustíveis e processos industriais humanos.
A radiação ultravioleta do sol faz o processo inverso,
Metano é introduzido na atmosfera por isto é:
animais como gado, insetos como cupins, culturas O3 + ultravioleta → O2 + O. E essa reação
de arroz, aterros para lixo, mineração, extração de bloqueia a radiação ultravioleta, impedindo-a de
petróleo, etc. chegar à superfície.
Óxido nitroso é introduzido na atmosfera Os primeiros equipamentos de refrigeração
pela queima de combustíveis fósseis e biomassas,
usavam amônia como gás refrigerante. Mas é tóxica
por processos de fertilização de solos. e inflamável sob certas condições. Assim, o uso era
O ozônio existe naturalmente na restrito a instalações industriais. Por volta de 1930
estratosfera pela ação da luz solar (combinação do foram introduzidos os compostos à base de cloro,
oxigênio molecular (O2) com o oxigênio atômico flúor e carbono (CFC), que não são inflamáveis nem
(O). A atividade industrial humana produz ozônio na tóxicos e isso permitiu a ampla utilização dos
superfície (resultado da ação da luz solar sobre refrigeradores. Além disso, os gases de CFC foram
alguns poluentes emitidos). usados em sprays, processos de limpeza e
esterilização, produção de espumas de plástico.
O vapor d'água não consta na tabela pois
ela se refere ao ar seco, mas é um importante Várias décadas depois, foi verificado que a
componente. A proporção é variável, dependendo redução observada da camada de ozônio estava
do local e outras condições. Pode chegar até cerca associada ao uso disseminado do CFC. Ao chegar na
de 4%. O vapor d'água redistribui calor através da estratosfera, a radiação ultravioleta o decompõe,
troca latente e permite a formação de nuvens e, por liberando o cloro.
consequência, das chuvas. E o cloro reage com o ozônio:
Efeito estufa Cl + O3 → ClO + O2.
O efeito estufa é bastante análogo ao Os efeitos da radiação ultravioleta na
objeto que lhe dá o nome, isto é, alguns gases superfície são perigosos e alguns de consequências
presentes na atmosfera têm a propriedade de reter
imprevisíveis. Exemplos: câncer de pele,
e reenviar o calor refletido pela superfície, de forma enfraquecimento do sistema imunológico, catarata,
similar aos vidros de uma estufa para cultivo de redução da população de fitoplântons na água do
plantas. mar, etc.
É um fenômeno que ocorre naturalmente e, Acordos internacionais foram estabelecidos
em princípio, não deveria ser nocivo. Pelo contrário. para a redução gradual do uso do CFC e parece que
Sem o efeito estufa, a temperatura média da Terra
seria algo perto de -20ºC, o que certamente
Página 140
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
estão em andamento. Refrigeradores atuais não camadas superpostas. Uma das bases para
fazem mais uso de CFC. classificação das diferentes camadas da atmosfera
foi a variação de temperatura de acordo com a
Camadas da Atmosfera
altitude. A atmosfera está estruturada em três
camadas relativamente quentes, separadas por duas
camadas relativamente frias.
Atmosfera - Cinco Camadas
Uma das divisões mais aceita é: troposfera,
estratosfera, mesosfera, ionosfera e exosfera.
Troposfera
É a camada que esta mais diretamente
relacionada com o homem, esta camada tem início
no solo, até aproximadamente 16 km de altitude. É
na troposfera que ocorrem os fenômenos
Atmosfera atmosféricos, o calor, os ventos e as chuvas. A
Palavra de origem grega, atmos=gás + temperatura média que varia de 20°C na parte
sfera=esfera-->atmosfera. Portanto é a esfera inferior a 60°C negativos na parte superior. É nessa
gasosa, que envolve o planeta Terra. A atmosfera camada que se concentram os poluentes, acontecem
se estende por centenas de quilômetros, alguns os fenômenos de precipitação - como a chuva, neve,
documentos estimam sua espessura em 800 km, ventos, calor - onde circulam os balões tripulados e
que atualmente o homem consegue alcançá-la por aviões a jato.
meio dos balões-sonda e dos satélites artificiais. Estratosfera
Atmosfera - Função e Constituição É a camada seguinte e tem uma espessura
A atmosfera exerce um papel fundamental de cerca de 40 km. Nessa camada, o ar é muito
na manutenção da temperatura, e da vida na Terra. rarefeito. A temperatura oscila entre 60°C negativos e
Ao nível do mar, é constituída de 78% de 5°C negativos É neste camada que ocorre a
nitrogênio, 21% de oxigênio e apenas 1% de outros presença do gás Ozônio (O3), ( camada de ozônio )
gases (argônio, xenônio, neônio, gás carbônico), que filtra a radiação ultravioleta emitida pelo sol. A
etc., além de poeira. presença do ozônio na atmosfera é essencial à
manutenção da vida, como se apresenta, no planeta.
Atmosfera - Importância A sua eliminação ou diminuição em grande escala
Se não existisse a atmosfera, não haveria podem modificar e modificam a fauna, a flora, enfim,
animais nem plantas. Como sabemos que O todos os seres vivos da Terra; podem determinar
oxigênio é indispensável para a existência da vida efeitos imprevisíveis aos ecossistemas terrestres e,
na Terra. Todas as características do mundo, tal especialmente aos seres humanos, mas que serão
como o percebemos, e o próprio ambiente terrestre, certamente, catastróficos.
dependem essencialmente do ar. Sem a atmosfera, Também chegam até a estratosfera os
não haveria vento, nuvens ou chuva. Não haveria balões meteorológicos, os aviões supersônicos e as
céu azul, nem crepúsculos ou auroras. Não existiria nuvens geradas por explosões atômicas. É também
o fogo, pois toda combustão resulta da união do na estratosfera que ocorre o efeito estufa, que é um
oxigênio com as substâncias que queimam. Não fenômeno que resulta no aquecimento da atmosfera
existiria o som, pois o que chamamos de som é a do Planeta, intensificado pela emissão de certos
vibração das moléculas de ar contra o tímpano. gases para a atmosfera, como o dióxido de carbono
Sem ar, enfim, as plantas não poderiam nascer e (CO2), produzido na queima de combustíveis fósseis
crescer. (carvão, petróleo e gás natural) e por queimadas. O
Atmosfera - Escudo Protetor assunto tem merecido atenção da comunidade
científica mundial pelos reflexos e consequências
Além de suas demais propriedades, a resultantes na vida de todos nós.
atmosfera serve de imenso escudo que protege a
Terra da violência dos raios solares, absorvendo as Mesosfera
radiações de ondas curtas mais perniciosas. À É a camada intermediária, estende-se até
noite, funciona como teto de vidro de uma aproximadamente 85 km de altura. O ar é mais
gigantesca estufa, conservando o calor do dia e rarefeito que na camada anterior, composto
impedindo que ele se perca todo no espaço. principalmente por ozônio e vapor de sódio.
Atmosfera - Suas Camadas Ionosfera
Em função de sua imensa espessura, e (íons + sfera ): fica acima de 80 km de
pelo fato de não apresentar forma homogênea em altitude, composta por moléculas ionizadas, isto é,
toda sua extensão, a atmosfera foi dividida em carregadas eletricamente, é nesta camada que as

Página 141
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ondas de rádio são refletidas de volta para a Terra. até o fim, pois comprimindo a superfície exposta do
Na ionosfera ocorrem alguns fenômenos, como por mercúrio, sustenta o líquido que ficou no interior do
exemplo, a aurora polar , que é visível nas regiões recipiente.
polares e a desintegração dos meteoros
Quando o ar é relativamente frio, desce
provenientes do espaço, é o que nós observamos
lentamente e comprime o ar que está por baixo,
como estrelas cadentes.
causando uma maior pressão. Embora esta seja
Exosfera causada pelo ar frio, provoca um tempo quente, com
pouca ou nenhuma sombra. Isto acontece porque o
É a camada mais externa, começa após
ar, ao descer, impede a formação de nuvens,
uns 500 km e continua até se confudir com o
originando um céu limpo. Quando o ar quente se
espaço interplanetário. Nesta camada, a densidade
eleva, cria por baixo dele uma zona de baixa pressão
gasosa é ínfima, não se registrando fenômenos
que normalmente significa mau tempo (ilustração). À
assinaláveis, a não ser a existência de dois
medida que sobe o ar vai se tornando mais frio e o
cinturões de partículas ( Cinturões de Van-Hallen ).
seu vapor de água transforma-se em nuvens, que
O primeiro a 4000 km, e o segundo a 20.000 km de
podem produzir chuva, neve ou tempestades.
altitude.
Simultaneamente, ao nível do solo, há ar que se
PRESSÃO ATMOSFÉRICA - O peso do ar desloca para substituir o ar quente em elevação, o
que dá origem a ventos. Essas massas de ar
A Terra está envolvida por uma camada de
deslocam-se sempre de um centro de alta pressão
ar denominada atmosfera, constituída por uma
para um de baixa pressão, gerando o vento. Mas
mistura gasosa cujos principais componentes são o
neste caminho são desviadas (para a direita no
oxigênio e o nitrogênio. A espessura dessa camada hemisfério Norte) por causa da rotação terrestre.
não pode ser perfeitamente determinada porque à
medida que aumenta a altitude, o ar se torna muito A pressão atmosférica diminui com o
rarefeito, isto é, com pouca densidade. O ar, sendo aumento da altitude em virtude do peso do ar sobre
composto por moléculas, é atraído pela força de as superfícies mais altas ser menor do que a que age
gravidade da Terra e, portanto, tem peso. Se não o sobre as mais baixas. Por exemplo, a pressão
tivesse, escaparia da Terra, dispersando-se pelo atmosférica na cidade do Rio de Janeiro é maior que
espaço. Devido ao seu peso, a atmosfera exerce a de Belo Horizonte porque na capital carioca,
sobre todos os objetos nela imersos, uma pressão situada ao nível do mar, a coluna de ar é mais
chamada pressão atmosférica. Assim, cada pessoa pesada do que a medida sobre a capital mineira, a
suporta sobre os ombros, em média, o peso de 836 metros de altura. Pressão atmosférica é,
cerca de 1 tonelada de ar, que, porém não sente, já portanto, a força que o ar exerce sobre a superfície,
que o ar é um gás e a força da pressão exerce-se sendo medida pelo barômetro em milímetros (mm),
em todas as direções. O peso normal do ar ao nível centímetros (cm) e milibares (mb). A pressão
do mar é de 1kg/cm2, porém, a pressão atmosférica atmosférica varia com a diferença de altitude entre
desce com a altitude: a 3.000 m, é de cerca de 0,7 um lugar para o outro, e com a temperatura de um
kg/cm2; a 8.848m, altitude do monte Everest, ela é período para outro. Quando descemos uma serra,
de apenas 0,3 kg/cm2. por exemplo, notamos uma diferença nos ouvidos: é
o aumento de pressão atmosférica que ocorre na
Diversas experiências podem ser realizadas medida em que diminui a altitude. Daí poder-se dizer
para demonstrar a existência da pressão que baixa altitude é igual a alta pressão, e que alta
atmosférica, todavia, a mais famosa é a dos
altitude, por sua vez, é igual a baixa pressão.
Hemisférios de Magdeburgo: tomando-se duas
calotas hemisféricas que se ajustam perfeitamente O aumento da temperatura numa
e extraindo-se o ar de seu interior, será necessária determinada localidade, também provoca uma
uma força muito grande para separá-las. Isso diminuição na pressão atmosférica. Seguindo o
porque a pressão atmosférica é exercida apenas de mesmo raciocínio anterior, baixa temperatura é igual
fora para dentro, o que mantém unidos os dois a alta pressão, e por sua vez, alta temperatura
hemisférios. corresponde a baixa pressão. Graças às diferenças
de pressão atmosférica, formam-se centros de alta
O valor da pressão atmosférica pode ser
pressão (zona anticiclonal) e de baixa pressão (zona
medido com uma experiência idealizada pelo físico
ciclonal). O ar que se desloca da zona anticiclonal
italiano Evangelista Torricelli: Pegamos um tubo de para a zona ciclonal é o vento.
vidro de 1m de comprimento, fechado numa das
extremidades, e o enchemos completamente com Um ciclone (ou depressão ou centro de
mercúrio. Fechamos com o dedo a extremidade baixas pressões) é uma região em que o ar
aberta, invertemos o tubo e o imergimos num frasco relativamente quente se eleva e favorece a formação
que também contém mercúrio. Ao retirar o dedo, de nuvens e precipitação. Por isso, tempo nublado,
observamos que o tubo não se esvazia chuva e vento forte estão normalmente associados a
completamente. O mercúrio nele contido escoa centros de baixas pressões. A instabilidade do ar
para o frasco até que o desnível atinja cerca de produz um grande desenvolvimento vertical de
76cm, média da pressão atmosférica ao nível do nuvens cumuliformes associadas a cargas de água.
mar. E é ela que impede o esvaziamento do tubo
Página 142
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Em todos os planetas que possuem As correntes de ar se deslocam de zonas de
atmosfera, existirá pressão atmosférica com um maior pressão para zonas de menor pressão.
certo valor. Na Lua, não havendo atmosfera, não
O deslocamento das correntes de ar ocorrem
haverá, consequentemente, pressão atmosférica.
na direção horizontal.
OS VENTOS
Portanto as correntes de ar se deslocam
INSTRUMENTOS que indicam a direção horizontalmente de uma zona de alta pressão para
dos ventos: biruta e anemoscópio. uma zona de baixa pressão.
INSTRUMENTOS que indicam a velocidade Os ventos são os fluxos de correntes de ar
do vento (e as vezes a direção): numa direção principal. Os ventos se formam pela
movimentação de correntes de ar numa direção
Anemômetro.
predominante.
O ar quando aquecido fica mais leve
TIPOS DE VENTOS
(menos denso), então, lembre-se da experiência
dos dois sacos na balança com a vela acesa em um Classificamos os tipos de vento de acordo
dos lados: o lado da vela vai subir (se expandir) com a PRESSÃO, TEMPERATURA e a
porque o ar ficou mais leve ali. VELOCIDADE da corrente de ar:
Ou seja: 1. BRISA
Ar frio: mais denso, mais condensado, Vento muito fraco com menos de 20 km por
menos expandido, mais pressão exercida. hora. Para as embarcações à vela a brisa é sinal de
calmaria.
Ar quente: menos denso, rarefeito, mais
expandido, menor pressão exercida. 2. VENTOS FRACOS, MODERADOS E
FORTES
O aumento da temperatura torna o ar
menos denso, mais rarefeito porque as moléculas A partir de 20km/h, as correntes de ar em
do ar aquecido ficam mais distantes ainda uma das movimento passam a se chamar vento. Esses ventos
outras. favorecem o deslocamento das embarcações à vela.
O que faz o ar subir quando ele é aquecido 3. TEMPESTADES
é a baixa densidade. Se esfriar o ar fica mais denso
Ventos com velocidade acima de 45 km/h
de novo.
estão associados à chuvas fortes, raios, relâmpagos.
MOVIMENTO DO AR Em geral, tempestades duram menos de 2 horas.
Exemplo do copo de plástico cortado em 4. FURACÕES
tiras finas e pendurado de cabeça pra baixo. O ar
Chamados também de tufões ou ciclones são
embaixo do copo é aquecido pela vela e o ar
ventos giratórios fortes com velocidade de mais de 90
empurra as tiras pra cima porque ele fica menos
km/h que se formam nos oceanos tropicais. O poder
denso com o calor. Quando o ar que subiu esfria e
de destruição dos furacões é enorme porque suas
desce cria-se uma movimento de subida de ar
dimensões são grandes e eles duram vários dias.
quente e descida de ar frio que faz o copo girar
como hélices. 5. TORNADOS
FORMAÇÃO DOS VENTOS São o fenômeno mais destrutivo da
atmosfera, chegam a atingir 500 km/h. também são
A Terra recebe luz e calor do sol que
ventos giratórios com forma de funil e têm curta
aquece o seu solo e por isso: O calor do solo
duração. Quando ocorrem no mar chamam-se
aumenta a temperatura da camada de ar próxima a
tromba d’água.
ele; O ar mais aquecido, mais rarefeito e menos
denso vai subir; Mesmo com toda tecnologia só é possível
prever a chegada de um tornado com 30 minutos de
Ao mesmo tempo as camadas de ar frio
antecedência e por isso é difícil tirar as pessoas das
que estavam em cima vão descer.
regiões que serão atingidas.
Assim formam-se os ventos, as correntes
No Brasil não temos tantos tornados quanto
de ar quente e de ar frio (lembra do efeito do copo
nos Estados Unidos.
de tiras que gira por causa do ar quente que sobe e
do ar frio que desce. A água do mar à noite é mais quente do que
durante o dia. Durante o dia, a areia fica mais quente
Na formação dos ventos, saiba que:
e a água mais fria.
Conforme a temperatura, as correntes de ar
Por que a água do mar à noite é mais quente
têm diferentes pressões. A corrente de ar quente,
do que durante o dia? Porque de dia a Terra se
menos densa tema pressão mais baixa. A corrente
aquece mais rápido do que a água do mar e a noite a
de ar frio mais densa tem a pressão mais alta.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Terra se esfria mais rápido do que a água do mar São duas hastes cruzadas com pequenas
que conserva a temperatura elevada mais tempo. cuias nas extremidades em posições contrárias. Tem
também um ponteiro com escala graduada. O
Este fato explica a formação de 2 tipos de
anemômetro serve para medir a velocidade do vento.
brisa no litoral: a BRISA TERRESTRE e a BRISA
MARINHA. ÁGUA
Então, quais os dois tipos de brisa no litoral: A água, tal como o Sol, é essencial para a
Brisa terrestre e brisa marinha. vida na Terra. As plantas verdes captam a energia
radiante solar e utilizam-na no processo da
BRISA TERRESTRE
fotossíntese que transforma, por meio de reações
Do continente para o mar. químicas, a água, o dióxido de carbono e sais
minerais em compostos orgânicos, que são
À noite a terra se esfria mais rápido do que
indispensáveis aos seres vivos como fonte de
a água do mar. Então o ar frio (mais denso) que
energia e para constituição e renovação das células.
estava sobre a terra movimenta-se e desloca a
camada de ar quente que estava sobre o mar. A fotossíntese liberta ainda oxigênio livre
Assim, faz-se uma corrente de ar no sentido do para a atmosfera que permite a respiração aeróbia.
continente para o mar, é a corrente chamada brisa Assim, só depois do aparecimento na Terra da
terrestre. fotossíntese se puderam desenvolver os animais.
Estes não têm, como as plantas verdes, capacidade
Então, o que é a brisa terrestre?
para fabricar compostos orgânicos a partir de um
É uma corrente de ar no sentido do ambiente inorgânico e, por isso, nutrem-se de plantas
continente para o mar. e outros animais, formando-se cadeias alimentares.
BRISA MARÍTIMA Os conhecimentos de biologia permitem
afirmar, com pequena margem de incerteza, que a
Ao contrário do que acontece à noite, de Vida apareceu primitivamente na água, sob formas
dia, o ar quente que está sobre o continente sobe muito rudimentares. As espécies foram-se
porque ele se aquece rápido. O ar frio que está aperfeiçoando sucessivamente e algumas delas
sobre o mar se desloca para à terra e forma a evoluíram para se adaptar à vida terrestre e aérea.
corrente do mar no sentido do mar para o
continente. Esta corrente do mar para o continente Nem toda a água absorvida pelas plantas é
é a BRISA MARÍTIMA. utilizada na fotossíntese. Uma parte é emitida para a
atmosfera, sob a forma de vapor, por transpiração,
Então, o que é brisa marítima? É a corrente através de pequenos orifícios das folhas, os estomas.
do mar para o continente.
A transpiração das plantas e a evaporação
VELOCIDADE DO VENTO direta da água da superfície do Globo constituem um
Por que conhecer a velocidade do vento é dos mais importantes fluxos da água e é um
importante? É importante para a navegação elemento regularizador dos climas.
marítima e aérea. E é bom saber também a direção A água é a substância que existe em maior
do vento. quantidade nos seres vivos. Representa cerca de
Exemplo: você sabia que para decolar (sair setenta por cento do peso do corpo humano. Além de
do chão em direção ao ar) o avião precisa ir na entrar na constituição dos tecidos, a água é o
direção contrária ao vento? dissolvente que transporta as substâncias não
aproveitadas pelo organismo. A falta de água
INSTRUMENTOS QUE MEDEM A provoca a debilidade ou até a morte dos seres vivos.
VELOCIDADE E DIREÇÃO DO VENTO
O homem necessita ingerir líquido numa
1. ANEMOSCÓPIO quantidade diária de dois a quatro litros. Pode
Peça sobre um eixo vertical que recebe o sobreviver 50 dias sem comer, mas perece após 4
vento e gira em círculo sobre um dispositivo que dias sem água, em média.
tem os pontos cardeais. O anemoscópio mostra a Quantidade e Composição
direção dos ventos.
A água ocupa 70% da superfície da Terra. A
2. BIRUTA maior parte, 97%, é salgada. Apenas 3% do total é
Instrumento simples que indica a direção água doce e, desses, 0,01% vai para os rios, ficando
dos ventos e orienta as manobras do avião. É uma disponível para uso. O restante está em geleiras,
espécie de saco aberto nas duas extremidades uma icebergs e em subsolos muito profundos. Ou seja, o
maior que a outra. Ela gira ao receber o vento que pode ser potencialmente consumido é uma
mostrando a direção. pequena fração.
3. ANEMÔMETRO Há muita coisa a saber a respeito da água.
Ela está presente nos menores movimentos do nosso

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
corpo, como no piscar de olhos. Afinal, somos 1700 quilômetros cúbicos e o tempo de permanência
compostos basicamente de água. no leito é de duas semanas. As geleiras e a neve têm
30 milhões de quilômetros cúbicos e a água deve
Esse líquido precioso está nas células, nos
ficar congelada por milhares de anos. A água
vasos sanguíneos e nos tecidos de sustentação.
atmosférica tem o volume de 113 mil quilômetros
Nossas funções orgânicas necessitam da água
cúbicos e permanece por 8 a 10 dias no ar.
para o seu bom funcionamento. Em média, um
homem tem aproximadamente 47 litros de água em Acredita-se que a quantidade atual de água
seu corpo. Diariamente, ele deve repor cerca de 2 seja praticamente a mesma de há 3 bilhões de anos.
litros e meio. Todo o nosso corpo depende da água, Isto porque o ciclo da água se sucede infinitamente.
por isso, é preciso haver equilíbrio entre a água que Não seria engraçado se o alimento que comemos
perdemos e a água que repomos. ontem tivesse sido preparado com as águas que,
tempos atrás, foram utilizadas pelos romanos em
Quando o corpo perde líquido, aumenta a
seus famosos banhos coletivos?
concentração de sódio que se encontra dissolvido
na água. Ao perceber esse aumento, o cérebro Os estados físicos da água
coordena a produção de hormônios que provocam
a sede. Se não beber água, o ser humano entra em
processo de desidratação e pode morrer de sede
em cerca de dois dias.
A água é composta por dois elementos
químicos: Hidrogênio e Oxigênio, representados
pela fórmula H2O. Como substância, a água pura é
incolor, não tem sabor nem cheiro. A água pode ser encontrada em três estados
físicos:
Quimicamente, nada se compara à água. É
um composto de grande estabilidade, um solvente A água pode mudar de estado físico como,
universal e uma fonte poderosa de energia química. por exemplo, ir do estado sólido para o líquido. Um
A água é capaz de absorver e liberar mais calor que exemplo disso é quando deixamos o gelo (estado
todas as demais substâncias comuns. sólido da água) fora da geladeira e ele derrete
virando líquido.
Quando congelada, ao invés de se retrair,
como acontece com a maioria das substâncias, a Existem nomes que representam cada uma destas
água se expande e, assim, flutua sobre a parte mudanças de estados físicos, veja abaixo quais são:
líquida, por ter se tornado "mais leve". De acordo
com leis da física, isso não deveria acontecer. Por
causa dessa propriedade incomum da água é que
os rios, lagos e oceanos, ao congelarem, formam
uma camada de gelo na superfície enquanto o
fundo permanece líquido. No que diz respeito a
uma série de propriedades físicas e químicas, a
água é uma verdadeira exceção à regra.
A Terra está a uma distância do sol que
permite a existência dos três estados da água:
sólido, líquido e gasoso.
Para que aconteçam a fusão e a vaporização
O ciclo da Água é necessário fornecer energia
A água desenvolve um ciclo. O chamado – aquecer – a água.
ciclo da água é o caminho que ela percorre. A
Para que aconteçam a solidificação
chuva, basicamente, é o resultado da água que
(mudança de estado liquido para o estado sólido) e a
evapora dos lagos, rios e oceanos, formando as
liquefação (do estado gasoso para o liquido) é
nuvens. Quando as nuvens estão carregadas,
preciso retirar energia – o calor – da água.
soltam a água na terra. Ela penetra o solo e vai
alimentar as nascentes dos rios e os reservatórios A evaporação da água no seu ciclo natural
subterrâneos. Se cai nos oceanos, mistura-se às ocorre à temperatura ambiente e é lenta. A água
águas salgadas e volta a evaporar, chove e cai na ferve, do liquido para o gasoso, de forma muito mais
terra. rápida, por que ocorre a ebulição.
A quantidade de água existente no planeta O ponto de ebulição da água depende
não aumenta nem diminui. A abundância de água é também do nível de pressão do ambiente.
relativa. É preciso levar em conta os volumes
estimados de água acumulados e o tempo médio Ebulição e vaporação são, na realidade, tipos
que ela permanece nos ambientes terrestres. Por de vaporização.
exemplo: nos rios o volume estimado de água é de

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Pode até parecer um pouco absurdo fazer hidrogênio e um átomo de oxigênio que se dispõem
esta pergunta, mas o que é a água? num formato angular estabelecendo um contraste
entre os lados; onde um lado há formação das zonas
positivas e de outro lado há a formação das zonas
negativas.
As moléculas de água tendem a se unirem a
outras, pois estas sofrem atrações motivadas pelas
cargas elétricas, o que origina a formação de pontes
de hidrogênio, porém não se formada0s-por
gorduras, óleos e ceras não são solúveis à água.
unem a qualquer molécula, pois as moléculas
apolares que são formadas por gorduras, óleos e
ceras não são solúveis à água.
A água é considerada um líquido de
Já que todos bebemos água e já a dissolução universal, pois em contato com outras
utilizamos para as mais variadas necessidades em moléculas polares consegue envolvê-la se separá-
infindáveis momentos da nossa vida. Mas, afinal las, o que também é possível com sais minerais. Por
qual é a composição deste líquido que dá vida a este fato, a água apresenta sais minerais em sua
todo o planeta terra? A água é formada por dois composição que podem ser bicarbonato, cloreto e
átomos de hidrogênio (H2) e por um átomo de sulfato, sódio, magnésio, potássio, flúor, ferro e
oxigênio (O), formando assim, a molécula H2O. cálcio, que foram dissolvidos pela água ao entrarem
em contato com a mesma.
Propriedades da água
DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA NO PLANETA
Embora três quartas partes da superfície da
Terra sejam compostas de água, a maior parte não
está disponível para consumo humano.
97% são água salgada, encontrada nos
oceanos e mares.
2% formam geleiras inacessíveis

* Apresenta praticamente a mesma massa Desses 3% de água doce só 1% podemos

desde que o Planeta se formou. utilizar para o consumo humano e para os animais.

* É purificada pela evaporação e também A distribuição da água, não é igual em todo o

pela penetração no solo, até os lençóis freáticos. território nacional. A Amazônia, por exemplo, é uma
região que detém a maior bacia fluvial do mundo. O
* A água potável é cristalina, inodora, volume de água do rio Amazonas é o maior do globo,
incolor e insípida. sendo considerado um rio essencial para o planeta.
* É considerada solvente universal, Ao mesmo tempo, é também uma das regiões menos
propiciando a formação de misturas com outras habitadas do Brasil.
substâncias. A distribuição da água, não é igual em todo o
* Pode transportar substâncias e outros território nacional. A Amazônia, por exemplo, é uma
corpos. região que detém a maior bacia fluvial do mundo. O
volume de água do rio Amazonas é o maior do globo,
* Apresenta uma tensão superficial, isto é, sendo considerado um rio essencial para o planeta.
capacidade de manter juntas as moléculas de sua Ao mesmo tempo, é também uma das regiões menos
superfície. habitadas do Brasil.
* Uma torneira que goteja demonstra como
a água se apega a si mesma. À medida que a água
cai em gotas, cada gota fica um instante pendurada
na torneira, estende-se, solta-se, e a seguir forma
instantaneamente uma pequena bola. As moléculas
da superfície da água mantêm-se tão coesamente
ligadas entre si que a água pode sustentar objetos
mais pesados que ela. A água salgada apresenta
maior densidade do que água doce.
COMPOSIÇÃO DA ÁGUA
A água é uma substância líquida importante
para os seres vivos. É formada por dois átomos de
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
SÓLIDO – É encontrado em forma de gelo,
nas geleiras.
LIQUIDO – É encontrado na torneira da
nossa casa, nos rios, lagos, oceanos, riachos e
lençóis subterrâneos.
GASOSO – É o vapor, possível de ser
encontrado nas chaleiras, roupas no varal, na
atmosfera,...
MUDANÇAS DE ESTADO
As substâncias podem mudar de estado
físico (sólido, líquido, gasoso e etc.) e isso depende
principalmente das condições de pressão e
temperatura a que estão expostas.

TIPOS DE ÁGUA
PROPRIEDADES DA ÁGUA Quem pensa que água é tudo igual está
A água é um solvente. enganado. O líquido tem diversos tipos, que são
determinados de acordo com a fonte de onde vieram.
No ambiente é muito difícil encontrar água
pura, em razão da facilidade com que as outras No Brasil existem mais de 1,3 mil nascentes
substâncias se misturam a ela. naturais. Quando a água passa pelas formações
rochosas subterrâneas ou de superfície, os minerais
A água da chuva traz impurezas do ar nela são incorporados em seu trajeto.
dissolvidas.
Na natureza, encontramos diversos tipos de
Uma das importantes propriedades da água água, que variam de acordo com os elementos que a
é a capacidade de dissolver outras substâncias. A compõe. Algumas são ideais para o consumo,
água é considerada solvente universal, porque é enquanto outras são prejudiciais à saúde.
muito abundante na Terra e é capaz de dissolver
grande parte das substancias conhecidas. Agora você vai ver vários tipos como, a água
fluoretada, sulfurosa e cloretada, que auxiliam no
Se percebermos na água cor, cheiro ou tratamento de doenças ou disfunções orgânicas.
sabor, isso se deve a substâncias (líquidos, sólidos Conheça um pouco mais sobre cada tipo e para que
ou gases) nela presentes, dissolvidas ou não. são indicadas:
As substâncias que se dissolvem em outras Cloretada - Contém por litro, no mínimo, 0,5 g
(por exemplo: o sal) recebem a denominação de de cloretos. É indicada para pacientes com distúrbios
soluto. A substância que é capaz de dissolver gastrintestinais, como gastrite.
outras, como a água, é chamada de solvente.
Cálcica - Possui 0,048 g de bicarbonato de
A propriedade que a água tem de atuar cálcio por litro. Ajuda no abastecimento de cálcio no
como solvente é fundamental para a vida. No organismo, fortalecendo ossos e dentes.
sangue, por exemplo, várias substâncias - como
sais minerais, vitaminas, açucares, entre outras - Ferruginosa - Apresenta cerca de 0,005 g de
são transportadas dissolvidas na água. sais de ferro. A presença de ferro no organismo é
fundamental, pois a deficiência pode causar anemia.
ESTADOS FÍSICOS DA ÁGUA
Sulfurosa - Cada litro contém no mínimo
Há muitas discussões sobre quantos 0,001 g de sais de enxofre. É aconselhada para
estados da matéria existem, porém as versões mais banhos, pois alivia a artrite e eczemas; é usada no
populares atualmente são de que a matéria tratamento da pele e das vias respiratórias;
somente tem três estados: sólido, líquido e gasoso.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Magnesiana - Em cada litro encontra-se, no • febre tifoide
mínimo, 0,03 g de bicarbonato de magnésio.
• doenças respiratórias
Tem efeito suave de laxante e combate a
• esquistossomose;
prisão de ventre. Também é usada na prevenção
de doenças cardiovasculares. Oligomineral - Possui • perturbações gastrintestinais;
pequenas e equilibradas doses de minerais, como
• infecções dos olhos ouvidos, gargantas,
lítio, zinco, selênio. Indicada para o consumo diário
nariz;
com fins diuréticos. É um tipo recomendado para
todas as pessoas, inclusive bebês e gestantes. • fluorose;
Água destilada: constituída somente de • saturnismo;
hidrogênio e oxigênio, sem impurezas ou sal
dissolvido; • dengue;

Água potável: ideal para o consumo, é • malária;

fresca e sem impurezas; • leptospirose;
Água doce: encontrada nos rios, lagos e • febre amarela;
fontes;
• bócio.
Água salgada: contém muitos sais
dissolvidos. Água salobra - levemente salgada, não • tifoide
forma espuma com o sabão; CUIDADOS QUE DEVEMOS TER COM A
Água mineral: possuem uma grande ÁGUA
quantidade de sais minerais dissolvidos, por isso Sem água não há vida; mas tem que ter
possui cheiro e sabor diferente da água que cuidado, ela pode causar doenças se não for bem
consumimos. Cada fonte de água mineral cuidada. A primeira preocupação que devemos ter
apresenta uma composição química, podendo ser com a água que utilizamos em nossa casa é saber de
classificadas como: onde ela vem, para que possamos cuidar de sua
Termal - possui uma temperatura mais qualidade.
elevada que a do ambiente em que se encontra, é Cerca de dois terços do corpo humano são
utilizada para curar certas doenças de pele; Acídula água por isso podemos estar até 21 dias sem comer,
- contém gás carbônico, é também denominada de mas não sobrevive mais de três dias sem beber
água gasosa, possui um sabor ácido e é usada água. As pessoas que não bebem água suficiente
para facilitar a digestão; podem sofrer de: dores de cabeça, dificuldade de
Se a água que abastece uma cidade, não concentração, cansaço e falta de resistência física
for tratada, pode tornar-se um importante veículo de entre outros. Uma perda de 2% da imunidade
transmissão de doenças. corporal é o suficiente para perdermos 20% da
energia física.
O controle da qualidade é uma medida que
procura garantir a saúde da população e deve ser IMPÔRTANCIA DA ÁGUA
exercida nos meios urbanos e rurais. Água é fonte da vida. Não importa quem
Alcalina - possui bicarbonato de sódio e somos, o que fazemos, onde vivemos, nós
combate a acidez do estômago; dependemos dela para viver. No entanto, por maior
que seja a importância da água, as pessoas
Observe que a água para ser vendida como continuam poluindo os rios e suas nascentes,
mineral necessariamente deve ter função esquecendo o quanto ela é essencial para nossas
medicamentosa segundo a lei brasileira. vidas.
DOENÇAS CAUSADAS PELA ÁGUA Ela é um recurso natural essencial para a
POLUIDA vida humana, animal e varias espécies vegetais.
PRINCIPAIS DOENÇAS TRANSMITIDAS Também como elemento representativo de valores
DIRETAMENTE DA ÁGUA sociais e culturais e até como fator de produção de
vários bens de consumo final e intermediário.
Cólera, amebíase, gastrenterite viral,
hepatite, desinteria bacilar. No dia 22 de março, é comemorado o dia
mundial da água. Hoje os países lutam por petróleo,
Outros males causados por ingestão de então não está longe o dia em que a água será
água contaminada ou precariamente tratada: devidamente reconhecida como o bem mais precioso
da humanidade.
• Poliomelite
• ascaridíase A Terra possui 1,4 milhões de quilômetros
cúbicos de água, mas apenas 2,5% desse total é
• febre paratifoide doce. Os rios, lagos e reservatórios de onde a

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
humanidade retira o que consome só correspondem
a 0,26% desse percentual. Daí a necessidade de
preservação dos recursos hídricos. Em todo mundo,
10% da utilização da água vai para o abastecimento
público, 23% para a indústria e 67% para a
agricultura.
O Brasil é um país privilegiado no que diz
respeito à quantidade de água. Tem a maior
reserva de água doce da Terra, ou seja 12% do No Rio Grande do Sul, encontramos as falésias de
total mundial. Sua distribuição, porém, não é igual Torres, formadas de basalto.
em todo o território nacional. A Amazônia, por
exemplo, é uma região que detém a maior bacia
fluvial do mundo. O volume de água do rio
Amazonas é o maior do globo, sendo considerado
um rio essencial para o planeta.
Em contrapartida, as maiores
concentrações populacionais do país encontram-se
nas capitais, distantes dos grandes rios brasileiros,
como o Amazonas, o São Francisco e o Paraná. As faixas escuras das famosas calçadas de
Copacabana, no Rio de Janeiro, são formadas por
O maior problema de falta de água é no basalto.
Nordeste.
pedra-pomes, gerada após rápido
Além disso, os rios e lagos brasileiros vêm resfriamento em contato com a água formando uma
sendo comprometidos pela queda de qualidade da rocha cheia de poros ou buracos devido à saída de
água disponível para captação e tratamento. gases. Parece uma "espuma endurecida".
Na região amazônica e no Pantanal, por
exemplo, rios como o Madeira, o Cuiabá e o
Paraguai já apresentam contaminação pelo
mercúrio, metal utilizado no garimpo clandestino, e
pelo uso de agrotóxicos nos campos de lavoura.
Nas grandes cidades, esse comprometimento da
qualidade é causado por despejos de esgotos
domésticos e industriais, além do uso dos rios como A pedra-pomes é utilizada para polir objetos e
convenientes transportadores de lixo. amaciar a pele.
O SOLO granito (vem do latim granum, que
A crosta terrestre possui várias camadas significa "grão') se forma no interior da crosta
compostas por três tipos de rochas que são terrestre por resfriamento lento e solidificação do
formadas pela mistura de diferentes materiais. magma. É muito utilizado em revestimento de pisos,
Essas rochas podem ser magmáticas, também paredes e pias. O granito é formado por grãos de
chamadas de ígneas, sedimentares ou várias cores e brilhos: são os minerais.
metamórficas. Os minerais que formam o granito
Rochas magmáticas ou ígneas Uma rocha é formada de um ou mais
As rochas magmáticas ou ígneas (ígneo minerais. A maioria das rochas compõe-se de vários
vem do latim e significa "fogo") são originadas do tipos de minerais. Minerais são elementos ou
interior da Terra, onde são fundidas em altíssima compostos químicos, geralmente sólidos,
temperatura. Nas erupções de vulcões, essas encontrados naturalmente no planeta.
rochas são lançadas do interior da Terra, para a Há mais de dois mil tipos diferentes de
superfície. Sofrem, então, resfriamento rápido e se minerais. Eles são formados pela união de vários
solidificam. Outras vezes, ficam nas proximidades tipos de átomos, como silício, oxigênio, alumínio,
da superfície, onde se resfriam lentamente e, cálcio e ferro. As diferenças entre os minerais devem-
também, se solidificam. se aos diferentes tipos de átomos que os formam e
basalto é uma rocha escura muito também à maneira como os átomos estão
utilizada na pavimentação de calçadas, ruas e "arranjados".
estradas e são advindas do resfriamento rápido do
magma.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Pedaço de granito

Esse tipo de rocha é chamada de rocha

sedimentar e se forma a partir de mudanças
ocorridas em outras rochas. Chuva vento, água dos
rios, ondas do mar: tudo isso vai, aos poucos,
fragmentando as rochas em grãos de minerais.
O Granito é usado para fazer bancada de Pouco a pouco, ao longo de milhares de anos, até o
pias, pisos, etc. granito mais sólido se transforma em pequenos
O granito é formado principalmente por três fragmentos. Esse processo é chamado de
tipos de minerais: o quartzo, o feldspato e a mica. intemperismo.
Os grãos que aparecem em cor cinza no Os fragmentos de rochas são transportados
granito correspondem a grãos de quartzo. Veja na pelos ventos ou pela água da chuva até os rios, que,
figura abaixo, que o quartzo, como a maioria dos por sua vez, os levam para o fundo de lagos e
minerais, é formado por uma série de partes que oceanos. Lá os fragmentos vão se depositando em
lembram figuras geométricas. Dizemos então que o camadas. É assim que se formam, por exemplo,
quartzo, como a maioria dos minerais, forma terrenos cobertos de areia, como as praias.
cristais. Esses fragmentos ou sedimentos vão se
acumulando ao longo do tempo. As camadas de cima
exercem pressão sobre as camadas de baixo,
compactando-as. Essa pressão acaba por agrupar e
cimentar os fragmentos e endurece a massa
formada. É assim que surgem as rochas
sedimentares. Tudo isso, não se esqueça, leva
milhares de anos.
Desse modo, a areia da praia transforma-se,
lentamente, em uma rocha sedimentar chamada
Cristal de rocha formado por uma variedade arenito. Sedimentos de argila transforma-se em
de quartzo transparente. Veja acima a forma argilito.
cristalina típica desse cristal. Há também formas
coloridas de quartzo, como a ametista. As camadas vão cobrindo também restos de
plantas e animais.
O outro tipo de mineral presente no granito
é o feldspato, que pode apresentar diversas Por isso é muito comum encontrar restos ou
tonalidades: amarelo, branco, rosa, verde. marcas de animais e plantas em rochas
sedimentares: o animal ou planta morre e é coberto
A decomposição desse mineral pela água por milhares de grãos de minerais.
da chuva forma a argila que é usada para fazer
tijolos, cimento, concreto e diversos objetos. Os restos ou marcas de organismos antigos
são chamado de fósseis. Analisando os fósseis, os
A cor preta ou cinza-escura e brilhante cientistas podem estudar como era a vida no
presente no granito corresponde a pequenos grãos passado em nosso planeta.
de mica. Existem também outros tipos de mica, de
cores diferentes. A mica é um bom isolante de calor
de eletricidade; por isso é utilizada no ferro elétrico
de passar roupa.
Rochas sedimentares
Observe na figura abaixo que a rocha é
formada por camadas (ou estratos).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Cascatas de calcário na Turquia, Egeu.

Rochas metamórficas
Você já viu pias, pisos ou esculturas de
mármore? O mármore é uma rocha formada a partir
de outra rocha, o calcário. É um exemplo de rocha
metamórfica.

Formação das rochas sedimentares As rochas metamórficas são assim

chamadas porque se originam da transformação de
A origem do arenito rochas magmáticas ou sedimentares por processos
O arenito se forma quando rochas como o que alteram a organização dos átomos de seus
granito se desintegram aos poucos pela ação dos minerais. Surge, então, uma nova rocha, com outras
ventos e das chuvas. Os grãos de quartzo dessas propriedades e, às vezes, com outros minerais.
rochas formam a areia. Areias e dunas de areia,
porém não são rochas: são fragmentos de rochas.
A areia pode se depositar no fundo do mar ou em
depressões e ficar submetida a um aumento de
pressão ou temperatura. Assim cimentada e
endurecida, forma o arenito - um tipo de rocha
sedimentar. O arenito é usado em pisos.

Ardósia é usada como piso.

Muitas rochas metamórficas se formam
quando rochas de outro tipo são submetidas a
intensas pressões ou elevadas temperaturas.
Quando, por exemplo, por mudanças ocorridas na
crosta, uma rocha magmática é empurrada para
Rocha de arenito. regiões mais profundas e de maior pressão e
temperatura, alterando a organização dos minerais.
Outra rocha metamórfica é a ardósia,
originada da argila e usada em pisos.
Pias e pisos também podem ser feitos de
gnaisse, uma rocha metamórfica originada
geralmente do granito. O Corcovado e o Pão de
Açúcar, no Rio de Janeiro, e a maioria das rochas da
serra do Mar também são de gnaisses.
Dunas de areia no Vale da Morte, Califórnia.
O calcário
O acúmulo de esqueletos, conchas e
carapaças de animais aquáticos ricos em carbonato
de cálcio, que é um tipo de sal, pode formar outra
variedade de rocha sedimentar, o calcário.
O calcário também se forma a partir de
depósitos de sais de cálcio na água. O calcário é Vista da praia do morro do Pão de Açúcar (RJ),
utilizado na fabricação de cimento e de cal. A cal formado de gnaisse.
serve para pintura de paredes ou para a fabricação
de tintas. A cal ou o próprio calcário podem ser Gemas ou pedras preciosas
utilizados para neutralizar a acidez de solos. As gemas são rochas muito duras. São
riquezas existentes no subsolo, comumente

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
conhecidas como pedras preciosas. As jazidas de Como o solo se formou
esmeralda, rubi, diamante e outras são raras por
A camada de rochas na superfície da Terra
isso essas pedras têm grande valor comercial.
está, há milhões de anos, exposta a mudanças de
No subsolo, também são encontradas temperatura e à ação da chuva, do vento, da água
jazidas de metais, por exemplo, ouro, ferro, dos rios e das ondas do mar. Tudo isso vai, aos
manganês, alumínio, zinco, cobre, chumbo. poucos, fragmentando as rochas e provocando
transformações químicas. Foi assim, pela ação do
Há ainda as jazidas de material de origem
intemperismo, que, lentamente, o solo se formou. E é
orgânica, conhecidas como combustíveis fósseis -
dessa mesma maneira que está continuamente se
formadas a partir da transformação de restos de
remodelando.
plantas e animais. O carvão-de-pedra (hulha) e o
petróleo são exemplos desses combustíveis, Os seres vivos também contribuem para esse
recursos energéticos, ou seja, substâncias processo de transformação das rochas em solo.
utilizadas na produção de energia. Acompanhe o esquema abaixo:
Na foto podemos observar algumas gemas
ou pedras preciosas.

O ciclo das rochas 1. A chuva e o vento desintegram as rochas.

Você viu que as rochas magmáticas são 2. Pedaços de liquens ou sementes são
formadas tanto pela cristalização do magma no levados pelo vento para uma região sem vida. A
interior da terra como pela lava liberada dos instalação e a reprodução desses organismos vão
vulcões. Mas as rochas magmáticas e também as aos poucos modificando o local. Os liquens, por
metamórficas podem ser quebradas em pequenos exemplo, produzem ácidos que ajudam a desagregar
pedaços ou fragmentos que se acumulam em as rochas. As raízes de plantas que crescem nas
camadas de sedimentos e acabam se fendas das rochas irão contribuir para isso.
transformando, por compressão, em rochas 3. A medida que morrem, esses organismos
sedimentares. Finalmente, você viu também que as enriquecem o solo em formação com matéria
rochas sedimentares e também as magmáticas, sob orgânica e, quando ela se decompõe, o solo se torna
a ação de altas temperaturas e pressão, podem se mais rico em sais minerais. Outras plantas, que
transformar em rochas metamórficas. necessitam de mais nutrientes para crescer, podem
Mas, se uma rocha metamórfica for então se instalar no local. Começa a ocorrer o que se
derretida, ela pode novamente se tornar uma rocha chama de sucessão ecológica: uma série de
magmática! Essas mudanças formam, portanto, um organismos se instala até que a vegetação típica do
ciclo em que uma rocha, ao longo de muito tempo, solo e do clima da região esteja formada.
pode se transformar em outra. É o ciclo das rochas. O que existe no solo
Há muitos tipos de solo. A maioria deles é
composta de areia e argila, vindas da fragmentação
das rochas, e de restos de plantas e animais mortos
(folhas, galhos, raízes, etc.). Esses restos estão
sempre sendo decompostos por bactérias e fungos,
que produzem uma matéria orgânica escura,
chamadas húmus. À medida que a decomposição
continua, o húmus vai sendo transformado em sais
minerais e gás carbônico. Ao mesmo tempo, porém,
mais animais e vegetais se depositam no solo e mais
húmus é formado.
A decomposição transforma as substâncias
orgânicas do húmus em substâncias minerais, que
serão aproveitadas pelas plantas. Desse modo, a
matéria é reciclada: a matéria que formava o corpo
dos seres vivos acabará fazendo novamente parte
deles depois de decomposta.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
cerca de 70% de areia). Eles secam logo porque são
muito porosos e permeáveis: apresentam grandes
espaços (poros) entre os grãos de areia. A água
passa, então, com facilidade entre os grãos de areia
e chega logo às camadas mais profundas. Os sais
minerais, que servem de nutrientes para as plantas,
seguem junto com a água. Por isso, os solos
arenosos são geralmente pobres em nutrientes
utilizados pelas plantas.
Vemos, então, que o solo é formado por
uma parte mineral, que se originou da
desagregação das rochas, e por uma parte
orgânica, formada pelos restos dos organismos
mortos e pela matéria orgânica do corpo dos seres
vivos que está sofrendo decomposição. Vivem
ainda no solo diversos organismos, inclusive as
bactérias e os fungos, responsáveis pela
decomposição da matéria orgânica dos seres vivos.
Nos espaços entre os fragmentos de de 30% de argila. A argila é formada por grãos
rochas, há ainda água e ar - ambos importantes menores que os da areia. Além disso, esses grãos
para o desenvolvimento das plantas. estão bem ligados entre si, retendo água e sais
Por baixo da camada superficial do solo minerais em quantidade necessária para a fertilidade
encontramos fragmentos de rochas. Quanto maior a do solo e o crescimento das plantas. Mas se o solo
profundidade em relação ao solo, maiores são tiver muita argila, pode ficar encharcado, cheio de
também os fragmentos de rocha. poças após a chuva. A água em excesso nos poros
do solo compromete a circulação de ar, e o
O ser humano retira recursos minerais das desenvolvimento das plantas fica prejudicado.
camadas abaixo do solo. Parte da água da chuva, Quando está seco e compacto, sua porosidade
por exemplo, se infiltra no solo, passando entre os diminui ainda mais, tornando-o duro e ainda menos
espaços dos grãos de argila e de areia. Outra parte arejado.
vai se infiltrando também nas rochas sedimentares
e em fraturas de rochas, até encontrar camadas de
rochas impermeáveis. Formam-se assim os
chamados lençóis de água ou lençóis freáticos, que
abastecem os poços de água.
Finalmente, na camada mais profunda da
crosta terrestre, encontramos a rocha que deu
origem ao solo - a rocha matriz.
Solo argiloso.
Tipos de solo
O tipo de solo encontrado em um lugar vai
depender de vários fatores: o tipo de rocha matriz
que o originou, o clima, a quantidade de matéria
orgânica, a vegetação que o recobre e o tempo que
se levou para se formar.
Em climas secos e áridos, a intensa
evaporação faz a água e os sais minerais subirem.
Com a evaporação da água, uma camada de sais
pode depositar-se na superfície do solo, impedindo
que uma vegetação mais rica se desenvolva. Solo argiloso compactado pela falta de água.
Já em climas úmidos, com muitas chuvas, á
água pode se infiltrar no solo e arrastar os sais para vegetal, é rica em húmus. Esse solo, chamado solo
regiões mais profundas. humífero, contém cerca de 10% de húmus e é
bastante fértil. O húmus ajuda a reter água no solo,
Alguns tipos de solo secam logo depois da torna-se poroso e com boa aeração e, através do
chuva, outros demoram para secar. Por que isso processo de decomposição dos organismos, produz
acontece? E será que isso influencia na fertilidade os sais minerais necessários às plantas.
do solo?
Os solos mais adequados para a agricultura
possuem uma certa proporção de areia, argila e sais
quantidade maior de areia do que a média (contêm minerais utilizados pelas plantas, além do húmus.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Essa composição facilita a penetração da água e do depende do tipo de solo. A água, por ser um líquido
oxigênio utilizado pelos microrganismos. São solos solvente, dissolve os sais existentes no solo, e assim
que retêm água sem ficar muito encharcados e que as plantas podem absorvê-los Nem toda a água da
não são muito ácidos. chuva flui diretamente para os córregos, riachos e
rios. Quando chove, parte da água infiltra-se e vai
penetrando na terra até encontrar uma camada
impermeável, encharcando o solo. Por exemplo, 1
metro cúbico (1m³) de areia encharcada pode conter
até 400 litros de água.
O ar também ocupa os poros existentes entre
os grãos de terra. As raízes das plantas e os animais
que vivem no solo precisam de ar para respirar.

fértil, caracterizado por ser o resultado de milhões

de anos de decomposição de rochas de arenito-
basáltico originadas do maior derrame vulcânico
que este planeta já presenciou, causado pela
separação da Gondwana - América da Sul e África -
datada do período Mezozóico. É caracterizado pela
sua aparência vermelho-roxeada inconfundível,
devida a presença de minerais, especialmente
Ferro.
No Brasil, esse tipo de solo aparece nas
porções ocidentais dos estados do Rio Grande do
Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e sudeste
do Mato Grosso do Sul, destacando-se sobretudo
nestes três últimos estados por sua qualidade.
Historicamente falando, esse solo teve
muito importância, já que, no Brasil, durante o fim
do século XIX e o início do século XX, foram
plantadas nestes domínios, várias grandes lavouras
de café, fazendo com que surgisse várias ferrovias
e propiciasse o crescimento de cidades, como São
Paulo, Itu, Ribeirão Preto e Campinas. Atualmente,
além do café, são plantadas outras culturas.
O nome terra roxa é dado a esse tipo de
solo, devido aos imigrantes italianos que
Esquema mostrando camadas do solo e
trabalhavam nas fazendas de café, referindo- se ao
subsolo, em corte.
solo com a denominação Terra rossa, já que rosso
em italiano significa vermelho. E, devido a Quando o solo se encharca a água ocupa o
similaridade entre essa palavra, e a palavra "roxa", lugar antes ocupado pelo ar, dificultando o
o nome "Terra roxa" acabou se consolidando. desempenho das raízes e a vida dos animais no solo.
Se o solo estiver muito compactado, não
filtrará a água com facilidade. Acontecerão, por
exemplo, as grandes enxurradas após uma forte
chuva. A urbanização, com a pavimentação de ruas e
estradas, a canalização de rios e o desmatamento de
grandes áreas dificultam o escoamento da água das
chuvas.
Terras para agricultura
O solo de terra roxa também existe na
Argentina, aonde é conhecida como "tierra Por muito tempo, no passado, a espécie
colorada", bastante presente nas províncias de humana conseguia alimento apenas caçando,
Misiones e Corrientes. pescando e colhendo grãos, frutos e raízes. Mas, há
cerca de dez mil anos, nossa espécie passou
O solo é um grande filtro também a plantar os vegetais e criar os animais que
Para que se obtenha plantas saudáveis e lhe servem de alimento. Era o ponto de partida para o
uma horta produtiva é necessário que o solo desenvolvimento da agricultura.
contenha água. A capacidade de retenção de água

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
devem ser tomados, como adubação, rotação de
culturas, aragem do solo, irrigação e drenagem.
Adubação
Adubar significa enriquecer o solo com
elementos nutrientes, quando ele está deficiente de
minerais. Para isso, são utilizados adubos,
substâncias capazes de fertilizar o solo.
Com o aumento da população e a Os adubos podem ser orgânicos (por
necessidade de se produzirem cada vez mais exemplo: esterco, farinha de osso, folhas, galhos
alimentos, a vegetação original das florestas e de enterrados) ou minerais, que são inorgânicos (por
outros ecossistemas foi sendo destruída para dar exemplo: substâncias químicas são aplicadas, como
lugar ao cultivo de plantas comestíveis e à criação nitrato de sódio, um tipo de sal).
de animais. Hoje, o desmatamento é feito com
máquinas (tratores e serras) ou com o fogo - são as Há ainda a adubação verde. Algumas vezes,
chamadas queimadas, que trazem uma série de as leguminosas também são utilizadas como adubos.
problemas. Quando crescem são cortadas e enterradas no solo,
enriquecendo-os com nitratos.
De todas as terras emersas (fora da água)
que formam os continentes e as ilhas do nosso Rotação de culturas
planeta, apenas 10% aproximadamente são A rotação de culturas consiste de alternar o
cultiváveis. plantio de leguminosas com outras variedades de
Muitas vezes, a atividade agrícola é feita de plantas no mesmo local. Dessa forma as
forma inadequada, por desconhecimento ou por leguminosas, pela associação com bactérias que
falta de recursos e equipamentos. Como resultado, vivem nas suas raízes, devolvem para o local
depois de alguns anos de produção, os nutrientes nutrientes utilizados por outras plantas, evitando o
do solo se esgotam e as plantas não crescem mais. esgotamento do solo.
Dependendo do tipo de solo e do tipo de Aragem do solo
plantação são necessários tomar alguns cuidados Arar o solo é outro cuidado que se deve ter
com a terra, e aplicar certos procedimentos como para o solo não ficar compactado, "socado".
vamos ver a seguir.
Revolver a terra, além de arejar, facilita a
Agricultura sustentável permeabilidade do solo, permitindo que as raízes das
A agricultura para a produção de alimentos plantas penetrem, no solo, além de levar para a
para ser sustentável, em relação ao meio ambiente: superfície o húmus existente.

danosas na atmosfera, nas águas superficiais ou

nos lençóis freáticos;

solo, prevenindo a erosão;

rmitir que
se recarreguem as reservas aquíferas, evitando que
elas se esgotem.
Produzir alimento implica também manter
uma diversidade de culturas para não empobrecer o
solo e usar, quando necessário, um controle
biológico para as pestes, mas com cuidado para
evitar a contaminação do ambiente com
substâncias químicas que possam se acumular.
Minhocas - arados da natureza
Dessa forma a agricultura sustentável
facilita a economia local e preserva a saúde do solo As minhocas realizam um verdadeiro
e a dos seres que nele vivem. "trabalho" de arado no solo. Ao se movimentarem,
elas abrem túneis e engolem parte da terra que
Cuidados com o solo deslocam, retirando daí o seu alimento.
Quando o solo não apresenta condições
necessárias à agricultura ou quando se deseja
melhorar as suas condições, alguns cuidados

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Lixo urbano despejado nos rios.

Esses túneis, também denominados Lixões a céu aberto

galerias, aumentam a porosidade do solo, e por A poluição do solo causada pelo lixo pode
isso a circulação do ar e a infiltração de água se trazer diversos problemas.
intensificam.
O material orgânico que sofre a ação dos
As suas fezes contribuem para a formação decompositores - como é o caso dos restos de
do húmus, matéria orgânica importantíssima para a alimentos - ao ser decompostos, forma o chorume.
fertilidade do solo, facilitando o desenvolvimento de Esse caldo escuro e ácido se infiltra no solo. Quando
microorganismos decompositores ou fixadores de em excesso, esse líquido pode atingir as águas do
nitrogênio. subsolo (os lençóis freáticos) e, por consequência
A minhocultura é a criação de minhocas em contaminar as águas de poços e nascentes.
tanques especiais com finalidades comerciais. As As correntezas de água da chuva também
minhocas são vendidas para isca, mas o húmus por podem carregar esse material para os rios, os mares
elas produzido é comercializado como fertilizante etc.
para a agricultura, a jardinagem etc.
Irrigação e drenagem
Irrigar e drenar são alguns dos cuidados
que devem ser tomados para manter o nível da
umidade necessário ao solo e para garantir que ele
continue fértil.
Com a irrigação, a água chega as regiões O liquido escuro é chorume saído dos lixos.
ou áreas muito secas. Já com a drenagem, retira-se
o excesso de água do solo, possibilitando que ele
seja arejado. Com o aumento dos poros, criam-se
passagens de ar entre as partículas do solo.
Os perigos da poluição do solo
Não só os ecologistas, mas autoridades e Chorume nos rios (mancha escura)
todo cidadão devem ficar atentos aos perigos da
poluição que colocam em risco a vida no planeta A poluição do solo por produtos químicos
Terra. A poluição do solo também pode ser
O lixo ocasionada por produtos químicos lançado nele sem
os devidos cuidados. Isso ocorre, muitas vezes,
No início da história da humanidade, o lixo quando as indústrias se desfazem do seu lixo
produzido era formado basicamente de folhas, químico. Algumas dessas substâncias químicas
frutos, galhos de plantas, pelas fezes e pelos utilizadas na produção industrial são poluentes que
demais resíduos do ser humano e dos outros se acumulam no solo.
animais. Esses restos eram naturalmente
decompostos, isto é, reciclados e reutilizados nos Um outro exemplo são os pesticidas
ciclos do ambiente. aplicados nas lavouras e que podem, por seu
acúmulo, saturar o solo, ser dissolvidos pela água e
Com as grandes aglomerações humanas, o depois ser absorvidos pelas raízes das plantas. Das
crescimento das cidades, o desenvolvimento das plantas passam para o organismo das pessoas e dos
indústrias e da tecnologia, cada vez mais se outros animais que delas se alimentam.
produzem resíduos (lixo) que se acumulam no meio
ambiente. Os fertilizantes, embora industrializados para
a utilização no solo, são em geral, tóxicos. Nesse
Hoje, além do lixo orgânico, que é caso, uma alternativa possível pode ser, por
naturalmente decomposto, reciclado e "devolvido" exemplo, o processo de rotação de culturas, usando
ao ambiente, há o lixo industrial eletrônico, o lixo as plantas leguminosas; esse processo natural não
hospitalar, as embalagens de papel e de plástico, satura o solo, é mais econômico que o uso de
garrafas, latas etc. que, na maioria das vezes, não fertilizantes industrializados e não prejudica a saúde
são biodegradáveis, isto é, não são decompostos das pessoas.
por seres vivos e se acumulam na natureza.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A poluição do solo, e da biosfera em geral, – Sólido
pode e deve ser evitada. Uma das providências
• Magma
necessárias é cuidar do destino do lixo.
• Lava
O solo e o subsolo

Estrutura da Terra
• Forma esférica
Litosfera é a camada formada pela junção da
– Achatada nos polos
crosta terrestre com a camada mais externa do
• Estrutura manto.
– Crosta • NÚCLEO
– Manto – Parte central da Terra
– Núcleo • Ferro e níquel
– 4 000 °C
– Núcleo externo
• Líquido
– Núcleo interno
• Sólido

• CROSTA TERRESTRE
– Camada mais superficial
• Crosta continental
• Crosta oceânica
– 5 a 30 km

Deriva continental

Deriva continental é o movimento lento e

definido dos continentes, que se afastam.
• Pangeia
– Único continente
– 200 milhões de anos
• MANTO – Continentes
– Camada intermediária • África
– 3 000 km • Ásia

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
• Antártida • Intrusivas: formam-se no interior da crosta
• Oceania
• Europa
• América

Basalto.

• A litosfera apresenta falhas e rachaduras.

Granito.
– Placas
tectônicas

Pedra-pomes.
• ROCHAS SEDIMENTARES ou
Teoria ESTRATIFICADAS
da tectônica das placas: as – Deposição de sedimentos
placas rochosas estão em constante movimento, e
carregam os continentes.
• A litosfera apresenta falhas e rachaduras.
– Placas tectônicas
– “Tsunamis”

As rochas
• Há três tipos de rochas Arenito.
– Magmáticas
– Sedimentares
– Metamórficas
O solo e o subsolo
Argilito.
Rocha é um agregado sólido de minerais
que ocorre naturalmente na litosfera.
Minerais são elementos ou substâncias
químicas que se formaram em nosso planeta.
• ROCHAS MAGMÁTICAS ou ÍGNEAS Calcário.
– Solidificação do magma
• Extrusivas: formam-se na superfície da
crosta

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
• ROCHAS SEDIMENTARES ou O solo
ESTRATIFICADAS
• Camada mais superficial da Crosta
– Estalactites e Estalagmites terrestre.
• Carbonato de cálcio • Sofre intensas modificações.
─ Intemperismo
─ Seres vivos
• Animais e vegetais
Solo
Subsolo
Rocha matriz (camada impermeável)
• ROCHAS SEDIMENTARES ou • Camada mais superficial da Crosta
ESTRATIFICADAS terrestre.
• Sofre intensas modificações.
─ Intemperismo
─ Seres vivos
• Animais e vegetais
parte mineral + parte orgânica + água + ar =
• ROCHAS METAMÓRFICAS SOLO

– Transformação de rochas pré-existentes Intemperismo é o conjunto de todas as

modificações que desagregam e decompõem uma
rocha na superfície da Terra.
• COMPOSIÇÃO DO SOLO
─ Parte porosa
Ardósia. • Água
• Ar
─ Parte sólida
• Minerais
• Matéria orgânica
Gnaisse.

Mármore.
Formação das rochas

Solo fértil é o solo bom para o cultivo de

plantas.
Tipos de solo
• Classificados de acordo com o tamanho de
suas partículas.
– Solo arenoso
– Solo argiloso
• SOLO ARENOSO

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
– 70% areia OS ANIMAIS
Vertebrados e Invertebrados
Na natureza existem dois grupos de animais
que são os Vertebrados e Invertebrados. Os
Invertebrados são aqueles animais que não possuem
coluna vertebral ( não possuem ossos).Exemplos:
– Grãos grandes aranhas, escorpiões, caracóis e etc... E os animais
Vertebrados são animais que possuem coluna
• Bem arejado vertebral(possuem ossos). Exemplos: o puma, tigres,
• Muito permeável leões e onças e etc...

– Solo pobre Características principais de

invertebrados
• SOLO ARGILOSO
O grupo dos invertebrados inclui 97% de toda
– 30% argila a espécie animal, exceto o dos vertebrados (peixes,
– Grãos pequenos répteis, anfíbios, pássaros e mamíferos).

• Retém água Uma característica comum a todos os

invertebrados é a ausência da espinha dorsal. Como
• Pouco ar exemplo, podemos citar as esponjas(que apesar de
nem sempre se enquadrarem nesta categoria,
continuam a fazer parte deste grupo).
Além da ausência de espinha dorsal, há
ainda outras características comuns a estes seres,
como:

Poros menores · formação multicelular (grupos diferentes de

células compõem este organismo)
• SOLO HUMÍFERO
· ausência de parede celular (pois são
– Terra preta formados por célula animal)
– 10% húmus · com exceção das esponjas, possuem
– Bom para o cultivo tecidos como resultado de sua organização celular

• Fofo · sua reprodução geralmente é sexuada

(gametas masculinos e femininos se combinam para
• Permeável formar um novo organismo)
• Nutritivo De forma geral, podemos dizer que a grande
maioria dos invertebrados é capaz de se locomover.
Contudo, as esponjas somente realizam esta tarefa
quando elas ainda são bem jovens e pequenas. Já as
lagostas e os insetos são capazes de se movimentar
durante toda sua existência.
Diferentemente dos vegetais (que produzem
sua própria energia através da fotossíntese), os
invertebrados necessitam extrair a energia
necessária para sua sobrevivência através de outros
seres. Para isso, eles se alimentam de seres
Húmus é um composto de material autótrofos (vegetais) e heterótrofos (animais).
orgânico.
• O tipo de solo depende da rocha-matriz
(mãe).
– Arenito - Areia
– Basalto - Terra roxa
– Quartzo - Massapê
Inseto: exemplo de animal invertebrado
Exemplos mais conhecidos de animais
Invertebrados:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Artrópodes Se fizermos uma comparação, veremos que
o número de animais vertebrados(aproximadamente
-Aranhas-Insetos (baratas, grilos,
50.000 espécies) é inferior ao grupo de animais
gafanhotos, mosquitos, abelhas, percevejos,
invertebrados. Uma das razões é a diferença de
vespas, formigas, borboletas, baratas, besouros,
tamanho existente entre estas duas espécies, os
etc.)-Crustáceos (lagostas, camarões, cracas)-
vertebrados geralmente são maiores, e, por esta
Centopeias-Piolhos-de-cobra-Lacraias
razão, ocupam mais espaço.
Moluscos
Classificação Científica dos Animais
-Mariscos-Lulas-Polvos-Caracóis Vertebrados:
Poríferos Domínio: Eukaryota
-Esponjas do mar Reino: Animalia
Celenterados Superfilo: Deuterostomia
-Corais-Pólipos-Água-viva Filo: Chordata
Equinodermos Subfilo: Vertebrata
-Estrelas do mar-Ouriços do mar Exemplos mais conhecidos de animais
vertebrados:
Platelmintos
Homem: exemplo de animal vertebrado
-Vermes-Parasitas
(presença de coluna vertebral e medula espinhal)
Nematódeos
-Lombrigas-Cachalote-Tênia
Anelídeos
-Minhocas-Sanguessugas-Poliquetas
Animais Vertebrados
Coluna vertebral: característica dos
vertebrados
Os animais vertebrados são os seres vivos
que possuem o organismo mais avançado em
nosso planeta. Eles possuem como característica MAMÍFEROS
principal: medula espinhal e coluna vertebral
(formada por vértebras). -Homem

Características Gerais -Girafa

Outras características importantes são o -Leão

fato de possuírem músculos e esqueleto, o que -Gambá
permite que eles realizem movimentos mais
complexos. Sua habilidade nos movimentos e sua -Preguiça
inteligência, fazem com que os vertebrados tenham -Tatu Canastra
uma vantagem sobre as demais espécies.
-Tamanduá
Muitos animais como os anfíbios, répteis,
aves e mamíferos, inclusive o homem fazem, parte -Morcego
deste grupo. -Sagui
A maior parte dos vertebrados possui um -Mico-leão-dourado
sistema nervoso bastante desenvolvido. Seu
sistema nervoso central é composto pelo cérebro e -Macaco
medula espinal. Nos vertebrados inferiores o -Lobo Guará
cérebro controla predominantemente as funções
dos órgãos sensoriais. No caso dos vertebrados -Raposa
superiores, o cérebro, que é maior, permite uma -Jaguatirica
troca de informação mais intensa entre as
diferentes partes do organismo. -Gato-Onça
Como vimos, os vertebrados são seres -Leopardo
vivos que possuem muitas vantagens em relação a -Furão
outras espécies, contudo, é importante sabermos
que eles também possuem muitas limitações. -Lontra

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
-Hipopótamo -Iguana
-Baleia -Teiú
-Golfinho -Calango
-Peixe-Boi -Serpentes
-Boto -Jiboia
-Javali -Sucuri
-Cervo -Jararaca
-Alce -Cascavel
-Esquilo -Surucucu
-Rato AVES
-Ouriço -Galinha
-Boi -Pato
-Preá -Ganso
-Lebre -Avestruz
-Paca -Macuco
PEIXES -Perdiz
-Bacalhau -Codorna
-Peixe-espada -Cisne
-Tubarão -Jacutinga
-Atum -Marreco
-Garoupa -Mutum
-Cavalo-marinho -Mergulhão
-Anchova-Cavala -Arara
-Peixe Beta -Papagaio
-Cascudo -Garça
-Cavalinha -Pica-pau
-Barracuda -Pinguim
-Bagre -Albatroz
-Cação -Pardal
-Corvina -Flamingo
-Enguia -Águia
-Curimbatá -Coruja
-Linguado -Abutre
-Lambari -Urubu
-Moreia -Harpia
-Merluza -Gavião
RÉPTEIS -Pombo
-Tartaruga -Seriema
-Jabuti ANFÍBIOS
-Cágado -Sapo
-Tracajá -Salamandra
-Jacaré -Rã
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
-Tritão No Estróbilo, após a fecundação, forma-se, a
semente denominada de Pinhão. Não ocorre frutos.
-Proteu
No Brasil, o pinhão extraído da Araucária é
-Perereca ou rela
comestível sendo um prato típico da região sul-
-Cobra-cega brasileira.
ÁGNATOS O principal grupo é o das coníferas.
-Ostracodermes São elas:
-Lampreias º Pinheiros
-Mixinas º Araucárias
OS VEGETAIS º Pinus
º Angiospermas º Ciprestes
º Gimnospermas º Cedros
º Pteridófitos º Sequoias
º Briófitas
º Talófitos
Angiospermas
São plantas de portes variados encontradas
em praticamente todos os ambientes. Os principais
representantes são terrestres embora existam
espécies dulcícolas e marinhas (emersas ou
submersas).
São Cormófitos, ou seja, possuem órgãos Fig. Pinha
vegetativos (Raiz, caule e folhas) bem definidos.
São Vasculares ou Traqueófitas possuindo
canais ou vasos condutores de água e nutrientes
orgânicos ou inorgânicos (seivas).
São Fanerógamos possuindo flores e
sementes (espermáfitos). São Embriófitos, ou seja,
formam embriões.
O ovário, após a fecundação, desenvolve-
se num envoltório de proteção e dispersão: o fruto Pteridófitos
Exemplos: Laranjeira, carvalho, etc... São plantas de porte variado, terrestres de
Gimnospermas ambientes com alta umidade e com alguns
representantes dulcícolas, porém, nenhum marinho.
Plantas, em geral, com grande porte e de
ambientes terrestres (a maioria de regiões São Cormófitos e Vasculares.
temperadas). São Criptogramas, ou seja, não possuem
São: flores e sementes.

º Cormófitos Não ocorre frutos.

º Vasculares Possuem caules subterrâneos ou rastejantes

minados de Rizoma.
º Fanerógamos e Espermáfitos
Principal grupo é o das Filicíneas que
º Embriófitos compreende as samambaias e as avencas.
Suas folhas são perenes e xerófilas São elas:
(adaptadas a ambientes secos).
º Samambaias
As características xerofíticas dessas
plantas são induzidas pelo frio. º Avencas

As folhas reúnem-se em inflorescências º Licopódios

compactas denominadas de estróbilo, cone ou º Selaginelas
pinhas, sempre unissexuados.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
REINO PLANTAE (METAPHYTA)
• Seres autótrofos fotossintetizantes, que
diferem das algas por apresentar o corpo constituído
por tecidos e órgãos bem diferenciados.
• São conhecidas mais de 320 mil espécies.
Classificação
• Criptogramas – órgãos reprodutores
Briófitas escondidos (sem flores e sementes).
Plantas de pequeno porte (devido a • Fanerógamas – órgãos reprodutivos
ausência de vasos condutores), terrestres de aparentes (sementes e/ou flores)
ambientes com alta umidade e com alguns
representantes dulcícolas, porém, nenhum marinho. Organização
São Cormófitos embora possuam raiz,
caule e folhas primitivos denominados de rizoide,
caulículo e filoide, respectivamente.
São Avasculares ou Traqueófitas, ou seja,
não possuem vasos condutores de seiva.
São Criptogramas e não possuem frutos.
São elas:
º Musgos
º Hepáticas Briófitas
º Antóceros (bryon = musgo e phyton = planta)
São organismos eucariontes, pluricelulares,
onde apenas os elementos reprodutivos são
unicelulares, enquadrando-se no Reino Plantae,
como todos os demais grupos de plantas terrestres.
• Plantas sem sementes (criptogramas) e
sem sistema condutor (avasculares).
• Podem apresentar talo ereto (musgos) ou
prostrado (hepáticas e antoceros).
• Reprodução sexuada e assexuada.
• Primórdios de tecidos condutores;
Talófitos
• Fecundação em presença de água. Só o
São vegetais aquáticos (dulcícolas ou gameta masculino é flagelado. Os gametas femininos
marinhos) cujo corpo é denominado de talo por não são protegidos (arquegônios);
apresentarem diferenciação anatômico e histológico
entre os órgãos vegetativos. • Presença de pirenóides só em Anthoceros
sp.
Não possuem sistemas condutores, flores,
frutos e sementes. • Existência de cutícula;

São elas: • Existência de estomas (exceto nas

hepáticas);
º Clorofíceas (Algas Superiores).
• Geração gametófita mais desenvolvida que
º Rodofíceas (Algas Superiores). a esporófita;
º Feofíceas (Algas Superiores). • Coexistência das duas gerações durante
parte do ciclo de vida.
-Clorofila a e b. - Material de reserva: amido.
-Parede celular de celulose. - Presença de
cutícula*.

VIDA VEGETAL: Caracterização dos -Histórico de vida diplobionte heteromórfico,

principais grupos esporófito parcial ou completamente dependente do
gametófito*.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
-Reprodução ogâmica.
-Esporófito não ramificado, com um único
esporângio terminal*.
-Gametângio e esporângios envolvidos por
camada de células estéreis*.
*Características que permitem a distinção
entre algas e briófitas de forma geral.
MUSGOS
REPRODUÇÃO MUSGOS
Além da reprodução gamética e espórica,
as briófitas podem apresentar algumas formas de
reprodução vegetativa:
1. Fragmentação - desenvolvimento de
fragmentos do talo em outro indivíduo.
2. Gemas (ou propágulos) - estruturas
especialmente diferenciadas, com forma definida
que darão origem a um novo indivíduo. As gemas
são produzidas dentro de estruturas em forma de IMPORTÂNCIA
taça denominadas conceptáculos.
As briófitas são ecologicamente importantes
3. Aposporia - desenvolvimento do por serem espécies pioneiras na colonização, criando
esporófito em gametófito sem que ocorra meiose. condições para a instalação posterior de outros
Normalmente ocorre a partir de um fragmento da organismos. Por esse motivo, são plantadas em
seta cuja regeneração origina um gametófito. Pode locais sujeitos a erosão.
resultar na formação de organismos poliplóides.
O gênero Sphagnum é aproveitado por sua
4. Apogamia - desenvolvimento do capacidade de absorção e retenção de líquidos
gametófito em esporófito sem que haja fecundação. sendo utilizado, por exemplo, na horticultura ou em
Pode ocorrer não apenas a partir de gametas, mas derrames de petróleo.
também de filídios ou do próprio protonema.
A turfa, utilizada como combustível, é
CICLO DE VIDA DOS MUSGOS proveniente da deposição de Sphagnum em lagos de
origem glacial no hemisfério norte. A parede celular
desse gênero possui grande capacidade de absorção
de bases, ao mesmo tempo em que libera íons H+
levando, em locais onde sua quantidade é grande, a
acidificação do meio (ate pH 3,0), e impedindo a
existência de organismos decompositores. A
deposição de sucessivas camadas desses vegetais
mortos leva assim a formação das turfeiras. O uso de
turfa na destilação do uísque escocês dá a essa
bebida seu aroma característico.
Plantas vasculares
Existência de verdadeiros tecidos condutores
Comparação de algumas características
SEM SEMENTES (Pteridófitas) Geração
dos filos
esporófita mais desenvolvida Fecundação
semelhante à das Briófitas Existência de homosporia
e heterosporia
COM SEMENTES (Espermatófitas)
Aparecimento de estruturas:
- Óvulo
- grãos de pólen
- semente
As Criptogramas vasculares são assim
chamadas por possuir tecidos vasculares que
permitem a condução de água, sais minerais e outras
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
substâncias através do vegetal. As características • Algumas samambaias se reproduzem
que permitem sua diferenciação das briófitas assexuadamente por meio de estolões (brotos do
podem ser assim resumidas: rizoma)
-Presença de tecidos vasculares. • Na reprodução sexuada, há alternância de
gerações.
-Lignificação de parte das células (parede
celular). SAMAMBAIAS
-Histórico de vida diplobionte, com
alternância de gerações heteromórfica onde o
esporófito, dependente apenas na fase inicial de
seu desenvolvimento, é dominante e o gametófito,
embora diminuto, é independente.
-Grande numero de estômatos em todas as
partes fotossintetizantes do vegetal.
As criptogramas vasculares, assim como as
briófitas, possuem ainda em comum com as algas
verdes o tipo de pigmentos (clorofilas a e b,
carotenóides - luteínas, β-caroteno), amido como
substância de reserva, parede celulósica e a
presença de flagelos (no caso das Criptogramas
terrestres apenas no gameta masculino). Soro
As criptogramas vasculares mantêm ainda
a reprodução oogâmica, cutícula, gametângio e
esporângio envolvidos por camadas de células
vegetativas e histórico de vida diplobionte
heteromórfico, adaptações já encontradas nas
briófitas. São eucariontes, pluricelulares e
fotossintetizantes, pertencendo, portando, ao Reino
Plantae (Whittaker, 1969).
DIVISÕES
1. Psilophyta,
2. Lycopodophyta, Esporângio
3. Arthrophyta
4. Pterophyta
Pteridófitos
• Plantas sem sementes (criptogramas),
dotadas de vasos condutores de seiva (vasculares
ou traqueófitas).
• Corpo organizado em raiz, caule (rizoma)
e folhas.
Habitat
• Muitas pteridófitos vivem em ambientes
úmidos, semelhantes ao das briófitas, mas algumas
podem habitar ambientes relativamente secos.
• Existem algumas espécies que vivem em
água doce. Fanerógamas
Classificação • Plantas com sementes (espermatófitas),
• A classe mais conhecida é a Filicinae, que dotadas de vasos condutores de seiva (vasculares).
reúne as samambaias e avencas. • Têm ramos reprodutivos especializados
Reprodução (estróbilos em gimnospermas e flores em
angiospermas).
• Assexuada e sexuada

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Habitat
receber micrósporos (pólen).
• As fanerógamas são encontradas em
todos os ambientes terrestres. Reprodução
• Há poucas espécies aquáticas, de água 1) Gametas ciliados (anterozóides)
doce.
2) Sifonogamia
Classificação
Gametas não ciliados
• Gimnospermas (do grego gymnos, nu, e
(núcleos ou células espermáticas)
esperma, semente), sementes expostas (nuas)
Grupo das Protogimnospermas
GIMNOSPERMAS
• Semente: óvulo maduro contendo um
embrião
•Importância da semente: sobrevivência do
embrião (proteção e nutrição)
• Óvulo: megasporângio revestido por uma
ou duas camadas de tecido.
Partes do óvulo:
1. Tegumento
2. Micrópila
3. Nucelo (megasporângio)
4. megásporo

Evolução do óvulo Ciclo Reprodutivo das Coníferas

(Divisão Pinophyta ou Coniferófitos)
megasporângio (nucelo) = esporos não são
dispersos.
-mães de
megásporos em cada megasporângio.

reduzido = perde a vida livre.

(semente).
o o megasporângio
(exceto no ápice = micrópila). •Angiospermas (do grego aggeion,vaso),
apresentam sementes alojadas dentro de frutos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
DIVISÃO MAGNOLIOPHYTA de células, que cooperam umas com as outras,
dividindo o trabalho entre si. Juntas, elas garantem a
Elementos do vaso
execução das inúmeras tarefas responsáveis pela
manutenção da vida.
As células que formam o organismo da
maioria dos seres vivos apresentam uma
membrana envolvendo o seu núcleo, por isso, são
chamadas de células eucariotas. A célula eucariota é
constituída de membrana celular, citoplasma e
núcleo.

Nestas figuras você pode comparar uma

célula humana (animal) com uma célula vegetal. A
célula vegetal possui parede celular e pode conter
cloroplastos, duas estruturas que a célula animal não
tem. Por outro lado, a célula vegetal não possui
centríolos e geralmente não possui lisossomos, duas
estruturas existentes em uma célula animal.

O CORPO HUMANO
As Células Constituem os Seres Vivos
Os seres vivos diferem da matéria bruta
porque são constituídos de células. Os vírus são
seres que não possuem células, mas são capazes
de se reproduzir e sofrer alterações no seu material A membrana plasmática
genético. Esse é um dos motivos pelos quais ainda
se discute se eles são ou não seres vivos. A membrana plasmática é uma película
muito fina, delicada e elástica, que envolve o
A célula é a menor parte dos seres vivos conteúdo da célula. Mais do que um simples
com forma e função definidas. Por essa razão, envoltório, essa membrana tem participação
afirmamos que a célula é a unidade estrutural dos marcante na vida celular, regulando a passagem e a
seres vivos. A célula - isolada ou junto com outras troca de substancias entre a célula e o meio em que
células - forma todo o ser vivo ou parte dele. Além ela se encontra.
disso, ela tem todo o "material" necessário para
realizar as funções de um ser vivo, como nutrição, Muitas substâncias entram e saem das
produção de energia e reprodução. células de forma passiva. Isso significa que tais
substâncias se deslocam livremente, sem que a
Cada célula do nosso corpo tem uma célula precise gastar energia. É o caso do gás
função específica. Mas todas desempenham uma oxigênio e do gás carbônico, por exemplo.
atividade "comunitária", trabalhando de maneira
integrada com as demais células do corpo. É como Outras substâncias entram e saem das
se o nosso organismo fosse uma imensa sociedade células de forma ativa. Nesse caso, a célula gasta
energia para promover o transporte delas através da
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
membrana plasmática. Nesse transporte há ribossomos são organelas não membranosas,
participação de substâncias especiais, chamadas responsáveis pela produção (síntese) de proteínas
enzimas transportadoras. Nossas células nervosas, nas células. Eles tanto aparecem isolados no
por exemplo, absorvem íons de potássio e citoplasma, como aderidos ao retículo
eliminam íons de sódio por transporte ativo. endoplasmático.
Observe a membrana plasmática. Ela é O retículo endoplasmático e a distribuição
formada por duas camadas de lipídios e por de substâncias
proteínas de formas diferentes entre as duas
Essa organela é constituída por um sistema
camadas de lipídios.
de canais e bolsas achatadas. Apresenta várias
Dizemos, assim, que a membrana funções, dentre as quais facilitar o transporte e a
plasmática tem permeabilidade seletiva, isto é, distribuição de substâncias no interior da célula.
capacidade de selecionar as substâncias que
entram ou saem de acordo com as necessidades
da célula.
O citoplasma
O citoplasma é, geralmente, a maior
opção da célula. Compreende o material presente
na região entre a membrana plasmática e o núcleo.
Ele é constituído por um material
semifluido, gelatinoso chamado hialoplasma. No
hialoplasma ficam imersas as organelas celulares,
estruturas que desempenham funções vitais
diversas, como digestão, respiração, excreção e
circulação. A substância mais abundante no As membranas do retículo endoplasmático
hialoplasma é a água. podem ou não conter ribossomos aderidos em sua
superfície externa. A presença dos ribossomos
Vamos, então, estudar algumas das mais confere à membrana do retículo endoplasmático uma
importantes organelas encontradas em nossas aparência granulosa; na ausência dos ribossomos, a
células: mitocôndrias, ribossomos, retículo membrana exibe um aspecto liso ou não-granulosos.
endoplasmático, complexo de Golgi, lisossomos e
centríolos. Organelas Celulares
As mitocôndrias e a produção de O complexo de golgi e o armazenamento
energia. As mitocôndrias são organelas das proteínas
membranosas (envolvidas por membrana) e que É a organela celular que armazena parte das
têm a forma de bastão. Elas são responsáveis pela proteínas produzidas numa célula, entre outras
respiração celular, fenômeno que permite à célula funções. Essas proteínas poderão então ser usadas
obter a energia química contida nos alimentos posteriormente pelo organismo.
absorvidos. A energia assim obtida poderá então
ser empregada no desempenho de atividades Os lisossomos e a digestão celular
celulares diversas.
São organelas que contêm substâncias
Um dos "combustíveis" mais comuns que necessárias à digestão celular. Quando a célula
as células utilizam na respiração celular é o açúcar engloba uma partícula alimentar que precisa ser
glicose. Após a "queima" da glicose, com digerida, os lisossomos se dirigem até ela e liberam o
participação do gás oxigênio, a célula obtêm suco digestório que contêm.
energia e produz resíduos, representados pelo gás
carbônico e pela água. O gás carbônico passa
para o sangue e é eliminado para o meio externo.
A equação abaixo resume o processo da
respiração celular:
glicose + gás oxigênio ---> gás carbônico
+ água + energia
Organelas Celulares
Os ribossomos e a produção de Fagocitose e pinocitose
proteínas
Imagine um glóbulo branco do nosso corpo
As células produzem diversas substâncias diante de uma bactéria invasora que ele irá
necessárias ao organismo. Entre essas destruir. A bactéria é grande demais para
substâncias destacam-se as proteínas. Os simplesmente atravessar a membrana plasmática do

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
glóbulo. Nesse caso, a membrana plasmática emite numerosos poros, que permitem a troca de
expansões que vão envolvendo a bactéria. Essas substâncias entre o núcleo e o citoplasma. De
expansões acabam se fundindo e a bactéria é maneira geral, quanto mais intensa é a atividade
finalmente englobada e carregada para o interior da celular, maior é o número de poros na carioteca.
célula.
Nucleoplasma - É o material gelatinoso que
A esse fenômeno de englobamento de preenche o espaço interno do núcleo.
partículas dá-se o nome de fagocitose. Caso a
Nucléolo - Corpúsculo arredondado e não
célula englobe uma partícula líquida, o fenômeno é
membranoso que se acha imerso na cariolinfa. Cada
chamado pinocitose e, nesse caso, não se forma
filamento contém inúmeros genes. Numa célula em
as expansões típicas da fagocitose.
divisão, os longos e finos filamentos de cromatina
tornam-se mais curtos e mais grossos: passam,
então, a ser chamados cromossomos.
Os cromossomos são responsáveis pela
transmissão dos caracteres hereditários.

Saiba mais sobre fagocitose e pinocitose

Os centríolos e a divisão celular
Os centríolos são estruturas cilíndricas
formadas por microtúbulos (tubos microscópicos).
Essas organelas participam da divisão celular,
"orientando" o deslocamento dos cromossomos
durante esse processo. Geralmente cada célula A Divisão Celular
apresenta um par de centríolos dispostos Os cromossomos são responsáveis pela
perpendicularmente. transmissão dos caracteres hereditários, ou seja,
dos caracteres que são transmitidos de pais para
filhos. Os tipos de cromossomos, assim como o
número deles, variam de uma espécie para a outra.
As células do corpo de um chimpanzé, por exemplo,
possuem 48 cromossomos, as do corpo humano,
46 cromossomos, as do cão, 78 cromossomos e
as do feijão 22.
Note que não há relação entre esse
número e o grau evolutivo das espécies.

O núcleo da célula
O botânico escocês Robert Brown (1773 -
1858) verificou que as células possuíam um
corpúsculo geralmente arredondado, que ele
chamos de núcleo (do grego nux: 'semente'). Ele
imaginou que o núcleo era uma espécie de
"semente" da célula.
O núcleo é a maior estrutura da célula
animal e abriga os cromossomos. Cada Os 23 pares de cromossomos humanos.
cromossomo contém vários genes, o material Os cromossomos são formados basicamente
genético que comanda as atividades celulares. Por por dois tipos de substâncias químicas: proteínas e
isso, dizemos que o núcleo é o portador dos fatores ácidos nucléicos. O ácido nucléico encontrado nos
hereditários (transmitidos de pais para filhos) e o cromossomos é o ácido desoxirribonucléico – o DNA.
regulador das atividades metabólicas da célula. É o O DNA é a substância química que forma o gene.
"centro vital" da célula. Cada gene possui um código específico, uma
Envoltório nuclear - É a membrana que espécie de “instrução” química que pode controlar
envolve o conteúdo do núcleo, ela é dotada de
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
determinada característica do indivíduo, como a cor de células que morrem por outras novas e a
da pele, o tipo de cabelo, a altura, etc. regeneração de partes lesadas do organismo.
Cada cromossomo abriga inúmeros genes, Mas como se formam os
dispostos em ordem linear ao longo de filamentos. espermatozoides e os óvulos, que têm somente
Atualmente, estima-se que em cada célula 23 cromossomos no núcleo, diferentemente das
humana existam de 20 mil a 25 mil genes. Os demais células do nosso corpo?
cromossomos diferem entre si quanto à forma,
Na formação de espermatozoides e de
ao tamanho e ao número de genes que contêm.
óvulos ocorre outro tipo de divisão celular: a meiose.
Células haplóides e diplóides
Nesse caso, os cromossomos também se
Para que as células exerçam a sua função duplicam no núcleo da célula-mãe (diplóide), que vai
no corpo dos animais, elas devem conter todos os se dividir e formar gametas (células-filhas,
cromossomos, isto é dois cromossomos de cada haploides). Mas, em vez de o núcleo se dividir uma
tipo: são as células diploides. Com exceção das só vez, possibilitando a formação de duas novas
células de reprodução (gametas), todas as demais células-filhas, na meiose o núcleo se divide duas
células do nosso corpo são diplóides. Porém, vezes. Na primeira divisão, originam-se dois novos
algumas células possuem em seu núcleo apenas núcleos; na segunda, cada um dos dois novos
um cromossomo de cada tipo. São as células núcleos se divide, formando-se no total quatro novos
haplóides. Os gametas humanos – núcleos. O processo resulta em quatro células-
espermatozoides e óvulos – são haploides. filhas, cada uma com 23 cromossomos.
Portanto os gametas são células que não exercem
nenhuma função até encontrarem o gameta do
outro sexo e completarem a sua carga genética.
Nos seres humanos, tanto o
espermatozoide como o óvulo possuem 23 tipos
diferentes de cromossomos, isto é, apenas um
cromossomo para cada tipo. Diz-se então que nos
gametas humanos n= 23 (n é o número de
cromossomos diferentes). As demais células
humanas possuem dois cromossomos de cada tipo.
Essas células possuem 46 cromossomos (23
pares) no núcleo e são representadas por 2n = 46.
Nas células diploides do nosso corpo, os Níveis de Organização do Corpo Humano
cromossomos podem, então, ser agrupados dois a
dois. Os dois cromossomos de cada par são do No nosso corpo, existem muitos tipos de
mesmo tipo, por possuírem a mesma forma, o células, com diferentes formas e funções. As células
mesmo tamanho e o mesmo número de genes. Em estão organizadas em grupos, que “trabalhando” de
cada par, um é de origem materna e outro, de maneira integrada, desempenham, juntos, uma
origem paterna. determinada função. Esses grupos de células são os
tecidos.
Tipos de divisão celular
Os tecidos do corpo humano podem ser
As células são originadas a partir de outras classificados em quatro grupos principais: tecido
células que se dividem. A divisão celular é epitelial, tecido conjuntivo, tecido muscular e tecido
comandada pelo núcleo da célula. nervoso.
Ocorrem no nosso corpo dois tipos de Tecido epitelial
divisão celular: a mitose e a meiose.
As células do tecido epitelial ficam muito
Antes de uma célula se dividir, formando próximas umas das outras e quase não há
duas novas células, os cromossomos se duplicam substâncias preenchendo espaço entre elas. Esse
no núcleo. Formam-se dois novos núcleos cada um tipo de tecido tem como principal função revestir e
com 46 cromossomos. A célula então divide o proteger o corpo. Forma a epiderme, a camada mais
seu citoplasma em dois com cada parte contendo externa da pele, e internamente, reveste órgãos
um núcleo com 46 cromossomos no núcleo. Esse como a boca e o estômago.
tipo de divisão celular, em que uma célula origina
duas células-filhas com o mesmo número de O tecido epitelial também forma as
cromossomos existentes na célula mãe, é chamado glândulas – estruturas compostas de uma ou mais
de mitose. células que fabricam, no nosso corpo, certos
tipos de substâncias como hormônios, sucos
Portanto, a mitose garante que cada digestivos, lágrima e suor.
uma das células-filhas receba um conjunto
complementar de informações genéticas. A mitose
permite o crescimento do indivíduo, a substituição
Página 171
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Imagem de microscópio óptico de tecido

adiposo. Note que as linhas são as delimitações das
células e os pontos roxos são os núcleos dos
adipócitos. A parte clara, parecendo um espaço
Tecido conjuntivo vazio, é a parte da célula composta de gordura.
As células do tecido conjuntivo são Tecido conjuntivo
afastadas umas das outras, e o espaço entre elas Tecido cartilaginoso forma as cartilagens
é preenchido pela substância intercelular. A do nariz, da orelha, da traqueia e está presente nas
principal função do tecido conjuntivo é unir e articulações da maioria dos ossos. É um tecido
sustentar os órgãos do corpo. resistente, mas flexível.
Esse tipo de tecido apresenta diversos
grupos celulares que possuem características
próprias. Por essa razão, ele é subdividido em
outros tipos de tecidos. São eles: tecido adiposo,
tecido cartilaginoso, tecido ósseo, tecido
sanguíneo.

Nariz e orelha são formados por cartilagem.

O tecido adiposo é formado por

adipócitos, isto é, células que armazenam
gordura. Esse tecido encontra-se abaixo da pele,
formando o panículo adiposo, e também está
disposto em volta de alguns órgãos. As funções
desse tecido são: fornecer energia para o corpo;
atuar como isolante térmico, diminuindo a perda
de calor do corpo para o ambiente; oferecer
proteção contra choques mecânicos (pancadas,
por exemplo).
Células cartilagíneas vista ao microscópio
óptico.
O tecido ósseo forma os ossos. A sua
rigidez (dureza) deve-se à impregnação de sais de
cálcio na substância intercelular.

Página 172
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

O esqueleto humano é uma estrutura Componentes do sangue visto em

articulada, formada por 206 ossos. Apesar de os microscópio eletrônico. As células vermelhas são os
ossos serem rígidos, o esqueleto é flexível, glóbulos vermelhos e a branca o glóbulo branco.
permitindo amplos movimentos ao corpo graças a
ação muscular. Tecido muscular

O tecido sanguíneo constitui o sangue, As células do tecido muscular são

tecido líquido. É formado por diferentes tipos de denominadas fibras musculares e possuem a
células como: capacidade de se contrair e alongar. A essa
propriedade chamamos contratilidade. Essas
os glóbulos vermelhos ou hemácias, células têm o formato alongado e promovem a
que transportam oxigênio; contração muscular, o que permite os diversos
os glóbulos brancos ou leucócitos, movimentos do corpo.
que atuam na defesa do corpo contra O tecido muscular pode ser de três tipos:
microrganismos invasores; tecido muscular liso, tecido muscular estriado
fragmentos (pedaços) de células, como esquelético e tecido muscular estriado cardíaco.
é o caso das plaquetas, que atuam na
coagulação do sangue.
A substância intercelular do tecido
sanguíneo é o plasma, constituído principalmente
por água, responsável pelo transporte de nutrientes
e de outras substâncias para todas as células.

Tipos de tecidos musculares. Os pontos

roxos são os núcleos das células musculares.

Página 173
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O tecido muscular liso apresenta uma
contração lenta e involuntária, ou seja, não
depende da vontade do indivíduo. Forma a
musculatura dos órgãos internos, como a bexiga,
estômago, intestino e vasos sanguíneos.
O tecido muscular estriado esquelético
apresenta uma contração rápida e voluntária. Está
ligado aos ossos e atua na movimentação do corpo.

Órgãos
Os tecidos também se agrupam em nosso
organismo. Um agrupamento de tecidos que
interagem forma um órgão.
O estômago, por exemplo, é um órgão do
corpo humano. Nele podemos reconhecer presença
do tecido epitelial e do muscular, entre outros.

Observe os inúmeros músculos que

formam o nosso corpo. Tecido nervoso
As células do tecido nervoso são
denominadas neurônios, que são capazes de
receber estímulos e conduzir a informação para
outras células através do impulso nervoso.
Os neurônios têm forma estrelada e são
células especializadas. Além deles, o tecido
nervoso também apresenta outros tipos de células,
como as células da glia, cuja função é nutrir,
sustentar e proteger os neurônios. O tecido é
encontrado nos órgãos do sistema nervoso como o
cérebro e a medula espinhal.

Esquema mostrando os diversos órgãos

do nosso corpo.
Sistemas
Vários órgãos interagem no corpo humano,
desempenhando determinada função no organismo.
Esse conjunto de órgãos associados forma um
sistema.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O sistema digestório humano, por exemplo, O corpo masculino
atua no processo de aproveitamento dos alimentos
As principais modificações visíveis no corpo
ingeridos. Esse sistema é formado pela boca,
masculino ao longo da adolescência estão descritas
faringe, esôfago, estômago, intestino delgado e
abaixo.
intestino grosso. Além desses órgãos, o sistema
digestório humano compreende glândulas anexas, Os testículos (dentro do saco escrotal)
como as glândulas salivares, o pâncreas e o fígado. crescem primeiro e, pouco tempo depois, o pênis.
Os sistemas funcionam de maneira integrada, e Na puberdade, os pelos surgem em diversos locais:
essa integração é fundamental para manter a no rosto, nas axilas, no peito e nas áreas próximas
saúde do organismo como um todo e, aos testículos. A voz também sofre mudanças.
consequentemente, a vida.
Esse conjunto de características que se
definem na puberdade, em consequência da ação
hormonal, recebe o nome de características sexuais
secundárias. Estas, porém, não obedecem a padrões
rígidos. Adolescentes de mesma idade podem
apresentar diferenças significativas em relação à
estatura do corpo, quantidade de pelos, tamanho do
pênis, timbre de voz etc. O grupo étnico a que
pertence o indivíduo, a herança genética, hábitos
alimentares, problemas de saúde, dentre outros
fatores, são responsáveis por essas diferenças.
Assim, colegas de mesma idade que a
sua podem ser mais altos ou mais baixos que
você ou terem a voz mais ou menos grave que a
sua, por exemplo. Isto não deve preocupá-lo. As
pessoas são diferentes e apresentam ritmos
desiguais de desenvolvimento do corpo. É importante
gostar de você, aprendendo a cuidar e valorizar o
seu próprio corpo.

Esquema do sistema respiratório.

Resumindo
No nosso corpo é possível identificar
diferentes níveis de organização que atuam nos
processos vitais. Podemos resumir essa
organização por meio do seguinte esquema:
Células -------> à tecidos -------> à órgãos -
------> à sistemas -------> à organismo
O Sistema Genital
Mudanças no corpo
A descoberta do sexo acontece com a
descoberta do corpo. Moças e rapazes costumam Veja as principais modificações visíveis no
acompanhar atentamente as mudanças que corpo masculino, ao longo do tempo.
ocorrem nos seus órgãos sexuais externos. Essas
mudanças são provocadas pela ação de Os rapazes possuem uma pequena
hormônios. quantidade de hormônios sexuais femininos, as
garotas, uma pequena quantidade de hormônios
As características sexuais primárias, sexuais masculinos. Na puberdade, às vezes, um
visíveis nos órgãos genitais, são determinadas pequeno desequilíbrio na quantidade desses
geneticamente e estão presentes desde o hormônios pode provocar um ligeiro crescimento das
nascimento, tanto no homem como na mulher. mamas nos rapazes ou pêlos em excesso nas
garotas. Em geral, isso desaparece com o tempo,
mas, se persistir, o mais aconselhável é procurar
orientação médica.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Na região genital, encontramos o pênis e o
saco escrotal.
Pênis e a Ejaculação – O pênis é um
órgão de forma cilíndrica e constituído
principalmente por tecido erétil, ou seja, que
tem capacidade de se erguer. Com a excitação
sexual, esse tecido e banhado e preenchido por
maior quantidade de sangue, o que torna o pênis
ereto e rígido. Na ponta do pênis, há a glande (a
“cabeça”), que pode estar coberta pelo prepúcio.
Na glande, há o orifício da uretra, canal que
no corpo masculino se comunica tanto com o
sistema urinário quanto com o sistema reprodutor.
O tamanho do pênis varia entre os homens e não
tem relação biológica com fertilidade e nem com
potência sexual.

Testículos
Os testículos são glândulas sexuais
masculinas. São formadas por tubos finos e
enovelados, chamados túbulos seminíferos.
Diferentemente do que ocorre com as garotas, que
já nascem com “estoque” de gametas (óvulos)
“prontos” no corpo, é na puberdade, sob ação dos
hormônios, que se inicia no corpo masculino a
produção de gametas (os espermatozoides) nos
testículos.
A produção de espermatozoides começa na
Quando o homem é estimulado, como
puberdade, por volta dos 12 ou 13 anos de idade e
ocorre numa relação sexual, culmina com o
vai até o fim da vida. Cada espermatozoide é
esperma sendo lançado para fora do corpo
formado basicamente de três partes: cabeça, colo e
masculino sob a forma de jatos. Esse fenômeno
cauda com flagelo.
chama-se ejaculação.
Os testículos produzem também o hormônio
O esperma é ejaculado através da uretra,
sexual masculino, chamado testosterona. O
por onde a urina também é eliminada. Durante uma
hormônio testosterona estimula o aparecimento das
ejaculação normal são expelidos de 2 a 4 mililitros
características sexuais secundárias masculinas:
de esperma; cada mililitro contém
aproximadamente 100 milhões de pelos no rosto e no restante do corpo, modificações
espermatozoides. na voz etc.

Saco escrotal
Os espermatozoides, gameta sexual
masculino, são produzidos nos testículos. Os
testículos ficam no saco escrotal, que tem
aparência flácida e um pouco enrugada. É
importante eles se localizarem fora do abdome,
pois os espermatozoides são produzidos em uma
temperatura mais baixa do que a do restante do
corpo.
Nos dias frios ou durante um banho frio, o
saco escrotal se encolhe, favorecendo o
aquecimento dos testículos. O uso de cueca
apertada pode causar infertilidade temporária,
decorrente do aquecimento excessivo que provoca
nos testículos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
canal – a uretra. A uretra é um tubo que se inicia na
bexiga urinária, percorre o interior do pênis e se abre
no meio externo.
Glândulas Seminais e Próstata
As glândulas seminais são duas glândulas
em forma de bolsa. Elas produzem um líquido denso
que nutre os espermatozoides e aumenta a sua
mobilidade.
A próstata é uma glândula produtora de um
líquido de aspecto leitoso. Esse líquido é leitoso e
neutraliza a acidez de restos de urina na uretra e,
numa relação sexual, a acidez natural da vagina,
protegendo assim os espermatozoides.
Em sua “viagem” até a uretra, os
espermatozoides recebem os líquidos produzidos
pelas glândulas seminais e pela próstata. Ao passar
pela uretra, os espermatozoides recebem também
um líquido lubrificante produzidos pelas glândulas
bulbouretrais.
Ao conjunto formado pelos espermatozoides
e os líquidos produzidos pelas glândulas seminais,
pela próstata e pelas glândulas bulbouretrais dá-se o
nome de esperma ou sêmen.
O corpo feminino
Observe a figura abaixo que mostra a
passagem da adolescente para a mulher adulta.
Algumas das mudanças dessa passagem são o
aumento dos seios e o aparecimento de pelos
pubianos e pelos nas axilas. Essas são algumas das
características sexuais secundárias femininas.
Antes de falarmos do interior do corpo
feminino, vamos conversar sobre a parte externa, por
meio da qual a mulher recebe estímulos e se
relaciona com o meio ambiente.
Para a mulher, conhecer o próprio corpo é
fundamental para ajudar a mantê-lo saudável. O
ginecologista (médico especializado em órgãos
Epidídimos reprodutores femininos) pode esclarecer dúvidas
caso seja notado alguma alteração que cause
Os espermatozoides que acabam de ser estranheza.
formados ficam armazenados no epidídimo, um
outro enovelado de túbulos localizados sobre os
testículos. Os epidídimos são dois órgãos formados
por tubos enovelados, cada um localizado junto a
um testículo. Reveja o esquema do sistema genital
masculino e observe a localização dos epidídimos.
Os espermatozoides podem ficar
armazenados nesses tubos por aproximadamente
uma a três semanas, até que a maturação seja
completada. Isso aumenta a sua mobilidade.
Os espermatozoides passam do epidídimo
para um tubo com parede muscular chamado
ducto deferente. De cada epidídimo parte um
ducto deferente. Posteriormente e sob a bexiga
urinária, cada ducto deferente se une ao canal da
glândula seminal do mesmo lado e forma um tubo
único, chamado ducto ejaculatório. Os ductos
ejaculatórios lançam os espermatozoides num outro
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Monte de Vênus ou púbis controlar a retenção da urina. Após o nascimento
do bebê, o médico faz a sutura (dá pontos com
É a área triangular acima da vulva e na
linha e agulha cirúrgica) do períneo. O
qual aparecem pelos, a partir da puberdade.
procedimento é feito com anestesia local.
Vulva
Nessa região, estão os pequenos e
grandes lábios, que são dobras de pele muito
sensíveis. Entre os pequenos lábios, há o
clitóris, pequenina estrutura do tamanho
aproximado de uma ervilha e, que em geral,
provoca grandes sensações de prazer, quando
estimulado.

O corpo feminino por dentro

Vagina
É o canal que liga a vulva até o útero.
Útero
É um órgão oco, constituído por tecido
muscular, com grande elasticidade, que tem forma e
Abertura da vagina tamanho semelhantes aos de uma pera. Em caso de
gravidez, o útero está preparado para alojar o
A abertura da vagina leva aos órgãos
embrião até o nascimento.
sexuais internos. Essa abertura é parcialmente
bloqueada, na maioria das garotas virgens, por uma
fina membrana chamada hímen, que, geralmente, é
rompido na primeira relação sexual com a
penetração do pênis. O hímen tem uma abertura
por onde ocorre a saída do sangue menstrual.
Uretra
O orifício da uretra é por onde sai a urina;
não conduz a nenhum órgão sexual interno.
Ânus
O ânus é o orifício por onde saem as fezes;
é a saída da tubo digestório. Também não tem
ligação com órgãos sexuais internos.
Períneo
Entre o ânus e a vulva, na entrada da
vagina, existe uma região chamada períneo. No
homem, o períneo localiza-se entre o saco escrotal
e o ânus.
Ovários
Na hora do parto, muitas vezes é
necessário fazer um pequeno corte no períneo, Os ovários são as glândulas sexuais
para que a cabeça do bebê não lacere (corte) os femininas, nas quais, desde o nascimento da menina
músculos dessa região. Isso é importante para – ficam armazenados aproximadamente 400 mil
proteger a mãe, pois lesões extensas no períneo gametas femininos.
farão com que ela, no futuro, possa sofrer de
“queda de bexiga” e perda da capacidade de Essas células sexuais são chamadas óvulos.
Elas contém a metade do material genético
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
necessário ao desenvolvimento de um bebê. Os eram geralmente passadas pelos amigos mais
óvulos que existem nos ovários das meninas são velhos, em conversas escondidas. E como eles nem
imaturos. Os hormônios sexuais são responsáveis sempre sabiam direito do que falavam, vários
pelo amadurecimento e pela liberação desses assuntos ficavam sem o devido esclarecimento. Com
óvulos. as meninas, a coisa era também mais ou menos
assim. A vergonha e até o medo frequentemente
Tubas uterinas
impediam manifestações de suas dúvidas e
São dois tubos delgados que ligam os emoções.
ovários ao útero. Revestindo esses tubos
Mas os tempos mudaram. Ainda pode ser um
internamente, existem células com cílios que
pouco difícil para os pais e outros adultos falarem
favorecem o deslocamento do óvulo até a cavidade
sobre sexo. Isso depende, em parte, da educação
uterina.
que eles receberam – e os jovens precisam
Os seios compreender essa limitação. Aqui, vamos falar de
maneira bem natural sobre sexo, assunto que
O desenvolvimento dos seios ocorre na
geralmente desperta tanta curiosidade no período da
puberdade e nem sempre acontece de forma adolescência.
idêntica, às vezes, um seio é ligeiramente maior do
que o outro. O tamanho do seio varia de uma Para que serve o sexo?
mulher para outra. Do mesmo modo que acontece
Essa pergunta tem muitas respostas. A
com o nariz, com as mãos ou com os pés, que não
resposta mais utilizada é: sexo é para garantir a
são de tamanho igual em todas as pessoas, nem
perpetuação das espécies.
mesmo no caso de irmãos.
De fato, nos seres vivos em geral, a função
O seio é formado por um tecido
da atividade sexual é dar origem a novos seres e,
gorduroso e por pequenas glândulas chamadas
assim, manter a continuidade da espécie. Na maioria
glândulas mamárias. Essas glândulas são ligadas
dos animais, o macho só cruza com a fêmea quando
ao mamilo (bico) por canais, através dos quais o
ela está fértil, quando seu organismo está na época
leite passa durante a amamentação. O mamilo, em
propícia para gerar filhotes.
geral, é muito sensível ao toque.
E no ser humano?
O desenvolvimento dos seios e de outras
formas do corpo das meninas, como a cintura mais Para os seres humanos, geralmente a
fina, os quadris arredondados, depende de quando reprodução é apenas uma das funções da atividade
e quanto hormônio sexual é produzido pelo corpo sexual. A relação sexual é também uma maneira de
dela, ou seja, pelos ovários. obter prazer e alegria, de dar e receber carinho e
afeto. É uma das expressões mais íntimas que pode
Algumas meninas começam a produzir
haver no relacionamento entre duas pessoas, pois
mais hormônios sexuais mais cedo do que outras.
envolve emoções profundas. Não é à toa que a
Por isso, além de ficarem menstruadas primeiro,
relação sexual também é chamada de “fazer amor”.
determinadas garotas desenvolvem o “corpo de
mulher” mais precocemente que outras.
Outro fator importante a considerar é a
hereditariedade, os traços físicos herdados dos
pais, avós etc. Numa família na qual as mulheres
possuem seios pouco desenvolvidos, é bem
provável que as meninas venham a ter, também,
seios pequenos.
Ninguém melhor do que o médico para
dizer se o desenvolvimento dos seios e dos demais
sinais de maturação do corpo está de acordo com o
previsto para a idade da garota.
Você sabia que todos nós um dia já Para entendermos melhor certos aspectos
fomos uma única célula? associados com a função reprodutiva no ser
Olhando para o seu corpo agora é difícil humano, é preciso entender a relação entre os
acreditar, mas todos nós já fomos um zigoto, uma órgãos genitais femininos e masculinos para que isso
célula-ovo. ocorra.
O ato sexual e o início de uma nova vida! O ato sexual e o início de uma nova vida
Falando de sexo Na relação sexual, a atração provocada
pelos estímulos e pelas reações hormonais faz com
Em outros tempos, sexo era muitas vezes que os toques e as sensações táteis sejam muito
um assunto proibido. Em casa, ninguém falava prazerosas. Os jogos amorosos, as carícias, a
“dessas coisas”. Entre os meninos, as informações
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ternura, os contatos de lábios e de outras partes do
corpo, a excitação, tudo isso compõe o ritual de
preparação ao ato sexual, que é o ápice do
encontro entre os parceiros sexuais.
Com a excitação, o pênis do homem
aumenta de volume e fica duro, ereto, e a vagina
da mulher solta uma secreção que a lubrifica. Tudo
isso facilita a penetração do pênis na vagina
quando acontece o coito ou o ato sexual, que
geralmente, provoca uma sensação bastante
prazerosa em ambos os parceiros.
No ato sexual vaginal completo, o
homem ejacula, isto é, um líquido sai do pênis e
é depositado na vagina (quando não há uso de
preservativo). Esse líquido, o sêmen ou esperma,
contém espermatozoides originários dos testículos.
Dos milhões de espermatozoides que foram
depositados na vagina, apenas centenas deles
alcançam o óvulo, e somente um espermatozoide A fecundação
consegue se introduzir nele. Essa é a oportunidade
A mulher pode ficar grávida se, quando o
de surgir uma nova vida, de ocorrer a concepção.
óvulo estiver nesses tubos, ela mantiver relação
sexual com o parceiro e um espermatozóide (célula
reprodutora masculina) entrar no óvulo. O
encontro de gametas (óvulo e espermatozóide), na
tuba uterina, chama-se fecundação. Apenas um dos
milhões de espermatozóides contidos no
esperma penetra no óvulo, na fecundação.
Depois da fecundação, ocorre então a
formação da célula-ovo ou zigoto. Essa primeira
célula de um novo ser sofre divisões durante o
seu trajeto pelo tubo até o útero. O sexo biológico
desse novo ser humano – ou seja, o sexo do bebê –
A ovulação é definido na fecundação pelos cromossomos X ou
Y.
A ovulação é a liberação de um óvulo
maduro feita por um dos ovários por volta do 14º Os seres humanos, salvo raras exceções
dia do ciclo menstrual, contado a partir do primeiro possuem 46 cromossomos, sendo que dois deles
dia de menstruação. No ovário (o local de onde sai são os cromossomos sexuais (que definem o sexo).
o óvulo) surge o corpo lúteo ou amarelo – uma As mulheres possuem dois cromossomos X
estrutura amarelada que passa a produzir o (portanto ela á XX) e os homens, um X e um Y
estrogênio e progesterona. Esses hormônios atuam (portanto XY).
juntos, preparando o útero para uma possível Na divisão celular (meiose) para a formação
gravidez, além disso, o estrogênio estimula o dos gametas (óvulo e espermatozóide) a mulher só
aparecimento das características sexuais femininas gera gametas (óvulos) X enquanto que o homem
secundárias. pode gerar gametas (espermatozóides) X e Y.
O óvulo liberado é “captado” por uma das Então:
tubas uterinas, que ligam os ovários ao útero.
Revestindo essas tubas internamente, existem Se o espermatozoide que contém o
células com cílios que favorecem o deslocamento cromossomo X fecundar o óvulo (X), o embrião será
do óvulo até a cavidade do útero. do sexo feminino (XX).
Se o espermatozoide que contém o
cromossomo Y fecundar o óvulo (X), o embrião será
do sexo masculino (XY).
A menstruação
A menstruação ocorre quando não há
fecundação e o óvulo é eliminado pelo canal
vaginal com o sangue e o material resultante da
descamação da mucosa uterina.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O ciclo menstrual é o período entre o início Atualmente existem tampões absorventes
de uma menstruação e outra. Esse período dura, internos que levam em conta a anatomia da mulher.
em média 28 dias, mas pode ser mais curto ou Em caso de dúvidas é melhor conversar com o
mais longo. ginecologista. Os tampões permitem, por exemplo,
que a pessoa pratique natação ou vá a praia durante
A primeira menstruação se chama menarca
o período da menstruação. Os absorventes externos
e, na maioria das vezes ocorre entre 11 e 13 anos,
são encontrados em mais de um padrão de largura e
embora não exista uma idade determinada para
comprimento, adequados às diferentes intensidades
isso. A menstruação representa o início da vida
do fluxo menstrual.
fértil, isto é, o período em que a mulher pode, se
não houver problemas, engravidar. É bom lembrar que os primeiros ciclos
menstruais não costumam ser regulares. Além disso,
Por volta dos 50 anos o “estoque” de
preocupações, ansiedade e má alimentação,
óvulos se esgota, pois alguns foram liberados nas
algumas vezes atrasam ou até suspendem as
ovulações e outros se degeneraram. Cessam as
menstruações. A ausência de menstruação
menstruações e, com isso a fertilidade da mulher.
também é um dos primeiros sinais de gravidez.
Nessa fase, denominada menopausa, grande parte
das mulheres sentem desconforto por conta da A nidação
redução de hormônios. Esse desconforto é
O embrião, parecido com uma “bolinha” de
marcado principalmente por aumento da sensação
células, chega ao útero. Lá ele se implanta, isto é, se
de calor corporal e pode ser diminuído com
fixa na mucosa uterina, aproximadamente oito dias
tratamento médico.
após a fecundação. Essa fixação na mucosa uterina
A menstruação pode vir acompanhada de chama-se nidação.
cólicas. Se as dores forem leves, atividades físicas
orientadas, técnicas de relaxamento bolsa de água O pequeno embrião, formado a partir do
zigoto, poderá se desenvolver no útero, protegido
quente sobre o ventre e chás podem ser de grande
por membranas e pelo líquido amniótico. Logo nas
ajuda. Caso as cólicas sejam intensas e dolorosas,
primeiras semanas de gravidez, forma-se a placenta.
é recomendado procurar um ginecologista, que
pode ajudar a solucionar esse problema. A importância da placenta
Durante a menstruação o cuidado com a A placenta é formada por tecidos do embrião
higiene deve ser redobrado. O sangue eliminado e do útero materno e é típica do organismo dos
não é sujo, mas, em contato com o ar, pode animais mamíferos. A placenta se liga ao embrião
provocar mau cheiro e se transformar em um meio pelo cordão umbilical, que possui vasos por onde
propício para o desenvolvimento de micróbios. A circulam o sangue com o oxigênio e os nutrientes (os
rotina não deve ser alterada. Tomar banho, lavar quais vão da mãe para o feto), e o gás carbônico e
os cabelos, fazer ginástica, dançar, tomar os restos dos nutrientes não-utilizados (estes vão do
sorvete não faz mal algum. Os absorventes feto para a mãe).
descartáveis são os mais indicados, e a troca deles
deve ser regular, de acordo com a intensidade do A gestante que fuma ou que faz uso do
fluxo sanguíneo. álcool ou outras drogas, inclusive certos remédios,
pode ter a placenta pequena, comprometendo o
desenvolvimento do feto. Durante toda a gravidez, o
feto cresce e fica protegido dentro do útero materno.
O umbigo marca o lugar por onde a criança esteve
ligada à sua mãe através do cordão umbilical.
Nas doze primeiras semanas é formada a
maioria dos órgãos, entre eles o coração, os pulmões
e os rins. No restante do período de gestação, ocorre
o crescimento e o fortalecimento do feto, tornando-o
apto à vida no ambiente externo ao útero. Em geral,
Tipo de absorvente externo são necessários nove meses (cerca de 40
As mulheres podem, alguns dias antes da semanas), para que o bebê esteja pronto para
menstruação, perceber que os seios estão nascer.
inchados e doloridos, sentir-se irritada, com O parto
vontade de chorar. Quando isso ocorre, elas
podem estar com tensão pré-menstrual (TPM), Depois de aproximadamente nove meses
nome dado a um confundo de várias sensações cerca de 40 semanas após o ato da fecundação, o
desagradáveis que acomete algumas mulheres e feto já se desenvolveu e está pronto para viver no
parece, segundo alguns estudos, estar relacionado ambiente externo ao útero materno, que não tem
aos hormônios. Nesse caso, deve-se procurar um mais condições de mantê-lo e protegê- lo. Está na
médico, que vai aconselhar o que fazer para hora de nascer.
diminuir ou eliminar os sintomas da TPM.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
De modo geral, a hora do parto é cercada Cesariana
de muita expectativa, ansiedade e até medo, o
A cesariana é um procedimento cirúrgico
que acarreta numa grande excitação da gestante
com anestesia, em que se faz uma incisão (corte)
principalmente daquela que está dando à luz o seu
horizontal, na barriga da mãe, alguns centímetros
primeiro filho.
abaixo do umbigo. Por meio dele, retiram-se o bebê
Durante a gravidez, a gestante deve fazer o e a placenta.
acompanhamento pré-natal em postos de saúde,
A cesariana é indicada especialmente
hospitais etc. O ginecologista/ obstetra dará
quando o bebê não está em posição favorável;
orientações corretas que ajudarão a acompanhar e
quando ele está sofrendo; quando não há dilatação
perceber os sinais que precedem a hora do parto, o
do colo do útero; se a mãe está correndo o risco; se
nascimento do bebê (contrações regulares do
é hipertensa. Como os demais tipos de cirurgia, não
útero, rompimento da “bolsa d’água”, muco ou
deve ser uma prática indiscriminada, feita sem
pequena quantidade de sangue expelida pela
necessidade ou orientação médica.
vagina, etc.). O médico também informará qual o
tipo de parto á melhor indicado para a gestante.
Parto "normal" ou "natural"
O trabalho de parto geralmente inicia
quando o desenvolvimento do feto está completo.
Determinados hormônios da mãe estimulam o útero
a se contrair, até expulsar o bebê.
Essas contrações provocam a dilatação do
colo do útero. O colo do útero, ou colo uterino, é a
parte do útero que se comunica com a vagina. A O sistema digestório humano
sua posição é no fundo do canal vaginal. No
Para viver, crescer e manter o nosso
momento do parto, é essa porção que dilata, dando
organismo, precisamos consumir alimentos.
passagem ao feto nascer. Por isso a vagina
também é chamada de canal de parto. Na Mas o que acontece com os alimentos que
maioria dos casos, nas últimas semanas de ingerimos? Como os nutrientes dos alimentos,
gestação o bebê se vira, colocando a cabeça na chegam às células do nosso corpo?
parte mais larga da pélvis da mãe. A cabeça se
apresenta, assim, em primeiro lugar, o que facilita o Para permanecer vivos, renovar
parto. continuamente as células, desenvolver o nosso
corpo e manter as atividades vitais, necessitamos de
alimentos, pois são eles que fornecem energia para o
nosso corpo.
Estrutura do sistema digestório
Após uma refeição, os nutrientes presentes
nos alimentos devem chegar às células. No entanto,
a maioria deles não as atinge diretamente. Precisam
ser transformadas para então, nutrir o nosso corpo.
Isto porque as células só conseguem absorver
nutrientes simples e esse processo de
“simplificação” recebe o nome de digestão.
As enzimas digestórias
O nosso corpo produz vários tipos de
enzimas digestórias. Cada tipo de enzima é capaz de
digerir somente determinada espécie de molécula
presente nos alimentos. Assim, as amilases ação as
enzimas que atuam somente sobre o amido; as
proteases agem sobre as proteínas; as lípases
sobre os lipídios, e assim por diante.
Há substâncias que nenhuma enzima
humana é capaz de digerir. Uma delas é a
celulose, que participa da formação da parede das
células vegetais. Como a celulose é uma molécula
grande demais para ser absorvida e não é digerida,
ela é eliminada com as fezes.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Tubo digestório Dentes
O tubo digestório é composto pelos Os dentes cortam, prendem e trituram os
seguintes órgãos: boca, faringe, esôfago, alimentos. Em um ser humano adulto, existem 32
estômago, intestino delgado e intestino grosso. dentes, dezesseis em cada arco dental, assim
distribuídos:
Boca
Quatro incisivos – localizados na frente,
A boca é a primeira estrutura do sistema
dois do lado esquerdo e dois do lado direito, que
digestório. Experimente abrir a sua boca. A
cortam os alimentos;
abertura que se forma entre o lábio superior e o
inferior se chama fenda bucal. Ela serve de Dois caninos – também chamados de
comunicação do tubo digestório com o meio “presas”, um de cada lado, que perfuram os
externo; é por ela que entram os alimentos. O “céu alimentos;
da boca” é também chamado de véu palatino ou
Quatro pré-molares – dois de cada lado -
palato duro. Mais para o fundo está a
, que trituram os alimentos;
“campainha” ou úvula palatina.
Seis molares – três de cada lado -, que
O arco dental superior e o arco dental
também trituram os alimentos; destes, o terceiro ou
inferior são as estruturas em forma de arco em que
último molar (o dente do siso) pode nunca vir a
os dentes estão dispostos e fixos.
nascer.
O assoalho da boca é ocupado pela língua.
O dente é, basicamente, formado de três
Ela contribui para a mistura dos alimentos com a
partes:
saliva, mantém o alimento junto aos dentes,
empurra o alimento para a faringe, limpa os Raiz – parte do dente presa aos ossos da
dentes e é o órgão importante da fala. A língua face (maxilas e mandíbulas);
apresenta ainda as papilas linguais, estruturas
Coroa – a parte branca visível do dente;
responsáveis pela gustação.
Colo – a parte localizada entre a raiz e a
coroa.
Se você pudesse cortar um dente
verticalmente ao meio, veria o seguinte:
Polpa do dente – substância mole e
vermelha, formada por tecido conjuntivo; é rica em
nervos e vasos sanguíneos;
Dentina ou “marfim” – substancia
dura e sensível; contém sais de cálcio e envolve a
polpa do dente;
Esmalte – formado por sais de cálcio,
envolve a dentina na região da coroa; na raiz a
dentina é revestida pelo cimento. O esmalte é a
substância que faz do dente uma das partes mais
duras do nosso corpo. É a parte do corpo com maior
grau de mineralização (concentração de sais
minerais). Ao longo do tempo ele pode ser corroído
por ácidos que se formam na boca. Escovar os
dentes após cada refeição é, portanto, uma maneira
de protegê-los. O bebê, ao nascer, não possui
dentes. Mas eles estão em desenvolvimento,
internamente nos ossos. Por volta dos seis meses,
os dentes começam a apontar, rompendo a gengiva.
Primeiro surgem os incisivos, depois os caninos e,
Anexas à boca estão três pares de por fim os molares.
glândulas salivares, que são órgãos produtores
de saliva.
A saliva contém uma enzima do tipo
amilase, chamada ptialina, que age sobre o amido
e o transforma em maltose, uma variedade de
açúcar formada pela união de duas moléculas de
glicose.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Forma-se assim a primeira dentição ou deglutido. Após o ato de engolir, o bolo alimentar
dentição de “leite”. Ela estará completa em torno passa pela faringe e chega ao esôfago.
dos cinco anos de idade e compreende vinte
Faringe
dentes: oito incisivos, quatro caninos e oito
molares. Não há pré-molares. A faringe é um órgão cavitário alongado em
forma de funil, situado logo a pós a boca. Ela se
Mas essa dentição não é permanente. Os
comunica com a boca, com as cavidades nasais,
dentes permanentes vão se desenvolvendo
com a laringe e com o esôfago. Quando o alimento
internamente, na estrutura óssea. Por volta dos
chega à faringe, os músculos de sua parede se
sete anos, os primeiros dentes “de leite” começam
contraem e empurram o alimento para o esôfago.
a cair, dando lugar aos permanentes. Assim, pouco
a pouco, a dentição permanente vai se formando. Quando o alimento chega à faringe, os
músculos de sua parede se contraem e empurram o
Possuímos então duas dentições: a
alimento para o esôfago. Na região entre a boca e a
decídua (“de leite”), que começa a cair por volta
faringe encontram-se as tonsilas palatinas
dos sete anos de idade; a permanente, que se
(amídalas) direita e esquerda. São órgãos de
completa por volta dos vinte anos de idade.
defesa do corpo.
Carie Dental
Esôfago
A atividade fermentativa de
O esôfago é um órgão em forma de tubo,
microorganismos, decompondo resíduos
com paredes flexíveis e que mede aproximadamente
alimentares que ficam retidos nos espaços entre os
25 centímetros de comprimento. Em sua parede
dentes, produz substâncias ácidas. Em contato com
superior, ele se comunica com a faringe; em sua
o dente essas substâncias provocam corrosão na
parte inferior, comunica-se com o estômago. Por
superfície causando a cárie.
meio de movimentos peristálticos, o esôfago empurra
No início da cárie, formam-se brechas o alimento para o estômago.
microscópicas na superfície do dente, por onde
Movimentos peristálticos
microorganismos se infiltram e atacam a
dentina. Com o tempo, essas brechas dão lugar a A deglutição é um movimento voluntário, isto
cavidades visíveis a olho nu. é, executamos conscientemente o ato de engolir. A
partir daí, os movimentos peristálticos conduzem o
Para evitar a cárie dental, é preciso tomar
bolo alimentar pelo tubo digestório. Esses
os seguintes cuidados:
movimentos são involuntários, isto é, independem da
Escovar os dentes todos os dias, logo nossa vontade. São contrações dos músculos
após as refeições e à noite ao deitar. Os dentes situados no esôfago, no estômago e nos intestinos,
devem ser escovados com movimentos suaves, onde são mais intensos. Além de empurrar o
circulares e verticais da escova alimento ao longo do tubo digestório, promovem a
sua mistura.
Passar o fio dental ou fita para retirar
os resíduos que ficam entre os dentes e que não Os movimentos peristálticos participam da
foram retirados com a escovação. digestão mecânica, fazendo com que o bolo
alimentar seja empurrado do esôfago para o
Ir periodicamente ao dentista fazer
estômago. Uma válvula, a cárdia, regula essa
uma revisão e limpeza mais completa nos dentes,
passagem do alimento.
além da aplicação do flúor ou outro tratamento
determinado pelo dentista. Válva: diminutivo de válvula, é uma estrutura
mecânica e biológica que possibilita regular ou
Quando tratadas logo de início as cáries
interromper a passagem de uma substância de um
são faces de remover.
local para outro. Um bom exemplo é o esfíncter,
válvula que regula a passagem das fezes pelo ânus.
Digestão no estômago
No estômago, os movimentos peristálticos
misturam o bolo alimentar ao suco gástrico,
produzido pelas glândulas da mucosa. Esse suco
contém ácido clorídrico, que mantém a acidez
estomacal, dando condição favorável ao trabalho das
enzimas do estômago.
Da boca para o estômago
A pepsina, a principal enzima do estômago,
Deglutição atua na transformação das proteínas, intensificando
Após a mastigação e a salivação, forma-se a digestão química, que continuará no intestino.
o que chamamos de bolo alimentar, que é O suco alimentar resultante da digestão gástrica é
denominada quimo; por isso, a digestão gástrica é
também denominada quimificação. Através de outra
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
válvula – o piloro -, é regulada a passagem do O destino dos alimentos
quimo para o intestino.
O quilo, produto da digestão, é composto
pelos nutrientes transformados em moléculas muito
pequenas, mais as vitaminas e sais minerais. As
substâncias que formam o quilo podem ser
absorvidas pelo organismo, isto é, atravessam as
células do intestino, por meio das vilosidades do
intestino delgado.
Com isso, ocorre a passagem das
substâncias nutritivas para os capilares sanguíneos –
ocorre a absorção dos nutrientes. O que não é
absorvido, parte da água e massa alimentar,
formada principalmente pelas fibras, passa para o
intestino grosso.

Digestão no intestino delgado

No intestino delgado, ocorre a maior parte
da digestão dos nutrientes, bem como a sua
absorção, ou seja, a assimilação das substâncias
nutritivas.
No duodeno, são lançadas as secreções
do fígado e do pâncreas. Nessa primeira porção do
intestino delgado, é realizada principalmente, a
digestão química – com a ação conjunta da bile, do
suco pancreático e do suco entérico ou intestinal
atuando sobre o quimo.
Na digestão química, há a ação dessas
secreções:
Bile – secreção do fígado armazena na Intestino grosso
vesícula biliar. Ela é lançada no duodeno através
Após a digestão no intestino delgado, o que
de um canal e não contém enzimas digestivas; mas
resta do quilo chega ao intestino grosso. Este
os sais biliares separam as gorduras em partículas
absorve a água e os sais minerais ainda presentes
microscópicas, funcionando de modo semelhante a
nos resíduos alimentares, levando-os, então, para a
um detergente. Isso facilita a ação das enzimas
circulação sanguínea.
pancreáticas sobre os lipídios.
Algumas bactérias intestinais fermentam e
Suco pancreático – É produzido pelo
assim decompõem resíduos de alimentos e
pâncreas. Possui várias enzimas que atuam n
produzem vitaminas (a vitamina K e algumas
digestão das proteínas, dos carboidratos e dos
vitaminas do complexo B), que são aproveitadas pelo
lipídios.
organismo. Nessas atividades, as bactérias
Suco entérico – é produzido pela produzem gases – parte deles é absorvida pelas
mucosa intestinal. Possui enzimas que atuam na paredes intestinais e outra é eliminada pelo ânus.
transformação, entre outras substâncias, das
O material que não foi digerido, as fibras,
proteínas e dos carboidratos.
por exemplo, forma as fezes que são acumuladas no
Ao término do processo digestório no reto e, posteriormente, empurradas por movimentos
intestino delgado, o conjunto de substâncias musculares ou peristálticos para fora do ânus. É
resultantes forma um líquido viscoso de cor branca quando sentimos vontade de defecar, ou seja,
denominado quilo. eliminar as fezes.
A digestão continua no jejuno e no íleo. Concluídas todas as etapas da digestão, os
nutrientes que chegam à circulação sanguínea são
distribuídos a todas as células, e assim são utilizados
pelo organismo.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O caminho do alimento A glicose é um os principais “combustíveis”
utilizados pelas células vivas na respiração. Observe
O quadro abaixo serve para fixar as etapas
o que ocorre nas nossas células:
de digestão. Analise-o atentamente e procure
identificar e cada um dos seus elementos as etapas Glicose + gás oxigênio ----> gás carbônico
aprendidas da digestão. + água + energia
Enzima Local de Substância- Ação É esse tipo de fenômeno que ocorre sem
digestória produção alvo parar no interior das células viva, liberando a energia
que garante a atividade dos nossos órgãos por meio
ptialina glândulas amido Decompõe do trabalho das células.
salivares amido em A respiração pode ser entendida sob dois
maltoses aspectos:
pepsina estômago proteínas Decompõe O mecanismo por meio da qual a energia
proteínas em química contida nos alimentos é extraída nas
fragmentos mitocôndrias e usada para manter o organismo em
menores atividades, esse mecanismo é a respiração celular;
sacarase intestino sacarose Decompõe a
delgado sacarose em O conjunto de processos de troca do
glicose e organismo com o ambiente externo que permite a
frutose. obtenção de gás oxigênio e a eliminação do gás
carbônico.
lactase intestino lactose Decompõe a
Estudaremos a respiração segundo esse
delgado lactose em
último aspecto. Veremos, portanto, como o gás
glicose e
oxigênio é absorvido do ar atmosférico e chega às
galactose.
nossas células; e como o gás carbônico produzido
lipase pâncreas lipídios Decompões durante a respiração celular é eliminado do
lipídios em organismo.
ácidos graxos e O sistema respiratório
gliceróis.
O sistema respiratório humano é formado
tripsina pâncreas proteínas Decompõe pelos seguintes órgãos, em sequência: nariz,
proteínas em faringe, laringe, traqueia, brônquios e pulmões.
fragmentos Na respiração ocorrem dois tipos de
menores movimento: a inspiração e a expiração de ar. Na
inspiração, o ar atmosférico penetra pelo nariz e
amilase pâncreas amido Decompõe chega aos pulmões; na expiração, o ar presente nos
pancreática amido em pulmões é eliminado para o ambiente externo.
maltoses
O ar entra em nosso corpo por duas
maltase intestino maltoses Decompõe cavidades existentes no nariz: as cavidades nasais
delgado maltose em direita e esquerda. Elas são separadas
glicoses livres completamente por uma estrutura chamada septo
nasal; comunicam-se com o exterior pelas aberturas
peptidase intestino fragmentos Decompõe os
denominadas narinas e com a faringe pelos cóanos.
delgado de proteínas fragmentos
As cavidades nasais são revestidas internamente
prtéicos em
pela mucosa nasal. Essa mucosa contém um
aminoácidos.
conjunto de pelos junto as narinas e fabrica uma
A respiração secreção viscosa chamada muco.

A respiração ocorre dia e noite, sem parar. Os pelos e o muco atuam como filtros
Nós podemos sobreviver determinado tempo sem capazes de reter microrganismos e partículas sólidas
alimentação, mas não conseguimos ficar sem diversas que penetram no nariz com o ar. Por isso,
respirar por mais de alguns poucos minutos. Você devemos inspirar pelo nariz e não pela boca: o ar
sabe que todos os seres vivos precisam de energia inspirado pelo nariz chega aos pulmões mais limpo
para viver e que essa energia é obtida dos do que o ar inspirado pela boca. Além de filtrado, o
alimentos. O nosso organismo obtém energia dos ar é também adequadamente aquecido e
alimentos pelo processo da respiração celular, umidificado no nariz.
realizada nas mitocôndrias, com a participação do Órgãos do sistema respiratório
gás oxigênio obtido no ambiente.
Faringe: é um canal comum aos sistemas
digestório e respiratório e comunica- se com a boca
e com as fossas nasais. O ar inspirado pelas narinas

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ou pela boca passa necessariamente pela faringe, atmosfera. Ao mesmo tempo, o sangue elimina gás
antes de atingir a laringe. carbônico no interior dos alvéolos; esse gás é então
expelido do corpo por meio da expiração.
Laringe: é um tubo sustentado por peças
de cartilagem articuladas, situado na parte superior
do pescoço, em continuação à faringe. O pomo-de-
adão, saliência que aparece no pescoço, faz parte
de uma das peças cartilaginosas da laringe. A
entrada da laringe chama-se glote. Acima dela
existe uma espécie de “lingueta” de cartilagem
denominada epiglote, que funciona como válvula.
Quando nos alimentamos, a laringe sobe e sua
entrada é fechada pela epiglote. Isso impede que o
alimento ingerido penetre nas vias respiratórias.
O epitélio que reveste a laringe apresenta
pregas, as cordas vocais, capazes de produzir
sons durante a passagem de ar.
Traquéia: é um tubo de aproximadamente
1,5 cm de diâmetro por 10- 12 centímetros de
comprimento, cujas paredes são reforçadas por
anéis cartilaginosos. Bifurca-se na sua região
inferior, originando os brônquios, que penetram
nos pulmões. Seu epitélio de revestimento muco-
ciliar adere partículas de poeira e bactérias
presentes em suspensão no ar inalado, que são
posteriormente varridas para fora (graças ao
movimento dos cílios) e engolidas ou expelidas.
Pulmões: Os pulmões humanos são
órgãos esponjosos, com aproximadamente 25 cm Os movimentos respiratórios
de comprimento, sendo envolvidos por uma Na inspiração, o diafragma e os músculos
membrana serosa denominada pleura. Nos intercostais se contraem. Ao se contrair, o diafragma
pulmões os brônquios ramificam-se profusamente, desce e a cavidade torácica aumenta de volume
dando origem a tubos cada vez mais finos, os verticalmente. Quando os músculos intercostais
bronquíolos. O conjunto altamente ramificado de contraem, eles levam as costelas e o volume da
bronquíolos é a árvore brônquica ou árvore cavidade torácica aumenta horizontalmente. Com o
respiratória. aumento do volume do tórax, a pressão do ar no
Cada bronquíolo termina em pequenas interior da cavidade torácica e dos pulmões diminui.
bolsas formadas por células epiteliais achatadas Então, a pressão do ar atmosférico torna-se maior
(tecido epitelial pavimentoso) recobertas por que a pressão do ar interno, e o ar atmosférico
capilares sanguíneos, denominadas alvéolos penetra no corpo indo até os alvéolos pulmonares: é
pulmonares. a inspiração.

Diafragma: A base de cada pulmão apoia- Num segundo movimento, o diafragma e os

se no diafragma, órgão músculo- membranoso que músculos intercostais relaxam, diminuindo o volume
separa o tórax do abdômen, presente apenas em da cavidade torácica. Então, a pressão do ar interno
mamíferos, promovendo, juntamente com os (no interior dos pulmões) aumenta, tornando-se
músculos intercostais, os movimentos respiratórios. maior que a pressão atmosférica. Assim, o ar sai do
Localizado logo acima do estômago, o nervo frênico corpo para o ambiente externo: é a expiração.
controla os movimentos do diafragma Nos alvéolos pulmonares, o gás oxigênio,
O trabalho dos alvéolos pulmonares presente no ar inspirado, passa para o sangue que é
então distribuído pelas hemácias a todas as células
Os alvéolos são estruturas elásticas, vivas do organismo. Ao mesmo tempo, as células
formadas por uma membrana bem fina e envolvida vivas liberam gás carbônico no sangue. Nos
por uma rede de vasos capilares sanguíneos. pulmões, o gás carbônico passa do sangue para o
Existem milhões de alvéolos em cada interior dos alvéolos e é eliminado para o ambiente
pulmão. É em cada um deles que ocorrem as externo por meio da expiração.
trocas gasosas entre o pulmão e o sangue. Nos A regulação da respiração
alvéolos ocorre uma difusão dos gases por
diferença de concentração e, consequentemente, As pessoas conseguem ficar alguns
da pressão dos gases. O sangue que chega aos segundos sem respirar. Também é possível respirar
alvéolos absorve o gás oxigênio inspirado da mais rápido ou mais devagar. Nessas situações, a
respiração é controlada voluntariamente, isto é,
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
conforme a vontade da pessoa, e a atividade do A doença é altamente contagiosa, sua
diafragma e dos músculos intercostais é regulada transmissão se dá através das partículas da saliva de
por uma região do cérebro da pessoa. uma pessoa infectada, expelidas através da
respiração, da fala, da tosse e dos espirros. Além
Entretanto, quando uma pessoa não está
disso, o período de incubação da gripe é em média
“pensando” na respiração ou quando está
de 2 dias.
dormindo, por exemplo, a atividade do diafragma e
dos músculos intercostais é regulada por um Os sintomas da doença são: mal-estar, febre
órgão do sistema nervoso chamado bulbo, situado elevada (38-39ºC), arrepios, dores musculares, dor
um pouco abaixo do cérebro. Esse controle é de cabeça, corrimento nasal, entupimento nasal. A
involuntário, independe da nossa vontade. O bulbo gripe pode se tornar grave, principalmente para as
apresenta um grupo de neurônios que controla o pessoas idosas, gestantes ou debilitadas por
ritmo respiratório. doenças crônicas.
Uma pessoa não pode prender a A gripe normalmente acaba de forma natural,
respiração, além de algum tempo, mesmo que resultado da capacidade imunológica de cada
queira. Parando de respirar, o gás carbônico deixa indivíduo. É recomendável descansar bastante e se
de ser eliminado pelo sangue da pessoa para o alimentar bem; beber muito líquido, como sumos de
ambiente externo. A concentração desse gás frutas ou água; umedecer os ambientes na medida
aumenta no sangue e, ao atingir determinado do possível; usar lenços ao tossir ou espirrar para
nível, o bulbo volta a comandar a respiração, evitar a contaminação de outras pessoas e procurar
regulando a atividade de contração e relaxamento orientação médica.
do diafragma e dos músculos intercostais. A pessoa
Bronquite
então reinicia a respiração, mesmo que não queira.
Bronquite é a inflamação dos brônquios
A saúde humana e o sistema respiratório
que ocorre quando seus minúsculos cílios param de
Como vimos, o oxigênio contido no ar eliminar o muco presente nas vias respiratórias. Esse
atmosférico chega ao interior do nosso corpo pelo acúmulo de secreção faz com que os brônquios
sistema respiratório. fiquem permanentemente inflamados e contraídos. A
bronquite pode ser aguda ou crônica. A diferença
Com o ar, além do oxigênio podem ser
consiste na duração e agravamento das crises, que
absorvidas outras substâncias, partículas de poeira,
são mais curtas (uma ou duas semanas) na
fuligem, e até seres vivos microscópicos, como os
bronquite aguda, enquanto, na crônica, não
vírus e as bactérias, capazes de causar danos à
desaparecem e pioram pela manhã.
nossa saúde. Algumas impurezas são “filtradas” m
diversos órgãos do sistema respiratório, mas outras A bronquite aguda é causada geralmente por
conseguem passar até os pulmões, provocando vírus, embora, em alguns casos, possa ser uma
doenças. As doenças mais comuns que atingem o infecção bacteriana. O cigarro é o principal
sistema respiratório podem ser de natureza responsável pelo agravamento da doença. Poeiras,
infecciosa ou alérgica. poluentes ambientais e químicos também pioram o
quadro.
Doenças infecciosas
A bronquite crônica instala-se como extensão
Gripe e resfriado
da bronquite aguda e pode ser provocada
A gripe é uma doença bastante comum e unicamente pela fumaça do cigarro. Por isso, é
infecciosa, causada pelo vírus Influenza, conhecida por “tosse dos fumantes”, por ser rara
descoberto em 1933. Existem relatos da gripe entre não-fumantes.
desde o século V a.C, no tempo de Hipócrates. Daí
Tanto na forma aguda quanto na crônica, a
em diante foram feitos vários relatos descrevendo a
tosse é o principal sintoma da bronquite. Tosse seca
morte de milhões de pessoas em consequência da
ou produtiva podem ser manifestações da bronquite
gripe. Essas epidemias eram vistas no passado,
aguda. Na crônica, porém, a tosse é sempre
como uma consequência da influência dos astros,
produtiva e a expectoração, espessa. Falta de ar e
daí surgiu o nome do vírus: Influenza.
chiado são outros sintomas da doença.
Já ocorreram algumas sérias epidemias de
Sistema circulatório
gripe ao longo da história, como a gripe espanhola,
asiática e a de Hong Kong. Baseando-se nos O coração e os vasos sanguíneos e o
resultados das três maiores pandemias da história, sangue formam o sistema cardiovascular ou
soma-se mais de 1,5 milhões de pessoas mortas e circulatório. A circulação do sangue permite o
um prejuízo de 32 bilhões de dólares. De fato, hoje transporte e a distribuição de nutrientes, gás oxigênio
em dia a gripe não é uma doença preocupante, e hormônios para as células de vários órgãos. O
visto que a doença evolui, na generalidade, de sangue também transporta resíduos do metabolismo
forma benigna, sem necessidade de grandes para que possam ser eliminados do corpo.
medidas terapêuticas, além de existir vacina para
sua prevenção.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O coração Miocárdio – é o músculo responsável
pelas contrações vigorosas e involuntárias do
O coração de uma pessoa tem o tamanho
coração; situa-se entre o pericárdio e o endocárdio.
aproximado de sua mão fechada, e bombeia o
sangue para todo o corpo, sem parar; localiza-se Quando, por algum motivo, as artérias
no interior da cavidade torácica, entre os dois coronárias – ramificações da aorta – não conseguem
pulmões. O ápice (ponta do coração) está voltado irrigar corretamente o miocárdio, pode ocorrer a
para baixo, para a esquerda e para frente. O peso morte (necrose) de células musculares, o que
médio do coração é de aproximadamente 300 caracteriza o infarto do miocárdio.
gramas, variando com o tamanho e o sexo da
Existem três tipos básicos de vasos
pessoa.
sanguíneos em nosso corpo: artérias, veias e
Observe o esquema do coração humano, capilares.
existem quatro cavidades:
Artérias
Átrio direito e átrio esquerdo, em sua
As artérias são vasos de paredes
parte superior;
relativamente espessa e muscular, que transporta
Ventrículo direito e ventrículo sangue do coração para os diversos tecidos do
esquerdo, em sua parte inferior. corpo. A maioria das artérias transporta sangue
oxigenado (rico em gás oxigênio), mas as artérias
O sangue que entra no átrio direito passa
pulmonares transportam sangue não oxigenado
para o ventrículo direito e o sangue que entra no
(pobre em gás oxigênio) do coração até os pulmões.
átrio esquerdo passa para o ventrículo esquerdo.
A aorta é a artéria mais calibrosa (de maior diâmetro)
Um átrio não se comunica com o outro átrio, assim
do corpo humano.
como um ventrículo não se comunica com o outro
ventrículo. O sangue passa do átrio direito para o Veias
ventrículo direito através da valva atrioventricular
As veias são vasos de paredes relativamente
direita; e passa do átrio esquerdo para o ventrículo
fina, que transportam sangue dos diversos tecidos do
esquerdo através da valva atrioventricular
corpo para o coração. A maioria das veias transporta
esquerda.
sangue não oxigenado, mas as veias pulmonares
transportam sangue oxigenado dos pulmões para o
coração. As veias cavas superior e inferior são as
mais calibrosas do corpo humano.

No esquema abaixo você pode ver o

caminho percorrido pelo sangue em nosso corpo.
O coração humano um órgão cavitário (que Observe-o e acompanhe a explicação.
apresenta cavidade), basicamente constituído por O sangue oxigenado é bombeado pelo
três camadas: ventrículo esquerdo do coração para o interior da
Pericárdio – é a membrana que reveste aorta. Essa artéria distribui o sangue oxigenado para
externamente o coração, como um saco. Esta todo o corpo, através de inúmeras ramificações,
membrana propicia uma superfície lisa e como a artéria coronária, a artéria carótida e a artéria
escorregadia ao coração, facilitando seu movimento braquial.
ininterrupto; Nos tecidos, o sangue libera gás oxigênio
Endocárdio – é uma membrana que e absorve gás carbônico. O sangue não oxigenado
reveste a superfície interna das cavidades do e rico em gás carbônico é transportado por veias
coração; diversas, que acabam desembocando na veia cava
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
superior e na veia cava inferior. Essas veias não “misturado” com sangue não oxigenado, nossas
levam então o sangue não oxigenado até o átrio células recebem uma quantidade suficiente de gás
direito. Deste, o sangue não oxigenado passa para oxigênio, para “queimar” uma quantidade de
o ventrículo direito e daí é transportado até os alimentos capaz de fornecer o calor necessário para
pulmões pelas artérias pulmonares. manter mais ou menos constante a temperatura do
corpo.
Nos pulmões, o sangue libera o gás
carbônico e absorve o gás oxigênio captado do Faça frio, faça calor, nossa temperatura
ambiente pelo sistema respiratório. Esse fenômeno, interna permanece, em condições normais, em
em que o sangue é oxigenado, chama-se torno de 36,5 ºC.
hematose.
Vasos capilares
Então, o sangue oxigenado retorna ao átrio
Os vasos capilares – muito finos (são
esquerdo do coração, transportado pelas veias
microscópicos) e permeáveis – estão presentes nos
pulmonares. Do átrio esquerdo, o sangue
tecidos do corpo humano, cedendo nutrientes, gás
oxigenado passa para o ventrículo esquerdo e daí é
oxigênio e hormônios às células. Além disso,
impulsionado para o interior da aorta, reiniciando o
recolhem gás carbônico e resíduos do metabolismo
circuito.
celular.
Num circuito completo pelo corpo, o sangue
Há capilares arteriais e capilares venosos. As
passa duas vezes pelo coração humano.
artérias se ramificam sucessivamente, formando
Nesse circuito são reconhecidos dois tipos vasos de calibres menores chamados arteríolas.
de circulação: a pequena circulação e a grande Estas continuam se ramificando e formam os
circulação. capilares arteriais. Os capilares venosos, espalhados
pelo nosso corpo, juntam-se até formar vênulas. As
Pequena circulação- Também chamada
vênulas vão se unificando até formar as veias.
circulação pulmonar, compreende o trajeto do
Assim, o sangue circula em nosso organismo por um
sangue desde o ventrículo direito até o átrio
sistema fechado de vasos, pela continuidade dos
esquerdo. Nessa circulação, o sangue passa pelos
capilares venosos e arteriais nos tecidos.
pulmões, onde é oxigenado.
Como o coração funciona
Grande circulação- Também chamada de
circulação sistêmica, compreende o trajeto do Trabalhando como uma espécie de bomba, o
sangue desde o ventrículo esquerdo até o átrio coração se contrai e se dilata. Encostando a orelha
direito; nessa circulação, o sangue oxigenado no peito de um colega, por exemplo, você deverá
fornece gás oxigênio os diversos tecidos do corpo, ouvir facilmente as batidas do coração. A contração
além de trazer ao coração o sangue não oxigenado da musculatura do coração é chamada sístole, o
dos tecidos. relaxamento é chamado diástole. Primeiro ocorre a
sístole dos átrios: o sangue passa para os
Pelo que foi descrito, e para facilitar a
ventrículos. Em seguida, ocorre a sístole dos
compreensão:
ventrículos: o sangue é impelido para as artérias
A aorta transporta sangue oxigenado do pulmonares e para a aorta. Após a sístole, ocorre
ventrículo esquerdo do coração para os diversos a diástole da musculatura cardíaca nos átrios e
tecidos do corpo; nos ventrículos: os átrios se enchem de sangue e o
processo da sístole recomeça.
as veias cavas (superior e inferior)
transportam sangue não oxigenado dos tecidos do Medindo a pressão arterial
corpo para o átrio direito do coração;
Alternando-se ordenadamente, a sístole e a
as artérias pulmonares transportam diástole são responsáveis pelo fluxo de sangue
sangue não oxigenado do ventrículo direito do dentro dos vasos sanguíneos.
coração até os pulmões;
A pressão arterial que se mede é a pressão
as veias pulmonares transportam exercida pelo sangue sobre as paredes da aorta
sangue oxigenado dos pulmões até o átrio após ser lançado pelo ventrículo esquerdo. Ela é
esquerdo do coração. diferente na sístole e na diástole ventricular.
Observe que, pelo lado direito do nosso A pressão arterial máxima corresponde ao
coração, só passa sangue não oxigenado e, pelo momento em que o ventrículo esquerdo bombeia
lado esquerdo, só passa sangue oxigenado. Não sangue para dentro da aorta e esta se distende. Já a
ocorre, portanto, mistura de sangue oxigenado com pressão arterial mínima é a que se verifica no final da
o não oxigenado. diástole do ventrículo esquerdo.
A separação completa entre esses dois A pressão arterial máxima corresponde a 120
tipos de sangue contribui para a manutenção de mm de mercúrio, enquanto a pressão arterial mínima
uma temperatura constante no nosso organismo. corresponde a 80 mm de mercúrio. Estes são os
Sendo os tecidos irrigados por sangue oxigenado,

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
valores normais para a população. Daí falar-se denominado também de sistema imunológico. No
em 120 por 80 ou 12 por 8 para a pressão sangue, há de vários tipos, de diferentes formatos,
normal. tamanhos e formas de núcleo. Eles são: neutrófilos,
monócitos, basófilos, eusinófilos, linfócitos.
Por meio de um aparelho chamado
esfigmomanômetro, a pressão arterial pode ser
medida pelo médico ou profissional habilitado. O
valor da pressão arterial é um dado importante na
avaliação das condições de saúde do sistema
cardiovascular.
Sangue
Você já sabe que o sangue transporta
nutrientes, gases respiratórios, hormônios e
resíduos do metabolismo. Embora o sangue pareça
um líquido vermelho completamente homogêneo,
ao microscópio óptico podemos observar que ele é
constituído basicamente de: plasma, glóbulos
vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas.
O plasma é a porção líquida do sangue,
contém água (mais de 90%), proteínas e sais
Os leucócitos são maiores que as hemácias,
minerais diversos, glicose e vitaminas, entre outras
no entanto a quantidade deles no sangue é bem
substâncias.
menor. Quando o organismo é atacado por vírus ou
Os glóbulos vermelhos bactérias, o número de leucócitos aumenta
significativamente. Atuam na defesa do organismo de
Os glóbulos vermelhos são também
dois modos:
denominados eritrócitos ou hemácias. Veja
novamente o aspecto dessas células na foto ao Fagocitose – nesse processo, as células
lado. sanguíneas de defesa englobam, digerem e
destroem os microrganismos invasores. Fagocitose é
As hemácias são as mais numerosas
uma palavra composta de origem grega, formada por
células sanguíneas. No ser humano, existem cerca
fago, que significa “comer, digerir”, e cito “célula”.
de 5 milhões delas por milímetro cúbito de sangue.
Elas são produzidas na medula óssea vermelha Produção de anticorpos – os anticorpos,
dos ossos. Não possuem núcleo e apresentam a proteínas especiais, neutralizam a ação das
forma de disco côncavo em ambos os lados. A substâncias tóxicas produzidas pelos seres invasores
forma discóide e a concavidade em ambos os lados ou presentes em alimentos e substâncias diversas.
garantem uma superfície relativamente grande para
O pus que geralmente se acumula no local
a captação e a distribuição de gás oxigênio.
de um machucado é formado pelo conjunto de
A cor vermelha das hemácias se deve à leucócitos, de microrganismos mortos, e também o
presença do pigmento hemoglobina. O gás oxigênio líquido que sai dos capilares nos pontos infectados,
se combina com a hemoglobina, formando a provocando inchaço.
oxiemoglobina. Nos tecidos, essa combinação é
desfeita e o gás oxigênio passa para o interior das
células. Assim, as hemácias promovem o
transporte e a distribuição de gás oxigênio para
todas as partes do corpo.
As hemácias duram cerca de 90 a 120
dias. Após esse período elas envelhecem e
morrem e na própria medula óssea são repostas.
Os glóbulos brancos
Os glóbulos brancos ou leucócitos são as Microscopia eletrônica mostrando as
células de defesa do organismo que destroem os hemácias (em vermelho) e um glóbulo branco (em
agentes estranhos, por exemplo, as bactérias, os branco).
vírus e as substâncias tóxicas que atacam o nosso O tempo de vida dos leucócitos ou glóbulos
organismo e causam infecções ou outras doenças. brancos varia. Em período de intensa atuação em
Leucócito é uma palavra composta, de origem defesa do organismo, duram horas e até dias.
grega, que significa “célula branca”: leuco significa
“branco” e cito, “célula”. Anticorpos, vacinas e soros
Os leucócitos constituem o principal agente As vacinas são produtos constituídos por
do sistema de defesa do nosso organismo, microorganismos mortos ou atenuados
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
(enfraquecidos) ou, ainda, por toxinas produzidas
por esses microorganismos inativadas em
laboratório. Assim, as vacinas contêm antígenos
incapazes de provocar a doença, mas capazes de
induzir o nosso organismo a produzir anticorpos,
Dessa forma, se o indivíduo, depois de vacinado,
entrar em contato com esses microrganismos, o
corpo já terá anticorpos suficientes para sua
defesa.
É importante que todas as crianças
sejam vacinadas segundo recomendações
médicas. Nos postos de saúde são aplicadas
vacinas contra muitas doenças, como a
tuberculose, o tétano, a difteria, a coqueluche, o
sarampo e a paralisia infantil. É necessário que os
pais levem seus filhos para tomarem as vacinas na As plaquetas
época certa. Quando tomadas adequadamente, as
vacinas imunizam a pessoa contra às doenças as As plaquetas são fragmentos celulares bem
quais se destinam. menores que as células sanguíneas, ou seja,
menores que as hemácias e os leucócitos. As
plaquetas atuam na coagulação do sangue. Quando
há um ferimento com rompimento do vaso
sanguíneo, ocorre uma série de eventos que
impedem a perda de sangue.
A coagulação ou formação de coágulo, que
faz parte desse processo, se dá quando filamentos
de uma proteína do plasma transformada, formam
uma espécie de rede e impedem a passagem do
sangue. O coágulo evita hemorragia, isto é, a perda
Entretanto, o corpo de uma pessoa pode
de sangue que pode ocorrer na superfície do corpo
ser invadido por um microorganismo contra o qual
ainda não está protegido. Suponha que a ação – por exemplo, na pele do braço ou da mão –
desse microorganismo seja rápida e devastadora e ou nos órgãos internos, como estômago e intestino.
que a pessoa não tenha tempo hábil para produzir À medida que o vaso sanguíneo vai se cicatrizando,
anticorpos. Nesse caso, é preciso que a pessoa o coágulo seca e é reabsorvido pelo organismo.
receba o soro terapêutico, que já contém os
anticorpos necessários à inativação dos antígenos.
A ciência moderna dispõe de soros
terapêuticos contra a ação de toxinas produzidas
por certos microorganismos (exemplo: soro
antitetânico, que combate o tétano, doença
causada por um tipo de bactéria), e também contra
toxinas presentes no veneno de certos animais,
como cobras peçonhentas (soro antiofídico).
Assim, enquanto as vacinas contêm antígenos e
induzem o organismo a produzir anticorpos, os
soros já contêm anticorpos prontos. As vacinas,
graças às “células de memória”, que podem
garantir uma imunidade duradoura; os soros
curam a doença, proporcionando uma proteção
rápida, mas temporária.

Os grupos sanguíneos
O fornecimento seguro de sangue de um
doador para um receptor requer o conhecimento dos

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
grupos sanguíneos. Estudaremos dois sistemas de
B B anti-A
classificação de grupos sanguíneos na espécie
humana: os sistemas ABO e Rh. Nos seres
humanos existem os seguintes tipos básicos de AB AeB Não possui
sangue em relação aos sistema ABO: grupo A,
grupo B, grupo AB e grupo O.
O Não possui anti-A e anti-B
Cada pessoa pertence a um desses grupos
sanguíneos. Nas hemácias humanas podem existir
A existência de uma substância denominada
dois tipos de proteínas: o aglutinogênio A e o
fator Rh no sangue é outro critério de classificação
aglutinogênio B. De acordo com a presença ou não
sanguínea. Diz-se, então, que quem possui essa
dessas hemácias, o sangue é assim classificado:
substância no sangue é Rh positivo; quem não a
Grupo A – possui somente o possui é Rh negativo. O fator Rh tem esse nome
aglutinogênio A; por ter sido identificado pela primeira vez no sangue
de um macaco Rhesus.
Grupo B – possui somente o
aglutinogênio B; A transfusão de sangue consiste em
transferir o sangue de uma pessoa doadora para
Grupo AB – possui somente o
outra receptora. Geralmente é realizada quando
aglutinogênio A e B;
alguém perde muito sangue num acidente, numa
Grupo O – não possui aglutinogênios. cirurgia ou devido a certas doenças.
No plasma sanguíneo humano podem Nas transfusões de sangue deve-se saber
existir duas proteínas, chamadas aglutininas: se há ou não compatibilidade entre o sangue do
aglutinina anti-A e aglutinina anti-B. doador e o do receptor. Se não houver essa
compatibilidade, ocorre aglutinação das hemácias
que começam a se dissolver (hemólise). Em relação
ao sistema ABO, o sangue doado não deve conter
aglutinogênios A; se o sangue do receptor apresentar
aglutininas anti-B, o sangue doado não pode conter
aglutinogênios B.

Se uma pessoa possui aglutinogênio A,

não pode ter aglutinina anti-A, da mesma
maneira, se possui aglutinogênio B, não pode
ter aglutinina anti- B. Caso contrário, ocorrem
reações que provocam a aglutinação ou o -
agrupamento de hemácias, o que pode entupir Em geral os indivíduos Rh negativos (Rh )
vasos sanguíneos e comprometer a circulação do não possui aglutininas anti-Rh. No entanto, se
sangue no organismo. Esse processo pode levar a +
receberem sangue Rh positivo (Rh ), passam a
pessoa à morte. produzir aglutininas anti-Rh. Como a produção
Na tabela abaixo você pode verificar o tipo dessas aglutininas ocorre de forma relativamente
de aglutinogênio e o tipo de aglutinina existentes lenta, na primeira transfusão de sangue de um
em cada grupo sanguíneo: + -
doador Rh para um receptor Rh , geralmente não
Grupo Aglutinogênio Aglutinina há grandes problemas. Mas, numa segunda
sanguíneo transfusão, deverá haver considerável aglutinação
das hemácias doadas. As aglutininas anti-Rh
A A anti-B produzidas dessa vez, somadas as produzidas
anteriormente, podem ser suficientes para produzir

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
grande aglutinação nas hemácias doadas, Os materiais desnecessários ao
prejudicando os organismos. funcionamento do seu corpo e por ele expelidos
são iguais?
O sistema linfático
-Não. Há água, substâncias sólidas (nas
Além do sistema cardiovascular
fezes) etc.
(circulatório) para a circulação do sangue, o corpo
humano possui outro sistema de fluxo de líquido: o Nossas células produzem muitos resíduos
sistema linfático. que devem ser eliminados (excretados) do
organismo. Esses resíduos são chamados excretas.
O sistema linfático compreende o conjunto
formado pela linfa, pelos vasos linfáticos e órgãos Os resíduos formados a partir das reações
como os linfonodos, o baço, o timo e as químicas que ocorrem no interior das células
tonsilas palatinas. A linfa é um líquido claro, podem ser eliminados através:
ligeiramente amarelado, que flui lentamente em
do sistema respiratório (gás carbônico)
nosso corpo através dos vasos linfáticos. Parte do
plasma sanguíneo extravasa continuamente dos da pele (suor)
vasos capilares, formando um material líquido entre
as células dos diversos tecidos do organismo – o do sistema urinário (urina)
líquido intercelular ou intersticial. A pele e o sistema urinário encarregam-se de
eliminar de nosso organismo os resíduos das
Uma parte desse líquido intercelular
atividades das células e também as substâncias que
retorna aos capilares sanguíneos, carregando gás
estão em excesso no sangue, expelindo-os sob
carbônico e resíduos diversos. Outra parte – a linfa
– é recolhida pelos capilares linfáticos. Os forma de suor (pela pele) e de urina (pelo sistema
capilares linfáticos transportam a linfa até vasos de urinário). O sistema respiratório encarrega-se de
maior calibre, chamados vasos linfáticos. Esses eliminar de nosso organismo o gás carbônico.
vasos semelhantes às veias, por sua vez, Não confunda fezes com excretas!
desembocam em grandes veias, onde a linfa é
liberada, misturando-se com o sangue. Ao longo As fezes são formadas principalmente pelo
do seu trajeto, os vasos linfáticos passam pelo restos de alimentos não digeridos; os excretas são
interior de pequenos órgãos globulares, chamados produtos das atividades das células e também
linfonodos. Os vasos linfáticos passam ainda por substâncias que estão em excesso no sangue.
certos órgãos, como as tonsilas palatinas Suor
(amídalas) e o baço.
O suor é um líquido produzido pelas
O sistema linfático não possui um órgão glândulas sudoríparas, que se encontram na pele.
equivalente ao coração. A linfa, portanto, não é Existem cerca de dois milhões de glândulas
bombeada como no caso do sangue. Mesmo assim sudoríparas espalhadas por nosso corpo; grande
se desloca, pois as contrações musculares parte delas localiza-se na fronte, nas axilas, na
comprimem os vasos linfáticos, provocando o fluxo palma das mãos e na planta dos pés.
da linfa.
O suor contém principalmente água, além de
Os vasos linfáticos possuem válvulas que outras substâncias, como uréia, ácido úrico e
impedem o refluxo (retorno) da linfa em seu interior: cloreto de sódio (o sal de cozinha). As substâncias
assim, ela circula pelo vaso linfático num único contidas no suor são retiradas do sangue pelas
sentido. O sistema linfático auxilia o sistema glândulas sudoríparas. Através de canal excretor - o
cardiovascular na remoção de resíduos, na coleta duto sudoríparo - elas chegam até a superfície da
e na distribuição de ácidos graxos e gliceróis pele, saindo pelos poros. Eliminando o suor, a
absorvidos no intestino delgado e contribui para a atividade das glândulas sudoríparas contribui para a
defesa do organismo, produzindo certos leucócitos, manutenção da temperatura do corpo.
como os linfócitos.
O homem é um animal homeotérmico,
Sistema Urinário isto é, mantém a temperatura do corpo
O que não é assimilado pelo organismo praticamente constante, ao redor de 36,5°C. Quando
praticamos algum exercício físico (futebol, corrida,
O que o organismo não assimila, isto é, os levantamento de objetos pesados, etc.), a grande
materiais inúteis ou prejudiciais ao seu atividade muscular produz muito calor e a
funcionamento, deve ser eliminado. temperatura do corpo tende a aumentar, então
Observe, durante 24 horas, tudo o que o eliminamos suor; a água contida no suor se evapora
seu corpo elimina - os resíduos na pele, provocando uma redução na temperatura
do ar que a circunda. Isso favorece as perdas de
- certamente constarão: fezes, urina, calor do corpo para o ambiente, fato que contribui
suor... para a manutenção da temperatura do nosso corpo.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Urina resíduos das atividades celulares. Por isso têm de
ser eliminadas.
A urina é composta de aproximadamente
95% de água. Os principais excretas da urina Como é constituído o sistema urinário?
humana são: a ureia, o cloreto de sódio e o ácido
Os componentes do sistema urinário são:
úrico.
dois rins, dois ureteres, a bexiga urinária e a
O sistema urinário uretra. Os rins são os principais órgãos do sistema
urinário. Situados na cavidade abdominal, na região
A eliminação da urina é feita através do
lombar, um de cada lado da coluna vertebral e
sistema urinário. Os órgãos que compõe o sistema
rodeados por um tecido gorduroso, os rins são
urinário são os rins e as vias urinárias.
órgãos em forma de feijão, de cor vermelha escura.
As vias urinárias compreendem o ureter, a Têm o tamanho de um ovo de galinha, medindo
bexiga e a uretra. cerca de 11 cm de comprimento e 6 cm de
largura. Pesam entre 115 e 155 gramas nas
Os nossos tecidos, que recebem do sangue
mulheres e entre 125 e 170 gramas nos homens. O
as substâncias nutritivas, ao sangue abandonam
lado côncavo está voltado para a coluna vertebral e é
aqueles compostos químicos tóxicos que neles se por esse lado que entram e saem os vasos
formam como resultado do complexo fenômeno da sanguíneos, do qual a artéria renal e a veia renal são
nutrição. Tais substâncias são danosas e devem
os mais importantes.
ser eliminadas para não intoxicar o organismo e pôr
a vida em perigo. A maior parte desses produtos é Os rins extraem os produtos residuais do
eliminada por trabalho do aparelho urinário; sangue através de milhões de pequenos filtros,
somente uma parte mínima é eliminada pelas denominadas néfrons, que são a unidade funcional
glândulas sudoríparas mediante o suor. dos rins. Cada néfron apresenta duas partes
principais: a cápsula glomerular (ou cápsula de
O aparelho urinário tem a tarefa de separar
Bowman) e os túbulos renais. Nas figuras os túbulos
do sangue as substâncias nocivas e de eliminá-
renais são identificados como túbulo contorcido
las sob a forma de urina. Compõe-se ele dos rins,
proximal, alça néfrica (alça de Henle) e túbulo
que filtram o sangue e são os verdadeiros órgãos
contorcido distal. No interior da cápsula glomerular
ativos no trabalho de seleção das substâncias de penetra uma arteríola (ramificação da artéria renal)
rejeição; dos bacinetes renais com os respectivos que se ramifica, formando um emaranhado de
ureteres, que conduzem a urina até a bexiga; da
capilares chamado glomérulo renal. A cápsula
bexiga, que é o reservatório da urina; da uretra,
glomerular continua no túbulo contorcido proximal,
canal mediante o qual a urina é conduzida para
que se prolonga em uma alça em forma de U
fora.
chamada alça néfrica.
Juntamente com as substâncias de Dessa alça segue um outro túbulo
rejeição, o aparelho urinário filtra e elimina também contorcido, o distal. O conjunto desses túbulos forma
água. A eliminação de água é necessária seja
os túbulos renais.
porque as substâncias de rejeição estão dissolvidas
no plasma, que é constituído, na sua maior parte, A urina se forma nos néfrons basicamente
de água, seja porque também a quantidade de em duas etapas: a filtração glomerular e a
água presente no sangue e nos tecidos deve ser reabsorção renal. É na cápsula glomerular que
mantida constante. ocorre a filtração glomerular, que consiste no
extravasamento de parte do plasma sanguíneo do
A água entra na composição de todos os
glomérulo renal para a cápsula glomerular. O líquido
tecidos e da substância intercelular (que enche os extravasado é chamado filtrado. Esse filtrado
espaços entre as células): ela é o constituinte
contém substâncias úteis ao organismo, como água,
universal de todos os "humores" do organismo e
glicose, vitaminas, aminoácidos e sais minerais
tem a tarefa essencial de servir de "solvente" de diversos. Mas contém também substâncias tóxicas
todas as substâncias fisiologicamente ativas. A ou inúteis ao organismo, como a uréia e o ácido
água entra no organismo com os alimentos e as
úrico. Da cápsula glomerular, o filtrado passa para os
bebidas; em parte se forma no próprio organismo
túbulos renais. O processo em que há o retorno ao
por efeito das reações químicas que aí têm lugar.
sangue das substâncias úteis ao organismo
Depois de ter realizado as suas importantes
presentes no filtrado é chamado reabsorção renal e
funções, a água deve ser eliminada: como antes ocorre nos túbulos renais. Essas substâncias úteis
tinha servido de veículo às substâncias nutritivas, que retornam ao sangue são retiradas do filtro pelas
agora serve de veículo às substâncias de rejeição.
células dos túbulos renais. Daí passam para os
Como ocorre a excreção vasos capilares sanguíneos que envolvem esses
túbulos.
O nosso sangue contém muitas
substâncias de que não necessitamos e algumas Dos néfrons, os resíduos recolhidos são
podem mesmo ser perigosas - água em excesso, enviados através dos ureteres para a bexiga. Os
sais minerais, células mortas ou alteradas e ureteres são dois tubos musculosos e elásticos, que
saem um de cada um dos rins e vão dar à bexiga. A
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
bexiga é um saco musculado, muito elástico, com colocar em risco a saúde. Além disto, seria um
um comprimento aproximado de 30 cm, onde a desperdício estar a expulsar substâncias que ainda
urina (resíduos filtrados) é acumulada. Este podem ter utilidade. Deste modo o organismo
reservatório está ligado a um canal - a uretra - que controla as quantidades das substâncias que saem e
se abre no exterior pelo meato urinário, e a sua que ficam.
base está rodeada pelo esfíncter uretral, que pode
Os rins formam sempre a mesma
permanecer fechado e resistir à vontade de urinar.
quantidade de urina?
Válvulas existentes entre os ureteres e a
bexiga impedem o retrocesso da urina. Não, pois a quantidade de urina produzida
depende do tipo de regime alimentar e obviamente
Mas o que é a urina?
da quantidade de água ingerida. Se ingerirmos
A urina é um líquido transparente, alimentos muito salgados, como batatas fritas,
amarelado, formado nos rins e que transporta ocorre um aumento do nível de sal no sangue.
produtos residuais do metabolismo até ao exterior
Este aumento faz com que a reabsorção de
do organismo. Ela é constituída por 95% por água,
sal (que acontece normalmente para impedir que
na qual a ureia, toxinas e sais minerais, como o
este se perca) diminua e por isso a quantidade de sal
cloro, o magnésio, o potássio, o sódio, o cálcio,
na urina vai aumentar. Se verificar uma diminuição
entre outros (que formam os restantes 5%), estão
da quantidade de sal no sangue, o organismo
dissolvidos. Também pode conter substâncias
responde com um aumento da capacidade de
comuns, utilizadas frequentemente pelo organismo,
reabsorção e mais sal volta e entrar na corrente
mas que se podem encontrar em excesso, pelo que
sanguínea. E isto acontece para muitas outras
o corpo tem de se ver livre delas.
substâncias. Quando as suas quantidades
Os néfrons estão sempre funcionando? aumentam no sangue, o organismo possui
mecanismos para impedir que elas fiquem no corpo
Sim, a sua atividade é contínua e
e assim aumenta a sua quantidade na urina. Pelo
permanente. Mais de 1000 litros de sangue passam
contrário, se as suas quantidades descerem, a
através dos rins diariamente, o que significa que
intensidade da reabsorção das substâncias em
eles filtram todo o sangue do nosso organismo
questão aumenta, para que maiores quantidades
várias vezes por dia (porque no nosso corpo
sejam mantidas no organismo.
existem apenas 5 litros de sangue). Num período
de 24 horas os néfrons produzem cerca 180 litros Sistema Nervoso
de urina, mas em média, cada pessoa só excreta
Na nossa relação com o mundo, o tempo
cerca de 1,5 litros por dia.
inteiro somos estimulados e respondemos aos
Então, para onde é que vão os restantes elementos do ambiente. A cada estímulo externo
litros de urina que os rins produzem? (como o cheiro de um alimento ou o som de uma
buzina) e mesmo interno (como dor ou sensação de
É verdade que se forma uma muito maior
fome), o organismo reage, ou seja, de certo modo
quantidade de urina do que a que realmente é
“responde a essas perguntas:
expulsa, ou seja, nem tudo o que sai da corrente
sanguínea vai parar ao exterior do corpo. Se os rins De onde vem o estímulo?
diariamente produzem 180 litros de urina, mas
Como meu corpo reage a esse estímulo?
apenas são responsáveis pela excreção de 1,5
Isto me fará bem ou mal?
litros, isto significa que 178,5 litros têm um destino
diferente. Já tive essa sensação antes?
Quando o sangue é filtrado, muitas coisas Esse processo ocorre no sistema nervoso
que passam para os rins fazem falta no organismo. central de maneira tão instantânea que a nossa
Por isso existem mecanismos para que esses consciência não tem como identificar todas as suas
produtos não se percam. É o mecanismo designado etapas, nem os milhares de estímulos que o corpo
por reabsorção, que permite que grande parte da recebe a todo instante.
água que sai do sangue (cerca de 99%) não
Para compreender melhor como percebemos
chegue a integrar a urina. É que não te esqueças
os estímulos externos e como respondemos a eles, é
que 70% do nosso corpo é água e para que
fundamental reconhecer o sistema que forma a rede
possamos viver, assim tem de continuar. Se
de comunicação do corpo.
excretássemos todos os litros de urina que se
formam, imagina a quantidade de água que não Por que precisamos de um sistema
teríamos de beber todos os dias para não nervoso?
morrermos desidratados. É uma questão de
conservação do conteúdo hídrico do corpo. Mas Seu cérebro é o órgão mais importante de
para além da água, com outras substâncias seu corpo. Ele controla tudo o que você faz, seus
acontece exatamente o mesmo. Determinados sais movimentos, seus pensamentos e sua memória.
desempenham papéis muito importantes no Muitas vezes ele não age diretamente, mas pode
funcionamento do organismo e a sua saída poderia controlar pequenas quantidades de substâncias

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
químicas do sangue, que, por sua vez, têm um
forte efeito sobre outra parte do corpo.
Embora pareça muito simples, o cérebro é
imensamente complicado. E uma massa de tecido
esbranquiçado, bastante mole ao tato, que ocupa
cerca de metade do volume da cabeça. Fica
posicionado no alto da cabeça, acima dos olhos e
dos ouvidos, estendendo para trás e para a parte
inferior da cabeça.
Quase tão importante quanto o cérebro é o
restante do sistema nervoso. A medula espinhal
estende-se do cérebro para baixo, ao longo da
coluna, O cérebro e a medula espinhal formam o
sistema nervoso central. Junto ao cérebro há uma outra membrana,
denominada pia-máter, muito mais fina, que
Ao longo do comprimento da medula acompanha cada depressão e cada elevação da
espinhal saem nervos semelhantes a fios que se superfície do cérebro. Entre essas duas membranas
dividem e se ligam com quase todas as partes do há uma terceira, de constituição esponjosa, a
corpo. Os nervos transportam mensagens dos aracnóide. Os espaços desta membrana são
órgãos dos sentidos para o cérebro, e também preenchidos por um liquido no qual flutua todo o
instruções do cérebro para outras partes do corpo. cérebro, fornecendo a camada protetora final. Há
O cérebro funciona como uma rede telefônica ainda grandes espaços dentro do cérebro, que
complicada, mas muito compacta, com um também são preenchidos com o mesmo liquido da
complexo fluxo de mensagens que chegam, são aracnóide, de modo que o delicado tecido do cérebro
selecionadas e depois dirigidas a seu destino não se deforma quando movemos nossa cabeça.
apropriado.
A medula espinhal
As membranas protetoras do cérebro
A medula espinhal é uma extensão do
Por ser um órgão tão importante, o cérebro cérebro, estendendo-se da base do crânio até logo
precisa de boa proteção contra acidentes. Ficando abaixo das costelas. E uma haste de tecido cerebral,
em pé, o ser humano mantém o cérebro e a cabeça com um pequeno canal passando através de todo
afastados de choques e batidas. Mesmo assim, é seu comprimento. Toda a medula é coberta por
necessária uma proteção muito confiável. Por membranas, tal como o cérebro, e é também
isso o cérebro fica alojado no crânio, uma dura banhada por dentro e por fora com o mesmo líquido
caixa óssea. protetor do cérebro.
Embora de paredes finas, o crânio é muito Como o cérebro, a medula espinhal precisa
resistente devido a sua forma arredondada. Uma de proteção. Enquanto o cérebro está seguramente
das formas mais fortes que se conhece é uma bola encerrado em um crânio rígido, a medula espinhal
rígida. Um ovo, por exemplo, é extremamente está cercada por um conjunto de ossos chamados
resistente, considerando-se como é fina sua casca. vértebras. Estes formam a coluna vertebral, que é
Assim, o mole e delicado cérebro é protegido contra capaz de flexionar-se quando nos dobramos ou
danos externos diretos pelo resistente crânio. movemos. Ao mesmo tempo, a coluna vertebral tem
Entretanto, mesmo sendo o crânio rígido e forte, que ser forte o suficiente para suportar o peso do
um abalo violento poderia balançar o cérebro e corpo e dar proteção segura à coluna espinhal.
causar-lhe danos. É preciso, então, maior proteção, Poderia parecer que flexibilidade, força e proteção de
que é dada por três membranas, denominadas seu frágil conteúdo não poderiam ser obtidos pela
meninges, que recobrem completamente o coluna vertebral, mas sua construção engenhosa
cérebro. A membrana mais externa é chamada de toma tudo isso possível.
dura-máter, que fornece uma boa proteção e apoio
devidos a sua constituição forte e coriácea. A coluna vertebral é constituída por mais
de duas dúzias de vértebras em forma de anel. A
medula espinhal passa através do buraco existente
no centro de cada uma das vértebras, e é
completamente protegida pelos arcos ósseos. As
protuberâncias ósseas das vértebras articulam-se de
maneira que cada vértebra pode mover-se apenas
um pouco, para não apertar ou machucar a medula
espinhal. Entre cada par de vértebras há pequenas
aberturas através das quais os nervos podem passar,
ramificando-se a partir da própria medula espinhal. A
complicada estrutura da coluna é mantida unida por

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
flexíveis cordões de ligamento e por músculos e a respiração. Mas a função mais importante do
poderosos. tronco cerebral é controlar a consciência,
desligando as atividades do cérebro quando
A estrutura do encéfalo
dormimos e ligando quando acordamos. Mesmo
O encéfalo se parece com uma noz grande, quando dormimos o tronco cerebral controla e
de cor rosa clara. Sua superfície é profundamente confere nossas atividades vitais, mantendo o corpo
enrugada e cheia de dobras, e sua parte superior funcionando.
está quase dividida em duas partes por um sulco
muito profundo. Essa superfície enrugada ocupa a
maior parte do encéfalo e é chamada de
cérebro. Na maioria dos animais o cérebro é bem
pequeno, mas no homem ele cresceu tanto que
cobre todo o resto do encéfalo.

O tronco cerebral trabalha como um

computador, continuamente conferindo e controlando
as informações que entram no cérebro através do
sistema nervoso; em seguida ele age em cima dessa
informação liberando as mensagens para que o
sistema nervoso controle o corpo inteiro. Não
O cérebro, junto com outras partes do tomamos consciência de todas essas atividades;
encéfalo, cresce do tronco cerebral, que é uma podemos apenas notar seus efeitos. O tronco
expansão no topo da medula espinhal. Um pouco cerebral controla funções, como a respiração,
mais abaixo do tronco cerebral está o cerebelo, automaticamente.
com apenas 1/8 do tamanho do cérebro, mas Cerebelo
bastante semelhante em sua aparência exterior. E
até mesmo mais enrugado, e está colocado Se localiza abaixo do cérebro. Coordena,
diretamente na parte de trás da cabeça. O tálamo com o cérebro, os movimentos do corpo. É
e o hipotálamo, outras partes menores do responsável pelo equilíbrio do corpo, pois está ligado
encéfalo, também crescem do tronco cerebral, a alguns canais da orelha interna. Além disso,
sendo completamente cobertos pela massa do mantém o tônus muscular, isto é, regula o grau de
cérebro. Uma série de grandes espaços, ou contração muscular dos músculos em repouso.
ventrículos, atravessam toda a estrutura do Como as mensagens passam pelos
cérebro, e são preenchidos com líquido. neurônios
O tronco cerebral Um sinal carregado por um neurônio pode
O tronco cerebral, onde se localiza o parecer com uma corrente elétrica sendo carregada
bulbo, é algumas vezes chamado de a parte mais através de um fio, mas na realidade é bem diferente.
velha do cérebro, porque é a principal parte do Uma minúscula carga elétrica é produzida, mas o
cérebro na maioria dos animais primitivos. Controla movimento do sinal ao longo de um axônio é mais
a maior parte das funções importantes do corpo, e semelhante à queima de um estopim de pólvora. O
é o sistema de sustentação da vida. Se o tronco sinal move-se com uma velocidade entre 1,5 metros
cerebral não for prejudicado, é realmente possível o e 90 metros por segundo.
corpo permanecer vivo por algum tempo, mesmo O axônio é um tubo fino cheio de substâncias
depois que o resto do cérebro tenha sido destruído. químicas dissolvidas em água. Muitos têm a parte
O tronco cerebral atua junto com a medula exterior coberta com uma camada de material
espinhal para controlar as funções vitais, como o gorduroso, como um isolamento elétrico. A
batimento regular do coração, a pressão sanguínea passagem de um sinal ao longo do axônio envolve o
movimento de íons, ou minúsculas partículas
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
eletricamente carregadas de dois elementos
metálicos: sódio e potássio. Normalmente há mais
potássio do lado de dentro de um axônio e mais
sódio do lado de fora. Quando passa um sinal, a
membrana que cobre o axônio se altera, permitindo
aos íons escoarem através dela, causando uma
mudança súbita nas propriedades elétricas nesse
ponto. Essas mudanças oscilam ao longo do
axônio como uma onda.

Milhares de neurônios estão em contato com

os outros através de sinapse, e muitos estarão
produzindo sinais excitadores ou inibidores, O
neurônio não produzirá nenhum sinal a menos que
receba mais mensagens excitadoras ("liga") do que
inibidoras ("desliga").Um sinal de um ou dois
neurônios não é suficiente para acionar um outro -
ele deve receber vários sinais de uma vez. Isto
significa que quaisquer sinais ocasionais de
milhares de neurônios ao redor não causarão uma
mensagem falsa a ser passada. E quase como o
princípio da votação, onde o neurônio precisa dos
"votos" de uma série de outros neurônios antes de
ser capaz de emitir um sinal.
Quando o sinal alcança a sinapse, ele deve Rotas através do sistema nervoso
cruzar um pequeno intervalo para alcançar o
próximo neurônio. Minúsculas bolhas nas A atividade elétrica dos neurônios não tem
ramificações da extremidade dos axônios contêm lugar apenas no cérebro. Os nervos espalham-se
substâncias químicas, chamadas transmissores. pelo corpo todo desde o alto da cabeça até a
Estas são liberadas quando atingidas pelos sinais e ponta dos dedos dos pés. São feixes de axônios, ou
então atravessam o intervalo da sinapse. Quando fibras nervosas, dividindo-se e tomando-se mais
contatam os dendritos da célula seguinte, dão início finos quanto mais afastados estão do cérebro ou da
ao movimento do sódio e do potássio, transmitindo medula espinhal. Os corpos das células dos
o sinal. neurônios estão agrupados na massa cinzenta, na
superfície do cérebro, na massa cinzenta similar, na
Agora o primeiro neurônio volta ao estado parte interna da medula espinhal, e em pequenos
de descanso normal, esperando por outro sinal. Os nódulos chamados gânglios, perto da coluna
transmissores químicos que carregam um sinal vertebral.
através do intervalo da sinapse podem ser de dois
tipos diferentes. Alguns são chamados de As mensagens dos órgãos dos sentidos,
substâncias químicas excitadoras. Estas são as situados nos olhos, nariz, ouvidos e boca, dos órgãos
substâncias que passam a mensagem para o do tato, espalhados por toda a superfície do corpo, e
próximo neurônio, que em seguida, começa as até mesmo em alguns órgãos internos, chegam ao
mudanças elétricas que darão origem a sinais a cérebro através do sistema nervoso. Os neurônios
serem produzidos e passados ao longo do axônio. que carregam essas mensagens para o cérebro são
Os outros transmissores são chamados de chamados neurônios sensoriais. Outros sinais
substâncias químicas inibidoras. Sua função é passam do cérebro e da medula espinhal de volta
evitar que um sinal seja produzido em outro para todo o corpo, sendo carregados pelos
neurônio. chamados neurônios motores.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
pessoas podem, muitas vezes, sobrepujar danos
cerebrais, aprendendo a usar partes diferentes do
cérebro para duplicar as funções das partes
prejudicadas. Isso é importante para nós, porque, ao
contrário de outras células do corpo, as células do
cérebro não podem crescer ou regenerar-se depois
do nosso nascimento. Células cerebrais estão
morrendo a cada minuto, mas temos as
remanescentes tomando o seu lugar e geralmente
não notamos qualquer efeito prejudicial.
Os reflexos
O controle cerebral é essencial para muitas
de nossas funções, mas em algumas situações é
necessário que o corpo reaja muito rapidamente, na
verdade, sem esperar instruções. Essas reações de
emergência são chamadas reflexos. Afastar o dedo
de uma picada de alfinete é uma reação muito
comum para evitar ferimentos. Isso acontece
rapidamente, antes mesmo que possamos perceber
o que houve. É um reflexo.

Os sinais passam ao longo de todo o

sistema muito rapidamente, mas não tão depressa
quanto em um circuito elétrico normal. Leva um
certo tempo para os sinais serem carregados
através da sinapse pelas substâncias químicas
transmissoras. Por esta razão os axônios dos
nervos são imensamente compridos de maneira
que a mensagem possa ser levada tão rápido
quanto possível, sem ser retardada por sinapses
desnecessárias.
A rede neurônica
É difícil perceber como podem ser
complicadas as conexões das células nervosas. Os
terminais das ramificações de um axônio não
apenas tocam a célula mais próxima mas podem
também estar em contato com outras 50.000
Mini órgãos sensoriais da pele chamados
células ou mais. Sabemos que as mensagens
receptores, registram a picada do alfinete e
passam de um neurônio para o seguinte na rede de
imediatamente passam os sinais para os nervos que
células e que sinais repetidos geralmente passam
correm pelo braço em direção à medula espinhal. Os
pelo mesmo caminho. Se queremos dizer a palavra
sinais são então transmitidos para outras fibras
"cérebro", as instruções para a fala vêm do cérebro
nervosas (neurônios) que os carregam para a massa
e passam ao longo de uma série de caminhos
cinzenta dentro da medula espinhal. Na medula, os
especiais. Se queremos dizer "cérebro" em voz
sinais saem em duas direções. Alguns contatam
mais baixa ou mais alta os músculos da caixa da
fibras nervosas que os conduzem diretamente de
voz (laringe) devem ser instruídos para se moverem
volta aos músculos do braço. Eles fazem os
de maneiras diferentes; então, as mensagens
músculos do braço reagirem violentamente,
devem passar por caminhos diferentes.
afastando a mão para longe da picada do alfinete.
O cérebro pode selecionar diferentes Enquanto isso, os outros sinais originais ainda estão
conjuntos de caminhos para obter resultados sendo levados ao cérebro, através da medula
semelhantes. Por causa dessa habilidade, as espinhal.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Uma fração de segundo mais tarde
percebemos que fomos picados. E dói. O cérebro
instrui agora a cabeça e os olhos para se moverem
e observarem o ferimento. Algumas vezes temos
que levar uma picada quando recebemos uma
vacina, por exemplo. Contudo, sabemos disso com
antecedência, e, embora a picada da agulha acione
um reflexo, o cérebro manda uma mensagem
inibidora pela medula espinhal. Então o reflexo é
contido antes de ser completado e o braço,
portanto, não se afasta da picada.
O sistema nervoso periférico
O Sistema Nervoso Periférico é
constituído pelos nervos e gânglios nervosos e
sua função é conectar o sistema nervoso central
às diversas partes do corpo humano.
Nervos e gânglios nervosos
Nervos são feixes de fibras nervosas
envoltas por uma capa de tecido conjuntivo. Nos
nervos há vasos sanguíneos, responsáveis pela
nutrição das fibras nervosas. As fibras presentes
nos nervos podem ser tanto dendritos como
axônios que conduzem, respectivamente, impulsos
nervosos das diversas regiões do corpo ao sistema
nervoso central e vice-versa. Gânglios nervosos
são aglomerados de corpos celulares de
neurônios localizados fora do sistema nervoso Esse sistema está dividido em duas partes, o
central. Os gânglios aparecem como pequenas sistema nervoso simpático e parassimpático, que
dilatações em certos nervos. trabalham um em oposição ao outro. Um dos
sistemas estimulam um órgão, uma glândula, por
Nervos sensitivos, motores e mistos
exemplo, fazendo-a trabalhar bastante, o outro
Nervos sensitivos são os que contêm sistema faz cessar esse trabalho. Primeiro um
somente fibras sensitivas, que conduzem impulsos começa; depois o outro, e o resultado é que o órgão
dos órgãos sensitivos para o sistema nervoso é mantido trabalhando no nível correto.
central. Nervos motores são os que contêm
O trabalho do sistema nervoso simpático
somente fibras motoras, que conduzem impulsos do
pode ser observado quando estamos bravos ou
sistema nervoso central até os órgãos efetuadores
assustados; sua ação faz o coração bater mais
(músculos ou glândulas). Nervos mistos contêm
rápido e a respiração tornar-se mais profunda. As
tanto fibras sensitivas quanto motoras.
pupilas dos olhos dilatam-se e nos tornamos pálidos
O sistema nervoso autônomo à medida que o sangue é drenado da pele para
alimentar os músculos de que podemos precisar para
Algumas das atividades do sistema uma reação qualquer. Isso tudo acontece porque o
nervoso, como o pensamento e o controle dos sistema simpático foi, acionado, fazendo o corpo
movimentos, são muito óbvias para nós. Mas o ficar pronto para uma emergência.
sistema nervoso também está trabalhando, sem
que o percebamos, no controle dos órgãos internos. As funções do córtex
Esta é a responsabilidade de uma parte Os músculos dos nossos órgãos internos
especial do sistema nervoso chamada sistema trabalham automaticamente, mas a maioria dos
nervoso autônomo, que regula a circulação nossos músculos trabalham apenas quando
sanguínea, a digestão, a respiração, os órgãos queremos movê-los.
reprodutores e a eliminação dos resíduos do
Estes são os músculos voluntários. Os
organismo. Também controla glândulas importantes
movimentos voluntários, como caminhar, mover os
que têm efeitos poderosos sobre o corpo. O
braços ou usar os dedos, são diretamente
sistema nervoso autônomo trabalha
controlados pelo cérebro. Uma estreita faixa de
independentemente da maior parte do cérebro e
córtex que atravessa o topo de nosso cérebro,
suas células estão agrupadas em gânglios
chamado de córtex motor, está em ligação direta
próximos da coluna vertebral. Ele opera
com os nossos movimentos. O córtex motor recolhe
inteiramente por reflexos e, embora o tronco
informações de outras partes do cérebro, incluindo
cerebral também esteja envolvido em suas
os sinais dos órgãos dos sentidos. Quando a decisão
atividades, não temos consciência disso.
de mover um músculo ou uma série de músculos é
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
tomada, o córtex transmite suas instruções para a Todas as funções e atividades do nosso
parte apropriada do corpo. corpo são coordenadas e integradas pelo sistema
nervoso e pelo sistema endócrino (hormonal). O
Partes diferentes do córtex motor têm
sistema endócrino é composto de várias glândulas
funções especiais, cada uma controlando os
que se situam em diferentes pontos do nosso corpo.
movimentos de certas partes do corpo. Partes
Glândulas são estruturas que produzem substâncias
importantes e complexas, tais como mãos e lábios,
que tem determinada função no nosso corpo.
requerem um controle muito cuidadoso e os muitos
neurônios necessários para esse trabalho ocupam As glândulas endócrinas e as suas
grandes áreas do córtex. Partes menos funções
complicadas precisam de menos controle e,
As glândulas endócrinas produzem e lançam
portanto, há áreas menores de córtex destinadas a
no sangue substâncias reguladoras denominadas
elas. Da mesma maneira que o movimento é
hormônios – estes, ao serem lançados no sangue,
controlado pelo córtex motor, partes especiais do
percorrem o corpo até chegar aos órgãos-alvo sobre
córtex sensorial são responsáveis pelo tato. Outras
os quais atuam.
partes cuidam da visão, da audição e de todos os
outros sentidos.
Onde ocorre o pensamento
O movimento e os sentidos ocupam apenas
duas estreitas faixas transversais do córtex
cerebral. O resto do córtex não tem funções tão
facilmente reconhecíveis. Contém as áreas de
associação, e é onde, provavelmente, ocorre o
pensamento. Por "pensamento", queremos dizer o
exame e a interpretação do enorme número de
sinais que chegam ao cérebro, e a decisão de
qualquer ação a ser efetuada - ou, às vezes, a
decisão de não agir. Algumas funções, entre elas a
fala, estão espalhadas pelo córtex em pequenas
áreas. A fala é também controlada por várias áreas
diferentes do cérebro, além de uma parte do córtex.
A maneira pela qual as áreas de
associação trabalham ainda não é bem
compreendida. Algumas vezes grandes partes do
cérebro podem ser afetadas, por doença ou por
Hipófise
acidente, sem provocar muitos problemas; por
outro lado, danos em pequenas partes podem A hipófise pode ser considerada a “glândula-
originar graves distúrbios. Na realidade, a maneira mestre” do nosso corpo. Ela produz vários hormônios
pela qual o cérebro funciona é muito mais e muitos deles estimulam o funcionamento de outras
complicada do que parece à primeira vista. Partes glândulas, com a tireóide, as suprarrenais e as
muito grandes do cérebro parecem não ter glândulas-sexuais (ovários e testículos). O hormônio
nenhuma finalidade aparente, mas, como os do crescimento é um dos hormônios produzidos pela
neurônios estão de tal maneira interligados, hipófise.
acredita-se que todas as partes do cérebro têm
alguma função. Talvez parte dessa "reserva" O funcionamento do corpo depende do
cerebral comece a ser usada para substituir os equilíbrio hormonal. O excesso, por exemplo, de
neurônios que vão morrendo à medida que produção do hormônio de crescimento causa uma
envelhecemos. doença chamada gigantismo (crescimento
exagerado) e a falta dele provoca o nanismo, ou
Sistema Endócrino seja, a falta de crescimento do corpo.
O que define a hora de o beber nascer?
O que determina que a mãe produza leite
para alimentar o seu bebê?
O que indica que as pessoas não são
mais crianças e se tornam adultos sexualmente
maduros com características de machos e
fêmeas?
O que coordena e integra as funções e
as atividades do corpo?

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
circular com maior pressão. Pode ocorrer o bócio, ou
seja, um “papo” causado pelo crescimento
exagerado da tireoide. Também pode aparecer a
exoftalmia, isto é, os olhos ficam “saltados”.

Se a tireoide trabalha menos ou produz

menor quantidade de tiroxina que o normal, ocorre o
hipotireoidismo, e o organismo também se altera: o
metabolismo se torna mais lento, algumas regiões do
corpo ficam inchadas, o coração bate mais
vagarosamente, o sangue circula mais lentamente, a
pessoa gasta menos energia, tornando-se mais
propensa à obesidade, as respostas físicas e
mentais tornam-se mais lentas. Aqui, também pode
ocorre o bócio.
Quando o hipotireoidismo ocorre na infância,
pode provocar um retardamento físico e mental. Um
das possíveis causas dessa doença é a falta (ou
insuficiência) de iodo na alimentação, já que o iodo
é um elemento presente na composição da tiroxina.
Na maioria dos países assim como no Brasil, existem
leis que obrigam os fabricantes de sal de cozinha a
Outro hormônio presente no corpo humano adicionar iodo nesse produto. Com tal medida,
e também produzido pela hipófise é o antidurético garante-se que a maioria das pessoas consuma
(ADH). Essa substância permite ao corpo diariamente a quantidade necessária de iodo.
economizar água na excreção (formação de urina).
Paratireoides
Tireóide
As paratireoides são quatro glândulas
localizadas em volta da tireóide. Elas produzem o
paratormônio, hormônio que regula a quantidade de
cálcio e fósforo no sangue.
Suprarrenais
As suprarrenais, duas glândulas que se
situam acima dos rins, produzem adrenalina,
também conhecida como hormônio das “situações de
emergência”. A adrenalina prepara o corpo para a
ação, ou seja, em termos biológicos, para atacar ou
fugir.

A tireoide produz a tiroxina, hormônio que

controla a velocidade de metabolismo do corpo. Se
ocorrer hipertireoidismo, isto é, funcionamento
exagerado da tireoide, todo o metabolismo fica
acelerado: o coração bate mais rapidamente, a
temperatura do corpo fica mais alta que o normal; a
pessoa emagrece porque gasta mais energia. Esse
quadro favorece o desenvolvimento de doenças
cardíacas e vasculares, pois o sangue passa a

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Os principais efeitos da adrenalina no pâncreas produz o glucagon, que age no fígado,
organismo são: estimulando-o a “quebrar” o glicogênio em moléculas
de glicose. A glicose é, então enviada para o
Taquicardia (o coração dispara e
sangue, normalizando a taxa de açúcar.
impulsiona mais sangue para os braços e pernas,
dando-nos capacidade de correr mais ou de nos Além de hormônios, o pâncreas produz
exaltar mais em uma situação tensa, como uma também o suco pancreático, que é lançado no
briga); intestino delgado e desempenha um papel muito
importante no processo digestivo.
Aumento da frequência respiratória e da
taxa de glicose no sangue (isso permite que as Glândulas sexuais
células produzam mais energia);
As glândulas sexuais são os ovários
Contração dos vasos sanguíneos da pele (femininos) e os testículos (masculinos). Os ovários
(o organismo envia mais sangue para os músculos e os testículos são estimulados por hormônios
esqueléticos) – por essa razão, ficamos pálidos de produzidos pela hipófise. Enquanto os ovários
susto e também “gelados de medo”! produzem estrogênio e progesterona, os testículos
produzem testosterona.
Pâncreas
O mecanismo de feedback
O pâncreas produz dois hormônios
importantes na regulação da taxa de glicose A regulação hormonal obedece a um
(açúcar) no sangue: a insulina e o glucagon. equilíbrio dinâmico que se estabelece por meio da
retroalimentação ou do feedback, ou seja, do
A insulina facilita a entrada da glicose nas
mecanismo através do qual o efeito controla a causa.
células (onde ela será utilizada para a produção de
Quando a taxa de um determinado hormônio no
energia) e o armazenamento no fígado, na forma
sangue está alta, a glândula que produz esse
de glicogênio. Ela retira o excesso de glicose do
hormônio é inibida e pára de produzi-lo. Da mesma
sangue, mandando-o para dentro das células ou
maneira, quando a tava está abaixo do nível normal,
do fígado. Isso ocorre, logo após as refeições,
a glândula recebe estímulo para produzir esse
quando a taxa de açúcar sobe no sangue. A falta
hormônio.
ou a baixa produção de insulina provoca o
diabetes, doença caracterizada pelo excesso de Graças à retroalimentação, o funcionamento
glicose no sangue (hiperglicemia). é ajustado às necessidades do organismo e, assim,
um hormônio não é produzido em quantidade
excessiva, não havendo desperdício de energia.
Sistema Esquelético
Pense na quantidade de movimentos que
você realiza todos os dias, desde a hora em que
acorda até o momento em que vai dormir
novamente. Você levanta da cama, escova os
dentes, leva os alimentos do café da manhã até à
boca, mastiga, vai à escola, volta, faz ginástica,
corre, usa as mãos para segurar algum objeto,
passeia, espirra, boceja, empurra e puxa objetos,
ensaia passos de dança ao ouvir música, joga
basquete, pratica qualquer outro esporte...
Função do esqueleto
O esqueleto humano adulto é constituído por
cerca de 200 ossos. O esqueleto sustenta o corpo,
protege órgãos diversos e está associado a muitos
dos movimentos que executamos. O ser humano e
os outros animais vertebrados se locomovem das
mais diversas formas e para os mais diversos fins.
O esqueleto ósseo, além de sustentação
corporal, apresenta três importantes funções:

Já o glucagon funciona de maneira Reservas de sais minerais, principalmente

oposta à insulina. Quando o organismo fica de cálcio e fósforo, que são fundamentais para o
muitas horas sem se alimentar, a taxa de açúcar no funcionamento das células e devem estar presentes
sangue cai muito e a pessoa pode ter hipoglicemia, no sangue. Quando o nível de cálcio diminui no
que dá a sensação de fraqueza, tontura, podendo sangue, sais de cálcio são mobilizados dos ossos
até desmaiar. Quando ocorre a hipoglicemia o para suprir a deficiência.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Determinados ossos ainda possuem Periósteo – a membrana fibrosa que reveste
medula amarela (ou tutano). Essa medula é externamente o osso;
constituída principalmente por células adiposas,
Diáfise – a porção do osso situada entre as
que acumulam gorduras como material de reserva.
epífises e envolvida pelo periósteo.
No interior de alguns ossos (como o
Canal ósseo – o canal onde se encontra a
crânio, coluna, bacia, esterno, costelas e as
medula óssea.
cabeças dos ossos do braço e coxa), há cavidades
preenchidas por um tecido macio, a medula óssea Os ossos são órgãos formados por vários
vermelha, onde são produzidas as células do tipos de tecido. O periósteo, por exemplo, é uma
sangue: hemácias, leucócitos e plaquetas. membrana fibrosa de tecido conjuntivo. A medula
óssea vermelha também é formada por um tipo de
Crescimento Ósseo
tecido conjuntivo e pode ser encontrada nas costelas
Há um esqueleto cartilaginoso durante a e nas vértebras; ela produz células do sangue. Na
vida embrionária, o qual será quase totalmente diáfise de ossos longos como o fêmur, encontra-se a
substituído por um esqueleto ósseo. É o que se medula óssea amarela, que armazena gorduras, o
denomina ossificação endocondral (do grego tutano.
endos, dentro, e chondros, cartilagem).
Mas é o tecido ósseo que confere a rigidez
característica dos ossos. Nele se encontram células
como os osteócitos. Entre as células, existe a matriz
óssea, que representa o material intercelular,
constituída, basicamente, de sais de cálcio e de
fósforo, além de proteínas chamadas colágeno. Os
sais de cálcio e as proteínas do tipo colágeno são
responsáveis pela rigidez do tecido ósseo.
Forma dos ossos
Quanto à forma, os ossos podem ser longos,
curtos e chatos. Os ossos longos apresentam o
comprimento maior que a largura e a espessura.
Exemplos: o fêmur (o osso da coxa), o úmero (o
osso do braço) e a tíbia (um dos ossos da perna).
Os ossos curtos apresentam comprimento,
largura e espessura quase iguais. Exemplos: a
patela, popularmente chamada de “rótula” (osso do
joelho)., os ossos do carpo (alguns dos ossos da
mão) e do tarso (alguns dos ossos do pé). Os ossos
chatos são finos e achatados. Exemplos: a escápula,
osso situado na região do ombro, as costelas e os
ossos do crânio.

Os ossos começam a se formar a partir do

segundo mês da vida intrauterina. Ao nascer, a
criança já apresenta um esqueleto bastante
ossificado, mas as extremidades de diversos ossos
ainda mantêm regiões cartilaginosas que permitem
o crescimento. Entre os 18 e 20 anos, essas
regiões cartilaginosas se ossificam e o
crescimento cessa. Nos adultos, há cartilagens
em locais onde a flexibilidade é importante (na
ponta do nariz, orelha, laringe, parede da
traqueia e extremidades dos ossos que se
articulam).
Ossos longos
Observe o esquema a seguir, que mostra a
estrutura de um osso longo.
Podemos perceber que esse osso Juntas e Articulações
apresenta:
Juntas é o local onde dois ossos se tocam.
Epífises – as extremidades do osso, Algumas são fixas (ex.: crânio), onde os ossos estão
recobertas por cartilagem; firmemente unidos entre si. Em outras juntas (ex.:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
articulações), os ossos são móveis, permitindo ao 22 ossos separados, o que permite seu crescimento
esqueleto realizar movimentos. e a manutenção da sua forma. Esses ossos se
encontram ao longo de linhas chamadas suturas, que
Há vários tipos de articulações:
podem ser vistas no crânio de um bebê ou de uma
Tipo "bola-e-soquete" - Nos ombros, pessoa jovem, mas que desaparecem gradualmente
possibilitando movimentos giratórios dos braços. por volta dos 30 anos.

Tipo "dobradiça" - Nos joelhos e cotovelos, A maioria dos ossos cranianos formam
permitindo dobrar. pares, um do lado direito e o outro do lado esquerdo.
Para tornar o crânio mais forte, alguns desses pares,
como os dos ossos frontais, occipitais e esfenóides,
fundem-se num osso único. Os pares de ossos
cranianos mais importantes são os parietais,
temporais, maxilares, zigomáticos, nasais e
palatinos. Os ossos cranianos são finos mas, devido
a seu formato curvo, são muito fortes em relação a
seu peso - como ocorre com a casca de um ovo ou o
capacete de um motociclista.
Tronco
Formado pela coluna vertebral, pelas
costelas e pelo osso esterno. O tronco e a cabeça
formam o esqueleto axial.

Articulação
Os ossos de uma articulação têm de
deslizar um sobre o outro suavemente e sem atrito,
ou se gastariam. Os ossos de uma articulação
são mantidos em seus devidos lugares por meio
de cordões resistentes, constituídos por tecido
conjuntivo fibroso: os ligamentos, que estão
firmemente aderidos às membranas que revestem
os ossos.
Divisão do esqueleto
O esqueleto humano pode ser dividido em
três partes principais:
Cabeça
O crânio é uma estrutura óssea que
protege o cérebro e forma a face. Ele é formado por

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Coluna Vertebral também é um osso longo que se localiza na parte
interna do antebraço.
Ou espinha dorsal, é constituída por 33
ossos (as vértebras). A sobreposição dos orifícios A mão é composta pelos seguintes ossos:
presentes nas vértebras forma um tubo interno ao ossos do carpo, ossos do metacarpo e os ossos do
longo da coluna vertebral, onde se localiza a dedo. Os ossos do carpo (constituída por oito ossos
medula nervosa. dispostos em duas fileiras), são uma porção do
esqueleto que se localiza entre o antebraço e a mão.
O metacarpo é a porção de ossos que se localiza
entre o carpo e os dedos.
Membros Inferiores
São maiores e mais compactos, adaptados
para sustentar o peso do corpo e para caminhar e
correr. Composto por coxa, perna, tornozelo e pé.
A coxa só tem um osso - o fêmur - que se
articula com a bacia pela cavidade catilóide. O fêmur
tem volumosa cabeça arredondada, presa a diáfise
por uma porção estreitada - o colo anatômico. A
extremidade inferior do fêmur apresenta para diante
uma porção articular - a tróclea - que trás dois
côndilos separados pela chanfradura inter-condiliana.
O fêmur é o maior de todos os ossos do esqueleto.
A perna e composta por dois ossos: a tíbia e
a fíbula (perônio). A tíbia é o osso mais interno e
a fíbula é o osso situado ao lado da tíbia.
Os dedos são prolongamentos articulados
que terminam nos pés. O pé é composto pelos ossos
tarso, metatarso e os ossos dos dedos. O metatarso
é a parte do pé situada entre o tarso e os dedos. O
tarso é a porção de ossos posterior do esqueleto do
Costela e Osso Esterno pé.
A costela e o osso esterno protegem o Cintura Pélvica
coração, os pulmões e os principais vasos
sanguíneos. A musculatura da caixa torácica é Ou bacia, conecta os membros inferiores ao
responsável, juntamente ao diafragma, pelos tronco. Podem distinguir o homem da mulher. Nas
movimentos respiratórios. A caixa torácica é mulheres é mais larga, o que representa adaptação
formada pelas costelas, que são ossos achatados e ao parto.
curvos que se unem dorsalmente à coluna vertebral Cuidados com o esqueleto e as
e ventralmente ao esterno. A maioria das pessoas articulações
possui 12 pares de costelas. Algumas têm uma
extra (mais comum em homens do que mulheres). Todos nos devemos adotar certas medidas
Os dois últimos pares de costelas são ligados à para evitar problemas nos ossos e nas articulações.
coluna vertebral, não se ligam ao esterno (as Veja algumas delas:
costelas flutuantes). Mantenha sempre uma postura correta –
Membros Superiores e Inferiores ao andar, sentar-se ou ficar de pé. Ao sentar,
mantenha toda a extensão das costas apoiada na
Os ossos dos membros superiores e cadeira ou no sofá.
inferiores ligam-se ao esqueleto axial por meio das
cinturas articulares. Evite carregar muito peso ou transportar
objetos pesados apenas de uma lado do corpo.
Membros Superiores Isso vale para quando estiver levando, por exemplo,
Composto por braço, antebraço, pulso e uma mochila cheia de cadernos e livros.
mão. Alimente-se corretamente, procurando
O braço só tem um osso: o úmero, que é manter seu peso dentro dos limites adequados; o
um osso do membro superior. excesso de peso pode acarretar vários problemas,
como sobrecarga na coluna vertebral.
O antebraço é composto por dois ossos: o
rádio que é um osso longo e que forma com o Cuidado com pancadas, quedas ou
cúbito (ulna) o esqueleto do antebraço. O cúbito movimentos bruscos: você pode fraturar os ossos
ou sofrer deslocamentos nas articulações.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Pratique exercícios físicos regularmente, contrair e de se relaxar, gerando movimentos que
sempre com a orientação de especialistas. nos permitem andar, correr, saltar, nadar, escrever,
impulsionar o alimento ao longo do tubo digestório,
Os devidos cuidados com a postura podem
promover a circulação do sangue no organismo,
evitar as seguintes deformações da coluna:
urinar, defecar, piscar os olhos, rir, respirar...
Lordose- É o aumento anormal da curva
A nossa capacidade de locomoção depende
lombar levando a uma acentuação da lordose
da ação conjunta de ossos, articulações e músculo,
lombar normal (hiperlordose). Os músculos
sob a regulação do sistema nervoso.
abdominais fracos e um abdome protuberante são
fatores de risco. Caracteristicamente, a dor nas Tipos de músculos
costas em pessoas com aumento da lordose
No corpo humano, existem músculos
lombar ocorre durante as atividades que envolvem
grandes, como os da coxa, e músculos pequenos,
a extensão da coluna lombar, tal como o ficar em
como certos músculos da face. Eles podem ser
pé por muito tempo (que tende a acentuar a
arredondados (os orbiculares dos olhos, por
lordose). A flexão do tronco usualmente alivia a dor,
exemplo); planos (os do crânio, entre outros); ou
de modo que a pessoa frequentemente prefere
fusiformes (como os do braço).
sentar ou deitar.
Mas, de maneira geral, podemos reconhecer
três tipos de músculo no corpo humano:
Músculo não estriado (músculo liso);
Músculo estriado esquelético;
Músculo estriado cardíaco.
Os músculos não estriados têm contração
lenta e involuntária, isto é, os movimentos por eles
gerados ocorrem independentemente da nossa
vontade.

Cifose - É definida como um aumento

anormal da concavidade posterior da coluna
vertebral, sendo as causas mais importantes dessa
deformidade, a má postura e o condicionamento
físico insuficiente. Doenças como espondilite Esses músculos são responsáveis, por
anquilosante e a osteoporose senil também exemplo, pela ereção dos pêlos na pele (“arrepio”) e
ocasionam esse tipo de deformidade. pelos movimentos de órgãos como o esôfago, o
Escoliose - É a curvatura lateral da coluna estômago, o intestino, as veias e as artérias, ou seja,
vertebral, podendo ser estrutural ou não estrutural. músculos associados aos movimentos peristálticos e
A progressão da curvatura na escoliose depende, ao fluxo de sangue no organismo.
em grande parte, da idade que ela inicia e da Os músculos estriados esqueléticos fixam-
magnitude do ângulo da curvatura durante o se aos ossos geralmente por meio de cordões
período de crescimento na adolescência, período fibrosos, chamados tendões. Possuem contração
este onde a progressão do aumento da curvatura vigorosa e voluntária, isto é, seus movimentos
ocorre numa velocidade maior. O tratamento obedecem a nossa vontade. Exemplos: os músculos
fisioterápico usando alongamentos e respiração são das pernas, dos pés, dos braços e das mãos. O
essenciais para a melhora do quadro. músculo estriado cardíaco é o miocárdio, o
O sistema muscular músculo do coração, que promove os batimentos
cardíacos. Sua contração é vigorosa e involuntária.
O sistema muscular é formado pelo
conjunto de músculos do nosso corpo. Existem O trabalho muscular
cerca de 600 músculos no corpo humano; juntos Uma das principais propriedades dos
eles representam de 40 a 50% do peso total de músculos é a capacidade de se contrair; a
uma pessoa. Os músculos são capazes de se

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
contratilidade; é ela que torna possíveis os Nos mamíferos aquáticos, a mioglobina é
movimentos. particularmente abundante. É o caso de animais
como as focas, as baleias, os leões-marinhos e os
No caso dos músculos estriados
golfinhos. Se comparados com mamíferos terrestres,
esqueléticos, os ossos atuam como alavancas e
esses animais aquáticos possuem mais glóbulos
permitem a efetivação do movimento. Às vezes, o
vermelhos e alvéolos pulmonares mais
movimento é possível graças ao trabalho
desenvolvidos e em maior número. E, nos músculos,
antagônico de dois músculos. Por exemplo: quando
a grande presença de mioglobina garante um notável
você dobra um braço, o bíceps braquial se contrai,
armazenamento de gás oxigênio.
diminui no comprimento e aumenta na espessura.
Ao mesmo tempo, o tríceps braquial relaxa. Ao Tudo isso contribui para que possam
esticar o braço, a situação se inverte: o bíceps mergulhar e permanecer submersos na água por
braquial relaxa, voltando ao tamanho normal, e o períodos relativamente longos.
tríceps braquial se contrai.
Órgãos dos sentidos
A fadiga muscular
Você já reparou quantas coisas diferentes
Quando uma pessoa realiza um esforço nosso corpo é capaz de fazer? Podemos perceber o
muscular muito intenso, é comum ela ficar ambiente vendo, ouvindo, cheirando, apalpando,
cansada e sentir dores na região muscular mais sentindo sabores. Recebemos informações sobre o
solicitada. É a fadiga muscular, que ocorre por meio que nos cerca. Ao processá-las em nosso
causa do acúmulo de ácido lático no músculo. cérebro, nós as interpretamos, seja como sinais de
perigo, sensações agradáveis ou desagradáveis, etc.
Em situação de intensa atividade muscular,
Depois dessa interpretação, respondemos aos
os músculos estriados esqueléticos necessitam de
estímulos do ambiente, interagindo com ele.
muita energia. Essa energia é obtida pela “queima”
de alimento com o uso de gás oxigênio. Mas, nesse Nossos corpos podem fazer diversas
caso, parte da energia necessária para a atividade coisas que uma máquina não é capaz.
muscular é obtida também por um tipo de
Como você sabe o que está acontecendo ao
fermentação, um mecanismo de “queima” de
seu redor? Recebemos informações sobre o
alimento sem utilização gás oxigênio. A
ambiente através dos cinco sentidos: visão,
fermentação que ocorre no músculo é chamada
audição, paladar, olfato e tato.
fermentação láctica, pois gera ácido láctico como
produto final. A visão
Após um período de repouso, o ácido A energia luminosa (luz) chega aos nossos
láctico presente no músculo da pessoa é olhos trazendo informações do que existe ao nosso
“queimado”, e as dores musculares desaparecem. redor. Nossos olhos conseguem transformar o
estímulo luminoso em uma outra forma de energia
Músculos e fibras
(potencial de ação) capaz de ser transmitida até o
Ao observar um pedaço de carne crua, nosso cérebro. Esse último é responsável pela
percebemos que ela é formada por inúmeros fios criação de uma imagem a partir das informações
paralelos e presos uns aos outros por tecido retiradas do meio.
conjuntivo (parte branca e pelanca). Depois do
O olho é revestido por três membranas:
cozimento, o tecido conjuntivo se altera e já não
esclera, coróide e retina. A esclera á a camada
prende tão bem esses fios. Assim, fica fácil desfiar
mais externa, o que chamamos de “branco do olho”.
a carne.
A parte anterior da esclera é constituída pela
Os fios observados são feixes de fibras
córnea, que é uma membrana curva e transparente
musculares. Cada fibra muscular ou miócito é uma
por onde passa a luz.
célula longa e fina, com muitos núcleos e com o
citoplasma ocupado por filamentos microscópicos Além da córnea, há a coróide – essa
chamados miofibrilas. As miofibrilas permitem a membrana intermediária apresenta muitos vasos
contração muscular e, portanto, nossos sanguíneos que nutrem as células oculares.
movimentos.
Na parte anterior da coróide, sob a córnea,
Os músculos estriados são as vezes encontra-se a íris, que é a parte colorida do olho. No
chamados de “músculos vermelhos”, por causa de centro da iria, há uma abertura, a pupila, por onde a
uma proteína chamada de mioglobina. Essa luz entra no olho. A cor da íris depende da
proteína é uma espécie de “parente” da quantidade de melanina (substância também
hemoglobina das hemácias: tem um quarto do responsável pela cor da pele) que a pessoa possui.
tamanho dela, é vermelha e capaz de se combinar A quantidade de pigmento é hereditária, ou seja, é
com o gás oxigênio. A mioglobina funciona como determinada pelos genes.
um reservatório do gás oxigênio para as atividades
Observe seus olhos em um espelho. Você
musculares.
verá uma "bolinha" bem preta no centro da região
colorida. É a pupila. Mas, o que é a pupila?
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Nada mais do que um orifício que deixa preenchendo a câmara posterior do olho. Sua
passar a luz. Você já saiu de um local escuro e pressão mantém o globo ocular esférico.
entrou em outro ambiente bem claro? O que
Estruturas de proteção dos olhos
aconteceu? Provavelmente, você ficou ofuscado,
isto é, deixou de enxergar por alguns segundos. A O globo ocular apresenta, ainda, anexos: as
região colorida de seus olhos é conhecida como pálpebras, os cílios, as sobrancelhas ou
íris. Trata-se de uma delicada musculatura que faz supercílios, as glândulas lacrimais e os músculos
sua pupila ficar grande ou pequena, de acordo com oculares.
a quantidade de luz que ela recebe.
As pálpebras são duas dobras de pele
Quando a quantidade de luz é pequena, é revestidas internamente por uma membrana
preciso aumentar esse orifício para captar a maior chamada conjuntiva. Servem para proteger os olhos
quantidade possível de energia luminosa. Já e espalhar sobre eles o líquido que conhecemos
quando a luminosidade é grande, a íris diminui a como lágrima. Os cílios ou pestanas impedem a
pupila, tornando menor a entrada de luz, para seus entrada de poeira e de excesso de luz nos olhos, e
olhos não receberem tanta "informação" ficando as sobrancelhas impedem que o suor da testa entre
incapazes de transmiti-las ao cérebro. neles.
Partes internas do olho As glândulas lacrimais produzem lágrimas
continuamente. Esse líquido, espalhado pelos
As estruturas transparentes, existentes no
movimentos das pálpebras, lava e lubrifica o olho.
interior do olho, permitem que a luz atravesse o
Quando choramos, o excesso de líquido desce pelo
globo ocular e chegue até a retina, que é sensível
canal lacrimal e é despejado nas fossas nasais, em
ao estímulo da luz. Essas estruturas são: o
direção ao exterior do nariz.
cristalino, a córnea, o humor aquoso e o humor
vítreo.
- cristalino: lente biconvexa coberta por
uma membrana transparente. Situa-se atrás da
pupila e é orienta a passagem da luz até a retina.
Também divide o interior do olho em dois
compartimentos contendo fluidos ligeiramente
diferentes:
(1) a câmara anterior, preenchida pelo
humor aquoso e
(2) a câmara posterior, preenchida pelo
humor vítreo. Pode ficar mais delgado ou mais
espesso, porque é preso ao músculo ciliar, que
pode torná-lo mais delgado ou mais curvo. Essas
mudanças de forma ocorrem para desviar os raios
luminosos na direção da mancha amarela. O
cristalino fica mais espesso para a visão de Mecanismo da visão
objetos próximos e, mais delgado para a visão
de objetos mais distantes, permitindo que nossos Os raios de luz refletidos do objeto entram
olhos ajustem o foco para diferentes distâncias nos nossos olhos, atravessam as estruturas oculares
visuais. A essa propriedade do cristalino dá-se o - a córnea, a pupila, os humores, o cristalino – e
nome de acomodação visual. Com o chegam ao fundo do olho, até a retina, onde existem
envelhecimento, o cristalino pode perder a células sensíveis a luz. A imagem transformada
transparência normal, tornando-se opaco, ao que em impulsos nervosos, é enviada a través do
chamamos catarata. nervo óptico ao cérebro. No cérebro as
informações (cor, forma, tamanho e posição) são
- córnea: porção transparente da túnica “interpretadas” fazendo com que a imagem do objeto
externa (esclerótica); é circular no seu contorno e em foco seja vista na posição correta.
de espessura uniforme.
Saúde visual
Sua superfície é lubrificada pela lágrima,
secretada pelas glândulas lacrimais e drenada para Todo mundo tem alguém na família ou pelo
a cavidade nasal através de um orifício existente no menos conhece alguém que usa óculos. Geralmente
canto interno do olho. pensamos logo nos nossos avós, pois a maioria dos
idosos tem dificuldade para enxergar. Mas ao
- humor aquoso: fluido aquoso que se contrário do que se pensa, os problemas de visão
situa entre a córnea e o cristalino, preenchendo a ocorrem na infância e adolescência. Pesquisas
câmara anterior do olho. revelam que 1 em cada 5 crianças em idade escolar
sofre de problemas de visão. Uma criança não tem
- humor vítreo: fluido mais viscoso e
como comparar se está enxergando bem ou não e
gelatinoso que se situa entre o cristalino e a retina,
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
dificilmente vai se queixar, o que pode trazer sérios Então, nada de ficar com medo de ir ao
problemas para o aprendizado e a saúde. médico fazer o exame. Você verá a vida com
outros olhos.
Os sintomas podem ser:
Doenças dos olhos
Dificuldade de leitura: Quando você
lê um livro, preste atenção se precisa aproximá-lo Conjuntivite
dos olhos ou se é necessário afastá-lo. Observe se
Conjuntivite é a inflamação da
as letras ficam meio embaçadas, como se tivesse
conjuntiva, membrana transparente e fina que
uma nuvem de fumaça sobre seus olhos.
reveste a parte da frente do globo ocular (o branco
Piscamento: Observe se você pisca dos olhos) e o interior das pálpebras. Em geral, ataca
muitas vezes ao focalizar algum objeto ou durante os dois olhos, pode durar de uma semana a 15 dias
a leitura. e não costuma deixar sequelas. A combinação de
vários sintomas pode estar presente na conjuntivite
Sensibilidade exagerada à luz: Em
como: coceira, olhos avermelhados e
ambientes claros a pessoa não consegue abrir os
lacrimejando em excesso, visão embaçada e
olhos totalmente, que em seguida começam a
sensível à claridade, inchaço das pálpebras, e
lacrimejar.
ainda pode ocorrer também dor de cabeça, mal-estar
Terçol Frequente: É uma inflamação geral e inflamação nos gânglios.
geralmente localizada nas pálpebras, como se
As principais causas da conjuntivite são:
fosse uma espinha grande, deixando a região
avermelhada e inchada. Contaminação do olho com bactérias ou
vírus. Os dois tipos de infecção são contagiosos. As
Dores de Cabeça: Geralmente durante
virais são as que mais frequentemente causam
ou após a leitura ou ao assistir televisão.
epidemias.
Tonteiras: Também são frequentes
Irritação química é outra causa de
durante a leitura.
conjuntivite. Os causadores podem ser a poluição do
Se você tem algum desses sintomas deve ar, sabonetes, spray, maquiagens, cloro, produtos
consultar um oftalmologista que irá fazer de limpeza, etc.
alguns exames para confirmar se você tem ou
• Alguns indivíduos apresentam conjuntivite
não problemas de visão. Se for confirmado, é
alérgica (sazonal), devido a alergia a polens.
capaz de você escutar uns nomes bem esquisitos
como miopia, hipermetropia e astigmatismo. Mas A conjuntivite pode ser transmitida através do
não precisa se assustar. Esses são os nomes contado direto com secreções oculares de uma
específicos para cada problema. Quer conhecer? pessoa infectada transmitidos principalmente pelas
mãos, por toalhas, cosméticos ou indiretamente por
Então, confira abaixo:
meio de instrumentos, superfícies ou soluções
Miopia - Dificuldade de enxergar de contaminadas. É muito comum a contaminação
longe dentro do meio familiar, isto é, o contato direto e
indireto de um indivíduo infectado com outro da
Hipermetropia - Dificuldade de enxergar
mesma família.
de perto
O glaucoma
Astigmatismo - A imagem fica
desfocada, meio embaçada devido a uma É decorrente do acúmulo de humor
alteração na Córnea (camada transparente sobre a aquoso, resultando do aumento de pressão
parte colorida). dentro dos olhos. O nervo óptico é a parte do olho
que carrega a informação visual até o cérebro. É
Depois disso, certamente você deverá usar
formado por mais de um milhão de células nervosas.
óculos. E nem pensar em ficar chateado e achar
Quando se eleva a pressão no olho, as células
que você é o único, pelo contrário, os óculos vão te
nervosas tornam-se comprimidas, o que as danifica,
fazer enxergar tudo, bem direitinho. Seja de longe e eventualmente até causa sua morte. A morte
ou de perto. destas células resulta em perda visual permanente.
E além do mais, hoje em dia, existem O diagnóstico e o tratamento precoces do glaucoma
óculos com armações bem modernas. Podem ser podem prevenir esta situação.
coloridos, redondos ou quadrados, grandes ou Catarata
pequenos. Existem até alguns em que as armações
são tão fininhas que ficam quase imperceptíveis. É Ocorre, com mais frequência em pessoas
só escolher um que você se sinta bem ou fazer com mais de 50 anos. A catarata prejudica a visão
uma coleção. Já pensou que legal usar um óculos porque o cristalino perde parte da sua
diferente todo dia? transparência. O tratamento geralmente é cirúrgico.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Tracoma Percebemos a diferença da chegada do som nas
duas diferentes orelhas. Desse modo, podemos
É uma inflamação que afeta a córnea e a
calcular a que distância encontra-se o emissor.
conjuntiva. Essa doença é causada por vírus. O
Nossas orelhas captam e concentram as vibrações
tracoma é uma doença contagiosa que se propaga
do ar, ou melhor, as ondas sonoras, que passam
de modo semelhante da conjuntivite, por meio das
para a parte interna do nosso aparelho auditivo, as
mãos e de objetos contaminados. Os sintomas são
orelhas médias, onde a vibração do ar faz vibrar
fotofobia (grande sensibilidade à luz), dor e
nossos tímpanos - as membranas que separam as
lacrimejamento.
orelhas externas das médias.
Avitaminose A
Isto é, a falta de vitamina A no organismo,
prejudica a recepção dos estímulos luminosos
pelos sensores oculares. Essa deficiência
vitamínica pode levar à cegueira noturna e à
xeroftalmia (secura da córnea, que também pode
levar a perda de visão).
Cuidados com os olhos
Como vimos, os olhos têm estruturas
próprias de proteção. Mas, mesmo assim, devemos
ter alguns cuidados especiais com os olhos,
consultando sempre o médico:
Não usar óculos sem receita médica.
Não usar colírio sem recomendação
médica.
Em caso de cisco, lavar o olho com Essa vibração, por sua vez, será transmitida
cuidado, sem esfregá-lo. para três ossículos, o martelo, a bigorna e o
estribo. Através desses ossos, o som passa a se
Procurar ler e escrever em lugar propagar em um meio sólido, sendo assim
adequadamente iluminado. transmitido mais rapidamente. Assim, a vibração
Ao assistir televisão e ao ler ou chega à janela oval - cerca de vinte vezes menor que
escrever, manter a distância adequada. o tímpano - concentrando-se nessa região e
amplificando o som.
Da televisão, manter no mínimo 1,5 metros
da tela. O livro ou o caderno devem estar a uma Da orelha interna, partem os impulsos
distância de 30 cm dos olhos. nervosos. Nosso aparelho auditivo consegue ampliar
o som cerca de cento e oitenta vezes até o estímulo
Para usar o computador, posicionar-se chegar ao nervo acústico, o qual levará a informação
entre 45 cm a 70 cm do monitor. ao cérebro. Quando movemos a cabeça,
A tela deve ter a sua altura regulada um movimentamos também os líquidos existentes nos
pouco abaixo da altura dos olhos. canais semicirculares e no vestíbulo da orelha
interna. É esse movimento que gera os estímulos
Nunca olhar diretamente para o Sol, pois que dão informações sobre os movimentos que
isso pode causar sérios danos aos olhos. Evitar nosso corpo está efetuando no espaço e sobre a
olhar diretamente para fonte intensa de posição da cabeça, transmitindo-nos com isso a
luminosidade, farol de carro, por exemplo. noção de equilíbrio.
Audição A orelha e o equilíbrio
Nossos ouvidos também nos ajudam a A orelha é mais conhecida como o órgão do
perceber o que está ocorrendo a nossa volta. Além sentido da audição, mas ela também ajuda a manter
de perceberem os sons, eles também nos dão o equilíbrio – a orientação postural – e o senso de
informações sobre a posição de nossos corpos, direção. Dentro da orelha interna, há um
sendo parcialmente responsáveis por nosso “equipamento” de percepção de equilíbrio: os canais
equilíbrio. O pavilhão auditivo (orelha externa) semicirculares, também chamados de labirinto que
concentra e capta o som para podermos ouvir os são preenchidos por líquido. Essas estruturas não
sons da natureza, diferenciar os sons vindos do mar participam do processo de audição. Quando
do som vindo de um automóvel, os sons fortes e movimentamos a cabeça, o líquido se desloca dentro
fracos, graves e agudos. dos canais. O deslocamento desse líquido estimula
Por possuirmos duas orelhas, uma de cada nervos específicos, que enviam ao cérebro
lado da cabeça, conseguimos localizar a que informação sobre a posição do nosso corpo em
distância se encontra o emissor do som. relação ao ambiente. O nosso cérebro interpreta a

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
mensagem e comanda os músculos que atuam na Poluição sonora
manutenção do equilíbrio do corpo.
Dizemos que há poluição sonora quando os
ruídos incomodam por serem altos demais para o
nosso sistema auditivo. A audição humana, em
níveis normais, capta sons a partir de 10 ou 15
decibéis. Até cerca de 80 a 90 decibéis, os sons
são inofensivos à audição humana. Acima dessa
medida, podem provocar dores de cabeça,
irritabilidade e insônia e, sobretudo, diminuição da
capacidade auditiva.

Segundo a OMS, o “volume sonoro” nas

cidades não deve ultrapassar 70 decibéis, para evitar
Cuidados com os órgãos auditivos a poluição sonora.
Para este equipamento funcionar direitinho, Olfato
cuide bem dele!
Podemos adivinhar o que está no forno
O ouvido está sujo? Limpeza nele! apenas pelo cheiro que sentimos no ar da cozinha.
Mas ATENÇÃO: nada de cotonete! Esse é o sentido do olfato. Partículas saídas dos
Se não você pode fazer o maior estrago no alimentos, de líquidos, de flores, etc. chegam ao
seu ouvido! Peça uma ajudinha a um adulto, para nosso nariz e se dissolvem no tecido que reveste a
ele mostrar como você deve fazer: é só usar a região interna do teto da cavidade nasal, a mucosa
própria toalha e limpar apenas a parte de fora, na olfatória. Ali a informação é transformada, para ser
frente e atrás. Pode deixar que o médico cuida da conduzida, através do nervo olfatório, até o cérebro,
parte de dentro! onde será decodificada.

Praia e piscina são uma delícia, e

mergulhar é melhor ainda. Mas cuidado: tente
não deixar entrar água no ouvido e seque-o depois
que sair, virando a cabeça de lado e fazendo uma
leve pressão. Mas se você é um grande
mergulhador e não consegue ficar parado, peça
a um adulto para levá-lo ao médico; ele pode
receitar um tampão feito sob medida para você.
Ouvido também "gasta", sabia? Se você
não cuidar bem do seu, pode ficar sem escutar
direito... por isso, cuidado ao ouvir música no
walkman: o som muito alto faz mal aos delicados
órgãos auditivos, e pode até provocar dor de
cabeça e zumbido no ouvido. O melhor mesmo é
evitar os fones, ou ouvir baixinho.
Se você já viajou para regiões de serra
ou andou de avião, deve ter tido a sensação de
ficar "surdo", não é? Isto acontece por causa da
mudança de pressão do ar: Para não incomodar A capacidade do nosso olfato é significativa.
muito, quando isto acontecer, você pode engolir Podemos distinguir milhares de odores diferentes e
saliva várias vezes, ou abrir bem a boca. Em uma identificar substâncias que têm cheiro forte, mesmo
viagem longa, é legal chupar uma bala ou mascar quando muito diluídas. Em relação ao sentido do
chiclete. Não estranhe se seu ouvido ficar olfato de outros animais, o nosso não pode ser
"estalando"! considerado um dos mais desenvolvidos. O cachorro,
por exemplo, tem o olfato muito mais apurado.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Paladar
Mesmo com os olhos vendados e o nariz
tapado, somos capazes de identificar um alimento
que é colocado dentro de nossa boca. Esse sentido
é o paladar. Partículas se desprendem do alimento
e se dissolvem na nossa boca, onde a informação é
transformada para ser conduzida até o cérebro, que
vai decodificá-la. Os seres humanos distinguem as
sensações de doce, salgado, azedo e amargo
através das papilas gustativas, situadas nas
diferentes regiões da língua.
Tato
Já a nossa pele nos permite perceber a
textura dos diferentes materiais, assim como a
temperatura dos objetos, pelas diferenças de
pressão, captando as variações da energia térmica e
ainda as sensações de dor. Podemos sentir a
suavidade do revestimento externo de um pêssego, o
calor do corpo de uma criança que seguramos no
colo e a maciez da pele de um corpo que
acariciamos. Sem essas informações, nossas
sensações de prazer seriam diminuídas, poderíamos
nos queimar ou nos machucaríamos com frequência.
Essa forma de percepção do mundo é conhecida
como tato.
Os receptores do tato percebem as
diferenças de pressão (receptores de pressão),
traduzem informações recebidas pelo contato com
diferentes substâncias químicas, percebem também
a transferência de energia térmica que ocorre de
um corpo para outro (receptores de calor).
Lendo com as pontas dos dedos

Para sentirmos os diferentes sabores, os Os deficientes visuais podem ler textos,

grupamentos atômicos dos alimentos são algarismos, notas musicais etc. e também redigir os
dissolvidos pela água existente em nossa boca seus próprios textos pelo sistema braile. O alfabeto
e estimulam nossos receptores gustativos desse sistema é constituído de pequenos pontos
existentes nas papilas. salientes em uma folha de papel. A leitura é feita por
leve pressão da ponta dos dedos sobre os pontos
Atuação do olfato em conjunto com o para percepção de sua posição e número. A escrita é
paladar realizada por perfuração do papel por um instrumento
Quando mastigamos uma goiaba, também apropriado. Isso é possível à grande concentração de
sentimos o cheiro que ela exala. Isso ocorre porque receptores sensíveis às pressões na ponta dos
as partículas da substância que compõe a fruta – a dedos.
essência – são captadas pelo sentido olfativo. O O sistema braile é utilizado
fato que podemos detectar pelo olfato a essência internacionalmente e em todos os idiomas. Ele
da fruta nos possibilita identificar o sabor da goiaba. permite a representação de letras e de diversos
É pelo olfato que identificamos os sabores outros sinais.
específicos, por exemplo, da pera e da goiaba,
mesmo ambas sendo doces. Quando ficamos
gripados, podemos constatar a atuação conjunta do
olfato e do paladar. Um dos sintomas da gripe ou
do resfriado é a produção de muito muco pelo nariz.
Isso dificulta a circulação de ar (que carrega as
partículas das substâncias) pela cavidade nasal. O
ar não chega as células olfativas, prejudicando a
percepção dos cheiros. Nessas ocasiões temos a
percepção de que os alimentos, até os mais
saborosos, perderam o gosto.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Nossos sentidos nos informam, de várias Porque frequentemente cada organismo se
maneiras, sobre o que está acontecendo a nossa alimenta de mais de um tipo de animais ou plantas,
volta. Podemos ver e ouvir, cheirar e sentir as relações alimentares (também conhecidas por
sabores. Podemos sentir a textura e a temperatura relações tróficas) tornam-se mais complexas, dando
das coisas que tocamos. Nossos sentidos são origem a redes ou teias alimentares, em que as
impressionados pela matéria e a energia e, assim, diferentes cadeias alimentares se inter-relacionam.
nosso organismo entra em contato com o meio
Níveis tróficos
ambiente.
O primeiro nível trófico é constituído pelos
No entanto, nossos órgãos dos sentidos
seres autotróficos, também conhecidos por
são limitados, percebem apenas uma determinada
produtores, capazes de sintetizar matéria orgânica a
quantidade de comprimentos de ondas
partir de substâncias minerais e fixar a energia
luminosas, sonoras, etc. Do mesmo modo, nosso
luminosa sob forma de energia química.
corpo suporta somente uma determinada
quantidade de pressão. Mas o homem passou a Os organismos deste nível são as plantas
criar instrumentos para ampliar a sua percepção do verdes, as cianófitas ou cianofíceas (algas verde-
mundo, podendo enxergar objetos cada vez azuladas ou azuis) e algumas bactérias que, devido à
menores e maiores, compreender e identificar presença de clorofila (pigmento verde), podem
ultrassons e infrassons. Com a possibilidade de um realizar a fotossíntese. Estes organismos são
novo olhar, o homem foi encontrando novos também conhecidos por produtores primários.
problemas, levantando novas hipóteses, chegando
Os níveis seguintes são compostos por
a novas conclusões e conhecendo novas
realidades. organismos heterotróficos, ou seja, aqueles que
obtêm a energia de que precisam de substâncias
MEIO AMBIENTE orgânicas produzidas por outros organismos. Todos
os animais e fungos são seres heterotróficos, e este
CADEIA ALIMENTAR
grupo inclui os herbívoros, os carnívoros e os
Exemplo de cadeias alimentares terrestres decompositores.
e marinhos
Os herbívoros são os organismos do
A cadeia alimentar é uma sequência de segundo nível trófico, que se alimentam diretamente
organismos interligados por relações de dos produtores (por exemplo, a vaca). Eles são
alimentação. É a maneira de expressar as relações chamados de consumidores primários; os carnívoros
de alimentação entre os organismos de um ou predadores são os organismos dos níveis tróficos
ecossistema, incluindo os produtores, os seguintes, que se alimentam de outros animais (por
consumidores (herbívoros e seus predadores, os exemplo o leão).
carnívoros) e os decompositores.
O carnívoro, que come o herbívoro, é
Cadeia alimentar num lago sueco. De baixo chamado de consumidor secundário. Existem seres
para cima: camarão de água doce→ alburnete→ vivos que se alimentam em diferentes níveis tróficos,
perca→ lúcio europeu → águia-pescadora. tal como o Homem que inclui na sua alimentação
seres autotróficos, como a batata, e seres herbívoros
Ao longo da cadeia alimentar há uma
como a vaca.
transferência de energia e de nutrientes, sempre no
sentido dos produtores para os consumidores. A Os decompositores são organismos que se
transferência de nutrientes fecha-se com o retorno alimentam de matéria morta e excrementos,
dos nutrientes aos produtores, possibilitado pelos provenientes de todos os outros níveis tróficos. Este
decompositores que transformam a matéria grupo inclui algumas bactérias e fungos.
orgânica dos cadáveres e excrementos em
O seu papel num ecossistema é muito
compostos mais simples, num ciclo de transferência
importante uma vez que transformam as substâncias
de nutrientes. A energia, por outro lado, é utilizada
orgânicas de que se alimentam em substâncias
por todos os seres que se inserem na cadeia
minerais. Estas substâncias minerais são novamente
alimentar para sustentar as suas funções,
utilizáveis pelas plantas verdes, que sintetizam de
diminuindo ao longo da cadeia alimentar (perde-se
novo matéria orgânica, fechando assim o ciclo de
na forma de calor), não sendo reaproveitável. A
utilização da matéria.
energia tem portanto um percurso acíclico
obrigatoriamente dependente da energia do Sol. Ao longo da cadeia alimentar há uma
Esse processo é conhecido pelos ecologistas como transferência de energia e de matéria orgânica. Estas
fluxo de energia. transferências têm aspectos semelhantes, uma vez
que se realizam sempre dos autotróficos para os
A posição que cada um ocupa na cadeia
níveis tróficos superiores (herbívoros, carnívoros e
alimentar é um nível hierárquico que os classifica
decompositores), mas existe uma diferença
entre produtores (como as plantas e algas),
fundamental: os nutrientes são reciclados pelos
consumidores (como os animais) e decompositores
decompositores, que os tornam disponíveis para os
(fungos e bactérias).
seres autotróficos sob a forma de minerais, fechando

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
assim o ciclo da matéria, enquanto a energia, que é A partir do exemplo em questão, podemos
utilizada por todos os seres vivos para a perceber que alguns desses organismos podem se
manutenção da vida, é parcialmente consumida em alimentar tanto de vegetais quanto de tecidos
cada nível trófico. animais, tal como certas espécies de crustáceos e
peixes. Dessa forma, não podemos considerar que
Assim, a única fonte de energia num
as relações alimentares de determinado ambiente se
ecossistema são os seres autotróficos e,
dão de forma linear, como representado em cadeias
simultaneamente, todos os seres vivos dependem
alimentares.
dessa energia para realizar as suas funções vitais.
Considerando tal aspecto, teias alimentares
Como apenas uma parte da energia que
refletem de forma mais fiel a relação entre
chega a um determinado nível trófico passa para o
produtores, consumidores e decompositores em um
nível seguinte: apenas 10% da energia de um nível
ambiente, sendo por isso considerada um conjunto
é produzido a partir do próximo, o que geralmente
de cadeias alimentares. Nessa, os decompositores
restringe o número de níveis a não mais do que
agem sobre todos os níveis tróficos.
cinco, pois em determinado nível a energia
disponível é insuficiente para permitir a
subsistência.
Teia alimentar

DESEQUILÍBRIO ECOLÓGICO
Tucano-de-bico-verde: animal onívoro que Há na natureza um equilíbrio entre os
desempenha diversos papéis nas cadeias organismos vivos e o ambiente em que vivem,
alimentares. resultando em ecossistemas, com suas trocas e
influências entre organismos e entre eles e o meio.
Cadeias alimentares são representadas por
uma relação alimentar entre produtores, O desequilíbrio ecológico ocorre quando
consumidores e decompositores, na qual a energia algum elemento (animal ou vegetal) de um
flui entre esses indivíduos a partir dos seres ecossistema é reduzido em quantidade, adicionado
autotróficos, que, a partir da fotossíntese ou ou subtraído. Esta mudança pode originar reações
quimiossíntese, são capazes de transformar a em cadeia e repercutir diretamente no funcionamento
matéria inorgânica em orgânica, sendo essa do ecossistema.
incorporada na cadeia a partir do momento em que
Às vezes os desequilíbrios ecológicos podem
um indivíduo se alimenta desses organismos.
ser súbitos e catastróficos devido aos desastres
Algas, plantas e algumas bactérias e naturais provocados pelos terremotos, tsunamis,
protozoários representam os produtores. furacões, erupções vulcânicas e queda de meteoros,
Consumidores se alimentam de produtores os quais tendem a gerar intensa destruição nos
(consumidores primários); ou daqueles que se ambientes onde ocorrem. Dependendo do tipo de
alimentam destes (consumidores secundários). ecossistema atingido, os danos na comunidade
Algumas bactérias e fungos, os chamados biológica podem ser intensos, sendo necessários
decompositores, se nutrem de restos mortais e vários anos para a sua plena recuperação.
excretas desses componentes da cadeia alimentar,
Porém, o desequilíbrio ecológico pode ser
reciclando a matéria orgânica.
resultante de atividades humanas desordenadas
Exemplo de cadeia alimentar: como: poluição atmosférica, poluição dos rios e
lagos, poluição dos mares e oceanos,
Alga > crustáceo > peixe > tubarão > desmatamento de florestas, matas ciliares e
fungos e bactérias
mangues, depredação e captura de espécies para
produtor - consumidor primário - comércio, sobrepesca (captura excessiva de peixes
consumidor secundário - consumidor terciário - muito jovens e em época reprodutiva), aquecimento
decompositores global (efeito estufa), redução na camada de ozônio,
exploração demográfica, entre outros.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Finalmente, o fato que é considerado a
causa de muitos processos de desequilíbrio
ecológico é a explosão demográfica da população
humana, graças ao desenvolvimento da tecnologia,
da medicina, da melhoria da qualidade de vida em
geral. A população humana está crescendo em
progressão geométrica, mas os recursos
necessários à sobrevivência não.
Ao degradar florestas, modificar cursos de A liberdade roubada
rios, aterrar áreas alagadas e desestabilizar o clima,
a população desfaz uma rede de segurança Em razão da imensa biodiversidade
ecológica extremamente complexa. Dunas, ilhas- brasileira, o país é um dos principais alvos do tráfico
de animais, contribui com 10% dos bilhões de dólares
barreiras, manguezais e áreas alagadas litorâneas
arrecadados com a atividade. Além da grande
são “parachoques” naturais contra ressacas. As
variedade de espécies (peixes, aves, insetos,
florestas e áreas alagadas são “esponjas” que
absorvem as enchentes. mamíferos, répteis, anfíbios, entre outros), outro fator
que contribui para essa prática no país é a falta de
Outro fato interessante, que serve como um fiscalização e de punições severas. Traficantes são
alerta da natureza, diz respeito ao instinto dos presos em flagrante várias vezes com diversos
animais. animais, no entanto, pagam fiança e respondem
processo em liberdade.
Há cientistas que admitem a possibilidade
dos animais possuírem capacidades sensoriais Conforme a ONG (Organização Não
avançadas que os humanos não têm. Governamental) Rede Nacional de Combate ao
Tráfico de Animais Silvestres, no Brasil, cerca de 38
Os especialistas explicam que os animais,
milhões de animais são retirados de seus habitats
com sentidos altamente desenvolvidos (visão,
naturais anualmente, sendo aproximadamente 12
audição e olfato), reagem mais às mudanças no
milhões de espécimes distintas.
ambiente do que os humanos.
Conforme dados do Instituto Brasileiro do
Cientistas afirmam que, horas antes de
Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis
ocorrer um desastre natural, a maioria dos animais
(IBAMA), aproximadamente 90% dos animais
reage de maneira bem diversa de seu
silvestres morrem logo depois de retirados de seu
comportamento convencional. Dados revelaram
habitat natural. Os animais que apresentam
que, um grupo numeroso de gatos se escondeu
comportamento amigável são os preferidos no
sem motivo aparente 12 horas antes de um
momento da compra. Micos, papagaios, araras e
terremoto – que chegou a 6.8 na escala Richter –
peixes ornamentais são os mais vendidos. Os valores
atingir a área de Seattle, Estados Unidos. Uma ou
variam, quanto mais raro for o animal maior o seu
duas horas antes, outros animais se comportaram
preço de venda no mercado.
de forma ansiosa ou “enlouquecida” (pássaros
voando, ratos escapando de prédios, …), enquanto De acordo com agentes fiscalizadores, os
alguns cães latiram desesperados antes do animais no Brasil são retirados principalmente dos
terremoto chegar. Até mesmo cabritos e outros Estados da Bahia, Piauí, Pernambuco, Maranhão,
animais demonstraram sinais de temor. Paraíba e Ceará. Os principais centros consumidores
são os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
TRAFICO DE ANIMAIS
Aproximadamente 90% dos animais capturados no
Um dos mais lucrativos comércios ilegais Brasil são comercializados no próprio território
do mundo é o tráfico de animais, que movimenta nacional.
aproximadamente 20 bilhões de dólares por ano,
sendo a terceira atividade clandestina que mais
gera dinheiro, ficando atrás do tráfico de drogas e
armas.
O tráfico de animais é configurado pela
retirada de animais de seus habitats naturais e
destinados à comercialização. Os destinos desses
animais são zoológicos, colecionadores,
laboratórios para fabricação de medicamentos, ou
mortos, como a onça-pintada e jacarés, para terem
suas peles ou outras partes do corpo retiradas e
vendidas. Ato de extrema crueldade
Os animais, depois de capturados, são
submetidos a várias práticas agressivas durante o
transporte para os centros consumidores, o papagaio

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
é sedado e escondido em tubos de PVC no fundo pó, nos detergentes, nos adubos e nos produtos
de uma mala, as cobras são presas em meias de corporais. Quando chegam aos lagos, estimulam a
nylon, vários animais são covardemente dopados. proliferação de algas, grandes consumidoras de
oxigênio. Trinta anos atrás, muitos lagos suíços
O tráfico de animais contribui bastante para
tinham um aspecto esverdeado e viscoso. O excesso
o desequilíbrio ecológico, havendo uma mudança
de fosfatos os asfixiava pouco a pouco.
drástica na cadeia alimentar, além de reduzir de
forma considerável a biodiversidade de um Em 1985, os fosfatos foram proibidos no
determinado ambiente. Mas o que é pior, muitos sabão em pó e a situação melhora progressivamente.
animais não sobrevivem durante o transporte, Situação difícil «Nos pequenos lagos de planície, os
outros não se adaptam à “prisão” que o homem fosfatos ainda são um problema bem real", afirma
lhes impõe, causando a morte da maioria desses Edwin Muller, chefe da proteção das águas na
animais. Secretaria Federal do Meio Ambiente (OFEFP).
Principalmente a agricultura não estaria fazendo
Mas os problemas dessa prática atingem
todos os esforços necessários. Em 2000, o Lago de
também os seres humanos, pois micro-organismos
Zug bateu o recorde do pior, com 100 microgramas
presentes nos animais silvestres podem causar o
de fosfato por litro.
surgimento de doenças e sua disseminação entre a
população. O segundo pior foi o Lago de Baldegg com
88 microgramas. Os grandes lagos como o de
Portanto, o tráfico de animais é um ato
Neuchâtel e o Maior estão com bons resultados,
ganancioso, com consequências drásticas para os
respectivamente com 14 e 11 microgramas. Os bons
animais silvestres e os animais ditos “racionais” que
resultados foram obtidos principalmente com o
participam desse crime à vida.
tratamento de esgotos do que ao estado sanitário dos
FOSFATOS EM LAGOS lagos. "O Lago de Constance é comparável ao
Léman mas sua concentração de fosfatos é
Fosfatos causam desequilíbrio ecológico
atualmente de 10 microgramas por litro", compara
em lagos
Edwin Muller. Detergentes É por essa razão que o
Cipel tem o objetivo de reduzir o concentração no
Léman para 20 microgramas, índice considerado
essencial para retomar o equilíbrio biológico do lago.
O alvo dos especialistas é o detergente
utilizado pelo consumidor comum. 33 toneladas de
fosfatos por ano saem das máquinas de lavar roupa e
louça dos dois lados da fronteira e acabam no lado. A
agricultura ajuda a agravar a situação. Na Suíça, o
fosfato está proibido no sabão em pó mas é
autorizado até um certo limite nos detergentes.

O Lago Léman sofre da atividade humana. Na França, no entanto, os fostados não estão
(Keystone) SOBRE O MESMO ASSUNTO Arquivo: proibidos nem limitados. "É muito fácil acusar o
Água sob controle? Os defensores do meio vizinho, mas antes disso, precisamos avaliar o
ambiente denunciam que o Lago Léman contém o impacto real da agricultura", afirma Alfred Wuest.
triplo de fosfatos da maioria dos outros lagos Testes de produtos Os defensores do meio ambiente
suíços. Mas, segundo alguns especialistas, proibir rogam ao consumidor que prefira os produtos que
os fosfatos no sabão em pó e detergentes não contém pouco ou nenhum fosfato. Foram testados os
mudaria nada. «O Lago Léman continua tendo uma produtos utilizados dos dois lados do Léman e
concentração muito forte de fosfatos. Em 2003, foi constatou-se que muitos apenas no limite legal. Uma
de 33 microgramas por litro", adverte a Comissão única marca (Held), produzida pelo grupo belga
Internacional pela Proteção das Águas do Léman Ecover, de distribuição limitada, não contém qualquer
(Cipel). 33 microgramas por litro é o triplo da fosfato. "Nenhum detergente sem fostado está sendo
maioria dos outros lagos suíços. A Suíça tem vendido nos grandes supermercados", segundo o
muitos lagos mas o Léman tem o maior volume de Cipel.
todos eles, embora seja binacional, suíço e francês. Sem solução A maior rede de supermercados
O maior lago inteiramente suíço é o de Neuchâtel. do país (Migros) reconhece que não vende
"A região em volta do Lago Léman é detergentes sem fosfatos. "Até agora, infelizmente
explorada de maneira intensiva", explica Alfred não encontraram um produto de substituição para os
Wuest, responsável da divisão ecologia aplicada às fosfatos", afirma uma porta-voz da rede. A proibição,
águas no Instituto Federal pela proteção das águas portanto, não está sendo cogitada para os
(WAWAG). A forte densidade humana, a detergentes. "Na época (1985) foi possível proibir o
industrialização e a agricultura provocam o aumento fosfato no sabão em pó porque existiam alternativas
da quantidade de fosfatos nos lagos. Problemas técnicas. Ainda não é o caso para os detergentes",
domésticos Os fosfatos são utilizados no sabão em

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
confirma Erwin Muller, da Secretaria Federal do Soluções
Meio Ambiente.
Com o objetivo de buscar soluções para os
POLUIÇÃO DA AGUA problemas dos recursos hídricos da Terra, foi
realizado no Japão, em março de 2003, o III Fórum
A água é um bem precioso e cada vez mais
Mundial de Água. Políticos, estudiosos e autoridades
tema de debates no mundo todo. O uso irracional e
do mundo todo aprovaram medidas e mecanismos de
a poluição de fontes importantes (rios e lagos),
preservação dos recursos hídricos. Estes
podem ocasionar a falta de água doce muito em
documentos reafirmam que a água doce é
breve, caso nenhuma providência seja tomada.
extremamente importante para a vida e saúde das
Falta de água pessoas e defende que, para que ela não falte no
século XXI, alguns desafios devem ser urgentemente
Este milênio que está começando,
superados: o atendimento das necessidades básicas
apresenta o grande desafio de evitar a falta de
da população, a garantia do abastecimento de
água. Um estudo recente da revista Science (julho
alimentos, a proteção dos ecossistemas e
de 2000) mostrou que aproximadamente 2 bilhões
mananciais, a administração de riscos, a valorização
de habitantes enfrentam a falta de água no mundo. da água, a divisão dos recursos hídricos e a eficiente
Em breve poderá faltar água para irrigação em administração dos recursos hídricos.
diversos países, principalmente nos mais pobres.
Os continentes mais atingidos pela falta de água Embora muitas soluções sejam buscadas em
são: África, Ásia Central e o Oriente Médio. Entre esferas governamentais e em congressos mundiais,
os anos de 1990 e 1995, a necessidade por água no cotidiano todos podem colaborar para que a água
doce aumentou cerca de duas vezes mais que a doce não falte. A economia e o uso racional da água
população mundial. Isso ocorreu provocado pelo deve estar presente nas atitudes diárias de cada
alto consumo de água em atividades industriais e cidadão. A pessoa consciente deve economizar, pois
zonas agrícolas. Infelizmente, apenas 2,5% da o desperdício de água doce pode trazer drásticas
água do planeta Terra são de água doce, sendo consequências num futuro pouco distante.
que apenas 0,08% está em regiões acessíveis ao
Dicas de economia de água: Feche bem as
ser humano.
torneiras, regule a descarga do banheiro, tome
Causas da poluição das águas do banhos curtos, não gaste água lavando carro ou
planeta calçadas, reutilize a água para diversas atividades,
não jogue lixo em rios e lagos, respeite as regiões de
As principais causas de deterioração dos
mananciais.
rios, lagos e dos oceanos são: poluição e
contaminação por poluentes e esgotos. O ser Dicas para ajudar a diminuir a poluição
humano tem causado todo este prejuízo à natureza, das águas: não jogar lixos em rios, praias, lagos, etc.
através dos lixos, esgotos, Não descartar óleo de fritura na rede de esgoto. Não
dejetos químicos industriais e mineração sem utilizar agrotóxicos e defensivos agrícolas em áreas
controle. próximas à fontes de água. Não lançar esgoto
doméstico em córregos. Não jogar produtos
Em função destes problemas, os governos
químicos, combustíveis ou detergentes nas águas.
preocupados, tem incentivado a exploração de
aquíferos (grandes reservas de água doce EFEITO ESTUFA
subterrâneas). Na América do Sul, temos
O efeito estufa tem colaborado com o
o Aquífero Guarani, um dos maiores do mundo e
aumento da temperatura no globo terrestre nas
ainda pouco utilizado. Grande parte das águas
últimas décadas. Pesquisas recentes indicaram que o
deste aquífero situa-se em subsolo brasileiro.
século XX foi o mais quente dos últimos 500 anos.
Problemas gerados pela poluição das Pesquisadores do clima afirmam que, num futuro
águas próximo, o aumento da temperatura provocado pelo
efeito estufa poderá ocasionar o derretimento das
Estudos da Comissão Mundial de Água e
calotas polares e o aumento do nível dos mares.
de outros organismos internacionais demonstram
Como consequência, muitas cidades litorâneas
que cerca de 3 bilhões de habitantes em nosso
poderão desaparecer do mapa.
planeta estão vivendo sem o mínimo necessário de
condições sanitárias. Um milhão não tem acesso Como é gerado
à água potável.
O efeito estufa é gerado pela derrubada de
Em virtude desses graves problemas, florestas e pela queimada das mesmas, pois são elas
espalham-se diversas doenças como que regulam a temperatura, os ventos e o nível de
diarreia, esquistossomose, hepatite e febre tifoide, chuvas em diversas regiões. Como as florestas estão
que matam mais de 5 milhões de seres humanos diminuindo no mundo, a temperatura terrestre tem
por ano, sendo que um número maior de doentes aumentado na mesma proporção.
sobrecarregam os precários sistemas de saúde
Um outro fator que está gerando o efeito
destes países.
estufa é o lançamento de gases poluentes na

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
atmosfera, principalmente os que resultam da MÚSICA E ARTE
queima de combustíveis fósseis. A queima do óleo
DANÇA PRIMITIVA À DANÇA MODERNA
diesel e da gasolina nos grandes centros urbanos
tem colaborado para o efeito estufa. O dióxido de Dançar, dançar, dançar...basta querer, é só
carbono (gás carbônico) e o monóxido de começar! A dança é uma das expressões artísticas
carbono ficam concentrados em determinadas mais antigas. Na pré-história dançava-se pela vida,
regiões da atmosfera formando uma camada que pela sobrevivência, o homem evoluiu e a dança
bloqueia a dissipação do calor. Outros gases que obteve características sagradas, os gestos eram
contribuem para este processo são: gás metano, místicos e acompanhavam rituais. Na Grécia, a
óxido nitroso e óxidos de nitrogênio. Esta camada dança ajudava nas lutas e na conquista da perfeição
de poluentes, tão visível nas grandes cidades, do corpo, já na Idade Média se tornou profana,
funciona como um isolante térmico do planeta ressurgindo no Renascimento. A dança tem história e
Terra. O calor fica retido nas camadas mais baixas essa história acompanha a evolução das artes
da atmosfera trazendo graves problemas ao visuais, da música e do teatro.
planeta.
Problemas futuros
Pesquisadores do meio ambiente já estão
prevendo os problemas futuros que poderão atingir
nosso planeta caso esta situação persista. Muitos
ecossistemas poderão ser atingidos e espécies
vegetais e animais poderão ser extintos.
Derretimento de geleiras e alagamento de ilhas e
regiões litorâneas. Tufões, furacões, maremotos e
enchentes poderão ocorrer com mais intensidade.
Estas alterações climáticas poderão influenciar
negativamente na produção agrícola de vários Dança Primitiva
países, reduzindo a quantidade de alimentos em
nosso planeta. A elevação da temperatura nos
mares poderia ocasionar o desvio de curso de
correntes marítimas, ocasionando a extinção de
vários animais marinhos e diminuir a quantidade de
peixes nos mares.
Soluções e medidas tomadas contra o
efeito estufa
Preocupados com estes problemas,
organismos internacionais, ONGs (Organizações
Não Governamentais) e governos de diversos
países já estão tomando medidas para reduzir
a poluição ambiental e a emissão de gases na Danças Milenares
atmosfera. O Protocolo de Kyoto, assinado em
1997, prevê a redução de gases poluentes para os
próximos anos. Porém, países como os Estados
Unidos tem dificultado o avanço destes acordos.
Os EUA alegam que a redução da emissão de
gases poluentes poderia dificultar o avanço das
indústrias no país.
Em dezembro de 2007, outro evento
importante aconteceu na cidade de Bali.
Representantes de centenas de países começaram
a definir medidas para a redução da emissão de
gases poluentes. São medidas que deverão ser
tomadas pelos países após 2012. Dança Moderna

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
surgindo repertórios de movimentos estilizados. O
uso do termo balé, na época balleto, significava um
conjunto de ritmos e passos. A moda do balleto na
Itália se espalhou também pela França durante o
século XVI.
O século XVII é considerado o grande século
do balé, saindo dos salões e transferindo-se para os
palcos, provocando mudanças na maneira de se
apresentar surgindo, assim, os espetáculos de
Dança Contemporânea dança.
A partir do século XVIII o drama-balé-pantomima é
Dança Primitiva
executado nos palcos dos teatros por verdadeiros
A dança nasceu associada às práticas profissionais de ambos os sexos. A dança adquire
mágicas do homem, com o desenvolvimento da todo o seu esplendor, com ricos e belos cenários e
civilização, o rito separou-se da dança. figurinos. O balé passa a contar uma história com
começo, meio e fim.
O homem dançava pela sobrevivência,
dançava para a natureza em busca de mais Romantismo: o termo Romantismo é
alimentos, água e também em forma de absorvido pelo balé que, até aquela época, falava de
agradecimento. A dança era quase um instinto e histórias de fadas, bruxas e feiticeiras. Procurou
esses acontecimentos registrados nas paredes de recuperar a harmonia entre o homem e o mundo. É
cavernas em forma de desenhos, ficaram nessa época, século XVIII, que os bailarinos
conhecidos como arte rupestre. começam a usar sapatilhas, completando a revolução
do balé.
O homem primitivo pintava nas paredes das
grutas, cavernas e galerias subterrâneas cenas de Na segunda metade do século XIX uma
caça e rituais que representavam a caçada. mulher novamente iria revolucionar toda a dança, era
Pareciam acreditar ser possível, pela representação Isadora Duncan, provocando uma imensa renovação
pictórica, alcançar determinados objetivos, como com uma dança mais livre, mais solta, mais ligada à
abater um animal, por exemplo. vida real.
Danças Milenares Dança Moderna:
Egito: a dança no antigo Egito era A dança moderna é uma negação da
ritualística e tinha características sagradas. formalidade do balé. Os bailarinos trabalham mais
Dançava-se para os Deuses, em casamentos e livres, porém não rompem completamente com a
funerais. estrutura do balé clássico. Os movimentos corporais
são muito mais explorados, existe um grande estudo
Grécia: a dança originou-se de rituais
das possibilidades motoras do corpo humano. Solos
religiosos, os gregos acreditavam no seu poder
de improvisação são bastante frequentes.
mágico, assim os vários deuses gregos eram
cultuados de diferentes maneiras. As danças Martha Grahan e Nijinski são os grandes
preparavam fisicamente os guerreiros e sempre revolucionários da dança dessa época. Serge
eram feitas em grupos. A dança era muito difundida Pavlovitch Diaglhilev, ou Nijinski, russo, mesmo não
na Grécia Antiga, importante no teatro, a dança se sendo um dançarino, criou condições míticas para a
manifestava por meio do coro. dança. Marta Grahan nos Estados Unidos na década
de cinquenta criou uma nova maneira de dançar
Roma: a dança entra em decadência, pois
independente da música, baseando-se
nunca foi privilegiada e só vai recuperar sua
principalmente nos sentimentos que qualquer som
importância no Renascimento.
pode provocar, abrindo espaço para todas as
Idade Média: nesse período, a dança, possibilidades da dança.
como todos os outros movimentos artísticos, sofreu
Dança Contemporânea
um retrocesso. A dança, pelo fato de se utilizar do
corpo como expressão, foi considerada profana, A arte contemporânea é complicada de se
porém, continuou sendo praticada pelos compreender. Por quê? É algo que não é previsível,
camponeses. é o novo, é a ruptura com aquilo que conhecemos
como arte. Na dança, a contemporaneidade fica mais
Renascimento: a dança ressurge, é
evidente, pois ela deixa de ter uma estrutura clara,
apreciada pela nobreza adquirindo um aspecto
preocupando-se mais com a transmissão de
social e tornando-se mais complexa, passa a ter
conceitos, ideias e sentimentos do que com a
estudos específicos feitos por pessoas e grupos
estética.
organizados sendo conhecida como balé. Até essa
época a dança era algo improvisado, só a partir do A dança contemporânea surgiu na década de
Renascimento passa de atividade lúdica, de 1960, como uma forma de protesto ou rompimento
divertimento, para uma forma mais disciplinada, com a cultura clássica. Depois de um período de

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
intensas inovações e experimentações, que muitas Nikolai. Esses métodos trazem instrumentos para
vezes beiravam a total desconstrução da arte, que o intérprete crie suas composições a partir de
finalmente - na década de 1980 - a dança temas relacionados a questões políticas, sociais,
contemporânea começou a se definir, culturais, autobiográficas, comportamentais e
desenvolvendo uma linguagem própria. Os cotidianas, como também a fisiologia e a anatomia do
movimentos rompem com os movimentos clássicos corpo. Aliado a isso, viu-se a necessidade da
e os movimentos da dança moderna, modifica o pesquisa teórica para complementação da prática.
espaço, usando não só o palco como local de
O corpo na dança contemporânea é
referência.
construído na maioria das vezes a partir de técnicas
A dança contemporânea é uma explosão de somáticas, que trazem o trabalho da conscientização
movimentos e criações, o bailarino escreve no do corpo e do movimento, como a técnica Alexander,
tempo e no espaço conforme surgem e ressurgem Feldenkrais, Eutonia, Klauss Vianna (Brasil), dentre
ideias e emoções. Os temas refletem a sociedade e outras. E também da mistura de funk.
a cultura nas quais estão inseridos, uma sociedade
Relações com outras artes
em mudança, são diversificados, abertos e
pressupõem o diálogo entre o dançarino e o público A dança contemporânea passou a trazer à
numa interação entre sujeitos comunicativos. O discussão o papel de outras áreas artísticas na
corpo é mais livre, pois é dotado de maior dança, como vídeo, música, fotografia, artes
autonomia. plásticas, performance, cultura digital e softwares
específicos, que permitem alterações do que se
A dança contemporânea é uma circulação
entende como movimento, tornando movimentos
de energia: ora explosiva, ora recolhida. A
reais em virtuais ou vice-versa. Surgindo, a partir de
respiração, a alternância da tensão e do
então, vertentes como a videodança, tornando mais
relaxamento em Martha Graham, o desequilíbrio e o
híbridas as relações entre as diferentes áreas da
jogo do corpo com a gravidade em D.Humphrey;
dança. Maus: A Survivor's Tale é um romance gráfico
E.Decroux faz trabalhar o diálogo da pele e do
produzido pelo estadunidense Art Spiegelman que
espaço retornando às origens do movimento.
narra a luta de seu pai, um judeu polonês, para
A dança contemporânea não possui uma sobreviver ao Holocausto.
técnica única estabelecida, todos os tipos de
O livro também fala do relacionamento
pessoas podem praticá-la.
complicado do autor com seu pai e de como os
DANÇA CONTEMPORÂNEA NO MUNDO E NO efeitos da guerra repercutiram através das gerações
BRASIL de sua família. Em 1992 Spiegelman foi agraciado
com um "Prêmio Especial Pulitzer": tal categoria foi
Dança Contemporânea no mundo
proposta, pois o comitê de premiação não se decidiu
A dança contemporânea surgiu na década se categorizava Maus como uma obra de ficção ou
de 1950, como uma forma de protesto ou biografia.
rompimento com a cultura clássica.
Spiegelman retrata diferentes grupos étnicos
Depois de um período de intensas através de várias espécies de animais: Os judeus são
inovações e experimentações, que muitas vezes os ratos (em alemão: maus), os alemães, gatos, os
beiravam a total desconstrução da arte, finalmente - franceses, sapos, os poloneses, porcos, os
na década de 1980 - a dança contemporânea americanos, cachorros, os suecos, renas, os ciganos,
começou a se definir, desenvolvendo uma traças, os ingleses, peixes, os brasileiros, papagaios.
linguagem própria, embora algumas vezes faça
O uso de antropomorfismo, uma técnica
referência ao ballet, ao jazz e ao hip hop.
familiar em desenhos animados e em tiras de
Mais que uma técnica específica, a dança quadrinhos, foi uma tirada irônica em relação às
contemporânea é uma coleção de sistemas e imagens propagandistas do nazismo, que mostravam
métodos desenvolvidos a partir da dança moderna os judeus como ratos e os poloneses como porcos. A
e pós-moderna. O desenvolvimento da dança publicação na Polônia teve de ser adiada devido a
contemporânea foi paralelo, mas separado do este elemento artístico.
desenvolvimento da New Dance na Inglaterra.
Grande parte do livro foi publicado em série
Distinções podem ser feitas entre a dança
na revista RAW, editada por Spiegelman. Foi então
contemporânea estadunidense, canadense e
publicado em duas partes, antes de finalmente ser
europeia.
integrado em um só volume. Um CD-ROM com a
A dança contemporânea não se define em história também existe, embora tenha saído de
técnicas ou movimentos específicos, pois o circulação.
intérprete/bailarino ganha autonomia para construir
O livro trata do anti-semitismo. O termo
suas próprias partituras coreográficas a partir de
usado pela primeira vez por Wilhelm Marr, designa
métodos e procedimentos de pesquisa como:
uma aversão irracional, um ódio gratuito e sem a
improvisação, contato-improvisação, método Laban,
menor razão pelo povo judeu. Se pararmos para
técnica de release, Body Mind Centery (BMC), Alvin
analisar a origem semântica da palavra, o termo está
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
incorreto pois semitas não são somente os judeus, 1959, que rompeu com a estética clássica. Mudaram
mas também os árabes. Esse ódio pelos judeus para Salvador em 1962, para lecionar na UFBA, e em
vem de longa data. 1965 foram para o Rio de Janeiro, onde passaram a
desenvolver profundamente o seu trabalho.
Os gregos, romanos e babilônios queriam
proibir as crenças religiosas do judeu. A Igreja Klauss foi pioneiro na pesquisa e aplicação
Católica perseguiu os judeus na época das da técnica somática, além daquelas que criou como
cruzadas. Já no século XX foi a vez da Alemanha preparador corporal de atores, que lhe permitiram
nazista perseguir os judeus - exterminando milhões desenvolver um método próprio. É considerado o
deles. primeiro a usar o termo "expressão corporal" no
Brasil.
Características
Angel ao longo do seu desenvolvimento
A dança moderna modificou drasticamente
profissional, sempre se interessou pela relação
as "posições-base" do ballet clássico, além de tirar
corpo e mente, sendo referenciada por seu trabalho
as sapatilhas das bailarinas e parar de controlar seu
de dançaterapia e expressão corporal. Criou o curso
peso. Ela mantém, no entanto, a estrutura do ballet,
de Recuperação Motora e Terapia através do
fazendo uso de diagonais e da dança conjunta. A
Movimento na sua escola. Já recebeu vários prêmios
dança contemporânea busca uma ruptura total com
e homenagens pelo seu trabalho.
o balé, chegando às vezes até mesmo a deixar de
lado a estética: o que importa é a transmissão de Primeira Escola de Dança Contemporânea
sentimentos, ideias, conceitos. Solos de
Em 1975 o casal fundou sua escola,
improvisação são bastante freqüentes.
primeiramente chamada de Centro de Pesquisa
A composição de uma trilha para um Corporal – Arte e Educação, inaugurando assim o
espetáculo de dança contemporânea implica primeiro curso de formação de bailarinos
diversos outros fatores além da própria composição contemporâneos no Rio. Atualmente chamada
musical. A dança contemporânea não possui uma Escola e Faculdade Angel Vianna e oferece cursos
técnica única estabelecida, todos os tipos de de graduação e pós-graduação.
pessoas podem praticá-la. Esse tipo de dança
MOVIMENTO CORPORAL
modificou o espaço, usando não só o palco como
local de referência. Sua técnica é tão abrangente  KINESFERA: A kinesfera é tudo que
que não delimita os utensílios usados. O corpo, podemos alcançar com todas as partes do corpo,
pesquisando suas diagonais, não delimita estilos de perto ou longe, grande ou pequeno, com movimentos
roupas, músicas, espaço ou movimento. rápidos ou lentos etc. A Kinesfera ou Cinesfera é a
Dança Contemporânea no Brasil esfera que delimita o limite natural do espaço
pessoal, no entorno do corpo do ser movente. Esta
A dança contemporânea não se define em esfera cerca o corpo esteja ele em movimento ou em
movimentos específicos, diferentemente da dança imobilidade, e se mantém constante em relação ao
clássica e da moderna não possui um código que corpo, sendo 'carregada' pelo corpo quando este se
seja facilmente identificado, por isso, as vezes pode move.
causar um estranhamento do tipo: isso é mesmo
dança?
Técnicas da dança contemporânea
É resultado da influência de outras
linguagens e utilização de técnicas, criando uma
nova abordagem da dança, que vai além da
habilidade corporal e da produção de coreografias.
Usa métodos como Laban, Contato-Improvisação,
além de técnicas somáticas e de
conscientização do corpo e movimento como
Eutonia, Feldenkrais, Movimento Autêntico, Klauss
Vianna (no Brasil) entre outras. Se relaciona
fortemente com o teatro e seus elementos, além de
usar vídeo, fotografia e outras formas de
comunicação.
O Casal Vianna
Klauss Vianna e sua mulher Angel, se
conheceram na época de escola em Belo
Horizonte. Estudaram nos anos 1940 no Balé de
Belo Horizonte com Carlos Leite (discípulo de
Olenewa). Começaram a lecionar na casa onde  FLUXO: Qualidade de Movimento
moravam. Fundaram o Balé Klauss Vianna em que refere-se a tensão muscular com a qual se deixa

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
fluir um movimento - fluência contínua e
interrompida e seus graus de tensão.
Fluxo Livre: Uma movimentação sem
interrupções, onde o indivíduo está livre para se
movimentar como quiser desde que seja sem
pausa. EX: Correr em um parque, o fluxo de um rio.
Fluxo Conduzido Ou Controlado: É um
estado de cuidado com o movimento, há uma maior
tensão muscular para se possa controlar a
intensidade desse movimento.
Ex: escrever um texto com uma caneta em
um papel, movimentos de taichi chuan
Fluxo Interrompido: É o máximo da tensão
para que se faça uma interrupção imediata do
movimento, que origina movimentos quebrados.
Ex: escovar os dentes.
 GIROS: O giro vai depender do
estilo de dança se é balé, street dance,
contemporâneo, de qualquer forma é rotacionar o
corpo no seu próprio eixo. Os giros trazem a
experiência de equilíbrio estável e desequilíbrio.

Giro no Balé
 EIXO: fortalecimento das cadeias
 SALTOS: utilizando eixos verticais musculares principalmente do centro como eixo da
e horizontais; os saltos ou pulos são movimentos movimentação, possibilitando o estudo da
que deixam o corpo temporariamente sem suporte; sustentação e equilíbrio.
ocorrem quando o corpo fica suspenso no ar,
perdendo o contato com o chão ou outra base de
sustentação em que o corpo se apoie. O salto pode
ser visto com relação ao peso (leve ou forte) e com
relação ao tempo (rápido ou lento). Os saltos
podem ser executados de dois pés para dois pés,
de dois pés para um pé, de um pé para dois pés, de
um pé para o mesmo pé, ou de um pé para outro
pé.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

 PESO – Qualidade de Movimento

que refere-se as mudanças de força utilizadas pelo
corpo ao movimentar-se. Passivo, ativo, leve,
pesado, transferência, contrapeso e suas
graduações. Estabilidade e instabilidade.
Peso leve: Transmite uma sensação de
leveza, ou de ausência de peso como por exemplo
uma bailarina dançando na ponta dos pés, ou um
carinho delicado no rosto de alguém querido.
Peso Pesado: Exige uma carga maior de PROCESSO DE ENSINO E DE APRENDIZAGEM E
força para ser executado, como por exemplo o AS TEORIAS DE APRENDIZAGEM
bater do martelo de um operário, um elefante
Espaço - Forma - Tempo
andando ou dar um soco em alguém
Um dos aspectos fundamentais no trabalho
de dança criativa é conscientizar profundamente o
esquema corporal, em movimento. Com o intuito de
desenvolver e aprimorar a percepção justa das
formas, do espaço e do tempo, ou seja, dar-se conta
do como, onde e quando sucedem-se as
modificações corporais.
Conscientizar um movimento significa
percebe-lo, incorporá-lo, conhecê-lo tanto através
dos movimentos como dos sentimentos, ou seja, de
como ele acontece.
Forma
É a estrutura, a arquitetura do movimento, ou
ainda, simplificando, é o desenho resultante da ação
corporal que se projeta no espaço.
Acrescente-se a essa ação um conteúdo ou
significado e ela será compreendida em sua
totalidade, porque refletirá uma intenção, através da
sua função.
A forma reflete a ação externa e perceptível
de uma intenção subjetiva, através da constante e
infinita troca de formas que o corpo pode realizar na
dança.
Quando o aluno incorpora e assimila esses
conceitos, ele se sente encorajado ao desafio, na
perspectiva da busca e da descoberta de novas
formas.
Fatores Integrantes
Variedade: A forma externa e visível de um
movimento e a figura final.
Contraste: Elemento componente da forma e
que traduz o inesperado, a surpresa.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Equilíbrio: Mínimo do contato de apoio Nível Baixo: Cócoras, ajoelhado, sentado e
corporal com o solo. Desenvolve o controle deitado.
muscular e o poder de concentração, pode ser
Direções: São as rotas, caminhos a seguir
estático (parado) ou dinâmico.
em relação ao eixo central do corpo.
Sequência: Sucessão de movimentos que
Tempo
se seguem interligados, porém independentes entre
si. Subentende-se aqui o tempo referente a
todas as coisas do universo e em especial a dança.
Repetição: Número de vezes que um
movimento ou sequência podem acontecer. Variam O ritmo na dança funciona, entre outras
as possibilidades de execução em diferentes coisas, na utilização da memorização de sequências
planos, níveis e direções de passos, concretização da intensidade do
movimento e alimentação do poder de concentração.
Harmonia: Disposição ordenada dos
Estabelecendo um acentuado grau de economia de
elementos que compõem um movimento. Possui
energia, imprimindo um caráter dinâmico aos
característica de regularidade, gerência e
esforços.
proporcionalidade.
Fatores integrantes
Clímax: Ápice do movimento é uma ação
inesperada, surpreendente. Ou grau máximo da Pulso: Identifica o caráter de um movimento.
progressão dessa ação, que pode ser isolada, Se é alegre, moderado, lento, sóbrio ou vivaz.
associada ou consequente de outra ação.
Acento: É o tempo mais forte ou acentuado
Espaço de um movimento.
Onde o movimento de dança se processa, Intervalo: Distância quase imperceptível de
possui volume e densidade, ou seja, comprimento, um movimento para outro, quando em sequência
largura e altura. Os gestos e expressões se utilizam fluente.
desses elementos indispensáveis para dar
Duração: Medida de permanência de um
significado, sentido expressivo do conteúdo,
movimento. E que pode ser percebido do início até o
quando falamos de espaço, referimo-nos ao todo do
contexto onde a ação acontece e não apenas seu final.
aquela do piso que nos serve de apoio. Intensidade: Condicionada aos fatores
Sem deslocamentos corporais: Estão energia ou força, liberados pela ação - movimento
fraco ou forte.
restritas ao espaço compreendido entre o eixo
longitudinal do corpo e a maior distância que os Velocidade: Refere-se a aceleração ou
segmentos corporais possam alcançar, sem retardamento na execução de movimentos, podendo
deslocamento. ser lenta, média ou rápida.
Através de deslocamento: Onde o corpo DANÇAS FOLCLÓRICAS INDÍGENAS E
se translada de um ponto a outro no espaço. AFRO
Utilizando o espaço aéreo: Por meio de As tradições e cultura de uma região
saltos e suspensões. brasileira estão mergulhadas no folclore, sejam elas
Espaço relativo ao solo: Através de de cunho religioso, baseadas em lendas ou na
quedas e rolamentos. história, homenagens a importantes acontecimentos
ou brincadeiras populares. As danças folclóricas são
Fatores Integrantes uma das principais formas de manifestação cultural,
com músicas animadas e simples, além dos trajes
Direção: Indica o rumo que um movimento
típicos para executá-las em espaços públicos.
pode seguir.
As danças folclóricas brasileiras mais
Desviado: Movimento que seguindo sua
conhecidas são: samba de roda, catira, ciranda,
rota natural, imprevisivelmente muda de direção.
maracatu, maculele, quadrilha de festa junina, bumba
Distância: É o traçado realizado por um meu boi, baião, xaxado, frevo, carimbó, dentre
movimento de ato a outro ato do espaço. outras.
Planos: Quando o movimento é realizado Samba de Roda
frontal, sagital ou horizontal.
Herança cultural do período da escravidão no
Níveis: Referem-se a altura em que um Brasil e influenciada pelos portugueses, o samba de
movimento pode ser realizado. roda é uma dança folclórica originalmente de culto
aos orixás e caboclos, em 1860 no Recôncavo
Nível Alto: Posição em pé, para cima
Baiano. Se divide em dois estilos característicos:
(saltos).
samba chula e samba corrido.
Nível Médio: Movimento realizado com
joelhos ou tronco flexionados.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O samba de roda é também conhecido Frevo
como Umbigada, pois a cada saída de um
O frevo é uma dança folclórica típica do
participante da roda, outro é combinada para
carnaval de rua e salão da cidade de Recife, em
dança, dando-lhe uma “Umbigada”. Palmas e
Pernambuco. É uma dança rítmica, de andamento
cantos animam os dançarinos na roda, ao som de
rápido e coreografia individual. Os dançarinos são
instrumentos como chocalhos, pandeiros, viola,
conhecidos como passistas, que com suas fantasias
atabaque e berimbau.
coloridas agitam guarda-chuvas, elemento
Principais compositores do samba de roda: característico do frevo. A música do frevo é
Dorival Caymmi, João Gilberto e Caetano Veloso. executada por instrumentos de sopro que compõem
a fanfarra.
Catira
Carimbó
Dança folclórica também conhecida como
cateretê, a catira tem ritmo musical caracterizado O carimbó é uma dança folclórica paraense
pela batida dos pés e mãos dos dançarinos. Sofre de origem indígena, mais precisamente dos índios
influência indígena, africana e europeia. tupinambá e influenciada por africanos e
Geralmente, a catira é dançada em duas fileiras, portugueses. Carimbó é o nome do tambor utilizado
com mulheres de um lado e homens de outro ao na dança. A dança é representada em pares, com
som de violas e cantos dos violeiros. Pode ser duas fileiras de homens e mulheres voltados para o
dançada apenas por homens. centro da roda. O ritmo da música é marcado com os
pés e palmas dos homens, convidando as mulheres
Ciranda
para a dança. Após o convite, os pares se formam e
A ciranda é uma dança tipicamente giram em torno de si mesmo.
pernambucana, das mulheres de pescadores que
Bumba meu Boi
dançavam e entoavam cantos a espera dos
homens chegarem do mar. A ciranda é O bumba meu boi, ou boi bumbá, é uma
basicamente uma grande roda, onde seu dança folclórica nordestina, do início do século XVIII
integrantes dançam ao som de ritmo lento, e que sofre influências das culturas portuguesa,
acompanhado por instrumentos como zabumba, negra e indígena. O bumba meu boi é composto de
tarol, ganzá e maracá. A dança é marcada com música regional, vários personagens da lenda,
passos simples ou coreografados. incluindo um homem vestido de boi. No decorrer da
dança, o boi morre e é ressuscitado com um puxão
Maracatu
em seu rabo.
O maracatu, de origem africana, é uma
Baião
dança folclórica típica da região nordeste do Brasil,
mas concentrada no Estado de Pernambuco. Seu O Baião é um subgênero do forró, uma dança
nome significa batuque ou dança e representa a típica nordestina, que surgiu inicialmente como nome
saída de pessoas adeptas às religiões afro- de uma festa com danças e melodias executadas em
brasileiras às ruas, para saudar os orixás. Essa violas. O patrono do baião foi Luiz Gonzaga,
manifestação ocorre durante o carnaval e as importante compositor e cantor popular brasileiro. A
fantasias mais comuns são de reis, princesas, temática do baião é baseada nas dificuldades e no
rainhas, índios e baianas. A dança é composta por cotidiano dos nordestinos.
giros e pulos sob um ritmo frenético que remete às
Chula
congadas, festa popular brasileira.
De origem portuguesa, a chula é uma dança
Maculele
folclórica do Rio Grande do Sul, caracterizada pelo
O Maculelê é uma dança folclórica de desafio e disputa. Uma vara é disposta no chão e em
origem africana e indígena. Simula uma luta tribal cada extremidade fica um dançarino. Um deles
que utiliza dois bastões como “arma”. A esses executa uma coreografia complexa e outro deve
bastões dá-se o nome de grimas ou esgrimas. A repetir.
música do maculelê é composta por percussão e
Xaxado
canto.
Dança folclórica muito praticada pelo
Quadrilha de Festa Junina
cangaceiro Lampião e seu bando no sertão
Dança muito conhecida em todo o Brasil no nordestino. O nome xaxado é derivado de uma
período de festas juninas, mas principalmente na onomatopeia, ou seja, do som produzido pelas
região de maior destaque: o nordeste brasileiro. sandálias dos cangaceiros se arrastando sob o solo
Homens e mulheres vestidos em trajes típicos da durante alguma comemoração do bando. As letras
cultura caipira dançam de maneira animada, com das músicas são satíricas e o tempo fortemente
muitos movimentos e coreograficas, ao som de marcado. Com a entrada de Maria Bonita e outras
músicas conhecidas como “capelinha de melão, mulheres do bando, a presença feminina na dança se
“pula fogueira” e "cai, cai balão”. Um animador tornou mais forte. Instrumentos típicos da dança
anuncia frases que marcam momentos na dança. eram o pífano, zabumba, triângulo e sanfona.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
DANÇA NO MARANHÃO acompanhamento de pandeiros, ganzás, cuícas e
das palmas dos que formam a roda. O ritmo é
Miscigenação cultural influencia música e dança
simples e tem como indumentárias pequenos
no maranhão
instrumentos simbolizando as ferramentas de
Difícil não passar pelo estado sem arriscar trabalho.
uns passinhos de reggae, aderir ao balanço do
Quadrilha
bumba-meu-boi ou mesmo resistir ao batuque do
tambor de crioula Durante o Império, a quadrilha era a dança
preferida para abrir os bailes da corte. Depois saiu
Tambor de Crioula é uma dança folclórica
dos salões palacianos para as ruas. No Nordeste,
de origem africana - Foto: Divulgação/Governo do
ganhou um colorido especial ao som do baião.
Maranhão
Dança Portuguesa
Clima caloroso e paisagens litorâneas
fazem do Maranhão um destino de sol, praia e De origem europeia, a dança portuguesa,
muito charme. Mas um dos elementos mais ganhou forte envolvimento das comunidades do
envolventes da cultura do estado é humano. Maranhão. As mulheres usam meias, lenços e
leques, enquanto os homens usam como adereços
A miscigenação cultural que marcou a
chapéus, luvas e bengalas. Os pares dançam ao som
colonização da região está expressa também na
de fados e viras.
diversidade de sons, ritmos e danças típicas
maranhenses. MUSICA
Apesar de ter sido fundada por franceses, a FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO MUSICAL
capital São Luís foi colonizada e erguida por
De acordo com os Parâmetros Curriculares
portugueses. Ocupada inicialmente por índios
Nacionais (PCN), o ensino da música tem por
tupinambás, a capital recebeu o quarto maior
objetivos gerais abrir espaço para que os alunos
contingente de escravos vindos da África. Foi esta
possam se expressar e se comunicar através dela,
mistura de raças que deu origem ao povo
bem como promover experiências de apreciação e
ludovicense.
abordagem em seus vários contextos culturais e
Difícil não passar pelo estado sem arriscar históricos. Sabendo disso explicaremos como se dá
uns passinhos de reggae, aderir ao balanço do cada objetivo e a metodologia que o professor deve
bumba-meu-boi ou mesmo resistir ao batuque do utilizar, para esta última destacamos atividades que
tambor de crioula. achamos relevantes diante do estudo proposto.
Por isso, para você que já conhece ou Objetivos
pretende visitar o estado, listamos algumas das
O primeiro objetivo, como anteriormente
principais manifestações para ficar por dentro e
citado, é a comunicação e a expressão pela música
fazer bonito no balanço.
que se dão através da interpretação, improvisação e
Reggae composição. O professor deve utilizar como
metodologia atividades que favoreçam esse
Originário da confluência de ritmos
processo. Tais como, trazer para sala de aula
africanos e caribenhos, é um ritmo que se
interpretações de musicas já existentes, para que os
popularizou na periferia de São Luís, mas já
alunos possam vivenciar o processo de expressão
conquistou o estado. O ritmo é ideal para dançar a
individual e grupal, não se esquecendo de fazer
dois com passos que lembram merengue, bolero e
conexões com a localidade e a identidade cultural
forró.
dos alunos, permitindo-lhes também improvisar,
Tambor de Crioula compor, observar e analisar suas estratégias e de
seus colegas nas atividades de produção.
A dança folclórica de origem africana é um
rito de louvor a São Benedito. Os movimentos são O segundo objetivo é a apreciação da
alegres e livres, na cadência de tambores rústicos. música que se dá pela escuta, envolvimento e
Pode ser realizada em qualquer data do ano, mas, compreensão da linguagem musical. O professor
preferencialmente, em lugares ao ar livre. deve, por exemplo, promover uma discussão e um
levantamento de critérios sobre a possibilidade de
Cacuriá
determinadas produções sonoras serem ou não
Outra dança típica do estado, surgiu como músicas, para que a partir daí ele possa explicar as
parte das festividades do Divino Espírito Santo, linguagens musicais; dar espaço para que os alunos
tradição junina. Em pares e formação circular, é possam escutar diversos estilos de música e pedir
realizada ao ritmo de instrumentos de percussão, que eles percebam as características expressivas e
as caixas do Divino. de intencionalidade dos compositores e intérpretes
dessas músicas.
Dança do Coco
O terceiro objetivo é a abordagem da
Originária do canto dos trabalhadores nos música em vários contextos culturais e históricos que
babaçuais, é uma dança de roda, com
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
se dá através da expressão musical de vários profissionais com formação superior em Música
povos em diferentes épocas. capacitados para lecionar.
Metodologia O ensino de música nas escolas
A metodologia que o professor pode utilizar A volta do ensino de música nas escolas
é trazer para sala de aula diferentes músicas e a públicas e privadas do país, para todos os alunos da
partir delas instigar a curiosidade dos alunos Educação Básica, está prestes a tornar-se realidade,
indagando-os sobre a que cultura elas pertencem e o que muito nos alegra. Onde há música não pode
a partir daí traçar as suas características. Assim haver coisa ruim, certo? A música tem grande poder
como, deve ser incentivada e motivada a e utilidade: humaniza, sociabiliza, ajuda a
criatividade dos alunos no ato da elaboração e desenvolver a coordenação motora, o raciocínio e é
interpretação por meio da música ou de outra de suma importância para o aprendizado escolar. O
manifestação artística. estudo, a percepção, a prática da música nos auxilia
até mesmo a compreender melhor a vida. Quando
Então, após o estudo desses objetivos
digo a volta desse ensino, é porquê já o tivemos
concluímos que eles abrangem de forma eficiente
antes no Brasil. Começou na época do Império,
os aspectos que devem ser abordados em sala de
depois passou por Villa-Lobos, com ênfase no canto
aula, já que envolvem tanto a teoria, como a prática
“Orfeônico”, e foi abandonado no início da década de
e contexto, promovendo um estudo mais completo
1970.
sobre a música.
A Lei 11.769 de 2008, que alterou a Lei
O ENSINO DA MÚSICA
9.394/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação),
Todas as escolas públicas e privadas do trouxe em seu Artigo 26, § 6º, a seguinte redação: A
Brasil devem incluir o ensino de música em suas música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não
grades curriculares. A exigência surgiu com a lei nº exclusivo, do componente curricular de que trata o §
11.769, sancionada em 18 de agosto de 2008, que 2º deste artigo. Já o Art. 3º diz: Os sistemas de
determina que a música deve ser conteúdo ensino terão 3 (três) anos letivos para se adaptarem
obrigatório em toda a Educação Básica. "O objetivo às exigências estabelecidas nos arts. 1º e 2º desta
não é formar músicos, mas desenvolver a Lei.
criatividade, a sensibilidade e a integração dos
A ideia principal dos idealizadores que
alunos", diz a professora Clélia Craveiro,
batalharam por essa proposta, não é a de formar
conselheira da Câmara de Educação Básica do
músicos, mas trazer para o mundo da escola, a
CNE (Conselho Nacional de Educação).
música. Dar noções básicas, leitura e escrita musical.
Nas escolas, a música não deve ser Facilitar o aprendizado; Formar cidadãos mais cultos
necessariamente uma disciplina exclusiva. Ela pode e conscientes, capazes de valorizar e promover a
integrar o ensino de arte, por exemplo, como diversidade cultural brasileira, fortalecendo os laços
explica Clélia Craveiro: "Antigamente, música era comunitários.
uma disciplina. Hoje não. Ela é apenas uma das
Como escrito, a Lei havia preconizado a
linguagens da disciplina chamada artes, que pode
implantação das aulas de música como obrigatória
englobar ainda artes plásticas e cênicas. A ideia é
dentro de três anos. Muitas dúvidas foram
trabalhar com uma equipe multidisciplinar e, nela,
suscitadas, e o que era para acontecer em 2011
ter entre os profissionais o professor de música.
ainda não está em pleno funcionamento, embora haja
Cada escola tem autonomia para decidir como
muitas instituições já adotando essa prática. Para
incluir esse conteúdo de acordo com seu projeto
tornar a exigência mais clara, a Lei carecia de
político-pedagógico". Apesar de ser uma boa
regulamentação. Recentemente o Presidente da
iniciativa, o trabalho com equipes multidisciplinares
Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional
para o ensino de música não tem acontecido de
de Educação, após várias audiências com
forma satisfatória nas instituições de ensino. "De
especialistas, aprovou o Projeto de Resolução que
qualquer maneira, trabalhar de forma interdisciplinar
define as Diretrizes Nacionais para a
ou multidisciplinar em escolas de educação básica
operacionalização do ensino de Música na Educação
é uma tarefa complicada", afirma Clélia.
Básica em todo o território nacional. Projeto que está
É necessário prestar atenção se o seu filho aguardando homologação por parte do Governo
está tendo aulas de música com uma equipe Federal. Em seu Art. 1º traz: Esta Resolução tem por
adequada ou mesmo se esse tipo de aula está finalidade orientar as escolas, as Secretarias de
sendo oferecida na escola dele, como diz a lei. De Educação, as instituições formadoras de profissionais
acordo com a Lei de Diretrizes e Bases de 1996, só e docentes de Música, o Ministério da Educação e os
estão autorizados a lecionar na educação básica os Conselhos de Educação para a operacionalização do
professores com formação em nível superior, ou ensino de Música na Educação Básica, conforme
seja, profissionais que tenham cursado a definido pela Lei nº 11.769/2008, em suas diversas
licenciatura em Universidades e Institutos etapas.
Superiores de Educação na área em que irão atuar.
Dentre as dúvidas mais recorrentes estava a
No entanto, há uma enorme carência de
questão do professor: Quem poderia ministrar essa
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
aula? Seria somente um profissional licenciado em Sério? pensei que você trabalhasse com alguma
música ou qualquer músico prático ou mesmo o coisa! Não é de chorar? Está aí uma boa
professor de Educação Artística? oportunidade para acabarmos com essa visão,
gerarmos milhares de empregos para os nossos
O Projeto de Lei inicial trazia como requisito
músicos que só têm trabalhos. Como e quando têm!
que o ensino de música fosse ministrado somente
por professores com formação específica na área, O ENSINO DE MÚSICA NA REDE DE EDUCAÇÃO
licenciados. Infelizmente esse artigo foi vetado, BÁSICA NO BRASIL
contrariando a ideia inicial dos que sonhavam com
Todas as séries da Educação Básica terão
um ensino de música mais qualificado para as
aulas de Música?
nossas crianças. Nos debates do Projeto de
Diretrizes chegaram a um consenso sobre o A lei nº 11.769 tornou o ensino de música
assunto, conforme dispõe o Inciso IV – Cabe à obrigatório na Educação Básica (que engloba
escola: organizar seus quadros de profissionais da Educação Infantil e o Ensino Fundamental). Mas ela
educação com professores licenciados em Música, não especifica se todas as séries devem ter a música
incorporando a contribuição dos mestres de incluída em sua grade curricular. "Assim como a
saberes musicais, (grifo meu). Como conhecemos quantidade de aulas por semana, isso ainda teria de
bem nosso país, as escolas estão optando pelo ter sido definido, junto aos sistemas de ensino
“jeitinho brasileiro”: Já que a Lei não exige a estaduais e municipais", diz Clélia Craveiro,
exclusividade do professor licenciado em música, conselheira da Câmara de Educação Básica do CNE
colocam os próprios professores polivalentes do (Conselho Nacional de Educação). Segundo a
quadro como “mestres de saberes musicais”. presidente nacional da Associação Brasileira de
Educação Musical (ABEM), Magali Kleber, cada
Isto já está acontecendo em várias escolas.
secretaria está preenchendo esta lacuna do seu jeito.
Encarregam os professores de educação artística,
"Isso revela uma riqueza de que como é possível ter
quase sempre formados em artes plásticas, e o
vários projetos pedagógicos para o ensino de música.
barco segue. No meu entender, os “mestres de
Já que está tudo parado em âmbito nacional, isso
saberes musicais” são os músicos práticos, os
tinha que ser resolvido nos estados", afirma. A não
folcloristas! Estes sim, têm muita sabedoria prática
especificação de alguns pontos da lei permite que em
que poderiam passar para as crianças! Foi uma
diferentes anos de estudos se tenha diferentes tipos
pena o governo ter vetado a exigência do músico
de aula de artes. Tudo depende da proposta político-
licenciado! Acabou abrindo essa brecha. Embora o
pedagógica de cada escola.
Projeto de Diretrizes tente contornar a situação, não
tem mais jeito! Todos os professores têm o nosso Quais os objetivos do ensino de música?
respeito e admiração, mas será que estão à altura
dos colegas licenciados em música para "A música contribui para a formação integral
do indivíduo, reverencia os valores culturais, difunde
ministrarem tal curso?
o senso estético, promove a sociabilidade e a
Estão à altura dos “mestres populares”? expressividade, introduz o sentido de parceria e
Não seria melhor prepararem-se primeiro? Assim cooperação, e auxilia o desenvolvimento motor, pois
daríamos às nossas crianças aquilo que muitos de trabalha com a sincronia de movimentos", explica
nós não tivemos: Uma formação sólida, mais Sonia Regina Albano de Lima, diretora regional da
aprofundada nessa área, sem correr o risco de que Associação Brasileira de Ensino Musical, (ABEM) e
alguém despreparado, lhes ensine música de forma diretora dos cursos de graduação e pós-graduação
e qualidade discutíveis. Com um músico lato sensu em Música e Educação Musical da FMCG
profissional seria diferente. Eles sabem que a (Faculdade de Música Carlos Gomes). O trabalho
música é uma linguagem universal, um alfabeto que com música desenvolve as habilidades físico-
deve ser lido e escrito por todos. No mínimo cinestésica, espacial, lógico-matemática, verbal e
alfabetizariam em música as crianças. Depois de musical. "Ao entrar em contato com a música, zonas
vários anos “comendo” partituras, não perderiam importantes do corpo físico e psíquico são acionadas
tempo por falta de métodos e nem com músicas de - os sentidos, as emoções e a própria mente. Por
temas vulgares. O que, infelizmente, já está meio da música, a criança expressa emoções que
acontecendo por aí. não consegue expressar com palavras", completa
Sonia Regina. "A música fez bem para a autoestima
O Projeto de Diretrizes é feliz ao tentar
do estudante, já que alimenta a criação".
fomentar a criação de mais vagas e cursos de
licenciatura em música pelas universidades. Prevê O que deve ser ensinado às crianças?
a inclusão da matéria também no currículo de
O ensino de música não é como
pedagogia. O ideal seria que as instituições de
ensino já começassem fazendo a coisa certa, antigamente, quando se aprendia as notas musicais
contratando músicos formados. Assim poderíamos e canto orfeônico, mas o que as crianças devem
aprender nas aulas? O MEC recomenda que, além
até acabar com aquela visão errada de que o
das noções básicas de música, dos cantos cívicos
músico não trabalha. Até hoje alguns ainda
nacionais e dos sons de instrumentos de orquestra,
perguntam para um músico: Você faz o quê? – Ele
os alunos aprendam cantos, ritmos, danças e sons
responde orgulhoso: Eu sou músico! E o sujeito diz:
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
de instrumentos regionais e folclóricos para, assim, docentes de todas as áreas. Se não têm, devem
conhecer a diversidade cultural do Brasil. contratá-los.
A lei não especifica conteúdos, portanto as "As escolas não estarão adaptadas até
escolas terão autonomia para decidir o que será agosto de 2011 e, por isso, solicitamos uma extensão
trabalhado. "É muito complicado impor um desse prazo", diz Magali Kleber presidente nacional
conteúdo programático obrigatório para as aulas de da ABEM (Associação Brasileira de Educação
música, quando a LDB (Lei de Diretrizes e Bases) Musical).
nº 9294/96 privilegia a flexibilidade do ensino", diz
As instituições de ensino têm encontrado
Sonia Albano, diretora regional da Associação
dificuldades para cumprir devidamente esse ponto da
Brasileira de Ensino Musical (ABEM), para quem o
lei, porque o número de professores formados em
mais importante seria trabalhar a coordenação
música é pequeno no Brasil. Além disso, a
motora, o senso rítmico e melódico, o pulso interno,
contratação de professores específicos prevê gastos
a voz, o movimento corporal, a percepção, a
com os quais muitas escolas não têm condições de
notação musical sob bases sensibilizadoras, além
arcar. "E aí estoura o orçamento da escola pública,
de um repertório que atinja os universos erudito,
porque para ministrar o conteúdo de música
folclórico e popular.
deveriam contratar o professor de música", diz
"Os professores estão privilegiando Rosemara Stalbi, coordenadora da Pós Graduação
projetos simbólicos que já vem da realidade dos da Sociedade e Cultura na Amazônia. O Conselho
alunos, priorizando um capital social trazido pelos Nacional de Educação recomenda que as escolas
alunos para que seja ampliando. Assim, é possível pensem a música em meio a um projeto político-
chegar a ensinar músicas de todo mundo e de pedagógico que respeite a organização dos
diferentes épocas", diz Magali Kleber, presidente currículos escolares. O órgão ainda lembra que tais
nacional da ABEM (Associação Brasileira de currículos podem estar organizados por áreas,
Educação Musical). "O ensino de música deve temas, projetos relacionados à música.
envolver o capital simbólico e cultural da região da
Como estabelecer o tipo de formação
escola. Deve-se trabalhar com uma perspectiva
musical que será oferecida aos alunos?
antropológica, envolvendo os pais, os alunos e
contexto sociocultural. As instituições de ensino possuem autonomia
para definir o tipo de Educação Musical que irão
Quem ministrará as aulas de música?
implantar. "Assim como seu conteúdo, de acordo
As aulas deveriam ser ministradas por com seu projeto político-pedagógico", diz Clélia
professores especialistas em música, ou seja, que Craveiro conselheira da Câmara de Educação Básica
tivessem licenciatura. "Se um professor de língua do CNE (Conselho Nacional de Educação). A
estrangeira não pode lecionar matemática, um modalidade de Ensino Musical a ser adotada é o
ensino musical de qualidade não pode ser grande desafio que as escolas enfrentam durante a
ministrado por um professor que não tenha implementação da lei. Deve ser realizado um ensino
conhecimento na área musical. Trabalhar com um musical tecnicista ou sensibilizador? Deve-se
profissional não habilitado propicia um ensino priorizar a voz, a formação instrumental ou a
superficial e perigoso, pois o professor não terá formação estético-musical dos alunos? Estas são
condições de avaliar os prejuízos que poderá decisões fundamentais e que devem ser o ponto de
provocar ao indivíduo e nem terá capacidade para partida para que a lei nº 11.769 seja cumprida. "Deve
aplicar esse conhecimento de maneira eficaz", ser garantido que o ensino da música seja inserido
alerta Sonia Albano, diretora regional da nas escolas públicas, mas que a diversidade musical
Associação Brasileira de Ensino Musical (ABEM). e cultural do Brasil sejam respeitadas. O conteúdo
Isso não quer dizer que a música não deva fazer não pode ser igual para todas as escolas mesmo,
parte do conteúdo transversal, aquele que isso fera a autonomia das escolas na construção de
atravessa as aulas. "O professor de sala pode e seus projetos pedagógicos", afirma a presidente
deve usar a música em suas aulas, mas não tem nacional da ABEM (Associação Brasileira de
condição de dar aula de música", diz Lisiane Bassi, Educação Musical), Magali Kleber.
coordenadora do programa de Educação Musical
Como a música pode ser introduzida no
de Franca, cidade do interior de São Paulo que é
dia-a-dia escolar?
referência no Ensino Musical.
Há várias formas de se trabalhar a música
Como as escolas devem se preparar? Há
na escola, por exemplo, de forma lúdica e coletiva,
tempo suficiente para isso?
utilizando jogos, brincadeiras de roda e confecção de
Inicialmente, as escolas tinham até agosto instrumentos, como sugere Sonia Albano, diretora
de 2011 para se adaptar à nova lei, ou seja, para regional da Associação Brasileira de Ensino Musical
incluir o ensino de música em sua grade curricular, (ABEM). "Dessa forma, a música é capaz de
comprar materiais (instrumentos musicais, CDs etc) combater a agressividade infantil e os problemas de
e verificar se possuíam professores capazes de rejeição". Nas escolas da rede municipal de Franca,
ministrar as aulas, pois nem todos possuem onde o Projeto de Educação Musical já existe desde
1994 (ou seja, muito antes da lei nº 11.769 entrar em
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
vigor), as crianças não só ouvem música, como a é dificilmente suportável pelo ouvido e pode causar
produzem, fazendo pequenos arranjos e tocando lesões no sistema auditivo.
instrumentos como a flauta doce e alguns de
Altura
percussão. Elas também vivenciam a música, por
meio de trabalhos corporais que desenvolvem a É por meio da altura que podemos distinguir
atenção e a coordenação motora. "Não queremos um som agudo (fininho, alto), de um grave (grosso,
formar músicos, mas desenvolver o espírito crítico, baixo). A altura de um som musical depende do
conhecer as raízes da música brasileira, despertar número de vibrações. As vibrações rápidas produzem
o gosto musical, preservar nosso patrimônio e sons agudos e os lentos sons graves. São essas
aumentar o repertório musical nacional e vibrações que definem cada uma das notas musicais:
internacional", diz Lisiane Bassi. dó, ré, mi, fá, sol, lá, si; assim, a velocidade da onda
sonora determina a altura do som, por isso cada nota
Para que o ensino proposto na Lei tenha
tem sua frequência (número de vibrações por
bons resultados, o indicado é que as escolas
segundo). A altura de um som pode ser caracterizada
intensifiquem trabalhos já produzidos em sala de
como definida ou indefinida. Em ambos os casos, os
aula e que levem em conta o contexto cultural dos
sons podem ser agudos ou graves. Os instrumentos
alunos.
de altura indefinida são incapazes de produzir uma
ELEMENTOS FORMAIS DA LINGUAGEM DA melodia, visto que a maioria deles emite um só som,
MÚSICA que a voz humana ou outro instrumento de altura
definida não conseguem imitar.
Composição
Densidade
As composições são baseadas no
conhecimento sonoro que o compositor adquiriu no A densidade sonora é a qualidade que
local onde vive. A música que cada um compõe estabelece um maior ou menor número de sons
depende do lugar e da época em que vive, dos simultâneos. Quando ouvimos um grande conjunto
sons que conhece e dos quais tem acesso, enfim, de timbres simultaneamente dizemos que a música
da sua história pessoal escolhendo e articulando de em questão tem uma grande densidade sonora.
formas diferentes a imensa variedade de sons aos
Duração
quais tem acesso.
A duração é o tempo que o som permanece
Timbre
em nossos ouvidos, isto é, se o som é curto ou longo.
O Timbre é a “cor” do som. Aquilo que É a característica que revela o tempo de emissão de
distingue a qualidade do tom ou voz de um um som. Depende do tempo que duram as vibrações
instrumento ou cantor, por exemplo, a flauta do do objeto que os produz. As diversas durações são
clarinete, o soprano do tenor. utilizadas em combinação com uma regularidade
básica chamada de pulso ou pulsação. Essas
Cada objeto ou material possui um timbre
variações são comumente chamadas de ritmo.
que é único, assim como cada pessoa possui um
timbre próprio de voz, tão individual quanto as Alguns sons possuem ressonância curta, isto
impressões digitais. é, continuam soando por um breve período de tempo,
como o som dos tambores, e outros tem ressonância
Intensidade
longa, como os sons dos sinos que permanecem
A intensidade é a força do som, também soando por um período de tempo maior.
chamada de sonoridade. É uma propriedade do
Harmonia
som que permite ao ouvinte distinguir se o som é
fraco (baixa intensidade) ou se o som é forte (alta Harmonia é a combinação dos sons ouvidos
intensidade) e ela está relacionada à energia de simultaneamente, é o agrupamento agradável de
vibração da fonte que emite as ondas sonoras. Ao sons. No nosso exemplo, você poderia muito bem
se propagar, as ondas sonoras transmitem energias tocar a música apenas com uma nota de cada vez,
que se espalham em todas as regiões. Quanto porém ficaria sem graça. Por isso, quanto mais notas
maior é a energia que a onda transporta, maior é a musicais você tocar simultaneamente (acordes) de
intensidade do som que o nosso ouvido percebe. É forma agradável, harmoniosa, melhor será a música.
semelhante ao que habitualmente chamamos de
Melodia
volume.
É uma sequência de sons em intervalos
A intensidade sonora é a força com que as
irregulares.
ondas sonoras empurram o ar e é medida em uma
unidade chamada bel, em homenagem ao cientista A Melodia caminha por entre o Ritmo. A
inglês Granham Bell, o qual fez estudos que Melodia normalmente é a parte mais destacada da
culminaram com a invenção do telefone. No Música, é a parte que fica a cargo do Cantor, ou de
entanto, os submúltiplos do bel são mais utilizados: um instrumento como Sax ou de um solo de Guitarra
1 decibel = 1dB = 0,1 bel. A partir de 140db aparece e etc. Sempre que ouvir um Solo - notas tocadas
o chamado limite da dor ao ouvido humano: o som individualmente - você estará ouvindo uma Melodia.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Ritmo MÚSICA VOCAL
Ritmo é o que age em função da duração Música vocal é um gênero de música
do som. É a definição de quanto tempo cada parte executada por um ou mais cantores, com ou sem
da melodia continuará à tona. Você já percebeu que acompanhamento instrumental, no qual o canto é o
na parte “(...) margens plácidas”, o “plá” demora foco principal da peça musical. A música sem
mais que o “cidas”? Isso é o ritmo da música. acompanhamento é denominada a capela. [1] A
música vocal é caracterizada, normalmente, por um
ESCALAS: MODAL E TONAL
conjunto de palavras cantadas, provenientes de um
Existiram alguns tipos de sistemas modais poema ou prosa. Esse conjunto é denominado letra
diferentes ao longo de toda a história da música. (na música popular) ou texto (na música erudita).
Entre os mais conhecidos estão o sistema dos
Existem, também, notáveis exemplos
modos gregos, que foram organizados ainda na
musicais, que se utiliza de sílabas isoladas, sons,
Grécia antiga, e os modos eclesiásticos ou
ruídos ou sílabas onomatopaicas ao longo da peça
litúrgicos, que foram organizados pelo Papa
musical. Uma pequena peça de música vocal é,
Gregório I no séc. VI. Todos os sistemas modais
normalmente, chamada de canção.
são formado por apenas uma escala que pode ser
tocada ou cantada de diversas maneiras (modos). A música vocal é, provavelmente, a mais
antiga forma de música, já que não requer nenhum
Os modos litúrgicos, por exemplo, eram
tipo de acompanhamento além da voz. Todo o tipo de
maneiras diferentes de se cantar a escala Natural
cultura musical tem alguma forma de música vocal.
(Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si e Dó). Ao fazer uma
melodia que utilizasse a nota Ré como fundamental MÚSICA INSTRUMENTAL
(o nome usado na época era finalis), essa seria
A expressão música instrumental distingue
uma melodia Dórica, se a fundamental fosse Mi a
toda música produzida exclusivamente por
melodia era Frígia e assim por diante. Dessa forma
instrumentos musicais. Porém, ao contrário do que
é errado pensar em um modo como uma escala,
parece, a música instrumental não é
um modo na verdade é uma maneira de se tocar ou
necessariamente desprovida da voz e do canto. Em
cantar com uma escala.
alguns casos, como nas faixas Taiane, do brasileiro
Os sistemas modais são considerados Hermeto Pascoal ou, talvez mais conhecida, The
sistemas “fechados” pois as melodias são feitas Great Gig in the Sky, da banda inglesa de rock
sempre com as mesmas notas de uma escala, progressivo Pink Floyd, a voz é usada como
alterando a fundamental de um modo para o outro. instrumento musical.
Por isso alguns autores consideram as músicas
História
folclóricas com pentatônicas como modais, pois são
compostas sempre com as mesmas 5 notas. Daí Até o início do século XVI os instrumentos
você poderá pensar em sistemas modais sobre as musicais eram usados apenas para acompanhar os
escalas hexafônicas, octatônicas, etc… No entanto, cantos ou marcar o compasso das músicas.
apesar de serem fechados, esses sistemas modais
A partir disso, as composições instrumentais
não são de modos gregos ou litúrgicos.
foram ficando cada vez mais frequentes até que,
O sistema tonal foi uma espécie de durante o período barroco, a música instrumental
condensação dos modos litúrgicos em dois modos: passou a ter importância igual à vocal. Foi durante o
o Maior e o Menor. Isso quer dizer que a dissolução período clássico (da música), porém, compreendido
do sistema dos modos litúrgicos deu origem ao entre os anos de 1750 e 1810, que a música
sistema tonal no séc XVII. Nesse sistema uma nota instrumental passou a ter importância maior do que a
e um acorde terão papel principal, e daí serão vocal, devido ao aperfeiçoamento dos instrumentos e
produzidos uma escala (maior ou menor). A ao surgimento das orquestras.
tonalidade é formada por todos os acordes
No Brasil
possíveis montados com essa escala e cada um
desses acordes passa a ter uma função (Tônica, Como não podia deixar de ser, a música
Dominante ou Subdominante). A tonalidade pode popular brasileira moldou-se a partir de todas estas
ser transposta para qualquer nota e com isso temos fontes, bem como das influências vindas da música
diversas tonalidades maiores e menores. africana, trazida por negros de vários lugares, e
Como uma escala no sistema tonal é também da música indígena de diversas regiões.
Historiadores da música afirmam que a modinha (da
formada por sete dos doze sons possíveis dentro
Europa) e o lundu (da África) são as grandes
de uma oitava, por vezes outros sons podem entrar
influências da música popular brasileira e, juntamente
em melodias e acordes (como nas dominantes
com o schotishs, a valsa, o tango e a polca, são
secundárias por exemplo). Isso quer dizer que
mesmo em uma música em Dó Maior podem grandes influências também para o choro, que é
acontecer alguns sons alterados (sustenidos e essencialmente instrumental, e considerado primeiro
gênero popular urbano do Brasil. Os principais
bemóis) em melodias ou acordes, e por isso o
instrumentos utilizados no choro são o violão de 7
sistema tonal é considerado um sistema “aberto”.
cordas, violão, bandolim, flauta, cavaquinho e
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
pandeiro, embora diversos outros instrumentos primeiro álbum solo gravado no ano de 1971. Entras
foram utilizados. as faixas deste álbum, destaca-se “Velório”, na qual
Hermeto recria sonoramente um enterro, como
Entre os chorões solistas, talvez os mais
aqueles que assistira em sua terra natal, incluindo
conhecidos sejam Garoto (1915-1955), Waldir
para isso 36 garrafas, que, com afinações diferentes,
Azevedo (1923-1980), Luperce Miranda (1904-
foram tocadas por alguns dos melhores flautistas
1977), Pixinguinha (1898-1973), Copinha (1910-
americanos. Antes disso, porém, no mesmo ano uma
1984), Benedito Lacerda (1903-1958), Dilermando
composição de Hermeto havia recebido excelente
Reis (1916-1977), Jacob do Bandolim (1918-1969),
julgamento de críticos ingleses que a colocaram entre
Tia Amélia (1897-1983) e Luís Americano (1900-
as melhores músicas de 1971. A composição "Gaio
1960), e seus principais choros “Desvairada”,
da Roseira", lançada no LP de Airto Moreira, cuja
“Lamentos do Morro” e “Amoroso”, “Brasileirinho” e
letra era de seus pais que, trinta aos antes, cantavam
“Pedacinho do Céu”, “Odeon”, “Lamento”, “1 x 0”,
durante os trabalhos da roça, teve o arranjo
“André de Sapato Novo” (com Pixinguinha) e
totalmente composto por Pascoal.
“Jurity”, “Brejeiro”, “Noites Cariocas” e “Flor do
Abacate”, “Bordões ao Luar” e “Intrigas no Boteco MÚSICA ELETRÔNICA
do Padilha”, respectivamente. Embora geralmente
A música eletrônica é gerada através do uso
conhecidos pelo Choro, a grande maioria dos
de recursos digitais e tecnológicos, como
Chorões compôs músicas instrumentais em outros
sintetizadores – equipamentos que têm como fim
gêneros, como Chiquinha Gonzaga com o maxixe
elaborar sons artificialmente -, gravadores
“Gaúcho (Corta-Jaca)” e a polca “Atraente” ou
digitalizados, computadores ou programas de
Pixinguinha com a valsa “Rosa”.
composição. Além disso, ela também é produzida por
O samba que, registrado desde meio do sampling e da renovada ordenação de sons.
aproximadamente 1838, sairia dos morros à
As músicas compostas eletronicamente são
condição de representante da música popular
fractais – objetos dotados de formas fragmentadas.
brasileira apenas por volta do ano de 1917, também
Todo resultado musical é reutilizado como
conta com composições instrumentais. Pouco
ingrediente das futuras obras, portanto a gravação de
diferente do samba cantado, o samba instrumental
uma música transforma-se de meta artística em
utiliza-se como principais instrumentos o piano e o
fragmento fugaz que será modificado, mesclado,
violão, além dos tradicionais instrumentos de
desfigurado; ela é agora um elemento a mais em um
percussão, incluindo o berimbau. Embora derive
infindável mecanismo coletivo.
das mesmas influências, o samba-jazz é pouco
semelhante à bossa nova, sendo criado como uma Esta modalidade musical não é fruto de um
evolução desta, que ao final da década de 50 único artista, mas sim de um grupo que se inclina
apareceu com as primeiras gravações de João sobre um acervo já produzido, e neste trabalho
Gilberto. Como em praticamente todos os gêneros, conjunto cada um produz sua fração. Não há uma
temos também na Bossa Nova, várias composições divisão de tarefas, pois todos atuam simultaneamente
instrumentais, como a versão de “Corcovado”, de como geradores do material que alimentará a
Tom Jobim, tocada pelo americano Charlie Byrd. composição integral, conversores de formas,
criadores, intérpretes e receptores do produto final,
A década de 60 trouxe o tropicalismo, e
em um processo que se auto estrutura.
com ele artistas como Pepeu Gomes, do conjunto
musical Novos Baianos. Pepeu Gomes, guitarrista e Não é necessário que o compositor tenha
compositor, chegou a ser considerado um dos dez algum dom ou alguma vivência no campo musical,
melhores guitarristas do mundo pela revista pois hoje os programas de computador são criados
americana Guitar World, tendo várias composições justamente para tornar mais acessível o processo
instrumentais. Seus álbuns “Geração de Som” e criativo.
“Instrumental On the Road” são completamente
A composição eletrônica nasceu no âmago
instrumentais.
da música erudita, na sua vertente mais subversiva,
Em 1964 o produtor J. T. Meirelles formou a depois evoluiu para o âmbito da música popular, a
banda “Copa 5”, cujo primeiro álbum, denominado princípio conjugada ao rock, depois passando a
“O Som”, foi decisivo na construção de uma constituir gênero musical específico, ligado
vertente do samba instrumental que se principalmente à modalidade dançante, como o
convencionou a chamar “samba-jazz”. Embora se techno, acid, house, trance e drum’n’bass, que
utilizasse das mesmas influências da Bossa Nova tiveram sua fonte no estilo disco de fins dos anos 70.
(principalmente o samba, o jazz e o blues), o
A princípio discriminada por sua face
samba-jazz fora criado com objetivo de se
distanciar e rejuvenescer a Bossa. tecnológica preponderar sobre a estética, que se
desenvolveu mais lentamente, a música eletrônica
Os anos 70 marcam a chegada de um dos ganhou mais espaço somente depois do final da
maiores compositores da música instrumental, Segunda Guerra Mundial, graças à atuação dos
Hermeto Pascoal. Hermeto que, desde os quatorze franceses na música concreta e dos alemães na
anos tocava nas rádios com seu irmão, teve seu chamada Elektronische Musik. A vertente francesa

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
perdurou até os anos 60, pois a tecnologia ainda Arcângelo Corelli, Alessandro Scarlatti, Antonio
não se democratizara o suficiente. Aos poucos, Vivaldi, George Telleman, Johann Sebastian Bach,
porém, o empenho em aprimorar este gênero levou George Handel eDomenico Scarlatti.
à produção do primeiro sintetizador pessoal.
Período Clássico (1750-1810): Novos
Em meados desta década, Stockhausen instrumentos vão surgindo nas orquestras e elas vão
produziu Mikrophonie I para ser tocada em tam- aumentando de tamanho. A música passa a ser não
tam, microfones de mão, filtros e potenciômetros. tão complicada quanto à barroca, procurando apenas
Os primeiros equipamentos ainda não eram muito realçar a graça e a beleza das melodias e
confiáveis, mas ainda assim Keith Emerson, do apresentar-se elegante e distinta. Foram Wolfgang
grupo Emerson Lake and Palmer, passou a utilizá- Amadeus Mozart, Christoph Gluck, Carl Phillip Bach
los em suas turnês. O instrumento eletrônico e Johann Stamitz e Joseph Haydn que se
conhecido como teremim, nada fácil de ser tocado, destacaram nesse período. Ludwing Van Beethoven
foi adotado pelos The Beach Boys, enquanto o representa bem a transição do período Clássico para
mellotron foi executado pelos The Beatles em o Romântico.
Strawberry Fields Forever.
Período Romântico (1810-1900): Nesse
À medida que os sintetizadores se tornaram período a Orquestra Sinfônica atinge seu ápice, em
mais acessíveis, com seus preços reduzidos, quantidade e tipos de instrumentos. Os compositores
diversos conjuntos de rock passaram a utilizá-los, dessa época pretendiam romper com o clássico,
como The Silver Apples e Pink Floyd, que se desestabilizando a música considerada por eles
valeram destes instrumentos para substituir o uso como ultrapassada. Promoveu, assim, a liberdade de
do órgão. Nos anos 70 a música eletrônica foi forma, maior expressividade das emoções, dando
subvertida pela atuação da genial banda alemã uma ênfase maior na harmonia. Houve uma maior
Kraftwerk, que associou a tecnologia disponível à preocupação em consolidar uma Música Nacional,
recente robótica, representando desta forma a que valorizasse as lendas dos seus países,
crescente alienação do mundo contemporâneo, inspirando-se nas canções folclóricas. Os que se
principalmente no que se refere à interação do destacaram nessa época foram Frederic Chopin,
Homem com as máquinas. Robert Schumann, Peter Tchaikovsky, Johannes
Brahms, Felix Mendelssohn, Carl Von Weber,
Outros grupos atuais também unem o rock
Gioacchino Rossini, Franz Schubert, Hector Berlioz,
às composições eletrônicas, tais como o Tangerine
Franz Liszt, Richard Wagner, Bedrich Smetana,
Dream, Can, Neu! e Popol Vuh.
Gustav Mahler e Richard Strauss. No Brasil, Carlos
PERÍODOS DA HISTÓRIA DA MÚSICA Gomes alcança grande prestígio com as óperas “O
OCIDENTAL Guarani”, “Fosca”, “O Escravo”, dentre outras
composições.
A música Ocidental pode ser dividida em
períodos, de acordo com a quantidade de Período Moderno (1900 em diante):
instrumentos e com o estilo da música. As datas Introduziu-se nas orquestras a música Eletro-
são apenas indicativas, pois entre um período e acústica, sintetizadores. Contudo, a essência da
outro há sempre uma transição. Orquestra Sinfônica continua a mesma. Nesse
contexto, aparece uma derivação da OS: a Orquestra
Período Renascentista (1450-1600):
Jazz-Sinfônica. A diferença entre elas é que na Jazz-
Praticamente não existiam orquestras, apenas
Sinfônica aparece instrumentos como trompotes,
instrumentos isolados como Alaúde, Flautas Doces
trombones, todas as categorias de sax e bateria.
e Viola da Gamba. Por isso, o estilo musical desse
período é a polifonia coral, que se constitui de Esse período é dividido em várias
várias melodias cantadas ou tocadas ao mesmo subdivisões, tais como Neoclássico, Contemporâneo
tempo. A partir desta época começou a surgir um e Vanguarda. Destacam-se neste cenário os
interesse entre os compositores em escrever peças Neoclássicos Carl Orff, Paul Hindemith, Maurice
apenas para instrumentos (música não religiosa). Ravel, Igor Stravisky, Benjamin Britten, Dimitri
Contudo, as grandes composições da época foram Schostakovich, Sergei Prokofieff, Heitor Villa-Lobos;
feitas para a Igreja Católica. Destacaram nesse os Contemporâneos Arnold Schoemberg, Alban Berg,
período Josquin de Pres, Giovanni da Palestrina, Anton Webern, Kristoff Penderecky, Bela Bartok,
Orlando Lassus e Giovanni Gabrieli. Olivier Messiaen e os Vanguardistas: Pierre Boulez,
Karlheinz Stockhausen, John Cage e Jorge Antunes.
Período Barroco (1600-1750): Começam a
aparecer as primeiras orquestras, que dariam POLIFONIA VOCAL
origem à Orquestra Sinfônica como hoje a
Polifonia, em música, é uma técnica
conhecemos. O estilo musical barroco consiste em
compositiva que produz uma textura sonora
ritmos enérgicos, melodias muito bem
específica, em que duas ou mais vozes se
ornamentadas, alternando entre sons fortes e
desenvolvem preservando um caráter melódico e
fracos e contrastando instrumentos de timbres
rítmico individualizado,[1] em contraste privada à
diferentes. Os principais compositores dessa época
monofonia, onde só uma voz existe ou, se há outras,
são Cláudio Monteverdi, Jean Baptiste Luy,
seguem a principal em uníssono ou à distância de
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
oitava(s), ou apenas tecem floreios em torno da própria autoria numa coletânea que intitulou de
principal; à monodia, onde uma voz melódica é Antifonário.
acompanhada ou não de acordes sem caráter
A esta forma de cantar deu-se o nome de
melódico próprio, e à homofonia e ao contraponto,
Canto Gregoriano, que era basicamente uma forma
onde as várias vozes se movem com ritmo idêntico
de oração para demonstrar o amor a Deus. Este
ou muito semelhante de modo a formar acordes
canto tinha uma melodia simples que seguia o ritmo
nítidos, podendo elas ou não ter um caráter
das palavras.
melódico próprio e pronunciado. A palavra vem do
grego e significa várias vozes. Nesta época começa a haver uma grande
separação entre a música religiosa e a música
Na literatura não é diferente, a polifonia
popular. Uma das grandes diferenças entre elas está
ocorre quando o autor intertextualiza outras obras
nos instrumentos que são usados em ambas. Na
dentro de uma, para dar sentido a mesma.
igreja apenas o órgão era permitido, enquanto que na
No contexto da música erudita do ocidente música não religiosa ou chamada profana usavam-
polifonia usualmente se refere à música composta se: a rabeca, o saltério, o alaúde, a charamela, a
na Idade Média tardia e no Renascimento, quando flauta, a gaita de foles, a sanfona, a harpa, os pratos,
era a técnica de composição mais usual, mas os pandeiros, os tambores,...
formas barrocas como a fuga também são
A língua usada nos cantos da igreja era o
claramente polifônicas. Num sentido estrito,
Latim, enquanto que na música popular eram os
significando simplesmente várias vozes, a polifonia
dialetos próprios de cada região.
também engloba a homofonia e o contraponto.
Os menestréis eram cantores, músicos e
Desde o princípio dos tempos a música é
malabaristas que andavam de terra em terra
feita de maneira homofônica, ou seja, uma melodia
juntamente com os saltimbancos.
única, linear, com somente acompanhamento
rítmico. Passa-se muito séculos da era cristã onde Os trovadores eram nobres que compunham
a monodia religiosa dominou a música ocidental música e poesia tendo como tema preferido, para as
com o Cantus Firmus e o Canto Gregoriano. suas composições, o amor.
No século X iniciou-se a ideia de sobrepor A notação musical serviu no início apenas
vozes em intervalos de oitavas e quintas. Este para auxiliar a memória de quem cantava, mas, ao
processo se desenvolveu e teve seu apogeu no longo dos tempos, tornou-se cada vez mais precisa.
século XV, onde a técnica do contraponto era Numa fase inicial eram colocados pequenos símbolos
altamente difundida. Tem-se por contraponto a chamados neumas.
técnica de contrapor melodias, ou seja, cantar
melodias diferentes ao mesmo tempo. Mais tarde e de forma progressiva foram
introduzidas as linhas até se chegar ao conjunto das
Este procedimento criou uma resultante 4 que foram inventadas por Guido D’Arezzo,
musical nova, que era a verticalidade musical, isto conhecido como sendo um grande teórico da música
quer dizer, notas socorro musicais sobrepostas na Idade Média.Mas, a partir do século XI, o uso da
soando ao mesmo tempo. Com o temperamento pauta tornou-se habitual.
esta nova técnica musical resultou na harmonia.
Durante muito tempo a música foi cultivada
A MÚSICA NA IDADE MÉDIA por transmissão oral, até que se inventou um sistema
de escrita. Por volta do século IX apareceu, pela
Com a queda do Império Romano e a
primeira vez, a pauta musical. O monge italiano
implantação do cristianismo, a igreja passa a ter um
Guido d’Arezzo (995 – 1050) sugeriu o uso de uma
papel fundamental para o desenvolvimento e
pauta de quatro linhas. O sistema é usado até hoje
evolução da música, pois são os monges que, nos
no canto gregoriano. A utilização do sistema silábico
mosteiros e depois dos gregos, continuam a
de dar nome às notas deve-se também ao monge
desenvolver a escrita e a teoria musical.
Guido d’Arezzo e encontra-se num hino ao padroeiro
São os cânticos litúrgicos vocais e de dos músicos, São João Batista: Ut queant laxit /
transmissão oral que fazem parte do repertório mais Ressonare fibris / Mira gestorum / Famuli tuorum /
usado na musica da Idade Média. Estes cantos Solvi polluti / Labii reatum / Sancte Ioannes. Com o
litúrgicos variavam nas suas interpretações passar do tempo o Ut foi substituído pelo Dó. O tipo
consoante a raça, a cultura, os ritos e os hábitos de música mais antigo que conhecemos consiste em
musicais dos diversos povos. uma única linha melódica cantada, sem qualquer
acompanhamento. Este estilo é o chamado
Sentindo necessidade de unificar e de
Cantochão ou Canto Gregoriano. Com o passar do
fortalecer o cristianismo, São Gregório Magno,
tempo acrescentou-se outras vozes ao cantochão,
monge beneditino e eleito papa em 590, compilou e
criando-se as primeiras composições em estilo coral.
selecionou uma série de cânticos litúrgicos com
Além do Cantochão, cantado nas igrejas, produziam-
qualidade e dignos de culto. Foi neste sentido que
se na Idade Média muitas danças e canções. Durante
reuniu alguns cânticos já existentes e outros de sua
os séculos XII e XIII houve intensa produção de
obras em forma de canção, compostas pelos
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Trovadores, poetas e músicos do sul da França. As segue a melodia começada pelo companheiro; o
danças eram muito populares em festas e feiras e compositor erudito deleita-se com a criação de tais
podiam ser tocadas tanto por dois instrumentos, complicações, levando-as assim ainda mais longe.
como por um grupo mais numeroso. Os
O processo de unificação, e sobretudo, de
instrumentos que acompanhavam estas danças
implantação, foi progressivo e lento, dando lugar a
incluíam: a viela (antepassado da família do
diversas exceções em que foram reconhecidas
violino), o alaúde, flautas doces de vários
liturgias não gregorianas. É o caso do Canto
tamanhos, gaitas de foles, o trompete recto
Visigótico, que passou a ser conhecido por Canto
medieval, instrumentos de percussão (triângulos,
Moçárabe; termo anacrônico, anterior à invasão da
sinos, tambores, etc.). Principais Compositores
península espanhola pelos árabes que se conservou
Medievais: Perotin (séc. XII), Leonin (séc. XII),
até 1071, quando foi abolido por Gregório VII. Nos
Guido d’Arezzo (995 – 1050), Philippe de Vitry
fins do século XI, esta modalidade só era praticada
(1290 – 1361), Guillaume de Machaut (1300 –
em poucas Igrejas, mas foi recuperado pelo Cardeal
1377), John Dunstable (1385 – 1453).
Cisneros, que fundou a capela moçárabe da Catedral
Cantochão - melodias simples, sem de Toledo (Espanha) e editou o Missale e o
acompanhamento ou notação rítmica; canções Breviarium, cantos moçárabes em 1500 e 1502,
seculares e danças bem ritmadas. Muitas respectivamente.
composições baseadas em um cantus firmus tirado
Ao regulamentar o canto litúrgico cristão,
de um cantochão, mas algumas peças compostas
mantém-se o princípio da homofonia, ao qual se
de forma independente.
acrescenta a ausência de acompanhamento instru-
Canto gregoriano -A unificação da música mental. É destas características que vem o nome
litúrgica concebida por São Gregório tornou-se deCanto Chão, (do latim, Cantus Planus) utilizado
conhecida como Canto Gregoriano. pela primeira vez como sinônimo de canto gregoriano
por Jerônimo de Moravia, por volta de 1250. Porém,
Uma musica conhecida em uma versão
o termo não é muito adequado para denominar o
Gregoriana Moderna: My Immortal – Evanescence
canto religioso dos séculos XVII e XVIII
Moteto: O moteto é um gênero musical
O sistema musical do Canto Gregoriano
polifônico surgido no século XIII, onde, inicialmente,
baseia-se no sistema chamado Modal, embora tenha
usavam-se textos distintos para cada voz. Dessa
sofrido adaptações sob a forma estabelecida pelos
característica vem a origem do termo, derivado de
gregos. A primeira diferença é a do sentido,
mot, palavra, em francês. O moteto se tornará uma
descendente para os gregos e ascendentes no
das grandes formas da música polifônica, sendo o
gregoriano. Nas duas formas, coincidem no número,
apogeu de seu uso no contraponto modal do século
oito, em sua origem. Nestes casos, os ímpares se
XVI, apesar de sua importância para a música
conhecem como autênticos e os pares como
barroca e da recorrência a ele até por compositores
Plagales, por derivarem dos primeiros. Juntaram-se,
românticos.Mantêm até os nossos dias.
no século XVI, os modos maiores e menores da
Canções para o Povo A forma musical do música posterior, bem como os respectivos plagales.
século XIII foi o motete (do francês mot, que Assim se chegou aos doze modos, chamados:
significava palavra), cuja essência consistia na dórico, hipodórico, frígio, hipofrígio, lídio, hipolídio,
introdução de textos profanos em vernáculo. Na mixolídio, hipomixolídio, jónico, hipojónico, eólico
França, Espanha e Inglaterra encontramos hinos na ehipoeólico. O fato de ter utilizado, para os oito
língua nacional, não em Latim, e música profana primeiros, as denominações gregas foi a causa de
escrita e composta com verdadeira sofisticação. que se generalizara a ideia da sua correspondência
com os modos gregos.
Que a música popular era sofisticada, já se
sabe através de Gerald Cambrensis, escritor galês Mantinha-se a homofonia e o ritmo era
de 1175 que observa que numa reunião de baseado na pronúncia silábica. Introduziram-se as
compatriotas seus eram ouvidas tantas mudanças com as quais a nota podia corresponder a
composições vocais quantos os cantores presentes. uma sílaba ou a um conjunto de sílabas, surgindo a
Pode-se ter certeza de que alguns deles vocalização. Foram-se acumulando este e outros
acompanhavam seu vizinho, tal como se faz hoje, e "desvios" com o decorrer dos séculos até ao Motu
que harmonizavam em terças e sextas - esses Proprio do Papa Pio X, no princípio deste século que
intervalos melífluos (que flui como mel; suave, implicou uma revisão e reconsideração de todo o
brando; doce) que a Igreja desprezava mas que, corpo gregoriano, libertando-o de todas as
mais tarde, compositores ingleses espalharam pela "impurezas" acumuladas pelo tempo.
Europa. Imitavam também a melodia do cantor que
MÚSICA NO RENASCIMENTO
estava a seu lado, criando depois um cânone, como
em Sumer is icumen in, e posteriormente Three O período da Renascença se caracterizou,
blind mice e London's burning?. O conceito na História da Europa Ocidental, sobretudo pelo
decânone é, ao mesmo tempo, intelectual e enorme interesse ao saber e à cultura,
ingênuo. A criança fica encantada e fascinada ao particularmente a muitas ideias dos antigos gregos e
descobrir que resulta harmonia quando alguém romanos.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Foi também uma época de grandes Giovanni Pierluigi Palestrina - 1525/ 1594
descobertas e explorações, em que Vasco da
Giovanni. Gabriel - 1555/ 1612
Gama, Colombo, Cabral e outros exploradores
estavam fazendo suas viagens, enquanto notáveis Cláudio Monteverdi - 1567/ 1643
avanços se processavam na Ciência e Astronomia.
MÚSICA NO BARROCO
Os compositores passaram a ter um
A palavra Barroco é provavelmente de
interesse muito mais vivo pela música profana (
origem portuguesa, significando pérola ou joia no
música não religiosa), inclusive em escrever peças
formato irregular. De início era usada para designar o
para instrumentos, já não usados somente para
acompanhar vozes. No entanto, os maiores estilo de arquitetura e da arte do século XVII,
tesouros musicais renascentistas foram compostos caracterizado pelo excesso de ornamentos. Mais
tarde, o termo passou a ser empregado pelos
para a igreja, num estilo descrito como polifonia
músicos para indicar o período da história da música
coral ou policoral e cantados sem acompanhamento
que vai do aparecimento da ópera e do oratório até a
de instrumentos.
morte de J. S. Bach.
A música renascentista é de estilo
polifônico, ou seja, possui várias melodias tocadas A música barroca é geralmente exuberante:
ou cantadas ao mesmo tempo. ritmos enérgicos, melodias com muitos ornamentos,
contrastes de timbres instrumentais e sonoridades
Música vocal fortes com suaves.
Na Basílica de São Marcos, em Veneza, Música vocal
havia dois grandes órgãos e duas galerias para
Orfeu, do compositor Montiverdi (1567-1643)
coro, situadas em ambos os lados do edifício. Isso
deu aos compositores a ideia de compor peças escrita no ano de 1607 é a primeira grande ópera.
para mais de um coro, chamadas policorais. Assim, Ópera é uma peça teatral em que os papéis são
cantados ao invés de falados. A ópera de Montiverdi
uma voz vinda da esquerda é respondida pelo coro
possuía uma orquestra formada de 40 instrumentos
da direita e vice versa. Algumas das peças mais
variados, inclusive com violinos, que começavam a
impressionantes são as de Giovani Gabrielli ( 1555
- 1612), que escreveu corais para dois e três tomar lugar das violas.
grupos. Alessandro Scarlatti foi o mais popular
compositor italiano de óperas. Na França os
Os Motetos eram peças escritas para no
principais compositores de óperas foram Lully e
mínimo quatro vozes, cantados geralmente nas
Rameau .
igrejas. Os Madrigais eram canções populares
escritas para várias vozes e que se caracterizam-se Nascido na mesma época da ópera, o
por não ter refrão. De grande sucesso nas Oratório é outra importante forma de música vocal
Inglaterra do século XVI, passaram a ser cantados barroca. O oratório é um tipo de ópera com histórias
nos lares de todas as famílias apaixonadas por extraídas da Bíblia. Com o passar do tempo os
música. oratórios deixaram de ser representados e passaram
Música instrumental a ser apenas cantados. Os mais famosos oratórios
são os do compositor alemão Haendel (1685-1759),
Até o começo do século XVI, os do início do século XVIII: Israel no Egito, Sansão e o
compositores usavam os instrumentos apenas para famoso Messias e muitos outros.
acompanhar o canto, contudo, durante o século
As Cantatas são oratórios em miniaturas e
XVI, os compositores passaram a ter cada vez mais
eram apresentados nas missas.
interesse em escrever música somente para
instrumentos. Música instrumental
Em muitos lares, além de flautas, alaúdes e Durante o período barroco, a música
violas, havia também um instrumento de teclado, instrumental passou a ter importância igual à da
que podia ser um pequeno órgão, virginal ou música vocal. A orquestra passou a tomar forma. No
clavicórdio. A maioria dos compositores ingleses início a palavra ‘orquestra’ era usada para designar
escreveu peças para o virginal. No Renascimento um conjunto formado ao acaso, com os instrumentos
surgiram os primeiros álbuns de música, só para disponíveis no momento. Mas no século XVII, o
instrumentos de teclados. aperfeiçoamento dos instrumentos de cordas,
Muitos instrumentos, como as charamelas, principalmente os violinos, fez com que a seção de
cordas se tornasse uma unidade independente. Os
as flautas e alguns tipos de cornetos medievais e
violinos passaram a ser o centro da orquestra, ao
cromornes continuavam populares. Outros, como o
qual os compositores acrescentavam outros
alaúde, passaram por aperfeiçoamentos.
instrumentos: flautas, fagotes, trompas, trompetes e
Principais compositores renascentistas tímpanos.
William Byrd - 1542/ 1623 Um traço constante nas orquestras barrocas,
porém, era a presença do cravo ou órgão como
Josquin des Préz - 1440/1521
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
contínuo, fazendo o baixo e preenchendo a dinâmica pode ser variada de acordo com a pressão
harmonia. Novas formas de composição foram dos dedos do executante. Isso daria ao piano grande
criadas, como a fuga, a sonata, a suíte e o poder de expressão e abriria uma série de
concerto. possibilidades novas.
Principais compositores Barrocos No começo o piano custou para se tornar
popular porque os primeiros modelos eram muito
A Corelli - 1653/ 1713
precários. Mas, no final do século XVIII o cravo já
A Scarlatti - 1660/ 1755 havia caído em desuso, substituído pelo piano.
A Vivaldi - 1678/ 1741 A serviço da alta nobreza, o músico não
passava de um criado que, depois de fornecer
D Scarlatti - 1685/ 1757 música para fundo de jantares e conversas, ia jantar
Henry Purcell - 1659/1695 na cozinha com os demais empregados da casa.
Para agradar seus patrões, precisava seguir as
George Philipp Telemann - 1681/1767 tradições musicais. Em sua obra respeitava e refletia
J. S. Bach - 1685/ 1750 as emoções da corte. A imaginação criadora não
seria bem vinda se representasse a quebra das
J. F. Haendel - 1685/ 1759 estruturas tradicionais. Haydn aceitou esse trato e
Jean-Philippe Rameau - 1683/ 1764 cumpriu suas obrigações. Mozart não aceitou estes
limites e pagou um preço alto pela obstinação em se
José Antônio Carlos Seixas - 1704/ 1742 manter fiel à seus princípios. As cortes o relegaram
MÚSICA NO CLASSICISMO ao esquecimento e o deixaram morrer como um
mendigo. Beethoven foi o primeiro a decidir que não
Conforme dissemos outrora, algumas devia obrigações a ninguém e exigiu ser respeitado
pessoas às vezes, usam a expressão ‘música como artista. Nascia, com Beethoven, o pensamento
clássica’ considerando toda a música dividida em romântico.
duas grandes partes: ‘clássica’ e ‘popular’,
entretanto, para o estudioso ou musicólogo, a Principais compositores Clássicos
‘Música Clássica’ tem sentido especial e preciso: é Carl P. E. Bach 1714 - 1788
a música composta entre 1751 e 1810.
Gluck 1714 - 1787
Música instrumental
Hayden 1732 - 1809
A Música Clássica mostra-se refinada e
elegante e tende a ser mais leve, menos W. A. Mozart 1756 - 1791
complicada que a Romântica e seguintes. Os Ludwig Van Beethoven 1770 - 1827
compositores procuraram realçar a beleza e a graça
das melodias. A Orquestra está em Joaquim A. de Mesquita -1746/1805
desenvolvimento. Os compositores deixaram de Padre José Maurício N. Garcia1767/1830
usar o cravo e acrescentaram mais instrumentos de
sopro. Antonio Soler Ramos - 1729/1783
Durante o Período Clássico, a música Muzio Clemente- 1729/1783
instrumental passou a ter maior importância que a
Antônio Carlos Gomes
vocal. Nesta época criou-se a Sonata. É uma obra
com vários movimentos para um ou mais MÚSICA NO ROMANTISMO
instrumentos.
Os compositores clássicos tinham por
A Sinfonia é, na realidade, uma sonata para objetivo atingir o equilíbrio entre a estrutura formal e
orquestra. Seu número de movimentos passam a a expressividade. Os românticos vieram desequilibrar
ser quatro: rápido - lento - Minueto - muito rápido. tudo. Eles buscavam maior liberdade de forma, a
Haydn, Mozart e Beethoven foram os maiores expressão mais intensa e vigorosa das emoções,
compositores de sinfonias do Classicismo. frequentemente revelando seus pensamentos mais
profundos, inclusive suas dores. Muitos compositores
O Concerto consiste em uma composição românticos eram ávidos leitores e tinham grande
para um instrumento solista contra a massa
interesse pelas outras artes, relacionando-se
orquestral. Tem três movimentos: rápido - lento -
estreitamente com escritores e pintores. Não raro
rápido.
uma composição romântica tinha como fonte de
Muitas obras foram escritas para o piano inspiração um quadro visto ou um livro lido pelo
forte, em geral chamado piano para abreviar. compositor.
Bartolomeu Cristfori, construtor de cravos italiano, Dentre as muitas ideias que exerceram
por volta de 1700 já havia concluído a fabricação de
enorme fascínio sobre os compositores românticos
pelo menos um destes instrumentos. Enquanto as
temos: terras exóticas e o passado distante, os
cordas do cravo são tangidas por bicos de penas, o
sonhos, a noite e o luar, os rios, os lagos e as
piano tem suas cordas percutidas por martelos, cuja
florestas, as tristezas do amor, lendas e contos de
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
fadas, mistério, a magia e o sobrenatural. As Sergei V. Rachmaninov - 1873/1943
melodias tornam-se apaixonadas, semelhantes à
Louis Hector Berlioz - 1803/1869
canção. As harmonias tornam-se mais ricas, com
maior emprego de dissonâncias. F.Schubert 1797 - 1828
Durante o Romantismo houve um rico F. Mendelssohn 1809 - 1847
florescimento da canção, principalmente do Lied (
F. Chopin 1810 - 1849
‘canção’ em alemão) para piano e canto. O primeiro
grande compositor de Lieder ( plural de Lied ) foi R. Schumann 1810 - 1856
Schubert .
F.Liszt 1811 - 1886
As óperas mais famosas hoje em dia são as
românticas. Os grandes compositores de óperas do R. Wagner 1813 - 1883
Romantismo foram os italianos Verdi e Rossini e na J. Brahms 1838 - 1897
Alemanha, Wagner. No Brasil, destaca-se Antônio
Carlos Gomes com suas óperas O Guarani, Fosca, Tchaikovsky 1840 - 1893
O Escravo, etc. MÚSICA NO MODERNISMO
A orquestra cresceu não só em tamanho, A história da música no século XX constitui
mas também em abrangência. A seção dos metais uma série de tentativas e experiências que levaram a
ganhou maior importância. Na seção das madeiras uma série de novas tendências, técnicas e, em certos
adicionou-se o flautim, o clarone, o corne inglês e o casos, também a criação de novos sons, tudo
contrafagote. Os instrumentos de percussão contribuindo para que seja um dos períodos mais
ficaram mais variados. empolgantes da história da música.
O Concerto romântico usava grandes Enquanto a música nos períodos anteriores
orquestras; e os compositores, agora sob o desafio podia ser identificada por um único e mesmo estilo,
da habilidade técnica dos virtuoses, tornavam a comum a todos os compositores da época, no século
parte do solo cada vez mais difíceis. XX ela se mostra como uma mistura complexa de
Até a metade do século XIX, toda a música muitas tendências. A maioria das tendências
fora dominada pelas influências alemãs. Foi quando compartilham uma coisa em comum: uma reação
compositores de outros países, principalmente os contra o estilo romântico do século XIX. Tal fato fez
russos, passaram a ter a necessidade de criar a com que certos críticos descrevessem a música do
sua música. Inspiravam-se nas músicas folclóricas século XX com "anti-romântica". Dentre as
e lendas de seus países. É o chamado tendências e técnicas de composição mais
Nacionalismo Musical. importantes da música do século XX encontram-se:

No século XIX o piano passou por diversos

melhoramentos. Quase todos os compositores Impressionismo
românticos escreveram para o piano, mas os mais
importantes foram: Schubert, Mendelssohn, Chopin, Nacionalismo do Séc. XX
Schumann, Liszt e Brahms. Embora em meio às Expressionismo
obras destes compositores se encontrem sonatas, a
preferência era para peças curtas e de forma mais Música Concreta
livre. Serialismo
Havia uma grande variedade, entre elas as Música Eletrônica
danças como as valsas, as polonaises e as
mazurcas , peças breves como o romance, a Influências do Jazz
canção sem palavras, o prelúdio, o noturno, a Neoclassicismo
balada e o improviso.
Música Aleatória
Outro tipo de composição foi o Étude
(Estudo), cujo objetivo era o aprimoramento técnico Atonalidade
do instrumentista. Com efeito, durante esta época No entanto, se investigarmos melhor estas
houve um grande avanço nesse sentido, composições, encontraremos uma série de
favorecendo a figura do Virtuoso: músico de características ou marcas de estilo que permitem
concerto, dotado de uma extraordinária técnica. definir uma peça como sendo do século XX. Por
Virtuosos como o violinista Paganini e o pianista exemplo:
Liszt eram admirados por plateias assombradas.
Melodias: São curtas e fragmentadas,
Principais compositores Românticos angulosas, em lugar das longas sonoridades
Gustav Mahler - 1860/1911 românticas. Em algumas peças, a melodia pode ser
inexistente.
Moritz Moszkowki - 1854/1925
Geuseppe Verdi - 1813/1901
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Ritmos: Vigorosos e dinâmicos, com amplo novíssimos e curiosos sons, surgidos
emprego dos sincopados; métricas inusitadas, eletronicamente ou manipulados através de outros
como compassos de cinco e sete tempos; mudança instrumentos ou objetos, que são incorporados à
de métrica de um compasso para outro, uso de música e explorados em larga escala. A música
vários ritmos diferentes ao mesmo tempo. contemporânea valorizava especialmente a inovação
e a criatividade.
Timbres: A maior preocupação com os
timbres leva a inclusão de sons estranhos, Considera-se que o período contemporâneo
intrigantes e exóticos; fortes contrastes, às vezes na música se inicia com a música impressionista
até explosivos; uso mais enfático da seção de (1910 - 1920), dominada por compositores franceses.
percussão; sons desconhecidos tirados de
Entre os vários tipos de música
instrumentos conhecidos; sons inteiramente novos,
contemporânea, destacam-se a música eletrônica
provenientes de aparelhagens eletrônicas e fitas
(aquela que é criada ou modificada através do uso de
magnéticas.
equipamentos e instrumentos eletrônicos, tais como
Compositores do século XX sintetizadores, gravadores digitais, computadores ou
softwares de composição); e a música aleatória, que,
Igor Stravinsky - 1882/1971
como o nome diz, fica sob a responsabilidade do
Cláudio Santoro - 1919/1989 músico executante, o qual, em alguns casos, só
precisa obedecer à ideia mais geral que inspirará a
Sergei Prokofiev- 1891/1953
música, um sentimento ou um acontecimento
Marlo Nobre de Almeida - 1939/ histórico, o que requer, porém, imensa habilidade
musical, imaginação e criatividade.
Francisco Mignone - 1897/1986
Entre os mais importantes compositores
Edino Krieger da música contemporânea, incluem-se:
Cézar Guerra Peixe - 1914/1993 Karlheinz Stockhausen, considerado um
Radamés Gnatalli - 1906/1988 dos maiores compositores do final do século XX,
suas obras revolucionam a percepção de ritmo,
Alberto Evaristo Ginatera - 1919/1983 melodia e harmonia. De suas obras mais ousadas,
Oscar Lorenzo Fernandez - 1897/1948 destacam-se o Quarteto de cordas com helicópteros,
(em alemão, Helikopter-Streichquartett), que é
C. Debussy 1862 - 1918 realmente tocado por um quarteto de cordas e quatro
Schoenberg 1874 - 1951 1951 helicópteros, sendo o resultado de um trabalho de
mais de dez anos; e a ópera Licht, baseada em
M. Ravel 1875 -1937 - textos sânscritos e budistas e que tem suas partes
B. Bartók 1881 - 1945- distribuídas nos dias da semana.

A. Berg 1885 - 1945 - Fartein Valen, homem de múltiplos talentos,

falava 12 línguas e rodeou-se de um mundo tonal
H. Villa- Lobos 1887 - 1959 silencioso e misterioso que era incompreensível para
MÚSICA CONTEMPORÂNEA os seus contemporâneos.

Música contemporânea é a música dos Grande parte dos teóricos musicais a

séculos XX e XXI, feita após o movimento exemplo de Otto Maria Carpeux (1900-1978)
impressionista e os vários nacionalismos. Pode-se considera que as primeiras sementes do que viria a
dizer ainda que músicas contemporâneas são se chamar música contemporânea ou modernismo
aquelas cujo compositor se encontra ainda vivo na na música, deveu-se ao romântico Richard Wagner
época do locutor. que com seu Tristão e Isolda (1865) chegou até as
últimas possibilidades do cromatismo musical. Se
Não há uma tendência uniforme na música fosse mais longe Wagner atravessaria as fronteiras
contemporânea. Pode-se, contudo, mencionar duas do sistema tonal chegado a total atonalidade. Se não
escolas: a da Música de Vanguarda, que chegou a tanto, porém, basta dizer que Wagner foi
compreende sobretudo o experimentalismo; e as uma influência fundamental na obra de Schoenberg
tendências neoclássicas e neo-românticas (1874-1951) e na criação do sistema dodecafônico.
(chamadas "conservadoras"), representadas por
compositores como Arvo Pärt e [carlos albano ]], O modernismo na música significou a ruptura
que representam uma reação ao experimentalismo, radical com as convenções existentes e implicou em
voltando a adotar a linguagem tonal. um distanciamento entre o artista e o público que, em
geral considerava as obras modernistas “muito
Embora na questão ainda haja grande difíceis”. O que ainda hoje é tido como verdade,
preconceito, como ocorre quando do nascimento de levando em consideração a pouca frequência (com
novas tendências artísticas, também podem-se algumas exceções é claro) com que a música
destacar a música eletrônica, criada na Alemanha chamada erudita, composta mais recentemente
da década de 1950 e responsável pela geração de

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
(principalmente pós-30), tem sido levada às salas guerra tinha lançado no espírito humano a incerteza
de concerto. sobre a permanência e a duração da vida e da paz.
Não se pode também deixar de considerar A chamada arte moderna reflete a
o “clima” vivido na época, pois a música como toda inquietação, a multiplicidade de aspectos, enfim o
forma de arte reflete os aspectos sociais do meio dinamismo do período. As primeiras manifestações
que a produz. artísticas do século XX são marcadas pelo intuito de
“chocar” a opinião pública, ou como se convencionou
No final do século XIX e início do século XX
dizer a época “épater le bourgeois”, isto através de
assistia-se na Europa à crise do capitalismo e o
ideias absolutamente novas, pela ruptura com o
nascimento da democracia de massas. A burguesia
passado e pela abertura em relação às possibilidades
tem consciência do perigo que representa, para ela,
e constante mudança.
a revolução socialista, mais ainda acredita na
possibilidade de resolução das crises ocasionais da “Na verdade a natureza dessa música está
economia capitalista. As grandes conquistas impressa unicamente nos extremos e só eles
científicas do período serviram de sustentação para permitem reconhecer seu conteúdo de verdade. O
o enaltecimento do progresso, o que conduziu a caminho do meio é o único que não leva a Roma”.
uma verdadeira euforia. Inventos como o telégrafo, Theodor Adorno.
o automóvel, a lâmpada elétrica, o telefone, o
Variando entre os dois extremos alguns
cinema, o avião eram as vedetes daquela época e
músicos continuam a compor de forma tradicional
os sinais da capacidade considerada então ilimitada
romântica ou até mesmo clássica, atendo-se ao já
do homem de dominar e evoluir. Toda essa
estabelecido, mas procurando injetar algo novo às
evolução tecnológico-científica rompendo barreiras
antigas formas. Apesar da variedade de estilos
de tempo e espaço leva o homem a um estado de
coexistentes, é possível definir uma peça como
euforia do viver confortavelmente, de “aproveitar o
contemporânea não apenas pela cronologia, mas por
presente”. Paris é o centro do prazer e também o
elementos marcantes como melodia (sua ausência
centro do mundo. É a chamada “Belle Époque” que
ou dissonância, ou ainda diferentes dinâmicas),
atinge seu clímax.
harmonias dissonantes, ritmos vigorosos, dinâmicos
“Ah! Natanael satisfaz tua alegria quando e sincopados, timbres inusitados, sons estranhos e
tua alma com ela se alegra – e teu desejo de amor escalas incomuns.
quando teus lábios ainda são suficientemente belos
Vale também destacar a grande integração
para o beijo, e teu amplexo ainda eufórico. Porque
entre as diversas linguagens e manifestações
pensarás e dirás:- Os frutos ali estavam; o peso
artísticas do período: a pintura, a escultura, a
deles curvava e já cansava os galhos; – minha boca
arquitetura e a música apresentam muitos traços em
ali estava, e cheia de desejos: – mas minha boca
comuns formando às vezes escolas e movimentos
permaneceu fechada e minhas mãos não puderam
específicos.
estender-se porque se punham para a prece: – e
minha alma e minha carne continuaram Impressionismo
desesperadamente sedentas.- A hora passou
“Saber seria fatal. Na incerteza é que está o
desesperadamente.” (André Gide 1869 – 1951)
encanto. O nevoeiro dá as coisas aspectos
Entretanto a concorrência econômica, maravilhosos.” Oscar Wilde
conflitos nacionalistas e disputas coloniais
No fim do século XIX as arte seguem novos
(principalmente Ásia e África) começaram a gerar
rumos. Sem formas rígidas buscam-se caminhos
um clima de tensão entre as nações europeias,
inexplorados. Exprime-se o estado da alma, captam-
havendo sérios choques de interesse que acabam
por culminar na Primeira Grande Guerra Mundial se sensações que o homem experimenta a sua volta
que estouraria em 1914. A guerra levaria o homem sem dar atenção a preconceitos.
a uma descrença total em relação aos sistemas Na pintura e na poesia tem origem o
políticos, sociais e filosóficos até então vigentes. movimento chamado de Impressionismo, inaugurado
Em 1918 o conflito chega ao fim. É claro que esse com o quadro do pintor francês Claude Monet
conflito que envolveu praticamente o mundo inteiro chamado “Impressão: Nascer do Sol” exposto em
gerou um enorme descontentamento abalando as 1874. Este quadro foi duramente criticado por
crenças que a humanidade tinha sobre si mesma. O mostrar “imprecisões” e “indefinições” dos elementos
homem que viveu a guerra passa a questionar os presentes na tela. Do título do quadro veio o nome de
valores de seu tempo. todo o movimento chamado pejorativamente de
“Impressionismo” em uma coluna de jornal.
Onze anos depois, o mundo vai enfrentar a
tremenda crise econômica de 1929, que contribuirá Claude Debussy e Stravinsky. Os elementos
para o segundo conflito mundial de 1939. Neste mais preciosos da pintura impressionista eram a luz e
curto período de entreguerras assiste-se aos “anos a cor, e a sensação que estas causavam ao artista, a
loucos” fase marcada principalmente pela ânsia de forma é mera ilusão, e por isso se dilui na luz e na
viver freneticamente, viver o “hoje” e o “agora”. A cor.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Na música Claude Debussy (1862-1919) de uma arte dramática e subjetiva “expressando”
com seu “colorido instrumental” foi considerado, à sentimentos humanos como o medo, a solidão, a
contragosto, um “impressionista”. Muitas das obras miséria humana, a sexualidade. A música é
de Debussy além de associações visuais possuíam deformada e distorcida para ressaltar o sentimento,
ligação com a poesia simbolista principalmente nas apresentando um dinamismo abrupto, improvisado e
obras de Mallarmé. E foi sobre um poema de inesperado.
Mallarmé que Debussy compôs seu primeiro
É uma arte que traduz acima de tudo o
trabalho a obter sucesso e reconhecimento:
mundo convulso que emergia depois dos horrores da
“Prélude à l’après-midi d’um faune”. O que chamou
1ª Guerra Mundial e os conflitos que a antecederam,
a atenção nesta peça não era o tema, pois música
e que modificou a sensibilidade e os valores do
descritiva ou programática já tinha sido feita antes,
homem moderno.
mas sim a forma como Debussy dissolvia a
harmonia clássica de maneira a produzir sons “É com a lembrança da carnificina que se
vacilantes, ondulantes, nebulosos como uma fina cria um altar para novas celebrações, dedicadas a
bruma. Ele conseguiu esse efeito através da uma eclética sucessão de rituais de destruição. A
utilização de cadeias de acordes de nona em pulsão de criar e a pulsão de destruir tinham trocado
progressões paralelas, harmonias com acordes de lugar”. Modris Eksteins
dissonantes, timbres musicais escolhidos por seu
Entre os temas recorrentes nas obras do
efeito expressivo mais do que por respeito a regras
período tanto na poesia quanto na pintura e na
musicais.
música estão os prenúncios e a vivência da guerra, a
Apesar de grande admirador de Richard experiência de vida nas metrópoles, aspectos
Wagner, Debussy via em sua obra um beco sem tecnológicos e sociais da industrialização, a relação
saída, pois indicava como próximo passo o abismo com Deus, a transcendência do corpo, a
da atonalidade.Em sua ópera Pélleas et Mélisande, desintegração da subjetividade, a decadência do
uma montagem da peça simbolista de Maeterlinck, mundo burguês, o desejo de renovação do ser
com sua música detalhista e econômica, Debussy humano, além do rompimento com as convenções
transforma o tema onírico praticamente numa anti- artísticas dominantes tanto do conteúdo quanto da
ópera, da qual a melodia é praticamente excluída. forma.
O filósofo Nietszche que na época se encontrava
É interessante ressaltar que um dos maiores
decepcionado profundamente com Wagner que
expoentes do expressionismo musical Schoenberg
passou a ver como um tirano débil e medíocre, por
além de músico era também pintor, em mais uma
acreditar que este havia falhado em sua proposta
de renovação cultural da Alemanha, começa a prova da integração entre as linguagens artísticas no
saudar Debussy como o anti-wagner, tornando-se modernismo.
seu admirador. A música expressionista de Schoenberg
levou até as últimas consequências o cromatismo
Alem de óperas e “ouvertures” Debussy
Wagneriano. As harmonias são frenéticas,
também escreveu uma série de “preludes”, cada um
desconcertantes, apresentando contrastes violentos
representando uma cena ou um estado de espírito
formando no conjunto uma espécie de auto- e explosivos.
biografia musical.. Cena de Pierrot LunaireAlém de Schoenberg
fizeram parte do expressionismo musical Alban Berg
Além de Debussy podemos citar dentro do
e Anton Webern.
estilo impressionista os compositores De Falla e
Respighi. Entre as principais obras experssionistas de
Expressionismo Schoenberg está o “Pierrot Lunaire” (1912). Esta obra
é ainda o primeiro exemplo de “teatro-música” e
“A tempestade chegou, saltam a terra chocou o público habituado a formas convencionais
de música. A partitura baseada no poema do belga
Mares selvagens que esmagam largos
Giraud está repleta de referências a sangue,
diques.
cadáveres e crucifixos; o Pierrot do título, uma
A maioria das pessoas tem coriza. personagem da commedia dell’arte italiana
apresenta-se com a cara e roupas brancas, papel
Os trens precipitam-se das pontes”. Hoddis
normalmente interpretado por uma mulher (soprano)
Aqui mais uma vez temos um movimento que entoa os versos no Sprechgesang (canto-fala)
que abrangeu diversas linguagens artísticas. O com um fundo instrumental que varia
expressionismo foi um movimento artístico que teve constantemente.
seu apogeu na Europa no final do século XIX à
Em 1922 Schoenberg publicou sua “lei da
1920, como um estilo explosivo e errático, não
não repetição de notas”, que estabelecia que
descritivo, acentuando o dinamismo e o êxtase.
nenhuma nota poderia ser repetida antes de todas as
Traduzindo a desordem espiritual e a exaltação
outras onze terem sido tocadas quer numa ordem
subjetiva de seus cultores, reduzindo os valores
fixa ou inversa. Essa sequência de doze notas
sociais a um estado de caos e desespero. Trata-se
chamou-se serialismo ou decafonismo. Este foi o
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
princípio que Schoenberg passou a usar para que propôs-se a “organizar os ruídos”, “organizar os
substituir a tonalidade, garantindo unidade e barulhos”. Inventou instrumentos musicais de
coerência a uma peça atonal. percussão os mais absurdos possíveis, com
absolutamente qualquer coisa que vinha as suas
Quanto a Webern, suas peças são
mãos.
extremamente curtas, são como miniaturas
compostas de partículas sonoras, embora Outros compositores como Cage adotam
rigorosamente encadeadas, ainda por cima quase instrumentos musicais tradicionais executados de
sempre executadas em pianíssimo, de modo quase forma não convencional como no seu “Piano
inaudível. Sua técnica provocava o efeito de timbres preparado”, peça executada em um piano especial
instrumentais dardejando diminutas fagulhas em que são introduzidas entre as cordas uma
luminosas, tal efeito valeu a Webern a alcunha de variedade de objetos, como chaves de fenda, pregos,
pontilhista, numa alusão a técnica empregada por porcas, com o intuito de alterar o som do instrumento.
certos pintores da época que em vez de pinceladas
Somente após o final da Segunda Guerra
largas pareciam salpicar a tela com diminutas
Mundial essas experiências passam a ser levadas a
gotículas de tinta.
sério. O termo Música Concreta é estabelecido pelo
Ecletismo Musical francês Pierre Schaeffer, é considerada assim a
música produzida de forma direta sobre fitas
Conquistas da música do século XX, como
magnéticas, sem a necessidade da abstração da
o serialismo, a música eletrônica, a aleatória, o
simbologia musical (notas, partituras). Os sons são
teatro musical e o concretismo, se desgastam,
registrados nas fitas são sobrepostos e misturados
levando compositores europeus a incorporar
numa forma primitiva do que se chamaria
elementos de culturas não-ocidentais como a hindu,
posteriormente de “sampler” e “mixagem”.
a chinesa ou a africana. Entre eles Stokhausen,
Ligeti, e o italiano Luciano Berio, que incorpora à Schaeffer funda em 1849, em Paris, o Club
sua técnica composicional elementos da música d’Essai no qual ao lado do decafonismo se
polifônica dos povos da África Central, como em experimentava música concreta produzida por
sua composição Coro. Entre os compositores que objetos como sons de vassouras varrendo, água
se voltam à música tonal e modal estão os saindo da torneira, sons de máquina, ruídos da rua,
minimalistas americanos Phillip Glass (1937), Terry etc. A forma como esses sons eram combinados e
Riley (1935), Steve Reich (1936). Suas músicas misturados assemelhava-se à técnica da “collage” na
não se destinam exclusivamente às salas de pintura moderna.
concerto, mas estão presentes no cinema, como as
Além de Schaeffer, outros compositores
trilhas de Koyanisqaatsi e Mishima, de Phillip Glass.
concretistas foram Henry Cowell, Cage e Varese.
Musica Concreta:
A ousadia desses músicos foi enorme, indo
“A arte é um mal cujo remédio é o acaso. muito além da atonalidade, chegando ao extremo do
silêncio, ausência de som e de música. Chegava-se
A arte tem apenas uma forma, o acaso
praticamente ao ponto sem retorno ao qual haviam
muitas.
chegado os dadaístas na literatura ao destruírem a
O acaso liberta a arte, mas quem nos própria palavra.
libertará do acaso?”
“A vanguarda destrói o passado, desfigura-o;
Marcel Bénabou depois a vanguarda vai mais além, destrói a figura e,
em seguida, a anula, chegando ao abstrato, ao
O século XX caracterizou-se como o século
informal, à tela branca, à tela rasgada, à tela
das comunicações. O progresso deles proporciona
queimada; em literatura, será a destruição do fluxo do
um intercâmbio mais intenso da música. discurso, até a colagem à maneira de Borroughs, até
O avanço tecnológico cria o fonógrafo, o o silêncio ou a página em branco; em música será a
rádio, o cinema, as indústrias de aparelhos sonoros, passagem da atonalidade ao ruído, ao silêncio
o aperfeiçoamento dos instrumentos. Graças aos absoluto”. Umberto Eco
meios de comunicação de massa a música deixa de
Em uma obra de Cage, chamada 4’33, uma
ser privilégio de poucos e passou a ser ouvida por
absurda “peça” para piano completamente silenciosa,
todas as camadas sociais. Criam-se assim novas o pianista ficava sentado ao teclado durante quatro
tendências musicais traduzidas na música concreta minutos e trinta e três segundos, movendo as mãos
e na música eletrônica.
com três intervalos para dar a impressão de três
Em 1913 o futurista italiano Luigi Russalo andamentos. Eis a negação da música sonora, uma
criou o brutismo, a criação de “orgies de bruits” espécie de “música” antimúsica. Com essa peça
(orgias de barulho) produzidos por objetos das mais Cage buscava questionar o significado da música e
diversas espécies, menos instrumentos musicais. do próprio público, o que este afinal desejava, qual a
Essa experiência só gerou escândalos, entretanto sua participação frente ao silêncio?
chamou a atenção de músicos como Stravisnki, e
Esse caráter iconoclasta e ao mesmo tempo
foi posteriormente desenvolvida por Edgar Varese,
totalmente inesperado da música de Cage e
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Stockhausen foi chamado de música aleatória, Os músicos e outros artistas passam a ter
apresentando um caráter de total liberdade e suas produções controladas e na Alemanha de Hitler
imprevisibilidade regido apenas pelo acaso tanto na até compositores não judeus como Hindesmith
composição quanto na execução. achavam impossível trabalhar sobre tão forte
controle. Muitos foram de fato proibidos de trabalhar
Jazz
e tiveram suas obras banidas acusados de
Cena da ópera americana Porgy and Bess “bolchevismo cultural”, ou ainda de produzir “arte
de George GershwinAaron Copland (1900-1990) foi degenerada”, acusação que pairava sobre quase
um dos primeiros músicos eruditos americanos a todos os modernistas, uma vez que estes não se
usar em suas composições instrumentos e ritmos adequavam ao modelo “clássico”. As obras tanto
típicos do jazz. Uma tendência que seria seguida musicais como de outras linguagens artísticas como
por diversos músicos europeus em exílio, a a pintura e a escultura que não se adequassem a
exemplo de Stravinsky. Entre as obras orquestrais este modelo eram vistas como verdadeiras
de Copland que adotam esse conceito estão “Salón aberrações estéticas.
Mexico” (1936) e “Portrait of Lyncoln” (1942). Já
No caso da música só eram aceitos aqueles
Stravinsky adotou elementos do jazz em sua
compositores que escrevessem obras tonais e
famosa composição “Rag-Time para 11
fortemente ritmadas, que exaltassem os valores
instrumentos” (1918).
cívicos e o nacionalismo. Se a repressão representou
Entretanto quem mais obteve êxito nessa em muitos casos o retorno às antigas formas, é
fusão entre o jazz e o erudito foi sem dúvida igualmente válido que não se poderia simplesmente
George Gershwin (1898 – 1937). Em sua célebre estancar por muito tempo uma mudança de
composição “Rhapsody in blue” (1924), emprega paradigmas estéticos já efetivada. E com o fim da
instrumentos e ritmos típicos do jazz. Já seu guerra retomou-se o processo transformador na
“Concerto para piano e orquestra em fá maior” música e nas artes em geral, mais uma vez
(1925) é considerado por muitos como a primeira recolhendo os cacos de um mundo convulso vítima
grande obra orquestral surgida em solo americano. dos horrores da guerra.
O mais curioso da obra de Gershwin é sem dúvida
Na verdade muitos compositores nem
o fato de que sua obra sempre teve um é no erudito
chegaram a interromper sua produção durante a
e outra no popular, sendo famosos seus musicais
guerra, fugindo da Europa e indo para a América, a
como “Lady Be Good” e “Oh, Kay!, Girl Crazy”, além
exemplo de Schoenberg que com a guerra foi
dos poemas sinfônicos “Um Americano em Paris”
demitido e expulso da Alemanha devido a
(1928) e “Cuban Overture” (1932). A famosa opera
“decadência” da sua música e ao fato de ser judeu.
Porgy and Bess (1935), cheia de um
sentimentalismo comovente e sensualismo A partir da década de 1950 a técnica outrora
provocante, é a única ópera americana a inovadora do do decafonismo de Schoemberg passa
permanecer solidamente no calendário dos teatros a ser vista como ortodoxa e ultrapassada. Diferentes
no mundo inteiro. Muitas das árias da ópera, compositores abraçam as inovadoras possibilidades
inclusive, se transformaram em canções de sonoras oferecidas pelos instrumentos eletrônicos. E
existência independente, como Summertime e It é na Alemanha na década de 1950 que surge a
ain’t necessairly so. música eletrônica, considerando como tal toda
música que utilizasse sons registrados por
Música Eletrônica
microfones (como a música concreta e também
“We’re charging our battery aqueles produzidos por geradores eletrônicos de
som). Os sons produzidos podiam ser puros (sem a
And now we’re full of energy presença harmônica de sobretons), impuros (podia
We are the robots. ser qualquer coisa, ao gosto doa artista) ou ainda
sons “brancos”, obtidos pela soma de todas as
We’re functioning automatik frequências audíveis.
And we are dancing mechanik Stockhausen A produção de sons por
We are the robots.” Kraftwerk instrumentos eletrônicos foi bastante aperfeiçoada e
diversificada com a criação em 1950 de um
Por volta de 1930, apareceram os primeiros laboratório de música eletrônica fundado e dirigido
instrumentos sonoros elétricos como o theremin, por Stockhausen (1928) em Colonia (Alemanha).
ondes martenot e o trautonium, que podem ser Uma das grandes conquistas desse laboratório foi a
considerados como os remotos antepassados dos execução de obras musicais sem intervenção
instrumentos eletrônicos atuais. Uma das novidades humana, criando uma música mecânica retirando
da época era o “piano de quarto de tom” para o qual todo o caráter de subjetividade da execução,
o compositor tcheco Aloys Hálie escreveu várias garantindo fidelidade total as ideias do compositor.
peças de música experimental. Uma ideia já pensada por Stravinsky (1882 – 1971)
Entretanto toda essa liberdade criativa seria que exigia uma execução maquinal e suas obras,
cerceada com as ditaduras que viriam a nascer na algo como “um quarteto de cordas tocado como uma
Alemanha, na Itália e na Rússia. máquina de costura”. Essa música exata, sem acaso
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
era a antítese da música aleatória e totalmente Stockhausen foram utilizadas fora do universo da
improvisada que de certa forma lembrava um pouco música classificada como erudita vêm demonstrar
a improvisação da música dos séculos XVII e XVIII, que mesmo fora da maioria das salas de concerto
onde o músico precisava ao mesmo tempo ser (com raras exceções), a música de vanguarda
compositor e virtuose e improvisar constantemente continua prolífica e produtiva, entretanto ainda sob a
sobre o acompanhamento do baixo contínuo. A égide da transgressão. Hoje, porém essa música não
improvisação também era comum no jazz, sendo o precisa necessariamente das salas de concerto para
melhor exemplo disso as famosas jam sessions, sobreviver, pois com o avanço da tecnologia qualquer
onde os melhore músicos se reuniam depois das coisa, seja música eletrônica ou canção pode ser
apresentações para improvisar numa espécie de ouvida com um simples apertar de tecla. Todo o
desafio musical. aspecto musical está ao alcance das nossas mãos, e
invenções como o sintetizador e o computador
Entretanto na nova fase que se seguirá na
produzem novos sons e permitem um grau de
música eletrônica a liberdade e o experimentalismo
manipulação dos sons nem sequer sonhado por
voltam a reinar. Os compositores passam a
Cage ou Stockhausen.
combinar, omitir, duplicar, acelerar sons e notas
produzidos eletronicamente com total liberdade, Na década de 1970 com a popularização das
sendo um exemplo interessante disso o “Imaginary drum machines (sequenciadores de sons que
Landscape”, um concerto de Cage feito para doze permitem programações prévias) e do sampler,
aparelhos de rádio ligados em diferentes estações aparentemente qualquer um poderia fazer música. O
para dois executantes, um controla o volume e o “sampler” em especial foi uma verdadeira revolução
outro a sintonia. uma vez que poderia gravar digitalmente qualquer
som que poderia posteriormente ser deitado, filtrado,
A forma de trabalhar os sons era bastante
etc. O que Stockhausen demorava meses para editar
variada. Com a aparelhagem da época se
usando gilete e fita adesiva o sampler faz em
sofisticando rapidamente podiam-se filtrar os sons,
minutos. Com o avanço da tecnologia a própria
invertê-los, adicionar vibratos, ajustar o volume,
aparelhagem torna-se mais acessível visto que os
produzir ecos, reverberações, “mixar” os sons,
aparelhos do estúdio de Colônia valiam verdadeiras
gravá-los sobrepostos, dividi-los, e reorganizar seus
fortunas. Sem usar equipamentos caríssimos pode se
fragmentos de formas diversas, usando-se às vezes
conseguir os mesmos efeitos produzidos nesse
técnicas concretistas.
estúdio em menor tempo e com melhor qualidade.
Uma composição eletrônica poderia ser
Frank Zappa, um dos artistas do rock que
feita com sons eletronicamente gravados, pré-
mais foi influenciado pelas teorias de Stockhausen. A
gravados em fitas ou manipulando esses sons ao
criação do MIDI aliado aos sequenciadores e ao
vivo diante do público.
computador tornou possível que uma única pessoa
Ao contrário dos concretistas os músicos do possa reger sua orquestra pessoal bastando para
estúdio de Colônia (incluindo Stockhausen) isso programar o sistema de forma adequada e dar o
experimentavam sons puros, produzidos por uma “start” para ouvir a sua orquestra robotizada
fonte eletrônica, e não sons pré-gravados e particular.
misturados.
Tais inovações permitiram uma integração
Kontakte Em breve os compositores nunca antes imaginada entre o popular e o erudito.
perceberam que não havia nada mais aborrecido Não foram poucos os grupos de pop e de rock que
para o público do que olhar alto-falantes. Assim a estudaram e aplicaram as técnicas da música
partir de 1960 o instrumentista é incorporado a eletrônica e concreta em seus trabalhos. Entre os
música eletrônica de forma bem dramática, como artistas do rock que mais foi influenciado pelas
no Kontakte de Stockhausen (1959-1960). Nessa teorias de Stockhasen está sem dúvida Frank Zappa,
peça os sons eletrônicos são controlados à partir de que aplicava em sua música desde a música serial e
um painel de instrumentos são postos em contraste concreta até elementos étnicos, e de jazz e
com sons ao vivo, tocados por um pianista e um rhythm’n’blues. Sendo um dos primeiros guitarristas a
percussionista. Como o nome da obra sugere é um fazer uso de técnicas modais (tratando os acordes
verdadeiro contato entre músicas de espécies como os modos dóricos, lídios, etc.)
diferentes, é também uma confrontação entre a
Dois outros exemplos notórios são os grupos
máquina e o interprete vivo, refletindo a luta entre o
alemães Kraftwerk e Einsturzende Neubauten. O
ser humano e a tecnologia.
Kraftwerk levou para a música pop conceitos
Além de Stockhausen outros compositores elaborados no Conservatório de Dusseldorf, sob o
que se destacaram na música de vanguarda foram impacto de compositores eruditos produzindo um
Boulez, Xenakis (criador da stocastica), Feldman e som robótico festejando um mundo computadorizado.
Cage.
Einsturzende Neubauten. O
Os progressos que a música eletrônica e experimentalismo musical do Einsturzende
concreta alcançaram para além da década de 1960 Neubauten (algo como prédios novos desbando) fez
e a forma como as experiências de Cage e o mesmo “crossover” levando as técnicas

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
concretistas e aleatórias para o pop. Sua música é Neste período, têm início o Ciclo da Cana-de-Açúcar
repleta de sons de metais sendo espancados por (1535) e a Escravatura (1538). A música é
martelos, machados e chaves inglesas aliado a predominantemente doméstica e religiosa: os cantos
distorções sonoras de todo a tipo, além de sons de europeus, na casa grande e na igreja, não se
torneiras pingando, e guarda-roupas e geladeiras misturam aos cânticos dos negros, restritos à
sendo golpeados. senzala.
Não podemos deixar igualmente de citar os A primeira missão jesuítica chega ao Brasil
chamados grupos de rock progressivo, rock em 1610. Com a intenção de “catequizar os gentios”,
sinfônico ou prog rock que ao adotar elementos da os missionários adaptam textos bíblicos aos cantos
música erudita tinham entre as suas intenções tradicionais indígenas. Daí nasce o cateretê, que
tornar o rock em arte e uma “música séria”. Além pode ser considerado como o primeiro gênero
das técnicas de produção baseadas na música musical oriundo da interinfluência cultural, no país. O
concreta e eletrônica eram utilizadas formas mais antigo compositor brasileiro conhecido é Inácio
musicais eruditas como a sinfonia e a ópera (aqui Ribeiro Nóia (PE, 1688-1773).
no caso ópera-rock), além de estruturas de música
Posteriormente, com o Ciclo do Ouro (1690),
programática e explorações de instrumentos e
o centro econômico deslocou-se para Minas Gerais.
timbres musicais variados, além de ritmos e escalas
A independência econômica com relação à Metrópole
exóticas.
gerou o movimento emancipacionista conhecido com
Durante as décadas de 1970, 1980 e 1990 Inconfidência Mineira. O vigor econômico trouxe o
assistiu-se a ascensão daquilo que se florescimento musical. Nesta época, inúmeros
convencionou chamar de música pop eletrônica que mulatos faziam música, na igreja. Havia um grande
elevou a figura do programador musical de contingente de músicos: instrumentistas, cantores e
discoteca o “DJ” ao status de artista. mestres de capela. Surgem os primeiros gêneros
populares: modinha e lundu.
Esta produção, entretanto vem questionar
afinal o que seria música e até que ponto pode ser O músico mais conhecido do período colonial
considerado original uma obra feita de restos, mineiro é José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita
colagens de outras músicas. Entretanto, se fomos (MG, 1746-1805).
analisar é inegável a semelhança entre as técnicas
A música do Brasil formou-se,
utilizadas pelos DJs e as colagens musicais dos
principalmente, a partir da fusão de elementos
concretistas, diferenciando-se apenas o tipo de
europeus e africanos, trazidos respectivamente por
abordagem musical.
colonizadores portugueses e por escravos. Até o
“Mas chega um momento em que a século XIX Portugal foi a porta de entrada para a
vanguarda não pode ir mais além, porque já maior parte das influências para a música brasileira,
produziu uma metalinguagem que fala de seus erudita e popular, introduzindo a maioria do
textos impossíveis. A resposta pós-moderna ao instrumental, o sistema harmônico, a literatura
moderno consiste em reconhecer que o passado, já musical e boa parcela das formas musicais cultivadas
que não pode ser destruído porque sua destruição no país ao longo dos séculos, ainda que diversos
leva ao silêncio, deve ser revisitado: com ironia, de destes elementos não fosse de origem portuguesa,
maneira não inocente. O pós-moderno para ser mas genericamente europeia. A maior contribuição
compreendido não requer a negação do passado do elemento africano foi a diversidade rítmica e
mas sim a sua retomada irônica”. Umberto Eco algumas danças e instrumentos, que tiveram um
papel maior no desenvolvimento da música popular e
Essa declaração de Eco sobre o pós-
folclórica, florescendo especialmente a partir do
modernismo na literatura também se aplica à
século XX. O índigena praticamente não deixou
música e vêm demonstrar que ao contrário do que
traços seus na corrente principal, salvo em alguns
se pensa os compositores de vanguarda não
gêneros do folclore, sendo em sua maioria um
provocaram uma implosão da música nem a sua
participante passivo nas imposições da cultura
aniquilação, apenas eis um caminho que para ser
colonizadora.
percorrido requer que se revejam os passos dados,
mas aqui o cuidado é o de não se tomar o passado Ao longo do tempo e com o crescente
com reverência, aliás a reverência nunca combinou intercâmbio cultural com os outros países além da
com a ironia, mas a ironia requer conhecimento, metrópole portuguesa, elementos musicais típicos
esse sim é indispensável, e ter a consciência de países se tornariam importantes, como foi o caso da
que outros já trilharam caminhos similares antes de voga operística italiana e francesa e das danças
se partir em direção a rumos próprios. O passado é como a zarzuela, o bolero e habanera de origem
tomado como referência não como um peso. espanhola, e as valsas e polcas germânicas, muitos
populares entre os séculos XVIII e XIX, e o jazz
MÚSICA NO BRASIL COLONIAL
norte-americano no século XX, que encontraram
A Música no Período Colonial (1500-1808) todos um fértil terreno no Brasil para enraizamento e
transformação.
Inicialmente, o centro político e econômico
estava no Nordeste: na Bahia e em Pernambuco.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Os primeiros registros de atividade musical O período conhecido como Império
consiste no Brasil provêm da atividade dos padres corresponde ao que conhecemos como Romantismo
Jesuítas, estabelecidos aqui desde 1549. Dez anos Brasileiro nas artes. Nesse período, estabilizou-se a
depois já haviam fundado aldeamentos para os política brasileira, possibilitando a intensificação da
índios (as chamadas Reduções) com um estrutura vida cultural, de que se beneficiou o momento
educativa musical. Neste início, ainda com escasso musical.
número de cidade, mesmo as mais importantes não
Campahias italianas deixam aqui músicos e
passando de pequenos povoados, também é
instrumentos. Não só no Rio de Janeiro, mas também
lembrada a atividade de Francisco de Vaccas como
na Bahia e Recife eram recebidas com entusiasmo.
mestre-de-capela e Pedro da Fonseca como
Sociedades musicais foram fundadas em todo
organista, ambos ativos na Sé de Salvador. É
território nacional para difundir a música sinfônica e
importante assinalar ainda a formação de
de câmera. Os concertos eram numerosos, não
irmandades de músicos a partir do século XVII,
apenas de virtuosos estrangeiros; os jornais ja
algumas integradas somente por negros e mulatos,
começavam a destacar-se, muitos instrumentistas
irmandades estas que passariam a monopolizar a
estrangeiros ficavam aqui como professores. Os
escrita e execução de música em boa parte do
instrumentistas de sopro se originaram como nossos
Brasil.
hábeis flautistas, cantavam-se modinhas, lundus,
Na música popular o negro teve uma landainhas, cantigas de roda, fios, que de Portugal se
participação fundamental. Trazendo da África espalharam por todo Brasil, hoje mantidos
alguns instrumentos como atabaques, o agogô, a principalmente no Nordeste.
cuíca e o berimbau, e ritmos desconhecidos pelos
A figura central nestes tempos, foi Francisco
europeus, já no século XVIII sua contribuição se faz
Manuel da Silva, discípulo do Padre José Maurício e
notar nas danças e canções de rua, crescendo em
sucessor de seu mestre na Capela. Apesar de ser
importância no século XIX e florescendo exuberante
compositor de escassos recursos, merece crédito por
após a abolição da escravatura em 1888,
sua importante atividade organizadora, fundando o
equiparando-se nos dias de hoje à participação
Conservatório de Música do Rio de Janeiro e sendo o
branca.
regente do Teatro Lírico Fluminense e depois da
Os primeiros exemplos de música popular Ópera Nacional. Também foi o autor do Hino
no Brasil do século XVII, como o lundu, Nacional Brasileiro. Sua obra refletiu a transição do
originalmente uma dança africana que chegou no gosto musical para o Romantismo, quando o
Brasil, via Portugal, ou diretamente, com os interesse dos compositores nacionais recaiu
escravos vindos de Angola. Tinha uma natureza principalmente sobre a ópera. Neste campo a maior
sensual e humorística que foi censurada na figura foi sem dúvida Antônio Carlos Gomes, que
metrópole, mas no Brasil recuperou este caráter, compôs óperas com temas nacionalistas, mas com
apesar de ter incorporado algum polimento formal e estética europeia, tais como Il Guarany e Lo Schiavo,
instrumento como o bandolim. Mais tarde o lundu, que conquistaram sucesso em teatros europeus
que de início não era cantando, evoluiu assumindo exigentes como o La Scala, em Milão.
um caráter de canção urbana e se tornando popular
Com a Independência, em 1822, nasce o
como dança de salão. Outra dança muito antiga é o
Brasil como nação, já que anteriormente o país era
cateretê, de origem indígena e influenciada mais
colônia portuguesa. Nesta época, surgiram
tarde pelos escravos africanos.
movimentos de renovação das artes. Impulsionados
A música popular do Brasil só se tornaria pelo Romantismo europeu, pintores, escritores,
mais forte no final do século XVII, com o lundu, músicos e dramaturgos retratavam o Brasil e suas
dança africana de meneios e sapateados, e a origens. Deste movimento, surge o Indianismo, cuja
modinha, canção de origem portuguesa de cunho obra mais conhecida é o Guarani, de José de Alencar
amoroso e sentimental. Esses dois padrões, a (CE, 1829-1877).
influência africana e a europeia, alternaram-se e
A figura de maior destaque, na ópera
combinaram-se das mais variadas e inusitadas
brasileira, é Carlos Gomes (1836-1896). Nascido em
formas durante o percurso que se embocou, junto a
Campinas, e patrocinado por Dom Pedro II, obteve
outras influências posteriores, na música popular
grande prestígio na Itália. Posteriormente, voltou ao
dos dias de hoje, que desafia a colocação de
Brasil e, por ter sido apoiado pelo Imperador, sofreu
rótulos ou classificação abrangentes. Durante o
represálias dos republicanos.
período colonial e o Primeiro Império, além dos já
citados lundu e modinha, também as valsas, polcas Sem espaço na capital, transferiu-se para
e tangos de diversas origens estrangeiras Belém do Pará, onde dirigiu o Conservatório de
encontraram no Brasil um nova forma de Música local.
expressão.
A segunda metade do século XIX também é
MÚSICA NO BRASIL IMPERIAL o período de florescimento de vários gêneros
populares. Entre os mais importantes, está o maxixe,
A Música no Período do Império (1822-
considerado por muitos autores como o primeiro
1889)
gênero musical genuinamente brasileiro. Chiquinha
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Gonzaga (RJ, 1847-1935) é uma das grandes desta estilizando seus temas, imitando suas formas, em
época. suma, incorporando a sua técnica. A preocupação
nacionalista voltada para o folclore foi tomada como
MÚSICA NO BRASIL NACIONALISTA
norma, mas a passagem concreta do erudito ao
Para entendermos melhor este período popular e vice-versa permaneceu sempre como um
precisamos saber que o nacionalismo no mundo foi grande problema.
um fenômeno complexo. Dois exemplos deste
Em O Banquete, Mário de ANDRADE
procedimento, no século XIX, encontram-se em
(1977:130) resume outra premissa-chave do
Wagner e Verdi, que apesar de suas composições
nacionalismo brasileiro: “Toda arte brasileira de agora
refletirem um sentimento patriótico, eles não
que não se organizar diretamente do princípio da
cultivaram um estilo que pudesse caracterizar-se
utilidade, mesmo a tal valores eternos: será vã, será
como etnicamente alemão ou italiano. Um dos
diletante, será pedante e idealista”.
ingredientes do nacionalismo colocou-se no
sentimento de orgulho de uma língua e de sua Penetrar, entretanto, neste mundo musical
literatura, contrastando com a perspectiva de que a brasileiro requer percorrer as trajetórias pessoais dos
melhor forma de um compositor ser publicamente precursores ao sucesso que se descortinou para
reconhecido, em particular em seu país, era imitar Villa-Lobos e inseri-los corretamente no momento
os compositores estrangeiros e competir com estes político. As relações de amizade com Mário de
nos seus termos. Andrade respondem às questões intrínsecas do
nacionalismo brasileiro (TONI, 1987), valendo
Segundo GROUT e PALISCA (1995),
destacar a participação de ambos no movimento
esses produtos tinham mais chance de aceitação
modernista brasileiro da década de 1920, ao lado de
internacionalmente, porém faltava uma identidade
artistas como Tarsila do Amaral e Oswald de
étnica e o desenvolvimento dessa caracterização se
Andrade.
dava melhor pelo uso do folclore nacional ou de sua
reprodução em novas composições, apesar de Mário de Andrade, amigo pessoal de
poder não ser tão facilmente aceito pelas plateias Gustavo Capanema, ministro da Educação e Saúde
tradicionais, o nacionalismo revelou-se como algo de Getúlio Vargas entre os anos de 1934 e 1945,
atrativo, com colorações inéditas e cativantes. trabalhou incessantemente pela cultura do país e
idealizou vários projetos juntamente com o ministro.
No Brasil as colorações musicais
Gustavo Capanema esteve sempre envolvido com as
nacionalistas puderam ser notada na música de
atividades culturais e artísticas do país. Esta postura
Villa-Lobos, que buscou no folclore a sua fonte de
creditou-se às suas vinculações de origem com a
inspiração. As Bachianas Brasileiras, fusão do estilo
intelectualidade mineira e, especialmente, com
de Bach e da música folclórica, os Choros, as
alguns membros do movimento modernista,
orquestrações de músicas folclóricas, os poemas
possibilitadas especialmente por Carlos Drummond
sinfônicos, fantasias e variações revelam, de
de Andrade, seu chefe-de-gabinete. Todavia,
acordo com AZEVEDO (1971:488), “uma tal riqueza
segundo SCHWARTZMAN, BOMENY E COSTA
de idéias, uma tão prodigiosa espontaneidade e tão
(1984), não há nada que comprove que o ministro se
grande exuberância e vitalidade de ritmos, que não
identificava com esses ideais. Por outro lado, Mário
tardaram a colocá-lo, no juízo dos críticos de mais
de Andrade era um dos partidários do modernismo,
autoridade, entre os primeiros compositores das
considerando-o como “uma retomada das raízes da
duas Américas”, o qual iremos destacar neste blog
nacionalidade brasileira, que permitisse uma
em textos futuros.
superação dos artificialismos e formalismos da
A efetivação do movimento nacionalista cultura erudita superficial e empostada”
brasileiro se deu em 1928, quando o escritor e (SCHWARTZMAN, BOMENY E COSTA, 1984:80).
musicólogo modernista Mário de Andrade propôs o Esse modernismo constituía-se de ideias bastante
desenvolvimento de um projeto nacional – erudito - amplas, que não entraram em contradição formal
popular para o país, colocando a intenção com o governo da época. O contato entre Mário de
nacionalista e o uso sistemático da música folclórica Andrade e o ministério resumia-se na busca por um
como condição indispensável para o ingresso e a envolvimento entre o folclore e as artes: enquanto
permanência do artista na república musical. Capanema buscava valores estéticos, os
nacionalistas procuravam difundir suas ideias por
O movimento já havia sido deflagrado em
meio do governo.
São Paulo, onde, convidado pelo interventor João
Alberto de Lins e Barros, logo após a Revolução de A música teve, juntamente com o rádio e o
30, empreendeu uma caravana artística oficial cinema, um papel central no esforço educativo do
através de 68 cidades do interior paulista, ministério da Educação e Saúde. Porém, a linha
acompanhado por artistas do maior relevo, como divisória entre cultura e propaganda, segundo
Antonieta Rudge e Souza Lima. (MACHADO, SCHWARTZMAN, BOMENY E COSTA (1984), foi um
1987:37) ponto de difícil estabelecimento. Heitor Villa-Lobos foi
a presença ativa e influente deste momento.
O projeto explícito foi o de fazer a
composição erudita beber nas fontes populares,

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O nacionalismo brasileiro adotou uma Naves, publicado em maio de 2013, a autora analisa
solução platônica para a questão da cultura diante a influência do movimento na música e explica como
do avanço crescente da indústria cultural. Projetou ele inspirou as obras de grandes nomes da música
a hegemonia da música erudita sobre a música popular brasileira como Chico Buarque e Caetano
popular-comercial urbana e as inovações mais Veloso.
radicais da vanguarda europeia. Para WISNIK
A obra apresenta todos os escritos da
(1982), o debate político-pedagógico de Platão
pesquisadora sobre o chamado modernismo musical.
influenciou decisivamente o nacionalismo, desde as
Santuza morreu em abril de 2012, quando já havia
obras de Mário de Andrade até a atuação de Villa-
feito o roteiro detalhado da publicação. O Brasil em
Lobos junto aos grandes grupos vocais por ele
uníssono pertence à coleção Modernismo + 90,
formados.
composta de dez livros sobre novos aspectos do
A música apareceu como um elemento modernismo, inclusive textos inéditos. Coordenador
agregador/ desagregador por excelência, podendo da coleção, o filósofo e professor Eduardo Jardim
promover o enlace da totalidade social ou reuniu na publicação trechos do primeiro capítulo da
preparando a sua dissolvência. A educação obra Violão azul (Editora FGV) e os textos Bachianas
repousou na música, imitação do caráter (elevado brasileiras nº7: de Heitor Villa-Lobos para Gustavo
ou inferior), que redundava, por seus matizes éticos Capanema (2001), Os regentes do Brasil no período
de profunda repercussão subjetiva, não só na Vargas (2008) e A canção popular entre Mário e
contemplação do belo, mas também nas Oswald: releituras do modernismo na década de
consequências práticas da realização da virtude. A 1960 (2010).
adequada dieta música-ginástica, base da formação
– Fiquei impressionado com os detalhes do
do cidadão, imprimiria nele o “caráter sensato e
roteiro do livro. Santuza deixou organizada toda a
bom”, enquanto o uso inadequado da música
linha de raciocínio da obra bem antes da publicação
generalizada, na concepção platônica, representava
– diz Eduardo Jardim.
a “feia expressão” e os “maus costumes”.
Santuza investiga a concepção de música
Dessa forma, sob uma perspectiva
proposta por Mário de Andrade. O poeta defendia a
platônica, a proposta de Villa-Lobos era a difusão
nacionalização da música erudita no Brasil. Em linhas
dos ideais nacionalistas por meio da educação
gerais, os modernistas consideravam artificial toda
musical, que também formava os indivíduos cívica e
produção cultural do país que não tivesse elementos
moralmente, conjugando o belo (a estética) com o
nacionais. Em Ensaio sobre música brasileira, de
bom (a moral e a ética), como Platão (429-348
1928, Mário de Andrade propõe que os compositores
a.C.), que em A República estabelece a educação
brasileiros se inspirem no folclore por causa dos
como fator essencial para o desenvolvimento da
traços de nacionalidade presentes nessa tradição.
vida política e social (PLATÃO, 1973).
Segundo a autora, o maior representante dessa
Quanto ao aspecto cultural, destaca-se orientação musical foi Heitor Villa-Lobos devido à sua
que, entretanto, o nacionalismo brasileiro “nunca projeção internacional.
passou de um esforço de modernização nos
O modernismo se preocupou em consolidar o
parâmetros em que o Brasil seria modelado à
caráter nacional da arte. Buscou formar um estilo
imagem e semelhança dos países desenvolvidos”
brasileiro a partir de diversos elementos da cultura do
(SQUEFF, 1982:54). Foi menos um movimento de
país. Segundo Santuza, o desafio dos compositores
independência cultural e mais um processo de
modernistas era fazer música ao mesmo tempo
adaptação; o que importava não era a expressão
inovadora e comprometida em manifestar a
nacional, mas adaptação desta àquela aceita como
identidade do Brasil. Para a pesquisadora, músicos
tal nos países desenvolvidos. Nossa modernidade
como Tom Jobim, Chico Buarque e Caetano Veloso
só poderia ser alcançada a partir da tradução da
executaram o modernismo musical com mais
matéria-prima em expressão que pudesse
sucesso do que Villa-Lobos. A autora afirma que, ao
encontrar reconhecimento internacional.
contrário dos artistas da MPB, o compositor não se
Esperamos que este texto tenha norteado aproximou do público urbano. Ao exaltarem a
bem o caminho que percorreremos ao longo do essência da nação, segundo ela, os primeiros
estudo sobre o período citado no mesmo, em breve músicos modernistas valorizaram muito o excessivo,
voltaremos a postar outros textos voltados à música o grandiloquente, o sublime e a monumentalidade.
deste período.
De acordo com Santuza, nos anos 1960, em
MÚSICA NO BRASIL MODERNISTA um momento de politização dos artistas, Caetano
Veloso e Chico Buarque atualizaram as propostas
O modernismo brasileiro é considerado o
defendidas por Mário de Andrade e Oswald de
principal movimento cultural do Brasil. Iniciado na
Andrade. Para os modernistas, a arte não era
Semana de Arte Moderna, em 1922, se propagou
somente uma produção estética: ela deveria assumir
por todos os campos culturais e artísticos do país,
o compromisso ético de encarar os problemas do seu
da literatura às artes plásticas. No livro O Brasil em
tempo. Segundo a autora, tanto as críticas da MPB
uníssono (Casa da Palavra e Editora PUC-Rio), que
ao regime militar quanto o caráter de contracultura da
reúne textos da antropóloga Santuza Cambraia
Página 250
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Tropicália mostram que os músicos participaram almas. Desde lá a população total declinou
dos grandes debates do momento. violentamente em função do patético choque contra a
cultura portuguesa, que resultou em massacre,
escravização e aculturação em larga escala dos
O texto intitulado O Brasil em uníssono é o
índios. E com essa devastação muitas tradições se
único texto de Santuza Naves dedicado
perderam de forma irreversível. Apesar disso, no que
exclusivamente a Mario de Andrade, pensador que
tange à sua música ainda há um enorme campo a ser
sempre intrigou a pesquisadora. Ela destaca o
estudado e compreendido pelo branco, que começa a
pensamento do escritor paulista de que atividade
demonstrar respeito real pelos seus irmãos
musical tem uma dimensão social e coletiva,
autóctones apenas há pouco tempo, apesar de bulas
negando qualquer solução individual nas artes. Na
papais, conclusões filosóficas e debates morais de
visão dos modernistas, a cultura brasileira deveria
longa memória que denunciavam e condenavam os
se modernizar para entrar no cenário internacional.
abusos desde os primeiros tempos da Descoberta do
Santuza Cambraia Naves foi professora de Brasil
antropologia do Departamento de Ciências Sociais
A música indígena tem recebido alguma
da PUC-Rio e pesquisadora de música popular,
atenção do ocidental desde o início da colonização
área de estudo que escolheu para investigar a
do território, com os relatos de Jean de Léry sobre
articulação entre pensamento e arte. Valeu-se do
alguns cantos tupinambá, em 1558, e de Antonio
conjunto de teorias das ciências sociais para
Ruíz de Montoya, cujo extenso léxico inclui um
desenvolver pesquisas sobre música. Abordou a
universo de categorias musicais do guarani antigo.
obra de Caetano Veloso, a estética musical
modernista, a canção popular nos anos 1960, a Estudos recentes têm-se multiplicado a partir
crítica musical no Brasil e os movimentos musicais do trabalho de pesquisa de Villa Lobos e Mário de
recentes do hip-hop e do funk. Participou do Núcleo Andrade no século XX, e hoje a música indígena é
de Estudos em Literatura e Música (Nelim), centro objeto de estudo e interesse de muitos
de pesquisa do Departamento de Letras da PUC- pesquisadores de todo o mundo, que têm trazido à
Rio, e foi uma das criadoras de Desigualdade e consciência do homem branco uma pletora de
Diversidade, a revista de ciências sociais da belezas naturais da terra.
universidade.
Alguns grupos foram contatados de imediato
O Brasil em uníssono é o quinto livro pelos Jesuítas desde o século XVI, foram fixados na
publicado da coleção Modernismo + 90. Já foram terra pela criação das Missões ou Reduções, e ali
lançados Italo Campofiorito: olhares sobre o contribuíram ativamente, como instrumentistas,
moderno, de Eduardo Jardim, Luiz Camillo Osorio e cantores e construtores de instrumentos, para criar
Otavio Leonídio, sobre o arquiteto que trabalhou uma fascinante e original cultura musical, embora
com Oscar Niemeyer em Brasília e para o Instituto toda nos moldes europeus, direcionada
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan); principalmente para a catequese e infelizmente
A semana sem fim, de Frederico Coelho, a respeito conhecida apenas através de relatos literários. Este
da aceitação da Semana de Arte Moderna ao longo porém foi um fenômeno isolado, e não é central a
do tempo; Um poeta na política, de Helena este artigo, e tampouco as manifestações híbridas
Bomeny, que mostra as cartas de Gustavo folclóricas nascidas nas regiões de contato entre
Capanema para Mário de Andrade; e Modernismo índio, branco e negro.
em revista, de Ivan Marques, que traz um
Origem e caráter da música indígena
levantamento das revistas modernistas dos anos
1920. Ao contrário do que se poderia supor, a
tradição musical indígena não é um objeto de
MÚSICA INDÍGENA
antiquário, é algo vivo e sempre em mutação, sendo
A música indígena brasileira é parte do constantemente praticada e renovada, incorporando
vasto universo cultural dos vários povos indígenas até mesmo material não-índio, ainda que mantenha
que habitaram e habitam o Brasil. Sendo uma das seus valores e formas essenciais preservados, e é
atividades culturais mais importantes na uma vitrine de suas visões de mundo, cristalizadas
socialização das tribos, a música dos índios em formas sonoras
brasileiros é polimorfa e de enorme variedade,
A maioria dos povos indígenas associa sua
tornando impossível um detalhamento extenso no
música ao universo transcendente e mágico, sendo
escopo de um único artigo. A seguir se descrevem
empregada em todos os rituais religiosos. A música
algumas características genéricas, lembrando que
indígena é ligada desde suas origens imemoriais a
os casos individuais podem apresentar mesmo
mitos fundadores e usada com finalidades de
discrepâncias significativas em relação a este
socialização, culto, ligação com os ancestrais,
resumo.
exorcismo, magia e cura. É importante também nos
Os índios do Brasil ritos catárticos, quando a música "ao trabalhar com
proporções, repetições e variações, instaura o
Os povos indígenas do Brasil perfaziam
conflito ao mesmo tempo em que o mantém sob
juntos na época de Cabral cerca de 5 milhões de
controle".
Página 251
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Segundo certas lendas a música foi um que estes rituais são, por excelência, rituais
presente dos deuses, entristecidos com o silêncio musicais".
que imperava no mundo dos humanos. Noutras
Há rigorosas prescrições para uso de
tribos a música é tida como originária do mundo dos
determinadas melodias e para quem será o
sonhos, onde vivem as tribos míticas de animais e
intérprete, e para quando serão executadas. Há
dos ancestrais. Ali é conhecida pelas pessoas sem
músicas e instrumentos exclusivos dos homens,
espírito, aquelas que por algum motivo estiveram
outros só de mulheres, ou melodias cantadas apenas
no limiar da morte e de lá retornaram, tornando-se
em um certo rito ou com uma função específica. Em
introdutoras de novas melodias após esse contato
diversas etnias existe um ciclo de rituais de grande
com o mundo do além. Menos dramática e mais
importância relacionados às flautas sagradas, sendo
comumente, a criação de novas músicas se deve
realizados apenas por homens e com um
aos pajés, que as intuem em seus transes onde
instrumental cuja visão é vedada às mulheres.
estabelecem contato com deuses e ancestrais, ou
aos guerreiros mais distinguidos da tribo, que A interpretação musical pode ser cercada de
sonham com elas. rituais menores, propiciatórios ou facilitadores, como
a pintura de uma linha sobre o ouvido e lábio para
A sua música tem definido caráter
facilitar o aprendizado de canções, colocar um ramo
socializador, estando presente em festividades
de enodoréu à orelha para não esquecer a melodia, e
grupais e na esfera privada, "sendo um elemento
uma série de outras praxes.
fundamental do processo de construção do mundo
social e conceitual, e não como um mero Sistema, simbologia e gêneros
epifenômeno ou reflexo deste".[6] As relações
sociais são assinaladas musicalmente, delimitando, Não seguindo o sistema tonal do ocidente, a
por exemplo, faixas etárias, status social, estados sua sonoridade apresenta uma enorme sutileza e
complexidade especialmente nos timbres e nas
afetivos, gêneros sexuais, individualidades e
alturas, sendo de difícil transcrição para a partitura
grupos. Por fim, o canto e a dança "cumprem
ocidental. Não existe desenvolvimento de polifonia ou
também um papel fisiológico na própria constituição
dos estados psíquicos, atualizando a experiência harmonia reais (num sentido ocidental), sendo de
dos eventos míticos".[8] Nesse sentido social, a uma espécie monódica ou no máximo heterofônica,
com alguns exemplos de composição antifonal. Não
música indígena parece ser predominantemente
existe notação, e o acervo de composições antigas é
coletiva, sendo que os casos de cantores solitários
transmitido pela prática continuada entre as
ou de estruturas melódicas mais variadas são
gerações.
considerados, por alguns, influências de outras
culturas, em muitos casos africanas. A voz e o canto são dominantes na música
A música indígena, no entender de Ana indígena, mas existe um muito variado instrumental
de apoio e séries de peças orquestrais autônomas.
Rodgers, é acima de tudo "qualitativa, no sentido
Na maioria dos casos a música é associada à dança
que privilegia as qualidades sonoras em detrimento
ritual. O ritmo é fluente, em geral, binário ou ternário,
da dança infinita das permutações vazias e
às vezes alternado em um mesmo verso. Muitas
desencarnadas das notas singulares e dos modos
específicos, próprios ao tonalismo pós-barroco. Ao vezes sua música não está baseada na existência de
contrário.... na música indígena (nem propriamente uma unidade de tempo (pulso) rígida, gerando uma
contínua flutuação do pulso.[1] A estrutura das
modal, muito menos tonal no sentido moderno), o
composições também diverge da ocidental, e é
timbre, a pulsação e a forma de execução, a
enormemente variada, dependendo bastante do texto
postura dos músicos de um modo geral, ocupam
parte do lugar dos modos na música modal. Tudo que ilustra, tendo as repetições e variações um papel
isso e muito mais (o contexto social e cosmológico central.
no qual ela é executada) informam sobre os afetos Existem canções para praticamente todos os
e a qualidade dessa produção sonora". momentos e atividades da vida, sendo praticadas em
Rituais festas para homenagear os mortos, como canções
para crianças, em festas sazonais e festas
Uma das bases do sistema social indígena guerreiras, em ritos de passagem, no culto dos
são os grandes rituais como o Quarup, o Yawari, o espíritos e ancestrais, e nas festas de
Iamurikumã e os rituais de iniciação. Estes congraçamento entre as tribos. No âmbito familiar o
cerimoniais, dos quais muitos são intertribais, repertório vocal é pequeno; entre os clãs de sangue
funcionam como uma língua franca de comunicação as suítes orquestrais, que usualmente são
não-verbal entre etnias diversas. Segundo propriedade de grupos familiares, são executadas
Franchetto e Basso, "as festas costuram a também vocalmente, em uma espécie de solfejo; nos
sociedade alto-xinguana, um circuito cerimonial que grandes ciclos dançados voz e instrumentos
veicula alianças e metaboliza conflitos, absorvendo adquirem igual importância, e por fim, como ápice da
ritualmente a alteridade.... Esta visão do ritual vocalidade, os cantos de guerra são executados a
intertribal como linguagem franca coloca a música capella.
no cerne do sistema xinguano, considerando-se

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
As diferentes texturas musicais são cercado de tabus. Quando são tocadas as mulheres
relacionadas às esferas sociais: no nível coletivo e crianças se fecham em suas casas. Se uma mulher
geral há uma maior precisão de alturas e intervalos; vê os instrumentos, é penalizada com um estupro
no nível dos clãs o timbre é preponderante em coletivo.
relação às faixas de altura e à massa sonora,
O repertório para as flautas é, entre algumas
finalmente, nos ciclos dançados, a textura é mais
culturas, altamente sofisticado, compondo suítes
densa e utiliza nítidas oposições grave-agudo sem
completas, sendo que apenas uma suíte é tocada em
intervalos de passagem. "Ocorre, portanto, uma
cada ocasião, embora às vezes de forma incompleta.
progressão acústica que acompanha a
Todas as suítes têm uma ordem ideal, mas esta,
complexificação dos níveis sociais".
frequentemente, é modificada durante a sessão. Se
Além disso, o som é relacionado à constroem através do princípio da alternância entre
espacialidade física. "As canções são um caminho, um eixo horizontal (melódico) e um vertical
nomeiam os lugares, e articulam a cartografia da (sucessões de solos pontuais e trechos com partes
floresta ao movimento dos seus habitantes, além de simultâneas). Cada suíte é caracterizada por um
estarem ligadas ao mundo espiritual dos pássaros". contorno melódico e não por uma sequência exata de
intervalos, e cada peça é formada por um tema
Oralidade
repetido sem alterações durante vários minutos.
A cultura indígena é basicamente oral, nela Cada tema é formado pela justaposição de dois tipos
a música é uma extensão da fala, e seus limites às de motivos, A e B: os motivos A são variáveis — e
vezes são sutis e imprecisos. Um discurso pode identificam cada peça — enquanto que os B não o
acabar em canto, ou o inverso.[12] Dentre as são e fornecem a assinatura temática da suíte.
espécies vocais, existem subdivisões de acordo
Instrumentos
com o objetivo de cada canção:
Seu instrumental inclui instrumentos de
Narrativas: falas com diferentes graus de
percussão e sopro, os mais empregados, mas
formalidade, desde as cotidianas entoadas por
classificações próprias dos índios fazem distinções
qualquer pessoa até as falas restritas a homens
diferentes, com dezenas de categorias para "coisas
adultos executadas na praça central.
de fazer música". Os instrumentos podem ser feitos
Instrutivas: narrações veiculando regras, de uma variedade de materiais, como sementes,
costumes e tradições, transmitidas através do canto madeiras, fibras, pedras, objetos cerâmicos, ovos,
ou prédica emocional pelos adultos a crianças, ou ossos, chifres e cascos de animais.
relatando de expedições de caça e narrativas
Idiofones: instrumentos que vibram por si
míticas. A vocalização é muito flexível e expressiva,
mesmos ou por percussão ou atrito, podendo ser
e o cantor serve-se de recursos tonais, timbrísticos,
tocados diretamente ou soarem em decorrência de
fonéticos e rítmicos para dar sentido a seu
movimentos indiretos. Incluem toras de madeira,
enunciado.
bastões de percussão, fragmentos de tábuas,
Canções: identificadas por seus conteúdos chocalhos, guizos, cabaças cheias de pedrinhas ou
textuais, os quais é frequente se referirem a algum sementes, crânios, etc.
animal e a seu comportamento, sendo que na ação
Membranofones: instrumentos que soam
ritual as identidades do cantor e do animal são
pela vibração de uma membrana neles distendida,
combinadas. Muitas se referem ao amor e ao
como os tambores. São raros entre os indígenas
prazer sexual de modo desinibido, feliz e direto.
brasileiros, e acredita-se que os existentes sejam
Frequentemente se transita entre a cantoria e a
cópias de antigos modelos conhecidos através dos
narrativa gestualizada não-musical.
primeiros europeus que aqui chegaram.
Invocações: executadas, geralmente em
Aerofones: soam pela ação do ar no seu
voz baixa, com fins práticos ou medicinais.
interior. Podem ser agitados ou soprados. São os
Música instrumental instrumentos mais numerosos e comuns. Sua
diversidade é enorme, incluindo instrumentos com
É nas festas dedicadas aos Apapaatai, uma
funcionamento semelhante às trombetas (com ou
classe de poderosos espíritos, que acontece a
sem ressoadores e lingüetas), clarinetes, buzinas,
maior parte da música instrumental. As festas apitos e sobretudo as flautas, de um a vários tubos,
Apapaatai têm como motivo essencial a cura com embocadura perpendicular ou longitudinal,
xamânica. Dentre toda a música instrumental
havendo mesmo exemplares para sopro nasal.
indígena as peças para as flautas sagradas ocupam
uma posição de destaque. Estas flautas são Zumbidores: soam quando agitados no ar.
elementos fundamentais na cosmologia xinguana, o Consistem de um cabo decorado ligado por uma
que é expresso concretamente pela existência de corda a uma pequena peça de madeira oval. Ao ser
uma casa das flautas, onde são guardadas, casa girada rapidamente a peça produz um zumbido forte.
que é também chamada de casa dos homens, um Em muitas tribos tem relação direta com a morte,
espaço exclusivamente masculino localizado sendo utilizados em cerimônias funerárias e proibidos
sempre no centro das aldeias. Seu uso está às mulheres ou crianças. Podem ser usados para

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
afastar influências nefastas, e em outras, porém, amor. Destacam-se neste contexto musical: Dolores
serve de brinquedo infantil. Duran, Antônio Maria, Marlene, Emilinha Borba,
MÚSICA POPULAR BRASILEIRA Dalva de Oliveira, Angela Maria e Caubi Peixoto.
Podemos dizer que a MPB surgiu ainda no Em fins dos anos 50 (década de 1950), surge
período colonial brasileiro, a partir da mistura de a Bossa Nova, um estilo sofisticado e suave.
vários estilos. Entre os séculos XVI e XVIII, Destaca-se Elizeth Cardoso, Tom Jobim e João
misturou-se em nossa terra, as cantigas populares, Gilberto. A Bossa Nova leva as belezas brasileiras
os sons de origem africana, fanfarras militares, para o exterior, fazendo grande sucesso,
músicas religiosas e músicas eruditas europeias. principalmente nos Estados Unidos.
Também contribuíram, neste caldeirão musical, os A televisão começou a se popularizar em
indígenas com seus típicos cantos e sons tribais. meados da década de 1960, influenciando na
Nos séculos XVIII e XIX, destacavam-se música. Nesta época, a TV Record organizou o
nas cidades, que estavam se desenvolvendo e Festival de Música Popular Brasileira. Nestes
aumentando demograficamente, dois ritmos festivais são lançados Milton Nascimento, Elis
musicais que marcaram a história da MPB: o lundu Regina, Chico Buarque de Holanda, Caetano Veloso
e a modinha. O lundu, de origem africana, possuía e Edu Lobo. Neste mesmo período, a TV Record
um forte caráter sensual e uma batida rítmica lança o programa musical Jovem Guarda, onde
dançante. Já a modinha, de origem portuguesa, despontam os cantores Roberto Carlos e Erasmo
trazia a melancolia e falava de amor numa batida Carlos e a cantora Wanderléa.
calma e erudita. Na década de 1970, vários músicos
Na segunda metade do século XIX, surge o começam a fazer sucesso nos quatro cantos do país.
Choro ou Chorinho, a partir da mistura do lundu, da Nara Leão grava músicas de Cartola e Nelson do
modinha e da dança de salão europeia. Em 1899, a Cavaquinho. Vindas da Bahia, Gal Costa e Maria
cantora Chiquinha Gonzaga compõe a música Abre Bethânia fazem sucesso nas grandes cidades. O
Alas, uma das mais conhecidas marchinhas mesmo acontece com DJavan (vindo de Alagoas),
carnavalescas da história. Fafá de Belém (vinda do Pará), Clara Nunes (de
Minas Gerais), Belchior e Fagner (ambos do Ceará),
Já no início do século XX começam a surgir Alceu Valença (de Pernambuco) e Elba Ramalho (da
as bases do que seria o samba. Dos morros e dos Paraíba). No cenário do rock brasileiro destacam-se
cortiços do Rio de Janeiro, começam a se misturar Raul Seixas e Rita Lee. No cenário funk aparecem
os batuques e rodas de capoeira com os pagodes e Tim Maia e Jorge Ben Jor.
as batidas em homenagem aos orixás. O carnaval
começa a tomar forma com a participação, Outros caminhos da música brasileira
principalmente de mulatos e negros ex-escravos. O Nas décadas de 1980 e 1990 começam a
ano de 1917 é um marco, pois Ernesto dos Santos, fazer sucesso novos estilos musicais, que recebiam
o Donga, compõe o primeiro samba que se tem fortes influências do exterior. São as décadas do
notícia : Pelo Telefone. Neste mesmo ano, aparece rock, do punk e da new wave. O show Rock in Rio,
a primeira gravação de Pixinguinha, importante do início dos anos 80, serviu para impulsionar o rock
cantor e compositor da MPB do início do século nacional.Com uma temática fortemente urbana e
XIX. tratando de temas sociais, juvenis e amorosos,
Com o crescimento e popularização do surgem várias bandas musicais. É deste período o
rádio nas décadas de 1920 e 1930, a música grupo Paralamas do Sucesso, Legião Urbana, Titãs,
popular brasileira cresce ainda mais. Nesta época Kid Abelha, RPM, Plebe Rude, Ultraje a Rigor,
inicial do rádio brasileiro, destacam-se os seguintes Capital Inicial, Engenheiros do Hawaii, Ira! e Barão
cantores e compositores: Ary Barroso, Lamartine Vermelho. Também fazem sucesso: Cazuza, Rita
Babo (criador de O teu cabelo não nega, entre Lee, Lulu Santos, Marina Lima, Lobão, Cássia Eller,
outras marchinhas de carnaval), Dorival Caymmi, Zeca Pagodinho e Raul Seixas.
Lupicínio Rodrigues e Noel Rosa. Surgem também Os anos 90 também são marcados pelo
os grandes intérpretes da música popular brasileira: crescimento e sucesso da música sertaneja ou
Carmen Miranda, Mário Reis e Francisco Alves. country. Neste contexto, com um forte caráter
Na década de 1940 destaca-se, no cenário romântico, despontam no cenário musical :
musical brasileiro, Luis Gonzaga, o "rei do Baião". Chitãozinho e Xororó, Zezé di Camargo e Luciano,
Falando do cenário da seca nordestina, Luis Leandro e Leonardo e João Paulo e Daniel.
Gonzaga faz sucesso com músicas como, por Nesta época, no cenário rap destacam-se:
exemplo, Asa Branca e Assum Preto. Gabriel, o Pensador, O Rappa, Planet Hemp,
Enquanto o baião continuava a fazer Racionais MCs e Pavilhão 9.
sucesso com Luis Gonzaga e com os novos O século XXI começa com o sucesso de
sucessos de Jackson do Pandeiro e Alvarenga e grupos de rock com temáticas voltadas para o público
Ranchinho, ganhava corpo um novo estilo musical: jovem e adolescente. São exemplos: Charlie Brown
o samba-canção. Com um ritmo mais calmo e Jr, Skank, Detonautas e CPM 22.
orquestrado, as canções falavam principalmente de

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
"A preocupação com a educação para a
cidadania, no Brasil, remonta à Constituição de 1823.
Parece curioso que em pleno Império já se fizesse
"A educação para a cidadania constitui um presente entre nós um conjunto de ideias em torno
conjunto complexo que abraça, ao mesmo tempo, a da universalização dos direitos, influenciada pelo
adesão a valores, a aquisição de conhecimentos e coetâneo movimento da ilustração francesa. Embora
a aprendizagem de práticas na vida pública. Não esse avançado ideário tenha alcançado seu lugar na
pode, pois, ser considerada como neutra do ponto letra da lei, na realidade ainda predominava entre nós
de vista ideológico". Delors a configuração de uma sociedade escravocrata e
excludente, na qual apenas os homens livres e
A formação do ser humano começa na proprietários desfrutavam de direitos devido ao
família. Ali, tem início um processo de humanização sistema censitário imperial.
e libertação, valores morais e éticos; é um caminho
que busca fazer da criança um ser civilizado, e bem Esse sistema vigorou durante o Segundo
cedo à escola participa desse processo. A Reinado e tinha sido definido pela Constituição de
educação formal e informal, movimentos sociais, 1824, a qual assegurava o direito de votar e ser
entidades públicas, abordando aspetos tais como a votado, participar da Câmara e do Senado, apenas
educação das crianças, jovens e adultos para uma àqueles cidadãos que se enquadrasse em
nova cultura dos direitos humanos e da paz e a determinados níveis de renda. Não obstante, tanto os
reflexão e sistematização da prática educativa em constituintes de 1823, quanto os de 1824
direitos humanos. preconizavam a disseminação de escolas, ginásios e
universidades, bem como a garantia da gratuidade do
Nessa sociedade em rápida transformação, ensino público, apesar de omissos no que respeita à
cidadania depende cada vez mais da educação matéria obrigatoriedade." (BOTO 1999, p. 2).
moral e ética. No atual contexto tecnológico, de
consumo e da mundialização da economia e da A questão da defesa da ampliação do acesso
cultura, os indivíduos são seduzidos a viver os à escola referia-se à desigualdade social, a qual se
valores das grandes elites econômicas nos mais supunha, poderia ser compreendida a partir dos
diversos aspectos da vida social. Por isso a parâmetros de capacidades e talentos individuais. A
cidadania necessita de um elevado nível de elite econômica esta passando a ser destinada a
socialização do saber científico. Do contrário, tornar-se elite cultural, uma vez que a universalização
seremos apenas consumidores ou não, do acesso à educação formal não se efetivou,
dependendo da nossa condição socioeconômica e permanecendo privilégio de uns poucos considerados
dos nossos valores. talentosos e mais capazes em relação aos filhos do
povo, destinados à execução de tarefas de somenos
A educação é um meio de construção e importância do ponto de vista da vida econômica,
reconstrução de valores e normas que dignificam as política e social. Até o nascimento do partido
pessoas e as tornam mais humanas. "Numa Republicano, em 1870, não foram verificadas
educação ética, é preciso resgatar e incorporar os grandes mudanças na área da educação, embora
valores solidariedade, de fraternidade, de respeito houvesse a crença de que a escolarização era
às diferenças de crenças, culturas e indispensável ao progresso do país, o que, por
conhecimentos, de respeito ao meio ambiente e aos consequência, exigia a transformação dos súditos em
direitos humanos." (Siegel. 2005.p 41). cidadãos.
Ser cidadão é perceber que fazemos parte ÉTICA E EDUCAÇÃO
do mundo. Nossas escolhas e posturas diante da
vida afetam não apenas a nós mesmos, mas A ética se refere aos princípios e normas
também a vida de outras pessoas, da comunidade. enquanto tais e, mais especificamente, à ciência ou à
Assim como as atitudes das outras pessoas parte da filosofia que estuda esses princípios e
também nos afetam. Ao invés de só reclamarmos normas buscando distinguir entre o bem e o mal;
poder agir e transformar as coisas. É verdade que enquanto que a moral corresponde à retidão dos
sozinhos não podemos mudar tudo, mesmo por que costumes que conduzem as ações consideradas
cada um de nós tem um ponto de vista diferente do corretas e meritórias no seio de uma determinada
que e de como mudarmos as coisas. Ter como comunidade que compartilha um mesmo sistema de
princípio a valorização do humano, do ser e não valores.
apenas do ter material, já é um bom começo. Em
Os valores indicam as expectativas, as
nossas comunidades, escola, clube, prédio, rua,
aspirações que caracterizam o homem em seu
etc. Sempre há pessoas que se uniu para lutar por
esforço de transcender-se a si mesmo e à sua
algo que acredita. Conheça melhor a sua
situação histórica; como tal, marcam aquilo que deve
comunidade e experimente participar dela mais
ser em contraposição àquilo que é. A valoração é o
ativamente!
próprio esforço do homem em transformar o que é
Uma ideia é a participação de projetos que naquilo que deve ser. Essa distância entre o que é e
visem à melhoria da qualidade da educação. o que deve ser constitui o próprio espaço vital da
existência humana; com efeito, a coincidência total

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
entre o ser e o dever ser, bem como a A educação para a cidadania pretende fazer
impossibilidade total dessa coincidência, seriam de cada pessoa um agente de transformação. Isso
igualmente fatais para o homem. Valores e exige uma reflexão que possibilite compreender as
valoração estão intimamente relacionados: sem raízes históricas da situação de miséria e exclusão
valores a valoração seria destituída de sentido; sem em que vive boa parte da população. A formação
a valoração, os valores não existiriam. política, que tem no universo escolar um espaço
privilegiado, deve propor caminhos para mudar as
Podemos considerar que, sendo a
situações de opressão.
educação a formação do homem, entendida em seu
conceito amplo, ela não é outra coisa senão o Muito embora outros segmentos participem
próprio processo de produção da realidade humana dessa formação, como a família ou os meios de
em seu conjunto. De outro lado, considerando- se comunicação, não haverá democracia substancial se
que a natureza humana não é dada ao homem, inexistir essa responsabilidade propiciada, sobretudo,
mas é por ele produzida sobre a base da natureza pelo ambiente escolar. A ideia de educação deve
biofísica, a educação, em termos estritos, isto é, a estar intimamente ligada às de liberdade, democracia
educação enquanto atividade intencional consiste e cidadania. A educação não pode preparar nada
no ato de produzir, direta e intencionalmente, em para a democracia a não ser que também seja
cada indivíduo singular, a humanidade que é democrática.
produzida histórica e coletivamente pelo conjunto
"A democracia não se refere só à ordem do
dos homens. A ética pertence, portanto, ao
poder público do Estado, mas devem existir em todas
segundo campo dos valores referidos
as relações sociais, econômicas, políticas e culturais.
anteriormente, a saber, o domínio pessoal onde se
Começa na relação interindividual, passa pela
coloca a questão das relações entre os homens as
família, a escola e culmina no Estado. Uma
quais, como foi assinalado, não pode ser do tipo
sociedade democrática é aquela que vai conseguindo
vertical ou de dominação, mas horizontal ou de
democratizar todas as suas instituições e práticas".
colaboração.
Bóbbio (2002)
Ora, o aspecto pessoal da estrutura do
A adesão aos valores democráticos
homem põe em evidencia que o homem é capaz de
liberdade, pluralismo, resolução pacífica dos
dominar a situação, de se afastar ou intervir, de
conflitos, eleições etc., e a participação política estão
decidir, escolher, arriscar, mas também de assumir
diretamente relacionados ao nível de escolaridade. O
as suas escolhas, engajar-se por elas,
que afasta a maioria dos indivíduos da participação
responsabilizar-se. Vê-se, assim, que o referido
política são os valores neoliberais.
aspecto pessoal articula, de forma indissociável, os
momentos da liberdade e da responsabilidade, os Nesta reinante concepção econômica e
quais devem ser levados em conta pela educação. social o indivíduo tem valor de acordo com a sua
capacidade de consumo. Somos tratados como
Entretanto, a educação tem tratado o
consumidores e não como cidadãos. Ser cidadão
problema em termos divididos; Assim, quando o
significa lutar por seus direitos em todos os espaços.
destaque é no polo da responsabilidade, isto é, da
Assumir o valor da cidadania significa reafirmar o
vontade, tem-se a educação moral que irá enfatizar
valor da solidariedade contra o individualismo, da
a força de vontade, o querer é poder, a formação do
cooperação contra o valor da competição.
caráter. E quando for destaque no polo da
liberdade, têm-se a educação liberal que ira De acordo com os Parâmetros Curriculares
enfatizar a autonomia do sujeito, a liberdade de Nacionais, os PCNS, outra maneira de se trabalhar
escolha e a franca competição entre os indivíduos. com os alunos os seus direitos de cidadão é
Portanto, que a educação moral deve levar em utilizando a cultura. Através disto, os alunos podem
conta o aspecto pessoal do homem em seus dois descobrir dentro dos esportes, música, teatro,
momentos pressupondo, em consequência, o elo leituras, pesquisa, das brincadeiras e dos jogos,
entre liberdade e responsabilidade. Com efeito, a conhecimentos necessários para que se possa fazer
capacidade de decidir, de optar, de querer ou não uma crítica dos valores sociais, que nos dias de hoje,
querer, de aceitar ou rejeitar, é algo de pessoal e estão cada vez mais voltados para os interesses de
intransferível. E é esse caráter, respaldado na pessoas que possuem mais poder dentro da
liberdade, que determina a responsabilidade. O sociedade. Na tentativa de propor uma educação
sujeito assume as suas decisões, engaja-se por comprometida com a cidadania, elegeram, com base
elas, assumindo também as consequências e em textos constitucionais, princípios pelos quais pode
implicações dessas suas decisões e de seu ser orientada a educação escolar, e que estão
engajamento. descritos no PCN- Temas Transversais / Ética a
seguir:
EDUCAÇÃO PARA A CIDADANIA
*Dignidade da pessoa humana, que implica
"A democracia surgiu quando, devido ao
no respeito aos direitos humanos, repúdio à
fato de que todos são iguais em certo sentido,
discriminação de qualquer tipo, acesso a condições
acreditou-se que todos fossem absolutamente
de uma vida digna, respeito mútuo nas relações
iguais entre si. "Aristóteles
interpessoais, públicas e privadas.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
* Igualdade de direitos que refere-se à apenas a ler e a escrever, mas a olhar o mundo a
necessidade de garantir que todos tenham a partir de novas perspectivas. Ensinar a ouvir, falar e
mesma dignidade e possibilidade de exercício da escutar, a desenvolver atitudes de solidariedade, a
cidadania. Para tanto há que se considerar o aprender dizer não ao consumismo imposto pela
princípio da equidade, isto é, que existam mídia, a dizer não ao individualismo e sim à paz.
diferenças (éticas, culturais, regionais, de gênero,
Educar para a cidadania é adotar uma
etárias, religiosas, etc.) e desigualdades
postura, é fazer escolhas. É despertar para as
(socioeconômicas) que necessitam ser levadas em
consciências dos direitos e deveres, é lutar pela
conta para que a igualdade seja efetivamente
justiça e não servir a interesses seculares. É uma
alcançada.
urgência que grita e que deveria ecoar nos corações
* Participação, que como princípio humanos e não nos alarmes das propriedades que
democrático, traz a noção de cidadania ativa, isto é, tentam proteger a vergonha do que a civilização
da complementaridade entre a representação humana construiu. Para alcançarmos isso, não
política tradicional e a participação popular no podemos ficar somente no ensinar para a cidadania.
espaço público, compreendendo que não se trata É preciso construir o espaço de se educar na
de uma sociedade homogênea e sim marcada por cidadania. E nesse sentido, não é somente a
diferenças de classe, étnicas, religiosas, etc. preposição que muda. Muda a postura do professor
que de cidadão que somente exige seus direitos
* Corresponsabilidade pela vida social, que
passa a lembrar também dos seus deveres.
implica em partilhar com os poderes públicos e
diferentes grupos sociais, organizados ou não, a "É preciso plantar a semente da educação
responsabilidade pelos destinos da vida coletiva. para colher os frutos da cidadania". Paulo Freire
São estes pontos que o professor necessita Educação no Brasil: aspectos atuais
para trabalhar o conceito de igualdade e
Comentar sobre o âmbito educacional
democracia dentro do âmbito escolar. A educação
brasileiro em sua atualidade não é tarefa fácil.
escolar resulta ser um instrumento básico para o
Primeiro porque exige inevitavelmente a realização
exercício da cidadania. Ela, entretanto, não constitui
de um resgate histórico, mesmo que breve, para
a cidadania, mas sim uma condição indispensável
tentar explicar as distorções e/ou disparidades ainda
para que a cidadania se constitua. O exercício da
existentes no âmago da educação brasileira. É
cidadania nos mais diferente organismo sindicatos,
sabido que os fatos e as reformulações que ocorrem
partidos, etc. não se dão de modo cabal sem o
no contexto histórico atual de uma nação sejam na
preenchimento do requisito de acesso à cultura
área da educação, da economia, da cultura ou do
letrada e domínio do saber sistematizado que
aspecto social, ocorrem porque são reflexos
constituem a razão de ser da escola.
expressivos das necessidades de mudanças
Não se pode, pois, dizer, que a sociedade transformadoras e de experiências anteriores
atual carece de ética, de educação e de cidadania. infortunas. Segundo porque é preciso levar a cabo a
O que ocorre é que ela tem uma ética, uma análise e fazer com que a mesma torne-se clara e
educação e uma cidadania que lhe são próprias e prática a fim de elucidar as possíveis indagações do
estão referidas a alguns princípios gerais e leitor.
abstratos, subsumem, entretanto, valores concretos
Pois bem, a educação no Brasil hoje, sofre
que consubstanciam a forma de vida própria da
ainda, alguns aspectos negativos no que diz respeito
sociedade. Assim, os princípios da liberdade,
ao seu desempenho. Há várias pesquisas que
igualdade, democracia e solidariedade humana são
concentram esforços nesta problemática, entretanto,
subsumidos pelos valores do individualismo, da
me limitarei a expor apenas algumas (que considero
competição, da busca do lucro e acumulação de
mais relevantes) para explicitar com base em dados
bens os quais configuram a moral. E a educação é
as disparidades existentes especificamente do ponto
chamada, na sociedade para realizar a mediação
de vista regional. Cito, por exemplo, o trabalho
entre ética e cidadania, formando os indivíduos de
recente do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica
acordo com os valores requeridos por esse tipo de
Aplicada), lançado em 18 de novembro de 2010, no
sociedade. Assim, pela mediação da educação, se
qual consta que “apesar de avanços ainda há muita
buscará instituir, em cada indivíduo singular, o
desigualdade no cenário educacional brasileiro” e
cidadão ético correspondente ao lugar a ele
enfatiza que os notáveis índices de analfabetismo e
atribuído na escala social.
de precariedade escolar abrangem a maior parte,
Uma nova cidadania acontece por porém, não unívoca, as regiões norte e nordeste do
intermédio dos currículos oficiais e, para isso, é país. Por exemplo, geograficamente, a maior taxa de
necessário que os currículos sejam revistos. redução de analfabetismo coube a região Nordeste,
Acontece também em todos os demais espaços de 32,7% em 1992, para 18,7%, em 2009. Porém,
escolares e tudo necessita de um olhar novo para embora este resultado seja entusiasmaste, na
que saiamos do quadro de fracasso da instituição verdade, é ilusório, uma vez que a região ainda
escolar no qual, sabemos, o país está imerso. É representa o maior índice de taxa de analfabetismo
necessário ensinar às nossas crianças e jovens não

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
do país concentrando 53% do total de analfabetos margem a que algumas regiões convertessem até o
da faixa etária analisada (15 anos ou mais de ensino primário – que deveria ser obrigatório,
idade). universal e obtido gratuitamente – em privilégio social
das áreas em expansão demográfica e econômica”.
Além disso, a última pesquisa realizada
pelo PISA (programa internacional de avaliação Obviamente, não é possível citar todos os
comparada) revela que, embora tenha havido fatos históricos ocorridos desde a colonização e que
melhoras o Brasil ainda não alcançou uma desencadearam uma espécie de “elitização do
educação de qualidade. O estudo aponta em um ensino” (e que merecem ser mais bem abordados),
ranking de 65 países, que somos o 53º colocado pois não é a intencionalidade a priori deste texto.
em Leitura e Ciências e 57º em Matemática. A Contudo, nota-se pelas passagens da obra de
média brasileira nessas disciplinas foi de 401 Romanelli citadas anteriormente, as disparidades
pontos, bem abaixo da pontuação dos países mais regionais acentuadas no século XIX e XX.
desenvolvidos, que obtiveram 496 pontos. Em
Portanto, essas desconformidades regionais,
leitura, o Brasil alcançou 412 pontos, em
que consequentemente influenciam a pesquisa
Matemática, 386 e em Ciências 405.
internacional, sobre o desempenho do país em
Por meio dos dados explicitados acima, relação a outros países, justamente por estar em
nota-se que o desempenho de ensino não anda desarmonia, são reflexos, consequências do
bem, seja pelas disparidades existentes dentro do processo histórico da nação como foi esclarecido
próprio país, seja pelas desigualdades de níveis anteriormente. Todavia, hoje temos melhores
internacionais. Contudo, cumpre perguntar, o que condições de lutar contra essas desigualdades, não
no passado pode ter acarretado em tal podemos tirar o mérito de algumas Leis outorgadas
consequência? que contribuíram para melhoria do setor educacional,
como por exemplo, a LDB de 1996 que foi um marco
Otaíza Romanelli fez um estudo detalhado
histórico para a educação.
da história da educação no Brasil, em sua obra cuja
intitulação faz jus ao tema abordado: História da Em suma, é preciso haver um engajamento
Educação no Brasil. Entretanto, não cabe aqui tecer enérgico por parte das autoridades políticas
integralmente todos os aspectos trabalhados na responsáveis, para se erradicar, por exemplo, o
obra da referida autora. Cumpre sim, explicitar analfabetismo (que não é único fator, o desempenho
alguns aspectos que muito provavelmente ajudarão do ensino também é desigual), por exemplo, de
a entender os motivos das desigualdades ainda forma igualitária e não apenas em determinadas
existentes no âmbito educacional. Por exemplo, regiões. O que falta, na verdade, é vontade política.
segundo Romanelli “a vitória do federalismo, que
TEMAS TRANSVERSAIS
dava plena autonomia aos Estados, acentuou não
só o plano econômico, mas também no plano ÉTICA
educacional, as disparidades regionais” e segue
A Ética diz respeito às reflexões sobre as
enfatizando que “os Estados que comandavam a
condutas humanas. A pergunta ética por excelência
política e a economia da Nação e eram, em
é: “Como agir perante os outros?”. Verifica-se que tal
consequência, sede do poder econômico, estavam
em condições privilegiadas para equipar, com pergunta é ampla, complexa e sua resposta implica
melhores recursos, o aparelho educacional, tomadas de posição valorativas. A questão central
das preocupações éticas é a da justiça entendida
enquanto os Estados mais pobres… ficavam à
como inspirada pelos valores de igualdade e
mercê de sua própria sorte.”
equidade. Na escola, o tema Ética encontra-se, em
Dessa forma, vê-se a educação e a cultura primeiro lugar, nas próprias relações entre os
tomando impulso em determinadas regiões do agentes que constituem essa instituição: alunos,
Sudeste, sobretudo São Paulo e o restante dos professores, funcionários e pais. Em segundo lugar, o
Estados seguindo sem transformações tema Ética encontra-se nas disciplinas do currículo,
significativas e ainda influenciados pela vida uma vez que, sabe-se, o conhecimento não é neutro,
colonial e o regime do Império. Posteriormente, a nem impermeável a valores de todo tipo. Finalmente,
mesma analisa a expansão do processo de encontra-se nos demais Temas Transversais, já que,
industrialização do país, fator este, que também de uma forma ou de outra, tratam de valores e
contribuiu para perpetuar as diferenças regionais. normas. Em suma, a reflexão sobre as diversas faces
Segundo a autora “em última instância, as das condutas humanas deve fazer parte dos
diferenças regionais geradas pelo sistema objetivos maiores da escola comprometida com a
econômico (que acabara de se instalar e ainda em formação para a cidadania.
fase de expansão), com base no crescimento
espontâneo, acabaram a seu turno por fazer que o Partindo dessa perspectiva, o tema Ética traz
sistema educacional se transformasse num a proposta de que a escola realize um trabalho que
possibilite o desenvolvimento da autonomia moral,
instrumento de perpetuação dessas desigualdades.
condição para a reflexão ética. Para isso foram
Em outras palavras, conforme descreve eleitos como eixos do trabalho quatro blocos de
Florestan Fernandes, “no fundo, a prosperidade deu conteúdo: Respeito Mútuo, Justiça, Diálogo e

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Solidariedade, valores referenciados no princípio da de saúde implica levar em conta, por exemplo, a
dignidade do ser humano, um dos fundamentos da qualidade do ar que se respira, o consumismo
Constituição brasileira. desenfreado e a miséria, a degradação social e a
desnutrição, formas de inserção das diferentes
PLURALIDADE CULTURAL
parcelas da população no mundo do trabalho, estilos
Para viver democraticamente em uma de vida pessoal.
sociedade plural é preciso respeitar os diferentes
Atitudes favoráveis ou desfavoráveis à saúde
grupos e culturas que a constituem. A sociedade
são construídas desde a infância pela identificação
brasileira é formada não só por diferentes etnias,
com valores observados em modelos externos ou
como por imigrantes de diferentes países. Além
grupos de referência. A escola cumpre papel
disso, as migrações colocam em contato grupos
destacado na formação dos cidadãos para uma vida
diferenciados. Sabe-se que as regiões brasileiras
saudável, na medida em que o grau de escolaridade
têm características culturais bastante diversas e a
em si tem associação comprovada com o nível de
convivência entre grupos diferenciados nos planos
saúde dos indivíduos e grupos populacionais. Mas a
social e cultural muitas vezes é marcada pelo
explicitação da educação para a Saúde como tema
preconceito e pela discriminação. O grande desafio
do currículo eleva a escola ao papel de formadora de
da escola é investir na superação da discriminação
protagonistas — e não pacientes — capazes de
e dar a conhecer a riqueza representada pela
valorizar a saúde, discernir e participar de decisões
diversidade etnocultural que compõe o patrimônio
relativas à saúde individual e coletiva. Portanto, a
sociocultural brasileiro, valorizando a trajetória
formação do aluno para o exercício da cidadania
particular dos grupos que compõem a sociedade.
compreende a motivação e a capacitação para o
Nesse sentido, a escola deve ser local de diálogo,
autocuidado, assim como a compreensão da saúde
de aprender a conviver, vivenciando a própria
como direito e responsabilidade pessoal e social.
cultura e respeitando as diferentes formas de
expressão cultural.
MEIO AMBIENTE
A vida cresceu e se desenvolveu na Terra A Orientação Sexual na escola deve ser
como uma trama, uma grande rede de seres entendida como um processo de intervenção
interligados, interdependentes. Essa rede entrelaça pedagógica que tem como objetivo transmitir
de modo intenso e envolve conjuntos de seres vivos informações e problematizar questões relacionadas à
e elementos físicos. Para cada ser vivo que habita o sexualidade, incluindo posturas, crenças, tabus e
planeta existe um espaço ao seu redor com todos valores a ela associados. Tal intervenção ocorre em
os outros elementos e seres vivos que com ele âmbito coletivo, diferenciando-se de um trabalho
interagem, por meio de relações de troca de individual, de cunho psicoterapêutico e enfocando as
energia: esse conjunto de elementos, seres e dimensões sociológica, psicológica e fisiológica da
relações constitui o seu meio ambiente. Explicado sexualidade. Diferencia-se também da educação
dessa forma, pode parecer que, ao se tratar de realizada pela família, pois possibilita a discussão de
meio ambiente, se está falando somente de diferentes pontos de vista associados à sexualidade,
aspectos físicos e biológicos. Ao contrário, o ser sem a imposição de determinados valores sobre
humano faz parte do meio ambiente e as relações outros.
que são estabelecidas — relações sociais,
O trabalho de Orientação Sexual visa
econômicas e culturais — também fazem parte
propiciar aos jovens a possibilidade do exercício de
desse meio e, portanto, são objetos da área
sua sexualidade de forma responsável e prazerosa.
ambiental. Ao longo da história, o homem
Seu desenvolvimento deve oferecer critérios para o
transformou-se pela modificação do meio ambiente,
discernimento de comportamentos ligados à
criou cultura, estabeleceu relações econômicas,
sexualidade que demandam privacidade e intimidade,
modos de comunicação com a natureza e com os
assim como reconhecimento das manifestações de
outros. Mas é preciso refletir sobre como devem ser
sexualidade passíveis de serem expressas na escola.
essas relações socioeconômicas e ambientais, para
Propõem-se três eixos fundamentais para nortear a
se tomar decisões adequadas a cada passo, na
intervenção do professor: Corpo Humano, Relações
direção das metas desejadas por todos: o
de Gênero e Prevenção às Doenças Sexualmente
crescimento cultural, a qualidade de vida e o
Transmissíveis/AIDS.
equilíbrio ambiental.
A abordagem do corpo como matriz da
SAÚDE
sexualidade tem como objetivo propiciar aos alunos
O nível de saúde das pessoas reflete a conhecimento e respeito ao próprio corpo e noções
maneira como vivem, numa interação dinâmica sobre os cuidados que necessitam dos serviços de
entre potencialidades individuais e condições de saúde. A discussão sobre gênero propicia o
vida. Não se pode compreender ou transformar a questionamento de papéis rigidamente estabelecidos
situação de um indivíduo ou de uma comunidade a homens e mulheres na sociedade, a valorização de
sem levar em conta que ela é produzida nas cada um e a flexibilização desses papéis. O trabalho
relações com o meio físico, social e cultural. Falar de prevenção às doenças sexualmente
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
transmissíveis/AIDS possibilita oferecer por meio de suas concepções e dos valores que
informações científicas e atualizadas sobre as veiculam. No mesmo exemplo, ainda que a
formas de prevenção das doenças. Deve também programação desenvolvida não se refira diretamente
combater a discriminação que atinge portadores do à questão ambiental e a escola não tenha nenhum
HIV e doentes de AIDS de forma a contribuir para a trabalho nesse sentido, Geografia, História e Ciências
adoção de condutas preventivas por parte dos Naturais sempre veiculam alguma concepção de
jovens. ambiente e, nesse sentido, efetivam uma certa
educação ambiental.
TEMAS LOCAIS
Considerando esses fatos, experiências
O trabalho com temas sociais na escola,
pedagógicas brasileiras e internacionais de trabalho
por tratar de conhecimentos diretamente vinculados
com educação ambiental, orientação sexual e saúde
à realidade, deve estar aberto à assimilação de
têm apontado a necessidade de que tais questões
mudanças apresentadas por essa realidade. As
sejam trabalhadas de forma contínua e integrada,
mudanças sociais e os problemas que surgem
uma vez que seu estudo remete à necessidade de se
pedem uma atenção especial para se estar sempre
recorrer a conjuntos de conhecimentos relativos a
interagindo com eles, sem ocultá-los. Assim,
diferentes áreas do saber.
embora os temas tenham sido escolhidos em
função das urgências que a sociedade brasileira Diante disso optou-se por integrá-las no
apresenta, dadas as grandes dimensões do Brasil e currículo por meio do que se chama de
as diversas realidades que o compõem, é inevitável transversalidade: pretende-se que esses temas
que determinadas questões ganhem importância integrem as áreas convencionais de forma a estarem
maior em uma região. Sob a denominação de presentes em todas elas, relacionando-as às
Temas Locais, os Parâmetros Curriculares questões da atualidade.
Nacionais pretendem contemplar os temas de
As áreas convencionais devem acolher as
interesse específico de uma determinada realidade
questões dos Temas Transversais de forma que seus
a serem definidos no âmbito do Estado, da cidade
conteúdos as explicitem e seus objetivos sejam
e/ou da escola. Uma vez reconhecida a urgência
contemplados. Por exemplo, na área de Ciências
social de um problema local, este poderá receber o
Naturais, ao ensinar sobre o corpo humano, incluem-
mesmo tratamento dado aos outros Temas
se os principais órgãos e funções do aparelho
Transversais.
reprodutor masculino e do feminino, relacionando seu
Tomando-se como exemplo o caso do amadurecimento às mudanças no corpo e no
trânsito, vê-se que, embora esse seja um problema comportamento de meninos e meninas durante a
que atinge uma parcela significativa da população, puberdade e respeitando as diferenças individuais.
é um tema que ganha significação principalmente
Dessa forma o estudo do corpo humano não
nos grandes centros urbanos, onde o trânsito tem
se restringe à dimensão biológica, mas coloca esse
sido fonte de intrincadas questões de natureza
conhecimento a serviço da compreensão da
extremamente diversa. Pense-se, por exemplo, no
diferença de gênero (conteúdo de Orientação Sexual)
direito ao transporte associado à qualidade de vida
e do respeito à diferença (conteúdo de Ética).
e à qualidade do meio ambiente; ou o desrespeito
às regras de trânsito e a segurança de motoristas e A integração, a extensão e a profundidade do
pedestres (o trânsito brasileiro é um dos que, no trabalho podem se dar em diferentes níveis, segundo
mundo, causa maior número de mortes). Assim, o domínio do tema e/ou a prioridade que se eleja nas
visto de forma ampla, o tema trânsito remete à diferentes realidades locais. Isso se efetiva mediante
reflexão sobre as características de modos de vida a organização didática eleita pela escola. É possível
e relações sociais. e desejável que conhecimentos apreendidos em
vários momentos sejam articulados em torno de um
A transversalidade
tema em questão de modo a explicitá-lo e dar-lhe
Por tratarem de questões sociais, os Temas relevância. Para se saber o que é saúde e como esta
Transversais têm natureza diferente das áreas se preserva, é preciso ter alguns conhecimentos
convencionais. Sua complexidade faz com que sobre o corpo humano, matéria da área de Ciências.
nenhuma das áreas, isoladamente, seja suficiente É também preciso ter conhecimentos sobre Meio
para abordá-los. Ao contrário, a problemática dos Ambiente, uma vez que a saúde das pessoas
Temas Transversais atravessa os diferentes depende da qualidade do meio em que vivem.
campos do conhecimento. Por exemplo, a questão Conhecimentos de Língua Portuguesa e Matemática
ambiental não é compreensível apenas a partir das também comparecem: questões de saúde são temas
contribuições da Geografia. Necessita de de debates na imprensa, informações importantes
conhecimentos históricos, das Ciências Naturais, da são veiculadas por meio de folhetos; a leitura e a
Sociologia, da Demografia, da Economia, entre compreensão de tabelas e dados estatísticos são
outros. Por outro lado, nas várias áreas do currículo essenciais na percepção da situação da saúde
escolar existem, implícita ou explicitamente, pública. Portanto, o tema Saúde tem como
ensinamentos a respeito dos temas transversais, especificidade o fato de, além de conhecimentos
isto é, todas educam em relação a questões sociais

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
inerentes a ele, nele convergirem conhecimentos de autonomia. Muitas vezes essas questões são vistas
áreas distintas. como sendo da “natureza” dos alunos (eles são ou
não são respeitosos), ou atribuídas ao fato de terem
Ao invés de se isolar ou de compartimentar
tido ou não essa educação em casa. Outras vezes
o ensino e a aprendizagem, a relação entre os
são vistas como aprendizados possíveis somente
Temas Transversais e as áreas deve se dar de
quando jovens (maiores) ou quando adultos. Sabe-
forma que:
se, entretanto, que é um processo de aprendizagem
• as diferentes áreas contemplem os que precisa de atenção durante toda a escolaridade e
objetivos e os conteúdos (fatos, conceitos e a contribuição da educação escolar é de natureza
princípios; procedimentos e valores; normas e complementar à familiar: não se excluem nem se
atitudes) que os temas da convivência social dispensam mutuamente.
propõem; E
TRANSVERSALIDADE
• haja momentos em que as questões INTERDISCIPLINARIDADE
relativas aos temas sejam explicitamente
A proposta de transversalidade pode
trabalhadas e conteúdos de campos e origens
acarretar algumas discussões do ponto de vista
diferentes sejam colocados na perspectiva de
conceitual, como, por exemplo, a da sua relação com
respondê-las.
a concepção de interdisciplinaridade, bastante
Caberá ao professor mobilizar tais difundida no campo da pedagogia. Essa discussão é
conteúdos em torno de temáticas escolhidas, de pertinente e cabe analisar como estão sendo
forma que as diversas áreas não representem consideradas nos Parâmetros Curriculares Nacionais
continentes isolados, mas digam respeito aos as diferenças entre os dois conceitos, bem como
diversos aspectos que compõem o exercício da suas implicações mútuas.
cidadania.
Ambas — transversalidade e
Indo além do que se refere à organização interdisciplinaridade — se fundamentam na crítica de
dos conteúdos, o trabalho com a proposta da uma concepção de conhecimento que toma a
transversalidade se define em torno de quatro realidade como um conjunto de dados estáveis,
pontos: sujeitos a um ato de conhecer isento e distanciado.
Ambas apontam a complexidade do real e a
• os temas não constituem novas áreas,
necessidade de se considerar a teia de relações
pressupondo um tratamento integrado nas
entre os seus diferentes e contraditórios aspectos.
diferentes áreas;
Mas diferem uma da outra, uma vez que a
• a proposta de transversalidade traz a interdisciplinaridade refere-se a uma abordagem
necessidade de a escola refletir e atuar epistemológica dos objetos de conhecimento,
conscientemente na educação de valores e atitudes enquanto a transversalidade diz respeito
em todas as áreas, garantindo que a perspectiva principalmente à dimensão da didática.
político-social se expresse no direcionamento do
A interdisciplinaridade questiona a
trabalho pedagógico; influencia a definição de
segmentação entre os diferentes campos de
objetivos educacionais e orienta eticamente as
conhecimento produzida por uma abordagem que
questões epistemológicas mais gerais das áreas, não leva em conta a inter-relação e a influência entre
seus conteúdos e, mesmo, as orientações eles — questiona a visão compartimentada
didáticas;
(disciplinar) da realidade sobre a qual a escola, tal
• a perspectiva transversal aponta uma como é conhecida, historicamente se constituiu.
transformação da prática pedagógica, pois rompe a Refere-se, portanto, a uma relação entre disciplinas.
limitação da atuação dos professores às atividades A transversalidade diz respeito à
formais e amplia a sua responsabilidade com a sua possibilidade de se estabelecer, na prática educativa,
formação dos alunos. Os Temas Transversais
uma relação entre aprender na realidade e da
permeiam necessariamente toda a prática
realidade de conhecimentos teoricamente
educativa que abarca relações entre os alunos,
sistematizados (aprender sobre a realidade) e as
entre professores e alunos e entre diferentes
questões da vida real (aprender na realidade e da
membros da comunidade escolar; realidade).
• a inclusão dos temas implica a Na prática pedagógica, interdisciplinaridade e
necessidade de um trabalho sistemático e contínuo
transversalidade alimentam-se mutuamente, pois o
no decorrer de toda a escolaridade, o que
tratamento das questões trazidas pelos Temas
possibilitará um tratamento cada vez mais
Transversais expõe as inter-relações entre os objetos
aprofundado das questões eleitas. Por exemplo, se
de conhecimento, de forma que não é possível fazer
é desejável que os alunos desenvolvam uma um trabalho pautado na transversalidade tomando-se
postura de respeito às diferenças, é fundamental uma perspectiva disciplinar rígida. A transversalidade
que isso seja tratado desde o início da escolaridade
promove uma compreensão abrangente dos
e continue sendo tratado cada vez com maiores
diferentes objetos de conhecimento, bem como a
possibilidades de reflexão, compreensão e
percepção da implicação do sujeito de conhecimento
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
na sua produção, superando a dicotomia entre vários sistemas normativos que circulam na
ambos. Por essa mesma via, a transversalidade sociedade.
abre espaço para a inclusão de saberes
As atitudes são bastante complexas, pois
extraescolares, possibilitando a referência a
envolvem tanto a cognição (conhecimentos e
sistemas de significado construídos na realidade
crenças) quanto os afetos (sentimentos e
dos alunos.
preferências), derivando em condutas (ações e
Os Temas Transversais, portanto, dão declarações de intenção).
sentido social a procedimentos e conceitos próprios
Normas e regras, por sua vez, são aqui
das áreas convencionais, superando assim o
entendidas como dispositivos que orientam padrões
aprender apenas pela necessidade escolar.
de conduta a serem definidos e compartilhados pelos
COMO A TRANSVERSALIDADE SE membros de um grupo. Os valores orientam as ações
APRESENTA NOS PARÂMETROS e possibilitam fazer juízo crítico sobre o que se toma
CURRICULARES NACIONAIS como objeto de análise. Vale lembrar que existem
diferenças e até conflitos entre sistemas de normas
A problemática trazida pelos temas
na sociedade, que respondem de maneiras diversas
transversais está contemplada nas diferentes áreas
às diferentes visões e interpretações do mundo.
curriculares. Está presente em seus fundamentos,
nos objetivos gerais, nos objetivos de ciclo, nos Há valores e atitudes que dizem respeito aos
conteúdos e nos critérios de avaliação das áreas. conteúdos específicos das diferentes áreas (como,
Dessa forma, em todos os elementos do currículo por exemplo, a valorização da literatura regional
há itens selecionados a partir de um ou mais temas. brasileira no tratamento de Língua Portuguesa), cuja
Com a transversalidade, os temas passam a ser aprendizagem acontece simultaneamente à dos
partes integrantes das áreas e não externos e/ou conceitos e procedimentos daquelas áreas, por meio
acoplados a elas, definindo uma perspectiva para o de atividades sistematizadas e planejadas.
trabalho educativo que se faz a partir delas.
No entanto, outros não se restringem à
É preciso atentar para o fato de que a especificidade das áreas; estão presentes no
possibilidade de inserção dos Temas Transversais convívio social mais amplo que ocorre na escola,
nas diferentes áreas (Língua Portuguesa, como é o caso do respeito às diferenças étnicas e
Matemática, Ciências Naturais, História, Geografia, culturais entre as pessoas, da escolha do diálogo
Arte e Educação Física) não é uniforme, uma vez para esclarecer conflitos, do cuidado com o espaço
que é preciso respeitar as singularidades tanto dos escolar e no próprio exercício do papel de estudante
diferentes temas quanto das áreas. (como, por exemplo, no cuidado com o material, na
cooperação com outros alunos nas atividades
Existem afinidades maiores entre
escolares, no empenho nas atividades para realiza-
determinadas áreas e determinados temas, como é
las o melhor possível).
o caso de Ciências Naturais e Saúde ou entre
História, Geografia e Pluralidade Cultural, em que a A aprendizagem de valores e atitudes é
transversalidade é fácil e claramente identificável. pouco explorada do ponto de vista pedagógico. Há
Não considerar essas especificidades seria cair estudos que apontam a importância da informação
num formalismo mecânico. como um fator de formação e transformação de
valores e atitudes. Conhecer os problemas
ENSINO E APRENDIZAGEM DE
ambientais e saber de suas consequências
QUESTÕES SOCIAIS
desastrosas para a vida humana é importante para
A inclusão dos Temas Transversais exige a promover uma atitude de cuidado e atenção a essas
tomada de posição diante de problemas questões, valorizar ações preservacionistas e
fundamentais e urgentes da vida social. aquelas que proponham a sustentabilidade como
princípio para a construção de normas que
O ensino e a aprendizagem de valores e
regulamentem as intervenções econômicas. Para
atitudes
cuidar de sua saúde, uma pessoa que não tenha
Uma tomada de posição implica saneamento básico onde mora precisa saber que
necessariamente eleger valores, aceitar ou esse é um direito seu para poder reivindicá-lo. Outras
questionar normas, adotar uma ou outra atitude — vezes, a informação é necessária para poder
e essas capacidades podem ser desenvolvidas por concretizar uma atitude de forma eficaz, como é o
meio da aprendizagem. caso da solidariedade com alguém que se acidentou
e necessita de primeiros socorros: é preciso saber
Entretanto, considerar atitudes, normas e como prestá-los.
valores como conteúdos requer uma reflexão sobre
sua natureza e sua aprendizagem. Mas é verdade também que somente a
informação não é suficiente para ensinar valores e
É necessário compreender que atitudes, atitudes. Sabe-se, por exemplo, que o conhecimento
normas e valores comportam uma dimensão social de que a AIDS é uma doença sexualmente
e uma dimensão pessoal. Referem-se a princípios transmissível não faz com que as pessoas tomem os
assumidos pessoalmente por cada um a partir dos cuidados necessários nas relações sexuais.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Existem fatores culturais importantes que forma cuidadosa o processo dos alunos para
determinam a impossibilidade de existência de uma compreender seus comportamentos no contexto
relação direta entre informação-mudança de amplo do desenvolvimento moral e social.
atitudes; é fundamental considerá-los na prática de
A PERSPECTIVA DA AUTONOMIA
ensino e aprendizagem de valores. É necessário
atentar para as dimensões culturais que envolvem A autonomia refere-se, por um lado, a um
as práticas sociais. As dimensões culturais não nível de desenvolvimento psicológico (conforme
devem ser nunca descartadas ou desqualificadas, desenvolvido no documento de Ética), implicando
pois respondem a padrões de identificação dessa forma uma dimensão individual, e, por outro
coletivos que são importantes. Eles são o ponto de lado, a uma dimensão social. A autonomia pressupõe
partida do debate e da reflexão educacional. uma relação com os outros. Não existe a autonomia
pura, como se fosse uma capacidade absoluta de um
Além disso, tanto os conceitos e
sujeito isolado. Nesse sentido, trata-se da
procedimentos quanto as ações pedagógicas
perspectiva da construção de relações de autonomia.
mobilizam afetos dos educadores e dos alunos que
Por isso só é possível realizá-la como processo
se manifestam por meio de preferências e rejeições
coletivo que implica relações de poder não-
pelos diferentes conteúdos escolares. Daí a
autoritárias.
necessidade de se levar em conta os
conhecimentos (e sentimentos) prévios dos alunos Lembrando que a dimensão ética da
em relação aos conteúdos eleitos para o ensino. democracia consiste na afirmação daqueles valores
que garantem a todos o direito a ter direitos, é
Pensar sobre atitudes, valores e normas
preciso fazer uma distinção entre afirmação e
leva imediatamente à questão do comportamento.
imposição de valores.
As atitudes, alvo da atenção educativa, são
disposições pessoais que tendem a se expressar A imposição, por si própria, contraria o
por meio de comportamentos. Entretanto, há que se princípio democrático da liberdade e, com isso, o
considerar que inúmeros fatores interferem nessa máximo que se consegue é que as pessoas tenham
expressão e um comportamento, em si, não reflete “comportamentos adequados” quando sob controle
necessariamente a atitude de alguém. Tem-se por externo, o que é essencialmente diferente da
vezes, no cotidiano, comportamentos incoerentes, perspectiva da autonomia na construção de valores e
contraditórios, distanciados das atitudes e valores atitudes.
que se acredita corretos. Isso significa que a
O comportamento pessoal se articula com
coerência absoluta não existe, e na formação de
inúmeros outros fatores sociais, seja na manutenção,
atitudes vive-se um processo não-linear. Assim, o
fato de duas crianças brigarem não significa que seja na transformação desses valores e das relações
sejam violentas ou que estejam desenvolvendo a que os sustentam. Portanto, o desenvolvimento de
atitudes pressupõe conhecer diferentes valores,
atitude da violência como traço de sua
poder apreciá-los, experimentá-los, analisá-los
personalidade.
criticamente e eleger livremente um sistema de
Ou ainda, quando uma criança quebra uma valores para si.
planta para brincar, não se pode deduzir
imediatamente que tenha uma atitude de Concretizar essa intenção exigirá que os
desrespeito à natureza. valores eleitos e a intenção de ensiná-los sejam
explicitados para todos, principalmente para os
Nas relações interpessoais, não só entre alunos, e o trabalho pedagógico inclua a
professor e aluno, mas também entre os próprios possibilidade de discussão e questionamento e a
alunos, o grande desafio é conseguir se colocar no não-ocultação de contradições, conflitos e confrontos.
lugar do outro, compreender seu ponto de vista e Pressupõe compreender que conflitos são inerentes
suas motivações ao interpretar suas ações. Isso aos processos democráticos, são o que os fazem
desenvolve a atitude de solidariedade e a avançar e, portanto, não são algo negativo a ser
capacidade de conviver com as diferenças. evitado. O fato de os alunos serem crianças e
adolescentes não significa que sejam passivos e
Essas considerações são especialmente
recebam sem resistência ou contestação tudo o que
importantes na educação fundamental, já que os
implícita ou explicitamente se lhes quer transmitir.
alunos estão conhecendo e construindo seus
valores e sua capacidade de gerir o próprio Isso significa valorizar positivamente a
comportamento a partir deles. capacidade de questionar e propor mudanças,
buscando construir situações didáticas que
Incluir explicitamente o ensino de valores e
potencializem tal capacidade e possibilitem o
o desenvolvimento de atitudes no trabalho escolar
aprendizado de modo a utilizá-lo de forma
não significa, portanto, tomar como alvo, como
consequente, responsável e eficaz. Como exemplos
instrumento e como medida da ação pedagógica o
temos experiências educativas de construção coletiva
controle de comportamento dos alunos, mas sim
de regras de convívio escolar, de discussão coletiva
intervir de forma permanente e sistemática no
de situações-problema na classe e na escola, de
desenvolvimento das atitudes. Apesar de ser um
projetos de intervenção no espaço escolar e extra-
trabalho complexo, é necessário acompanhar de
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
escolar que podem ser adaptadas aos níveis de cultural e socialmente, favorecerá evidenciar os
escolaridade de acordo com a possibilidade dos valores que expressam, mostrando as formas como o
alunos. Mesmo nas séries iniciais é possível fazem.
oferecer informações, vivências e reflexão sobre as
Isso é mais interessante do que
causas e as nuanças dos valores que orientam os
simplesmente rejeitá-los quando negativos, porque
comportamentos e tratá-los como produtos de
favorece o desenvolvimento da capacidade de
relações sociais, que podem ser transformados.
analisá-los criticamente, de tal forma que os alunos,
Outra questão fundamental para o contexto na medida de suas possibilidades e cada vez mais,
escolar é a da relação entre autonomia e os compreendam, percebam sua presença na
autoridade: permitir que valores e normas sejam sociedade e façam escolhas pessoais e conscientes
discutidos, avaliados e reformulados não significa a respeito dos valores que elegem para si.
abolir, negar ou qualificar negativamente a
O ensino e a aprendizagem de
autoridade dos educadores. Pelo contrário,
procedimentos
reconhece-la é fundamental, uma vez que é nela
que se apóia a garantia de direitos e deveres no Embora menos complexo que o trabalho com
contexto escolar. Estabelecer relações de valores e atitudes, o ensino e a aprendizagem de
autonomia, necessárias à postura crítica, procedimentos referentes ao trabalho com questões
participativa e livre pressupõe um longo processo sociais merece atenção e definição de diretrizes por
de aprendizagem até que os alunos sejam capazes parte dos educadores.
de atuar segundo seus próprios juízos. Esse
Conforme definido na Introdução aos
processo não dispensa a participação da autoridade
dos adultos na sua orientação. Parâmetros Curriculares Nacionais, procedimentos
são conteúdos que se referem a como atuar para
O que se coloca é a necessidade de essa atingir um objetivo e requerem a realização de uma
autoridade ser construída mediante a assunção série de ações de forma ordenada e não aleatória.
plena da responsabilidade de educar, de intervir
No caso das temáticas sociais trata-se de
com discernimento e justiça nas situações de
conflito, de se pautar, coerentemente, pelos contemplar aprendizagens que permitam efetivar o
mesmos valores colocados como objetivo da princípio de participação e o exercício das atitudes e
dos conhecimentos adquiridos. Alguns exemplos: ao
educação dos alunos e de reconhecer que a
se tomar o Meio Ambiente como foco de
autoridade dos educadores na escola se referenda
preocupação fica clara a necessidade de que, ao
numa sociedade que se quer democrática.
aprender sobre essa temática, os alunos possam
OS MATERIAIS USADOS NAS também aprender práticas que concorram para sua
SITUAÇÕESDIDÁTICAS preservação, tais como a organização e a
participação em campanhas contra o desperdício.
Os materiais que se usam como recurso
didático expressam valores e concepções a Nas temáticas relativas à Pluralidade Cultural
respeito de seu objeto. A análise crítica desse a pesquisa em diferentes tipos de fonte permite
material pode representar uma oportunidade para reconhecer as várias formas de expressão ligadas às
se desenvolverem os valores e as atitudes com os tradições culturais, assim como a consulta a
quais se pretende trabalhar. documentos jurídicos é necessária ao aprendizado
das formas de atuação contra discriminações.
Discutir sobre o que veiculam jornais,
revistas, livros, fotos, propaganda ou programas de Também em relação a procedimentos o
TV trará à tona suas mensagens — implícitas ou aprendizado é longo e processual. Aprende-se a
explícitas — sobre valores e papéis sociais. praticar ações cada vez mais complexas, com maior
autonomia e maior grau de sociabilidade. Durante a
Várias análises já mostraram que na
escolaridade fundamental é possível que os alunos
maioria dos livros didáticos, por exemplo, a mulher
atuem de forma cada vez mais elaborada, de modo
é representada apenas como dona de casa e mãe,
que, ao final do processo, tenham desenvolvido ao
enquanto o homem participa do mundo do trabalho
máximo possível suas capacidades. As capacidades
extradoméstico e nunca aparece em situações de
dos alunos das primeiras séries para planejar e
relação afetiva com os filhos ou ocupado nos
desenvolver atividades coletivas (como campanhas
cuidados da casa. Nesse exemplo, fica
ou edição de jornal) são extremamente dependentes
subentendida a concepção a respeito do papel que
da ajuda do professor. Essas práticas produzem
é e deve ser desempenhado pelos diferentes sexos.
aprendizagens que, retomadas ao longo da
A discussão dessa concepção esclarecerá sobre
escolaridade com desafios crescentes, permitirão ao
mensagens contraditórias com os valores e as
final da oitava série que os alunos tenham ampliado
atitudes que se escolheu trabalhar.
suas possibilidades de ação no que se refere à
Portanto, a análise crítica dos diferentes autonomia, organização, capacidade de análise e
materiais usados em situações didáticas, planejamento.
discutindo-os em classe, contrapondo-os a outras
A inclusão de tais conteúdos permite,
possibilidades e contextualizando-os histórica,
portanto, tomar a prática como objeto de
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
aprendizagem, o que contribui com o funcionários e pais — terá sua função nesse trabalho.
desenvolvimento da potencialidade e da
Para isso, é importante que as instâncias
competência dos alunos, condições necessárias à
responsáveis pelas escolas criem condições, que a
participação ativa, propositiva e transformadora,
direção da escola facilite o trabalho em equipe dos
como requer a concepção de cidadania em que se
professores e promova situações favoráveis à
baseiam estes Parâmetros Curriculares Nacionais.
comunicação, ao debate e à reflexão entre os
O ensino e a aprendizagem de conceitos membros da comunidade escolar.
No tratamento de questões sociais, da Para os professores polivalentes de primeiro
perspectiva aqui adotada, aprender a formular e segundo ciclos, essas situações serão
questões a respeito da realidade e das relações especialmente valiosas para que possam definir a
que a compõem apresenta-se como fundamental. forma de trabalhar com os Temas Transversais a
Essa é também uma meta de longo prazo e seu partir da realidade de cada um e dentro das
ensino demanda um trabalho sobre conceitos, possibilidades da escola. Para os professores das
ainda que essa abordagem não seja acadêmica. A diversas áreas, de terceiro e quarto ciclos, essas
compreensão das questões sociais, o pensar sobre situações serão fundamentais para que possam
elas, analisá-las, fazer proposições e avaliar coordenar a ação de cada um e de todos em torno do
alternativas exigem a capacidade de representar trabalho conjunto com os Temas Transversais.
informações e relacioná-las. Assim, as temáticas
A interação da escola com a comunidade
sociais, além de atitudes e procedimentos, propõem
e com outras instituições
também conteúdos de natureza conceitual.
No que se refere às problemáticas sociais,
O convívio escolar
além do que está continuamente sendo produzido no
O convívio escolar refere-se a todas as âmbito da Ciência, existem outros saberes
relações e situações vividas na escola, dentro e produzidos em diversas instituições sociais.
fora da sala de aula, em que estão envolvidos direta
O contato com as instituições e organizações
ou indiretamente todos os sujeitos da comunidade
(tais como postos de saúde, bibliotecas,
escolar.
organizações não-governamentais, grupos culturais,
A busca de coerência entre o que se etc.), compromissadas com as questões
pretende ensinar aos alunos e o que se faz na apresentadas pelos Temas Transversais, que
escola (e o que se oferece a eles) é também desenvolvem atividades de interesse para o trabalho
fundamental. Não se terá sucesso no ensino de educativo, é uma rica contribuição, principalmente
autocuidado e higiene numa escola suja e pelo vínculo que estabelece com a realidade da qual
abandonada. Nem se poderá esperar uma se está tratando. Por outro lado, representa uma
mudança de atitudes em relação ao desperdício forma de interação com o repertório sociocultural,
(importante questão ambiental) se não se permitindo o resgate, no interior do trabalho escolar,
realizarem na escola práticas que se pautem por da dimensão de produção coletiva do conhecimento
esse valor. Trata-se, portanto, de oferecer aos e da realidade.
alunos a perspectiva de que tais atitudes são
O educador como cidadão
viáveis, exequíveis, e, ao mesmo tempo, criar
possibilidades concretas de experiência-las. Propor que a escola trate questões sociais na
perspectiva da cidadania coloca imediatamente a
É certo que muitas medidas estão fora do
questão da formação dos educadores e de sua
alcance dos educadores, mas há muitas delas que
condição de cidadãos. Para desenvolver sua prática
são possíveis e, quando for o caso, a reivindicação
os professores precisam também desenvolver-se
aos responsáveis em torno da solução de
como profissionais e como sujeitos críticos na
problemas é um importante ensinamento das
realidade em que estão, isto é, precisam poder situar-
atitudes de autoestima, corresponsabilidade e
se como educadores e como cidadãos, e, como tais,
participação.
participantes do processo de construção da
O trabalho com os temas sociais se cidadania, de reconhecimento de seus direitos e
concretizará nas diversas decisões tomadas pela deveres, de valorização profissional.
comunidade escolar, o que aponta a necessidade
Tradicionalmente a formação dos educadores
de envolvimento de todos no processo de definição
brasileiros não contemplou essa dimensão. As
do trabalho e das prioridades a serem eleitas.
escolas de formação inicial não incluem matérias
Assim, a opção por esse trabalho precisa mobilizar
voltadas para a formação política nem para o
toda a comunidade escolar no processo de
tratamento de questões sociais. Ao contrário, de
definição das propostas e das prioridades a serem
acordo com as tendências predominantes em cada
eleitas para o seu desenvolvimento. O fundamental
época essa formação voltou-se para a concepção de
é que todos possam refletir sobre os objetivos a
neutralidade do conhecimento e do trabalho
serem alcançados, de forma a que se definam
educativo.
princípios comuns em torno do trabalho a ser
desenvolvido. Cada um — alunos, professores,

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Porém, o desafio aqui proposto é o de não inesperadas do cotidiano. Existem situações
esperar por professores que só depois de “prontos” escolares não programáveis, emergentes, às quais
ou “formados” poderão trabalhar com os alunos. devem responder, e, para tanto, necessitam ter
Sem desconhecer a necessidade de investir na clareza e articular sua ação pontual ao que é
formação inicial e de criar programas de formação sistematicamente desenvolvido com os alunos.
continuada, é possível afirmar-se que o debate
Além dessa apresentação, os conteúdos dos
sobre as questões sociais e a eleição conjunta e
Temas Transversais fazem parte dos conteúdos das
refletida dos princípios e valores, assim como a
áreas. Buscou-se contemplar a amplitude de cada
formulação e implementação do projeto educativo já
tema mediante sua inserção no conjunto das áreas:
iniciam um processo de formação e mudança.
Língua Portuguesa, Matemática, Ciências Naturais,
Para o professor a escola não é apenas História, Geografia, Arte e Educação Física. Foram
lugar de reprodução de relações de trabalho transversalizados, com a preocupação de respeitar
alienadas e alienantes. É, também, lugar de as especificidades de cada tema e de cada área.
possibilidade de construção de relações de
Os conteúdos dos Temas Transversais
autonomia, de criação e recriação de seu próprio
não estão apresentados por ciclo.
trabalho, de reconhecimento de si, que possibilita
redefinir sua relação com a instituição, com o Quanto à divisão dos conteúdos por ciclos,
Estado, com os alunos, suas famílias e considerou-se que nos Temas Transversais não há
comunidades. nada que, a priori, justifique uma sequenciação dos
conteúdos. Ao contrário, os conteúdos podem ser
A INSERÇÃO DOS TEMAS
abordados em qualquer ciclo, variando apenas o grau
TRANSVERSAIS NOS PARÂMETROS
de profundidade e abrangência com que serão
CURRICULARES NACIONAIS
trabalhados. O que servirá para diferenciar os
Os objetivos dos Temas Transversais conteúdos e sequenciá-los serão as questões
particulares de cada realidade, a capacidade
Ao lado do conhecimento de fatos e
cognitiva dos alunos e o próprio tratamento didático
situações marcantes da realidade brasileira, de
dado aos conteúdos das diferentes áreas. A
informações e práticas que lhe possibilitem
transversalidade possibilita ao professor desenvolver
participar ativa e construtivamente dessa
o trabalho com uma abordagem mais dinâmica e
sociedade, os objetivos do ensino fundamental
menos formalista.
apontam a necessidade de que os alunos se
tornem capazes de eleger critérios de ação TRATAMENTO DOS CONTEÚDOS POR
pautados na justiça, detectando e rejeitando a BLOCOS
injustiça quando ela se fizer presente, assim como
Os conteúdos de cada tema receberam um
criar formas não- violentas de atuação nas
tratamento por blocos, isto é, foram organizados de
diferentes situações da vida. Tomando essa ideia
forma a reunir os diversos conteúdos em função dos
central como meta, cada um dos temas traz
principais eixos de cada tema. Com isso, pretendeu-
objetivos específicos que os norteiam.
se garantir o equilíbrio e a coerência interna entre os
Os conteúdos dos Temas Transversais conteúdos, apresentando-os dentro de um contexto
que permita ao professor perceber as possíveis
Embora a transversalidade implique que os
articulações e inter-relações existentes entre eles e,
conteúdos dos Temas Transversais sejam
então, programá-los de acordo com a sua realidade.
contemplados pelas áreas e não configurem um
Assim, ainda que se incluam outros conteúdos, a
aprendizado à parte delas, todos os temas têm,
presença desses eixos em qualquer proposta pode
explicitados em seus documentos, o conjunto de
garantir que informações e discussões fundamentais
conceitos, procedimentos, atitudes e valores a
sejam contempladas.
serem ensinados e aprendidos. Com isso buscou-
se garantir que cada tema seja compreendido Avaliação
integralmente, isto é, desde sua fundamentação
Todos os Temas Transversais trazem um
teórica até sua tradução em elementos curriculares.
conjunto de conteúdos que, de acordo com a
Por um lado, para possibilitar que as proposta de transversalidade, fazem parte do ensino
equipes pedagógicas façam novas conexões entre de Língua Portuguesa, Matemática, História,
eles e as áreas e/ou outros temas; por outro lado, Geografia, Ciências Naturais, Arte e Educação
porque o trabalho didático com as áreas não é Física. Portanto, sua avaliação não é outra além da
suficiente para cobrir toda a demanda dos Temas que é feita nessas áreas.
Transversais. Há um sério trabalho educativo a ser
Entretanto, é preciso atentar para o fato de
feito no âmbito do convívio escolar e a
que a avaliação de valores, normas, atitudes e
especificação dos conteúdos de cada tema
procedimentos, que têm presença marcante entre os
favorece a reflexão e o planejamento desse
conteúdos dos Temas Transversais, é bastante difícil.
trabalho. Além disso o trabalho com questões
sociais exige que os educadores estejam Ao colocar a possibilidade da avaliação de
preparados para lidar com as ocorrências atitudes não se pode deixar de salientar os limites da

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
atuação da escola nessa formação. Vale lembrar convívio escolar ganha amplitude, a fim de tomar a
que a educação não pode controlar todos os fatores escola como espaço de atuação pública dos alunos.
que interagem na formação do aluno e não se trata
O ensino e a aprendizagem da participação
de impor determinados valores, mas de ser
têm como suporte básico a realidade escolar para o
coerente com os valores assumidos e de permitir
uso efetivo dos procedimentos aprendidos, para a
aos alunos uma discussão sobre eles.
promoção das capacidades que se quer desenvolver.
Embora se possa saber como, quando e Assim, devem ser eleitos métodos e atividades que
onde intervir e que essa intervenção produz ofereçam experiências de aprendizagem ricas em
mudanças, sabe-se também que tais mudanças situações de participação, nas quais os alunos
não dependem apenas das ações pedagógicas. As possam opinar, assumir responsabilidades, colocar-
atitudes das crianças não dependem unicamente da se, resolver problemas e conflitos e refletir sobre as
ação da escola, mas têm intrincadas implicações de consequências de seus atos. Situações que
natureza tanto psicológica quanto social, nas envolvam atividades como seminários, exposição de
relações de vida familiar e comunitária. Pode-se, trabalhos, organização de campanhas, monitoria de
entretanto, intencionalmente direcionar e grupos de estudos, eleição e desenvolvimento de
redirecionar a ação pedagógica em função dos projetos, etc. favorecem essa aprendizagem. No
objetivos e concepções definidas. Um papel mesmo sentido se apresenta a possibilidade de
essencial da avaliação será responder: “O que está conhecer instituições públicas e privadas existentes
sendo produzido com essa intervenção? Em que na comunidade para pedir e oferecer apoio ao
medida as situações de ensino construídas desenvolvimento de projetos conjuntos em Saúde,
favoreceram a aprendizagem das atitudes Meio Ambiente, Orientação Sexual, Pluralidade
desejadas?”. Cultural e Ética.
Em função disso, deve-se ter presente que É importante levar em consideração que a
a finalidade principal das avaliações é ajudar os participação deve ser dimensionada a partir dos
educadores a planejar a continuidade de seu limites de possibilidade dos alunos e da
trabalho, ajustando-o ao processo de seus alunos, complexidade das situações. Crianças pequenas
buscando oferecer-lhes condições de superar têm, em geral, maiores possibilidades de participar
obstáculos e desenvolver o autoconhecimento e a produtivamente em situações simples nas quais
autonomia — e nunca de qualificar os alunos. possam perceber com clareza as consequências de
sua intervenção. À medida que sua autonomia e sua
Capacidades como dialogar, participar e
capacidade de abstração e reflexão aumentam e seu
cooperar são conquistas feitas paulatinamente em
pensamento, capacidade de ação e sociabilidade se
processos nem sempre lineares, que necessitam
ampliam, podem tomar como desafio situações mais
ser reafirmados e retomados constantemente. A
complexas e de maior abrangência. A existência de
qualificação, ou rotulação dos alunos, seja negativa
grêmio estudantil ou de grupos de atividade
ou positiva, tende a estigmatizá-los, a gerar
extraclasse (como os de teatro, por exemplo)
comportamentos estereotipados e obstaculizar o
incentiva e fortalece a participação dos alunos e
desenvolvimento, além de ser uma atitude
amplia os limites da vida escolar.
autoritária e desrespeitosa.
Para garantir que as possibilidades de
ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS
participação se desenvolvam, é necessária uma
A formação da cidadania se faz, antes de intervenção sistemática dos professores, de forma
mais nada, pelo seu exercício. A escola possui planejada, que vá se transformando de acordo com o
condição especial para essa tarefa e os Temas desenvolvimento da autonomia dos alunos.
Transversais têm um papel diferenciado por tratar
Normas e regras
de assuntos diretamente vinculados à realidade e
seus problemas. Essa especificidade apresenta A colocação das regras de funcionamento e
algumas questões para a escola que deverão ser das normas de conduta, de forma clara e explícita, é
observadas. necessária ao convívio social na escola. Por outro
lado, o esclarecimento de sua função é essencial
Participação
para que os alunos percebam o significado de segui-
A participação é um princípio da las e não as tomem como questão de mera
democracia que necessita ser trabalhado: é algo obediência aos adultos. Entretanto, é preciso
que se aprende e se ensina. A escola será um lugar considerar que essa compreensão não acontece
possível para essa aprendizagem, se promover a espontaneamente e, portanto, deve ser objeto de
convivência democrática no seu cotidiano, pois ensino organizado e sistemático.
aprende-se a participar, participando. No entanto,
Uma das maneiras de favorecer a
se a escola negar aos alunos a possibilidade de
compreensão da natureza social das normas e regras
exercerem essa capacidade, estará, ao contrário,
é aprender a formulá-las no convívio escolar, dentro
ensinando a passividade, a indiferença e a
dos limites da instituição, enfatizando-as como
obediência cega. É aqui que a importância do
organização coletiva.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Da mesma forma, a discussão e a quer alcançar e formule claramente as etapas do
avaliação de normas estabelecidas e sua possível trabalho.
reformulação possibilitam aos alunos compreender
A organização das etapas do projeto deverá
seu caráter temporal e conjuntural. Entretanto, para
ser previamente planejada de forma a comportar as
que tenha sentido para os alunos, esse trabalho
atividades que se pretende realizar dentro do tempo
precisa estar contextualizado na vivência da
e do espaço que se dispõe. Além disso, devem ser
comunidade escolar, referindo-se a questões
incluídas no planejamento saídas da escola para
pertinentes ao trabalho pedagógico ou aos
trabalho prático, para contato com instituições e
problemas do cotidiano, fazendo com que os alunos
organizações. Deve-se ter em conta que essa forma
possam compreender os vários aspectos da
de organização dos conteúdos não representa um
instituição, perceber-se coparticipantes e aprender
aumento de carga horária ou uma atividade extra.
a tomar decisões considerando outros motivos além
de seus próprios.
Projetos
A organização dos conteúdos em torno de
projetos, como forma de desenvolver atividades de
ensino e aprendizagem, favorece a compreensão
da multiplicidade de aspectos que compõem a
realidade, uma vez que permite a articulação de
contribuições de diversos campos de
conhecimento.
Esse tipo de organização permite que se dê
relevância às questões dos Temas Transversais,
pois os projetos podem se desenvolver em torno
deles e ser direcionados para metas objetivas ou
para a produção de algo específico (como um
jornal, por exemplo). Professor e alunos
compartilham os objetivos do trabalho e os
conteúdos são organizados em torno de uma ou
mais questões.
Uma vez definido o aspecto específico de
um tema, os alunos têm a possibilidade de aplicar
os conhecimentos que já possuem sobre o assunto;
buscar novas informações e utilizar os
conhecimentos e os recursos oferecidos pelas
diversas áreas para dar um sentido amplo à
questão.
Para isso é importante que o professor
planeje uma série de atividades organizadas e
direcionadas para a meta preestabelecida, de forma
que, ao realizá-las, os alunos tomem,
coletivamente, decisões sobre o desenvolvimento
do trabalho (no caso de um jornal, por exemplo, os
assuntos que deverá conter, como se organizarão
para produzir as matérias, o que cada matéria
deverá abordar, etc.), assim como conheçam e
discutam a produção uns dos outros.
Ao final do projeto, seu resultado pode ser
exposto na forma de alguma atividade de atuação
no meio, isto é, de uso no âmbito coletivo daquilo
que foi produzido (seja no interior da classe, no
âmbito da escola ou fora dela). Assim, os alunos
sabem claramente o que e por que estão fazendo,
aprendem também a formular questões e a
transformar os conhecimentos em instrumento de
ação.
Para conduzir esse processo é necessário
que o professor tenha clareza dos objetivos que

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
de cenas assistidas na televisão, no cinema ou
narradas em livros etc.
A fonte de seus conhecimentos é múltipla,
Para que as crianças possam exercer sua
mas estes encontram-se, ainda, fragmentados. É no
capacidade de criar é imprescindível que haja
ato de brincar que a criança estabelece os diferentes
riqueza e diversidade nas experiências que lhes
vínculos entre as características do papel assumido,
são oferecidas nas instituições, sejam elas mais
suas competências e as relações que possuem com
voltadas às brincadeiras ou às aprendizagens que
outros papéis, tomando consciência disto e
ocorrem por meio de uma intervenção direta.
generalizando para outras situações.
A brincadeira é uma linguagem infantil que
Para brincar é preciso que as crianças
mantém um vínculo essencial com aquilo que é o
tenham certa independência para escolher seus
“não-brincar”. Se a brincadeira é uma ação que
companheiros e os papéis que irão assumir no
ocorre no plano da imaginação isto implica que
interior de um determinado tema e enredo, cujos
aquele que brinca tenha o domínio da linguagem
desenvolvimentos dependem unicamente da vontade
simbólica. Isto quer dizer que é preciso haver
de quem brinca.
consciência da diferença existente entre a
brincadeira e a realidade imediata que lhe forneceu Pela oportunidade de vivenciar brincadeiras
conteúdo para realizar-se. Nesse sentido, para imaginativas e criadas por elas mesmas, as crianças
brincar é preciso apropriar-se de elementos da podem acionar seus pensamentos para a resolução
realidade imediata de tal forma a atribuir-lhes novos de problemas que lhe são importantes e
significados. Essa peculiaridade da brincadeira significativos. Propiciando a brincadeira, portanto,
ocorre por meio da articulação entre a imaginação e cria-se um espaço no qual as crianças podem
a imitação da realidade. Toda brincadeira é uma experimentar o mundo e internalizar uma
imitação transformada, no plano das emoções e compreensão particular sobre as pessoas, os
das idéias, de uma realidade anteriormente sentimentos e os diversos conhecimentos.
vivenciada. O brincar apresenta-se por meio de várias
Isso significa que uma criança que, por categorias de experiências que são diferenciadas
exemplo, bate ritmicamente com os pés no chão e pelo uso do material ou dos recursos
imagina-se cavalgando um cavalo, está orientando predominantemente implicados.
sua ação pelo significado da situação e por uma Essas categorias incluem: o movimento e as
atitude mental e não somente pela percepção mudanças da percepção resultantes essencialmente
imediata dos objetos e situações. da mobilidade física das crianças; a relação com os
No ato de brincar, os sinais, os gestos, os objetos e suas propriedades físicas assim como a
objetos e os espaços valem e significam outra coisa combinação e associação entre eles; a linguagem
daquilo que aparentam ser. Ao brincar as crianças oral e gestual que oferecem vários níveis de
recriam e repensam os acontecimentos que lhes organização a serem utilizados para brincar; os
deram origem, sabendo que estão brincando. conteúdos sociais, como papéis, situações, valores e
atitudes que se referem à forma como o universo
O principal indicador da brincadeira, entre
social se constrói; e, finalmente, os limites definidos
as crianças, é o papel que assumem enquanto
pelas regras, constituindo-se em um recurso
brincam. Ao adotar outros papéis na brincadeira, as
fundamental para brincar.
crianças agem frente à realidade de maneira não-
literal, transferindo e substituindo suas ações Estas categorias de experiências podem ser
cotidianas pelas ações e características do papel agrupadas em três modalidades básicas, quais
assumido, utilizando-se de objetos substitutos. sejam, brincar de faz-de-conta ou com papéis,
considerada como atividade fundamental da qual se
A brincadeira favorece a auto-estima das
originam todas as outras; brincar com materiais de
crianças, auxiliando-as a superar progressivamente
construção e brincar com regras.
suas aquisições de forma criativa. Brincar contribui,
assim, para a interiorização de determinados As brincadeiras de faz-de-conta, os jogos de
modelos de adulto, no âmbito de grupos sociais construção e aqueles que possuem regras, como os
diversos. Essas significações atribuídas ao brincar jogos de sociedade (também chamados de jogos de
transformam-no em um espaço singular de tabuleiro), jogos tradicionais, didáticos, corporais etc.,
constituição infantil. propiciam a ampliação dos conhecimentos infantis
por meio da atividade lúdica.
Nas brincadeiras, as crianças transformam
os conhecimentos que já possuíam anteriormente É o adulto, na figura do professor, portanto,
em conceitos gerais com os quais brinca. Por que, na instituição infantil, ajuda a estruturar o campo
exemplo, para assumir um determinado papel numa das brincadeiras na vida das crianças.
brincadeira, a criança deve conhecer alguma de Consequentemente é ele que organiza sua base
suas características. Seus conhecimentos provêm estrutural, por meio da oferta de determinados
da imitação de alguém ou de algo conhecido, de objetos, fantasias, brinquedos ou jogos, da
uma experiência vivida na família ou em outros delimitação e arranjo dos espaços e do tempo para
ambientes, do relato de um colega ou de um adulto, brincar.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Por meio das brincadeiras os professores sua experiência real. Nesse sentido, o professor
podem observar e constituir uma visão dos precisa estar bastante atento aos conhecimentos
processos de desenvolvimento das crianças em prévios das crianças acerca de si mesmas e de sua
conjunto e de cada uma em particular, corporeidade.
registrando suas capacidades de uso das Outra orientação de atividades tem a ver com
linguagens, assim como de suas capacidades o reconhecimento dos sinais vitais e de sua
sociais e dos recursos afetivos e emocionais que alteração, como a respiração, os batimentos
dispõem. cardíacos, como também de sensações de prazer ou
A intervenção intencional baseada na desprazer que qualquer atividade física pode
observação das brincadeiras das crianças, proporcionar. Ouvir esses sinais, refletir, conversar
oferecendo-lhes material adequado, assim como sobre o que acontece quando se corre, ou se rola, ou
um espaço estruturado para brincar permite o se massageia um ao outro; pedir às crianças que
enriquecimento das competências imaginativas, registrem essas idéias utilizando desenhos ou outras
criativas e organizacionais infantis. linguagens pode garantir que continuem a
Cabe ao professor organizar situações para entender e se expressar pelo movimento de forma
que as brincadeiras ocorram de maneira harmoniosa.
diversificada para propiciar às crianças a O jogo no processo de aprendizagem
possibilidade de escolherem os temas, papéis,
objetos e companheiros com quem brincar ou os O brincar e o jogar são atos indispensáveis à
jogos de regras e de construção, e assim saúde física, emocional e intelectual e sempre
elaborarem de forma pessoal e independente suas estiveram presentes em qualquer povo desde os
emoções, sentimentos, conhecimentos e regras mais remotos tempo. Através deles, a criança
sociais. desenvolvem a linguagem, o pensamento, a
socialização, a iniciativa e a auto-estima, preparando-
É preciso que o professor tenha
se para ser um cidadão capaz de enfrentar desafios e
consciência que na brincadeira as crianças recriam
participar na construção de um mundo melhor. O
e estabilizam aquilo que sabem sobre as mais
jogo, nas suas diversas formas, auxilia no processo
diversas esferas do conhecimento, em uma
ensino-aprendizagem, tanto no desenvolvimento
atividade espontânea e imaginativa. Nessa
psicomotor, isto é, no desenvolvimento da
perspectiva não se deve confundir situações nas
motricidade fina e ampla, bem como no
quais se objetiva determinadas aprendizagens
desenvolvimento de habilidades do pensamento,
relativas a conceitos, procedimentos ou atitudes
como a imaginação, a interpretação, a tomada de
explícitas com aquelas nas quais os conhecimentos
decisão, a criatividade, o levantamento de hipóteses,
são experimentados de uma maneira espontânea e
a obtenção e organização de dados e a aplicação
destituída de objetivos imediatos pelas crianças.
dos fatos e dos princípios a novas situações que, por
Pode-se, entretanto, utilizar os jogos, sua vez, acontecem quando jogamos, quando
especialmente aqueles que possuem regras, como obedecemos a regras, quando vivenciamos conflitos
atividades didáticas. É preciso, porém, que o numa competição, etc. (CAMPOS)
professor tenha consciência que as crianças não
estarão brincando livremente nestas situações, pois Segundo PIAGET (1967)citado por , “o jogo
há objetivos didáticos em questão. não pode ser visto apenas como divertimento ou
brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece
Alguns jogos e brincadeiras de parque ou
o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e moral”.
quintal, envolvendo o reconhecimento do próprio
Através dele se processa a construção de
corpo, o do outro e a imitação, podem se
conhecimento, principalmente nos períodos sensório-
transformar em atividades da rotina. Bons exemplos
motor e pré-operatório. Agindo sobre os objetos, as
são “Siga o Mestre” e “Seu Lobo”3 , porque
crianças, desde pequenas, estruturam seu espaço e
propõem a percepção e identificação de partes do
seu tempo, desenvolvendo a noção de casualidade,
corpo e a imitação de movimentos.
chegando à representação e, finalmente, à lógica. As
Podem ser planejadas articulações com crianças ficam mais motivadas para usar a
outros eixos de trabalho, como, por exemplo, pedir inteligência, pois querem jogar bem, esforçam-se
que as crianças modelem parte do corpo em massa para superar obstáculos tanto cognitivos como
ou argila, tendo o próprio corpo ou o do outro como emocionais.
modelo. Essa possibilidade pode ser aprofundada,
se forem pesquisadas também obras de arte em O jogo não é simplesmente um “passatempo”
que partes do corpo foram retratadas ou esculpidas. para distrair os alunos, ao contrário, corresponde a
É importante lembrar que neste tipo de trabalho não uma profunda exigência do organismo e ocupa lugar
há necessidade de se estabelecer uma hierarquia de extraordinária importância na educação escolar.
prévia entre as partes do corpo que serão Estimula o crescimento e o desenvolvimento, a
trabalhadas. Pensar que para a criança “é mais coordenação muscular, as faculdades intelectuais, a
fácil” começar a perceber o próprio corpo pela iniciativa individual, favorecendo o advento e o
cabeça, depois pelo tronco e por fim pelos progresso da palavra. Estimula a observar e
membros, por exemplo, pode não corresponder à conhecer as pessoas e as coisas do ambiente em
que se vive. Através do jogo o indivíduo pode brincar
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
naturalmente, testar hipóteses, explorar toda a sua Para Vygotsky (1994) citado por OLIVEIRA,
espontaneidade criativa. O jogo é essencial para DIAS, ROAZZI (2003), o prazer não pode ser
que a criança manifeste sua criatividade, utilizando considerado a característica definidora do brinquedo,
suas potencialidades de maneira integral. É como muitos pensam. O brinquedo na verdade,
somente sendo criativo que a criança descobre seu preenche necessidades, entendendo-se estas
próprio eu (TEZANI, 2004). necessidades como motivos que impelem a criança à
ação. São exatamente estas necessidades que
O jogo é mais importante das atividades da
fazem a criança avançar em seu desenvolvimento.
infância, pois a criança necessita brincar, jogar,
criar e inventar para manter seu equilíbrio com o A brincadeira é alguma forma de divertimento
mundo. A importância da inserção e utilização dos típico da infância, isto é, uma atividade natural da
brinquedos, jogos e brincadeiras na prática criança, que não implica em compromissos,
pedagógica é uma realidade que se impõe ao planejamento e seriedade e que envolve
professor. Brinquedos não devem ser explorados só comportamentos espontâneos e geradores de prazer.
para lazer, mas também como elementos bastantes Brincando a criança se diverte, faz exercícios,
enriquecedores para promover a aprendizagem. constrói seu conhecimento e aprende a conviver com
Através dos jogos e brincadeiras, o educando seus amiguinhos.
encontra apoio para superar suas dificuldades de
A brincadeira transmitida à criança através de
aprendizagem, melhorando o seu relacionamento
seus próprios familiares, de forma expressiva, de
com o mundo. Os professores precisam estar
uma geração a outra, ou pode ser aprendida pela
cientes de que a brincadeira é necessária e que
criança de forma espontânea (MALUF,2003).
traz enormes contribuições para o desenvolvimento
da habilidade de aprender e pensar. (CAMPOS) É a ação que a criança desempenha ao
concretizar as regras de jogo, ao mergulhar na ação
Brinquedo, brincadeira e jogo
lúdica. Pode-se dizer que é o lúdico em ação. Dessa
Em todos os tempos, para todos os povos, forma brinquedo e brincadeira relacionam-se
os brinquedos evocam as mais sublimes diretamente com a criança e não se confundem com
lembranças. São objetos mágicos, que vão o jogo (KISHMOTO, 1994).
passando de geração a geração, com um incrível
Para a criança, a brincadeira gira em torno da
poder de encantar crianças e adultos. (VELASCO,
espontaneidade e da imaginação. Não depende de
1996)
regras, de formas rigidamente estruturadas. Para
Diferindo do jogo, o brinquedo supõe uma surgir basta uma bola, um espaço para correr ou um
relação intima com a criança e uma indeterminação risco no chão (VELASCO, 1996).
quanto ao uso, ou seja, a ausência de um sistema
Segundo VYGOTSKY, a brincadeira possui
de regras que organizam sua utilização.
três características: a imaginação, a imitação e a
(KISHIMOTO, 1994)
regra. Elas estão presentes em todos os tipos de
O brinquedo contém sempre uma referência brincadeiras infantis, tanto nas tradicionais, naquelas
ao tempo de infância do adulto com representações de faz-de-conta, como ainda nas que exigem regras
vinculadas pela memória e imaginações. O (BERTOLDO, RUSCHEL).
vocábulo “brinquedo” não pode ser reduzido à
A brincadeira não é um mero passatempo,
pluralidade de sentidos do jogo, pois conota a
ela ajuda no desenvolvimento das crianças,
criança e tem uma dimensão material, cultural e
promovendo processos de socialização e descoberta
técnica. Enquanto objeto, é sempre suporte de
do mundo (MALUF, 2003).
brincadeira.
O jogo pode ser visto como: resultado de um
O brinquedo é a oportunidade de
sistema linguístico que funciona dentro de um
desenvolvimento. Brincando, a criança
contexto social; um sistema de regras e um objeto.
experimenta, descobre, inventa, aprende e confere
habilidades. Além de estimular a curiosidade, a No primeiro caso, o sentido do jogo depende
autoconfiança e a autonomia, proporcionam o da linguagem de cada contexto social. Enquanto fato
desenvolvimento da linguagem, do pensamento e social, o jogo assume a imagem, o sentido que cada
da concentração e da atenção. sociedade lhe atribui. É este aspecto que nos mostra
porque, dependendo do lugar e da época, os jogos
O brinquedo traduz o real para a realidade
assumem significações distintas.
infantil. Suaviza o impacto provocado pelo tamanho
e pela força dos adultos, diminuindo o sentimento No segundo caso, um sistema de regras
de impotência da criança. Brincando, sua permite identificar, em qualquer jogo, uma estrutura
inteligência e sua sensibilidade estão sendo sequencial que especifica sua modalidade. Tais
desenvolvidas. A qualidade de oportunidade que estruturas sequenciais de regras permitem diferenciar
estão sendo oferecidas à criança através de cada jogo, ou seja, quando alguém joga, esta
brincadeiras e de brinquedos garante que suas executando as regras do jogo e, ao mesmo tempo,
potencialidades e sua afetividade se harmonizem. desenvolvendo uma atividade lúdica. O terceiro
sentido refere-se ao jogo enquanto objeto.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Os três aspectos citados permitem uma com o crescimento físico e desenvolvimento e, o que
primeira compreensão do jogo, diferenciando é mais importante, vai se socializando.
significados atribuídos por culturas diferentes, pelas
A convivência de forma lúdica e prazerosa
regras e objetos que o caracterizam.
com a aprendizagem proporcionará a criança
Através do jogo a criança: libera e canaliza estabelecer relações cognitivas às experiências
suas energias; tem o poder de transformar uma vivenciadas, bem como relacioná-la as demais
realidade difícil; propicia condições de liberação da produções culturais e simbólicas conforme
fantasia; é uma grande fonte de prazer. O jogo é, procedimentos metodológicos compatíveis a essa
por excelência, integrador, há sempre um caráter prática.
de novidade, o que é fundamental para despertar o
De acordo com Nunes, a ludicidade é uma
interesse da criança, e à medida em que joga ela
atividade que tem valor educacional intrínseco, mas
vai conhecendo melhor, construindo interiormente o
além desse valor, que lhe é inerente, ela tem sido
seu mundo. Esta atividade é um dos meios
utilizada como recurso pedagógico. Segundo Teixeira
propícios à construção do conhecimento.
1995 (apud NUNES), várias são as razões que levam
A importância do lúdico na os educadores a recorrer às atividades lúdicas e a
aprendizagem utilizá-las como um recurso no processo de ensino-
aprendizagem:
O lúdico tem sua origem na palavra latina
"ludus" que quer dizer "jogo”. Se se achasse • As atividades lúdicas correspondem a um
confinado a sua origem, o termo lúdico estaria se impulso natural da criança, e neste sentido,
referindo apenas ao jogar, ao brincar, ao satisfazem uma necessidade interior, pois o ser
movimento espontâneo. O lúdico passou a ser humano apresenta uma tendência lúdica;
reconhecido como traço essencial de psicofisiologia
• O lúdico apresenta dois elementos que o
do comportamento humano. De modo que a
caracterizam: o prazer e o esforço espontâneo.
definição deixou de ser o simples sinônimo de jogo.
As implicações da necessidade lúdica extrapolaram Ele é considerado prazeroso, devido a sua
as demarcações do brincar espontâneo. (ALMEIDA) capacidade de absorver o indivíduo de forma intensa
e total, criando um clima de entusiasmo. É este
O Lúdico apresenta valores específicos
aspecto de envolvimento emocional que o torna uma
para todas as fases da vida humana. Assim, na
atividade com forte teor motivacional, capaz de gerar
idade infantil e na adolescência a finalidade é
um estado de vibração e euforia. Em virtude desta
essencialmente pedagógica. A criança e mesmo o
atmosfera de prazer dentro da qual se desenrola, a
jovem opõe uma resistência à escola e ao ensino,
ludicidade é portadora de um interesse intrínseco,
porque acima de tudo ela não é lúdica, não é
canalizando as energias no sentido de um esforço
prazerosa. (NEVES)
total para consecução de seu objetivo. Portanto, as
Segundo PIAGET, o desenvolvimento da atividades lúdicas são excitantes, mas também
criança acontece através do lúdico. Ela precisa requerem um esforço voluntário;
brincar para crescer, precisa do jogo como forma de
• As situações lúdicas mobilizam esquemas
equilibração com o mundo (BARROS).
mentais. Sendo uma atividade física e mental, a
Para VITAL DIDONET “é uma verdade que ludicidade aciona e ativa as funções psico-
o brinquedo é apenas um suporte do jogo, do neurológicas e as operações mentais, estimulando o
brincar, e que é possível brincar com a imaginação. pensamento.
Mas é verdade, também, que sem o brinquedo é
Em geral, o elemento que separa um jogo
muito mais difícil realizar a atividade lúdica, porque
pedagógico de um outro de caráter apenas lúdico é
é ele que permite simular situações”. (BERTOLDO,
este: desenvolve-se o jogo pedagógico com a
RUSCHEL)
intenção de provocar aprendizagem significativa,
A ludicidade, tão importante para a saúde estimular a construção de novo conhecimento e
mental do ser humano é um espaço que merece principalmente despertar o desenvolvimento de uma
atenção dos pais e educadores, pois é o espaço habilidade operatória, ou seja, o desenvolvimento de
para expressão mais genuína do ser, é o espaço e uma aptidão ou capacidade cognitiva e apreciativa
o direito de toda a criança para o exercício da específica que possibilita a compreensão e a
relação afetiva com o mundo, com as pessoas e intervenção do indivíduo nos fenômenos sociais e
com os objetos. culturais e que o ajude a construir conexões.
(NUNES)
O lúdico possibilita o estudo da relação da
criança com o mundo externo, integrando estudos
específicos sobre a importância do lúdico na
formação da personalidade. Através da atividade
lúdica e do jogo, a criança forma conceitos,
seleciona idéias, estabelece relações lógicas,
integra percepções, faz estimativas compatíveis

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
que destaca o papel do educando.
As reflexões sobre o estado atual do
processo ensino-aprendizagem nos permite
identificar um movimento de ideias de diferentes
AVALIAÇÃO DO PROCESSO correntes teóricas sobre a profundidade do binômio
ENSINO‐APRENDIZAGEM ensino e aprendizagem. Entre os fatores que estão
provocando esse movimento podemos apontar as
Para se analisar os vários conceitos que contribuições da Psicologia atual em relação à
envolvem o processo ensino- aprendizagem é aprendizagem, que leva todos a repensar a prática
necessário ter-se em mente as diferentes épocas educativa, buscando uma conceptualização do
nas quais estes se desenvolveram, como também processo ensino- aprendizagem.
compreender sua mudança no decorrer da
história de produção do saber do homem. Apesar de tantas reflexões, a situação
atual da prática educativa das escolas ainda
O conceito de aprendizagem emergiu das demonstra a massificação dos alunos com pouca
investigações empiristas em Psicologia, ou seja, ou nenhuma capacidade de resolução de
de investigações levadas a termo com base no problemas e poder crítico-reflexivo, a padronização
pressuposto de que todo conhecimento provém dos mesmos em decorar os conteúdos, além da
da experiência. Ora, se o conhecimento provém dicotomia ensino-aprendizagem e do
de outrem, externo ao indivíduo, isto significa estabelecimento de uma hierarquia entre
afirmar o primado absoluto do objeto e considerar educador e educando.
o sujeito como uma tábula rasa, como um ser
vazio, sem saberes e com a função única de A solução para tais problemas está no
depositário de conhecimento. aprofundamento de como os educandos aprendem
e como o processo de ensinar pode conduzir à
Este conceito inicial é baseado no aprendizagem.
positivismo que influenciou diferentes
conhecimentos, entre eles o behaviorismo. Neste, Acrescenta-se ainda que a solução está
a aprendizagem se dá pela mudança de em partir da teoria e colocar em prática os
comportamento resultante do treino ou da conhecimentos adquiridos ao longo do tempo de
experiência. E se sustenta sobre os trabalhos dos forma crítica- reflexiva-laborativa: crítica e reflexiva
condicionamentos respondente e, posteriormente, para pensar os conceitos atuais e passados e
operante. identificar o que há de melhor; laborativa não só
para mudar como também para criar novos
Para refutar estes conceitos que conhecimentos.
determinam o ser humano como passivo e não
produtor, surge a Gestalt, racionalista. Neste “Para que se repensem as ciências
momento histórico não se fala em aprendizagem humanas e a possibilidade de um conhecimento
mas em percepção, posto que tal corrente não científico humanizado há que se romper com a
acredita no conhecimento adquirido, mas defende relação hierárquica entre teoria, prática e
o conhecimento como resultado de estruturas metodologia. Teoria e prática não se cristalizam,
pré-formadas, do biológico do indivíduo. mas se redimensionam, criam e são também
objetos de investigação. Nesse sentido, pesquisa
Por fim, há de se chegar à psicologia é a atividade básica da ciência na sua indagação
genética tendo como representantes nomes e construção da realidade. É a pesquisa que
como Piaget, Vygotsk e Wallon e que segundo alimenta a atividade de ensino/aprendizagem e a
Giusta, levam a uma concepção de atualiza”. (DIAS, 2001)
aprendizagem a partir do confronto e colaboração
do conhecimento destes três: empirismo, Paulo Freire apud DIAS diz que daí que
behaviorismo e gestáltico. seja tão fundamental conhecer o conhecimento
existente quanto saber que estamos abertos e
Atualmente, não só na área da educação aptos à produção do conhecimento ainda não
mas também em outras áreas, como a da saúde, existente. Ensinar, aprender e pesquisar lidam com
pensa-se no indivíduo como um todo – esses dois momentos do ciclo gnosiológico: o que
paradigma holístico. Parte-se de uma visão se ensina e se aprende o conhecimento já
sistêmica e portanto, amplia-se o conceito de existente e o em que se trabalha a produção do
educação, o conceito do processo de ensino- conhecimento ainda não existente. A dodiscência –
aprendizagem. docência-discência – e a pesquisa,
O processo de ensino-aprendizagem tem indicotomizáveis, são assim práticas requeridas por
sido historicamente caracterizado de formas estes momentos do ciclo gnosiológico.
diferentes que vão desde a ênfase no papel do Pensar nesse processo ensino-
professor como transmissor de conhecimento, até aprendizagem de forma dialética associando-se à
as concepções atuais que concebem o processo pesquisa, promove a formação de novos
de ensino-aprendizagem com um todo integrado conhecimentos e traz a idéia de seres humanos

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
como indivíduos inacabados e passíveis de uma Lembrando que o processo ensino-
curiosidade crescente – aqui considerada como aprendizagem ocorre a todo momento e em
uma curiosidade epistemológica, uma capacidade qualquer lugar questiona-se então neste processo,
de refletir criticamente o aprendido – capaz de qual o papel da escola? Como deve esta deve ser
levar a um continuum no processo ensinar- considerada? E qual o papel do professor?
aprender.
É função da escola realizar a mediação
No processo pedagógico alunos e entre o conhecimento prévio dos alunos e o
professores são sujeitos e devem atuar de forma sistematizado, propiciando formas de acesso ao
consciente. Não se trata apenas de sujeitos do conhecimento científico. Nesse sentido os alunos
processo de conhecimento e aprendizagem, mas caminham, ao mesmo tempo, na apropriação do
de seres humanos imersos numa cultura e com conhecimento sistematizado, na capacidade de
histórias particulares de vida. O aluno que o buscar e organizar informações, no
professor tem à sua frente traz seus desenvolvimento de seu pensamento e na
componentes biológico, social, cultural, afetivo, formação de conceitos. O processo de ensino
linguístico entre outros. Os conteúdos de ensino deve, pois, possibilitar a apropriação dos
e as atividades propostas enredam-se nessa conteúdos e da própria atividade de conhecer.
trama de constituição complexa do indivíduo.
A escola é um palco de ações e reações,
O processo de ensino-aprendizagem onde ocorre o saber-fazer. É constituída por
envolve um conteúdo que é ao mesmo tempo características políticas, sociais, culturais e críticas.
produção e produto. Parte de um conhecimento Ela é um sistema vivo, aberto. E como tal, deve ser
que é formal (curricular) e outro que é latente, considerada como em contínuo processo de
oculto e provém dos indivíduos. desenvolvimento influenciando e sendo
influenciada pelo ambiente, onde existe um
Todo ato educativo depende, em grande
feedback dinâmico e contínuo.
parte, das características, interesses e
possibilidades dos sujeitos participantes, alunos, É neste ambiente de produções e produto
professores, comunidades escolares e demais que se insere o professor, o educador, não como
fatores do processo. Assim, a educação se dá na um indivíduo superior, em hierarquia com o
coletividade, mas não perde de vista o indivíduo educando, como detentor do saber-fazer, mas
que é singular (contextual, histórico, particular, como um igual, onde o relacionamento ente ambos
complexo). Portanto, é preciso compreender que concretiza o processo de ensinar-aprender.
o processo ensino-aprendizagem se dá na
O papel do professor é o de dirigir e
relação entre indivíduos que possuem sua
orientar a atividade mental dos alunos, de modo
história de vida e estão inseridos em contextos de
que cada um deles seja um sujeito consciente,
vida próprios.
ativo e autônomo. É seu dever conhecer como
Pela diversidade individual e pela funciona o processo ensino-aprendizagem para
potencialidade que esta pode oferecer à descobrir o seu papel no todo e isoladamente. Pois,
produção de conhecimento, conseqüentemente além de professor, ele será sempre ser humano,
ao processo de ensino e aprendizagem, pode-se com direitos e obrigações diversas.
entender que há necessidade de estabelecer
Pensar no educador como um ser humano
vínculos significativos entre as experiências de
é levar à sua formação o desafio de resgatar as
vida dos alunos, os conteúdos oferecidos pela
dimensões cultural, política, social e pedagógica,
escola e as exigências da sociedade,
isto é, resgatar os elementos cruciais para que se
estabelecendo também relações necessárias
possa redimensionar suas ações no/para o mundo.
para compreensão da realidade social em que
vive e para mobilização em direção a novas Ainda no processo da história da produção
aprendizagens com sentido concreto. do saber, permanece na atualidade o desafio de
tornar as práticas educativas mais condizentes com
Pensar cada indivíduo como um
a realidade, mais humanas e, com teorias capazes
contribuinte no processo de ensinar-aprender é
de abranger o indivíduo como um todo,
participar da colocação de Giusta sugerindo que
promovendo o conhecimento e a educação.
se deve superar a dicotomia transmissão x
produção do saber levando a uma concepção CONCEPÇÕES DE AVALIAÇÃO
de aprendizagem que permite resgatar:
Existem diferentes concepções de avaliação,
a) a unidade do conhecimento, através de dependendo da ênfase que se faz necessária. A
uma visão da relação sujeito/objeto, em que se avaliação informal é natural, espontânea, corriqueira
afirma, ao mesmo tempo, a objetividade do e assistemática. Essa avaliação é realizada por
mundo e a subjetividade; qualquer pessoa sobre qualquer atividade humana.
Não é apropriada para se avaliar instituições ou
b) a realidade concreta da vida dos
ações de grande impacto social.
indivíduos, como fundamento para toda e
qualquer investigação.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Quando se necessita avaliar instituições ou Concepção de aprendizagem, avaliação e
ações, caracterizadas por programas, planos, prática educativa
projetos ou políticas, há necessidade de lançar mão
CONCEPÇÃO DE APRENDIZAGEM
da avaliação formal ou sistemática, para entender
todas as extensões e conseqüências do que é Planejar, facilitar e avaliar a aprendizagem
avaliado de maneira global, contextualizada, com
Ao versarmos sobre a aprendizagem, seja
perspectivas a estimular seu aprimoramento.
formal ou não, devemos tratar da principal
A avaliação educacional é feita através de capacidade humana que é o pensar. É por meio do
situações de aprendizagem, buscando a aquisição intelecto que o ser humano tem a capacidade de
de novo conhecimento, atitudes ou habilidades.A compreender e interagir com a realidade, criar
avaliação emancipatória tem como compromisso significados para fatos, acontecimentos, e a partir
fazer com que as pessoas envolvidas em uma daí, ser capaz de dar um significado à sua vida.
ação, realizem e executem a sua própria história e
A aprendizagem pode ser entendida como
escolham as suas ações de maneira libertadora.
processo de desenvolvimento da aptidão física,
Há três momentos no processo avaliativo: intelectual e moral da criança e do ser humano em
descrição da realidade, crítica da realidade e geral, visando à sua melhor integração individual e
criação coletiva. A avaliação pode ser diagnóstica, social. Transpor o senso comum à consciência
quando se realiza antes da tomada de decisão, filosófica denota passar de uma concepção
processual, quando é desenvolvida durante a fragmentária, incoerente e desarticulada a uma
implementação da ação que está sendo avaliada, concepção unitária, coerente e ativa. Portanto, senso
global, quando se realiza no final da prática, no comum e consciência filosófica foram caracterizados
sentido da formulação, assim como no dos por conceitos mutuamente contrapostos, de modo
resultados e conseqüências da atividade avaliada. que seja capaz de dispor os seguintes pares
antinômicos: fragmentário e unitário; incoerente e
Há também as avaliações operacionais,
coerente; desarticulado e articulado; implícito e
quando buscam a descrição do processo avaliativo
explícito; degradado e original; mecânico e
e finalísticas, quando centradas na intenção da
intencional; passivo e ativo; simplista e cultivado.
avaliação. O objetivo da avaliação em políticas
(SAVIANI, 1986, p. 10).
públicas é conhecer seus eixos positivos, enumerar
suas falhas e insuficiências, buscando sempre seu Para que a construção de uma nova proposta
aprimoramento ou replanejamento do processo.A pedagógica nas instituições de ensino seja uma
avaliação constitui parte integrante do programa de realidade fica claro a necessidade do
desenvolvimento de políticas públicas, permitindo comprometimento de todos aqueles que estão
uma investigação sistemática da realização da ligados ao processo de ensino-aprendizagem, a fim
função social, e através da tomada de decisão de garantir a formação do aluno de modo a contribuir
concretiza os objetivos dos grupos sociais a que se para a sua transformação como ser humano.
destina.
A atuação do professor em relação à
Diante de todas as considerações aprendizagem pode ser resumida em três
proporcionadas acerca do papel e da importância competências básicas: planejar a aprendizagem,
da avaliação, apontamos que deve ser vinculada à facilitar a aprendizagem e avaliar a aprendizagem.
concepção de mundo e de sociedade, sendo um
Planejar a aprendizagem:
processo de obtenção de informação quepermite a
emissão de ponderações e colabora para a tomada Manter-se atualizado e em sintonia com as
de decisões. tendências didáticas pedagógicas; Estabelecer
objetivos realistas e precisos; Correlacionar
Há uma preponderância do aspecto de
conteúdos às necessidades e a realidade; Organizar
verificação dos resultados, com vistas à valorização
das tomadas de decisões a partir dos dados sequencialmente os conteúdos às necessidades e à
pesquisados. A eficiência de uma avaliação em realidade da empresa; Propor ações coerentes aos
objetivos e aos conteúdos; Dimensionar recursos
política pública está integrada à relação entre o
adequados às atividades propostas; Definir
esforço para implementá-la e os resultados
estratégias de avaliação; Registrar
alcançados. Uma avaliação é considerada eficiente
esquematicamente sua proposta educativa, abrindo
quando é útil e oportuna, sendo realizada em tempo
hábil; é ética, sendo realizada com critérios justos e espaço para ajustes.
apropriados e é precisa, quando se emprega Facilitar a aprendizagem:
método adequado.
Manter o foco de sua ação no colaborador
Infelizmente, as políticas públicas (em suas características e necessidades) e na
elaboradas pelo governo são compensatórias, e aprendizagem; Observar as ações dos profissionais;
buscam basicamente corrigir as desigualdades e Identificar as melhores ações para viabilizar a
demandas mais urgentes. aprendizagem; Estimular o trabalho independente
dos profissionais e valoriza iniciativas; Conduzir o
processo estimulando a autoaprendizagem; Fazer
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
parte de situações-problema que sejam concretas, comparação a prática reflexiva pautada na tutoria
visando à facilitação da aprendizagem; Usar opõe-se ao desenvolvimento de uma práxis reflexiva.
situações do cotidiano do grupo para possibilitar a
O professor reflexivo permite-se ser
(re)construção do conhecimento; Associar teoria,
surpreendido pelo que o aluno faz. A posteriori,
prática e vivência empresarial; Criar estratégias da
reflete sobre esse fato, ou seja, pensa sobre aquilo
ação adequada ao assunto, às características e aos
que o aluno disse ou fez e, simultaneamente, procura
interesses dos profissionais; Fornecer informações
compreender a razão por que foi compreendido. Em
práticas; Discutir soluções apresentadas pelos
um terceiro momento, procura reformular o problema
profissionais; Rever suas ações; orientar a
gerado pela situação. Considera-se em um quarto
elaboração de análise e sínteses; O bservar e
momento, a efetivação de uma experiência para
analisa criticamente resultados em todas as etapas
testar uma nova tarefa e a hipótese que formulou
do processo; Comunicar-se e interagir com os
sobre o modo de pensar do aluno.
funcionários, objetivando a efetiva construção do
conhecimento; Falar com desenvoltura e clareza; Esse processo de reflexão na ação exige
ouvir com atenção; agir como mediador nas maturidade, responsabilidade com o processo e,
discussões, exercendo liderança nos momentos de acima de tudo com o aprendizado do aluno, logo,
impasse e/ou dispersão; Manter o foco de atenção exige do docente refletir sobre a reflexão na ação.
no tema; Estimular a interação entre todos os
Para Antonio Nóvoa apud (NEVES, 2007): "A
participantes do processo educativo; Estimular o
troca de experiências e a partilha de saberes
pensamento crítico, a argumentação coerente e a
consolidam espaços de formação mútua, nos quais
tomada de decisão em grupos; Explorar
adequadamente materiais didáticos e recursos cada professor é chamado a desempenhar,
audiovisuais; Seleciona o(s) recurso(s) simultaneamente, o papel de formador e de
formando."
audiovisual(is) de acordo com a atividade a ser
desenvolvida. Essa deve ser a tônica do ensino-
Avaliar a aprendizagem: aprendizagem nesse século XXI a articulação entre o
professor e seus estudantes como atores e autores
Estabelecer cooperativamente com os no desenvolvimento de novos saberes, que
profissionais, critérios para avaliação da possibilitem "os alunos trabalharem os
aprendizagem; Observa atentamente as ações dos conhecimentos científicos e tecnológicos,
profissionais; Avaliar a aprendizagem dos desenvolvendo habilidades para operá-los, revê-los e
profissionais de forma constante e variada, sempre reconstruí-los com sabedoria." (PIMENTA, 2002, p.
sob o enfoque diagnóstico; Comparar os resultados 81).
com os objetivos definidos; Analisar os resultados
com os profissionais; Propor alternativas para O processo ensino-aprendizagem possui um
viabilizar a aprendizagem; Criar condições para a caráter dinâmico que exige de todos os profissionais
do ensino ações direcionadas ao aprofundamento e a
autoavaliação de todos os envolvidos no processo
ampliação dos significados para os alunos, baseadas
ensino-aprendizagem.
na visão participativa nas atividades de ensino-
COMO SABER QUE SEU ALUNO ESTÁ aprendizagem.
APRENDENDO?
Nesse contexto o ensino pode ser entendido
Na maioria das instituições de ensino os como um conjunto de atividades com característica
currículos escolares ainda são organizados em sistêmica, cuidadosamente planejada, em torno de
torno de um conjunto de disciplinas visivelmente conteúdos e formas que se articulam entre si e, nas
diferentes e isolados de um contexto, dominadas quais professores e alunos compartilham fragmentos
por um conjunto de regras, protocolos, cada vez maiores de significados com relação ao
procedimentos escolares inadequados, cujos papel exercido pela escola.
conteúdos se organizam a partir de uma estrutura
rigidamente estabelecida, descaracterizada das O professor, acima de tudo, deve ter uma
visão pluralista reconhecendo aspectos particulares
experiências dos alunos e pautada na preparação
de cada aluno e as diversas formas da cognição,
para a lógica dos pré-requisitos.
reconhece também que as pessoas têm capacidades
Não se trata aqui de abandonar a utilização distintas para adquirir conhecimentos e estilos
da técnica na prática docente, mas, com certeza, diferentes de aprendizagem.
haverá momentos na sala de aula em que o
professor estará em situações conflitantes e ele não O agente de transformação, nesse caso, o
professor precisa entender que só a exposição, a
deverá pautar-se apenas nos critérios técnicos pré-
cobrança e a recompensa é um processo
estabelecidos.
desassociado da realidade. Logo, a sala de aula deve
Diante as situações conflitantes que os tornar-se laboratório de idéias, onde o debate e a
professores são obrigados a enfrentar exige um negociação deve ser uma constante, representando a
profissional competente, acima de tudo a realidade.
capacidade de autodesenvolvimento reflexivo,
sendo assim, a lógica da racionalidade técnica em
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
As salas de aula devem ser entendidas deve rever periodicamente o currículo, o plano de
como um espaço de conhecimento compartilhado, curso, o planejamento das aulas, as estratégias, os
os professores e os alunos devem ser vistos como métodos e os saberes pedagógicos e práticos que
indivíduos capazes de construir, modificar e agregar possibilitem atingir os resultados esperados.
ideias, interagindo com outras pessoas, deixando
A avaliação é um processo que deve ser
claros os objetos e situações que exijam o pensar e
construído na sala de aula, pois ela deve ser
reflexão a respeito de procedimentos, instrumentos
diagnóstica, formativa, emancipadora, ela deverá
de aprendizagem e avaliação dos problemas que
necessariamente contribuir para o desenvolvimento
têm que superar.
do aluno, não se limitando apenas como instrumento
É incontestável a importância da para formalizar e legitimar uma nota classificatória.
intervenção e mediação do professor no conjunto
EXEMPLOS DA PRÁTICA EDUCATIVA
dos papéis relativos ao ensino-aprendizagem,
agregando um processo de avaliação que A ráxis pedagógica em sala de aula é
possibilite os alunos realizar e resolver problemas, pautada pela prática pedagógica reflexiva que me
criando condições para desenvolverem desafia a buscar uma coerência entre as finalidades
competências e conhecimentos. e ações, do mesmo modo que permite uma ação
pedagógica mais crítica, num exercício que combine
O professor deve guiar suas ações e suas
razão e paixão, buscando ser mais justa e ética.
avaliações para que o aluno participe de tarefas e
atividades que o façam se aproximar cada vez mais A tarefa não é fácil, pelo contrário, é árdua. E
das suas experiências e necessidades. investigar a própria prática, examinar com severidade
e coerência a nossa atuação, avaliar nossas
O primeiro passo para a aplicabilidade da
percepções, mas é uma tarefa que nos permite levar
aprendizagem transformacional, consiste em
a cabo não apenas a disciplina prática do que
estarmos atentos ao desenvolvimento das
ensinamos, contudo nos permite refletir e pautar
habilidades. Por exemplo, se os alunos têm
todos os momentos do nosso processo de ensino e
dificuldades em relação à interpretação de textos ou
aprendizagem.
não fazem razoáveis conclusões, não sendo
capazes de identificar similaridades e diferenças e Entendo que a reflexão é um
apresentando conclusões desvinculadas do ponto empreendimento colaborativo, buscando
central. O que fazer? Devemos centrar aí a nossa compreender os limites, as ações e os resultados de
ação educativa no desenvolvimento dessas sua prática, das condições aonde trabalha, da
habilidades e a partir daí possibilitar a aquisição de elaboração e reinterpretação dos currículos, do
novas competências. processo de ensino e aprendizagem, das relações
entre pensamento e ação, individuo e sociedade.
A avaliação deve ser entendida enquanto
processo, não devendo ser baseada em um único A preocupação primaz da avaliação é o
instrumento, nem circunscrito a um único momento, crescimento do aluno em relação as suas próprias
pois somente uma ampla multiplicidade de recursos expectativas e aos objetivos que são propostos pelo
de avaliação poderá apontar caminhos adequados professor.
para a manifestação de múltiplas inteligências,
Avaliar o aluno somente por meio de provas
fornecendo condições para que o professor possa
analisar e tomar as decisões e providências mais vem sendo demonstrado ao longo de anos que esse
apropriadas a cada um dos alunos. processo de aprendizagem leva a distorção e a
acumulação de conteúdos, pois avaliar não é tarefa
Desta forma, a investigação, a autocorreção simples, mas é um processo que demanda coragem,
e a metacognição (qual o objetivo da busca do responsabilidade compromisso, comprometimento e
conhecimento) devem estar presentes no dia a dia amor à profissão acima de tudo.
do professor.
Instrumentos de avaliação utilizados:
Essa nova postura avaliativa passa a não
unicamente do professor, mas a todos os Aulas expositivas buscando o diálogo e
promovendo debates.
envolvidos no processo, motivando-os a descobrir e
a percorrer os procedimentos do pensar e os Utilização de livro texto, artigos de jornais e
caminhos do conhecimento. revistas nacionais e internacionais.
O professor tem de estabelecer claramente Apresentação de trabalhos individuais e em
os objetivos ao preparar suas aulas, analisando os grupo com a finalidade de desenvolver no aluno a
conteúdos curriculares propostos se alinham ao análise (diagnóstico), planejamento e ação (a tomada
projeto pedagógico institucional e verificar se são de decisão), por meio de:
relevantes para o contexto de seus alunos.
1. Análise situacional com a apresentação.
O professor deve, deliberadamente, voltar
suas ações para a promoção do ensino- 2. Apresentação expositiva do arcabouço
aprendizagem em um ritmo capaz de garantir, a teórico:
todos, um nível bom de desempenho, para tanto, - Aulas expositivas e dialogadas,
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Textos; FUNÇÕES DA AVALIAÇÃO
- Apresentações; Durante os últimos anos a educação tem
passado por muitas transformações, em toda a sua
- Apostilas;
estrutura curricular e metodológica, muitas destas
- Utilização de livro texto (bibliografia básica mudanças se dão decorrentes aos avanços
de acordo com o plano de ensino) tecnológicos que acontecem no campo científico e
político-social. No ambiente escolar o educador
3. Simulação situacional (empresarial,
assume o papel de mediador, onde ele tenta seguir
conjuntura econômica nacional e internacional).
estas novas tecnologias, buscando sempre o
4. Discussão em pequenos grupos. caminho correto para acompanhar estes avanços, de
acordo com a sua realidade local.
5. Socialização do conteúdo discutido nos
grupos (seminários, apresentação individual). Assim como as transformações curriculares,
estão acontecendo é hora de revermos o conceito de
6. Discussão geral entre todos os alunos e avaliação. O ato de avaliar sugere a coleta e a
mediada pelo professor (após exposições do análise de dados que tem por objetivo configurar o
professor, apresentações individuais e seminários novo formato de avaliação. Este novo olhar para a
realizados pelos alunos). avaliação não se constituí de matéria pronta, pois o
7. Leitura, análise de texto relacionado à professor deve utilizar diversas técnicas e
disciplina e a apresentação por escrito do aluno, instrumentos variados, para que assim ele consiga
quanto ao entendimento e a argumentação sobre o diagnosticar o começo, o durante e o termino do
assunto tratado no texto. processo avaliativo, onde cada educando assume
sua identidade. Agora a avaliação não possui mais o
8. Avaliações docentes privilegiando caráter de aprovar ou reprovar um estudante, ela tem
questões dissertativas por finalidade apontar falhas, e auxiliar o professor
Principais competências a desenvolver: em sua didática, pois o aluno passa de um ser
passivo para um ser dinâmico que ajuda na
1. Entender a importância da percepção na construção do conhecimento.
tomada de decisões e como estas são realmente
tomadas dentro das organizações. Diante deste novo cenário da educação, que
vem se transformando a cada dia, não podemos
2. Adquirir os conhecimentos que regem a esquecer as três funções da avaliação, que segundo
ligação entre a percepção e a tomada de decisões. os estudos de Bloom (1993), se divide em Função
3. Adquirir uma visão crítica sobre a ética Diagnóstica (analítica), Função Formativa
no processo decisório. (controladora) e Função Somativa (classificatória),
que tem como objetivo direcionar e aprimorar o
4. Entender como se desenvolvem as trabalho na sala de aula.
questões das decisões financeiras em condições de
risco. Quando discutimos o termo em avaliar, logo
associamos com a realização de provas, atribuição
Principais habilidades a desenvolver: de notas e até mesmo reprovar ou aprovar um aluno.
1. Utilizar os conhecimentos teóricos Algumas vezes a avaliação é entendida como a
inerentes ao processo da tomada de decisões no simples transmissão e memorização de informações
âmbito organizacional. previamente prontas, onde o aluno é visto como um
ser paciente e receptivo. Atualmente em uma
2. Recorrer aos conceitos disponíveis para concepção pedagogia mais moderna a educação é
a gestão das habilidades requeridas no processo de entendida como uma troca, onde as vivencias dos
percepção e tomadas de decisão no âmbito alunos é introduzida no ambiente escolar, para ser
institucional, independentemente do segmento de agregando desenvolvimento de cada ser. Com estas
negócio instituído. técnicas de ensino o educando passa a ser ativo e
3. Discernir e realizar uma tomada de dinâmico, que participa ativamente na construção do
decisão em suas diversas nuanças. seu próprio conhecimento e ajuda a incutir valores e
transmitir experiências á seus colegas educadores.
Procedimentos de fixação/avaliação:
A avaliação pode ser entendida como um
A avaliação será contínua e processual processo de ensino e aprendizagem, que deve ser
observando-se aspectos relacionados à ampliação realizada de forma continua e sistemática na escola,
da capacidade do aluno em estabelecer relações que deve ter como o principal objetivo diagnosticara
entre as informações apresentadas e, situação de aprendizagem que se encontra cada
conseqüentemente, o desenvolvimento da sua aluno em relação ao currículo que está sendo
capacidade em relacionar a sua potencialidade em trabalhado, porém não se deve priorizar apenas
gerenciar e liderar processos e equipes. resultados, mas sim investigar, interrogar e buscar
identificar os conhecimentos construídos e as
dificuldades que cada educando apresenta.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Com o processo de avaliação, que é opor isso mesmo, a avaliação cria a base para a
aplicada durante todo o período escolar, surge tomada de decisão, que é o meio de encaminhar os
então o erro, e este é como uma ferramenta que atos subsequentes, ma perspectiva de busca de
ajuda a indicar como o aluno está relacionando os maior satisfatoriedade nos resultados?. (LUCKESI
conhecimentos que de certa forma já possui, com 2003, p. 176).
os que vão sendo adquiridos, e esta intervenção é
A sociedade precisa se conscientizar que
necessária para que aconteça o processo de
aspectos não são notas, mas sim, registros de
construção e reconstrução de cada indivíduo. Toda
acompanhamento do caminhar de cada do aluno,
a resposta que o aluno mostra durante o processo
pois sendo este, bem orientado, saberá sem dúvidas
de aprendizagem, sendo esta certa ou errada, é a
dizer quais são seus pontos fortes, o que aprendeu
forma dele expressar os conhecimentos que já
durante a aprendizagem o que ainda precisa
foram adquiridos e um ponto de partida para o
construir e precisa melhorar. Assim também, é
recomeço.
possível desenvolve a noção de responsabilidade e
Neste contexto a avaliação assume uma atitude crítica. Para que isso aconteça é preciso
diversos papéis, pois os resultados obtidos pelos os criar oportunidades para que ele pratique a
alunos durante a aprendizagem, e nos mais autoavaliação, começando pela apreciação de si
diferentes momentos dos trabalhos, estão mesmo, onde ele tenha consciência de seus erros e
diretamente ligados aos procedimentos de ensino acertos, e que assim assuma a responsabilidade por
utilizados pelo o educador. A verificação e a todos seus atos.Neste modelo, surge a necessidade
qualificação dos resultados obtidos durante todo o que o professor troque ideias, mantenha um dialogo,
processo de ensino e aprendizagem das unidades escute as diferentes opiniões, pois quando o aluno
trabalhadas visam sempre diagnosticar e superar sofre com o insucesso, também fracassa o educador.
dificuldades encontradas em cada processo, bem As escolas deveriam inutilizar do dicionário a palavra
como, corrigir falhas e estimular os alunos para que fracasso, pois a finalidade não é o aluno tirar
continuem dedicando-se ao estudo. Também excelentes notas e sim que ele construa seu
podemos dizer que o aproveitamento de cada aluno conhecimento, já que por sua vez ainda permanece o
reflete, em grande parte, a didática de cada conceito de nota, que ela possa ser utilizada
professor apresenta. Esta temática pode ser realmente como um identificador para o professor da
observada no decorrer do ano quando temos, por necessidade de retomar a sua prática pedagógica.
exemplo, alguma substituição de professor, ou até
Repensar o conceito de avaliação é rever as
mesmo o fato do conteúdo que está sendo
concepções de ensino aprendizagem, de educação,
apresentado á turma no momento, este fato fica
onde ela passe a se apoiar em princípios e valores
claro quando a maioria da turma tem um
comprometidos em primeiro lugar com o aluno.
desempenho ruim durante uma ou mais avaliação.
Quando esta temática for colocada em prática à
Dessa maneira, a avaliação fornece avaliação será vista como transformadora da
informações muito importantes, que nos possibilita realidade escolar.
verificar diretamente o nível de aprendizagem de
De acordo com os estudos de Bloom (1993)
cada aluno e também, indiretamente, determinar a
a avaliação do processo ensino-aprendizagem,
qualidade do processo de ensino e,
apresenta três tipos de funções: diagnóstica
consequentemente, o sucesso do trabalho docente.
(analítica), formativa (controladora) e somativa
Nesse sentido, podemos dizer que a avaliação
(classificatória).
assume a função de feedback dos procedimentos
de ensino-aprendizagem, ou seja, fornece dados ao a) A avaliação diagnóstica (analítica) é
professor para que ele possa repensar e até , se for adequada para o inicio do o período letivo, pois
preciso, replanejar sua didática tendo como permite conhecer a realidade na qual o processo de
principal objetivo o aperfeiçoamento de cada aluno ensino-aprendizagem vai acontecer. O professor tem
e buscando sempre melhores resultados. como principal objetivo verificar o conhecimento
prévio de cada aluno, tendo como finalidade de
Antigamente a avaliação possuía um
constata os pré-requisitos necessários de
caráter seletivo, porque era vista como uma
conhecimento ou habilidades imprescindíveis de que
maneira de promover o aluno de uma série para
os estudantes possuem para o preparo de uma nova
outra. Hoje, a avaliação assume novas funções, ela
etapa de aprendizagem.
é um meio de diagnosticar e de verificar em que
medida os objetivos propostos estão sendo "Para que a avaliação diagnóstica seja
atingidos, logo, a avaliação assume uma dimensão possível, é preciso compreendê-la e realizá-la
orientadora. comprometida com uma concepção pedagógica. No
caso, considerarmos que ela deva estar
No que se refere às funções da avaliação
comprometida com uma proposta pedagógica
da aprendizagem, importa ter presente que ela
histórico-crítica, uma vez que esta concepção está
permite o julgamento e a consequente
preocupada com a perspectiva de que o educando
classificação, mas essa não é a sua função
deverá apropriar-se criticamente de conhecimentos e
constitutiva. É importante estar atento à sua função
habilidades necessárias à sua realização como
ontológica (constitutiva), que é de diagnostico, e,
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
sujeito crítico dentro desta sociedade que se que a maioria dos alunos alcance plenamente todos
caracteriza pelo modo capitalista de produção. A os objetivos propostos.
avaliação diagnostica não se propõe e nem existe
Por depender mais da sensibilidade e do
uma forma solta isolada. É condição de sua
olhar técnico do educador, esse formato de avaliação
existência e articulação com uma concepção
fornece mais informações que permitem a
pedagógica progressista". (LUCKESI 2003, p.82).
customização do trabalho do professor com base nas
Esta forma de avaliação é utilizada necessidades de cada aluno. Nesse sentido a
objetivando pré-determinar a maneira pela qual o avaliação é um instrumento de controle da qualidade,
educador deverá encaminhar, através do tendo como maior objetivo um ensino de excelência
planejamento, a sua ação educativa. Terá como em todos os níveis.
função estabelecer os limites para tornar o
c) A avaliação somativa (classificatória),
processo de aprendizagem mais eficiente e eficaz.
tem como função básica a classificação dos alunos,
Esta didática pode ser considerada como o ponto
sendo realizada ao final de um curso ou unidade de
de partida para todo trabalho a ser desenvolvido
ensino. Classificando os estudantes de acordo com
durante o ano pelo educador.
os níveis de aproveitamento previamente
Esta forma de avaliação pode ser utilizada estabelecidos.
antes e durante o processo ensino-aprendizagem,
Atualmente a classificação dos estudantes se
tendo diferentes finalidades. Sendo realizada antes
processa segundo o rendimento alcançado, tendo por
do processo, tem como foco sondar se o aluno
base os objetivos previstos. Para Bloom (1983), a
apresenta os conhecimentos necessários para que
avaliação somativa "objetiva avaliar de maneira geral
a aprendizagem possa ser iniciada. Se ocorrer
o grau em que os resultados mais amplos têm sido
durante o processo, será utilizada para identificar as
alcançados ao longo e final de um curso".
causas das falhas de aprendizagem e possibilitar a
implementação de recursos para corrigi-las. É através deste tipo de avaliação que são
fornecidos aos estudantes os chamados feedback
É possível observar que a avaliação
que informa o nível de aprendizagem alcançado, se
diagnóstica possui três objetivos. O primeiro é
este for o objetivo central da avaliação formativa; e
identificar a realidade de cada aluno que irá
presta-se à comparação de resultados obtidos,
participar do processo. O segundo é verificar se o
visando também a atribuição de notas.
aluno apresenta ou não habilidades e pré-requisitos
para o processo. O terceiro objetivo está Essas três funções da avaliação devem ser
relacionado com a identificação das causas, de vinculadas ou conjugadas para se garantir a
dificuldades recorrentes na aprendizagem. Assim é eficiência e eficácia do sistema de avaliação e assim
possível rever a ação educativa para sanar os tendo como resultado final a excelência do processo
problemas. ensino-aprendizagem. Por outro lado, é importante
lembrar, que é necessário em todos os casos levar
b) A avaliação formativa(controladora) é
em conta a realidade administrativa da instituição
aquela que tem como função controlar, devendo ser
como, por exemplo, o número de alunos, objetivos,
realizada durante todo o período letivo, com o
conhecimento técnico do professor, materiais, etc.
intuito de verificar se os estudantes estão
alcançando os objetivos propostos Qualquer decisão nas formas de como
anteriormente.Esta função da avaliação visa, avaliar é preciso envolver direção, professor, alunos
basicamente, avaliar se o aluno domina e responsáveis (quando é o caso). Se entendermos
gradativamente e hierarquicamente cada etapa da que a forma atual de avaliação está ruim, todos
aprendizagem, antes de avançar para outra etapa precisam se comprometer com o novo processo de
subsequente de ensino-aprendizagem. melhorá-la, e isso envolve muitas mudança, sendo o
processo longo, assim como todo processo de
É com a avaliação formativa que o aluno
ensino-aprendizagem.
toma conhecimento dos seus erros e acertos e
encontra estimulo para continuar os estudos de TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DA
forma sistemática. Para que esta forma de AVALIAÇÃO
avaliação ocorra é necessário que seja controlada,
Quando o professor verifica o rendimento
porque orienta o estudo do aluno ao trabalho do
escolar dos alunos, ele está avaliando
professor, também podemos dizer que é motivadora
porque evita as tensões causadas pela as comportamentos que lhe permitam deduzir o que o
avaliações tradicionais. aluno aprendeu. Quanto maior for a amostragem,
mais perfeita é a avaliação. Todos os recursos
A avaliação formativa permite ao professor disponíveis de avaliação devem ser utilizados para a
detectar e identificar deficiências na forma de obtenção dos dados.
ensinar, auxiliando na reformulação do seu trabalho
Procedimentos para que a avaliação
didático, visando aperfeiçoá-lo. Para que seja
proceda de forma satisfatória
realizada com eficiência, ela deve ser planejada em
função de todos os objetivos, deste modo o instrutor A Avaliação deve ser constante e continua;
continuará seu trabalho ou irá direcionar de modo
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Verificações periódicas fornecem maior Classificação das técnicas e instrumentos
número de amostras; de avaliação
As verificações podem ser informais São classificadas de diversas formas. Em
(trabalhos, exercícios, seminários, debates, geral, as classificações são elaboradas de acordo
dinâmicas etc.) com a forma de coleta de dados.
É importante que o aluno conheça suas Vale lembrar Para que uma avaliação possa
dificuldades para poder afirmar seus acertos. Isso desempenhar as funções que a educação moderna
garante a eficácia da avaliação. exige, faz-se necessário o uso combinado de várias
técnicas e instrumentos.
Aplicação de prova
Não medimos a aprendizagem e sim alguns
Dinâmicas de grupo
comportamentos que nos permita inferir se houve ou
Se as aprendizagens mais significativas se não aprendizagem.
fazem por processos mais coletivos, que envolvem
Seleção das técnicas e instrumentos de
a participação de todos. A prática da avaliação
avaliação
compartilhada, da reflexão ao longo de todo o
processo de trabalho, exige a prática da A seleção das técnicas e instrumentos de
autoavaliação de todos, professores, alunos e dos avaliação depende:
demais profissionais. A avaliação da aprendizagem
Da natureza da área de estudo ou do
escolar adquire seu sentido na medida em que ela
componente curricular,
se articula com o projeto pedagógico da escola e é
coerente com as crenças e compromissos de Dos objetivos visados (informações,
professores, coordenadores e gestores escolares. habilidades, atitudes, aplicação de conhecimentos
etc.)
Os instrumentos de avaliação de
aprendizagem devem ser largamente utilizados ao Das condições de tempo do professor
longo do período letivo. Esses instrumentos de
Do número de alunos
avaliação devem permitir ao professor colher
informações sobre a capacidade de aprendizado As técnicas e instrumentos selecionados para
dos alunos, medida, em especial, pela competência avaliar devem , também , estar adequados aos
dos mesmos para resolver problemas e métodos e procedimentos usados no ensino.
instrumentalizar o conhecimento para a tomada de
decisões. TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DA
AVALIAÇÃO
Há várias classificações de avaliação, e o
uso de determinados tipos não exclui o uso de Que instrumentos utilizar em cada
outros. Vamos apresentar aqui algumas modalidade de avaliação?
classificações de autores que estudam avaliação: Para a avaliação diagnóstica, pode-se utilizar
Quanto à regularidade: contínua, ou o teste diagnóstico, a ficha de observação ou
pontual; qualquer outro instrumento elaborado pelo professor.

Quanto ao avaliador: interna (quando Para a avaliação formativa, têm-se as

realizada pelo próprio professor) e externa observações, os exercícios, os questionários, as
(realizada por órgãos externos, como nas provas do pesquisas e o portfólio.
SAEB e do ENEN); Para a avaliação somativa, os dois tipos de
Quanto à explicitação: explícita (situação instrumentos mais utilizados são as provas objetivas
clara, definida, acertada com os alunos) ou implícita e as provas dissertativas.
(feita naturalmente, sem que o aluno se dê conta de É muito frequente ouvir os alunos dizendo
que está sendo avaliado); "amanhã tem avaliação". Na verdade, ele vai ser
Quanto à natureza: passiva, repetitiva, submetido à aplicação de um instrumento de
alienante, em oposição à reflexiva, crítica, levantamento de informações, ou seja, ele vai
emancipatória; responder a uma prova. A avaliação não pode ser
confundida com a aplicação de instrumentos, nem
Quanto à forma: verbal, de forma oral ou atribuição de notas. Ou seja: prova não é avaliação
escrita, ou não-verbal, como em desenhos, (é um dos muitos instrumentos possíveis de
maquetes, experimentação; avaliação).
Quanto ao foco: quantitativa (enfatiza Segundo Luckesi, o que costumamos chamar
aspectos numéricos), ou qualitativa (enfocando de avaliação, na realidade, são instrumentos de
aspectos descritivos); coleta de dados para a avaliação. Ou seja, aplicar
Ainda quanto ao foco ou momento: provas, testes e realizar tarefas não é avaliar, e sim
coletar informações que podem subsidiar a avaliação.
processual ou final.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Fichas individuais, testes, provas, relatório, Construção de portfólio
portfólio, autoavaliação, entrevistas, são exemplos
. Trata-se de um arquivo individual, com
de instrumentos de avaliação que poderão ser
informações sobre o aluno e coleções de seus
utilizados pelos professores.
trabalhos. Através de portfólios, o professor poderá
Ao fazer uso de determinados instrumentos, apreciar o crescimento do aluno ao longo de um
o professor poderá ampliar a sua capacidade de determinado tempo, comparando seus trabalhos
observação, podendo, assim, melhorar a sua iniciais com os finais e obtendo, assim, uma visão do
prática e contribuir para aprendizagem dos alunos. seu progresso ao longo do período letivo.
O ato de avaliar implica momentos e Aplicação de instrumentos formais.
procedimentos.
Realização de exercícios, provas, testes,
Num primeiro momento, é necessário obter deveres de casa ou de classe, relatórios etc.
informações sobre como está ocorrendo ou ocorreu
Quanto a esse último procedimento, de uso
o processo de aprendizagem. Para isso, são
quase generalizado, algumas observações precisam
utilizados alguns procedimentos, como:
ser feitas:
Observação
Quanto a esse último procedimento, de uso
. Os registros mais comuns e adequados quase generalizado, algumas observações precisam
para observação do trabalho escolar são a ficha ser feitas:
individual e a lista de checagem. Assim, o professor
É preciso muito cuidado na elaboração de
poderá observar e registrar os progressos
testes e provas. As questões devem ser elaboradas
individuais de cada aluno, por exemplo, na sua
com clareza, indicando objetivamente a resposta que
capacidade de expressão oral, no seu
se quer dos alunos. É inadequado o procedimento
relacionamento com os colegas e com o professor,
muito comum de complicar a formulação da pergunta,
nas suas atitudes de participação e colaboração,
para atrapalhar os alunos Nada deve ser cobrado
dentre outros. São questões importantes, que não
que não tenha sido intensamente trabalhado durante
são avaliadas em provas ou testes.
as aulas. As provas devem cobrir todos os aspectos
Realização de entrevista trabalhados e não apenas os mais difíceis... E a
valoração de cada questão deve corresponder ao seu
. As entrevistas podem ser feitas
grau de complexidade.
informalmente, sem um roteiro a seguir, ou
formalmente, mediante a aplicação de um roteiro ou A aplicação de testes e provas deve ser feita
pauta com o registro, nos dois casos, das num clima natural, sem a costumeira pressão que
informações obtidas. Vale lembrar que o antigo envolve a avaliação, tampouco como um momento
procedimento didático denominado “arguição” não de punição, em que o professor irá castigar os que
deixava de ser uma forma de entrevista, embora não se comportaram bem... Esse clima, quando
carregado do estigma de punição... Mas o que se integrado à cultura escolar, evita a necessidade de
quer dizer é que, através de uma conversa com os vigilância em relação à “pesca” ou “cola”, quando os
alunos, o professor poderá verificar não só o que valores de sinceridade e honestidade são
eles aprenderam, como também a atitude que trabalhados no cotidiano do trabalho pedagógico e se
revelam em relação à aprendizagem. Muitas vezes, evitam os comportamentos de concorrência ou
os alunos revelam melhor o que aprenderam competição.
quando se expressam oralmente, devido a
A correção de provas ou testes nada mais é
dificuldades de domínio da escrita (o que já
que a leitura dos dados de avaliação. Assim, além de
constitui um outro problema, que interfere muito nos
atribuir notas, o professor precisa usar os resultados
resultados das provas, e que deve ser tratado de
obtidos pelos alunos para identificar os aspectos que
modo específico).
não foram bem assimilados, o que lhe permitirá um
Realização de dinâmicas retorno a esses aspectos para reforçar a
aprendizagem. A ênfase não deve recair apenas nas
. As dinâmicas podem ser previamente
respostas certas. Nesse sentido, é preciso
estruturadas, com texto, papéis definidos para cada
reconsiderar o conceito de erro. O erro também faz
um dos alunos ou grupo de alunos (pequenas
parte da aprendizagem, pois expressa uma hipótese
peças teatrais, jogos, performances etc.). Ou
de construção do conhecimento.
dinâmicas estruturantes, em que os próprios alunos
se colocam no grupo, assumem espaços, criam A avaliação só tem sentido, como já foi
situações, se expõem (jogos inventados, afirmado, se os seus resultados permitirem tanto a
dramatizações espontâneas). Supõem observação alunos quanto a professores, uma reflexão sobre os
e registro do professor. Não tem sentido realizar processos pedagógicos desenvolvidos. A nota ou
dinâmicas interessantes com os alunos, se o conceito é apenas uma mensagem, uma convenção
professor não aproveita a oportunidade para utilizada para comunicação com os alunos e seus
registrar o que essas dinâmicas revelam quanto às pais.
aprendizagens evidenciadas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
a provas objetivas, quando bem Mas é preciso levar em consideração que os
formuladas, a partir de objetivos claros, podem ser dois protagonistas são o professor e o aluno - o
utilizadas como um dos instrumentos úteis de primeiro tem de identificar exatamente o que quer e o
avaliação. Há duas questões aí envolvidas: provas segundo, se colocar como parceiro." É por isso, diz
objetivas bem feitas dão muito trabalho na ela, que a negociação adquire importância ainda
formulação, e apenas aparentemente são fáceis de maior. Em outras palavras, discutir os critérios de
responder; elas não devem constituir o único avaliação de forma coletiva sempre ajuda a obter
instrumento de avaliação, mas podem integrar um resultados melhores para todos. "Cabe ao professor
conjunto de instrumentos diferentes utilizados pelo listar os conteúdos realmente importantes, informá-
professor. los aos alunos e evitar mudanças sem necessidade",
completa Léa Depresbiteris, especialista em
As questões discursivas, que exigem do
Tecnologia Educacional e Psicologia Escolar.
aluno a formulação de uma resposta, são
adequadas a determinados objetivos e, convém Cipriano Carlos Luckesi, professor de pós-
lembrar, além do conhecimento ou conteúdo graduação em Educação da Universidade Federal da
cobrado, elas exigem domínio da expressão escrita. Bahia, lembra que a boa avaliação envolve três
Ou seja: é importante saber se o aluno errou por passos:
desconhecimento do que estava sendo solicitado,
Saber o nível atual de desempenho do aluno
ou por ter dificuldade de expressar seu
(etapa também conhecida como diagnóstico);
conhecimento através da linguagem escrita.
Comparar essa informação com aquilo que é
Durante muito tempo, a avaliação foi usada
necessário ensinar no processo educativo
como instrumento para classificar e rotular os
(qualificação);
alunos entre os bons, os que dão trabalho e os que
não têm jeito. A prova bimestral, por exemplo, Tomar as decisões que possibilitem atingir os
servia como uma ameaça à turma. Felizmente, resultados esperados (planejar atividades,
esse modelo ficou ultrapassado e, atualmente, a sequências didáticas ou projetos de ensino, com os
avaliação é vista como uma das mais importantes respectivos instrumentos avaliativos para cada
ferramentas à disposição dos professores para etapa).
alcançar o principal objetivo da escola: fazer todos
os estudantes avançarem. Ou seja, o importante "Seja pontual ou contínua, a avaliação só faz
sentido quando leva ao desenvolvimento do
hoje é encontrar caminhos para medir a qualidade
educando", afirma Luckesi. Ou seja, só se deve
do aprendizado da garotada e oferecer alternativas
avaliar aquilo que foi ensinado. Não adianta exigir
para uma evolução mais segura.
que um grupo não orientado sobre a apresentação de
Mas como não sofrer com esse aspecto tão seminários se saia bem nesse modelo. E é inviável
importante do dia-a-dia? Antes de mais nada, é exigir que a garotada realize uma pesquisa (na
preciso ter em mente que não há certo ou errado, biblioteca ou na internet) se você não mostrar como
porém elementos que melhor se adaptam a cada fazer. Da mesma forma, ao escolher o circo como
situação didática. Observar, aplicar provas, solicitar tema, é preciso encontrar formas eficazes de abordá-
redações e anotar o desempenho dos alunos lo se não houver trupes na cidade e as crianças
durante um seminário são apenas alguns dos jeitos nunca tiverem visto um espetáculo circense.
de avaliar (veja uma tabela com os instrumentos
mais comuns, reunidos pela pedagoga Ilza Martins Mere destaca ainda que a avaliação sempre
esteve relacionada com o poder, na medida em que
Sant'Anna e a consultora Heloisa Cerri Ramos). E
oferece ao professor a possibilidade de controlar a
todos podem ser usados em sala de aula, conforme
turma. "No modelo tecnicista, que privilegia a
a intenção do trabalho. Os especialistas, aliás,
atribuição de notas e a classificação dos estudantes,
dizem que o ideal é mesclá-los, adaptando-os não
apenas aos objetivos do educador mas também às ela é ameaçadora, uma arma. Vira instrumento de
necessidades de cada turma. poder e dominação, capaz de despertar o medo." O
fato, segundo ela, é que muitos educadores viveram
"A avaliação deve ser encarada como esse tipo de experiência ao frequentar a escola e, por
reorientação para uma aprendizagem melhor e para isso, alguns têm dificuldade para agir de outra forma.
a melhoria do sistema de ensino", resume Mere
Para Mere, essa marca negativa da avaliação
Abramowicz, da Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo. Daí a importância de pensar e planejar vem sendo modificada à medida que melhora a
muito antes de propor um debate ou um trabalho formação docente e o professor passa a ver mais
sentido em novos modelos. Só assim o fracasso dos
em grupo. É por isso que, no limite, você pode
jovens deixa de ser encarado como uma deficiência e
adotar, por sua conta, modelos próprios de avaliar
se torna um desafio para quem não aceita deixar
os estudantes, como explica Mere. "Felizmente,
ninguém para trás.
existem educadores que conseguem colocar em
prática suas propostas, às vezes até transgredindo COMO APRESENTAR OS RESULTADOS
uma sistemática tradicional. Em qualquer processo
de avaliação da aprendizagem, há um foco no Observar, anotar, replanejar, envolver todos
individual e no coletivo. os alunos nas atividades de classe, fazer uma

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
avaliação precisa e abrangente. E agora, o que dos educandos, apropriam-se de instrumentos que
fazer com os resultados? Segundo os especialistas, variam da observação até sofisticados testes,
a avaliação interessa a quatro públicos: gerados segundo normas e critérios técnicos de
elaboração e padronização.
ao aluno, que tem o direito de conhecer o
próprio processo de aprendizagem para se Avaliação é o processo de ajuizamento,
empenhar na superação das necessidades; apreciação, julgamento ou valorização do que o
educando revelou ter apreendido durante um período
aos pais, corresponsáveis pela Educação
de estudo ou de desenvolvimento do processo
dos filhos e por parte significativa dos estímulos que
ensino-aprendizagem. Sendo assim, não pode haver
eles recebem;
avaliação, sem que antes tenha havido verificação.
ao professor, que precisa constantemente Verifica-se antes de avaliar.
avaliar a própria prática de sala de aula;
Após leitura e compreensão do texto, cabe
à equipe docente, que deve garantir questionar se o processo de medir utilizados pelos
continuidade e coerência no percurso escolar de professores na sua prática, tem as qualidades de
todos os estudantes. uma verdadeira medida.
Cipriano Luckesi diz que, "enquanto é Nesse momento com o resultado em mãos, o
avaliado, o educando expõe sua capacidade de professor tem diversas possibilidades de utilizá-lo,
raciocinar". Essa é a razão pela qual todas as tais como:
atividades avaliadas devem ser devolvidas aos
registrar simplesmente num diário de classe
autores com os respectivos comentários. Cuidado,
ou caderneta de alunos;
porém, com o uso da caneta vermelha.
Especialistas argumentam que ela pode atentar para as dificuldades e desvios da
constranger a garotada. Da mesma forma, encher o aprendizagem do educando, ajudando a superar na
trabalho de anotações pode significar desrespeito. construção efetiva da aprendizagem;
Tente ser discreto.
oferecer ao educando, caso ele tenha obtido
Medida do aproveitamento escolar uma nota ou conceito inferior, uma “oportunidade” de
melhorar a nota ou conceito.
A medida é uma forma de comparar
grandezas, tomando uma como padrão e outra Se o educando possui uma nota ou conceito
como objeto a ser medido, tendo como resultado a de reprovação diante dos dados verificados, poderá
quantidade de vezes que a medida padrão cabe ocorrer simplesmente um registro no diário ou ele
dentro do objeto medido. terá uma “oportunidade” para melhorar seu conceito.
Porém, não é para que o educando estude a fim de
Nas instituições, os resultados da
aprender melhor, mas estude “tendo em vista a
aprendizagem são obtidos, de início, pela medida,
melhoria da nota”.
variando a especificidade e a qualidade dos
mecanismos e dos instrumentos utilizados para Estudar para melhorar a nota, não
obtê-la. Os professores utilizam como padrão de possibilita uma aprendizagem efetiva?
medida o acerto de questões e a medida dá-se com
Quanto a estar atento às dificuldades do
a contagem dos acertos do educando sobre um
educando, esta não tem sido conduta habitual dos
conteúdo, dentro de um certo limite de
educadores nas escolas, normalmente preocupam-se
possibilidades equivalente à quantidade de
com a aprovação ou reprovação do indivíduo. E nas
questões que possui o teste, prova ou trabalho
ocasiões em que se possibilita uma revisão dos
dissertativo. Em um teste com dez questões, o
conteúdos é para “melhorar” a nota do educando e,
padrão de média é o acerto e a extensão máxima
consequentemente, aprová-lo.
possível de acertos é dez. Em dez acertos
possíveis, um aluno pode chegar ao limite máximo Propõe-se que a avaliação do
dos dez ou a quantidades menores. A medida da aproveitamento escolar seja praticada como uma
aprendizagem do educando está relacionada à atribuição de qualidade aos resultados da
contagem das respostas certas que lançadas sobre aprendizagem dos educandos, tendo por fim seus
um determinado conteúdo que se esteja aspectos essenciais e, como objetivo, uma tomada
desenvolvendo. de decisão que direcione o aprendizado e,
concomitantemente, o desenvolvimento do
Normalmente, na prática escolar, os acertos
educando.
nos testes, provas ou outros meios de coleta dos
resultados da aprendizagem são transformados em É importante que tanto a prática educativa
“pontos”, o que não altera o caráter de medida. como a avaliação sejam direcionadas com um
Logo, o padrão de medida passa a ser pontos. A determinado rigor científico e técnico, para que se
cada acerto corresponderá um número de pontos tornem um instrumento subsidiário e significativo em
previamente estabelecidos. prol do desenvolvimento do educando.
Os professores, em suas aulas, para coletar
os dados e proceder à medida da aprendizagem
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Corsaro, sociólogo da Universidade de Indiana, nos
Estados Unidos, pesquisador da Sociologia da
infância (leia mais sobre os teóricos dessa área no
quadro da página seguinte).
Os conflitos vividos pelos novos estudantes
do 1º ano demonstram a necessidade de a escola
reconhecer cada indivíduo em suas múltiplas
Como orientar a transição da pré-escola
dimensões, ou seja, sem restringir sua condição
para o 1º ano
apenas à de aluno. Para que isso aconteça, a
Até novembro é permitido - e valorizado - pesquisadora defende que sejam garantidos tempo e
correr, brincar, conversar e beber água quando dá espaço adequados para os momentos de brincadeira
vontade. Poucos meses depois, após o recesso e interação. Afinal, assim como na Educação Infantil,
escolar, a situação é outra: a mesma criança no Ensino Fundamental também é esperado que as
precisa ficar sentada em sua carteira, em silêncio e propostas pedagógicas valorizem o movimento, que
trabalhar sozinha. Ir ao parque, só é permitido uma as aulas levem em conta os saberes prévios dos
vez na semana. A descrição pode parecer insólita, pequenos e os contextos social e cultural em que
mas esses fatos são bastante recorrentes na eles estão inseridos. "Temos de reconhecer as
transição da Educação Infantil para o Ensino crianças como atores sociais e permitir que
Fundamental. participem em condições de igualdade com os
adultos nesse espaço educativo. Elas produzem
Com o objetivo de investigar essa fase de
conhecimentos quando interagem com seus pares.
intensas mudanças, Flávia Miller Naethe Motta
Se isso não ocorre, nós limitamos seu
acompanhou uma turma desde a pré-escola até o
desenvolvimento", explica Ordália Alves de Almeida,
fim do 1º ano, de 2007 a 2009, no município de
professora e coordenadora do curso de
Três Rios, a 125 quilômetros da capital fluminense.
especialização em Educação Infantil na Universidade
Com base na abordagem etnográfica, ela observou
Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).
e registrou como a cultura infantil se apresenta na
escola. O resultado está na tese de doutorado De Para amenizar as dificuldades que surgem
Crianças a Alunos: Transformações Sociais na com a mudança de fase, Corsaro propõe no livro I
Passagem da Educação Infantil para o Ensino Compagni: Understanding Children’s Transition from
Fundamental, defendida na Pontifícia Universidade Preschool to Elementary School (Os Companheiros:
Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Entendendo a Transição das Crianças da Pré-Escola
para a Escola Primária, sem tradução para o
Os alunos desenvolvem táticas de
português) a realização de "eventos primários". São
resistência ao processo de escolarização e reforça
ações que funcionam como uma socialização
que eles continuam sendo crianças após ingressar
antecipatória e facilitam a passagem de uma etapa
no 1º ano. De acordo com a pesquisadora, a regra
de ensino para a outra. Isso deve ser feito pelo corpo
de que o barulho não deve estar presente na classe
pedagógico das duas etapas, de forma que as
- uma das grandes diferenças da nova fase para a
crianças possam conhecer a futura escola e ter
anterior - apareceu em vários momentos durante
contato com seus alunos e professores.
sua observação das aulas. "Quando fiz o trabalho
de campo, percebi que não havia silêncio algum,
apesar do esforço da professora para que as
crianças se apropriassem das rotinas escolares",
lembra Flávia.
Da Pré-escola ao 1º ano: novidade sem
susto
Rotina do 1º ano
Procurando manter a rotina a que estão
acostumados, os pequenos desenvolvem algumas
estratégias. Levantam-se constantemente para
apontar o lápis, conversam baixinho, se mexem na
cadeira, levam brinquedos escondidos e
transformam materiais escolares em ferramentas da
cultura infantil, por exemplo, fazendo de uma régua
uma vara de pescar. A professora Fernanda Müller,
coordenadora do Grupo Interdisciplinar de Pesquisa
sobre a Infância (Gipi), na Universidade de Brasília
(UnB), explica que essas ações demonstram como
as crianças buscam manter o controle de sua vida e
tentam compartilhá-lo com os demais colegas. Essa
ideia também é defendida por William Arnold
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ fase silábica-alfabética
§ fase alfabética
§ fase alfabética-ortográfica
As características para cada fase acima descrita
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO pode ser resumida da seguinte forma:
1- Fase pré – silábica
Vários autores, estudiosos do processo de
aquisição da leitura e da escrita, concordam que ele se - Sabe que a escrita é uma forma de
inicia muito antes do que geralmente se imagina, quando representação;
a criança, mesmo sem frequentar a escola, começa a
tomar contato com materiais escritos, em casa, na rua, ou - Pode usar letras ou pseudoletras, garatujas,
em qualquer lugar onde se encontre. números;

Entre esses pesquisadores, uma autora - Não compreende que a escrita é a representação
argentina e também psicopedagoga chamada Emília da fala;
Ferreiro contribuiu bastante para o entendimento de - Organiza as letras em quantidade ( mínimo e
como ocorre o processo de aprendizagem da linguagem máximo de letras para ler);
escrita. Segundo afirma, a criança pensa sobre a escrita,
formulando hipóteses sobre ela, como maneira de - Vai direto para o significado, sem passar para
compreender o que significa. sonora;

Essas hipóteses acontecem em todas as - Variação de letras – BLSIK (elefante);

crianças e vão evoluindo desde a fase pré-silábica, na - Relaciona o tamanho da palavra com o tamanho
qual ainda não há intenção de representar através da do objeto (Realismo Nominal).
escrita os aspectos sonoros da fala, até chegar ao padrão
alfabético, que é aquele no qual a criança associa sons 2- Fase silábica
falados a letras escritas. Leitura e Escrita.
Esta fase desdobra-se em duas:
Dessa forma, quando a criança faz traços
A) Silábica Sem valor sonoro:
contínuos no papel e atribui-lhes significado (como, por
exemplo, quando escreve “hjfgdklgjhergrqilurgsd” e lê O - Ainda não faz relação do som com a grafia da
menino caiu), ela está escrevendo, ou seja, está fazendo letra que utiliza;
uma atividade investigativa sobre a escrita, que será
importante para que ela possa evoluir gradativamente em - A escrita ainda não é percebida como
sua aprendizagem. Por isso, essas tentativas da criança representação da fala;
não devem ser motivos de chacota, ao contrário, devem - Usa uma letra para representar cada sílaba, sem
ser incentivadas e reforçadas no processo de se preocupar com o valor sonoro.
aprendizado da Leitura e Escrita.
Exemplos:
Emília Ferreiro, sem dúvida alguma, nos prestou
grande contribuição para que pudéssemos compreender MACACO __ BPS
como se dá o processo de leitura e escrita para o CAVALO___BUP
aprendente. Salvo todas as críticas ao seu trabalho,
considero pertinente observar que não percebo essas B) Silábica Com valor sonoro:
fases como padrão rígido que se apliquem a todos os
indivíduos. No entanto, elas são boas norteadoras do - A escrita começa a representar a fala;
processo que se deseja pôr em prática - por onde vamos - Percebe a relação de som com a grafia;
começar? - além de servirem como embasamento de um
bom diagnóstico sobre o desenvolvimento do (a) - Escreve uma letra para cada sílaba.
aprendente da leitura e da escrita no momento em que Exs.:
propomos um trabalho com ele (a), também serve para
repensar esse trabalho como forma de intervir PATO___ AO ( valor sonoro só nas vogais )
positivamente para a ampliação do seu aprendizado.
PATO___ PT ( só usa consoantes )
Em seus artigos e livros a autora deixa claro que
3- Fase silábica-alfabética
considera a alfabetização um processo que tem início
bem cedo e não termina nunca: - Apresenta escrita algumas vezes com sílabas
completas e outras incompletas;
"Nós não somos igualmente alfabetizados para
qualquer situação de uso da língua escrita. Temos mais - Alterna escrita silábica com alfabética.
facilidade para ler determinados textos e evitamos outros.
O conceito também muda de acordo com as épocas, as Exs.:
culturas e a chegada da tecnologia" . CAMELO_____CAMU
Segundo ela, aquele que aprende geralmente TOMATE_____TOMT
percorre o seguinte caminho até chegar ao nível de
aprendizado desejavél para ser considerado leitor e 4- Fase alfabética
escritor. - Faz a correspondência entre fonemas (som) e
§ fase pré-silábica grafemas (letras);

§ fase silábica

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Ainda não domina as normas ortográficas da uso social, não podendo de forma alguma ser um
língua; monopólio da escola e portanto ser controlada por ela.
- Escreve como fala. As crianças não pedem licença para aprender
sobre o mundo, de maneira geral, nem sobre a
Exs.: linguagem escrita na sua especificidade. É bom relembrar
CAMELO _______KAMELU que, desde que nascem, estão construindo
conhecimentos em todos os espaços onde circulam e
TOMATE_______ TUMATI com todas as pessoas com as quais interagem. Dessa
5- Fase Alfabética-ortográfica maneira, vão adquirindo e aprimorando muitas
competências. Nesse sentido, se pensarmos em método
- Faz a correspondência entre letras e grafemas como um caminho preestabelecido, com passos
da língua; previamente delimitados a serem percorridos por todas as
crianças, ao mesmo tempo e para alcançar um resultado
- Amplia o conhecimento sobre as normas
único, a conclusão é que não existe o melhor método. O
ortográficas;
que existe é um conjunto de procedimentos que são
- Faz a correção do seu próprio texto. selecionados por você, professor(a), em função dos
conhecimentos que as crianças já possuem e das
Exs.: competências que ainda necessitam ser desenvolvidas
JARDIN _____ JARDIM ou aprimoradas para que continuem aprendendo.

CORREO _____ CORREIO No fim do texto anterior, fizemos referência aos

aspectos envolvidos no aprendizado da leitura e da
CABESA _____ CABEÇA escrita: funcionais, textuais, gráficos e os relativos ao
ISO ________ ISSO sistema alfabético de representação. É hora de pensarmos
em quais competências a criança deve desenvolver
COMPETÊNCIAS ENVOLVIDAS NO APRENDIZADO no seu processo de alfabetização e letramento, em
DA LEITURA E DA ESCRITA PELA CRIANÇA relação a cada um desses aspectos.
Na Aquisição da linguagem oral e da Competências necessárias ao aprendizado da
linguagem escrita pela criança, enfatizamos a idéia de leitura e da escrita
que a criança ao chegar à escola já conhece muito
sobre nossa língua, tanto por meio da linguagem oral, Com relação aos aspectos funcionais
por já ser uma falante e uma ouvinte competente, Uma das primeiras aquisições necessárias ao
quanto por meio do convívio com a linguagem escrita, aprendizado da escrita é a compreensão de sua função
por viver em uma sociedade grafocêntrica. Sendo social, ou seja, o entendimento de para que serve ler e
assim, para dar continuidade a seu processo de escrever.
aprendizagem é necessário que se procure investigar o
que a criança já sabe a respeito da língua e da linguagem As crianças que vivem em uma sociedade letrada
que se fala e que se escreve. observam os atos de leitura e escrita dos adultos e de
parceiros mais experientes e tentam compreender seus
Dessa maneira, é fundamental que, como diferentes usos e funções, formulando hipóteses,
professor(a), antes de escolher o melhor método ou buscando informações, fazendo inúmeras perguntas e
de decidir por onde começar, você procure saber o experiências. Nesse processo, acabam descobrindo que a
que as crianças já conhecem sobre a linguagem escrita serve para auxiliar a memória, expressar
escrita; que funções atribuem a essa escrita? Que usos sentimentos, comunicar-se, organizar idéias, divertir-se e
essas crianças e suas famílias fazem da linguagem muitas outras utilidades práticas.
escrita em suas comunidade? Que conhecimentos
possuem sobre os textos que circulam em nossa Com relação aos aspectos textuais
sociedade? Em que momento do processo de Em nossa língua a menor unidade de sentido
conceitualização do sistema alfabético as crianças se existente é o texto. E é, portanto, fazendo uso de textos
encontram? O que conhecem sobre as convenções reais e com sentido para as crianças que vamos
gráficas da escrita? alfabetizá-las.
Avaliação diagnóstica Os textos que circulam em nossa sociedade são
No início do ano letivo, antes de fazer o de diferentes gêneros (literários, jornalísticos,
planejamento do trabalho pedagógico em relação à publicitários, instrucionais, epistolares, humorísticos,
alfabetização e ao letramento, é fundamental pensar informativos etc.) e possuem distintas tramas
em uma avaliação diagnóstica que pode ser feita de discursivas (narrativas, descritivas, argumentativas e
maneira formal ou informal nos primeiros dias da conversacionais).
criança no ensino fundamental. Como você deve estar As crianças que vivem em uma sociedade
percebendo, já começamos a inverter a forma grafocêntrica como a nossa, no esforço para
tradicional, utilizada pela escola, para avaliar, ou seja: em compreender o mundo adulto, muitas vezes antes do
geral, primeiro se ensina e depois se verifica o que o ingresso no ensino fundamental, pelo uso que é feito do
aluno aprendeu. Pensamos exatamente o contrário: texto no meio social em que vivem, já reconhecem a
primeiro procuramos saber o que a criança sabe para a forma como se estruturam alguns textos.
partir daí poder intervir na continuidade do seu processo
de aprendizagem. Por detrás dessa inversão, existe Com relação aos aspectos gráficos
uma concepção de ensino/aprendizagem da
Dominar os aspectos gráficos significa adquirir um
linguagem escrita que se fundamenta no
conhecimento social próprio de nossa cultura, pois dizem
conhecimento de que essa linguagem é um objeto de
respeito às convenções usadas nos países ocidentais no

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
tocante às maneiras de ler e escrever. Para fazer uso da que circulam na sociedade. Da mesma maneira, você
linguagem escrita em nossa sociedade, é preciso: pode apresentar as características do texto narrativo,
conhecer diferentes tipos de letras e saber usá-las em quando estiver contando a história, ou as do texto
práticas diferenciadas; organizar a escrita no papel e ler descritivo, quando caracterizar a personagem.
seguindo uma direção convencionada culturalmente, de
cima para baixo e da esquerda para a direita; segmentar A partir do nome da personagem, há também a
as palavras, ou melhor, deixar um espaço entre elas possibilidade de se trabalhar o sistema alfabético de
quando as escrevemos; saber utilizar parágrafos e representação, estabelecendo relações com o nome das
sinais de pontuação. crianças da turma, chamando a atenção para os que
possuem o início, o meio ou o fim parecido com Mateus.
Todos esses conhecimentos precisam ser Ao mesmo tempo, como escriba, você pode oferecer um
apropriados pelos aprendizes de leitura e escrita. bom modelo de uso das convenções da escrita no que se
Algumas dessas aquisições já foram feitas pelas refere aos aspectos gráficos.
crianças antes dos seis anos em casa ou na instituição
de educação infantil. Enfim, nesse processo, professor(a), você fornece
informações e ouve as crianças a respeito de suas
Com relação ao sistema alfabético de dúvidas e hipóteses. Na relação dialógica que aí vai
representação se estabelecendo, é fundamental que torne
observável a complexidade, a riqueza e a beleza de
Para desvendar o sistema alfabético de nossa língua, despertando em seus aprendizes o desejo
representação, a criança percorre um longo caminho de conhecê-la.
que se inicia com a formulação de hipóteses, na tentativa
de compreender o que significa escrever e o que são os De início, destaco três conceitos fundamentais e
sinais gráficos. Em seguida, essa criança procura importantes para nossa compreensão: o de igualdade, o de
entender de que maneira esses sinais se organizam conservação e o de contra-argumentação. O primeiro de
representando o que se pretende escrever. Nesse igualdade se refere quando um determinado arranjo de
processo, formula e reformula questões, constrói elementos é correspondente ao outro, ou seja, possui a
explicações e comete muitos erros, que no nosso mesma quantidade; o segundo conceito, o de conservação,
entender são erros construtivos. significa que a quantidade de elementos continua a mesma
quando o arranjo espacial dos objetos for modificado; e o
Nesse processo, a criança vai se apropriando terceiro de contra-argumentação é o diálogo, ou
da dimensão sonora da escrita, ou seja, percebe que há questionamento, que surge entre o professor e a criança, a
uma relação entre o que falamos e o que escrevemos, fim de fazer com que a mesma pense e reflita sobre a
entre a quantidade e a qualidade das letras situação que lhe é sugerida ou apresentada.
necessárias à escrita, reconhece o valor posicional
das letras nas palavras e a relação entre grafemas e Uma vez compreendidos tais conceitos, diz-se
fonemas. Assim, essa criança desenvolve cada vez mais também que o conhecimento é classificado em três tipos,
a consciência fonológica e se aproxima do sistema considerando suas fontes básicas e seu modo de
convencional ortográfico, com suas regularidades e estruturação, ou seja, o conhecimento físico, o
irregularidades. conhecimento lógico-matemático e o conhecimento social.
É em relação a essas aquisições que Conhecimento físico: é o conhecimento dos
deve incidir uma avaliação diagnóstica. Vale destacar objetos da realidade externa, sendo possível ser conhecido
que os aspectos acima apresentados e suas pela observação: cor, peso... .
competências não ocorrem separadamente. Contudo é
necessário, a partir de sua avaliação diagnóstica, Conhecimento lógico-matemático: consiste na
professor(a), uma ação intencional no sentido de coordenação de relações, como ao coordenar as relações
planejar ações que promovam aprendizagem da criança de igual, diferente e mais. A fonte de tal conhecimento é
em cada um desses aspectos, uma vez que esses interna.
aspectos se constituem em ferramentas Conhecimento social: também chamado de
indispensáveis para o desvelamento e os convencional, é o conhecimento com origem nas
avanços subseqüentes, no processo de construção da convenções construídas pelas pessoas. A característica
leitura e da escrita, por seus aprendizes. principal é de que possui uma natureza arbitrária. Por
Em primeiro lugar, temos que ter claro que um exemplo: atribuir que o Natal sempre ocorre no dia 25 de
livro de literatura, como esse, serve essencialmente à dezembro, data que não é celebrada por todos os povos e
fruição. Desfrute-o, pois, com as crianças. Converse é determinada por uma cultura particular.
sobre a história de Mateus, dê oportunidade para Tais conhecimentos estão intrinsecamente
que cada criança construa oralmente o seu enredo a correlacionados um com o outro. Daí, surgem outros
partir das ilustrações. conceitos importantes para a compreensão de como ocorre
Depois, você pode propor que façam um a construção do número para cada pessoa. Ao confrontar-
livro coletivo para uso da própria turma. Você pode ser se com distintos objetos a criança notará que existe a
o(a) escriba, e eles, posteriormente, os ilustradores. Ao diferença, essa por sua vez é uma relação criada
construir a história, num primeiro momento, cada mentalmente por ela, que relaciona, no mínimo, dois
criança fará a sua interpretação pessoal. Decorrente objetos. Quer dizer que se a pessoa não confrontasse, ao
desse processo, a construção coletiva se dará a partir menos, dois objetos e não os colocasse dentro da relação,
da negociação dos diferentes pontos de vista e para ela não existiria a diferença. Isso nos induz a
significados possíveis, derivados da leitura de cada um. compreender que também o número é uma relação criada
O seu papel nesse trabalho é muito importante, pois, mentalmente por cada indivíduo.
enquanto o texto é construído com as crianças, é A construção do conhecimento então se embasa
possível fazer intervenções para que o grupo perceba a na abstração empírica, que é a abstração das propriedades
função desse tipo de texto, comparando-o com outros a partir dos objetos, onde a criança focaliza sua atenção

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
sobre uma certa propriedade do objeto e ignorando as comparar conjuntos, mesmo que, inicialmente, tenha de
outras. E, a abstração reflexiva, que é a abstração do fazer a relação termo a termo. Em suma, a criança deve
número. Esta, por sua vez, envolve a construção de ser estimulada a construir a estrutura mental do número e
relações entre os objetos, que não tem existência na assimilar as palavras a esta estrutura.
realidade externa. Isto é, a relação entre os objetos existe
somente nas mentes daqueles que podem criá-la. O professor, por sua vez, será aquele que
Contudo, um tipo de abstração não existe sem o outro. encoraja a criança a fazer conjuntos com objetos móveis,
porque pedir às crianças que contem não é uma boa
O número, portanto, é a síntese de dois tipos de maneira de ajudá-las a quantificar objetos, já que a criança
relações que a criança elabora entre os objetos. Uma é a não aprende conceitos numéricos com desenhos ou pela
ordem e a outra é a inclusão hierárquica. Assim que, a manipulação de objetos, antes pela abstração reflexiva a
ordem mostra que a criança não sente a necessidade medida em que atua sobre os objetos. Ainda, a criança
lógica de colocar os objetos numa determinada ordem seja encorajada a trocar ideias com seus colegas, evitando
para assegurar-se de que não salta nenhum nem conta o o reforço da resposta certa e a correção das respostas
mesmo duas vezes. Enquanto na inclusão hierárquica a erradas: fazer com que entre as crianças estudem o caso e
criança inclui mentalmente um em dois, dois em três, três discutam juntas até alcançar uma solução para o problema
em quatro... detectado.
A partir dessas breves definições é possível Finalizando, se diz novamente que a criança não
dizer que a construção do número ocorre gradualmente, constrói o número fora do contexto geral do pensamento.
isto é, aos poucos, conforme a faixa etária da criança e Por isso, é papel imprescindível do professor encorajar
suas condições de apreender os eventos e atribuir-lhes constantemente a criança a colocar todos os tipos de
um significado. Portanto, se conclui que a estrutura coisas, ideias e eventos em relação, em vez de focalizar
lógico-matemática de número não pode ser ensinada apenas a quantificação. Além de aproveitar os muitos
diretamente, uma vez que a criança tem que construí-la momentos do dia vivenciados em sala de aula: divisão de
por si mesma. objetos, arrumação da sala de aula, votação, criação e
desenvolvimento de jogos que estimulem a troca de ideias,
Ainda, não podemos deixar de mencionar a a noção de sequenciação, quantificação, estabelecer
definição de autonomia. A autonomia significa o ato de regras, exigindo uma conduta sócio-moral da criança, além
ser governado por si mesmo, diferente de ser governado de estar desenvolvendo a sua intelectualidade.
por outra pessoa. Para a educação isso implica que a
criança não deve ser levada a dizer coisas nas quais não O que se busca é sua capacidade de se tornar um
acreditam com sinceridade. Diferentemente, a instituição indivíduo autônomo a partir do enfoque da autonomia da
(escola) ainda é influenciada pela concepção tradicional, criança, para que trabalhem com maior empenho e atinjam
ensinando a obediência e as respostas corretas. E, sem as metas estipuladas por elas mesmas e pelo próprio meio.
se dar conta, nega ou evita o desenvolvimento da
autonomia das crianças, reforçando a sua heteronomia,
com práticas como sansões, premiações de boa conduta,
castigos, entre outras.
Também é importante ter presente que o meio
ambiente pode agilizar ou retardar o desenvolvimento do
pensamento lógico-matemático, tudo dependerá dos
estímulos que a criança tenha recebido, mas isso não
quer dizer que uma sabe mais do que a outra. Trata-se
de uma questão sócio-cultural.
Assim, como já foi mencionado anteriormente,
as relações são criadas pelas crianças a partir do seu
interior e não lhe são ensinadas por outros. Daí o papel
fundamental do professor em criar um ambiente material
e social que encoraje a autonomia e o pensamento da
criança, além de oportunizar situações de conflito que
podem encorajar a criança a colocar as coisas em
relações. A criança deve ser levada a tomar decisões por
si mesmas, estimuladas pelo professor.
Considerando a capacidade de a criança
quantificar ou aprender a contar, sinaliza aos professores
o quanto devem trabalhar o pensamento lógico-
matemático, tendo presente que a habilidade de dizer
palavras numéricas é uma coisa e o uso de determinadas
aptidões é bem outra coisa. Sem contar que também se
corre o risco de criar sérias barreiras a criança se se
insistir demasiadamente numa linha de ação que prima
por respostas corretas a todo instante.
A autora do livro também enfatiza da importância
do professor criar situações de encorajamentos às
crianças, estimulando assim seus avanços na
compreensão e incorporação do número e tudo o que ele
comporta. Por isso, ela destaca que a criança deve ser
encorajada a quantificar objetos logicamente e a

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
PRINCÍPIOS DO SISTEMA ALFABÉTICO APROPRIAÇÃO DO SISTEMA DE
DE ESCRITA ESCRITA ALFABÉTICO

Na escrita alfabética, são utilizados Apropriação do sistema de escrita

símbolos (26) letras que já existem no mundo alfabética
social; não se pode inventar e estas são diferentes
Quando concluem a alfabetização com
dos números e de outros símbolos.
sucesso, os indivíduos passam a usar o sistema de
As letras apresentam variações no traçado, escrita alfabética (SEA), invenção recente na história
no entanto alguns traços são delimitadores e humana. Quando se diz que tal processo é uma
diferenciadores entre as diversas letras. apropriação, ressalta-se que o objeto cultural,
alfabeto, passa a ser algo interno, disponível na
A direção predominante da escrita é a
mente do aprendiz que o reconstruiu. Se falamos em
horizontal, com traçado da esquerda para a direita.
sistema de escrita alfabética, é porque a concebemos
Também se escreve, geralmente de cima para
como um sistema notacional e não como um código.
baixo.
Para aprender um código, basta apenas decorar
A escrita alfabética registra (nota) a novos símbolos que substituem outros símbolos de
seqüência sonora (ou significante). um sistema notacional já aprendido.
As palavras são segmentadas em partes A humanidade inventou importantes sistemas
menores (sílabas). notacionais, como o de numeração decimal e a
escrita alfabética. Esta última é uma econômica e
As sílabas são compostas de unidades
complexa representação da fala, só inventada depois
menores (fonemas).
que foram criados outros sistemas de escrita
Há diferentes estruturas silábicas, mas toda (ideográficos, silábicos). Para poder se apropriar do
sílaba contém uma vogal. SEA, o aprendiz precisará compreender como ele
funciona e aprender suas convenções.
As correspondências na escrita alfabéticas
são grafofônicas, ou seja, entre letras (ou dígrafos) Conforme tem demonstrado a teoria da
e fonemas. psicogênese da escrita, a compreensão do SEA se
dá em etapas, nas quais as crianças vão modificando
A ordem em que as letras são grafadas suas explicações para duas questões: o que a escrita
correspondem a ordem em que as unidades nota (ou representa)? E como ela cria notações (ou
sonoras são pronunciadas. representações)?
As regras de correspondência entre letra e Se, numa fase inicial, o aprendiz não
sons são ortográficas e não fonéticas. entende, ainda, que a escrita nota a sequência de
Dessa forma, pode-se representar um partes sonoras das palavras que falamos, numa
mesmo fonema através de letras diferentes ou uma etapa intermediária vai acreditar que cada letra nota
mesma letra pode representar fonemas diferentes, uma sílaba oral, e só ao final vai compreender que as
assim como um fonema pode ser representado por letras substituem unidades menores, os fonemas.
uma ou mais letras Para dar conta dos aspectos conceituais do SEA, a
criança precisa tratar cada letra como uma classe de
objetos substitutos equivalentes (de modo que P, p,
P, p são a mesma letra), além de analisar a ordem
serial das letras e fazer correspondências, termo a
termo, entre segmentos falados e escritos.
Assim, a compreensão do “princípio
alfabético” (isto é, de que, em nossa escrita, as letras
substituem segmentos sonoros pequenos, os
fonemas) não se reduz a memorizar quais letras
substituem quais fonemas.
Outra linha teórica que estuda a consciência
fonológica tem demonstrado que a compreensão do
SEA exige o desenvolvimento de habilidades de
refletir sobre as partes sonoras das palavras,
identificando, por exemplo, sílabas e fonemas iguais
em palavras diferentes.
O aprendizado dos aspectos convencionais
envolve a memorização das relações fonema-
grafema, a separação das palavras na linha, a escrita
da direita para a esquerda e de cima para baixo. Hoje
sabemos que o ensino sistemático das
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
correspondências som-grafia é fundamental para ORALIDADE
que o aprendiz adquira cedo autonomia na leitura e
na produção de textos. Afinal, a maioria dos Tratar da oralidade como saber escolar ou
educadores já defende que os indivíduos se conteúdo de ensino de língua portuguesa é abordar
apropriem do SEA ao mesmo tempo em que um componente curricular presente na história desse
participam de práticas letradas com os gêneros ensino desde sua gênese, ainda em meados do
textuais que circulam na sociedade. século XIX, quando a disciplina língua portuguesa foi-
se oficializando nos programas e currículos da
nascente escolarização formal no Brasil.

Estudos sobre a história do ensino de língua

portuguesa traçam o percurso pelo qual a linguagem
oral foi moldando-se como objeto de ensino com
base em saberes sobre os usos da palavra, mais
especificamente, sobre o uso retórico da palavra,
ou seja, sobre a técnica ou a arte de falar em
público.

Quais instrumentos ou recursos didáticos

eram empregados?

Exercícios de recitação, de leitura

expressiva ou de leitura em voz alta e de
composição oral (narrações, descrições,
exposições, resumos etc.) são os instrumentos
didáticos do professor de língua portuguesa para
tornar presente e fazer circular o saber sobre
oralidade na sala de aula.

A esses instrumentos associam-se

estreitamente aqueles que dão a base material ao
saber escolar sobre oralidade: as coletâneas,
seletas ou antologias e os livros de leitura de
textos considerados modelos de bem falar e bem
escrever.

Quais funções a oralidade desempenhou?

A vocalização (ou oralização) desses textos-

modelo tem pelo menos três funções didáticas, a
saber:

 o treino da pronúncia, da dicção e da

fluência em leitura, sobretudo tratando-se dos anos
iniciais de escolarização;

 a fi xação dos temas ou assuntos dos

textos (por exemplo, temas de natureza patriótica ou
moral que buscavam contribuir na construção de uma
identidade para a nação brasileira e de um caráter
para o cidadão brasileiro);

 a incorporação de modos de dizer

considerados claros, corretos e elegantes,
emprestados a autores renomados, em textos de
diferentes tipos e gêneros.

Breve exemplo: A composição oral em

Júlio Nogueira

Vejamos como parte dessas funções da

oralidade aparece nos comentários e nas
recomendações feitos pelo professor Julio Nogueira

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
em seu manual A linguagem usual e a composição, Do ponto de vista dos objetos de ensino ou
publicado em 1929. conteúdos, selecionam-se saberes relativos aos
modos de funcionamento sociodiscursivo, à
No capítulo “A composição oral”, o organização textual e aos recursos linguísticos de:
professor apresenta seu método de ensino que
inclui ampla lista de “exercícios de elocução”, entre  gêneros orais (formais e públicos),
os quais se encontram: narração de um acidente; como o debate, a assembleia e a exposição oral;
descrição de um passeio, de uma festa cívica,
escolar, religiosa; discussão em torno de um “thema  gêneros textuais em que a oralidade
social”; pequenos discursos para “festas escolares é representada pela escrita, como aqueles da cultura
ou familiares; brindes por ocasião de popular ou oral: cordel, mitos, provérbios e lendas.
anniversario...”.
 gêneros textuais em que a oralidade
Esses exercícios encontram sua justificativa aparece estreitamente combinada com a escrita e
na finalidade de formação das gerações de jovens com outros sistemas semióticos (imagens fixas ou
para o exercício público da linguagem oral. Nas animadas, gestos, cores, sons etc.), como ocorre
palavras de Julio Nogueira: com os gêneros das mídias impressa, televisiva e
digital (HQs, programas televisivos, emissões
Esses e outros exercícios, que hão de videogravadas, jogos digitais, gifs, memes ou
desenvolver consideravelmente a capacidade dos podcasts, filmes de animação etc.).
nossos jovens para o uso da palavra, prepararão
decerto gerações melhores de homens públicos, Do ponto de vista dos métodos de ensino,
que saibam exprimir-se com clareza, correcção e propõe-se que a abordagem da oralidade ocorra no
até com a discreta elegancia que a todos empolga. seio de práticas de recepção e produção que
O homem que fala bem, seja na conversação reencontrem e ampliem as experiências e os
vulgar, seja em tom oratório, impõe-se á repertórios culturais dos indivíduos que chegam à
consideração de todos. É mais facil encontrar escola. Figura desse esforço é a necessidade que
leaders entre os oradores de turmas que entre os adquire o princípio de contextualização do saber pela
bisonhos colegas que apenas os applaudiam. Não proposição de percursos de ensino e de
esqueçamos que falar bem, expor o pensamento ou aprendizagem mais ou menos flexíveis, em
opinião sem esforço nem repetições ociosas, sequências ou projetos didáticos.
prender a attenção de todos constitue já a melhor
das recomendações.... Quais os desafios atuais?

(Nogueira, 1929, p. 317. Grafia do original.) Do ponto de vista didático, entre os desafios
do tratamento da oralidade e dos gêneros textuais
Não é demais lembrar que, na conjuntura orais nas práticas de ensino de língua portuguesa,
histórica brasileira de toda a primeira metade do estão aqueles que remetem:
século passado, a escolarização não alcança
sequer uma parcela mínima da população: assim,  à natureza dos temas – próximos às
tanto os “oradores de turmas”, os futuros leaders, experiências e aos interesses dos alunos e, ao
quanto os “bisonhos colegas que apenas os mesmo tempo, distantes de umas e de outros pela
applaudiam” não representam senão uma parcela complexidade de repertórios culturais que permitem
privilegiada da elite urbana brasileira que tem mobilizar, o que pode permitir fugir, por exemplo, à
acesso ao letramento escolar. redução do processo de produção da opinião à
emissão de “contra” ou “a favor” desprovida de
A oralidade revisitada: desafios atuais informação;

Passados um século e meio de construção  às estratégias e aos recursos

dessa tradição de ensino de língua portuguesa, textuais de formulação e reformulação dos
começa a se desenhar, a partir dos anos 1980, a repertórios temáticos gerados com vistas à exposição
proposição de uma alternativa de tratamento da pública. Esse desafio supõe questões bastante
oralidade. instigantes, como a relação entre oralidade e
escrita: note-se que o processo de produção do
Qual oralidade ensinar? debate oral, por exemplo, ocorre imbricado à
produção de um conjunto de textos escritos e orais,
Nessa alternativa que se desenha para o entre os quais, as notas escritas pelos alunos em
ensino de língua portuguesa, a oralidade adquire seus cadernos e os diálogos orais que estabelecem
um estatuto autônomo em relação aos outros nas atividades em grupo, quando do planejamento do
componentes curriculares tanto do ponto de vista debate.
do saber ou do objeto de ensino quanto do método
de ensino (instrumentos didáticos e atividades).  aos modos de vocalização pública
dos repertórios temáticos selecionados e
(re)formulados, para um dado auditório. A elocução
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
propriamente dita do gênero textual permite PRÁTICAS SOCIAIS DE LEITURA E
promover ações de apreciação das produções ESCRITA
realizadas, à medida que elas ocorrem e ao final
delas, ocasiões em que os alunos podem Quando pergunto aos meus alunos o que
distanciar-se de suas próprias ações e daquelas esperam da Escola, a resposta imediata é: aprender
dos colegas para pensar sobre elas (avaliá-las, a ler e escrever. Se eu pergunto para quê, as
ajustá-las, reforçá-las etc.). respostas são variadas: desde ler letreiros de ônibus
e placas, passando pela leitura da bíblia, mas
Ensinar oralidade hoje: qual a
principalmente “para não ser enganado por não saber
finalidade?
ler” e “é muito ruim não saber ler nem escrever”;
Esses desafios didáticos desenham a respostas que implicam em não se sentirem
faceta formal do tratamento da oralidade no ensino diminuídos diante de cada situação que requer o uso
de língua portuguesa (formas de funcionamento e da leitura e da escrita. Ou seja, o valor de ambas já
organização). Há, entretanto, outra faceta desse está constituído. Mas a garantia deste aprendizado
tratamento que é transversal aos desafios passa, necessariamente pelas suas práticas sociais.
mencionados e que pode ser sintetizada na
O problema é que, ainda hoje,
indagação: por que ensinar a linguagem oral?
apesar dos estudos que se apresentam desde a
Assim, para nós, professores, formadores década de 70, repetimos as formas de ensinar que
de professores e pesquisadores do ensino de vivenciamos quando crianças, moldadas para uma
língua portuguesa, a pergunta central quanto ao classe média que pôde exercitar essas práticas
ensino da oralidade não se reduz à delimitação de sociais da leitura e da escrita no seio familiar e
quais saberes selecionar ou à definição de quais comunitário.
instrumentos didáticos mobilizar, mas tem a ver
Segundo a educadora argentina Délia Lerner,
fundamentalmente com a finalidade em jogo, ou
as escolas consideram, tradicionalmente, que o
seja, em favor de qual formação da criança e do
objeto de ensino é a língua, e não a escrita. E nelas,
jovem brasileiro se propõe ensinar os gêneros
os conteúdos trabalhados são, prioritariamente, a
orais, com vistas à construção de que educação e
gramática e a ortografia. Se aquelas práticas sociais
de que sociedade brasileira.
que dão sentido à leitura não são usuais nas vidas
dos alunos dessa escola, é preciso que façam parte
de rotina deste ambiente. No entanto a leitura aí tem
por objetivo, normalmente, a aprendizagem de um
conteúdo. O seu exercício – e o da escrita – com
propósitos comunicacionais não é comum.

Também segundo Lerner, o significado da

leitura e da escrita se constrói de acordo com este
propósito comunicativo. Para que isto aconteça, a
escola deve proporcionar aos alunos atividades
como, por exemplo, leitura de obras para compor
uma antologia, produção de resumos para divulgar
determinadas obras, produção de textos informativos
para publicação em murais, jornais ou na internet.

E também ler e escrever para produzir outras

narrativas: filmes, animações, clips musicais, etc.

São estas e outras ações que compõem um

projeto de formação de leitores que pode e necessita
ser produzido na escola.

Veja-se:

um PROJETO, da ESCOLA,
desenvolvido pelos professores e os outros agentes
educacionais, ao longo de todo um período.

Não se pode atribuir a formaçãode leitores e

escritores apenas ao professor da série inicial ou
àquele de Língua Portuguesa. Essa é uma tarefa
gigantesca – dada as condições da escola pública e
dos seus usuários – para ser empreendida por uns
poucos.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Aprender a ler e escrever deve ser muito COMPREENSÃO LEITORA
mais do que decifrar alguns códigos, ler umas
placas ou letreiros e mal escrever um bilhete. Estas Muito mais do que decodificar letras, palavras
práticas podem ser suficientes na concepção e frases, ler é compreender um discurso, seja ele oral
daquele aluno que chega à escola permeado pelas ou escrito. A compreensão leitora está ligada à
suas necessidades imediatas, mas não o deve ser capacidade de se interpretar, atribuir sentido e
para aquele que ali permanece, e nunca para alcançar a clareza sobre as informações que aquele
aquele que ali prossegue. conjunto de ideias apresenta ao interlocutor. Essa
compreensão é fundamental para a construção de
Resta-nos ter a clareza e as competências conhecimento por parte dos estudantes e,
necessárias para sermos os agentes de leitura e consequentemente, de cidadãos mais críticos.
escrita na Escola!
Como sabemos, o processo de leitura e de
compreensão não é automático, e exige trabalho
contínuo. Por isso, as estratégias para melhorar a
compreensão leitora devem ser desenvolvidas, desde
cedo, sendo essencial estimular a leitura nas
crianças e jovens. Assim, os alunos se tornarão cada
vez mais ativos no processo de construção de
conhecimento, de forma a entender e atribuir sentido
às informações necessárias para a compreensão de
um discurso.
Neste post, traremos alguns exemplos de
atividades que podem ser utilizadas para desenvolver
as competências leitoras. Confira!
Destaque palavras desconhecidas
É comum que o aluno desconheça o
significado de alguns termos de um texto no decorrer
da leitura. Uma sugestão para desenvolver as
habilidades leitoras dele é a ampliação de repertório
por meio da apresentação de vocabulário novo. Para
isso, você pode fazer uma leitura prévia de um texto
que será indicado para o aluno e selecionar termos
que supõe serem desconhecidos pelo jovem leitor.
Depois que ele fizer a leitura, mostre as palavras que
você destacou e peça que ele faça inferências sobre
o significado delas naquele texto.
Depois desse processo, deixe que o aluno
procure o significado dos termos em um dicionário e
confirme com ele se a definição encontrada está de
acordo com o contexto. Isso irá ampliar o repertório
do aluno e da próxima vez que ele se deparar com a
palavra, saberá qual o seu significada, assim, o
processo de leitura vai se tornar cada vez mais fluido.
Essa dinâmica pode ser feita em grupos e os alunos
podem registrar juntos suas inferências.
Faça o aluno comparar textos
Indique a leitura de dois textos que abordem
o mesmo assunto de formas diferentes. Dessa foram,
o estudante terá que identificar a proposta do autor
de cada texto. Isso vale, por exemplo, para textos
opinativos e, nesse caso, é interessante pedir que o
aluno realize a produção de um artigo de opinião
após a leitura. Isso incita o pensamento crítico do
próprio estudante, que precisará refletir sobre o tema,
avaliar se concorda ou não com os argumentos dos
autores e ver como pode construir seus argumentos
defendendo o próprio posicionamento.

Página 294
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A comparação pode ser feita também entre PRODUÇÃO TEXTUAL DE DIVERSOS
textos com a mesma temática e de gêneros GÊNEROS
diferentes para que o aluno aprenda a identificar as
características presentes em uma crônica, uma
Saber ler e interpretar um texto corretamente
reportagem, um conto e assim por diante
é uma habilidade que as crianças precisam adquirir
Faça um quebra-cabeça com o texto desde cedo, já que será algo importante tanto para o
estudo das outras disciplinas escolares quanto para
Essa proposta é muito útil durante o estudo as atividades do dia a dia.
de textos do gênero jornalístico. Matérias
jornalísticas são estruturadas na chamada pirâmide Para que elas pratiquem a compreensão
invertida, em que o texto se desenvolve com as leitora, o professor pode propor a leitura e a reflexão
informações mais relevantes no início do texto e as sobre diversos gêneros textuais, como poemas,
menos relevantes ficam para o final. Selecione um fábulas, notícias e textos científicos. Assim, além de
texto jornalístico e recorte-o em partes. Dê as identificar o sentido dos textos e estudar
partes para os alunos e peça que eles montem na determinados temas com mais profundidade, elas
ordem que acham adequado, como um quebra- aprenderão sobre as características específicas de
cabeça. Depois, discuta em sala quais são as cada um dos gêneros.
informações mais relevantes e faça-os reorganizar
Para isso, as atividades de leitura precisam
o quebra-cabeças, se necessário. Essa dinâmica
estar inseridas no cotidiano. Confira, abaixo,
fará com que a turma identifique características de
exemplos de questões de prova que podem ser
matérias jornalísticas. Vale destacar que nem
utilizadas para estimular a interpretação de texto com
sempre isso funcionará para reportagens especiais
alunos do 5º ano do Ensino Fundamental, todas
que podem misturar características do gênero
disponíveis na nova área de Questões de NOVA
literário.
ESCOLA.
Poema
A ideia desta questão é verificar se os alunos
reconhecem o gênero poema e se conseguem
compreender o sentido do texto. Além disso, eles irão
reconhecer o uso das locuções adjetivas e identificar
regularidades ortográficas em situações de leitura e
análise linguística.
Fábula
Agora, as crianças lerão uma fábula para
responder algumas perguntas sobre o texto. Elas
perceberão, assim, que a fábula tem como função
criticar um determinado comportamento, provocando
uma reflexão por meio da moral que apresenta.
Texto científico
Ao ler sobre a importância do sono, a turma
reconhecerá as características de um texto de
divulgação científica, identificando que seu objetivo é
informar sobre assuntos relacionados às descobertas
científicas, de maneira acessível, ao público em
geral.
Notícia
Nesta questão, os alunos serão desafiados a
ler um texto sobre casos de dengue no Rio de
Janeiro, identificando o gênero textual notícia. Com
isso, elas entenderão que seu objetivo é informar
sobre um fato, um evento ou outra informação
relevante de interesse dos leitores.
Você precisa conhecer a diversidade de
gêneros textuais que circundam o nosso
cotidiano. Cada vez mais os gêneros textuais são
explorados nos exames do Enem e vestibular.
Sempre que falamos em literatura ou em
produção textual para o Enem ou Vestibular, são

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
comuns as referências aos gêneros textuais ou O texto 1 pertence ao gênero anúncio
também chamados gêneros do discurso. São publicitário; utiliza-se, portanto, da linguagem
milhares os gêneros textuais em circulação na apelativa, e você poderá encontrá-lo em uma revista,
sociedade atual e, para se dar bem nas leituras e por exemplo.
produções de texto no Enem ou nos vestibulares,
O texto 2 pertence ao gênero verbete, utiliza-
você precisa conhecer um pouco sobre eles.
se da linguagem metalinguística, e você o encontra
Os gêneros textuais podem ser verbais ou sobretudo nos dicionários.
orais e são classificados entre aqueles que devem
O texto 3 é uma charge que está se
ser ensinados na escola, como a redação escolar, o
utilizando da linguagem poética, e você vai encontrá-
bilhete e a conversa ao telefone; ou os que não
lo nos jornais e revistas.
necessitam da escola para serem apreendidos,
como: a lista de compras, o bilhete e a conversa ao Você pode se aprofundar no conteúdo de
telefone. Gêneros Textuais assistindo ao vídeo “É hora de
revisar – gêneros textuais”:
Texto 1
As diferenças observadas entre os gêneros
textuais dizem respeito à situação de produção e à
intencionalidade comunicativa. Numa situação de
interação verbal, a escolha pelo gênero textual é feita
de acordo com os diferentes elementos que
participam do contexto, como: quem está produzindo,
para quem, com que finalidade, em qual momento
histórico, etc.
Os gêneros textuais geralmente são ligados
às esferas de circulação. Assim, na esfera
jornalística, por exemplo, temos: a notícia, a
entrevista, a charge, o editorial, etc. Já na esfera
científica, temos: o seminário, a conferência, o artigo,
etc.
Você pode ver, no quadro abaixo, a divisão
dos gêneros textuais que circulam na sociedade em
cinco grandes grupos:
Texto 2
Texto e sua função Gêneros orais
a.mor: sm 1. Afeição acentuada de uma e escritos
pessoa por outra; 2. Objeto de afeição; 3. […]
pessoa amada; 4. Zelo, cuidado. 1 Narrar Conto
maravilhoso; fábula;
(Soares Amora. Minidicionário. 18ed. São
lenda; narrativa de
Paulo: Saraiva, 2008, p.38)
aventura; narrativa
Texto 3 mítica; biografia;
romance; novela;
conto; crônica;
adivinhação; piada,
etc.
2 Relatar Relato de
experiência; relato de
viagem; diário;
testemunho,
autobiografia;
curriculum vitae;
notícia; reportagem;
etc.
3 Argumentar Textos de
opinião; carta de leitor;
debate, discurso de
defesa (advogado, p.
Você pode perceber que os três textos tem ex.); editorial; ensaio;
uma estrutura e uma intenção diferentes entre si, etc.
embora tratem do mesmo assunto. Dessa forma
também os três textos são veiculados de maneiras 4 Expor Texto
diferentes. Veja aqui a explicação: expositivo (livro
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
didático), exposição ANÁLISE LINGUÍSTICA NA PRODUÇÃO E
oral (uma aula); REVISÃO TEXTUAL
seminário; palestra;
entrevista de Leitura e produção de texto
especialista; verbete; como mecanismo para o desenvolvimento
resumos; resenha; da criança
relatório; etc.
Sabe-se que através da leitura o indivíduo
5 Instruir Manual de consegue descortinar um mundo oculto, que antes
instrução; receita; lhe parecia tal discente, afinal a leitura é parte
regulamento; regras de integrante do proce sso de libertação e
jogo; etc. identificação do sujeito para com o
mundo/universo que o cerca.
Reportando-nos de modo especial á
criança, pode-se afirmar que a conquista da
habilidade de ler é o primeiro passopara que a
criança possa se lançar rumo à assimilação dos
valores inerentes a cada sociedade porque ela vai
deparar com alturas culturas e modos diferentes de
vida.
Na criança, aprender através da leitura é
acumular erros e acertos a tal ponto de não
distinguir o ponto mais primitivo de suas
experiências, aprender a leitura não é descobrir
se isto ou aquilo está ajudando, mas, conseguir,
através disto ou aquilo satisfazer suas
inquietações e criar outras tantas, pois ao se
apossar da leitura, a criança amplia sua
possibilidade de conveniência com o outro e
também sua capacidade de absorção do mundo
que a cerca. Na visão de Smith, ( 2000, p. 10) “a
leitura não exige nada além daquelas
habilidades que o cérebro necessita para
compreender a fala.
E, visualmente não há nada na leitura que
os olhos e o cérebro deixam de realizar quando
olhamos ao nosso redor em uma sala para
localizar um objeto ou distinguir um rosto de
outro, portanto, para compreender a leitura,
devemos considerar não somente os olhos, como
também, os mecanismos da memória e da
atenção”.
Nos 2000 anos de história registrada de
ensino de leitura ninguém encontrou um
método de ensino de leitura que provasse ter
sido um fracasso total, pois as crianças são
capazes de aprender a ler apesar do método de
ensino empregado, pois muito destes métodos
estão completamente fora da realidade desses
alunos.
Diante desse pressuposto, a leitura não
pode ser ensinada, mas, apesar disso, os
professores e outros adultos têm um papel decisivo
a desempenhar e é deles a grande
responsabilidade de tornar possível a
aprendizagem da leitura. Pode-se afirmar que a
leitura não exige de nossos olhos nada que eles
já não façam quando olhamos ao redor de uma
sala. A leitura não exige nenhuma habilidade
lingüística que não tenha sido demonstrada na

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
compreensão da fala. E, aprender a ler PROCEDIMENTOS DE REVISÃO TEXTUAL
não envolve nenhuma habilidade especial
Mediante os passos desenvolvidos na
de aprendizagem. As crianças são aprendizes
produção textual, a revisão de texto atua como
altamente habilitados e experientes e por isso
importante procedimento, no sentido de aprimorar a
é importante que seja desenvolvida o hábito da
estética do discurso.
leitura nas séries iniciais do ensino fundamental.
A revisão de texto funciona como um
A linguagem escrita deve ter sentido e
importante procedimento, indispensável a uma boa
utilidade para as crianças que estão lutando para
escrita
aprender a ler.
A tessitura textual parece para muitos algo
O sentido da leitura deve ser dado
um tanto quanto complexo. Vez ou outra as ideias
pelos professores que entendam a natureza e
não fluem, ou se fluem não sabemos como organizá-
a importância da leitura e que conheçam o
las, de modo a tornar o discurso claro e preciso.
aluno individualmente, mas não pelos
Enfim, tais contratempos tendem mesmo a surgir,
procedimentos formais de ensino projetados
contudo devemos nos conscientizar de que a prática
previamente por alguém fora da sala de aula.
leva ao aperfeiçoamento. Ou seja, quanto mais
Enquanto lemos tomamos consciência treinarmos a escrita, mais nos mostraremos aptos a
do mundo exterior, estamos obtendo praticá-la de forma concisa e correta.
respostas de várias perguntas, que antes
No entanto, o objetivo deste artigo é tratar
achávamos sem resolução. Para aprender a ler,
sobre a importância da revisão textual. Assim sendo,
Smith, ( 2000, p. 125) acredita que as crianças
partiremos do princípio de que a clareza representa o
devem ter diversificado formas de empregar a
ponto de partida de nossa discussão, mesmo porque
leitura para ampliar seus objetivos e interesses.
ela se apresenta como uma das características
Se a linguagem escrita tem significados imprescindíveis à modalidade escrita da linguagem.
para as crianças, elas aprenderão da mesma Dessa forma, nossas interações cotidianas somente
maneira que aprenderam a usar a linguagem se efetivam em virtude da compreensão
falada. As crianças precisam que os outros materializada entre nós (posto que assumimos o
leiam para elas até que possam ler sozinhas. papel de emissores) e as pessoas com as quais
mantemos contato (ora desempenhando o papel de
As histórias são importantes de grande
interlocutores). Assim ocorre em qualquer tipo de
ajuda, especialmente porque as crianças
comunicação, seja ela oral, por meio de símbolos,
aprendem muito sobre leitura com os autores,
escrita, entre outras modalidades.
mas são importantes também, as placas, os
rótulos e os outros casos de escritas que a Em todas essas modalidades temos um
cercam em seus ambientes. objetivo a cumprir mediante o discurso que
proferimos. Mas esse intento somente será
As crianças devem ser bem aceitas nos
materializado se conseguirmos ser claros naquilo que
clubes de alfabetização para que possam
estamos dizendo, caso contrário a interlocução ficará
receber todos os tipos de demonstração e
prejudicada. Assim, após a organização de ideias e
colaboração de que precisam para tornarem-se
sua transposição para o papel, haverá sempre algo a
leitores também. É necessário, segundo Cotrim
ser retificado, ora suprimindo, ora acrescentando e
(1990, p. 25) possibilitar que os alunos possam
assim vai. Tomando como exemplo o caso das
interagir com a diversidade de textos escritos no
redações presentes em concursos e vestibulares, é
sentido de que possam desenvolver o gosto e o
fato a necessidade de o candidato se organizar no
compromisso pela leitura, transformando-a em
intuito de elencar as ideias a serem discutidas e,
algo interessante e desafiador, algo que,
nesse ínterim, o fator tempo impera sobre os
conquistado plenamente dará autonomia e
procedimentos realizados, impedindo que o emissor
independência.
passe os olhos sobre o que escreveu.
O ato de ler, antes restrito a ambientes
Nesse sentido, quando nos colocamos no
fechados, hoje acontece em todos os lugares.
lugar de interlocutores (fazendo referência às nossas
Lê-se em casa, mas lê-se também em bancos
próprias produções) sempre percebemos algo que
das praças, nas ruas, nos ônibus, etc. Aprender
poderia ser melhorado. Uma vírgula aqui, outra ali,
a ler é uma das maiores experiências da vida
aquele pronome que porventura causou uma
escolar. É uma vivência única para todo ser
ambiguidade desnecessária ao discurso, sem falar
humano. Ao dominar a cultura abrimos a
naquela palavra que poderia ser substituída por uma
possibilidade de adquirir conhecimentos,
outra, pois a combinação de sons entre outras já
desenvolver raciocínios, participar ativamente
ditas não está cumprindo o efeito desejado... Enfim,
da vida social, alargar a visão de mundo, do
muitas são as falhas que podemos corrigir mediante
outro e de si mesmo.
a revisão daquilo que produzimos.
Dizendo isso, fica um alerta para você, caro
(a) usuário (a): sempre que possível procure fazer

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
uma revisão de seu texto, atendo-se a alguns FORMAÇÃO DO LEITOR E LITERATURA
aspectos, tais como:
A formação do leitor de literatura na
* As ideias estão dispostas de forma clara e Educação Infantil.
precisa?
A formação do leitor de literatura é um dos
* Os parágrafos estão bem construídos,
objetivos na Escola da Vila desde a Educação
harmoniosamente ligados pelos mecanismos os
Infantil. Para isso, diversas situações são planejadas
quais conferem ao texto a coesão e a coerência
pelos professores com o propósito de favorecer a
que a ele são indispensáveis?
ampliação do repertório das crianças sobre obras e
* Os aspectos gramaticais foram autores, compartilhando ideias que vão na direção da
devidamente checados, levando em consideração a construção de diversos sentidos possíveis e do
ortografia, concordância, regência, entre outros? cultivo e expressão da opinião pessoal.
Aspectos de natureza lógico-semântica foram
também priorizados? Como você sabe, e como Sabemos que o universo literário se
antes dito, haverá sempre esta ou aquela palavra apresenta às crianças no dia a dia delas na escola,
que não “coube” assim tão bem. Dessa forma, nada nas visitas feitas às livrarias e no acervo que vão
melhor do que fazer uso da sinonímia, de modo a constituindo em casa. Em interação com este amplo
fazer com que a estética textual se apresente da universo, constroem uma relação com o mundo dos
melhor forma possível. livros, um percurso leitor, e tudo isso é considerado
todo o tempo pela escola, por seus professores. Na
* Falando em coerência, não se esqueça de escola, como nossa intervenção cumpre propósitos
analisar se seu texto se prima por alguns elementos diversos daqueles do contexto familiar, além de
que contribuem para que tal aspecto seja realmente favorecer a construção do gosto pela leitura e muitos
efetivado. Desse modo, observe se ele possui uma momentos de prazer, nossas intervenções
introdução, um desenvolvimento e uma conclusão. perseguem a construção de outros observáveis sobre
Outro aspecto: seus argumentos estão algumas obras que as crianças apreciam reler.
convincentes, de modo a fazer com que o Assim, cada atividade é planejada criteriosamente
interlocutor confira ao discurso a credibilidade que por nós, que temos de levar em consideração muitos
lhe é necessária? aspectos que interferem nos processos de ensino e
São essas, entre tantas outras, posturas de aprendizagem. Por exemplo, a potencialidade da
indispensáveis a uma boa escrita. Logo, procure obra, as características do pensamento infantil,
utilizar-se da releitura, pois ela proporcionará a contribuições de uma didática específica. Acreditem,
você condições de detectar algumas falhas que atualmente um conjunto expressivo de estudiosos
possivelmente passariam despercebidas. realiza pesquisas em didática do ensino da literatura
na escola. Nos últimos anos, recebemos
contribuições valorosas neste sentido.

Portanto, os processos de aprendizagem

dizem respeito a conteúdos, alunos e professores.
Um triângulo! Está é uma boa imagem para pensar
as relações entre estas três dimensões do processo
de ensino e aprendizagem. Um objeto de
conhecimento que guarda determinadas
características (a leitura literária), um aluno que tem
de se implicar no seu próprio processo de
aprendizagem e um professor que tem de controlar
as condições didáticas em que esta interação entre
aprendiz e objeto de conhecimento se dá.

Considerando tudo isso, não posso deixar de

pensar nos meus vinte e dois pequenos alunos, de
quatro anos de idade, entrando na biblioteca Tatiana
Belinky e se deixando encantar com os livros
expostos nas mesas. Convidados a escolher um livro
para folhear e levar para casa, aproximam-se
curiosos. Vejo que as escolhas são feitas com base
em critérios variados: personagens que lhes
interessem, como animais ou seres encantados;
capas e títulos que chamam a atenção; autores
conhecidos. Também são muito receptivos às
sugestões feitas pelos próprios colegas e pelos
adultos envolvidos neste processo.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Meu olhar corre rapidamente o grupo, que Carta Educação: Como podemos definir
se organiza para nosso delicioso ritual de leitura: Educação Literária? Qual sua finalidade?
com os livros em mãos, algumas crianças procuram
tapetes para apoiá-los onde possam folheá-los Januária Cristina Alvesibi: Em linhas
demoradamente. Vejo que me imitam nesta atitude, gerais, eu diria que a Educação Literária tem como
pois tenho o cuidado de repousar os livros que leio objetivo principal formar o que chamamos de “leitor
num tapete, tratando o livro como objeto sagrado, competente”, aquele leitor que não só decodifica o
como de fato penso que deva ser visto. Também texto, mas compreende suas múltiplas funções,
observo algumas crianças cantarolando a canção atribuindo-lhe um sentido e, mais, relacionando-o
ritual de início dessa imersão neste mundo mágico. com as experiências vividas e o compartilhando
Outras crianças, ainda, observam as imagens e socialmente.
tentam imaginar, sozinhos, o enredo, o relato, tudo
a partir do que veem. E assim me ponho a refletir CE: A Educação Literária é papel da escola
sobre o quanto estes pequenos aprendizes de ou da família? Ou de ambas?
quatro anos já sabem sobre o mundo da literatura.
Sem dúvida, são ações que reconheço como fruto JCA: A Educação Literária começa a partir
de nossas intervenções. do momento que a criança atribui um significado às
experiências vividas. Como bem definiu o grande
Vale dizer que os livros dispostos na mesa educador brasileiro Paulo Freire: “A leitura do mundo
foram escolhidos por mim, segundo objetivos precede a leitura da palavra”. Ou seja, quando lemos
definidos previamente, com base no tipo de o mundo, tentando compreender o que se passa nele
aprendizagem que pretendemos promover na e o que acontece conosco, já estamos praticando a
educação infantil. Nossas ações estão carregadas Educação Literária. Nesse sentido, ela é papel da
de intenções! família, da escola e de toda a sociedade, que deve
disponibilizar elementos, propiciar diferentes
Isto posto, apesar de ter escolhido o tema experiências e compartilhar os diversos significados
da formação do leitor literário, é preciso dizer que das possíveis leituras da realidade para que as
tudo é absolutamente intencional em todos os eixos crianças sejam educadas para essa leitura mais
do trabalho, em todos os segmentos da ampla. É fundamental que todos acreditem em seu
escolaridade. Somos especialistas em educação. papel de mediador para que a Educação Literária
Estudamos para eleger conteúdos, definir objetivos aconteça cotidianamente.
e desenhar projetos e sequências didáticas com
base no que sabemos sobre os processos de
aprendizagem de nossos alunos, incluindo todas as
variáveis que neles interferem. Dá trabalho ser
construtivista, mas vale a pena! O que nossos
alunos aprendem levam para a vida.

No primeiro semestre de 2016, a divulgação

dos resultados da 4ª edição da pesquisa Retratos
da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró-
Livro, evidenciou uma situação preocupante ao
analisar o comportamento leitor do brasileiro.
Segundo o levantamento, quase metade (44%) da
população não lê, apresentando como motivos
desde a falta de tempo, disposição e paciência até
a dificuldade e desgosto pela prática.

Em tempos de Netflix, jogos eletrônicos e

redes sociais, reservar um momento do dia para o
exercício da leitura, de fato, exige um quê de
dedicação. Nesse contexto, formar leitores
competentes revela-se um verdadeiro desafio.

É justamente aí que entra a chamada

Educação Literária. Especialista no tema, Januária
Cristina Alvesibi, vencedora do Prêmio Jabuti, em
2014, na categoria Didáticos/Paradidáticos com a
obra Para ler e ver com olhos livres (Ed. Nova
Fronteira), falou a Carta Educação sobre como
aproximar os jovens da literatura, a importância do
professor mediador, entre outros temas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Aulas em que se expõem conceitos, fórmulas
e regras e depois é exigida a repetição de exercícios,
tão usadas até hoje, têm origem no começo do
METODOLOGIAS DO ENSINO DA século 20. Porém sabe-se que elas não são a melhor
MATEMÁTICA opção para a Educação Matemática. "Procedimentos
clássicos podem ser utilizados desde que tenham
O que ensinar em Matemática coerência com os objetivos do planejamento e
estejam acompanhados de tempo para a ref lexão e
Pesquisas sobre a didática da disciplina a discussão em grupo", observa Muniz.
mostram como os alunos pensam e reforçam
estratégias de ensino centradas na resolução de Enteder como as crianças aprendem é
problemas fundamental
SITUAÇÃO PROBLEMA Os conhecimentos sobre como as crianças
aprendem Matemática têm mais de 30 anos, mas
Professora propõe questões desafiantes ainda não constam dos currículos dos cursos de
para que a turma busque possíveis soluções licenciatura. Aos poucos, aparecem em programas
É cada vez maior o conhecimento sobre de formação continuada, mostrando maneiras
como as crianças aprendem conceitos eficientes de ensino da disciplina.
matemáticos. Pesquisas sobre a didática da O foco dessa tendência que coloca o aluno
disciplina aos poucos chegam aos cursos de no centro do processo de aprendizagem é apresentar
formação e começam a difundir uma nova maneira a ele situações-problema para resolver. "O docente
de ensinar. O que antes era considerado erro do tem o papel de mediador, ajudando a construir os
aluno ou falta de conhecimento do conteúdo (leia conceitos e fazendo com que o estudante tenha
quadro abaixo) agora se revela como a expressão consciência do que faz na hora de responder as
de diferentes formas de raciocinar sobre um questões", afirma Sandra Baccarin, do Compasso,
problema, que devem ser compreendidas e levadas grupo de pesquisa em Educação Matemática da
em consideração pelo professor no planejamento UnB.
das intervenções, como se pode acompanhar nas
fotos que ilustram esta reportagem. No livro Didática da Matemática, Roland
Charnay afirma: "O aluno deve ser capaz não só de
No decorrer do século 20, as discussões se repetir ou refazer, mas também de ressignificar
intensificaram, motivadas pelas descobertas da diante de novas situações, adaptando e transferindo
psicologia do desenvolvimento e da abordagem seus conhecimentos para resolver desafios".
socioconstrutivista, feitas principalmente pelo
cientista suiço Jean Piaget (1896-1980) e pelo Guy Brousseau, ao construir a teoria sobre o
psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky (1896-1934). contrato didático, descreveu as relações entre o
professor, o saber e o aluno. O docente tem a função
"No Brasil, foi nas décadas de 1950 e 60 de criar situações didáticas em que nem tudo fica
que os educadores passaram a se preocupar com a explícito (são os obstáculos). À criança cabe pensar
baixa qualidade do desempenho dos em possíveis caminhos para resolvê-las, formulando
estudantes.Em diversos países, propostas para variadas hipóteses sem ter a necessidade de dar
enfrentar as dificuldades começaram a ser nenhuma resposta imediata. Esse segundo momento
construídas e, da busca de soluções, surgiu um é chamado de adidático. É aí que o aluno usa a
novo campo de conhecimento", explica Célia Maria própria lógica para produzir. "Assim, começamos a
Carolino Pires, do Programa de Estudos Pós- preparar os jovens para pensar de forma autônoma",
Graduados em Educação Matemática da Pontifícia destaca Cristiano Muniz. Depois disso, é tarefa do
Universidade Católica de São Paulo. Na França, professor retomar o planejado, para analisar as
essa área do saber é chamada de didática da hipóteses da turma e sistematizar o aprendizado.
Matemática e os os principais pesquisadores são
Guy Brousseau, Gérard Vergnaud, Régine Douady Para compreender melhor as condições de
e Nicolas Balacheff. No Brasil, ela também é ensino, Gérard Vergnaud elaborou a teoria dos
conhecida como Educação Matemática. campos conceituais. Ao estudar como as crianças
resolvem problemas de soma e subtração, o francês
"As pesquisas francesas deram aporte a percebeu que elas procuram a resposta usando
investigações que concebem o aluno como sujeito procedimentos diversos do tradicional, com base em
ativo na produção do conhecimento e considera as vivências e aprendizados anteriores.
formas particulares de aprender e pensar", resume
Cristiano Alberto Muniz, coordenador adjunto do Foi assim que ele classificou os problemas
Programa de Pós-Graduação em Educação da do campo aditivo em seis tipos:
Universidade de Brasília (UnB). Essa abordagem
- dois de transformação (alteração do estado
tem implicações didáticas, pois coloca o professor
inicial por meio de uma situação inicial, positiva ou
como conhecedor do processo de aprendizagem,
negativa);
da natureza dos conteúdos e das intervenções mais
adequadas para ensinar.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- combinação de medidas (junção de Etnomatemática
conjuntos de quantidades preestabelecidas);
Surgiu no Brasil em 1975 com os trabalhos
- comparação (confronto de duas de Ubiratan D’Ambrosio.
quantidades para achar a diferença);
Foco Aprender usando questões dos
- composição de transformações contextos sociais e culturais.
(alterações sucessivas do estado inicial); e
Estratégias de ensino Mudam conforme o
- estados relativos (transformação de um contexto e a realidade em que a disciplina é
estado relativo em outro estado relativo). ensinada.
Da mesma forma, ele classificou as Mitos pedagógicos
questões relativas ao campo multiplicativo em três:
Algumas idéias sem fundamento prejudicam
proporcionalidade, organização retangular e
o ensino da disciplina:
combinatória.
Só os mais inteligentes aprendem
Metodologias mais comuns
Qualquer aluno pode se engajar no processo
O ensino tradicional dominou a sala de aula
de produção de conhecimentos matemáticos usando
durante séculos, até o surgimento de novas
a própria lógica.
maneiras de ensinar.
Meninos têm mais facilidade do que
Tradicional
meninas
Formada no início do século 20 com
Não existe comprovação científica de que
métodos clássicos que envolvem a repetição de
garotos são melhores (ou piores) do que as meninas
algoritmos.
em disciplinas que exigem raciocínio lógico, como as
Foco Dominar regras da aritmética, da de exatas.
álgebra e da geometria.
É preciso dar um modelo
Estratégias de ensino Aulas expositivas
A idéia de que os alunos só conseguem
sobre conceitos e fórmulas, com os alunos
resolver problemas usando modelos ou seguindo
copiando e fazendo exercícios para a fixação.
instruções não é correta. Para haver avanço, é
Escola Nova preciso que os jovens criem e experimentem
diferentes estratégias.
A partir dos anos 1920, atingiu sobretudo
as séries iniciais. Foi colocada em prática Jogos e softwares são a solução
principalmente em escolas particulares, com o
Ainda há muitas idealizações no sentido de
aluno no centro do processo de aprendizagem.
que materiais como jogos e softwares resolverão os
Foco Trabalhar o conteúdo com base na problemas de aprendizagem. Eles podem ser
iniciativa dos estudantes em resolver problemas ferramentas importantes, mas dependem da
que surgem em um rico ambiente escolar. exploração planejada pelo professor para dar
resultados efetivos.
Estratégias de ensino Jogos e modelos
para aplicar em situações cotidianas. Aprender sem perceber
Matemática Moderna Interpretações equivocadas sobre a
contextualização do ensino da Matemática levaram
Surgiu como um movimento internacional
alguns autores de livros didáticos e professores a
na década de 1960.
acreditar que seria possível aprender a disciplina sem
Foco Conhecer a linguagem formal e ter perceber, apenas brincando e se divertindo. Se o
rigor na resolução de problemas. estudante não sabe o que está fazendo, não há
aprendizagem.
Estratégias de ensino Séries de questões
para usar os fundamentos da teoria dos conjuntos e Linha do tempo do ensino de Matemática
da álgebra. no Brasil
Didática da Matemática 1600 No início da colonização, os conteúdos
de Matemática ministrados nos colégios jesuítas
Começou nas décadas de 1970 e 80, com
estavam atrelados aos de Física, seguindo uma
autores como Guy Brousseau e Gérard Vergnaud.
tradição européia de ensino que tinha como base as
Foco Construir conceitos e estratégias para humanidades clássico-literárias.
resolver problemas. 1824 Com a estruturação das primeiras
Estratégias de ensino Alunos devem escolas primárias, a elaboração do currículo da
discutir em grupo, justificar escolhas e registrar as disciplina dá ênfase a conteúdos matemáticos
hipóteses. relacionados, principalmente, ao sistema de
numeração e à aritmética.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
1837 Geometria, álgebra, trigonometria e - Identificar e representar semelhanças e
mecânica começam a ser ensinadas no recém- diferenças entre formas geométricas.
criado ensino secundário do Colégio Pedro II. A
- Comparar, identificar e estimar grandezas
Matemática deixa de ser conhecimento técnico e
(comprimento, massa, temperatura e capacidade) e
adquire um caráter preparatório para o Ensino
iniciar o uso de instrumentos de medidas.
Superior.
- Saber ver as horas.
1856 Os primeiros livros didáticos de
Matemática feitos no país e adotados pelas escolas - Utilizar o sistema métrico (convencional ou
de Educação Básica são os elaborados pelo militar, não) com precisão.
engenheiro e professor de Matemática mineiro
Cristiano Benedito Ottoni. - Realizar cálculos aproximados.
- Reconhecer, usar, comparar e ordenar
1920 O Movimento da Escola Nova surge
números racionais.
forte em outras áreas e começa a influenciar o
ensino de Matemática, incentivando trabalhos em - Utilizar o sistema monetário brasileiro.
grupo e colocando a criança no centro do processo
educativo. - Resolver problemas nas quatro operações,
usando estratégias pessoais, convencionais e cálculo
1929 Com base nas idéias do alemão Felix mental.
Klein, Euclides Roxo, diretor do Colégio Pedro II,
propõe a criação da disciplina de Matemática (até - Usar porcentagens.
então, aritmética, álgebra e geometria eram - Explorar a idéia de probabilidade.
ministradas separadamente).
- Reconhecer semelhanças e diferenças
1942 Gustavo Capanema promulga a Lei entre poliedros e identificar relações entre faces,
Orgânica do Ensino Secundário, em que o ensino vértices e arestas.
da disciplina segue, em parte, as idéias propostas
por Euclides Roxo, no livro A Matemática na Escola - Utilizar unidades comuns de medida em
Secundária. situações-problema.

1955 É organizado o primeiro Congresso - Usar unidades de medidas de área.

Brasileiro de Ensino da Matemática. O evento, - Interpretar e construir tabelas simples, de
realizado na Bahia pela professora Martha de dupla entrada, gráficos de colunas, barras, linhas e
Souza Dantas, tem o mérito de dar impulso às de setor.
reflexões sobre essa área.
O mesmo documento prevê que, no fim do 9º
1960 O professor Oswaldo Sangiorgi lidera ano, os estudantes saibam:
o Movimento da Matemática Moderna, que defende
a disciplina como a principal via para os alunos - Analisar, interpretar, formular e resolver
acessarem o pensamento científico e tecnológico. situações-problema, compreendendo diferentes
significados das operações com números reais.
1970 A Etnomatemática, criada por
Ubiratan D’Ambrosio, aparece como um movimento - Identificar e resolver problemas com
acadêmico e começa a ser usada em sala de aula. grandezas direta ou indiretamente proporcionais.
A idéia é analisar as práticas matemáticas em - Calcular juros simples e utilizar
diferentes contextos sociais e culturais. porcentagem para acréscimos e descontos.
1988 A criação da Sociedade Brasileira de - Reconhecer números irracionais e construir
Educação Matemática (Sbem) propicia o contato procedimentos de cálculo com eles.
mais próximo com pesquisas internacionais por
meio de participação em seminários e congressos. - Identificar usos para as letras em situações
que envolvem generalização de propriedades,
Expectativas de aprendizagem em incógnitas, fórmulas e relações numéricas e padrões.
Matemática do 1º ao 9º ano
- Construir procedimentos de cálculo para
As Orientações Curriculares de Matemática operar com frações algébricas.
da prefeitura de São Paulo prevêem que, no fim do
5º ano, os alunos saibam: - Usar os sistemas de equações.

- Compreender e usar as regras do sistema - Representar a variação de duas grandezas

de numeração decimal para leitura, escrita, em um sistema de eixos cartesianos.
comparação e ordenação de números naturais. - Fazer verificações experimentais e utilizar
- Utilizar estratégias pessoais para resolver os teoremas de Pitágoras e Tales.
problemas. - Construir procedimentos de cálculo de área
- Ler mapas e plantas baixas simples e e perímetro de superfícies planas, área total de
localizar-se nos espaços.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
cubos, paralelepípedos e pirâmides, volume de Foco Aprender usando questões dos
cubos e paralelepípedos. contextos sociais e culturais.
- Usar noções de cálculo de média Estratégias de ensino Mudam conforme o
aritmética e moda. contexto e a realidade em que a disciplina é
ensinada.
- Usar noções de espaço amostral e de
probabilidade de um evento. É cada vez maior o conhecimento sobre
como as crianças aprendem conceitos matemáticos.
- Produzir textos escritos com base na
Pesquisas sobre a didática da disciplina aos poucos
interpretação de dados estatísticos.
chegam aos cursos de formação e começam a
METODOLOGIAS MAIS COMUNS difundir uma nova maneira de ensinar. O que antes
era considerado erro do aluno ou falta de
O ensino tradicional dominou a sala de aula
conhecimento do conteúdo (leia quadro abaixo)
durante séculos, até o surgimento de novas
agora se revela como a expressão de diferentes
maneiras de ensinar.
formas de raciocinar sobre um problema, que devem
Tradicional ser compreendidas e levadas em consideração pelo
professor no planejamento das intervenções, como
Formada no início do século 20 com se pode acompanhar nas fotos que ilustram esta
métodos clássicos que envolvem a repetição de reportagem.
algoritmos.
No decorrer do século 20, as discussões se
Foco Dominar regras da aritmética, da intensificaram, motivadas pelas descobertas da
álgebra e da geometria. psicologia do desenvolvimento e da abordagem
Estratégias de ensino Aulas expositivas socioconstrutivista, feitas principalmente pelo
sobre conceitos e fórmulas, com os alunos cientista suiço Jean Piaget (1896-1980) e pelo
copiando e fazendo exercícios para a fixação. psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky (1896-1934).
Escola Nova "No Brasil, foi nas décadas de 1950 e 60 que
os educadores passaram a se preocupar com a baixa
A partir dos anos 1920, atingiu sobretudo qualidade do desempenho dos estudantes.Em
as séries iniciais. Foi colocada em prática diversos países, propostas para enfrentar as
principalmente em escolas particulares, com o dificuldades começaram a ser construídas e, da
aluno no centro do processo de aprendizagem. busca de soluções, surgiu um novo campo de
Foco Trabalhar o conteúdo com base na conhecimento", explica Célia Maria Carolino Pires, do
iniciativa dos estudantes em resolver problemas Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação
que surgem em um rico ambiente escolar. Matemática da Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo. Na França, essa área do saber é
Estratégias de ensino Jogos e modelos chamada de didática da Matemática e os os
para aplicar em situações cotidianas. principais pesquisadores são Guy Brousseau, Gérard
Matemática Moderna Vergnaud, Régine Douady e Nicolas Balacheff. No
Brasil, ela também é conhecida como Educação
Surgiu como um movimento internacional Matemática.
na década de 1960.
"As pesquisas francesas deram aporte a
Foco Conhecer a linguagem formal e ter investigações que concebem o aluno como sujeito
rigor na resolução de problemas. ativo na produção do conhecimento e considera as
Estratégias de ensino Séries de questões formas particulares de aprender e pensar", resume
para usar os fundamentos da teoria dos conjuntos e Cristiano Alberto Muniz, coordenador adjunto do
da álgebra. Programa de Pós-Graduação em Educação da
Universidade de Brasília (UnB). Essa abordagem tem
Didática da Matemática implicações didáticas, pois coloca o professor como
Começou nas décadas de 1970 e 80, com conhecedor do processo de aprendizagem, da
autores como Guy Brousseau e Gérard Vergnaud. natureza dos conteúdos e das intervenções mais
adequadas para ensinar.
Foco Construir conceitos e estratégias para
resolver problemas. Aulas em que se expõem conceitos, fórmulas
e regras e depois é exigida a repetição de exercícios,
Estratégias de ensino Alunos devem tão usadas até hoje, têm origem no começo do
discutir em grupo, justificar escolhas e registrar as século 20. Porém sabe-se que elas não são a melhor
hipóteses. opção para a Educação Matemática. "Procedimentos
Etnomatemática clássicos podem ser utilizados desde que tenham
coerência com os objetivos do planejamento e
Surgiu no Brasil em 1975 com os trabalhos estejam acompanhados de tempo para a ref lexão e
de Ubiratan D’Ambrosio. a discussão em grupo", observa Muniz.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ENTEDER COMO AS CRIANÇAS - estados relativos (transformação de um
APRENDEM É FUNDAMENTAL estado relativo em outro estado relativo).
Os conhecimentos sobre como as crianças Da mesma forma, ele classificou as
aprendem Matemática têm mais de 30 anos, mas questões relativas ao campo multiplicativo em três:
ainda não constam dos currículos dos cursos de proporcionalidade, organização retangular e
licenciatura. Aos poucos, aparecem em programas combinatória.
de formação continuada, mostrando maneiras
DESCOBRIR ESTRATÉGIAS E SOCIALIZÁ-
eficientes de ensino da disciplina.
LAS COM OS COLEGAS
O foco dessa tendência que coloca o aluno
Ciente da capacidade dos pequenos de criar
no centro do processo de aprendizagem é
hipóteses, é possível elaborar problemas com
apresentar a ele situações-problema para resolver.
diferentes enunciados, variando o lugar da incógnita,
"O docente tem o papel de mediador, ajudando a
e propor discussões em grupo e momentos nos quais
construir os conceitos e fazendo com que o
os estudantes justifiquem a escolha. A justificativa
estudante tenha consciência do que faz na hora de
pode ser feita oralmente ou por escrito. Nesse caso,
responder as questões", afirma Sandra Baccarin,
é possível que ele inicie com representações
do Compasso, grupo de pesquisa em Educação
pessoais - como riscos e desenhos - antes de chegar
Matemática da UnB.
ao registro formal da linguagem matemática. É esse
No livro Didática da Matemática, Roland processo que leva à aprendizagem efetiva.
Charnay afirma: "O aluno deve ser capaz não só de
Um aspecto muito disseminado da
repetir ou refazer, mas também de ressignificar
abordagem socioconstrutivista - base da didática da
diante de novas situações, adaptando e
Matemática da escola francesa - é a visão da
transferindo seus conhecimentos para resolver
aprendizagem como um processo social. Isso
desafios".
significa considerar a articulação dos saberes
Guy Brousseau, ao construir a teoria sobre escolares com a realidade das crianças. A ideia,
o contrato didático, descreveu as relações entre o contudo, costuma gerar muitos equívocos. Um deles
professor, o saber e o aluno. O docente tem a ocorre quando o professor privilegia a vivência de
função de criar situações didáticas em que nem situações do cotidiano para introduzir um conteúdo,
tudo fica explícito (são os obstáculos). À criança esquecendo-se, posteriormente, de sistematizar o
cabe pensar em possíveis caminhos para resolvê- aprendizado.
las, formulando variadas hipóteses sem ter a
Outro engano é a ideia de que contextualizar
necessidade de dar nenhuma resposta imediata.
é ensinar apenas a Matemática usada no dia a dia,
Esse segundo momento é chamado de adidático. É
como a aritmética de uma compra de supermercado.
aí que o aluno usa a própria lógica para produzir.
Contudo, somente em momentos de
"Assim, começamos a preparar os jovens para
descontextualização é possível construir
pensar de forma autônoma", destaca Cristiano
conhecimentos para que possam ser usados em
Muniz. Depois disso, é tarefa do professor retomar
outras circunstâncias. Questões internas da
o planejado, para analisar as hipóteses da turma e
disciplina, como a propriedade distributiva da
sistematizar o aprendizado.
multiplicação, não estão explícitas no que se faz
Para compreender melhor as condições de diariamente, mas devem ser objeto de discussão da
ensino, Gérard Vergnaud elaborou a teoria dos turma.
campos conceituais. Ao estudar como as crianças
MITOS PEDAGÓGICOS
resolvem problemas de soma e subtração, o
francês percebeu que elas procuram a resposta Algumas idéias sem fundamento prejudicam
usando procedimentos diversos do tradicional, com o ensino da disciplina:
base em vivências e aprendizados anteriores.
Só os mais inteligentes aprendem
Foi assim que ele classificou os problemas
Qualquer aluno pode se engajar no processo
do campo aditivo em seis tipos:
de produção de conhecimentos matemáticos usando
- dois de transformação (alteração do a própria lógica.
estado inicial por meio de uma situação inicial,
Meninos têm mais facilidade do que
positiva ou negativa);
meninas
- combinação de medidas (junção de
Não existe comprovação científica de que
conjuntos de quantidades preestabelecidas);
garotos são melhores (ou piores) do que as meninas
- comparação (confronto de duas em disciplinas que exigem raciocínio lógico, como as
quantidades para achar a diferença); de exatas.
- composição de transformações É preciso dar um modelo
(alterações sucessivas do estado inicial); e
A idéia de que os alunos só conseguem
resolver problemas usando modelos ou seguindo

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
instruções não é correta. Para haver avanço, é 1955 É organizado o primeiro Congresso
preciso que os jovens criem e experimentem Brasileiro de Ensino da Matemática. O evento,
diferentes estratégias. realizado na Bahia pela professora Martha de Souza
Dantas, tem o mérito de dar impulso às reflexões
Jogos e softwares são a solução
sobre essa área.
Ainda há muitas idealizações no sentido de
1960 O professor Oswaldo Sangiorgi lidera o
que materiais como jogos e softwares resolverão os
Movimento da Matemática Moderna, que defende a
problemas de aprendizagem. Eles podem ser
disciplina como a principal via para os alunos
ferramentas importantes, mas dependem da
acessarem o pensamento científico e tecnológico.
exploração planejada pelo professor para dar
resultados efetivos. 1970 A Etnomatemática, criada por Ubiratan
D’Ambrosio, aparece como um movimento
Aprender sem perceber
acadêmico e começa a ser usada em sala de aula. A
Interpretações equivocadas sobre a idéia é analisar as práticas matemáticas em
contextualização do ensino da Matemática levaram diferentes contextos sociais e culturais.
alguns autores de livros didáticos e professores a
1988 A criação da Sociedade Brasileira de
acreditar que seria possível aprender a disciplina
Educação Matemática (Sbem) propicia o contato
sem perceber, apenas brincando e se divertindo. Se
mais próximo com pesquisas internacionais por meio
o estudante não sabe o que está fazendo, não há
de participação em seminários e congressos.
aprendizagem.
EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEM EM
LINHA DO TEMPO DO ENSINO DE
MATEMÁTICA DO 1º AO 9º ANO
MATEMÁTICA NO BRASIL
As Orientações Curriculares de Matemática
1600 No início da colonização, os
da prevêem que, no fim do 5º ano, os alunos saibam:
conteúdos de Matemática ministrados nos colégios
jesuítas estavam atrelados aos de Física, seguindo - Compreender e usar as regras do sistema
uma tradição européia de ensino que tinha como de numeração decimal para leitura, escrita,
base as humanidades clássico-literárias. comparação e ordenação de números naturais.
1824 Com a estruturação das primeiras - Utilizar estratégias pessoais para resolver
escolas primárias, a elaboração do currículo da problemas.
disciplina dá ênfase a conteúdos matemáticos
- Ler mapas e plantas baixas simples e
relacionados, principalmente, ao sistema de
localizar-se nos espaços.
numeração e à aritmética.
- Identificar e representar semelhanças e
1837 Geometria, álgebra, trigonometria e
diferenças entre formas geométricas.
mecânica começam a ser ensinadas no recém-
criado ensino secundário do Colégio Pedro II. A - Comparar, identificar e estimar grandezas
Matemática deixa de ser conhecimento técnico e (comprimento, massa, temperatura e capacidade) e
adquire um caráter preparatório para o Ensino iniciar o uso de instrumentos de medidas.
Superior.
- Saber ver as horas.
1856 Os primeiros livros didáticos de
- Utilizar o sistema métrico (convencional ou
Matemática feitos no país e adotados pelas escolas
de Educação Básica são os elaborados pelo militar, não) com precisão.
engenheiro e professor de Matemática mineiro - Realizar cálculos aproximados.
Cristiano Benedito Ottoni.
- Reconhecer, usar, comparar e ordenar
1920 O Movimento da Escola Nova surge números racionais.
forte em outras áreas e começa a influenciar o
ensino de Matemática, incentivando trabalhos em - Utilizar o sistema monetário brasileiro.
grupo e colocando a criança no centro do processo - Resolver problemas nas quatro operações,
educativo. usando estratégias pessoais, convencionais e cálculo
1929 Com base nas idéias do alemão Felix mental.
Klein, Euclides Roxo, diretor do Colégio Pedro II, - Usar porcentagens.
propõe a criação da disciplina de Matemática (até
então, aritmética, álgebra e geometria eram - Explorar a idéia de probabilidade.
ministradas separadamente). - Reconhecer semelhanças e diferenças
1942 Gustavo Capanema promulga a Lei entre poliedros e identificar relações entre faces,
Orgânica do Ensino Secundário, em que o ensino vértices e arestas.
da disciplina segue, em parte, as idéias propostas - Utilizar unidades comuns de medida em
por Euclides Roxo, no livro A Matemática na Escola situações-problema.
Secundária.
- Usar unidades de medidas de área.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Interpretar e construir tabelas simples, de APROPRIAÇÃO DO SISTEMA DE
dupla entrada, gráficos de colunas, barras, linhas e NUMERAÇÃO DECIMAL
de setor.
O mesmo documento prevê que, no fim do Durante o planejamento e o desenrolar de
9º ano, os estudantes saibam: uma aula de Matemática que envolve o ensino do
Sistema de Numeração Decimal (SND) para os anos
- Analisar, interpretar, formular e resolver iniciais do Ensino Fundamental nos deparamos com
situações-problema, compreendendo diferentes as seguintes questões: quantos diferentes modos de
significados das operações com números reais. pensar o conceito de número a turma possui? Como
- Identificar e resolver problemas com possibilitar reflexões para garantir o avanço da
grandezas direta ou indiretamente proporcionais. compreensão?
- Calcular juros simples e utilizar EMEF LOURENÇO FILHO
porcentagem para acréscimos e descontos. Quando o professor conhece os princípios e
- Reconhecer números irracionais e algumas propriedades que estão presentes no SND
construir procedimentos de cálculo com eles. descobre e cria recursos didáticos eficientes.
- Identificar usos para as letras em Então, como é o funcionamento do SND?
situações que envolvem generalização de O SND é entendido como um sistema de
propriedades, incógnitas, fórmulas e relações notações, formado por símbolos/sinais convencionais
numéricas e padrões. e organizado por alguns princípios e propriedades.
- Construir procedimentos de cálculo para Este sistema foi criado e utilizado pelos homens para
operar com frações algébricas. suprir suas necessidades de quantificar, registrar,
comparar e reconhecer quantidades, permitindo,
- Usar os sistemas de equações. assim, resolver problemas que surgiam em seu
- Representar a variação de duas cotidiano.
grandezas em um sistema de eixos cartesianos. Segundo Curi (2011), o SND é muito mais
- Fazer verificações experimentais e utilizar enxuto e extremamente prático, por conta de seus
os teoremas de Pitágoras e Tales. princípios. Tem apenas dez símbolos: 0, 1, 2, 3, 4, 5,
6, 7, 8 e 9, a partir dos quais são construídos todos
- Construir procedimentos de cálculo de os números; o zero representa a ausência de
área e perímetro de superfícies planas, área total quantidade; o valor do símbolo é alterado de acordo
de cubos, paralelepípedos e pirâmides, volume de com sua posição no número e todo número pode ser
cubos e paralelepípedos. representado usando-se o Princípio Aditivo e o
- Usar noções de cálculo de média Princípio Multiplicativo.
aritmética e moda. Para a compreensão da construção do
- Usar noções de espaço amostral e de conceito de números, devemos recuperar alguns
probabilidade de um evento. aspectos que são relevantes nesse processo de
conhecimento: a quantidade de algarismos, a
- Produzir textos escritos com base na magnitude dos números, a posição que os
interpretação de dados estatísticos. algarismos ocupam dentro da escrita, o papel dos
“nós”, o papel da numeração falada e a notação
convencional.
A observação da quantidade de algarismos e
a identificação da magnitude dos números é um dos
critérios que as crianças utilizam para comparar
números. As crianças afirmam que “[…] quanto maior
é a quantidade de algarismos de um número, maior o
número” (PIRES, 2012, p. 60).
Este critério de elaboração com base na
observação da numeração escrita funciona mesmo
que a criança não tiver o conhecimento do “nome”
dos números. Por exemplo, a criança pode não saber
nomear os números 340 e 19, mas sabe que o
primeiro é maior, pois possui 3 algarismos, ou seja,
sabe identificar a magnitude de cada um deles por
meio da quantidade de algarismos, mas não sabe
nomeá-lo nem conhece a estrutura do SND.
Outro aspecto importante na construção dos
números diz respeito à posição dos algarismos,
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
quando os números possuem a mesma magnitude, É importante a exploração dessas
as crianças observam a posição que cada contradições para a consolidação do conceito de
algarismo ocupa, observando inicialmente o número pelos estudantes dos anos iniciais e,
primeiro algarismo, verificam qual deles é o maior, algumas vezes, também pelos adolescentes, pois ao
identificando, com isto, qual dos números (que escreverem números na ordem das centenas de
foram comparados) é o maior. milhar ou bilhões também se deparam com esta
contradição em suas escritas numéricas, uma vez
Se os dois números comparados tiverem a
que os princípios do SND não estejam
mesma quantidade de algarismos, elas irão fazer a
compreendidos totalmente.
análise do próximo algarismo, para poder decidir
qual é o maior e qual é o menor, por exemplo, 63 e Assim, é a partir dessas contradições
68, ambos começam com 6. Então, as crianças vivenciadas que os estudantes começam a perceber
passam a analisar o segundo algarismo de cada um as regularidades que existem na estrutura do SND.
deles, sem se preocupar se é dezena, centena ou A análise das regularidades da escrita numérica será
unidade simples. O primeiro termina com 3 e o um fator importante para a construção dos princípios
segundo com 8, assim, 8 é maior que 3, pelo que regem o SND.
conhecimento que elas possuem sobre a contagem
Nesse sentido, o ditado de números pode
oral, logo o segundo número é maior que o
revelar o que os estudantes conhecem sobre a
primeiro.
estrutura do SND, possibilitando ao professor pensar
Nesse sentido, as crianças podem não em intervenções adequadas às necessidades
conhecer os agrupamentos de 10, já que os indicadas neste instrumento.
números apresentados possuem dois algarismos,
A importância da Sondagem
mas elas identificam que a posição do algarismo
cumpre um papel importante no SND, ou seja, o Vivemos em um mundo cercado de
valor que o algarismo representa depende da números e, por isso, é importante compreender como
posição que ele ocupa em relação aos demais as crianças criam suas representações de escrita,
algarismos na composição desse número. suas representações numéricas e, sobretudo, como
leem o que está a sua volta. Os dados coletados não
Outro ponto importante na apropriação da
são apenas para quantificá-los, mas para qualificar a
escrita convencional dos números diz respeito ao
ação pedagógica. A qualificação desses dados
papel dos “nós”, ou seja, o conhecimento que os
possibilitará, após a sua análise, promover
estudantes possuem sobre as dezenas, centenas,
intervenções nos processos de aprendizagem e, por
unidades de milhar exatas é fundamental para
consequência, os avanços necessários. A sondagem
construção do conceito de número.
de números é uma avaliação processual para
As pesquisas realizadas por Lerner e acompanhar a evolução da escrita numérica dos
Sadovsky (1996) mostram que a apropriação da estudantes. É um momento intencional, planejado
escrita convencional dos números não segue a para esse fim e a partir de alguns critérios que
ordem da série numérica. As crianças utilizam permitirão ao professor identificar os avanços e as
primeiramente a escrita das dezenas exatas (10, dificuldades dos estudantes (SÃO PAULO, 2018, p.
20, 30, 40…), centenas exatas (100, 200, 300, 5).
400…), unidade de milhar (1.000, 2.000, 3.000,
Para chegar à notação convencional
4.000…), entre outras para se orientar. Só depois
(LERNER; SADOVSKY, 1996) a maioria das crianças
que elaboram a escrita dos números que estão
enfrenta situações bem contraditórias. Por um lado,
entre estes “nós”, como: 18, 135 e 3.654.
elas se apoiam na numeração falada e, por outro
A numeração falada também desempenha lado, compreendem que o sistema de escrita de
um papel muito importante na conceitualização da números está relacionado à quantidade de algarismo
escrita dos números. Muitos estudantes organizam e, consequentemente, ao tamanho que este número
a escrita de números a partir da fala para produzir a possui.
escrita numérica, por exemplo, quatrocentos e trinta
Tendo estes conceitos em mãos, o que
e cinco – o registro deste número pode aparecer
podemos fazer para ajudar os estudantes a
como 400305.
enfrentarem estas contradições?
Com isso, podemos encontrar estudantes
RECURSOS DIDÁTICOS QUE PODEM
que recorrem à justaposição de escritas para
CONTRIBUIR PARA O AVANÇO DA ESCRITA
representar os números, levando em consideração
NUMÉRICA
o modo como falam. Assim, para representar o
número 627, os estudantes podem utilizar a A comparação de números
seguinte escrita: 600207 ou 60027 ou ainda 6027 e
justificam dizendo que escreveram da forma como Na comparação de números, os estudantes
este número foi falado ou compreendem que este usam um critério para justificar quando um número é
maior ou menor que outro, por exemplo, 427 e 79. “O
número está entre 600 e 700, mas vão ajustando a
primeiro número é maior”, justificam dizendo, ou “este
escrita a partir do conhecimento que têm entre os
“nós”.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
segundo número tem menor quantidade de AS DUAS MÃOS
algarismos”.
a) Aprendizagem: Estabelecer relação
Também encontramos estudantes que biunívoca (termo a termo); construir noções iniciais
utilizam o critério “o primeiro número é maior”, do Sistema de Numeração Decimal; identificar a
apoiando-se na sequência oral que conhecem. Por quantidade de dedos das duas mãos como base de
exemplo, 425 e 78; na sequência oral, o estudante agrupamentos de 10.
pensa que o 4, o 2 e o 5, vem antes do 7 e do 8.
b) Material:
Este critério justifica que o 78 é maior que 425,
demostrando que eles ainda não se apropriaram da – 1 dado comum
magnitude dos números, nem do valor posicional.
– aproximadamente 200 palitos de picolé
O professor pode dispor de diferentes
– aproximadamente 30 liguinhas elásticas
materiais de apoio que possibilitem aos estudantes
perceberem a sequência numérica e a ordem que – 1 tabuleiro, com as duas mãos
os números aparecem no SND. Destacamos a fita desenhadas, para cada participante
métrica, a régua, a trena (colocar desenhos destes
materiais aqui perto). c) Número de jogadores: 2 a 5 participantes.

Com estes materiais as crianças aprendem d) Regras:

a buscar informações que necessitam, observando – Cada um, na sua vez, lança o dado.
a forma da escrita destes números, pois sabem que
eles estão escritos convencionalmente e obedecem – A quantidade que aparecer na face superior
a uma ordem crescente na sua representação. do dado após seu lançamento, corresponderá ao
número de palitos que devem ser recolhidos pelo
A escrita de números jogador e colocados no tabuleiro sobre a ilustração
Escrever números é uma tarefa importante que reproduz os dedos das mãos.
para quem está começando a entender o – Passa a vez para o próximo jogador.
funcionamento do SND. Para que o estudante se
aproprie do sistema de numeração é necessário – Na rodada seguinte, pega-se novamente a
que ele compreenda a representação que não está quantidade de palitos de picolé que sair na jogada do
explícita, principalmente para aqueles que se dado, colocando um em cada dedo das mãos do seu
apoiam na fala para realizar uma escrita numérica. tabuleiro, não podendo colocar dois palitos em um
mesmo dedo.
Nessa tarefa de descobrir o funcionamento
do sistema de numeração, o professor será o – Os palitos que porventura sobrarem devem
principal mediador, fazendo perguntas muito ser colocados novamente, em cada um dos dedos.
simples: Que número é este? Como se escreve, por A cada rodada, continua-se colocando um
exemplo, o número quarenta e dois? E o número palito em cada dedo, de acordo com os números que
cento e quarenta e dois? saírem no dado.
Este procedimento de fazer com que os – Quando em todos os dedos houver um
estudantes reflitam sobre a escrita de números palito, devem-se recolher os 10 palitos e enlaçá-los
deve ocorrer ao longo de todo o ciclo de com uma liguinha elástica, formando um grupo com
alfabetização, mas muitas vezes é preciso retomar 10 pontos e colocando-o no espaço indicado no
com os estudantes do ciclo interdisciplinar, quando tabuleiro.
a escrita envolver números de maior grandeza.
– Ganha o jogo quem fizer mais pontos após
Nesse sentido, o professor necessita 10 rodadas.
conhecer os saberes de sua turma para que possa
utilizar o recurso didático adequado para cada “NUNCA” 10
situação de aprendizagem. Entre os recursos que o a) Aprendizagem: Perceber e compreender
professor pode utilizar para escrever números os princípios do Sistema de Numeração Decimal:
ressaltam-se os quadros numéricos, o ditado de aditivo, posicional e decimal; compor e decompor
números e as cartelas sobrepostas. números na base 10.
Ganhando destaque como um recurso b) Material:
didático potente – principalmente por permitirem a
visualização do número em sua escrita – 1 dado comum
convencional – as cartelas sobrepostas são – aproximadamente 200 palitos de picolé
compostas por cartelas que mostram a
decomposição dos números em classes e ordens, – aproximadamente 30 liguinhas elásticas
como afirmado anteriormente, de forma que a sua b) – tabela para registrar a pontuação
sobreposição indica os números que serão
produzidos. c) Número de jogadores: 3 a 5 participantes.
d) Regras:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
– Cada um dos jogadores, na sua vez, – Após o jogo cada jogador conta a
lança o dado. quantidade de pontos que obteve.
– O número que sair no dado corresponde – Ganha o jogo quem fizer a maior
à quantidade de pontos da rodada, que deverá ser pontuação.
pega em palitos de picolé e registrada na planilha.
A BOTA DE MUITAS LÉGUAS
– Na rodada seguinte, pega-se novamente
a) Aprendizagem: Desenvolver a ideia de
a quantidade de palitos de picolé que sair na jogada
multiplicação e divisão ao calcular a quantidade de
do dado.
pulos que a “bota” dará; utilizar o zero como
– Ao completar 10 palitos, a criança enlaça- referencial de ponto de partida.
os com a linguinha elástica, formando um
b) Material:
agrupamento de 10 unidades, e assim
sucessivamente. – folha com várias retas numéricas, com
marcações do zero ao 25
c) – Ganha o jogo quem fizer mais pontos
ao final de 8 rodadas. – 2 conjuntos de cartões numerados e
coloridos (5 cartões azuis e 5 cartões amarelos).
BOCA DO PALHAÇO
Obs.: os cartões amarelos indicam a quantidade de
a) Aprendizagem: Resolver adições e pulos que a bota dará e os cartões azuis o
subtrações de números envolvidos em situações comprimento dos pulos. Inicialmente, pode-se usar
concretas do jogo; realizar contagens; identificar números de 1 a 5. em um segundo momento, pode-
valores de cédulas e moedas fazendo as devidas se acrescentar valores maiores
trocas; fazer agrupamentos na base dez.
c) Número de jogadores: todos os alunos da
b) Material: turma.
– cédulas e moedas d) Regras:
– ingressos – Proponha este jogo da seguinte maneira:
– boca do palhaço “Imaginem uma bota mágica que dá pulos do
comprimento que quisermos.”
– 3 bolas pequenas, podendo ser de meia
ou de papel amassado Vamos brincar com essa bota mágica?
– fichas vermelhas e fichas amarelas – Peça a um aluno que sorteie um cartão
numerado amarelo. O número sorteado indica o
– ficha de registro das compras e
número de pulos que a “bota” dará.
pontuação
– Peça a outro aluno que sorteie outro cartão
c) Número de jogadores: toda a turma.
numerado de cor azul. O número indica o
d) Regras: comprimento de cada pulo.
– Iniciar, dispondo as carteiras da sala em Inicialmente, desenhe uma “reta” graduada
forma de “U”. no chão (ou use uma faixa de papel graduada) para
que um terceiro aluno possa dar pulos sobre a “reta”.
– Cada estudante recebe uma cédula de
Assim, a turma poderá verificar o número no qual ele
R$10,00, para comprar os ingressos.
parou.
– Posteriormente, a turma pode ser dividida
– Cada ingresso vale a uma jogada, custa em duas equipes. As jogadas realizadas nessa
R$ 2,00 e dá direito ao arremesso de 3 bolas. partida podem ser registradas nas retas numéricas.
– O professor só pode vender um ingresso, – Realize tantas rodadas quantas forem
por vez, a cada criança. A criança deve anotar na necessárias. Faça com que os alunos comecem a
ficha de registro o que ocorreu. predizer em qual número da reta a bota parará.
– A cada bola que o estudante arremessa – Vence o jogo a equipe que calçar a bota
dentro da boca do palhaço, ele ganha 5 fichas que saltar mais longe.
amarelas.
PINTANDO O SETE
– A cada bola que o estudante erra, ele
a) Aprendizagem: Resolver adições; analisar
ganha 1 ficha amarela.
as possibilidades de soma 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11
– Depois de 3 rodadas, pede-se às crianças e 12 no lançamento de dois dados.
que, a cada 10 fichas amarelas obtidas troquem por b) Material:
uma vermelha.
– 2 dados numerados de 1 a 6

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
– lápis de cor – 1 tabuleiro feito com garrafas PET cortadas
(compartimentos) e organizadas
– 1 folha com os números 1 a 12 (exceto o
7) para cada jogador – 1 bola pequena (pode ser uma bola feita
de papel ou de meia)
– 1 folha com os “setes” para cada jogador
– tampinhas de garrafa PET
c) Número de jogadores: 3 ou 4
participantes. Obs.: Em cada compartimento do tabuleiro
(garrafas PET cortadas), devem ser colocadas
d) Regras:
quantidades diferentes de tampinhas. Essas
– O primeiro jogador lança os dois dados, quantidades variam de acordo com as dificuldades
soma os pontos obtidos e risca esse número na sua que se pretende trabalhar em relação à resolução
folha. Se o total for 7, deverá pintar um dos setes das adições e das subtrações.
da sua folha.
– 1 quadro para registro
– Os próximos jogadores deverão fazer o
c) Número de jogadores: 2 a 8 participantes.
mesmo.
d) Regras:
– Caso o jogador obtenha, em uma jogada,
um total que já foi riscado, deverá passar a vez. – Cada jogador, na sua vez, arremessa a
bola em direção ao tabuleiro, procurando acertar
– O jogador que pintar todos os “setes” sai
dentro de uma das garrafas (compartimento).
do jogo.
– Em seguida, retira a quantidade de
– Ganha o jogo quem primeiro conseguir
tampinhas que estão no compartimento em que a
riscar todos os números.
bola entrou.
TRAVESSIA DO RIO
– O dado com os símbolos das operações é
a) Aprendizagem: Resolver adições; lançado para conhecer a operação que deve ser
analisar as possibilidades de soma 2, 3, 4, 5, 6, 7, realizada.
8, 9, 10, 11 e 12 no lançamento de dois dados.
– A bola deve ser lançada novamente,
b) Material: retirando a quantidade de tampinhas indicadas no
compartimento em que a bola entrou.
– 1 tabuleiro que simula um rio e suas
margens (com casas numeradas de 1 a 12) – De acordo com a operação que saiu no
dado e, com os dois números obtidos nos
– 12 fichas verdes e 12 fichas vermelhas
arremessos da bola, efetua-se a adição ou a
– 2 dados comuns, sendo um vermelho e subtração.
outro azul
– Ao registrar a operação, organizá-la
c) Número de jogadores: 2 participantes. colocando o número maior, o símbolo da operação (+
ou –) e o número menor em seguida. Combinar
d) Regras: antecipadamente com as crianças para que não
– Cada jogador coloca as suas fichas, nas ocorram situações inadequadas para essa fase da
casas de uma das margens do rio, da maneira que escolarização, como, por exemplo: 6 – 13.
quiser, podendo pôr mais do que uma ficha na – Registrar no quadro o resultado obtido na
mesma casa, deixando, portanto, outras vazias. operação, o qual corresponde à quantidade de
– Alternadamente, os jogadores lançam pontos obtidos na rodada.
dados e calculam a soma obtida. – Em seguida, o próximo jogador faz sua
– Se a soma corresponder a uma das casa jogada.
onde estejam as suas fichas, passa-se uma delas – A cada jogada novas tampinhas podem ser
para o outro lado do rio. colocadas nos compartimentos em que elas foram
– Ganha quem primeiro conseguir passar retiradas, podendo variar ou não a quantidade que
todas as fichas para o outro lado. havia.
JOGO DAS OPERAÇÕES – Após algumas rodadas, pode-se propor a
adição dos pontos, registrando-os como resultado
a) Aprendizagem: Resolver adições e final e, após isso, fazer a classificação da maior para
subtrações em situações-problema referentes ao a menor pontuação.
campo aditivo.
– Vence o jogo quem tiver a maior pontuação
b) Material: final.
– 1 dado com os símbolos da adição e da
subtração

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
COELHINHO PROCURANDO A TOCA ANIMAL MALUCO
Objetivo do jogo: Contagem de 2 em 2 Pode-se brincar de Animal Maluco
fornecendo às crianças fichas com partes de animais.
Materiais:
A pergunta surge naturalmente: quantos animais
1 tabuleiro;• diferentes eu posso construir?
1 dado com três faces azuis e com três RACIOCÍNIO COMBINATÓRIO
faces vermelhas, contendo apenas o • número 2
Rafael e Ana estão sentados em um sofá de
nas faces;
três lugares. Quantos lugares diferentes eles podem
3 peões (coelhinhos).• ocupar nesse sofá?
Número de jogadores: 3 jogadores Objetivo: Resolver a situação-problema
esgotando todas as possibilidades.
Regras do jogo:
Aprendizagem: Desenvolve o raciocínio
Os jogadores deverão “ajudar” o coelhinho
combinatório.
a encontrar sua toca saltando sobre as casinhas do
tabuleiro. O jogador poderá “sair” da toca inicial
somente quando cair uma face azul no dado. Caso
contrário, nela permanecerá até que isso ocorra. Se
cair uma face azul avança duas casas. Se cair uma
face vermelha volta duas casas. Ganha o jogo o
jogador que conseguir chegar primeiro à última
casa (onde está a toca).
O mesmo jogo pode ser jogado com outro
dado: 3, 3, 3 azul e 3, 3, 3 vermelho, explorando a
contagem de 3 em 3.
“FICHAS ESCALONADAS”
As fichas escalonadas são especialmente
voltadas para a superação das escritas numéricas
tais como 345 como “300405”, muito presente no
contexto da alfabetização enraizada nos processos
psicogenéticos associados às hipóteses da leitura e
escrita dos números.
As fichas escalonadas não devem aparecer
de forma isolada no processo de alfabetização até
aqui proposto. Quando a criança necessita escrever
o número 697, deve, primeiramente, selecionar as
fichas com o 600, o 90 e a ficha com o número 7:
Finalmente deve-se sobrepor do menor
para o maior: Obtém-se assim 697, SEIScentos e
NOVEnta e SETE.
CORRIDA DOS CARRINHOS
Materiais:
1 dado adaptado com as faces: 1, 2, 3, 1, 2,
3; •
1 carrinho (peão) para cada jogador.•
Número de jogadores: 5
Regras do jogo:
Cada jogador escolhe uma pista e um
carrinho (peão), colocando-o na casa da Largada.
O jogo inicia com o primeiro jogador lançando o
dado e avançando o número de casas sorteado no
dado. O peão que primeiro atingir o final da pista,
casa da chegada, é o vencedor do jogo.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
NÚMEROS NATURAIS são consecutivos e 11, 12, 13, 14, 15, 16 e 17 são
consecutivos.
Você já ouviu falar dos Números Naturais?
Eles são utilizados a todo o momento em nosso dia Podemos ainda fazer comparações entre os
a dia e, muitas vezes, nem percebemos. Quer ver números naturais. Para isso, utilizaremos os
só? Pense nas respostas para as seguintes seguintes símbolos:
perguntas: Quantos anos você tem? Qual é o seu = (igual)
número de telefone? Quantos títulos o Brasil
ganhou na Copa do Mundo? Para todas essas > (maior que)
perguntas, precisamos dos números naturais para Vejamos algumas comparações entre alguns
expressar a resposta! números naturais:
Os números naturais são utilizados em uma 2 = 2 (dois igual a dois)
contagem, para estabelecer uma ordem, um código
ou fazer uma medida. A sequência formada pelos 5 (cinco menor que sete)
números naturais e empregada em todas as 1 > 0 (um maior que zero)
situações é: 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11... Nós
podemos utilizar o símbolo para representar 3 (três menor que oito)
esse conjunto numérico: 10 > 5 (dez maior que cinco)
= {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8...} 11 (onze menor que dezessete)
Observe que o conjunto dos números 12 > 1 (doze maior que um)
naturais começa com o número zero, mas não tem
um número final, por isso dizemos que os naturais
são infinitos! A partir desse conjunto, podemos
estabelecer diversos outros conjuntos infinitos,
vejamos alguns:
Conjunto dos números naturais sem o
zero: * = {1, 2, 3, 4, 5, 6...}
Conjunto dos números naturais pares =
{0, 2, 4, 6, 8, 10...}
Conjunto dos números naturais ímpares
= {1, 3, 5, 7, 9, 11...}
Conjunto dos números naturais primos =
{2, 3, 5, 7, 11, 13...}
Ao estabelecer uma relação entre dois ou
mais números, acabamos ordenando-os. Os
números que compõem o conjunto dos números
naturais estão ordenados, e alguns termos podem
ser utilizados para descrever essa ordem:
Antecessor:
Dizemos que o antecessor de um número é
aquele que é imediatamente anterior a ele. Por
exemplo, o número 3 é antecessor de 4; 2 é
antecessor de 3; 1 é antecessor de 2; 0 é
antecessor de 1 e o 0 não possui um antecessor
natural.
Sucessor:
Se o antecessor é o que vem antes, o
sucessor de um número é aquele que vem
imediatamente depois. Temos que 1 é sucessor de
0; 2 é sucessor de 1; 3 é sucessor de 2; 4 é
sucessor de 3 e assim por diante.
Consecutivos:
Dizemos que determinados números são
consecutivos se não faltar nenhum número entre
eles. Por exemplo: 1, 2 e 3 são consecutivos, 4 e 5

Página 313
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
NÚMEROS RACIONAIS da vida escolar. Considerar essas rupturas é uma
forma bastante efi caz de jogar luz sobre a origem
Quando começa o aprendizado dos
das difi culdades enfrentadas na aprendizagem
racionais, tudo o que as crianças sabiam sobre
desse novo campo numérico e, com isso, ajudar
o sistema numérico é colocado em questão
todos os alunos a avançar
EVOLUÇÃO GRADUAL A partir do 4º ano,
Como evitar a confusão com os números
a garotada conhece o modo de representar partes
naturais?
de um todo.
O professor pode antecipar esses erros e
Depois de conhecer e dominar as regras
gerar discussões em torno deles. Os estudantes
sobre os números naturais, chega o momento de os
percebem quais as certezas, as propriedades e as
alunos se familiarizarem com outra classe: as
relações dos naturais que funcionam com as frações
frações. Nos primeiros contatos, eles tentam
e quais não podem ser transportadas. Dessa forma
transpor os conhecimentos já adquiridos sobre os
eles tomam consciência das diferenças entre os
números inteiros para esse outro universo
campos numéricos, e isso ajuda no avanço dos
numérico. De acordo com Claudia Broitman, da
conhecimentos.
Universidade Nacional de La Plata, isso representa
ao mesmo tempo um obstáculo - que pode ser Que estratégias aproximam esse
vencido com atividades bem conduzidas - e um conteúdo da vida dos alunos?
ponto de apoio para a nova aprendizagem (leia
Nos início da escolaridade, entre o 2º e o 4º
entrevista no quadro abaixo). Nessa etapa, as
ano, já é possível iniciar o trabalho com questões que
crianças enfrentam o desafio de descobrir que com
envolvam metades e quartos relacionados a medidas
os racionais elas podem continuar a fazer as
de peso, capacidade e tempo. Quer alguns
mesmas atividades que desenvolviam com os
exemplos? "Temos nas gôndolas do supermercado
naturais. Porém, para isso, precisam deixar de lado
garrafas de 1 litro e 1/2, de 2 litros e 1/4 e de 1/2 litro
alguns saberes já construídos para que outros
de refrigerante. Preciso comprar 5 litros. Quais delas
sejam produzidos. "Cabe à escola proporcionar
eu devo escolher?" Ou: "Eduardo comprou 3/4 de
situações em que fiquem claras as diferenças entre
quilo de sorvete de chocolate, 3/4 de quilo de sorvete
os conjuntos para que as crianças confrontem os
de baunilha e 1/2 quilo de sorvete de frutas. No total,
saberes", afirma Héctor Ponce, pesquisador
ele comprou mais ou menos que 3 quilos?" Ou ainda:
argentino de Didática da Matemática. Levar os
"Laura faz 1/2 hora de ginástica na segunda-feira, 3/4
alunos a ref letir sobre o que são frações e para que
de hora na terça, 1/4 de hora na quarta e 1 hora e 1/2
elas servem é um caminho.
na quinta e na sexta. Em uma semana, ela faz mais
As primeiras noções já podem ser ou menos que 4 horas de exercícios físicos?"
introduzidas no 2o e no 3o ano do Ensino Problemas como esses despertam o hábito do
Fundamental, nas formas mais simples, como 1/2 e cálculo mental em situações fora do âmbito escolar.
1/3. "Ou até mesmo antes, se o professor sentir
Por que usar o contexto social nas
necessidade de usar tais representações na
questões propostas?
realização de alguma atividade", diz Daniela
Padovan, professora do Colégio Friburgo e da EE O uso social permite aos alunos recorrer a
Professora Marina Cintra, ambas em São Paulo. conhecimentos extra-escolares como apoio para
Um exemplo é quando aparece "suco de 1/2 limão" analisar os resultados e controlá-los, ao mesmo
ou "1 e 1/2 copo de leite" em uma receita usada em tempo que será fonte de outros problemas e o início
atividades de leitura. "Essa é uma boa oportunidade da sistematização de novas relações. Mas será
para explorar também com os menores o necessário promover um salto desse uso intuitivo e
significado dessas informações, discutindo a informal, aprofundando sempre a análise de tais
maneira de escrever, sem precisar dar uma aula conceitos, o que vai acontecer entre o 4o e o 9o ano.
sobre o tema ou falar em conceitos", declara
O que as crianças aprendem?
Daniela.
5 perguntas para Claudia Broitman A intenção é familiarizá-las com a escrita e
fazer com que os termos sejam incorporados à
Claudia Broitman. Foto: Rogério linguagem coloquial. Elas desenvolvem recursos de
Albuquerque cálculos de equivalência sem recorrer a nenhum
algoritmo.
Por que as crianças têm dificuldade com
frações? Situações do cotidiano
Historicamente, os fracionários foram criados para
A partir do 4º ano, o estudo constante dos
dar conta de questões que os naturais não podem
números racionais se torna necessário, pois eles
resolver. Os problemas que se apresentam
envolvendo esses números são muito mais começam a aparecer em diversas situações
complexos para os estudantes. O aprendizado científicas e do dia-a-dia que precisam ser
compreendidas. Utiliza-se esse sistema numérico
implica romper com muitas das certezas e dos
quando se fazem medições e sobra uma parte que
saberes que as crianças construíram desde o início
não corresponde a uma unidade de medida inteira,
Página 314
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ao comprar meio quilo de algum mantimento, ao argumentação e reelaborar o pensamento inicial",
dividir a pizza em pedaços iguais etc. São afirma a professora Daniela Padovan. Para estimular
momentos em que os naturais não dão conta de a discussão, coloque-os para conversar sobre as
representar a realidade. Na história da numeração, diferentes soluções produzidas diante de um
as frações surgiram justamente para resolver tais determinado problema e proponha desafios em que
impasses. Conhecer o funcionamento e as regras seja possível testar as diversas estratégias. A
dessa classe numérica é fundamental para que o professora sugere o trabalho com divisões de papéis,
aluno continue a aprofundar os conhecimentos ao com quantidades discretas (que podem ser contadas)
longo da vida escolar em álgebra e em fórmulas de e contínuas (áreas, volumes etc.), para que haja
Física, por exemplo. compreensão desse universo numérico. Assim, é
possível assimilar com mais facilidade que, no
Por enquanto, porém, os alunos dos
domínio dos números naturais, 3 é maior que 2, mas
primeiros anos do Ensino Fundamental devem
que no das frações 1/3 é menor que 1/2.
aprender a reconhecer as frações e as situações
em que seu uso se faz necessário e aprender a Para entender os números racionais, os
compará-las e ordená-las. Além disso, precisa estudantes precisam vencer alguns obstáculos
saber realizar somas e subtrações envolvendo as relacionados aos números naturais com a ajuda
que têm o mesmo denominador ou recorrer às do professor:
equivalentes quando os denominadores forem
As propriedades Números naturais ou inteiros
diferentes.
sempre aparecem em uma seqüência: 1, 2, 3, 4, 5, 6
Os alunos também devem saber etc. Mas o que vem depois de 1/2? E depois de 7/8?
reconhecer as que representam quantidades, "A propriedade de ter um sucessor ou um antecessor
principalmente as mais usadas, como 1/2, 1/3, 1/4, é característica exclusiva dos naturais", explica
1/10, 1/100 etc., e a realizar cálculos com elas. A Hector. A densidade é uma das particularidades dos
questão é como ensinar esse conteúdo aos números racionais: entre dois deles existe uma
estudantes, fazendo com que eles compreendam infinidade de outros. As crianças também tendem a
as características e particularidades desse sistema utilizar as regras de funcionamento dos naturais ao
numérico diferente. fazer operações. Quando se multiplica um inteiro por
outro, sendo este distinto de zero ou 1, o resultado é
Segundo Ponce, o ensino tradicional segue
sempre maior do que os fatores. Exemplo: 3 x 4 = 12.
uma lógica linear que nada tem a ver com a
O mesmo não acontece com as frações. Peça que os
produção do conhecimento: "Em geral se começa
alunos multipliquem 4 x 1/2. Certamente ficarão
com a definição conceitual, a classificação, a
admirados ao perceber que o resultado é 2. Na
comparação e a equivalência, para só depois
divisão de naturais, o quociente Dificuldades à vista
ingressar nas operações, nas frações decimais, e
(se for diferente de 1) é sempre menor que o
na medida e nas situações em que elas são de fato
dividendo. Nos racionais, porém, é possível que ele
utilizadas".
seja maior. Exemplo: 2 : 1/4 = 8.
Para questionar esse procedimento, Héctor
Os algoritmos A forma de escrever frações
Ponce apresenta um problema: se 4 alunos tiverem
reforça o obstáculo representado pelos naturais no
de repartir 6 biscoitos entre eles, em partes iguais,
aprendizado dos racionais. Héctor Ponce dá como
várias possibilidades podem aparecer: dividindo
exemplo a multiplicação 2/3 x 3/5 = 6/15. Para obter
cada biscoito em 4, caberão 6/4 para cada um;
o resultado dessa operação, provavelmente será
partindo-os na metade, restam 3/2 por criança; e
ensinado que basta fazer 2 x 3 e 3 x 5 (ou seja,
cada uma pode ficar ainda com 1 bolacha inteira e
multiplicar entre si os numeradores e depois os
2/4 ou 1 inteira e 1/2. "A análise de uma situação
denominadores), transformando em uma operação
como essa expõe desde o começo a insuficiência
de inteiros. "Os algoritmos não devem ser
dos números naturais para lidar com a questão das
enfatizados, sob pena de empobrecer os sentidos
partes, ao mesmo tempo que introduz a noção de
desse campo da Matemática", afirma ele. Sem contar
equivalência dos resultados", diz ele.
que, com isso, o professor reforça uma hipótese dos
Discutir soluções alunos de que uma fração não é um número, mas
dois.
Para aprofundar o aprendizado, as frações
devem aparecer em contextos variados que levem
os estudantes a realizar com elas as mesmas
atividades que desenvolvem com os números
naturais, como somar, dividir e ordenar. "É preciso
fazer com que a turma estabeleça relações entre as
frações ou entre os problemas que elas ajudam a
resolver desde o início do aprendizado", conclui
Ponce. É importante oferecer oportunidades de
confrontar idéias. "O debate força os alunos a
explicitar suas hipóteses, ref letir sobre as dos
colegas, desenvolver a capacidade de
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O que são frações? Expressar proporcionalidade.
Exemplo: Na planta de minha casa, 2
centímetros representam 3 metros. Minha cozinha
mede 4 x 5 metros. Como ela será representada?
Quais as dimensões de um galpão que na planta é
um retângulo de 5 x 10 centímetros?
Expressar a relação entre as partes e o
todo.
Exemplo: Para fazer uma jarra de suco,
misturo 1 copo do líquido concentrado com 5
medidas de água. Se eu quiser fazer menos bebida
conservando o mesmo sabor, que doses devo usar?
E se quiser fazer mais suco?

Ilustração: Carlo Giovani

CONCEITO
As frações positivas e negativas, assim
como os naturais e os inteiros, formam os números
racionais. No Ensino Fundamental, os alunos
trabalham apenas com os racionais positivos, ou
seja, maiores ou iguais a zero. Um mesmo número
racional nada mais é que uma família composta de
diversas frações equivalentes. Exemplo: 1/2 = 2/4 =
4/8, e assim por diante. O racional é representado
pelo quociente A/B, em que A e B são inteiros e B é
diferente de zero.

Ilustração: Carlo Giovani

Funções
Expressar o resultado de uma medição não exata.
Exemplo: Se o retângulo mede 1, quanto mede a
parte em destaque?
Expressar uma divisão.
Exemplo: Tenho 5 doces para repartir em
partes iguais entre 3 crianças. Quanto cada uma
receberá?

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ÁLGEBRA ELEMENTAR A mão que equilibra a balança
O que significa o símbolo =? Para um adulto,
Álgebra nos anos iniciais parece óbvio o uso dele para representar
A Base defende que desde cedo os equivalência, mas, quando isso não é trabalhado da
pequenos aprendam sobre pensamento algébrico. maneira adequada na escola, pode causar equívocos
Mas, no Fundamental 1, o que isso significa? de interpretação. "No Fundamental 1, as crianças
acham que o igual indica o resultado de uma conta.
Alunos pensam sobre o conceito de Isso ocorre quando o foco das aulas está apenas em
igualdade ao tentar equilibrar a balança. fazer cálculos", critica Ruy.
Os professores do 1º ao 5º ano do Ensino Costumes à primeira vista inocentes, como
Fundamental que se aventurarem a ler o texto da sempre colocar a operação do lado direito do sinal de
Base Nacional Comum Curricular (BNCC) podem igual e o resultado do lado esquerdo, devem ser
se assustar com uma nova unidade temática que só problematizados. "Se o aluno se acostumar com a
costumava surgir a partir do 6º ano: o eixo da representação conta = resultado, ele vai inferir que o
Álgebra. Para muitos, tais conteúdos significam igual é algo para ser lido da esquerda para a direita",
equações e sentenças com números e letras diz Maria Ignez. Quando chegar ao Ensino
misturados. Mas calma porque não é só isso. "Não Fundamental 2, haverá dificuldades para entender
falamos em adiantar as relações de abstração entre que o igual representa uma equivalência entre os
números e letras, mas em trabalhar o pensamento termos. Mas o que é esse conceito Observe a
algébrico", explica o professor Ruy Pietropaolo, expressão 4 + 2 = 3 + 3. Essa sentença não pede um
autor da BNCC. Para Maria Ignez Diniz, diretora do resultado, mas ela está correta. "Entender
grupo Mathema, parceiro pedagógico dos planos de equivalência é compreender que os dois lados da
aula NOVA ESCOLA, isso significa "olhar para a igualdade não são idênticos, mas representam o
aritmética com mais ênfase na maneira de pensar mesmo valor, usando números diferentes", explica
do que na técnica e no procedimento de cálculo". Maria Ignez.
Ou seja: é mais importante que as crianças pensem
sobre o que está por trás das operações Para introduzir a ideia de equivalência, os
matemáticas do que apenas memorizem como usar alunos receberam desafios como: 5 + 2 é o mesmo
os algoritmos. que 4 + __ e 7 + 1 + 2 é o mesmo que ___. Para
experimentar possibilidades de resolução da tarefa,
"O pensamento algébrico é levar o aluno da eles usaram papel quadriculado e barras Cuisenaire -
observação à generalização", diz Maria Ignez. pedaços de madeira coloridos que correspondem aos
Desde as primeiras aulas de Matemática, as números de 1 a 10, em que a altura e a massa de
crianças fazem isso. Ao estudar padrões em cada um são proporcionais.
sequências de números ou imagens, por exemplo.
Mais tarde, esse pensamento se expande para as então, montou uma balança usando um
operações. É assim que elas notam que 2 + 3 = 3 + cabide e dois pratos de jardinagem. Ela colocou duas
2. Cabe ao professor explorar regularidades e barras de valor 10 em um dos pratos (dá para
relações de equivalência. "Elas percebem que a substituir por outro material que tenha escala de
ordem das parcelas não altera o resultado da soma. massa, como sacos de areia com pesos diferentes e
O docente pode incentivá-las a investigar se isso proporcionais). Depois, perguntou como deixar a
ocorre com outras operações também. balança equilibrada. "Os alunos levantavam
hipóteses e eu chamava alguns à frente para explicar
Em atividade sobre equivalência, Katia o que pensaram aos demais. Nesse movimento,
anota as hipóteses ditas pelos alunos. Foto: Raoni descobriram algumas possibilidades de equilíbrio",
Maddalena diz. Eles perceberam que 10 seria o mesmo que 2 +
A inserção da unidade de Álgebra 8 ou 3 + 7 e assim por diante.
sistematiza o que já constava em outras Sandra Amorim, especialista de álgebra do
recomendações, como os Parâmetros Curriculares Time de Autores dos planos de aula NOVA ESCOLA,
Nacionais (PCN). "Nos PCN, o pensamento elogia a atividade, mas explica que a BNCC
algébrico estava em algumas propostas, recomenda a inserção do conceito de igualdade
principalmente em Números. Agora é um eixo somente no 3º ano. "Se eu trabalho regularidades e
destacado", diz Ruy. Com uma unidade específica, sequências desde o início, os alunos chegam
a ideia é organizar de maneira mais coesa os prontos, no 3º, para realizar operações e refletir
objetivos de aprendizagem ao longo do Ensino sobre a equivalência", afirma.
Fundamental e melhorar a aprendizagem. O
especialista diz que deixar o ensino desse conteúdo TRABALHANDO A HABILIDADE
para os anos finais do Fundamental tem EF03MA11
atrapalhado o rendimento dos alunos. Ao observar
como eles aprendem, podemos perceber que vários Compreender a ideia de igualdade para
já trazem hipóteses algébricas desde o início do escrever diferentes sentenças de adições ou de
segmento. Com a mudança, esse pensamento subtrações de dois números naturais que resultem na
pode ser mais bem incentivado. mesma soma ou diferença.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Como abordar ESPAÇO E FORMA
Uma opção é criar atividades com as barras
Cuisenaire para explorar a ideia de equivalência. A Geometria é o estudo dos OBJETOS do
ESPAÇO. Mas que ESPAÇO é esse e de que
OBJETOS estamos falando? Como esse espaço se
apresenta para a criança?
O espaço se apresenta para a criança de
forma essencialmente prática: ela constrói suas
primeiras noções espaciais, por meio dos sentidos e
dos movimentos.
Esse espaço percebido pela criança - espaço
perceptivo - possibilitará a ela, mais adiante, a
construção de um espaço representativo.
O espaço que percebemos é o espaço que
contém objetos perceptíveis por meio dos sentidos -
um espaço sensível.
O ponto, a reta, o quadrado não pertencem a
esse espaço. Podem ser concebidos de maneira
ideal, mas rigorosamente, não fazem parte desse
espaço sensível.
Pode-se então dizer que a Geometria parte
do mundo sensível e o estrutura no mundo
geométrico - dos volumes, das superfícies, das
linhas, dos pontos.
Piaget distingue o espaço perceptivo ou
sensório-motor (conhecimento dos objetos resultando
de um contato direto com eles) e o espaço
representativo (que ocorre quando se evoca os
objetos em sua ausência ou quando se completa seu
conhecimento perceptivo por referência a outros
objetos não percebidos no momento).
A passagem do espaço perceptivo ou
sensório-motor ao espaço representativo é, as vezes,
contínua, ou seja, a imagem de uma ação é
interiorizada ou se pode então coordená-la com
outras e descobrir a reversibilidade operatória. Outras
vezes é descontínua, isto é, a criança não transpõe
unicamente o que faz e o que vê, a intuição
geométrica não se apóia diretamente sobre os dados
sensório-motores mas há uma reconstrução e
portanto, transformação.
É multiplicando suas experiências sobre os
objetos do espaço em que vive que a criança vai
aprender e desse modo construir uma rede de
conhecimentos relativos a localização, a orientação
que vai lhe permitir penetrar no domínio da
representação dos objetos e assim , se distanciar do
espaço sensorial ou físico.
A compreensão das relações geométricas
pelas crianças, supõe sua ação sobre objetos. No
entanto, é bom ter cuidado para não confundir isso
com falsas idéias segundo as quais se imagina que
basta mostrar objetos geométricos ao alunos, para
que estes os conheçam, ou que basta enunciar suas
propriedades para que os alunos delas se apropriem.
A questão que se pode levantar então é: como
passar de um espaço a outro? Provavelmente, é o

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
aspecto experimental que vai colocar em relação quase que simultaneamente. Assim, as primeiras
esses dois espaços: o sensível e o geométrico. relações que a criança representa graficamente, são
as de vizinhança, separação, ordem, entorno e
De um lado, a experimentação permite agir,
continuidade; muito cedo, ela distingue figuras
antecipar, ver, explicar o que se passa no espaço
fechadas e abertas, diferencia interior e exterior de
sensível e de outro, vai permitir o trabalho sobre as
uma figura dada - noções topológicas. As chamadas
representações dos objetos do espaço geométrico
relações projetivas são aquelas que vão permitir à
e, assim, desprender-se da manipulação dos
criança, a constituição de uma Geometria do espaço
objetos reais para raciocinar sobre representações
exterior e não mais a partir de um único ponto de
mentais o que constitui enfim, a própria ação
referência - ela própria - mas a partir da coordenação
Matemática.
de diferentes pontos de vista; desse modo, noções
O conhecimento matemático dos objetos do como por exemplo, na frente/ atrás, à direita/ à
espaço que se tornam objetos geométricos, passa esquerda, deixam de ser absolutas e passam a ser
por um esforço de sistematização coerente. Os relativas (na frente/ atrás de que quem? à direita/ à
objetos reais são um simples pretexto de esquerda de que/ quem?). As relações métricas
pensamento matemático. São suas propriedades surgem por último e implicam o uso de operações
que serão repertoriadas, diferenciadas, tais como: a partição de um todo em partes, para
comparadas. construir uma unidade de medida, o deslocamento
para aplicar essa unidade de medida em forma
Se a atenção está primeiro centrada sobre
reiterada, cobrindo toda a extensão do objeto das
o objeto físico ela se orienta depois para organizar
operações intelectuais, via a internalização das
uma reflexão e para realizar um raciocínio - as ações.
figuras e imagens serão um apoio.
AS CONTRIBUIÇÕES DAS TEORIAS
PIAGETIANAS RELATIVAS À ESTRUTURAÇÃO
ESPACIAL DA CRIANÇA
Para Piaget essa estruturação espacial da
criança inicia-se pela constituição de um sistema de
coordenadas relativo ao seu próprio corpo. É a fase
chamada egocêntrica, no sentido de que, para se
orientar, a criança é incapaz de considerar qualquer
outro elemento, que não o seu próprio corpo, como
ponto de referência.
Aos poucos, ela vai tomando consciência
de que os diferentes aspectos são os quais os
objetos se apresentam para ela, são perfis de uma
mesma coisa, ou seja, ela vai tomando consciência
dos movimentos de seu próprio corpo, de seu
deslocamento.
Essa capacidade de deslocar-se
mentalmente e de perceber o espaço de diferentes
pontos de vista, são condições necessárias à
coordenação espacial e nesse processo, está a
origem das noções de direção, sentido, distância,
ângulo e muitas outras essenciais à construção do
pensamento geométrico. Estudos piagetianos
mostram que as crianças discriminam formas
geométricas simples, bem mais cedo do que as
reproduzem.
A gênese da representação passa pela
interiorização da imitação da ação pessoal sobre os
objetos, no processo geral de construção. A
intuição é apontada como fator importante na
constituição da Geometria do espaço. A intuição de
uma reta, por exemplo, surge da ação de seguir
com a mão ou com o olhar, sem mudar de direção.
Estudos piagetianos apontam também que
a criança considera primeiro, as relações
topológicas de uma figura e, somente depois, as
projetivas e as euclidianas, que são construídas

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
GRANDEZAS E MEDIDAS dos pés – uma medida a ser utilizada - dos indivíduos
variam, por exemplo. Desse modo, a cooperação e a
Grandezas e Medidas é um bloco de interação entre os povos exigia a utilização das
conteúdos que tem por objetivo introduzir conceitos mesmas medidas, para que “um mercador de tecidos
que deem aos sujeitos capacidade de estimar, da Babilônia poderia vender sua mercadoria em
mensurar e comparar inúmeras vertentes. Por Jerusalém, usando uma vara padrão de tamanho
grandeza, entende-se tudo aquilo que pode ser aproximado ao da adotada lá”. (GETEF, p. 1).
medido. Exemplo: velocidade, tempo, massa e Acredita-se que as primeiras unidades de
volume. medidas empregadas pelo homem foram baseadas
Medida, no que lhe diz respeito, é em seu próprio corpo: o comprimento de um pé ou da
conhecida como a capacidade de comparar palma da mão. Entretanto, essas unidades não são
determinadas grandezas, ou seja, é o “número” por exatas, por serem singulares de cada indivíduo. Este
assim dizer. Ambas são rotineiras na vida do fato causava confusão e dificuldade de comunicação,
homem e podem ser identificadas em seu próprio assim a vida em sociedade passou a ser mais árdua
corpo. Sua utilização se tornou necessária e para e constatou-se, por essa razão, a importância de uma
se chegar ao atual Sistema Internacional de padronização e a criação deste com a finalidade de
Unidades, existiram inenarráveis modificações e que as negociações e trocas fossem justas.
substituições. A começar pela influência da As civilizações antigas - os gregos, os romanos,
Revolução Francesa, permitindo que o homem os babilônios e os egípcios – usufruíram, em seu
refletisse e questionasse sobre a imprecisão das tempo, unidades padronizadas para peso e medidas,
medidas, seja de lugar para lugar ou sociedade por exemplo: o cúbito, medida do cotovelo ao dedo
para sociedade. médio do Faraó, e o grão de trigo, medida padrão
Nessa conjuntura, no intuito de conhecer para massa. Os ingleses são responsáveis pelas
seus caminhos e compreendê-los fielmente, é unidades de medidas que ainda são utilizadas
necessário buscar facilitadores que o apresente, atualmente: as polegadas e a milha.
por isso, recorre-se a abordagens históricas e Comparar massas ou pesar foi outra
curriculares. necessidade sentida pelo homem. A priori, as
ABORDAGEM HISTÓRICA massas das mercadorias eram medidas com as
mãos, fazendo-a de balança e equilibrando as
As memórias dos tempos de outrora quantidades, técnica empregada até a aparição de
permitem que se chegue à conclusão de que a uma forma rudimentar da balança, constituída de
sociedade e o mundo mudam de acordo com as uma vara suspensa por meio de uma corda. Dessa
necessidades do homem. Nesse sentido, é possível maneira, os objetos eram pendurados nas
notar, recorrendo ao passado, que na história da extremidades e caso houvesse equilíbrio, por lógica,
humanidade o homem já tinha a necessidade de correspondiam ao mesmo valor.
medir e, por sua vez, criava inúmeras maneiras de
fazê-la. Assim como a fome ou a necessidade de se O tempo, no que lhe diz respeito, era medido
alimentar, refletia-se que a necessidade já citada fundamentalmente por eventos periódicos, tais como:
aqui também fosse intuitiva. o período entre os nasceres do sol e as primaveras.
Os índios tinham uma forma particular de marcar a
A descoberta da grandeza do tempo é periodicidade: os anos eram contados a partir de
oriunda da transição do homem nômade para o estações do ano específicas – inverno e verão; os
homem sedentário. O homem se deparou com a meses, pelas luas; e os dias, pelo sol. A primeira
periodicidade por meio da associação entre a medida exata de tempo foi o mês, dado que era
agricultura e o pastoreio, uma vez que o carneiro calculado desde uma lua cheia até a próxima, que
tem sua fertilidade bem periódica e as colheitas de consistia em 29 dias e meio. Não obstante, este jeito
cereais são na sua maioria anuais. Dessa forma, a de estimar não funcionava para o ano, pois o
passagem do tempo se transformou em um fator resultado era 12 meses e 11 dias.
importante para sua sobrevivência e medir o tempo
se tornou essencial. As origens do sistema monetário podem ser
encontradas na Babilônia, visto que em
No desenrolar da história, formaram-se seu território havia falta de madeira para construção,
civilizações a partir da vivência cotidiana do homem mas, em contrapartida, abundância de metais
com outros indivíduos e essa configuração resultou preciosos. Nessa perspectiva, os babilônios
no surgimento do comércio e na precisão do medir, estabeleceram relações de comércio com outros
sejam ângulos, superfícies, comprimentos, massa, povos e os metais preciosos eram utilizados como
volume ou “pagamento”. Ainda que resquícios moeda de troca. Já na Idade Média, surge o papel
históricos forneçam informações de que a medida moeda, que nada mais era de que um recibo, um tipo
referência, em determinados períodos, era o rei, de garantia para comprovar que aquela pessoa tinha
demandou-se trabalho para encontrar um padrão dinheiro guardado com os ourives.
universal, haja vista que medidas particulares
variam de sociedade para sociedade. É visível a
olho nu e mediante observação que os tamanhos
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A Mesopotâmia concebeu um sistema Em 2008, no estado de São Paulo, a
aprimorado de medidas, no qual se utilizavam Secretaria de Educação elaborou um currículo base
balanças e pesos padrões. para o Ensino Fundamental, fundidos em: anos
iniciais e anos finais, e Ensino Médio. Além disso,
Conforme as necessidades particulares de
para reger controle sobre suas cinco mil escolas
cada povo criaram-se unidades de medidas
estaduais, o Currículo se complementa por uma
próprias. Desse modo, não havia uma
gama de materiais didáticos voltados ao professor e
universalização de uma delas em específico.
ao aluno, os Cadernos. Os últimos são divididos por
Todavia, as civilizações que cultivavam uma
disciplina em consonância com as turmas, anos e
relação próxima, acabavam adotando sistemas
bimestres. O EMAI - Educação Matemática nos Anos
comuns.
Iniciais - é um exemplo deles.
A Revolução Francesa (1789 – 1799), por
Dentro dos conteúdos previstos no Currículo
sua vez, tem papel direto nesta constituição, haja
de Matemática para serem desenvolvidos com as
vista que, nesta época, houve a necessidade de
séries iniciais do Ensino Fundamental, cinco grandes
restabelecer a vida social, política e econômica
blocos são encontrados: Números, Operações,
francesa, gerando, assim, a formação de uma
Grandezas e Medidas, Geometria e Tratamento da
comissão para estudar as divergências entre as
Informação. Os Parâmetros Curriculares Nacionais
medidas. Em 1790, os franceses inventaram o
(1997) evidenciam que o trabalho com esses campos
Sistema Métrico Decimal, cujo Brasil aderiu apenas
transmite hábitos e valores socialmente relevantes e
em 1863.
contribuem para o desenvolvimento intelectual do
Em 1875, realizou-se em Paris a 1ª aluno, ou seja, na construção de um pensamento
Conferência Geral de Pesos e Medidas na qual lógico-matemático, na criatividade, na intuição, na
quinze países participaram, incluindo os ingleses e capacidade de análise e crítica, fatores de extrema
americanos, e oficializaram o Tratado do Metro. importância para a interpretação de fatos e
Não obstante, somente em meados dos 1960, na fenômenos da vida cotidiana.
11ª Conferência Geral de Pesos e Medidas,
O grande bloco de Grandezas e Medidas, por
inaugurou-se o Sistema Internacional de Unidades,
sua vez, explora a comparação de grandezas e
oriundo de reformas nas unidades. As unidades do
introduz a noção de medidas que se fazem presentes
Sistema Internacional são divididas em três grupos:
em grande parte das atividades corriqueiras das
unidades de bases, unidades suplementares e
crianças, como o fato de que as coisas têm
unidades derivadas.
tamanhos, temperaturas, pesos, volumes diferentes e
Igualmente, foi na 14º Conferência Geral de que tais fatores são frequentemente assinalados na
Pesos e Medida, realizada em 1971, que se adotou comunicação entre as pessoas, por exemplo, referir-
e assumi a utilização de somente uma unidade. se a algo que está longe ou perto; que é mais alto ou
Definiu-se o metro a unidade oficial e mais precisa, mais baixo; na velocidade máxima permitida em
métro passaria a ser o “trajeto percorrido pela luz determinada rodovia; o peso e altura da própria
no vácuo durante um intervalo de tempo de criança; o dia que marca o calendário ou do seu
1/299.792. 458 de um segundo” aniversário e as horas do relógio. Considerando-se
(POZERBON&LOPES, 2013, p.6). Ainda nessa que estão constantemente presentes em suas
conferência, determinou-se a unidade padrão de realidades, as crianças estabelecem contato informal
massa: o quilograma, “construída a partir de com essas grandezas e suas formas de medir,
platina irradiada, com massa próxima de um litro de realizando comparações, estabelecendo relações,
água destilada a 4°C” (POZERBON&LOPES, 2013, atribuindo significado e fazendo uso das expressões
p. 6). A unidade adotada para o tempo, que que costumam ouvir.
representa 86.400 avos de um dia solar médio é o
(LEONARDO&MENESTRINA&MIARKA,
segundo. E para as grandezas: intensidade de
2014).
corrente elétrica, temperatura, quantidade de
matéria e intensidade luminosa, usa-se, Ainda que os pequenos tenham contato com
respectivamente: ampère, kelvin, mol e candela. as grandezas e medidas desde cedo em suas
respectivas vidas sociais, não significa que
ABORDAGEM CURRICULAR
constituam uma sólida compreensão dos atributos
O Currículo é um facilitador no que se mensuráveis de um objeto, nem que dominem
refere a unir uma rede articulada e pautada com os procedimentos de medida. (BRASIL, 1997). Em vista
mesmos objetivos. Dessa forma, serve de norteador disso, o bloco de conteúdos Grandezas e Medidas se
para o trabalho docente quanto ao desenvolvimento faz tão marcante. Ao decorrer do Ensino
de capacidades e competências dos seus alunos, Fundamental é importante que as crianças tenham
bem como expõe dados que respondem como pré- contato com diferentes situações que as permitam
requisitos para a avaliação externa que busca os lidar com os diferentes tipos de grandezas: o
indicadores de qualidade de suas unidades comprimento, o peso, o volume, o tempo, o dinheiro e
escolares. afins - para que identifiquem o que e de que forma
algo pode ser medido. Após a abordagem dos
aspectos históricos da construção desse
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
conhecimento, como, por exemplo, a prática de JUSTIFICATIVAS DA ESCOLHA DO TEMA
civilizações antigas de utilizar partes do próprio E SUA IMPORTÂNCIA PARA A VIDA EM
corpo para medir, a comparação entre grandezas SOCIEDADE
trará, aos poucos, a necessidade do uso das
Grandezas e Medidas é um bloco de
unidades de medida do Sistema Internacional de
conteúdo do ensino de Matemática extenso que
Unidades (SI) e da aplicação de instrumentos de
propicia uma gama de atividades e formas de
medida convencionais, tais quais: balança, fita
trabalho. Em razão disso, o grupo optou por um
métrica e o relógio, para que assim haja a
Projeto Integrador que envolvesse o tema
comunicação exata daquilo que pretende ser
“Grandezas e Medidas: no cotidiano de um
transmitido.
restaurante”. Considerando-se que este bloco
Como previsto nas Orientações Curriculares permite a interdisciplinaridade e reconhecendo sua
do Estado de São Paulo para o Currículo de importância, sobretudo nos anos iniciais do Ensino
Matemática dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, o projeto em questão pretende
Fundamental (2008), o processo de aprendizado envolver Artes, Ciências, Língua Portuguesa e
deste bloco acontecerá inicialmente pela Matemática.
identificação de algumas grandezas, partindo, no 2º
Tal projeto requer a cooperação entre os
ano, para sua comparação e utilização de
alunos, bem como utiliza de diferentes estratégias,
instrumentos de medida. Assim, no 3º e 4º ano
identificando, de maneira lúdica, o que concerne à
poderão estabelecer relações, resolver problemas,
cidadania: viver e respeitar o outro. Nessa
reconhecer unidades usuais e utilizar instrumentos
conjuntura, ao lado de qualquer lema escolar de
de medida. Ao 5º ano, caberá a resolução de
formar cidadãos críticos e conscientes para uma vida
problemas com medidas representadas na forma
em sociedade, este tema se torna de extrema
decimal e a avaliação da adequação do resultado
importância, uma vez que está corriqueiramente
de uma medição.
presente na vida de todos. Além disso, no que tange
Assim, esse bloco de conteúdo se os conteúdos matemáticos previstos para o 4º ano do
caracteriza por sua forte relevância social, com Ensino Fundamental, o projeto desenvolverá de
evidente caráter prático e utilitário (BRASIL, 1997), forma prática e prazerosa uma discussão profunda
possibilitando a percepção da utilidade do acerca do bloco de Grandezas e Medidas, uma vez
conhecimento matemático para a vida cotidiana por que trabalhará a importância de medidas
parte do aluno. Ademais, este se mostra riquíssimo padronizadas, a conversão de medidas, quais
no que tange à interdisciplinaridade, pois tais grandezas se devem empregar de acordo com as
noções compreendem conceitos relativos aos características do material e, também, as trocas
números, suas operações, ao tratamento das monetárias, abrangendo questões como lucro e
informações obtidas nas medições e aos espaços e desperdício.
formas, alcançando, também, o trabalho em outras
As necessidades humanas são primordiais
disciplinas, como a medição de instrumentos
para o desenvolvimento de diferentes capacidades,
empregados nas Ciências da Natureza, Física e
habilidades, competências e modernidades, nesse
Química, por exemplo. Ou seja, há à integração dos
sentido que o mundo chegou ao patamar que está.
resultados obtidos, mesmo que os interesses
Grandezas e Medidas: no cotidiano de um
próprios de cada disciplina sejam preservados. Nas
restaurante abrange elementos diários e igualmente
palavras de Moraes (2007, p.29, PAULA, 2010,
significativos, tais quais: os ingredientes para se
p.29).
realizar uma receita, a quantidade de alimentos
“Se realizarmos a seguinte questão: “o que necessários para evitar desperdícios, as formulações
você já mediu hoje”?”. Muitas pessoas poderiam de um preço, o controle com a validade dos
responder que mediram o tecido na loja, a alimentos - a vida útil de cada um e afins.
temperatura de uma criança, pesaram os legumes
no supermercado, mediram sua pressão arterial,
quanto receberão pelas horas extras trabalhadas e
quanto irão pagar de juros na prestação atrasada.
Assim, conclui-se que são tantas as situações nas
quais a necessidade de medir as coisas se faz
presente no mundo contemporâneo, que se torna
impossível pensar em ser cidadão e desconhecer
tão importante conteúdo. Muitos são marginalizados
ou enganados no dia-a-dia por não saberem utilizá-
lo com segurança. Pelas respostas pode-se notar
que Grandezas e Medidas são ferramentas
necessárias para que os alunos se apropriem do
conhecimento científico-tecnológico
contemporâneo.”

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO aniversário e colam o cartão com o nome escrito no
mês correspondente.
As crianças aprendem matemática para
compreender e interpretar situações do mundo que
as cerca. Aliás, nosso mundo é dinâmico; as
informações vão e vem de forma incessante e os
dados numéricos são, muitas vezes, organizados
através de gráficos e tabelas e expressos por meio
de índices, porcentagens, médias, …
Por este motivo, conhecer ferramentas
utilizadas para o tratamento da informação torna-se
imprescindível para a formação de cidadãos
conscientes e críticos.
De acordo com o Programa Pró
Letramento, ao propor os estudo do tratamento da
informação, espera-se que o estudante consiga Depois que todos colaram seus cartões, o
colher dados sobre fatos do cotidiano e, através de gráfico resultante pode fornecer uma série de
procedimentos de organização, possa expressá-los informações, tais como:
e interpretá-los. Espera-se, também, que ele
consiga fazer previsões a partir das informações  Quantos aniversariantes há em
que possui. janeiro?

Os conteúdos propostos no bloco  Em que mês não há aniversariantes?

Tratamento da Informação são: combinatória,  Em que mês há dois aniversariantes?
probabilidade e estatística. E três?
A combinatória refere-se à possibilidade  Em que mês há mais
de combinar objetos que são agrupados por aniversariantes?
determinadas características. Por exemplo, com 3
saias e 2 blusas, quantos trajes podemos compor?  Em algum mês há 5 aniversariantes?
As probabilidades exprimem as chances
de ocorrência de um evento. Por exemplo, qual a
chance de dar cara quando uma moeda é lançada?
A estatística é um ramo da matemática
que visa organizar, resumir, apresentar e interpretar
informações. Ela trabalha com médias, tabelas,
gráficos, percentagens, índices, etc. As pesquisas
são orientadas por princípios estatísticos.

Minha fruta preferida

A turma será conduzida a investigar qual a
fruta de preferência dos colegas. A princípio, cada
um questiona dois ou três colegas e o professor
poderá provocar a curiosidade do grupo
questionando se as meninas têm a mesma
Para dar suporte à ação do professor e preferência que os meninos, se os pais têm a mesma
enriquecer as práticas pedagógicas na educação preferência que as crianças, se as crianças da região
infantil e anos iniciais apresento, na sequência, nordeste do Brasil, por exemplo, poderão ter a
algumas sugestões de atividades concretas. mesma preferência que as crianças da região sul. É
importante fazer suscitar na turma diferentes
Quando você faz aniversário?
hipóteses e discussões.
O professor questiona os alunos sobre o
Depois, é hora de fazer uma pesquisa com a
mês em que fazem aniversário e entrega um
turma. Para isso, o professor distribuirá um pequeno
retângulo de papel branco a cada um. As crianças
cartão branco de papel de 5 cm x 5 cm e solicitará
devem escrever seu nome no papel.
que cada criança desenhe sua fruta preferida.
Em seguida, o professor fixa, no quadro, Depois, cada um afixará no quadro ou papel pardo
um cartaz em papel pardo como o que segue seu cartão, com o auxílio de fita adesiva, na coluna
abaixo. Um a um, os alunos dizem o mês do seu correspondente à sua preferência.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

 Gráfico de animais
O professor entrega uma folha com
animais, tal como a do exemplo abaixo, e as Outra forma de propor o gráfico é a seguinte:
crianças devem recortá-los e juntar os iguais.

Depois, as crianças colam em um gráfico os

cartões dos animais, sendo os iguais na mesma
coluna, formando um gráfico:

Depois do gráfico estar pronto, uma série de

questionamentos buscando a interpretação dos
dados devem ser elaborados.

Página 324
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
 O final da história preferido
O professor lê a história do livro “Sabe de
quem era aquele rabinho“, de Elza Salut, ed.
Scipione. O livro fala sobre um elefante, que vai dar
uma festa de despedida, e convida todos os seus
amigos para a mesma. Porém, quando os animais
resolvem tirar uma fotografia de costas, aprece um
rabinho misterioso. Após algumas conjecturas, o
elefante descobre que o rabinho é de um rato … e
termina a história!
Qual poderia ser o final? O que o elefante
fará com o rato?
É criado, na classe, um clima de suspense
para possibilitar a elaboração de hipóteses, a
análise e a discussão. Após a exploração da
história, o professor propõe que os alunos, em
grupos de quatro, criem um final. Cada quarteto
deverá dramatizar para o grande grupo o final
escolhido.
Depois das apresentações, a turma elege o
melhor final. Durante a votação, o professor anota
os votos no quadro e, por fim, todos constroem um
gráfico de colunas, mostrando a votação.
O gráfico, feito em papel quadriculado,
deverá apresentar um título e as colunas poderão
ser coloridas em diferentes cores.

Outros livros da mesma coleção, que

também não trazem um final para a história e
possibilitam um trabalho semelhante são:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
 Como está o tempo?
Pouco antes do intervalo, o professor
questiona os alunos sobre como está o tempo,
ensolarado, nublado ou chuvoso e, depois, pede
para os alunos o observarem.
Ao retornarem do intervalo e conversarem
sobre o assunto, o professor questiona se a turma
lembra como esteve o tempo nos dias anteriores.
Pergunta, também, sobre como se pode guardar
essas informações e provoca a necessidade de um
registro gráfico para tal fato. Esta atividade deve ser desenvolvida todos
os dias e, em cada semana, o quadro será trocado.
Então, propõe as seguintes atividades: No final da semana o professor analisa com a classe
 Separa a classe em grupos e o quadro de alunos ausentes, fazendo perguntas do
solicita que cada um desenhe um dia de chuva, um tipo:
dia ensolarado e um dia nublado. Depois, recolhe  Quantos alunos faltaram hoje? E
os desenhos e a classe elege o mais representativo ontem?
para cada estado do tempo.
 Em que dia houve mais faltas, hoje
 Cria, juntamente com o grupo, um ou ontem? Quantas a mais?
quadro onde far-se-á, diariamente (utilizando o
símbolo escolhido pela turma), o registro do tempo.  Na semana passada, em que dia
Como há dias em que o tempo varia de um horário houve menos faltas? Quantas a menos?
para o outro, combina que a observação se dará  Como foram as faltas nesta semana
em um horário determinado. quando comparado com a semana passada?
 Estabelece com os alunos que,  Pesquisas
durante certo período de tempo, à mesma hora,
uma criança fará o registro no calendário sobre o Temas que interessam a turma, curiosidades
estado do tempo naquele dia. ou assuntos ligados a conteúdos específicos podem
ser a mola propulsora para uma pesquisa na sala de
Ao final de uma semana ou outro período aula ou fora dela.
qualquer, é feita uma exploração do calendário com
perguntas do tipo: A pesquisa pode ser feita com uma
população como, por exemplo, todos os alunos da
 “Houve muitos dias de sol?” turma ou com uma amostra, que é constituída por um
 “Quantos dias foram chuvosos?” grupo representativo de determinada população. Por
exemplo, pode-se pesquisar sobre a matéria
 “Houve mais dias de sol ou de preferida da classe, o programa de televisão
chuva?” preferido, meios de transporte utilizados para ir à
escola, grau de escolaridade dos pais e irmãos, etc.
 “Quantos foram os dias nublados?”
Após feita a pesquisa, que pode ser uma
coleta de dados oral ou por meio de um questionário,
é preciso fazer a apuração do dados e, depois,
organizá-los através de tabelas e gráficos. Existem
diferentes tipos de gráficos que podem ser
trabalhados nos anos iniciais: barras, linha, setor e
pictograma.
Segue, abaixo, um exemplo de atividade
investigativa sobre os alimentos preferidos pelas
crianças de uma turma de 3º ano:

 Os ausentes
Para anotar quantos alunos faltaram as
aulas em uma semana pode ser feito um gráfico.
Para tal, propõe-se que as crianças marquem num
quadro, como aquele mostrado abaixo, o número
de ausentes em cada dia da semana.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
MATERIAIS CONCRETOS E JOGOS
MATEMÁTICOS

O ensino-aprendizagem de matemática
caracteriza-se ainda hoje como uma transmissão de
conhecimento vista de forma muito formal, onde o
professor é o centro das atenções e o aluno um mero
expectador. A metodologia de ensino muitas vezes
não está em consonância com o aspecto social do
estudante, onde ele poderia se envolver mais com as
aulas.
A adoção de jogos para o ensino vem se
tornando um amparo preciso para a facilitação da
aprendizagem, onde a sua utilização pode tornar
mais significativa e prazerosa as aulas dessa
disciplina, superando o caráter formalista que a
envolve. Autores como Borin (2007) e Macedo (2000)
observam que o jogo é um meio de diversão que
acaba propiciando o estímulo do raciocínio,
desenvolvimento das habilidades e da capacidade de
compreensão dos conteúdos matemáticos.
Na utilização de materiais concretos em sala de aula,
o aluno centra-se em observar, relacionar, comparar
hipóteses e argumentações; o professor é incumbido
de orientar na resolução das tarefas. È importante
também para o aspecto tomar interesse em atuar em
grupo e o desenvolvimento cognitivo,
preferencialmente nas séries iniciais.
O desenvolvimento do aprendizado com
os jogos
A utilização de materiais concretos para a
transmissão do conhecimento matemático contribui
não apenas para a adição de conteúdo por parte do
aluno. Eles propiciam a evolução do pensamento do
Segundo o Pacto Nacional para
alunado, onde ele desenvolve suas ideias traça
Alfabetização na Idade Certa, é muito importante
estratégias para solucionar problemas e arriscar,
que as crianças conheçam diferentes tipos de
tentar, ser mais agressivo sem se preocupar em
gráficos para terem a capacidade de reconhecer
achar um fórmula exata, uma resposta a pronta
qual a representação mais adequada para seus
entrega.
objetivos.
Conforme os PCN (2000), um dos aspectos
relevante nos jogos é o fato de provocarem nos
alunos um desafio genuíno, gerando ao mesmo
tempo mais interesse e prazer pela disciplina. Outra
característica que pode ser destacada com o uso dos
jogos é possibilidade de diminuir bloqueios
apresentados por muitos alunos de matemáticas,
onde eles sentem-se incapacitados de aprender a
disciplina.
È mais possível com a utilização dos jogos
que esses alunos apresentem uma atitude mais
passiva, e demonstrem atitudes mais positivas no
desenvolver das atividades com os jogos. Além do
mais, eles tornam-se mais interativos, deixando
assim aquela sensação de impotência em aprender
matemática, instigando sua interação com os
colegas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A utilização dos materiais concretos RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
O aluno precisa ter um conhecimento Solução de problemas é sempre um desafio
mínimo sobre o material a ser utilizado. Ele para os alunos que não conseguem resolvê-los e os
necessita ter uma imagem do objeto a ser usado. veem como a pior parte da matemática. Por outro
Por exemplo, na utilização do material dourado se o lado, os docentes, que já passaram pela mesma
estudante não compreende o sistema decimal vê a situação de estudantes no passado, agora repetem
barra que representa a dezena como algo não as estratégias tradicionais em sala de aula
muito diferente do cubinho que significa unidade. A dificultando o crescimento de seus alunos.
organização estrutural deve ser percebida pelo
aluno, cabendo ao professor explorar, juntamente Portanto, ensinar os alunos a solucioná-los a
com os alunos, todos os aspectos que o material partir de uma metodologia, que segue passo a passo,
oferece para alcançar o planejamento de ensino. discutindo etapa por etapa, onde todos os dados são
levantados e organizados antes da execução dos
A escolha do material a ser utilizado deve cálculos, deixando de lado a simples ação de olhar o
obedecer, além do aspecto desafiador e de texto e dizer se é de mais ou de menos, leva-os a
interesse, ao grau de desenvolvimento do alunado, desenvolver um olhar científico para as situações de
a idade e o nível de entendimento que ele traz ao aprendizagem em qualquer disciplina.
adentrar no educandário. Quando o objetivo da
utilização de jogos é a aprendizagem,esta deve Segundo Dante (1999), os problemas devem
estar sempre orientada para atingir objetivos estar relacionados a objetivos específicos para que
concernentes ao desenvolvimento escolar e social os alunos construam os conceitos matemáticos
dos educandos. necessários para aplicabilidade e significação da
disciplina ao longo de sua vida.
Segundo Rego (2000), o professor precisa
ter sensibilidade para desenvolver esse tipo de Há sete objetivos que devem ser levados em
atividade. Ele precisa estar ciente da metodologia conta quando o docente pensar em estratégias para
que está utilizando, para que seu trabalho solucioná-los, que são:
transcorra com mais aproveitamento. Conforme Fazer o aluno pensar produtivamente - para
afirma FIORENTINI e MIORIM (1996): isso nada melhor que apresentar-lhe situações-
"o professor não pode subjugar sua problema que o envolvam, o desafiem e o motivem a
metodologia de ensino a algum tipo de material querer resolvê-las.
porque ele é atraente ou lúdico. Nenhum material é Desenvolver raciocínio do aluno - É preciso
válido por si só. Os materiais e seu emprego desenvolver no aluno a habilidade de elaborar um
sempre devem estar em segundo plano. A simples raciocínio lógico e fazer uso inteligente e eficaz dos
introdução de jogos ou atividades no ensino da resultados disponíveis, para que ele possa propor
matemática não garante uma melhor aprendizagem boas soluções às questões que surgem em seu dia-
desta disciplina" (p.9). a-dia, na escola ou fora dela.
A importância do lúdico no ensino de Ensinar o aluno a enfrentar situações novas -
Matemática as rápidas mudanças sociais e o aprimoramento
A utilização de materiais concretos na cada vez maior e mais rápido da tecnologia impedem
aprendizagem de matemática está aliada ao fato de que se faça uma previsão exata de quais habilidades,
eles oferecerem um conceito de diversão, de conceitos e algoritmos matemáticos seriam úteis hoje
brincadeira para os alunos. Isso faz com que ocorra para preparar um aluno para sua vida futura.
um maior interesse e envolvimento por parte deles, Ensinar apenas conceitos e algoritmos que
pois proporciona algo diferente do que ocorre em atualmente são relevantes parece não ser o caminho,
sala de aula no cotidiano, acabando por deixá-los pois eles poderão tornar-se obsoletos daqui a quinze
mais animados e dispostos para as aulas. ou vinte anos, quando a criança de hoje estará no
Eles provocam uma reflexão e o auge de sua vida produtiva. Assim, um caminho
estabelecimento de relações lógicas pelos alunos. bastante razoável é preparar o aluno para lidar com
Ou seja, acaba por provocar além do desafio e da situações novas, quaisquer que sejam elas. E para
diversão, o pensamento reflexivo dos alunos. Eles isso, é fundamental desenvolver iniciativa, espírito
contribuem também para estimular o senso de explorador, criatividade e independência através de
iniciativa, algo que hoje nas salas de aula é feito de resolução de problemas.
forma tímida. Dar ao aluno a oportunidade de se envolver
Infere-se que a adoção do lúdico nas aulas com as aplicações da matemática - nas séries
de matemática pode proporcionar uma melhor iniciais, o único veículo que permite apresentar as
interação entre professor e aluno, pois o último aplicações de matemática é a resolução de
torna-se mais participativo e com isso contribui para problemas, Dante (1999:13). Apesar da grande
que as aulas tornem-se mais produtivas. reconhecida importância da matemática, quer pelo
desenvolvimento de raciocínio que proporciona ao
aluno, quer por suas aplicações nos problemas da

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
vida diária, em geral os alunos, logo nos primeiros Compreender o problema
contados com essa ciência, começam a detestá-la
a) O que se pede no problema?
ou tornam-se indiferentes a ela. Isso pode ser
atribuído ao exagero no treino de algoritmos e b) Quais são os dados e as condições do
regras desvinculados de situações reais, além do problema?
pouco envolvimento do aluno com aplicações da
c) É possível fazer uma figura, um esquema
matemática que exijam o raciocínio e o modo de
ou um diagrama?
pensar matemático para resolvê-las.
d) É possível estimar a resposta?
A oportunidade de usar os conceitos
matemáticos no se dia-a-dia favorece o Elaborar um plano
desenvolvimento de uma atitude positiva do aluno
em relação à matemática. Não basta fazer a) Qual é o seu plano para resolver o
mecanicamente as operações de adição, subtração, problema?
multiplicação e divisão. É preciso saber como e b) Que estratégia você tentará desenvolver?
quando usá-las convenientemente na resolução de
situações-problema. c) Você se lembra de um problema
semelhante que pode ajudá-lo a resolver este?
Tornar as aulas de matemática mais
interessantes e desafiadoras uma aula de Executar um plano
matemática onde os alunos, incentivados e a) Execute o plano elaborado, verificando-o
orientados pelo professor, trabalhem de moto ativo, passo a passo.
individualmente ou com pequenos grupos – na
aventura de buscar a solução de um problema que b) Efetue todos os cálculos indicados no
o desafia é mais dinâmica e motivadora do que a plano e execute todas as estratégias
que segue o clássico esquema de explicar e repetir. Fazer o retrospecto ou verificação.
O real prazer de estudar matemática está na
satisfação que surge quando o aluno, por si só, a) Examine se a solução obtida está correta.
resolve um problema. Quanto mais difícil, maior a b) Existe outra maneira de resolver o
satisfação em resolvê-lo, um bom problema suscita problema?
a curiosidade e desencadeia no aluno um
comprometimento de pesquisa, diminuindo sua c) É possível usar o método empregado para
passividade e conformismo. resolver problemas semelhantes?

Equipar o aluno com estratégias para A utilização de uma estratégia para solução
resolver problemas - para resolver problemas, de problemas em matemática leva o aluno a ter
precisamos desenvolver determinadas estratégias organização, visão e entendimento do que está
que, em geral, se aplicam a um grande número de fazendo.
situações. Esse mecanismo auxilia na análise e a Entender quais são os passos importantes e
solução de situações onde um ou mais elementos porque estão sendo usados, perceber o que pode ser
desconhecidos são procurados. descartado no problema e o que é fundamental para
Dar um a boa base matemática às pessoas a conclusão, ter confiança em suas hipóteses e testá-
- mais do que nunca precisamos de pessoas ativas las, pois há vários caminhos para se chegar a um
e participantes, que deverão tomar decisões local, são habilidades que os alunos adquirem com a
rápidas e, tanto quanto possível, precisas. Assim, é prática de solução dos problemas de forma
necessário formar cidadãos matematicamente organizada e discutida em sala.
alfabetizados, que saibam como resolver, de modo Tão importante quanto seguir procedimentos
inteligente, seus problemas de comércio, economia, é a escolha do modelo para que haja chance de o
administração, engenharia, medicina, previsão do aluno testar e discutir antes de partir para o exercício
tempo e outros da vida diária. E, para isso, é prático.
preciso que a criança tenha, em seu currículo de
matemática elementar, a resolução de problemas
como parte substancial, para que desenvolva desde
cedo sua capacidade de enfrentar situações-
problema.
Como se resolve um problema
Segundo o esquema de Polya (1977) são
quatro as etapas principais para a resolução de um
problema. A medida que forem descritas, os dados
serão coletados do problema 4, cujas respostas dos
alunos do 3º ano, fazem parte da experiência
realizada em sala de aula.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Escola, ocorrido no Brasil na década de 30.
Aprendendo a potencializá-los, avaliar situações
problema com conteúdo lógico e propor soluções,
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO esses jovens poderão se tornar bons agentes
PARA O ENSINO FUNDAMENTAL transformadores da sociedade, cidadãos críticos e
cônscios de suas responsabilidades sociais.
O Raciocínio Lógico Matemático
compreende um conjunto de técnicas, métodos e O método a ser utilizado será o da pesquisa,
processos que, sistematizados, organizados, revisão bibliográfica e relatos de experiências de
desencadeados e, sequencialmente estruturados trabalhos ligados a esta área.
através das interações entre as múltiplas
As pesquisas serão realizadas em bibliotecas
Inteligências Funcionais promovidas pelo cérebro,
físicas e virtuais, artigos científicos internacionais e
facilitam a compreensão e a resolução de
nacionais, teses de doutorado, sites especializados e
problemas. Podem ser desenvolvidos através da
trabalhos acadêmicos, todos com o devido
utilização de recursos metodológicos, didático-
reconhecimento.
pedagógicos e ainda objetos de ensino e
aprendizagem de forma técnica e/ou científica ao Quanto às experiências, somente aquelas
longo de todo o Ensino Fundamental. cujos resultados obtidos foram significativos e
contribuíram efetivamente para a fundamentação
Ao discutirmos os fatores que dificultam o
destes estudos.
ensino e a aprendizagem dos alunos do Ensino
Fundamental nos deparamos com questões cujas Consolidar o Raciocínio Lógico Matemático
respostas não são tão simples de serem satisfeitas. de forma sistêmica, programática e continuada, em
Entre outros, podemos citar: O que ensinar, como e todos os anos do Ensino Fundamental, através da
quando ensinar, os valores éticos e morais, a utilização de métodos, objetos de ensino e
responsabilidade social, as novas tecnologias, a ferramentas didático-pedagógicas, para o
velocidade de acesso à informação, a globalização, desenvolvimento das Funções Intelectuais requer
a sustentabilidade, a maior exigência por qualidade recursos metodológicos e especialização dos
de vida, a preparação para o futuro, as diferenças e docentes, como afirma Galuch, Sforni (2009, p. 123).
tendências sócios culturais, a inclusão social e as “a mediação do professor é imprescindível, pois o
políticas pedagógicas. sujeito não se apropria do significado apenas por
estar inserido em ambientes propícios, sejam eles
Pretende-se demonstrar neste estudo que é
alfabetizadores letrados ou científicos”.
possível utilizar o Raciocínio Lógico Matemático de
forma regular, sistêmica, programática e continuada Frequentemente perguntamos, sempre que
em todos os anos do Ensino Fundamental, para discutimos educação, principalmente nas salas de
promover o acesso destes alunos aos problemas do professores: Quando e o que é verdadeiramente
mundo real, respeitando os objetivos delineados importante ensinar? Quais os métodos, sistemas de
pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação e pelos ensino e práticas mais eficazes? Quais os resultados
Parâmetros Curriculares Nacionais. esperados e a que tempo virão? Como relacionar o
conhecimento com as permanentes demandas da
Trataremos também nesta pesquisa, da
sociedade?
estratégia e da instrumentalização de alguns
métodos e processos, bem como de alguns objetos Refletimos também sobre a complexidade de
de ensino e aprendizagem que poderão ser fatores que interferem na dinâmica dos Sistemas de
aplicados através do Raciocínio Lógico Matemático Ensino e Aprendizagem tais como: o envolvimento
para obtenção de maior celeridade no processo de familiar, o comprometimento com os estudos, os
formação, desenvolvimento e maturidade. Fazê-los déficits de atenção, as limitações cognitivas, os
perceberem e reconhecerem a importância de suas possíveis conflitos entre gerações, (X, Y, Z, Alfa,
múltiplas inteligências e como as utilizar na Nativos Digitais), tanto de quem ensina com de quem
transformação do meio em que vivem. aprende e, a atualização e capacitação de
professores. Não obstante, também são lembrados,
As áreas cognitivas a serem trabalhadas
entre outras, os valores éticos e morais, a
com o propósito de desenvolver as Funções
responsabilidade social, as novas tecnologias, a
Intelectuais dos alunos ao longo de todo o Ensino
velocidade de acesso à informação, a globalização, a
Fundamental, através do Raciocínio Lógico
sustentabilidade, a maior exigência por qualidade de
Matemático, estarão apoiadas nas contribuições
vida, a preparação para o futuro, as diferenças e
oferecidas, principalmente, por Howard Gardner em
tendências sócios culturais, as minorias e, a inclusão
seu trabalho sobre Inteligências Múltiplas, por
social.
Daniel Goleman em seu trabalho sobre o Quociente
Emocional, por Jean Piaget, que embora não Para buscar as respostas esperadas vamos
intencionalmente, lançou as bases do iniciar recorrendo às Leis de Diretrizes e Bases da
Construtivismo e por John Dewey filósofo e Educação e aos Parâmetros Curriculares Nacionais
pedagogo americano que influenciou Anísio que nos orientam, principalmente na área de
Teixeira, um dos idealizadores do movimento Nova

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
matemática, a fazer com que os alunos, entre Conhecer as limitações e interesses dos
outras produções, adquiram: alunos facilitará a consecução dos objetivos
propostos já a partir das séries iniciais do Ensino
I – o desenvolvimento da capacidade de
Fundamental. Para Gardner, (1995, p.21):
aprender, tendo como meios básicos o pleno
domínio da leitura, da escrita e do cálculo; O maior desafio é conhecer cada criança
como ela realmente é; saber o que ela é capaz de
II – a compreensão do ambiente natural e
fazer e centrar a educação nas capacidades, forças e
social, do sistema político, da tecnologia, das artes
interesses dessa criança. O professor é um
e dos valores em que se fundamenta a sociedade;
antropólogo, que observa a criança cuidadosamente,
III – o desenvolvimento da capacidade de e um orientador, que ajuda a criança a atingir os
aprendizagem, tendo em vista a aquisição de objetivos que a escola, o distrito ou a nação
conhecimentos e habilidades e a formação de estabeleceu.
atitudes e valores;
A experiência nos mostra que ao utilizarmos
IV – o fortalecimento dos vínculos de Situações-problema que envolva temas transversais
família, dos laços de solidariedade humana e de e que inter-relacionam as disciplinas, damos mais
tolerância recíproca em que se assenta a vida sentido aos objetos de estudo, ativamos o Raciocínio
social. (BRASIL. LDB – Lei de Diretrizes e Bases Lógico e motivamos os alunos a se apropriarem do
da Educação-Nº 9.394, DE 20 De Dezembro de conhecimento. De acordo com Abar, (2006), “o
1996). aprendizado da lógica auxilia os estudantes no
raciocínio, na compreensão de conceitos básicos, na
E ainda, saibam:
verificação formal de programas e melhor os prepara
 Utilizar as diferentes linguagens: para o entendimento do conteúdo de tópicos mais
verbais, matemática, gráfica. avançados”.

 Posicionar-se de maneira crítica, Note que se estes desafios não forem

responsável e construtiva nas diferentes situações alcançados, podemos comprometer o futuro destes
sociais. jovens, como cita Rauber (et al., 2003), “é comum
encontrar alunos universitários com dificuldades para
 Perceber-se integrante, dependente interpretar o que estão lendo, por não terem sido
e agente transformador do ambiente. alfabetizados para entender o que está “por trás”
 Compreender a cidadania, daquilo que está escrito, ou seja, o real significado e
contexto”.
 Posicionar-se de maneira crítica
A motivação e o estímulo às Inteligências
 Conhecer características Múltiplas e ao Raciocínio Lógico.
fundamentais do Brasil e valorizar a pluralidade do
HOWARD GARDNER
patrimônio sociocultural brasileiro,
 Desenvolver o conhecimento
ajustado de si mesmo e o sentimento de confiança
em suas capacidades afetiva, física, cognitiva,
ética, estética.
 Saber utilizar diferentes fontes de
informação e recursos tecnológicos para adquirir e
construir conhecimentos;
 Questionar a realidade formulando-
se problemas e tratando de resolvê-los, utilizando
para isso o pensamento lógico. (BRASIL.PNE-
Plano Nacional da Educação Lei Nº 13005, de 25
de junho de 2014).
Os valores lógicos (Verdadeiros ou Falsos)
Figura 1: Howard Gardner. Fonte: Psico Ativa.com:
existentes nas relações humanas nem sempre são
Las mejores Frases de Howard Gardner, 2017.
fáceis de serem compreendidos ou identificados e
para estudá-los caberá ao professor, motivar, “O surgimento de novas tecnologias nos
orientar, organizar e dirigir, seus alunos propondo obriga a educar as crianças de forma diferente”
atividades que estimulem suas múltiplas (GARDNER).
inteligências, sem inibir o processo criativo e
interferir em seus estágios de desenvolvimento. Parece latente a ideia de que, no mundo
Segundo Copi, (1978, p.19): “O estudo da Lógica é atual, as competências e habilidades humanas
o estudo dos métodos e princípios usados para devam ser expandidas e integradas ao sistema global
distinguir o raciocínio correto do incorreto”. de informações, promovidos por novas tecnologias,
de tal forma que o ser humano seja: “capaz de

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 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
direcionar seus objetivos, valores, pensamentos e nem em todos estes estejam com igual
ações em relação a uma rede de interatividades desenvolvimento.
que compartilhe a produção de significados e o
A inteligência implica na capacidade de
funcionamento de responsabilidades sociais”
resolver problemas ou elaborar produtos que são
(GARDNER, 2004, p.254).
importantes num determinado ambiente ou
Howard Gardner, em sua Teoria das comunidade cultural. A capacidade de resolver
Inteligências Múltiplas preconiza vários tipos de problemas permite à pessoa abordar uma situação
inteligências, abaixo ilustradas, e que juntas ou em que um objetivo deve ser atingido e localizar a
associadas permitem resolver ou compreender solução adequada para esse objetivo (GARDNER,
problemas das mais diversas ordens, mesmo que, 1995, p.21).
OS TIPOS DE INTELIGÊNCIA – MARK VITAL

Figura 2 – Os tipos de Inteligência. Fonte: Os tipos de Inteligência linguística: A capacidade para

Inteligência por Mark Vital, 2016. usar as palavras, com sensibilidade para os sons,
ritmos e significados das mesmas, habilidade para
Thomas Armstrong estudioso de Gardner
transmitir ideias. Gardner nos mostra que essa é a
infere:
usada com maior intensidade pelos poetas. Nas
Inteligências múltiplas é um modelo crianças ela aparece na habilidade para contar
cognitivo que tenta descrever como os indivíduos histórias e relatar experiências vividas.
usam suas inteligências para resolver problemas e
Inteligência interpessoal: Essa inteligência
criar produtos, sua teoria quer mostrar como a
visa à capacidade de perceber as variações de
mente humana opera sobre os conteúdos do
humores, intenções, motivações e sentimentos de
mundo. As inteligências encontradas por ele até o
outras pessoas. Notaremos mais em professores,
momento são: linguística, lógica-matemática,
políticos e psicoterapeutas, em crianças podemos
espacial, corporal-cinestésica, musical, naturalista,
observar aquelas que gostam de liderar outras
interpessoal e intrapessoal (ARMSTRONG, 1995,
crianças, pois são sensíveis às necessidades dos
p.14)
outros.
e ainda, (2001, p.14-15) discorre sobre o
Inteligência intrapessoal: É a inteligência
conjunto de Inteligências mencionadas na teoria de
mais pessoal diante as outras, corresponde ao tipo
Gardner explicando cada uma delas:
de inteligência na qual a pessoa possui a habilidade
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
de ter acesso aos próprios sentimentos, ideias e Algumas estratégias para estimular as
sonhos, utiliza-se deles para solução de problemas Inteligências Múltiplas através do Raciocínio
pessoais. Lógico em ambiente escolar.
Inteligência lógica-matemática: O ponto Talvez a primeira delas seja partir do
notável nesta inteligência está na criança com princípio de que nem todas as pessoas têm as
especial aptidão para contar e fazer cálculos mesmas habilidades e aprendem da mesma maneira.
matemáticos e para criar notações práticas de seu Vivem em ambientes socioculturais diversos,
raciocínio. estabelecem relações com o meio, também, de forma
diversa o que acaba por favorecer a aprendizagem e
Inteligência musical: A manifestação
o desempenho cognitivo. Para Borges (2003, apud
desta inteligência se dá através da habilidade e
Dantas, 2005, p.3) “os indivíduos têm diferentes
sensibilidade ao ritmo, tom ou melodia e timbre de
histórias de vida porque interagem com o meio de
uma peça musical. A criança pequena com
maneira diferente, logo, conhecem e aprendem de
habilidade musical especial percebe diferentes sons
distintas formas”.
no seu ambiente e canta para si mesma desde
pequena. De acordo com Antunes (2005, p.104), as
inteligências múltiplas podem ser estimuladas em
Inteligência espacial: A capacidade para
sala de aula da seguinte forma:
perceber o mundo visual e espacial de forma
precisa. A criança possui habilidade para manipular Inteligência Linguística: “Descrição
formas ou objetos mentalmente e, a partir das progressiva de imagens físicas. Jogos verbais de
percepções iniciais, criar tensão, equilíbrio e palavras. Ensino de uma língua estrangeira quando
composição, numa representação visual ou possível. Jogos linguísticos;”.
espacial. Está presente nos artistas plásticos, nos
Inteligência Lógico-Matemática:
engenheiros e nos arquitetos. Em crianças
“Substituição da contagem mecânica pela contagem
pequenas, o potencial se observa na habilidade
significativa. Percepção dos conjuntos. Noções de
para quebra– cabeça e outros jogos espaciais e a
escala. Jogos matemáticos;”.
atenção a detalhes visuais.
Inteligência Espacial: “Leituras com
Inteligência corporal-cinestésica: Nota-se
participação interativa. Início da alfabetização dos
a sua habilidade no uso do corpo todo para
signos cartográficos ou não. Início de aulas de
expressar ideias e sentimentos (por exemplo, como
natação, quando possível. Exame analítico e
ator, mímico, atleta ou dançarino) e facilidade no
descritivo de fotos antigas. Jogos espaciais;”.
uso das mãos para produzir ou transformar coisas
(por exemplo, como artesão, escultor, mecânico ou Inteligência Musical: “Experiências de
cirurgiões). Inclui também habilidades físicas descrição de fatos e paisagens pela linguagem
específicas, tais como coordenação, equilíbrio, sonora. Jogos musicais;”.
destreza, força e outros.
Inteligência Cinestésica/Corporal: “Jogos
Inteligência naturalista: Ligada à vida lúdicos. Jogos corporais”.
animal e vegetal, também conhecida como
Inteligência Interpessoal e Intrapessoal:
Inteligência biológica ou ecológica. Podemos ver
nos jardineiros, no paisagista, do amante da “Iniciativas de envolvimento dos pais num programa
natureza ao florista. Revela-se pela capacidade de de legitimação dos sentimentos pessoais. Ajuda para
que a criança perceba e identifique as suas
identificar membros de uma mesma espécie,
emoções;”.
reconhecer a existência de diferentes espécies e
em mapear relações entre diferentes espécies. Inteligência Naturalista: “Jogos que
Embora existam algumas críticas sobre o envolvam aventuras interativas entre a criança e a
trabalho de Gardner, sua teoria tem grande descoberta da natureza”. Jogos naturalistas;
aceitação na área educacional. Talvez possamos Algumas estratégias para os pais
responder o como ensinar. Weinreich-Hast explicita estimularem as Inteligências Múltiplas de seus
filhos em ambiente sócio-familiar.
O que Gardner nos deu de contribuição?
Sua nova forma de conceber a inteligência liberta a Faz-se necessário um grande esforço pela
psicologia de um paradigma limitado, pautado em educação desses jovens, não só por parte de
um modelo unitário de inteligência. Um modelo de professores, mas também dos pais e responsáveis,
inteligências múltiplas facilitará a exploração de para que estas inteligências possam ser estimuladas
uma ampla gama de atividades mentais. Este fato é em outro ambiente que não o escolar. Antunes (2005,
particularmente importante, considerando que os p.112) sugere algumas estratégias que, em alguns
modelos cognitivos e de processamento de casos, também podem ser aproveitadas para alunos
informações têm dominado a psychological de 9 a 14 anos.
research por vários anos (WEINREICH-HAST,
1984, p.22).

Página 333
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Quadro 1 – Estratégias para os pais Como os Jogos e suas relações com as
estimularem as Inteligências Múltiplas Inteligências Múltiplas podem ser utilizados no
desenvolvimento do Raciocínio Lógico.
Para Antunes (1998, p.13), “O jogo ajuda a
Idades
Dos cinco aos oito anos de idade construir novas descobertas, desenvolve sua
Inteligências
personalidade e simboliza um instrumento
– Estimule a criança a contar histórias e a pedagógico que leva ao professor a condição de
realizar leituras; condutor, estimulador e avaliador da aprendizagem.”.
– Desenvolva questões com suposições. Ex:
O que faremos se chover hoje? Algumas estratégias podem ser empregadas
Inteligência – Evite respostas monossilábicas, explique o como forma de aproximar o aluno do
Linguística “por que” das coisas, mesmo que a criança
não pergunte;
autoconhecimento e se perceber atuando e
– Estimule- a a escrever as palavras que interagindo no ambiente sociocultural em que esta
sabe. Desenvolva a brincadeira de escrever inserida.
bilhetes. Realize jogos linguísticos.
Alguns jogos podem ser trabalhados também
– Estimule brincadeiras de jogos através de encenações teatrais de tal forma que
matemáticos; viabilize estímulos às Inteligências Múltiplas.
– Faça a criança descobrir como se joga
dominó; LINGUÍSTICA: rimas, parlendas, trava-
Inteligência – Traga caixa para casa e coloque objetos,
Lógico- depois pergunte à criança a quantidade de
línguas, adivinhas, fórmulas de escolha, jogos
Matemática objetos que cabe em cada caixa; simbólicos, jogos dramáticos, músicas.
– Faça com que a criança perceba o que
são horas, pedindo que ela represente em LÓGICO-MATEMÁTICA: bingos, quebra-
dígitos as horas vistas num relógio cabeças, jogos da memória, tabuleiros, cartas, jogos
analógico. rítmicos, jogos de alvo, mímicas, arremessos: cadeira
e argola, boliche, queimada, tiro ao alvo, biroca,
– Ensine a criança a recortar revistas;
– Peça à criança para esta separar cabeças
bétis.
de corpos e figuras e fazer novas
ESPACIAL OU VISUAL: pegadores
personagens;
– Faça a criança distinguir objetos que estão trabalham com corda, esconde-esconde, amarelinha,
“em cima” ou “em baixo”; queimada normal e em círculo, jogos de arremessos,
Inteligência – Deixe a criança brincar com jogos “basquete”, jogos de memória, jogo de elástico,
Espacial estratégicos (xadrez, quebra- cabeças, entre
amarelinha, cabra-cega, atividades de desenho,
outros);
– Faça- a contar o seu dia. Amplie a pintura, colagem, escultura, brincadeiras de
narrativa fazendo perguntas e estimulando a imaginação e jogos de construção que exploram os
comparação entre o dia anterior e o de hoje; diferentes espaços (casinha, escola, circo, sítio,
– Trabalhe com a percepção da lateralidade
floresta, cidade, fábricas, rios).
e realize jogos espaciais.
CINESTÉSICO-CORPORAL: imitação,
– Faça com que a criança participe em jogos
de identificação de sons;
dramatização, mímicas, danças, produzir objetos
Inteligência – Faça passeios com a criança com a para brincar, circuito psicomotor, jogos que envolvem
Musical finalidade de esta ouvir sons naturais; habilidades motoras de locomoção, manipulação e
– Apresente à criança vários tipos de música estabilização: andar, correr, saltar, arremessar,
e realize jogos musicais.
receber, quicar, chutar, rebater, equilibrar, girar,
– Crie atividades que estimulem a subir, puxar, carregar.
coordenação motora, tais como: correr,
Inteligência saltar, subir escadas, entre outras; MUSICAL: as músicas de acalanto, músicas
Cinestésica/ – Ensine a criança a utilizar a tesoura; de diferentes estilos, brincadeiras de cantigas de
Corporal – Deixe a criança mexer em massa de roda, rimas, parlendas, atividades rítmicas e
modelar; musicadas, mnemônicas e danças diversas.
– Faça a criança dar nós em cordas.
INTELIGÊNCIAS PESSOAIS: as brincadeiras
– Estimule a criança a nomear os seus de representação de papéis, jogos dramáticos, teatro,
sentimentos, fazendo- a descobrir o
significado de “alegria”, “tristeza”, “raiva”, as danças, as cantigas de roda, os jogos
Inteligência entre outros; competitivos, os jogos de inibição (estátua, stop,
Interpessoal e – Elogie a criança com moderação, faça- a duro-mole, esconde-esconde).
Intrapessoal descobrir as coisas nas quais ela é boa;
– Estimule a sua autoestima e ajude- a a INTELIGÊNCIA PICTÓRICA: conhecimento,
lidar com os seus sentimentos dando nome a apreciação e reprodução/releitura de composições
ao que está a sentir.
artísticas, o conhecimento da História da Arte,
– Realize com a criança jogos pessoais; (movimentos, vida e obra dos grandes artistas) e o
Inteligência – Organize visitas ao campo e faça com que desenvolvimento da capacidade expressiva da
Naturalista a criança descubra as diferenças entre criança, por meio do domínio dos elementos das
animais e plantas;
linguagens gráfica, corporal, musical e verbal.
Fonte: Antunes (2005, p.112)

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
INTELIGÊNCIA NATURALÍSTICA: coleções A Fase Operatório Lógico-Formal, (12 aos 16
de produtos naturais, atividades de exploração e anos) consolida as estruturas intelectuais próprias do
aventuras em florestas, bosques, riachos, passeio raciocínio lógico-dedutivo ou lógico-matemático, que
ao zoológico, identificação das vozes dos animais, se estenderá até a fase adulta. (PIAGET, 1985)
brincadeiras de imitação de animais, dramatização
Neste estágio o aluno torna-se capaz de
de fatos relacionados à natureza (animal em
compreender e discutir problemas cada vez mais
extinção, floresta sendo devastada, poluição pelo
complexos, de forma lógica, sequencial e
lixo), passeios imaginários (professora motiva a
desencadeada por ter sua capacidade cognitiva mais
criança a realizar passeios imaginários, vivenciando
desenvolvida. Podemos então introduzir objetos de
diferentes situações), brincadeiras em ambientes
ensino e aprendizagem, recursos didáticos
naturais (rios, bosques), jogos com nomes de
pedagógicos que possam alavancar seu potencial de
bichos e plantas que permitam ampliar o
Raciocínio Lógico.
conhecimento e o respeito pela natureza (LIMA,
2003, Tese Doutorado). Neste caso podemos entender como Objetos
de Aprendizagem: “qualquer recurso digital que
JEAN PIAGET
possa ser reutilizado para o suporte ao ensino”
(WILEY, 2001, p. 7).
Existem alguns sítios na internet que
disponibilizam exemplos práticos e orientações sobre
como aplicar esses recursos e promover melhorias
na aprendizagem da matemática e ciências em geral.
Por exemplo, o projeto RIVED-Rede Internacional
Virtual de Educação, da SEED-Secretaria de
Educação a Distância, em consórcio com outros
países da América Latina. Lá encontraremos um livro
Figura 3 – Jean Piaget. Fonte: cujo título é: Objetos de aprendizagem Uma proposta
http://kdfrases.com/autor/,jean-piaget. de recurso pedagógico (pdf), disponível em
“As estruturas operatórias da inteligência <http://rived.mec.gov.br/artigos/livro.pdf>.
não são inatas” (PIAGET). Trata-se de um material riquíssimo em
As contribuições de Piaget para o propostas que possibilita o desenvolvimento do
desenvolvimento Lógico-matemático são mais Raciocínio Lógico Dedutivo, Indutivo e que vem ao
notadas na fase Operatório-concreto quando eclode encontro da proposta deste artigo, que é de agregar
o princípio da abstração e na posterior Operatório valores ao ensino aprendizagem do Ciclo
Lógico-Formal em que se consolida. Talvez Fundamental.
possamos começar a responder o que ensinar Não podemos esquecer de que, qualquer que
como ensinar e principalmente quando ensinar. seja o impacto tecnológico sobre os Sistemas de
Piaget (1985, p.126) afirma, que “educar é Educação, o ensino e aprendizagem e os
adaptar o indivíduo ao meio social ambiente”. educadores, ainda existirão por detrás o elemento
humano.
Conforme La Taille; Oliveira e Dantas
(1992, p.17), “(…) a lógica representa para Piaget a A educação é muito mais que seus suportes
forma final do equilíbrio das ações. Ela é um tecnológicos: encarna um princípio formativo, é uma
sistema de operações, isto é, de ações que se tarefa social e cultural que, sejam quais forem as
tornaram reversíveis e passíveis de serem transformações que experimente, continuará
compostas entre si”. dependendo, antes de tudo, de seus componentes
humanos, de seus ideais e valores (BRUNNER,
Na fase Operatório-concreto, (7 a 12 anos), 2001, apud BRASLAVSKY, 2004 p.77).
a criança ingressa no Ensino Fundamental onde
começa a ser desenvolvido e estruturado seu
pensamento lógico. Começa a lidar com conceitos,
com números, estabelece relações tempo x espaço,
percebe sequências e inicia o estágio de abstração.
Segundo La Taille (1992, p.17), “a capacidade de
pensar simultaneamente o estado inicial e o estado
final de alguma transformação efetuada sobre os
objetos (por exemplo, a ausência de conservação
da quantidade quando se transvaza o conteúdo de
um copo A para outro B, de diâmetro menor)
evidencia este estágio e lhe garante base para o
estágio seguinte”.

Página 335
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
JOHN DEWEY 4º. Hipótese: estes dados, uma vez
coletados, permitirão a formulação de uma ou mais
hipóteses explicativas do problema.
5º. Experimentação: essa hipótese deve ser
testada, a fim de se verificar a sua validade. Se ela
for válida, poder-se-á resolver o problema, e a
atividade prosseguirá até que se depare um novo
problema.
Baseado nessas ideias, podemos empregar
esquemas de modelagem para resolução de
problemas matemáticos como o sugerido por
Biembengut; Hein (2003, p.22).
Figura 4 – John Dewey. Fonte: John Dewey e a
Escola Ativa, 28/10/2005.
John Dewey ainda é considerado por
muitos como um dos maiores pensadores do século
vinte, na área de educação. Contribuiu
significativamente para a democratização do
ensino, tendo influenciado o brasileiro Anísio
Teixeira, idealizador do movimento Nova Escola
que ocorreu no Brasil na década de trinta. Suas
ideias perduram e sustentam a tese de uma Escola Figura 5 – Desenvolvimento do Conteúdo
Ativa, Progressista, Instrumentalista, onde os Programático. Fonte: Biembengut; Hein (2003).
alunos são os protagonistas do saber.
Segundo Dewey (2012, p.3) “O professor
Em escolas equipadas com laboratórios, deve apresentar os conteúdos escolares na forma de
lojas e jardins, que livremente introduzem questões ou problemas e jamais dar de antemão
dramatizações, jogos e desporto, existem respostas ou soluções prontas”.
oportunidades para reproduzir situações da vida, e
para adquirir e aplicar informação e ideias num Fica claro, então, que por este princípio
progressivo impulso de experiências continuadas. podemos propor uma situação problema e iniciar um
As ideias não são segregadas, não formam ilhas processo investigativo com recursos técnicos e/ou
isoladas. Animam e enriquecem o decurso normal científicos, em que se podem utilizar os
da vida. Informação é vitalizada pela sua função; conhecimentos adquiridos e compará-los com a
pelo lugar que ocupa na linha de ação. (DEWEY, realidade.
1916) Aqui encontramos o ambiente ideal para
Para John Dewey, “O professor que propor os chamados Projetos Pedagógicos
desperta entusiasmo em seus alunos conseguiu Interdisciplinares: – Projeto Educação Financeira;
algo que nenhuma soma de métodos Projeto Educação Ambiental; Projeto Construção
sistematizados, por mais corretos que sejam, pode Aeromodelos; Projeto Mídia em Sala de Aula; entre
obter” (DEWEY, 1979, p.6). outros.

Segundo Digiorgi (1922, p. 24), são cinco Aprender através da interdisciplinaridade,

os passos da aprendizagem para Dewey: coletando e selecionando dados, testando hipóteses
propondo soluções, aproximará estes jovens do
1º. Atividade: o ponto inicial de qualquer mundo real.
aprendizado na escola, assim como na vida, que a
escola deve reproduzir o melhor possível é uma “[…] verdadeiro interesse é o sinal de que
atitude qualquer que já esteja sendo exercida; algum material, objeto, habilidade, ou que quer que
atividade esta que se dá espontaneamente e que seja, está sendo apreciado de acordo com o que
corresponde ao interesse do educando. atualmente concorra para a marcha progressiva de
uma ação, com a qual a pessoa se tenha
2º. Problema: toda atividade, ao ser identificado” (DEWEY, 1978, p.86).
exercida, suscita problemas que dificultam sua
continuidade e/ou desenvolvimento. É essa a
origem do pensamento: este sempre provém de
uma situação problemática. O ponto de partida do
pensamento é a tentativa de empreendimento, de
se superar uma situação problemática.
3º. Coleta de dados: o professor e os
alunos devem coletar dado (dados de todo tipo) que
possam ajudar a superar a situação problemática.
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
DANIEL GOLEMAN dos indivíduos, reagir adequadamente de forma a
canalizá-los ao interesse comum.
4. Sensibilidade Social– é a
capacidade de detectar e identificar sentimentos e
motivos das pessoas.
Se apreendidas pelos educadores, estes
conceitos podem contribuir significativamente no
processo de formação destes jovens para a vida
adulta. De acordo com Goleman (1998, p.15).
Os parâmetros do mercado de trabalho estão
mudando. Estamos sendo avaliados por novos
Figura 6 – Daniel Goleman. Fonte:
critérios. Já não importa apenas o quanto somos
http://kdfrases.com/autor/daniel-goleman
inteligentes, nem a nossa formação ou nosso grau de
Claro que não poderíamos deixar de especialização, mas também como lidamos com nós
mencionar também o fator motivacional do aluno e, mesmos e com os outros….
para isso, consideraremos a teoria para o
Para desenvolver competências e
desenvolvimento da Inteligência Emocional
habilidades ligadas ao autocontrole emocional,
proposta por Daniel Goleman, (1998, apud Santos,
autoconhecimento, respeito às diversidades, controle
2011, p.21). “… capacidade de identificar os nossos
das frustrações, entre outras, podemos utilizar jogos
próprios sentimentos e os dos outros, de nos
teatrais pela ampla gama de situações da vida real
motivarmos e de gerir bem as emoções dentro de
que podem ser simuladas. Assim, daremos maior
nós e nos nossos relacionamentos.”
aporte ao lado emotivo desses jovens para seu
Segundo Goleman (1998, apud Santos, futuro. Segundo Spolin (2007, p.29):
2011, p.19), a inteligência emocional pode ser
Os jogos teatrais podem trazer o frescor e
categorizada em cinco habilidades.
vitalidade para a sala de aula. As oficinas de jogos
1. Autoconhecimento Emocional– teatrais não são designadas como passatempo do
reconhecer as próprias emoções e sentimentos currículo, mas sim como complemento para
quando ocorrem; aprendizagem escolar, ampliando a consciência de
problemas e ideias fundamentais para o
2. Controle Emocional– lidar com os
desenvolvimento intelectual dos alunos.
próprios sentimentos, adequando-os a cada
situação vivida; Em matéria publicada por Cláudia Gasparini
(Exame, 06/04/15 e 14/06/15) podemos observar
3. Auto-Motivação– dirigir as
como somos avaliados na fase adulta em questões
emoções a serviço de um objetivo ou realização
de Inteligência Emocional. São abordados aspectos
pessoal;
negativos e positivos o que nos leva a refletir se
4. Reconhecimento de emoções em algumas das causas não poderiam estar em nossa
outras pessoas– reconhecer emoções no outro e formação fundamental.
empatia de sentimentos; e.
5 atitudes típicas de quem não tem
5. Habilidade em relacionamentos Inteligência Emocional
interpessoais– interação com outros indivíduos
Veja a seguir algumas posturas
utilizando competências sociais.
características de quem não tem inteligência
As três primeiras são habilidades emocional no trabalho, segundo os especialistas
intrapessoais e as duas últimas interpessoais. ouvidos por EXAME.
Tanto quanto as primeiras são essenciais ao
1. Não reconhecem suas fraquezas
autoconhecimento, estas últimas são importantes
De acordo com Santos, a onda das “selfies” não é
em:
sem razão: os egocêntricos estão à solta. O
1. Organização de Grupos– problema é que a autoconfiança excessiva muitas
habilidade essencial da liderança, que envolve vezes não é proporcional à competência do vaidoso.
iniciativa e coordenação de esforços de um grupo, “Falta a essas pessoas autoconhecimento, a
bem como a habilidade de obter do grupo o capacidade de reconhecer suas vulnerabilidades, e
reconhecimento da liderança e uma cooperação não apenas as suas forças”, afirma.
espontânea.
O profissional que age o tempo todo como
2. Negociação de Soluções– “campeão” tem uma percepção muito pobre de si
característica do mediador, prevenindo e mesmo – e da sua relação com o ambiente. “Ele não
resolvendo conflitos. sabe a impressão que está causando-nos outros,
desconhece a hora de falar e de ficar calado”, diz.
3. Empatia– é a capacidade de, ao
identificar e compreender os desejos e sentimentos

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
2. Desconfiam das suas próprias 1. Você sabe descrever suas
emoções emoções com palavras precisas
Aldan explica que muitos profissionais tentam
Ter um vasto “vocabulário emocional” é uma
racionalizar – e, com isso, negar – suas próprias
capacidade rara, segundo o consultor. Dizer apenas
emoções. “Infelizmente essa é a tônica do mundo
que está se sentindo “mal” é muito diferente de se
corporativo, a de que resultados dependem apenas
descrever como “perplexo”, “frustrado” ou “ansioso”,
da razão”, afirma.
por exemplo. Pessoas com inteligência emocional
O preço que se paga por isso é alto. “Se sabem gerir seus próprios sentimentos porque sabem
você se desconecta do que está sentindo, é exatamente quais são eles.
justamente aí que o emocional vai determinar o seu
2. Você conhece o seu lado mais
comportamento, inconscientemente”, diz ele.
frágil
3. Não enxergam o outro
De acordo com Bradberry, saber quais são
Profissionais pouco inteligentes sob o ângulo
as suas principais vulnerabilidades é essencial na
emocional costumam ter dificuldades para “ler” as
hora de administrar o seu comportamento. “Ter um
outras pessoas. “Falta a eles sensibilidade para
QE [quociente emocional] alto significa conhecer as
perceber as intenções alheias, as dicas verbais e
suas forças, e como usá-las a seu favor, mas
não verbais do que os outros estão sentindo”,
também impedir que as suas fraquezas atrapalhem
afirma Santos.
você”, escreve ele.
O problema de não enxergar colegas e
3. Você é um bom juiz
chefes é que se perde a oportunidade de aprender
com eles. “Se ficamos concentrados demais em nós A habilidade para interpretar os sentimentos,
mesmos, seja por excesso de autoconfiança ou de intenções e motivações das outras pessoas é outro
autocrítica, é difícil se conectar com o outro, sinal típico desse tipo de inteligência. Se você tem
reconhecer suas contribuições”, diz. um julgamento perspicaz e sensível a respeito dos
demais, é provável que tenha um alto grau de
4. Não sabem o que querem
competência emocional.
Quem tem pouca inteligência emocional costuma
ser refém da opinião alheia, segundo Aldan. “São 4. Você não se ofende facilmente
profissionais sem iniciativa própria, que seguem a
É difícil acabar com a alegria de quem tem
direção da maioria”, diz ele.
autoconfiança. “Pessoas emocionalmente inteligentes
O problema é que falta autoconhecimento. são seguras e têm mente aberta, o que lhes garante
“Quem não se conhece bem não tem metas nem uma ‘pele’ bastante grossa”, escreve o consultor. Isso
visão de futuro, e acaba ficando à mercê das significa relevar brincadeiras, críticas e agressões
circunstâncias. Infelizmente, esse é o caso da alheias – e até tirar sarro de si mesmo de vez em
maioria das pessoas hoje”, diz o CEO da Kronberg. quando.
5. São inconstantes 5. Você é capaz de dizer “não”
O controle das emoções é uma Levar comentários negativos na esportiva
competência emocional que faz muita falta em não significa ser passivo. Ter competência emocional
ambientes corporativos. “Um dia a pessoa está implica, também, saber colocar limites. Segundo
ótima, alegre, contando piadas. No outro, reage de Bradberry, rejeitar novas tarefas e compromissos de
forma destemperada e se enfurece pelos menores forma assertiva é difícil, mas traz ganhos importantes
motivos”, afirma Santos. para a saúde física e mental.
O profissional emocionalmente competente, 6. Você perdoa a si mesmo
ao contrário, consegue inspirar confiança e trazer
paz para o ambiente de trabalho. “É alguém de Quem tem domínio sobre o que sente
quem os colegas gostam de ter por perto, que costuma contemplar seus próprios fracassos de
forma tranquila – mas não ignorá-los. “Remoer os
influencia positivamente o ambiente”, diz o
seus erros traz ansiedade e timidez, enquanto
psicólogo.
esquecê-los completamente pode fazer com que se
“Há duas razões principais para isso: o uso repitam”, escreve o consultor. É como uma “corda
intenso de tecnologias e o excesso de atividades, estreita” observa Bradberry, em que só os mais
que nos deixam cada vez mais isolados, competentes conseguem andar sem tropeçar.
sobrecarregados e desconectados das outras
7. Você não cultiva rancores
pessoas”. (EXAME, 2015)
10 sinais de que você tem inteligência Assim como são capazes de perdoar seus
emocional no trabalho próprios erros, pessoas com inteligência emocional
também costumam “absolver” os outros. Mágoa e
De acordo com o consultor norte-americano rancor são dois ingredientes para o estresse e até
Travis Bradberry, coautor do livro “Emotional para doenças como pressão alta. Quem consegue
intelligence 2.0” (Perseu Books, 2009).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
dominar seus próprios sentimentos, naturalmente, de suas Funções Intelectuais. Isto nos responde,
prefere fugir desses gatilhos de mal-estar. como fazer.
8. Você é generoso Para Piaget, (1985) o estágio Operatório
Lógico-Formal, que vai dos 12 aos 16 anos consolida
Oferecer ajuda sem pedir nada em troca é
as estruturas intelectuais próprias do raciocínio
uma característica típica de quem tem inteligência
lógico-dedutivo ou lógico-matemático, que se
emocional, diz Bradberry. “Essas pessoas
estenderá até a fase adulta. Isto nos permite
constroem relacionamentos fortes porque estão
responder quando e o que ensinar.
sempre pensando nos outros”, escreve ele.
O Raciocínio Lógico Matemático quando
9. Você neutraliza pessoas
estimulado pelas interações das Múltiplas
“tóxicas”
Inteligências Funcionais e dos aspectos emocionais,
Na hora de lidar com colegas ou chefes a partir da utilização de recursos metodológicos,
difíceis, o profissional com QE alto identifica seus didático-pedagógicos, objetos de ensino e
próprios sentimentos, como frustração ou raiva, e aprendizagem, todos, adequados a cada estágio de
impede que eles se transformem em descontrole. desenvolvimento do aluno, trará maior celeridade e
Além disso, ele procura respeitar o ponto de vista expansão cognitiva tornando-os agentes
da pessoa “tóxica” e procura encontrar soluções transformadores, cidadãos críticos e cônscios de
positivas para as duas partes. suas responsabilidades sociais.
10. Você não busca a perfeição As teorias aqui apresentadas, quando
associadas e exploradas adequadamente pelos
“Pessoas com inteligência emocional não
educadores possibilitarão aplicar o Raciocínio Lógico
veem a perfeição como um objetivo, porque sabem Matemático em todas as séries do Ensino
que ela não existe”, escreve Bradberry. Diante da Fundamental, de forma regular, sistêmica,
inevitabilidade dos problemas, elas não se queixam
programática e continuada permitindo alcançar maior
sobre o passado e simplesmente seguem em
intensidade no processo de formação desses jovens.
frente. (EXAME, 2015).
O Mundo Globalizado promoveu maior
integração econômica e sociocultural devido aos
grandes avanços científicos na área das
Comunicações, viabilizado pela Tecnologia da
Informação. As relações humanas se tornaram
complexas e exigem maior rapidez na
transformação e capacitação técnica do homem,
principalmente no campo emocional, conforme cita
Goleman (1998, p. 21): “Um número crescente de
companhias vem constatando que o estímulo às
habilidades ligadas a inteligência emocional é um
componente vital da filosofia de gerenciamento de
qualquer organização”.
Quando Gardner enfatiza a importância de
se desenvolver as Múltiplas Inteligências para que
as pessoas se tornem mais aptas a resolver
problemas, fica clara a necessidade de se ter ou
criar mecanismos para alcançar os objetivos
propostos por ele. “inteligência implica na
capacidade de resolver problemas ou elaborar
produtos que são importantes num determinado
ambiente ou comunidade cultural…” (GARDNER,
1995, p.21).
Vimos, então, Antunes sugerir algumas
atividades que devidamente aplicadas no âmbito
escolar e sócio familiar possibilitarão estimular
estas inteligências, o que vem ao encontro das
propostas de Gardner.
John Dewey, quando propõe o método de
aprendizagem através dos cinco passos, deixa
claro que o aluno irá construir um processo de
investigação da situação problema, de forma lógica,
organizada, coordenada, sistematizada e assim
estará habilitando o seu Raciocínio Lógico através
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 CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS DE EDUCAÇÃO (Crescer concursos)

26) Leia o trecho abaixo e identifique a etapa de elaboração do Projeto Pedagógico.

“Confronta-se a realidade existente com o ideal traçado da escola desejada. O resultado dessa comparação
deve ser o mais claro possível, de modo que aponte as necessidades fundamentais da escola.

Começa por traçar o retrato da realidade a partir do levantamento das forças e fraquezas da escola, dos
potenciais e dificuldades existentes.”

(A) Marco referencial.

(B) Diagnóstico.

(C) Programação.

(D) Avaliação.

27) De acordo com o estatuto da criança e do adolescente, Lei nº 8.069/90 analise as afirmativas abaixo.

I. Garante que as crianças e adolescentes sejam reconhecidos como objeto de intervenção do estado.

II. Destina recursos financeiros a crianças e adolescentes por meio de transferência automática.

III. Assegura atendimento integral à saúde da criança e adolescente.

IV. Aborda questões de políticas de atendimento, medidas protetivas entre outras providências.

Estão CORRETAS:

(A) II e IV apenas.

(B) I, II e IV apenas.

(C) II, III e IV apenas.

(D) III e IV apenas.

28) Em relação ao Estatuto da Criança e do Adolescente, ( Lei nº 8.069/1990) , assinale (V) para as
afirmativas verdadeiras e (F) para as falsas.

) É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz.

) O ensino básico é garantido apenas as crianças dentro da faixa etária.

) Garante a criança e o adolescente o direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de

políticas sociais públicas.

) É apenas dever do Estado assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à
vida.

A sequência CORRETA é:

(A) F-V-F-V

(B) F-V-V-V

(C) V-F-F-V

(D) V-F-V-F

29) “A criança inicia o desenvolvimento da sua capacidade simbólica e não depende mais só das próprias
sensações e movimentos.”

A frase acima se refere ao estágio:

(A) Pré-operatório.

(B) Sensório motor.

(C) Operações formais.

(D) Operatório concreto.

30) Marque apenas a alternativa que preenche corretamente a lacuna abaixo.

Para Vygotsky, os jogos e brincadeiras têm funções efetivas no desenvolvimento da

criança PORQUE:___________________

(A) brincando com outras crianças é muito diferente de brincar somente com o adulto.

(B) brincando a criança aprende a transformar e a usar os objetos.

(C) o brincar cria a chamada zona de desenvolvimento proximal, impulsionando a criança para além do
estágio de desenvolvimento que ela já atingiu.

(D) o brincar também permite que a criança tome certa distância daquilo que a faz sofrer.

31) Leia o trecho e identifique o tipo de concepção de educação abordado.

“Luta pela escola pública e gratuita. Uma

escola de qualidade para o povo. Para

assumir a hegemonia, a classe trabalhadora

precisa munir-se de instrumentais:

apropriação de conhecimentos, métodos e

técnicas , hoje restritos à classe dominante.

Implica a apropriação crítica e sistemática de

teorias, tecnicas profissionais, o ler, escrever

e contar com eficiência e mais ainda,

apropriar-se de métodos de aquisição,

produção e divulgação do conhecimento:

pesquisar, discutir, debater com

argumentações precisas, utilizar os mais

variados meios de expressão, comunicação

e arte. A Educação dialética enfatiza técnicas

que propriciem o fazer coletivo, a capacidade

de organização grupal, que permitem a

reflexão crítica, que permitem ao educando

 posicionar-se como sujeito do

conhecimento.”

A concepção de educação é:

(A) Dialética.

(B) Liberalista.

(C) Tecnicista.

(D) Tradicionalista.

32) Analise as afirmativas abaixo:

I. A educação infantil deve pautar-se pela indissociabilidade entre o cuidado e a educação.

II. A educação infantil tem função idêntica a da família.

III. A educação infantil é concebida como um ciclo preparatório prestado fora do ciclo da Educação Básica.

Estão corretas:

(A) I apenas.

(B) II apenas.

(C) I e II apenas.

(D) I, II e III.

33) Marque a alternativa correta.

(A) Na educação infantil o currículo deve explicitar os conceitos de infância, homem, educação
conhecimento, culturação e diversidade.

(B) Na educação infantil as rotinas das creches e pré-escolas devem ser inflexíveis proporcionando um curto

período de tempo para as brincadeiras.

(C) Na educação infantil as vagas em creches e pré-escolas devem ser oferecidas próximas às residências
das crianças.

(D) Na educação infantil, a avaliação escolar deverá acompanhar o desenvolvimento da criança em todos os
seus aspectos com caráter de promoção para o ensino fundamental.

34) O trabalho desenvolvido por meio de projetos interdisciplinares permite que o professor tenha
flexibilidade para articular diferentes conhecimentos e potencializar as aprendizagens dos alunos. Não é
objetivo da interdisciplinaridade:

(A) Criar novas disciplinas ou saberes realizando uma mera justaposição de disciplinas.

(B) Englobar o máximo de disciplinas que possam contribuir com o conteúdo a ser desenvolvido em uma
determinada turma.

(C) Relacionar o conteúdo de duas ou mais disciplinas para aprofundar o conhecimento.

(D) Utilizar os conhecimentos de várias disciplinas para resolver um problema ou compreender um

determinado fenômeno.
35) O planejamento é um conjunto de ações coordenadas visando atingir os resultados previstos de forma
mais eficiente e econômica. O planejamento escolar, não deve:

(A) Permitir ajustes nos objetivos.

(B) Ser dialógico e flexível.

(C) Ser visto como um mecanismo de acomodação de conteúdos.

(D) Uma atividade permanente de reflexão e ação.

36) “O conhecimento do mundo e a forma como é interpretado e registrado é mediado por nossa
capacidade de expressão. Os seres humanos construíram múltiplas formas de linguagem, fundamentais em
sua interação com o mundo.” Assinale a alternativa INCORRETA:

(A) O brincar é a forma privilegiada da criança expressar e interagir com o outro e com o meio,
possibilitando a exploração do mundo de forma prazerosa.

(B) No brincar e nas brincadeiras a criança participa da construção do mundo. Progressivamente, vai
experimentando o mundo.

(C) O brincar é expressão humana, é linguagem e está presente em todas as dimensões da existência do ser
humano, principalmente e especialmente na infância.

(D) O brincar constitui simplesmente uma ação espectadora da criança em relação ao objeto da
brincadeira.

37) Os Parâmetros Curriculares Nacionais, são:

(A) Uma referência de qualidade apenas para o ensino fundamental.

(B) Uma referência de qualidade apenas para a educação superior.

(C) Uma referência de qualidade apenas para a educação infantil e o ensino fundamental.

(D) Uma referência de qualidade para ao ensino fundamental e o ensino médio.

38) De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, os objetivos e conteúdos apresentados estão

organizados em:

(A) Ciclos.

(B) Séries.

(C) Blocos.

(D) Anos.

39) Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, a avaliação é:

(A) Utilizada para classificar os alunos segundo critérios.

(B) Utilizada para controlar o baixo rendimento dos alunos.

(C) Utilizada somente no momento final do processo de ensino.

(D) Utilizada para conhecer o quanto o aluno se aproxima ou não da expectativa de

aprendizagem.

40) Os Parâmetros Curriculares Nacionais propõe a inclusão de:

(A) Conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais.

(B) Conteúdos factuais, relacionais e abrangentes.

(C) Conteúdos interdependentes, conceituais e direcionais.

(D) Conteúdos relacionais, emergentes e procedimentais.

Gabarito: