1 Contos Eróticos - Insensatez

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Contos Eróticos

Insensatez
Conto 1
ÍNDICE
Insensatez - Conto 1
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Contato
Insensatez - Conto 1

Insensatez
Conto 1

Carlota escondeu-se por de trás de uma das


colunas que sustentava o teto do amplo salão de
festas. Não queria ser vista. Estava de volta ao
país após seis anos vivendo em uma escola
interna.
Havia estado presa em um mundo cor de
rosa, protegida de tudo e de todos, desde que seu
tio tomara a sua guarda, por ocasião da morte de
seus pais.
Agora, de volta ao país, estava também, de
volta ao antigo drama da sua vida: uma paixão
proibida que a acompanhava desde a
adolescência.
Havia sido enviada para fora do país aos
quatorze anos de idade. Passado tanto tempo, no
auge dos vinte anos, regressava não apenas com
um diploma em mãos, mas também, com muita
saudade e vontade de reviver tudo que deixara
para trás.
Era a última, em uma lista de nove irmãs.
Sua irmã número sete casara-se com Eduardo
Simões, um ano antes de Carlota ser mandada
para o internato. Por ser a mais jovem, a única que
ainda era menor de idade, seu tio tomara a decisão
de relegar sua educação a quem pudesse ajudá-la
a tornar-se uma mulher independente, respeitável
e bem educada.
Um completo desperdício de tempo, pensou
Carlota, ainda escondendo-se. Era uma jovem
intransigente, cheia de idealismos e coberta de
desejos proibidos.
Sua maior paixão era Eduardo. O cunhado.
Estivera na presença dele uma única vez, na
ocasião do casamento de sua irmã.
Fora uma das damas de honra e passado
tanto tempo, ainda lembrava-se do sorriso e do
porte daquele homem impressionante.
Eduardo, que mesmo sem suspeitar, estivera
em seus mais loucos sonhos, durante todo aquele
tempo.
Ele que era sua maior fonte de ilusões.
Primeiro, como uma menina bobinha, que nada
sabia de amor e sexualidade. Depois, como uma
mulher feita, se descobrindo. Sempre que suas
irmãs enviavam fotos de família, era uma
renovação daquela paixão perigosa.
Com o tempo, passara a procurar
informações sobre ele em revistas, jornais e
internet. Para sua sorte, ele era assíduo de
entrevistas e eventos. Um empresário de sucesso.
Bem sucedido financeiramente e emocionalmente.
Um pedaço de homem, que jamais Carlota
voltaria a encontrar na vida. Sonhar com o
cunhado não era errado, afinal, era apenas um tolo
sonho...
Durante sua estadia no colégio interno,
Carlota estivera ocupada com os estudos e
raramente pudera namorar. Mesmo assim, quando
eventualmente trocava carinhos com algum rapaz,
era sempre pensando em seu cunhado.
Sempre fechava os olhos e imaginava
aquele homem moreno, de olhos profundamente
verdes, tocando-a por todo o corpo, em busca de
um prazer que jamais seria alcançado nos braços
de outro homem.
Era uma tortura pensar que nunca poderia
estar com Eduardo.
O marido de uma de suas irmãs. Um
homem a quem devia respeito, carinho e afeição
de irmã.
Observando-o de longe, notou o sorriso, o
mesmo sorriso fascinante que a enlouquecera
desde o primeiro momento em que o vira. Ele
sorria tão bonito, seu rosto era perfeitamente
irregular, cheio de falhas sensuais, que o tornava
viril e charmoso como poucos homens poderiam
ser.
Era o modelo exato do que uma mulher
procurava em um homem. E ao pensar nele,
unicamente seus instintos mais primitivos vinham
à tona. Convencera-se ao longo dos anos que não
era amor.
Fechou os olhos, observando-o entrar em
uma saleta particular. Era uma mansão
impressionante. Um dia, toda aquela fortuna seria
dividida entre as nove irmãs. Carlota nunca iria se
preocupar com dinheiro ou trabalho. Apesar de se
preocupar desde já com seu futuro, não precisaria
lidar com aflições sociais.
Talvez por isso, ideias loucas encontravam
facilmente caminho em sua mente fértil.
Havia chegado a casa na noite anterior, não
vira nenhuma das suas irmãs ainda. Estivera
rapidamente com seu tio. Estava contente em estar
de volta. Mas nada poderia impedir o sentimento
de opressão em seu peito, pensando em Eduardo.
Sua única vontade de ficar e estar naquela festa,
organizada em sua homenagem, era encontrar o
cunhado.
Não qualquer cunhado. Mas o cunhado.
Carlota respirou fundo, inalando o ar perfumado
que ficara para trás, após Eduardo passar por ali,
bem perto de onde estava sem notar que era
observado.
Encostou-se numa parede, fechando os
olhos para sentir melhor. Cheiro forte, cheiro de
homem bem cuidado, cheiro de homem das
cavernas, vestido e trajado para agradar a uma
sociedade elitizada. Com um frisson no corpo,
esfregou uma coxa na outra, tentando acalmar
aquela sensação intensa em seu corpo.
Fracassando em sua tentativa de esquecer
Eduardo, seguiu o mesmo caminho feito por ele.
Entreabriu a porta da saleta, cuidadosa para não
ser ouvida ou vista. Espiou-o, encantada em ter a
chance de assisti-lo, mesmo que de longe.
Encontrou-o sentado em uma poltrona, em
meio a uma saleta escura. Optara por não ascender
às luzes. Apenas uma claridade opaca, que vinha
de um abajur ao lado da poltrona.
Uma luz amarelada e antiga, pois era um
acessório de época, restaurado para o gosto
peculiar de um colecionador exigente, exatamente
como era seu tio.
Sentado de um modo bastante displicente,
gravata afrouxada em seu pescoço, um copo
dependurado precariamente em sua mão, Eduardo
fitava fixamente uma parede qualquer, do outro
lado da sala.
Carlota sabia muito bem o que ele via. Era
um quadro antigo, onde havia sido pintada a
imagem de uma mulher.
Carlota sabia que aquele retrato pertencera
sua a tia-avô, uma mulher muito parecida com ela,
mesmo que não possuíssem ligação de sangue.
Uma mulher que nenhum deles chegara conhecer,
pois havia partido muito cedo, sem deixar
herdeiros.
Uma grande saudade no coração de seu tio-
avô. A história que se contava, era que a noiva
havia sido assassinada na noite de núpcias por um
admirador rechaçado. Havia morrido sobre o leito
do casal, vestida em sua camisola branca, ainda
virgem e intocada, esperando o marido, para
consumar o casamento.
E pelo visto, era a fonte de grande interesse
do seu cunhado...
Surpresa, percebeu o momento em que o
interesse dele parecia ainda mais intenso. Com um
gemido de rendição, Eduardo deixou o copo de
uísque sob a mesinha, ao lado do abajur e com
uma das mãos soltou o cinto e abriu a calça.
Sempre olhando fixamente para o retrato, onde a
mulher sorria.
Vestida com uma roupa branca, amplo
decote, com seios fartos e postura elegante, a
mulher da pintura olhava com desafio para quem
ousasse admirá-la.
E pelo visto a admiração do seu cunhado
superava todos os limites do cabível e aceitável.
Envolvida naquele clima, Carlota encostou
e fechou com cuidado a porta da saleta, isolando-
se em um canto escuro. A mente é um perigoso
inimigo. Um opositor completo, repleto de
estratagemas para nos conduzir ao precipício.
Com um longo olhar pesaroso para o
quadro, Carlota achou que poderia estar sendo
observada pela noiva virgem.
Tão parecidas, ambas de branco... Carlota
vestia-se com um longo vestido de noite, na cor
branco. Sem notar, em um gesto instintivo, soltou
os longos cabelos escuros, que lhe caíram pelo
corpo, do mesmo modo que cabelos negros
adornavam a mulher da pintura.
Retirou os sapatos de salto alto. Com
passos lentos, suaves, sobre o tapete vermelho,
antigo, conservado por restauradores, Carlota
andou em direção ao seu cunhado.
Ficou atrás da poltrona, respirando o
mesmo ar que ele. Uma tensão pairava no ar.
Eduardo estava concentrado, olhos fixos na
pintura, sua mão audaz tocando-se em busca de
um prazer solitário e coberto por repreensão
social. Mantinha a mão por dentro da calça e
Carlota quase arfou, quando soltou o tecido,
revelando a enorme ereção.
Sempre tocando-se, lentamente, como se
desfrutasse daquele prazer solitário, unicamente
na companhia da sua amante imaginária, Eduardo
gemia, transformado em algo puramente sexual.
Naquele enlevo de paixões proibidas,
Carlota aproximou-se, tomada de uma coragem
que não poderia ser explicada, induzida
unicamente pelo desejo.
Sem pensar, escorregou as mãos pelos
ombros dele.
Imediatamente, pego em flagrante, Eduardo
soltou a mão que segurava seu membro e olhou
para sua presença feminina.
Ele pareceu completamente assustado e fora
de sintonia. Por certo, o efeito da bebida em seu
organismo confundindo seus sentidos.
— É você...?
Ele escorregou uma das mãos pelo rosto
feminino e ela se moveu, saindo da posição de
carinho, para algo mais ofensivo.
Deu a volta na poltrona e ficou diante dele,
sabendo muito bem que o quadro ficaria a sua
direita, bem a vista, para que ele pudesse ver a
semelhança, e isso pudesse alimentar o desejo em
seu corpo.
— Eu estou aqui para você — sussurrou,
corajosamente soltando o zíper do vestido, que
escorregou para o chão.
— Minha noiva virgem? — Ele percorreu
todo o corpo diante de si com olhos de fome.
Carlota se apressou a retirar a única peça
que a cobria: a calcinha de rendas. Nua diante do
seu cunhado, sorriu enquanto dizia:
— Eu me guardei para você. Só para você,
meu amor... — Não era mentira.
Todo mundo conhecia a estória da noiva
assassinada, ainda pura e a espera de sua primeira
noite.
E será que algum dia, alguém conheceria a
estória da cunhada despudorada que usara de sua
aparência semelhante, para seduzir seu cunhado
apaixonado por uma pintura? Esperava que não!
Eduardo curvou-se na poltrona, segurou-a
na altura das coxas, com ambas as mãos, subindo-
as em direção ao seu quadril. Parecia encantado
pôr confirmar que aquele belo corpo ser de carne e
ossos, por poder tocar aquela mulher que tanto
desejou em sua vida.
A única que permeava seu imaginário.
Eduardo vivia um casamento morno, sem grandes
emoções. E fora naquela saleta, olhando para
aquela mulher retratada em uma pintura, meio
século atrás, que encontrara o amor verdadeiro.
E agora, como que por magia, essa mulher
estava diante de si, sendo tocada, esperado por ele.
— Eu te quero desde a primeira vez que te
vi... Eu me casei com uma mulher que não amo,
só para poder te ver todos os dias... Eu não sei o
que seria da minha vida sem o seu olhar... — Ele
confessou.
Por um louco segundo, Carlota quis
acreditar que estivesse falando de si e não da
mulher na pintura. Eduardo era um homem tão
bonito e pelo visto, tão confuso...
E será que ela queria se importar com isso?
Seu desejo reprimido era carnal, não emocional.
Olhar para aquele homem a deixava em
fogo puro. E fora assim, desde que se lembrava de
ter visto-o pela primeira vez. Era uma devassa. E
nesse momento, não se importava com o
julgamento alheio.
Aos vinte anos, sabia o que desejava. E
Eduardo era o único homem que poderia acalmar
a paixão que ascendera em sua cunhada.
— Me ame, agora, me faça sua... Minha
pureza é sua, amor, só sua... — Sussurrou,
hipnotizando-o com a semelhança que guardava
de uma mulher pela qual não possuía nenhum
laço sanguíneo.
O olhar de Eduardo era puramente
encantado.
Pobrezinho, em sua confusão de bêbado,
não distinguia o real da fantasia.
E, provavelmente, quando recobrasse a
consciência racional, pensaria que tudo aquilo
nada mais seria do que um sonho realista. Uma
fantasia sensual, permeada por sonhos eróticos.
Com o coração acelerado, Carlota molhou
os lábios, empurrando-o contra a poltrona.
Escorregou ambas as mãos pela lapela do blazer
de corte arrojado, acarinhando sobre a camisa
branca, puxando a gravata vermelha com um
movimento lânguido, que o fez sorrir, entre
encanto e desejo.
Carlota não retirou a gravata, mas puxou a
camisa, arrancando alguns botões. Ele livrou-se
do blazer e da camisa, empurrando tudo para
longe.
Seu maior fetiche, que tanto alimentou suas
noites solitárias, era ver aquele homem
completamente nu.
Eduardo sorriu, diante de sua mais louca e
impossível fantasia. O rosto da mulher era
idêntico aos seus sonhos mais íntimos. Seus olhos
brilhantes, repletos em pura paixão, eram a glória
para quem sonhava ser olhado desse modo.
Ele levou ambas as mãos ao rosto dessa
mulher feita de seus sonhos e agarrou-a, puxando
para um beijo. Carlota mal acreditou que estivesse
sendo beijada por aquele que sempre foi uma
fantasia obscura em sua vida.
O toque dos lábios dele era firme, guloso,
úmido. Gosto de uísque. De saliva. De pecado.
Eduardo abriu os lábios, devorando os seus, em
um beijo exigente. Carlota esqueceu qualquer
pensamento sobre moralidade, sendo beijada e
trazida sobre ele.
Eduardo segurou-a com firmeza. Com a
cabeça assim presa, Carlota tentou se soltar, sem
ar, sem fôlego, sendo devorada daquele modo.
Mas o aperto era tanto que apenas se rendeu.
Eduardo a trouxe para seu peito, largando
seus lábios, para molhar o pescoço, devorando um
caminho entre seu queixo e sua clavícula.
Puxou-a pelos cabelos, empurrando sua
cabeça para trás enquanto deleitava-se com os
seios empinados.
Ela grunhiu, tentando se equilibrar e
respirar, tudo envolto em sentimentos pesados de
luxúria.
O corpo de mulher estava a sua mercê.
Eduardo quis fazer tanto e tanta coisa, que mal
sabia por onde começar. Sua mão livre tentou
achar caminho pelos seios, mas em seu estado de
bebedeira, escorregou na poltrona e quase os
derrubou.
Carlota sentiu parte do desejo evaporar. Ele
não tinha condições de ser o homem cheio de
atitude, que sempre fora. Caberia a ela conduzir o
precioso ato.
— Seja gentil, Eduardo. — Pediu, com voz
macia, tornando a ficar de pé.
Tocou uma das mãos sobre o púbis e
esfregou os dedos de leve entre as dobras íntimas,
levando-a aos lábios do cunhado.
— Meu gosto é seu. Ninguém nunca me
provou. — Tornou a seduzir, sorrindo quando ele
mordia seus dedos, tomando a pequena prova que
lhe dava.
Parecendo entender que não tinha forças
para controlar o ato, Eduardo apenas se entregou,
esperando para saber o que sua deusa de amor
faria a seguir.
Sorrindo, ao obter o que tanto desejava,
Carlota aproximou-se outra vez e o beijou, mas
dessa vez, do seu jeito, no seu ritmo.
Bem devagar, sondando, provando,
descobrindo. Aos poucos, Eduardo correspondeu
do jeito que esperava. Entendendo exatamente
como deveriam fazer.
Carlota dizia a si mesma, repetidamente,
que seu único desejo com aquele homem era por
sexo. Sexo pesado, selvagem e inesquecível.
Mas era uma mentira deslavada. Ela queria
mais. Queria carinho, amor, companheirismo. Em
poucos momentos fugidos, desejava ser amada por
Eduardo, como ele jamais amou mulher alguma.
Ser a primeira a tocar seu coração. A única
a permear suas fantasias.
Eram tantos desejos obscuros, que filtrar as
prioridades ou distinguir um nome e um rosto,
entre tantos, era deveras complicado.
Alucinada, diante da possibilidade, bem
real, de finamente ter o cunhado, Carlota
empurrou-o para trás, enquanto sensualmente
descia as mãos e o corpo para baixo.
Eduardo possuía um corpo definido por
músculos, pêlos espessos distribuídos pelo peito e
braços, além de uma barba mal feita, que lhe
conferia um ar bastante cafajeste. Cabelos
bagunçados, muito negros e quando composto,
mantinha-os sempre arrumados e alinhados.
Mas naquele momento não estava
composto, pelo contrário. Completamente
ensandecido, olhos escuros pela paixão, a boca
entreaberta, respirando com pesar.
Carlota estremeceu, quando suas unhas
rasparam sob a barriga tanquinho, contornando os
gomos, entre os pêlos escuros que cobriam aquele
corpo sedutor.
Lambendo os lábios, ela desceu os dedos e
o olhar para o restante da roupa que o homem dos
seus sonhos ainda vestia. Roupa que deveria ir
embora urgentemente.
Ansiosa, afastou o cinto que jazia aberto,
empurrou o tecido da calça pelos quadris,
contando com a ajuda total de seu parceiro. Dessa
vez, Eduardo estava completamente nu, sem
sapatos, sem meias, sem roupa alguma. Apenas a
gravata pendendo em seu pescoço.
Ensandecida, Carlota puxou-o pela gravata,
para um novo beijo. Mantendo o tecido enrolado
na mão, enquanto o beijava com lábios ainda
virgens. Seu último beijo pura.
Nunca mais seria a mesma mulher.
E, esperava que aquele homem jamais fosse
o mesmo depois de tudo que dividiriam naquela
saleta, protegidos do mundo exterior. Protegidos
do mundo real. Protegidos, sobretudo, da
realidade.
Num último resquício do beijo, Carlota
mordiscou-o, antes de descer o corpo outra vez,
direto para o que mais desejava,
Suas mãos tremiam levemente ao apanhá-
lo.
Nunca estivera tão íntima de um homem em
toda a sua vida. Seus namoros nunca chegaram a
esse ponto. Talvez por sua falta de experiência no
campo físico e emocional, seu subconsciente tenha
tido espaço para criar altas aventuras fantasiosas
com seu cunhado.
Sua carência exacerbada gerou em sua
mente uma obsessão doentia, que namorado
algum poderia suprir. Seu coração batia acelerado
por esse homem. Pelo perigo que os olhos verdes
de Eduardo representavam em sua vida.
Quantas e quantas noites, não se contorcera
na cama, em agonia por causa de sonhos com esse
homem sedutor?
Em suas fantasias, ele era perfeito, assim
como na realidade.
Carlota deslizou as mãos pelo falo duro,
contornando-o com os dedos. Sempre quisera
saber com seria a sensação de poder sobre
Eduardo. E era uma sensação única.
Seu membro era um abuso. Grande, largo,
bem mais escuro do que o restante da pele
bronzeada. Pulsante e cheio de vida, crescendo em
suas mãos. Quanto mais Carlota o movimentava,
mais Eduardo gemia e se contorcia na poltrona.
Tocá-lo era muito melhor do que apenas
fantasiar. Mesmo que a lógica disso não pudesse
se aplicar a toda e qualquer fantasia que uma
mulher pudesse ter. Nem sempre o alvo desse
fetiche pode corresponder com exatidão ao desejo
de sua amante.
Antecipando o prazer que sentiria, Carlota
inclinou-se pronta para desvirginar sua boca.
Entreabriu os lábios rosados, permitindo que a
ponta da glande entrasse. Tentou apreciar esse
momento como alguém que atingiu o ápice de um
rito de passagem em sua vida.
A sonhadora Carlota estava definitivamente
ficando no passado.
Consumida pelo prazer se tocar, empurrou-o
dentro de sua boca, chupando-o com voracidade.
Uma vez tomado o caminho, não poderia voltar
atrás. Era algo feito.
Gemeu, levando-o profundamente dentro de
sua boca, tentando alcançar o maior espaço
possível, sem engasgar.
Ergueu os olhos, depois de alguns minutos,
chupando-o com vigor.
Encontrou-o suado, gemendo sem elegância
alguma, olhos bem abertos, vidrados na imagem
logo atrás de Carlota. Ele olhava para o maldito
quadro na parede.
Consciente da concorrência, Carlota retirou-
o lentamente da boca, atraindo sua atenção total.
Uma vez livre, passou a língua pelos lábios,
saboreando o gosto. Olhou para trás, para aquele
quadro, para sua rival e levantou, abandonando-o.
— Não! — Eduardo segurou seu punho
com força, com um desespero insano no olhar e
em cada fibra do corpo. — Não me deixe. Não me
abandone. Não faça isso comigo, por favor...
Incapaz de falar, Carlota apenas pousou
uma mão sobre a sua, e o fez soltá-la. Era tudo tão
forte, tão inexplicavelmente forte.
Com as pernas tremendo, levantou e andou
com os pés descalços sobre o tapete espesso.
Seus instintos governavam. Seu corpo não
era mais seu. Sua rival estava ali, diante de si,
fitando-a com seus olhos de passado, de época, de
quem nunca amou ou foi amada, desafiando o
mundo a desejá-la ardentemente.
Diante do quadro, Carlota parou. Ainda
nua, virou-se de frente para a poltrona onde estava
Eduardo. De costas para a parede, logo acima de
si, o quadro da mulher que verdadeiramente
detinha todo o interesse de Eduardo.
Ele fitou ambas as mulheres, achando ver
uma só.
Apoiada na parede, Carlota movimentou o
corpo.
Abriu as pernas o máximo que pode, assim
de pé, e serpenteou o corpo, chamando por ele
baixinho, convidando-o a vir até ela. Seus
movimentos eram de puro deleite.
Excitadíssima, se movia sem controlar o
próprio corpo. Acariciava os seios, juntando-os
com as mãos, amassando a carne tenra. Alisava as
coxas, arranhava de leve a pele entre as pernas...
Esperando por ele.
Esperado por seu cunhado.
Só por ele.
Todos aqueles anos, apaixonada em
segredo, apaixonada a distância. Sem saber se um
dia poderia olhar para Eduardo com olhos menos
inocentes.
Sem saber se um dia ele poderia saber da
mulher que o queria mais que tudo na vida.
Esse dia havia chegado, por ocasião do
destino, e quando ele saiu da poltrona e avançou
como um raio em sua direção, não sentiu medo ou
tentou recuar. Pelo contrário!
Eduardo a abraçou com força, abrindo suas
pernas, erguendo uma delas em volta do próprio
quadril enquanto mordia seu seio, engolindo um
bico, sugando-o com a raiva de quem era tomado
por um desejo visceral.
Carlota fechou os olhos por um instante,
sendo agarrada com essa brutalidade toda,
sentindo o momento tenso em que tomado pela
paixão escrachada, Eduardo içou com a mão seu
pênis e o empurrou com força em sua abertura.
Sem aviso prévio, Carlota foi invadida de
um modo que não poderia ter volta. Rasgada, essa
era a sensação que a correu.
Eduardo urrou, empurrando com mais e
mais força, sem parar. O ato crescia cada vez mais
intenso. Suado, Carlota sentia o suor nas costas do
seu amante.
Seu amante. Seu cunhado.
Profana, era a palavra mais adequada para
defini-la.
Uma mulher sem moral, sem passado e sem
sentimentos.
Tomada unificada pela dor, pelo prazer,
pela delícia do que fazia, Carlota era tudo, menos
um ser feito de sentimentos.
Aliando ao prazer, aquele sentimento
quente da culpa, abriu os olhos, observando o
rosto do seu amante.
Tomava sua castidade com brutalidade.
E a cada movimento, maior o prazer de sua
amante.
Ela segurou o rosto dele, puxando um beijo.
Seu primeiro beijo como mulher.
Seu primeiro beijo como uma mulher de
amantes.
Gritando em puro prazer, soltou-o,
deixando-se possuir.
Eduardo bufava em seu pescoço,
machucava sua pele, sugando seu pescoço,
roçando todo o corpo pesado contra o seu,
empurrando-a contra a parede atrás de si.
Logo acima a mulher que deveria estar em
seu lugar. Logo acima de sua cabeça a mulher que
desencadeara tudo aqui.
Furiosamente, Carlota gritou por mais.
Furiosamente, Eduardo lhe deu o que pedia.
Sempre buscando o ápice, ele a penetrava com
força, rapidez e profundidade.
Ela nunca pensou que seria assim. Que
poderia sentir algo parecido.
Seu corpo retesado, molhado, recebendo o
corpo duro que a cortava ao meio, indo e vindo
com brutalidade.
Enlouquecida, arranhou as costas dele,
erguendo a cabeça, sempre olhando para cima,
enquanto era possuída com mais e mais ritmo.
A mulher do retrato os observava. Era
sempre a impressão, para onde quer que olhassem,
ela parecia olhar de volta
Com os olhos voltados para cima, Carlota
sentiu algo nascer em sua vagina e subir. Era um
calor intenso que a fez endurecer completamente
tensa, apertada, mal permitindo que ele pudesse
entrar.
Cerrando os dentes, segurou o grito de
prazer, quando a explosão aconteceu dentro de si.
Sem conseguir entrar mais fundo, Eduardo
a soltou e girou. Ela mal teve tempo para se
segurar contra a parede, ambas as mãos contra o
papel de parede nobre, antes de ser saqueada outra
vez.
Ainda envolvida no prazer, completamente
molhada, recebeu-o sem a barreira da castidade,
que já não mais existia. Ele gritou um xingamento
enquanto empurrava com força, olhando para
cima, para o retrato.
Carlota sabia disso. Ele colocou ambas as
mãos próximas as suas, sobre a parede,
empurrando apenas o quadril, para frente e para
trás, ambos envolvidos naquela transa a três, pois
apesar de apenas dois corpos físicos, havia uma
terceira pessoa envolvida, rondando a mente e os
sentidos de ambos.
Unidos fisicamente, naquele enlevo,
compartilharam um gozo carregado de frêmito, de
sujeira e de pecado.
Carlota mal conseguia gemer,
completamente destruída, sem forças, tremendo da
cabeça aos pés.
Eduardo tremeu mais algumas vezes contra
ela, ejaculando com demora e profundidade.
Sempre olhado para cima, para a mulher do
retrato.
Quando terminou, soltou-a, afastando-se
apenas uns dois passos. Sem forças, Carlota
escorregou até ficar no chão, olhando para ele.
Eduardo chegou-se a ela, ainda com o pênis
ereto, começando a diminuir. Masturbou-se com
força, arrancando o pouco que ainda havia dentro
de si.
Gozou sobre seu rosto e seios, enquanto ela
tentava desesperadamente receber qualquer coisa
que ainda houvesse para lhe dar.
Era muito para quem nunca pensara em
concretizar a fantasia impossível de possuir a
mulher do retrato. Completamente zonzo, Eduardo
juntou-se a ela no chão, deitando-se ao seu lado,
puxando-a consigo para um beijo longo.
Quando o beijo acabou, Eduardo estava
apagado.
Era muito esforço para alguem tomado pelo
álcool e por tantas emoções.
Sozinha, Carlota permaneceu alguns
instantes olhando para Eduardo, sem saber como
agir. Ele poderia acordar e reconhecer diante de si
a mulher de carne e ossos. Ou alguém poderia
entrar na saleta, afinal muitos possuíam a chave.
Poderia ser pega em flagrante.
Assustada com a própria coragem em ter
vivido tudo aquilo, Carlota levantou e juntou as
roupas, que estavam largadas em um canto
qualquer.
Tentou se equilibrar, mas escorregou pelo
tapete em direção a primeira parede que
encontrou, onde se recostou, respirando com
profunda dificuldade.
Seu corpo queimava, suado, castigado por
aquele amor selvagem. Sem saber o que fazer,
tremendo da cabeça aos pés, olhou para Eduardo,
assim destruído pelo prazer e sentiu as lágrimas
inundarem seus olhos.
Era uma mulher imunda. Consciente do
quanto doente era aquela paixão feia e suja, tentou
levantar, quase escorregando para o chão. Vestiu a
roupa de festa, sem colocar os sapatos, que
manteve em suas mãos. Lutando contra os
soluços, tropeçando nos próprios pés, aproximou-
se dele e se curvou, para beijar de leve aqueles
lábios que a enlouqueceram a poucos momentos
atrás.
Com todo o corpo agitado e a alma
machucada pelo que fizera contra si mesma,
contra Eduardo e principalmente, contra a própria
irmã, Carlota andou para a porta da saleta,
destrancando-a.
Naquele momento de desespero, virou-se na
direção daquele quadro e num rompante, andou
apressada até a mesa central, apanhando um
abridor de cartas.
Com a fúria de uma mulher traída,
rechaçada e ciumenta, investiu contra o quadro,
contra aquela mulher que roubara o coração de
Eduardo.
Uma mulher que não existia.
Chegou a cravar a ponta afiada contra a
tela, mas foi apenas um corte pequeno, quase
invisível para quem olhasse de longe. Arrancou o
abridor de cartas e deixou caído no chão.
Como poderia odiar a mulher que lhe trouxe
Eduardo? Graças aquela noiva virgem, Carlota
pudera provar daquela paixão ensandecida.
Nunca imaginou que se fosse possível
passar por tudo aquilo.
Subitamente fraca, andou de volta para a
porta e no caminho, pegou o copo de uísque que
Eduardo abandonara sobre a mesa. Bebeu todo o
conteúdo e olhou para o homem nu sobre o tapete.
O riso feliz surgiu em seus lábios, mas ela
conteve.
Era insano, mas já sabia o que deveria
fazer. Munida de uma convicção que apenas
alguém doente de amor poderia ter, Carlota saiu
da saleta e fechou a porta. Andou pelos
corredores, fugindo das vistas dos estranhos que
vieram prestigiar sua chegada.
E parte desses estranhos, era sua família,
que não via fazia tantos anos.
Correndo, chegou ao seu quarto, entrou e
trancou a porta.
Trocou o vestido branco, por um vestido
sóbrio, escuro, bastante sério. Sentou em frente à
penteadeira e apagou qualquer vestígio de beleza
do rosto. Maquiagem pesada, cabelos fortemente
presos.
Sorrindo, constatou a verdade: apagara de
seu rosto qualquer vestígio da noiva virgem.
Qualquer semelhança com a mulher do retrato
havia sido minimizada pela maquiagem e pela
roupa séria.
Eduardo nunca enxergaria, com olhos
sóbrios, qualquer semelhança entre as duas.
Deste modo, protegia seu nome, protegia
sua linhagem, protegia sua família de seus
pecados. Mais do que isso, protegia seu segredo.
Um segredo que trouxera luz para sua vida
sempre sem graça e sem metas.
Sua aparência semelhante à mulher da
pintura deveria ficar em segredo total. Desse
modo, Eduardo não saberia que o alvo de sua
fascinação era real, de carne e ossos.
Ele nunca saberia, mesmo que voltasse a ser
seduzido, que a mulher com quem se esbaldara
em prazer proibido, era na verdade sua cunhada.
Satisfeita consigo mesma, feliz pela
primeira vez em sua vida, Carlota saiu do quarto.
Pensou ter ouvido um barulho, mas concluiu que
deveria ser alguém entrando em um dos muitos
quartos da mansão.
E estava certa. No fundo do corredor, uma
jovem, vestida com roupas insossas, abria uma
das portas com delicadeza, para não ser ouvida.
Coração palpitante dentro do peito.
Ela também pecaria naquela noite.
Ela também viveria um amor perdido em
meio à condenação moral.
Sorrindo, essa mulher ainda sem nome,
fechou a porta atrás de si....

Fim

Amores Perdidos é uma sequência de


contos.
Cada conto será lançado individualmente,
porém respeitando a estória dessa grande família
permeada de segredos sensuais.
Será lançado dois contos por mês.
Próximo lançamento:

Profana - Conto 2
Sinopse: Verônica guarda em seu coração um
amor antigo pelo Padre Giuseppe. Um amor
inconfessável. Apenas sua melhor amiga
Anastácia conhece seu segredo obscuro. Durante a
festa em homenagem a sua irmã, Verônica aliada
a Anastácia, decide realizar essa louca paixão.
Um jogo perigoso de amores perdidos acontecerá
em um dos quartos da mansão. Um jogo de poder,
onde Verônica e Anastácia disputarão o mesmo
homem. O mesmo poderoso desejo que as
alimenta, também poderá destruí-las!
Não perca!
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