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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Cuidados Farmacêuticos
Apontamentos das aulas teóricas

5.º ano 1.º semestre


Ano Letivo 2021/2022
Professoras Paula Fresco e Isabel Luz
Cuidados Farmacêuticos | 2021

Avaliação

80% exame final + 20% trabalho de grupo (com 2/3 pessoas) – revisão da medicação de um idoso

Aula 1 - 13 de setembro

Introdução aos Cuidados Farmacêuticos

Os portugueses confiam muito nos farmacêuticos (96%


dos portugueses estão satisfeitos ou muito satisfeitos
com as farmácias). Mas, muitos deles, associam-nos
apenas à dispensa os medicamentos, mas nós fazemos
isso e muito mais. Somos os profissionais de saúde
mais acessíveis (não é necessário marcação, distribuído
pelo país) e temos um conhecimento amplo sobre os
fármacos. No entanto, há um desaproveitamento
profissional uma vez que muitos farmacêuticos só fazem o mínimo e na farmácia
comunitária pode ser difícil implementar serviços novos uma vez que a farmácia no final de
contas é uma empresa. O que podemos fazer para ajudar o utente a obter o máximo
benefício do medicamento, quer isto dizer máxima eficácia/atividade e mínimo de
toxicidade/inseguridade. E para tal, é necessário fazermos mais serviços para além do que
dispensar medicamentos.

Revisão da medicação: ver toda a medicação que o doente faz e avaliar se existem
problemas com os medicamentos (PRM) e resolver caso exista. Com o objetivo de ajudar o
doente a obter o máximo dos medicamentos.

Farmacêutico: É o técnico do medicamento; perito do medicamento. Como técnico do


medicamento debruça-se sobre:

• Química dos medicamentos;


• Formulação dos medicamentos;
• Distribuição dos medicamentos;
• Utilização dos medicamentos.

O Farmacêutico

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

“Farmacêuticos são profissionais de saúde que atuam na farmácia, área das ciências da saúde
focada no uso seguro e eficaz de medicamentos. Está diretamente envolvido com o
atendimento ao paciente.

Passam por uma educação universitária para compreender os mecanismos bioquímicos e


ações dos farmácos, os seus usos, funções terapêuticas, efeitos secundários, potenciais
interações medicamentosas e parâmetros de monitorização. Isto está relacionado à
anatomia, fisiologia e fisiopatologia.

Farmacêuticos interpretam e comunicam este conhecimento especializado aos pacientes,


médicos e outros prestadores de cuidados de saúde.

O ênfase da responsabilidade do farmacêutico mudou substancialmente para a utilização


do conhecimento científico no uso adequado de medicamentos modernos e a proteção
do público contra os perigos inerentes à seu uso “

- “The role of the pharmacist in the health care system”, OMS 1993

“Os farmacêuticos têm um papel fundamental a desempenhar relativamente a atender as


necessidades do indivíduo e da sociedade, com o fim de assegurar a utilização racional
e económico dos medicamentos em todos os países, independentemente do seu grau de
desenvolvimento.”

- OMS, Relatório de Tóquio, 1993

O farmacêutico e Cuidados Farmacêuticos

O farmacêutico antigamente só estava associado ao medicamento (química,


farmacodinâmica, toxicidade, efeitos secundários, etc.) mas agora também há o foco da nossa
atividade no doente (cuidados farmacêuticos) e no seu uso apropriado de medicamento.
Antigamente, o centro da nossa atividade era o medicamento, hoje em dia é o doente. Se os
pacientes fizerem um mau uso de medicamentos pode tornar-se um problema de saúde
pública e o farmacêutico deve impedir isso.

Medicamentos

O medicamento é a tecnologia mais usada para tratar doenças no mundo.

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

A esperança média de vida tem vindo a


aumentar devido a vários fatores, tais como
melhor saúde, melhor nutrição, melhores
apoios sociais … e os medicamentos
(hipertensores, antibióticos, vacinas,
antidiabéticos …); houve no fundo uma
melhoria das condições de vida. Nós temos
medicamentos para curar as doenças e
quando não se consegue esse efeito conseguimos prevenir e controlar o efeito melhorando,
assim, a qualidade de vida dos doentes.

Farmacoterapia

Os medicamentos podem ter resultados positivos ou negativos. Podem causar efeitos


secundários.

Na farmacoterapia ideal os medicamentos têm que ser efetivos, seguros, tem que haver o
uso correto dos medicamentos e tem que haver a adesão à terapêutica.

Necessidade
•O paciente utiliza todos os medicamentos que
necessita; o paciente não utiliza medicamentos
desnecessários.

Adesão à Terapêutica
•O paciente compreende e é capaz de cumprir o regime
posológico; o paciente concorda e adere ao
tratamento numa postura ativa.

Efetividade
•O paciente apresenta a resposta esperada à medicação;
o regime posológico está adequado ao alcance das
metas terapêuticas.

Segurança
•A farmacoterapia não produz novos problemas de
saúde; a farmacoterapia nao agrava problemas de
saúde pré-existentes.

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Resultados da farmacoterapia

Não atinge os resultados para os


Efetividade
quais foram prescritas ou indicada

Atinge resultados não pretendidos que


Segurança
interferem na saúde do doente

O farmacêutico vai possibilitar aos doentes terem resultados positivos e a diminuir os


resultados negativos. Os resultados negativos há vários que podem ser evitados (exemplos:
se o paciente tomar corretamente os medicamentos ou posologia …)

Siglas importantes:

RPM: Resultado positivo de medicamentação

PNM: Resultados negativos de medicamentação

RAM: Reações/Efeito Adversas dos medicamentos

Medicamentos e êxito da farmacoterapia

• Necessários
• Disponíveis
• De qualidade
• Bem prescritos
• Bem dispensados
• Corretamente usados ou administrados
• Os resultados em saúde são acompanhados e avaliados

Necessidade Social

Portugal é um dos países com mais idosos →idosos maior prevalência de doenças crónicas →
temos mais polipatatologia, → polimedicação → ↑ probabilidade de RNM → ↑ interações, ↑
reações secundárias …

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• 4 -10 % dos doentes hospitalizados apresentam uma ou mais RAM (doentes


polimedicados, polipatologias, idosos)
• 4º - 6º causa de morte (USA)
• 528,4 mil milhões de dólares /ano (USA)

Maior problema do SNS é a sustentabilidade pois cada vez os medicamentos estão cada vez
mais caro, há mais pessoas e idosos e ainda adicionar os gastos para tratar mau uso dos
medicamentos. Este ultimos os farmacêuticos podem ajudar a prevenir estes gastos.

Missão do farmacêutico

Ajudar os doentes e obter o máximo benefício dos seus medicamentos

máximo benefício = Máximo de efetividade e mínimo toxicidade

Perspetiva histórica

Como surgiram os cuidados farmacêuticos?

Não foi recentemente; foram escritos pela primeira vez em 1975. Primeira vez nos estados
unidos e depois passaram para a europa. Uma vez que a OMS reconheceu que era importante.

NOTA: a professora só disse a frase em cima e não falou mais sobre a perspetiva histórica no
entanto no ppt tinha alguns slides (em baixo) com mais matéria.

• Pharmaceutical Care (Mikeal, 1975) (traduzidos para espanhol como Atención Farmacéutica:
“os cuidados que um doente concreto necessita, e recebe, e que asseguram o uso seguro e
racional da medicação”

• Teoria da Prática Farmacêutica (Brodie, 1980): “o farmacêutico deve ser responsável pelos
resultados da terapêutica farmacológica” (prática profissional – responsabilidade)

• Pharmaceutical Care (Brodie, 1980): “a avaliação das necessidades relacionadas com a


medicação de um doente concreto e a provisão não só dos medicamentos mas também dos
serviços necessários a garantir a terapia mais segura e efectiva possível”

• Marco → Hepler & Strand (1990; Opportunities and responsabilities in Pharmaceutical


Care.Am J Hosp Pharm 1990; 47:533-543): definição e desenvolvimento do conceito
Pharmaceutical Care, após análise dos 3 períodos da farmácia no séc XX: o tradicional, de

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

transição e desenvolvimento dos cuidados ao doente “a provisão responsável de


farmacoterapia com o propósito de conseguir resultados concretos que melhorem a
qualidade de vida de cada doente: curar doenças, eliminar ou melhorar sintomas, atrasar a
progressão da doença ou prevenir doenças ou sintomas” Último ponto foi um marco!

• USA, 1991: texto legal OBRA’90, que ajudou a mudança da prática farmacêutica de serviços
de distribuição para serviços cognitivos, apelando à responsabilidade profissional dos
farmacêuticos

• 1993, OMS, Declaração de Tóquio: “O Papel do farmacêutico nos sistemas de saúde”

• “O futuro profissional dos farmacêuticos passa obrigatoriamente pela realização de


Cuidados Farmacêuticos, ressalvando que estes não devem ser reduzidos à farmacoterapia do
doente mas que o farmacêutico também se deve envolver em actividades de prevenção e
promoção da saúde, junto da equipa de saúde. Termina com recomendações aos governos ,
associações farmacêuticas, universidades e farmacêuticos com objectivo de aplicar medidas
que desenvolvam esta filosofia de trabalho para bem dos doentes e da sociedade em geral.”

• (Estas recomendações levaram à criação em vários países de grupos de investigação e


desenvolvimento em Cuidados Farmacêuticos que trabalham sobretudo na realização de
estudos que demonstrem a existência e magnitude das falhas da farmacoterapia

Ano / Acontecimento Contribuição


1975. Mikeal & Definição de Pharmaceutical Care como os cuidados que o
colaboradores paciente recebe para alcançar o uso racional do medicamento
1975. Informe Millis Faz-se um resumo da situação profissional mostrando a
(Farmacêuticos para o necessidade de implicar os farmacêuticos no controle do uso
Futuro) Associação adequado dos medicamentos
Americana de Escolas de
Farmácia (AACP)
1980. Brodie & Estabelecem que o Pharmaceutical Care, consiste não só na
colaboradores dispensa dos medicamentos adequados mas deve incuir os
serviços que garantam maior eficácia e segurança possíveis,
antes durante ou depois do tratamento
1990. Hepler & Strand Artigo “Pharmaceutical Care: opportunities and
responsabilities”, estabeleceu conceitos e objetivos
1992. Desenvolvimento do Projecto realizado em 20 farmácias com 12376 actividades
projeto “Minnesota de Pharmaceutical Care.

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Pharmaceutical Care Identificação 2.434 PRM; 43% dos doente apresentavam PRM,
Project” 70% destes melhoraram com o seguimento
farmacoterapeutico
1993. OMS- Relatório de Reconhecimento dos Cuidados Farmacêuticos: o farmacêutico
Tóquio sobre o papel do deve desempenhar funções orientadas para o doente
farmacêutico nos sistemas (controlo de farmacoterapia) e para a comunidade (promoção
de saúde da saúde e prevenção da doença)
1993. O conceito de O conceito desenvolvido amplia-se a outros países dos EUA e
cuidados Farmacêuticos da Europa
expande-se a vários países
1993. Cria-se o Grupo de Desenha e leva a cabo estudos de investigação sobre AF.
Investigação em Atención Desenvolve programas formativos para treino de
Farmacéutica UG farmacêuticos que desejem implementar Cuidados
Farmacêuticos
1994. Cria-se a Coordenação de projectos de investigação sobre Cuidados
Pharmaceutical Care Farmacêutico com o objectivo de expandir esta filosofia
Network European (PCNE) profissional
996. Publicado o primeiro Os autores, presidentes da APHA e AACP enfatizam a
livro sobre Pharmaceutical importância do doente como centro dos Cuidados
Care, Knowlton e Penna Farmacêuticos
1998. Cipolle Strand and Conceitos e ferramentas para seguimento farmacoterapêutico
Morley: Phamaceutical nos EUA
Care Practice Cria-se a Desenvolvimento e difusão da prática no sistema de saúde
Fundação Pharmaceutical espanhol
Care Espana~ Conceito ajustado de PRM. Classificação com base na
Primeiro Consenso de necessidade, efectividade e segurança
Granada
2000. Criação do Programa Proposta de método adaptado ao contexto de Espanha
Dáder de Seguimento
Farmacoterapêutico UG
2001. Consenso sobre Ministerio de Sanidade e Consumo e peritos na área:
Atención Farmacéutica conceitos fundamentos e elementos de processo para o
seguimento farmacoterapêutico (SFT), a dispensação e
indicação farmacêutica

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

2002. Segundo Consenso Conceito de PRM a partir da prática do SFT; ajuste da proposta
de Granada de PRM de 1998
2007.Terceiro Consenso Conceitos de PRM e RNM propostas pelo FORO, assim como
de Granada a lista de PRMs; classificação de RNM
Definição de Seguimento Farmacoterapéutico do Documento
do Consenso 2001

Os Cuidados farmacêuticos- Objetivo

O conceito de cuidados farmacêuticos refere-se a um “conjunto de atitudes, comportamentos,


compromissos, inquietudes, valores éticos, funções, conhecimentos, responsabilidades e
aptidões na prestação da farmacoterapia, com o objetivo de atingir resultados terapêuticos
concretos em saúde e na qualidade de vida do doente.”

- Declaração de Tóquio, 1993

Cuidados Farmaceuticos : … “assume-se que o conceito de Cuidados Farmacêuticos engloba


um conjunto de processos clínicos tais como a cedência, a indicação, a revisão da terapêutica,
a educação para a saúde, a farmacovigilância, o seguimento farmacoterapêutico e, no âmbito
geral, o conceito designado como o uso racional do medicamento”

- Boas Práticas de Farmácias (OF,2009)

“Entende-se por cuidados farmacêuticos a prática profissional realizada com o objetivo de


melhorar o processo de uso dos medicamentos e minimizar os resultados negativos
associados aos mesmos, através da Dispensação de medicamentos de modo personalizado,
através do Seguimento ou Acompanhamento Farmacoterapêutico e dos serviços relacionados
tais como a Indicação Farmacêutica, a Farmacovigilância, a Educação para a Saúde e todas as
outras atividades que possam contribuir, de um modo geral, para o Uso Racional do
Medicamento” (SPCFar)

- Sociedade Portuguesa de Cuidados Farmacêuticos (SPCFar), 2007

Filosofia de prática profissional do farmacêutico enquanto especialista do medicamento


orientada para o objetivo de alcançar o máximo benefício possível em termos de saúde
do doente e da comunidade

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Permitem alcançar os resultados esperados da farmacoterapia e minimizam o


aparecimento dos resultados não desejados representando um impacto positivo no sistema
de saúde:

• Eliminam farmacoterapia desnecessária


• Aumentam efetividade dos tratamentos
• Minimizam reações adversas e toxicidade
• Evitam custos de consultas de urgência ou hospitalizações
• Diminuem nº de consultas médicas necessárias
• Facilitam e melhora a relação com o doente, o que contribui para melhorar adesão
terapêutica.

Os cuidados farmacêuticos são um serviço continuado, de modo que sirvam de mecanismo


para oferecer ao doente proteção perante o aparecimento de problemas relacionados com os
medicamentos (PRM), tanto na dispensa (principal atividade do farmacêutico) como na
consulta ou indicação farmacêutica, educação para a saúde, o seguimento
farmacoterapêutico e a prevenção de resultados negativos associados à medicação
(RNM)

Farmacêutico é obrigado a reportar casos de RNM (farmacovigilância). Se for comprovado que


o risco do medicamento é grande pode levar à remoção de lotes dos mercados. So é aceitável
haver alto RNM em situações mais graves que seja vida ou morte.

Centro da atuação do farmacêutico – O doente e sua saúde (atender aos doentes e suas
necessidades e expectativas)

Durante a dispensação de medicamentos devemos ver todo os medicamentos que o utente


toma, se sabe ou toma esses medicamentos (exe: inalador) … Se ingere álcool, suplementos,
ou chá e que podem interferir com a medicação; a que horas toma a medicação …

O farmacêutico deve adquirir e desenvolver os conhecimentos, atitudes e capacidades que


contribuam para que o doente desfrute da melhor saúde possível, associada aos melhores
resultados que o uso de medicamentos possam alcançar.

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Atividades do farmacêutico

Orientadas para o Orientadas para o doente


medicamento Cuidados Farmacêuticos
Aquisição Dispensação Consulta ou indicação Seguimento
clínica de farmacêutica farmacoterapêutico
medicamentos
Gestão Formulação Formação no uso
magistral racional do
medicamento
Armazenamento Educação para a saúde
Conservação de matéria Farmacovigilância
primas, especialidades
farmacêuticas e
produtos de saúde

Objetivo real dos cuidados Farmacêuticos

Trabalhar com:

• o doente na dispensa dos medicamentos


• o doente na indicação farmacêutica
• o doente no seguimento farmacoterapêutico
• a saúde do doente
• o contexto social do doente

Nota: Não devemos passar um atestado de burro ás pessoas mas tambem não devemos
assumir que elas sabem.

Exemplo: professora contou a historia que um pais tentaram colocar supositórios nos
ouvidos da criança

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Conceitos importantes

Medicação farmacêutica é quando a pessoa vai à farmácia com algum sintoma e o


farmacêutico recomenda um medicamento adequado. Já quando o farmacêutico aconselha
um medicamento tendo em conta toda a medicação que faz estamos a falar de cuidados de
farmacêuticos.

Consulta ou Indicação farmacêutica: “Atividade profissional do farmacêutico através da qual


este se responsabiliza pela seleção de um medicamento que não necessita receita médica com
o objetivo de aliviar ou resolver um problema de saúde do doente ou da sua derivação ao
médico quando o problema necessite da sua intervenção; sintomas ou síndromes menores
(legislação)”.

Dispensação Clínica de Medicamentos: “Atividade profissional do farmacêutico pela qual se


proporciona a um doente ou aos seus cuidadores além do medicamento ou do produto de
saúde, os serviços clínicos que acompanham a entrega do mesmo, com o objetivo de melhorar
o seu processo de uso e proteger o doente de possíveis RNM, causados por PRM”

Revisão da Medicação: “Processo que permite uma avaliação sistemática dos medicamentos
de um determinado doente e a gestão do uso desses medicamentos, com o objetivo de
otimizar os resultados em saúde e identificar potenciais problemas relacionados com os
medicamentos.”

Reconciliação Terapêutica: “Intervenção farmacêutica que consiste na comparação entre a


medicação seguida pelo doente – antes da hospitalização – e a prescrição hospitalar.

… é possível a deteção de eventuais erros de medicação denominados discrepâncias

… tem por finalidade a diminuição dos erros relacionados com a medicação, aumento da
eficácia da terapêutica, diminuição dos custos associados e melhoria da adesão à terapêutica
por parte do doente.”

Quando pessoa entra no hospital e vai haver alguém que lhe pergunta a medicação que essa
pessoa tomava para o utente não deixar de tomar medicação. Estamos a diminuir erros
associados à medicação

Seguimento/ Acompanhamento Farmacoterapêutico: “Atividade profissional em que o


farmacêutico se responsabiliza pelas necessidades do doente relacionadas com os
medicamentos mediante a deteção de PRM e a prevenção e resolução de RNM, de forma
continuada, sistematizada e documentada em colaboração com o doente e com os demais

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profissionais de saúde, com o fim de alcançar resultados concretos que melhorem a qualidade
de vida do doente”

Farmacovigilância: “Atividade de saúde pública que tem por objetivo a identificação,


quantificação, avaliação e prevenção dos riscos do uso de medicamentos depois de
comercializados, efeitos adversos”.

Os farmacêuticos são obrigados, por lei, a notificar suspeitas de RAMs que detetem no seu
trabalho. Isto é especialmente importante para depois emitir aos médicos para eles não
prescreverem esses medicamentos em certos casos.

Educação para a saúde: “Oportunidades de aprendizagem criadas conscientemente, que


supõem uma forma de comunicação, destinadas a melhorar a educação da população
relativamente à saúde e ao desenvolvimento de capacidades pessoais que conduzam à saúde
individual e da comunidade;

…transmissão de informação mas também fomentar a motivação, as capacidades individuais


e a auto-estima, necessárias para adoptar medidas destinadas a melhorar a saúde” (OMS)

Uso racional de medicamentos: “Situação em que o uso dos medicamentos cumpre os


seguintes requisitos:

• o doente recebe o medicamento apropriado à sua condição clínica,

• na dose correta, correspondente às suas necessidades individuais,

• por um período de tempo adequado

• ao menor custo”

Portanto, é o processo em que fazemos tudo para que o utente tome o medicamento certo,
com posologia adequada , duração adequada, administração adequada a a um preço barato

Chaves para implementação de Cuidados Farmacêuticos:

• Assumir a filosofia da prática orientada para o doente.


• Demonstrar evidência significativa do impacto da implementação destas atividades
(registar, investigar e publicar)
• Implementar programas de seguimento farmacoterapêutico para mostrar aos doentes
e autoridades de saúde da disponibilidade de assumir responsabilidade e aumentar
cobertura

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

• Incluir nos planos de formação dos farmacêuticos os conceitos teóricos e práticos


necessários para realizar SFT
• Elaborar guias de atuação farmacêutica (Indicação Farmacêutica)
• Mostrar evidências das vantagens da intervenção farmacêutica

Segundo os Estatutos da Ordem dos Farmacêuticos (Decreto-Lei n.º288/2001):

Principio Geral (art. 72º) : “o exercício da atividade farmacêutica tem como objetivo essencial
a pessoa do doente” – isto espelha os cuidados farmacêuticos. O objetivo final é a saúde do
doente e da comunidade.

Do acto farmacêutico (art.76º): “O acto farmacêutico é da exclusiva competência e


responsabilidade dos farmacêuticos.”

Do acto farmacêutico(conteudo) (art.77º):

• “Desenvolvimento e preparação de formas farmacêutica dos medicamentos.

• Registo, fabrico e controlo dos medicamentos de uso humano e veterinário e dos


dispositivos médicos

• Controlo de qualidade dos medicamentos e dos dispositivos médicos em laboratório

• Armazenamento, conservação e distribuição por grosso de medicamentos e


dispositivos médicos.

• Preparação, controlo, seleção, aquisição, armazenamento e dispensa de


medicamentos de uso humano e veterinário e de dispositivos médicos em farmácias
abertas ao público, serviços farmacêuticos…

• Preparação de soluções anti-sépticas, de desinfetantes…

• Interpretação de receitas médicas

• Informação e consulta sobre medicamentos… sujeitos e não sujeitos a prescrição


médica, junto de profissionais de saúde e de doentes, de modo a promover a sua
correta utilização”

• Acompanhamento, vigilância e controlo da distribuição, dispensa e utilização de


medicamentos de uso humano e veterinário de dispositivos médicos

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

• Monitorização de fármacos, incluindo a determinação de parâmetros


farmacocinéticos e o estabelecimento de esquemas posológicos individualizados

• Colheita de produtos biológicos, execução e interpretação de análises clínicas e


determinação de níveis séricos

• Execução e interpretação de análises, toxicológicas, hidrológicas e bromatológicas.

• Todos os actos ou funções directamente ligados às actividades descritas nas alíneas


anteriores.”

Deveres para com a profissão (art. 81º):

“A primeira e a principal responsabilidade do farmacêutico é para a saúde e o bem estar do


doente e do cidadão em geral… e promover o direito a um tratamento com qualidade, eficácia
e segurança. (…) o farmacêutico deve ter sempre o elevado grau de responsabilidade que nela
se encerra o dever ético de a exercer om maior diligencia, zelo e competência…”

Deveres do farmacêutico de oficina ou hospitalar (art 87º) :

•Colaborar com todos os profissionais de saúde, promovendo junto deles e do doente


a utilização segura e racional dos medicamentos

•Assegurar que, na dispensa do medicamento, o doente recebe informação correcta


sobre a sua utilização

•Dispensar ao doente o medicamento em cumprimento da prescrição médica ou


exercer a escolha que os seus conhecimentos permitem e que melhor satisfaça as
relações benefício/risco e benefício custo

• Assegurar, em todas as condições, a máxima qualidade dos serviços que presta, de


harmonia com as boas práticas de farmácia.

Novo paradigma da intervenção da farmácia

Atuação centrada no doente Remuneração por serviço e não por


medicamento
Farmácia prestadora de serviços de saúde Farmácia como instituição de saúde pública

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

“Governo prepara novas formas de relacionamento com as farmácias”

”O Governo aprovou em Conselho de Ministros um decreto-lei que estabelece as condições


para a prestação de serviços farmacêuticos nas farmácias comunitárias e … remuneração
específica pela dispensa de medicamentos comparticipados, designadamente de
medicamentos genéricos. A Ordem dos Farmacêuticos (OF) desconhece o conteúdo do
diploma aprovado, aguardando a sua publicação e a definição dos termos concretos deste
novo relacionamento com os farmacêuticos comunitários, através das farmácias. … No
comunicado emitido após o Conselho de Ministros de 28 de julho, o Governo realça o
“cumprimento ao Programa do Governo, onde se propõe valorizar as farmácias comunitárias
enquanto agentes de prestação de cuidados apostando no desenvolvimento de medidas de
apoio à utilização racional do medicamento”. O diploma aprovado, segundo o Governo,
"estabelece os termos e condições da prestação de serviços de intervenção em saúde pública
por parte das farmácias comunitárias, bem como da atribuição de uma remuneração
específica às farmácias por dispensa de medicamentos comparticipados, designadamente nos
medicamentos inseridos em grupos homogéneos"

Site da OF 29-07-2016

Legislação recente sobre serviços na farmácia

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Modelo de competências da Ordem dos Farmacêuticos

Um Novo Modelo de Farmácia


Inquérito Domiciliado à População Portuguesa
Resumo executivo: Com o objetivo de conhecer as opiniões dos portugueses face ao modelo
de Farmácia oferecido, e a oferecer no futuro, o Centro de Estudos e Sondagens de Opinião
da Universidade Católica Portuguesa realizou um inquérito à população Portuguesa residente
em Portugal Continental, maior de 18 anos (1114 inquéritos válidos obtidos, com uma
margem de erro de cerca de 3%, para um intervalo de confiança de 95%). Nesse inquérito, os
Portugueses foram inquiridos sobre o seu acesso à Farmácia, ao medicamento, a sua
satisfação com as Farmácias e ainda sobre diversos serviços prestados atualmente, ou
passíveis de ser prestados no futuro, pelas Farmácias Portuguesas

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Aula 2 - 20 de setembro

Informação para apoio à prática clínica farmacêutica

Cuidados Farmacêuticos: “a prática profissional realizada com o objetivo de melhorar o


processo de uso dos medicamentos e minimizar os resultados negativos associados aos
mesmos, através da Dispensação (…), através do Seguimento ou Acompanhamento
Farmacoterapêutico e dos serviços relacionados (…)”
Estrutura Processo Resultados
•Farmacêuticos •Dispensação •Diminuição da morbilidade
qualificados •SFT e mortalidade associadas à
•Fontes de informação •(...) farmacoterapia
sobre medicamentos •Aumento da qualidade de
•Local de atendimento vida
privado/semi-privado (...) •Diminuição de custo
-(Sociedade Portuguesa de Cuidados Farmacêuticos, 2007)

Quando estamos a ajudar o utente a ter o máximo benefício dos fármacos vamos ter que fazer
decisões clínicas

Decisões Clínicas: As atividades que integram os Cuidados Farmacêuticos são


eminentemente atividades clínicas, ou seja, praticadas junto do doente com o objetivo de
melhorar os resultados em saúde.

Clínica ≠Médico => Filosofia na qual o utente é a peça central.

Indicadores de qualidade dos cuidados de saúde


Esquema desenvolvido por médico libanês, Donabedian em 1966. Podemos dividir os
indicadores de saúde em 3 grupos.

Donabedian dizia que temos que estudar os cuidados de saúde mas isso são só sistemas
também é necessário o amor.

Promove Promove
Estrutura Processo Resultado

Exemplo da nossa aula para este esquema:

Estrutura: anfiteatro, aulas, professora, edifício…

Processo: se tem ou não ppt, se consegue passar a mensagem ou não

Resultado: se percebemos ou não o conteúdo, aprendemos os pontos mais


importantes da aula.

Extrapolando para os cuidados farmacêuticos

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Prática clínica baseada na evidência (ebp)

Em geral: Maior evidência possível, a experiência do clínico e do doente (valores, preferências


… ele deve fazer parte do processo)

Abordagem aos cuidados de saúde na qual os profissionais utilizam a


melhor evidência possível, i.e. a informação mais adequada
disponível, no processo de decisão clínica.

Reconhece que os cuidados de saúde devem ser individualizados,


que estão em permanente evolução e que envolvem incertezas e
probabilidades.

Envolve decisões clínicas complexas e conscienciosas baseadas não só na evidência


disponível, mas também nas características, condições e preferências do doente.

As práticas ocupacionais devem ser baseadas em evidência científica. (…) As práticas


baseadas em evidências têm ganho terreno desde a introdução formal da medicina baseada
na evidência (1992)… profissionais de saúde, educação, gestão, direito, políticas públicas
(…)

(…) tenta encorajar e, em alguns casos, forçar os profissionais e outros decisores a prestarem
mais atenção evidência científica para a tomada de decisão informada.

Objetivo: eliminar práticas incorretas ou desatualizadas em favor de outras mais eficazes,


mudando a base para a tomada de decisão da tradição, intuição e experiência pessoal para a
pesquisa científica firmemente fundamentada.

Profissionais geralmente devem seguir certas normas/condutas e procedimentos para


eliminar as práticas antigas e/ou erradas

-EVANS, Arthur T. MINTS, Gregory. FACP. Evidence-based medicine. UpToDate. 2018. Dawes
M et al. Sicily statement on evidence-based practice. BMC Med Educ. 2005 Jan 5;5(1):1

Quando precisamos de encontrar evidência científica vamos transformar aquilo que nós
queremos saber numa questão clínica.


1. Formulação da questão clinica
Formato PICO (Patient, Intervention, Comparison and Outcome)

Existem outros métodos, mas o mais usado é o pico.

exemplo: medico pergunta-nos: Qual o anti-hipertensor de escolha em doentes com IRC?

Patient – Doentes com IRC

Intervention – Terapêutica anti-hipertensora

Comparison – Várias classes de anti-hipertensores

Outcome – PA < 130/80 mmHg e diminuição da progressão da IR~

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Com esta pergunta nós queremos que o resultado seja o melhor para o paciente, ou seja que
a Hipertensão diminua => guidelines PA < 130/80 mmHg ≠ da população geral ( mais baixa)
pois se PA mais baixa vai levar a diminuição da progressão da IR E POR ISSO QUE ESTA MAIS
BAIXA

2. Pesquisa Sistemática da melhor evidência


Temos que ver se a nossa informação tem qualidade e se é boa evidencia

Melhor evidência clínica: Pirâmide da MBE e Níveis de evidência


Ferramentas de pesquisa: TRIP Database, PubMed Clinical Queries e Systematic Reviews
Quer

Pirâmide da evidencia

Na base está a opinião de pessoas, pessoal, política

Reportes de casos, casos de estudos : exemplo: medico tem um paciente e reporta o que fez

Estudos que observam populações: não há intervenção nos estudos, mas veem como a
população reage a determinados fármacos e concluem sobre as suas observações.
Desvantagens : muitas varáveis (tomam outros medicamentos, não estão todos na mesma fase
da doença …).

Ensaios clínicos controlados não randomizados: escolhemos a nossa população por


conveniência e dizemos que uma parte toma o fármaco e outra parte toma placebo.
Problemas éticos maior nível de evidencia uma vez que nós já sabemos mais sobre os
pacientes e eles estão mais homogeneizados.

RCTs – Ensaios Clínicos Randomizados e Controlados: Ensaio clínico no qual os participantes


são aleatoriamente distribuídos em dois ou mais grupos: o grupo intervenção que vai receber,
p. ex. o tratamento que está a ser testado e um outro (grupo comparador ou controlo) que
recebe um tratamento alternativo ou placebo.

21
Cuidados Farmacêuticos | 2021

Revisão Sistemática: Estudo de revisão que utiliza métodos específicos e apropriados para
identificar, avaliar e sumariar os estudos sobre uma determinada questão clínica; pode incluir
ou não meta-análise. Ex. pesquisa exaustiva de estudos publicados (em várias línguas e várias
bases de dados), seleção dos estudos com elevada qualidade metodológica (p. ex RCTs).

Estas revisões sistemáticas também podem ter meta-análises Técnica estatística que sumaria
os resultados de vários estudos numa única média ponderada, na qual é dado maior peso aos
estudos com mais eventos e/ou aos estudos de qualidade superior.

Cada vez mais a nossa pirâmide fica cada vez mais complexa

O que nós temos em cima é inteligência artificial com a informação do doente com todos os
estudos e diz qual é a melhor escolha. Ainda não estamos lá mas num futuro podemos ter

2.1. Níveis de Evidencia


IA Evidências para meta-análises ensaios controlados randomizados
IB Evidências de pelo menos 1 ensaios controlados randomizados
IIA Evidências de pelo menos 1 ensaios controlados não-randomizados
IIB Evidências de pelo menos 1 outro estudo quasi-experimental (não-
randomizados)
III Evidência de um estudo descritivo não- experimental, tais como estudos
comparativos, estudos de correlação e estudos de casos controlados
IV Evidência de um relatório ou opiniões de comité de expert ou experiência clinica
de autoridades respeitadas

A prática baseada na evidencia primeiro formula-se a questão clinica, depois pesquisa-se a


evidência (o que existe publicado sobre esse assunto) e para tal existem bases de dados

Fontes de informação “pré-digerida”

• Diretrizes de prática clínica com nível de evidência das recomendações

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

• Bases de dados de informação para apoio à decisão clínica baseada na evidência


Family Practice Notebook https://fpnotebook.com/

Publicações na área da farmacoterapia, baseadas na evidência

• Therapeutics Initiative https://www.ti.ubc.ca/

• Prescrire https://www.prescrire.org/fr/Summary.aspx

• Drug & Therapeutics Bulletin https://dtb.bmj.com/

• US National Library of Medicine https://www.nlm.nih.gov/

• NPS MedicineWise https://www.nps.org.au/

3. Avaliação clínica da evidência (validade, relevância cínica e aplicabilidade)


Hoje em dia existe muita informação e é necessário haver uma filtração da informação.

Ferramentas para avaliação crítica

• CONSORT checklist (Clinical Trials) – se o ensaio clínico tiver todos estes pontos é
considerado um bom ensaio clinico.

• QUOROM checklist (Systematic Reviews & Meta-analysis): se as revisões sistemáticas


e as meta análises tiverem todos estes pontos são consideradas boas revisões sistemáticas e
as meta análises.

4. Aplicação à prática clínica – temos que ter a certeza que a nossa informação é aplicável
ao nosso utente. Ele não quer saber dos resultados dos ensaios clínicos, mas sim quer
saber qual é o melhor fármaco para o paciente

5. Avaliação contínua de resultados

Competências em informação
O Farmacêutico, numa equipa interdisciplinar, deve ter competências em informação e, para
isso, é necessário saber estas competências:

• Saber quando existe uma necessidade de informação e transformar essa necessidade numa
questão clínica devidamente formulada

Pode ser um pedido do medico ou não e depois transformar numa pergunta

• Conhecer as diversas fontes de informação (potencialidades e limitações), técnicas e


ferramentas de pesquisa por forma a otimizar os resultados da pesquisa

Devemos saber os diferentes tipos de informação e as técnicas de pesquisa de


informação para ser filtrada.

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

• Avaliar criticamente a informação encontrada, quanto ao nível de evidência como à


qualidade dos estudos

Mais cientificamente possível e adaptada ao utente.

• Usar efetivamente essa informação, adequando-a a uma situação clínica ou doente


específico

Information Mastery : Equação da Utilidade da Informação

A informação será tanto mais útil

• quanto maior a sua relevância, tendo em conta os doentes e questões que surgem na
prática clínica diária;
• quanto maior a sua validade, representada pela sua veracidade;
• quanto menor o trabalho envolvido na procura da resposta (que compreende o
tempo, custo e esforço mental necessários).

De acordo com esta filosofia, os clínicos deverão consultar fontes de informação “pré-
digerida”, que garantam a sua relevância e validade, e que disponibilizam oDe acordo com
esta filosofia, os clínicos deverão consultar fontes de informação “pré-digerida”, que
garantam a sua relevância e validade, e que disponibilizam oconhecimento baseado na
evidência at the point of care ou seja, no momento e conhecimento baseado na evidência
at the point of care ou seja, no momento e local de prestação de cuidados ao doente

Classificação das Fontes de Informação em saúde


Vários critérios de classificação podem ser utilizados:

• Originalidade; Conteúdo e/ou Localização temporal da publicação no denominado


“fluxo de informação científica”

Há algumas pessoas que dizem que revisões podem ser fontes de informação primárias, mas
não há um consenso. asbases de dados também depende. Temos que saber mais ou menos
por alto as diderenças entre primarias, secundarias e terciarias …

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Tipo de Exemplos Vantagens Desvantagens


fonte de
informação
Primária Artigos de Permitem conhecer os De difícil acesso
investigação detalhes dos estudos e A sua leitura e avaliação
original, Teses, avaliar a validade dos consomem demasiado
Patentes resultados Revistas tempo e esforço
por pares Originais As Não permitem uma visão
mais atualizadas geral do conhecimento
relativo a um
determinado tópico
Secundária Artigos de Reúnem informação Sujeitas a viés de seleção
revisão, revisão recolhida da literatura e/ou interpretação
sistemática e primária, permitindo
meta-análise uma visão mais
abrangente sobre um
determinado tópico
Bases de dados Permitem acesso mais A sua utilização eficiente
bibliográficas fácil e rápido à requer o conhecimento
(sistemas de literatura primária de técnicas de pesquisa e
indexação) das potencialidades de
cada sistema de
indexação
Terciária Livros, Rápido acesso à facilidade de
Enciclopédias informação Facilidade desatualização
Bases de dados de utilização Podem estar incompletas
factuais Informação devido a restrições de
previamente espaço Sujeitas a viés de
selecionada, digerida seleção e/ou
e sumariada interpretação

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

A World Wide Web como ferramenta de acesso a informação em saúde


Suportes das fontes de informação: Papel ,CD-ROM , DVD , WWW (online)

Vantagens das fontes de informação com acesso online: atualização mais frequente, maior
facilidade de consulta, maior dinâmica e interatividade (links cruzados a outras informações,
links à Pubmed, possibilidade de pesquisar interações de um determinado conjunto de
medicamentos, construção de tabelas comparativas, etc)

O problema da internet: é que qualquer pessoa pode colocar qualquer coisa na net

Dicas para distinguir boa ou má informação na net


Dominio: ex. .edu, .gov e .org (instituições de ensino, geralmente universidades, organismos
governamentais e organizações)

Verificar Identificação dos autores/editores e da política editorial

Confrontar a informação com outras fontes

Data da última Atualização dos conteúdos

Proveniência da informação

Pessoas juntaram e criaram Critério de qualidade (honcode):

1. Autoridade

Toda orientação médica ou de saúde contida no site será


dada somente por profissionais treinados e qualificados, a
menos que seja declarado expressamente que uma
determinada orientação está sendo dada por um indivíduo
ou organização não qualificado na área médica.

2. Complementaridade

A informação disponível no site foi concebida para apoiar - e não para substituir - o
relacionamento existente entre pacientes ou visitantes do site e seus médicos.

3. Confidencialidade

Será respeitado o caráter confidencial dos dados dos pacientes e visitantes de um site médico
ou de saúde - incluindo sua identidade pessoal. Os responsáveis pelo site se comprometem
em honrar ou exceder os requisitos legais mínimos de privacidade de informação médica e
de saúde vigentes no país e no estado onde se localizam o site e as cópias do site.

4. Atribuições

Quando for o caso, a informação contida no site será respaldada por referências claras às
fontes consultadas, e, quando possível, tendo links HTML para estas fontes. A data em que
cada página médica foi atualizada pela última vez será exibida claramente (no topo da página,
por exemplo).

5. Justificativas

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Quaisquer afirmações feitas sobre os benefícios e/ou desempenho de um tratamento, produto


comercial ou serviço específico serão respaldadas com comprovação adequada e equilibrada,
conforme indicado no Princípio 4.

6. Transparência na propriedade

Os programadores visuais do site irão procurar dispor a informação da forma mais clara
possível e disponibilizar endereços de contato para os visitantes que desejem informação ou
ajuda adicional. O webmaster exibirá seu endereço de e-mail claramente em todas as páginas
do site.

7. Transparência do patrocínio

Os apoios dados ao site serão identificados claramente, incluindo a identidade das


organizações comerciais e não-comerciais que tenham contribuído para o site com ajuda
financeira, serviços ou recursos materiais.

8. Honestidade da publicidade e da política editorial

Se a publicidade é uma das fontes de renda do site, isto deverá ser indicado claramente. Os
proprietários do site fornecerão uma breve descrição da política de divulgação adotada. Os
anúncios e outros materiais promocionais serão apresentados aos visitantes de uma maneira
e em um contexto que facilitem diferenciá-los do material original produzido pela instituição
gestora do site.
Existem outras etiquetas e códigos de condutas

Ferramentas para graduar a qualidade de informação de saúde na internet

Os doentes e a procura de informação sobre saúde na WWW

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

A informação em saúde é um dos temas mais pesquisados na internet

EUA - 53% EU - 45,3%

Portugal (2005) - 30%; dentro dos utilizadores 62%

Procuram informação geral e específica

A fiabilidade da informação é altamente variável

Faz com que bastantes pessoas ponderem não ir ao médico

Podem tentar tratamentos inapropriados, ineficazes ou letais

É importante que o farmacêutico:

• guie o doente na consulta de sites credíveis na área da saúde;

• auxilie o doente a interpretar e avaliar a informação que encontra;

• esteja atualizado (novas terapêuticas, alertas de segurança, etc.)

Fontes de Informação em Saúde : Fontes Regulamentares


Informação normativa com carácter de recomendação ou de aplicação obrigatória, veiculada
por entidades regulamentares oficiais, a nível nacional ou europeu:

• INFARMED – www.infarmed.pt -

• Infomed (Base de dados de Medicamentos de Uso Humano) Acesso a informação sobre


os medicamentos com AIM em Portugal, incluindo classificação farmacoterapêutica,
classificação quanto à dispensa, taxa de comparticipação e PVP;

Acesso a documentos oficiais - Resumo das Características do Medicamento e


Folheto Informativo; os RCM também poderão ser solicitados para [email protected]

RCM – Resumo das Características do Medicamento:

Aquando da submissão de um pedido de autorização de introdução no mercado


(AIM), é requerido, entre outra documentação relevante, que seja entregue à
autoridade competente dos Estados Membros um Resumo das Características do
Medicamento (RCM).

Resumo da informação relevante que resulta do processo de avaliação do


medicamento. Representa as condições e especificações em que o medicamento foi
aprovado pela autoridade competente. Qualquer alteração ao conteúdo do RCM
requer aprovação prévia da autoridade competente. É a partir dele que é redigido o FI.

Base da informação para os profissionais de saúde, necessária a uma utilização segura


e eficaz do medicamento, resumindo a informação pertinente e necessária à sua
correta utilização. (Linguagem técnico-científica)

A decisão de utilização de um medicamento fora do âmbito em que foi aprovado


(indicações terapêuticas, posologia ou outras) por se entender que um dado

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

medicamento se adequa a uma dada indicação terapêutica, face ao caso particular de


um seu doente é da exclusiva responsabilidade do profissional de saúde.

Itens de Informação:

Indicações terapêuticas aprovadas, posologia e modo de administração,


contraindicações, precauções, interações, efeitos indesejáveis, uso na gravidez
e lactação Propriedades farmacodinâmicas, propriedades farmacocinéticas,
entre outros

Excipientes (há pessoas que são alérgicas a medicamento ou a excipientes


como por exemplo a lactose), instruções de manipulação, incompatibilidades
físico-químicas, entre outros

• Prontuário Terapêutico online https://app10.infarmed.pt

•Formulário Hospitalar Nacional de Medicamentos online


https://www.infarmed.pt/web/infarmed/institucional/documentacao_e_informacao/publicaco
es/tematicos/formulariohospitalar-nacional-de-medicamentos

• Farmacopeia Portuguesa

• EMA – European Medicines Agency www.ema.europa.eu/

Acesso a RCM e FI dos medicamentos sujeitos a AIM por procedimento centralizado

Fontes de Informação em Saúde: Bases de dados bibliográficas


Ferramentas de pesquisa úteis National Library of Medicine – PubMed

Pesquisa por assunto (MeSH – Medical Subject Headings: descritores)

Clinical Queries https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/clinical/


(Limita a pesquisa a estudos adequados para responder a questões das várias áreas médicas
(diagnóstico, prognóstico, terapêutica), com possibilidade de pesquisas mais sensíveis ou mais
específicas

Ex. a pesquisa sensível na área da terapêutica vai identificar todos os ensaios clínicos;
a mais específica apenas os ensaios clínicos randomizados e controlados

Selecionar a database / database Coverage

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Cochrane Library -Cochrane Database of Systematic Reviews, Cochrane Central Register of


Controlled Trials, and Database of Abstracts of Reviews of Effectiveness (DARE)

Informação para apoio à atividade de Dispensação Clínica de Medicamentos


1.ª Fase - Avaliação da farmacoterapia

Objetivo: Prevenção, deteção e resolução de PRMs (problemas relacionados com


medicamentos ?)

É necessário pois o paciente pode ser alérgico a recipientes ou pode haver interações entre
fármacos …

Para tal é necessário fazer 4 questões sistemáticas para ter a certeza que é a farmacoterapia
correta para o paciente.

Nota: Muita da informação está no Sifarma (programa das farmácias), no entanto temos que
saber a origem da informação primeiro)

1. O medicamento é necessário?

Informação necessária ver : se tem a indicações terapêuticas aprovadas e o uso off-label

Fontes de informação

Resumo das Características do Medicamento – indicações aprovadas em Portugal –


pode não ter a informação completa

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Fontes terciárias na área do medicamento (outras indicações poderão estar aprovadas


noutros países; informação sobre usos off-label)

Exs. Medscape Drug reference, Lexi-Drugs(acessível no Merck Manual for Healthcare


Professionals), ePocrates, A-Z Drug Facts(Drugs.com), Fisterra, Prontuário Terapêutico
online

Fontes secundárias – pesquisa de estudos clínicos (fontes primárias, ex. RCTs) Ex.
PubMed- demora mais tempo e não temos muito tempo para pesquisar a informação
preferível as fontes terciárias

2. O medicamento é adequado?

Informação necessária : contra indicações, precauções ,efeitos indesejáveis (se já fez reação
algum excipiente/fármaco …), interações com outros fármacos e se é seguro na
gravidez/amamentação, se tem insuficiência renal ou hepática

Fontes de informação

Conhecer o doente

Resumo das características do medicamento

Fontes terciárias na área do medicamento

Exs. Medscape Drug reference, Lexi-Drugs (acessível no Merck Manual for Healthcare
Professionals), ePocrates, A-Z Drug Facts (Drugs.com), Fisterra, PT online

Fontes terciárias na área das interações medicamentosas Exs.Medscape Drug


interaction Checker, Drugs.com Interactions Checker, HIV Drug Interactions, Hansten
& Horn Current Topics in Drug Interactions, Psychopharmacological Drug Interactions

Fontes secundárias/terciárias sobre uso na gravidez e amamentação Exs. FDA, e-


lactancia( site espanhol muito bom, tem um código de cores para sabermos se o
fármaco é adequado para gravidas ou não )

3. O medicamento foi prescrito na posologia adequada?

Informação necessária: Dose, frequência e duração de tratamento, incluindo pediatria (temos


que adaptar para as crianças; crianças é dado mg/kg/dia ou seja é necessário fazer contas),
geriatria (idoso com dificuldade em deglutir, comum nos idosos, podemos ver se existe uma
formulação diferente para ser mis fácil), IR, IH ou outras condições fisiopatológicas

Fontes de informação

Resumo das Características do Medicamento - intervalo terapêutico recomendado (


dose mínima eficaz e dose máxima segura)

Fontes terciárias na área do medicamento Exs. Medscape Drug Reference, ePocrates,


A-Z Drug Facts (Drugs.com), Guia FT de Fisterra, PT online, LexiDrugs (acessível no
Merck Manual for Healthcare Professionals)

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Fontes terciárias sobre uso em pediatria, geriatria, IR, IH Exs. AAP Policy Statements, PT
online (anexos sobre pediatria, IR e IH), Geriatrics At Your Fingertips (AGS), Drug
Prescribing in Renal Failure

4. O doente tem condições para tomar o medicamento? O medicamento está


disponível?

Informação necessária: precauções com a toma, instruções utilização /manipulação, formas


farmacêuticas alternativas, medicamentos genéricos (são mais baratos, é melhor)

Fontes de informação:

Resumo das Características do Medicamento

Fontes terciárias na área do medicamento

INFARMED (Infomed) – formas farmacêuticas / vias administração alternativas,

existência de genéricos
Fontes na área da manipulação clínica

Exs. Formulário Galénico Português, Farmacopeia Portuguesa

Infarmed – medicamentos em rutura de stock


http://app.infarmed.pt/sgrt/listrstock.aspx (site indica-nos quais os fármacos que estão
esgotados em Portugal)

Distribuidoras farmacêuticas (podem indicar-nos se estão ou não esgotadas )

2.ª Fase - Informação oral e/ou escrita ao doente sobre uso correto do
medicamento
Objetivo: garantir um correto processo de uso do medicamento
Informação escrita/audiovisual, para complementar a informação oral: vídeos, folhetos
informativos sobre doença/medicamento, pictogramas, etc.

Exemplo: insulina e os diferentes tipo…., alguns fármacos podem ter efeitos secundários que
se o paciente não se precaver pode se magoar exemplo aqueles para dormir que em ação
muito rápida e depois de tomar a pessoa não se pode levantar que pode cair.

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Imagem demonstra
vários sites que tem
vários desenhos e videos
para mostrar aos
pacientes como se faz o
uso correto de fármacos
entre outros factos que
podem ajuda- los a fazer
uma medicação mais
correta .

Grupos Populacionais Especiais:


Necessidade de informação especifica para a dispensação

Pediatria • Indicações não aprovadas (off- label )


• Maior risco de RAMs
• Ajuste de doses
• Forma farmacêutica não está adaptada ao uso pediátrico.
• Instruções sobre uso colheres medida, seringas
Geriatria Maior risco de RAMs e Interações – eles tomam mais medicamentos logo
mais interações
• Ajuste de doses
• forma farmacêutica pode não estar adaptada
Gravidez Teratogenicidade
• Efeitos no curso da gravidez
Lactação Passagem para o leite materno – propriedades FQ e PK
• Efeitos na produção de leite
• Efeitos nocivos para a criança
Insuficiência • Propriedades PK – excreção renal?
renal • Ajuste de doses de acordo com ClCr
Insuficiência Propriedades PK – metabolização hepática?
hepática • Ajuste de doses

Informação para detetar, prevenir e resolver Resultados Clínicos Negativos associados


à Medicação (RNMs)

Classificação de RNMs
RNMs de Necessidade Problema de saúde não tratado (necessário)
Medicamento não necessário
RNMs de Efetividade Inefetividade quantitativa
Inefetividade não quantitativa
RNMs de Inseguridade Inseguridade quantitativa
Inseguridade não quantitativa

Informação para apoio à atividade de Dispensação Clínica de Medicamentos

Método Dáder de Seguimento Farmacoterapêutico

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

1. Oferta do serviço

2. Primeira entrevista – história farmacoterapêutica; recolha de informação sobre


medicamentos e problemas de saúde

3. Estado de Situação – “fotografia” farmacoterapêutica do doente naquela data

4. Fase de Estudo – estudo dos medicamentos que o doente utiliza e dos problemas de saúde
que apresenta – precisamos de fontes de informação

5. Fase de Avaliação – identificação de RNMs

6. Elaboração Plano Acção – identificação de estratégias e prioridades

7. Fase de Intervenção – prevenção ou resolução dos PRMs identificados em colaboração


com o doente e, se necessário, com o médico

8. Resultado da Intervenção – aceite/não aceite; PS resolvido/não resolvido

9. Novo Estado de Situação – nova “fotografia” de acordo com a nova informação

10. Entrevistas sucessivas

1. O medicamento é necessário?
Informação necessária: Indicações terapêuticas aprovadas; Usos off-label Informação
sobre o mecanismo de ação e outras propriedades farmacodinâmicas

2. O medicamento é efetivo?

Informação necessária:
Início ação / Efeito máximo (exemplo para dor de cabeça: o efeito é imediato por outro
lado os antidepressivos demora +/- 4 semanas para vermos se está a ser efetivo ou não);

Resultados clínicos esperados e valores normais, indicadores de efetividade – exemplo:


valores de PA doente se tiver 14/8.5 e esta a fazer terapêutica anti-hipertensiva está
controlada ou não? É necessário saber os objetivos terapêuticos depende do doente se
tem IR ou diabéticos tem valores diferentes. Existem guidelines para saber esses valores.

Dose máxima: por vezes a medicação do utente não é a mais eficaz e ele não está a tomar
a dose máxima segura, podendo assim aumentar a dose
Alternativas terapêutica

3. O medicamento é seguro?

Informação necessária

RAMs, CI e interacções (med/med, med/alimento e med/doença)

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Mecanismo da RAM/interação (para podermos prevenir) , dose mínima eficaz - para saber se
a inseguridade depende ou não da quantidade

Mecanismo RAM/interação, início, duração e dose-dependência da RAM /interação - para


saber como gerir a situação

Alternativas terapêuticas - no caso de inseguridade não quantitativa

Ferramentas Uteis para ….

Avaliação de Novos Medicamentos

1. What is new about the drug?

■ Is it a member of an existing class or a new formulation, or is it a genuine innovation?

2. Is there good quality evidence that the new drug has an efficacy advantage over
existing

therapy?

■ Do studies compare the new drug to the current drug of choice at effective doses?

■ Is the advantage likely to be clinically significant?

■ How strong is the evidence?

• Are studies randomised and double-blind?

• Do studies include enough patients for firm conclusions to be drawn?

• Do studies reflect the population in which the drug will be used?

• Do studies measure long-term effects on patient-relevant outcomes rather than relying

on surrogate endpoints?

Has the new drug been shown to be safe?

■ What are the incidence and severity of side-effects?

■ Are long-term safety data available? Has the drug been used overseas?

■ Which patients are at most risk of side-effects? Which should not receive the drug?

■ In which patients is safety unknown (such as pregnant women or people with hepatic

impairment)?

Is the new drug affordable for patients and value for money compared to existing

35
Cuidados Farmacêuticos | 2021

therapy?

■ If it is more expensive than existing therapy, does it have advantages that justify

the extra cost?

■ Is it PBS-listed? What is its PBS indication?

■ Does it have a premium (such as a brand price premium or therapeutic group

premium) over other drugs?

■ Are there cheaper alternatives (e.g. other drugs in the same class)?

Is the drug likely to be convenient to use and acceptable to patients?

■ How acceptable is the formulation, route of administration and dose frequency

likely to be to patients?

■ Are any special instructions needed to use it (such as drug–food interactions,

or instructions for using a new device)?


■ Is monitoring required?

Aula 3 26/09/2021

Dispensação Clínica dos Medicamentos


Dispensão do medicamento mas tendo em conta o paciente á nossa frente

“A terapêutica com medicamentos prescritos pelos médicos é um processo colaborativo que


envolve o doente, o médico, o farmacêutico e outros prestadores de cuidados de saúde”

-Declaração de The Hage, Holanda F.I.P, 1998

Eficácia vs. Efetividade

Os fármacos já foram provados seguros e eficazes para serem colocados no mercado. No


entanto, tendo em conta o paciente pode haver interações com outros fármacos/ doenças
que o doente esteja a tomar, pode ser alérgico a certas SA…. O paciente pode não
aderir/esquecer.

Eficácia : foi determinado em condições controladas em ensaios clinicos

Efetividade : o que acontece na vida real

Farmacoterapia

• Necessária (deve existir um problema de saúde que justifique o seu uso) para tratar doenças

• Efetiva (deve alcançar os objetivos terapêuticos)

• Segura (não deve produzir nem agravar outros problemas de saúde)

36
Cuidados Farmacêuticos | 2021

(No terceiro consenso não se usa numeração. Considera-se mais útil e prático referir-se a estas
entidades com um breve enunciado em terminologia clínica para estabelecer a falha da
farmacoterapia produzida)

Faltas a adesão o paciente tem que aderir

Farmacoterapia falha quando:

Efetividade Não atinge os resultados positivos para os quais foi prescrita ou indicada
Segurança Atinge resultados não pretendidos que interferem na saúde do doente,
devido as interações
s com outros fármacos e outras variáveis que não previram em ensaios
clinicos

Missão dos Cuidados Farmacêuticos


Ajudar os doentes a obter o máximo benefício dos seus medicamentos

O uso racional dos medicamentos acontece quando os doentes recebem os medicamentos


adequados para as suas condições clínicas em doses e períodos adequados e ao menor custo
(OMS, 1985)- doenças que os medicamentos causam tem custos (estima-se que seja mais do
que o custo dos medicamentos) por isso sua utilização deve ser adequada para diminuir o
custo deste erros.

Definições

PRM Situações que, no processo de uso do medicamento, causam, ou podem causar, o


aparecimento de um resultado negativo associado à medicação, farmacêutico podem intervir.
Para não haver interações, doenças não controladas…

• São detetáveis pelo doente, médico, enfermeiro, farmacêutico (posição estratégica


para encontrar estes PRM)
• Não estão associados a punição ou julgamento de um comportamento- não
podemos dizer o medico enganou-se,ou a culpa é do paciente.
• A parte do processo que pode originar RNM. Se nos resolvermos os PRM estamos a
contribuir para resolver RNM

• O PRM é a parte dos cuidados farmacêuticos que traduz um resultado intermédio


• O PRM é um precursor de morbi-mortalidade associada ao uso dos medicamentos

RNM Resultados na saúde do doente não adequados ao objetivo da farmacoterapia e


associados à falha no uso de medicamentos.

Lista de problemas relacionados com os medicamentos (FORO de AF, 2006) PRM


• Administração errada
• Características pessoais (pode ser um PRM ou não )
• Conservação inadequada
• Contra-indicação

37
Cuidados Farmacêuticos | 2021

• Posologia não adequada


• Duplicação
• Erros de dispensa
• Erros de prescrição
• Incumprimento
• Interacções
• Outros PS que afectam o tratamento
• Probabilidade de efeitos adversos
• Problema de saúde insuficientemente tratado
• Outros

Classificação de resultados negativos associados à medicação (RNM)

Necessidade

• Problema de saúde não tratado: O doente sofre de um PS associado a não receber


um medicamento que necessita

• Efeito de medicamento desnecessário - o doente sofre de um PS associado a receber


um medicamento que não necessita e pode ainda efeitos secundários

Efetividade

• Inefetividade não quantitativa- O doente sofre de um PS associado a uma


inefectividade não quantitativa

• Inefectividade quantitativa - O doente sofre de um PS associado a uma inefectividade


quantitativa

Seguridade

• Inseguridade não quantitativa - O doente sofre de um PS associado a uma


inseguridade não quantitativa

• Inseguridade quantitativa - o doente sofre de um PS associado a uma inseguridade


quantitativa

-Terceiro Consenso de granada, 2007

Relação entre PRM (processo de uso ) e RNM (resultado de uso)

38
Cuidados Farmacêuticos | 2021

Processo de uso do medicamento Atuação profissional

Prescrição O Processo de prescrição e um processo colaborativo: medico,


farmacêutico, paciente e cuidador
Pode haver erros de prescrição, do medicamento, posologia
Dispensação O próprio farmacêutico pode se enganar e pode não detetar erros
Uso/administração Se o paciente ou enfermeiro administrar mal, se tomar a horas
erradas, se tomar antes de almoço em vez depois ….

NOTA: Mesmo que consigamos evitar todos


os PRM possíveis os próprios medicamentos
tem RNM associados. O que podemos fazer é
evitar as causas evitáveis

39
Cuidados Farmacêuticos | 2021

Processos farmacêuticos com implicação direta na medicação

• Dispensação clínica / validação de prescrição – Identifica PRM


• Seguimento farmacoterapêutico – Identifica RNM

Uma boa estrutura promove um bom processo. Um


bom processo promove um bom resultado.

Processo de uso dos medicamentos

Cada vez há mais medicamentos e cada vez eles são mais perigosos.

Colírios: será que as pessoas sabem como se coloca gotas nos olhos? será que pessoas sabem
que só devem ter os colírios durante um mês aberto?

Tambem existem em diversas fórmulas farmacêuticas. Pode haver questões como se podem
partir o medicamento/ moer ou abrir (cápsula)? entre outras

Dispensação clínica do medicamento?

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

• Venda de medicamentos com bata? NÃO

• Conjunto de ações que incluem também a entrega do medicamento. Mas não é só também
temos que garantir que o utente tenha a conhecimento necessário para fazer uma
administração de modo adequado.

• Somos a fonte de informação para os doentes sobre a medicação que vão usar. Podemos
ser passivos (responder às perguntas que ele fizer) ativa (damos- lhes a informação que
sabemos que ele vai precisar).

• Filtro para detetar situações de risco de sofrer RNM (suspeitas de RNM)

• Fonte de informação para o farmacêutico, a partir da qual toma a decisão mais benéfica para
o doente. Durante a compra, o farmacêutico deve fazer perguntas ao doente para ver se deteta
um PNM. Pode não dispensar, dispensar e informar

• Processo clínico cujo objetivo consiste em entregar ao doente o medicamento com indicação
para tratar o problema de que sofre (ou pode vir a sofrer), bem selecionado, na dose correta
e informar/garantir que o doente adere à posologia e às precauções com a sua utilização, de
modo que, através do seu uso, possa melhorar a sua qualidade de vida.

• Atender à necessidade social de reduzir a morbimortalidade associado ao uso de


medicamentos;

• Estabelecer uma relação de confiança entre o farmacêutico e o doente; Relação terapêutica


para podermos transmitir as informações precisamos de ter primeiro de tudo relação de
confiança.

• Atender o doente de maneira individualizada e com foco nas necessidades do doente,


relacionadas ao uso adequado do medicamento;

• Responsabilizar-se por educar o doente para o uso adequado do medicamento e identificar


as situações que necessitem de outros cuidados.

Exemplo: utente quer hipertensor mas ele quer medir pressão arterial e estão 16/10. O
que podemos fazer? Primeiro avaliamos do uso do medicamento, colocar a hipótese que o
paciente não está a aderir a terapêutica. Educamos para a aderir a terapêutica e dar medidas
não famracologicas. Depois reavaliar, se não mudar mandar para o medico

Fases da DCM

• Avaliação da farmacoterapia e intervenção para resolver qualquer PRM detetado – Mais


importante

• entrega do medicamento prescrito ou indicado – ou não se não for adequado

• Informação sobre a posologia (dose, frequência, duração)

• Informação sobre as precauções de utilização (interacção com alimentos, modo de uso,


conservação e manipulação)

41
Cuidados Farmacêuticos | 2021

Diretamente ao doente ou cuidador, de forma sistemática (todos os doentes/todos os


medicamentos)

Objetivos de DCM

• Garantir o acesso ao medicamento(s)/produtos de saúde e entregá-lo em condições ótimas


de acordo com a normativa legal vigente

• Garantir que o doente conhece o proceso de uso dos medicamentos/PS e que o vai cumprir

• Proteger o doente do aparecimento de possíveis RNM, mediante a identificação e resolução


de PRM

• Identificar e resolver RNM

• Detetar outras necesidades e oferecer outros serviços de CF

• Registar e documentar as intervenções farmacêuticas realizadas. Devemos sempre registar


todos os PRM.

Dispensação Clínica, Método GICUF, 2009

• Garante que a DCM é adequadamente efetuada e que todos os PRM são detetados e,
idealmente, resolvidos.

• Todo o processo deve estar documentado e deve ser prestado por farmacêuticos

• Permite avaliar o Processo do Uso do Medicamento; prevenir e/ou resolver PRM e registar
sistematicamente a intervenção do farmacêutico

• Uso de formulários para identificar e registar os PRM, suas causas e respectivas intervenções
farmacêuticas efectuadas para resolver ou prevenir os desvios e documentar o serviço

8 ETAPAS

• Oferta do serviço- implícita, dispensação clinica deve ser realizada para todos os utentes

• Entrevista farmacêutica- perguntar ao paciente informação sobre ele

• Avaliação do processo de uso da farmacoterapia

• Consulta a fontes de informação sobre medicamentos

• Intervenção farmacêutica – para resolver os PRM ou podemos pedir ajuda ao medico

Disponibilização do medicamento

• Informação sobre o processo de uso do medicamento com toda a informação para ele
conseguir fazer medicação corretamente

• Oferta de outros serviços farmacêuticos

Para tal é necessário fazer 4 perguntas fundamentais. Podemos encontrar 4 tipos diferentes
de PRM.

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

1. Medicamento é necessário?

• Qualquer medicamento deve ter as suas indicações aprovadas

• O doente apresenta um PS manifestado ou potencial (não esquecer usos off-label –


medico precreve mas não esta indicado, são da responsabilidade do prescritor!!!)

•Perguntas possíveis: É para si este medicamento? (importante porque todo o


processo vai ser focado naquele paciente, e ele pode ir buscar para outra pessoa); Qual
o seu problema de saúde?, De que se queixa?

2. Medicamento é adequado?

• Muitos não são adequados. As causas podem ser diversas (ex: interações com outros
medicamentos, RAMs, etc).- temos que ver as contraindicações.

• ver se estamos perante gravidas… idosos…

• Alguns não podem ser usados (ex: alergias (antibióticos); CI).

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

• Perguntas possíveis: É a primeira vez que toma estes medicamentos? (porque se ele
já toma e não teve nenhuma reacao alérgica não vai ser aogra que vai ter)• Toma outros
medicamentos? • …

3. Posologia é a adequada?

• A dose deve ser calculada com base no peso, idade, superfície corporal e outros
parâmetros

• Alguns medicamentos necessitam de uma dose maior para que o seu efeito se
manifeste ou uma dose menor para não apresentar toxicidade

• Ver: Idade, peso, IR, IH…

4. Há falta de condições ou parte do utente ou sistema (falta de medicamentos)?

• Muitos doentes não têm condições físicas para a administração autónoma de


medicamentos

• Muitos podem não entender/não conseguir utilizá-los corretamente

Exemplo:

• Artrite reumatóide: aerossol aplicado com pressão do polegar, mas como tem
artrite reumatoide e vive sozinho. Ele pode não conseguir utilizar sozinho o
medicamento e talvez é necessário encontrar soluções

• Doente com perturbações mentais: risco de uso abusivo ou não toma. Temos
que garantir que este paciente terá apoio na posologia.

• Doentes com dificuldades de deglutição

Nota: não podemos mudar prescrição, temos que falar com o medico.

Intervenção Farmacêutica: A intervenção farmacêutica na DCM visa corrigir o PRM


detetado com base na indicação, na adequação do medicamento, na posologia prescrita
e nas condições de utilização por parte do doente.

Conferência / Informação ao doente

• Conferir a receita novamente (presencialmente)

• Verificar se os medicamentos correspondem a nova terapêutica ou se são de


continuação

• Informar oralmente sobre as posologias e duração do tratamento e com aposição de


etiqueta na embalagem (se tal não for possível, escrever na embalagem de modo legível)

• Consultar registos na farmácia (perfis farmacoterapêuticos, se existentes)

• Perguntar se toma outros medicamentos

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

• Informar/consultar sobre possíveis interações e contra-indicações

• Esclarecer alguma dúvida adicional

• Esclarecer se há precauções a tomar

Atuação farmacêutica na DCM

• Receção da prescrição/indicação/automedicação

• Consulta a fontes de informação (se necessário)

• Questões ao doente

• Avaliação do processo de uso dos medicamentos

• Intervenção farmacêutica em caso de PRM

• Entrega do(s) medicamento(s) (distribuição em meio hospitalar)

• Informação clínica ao doente, cuidador ou enfermeiro sobre as precauções de


utilização

Exemplo: bifosfonatos: de pé, em jejum com água , manter em e durante meia


hora e só depois pode se sentar e tomar pequeno almoço. Pode haver danos no esófago se
não seguir mos estes passos

• Validação posterior da receita

Protocolos de DCM

Pode ser a Primeira Dispensação ou dispensação de continuidade, para tal perguntamos “É a


primeira vez que vai tomar este medicamento? “ ou “Está a iniciar este tratamento ?”
Se for primeira dispensação: É para si?, Que outros medicamentos toma?, Tem alguma
alergia/intolerância a medicamentos?, Que outros problemas de saúde tem?, ver se está
grávida ou a amamentar.

Na Inglaterra, na primeira dispensação o farmacêutico tem uma consulta para ver se está
correto

Se for dispensação de continuidade: Avaliar a perceção dos doentes sobre o resultado dos
medicamentos . ver se está a ser efetivo e seguro

• Efetividade: Como está a correr o seu tratamento? , Sente-se melhor?, A


P.A./glicemia/… está controlada?, O médico fez alguma alteração recentemente?

• Segurança: Sente-se bem com o tratamento? , Teve/tem algum efeito indesejável?

Se isso não estiver acontecer pode ser devido ao uso incorreto do medicamento como não
aderir à terapêutica, tomar outros medicamentos com interações, guardar o medicamento no
sitio errado (quente, húmido …)

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Diagrama do Fluxo de procedimento do serviço de dispensação para MSRM

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Diagrama de fluxo de procedimento de serviço de dispensação para MNSRM

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Medicamentos: a sua dispensação:

• Deve ser realizada por um farmacêutico ou sob a sua supervisão direta

• Assegurar-se que os medicamentos não são inadequados para o doente

• Assegurar-se que o doente sabe, no mínimo, o objetivo da toma do medicamento e o seu


processo de uso

• Fluxo de informação bi-direcional (F D) – IPM

• Filtro de para detetar PRM e risco de RNM

Receção da prescrição

• A receita, aspetos legais e sistema de comparticipação

• O prescritor (médico generalista, médico especialista, médico dentista, médico veterinário)

• saber as características do doente: Se é criança, lactente, adulto, idoso e quais as situações


fisiológicas (amamentação, gravidez). Também a situação social pode ser importante. Se está
num lar, se vive sozinho, se tem ajuda… (muitas vezes quem adquire os medicamentos não é
o próprio…)

Consulta a fontes de informação

• (Embora a prática dos farmacêuticos os mantenha actualizados, o número de medicamentos


novos é significativo…)

• Fontes de informação mais usadas na dispensação: RCM – Infomed; Drugs.com; Medscape;


epocrates; Martindale…

• Consultas a centros de informação de medicamentos podem dar respostas com rapidez


satisfatória

• Fontes de informação disponíveis para computadores de bolso/smartphones: cálculo de


doses, interações,…

• Sistemas informáticos das farmácias (SIFARMA 2000,…)

Distribuição – meio Hospitalar

• Após a avaliação e resolvidos todos os PRM relativos a todos os medicamentos dispensados,


realiza-se a entrega dos mesmos – VALIDAÇÃO DA PRESCRIÇÃO

• muitas vezes não fazem entrevista ao medico mas estudam a sua ficha

• Esta fase deve ser acompanhada das informações necessárias para que o doente possa
relacionar os medicamentos com o problema de saúde que apresenta

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

• O farmacêutico deve agir com serenidade pois pode haver situações farmacoterapêuticas
decididas pelo médico que não podem ser contrariadas. Ex: prescrição de placebo, usos off-
label,…

Instruções a fornecer ao doente

• Em simultâneo com a entrega. Idealmente a informação oral deve ser complementada com
informação escrita (Infelizmente nenhum dos sistemas informatizados em utilização em
Portugal permite a impressão de uma folha personalizada com informação sobre todos os
medicamentos dispensados e informação necessária ao seu uso)

• Os prescritores podem usar diferentes modos de indicar as posologias que querem que o
doente siga: “3x/d” significa 1 comprimido/cápsula 3 vezes por dia – temos dizer as horas

• Caso o médico não coloque as precauções com a toma deve o farmacêutico fazê-lo, pela
informação técnica disponível

• A informação deve ser adaptada ao doente em questão, devendo ir de encontro às suas


dúvidas (eixo de informação farmacêutico-doente) – se sabe ler, se consegue ouvir, se prefere
ter tudo escrito nas caixas …

• Normalmente o prescritor adequa o tamanho da embalagem à duração do tratamento.

Informação sobre medicamentos

• As precauções com a toma são muito importantes.

Exemplo: bifosfonatos

• Nenhum doente deve abandonar a farmácia sem que tenha conhecimento de quanto,
quantas vezes e como vai usar os seus medicamentos. O farmacêutico é responsável por
transmitir as instruções do prescritor e adicionar outras que considere importantes.

• Se o farmacêutico não tiver todas as informações necessárias para uma boa dispensação,
tem obrigação de as obter. Também o modo de transmitir as informações pode afectar o
modo como o doente vai usar os seus medicamentos (comunicação).

• O farmacêutico deve fornecer o seu contacto e ficar com o contacto do doente para tirar
dúvidas ou confirmar alguma instrução que aquele não tenha percebido.

Tipos de Informação

Posologia: Dose, Frequência, Duração, Modo de utilizar (antes das refeições, com a comida,
etc)

Precauções

• Condições de armazenamento

• Preparações extemporâneas (como preparar e armazenar)

• Medicamentos preparados a partir de medicamentos diluídos

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

• Medicamentos estéreis (colírios, pomadas oftálmicas, 4 semanas)- validade na


embalagem diferente de validade real após abrir o frasco. Muitas pessoas não sabem isso

• Medicamentos voláteis (dinitrato de glicerina – validade após abertura do frasco)

• Usar expressões como: rejeitar após (data); não usar após (data)

Informação geral

• De modo geral é vantajoso agitar todas as soluções líquidas. Suspensões: reforçar a


importância

• pessoas podem não saber usar depositorios, ovulos, explicar lhes

• Preparações para uso externo – não ingerir (formas líquidas - enganos)

• Colocar longe das crianças (reforçar)

• Lugar fresco e seco – não devem guardar na casa de banho

Informação sobre efeitos adversos

• Alguns efeitos adversos devem ser comunicados ao doente. O farmacêutico deve ter
acesso ao RCM, no momento, ou acesso a bases de dados, com acesso no computador,
atualizadas e fiáveis (Situações específicas que possam pôr em risco o doente ou causar
ansiedade)

• Isotretinoína: usar método anti-concecional durante o tratamento e seis meses


após o seu término

• Anti-histamínicos podem causar sonolência: condução e manuseio de máquinas.


Não usar álcool.

• Fármacos que causam fotossensibilidade: evitar exposição ao sol

• Fármacos que podem alterar as cores da urina ou fezes: evitar ansiedade


desnecessária

• Não devemos falar de todos os efeitos adversos eu pode levar a não adesão só
devemos falar dos mais comum

Dispositivos de dispensa

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

• Para medir a quantidade de medicamento a administrar usam-se dispositivos de


medida que normalmente acompanham os medicamentos.
Se tal não acontecer deve o farmacêutico fornecer um.
Confirmar e adaptar as instruções ao dispositivo concreto.

• Existe equivalência entre as medidas caseiras e as


medidas farmacêuticas, no entanto as colheres variam:

• Colher de café: 2,5 ml


• Colher de chá: 5 ml
• Colher de sobremesa:10 ml
• Colher de sopa: 15 ml
As mais antigas são mais concavas e tem mais volume. Não
se deve usar as colheres de casa mas sim objetos para medir.

Estatutos da Ordem dos farmacêuticos


Deveres do farmacêutico de oficina e hospitalar

“Colaborar com todos os profissionais de saúde promovendo junto deles e do doente o uso
seguro e racional dos medicamentos

Assegurar que, na dispensa do medicamento, o doente recebe informação correta sobre a sua
utilização

Dispensar ao doente o medicamento em cumprimento da prescrição médica ou exercer a


escolha que os seus conhecimentos permitem e que melhor satisfazem as relações
benefício/risco e benefício/custo

Assegurar, em todas as condições, a máxima qualidade dos serviços que presta, de harmonia
com as Boas Práticas de Farmácia”

Norma dispensa de medicamentos e produtos de saúde – OF

E.7. NÃO DISPENSA DE MEDICAMENTOS OU PRODUTOS DE SAÚDE

• E.7.a. O farmacêutico poderá entender não efetuar a dispensa de qualquer


medicamento ou produto de saúde caso:

• E.7.a.i. Não haja necessidade de utilização do mesmo ou de continuidade da

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

terapêutica medicamentosa instituída;

• E.7.a.ii. Não haja indicação do medicamento solicitado para o quadro

sintomático apresentado pelo utente;

• E.7.a.iii. Seja evidente que a avaliação prévia por outro profissional de saúde
é essencial para a utilização do medicamento; - se reparar mos que a primeira
avaliação foi mal feita e o utente precise de algo mais

• E.7.a.iv. Sejam identificadas interações com outros medicamentos ou


produtos de saúde que o utente esteja a tomar, ou contraindicações
decorrentes de outras patologias concomitantes devendo, no caso de
medicamentos prescritos, ser contactado o médico prescritor de forma a ser
encontrada uma alternativa;

• E.7.a.v. Não estejam reunidas as condições legais para efetuar a dispensa do

medicamento, excetuando-se os casos em que a não-dispensa comprometa o

estado de saúde do utente;

• E.7.a.vi. Suspeite de fraude ou burla devendo, nestas situações, sinalizar as

autoridades competentes.

E.2.d. Registos da terapêutica medicamentosa

• E.2.d.i. Devem ser desenvolvidos registos/históricos da terapêutica medicamentosa e


outros produtos de saúde dos utentes, de preferência recorrendo à utilização de
sistemas informáticos;

• E.2.d.ii. O farmacêutico deve assegurar-se de que o sistema garante a


confidencialidade dos dados relativos aos utentes de acordo com a llegislação vigente
de proteção de dados pessoais;

• E.2.d.iii. Deverá efetuar-se o registo de todos os problemas relacionados com


medicamentos identificados e do modo como foram resolvidos.

Receitas eletrónicas

• http://www.receitaeletronica.pt/

• “…o Despacho de 25 de fevereiro de


2016, a Receita sem Papel adquiriu caráter
obrigatório a 01 de abril de 2016, para todas as
entidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

• …a Portaria nº 224/2015, de 27 de julho


de 2015, regulamentou a implementação de todo o circuito de Receita sem Papel – prescrição,
dispensa e faturação. O regime jurídico – que substituiu a Portaria nº 137-A/2012 de 11 de
maio – alargou e adaptou as regras da prescrição eletrónica às da dispensa e faturação,
cumprindo, desta forma, a prioridade de privilegiar a utilização de meios eletrónicos nos
serviços do SNS.

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

• …permite a prescrição, em simultâneo, de diferentes tipologias de medicamentos, ou


seja, a mesma receita poderá incluir fármacos comparticipados com tratamentos não
comparticipados…vantagens para o utente, já que todos os produtos de saúde prescritos são
incluídos num único receituário, o que antes não acontecia.

• …nas farmácias, o utente poderá optar por aviar todos os produtos prescritos, ou
apenas parte deles, sendo possível levantar os restantes em diferentes estabelecimentos e em
datas distintas.”

Sites de interesse

• https://www.sns24.gov.pt/guia/receita-sem-papel/

• https://pem.spms.min-saude.pt/sobre/

• https://www.infarmed.pt/documents/15786/17838/Norma s_Dispensa/4c1aea02-a266-
4176-b3ee-a2983bdfe790

A estrutura

O local tambem é importante par transmitir confiança ao utente.

Devíamos ter a possibilidade de farmacêuticos poderem estar sentados. Utente mais relaxado
para falar da medicação.

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Aula 4 04/10/2020

Necessidade Social
Cada vez mais há necessidade para ajudar as pessoas a tomarem os seus medicamentos . Cada
vez mais temos um população envelhecida, que é polimedicada (multimorbilidade- com várias
doenças cronicas).

desafio
Medicamentos: forma de intervenção médica mais frequente

4 em 5 idosos tomam medicamentos; 36% destes tomam ≥5 medicamentos (polimedicação)

Medicamentos cada vez mais caros, mais complexos e mais tóxicos e tem mais interações

Desafio – melhor uso possível – segundo a OMS

◦ Aprox 50% não os toma adequadamente a nível


mundial. Quer isto dizer que toma os medicamento que
deveria tomar, não toma na altura nem dose correta …

◦ RAMs – causa de 5-17% das admissões hospitalares

◦ O uso de vários medicamentos aumenta o risco de


RAMs, interações e readmissões hospitalares

Como podemos ver pela imagem 8,6 M são admitidos na


europa devido a RAM. Custa muito dinheiro que podíamos
poupar. Metade são evitáveis

70%sao em idosos polimedicados

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Um dos serviços que podemos pretar é a revisão da medicação. Pharmaceutical care network
europe (PCNE) tem trabalhado sobre revisão da medicaçao

Revisão da medicação: “Avaliação de toda


a medicação dos doentes com o objetivo
de gerir riscos e otimizar os resultados da
farmacoterapia pela deteção, prevenção e
resolução de PRMs” – PCNE, 2011

Gerir os riscos da medicação pode causar


doença e morte ou pode melhorar os
resultados

Revisão da medicação é um
cuidado farmacêutico

Doente é o objetivo do nosso


trabalho.

Para fazer a revisão do


medicamento é necessário
fazer uma entrevista (a). Fazer
um formulário para ver se está
tudo bem …

Devemos sempre fazer


avaliação de seguimento dos
pacientes (c.).

Tipos de revisão da medicação


Simples Baseada no historial farmacoterapeutico pode detetar alguns erros como
interações~

No entanto devemos ter o paciente connosco para podermos tirar duvidas


Intermédia Historico farmacoterapeutico e entrevista ao paciente
Método Brown Bag: começou nos EUA que usam os sacos de papel e o
farmacêutico pedia para trazer um saco com todos os medicamentos que ele
estava a tomar que ele estava a fazer com prescrição, sem prescrição,
suplementos, chas …
Avançada Objetivo máximo
Temos histórico farmacoterapeutico (na farmácia é a ficha do utente), temos
o paciente para podermos entrevistaar e também temos os dados clinicos
como analise de sangue …
Permite-nos avaliar a efetividade dos tratamentos.

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Carta aos doentes

Permite avisar as pessoas que deviam fazer a revisão dos medicamentos. Em Inglaterra
os HNS faz cartas para as pessoas que eles acham que vao beneficiar da revisão.

Pode ser feitos por médicos, farmacêuticos, enfermeiro…

… “To improve the services that we currently offer you, we are inviting you to attend for a
medication review. This is to help you get the best from your medicines. During the review
you will be able to:

✔ Discuss your medicines and ask any questions you may have

✔ Check what your medicines are for

✔ Check you are taking your medicines properly

✔ Discuss any problems you may have

✔ Get advice about taking your medicines

Please be assured that change will only be made to your medication if it will improve your
treatment. No medicine will be altered without agreement between you and your doctor.
We hope that you will find the review useful (…) make a routine appointment at the surgery
with your usual GP/or practice pharmacist/nurse at a time convenient to you. The appointment
will last about 20 minutes.

Please tell the staff that the appointment is for a medication review. It would also be helpful
if you would bring to the appointment the medicines that you get on prescription as well
as any other medicines that you are currently taking (e.g. bought from a pharmacy or store
or ‘borrowed’).

Do not hesitate to contact us for further information (….)”

Brown Bag - MSRM, MNSRM, suplementos, chás…

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Temos de saber o conhecimento do utente sobre a medicação


que toma por isso perguntamos para cada medicamento:

• Para que toma?

• Como toma? (podemos concluir se esta correta a


posologia e se o utente aderiu á terapêutica ou não); perguntar
se ele esqueceu-se de tomar a medicação ou não durante a
semana

• Quem prescreveu/indicou?

Processo de uso de medicamentos (PRM) – Podemos detetar

- Duplicações - Interações - Posologia inadequada - Má


adesão/incumprimento

Revisão da medicação: A Revisão da Medicação consiste na avaliação estruturada da


farmacoterapia de um doente com o objetivo de otimizar o uso dos medicamentos e melhorar
os resultados em saúde. Tal envolve detetar problemas relacionados com medicamentos e
recomendar intervenções. – PCNE, 2016

Não só é importante detetar PRM como tambem intervenir para melhorar

Revisão Terapêutica – Objetivos


• Avaliar vontade, capacidade e intenção de toma
• Aumentar adesão terapêutica – se paciente diz que não toma/não quer tomar um
medicamento que lhe faz mal ao estomago isto diz muito sobre o paciente e devemos tentr
arranjar possibilidade para aumentar a sua adesão a terapêutica

• Ampliar a informação sobre medicamentos (utilização correta e segura) - a informação pode


estar incorreta ou distorcida. Se alguém toma a medicação durante vários anos pode apanhar
hábitos que não devia e comecar a achar que é assim que se toma a medicação

•Discutir com o doente conhecimentos e convicções, perceção da eficácia e qualquer


dificuldade

• Orientar o doente/cuidador- cuidador informal (familiar ) ou formal mas ambos vão precisar
de ter o conhecimento

• Detectar e corrigir potenciais problemas

• Analisar também MNSRM e outros suplementos

• Reduzir desperdício

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Podemos fazer a revisão da medicação deve ser marcada e não deve ser feito ao balcão.
Tambem podemos fazer em lares, em hospitais, em farmácia mas escritórios, em casa dos
idosos…

Reino unido – NHS paga a farmacêutico para fazer esse serviço

Um exame estruturado e crítico dos medicamentos de um paciente com o objetivo de chegar


a um acordo com o paciente sobre o tratamento, otimizando o impacto dos medicamentos,
minimizando o número de problemas associados a medicação e redução do desperdício

Há boas evidências para mostrar que as revisões de medicamentos podem melhorar a


segurança, aumentar a adequação de prescrever e reduzir o uso desnecessário de
medicamentos, resultando em melhores resultados de saúde. Avaliações de medicação pode
identificar doses inadequadas a ser prescritas (muito altas ou muito baixas), efeitos adversos
que um paciente pode ter sofrer, as necessidades de informação dos pacientes e quando
alterar ou interromper o tratamento.

Uma discussão concordante durante uma revisão de medicamentos pode fornecer uma
oportunidade para discutir as razões para o não cumprimento dos medicamentos prescritos.
As revisões de medicamentos também fornecem uma oportunidade para realizar uma revisão
mais ampla da condição clínica do paciente, que pode envolver diversos profissionais de
saúde. A Medicines Partnership tem desenvolvido um guia de revisão de medicamentos para
profissionais e pacientes / pais

É importante que os históricos de medicação levem em consideração o uso de terapias


complementares. Os pais podem sentir desencorajado a discutir terapias complementares
em consultas com profissionais de saúde, resultando em históricos de medicamentos
incompletos.

NHS tem várias - passarr

Tipo de review Feito por Razão

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Medicine use Farmacêuticos comunitários Ajudar pacientes a usar a tomar a


review (MUR) de Inglaterra e de gales medicação efetivamente. O
farmacêutico ajuda os pacientes com
qualquer duvida que eles tem e para
desenvolver o conhecimento que o
utente tem sobre medicação. Pode
haver recomendações clinicas ou custos
para tornar a experiencia do utente
mais efetiva e com menos custos.
Dispensing review Dispensing practice (pelo GP Ajudar o paciente a perceber a sua
of use of ou dispensador) medicação e a identificar problemas
medicines relacionados com ela.
(DRUM)
Chronic Farmaceuticos comunitários Cuidado farmacêutico de pacientes ao
medication na escócia. longo
service

Preparação da consulta de revisão da medicação


Devemos dizer

Quando vier à consulta de revisão de medicamentos, traga todos os seus medicamentos. Isso
inclui os medicamentos que você obtenha receita de seu médico, bem como remédios de
ervas e remédios que você compra na farmácia ou supermercado [Muitas mulheres não acham
que a pilula é medicamento]. Por medicamentos, entendemos tudo o que você toma,
incluindo comprimidos, líquidos, inaladores, cremes e pomadas [muitas vezes não acham que
pomada pode um medicamento ]. Leve também medicamentos que você não toma mais. Você
também pode fazer uma lista de perguntas que deseja fazer sobre seus medicamentos. Por
exemplo:

• Como eles funcionam?

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

• Como sei que eles estão me ajudando?

• Ainda preciso tomá-los?

• Por que tenho tantos comprimidos?

• Que efeitos colaterais eles causam?

• Quão seguros eles estão?

• Posso ter recipientes que sejam mais fáceis de abrir?

• Existe alguma coisa que pode me ajudar a lembrar de tomar meus medicamentos?

• Existem novos medicamentos que podem me ajudar?

Se houver alguém que o ajude a administrar seus medicamentos, como um membro da


família, pode ser útil trazer eles com você para sua revisão.

Não é só em Inglaterra, há outros países como Austrália. Para ser elegível para o serviço

está tomando 5 ou mais medicamentos regulares;

• estão a tomar mais de 12 doses de medicamentos por dia;

• teve mudanças significativas no regime de tratamento medicamentoso nos últimos 3 meses;

• Está a tomar a medicação com um índice terapêutico estreito ou medicamentos que


requerem terapêutica monitoramento;

• estão apresentando sintomas sugestivos de uma reação adversa ao medicamento;

• Não obteve a resposta esperada do tratamento com a medicação;

• são suspeitos de não conformidade ou incapacidade de gerenciar medicamentos


terapêuticos relacionados dispositivos;

• têm dificuldade para administrar seus próprios medicamentos por causa da alfabetização
ou da linguagem dificuldades, problemas de destreza ou visão prejudicada, confusão /
demência ou outros aspectos cognitivos dificuldades; - idosos

• estão atendendo vários médicos diferentes, tanto clínicos gerais quanto especialistas [pode
acontecer duplicações ];

• Teve alta recentemente de uma instituição / hospital (nas últimas 4 semanas). Normalmente
já tomava antes , durante o hospital tomavam outro e pode levar a confusão e eles estarem a
tomarem todos.

Serviços em diferentes países pagos pelo estado

Australia:

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

1997 - Residential Medication Management Review (RMMR) – vao a casa das pessoas
ou casas de idosos
2001 - Home Medicines Review (HMR) / Domiciliary Medication Management Review
(DMMR); vao mesmo a casa das pessoas
Formulário:
Temos local para colocar os dados da pessoa – peso altura , vacinas
Se tem algum problema que pode afetar o uso de medicação: visão, deglutição,
memória, compreensão, linguagem ou literacia
Informação sobre o seu estilo de vida : fuma , álcool
Quem faz a administração ele próprio ou cuidador
Se tem alguma maquina como nebulidor, para medir diabetes
Se e necessário fazer preparação individualizada da medicação e normalmente é feita
para uma semana
Alergias e medicamento que faz
Exames laboratoriais

UK:

New Medicine Service (NMS); - pessoa que vai tomar pela primeira vez um
medicamento tem uma consulta com farmacêutico e vai ter toda a informação para
fazer o uso correto, fundamentar a adesão a medicação
Medication Use Review (MUR);
Medication Review

Canada:
Medication review

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Artigo faz revisão das revisões euroepeias e uma delas é a portuguesas

Este artigo divide em 3 tipos as revisões dos medicamentos

Tipo 1 revisão da medicação – avaliar problemas técnicos com a prescrição, só com a


prescrição medica e histórico de medicação – foco na medicação

Tipo 2 – revisão da aderência e da review compliance - já temos a entrevista ao paciente


avaliamos os comportamentos de adesão a terapêutica – foco no uso de medicamentos

Tipo 3 – revisão da medicação clinica - problemas relacionados com uso do medicamento de


acordo com as suas doenças ou condições clinicas. – foco nos medicamentos e resultados na
saúde

Segundo o artigo, Portugal tem um serviço nacional de revisão da medicamentação com


entrevista ao paciente, com acesso à informação dos medicamentos de prescrição, não-
prescrição, ás doenças e testes laboratoriais, fazem um plano de acompanhamento destes
doentes, usam guidelines, requer um treino pós-graduação e é pago. ESTA ERRADO. Não é
pago e não temos acesso a isto tudo

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Canada

Não é em todo o canada só em alguns estados

A revisão de medicamentos é um serviço de atendimento ao paciente que procura


melhorar a compreensão do paciente sobre a sua medicação e melhorar resultados de
saúde O serviço é prestado por um farmacêutico por meio de uma consulta pessoal
individualizada durante o qual o paciente e o farmacêutico identificam todos medicamentos
que o paciente está a tomar, discute como os medicamentos são melhor tomados e,
quando apropriado, cria um plano de gerenciamento de medicamentos para resolver
qualquer problema. No final da consulta, o farmacêutico fornece ao paciente um ou mais
documentos a listar todos os seus medicamentos.

Para ser legível

A necessidade clínica deve ser identificada e documentada como um ou mais dos seguintes:

• o médico solicitou uma revisão do medicamento,

• o paciente tem várias doenças,

• paciente tem uma doença crónica,

• o regime de medicação do paciente inclui um ou mais não sujeitos a receita

medicamentos,

• o regime de medicação do paciente inclui um ou mais produtos naturais para a saúde,

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

• o paciente tem um problema de gerenciamento de medicamentos,

• paciente recebeu alta hospitalar recentemente,

• o paciente tem vários médicos a prescrever

• o paciente está recebendo medicamento (s) que requerem monitoramento laboratorial


(exemplo: varfarina ).

USA

Quem paga são as seguradoras que perceberam que se o medico fizer o uso correto e forem
encontrados os erros mais rapidamente menos se paga .

Irlanda

Artigo demonstra que mesmo apenas 10 minuto para rever a medicação ajuda imenso.

“Multiple and inappropriate medications are often the cause for poor health status in
the elderly. Medication reviews can improve prescribing.

…aimed to determine if a ten minute medication review by a general practitioner could


reduce polypharmacy and inappropriate prescribing in elderly patients. A prospective,
randomised study was conducted.

Patients over the age of 65 (n=50) underwent a 10-minute medication review. Inappropriate
medications, dosage errors, and discrepancies between prescribed versus actual
medication being consumed were recorded. A questionnaire to assess satisfaction was
completed following review.

The mean number of medications taken by patients was reduced (p < 0,001). A medication
was stopped in 35 (70%) patients.

Inappropriate medications were detected in 27 (54%) patients and reduced (p<0,001)

Dose errors were detected in 16 patients (32%). A high level of patient satisfaction was
reported.

A ten minute medication review reduces polypharmacy, improves prescribing and is


associated with high levels of patient satisfaction

“Take Ten Minutes”: A dedicated ten minute medication review reduces polypharmacy in the
elderly EK Walsh,K Cussen, Irish Medical Journal 103(8):236-238

Inglaterra e Pais de gales

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Singapura

Tem um progama que as pessoas podem ir ao hospital com todos os medicamentos e tem
um entrevista

Folheto para revisão da medicação nos USA

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Tabelas com medicação que está a fazer, recebe no final da entrevista

No USA também tem o programa da revisão da medicação, mesmo os financiado pelo estado

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Aqui eles podem colocar a medicação que estão a


fazer , indicações , problemas encontrados e o que podem fazer para melhorar

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Exemplo de uma tabela que deve estar atualizada no final da revisão

Revisão terapêutica- Vantagens


Valorizada pelos doente e o seu resultado – o registo pessoal de medicação - é útil para
farmacêuticos, médicos e outros profissionais de saúde

Pode melhorar o nível de confiança e de comunicação do farmacêutico com os seus doentes


(Melhora o perfil do farmacêutico como capaz de resolver PRM) – sim se fizer uma boa
entrevista, com melhoramento na saude do utente.

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Proporciona aos doentes a oportunidade de conversar com o farmacêutico sobre a sua saúde

Ajuda os doentes a compreenderem os seus medicamentos – melhora o seu conhecimento

Garante que estes os usam adequadamente

Orientações para a revisão da medicação


Esta orientação baseada nos exemplos em cima referido, foi publicada este ano, abril de 2021.

(…) RM enquadra-se habitualmente num serviço estruturado através do qual toda a medicação
da pessoa com doença é avaliada periódica e sistematicamente, e que tem como objetivo
otimizar a utilização do medicamento e melhorar os resultados em saúde. Este serviço
inclui a deteção de problemas relacionados com o processo de utilização do
medicamento e a recomendação das intervenções que possam contribuir para garantir
a sua necessidade, de acordo com a história clínica da pessoa, e promover a efetividade
e segurança da medicação (…) identificação de medicação que pode ser descontinuada, cuja
dose necessita de ser alterada, ou que deve ser adicionada (…) envolvendo outros profissionais
de saúde, nomeadamente médicos e enfermeiros, ou até mesmo em articulação com o sector
social. A avaliação da medicação deverá ser realizada de forma crítica e ter ainda como
objetivo acordar também com a pessoa o seu tratamento, envolvendo-a na tomada de decisão
sobre a sua medicação, ou seja, capacitando-a e fomentando a sua adesão à terapêutica
[exemplo paciente não conseguia tomar essa formula farmacêutica e farmacêutico com ajuda
do medico prescritor altera ]. (…) RM contribui para a utilização responsável do medicamento
e melhores resultados em saúde.

I) Caraterísticas do utente e da sua medicação

a) Utentes idosos (65 anos ou mais); [idosos tem farmacodinâmica e farmacocinética alterada
e é necessário adaptar ]
b) Utentes com elevada complexidade da terapêutica [e.g. polimedicados (recorrendo à
definição mais comum, i.e., com 5 ou mais medicamentos (12) ou com 12 ou mais doses
diárias)];
c) Utentes com alterações frequentes do regime terapêutico (e.g. nos 3 meses anteriores; ou
mais de 4 alterações no ano anterior) [pacientes estão confusos e podemos ajudar ]
d) Utentes com multimorbilidade (2 ou mais doenças crónicas)
e) Utentes propensos a elevada prevalência de automedicação (identificados pela aquisição
frequente de medicamentos não sujeitos a receita médica [MNSRM, incluindo MNSRMEF)]
f) Utentes com utilização prolongada de medicação psicotrópica;
g) Utentes que utilizam medicamentos de alerta máximo ou de estreita margem terapêutica;
h) Utentes com sinais ou sintomas sugestivos de possíveis reações adversas a medicamentos;
i) Utentes com frequentes sinais ou sintomas sugestivos de mau controlo da doença;
j) Utentes com reduzida literacia em saúde;
k) Minorias étnicas, refugiados ou residentes em asilos;

II) Processo de utilização do medicamento

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

l) Utentes que reportem dificuldades no processo de utilização de medicamentos,


frequentemente associadas a dificuldades de comunicação (e.g. linguísticas), cognitivas (e.g.
confusão mental), sensoriais (e.g. diminuição da acuidade visual) ou físicas (e.g. reduzida
destreza manual [dificuldade em colocar gotas, usar inalador …] ou dificuldades de
deglutição);

m) Utentes que utilizem medicamentos com nome ortográfico, fonético ou aspeto


semelhantes, habitualmente conhecidos pelo acrónimo inglês LASA (look alike, sound alike)-
genéricos agora tem caixas muito parecidas

III) Utilização dos cuidados de saúde (formais e informais)

n) Utentes com frequentes hospitalizações;


o) Utentes com recente alta hospitalar;
p) Utentes recentemente transferidos para unidades de cuidados continuados;
q) Utentes com eventos significativos recentes, incluindo novos diagnósticos;
r) Utentes com quedas recentes ou recorrentes;
s) Utentes com diversos prescritores;
t) Utentes em programas específicos acordados com as entidades locais;
u) Utentes cuja terapêutica é da responsabilidade de um cuidador, por dificuldade em gerir a
sua medicação;
v) Utentes que residam sozinhos;
w) Utentes cujo plano terapêutico esteja desatualizado, e.g. fruto de visitas médicas pouco
frequentes (< 1 vez por ano)

Tipo 1: Revisão da Medicação Simples

análise do histórico farmacoterapêutico (…) possível identificar: duplicações terapêuticas e


interações fármacofármaco, alguns efeitos adversos (prescrição em cascata), doses pouco
usuais e algumas questões relacionadas com a adesão à terapêutica. É ainda possível
identificar medicação potencialmente inadequada (independente do diagnóstico).

Tipo 2A: Revisão da Medicação Intermédia

quando a pessoa com doença pode ser contactada para obter mais informação (…) é possível
identificar: duplicações terapêuticas e interações fármaco-fármaco, efeitos adversos (incluindo
os reportados pela pessoa), doses e frequências de administração pouco usuais, problemas
relacionados com a adesão à terapêutica, interações fármaco-alimento, interações com
suplementos alimentares ou plantas, problemas de efetividade e alguns problemas
relacionados com a utilização de medicamentos de não prescrição.

Tipo 2B: Revisão da Medicação Intermédia interação com o médico assistente e/ou na
análise da informação clínica integrada informáticamente (ou em processo clínico manual
passível de consulta) e acessível ao farmacêutico … desenvolvido em contexto
interdisciplinar…. é possível identificar: duplicações terapêuticas e interações fármaco
fármaco, efeitos adversos, doses pouco usuais (devendo verificar-se se estão corretas),
problemas relacionados com adesão à terapêutica…interações fármaco-alimento, problemas
de efetividade e problemas relacionados com a utilização de medicamentos sem indicação…
medicação potencialmente inadequada (dependente do diagnóstico)

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Tipo 3: Revisão da Medicação Avançada análise do histórico farmacoterapêutico,


informação proveniente da pessoa com doença e informação clínica,,, contexto
interdisciplinar… possível identificar: duplicações terapêuticas e interações fármaco-fármaco,
alguns efeitos adversos, doses pouco usuais, algumas questões relacionadas com a adesão à
terapêutica, interações fármaco-alimento, problemas de efetividade, problemas relacionados
com a utilização de medicamentos sem indicação e problemas relacionados com a não
utilização de medicamentos necessários

Primeira entrevista
• Consentimento informado

• Dados socio-demográficos e fisiopatológicos -temos que informar que vamos recolher:


sexo, idade e doenças

• Medicamentos (e processo de uso); MSRM, MNSRM; suplementos, chás)

• Prescritor (es) – e de preferência os contactos

• Adesão (auto-reportada, perguntas não punitivas; MARS-9, MAT); “Falhou alguma


dose/medicamento na última semana?”

• Conhecimento sobre os medicamentos que toma

• Alergias

• Estilo de vida : fuma, bebe, tipo de alimentação


• Registo (preferencialmente informaticamente)

Processo de RM

Pesquisa de:

• Interações clinicamente relevantes entre medicamentos prescritos;


• Interações clinicamente relevantes com MNSRM, suplementos alimentares, alimentos, ou
outras substâncias (café, tabaco, etc.);
• Duplicações da terapêutica;
• Contraindicações;

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

• Doses incorretas;
• Necessidade de ajustes de doses (e.g. insuficiência de órgãos); pode estar incorreta para
qualquer pessoa ou pode ser mesmo só para aquele paciente que tinha alguma
particularidade como por exemplo ser idoso
• Posologias incorretas ou com informação insuficiente (e.g. duas vezes ao dia; estatina
tomada ao almoço);
• Utilização de medicação de que o utente não necessita, ou que não é adequada para a sua
doença;
• Utilização de via de administração, forma farmacêutica ou regime posológico que dificulta
a adesão à terapêutica;
• Situações ou problemas de saúde em que parece haver indicação para iniciar ou adicionar
um medicamento, com o objetivo de tratar ou prevenir um problema de saúde;
• Ocorrência de reações adversas a medicamentos

Reconciliação da Medicação

“Intervenção farmacêutica, que consiste na comparação entre a medicação seguida pelo


doente – antes da hospitalização – e a prescrição hospitalar. Através deste método, é possível
a detecção de eventuais erros de medicação, denominados discrepâncias, e tem por finalidade
◦ a diminuição dos erros relacionados com a medicação,
◦ o aumento da eficácia da terapêutica,
◦ a diminuição dos custos associados e
◦ a melhoria da adesão do doente.”

A reconciliação de medicação tem demonstrado ser uma importante estratégia para reduzir
erros de medicação, riscos potenciais ao doente, e custos no atendimento

Processo formal de adequação do plano farmacoterapêutico a partir da comparação entre


a lista exata e completa de medicamentos que o paciente usava previamente e a prescrição
farmacoterapêutica na transição do atendimento (admissão hospitalar, mudança de
médico prescritor, alta hospitalar)

Deve ser realizada sempre que novos medicamentos são prescritos ou são refeitas prescrições
já existentes, incluindo mudanças de serviço, médico ou nível de atendimento [Moriel et al.
(2008)]

Com um atendimento integral e integrado, dentro e fora do hospital, o farmacêutico pode


evitar que haja interrupção nos cuidados ao paciente, promovendo, assim, a atuação
profissional em resposta a uma necessidade social

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Existe uma norma de reconciliação da medicação.


Como podemos ver na imagem as palavras
chaves desta norma são : “Segurança o doente”,
“segurança na medicação” e “reconciliação da
medicação”. Estamos intereassados em evitar
erros que podem causar erros de segurança. Isto
deve ser feito quando se faz uma transição
assistencial

Transição Assistencial

• internamento hospitalar; transferência dentro do hospital para outro serviço,


enfermaria ou para outra unidade hospitalar; alta hospitalar; retorno ao atendimento
ambulatorial

• Existem ainda, situações em que o doente não muda de nível de assistência, mas
é atendido por vários médicos, que prescrevem diversos medicamentos, sem haver
uma reconciliação entre eles. Nestes casos seria importante que a reconciliação
acontecesse na farmácia comunitária

Reconciliação da medicação tem


• Grande impacto na prevenção de eventos adversos relacionados com medicamentos
• Redução das discrepâncias encontradas entre as prescrições hospitalares e os medicamentos
utilizados em casa, promovendo a redução dos erros de medicação em cerca de 70%

Mapa da Reconciliação terapêutica

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Quando doente chega ao hospital deve se fazer este BPMH (best possible medical history) –
entrevista com o doente ou cuidador e pesquisar duas fontes de informação por isso tambem
deve se ir ver a ficha se possível do paciente para ver se está tudo correto.

No hospital o medico vai fazer a prescrição devemos comparar a lista e identifcar as possíveis
discrepâncias e falar com o medico para fazermos BPDP (best possible discharge plan).
Devemos explicar as alterações que foram feitas para o doente ou cuidador no ficar confuso.

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Explica mais ou menos a mesma coisa. é importante a comunicação, colaboração do


paciente/cuidador . Como podemos ver reconciliação e uma revisão, mas o objetivo é
diferente. Na reconciliação é encontrar as diferenças e elimina-las mas se encontrar mos
outros tipo de PRM devemos elimina-los

Relação entre erros de medicação e reações adversas a medicamentos

Erros de medicação são evitáveis. Reações adversas não conseguimos prevenir uma vez que
os medicamentos não são inócuos

Doente, transições de cuidados e uso de medicamentos

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Esquema mostra muito que pode acontecer quando um paciente entra no hospital e como os
farmacêuticos comunitários podem ajudar. O paciente quando entra no hospital diz ao
medico o que está a tomar (2) depois um medico faz um plano (3). No primeiro dia deixa de
tomar 1, mas tem que tomar outro (4). No dia 4 (7) a medicação que ele estava a tomar é
diferente de quando entrou no hospital. Sem a reconciliação o paciente podia tomar os que
ele já tomava antes de ir para o hospital e tomar os depois de ir para o hospital (9) . A
comunicação e muito importante

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Discrepâncias nas transições de cuidados


Existe muitas discrepâncias entre os medicamentos antes e depois do hospital como podemos
ver pelo gráfico. Mesmo antes de entrar no hospital (community).

Esquema “Swiss-Cheese” relacionado com o dano nos doentes causado por


medicamentos

swiss cheese porque existe


buracos por onde os erros
podem passar se ninguém
estiver a tomar atenção, e os
erros continuem. Como
podemos parar isto ?
Com comunicação, colaboração
entre profissionais de saúde,
acesso aos processos de saúdes,
com revisão da medicação, com
a adesão do paciente e com a
reconciliação da medicação.
Ver exemplo da imagem no
hospital senhor foi para casa
com langoprazole (protetor
gástrico) em vez da olanzapina
(anti psicótico) mas ninguém viu e o senhor ficou mal foi para o hospital mas mesmo assim
ninguém viu. Não houve comunicação.

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Reconciliação da Medicação
Processo para obtenção de uma lista completa, precisa e atualizada dos medicamentos que
cada paciente utiliza em casa (incluindo nome, dosagem, frequência e via de administração),
e comparada com as prescrições médicas feitas na admissão, transferência, consultas com
outros médicos e na alta hospitalar, com o objetivo de deteção de discrepâncias (variações
não intencionais da sua terapêutica farmacológica)

Essa lista é usada para melhorar a utilização dos medicamentos, pelos doentes, em todos os
pontos de transição e tem como principal objetivo, diminuir a ocorrência de erros de
medicação quando o paciente muda de nível de cuidados de saúde, prevenindo a
iatrogenia medicamentosa e promovendo a segurança do doente.

A proposta da reconciliação da medicação é evitar ou minimizar erros de transcrição, omissão,


duplicidade terapêutica e interações medicamentosas. Quando as discrepâncias nas ordens
médicas são identificadas, os médicos assistentes são informados e, se necessário, as
prescrições são corrigidas e documentadas.

“Poor or nonexistent communication about medication information at key 'transition points'


— admission, transfer between care settings, and discharge — is responsible for as many as
50% of all medication errors and up to 20% of adverse drug events (ADEs) in hospitals”
-Boston-based Institute for Healthcare Improvement (IHI, 2006)

Assim reconciliação tem 3 passos


O Institute for Healtcare Improvement (IHI), recomenda que a reconciliação de medicamentos
seja realizada em três etapas:

1. Verificação: consiste na recolha de informação e elaboração da lista de medicamentos que


o doente usa antes da sua admissão, transferência ou alta hospitalar;

2. Confirmação: visa assegurar que os medicamentos e as dosagens prescritas são


apropriadas para o doente;

3Reconciliação: consiste na identificação das discrepâncias entre os medicamentos prescritos


em cada nível de cuidados ou em cada ponto de transição, na documentação das
comunicações feitas ao prescritor e na correção das prescrições junto com o médico.

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Modelo da lista de reconciliação de medicamentos casa

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Poster no hospital Garcia da horta


Em que dizia que foram encontradas 191 discrepâncias em 65 doentes das quais 44,5% eram
justificadas e 55,5% não justificadas. Esta última era devido à omissão de medicamentos
(88,7%). Farmacêutico fez 64 recomendações /intervenções que não maioria eram aceites pelo
medico

Experiência no CHCB

Inexistência de um sistema de comunicação


seguro entre profissionais de saúde e
envolvendo o doente no que respeita à sua
medicação actual. Entao para ajudar na
comunicação o departamento de imagem e
comunicação criaram um cartão de
medicação e era partilhado pela farmácia,
serviço clinico e informática.

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Esta ficha era entregue aos médicos

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

E pacientes tinham esta folha sempre atualizada

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Aula 5 - 11/10/2021

A Farmacoterapia falha → problema de saúde publica → Não queremos que isto aconteça
devemos ajudar as pessoas a obter o máximo benefício

Efetividade Não atinge os resultados para os quais foi prescrita ou indicada


Segurança Atinge resultados não pretendidos que interferem na saúde do doente

Necessidade social: Os doentes necessitam de ajuda para obter o máximo beneficio dos seus
medicamentos

Objetivo: Ajudar os doentes a obter o máximo benefício dos seus medicamentos

Modelo tradicional de cuidados de saúde

Doença /profissional de saúde → decisões unilaterais→ perda da perpetiva humana do doente

Antigamente profissional de saúde decidia tudo, no entanto este modelo ignora a parte
humana do paciente. Este paciente pode ter medos, crenças, ideologias …..isto não deve ser
ignorado paciente deve ter escolha

Cuidados centrados no doente (patient – centered care)

Proximidade e continuidade dos cuidados → papel


psicológico e social do processo saúde/doença →
Necessidade do doente assumir um papel ativo na tomada
de decisões relacionadas com a sua saúde – devemos ajudar
o paciente a ter o conhecimento correto para aumentar a
adesão

Deve haver mais proximidade com o doente. É um processo


complexo e há varias variáveis como podemos ver pela
imagem ao lado

O doente é considerado o principal agente de saúde: a pessoa que deve receber benefícios
de e qq processo assistencial: quem necessita recuperar saúde, quem se cura, melhora ou
piora

Deve pois participar das decisões respeitantes ao seu cuidado

O papel do doente na recuperação da sua saúde é definitivo para o êxito de qualquer prática
assistencial

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Para que isto aconteça devemos ganhar a confiança do paciente

As decisões sobre uma intervenção em saúde devem ser guiadas por um juízo clínico, baseado
na melhor conhecimento científico disponível (evidência)

Sempre que possível deve atender-se às vontades expressas do doente e suas


preferências explícitas sobre as intervenções na sua saúde
A base de qq prática assistencial centrada no doente é uma relação baseada na
confiança e respeito mútuo que espera conduzir a melhoria dos problemas de saúde e da
qualidade de vida dos doentes e seus familiares

Relação Terapêutica
Modelo de decisões compartilhadas centradas no doente. Esta relação tem que ter
Confiança

Farmacêutico Conhecimento, habilidade, atitudes profissionais e


procedimentos clinicos a fim de alcançar objetivos terapêuticos
Paciente Atitudes, expectativas, medo, conhecimento, crenças, situação
de vida, comportamento com relação à saúde e medicamentos.

Estudo Mundial → Paciente passa 1hora / ano com o médico e 8700 hora / ano em auto-
gestão → necessários farmacêuticos para ajudar paciente

Cuidados centrados no doente na profissão farmacêutica

Cuidados Farmacêuticos: O farmacêutico participa de modo ativo junto com outros


profissionais de saúde para conseguir resultados que melhorem a qualidade de vida dos
doentes
O farmacêutico (profissional especializado na terapêutica mais utilizada – a farmacoterapia)
deve orientar a sua prática de modo a alcançar os melhores resultados possíveis com a
utilização dos medicamentos nos doentes

Entre as práticas farmacêuticas dentro dos Cuidados Farmacêuticos considera-se o


Seguimento Farmacoterapêutico a de maior nível de efetividade na obtenção de resultados
positivos em saúde, quando se utilizam medicamentos.

Objetivo: dar resposta a um problema de saúde pública - a morbilidade e mortalidade


relacionada com os medicamentos

Seguimento farmacoterapêutico:
“ A prática profissional que tem como objetivo a deteção de problemas relacionados com
medicamentos (PRM), para a prevenção e resolução de resultados negativos associados à
medicação (RNM). Este serviço implica um compromisso e deve ser realizado de modo
contínuo, sistemático(tem que haver método e devemos agir de modo igual para toda a
gente), e documentado, em colaboração com o próprio doente e com os outros profissionais

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

de saúde, com o objetivo de atingir resultados concretos que melhorem a qualidade de vida
dos doentes.” – focado em melhorar o resultado

-Comité de Consenso. Tercer Consenso de Granada sobre problemas relacionados com los
medicamentos (PRM) e resultados negativos associados à medicação, Ars Pharm 2007; 48
(1):5-17.

•Já estava nos nossos estatutos nos so estamos a sistematizar

• Acompanhamento ou seguimento pode ser ambos

• Prática profissional farmacêutica

• Responsabilização do farmacêutico pelas necessidades do doente relacionadas com os


medicamentos

• Detetar PRMs (problemas relacionados com medicação) para prevenir ou resolver RNM
(resultados negativos associado à medicação). Atividade indubitavelmente associada à
monitorização e avaliação continuada dos efeitos dos medicamentos que um doente usa
(atividade clínica em que o farmacêutico irá detetar mudanças no estado de saúde do doente
atribuíveis ao uso da medicação, usando e medindo variáveis clínicas: sinais, sintomas,
medições metabólicas ou fisiológicas que permitam determinar se a farmacoterapia está a ser
necessária, efetiva e/ou segura);

• Continuada (compromisso), sistemática (método) e documentada (registo de atividade)

• Colaboração com o doente e equipa de saúde (definição das funções do farmacêutico)

• Alcançar resultados concretos que melhorem a qualidade de vida dos doentes ~

Suspeitas de RNM

➢OBJETIVOS DO SFT (seguimento farmacoterapeutico)

• Identificar e resolver RNM (manifestados)

PS identificáveis pela presença de sinal, sintoma ou medida clínica que se afastam do


considerado normal (não cumpre os objectivos terapêuticos estabelecidos para o
doente)

• Identificar e prevenir o surgimento de RNM (não manifestados ou suspeitas de RNM)


– Suspeitas de RNM → Sempre que possível (exemplo interações previsíveis)

PS (que podem ter consequências para a saúde do doente) que não podem ser
identificados, pela ausência de sinal, sintoma ou medida clínica que permita confirmar
a sua existência, mas que, segundo a avaliação da situação clínica concreta do doente
apresentam probabilidade elevada de se manifestarem

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Classificação de RNM

Terceiro consenso de granadas, 2007

Antigamente os PRM tinham a distinção de PRM 1,2,3 e 4 e não havia muita a distinção entre
PRM e RNM, mas depois do consenso de granada começou a haver.

Não damos nomes aos RNM mas sim explicamos o RNM. A possibilidade de haver uma
interação era um RNM mas agora sabemos que é uma causa de RNM

Necessidade

Problema de saúde não tratado. O doente Pessoa vai a farmácia e diz que não se
sofre de um problema de saúde associado ao está a sentir muito bem e medimos lhe
facto de não receber a medicação que necessita a hipertensão e concluímos que está
→ quanto mais precoce melhor o prognostico muito alta. Perguntamos se já sabia ou
/evolução se já tomava algo e diz que não. É um
problema de saúde não tratado
Efeito de medicamento não necessário. O Paciente acha que deve tomar AINE e
doente sofre de um problema de saúde depois queixa-se que está com dores
associado ao facto de receber um medicamento de estomago, insónias…. E está a ter
que não necessita efeitos de medicamento não
necessários
Efetividade – farmacoterapia falha – não alcança objetivos
Inefectividade não quantitativa: O doente Não depende da dose -
sofre de um problema de saúde associado a
uma inefetivdade quantitativa da medicação
Inefectividade quantitativa. O doente sofre de Depende da dose – podemos aumentar
um problema de saúde associado a uma a dose
inefetividade quantitativa da medicação
Segurança – farmacoterapia falha – causa problemas de saúde
Inseguridade não quantitativa. O doente sofre Não depende da dose -
de um problema de saúde associado a uma
inseguridade não quantitativa de um
medicamento
Inseguridade quantitativa O doente sofre de Depende da dose – podemos diminuir
um problema de saúde associado a uma a dose
inseguridade quantitativa de um medicamento

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Relação entre PRM (processo de uso) e RNM (resultados do processo de uso)

se melhorar mos o uso de medicamentos


podemos aumentar os resultados
positivos

Problemas relacionados com os medicamentos

• Administração errada do medicamento

• Características pessoais
• Conservação inadequada
• Contraindicação
• Dose, esquema terapêutica e/ou duração adequada
• Duplicação
• Erros na dispensação
• erros na prescrição
• Incumprimento
• Interações
• Outros problemas de saúde que afetam o
tratamento
• Probabilidade de efeitos adversos
• Problema de saúde insuficientemente tratado
• outros

Queremos detetar PRM

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

A realização do seguimento do tratamento farmacológico em doentes tem dois objetivos:

1. Responsabiliza-se com o doente de que o medicamento lhe vai causar o efeito


desejado pelo médico quando o prescreveu ou pelo farmacêutico quando o indicou
2. Estar atento durante o tratamento para que não surjam os mínimos problemas não
desejados e se aparecerem resolvê-los, entre os dois ou com a ajuda do médico - RNM

-faus and Martinez, 1999

O farmacêutico não é especialista em patologias por isso nunca deve:

• fazer anamnese
• diagnosticar ou prognosticar patologias
• prescrever medicamentos
• alterar doses/ posologias prescritas – crianças e idosos
• Seguir a evolução de uma patologia - seguir os resultados das farmacoterapias

O farmacêutico é especialista do medicamento por isso deve:

• Fazer o seguimento/ acompanhamento dos tratamentos farmacológicos (novo estatuto da


ordem dos farmacêuticos)
• Procurar PRM e RNM
• Informar o doente dos RNM/PRM encontrados para que os resolvam em conjunto; ou
informar o médico que avaliará o beneficio-risco da terapêutica e decidirá se mantem o
tratamento ou se faz alterações
• Documentar os resultados

Estrutura para a realização do Seguimento farmacoterapêutico

Olhos nos olhos, sem interrupção…

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Fase do método clínico

Fase 1 Coleta de dados Organização do conjunto de dados do


paciente incluindo historia clinica, exames
físicos e resultados laboratoriais
Fase 2 Identificação de problemas Formulação de uma lista completa dos
problemas do paciente identificados pelo
médico
Fase 3 Plano Desenvolvimento de planos de ação para
cada problema identificado
Fase 4 Seguimento Acompanhar o progresso das ações
realizadas e a evolução dos problemas
abordados

Existe vários métodos para fazer o seguimento farmacoterapeutico

SOAP- (subjective, objective, assessment, plan) – muito usado pelos americanos


Recolher as informações do paciente em duas categorias a que ele se queixa
(subjetive) e o que conseguimos medir ( objective) depois avaliamos (assessment) e um
plano.

PWDT (Pharmacist’s workup of drug therapy) – não é so avaliar o paciente mas tambem
avaliamos a farmacoterapia

Americanos usam muitos estes dois (SOAP e PWDT)

TOM (therapeutic outcome monitoring) – avaliamos os resultados das farmacoterapias

Diferem nas perguntas e como apontamos/registamos

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Método Dáder – o que usamos, feito pelos espanhois, já temos folhas traduzidas … já tem
formulários que podemos utilizar, tem tudo para registar tudo (histórico, dados sobre o
paciente …)

Método de dáder

• Desenvolvido pelo “Grupo de Investigación en Atención Farmacéutica de la Universidad de


Granada”, 1999 (primeira versão em1999 mas a mais recente é a 2007)
• Utilizado em vários países por centenas de farmacêuticos em milhares de doentes
• Procedimento operativo simples que permite realizar SFT a qualquer doente, em qualquer
âmbito assistencial de forma sistematizada, continuada e documentada
• Obtenção da História Farmacoterapêutica do doente, i.e, problemas de saúde que
apresenta, nos medicamentos que utiliza e na avaliação do seu Estado de Situação numa
determinada data, de forma a identificar e resolver os PRM e RNM que o doente apresenta.
• Após esta identificação realizam-se as intervenções farmacêuticas necessárias para os
resolver e posteriormente avaliam-se os resultados obtidos.

História farmacoterapêutica

• conjunto de documentos
elaborados/preenchidos pelo farmacêutico ao
longo do processo de SFT

• Motivo da oferta de SFT – se só tomar um


medicamento não e necessário só a polimedicados

• Dados do doente (idade, sexo, IMC, hábitos…)

• Problemas de saúde e efeitos/resultados


derivados do uso da farmacoterapia- saber as
doenças, indicadores, e objetivos da terapêutica

•Farmacoterapia (início, posologia, médicos, ajustes de dose...) –

• Valorizações do farmacêutico (base de decisão)

• Planificação, evolução e resultado das intervenções (informação relacionada com ações do


farmacêutico destinadas a obter os objetivos definidos em conjunto com o doente; alterações
dos comportamentos do doente, decisões médicas tomadas em resposta às intervenções
realizadas e informações que permitam avaliar a evolução do seu estado de saúde)

• Consentimento informado, cartas ao médico e a outros profissionais de saúde – devemos


sempre mandar carta, não devemos ligar.

• Contactos do doente- se virmos que existe algum problema devemos contactar

Documentos de registo

• Folha de rosto

• Folhas de entrevista farmacêutica (recolha de informação)

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

•Estado de situação (análise e avaliação)

• Folhas de plano de atuação

• Folhas de entrevistas sucessivas – processo continuado

• Folhas de intervenção (resumo das ações realizadas para melhorar ou preservar o estado
de saúde do doente; sistema de notificação do programa Dáder de SFT)

Método de dáder – fases

0) Fase prévia (oferta do serviço)


No balcão se virmos alguém com pressao elevada, valores de glicemia descontrolada,
polimedicação.
Devemos dizer as vantagens do serviço
Doentes crónicos ou polimedicados são os que mais beneficiam
Fazemos a marcação e dizemos para trazer os sacos de medicamentos, cha, cremes
com SA

➢Explicar de forma clara e concisa o serviço oferecido: o que é, o que pretende e


principais características (aspectos positivos)
➢Oferecido quando se percebe alguma necessidade relacionado com medicamentos:
➢O doente consulta o farmacêutico sobre algum medicamento, algum
problema de saúde, algum parâmetro bioquímico ou em geral sobre a sua
saúde
➢O doente expõe alguma preocupação relativa a algum dos seus problema de
saude ou medicamentos
➢O doente solicita o serviço
➢O farmacêutico recebe alguma queixa relacionada com algum medicamento
prescrito ou detecta um PRM durante o processo de dispensação
➢Ou seja, pode ser oferecido durante a prestação doutros serviços centrados no
doente (Cuidados Farmacêuticos) como é o caso da Indicação Farmacêutica e
Dispensação Clínica de Medicamentos

Professora passou a frente este slide (↓)

➢Indicação farmacêutica e SFT:


➢É importante lembrar que assumir RNM como PS implica a distinção se tal
situação clínica é um processo banal e auto-limitado (transtorno menor) ou
não.
➢SIM: Indicação farmacêutica
➢NÃO: SFT ou médico
➢Dispensação e SFT:
➢Doentes com PS crónicos, grupo com maior risco de RNM
➢SFT: dispensação repetida ou continuada, em que o farmacêutico
identifique ou o doente perceba que o tratamento não está a ser efetivo

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

(pergunta aberta: como se está a dar com este medicamento?


Possibilidade do doente responder fazendo referência à sua percepção de
efetividade (melhoria ou controlo do seu PS) ou sobre a seguridade
(aparecimento de efeitos adversos relacionados com o medicamento)
➢Avaliar se o processo de uso é correcto
➢NÃO: educar sobre o correcto uso e dispensar
➢SIM: dispensar e oferecer SFT ou enviar ao médico
1) Primeira visita (História farmacoterapeutica)
Se o doente aceitar o serviço:
Marcar a primeira visita→ Pedir para que traga todos os medicamentos que tem em
casa para uso próprio (mesmo os que já tomou anteriormente - saco de
medicamentos. MSRM, MNSRM, suplementos, fitoterápicos…)

Objetivo: obter o máximo de informação possível sobre o doente e iniciar a sua


história farmacoterapêutica

História Farmacoterapêutica: conjunto de documentos, elaborados ou preenchidos


pelo farmacêutico ao longo do processo que contêm dados, avaliações (juízos
clínicos) e informações de qualquer índole destinados a monitorizar e avaliar os
efeitos da farmacoterapia utilizada pelo doente. Dossier individual, modelo
fornecido.
Não é so no inicio, é feita ao longo das entrevistas ou doente muda os seus
medicamento, ou porque foi internado no hospital e devemos registar isso tudo
Tem que ser dinâmica

Entrevista farmacêutica: O farmacêutico deve ajudar o doente a manifestar as suas


necessidades relacionadas com os medicamentos e problemas de saúde, escutando
de forma adequada e interpretando corretamente o que o doente explica.

Uma técnica de comunicação é parafraseando: dizer o que ele disse mas por outras
palavras para termos a certeza que percebemos o que ele queria dizer

Local adequado, sentados , sem ruídos, sem interrupções , confidencialidade dos


dados

Estrutura:
• Preocupações de saúde (PS) – pergunta aberta – damos espaço para eles exporem-
se á vontade, mas se tiver a desviar muito (por exemplo falar da familia e dos gatos)
devemos direcioná-lo para problemas de saúde
Pergunta aberta: o que lhe preocupa mais e colocamos de acordo com a
resposta → B(bastante), R(regular) e P (pouco)

•Saco com medicamentos (med./PS) – perguntas fechadas (de cada medicamento a


informação necessária que permita avaliar o conhecimento, adesão e
efetividade/seguridade do tratamento)
Saco com medicamentos (medicamento/PS):
1. Está a tomar?
2. Quem o receitou, indicou, aconselhou?

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

3. Para que toma?


4. Está melhor, se o medicamento faz efeito?
5. Desde quanto o toma?
6. Quanto toma?
7. Como toma? (comida, leite, etc)?
8. Até quando tem que tomar?
9. Dificuldades na utilização (tem ou teve)?
10. Algum problema (algo estranho)?

E a resposta pode ser B-bem, R- regular e M-mal

• Revisão (med./PS – “da cabeça aos pés”); parâmetros quantificáveis (peso, altura,
PA); Estilos de vida (tabaco, alcóol, dieta, exercício físico); vacinas e alergias –
podemos encontrar outros problemas de saúde ou interações que o doente não se
preocupava nem achava que era muito grave.
Dados do doente
Toma alguma coisa para… Cabelo Cabeça Olhos, ouvidos, nariz Garganta ….
Início, frequência, etc
Objectivo: “descobrir” outros medicamentos que o doente utilize mas não tenha
trazido outros problemas de saude não referidos anteriormente (menos
preocupantes) Informação complementar

Parâmetros biológicos, hábitos sociais Registo de PA, glicemia, colesterol,


trigliceridos, peso… Consumo de alcool, café, tabaco… Alergias

Dados do paciente Contactos Data de nascimento Profissão

2) Estado de situação (“fotografia”)

Vamos preencher uma folha e colocar naquela dat os problemas de saúde e os


fármacos que toma

Vamos colocar na data do dia todos os problemas que o paciente tinha. Todos os
medicamentos que toma, que medicamentos causaram problemas no passado e
todos os problemas de saúde
Devemos associar o medicamento à doença

Documento que mostra resumidamente a relação entre os PS e os medicamentos do


doente numa determinada data Configuração de emparelhamento horizontal entre os
PS e os medicamentos que toma para aqueles Visualizar o panorama sobre o estado
de saúde, avaliar a farmacoterapia do doente ou expôr um caso numa sessão clínica

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Elabora-se com a informação da história farmacoterapêutica do doente, organizado


de forma estruturada no documento Visão geral do estado de saúde/medicação

Exemplo de ficha foi uma das primeiras ainda está em espanhol

Uma das folhas


onde podemos
colocar a data,
dados do doente,
código, quando
começou a ter
hipertensão
arterial, esta
controlado ou
preocupa, os
medicamentos que
toma …avaliação …

Exemplo Folha de intervenção – diz nos


qual é o problema e o que vamos fazer

Não é a mais recente


Folha de intervenção: identifica o
problema, se possível identifica a causa
(por exemplo a adesão) e o que vamos
fazer.

Devemos registar tudo.


Marcar com o paciente outro data
passado algum tempo para podermos
reavaliar o problema

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Resumo de tudo

3) Fase de estudo antes de dar a nossa resposta


• Indicações autorizadas
• Mecanismo de ação
• Intervalo de dose
• Interações
• Incompatibilidades: muitas vezes pessoas não conseguem tomar o medicamento
por via oral e temos alterar a forma de administração (?)
• Contra-indicações
• Efeitos secundários
• Mecanismo fisiopatológicos
• Objetivos terapêuticos: varia de paciente para paciente
• Parâmetros a monitorizar : para saber se está controlada ou não
• Diretrizes terapêuticas (guidelines)

➢Informação clínica concreta e atualizada (aulas 3 e 4) temos que ter conhecimento para
tomar decisões
➢ Em muitos aspectos de qualquer prática clínica existem lacunas de conhecimento
que devem ser identificadas e resolvidas
➢ A informação clínica está em constante evolução, e os avanços científicos devem
ser incorporados na prática clínica
➢ A tomada de decisões deve ser apoiada na evidência científica. Localizar e aceder
a esta evidência científica (com informação atualizada e oportuna) está a tornar-se
cada vez mais uma capacidade essencial para os profissionais de saúde

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

➢ A informação facilmente acessível e com evidência atualizada é um padrão de


qualidade nos cuidados de saúde, nomeadamente no SFT
➢ É necessário conhecimento assistencial (farmacêutico) focado na perspetiva da
farmacoterapia

Depois da fase de estudo vamos avaliar


➢Etapa que permite obter informação sobre os problemas de saúde e a medicação do
doente; encontrar a melhor evidência científica disponível a partir de pesquisa de
informação, realizada nas fontes mais relevantes, de forma rigorosa e centrada na situação
clínica do doente permitindo

➢ Avaliar criticamente a necessidade, a efetividade e a seguridade da medicação que


o doente faz numa determinada data

➢ Desenhar um plano de atuação com o doente e a equipa de saúde, que permita


melhorar e/ou manter os resultados da farmacoterapia de modo contínuo no tempo

➢ Promover a tomada de decisões clínicas baseadas na evidência científica durante


todo o processo de SFT

4) Fase de avaliação
Identificação RNM e suspeitas de RNM
A identificação de RNM realiza-se mediante um processo sistemático de perguntas

O processo inicia-se na primeira linha do estado de situação (PS/medicamento) e o


resultado será uma lista das suspeitas de RNM detetadas e classificadas de acordo
com o estipulado na classificação de RNM

Registam-se todas as suspeitas de RNM manifestados ou não (podemos encontrar


interação que ainda não deu nenhum efeito – suspeita de RNM) . Priorizam-se e

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

decidem-se as atuações/ações para resolver os RNM identificados Priorizar??? e


calendarizar

Por vezes ele tem dois e tem se que resolver um de cada vez. O que preocupa o
utente não é o mais importante entao tenta-se explicar que o outro é mais grave e
que devemos resolver primeiro esse. Outras vezes pode se resolver os dois ao
mesmo tempo.

Intervenções farmacêuticas Resolução de PRM e RNM Monitorização de PS

5) Plano de atuação e plano de seguimento

O Plano de Atuação é o conjunto de intervenções que o doente e o Farmacêutico


acordam realizar, para resolver os PRM/RNM detetados
O Plano de Seguimento é o programa de visitas acordado entre o doente e o
Farmacêutico para assegurar que os medicamentos que o doente toma são apenas
aqueles que ele necessita e que continuam a ser os mais efetivos e seguros
possível- entrevistas que vamos marcar

6) Intervenção farmacêutica
•Comunica-se ao doente o RNM detetado e a proposta de solução combinando-se
com ele como resolvê-lo. Também se estabelece uma data para uma próxima
visita que pode ser presencial ou telefónica com o objetivo de avaliar a resolução
ou não do RNM.
• A penúltima etapa de cada ciclo de seguimento farmacoterapeutico que termina
na avaliação dos resultados clínicos alcançados pelo doente
• Define-se como a ação do farmacêutico que visa melhorar o resultado clínico
(clinical outcome) dos medicamentos, mediante a alteração da sua utilização

“atuar para tentar resolver PRM detectado levando a efeito a alternativa escolhida”
Toledo et al., 1999
“levar a efeito a opção mais adequada para resolver o PRM detetado” Iglésias et al.,
2001

Tipos de intervençõa farmacêutica


Devido a 1.1 Modificar a dose do medicamento
1. Modificação adesão, 1.2 Modificar a frequência de
na quantidade efeitos administração ou a duração do
de adversos, tratamento
medicamento mudar a 1.3 Modificar os horários de uso do
duração da medicamento
toma

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

As pessoas 2.1 Iniciar um novo medicamento


2. Modificação mudam mas 2.2 Suspender um medicamento
da estratégia continuam a 2.3 Substituir um medicamento
farmacológica tomar o
antigo
Técnicas que 3.1 Reduzir a não aderência não-
famraceutico intencional do paciente (educar no uso
pode dar ao do medicamento)
paciente 3.2 Reduzir a não aderência voluntária
3. Educação do
para do paciente (trabalhar atitudes e
paciente
aumentar a comportamentos do paciente)- paciente
adesão não quer
3.3 Educar sobre medidas não-
farmacológicas

Farmacêutico – Doente: se o RNM se deve a causas derivadas do uso do


medicamento por parte do doente (verbal ou escrita)

Farmacêutico – Doente – Médico: se a estratégia delineada pelo médico não


atinge os efeitos esperados ou se trata de um PS que necessite diagnóstico
médico (escrita)
◦ Apresentação do Doente: todos os dados (PS e medicamentos)
imprescindíveis para abordar o problema
◦ Motivo da comunicação: causa pela qual se remete ao médico, referir todos
os dados dos PS que possuem parâmetros quantitativos, sinais e sintomas
que o doente apresente, semutilizar palavras que levem a pensar que o
farmacêutico está a fazer diagnóstico ou prognóstico de um PS
◦ Parecer farmacêutico: relação possível do resultado negativo com o
medicamento uma vez estudados todos os medicamentos
◦ Despedida: realçando o papel de decisão do médico e a importância da
intervenção ◦ Data, carimbo e assinatura do farmacêutico

A carta ao médico

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Apresentação: Identificação do paciente,


medicamentos envolvidos na situação e problemas
de saúde sob tratamento

Motivo do encaminhamento: Porblmas de


farmacoterapia identificados e manifestações
clinicas que fundamentam a suspeita (sinais,
sintomas, medidas clinicas). Utilizar linguagem
técnica e evitar proposições de diagnósticoou
prognóstico

Avaliação farmacêutica: relação entre os


problemas encontrados e a farmacoterapia do
paciente, incluindo possíveis causas. Proposta de
solução do problema, incluindo alternativas
terapêuticas e sugestões

Fechamento: despedida formal, reforçando a


solicitação de avaliação do médico sobre o
problema, colocando-se à disposição e reforçando
a continuidade do cuidado que será prestado

Data, carimbo e assinatura do farmacêutico

Avaliação farmacêutica:

7) Resultado da intervenção farmacêutica


Na data marcada avalia-se se o RNM foi resolvido ou não
Considera-se que se resolveu um RNM quando a intervenção efetuada conduziu
ao desaparecimento ou melhoria clinicamente significativa do PS que lhe deu
origem Se após a intervenção o PS não desapareceu nem melhorou diz-se que o
RNM não foi resolvido
Também podemos dizer se foi aceite ou não

8) Novo estado de situação


O resultado da intervenção dará lugar a um novo Estado de Situação do doente
cujo objetivo é recolher as alterações existentes desde a intervenção, relativas aos
PS e medicamentos
Temos de saber se mudou alguma coisa como por exemplo medicamente,
problema de saúde ou se apareceu novos efeitos adversos.

9) Entrevistas sucessivas

Objetivos:
• Continuar a resolver os RNM pendentes segundo o Plano de Atuação acordado
• Cumprir o plano de seguimento para prevenir o aparecimento de novos RNM
• Obter informação para poder documentar os novos Estados de Situação e
melhorar a Fase de Estudo

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Esquemas explica o que falamos hoje

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Etapa 1: preocupações relacionados com a saúde; paciente começa com o que lhe preocupa
mais

101
Cuidados Farmacêuticos | 2021

Etapa 2 : perguntas sobre cada medicmaentos

Parametro do doente. Peso, altura… glicémia

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Problema de saúde, medicamento ou medicamentos, quando começou e posologia ..e PRM

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

A professora não falou desta tabela

categoria Intervenção Definição


Ajuste da quantidade de
Alterar a dose fármaco que se administra
de uma vez
Alteração na frequências
Intervir no quantidade de Alterar a dosagem
e/ou duração do tratamento
medicamento
Alterar a frequência da Alteração do esquema pelo
administração qual ficam repartidas as
(redistribuição da tomas do medicamento ao
quantidade) longo do dia
Intervir na estratégia Adicionar um medicamento Incorporação de um novo
farmacológica (s) medicamento aos que o

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

doente já usa (não


substituir)
Abandono da administração
de um determinado(s)
Retirar um medicamento (s)
medicamento(s) dos que o
doente utiliza
Substituição de algum
medicamento dos que o
doente utilizava por outros
Substituir um medicamento
de composição diferentes ,
(s)
diferente forma
farmacêutica ou via de
administração
Educação nas instruções e
Educar no uso do
precauções para a correta
medicamento (diminuir o
utilização e administração
incumprimento involuntário)
do medicamento
Alterar atitudes respeitantes Reforço da importancia do
ao tratamento (diminuir doente ao seu tratamento
Intervir na educação ao
incumprimentos voluntários
doente
)
Educação do doente em
todas as medidas higieno-
Educar nas medidas não
dietético que favoreçam a
farmacológicas
realização dos objetivos
terapeuticos
Não está claro: não se estabelece com clareza qual é a ação que se deveria realizar.
Encaminha-se ao médico para que este avalie a situação do doente e leve a cabo a ação
mais adequada

Aula 6 – 18/10/2021 – Indicação farmacêutica

Indicação farmacêutica só os farmaceutico o fazem (Surpresa!!!!)

Autocuidado: …” o que as pessoas fazem por si mesmas para estabelecer e manter a saúde,
prevenir e lidar com a doença”

-WHO, 1998, O papel do farmacêutico no autocuidado e automedicação)

Autocuidado está associado a vários fatores


• Higiene: lavar dentes, tomar banho

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

• Nutrição: comer saudável


• Estilo de vida: não fumar
• Factores ambientais
• Factores socioeconómicos

• Automedicação :
“A prática pela qual os indivíduos seleccionam e usam os medicamentos para tratar
sintomas ou pequenos problemas de saúde, assim reconhecidos pelos mesmos, e é entendida
como parte do auto-cuidado” (FIP, 1999)

“Envolve o uso de medicamentos para o tratamento de problemas de saúde


autolimitados ou o uso de forma esporádica ou contínua de medicação prescrita pelo
médico para problemas de saúde crónicos ou recorrentes” (OMS, 2000).

Exemplo: Tomar benuron quando está com dor de cabeça

Automedicação responsável

“Automedicação responsável é reconhecido pela OMS como o tratamento de sintomas e


transtornos menores, através do uso adequado e moderado de medicamentos isentos de
prescrição médica.

A automedicação responsável pode:


- ajudar a prevenir e tratar sintomas e distúrbios que não necessitam de uma consulta
médica;
- reduzir a crescente pressão sobre os sistemas de saúde, para o alívio de males
menores, sobretudo quando os recursos humanos e financeiros forem limitados;
- aumentar a disponibilidade de cuidado com a saúde para populações que moram em
áreas rurais ou remotas, onde o acesso aos serviços médicos pode ser difícil.”
In
-“Expert Committee on National Drug Policies”. World Health Organization. July, 1995

Diferença entre automedicação e automedicação responsável : a responsável nós ajudamos

“De um modo geral o consumidor não tem experiência nem conhecimentos para distinguir
distúrbios, avaliar gravidade e escolher o mais adequado entre os recursos terapêuticos
disponíveis, o que leva a que a prática da automedicação seja muitas vezes danosa para quem
a pratica”

-Shenkel, E. (1996) Cuidado com os medicamentos. Editora da Universidade, Brasil

Qual o papel do farmacêutico?

• “Os farmacêuticos desempenham um papel fundamental na assistência, dispensa e


informação sobre os medicamentos disponíveis para a automedicação; … devem ser
capazes de ajudar o doente a escolher a automedicação apropriada e responsável, ou
quando for necessário, encaminhar o doente para o médico”
-(OMS, 1998. O Papel do farmacêutico nos auto-cuidados e automedicação)

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

• “Os farmacêuticos têm a responsabilidade profissional de fornecer informação correta e


imparcial e de se assegurarem que as pessoas recorrem à automedicação apenas nos casos
em que tal seja seguro e apropriado” - no entanto há muita gente que toma muito e abusa
-(FIP, Declaración de Princípios – Autocuidado – El papel del Farmacêutico, 1996)

Automedicação – recomendações da FIP

Farmacêutico – garantir efetividade e segurança do uso dos MNSRM (conhecimentos


técnico-científicos atualizados, capacidade de reconhecer sintomas (no entanto não
podemos fazer um diagnóstico), disponível sem marcação de consulta, capacidade de
recomendar consulta médica quando a situação o recomendar – papel activo na Indicação
Farmacêutica )

Indicação Farmacêutica – baseada nos conhecimentos técnico-científicos, evidência e se


possível orientada por Normas (diretrizes ou guidelines) elaboradas e aceites pelas
Organizações Técnico-Científicas / comunicação interpessoal (informação prestada)

INFARMED: seguros e eficazes (medicamentos disponíveis).

Necessário garantir que os MNSRM são usados nas indicações autorizadas, doses e
períodos recomendados, tendo em conta contra-indicações (patologias, gravidez,
amamentação), interacções, dados de farmacovigilância. – usar sempre os medicamentos
mais seguros

Solicitar um medicamento pelo nome ≠ Conhecer o medicamento

De acordo com a

FIP, Declaración de Princípios


Autocuidado, El papel del Farmacêutico, 1996
• Quando solicitado para prestar ajuda para o tratamento de sintomas, o farmacêutico deve
recolher informação suficiente para possibilitar uma avaliação adequada da situação;
sobre quem tem o problema, sintomas, duração daqueles, se já foram tomadas
atitudes e se toma outros medicamentos.

• Deverá depois decidir se os sintomas podem associar-se a um PS grave e se tal acontecer


encaminhar imediatamente ao médico
➢ Duração dos sintomas
➢ Repetição ou pioras da situação
➢ Dor aguda
➢ Se já tentou sem efetividade um ou mais medicamentos
➢ Sintomas de reconhecida gravidade
• No caso dos sintomas não cumprirem aqueles critérios, o farmacêutico deve prestar a
ajuda adequada, dispensando ou não MNSRM. Aconselhar da necessidade de consultar o
médico se os sintomas persistirem após algum tempo.

Pessoa dizer “doi me a cabeça” ou “doi-me imenso a cabeça não aguento” é diferente para
diferenciar os sintomas
Devemos fazer uma dispensação clinica correta e fazer sempre as perguntas corretas

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

WMA statement on self- medication

Automedicação em Portugal

Estudo Prevalência da Automedicação na População Urbana (ANF)

1995 -1996 – compra de MNSRM

4135 indivíduos

26,2% (28,4% H, 25,2% M)

10 - 49 anos (31%)

Maior escolaridade (32%)

Recurso ao farmacêutico para apoio (42,8%)

Referência a ser obrigados a esperar de 1 semana a 1 mês por consulta (28,8%)

Riscos

• Prazo de validade expirado, medicamento alterado (uso de “restos”)


• Disfarçar os sintomas de uma patologia mais grave

108
Cuidados Farmacêuticos | 2021

• Contribuir para o
agravamento das doenças
• Reacções alérgicas
• Grupos de risco

Os medicamentos são os
principais motivos de chamada
para os centros de informação de
antivenenos

Automedicação na suécia

450 farmácias

1425 PRMs em 1418 doentes

Necessidade de intervenção ativa do farmacêutico na Indicação Farmacêutica

Os doentes devem estar informados que a automedicação sem apoio do farmacêutico pode:
negligenciar sinais de doença que requeira consulta médica
mascarar sintomas com atraso de diagnóstico
conduzir ao tratamento de RA a outros medicamentos
conduzir a dependência/abuso
conduzir ao agravamento de outras doenças

Os doentes devem estar informados de que o farmacêutico é capaz de avaliar e identificar as


suas queixas seleccionando o medicamento mais adequado para doente e situação, esquema
terapêutico e duração do tratamento. O doente deve fornecer ao farmacêutico informações para
ser alvo da IF e informação ajustada.

Não existem medicamentos inócuos

Transtornos menores
Desaconselhada em grávidas, mulheres a amamentar, crianças e idosos- grupos + vulneraveis
Indicação e aconselhamento personalizado – o farmacêutico – risco de Insegurança e
INefetividade (efeitos adversos, interações, contra-indicações; dose/posologia e duração
adequadas)

venda de MNSRM fora das farmácias ?


Não !!! Foi por isso que se deixou de
vender medicamentos fora da farmácia

…Deliberação n.º 024/CD/2014, de 26


de fevereiro de 2014, do Conselho
Diretivo do INFARMED I.P., foi aprovado
Regulamento de medicamentos não

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

sujeitos a receita médica de dispensa exclusiva em farmácia……deliberação 01/CD/2015, de 8


de janeiro de 2015…republicada por necessidade de atualização

Também conhecido como 3º lista → não sujeitos a receita medica de dispensa exclusiva em
farmácia .
Farmaceutico tem que cumprir protocolos para dispensar estes medicamentos
No ano passado havia 32 resultados como por exemplo: ciclopirox, ibuprofeno + cloridritato
de psudoefedrina ou cloridrato de pseudoefedrina+ cloridrato de triprolidina

Transtornos menores

 “Patologias comuns, sem consequências graves, considerados problemas de saúde


auto-limitados. Podem ser encontrados na literatura como “minor illness”, minor
ailment” e “common illness” (FIP, 1999)
 “Situações clínicas passíveis de automedicação” Despacho n.º 17690/2007, DR, 2.ª
série, n.º 154, de 10 de Agosto de 2007)
 “Problemas de saúde auto-limitados[curta duração], considerado não graves. Auto-
limitados de curta duração. Respondem bem ao tratamento sintomático”

Despacho nº 17 690/2007 - lista das situações clinicas passives de automedicação que


podemos intervir para ajudar

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Agora mais difícil por causa do covid


→ tosse devemos fazer logo o teste

Febre : em algumas podemos intervir


mas outras não. Como distinguimos ?
Intensidade, duração, gravidade

Isto também pode ser aplicados para


outro

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Situações na farmácia…

• Pedido de um medicamento concreto (automedicação) – o paciente chega e diz logo o que


quer
• Pedido de medicamento e aconselhamento (automedicação responsável / automedicação
assistida) – ele vai pedir um medicamento mas pergunta conselhos ao farmaceutico
Quero o medicamento X… mas o que acha
• Pedido expresso de ajuda na escolha do medicamento para o seu PS (Indicação
Farmacêutica)
Que me aconselha para…

Indicação farmacêutica: definição

“Ato profissional pelo qual o farmacêutico se responsabiliza pela seleção de um MNSRM com
o objetivo de aliviar ou resolver um problema de saúde a pedido do doente, ou o envio do
doente ao médico, quando o problema necessite da sua atuação”
Guia de Indicación Farmacéutica, GIAF-UG, 2006

O ato profissional pelo qual o farmacêutico se responsabiliza pela seleção de um MNSRM


e/ou indicação de medidas não farmacológicas, com o objectivo de aliviar ou resolver um
problema de saúde considerado como um transtorno menor ou sintoma menor,
entendido como problema de saúde de carácter não grave, autolimitado, de curta duração,
que não apresente relação com manifestações clínicas de outros problemas de saúde do
doente.
BPF, Revisão nº 3, 2009, Conselho Nacional da Qualidade da Ordem dos Farmacêuticos

Exemplo da aula laboratorial: paciente diz “tenho dor de cabeça” e nós perguntamos “o
que se passa esta a tomar algo novo?” e ele diz “estou a tomar amodipina” – um dos efeitos
secundários é a dor de cabeça e é transitório- podemos explicar isso ao paciente e dizer vai
tomar ist mas se não passar vá ao medico

Tem como objetivo aliviar sintomas ou transtornos menores Importante o


estabelecimento de critérios de derivação ao médico de doentes que possam necessitar.
Distinguir sintomas menores /situações mais graves – saber distinguir bem isto

Utiliza MNSRM como ferramentas terapêuticas MNSRM ou medidas não farmacológicas

Baseia a sua atuação em guias ou protocolos de actuação


• São claras as indicações dos organismos nacionais e internacionais, quanto ao papel
e formação dos farmacêuticos comunitários na gestão de transtornos menores; protocolos
de atuação e guias farmacoterapêuticos, e que estes sejam elaborados em colaboração com
médicos e baseados na maior evidência científica.
• Deve ainda realizar-se o registo das atividades realizadas e aumentar a comunicação
com outros profissionais envolvidos - Devemos registar tudo

Deve ser realizada por farmacêuticos


◦ Dado o carácter assistencial/clínico e a responsabilização pela indicação de
um tratamento (farmacológico ou não) – só deve ser o farmaceutico se for
um técnico ele deve encaminhar para um farmaceutico.

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

É solicitada pelo doente/utente


◦ O doente tomou a decisão de pedir ajuda ao farmacêutico
◦ Quando não é o doente ou o seu cuidador a solicitar este serviço o
farmacêutico não deve indicar tratamento (não dispõe de informação
necessária) – NÃO é indicação terapêutica

“Os Farmacêuticos são os únicos profissionais de saúde com formação específica em


MNSRM”

• Os doentes, ao consultarem o seu farmacêutico, maximizam os benefícios da terapêutica e


minimizam possíveis interações entre medicamentos e efeitos secundários
• Os doentes podem beneficiar deste conhecimento, aconselhando-se com o seu
farmacêutico para obter informação sobre a forma como os medicamentos interagem não
só com outros medicamentos, mas também com certos alimentos e suplementos dietéticos
• A consulta do farmacêutico também é útil aquando da selecção do MNSRM indicado para
cada um em cada situação (83% dos doentes escolhe o MNSRM aconselhado pelo seu
farmacêutico).
• Cada farmacêutico presta aconselhamento sobre MNSRM a 31 utentes/semana (média):
92% sofre de uma condição aguda ou crónica, 84% teme interações com outros
medicamentos e 74% receia tomar MNSRM dada a sua condição de saúde.

Estudo da Associação Americana de Farmacêuticos (APhA)

Objetivos

• Indicar ao doente a atitude mais adequada a tomar para resolver o seu PS e, se for o caso,
selecionar um MNSRM, garantindo que o doente conhece o seu processo de uso e que o vai
seguir
• Esclarecer as dúvidas do doente ou as necessidades de informação/educação detetadas
pelo farmacêutico
• Determinar se o problema de sadue do doente é um RNM e intervir para o solucionar
• Proteger o doente do aparecimento de RNM através da deteção e resolução de PRM
• Detetar outras necessidades e oferecer outros serviços de Cuidados Farmacêuticos
• Registar e documentar as Intervenções Farmacêuticas realizadas

• Avaliar se o problema de saúde é um transtorno menor


• Indicar ao doente a opção mais adequada para resolver o seu problema de saúde,
selecionando um medicamento e/ou medidas não farmacológicas
• Proporcionar a informação necessária ao doente
• Evitar o aparecimento de RNM (detetar e prevenir PRM/RNM)

Podemos dar medidas farmacológicas, não farmacológicas, ou mandar a pessoa a ir ao


médico

Vantagens para o farmacêutico

• Possibilita ao profissional prestar assistência farmacêutica;


• Estimula ao profissional manter-se atualizado e preparado para atender os doentes;

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

• Possibilita a aplicação dos conhecimentos técnicos adquiridos durante a formação


académica nas atividades diárias para melhoria da saúde;
• Aumenta o reconhecimento do Farmacêutico pela sociedade potencializando seu papel
social;
• Fidelização do doente através da qualidade dos serviços prestados

Indicações farmacêuticas - Etapas

1. Entrevista (obtenção de informação)


S-P-O – local mais reservado - exemplo senhora com candidíase vaginal

Problema de saúde motivo da consulta: discernir se se trata, ou não, de um transtorno


menor. O que podemos perguntar
◦ Duração: tempo crítico para cada sintoma menor; febre – 3 d; tosse – 3 semanas.
Medicamentos já usados (indicador de duração excessiva)…
◦ Banalidade do sintoma: sinais e sintomas associados ao Problema de saúde
motivo da consulta. Os chamados sintomas menores podem surgir por
transtornos menores ou associados a doenças que necessitam da intervenção
médica. Sinais e sintomas de alarme para cada sintoma menor; critérios de
derivação consensuais elaborados em colaboração com médicos.
Exemplo: pessoa com asma vai a farmácia com tosse. Tosse é transtorno menor
mas num asmático significa que a asma não está controlada. Devemos saber se a
pessoa tem outros problemas.

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

◦ Problemas de saúde que podem interferir: patologias presentes para descartar


relação entre o motivo da consulta e aquelas. Situação fisiológica: crianças,
grávidas ou idosos.
◦ Medicamentos que o doente toma; PS que tenha esquecido, suspeitas de RNM
como motivo de consulta (inefetividade ou inseguridade); SFT
◦ Decisão (indicar tratamento farmacológico ou MNF para sintomas menores;
encaminhar a outros serviços de Cuidados Farmacêuticos; encaminhar a outro
profissional ou serviço de saúde)

Avaliação do doente (Questões sobre o doente)


O tratamento é para si ou para outra pessoa?
(Que idade tem*?)
Sofre de outras doenças*? Está a ser tratado?
Com que medicamentos?
(Qual o sexo?) Está grávida ou a amamentar?*
Faz alguma dieta especial? Qual?
Sofre de alguma alergia? A quê?
Apresentou no passado reações adversas a medicamentos? A quais? Como se
manifestaram?
*Populações especiais: bebés/crianças; idosos; grávidas ou lactantes; doentes
crónicos (hipertensos, diabéticos, asmáticos...)

Questões sobre os sintomas


Quando tiveram início?
São contínuos ou intermitentes? se são intermitentes voltam ao fim de quanto
tempo?
Duram há quanto tempo? Persistem durante tempo?
Como os classifica quanto à gravidade?
Como os descreve?
O quadro é agudo ou crónico?
Sente mais alguns sintomas?
Existe algo que os precipitam, desencadeiam ou agravam os sintomas?
As queixas são aliviadas com algum medicamento ou outra medida? (comer, beber
água, repouso, dormir).
Exemplo : ulceras umas pioram quando se inere e outras melhoram isto pode
ajduar a distinguir
Primeira vez? Se não, como os tratou? Foi bem sucedido? Quanto tempo
durou/duraram?

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Sintomas/sinais de alerta – são red flags

2. Intervenção farmacêutica

Indicar uma opção terapêutica


MNSRM (dispensação)
Medidas não farmacológicas
Informação escrita (para o doente e para registo)
Encaminhar para outros serviços de Cuidados Farmacêuticos
Seguimento Farmacoterapêutico
Educação para a Saúde
Encaminhar para o médico
Colaboração encaminhando doentes não diagnosticados ou inefetivamente
tratados (carta informativa ao médico)

Seleção do MNSRM (medicamento não sujeito a receita medica)

• Fármacos existentes no mercado (farmacologia e farmacocinética)


• 1ª escolha: o mais eficaz com menos efeitos adversos, + seguro

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

• Contra-indicações (usado pelo maior nº de doentes)


• Identificar marcas existentes
• Optar composição simples, qualitativa equilibrada, formulações várias
• Paladar, odor e aspecto agradável, frequência de tomas, custo
• 1ª Escolha – composição simples – 1 sa para 1 sintoma
o Pessoa tem dor de cabeca e secreção
(pingo no nariz) entao receitams
paracetamol e anti-histaminico- ter
atencao as interações
• Embalagem de dimensão reduzida

O que os doentes /utentes necessitam saber

• Para que serve o medicamento


• Início do efeito
• Posologia (dose, intervalo, horário das tomas)
• Duração do tratamento
• Cuidados específicos relativos a toma/aplicação
ou armazenamento
• Alimentos ou medicamentos a evitar ou
proibidos durante o tratamento
• Reações adversas graves e o que fazer nestes
casos
• Que fazer em caso de omissão de uma dose

Encaminhar para o médico

Explicar a razão (sem alarmismo):

❖ Sério demais para ser tratado sem consulta médica

❖ Os sintomas, embora pouco significativos, como permanecem há muito tempo


requerem observação por um médico pois podem estar a esconder uma doença mais
grave ou de identificação difícil

❖ Recorrência dos sintomas: estudo mais profundo

❖ Tem dúvidas sobre o tratamento mais adequado

3. Avaliação do serviço

Importância de avaliar os resultados (conseguir o maior grau de saúde possível; processo de


melhoria contínua) – Registo documentado
• Folha de intervenção
▪ dados do doente: idade, sexo e nº de processo;
▪ motivo da consulta
▪ indicação farmacêutica - qual foi a nossa intervenção

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

▪ resultados da intervenção- e importante contactar o paciente para ver


se ficou resolvido
• Observação direta (aspetos a melhorar na entrevista, tempo de espera, interrupções,
lacunas de formação)- como podemos melhorar a entrevista ?
• Entrevista a doentes (perceção, pedir para voltar ou telefonar)

Resultados da intervenção
• Indicações que não alcancem os resultados esperados
• Falta de reconhecimento de situação que não era transtorno menor
• medicamento indicado não era o mais adequado – aprendemos
• Comprovar que a intervenção escolhida era a mais adequada: aprendizagem positiva
• Encaminhamento ao médico desnecessário; o farmacêutico poderia ter tratado e não o fez
por prudência

Indicadores de melhoria
• Nº de doentes que vão ao médico (não encaminhados pelo F) / nº total de consultas IF
• Doentes que melhoram / total doentes com IF
• Doentes que voltaram para consulta de IF / total doentes com IF - ficaram satisfeito

Oferta e ligação com outros serviços farmacêuticos


• A relação estabelecida e a informação obtida permitem detetar doentes que poderiam
beneficiar de outros serviços de Cuidados Farmacêuticos (oportunidade de oferecer serviços
menos conhecidos socialmente e por isso menos solicitados)
• Seguimento Farmacoterapêutico
• Educação para a Saúde

Guia para fazer uma indicação farmacêutica: 1)motivo e IF; 2)se for necessário medico,
3)como melhoraram os sintomas e satisfação do próprio doente e 4)folha de intervenção

1 2

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3
4

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Devemos sempre basear em


protocolos baseados em evidencias
cientificas. Os protocolos dão mais
segurança aos farmacêuticos e aos
pacientes. Os doentes que vão a
diferentes farmácias abem que vão
ser tratados de modo igual.

Norma OF – indicação
farmacêutica

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Boas Práticas de farmácia – DIZ TUDO O QUE JÁ FALAMOS

Norma 5. Normas especificas sobre indicação farmacêutica

Definição: o acto profissional pelo qual o farmacêutico se responsabiliza pela seleção de um


medicamento não sujeito a receita médica e/ou indicação de medidas não farmacológicas,
com o objetivo de aliviar ou resolver um problema de saúde considerado como um
transtorno menor ou sintoma menor, entendido como problema de saúde de caracter não
grve, autolimitado, de curta duração, que não presente relação com manifestações clinicas
de outros problemas de saúde do doente

Procedimento:
1- entrevista ao doente
2- intervenção farmacêutica
3- avaliação dos resultados

5.1 Entrevista ao doente

No acto de indicação farmacêutica é importante que o farmacêutico estabeleça uma


adequada comunicação com o doente, para que possa recolher informação sobre:
• sintomas ou motivo de consulta ao farmacêutico
•Duração do problema de saúde
• Existência de outros sinais ou sintomas ao problema de saúde que motivou a consulta
do doente ao farmacêutico
• Outros problemas de saúde manifestados pelo doente
• Medicamento que o doente toma
• través da informação recolhida junto do doente, o farmacêutico assume a
responsabilidade pela avaliação do problema de saúde apresentado tratando-se de um
sintoma ou transtorno menor

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

5.2 Intervenção farmacêutica

Após identifcar corretamente o motivo de consulta e de obtenção de toda a informação


relevante sobre o doente, o farmacêutico poderá:

◦ Indicar uma opção terapêutica para tratar ou aliviar o sintoma menor.


◦ Oferecer ao doente outros serviços de cuidados farmacêuticos, como seguimento
farmacoterapêutico ou educação para a saúde.
◦ Encaminhar o doente ao médico ou a outro profissional de saúde.

5.2.1. Selecção da terapêutica


… selecção de MNSRM e/ou indicação de medidas não farmacológicas, proporcionando ao
doente toda a informação necessária.

5.2.1.1. Indicação de medicamentos não sujeitos a receita médica


…a selecção do princípio activo, dose, frequência de administração, duração do tratamento e
forma farmacêutica. Esta selecção dependerá da situação fisiológica do doente, alergias
medicamentosas, problemas de saúde já diagnosticados e medicamentos que o utente esteja
a tomar.
…formação actualizada sobre indicação farmacêutica nos transtornos menores. A eleição do
tratamento pelo farmacêutico deve reger-se pelo recurso as Normas de Orientação
Farmacêuticas (NOF), protocolos de indicação, guias clínicas e guias farmacoterapêuticas,
tendo em conta a qualidade, eficácia e segurança dos medicamentos.

5.2.1.2. Indicação de medidas não farmacológicas – muito importante pode ajudar o


doente
Estas medidas, por si só ou acompanhando um tratamento farmacológico, são fundamentais
para obter melhoria na maioria dos transtornos menores. A mudança ou o reforçar de hábitos
higiénico dietéticos e proporcionar informação para a saúde, permite ao doente melhorar o
autocuidado.

5.2.2. Oferta de outros serviços de cuidados farmacêuticos


O farmacêutico deverá saber avaliar se a melhor opção para resolver o problema de saúde do
doente é a indicação farmacêutica ou se a oferta de outro serviço de cuidados farmacêuticos,
como o seguimento farmacoterapêutico ou a educação para a saúde, serão mais adequados.

5.2.3. Encaminhamento ao médico


As situações que o farmacêutico considere não se tratarem de transtornos menores e suspeite
da necessidade de diagnóstico médico, o doente deverá ser encaminhado ao médico.
Esta actividade permite que o farmacêutico colabore com o médico potenciando a
comunicação com outros profissionais de saúde. Neste sentido, o farmacêutico deve elaborar
um relatório de encaminhamento médico. O objectivo deste relatório é facultar ao médico
informação que o farmacêutico possui sobre o doente e o motivo pelo qual solicita a sua
avaliação.
O farmacêutico deve guardar uma cópia de tal relatório na farmácia, para que fique registada
a intervenção farmacêutica e para posterior avaliação do serviço.

5.3. Avaliação dos resultados clínicos

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

O processo de indicação farmacêutica deve ser registado e documentado, se possível,


recorrendo a recursos informáticos. – SIFARMA
A avaliação deste serviço e o conhecimento dos resultados da intervenção farmacêutica
favorecem o processo de melhoria da indicação farmacêutica.
Para que se possa proceder à avaliação, o farmacêutico deverá dispor de uma folha de
intervenção, na qual deverá registar informação referente ao motivo de consulta,
intervenção farmacêutica e o seu resultado. Para além disto deve realizar-se o registo
documentado de todas as outras actividades realizadas, incluindo relatórios de
encaminhamento médico e informação facultada ao doente.

O farmacêutico deve obter informação que lhe permita avaliar corretamente o


problema de saúde específico de cada doente
• Identificação do doente
• Identificação da situação (sintomas, duração, história familiar e hábitos de vida, outras
doenças e/ou tratamentos concomitantes, se tomou ou está a tomar medicamentos e
resultados)
• Decidir pela avaliação das respostas se deve ou não ser dispensado algum medicamento
ou se o doente deve ser encaminhado para o médico
• Se o doente solicitar para sua utilização MNSRM, o farmacêutico deve inquirir sobre a
finalidade, quem aconselhou e se já o tomou anteriormente. - IMPORTANTE

Protocolos e logaritmos

Protocolo: Conjunto sistemático de instruções organizadas sobre um determinado


procedimento. Suporte de tomada de decisões.

Algoritmo: “formatação impressa que usa um padrão de ramificação para resolver


problemas” (Cutler, 1999)

Protocolos de Indicação Farmacêutica


◦ A sua elaboração tem que seguir os critérios da melhor evidência científica
disponível.
◦ Devem ser validados e revistos de modo sistemático(porque evidencia cietnfica
avança muito rapidamente, ) pela ordem
◦ Elaborados em colaboração com médicos

Protocolos de Indicação Farmacêutica – OF

• Título, responsáveis e data de elaboração, período de revisão, última revisão e seu


responsável
• Objetivo e responsáveis pela aplicação do protocolo
• Definição do transtorno menor (breve e objectiva)
• Sinais e sintomas
• Tratamento farmacológico (características e critérios de seleção)
• Medidas não farmacológicas
• Algoritmo de atuação
• Justificação dos pontos de decisão/critérios de enviar ao médico
• Referências/fontes/anexos

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Processo geral da indicação terapêutica – feito em 2006 – devia ser atualizado

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Protocolos de Indicação Farmacêutica - OF

• 1ª Etapa: o farmacêutico tem a responsabilidade de decidir em que situações o doente deve


ser encaminhado ao médico, e em que situações pode intervir para aliviar os sintomas.
• Interação e comunicação; recolha de informações para tomada de decisões
• 2ª Etapa: o farmacêutico selecionará o tratamento I para o doente;
• 3ª Etapa: conselhos e orientações que o farmacêutico fornece ao doente (expectativas do
alívio dos sintomas, evolução do transtorno menor, comportamento do doente face ao
tratamento, duração, benefícios e riscos, necessidade de remeter ao médico)

Pontos a considerar no seguimento de um protocolo de indicação farmacêutica

Deve partir de um sintoma ou queixa que o doente refere ao farmacêutico


A partir desta queixa, o farmacêutico deve avaliar a necessidade de encaminhar o doente
ao médico
◦ O sintoma ou transtorno menor pode ser alerta de um problema mais grave?
◦ O sintoma ou transtorno pode ser um efeito adverso de um medicamento?
◦ Procedimentos adequados para grupos de risco (grávidas, crianças, recém-
nascidos, idosos, doentes crónicos)
◦ A presença de outras doenças ou fatores de risco
Justificativas de decisão por um tratamento não-medicamentoso e/ou medicamentoso
Seleção de medicamento - I
◦ MNSRM
◦ Seleção: eficácia/efetividade, segurança, comodidade (pessoa que trabalha e está
com tosse acham que é bom dar lhe um xarope para ela tomar duas vezes por
dia???) e custo para o paciente
Informações e orientações a prestar ao doente

Febre – fisiopatologia – pode ser transtorno menor ou não

Temperatura superior a 37º C (valores normais: 35,6 - 38,5º; 36.8º ±0,4);


◦ oral – superior a 37,1ºC;
◦ axilar – superior a 37,2ºC
◦ rectal – superior a 37,6ºC
Controlada pelo hipotálamo; ritmo circadiano (mais baixo de manhã); termóstato controlando
mecanismos termo-reguladores; receptores térmicos área pré-óptica do hipotálamo anterior
(órgão circumventricular) sensíveis a alterações da temperatura corporal

Equilíbrio produção/dissipação de calor (respostas autonómicas, endócrinas e


comportamentais)

Pirogénios exógenos (ex: LPS, toxinas, vírus, fármacos) – citocinas (IL-1b; IL-6; IFN-a; TNF-a) –
produção de PGs – aumentam o valor de controlo de temperatura do hipotálamo - pirogénios;
TNF-a, IL-10, vasopressina e glicocorticóides

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Citocinas – BHE – COX-2 centrais e PG (tipo E) - ativam neurónios termoreguladores


hipotalámicos;

Tipos de febre
Febre contínua: Temperatura que permanece elevada, com fraca flutuação diurna, como
na escarlatina, febre tifóide e pneumonia.
Febre intermitente: Temperatura que normaliza durante o dia e atinge o seu pico ao
anoitecer.
Febre recorrente: períodos de febre alternados com períodos de temperatura normal.
Febre renitente: Temperatura que flutua, mas não retorna ao normal.

Farmacoterapia

Geral
◦ Paracetamol
◦ AINES
MNSRM (monofármacos)
◦ Paracetamol
◦ Ácido acetilsalicílico
◦ Ibuprofeno
Medidas não
farmacológicas

↑ O que está no protocolo para


o tratamento da febre da ordem
dos farmacêuticos

No entanto sabemos que já


existe outros fármacos para
tratar a febre

Pouco Atualizdo

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

...Conteúdo técnico: Critérios de Referência ao médico


Introdução Medicamentos antipiréticos
Caracterização Medidas não farmacológicas
Causas Foi feito em 2006
Sinais/queixa

Indicação farmacêutica no uso racional dos medicamentos


não sujeitos a receita médica - protocolo da febre

“5.5. Referência ao médico


➢ crianças até 2 anos de idade;
➢ gravidez;
➢ temperaturas superior a 39ºC;
➢ febre há mais de 3 dias;
➢ febre contínua, ondulante ou recorrente;
➢ doentes imunodeprimidos;
➢ associada a sinais/queixas sugestivas de doença que requer avaliação clínica, como
por exemplo, vómitos e diarreia; dificuldade respiratória, exantema, petéquias, disúria;
confusão mental, rigidez da nuca, desidratação e convulsão;
➢ ineficácia a todos antipiréticos de dispensa sem receita médica quando usados na
posologia indicada;
➢ com manifestação de reações adversas aos antipiréticos de dispensa sem receita
➢ com contra-indicação para a toma de antipiréticos de dispensa sem receita”

5.6. Medicamentos antipiréticos


Os antipiréticos destinam-se a reduzir a febre. Estão disponíveis como antipiréticos de
dispensa sem receita médica os fármacos seguintes:
ácido acetilsalicílico
ibuprofeno
paracetamol
5.7. Medidas não farmacológicas (MNF)
As medidas adjuvantes dos antipiréticos para abaixamento da febre são:
banho com água tépida (25/30º – indicado ao fim de 30 min da toma do antipirético);-
não se deve dar banho com agua fria devido ao choque térmico
utilização de roupa ligeira;
ingestão de água ou outros líquidos não alcoólicos em abundância, por forma a repor
as perdas por transpiração e a prevenir uma eventual desidratação.”

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Isto foi em 2006

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Acetil salicílico não é recomendado antes dos 12 anos (algumas guidelines fala de 15) devido
ao síndrome de rey que causa insefalitico fatal. Na dosagem do acido acetilsalicílico tem que
pode se tomar antes dos 12 anos – ESTA DESATUALIZADO

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Exemplos de algoritmos

Diarreia – no fundo é um protocolo mais simplificado

Vamos ter alguns


critérios de
referenciação ao
médico e tratamentos.
Se tiver < de 2 anos,
duração > 3 dias , febre
> 39ºC … deve ir ao
médico.
Tratamentos medidas
higieno-dieteticas –
medidas não
farmacológicas como
evitar alguns
alimentos. Evitar
gorduras, leite (lactase
enzima que degrada
lactose esta na
superfície quando há
diarreia perde-se
lactase), fruta cozida,
caldos de arroz com cenoura
Re-hidratar não é so agua existe outras.

Diferente mas vai dar ao mesmo

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Exemplo prático

Doente de 35 anos, recorre à farmácia para tratar uma diarreia de 2 dias de evolução.
Tem apresentado 5 evacuações líquidas/d sem exsudatos patológicos. Não tem
febre. Refere dor abdominal leve. → protocolo de indicação farmacêutica

Doente de 35 anos, recorre à farmácia para tratar uma diarreia de 2 dias de evolução.
Tem apresentado 5 evacuações líquidas/d com sangue e muco. Apresenta febre e
dor abdominal intensa. → referenciação ao médico

Aula 7 25/10/2021- Adesão à terapêutica / Educação para a saúde

Adesão à terapêutica
Importante para efetividade e segurança da farmacoterapia

Adherence
“The extent to which a person’s behaviour – taking medication, following a diet, and/or
executing lifestyle changes, corresponds with agreed recommendations from a health care
provider”
-WHO (2003). Adherence to long-term therapies. Evidence for action. WHO.

Adesão à terapêutica – devemos ter em consideração todas estes conceitos


• Dose
• Horário/frequência das tomas
• Modo de administração/precauções com a toma
• Duração do tratamento

Como tal para medir adesão é complicado estar de acordo se a pessoa esta ou não esta de
adesão

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

usualmente expressa em % das doses de medicamentos tomados de acordo com a


prescrição
Se cumprir 80% está a aderir

Vantagens Desvantagens
• Diminuição dos sintomas/aumento da • Aumento da morbilidade e mortalidade;
qualidade de vida • Redução da qualidade de vida;
• Diminuição de efeitos adversos • Insatisfação dos utentes, das suas famílias e
• Diminuir a progressão da doença dos prestadores de cuidados;
• Prevenir complicações • Complicações médicas e psicológicas da
• Prevenir hospitalizações doença;
• Aumento da sobrevida • Probabilidade de desenvolvimento de
•Diminuir custos resistência aos fármacos → antibióticos
• Desperdício de recursos de cuidados de saúde
e o desgaste da confiança do público nos
sistemas de saúde.

Doentes crónicos
• A adesão ao tratamento em doentes crónicos representa a extensão no qual o
comportamento da pessoa coincide com o aconselhamento dado pelo profissional de
saúde, contemplando três estágios (WHO, 2003).
50% das pessoas não toma os medicamentos que lhe foram prescritos.
1/5 (20%) das receitas não são compradas
Pode ser:
Intencional (processo ativo) – é contra tomar medicamentos
Não intencional (processo passivo) – esqueceu-se e fica triste/zangado

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Medicamento → Adesão →
resultados

existe uma diminuição da


adesão ao longo da terapêutica

Há 3 fases :
•Concordância, no qual o indivíduo, inicialmente, concorda com o tratamento, seguindo as
recomendações dadas pelos profissionais da saúde. Existe, frequentemente, uma boa
supervisão(vai mais vezes ao médico) , assim como uma elevada eficácia do tratamento.
• Adesão, fase de transição entre os cuidados prestados pelos profissionais de saúde e o
autocuidado, no qual, com uma vigilância limitada, o doente continua com o seu
tratamento, o que implica uma grande participação e controle da sua parte. – utente vai ter
menos apoio e começa a haver mais falha de adesão
•Manutenção, quando, já sem vigilância (ou vigilância limitada), o doente incorpora o
tratamento no seu estilo de vida, possuindo um determinado nível de autocontrole sobre os
novos comportamentos

Custo da não adesão à terapêutica

Estudos de impacto dos custos e mortes da não adesão:

• EUA: 100 - 300 mil milhões de dólares, por ano (3-10% do total dos custos de cuidados de
saúde)
• EUA: 125 000 mortes estimadas e 10% das hospitalizações, por ano
• 33-69% das hospitalizações relacionadas com medicamentos e custos de 10 biliões de
dólares/ano
•Europa: 194.500 mortes e custos estimados de 125 mil milhões/ano

World Health Organization: “increasing the effectiveness of adherence interventions may


have a far greater impact on the health of the population than any improvement in
specific medical treatments”

Não adesão à terapêutica – Fenómeno multidimensional complexo

• Processo complexo – porque na depende apenas no doente.


• Comportamento individual (variável) – pode tomar dia sim ou não
• Medidas subjetivas e medidas objetivas – mesmo quantificar a adesão é complexo uma vez
que existe medidas subjetivas e objetivas

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

• Doentes são considerados aderentes se


[(Nº of pills absent in time X/Nº pills prescribed in time X) x 100] ≥ 80%
Limitações

As 5 dimensões da não adesão – who – possiveis causa de acordo com a who

• Sociais, económicos- não tem dinheiro para comprar os medicamentos, amé rica
• Doentes
• Doença /comorbilidade – com problemas cognitivo, destreza manual, visão
• Terapêutica- se terapêutica for muito complexa e mais complicada
• Profissionais e serviços de saúde -

Causas

• Doente
◦Não entende/conhece a doença
◦ Falta de envolvimento nas decisões
◦ Literacia baixa
◦ Crenças e atitudes relativas a saúde
◦ Doenças sem sintomas
◦ Condição socio-económica (preço, transporte, falta de apoio familiar, depressão, etc)

• Médico
◦ Não reconhece a não adesão
◦ Prescrição de esquemas posológicos complexos
◦ Não considera a capacidade económica do doente
◦ Falhas de comunicação com o doente
◦ Falhas de comunicação com outros médicos e outros profissionais de saúde

• Equipa de saúde/sistema
◦ Pouca coordenação/ comunicaçã
◦ Informação para o doente
◦ Pouco tempo para o doente

Fatores de risco
• História de não adesão
• Doença psiquiátrica
• Drogas de abuso
• Doença crónica
• Iliteracia
• Efeitos adversos
• Custos
• Regimes posológicos complexos
•…

Imagem: Há maior probabilidade de o paciente aderir no segundo caso

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Princípios de terapêutica centrado no


paciente

O que pode levar o paciente a não aderir


• efetios adversos: olham para os efeitos e pensam “é melhor estar como estou”
• complexidade do sistema posológico
• crenças
• Esquecimento
• Logistica : consultas, trabalhar por turnos e não conseguir tomar sempre à mesma hora …
• custos

Estratégias

• Doente
◦ Educação (multifactorial, individualizada, vários métodos)
◦ Programas de formação formais (diabetes, HTA…) – médicos, enfermeiros,
farmacêuticos
◦ Empowerment e envolvimento nas decisões
◦ Atenção a doenças mentais
• Médico
◦ Poucas alterações em cada consulta (se for necessário, explicar qual o mais
importante e porquê)
◦ Processo centrado no doente
◦ Reconhecer crenças/atitudes
◦ Ambiente “sem culpa”/baixa literacia
◦ Considerar aspectos económicos
◦ Simplificar esquemas posológicos (poucas
tomas diárias/mesmo tempo)
◦ Teach back
• Equipa de saúde/sistema
◦ Equipa de saúde
◦ Serviços de revisão da medicação
◦ Reconciliação da terapêutica
◦ Listas atualizadas da medicação
◦ Lembranças para nova receita (sms)- no USA isto acontece

136
Cuidados Farmacêuticos | 2021

Medidas de adesão à terapêutica (minuto 59)

Medidas de adesão à terapêutica ( slide 26)

Intervenção d farmaceutico
Melhoria da adesão à adesão
• Consultas de Revisão da Medicação
◦ Educação, informação, motivação e ajudas
◦ Re-avaliação periódica (consultas)
• Seguimento Farmacoterapêutico – se melhorar mos a adesão é mais fácil concluir durante
o seguimento terapêutico se aquela terapêutica esta a
• Dispensação Clínica de Medicamentos
• Preparação Individualizada da Medicação (PIM)

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

• Materiais/sistemas
◦ Cortadores de comprimidos
◦ Caixas de distribuição de medicação – ajuda a eles se organizarem
◦ Sistemas semanais de distribuição da medicação em blister
◦ MEMS (Medication Event Monitoring Systems)
◦ SMS (lembretes de tomas, consultas…)
◦ Apps
◦ Sensores biomédicos ingeríveis

O papel do farmaceutico

• Não adesão voluntária


◦ Fornecer conhecimentos básicos sobre a doença e mecanismo de ação dos
medicamentos / compreender a necessidade do tratamento
O Doente faz a sua própria análise de benefício/risco- mais difícil de intervir
◦ Indicar consequências/complicações conhecidas da não adesão mas não alarmar muito
◦ Ter em conta as possibilidades económicas do doente – existem alternativas mais
economicas
◦ Esquema posológico – compatível com a rotina diária do Doente e as suas capacidades
cognitivas (simplificação)- relacionado com o trabalho, logo devemos adaptar á vida da
pessoa

• Não adesão involuntária


◦Estratégias de memória
◦externas: caixas organizadoras (lembretes- alarmes, sonoros, notas adesivas, aviso
por outrem; localização fixa, visibilidade, apps…)
◦Internas: associação (local, altura do dia com o medicamento) , planeamento mental,
desconforto físico
Escolha – valorização das opiniões do doente (particularidades do seu carácter e rotina);
cuidado para não “insultar”

Caixa/sistemas de distribuição de medicamentos


Há grande variedade de caixas
Algumas tem alarmes e só dispensa as que
estão programas dispensar

Já houve vários estudos para ver medidas para


aumentar a adesão

Existem várias aplicações para lembrar as


pessoas de tomarem medicamentos.

138
Cuidados Farmacêuticos | 2021

Desenvolvido por start up portuguesa


Ship nas tampas que marcava
a hora em que tomava a
medicação, e mandava sms
para o telemóvel a lembrar de
tomar o medicamento

Ingestible sensors

Colaborações que fizeram com a cura+

A FARMA|inove, Associação para o Empreendedorismo e Inovação da Faculdade de Farmácia


da Universidade do Porto (FFUP), em colaboração com a FFUP, nas pessoas da Prof. Paula
Fresco e Prof. Joaquim Monteiro, desenhou e apresenta o estudo intitulado "Prevalência e
Caracterização de Doentes Polimedicados da Zona Norte de Portugal".

Associação Cura+ “Entre os projetos da associação inclui-se um…projeto – “Polimedicação +


Segura” – que tem como objetivo… educar os profissionais que lidam com doentes
polimedicados sobre os aspetos gerais da polimedicação, dos perigos associados e de como
preveni-los.
A outra vertente dirige-se aos idosos que frequentam os centros de dia/lares de idosos e as
farmácias aderentes ao projeto “Porto com + Saúde” e pretende esclarecer aquela
população acerca do comportamento que devem adotar enquanto indivíduos
polimedicados

139
Cuidados Farmacêuticos | 2021

Estudos adesão à terapêutica em Portugal em 2008


• A adesão à terapêutica é uma questão vital para garantir a plena eficácia dos
medicamentos em benefício dos doentes.
• É também importante para o desempenho dos profissionais de saúde e do próprio sistema
de saúde, no sentido de melhorar simultaneamente a eficácia das terapêuticas e a eficiência
dos investimentos, proporcionando melhores ganhos de saúde e mais qualidade de vida.

• A APIFARMA - Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica promove estudo a fim de


conhecermos melhor as atitudes e comportamentos da população portuguesa perante as
prescrições médicas, os hábitos de saúde e a utilização de medicamentos, segundo os seus
atributos sociodemográficos bem como os diferentes tipos e gravidade das doenças.

Atitudes e comportamentos da População Portuguesa perante as prescrições médica


• Iniciativa da APIFARMA, em colaboração com ICS
• Inquérito à população, 2008
◦ 1400 indivíduos, >16 anos, ambos os sexos, residentes em Portugal Continental,
com sobrerepresentação de indivíduos com mais de 50 anos
• Método de amostragem aleatório estratificado: estratos proporcionais à população por
região (NUTS II) e dimensão do aglomerado; fonte de recolha de informação relativa à
população -Censo 2001, INE
• Entrevista direta e pessoal, com total privacidade, com base num questionário estruturado
• Erro máximo 2,62%, grau de probabilidade de 95%

• Não adesão – “problema multifactorial ….em todas as situações em que ocorre


autoadministração dos tratamentos…”

Factores de não adesão


1. Factores demográficos, sociais e económicos: sexo, idade, escolaridade, rendimento,
situação laboral, distância da farmácia e/ou unidades de saúde, meio social em que está
inserido (apoio familiar), situações que afetam a vida social
2. Factores relativos à doença e ao regime terapêutico: cronicidade, doenças
concomitantes, duração e complexidade do tratamento, efeitos adversos, regimes com
vários medicamentos em simultâneo, múltiplas tomas, desconforto, experiências negativas
anteriores, atitudes e crenças, ausência de melhoria imediata ou “sentir-se melhor”…
3. Factores ligados à relação do doente com os profissionais e os serviços de saúde:
confiança, qualidade da relação profissional de saúde-doente…

Atitudes genéricas da população portuguesa perante a adesão à terapêutica

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

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Relatório da FIP destaca o contributo farmacêutico na promoção da adesão à


terapêutica – 2018

• A não adesão é causa importante da inefetividade da terapêutica e um problema grave de


saúde pública
• Os farmacêuticos têm um papel crucial na promoção e monitorização da adesão à
terapêutica
◦ Ajudas para lembrar quando devem renovar receitas
◦ Dispensação de medicamentos
◦ Acompanhar os doentes para identificar e resolver dificuldades no uso dos
medicamentos
◦ Serviço “New Medicines” (educação no momento da dispensa e
acompanhamento presencial nas semanas seguintes
◦ Revisão, educação e aconselhamento dos doentes e cuidadores na
dispensação de medicamentos de uso crónico (reforço quando os medicamentos
apresentam algum grau de dificuldade no modo de administração (inaladores),
◦ a provisão de ajudas para a administração para a toma da doses correta no
tempo correto, sistemas para lembrar a toma correcta dos medicamentos,
◦ simplificação dos regimes posológicos sempre que possível, pela gestão da
polimedicação, reconciliação da medicação e redução do número de tomas diárias

• Consequências da não adesão são mais graves em doentes idosos


◦ Maior polimorbilidade( pluripatologias)
◦ Maior polimedicação
◦ Mais dificuldades para gerir a sua medicação (função cognitiva, memória,
mobilidade e destreza manual diminuídas)

• Comunicação efetiva com o doente/cuidador por todos os membros da equipa de saúde


◦ Envolver o doente na tomada de decisões sobre o tratamento e escolha de
medicamentos
◦ Avaliar o grau de literacia em saúde para guiar este processo
◦ criar e suster pontes entre os PS (médicos, farmacêuticos e enfermeiros) para
melhorar a informação clínica
◦ Capacitar a farmácia para cumprir o seu papel em melhorar a compreensão do
plano terapêutico e evitar preconceitos que possam levar `não adesão intencional
◦ Usar as novas tecnologias para promover mais contacto com doentes/cuidadores
◦ Implementar serviços farmacêuticos que apoiem os doentes na adesão
• Tornar o mais fácil possível para que os idosos possam tomar os seus medicamentos
corretamente
◦ Regimes posológicos o mais simples possível
◦ Revisão da medicação (ao domicílio) para identificar e gerir a polimedicação
◦ Prover ajudas para que os doentes tomem os medicamentos à hora certa e saberem
as doses que não tomaram
◦ Capacitarem membros da família para ajudarem
◦ Lembretes (tomar medicamentos e renovar receitas)
• Manter o esforço
◦ Sempre que houver oportunidade (dispensação)
◦ Perguntar sobre alguma dificuldade

143
Cuidados Farmacêuticos | 2021

◦ Avaliar técnica de administração de modo regular

Educação para a saúde

Saude:
“estado de completo bem-estar físico, psíquico e social e não somente a ausência de doença”
-(OMS, 1948; Carta Magna)

“extensão em que um indivíduo ou grupo é capaz, por um lado, de realizar as suas aspirações
e satisfazer as suas necessidades, e por outro, de modificar ou lidar com o meio envolvente.
A saúde é um recurso para a vida do dia a dia, uma dimensão da nossa qualidade de vida e
não o objetivo de vida”
-(OMS, 1986; Carta de Ottawa).

Educação para a saúde (EpS):

“Processo baseado em regras científicas que usa oportunidades de educacionais programadas


como forma de capacitar os indivíduos (isoladamente ou em grupos) para tomarem decisões
fundamentadas sobre assuntos relacionados com a saúde (OMS, 1996)
◦ Proporcionar a pessoas, doentes ou saudáveis, conhecimentos teórico-práticos
relacionados com a saúde
◦ Fomentar o desenvolvimento de competências que determinem a motivação e a
capacidade dos indivíduos para promover e manter uma boa saúde

Conferências Internacionais da OMS e marcos conceptuais: educação para a saúde,


participação comunitária, propostas de ação e meio ambiente

144
Cuidados Farmacêuticos | 2021

Termos que surgem correntemente nos relatórios de saúde, de interesse para as


questões de EpS

• Mudança centrada no cidadão • Um envelhecimento activo


• Abordagem centrada na familia • Morrer com dignidade
• Proteção e promoção da saúde • Obtenção de ganhos em saúde
• Vida ativa saudável • Parcerias para a saúde
• Qualidade de vida, fatores de risco e • Gestão integrada de saúde
fatores protetores • Universidade de cobertura
• Comportamentos de riscos e o que • Equidade no acesso e na utilização de
devemos evitar cuidados
• Ambientes específicos • liberdade de escolha
• Settings (familia escola, universidade, local • Sustentabilidade nos sistemas
de trabalho, local de lazer, unidades de • Sistemas de alerta e de resposta (sistema
saúde de informação e comunicação em saúde)

145
Cuidados Farmacêuticos | 2021

• Cidades saudáveis • Ganhos em saúde: o conceito de ganhos


• Meio ambiente – monitorizamos mais o ar em saúde pode traduzir-se através de
• Grupo vulneráveis (grávidas, crianças, ganhos em anos de vida (acrescentar anos à
idosos e populações de baixo nível vida) ou redução de episódio de doença
económico) (acrecentar saúde á vida ) ou diminuição das
• Crescer com segurança – bullying, situações de incapacidade temporária
• Promover a saúde infantil (acrecentar mais vida aos anos)
• Juventude à descoberta de um futuro
saudável
• uma vida adulta produtiva

Diferenças entre os modelos de EpS

Modelo Modelo persuasivo Modelo Politico –


informativo – Motivacional económico –
ecológico
Mais antigo Mais centrado na Mais recente
indicador pessoa Participação de
Criar ambiente mais todas as pessoas
saudável
Metodologias Transmissão de Persuasão Participação,
conhecimento, comportamental intercâmbio,
paternalismo aprendizagem
contextual
Papel do Prescritivo: ditadura Controlador do Mediador com a
profissional do expert processo de comunidade. O
aprendizagem formando é
protagonista

Literacia em saúde

Conjunto de “competências cognitivas e sociais e a capacidade dos indivíduos para ganharem


acesso a compreenderem e a usarem informação de formas que promovam e mantenham boa
saúde; é a capacidade para tomar decisões em saúde fundamentadas, no decurso da vida do
dia a dia – em casa, na comunidade, no local de trabalho, no mercado, na utilização do sistema
de saúde e no contexto político; possibilita o aumento do controlo das pessoas sobre a sua
saúde, a sua capacidade para procurar informação e para assumir responsabilidades (WHO,
1998).

◦ 1- Competências básicas em saúde que facilitam a adoção de comportamentos


protetores da saúde e de prevenção da doença, bem como o autocuidado;
◦ 2- Competências do doente, para se orientar no sistema de saúde e agir como um parceiro
ativo dos profissionais;
◦ 3- Competências como consumidor, para tomar decisões de saúde na seleção de bens e
serviços e agir de acordo com os direitos dos consumidores, caso necessário;
◦ 4- Competências como cidadão, através de comportamentos informados como o
conhecimento dos seus direitos em saúde, participação no debate de assuntos de saúde e
pertença a organizações de saúde e de doentes.

Educação para a saúde (EpS)

146
Cuidados Farmacêuticos | 2021

Campo eclético, delineado a partir de uma grande variedade de disciplinas, onde se inclui a
pedagogia, a psicologia, a sociologia, a biologia, a antropologia, a história, a
comunicação, o marketing, a medicina, a enfermagem, a epidemiologia e a estatística .

As atividades são amplas e englobam aconselhamento a doentes, formação em serviço,


educação formal, campanhas publicitárias e trabalho comunitário de intervenção
programada.

Os locais onde se exerce são também os mais diversos, incluindo universidades, escolas,
hospitais, farmácias, zonas comerciais, organizações comunitárias, organizações voluntárias
de saúde, locais de trabalho, igrejas, prisões, serviços de saúde.

A EpS ganha a dimensão de consciência pública, o que implica uma visão transdisciplinar
que permita a estruturação, coordenação e articulação de forma sustentável das intervenções
a nível macroestrutural ou dos sistemas de saúde locais.

Objetivos

• Fomentar as capacidades e autonomia das pessoas, potenciar os seus recursos e a sua


autonomia oferecendo-lhes a possibilidade de participar na tomada de decisões, adquirindo
um maior controlo sobre as ações que afetam a sua saúde (o doente não deve apenas assimilar
conhecimentos, deve ser capaz de os consolidar e de os pôr em prática)

• Pretende-se que o doente assuma a maior responsabilidade possível no que diz respeito à
sua própria saúde e assim contribuir para alcançar os melhores resultados terapêuticos
possíveis.

• Promoção da Saúde e Prevenção da Doença


◦ Desenvolver o valor individual e social do conceito de saúde integral
◦ Capacitar as pessoas para que possam participar na tomada de decisões sobre a
saúde
◦ Motivar e favorecer hábitos e estilos de vida saudáveis
◦ Desenvolver capacidades pessoais e sociais
◦ Promover a criação de ambientes saudáveis

Modelos de intervenção em EpS – tabela dos modelos mas com nOMES diferentes ???

1ª GERAÇÃO: informação como aspecto essencial; conceito de saúde associada à ausência de


doença; influência do modelo biomédico valorizando a prevenção da doença; o educador
persuadia o individuo a adotar comportamentos mais benéficos para a saúde
(responsabilidade do educador; Palestras e campanhas de informação; não assume a
capacidade de escolha dos indivíduos

2ª GERAÇÃO: Desvalorizam o aconselhamento clínico e prescritivo; fomentam a importância


da negociação e colaboração; os indivíduos são informados e orientados para a tomada de
decisão livre e consciente; baseados nas teorias de aprendizagem que valorizam o processo
cognitivo como forma de induzir a mudança de comportamentos e de atitudes; a

147
Cuidados Farmacêuticos | 2021

aprendizagem acontece quando os indivíduos entendem e interpretam a informação que


recebem e isto os leva a alterar procedimentos e hábitos de vida

3ª GERAÇÃO: Educação crítica para a saúde; valorização da participação comunitária; os


indivíduos e as famílias têm responsabilidade no que diz respeito à própria saúde e da
comunidade; desenvolvimento individual e coletivo; cultura social e democrática – alternativas
de mudanças sociais para diminuir desigualdades e potenciar a participação do indivíduo e
da comunidade (meio-ambiente); tomada de consciência social – a mudança de
comportamentos individuais podem levar à mudança social (origens sociais da doença e
impacto que o ambiente tem na saúde); decisões livres e informadas

Educação para a saúde – Normas OF

Diálogo com o utente sobre temas de saúde

O farmacêutico deve promover um diálogo que motive o utente a tomar decisões que
resultem em alterações de comportamento para melhorar a sua saúde;

A informação deve ser personalizada, adaptada aos diferentes padrões culturais e


comportamentais, e adequada a cada situação e utente em particular;

A identificação clara do contexto pessoal, cultural e ambiental beneficiam o grau de


proximidade e de efetividade da comunicação na relação entre o farmacêutico e o utente,
essenciais para promoção de estratégias educativas com sucesso;

O farmacêutico deve recorrer a material educativo (gráfico, escrito ou audiovisual),


adequando-o às necessidades do utente e ao seu grau de compreensão, com linguagem
adaptada a cada situação;

Deve ser realizada num espaço físico que permita garantir um ambiente propício à aquisição
de conhecimentos e competências, assim como em condições que favoreçam em cada caso a
realização de técnicas educativas individuais ou de grupo;

No processo de educação para a saúde, o farmacêutico deve procurar a participação ativa do


utente, promovendo a corresponsabilização pela sua saúde (PATIENT-CENTERED CARE)

O farmacêutico deve dinamizar programas específicos para a promoção da saúde

148
Cuidados Farmacêuticos | 2021

• … criar condições para que os indivíduos, as famílias, os grupos e as populações adquiram


capacidades que lhes permitam controlar a sua saúde e agir sobre os fatores que a
influenciam;
• … promover e participar ativamente em atividades de promoção da saúde em cooperação
com outros profissionais de saúde e organismos ligados à saúde;
• …apoio à comunidade através da avaliação do grau de conhecimento existente, da forma
como este foi assimilado e aplicado, e o modo como os diferentes estilos de vida, valores e
aspirações determinam a conduta de cada indivíduo;

• …deve participar em conjunto com outros profissionais de saúde em atividades de promoção


para a saúde a nível nacional:
• deverão incluir programas para o uso responsável do medicamento, numa
perspetiva de trabalho intersectorial, envolvendo todas as estruturas da comunidade,
privilegiando-se o contacto com o médico e outros profissionais de saúde;
• devem capacitar a população, individualmente ou em grupos, para que esta
desenvolva competências para a adoção de estilos de vida saudáveis;
•podem deslocar-se ou receber grupos da comunidade para desenvolver atividades
concretas de educação para a saúde, dirigidas a um determinado público-alvo;
•abordagens de promoção da saúde junto de instituições que reúnam o público-alvo
pretendido, como por exemplo, escolas, fábricas, empresas, paróquias e associações ou
eventos organizados com esta finalidade;
• Quando se pretende dirigir a mensagem de uma iniciativa de educação para a saúde
a um determinado grupo-alvo deverá ser dada especial atenção à adaptação da mensagem
para facilitar a sua compreensão considerando:
• A idade;
•O nível socioeconómico e científico-cultural;
• As comunidades migrantes e minorias étnico-culturais;
• As comunidades religiosas;
• Os grupos de pessoas com doença;

Aula 8 (continuação da adesão)

O farmacêutico deve dinamizar programas específicos para a prevenção da doença e


suas complicações

• … Os programas de prevenção da doença devem focar-se na diminuição dos fatores de risco,


no retardar da progressão da doença e na limitação das suas consequências. Para tal, os
farmacêuticos devem capacitar a população para o controlo de situações de risco que possam
levar ao aparecimento de problemas de saúde;
• … devem contribuir para que os utentes modifiquem e/ou adquiram os hábitos e estilos de
vida necessários para que se alcancem os objetivos terapêuticos, assim como a prevenção de
possíveis complicações agudas e crónicas do problema de saúde.

Campanhas de educação para a saúde com identificação de fatores de risco

• … O farmacêutico deve colaborar com entidades públicas ou privadas na divulgação de


mensagens associadas a comportamentos de risco;
• As ações de identificação de pessoas em risco permitem ao farmacêutico reconhecer
indivíduos pertencentes a determinados grupos de risco e em relação aos quais pode ser

149
Cuidados Farmacêuticos | 2021

oferecido o serviço de acompanhamento farmacoterapêutico, educação para a saúde ou o


encaminhamento para outros serviços de saúde;
• As ações de identificação de pessoas em risco podem envolver o uso de ferramentas de
diagnóstico, como inquéritos ou determinação de parâmetros físicos ou bioquímicos
(rastreios)

Avaliação das ações de promoção e educação para a saúde

• … Antes de aderir a iniciativas de educação e promoção para a saúde, o farmacêutico deverá


constatar se esta se adapta à comunidade em que está inserido por reunir as características
de:
• Capacitação, permitindo que os indivíduos e a comunidade ganhem mais poder de
decisão sobre os fatores que afetam a sua saúde;
• Participação, envolvendo todos os interessados no processo;
• Holísticas, fomentando a saúde física, mental e social;
• Intersectoriais, com a colaboração de outros sectores da área da saúde ou de outros
quadrantes relevantes;
• Equidade, encorajando princípios de igualdade e justiça;
• Sustentabilidade, efetivando a mudança essencial após o período da iniciativa;
• Estratégia múltipla, considerando uma combinação de abordagens diversas para o
propósito definido.

Avaliação das ações de promoção e educação para a saúde

• O farmacêutico mantém um histórico das iniciativas desenvolvidas na farmácia com:


• Nome da iniciativa e identificação da(s) entidade(s) promotora(s)
• Data de início e de fim das ações e eventuais repetições;
• Registo dos materiais utilizados e intervenções efetuadas durante a iniciativa
• Registo dos profissionais envolvidos.

• Cada iniciativa de educação e promoção da saúde deverá ser avaliada, procurando aferir o
impacto gerado na comunidade, através de:
• Número de utentes contactados ou envolvidos;
• Resultados diretos mensuráveis, se aplicável;
• Resultados da iniciativa e comparação com outros resultados, se aplicável

Conteúdos

Informação sobre medicamentos

• Garantir o uso racional dos medicamentos prescritos pelo médico, adaptando-se às


necessidades individuais do doente, características do tratamento e objetivos desejados. Deve
incluir as necessidades e expectativas do doente:
• Reforçar o motivo da toma e transmitir instruções e precauções que devem ser
seguidas para a correta utilização e administração (melhorar o processo de uso)
• Ressaltar e explicar o benefício esperado e valorizar as dificuldades que o doente
possa apresentar para a adesão à terapêutica
• Instruir para a identificação e interpretação de parâmetros que permitam avaliar a
seguridade e efetividade do medicamento

150
Cuidados Farmacêuticos | 2021

•Nos casos em que os medicamentos não alcancem os resultados desejados no período


de tempo estimado, informar sobre que procedimento tomar
• O doente deve conhecer os EA mais frequentes e mais importantes que o possam
alarmar e levar ao abandono da terapêutica; se necessário informar sobre interações com
medicamentos ou alimentos
Informação sobre problemas de saúde
• Em que consiste o problema de saúde, como se manifesta e que consequências pode
ter a curto e longo prazo
• Saber identificar e interpretar os diferentes parâmetros que permitem avaliar o controlo
dos diferentes PS, assim como a auto monitorização dos mesmos
• Capacitar o doente a tomar medidas não farmacológicas adequadas que contribuam
para controlar o PS e ajudem a alcançar os resultados desejados
• Capacitar o doente a reconhecer os efeitos dos medicamentos que toma nos seus PS
Informar ≠ Educar

Processo de Educação Sanitária

Deteção das necessidades educativas (individuais ou coletivas) – Oferta do serviço


Avaliação das necessidades educativas/Planificação do processo educativo
Definição dos objetivos educativos
Conteúdo da educação sanitária
Registo e avaliação do serviço

Serviço de Educação para a Saúde

Programas de Promoção da Saúde focados em:


• Aumentar os determinantes de saúde (fatores pessoais, sociais, económicos e
ambientais que determinam o estado de saúde)
• Fomentar as habilidades e capacidades dos indivíduos para melhorar a sua saúde e
adquirir maior controlo sobre ela

Programas de Prevenção da Doença focados em:


• Diminuir os fatores de risco, deter a sua progressão e evitar as complicações
• Capacitar as pessoas para controlar situações de risco que podem levar a que surjam
PS ou a facilitar as consequências dos existentes

Programas de Uso Racional do Medicamento focados em:


• Promover o uso seguro e adequado dos medicamentos na comunidade, influenciando
no nível de conhecimentos da população, suas atitudes e aquisição de treino necessário para
os alcançar
• O conhecimento dos doentes sobre as características concretas dos medicamentos que
usam é um fator que pode afetar a efetividade e seguridade dos tratamentos farmacológicos

Metodologia do Programa Educativo

Teorias de alteração de comportamento


• Modelo de Etapas de Mudança ( Prochazka e DiClemente): motivação do indivíduo e
sua disposição para mudar um comportamento: Cessação tabágica + Programas de nutrição

151
Cuidados Farmacêuticos | 2021

• Processo cíclico com várias etapas : Pre-contemplação → Contemplação →Preparação


→ Ação → Manutenção → Recaída

Técnicas educativas (saúde individual e de grupos)


• Características da população ou pessoa a quem se dirige o programa
• Recursos disponíveis
• Talento humano

• O doente deve perceber que é escutado, atendido, que pode confiar e expressar as suas
necessidades
• Deve conseguir-se que a pessoa fique convencida que é capaz de iniciar e manter a mudança
de comportamento
• Deve apoiar-se e reforçar positivamente qualquer mudança por mais pequena que possa
parecer. Espera-se que à medida que o processo avança as dificuldades de implementar
mudanças vão diminuir pelos benefícios sentidos.
• O doente deve sentir que não está sozinho neste processo

Educação para a saúde individual


• Série de consultas educativas programadas
• Entrevistas semi-estruturadas e centradas no doente
• Entrevista motivacional (profissional oferece um conselho sanitário e o doente analisa e
expressa os benefícios e inconvenientes que a adopção da mudança irá gerar)
Educação para a saúde de grupo
• Teorias centradas na aprendizagem entre iguais, favorecendo a comunicação e
diminuindo efeitos de culpabilidade que geralmente acompanha as estratégias educativas
• A combinação de métodos participativos, com uso de vários meios de reforço dos
conteúdos parece ser a técnica mais eficaz
• Meios audiovisuais, material escrito e gráfico e demonstrações práticas e específicas
sobre o tema

EpS – Avaliação

Critérios de avaliação Ferramentas


Aumento do nível de conhecimentos Questionário anterior e posterior
Entrevista semi-estruturada
Desenvolvimento de capacidades Registo de observação direta
Resolução de problemas simulados
Adoção e manutenção de uma Grupos de discussão
mudança Entrevista de semi-estruturada
Nivel de participação Registos de observação direta
Nivel de satisfação Questionários abertos ou fechados
Alterações de indicadores em saúde Medição de parâmetros quantificáveis

Onde ?

152
Cuidados Farmacêuticos | 2021

Saúde Escolar

As áreas prioritárias (propostas pelo Ministério da Educação) são:


• Saúde Mental e Prevenção da Violência
• Educação Alimentar e Atividade Física
• Comportamentos Aditivos e Dependências
• Afetos e Educação para a Sexualidade

Folhetos informativos

153
Cuidados Farmacêuticos | 2021

Cessação tabágica – Motivação

PARAR DE FUMAR: é uma escolha difícil e o fumador muitas vezes depende de apoio, seja dos
familiares, de profissionais de saúde ou dos dois para esta vitória.

É preciso ter força de vontade e a todo o momento lembrar dos benefícios para a sua saúde
física e mental.

Entre os benefícios de parar de fumar estão:

• Após 20 minutos: a pressão arterial e a pulsação cardíaca voltam ao normal.


• Após 2 horas: deixa de haver nicotina no sangue.
• Após 8 horas: o nível de oxigénio no sangue normaliza.
• Após 3 dias: o olfato e o paladar melhoram significativamente.
• Após 3 semanas: melhora nítida da respiração e da circulação (torna-se mais fácil subir
escadas, ladeiras, correr; atenua-se a dor, o inchaço e o cansaço nas pernas).
• Após 1 ano: o risco de morte por EAM reduz 50%

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

• Após 5 anos: o risco de cancro de esófago reduz 50%


• Após 10 anos: o risco de cancro do pulmão reduz 50-70% relativamente aos fumadores
• Após 15 anos: o risco de doenças CV iguala-se ao dos indivíduos que nunca fumaram.

Importante?

Caso pratico

Senhor MJ, 65 anos ◦ IMC = 29

Patologias: HTA (2 anos) e DM tipo 2 (4 anos)

Terapêutica farmacológica para HTA e DM tipo 2

Não apresenta alterações lipídicas

O seu médico recomendou que seguisse uma dieta saudável e fizesse exercício físico, como
parte do seu tratamento não farmacológico

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

O farmacêutico deteta que o doente é muito sedentário

Outra professora fez uma apresentação sobre os assuntos e palestras que fizeram
na farmácia dela e as publicações dela – se quiserem ouçam 8/11, 2º parte

Aula 9 15/11 – Diminuição dos PRM/RNM em idosos/contributo do farmaceutico

Envelhecimento individual

“…processo não permite definições fáceis, não se resumindo à simples passagem do tempo,
sendo um processo dinâmico, progressivo e irreversível caracterizado por manifestações
variadas nos campos biológicos, psíquicos e sociais.” (Martinez et al, 1994)

Caracteristicas de envelhecimento

• Alguns autores acreditam o envelhecimento começa a partir do momento que nascemos já


estamos a envelhecer (biológico) outros autores dizem que só com o passar o tempo é que
comecamos a envelhecer (cronológico) – não diz muito → : duas pessoa com a mesma idade
mas uma delas pode estar mais envelhecida do que outras → Heterogenicidade → , já
existem teste para calcular a idade biológica que é mais próxima da real
• Funcional envelhecimento ativo, continuam a ser capazes de fazer as coisas
Psicológico: se pessoa for idosa e conseguir manter a sua personalidade; não ficar com
depressão; Pessoa compara se e pensa que tem menos capacidade

Nota: biológico e idade biológica não é a mesma coisa


Social
• é Irreversíveis mas pessoas tentam impedir com botox… mas não conseguem
• Manifestações variadas biológicas há medida que o tempo avança vamos ser menos capazes
de fazer certas atividades, menor probabilidade de sobreviver, depende de vários fatores e
varia de pessoa a pessoa

Sindrome do menino vazio/ invertido (não percebi bem )→ acontece muito com as mães.
Que estão habituadas a tomar conta dos filhos e depois eles crescem e pensam que não tem
nada para fazer

A nossa idade biológica pode diferenciar devido a vários fatores:

•Idade Cronológica
• Patologias prévias e atuais
• Grau de atividade física Ajuda
• Estado nutricional “somos o que comemos”
• Uso de medicamento Importante, a toma cronica do medicamento é bom mas
pode trazer consequencias
• Estado mental
• Personalidade Prévia
• Estilo de vida Mais exercícios e menos maus hábitos como fumar
• Factores sociais Sermos pobres
• Programa genético As doenças que podemos herdar

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Envelhecimento demográfico

• ↑ da proporção de pessoas idosas na população total


• Transição demográfica – modelo de fecundidade e mortalidade elevados para modelo com
baixa fecundidade e menor mortalidade, passamos de um modelo com muitos nascimentos
e muitas mortes para um que há menos mortes e nascimentos. Isto vai levar à diminuição de
jovens e aumento de idosos

↓ em termos sociais significa que => ↑ carga de doenças → ↑ incapacidade + ↑ uso dos
serviços de saúde

Idoso:

• A definição de idoso está associado á idade cronológica (≠ biológica) → importante para


os políticos fazerem decisões → conceito que tem vindo a evoluir à medida que a longevidade
aumenta
• Atualmente, e de acordo com organizações como a OCDE e a
OMS nos países desenvolvidos- indivíduos com idade ≥ 65
anos; e em desenvolvimento ≥ 60 anos
• Categoria de muito idoso – indivíduos com idade ≥ 80
anos (outros autores falam em 75 anos como cut-off) →
mais atual. Antigamente pessoas viviam apenas ate aso
50/60

Esta a aumentar
1 idoso par cada 8 pessoa
Em 2050 vamos ter 1 idoso para cada 5 pessoas

População com 60 anos ou mais é a que vai crescer


mais até 2050

Em Portugal – é um dos 10 paises com mais elevada proporção de idosos no mundo - grave

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Envelhecimento ativo

Novo paradigma (OMS, 2002); Pressupostos


fundamentais: saúde, participação social e
segurança

Temos que saber as consequências que isto tem

porto 4ageing → UP faz parte que tenta fazer ações que melhorem o envelhecimento das pessoas
temos que
O que é necessário fazer:
• atuar no serviço Prevenir doenças Reverterou diminuir gerenciar doenças
de saúde cronicas ou garantir os declínios de crónicas avançada
deteção e controlo capacidade
precoce
• investir nos Incentivar comportamentos que Garantir uma vida digna na
cuidados a longo melhoram a capacidade idade avançada
prazo
• investir Ambiente Promover comportamentos que Eliminar barreiras à participação,
melhorem a capacidade compensar a perda de
capacidade→ para elas se
sentirem uteis

Temos muito idoso que vivem muitos anos mas Anos de vida saudável em Portugal
vivem com qualidade?? Portugal Suécia
Homem 5,4 16,8
Como podemos ver pela a tabela, em comparação
Mulher 7 15,7
com a suécia, NAO!! Temos que melhorar isto

Portugal é o pais da europa onde os idosos são mais marginalizados, têm menos cuidadores
formais (profissionais) e onde o governo gasta menos dinheiro com o seu cuidado.
O estudo realizado em 46 países de várias regiões do mundo indica que:
• Portugal tem 0,4 cuidadores formais por cada 100 idosos
• frança 1,1
• Espanha 2,9
• Noruega 17,1

Em países europeus denominados desenvolvidos, como a irlanda, a frança, Eslováquia e


Portugal entre 57 e 90 % dos idosos não tem acesso a cuidados adequados. O numero mais
elevado é mesmo o de portuga 90,4%
• Paises como a estonia, Luxemburgo, noruega, suecia e suiça tem pelo contrario
cobertura destes serviços para todos os idosos

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Portugal (uma das maiores percentagens de idosos a nível mundial) dedica apenas 0,1% do
PIB; Dinamarca ou Holanda – mais de 2%

Condições de vida e indicadores de pobreza- perfil sociológico do idoso em Portugal

• Elevada iliteracia (elevada % de analfabetismo)


• Elevada taxa de incidência de incapacidade e prevalência de doenças cronicas
• Baixa participação social e cívica, diminuída atividade profissional
• Baixos níveis de rendimento
• Reduzido consumo cultura e de atividade de lazer
• Condições de saúde, habitação e conforto deficitárias

Doenças mais prevalentes nos idosos em Portugal


Polipatologia e polimedicação Sindrome geriátricos
• Doenças isquémicas coronárias • Queda/fratura → ↓ densidade mineral
• HTA ossea
• ICC • Incontinência
• DM tipo 2 • Perturbações do sono
• Obstipação • Perturbações ligadas à sexualidade
• Doenças musculoesqueléticas - artroses, • Perturbações de memória
artrizes, dores • Demencia (nomeadamente doença de
alzheimer, doença de Parkinson)
•Problemas auditivos, visuais, de
comunicação

Os “Is” dos idosos → as implicações do envelhecer

• Imobilidade, Isolamento, Incontinência, Infeção, Inanição (malnutrição), Instabilidade,


Impotência, Imunodeficiência, Insónia, Iatrogenia (reações associadas aos medicamentos)
Também existem outros mas não começam com “I”
• impaction (obstipação grave)
• Impaired senses (sentidos diminuidos)
• Intelectual impairment (alterações cognitivas)

Farmacoterapia no idoso

Idoso: principais consumidores e maiores beneficiários da farmacoterapia moderna:

• EUA: 13% da população e consomem >30% dos medicamentos prescritos e >40% dos
medicamentos OTC (Olsen et al., APA; 2007)
• Reino Unido: idosos consomem aprox. 60% de todos os medicamentos de prescrição e são
responsáveis por mais de metade dos custos do NHS (Milton et al., BMJ; 2008)
• Apresentam polipatologia ou co-morbilidades (aumento da prevalência da morbilidade
múltipla crónica) (Friedman& Shapiro. IMAJ 2005) → + doenças + medicação + efeitos
adversos
• > 80% tomam no mínimo um medicamento diariamente (Teixeira e Lefèvre, 2001)
• 35% dos idosos toma mais de 5 medicamentos (Hanlon et al., J A m Geriatric Soc, 45,1997)

Benefícios da medicação

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

• Cura doenças agudas


• Reduz a velocidade de progressão de doenças crónicas
• Previne complicações
• Prolonga a vida com aumento da qualidade vida
• Aumenta a QVRS
• Melhoria da função física (Ex: atividades do dia-a-dia)
• Melhoria da função psicológica (Ex: cognição, depressão)
• Melhoria da função social (Ex: atividades sociais, sistemas de apoio social)
• Melhoria da saúde em geral (Ex: Auto perceção de saúde)

Riscos

Alterações (alt.) fisiológicas/Alt. Farmacocinéticas


(PK) e farmacodinâmicas ( PD)
RAMs
Resultados Negativos Erros de medicação
associados aos Interações
Medicamentos (RNM) Pluripatologia Polimedicação
Toxicidade
Problemas Prescrição
Relacionados com os inapropriada
Medicamentos (PRM) Cascatas de prescrição → doente faz opiodes →
começa a ter obstipação → vai ao
↓ medico/farmaceutico e ele receita -lhe um para
fazer …
Morbilidade Alt. fisiológicas/Alt. PK e PD
Mortalidade Apresentação atípica de algumas doenças →
Inefetividade infeções na perna ???
Subprescrição
Não adesão à terapêutica

• Fatores de Risco

• Uso excessivo, Polimedicação (Overuse)


• Prescrição inapropriada (Inappropriate prescribing)
• Uso insuficiente, Subprescrição (Underuse)
• Não-adesão à Terapêutica (Medication non-adherence)

Envelhecimento- alterações fisiológicas

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Alterações que traduzem em alterações farmacocinéticas


Parâmetro Consequência
Absorção
• Diminuição da superfície do intestino As alterações tendem a ser triviais e
delgado; clinicamente inconsequentes
▪ ↑ do pH gástrico;
▪ ↓ salivação;
▪ Alterações da motilidade (↓)
: ↓ esvaziamento gástrico e ↑ tempo trânsito
intestinal
Distribuição
Água corporal total diminui de 10 a 15% ➢ Aumento de concentração de alguns
entre os 20 e os 80 anos; fármacos hidrossolúveis; volume de
distribuição diminui
A percentagem de massa gorda aumenta de ➢ Aumenta o volume de distribuição de
18 para 36% no homens e de 33 para 45% fármacos lipofílicos, resultando muitas vezes
nas mulheres; em aumentos dos tempos de semivida
▪ Os níveis de albumina sérica diminuem e ➢ É provável que possa alterar a
podem aumentar os de glicoproteína ácida concentração de fármacos
α1

Metabolismo
Idosos são insuficientes renais ➢ As implicações clínicas dependem da
Eliminação renal contribuição da função renal para a
▪ Diminuição significativa do fluxo eliminação do fármaco e da janela
sanguíneo e da massa renal; terapêutica
▪ Diminuição da função glomerular e tubular ➢ A depuração de creatinina permite
▪ A partir dos 30 anos, a depuração de estimar a TFG. Fórmula de Cockcroft-Gault:
creatinina diminui em média
8ml/min/1,73m2 /década. (o valor sérico de
creatinina pode ser aparentemente normal
no idoso porque existe menor massa
proteica e consequente menor produção de ➢ Para as mulheres o valor calculado é x
creatinina) 0,85. (A função renal é dinâmica; rever
periodicamente; doentes desidratados.

Grupo de fármaco com alterações na eliminação renal

Outros Diuréticos
Antibióticos
Amantadina; Amiloride;
Amicacina;
Cimetidina; Lítio; Furosemida;
Ciprofloxacina;
Metotrexato; Hidroclorotiazida;
Gentamicina;
Ranitidina Triamtereno
Nitrofurantoína;
Estreptomicina;
Tobramicina
Aparelho cardiovascular
Captopril; Digoxina; Psicofármacos
Enalapril; Lisinopril; Risperidona
Procaínamida; Quinapril

161
Cuidados Farmacêuticos | 2021

Alterações Farmacodinâmicas

• Alteração da concentração de fármacos/ligandos nos recetores → é necessário recetores


para os fármacos atuarem
• Alteração nº e afinidade de recetores →
• Alterações pós-recetor (mecanismos de transdução) → podem ter recetores mas os
mecanismo de sinalização estão diminuidos
• Alterações dos mecanismos de homeostasia - Sensibilidade aumentada aos fármacos
• Diminuição da capacidade para responder a stress fisiológico e aos efeitos adversos dos
fármacos (ex. hipotensão ortostática)
Doentes tem menor capacidade de responder a stress fisiológico e a efeitos adversos
dos fármacos. Por a tomar o fármaco anti hipertensores nós temos mecanismo de
compensação. Mas os doentes idosos, não tem este mecanismo logo tem maior
probabilidade de ter hipotensão ortostática

• Sistema dopaminérgico : dopamina - estão


diminuidos isto vai levar ao aumento de risco
doença de Parkinson
• Serotinérgicos o número de recetores e
serotonina diminui --> maior probabilidade de
depressão
• Menor adrenalina- aumenta apatia
• Colinérgico e acetilcolina: está diminuída e
existem muitos fármacos que tem efetio anti
colinérgico (efeitos adversos) logo aumenta o risco de demência
Gabaérgico diminui o que vai levar hiper excitabilidade

Envelhecimento e PRM

1. Fraco conhecimento do comportamento dos fármacos – quer pelos doentes como nós.
2. Capacidade diminuída de resposta a situações de stress fisiológico
• O Regulação da pressão arterial
• O Maior tendência para hipotensão ortostática
• O Amplitude da PA diminuída – perfusão inadequada do SNC
• O Taquicardia reflexa pode estar ausente
• O Regulação da temperatura
• O Menor capacidade de adaptação ao calor e frio / ausência de febre
• O Regulação do volume corporal
• O Diminuição das reservas de água do organismo
• O Mecanismo da sede diminuído → menos sedo e menos água
• O Diminuição da capacidade de concentração da urina
• O Diminuição da capacidade de excretar água livre

3. Elevado consumo de medicamentos - Polimedicação - 85% tem pelo menos um


medicamento prescrito (média 4-8); 35% dos idosos toma mais de 5 medicamentos → tem
varias doenças cronicas logo mais medicamentos
4. Prevalência aumentada de doenças crónicas e pluripatologia (36% tem 3 ou mais
doenças crónicas)

162
Cuidados Farmacêuticos | 2021

5. Alterações fisiológicas que determinam alterações farmacocinéticas e


farmacodinâmicas
6. Alterações fisiológicas associadas ao envelhecimento (declive cognitivo; défice
funcional)
7. Elevada % de automedicação
8. Uso de medicamentos inapropriados (97% dos idosos em lares e 61% em casa consome
pelo menos um fármaco inapropriado, de baixa utilidade ou não indicado)
9. Fatores sociais (isolamento e desfavorecimento económico)→ confusões, esquecimento,
adesão
10. Maior incidência e maior prevalência de doença
11. Doenças com maior tendência a cronicidade
12. Administração concomitante de diferentes medicamentos de modo continuado
(complexidade dos esquemas terapêuticos e níveis baixos de adesão à terapêutica)
13. Vários especialistas prescritores (sem informação cruzada) → pode haver duplicações
14. Capacidade mental diminuída
15. Transtornos de hidratação/nutrição
16. Apresentação atípica de vários quadros clínicos → não tem febre
17. Deterioração mais rápida e recuperação mais lenta

Envelhecimento- RAMs e EAMs (efeitos adversos aos medicamentos)

• EAM ocorrem em 15% ou mais dos idosos e até 50% dos casos são potencialmente
evitáveis.
• Meta-análise de 34 estudos - 100.000 idosos sofreram RAMs fatais; 2 milhões de idosos
hospitalizados, RAMs sérias

Outros estudos
• 10 -17% das hospitalizações – idosos (Berard K, Drugs Aging, 150, 1990)
• 18 % dos idosos apresentam RAMs (Gandhi et al., J Gen Intern Med, 15; 2000)
• 35% dos idosos toma mais de 5 medicamentos (Hanlon et al., J A m Geratri Soc, 45,1997)
• Idosos são 2x mais hospitalizados que doentes jovens devido a RAMs; as RAMs são até 7x
mais evitáveis nesta população (Beijer et al., Pharm World Sci, 24, 2002)
• Idosos com 5 e 9 medicamentos, grupo com mais entradas na urgência; >a por
sobredosagens não intencionais

Muitos dos problemas de saúde


tradicionalmente associados ao idoso
(síndrome geriátrico), como a obstipação, as
quedas e as alterações congnitivas, podem
na verdade ser causadas pelos medicamentos
que tomam.

Sempre que um idoso apresente uma nova


queixa de saúde, os medicamentos que toma
devem ser sempre analisados como possiveis
agentes causais.

163
Cuidados Farmacêuticos | 2021

Reações Adversas a medicamentos

Questões a considerar na avaliação de um novo sinal ou sintoma!

• Pode ser causado por uma dose insuficiente ou excessiva de um medicamento?


• Pode ser causado por uma interação entre medicamentos?
• Pode ser causado pela forma como o medicamento é administrado? → inaladores
• Todos os medicamentos são essenciais ou poderá substituir-se algum por terapêutica
não farmacológica?
• Pode reduzir-se a dose de algum medicamento?
• Pode simplificar-se o regime terapêutico? Desprecrição→ quando as pessoas estao em
paliativos e para diminuir os efietos secundários administramos o mínimo para eles ficarem
confortáveis

164
Cuidados Farmacêuticos | 2021

Medicamentos que doses devem ser ajustadas

Interações Medicamentosas

Esta tabela é só para avaliar a causalidade.

Como identificar interações clinicamente


significativas? Algumas podem ser
benéficas
Fatores a considerar:
▪ Frequência da interação
▪ Gravidade da interação
▪ Relacionada com a dose?

Deve sempre tentar


administrar o
medicamento que haja
mais conhecimento.
Não faz sentido
administrar novos
farmacos que tenhamos
pouco conhecimento

165
Cuidados Farmacêuticos | 2021

Interações Medicamento - plantas medicinal

Interações Medicamento – Alimento

Alimentos ricos em Vitamina K – Anticoagulantes orais


• Feijão-verde, couve-flor, alface, espinafres, couves, chá-verde e brócolos
• Ingestão constante destes alimentos, evitando grandes variações diárias.
• Informar os doentes sobre quais alimentos são “ricos” em vitamina K e que devem ser
moderadamente consumidos.

Álcool – Insulina e ADO; Paracetamol


• Aumento do risco de hipoglicémia→ Diabéticos – máximo de 2 bebidas/dia
• Aumento do risco de toxicidade hepática →Evitar o consumo de álcool durante a
terapêutica
Alimentos ricos em fibra – Digoxina
• Diminuição da absorção da Digoxina → Tomar a Digoxina 1h antes ou 2h depois das
refeições

Medicação potencialmente inapropriada


• É usada para uma indicação incorreta
• É usada sem indicação
• Induz um risco elevado de reação adversa a medicamento, interação ou evento adverso
• É desnecessariamente cara
• É utilizada por período demasiado curto ou longo – benzodiazepinas
• A NÃO PRESCRIÇÃO de medicamentos que seriam apropriados

CRITÉRIOS EXPLÍCITOS Outras ferramentas


Identificam listas de medicamentos • IPET, Improved Prescribing in the Elderly
específicos que devem ser evitados no idoso, Tool
independentemente do diagnóstico ou no • FORTA, Fit for the aged criteria
contexto específico de algum diagnóstico. • ARMOR, Assess, Review, Minimize,
Alguns exemplos mais conhecidos: Optimize, Reassess
▪ Critérios de Beers • Good Palliative-Geriatric Practice
▪ Critérios de McLeod Algorithm
▪ Critérios STOPP/START • CGA, Comprehensive Geriatric Assessment,

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

CRITÉRIOS IMPLÍCITOS • PFDS, Patient Focused Drug Surveillance


Usam informação sobre o doente e critérios • GRAM, Geriatric Risk Assessment Medguide
de MBE para apoiar as decisões clínicas, • Lista PRISCUS
menos dependentes do medicamento ou da • DBI, Drug Burden Index,
doença específicos. Critérios implícitos • POM, Prescribing optimization Method
comuns:
▪ Medication Appropriateness Index
(MAI)
▪ Inappropriate Medication Use and
Prescribing Indicators Tool

Medication appropriateness index

Este é um método implícito,


Mais facilmente usado pelos médicos mas
farmacêuticos usam mais explícitos que não é
necessário fazer perguntas ao doente

Critérios de beers

• Lista de critérios estabelecida por consenso em 1991, desenvolvida pelo Dr. Mark Beers
para a população de idosos institucionalizados
• Modificada e adaptada posteriormente a diferentes populações
• 53 medicamentos/classes divididos em 3 tabelas/categorias principais
• Última atualização em 2019

• Os medicamentos são divididos em 3 categorias de acordo com o seu grau de risco.


• Para cada recomendação de cada medicamento/classe é referido:
• Explicação da recomendação
• Recomendação: evitar, usar com precaução, usar se, etc.
• Grau da evidência: relacionado com o tipo de estudo que apoia a recomendação
• Força de recomendação: importância da recomendação de acordo com a qualidade
da evidência

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

PIM = potencional inapropriate medication

1º categoria → EVITAR
Anticolinérgico → pode aumentar risco de demência, obstipação, quedas

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

2º categoria – se tiver alguma patologia deve evitar


Se tiver insuficiência cardíaco não deve tomar AINES e COX2

3º categoria → usar com precaução

Lista dos que deviam ser evitados → interações a evitar em idosos

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Medicamentos a evitar ou a reduzir a dose no idoso de acordo com a função renal

Critérios STOPP/START

• Lista de critérios estabelecida por consenso em 2004, por um grupo de peritos europeus
das Universidades de Cork e de Queens (Irlanda)
• Última atualização publicada em 2015
• 65 critérios para prescrição inapropriada, agrupados por sistema fisiológico
• STOPP - Screening Tool of Older Persons’ Potentially Inappropriate Prescriptions
• START - Screening Tool to Alert to Right Treatment

Normalmente tem um: critério(justificação)

Critérios STOPP
Secção A: Indicação dos medicamentos
• Qualquer fármaco prescrito sem indicação clínica baseada na evidência.
• Qualquer fármaco prescrito para além da duração de tratamento recomendada,
quando essa duração está bem definida.
• Qualquer prescrição duplicada dentro da mesma classe terapêutica; ex. 2 AINEs,
ISRSs, diuréticos da ansa, IECAs ou anticoagulantes de modo concomitante (deve ser
otimizada a terapêutica em monoterapia dentro de uma classe antes de considerar um
novo fármaco)
Secção B: Critérios do Sistema cardiovascular
• Diurético da ansa como tratamento de primeira linha da HTA [Justificação →]
(ausência de resultados para esta indicação; disponíveis alternativas mais seguras e
eficazes)
•Diuréticos da ansa para tratamento da HTA em doentes com incontinência urinária
(pode exacerbar a incontinência).
•Anti-hipertensores de ação central (e.g. metildopa, clonidina, monoxidina,
rilmenidina) exceto em casos de clara intolerância ou falta de eficácia de outras classes de
antihipertensores (os anti-hipertensores de ação central são em geral pior tolerados por
idosos do que por indivíduos mais jovens).

Critérios do Sistema de coagulação


•Aspirina a longo termo em doses superiores a 160 mg/dia (risco aumentado de
hemorragia, sem evidência de eficácia aumentada).
• Ticlopidina em qualquer circunstância (clopidogrel e prasugrel com eficácia similar,
maior evidência e menos efeitos adversos).
•AINEs em associação com antagonistas da vitamina K, inibidores diretos da
trombina ou inibidores do fator Xa (risco de hemorragia gastrointestinal)

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Secção D: Sistema Nervoso Central


• Antidepressivos tricíclicos em doentes com demência, glaucoma ângulo fechado,
alterações da condução cardíaca, prostatismo ou história de retenção urinária (risco de
agravamento destas condições).
• Antidepressivo tricíclico como tratamento antidepressivo de primeira linha (risco
maior de reações adversas com ADT do que com ISRSs ou ISRNs).
• Benzodiazepinas além das 4 semanas (não há indicação para tratamento mais
prolongado); risco de sedação prolongada, confusão, alterações do equilíbrio, quedas,
acidentes rodoviários; todas as BZ devem ser descontinuadas gradualmente se tomadas
há 4 semanas ou mais devido ao risco de síndrome de abstinência por paragem abrupta.
Secção E: Sistema Renal
• Idosos com insuficiência renal aguda ou crónica e função renal abaixo de determinados
níveis de Taxa de Filtração Glomerular (TFG) estimada.
• Digoxina a longo termo em dose superior a 125 mcg/dia se a TFG estimada < 30
ml/min/1,73m2 (risco de toxicidade da digoxina se os níveis plasmáticos não forem
determinados)
• Inibidores diretos da trombina (ex. dabigatrano) se TFG estimada < 30
ml/min/1,73m2 (risco de hemorragia).
• AINEs se TFG estimada < 50 ml/min/1,73m2 (risco de deterioração da função
renal)6. Metformina se TFG estimada < 30 ml/min/1,73m2 (risco de acidose láctica).
Secção F: Sistema Gastrointestinal
• Inibidores da bomba de protões (IBP) na dose terapêutica plena durante mais de 8
semanas para úlcera péptica não complicada ou esofagite péptica erosiva (indicada
redução da dose ou descontinuação)
• Fármacos que podem provocar obstipação (ex. anticolinérgicos/antimuscarínicos,
opióides, ferro oral, antiácido com alumínio) em doentes com obstipação crónica quando
são apropriadas alternativas não obstipantes (risco de exacerbação da obstipação)
Secção G: Sistema Respiratório
• Corticosteróides sistémicos em vez de corticosteróides inalados para manutenção
da DPOC moderada a grave (exposição desnecessária a efeitos adversos a longo termo
associados aos corticosteróides sistémicos quando estão disponíveis terapêuticas
inalatórias eficazes)
• Broncodilatadores antimuscarínicos (ex. ipratrópio, tiotrópio) em doentes com
história de glaucoma de ângulo fechado (pode exacerbar o glaucoma) ou de obstrução do
fluxo urinário (pode causar retenção urinária).
• Benzodiazepinas em doentes com insuficiência respiratória (IR) aguda ou crónica i.e.
pO2 < 8.0 kPa ± pCO2 > 6.5 kPa (risco de exacerbação da IR)
Secção H: Sistema Musculo-Esquelético

• AINEs em doentes com HTA ou insuficiência cardíaca (risco de exacerbação)


• AINEs a longo termo (mais de 3 meses) para alívio da dor associada à osteoartrite
quando não foi tentada analgesia com paracetamol (os analgésicos simples são preferíveis
e normalmente de igual eficácia no alívio da dor)
• AINE ou colquicina a longo termo (mais de 3 meses) para prevenção das crises de
gota quando não existe contraindicação para um inibidor da xantina-oxidase e.g.
alopurinol, febuxostate (os inibidores da xantina-oxidase são a 1ª escolha para prevenção
das crises de gota).
• Inibidores seletivos da COX-2 em doentes com doença cardiovascular concomitante
(aumento do risco de enfarte do miocárdio e de AVC)
Secção I: Sistema Urogenital
• Anti-muscarínicos para síndrome de bexiga hiperativa (Oxibutinina, Cloreto de
Tróspio, Solifenacina, etc.) em doentes com demência ou défice cognitivo crónico

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

concomitantes (risco de aumento da confusão e agitação) ou com glaucoma de ângulo


fechado (risco de exacerbação do glaucoma) ou prostatismo crónico (risco de retenção
urinária).
• Bloqueadores adrenérgicos alfa-1 seletivos (Doxazosina, Prazosina, Terazosina) em
doentes com hipotensão ortostática ou síncope miccional (risco de precipitar síncope
recorrente).
Secção J. Sistema Endócrino

• Sulfonilureias de longa duração de ação (glibenclamida, glimepirida) em doentes


com DM tipo 2 (risco de hipoglicémia prolongada)
• Tiazolidinedionas (ex. rosiglitazona, pioglitazona) em doentes com insuficiência
cardíaca (risco de exacerbação da IC)
• Estrogénios em doentes com história de cancro de mama ou tromboembolismo
venoso (risco aumentado de recorrência)
• Estrogénios orais sem progestagénio associado em doentes com útero intacto (risco
de cancro do endométrio)
Secção K: Fármacos que previsivelmente aumentam o RISCO DE QUEDAS em idosos
• Benzodiazepinas (sedativas, podem causar alterações sensoriais e alterar o equilíbrio)
• Antipsicóticos (podem causar dispraxia da marcha e Parkinsonismo)
• Vasodilatadores (ex. antagonistas alfa-1, bloqueadores dos canais de Ca, nitratos de
longa ação, IECA, ARA, dizóxido, minoxidil, hidralazina) em doentes com hipotensão
postural persistente i.e. baixa recorrente da PA sistólica em 20 mmHg ou mais (risco de
síncope, quedas)
• Fármacos hipnóticos Z (ex. zopiclone, zolpidem, zaleplon) (podem causar sedação
diurna, ataxia
Secção L: Analgésicos
• Uso de opióides fortes por via oral ou transdérmica (morfina, oxicodona, fentanil,
buprenorfina, diamorfina, metadona, tramadol, petidina, pentazocina), como 1ª linha para
a dor ligeira (escala analgésica da OMS não observada)
• Uso regular de opióides sem uso concomitante de um laxante (risco de obstipação
grave)
• Opiáceos de longa duração de ação sem opiáceos de curta duração de ação para
dor irruptiva (risco de não controlo da dor)
Secção N: Antimuscarínicos/Anticolinérgicos

• Uso concomitante de 2 ou mais fármacos com propriedades


• antimuscarínicas/anticolinérgicas (ex. antiespasmódicos, antidepressivos tricíclicos,
anti-histamínicos de 1ª geração) (risco de toxicidade antimuscarínica/anticolinérgica
aumentada)

Efeitos adversos anticolinérgico

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

ATENÇÃO também para os Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM) e


outros produtos de saúde!
• Existem MNSRM potencialmente inapropriados no idoso
• Avaliar cuidadosamente as contraindicações, precauções e interações.
• Estes medicamentos, porque podem ser aconselhados pelo farmacêutico (sem prescrição
médica), representam uma responsabilidade acrescida!
• Análise cuidadosa de outros produtos de saúde como suplementos e produtos à base de
plantas que podem interferir com medicamentos e problemas de saúde, com elevado risco
no idoso.

START - Screening Tool to Alert to Right Treatment

• Identificação de medicamentos potencialmente OMISSOS


• Não aplicáveis a doentes em fim de vida / cuidados paliativos
• Aplicáveis quando há omissão sem qualquer razão clínica válida
• Assume que é previamente avaliada a existência de contraindicações

Critérios START
• Fármacos anti-hipertensores: recomendados sempre que PA sistólica >160mmHg e/ou
PA diastólica >90 mmHg. Se diabético PA sistólica >140mmHg e/ou PA diastólica
>90mmHg.

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

• Estatinas: recomendadas em casos de doença coronária e doença vascular cerebral ou


periférica (exceto em doentes terminais ou com >85anos).
• Agonistas beta-2 ou anti-muscarínicos broncodilatadores inalados (ex. Ipratrópio,
tiotrópio): recomendados na asma ou DPOC ligeira a moderada
• Corticosteróides inalados de toma regular: recomendados na asma ou DPOC
moderada a grave (FEV1
• ISRS (ou ISRN ou pregabalina se ISRS contraindicados): recomendados em casos de
ansiedade grave persistente que interfere com a atividade independente
• Suplemento de Vitamina D: recomendado em doentes com osteoporose conhecida e
história de fratura(s) de fragilidade e/ou densidade mineral óssea (T-score) >-2.0 em
múltiplos locais
• Suplemento de Vitamina D: recomendado em idosos confinados a casa, com histórico
de quedas ou com osteopenia (Densidade mineral óssea T-score >-1.0 mas < -2.5 em
vários locais)
• Medicamentos que Afetam a Estrutura Óssea e a Mineralização (ex. bifosfonatos,
ranelato de estrôncio, teriparatida, denosumab): recomendados em doentes com
osteoporose documentada, quando não existam contra-indicações (Densidade mineral
óssea T-score >-2.5 em múltiplos locais) e/ou história de fratura(s) de fragilidade.
• Antagonistas dos Receptores Adrenérgicos alfa-1: recomendados no prostatismo
sintomático quando a prostatectomia não é considerada necessária.
• Inibidores da 5-alfa-redutase: recomendados no prostatismo sintomático quando a
prostatectomia não é considerada necessária.
• Estrogénios tópicos vaginais: recomendados na vaginite atrófica sintomática.
• Laxantes: recomendados em doentes com tratamento regular com opióides
• Vacina trivalente da gripe: recomendada anualmente
• Vacina pneumocócica: recomendada a administração pelo menos uma vez após os 65
anos, de acordo com as orientações nacionais

Programa de vacinação →

Estudos medicamentos
inapropriados em idosos

Resultados: amostr 126 doentes


214 medicamentos potencialmente
inapropriados -STOPP
75,4% dos doentes tinha 1 ou mais
MPI

Encontrados 90 medicamentos
potencialmente omissos (MPO) -START
42,9% tinha 1 ou mais MPO

Este estudo foi feito pela professora

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Avaliação e promoção da Adesão à Terapêutica

“a extensão na qual o comportamento do doente, relativamente à terapêutica


medicamentosa, segue as recomendações do médico” (Cooney et al, Clin Geriatr Medicine,
2009) > 50% dos idosos apresenta má adesão à terapêutica
- (Haynes et al, Cochrane Database of Systematic Reviews, 2008; Salzman C. J Clin Psych
1995 )

A adesão à terapêutica

apresenta 5 dimensões distintas:


• Fatores relacionados com o doente
• Fatores relacionados com o tratamento
• Fatores relacionados com os problemas de saúde
• Fatores económicos e sociais
• Fatores relacionados com os sistemas de saúde

Menor desao

Barreiras na adesão à terapêutica no idoso

• Polimedicação – esquemas posológicos complexos


• Dificuldades cognitivas
• Falta de destreza manual
• Problemas de visão
• Baixa literacia

Barreiras e soluções na adesão à terapêutica


Esquecimento, dificuldades de • Alertas automáticos, organizadores de comprimidos,
organização sistemas eletrónicos de dispensa, preparação
individualizada da medicação
• Simplificar regimes terapêuticos
• Envolver família/cuidadores

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Doente entende o • Identificar preocupações e estabelecer objetivos


medicamento como não • Avaliar efetividade
necessário ou não efetivo • Educar o doente
Dificuldades na • Substituir por outros de administração mais fácil
toma/administração • Fornecer seringas orais, sistemas para fracionar, câmara
expansora, etc.
Terapêutica para doenças • Informar o doente sobre o curso da doença, a
assintomáticas importância de prevenir/tratar
• Informar o doente sobre as consequências de não
tratar
Regimes terapêuticos • Reduzir a frequência das tomas
complexos • Utilizar formas farmacêuticas de longa duração de ação
• Identificar combinações que possam substituir 2
medicamentos
• Introduzir estratégias adaptadas ao indivíduo: sistemas
dispensa individualizada, calendários, lembretes, etc
Efetividade tardia • Educar o doente sobre a forma como atua o
medicamento, quando se inicia o efeito
• Educar sobre os objetivos da terapêutica e como
monitorizar os efeitos
Custo • Substituir por outros de menor custo • Reduzir
medicamentos não necessários
Efeitos indesejáveis • Alertar para os possíveis efeitos adversos e como os
gerir (ex: efeitos que desaparecem com a continuação
do tratamento, medidas de prevenção)
• Educar sobre os benefícios do tratamento
Baixa literacia • Usar imagens, diagramas ou pictogramas para
comunicar informação
• Não usar linguagem técnica

10 pontos a considerar na farmacoterapia no idoso

1. Utilizar medidas não farmacológicas em primeira linha: os medicamentos não substituem


cuidados psicossociais importantes
2. Usar uma dose baixa e aumentar lentamente: iniciar com metade da dose do adulto,
ajustar de acordo com a tolerância e a resposta
3. Usar o menor número possível de medicamentos: com regimes posológicos o mais
simples possível
4. Usar uma variedade limitada de medicamentos: conhecer bem os efeitos de cada
medicamento no idoso
5. Disponibilizar informação simples verbal e escrita: para cada medicamento
6. Antecipar problemas de adesão: ex: problemas de deglutição – forma farmacêutica líquida
7. Considerar que os medicamentos podem ser a causa de sintomas novos antes de procurar
outras causas: não assumir que os sintomas estão relacionados com a idade
8. Rever o tratamento regularmente: parar medicamentos sem indicação, ajustar doses de
acordo com a diminuição da função renal
9. Os doentes são centrais na qualidade do uso do medicamento: procurar ter input do
doente e tratar o doente e não a doença
10. Racionalizar o uso do medicamento: considerar se são apropriados e os efeitos tóxicos,
em caso de dúvida NÃO USAR Fonte: NPS. 2013. MedicineWise News. Older, Wiser, Safer.

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Cuidados Farmacêuticos | 2021

Redução dos PRM no idoso


METODOLOGIAS OBJETIVOS
Dispensa clínica Revisão da medicação • Assegurar a toma correta dos
Reconciliação da terapêutica medicamentos
Acompanhamento farmacoterapêutico • Assegurar tratamentos apropriados
Coordenação com outros profissionais de •Simplificar os regimes terapêuticos
saúde • Reduzir a polimedicação
FERRAMENTAS • Promover a adesão à terapêutica
para apoiar o profissional de saúde • Prevenir/Identificar reações adversas a
INFORMAÇÃO medicamentos e interações relevantes
para o profissional de saúde e para o • Monitorizar a efetividade e segurança da
doente terapêutica medicamentosa

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