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Aula

CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO
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META
Identificar as condições de Equilíbrio estático de corpos rígidos.

OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
calcular o momento de uma força (ou torque);
equacionar uma situação de equilíbrio estático e verificar se ela satisfaz as condições de
equilíbrio; e
determinar o centro de gravidade dos corpos rígidos.

PRÉ-REQUISITOS
Álgebra, trigonometria, leis de Newton e vetores.

(Fonte: http://figaro.fis.uc.pt).
Física Básica

INTRODUÇÃO

Esta primeira aula do segundo módulo trata da utilização das leis


de Newton para o estudo de equilíbrio dos corpos extensos. No inicio
da aula introduziremos o conceito de torque, ou momento de uma for-
ça. Definido como uma força multiplicada por um braço de alavanca, o
torque é responsável por uma infinidade de fenômenos que acompa-
nhamos no dia a dia. Para esta aula ele será importante por se constituir
em um fator importante no equilíbrio. Em seguida faremos a apresenta-
ção formal das Condições de Equilíbrio Estático. Estas condições rezam
que as forças resultantes aplicadas sobre um corpo sempre tem que se
anular (1ª condição) e que os torques aplicados sobre o corpo, indepen-
dentemente da escolha de um ponto de rotação também tem que se
anular (2ª condição). Assim como na primeira lei de Newton, estas con-
dições são válidas para corpos em repouso e em movimento retilíneo
uniforme, mas por uma questão de dificuldade computacional, somen-
te o primeiro caso é aqui abordado.

(Fonte: http://www.acadciencias.org.br).

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Condições de equilíbrio
Aula

MOMENTO DE UMA FORÇA

Bem vindos ao segundo módulo de Física Básica. Hoje trataremos do


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problema de equilíbrio estático dos corpos. Veremos que sob algumas
condições os corpos podem ficar parados por um espaço de tempo
indeterminado. Para este estudo, no entanto, precisaremos introduzir o
conceito de momento de uma força, ou simplesmente torque. O torque apli-
cado sobre um corpo precisa ser descrito através de duas variáveis: a sua
intensidade (vetorial) e o seu local de aplicação. Até agora sempre assu-
mimos que uma força aplicada sobre uma bola, ou um bloco, ou qualquer
objeto extenso, causava um movimento de translação. O corpo adquiriria
uma aceleração cujo vetor partia de seu centro de massa, o que evitava o
problema de uma rotação.
Veja o problema pelo ponto de vista de um jogador de futebol:

Nesta figura temos uma representação do chute dado por dois jo-
gadores em duas bolas. As forças aplicadas foram as mesmas, mas o
local da força foi diferente. No primeiro caso temos um chute “de
bico”: a bola se desloca com uma grande velocidade e, por não girar,
se desloca linha reta. No segundo caso, temos um chute “de três
dedos”, ou “com efeito”. Apesar de a força ser a mesma, a veloci-
dade da bola é menor e no seu deslocamento ela apresenta uma
rotação. Esta rotação muda a trajetória da bola, e em muitos casos
engana o pobre goleiro. A diferença básica entre os dois chutes é o
local de aplicação da força. Entramos agora então no estudo de
como esta força pode ser medida e quais são os seus efeitos. No
mesmo exemplo da bola de futebol, o jogador talentoso sabe exata-
mente como calibrar a força e o local do chute, mas como estas variá-
veis podem ser equacionadas? Vejamos um segundo exemplo que nos
dará uma idéia da resposta.

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Física Básica

Este é o caso típico de uma porta que estamos tentando abrir, mas
está seriamente emperrada. Se utilizarmos toda a nossa força (no caso F)
para abrir esta porta, aplicando-a a uma distância L1 da dobradiça, pode-
mos ter sucesso, ou não. E se aplicarmos a uma distância L2 da dobradiça,
termos melhores chances? Se você tem alguma dúvida, faça um teste,
mas podemos adiantar com certeza que ficará muito mais fácil se aplicar-
mos a força bem perto da maçaneta. Isto nos indica que o torque depende
da distância entre o ponto de aplicação da força e outro ponto do corpo.
Este outro ponto não é um ponto qualquer, mas o centro de rotação. No
caso da porta deste último exemplo, o centro de rotação é onde estão as
dobradiças. No caso da bola o centro de rotação se encontra no centro da
bola (lembre-se que a bola gira em torno de seu eixo). Como a dependên-
cia do torque com a força é evidente, podemos já apresentar a equação
que relaciona estas grandezas:

Onde t é o torque, F é a força aplicada e L é a distância entre o ponto


de aplicação e o centro de rotação. No sistema SI o torque tem unidade
de Newton-metro. Como a força é um vetor e a distância precisa ser re-
presentada por um vetor, concluímos que o torque também é um vetor. A
forma vetorial desta equação é dada por um produto vetorial, mas não
faz parte de nosso curso. Precisamos apenas ficar atentos ao fato de que
apenas a componente da força perpendicular à reta que une o ponto de
aplicação e o centro de rotação participa do torque. Para esclarecer um
pouco este ponto veremos agora alguns exemplos.

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Condições de equilíbrio
Aula

ATIVIDADES

1. O bíceps é um grande músculo localizado na parte superior do braço.


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Suponha que a força máxima que ele pode exercer seja de 600 N. Como o
seu tendão está ligado aos ossos do antebraço, existe um movimento de
alavanca quando se levanta um peso. Na figura abaixo mostramos duas
situações: na primeira o antebraço faz um ângulo de noventa graus com o
braço e na segunda o ângulo passa para 120º. Sendo a distância entre a
inserção do músculo e o centro de rotação igual a dois centímetros, e o
comprimento do braço igual a 60 cm determine qual das duas situações é
mais adequada para levantar um bloco de 30 kg.
2. Se o bloco do problema anterior tivesse uma alça que pudesse ser presa
ao braço, qual seria a distância máxima entre o cotovelo e a alça que
ainda permitiria o levantamento do bloco?

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

Este é um problema muito simples, apesar de parecer o contrário.


Considere a figura abaixo:

Este desenho ilustra a situação que descrevemos. O problema é: como


devemos posicionar o braço para levantar um bloco pesado como
este? Em ângulo reto, ou inclinado? A resposta se encontra no cálculo
do torque máximo que o músculo pode aplicar. Façamos um diagrama
para determinar qual é o melhor caso:

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Física Básica

O cálculo do torque aqui é muito simples:


No segundo caso aparece uma pequena diferença, veja o diagrama:

Note que agora a situação mudou! A força que o músculo pode aplicar
ainda é a mesma, mas apenas parte dela serve para levantar o braço.
Esta parte corresponde à componente perpendicular ao braço. O seu
cálculo é muito simples (com um pouquinho de trigonometria):
. Concluímos então que o
maior torque é aquele obtido quando o braço está fazendo um ângulo
reto com o antebraço. Fica, no entanto, uma dúvida: será possível
levantar o bloco? A resposta virá com um novo cálculo de torque: a
figura abaixo mostra o que acontece:

O torque é novamente calculado de modo simples e direto:


. Você não conseguirá levantar este
bloco de maneira nenhuma! O torque necessário é quase vinte vezes
maior que o máximo que você pode aplicar com o seu bíceps (lembre-
se de que estes números não são reais e você provavelmente pode
sim levantar o bloco).
Este problema é ainda mais simples, veja o diagrama:

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Condições de equilíbrio
Aula

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O torque aplicado pelo braço (nesta posição) é de 12 Nm. Para


poder levantar este bloco é necessário então um torque maior que
este. Calcularemos então qual é a distância L onde deve ser colocado
o bloco para obter o mesmo torque: .
Este resultado numérico apenas nos confirma aquilo que já
sabíamos por experiência.

Agora que já nos armamos com o ferramental do torque podemos


passar para o objeto desta aula: Condições de Equilíbrio. Nós podemos
dizer que um corpo se encontra em equilíbrio se ele está parado ou se
movendo a uma velocidade constante. Neste curso nós só estudaremos o
primeiro caso. Veremos que um corpo pode estar sujeito a uma série de
forças que se cancelam mutuamente fazendo com que ele se mantenha
estático. Este é um assunto que parece mais indicado para estudantes de
engenharia, mas aqueles das áreas biológicas serão contemplados com
um conhecimento que será básico para a compreensão do sistema múscu-
lo esquelético.
Nós vimos no estudo das leis de Newton que a condição ne-
cessária para que um objeto esteja em repouso é que a força resul-
tante sobre ele seja igual a zero. Se todas as forças (vetores) que
atuam sobre a partícula se anulam, então ele se mantém em repou-
so ou em movimento retilíneo uniforme. Isto é perfeitamente váli-
do para um corpo que não tem dimensões. Isto é válido para partícu-
las. A bola de futebol que mostramos acima pode se encaixar ou
não na definição de partícula. Se estudarmos a trajetória de uma
bola que se desloca em movimento parabólico, podemos assumir
que ela é uma partícula e que toda a sua massa está concentrada
em um ponto no seu interior conhecido como Centro de Massa. Ve-
jamos agora o que acontece se duas pessoas chutam a mesma bola

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Física Básica

no mesmo instante e com mesma intensidade (uma bola “prensada”


como é conhecida no futebol).

O desenho à esquerda mostra a situação real, onde a bola tem três


dimensões e a força é aplicada em um ponto bem definido de sua superfí-
cie. Quando tratamos a bola como uma partícula, utilizamos o diagrama à
direita. Estes dois casos são equivalentes apenas quando as forças estão
sendo aplicadas na mesma direção (note que elas têm sentidos opostos).
Considere agora a figura abaixo:

As forças continuam tendo a mesma intensidade, a mesma direção


e continuam sendo opostas, mas desta vez nós não podemos utilizar o
diagrama à direita. A bola já não pode mais ser representada por uma
partícula. A bola é e deverá ser tratada como um corpo extenso. Estas
duas forças não se cancelam! Pense na situação real. No caso anterior os
dois jogadores prensaram a bola e ela ficou parada no lugar (e deve ter
sido dolorido para eles). Neste segundo caso a bola deve ter saído gi-
rando descontroladamente para qualquer direção (no caso real). No caso
idealizado que mostramos a bola não sairá do lugar, mas irá girar em
torno do seu eixo.
Esta discussão nos leva a concluir que a primeira lei de Newton é
uma condição necessária, mas não suficiente para que um corpo esteja
em equilíbrio estático. A soma das forças tem que ser igual a zero, mas
falta algo.

A soma dos torques, em relação a qualquer eixo de rotação, também


tem que ser igual a zero.

Podemos agora sintetizar as condições de equilíbrio na forma de equações:

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Condições de equilíbrio
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A primeira condição nos diz que existe um equilíbrio translacional e


o segundo nos diz que existe um equilíbrio rotacional. Em linguagem
mais simples: o corpo não está andando e tampouco rolando...
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Vamos agora tentar prever que tipo de problemas nós encontraremos
pela frente. Um corpo que esteja sendo analisado terá forças em várias
direções, mas poderemos decompô-las em três direções principais, redu-
zindo o problema para três equações. Se os pontos de aplicação destas
forças não forem os mesmos, precisaremos então equacionar os torques,
o que nos trará mais um grupo de três equações. Um problema deste
tamanho é simples de resolver, mas muito trabalhoso. Um problema em
apenas duas dimensões apresenta o mesmo grau de dificuldade conceitual,
mas uma maior simplicidade computacional. Por isto nos limitaremos a
corpos que se movem em apenas duas dimensões, ou seja, um plano.
Neste caso nos limitamos a apenas duas equações para a força resultante,
nos eixos x e y, e apenas uma equação para o torque:

Você deve ter notado que apareceu um índice z na equação do torque.


Não se preocupe com isto. Formalmente (e rigorosamente), o torque é
definido como o produto vetorial entre o vetor posição e o vetor força.
Como estes dois vetores estão no plano x-y o torque se encontra neces-
sariamente na direção z. Estas são propriedades dos vetores e de sua
álgebra toda especial. Neste curso nos limitaremos a aplicar todos estes
conceitos, o que não é pouco. Antes de continuar, vejamos um teorema
sobre a aplicação do torque. Ele não será demonstrado aqui, mas será
de grande valia em nosso trabalho:

“Se um objeto se encontra em equilíbrio translacional e o torque em


relação a um ponto arbitrário é zero, então o torque deve ser zero em
relação a qualquer outro ponto”.

Veremos em breve como este simples teorema facilita a nossa vida.


Antes disso, no entanto, vamos esclarecer um ponto: o que é o centro
de massa (ou centro de gravidade)? Todas as discussões que tivemos ante-
riormente com a trajetória de corpos extensos ou partículas levaram
em conta a aceleração da gravidade. No caso das partículas não há
problemas a vista, pois a força gravitacional é aplicada sobre a mesma
e tem módulo, direção, sentido e ponto de aplicação bem definidos. No
caso de corpos extensos é necessário um pouco mais de cuidado. Va-
mos ver novamente nossa bola de futebol milésimos de segundos an-
tes de ser chutada:

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Física Básica

As forças peso e Normal estão sendo aplicadas na mesma direção e


sentidos opostos. Alem disso elas estão sendo aplicadas no mesmo ponto
da bola e por isto ela está em equilíbrio rotacional. Podemos neste caso
tratar a bola como se fosse uma partícula sem nenhum problema, mas, e
se a bola fosse toda distorcida como a mostrada abaixo?

Esta bola esquisita não nos permite saber claramente onde aparece a
força peso e onde aparece a força normal. Como faremos então para de-
terminar se ela está em equilíbrio? Em nosso resgate aparece o conceito
de centro de massa (e de gravidade). Vale a pena neste ponto especificar
que o centro de massa é o mesmo que o centro de gravidade quando a
gravidade é uniforme em toda a extensão do corpo, o que é quase sempre
o caso. O equacionamento necessário para a determinação do centro de
massa é muito simples de definir, mas razoavelmente difícil de determi-
nar. Verifique a figura abaixo:

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Condições de equilíbrio
Aula

Neste desenho mostramos um pedacinho da bola. Este pedacinho


está colocado em uma posição (x1,y1) em um sistema cartesiano de coor-
denadas arbitrário. Este pedacinho da bola tem massa m1 e a interação
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gravitacional com a Terra lhe confere um peso m1g. Para determinar o
peso total da bola, tudo que temos que fazer é somar a massa de cada um
dos outros pedacinhos da bola e multiplicar pela aceleração da gravidade:

Nesta equação usamos o índice i para designar qual é o pedacinho da


bola. Como não sabemos quantos pedacinhos existem, deixamos sem um
fim. Isto é intuitivo. A posição deste vetor, no entanto não é tão intuitivo e
é dada pelas seguintes fórmulas:

ATIVIDADES

1. Considere uma bola totalmente deformada pendurada em um sistema


de cordas como o mostrado na figura abaixo. Sendo a massa total da bola
igual a 5,0 kg, calcule as tensões nas cordas que a mantém em equilíbrio.

2. Um cano uniforme de massa 12 kg e comprimento 2 metros é encostado a


um poste e suportado por um cabo de aço como na figura abaixo. Este cabo
de aço faz um ângulo q com a horizontal e liga o topo do poste à extremidade
do cano. Sendo o coeficiente de atrito entre o poste e o cano dado por m=0,3,
determine o maior valor de q para que o sistema se mantenha em equilíbrio.

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Física Básica

3. Uma escada de 5 metros de comprimento se encontra encostada a um


muro a uma altura de 4 metros. Sendo a escada uniforme e tendo uma
massa de 12 kg determine até que ponto uma pessoa de 58 kg pode subir
antes que a escada comece a escorregar. Assuma que o coeficiente de atrito
entre a escada e o chão é 0,4 e que não há atrito entre a escada e o muro.

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

1. Este probleminha começa perguntando: como vou calcular o centro


de massa dessa bola esquisita? Na verdade isto não importa neste
caso. A massa da bola é igual a 5,0 kg e portanto a Força Peso deve
ser igual a 50 N. Para resolver o problema precisaremos apenas da
primeira condição de equilíbrio, ou seja, que a força resultante seja
nula. Vejamos um pequeno diagrama de forças:

Assim fica muito mais fácil de visualizar o equilíbrio. Tudo que temos
a fazer é equacionar a componente vertical e horizontal das forças e
igualá-las a zero:

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Condições de equilíbrio
Aula

Sendo a força peso igual a 50 N podemos resolver a segunda destas


equações:
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E podemos agora passar para a segunda equação:

Este resultado surpreendentemente simples nos mostra um detalhe


interessante: nem sempre é uma boa idéia separar uma carga em duas
cordas. Neste caso ficou claro que uma única corda sofreria uma
tração de apenas 50 N...
2. Finalmente chegamos a um problema completo de equilíbrio estático.
Para começar a resolver vamos desenhar um diagrama de forças:

Este belo diagrama de forças mostra que não podemos colocar todos
os vetores em um único ponto como no problema anterior. Aqui
realmente o torque será fundamental. A primeira condição de
equilíbrio exige que a resultante das forças seja igual a zero. Vamos
convencionar que existe um eixo x, horizontal, que vai da esquerda
para a direita e um eixo y, vertical, que vai de baixo para cima. Ainda
não diremos onde está a sua origem. Podemos equacionar então a
componente vertical:

A força peso é conhecida e equivale a 120 N. A tração e a Força de


Atrito ainda não são conhecidas. Como a expressão da Força de Atrito
é dada por quando o cano está na iminência de escorregar,
então podemos utilizar o valor do coeficiente de atrito na equação
acima e ficar com:

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Física Básica

Passando para a componente horizontal obtemos:

Temos então duas equações e três variáveis. Este sistema não pode
ser resolvido, o que fazer? Aplicamos agora a segunda condição de
equilíbrio: a soma dos torques deve ser igual a zero! Sendo o torque
definido como a força multiplicada pela distância entre o ponto de
aplicação e o centro de rotação surge a pergunta: onde está este centro
de rotação? Isto equivale a perguntar: onde está a origem do meu
sistema de coordenadas?
A resposta é simples, mas vamos enrolar um pouquinho. Como gosto
de ser chato, vou colocar a origem sobre o cano e a um metro de
distância do poste! Veja a figura:

Gostaram? Vamos então, cuidadosamente determinar os torques.


Vamos também convencionar que o torque será positivo se a força
tiver uma componente que vá no sentido anti-horário. Comecemos
com a Fat. A reta que a une ao centro de coordenadas tem um metro
de comprimento. Como a Fat é perpendicular a esta reta, então toda
ela participa do torque e tem sinal negativo por tentar fazer o cano
girar no sentido horário. Vamos então nomeá-la: .
Vejamos agora a força peso: a reta que a une à origem também tem
um metro de comprimento e é perpendicular à força. A força peso
também tenta fazer o cano girar no sentido horário, o que faz com
que receba um sinal negativo. Podemos então escrever: .
Analisemos agora a força normal. Note que ela é paralela à reta que

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Condições de equilíbrio
Aula

une o seu ponto de aplicação à origem. Sendo assim, o seu torque é


zero. Ficamos agora com a última força que é a tração. A tração tem
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duas componentes: uma vertical, Tsenq, e uma horizontal, Tcosq. Como
a horizontal é paralela à reta que une a força à origem, então ela não
tem torque. A componente vertical por outro lado tem um torque
dado por: . Podemos agora impor a segunda
condição de equilíbrio:

Este é um sisteminha de três equações e três variáveis de fácil solução,


cujo resultado final indica que . Antes de prosseguir vamos
realçar um ponto: Foi uma boa idéia colocar o sistema de referência
onde o colocamos? Não. Observe uma outra escolha na figura abaixo:

Tudo que fizemos foi deslocar o sistema de referência para um ponto


mais adequado. Note que a força Normal e a de Atrito não apresentam
torque. A segunda condição de equilíbrio se torna simplesmente:

Voltamos assim a um sistema de três equações e três incógnitas, mas


de resolução sensivelmente mais fácil.

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Física Básica

3. No desenho abaixo ilustramos o problema e o diagrama de forças;

Como o que queremos saber é a posição da pessoa sobre a escada,


precisamos determinar Δx e Δy que mantém o sistema em equilíbrio.
Utilizando a primeira condição de equilíbrio e a condição de que a
escada está prestes a escorregar:

Para aplicar a segunda condição de equilíbrio precisamos agora


escolher qual a origem do sistema de referência mais adequado. Este
ponto geralmente coincide com aquele onde aparecem mais forças.
Vamos utilizar este detalhe para colocar a origem sobre o ponto onde
a escada toca o chão. Para facilitar a visualização das forças, vejamos
um segundo desenho:

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Condições de equilíbrio
Aula

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Para compreender as forças e as distâncias envolvidas é necessário


comparar os dois desenhos. Utilizando a mesma convenção de que
torques no sentido horário são positivos e que senθ=4/5 e cosθ=3/5:

Para facilitar a visualização chamamos o comprimento da escada de


l e este vale 5 metros. Para designar a distância entre a origem e o
ponto onde o homem está parado utilizamos o teorema de Pitágoras,
mas há uma maneira mais fácil. Se chamarmos esta distância de Dz,
obtemos: . Substituindo agora todos os
valores de que dispomos chegamos ao seguinte sistema de equações:

Substituindo esta última na anterior:

Finalmente, na última das equações:

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Física Básica

O resultado desta conta é Dy=2,16m. Utilizando agora uma simples


relação trigonométrica chegamos a Dx=1,62m.

CONCLUSÃO

Quando passamos de sistemas discretos para sistemas contínuos nos


aproximamos da realidade. Esta aproximação tem um custo: os cálculos
ficam mais complicados, mas ainda passíveis de solução com a aplicação
das leis de Newton. Vimos que mesmo sem a utilização de álgebra vetorial
avançada foi possível a utilização do conceito de torque e sua influência
nas condições de equilíbrio. Apesar de parecer um tema quase exclusivo
da Engenharia, pudemos ver em ao menos um exemplo como este conhe-
cimento pode ter utilidade nas ciências biológicas, particularmente no
sistema músculo-esquelético.

RESUMO

Nesta aula foram abordados os seguintes temas:


· Torque (ou momento de uma força);
· Localização do centro de massa;
· Identificação do centro de massa com o centro de gravidade;
· Condições de equilíbrio estático
Resolução de exercícios

PRÓXIMA AULA

Na próxima aula estudaremos como estas forças e torques podem


deformar os corpos. Veremos que qualidades tais como dureza, resiliência
e elasticidade podem ser mensuradas experimentalmente permitindo a
construção de bancos de dados utilizados pelas indústrias.

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Condições de equilíbrio
Aula

REFERÊNCIAS

GIANCOLI, Douglas C. Physics for Scientists and Engineers, 3 ed.


11
Editora Prentice Hall, New Jersey, 2000.
YOUNG, Hugh D.; FREEDMAN, Roger A. Física I – Mecânica, 10 ed.
Tradução de Adir Moysés Luiz. Editora Addison Wesley, São Paulo, 2003.
FREDERICK, J. Keller; GETTYS, W. Edward; SKOVE, Malcolm J.
Física, v. 1, 1 ed. Tradução de Alfredo Alves de Farias. Editora Makron
Books, São Paulo, 1997.
RESNICK, Robert; HALLIDAY, David; KRANE, Kenneth S. Física 1,
5 ed. Tradução de Pedro M. C. L. Pacheco, Marcelo A. Savi, Leydervan S.
Xavier, Fernando R. Silva. LTC Editora, Rio de Janeiro, 2003.

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