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Livro: estrutura + forma + conteúdo.

Bíblia: estrutura + forma + conteúdo +


inspiração. Inspirada (gr. theopneustos) = “soprada por Deus” (dotadas de autoridade
divina). Inspiração divina ≠ inspiração poética (não por vontade humana, 2Pe 1.21). Jó
32.8 [33.4?]; 2Tm 3.16. [Ed 7.27? 2Pe 1.21?]. Inspiração da perspectiva histórica e
gramatical.
A inspiração pressupõe inerrância (ausência de erro): Deus não pode mentir
(Hb 6.18); a sua Palavra é a verdade (Jo 17.17). A inerrância é consequência lógica da
inspiração. Não existem erros históricos (nem científicos) nos ensinos das Escrituras.
A Bíblia não é um compêndio de Ciências (experimentais), de História, de
Filosofia, mas quando ela faz referência a qualquer assunto dessas áreas
especializadas, ela o faz sem cometer erros.
Meios (mídia): Deus escreveu em tábuas (); Moisés escreveu;
Fontes: A Bíblia faz uso de documentos (e “falas”) não-bíblicos: Livro de Jasar
(Js 10.13; 2Sm 1.18), o livro de Enoque (Jd 14) e o poeta Epimênedes (At 17.28). Cf Pv
25.1; Lc 1.1-4.
Gêneros Literários: histórico (narrativo), poético, profético, apocalíptico,
epistolar.
Linguagem: a Bíblia faz uso da linguagem simples do senso comum, do dia-a-
dia (mas não anticientífica ou negadora da ciência); não a linguagem de fundamento
científica.
Estilos de expressão:
Os profetas não entendiam suas ministrações: 1Pe 1.11,12.
A Escritura não pode ser anulada (não pode deixar de ter autoridade divina): Jo
10.35.
A Bíblia testifica de Jesus: Lc 24.27; Jo 5.39; Hb 10.7.
Inspiração contém três elementos: Deus, causador original (), os homens de
Deus, instrumentos e mediação () e as Sagradas Escrituras, produto final ().
Expressão “Palavra de Deus”:
1) Pessoa: Jesus Cristo, Jo 1.1,14; Ap 19.13. “Palavra da vida” 1Jo 1.1.
2) Comunicação verbal de Deus:
2.1 Decretos de Deus: criação original, Sl 33.6 (aludindo Gn 1); existência
contínua de todas as coisas: preservação e sustentação, Hb 1.3.
2.2 Palavra de Deus (de aplicação pessoal) comunicada por Deus aos homens:
Éden, Gn 2.16-17 (pré-pecado); 3.16-19 (pós-pecado); Mandamentos, Êx
20.1-3; batismo de Jesus, Mt 3.17.
2.3 Palavra de Deus comunicada por lábios humanos: Moisés (Êx 18.18-20),
Davi (2Sm 23.2), Isaías (Is 30.8), Jeremias (Jr 1.7,9; 26.2). Outros: Êx 4.12;
Nm 22.38; 1Sm 15.13,18,23; 1Rs 20.36; 2Cr 20.20; 25.15-16; Is 30.12-14; Jr
6.10-12; 36.29-31;
2.4 Palavra de Deus em forma escrita (Bíblia): escrito pelo dedo de Deus (Êx
31.18; 32.16; 34.1,28); Moisés escreve o livro e seria lido a cada 7 anos (Dt
31.9-13,24-26). Acréscimos: Josué (Js 24.26); Isaías (Is 30.8); Jeremias (Jr
30.2; 36.2-4, 27-31; 51.60);
As palavras da Bíblia são palavras do próprio Deus, mesmo que sejam escritas em sua
maior parte por seres humanos e sempre em linguagem humana.
O Espírito Santo os faria lembrar de suas palavras (Jo 14.26; 16.12-13); Paulo diz que
o que estava escrevendo era “mandamentos do Senhor” (1Co 14.37; cf. 2Pe 3.2).
A Palavra escrita de Deus (Bíblia) é a forma da Palavra de Deus disponível para o
estudo (em Teologia); é essa que Ele nos ordena a estudar: Davi (“...na sua lei medita
de dia e de noite”, Sl 1.1-2); Josué (Js 1.8); Paulo (2Tm 3.16).
Não crer na Palavra ou desobedece-la traz julgamento divino: 1Co 14.37; Jr 36.29-31.
NOMES DO AT:
“Livro do Senhor” (Is 34.16); “As Escrituras” (Jesus, Mt 21.42; Mc 14.49; Jo 5.39); “A
palavra de Deus (Jesus, Mc 7.13); “A lei de Moisés, os profetas e os salmos” (Jesus, Lc
24.44); “A lei e os profetas” (Jesus, Mt 5.17; 11.13); “Sagradas letras” (2Tm 3.15);
“sagrada Escritura” (Rm 1.2) “palavras/oráculos de Deus” (Rm 3.2), “palavra da
verdade” (2Tm 2.15).
As declarações proféticas eram escritas: Josué (Js 1.8), escreveu (Js 24.26), Samuel
(ISm 10.25), Jeremias (Jr 36.28), Isaías (Is 8.1), Habacuque (Hc 2.2). Daniel (Dn 9.2)

NOMES DO NT:
“a Escritura” (Paulo referencia o Evangelho de Lucas, 1Tm 5.18 citando Lc 10.7); “As
escrituras dos profetas” (Rm 16.26), “as Escrituras” (Pedro iguala as epístolas de Paulo
ao AT, 2Pe 3.15,16);
Todo o cronograma da Bíblia (Lei de Moisés) se concretizará: Is 40.8; Mt 5.18; Lc
16.17;
- O nome da menor letra grega é “iota”. O Nome grego para traço (curva) pequeno
usado em uma letra para distingui-la de outra é “keraia”. Mt 5.18: “jota [gr. iota] til ou
traço [gr. keraia]. Lc 16.17: “til ou traço [gr. keraian]”. Gr. “iota” = hebr. “yud” (“yôd”).
A Bíblia é divina e humana? divina porque se origina de Deus (Espírito Santo);
humana porque foi escrita por homens e em linguagem humana (Jesus é também
divino e humano);
Inspiração? 2Tm 3.16 (“soprado por Deus”, gr. theopneustos); 2Pe 1.20,21
(“profecia da Bíblia não veio do homem”)
As palavras da Bíblia são palavras do próprio Deus, mesmo que sejam escritas
em maior parte por seres humanos e sempre em linguagem humana;

Cap. 8 – A extensão do cânon do AT


Estudiosos posteriores à aceitação inicial dos 22 livros (correspondentes aos
nossos 39 do AT) das Escrituras hebraicas, nem sempre conscientes de tal aceitação,
levantaram questões a respeito de determinados livros.
Classificação em quatro tipos de livro: homologoumena, pseudepígrafos,
antilegômeno, apócrifos.
1. Homologoumena (lit., falar como um): livros bíblicos aceitos por todos. 34 dos
39 livros do AT são “homologoumena”, ou seja, aceitos pelo povo de Deus
como documentos produzidos pela mão dos profetas de Deus,
consequentemente, detentores de inspiração e de autoridade divina. Nenhum
grande rabi da comunidade judaica desafiou tais livros. Agora, os 5 exclusivos
são: Cântico dos Cânticos, Eclesiastes, Ester, Ezequiel e Provérbios.
2. Antilegomena (lit., falar contra): livros bíblicos questionados por alguns.
3. Pseudepígrafos (lit., falsos escritos): livros não-bíblicos rejeitados por todos.
São documentos religiosos espúrios que circulavam entre a antiga comunidade
judaica. Nem tudo nesses escritos “pseudepigráficos” é falso. A maioria nasce
de uma especulação espiritual a respeito de algo não bem explicado nas
Escrituras canônicas, ou seja, são fantasias ou tradição religiosa com raízes em
alguma verdade. Ex.: A raiz do Livro de Enoque está nas tradições especulativas
a respeito do patriarca Enoque. A raiz da obra Assunção de Moisés está na
curiosidade a respeito da morte e da glorificação de Moisés. Mas isso não
significa que não exista verdade nesses livros; ao contrário, o NT refere-se a
verdades implantadas nesses dois livros (Jd 14,15) e chega a aludir à penitência
de Janes e Jambres (2Tm 3.8). Porém, esses livros não são mencionados como
dotados de autoridade divina; por isso não se usa a fórmula “está escrito”,
“segundo as Escrituras”. Há verdades verificáveis contidas em livros que em si
mesmos não têm nenhuma autoridade divina: Paulo cita poetas não-cristãos,
como Arato (At 17.28), Menânder (1Co 15.33), Epimênedes (Tt 1.12). Verdade é
sempre verdade, onde quer que se encontre, em profeta pagão (Nm 24.17),
animal irracional e mudo (Nm 22.28) ou por um demônio (At 16.17).
Os pseudepígrafos do AT contêm os extremos da fantasia religiosa judaica
expressos entre 200 a.C. a 200 d.C. Ou seja, nascem em período posterior ao
encerramento dos escritos proféticos. Contém sonhos, visões, revelações,
mágicas e futuros messiânicos. Alguns são inofensivos teologicamente (como o
Salmo 151, na Septuaginta), outros, porém, contém erros históricos e claras
heresias. São 17 livros “pseudepígrafes” mais o Salmo 151: A lista não está
completa, pois com a descoberta dos MSS no Mar morto, temos o Gênesis
apócrifo, Guerra dos filhos da luz contra os filhos das trevas etc.
4. Apócrifos (escondidos ou duvidosos): livros não-bíblicos aceitos por alguns,
mas rejeitados por outros.

Cap. 9 – O desenvolvimento do cânon do NT


A história do cânon do NT difere da do AT: 1) Desde o começo, o cristianismo
foi uma religião internacional, portanto, não havia comunidade profética fechada que
recebesse os livros e os coligisse em determinado lugar. Não há notícia de uma
entidade (oficial) que controlasse os escritos inspirados 2) Uma vez reconhecidos os
27 livros canônicos do NT, não mais houve movimento dentro do cristianismo para
acrescentar ou eliminar livros.
Três estímulos (pressões, forças) que motivaram o mundo cristão antigo para
providenciar o reconhecimento oficial dos 27 livros canônicas do NT:
a) Estímulo eclesiástico à lista dos canônicos: internamente, houve a necessidade
de saber que livros deveriam ser lidos nas igrejas, de acordo com a prática
prescrita pelos apóstolos (1Ts 5.27); externamente (isto é, do lado de fora da
Igreja), houve a necessidade de saber que livros deveriam ser traduzidos para
as línguas estrangeiras das pessoas convertidas;
b) Estímulo teológico à lista dos canônicos: por causa da multiplicidade de livros
heréticos que reivindicavam autoridade divina, tornou-se necessário definir os
limites do legado doutrinário apostólico (já que toda a Escritura era proveitosa
para a doutrina, 2Tm 3.16,17). O herege Marcião publicou uma lista abreviada
dos livros canônicos (c. 140), constituída do Evangelho de Lucas e 10 cartas de
Paulo (omitindo “1 e 2 Timóteo” e “Tito”). O ônus da decisão caiu sobre os
primeiros pais da igreja;
c) Estímulo político à lista dos canônicos: as perseguições do imperador romano
Diocleciano (c. 302-305) motivou a definição da lista canônica; em 303 houve
um edito imperial ordenando que as Escrituras fossem destruídas pelo fogo
(Irônico que 25 anos depois, o imperador Constantino dera ordem a Eusébio
para distribuir 50 exemplares da Bíblia, tal pedido motivou à criação de tal
lista).
Por não existir uma lista oficial divulgada, o reconhecimento universal dos
livros inspirados levou vários séculos, até que as pressões (forças) ocasionaram isso.
Evidências neotestamentárias de um cânon crescente
O NT havia sido escrito durante a última metade do séc. I.
Houve grande diversidade de destinatários: livros escritos para algumas
pessoas em particular (Filemon, 2 e 3 João), para as igrejas locais (a mais parte das
cartas paulinas), para auditórios mais amplos, como na Ásia Oriental (1 Pedro), na
Ásia Ocidental (Apocalipse), na Europa (Romanos). Também houve grande
diversidade geográfica de origens: escrito em Jerusalém (Tiago), em Roma (1 Pedro).
Além dessas duas diversidades, houve também o problema de comunicação e
transporte, daí ser compreensível que nem todas as igrejas haveriam de possuir, de
imediato, cópias de todos os livros inspirados do NT. Precisou de algum tempo para o
reconhecimento geral dos 27 livros.
Sinais de que o processo de canonização do NT iniciou-se imediatamente na
igreja do séc. I: seleção dos livros fidedignos, leitura dos livros autorizados, circulação
e compilação dos livros.
Seleção dos livros fidedignos:
 Desde o início havia escritos falsos, não-apostólicos, não-fidedignos. É o que se
depreende do prólogo de Lucas (Lc 1.1-4) – já havia relatos inexatos
(fantasiosos sobre a vida de Cristo) em circulação a respeito de Cristo em seus
dias, c. 60 d.C.
 Os cristãos de Tessalônica foram advertidos quanto a falsas cartas que lhes
teriam sido enviadas em nome do apóstolo Paulo (2Ts 2.2); e para os crentes
verificassem a confiabilidade, Paulo despedia “assinando” (2Ts 3.17). Além
disso, a carta seria enviada por um portador pessoal.
 João diz que Jesus fez muitos outros sinais que não estão escritos neste livro
(Jo 20.30), pois é impossível registrar tudo (Jo 21.25); nessa lacuna, que os
falsos entram;
 Enquanto as testemunhas oculares da vida e da ressurreição de Jesus
estivessem vivas (At 1.21,22), tudo poderia sujeitar-se à autoridade do ensino e
da tradição oral dos apóstolos (1Ts 2.13; 1Co 11.2);
 Há quem acredita que as tradições oculares dos apóstolos formaram o
kerygma (lit., proclamação). Quer seja esse ou não o critério, o fato é que a
igreja apostólica havia sido convocada para apurar a confiabilidade das muitas
histórias e ensinos a respeito de Cristo (1Jo 4.1); João destruiu uma crendice
que circulava no seio da igreja do séc. I (Jo 21.23,24).
 Enfim, toda palavra a respeito de Cristo, fosse oral ou escrita, era submetida ao
ensino apostólico, dotado de autoridade; caso não fosse comprovada pelas
testemunhas oculares (Lc 1.2; At 1.21,22) era rejeitada; pois só os apóstolos
podiam afirmar “o que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos” (1Jo 1.3) – eles
eram o incontestável tribunal de apelação. Pedro diz que “vimos a sua
majestade” (2Pe 1.16). Essa fonte primordial de autoridade apostólica era o
cânon, mediante o qual a primeira igreja escolheu os escritos aos quais
obedeceria (At 2.42). Deus deu testemunho dos apóstolos, desse “cânon” vivo
das testemunhas oculares (Hb 2.3,4).
A leitura de livros autorizados:
 No séc. I, já havia na igreja a prática da leitura pública oficial dos livros
apostólicos. Paulo ordena a ler para todos os santos (1Ts 5.27); o mesmo instrui
Timóteo a apresentar a mensagem de Paulo ao lado das Escrituras do AT (1Tm
4.13; cf. v.11);
 A leitura em público das palavras autorizadas de Deus era um costume antigo:
Moisés e Josué praticaram (Êx 24.7; Js 8.34); Josias pediu que lesse a Bíblia (2Rs
23.2); também Esdras e os levitas (Ne 8.8). Portanto, a leitura das cartas
apostólicas nas igrejas é uma continuação da longa tradição profética;
 Sobre leitura: Cl 4.16; João promete benção a quem lesse sua carta (Ap 1.3),
enviada às sete igrejas diferentes. Tudo isso mostra que as cartas apostólicas
tinham por intuito ser lidas por um grupo maior do que uma congregação.
Todas as igrejas no tempo e no espaço tinham a obrigação de ler as cartas
apostólicas; e à medida que elas iam recebendo, lendo e coligindo as cartas,
formavam a coleção crescente de documentos inspirados.
A circulação e a compilação dos livros:
 As primeiras cópias surgiram da prática de fazer circular as cartas (cartas-
circulares); à medida que o número de igrejas ia crescendo, novas cópias iam
sendo feitas para as leituras regulares e os estudos ao lado das Escrituras do AT.
A circulação das cartas era costume apostólico, pois cada carta teria que ser
lida em muitas igrejas – às sete igrejas da Ásia Menor [Ap 1.1]; às doze tribos
da Dispersão [Tg 1.1]; aos estrangeiros da Dispersão, no Ponto, na Galácia, na
Capadócia, na Ásia e na Bitínia [1Pe 1.1];
 As cartas foram endereçadas às igrejas em geral: os cristãos eram admoestados
a ler continuamente as Escrituras, não eram leituras únicas e formais (1Tm
4.11,13);
 Pedro vê as cartas de Paulo como sendo Escrituras (2Pe 3.15.16), e é
presumível que Pedro possuía uma coletânea “não original” (autógrafos) das
obras de Paulo, já que Paulo não havia escrito para ele;
 Os apóstolos reconhecem os escritos de outros como sendo Escrituras: Judas
cita Pedro (Jd 17, se referindo a 2Pe 3.2); Paulo cita o evangelho de Lucas (1Tm
5.18; se referindo a Lc 10.7); Lucas presume que Teófilo estava de posse de um
primeiro livro/tratado (At 1.1).
Três elementos que confirmam a concepção canônica desde o tempo dos
apóstolos: as antigas versões, as listas canônicas e os pronunciamentos dos Concílios
eclesiásticos.
O testemunho dos pais da igreja sobre o cânon:
 Logo após a era apostólica, vê-se nos escritos dos primeiros pais da igreja o
reconhecimento da inspiração dos 27 livros; ou seja, após a primeira geração,
passada a era apostólica, todos os livros do NT haviam sido citados como
dotados de autoridade por algum pai da igreja;

O testemunho das listas primitivas e das traduções do cânon:
 Antiga Siríaca (séc. IV): fim do séc. IV, circulou na Síria um NT em siríaco
representando um texto que datava do séc. II; ele serviu de Bíblia para a igreja
oriental; incluía todos os 27 livros do NT, exceto 2 Pedro, 2 e 3 João, Judas e
Apocalipse. Tais livros omitidos foram originariamente destinados ao mundo
ocidental; daí ter demorado muito tempo para que as suas credenciais fossem
reconhecidas no Oriente;
 Antiga Latina (antes do ano 200): O NT em latim, serviu de Bíblia para a igreja
ocidental; incluía todos os 27 livros do NT, exceto Hebreus, Tiago, 1 e 2 Pedro.
Hebreus, 1Pedro e, provavelmente, Tiago foram escritas originariamente para
igrejas no Oriente e no mundo mediterrâneo; daí ter demorado muito tempo
para que as suas credenciais fossem reconhecidas no Ocidente.
Nota: entre as duas primeiras bíblias da igreja – a siríaca e a latina –, houve
reconhecimento da canonicidade de todos os 27 livros do NT.
 Cânon Muratório (170 d.C.): além do cânon obviamente abreviado do herege
Marcião (140 d.C.), a lista canônica mais antiga encontra-se no fragmento
muratório e corresponde exatamente à Antiga Latina, omitindo-se apenas
Hebreus, Tiago e 2Pedro;
 Códice barocócio (206): códice intitulado Os sessenta livros, o qual incluíam 64
dos 66 livros canônicos da Bíblia, omitindo-se apenas Ester (AT) e Apocalipse
(NT). O Apocalipse está atestado (aprovado) por Justino Mártir, Irineu,
Clemente de Alexandria, Tertuliano e a lista do Cânon muratório;
 Eusébio de Cesaréia (c. 340): em sua obra História eclesiástica, ele diz que, no
início do séc. IV no Ocidente, os 27 livros do NT já eram aceitáveis como
canônicos, com exceção de Tiago, Judas, 2 Pedro, 2 e 3 João (pois esses foram
questionados por alguns);
 Atanásio de Alexandria (c. 373): 50 anos mais tarde a Eusébio, aquelas dúvidas
existentes no Ocidente foram dirimidas com Atanásio, o pai da Ortodoxia, o
qual relaciona os 27 livros do NT como canônicos. Dentro de uma geração,
Jerônimo e Agostinho confirmam a mesma lista;
 Os Concílios de Hipo (393) e de Cartago (397): o testemunho de apoio ao
cânon do NT não se limitou a vozes individuais. Dois concílios locais ratificaram
os 27 livros canônicos do NT. Uma lista proveniente do Sínodo de Laodicéia
(343-381) inclui todos os livros, menos o Apocalipse (mas 11 estudiosos
questionam essa lista);
Desde o séc. V a igreja tem aceitos os 27 livros como o cânon do NT. Embora
mais tarde, houve objeções ao cânon do AT, os principais ramos da igreja reconhecem
apenas os 27 livros do NT como apostólicos.
Em resumo: o processo de coligir (reunir) os escritos apostólicos confiáveis iniciaram-
se nos tempos do NT. No século II houve exame desses escritos mediante a citação da
autoridade divina de cada um desses 27 livros. No século III, as dúvidas e as objeções
a respeito de determinados livros prosseguiram, culminando nas decisões dos pais da
igreja e dos concílios influentes do século IV. A partir de então, ao longo dos séculos,
a igreja vem sustentando a canonicidade desses 27 livros.

Cap. 11
Três processos (elos):
a) Inspiração: envolve a outorga e o registro da revelação de Deus para o homem,
mediante os profetas;
b) Canonização: envolve o reconhecimento e a compilação dos registros
proféticos pelo povo de Deus;
c) Transmissão da Bíblia: envolve a cópia, a tradução, a “recópia” e a
“retradução” desses registros (livros), com a finalidade de compartilhar esses
registros com os novos crentes e com as gerações futuras.
Os meios de comunicação divina:
Deus sempre usou vários veículos de comunicação (Hb 1.1): Anjos (Gn 18.19;
Ap 22.8-21), visões, sonhos, voz audível de Deus (1Sm 3), voz da consciência (Rm
2.15), voz da criação (Sl 19.1-6), Urim e Tumim (Êx 28.30; Pv 16.33), milagres diretos
(Jz 6.36-40). Deus escolheu o registro escrito, isto é, a linguagem escrita.
As vantagens da linguagem escrita sobre os demais meios de comunicação:
precisão, permanência, objetividade, disseminação. Os fenícios inventaram o
alfabeto.
Línguas do AT: o hebraico e o aramaico (siríaco), ambas da família semítica.
Boa parte do AT foi escrito em hebraico, que é uma língua pictórica. As únicas
passagens em aramaico: Ed 4.7-6.13; 7.12-26; Dn 2.4-7.23. O aramaico era a língua
dos sírios. Durante o séc. VI a.C., o aramaico se tornou a língua geral do Oriente
Próximo.
Língua do NT: o NT foi escrito numa linguagem coloquial do séc. I (língua do
povo e dos mercados mundiais), o grego koiné, que é de família indo-europeia – um
grego vulgar, a língua mais amplamente conhecida do séc. I. Mas o grego recebeu
influências do latim (da família indo-europeia), caso em que o latim emprestou
palavras como “centurião”, “tributo”, “legião”. As línguas semíticas também
influenciaram o grego: Jesus clama em aramaico “... Eli, Eli, lema sabactâni”, Mt
27.46. Também através de expressões idiomáticas, como em “e sucedeu que”. Temos
a inscrição trilíngue na cruz (latim, hebraico, grego). A mensagem de Cristo deveria
ser anunciada no mundo todo, Lc 24.47.
Três estágios do desenvolvimento da escrita: a) Pictogramas: figuras que
representavam seres humanos ou animais; eram representações rudes. Ex.: o boi b)
Ideogramas: figuras que representam ideias, em vez de pessoas ou objetos. Ex.: um
objeto como o sol representava o calor; a águia, o poder c) Fonogramas [uma
expansão do pictograma]: traços que representavam sons, em vez de objetos ou
ideias. Ex.: uma boca poderia representar o verbo falar; a perna, o verbo andar; uma
harpa, a música.
Obs.: O AT não diz nada a respeito do desenvolvimento da escrita. Mas pelas
evidências, Moisés e os demais autores da Bíblia escreveram numa época em que a
humanidade estava "alfabetizada" (podia comunicar seus pensamentos por escrito).
Moisés escreveu não antes de mais ou menos 1450 a.C.
Materiais de escrita: pedra (Êx 24.12; 32.15,16; Dt 27.2,3; Js 8.31,32); pedras
preciosas (Êx 39.6-14); metal (Êx 28.36; Jó 19.24; Mt 22.19,20); cacos de louça (cacos
de cerâmica) [óstracos] (Jó 2.8); cera (Is 8.1; 30.8; Hb 2.2; Lc 1.63); tabuinhas de
barro por Jeremias (Jr 17.13) e Ezequiel (Ez 4.1); papiro por João para escrever
Apocalipse (Ap 5.1) e suas cartas (2Jo 12). Os vários estágios da produção de material
para escrita de peles de animais: couro, pergaminho, velino – o velino era
desconhecido até 200 a.C., portanto, Jeremias poderia ter em mente o couro (Jr
36.23), e Paulo refere-se aos pergaminhos (2Tm 4.13).
Instrumentos de escrita: estilo, formato de pontalete triangular com cabeçote
chanfrado para fazer entalhes em tabuinhas de barro ou de cera, sendo às vezes
designado de pena pelos escritores bíblicos (Jr 17.1); cinzel, usado para fazer
inscrições em pedra (Js 8.31,32) ou em rocha; mas Jó o denomina de “pena de ferro”
(Jó 19.24); pena, usada para escrever em papiro, couro, velino e pergaminho (3Jo 13);
canivete (Jr 36.23), também usado para afiar a pena. A tinta acompanhava a pena, e
ficava no tinteiro – era usada para escrever em papiro, couro, pergaminho ou em
velino.
Obs.: todos os materiais e instrumentos disponíveis aos escritores do mundo
antigo também estavam à disposição dos escritores da Bíblia.
PREPARAÇÃO E PRESERVAÇÃO DOS MSS
Autógrafos: são os escritos originais, autênticos, saídos da mão de um profeta
ou apóstolo, ou de um secretário ou amanuense, sempre sob a direção do profeta. Os
autógrafos não existem mais.
Palimpsesto (gr. “raspado de novo”) ou reescrito (oriundo da forma latina): são
os manuscritos (pergaminhos) que eram totalmente apagados para receber novos
textos. Ex.: Códice efraimita. O papel foi inventado na China no séc. II d.C.
AT
Durante a era do Talmude ou período talmúdico (c. 300 a.C.-500 d.C.) surgiram
dois tipos de cópias de manuscritos do AT:
a) Os rolos das sinagogas: considerados “cópias sagradas” do texto do AT, por
causa das regras rigorosas de execução. Elas eram usadas em culto, reuniões
públicas e nas festas anuais. A Torá (Lei) era um rolo; parte dos Nebhiim
(Profetas) era outro rolo; os Kethubhim (Escritos) vinham em dois rolos, e os
Megilloth (“Cinco rolos”) vinham em cinco rolos separados (para facilitar a
leitura nas festas anuais);
b) Cópias particulares: considerados “cópias comuns” do texto do AT. Não usadas
em reuniões públicas, mas tais rolos eram preparados com grande cuidado.
Os manuscritos do AT vêm desses dois amplos períodos de produção: período
talmúdico (c. 300 a.C.-500 d.C.) e período massorético (500-100 d.C.) – nesse último,
as cópias são consideradas “oficiais”, cuidadosamente transmitidas.
NT
Os manuscritos gregos (pagãos) do período do NT em geral eram produzidos
em dois estilos: literário e não-literário. O NT era escrito no estilo não-literário.
Evidências supõem que tais documentos teriam sido escritos em rolos ou em
livros feitos de papiro. Paulo mostrou que o AT havia sido copiado em livros e em
pergaminho (2Tm 4.13), mas é provável que o NT tenha sido escrito em rolos de
papiro, entre os anos 50 e 100 d.C. Por volta do começo do séc. II, introduziram-se
códices de papiro (perecíveis também). Devido às perseguições do Império romano
até a época de Constantino, não havia execução de cópias sistemáticas. Com a carta
de Constantino a Eusébio de Cesareia, volta a cópia sistemática do NT no Ocidente; é
a partir aqui que o velino e o pergaminho também foram empregados. Na Reforma
Protestante é que as cópias impressas da Bíblia tornam-se disponíveis.
Obs.: cópias manuscritas versus cópias impressas.
APURAR A IDADE (DATA) DOS MSS
Antigamente, não era colocado a data de publicação no MS, como se vê hoje
nas primeiras páginas de uma publicação impressa. Assim, a idade de um MS deve ser
apurada por outros meios: materiais empregados, tamanho e formato da letra,
pontuação, as divisões do texto, a cor da tinta, a textura e a cor do pergaminho etc.
Os materiais mais antigos são as peles (embora ficasse pesado e volumoso do AT).
Cap. 12 – Principais MS da Bíblia
Quantidade dos exemplares (MS) de obras pagãs: Ilíada, de Homero (643
exemplares); História de Roma, de Tito Lívio (20); Guerras gálicas, de César (9 ou 10);
Guerra do Peloponeso, de Tucídides (8); Obras de Tácito (2). Agora, do NT há mais de
5 mil exemplares.
MS DO AT
Antes da descoberta do MS do Cairo Certeza, em 1890, só 731 MS hebraicos
haviam sido publicados

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