Inicial Paradigma Verdelina

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EXMO(A). SR(A).

JUIZ(A) DE DIREITO DA ____ª VARA DOS FEITOS DA FAZENDA E


REGISTROS PÚBLICOS DA COMARCA DE PALMAS–TO.

ANTONIO SERGIO DE CASTRO, brasileiro(a), casado, servidor(a) público(a), CPF


029.562.136-28, residente e domiciliado(a) na Rua Porto Seguro, Qd. NW9, Lt. 23, Jardim Aureny I,
Palmas/TO, CEP 77060-112, e-mail [email protected], telefone (63) 3213-1468, via
de seus advogados (instrumento em anexo), vem, respeitosamente, perante V. Exa., propor a
presente ação de cobrança c/c obrigação de fazer e dano moral, contra ESTADO DO
TOCANTINS, pessoa jurídica de direito público interno, CNPJ 01.786.029/0001-03, com sede no
Palácio Araguaia, Praça dos Girassóis, s/nº, cidade de Palmas/TO, CEP 77003-020, telefone (63)
3218-3700, e-mail [email protected], pelos fatos e fundamentos que a seguir expõe:

1. Ação Coletiva – Tentativa frustrada – Sindicato da categoria.

Em 28/11/2017, o Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Estado do Tocantins


– SINTRAS-TO, CNPJ 24.851.628/0001-69, na condição de substituto processual, ingressou com
ação coletiva em favor de seus representados, objetivando a cobrança das datas base de 2015 a
2017, com os devidos reflexos.

Distribuído inicialmente à 4ª Vara e posteriormente remetida à d. 2ª Vara da Fazenda e


Registros. Públicos da Capital, e registrado sob nº 0040211-22.2017.827.2729, o feito não teve
como evoluir, já que, por imposição, no seu nascedouro teve que ser dado novo valor à causa,
passando para R$ 9 milhões, e indeferido o pedido de assistência judiciária. Ou seja, inviabilizando o
seu segmento, uma vez que, com o advento da famigerada reforma trabalhista, os recursos
financeiros da entidade oriundos da contribuição sindical destinada ao custeio dos processos
judiciais coletivos) foram reduzidos a zero, sendo impossível arcar com os elevados custos
demandados.

A ação em referência abordou somente data base devida aos filiados do Sindicato.
Portanto, quem não fosse filiado não seria atingido pelos efeitos da sentença.

Assim, sendo infrutífera a tentativa do Sindicato em garantir e resguardar os direitos


do(a) Autor(a), bem como para que não se opere a prescrição dos mesmos, outra alternativa não lhe
resta senão pela presente via, buscar a garantia constitucional do acesso à justiça, também
denominada de princípio da inafastabilidade da jurisdição, consagrada no art. 5º, inciso XXXV da
nossa Constituição Federal.

2. Informações preliminares.

O(A) Autor(a) é servidor(a) público(a) estadual, exercendo a função de Técnico(a) em


Radiologia, com admissão ao quadro efetivo da Saúde do Estado em 1º de março de 2006,
lotado(a) atualmente no Hospital Geral de Palmas Dr. Francisco Ayres.

Com a entrada em vigor da Lei nº 1.588/2005 que tratava do Plano de Cargos,


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Carreiras e Subsídios dos Profissionais da Saúde do Estado do Tocantins - PCCS, os servidores


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passaram a ter reconhecido o direito às progressões (vertical/horizontal), adicional de insalubridade,
adicional noturno, data base, gratificações, dentre outros.

3. Datas Base – Síntese da Evolução Legislativa.

No tocante a revisão dos vencimentos (subsídios) do(a) Autor(a), prevê a Constituição


Federal que:

“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
[...]
X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente
poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada
caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de
índices;”. (destacamos)

Em decorrência desta previsão constitucional, o Estado Réu promulgou a Lei nº


1.850/2007 prevendo:

“Art. 1º É fixada em 1º de outubro de cada ano a data base para revisão geral da
remuneração dos servidores públicos da Administração Direta e Indireta do Poder Executivo
do Estado do Tocantins, obedecidos os parâmetros da Lei de Diretrizes Orçamentárias e a
disponibilidade financeira.”

A partir da promulgação dessa lei, anualmente passaram a ser editadas leis prevendo a
revisão geral dos servidores do quadro da saúde do Estado Réu, sendo que a Lei nº 2.426/2011,
fixou em 4,68% o reajuste para a data base do ano de 2010. Para aquele ano, foi editada a Lei nº
2.540/2011, estabelecendo um reajuste de 7,29% a partir de 1º de outubro de 2011.

No ano de 2012, realizou-se a revisão do PCCS dos Profissionais da Saúde do Estado


do Tocantins com a edição da Lei nº 2.670/2012, revogando, dentre outras, a Lei nº 1.588/2005,
mas manteve os benefícios atinentes a progressão (vertical/horizontal), adicional de insalubridade,
adicional noturno, data base, dentre outros.

A partir de 2013, com a edição da Lei nº 2.708/2013, a data base da categoria passa a
ser 1º de maio de cada ano:

“Art. 1º É fixado o dia 1º de maio como data base para revisão geral anual da remuneração
dos:
I – ativos;”.

Em 2012 o(a) Autor(a) obteve reajuste de 5,5765% de seus vencimentos, como


previsto no art. 2º da Lei nº 2.708/2013.
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Já em 2013, não houve reajuste (revisão) nos vencimentos do(a) Autor(a), o que veio a
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ocorrer somente em 2014, com o advento da Lei nº 2.881/2014, que previu:

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“Art. 1º É adotado o índice de 10.8008% na revisão geral anual, relativa ao período de
outubro de 2012 a abril de 2014, da remuneração:
I - dos servidores públicos ativos, inativos e pensionistas da Administração Direta e Indireta do
Poder Executivo;”

Já em 2015, veio a Lei nº 2.985/2015, estabelecendo:

“Art. 1º É adotado o índice de 8,3407%, apurado no período de maio de 2014 a abril de


2015, na revisão geral anual da remuneração:
I - dos servidores públicos ativos, inativos e pensionistas da Administração Direta e Indireta do
Poder Executivo;”

“Art. 2º A revisão geral anual de que trata esta Lei se processa em etapas, nos seguintes
percentuais:
I - 4,1704%, a partir de maio de 2015;
II - 4,0033%, a partir de outubro de 2015, em adição ao percentual de que trata o inciso I
deste artigo.
Parágrafo único. O percentual de que trata o inciso II deste artigo se retrotrai ao intervalo de
maio a setembro de 2015, gerando valores financeiros cujo pagamento se processará em 12
parcelas iguais e mensais no período de janeiro a dezembro de 2016.”

Em 2016, após longas negociações entre o Estado Réu e as entidades sindicais


profissionais, foi editada a Lei nº 3.174, de 28 de dezembro de 2016, concedendo novo reajuste
dos vencimentos dos servidores, na ordem de 9,8307% retroativos a 1º de maio de 2016, cujo
pagamento se daria da seguinte forma:

“Art. 2º - A revisão geral anual de que trata esta Lei se processa em etapas, nos seguintes
percentuais:
I - 2%, a partir de janeiro de 2017;
II - 2%, a partir de maio de 2017, em adição ao percentual de que trata o inciso I deste
artigo;
III - 5,5658%, a partir de setembro de 2017, em adição aos percentuais de que tratam os
incisos I e II deste artigo.” (grifos nossos)

As parcelas descritas nos itens I a III do art. 2º da lei retro mencionada, vencidas em
janeiro, maio e setembro de 2017, foram pagas pelo Réu, cujos valores deverão ser deduzidos do
quantum a ser apurado.

Para os anos de 2017 e 2018 foram, editadas as Medidas Provisórias nºs. 2 e 3,


ambas de 16 de maio de 2018, com as seguintes previsões:

MP nº 2/2018 (ref. data base 2017):

“Art. 1º É adotado o índice de 3,98703%, apurado no período de maio de 2016 a abril de


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2017, na revisão geral anual da remuneração:


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I - dos servidores públicos ativos, inativos e pensionistas da Administração Direta e Indireta do
Poder Executivo;
II - dos cartorários inativos que tenham benefícios reajustados na mesma proporção e data da
remuneração dos servidores ativos de que trata esta Medida Provisória.
Parágrafo único. O percentual adotado no caput deste artigo:
I - tem como referência o Índice Nacional de Preços ao Consumidor - INPC;
II - não se aplica à remuneração dos cargos de provimento em comissão.

Art. 2º A revisão geral anual de que trata esta Medida Provisória se processa em etapas, nos
seguintes percentuais:
I - 1,32901%, a partir de maio de 2018;
II - 1,32901%, a partir de julho de 2018, em adição ao percentual de que trata o inciso I
deste artigo;
III - 1,27717%, a partir de setembro de 2018, em adição ao percentual de que trata o inciso
II deste artigo.”

MP nº 3/2018 (ref. data base 2018):

“Art. 1º É adotado o índice de 1,69104%, apurado no período de maio de 2017 a abril de


2018, na revisão geral anual da remuneração:
I - dos servidores públicos ativos, inativos e pensionistas da Administração Direta e Indireta do
Poder Executivo;
II - dos cartorários inativos que tenham benefícios reajustados na mesma proporção e data da
remuneração dos servidores ativos de que trata esta Medida Provisória.
Parágrafo único. O percentual adotado no caput deste artigo:
I - tem como referência o Índice Nacional de Preços ao Consumidor - INPC;
II - não se aplica à remuneração dos cargos de provimento em comissão e das funções de
confiança.

Art. 2º A partir de 1º de novembro de 2018, os Anexos das Leis abaixo especificadas


passam a vigorar, respectivamente, na conformidade dos seguintes Anexos a esta Medida
Provisória”.

Tais MP’s foram, logo em seguida, convertidas nas Leis nº 3.370/2018 (data base
2018) e nº 3.371 (data base 2017), ambas de 11 de julho de 2018, que mantiveram os mesmos
índices e condições de revisão dos vencimentos.

Os índices de reajustes fracionados foram incorporados aos vencimentos do(a)


Autor(a), nas datas estabelecidas pelas normas, mas sem o pagamento do período retroativo.

Finalmente, em 2019, o Estado Réu editou a famigerada “MP da Esmola” (MP nº


12/2019), que concedeu reajuste de 0,75% a partir de 1º de maio de 2019, convertida na Lei nº
3.542, de 11 de outubro de 2019 (anexa), que arredondou o índice para 1% (hum por cento), cujas
Tabelas foram editadas através do Decreto nº 6.003, de 22 de outubro de 2019.
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Com exceção da “MP da Esmola”, todos os demais atos referentes a revisão anual dos
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subsídios dos servidores estaduais (data base), fixaram os índices de reajuste com base na variação

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da inflação medida pelo INPC/IBGE dos 12 (doze) meses que antecedem a data base (1º de maio),
de forma integral.

Portanto, frisa-se, os índices de reajustes fracionados foram incorporados aos


vencimentos do(a) Autor(a), nas datas estabelecidas pelas normas, sem pagamento do período
retroativo, e deverão ser deduzidas do quantum a ser apurado em liquidação.

3.1. Data Base – 2015 – Fracionamento Abusivo.

Conforme relatado no item anterior, em 2015 os servidores do quadro da Saúde do


Estado Réu tiveram seus vencimentos reajustados em 8,3407% (art. 1º da Lei nº 2.985/2015), cujo
índice corresponde à inflação do período de maio de 2014 a abril de 2015, medida pelo INPC
(IBGE).

Todavia, esse índice deveria ter sido aplicado no vencimento de maio de 2015, quando
ocorre a data base da categoria (Lei nº 2.708/2013); no entanto, a lei previu este aumento,
estabeleceu que 4,1704%, seria a partir de maio de 2015 e 4,0033%, a partir de outubro de 2015
(art. 2º).

Efetivamente, o reajuste de 4,1704% somente foi incorporado ao vencimento do(a)


Autor(a) em julho de 2015 e os 4,0033%, em outubro de 2015, como consta dos seus
Demonstrativos de Pagamento em anexo.

Em decorrência deste reajuste fracionado, o(a) Autor(a) teve substancial perda em sua
remuneração, face ao período retroativo, compreendido entre a data base (maio 2015) e a data da
efetiva integralidade da revisão (outubro de 2015).

Tal situação levou o Estado Réu a firmar com diversas entidades sindicais
profissionais, em 17 de abril de 2015, um “TERMO DE ACORDO”, onde, dentre outras
deliberações, previa que os passivos de 2015, dentre eles o retroativo da data base daquele ano,
seriam negociados “a partir de janeiro de 2016” (anexo – item 5).

Ainda em 2015, mais precisamente no dia 24 de julho, as partes revisaram o


mencionado acordo, e elaboraram o instrumento denominado “TERMO DE RETIFICAÇÃO DE
ACORDO” (anexo), onde previu que o “retroativo referente aos meses de maio a setembro de 2015
decorrente da aplicação do percentual de 4,0033%, a ser implementado na folha de pagamento do
mês de 2015” seria pago “em 12 vezes iguais, mensais e sucessivas, a partir de janeiro de 2016” (v.
“DAS FÓRMULAS A SEREM APLICADAS, item IV, letra b).

Entretanto, nenhuma parcela deste acordo, a título de retroativo data base de 2015 foi
pago ao(a) Autor(a), como se verifica em seus Demonstrativos de Pagamento, em anexo.

3.2. Datas Base – 2016, 2017, 2018 e 2019.

Inobstante as previsões constitucionais e infraconstitucionais, nos anos de 2016 a 2019


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o(a) Autor(a) não obteve revisão INTEGRAL do seu vencimento nas respectivas datas base (1º de
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maio de cada ano), como se verifica em seus demonstrativos de pagamento.

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Neste período, o Estado Réu vem adotando o pagamento fracionado das datas base,
como consta da Lei nº 3.174/2016 (data base 2016) e das MP’s nº 2/2018 (data base 2017) e nº
3/2018 (data base 2018), convertidas nas Leis nº 3.371/2018 e nº 3.370/2018, respectivamente -
anexas.

No ano de 2019, apesar do índice ser irrisório, houve fracionamento da revisão, como
nos anos anteriores.

A MP nº 12/2019 (“MP da Esmola”), reajustou os vencimentos dos servidores em


0,75% a partir de JULHO de 2019.

Com a promulgação da Lei nº 3.542, de 11 de outubro de 2019, que arredondou o


índice para 1% (hum por cento), cujas Tabelas foram editadas através do Decreto nº 6.003, de 22
de outubro de 2019, os vencimentos do(a) Autor(a) foram complementados com reajuste de mais
0,25% em OUTUBRO de 2019.

Ocorre que segundo previsão contida na Lei nº 3.542/2019, o índice de 1% para


revisão geral anual dos servidores seria a partir do MAIO de 2019, como consta no art. 3º, in verbis:

“Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação, produzindo efeitos a partir
de 1º de maio de 2019.”

Acerca da revisão geral anual e do reajuste de vencimentos, como já mencionado, a


Constituição Federal determina:

“Art. 37. […]

X – A remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39


somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa
em cada caso, assegurada a revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção
de índices”.

Da redação deste inciso, depreende-se que ali está garantida tanto a fixação e/ou
alteração da remuneração dos servidores por lei específica, bem como a revisão geral anual, que
deve ser dirigida a todos os agentes públicos do Réu, na mesma data base prevista – 1º de maio de
cada ano, de forma INTEGRAL, não havendo qualquer previsão que permita o seu fracionamento
ou fixação abaixo do índice inflacionário do período anterior.

Assim, há de se considerar que a revisão geral anual do vencimento dos servidores,


de um modo geral, apresenta-se de forma periódica apenas a fim de manter o poder de compra
da remuneração percebida por eles, é o chamado princípio da periodicidade, introduzido no
citado inciso X, do art. 37, da CF pela Emenda Constitucional nº 19/1998, que, segundo comentário
do Ministro Alexandre de Moraes, “a grande inovação dessa alteração, uma vez que expressamente
previu ao servidor público o princípio da periodicidade, ou seja, garantiu anualmente ao
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funcionalismo público, no mínimo, uma revisão geral, diferentemente da redação anterior do


Página

citado inciso X, do art. 37, que estipulava que ‘a revisão geral da remuneração dos servidores

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públicos, sem distinção de índices entre servidores públicos civis e militares, far-se-á sempre na
mesma data’, garantindo-se tão-somente a simultaneidade de revisão, mas não a periodicidade” (in
MORAES, Alexandre de, “Constituição do Brasil Interpretada”, 7ª ed., São Paulo, Atlas, 2007, pág.
842).

Da mesma forma, a doutrina do prof. José Afonso da Silva nos leva ao mesmo
raciocínio, quando diz que “o texto assegura a revisão geral anual da remuneração e subsídio na
mesma data e sem distinção de índice. Dita revisão é obrigatória todo ano. Portanto, é direito
dos servidores. Sua função não é a de conceder reajuste remuneratório, mas a de garantir a
estabilidade do seu valor em face da instabilidade da moeda. A alteração, pois, do valor da
remuneração é apenas conseqüência da correção do valor monetário” (in SILVA, José Afonso
da, “Comentário Contextual à Constituição”, 4ª ed., São Paulo, Malheiros, 2007, pág. 340).

Na Constituição do Estado do Tocantins, consta a seguinte determinação:

“Art. 9º A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes do Estado e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte:

X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o art. 11, § 4º, desta
Constituição, somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a
iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data
e sem distinção de índices;”

Renomado jurista Diogenes Gasparini nos explica:

“O inc. X do art. 37 da Constituição Federal […] assegura revisão geral anual sempre na
mesma data e sem distinção de índices. Restou, como direito subjetivo, garantida aos
servidores estatutários e celetistas da Administração Pública direta, autárquica e fundacional
pública, e aos agentes políticos, a revisão anual, conforme o caso, da remuneração e dos
subsídios desses agentes públicos.” (in GASPARINI, Diogenes, “Direito Administrativo”, 9ª
ed., São Paulo, Saraiva, 2004, págs. 183-184).

Não há, portanto, data maxima venia, qualquer dúvida com relação ao direito a revisão
anual INTEGRAL de seu vencimento/provento nas datas base em questão, fazendo jus ao índice de
9,8307% em maio de 2016 (Lei nº 3.174/2016); 3,98703% em maio de 2017 (MP nº 2/2018 – Lei nº
3.371/2018); 1,69104% em maio de 2018, (MP nº 3/2018 – Lei nº 3.370/2018), e 1,0% em maio de
2019 (MP nº 12/2019 e Lei nº 3.542/2019), devendo ser deduzidas as parcelas eventualmente
pagas.

3.3. Reflexo Data Base - 1/3 Constitucional das Férias – Diferença Retroativa.

Nos últimos 05 anos, o(a) Autor(a) teve gozo de suas férias, recebendo o terço
constitucional, como consta de seus contracheques anexos.
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Acontece que as mesmas foram calculadas com base no vencimento sem a devida
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revisão anual (data base), como mencionado alhures, o que levou, portanto, ao calculo irregular do

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seu valor de face, bem como do terço constitucional, tendo o(a) Autor(a) direito à essa diferença,
devidamente corrigida.

3.4. Reflexo Data Base - Gratificação Natalina – Diferenças Retroativas.

Também nos últimos 05 anos o(a) Autor(a) recebeu seu 13º salário tendo por base o
vencimento recebido no mês de dezembro dos respectivos exercícios, como consta de seus
contracheques anexos.

Todavia, tais vencimentos não correspondiam ao real valor devido, uma vez que não
estavam agregadas as revisões anuais (datas base), como mencionado alhures, o que levou,
portanto, ao calculo irregular da sua gratificação natalina, tendo o(a) Autor(a) direito à essas
diferenças, devidamente corrigidas.

3.5 Reflexo Data Base – Adicional Noturno – Diferenças Retroativas.

Como se observa nos contracheques em anexo, nos anos de 2015 a 2020 do(a)
Autor(a), o mesmo recebeu adicional noturno em diversos meses.

E como se sabe, o adicional noturno é calculado à base de 25% sobre o valor da hora
normal, para o período efetivamente trabalhado (Lei nº 2.670/2012 – art. 22).

Assim, com a concessão dos reajustes dos vencimentos do(a) Autor(a) nas respectivas
datas base, o valor da hora noturna trabalhada sofreu relevante acréscimo, cuja diferença,
decorrente do reflexo deverá ser incorporado ao valor do adicional noturno pago pelo Estado Réu à
época.

4. Evoluções Funcionais – Progressões.

O primeiro PCCS do Quadro de Saúde do Réu (Lei nº 1.588/2005) previa:

“Art. 2º Para os efeitos desta Lei considera-se:


[...]
VI – Progressão Horizontal, a evolução do Profissional da Saúde para a Referência seguinte,
mantido o Nível, mediante classificação no processo de Avaliação de Desempenho e
Qualificação Funcional;
VII – Progressão Vertical, a evolução do Profissional da Saúde para o Nível subseqüente, na
Referência em que se encontra, mediante adequada classificação no processo de Avaliação
de Desempenho e Qualificação Funcional;”

“Art. 5º A evolução funcional dos Profissionais da Saúde opera-se por Progressão Horizontal
e Progressão Vertical.”

“Art. 9º É considerado habilitado para a Progressão Horizontal o Profissional da Saúde que:


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I – tiver cumprido o interstício de três anos de exercício na Referência em que se encontra;


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II – tiver concluído quarenta horas de curso de qualificação vinculado à sua área de atuação,
nos cinco últimos anos anteriores à data da progressão horizontal.”

“Art. 11. É habilitado para a Progressão Vertical o Profissional da Saúde que tiver:

I – cumprido o interstício de três anos de exercício no Nível em que se encontra;


II – concluído curso de qualificação vinculado à sua área de atuação nos cinco anos
antecedentes à data da progressão vertical, atendidas as seguintes regras:

a) cento e vinte horas em curso de qualificação para cargos dos Grupos 8, 9 e 10;
b) cento e oitenta horas em curso de qualificação para cargos dos Grupos 1 a 7.”

A Progressão Horizontal foi regulamentada pelo Decreto Lei nº 2.643, de 17 de


janeiro de 2006, publicada no DOE - Diário Oficial do Estado nº 2.087 em 18/01/2006, que entrou em
vigor na data de sua publicação, prevendo que o Servidor Público para progredir horizontalmente
deve se submeter anualmente a Avaliação Periódica de Desempenho – APED, e ao final ser
notificado do resultado da APED/SAÚDE (art. 28, inciso IV, do Decreto Lei nº 2.643). Este resultado
da APED é publicado anualmente no DOE (diários seguem anexos).

A Progressão Vertical, até a presente data, não foi regulamentada. Contudo, é praxe
da SESAU – Secretária da Saúde, através da Comissão de Gestão, Enquadramento e Evolução
Funcional do Quadro da Saúde, publicar no DOE um chamado para os servidores apresentarem os
Certificados de Cursos de Qualificação, para a devida validação.

Contudo, por falta de regulamentação, não é possível estabelecer com qual


periodicidade se opera este chamado – convocação. Porem é possível precisar que nos anos de
2011, 2015 e 2017 não houve qualquer convocação.

Ademais, há de se considerar que, muito embora não haja a devida regulamentação, o


direito a progressão está estabelecido no lapso temporal; e a inépcia do Estado Réu em realizar os
chamados/convocação não pode ser motivo de não implantação da Progressão Vertical.

Na reforma do Plano, ocorrida com o advento da Lei nº 2.670/2012, a regra passou a


ser:

“Art. 2º Para os efeitos desta Lei considera-se:

[...]

X – Evolução Funcional Horizontal, a movimentação do servidor público para a referência


imediatamente seguinte, mantido o padrão, mediante aprovação em estágio probatório ou
classificação em procedimento administrativo via Sistema de Avaliação Periódica de
Desempenho;
XI – Evolução Funcional Vertical, a movimentação do servidor público para o padrão
subsequente, por intermédio de adequada titulação e classificação em procedimento
9

administrativo via Sistema de Avaliação Periódica de Desempenho;”


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“Art. 9º É considerado habilitado para a progressão horizontal o profissional da saúde que:

I – cumprir o interstício de trinta e seis meses de efetivo exercício na referência em que se


encontra;
II – obtiver média aritmética igual ou superior a 70% nas três avaliações periódicas de
desempenho mais recentes.”

“Art. 11. É considerado habilitado para a evolução funcional vertical o servidor público que:

I – cumprir o interstício de trinta e seis meses de exercício na referência e no padrão em que


se encontra;
II – concluir curso de qualificação, vinculado à sua área de atuação ou às atividades do órgão
de lotação, nos seis anos antecedentes à data da evolução funcional vertical, atendidas as
seguintes regras:

a) oitenta horas em cursos de qualificação para cargo de nível superior;


b) sessenta horas em cursos de qualificação para cargo de nível médio;
c) quarenta horas em cursos de qualificação para cargo de nível fundamental especial;
d) vinte horas em cursos de qualificação para cargo de nível fundamental.”

Vale lembrar que a regulamentação da Progressão Horizontal continua sendo através


do Decreto Lei nº 2.643, de 17 de janeiro de 2006 e a Progressão Vertical continua sem qualquer
regulamentação.

Em SETEMBRO de 2015 o(a) Autor(a) estava enquadrado(a) no NÍVEL III -


REFERÊNCIA H, do PCCS em vigor à época, conforme consta do seu respectivo contracheque
anexo.

Todavia, desde MARÇO DE 2013, o(a) Autor(a) já havia adquirido direito a


PROGRESSÃO HORIZONTAL – NÍVEL III – REFERÊNCIA I, concedida através da PORTARIA nº
9 de 28/08/2015, DOE nº 4451 de 03/09/2015, lançada em seu “Extrato de Progressões” em
anexo, com habilitação deferida através do ATO CGEFS N° 010, DE 09 DE JUNHO DE 2014
(anexo), cuja incorporação somente veio ocorrer em NOVEMBRO DE 2015, como se observa no
seus respectivos contracheques anexos

Já em MARÇO DE 2015, o(a) Autor(a) adquiriu direito a PROGRESSÃO


HORIZONTAL VERTICAL – NÍVEL IV – REFERÊNCIA I, adquirida habilitação através do ATO
CGEFS N° 004, DE 17 DE DEZEMBRO DE 2018 (em anexo), editado pelo Estado Réu, o que não
veio ocorrer até a presente data, como também consta dos seus contracheques anexos.

De todo o exposto é possível concluir que estão pendentes as Evoluções Funcionais


do(a) Autor(a), como demonstrado, quais sejam:

A) PROGRESSÃO HORIZONTAL - NÍVEL III - REFERÊNCIA I – a partir de MARÇO DE 2013


10

(apenas período não prescrito – a partir de SETEMBRO de 2015); e


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B) PROGRESSÃO VERTICAL - NÍVEL IV - REFERÊNCIA I – a partir de MARÇO de 2015
(apenas período não prescrito – a partir de SETEMBRO de 2015).
Desde já, requer o(a) Autor(a) que durante todo seu vinculo funcional, as progressões
sejam incorporadas nas datas e prazos estabelecidos pela legislação, e, se concedidas tardiamente,
que seja efetivado o pagamento integral do período retroativo, com as devidas correções.

Vale ressaltar, ainda, que a Comissão de Gestão, Enquadramento e Evolução


Funcional do Quadro da Saúde - CGEFS É ÓRGÃO EXECUTIVO DO ESTADO RÉU, com
poderes para “promover os atos relativos ao Enquadramento e à Evolução Funcional
Horizontal e Vertical do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração - PCCR dos Servidores
Públicos do Quadro da Saúde do Poder Executivo”, como consta da PORTARIA CONJUNTA Nº
03, DE 05 DE ABRIL DE 2016:

“O SECRETÁRIO DE ESTADO DA ADMINISTRAÇÃO E O SECRETÁRIO DE ESTADO DA


SAÚDE, no uso da atribuição que lhes conferem o art. 16, §2º, inciso II, da Lei 2.670, de
19 de dezembro de 2012, resolvem:

I - REVOGAR e consequentemente tornar sem efeito a PORTARIA SESAU/SFRT/GRT N°


021, de 28 de abril de 2015, publicada no Diário Oficial nº 4.374, de 14 de maio de 2015.

II - CONSTITUIR a Comissão de Gestão, Enquadramento e Evolução Funcional do


Quadro da Saúde - CGEFS, composta dos servidores adiante relacionados, para, sob a
presidência do primeiro, promover os atos relativos ao Enquadramento e à Evolução
Funcional Horizontal e Vertical do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração - PCCR
dos Servidores Públicos do Quadro da Saúde do Poder Executivo”.

Alguns julgados perpetrados pelo TJTO, corroboram com a tese aqui defendida, tendo
como pilar o fato de que o Estado age de acordo com os atos praticados por seus agentes, não
sendo possível tirar deste a responsabilidade pela omissão ou negligência (culposa ou dolosa) de
seus agentes vinculados. Vejamos:

“MANDADO DE SEGURANÇA. ILEGITIMIDADE PASSIVA DO PRESIDENTE DA ADAPEC-


TOE DO PRESIDENTE DA COMISSÃO. 1. O Presidente da ADAPEC-TO e o Presidente
da Comissão, por terem exaurido a sua competência no que tange às progressões
pretendidas pelos impetrantes, não podem figurar no polo passivo da demanda, pelo
que com relação a ele, se extingue o feito sem julgamento de mérito, ante a
ilegitimidade passiva. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. PROGRESSÃO FUNCIONAL.
IMPETRANTE CONSIDERADO APTO À PROGRESSÃO. DIREITO RECONHECIDO POR
DECISÃO DA COMISSÃO DE GESTÃO, ENQUADRAMENTO E EVOLUÇÃO FUNCIONAL
DA CARREIRA DE DEFESA AGROPECUÁRIA -CGEFA. ÓRGÃO COMPETENTE PARA
DELIBERAÇÃO QUANTO AOS SERVIDORES PÚBLICOS VINCULADOS À
ADAPECAPTOS A PROGREDIR. DIREITO LÍQUIDO E CERTO CONFIGURADO. OMISSÃO
DA ADMINISTRAÇÃO NA HOMOLOGAÇÃO E CUMPRIMENTO DA DELIBERAÇÃO DA
11

CGEFA.NÃO EFETIVAÇÃO DA PROGRESSÃO FUNCIONAL DOIMPETRANTE.


MANDADO DE SEGURANÇA CONHECIDO. SEGURANÇA PARCIALMENTE CONCEDIDA.
Página

2. Possui direito à progressão na carreira o servidor público do quadro da ADAPEC que

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atende aos requisitos autorizadores para tanto, conforme previsão legal, notadamente
em razão de ter sido considerado apto pela Comissão de Gestão, Enquadramento e
Evolução Funcional da Carreira de Defesa Agropecuária - CGEFA, que é o órgão que
detém competência para deliberar sobre a aptidão dos servidores à progressão na
carreira dos Servidores Públicos vinculados à ADAPEC. 3. A alegação de ausência de
disponibilidade orçamentária e financeira não pode constituir em óbice à
implementação de direito subjetivo dos servidores, alicerçado em direito legalmente
previsto. 4. Segurança concedida parcialmente para determinar que a autoridade
coatora adote as medidas necessárias para as providências necessárias de todas as
providências necessárias ao reconhecimento da progressão e implementação do
reenquadramento funcional da impetrante para o Padrão III e progressão horizontal
para a referência J da carreira do impetrante, nos exatos termos decididos pela
Comissão de Gestão, Enquadramento e Evolução Funcional da Carreira de Defesa
Agropecuária – CGEFA (Processo: 00185465220188270000).”

“MANDADO DE SEGURANÇA. EVOLUÇÃO FUNCIONAL. PREENCHIMENTO DOS


REQUISITOS LEGAIS. RECONHECIMENTO PELA COMISSÃO DE GESTÃO,
ENQUADRAMENTO E EVOLUÇÃO FUNCIONAL DO QUADRO DA SAÚDE - CGEFS.
SEGURANÇA CONCEDIDA PARCIALMENTE. 1. Não cabe ao Secretário da
Administração reexaminar a decisão da Comissão de Gestão, Enquadramento e
Evolução Funcional do Quadro da Saúde - CGEFS, que concedeu a progressão aos
servidores públicos integrantes do Quadro da Saúde do Estado, é devido o
cumprimento do que foi estabelecido pela comissão, em não havendo qualquer notícia
de nulidade em seus atos, que são, portanto, revestidos da presunção de legitimidade e
veracidade, imperatividade, exigibilidade e auto-executoriedade. 2. A comissão fora
criada, conforme se extrai do artigo 16, da Lei 2.670 de 2012, para auxiliar o implemento
do PCCR e encaminhar mensalmente ao Secretário de Estado da Administração os atos
contendo os nomes dos servidores públicos aptos a progressão funcional, não tendo a
comissão o poder de conceder ou não a implementação de progressões funcionais,
cabendo apenas ao Secretaria de Administração, pelo seu Secretário. 3. Concessão da
segurança para determinar que o Secretário da Administração analise os Atos
praticados pela Comissão de Gestão, Enquadramento e Evolução Funcional do Quadro
da Saúde, confirmando-os ou não, após a análise dos requisitos necessários para
implementação do direito à evolução funcional pretendida pela impetrante. 4. Ordem
concedida parcialmente (Processo: 00242808120188270000)”

“MANDADO DE SEGURANÇA. PROGRESSÃO VERTICAL E HORIZONTAL. SERVIDOR


DA ADAPEC. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS. DIREITO LÍQUIDO E
CERTO. ALEGAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DE EXTRAPOLAÇÃO DO LIMITE
PRUDENCIAL COM DESPESAS DE PESSOAL. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO PELOS
ÓRGÃOS DE CONTROLE INTERNO E EXTERNO DA ADMINISTRAÇÃO. ART. 22,
PARÁGRAFO ÚNICO, INCISO IV, DA LEI COMPLEMENTAR Nº 101/2000. SEGURANÇA
CONCEDIDA. SEGURANÇA CONCEDIDA. A COMISSÃO DE GESTÃO,
ENQUADRAMENTO E EVOLUÇÃO FUNCIONAL DA CARREIRA DA DEFESA
12

AGROPECUÁRIA - CGEFA É O ÓRGÃO COMPETENTE PARA DECIDIR SOBRE O


ENQUADRAMENTO FUNCIONAL REFERENTE A PROGRESSÕES. 1. Tendo o impetrante
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preenchido os requisitos exigidos pela Lei n. 2.805/2013, tem direito líquido e certo ao

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enquadramento na vertical e horizontal. Direito reconhecido administrativamente. 2.
Verifica-se que a Comissão de Gestão, Enquadramento e Evolução Funcional da
Carreira de Defesa agropecuária - CGEFA, considerou o impetrante apto à evolução
funcional horizontal e vertical, conforme ATO nº 002, de 15/01/2018, publicado no Diário
Oficial do Estado nº 5.034, de 18/01/2018 e confirmado pelo Ato nº. 10, de 13/06/2018,
publicado no Diário Oficial do Estado nº. 5.163, de 26/07/2018. 2. Negativa da
administração pública a concessão da progressão vertical pleiteada em processo
administrativo, sob a alegação de que haveria extrapolação do limite prudencial com
despesas de pessoal, e que, portanto, reconhece a regularidade da decisão que deferiu
a progressão pleiteada. Com efeito, as progressões oriundas de leis de há muito
editadas (Lei n. 1.545/04 e Lei 2.808/2013), geram presunção de reserva de valores, o
que afasta a invocação da lei de responsabilidade fiscal. 3. Mandado de segurança
conhecido. Segurança concedida (Processo: 00243552320188270000)”.

Há de se considerar, por fim, que as progressões requeridas já foram concedidas,


apenas não foram implementadas e pagas na forma legal.

4.1. Reflexo Progressões - 1/3 Constitucional das Férias – Diferenças Retroativas.

Nos últimos 5 anos, o(a) Autor(a) teve gozo de suas férias, recebendo o terço
constitucional, como consta de seus contracheques anexos.

Acontece que as mesmas foram calculadas com base no vencimento sem a devida
incorporação de suas progressões, como mencionado alhures, o que levou, portanto, ao calculo
irregular do seu valor de face, bem como do terço constitucional, tendo o(a) Autor(a) direito à essas
diferenças, devidamente corrigidas.

4.2. Reflexo Progressões - Gratificação Natalina – Diferenças Retroativas.

Também nos últimos 5 anos o(a) Autor(a) recebeu seu 13º salário tendo por base o
vencimento recebido no mês de dezembro dos respectivos exercícios, como consta de seus
contracheques anexos.

Todavia, tais vencimentos não correspondiam ao real valor devido, uma vez que não
estavam incorporadas as progressões a que tem direito, como mencionado alhures, o que levou,
portanto, ao calculo irregular da sua gratificação natalina, tendo o(a) Autor(a) direito à essas
diferenças, devidamente corrigidas.

4.3. Reflexo Progressões – Adicional Noturno – Diferenças Retroativas.

Como se observa nos contracheques em anexo, nos anos de 2015 a 2020, o(a)
Autor(a) recebeu adicional noturno em diversos meses.

E como se sabe, o adicional noturno é calculado à base de 25% sobre o valor da hora
13

normal, para o período efetivamente trabalhado (Lei nº 2.670/2012 – art. 22).


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Assim, da mesma forma como ocorrido com as férias e o 13º salário, o adicional pago
não correspondeu ao real valor devido, uma vez que não foi aferido considerando a progressão
a que tem direito, como mencionado alhures, o que levou, portanto, ao um calculo irregular, tendo
o(a) Autor(a) direito à essas diferenças, devidamente corrigidas.

5. Adicional de Insalubridade – Cumprimento de Acordo.

A partir de 1º de março de 2007, os adicionais de insalubridade pagos aos servidores,


foram suspensos pelo Réu, sem qualquer explicação ou prévio aviso, deixando, assim, de cumprir
com sua obrigação.

Tal situação perdurou até a edição da Lei nº 2.670/2012, que voltou a reconhecer o
direito ao adicional. Todavia, ao aplicar a norma, o Réu considerou base de cálculo não “o menor
vencimento constante da tabela de vencimentos correspondente” como previsto na lei, mas sim
o menor vencimento do PCCS.

Esse erro ocorreu de dezembro de 2012 (inicio de vigência da Lei nº 2.670/2012) a


maio de 2014, já que em junho de 2014 o adicional de insalubridade passou a incidir corretamente
sobre o menor vencimento da Tabela correspondente ao Grupo do(a) Autor(a).

O Estado Réu, juntamente com os sindicatos profissionais, tratou deste tema em


acordo pactuado em 24 de julho de 2015, denominado “TERMO DE RETIFICAÇÃO DE ACORDO”
(anexo), prevendo que:

“II – O saldo retroativo de Adicional de Insalubridade, decorrente de atualização da regra para


o cálculo do referido benefício a partir de 19/12/2012, com a edição da Lei nº 2.670/2012, cuja
base de cálculo passou a ser realizado sobre o valor da referência inicial do cargo ocupado
pelo servidor, conforme redação determinada pelo artigo 17 do citado diploma legal.
Considerando a não implementação da nova regra pela Administração Pública Estadual à
época da alteração determinada pela novação legislativa, o que ocorreu somente a partir de
junho de 2014, o cálculo do passivo do benefício em voga, devido aos servidores do Quadro
de Saúde, refere-se ao período de 19/12/2012 a 31/05/2014;”

Para pagamento das diferenças apuradas, ficou estabelecido no acordo que se daria
em parcelas a serem creditadas a favor do servidor a partir de junho de 2015.

Pelo Acordo, o(a) Autor(a) teria a receber, a título de adicional de insalubridade, 06


(seis) parcelas mensais, no valor de R$ 520,27 cada, a partir de junho de 2015.

Todavia, como se observa nos contracheques do ano de 2015 (anexos), o(a) Autor(a)
recebeu apenas 03 (três) parcelas, nos meses de junho (1) e julho (2), sendo-lhe devido, portanto
o saldo remanescente de 03 (três) parcelas, no valor total de R$ 1.560,82, como consta do relatório
14

emitido pelo Réu:


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6. Gratificação de Urgência e Emergência - GUEM.

A Lei nº 2692, de 21 de dezembro de 2012, instituiu no âmbito do quadro da saúde do


Estado Réu, dentre outras, a “Gratificação de Urgência e Emergência - GUEM, atribuída aos
ocupantes dos cargos efetivos de Médico, Assistente Social, Enfermeiro, Fisioterapeuta, Psicólogo,
Técnico em Enfermagem, Técnico em Radiologia e Auxiliar de Enfermagem, em exercício nos
serviços de pronto-socorro e nas salas vermelha e amarela” (art. 1º, I).

“Art. 3º A GUEM, a GUTI e a GNEO pressupõem:


I - o regime de tempo integral nos setores de que trata o art. 1º durante todo o período
escalonado;
II - o cumprimento integral da jornada de trabalho e de plantões estabelecidos por norma da
Secretaria da Saúde;
III - o atestado mensal da regularidade do exercício das atividades, passado pela direção
superior da unidade hospitalar e referendado pelo Secretário de Estado da Saúde, na
conformidade do disposto nesta Lei.
Parágrafo único. Para efeito de atribuição da GUEM, da GUTI e da GNEO, não se
consideram os plantões de sobreaviso e os extras nem qualquer outra forma de exercício
das atividades dos ocupantes dos cargos de que trata esta Lei.”

Nos Anexos dessa lei foram delineadas as funções contempladas, os valores a serem
pagos e respectiva carga horária, para se ter direito ao benefício.

Desde a entrada desta lei, entretanto, o Estado Réu não vem cumprindo com suas
obrigações, deixando de pagar a GUEM ou pagando de forma irregular e inconsistente, apesar do(a)
Autor(a) preencher todos os requisitos legais, principalmente no tocante a função e local de
lotação (v. contracheques anexos).

O(A) Autor(a), encontra-se lotado(a) no HOSPITAL GERAL DE PALMAS DR.


FRANCISCO AYRES / PRONTO SOCORRO, tendo recebido a GUEM até JULHO de 2015, quando
o Estado Réu parou de fazer os pagamentos, sem qualquer justificativa, APESAR DO(A) AUTOR(A)
CONTINUAR A EXERCER A MESMA FUNÇÃO, MESMA JORNADA DE TRABALHO E NO
MESMO LOCAL DE TRABALHO, até ABRIL DE 2018, como comprovam as ESCALAS em anexo,
15

sendo-lhe devidas, portanto, as gratificações em referência.


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Nesta esteira, tem o(a) Autor(a) direito a receber a GUEM no seu valor integral
correspondente a R$ 400,00 por mês e nas respectivas datas de vencimento.

6.1. Atestado Mensal da Regularidade do Exercício das Atividades.

Segundo consta da norma que criou a gratificação, o seu recebimento pelo servidor
PRESSUPÕE, dentre outras atribuições “o atestado mensal da regularidade do exercício das
atividades, passado pela direção superior da unidade hospitalar e referendado pelo Secretário de
Estado da Saúde, na conformidade do disposto nesta Medida Provisória”.

Assim, data maxima venia, o atestado mensal de regularidade não é REQUISITO para
que ocorra o pagamento da gratificação.

Até porque, durante todo o período que recebeu a GUEM, nos anos de 2014 e 2015,
o(a) Autor(a) jamais obteve ou teve acesso a tal atestado, sendo desconhecida sua existência.

Se existente, não consta da ficha funcional de nenhum servidor.

Se é documento indispensável para receber a GUEM, como foram pagas por quase 24
meses (v. contracheques anexo)?

Pelas provas trazidas, as ESCALAS e os CONTRACHEQUES comprovam que o(a)


Autor(a) laborou em unidade hospitalar do Estado Réu, no setor PRONTO SOCORRO /
EMERGÊNCIA, e, nos termos da Lei nº 2.692, de 21 de dezembro de 2012, preenche os
requisitos necessários para recebimento da gratificação.

Se prevalecer o entendimento de que, SEM O ATESTADO o Estado poderá se eximir


do pagamento, não haverá pagamento da gratificação a nenhum servidor, MESMO HAVENDO
PREVISÃO LEGAL e o EXERCÍCIO DA ATIVIDADE EM LOCAL DE RISCO.

Haverá o uso da mão-de-obra do servidor para exercício de atividade de risco, sem o


pagamento da remuneração prevista em lei, um verdadeiro estelionato público, imoral.

Está se dando ao Estado Réu, contumaz em retirar direito dos servidores, uma ótima
ideia de como continuar a ludibriar e enganar a todos. Basta não fornecer o dito atestado, cuja
tramitação decorre do crivo da “direção superior da unidade hospitalar e referendado pelo
Secretário de Estado da Saúde”... é para não pagar mesmo!

Por fim, conforme consta da documentação anexa, obtida pelo(a) Autor(a), uma
servidora requereu ao Estado Réu, via RH, o fornecimento dos mencionados Atestados de
Regularidade, tendo a SESAU informado que:

“DESPACHO: ATÉ A PRESENTE DATA NÃO FOI INSTRUÍDA DOCUMENTAÇÃO


ESPECÍFICA PARA TRATAR DO ASSUNTO. ASSIM, DENTRE AS FERRAMENTAS
16

ATUAIS, DISPOMOS APENAS A FREQUENCIA JUNTAMENTE COM A FOLHA DE PONTO,


COMPROVANDO O EFETIVO LABOR. NA QUAL A SERVIDORA PODE SOLICITAR
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DIRETO NA SUA UNIDADE DE LOTAÇÃO”.

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(destacamos)

Ou seja, o Estado não disponibiliza ou fornece o chamado ATESTADO MENSAL


DE REGULARIDADE DO EXERCÍCIO DAS ATIVIDADES, conforme previsto na Lei nº 2.692/12,
razão pela qual não foi possível atender ao pedido de uma servidora, onde solicita a emissão do
mesmo (v. RD e despacho em anexo). Sabe-se, agora, que desde 2015, quando cessou o
pagamento das gratificações, o Estado não fornece o dito atestado. E a prova do exercício da
atividade se faz, portanto, apenas confrontando as ESCALAS e os CONTRACHEQUES, onde
consta o local, data, e efetiva prestação do serviço, com o pagamento apenas dos dias trabalhados
(vencimento), sem a gratificação.

7. Dano Moral Presumido - in re ipsa.

O dano moral pretendido decorre das atitudes unilaterais e arbitrárias tomadas pelo
Réu ao longo da relação profissional com o(a) Autor(a), onde, de forma sorrateira e ardil, deixa de
cumprir com suas obrigações contratuais para o servidor, escamoteando valores decorrentes
reajustes das datas base, das evoluções funcionais, das gratificações, adicionais, dentre outros.

Numa conta baixa, ao deixar de repassar apenas aos profissionais da Saúde do Estado
as parcelas a que têm direito, o Réu estaria “economizando” cerca de R$ 48.000.000,00 (quarenta e
oito milhões de reais) por ano.

Somente aqueles servidores que judicializam suas demandas na busca de obter uma
efetiva incorporação de seus direitos suprimidos pelo Estado Réu é que conseguem receber parte
do que lhes é de direito, uma vez que algumas parcelas sucumbem pela prescrição.

Essa situação cômoda, covarde e imoral somente cessará com atitudes enérgicas
contra gestores que, sem compromisso social ou para com o funcionalismo, se acastelam no
governo com propósitos nada franciscanos, que quase sempre deságuam em operação da PF,
como comumente assistimos.

Via de regra, o dano moral é aparentemente presumido, denominado in re ipsa, ou seja, não
depende que haja comprovação do abalo psicológico sofrido.

Nos tempos atuais, temos diversos exemplos que se afloram a cada dia, praticado nas
redes sociais, como também a inscrição indevida em cadastro de inadimplentes. Nestas situações,
presume-se que houve efetivo abalo a dignidade da pessoa humana, tanto em sua honra subjetiva,
como perante a sociedade em que vive.

Em recentíssimo julgado ocorrido em 29/04/2020 perante a Egrégia 1ª Câmara Cível


do Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins, nos autos da Apelação Cível nº 0001134-
74.2019.8.27.2716/TO, tendo como Relatora a Desª. Jacqueline Adorno de La Cruz Barbosa,
onde se discutia o desconto indevido na remuneração de um servidor público, decidiu o colegiado
que:
17

“APELAÇÃO. AÇÃO DE COBRANÇA C/C DANOS MATERIAIS E MORAIS. DESCONTO


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INDEVIDO NOS VENCIMENTOS DO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. SENTENÇA DE

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PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. CONDENAÇÃO DO ESTADO À REPARAÇÃO MATERIAL E
MORAL. APELO DO ESTADO EXCLUSIVAMENTE QUANTO AOS DANOS MORAIS.
DESCONTO INDEVIDO NOS VENCIMENTOS. DANO MORAL IN RE IPSA. MANUTENÇÃO
DA SENTENÇA. REDUÇÃO DO QUANTUM. DEVIDAMENTE OBSERVADOS OS
CRITÉRIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. SENTENÇA MANTIDA.
RECURSO APELATÓRIO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. 1 – O desconto indevido que
foi feito pelo apelante é incontroverso, tanto que o Estado se insurgiu exclusivamente
quanto aos danos morais arbitrados, reputando-os indevidos e requerendo o seu
afastamento ou, subsidiariamente, a sua redução. 2 – Sobre a matéria, tem a
jurisprudência pátria decidido (em casos análogos) que o desconto indevido ou a
retenção irregular de vencimentos não consubstanciam mero aborrecimento, mas dano
moral in re ipsa que merece ser compensado. 3 – A responsabilidade civil do ente
político não decorre de eventual falha na prestação de serviço público, mas da relação
jurídica de índole administrativa havida entre as partes e, in casu, do repasse
equivocado à Defensoria Pública de valores do servidor público efetivo, acarretando o
consequente desconto indevido no respectivo vencimento, erro incontroverso. 4 – A
fixação da verba indenizatória por danos morais deve considerar o caráter reparador,
punitivo e pedagógico da responsabilidade civil; a gravidade e extensão do dano; a
culpabilidade do agente; a condição financeira das partes envolvidas e as
peculiaridades do caso concreto, sempre tomando cuidado para que o montante final
não caracterize enriquecimento ilícito. Desta forma, com base nos critérios da
equidade, bom senso, razoabilidade e proporcionalidade, verifica-se que uma
indenização no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) mostra-se suficiente a reparar o
dano moral sofrido pela parte autora, ora recorrida, e a inibir o ente federativo na
reiteração de práticas nesse sentido. De rigor a mantença dos valores arbitrados pelo
Magistrado singular. 5 – Sentença mantida. Recurso conhecido e não provido.

O v. acórdão, data maxima venia, se encaixa perfeitamente à situação aqui


apresentada, já que, ao deixar de fazer os pagamentos devidos, decorrentes das revisões anuais
dos vencimentos ou evoluções funcionais, por exemplo, de forma indireta, está o Estado Réu
suprimindo valores devidos ao(a) Autor(a), valendo destacar nesta que “tem a jurisprudência pátria
decidido (em casos análogos) que o desconto indevido ou a retenção irregular de
vencimentos não consubstanciam mero aborrecimento, mas dano moral in re ipsa que
merece ser compensado”.

Ressalta-se o importante e ponderado posicionamento adotado pelo Juiz Jossanner


Nery Nogueira Luna, da Comarca de Dianópolis-TO, na r. sentença produzida nesses autos, onde
estabeleceu que

“De certo, a retenção indevida de substanciosa parcela do salário do servidor ultrapassa,


obviamente, o limiar do mero aborrecimento, notadamente por se tratar de verba de
caráter alimentar, violando-se, sobremaneira, o princípio constitucional da dignidade da
pessoa humana”.
18

Assim como a supressão de valores no vencimento, o atraso reiterado no seu


pagamento também enseja o pagamento de indenização por dano moral, mesmo que não se prove
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a extensão do dano, por ser este presumido, em virtude do já manifestado caráter alimentar do
salário.

Daí podemos extrair que, ao deixar de efetivar o pagamentos dos valores decorrentes
das datas base, das evoluções funcionais, das gratificações, adicionais e seus reflexos, nos prazos e
nas formas estabelecidas em lei, incorre o Estado Réu em prática ofensiva à relação jurídica de
índole administrativa para com o(a) Autor(a), devendo, assim, responder pela ofensa praticada, com
a reparação o ato omisso e, conseqüentemente, responder pelo dano moral correspondente.

8. Das provas auxiliares e inversão do onus probandi.

Os Extratos (Créditos / Parcelamentos) e a Ficha Funcional do(a) Autor(a), como se


nota, são documentos indispensáveis para aferir as progressões, datas base, adicionais e
gratificações devidas, quando do processo executivo de liquidação de sentença.

Alguns documentos, como se sabe, não ficam em poder dos servidores, por se
tratarem de documentos de uso interno destinado ao controle da folha de pagamento.

Sobre esta questão, temos os seguintes julgados:

“PROCESSUAL CIVIL. AUSÊNCIA DE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU FALTA DE


MOTIVAÇÃO NO ACÓRDÃO A QUO. EMBARGOS À EXECUÇÃO. CRÉDITO
DECORRENTE DE DIFERENÇA DE CORREÇÃO MONETÁRIA SOBRE CRUZADOS
NOVOS. EXTRATOS DAS CONTAS EM PODER DO BACEN. EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO.
ART. 844, II, DO CPC. PRECEDENTES.(...) 4. Evidenciando-se ausência de documentos
necessários à instrução do processo, documentos esses que se encontram em poder da parte
contrária, é de todo salutar que o juiz, mediante provocação da parte interessada ou de ofício,
os requisite de quem os possuir.”(REsp 829716 / SC - 2006/0058529-3 – Rel. Ministro JOSÉ
DELGADO – DJ 23/05/2006)

“PROCESSUAL CIVIL. APOSENTADORIA POR IDADE. DATA DO REQUERIMENTO


ADMINISTRATIVO. PROVA. ÔNUS DO AUTOR. DOCUMENTO EM PODER DO INSS.
EXIBIÇÃO. 1. Se é certo que ao autor cabe o ônus da prova do fato constitutivo de seu
direito, não menos correto é que o Juiz pode ordenar que a outra parte exiba documento que
se ache em seu poder, se aquele não tiver condições de fazê-lo. 2. Recurso não conhecido.”
(REsp 174281 / RS - 1998/0034752-6 – Rel. Ministro EDSON VIDIGAL – DJ 04/10/1999)

Se de tudo, ainda assim não forem suficientes os argumentos expendidos pelo(a)


Autor(a), há de se invocar a aplicação do preceito contido no art. 378 do novo Cód. de Proc. Civil, in
verbis:

“Ninguém se exime do dever de colaborar com o Poder Judiciário para o


descobrimento da verdade.”
19

E neste ponto, importantíssimo destacar a teoria dinâmica do ônus da prova, positivada


no artigo 373, §1º do Novo Código de Processo Civil, que incumbe o ônus da prova a quem tem
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melhores condições de produzi-la, diante das circunstâncias fáticas presentes no caso concreto.

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De todo o exposto, a inversão do ônus de prova é medida necessária para ratificar
as afirmações do(a) Autor(a) discorridos na inicial, até mesmo porque são documentos que estão em
poder do Estado Réu.

9. Das provas auxiliares – planilha de cálculo.

Quanto aos cálculos dos valores pretendidos, temos que, em nenhum dos
pressupostos previstos no art. 319 do NCPC, que regem as ações ordinárias, há a exigência de ser
a inicial da ação guarnecida com planilha de cálculos ou memória discriminada do montante da
dívida em cobrança, o que fica relegado à liquidação de sentença.

Por outro lado, há situações em que o pedido pode ser incerto e indeterminado -
genérico, quando se verificar que o fator determinante do valor da condenação a ser imposta ao réu
depender de ato que deva ser por ele praticado, conforme previsão contida no inciso III, do § 1º, do
art. 324, do novo Cód. de Proc. Civil.

Ademais, nosso Egrégio TJTO vem pautando seus julgados nesse mesmo sentido,
como se observa:

“APELAÇÃO. AÇÃO DE COBRANÇA. DETERMINAÇÃO DE EMENDA À INICIAL.


REQUISITO DESNECESSÁRIO. AÇÃO ORDINÁRIA. OBSERVÂNCIA DO ART. 319 DO
CPC. RECURSO PROVIDO. 1. Apresentados todos os documentos necessários à
comprovação das alegações do autor e requerida produção de prova, porquanto houve
a perda do contrato que deu origem à dívida, não há que se exigir a apresentação da
planilha de débito atualizada legível, por não se tratar de documento imprescindível ao
ajuizamento da ação de cobrança, cujo rito a ser seguido é o do processo de
conhecimento. 2. Atendidos os requisitos do artigo 319, do CPC, não há razão para
determinar ao autor que emende a petição inicial para juntar aos autos planilha de
débito atualizado legível, porquanto tal exigência refere-se a ação de execução, e não
de cobrança, hipótese dos autos. 3. Recurso conhecido e provido para desconstituir a
sentença e determinar o retorno dos autos à origem para regular prosseguimento”
(Apelação nº 0011315-71.2018.827.0000).

“CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO DECLARATÓRIA C/C OBRIGAÇÃO DE FAZER E


PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA ANTECEDENTE – RECONHECIMENTO DO DIREITO
AO POSTO DE MAJOR - REFLEXOS FINANCEIROS – VALOR DA CAUSA ATRIBUIDO
EM QUANTIA SIMBÓLICA - COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA 2ª VARA DA FAZENDA E
REG. PÚBLICOS DE PALMAS – CONFLITO DIRIMIDO. Evidenciado que o valor atribuído
à causa é meramente simbólico e que a apuração de eventual quantia devida
demandará a instauração de liquidação de sentença, não há como ser a ação
processada e julgada perante o Juizado Especial. Conflito dirimido para declarar
competente o juízo suscitado” (CC nº 0017551-05.2019.827.0000).
20

Neste último julgado, destaca-se o voto do eminente Relator, Desembargador


Eurípedes Lamounier, quando afirma que “(...) o presente caso, embora inexista a
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complexidade da causa, o pedido de liquidação de sentença obsta o processamento da

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demanda perante o Juizado Fazendário Especial, sobretudo quando a parte revela, que, em
relação ao valor da causa, “não se tem possibilidade de determiná-lo de forma líquida e certa,
não podendo ser fixado o quantum debeatur, senão na fase de liquidação de sentença, posto
que dependente de aferição de tabelas remuneratórias, juros, correções e a incidência de
piso salarial em debate judicial perante o egrégio Tribunal de Justiça”, havendo assim a
possibilidade de superação do valor que apresentado por estimativa”.

Ademais, no caso em tela, somente após serem apresentados pelo Estado Réu os
Extratos e a Ficha Funcional do(a) Autor(a) é que se poderá chegar a um valor certo e
determinado para a condenação e consequente liquidação dos pedidos deferidos.

10. Da jurisprudência dominante.

O Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins vem enfrentando a matéria destes


autos em inúmeros processos de Autores que pertence ao mesmo grupo, servidores da saúde do
Estado do Tocantins, com o mesmo Direito Individual Homogêneo, com pedido e causa de pedir
idêntica ao presente processo. Seguem as mais recentes jurisprudências:

“APELAÇÃO CÍVEL. DATA BASE DIREITO DECORRENTE DE LEI. ADICIONAL DE


INSALUBRIDADE. LEI EXISTENTE. ACORDO CELEBRADO. PROGRESSÃO
HORIZONTAL. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS. RECONHECIMENTO
DIREITO PLEITEADO PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. EXTRAPOLAÇÃO DO LIMITE
PRUDENCIAL COM DESPESAS DE PESSOAL. LEI COMPLEMENTAR Nº 101/2000.
SENTENÇA MANTIDA. 1. Tendo a autora/apelada preenchido os requisitos exigidos por lei -
obrigação de pagar decorrente do cumprimento do parágrafo único do artigo 2º da Lei estadual
nº 2.985/2015 -, tem direito ao pagamento da data base nos exatos termos desta e
enquadramento na horizontal. Direito reconhecido pela própria administração. 2. Negativa da
administração pública, sob a alegação de que haveria extrapolação do limite prudencial com
despesas de pessoal, não tem o condão de desconstituir direito líquido e certo do servidor
público legalmente previsto em Lei Estadual, de onde se extrai a presunção de reserva de
valores. Ausência de comprovação pelos órgãos de controle interno e externo respectivos da
Administração, em razão do que dispõe o art. 22, parágrafo único, inciso IV, da Lei
Complementar nº 101/2000. Precedentes do STJ. não se aplica ao caso as normas insculpidas
nos arts. 15, 17, 19 e 20, da LC 101/00 - Lei de Responsabilidade Fiscal. 3. Honorários
advocatícios fixados em 10% sobre o valor da condenação. Razoabilidade e Proporcionalidade.
4. Apelação conhecida e improvida. (APELAÇÃO CÍVEL Nº 0005411-70.2018.827.0000 -
RELATORA: JUÍZA CONVOCADA SILVANA MARIA PARFENIUK – EPROC: 15/08/2018).”

“APELAÇÃO CÍVEL. DATA BASE DIREITO DECORRENTE DE LEI. PROGRESSÃO


VERTICAL E HORIZONTAL. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS.
RECONHECIMENTO DIREITO PLEITEADO PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
EXTRAPOLAÇÃO DO LIMITE PRUDENCIAL COM DESPESAS DE PESSOAL. LEI
COMPLEMENTAR Nº 101/2000. SENTENÇA MANTIDA. 1. Tendo a autora preenchido os
requisitos exigidos por lei - obrigação de pagar decorrente do cumprimento do parágrafo único
21

do artigo 2º da Lei estadual nº. 2.985/2015 -, tem direito ao pagamento da data base nos
exatos termos desta e enquadramento na vertical e horizontal. Direito reconhecido pela própria
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administração. 2. Negativa da administração pública sob a alegação de que haveria

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extrapolação do limite prudencial com despesas de pessoal não tem o condão de desconstituir
direito líquido e certo do servidor público legalmente previsto em Lei Estadual de onde se extrai
a presunção de reserva de valores. Ausência de comprovação pelos órgãos de controle interno
e externo respectivos da Administração, em razão do que dispõe o art. 22, parágrafo único,
inciso IV, da Lei Complementar nº 101/2000. Precedentes do STJ. não se aplica ao caso as
normas insculpidas nos arts. 15, 17, 19 e 20, da LC 101/00 – Lei de Responsabilidade Fiscal.
3. Honorários advocatícios fixados em 10% sobre o valor da condenação. Razoabilidade e
Proporcionalidade. 4. Recurso de apelação conhecido a que se nega provimento. Reexame
necessário não conhecido (art. 496, § 1º, do CPC/15). (APELAÇÃO CÍVEL E REEXAME
NECESSÁRIO Nº 0005413-40.2018.827.0000 – 1ª CÂMARA CÍVEL - Relatora:
Desembargadora MAYSA VENDRAMINI ROSAL – EPROC: 22/05/2018).”

“APELAÇÃO CÍVEL. DATA BASE DIREITO DECORRENTE DE LEI. PROGRESSÃO


VERTICAL E HORIZONTAL. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS.
RECONHECIMENTO DIREITO PLEITEADO PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
EXTRAPOLAÇÃO DO LIMITE PRUDENCIAL COM DESPESAS DE PESSOAL. LEI
COMPLEMENTAR Nº 101/2000. REEXAME NECESSÁRIO NÃO CONHECIDO. RECURSO
VOLUNTÁRIO NÃO PROVIDO. 1. Tendo a autora preenchido os requisitos exigidos por lei
obrigação de pagar decorrente do cumprimento do parágrafo único do artigo 2º da Lei estadual
nº. 2.985/2015 -, tem direito ao pagamento da data base nos exatos termos desta e
enquadramento na vertical e horizontal. Direito reconhecido pela própria administração. 2.
Negativa da administração pública sob a alegação de que haveria extrapolado o limite
prudencial com despesas de pessoal não tem o condão de desconstituir direito líquido e certo
do servidor público legalmente previsto em Lei Estadual de onde se extrai a presunção de
reserva de valores. Ausência de comprovação pelos órgãos de controle interno e externo
respectivos da Administração, em razão do que dispõe o art. 22, parágrafo único, inciso IV, da
Lei Complementar nº 101/2000. Precedentes do STJ. Não se aplicam ao caso as normas
insculpidas nos arts. 15, 17, 19 e 20, da LC 101/00 - Lei de Responsabilidade Fiscal. 3.
Honorários advocatícios fixados em 10% sobre o valor da condenação. Razoabilidade e
Proporcionalidade. 4. Recurso de apelação conhecido a que se nega provimento. Reexame
necessário não conhecido (art. 496, § 1º, do CPC/15). (APELAÇÃO CÍVEL/REEXAME
NECESSÁRIO Nº 0009143-59.2018.827.0000 - 1ª CÂMARA CÍVEL - Relatora:
Desembargadora MAYSA VENDRAMINI ROSAL – EPROC: 0009143-59.2018.827.0000).”

“APELAÇÃO CÍVEL E REMESSA NECESSÁRIA. AÇÃO DE COBRANÇA. DATA BASE


DIREITO DECORRENTE DE LEI. PROGRESSÃO FUNCIONAL. PREENCHIMENTO DOS
REQUISITOS LEGAIS. RECONHECIMENTO DO DIREITO PLEITEADO PELA PRÓPRIA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ART. 85, § 3º DO NCPC.
REMESSA OFICIAL NÃO CONHECIDA COM FUNDAMENTO NO ART. 496, § 1º, DO NCPC.
APELO VOLUNTÁRIO CONHECIDO E IMPROVIDO. 1- A autora preencheu os requisitos
exigidos pela legislação estadual, (Leis nº 3.174/16 e nº 2.985/2015). Assim sendo, têm ela,
nos exatos termos estabelecido, o direito ao pagamento da respectiva data base, bem como do
devido enquadramento funcional. Direito reconhecido pela própria administração. 2 – Negativa
da administração pública sob a alegação de que haveria extrapolação do limite prudencial com
22

despesas de pessoal não tem o condão de desconstituir direito do servidor público legalmente
previsto em Lei estadual de onde se extrai a presunção de reserva de valores. Ausência de
Página

comprovação pelos órgãos de controle interno e externo da Administração, em razão do que

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dispõe o art. 22, parágrafo único, inciso IV, da Lei Complementar nº 101/2000. Precedentes. 3
– Os honorários advocatícios sucumbenciais serão fixados por ocasião da liquidação da
sentença, já que em tal etapa processual, será possível averiguar o real proveito econômico
obtido pela autora, e assim, arbitrar tal verba honorária nos termos do art. 85, § 3º do NCPC. 4
– Remessa necessária não conhecida com fundamento no art. 496, § 1º, do CPC, tendo vista a
interposição de recurso de apelação pela fazenda pública. Apelo voluntário conhecido e
improvido. (APELAÇÃO CÍVEL E REMESSA NECESSÁRIA Nº 0012607-91.2018.827.0000 -
RELATORA: DESEMBARGADORA JACQUELINE ADORNO – EPROC: 04/10/2018).”

“EMENTA: REEXAME. APELAÇÃO. RECURSO ADESIVO. AÇÃO DE COBRANÇA.


SERVIDOR PÚBLICO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS EM FACE DA FAZENDA PÚBLICA.
REDUÇÃO POSSIBILIDADE. GRATIFICAÇÃO DENOMINADA GUEM – ATENDIMENTO EM
URGÊNCIA E EMERGÊNCIA - CRIADA PELA LEI ESTADUAL Nº 2.692/2012.
PAGAMENTOS EM ATRASO. PROVA APRESENTADA PELO AUTOR. ACOLHIMENTO.
SENTENÇA REEXAMINADA E REFORMADA EM PARTE. APELAÇÃO E RECURSO
ADESIVO PARCIALMENTE PROVIDOS. O Magistrado não fixou adequadamente os
honorários e custas processuais, uma vez que a dedução do valor dos honorários advocatícios
consiste em aplicar a previsão contida no art. 85, do CPC/2015, especialmente os incisos de I a
IV, do § 2º. Razão pela qual, se conclui que a condenação em honorários advocatícios
arbitrados na sentença atacada, encontra-se em dissonância com a norma jurídica e
jurisprudência, merecendo reparo a sentença de primeiro grau nesse tocante. - O servidor
público tem direito ao recebimento de verbas remuneratórias pelos serviços prestados ao ente
público, sendo da Administração o ônus de comprovar que está quite com suas obrigações,
uma vez que, incumbe ao réu comprovar a existência de fato impeditivo, modificativo ou
extintivo do direito do autor. - Sem honorários advocatícios recursais, tendo em vista a
sucumbência recíproca. - Sentença reexaminada e reformada em parte para prover
parcialmente a apelação e o recurso adesivo. (APELAÇÃO-REEXAME NECESSÁRIO Nº
0001063-09.2018.827.0000 - RELATOR : Desembargador MOURA FILHO – EPROC:
27/09/2018).”

Neste último julgado vale a pena ressaltar o trecho do voto do Desembargador


Relator trata acerca da mencionada teoria dinâmica do ônus da prova:

“Portanto, o ESTADO DO TOCANTINS, ora recorrido, não se desincumbiu de


provar a existência de qualquer fato modificativo, impeditivo ou extintivo do direito do
autor, quando a ele incumbia demonstrar a não veracidade do alegado na inicial, de
forma a eximir-se da obrigação, o que não o fez.

Inobstante a regra geral de que o ônus da alegação deve recair sobre quem a faz,
existe a possibilidade de que, pela teoria dinâmica da distribuição do ônus da prova, o
magistrado dê à parte adversa a incumbência de produzir a prova, por ser-lhe mais
acessível tal desiderato.

No caso de ação de cobrança contra o ESTADO, é da Administração o ônus de


23

provar a existência de recibo, contracheque ou outro documento apto a demonstrar o


efetivo pagamento, vez que muito mais fácil ao ente público demonstrar a ocorrência do
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pagamento devido do que o servidor provar que não o recebeu.”

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11. Dos Pedidos Finais.

EX POSITIS, e não havendo êxito nas tratativas amigáveis, alternativa não sobejou
ao(a) Autor(a) senão a propositura da presente demanda, visando, assim, não apenas o
restabelecimento do seu direito, mas também o ressarcimento dos prejuízos que lhes foram
causados pelo Estado Réu, em sua ação abusiva, ilícita e imoral.

Por estas razões, face ao legítimo direito do(a) Autor(a) de receber as parcelas retro
mencionadas, requer seja a presente julgada PROCEDENTE, com a condenação do Estado Réu a:

A) Seja obrigado a incorporar, aos vencimentos do(a) Autor(a), de setembro de 2015, maio
de 2016, maio de 2017, maio de 2018, e maio de 2019 a integralidade dos índices de
8,3407% referente a data base de 2015; 9,8307% referente a data base de 2016; de
3,98703% referente a data base de 2017; de 1,69104% referente a data base de 2018, e
de 1,0% referente a data base de 2019, conforme índices previstos nas normas já
mencionadas;

B) Pagar ao(a) Autor(a) o retroativo das datas base de 2015, período não prescrito
compreendido entre setembro de 2015 a abril de 2016; de 2016, compreendido entre o
período de maio de 2016 a abril de 2017; de 2017, compreendido entre o período de maio
de 2017 a abril de 2018; de 2018, compreendido entre o período de maio de 2018 a abril
de 2019; de 2019, compreendido entre o período de maio de 2019 a abril de 2020, no
valor estimado de R$ 10.662,00;

C) Seja obrigado a proceder ao enquadramento do(a) Autor(a) nas progressões a que tem
direito em período não prescrito, na forma descrita alhures, quais sejam:
PROGRESSÃO HORIZONTAL - NÍVEL III - REFERÊNCIA I – a partir de MARÇO DE
2013 (apenas período não prescrito – a partir de SETEMBRO de 2015); e
PROGRESSÃO VERTICAL - NÍVEL IV - REFERÊNCIA I – a partir de MARÇO de 2015
(apenas período não prescrito – a partir de SETEMBRO de 2015), bem como as
demais progressões verticais e horizontais vincendas no curso desta ação;

D) Pagar ao(a) Autor(a) o retroativo das progressões descritas no item anterior, período
não prescrito, no valor estimado de R$ 41.549,00;

E) Pagar ao(a) Autor(a) os reflexos no adicional noturno, no 13º salário, nas férias e no
terço constitucional, decorrentes da incorporação das DATAS BASE e
PROGRESSÕES no seu vencimento, no valor estimado de R$ 12.999,00;

F) Pagar ao(a) Autor(a) o saldo remanescente do adicional de insalubridade, em


decorrência do Acordo pactuado em 24 de julho de 2015, no valor estimado de R$
1.560,00;
24

G) Pagamento da Gratificação de Urgência e Emergência - GUEM de AGOSTO DE 2015


até ABRIL DE 2018, no valor estimado de R$ 12.000,00;
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H) Pagar ao(a) Autor(a) a importância de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) a título reparação pelo
dano moral sofrido, face as razões retro mencionadas e para que sirva de moderador a
inibir o Estado Réu na reiteração de práticas imorais nesse sentido;

I) Requer a inversão do ônus de prova, com aplicação do princípio dinâmico das provas,
com fulcro no artigo 373, §1º do NCPC, para que seja determinado ao Réu que traga aos
autos os Extratos (Créditos / Parcelamentos) e a Ficha Funcional, nos termos do art.
396 do NCPC, e penas do art. 400, do mesmo diploma;

J) Pagamento de juros de mora (poupança) sobre todas as parcelas vencidas e


vincendas até a data do efetivo pagamento, a partir da propositura desta ação;

K) Pagamento de correção monetária (IPCA-E) sobre todas as parcelas vencidas e


vincendas até a data do efetivo pagamento, a partir de cada evento;

L) Pagamento das custas processuais, emolumentos e demais cominações de praxe, a


apurar; e

M) Pagamento dos honorários advocatícios à base de 20% (vinte por cento), calculado
sobre o valor total da condenação.

Requer, pois, a citação do Estado Réu, na pessoa de seu representante legal, no seu
endereço acima mencionado, para, querendo, defender-se, pena de revelia.

Reconhecido o direito do(a) Autor(a) e sendo determinado ao Estado Réu que


restabeleça a ofensa, e que durante todo seu vinculo funcional, as progressões sejam incorporadas
nas datas e prazos estabelecidos pela legislação, e, se concedidas tardiamente, que seja efetivado o
pagamento integral do período retroativo, com as devidas correções, e não cumprindo este com a
determinação deste douto Juízo, requer, desde já, aplicação de multa no importe de R$1.000,00
(mil reais) por mês, a seu favor, sem prejuízo da execução principal, podendo ser aplicada ao
tempo em que a omissão ocorrer.

O(A) Autor(a) dispensa a realização de audiência de conciliação ou mediação (art.


319, inciso VII, NCPC).

Junta o(a) Autor(a), ainda, o seu Contrato de Honorários Advocatícios pactuado com
os patronos signatários, para, em caso de êxito, ser decotado do seu crédito e repassado na forma
estabelecida – sob sigilo.

Por fim, requer a V. Exa. que se digne conceder os benefícios da Gratuidade da


Justiça, com todas as isenções estabelecidas pelos arts. 98 e seguintes do CPC, declarando nesta
oportunidade não estar o(a) Autor(a) em condições de arcar com as despesas processuais sem
prejuízo à sua própria manutenção e de seus familiares, apresentando, para tanto, a declaração de
hipossuficiência anexa.
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Protestando provar o alegado por todos os meios admitidos, dá-se à presente, para
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efeitos meramente fiscais, o valor de R$ 98.680,00.

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Termos em que,

P. e E. Deferimento.

Palmas/TO, 14 de setembro de 2020.

Marco Túlio de Alvim Costa


OAB/TO 4.252-A
Malu Mendonça Tristão Souto
OAB/TO 6.659
Kare Marques Santos
OAB/TO 6.226-A

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