Aula 3
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Apresentação
O código de ética do trabalho em auditoria está presente no âmbito do exercício da profissão de
contador, mas também possui aspectos específicos propostos por entidades próprias de articulação
de profissionais de auditoria. Nesta Unidade de Aprendizagem estudaremos as responsabilidades
do trabalho do auditor.
Bons estudos.
Você é membro do comitê de fiscalização do CRC de sua região. Está sob sua responsabilidade
elaborar um parecer de avaliação da seguinte denúncia: um auditor cuja empresa de consultoria e
auditoria realiza auditoria externa em uma empresa foi denunciado como acionista da organização
que é auditada por sua empresa.
O processo já tramitou em todas as fases e, de fato, há provas substantivas de que tal situação
acontece, inclusive com reconhecimento e defesa do auditor.
Quais elementos fundamentais do código de ética você deve utilizar na redação de seu parecer?
Destaque os princípios éticos da profissão pertinentes a essa situação.
Infográfico
Boa leitura!
S929s Stuart, Iris C.
Serviços de auditoria e asseguração na prática [recurso
eletrônico] / Iris C. Stuart ; tradução: Christiane de Brito ;
revisão técnica: Jerônimo Antunes. – Dados eletrônicos. –
Porto Alegre : AMGH, 2014.
CDU 657.6
beis; e outras comunicações por escrito entre cliente e auditor que sejam relevantes, como
a carta da administração e o conjunto de ajustes de auditoria não corrigidos. A Seção 206
discute conflitos de interesse entre a firma de auditoria e o seu cliente. Essa Seção declara
ilegal uma firma de auditoria realizar uma auditoria se seu presidente-executivo, o control-
ler, diretor-financeiro, diretor de contabilidade ou qualquer outro profissional que ocupe
cargo equivalente for empregado pela firma de auditoria e tiver participado da auditoria
durante o período de um ano precedente ao início dela.
*
N. de T.: Essa exigência adicional, adotada em alguns estados dos Estados Unidos, está relacionada à for-
mação acadêmica do candidato, que deve, obrigatoriamente, cursar um mínimo de 150 horas de estudo.
506 Serviços de auditoria e asseguração na prática
estadual ou federal. As indenizações concedidas em uma ação judicial podem ser finan-
ceiras, na forma de multas, ou assumir a forma de punição em sentenças de prisão.
para se defender contra cobrança de responsabilidade jurídica por terceiros: (1) ausên-
cia de obrigação; (2) desempenho não negligente; e (3) ausência de nexo causal. A ne-
gligência contributiva raramente é usada como defesa, pois terceiros geralmente não se
encontram em uma posição de contribuir com a negligência alegada nas demonstrações
financeiras enganosas.
Responsabilidade civil sob as leis federais de valores mobiliários nos Estados Unidos
Os auditores também enfrentam responsabilidade jurídica pela violação de leis federais de
valores mobiliários, ações geralmente movidas pela Comissão de Valores Mobiliários dos
Estados Unidos (SEC). A finalidade de mover uma ação civil contra os auditores é receber
indenizações monetárias por perdas e danos. Duas leis federais de valores mobiliários
servem de fonte de responsabilidade jurídica para os auditores. A Lei de Valores Mobiliá-
rios de 1933 fornece regulamentações para empresas que emitem novos títulos. Baseando-
-se na responsabilidade jurídica prevista nessa lei, as únicas partes que podem receber
indenizações dos auditores são os compradores de títulos originais. A Lei de Valores Mobi-
liários de 1934 regula as exigências pertencentes aos envios trimestrais e anuais de relató-
rios financeiros à SEC. Cada empresa com títulos negociados em uma das bolsas de valores
dos Estados Unidos é obrigada a enviar anualmente demonstrações financeiras auditadas
que cumpram as exigências do Formulário 10-K. Os auditores também são juridicamente
responsáveis pelas informações trimestrais enviadas à SEC no Formulário 8-K.
A responsabilidade jurídica dos auditores sob a Lei de Valores Mobiliários de 1933
decorre da declaração na regulamentação que especifica que qualquer terceiro que
comprar títulos descritos no acordo de registro pode processar o auditor por deturpa-
ções ou omissões relevantes de informações em demonstrações financeiras auditadas
incluídas na declaração de registro. Para responsabilizar os auditores pelas deturpa-
ções, os terceiros são obrigados somente a provar que as demonstrações financeiras
auditadas continham uma deturpação ou omissão relevante, e não que os auditores
foram negligentes ou fraudulentos na auditoria. A defesa dos auditores sob a acusação
de deturpação prevista pela Lei de Valores Mobiliários de 1933 é provar que foi realiza-
da uma auditoria adequada ou que a perda sofrida pelo terceiro foi causada por fatores
outros que não as demonstrações financeiras enganosas.
A responsabilidade jurídica dos auditores sob a Lei de Valores Mobiliários de 1934
decorre da exigência que proíbe qualquer atividade fraudulenta envolvendo a venda ou
a compra de um título. Essa exigência foi interpretada como aplicável aos auditores se
eles deturparem, intencionalmente ou por descuido, as informações fornecidas a tercei-
ros. A defesa dos auditores contra acusações de deturpação sob a Lei de Valores Mobi-
liários de 1934 inclui (1) ausência de obrigação, (2) desempenho não negligente e (3)
ausência de nexo causal.
Você sabia?
Em dezembro de 2009, a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos
processou a Ernst & Young e seis de seus sócios por fraude contábil na Bally Total
Fitness Holding Corporation. A SEC descobriu que a Ernst & Young sabia ou
deveria saber sobre a contabilidade e as divulgações fraudulentas da Bally. A
Ernst & Young emitiu relatórios de auditoria com opiniões não qualificadas afir-
mando que as demonstrações financeiras da Bally nos exercícios sociais entre
2001 e 2003 foram apresentadas em conformidade com os princípios contábeis
geralmente aceitos (a estrutura de relatório financeiro aplicável) e que as auditorias
CAPÍTULO 14 | Profissão de auditor 509
A SEC também tem o poder de: sancionar um auditor ou uma firma de auditoria;
emitir uma ordem de “cessar e proibir” contra qualquer um dos dois; ordenar que a
firma de auditoria (ou o sócio da firma, individualmente) devolva todos os honorários
recebidos durante o período em que as leis de valores mobiliários foram violadas (o que
é chamado de restituição de honorários); e ordenar à firma ou ao sócio da firma a contra-
tar uma consultoria para melhorar suas práticas empresariais de modo a evitar futuras
violações. O poder de sanção pode ser usado para prevenir que um auditor ou uma
firma de auditoria arquive relatórios junto à SEC ou aceite novos clientes da SEC por
um período de 6 meses a 1 ano. Quando a SEC emite uma ordem de “cessar e proibir”,
ordena ao sócio da firma de auditoria ou à firma que evite futuras violações similares
às ocorridas atualmente. Durante o período de sanção, o sócio ou a firma de auditoria
geralmente são obrigados a participar de cursos de educação profissional continuada ou a
implementar mudanças na prática que possam evitar a recorrência do problema. As sanções
da SEC são públicas, então, também resultam em constrangimento para a parte sancionada.
Você sabia?
Em 2004, a Ernst & Young ficou impedida de aceitar novos clientes da SEC por
seis meses. Essa suspensão também incluiu uma ordem de “cessar e proibir” de
cometer futuras violações da independência, uma ordem de restituição (exigindo
que a Ernst & Young devolvesse os honorários de auditoria cobrados da People-
Soft de 1994 a 1999, totalizando US$ 1,7 milhão mais juros de US$ 0,70 milhão)
e a exigência de contratar um consultor para aconselhar a firma de auditoria so-
bre o cumprimento da exigência de independência das normas de auditoria.
510 Serviços de auditoria e asseguração na prática
A recente sanção mais importante foi imposta em 2002, quando a Arthur Ander-
sen foi condenada por um crime em conexão com a auditoria falha da Enron Corpo-
ration. Essa condenação exigiu que a Arthur Andersen perdesse sua licença de práti-
ca da auditoria independente e parasse de realizar auditorias em empresas de capital
aberto. Vinte e oito mil funcionários tiveram que procurar outro emprego e apenas
alguns deles permaneceram na firma de auditoria. Embora o Supremo Tribunal dos
Estados Unidos tenha suspendido a condenação em 2005 em virtude da descoberta
de que as instruções do júri foram falhas, a reputação da firma de auditoria já tinha
sido destruída.
Responsabilidade penal
A finalidade de uma ação judicial contra auditores por responsabilidade penal, sob a
legislação federal e estatal, é obter indenizações monetárias ou a prisão dos envolvidos.
A Lei Uniforme de Valores Mobiliários (Uniform Securities Act) sob a legislação estatal
impõe exigências similares às da SEC no que diz respeito a valores mobiliários. A legis-
lação federal, incluindo as Leis de Valores Mobiliários de 1933 e 1934, o Estatuto Fede-
ral de Fraude de Correspondência (Federal Mail Fraud Statute), o Estatuto Federal de
Conspiração (Federal Conspiracy Statute), o Estatuto Federal de Demonstrações Falsas
(Federal False Statement Statute) e a Lei Sarbanes-Oxley, provavelmente servem de
fonte para a responsabilização penal de auditores. Todas essas leis federais tornam ile-
gal defraudar outra pessoa por meio do envolvimento deliberado em demonstrações
financeiras inexatas. A Lei Sarbanes-Oxley também considera crime alterar, destruir ou
criar documentos para obstruir uma investigação federal, ações que podem levar um
auditor tanto a pagar multas quanto a ser preso. As defesas do auditor contra acusações
de responsabilização penal incluem (1) ausência de obrigação, (2) desempenho não
negligente e (3) ausência de nexo causal.
CAPÍTULO 14 | Profissão de auditor 511
Você sabia?
As investigações que envolveram o colapso da Enron Corporation e a condenação
da Arthur Andersen por obstrução da justiça levaram a várias acusações crimi-
nais com multas e condenações à prisão como resultado das decisões do júri. A
investigação federal realizada pelo Departamento de Justiça resultou em acusa-
ções criminais contra 30 funcionários, sendo que aproximadamente a metade
deles se declarou culpada dos crimes e concordou em contribuir com os promo-
tores. Jeffrey Skilling, antigo presidente e diretor-executivo da Enron, foi conde-
nado a 24 anos na prisão por sua participação no escândalo. Kenneth Lay, antigo
presidente e diretor-executivo da Enron, foi considerado culpado das acusações
contra ele, mas morreu antes de sua pena na prisão ter sido determinada (sua
sentença foi revogada porque ele faleceu enquanto sua apelação ainda estava pen-
dente de julgamento). Andrew Fastow, antigo diretor-executivo financeiro da En-
ron, recebeu uma sentença de apenas 6 anos na prisão. Alguns observadores da
área de negócios especulam que sua sentença tenha sido menor do que a dos
outros pela cooperação com as autoridades criminais federais.
Fonte: John Emshwiller, “Skilling Is Sentenced to 24 Years in Prison for Role in Enron
Collapse”, The Wall Street Journal, 23 de outubro de 2006; John Emshwiller, “Enron:
The Tale of Two Sentencings”, The Wall Street Journal, 19 de outubro de 2006.
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Exercícios
A) Ponderação entre riscos e benefícios, tanto atuais como potenciais, individuais ou coletivos,
comprometendo-se com o máximo de benefícios e o mínimo de danos e riscos; garantia de
que danos previsíveis serão evitados; relevância social da pesquisa com vantagens
significativas para os sujeitos da pesquisa e minimização do ônus para os sujeitos vulneráveis.
C) Prestar seu concurso moral, intelectual e material, salvo circunstâncias especiais que
justifiquem a sua recusa; zelar pelo prestígio da classe, pela dignidade profissional e pelo
aperfeiçoamento de suas instituições.
A) Objetividade subjetiva
B) Integridade
D) Confencialidade
A) Atos desprestigiosos.
C) Planejamento e supervisão.
E) Competência profissional.
A) recusar sua indicação quando reconheça não se achar capacitado em face da especialização
requerida;
B) revelar negociação confidenciada pelo cliente ou empregador para acordo ou transação que,
mesmo de forma não comprovada, tenha tido conhecimento;
Em 2004, a Ernst & Young ficou impedida de aceitar novos clientes por seis meses. Essa
suspensão também incluiu uma ordem de "cessar e proibir" de cometer futuras violações da
independência, uma ordem de restituição e a exigência de contratar um consultor para aconselhar
a firma de auditoria sobre o cumprimento da exigência de independência das normas de auditoria.
A Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos acusou a Ernst & Young de violações das
leis de valores mobiliários por se envolver em acordos de negócios lucrativos com um cliente de
auditoria.
Durante a época desse acordo, a Ernst & Young servia de auditora da PeopleSoft. Um auditor não
pode estar envolvido em negócios para gerar receitas com um cliente de auditoria sem prejudicar a
sua independência.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
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