Estagio Uninter

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ESTÁGIO SUPERVISIONADO –

APROXIMAÇÕES DA
REALIDADE
AULA 6

Profª Cristina Oliveira da Silva


CONVERSA INICIAL

Ao longo de nossas etapas de estudo, tivemos muito aprendizado e


experiência sobre o estágio supervisionado e os atores envolvidos no processo
de formação. Esperamos que os conhecimentos adquiridos contribuam com a
prática profissional tão almejada e que muito em breve será exercida por você,
futuro profissional assistente social.
Relembrando o que estudamos até aqui, nessa jornada de estágio
supervisionado em Serviço Social, iniciamos com os pressupostos e diretrizes
dessa formação profissional, retomando o histórico do serviço social como área
de conhecimento e atuação no Brasil e o processo de consolidação da profissão.
Na sequência, abordamos um breve histórico das diretrizes básicas da
formação, em consonância com os seus princípios e diretrizes. Os núcleos de
fundamentos também foram discutidos anteriormente, você se recorda? São
eles o núcleo de fundamentos teórico-metodológicos da vida social, o núcleo de
fundamentos da formação sócio-histórica da sociedade brasileira e o núcleo de
fundamentos do trabalho profissional, além do estágio e da formação no curso
de Serviço Social.
Outro elemento importante que estudamos foi a legislação que norteia o
estágio em Serviço Social, como são regulamentados os estágios, quais as
diretrizes curriculares para os cursos de Serviço Social e a importância do
estágio na área. Apresentando a contextualização histórica do serviço social,
como é a política nacional de estágio e os desafios do estágio supervisionado,
discorremos sobre a supervisão de estágio em Serviço Social, as técnicas e
instrumentos da supervisão de estágio, os desafios dessa supervisão, bem como
os conceitos, os objetivos e a organização do estágio.
Conversamos ainda sobre análise de conjuntura, correlações de poder
nas instituições, a informação em consonância com a análise de conjuntura e a
atuação do assistente social, assim como sobre a compreensão da cultura
organizacional. A atuação do assistente social nos diferentes espaços sócio-
ocupacionais, a relação com as demais profissões, a identidade construída e
atribuída ao serviço social e as atividades da profissão nas instituições fecharam
a nossa jornada sobre o estágio supervisionado.
Nesta etapa, falaremos sobre organização dos materiais de
sistematização da prática, o plano de estágio e sua construção ao longo do

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estágio supervisionado, abordando a importância da leitura e da escrita para a
construção desse plano e os elementos que lhe são indispensáveis, bem como
a construção do relatório quadrimestral.

TEMA 1 – IDENTIFICAÇÃO E HISTÓRIA DA INSTITUIÇÃO

O plano de estágio é o documento que norteia a realização do estágio e


no qual estão contidos elementos importantes para o processo de formação. A
parte inicial do plano individual de estágio é constituída com as informações de
identificação do aluno e da instituição concedente, bem como com a identificação
do assistente social supervisor de campo e da carga horária realizada pelo aluno
no campo.
Elemento importante na construção inicial do plano, a história da
instituição deve ser descrita com detalhes, e é nesse momento que o aluno
realiza pesquisas e busca informações a esse respeito. Descrever o histórico da
instituição é, por vezes, resgatar informações sobre o local em função de
preservar sua memória, compreendendo sua origem, cultura, símbolos e valores
institucionais. O momento de resgate histórico da instituição concedente de
estágio oportuniza relembrar finalidades, objetivos e demandas dos serviços,
programas e projetos trabalhados no local, contribuindo com o fortalecimento do
processo formativo, considerando a compreensão do aluno sobre os espaços de
atuação do assistente social e como se organizam as instituições.
A população atendida na instituição é um importante levantamento para
compreender a realidade social, ressaltando suas características, subsidiando
possíveis intervenções e pesquisas. Para tanto, é necessário entender a forma
como a instituição se organiza, como faz sua hierarquia, política, missão, visão
e valores. Esses elementos, no processo de aprendizagem, proporcionam ao
estagiário assimilar como se dá o funcionamento institucional, percebendo a
dinâmica interna organizacional do seu campo de estágio.
Além de toda a estruturação sobre a história do local, a primeira parte do
plano de estágio também contempla a percepção sobre as relações de força na
instituição, descrevendo os recursos disponíveis utilizados na consecução dos
seus objetivos, sejam eles recursos humanos, sejam financeiros e outros que se
façam necessários. As parcerias e relações interinstitucionais também devem
ser observadas, pois esse é o momento de se compreender como se relaciona
a instituição concedente de estágio com outros setores e organizações.
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As informações introdutórias do plano de estágio constituem-se de grande
relevância, pois auxiliarão no entendimento da atuação profissional e na
visualização de possibilidades de intervenção. Portanto, cabe lembrar que as
informações devem ser atualizadas, no plano de estágio, a cada modificação de
dados do local, do campo onde o aluno realiza seu estágio.
O levantamento das informações que tratam sobre a história da instituição
pode ser feito no próprio site da organização e na relação com a supervisão de
campo, lembrando que os dados se referem ao histórico institucional como um
todo. Separe um momento, no estágio, para realizar esse levantamento, posto
que também faz parte do seu processo formativo compilar os dados e descrevê-
los para a construção do seu plano de estágio.

TEMA 2 – OBJETIVO DO SERVIÇO SOCIAL NA INSTITUIÇÃO

Como estudamos anteriormente, a profissão de trabalhador de serviço


social foi regulamentada no Brasil em 1957, mas as primeiras escolas de
formação profissional surgiram a partir de 1936. É uma profissão de nível
superior e, para exercê-la, é necessário que o graduado registre seu diploma no
Conselho Regional de Serviço Social pertinente a seu local de atuação. A lei que
a regulamenta a profissão é a Lei n. 8.662/1993 e, desde seus primórdios até a
atualidade, a profissão tem se redefinido, considerando sua inserção na
realidade social do Brasil, entendendo que seu significado social se expressa
pela demanda de atuar nas questões sociais, que, em outros termos, se revelam
nas desigualdades sociais e econômicas que são objeto desse tipo de ação
profissional, manifestadas em violação de direitos, ausência de renda,
desemprego e demais vulnerabilidades sociais.
E, quando falamos sobre o objetivo do serviço social, é importante
relembrar a atuação profissional do assistente social, que se faz,
prioritariamente, por meio de instituições que prestam serviços públicos
destinados a atender às demandas de pessoas e comunidades na perspectiva
de desenvolver sua autonomia, participação social, exercício de cidadania e
acesso aos direitos sociais e humanos.
A formação profissional do assistente social é generalista, o que lhe
permite compreender as questões sociais postas como objeto de intervenção,
considerando a base teórico-metodológica que lhe é oferecida, direcionada ao
entendimento dos processos ligados à economia e política da realidade
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brasileira, contexto em que se gestam as políticas sociais para atendimento às
mazelas da sociedade.
Falar sobre o serviço social no âmbito da instituição solicita pensar a
prática do assistente social e, sobre essa prática, Braz e Teixeira (2009)
destacam que, para pensar a prática, é necessário considerar o caráter político
eminente em toda prática realizada em uma sociedade de classes. Os autores
ainda salientam que diferentes são as formas de prática social, como a política,
a produtiva e a profissional, que se relacionam ou ao controle da natureza ou ao
controle do comportamento e das formas de agir humanas. Outrossim, a atuação
do serviço social, para Braz e Teixeira (2009), consolida-se em uma atuação
comprometida, não imparcial, mas que segue e atende a interesses sociais,
políticos, ideológicos e econômicos, formando assim uma identidade profissional
que, para Paulo Netto (1999), se define como imagem da profissão e que se
consolida em um projeto profissional.
É importante relembrar que o serviço social numa instituição se organiza
com base no projeto ético-político da profissão, o que deve ser compreendido
pelo aluno no seu processo de formação, durante o estágio supervisionado. Esse
projeto ético-político, para Braz e Teixeira (2009), tem sua conexão com um
projeto de transformação social cuja efetividade se dá pautada na prática e no
direcionamento dados no atendimento prestado pelo assistente social. Assim
sendo, os objetivos do serviço social numa instituição devem estar claros, assim
como o seu direcionamento deve ser condizente com o projeto ético-político da
categoria, considerando a dimensão teórico-metodológica no aprofundamento
de embasamentos teóricos, criando formas de transformação ético-política da
realidade, com o entendimento da não neutralidade da atuação na área, em se
afirmando o seu compromisso com as classes trabalhadoras; e também técnico-
operativa, apropriando-se de habilidades fundamentais para o atendimento da
população, empenhando-se o profissional, segundo Paulo Netto (1999), guiado
pelos princípios de igualdade e liberdade, para a construção de uma sociedade
mais justa e sem exploração.
Dessa forma, o aluno deverá observar, no campo de estágio, quais os
objetivos do serviço social, descrevendo a trajetória daquele desde a
implantação do serviço, sua origem, estrutura, funcionamento, número de
profissionais assistentes sociais disponíveis na instituição, além da estrutura
física, finalidade, objetivos e equipe que compõe o seu quadro funcional.

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TEMA 3 – POPULAÇÃO-ALVO DO SERVIÇO SOCIAL E ATIVIDADES DO
SERVIÇO SOCIAL NUMA INSTITUIÇÃO

Outro elemento importante que deve constar no plano de estágio é a


apresentação da população-alvo do atendimento do serviço social. Para esse
levantamento, o aluno deve aproveitar a supervisão direta realizada no campo
de estágio e observar quem é o usuário do serviço, descrevendo, no plano, as
principais características dessa população. O conhecimento e a sistematização
de quem são, quantos são, de que forma as pessoas atendidas acessam os
serviços e quais são suas peculiaridades são pontos essenciais e indispensáveis
para um diagnóstico eficaz da realidade do campo de estágio. O exercício de
conhecer os atores envolvidos e as relações de força no campo de estágio
possibilita o conhecimento da conjuntura mais complexa das relações de
atendimento e dos interesses que transpõem essas relações, constituindo-se em
relações antagônicas ou de cooperação. Observe, em seu campo de estágio,
como acontecem essas relações entre serviço social, assistente social e
população usuária dos serviços.
As atividades do serviço social numa instituição devem ser descritas
considerando-se e reconhecendo-se as competências do assistente social e
suas atribuições privativas. Cabe lembrar que o compromisso da atuação do
assistente deve estar em consonância com os princípios éticos que norteiam o
projeto profissional apontados no Código de Ética do(a) Assistente Social, quais
sejam:

I.Reconhecimento da liberdade [...];


II.Defesa intransigente dos direitos humanos [...];
III.Ampliação e consolidação da cidadania [...];
IV. Defesa e aprofundamento da democracia [...];
V. Posicionamento em favor da equidade e justiça social [...];
VI. Empenho na eliminação de todas as formas de preconceito [...];
VII. Garantia do pluralismo [...];
VIII.Opção por um projeto profissional vinculado ao processo de
construção de uma nova ordem societária [...];
IX. Articulação com os movimentos de outras categorias profissionais
[...];
X. Compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população
[...];
XI. Exercício do Serviço Social sem ser discriminado/a ou discriminar
[...]. (CFESS, 2012, p. 23-24)

O assistente social tem sua qualificação voltada para atuar nos mais
diferentes espaços e áreas que tratam das políticas sociais públicas e privadas,
por exemplo, no planejamento, organização, execução, avaliação, gestão,
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pesquisa e assessoria. O objetivo da sua atuação profissional é responder às
demandas dos usuários dos serviços prestados, garantindo o acesso aos direitos
assegurados na Constituição Federal de 1988 e demais leis que complementam
a Carta Magna (Brasil, 1988).
Entretanto, para realizar suas atividades, o assistente social se utiliza do
cabedal instrumental conforme seus objetivos. Dentre os seus vários
instrumentos de trabalho, podemos citar entrevistas, análises sociais, relatórios,
levantamentos de recursos, encaminhamentos, visitas domiciliares, dinâmicas
de grupo, pareceres sociais, contatos institucionais, entre outros. Responsável
por fazer uma análise da realidade social e institucional, para que ocorra uma
intervenção buscando a melhoria da condição de vida do usuário dos serviços,
o assistente social deve ser assertivo na utilização desses instrumentos de que
dispõe, o que lhe solicita contínua capacitação profissional na procura do
aprimoramento dos seus conhecimentos e habilidades nas suas diferentes áreas
de atuação.
O trabalho do assistente social acontece no desenvolvimento de
propostas de políticas públicas que consigam responder às demandas munindo
a população de acesso aos serviços e benefícios garantidos socialmente. E,
considerando a experiência acumulada no trabalho institucional, o assistente
social tem sido identificado por sua competência para intervenção na gestão de
políticas públicas, contribuindo efetivamente para a construção e defesa dessas
políticas, como agente participativo nos conselhos, conferências, congressos e
demais espaços em que se planejam as diretrizes gerais de execução, controle
e avaliação das políticas sociais.
A formação do assistente social, na qual os alunos se encontram, inclusive
na etapa de estágio, é comprometida com os valores da representatividade, que
possibilitam às pessoas a manutenção da sua existência com suas diferenças,
limites e potencialidades, sem discriminação de qualquer modo, na busca
intransigente da garantia de acesso aos direitos, de modo pautado no projeto
ético-político e profissional referendado em seu Código de Ética quanto ao seu
compromisso com a liberdade, a justiça e a democracia (CFESS, 2012).
O assistente social deve desenvolver, como postura profissional,
capacidade crítico-reflexiva para compreender a problemática das questões
sociais postas nas demandas que recebe. Para tanto, é importante a habilidade
de comunicação, compreensão e percepção, articulação política para tratativas

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e encaminhamentos técnico-operacionais, bem como conhecimento teórico e
capacidade para mobilização e organização. Outra atividade pertinente ao
assistente social é a supervisão direta de estágio em Serviço Social, conforme
prevê a Resolução n. 533/2008 do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS).
Supervisão é a indissociabilidade de trabalho e formação, isto é, a unidade entre
teoria e prática em um processo dialético, atendendo aos componentes ético-
político, técnico-operativo e teórico-metodológico do processo de estágio. Esse
processo acontece quando da oportunidade do acadêmico de obter vivência
profissional, no estágio, com supervisão acadêmica e supervisão de campo.

Estamos entendendo supervisão como uma atividade imprescindível à


formação não só acadêmica, mas direcionada para a formação e
capacitação profissional permanente, que detém a possibilidade de
orientar o aprimoramento da intervenção profissional que se realiza por
meio da formulação e implementação de políticas e serviços sociais. É
um processo de estimular, provocar, acompanhar e contribuir na
capacitação de estudantes e/ou profissionais, equipes e executores
e/ou formuladores de políticas, programas e/ou projetos a apreender e
interpretar, na conjuntura, a particularidade do fenômeno com o qual
trabalham, com a finalidade de analisar e encontrar o modo mais
qualificado de operacionalizar a intervenção profissional. (Guerra;
Braga, 2009, p. 5)

A prática de estágio é uma atividade necessária e fundamental para a


formação dos futuros profissionais e deve proporcionar a articulação das três
dimensões pertinentes ao serviço social, e a disciplina de Estágio, assim como
o campo, devem dar condições para que o acadêmico realize essa articulação
entre teoria e prática (Ortiz, 2010, p. 121).
Portanto, as atividades que o assistente social desenvolve na instituição
devem estar pautadas no projeto ético-político da profissão, na perspectiva da
atuação sobre a garantia de direitos e de acesso da população-alvo do serviço
social a serviços, programas, projetos e políticas públicas, isso compreendendo
a importância do trabalho multidisciplinar e o fortalecimento da ação profissional
voltada para o compromisso com a classe trabalhadora e os usuários dos
serviços. Assim sendo, coletar as informações sobre a população-alvo do serviço
social e as atividades do assistente social em uma instituição, além de elemento
obrigatório para elaboração do plano de estágio, faz parte do próprio objetivo do
estágio, sabendo observar a prática profissional e realizar atividades pertinentes
ao processo de formação na área.

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TEMA 4 – ATIVIDADES E AVALIAÇÃO DO ESTAGIÁRIO

Aproximar-se da realidade que se apresenta no campo de estágio é


oportuno para o aluno compreender a dinâmica do trabalho realizado nos
espaços de atuação do assistente social. Portanto, descrever as atividades
realizadas durante o estágio contribui com o entendimento sobre como o estágio
se organiza e quais suas contribuições para o aprendizado efetivo das atividades
inerentes ao papel do assistente social. Para alguns alunos, que ainda não
realizaram estágio inclusive na modalidade não obrigatório, esse é o primeiro
contato com a prática profissional, que se consolida como momento ímpar de
sua percepção sobre o serviço social. Dessa forma, ao descreverem as
atividades realizadas, alunos e supervisores têm a oportunidade de executar
uma avaliação crítica da realidade profissional do campo e de suas demandas.
Logo, a atuação do estagiário e do assistente social que realizará a
supervisão, analisada considerando-se as atividades realizadas, e a descrição
dessas atividades no plano de estágio possibilitam um olhar de completude das
atividades diárias, o que se constitui, para Martinelli (2009), em desafio no
reconhecimento da herança sócio-histórica da atuação profissional, atrelada aos
interesses da manutenção da sociedade e do sistema produtivo. A avaliação da
supervisão de campo deve, nesse sentido, se pautar no Regulamento de estágio
supervisionado em Serviço Social (Uninter, 2016) e realizar encontros
sistemáticos para acompanhamento das atividades de estágio. Aqui está
mencionada uma ação primordial para o desenvolvimento do estágio com ênfase
no processo formativo, visto que a supervisão deve considerar os momentos de
conversa e as trocas entre assistente social e estagiário, disponibilizando
sugestões e apontamentos que contribuam com o caráter de aprendizado do
estágio.
Outrossim, cabe ressaltar que, durante a realização do estágio, o
estagiário deve realizar suas atividades em consonância com o projeto ético-
político do serviço social, respeitando o sigilo das informações por ele
acessadas, observando o Código de Ética do(a) Assistente Social (CFESS,
2012) e agindo com competência técnica e política. O estágio é um momento
importante no processo formativo, e o aluno precisa ter a clareza sobre seu
papel, compreendendo suas responsabilidades e o compromisso da atividade
prática como elemento essencial para a aquisição de habilidades que serão

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aplicadas no exercício profissional. O estágio é considerado como uma “[...]
atividade de aprendizagem social, profissional, cultural” em que o
aluno/estagiário tem a oportunidade de perceber o sentido das atividades
realizadas e relacioná-lo com a sua formação (Joazeiro, 2008, p. 75).
Dessa forma, “o estágio é o lócus onde a identidade profissional do aluno
é gerada, construída e referida; volta-se para o desenvolvimento de uma ação
vivenciada, reflexiva e crítica e, por isso, deve ser planejado gradativa e
sistematicamente” (Buriolla, 2009, p. 13). O estágio curricular, na prática, busca
então alcançar a indissociabilidade entre teoria e prática, correlacionando-as,
projetando o desenvolvimento do estagiário por intermédio da aprendizagem
dessa relação da teoria com a prática (Ribeiro, 2010, p. 93). Temos, pois, a
clareza de que o estágio, em Serviço Social, é essencial para a formação do
acadêmico, e se espera “Um estágio que permita ao aluno o preparo efetivo para
o agir profissional: a possibilidade de um campo de experiência, a vivência de
uma situação social concreta supervisionada por um profissional [...]” (Buriolla,
2009, p. 17). O estágio tem, assim, por objetivo formar profissionais com
capacidade de intervir na realidade; contudo, é preciso que se entenda o
significado da profissão (Guerra; Braga, 2009, p. 5).
Com isso, a avaliação das atividades realizadas concede ao estagiário
visualizar o seu fazer profissional e associá-lo com a aprendizagem adquirida
nos espaços de estágio, considerando que “o estágio é concebido como um
campo de treinamento, um espaço de aprendizagem do fazer concreto do
Serviço Social, onde um leque de situações, de atividades de aprendizagem
profissional se manifestam [...]” (Buriolla, 2009, p. 13). Destarte, o estágio deve
possibilitar a condição de se realizar “[...] uma revisão constante desta vivência
e o questionamento de seus conhecimentos, habilidades, visões de mundo etc.,
podendo levá-lo a uma inserção crítica e criativa na área profissional [...]”
(Buriolla, 2009, p. 17).
O momento da supervisão, já abordado quando estudamos sobre as
atribuições da supervisão, deve incluir todos os atores envolvidos no processo
de estágio, não somente o acadêmico e a instituição de ensino, o estagiário e a
instituição concedente de estágio, ou a instituição de ensino e a instituição
concedente de estágio, mas todos relacionando-se entre si. Logo,

[...] os protagonistas deste processo de ensino-aprendizagem, quer


que seja o professor, o aluno ou o assistente social supervisor, todos
são beneficiados, pois a observação direta da faculdade no cotidiano
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de estágio pode significar avanços na formação profissional do aluno e
oxigenação profissional do assistente social supervisor. (Lewgoy,
2010, p. 157)

Nesse item do plano de estágio, a sua função como aluno(a) e


estagiário(a) será registrar as informações e atividades realizadas durante o
período de estágio, conforme as competências e atribuições de acadêmico de
Serviço Social, em formação, assim como a avaliação que será realizada pelo
supervisor acadêmico e de campo.

TEMA 5 – RELATÓRIO QUADRIMESTRAL: DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES


REALIZADAS E AVALIAÇÃO

O relatório quadrimestral é um dos trabalhos de sistematização da prática


e elemento importante na fase inicial do estágio, que ora detalharemos. A parte
inicial do relatório se assemelha com o plano de estágio, em que são requisitadas
informações de identificação do aluno e da instituição concedente, bem como de
identificação do assistente social supervisor de campo.
A segunda etapa do relatório consiste em descrever as atividades que
você, aluno(a), realizar durante o período de estágio. As atividades mencionadas
devem estar em consonância com o termo de compromisso e em conformidade
com o quadro das fases do estágio que constam no Regulamento de estágio
supervisionado em Serviço Social (Uninter, 2016). Nessa etapa, descreva em
detalhes tudo que tiver acompanhado e realizado, observando o importante
momento de sistematização da prática.
No item avaliação, há a oportunidade de avaliar o desenvolvimento das
atividades descritas no item anterior e relatar quais suas contribuições para a
formação profissional. É importante que sejam utilizados referenciais
bibliográficos para a fundamentação disso, e que constem, ao final do relatório,
todas as referências utilizadas, dentre elas livros, artigos, leis etc.
O serviço social é uma profissão que construiu, ao longo da história, uma
prática de produção de registros e avaliação das atividades realizadas durante a
realização do trabalho. A materialização desse conhecimento acumulado se
expressa nas ações que solicitam a utilização dos instrumentais pertinentes à
prática profissional do assistente social. Podemos considerar que esse registro
não se trata unicamente de preencher documentos e relatórios, mas da condição

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de relacionar e interpretar as informações coletadas e os fatos ali expostos,
produzindo-se uma reflexão propositiva para uma ação.
Para Marconsin (2010, p. 70), é preciso, nesse sentido, adotar um
tratamento técnico, com o qual os “[...] dados são vistos como ponto de partida
e chegada para o conhecimento da realidade, o que significa que os dados não
devem ser vistos de forma isolada, estanque e não podem ser apenas
mensurados quantitativamente”. Para Almeida (2006, p. 12), a sistematização da
prática é

A perspectiva de produzir conhecimento a partir de uma experiência


prática, tomando o próprio trabalho como objeto de reflexão e no
sentido de contribuir com o (re)pensar crítico da ação é chamada de
sistematização da prática. É a produção de conhecimento que a
inserção no processo de trabalho permite produzir. A sistematização
surgiu da necessidade de que a formação profissional tratasse
efetivamente do trabalho de assistentes sociais, ao mesmo tempo em
que valorizasse a dimensão intelectual da sua formação.

Sistematizar é um momento importante para a prática do serviço social,


que proporciona uma relação entre o sujeito e o objeto, que o assistente social
precisa analisar considerando os diferentes aspectos presentes na realização da
ação e no que se apresenta como sistematização da prática.

NA PRÁTICA

Nesta etapa, conversamos sobre a produção do plano individual de


estágio e do relatório quadrimestral, conhecendo cada elemento que os compõe.
Parte importante no processo de formação, chegou a hora de colocarmos em
prática os conhecimentos adquiridos até aqui. E, para realizar a atividade,
observe as orientações a seguir:

• Elaborar o plano de estágio é parte da realização do estágio, portanto,


também está relacionado à supervisão. Dessa forma, dialogue com a
supervisão de campo sobre a melhor forma de coletar as informações.
• Organize o tempo de sistematização dos itens de forma a atender ao
período de produção e apresentação do material, para avaliação
acadêmica. Para tanto, observe o calendário acadêmico, que indica
quando o trabalho deve ser entregue.
• Lembre-se de que são dois os trabalhos de sistematização: plano de
estágio e relatório quadrimestral, e cada um possui itens específicos para
registro.
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• O modelo para elaboração dos trabalhos está disponível na aba de roteiro
de estudos da disciplina.

FINALIZANDO

O plano de estágio caracteriza a oportunidade de se sistematizar as


informações do campo de estágio, contribuindo para uma formação de qualidade
do assistente social, bem como o relatório quadrimestral elenca as atividades
realizadas, que devem estar em conformidade com o Regulamento de estágio
supervisionado em Serviço Social, que se estabelece em documento
normatizador do estágio na Uninter, observando-se os preceitos da Lei n.
11.788/2008, que dispõe sobre o estágio; da Lei n. 8.662/1993, que regulamenta
a profissão; do Código de Ética do/a Assistente Social; das Diretrizes curriculares
para os cursos de Serviço Social; da Resolução n. 533/2008 do CFESS e da
Política nacional de estágio da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em
Serviço Social – ABEPSS (Uninter, 2016; Brasil, 1993, 2008; CFESS, 2008,
2012; ABEPSS, 1996, 2010).

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REFERÊNCIAS

ABEPSS – Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social.


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CFESS – Conselho Federal de Serviço Social. Código de Ética do/a Assistente


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